resumos 6simpan 1evinci 2013 - embrapa · fernando a. fernandes - embrapa pantanal fernando r....

230
6º Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal 2013 Resumos 26 a 29 de novembro de 2013 Corumbá, MS

Upload: others

Post on 30-Jan-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

6º Simp ósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal

20

13

Resumos

26 a 29 de novembro de 2013 Corumbá, MS

Page 2: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Pantanal

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

6º Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômic os do Pantanal e 1º Evento de Iniciação Científica do Pantanal

Desafios e Soluções para o Pantanal

De 26 a 29 de novembro de 2013

Corumbá, MS

Resumos

2ª edição

Suzana Maria Salis Ana Helena B. Marozzi Fernandes

Balbina Maria Araújo Soriano Evaldo Luis Cardoso

Editores Técnicos

Embrapa Brasília, DF

2013

Page 3: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

Embrapa Pantanal Rua 21 de Setembro, 1880 CEP 79320-900 Corumbá, MS Caixa Postal 109 Fone: (67) 3234-5800 Fax: (67) 3234-5815 Home page: www.cpap.embrapa.br E-mail: [email protected] Unidade responsável pela edição Embrapa Pantanal Comitê Local de Publicações da Embrapa Pantanal Presidente: Suzana Maria de Salis Membros: Ana Helena B. M. Fernandes

Dayanna Schiavi N. Batista Sandra Mara Araújo Crispim Vanderlei Doniseti Acassio dos Reis

Secretária: Eliane Mary P. de Arruda Supervisora editorial: Suzana Maria de Salis Normalização bibliográfica: Maria de Fátima da Cunha Tratamento de ilustrações: Eliane Mary P. de Arruda Capa: Maximiliano Gomes de Lima Editoração eletrônica: Eliane Mary P. de Arruda Disponibilização na página: Marilisi Jorge Cunha 1ª edição CD_ROM (2013): 300 exemplares 2ª edição On-line (2013)

Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (C IP) Embrapa Informação Tecnológica

© Embrapa 2013

Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal (6. :2013: Corumbá, MS).

6º Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal e Desafios e 1º Evento de Iniciação Científica do Pantanal : desafios e soluções para o Pantanal : de 26 a 29 de novembro de 2013, Corumbá, MS ; resumos [recurso eletrônico] / Suzana Maria Salis, Ana Helena B. Marozzi Fernandes, Balbina Maria Araújo Soriano, Evaldo Luis Cardoso, editores técnicos. – Dados eletrônicos. - Brasília, DF : Embrapa, 2013. 228 p. : il. Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader Disponível em: <http://www.cpap.embrapa.br/agencia/simpan6/Resumos_6Simpan_1Evinci_2013.pdf>. Título da página web (31 dez. 2013) Disponível também em: CD-ROM Desafios e soluções para o Pantanal: resumos. ISBN 978-85-7035-323-8

1. Ecossistema. 2. Pantanal. 3. Recurso natural. 4. Recurso socioeconômico. I. Salis, Suzana Maria. II. Fernandes, Ana Helena B. Marozzi. III. Soriano, Balbina Maria Araújo. IV. Cardoso, Evaldo Luís. V. Título. VI. Embrapa Pantanal.

CDD 333.7 (23. ed.)

Page 4: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

Comitê realizador do

6º Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal - 6º SIMPAN

Desafios e Soluções para o Pantanal

Comissão organizadora Presidente: Guilherme Miranda Mourão - Embrapa Pantanal

Coordenadora geral: Sandra Mara Araújo Crispim - Embrapa Pantanal

Coordenador financeiro: Thiago Nery da Cunha Coppola - Embrapa Pantanal

Parceiros organizadores do 6º SIMPAN

Edgar Aparecido da Costa - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, Campus Pantanal

Marivaine da Silva Brasil - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, Campus Pantanal

Maximiliano Gomes de Lima - Instituto de Comunicação Social do Brasil

Parceiros organizadores do 1º Evento de Iniciação Científica do Pantanal -1º EVINCI

Rafael Mendonça dos Santos - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS, Campus

Corumbá

Claudia Santos Fernandes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS, Campus

Corumbá

Comissão Científica

Suzana Maria Salis - Embrapa Pantanal

Ana Helena B. Marozzi Fernandes - Embrapa Pantanal

Balbina Maria Araújo Soriano - Embrapa Pantanal

Evaldo Luis Cardoso - Embrapa Pantanal

Eliane Mary P. Arruda - Embrapa Pantanal

Comissão de Apoio e Logística

Dayanna S. do Nascimento Batista - Embrapa Pantanal

Cecília Torrico Vargas - Embrapa Pantanal

Marcelo Xavier da Silva - Embrapa Pantanal

Reynaldo Sidney Brandão Pereira - Embrapa Pantanal

Wilson dos Santos Batista - Embrapa Pantanal

Comissão Cultural

Ubiratan Piovezan - Embrapa Pantanal

Guilherme F. dos Santos Caetano - Embrapa Pantanal

Raquel Soares Juliano - Embrapa Pantanal

Revisores dos resumos

Adriana Takahasi - UFMS

Agostinho Carlos Catella - Embrapa Pantanal

Antonio Thadeu M. Barros - Embrapa Gado de Corte

Aurélio Vinicius Borsato - Embrapa Pantanal

Catia Urbanetz - Embrapa Pantanal

Cláudia Santos Fernandes - IFMS

Débora Karla S. Marques - Embrapa Pantanal

Fábio Galvani - Embrapa Pantanal

Fabricia Ferreira de Souza - IFMS

Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal

Fernando R. Teixeira Dias - Embrapa Pantanal

Ivan Bergier - Embrapa Pantanal

Jeruza dos Santos Santiago - IFMS

José Anibal Comastri Filho - Embrapa Pantanal

Luci Helena Zanata - UFMS

Luiz Orcírio F. de Oliveira - Embrapa Pantanal

Marcia Divina de Oliveira - Embrapa Pantanal

Marcia Furlan N. T.de Lima - Embrapa Pantanal

Marçal H. Amici Jorge - Embrapa Hortaliças

Marivaine da Silva Brasil - UFMS

Michele Soares de Lima - IFMS

Nelson Rufino de Albuquerque - UFMS

Rafael Françozo - IFMS

Raquel Soares Juliano - Embrapa Pantanal

Ricardo Borghesi - Embrapa Pantanal

Sandra Aparecida Santos - Embrapa Pantanal

Sandra Mara A. Crispim - Embrapa Pantanal

Ubiratan Piovezan - Embrapa Pantanal

Vanderlei D. A. dos Reis - Embrapa Pantanal

Zilca M. da Silva Campos - Embrapa Pantanal

Page 5: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

Apresentação

A Embrapa Pantanal e seus parceiros têm a satisfação de disponibilizar para a comunidade científica, produtores e sociedade em geral esta publicação com os 96 resumos que foram apresentados no 6º Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal - 6º SIMPAN e no 1° Evento de Iniciação Científi ca do Pantanal - 1º EVINCI para divulgação dos resultados das pesquisas mais recentes realizadas no Pantanal.

O 6º SIMPAN abordou como tema principal “Desafios e Soluções Sustentáveis para o Pantanal” com a

apresentação de cinco mesas-redondas com 19 palestrantes, visando harmonizar o desenvolvimento com a conservação da planície pantaneira. Trata-se de tema instigante, na medida em que a conservação da região dependerá de conhecimentos técnico-científicos que embasem as decisões de uso dessa região ímpar no mundo. Aproveitamos a oportunidade para agradecer o empenho de todos que contribuíram para a realização desse evento e, especialmente aos parceiros, professores, pesquisadores e aos funcionários da Embrapa Pantanal que auxiliaram para a concretização da publicação dos Anais do 6º SIMPAN.

Dra. Emiko Kawakami de Resende Chefe-Geral da Embrapa Pantanal

Page 6: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

Sumário

Resumos apresentados no 6º SIMPAN

A influência da massa e sexo de indivíduos de Cerdocyon thous sobre o tamanho da área de vida................... .............10

Laísa Carvalho Campanha, Guilherme de Miranda Mourão

A limpeza do município de Aquidauana na visão dos g aris ............................................... ....................................................11

Fabiula Aletéia de Souza, Thaiany Alonso Rodrigues, Suelen Martins Gonçalves, Diego Fialho da Silva

Abundância e diversidade de machos de abelhas Euglos sina (Hymenoptera: Apidae) em quatro pontos na regi ão de Corumbá-MS ......................................... ......................................................................................................................................12

Priscila Vicente de Moraes, Edivan dos Santos Mendes, Bruna da Costa Pereira, Aline Mackert

Amplificação heteróloga de loci de microssatélites em bromélias nativas do Mato Gr osso do Sul ..................................13

Gilaine Moreira de Miranda, Brenda Baía Brandão, Renata de Barros Ruas, Gecele Matos Paggi

Análise da fertilidade, fenologia e biologia reprod utiva de espécies do gênero Dyckia , Corumbá-MS .............................14

Diego Finati-Alves, Brenda Baía Brandão, Flórence Cristina dos Santos Ignácio, Gilaine Moreira de Miranda, Gecele Matos Paggi

Análise econômica da produção ornamental do camarão -do-pantanal Macrobrachium pantanalense (Dos Santos, Hayd e Anger, 2013) ..................................... ........................................................................................................................................15

Hanner Mahmud Karim, José Eduardo Costa de Freitas, Thalles Policarpo de Carvalho Lima, Marcelo dos Santos Nascimento, Liliam de Arruda Hayd

Aplicação do índice biológico BMWP para avaliação pr eliminar da qualidade da água de uma microbacia hid rográfica, município de Dois Irmãos do Buriti, MS ............. ......................................................................................................................20

Kim Filipe Duarte Moreira, Fernanda Pimentel, Maria Helena da Silva Andrade, Paola Zamin Cembranel, Maike Ledesma

Aplicação do princípio da proporcionalidade na reso lução de conflitos socioambientais no Parque de Pira putangas..21

Marina Kleinsorge Daibert, Ricelly Aline Camargo de Souza, Daniela Lopo

Aplicação MEV Ambiental no estudo de afinidade/repelê ncia à água na superfície de Salvinia auriculata ......................26

Ana Paula Souza Silva, Ivan Bergier

Área desmatada no município de Miranda, MS no períod o de 1994 a 2007 ................................... .......................................30

Sandra Mara Araújo Crispim, Urbano Gomes Pinto de Abreu, Luiz Alberto Pellegrin

Aspectos socioeconômicos do município pantaneiro de Porto Murtinho/MS, na fronteira Brasil-Paraguai: sub sídios para o planejamento e gestão territorial........... ........................................................................................................................33

Roberto Ortiz Paixão, Tito Carlos Machado de Oliveira, Maria Helena da Silva Andrade

Assembleias de macrófitas aquáticas em diferentes á reas no rio Paraguai................................ .........................................37

Camila Silveira de Souza, Muryel Furtado de Barros, Tiago Green de Freitas, Vali Joana Pott, Arnildo Pott, Geraldo Alves Damasceno-Junior, Edna Scremin-Dias

Associação de estilosantes Cv. Campo Grande em past agem de braquiárias, Pantanal da Nhecolândia, Corumb á, MS42

Sandra Mara Araújo Crispim, Sandra Aparecida Santos, José Anibal Comastri Filho, Oslain Domingos Branco

Avaliação da exatidão de mapa de vegetação utilizan do o índice Kappa .................................. ...........................................43

Balbina Maria Araujo Soriano, Omar Daniel, Éder Comunello, Sandra Aparecida Santos, Geula Graciela Gomes Gonçalves

Avaliação de ganho de peso e peso a desmama em beze rros pantaneiros e pantaneiro X nelore, criados a pa sto ........44

Thomas Malby Horton, Heitor Romero Marques Júnior, Monise Cedran, Raquel Soares Juliano, Sandra Aparecida Santos, Eriklis Nogueira

Avaliação de teste alternativo para determinar a vi abilidade de sementes de adubos verdes e milho ..... ........................48

Edmar Sebastião de Arruda, Willian Pereira de Oliveira, Cristiano Almeida da Conceição, Mayara Santana Zanella, Tayrine Pinho de Lima Fonseca, Rosaina Cuiabano Reis,

Aurélio Vinicius Borsato,

Alberto Feiden

Avaliação sensorial de pescado empanado produzido c om carne mecanicamente separada de pacu cultivados em tanques-rede ....................................... ........................................................................................................................................51

Jovana Silva Garbelini Zuanazzi, Ádina Cléia Botazzo Delbem, Nilton Garcia Marengoni, Jorge Antonio Ferreira de Lara

Besouros rola-bosta (Coleoptera: Scarabaeinae) do Pan tanal: lista e chave de gêneros .................................................55

Marcelo Bruno Pessôa, Fernando Zagury Vaz de Mello

Biologia reprodutiva do jacaré-paguá, Paleosuchus palpebrosus , e as ameaças nos seus ambientes do Maciço do Urucum, Pantanal Sul................................ .................................................................................................................................56

Zilca Campos

Page 7: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

Capim-piatã adubados com fontes de fósforo de difer entes solubilidades em água: parte aérea e raiz .... .......................57

Thiago Trento Biserra, Luísa Melville Paiva, Henrique Jorge Fernandes, Camila Fernandes D. Duarte, Diego Lopes Prochera, Kassyo Roberto Sanches Falcão, Rosiane Lima Fernandes, Lidiane da Silva Flores

Capim-piatã em pastos adubados com fontes de fósfor o de diferentes solubilidades, na transição Cerrado -Pantanal .61

Camila Fernandes Domingues Duarte, Luísa Melville Paiva, Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas, Elen Regina Cáceres de Souza, Danielly Xenxen Ferreira, Thiago Trento Biserra

Características da pesca de iscas vivas na bacia do Alto Paraguai em Mato Grosso do Sul ................. ............................65

Agostinho Carlos Catella, Vanessa Spacki, Bibiana Sagrillo Gindri, Berinaldo Bueno, Carlos André Zucco

Características físicas da carne de queixada (Tayas su pecari Link, 1795) .............................. .............................................66

Ubiratan Piovezan, Jovana G. Zuanazzi, Gisele A. Felix, Jorge A. F de Lara

Caracterização biométrica de frutos de sucupira bra nca e baru ......................................... ..................................................70

Daiane Oliveira da Silva, Sebastião Ferreira de Lima, Ana Paula Leite de Lima, Arthur Ribeiro Ximenes, Yasser Alabi Oiole

Caracterização biométrica de frutos e sementes de b arbatimão .......................................... .................................................73

Arlindo Ananias Pereira da Silva, Ana Paula Leite de Lima, Sebastião Ferreira de Lim, Arthur Ribeiro Ximenes, Igor Erickson Tosta Maia

Caracterização morfológica de exemplares de equinos da raça quarto de milha utilizadas no laço comprid o................77

Marcos Paulo Gonçalves de Rezende, Urbano Gomes Pinto Abreu, Geovane Gonçalves Ramires

Carbono orgânico total em Latossolo Vermelho distrof érrico sob sistemas de manejo em Dourados, MS...... ................81

Ricelly Aline Camargo de Sousa, Daniela Lopo, Marina Kleinsorge Daibert

Composição química de forrageiras no Pantanal....... .............................................................................................................85

Luiz Orcirio Fialho de Oliveira, Ériklis Nogueira, Urbano Gomes Pinto Abreu, Antonio Arantes Bueno Sobrinho, Oslain Domingos Branco, Caroline Bertholini Ribeiro, Dayana Schiavi Nascimento Batista

Composição zooplanctônica (Copepoda/Cladocera) em d ois períodos distintos de uma lagoa no município de Aquidauana, MS..................................... .....................................................................................................................................86

Dhébora Albuquerque, Bruno Paiva Faustino, Ricardo Henrique Gentil Pereira, Adriana de Barros

Construção de aprisco com materiais alternativos no Mato Grosso....................................... ..............................................90

Antonio Rodrigues da Silva, Fernanda de Cassia Fabricio Carretoni, Fernanda Vieira Gomes, Sandie Souza

Consumo e produção de farinha de bocaiuva em Corumb á ..................................................................................................91

Fernando Rodrigues Teixeira Dias, Alberto Feiden, Aurélio Vinicius Borsato, Catia Urbanetz, Fábio Galvani, Suzana Maria Salis, Fernando Fleury Curado, Marçal Henrique Amici Jorge, Gilberto Chena Rolon

Contexto sociocultural e ambiental da pesca artesan al de tuviras (Gymnotiformes) no Pantanal........... ..........................92

Débora Karla Silvestre Marques, Fernando Fleury Curado, Rodrigo da Silva Lima

Controle automático da umidade do solo com energia solar para pequenos produtores..................... ..............................93

Danielle Silva, Gabriel Oliveira, Roosevelt Silva, Claúdia Fernandes, Leandro de Jesus, Ivan Bergier

Desempenho de bezerros submetidos à desmama precoce no Pantanal....................................... ......................................98

Luiz Orcirio Fialho de Oliveira, Urbano Gomes Pinto de Abreu, Ériklis Nogueira, Antonio Arantes Bueno Sobrinho, Dayanna Schiavi Nascimento Batista, Egleu Diomedes Marinho Mendes

Desenvolvimento de um sistema de monitoramento remo to de umidade do solo .............................. ..............................102

Gabriel Oliveira, Danielle Silva, Claúdia Fernandes, Roosevelt Silva, Leandro de Jesus , Ivan Bergier

Determinação da composição centesimal de pacu ( Piaractus Mesopotamicus ) cultivados em tanques-rede no Pantanal....................................................................................................................................................................................................105

Jovana Silva Garbelini Zuanazzi, Ádina Cléia Botazzo Delbem, Nilton Garcia Marengoni, Flávio Lima Nascimento, Jorge Antonio Ferreira de Lara

Diagnóstico de gestação de fêmeas nelore de diferen tes categorias criadas extensivamente no ecótono Cerrado/Pantanal, Aquidauana/MS ..................... ....................................................................................................................108

Nicacia Monteiro de Oliveira, Urbano Gomes Pinto Abreu, Antonio do Nascimento Rosa, Marcos Paulo Gonçalves de Rezende

Disponibilização de mapas de precipitação da bacia do Alto do Paraguai-Pantanal na rede social Facebook . .............112

Carlos Roberto Padovani, Viviana Teixeira da Costa Gonçalves

Distribuição e conservação de aves limícolas migrat órias no Pantanal ................................... ..........................................113

Alessandro Pacheco Nunes, Gislaine Disconzi, Rudi Ricardo Laps, Walfrido Moraes Tomas

Distribuição espacial e temporal dos focos de calor de 1999 a 2012 ..................................................................................117

Balbina Maria Araujo Soriano, Luis Alberto Pellegrin, Fábio Santos Coelho Catarineli, Alexandre de Matos Martins Pereira

Page 8: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

Diversidade funcional de besouros rola-bosta (Coleo ptera: Scarabaeinae) em um gradiente de paratudo ( Tabebuia aurea ) no Pantanal Sul .............................................................................................................................................................118

Marcelo Bruno Pessôa, Tatiana Souza do Amaral, Fernando Zagury Vaz de Mello

Efeito da suplementação em “creep-feeding” sobre o d esempenho de bezerros em pastagens nativas no Pantan al ..122

Ériklis Nogueira, Luiz Orcirio Fialho de Oliveira, Urbano Gomes Pinto de Abreu, Hildeberto Petzold, Dayanna Schiavi Nascimento Batista, Egleu Diomedes Marinho Mendes

Efeito das condições climáticas na viabilidade de em briões produzidos in vivo na raça Girolando na regi ão do alto Pantanal ............................................................................................................................................................................123

André Luiz Leão Fialho, Mirela Brochado de Souza, Jair Sábio de Oliveira Junior, Fabiana de Andrade Melo Sterza, Christopher Junior Tavares Cardoso, Jonathan Vinícius dos Santos

Efeito de área e densidade de árvores sobre a probab ilidade de ocupação de manchas florestais no Pantana l por corujas pretas ( Strix huhula ) ...................................................................................................................................................124

Walfrido Moraes Tomas, Gabriel Oliveira de Freitas, Guellity Marcel Fonseca Pereira

Efeito do mês do parto na taxa de prenhez e no peso ao desmame de bovinos de corte criados extensivamen te na sub – região de Aquidauana ............................. ..............................................................................................................................130

Marcos Mitsuo Sonohata, Daniele Portela de Oliveira, Urbano Gomes Pinto de Abreu, Francielen Maria Santi............................

Espécies de abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apidae, Meliponina) de ocorrência na região de Corumbá-MS...........134

Monique Eriane Cavalcanti Campos, Edgar Aparecido Costa, Aline Mackert ..................................................................................

Espécies de ninfas de cigarrinhas (Homoptera: Cercop idae) em pastagens de braquiária em Rondonópolis, M T........135

Elizete Cavalcante de Souza Vieira, Dannyara Rodrigues Neves, Éder Rodrigues Batista, Marizete Cavalcante De S. Vieira, Mauro Osvaldo Medeiros .................................................................................................................................................................

