revista aatae jan/mar 2012

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EDIÇÃO JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO’12 “AO ATAE O QUE É DO ATAE” A ARTE DE SABER FAZER

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Revista dos Agentes Técnicos A. e Engenharia

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Page 1: Revista AATAE JAN/MAR 2012

Edição janEiro | fEvErEiro | março’12

“Ao AtAe o que é do AtAe”

A Arte de sAber fAzer

Page 2: Revista AATAE JAN/MAR 2012

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ÍNDICE

ProPriededAdeAssociação dos AgentesTécnicos de Arquitectura e Engenharia

directorAlexandre Carlos

conselho editoriAlConselho Directivo Nacional

GAbinte de comunicAção e imAGemPedro Lopes, Pedro Cunha, Dina Almeida

sedeRua Américo Durão, 16 D 1900-064 Lisboa

contActosTel.:218452772Fax:218452774 E-mail.: [email protected] - www.aatae.pt

editoriAl

03O TEmPO vAI ACABAR POR NOs DAR RAzãO

estAtutos

04 e 05NOvOs EsTATUTOs DA AssOCIAÇãO - PRINCIPAIs ALTERAÇÕEs

PArecer Jurídico

06 e 07O PARECER jURÍDICO DO DR. GOmEs CANOTILhO DIz qUE A INTERvENÇãO LImITADA DOs ATAE é INCONsTITUCIONAL

quAlificAção

08 e 09REGImE DE qUALIFICAÇãO PROFIssIONAL ExIGIvEL AOs TéCNICOs DA CONsTRUÇãO

estAtutos

10 e 11DEsPAChO DA PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA

– CARTA DA ChEFE DE GABINETE DO PGR DE 2011.09.26

entrevistA

12 e 13“AO ATAE O qUE é DO ATAE”

entrevistA

14 e 15CENTROs URBANOs vAzIOs, PERIFERIAs ChEIAs

oPinião

16REPOvOAR Os CENTROs URBANOs

Acções

17PLANO DE ACÇÕEs Em CURsO

exPosição

18 a 21ATAE - ANTECIPAÇãO DO DEsEmPREGO OU REFORmA

breves/notíciAs

22LEGIsLAÇãO/FORmAÇãO

AssembleiA GerAl

23CONvOCATóRIA

índ

ice

Page 3: Revista AATAE JAN/MAR 2012

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EDITORIAL

AlexAndre CArlosPresidente do CDN

O TEmPO vAI ACABAR POR NOs DAR rAzão

Decorridos dois anos após entrada em vigor da Lei nº 31/2009, que veio estabelecer o novo regime

de qualificação dos técnicos habilitados a elaborar e subscrever projectos e assu-mir a função de Direcção de Obra e de Fiscalização de Obra, revogando o Decre-to nº 73/73, continuamos aguardar por uma resposta do poder politico que jus-tifique quais foram as verdadeiras razões que levaram o legislador a ignorar uma classe profissional que o Estado formou e reconheceu durante tantos anos com competência e profissionalismo. Não é necessário recuar muito no tempo para nos apercebermos que foram estes téc-

nicos que mais contribuíram para o de-senvolvimento económico do sector da construção na área do projecto e direc-ção técnica de obras. Entendemos que o urbanismo está numa fase de transição e que se exija uma maior qualificação para o exercício da profissão, que é possível e desejável, mas, com o contributo de todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva do sector e não pela exclusão de uns em beneficio de outros. Contra-riando este principio os partidos políticos com assento na Assembleia da Republica, aquando da discussão na generalidade da proposta de Lei, assumiram publica-mente o compromisso de salvaguardar o interesse de todos os agentes envolvidos, mais tarde, aquando da votação na espe-cialidade não foram capazes de resistir ás pressões exercidas pelo poder corporati-vista e votaram favoravelmente uma Lei, que tinha apenas como objectivo cum-prir uma promessa politica do Governo.Não nos resignamos, e, pela mesma razão continuaremos pugnar por uma alteração legislativa que salvaguarde os interesses de todas as classes profissionais envolvi-das, para que todos possamos contribuir e melhor responder aos desafios do país no actual contexto económico e social.

A verdade é que os ATAE obtiveram a sua formação académica em cursos ministra-dos em estabelecimentos públicos, ho-mologados pelo Ministério da Educação. Foi nos anos 80 que Ministério da Educa-ção lançou uma campanha publicitaria nos meios comunicação social, nomea-damente através da RTP, incentivando os jovens com 10º e 12º ano a ingressar nes-tes cursos de nível médio com 5 anos de formação, como sendo uma alternativa ao ensino superior, criando assim uma ex-pectativa de carreira a estes profissionais no sector da construção civil, que à época estava regulamentada pelo Decreto nº 73/73. Por esta mesma razão, repetidamente te-mos afirmado, que os ATAE são técnicos altamente qualificados, competentes e rigorosos no desempenho das suas fun-ções, inseridos por mérito próprio no mercado de trabalho, contribuindo assim com o seu saber e experiencia profissio-

nal para o desenvolvimento do sector da construção civil. Esta é uma realidade que não pode continuar a ser ignorada pelo actual poder politico, nomeadamente pela Assembleia da Republica, a quem já reenviamos um memorando no sentido de sensibilizar os Srs. Deputados, apelan-do ao seu sentido de responsabilidade, conforme demonstram os dois pareceres solicitados pela AATAE, Professor Doutor João Caupers, da Faculdade de Direi-to da Universidade Nova de Lisboa, e o Professor Doutor Gomes Canutilho, da Faculdade de Direito da universidade de Coimbra.

É normal que os políticos também co-metam erros no desempenho das suas funções, o que não é normal, é reconhe-cerem os erros e nada fazerem para os corrigir.

Considerando, que o actual contexto po-lítico se alterou, decidimos voltar à mesa das negociações, por molde a sensibilizar este Governo e a Assembleia da Republi-ca a encontrar uma solução mais equili-brada e justa. Assim, aguardamos com alguma expectativa por uma resposta do Ministério da Economia e Obras Publicas, e Comissão Parlamentar de Economia e Obras Publicas, no sentido de promove-rem as condições necessárias para que a Assembleia da Republica possa avançar com uma iniciativa de alteração legislati-va, no sentido de corrigir uma manifesta injustiça praticada sobre os ATAE, baseada numa Lei contraditória e inconstitucional.

O País precisa de desenvolver uma nova politica económica e social, que se funda-mente no valor individual e colectivo dos cidadãos. Assim sendo, é minha firme convicção que as medidas em curso e necessárias para a reestruturação da nossa economia, só serão eficazes se houver um profundo enquadramento legislativo que valorize e respeite os quadros médios em Portugal, sendo que, se nada fizermos, acabamos por perder a batalha da competitividade das pequenas e médias empresas, a con-fiança nas instituições e no Estado de Di-reito Democrático.

É normal que os políticos tambÉm cometam erros

no desempenho das suas funções. o que já não É normal

É reconhecerem os erros e nada fazer para os corrigir

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EsTATUTOs

NOvOs EsTATUTOs DA AssOCIAÇãOPrinciPAis AlterAções

fernAndo cAbrAl | jURIsTA DO GABINETE jURÍDICO DA AATAE

porquê novos estatutos para a associação?

Toda a envolvente da activi-dade profissional dos Agentes Técnicos de Arquitectura e En-genharia tem evoluído consi-deravelmente ao longo destes últimos anos. Esta evolução é particularmente notória em três planos: no plano das tipo-logias edificatórias e dos méto-dos e processos construtivos, no plano da gestão dos em-preendimentos construtivos e do planeamento e direcção das obras e, no plano da legislação enquadradora da actividade da Construção. De toda esta evo-lução resultou, ainda, a criação de diversas qualificações profis-sionais no sector da Construção Civil. Em todo este contexto de mudança, a Direcção da Asso-ciação considerou necessário ajustar o posicionamento da nossa Associação, tendo em vista alargar o seu âmbito.

Por outro lado, a mesma Di-recção, face ao desenvolvimen-to verificado na vida da Associa-ção ao longo da sua existência, entendeu ser conveniente pro-ceder à reestruturação da sua própria organização, seja na sua estrutura, seja nas regras que re-gem o seu funcionamento.

Foi neste contexto que teve lugar a elaboração de um pro-

jecto de novos Estatutos da As-sociação que, depois de ampla divulgação pelos associados, foram aprovados na Assem-bleia Geral do dia 29 de Outu-bro de 2011.

a missão da associação evoluiu?

A missão da Associação não sofreu alterações de fundo, tendo-se, todavia, procurado fazer evoluir a sua definição, detalhando-se consideravel-mente as diversas vertentes da sua finalidade actual, sendo de destacar:

- a promoção da dignidade e do prestígio da profissão, a salvaguarda dos princípios deontológicos e a defesa dos interesses dos seus membros no âmbito da actividade pro-fissional;

- a qualificação dos seus asso-ciados através da promoção da sua formação inicial e contínua;

- o apoio aos seus membros no exercício profissional, atra-vés de informação legislativa, técnica e jurídica, bem como através de diligências junto de entidades oficiais reguladoras da actividade empresarial e profissional no sector da Cons-trução Civil;

- a certificação dos seus mem-bros e a comprovação das suas

competências profissionais junto de entidades públicas e particulares;

- a promoção do desenvolvi-mento do conhecimento técni-co-científico no sector da Cons-trução Civil e sua divulgação;

- a promoção da boa conduta dos seus membros em contex-to profissional e a regulação da disciplina interna da Associação.

quem pode ser associa-do?

