revista abraphe -edição outubro / novembro 2011

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PILOTOS DE HELICÓPTERO abraphe.org.br 2ª EDIÇÃO | OUTUBRO - NOVEMBRO 2011 O NOVO KAMOV NO BRASIL MAIS + Entrevista exclusiva com Raphael Klein

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Page 1: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PILOTOS DE HELICÓPTERO

abraphe.org.br

2ª EDIÇÃO | OUTUBRO - NOVEMBRO 2011

O NOVO KAMOV NO BRASIL

MAIS + Entrevista exclusiva com Raphael Klein

Page 2: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

©Divulgação HELIPARK / KAMOV

KAMOV Ka-32A11BC09

Helipark e Guindastec lançam empresa especializada no transporte aéreo de cargas pesadas.

03Editorial

06CURTAS

04A PALAVRA DO PRESIDENTE

07HELICÓPTEROS

09CAPA

05HOT PRODUCTS

Desmistificando os Experimentais

19ENTREVISTA

Raphael Klein

21

24

ESPECIAL

SEGURANÇA

LABACE 2011

Fadiga

18CURSOS

Treinamento Agusta

14HELIPONTOS E AEROPORTOS

Pista Cotia

17PILOTOS

Fator Vento e PNR

12HISTÓRIAS DA AVIAÇÃO

Relato de um Acidente

ÍNDICE

Page 3: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

RODRIGO DUARTEPRESIDENTE DA ABRAPHE

“Nossos esforços são para entender o que fazer

para que nem um único acidente aconteça.(...)”

Estamos trabalhando e muito para entender o que fazer

para que nem um único acidente aconteça. Um dos

ensinamentos da SIPAER : “Todo acidente aeronáutico

pode e deve ser evitado!”.

Iremos perseguir incansavelmente esse ensinamento

até que tenhamos seu resultado alcançado. Temos, por

obrigação, fazer isto acontecer.

Editorial

Contato / Assinatura

Capa

A PALAVRA DO PRESIDENTE

03 04

Os novos caminhos trilhados pela ABRAPHE estão fortalecendo os laços entre os

legisladores, autoridades reguladoras, controle de espaço aéreo, investidores,

fabricantes, oficinas, proprietários, escolas e pilotos.

Ações de forma coordenada entre todos os envolvidos nas operações tendem a

direcionar as necessidades de mercado e formas de operação fazendo com que

continuemos em busca do crescimento que temos visto nestes últimos anos.

As lacunas deixadas por erros do passado, quando não ocorriam essas interações,

estão evidentes quando observamos o mercado de forma ampla. As oficinas estão

cheias, os hangares lotados, os aeroportos sem espaço e as autoridades não dão

conta de cumprir os trâmites burocráticos exigidos em lei.

Nosso papel, como entidade que representa os pilotos de helicóptero, é, princi-

palmente, dar suporte tanto às autoridades como também para os nossos pilotos

associados.

Nesse saudável relacionamento e troca de informações, temos a chance única de

estar atuantes e de sempre antecipar demandas futuras que possam colocar em

risco a Segurança de Voo (o nosso único objetivo).

Boa leitura!

DIRETORIA:

Presidente: Rodrigo Duarte

Vice - Presidente: Hoel Carvalho

Secretária - Geral: Vera Berthault

Diretor Administrativo Financeiro: Luciano de

Oliveira

Diretor de Associados: Eduardo Seehagen

Diretor de Comunicação: Divaldo de Oliveira

Diretor Técnico, Operações e Segurança de

Voo: Isidoro Mekler

Diretor de Instrução e Disciplina: Domingos

de Souza

Diretor de Relações Públicas: Ruy Flemming

1° Suplente: Marcelo Micchi

CONSELHO FISCAL:

Presidente: Geoci Leonar Barbosa

1° Conselheiro: Marco A. A. Infante

2° Conselheiro: André Danita

Suplente: André Barão

EQUIPE:

Felipe Dorta

Mario Belvedere

Suelen Leal

Rita Santos

ASSESSORA DE IMPRENSA:

Carolina Denardi

REDAÇÃO E PRODUÇÃO:

Rodrigo Duarte

DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:

Lecode Studio - lecode.com.br

IMPRESSÃO:

Gráfica Josemar - graficajosemar.com.br

ABRAPHE - Assossiação Brasileira de Pilotos de Helicóptero

Avenida Olavo Fontoura, 1078 - St. C - Lt. 07

Hangar da Go Air - Santana - São Paulo - SP - CEP 02012-021

Tel.: +55 11 2221-2681 | FAX: +55 11 2221-1348

Fotografia: Divulgação Helipark / Kamov

Os últimos meses têm sido de muita atividade para a nossa

associação. O número crescente de novos sócios tem

nos deixado muito confiantes na continuidade de nosso

trabalho e nos estimula a dar seguimento em nossas ações.

Mas, infelizmente, também fomos surpreendidos por alguns

acidentes que sempre nos causam grande comoção. Nas

últimas entrevistas, nas quais participei, todos os repórteres

foram unânimes em perguntar o por quê do aumento do

número de acidentes. Infelizmente, não temos como dizer

que, estatisticamente, esse número têm aumentado, pois

não sabemos, de forma concreta, o crescimento absoluto

da frota e nem o crescimento da quantidade de voos.

Todos os estudos levam em consideração a relação entre

acidentes e horas de voo ou acidentes por milhão de

decolagens.

A estatística é muito importante para a ABRAPHE, mas um

único acidente, dentre milhões de horas voadas ou milhões

de decolagens feitas, já é o suficiente para nos surpreender

de forma negativa e sinaliza que algo está errado e precisa

alguma correção, seja na manutenção criteriosa dos

equipamentos ou em um maior aprimoramento técnico de

nossos pilotos.

Os meses de Agosto e Setembro/2011 foram trágicos para

nós pilotos e para nossa aviação.

