revista aeronautica 284

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  • 7/22/2019 Revista Aeronautica 284

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    ISSN 0486-6274 Nmero 284

    2013

    Revista

    Aeronutica

  • 7/22/2019 Revista Aeronautica 284

    2/52

    w w w . c a e r . o r g . b r

    r ev i s t a@cae r .o rg .b r

    As piies emitidas em etreistas e em matriasassiadas estar sjeitas a crtes, td em parte,a critri d Cselh Editrial. As matrias s de iteira

    respsabilidade de ses atres, represetad,ecessariamete, a pii da reista. As matrias ser delidas, mesm qe pblicadas.

    Departamentos

    Sede Central

    adiiivCl I zi d L Fi

    Benecente

    Cl av nyl d Qiz GdlCllCl av ak Hili d C

    Comunicao Socialt Cl a eli Jdi d m a. d ml

    Centro de Tecnologia e Informao CTIt Cl I Fkli J mibd d tidd

    FinanceiroCel Int Jlio Srgio Kistemarcher do Nascimento

    JurdicDr. Fracisc Rdrigues da Fseca

    Patrimonial / Secretaria Geral

    C ad Iv alv miSocialTe Cel It Js Pit Cabral

    CHICaerTen Brig Ar Ivan Moacyr da Frota

    Sede Barra

    adivCel Av Joo Fares NettoDir. Operaes - Ten Cel Av Jos Carlos da Conceio

    DivTen Cel Av Antonio Vianna Jordo

    aAdministrao -Cel Av Mauro Domeneck SalgadoFinanceiro -Ten Cel Antnio Rodrigues de Sousa

    Expediente

    Expediete Sede CetralDias: 3 a 6 feira

    Hrri: 9h s 12h e 13h s 17h

    enDereos e teLeFones

    Sede CetralPraa Marechal cra, 15

    Ri de Jaeir - RJ - CEP 20021-200

    Tel.: (21) 2210-3212 Fax: (21) 2220-8444

    Sede BarraRua Raquel de Queirz, s/

    Ri de Jaeir - RJ - CEP 22793-710

    Tel.: (21)3325-2681Sede Lacustre

    Estrada da Figueira, I

    Arraial d Cab - RJ - CEP 28930-000

    Tel.: (22) 2662-1510 Fax: (22) 2662-1049

    REvISTA Do CLuBE DE AERonuTICATel.: (21) 2220-3691

    Diretr e EditrCel A Arake Hiplit da Csta

    Jralista RespselJ. Marcs Mtebell

    Produo Editorial e Design GrfcoRsaa Guter ngueira

    Produo Grfca

    Luiz Ludgeri Pereira da SilaReisMrcia Helea Medes ds Sats

    SecretriasGabriela da Hra Ragele Juliaa Helea Abreu Lima

    EstagiriaPaula Araj

    2013

    ConSELHo DELIBERATIvoPresidete - Maj Brig Ar Marcus vicius Pit CstaConSELHo FISCALPresidete - Brig It Heli Gales

    PRESIDEnTETe Brig Ar Ia Macyr da Frta

    1 vice-PresideteMajBrig Ar Mrci Callafage

    2 vice-PresideteCel A Ls Mar Ferreira Gmes

    Assessor Especial da PresidnciaBrig Ar Cezar de Barros Perlingeiro

    superIntenDnCIassd ClBrig Ar Guilherme Sarmento Sperry

    sd BTen Cel Int Jos Augusto Santana de Oliveira

    Sede LacustreCl I ai tixi Li

    ISSN 0486-6274

    J./Ag./Set.

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    4 MEnSAGEM Do PRESIDEnTETen Brig Ar Ivan FrotaPresidente do Clube de Aeronutica

    14 A REFoRMA PoLTICA EM DISCuSSoGrupo de Estudos do Pensamento Brasileiro

    20 DEMoCRACIA novAMEnTEPRoCLAMADAMaj Brig Ar Tarso Magnus da Cunha Frota

    22 A QuEDARodrigo ConstantinoEconomista

    9 FAB CHoRA A PERDA Do HERIMAJoR-BRIGADEIRoRuI MoREIRA LIMAAgncia Fora Area

    13 DIvAGAES SoBRE o TEMPoRaul Galbarro ViannaCel Av

    24 A IDADE DA SABEDoRIALuiz Paulo HortaJornalista

    28 PARA MAIoRES DE SESSEnTA AnoSLus Mauro Ferreira GomesCel Av

    dice26 FoCoS DE CoRRuPo AMEAAM

    ALICERCES Do ESTADoManuel Cambeses JniorCel Av

    6 noTCIAS Do CAERRedao

    18 MAIS Do MESMo ou oPLEBISCITo DA DILMARicardo Vlez RodrguezFilsofo

    31 o AnJo DA GuARDAJonas Alves CorraCel Av

    32 A LEI oRAMEnTRIA AnuAL 2013E A DEFESA AREA Do BRASILAfonso Farias de Souza JniorProf. Dr. - Cel Int

    34 o SILnCIo QuE REvELAAS PALAvRASAdauto NovaesJornalista e Filsofo

    43 CRonoLoGIA AERonuTICABRASILEIRA - na parteFernando Hipplyto da CostaCel Av

    IlustraesAraken

    10 o ESTADo E A EConoMIAIves Gandra da Silva MartinsTributarista

    36 o SERTAnEJo DA AERonuTICABRIGADEIRo JoS SAMPAIo DEMACEDoJornal do Cariri

    39 BASE AREA DE BRASLIAJuBILEu DE ouRoBase Area de Braslia

    43 uM FouL ACEITvEL

    Ten Brig Ar Sergio Pedro Bambini

    46 DIREITo unIvERSAL AnAMESE:uToPIA?Antonio Augusto MassonCel Md

    46 A HISTRIA Do CoRAo

    DE SAnToS-DuMonTMarco MattosCel Av

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    Bem-estar familiar v Eficiente Fora Area

    Mensagem

    do PresidenteTen Brig Ar Ivan Frota

    Presidente do Clube de Aeronutica

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    Excelentssimo Senhor Ministro Joaquim Barbosa,

    DD Presidente do Supremo Tribunal Federal.

    Senhor Presidente.

    Se o acaso reserva ao homem a ventura de ser protagonista ativo da histria da Ptria,obrigatoriamente, desde que a vida feita de escolhas, oferece-lhe tambm a oportunidadede acertar, hesitar, tergiversar ou cair em erro.

    Quando h gigantescos interesses pol ticos e econmicos dependentes da sua deciso, somenteos probos no se deixam levar pelo canto das sereias.

    Se a prevalncia da razo e o emprego judicioso da hermenutica na interpretao da letra friada lei, e se a equidade e todos os princpios do direito e da justia nor teiam as suas decises, o juizdigno que absolve ou que,pollice verso, condena o acusado, merece o reconhecimento da nao.

    Senhor Presidente. por identificar a necessidade de princpios ticos inquestionveis nos homens pblicos, que

    a sociedade v em Vossa Excelncia todos os acertos e todas as vir tudes superlativas indispensveis

    ao exerccio do cargo de Presidente do Supremo Tribunal Federal, rgo mximo do Poder Judicirioe intrprete da Constituio.

    Fique cer to, dignssimo Presidente, de que os Clubes Militares, que, desde o Imprio e ao longoda Repblica, sempre abrigaram os soldados do bom combate reunidos em prol dos interessesda nao, tanto estaro de portas abertas para receb-lo, quando assim lhe convier, como parase solidarizarem com as palavras e atitudes tomadas por Vossa Excelncia no exerccio dessemnus to nobre quanto rduo.

    Com os respeitosos cumprimentos da Comisso Interclubes Militares, os presidentes dos ClubesNaval, Militar e de Aeronutica tomam a liberdade de fazer chegar a Vossa Excelncia essas palavras

    que procuram traduzir reconhecimento e admirao, e lhe trazem votos de felicidade pessoal.Rio de Janeiro, 2 de outubro de 2013

    Ten Brig do Ar Ivan FrotaClube de Aeronutica

    Gen Ex Renato Cesar Tibau da CostaClube Militar

    V Alte Paulo Frederico Soriano DobbinClube Naval

    nesta edi, leams as sss leitres a carta eiadapela Cmiss Iterclbes Militares a Exm. Sr. Miistr Jaqim Barbsa,

    Presidete d Sprem Tribal Federal

    Ten Brig Ar Frota

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    O

    CAER realizou um baile, no dia 2 de agosto, em comemorao aos seus 67 anos,na Sede Central.O Presidente do Clube, Ten Brig Ar Ivan Moacyr da Frota, recebeu, dentre os ilus-

    tres convidados: o Ten Br ig Ar Paes de Barros Junior, Comandante Gera l do COMGAP;o Maj Brig Ar Raul Botelho, Comandante do III COMAR; o Vice-Almirante (FN) Paulo Frede-rico Soriano Cobbin, Presidente do Clube Naval; o Maj Brig Ar Marcus Vinicius Pinto Costa,Presidente do Conselho Deliberativo do CAer, o Brig Int Hlio Gonalves, Presidente doConselho Fiscal do CAer, alm de aspirantes da Escola Naval e os Cadetes da AMAN e AFA.

    Antes da meia-noite, no salo ricamente decorado, foi realizada a cerimnia, emque a Cadete Amanda Moura, da AFA, foi convidada a fazer o primeiro corte do bolo deaniversrio, e, logo em seguida, a cantora Adelaide Chiozzo animou o baile juntamentecom a banda Commander, finalizando a noite com um delicioso jantar.

    noTCIAS d CAER

    BAILE DA InTEnDnCIA DA AERonuTICA

    CLuBE DE AERonuTICA CoMEMoRA 67 AnoS

    Adelaide Chiozzo

    Cadete Amanda Moura

    Em 24 de agosto de 2013, a DIRINTpromoveu seu baile anual, na Sede

    Central do Clube de Aeronutica, oqual recebeu, como bom anfitrio, osIntendentes com alegria e satisfao.

    O buf variado incluiu comidasorientais, italiana, alm da sempre pre-sente comida baiana, com seu acaraj.

    Ao aniversrio da Intendncia, em23 de agosto, no faltaram os jovensoficiais que se irmanaram aos Oficiais

    mais antigos do Quadro, num ambientede total congraamento.

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    DIPLoMAo Do CuRSo DoPEnSAMEnTo BRASILEIRo Iv

    OCurso do Pensamento Brasileiro IV encerrou suas atividades no dia 24 de setem-bro, com 53 diplomados. Esses Certificados foram entregues pelo Presidentedo Clube de Aeronutica, Ten Brig Ar Ivan Frota; pelo Subdiretor de Divulgao doINCAER, Maj Brig Ar Wilmar Terroso Freitas; pelo Presidente da Academia Brasileira

    de Filosofia, Professor Doutor Joo Ricardo Moderno e pelo Professor Doutor Fran-cisco Martins de Souza.

    Logo em seguida diplomao, o jornalista Joo Victorino e a cantora lricaJurema Fontoura fizeram uma apresentao sobre Vinicius de Moraes, em quedeclamaram e cantaram seus maiores sucessos.

    PALESTRA Do CoMAnDAnTEDo CoMGAR no CPB Iv

    OCurso do Pensamento Brasileiro teve a honra de receber o Comandante doCOMGAR, Ten Brig Ar Nivaldo Luiz Rossato, que proferiu a palestraAtualidadesda rea Operacional da FAB no dia 3 de setembro.

    Aps a palestra, o Presidente do Clube de Aeronutica, Ten Brig Ar Ivan Fro-ta, ofereceu um almoo que contou com a presena das seguintes autoridades:Diretor do INCAER, Ten Brig Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho; Comandante do

    III COMAR, Maj Brig Ar Raul Botelho; Diretor do PAMA-GL, Brig Ar Antonio RicardoPinheiro Vieira; Diretor do MUSAL, Brig Ar Bhering e membros do Grupo de Estudosdo Pensamento Brasileiro.