Aqui são substanciais as alte-rações introduzidas, dado que a AATAE passa a ser a entidade associativa que aglutina todos os técnicos do sector da Cons-trução Civil não englobados nas Ordens dos Engenheiros, dos Arquitectos e dos Enge-nheiros Técnicos. Assim, para além dos actuais Agentes Téc-nicos de Arquitectura e Enge-nharia (detentores de curso de Construção Civil – Mestrança ou curso Técnico Profissional

Fernando Cabral é jurista do Gabinete Jurídico da AATAE e

cedeu um pouco do seu tempo para esclarecer a importância dos novos Estatutos da Associação e as suas

respectivas alterações.

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EsTATUTOs

de Edificações e Obras – Espe-cialização de Construtor Civil), ficou consagrada a abertura da Associação às seguintes áreas profissionais enquadradas com Cursos de Especialização Tec-nológica de nível 5:

- Agente Técnico de Arquitectura e engenharia;- Agente Técnico de Construção Cívil; - Agente Técnico de electrotecnia; - Agente Técnico de Topografia e Cartografia; - Agente Técnico de economia da Construção; - Agente Técnico de Avaliação de Imóveis; - Agente Técnico de Climatização e Ventilação; - Agente Técnico de Conservação e reabilitação de edifícios.Todas estas áreas ficarão estru-

turadas na Associação enquanto especialidades, podendo, em qualquer altura, a Assembleia Ge-ral incluir outras especializações profissionais que surjam no sector da Construção Civil e que sejam relevantes.

Considerando a grande diver-sidade de competências profis-sionais envolvidas, os membros

da Associação passarão, então, a estar enquadrados no colégio de especialidade correspondente à sua área profissional, onde serão tratados os assuntos específicos da sua profissão.

que tipos de sócios passam a existir na associação?

Para além dos sócios efetivos que gozam de plenos poderes, ficou consagrada a existência de sócios estagiários, que não terão direito a voto e sócios honorários, também sem direito a voto.

quais são os órgãos da as-sociação?

Os novos Estatutos regulam a existência dos seguintes órgãos: a Assembleia Geral, a Direcção Na-cional, o Congresso, o Conselho Deontológico e Jurisdicional, o Conselho Fiscal e os Colégios de Especialidade. Em todos eles, o mandato dos respectivos titulares é de 3 anos.

como funcionará a assem-bleia geral?

A Assembleia Geral terá sessões ordinárias em três circunstâncias: no primeiro trimestre de cada ano para aprovação de relatório e contas, em Dezembro de cada

ano para aprovação de plano e orçamento e de 3 em 3 anos, no 2º semestre, como assembleia eleitoral.

As sessões extraordinárias te-rão lugar por três tipos de inicia-tiva: do Presidente da Mesa, a pedido da Direcção Nacional ou do Conselho Fiscal e de um mí-nimo de 10% de sócios efectivos (com o requisito de estarem pre-sentes, no mínimo, ¾ dos reque-rentes).

e a direcção nacional?A Direcção Nacional passa a

ser integrada por sete elemen-tos: Presidente, Vice-Presidente, Secretário-Geral, Tesoureiro e três Vogais.

Este órgão reunirá, no mínimo, três vezes por ano e o Presidente tem voto de qualidade em caso de empate nas votações.

A gestão corrente da Associa-ção é assegurada por uma Co-missão Executiva constituída pelo Presidente, pelo Tesoureiro e pelo Secretário-Geral.

e quanto aos restantes ór-gãos?

O Congresso é composto pe-los elementos da mesa da As-sembleia Geral, da Direcção, do Conselho Deontológico e Juris-dicional, dos Coordenadores dos Colégios de Especialidade, dos Coordenadores das Secções Re-gionais e dos Delegados eleitos para o evento.

A finalidade deste órgão con-siste em analisar o ambiente técnico-científico e profissional envolvente da actividade dos membros da AATAE e conhecerá um funcionamento trienal.

O Conselho Deontológico é composto por sete membros (Presidente, Vice-Presidente e 5 Vogais), funcionando uma vez por ano em reuniões ordinárias, podendo o seu Presidente con-vocar reuniões extraordinárias.

O Conselho Fiscal integra cinco membros (Presidente e quatro Vogais).

As Delegações Regionais serão criadas apenas no caso da sua

existência se justificar, cabendo à Direcção Nacional a respectiva tomada de decisão. A sua coor-denação é constituída por um Coordenador e um ou dois Vo-gais, cabendo a sua nomeação à Direcção Nacional.

e que enquadramento é estabelecido quanto aos co-légios de especialidade?

Estes Colégios serão criados por decisão da Direcção Nacional e a coordenação de cada Colégio será constituída por um elemen-to da Direcção Nacional, que será coadjuvado por um Secretário nomeado por aquela Direcção.

O modo de funcionamento destes Colégios será objecto de um Regulamento a aprovar pela Direcção Nacional.

finalmente, que regras bá-sicas são estabelecidas quan-to aos processos eleitorais?

As condições de elegibilidade são restritas a sócios efectivos com mais de doze meses de ins-crição e as candidaturas deverão ser apresentadas sob a forma de listas subscritas por cinco por cento dos membros da Associa-ção, bastando, todavia, cinquenta sócios subscritores para uma lista candidata ser admitida ao proces-so eleitoral.

A organização dos processos eleitorais cabe à Mesa da Assem-bleia Geral, podendo, esta delegar na Direcção. O processo eleitoral contará, ainda, com o acompa-nhamento de uma Comissão de Fiscalização Eleitoral constituída pela Mesa da Assembleia Geral e um Representante de cada Lista concorrente.

Os Estatutos contemplam, ain-da, outras matérias relacionadas com o quotidiano da Associação, destacando-se a regulação dos Direitos e Deveres dos Associa-dos, a matéria Disciplinar e a rea-lização de Referendos.

Estamos certos que estes Estatutos vão ajudar ao desenvolvimento da nossa Associação!

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PARECER jURÍDICO

leGislAção – PArecer

A AATAE requereu o parecer do Doutor Gomes Canotilho, pro-fessor catedrático da Faculdade de Direito de Coimbra, referente à legitimidade jurídico-consti-tucional da Lei nº 31/2009, de Julho, e da Portaria regulamen-tadora (Portaria nº 1379/2009, de 30 de Outubro), em que se estabeleceram os novos requisi-tos de qualificação e de manu-tenção nas carreiras profissionais dos associados. A AATAE pediu ainda a consultadoria sobre os possíveis meios processuais dos quais poderiam fazer uso para uma eventual acção contencio-sa.

Na resposta, existe então infor-mação importante a ser conside-rada:

‘(…) No âmbito do novo regi-me de qualificação na constru-ção, os ATAE’s profissionais com longa história de competência e sucesso neste sector económico, vêem a sua capacidade de inter-venção severamente limitada, podendo resultar da extinção de postos de trabalho ou mesmo do próprio ofício.

Na verdade, a competência dos ATAE’s em matéria de ela-boração de projecto é pratica-mente eliminada, porquanto a intervenção permitida é residual, constituindo apenas na possibi-lidade de elaborar as peças es-critas e desenhadas respeitantes a obras de conservação ou de alteração no interior dos edifícios sujeitas a um regime de isenção de procedimento de controlo prévio, referidas na alínea a) e b) do nº 1 do artigo 6º do RJUE. (cfr. Artigo 11º da Lei nº 31/2009 de 3 de Julho).

Por outro lado, em sede de di-recção técnica de obra, os ATAE’s, que têm vindo a desenvolver a

tarefa incondicionalmente, com o novo quadro jurídico, ficam sujeitos a severas limitações, só mantendo competências em obras de edifícios (artigos 13º e 14º da Portaria 1379/2009 de 30 de Outubro) e até ao valor máxi-mo da classe 2 do alvará dos em-preiteiros (cfr. Artigo 13º da Lei nº 31/2009).

Relativamente à fiscalização de obra particular (…), verifica-se igualmente restrição patente desta competência, porquanto as obras (particulares) em que estes profissionais passam a po-

der intervir raramente carecem de contratação de fiscalização.

Por fim, quanto à fiscalização de obra pública, as novas res-trições legais, no respeitante ao valor (valor máximo da classe 2 do alvará) e à tipologia de obras (obras de edifício), colocam em risco o emprego dos ATAE’s (…)

Quanto à elaboração de pro-jecto, dispõe o artigo 25º, nº1, da Lei nº 31/2009 (…) Desta dispo-sição, cumpre destacar duas no-tas: 1) Os ATAE’s que não tenham subscrito, mesmo com razão atendível (saúde, ausência no es-

trangeiro, falta de encomendas, etc.), projectos com aprovação municipal entre 1 de Novem-bro de 2004 e 31 de Outubro de 2009, não poderão mais exercer actividade; 2) A nova lei não con-templa sequer a eventual experi-ência em projectos dispensados de licença camarária.