Como Presidente da ABRAPHE tenho o dever de, junto com

a nossa Diretoria, buscar incansavelmente entender o que

está acontecendo e propor mudanças para que não tenhamos

mais que passar por estes dolorosos acontecimentos.

abraphe.org.br

NA INTERNET

http://tiny.cc/kpo90

Confira na Internet o discurso do Cmte. Rodrigo

Duarte na Câmara dos Deputados, ocorrido em

24/08/2011 sobre a reforma do CBAER.

Page 4: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

HOT PRODUCTS CURTAS

Frota no Brasil

A nova geração SPOT envia mensagens via satélite e

comunicações de emergência com um equipamento menor,

mais leve e de melhor performance.

Possui a função “SOS” para situações de risco que aciona

serviços locais de emergência. Com base na exata localização e

informações pessoais, o Centro de Atendimento de Emergên-

cias notificará seus contatos cadastrados e as autoridades

públicas informando a necessidade de resgate.

Com a Função “Siga-me”, seus amigos, familiares e base de

operações podem acompanhar seu percurso on-line através

da Internet. Também é possível salvar os pontos pelos quais

passou para rever posteriormente sua rota. Ainda é possível a

criação de uma página compartilhada e sua rota é plotada em

mapa do Google Maps.

Ainda existem outras funções que podem ser conferidas no

site www.findmespot.com.

Possui cobertura no Brasil e página da Internet em Português.

Segundo dados divulgados pela ABAG, em 2010 haviam 1495 helicópteros registrados no Brasil, representando 12% da frota de nossa aviação geral. O destaque é o número de registros nos Estados de SP (592), RJ (309) e MG (159). Por tipo de motor os números são: 583 monoturbinas, 381 biturbinas e 531 monomotores a pistão.

SPOT Satellite GPS Messenger

Seguro de Vida para Pilotos de Helicóptero e perda da CCF

A ABRAPHE firmou parceria com a corretora Good Winds

para a contratação de Seguro de Vida e Seguro contra

perda da CCF para pilotos de helicóptero. Com coberturas

de até 350 mil reais, o seguro foi criado com base no seguro

oferecido pela “IFALPA” (International Federation of Airline

Pilots Associations) com sede em Londres. Mais informações

na Sede da ABRAPHE.

Twitter e FacebookSiga a ABRAPHE no twitter @abraphe e no Facebook para

se manter informado sobre nossas novidades e também

para receber as comunicações de Notam’s ou checadores

disponíveis.

SagitárioEstá sendo implantado o novo sistema de controle de

tráfego aéreo que integra dados de satélites e radares. O

programa desenvolvido no Brasil permitirá uma substancial

melhora no controle feito, aumentando os níveis de

segurança operacional. Batizado de SAGITÁRIO – Sistema

Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego

Aéreo e Relatório de Interesse Operacional será implantado

em todos os CINDACTA’S e substituirá o sistema atual.

Licenças EmitidasSegundo informações da ANAC, em 2010 foram emitidas

124 licenças de Piloto de Linha Aérea de Helicóptero - PLAH,

262 licenças de Piloto Comercial de Helicóptero – PCH e 410

licenças de Piloto Privado de Helicóptero – PPH. Isso é um

recorde histórico. Até Setembro/2011 esse número já havia

sido superado e foi batido outro recorde.

©EDSON KUMASAKA

05 06

Processos de Cheque e Re-cheque

Já está totalmente operacional o SISHAB na ABRAPHE. Com

isso, os pilotos associados poderão dar entrada em seus

processos de cheques iniciais ou revalidações diretamente

em nossa associação que processará os pedidos para a

ANAC. Mais informações na Seção Sala de Pilotos em

nosso site. Essa ação é pioneira no Brasil e está servindo de

exemplo para outras entidades servirem de elo entre seus

associados e a autoridade aeronáutica.

Page 5: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

HELICÓPTEROS

Desmistificando

os experimentais

No Brasil, segundo dados divulgados pela ANAC em seu

último anuário de 2009, registrava-se em voo cerca de

3764 aeronaves na categoria experimental. Porém, esti-

ma-se que em 2011 existam cerca de 6000 delas espalha-

das pelo país.

No passado, quando se falava em aeronave experimen-

tal, muitos torciam o nariz dado o amadorismo e a falta

de recursos técnicos e de materiais para a construção.

Nos dias de hoje, o cenário mudou muito, tendo engen-

heiros aeronáuticos envolvidos neste tipo de atividade

seja por lazer ou profissão e aplicando tecnologias de

ponta e muitas vezes, após determinado tempo, utilizan-

do essa expertise na aviação “profissional”.

TECNOLOGIAJá existem algumas aeronaves de asa fixa de alta perfor-

mance devidamente certificadas para vôos IFR com toda

a segurança necessária. Para este tipo de voo, evident-

emente o piloto tem que ser habilitado para tal com a

devida experiência.

A ABUL (Associação Brasileira de Ultraleves) desempenha

um importante papel neste contexto, pois além de rep-

resentar os interesses de seus mais de 2500 associados,

colabora com as autoridades competentes para que essa

07 08

A aviação experimental é um mercado que nos chama muito a atenção em suas diversas vertentes. Por definição, aviões e helicópteros experimentais são todos aqueles construídos por amadores ou empresas especializadas sob as diretrizes do RBHA 38.

atividade desportiva seja cada vez mais segura e orga-

nizada, sendo exemplo hoje para muitas outras associa-

ções de categorias. Seu maior esforço está sempre em

aumentar a segurança, tendo nos dias atuais feito um

trabalho intenso junto às escolas de pilotagem voltadas

à categoria para que tenham um critério muito rigoroso

na formação de pilotos que hoje convivem com as demais

aeronaves dividindo o mesmo espaço aéreo.

Dentro deste universo interessante e menos caro que a

aviação certificada, temos também os helicópteros ex-

perimentais que vão desde um “single place“ a pistão

até alguns com turbinas e FADEC (também vale ressaltar

que existem motores a pistão com FADEC) de dois e 4

lugares.