    Adata de 13 de abril de 2013 ficar marcadacom o ato de incio da construo do MuseuPedaggico Luso-Brasileiro (MPLB). Isto porque,a convite do Dr. Artur Victria, representantehonorfico da ADESG na Europa, foi lanada aPedra Fundamental da construo do citadomuseu, que pretende receber crianas e adoles-centes, despertando o interesse pela aviao e

    pela cincia aeronutica.Na solenidade pronunciou-se o Dr. Artur

    Victria, agradecendo a importante presenade todos e destacando os objetivos do futuromuseu, realando a ideia da sua criao, napoca levada ao Presidente da ADESG BrigHelio Gonalves (intitulado como o Padrinho domuseu), que prontamente a incentivou; o Cel AvAraken citou que a construo do museu pelosseus objetivos est inserido no Pensamento

    Brasileiro; o Ten Brig Vilarinho discorreu sobre apossibilidade de futuros entendimentos e trocade conhecimento e informaes entre o INCAERe o MPLB, e encerrando as locues o BrigHelio Gonalves destacou a importncia dasua construo, parabenizando o seu mentor Dr. Artur Victria, pelo seu desprendimentoe esprito empreendedor. Falou, tambm, daimportncia do Museu para as Foras AreasPortuguesa e Brasileira, para o CAer, para oINCAER e para a ADESG, pois estaro dispo-

    nveis, no futuro, instalaes que, certamente,sero do interesse de todos.

    Oradora da turma,Regina Helena de Farias Costa Recital Joo Victorino

    e Jurema Fontoura

    vIAGEM CuLTuRALA PoRTuGAL

    vIAGEM CuLTuRALA PoRTuGAL

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    MEnSAGEMDoS LEIToRESnoTCIAS d CAER

    Senador lvaro Dias Registra o recebimentoda Revista Aeronutica n 283, agradecendoo envio e apresentando os seus protestos deelevada estima e considerao.

    Ministro Celso de Mello Ministro do STF Agradecendo o gentil encaminhamentodamais recente edio da Revista Aeronutica aqual recebe cordialmente.Tenente-Brigadeiro-do-Ar Cleonilson NiccioSilva Ministro do STM Agradece ao Diretora deferncia da remessa da Revista Aeronutican 283, parabenizando pelo trabalho realizado eformulando votos de continuado sucesso.Cel Antonio Celente Videira Conselheiro

    na ESG Comenta: Ao desfolhar a RevistaAeronut ica n 283, s tenho a parabenizaro nosso amigo Cel Av Araken Hipolito daCosta pelo esplndido artigo Credenciais

    do Pensamento Brasileiro em Portugal. Foium passeio histrico sobre a conformao do

    nosso Pensamento Poltico. Meus parabns.Professora Maria Antonia Scia do Clubede Aeronutica Comenta: Na qualidade descia do Clube de Aeronutica e leitora de pu-blicaes da Revista Aeronutica, sinto-me nodever de parabenizar o Cel Av Olavo NogueiraDellIsola pela expresso da verdade plena noartigo Comisso da Verdade ou s Retaliao?Parabns, tambm, aos integrantes do CorpoEditorial pela referida publicao. Chega de

    tanta acusao injusta e tanta anarquia.Gustavo Eugnio de Oliveira Borges Cel Av

    Ref Comenta sobre a Revista Aeronutican 283: Concordo plenamente com o artigoPela Permanncia da Justia Militar, do Dr

    Ives Gandra; magnfico o artigo Comisso daVerdade ou s Retaliao?, do Cel Av Olavo

    DellIsola. Deveria ser repetido exaustivamenteem todas as publicaes militares. Excelentes,tambm, os artigos: Direita e Esquerda, de

    Roberto DaMatta; Conflito de Geraes: ascoisas mudam, do Maj Brig Antonio Luiz

    Rodrigues Dias; E foi ass im que eu cruzei orio P, do Cel Av. Peixe Lima; Perigos parao Brasil, do economista Marcos Coimbra e

    a minibiografia do Maj Becker, meu colegade turma que foi um dos maiores e melhoresoficiais da FAB. Alis, todos os artigos da

    revista esto bons.Paulo Henrique Fortini Aeroclube de Juizde Fora Agradecendo a considerao daremessa da Revista Aeronutica n 283,e de outras edies passadas, elogia nos a Revista que est de tirar o flegoquanto a Presidncia e a Diretoria do Clube.Lamenta o falecimento do Maj Brig Nero Mourae do Maj Brig Meira.

    NOTA DO EDITORAgradecemos as manifestaes dos leitores,

    estendendo nossa gratido aos colaboradores,que valorizam as nossas edies, deixando-lhesespao aberto para o envio de textos.

    CIRCuITo CuLTuRAL GASTRonMICo

    Almoamos na Gamboa, no Restaurante 28 que h mais de 90 anos est instalado nobairro. Fomos presenteados com o tradicional cabrito assado com batatas coradas.Em seguida, o prof. Edimilson nos guiou pelo bairro em direo regio do Porto do Rio.Caminhamos por ruas marcadas por sculos de histria adormecida que a cidade comeagradativamente a resgatar. Mergulhamos no sculo XVIII e circulamos por onde funcionavao antigo mercado negreiro, pela regio do antigo Por to dos Escravos e, posteriormente, daPrincesa e visitamos a Pedra do Sal. A tarde j se fazia noite quando chegamos ao Largo

    de So Francisco da Prainha para encontrarmos no Restaurante Angu do Gomes um dosmais marcantes traos da identidade gastronmica e cultural da cidade: o angu de fub trazidopelos escravos africanos que incorporou definitivamente na cultura local. O passeio terminoue deixamos o prof. Edimilson em um Rio que ao longo dos sculos foi o Rio dos escravos, daprostituio e da boemia. Um Rio que hoje um espao propcio para quem busca as razesda histria popular carioca.

    CoMISSo InTERCLuBES MILITARESNo dia 29 de agosto de 2013, reuniram-se no Clube de Aeronutica os Presidentes dos trs

    Clubes Militares e seus Assessores, tendo como convidado o Deputado Federal Jair Bolsonaro.

    Foram tratados assuntos da mais alta relevncia, entre os quais destacamos: o problema dosmensaleiros e a posio firme do Ministro Joaquim Barbosa. Na ocasio foi acordado, porunanimidade, um voto de louvor ao dignssimo Presidente do Supremo Tribunal Federal pelasua atitude honrosa.

    Alm disso, debateu-se,moderadamente, os reajus-tes salariais dos militares.

    Cel Av Lus Mauro, Cel IntLcio, CMG Fagundes,

    V Alte Fernando,Ten Brig Ar Ivan Frota,

    Dep Federal JairBolsonaro, Gen Ex Tibau,

    Cel Av Gardel, Gen BdaLajoia, Cel Ex Renato

    e Cel Ex Tavares.

    Participantes do GE do Pensamento Brasileiro

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    Ocorpo do lendrio Oficial-General foivelado no auditrio do Instituto

    Histrico-Cultural da Aeronutica (INCAER),no Rio de Janeiro e sepultado no CemitrioSo Joo Batista, no bairro de Botafogo.Era casado com Dona Julinha.

    A dor do momento no sobrepuja aalegria da existncia desse homem. Sempre

    to lcido, costumava desfilar sua memriaimpecvel com detalhes sobre fatos ocorri-dos h seis dcadas. O senso de observaodiferenciado transformou feitos em histriasrecontadas com mincias.

    Disfarava no ser um protagonista.Rui, que foi um dos mais destacadoscombatentes nos cus da Itlia, fala de tudoe de todos, mas pouco dele mesmo, ou das94 misses que executou sobre as tropasalems, disse certa vez o patrono daaviao de caa do Brasil, Brigadeiro NeroMoura.

    O Major-Brigadeiro Rui foi autor do livroSenta a Pua!, que inspirou tambm umdocumentrio do mesmo nome. No livro eno filme fez ecoar a incrvel trajetria dosmilitares brasileiros na campanha vitoriosa

    durante a batalha. Era preocupado emno deixar se apagar a epopeia que ele eseus colegas viveram. Sua obra transfor-mou-se em leitura de referncia e palavrasque provocavam lgrimas e sorrisos poronde passava. No ter sua presena fsicaamanh naquelas palestras que arrancavamaplausos empolgados deixa silncio, masno o vazio.

    O luto da Fora Area Brasileira tem umsom mais alto. Agora, diferente de todosos outros momentos, cabe a honra de seprestar a tradicional saudao Adelphi doscaadores ao Major-Brigadeiro Rui.

    1,2,3 Palmas! Adelphi!. impossvel no ouvir a melodia de

    Carnaval em Veneza e a voz do BrigadeiroRui, vibrante com a histria que ajudou aconstruir, trazendo os amigos consigo. Em

    entrevistas para veculos de comunicaoda FAB, o heri lembrava caractersticaspessoais e profissionais dos seus colegasna guerra. Viramos irmos, dizia.

    Retratou todos os irmos com seusbrilhos singulares. Nunca fez questode falar de si mesmo e denotava a almamodesta que guerreiros e heris tm.Dizia-se inspirado pelo exemplo do pai.Palavras do desembargador Bento MoreiraLima, contidas em uma carta escrita em1939, eram o seu vade mecum da vidamilitar. Na carta est que obedincia aos

    teus superiores, lealdade aos teus compa-nheiros, dignidade no desempenho do que tefor confiado []. O filho seguiu o conselho.Virou guerreiro e heri. Foi alm. O legadosobrevive forte e sempre to lcido.

    94 misses a Segda Gerrae ma lta para casa emciate

    Durante a Segunda Guerra Mundial, oento Tenente Rui Moreira Lima fez nadamenos do que 94 misses, por isso consi-derado heri brasileiro no front. A primeiramisso ocorreu no dia 6 de novembro de1944 e a ltima no dia 1 de maio de 1945.

    Sempre sob o fogo cerrado da artilhariaalem. Em cada misso, eram mais deduas horas e meia no combate ao inimigo.Foi bastante difcil para todos, comentava.

    Cada dia na Itlia foi registrado em umacaderneta que o Brigadeiro guardava emcasa como uma verdadeira relquia. Tambmna caderneta est o voo mais emocionantede sua vida, o de volta para o Brasil aps a

    vitria no combate.Quando fui para a guerra, deixei minha

    mulher grvida. Ao pisar no cho brasileiro,fui direto ao encontro de minha mulher eminha filhinha que j havia nascido,relembrou o Brigadeiro em entrevista Aeroviso. No reencontro, e emoo e a maiorrecompensa que poderia imaginar: o sorrisoda filha. Foi uma grande vitria do heri.

    Desde 1939 O maranhense da cidadede Colinas nasceu em junho de 1919. Aos20 anos de idade j era cadete da escola

    militar de Realengo, no Rio de Janeiro. In-gressou na Fora Area Brasileira assim quea instituio foi criada, em 1941. Costumavarepetir que atuar no Correio Areo Nacionalfoi um grande aprendizado para os pilotosde caa que iriam participar da guerra. NoBrasil, aprendemos a voar em situaesbastante adversas. Quando chegamos guerra, os americanos ficaram impressio-nados conosco.

    O Brigadeiro Rui falava sempre commuita tristeza a respeito dos companheirosdo Grupo de Caa que foram abatidos naslinhas inimigas. Considerava-os heris eficou obstinado por contar as histrias naguerra bastante difundidas no meio militare pouco conhecidas por toda a sociedade.Temos que gritar Senta a Pua!, cantar oCarnaval em Veneza, encenar a pera doDanilo. Essa a nossa histria, bradavao heri. Histrias que ficaram muito maisconhecidas por causa do Brigadeiro-do-ArRui Moreira Lima. As canes entoadas,a partir de agora, tambm glorificaro olegado desse homem histricon

    Fonte: Agncia Fora Area.

    Major-BrigadeiroRui Moreira Lima

    Aviador cumpriu94 misses de combate

    na Segunda GuerraMundial e foi autor

    do livro Senta a Pua!.