Por outra banda, estabelece o artigo 26.º, nº1, da Lei nº 31/2009 (…) Deste preceito resulta a ini-bição de os ATAE’s apresentarem projectos em obras sujeitas a contratação pública de qualquer tipo e de exercerem tal activi-

o PArecer Jurídico do dr. Gomes cAnotilhoDIz qUE A INTERvENÇãO LImITADA DOs ATAE é INCONsTITUCIONAL

Para Alexandre Silva Carlos, Presidente da AATAE, há espaço no mercado para arquitectos, en-genheiros e agentes técnicos de arquitectura e engenharia, desde que haja regras claras e uma maior responsabilização de todos os intervenientes no sector da construção.

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PARECER jURÍDICO

dade nos quadros de donos de obra pública, caso não possam comprovar o exercício de fun-ções dessa natureza entre 1 de Novembro de 2007 e 31 de Ou-tubro de 2009.

(…) ao nível da fiscalização da obra, os interessas públicos (se-gurança, estética, urbanísticos) (…) não devem prevalecer sobre a confiança depositada pelos ATAE’s na não alteração das cir-cunstâncias; julgamos verificar-se, assim, uma violação do prin-cípio da confiança (…).

(…) podemos considerar que a nova legislação de qualificação dos ATAE viola a liberdade de tra-balho, que, embora não sendo explicitada abertamente na Lei Fundamental, decorre do princí-pio do Estado de Direito Demo-crático. Mas, como quer que seja,

sempre estaria em causa a liber-dade ou o direito fundamental de exercício da profissão.

(…) Na verdade, não nos pare-ce defensável ter por adequada e necessária a obrigatoriedade de ATAE’s, profissão de larga tra-dição e experiência na constru-ção em Portugal, disporem de licenciatura em certas áreas para continuar a exercar a actividade que há anos desenvolvem com reconhecida competência. E, igualmente, não pode ter-se por razoável tal exigência, nem pro-porcionada face aos valores co-munitários (segurança, interesses urbanísticos, ambiente, etc.) que se procuram garantir.

(…) disposições como os 26, nº1, e 13º da Lei nº 31/2009, na medida em que parecem tradu-zir-se na inevitabilidade de des-pediementos de vários ATAE’s integrados nos quadros das Câ-maras Municipais (ou de outros donos de obras públicas) ou num impace restritivo despro-porcionado nas oportunidades de trabalho destes profissionais (e dos profissionais detentores de curso de especialização tec-nológica), tem de concluir-se pela sua inconstitucionalidade por implicarem violação/restri-ção (injustifcada) da liberdade do exercício de profissão e uma afronta intolerável do princípio da confiança.

(…) Através do preenchimen-to de diversos requisitos legais e da sujeição a actos jurídico-públicos, os ATAE’s (…) adquiri-ram um novo estatuto jurídico-profissional – estatuto que lhe foi conferido por acto público (acto administrativo de aquisição/cer-tificação de habilitações, licença/obtenção de carteira profissional, nomeação, sob prévio concurso

público, para uma carreira profis-sional pública, etc.), investindo-os num complexo de deveres fun-cionais, mas tambem de direitos.

(…) a definição de um qua-dro jurídico ao abrigo do qual as actividades profissionais e económicas podem ser exer-cidas e desenvolvidas não está imune a mutações políticas e a novas condicionantes normati-vas, eventualmente limitadoras da liberdade de profissão, que podem até traduzir exigências constitucionias de restrição le-gislativa; a excepção diz respeito à protecção de situações que foram legitimamente constituí-das e consolidadas sob um cer-to parâmetro legislativo e que, de forma radical e abrupta, se veriam aniquiladas por interven-ções públicas supervenientes, especialmente, como é o caso, quando estão em causa direitos, liberdades e garantias.

Nesses termos, concluímos, pois, que a Lei nº 31/2009, pelo concreto regime que determina – ou por aquele que não esta-beleceu e devia ter estabeleci-do – é inconstitucional por não ressalvar os efeitos de situações legitimamente constituídas ao abrigo de um certo regime legal e cuja manutenção não tem ne-cessariamente de ser sacrificada pelas novas opções político-legislativas.

(…) a Lei nº 31/2009, ao re-meter para portaria a definição de qualificações específicas que hão-de permitir ou negar o aces-so ao exercício de certas activi-dades, tal signifca uma remissão em branco para a função admi-nistrativa do poder de estabe-lecer uma disciplina inovadora, incluindo de natureza restritiva, numa matéria constitucional-

mente reservada ao Parlamento, salvo autorização do Governo, através do decreto-lei autoriza-do. Aquelas qualificações viriam a ser estabelecidas na Portaria nº 1379/2009, de 30 de Outubro.

Consequentemente, a Lei nº 31/2009 é ainda inconstitucio-nal por violação do citado artigo 112º da CRP.

(…)Por fim, o parecer do Professor

aconselha os ATAE’s a: ‘(…) além do direito de queixa ao Provedor de Justiça e de um eventual pe-dido de audiência à Comissao de Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República, (…) a associação repressentativa ou os profissionais (ou apenas um) podem requerer, por exemplo, ao presidente de uma câma-ra municipal competente que os autorize a praticar todos os actos e a desenvolver todas as funções como habitualmente (…). O presidente da câmara muito provavelmente indefe-rirá o pedido. Este acto é, for-mal e materialmente, um acto administrativo, susceptivel de impugnação directa nos tribu-nais administrativos, através de uma acção especial de impug-nação. Nesta acção deve ser desde logo alegada a inconsti-tucionalidade da Lei nº 31/2009 e da respectiva Portaria regula-mentadora.

Uma outra via poderá passar pela impugnação directa da Por-taria referida, na medida em que é produtora de efeitos directa e imediatamente operativos, atra-vés de uma acção especial de impugnação de normas. Nesta acção deve igualmente ser ale-gada a inconstitucionalidade da Lei nº 31/2009 e da Portaria regu-lamentadora.’

o PArecer Jurídico do dr. Gomes cAnotilhoDIz qUE A INTERvENÇãO LImITADA DOs ATAE é INCONsTITUCIONAL

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qUALIFICAÇãO

artigo 13º (director de obra)

Sem prejuízo do disposto no artigo 42.º do Decreto-Lei n.º

176/98, de 3 de Julho, e desde que observadas as qualificações profissionais específicas a definir nos termos do artigo 27.º, con-

sideram-se qualificados para de-sempenhar a função de director de obra, de acordo com a natureza predominante da obra em causa e por referên- cia ao valor das classes de habilitação do alvará previs-tas na portaria a que se refere o Decreto–Lei n.º 12/2004, de 9 de Janeiro, alterado

pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de Janeiro, os engenheiros ou engenheiros técnicos.

Podem, ainda, assumir a fun-ção de director de obra até à classe 4 de habilitações do al-vará, nos termos da legislação referida no número anterior, os agentes técnicos de arquitec-tura e engenharia e os técnicos

reGime de quAlificAçãoPROFIssIONAL ExIGIvEL AOs TéCNICOs DA CONsTRUÇãO

Lei n.º 31/2009, de 3 de julhoLinhas Gerais de Alteração Legislativa

Page 9: Revista AATAE JAN/MAR 2012

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qUALIFICAÇãO

habilitados com o curso de es-pecialização tecnológica na área de direcção de obra.

justificação: Salvaguardar as competên-

cias inerentes às qualificações académicas e profissionais dos Agentes Técnicos de Arquitec-tura e Engenharia e dos Técni-cos habilitados com o curso de

especialização tecnológica de Condução de Obra reconheci-das pelo Ministério da Educa-ção;

Reportar as definições deste regime legal que define o siste-ma de qualificação dos Técni-cos na área da Construção aos conceitos dos regimes legais enquadradores dos sistemas de ensino dos Agentes Técnicos de Arquitectura e Engenharia regulados pelo Ministério da Educação (regimes dos Cursos de Mestrança de Construtor Civil, de Técnico de Edificações e Obras com Especialização de Construtor Civil e de Especiali-zação Tecnológica – Condução

de Obra), evitando definições profissionais ambíguas;

Eliminar a contradição actual-mente existente entre o regime desta lei que qualifica os Técni-cos na área da Construção, e o regime de qualificação das em-presas de construção, em parti-cular, a composição do seu qua-dro técnico regulada na Portaria n.º 16/2004, de 10 de Janeiro.

artigo 15º (director de fiscalização de obra)

1.…………………………………………………………………………………………

d) Os Agentes Técnicos de Ar-quitectura e de Engenharia e os técnicos habilitados com o cur-so de especialização tecnológi-ca de Condução de Obra, em obras com uma estimativa de custo ou valor de adjudicação até ao valor limite da classe 4 de habilitações do alvará, prevista na portaria a que se refere o nº 5 do artigo 4º do Decreto-Lei nº 12/2004, de 9 de Janeiro.

justificação: Salvaguardar as competên-

cias inerentes às qualificações académicas e profissionais dos Agentes Técnicos de Arquitec-tura e Engenharia e dos Técni-cos habilitados com o curso de especialização tecnológica de Condução de Obra reconheci-das pelo Ministério da Educa-ção;

Reportar as definições deste regime legal que define o siste-ma de qualificação dos Técni-cos na área da Construção aos conceitos dos regimes legais enquadradores dos sistemas de ensino dos Agentes Técnicos de Arquitectura e Engenharia regulados pelo Ministério da Educação (regimes dos Cursos de Mestrança de Construtor Civil, de Técnico de Edificações e Obras com Especialização de Construtor Civil e de Especiali-zação Tecnológica – Condução de Obra), evitando definições relativas a sistemas de certifi-

cação profissional inexequíveis por não estarem implementa-dos nos diversos momentos em que estes Técnicos obtiveram a sua qualificação.