Estado de controle do mexilhão dourado ( Limnoperna fortunei ) no Brasil: opções para controle e lacunas de conhecimento ..........................................................................................................................................................................136

Márcia Divina de Oliveira, Renata Claudi, Tom Presct, Domingos Sávio Barbosa, Monica Campos

Estrutura de tamanho e reprodução de Iguana iguana no Pantanal Norte .................................. .......................................137

Zilca Campos, Arnaud Desbiez

Evolução demográfica do cavalo Pantaneiro nos municíp ios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul............. ...............138

Sandra Aparecida Santos, Concepta McManus, Flávia de Paula, José Aníbal Comastri Filho, Samuel Paiva, Raquel Soares Juliano, Manoel Cristino de Arruda Marques

Fenologia de Stryphnodendron adstringens e Machaerium acutifolium em área de cerrado antropizado no município de Chapadão do Sul, MS ................................. ..............................................................................................................................142

Igor Erickson Tosta Maia, Ana Paula Leite de Lima, Sebastião Ferreira de Lima, Arlindo Ananias Pereira da Silva, Ana Paula Mezoni

Fitossociologia de um cerrado no Pantanal da Nhecolâ ndia, Corumbá, MS .................................. ....................................143

Suzana Maria Salis, Carlos Rodrigo Lehn, Sandra Mara Araújo Crispim, Iria Hiromi Ishii

Florística de ilhas de solo em bancadas lateríticas no Parque Municipal Piraputangas, Corumbá, MS ...... ....................144

Nataly Maria de Souza, Thomáz Guerreiro Botelho, Marcus Vinícius Santiago Urquiza, Camila Bárbara Danny Silva André, Andressa da Cunha Trindade, Iria Hiromi Ishii, Adriana Takahasi

Flutuação da disponibilidade de biomassa de herbáce as de pastagem nativa, em uma área de campo limpo, Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS ........................ ........................................................................................................................145

Sandra Mara Araújo Crispim, Sandra Aparecida Santos, Oslain Domingos Branco

Frequência de fitoplanctôn de uma lagoa localizada na zona rural de Aquidauana MS..................... ...............................146

Marivania Silva Santos das Chagas, Dhébora Albuquerque Dias, Ricardo Henrique Gentil Pereira

Granulometria e conteúdos de carbono e nitrogênio d o solo sob diferentes fitofisionomias da fazenda Nh umirim, Pantanal Sul-Mato-Grossense .......................... .......................................................................................................................147

Ana H B Marozzi Fernandes, Evaldo Luis Cardoso, Fernando Antonio Fernandes

Grau de invasão de canjiqueira ( Byrsonima cydoniifolia ) nas áreas de pastagens nativas do Pantanal ........ ................148

Cleomar Berselli, Sandra Aparecida Santos, José Antônio Maior Bono, Raquel Soares Juliano, Leize Tatiane da Silva

Identificação preliminar de grupos funcionais em pa stagens nativas no Pantanal ......................... ..................................149

Sandra Aparecida Santos, Arnildo Pott, José F. M. Valls, Sandra Mara A. Crispim, Cleomar Berselli, João Batista Garcia

Incêndios florestais na Terra Indígena Kadiwéu entr e os anos de 2010 e 2012 ........................... ......................................154

Alexandre de Matos Martins Pereira, Márcio Ferreira Yule

Page 9: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

Índice de adequação do requerimento de água para bo vinos em fazendas do Pantanal ...................... ............................155

Sandra Aparecida Santos, Luiz Orcirio Fialho de Oliveira, Marcos Tadeu B. D. Araújo, Márcia Divina de Oliveira, Marcia Toffani S. Soares

Influência da umidade da polpa na composição centes imal de tortas de macaúba .......................... ................................156

Fábio Galvani, Grazielly Munhões Sorrilha, Simone Palma Favaro

Influência das condições climáticas sobre a viabili dade oocitária de fêmeas Girolando e Pantaneira ..... ......................157

André Luiz Leão Fialho, Mirela Brochado de Souza, Wilian Aparecido Leite da Silva, Fabiana de Andrade Melo Sterza, Ériklis Nogueira, Henrique Kischel

Localização e distribuição espacial da pecuária org ânica e biodinâmica no Pantanal da Nhecolândia, MS.. .................158

Thais Gisele Torres Catalani, Cristiano Garcia Rodrigues, Ricardo Marques da Silva, Ana Paula Correia de Araújo, Icléia Albuquerque de Vargas

Medidas angulares de equinos da raça quarto de milh a utilizados em provas de laço comprido............ ........................159

Geovane Gonçalves Ramires, Marcos Paulo Gonçalves de Rezende, Urbano Gomes Pinto Abreu, Nicacia Monteiro de Oliveira

Monitoramento da verminose no Núcleo de Conservação de ovino Pantaneiro da Embrapa Pantanal............. ..............164

Cleomar Berselli, Suellen de Rezende Cardoso, Paulo Henrique Braz, Sandra Aparecida Santos, Alda Izabel de Souza, Raquel Soares Juliano

O uso e ocupação do solo no assentamento Santa Améli a, Dois Irmãs do Buriti – MS ....................... .............................167

Maricelma Calças, Maria Helena da Silva Andrade, Paola Zamin Cembranel

Padrões fenotípicos e índices de conformação de muar es (Equus Asinus ) criados no Pantanal do MS........................1 68

Marcos Paulo Gonçalves de Rezende, Geovane Gonçalves Ramires, Júlio Cesar de Souza

Percepção do trabalhador rural e do pecuarista em re lação à anemia infecciosa equina................... ..............................173

Dayanna Schiavi do N. Batista, Sandra Mara Araújo Crispim, Hildeberto Valle Petzold, Márcia Furlan Nogueira T. de Lima

Percepção dos fronteiriços em relação à arborização urbana das cidades de Corumbá e Puerto Quijarro..... ...............174

Daniela Lopo, Marina Kleinsorge Daibert, Ricelly Aline Camargo de Souza

Percepções de consumidores sobre carne bovina com i ndicação geográfica de raças locais brasileiras, Ca mpo Grande-MS ................................................................................................................................................................................179

André Steffens Moraes, Fabiana Villa Alves, Raquel Soares Juliano, Maria Clorinda Soares Fioravanti, Joyce Caroline dos Santos Lopes, Guilherme Pasculli Barcellos, Yasmin Abdo

Permacultura em criação de galinha caipira no Mato G rosso.............................................. ................................................184

Antonio Rodrigues da Silva, Regiani Chagas Lopes Meira, Gustavo Severino Camilo, Tatiane Nascimento Silva, Sandie Souza

Relação entre a profundidade e as formas de vida de macrófitas em diferentes ambientes do rio Paraguai . ................185

Damião T. de Azevedo, Danielle B. Borges, Jacqueline A. Rotta, Alexandre Ferraro, Suzana N. Moreira, Edna Scremin-Dias

Relato da ocorrência de Moluscos Bivalves Invasores da espécie Corbicula fluminea (Müller, 1774) em uma Lagoa de Meandro Abandonado no Município de Aquidauana/MS. ... ..................................................................................................186

Eron Marques Barbosa, Ricardo Henrique Gentil Pereira

Rendimento do óleo essencial de Melissa officinalis L. em diferentes tempos de extração............... ..............................187

Mayara Santana Zanella, Alexandre do Amaral, Edmar Sebastião de Arruda, Rosaina Cuiabano Reis, Tayrine Pinho de Lima Fonseca, Aurélio Vinicius Borsato

Saturação por alumínio e sua variabilidade espacial em uma “cordiilheira” no Pantanal Norte Mato-Grosse nse .........191

Jackline Arantes Faria, Raimisson de Oliveira Dias, Dione Castro, Luciano Marques Godoy, Léo Adriano Chig, Eduardo Guimarães Couto

Sugestão dos fronteiriços em relação às espécies par a arborização urbana de Corumbá e Puerto Quijarro .. ..............197

Daniela Lopo, Marina Kleinsorge Daibert, Ricelly Aline Camargo de Souza

Tamanho insular e diversidade em ilhas de solo nas bancadas lateríticas de Corumbá, MS................ ...........................196

Adriana Takahasi

Uso da técnica de ARDRA para agrupamento de Azospirillum isolados de pastagens do Pantanal .................. .............200

Thianny Fernanda C. Viana, Marivaine da Silva Brasil, Mayara Silva Torres de Souza, Carla Braga Leite, Gecele Matos Paggi

Utilização de pote plástico cônico na formação de m udas de Handroanthus heptaphyllus (piúva) ................................201

Catia Urbanetz, Marçal Amici Jorge, Ernande Ravaglia, Jose Manoel Marconcini

Page 10: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

Variabilidade espacial da capacidade de troca catiôn ica total em uma “cordilheira” no Pantanal Norte Mat o-Grossense....................................................................................................................................................................................................202

Raimisson de Oliveira Dias, Dione Castro, Jackline Arantes Faria, Merita Albertini Chagas, Luciano Marques Godoy, Léo Adriano Chig, Eduardo Guimarães Couto

Variabilidade espacial da saturação por bases em uma “cordilheira” no Pantanal Norte Mato-Grossense..... ...............206

Dione Castro, Raimisson de Oliveira Dias, Jackline Arantes Faria, Léo Adriano Chig, Eduardo Guimarães Couto

Variação anual do peso vivo e condição corporal de v acas de cria no Pantanal Sul-Mato-Grossense: vacas p aridas e solteiras.......................................... ...........................................................................................................................................210

Marcos Mitsuo Sonohata, Daniele Portela de Oliveira, Urbano Gomes Pinto de Abreu, Luisa Melville Paiva, Francielen Maria Santi

Variação da concentração de carbono orgânico total n a bacia do rio Cuiabá, MT .......................... ..................................215

Débora F. Calheiros, Eliana F. G. C. Dores, Peter Zeilhofer, Alício A. Pinto, Márcio de Jesus Mecca, Paulo Almeida, Luanna Menithen S. Santos, Rafhael S. F. de Amorim, Mário Netto

Resumos apresentados no 1º EVINCI do Pantanal

Análise da composição de classes de fitoplâncton em lagoa urbana da bacia do rio Aquidauana ........... ......................216

Marivania Silva Santos das Chagas, Ricardo Henrique Gentil Pereira, Diego Fialho da Silva, Luciano de Oliveira Falcão de Souza

Análise hematológica e de hemoparasitas em uma popu lação de Caiman yacare na estação de seca do Pantanal, MS....................................................................................................................................................................................................217

Suelem Martini Assmann, Marcia Regina Russo, Paulo Ricardo Barbosa de Souza, Rodney Murillo Peixoto Couto, Tatiene Mendonça Zenni

Avaliação da balneabilidade da água da ‘Prainha’ de Anastácio, rio Aquidauana, Anastácio, MS........... ........................218

Fabiula Aletéia de Souza, Thaiany Alonso Rodrigues, Suelen Martins Gonçalves, Adriana de Barros, Diego Fialho da Silva, Ricardo Henrique Gentil Pereira

Avaliação preliminar da aceitação de mudas de plant as apícolas fornecidas a agricultores familiares de Corumbá....219

Michael de Souza Toledo, Alberto Feiden, Marçal Henrique Amici Jorge, Vanderlei Doniseti Acassio dos Rei

Comparação da comunidade bentônica de córrego urban o e rural do município de Corumbá, MS.............. ..................220

Júlio Anderson Baldueno, Lucilene De Farias, Rogers de Souza Gomes, Zarife Magalhães de Moraes, Lucí Helena Zanata, William Marcos Da Silva

Comparação de métodos de purificação de cera apícol a para agricultores familiares ..................... ................................221

Jean Carlos Soares de Medeiros, Marcela Rita do Nascimento Aldana, Vanderlei Doniseti Acassio dos Reis

Densidade de Acrocomia aculeata na comunidade de Antônio Maria Coelho ............. ......................................................222

Thomas Celescuekci Lodi Corá, Catia Urbanetz, Suzana M. Salis

Desenvolvimento de software estatístico de apoio e decisão para políticas públicas educacionais basead o no Censo Escolar............................................. ..........................................................................................................................................223

Beatriz Oliveira, Gubert M. Salis Maia, Eduardo Lourenço dos Santos, Rafael Françozo

Desenvolvimento de veículo aéreo não tripulável mon itorador de incêndio do Pantanal Sul-Mato-Grossense . ............224

Erick F. Cainelli, Gabriel Avellar, Thiago Moraes, Cláudia S. Fernandes, Roosevelt F. M. Silva

Levantamento preliminar da ocorrência de espécies l enhosas de Chaco no Mato Grosso Sul ................. ......................225

Juliete Fernandes Gonçalves de Almeida, Suzana Maria Salis, Catia Urbanetz

Manutenção e organização da Coleção de Referência d e Peixes da Embrapa Pantanal........................ ...........................226

Lincon Eder Ribeiro, Agostinho Carlos Catella

Moscas ectoparasitas de morcegos filostomídeos em u m fragmento urbano de cerrado, Campo Grande, MS.... .........227

Luciano Brasil Martins de Almeida, Gustavo Lima Urbieta, Guilherme Torres, Carla Cristina Cerezolli de Jesus, Marcelo Rezende, Mariana Pires Veigas Martins, Jaire Marinho Torres, Alessandro Shinohara, Elaine Aparecida Carvalho dos Anjos

Transição agroecológica: avaliação de biomassa de p lantas medicinais no assentamento 72 em Ladário, MS ............228

Luã Santos Araújo da Silva, Edmar Sebastião de Arruda, Aurélio Vinicius Borsato, Alberto Feiden

Page 11: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

10

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

A influência da massa e sexo de indivíduos de Cerdocyon thous sobre o tamanho da área de vida

Laísa Carvalho Campanha 1, Guilherme de Miranda Mourão 2

A ordem Carnivora possui 271 espécies distribuídas em doze famílias. As famílias que ocorrem no Pantanal são: Canidae, Felidae, Mustelidae e Procyonidae, compreendendo um total de 21 espécies na planície e entorno. Entre elas, Cerdocyon thous (Canidae) também conhecida como cachorro-do-mato, graxaim, graxaim-do-mato, raposinha-do-mato, raposão, lobinho, lobete, guaraxo, guancito, fusquinho e rabo-fofo, é a única espécie do gênero. Possui hábito noturno e crepuscular e uma dieta generalista e oportunista, variando conforme a época do ano e a região habitada, o que permite a este canídeo uma ampla distribuição geográfica, ocorrendo no norte da Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, leste do Peru, Paraguai, Uruguai, norte da Argentina e no Brasil, com exceção da região Amazônica. A estrutura social destes animais caracteriza-se por uma composição que pode variar de dois a cinco indivíduos que forrageiam a uma distância de aproximadamente 100 metros entre si, mas geralmente não existindo colaboração durante as caçadas. Quantificar a área ocupada, atividade do animal e o uso do hábitat disponível, pode revelar muito a respeito da dinâmica social e requerimento energético de uma espécie, na qual área de vida é definida como “a área percorrida pelo animal em suas atividades normais de busca de alimento, acasalamento e cuidado parental, e é frequentemente usada para descrever aspectos ecológicos como organização social, densidade populacional e requerimentos de habitat. Os objetivos deste estudo foi relacionar o tamanho da área de vida com o sexo e massa (kg) dos indivíduos. O estudo foi conduzido na fazenda Nhumirim (18º59´S, 56º39´W), campo experimental da Embrapa Pantanal, localizada na sub-região da Nhecolândia, Pantanal-MS, Brasil. As capturas dos animais foram feitas com armadilhas do tipo gaiola feitas de estrutura metálica com a porta de entrada do tipo guilhotina. As armadilhas foram iscadas com pedaços de bacon ao final da tarde e checadas ao amanhecer. Os animais capturados foram anestesiados com Zoletil 50 com a ajuda e acompanhamento de um veterinário, com a proporção de 0,2 ml.kg-1 (usada para carnívoros). Foram anotados o peso e o sexo do animal, e foi feita a colocação de coleiras com um rádio transmissor e um aparelho de GPS modificado. A pilha do GPS (pilha AA lithium) tem duração de aproximadamente oito meses, e foi mantida no colar no pescoço do animal junto com o transmissor VHF (3.5 v 1.8 ah Li) por tempo médio de 40 dias. Os aparelhos de GPS foram programados para obter informações do animal (localização geográfica, altitude, latitude, hora, data) a cada cinco minutos. As recapturas para retirada dos colares seguiram os mesmos protocolos de captura e contenção farmacológica. Este procedimento foi repetido em dez indivíduos de C. thous (quatro fêmeas e seis machos) de janeiro a julho de 2013. Para a análise dos dados foi utilizado o programa R para calcular o tamanho da área de vida com uso do método Kernel adaptativo 95% para cada conjunto de dados. Para relacionar a massa e sexo dos animais em função da área de vida, foram feitas duas análises de Regressão Linear. A variação da área de vida em função da massa dos indivíduos de C. thous foi significativa (p<0,05; R=0,64). Já a relação área de vida/ sexo não demonstrou resultado relevante (p>0,05; R=0,04). Os resultados mostram que animais com maior massa possuem uma maior área de vida, sugerindo que animais com maior porte podem possuir maior aptidão física para a busca por alimento e abrigo, abrangendo uma maior área de uso. Lobinhos são animais territorialistas, o que pode exercer alguma consequência sobre o tamanho da área de ocupação desses animais (quanto maior o porte do animal maior será sua aptidão para marcação de território). O sexo de indivíduos de C. thous não demonstrou ser um fator importante, o que pode nos mostrar que fêmeas e machos da espécie possuem uma mesma aptidão física. É recorrente o número de registros de Lobinhos organizados socialmente em casais, dividindo o mesmo espaço e utilizando o hábitat de maneira próxima, podendo dessa maneira não haver tanta diversificação de área de vida entre machos e fêmeas. Foi concluído neste estudo que o tamanho da área de vida de indivíduos de Cerdocyon thous é influenciado pela massa nos animais e não pelo sexo.

1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 549, 79070-900, Campo Grande, MS ([email protected]) 2 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS (guilherme.mourã[email protected])

Page 12: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

11

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

A limpeza do município de Aquidauana na visão dos g aris

Fabiula Aletéia de Souza 1, Thaiany Alonso Rodrigues 2, Suelen Martins Gonçalves 3, Diego Fialho da Silva 4. A pesquisa tem como ponto de partida suscitar a discussão sobre a limpeza da cidade de Aquidauana na visão dos garis que fazem a coleta junto do caminhão e também os que varrem as ruas e praças. Nessa pesquisa foi utilizada uma metodologia qualitativa, sob a técnica da entrevista individual realizada nos períodos entre agosto e setembro de 2012. Durante este período, foram realizadas entrevistas com dez garis, que foram transcritas e interpretadas a partir dos depoimentos. Verificou-se que os garis possuem tempo de serviço variado, apenas os que acompanham o caminhão são uniformizados e possuem equipamento de proteção individual (EPI). Percebeu-se que o lixo é visto pela maioria dos entrevistados, como algo perigoso à saúde. Relataram também que o peso é uma das maiores dificuldades encontradas no serviço de coleta, sendo que nenhum dos garis reclamou do mau cheiro existente no caminhão. Os entrevistados percebem o lixo como uma forma de sobrevivência, pois é a forma que eles têm de ganhar a vida, já que não estudaram e não tem profissionalização para exercer outra função. No questionário foi perguntado sobre reciclagem e compostagem como uma maneira alternativa de findar os resíduos sólidos, mas os garis disseram que não têm apoio nenhum da prefeitura para tentar diminuir a quantidade de lixo lançado no aterro sanitário que eles denominam simplesmente ‘lixão’. Embora os entrevistados afirmem que a cidade é limpa e bonita, não sabem relatar sobre coleta seletiva. Deixaram bem claro que todo o lixo coletado nas ruas vai para dentro do caminhão sem passar por nenhum processo de separação. Foi observado que em algumas residências havia separação de material reciclado, mas a coleta foi feita de forma corriqueira. No decorrer dessa pesquisa também foi observado que os garis não possuem treinamento, são apenas funcionários contratados para exercer a função; alguns afirmam que a cidade deve ser suja, que as pessoas não precisam se preocupar com a limpeza, pois essa é uma forma de manterem seus empregos; na visão deles, se a cidade for limpa correm o risco de ficar desempregados. Surpreendentemente foram presenciadas cenas em que garis que acabaram de varrer as ruas param para fumar e jogam as bitucas de cigarro no chão, lugar que eles próprios limparam. É possível afirmar que há uma grande quantidade de resíduos sólidos que acaba prejudicando o meio ambiente e causando problemas à saúde humana. Os efeitos causados pelos resíduos na saúde dos trabalhadores são muito pouco estudados, assim como também não temos publicações sobre o que pensam os trabalhadores da coleta de resíduos sólidos da cidade de Aquidauana. Nessa perspectiva, a pesquisa teve o objetivo de promover uma discussão sobre a limpeza da cidade de Aquidauana a partir da visão dos garis que fazem a coleta de lixo – tanto os que recolhem o lixo das casas, acompanhando o caminhão, como os que fazem a limpeza diária nas ruas e praças – na tentativa de despertar uma maior preocupação com a saúde desses trabalhadores e com a limpeza da cidade.