BRASILNo Brasil, os helicópteros ainda são poucos, pois o tipo

de carteira exigida para voá-los tem de ser a mesma de

um piloto de aeronave certificada. Outro fator que ainda

dificulta é o medo por ser experimental. Esse segundo é

o mais restritivo, pois por falta de informação, as pessoas

deixam de se interessar em saber quão evoluídas estão

essas máquinas.

MODELOSNos Estados Unidos existem mais de dez modelos

diferentes, tendo todos eles muitas horas de voo

acumuladas.

Um exemplo é o TALON A 600 da Rotorway, configurado

para dois passageiros (1+1), pistão com FADEC . A

Aeronave desempenha uma velocidade de 80 kt com

autonomia de 2:30h.

Outro é o Canadense Aerocopter AK1-3 uma máquina

também para 2 passageiros.

O Mosquito, sendo um single place com motor a

pistão de 3 cilindros ou uma Turbina SOLAR de

110 SHP com caixa de redução.

“BRINQUEDOS”Nos painéis desses “brinquedos“ maravilhosos encontram-

se instrumentos modernos em configuração “Glass

Cockpit” com os mais sofisticados recursos de controle,

monitoramento e navegação.

De fato, não podemos ignorar essa categoria de aviação que

muito contribui hoje em dia para a evolução em tecnologia e

desenvolvimento. Nos Estados Unidos, existe uma associação

com muita representatividade nos órgãos oficiais chamada

EAA (Experimental Aviation Association) que simplesmente

é a organizadora do famoso evento de Oshkosh.

Cada vez mais as pessoas conseguem entender que num país

como o Brasil, com distancias entre cidades muito grandes,

precisamos deste meio de transporte aéreo.

Seja por lazer ou por necessidade, os experimentais são

uma realidade viável financeiramente com tecnologia e

segurança.

Desde que operados com critério e dentro das leis vigentes,

podemos sim ter em nossos ares mais aeronaves deste tipo.

Compete a nós pilotos, unidos às associações e as

autoridades fomentarmos o crescimento de todas a

categorias com segurança e disciplina, pois como em

qualquer empresa privada, com o maior volume, menor

serão os custos.

Precisamos acabar com a velha e ultrapassada mentalidade

que voar é luxo, pelo contrário, é uma necessidade cada vez

mais próxima de todos.

Nossas autoridades com o devido apoio das mais diferentes

comunidades aeronáuticas deve manter um olhar atento a

esses vetores de desenvolvimento e legislar a favor desse

movimento, pois o País é quem cresce com isso.

08

Por Michele Perrone - PPA e PPH

Page 6: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

CAPA

Primeiro helicóptero russo Kamov Ka-32A11BC, capaz de transportar até 5 toneladas, chega ao país no início de 2012.

De olho em um segmento pouco explorado no Brasil, o

Helipark, maior centro de serviços para helicópteros da

América Latina, e a Guindastec, especialista em içamento

e movimentação de cargas, lançam a primeira empresa

para transporte aéreo de cargas pesadas por meio de

helicópteros do país. O Helicargo permitirá o desloca-

mento de peças e materiais de até 5 toneladas a locais

de difícil acesso, atuando em grandes empreendimen-

tos de infraestrutura, na construção civil, nas atividades

petrolíferas onshore e offshore e no apoio às compan-

hias hidrelétricas.

O helicóptero escolhido para essa missão é o Ka-32A11BC,

fabricado pela Kamov, que faz parte da Russian Helicopters.

As negociações com a holding russa começaram em 2009, e

contemplam também o estabelecimento de um centro de

manutenção para o helicóptero dentro das instalações do

Helipark. Os preparativos para isso incluem o treinamento

das equipes e, para isso, quatro pilotos, dois operadores de

equipamentos e quatro mecânicos serão enviados à Rússia

em setembro.

(...) o Helicargo atende às necessidades ambientais de um país em desenvolvimento.

09 10

KAMOV Ka-32A11BCHelipark e Guindastec lançam empresa especializada no transporte aéreo de cargas pesadas

5 TON

©Divulgação HELIPARK / KAMOV

©Divulgação HELIPARK / KAMOV

©RODRIGO DUARTE

©RODRIGO DUARTE

Painel ao “Estilo Russo” do Kamov com instrumentos analógicos

No detalhe, mecânica realiza uma inspeção em um dos rotores e ao lado um Jet Ranger para comparar a diferença de tamanho entre as aeronaves.

Page 7: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

CAPA

11 12

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Além de garantir maior agilidade e economia no desloca-

mento de materiais pesados, o Helicargo atende às necessi-

dades ambientais de um país em desenvolvimento. Até hoje,

o transporte de equipes, infraestrutura e equipamentos até

pontos remotos, inacessíveis por rios ou estradas, depende

exclusivamente da abertura de pequenas estradas vicinais,

e essas tornam-se inevitáveis vetores de desmatamento. A

possibilidade de utilizar transporte aéreo para esse fim re-

duz sensivelmente o impacto ambiental na construção de

gasodutos, oleodutos e torres de transmissão.

KAMOV KA-32A11BCO grande diferencial do Helicargo é o Ka-32A11BC, um

robusto helicóptero multifuncional capaz de transportar

5 toneladas de carga externa e 3,7 toneladas de carga

interna. Utiliza rotor coaxial, que proporciona uma maior

estabilidade vertical nos voos pairados em áreas restritas,

mesmo sob condições adversas, garantindo precisão a

tarefas que os helicópteros com rotor de cauda fariam com

bastante dificuldade. O modelo KAMOV Ka-32A11BC é

reconhecido mundialmente pela sua performance, e opera

com sucesso em mais de 30 países.

Em comparação com os helicópteros de construção

tradicional, que possuem um único rotor principal e rotor de

cauda, o Ka-32A11BC é equipado com dois rotores coaxiais

principais, que giram em sentidos opostos, dois motores

turboeixo Klimov TV3-117VMA com potência máxima de

2.400shp, o que proporciona uma maior capacidade de

elevação de carga e teto mais alto de operação, tanto no voo

pairado como em voo de cruzeiro, devido à maior eficiência da

configuração coaxial. A ausência do rotor de cauda também

torna o KAMOV Ka-32A11BC mais compacto, ágil e preciso

nas manobras, permitindo sua operação em áreas restritas

de 22 metros de largura por 22 metros de comprimento.