Eliminar a contradição actual-mente existente entre o regime desta lei que qualifica os Técni-cos na área da Construção, e o regime de qualificação das em-presas de construção, em parti-cular, a composição do seu qua-dro técnico regulada na Portaria nº 16/2004, de 10 de Janeiro.

artigo 25º (disposições transitórias)

Os técnicos detentores, à data da publicação da Lei nº 31/2009, de 3 de Julho, da qualificação de Agentes Técnicos de Arquitectu-ra e de Engenharia, correspon-dente às habilitações de Mes-trança de Construtor Civil, de Técnico de Edificações e Obras com Especialização de Constru-tor Civil ou equiparada, obtidas em cursos regulamentados e reconhecidos pelo Ministério da Educação, mantêm as compe-tências que lhes eram reconhe-cidas no âmbito do Decreto nº 73/73, de 28 de Fevereiro.

Os técnicos mencionadas no número anterior ficam sujeitos às obrigações previstas na pre-sente lei que sejam compatíveis com a função que desempe-nham, incluindo a contratação de seguro de responsabilidade civil adequado.

justificação: Consagrar um sistema transi-

tório que salvaguarde as com-petências técnicas e profissio-nais pré-existentes dos Agentes Técnicos de Arquitectura e En-genharia na área de projecto, considerando a necessidade de ser garantida a segurança jurídica na sucessão de regimes legais, sendo ainda imperiosa a harmonização do presente regime legal com o sistema de qualificação obtida por estes profissionais no âmbito do siste-ma público de ensino.

reGime de quAlificAçãoPROFIssIONAL ExIGIvEL AOs TéCNICOs DA CONsTRUÇãO

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qUALIFICAÇãO

desPAcho dA ProcurAdoriA GerAl dA rePÚblicA– CARTA DA ChEFE DE GABINETE DO PGR DE 2011.09.26

quAlificAção dos AtAe´s A INCONsTITUCIONALIDADE DA LEI N.º 31/2009, DE 3 DE jULhO

posição da pgrA PGR considera, na carta

em referência, que a matéria invocada quanto à incons-titucionalidade da Lei nº 31/2009 com base no Parecer do Professor Doutor Gomes Canotilho apresenta aspec-tos diferentes face à anterior petição da AATAE baseada no Parecer do Professor Doutor João Caupers. Em qualquer caso, o Despacho produzido pelo Ministério Público junto do Tribunal Constitucional (que recebeu concordância da Vice Procuradora Geral da República por Despacho de 2011.09.16) é, uma vez mais, desfavorável ao requerimento da AATAE de fiscalização abs-tracta sucessiva das normas daquela Lei.

diversas questões sobre o despacho da pgr

1Fundamenta lmente, este Despacho da PGR

considera não haver violação do princípio da proporcionali-dade e, como tal, conclui que a regulação estabelecida pela Lei nº 31/2009 não deve ser considerada excessiva.

2Esta posição da PGR não é, contudo, suficiente-

mente fundamentada, limitan-do-se a considerações muito breves e superficiais. Não são questionadas as diversas ques-tões de fundo colocadas nas petições apresentadas pela AA-TAE e fundamentadas nos dois pareceres jurídicos enviados.

3Quanto às competência relativas à elaboração de

projecto, o Despacho consi-dera não se verificar a viola-ção do princípio da propor-cionalidade em virtude de a nova lei consagrar “oportuni-dades de intervenção” na ela-boração de projecto a “valio-sas e relevantes qualificações profissionais” com a finalidade da garantir a “valorização da habitação, do urbanismo e do ordenamento do território”. Trata-se de uma considera-ção gratuita, sem qualquer valia jurídica e que nada fun-damenta! O autor do Despa-cho não equaciona, sequer, que competências técnicas dispõem os Agentes Técni- cos de Arquitectura e Enge-nharia, suportadas em qualifi-cações legalmente reguladas e obtidas em cursos minis-trados no sistema público de ensino.

4Refere-se que a lei anti-ga (naturalmente, o Dec

73/73) não previa a qualifica-ção dos ATAE’s para efeitos de Direcção de Obra. Ora, em boa verdade, também a lei antiga não previa tal competência para qualquer outro técnico, mesmo sendo engenheiro, engenheiro téc-nico ou arquitecto. Todavia, a legislação enquadradora do regime dos alvarás, aliás pré-existente à publicação da Lei 31/2009, previa e continua a prever a existência de qua-dros técnicos nas empresas de construção (cfr. artigo 9º

do DL 12/2004, de 9 de Ja-neiro) precisamente com a finalidade de ser garantida a direcção técnica nas obras, incluindo em tal previsão os Agentes Técnicos de Arqui-tectura e Engenharia (cfr nú-mero 4 da Portaria 16/2004, de 10 de Janeiro).

5Refere-se, ainda, que a lei antiga não previa a qua-

lificação dos ATAE’s para efei-tos de Fiscalização de Obra. É, também, argumento que não colhe, pois também essa mesma lei não previa com-petência para tal efeito para qualquer outro técnico. Bem ao contrário da conclusão do Despacho em análise, as fun-ções de Direcção Técnica de Obra e de Direcção de Fisca-lização de Obra suportavam-se na lei antiga (Dec. 73/73), regulando-se, implicitamente, pelos princípios orientadores constantes de tal normativo face à inexistência de regula-ção legal específica para tais funções, resultando, assim, da nova Lei uma efectiva di-minuição de competências profissionais dos ATAES em tais domínios.

6Vários outros aspectos em que o Despacho en-

ferma de confusão ou insufici-ência respeita ao regime tran-sitório. Assim, por exemplo:

a. O regime transitório não clarifica o campo material de actualização (isto é, valên-cias de conhecimento) que os ATAES devem obter para disporem de competências

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qUALIFICAÇãO

quAlificAção dos AtAe´s A INCONsTITUCIONALIDADE DA LEI N.º 31/2009, DE 3 DE jULhO ao abrigo deste regime tran-sitório;

b. Tal regime apenas faz alu-são a critérios formais vagos e ambíguos (matrícula em ins-tituição de ensino superior e obtenção de 180 créditos ou 3 anos curriculares de traba-lho);

c. E, tais critérios apenas con-ferem um prolongamento de competências reconhecidas na nova Lei por mais 2 anos.

7. Por fim, o Despacho re-fere que não estão preju-

dicadas as possibilidades de os ATAES integrarem os quadros das empresas de construção, em virtude de a nova Lei não ter revogado as disposições do regime dos alvarás (Portaria 16/2004).

Esquece-se, contudo, nesta consideração, o velho princí-pio de interpretação das leis, constante do Código Civil, que determina que em caso de conflito entre regimes le-gais prevalecem as disposi-ções do regime mais recente se ele resultar de instrumento legal hierarquicamente supe-rior. Pois, é isso mesmo o que acontece no caso vertente (prevalência das normas da Lei nº 31/2009 sobre a Portaria nº 16/2004), de que estão a re-sultar práticas administrativas cerceadoras da intervenção dos ATAES, quer por parte de Câmaras Municipais, quer por parte do InCI. Com efeito, de acordo com o regime dos al-

varás (Portaria 16/2004, de 10 de Janeiro), os ATAE´s dispõem de qualificação suficiente para subscrever alvarás até à classe 4, inclusive. Entretanto, o novo regime de qualificação dos técnicos da Construção (Lei nº 31/2009, de 3 de Julho e Portaria nº 1379/2009, de 30 de Outubro) veio restringir a competência dos ATAE’s para a direcção técnica de obra a obras de classe 2 e só de edifí-cios. E, nas normas transitórias daquela Lei, não foi considera-da qualquer regime provisório para os actuais ATAE’s neste domínio da direcção técnica da obra. Face a tal contradição, em alguns casos de recente emissão de renovação de al-varás, o InCI está a interpretar restritivamente, por considerar que esta legislação prevalece sobre a legislação dos alvarás.

posição a assumir pela aatae

Considerando que esta é já a segunda vez que a PGR re-cusa assumir o pedido de fis-calização abstracta sucessiva das normas da Lei nº 31/2009, estou em crer que em nada adiantará responder a esta entidade questionando o presente Despacho, restando à AATAE suscitar a inconsti-tucionalidade desta Lei em recurso directo aos tribunais.

O JuristaFernando Cabral

“Quem impõe a qualidade é o consumidor, deve ser ele a escoher o seu prestador de serviços, se escolhe um ATAE, ou é necessário um arquitecto ou um engenhei-ro. O mercado é que vai ditar as regras, existem bons e maus profissionais em todas as profissões, a inviabiliza-ção do exercicio da profissão de técnicos com grande  experiência profissional, não pode, nem deve ser  feita por decreto. Se continuarmos a defender interesses cor-portivos ou de grupos de pressão, o país não irá progre-dir no caminho certo.”