    O homem se fez mito. O mito gran-dioso, magnnimo, extraordinrio. O

    mito guerreiro. O mito-heri. O heri--homem. Em cada linha do rosto com

    suas impresses do tempo, cabiam maisde mil histrias. Mas, histria no morre.

    Heri no morre. Mito no morre. Nele,havia mais. Havia o olhar brasileiro,daqueles guerreiros da Nao que so

    lembrados indefinidamente. Se for certoque ser sempre momento de evocar a

    sua memria, fato tambm que, nestedia 13 de agosto de 2013, a Fora Area

    Brasileira chora, consternada, a perda doheri Major-Brigadeiro Rui Moreira Lima,aos 94 anos de idade, no Rio de Janeiro.Ele morreu s 3h30 no Hospital Centralda Aeronutica, onde estava internado

    havia dois meses. Heri da SegundaGuerra Mundial como piloto do 1 Grupode Aviao de Caa, foi responsvel por

    realizar 94 misses com a aeronave P-47no front de combate.

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    o ESTADo E AEConoMIA

    Ives Gandra da Silva Martins

    Advogado, professor emrito da Universidade Mackenzie,

    da Escola de Comando e Estado-Maior do Exrcito e da Escola Superiorde Guerra. presidente do Conselho Superior de Direito da Federao

    do Comrcio de Bens, Servios e Turismo do Estado de So Paulo (Fecomercio)[email protected]

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    Cas tribtri, brcraciaesclersada e pesads

    ecargs trabalhistas s

    as trs barreiras qe Brasil precisa sperar paraeqaciar prblema dbaixo PIB e da alta inao.

    OEstado sempre um mau empresrio.A empresa estatal , normalmente,um cabide de empregos para justifi-car salrios mais elevados e acomodar alia-dos. Os burocratas e polticos do Executivo,via de regra, complementam seus vencimen-

    tos com cargos que assumem em conselhoscriados para este fim e aquilo o que menosimporta a qualificao tcnica dos quevenham a ocupar as vagas de conselheiros.

    Por essa razo, a empresa estatal rara-mente eficiente e, quando o , no poucasvezes, os detentores do poder de ocasioprocuram retirar-lhe eficincia para projetospessoais ou de poltica econmico-financeira,quando no como mera forma de conquistar

    aliados e alargar aspiraes polticas.A Petrobras e a Eletrobras so tpicosexemplos de empresas que deixaram delado seu objetivo empresarial, que, sem serbrilhante, era razoavelmente administrado,para se tornarem instrumentos de polticafinanceira de governo no intento de contro-lar a inflao pelo equivocado caminho doajuste de preos.

    Desde o Cdigo de Hamurabi que arepresso de preos para conter a inflao um fracasso. O dito Mximo, do impe-rador Caio Diocleciano em 301, ostentoumonumental insucesso dessa forma deinibir a deteriorao do valor da moeda pelocontrole de preos. Alguns historiadoresadmitem que esse tenha sido um dosfatores que o levaram renncia.

    Argentina e Venezuela pagam o preopelo caminho errado do controle de preoscomo forma de combater a inflao. Por

    essa razo, amargam-na na casa dos 25%ao ano, pelo menos.

    Uma das formas de se combater ainflao pelo controle da demanda. Comaumento dos juros. Na Teoria do Juro, deIrving Fischer, dizia ele que a melhor forma

    de se conter a impacincia de gastar gerara oportunidade de investir. Juros negativosgeram a impacincia de consumo. Guardardinheiro que se nivele ou ficar abaixo dainflao a melhor alavanca para o gasto.Embora a inflao de demanda seja conse-quncia, no poucas vezes, de um mercadocomprador maior que o vendedor. D-se,

    tambm, quando esto nivelados os doisplos, mas, a avalanche consumista est

    em alta.A outra forma de combate inflao

    reduzir o custo da mquina adminis-trativa. Steven Benjamin Webb, no livroHyperinflation and Stabil ization in WeimarGermany(Oxford University Press, 1989),mostra que a presso do Estado comogerador da inflao que levou, mais doque os outros fatos, hiperinflao alem,estancada apenas pelo plano de marco

    forte, em 15 de novembro de 1923.No Brasil, nenhum dos dois instru-mentos tem sido utilizado na era Dilma.O relaxamento das contas pblicas, commaquiagem naquelas de 2012, para se tera iluso de que se atingira a meta fiscal, ea discusso, para 2013, de novas regraspara flexibilizar o conjunto de metas queforam obtidas nos governos anterioresso elementos que sinalizam ao mercadoque a inflao no est sob controle comoapregoam os arautos do governo.

    Acresce-se, na realidade brasileira,certa antipatia da presidente palavralucro, que a levou, nos dois primeirosanos, a limitar a rentabilidade das empre-sas nas licitaes federais, com desistn-cia das mais conceituadas em participardos certames, e a simpatia inequvoca aosgovernos do polo bolivariano, ao ponto desuportar, estoicamente, todas as ofensas

    e injrias econmicas, sem reao.Em vez de o Brasil negociar com as

    grandes potncias, no nvel de potncia queadquiriu, prefere continuar a sofrer os agra-vos de seus parceiros, que so tanto maisagressivos, quanto mais passivas sentem

    as autoridades brasileiras. de lembrarque, enquanto todos os pases tentam nos

    tratados bilaterais implementar o comrcioexterior, o Brasil, pela autopunio que seimps ao aderir ao MERCOSUL de restono respeitado por seus parceiros , firmouapenas trs acordos insignificantes, estan-do a perder, vergonhosamente, a maratonada competitividade mundial por escassezde vontade e competncia e excesso de

    decises equivocadas.No sem razo, os dois primeiros

    anos do governo Dilma se caracterizarampor um baixssimo PIB e por uma altssimainflao, que, no ms de maro, superouo teto da meta estabelecida em 6,5% anteum ponto de equilbrio de 4,5%.

    No deve ser esquecida, por outrolado, a face negra do imprio brasiliense,em que, dos 32 partidos existentes no

    Brasil, a presidente necessita do apoioda maioria para governar, o que a obrigaa concesses polticas cada vez maiores,reduzindo a eficincia do Estado a um apa-relhamento para acomodao dos aliadose seus apaniguados. No encontrei emnenhum filsofo a existncia de 32 modelospolticos distintos na sua concepo global.

    Deve-se lembrar, tambm, o custoBrasil provocado pelo caos tributrio epela demagogia trabalhista, que gera, nossuperencargos s empresas, desestmulo produo e a busca de outros mercadospara investidores nacionais e estrangeiros.

    Diziam os jornais da poca, quandoMarx fixou-se em Londres, j conhecido peloseu mau humor contra as empresas e pelassuas teses revolucionrias de liquidao doscapitalistas e do capital, que era um bomcidado para qualquer outro pas que noaquele que no momento estivesse viven-

    do (John Kenneth Galbraith, emA era daincerteza, Editora Thomson Pioneira, 1998).

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    Muitos se desinteressam de aqui inves-tir, pois seus interesses so preservadosde melhor forma em qualquer outro pasque no o Brasil, apesar de toda nossapotencialidade.

    O caos tributrio est na superposiode tributos sob o mesmo ou semelhante

    fato gerador (circulao de bens), como:IPI, ICMS, ISS, Cofins, PIS, Cides, Impostode Importao e Imposto de Exportao,muito embora os dois ltimos sejam tpicos

    tributos regulatrios de mercado e de ala-vancagem proteo da produo nacional.

    A regionalizao do ICMS, desde1967, gerando uma guerra fratricida entreos Estados, que nem o prprio SupremoTribunal Federal (STF), ao consider-la in-

    constitucional, conseguiu atalhar at agora,foi um desastre. A proposta que levei, nasdiversas audincias pblicas no CongressoNacional para federaliz-lo, com partilhada receita entre as entidades federativas,compactao com o IPI e ISS, deixando aarrecadao por conta dos Estados paraque a redistribuam por ter melhor mquinade arrecadao, foi sempre rejeitada. AosEstados interessa esse caos fiscal, em quea fraqueza do STF e a inoperncia da Unioem polticas regionais permitem que, h 25anos, incentivos ilegais sejam concedidos,gerando uma fantstica descompetitividadeentre as entidades federativas.

    E as solues apresentadas, mesmoaquelas que circulam no Parlamento, soinsuficientes para equacionar o problema,sendo que as 12 propostas de emendasconstitucionais, leis complementares, leisordinrias e resolues que a nossa co-

    misso, nomeada pelo Senado, apresentouno dia 30 de outubro de 2012, continuamrepousando, serenamente, nas gavetasdo Senado!!! Foi completamente desper-diado o trabalho dos 13 Nelson Jobim(presidente), Everardo Maciel (relator),Bernard Appy, Bolvar Lamounier, FernandoRezende, Ives Gandra Martins, Joo Paulodos Reis Velloso, Lus Roberto Barroso,Manoel Felipe Rgo Brando, Marco Aurlio

    Marrafon, Michal Gartenkraut, Paulo BarrosCarvalho e Sergio Roberto Rios do Prado ,

    que,pro bono, apresentaram vetores parauma soluo.

    Os encargos trabalhistas, cada vezmais pesados, impedem que ganhemos po-der de concorrncia em relao aos pasescom encargos inferiores e, principalmente,perante aos Brics (Brasil, Rssia, ndia,

    China e frica do Sul), em que so menorese, muitas vezes, bem menores.

    Por fim, essa viso de que cabe aoEstado controlar a economia, e no apenasdar condies de expanso para quemsabe atuar, que a sociedade, toma oengessamento de suas virtualidades umarealidade negativa, como poder atuandomal e prejudicando mais do que auxiliandoa performance dos agentes econmicos.

    Na economia, quando o Estado noatrapalha, j desempenha um excepcionalpapel. Quando atrapalha pouco, o pas podecrescer. Quando atrapalha muito, os resul-

    tados so os dois anos de baixo PIB e a altainflao. Num pas em que a poltica do mi-nistro da Fazenda resume-se em baixar o IPI,Cofins e PIS para controlar a inflao e mexerno IOF visando intervir na poltica cambial,sem, todavia, haver um planejamento emcurto, mdio e longo prazos para ganharmoscompetitividade empresarial, tecnolgica elogstica, a posio do Brasil de retrocessoe de afastamento das demais naes, comoalertou Christine Lagarde, presidente doFundo Monetrio Internacional (FMI).

    Nesse particular, o governo Lula, queseguiu rigorosamente a poltica do governoFernando Henrique Cardoso no que dizrespeito economia, com o trplice controle(metas de inflao, cmbio flexvel e supe-

    rvit primrio), foi muito mais pragmticodo que o governo Dilma, que, de rigor, sem odizer expressamente, comea a abandonaros trs fundamentos bem-sucedidos daeconomia de 1994 a 2010.

    Comparado ao pragmatismo de Lula,menos culto, mas, mais sensvel realidadebrasileira e mundial, o ideologismo de Dilma,mais culta, mas menos pragmtica e,neste particular, menos humilde que Lula ,

    tem estrangulado os caminhos que o Brasilseguiu e que outros pases como Mxico,

    ndia, China, Rssia, Chile e Colmbia tmseguido, apesar da crise mundial. Estamosassemelhando-nos aos modelos malsuce-didos de Venezuela e Argentina e perdendo

    terreno para os pases ret rocitados queapesar de terem menos condies dedesenvolvimento que o Brasil do saltos

    de qualidade e adaptao aos desafiosda modernidade, que o estamento estatalbrasileiro no permite dar com as suas trsfantsticas barreiras: caos tributrio e cargasuperior de nossos concorrentes; burocra-cia esclerosada e geradora de obrigaesinteis que entravam o desenvolvimento eencargos trabalhistas maiores do que os depases emergentes que conosco concorrem.

    Todas essas consideraes objetivam

    mostrar que, se no houver alterao dorumo da poltica governamental parecehaver alguma sinalizao nesse sentido,como aumento da margem de lucro naslicitaes federais , certamente, assegu-raremos mais um ano de baixo PIB e voltada inflao, com o inconveniente de que omodelo de estmulo ao consumo parece darsinais de esgotamento.