Relato de um

Aproximadamente com 30 minutos de voo percebi os

instrumentos do motor indicando pressão do óleo um

pouco abaixo da faixa normal de operação e temperatura

do óleo pouco acima, ambos ainda dentro da faixa verde,

e prossegui monitorando os instrumentos.

Poucos minutos após, senti no helicóptero um chacoalho

rápido e sutil, o que não pude ter certeza se foi uma

batida de vento ou perda de potência, de qualquer

maneira, devido a condição do tempo, neste momento

aproei o Campo de Marte para o retorno. Estava então

sobre o Viaduto Grande São Paulo, seguindo para o

Campo de Marte. Neste trajeto vinha com potência de

cruzeiro, mas conseguindo somente 55 nós nivelado a

2900 pés. Percebi que estava com pane, sem potência,

os instrumentos estavam ligeiramente alterados da

condição anterior, mas ainda dentro da faixa verde

de operação, helicóptero sem guinada, sem ruídos ou

vibrações anormais, logo pensei que podia estar só com

um magneto.

Fui levando o helicóptero seguindo o Expresso Tiradentes

onde teria uma área “livre” para pouso se necessário,

havia ainda terrenos grandes na Av. Pres. Wilson à minha

direita. Avaliei a condição de voo do equipamento e

prossegui, a condição da pane estava estável. Cruzei o

Parque Dom Pedro, chamei a Torre Marte para pouso:

-“Autorizado!”. Prossegui para ingressar no circuito ao sul,

“Decolei para mais um voo corriqueiro no fim de tarde de 40 minutos, o tempo fechado, alternando entre chuvisco e chuva leve, no mínimo visual noturno quando regressasse para pouso...”

HISTÓRIAS DA AVIAÇÃO

ACIDENTEpassei a Estação da Luz, alinhado com a Av. Tiradentes e

subtamente o helicóptero dá um tranco com guinada e

silencia.

Como já vinha preparado para a emergência desde poucos

minutos antes, já entrei em autorrotação antes da buzina

de RPM tocar, a partir deste momento tudo passa rápido

mas como se fosse em câmera lenta. A visão periférica

começa a ficar escurecida.

Automaticamente coloquei o coletivo embaixo. A

primeira coisa que olhei foi o instrumento do rotor já

extrapolando o vermelho superior, a segunda coisa a

olhar foi o local do pouso, vinha sobre o sentido centro-

bairro da Tiradentes, totalmente travada em horário do

“rush”, curvei para a contramão com quatro faixas livres

de trânsito. Em meio a descida, naquela “câmera lenta”

parecia que o tempo não passava, com dó do rotor pensei

em calçar um pouco o coletivo para deixá-lo dentro do

verde, logo pensei, deixa assim!

Por André Soares

Page 8: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

13

HISTÓRIAS DA AVIAÇÃO

“(...) a partir deste momento tudo passa rápido mas como se fosse em câmera lenta, a visão periférica começa a ficar escurecida(..)”

Relato de um

ACIDENTEAvisei a torre que estava em pane e ia pousar na

Tiradentes, chegando ao ponto de toque a visão parece

só focar ligeiramente à frente como se estivesse olhando

por um tubo, matei velocidade, a pá bateu numa árvore,

ouvi uma grande variação de RPM, desconfigurou meu

flare, bati no asfalto molhado com força e o helicóptero

girou para a esquerda.

Nestes instantes finais, parece que tudo funciona no

“automático”, não lembro de conscientemente ter

puxado o coletivo mas estava lá todo para cima, ainda

estava desorientado pelo impacto, pensei ter capotado,

mas o helicóptero ficou “de pé”.

Helicóptero no chão, rapidamente tirei o cinto, vi que meu

passageiro também fazia o mesmo, abri a porta e sai, o

passageiro com um pouco mais de dificuldade também

saiu, nos afastamos do helicóptero, avaliei rapidamente as

condições, tanques de gasolina inteiros sem vazamentos,

chão molhado de óleo proveniente do cárter, voltei ao

helicóptero desliguei a bateria e válvula de combustível.

De pé na rua olhei para mim mesmo, se havia me machucado,

o passageiro estava igualmente bem e eufórico ao telefone

relatando o acontecido à sua rádio.

Por estar em contato na ATZ, o socorro foi muito rápido,

ainda mais porque pousei ao lado de uma viatura

policial. Logo os bombeiros do aeroporto chegaram e

controlaram qualquer possibilidade de fogo ou explosão

do helicóptero.

O sentimento a partir daí é de muita adrenalina correndo.

Também por esse motivo podia não estar sentindo alguma

fratura que houvesse sofrido, por precaução fomos ao

hospital dar uma checada.

Enfim, o helicóptero cumpriu seu papel de máquina

segura. Do impacto forte, a mim e ao meu passageiro,

não ficou nenhuma sequela devido a absorção do trem

de pouso e assento. O que pude comprovar na própria

pele é que estando sempre bem treinado e executando o

que determina o manual, nossas chances de sucesso em

caso de pane aumentam muito.

Pista Cotia

HELIPONTOS E AEROPORTOSFoi inaugurada no último dia 18 de Setembro uma nova pista privada

próxima a São Paulo.

Foi inaugurada no último dia 18 de Setembro uma nova

pista privada próxima a São Paulo. Mesmo com o susto no

dia anterior à festa, aonde um ultraleve avançado modelo

RV-10 com 3 pessoas a bordo se acidentou durante o pouso

sem causar vítimas, o churrasco promovido pelos propri-

etários do local foi regado a muito leitão e costela num au-

têntico “Fogo de Chão”.