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ENTREvIsTA

“AO ATAE O qUE é do AtAe”

O processo de humanização e o primeiro contributo social para a Paz nasce das Famílias. “Numa vida familiar “Sã” experimentam-se algumas componentes fun-damentais da Paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs, pais e filhos, marido e esposa; a função da autoridade manifestada pe-los Pais; o serviço carinhoso aos membros mais débeis, porque pequenos doentes ou idosos; a mútua ajuda nas necessidades da vida; a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário perdoar-lhe. Por isso, a Família é a primeira e insubstituível educa-dora para a Paz.

Mas: a negação ou mesmo a restrição dos direitos da Família ou membros da Família amea-ça os próprios alicerces da Paz. Quem, mesmo inconsciente-mente, combate a instituição Familiar, debilita a Paz na co-munidade, porque enfraquece aquela que é efectivamente a principal «agência» de Paz. A Fa-mília tem necessidade da casa, do emprego, da escola para os Filhos, de assistência sanitária básica para todos. Quando a sociedade e a política não se empenham a ajudar a família nestes campos, privam-se de um recurso essencial ao serviço da paz. De forma particular os meios de comunicação social,

pelas potencialidades educati-vas de que dispõem, têm uma responsabilidade especial de promover o respeito pela família, de ilustrar as suas expectativas e os seus direitos.

A comunidade familiar é apre-sentada, também, como referên-cia e modelo para as relações do restante tecido social: «a própria comunidade social, para viver em paz, é chamada a inspirar-se nos valores por que se rege a co-munidade familiar». Além disso, é essencial que cada um se em-penhe por viver a própria vida em atitude de responsabilidade diante de Deus e perante nós

próprios. «Sem este fundamen-to transcendente, a sociedade é apenas uma agregação de vi-zinhos, e não uma comunidade de irmãos e irmãs chamados a formar uma grande família. «Mas tudo começa em casa de cada

um, de pequenino, no agregado familiar».

O respeito pelo meio ambien-te, do património edificado, há-de também aprender-se na família: «o ambiente foi confiado ao homem, para que o guarde

“PARA qUEm NãO REsPEITA Os CIDADãOs DEvIDAmENTE qUALIFICADOs”

É  com enorme tristeza que a direcção da AATAE, participa o falecimento do nosso colega e amigo José Júlio. Perdemos um colega, um amigo, um profissional e um homem que sabia motivar e trabalhar em equipa. nos momentos dificeis estava sempres presente, era considerado uma referência no seio do CDN. Ao colega José Júlio que partiu, prestamos a nossa homenagem e à Familia apresentamos as nossas condolências.O texto que se segue demonstra como ele via e defendia uma sociedade mais justa e equilibrada.

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ENTREvIsTA

e cultive com liberdade respon-sável, tendo sempre presente como critério orientador o bem de todos». Respeitar a natureza não significa considerar a na-tureza material ou animal mais importante do que o homem; quer dizer antes não a considerar egoisticamente à completa dis-posição dos próprios interesses, porque as gerações futuras tam-bém têm o direito de beneficiar da criação, exprimindo nela a mesma liberdade responsável que reivindicamos para nós. En-tre os indivíduos humanos e en-tre os povos, é preciso promover relações correctas, que permi-tam a todos colaborarem num plano de paridade e justiça. Ao mesmo tempo, tem de se traba-lhar por uma sábia utilização dos recursos e uma equitativa distri-buição da riqueza.

Uma família, a sociedade, vive em Paz se todos os seus compo-nentes se sujeitam a uma norma comum: é esta que impede o individualismo egoísta e que mantém unidos os indivíduos, favorecendo a sua coexistência harmoniosa. Para se gozar de Paz, há necessidade duma lei co-mum (…) que ajude a liberdade

a ser verdadeiramente tal.Além disso, é essencial que

cada um se empenhe por viver a própria vida em atitude de res-ponsabilidade diante de Deus e perante nós próprios. É assim na família, nos afectos, na sociedade em geral.

Ao analisarmos as condutas das pessoas, “dos governantes”, constatamos que temos que adoptar os seguintes princípios de vida: A ética, como base; a integridade; a responsabilidade; o respeito às leis e aos regula-mentos; o respeito pelos outros cidadãos.

Toda a actividade humana exige valores morais e éticos de referência. Por isso mesmo e para fugir a um normal cons-trangimento, alguns dos interve-nientes políticos negam a neces-sidade e a universalidade destes valores. Defendem-se mais as atitudes de conveniência, sem-pre fáceis e substituíveis, ou en-tão fala-se de princípios, porque são sempre mais adaptáveis às circunstâncias, aos interesses “co-operativistas” e aos gostos.

É preciso dignificar a acção política e aqueles que a tomam a sério. Mas este objectivo só é

possível quando neste campo há gente que presa a sua digni-dade, a sua palavra e está mais pronta a aceitar até os erros co-metidos, que a desvirtuar a rea-lidade. Gente honesta, capaz de escutar a todos e de se renovar interiormente. Gente que não se rodeia de quem a tudo diz-lhe que sim, porque, para ela, agra-dar ao chefe é mais importante e rentável que servir a comuni-dade.

Por isso, vamos continuar a nossa caminhada, muitas vezes isoladamente, com a consciên-cia de que não teremos tudo feito para uma “PAZ” harmoniosa, mas, procurando, em cada dia, uma coexistência cada vez mais solidária, nesta passagem efé-mera da vida terrena.». Para isso, é fundamental «sentir» a terra, a nossa casa, o bem edificado, como uma coisa comum e esco-lher, para uma gestão da mesma ao serviço de todos, a estrada do diálogo em vez de decisões unilaterais, e que: «proteja o mais desprotegido, da prepotência do mais forte». Para isso, e, por isso, «ao atae o que é do atae».

Fernando Pessoa disse um dia: “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que mi-nha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência”.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e pe-ríodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da Vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ou-vir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

José JúlioATAE nº 19

cAsA sAcerdotAl de são mArtinho de dumeARqUITECTOs:ANDRé FONTEs E ANTóNIO FONTEs (ImAGO)

A arquitectura é a mais so-cial das artes. Por isso, pode afirmar-se que a arquitectura tem muito a ver com o diálo-go com a sociedade, com a relação com o contexto, com a dimensão física e simbólica do tecido urbano das cidades ou zonas rurais. Reflecte um sentido de história e projecta a existência de uma continui-dade de gerações. Daí, esta arrojada construção.

O edifício destina-se ao aco-lhimento de sacerdotes ido-sos e alicerça-se a partir de um conceito forte, planta em “T”, ao qual se adiciona um bloco secundário baixo, que envolve a primeira forma, formando um pátio interior de um lado e abrindo o edifício para o jardim do outro. A sequência de espaços articula-se a partir de um ponto central, na inter-secção dos braços do “T”, onde está o “foyer.” Daqui, temos a Sul e Poente um corpo de quartos e a Nascente a capela.

Possui duas faces distintas: a Norte uma fachada branca, uniforme, em tijolo de vidro, de luz; a Sul uma fachada ne-gra, variável, em lona e chapa pretas, que permite o controlo solar, com varandas e limites recortados. No interior, uma luz uniforme e constante em todos os espaços de circula-ção, e uma luz forte e de con-trastes em todos os espaços privados e públicos de dormir e estar.

Em termos urbanos, a Casa Sacerdotal de São Martinho de Dume, o edifício do Semi-nário a Nascente, a residên-cia episcopal a Poente e a construção futura a edificar a Norte, criam um vazio interno simbólico onde se congre-gam os diversos momentos da vida sacerdotal: aprendiza-gem, a prática sacerdotal e o descanso e recolhimento do fim da vida.

Esta construção tem obtido diversas distinções nacionais e internacionais de arquitec-tura e engenharia, sendo um edifício de referência na cida-de de Braga, no país, e, além-fronteiras.

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ENTREvIsTA

como se encontra portugal, na sua opinião, relativamente à reabilitação do edificado urba-no? tendo como exemplo vários países europeus que valorizam o seu património, caminhamos para um futuro melhor?

Portugal enfrenta, como quase to-dos os países europeus, uma inversão

da pirâmide demográfica. Isto é, há mais idosos do que jovens e tenden-cialmente um abrandamento ou pa-ragem do crescimento populacional. Assim sendo as necessidades cons-trutivas próprias de sociedades com uma demografia muito pujante não se fazem sentir em Portugal.

Do ponto de vista da estrutura do

parque edificado Portugal tem uma situação especial pois não tendo sido sujeito às destruições massivas da 2ª Guerra Mundial, também não foi objeto da reconstrução que se lhe seguiu em países como a Inglaterra, a Alemanha, a Áustria, a França e a Itália. A estrutura do nosso parque edifica-do tem um número muito significati-

vo de edifícios com mais de 60 anos, (cerca de 30%) o que significa que não estão conformes, na sua imensa maioria, a regras de salubridade e con-forto (RGEU – Regulamento Geral das Edificações Urbanas que impõe essas regras data de 1951). Considerando também a percentagem de edifí-cios construídos entre 1960 e 1990

CENTROs URBANOs vAzIOs,PeriferiAs cheiAsmanuela Juncal é arquitecta e directora-geral da Gaiurb, EEm. Acredita que a ‘estratégia da reabilitação pode e deve ser uma prioridade das políticas públicas’.