    Creio que uma reforma tributria sim-

    plificadora e uma desburocratizao dasexigncias sobre o cidado, com reduoda mquina administrativa, seria um bomcomeo para recuperar o poder de compe-

    titividade das empresas brasileiras, de maisa mais sufocadas pela complexidade de umalegislao tributria to catica, que terminapor gerar autos de infrao fantasmagri-cos, e uma assustadora insegurana jur-dica para qualquer que seja a operao defortalecimento das empresas com fuses,

    incorporaes, cises ou criao de novastecnologias, empreendimentos ou produtos.

    Se no comearmos por cortar, signi-ficativamente, os ns grdios da nossa in-suficincia governamental, da nossa buro-cracia, do nosso confuso sistema tributrioe do peso da nossa legislao trabalhista mais ideolgica do que voltada ao interessedos trabalhadores , certamente veremosoutros pases passando-nos frente, pois

    estaremos caminhando, a passos largos,para o avano do retrocesso n

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    Sempre fui uma pessoa muito ligada ao tempo, tanto no sentido

    meteorolgico como, principalmente, no que se refere ao perodo,intervalo, poca, momento dos eventos, ou seja, tudo que estrelacionado a calendrio e relgio.

    Em meus devaneios imaginava sistematicamente o significado deum centsimo de segundo para o vice-campeo dos 100 metros rasosou, um dcimo de segundo para o medalha de prata dos 50 metros nadolivre. Qual o sentido de uma hora, para quem perdeu o check in e, emconsequncia, a viagem? E o de um dia de atraso numa promissria?Ou, ainda, o de nove meses para uma grvida ansiosa?

    O tempo ia passando e ele o senhor Tempo sempremostrando e demonstrando o quanto comandava tudo.

    A propsito, quem no ouviu? No tive tempo!, no tenho

    tempo!, no sei se vai dar tempo! etc. etc.At bem pouco tempo sempre ele nunca havia lido ou ouvido

    qualquer coisa que sintetizasse, ou abordasse com suficiente abran-gncia, como devemos tratar, entender ou encarar o tempo.

    William Shakespeare apresenta um belo enfoque a respeito aoafirmar que: o tempo muito lento para os que esperam, muitorpido para os que tm medo, muito longo para os que lamentam,muito curto para os que festejam. Mas, para os que amam, o tempo eternidade. Contudo, no meu modesto modo de ver, envolve umcontedo predominantemente filosfico.

    Eis que um dia, quando trabalhava no aeroporto de Jacarepagu,ao conversar com uma senhora em visita ao local, ela, em decorrncia

    do que se falava no momento, pronti ficou-se a mandar-me e cumpriu um verso expressivo do poeta romntico brasileiro Laurindo Rabelo

    (patrono da Academia Brasileira de Letras) que, a meu juzo, considerobastante interessante, pertinente, realista e conclusivo.

    Por tal razo, achei por bem transcrev-lo para conhecimen-

    to e reflexo dos leitores da nossa Revista de Aeronutican

    DIvAGAES SoBRE o TEMPoRaul Galbarro Vianna

    Cel Av

    [email protected]

    O TempO

    Deus pede estrita conta de meu tempo,

    foroso desse tempo j dar conta;Mas, como dar sem tempo tanta conta,

    Eu que gastei sem conta tanto tempo?Para ter minha conta feita a tempo,

    Dado me foi bom tempo e no fiz conta.No quis, sobrando tempo, fazer conta.

    Quero, hoje, fazer conta e falta tempo.

    Oh! Vs que tendes tempo sem ter conta,No gasteis o vosso tempo em passatempo,

    Cuidai, enquanto tempo, em fazer conta.Pois, se os que contam com esse tempo,

    Fizessem desse tempo alguma conta,

    No chorariam sem conta o no ter tempo!Laurindo Rabelo

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    Grupo de Estudos do Pensamento Brasileiro

    O Departamento Cultural do Clube de Aeronutica promoveu, no perodo de junho a novembro de 2006,

    um ciclo de palestras denominado Introduo Filosoa Poltica, proferidas pelo Dr. Francisco Martins

    de Souza, durante duas horas, uma vez por semana. O evento obteve boa receptividade:

    tanto assim que estimulou o Departamento a prosseguir com estudos conexos, criando grupos

    com a nalidade de se dedicarem a uma discusso de temas especcos.

    Um desses grupos recebeu a tarefa de estudar assuntos referentes Cincia Poltica.

    Com o objetivo de limit-la e, ao mesmo tempo, proporcionar aos participantes a oportunidade

    de estudos tericos ligados Poltica, o grupo resolveu tomar como base a discusso

    sobre a Reforma Poltica, cuja proposta estava em tramitao no Congresso e h alguns

    anos era objeto de debates nos meios polticos e na sociedade em geral.

    Fizeram parte do grupo os seguintes membros efetivos, alm de participantes eventuais:

    Maj Brig Ar Umberto de Campos Carvalho Netto (Coordenador); Jornalista Joo Vitorino Ferreira (Relator);

    Ten Brig Ar Pedro Ivo Seixas; Cel Ex Frederico Jos Brgamo de Andrade.

    A metdlgia tilizada, em tr da qal fram deselids s estds e debates,fi a segite: Teriza ds tpics pertietes pr mei de pesqisa e estd

    de atres checids e bras camp da Cicia Pltica.Pesqisa ia iteret de assts ligads a tema, especialmete a legisla aplicel.Pesqisa itesia em rgs da impresa escrita desde 2003, seleciad-se tcias,

    clas dirias, editriais, artigs assiads pr pltics, cietistas plticse itelectais em geral, sempre qe a matria dissesse respeit a asst bjet d estd,

    com nfase na comparao entre as diversicadas opinies a respeito.

    A retomada do tema pelo Departamento Cultural justica-se pelo fato de que, aps a frustrada

    tentativa de reforma de 2003 (que na realidade no foi a primeira, pois o assunto aparecia

    e desaparecia desde 1995), no momento estamos vivendo um novo surto, com o vigor emprestado

    pela repercss da chamada crise de 2005, eled m escdal de crrp

    qe ei ta cm jlgamet pel STF d prcess apelidad de Mesal.

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    PRELIMInARESO estudo de 2006 serviu-se de algumas

    preliminares bsicas, a partir das quais sepoderia comear a formular os pontos devista genricos, como segue:

    A Democracia como forma de governod nfase aos direitos individuais, a liberdadeem part icular. Sendo um Sistema Represen-

    tativo, no qual o povo, no exerccio da suasoberania, escolhe aqueles a quem delegaro desempenho do seu prpr io governo, sur-gem, como personagens importantes no am-biente poltico, duas espcies de cidados: oseleitores e os eleitos. Os primeiros devendousar, livre e conscientemente, o direito dovoto, sem qualquer tipo de coao moral oumaterial; os segundos, com a obrigao ticae legal de exercer condignamente os seusmandatos. Em torno desse binmio gira umcomplexo universo de atividades, englobadas

    sob o nome de Poltica, que vo desdeo processo eleitoral em si at a ao diutur-na dos detentores do poder que, em tese,deveria ser conduzida com a maior transpa-rncia, o que na prtica nem sempre acon-tece. que essa prtica cria possibilidadesde distores e procedimentos pouco ticos,desprezando-se os mais rudimentares prin-cpios do interesse pblico e criando-se fre-quentes crises que transtornam a vida social.

    Para coibir as irregularidades, almdo discernimento dos eleitores na hora da

    escolha e o desejvel esprito pblico doseleitos para o bom cumprimento dos seusmandatos, necessria a existncia de umaclara e abrangente legislao com regrasprecisas, voltadas para a preservao damoralidade em todo o processo poltico,especialmente na gesto da coisa pblica.No pode faltar, nessa legislao, a previsode um rigoroso esquema de fiscalizao erepresso, dotando de meios adequados osrgos encarregados de execut-las, mas,sobretudo, um elenco definido de sanesaos infratores, para que sejam aplicadascom Justia, quando devido, cumprindoas duas finalidades bsicas da penalidade:afastar o transgressor do meio social eservir de exemplo para os demais. Almdessa finalidade, com a aplicao da Justia,quando necessria, sero inibidas no seiodo povo as decepes e frustraes quelevam ao descrdito e falta de confiananos governantes, nos polticos em geral, nasinstituies e no prprio regime democrtico.

    No Brasil, desde o advento da Repblica,no tm sido poucas as crises devidas adesmandos dos detentores do poder. Para

    sanear o meio poltico, muitas tentativasj foram feitas, geralmente baseadas emmudanas na legislao pertinente. Porisso mesmo, encontra-se mais uma vezem tramitao no Congresso, com o nomegenrico de Reforma Poltica, uma sriede medidas, pretensamente saneadorasdo sistema poltico eleitoral visando coibir

    irregularidades, corrupo, procedimentosescusos, enriquecimentos ilcitos, desviosde recursos pblicos e todo um emaranhadode ilegalidades que cresceram assustadora-mente nos ltimos anos.

    Se quisermos limit-las no tempo,fixando-nos no que tem ocorrido mais recen-temente, comearamos com as distoresno meio poltico iniciadas no governo Collor,com um primeiro episdio provocando oimpeachment do prprio Presidente eprosseguindo na mesma legislatura que o

    impediu (cassao de deputados, escnda-los como o dos Anes do Oramento etc.).Da, estendeu-se, com suspeitas e dennciasdurante os governos seguintes e veio a atingiro seu auge com a avalanche de episdios decorrupo, comeada em 2003 e culminandocom a chamada Crise de 2005.

    AS AnoMALIAS A SEREMCoMBATIDAS

    A lista de irregularidades e distoresdos princpios democrticos comea j

    no processo eleitoral, com a prtica, entreoutros desvios de conduta, do ilegal abusodo poder econmico. Este ilcito macula oiderio democrtico quando se manifesta,porque violenta o princpio da igualdade deoportunidade entre os postulantes a cargoseletivos. Ele tem se manifestado de diferentesmaneiras para a obteno de recursos paraas campanhas, de um modo geral, cada vezmais dispendiosas. Vo desde a doaode recursos para candidatos e partidospor empresas privadas ou pessoas fsicas,

    ultrapassando limites fixados por lei, com acorrespondente contrapartida em caso desucesso dos beneficiados, passando pordesvios de recursos pblicos e muitos outrosartifcios esprios que a imaginao criativados maus polticos prdiga em inventar.Tudo isso vai cair no ilcito denominadorecursos no contabilizados, popularmen-te conhecidos por caixa 2 que bur lama prestao de contas aps as eleies,obrigatrias pelos partidos e candidatos Justia Eleitoral.

    Para coibir o procedimento esprio,tem sido sugerido implantar a alocao

    oramentria de recursos pblicos parafinanciar as campanhas.

    Para viabilizar a adoo dos recursospblicos, ao mesmo tempo fortalecendo ospartidos polticos bastante desacreditadosno imaginrio dos brasileiros, a ideia temsido transformar atual sistema de votaoem listas abertas nas eleies proporcionais,

    passando para o sistema de listas fechadas,em que o eleitor no vota em nomes, masem uma legenda, com base em lista decandidatos fornecida pelo partido.

    Uma das anomalias registradas no atualsistema poltico brasileiro o excessivo n-mero de partidos registrados. No momento,eles atingem a marca de 30 agremiaes,sendo 23 com representao no Congresso,o que tambm um exagero. Na verdade, aproliferao dos partidos consequncia doprincpio democrtico do pluralismo polt ico,

    consagrado na Constituio de 1988, quandoinstitui a liberdade de sua criao, fuso,incorporao e extino. Mas, o fato queo descabido nmero de partidos, em ltimaanlise, prejudica a governabilidade, obri-gando o governo a se desdobrar em favorespara conseguir maioria congressual, muitasvezes, descambando para a corrupo, comotem sido fartamente comprovado. Para corri-gir a imperfeio do sistema, foi promulgada,em 1995, lei que estabeleceu limites mnimosde desempenho partidrio nas eleies para

    a Cmara Federal, os quais, se no atingidos,privariam os partidos com deficincia devotos de uma srie de privilgios e regalias,desestimulando a sua sobrevivncia. Emmeio a presses de toda ordem, o Projetode Reforma em discusso em 2003 reduziaa chamada clusula de barreira, tendendoa diminuir grandemente os efeitos benficosda lei de 1995.