14

Membros da diretoria da ABRAPHE estiveram prestigiando

a festa e ofereceram todo apoio necessário para o Sr. Pau-

lino Nascimento que idealizou e construiu o local. Em con-

tra partida, nos foi oferecida a pista para que realizemos os

voos de cheque e re-cheque de nossas forças-tarefa, possi-

bilitando que não ocupemos o espaço já saturado dos aero-

portos como o Campo de Marte, Jundiaí ou Amarais.

A ABRAPHE tem como filosofia apoiar toda e qualquer

atitude que incremente e fomente o desenvolvimento de

nossa aviação. Desejamos boa sorte e sucesso ao Sr. Paulino

nesse projeto.

Indicativo da Pista: SDNI

Page 9: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011
Page 10: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

Treinamento Agusta

CURSOS

A AgustaWestland do Brasil promoveu um Curso de Familiarização

em aeronaves AW109 series, “Agusta AW109 series (PW206 / PW207)

Airframe Maintenance Type Training Course”, em suas instalações, e

finalizado no mês de Setembro 2011.

Somente funcionários da própria empresa participaram nesta primeira

edição do programa. Outros cursos estão previstos e deverão estar

disponíveis em breve para os interessados.

O instrutor passou por um período de treinamento e preparação junto ao

Centro de Treinamento da AgustaWestland em Sesto Calende, na Itália,

no primeiro semestre de 2011.

Este tem sido mais um investimento da AgustaWestland do Brasil com o

objetivo de capacitação de mão-de-obra especializada, e melhor atender

os operadores dos helicópteros da marca.

Atualmente, existem mais de 120 helicópteros desse modelo em

operação no país.

A AgustaWestland do Brasil promoveu um curso de familiarização.

FATOR VENTO E PNR

Com o início da operação de exploração de petróleo no

pré-sal, as plataformas, navios sondas, barcos de serviços,

etc., estão cada vez mais distantes da costa exigindo que

o planejamento de cada voo seja cada vez mais preciso.

Um dos grandes equívocos durante um planejamento de voo ad-

equado é supor que o vento não influirá no seu voo pelo fato de

os voos off shore se constituírem de uma perna de ida e outra de

volta, pois se caso o vento for desfavorável durante a ida ele será

favorável na volta.

Engano, pois o vento de cauda não compensa o vento de proa,

como no exemplo: um voo partindo do ponto “A” para o “B” com

uma distância de 240 Nm.

Caso você use uma aeronave que tenha uma velocidade de

cruzeiro de 120 Kt de TAS e que o vento previsto para a rota seja

calmo este voo terá a duração total de 04:00 horas, já que:

Portanto:

Este aumento no tempo de voo se deve ao tempo de exposição

ao vento. Você estará exposto ao vento de proa por um tempo

maior que ao vento de cauda, ou seja, você passa mais tempo

sendo segurado do que sendo empurrado pelo vento.

Portanto se você não deseja pousar com 14 minutos de reserva ao invés

dos 20 minutos regulamentares é melhor realizar um planejamento

adequado para o seu voo contando sempre com o vento.

Dependendo do tipo de operação e da distância do voo, outro

planejamento que faz parte da rotina é o da criação de um

PNR (Point of No Return) ou Ponto de Não Retorno. O PNR é

um determinado ponto além do qual a aeronave não terá mais

PILOTOS

TAS = 120 kt

Vento = 0GS = 120 kt

Distância(ida e volta) = 480 Nm

Tempo total = 4 horas

Ida = 240 / 100 = 2,4 horas = 144 minutos

Volta = 240 / 140 = 1,7 horas = 102 minutos

Total = 4,1 horas =246 minutos

240 NmA B

combustível suficiente para retornar ao local de partida. Pilotos

nunca devem passar do PNR a menos que estejam certos de que

as condições meteorológicas no seu destino irão proporcionar

uma aproximação segura.

Como em operações offshore o seu destino é o local de onde você

partiu a criação de PNR é baseada nas condições meteorológicas

deste local, caso uma rápida degradação nas condições

meteorológicas ocorra e você não deseje consumir o combustível

de sua reserva regulamentar, retorne imediatamente.

A formula para criação de um PNR é relativamente simples:

X = POH / O+H, onde,

X é a distância da partida até o PNR,

P é a alcance seguro (combustível consumido na potência de

cruzeiro com a reserva regulamentar),

O é a sua GS (Groundspeed), planejada, da partida para o

destino (Outbound), e

H é a sua GS (Groundspeed), planejada, que você irá ter no

retorno (Home).

Considere um voo de A para B com 200 Nm. Sua aeronave

cruzará a 100 Kt.

Durante a viajem de ida haverá um vento de 20 kt de cauda,

portanto, O = 120 e H = 80. Você possui um alcance de 2,5

horas (mais reserva regulamentar). Portanto:

X = 2.5 x 120 x 80 / 120 + 80

X = 24.000 / 200

X = 120 Nm.

Se você passar deste ponto não terá combustível suficiente para

retornar sem consumir de sua reserva regulamentar.

Tenha sempre em mente o seguinte:

1 – Para manter a fórmula consistente use a velocidade em Knots,

a distância em milhas náuticas e seu alcance deverá ser expresso

em decimais de horas, como no exemplo acima.

2 – PNR será sempre antecipada se houver qualquer vento, de

proa ou de cauda. No exemplo acima, se você retirar o vento o

PNR será de 125 Nm, porém se o vento aumentar para 50 kt o

PNR diminuirá para 93, 7 Nm.

3 – Esta fórmula funciona somente para voos diretos de ida e

volta, onde o vento permanecerá o mesmo e a sua velocidade de

cruzeiros e consumo de combustível, também serão os mesmos

na ida e a volta.

17

Por Cmte. Divaldo de Oliveira e Cmte. Eduardo Seehagen

Page 11: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

“Ser piloto é poder ter liberdade, habilidade de se adaptar em condições adversas e estar sempre preparado para tudo.”

RAPHAEL KLEINRAPHAEL KLEIN

0820

empresarial. Qual é a importância dessa ferramenta em seus

negócios?