1 Graduando em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 2 Graduando em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 3 Graduando em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 4 Graduando em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])

Page 13: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

12

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Abundância e diversidade de machos de abelhas Euglo ssina (Hymenoptera: Apidae) em quatro pontos na região de Corumbá-MS 1

Priscila Vicente de Moraes 2, Edivan dos Santos Mendes 3, Bruna da Costa Pereira 4, Aline Mackert 5 As abelhas Euglossina constituem um grupo de abelhas com participação importante na polinização de diversas espécies vegetais, mas consideradas como polinizadores específicos de orquídeas, pois, os machos visitam estas espécies para coleta de fragrâncias que são provavelmente utilizadas como sinais químicos para comportamento de corte e territorial. Na região do Pantanal, os trabalhos com abelhas em geral são escassos e mais limitados ainda com as abelhas Euglossina, por esta razão foi realizado um levantamento da diversidade e abundância de espécies de abelhas Euglossina em quatro fragmentos florestais nas regiões de Corumbá - MS. As coletas mensais foram realizadas de abril de 2011 a março de 2012, os pontos de coleta consistiam em dois locais na região urbana e dois em mata afastada da localidade urbana. Foram utilizadas iscas-odores contendo as essências: eucaliptol, eugenol, vanilina, benzoato de benzila, salicilato de metila ou escatol. Foram amostrados 980 machos distribuídos em 11 espécies, correspondendo a quatro dos cinco gêneros destas abelhas: Eufriesea auriceps, Eulaema nigrita, Eulaema marcii, Exaerete smaragdina, Euglossa carolina, Euglossa securigera, Euglossa melanotricha, Euglossa fimbriata, Euglossa leucotricha Euglossa truncata e Euglossa hemichlora. E. nigrita foi a mais comum nas iscas, com 43,88% das visitas, sendo registrada em todos os meses de coleta. E. hemichlora (Assentamento 72), E. truncata (Codrasa) e E. marcii (UFMS) apresentaram apenas um macho nas iscas. A área urbana teve um número reduzido de espécimes coletados, 18,9% na UFMS e 13,8% no Porto Limoeiro, enquanto pontos afastados da área urbana tiveram maior diversidade e abundância: Assentamento 72 com 29,1% e Codrasa com 38,3%. No Assentamento 72 ocorreu grande abundância da espécie E. smaragdina (39 de 42 indivíduos), já na localidade da Codrasa, a espécie E. auriceps foi a mais abundante (129 de 176 indivíduos), sendo a espécie mais sazonal, ocorrendo entre os meses de novembro e fevereiro. O presente estudo acrescenta dados importantes sobre a diversidade de espécies de abelhas Euglossina na área de Corumbá-MS, onde nenhum dado foi obtido anteriormente. No entanto, a continuação das coletas na área possibilitará catalogar as espécies da região, incluindo outros pontos de amostragem para que o estado real de diversidade destas abelhas seja verificado.

1 Financiado por FUNDECT/CNPq e PROPP/UFMS. 2 Acadêmica do Curso de Biologia e Bolsista Permanência, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN, Corumbá, MS ([email protected]) 3Acadêmico do Curso de Biologia e Estagiário do Laboratório de Zoologia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN, Corumbá, MS ([email protected]) 4Acadêmica do Curso de Biologia e Bolsista Permanência, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN, Corumbá, MS ([email protected]) 5Professora Adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Corumbá, MS ([email protected])

Page 14: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

13

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Amplificação heteróloga de loci de microssatélites em bromélias nativas do Mato Gr osso do Sul

Gilaine Moreira de Miranda 1, Brenda Baía Brandão 2, Renata de Barros Ruas 3, Gecele Matos Paggi 4

A família Bromeliaceae é composta por aproximadamente 3000 espécies subdivididas tradicionalmente nas subfamílias: Pitcairnioideae, Tillandsioideae e Bromelioideae, que estão distribuídas quase exclusivamente nas Américas, com exceção de uma única espécie que ocorre na África. As bromélias sofrem grande pressão antrópica devido à coleta predatória e a destruição de habitats, sendo utilizadas para ornamentação, forragem, alimentação humana e medicinal. Duas espécies do gênero Dyckia (Pticairnoideae) que ocorrem no Maciço do Urucum (cidades de Corumbá e Ladário, Mato Grosso do Sul) são alvos deste trabalho. A amplificação heteróloga de regiões de microssatélites consiste na utilização de “primers” desenvolvidos para outras espécies. O objetivo deste trabalho é avaliar a taxa de amplificação heteróloga em espécies de bromélias utilizando 20 loci desenvolvidos para Dyckia distachya, Dyckia marnier-lapostollei var. estevesii, Ananas comosus e Aechmea caudata. A extração de DNA foi realizada pelo protocolo CTAB, com algumas modificações, a partir de uma amostra de 130 indivíduos de Dyckia leptostachya de cinco populações: Fazenda Band’Alta, Fazenda Monjolinho, Fazenda Carandá, Morro São Domingos e Sítio Arqueológico Lajeto; e de uma amostra de 50 indivíduos de Dyckia sp. nov. de duas populações: Fazenda São João e Fazenda Monjolinho. Os loci de microssatélites foram amplificados pela técnica de PCR (“Polimerase Chin Reaction”) segundo os protocolos desenvolvidos por nosso grupo de pesquisa com pequenas modificações. Até o momento, foram realizadas reações de PCR com 20 pares de “primers” para as espécies Dyckia leptostachya e Dyckia sp. nov. As amplificações foram analisadas em gel agarose 1% corado com SyberGreen (Invitrogen) e visualizado em transluminador de lâmpada azul. Todos os loci apresentaram amplificação heteróloga, em diferentes proporções. Os resultados preliminares indicaram um percentual de 50% para ambas as espécies, sendo que houve o sucesso de amplificação nas espécies do gênero Dyckia a partir de primers de todas as espécies utilizadas. A determinação de um protocolo para utilização desses marcadores em diferentes espécies de bromélias será extremamente importante para pesquisas em diferentes áreas, principalmente para estudos de genética de populações, como diversidade genética, estrutura genética de populações e fluxo gênico, cujos resultados poderão ser utilizados para a emissão de diagnósticos de viabilidade das populações naturais visando sua conservação.

1Aluna do Curso de Ciências Biológicas do CPAN/UFMS, bolsista permanência; e-mail: [email protected] 2Aluna do Curso de Ciências Biológicas do CPAN/UFMS, bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPq 2013/14; e-mail: [email protected] 3Aluna do Curso de Ciências Biológicas do CPAN/UFMS, bolsista de iniciação científica PIBIC/UFMS 2012/13; aluna do Programa Ciência sem Fronteiras/CNPq; e-mail: [email protected] 4Professora da UFMS, Curso de Ciências Biológicas-CPAN; e-mail: [email protected]

Page 15: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

14

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Análise da fertilidade, fenologia e biologia reprod utiva de espécies do gênero Dyckia , Corumbá-MS

Diego Finati-Alves 1, Brenda Baía Brandão 2, Flórence Cristina dos Santos Ignácio 2, Gilaine Moreira de Miranda 2, Gecele Matos Paggi 3

A família Bromeliaceae compreende aproximadamente três mil espécies, das quais, pelo menos 50% são brasileiras, sendo o Brasil um dos maiores centros de diversidade da família. Trabalhos relacionados com estratégias de conservação são relativamente raros, no entanto, tornam-se cada vez mais importantes, já que as bromélias são ameaçadas principalmente pelo aumento do extrativismo ilegal e a fragmentação das florestas. Grande parte dos estudos da família Bromeliaceae trata de levantamentos florísticos de determinadas regiões. Pesquisas realizadas recentemente consideram a fenologia, biologia reprodutiva, aspectos da polinização e fertilidade de populações como ferramentas importantes para a emissão de um diagnóstico da real viabilidade das populações, visando à sua conservação. Duas espécies da família Bromeliaceae que ocorrem no Maciço do Urucum, Corumbá-MS, Dyckia leptostachya e Dyckia sp. nov., foram objeto de estudo deste trabalho. Os objetivos deste trabalho foram: identificar e descrever caracteres morfológicos para uma nova espécie de Dyckia; realizar experimentos de biologia reprodutiva; analisar o número de flores, frutos e sementes; analisar a viabilidade do pólen; e estudar a fenologia. O estudo da fertilidade foi conduzido em duas estações reprodutivas (2012/2013), sendo baseado na produção de flores, frutos e sementes e na viabilidade do pólen e das sementes de cada espécie. Para investigar os sistemas de cruzamento das duas espécies em estudo foram realizados experimentos de polinização controlada em uma população de cada espécie, utilizando-se 10 flores de diferentes indivíduos por tratamento, totalizando 50 flores por espécie (10 flores/5 tratamentos). A receptividade do estigma foi testada em quatro flores de cinco indivíduos de uma população de cada uma das espécies em uma estação de florescimento (n = 20 flores/espécie), em diferentes intervalos de tempo, 3, 6, 9, e 12 horas após a abertura da flor. Cada estigma pode ser utilizado apenas uma vez para a análise da receptividade, portanto, foi utilizada uma flor para cada intervalo. As flores foram ensacadas e foi medida a atividade da catalase utilizando H2O2 (volume 10) nas papilas receptivas, onde ocorre uma reação de borbulhamento (liberação de O2) na superfície do estigma receptivo. A análise da fenologia foi realizada nas duas espécies de Dyckia. Os trabalhos a campo foram conduzidos durante pelo menos duas estações de florescimento das espécies. Foi amostrada pelo menos metade dos indivíduos reprodutivamente ativos nas populações de estudo. As inflorescências foram observadas in situ para identificar o número de flores abertas por dia, características da antese (horário, sequência e duração), intensidade e duração das fenofases (floração e frutificação) e registrar dados sobre a morfologia das flores. Foram analisados também o arranjo espacial e o amadurecimento temporal das estruturas sexuais, androceu e gineceu. Foi definido como maturidade sexual do androceu o período de abertura (deiscência) das anteras e, como maturidade sexual do gineceu o período de receptividade do estigma. Foi identificado que Dyckia sp. nov., corresponde à uma espécie nova endêmica da região, cuja descrição está sendo finalizada. As espécies são autocompatíveis, capazes de produzir sementes sem polinizadores. Apresentam alta produção de flores, frutos e sementes, sendo que D. sp. nov. apresenta maior taxa de frutificação, do que D. leptostachya. São espécies polinizadas por beija-flores e abelhas, apresentando antese diurna. Dyckia leptostachya floresce em abril e maio, e D. sp. nov. nos meses de novembro, abril e junho. As populações naturais das espécies apresentaram características de populações viáveis. No entanto, D. sp. nov. está representada por somente quatro populações, sendo somente uma com grande número de indivíduos (Fazenda São João), e D. leptostachya, embora esteja presente em um número maior de populações e indivíduos (sete), não apresentou aspectos positivos de fertilidade e reprodução. As espécies de estudo deste projeto, Dyckia sp. nov. e D. leptostachya (Bromeliaceae) ocorrem em Corumbá, Mato Grosso do Sul. Ambas as espécies ocorrem em solos rochoso-ferruginosos, conhecidos como “bancadas lateríticas”, localizadas nas proximidades do Planalto Residual do Urucum, Corumbá-MS. Durante os trabalhos de campo observou-se que Dyckia sp. nov. é uma espécie de distribuição restrita, endêmica de Corumbá, com flores alaranjadas, apresentando somente três populações nas proximidades de Corumbá. Dyckia leptostachya é uma espécie de distribuição ampla, no Brasil, Paraguai e Argentina, apresentando flores vermelhas. Em Corumbá já foram identificadas sete populações. Até agora, pode-se concluir que D. sp. nov. apresentou uma maior número de flores por planta, maior a produção de frutos, e maior número médio de sementes por fruto foi quando comparada a D. leptostachya. Do ponto de vista da conservação, verificou-se que ambas as espécies ocorrem em regiões com alto risco de ação antrópica, seja pela criação de gado, seja pela ação do fogo. Portanto as espécies estão vulneráveis.

1Aluno do Curso de Ciências Biológicas do CPAN/UFMS, bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPq 2012/13; [email protected] 2Alunas do Curso de Ciências Biológicas do CPAN/UFMS, bolsistas permanência; [email protected]; [email protected]; [email protected] 3 Professora da UFMS, Curso de Ciências Biológicas-CPAN; e-mail: [email protected]

Page 16: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

15

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Análise econômica da produção ornamental do camarão -do-pantanal Macrobrachium pantanalense (Dos Santos, Hayd e Anger, 2013)

Hanner Mahmud Karim 1, José Eduardo Costa de Freitas 1, Thalles Policarpo de Carvalho Lima¹, Marcelo dos Santos Nascimento¹, Liliam de Arruda Hayd 2.

Resumo: O camarão-do-pantanal (Macrobrachium pantanalense) é encontrado no Pantanal Sul Matogrossense e apresenta características interessantes para sua utilização na aquicultura ornamental. Este trabalho analisou a viabilidade econômica da produção ornamental do camarão-do-pantanal, no município de Aquidauana-MS. Os indicadores de viabilidade econômica utilizados neste estudo foram: valor presente líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR), relação benefício/custo (RBC) e período de recuperação do capital (PRC). A análise de investimento foi realizada por meio da elaboração do fluxo de caixa, além da determinação dos indicadores de viabilidade econômica. O fluxo de caixa foi determinado a partir dos levantamentos com o investimento, despesas e receitas para um horizonte de atividade de 15 anos. As análises demonstraram os seguintes indicadores: VPL: R$ 318.618,50, TIR: 82%, RBC: 5,43, PRC: 1,22 anos. Dois cenários foram criados para a análise de sensibilidade, sendo: redução no preço de venda e aumento nas taxas de mortalidade. Estes afetaram os índices de viabilidade econômica, porém, não determinam a inviabilidade da atividade, mantendo a TIR entre 31 e 35% e o PRC entre 2,74 e 3,04 anos. Conclui-se que a produção do camarão-do-pantanal para o abastecimento da aquicultura ornamental é considerada viável e de pouco risco, apresentando bons indicadores de rentabilidade.

Palavras–chave: Viabilidade econômica, camarão ornamental, camarão de água doce

Economic analysis of the Pantanal shrimp Macrobrach ium pantanalense (Dos Santos, Hayd e Anger, 2013) ornamental production

Abstract: The shrimp the marsh (Macrobrachium pantanalense) is found in the Pantanal and presents interesting characteristics for use in ornamental aquaculture. This study analyzed the economic feasibility of production of ornamental shrimp the marsh, in the municipality of Aquidauna - MS. The indicators of economic viability used in this study were: Net Present Value (VPL), Rate Interns of Return (TIR), Ratio Beneficial/Cost (RBC) Payback Period (PRC). The investment analysis was performed by preparing cash flow, and the determination of the economic viability indicators. Cash flow was determined from surveys with the investment, income and expenses for a horizon of 15 years of activity. The analysis showed the following indicators: VPL: R$ 318.618,50; TIR: 82%, RBC: 5,43; PRC: 1,22 years. Two scenarios were created for the sensitivity analysis are reduction in the selling price and increased mortality rates. These affected the indexes of economic viability, however, do not determine the impossibility of activity, keeping the IRR between 31 and 35 % and between 2.74 and CRP 3.04 years. It is concluded that the production of shrimp from marsh to supply ornamental aquaculture is considered viable and low-risk, showing good profitability indicators .

Keywords: Economic viability, ornamental shrimp, freshwater shrimp

Introdução

O Pantanal possui grande potencialidade para a prática da aquicultura, apresentando características físicas e climáticas adequadas (VALENTI et al., 2008). Suas várias características hidrológicas, como baías, corixos, vazantes, lagoas (salinas e doces), diversos banhados com grandes áreas alagadiças e vários rios determinam sua abundância de recursos hídricos. Nele se aloja uma rica fauna aquática, que se dispersa segundo as características ambientais desse grande ecossistema. Desta forma, a região do Pantanal brasileiro possui um grande desafio: conciliar a preservação do bioma com o uso econômico dos seus recursos ambientais.

No caso de Organismos Aquáticos Ornamentais (OAO), a valorização acontece quando o produtor consegue fornecer uma nova variedade ou espécie (RIBEIRO, 2010). Assim, o camarão do Pantanal Sul Matogrossense apresenta uma característica interessante para o segmento da aquicultura ornamental.

1Alunos de Pós Graduação em Zootecnia nível Mestrado da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Campus de Aquidauana, 79200-000, Aquidauana, MS. 2Docente do departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Campus de Aquidauana, 79200-000, Aquidauana, MS.

email - [email protected]

Page 17: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

16

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Macrobrachium pantanalense é reconhecido hoje como uma nova espécie, apresentando diferenciações morfológicas, anatômicas, fisiológicas e comportamentais do camarão-da-amazônia, Macrobrachium amazonicum (DOS SANTOS et al., 2013).

Considerando estes fatores, o objetivo deste trabalho foi apresentar um estudo sobre a viabilidade econômica na produção de camarões-do-pantanal destinados ao mercado nacional de organismos aquáticos ornamentais.

Material e Métodos

O estudo foi baseado em uma produção hipotética de camarões ornamentais no município de Aquidauana-MS, que também faz parte do Pantanal Sul matogrossense, encontrando-se na rota do Rio Aquidauana, possuindo uma rica fauna aquática, verificando inclusive, a presença da espécie de camarão de água doce do Pantanal M. pantanalense (DOS SANTOS et al., 2013).

O local escolhido para instalação do empreendimento foi um terreno de 1.500 m². A estrutura considerada para a implantação da atividade possui 29 m² de área e foi construída em alvenaria. De acordo com o projeto técnico foram definidas algumas repartições, tais como: um almoxarifado (3,5 m²), um escritório com banheiro (11 m²) e um laboratório com banheiro e vestiário (14,5 m²). Esta construção abrigou toda a estrutura necessária para o bom funcionamento da atividade. O valor do m² foi fixado em R$ 882,60 (oitocentos e oitenta e dois reais e sessenta centavos), estando de acordo com o Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção do Estado de Mato Grosso do Sul (SINDUSCON-MS) para construção de residências unifamiliares para o período de abril/2013.

O período de produção anual foi fixado em 52 semanas, estando de acordo com o número aproximado de semanas existentes em um ano. O ciclo produtivo possuiu oito semanas, sendo: duas de incubação dos ovos, três de larvicultura, duas para berçário I, e mais uma para o berçário II. A cada semana iniciou-se um novo ciclo, dessa forma, a oitava semana foi responsável pelo primeiro lote de juvenis produzido. Em um ano foram concluídos 45 ciclos (52 semanas - 8 iniciais = 45).

Os reprodutores foram capturados no rio Aquidauana com a devida autorização do IMASUL (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). O número de indivíduos necessários para garantir o desenvolvimento da atividade foi de 200 fêmeas e 40 machos, porém, foram coletados um número 15% maior, sendo 230 fêmeas e 46 machos, o que garantiu uma margem de segurança para a eficácia da coleta. Os reprodutores foram estocados em um único aquário de vidro de 200 L com o uso de um aquecedor com termostato (200 W) e abrigos. Um biofiltro de 40 L foi utilizado para manter a qualidade da água dentro dos níveis aceitáveis para o cultivo. A distribuição dos indivíduos foi de 1 macho para cada 5 fêmeas, na densidade inicial de 0,82 animais/L.

A identificação das fêmeas ovígeras foi facilitada pela transparência do aquário. O período de estocagem dos reprodutores compreendeu 45 semanas, da 1ª até a 45ª semana de produção, e a taxa de reposição destes ao final do ano produtivo fixou-se em 100%, esses 192 reprodutores substituídos também foram comercializados, sendo incluídos na categoria de juvenis produzidos.

A produção semanal foi de 646 juvenis, sendo que ao final do ano tivemos 29.070 juvenis produzidos, mais os 192 reprodutores que foram substituídos contabilizou-se 29.262 animais para serem comercializados anualmente. O valor fixado para a venda dos animais foi de R$ 3,00 a unidade. A cotação do dólar neste mesmo período variou em torno de R$ 2,05. As taxas de sobrevivência de cada estágio, a densidade e o período de estocagem estão descritos na Tabela 01.

Tabela 1 . Taxa de sobrevivência, período e densidade inicial de estocagem nas diferentes etapas da produção de juvenis do Macrobrachium pantanalense em Aquidauana-MS.

Categoria Período de estocagem (semanas)

Densidade inicial de estocagem (u.a L ¯ ¹)*

Taxa de sobrevivência (%)

Fêmeas ovígeras 2 0,83 80**

Larvicultura 3 50 a 80 80

Berçário I 2 12 85

Berçário II 1 9 95 * u.a L¯ ¹ = unidade animal por litro de água. ** A taxa de sobrevivência das fêmeas ovígeras se refere ao período de cultivo de 45 semanas.

Page 18: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

17

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Os custos com investimento inicial e despesas operacionais foram calculados. A mão-de-obra utilizada foi familiar, no entanto, a visita técnica de um zootecnista a cada duas semanas foi necessária. Um contrato anual foi confeccionado para o cumprimento de 26 visitas e o pagamento de uma parcela única no valor de R$ 8.814,00 ao final do ano produtivo foi realizado. Para o cálculo de gastos com manutenção foi estabelecido os valores correspondentes de cada item; dos bens, 5% ao ano (aa.), benfeitorias, 2% aa. e veículo, 10% aa.

Para o fluxo de caixa foram considerados um horizonte de 15 anos. No ano zero foram considerados o investimento inicial e as despesas operacionais referentes a um ciclo de produção, já dos anos de 1 a 15, considerou-se os valores de investimentos anuais, despesas operacionais, valor residual dos itens que apresentaram vida útil acima de 15 anos, e ainda, receita bruta e capital de giro, este por sua vez foi calculado por meio das despesas operacionais referentes ao primeiro ciclo produtivo. A receita bruta foi calculada considerando todo o ano produtivo (45 ciclos), e a venda total de 29.262 animais, pelo preço unitário de R$ 3,00.

Os indicadores de viabilidade econômica utilizados neste estudo foram: valor presente líquido (VPL) com a taxa de desconto de 12% aa., taxa interna de retorno (TIR), relação benefício/custo (RBC) e período de recuperação do capital (PRC).

O custo de produção, que inclui; custos fixos e custos variáveis também foi calculado. A taxa usada para a remuneração do capital investido foi de 12% aa. O investidor teve sua remuneração baseada em 1,5 salário mínimo brasileiro, o que lhe rendeu um valor de R$ 1.017,00 mensais. Os custos variáveis incluíram despesas operacionais e os juros de 12% aa. sobre 50% do montante gasto com as despesas operacionais, ainda foram calculados custos médios de produção variáveis e totais. e a receita líquida, que fora obtida pela diferença entre a receita bruta e o custo total de produção.