    Ainda dentro da rotina partidria, outraimpropriedade era a facilidade com que oparlamentar eleito emigrava do seu partido

    original para outro, caracterizando a infide-lidade partidria. Na legislatura iniciada em2007, houve nada menos do que 57 mudan-as, geralmente eivadas de suspeio quan-to moeda de troca, alm de representaruma traio vontade do eleitor expressanas urnas. Esta anomalia, no entanto, foisuperada por medida da Justia Eleitoral.

    Para moralizar a questo das coligaespartidrias nas eleies proporcionais, criti-cadas por representarem apenas interesseseleitorais momentneos, contribuindo para

    desfigurar a identidade partidria, aventou-sea hiptese de criao da figura da Federa-

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    o Partidria, por meio da qual dois oumais partidos poderiam se coligar para umaeleio, mantendo, porm, a obrigatoriedadede atuao conjunta durante a legislatura.

    oS DETALHES SoBRE oSTPICoS EM DISCuSSo

    O Financiamento Pblico

    1 Na atualidade, o financiamentodas campanhas eleitorais regido pela lei9.504/97 (Lei das Eleies), que, alm dosgastos utilizando recursos prprios, permitea captao exterior com outros doadores.H limite para doaes de pessoas fsicase para pessoas jurdicas. So estabelecidasmultas e penalidades para o uso de recursosfinanceiros que no provenham de conta es-pecfica, o que poder impedir a diplomaodo eleito. Por outro lado, gastar recursosalm dos valores declarados, sujeita o res-

    ponsvel ao pagamento de multa no valor decinco vezes a quantia excedente.

    2 Se aprovada a Reforma comopretendem os defensores da ideia do Fi-nanciamento Pblico como proposta, ascampanhas passariam a ser financiadas comrecursos oramentrios. No ano de eleio, oOramento da Unio destinaria uma quantiax por eleitor, para financiar as campanhas.O valor seria distribudo aos partidos em igualproporo para todos os registrados no TSE;uma porcentagem dividida igualmente entre

    todos aqueles que tiverem, pelo menos, umdeputado federal; o restante distribudo aospartidos proporcionalmente ao nmero dedeputados eleitos para a Cmara na ltimaeleio. Ficaria proibido o uso de recursosprivados, sejam eles de pessoa jurdica oufsica, nas campanhas eleitorais, com apreviso de multas para quem descumprir oque ficou acertado.

    3 De um modo geral, este tpico emdiscusso para a Reforma o julgado maisimportante, ainda que mais propenso a rea-

    es negativas, principalmente por envolverrecursos do Tesouro. Porm, a inteno ,alegadamente, acabar com o caixa 2.

    4 As principais opinies a favor dotpico so as seguintes: dar mais foraaos partidos polt icos; diminuir a influnciado poder econmico; dar mais liberdadeao eleito e obrigar uma fidelidade partidriamais rigorosa.

    5 As principais opinies contrrias soas seguintes: no garante o fim do sistemacaixa 2, no garantindo o fim do financia-

    mento clandestino e adicionaria significativadespesa ao Oramento da Unio. J existe o

    Fundo Partidrio e a transmisso de progra-ma eleitoral gratuito pelas emissoras de rdioe de televiso, que por si s j constituemsignificativo aporte de recursos para ospartidos e suas campanhas.

    O Sistema de Listas Fechadas1 Nas eleies para os legislativos em

    todos os nveis, a lei em vigor estabelece o

    sistema proporcional, com cada partidoapresentando uma lista de candidatos, emnmero limitado por lei, com o eleitor po-dendo votar nominalmente ou na legenda,considerando-se eleitos os candidatos maisvotados da lista dentro do limite das cadeirasconquistadas pelo partido.

    2 Pelo sistema de Lista Fechada, cadapartido apresenta ao eleitorado uma relaode candidatos listados em ordem estabeleci-da em conveno partidria, votando o eleitorsomente na legenda. Sero considerados

    eleitos os candidatos pela ordem apresen-tada na lista, at o nmero de cadeiras con-quistadas pelo partido. Os partidos que noconseguirem atingir o quociente concorrero distribuio das sobras. Vale aqui a obser-vao de que a Itlia e o Japo passaram dosistema exclusivo de listas fechadas para osistema misto, o que tambm defendido poroutros parlamentares brasileiros favorveis aum sistema em que metade das vagas ficariacom a candidatura personalizada e a outrametade em lista fechada.

    3 Principais opinies favorveis: fortale-ceria os partidos, j que o mandato passaria apertencer a ele e no ao candidato; viabilizariao financiamento pblico; faria com que a fide-lidade partidria fosse rigorosa; estimularia acampanha voltada para as ideias e as bandei-ras defendidas pelo iderio partidrio.

    4 Principais opinies desfavorveis:to lher ia a independncia pa r ti dri a noCongresso; entregaria direo partidriao completo domnio da candidatura; tirariao direito do eleitor de votar diretamente no

    candidato de sua preferncia e dificultaria osurgimento de novos lderes.

    A Clusula de Barreira1 Antes da Lei dos Partidos (Lei 9.096,

    de 19 de setembro de 1995), no eram exigidosmnimos de desempenho dos partidos, umavez que a Constituio de 1988 havia eliminadoa exigncia estabelecida na Carta de 1967.

    2 Como isso houvesse ocasionado aproliferao desmedida de partidos no Brasil,chegando ao exagerado nmero de vinte eoito registrados, a Lei. 9.096/95 estabeleceu

    os seguintes mnimos a vigorar a partir daeleio de 2006:

    Art. 13 Tem direito a funcionamentoparlamentar, em todas as Casas Legislativaspara as quais tenha elegido representante, opartido que, em cada eleio para a Cmarados Deputados, obtenha o apoio de, no m-nimo, cinco por cento dos votos apurados,no computados os brancos e os nulos,distribudos em, pelo menos, um tero dos

    Estados, com o mnimo de dois por cento dototal de cada um deles.

    3 A Proposta de Reforma aprovadapela CCJ e encaminhada ao Plenrio de C-mara (2005) amenizava consideravelmentea clusula de desempenho, permitindo asobrevivncia de mais alguns partidos, aomesmo tempo em que as fuses e pos-sivelmente as Federaes, se aprovadas,salvariam outros tantos.

    Novo art. 13 proposto: Tem direito afuncionamento parlamentar, em todas as

    Casas Legislativas para as quais tenha elegidorepresentante, o partido que, em cada eleiopara a Cmara dos Deputados, obtenha oapoio de, no mnimo, dois por cento dos votosapurados nacionalmente, no computados osbrancos e nulos, distribudos em, pelo menos,um tero dos Estados e eleja, pelo menos, umrepresentante em cinco desses Estados.

    4 A inteno da proposio da Clusu-la de Barreira era reduzir o exagerado nmerode partidos polticos registrados no TSE eque, muitas vezes, se conflitavam, pois siglas

    semelhantes tinham uma proposta polticamuito diferenciada. A tentativa de criar umlimite para os partidos polticos e a exclusoda existncia dos considerados pequenos,data da Car ta de 1967, que em seu ar t. 149buscava esse intento.

    5 A Lei acabou no alcanando oseu objetivo, pois uma deciso do SupremoTribunal Federal, aps as eleies de 2006,considerou-a inconstitucional. Antes de sersuspensa por deciso do STF, a Clusulade Barreira havia indicado que apenas sete

    partidos tinham superado as exignciasprevistas na Lei 9096/95.

    A Fidelidade PartidriaO movimento de emigrao de parla-

    mentares abandonando o partido pelo qualse elegeram, quase sempre cercado de sus-peitas de corrupo, outro aspecto indis-pensvel ao fortalecimento das instituiespolticas. A valorizao do candidato emdetrimento do partido criava uma situaoque facilitava a migrao partidria, muitasvezes, com finalidade meramente eleitoral

    ou pessoal, em face de a ausncia de com-promisso com os programas partidrios.

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    Pela proposta de 2003 o troca-trocade partidos ficaria bastante dificultado, j queestabelecia a exigncia de uma permann-cia de pelo menos trs anos de filiao e aresponsabilidade pela violao dos deverespartidrios deveria ser apurada e punidapelo competente rgo, na conformidadecom o estatuto de cada um. Alm disso, o

    integrante da bancada deveria subordinar suaao parlamentar aos princpios doutrinriose programticos de acordo com o estatuto,alm de prever a perda automtica de funoou cargo exercido pelo migrante no mbitoda respectiva Cmara.

    Em 30 de outubro de 2007, o TSE, pormeio da Resoluo n 22610, ps um freio noprocedimento, proibindo a troca sob a penade perda do mandato, a no ser por justacausa, entendida esta quando enquadradaem uma de quatro excees: a incorporao

    ou fuso do partido; criao de um novopartido; mudana substancial do programapartidrio e grave discriminao pessoal.

    A partir de ento, praticamente acabouo problema.

    As Federaes Partidrias1 O tpico seria uma inovao em

    matria de legislao no Brasil, no havendo,portanto, antecedentes.

    2 Alegadamente era tido como umremdio para moralizar as coligaes par-tidrias.

    3 Se aprovado este tpico da Reforma,vigoraria o seguinte: o Projeto de Lei, de2003, da Comisso Especial de ReformaPoltica, no seu ar tigo 11-A determinava quedois ou mais partidos polticos poderiamreunir-se em federao, a qual aps a suaconstituio e respectivo registro no TribunalSuperior Eleitoral, atuaria como se fosse umanica agremiao partidria, inclusive noregistro de candidatos e no funcionamentoparlamentar, com a garantia da preservaoda identidade e da autonomia dos partidos

    que a integrassem. Tambm determinava,que os novos integrantes deveriam se manternum mesmo bloco atuando como se fosseum partido s por trs anos.

    4 Opinies favorveis: A to criticadacoligao partidria utilizada na eleioproporcional seria trocada pela figura dafederao partidria. Inibir-se-ia, assim, acoligao de opostos, de partidos sem afi-nidade ideolgica, que se unem apenas poroportunismo eleitoral. Esta frmula ajudariaos pequenos partidos que no conseguem

    atingir uma representatividade parlamentarsatisfatria. A coligao partidria ficaria

    restrita a eleies majoritrias (presidente,governador, prefeito e senador), e descartadapara a Cmara dos Deputados, AssembleiasLegislativas e Cmaras de Vereadores.

    5 Opinies contrrias: No surgiramopinies contrrias significativas j que a maio-ria dos comentrios se opunha s coligaesque vinham sendo praticadas de um modo

    geral sem nenhum critrio poltico-partidrio.

    ConCLuSESA Reforma Poltica entendida como

    um pacote de medidas destinadas a saneare moralizar o sistema poltico-eleitoral doBrasil vem se arrastando h muitos anos,em meio a marchas e contramarchas, altos ebaixos, sempre alimentada por uma imprensavigilante e uma opinio pblica sequiosa deuma definio.