RK: Utilizamos helicópteros na nossa rotina de trabalho há vários

anos. Eles são utilizados na nossa empresa como uma ferramenta

de trabalho. Sem eles, talvez fosse impossível fazer frente aos

vários compromissos que temos todos os dias. Nossos executivos

usam o helicóptero para se locomover do trabalho até reuniões de

negócio fora da empresa, para visitar os centros de Distribuição,

entrepostos ou filiais da companhia. , evitando assim a perda de

tempo ocasionada pela pesada rotina do trânsito da cidade de

São Paulo. Neste sentido o helicóptero é um meio de locomoção

rápido, seguro e confortável que permite a todos que o utilizam

cumprir uma agenda de muitos compromissos diários.

O helicóptero é fundamental no dia a dia de sua empresa?

RK: Com certeza. Como disse é uma ferramenta utilizada pelos

executivos da empresa, dentro das necessidades de trabalho de

cada um.

A partir de que momento isso ocorreu?

RK: desde que a empresa adquiriu seu primeiro helicóptero, no ano

de 1994.

E a administração do tempo para a segurança, a padronização das

doutrinas no seu dia a dia de piloto e a rotina de empresário?

RK: São duas coisas diferentes. Quando estou a trabalho, viajo com

outros executivos como passageiro. Pilotar é um hobby para mim.

É você que gerencia toda a operação aérea do grupo envolvendo

a sua frota de helicópteros, alguém o ajuda? Como?

RK: A empresa conta com uma equipe específica, preparada e

rigidamente treinada, sob a gestão do Comandante João Lapenta.

Fica mais fácil a rotina e o gerenciamento sendo piloto de

helicóptero e conhecendo a operação?

RK: Sim. É possível debater dados mais técnicos e boletins de

serviço com maior ênfase.

Atualmente você está com quantas horas de voo?

RK: Atualmente estou com algo em torno de 350 horas de voo de

helicóptero e de avião 250 horas.

Em sua experiência como piloto, alguma vez você já teve que

abortar algum voo por problemas técnicos ou meteorológicos?

Como foi e o que sentiu?

RK: As condições meteorológicas sempre tem que ser respeitadas.

Já cancelamos voos e pousamos em lugares alternativos por

problemas meteorológicos . Na questão mecânica, certa vez a

luz de limalha acendeu e foi necessário um pouso em segurança

no Hangar do Campo de Marte. Após checagem, era apenas um

pequena condensação de vapor d’agua no sensor.

Em sua experiência como piloto, alguma vez você já enfrentou

emergências? Como foi e o que sentiu?

RK: Não.

Qual sua maior preocupação antes de iniciar uma decolagem?

RK: Acredito que não existe decolagem de emergência, somente

pousos. Como todo piloto, “um pré flight check” é essencial,

quando há algo anormal detectado por problemas técnicos ou

meteorológicos, não inicio a decolagem.

Alguma história interessante, que gostaria de dividir?

RK: Quando tirei meu PP, ainda com poucas horas de voo, no meu

segundo voo noturno, x-country, a aproximadamente 40 minutos

do meu ponto de partida, o alternador parou de funcionar.

Conseguimos pousar, 15 minutos depois, em segurança em um

aeroporto categoria G, praticamente sem bateria. Após esse

evento, descobri que realmente queria ser piloto.

Para você, o que é ser piloto de helicóptero?

RK: É poder ter liberdade, habilidade de se adaptar em condições

adversas e estar sempre preparado para tudo.

Como jovem, empresário e piloto de helicóptero, qual sua visão

do setor na atualidade em termos de desenvolvimento futuro,

trafegabilidade e segurança?

RK: O Brasil já é o país do futuro, porém alguns setores precisam

evoluir mais. Acredito que temos que ter humildade de aprender

com outros países e melhorar nossos sistemas de treinamento

(padronização do treinamento básico ) e infraestrutura para

garantir a trafegabilidade com segurança. Estamos no caminho

certo, mas ainda não na velocidade ideal.

ENTREVISTA

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O uso de aeronaves executivas está cada vez mais dissemi-

nado em grandes corporações que têm seus negócios em

todo o território nacional e também fora do Brasil. Essa

ferramenta é fundamental para empresas que têm o desen-

volvimento socioeconômico por vocação. Aliar crescimento

e desenvolvimento à aviação executiva é fácil quando se

tem como exemplo Casas Bahia / Ponto Frio. Veja abaixo

como o principal executivo da empresa hoje, Raphael Klein,

concilia seu tempo de um dos principais empresários do

país com a paixão por voar e a Segurança de Voo.

Onde começou sua história com os helicópteros e a vontade de

pilotar sua própria aeronave?

RK: Minha história com avião começou nos Estados Unidos em

1996. Eu tirei meu PP lá nessa época. Em 2004, fui morar nos

Estados Unidos e aí comecei a me interessar por helicóptero e

surgiu a vontade de aprender a pilotar .

Você tem um Agusta A109 Power e em entrevista recente você

comentou que costuma ir para a Itália fazer curso de pilotagem

com novos modelos da marca e reciclagem dos atuais. É uma

forma de se atualizar como piloto?

RK: O Agusta pertence à empresa. Pessoalmente, acredito que os

cursos de atualização devem ser feitos constantemente porque

isso promove uma reciclagem dos conhecimentos que temos. O

fato de fazer esses cursos na fábrica traz bons benefícios , como

por exemplo, um simulador Full, e o fato de eu poder debater

pontos críticos com os engenheiros.

Aliás, como é ser o executivo, presidente de uma gigante no

varejo, como as Casas Bahia e o comandante do helicóptero

que o transporta?

RK: Eu sou presidente da Globex, a holding que abriga as marcas

Casas Bahia e Ponto Frio. O dia a dia de trabalho é cheio de

desafios e é preciso uma boa equipe para tomar as decisões. O

mundo corporativo é feito de pessoas e processos. Logo, somos

um time onde tudo deve funcionar como uma grande e eficiente

engrenagem.