Foi observada a necessidade de simular distintos cenários em que índices zootécnicos ou características mercadológicas eram modificadas, dessa forma, dois cenários foram criados para a realização da análise de sensibilidade do empreendimento, sendo estes:

1. Queda de 40% no preço de mercado do juvenil, passando de R$ 3,00 para R$ 1,80; 2. Duplicação das taxas de mortalidade, passando de 20% para 40% na larvicultura, 15% para 30% no

berçário I, 5% para 10% no berçário II e 20% para 40% nos reprodutores.

Resultados e Discussão

Para a produção de 29.262 juvenis de M. pantanalense/ano o investimento inicial foi de R$ 71.120,40, Considerando que os custos iniciais com infraestrutura e logística para a comercialização foram os mais onerosos, totalizando 72,9%. Neste trabalho, a infraestrutura representou o segundo maior valor de investimento, R$ 25.859,70; apesar de não ser considerado o mais custoso, está bem próximo dos R$ 25.980,00 necessários para a aquisição e legalização do veículo. Isso foi determinado devido a produção utilizar de uma estrutura física bem compacta, com apenas 29 m² de área construída. Apesar do maior valor de investimento ser representado pelos gastos inicias com o veículo (36,5%), sua necessidade é indiscutível, pois, este possibilita o transporte do produto final. A compra do terreno e a construção de um poço escavado poderiam aumentar o custo inicial, no entanto, estes não tiveram gastos, auxiliando para melhores índices de viabilidade econômica.

O valor total das despesas operacionais para a produção de 45 ciclos em um ano foi de R$ 29.133,60; sendo que, 30,25% deste valor foi referente a assistência técnica de um zootecnista, retratando o maior custo dentre as despesas operacionais. A caracterização familiar da atividade contribuiu para a diminuição do custo operacional total (COT), levando em conta que houve uma economia com mão-de-obra. Desta forma, os custos totais com mão-de-obra foram contabilizados somente para a mão-de-obra especializada do zootecnista que contribuiu respectivamente com 30,3% do COT (R$ 29.133,60). Levando em conta a produção de peixes ornamentais, KODAMA et al. (2011) relataram que no cultivo do peixe palhaço (Amphiprion ocellaris) 40% do COT foi provindo do custo com mão-de-obra, entretanto, não caracterizada como familiar.

O fluxo de caixa foi calculado diante de um horizonte de 15 anos. Contando com investimentos de R$ 1.050,24 a cada 5 anos e mais R$ 29.967,28 a cada dez anos. A atividade apresentou os seguintes indicadores de viabilidade econômica: VPL: R$ 318.618,50; TIR: 82%; RBC: 5,43; PRC: 1,22 anos. Observou-se que a TIR, RBC e PRC conseguem atender bem a implantação de um sistema de produção de camarões ornamentais, avaliando esta atividade como viável. Esses indicadores demonstraram que a atividade tem um curto período de retorno sobre o investimento estando acima de outros empreendimentos da aquicultura. Na produção intensiva de tilápias do nilo (Oreochromis niloticus) em 200 tanques-rede CAMPOS et al. (2007) obtiveram índices de 57% e 1,71 anos para TIR e PRC respectivamente, já KODAMA et al. (2011) trabalhando com o cultivo do peixe palhaço obtiveram a TIR e o PRC (pay-back) entre 37,15% a 58,23% e 2,1 a 2,8 anos respectivamente.

Page 19: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

18

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

A análise de custo-retorno anual foi calculada obtendo valores de lucratividade, margem de lucro, custo total médio de cada juvenil e o ponto de equilíbrio da produção, demonstrando os seguintes valores: Lucro anual: R$ 36.358,10; Margem de lucro: 41,4%; Custo total médio por juvenil: R$ 1,76; Ponto de equilíbrio da produção: 10.825 juvenis/ano.

Foram observadas variações nos indicadores de viabilidade econômica de todos os cenários, sendo que o RBC chega a diminuir de 5,43 para 1,99 do cenário real para o cenário 02, tendo ainda um aumento no período de retorno do capital de 1,99 anos. Apesar das variações todos os cenários simulados permaneceram economicamente viáveis (Tabela 02).

Tabela 2 . Indicadores de viabilidade econômica, VPL, TIR, RBC, PRC, do cenário real e ainda de cada cenário simulado na análise de sensibilidade da produção de 29.262 juvenis de Macrobrachium pantanalense em Aquidauana-MS.

Indicadores Real *Cenário 01 **Cenário 02

VPL (R$) 318.618,50 79.481,99 71.243,56

TIR (%) 82 31 29

RBC 5,43 2,11 1,99

PRC (anos) 1,22 3,04 3,21 *Cenário 01: Redução de 40% no valor de mercado do juvenil; **Cenário 02: Duplicação das taxas de mortalidade.

A piscicultura ornamental está entre os setores mais lucrativos da piscicultura, essa tendência também pôde ser observada na carcinicultura. SILVA et al. (2012) analisando a viabilidade econômica da produção de camarões para alimentação, em Mossoró-RN, obteve TIR de 60%, payback de 2 anos e RBC de 1,4. Já para o cultivo de M. amazonicum, VALENTI et al. (2008) apresentaram dados referentes a análise econômica da produção no Pantanal Sul Matogrossense para fins comerciais de iscas vivas descrevendo: TIR=55%, PRC=2,1 anos e RBC=4,46. Quando comparamos os índices apresentados por este trabalho com os descritos por SILVA et al. (2012) e VALENTI et al. (2008) observa-se que os valores econômicos continuam muito atrativos. Apesar de VALENTI et al. (2008) simularem, na mesma região, o cultivo do camarão de água doce, o tamanho da produção e os fins comerciais são diferentes o que justifica a diferença nos índices econômicos.

Conclusões

Sabendo que o camarão-do-pantanal pode ser uma espécie apreciada para a ornamentação, foi possível verificar que a carcinicultura ornamental de água doce também é uma ótima opção para conseguir lucros na produção desta espécie, com índices de viabilidade econômica muito atrativos. No entanto, mais estudos precisam ser realizados em diferentes escalas que venham a servir de padrão tecnológico para ser empregado pela aquicultura da região.

Agradecimentos

Á Capes e UEMS, pela concessão de bolsas de estudos durante o período de realização das atividades do Mestrado em Zootecnia.

Referências

VALENTI, W.C.; HAYD, L.A.; VETORELLI, M.P.; MARTINS, M.I.E.G. 2008. Viabilidade Econômica da Produção de Iscas e Juvenis de Macrobrachium amazonicum no Pantanal. In: Aquaciência 2006, Tópicos Essenciais em Biologia Aquática e Aquicultura II, Bento Gonçalves, RS.

CAMPOS, C.M; GANECO, L.N; CASTELANNI, D; MARTINS, M.I.E. Avaliação econômica da criação de tilápias em tanque-rede, município de Zacarias, SP. Boletim Instituto de Pesca, São Paulo, v.33, p. 265 - 271, 2007.

Page 20: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

19

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

KODAMA, G.; ANNUNCIAÇÃO, W.F.; SANCHES, E.G.; GOMES, C.H.D.A.M.; e TSUZUKI, M.Y. Viabilidade econômica do cultivo do peixe palhaço, Amphiprion ocellaris, em sistema de recirculação. Boletim do Instituto de Pesca , São Paulo, v.37, p. 61-72, 2011

SILVA, A. L.G. da; PONTES, F.S.T.; PONTES, F.M.; BESSA JUNIOR, A.P.B.; OLIVEIRA, D.M. de. Análise de investimento na carcinicultura do Rio Grande do Norte: um estudo de caso. Revista Caatinga , Mossoró-RN, v.25, n. 1, p. 168-175, 2012.

RIBEIRO, F.A.S. Policultivo de acará-bandeira e camarão-marinho . 2010. 95 p. Tese (Doutorado) – Centro de Aquicultura, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Jaboticabal, SP.

DOS SANTOS, A., HAYD L.; ANGER K. A new species of Macrobrachium Spence Bate, 1868 (Decapoda, Palaemonidae), M. pantanalense, from the Pantanal, Brazil. Zootaxav , v. 3700, p. 534–546, 2013.

FAO; Fishstat Plus Universal software for fishery statistical time ser ies . 2009. Fisheries Department, Fisheries information, Data and Statistics Unit.

Page 21: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

20

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Aplicação do índice biológico BMWP para avaliação p reliminar da qualidade da água de uma microbacia hidrográfica, município de Dois Irmã os do Buriti, MS 1

Kim Filipe Duarte Moreira 2, Fernanda Pimentel 3, Maria Helena da Silva Andrade 4, Paola Zamin Cembranel 5, Maike Ledesma 6

Os rios brasileiros vêm sofrendo há décadas com os impactos ambientais associados ao uso e à ocupação do solo, sendo que as atividades antrópicas podem causar o comprometimento da boa qualidade das suas águas. O uso de bioindicadores e aplicação de índices ecológicos para o monitoramento da integridade das bacias hidrográficas ganharam força nos países ditos desenvolvidos, mas, no Brasil, ainda tem seu emprego restrito. Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a qualidade da água através do uso de parâmetros biológicos, além de contribuir para a geração de informações a respeito da bacia hidrográfica do rio Paraguai, foi avaliada preliminarmente a qualidade de água da referida bacia utilizando-se o índice biológico de qualidade ambiental BMWP (Biological Monitoring Working Party), criado na Grã-Bretanha em 1976, no qual as famílias encontradas são ordenadas em dez grupos, sendo conferido a cada grupo um valor numérico estabelecido de acordo com sua tolerância à poluição. A microbacia do córrego Quati está localizada em Dois Irmãos do Buriti – MS (20°08’37” e 20°02’37” latitude sul e 55°09’03” e 55°34’57” longitude oeste) e faz parte da bacia do rio Paraguai, sendo importante como elemento formador do pantanal, já que suas águas desaguam no rio Aquidauana. Nos limites da citada bacia, foi instalado o projeto de assentamento (PA) Santa Amélia, com fins de reforma agrária e onde são cultivados produtos hortifrutigranjeiros, além de áreas de pastagens para a criação de bovinos e caprinos. As coletas foram realizadas em duas estações do ano, sendo o inverno de 2012 (setembro) e primavera (outubro). Foram efetuadas coletas de macroinvertebrados bentônicos em cinco pontos estabelecidos ao longo de todo o córrego, desde a nascente (20°39'4.91"S / 55°18'34.37"O) até a foz (20°40'12.22"S / 55°21'43.24"O), no encontro com o rio Dois Irmãos, de acordo com possibilidades de acesso ao citado corpo de água. Em campo, o sedimento foi fixado com formaldeído a 4% e, em laboratório, a fauna foi triada com auxilio de estereomicroscópio binocular, conservada em álcool 70% e identificada até o menor nível possível, utilizando-se chaves clássicas. No inverno, foram encontrados os seguintes táxons: Chironomidae, Ceratopogonidae, Culicidae, Elmidae, Glossiphoniidae, Baetidae, Tubificidae, Tipulidae, Naucoridae, Planorbidae e Tabanidae, num total de 269 indivíduos coletados. O resultado da aplicação do índice BMWP indicou que a qualidade da água foi classificada como “péssima” em todos os pontos investigados. Na primavera, encontrou-se os táxons Chironomidae, Glossomatidae, Tubificidae, Empididae, Helicopsichidae, Planorbidae, Elmidae, Hirudinae, Tipulidae, Ceratopogonidae, Gelastocoridae, Tabanidae, num total de 69 indivíduos coletados. O resultado da aplicação do índice BMWP indicou que a qualidade da água foi considerada “péssima” em quase todos os pontos investigados, exceto no ponto 02, que apontou uma qualidade “ruim” da água. Os resultados preliminares apontam para uma condição de comprometimento da qualidade da água, sendo necessário que sejam continuados os trabalhos de pesquisa para a melhor compreensão da dinâmica ambiental local, além do desenvolvimento de ações de educação ambiental objetivando o uso e ocupação do solo da bacia de maneira mais equilibrada e sustentável.

1Parte do projeto de Iniciação Científica/CNPq “Indicadores de qualidade de água na microbacia do córrego Quati, Dois Irmãos do Buriti, MS – elementos para educação ambiental”. 2 Graduando do curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/FAENG. Campo Grande, MS ([email protected]) 3 Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / CPAn. Aquidauana, MS ([email protected]) 4 Professora do curso de Geografia da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e urbanismo e Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul- FAENG. Campo Grande, MS ( [email protected]) 5 Graduanda do curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Federal de Mato G rosso do S ul/FAENG. Campo Grande, MS ([email protected]) 6 Graduando do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / CPAn. Aquidauana, MS ([email protected])

Page 22: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

21

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Aplicação do princípio da proporcionalidade na reso lução de conflitos socioambientais no Parque de Piraputangas 1

Marina Kleinsorge Daibert 2, Ricelly Aline Camargo de Souza 3, Daniela Lopo 4

Resumo: Não são poucas as acusações de depredação ao meio ambiente direcionadas aos adeptos das religiões afro-brasileiras. Principalmente, em relação às oferendas e despachos que são entregues nas matas, rios, mares e outros ambientes naturais. O presente trabalho aborda a aplicação do princípio da proporcionalidade na resolução de um embate que envolve preservação ambiental e liberdade de culto religioso. Assim sendo, por meio da pesquisa etnográfica, este artigo objetiva descrever de que modo o poder público municipal de Corumbá-MS buscou solucionar um conflito socioambiental no Parque Natural Municipal de Piraputangas, uma unidade de conservação de proteção integral. Espera-se, assim, a formação de outros parâmetros para se pensar a relação cultura/natureza sob a ótica do Direito Ambiental.

Palavras–chave: direito ambiental, práticas religiosas, unidade de conservação

Application of the proporcionality principle of the social and environmental conflict resolution in th e Parque de Piraputangas 1

Abstract: There are a lot of environmental depredation cases related to the afro-brasileiras religions, predominantly related to offerings and shipments that are given by them to forests, rivers and other kinds of natural environments. The currently work deals with the proportionality principle in settling a conflict between the environmental conservation and of the right to the freedom of the religious worship. Thus, with aid of ethnographic research, this article has as objective to describe the alternative adopted by the government of the municipality of Corumbá, estate of Mato Grosso do Sul, to solve this conflict in the Parque Natural Municipal de Piraputangas, an area of environmental conservation fully protected by the Brazilian Government. Finally, other definitions of parameters are expected to help people think about the relation between culture and nature, according to the environmental law.

Keywords: environment law, religious practices, conservation area

Introdução

Sabe-se que a preocupação com a ordem ambiental internacional surgiu em virtude de dois problemas: a escassez de recursos, onde o acesso e a herança dos recursos naturais podem ser ameaçados diante do seu uso desenfreado e a ameaça de segurança, impossibilitando a continuidade de vida na Terra (RIBEIRO, 2001).

E uma das maiores preocupações do novo século está na exploração dos recursos ambientais. Pois, se por um lado há consenso quanto à necessidade urgente de preservação destes recursos, por outro há um número cada vez maior de conflitos sociais relacionados aos modos de exploração e preservação dos mesmos recursos. O Brasil tem apresentado, especialmente nas últimas décadas, vários exemplos destes conflitos, que transcendem as questões de direito de uso e propriedade e têm como base questões sociais profundas (ACSERALD, 2004).

Os conflitos socioambientais constituem constantes problemas presentes no ato de gerir e manejar os recursos naturais. No Brasil, eles surgem em todos os aspectos da gestão ambiental, principalmente na gestão das reservas naturais.

As reservas naturais no Brasil recebem o nome de Unidades de Conservação (UC’s) e constituem áreas de interesse de proteção ambiental sob regime especial de administração. As mesmas são destinadas a ordenar o processo de ocupação em territórios que apresentem características naturais relevantes.

O Direito Ambiental, como ramo autônomo do mundo jurídico, apesar de recentemente criado no século passado, já apresenta certa complexidade no enfretamento de alguns temas, como é o caso das unidades de conservação.

1Parte do Trabalho de Conclusão de Curso em Direito Ambiental e Urbanístico da pós-graduação de Marina Kleinsorge Daibert 2 Bióloga da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá, 79300-040, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Engenheira Agrônoma da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá, 79320-208, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Bióloga da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá, 79303-220, Corumbá, MS ([email protected])

Page 23: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

22

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Segundo Primack e Rodrigues (2002, p. 200), “uma das medidas mais controvertidas na preservação de comunidades biológicas é o estabelecimento de áreas legalmente protegidas”. Os mesmos autores afirmam que uma vez que a área esteja sob proteção, devem ser tomadas decisões quanto ao grau de interferência humana que será permitido naquele local.

A Lei N º 9985, de 18 de julho de 2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, que estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. De acordo com a Lei, entende-se por unidade de conservação um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

Em Mato Grosso do Sul, encontra-se o Parque Natural Municipal de Piraputangas, situado no município de Corumbá, que se localiza na porção Centro-oeste do Brasil, inserido na mesorregião Pantanal Sul Mato-Grossense e na microrregião Baixo Pantanal, que também compreende os municípios de Ladário e Porto Murtinho, conforme subdivisão do Brasil dada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (1985). Por se tratar de área da União e com fins de preservação, nesta UC são proibidas a ocupação e utilização para qualquer atividade não autorizada pela Fundação do Meio Ambiente do Pantanal, órgão ambiental da Prefeitura Municipal de Corumbá.

Em 2005, a Prefeitura Municipal de Corumbá confrontou com um problema socioambiental no Parque em decorrência de conflitos de interesses entre a mesma e religiosos praticantes do candomblé e da umbanda, os quais faziam oferendas ao longo de uma cachoeira situada no interior deste Parque. Em busca de solucionar o problema de maneira equitativa e justa, o poder público municipal buscou atender os anseios dos atores sociais envolvidos no conflito por meio do uso do princípio da proporcionalidade.

Segundo Cleve e Ferreira (2002), é a partir do princípio da proporcionalidade que se opera o "sopesamento" dos direitos fundamentais, assim como dos bens jurídicos quando se encontram em estado de contradição, oferecendo ao caso concreto uma solução ajustadora de condenação e cominação dos bens em colisão.

Considerando os aspectos descritos acima, a justificativa em empreender este estudo se deve às peculiaridades apresentadas no desfecho deste conflito sob a ótica do Direito Ambiental.

Assim, este trabalho tem como objetivos:

• Descrever a importância socioambiental do Parque Natural Municipal de Piraputangas; • Analisar sob a ótica do Direito Ambiental de que maneira o poder público municipal de Corumbá buscou

solucionar um conflito em uma área protegida.

• Apresentar de que modo a aplicação do princípio da proporcionalidade pode atuar como equacionador da colisão dos interesses antagônicos que coadjuvam uma mesma relação jurídica, sem ferir o que está previsto no Direito Ambiental.

Material e Métodos

A metodologia utilizada para a realização deste estudo dividiu a pesquisa em etapas. Inicialmente foram realizadas pesquisas bibliográficas que buscaram estabelecer a base teórico-conceitual deste trabalho. Também foram consultados artigos, teses, dissertações, notícias, dentre outros na internet e nos arquivos da Prefeitura Municipal de Corumbá. Este vasto referencial teórico foi de grande auxílio para o desenvolvimento da pesquisa empírica.

Levando em consideração a forma de abordagem do problema estudado, esta é uma pesquisa qualitativa aplicada, a pesquisa aplicada tem como objetivo resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas. Já do ponto de vista dos seus objetivos, esta pesquisa é exploratória e explicativa. Exploratória, porque visou proporcionar maior familiaridade com o problema, a fim de torná-lo explícito por meio de levantamento bibliográfico. E explicativa, porque buscou identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência do problema, aprofundando o conhecimento da realidade ao explicar a razão das coisas.

Quanto aos procedimentos técnicos, trata-se de uma pesquisa-ação, um tipo de pesquisa social com base empírica concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e na qual pesquisador e participantes representativos da situação ou do problema, estando envolvidos de modo cooperativo ou participante.

Page 24: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

23

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

A coleta de dados foi obtida via inquérito pessoal utilizando o método etnográfico. Sendo que, optou-se em fazer uso da etnografia em virtude da convivência que a pesquisadora tem com os sujeitos da pesquisa. Vale mencionar que a etnografia é um processo guiado preponderantemente pelo senso questionador do etnógrafo.

Resultados e Discussão

Desde os tempos primitivos, procurou o homem, o equilíbrio e a justiça, o que fez com que Rodrigues (2005, p. 107 apud CUIABANO, 2001) inferisse: "A ideia de proporcionalidade remonta aos tempos antigos, confundindo-se com a própria noção de Direito. Desde a época de Talião, almejava-se alcançar o justo equilíbrio entre os interesses em conflito". A ideia de justo no imaginário humano pressupõe dar a cada um, proporcionalmente, o que lhe é devido. Por seu turno, o professor Castro (2003, p. 88 apud CUIABANO, 2001), ensina que: "a ideia de proporcionalidade prende-se à noção geral de bom senso (aplicada ao âmbito jurídico), como algo que emana do sentimento de repulsa diante de um absurdo ou de uma arbitrariedade".

O princípio da proporcionalidade remete à noção de coerência, cuja adequação depende dos valores escolhidos pelo sistema jurídico. O princípio da proporcionalidade é conhecido também como o principio da proibição do excesso ou principio da razoabilidade. Em regra, a coerência deve estar presente em todas as decisões judiciais e políticas, inclusive no Direito Ambiental. A afetividade da proteção do meio ambiente depende da aplicação do principio da proporcionalidade, que no caso, lida com a difícil tarefa de harmonização e otimização de interesses e pretensões intensamente colidentes.