    A primeira concluso parcial que se

    pode tirar do exposto a extrema dificuldadeem dar andamento ao projeto da Reforma:objeto de controvrsias e debates, ela vemsofrendo uma srie de injunes conjunturaise presses de todas as espcies, que, aospoucos, vo desfigurando o projeto originalno af corporativo de aliviar os rigores damodificao, j que, certamente, ela atingirmuitos interesses, cortando privilgios efacilidades nem sempre condizentes com aboa prtica poltica. O prprio histrico doandamento do projeto evidencia as dificulda-

    des para sua concretizao, como se podeobservar pelo resumo a seguir:

    Uma Comisso Especial da CmaraFederal recebia, em 2003, emendas aoprojeto original. Observe-se que, j ento,enfatizava-se a necessidade de aprovaoat meados do ano para que surtisse efeitona eleio de 2004. Naquela altura, porm,j se podiam perceber as dificuldades paraapaziguar as vrias tendncias e o jogode interesses envolvidos. Por esse motivo,somente no final do ano foi possvel Comis-

    so Especial aprovar uma proposta que, emdezembro do mesmo ano, foi encaminhada Comisso de Constituio e Justia (CCJ) paraa apreciao antes do encaminhamento aoPlenrio para votao. Portanto, frustrou-se aesperana de aplicao da Reforma em 2004.

    Na CCJ permaneceu at junho de 2005,quando foi aprovada uma verso consideradadefinitiva e encaminhada para o Plenrio, jento com poucas possibilidades de aprova-o em tempo hbil para aplicao nas elei-es de 2006, o que acabou se confirmando,

    tendo em vista que terminou a legislatura semque o Plenrio discutisse e votasse.

    de se salientar que, em 2003, quandoem viagem frica, o prprio Presidente daRepblica declarou enfaticamente ter che-gado o momento da Reforma Poltica, o quedemonstra o empenho presidencial. Apesardisso, o projeto no andou.

    Durante o recesso do fim de 2006 doCongresso, o assunto praticamente caiu no

    esquecimento. No limiar da legislatura iniciadaem 2007, a situao em linhas gerais era a se-guinte: os itens principais da proposta da CCJcontinuavam vlidos conforme encaminhadosem 2005, com a promessa do novo Presidenteda Cmara de colocar o projeto em pauta evotao ainda no primeiro semestre de 2007. Aquesto da Clusula de Barreira foi eliminadadevido conhecida deciso do STF. Existiauma iniciativa do senador Marcos Maciel emtorno de uma PEC, apresentada no Senado,visando emenda constitucional revivendo o

    princpio questionado pelo STF. O Presidente da Repblica, segundo

    constava, encaminharia um novo projeto,desta vez, preparado com a colaborao daOAB. Mais uma vez era enfatizado o prazo deaprovao, ento at agosto de 2007, paraque surtisse efeito nas eleies de 2008. AInteno, porm, no se concretizou.

    J era pblico e notrio que, na faltados dispositivos supostamente moralizado-res da Reforma, comeavam a se repetir, noincio da Legislatura, prticas suspeitas, por

    exemplo, o contingenciamento das verbasoramentrias referentes s emendas parla-mentares, primeiro passo para transformar asua liberao em moeda de troca.

    Presentemente, encontra-se em funcio-namento na Cmara um Grupo de Trabalhoda Reforma Poltica, coordenado pelo De-putado Cndido Vaccarezza. de se suporque o andamento do assunto seja o mesmoda antiga Comisso Especial: recebimentode emendas, elaborao de uma proposta,encaminhamento CCJ e, aps, ao Plenrio

    para discusso e votao. Existem muitasopinies de que devem ser acrescentadosdois novos temas nova proposta: a ques-to da eleio do suplente de Senador, quecompete em pleito casado (e, portanto, nose submete na prtica ao crivo do eleitora-do), e a ex tino do processo das emendasparlamentares ao oramento. Ambos, j seanteveem, de difcil aprovao.

    Tudo que a sociedade brasileira esperados seus representantes que, finalmente,consigam criar e aprovar um pacote que ve-

    nha a sanear e moralizar o to desacreditadosistema poltico-eleitoral brasileiron

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    MAIS Do MESMoou oPLEBISCITo DA DILMA

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    Dizia Benjamin Constant no seu clssi-co livrinhoPrincpios de Polticaqueas ideias tm consequncias. Uma

    defeituosa definio do que democracia,por exemplo, pode nos conduzir ao contrriodo que pretendemos e dar ensejo ao despo-

    tismo. Em momentos de grande turbulnciasocial, faz-se necessrio lembrar o sentido

    das palavras. o que Constant pretendiafazer com o seu livro, que foi redigido aoensejo das tensas jornadas que preenche-ram os cem dias, aquele perodo em queo Imperador Napoleo, deposto e preso naIlha de Elba, fugiu do seu cativeiro e deu avolta por cima, voltando ao poder. SilvestrePinheiro Ferreira, o nosso bravo pensadordo liberalismo no incio da trajetria do Brasilindependente, fez algo semelhante entre

    1813 e 1819, ao redigir as suas Cartas sobrea revoluo brasileira, dirigidas a Dom JooVI, nas quais, maneira de Constant, fixavao sentido exato das palavras e elaborava aproposta que deu ensejo passagem damonarquia absoluta para a constitucional.

    Nos atuais momentos de confuso tan-to nas ruas quanto nos gabinetes oficiais, imprescindvel que nos tomemos o trabalhode definir claramente as ideias. A primeiracoisa consiste em identificar os modelosde governana que esto sobre o tapete.Dois arqutipos, a meu ver, contrapem-sesubliminarmente na presente conjuntura.O primeiro, inspirado em Jean-JacquesRousseau, entende o poder como questode unanimidade e a poltica como a forma de

    tornar realidade esse ideal. Nesta propostano h limites para a soberania do povo, queseria absoluta.

    O segundo, inspirado em John Locke,

    entende o poder como dissenso necessrioentre os vrios tipos de interesses presentes

    na sociedade, para, a partir da, construiras instituies num grande processo deconsensos. A questo da soberania dopovo limitada representao dos seusinteresses materiais no Legislativo. Mas,a soberania tem limite e no pode aam-barcar a totalidade da vida das pessoas.Os estudiosos filiam o primeiro modelo

    a Plato e sua tentativa de construir aplis com fundamento na unanimidade, aser implantada pela ao reguladora do reifilsofo. O segundo modelo estaria mais dolado de Aristteles e da poltica do possvelnapolitia, que buscava o justo meio, naestruturao de uma denominada peloEstagirita classe mdia.

    Ora, para Rousseau a felicidade geralda nao depende da construo da unani-

    midade e do banimento do dissenso. sabi-do que tal modelo inspirou a grande tsunamidos tempos modernos, a Revoluo France-sa, com a sua sequela de terror e de cabeascortadas com eficincia pela guilhotina. Tal o modelo de que se louvaram as vriasrevolues populares levadas a efeito pelosbolcheviques na Rssia e pelos comunistasna China e alhures, ao longo do sculo XX. o arqutipo que encantou aos petistas eque, no mbito latino-americano, tomoucarona na revoluo bolivariana do finadocoronel Chvez, na Venezuela. Diante doclamor das ruas, a presidente Dilma, se-guindo a pauta traada pelo diretrio petista,apresenta mais do mesmo que o PT temdado aos brasileiros ao longo da ltima d-cada: a hegemonia partidria, construda emassembleias sem fim que j chegam votadaspela militncia e em discusses que propemo plebiscito que dar origem a todos os en-

    tendimentos de que o pas carece.Ora, sabemos sobejamente que o que o

    governo prope farinha do mesmo saco deevidncias totalitrias. Os espritos que bus-cam a unanimidade propem sempre essa

    tal consulta popular, como na Cuba de Fidelou no Segundo Imprio francs presididopelo corrupto Lus Bonaparte, que se tornoueficiente administrador de plebiscitos ouconsultas diretas populao. O prprio

    Rousseau, alis, no oitavo captulo do seuContrato Social, assinalava o caminho daspedras para a conquista da unanimidade: aconsulta plebiscitria, na qual, o Legisladorque governa, mediante perguntas habil-mente formuladas, consegue que o povodiga o que ele quer. Como a convicofundamental a de que o melhor para todosconsiste na unanimidade ao redor de quemgoverna, qualquer meio para conseguir esse

    estado de entropia coletiva vlido: desde oterrorismo de Estado at o plebiscito.No nos enganemos. O que os milhares

    de jovens e cidados de todos os matizesdisseram nas ruas na ltima semana dejunho que esto cansados da monocrdiaproposta petista de buscar, em tudo, a hege-monia partidria, colocando o Brasil comosimples apndice do PT. O que o milho emeio de brasileiros que se manifestaramqueriam era o fim da hegemonia partidria,bem como a busca por um entendimentoreal entre os variados interesses que com-pem a Nao brasileira. Ou o governo dapresidente Dilma realmente escuta a voz doscidados deste pas ou abrir a porta paraum clima de instabilidade ainda pior.

    claro que no ncleo duro do PT jest pronta a sada se as coisas no deremcerto: Lula j! Mas, ser que os alquimistasdo Partido j chegaram convico de que

    esse medicamento, pior do que a doena, o que a sociedade brasileira quer? n

    Ricardo Vlez Rodrguez

    Coordenador do Centro de Pesquisas Estratgicas Paulino Soares de Sousa, da UFJF.

    Membro do Instituto Histrico e Geogrco Brasileiro. Professor Emrito da [email protected]

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    Anao sente na sua alma a perspectivade uma afirmao democrtica, aolado da vocao poltica que de h

    muito influncia o brasileiro em todos osnveis sociais, verdades estas plenamentecomprovadas com a realidade dos ltimosmovimentos reivindicatrios que, deflagradosem toda a extenso do territrio nacional, con-substanciaram uma perplexidade geral nalmade todos ns. Fenmeno? Realidade social?Vandalismo? Assim, numa simplria e rpida

    avaliao podemos afirmar que brasileirosdas mais diversas esferas sociopolticasuniram-se, pensa este articulista, no af deencontrar eco nos altos escales da repblica,na pragmtica busca de uma resposta aospatriticos anseios de um Brasil melhor. Ospronunciamentos ouvidos nas ruas, indis-cutivelmente, vislumbram dias melhores e,para surpresa geral, mostraram-se distantesde vinculaes partidrias, cingindo-se, tos, ao sonho de uma sociedade MAIS JUSTA.Como se v, este escrevinhador sentiu--se vontade em escolher o ttulo acima:DEMOCRACIA NOVAMENTE PROCLAMADA.Jamais brasileiros, dos quatros cantos dopas, estiveram to unidos na cessanteprocura de uma verdade no campo poltico--institucional. No h como fugir da grandiosi-dade do presente momento, uma marca que ahistria ptria jamais olvidar. sempre bomlembrar que o amadurecimento na vivncia

    democrtica, redunda, indiscutivelmente,no grande bordo da vida pblica A PAZSOCIAL. A dinmica histrica, mestra dasmestras, ensina que a sonhada paz social fruto do amadurecimento das INSTITUIES.O Instituto da Democracia, embora muitoantigo na vida da humanidade, est sempreem aperfeioamento, e hoje as ruas deram oclamor que h muito dormitava no corao dopovo brasileiro, na afirmao publicista tradi-cional de um REGIME POLTICO, FILOSOFIA

    DE VIDA E ESTADO DE ESPRITO.Como ex-aluno do constitucionalista

    DEMOCRACIA NOVAMENTE PROCLAMADAPaulo Bonavides nos idos da dcada de 1960,louvo-me de velhos rascunhos de sala de aula,quando o mestre dizia: ...no ponto de vistado homem a Democracia para empolgar umapersonalidade que nela busque se realizar,encontra no seu ESTADO DE ESPRITO umponto de vista coletivo, que sombreado porum REGIME POLTICO ir pautar a realidade deuma FILOSIA de VIDA. Nesse passo, vamosnos valer do que afirmou o pensador GiordaniSartori nos seus cadernos UMA DEMOCRA-

    CIA EXISTE, SOMENTE, ENQUANTO SEUSIDEAIS E VALORES SO TRANSFORMADOSEM ALGO REAL. Agora, sinto-me vontadeem clamar que apesar dos percalos que asmultides bafejam por toda a nao, o reco-nhecimento da pessoa humana sempre estaradjudicado aos sonhos da Bastilha que pro-clamou Liberdade, Igualdade e Fraternidade,longe dos exageros jacobinos e os excessosdo liberalismo, os tericos racionalistas daBastilha que nos perdoem, pois jamais de-veremos esquecer o que afirmou Lacordaire:ENTRE O FORTE E O FRACO A LIBERDADEQUE ESCRAVIZA E A LEI QUE LIBERTA.