Enquanto comandante do helicóptero, a realidade não muda

muito, salvo a sensação de liberdade de você estar voando.... Eu

sou apaixonado por tudo que tenha motor, desde criança. Gosto

dessa adrenalina. A máquina tem que funcionar perfeitamente, e

eu capacidade para dirigi-la... Eu me sinto bem nos dois papéis.

Há muito tempo que o helicóptero é utilizado em seu grupo

Page 12: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

Foto: ©EDSON KUMASAKA

Foto: ©CEL. EDSON LUIS GASPAR

NÚMEROS

67 aeronaves expostas

170 expositores 16.420 visitantes

US$ 600 milhões negociados

ESPECIAL

LABACE2011

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A aviação costuma ser um bom termômetro do que se

passa na economia. Para se ter uma medida ainda mais

precisa do que acontece no mercado, a análise da aviação

executiva pode indicar um panorama ainda mais preciso.

Baseados nesses preceitos estamos bem.

A edição latino-americana, baseada no aeroporto de

Congonhas, em São Paulo, da mais importante feira de

aviação executiva no mundo, que tem suas versões norte-

americanas e européias, foi um retumbante sucesso. Os

números da versão 2011 da LABACE – Latin American

Business Aviation Conference & Exhibition falam por si e

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impressionam: 67 aeronaves na exposição estática; 170

expositores nacionais e estrangeiros ligados à aviação

executiva mostraram seus produtos e serviços para um

público de 16420 pessoas, nos três dias do evento. O

volume dos negócios estimados pela ABAG – Associação

Brasileira de Aviação Geral, promotora do evento,

bateu a casa dos 600 milhões de dólares, o que aponta

para a continuidade do crescimento que o setor vem

apresentando já há alguns anos.

A LABACE está consolidada como o principal evento

aeronáutico da aviação executiva e tem cumprido o papel

de desenvolver o setor apresentando aos empresários

opções seguras e confortáveis para reduzir distâncias,

ganhar tempo e multiplicar seus negócios e também

aproveitar a presença das mais altas autoridades

aeronáuticas do país para que conheçam nossas

necessidades e saibam dos gargalos que impedem um

crescimento maior do setor e por consequência do país.

Para a ABRAPHE, a LABACE 2011 também foi um grande

sucesso.

Nossa associação foi premiada na abertura do evento

pela operação dos helicópteros civis na tragédia ocorrida

na região serrana do Rio de Janeiro. Na ocasião, diversas

aeronaves civis atenderam prontamente ao chamado dos

que necessitavam e, em conjunto com as forças públicas,

puderam levar ajuda e apoio aos que mais necessitavam

em áreas aonde somente se conseguia acesso por meio de

helicópteros. O Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro

Juniti Saito entregou o prêmio para o Cmte. Rodrigo

Duarte que representou os pilotos civis homenageados.

O nosso stand também teve uma grande movimentação.

Com o lançamente oficial da nossa nova revista e também

da campanha para que não se sobrevoe o Alto da Lapa,

nossos associados puderam ter o primeiro contato com a

nossa nova identidade visual.

Rodrigo e Juniti Saito

21

Por Cmte. Ruy Flemming

Page 13: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

Cada vez mais em voga, a discussão sobre os fatores huma-

nos no gerenciamento da segurança operacional é a última

fronteira a ser explorada na aviação, e também uma das

mais complexas.

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ESPECIAL SEGURANÇA

Na sexta-feira, a ABRAPHE promoveu um workshop de

segurança de voo na instrução. O evento, dirigido pelo

nosso diretor Cmte. Isidoro Mekler, foi excelente.

A estrutura do local, fornecida pelos organizadores e a

oportunidade de se promover um evento de Segurança

de Voo durante um evento desse porte fortalece a

posição da ABRAPHE como elo SIPAER. O evento, sucesso

entre os participantes e atendendo a pedidos de nossos

associados, será repetido outras vezes.

Esperamos agora a definição do local para a realização da

próxima LABACE em 2012 e consideramos que o sucesso

desse evento é permanente e nos coloca no calendário

mundial dos grandes acontecimentos de aviação

mundial.

Enquanto as aeronaves e seus sistemas adquiriram

redundâncias e confiabilidade suficientes para colocá-

las nas melhores posições no ranking da segurança, o ser

humano continua o mesmo, falível, passível de variações

no desempenho de suas atividades causadas por suas

emoções, estado psicológico e sua própria fisiologia, entre

outros fatores. Dentro desta seara, a fadiga é a bola da

vez, tendo sido estudada no mundo desde a década de

80, resultando na recente criação de regras para melhor

gerenciá-la. Acidentes, como o da Colgan Air em 2009 nos

Estados Unidos, aceleraram o ritmo das discussões, e o Brasil

passará a adotar o FRMS (Fatigue Risk Management System,

aqui chamado de “Programa de Gerenciamento do Risco de

Fadiga Humana”, ou PGRF) em breve para os operadores do

RBAC 121, tendo como passo seguinte a adoção da regra no

ambiente do RBAC 135, integrando o SGSO. Mas você sabe

realmente o que é fadiga?

A resposta da maioria de nós está certamente associada à ideia

de longos períodos consecutivos de trabalho, entremeados

por pouco descanso, e não raro vem temperada por estresse

e preocupações que tiram nosso foco de atenção e drenam

nossa melhor capacidade de produzir. A fadiga é resultado

da ação de vários fatores estressores, e aparece quando

tentamos contrariar a natureza do nosso relógio biológico

ou, cientificamente falando, do nosso ritmo circadiano.

Regulado no cérebro pelo hipotálamo, o ”funcionamento”

do ser humano ao longo do dia obedece a uma programação

pré-estabelecida, e que não pode ser modificada

rapidamente. É o hipotálamo quem comanda a secreção

de hormônios que regulam nossa temperatura corporal e,

como resultado, nossa disposição para as atividades diárias

ou aquela sensação de sonolência, que nos prepara para

Movimentação na feira

Aeronaves em exposição

FADIGA

mais uma noite de descanso. O “ajuste” desse relógio se dá

por vários estímulos, sendo o principal a noção de dia e noite

causada pela luz solar ou sua ausência. A rotina de atividades

pessoais e o cronótipo (alguns indivíduos são matutinos ou

vespertinos, ou seja, desempenham-se melhor no período

da manhã ou noite respectivamente) são outros fatores que

também influenciam os gráficos que determinam nossos

melhores períodos de alerta.