O modelo de unidades de conservação adotado no Brasil e no Terceiro Mundo, em geral, é um dos principais elementos de estratégia para a conservação da natureza. Ele deriva da concepção de áreas protegidas construídas no século passado nos Estados Unidos, com o objetivo de proteger a vida selvagem (wilderness) ameaçada pelo avanço da civilização urbano-industrial. Esse modelo expandiu-se logo em seguida para o Canadá e países europeus, consolidando-se como um padrão mundial, principalmente a partir da década de 60 quando o número e a extensão das áreas protegidas ampliaram-se enormemente em todo o mundo. A ideia que fundamenta este modelo é a de que a alteração e domesticação de toda a biosfera pelo ser humano são inevitáveis, sendo necessário e possível conservar pedaços do mundo natural em seu estado originário, antes da intervenção humana.

Assim, esse modelo supõe uma dicotomia conflitante entre ser humano e natureza, supõe que as comunidades locais são incapazes de desenvolver um manejo mais sábio dos recursos naturais (o que pode ser verdade nos casos de extrativismo comercial em grande escala, mas não em todos os casos), e finalmente, que estas áreas podem ser perpetuadas num estado de natural equilíbrio. Ainda que este modelo possa ser relativamente adequado aos EUA, dada a existência de grandes áreas desabitadas, sua transposição para o Terceiro Mundo mostra-se problemática, pois mesmo as áreas consideradas isoladas ou selvagens abrigam populações humanas, as quais, como decorrência do modelo adotado, devem ser retiradas de suas terras, transformadas de agora em diante em unidade de conservação para benefício das populações urbanas (turismo ecológico), das futuras gerações, do equilíbrio ecossistêmico necessário à humanidade em geral, da pesquisa científica, mas não das populações locais.

Segundo Primack e Rodrigues (2002, p. 287), “em muitos casos, as populações locais já protegem as florestas, os rios, as águas costeiras. Essa proteção é imposta pelos cidadãos mais velhos e é baseada em crenças religiosas e tradicionais”.

Tanto é que na história da humanidade é possível detectar a relação existente entre o ser humano e o ambiente, no que diz respeito às suas crenças. Tanto diretamente, quando os elementos naturais são adorados como deuses, como indiretamente, quando esses elementos são utilizados como um meio de comunicação com as divindades. A liberdade religiosa é um direito fundamental do ser humano, assim como a garantia de um meio ambiente saudável.

De acordo com Maragon e Agudelo (2011), o aumento das tensões socioambientais em Unidades de Conservação (UCs) indica que existe um descompasso entre os diferentes instrumentos de gestão territorial e as políticas públicas. Além disso, inexiste o diálogo entre os diversos grupos de interesses, o que torna inviável uma possível convergência de ideias voltadas a um fim comum: conciliar a presença humana com o uso sustentável dos recursos naturais.

Os mesmos autores observaram em sua pesquisa que a incorporação da dimensão cultural sob a ótica da sustentabilidade abre ao debate uma diversidade de enfoques sobre as alternativas meramente técnicas para os problemas socioambientais. Os patrimônios simbólicos das diversas culturas proporcionam meios para o enriquecimento cultural do mundo através da diferenciação, assim como para construir uma nova racionalidade produtiva e um novo paradigma de desenvolvimento.

Page 25: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

24

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Estamos diante, portanto, de uma diferente maneira de interpretar as práticas religiosas que envolvem a natureza nas religiões afro-brasileiras. Tudo começa, a partir da constatação de que as religiões afro-brasileiras apresentam fortes ligações com a natureza.

Por outro lado, não são poucas as acusações de depredação ao meio ambiente que lhes são dirigidas. Principalmente em relação às oferendas e despachos que são entregues nas matas. Velas acesas podem provocar incêndios; comidas dos santos podem servir de alimentos aos animais silvestres, que não só podem se intoxicar como se machucarem nos detritos espalhados. Segundo Franca (2006 apud DA SILVA, 2009), os rios e cachoeiras também são atingidos, pois a água é elemento importante nos rituais. Só com o esgotamento do tempo ritualístico esses materiais viram “lixo”, e podem ser retirados. É dentro dessa permanência e a não retirada desses materiais, que se observa a formação de conflitos, como o caso de proibições do acesso das comunidades religiosas a espaços de preservação ambiental. Apesar disso tudo, o discurso do candomblé como religião “ecologicamente correta”, parece se difundir sem muita crítica.

Estamos, portanto, diante de duas formas de interpretar as práticas religiosas que envolvem a natureza nas religiões em questão. Nesta última, parece que embora a presença da natureza como essência divina seja importante, verifica-se que isso pode não se traduzir plenamente em consciência ecológica.

O Parque de Piraputangas possui a área da Cachoeira do Córrego São Domingos, localizada próxima ao areeiro São Domingos, acima da estrada de ferro pertence. Esta região tem servido há mais de 50 anos como local de oferendas religiosas realizadas por adeptos da umbanda e candomblé do município de Corumbá.

De acordo com a “mãe de santo” Catarina da Silva Bruno da “Tenda São Jorge”, eles precisam de um lugar em contato com a natureza: “para recobrar nossas forças e orações para os necessitados, temos o direito de continuar fazendo o culto na cachoeira São Domingos”, frisou, lembrando que foi preparada para receber a coroa há 20 anos, naquele local.

Em reunião do MPE com as autoridades do poder público municipal e representantes da umbanda e do candomblé ficou deliberado, entre outras providencias, a suspensão imediata dos cultos religiosos no Parque, além da proposta de disponibilização de outra localidade, diversa de área de preservação ambiental, para realização das oferendas.

Como uma reação à determinação do MPE, os adeptos de umbanda e candomblé chegaram a realizar uma manifestação pacífica, por meio de uma passeata pelas ruas do centro de Corumbá. O objetivo do protesto foi solicitar que fosse revogada a decisão do MPE de proibir a utilização do Parque Municipal de Piraputangas, no Córrego São Domingos para seus rituais.

Por outro lado, o então secretário interino de meio ambiente de Corumbá, Cássio Augusto da Costa Marques, afirmou que na época não foi procurado por nenhum dos representantes religiosos envolvidos no conflito, para que os mesmos visitassem três localidades possíveis para a realização dos cultos religiosos.

Vale mencionar que a Prefeitura, com o apoio do MPE, estava respaldada legalmente pelo artigo 40 da Lei 9605/98, conhecida com a Lei dos Crimes Ambientais, que prevê punição aos que causarem dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização.

Por sua vez, o pai de santo Hamilton disse que na ocasião foi feita uma reunião com todos os representantes da Umbanda e Candomblé, a fim de verificar se havia algum outro local para a prática do ritual, mas segundo ele, não encontraram um que possuísse as mesmas características encontradas na Cachoeira do Córrego São Domingos. Ainda conforme o pai de santo, o local é o mais acessível às pessoas mais carentes adeptas das religiões, enfatizando a função ecológica dos mesmos como guardiões da natureza ao afirmar:“nunca denegrimos nem poluímos o Parque, nós até ajudamos a comunidade que reside nas imediações com doações, é um absurdo falar que estamos prejudicando a natureza”, explicou.

Assim, considerando a necessidade de atender os adeptos do culto de umbanda e candomblé e de garantir a liberdade religiosa, bem como o respeito as suas tradições e manifestações, conforme preconiza o artigo 5 inciso VI da Constituição Federal, o Poder Público Municipal fez uso do Princípio da Proporcionalidade, a fim de atender os interesses dos atores sociais envolvidos. Deste modo, por meio do decreto 399/2005, de 28 de dezembro, desmembrou uma área de 5.387 km² do Parque onde ocorriam os rituais umbandistas.

A área desmembrada foi denominada Vale dos Orixás e passou a atender as comunidades de Umbanda e Candomblé de Corumbá e também de Ladário, que agora contam com um local apropriado para a prática de cultos religiosos. O ato foi definido pelo prefeito como um momento de respeito ao meio ambiente e a uma crença religiosa.

Page 26: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

25

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Conclusões

O Poder Público Municipal de Corumbá buscou solucionar o conflito ocorrido no Parque Natural Municipal de Piraputangas por meio do princípio da proporcionalidade. Pois, com isso, atenderia aos anseios da comunidade religiosa que se sentia lesada em seus direitos fundamentais.

A possível solução para o embate ainda reside no uso do princípio da proporcionalidade. Porém, a Prefeitura de Corumbá deve proceder legalmente, criando uma Lei específica para regulamentar o desmembramento.

Assim, conclui-se que o princípio da proporcionalidade é uma ferramenta legal a ser usada na resolução de conflitos socioambientais em unidades de conservação pelo poder público, desde que este o faça de acordo com o que está previsto no Direito Ambiental.

Referências

ACSELRAD, Henri. Conflitos Ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Fundação Heinrich Böl, 2004. 294p.

CUIABANO, R.M. O Princípio da Proporcionalidade no Direito Ambient al: Breves Exemplos de Implementação no Direito Brasileiro. Revista da Faculdade de Direito da UFPR, V. 36, 2001.

DA SILVA, J.P. Práticas Religiosas e Consciência Ecológica nas Rel igiões Afro-pessoenses. Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/caos/n14/11Pr%C3%A1ticas%20Religiosas%20e%20Consci%C3%AAncia%20Ecol%C3%B3gica%20nas%20Religi%C3%B5es%20Afro.pdf>Acesso:08 abr. 2013.

MARAGON, M.; AGUDELO, L.P.P. Uso da Paisagem e Conservação: Tensões Socioambient ais e Diálogos de Saberes. Revista Educação & Tecnologia. 2011.

PRIMACK, R.B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação . Londrina: Editora Vida, 2002. RIBEIRO, W.C. A ordem ambiental internacional. São Paulo: Contexto, 2001, 176p

Page 27: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

26

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Aplicação MEV Ambiental no estudo de afinidade/repe lência à água na superfície de Salvinia auriculata

Ana Paula Souza Silva 1, Ivan Bergier 2

Resumo: Salvinia auriculata é uma planta aquática, pilosa, abundante no Pantanal brasileiro. Este estudo teve por objetivo avaliar suas capacidades hidrofílicas e superhidrofóbicas em microscopia eletrônica de varredura (MEV) no modo ambiental. Amostras da planta foram submetidas a uma dinâmica de pressão em baixo vácuo e baixas temperaturas. Com isso foi possível estudar a hidrofilicidade na porção terminal dos tricomas e a superhidrofobicidade responsável pela repelência da água, retenção de ar e pela capacidade autolimpante. Essas habilidades são importantes descobertas do Biomimetismo, e suas aplicabilidades se estendem de roupas de banho impermeáveis, tintas, vidros de veículos e placas solares autolimpantes, a redução da fricção de arrasto de transporte de fluidos e navios.

Palavras–chave: Biomimetismo, biofísica, superfície superhidrofóbica, superfície autolimpante.

ESEM application in the study of water affinity and repellence in Salvinia auriculata

Abstract : Salvinia auriculata is an aquatic plant, hairy, abundant in the Brazilian Panatanal. This study aimed to assess their hydrophilic and superhydrophobic capacities by scanning electron microscopy in environmental mode. Samples of plant were subjected to dynamic pressure in low vacuum and low temperatures. By this approach it was possible to study the hydrophilicity in the terminal portion of the trichomes and the superhydrophobicity, which are responsible for water-repellency, air-retention and self-cleaning capacities. These capacities are important discoveries of the Biomimetics, and their applicability extend from waterproof swimsuits, paints, and self-cleaning glass vehicle and solar panels, to the reduction of transport drag friction of fluids and ships.

Keywords: Biomimetics, biophysics, superhidrofobic surface, self-cleaning surfaces.

Introdução

A Salvinia auriculata, conhecida popularmente como orelha-de-onça, é uma planta aquática, flutuante livre, com folhas ovaladas repletas de tricomas (ou pêlos). Nativa de regiões tropicais da America Central e do Sul é encontrada em abundância no Pantanal brasileiro. É uma das primeiras espécies na sucessão vegetal de corpos d’água após a intervenção humana, como a formação de represas. De acordo com Castro et al, (2010), de todas as espécies registradas em oito ilhas flutuantes (camalotes) no rio Paraguai somente duas estiveram presentes em todas amostragens, Eichhornia crassipes e Salvinia auriculata. A superfície de suas folhas apresenta capacidade superhidrofóbica; gotas de água em sua superfície formam um ângulo de contato maior que 150°. O interesse por esse tipo de superfície teve início na década de 70, quando o biólogo Wilhelm Barthlott estudou a flor-de-lótus (Nelumbo nucifera) e observou que esta apresentava propriedade autolimpante. O comportamento conhecido como “Efeito Lótus” resulta de dois níveis estruturais (Rodak, 2005). O primeiro deles origina-se de uma camada cerosa na superfície das folhas. O segundo, identificado por microscopia eletrônica de varredura (MEV), origina-se de saliências em escala nanométrica equivalentes a pêlos. A rugosidade entre duas saliências aprisiona o ar sob as gotas de água sobre a folha, e esta interface folha-ar é responsável pelo elevado ângulo de contato e o comportamento de rolamento de gotas esféricas de água sobre a folha de lótus. Ao rolar, as gotas removem partículas e tornam a superfície autolimpante.

Cerman et al. (2009) mostram que as folhas com tricomas cerosos são extremamente repelentes à água, como, por exemplo, as folhas de Salvinia auriculata e Pistia stratiotes. O fator crucial na superhidrofobicidade nas folhas de Salvinia é dado pelos tricomas de 0,2 a 1 mm de altura, aos quais se sobrepõem uma camada de pequenos cristais de cera hidrofóbica. A combinação de tricomas e cera fazem a superfície da folha de plantas do gênero Salvinia sp. super-hidrofóbica, conferindo flutuabilidade por meio de uma película de ar ao submergir. Tal propriedade faz dela um modelo vivo bem sucedido para aplicações biomiméticas (mimetizar estruturas biológicas para inovação em novos produtos e processos). A influência dessa capacidade super-hidrofóbica não se limita apenas ao caráter autolimpante, embora esse tenha se tornado o principal alvo de interesse em aplicações biomiméticas e de engenharia sustentável, devido a sua vasta aplicabilidade. A camada na superfície de retenção de ar na Salvinia auriculata é de grande interesse tecnológico, econômico e ecológico, pois se trata de uma

1 Bolsista CNPq na Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 28: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

27

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

solução que pode, por exemplo, reduzir a fricção no transporte de fluidos, e reduzir o efeito de arrasto no revestimento de grandes e pequenos navios. A combinação única de trechos hidrofílicos na superfície super-hidrofóbica, ou “Efeito Salvinia”, fornece um novo conceito para o desenvolvimento de revestimentos com propriedades autolimpantes e de retenção de ar (BARTHLOTT et al., 2010). O presente trabalho objetiva estudar em microscopia eletrônica de varredura no modo ambiental as propriedades hidrofílicas e hidrofóbicas de Salvinia auriculata.

Material e Métodos

O estudo foi realizado no Laboratório de Conversão de Biomassa da Embrapa Pantanal. A amostra foi coletada na área de ensino de plantas aquáticas da Embrapa Pantanal. Após a coleta, uma amostra foi submetida à microscopia eletrônica de varredura no modo ambiental em vapor d’água com um estágio frio (QUANTA FEI 250). Para a obtenção de imagens foram utilizados dois tipos de detectores, o Large Field Detector (LFD) e o Gaseous Secundary Electron Detector (GSED). Com o GSED, para a dinâmica de pressão, o estágio foi resfriado a 1,5ºC. A pressão foi ajustada para 750 Pascal. Depois de estabelecidos esses parâmetros, fechou-se o microscópio e iniciou-se o baixo vácuo no modo ambiental. Quando a pressão atingiu 750 Pascal, a amostra foi submetida a um feixe de elétrons de 20 kV. A amostra foi então submetida à dinâmica de pressão a temperatura constante de 1,5ºC. A pressão foi variada de 750 a 1000 Pascal, e com o aumento da pressão de vapor, microgotículas de água surgiram por condensação, conforme diagrama na Figura 1. No uso do LFD, para imageamento dos tricomas, o procedimento foi análogo, porém a temperatura foi ajustada a -20oC para congelar as estruturas e a pressão foi mantida constante a 750 Pascal.

Figura 1. Diagrama da dinâmica de pressão de vapor com a temperatura. A amostra a 1.5 ºC foi submetida a um aumento da pressão de vapor de 750 a 1000 Pascal (seta em vermelho). A curva representa o equilíbrio de umidade relativa (UR) a 100%.

Resultados e Discussão

Como mencionado por Steigleder (2010), em baixa temperatura a estrutura da planta é mantida em seu formato original. Nas folhas adultas, as terminações celulares de cada quatro tricomas são colapsadas formando um grupo de quatro células mortas, Sua estrutura final assemelha-se a batedores de ovos (Figura 2). Durante a dinâmica de pressão foi possível avaliar a dupla aptidão da superfície foliar da planta devido ao conjunto de tricomas e presença e ausência de cristais de cera. A capacidade hidrofílica foi identificada nas terminações celulares dos tricomas (Figura 3A). Essas terminações não apresentam cristais de cera e por isso geram uma forte ligação com a água, apresentando um ângulo de contato entre a superfície e a água menor que 90º, como mencionado por Barthlott et al. (2010). Com exceção da terminação de quatro células mortas, a folha inteira é recoberta por cristais cerosos (não mostrados). A conformação estrutural estabelecida proporciona a retenção de uma camada de ar entre folha e gotas d’água, que não escapa com facilidade ao submergir. A planta pode manter-se seca por 4 a 5 dias mesmo submersa (CERMAN et al., 2009). De acordo com Koch et al. (2008), superfícies superhidrofóbicas apresentam ângulo de contato estático igual ou superior a 150°. A média dos ângulos obtidos em esferas de água na Fig. 3A e 3B é ~151° ± 12°.

Page 29: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

28

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 2. A e B) Imagens obtidas em MEV ambiental (LFD). C e D) Detalhe da porção terminal de um tricoma (GSED).

152 °

145 °

140°

163 °

146°

172 °

BA

142

Figura 3. A) A gota de água amorfa (linha em amarelo) na porção terminal do tricoma evidencia a hidrofilia dessa superfície. A e B) Medição do ângulo de contato de gotas esféricas repelidas pela superfície superhidrofóbica.

Conclusão

A microscopia eletrônica de varredura ambiental permite estudar fenômenos biofísicos, como o Efeito Salvinia, e pode auxiliar na identificação de novos fenômenos biofísicos de interesse aplicado para outras espécies da biodiversidade do Pantanal.

Page 30: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

29

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Agradecimentos

Esta pesquisa teve apoio do Projeto MCTI/CNPq/Repensa, Processo no. 562441/2010-7.

Referências

BARTHLOTT, W.; SHIMMEL, T.; WIERSCH,S.; KOCH, K.; BREDE, M.; BARCZEWSKI, M.; WALHEIM, S.; WEIS, A.; KALTENMAIER, A.; LEDER, A; BOHN, H. F. The Salvinia paradox: superhydrophobic surfaces with hydrophilic pins for air retention water. Advanced Materials , vol. 22, p. 2325-2328, 2010.

CASTRO, W. J. P.; VIANNA, E. F.; SALIS, S.M.; GALVANI, F.; LIMA, I.B.T. Composição florística e fauna associada das ilhas flutuantes livres, Rio Paraguai , Corumbá, MS . Corumba: Embrapa Pantanal, 2010. 4p.

CERMAN, Z.; STRIFflER, B. F.; BARTHLOTT,W. Dry in the water: the superhydrophobic water fern S alvinia – a model for biomimetic surfaces , in: Functional Surfaces in Biology, ed. S. N. Gorb, Springer, Berlin, Heidelberg, 2009.

CHENG Y.T.; RODAK, D.E. Is the lotus leaf superhydrophobic? Applied Physics Letters , vol. 86, 144101. DOI:10.1063/1.1895487.

Koch, K; Bhushanb, B.; Barthlott, W. Diversity of structrure, morphology and wetting of plant surface. Soft Matter , vol. 4, p.1943-1963, 2008.

STEIGLEDER, A. P. Estudo morfológico da planta Salvinia molesta : uma contribuição para a biônica e o design de produto. 2010. 102 f. Dissertação (Mestrado em Design) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Engenharia e Faculdade de Arquitetura, Porto Alegre.

Page 31: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

30

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Área desmatada no município de Miranda, MS no perío do de 1994 a 2007 1

Sandra Mara Araújo Crispim 2, Urbano Gomes Pinto de Abreu 3, Luiz Alberto Pellegrin 4

Resumo: A busca do desenvolvimento sustentável é um dos maiores desafios para toda a humanidade e em especial no Pantanal, a maior área úmida do mundo e Patrimônio Nacional pela Constituição Brasileira. A principal atividade econômica é a pecuária de corte extensiva, baseada quase que exclusivamente em pasto nativo. Devido os custos crescentes da produção pecuária teve início o plantio de forrageiras exóticas. Para o plantio deve ser requerida uma solicitação aos órgãos competentes. Este trabalho teve por objetivo verificar qual a área situada na planície pantaneira, autorizada para desmatamento ou substituição de áreas de gramíneas grosseiras, para o plantio de braquiárias, no período de 1994-2008, em Miranda, MS. Os dados coletados foram número, extensão e totais de hectares das fazendas que solicitaram autorização. Os dados foram analisados por meio de equação de regressão linear múltipla, considerando-se como variável dependente área desmatada média (ha) do município e como variáveis independentes, os anos de 1994 a 2007. Os dados mostram que houve uma tendência de crescimento até 2001, a partir desse ano uma diminuição linear, provavelmente deveu-se a diminuição do preço do bezerro. O incremento percentual para cada ano foi de 0,014; 0,087; 0,073; 0,075; 0,081; 0,078; 0,077; 0,077; 0,061; 0,061; 0,064; 0,064; 0,063; 0,064, no período de 1994 a 2007, respectivamente, com uma taxa média no período de 0,067 %.