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ENTREvIsTA

(até há 20 anos) verifica-se que eles representam um valor muito signifi-cativo - cerca de 31%.

Estas duas componentes, demo-grafia e parque habitacional antigo e degradado, levam à conclusão que a estratégia da reabilitação pode e deve ser uma prioridade das políticas públicas.

Quanto à cultura da defesa do património edificado, no sentido dos edifícios ou conjuntos de valor arquitetónico, ela já tem uns bons anos em Portugal e, além da falta de dinheiro, nada fica a dever à de outros países. Relembremos, neste ano em que Guimarães (com o seu fabuloso centro-histórico) é capital da cultura

o mestre, Arquiteto Fernando Távora e o seu trabalho nessa área que vem dos anos 60 com a posterior criação do CRUARB – Comissariado para a Reabilitação Urbana da Área de Ribei-ra e Barredo e do GTL de Guimarães.

quais são os principais pro-blemas que atualmente o nosso país enfrenta com a desertifica-ção dos centros urbanos?

As cidades portuguesas capital de distrito todas cresceram do ponto de vista da população, exceto Porto e Lisboa. Mas mesmo nestas há um crescimento das freguesias periféricas (e dos concelhos adjacentes) mas há uma forte diminuição de população nos ‘centros históricos’, causando o chamado efeito ‘donut’, um centro vazio e uma periferia cheia.

Não é inteiramente mau que essas freguesias centrais tenham diminuído de população, dado que houve perí-odos históricos em que elas estavam claramente sobrepovoadas, com si-tuações de famílias inteiras a viverem num só quarto, por exemplo. O pro-blema maior é o nível de degradação que grande parte do edificado atin-giu, bem como a estrutura da popula-ção ser de idosos com fracos recursos.

As questões que precisam de res-posta são na minha opinião principal-mente as seguintes:

- Manter as populações que ainda vivem nas áreas centrais, (através de programas especiais : SRU’s, Gabine-tes de Centro Histórico, ou outros).

- Continuar a intervir na lei das ren-das e proporcionar micro-créditos para obras indispensáveis (como as de telhados) por forma a que os se-nhorios possam responsabilizar-se pelas obras de manutenção do edi-fício.

- Continuar a intervir ao nível do espaço e equipamentos públicos mas também no transporte e no estacionamento, por forma a tornar essas zonas apetecíveis para novos habitantes.

qual o papel da gaiurb na re-abilitação do parque urbano de gaia? em traços gerais, quais são os principais projetos estabele-cidos?

A GAIURB, incorporou a antiga SRU

e os seus projetos e competências. No centro histórico neste momento está-se a intervir na requalificação do espaço público com modernização das infraestruturas das ruas Guilherme Gomes Fernandes, Guilherme Braga, Rua Afonso III, do França, Largos de Santa Marinha e Joaquim Magalhães, Travessas do Ribeirinho e de Cândido dos Reis (com o restauro e reabilitação da Fonte do Cabeçudo), Escadas do Monte e do Pedrosa, Ruas do Pinhal, Cabo Simão, Calçada da Serra, Rocha Leão, Rua Casino da Ponte, Rua do Pi-lar, Rua da Mesquita, Rua da Fervença e Rua da Barroca.

No entanto a GAIURB, não se preo-cupa apenas com o Centro Histórico pois há parque edificado degradado em todo o Concelho. Algum tem até de ser demolido por ter sido er-radamente construído em áreas de risco, como foi o caso das construções situadas na Escarpa da Serra. Outro pode e deve ser legalizado e reabili-tado como é o caso de três projectos recentemente em mãos, nas Urba-nizações de iniciativa municipal da Barroca, em Crestuma, e da Quinta Amarela, em Canelas e do núcleo do Cadavão, em Vilar do Paraíso.

com a requalificação bem vi-sível ao nível da ribeira de gaia e da zona balnear por exemplo, acha que gaia poderá tornar-se um exemplo a seguir por outras autarquias do país?

Tenho a certeza que o trabalho urbanístico e ambiental de Vila Nova de Gaia é exemplo para muitos. Isso é notório nas trocas de experiências com outros municípios portugueses, que cada vez mais recorrem a nós para fundamentarem os seus pró-prios projetos.

Também temos sido frequen-temente visitados por municípios estrangeiros, europeus, africanos e brasileiros, com quem tem havido frutuosas trocas de experiências ou assessorias.

Ao nível académico, somos fre-quentemente solicitados para a apre-sentação de case-studies em fóruns diversos ou para visitas de estudo, como irá acontecer proximamente (a 26 de Março) com a Univerity of Dun-dee na Escócia.

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OPINIãO

rePovoArOs CENTROs URBANOs

Numa altura em que se discute o envelhecimento da população portuguesa, outro factor impor-tante a ser relembrado, e pelo qual o nosso País infelizmente se pauta, é o abandono e a degradação de muitos edifícios, visivelmente de-monstrado nas grandes cidades, que estão a ser engolidas por uma arquitectura desigual.

A cidade do Porto é um desses grandes exemplos e apesar de alguns esforços já serem visíveis, a verdade é que existem peque-nos prédios a necessitarem de ajuda imediata. É preciso conti-nuar a apostar na reabilitação e na

manutenção do nosso patrimó- nio.

Olhar para uma cidade com uma herança histórica e arquitectónica inestimável e concluir que se está a perder a sua identidade é uma desilusão enorme. Este resultado trouxe diversas consequências e que devemos de as analisar com prudência: a população diminuiu drasticamente, sendo que a maio-ria jovem procurou a periferia; a que ficou foi uma minoria que ali criou raízes e apostou em ali ter a sua última morada e são estas mesmas pessoas as que vivem em condições desumanas, sendo na

sua maioria idosos com maiores dificuldades.

Os edifícios tornaram-se somente um vislumbre da vida activa exis-tente há algumas décadas. Não se vêem muitas pessoas na rua, à excepção de algumas ruas comer-ciais, sendo por vezes o movimento algo passageiro, momentâneo. A vida social e económica é pratica-mente nula, tornando a pouca po-pulação lá residente numa situação de isolamento.

Isto tornou-se num círculo vicioso preocupante, pois os problemas sobrepõem-se uns aos outros: se os edifícios deixaram de ser atractivos,

deixou de haver população a que-rer lá morar, se não há população não há necessidade de comércio e não havendo comércio não há sus-tentabilidade económica e social.

É necessário cativar as famílias a regressarem a estes centros urba-nos, criando condições adequadas às exigências contemporâneas.

A história mostra-nos que houve um sufocamento nestes centros e que tal contribuiu para a migração das populações para as zonas limí-trofes das cidades. No entanto, a fal-ta de manutenção deste parque ur-bano foi um dos principais motivos.

Urge contrariar esta tendência.

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ACÇÕEs

descrição das acções 2011 2012out nov dez jan fev mar abril maio jun

Alteração dos Estatutos

Pedido de um terceiro Parecer Jurídico

Reunir com Comissão Parlamentar de Economia e Obras PúblicasReunir com o Ministro da Economiae Obras Públicas

Reunir com os Grupos Parlamentares

Reunir com a Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias

Reunir com a Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território

Reunir com o INCI

Recolher 35 mil assinaturas através dos associados para entrega na Assembleia da República

Em último recurso instaurar um processode contencioso contra o Estado Portugês

Apresentação de uma providência cautelar com o objectivo de impedir a entrada vigor da norma transitória da Lei nº 31/2009

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ExPOsIÇãO

No final do ano passado, a AATAE enviou uma carta ao Presidente da Comissão Parlamentar de economia e obras Públicas, doutor luís Campos Ferreira, incluindo o conhecimento do Ministro da economia, o doutor Álvaro santos Pereira, em que referia a inconstituciona-lidade da Lei 31/2009, de 3 de Julho e da Portaria nº 1379/2009 de 30 de Outubro (Novo Regime de Qualificaçao dos Técnicos da Construçao).

Esta continha uma exposição mais detalhada sobre o assunto, conforme solicitado pelo depu-tado Nuno Filipe Matias após a audiência com a Comissão Parlamentar.

Seguem-se algumas linhas orientadoras do conteúdo desta:

1os Agentes Técnicos de Arquitectura e engenharia

Os Agentes Técnicos de Arquitectura e Engenharia são profissionais habilitados para o exercício da actividade que exercem, sendo o reconhecimento da sua formação técnica efec-tuada através dos cursos ministrados pelos esta-belecimentos de ensino públicos, com curricula aprovados pelo competente Ministério.

Estes profissionais encontram-se actualmente reunidos na ora signatária Associação de Agentes Técnicos de Arquitectura e Engenharia (AATAE), cujos Estatutos foram objecto de publicação na IIIª Série do Diário da República, de 26 de Julho de 1990, e que foram posteriormente alterados em 1994.