    No h como aceitar uma estagnaosocial. Sem justia social o homem jamaisser livre, todavia, quando essa concepode justia social emerge eivada de conchavoseleitoreiros e impregnada de ideologias deh muito superadas, a Democracia comeaa se esmaecer, dando lugar a uma tirania

    que traz no seu cerne, to s, a nsia de umPoder que busca, para tristeza geral, a suaETERNIZAO. O Regime Poltico como nosconta a Histria, nasceu de uma monarquiaque outorgou a velha Pindorama a primeiraCarta Magna, que num perodo de 67 anosrespaldou a vida nacional. Como Lei Maior,fez do pas uma nao constitucional, comos defeitos de uma monarquia no muitopalpvel, responsvel pelo famoso PODERMODERADOR, que at os dias presentes

    incomoda as Instituies na sua atualssi-ma verso MEDIDA PROVISRIA. Faz-se

    imperioso relembrar que as nossas CartasMagnas sempre inseriram esta forte influnciado Executivo no dia a dia da vida republicana.A Democracia que corre pelas praas, eivadade uma crise reconhecidamente Institucional,clama aos ventos, gerando um corolriode ansiedades que levou o Poder Pblico aultrapassar os motes das massas. Nesseponto da nossa apreciao vamos no valerdo pensamento de Durkheim que nas suasposies filosficas dizia: ...a maneira de

    entender o fatos sociais que sentem, pensam eagem, a realizao dos mtodos e maneirasde alcanar a paz social. A trade publicista jreferenciada FILOSFICA, ESPIRITUALISTA EPOLTICA necessita, urgentemente, de enten-dimento poltico-institucional, uma vez que apoltica, bem dimensionada, nos padres dosanseios das ruas nos conduzir ao pluripar-tidarismo fraterno, idealstico e incorruptvel,nos moldes da pura FILOSOFIA DE VIDA,com a consequente serenidade do ESTADODE ESPRITO, que nas palavras de Churchillconsagraram o inesquecvel bordo, que deh muito reza O DIFCIL NA DEMOCRACIA A SUA PRPRIA REALIZAO. O EstadoBrasileiro, na presente conjuntura, evidenciouuma postura que no se coadunou nos sonhosdas massas, levando o economista Andr LaraRezende, em artigo publicado noJornal ValorEconmico, em 7 de julho de 2013, com muitasensibilidade, afirmar:

    A INSATISFAO DIFUSA DOS PROTES-TOS DAS RUAS PODE VIR A SER CATALIZA-DORA DE UMA PROFUNDA MUDANA DERUMO, QUE ABRA O CAMINHO PARA UMNOVO DESENVOLVIMENTO [...] PRECISOQUE SURJAM LIDERANAS CAPAZES DEEXPRIMIR, FORMULAR E EXECUTAR O NOVODESENVOLVIMENTO.

    Aps esses modestos comentrios e nosvalendo das palavras acima, escolhidas comoEPLOGO do pensamento desenvolvido, ousa-

    mos sonhar com o clamor das ruas, na busca deum BRASIL NOVAMENTE PROCLAMADO!n

    Maj Brig Ar Tarso Magnus da Cunha [email protected]

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    Rodrigo Constantino

    Economista. Presidente do Instituto Liberal

    Qe Des s lire,car sehr, de sermsclcads em m pla

    mit elead prsss amigs!.

    Albert Camus, A queda.

    Eike Batista est para a economiacomo Lula est para a poltica.O sucesso de ambos, em suas

    respectivas reas, tem a mesma origem.Trata-se de um fenmeno bem mais abran-gente, que permitiu a ascenso metericade ambos como gurus: Eike virou o Midasdos negcios, enquanto Lula era o gnioda poltica. Tudo mentira.

    Esse fenmeno pode ser resumido,basicamente, ao crescimento chins so-mado ao baixo custo de capital nos pasesdesenvolvidos. As reformas da era FHC,que criaram os pilares de uma macroe-conomia mais slida, tambm ajudaram.Mas, o grosso veio de fora. Ventos externosimpulsionaram nossa economia. Fomosuma cigarra que ganhou na loteria.

    A demanda voraz da China por recur-sos naturais, que por sorte o Brasil tem em

    abundncia, fez com que o valor de nossasexportaes disparasse. Por outro lado,aps a crise de 2008 os principais bancoscentrais do mundo injetaram trilhes deliquidez nos mercados. Isso fez com queo custo do dinheiro ficasse muito reduzido,at negativo se descontada a inflao.

    Desesperados por retorno financeiro,os investidores do mundo todo comearama mergulhar em aventuras nos pases em

    desenvolvimento. Algo anlogo a algumque est recebendo bebida grtis desde

    A QuEDAcedo na festa, e comea a relaxar seucritrio de julgamento, passando a acharqualquer feiosa uma legtima top model.Houve uma enxurrada de fluxo de

    capitais para pases como o Brasil. A pr-pria presidente Dilma chegou a reclamardo tsunami monetrio. Os investidoresestavam em lua de mel com o pas, euf-ricos com o gigante que finalmente havia

    acordado. Havia mesmo?O fato que essa loteria permitiu o

    surgimento dos fenmenos Eike Batistae Lula. Eike, um empresrio ousado,convenceu-se de que era realmente forade srie, que tinha um poder miraculoso demultiplicar dlares em velocidade espanto-sa, colocando um X no nome da empresae vendendo sonhos.

    Lula, por sua vez, encantou-se com

    a adulao das massas, compradas pelasesmolas estatais, possveis justamente por-que jorravam recursos nos cofres pblicos.A classe mdia tambm estava em xtase,pois o cmbio se valorizava e o crdito seexpandia. Imveis valorizados, carros novosna garagem e Miami acessvel ao bolso.

    O metalrgico, que perdera trs elei-es seguidas, tornava-se, quase da noitepara o dia, um gnio da poltica, um ldercarismtico espetacular, acima at mesmo

    do mensalo. Confiante desse poder, Lulaescolheu um poste para ocupar seu lugar.E o poste venceu! Nada iria convenc-lode que isso tudo era efeito de um fenmenomais complexo do que ele compreendia.

    Dilma passou por uma remodelagemcompleta dos marqueteiros: virou umaeficiente gestora por decreto, uma faxi-neira tica, intolerante com os malfeitos.Tudo piada de mau gosto, que ainda era

    engolida pelo pblico porque a economiano tinha entrado na fase da ressaca. O

    inverno chegou.O crescimento chins desacelerou, e

    h riscos de um mergulho mais profundo frente. A economia americana se recuperouparcialmente, e isso fez com que o custodo capital subisse um pouco. Os ventosexternos pararam de soprar. Os problemasplantados pela enorme incompetncia deum governo intervencionista, arrogante e

    perdulrio comearam a aparecer.A mar baixou, e ficou visvel que o

    Brasil nadava nu. O BNDES emprestourios de dinheiro a taxas subsidiadas paraos campees nacionais, entre eles oprprio Eike Batista. O Banco Central foinegligente com a inf lao, que furou o topoda meta e permaneceu elevada, apesar dofraco crescimento econmico. Os investi-dores comearam a temer as intervenes

    arbitrrias de um governo prepotente, eadiaram planos de investimento.A liquidez comeou a secar. O fluxo se

    inverteu. E o povo comeou a ficar muitoimpaciente. Eike Batista se viu sem acessoa novos recursos para manter seu castelode cartas. As empresas do grupo X des-pencaram de valor, sendo quase dizimadasenquanto as dvidas, estas sim, pareciamse multiplicar. A palavra calote passoua ser mencionada. O BNDES pode perder

    bilhes do nosso dinheiro.J a presidente Dilma, criatura de

    Lula, mergulhou em seu inferno astral.Sua popularidade desabou, os investido-res travaram diante de tantas incertezas,e todos parecem cansados de tamanhaincompetncia.

    Eike e Lula deveriam ler Camus: Brin-camos de imortais, mas, ao fim de algumassemanas, j nem sequer sabemos se pode-

    remos nos arrastar at o dia seguintenFonte O Globo 7/8/13

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    A IDADE DA SABEDoRIALuiz Paulo Horta

    Jornalista

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    Os meus colegas de turma estoentrando na casa dos 70, o quelogo me obrigar a seguir comeles. Vejo-me, ento, pensando nessacoisa misteriosa que o tempo. Comoos filsofos j explicaram: no se tratade entidade unvoca. Pode, s vezes,enroscar-se como gato em varanda

    ensolarada, e, assim, ficar por dcadas.De repente d um salto, e nada mais sercomo antes.

    Assim acontece com o ciclo lulistaque agoniza nas ruas. Durante dezanos, viveu-se dos bons fundamentoslanados na era FHC: moeda estvel, leide responsabilidade fiscal, saneamentodos bancos; a isto se somando um per-odo dourado no comrcio internacional.Aproveitando os bons ventos, Lula intro-

    duziu no cenrio um feeling pelo socialque o transformou numa lenda viva.

    De repente, nada mais ser comoantes, e a reeleio de dona Dilmatornou-se problemtica. Onde est o guiainfalvel com suas intuies geniais?

    Aos 67, ele j poderia ter algunsdiplomas de sabedoria. Mas, nem isso garantido. A frase de Ccero: Aspessoas so como o vinho: nem todas

    azedam com a idade.Lula parece muito azedo. Isso soaestranho em quem foi o presidente maispopular da histria do Brasil. As coisasque ele tem dito nunca em pblico

    tambm soam estranhas. Como convo-car a militncia a recuperar, nas ruas,os espaos que a direita conquistou.

    Mas, que direita? E ser que tudona vida tem de ser politizado a esseponto? Que existe direita e esquerda,todo mundo sabe. Est na natureza dascoisas. Como disse um velho poltico

    francs: Eu sei que meu traseiro tem umlado direito e um lado esquerdo. Mas,a pura indignao contra os corruptos,contra as farsas da poltica, precisacaber nesses velhos frascos?

    o momento em que espertezademais mata o seu autor. Para citarGoethe: A teoria cinzenta; verde arvore da vida.

    Isso so coisas que a idade pode en-sinar. H um bom movimento que leva do

    romantismo para o classicismo, sem queisso obrigue ao esfriamento do corao.O clssico o que conseguiu tomar umpouquinho de distncia da nossa brigacotidiana, e ver as coisas, sempre quepossvel, sub species aeternitatis. Fica

    mais fcil, com a idade, perceber queestamos cercados de milagres. Que umaborboleta um milagre em estado puro e, mais ainda, a conscincia serenade um Plutarco.

    Caso curioso o de Tolstoi. Aos 37anos, ele comeou a escrever Guerrae Paz, que terminou aos 40. Poucas

    coisas haver que meream, como esselivro, o adjetivo de clssico. Narrandoa invaso da Rssia por Napoleo, em1812, ele fornece uma viso dessa nossavida terrena que, sem ser religiosa(Tolsti no era Dostoivski), nos fazsentir que somos parte de algo muitogrande e misterioso, superior a todasas mesquinharias.

    Mas, depois ele se tornou religiosode um modo estranho. Membro da aris-

    tocracia (ele era o conde Tolsti) queriareformar a Rssia o que era, mesmo,necessrio , e para isso desenvolveuuma variante peculiar de cristianismoem que ele era um verdadeiro chefe deseita. Tornou-se intolerante, cercadopor aclitos que imitavam o radicalis-mo do mestre. Do mundo inteiro, vinhagente visit-lo em seu retiro de IasnaiaPoliana, sem saber o quanto o mestre

    barbudo e reverenciado fazia sofrer suaprpria famlia.Moral da histria: sabedoria no

    tem idadenFonte: O Globo

    Qe existe direita e esqerda, td mdsabe. Mas, a pra idiga ctra

    s crrpts, ctra as farsas da pltica,precisa caber esses elhs frascs?