Palavras–chave: Desenvolvimento sustentável, extensão do desflorestamento, introdução de pastagem, Pantanal

Deforested area in the municipality of Miranda, MS in the period 1994 to 2007

Abstract: The search to attain sustainable development is one of the greatest challenges of humanity, especially in the Pantanal, the largest wetland in the world and a National Heritage Site, according to the Brazilian Constitution. The main economical activity of the region is extensive cattle raising, conducted exclusively in native pastures. Due to the rising costs of livestock production and farm division, cattle ranchers started using exotic grasses. A special permit is needed to plant these grasses. This work aims to study what is the current situation of the Pantanal plains regarding the authorization to deforest or the substitution of native grasses by Brachiaria grass. The study was conducted in Corumbá (Mato Grosso do Sul state) from 1994-2007. Data collected were number and size of farms that had requested authorization, total hectare and percent of deforestation or areas with grass substitution. Data were analyzed through multiple linear regressions by considering the deforested average area (ha) in the county as the dependent variable and the years, from 1994 to 2007, as independent variables. Data showed an increasing tendency until 2001 after this a linear decrease probably was due to decrease in the price of the calf. The percentage increase for each year were 0.014; 0.087; 0.073; 0.075; 0.081; 0.078; 0.077; 0.077; 0.061; 0.061; 0.064; 0.064; 0.063; 0.064 in 1994-2008, respectively. The average rate for the period was 0.067%.

Keywords: Extension of deforestation, Pantanal, pasture introduction, sustainable development

Introdução

O Pantanal é considerado a maior área úmida do mundo e foi declarado Patrimônio Nacional pela Constituição Brasileira de 1988, além de abrigar sítios de relevante importância internacional pela Convenção de Áreas Úmidas RAMSAR. Contempla ainda áreas de Reserva da Biosfera declaradas pela UNESCO em 2000.

No século XVII teve início a atividade pecuária na planície pantaneira, aproximadamente 300 anos, constituindo a principal economia no Pantanal e tem demonstrado ser a grande aliada nessa conservação. Com base no mapeamento na caracterização da cobertura vegetal da Bacia do Alto Paraguai (BAP) foi constatado que até 2008, a planície pantaneira manteve intactos 86% de sua cobertura vegetal nativa (SOSPANTANAL, 2012). O Pantanal é o bioma com menor impacto antrópico, pode-se afirmar que a criação tradicional extensiva de gado bovino de corte é fundamental para a conservação desse bioma.

1Parcialmente financiado pelo Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP) 2Pesquisadora Embrapa Pantanal, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Pesquisador Embrapa Pantanal, Corumbá, MS ([email protected]) 4Analista Embrapa Pantanal, Corumbá, MS ([email protected])

Page 32: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

31

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

O município de Miranda (MS) faz parte da sub-região do mesmo nome, com uma área de 5.494,5 km², dos quais 38 % estão no Pantanal. As atividades econômicas são a agropecuária, indústria de cerâmica, turismo de pesca e ecoturismo (IBGE, 2010).

Este trabalho teve por objetivo quantificar a área situada na planície pantaneira, autorizada para desmatamento ou substituição de gramíneas grosseiras, para o plantio de braquiárias, no período de 1994-2008, em Miranda, MS.

Material e Métodos

A Embrapa Pantanal juntamente com o Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), realizou um levantamento das autorizações emitidas, pelo Instituto Brasileiro de meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e Instituto de Meio Ambiente Pantanal (IMAP), órgão vinculado a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (SEMA), órgãos de licenciamento ambiental, no período de 1994 a 2007. Até novembro de 1993, os dois órgãos poderiam emitir essa autorização (licenciamento); atualmente, somente o IMAP tem essa atribuição. As solicitações das autorizações poderiam ser para desmatamento de áreas florestadas e/ou de áreas de campos para substituição de gramíneas não ou pouco consumidas pelos bovinos, tais como áreas de “capim carona”, Elyonurus muticus, “fura-bucho”, Paspalum lineare, e “capim-vermelho”, Andropogon hypoginus, e áreas de campo-cerrado com predominância de espécies como “lixeira”, Curatella americana L., para introdução das braquiárias.

Nesse levantamento foram identificados os números de estabelecimentos agropecuários que requereram a solicitação, o tamanho em hectares desses estabelecimentos agropecuários, o total de hectares autorizados para desmatamento e o incremento em percentual da área para cada ano, de todo o município.

Os dados foram analisados por meio de equação de regressão linear com decomposição polinomial cúbica, considerando-se como variável dependente a área desmatada média (ha) no município de Miranda e como variáveis independentes, os anos de 1994 a 2007. As análises estatísticas foram realizadas no módulo de análise de dados da planilha eletrônica do EXCEL de acordo com Lapponi (2000).

Resultados e Discussão

Durante o período estudado foram emitidas 185 autorizações de desmatamento para estabelecimentos agropecuários do município de Miranda. Essas autorizações ficaram distribuídas em 3 para 1994; 16 em 1995; 15 em 1996; 6 em 1997; 10 em 1998; 7 em 1999; 21 em 2000; 13 em 2001; 1 em 2002; 19 em 2003; 27 em 2004; 22 em 2005; 19 em 2006; 06 em 2007. Com a finalidade de conter as autorizações de desmatamento no Pantanal, o governo estadual em 27 de dezembro de 2006 editou a Lei 3.348, que proibiu o desmatamento pelo prazo de 12 meses, na área da planície pantaneira alagável, exceção para aqueles pedidos que já estavam em tramitação. Nos anos de 2004, 2005 e 2000 foram observados os maiores números de autorizações, 27, 22 e 21, respectivamente. Os mesmos autores também verificaram que 2004 foi o ano que apresentou o maior número de autorizações (46) no município de Rio Verde de Mato Grosso (CRISPIM et al., 2011).

Figura 1 . Incremento percentual da área desmatada no município de Corumbá (MS), no período de 1994-2008

Page 33: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

32

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Na Figura 1, observa-se a área desmatada (ha) para todo o período do estudo. No ano de 2000 foi registrado o maior desmatamento, 6.732 ha, seguido de 5.7571 ha em 2003, enquanto que o menor desmatamento ocorreu em 1994 com 788 ha. A equação para a estimativa da área desmatada ou substituída em ha, segue o modelo y = 10,724 x³ - 273,08 x² + 1985,6 x + 157,22 e R² = 0,5985 (Figura 1).

Esses dados mostram que em 1995 teve um pico de crescimento, de 1996 até 2001 houve uma tendência de crescimento. A partir de 2004 a 2007 ocorreu uma estabilização. Uma causa provável pode estar associada à queda do preço do bezerro (CEPEA, 2010). Outro fato relevante é a precipitação pluvial ocorrida nesse período de 14 anos, que apresentou uma variação de 728,1 mm a um máximo de 1432,4 mm, em 1995 e 2003, respectivamente. Apenas em cinco anos a precipitação foi inferior a 1000 mm, 867,4, 1999; 771,7 2002; 949,2 2006 e 931,2 em 2007 (ANA, 2012). Anos mais secos na região Pantaneira é um fator favorável para a introdução de espécies exóticas. O incremento do percentual de desmatamento para cada ano foi de 0,014; 0,087; 0,073; 0,075; 0,081; 0,078; 0,077; 0,077; 0,061; 0,061; 0,064; 0,064; 0,063; 0,064, no período de 1994 a 2007, respectivamente. Sendo que a taxa média no período foi de 0,067%. Vale salientar que esse dado engloba todo o município e não somente a área do Pantanal. Com esses dados observa-se que o incremento para o município de Miranda foi o mesmo encontrado para Porto Murtinho e essa é a menor taxa observada dentro os demais municípios de Mato Grosso do Sul que os mesmos autores estudaram. Nos municípios de Corumbá a taxa foi de 0,17 %, Aquidauana 0,52 %, e Rio Verde de Mato Grosso, com 0,73% (CRISPIM et al., 2011).

Diferentes metodologias de amostragem foram utilizadas para o estudo do desmatamento no Pantanal. Entretanto, esse último estudo realizado por algumas organizações não governamentais, em que ficou comprovado que o Pantanal é o bioma com menor impacto antrópico, pois 85% da vegetação nativa conserva-se intacta (SOSPANTANAL, 2010), a pesquisa científica tem que estar cada vez mais compromissada com o estabelecimento de bases para o desenvolvimento sustentável da região aliada à conservação da biodiversidade. Também o planejamento das fazendas deve estar dentro dos critérios de sustentabilidade ecológica. Entretanto, alguns cuidados são necessários para utilização da pastagem cultivada, o manejo correto é fundamental e no Pantanal, outro ponto a ser enfatizado é que, os pecuaristas deverão utilizar as pastagens cultivadas, como uma alternativa para algumas categorias animais (touros após a estação de monta, bezerros desmamados, novilhas de reposição e primeira cria), que requerem pastagens com maior disponibilidade e melhor qualidade nutricional e nunca como substitutas das pastagens nativas.

Conclusões

Políticas das diferentes esferas do poder público (municipal, estadual e federal) adequadas às condições edafoclimáticas e aos sistemas de produção do Pantanal, capazes de operacionalizar políticas de desenvolvimento para a região são demandas urgentes.

Agradecimentos

Agradecemos aos funcionários do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia (SEMAC) do Mato Grosso do Sul pela cessão dos dados.

Referências

ANA. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Disponível em: <http://www.ana.gov.br/portalsnish>. Acesso em 06 set. 2013.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo agropecuário 2006 . Brasília: IBGE, 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home /estatistica/economia.shtm>. Acesso em 06 set. 2013.

CEPEA. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA. Piracicaba: CEPEA, 2010. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/boi>. Acesso em: 06 jul. 2013.

CRISPIM, S. M. A.; ABREU, U. G. P.; PELLEGRIN, L. A. Quantificação da área desmatada no município de Porto Murtinho, MS, Brasil. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 48, 2011, Belém. Anais... Brasília: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2011 (CD-ROM).

LAPPONI, C. Estatística usando Excel. 2. ed. São Paulo: Lapponi Editora e Treinamento Ltda. 2000. 452 p.

SOS PANTANAL, 2012. Mapeamento da cobertura vegetal do Pantanal . Disponível em <http://www.sospantanal.org.br/projeto1-2>. Acesso em 06 set. 2013.

Page 34: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

33

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Aspectos socioeconômicos do município pantaneiro de Porto Murtinho/MS, na fronteira Brasil-Paraguai: subsídios para o planejamento e ge stão territorial 1

Roberto Ortiz Paixão 2, Tito Carlos Machado de Oliveira 3, Maria Helena da Silva Andrade 4

Resumo: O presente texto é o resultado de uma pesquisa que teve por objeto um diagnóstico mais aproximado dos aspectos socioeconômicos para subsidiar a gestão territorial no município pantaneiro de Porto Murtinho, localizado na porção sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul, na fronteira com a república do Paraguai. Foram consultados dados secundários de diversas fontes, seguindo-se de um levantamento a campo nos setores urbano e rural. Adotou-se a metodologia quali-quantitativa: registro fotográfico, entrevista semi-estruturadas a gestores e técnicos da esfera governamental, empresarial, produtores e trabalhadores rurais. Os resultados demonstraram que o município apresenta uma baixa densidade populacional com aproximadamente 65% residindo na área urbana e 35% na zona rural na atualidade, com uma ligeira vantagem da população do sexo masculino que conta com aproximados 53 % frente aos 47% da população do sexo feminino. A pecuária extensiva responde por aproximadamente 48% na composição do PIB municipal; seguida do setor terciário com 42,4%; e o setor industrial com 9,6%; considerando-se o período de 1999-2009. Outro aspecto marcante é grande concentração fundiária e a pequena diversificação da pecuária com forte ênfase na bovinocultura, cuja atividade passa por um processo observado também em outras regiões e que os paraguaios denominam"ganaderos forâneos", ou pecuaristas de outros lugares, os quais estabelecem poucos vínculos com a comunidade e o comércio local. Um ponto positivo é o turismo de pesca que tem crescido na região e que pode trazer um novo panorama para o município, ainda que essa modalidade tenha seus contrapontos socioambientais.

Palavras–chave: dinâmica regional, fronteira, pecuária extensiva, planejamento territorial, socioeconomia, turismo

Socioeconomic aspects of the municipality of Porto Murtinho Pantanal / MS, the Brazil-Paraguay border: support for planning and land management

Abstract: This text is the result of a research that had as its object a diagnosis closest to subsidize socioeconomic aspects of land management in the municipality of Porto Murtinho, located in the southwestern portion of the state of Mato Grosso do Sul, on the border with the Republic of Paraguay. Were consulted secondary data from various sources, followed by a survey of the field in the urban and rural sectors. Adopted the qualitative-quantitative methodology: photographic record, semi -structured interviews with managers and technicians from government, business, and farm workers. The results showed that the municipality has a low population density with approximately 65 % residing in urban areas and 35 % in rural areas today, with a slight advantage of the male population that has approximate 53 % compared to 47 % of the population of female. The extensive livestock accounts for approximately 48 % of the composition of the municipal GDP, followed by the tertiary sector with 42.4 % and the industrial sector with 9.6 %, considering the period 1999-2009. Another striking aspect is great land concentration and small livestock diversification with strong emphasis on cattle, whose activity undergoes a process also observed in other regions and that Paraguayans call "Ganaderos forâneos" or ranchers elsewhere, which provide few links with the community and local businesses. A positive point is that fishing tourism has grown in the region and can bring a new perspective to the council, although this modality has its environmental counterpoints.

Keywords: border, extensive cattle, regional dynamic, territorial planning, tourism, socioeconomic

Introdução

O estado de Mato Grosso do Sul tem uma atividade econômica marcadamente constituída pelo binômio ‘boi-soja’. De forma mais ampla podemos dizer que o Estado é um território historicamente ligado à pecuária e ao agronegócio nas últimas décadas. A pecuária é marcante na formação territorial do Mato Grosso do Sul inclusive nos rumos da política desse jovem estado (ESSELIN, 2011). Entretanto, essa força política não reflete positivamente em uma materialização mais efetiva na gênese econômica local de muitos municípios: geração de

1 Parte dos trabalhos do Plano de Manejo para a Gestão Integrada da Bacia do Rio APA, com apoio financeiro da União Europeia. 2 Professor do Curso de Geografia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS, Campo Grande, MS ([email protected]). 3 Professor titular nos cursos de Mestrado em Estudos Fronteiriços e Mestrado em Geografia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul- UFMS, Campo Grande, MS ([email protected]). 4 Professora adjunta do Curso de Geografia da FAENG, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, Campo Grande, MS ([email protected]).

Page 35: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

34

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

emprego e renda. Também constata-se no MS, embora não na mesma representatividade espacial, atividades como a mineração de forma pontual, o turismo e uma industrialização recente.

Esta é a realidade de muitos municípios do estado ressalvadas algumas peculiaridades, como o município de Porto Murtinho, localizado na porção sudoeste de Mato Grosso do Sul, à margem do rio Paraguai, na fronteira com a república do Paraguai e, aproximadamente, a 460 km da capital do estado.

A localização de Porto Murtinho na geografia na América do Sul faz latente o discurso sobre o potencial do município como elo de ligação para uma rota bioceânica. Desde os seus primórdios de povoamento, essa localização já foi um chamativo para a instalação de um porto fluvial e, consequentemente, um povoamento com perspectivas de crescimento e pujança do local. À semelhança de outro entreposto portuário e comercial que ganhava destaque naqueles idos: Corumbá. Sobre essa perspectiva de desenvolvimento para a Vila de Porto Murtinho, o trecho abaixo, transcrito do Album Gráphico de Mato Grosso (1914: 416) reforça essa leitura:

O progresso da villa no decorrer dos apenas 22 anos desde a sua fundação, deixa de esperar que o seu futuro será brilhante, uma vez que, pela immigração espontânea ou subvencionada, lhe seja facilitada o numero de braços precisos para o desenvolvimento e a exploração das suas riquezas naturaes.

Obviamente, isto não se concretizou na mesma dimensão que o ocorrido em Corumbá por diversas razões, dentre as quais pode-se mencionar que a fundação do Porto Murtinho em 1892, pela “Companhia Matte Laranjeira”, tinha como propósito o escoamento do produto que lhe conferiu o seu primeiro ciclo econômico: a erva-mate. Não obstante, a erva-mate passou a ser transportada para alhures por outros portos afluentes da bacia do Paraná, prejudicando sobremaneira o esperado desenvolvimento de Porto Murtinho no início do século passado, conforme está escrito no Album Gráphico de Mato Grosso (1914: 400):

Esta villa [...] , como sabei, porto de exportação de herva matte e por onde a empresa recebia quase todas as suas mercadorias, tendo n’ella importantes depósitos e outras repartições. Hoje, porém tendo ella estabelecido portos no rio Paraná [...] por alli fará toda a sua exportação e importação, porque, além de estarem mais próximos da zona ervateira, são os mesmos servidos por diversas vias fluviais, taes como os rios Iguatemy, Amambahy e Ivinhema, que atravessam a referida zona e que reduzem consideravelmente os gastos [...]. Este facto prejudicou sensivelmente o movimento commercial de Porto Murtinho [...].

Assim, o povoamento que no início do Século XX tinha uma população de 12 mil habitantes, atualmente está na ordem de 16 mil, segundo dados do IBGE (2013), o que dá uma clara noção da letargia econômica do município no decorrer de um século. No vácuo deixado pelo deslocamento portuário de exportação da erva-mate vieram outras atividades econômicas, similarmente à dinâmica regional ocorrida em outros municípios do Mato Grosso do Sul, com raras exceções.

Em Porto Murtinho, paralelamente ao ciclo da erva-mate, já se fazia presente a pecuária favorecida pela extensa área e grandes fazendas de criação, contando com um “saladeiro”, como eram denominados os abatedouros de gado, sendo o primeiro abatedouro denominado "Tereré", inaugurado em 1917, e que exportava charque e sabão da graxa do gado. Na sequência, ocorreram atividades ligadas à extração de madeira e tanino. Assim como em outros municípios pantaneiros, a partir disso, a gênese econômica da região passou a ser alicerçada pela pecuária extensiva de corte até os dias atuais, embora existam outras atividades ligadas ao setor terciário dentre as quais o turismo de pesca.

Neste sentido, sabendo-se que no planejamento territorial e as políticas públicas tem base em dados cuja escala de detalhes contempla aspectos gerais, este trabalho teve como objetivo ampliar a acuidade de diagnóstico no âmbito regional e local para o município pantaneiro de Porto Murtinho, procurando contribuir para um planejamento territorial com dados primários mais detalhados e assim subsidiar a gestão municipal e processos de integração fronteiriça entre Brasil e Paraguai.

Material e Métodos

Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se a base do Atlas Multirreferencial (1990) e os referenciais cartográficos do IBGE, ZEE/MS para escolha de pontos a serem amostrados, cuja localização se deu em campo com o uso de GPS para localização de pontos de destaque, sendo as cartas temáticas rodadas em SPRING (Sistema de Processamento de Informações Georreferenciada) por pesquisadores colaboradores. Foram aplicados questionários quali-quantitativos com perguntas fechadas, abertas e semi-estruturadas a variados segmentos regionais: funcionários públicos, munícipes, produtores e trabalhadores rurais. Os questionários aplicados e viáveis foram transcritos e agrupados por variáveis categóricas e, juntamente com os dados secundários e outras informações foram expressos sob a forma gráfica para análise, juntamente com o material resultante do registro fotográfico.

Page 36: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

35

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Resultados e Discussão

O município de Porto Murtinho, pelo que já foi exposto anteriormente, experimentou vários momentos econômicos sem, no entanto, haver um efeito multiplicador que sustentasse uma dinâmica econômica e populacional, tomando-se como base o fato de que o Album Graphico de Mato Grosso (1914) menciona uma população de 12 mil habitantes, ao passo que atualmente esse município conta com aproximadamente 16 mil (IBGE, 2013). Ou seja, uma constatação muito clara de que a população não avançou mais do que aproximados 25% ao cabo de um século, denunciando, de modo bastante grave, a letargia econômica do município que ao longo de um século, entre idas e vindas, não conseguindo imprimir um ritmo minimamente satisfatório de atração e fixação populacional em Porto Murtinho. Outros pontos a destacar sobre a demografia do município de Porto Murtinho é que, dos aproximados 25% de aumento populacional ao longo de pouco mais de um século, 15% ocorreu na última década. Relacionando-se sua população e extensão territorial o município apresenta uma baixa densidade populacional e também não escapou ao processo de urbanização ocorrido no Brasil, com aproximadamente 65% residindo na área urbana e 35% na zona rural na atualidade. Nesse conjunto populacional há uma ligeira vantagem da população do sexo masculino que conta com aproximados 53 % frente aos 47% da população do sexo feminino.

Segundo o IRS (2007), Porto Murtinho foi o único município que apresentou queda geral no quadro dos Indicadores de Produção de Riqueza, o que é bastante preocupante, pois esse dado demonstra a dinâmica econômica a partir da quantidade de energia utilizada tanto pelo setor produtivo quanto residencial. O município teve uma redução na geração de riqueza no período analisado, ficando, inclusive, numa situação destacada, com uma posição abaixo da média estadual.