A denominação de Agente Técnico de Arqui-tectura e Engenharia veio substituir a anterior de-nominação de Construtor Civil Diplomado, para acabar com a ambiguidade que a designação de construtor civil comportava relativamente aos In-dustriais de Construção Civil. (…)

Neste sentido, o Ministério da Educação reco-nhece-a nos termos do nº3 alínea a) do artigo 20º do Decreto-Lei nº 248/85, de 15 de Julho (…) Também o Ministério do Trabalho aceita altera-ção da designação profissional com a publicação no Boletim de Trabalho e Emprego nº 21, IIIª Série de 15/11 de 1984 (…) Igualmente o Ministério das Finanças actua no mesmo sentido, por força da Lei nº 39-B/94 que altera o Código em sede de

ATAE - AnteciPAçãodo desemPreGo ou reformA

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ExPOsIÇãO

IRS, com utilização do título de Agente Técnico de Arquitectura e Engenharia.

E ainda e sobretudo o Ministério das Obras Pú-blicas – através da Portaria nº 407/92 -, vem re-conhecer a AATAE como associação de natureza sócio profissional, com carácter representativo e deontológico dos Agentes Técnicos de Arquitec-tura e Engenharia (ATAE).

2 Formação Académica e qualificação profissional

No que respeita à formação académica e qualificação profissional, os ATAE são profissio-nais com formação académica de nível médio, habilitados a estudar, projectar, dirigir e fiscalizar trabalhos de engenharia, arquitectura, constru-ção civil e instalações técnicas de acordo com a legislação vigente.

A competência técnico-profissional do actual ATAE advém-lhe pois dos cursos ministrados e reconhecidos pelas competentes entidades do

Estado e que tiveram a seguinte evolução: Curso de construtores de obras públicas, (…) Curso de mestres-de-obras de construções civis e obras públicas, (…) Curso de mestrança de construtor civil.’

(…)O primeiro dos Despachos Normativos referi-

dos, o nº 142/84, cria o curso técnico profissional, complementado por curso técnico profissional de especialização de construtor civil, com a du-ração de 5 anos (…)

E vem a garantir-se que o curso confere: - Após a conclusão do 4º ano, um diploma de

fim de estudos secundários que permite o aces-so ao ensino superior nos termos aplicáveis aos restantes cursos complementares;

- Após a conclusão do 2º, 4º, 5º, anos um diplo-ma de formação profissional, respectivamente, de auxiliar técnico de construção civil, de técnico de obras e de construtor civil, com a respectiva especialização de sequência.

O conteúdo destes diplomas mereceu depois enquadramento diferente com a publicação da lei de bases do sistema educativo – Lei nº 56/86, de 14 de Outubro – e pela sua regulamenta-ção designadamente através do Decreto-Lei nº 26/89, de 21 de Janeiro, alterado pelo Decreto-Lei nº 70/93, de 10 de Março, criando as escolas pro-fissionais que ministram os cursos profissionais depois complementados com os de especializa-ção tecnológica (…)

3 A intervenção do Ministério da educação(…) Assim, o perfil funcional definido para

os ATAE, e que implica tarefas como:- Estudar, projectar e fiscalizar trabalhos de en-

genharia, arquitectura, construção civil e instala-ções técnicas correntes situadas no nível da sua formação média, em construção civil;

- Efectuar tarefas de carácter técnico, necessá-rias ao estudo e concepção de projectos, tendo em atenção a constituição geológica dos terre-nos e comportamento dos solos;

- Organizar e dirigir, de uma forma autónoma de obras de construção civil;

- Elaborar cadernos de encargos, normas de execução e especificações dos materiais;

- Organizar, programar e dirigir os estaleiros, preparar os elementos de comunicação à obra e as fases do trabalho;

- Aprovisionar e receber, efectuando o controle de qualidade;

- Analisar e avaliar os custos de mão-de-obra e materiais, fazendo o controlo orçamental.

Estamos a falar de tarefas que necessariamente se enquadram no nível 4 de Formação Profissio-

nal – única aliás compatível com as qualificações e funções que os Agentes Técnicos de Arquitec-tura e Engenharia exercem em sede urbanística.

(…)

Mais caricato ainda: O Ministério da Educação reconheceu,

através do Decreto-Lei nº 248/85, de 15 de Julho, que os ATAE detinham habilitação ade-quada para o provimento de carreiras de nível 4, hoje equiparado ao nível de ensino superior médio.

Nos anos oitenta o Ministério da Educação legislou no mesmo sentido, o que levou 70% dos jovens com o 11º e 12º ano completo, a op-tarem por seguir o Curso Técnico Profissional de Edificações e Obras - Especialização, com uma duração de 5 anos. Importa aqui salientar que este curso foi amplamente divulgado pelo Ministério da Educação através do meios de co-municação social como alternativa ao ensino superior.

Não se compreende que seja agora o mesmo Estado, que por falta de uma política de edu-cação de nível superior nos últimos 10 anos, que empurra os ATAE para o desemprego. Téc-nicos com mais de 30 anos de actividade, com uma formação e experiência ímpar no sector da Construção. Este tipo de política o País não precisa.

Por outro lado, também ninguém assume agora a responsabilidade do investimento que os ATAE fizeram para tirar o seu curso de 5 anos. Será que não podemos continuar a confiar no Estado de Direito Democrático?

4 Impacto real da nova legislação na situação

4.1 elaboração de projectoa) A competência anteriormente atri-buída aos ATAE pelo Decreto n.º 73/73 na área de projecto é completamente anula-da (…)b) Até 31 de Outubro de 2014 os ATAE mantêm as competências que lhes era re-conhecida no Decreto n.º 73/73, mas têm de comprovar que nos 5 anos anteriores ao início de vigência da nova legislação subscreveram projectos com aprovação municipal (…)c) Entre 1 de Novembro de 2014 a 31 de Outubro de 2016, o exercício de actividade dos ATAE depende ainda, de um requisito acrescido: matrícula em curso superior. Questão que, desde logo, se coloca: em que área académica? A lei não especifica as valências em causa (…)d) Os ATAE estão inibidos, desde já, de

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ExPOsIÇãO

apresentarem projectos em obras sujeitas a contratação pública de qualquer tipo (…)

4.2 coordenação de projectoa) A Lei não consagra a possibilidade de um ATAE ser coordenador de projecto no período transitório, mesmo em projectos que ele possa subscrever como autor, pelo que se gera a situação “caricata” de, em tais casos, o ATAE projectista ter de contratar um Engenheiro ou Arquitecto só para o efeito dessa coordenação (…)

4.3. direcção de fiscalizaçãoa) O disposto na al d) do número 1 do arti-go 15º da Lei nº 31/2009 envolve erro gros-seiro quando refere ATAE com CAP de nível IV, o que não existe, pois a qualificação ori-ginária dos ATAE, ao contrário do CET (curso de especialização tecnológica) de condutor de obra, precede o sistema de níveis de qualificação da UE .b) (…) Agora, estes profissionais ficam au-tomaticamente excluídos desta actividade, na medida em que as obras em que pode-rão intervir (…) raramente envolvem con-tratação de fiscalização.c) Sucede, ainda, que, a esta limitação em termos de valor da obra, acresce a tipologia de obras em que podem intervir, sendo de salientar, neste âmbito, a competência cir-cunscrita a obras de edifícios e a exclusão expressamente estabelecida na lei quanto a variadas obras (cfr alíneas a) a h) do nú-mero 4 do artigo 8º em conjugação com o número 4 do artigo 15º da Lei nº 31/2009.d) (…) Acresce que muitos Donos de

Obra pública, em particular, as Câmaras Municipais, têm nos seus quadros ATAE precisamente para esta função. A inibição que resulta desta Lei (seja no valor, seja na tipologia de obras) põe em risco o empre-go destes profissionais.

4.4. direcção tÉcnica de obraa) (…) Verifica-se contradição entre o dis-posto nesta Lei e a regulação pré-existente (…) Ora, se um destes profissionais pode in-tegrar o corpo técnico de um Empreiteiro e, dessa forma, validar junto do InCI (organis-mo regulador da actividade de Construção) a competência de uma empresa de cons-trução para construir, não se compreende que não possa exercer a função profissional correspondente. b) Acresce, ainda, que como esta norma está a ser interpretada restritivamente, quer pelas Câmaras Municipais, daqui decorrendo a inviabilização de licenciamento de muitas obras com a invocação de que os ATAE no-meados para a sua direcção técnica não dis-põem de competência para tal função, quer pelo InCI, com o consequente indeferimento de emissão e renovação de alvarás a emprei-teiros por disporem de ATAE no seu quadro técnico. (…)c) Note-se, ainda, que a legislação pré-exis-tente não regulava as qualificações exigíveis neste âmbito (direcção técnica de obra), pelo que os ATAE tinham competência para exer-cer esta função sem qualquer limite, enquan-to agora ficam limitados a obras até ao valor máximo da classe 2.d) Refira-se, ainda, que esta norma, para além

de atingir os ATAE (…), atinge (…) também, os profissionais detentores de curso de espe-cialização tecnológica (aliás, de criação bem recente por iniciativa do Ministério da Edu-cação) especificamente estruturados para a condução de obra. A nova Lei faz, assim, “tá-bua rasa” de outros regimes legais (…).e) É também periclitante (…)a situação que esta norma cria nos ATAE que integram o quadro de Câmaras Municipais e outros Do-nos de Obra pública, quando, afinal, deixam de poder exercer as funções de direcção da larga maioria das obras que integram a inicia-tiva destas entidades (…).