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    H algum tempo a imprensa tem dadodestaque a algumas revelaes ver-

    dadeiramente escandalosas sobreo envolvimento de polticos, empresriose autoridades governamentais em atosdesairosos e denunciado o enriquecimentoilcito de maus patriotas no exerccio dafuno pblica.

    Se adicionarmos a estes lamentveiscasos as denncias e investigaes queenvolvem, em diferentes oportunidades,funcionrios do setor administrativo, inclu-

    sive colaboradores diretos da Presidnciada Repblica, chega-se concluso de quea mar de anomalias, torpezas e suspeitasest profundamente enraizada nos trspoderes do Estado.

    Constatamos, com imensa tristeza, noatual cenrio poltico nacional, inumerveise lamentveis fatos que vm sistematica-mente ocorrendo, envolvendo autoridadespblicas especialmente ministros deEstado e funcionrios do primeiro escalogovernamental que o nosso pas seencontra em avanado processo de pu-

    trefao moral.E se esse processo deletrio no for

    estancado, em curto prazo, a projeo quepodemos fazer para o futuro dramtica.Portanto, algo deve ser feito para estancar,de imediato, com todos esses desatinos.

    Os fatos, ao longo dos ltimos anos,mostram que os detentores do poder

    urdiram um plano diablico para, paulati-namente, desmontar o poder de reao da

    Manuel Cambeses JniorCel Av

    Membro emrito do Instituto de Geograae Histria Militar do Brasil, membro

    da Academia de Histria Militar Terrestredo Brasil, conselheiro do Instituto Histrico-

    Cultural da Aeronutica e conferencistaespecial da Escola Superior de Guerra.

    [email protected]

    FOCOSDE

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    CORRUPO AMEAAM ALICERCES DO ESTADOsociedade brasileira e manterem o perversoe abominvelstatus quo.

    Mas, bem sabemos, tal processo dele-trio no muda apenas com promessas,com palavras ou com intenes. S aesefetivas: tomadas por pessoas de tmperaforte e com qualidades de liderana, quepodero transformar as esperanas emdecises e, consequentemente, em aes.

    Aes que iro debelar essa pletora

    inominvel de desvios de conduta dementes doentias e mentirosas que, osfatos, sempre eles, mostram, comprovame vm dominando, nestes ltimos anos, onosso pas, em todos os seus quadrantes.

    Portanto, s com aes efetivas pode-r ser saneada a contaminao que tomouconta do Brasil. Um pas onde muitasprefeituras contam com prefeitos e verea-dores corruptos e corruptores. O mesmo

    acontece com governadores, deputadosdistritais, estaduais, federais, senadorese at mesmo os que deveriam zelar pelamanuteno e a aplicao da lei: os juzes.

    E esse quadro devastador se estende,segundo os fatos to alardeados, at aospontos mais elevados da estrutura de podernacional. Um absurdo inominvel! Urge,pois, que medidas efetivas e saneadorassejam tomadas para resgatar a sade moralde nosso pas. Para que sejamos, um dia,

    de fato, uma Nao.E, afinal, qual ser o futuro se esse

    processo continua? Se todas as aves derapina continuam livres e a esbulhar o pas?Com tantos privilgios e com essa brutalexcrescncia denominada foro privilegia-do. Um malvolo dispositivo criado nosestertores do mandato de FHC?

    Esse mesmo senhor que comeou oprocesso de enfraquecimento de nossas

    FFAA e da pusilnime tentativa de reduzira importncia da Escola Superior de Guer-

    ra no seio da sociedade brasileira. Quetambm assinou, aceitou e se submeteus decises dos pases hegemnicos quehoje se encontram com um p firmementefincado em nosso solo ptrio? Leia-se:Raposa Serra do Sol

    Assim, o que est em jogo o futurode todos ns. E, em especial, de nossosfilhos e nossos descendentes.

    E, por ltimo, mas no menos impor-

    tante, o que podem os cordeiros contra oslobos? Nada! Cordeiros sem proteo soe sero, por certo, presa fcil nas mospredadoras de todos esses que a esto aesbulhar, livremente, o patrimnio brasilei-ro. Patrimnio que foi criado e acumuladocom o trabalho, a luta, o denodo, o vigor,o sofrimento e o sangue de nossos pais enossos ascendentes.

    Uma histria de lutas que, agora, as-

    sistimos impotentes se perder nas mosinsidiosas e esprias de todos esses lobosque saqueiam o pas e nos tratam comomarionetes.

    E, tragicamente, alm de roubarem oprprio pas eles no pensam duas vezesem se submeter e entregar as riquezas denosso solo aos algozes de sempre e que tmseus atos de dominao to bem registradose consubstanciados na Histria Mundial.

    muito difcil para a opinio pblica

    assimilar o caudal de informaes de-primentes que golpeiam, diariamente, asensibilidade dos cidados, sem que sejaexperimentado um profundo desalentomoral e observado, com um fundo deincredulidade, o funcionamento das ins-

    tituies sobre as quais repousa a ordemrepublicana.

    Ante esta dura realidade imprescin-dvel criar-se, o quanto antes, as condies

    que permitam reconstruir o prestgio daOrganizao Estatal, hoje fortemente afe-

    tado pela sordidez desses maus brasileiros.Uma sociedade que no confia em

    suas instituies dificilmente podercaminhar com passo firme na direo demetas perdurveis de progresso, justia ebem-estar. A honorabilidade dos homenspblicos, qualquer que seja o nvel e anatureza de sua funo, um oxignioinsubstituvel para o desenvolvimento dacapacidade criativa do corpo social, que

    dificilmente mobilizar, com profundida-de, suas energias espirituais e materiais,se considerar que o fruto de seu esforoser aproveitado, desavergonhadamente,pela voracidade, ambio, vileza e falta deescrpulos de uns poucos.

    imprensa lhe corresponde umamisso fundamental nessa empreitadade reconstruo nacional. Na maioria dasvezes, tem sido a mdia o instrumento de

    denncia de manejos ilcitos por quemexerce o poder (seja de quem tenha che-gado funo pblica pelo voto popular oude quem desempenha cargo de confianaem virtude de nomeao).

    alarmante imaginar quantos focosde corrupo teriam permanecido ocultosse os profissionais de imprensa no lheshouvessem focado a luz. Da ressalta-se ovalor estratgico da liberdade de expressocomo pilar da ordem constitucional.

    Frente onda de seguidos fatos efocos de corrupo que ameaam erodiros alicerces do Estado, toda a sociedadebrasileira deve pr-se de p para exigirque os atos ilcitos identificados e de-nunciados pela imprensa desde quedevidamente comprovados sejam pu-nidos exemplarmente, e que os controlesdo sistema democrtico funcionem comeficcia e em plenitude, na salvaguarda

    da transparncia moral, que a virtudesuprema da Repblica n

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    PaRa MaIOReS

    De SeSSenta anOS

    Ningum gosta de perder e, nisso,no inova o brasileiro. Quando osinstitutos de pesquisa apontam,

    mesmo com estatsticas discutveis, umpostulante a cargo eletivo como desta-cadamente favorito, a grande massa

    dos indecisos, imediatamente, engrossaas fileiras do suposto preferido. E quando

    o candidato eleito, justamente o maiordefensor do adversrio derrotado o maisefusivo nos cumprimentos ao vencedor.

    Alm disso, pessoas inteligentes que,honesta e conscientemente, elegeramum candidato para que mudasse umdeterminado cenrio poltico que, depoisde mais de um ano, permanece o mesmona essncia, no obstante mais grave,custam muito a compreender que foramenganadas.

    Est na hora de o eleitorado acordar,de despertar da letargia, apreender ecompreender a realidade, para impor-se

    aos governantes, obrigando-os a trilharmelhores caminhos para o Pas.

    inadmissvel que, em um Estado deDireto, as Leis e at a Constituio sejamatropeladas pelo governo, a todo o momento,com a conivncia dos Parlamentares, quetambm no se sentem, nem um pouco,obrigados pelo regime jurdico, por elesprprios criado.

    Uma mdia oligopolista, endividada eexcessivamente dependente de dinheiropblico, completa o quadro que transforma,aos olhos dos menos atentos, em demo-

    cracia, uma ditadura maniquesta que sreconhece como verdadeiras e legtimas

    as idias e aes sadas de seus fornosideolgicos.Temos a certeza de que todas as

    pessoas normais vo alm do discursoe, efetivamente, ajudam os mais pobres.Assim, ns, que tambm temos preocupa-es sociais e, com o pouco que o Estadovoraz no nos toma, ainda ajudamos osdesassistidos que quase nada recebemdas fontes governamentais somos muitomais autnticos e legtimos do que os

    polticos e os militantes partidrios. Aquelesa que socorremos no votam em ns nemnos elegem, no nos propiciam cargospblicos regiamente remunerados nem nosmaterializam os projetos de Poder. Tambmno desviamos os recursos destinados assistncia social. O auxlio que damos com o que nosso. Fazer caridade com odinheiro dos outros pode ser muito cmodo,mas no leva ao Cu, nem mantm ningumno Poder eternamente.

    Na busca desesperada pela pecniaalheia, inicialmente, veio uma reformaprevidenciria injusta, arbitrria e, sobre-tudo, inconsti tucional , e, logo depo is,uma reforma tributria inexpressiva, cujonico efeito prtico foi aumentar, aindamais, a carga tributria extorsiva a que sesubmetem os brasileiros.

    Sobre a primeira, disse o Coman-dante do Exrcito, General-de-ExrcitoFrancisco Roberto de Albuquerque, em

    palestra realizada no Clube Militar, nodia 5 de maro deste ano (2004), que

    os militares foram a nica categoria queficou fora da reforma previdenciria. No

    cremos que haja nisso qualquer motivopara comemorao, seno para lastimar,profundamente, as perdas dos trabalhado-res e aposentados atingidos por mais essaviolncia estatal. E esperar pelo momentoem que seremos ns os atingidos.

    Agora, o Governo se lana em cam-panha pela reforma do Poder Judicirio epela reforma poltica. Que ningum se iluda:o que realmente se pretende com a primeira o controle daquele Poder pelo Executivo.

    No o controle administrativo, como dizem,mas o controle das Sentenas, seja pelainterferncia direta no julgado, seja pelacoao dos magistrados, com os mesmosprocedimentos esprios que usam paramanipular o Congresso Nacional.

    indispensvel que o eleitor brasileiroidentifique, exatamente, de onde vemverdadeira ameaa. Muito se fala doscasos isolados de juzes que se corrompem,ao mesmo tempo em que tudo se faz

    para abafar os fatos comprometedoresdo Execut ivo. No podemos de ixar que manobras desse jaez contaminem asnossas mentes e nos desviem do principal. mil vezes melhor que um juiz, eventual-mente, venda uma sentena do que umgoverno arbitrrio coaja, remova ou demitajuzes, ou, ainda, que reforme sentenas quelhe sejam desfavorveis. O Poder Judicirio, talvez, a ltima linha de defesa de quedispomos contra tais abusos. No podemos

    permitir que ela seja demolida.Queremos, sim, o controle do Judicirio,

    Lus Mauro Ferreira Gomes

    Cel. Av.

    Vice-Presidente do Clube de Aeronutica

    [email protected]

    31 de maro de 2004

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    mas um controle interno mais eficaz,precisamente para impedir que polticosprofissionais, que no conseguem despir-sedas prticas demaggicas dos temposde militncia, se infiltrem em TribunaisSuperiores e, mais grave ainda, no Su-premo Tribunal Federal, vindo, assim, a

    conspurcar a iseno indispensvel a essaselevadas cortes. Nesse caso, toda a Justiapoder ser comprometida pela despudoradaadeso de alguns de seus membros sconvenincias polticas e aos caprichosirresponsveis das correntes polticas quel os tenham colocado.

    Sentimos muita saudade dos temposem que havia dignidade, e os Juzes, osDesembargadores e os Ministros consi-deravam-se ou eram declarados suspeitos