No mundo ideal, uma boa noite de sono (e cada indivíduo

tem uma definição particular disso) aliada a uma rotina fixa

de trabalho resultam na melhor produtividade e alerta.

Porém, a falta de rotina para os profissionais de aviação

é um grande complicador dessas equações, e mais do que

nunca se faz necessário conhecer a realidade da fadiga

e aprender a reduzir seus riscos. Estudos mostram que,

independentemente do que se faça durante seu dia, 17 horas

após ter despertado o ser humano mediano atinge um nível

de respostas aos estímulos equivalente a quem consumiu

bebidas e apresenta um índice de 0,05% de alcoolemia no

sangue, suficiente para impedi-lo de dirigir na maioria dos

países do mundo. Tudo isso, claro, supondo que a noite de

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Por Cmte. André Danita

Page 14: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

“(...)na hora em que algo sair do programa é que o raciocínio rápido e seu alerta farão mais falta.”

sono que antecedeu a este dia tenha sido perfeita dentro dos

padrões individuais, sob pena de se atingir aquele nível crítico

ainda mais cedo. Assim, a fadiga pode ocorrer não apenas pelo

acúmulo de várias noites mal dormidas ou longas jornadas

de trabalho; ao contrário, ela pode estar lhe esperando bem

ali, logo após o início de uma jornada de trabalho noturna,

ainda que seu dia tenha sido de poucas atividades e esforço.

Poucos empregadores admitiriam um piloto alcoolizado, mas

estranhamente ignoram os riscos de um piloto fadigado.

Outra grande armadilha da fadiga é o silêncio com que se

instala, pois infelizmente a auto percepção não funciona para

avaliação dos riscos. Se seu voo sai exatamente como previsto,

com a aeronave e seus sistemas funcionando a contento, bom

tempo em rota e uma aproximação e pouso em condições

visuais, pouco de você está efetivamente sendo exigido. Mas,

na hora em que algo sair do programa é que o raciocínio rápido

e seu alerta farão mais falta. Acredite! Estudos apontam que

pilotos em final de uma jornada durante a madrugada estão

quase 50% mais sujeitos a cometerem erros operacionais do

que aqueles escalados dentro de seu horário normal de vigília.

Abaixo algumas ferramentas práticas para gerenciar a fadiga:

Conheça-seDeterminar seu cronótipo (matutino, vespertino ou

indiferente, este último correspondente a 80% da população)

pode ajuda-lo a melhor ajustar seus horários de trabalho ou,

se esta não for uma opção, a conhecer os riscos e aumentar a

vigilância quando assumir voos fora de seu horário de melhor

desempenho. Passe a observar suas reações, e aprenda a

respeitá-las;

Programe-seAo conhecer previamente uma programação extensa, ou que

aconteça fora do seu ritmo circadiano, procure descansar

adequadamente no ciclo de sono que a antecede. Encare

esta preparação como parte integrante de uma jornada de

trabalho;

Estimule-se Ao contrário do que se imagina, o exercício físico leve

imediatamente antes ou durante uma jornada aumentam

seu nível de alerta. Quando tiver oportunidade, faça uma

caminhada pelo pátio, durante uma espera em solo, por

exemplo. Outro fator de estímulo é a luz. Uma cabine bem

iluminada durante a noite, principalmente a partir das 21:00h

e de aí em diante durante o resto da jornada, causa inibição

da secreção de melatonina, o hormônio que nos causa

sonolência. Experimente!

Alimente-seUma alimentação leve, evitando gorduras, aliada a uma

constante hidratação contribuem para a redução da fadiga.

Deixar de se alimentar, no entanto, piora a situação;

CochileAlém de uma boa noite de sono, pequenos “cochilos” de

até 40 minutos durante uma jornada podem efetivamente

aumentar seu nível de alerta, estendendo sua “autonomia”

para o trabalho. Descansos maiores podem acontecer, mas

não assuma suas funções logo em seguida: a chamada inércia

do sono pode lhe pregar uma peça, e lhe causar ainda mais

cansaço nos minutos seguintes ao despertar. Permita ao

menos 30 minutos de readaptação às atividades;

Respeite sua naturezaAinda que teimemos em reconhecer, o ser humano não é

uma máquina, e só funciona mediante algumas condições

que a natureza impõe. Se você não se sentir em condições de

assumir ou continuar uma programação, gerenciar a fadiga,

mais do que uma iniciativa regulatória, é uma questão de

observação pessoal, criando estratégias próprias que melhor

utilizem seu potencial de trabalho e diminuam os efeitos da

privação de sono. Ainda, o comprometimento daqueles que

decidem a rotina de um departamento de operações de voo é

de fundamental importância, criando um ambiente amigável

para a discussão deste assunto, estimulando o recebimento

de reportes de fadiga e respeitando as limitações do ser

humano, em busca de uma aviação cada vez mais segura.

SEGURANÇA

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Page 15: Revista ABRAPHE -Edição Outubro / Novembro 2011

O Helicidade é o primeiro heliporto do Brasil a neutralizar e compensar a emissão de CO2.

Tanto nos pousos e decolagens das aeronaves quanto em suas instalações. Esse é mais um exemplo do respeito da nossa empresa com a naturezae com as pessoas, desde que foi criada há 10 anos. No balanço social do Helicidade, você poderá ver essa e todas as outras ações.

Tratamento VIP para você,sua tripulação e seu helicóptero:Estacionamento coberto com manobristas.Sala VIP e de reuniões.Loja de conveniência, banco 24 horas e revistaria.Restaurante, sala de ginástica e suítes para pernoite.Sala de pilotos com TV, DVD e internet.Hangaragem.Serviços pré e pós-voo.Abastecimento.E muito mais.

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