4.5 .outros efeitos colaterais da nova legislação(…) terá um efeito devastador em toda a legisla-

ção especial que vier a ser adoptada para este sec-tor de actividade, pelo que os ATAE, de profissionais que desde o início do século XX se evidenciaram no sector da construção (…) passarão a uma classe ex-tinta. (…) estão a antecipar o desemprego em mas-sa destes profissionais, particularmente daqueles que têm mais de 45 anos de idade (…), em que a adaptação a qualquer outra actividade profissional se torna extremamente problemática

Não se conhece uma situação idêntica em qual-quer outro ramo profissional, em qualquer mo-mento da história das qualificações profissionais no nosso país. (…)

No quadro seguinte apresenta-se um resumo das conclusões do impacto negativo que a nova legis-lação de qualificação dos Técnicos da Construção, tem sobre os ATAE’s:

derrocAdAs e Acidentes em edificiossão dA resPonsAbilidAde de quem?O Decreto - Lei nº 555/99 sofreu nos últimos quatro anos, duas alterações, com o intuito de facilitar a execução de obras de conservação e de alteração no interior dos edifícios. A Associação dos Agentes Técnicos de Arquitectura e Engenharia, concordou com as alterações propostas desde que fossem de-finidas regras claras, sob penas desta simplificação pôr em causa a Segurança dos Edifícios Assim, sempre defendemos que estas obras deveriam ser comunicadas à Câ-mara Municipal através de um requerimento, acompanhado de um termo de responsabilidade assinado por um técnico habilitado para acompanhar a exe-cução das obras, por molde e garantir a segurança das pessoas e bens.A.C

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ExPOsIÇãO

Juntamente com este ofício, seguiram em anexo os Pareceres Jurídicos dos Constituciona-listas Prof. Dr. Gomes Canotilho (já mencionado aqui neste Boletim) e do Prof. Dr. João Caupers,

da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

Assim, em conclusão, a AATAE aguardava a concretização de uma iniciativa legistativa que

introduzi-se as necessárias rectificações no regi-me transitório da Lei nº 31/2009 de ‘forma a salva-guardar as competências detidas’ pelos ATAE’s ao abrigo do Decreto nº 73/73.

ELAbORAçãO DE PROJECTO

DIRECçãOTéCNICA DE ObRA

FIsCALIzAçãO DE ObRA PARTICuLAR

/PúbLICAs

ÁREA DE INTERvENçãO

COMPETÊNCIAs DOs ATAEDECRETO N.º 73/73

COMPETÊNCIAs DOs ATAELEI N.º 31/2009

Elaboração de projectos de edificios correntes que não excedam quatro pisos acima do nivel da cota da soleira e cuja área total de pavimen-tos não utrapasse os 800 m2.Elaborar projectos de especialidade de edificios de execução corrente, decorrendo da aplicação directa dos regulamentos ou disposições técni-cas oficiais e dispense outra justificação.

A Nova Lei retira totalmente a competência dos ATAE na área de projecto.

A intervenção permitida é residual e nem sequer carece de qualificação profissional na área.

(Perda das competências dos ATAE 100%)

A intervenção dos ATAE na Direcção Téc-nica de Obras é permitida atendendo à natureza da Obra em causa e por referên-cia ao valor das classes de habilitação do alvará até à classe IV.

Nova Lei restringe competência a obras de i) de edifícios e ii) até ao valor máximo da classe 2 do alvará dos empreiteiros. (Perda das Competências dos ATAE 70%)

A intervenção dos ATAE na Direcção de Fis-calização de Obras é permitida atendendo à natureza da Obra em causa e por referência ao valor das classes de habilitação do alvará até à classe IV.

Nova Lei restringe competência a obras de i) de edifícios e ii) até ao valor máximo da classe 2. do alvará dos empreiteiros.(Perda das competências 70%)

QuADRO TéCNICO DAs EMPREsAs

A Direcção Técnica da empresa pode ser exer-cida por um ATAE, até à classe IV do alvará de empreiteiro, em substituição ao Eng.º Técnico. Portaria n.º 16/2004)

As restrições da nova Lei a obras de edifícios e até ao valor máximo da classe 2 do alvará dos empreiteiros (Perda das competências 70 %)

IMPACTO NEGATIvO DA LEI Nº 31/2009

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BREvEs/NOTÍCIAs

seGuro obriGAtÓrio

De acordo com o que está instituído, o seguro de responsabi-lidade civil profissional celebrado pela asso-ciação, não abrange os ATAE com as quo-tas em atraso.Assim, pede-se aos colegas com as quo-tas em atraso, que regularizem a sua si-tuação, sob pena não poderem usufruir do seguro obrigatório para o exercício da actividade.

Num mundo empresarial cada vez mais competitivo e global, a valorização profis-sional dos recursos humanos assume uma importância sem precedentes.

As empresas investem cada

vez mais na formação dos seus colaboradores, estando ainda aquém do necessário. Assim, cabe também às as-sociações profissionais pro-mover a formação dos seus associados, uma vez que o

mercado é cada vez mais concorrencial, onde as tecno-logias, a inovação, a qualidade do produto ou dos serviços prestados marcam a diferença no sucesso alcançado.

A aposta na aprendizagem

ao longo da vida com conse-quente valorização profissional do capital humano, traduz-se numa maior eficiência laboral, melhoria das condições de tra-balho e da própria qualidade de vida dos trabalhadores.

Formação Contínua

portaria nº 69/2011Simplifica o Regime de acesso e exercício das actividades da Construção e Mediação Imobiliária.

portaria nº 57/2011Actualiza o valor das classes dos Alvarás e o valor das empreitadas

decreto lei nº 26/2010Altera o Decreto – Lei nº 555/99 (Regime Jurídico da Urbanização e Edificação)

lei nº 31/2009Aprova o Regime Jurídico que estabelece a qualificação profissional exigível aos técnicos responsáveis pela elaboração e subscrição de projectos fiscalização de Obra e direcção de Obra.

decreto lei nº 228/2009Aprova o Regime Jurídico da Instalação, exploração e funcionamento dos Empreendimentos Turísticos.

decreto lei nº 220/2008 Aprova o regulamento de Segurança Contra Incêndios aplicáveis a todos os edifícios e recintos, distribuídos por 12 Utilizações tipo (UT)

portaria nº 1532/2008Aprova o regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios e recintos de acordo com a res-pectiva utilização tipo (UT)

decreto regulamentar nª 20/2008Estabelece o Regime Jurídico para a instalação e a modificação de Estabelecimentos de Restauração ou de bebidas.

portaria n.º 232/2008Determina quais os elementos que devem instruir os pedidos de informação prévia, de licenciamento e de autorização referentes a todos os tipos de operações urbanísticas, e revoga a Portaria n.º 1110/2001, de 19 de Setembro.

decreto lei n-.º 273/2003Procede à revisão da regulamentação das condições de segurança e de saúde no trabalho em estaleiros tem-porários ou móveis, constante do Decreto-Lei n.º 155/95, de 1 de Julho, mantendo as prescrições mínimas de segurança e saúde no trabalho estabelecidas pela Directiva n.º 92/57/CEE, do Conselho, de 24 de Junho

legislação

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AssEmBLEIA GERAL

AssEMbLEIA GERAL ORDINÁRIAsÁbADO, 28 DE AbRIL DE 2012

CONvOCATÓRIA

nos termos do número dois do artigo 32º e para efeitos do disposto nas alíneas c) e d) do artigo 29º dos Estatutos, convoco a assembleia-Geral da associação dos agentes Técnicos de arquitectura e Engenharia a reunir no dia 28 de Abril de 2012 no HOTEL ALTIs PARK – Olaias – Lisboa, pelas 14h30, com a seguinte ordem de Trabalhos:

1. discussão e votação do relatório de contas do exercício de 2011, tendo em conta o parecer do Conselho jurisdicional e fiscalizador nacional;

2. apreciar e deliberar sobre o Plano de actividades e orçamento para 2012, propostos pelo Conselho directivo nacional;

3. Ponto da situação sobre o processo de revisão da Lei nº 31/2009;

4. apresentação do plano estratégico da aaTaE para os próximos 3 anos;

5. diversos.

Se aquela hora não se encontrar presente o número de sócios, de acordo com o n.º 1 do art. 31º, para que a assembleia-Geral possa funcionar, em primeira convocação, convoco, desde já, a mesma assembleia-Geral para reunir, no mesmo dia, com a mesma ordem Trabalhos para as 15H00, deliberando então com qualquer número de associados presentes.

Lisboa, 21 de março de 2012

o Presidente da mesa da assembleia Geral

josé antónio do vale Paulos

Se as Assembleias-Gerais, por um lado são convoca-das para dar cumprimento ao que está instituído es-tatutariamente, por outro

devem também ser uma oportunidade para debater ideias e encontrar soluções para enfrentar os desafios de uma sociedade cada vez

mais competitiva e desuma-nizada.Não podemos continuar de braços caídos à espera que apenas alguns continuem a

fazer aquilo que é uma res-ponsabilidade de todos.

o Presidentedo Cdn

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Altis PArk hotelAv. eng. Arantes e oliveira, 91900-221 lisboaGPs: lat. 38º 41’ 30.86’ n 9º 07’ 36.76’ W

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