É fato que os motrizes da economia murtinhense são, em primeiro lugar, a pecuária, com uma participação bastante significativa do setor terciário e, em último plano e com pouco destaque, o setor secundário na composição do PIB municipal. No caso do turismo, há uma ligeira desvantagem de Porto Murtinho na oferta desses serviços com relação a outros municípios que ofertam esses serviços. Isso, tomando-se em conta a facilidade de acesso ao destino e a quantidade de equipamentos urbanos em geral e os próprios do setor turístico, como é o caso de Corumbá que também é um polo de turismo de pesca e dispõe de uma regularidade de transporte aéreo, bem como maior rede hoteleira e barcos de grande porte para a atividade de turismo de pesca. Um dado interessante, neste sentido, é que ambos os municípios têm sofrido um solapamento na base econômica dessa atividade em decorrência do aumento do número de “ranchos de pesca”, como pode ser observado tanto em Corumbá quanto em Porto Murtinho. Inclusive na APA Cachoeira do Apa onde existem vários ranchos dessa natureza de uso.

Dentre outros aspectos socioeconômicos a destacar no município, a educação apresenta um quadro com demanda por cursos superiores presenciais, mas apenas oferta cursos à distância, sendo ainda preocupante o número de analfabetos que se aproxima da casa dos 18 %, o que, embora não seja um dos piores no Mato Grosso do Sul, vai repercutir negativamente em outros setores como o de serviços e o de saúde, entre outros.

Entende-se que esse quadro também está associado à precariedade do sistema de saúde e carência de profissionais da medicina, obrigando os murtinhenses a um deslocamento para outros locais, geralmente a capital, na busca de solução para problemas de saúde mais complexos, o que nem sempre é possível para boa parte dos que enfrentam problemas de saúde.

Apesar do quadro socioeconômico do município, os habitantes locais entendem que a pecuária é será o carro chefe da economia, contribuindo, inclusive, para identidade local. Entretanto, para a maioria dos entrevistados é preciso buscar indústrias e dar uso adequado ao porto, na perspectiva de outrora onde o porto era a infraestrutura necessária para o desenvolvimento e razão da existência de Porto Murtinho. Os entrevistados ainda manifestaram que dentre as atividades que podem “ajudar a criar emprego no município” o turismo tem grande potencial, inclusive mencionaram atividades turísticas em consolidação, como o moto-turismo e o turismo de pesca, sem, no entanto diferenciar turismo de excursionismo. Igualmente, não se pode negar que o município tem buscado alternativas nesse sentido com ênfase ao turismo de eventos. Sobre o turismo de pesca, cabe o alerta para alguns problemas sociais como a prostituição, a sazonalidade do setor e a falta de uma infraestrutura de transporte que atenda ao esperado fluxo turístico do município.

Em geral, a população entrevistada também mencionou expectativas quanto ao funcionamento do porto fluvial para atrair turistas e investimentos, bem como apontou a dificuldade que os residentes têm quanto à carência de cursos de requalificação de cursos superiores, ainda que exista oferta de educação superior à distância através de uma parceria entre a Prefeitura e duas universidades.

Page 37: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

36

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Conclusões

A pecuária não promoveu uma dinâmica econômica capaz de sustentar o município de Porto Murtinho no aspecto populacional, inclusive com migração perene e sazonal de população para outros municípios e regiões.

A capacidade produtiva ociosa e o preço relativamente baixo das terras, quando comparada aos valores praticados nas regiões sul e sudeste do Brasil atraíram produtores de outras regiões e estados para Porto Murtinho, assim como para outros municípios do MS, compondo um processo que os paraguaios denominam "ganaderos foraneos" e isso tem sido apontado por locais como um fator que agrava ainda mais a crise no comércio local.

Segundo o Mapa de Potencialidades econômicas (ZEE, 2009) há uma carência de incentivos fiscais para o município e uma tendência de manutenção da pecuária nas terras produtivas, onde atualmente existe uma grande concentração fundiária.

Os habitantes locais reclamam a falta de equipamentos de saúde e educação mais amplos. Também reclamam a falta de articulações das variadas esferas de gestão para fomentar a oportunidades de emprego e renda para seus habitantes, apontando o turismo como uma das possibilidades de desenvolvimento mais latentes, apesar dos problemas sociais, como a prostituição, associados a essa atividade. Outras atividades podem ser incorporadas como a silvicultura, a piscicultura, bem como outras modalidades de turismo como: aventuras, científico, pedagógico, contemplativo, etc.

Referências

ALBUM Graphico de Mato Grosso . Hamburgo, 1914.

ESSELIN, P. M. A Pecuária bovina no processo de ocupação e desenvo lvimento econômico do Pantanal sul-mato-grossense : 1830 – 1910. Dourados, MS: Editora UFGD, 2011.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=500690&search=mato-grosso-do-sul|porto-murtinho>. Acesso em: 09 out. 2013.

ZEE MS. Disponível em: <http://www.semac.ms.gov.br/zeems>. Acesso em: 09 ago. 2012.

MATO GROSSO DO SUL. Índice de Responsabilidade Social de Mato Grosso do Sul . Campo Grande-MS: SEMAC, 2007. 242 p.

Page 38: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

37

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Assembleias de macrófitas aquáticas em diferentes á reas no rio Paraguai

Camila Silveira de Souza 1, Muryel Furtado de Barros 1, Tiago Green de Freitas 1, Vali Joana Pott 2, Arnildo Pott 2, Geraldo Alves Damasceno-Junior 2, Edna Scremin-Dias 2

Resumo: Pulsos de inundação e a variedade de habitats estão intimamente ligados com a diversidade da vegetação de macrófitas aquáticas e suas variedades de formas de vida, em áreas alagáveis. Elas colonizam os mais diversos ambientes aquáticos, proporcionando assim a maior estabilidade da zona litoral, proteção de bancos e retenção de nutrientes e poluentes. O objetivo deste trabalho foi analisar a composição de macrófitas em diferentes áreas da planície do rio Paraguai no estado de Mato Grosso do Sul. As coletas ocorreram em seis pontos amostrais, em populações distribuídas em áreas com distintas características abióticas a partir do distrito de Forte Coimbra até a cidade de Porto Murtinho. Foram amostradas todas as espécies presentes em parcelas de 0,5 x 0,5, lançadas ao longo de transectos traçados da borda em direção ao centro das populações. Foram amostradas 62 espécies de macrófitas aquáticas distribuídas em 51 gêneros e 26 famílias, tendo Poaceae (9 spp.), Fabaceae (8 spp.) e Malvaceae (5 spp.) como as famílias mais representativas, totalizando 35,4% de todas as espécies amostradas. Plantas emergentes foram as mais comuns (53,2%), seguido de plantas flutuantes livres (19,3%), flutuantes fixas (16,1%), epífitas/emergentes (4,8%) e submersas e epífitas com 3,2% cada. As espécies encontradas neste estudo podem compor formações quase que monodominantes nos pontos amostrados, e isso pode estar refletindo as condições abióticas propicias para seu estabelecimento, ou ainda estar relacionada a forma de reprodução das espécies.

Palavras–chave: Cobertura, emergentes, Polygonum, transecto, valor de importância

Composition of aquatic macrophytes in different are as in the Miranda River, Pantanal Nabileque

Abstract: Flood pulses and the variety of habitats are closely linked with the diversity of macrophyte vegetation and its variety of life forms in wetlands. They colonize the most diverse aquatic environments, thus providing greater stability of the coastal zone, protecting banks and retention of nutrients and pollutants. The aim of this study was to analyze the composition of macrophytes in different areas of the plain of the Paraguay River in the state of Mato Grosso do Sul. The samples were collected at six sites in populations distributed in areas with abiotic characteristics distinct from the district of Fort Coimbra to Porto Murtinho. We sampled all species present in plots of 0.5 x 0.5, released along transects plotted from the edge toward the center of the population. We sampled 62 species of aquatic macrophytes distributed in 51 genera and 26 families, with Poaceae (9 spp.), Fabaceae (8 spp.) and Malvaceae (5 spp.) as the most representative families, totaling 35.4% of all species. Emergent plants were the most common (53.2%), followed by free floating plants (19.3%), floating fixed (16.1%), epiphytes / emerging (4.8%) and submerged and epiphytic 3 2% each. The species found in this study can compose almost monospecific formations in the sampled points, and this may reflect the abiotic conditions favorable for their establishment, or be related to form of reproduction of the species.

Keywords: Coverage, emerging, Polygonum, transect, importance value

Introdução

A inundação sazonal é o fenômeno ecológico mais importante do Pantanal, sendo que nesse processo as cheias dominam cerca de 80% das áreas de planície do Pantanal. Durante a estiagem, a água retorna para o leito dos rios ou evapora, caracterizando os pulsos de inundação que, somados a variedade de habitats estão intimamente ligados com a diversidade da vegetação de macrófitas aquáticas e suas variedades de formas de vida. Os principais ambientes lóticos de ocorrência de vegetação aquática são as margens dos rios, os meandros e anabranchs, e os principais sistemas lênticos são lagos, lagoas e campos inundáveis do Pantanal Diferenças nesses ambientes lóticos/lênticos determinam os recursos para a dinâmica e estrutura das comunidades de macrófitas aquáticas, sendo que durante a inundação, os sistemas aquáticos expandem suas áreas, conectando os corpos d’água com o rio (ADÁMOLI, 1982; JUNK et al., 1989).

1 Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 549, 79090-900, Campo Grande, MS [email protected]; [email protected]; [email protected] 2 Professores do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 549, 79090-900, Campo Grande-MS, [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

Page 39: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

38

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

As macrófitas colonizam os mais diversos ambientes aquáticos, proporcionando assim uma maior estabilidade da zona litoral, proteção de bancos e retenção de nutrientes e poluentes. A distribuição de espécies ao longo de vários gradientes abióticos inter-relacionados é difícil para abordagens fitossociológicas e para a determinação de subunidades em comunidades de macrófitas, e por este motivo, pouco se sabe sobre a dinâmica e estrutura da comunidade de macrófitas aquáticas em relação ao trabalho fitossociológico realizado em ecossistemas terrestres (HUTCHINSON, 1975). Este trabalho teve como objetivo analisar a composição de macrófitas em diferentes áreas da planície do rio Paraguai no estado de Mato Grosso do Sul e analisar se as assembléias deste grupo de plantas variavam em pontos amostrais com distintas características abióticas.

Material e Métodos

O levantamento foi realizado durante o período de cheia, em áreas sob influência do Rio Paraguai em Mato Grosso do Sul, iniciando no distrito de Forte Coimbra percorrendo todo o trajeto até a cidade de Porto Murtinho. Foram amostradas seis áreas distintas ao longo de 400 km, abrangendo desde baceiro à margem do Rio Paraguai no Distrito de Forte Coimbra, com profundidade maior do que 7 metros e muitos indivíduos do gênero Polygonum, área dois caracterizada por estar em curva acentuada do rio, em meandro na divisa entre Brasil, Paraguai e Bolívia com profundidade entre 2,5 – 3,5 metros, com águas em média a pouca velocidade e muitos indivíduos de Aspilia latissima e Eichhornia crassipes. Outras quatro áreas foram avaliadas, área três sendo ramificação do rio (Anabranch), com profundidade entre 2,0 – 3,5 metros, com grande quantidade de indivíduos de Aspilia latíssima, localizado também próximo à fronteira Brasil/Paraguai/Bolívia, área quatro caracterizada por ser um paleodique na foz do rio Nabileque com profundidade variando de 2-4 metros e muitos indivíduos de Polygonum acuminatum e água com pouca velocidade, a área cinco localizada no Forte Olimpo, na região de Chaco, constitui campo inundável com profundidade e torno de 3 metros, água parada, forte odor de matéria orgânica em decomposição e predominância de espécies invasoras como Senna aculeata e Neptunia plena. A sexta área de amostragem localizada no feixo dos morros, região de Porto Murtinho, é formada de campo inundável com profundidade em torno de 3 metros, águas também paradas e predominância de indivíduos de Polygonum ferrugineum e Utricularia foliosa (Tabela 1).

Tabela 1 . Seis áreas amostradas com as marcações de GPS número de linhas e parcelas.

Áreas Pontos Linhas Parcelas

Área 1 S 19º56’46,2” W 57º59’01,4” 2 40

Área 2 S 20º05’38,0” W 58º02’51,9” 2 40

Área 3 S 20º05’33,1” W 58º02’20,9” 2 40

Área 4 S 20º56’12,05” W 57º49’59,5” 4 80

Área 5 S 21º03’49,8” W 57º50’45,1” 5 1400

Área 6 S 21º26’43,0” W 57º54’29,8” 6 120

TOTAL - 21 420

Os dados foram coletados ao longo de transectos, traçados a partir da borda até o interior das comunidades de macrófitas, utilizando barco a motor, sendo estimada a porcentagem de cobertura para cada espécie de planta vascular em cada parcela (50 x 50 cm), de acordo com Brower e Zar (1984), a qual é calculada pela projeção perpendicular em relação à água que permite estimar o percentual da parcela coberta para cada uma das espécies de macrófitas analisadas individualmente.

Os dados fitossossiológicos calculados foram frequência relativa (RF, em%) e cobertura relativa (RC, em%) de cada espécie, chegando valor de importância (IV) que foi considerado como a soma de RF e RC por espécie (DAMASCENO-JUNIOR e POTT, 2011).

As espécies foram identificadas em campo com auxílio dos especialistas ou por bibliografia especializada. As formas de vida de cada uma das espécies também foram classificadas em campo, ocorrendo: emergente, flutuante livre, flutuante fixa, submersa fixa, submersa livre e epífita. Indivíduos férteis foram coletados, processados e incorporados no Herbário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (CGMS).

Page 40: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

39

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Resultados e Discussão

Foram amostrados no total 62 espécies de macrófitas aquáticas distribuídas em 51 gêneros e 26 famílias. Bryophita foi representada por uma espécie (Ricciocarpos natans), Monilophyta com quatro famílias e cinco espécies e Angiospermae com 56 espécies dentro de 21 famílias.

As famílias mais representativas foram Poaceae (9 spp.), Fabaceae (8 spp.) e Malvaceae (5 spp.), representando 35,4% de todas as espécies amostradas. Panicum foi o único gênero que apresentou três espécies, já Eichhornia, Ludwigia, Melochia, Mimosa, Neptunia, Paspalum, Polygonum, Salvinia e Utricularia foram representados por duas espécies cada. Plantas emergentes foram as mais comuns (53,2%), seguido de plantas flutuantes livres (19,3%), flutuantes fixas (16,1%), epífitas/emergentes (4,8%) e submersas e epífitas com 3,2% cada (Tabela 2).

Tabela 2 . Formas de vida (%) de macrófitas amostradas em seis áreas distinta no rio Paraguai, Mato grosso do Sul.

Forma de vida A1 A2 A3 A4 A5 A6

Emergente 13 12 15 15 23 22

Flutuante livre 16 16 17 19 16 17

Flutuante fixa 18 14 18 11 21 18

Epífita/Emergente 30 20 20 20 10 0

Epífita 0 0 50 15 25 0

Submersa livre 0 0 0 0 33 67

As espécies de macrófitas encontradas neste estudo já haviam sido registradas em outros trabalhos no Pantanal, sendo o número de espécies também semelhante ao encontrado em estudos similares (e.g. CATIAN et al., 2012). Com o aumento do nível de água, muitas zonas úmidas adjacentes ao rio ficam inundadas, podendo recrutar bancos de sementes e propágulos vegetativos, favorecendo assim o desenvolvimento de espécies adicionais, o que pode explicar a variedade de espécies encontradas no presente trabalho, já que este se deu no período de cheia. A cheia também proporciona diferentes áreas para o estabelecimento de macrófitas aquáticas, o que também explica as diferentes áreas amostradas e a riqueza de famílias e espécies (Adámoli, 1982; Junk, et al. 1989).

Em relação ao valor e importância das espécies, na área 1, P. ferrugineum, P. rotundifolia e P. acuminatum apresentaram os maiores valores de importância, na área 2, E. crassipes, S. minima e A. latissima; na área 3, A. latissima, P. fluitans e L. aequinoctiales; área 4, P. acuminatum, S. minima e M. micrantha; Área 5, S. minima, P. wrightii, A. caroliniana; Área 6, P. ferrugineum, U. foliosa e O. latifolia (Figura 1). Neste estudo, pudemos caracterizar formações quase que monodominantes de espécies, nas diferentes áreas amostradas (e.g. baceiros, campos inundáveis) e isso pode refletir o fato dessas áreas serem propicias para o estabelecimento em áreas com características bióticas peculiares, e também indicar as formas de reprodução e propagação das espécies de macrófitas avaliadas.

Page 41: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

40

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 1. Valores de importância (IV) das dez espécies de macrófitas aquáticas mais representativas em seis distintas populações, amostradas ao longo do rio Paraguai.

Conclusões

Os resultados deste trabalho podem esclarecer um pouco mais sobre a estrutura da comunidade de macrófitas aquáticas em relação ao trabalho fitossociológico destas espécies no Pantanal, sendo possível estabelecer algumas espécies que se mostraram importantes na comunidade de macrófitas aquáticas estudada como P. ferrugineum, P. rotundifolia, P. acuminatum, E. crassipes, S. minima, A. latissima, S. minima e A. caroliniana.

Page 42: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

41

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Agradecimentos

A Suzana Neves Moreira, Rosa Helena da Silva, Gisele Catian, Fernando Alves Ferreira e aos tripulantes do Kassatomaru.

Referências

ADÁMOLI, J. O Pantanal e suas relações fitogeográficas com os cerrados: discussão sobre o conceito “Complexo do Pantanal”. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 32, 1981, Teresina. Anais. Teresina: Sociedade Botânica do Brasil, 1982. p. 109-119.

BROWER, J. E.; ZAR, J. H. Field and laboratory methods for general ecology . 1984.

CATIAN, G. G.; LEME, F. M.; FRANCENER, A.; CARVALHO, F. S.; GALLETTI, V. S.; POTT, A.; POTT, V. J.; SCREMIN-DIAS, E.; DAMASCENO-JUNIOR, G. A. Macrophyte structure in lotic-lentic habitats from brazilian Pantanal. Separata de: Oecologia Australis , v.16, n.4, p. 782-796, 2012.

DAMASCENO-JUNIOR, G. A.; POTT, A. Métodos de amostragem em estudos fitossociológicos sugeridos para o Pantanal. In: J.M. FELFITI, P.V. EISENLOHR, M.M.R.F. MELO, L.A. ANDRADE, & J.A.A. MEIRA-NETO (orgs.). Fitossociologia no Brasil: métodos e estudos de caso. Viçosa, MG: Editora UFV, 2011. vol. 1. p. 295-323.

HUTCHINSON, G.E. A treatise on limnology: limnological botany . v. 3.John Wiley and Sons, New York, NY. 660p. 1975

JUNK, W.J.; BAYLEY, P.B. & SPARKS, R.B. The flood pulse concept in river-floodplain systems.Canadian Species Published Fishies. Aquatic Science , v.106, p.110-127, 1989.

Page 43: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

42

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Associação de estilosantes Cv. Campo Grande em past agem de braquiárias, Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS

Sandra Mara Araújo Crispim 1, Sandra Aparecida Santos 1 José Anibal Comastri Filho³, Oslain Domingos Branco 4

A consorciação de leguminosas com gramíneas é sempre um gargalo na produção animal, devido à baixa persistência da leguminosa sob pastejo. A inclusão de leguminosas é um fator importante no incremento do nível adequado de proteína na dieta animal, como também pelo aporte de nitrogênio ao sistema. O estilosantes cv. Campo Grande (SCG) foi desenvolvido pela Embrapa Gado de Corte a partir da mistura de duas espécies de leguminosas, o Stilosanthes capitata e S. macrocephala. Este estudo objetivou avaliar a persistência da SCG em consorciação com braquiárias no Pantanal arenoso, sub-região da Nhecolândia, MS. O estudo foi efetuado em área de campo sujo em uma invernada da fazenda Nhumirim. Em 2007 foram semeadas sementes de Urochloa humidicola, U. decumbens e SCG, na proporção de 30%, 50% e 20%, respectivamente. A persistência da leguminosa foi avaliada no período de abr/08 a jun/10, por meio de transecto fixo medindo 50 m x 1 m. Em cada avaliação foram observadas o percentual da cobertura total e frequencia de todas as espécies de plantas presentes. Na última amostragem foram coletadas amostras de estilosantes para análises químicas. Um total de 11 avaliações foi realizado nos meses de fevereiro, abril, junho, setembro e novembro A cobertura de plantas variou de um mínimo 54% e máximo de 79%, em nov/08 (início da época das chuvas) e abr/09 (final das chuvas), respectivamente. Conforme esperado, o estilosantes decresceu ao longo do tempo, não esteve presente na amostragem de abril/10, com frequencia máxima de 43%, na primeira amostragem, em maio/08. Observou-se visualmente que os animais faziam um consumo maior da leguminosa durante os períodos mais secos do ano. O maior percentual observado para U. humidicola foi de 35% em novembro/08 e o menor de 5%, em novembro/09. Para U. decumbens o maior percentual foi de 15 em jun/08 e o menor de 2, em nov/08. As demais espécies de plantas encontradas na composição florística foram Waltheria albicans, Croton glandulosus e Annona dioica. Os valores médios da análise química de estilosantes indicaram teor de proteína de 12,8% e de macronutrientes, cálcio (0,4%); fósforo (0,18%), potássio (0,8%) e sódio (0,03). Proteína e cálcio atendem os requerimentos das vacas de cria. Estudos adicionais necessitam ser executados para avaliar os benefícios da associação do estilosantes com pastagens cultivadas no desempenho animal e na reciclagem de nutrientes, assim como definir a pressão de pastejo mais adequada.

1Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3Pesquisador Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

4Técnico Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 44: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

43

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Avaliação da exatidão de mapa de vegetação utilizan do o índice Kappa

Balbina Maria Araujo Soriano 1, Omar Daniel 2, Éder Comunello 3, Sandra Aparecida Santos 4, Geula Graciela Gomes Gonçalves 5

O bioma Pantanal é uma extensa planície de áreas úmidas contínuas da América do Sul com área de 138.183 km2. Considerando-se os aspectos relacionados à inundação, relevo, solo e vegetação, o Pantanal foi subdividido em onze sub-regiões entre elas a sub-região da Nhecolândia. Estas sub-regiões possuem uma grande variabilidade de unidades de paisagem, diretamente associadas às diferentes condições ambientais a que estão sujeitas. Diante dessa complexidade de ambientes, o uso de imagens orbitais tem possibilitado a realização de diversos mapeamentos regionais de vegetação, mas são raros os trabalhos que avaliem a acurácia desses dados. Este trabalho teve como objetivo avaliar a exatidão e precisão do mapa de vegetação da sub-região da Nhecolândia utilizando o índice Kappa. O mapeamento foi realizado por meio do processamento digital das imagens de satélite TM/Landsat-5, referentes ao período de estiagem de 1999. Após as etapas de pré-processamento, as imagens foram submetidas à técnica de classificação não supervisionada. O mapeamento da vegetação, resultante da classificação, foi organizado em 10 classes em função do grau de inundação e classe de vegetação (florestas, savanas e campos não inundáveis, florestas, savanas e campos sazonalmente inundáveis, florestas, savanas e campos /úmidos e corpos d’água). O mapeamento foi validado por meio de unidades de amostra in loco. Devido à grande dimensão da sub-região e às dificuldades de acesso, foi estabelecido um buffer de 30 km (11% da área total) com centro na Fazenda Nhumirim, onde foram coletados 99 pontos de referência, utilizados para calcular a acurácia da classificação por meio da matriz de confusão e índices gerados. Os valores da exatidão global e o Índice Kappa foram de 72,73% e 0,66, resultando num mapa temático classificado como sendo de boa qualidade.

1Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2Prof. Titular da Faculdade de Ciências Agrárias/UFGD, Caixa Postal 533, 79804-970, Dourados, MS, ([email protected]) 3Pesquisador Embrapa Agropecuária Oeste, Caixa Postal 449, 79804-970, Dourados, MS ([email protected]) 4Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5Prof.ª da Prefeitura Municipal de Amambai, Caixa Postal 533, 79990-000, Amambai, MS ([email protected] )

Page 45: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

44

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Avaliação de ganho de peso e peso a desmama em beze rros pantaneiros e pantaneiro X nelore, criados a pasto

Thomas Malby Horton 1, Heitor Romero Marques Júnior 2, Monise Cedran 3, Raquel Soares Juliano 4, Sandra Aparecida Santos 5, Eriklis Nogueira 6

Resumo: O bovino Pantaneiro é uma raça local brasileira que possui entre outras características, grande adaptabilidade às condições ambientais extremas aos quais são submetidos esses animais, no seu habitat natural, o Pantanal. Devido ao sério risco de extinção, a Embrapa Pantanal e parceiros têm dedicado suas pesquisas a conservação e uso desse patrimônio genético, divulgando suas potencialidades como forma de estimular a criação dessa raça em diferentes sistemas produtivos. Com o objetivo de avaliar o ganho de peso diário (GPD) e peso a desmama (PD) de animais da raça Pantaneiro e mestiços Pantaneiro X Nelore, foram coletados pesos de machos e fêmeas ao nascimento e próximo a idade de desmama. Não houve diferença de GPD entre os grupamentos raciais para ambos os sexos. A média de GPD de bezerras Pantaneiras e mestiças foi 0,575 kg/dia e 0,654 kg/dia, respectivamente. Para bezerros Pantaneiros e mestiços, os valores encontrados foram 0,643 kg/dia e 0,692 kg/dia, respectivamente. Não houve diferença de médias comparadas para o peso a desmama entre os grupamentos raciais para ambos os sexos. A média de PD, ajustado para 205 dias, de bezerras Pantaneiras e mestiças foi 148,3 kg e 161,6 kg, respectivamente. Para bezerros Pantaneiros e mestiços, os valores encontrados foram 161,7 kg e 172,3 kg, respectivamente. Os resultados encontrados foram semelhantes aos descritos na literatura para raça Nelore, principal raça bovina criada em sistema extensivo a pasto, em áreas de Cerrado. Sendo assim, considera-se que a inclusão de bovinos Pantaneiros pode ser uma alternativa viável do uso desse patrimônio genético em sistemas produtivos de cria.

Palavras–chave: Desempenho, raças bovinas locais, Recurso genético animal.

Evaluation of weight gain and weaning weight in Pan taneiro and Pantaneiro X Nellore raised on pasture.

Abstract: Pantaneiro cattle is a Brazilian local breed that has great adaptability to extreme environmental conditions to which they are subjected in their natural habitat, Pantanal. Due to the serious risk of extinction, Embrapa Pantanal and partners have dedicated their research to conservation and use of this genetic resource, disclosing its potential as a way to stimulate the creation of this breed in different production systems. In order to evaluate assess daily weight gain (DWG) and weaning weight (WW) of Pantaneiro animals and crossbreed Pantaneiro X Nellore, weights of males and females were collected at birth and weaning age. There was no difference in average weight gain (GPM), between racial groups for both sex. The average GP of Pantaneiro and crossbreed female calves were 0.575 kg/day and 0.654 kg/day, respectively. To Pantaneiro and crossbreed males, the values found were 0.643 kg/day and 0.692 kg/day, respectively. There was no difference in average compared to the weight WW among racial groups for both sex. The average PD, adjusted to 205 days, of Pantaneiro and crossbred female calves were 148.3 kg and 161.6 kg, respectively. To Pantaneiro and crossbreed males, the values were 161.7 kg and 172.3 kg, respectively. The results found were similar to those described in the literature for Nelore cattle breed that is the main racial group created in extensive system in areas of Cerrado. Therefore, we can conclude that the inclusion of Pantaneiro cattle can be a viable alternative to the use of this genetic resource in cow/calf production systems.

Keywords: Performance, local breeds, animal genetic resource.

1 Produtor Rural, Associação Brasileira de Criadores de Bovino Pantaneiro, Rua Joaquim Murtinho, 281, 79002-100, Campo Grande, MS ([email protected]) 2 Professor do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Católica Dom Bosco, Av. Tamandaré, 6000, 79117-900, Campo Grande, MS ([email protected]) 3 Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Católica Dom Bosco, Av. Tamandaré, 6000, 79117-900, Campo Grande, MS 4 Pesquisadora, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Pesquisadora, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 6 Pesquisador, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 46: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

45

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Introdução

Originalmente, as raças das quais descendem o bovino Pantaneiro, vieram da Península Ibérica e foram trazidas para região do Pantanal pelos espanhóis, na primeira metade do século XVI, durante o processo de colonização e exploração das províncias andinas. As expedições espanholas eram saqueadas pelos indígenas, durante sua passagem pela planície pantaneira e os animais que se desgarravam passavam a ser criados livremente em decorrência da abundância das pastagens nativas. A atividade pecuária no Pantanal brasileiro teve início a partir do século XVIII com o povoamento e a colonização dessa extensa área e nessa época houve uma segunda introdução de bovinos, chamados de Curraleiro, descendentes principalmente de raças portuguesas, vindos da “província de Goyaz”, uma provincia do Reino do Brasil criada em 1821 (MAZZA et al, 1994).

Esses animais passaram por um processo de adaptação e seleção natural às duras condições de sobrevivência do Pantanal. Foram a base da economia pecuária local até meados do século XX, porém, com a introdução das raças zebuínas na região, sofreram um processo de miscigenação e substituição, até chegarem ao ponto de risco de extinção (MAZZA et al., 1994)

Diante da necessidade de recuperação e conservação da diversidade dos recursos genéticos animais para a produção de alimentos, a Embrapa Pantanal, em colaboração com seus parceiros, iniciou suas pesquisas a partir de 1986, com a implantação de um núcleo de criação e conservação de bovinos Pantaneiros. A necessidade de ampliação dessa população e da adoção da raça por parte dos produtores, para a formação de novos núcleos de criação, fez com que os pesquisadores priorizassem estratégias que estimulassem o uso desse recurso genético em sistemas produtivos locais. Com isso, a partir do século XXI novos núcleos foram formados e atualmente os pesquisadores acompanham e orientam o manejo de mais três rebanhos, além do núcleo original da Embrapa Pantanal (MARQUES JUNIOR et al., 2012).

Cientes de que a população dessa raça é muito reduzida e que o efetivo não seria suficiente para produção de animais em escala de abate, mesmo com vistas a abastecer um mercado restrito regional, optou-se pela estratégia de inserir o seu uso em cruzamentos com raças comerciais de origem zebuínas. Sendo assim, deu-se início atividades de pesquisa para avaliar o potencial produtivo de animais cruzados, em condições que atendam a realidade dos sistemas produtivos aplicados ao Pantanal e Cerrado brasileiro. Espera-se com isso que outros produtores se interessem pela criação desses animais e procurem diferentes formas de viabilizar economicamente a exploração dessa raça.

Esse trabalho tem como objetivo avaliar o ganho de peso diário (GPD) e peso a desmama (PD) de animais Pantaneiros e mestiços Pantaneiros X Nelore, criados em sistema extensivo a pasto, em região de Cerrado.

Material e Métodos

O trabalho foi realizado na fazenda Santo Augusto, localizada na região de.Rochedo, Mato Grosso do Sul, que apresenta vegetação e fatores edafoclimáticos típicos da região de Cerrado.

Foram avaliados dois grupos raciais, machos e femeas, Pantaneiros (n=17) e mestiços Pantaneiro X Nelore (n=40), criados em sistema contínuo de pastejo, em pasto de Urochloa Brizantha, numa taxa de lotação de 1 UA/ha. Foram realizadas pesagens de todos os animais ao nascimento e no momento da desmama após jejum de 12 horas (Tabela 1). O cálculo de GPD foi feito para o período desde o nascimento até o desmame aos sete meses de idade. O peso a desmama foi ajustado para 205 dias. As análises foram realizadas utilizando-se os procedimentos GLM do SAS (1990) com media ajustada e modelo inteiramente casualizado.

Tabela 1. Número de animais por grupo amostral, estratificados por raça e sexo.

Grupo racial Macho Fêmea Total

Pantaneiro 4 13 17

Pantaneiro X Nelore 20 20 40

Total 24 33 57

Page 47: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

46

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Resultados e Discussão

As médias de GPD constam na Tabela 2. Não houve diferença estatística (p>0,05) entre os grupamentos raciais para ambos os sexos.

Euclides Filho et al. (1998) avaliaram bezerros provenientes de cruzamentos das raças, Nelore, Fleckvieh, Chianina e Charolês. Os autores obtiveram médias de GPD variando entre 0,630 e 0,680 kg, corroborando com os resultados encontrados no presente trabalho.

Tabela 2. Médias de ganho de peso diário (kg/dia) estratificados por raça e sexo.

Grupo racial Macho Fêmea

Pantaneiro 0,643 0,575

Pantaneiro X Nelore 0,692 0,654

A média de PD, ajustado para 205 dias está descrita na Tabela 3. Não houve diferença estatística (p>0,05) entre os grupamentos raciais para ambos os sexos.

Tabela 3 . Médias de peso a desmama (kg), estratificados por raça e sexo.

Grupo racial Macho Fêmea

Pantaneiro 161,7 148,3

Pantaneiro X Nelore 172,7 161,6

Os resultados foram semelhantes aos descritos por Toral et al. (2004) que avaliaram dados de peso de mais de 20.000 animais Nelore, criados a pasto no estado de Mato Grosso do Sul e obtiveram média de peso a desmama de 148,00 kg para fêmeas e 161,00 kg para machos aos 205 dias de idade. Os resultados foram superiores quando comparados aos resultados de peso a desmama de diferentes cruzamentos obtidos por MacManus et al. (2002) que obteviveram uma média de 133,74 ± 22,82 kg, com as maiores médias aproximando-se dos 145,50 kg, para bezerros mestiços com as raças Canchim, Holandês e Pardo Suíço.

As variáveis avaliadas refletem o desempenho dos bezerros no período pré-desmama, embora seja bastante conhecida a interferência de fatores maternos, de manejo e ambientais nessa primeira etapa de desenvolvimento. Analisando sob esse mesmo prisma, o GPD e o PD podem ser importantes na avaliação do desempenho das mães, bem como a resposta desses animais frente a adversidades impostas pelo ambiente (MALHADO et al., 2004).

Nesse contexto, é possível afirmar que tanto animais Pantaneiros, quanto mestiços Pantaneiro x Nelore apresentaram desempenho satisfatório para as condições presentes em um sistema produtivo de pecuária extensiva de corte, em região de Cerrado, demonstrando que a raça Pantaneira, pode ser uma opção viável em programas de cruzamento, mesmo não tendo passado por um processo de seleção para melhoramento genético.

Conclusões

Os grupamentos raciais avaliados apresentaram desempenhos semelhantes para características de GPD e PD, quando comparados entre si, para ambos os sexos.

O desempenho encontrado para ambos os grupamentos avaliados é semelhante ao descrito na literatura, para diferentes grupamentos raciais sob condições próximas às reproduzidas no presente trabalho.

Os resultados encontrados reforçam a necessidade de continuar investigando o desempenho da raça em diferentes cenários da cadeia produtiva da carne, como estratégia de fornecer subsídios que estimulem a conservação e o uso racional desse recurso genético.

O número reduzido de indivíduos da raça Pantaneira é limitante à realização de pesquisas zootécnicas, entretanto com o aumento dessas populações e envolvimento de produtores e pesquisadores, esse desafio pode ser superado.

Page 48: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

47

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Referências

EUCLIDES FILHO, K.; FIGUEIREDO, G.R.; SILVA, L.O.C.; ALVES, R. G. O. Idade aos 165 kg de peso vivo para progênies de Nelore, Fleckvieh, Chianina, Charolês, f1’s e retrocruzas. Revista Brasileira de Zootecnia , v.27, n.5, p.899-905, 1998

MALHADO, C. H. M.; LÔBO, R. N. B.; MARTINS FILHO, R.; FACÓ, O.; AZEVEDO, D. M. M. R. Efeito da incorporação da covariância entre os efeitos direto e materno sobre a análise para a característica dias para ganhar 160 Kg. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science , v. 41, p. 14-19, 2004

MARQUES JUNIOR, H. R.; JULIANO, R. S.; ABDO, Y. Bovino pantaneiro: retrospectiva histórica e fomento à raça. Experiência da parceria entre Embrapa Pantanal, Agropecuária Preservação da Fauna e Universidade Católica Dom Bosco. Multitemas , v. 2, p. 71-86, 2012.

MAZZA, M. C. M.; MAZZA, C. A. S.; SERENO, J. R. B.; SANTOS, S. A.; PELLEGRIN, A. O. Etnobiologia e conservação do bovino Pantaneiro. Corumbá: EMBRAPA- CPAP; Brasília: EMBRAPA- SPI, 1994. 61p.

McMANUS, C. M.; SAUERESSIG, M. G.; FALÇÃO, R.; SERRANO, G.; MARCELINO, K. R. A.; PALUDO, C. R. Componentes reprodutivos e produtivos no rebanho mestiço de corte da Embrapa Cerrados. Revista Brasileira de Zootecnia , v.31, n.2, p.648-657, 2002.

Page 49: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

48

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Avaliação de teste alternativo para determinar a vi abilidade de sementes de adubos verdes e milho 1

Edmar Sebastião de Arruda 2, Willian Pereira de Oliveira 3, Cristiano Almeida da Conceição 4, Mayara Santana Zanella 5, Tayrine Pinho de Lima Fonseca 6, Rosaina Cuiabano Reis, 7 Aurélio Vinicius Borsato 8,

Alberto Feiden 9

Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência de um teste alternativo para determinar a viabilidade de sementes de Crotalaria juncea, C. ochroleuca, C. espectabilis e milho (Zea mays) variedade BR 274, utilizadas como adubos verdes. Os Tratamentos (T) foram: T1- teste de germinação padrão em germinador de câmara e T2– teste de germinação em prateleira. Em ambos os tratamentos, para cada espécie foram tomadas ao acaso quatro repetições de 50 sementes. No T1, foi utilizado papel germinação Germilab esterilizado em estufa de secagem normal e ventilação fechada. As folhas de papel com as sementes foram enroladas, colocadas em bandejas de plástico e levadas ao germinador equipado com quatro lâmpadas fluorescentes de 2000 lux, programado para fotoperíodo de 12 horas e temperatura de 25°C. No T 2, foram utilizadas folhas de papel toalha de uso doméstico. As folhas de papel com as sementes foram colocadas em sacos plásticos transparentes finos de supermercado e levados para um armário, permanecendo à temperatura ambiente. Os resultados mostraram que para todas as espécies, não foram observadas diferenças estatísticas significativas para as médias de porcentagem de germinação entre os tratamentos. Quanto ao Índice de velocidade de germinação, todas as espécies apresentaram maiores valores no T2, havendo diferença significativa entre os tratamentos apenas para o milho. Os valores próximos e não diferentes estatisticamente dos resultados obtidos nos tratamentos permitiram concluir que o teste alternativo é eficaz para determinar a viabilidade das sementes das espécies testadas.

Palavras–chave: germinação, germinador de câmara, tecnologia adaptada.

Evaluation of alternative test to determine the via bility of seeds of maize and green manures 1

Abstract: The aim of this study was to evaluate the efficiency of an alternative test to determine the viability of seeds of Crotalaria juncea, C. ochroleuca, C. spectabilis and corn (Zea mays) variety BR 274, used as green manure Treatments (T) were: T1 - standard germination test in an incubator chamber and T2 - germination test on shelf. In both treatments, for each species were randomly taken from four replicates of 50 seeds of T1 was used Germilab sterile germination paper in standard oven drying and ventilation closed. The sheets of paper with seeds were rolled up, placed in plastic trays and taken to the germinator equipped with four fluorescent lamps, 2000 lux, with photoperiod of 12 hours and temperature of 25 °C. In T2, we used paper towels of use domestic. Th e sheets of the seeds were placed in transparent plastic bags fine grocery and taken to a closet, remaining at room temperature. The results showed that for all species, there were statistically significant differences in the average percentage of germination between treatments. The speed of germination, all species had higher values in T2, significant difference between treatments only for corn. Values close and not statistically different from the results obtained in treatments allowed us to conclude that the alternative test is effective to determine the viability of the seed species tested.

Keywords: germination, chamber germinator, adapted technology.

1Atividade vinculada ao Macroprograma 6 2Acadêmico de Ciências Biológicas da UFMS-CPAN e bolsista IEX/CNPq da UFMS/Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3Acadêmico de Ciências Biológicas da UFMS-CPAN e bolsista IEX/CNPq da UFMS/Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]). 4Acadêmico de Geografia da UFMS-CPAN e bolsista IEX/CNPq da UFMS/Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]). 5Acadêmica de Ciências Biológicas da UFMS-CPAN e bolsista PIBIC/CNPq da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 6Acadêmica de Geografia da UFMS-CPAN e bolsista do MP2 da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 7Acadêmica de Geografia da UFMS-CPAN e bolsista PIBIC/CNPq da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 8Engenheiro Agrônomo e Pesquisador, da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 9Engenheiro Agrônomo e Pesquisador, da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 50: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

49

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Introdução A germinação é um fenômeno considerado como a retomada do processo de desenvolvimento do embrião iniciando-se com a absorção de água pela semente e terminando com a protrusão do embrião através do tegumento (BEWLEY e BLACK, 1994).

Avaliar e conhecer a viabilidade de lotes de sementes utilizadas em seus sistemas de produção é muito importante para os agricultores, principalmente quando as sementes encontram-se armazenadas por mais de um ano, pois permite corrigir a semeadura a campo (BANCOS..., 2007). Para isso, o teste de germinação padrão, realizado sob condições de temperatura, luz e substratos ideais é o mais utilizado (PASSOS et al. 2008). Porém, para o pequeno agricultor, este teste padrão é difícil de ser realizado, devido às inúmeras dificuldades decorrentes do baixo poder aquisitivo. Assim, torna-se necessário testar métodos alternativos de baixo custo, acessíveis a pequenos agricultores e extensionistas.

O objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência de um teste alternativo em prateleira descrito em Bancos..., (2007) para determinação da viabilidade de sementes de Crotalaria juncea, C. ochroleuca, C. espectabilis e milho (Zea mays) variedade BR 274, utilizadas como adubos verdes.

Material e Métodos

Foram utilizadas sementes da safra de 2009/2010, armazenadas em garrafas PET em laboratório na Embrapa Pantanal por dois anos. Apenas as sementes de milho quando compradas já se encontravam tratadas comercialmente com fungicidas e herbicidas, pois não foi possível encontrar sementes sem tratamento no mercado.

Para cada uma das espécies os Tratamentos (T) foram: T1- teste de germinação padrão (BRASIL, 2009) em germinador de câmara e T2– teste de germinação em prateleira (BANCOS..., 2007). No T1, foi utilizado germinador equipado com quatro lâmpadas fluorescentes de 2000 lux, programado para fotoperíodo de 12 horas e temperatura de 25°C. Neste tratamento foi utilizado papel de germinação Germilab, com dimensões de 38 cm de comprimento por 28 cm de largura. O papel foi esterilizado em estufa de secagem normal e ventilação fechada em temperatura de 105°C, durante 2 horas. Para melhor assepsia, antes do teste o germinador foi desinfetado com hipoclorito de sódio 1% e álcool 70%. Para cada espécie foram tomadas ao acaso quatro repetições de 50 sementes. As sementes foram dispostas ordenadamente em sobre duas folhas de papel filtro e foram umedecidas com água destilada, com volume de 2,5 vezes o peso do papel. As folhas de papel com as sementes foram enroladas, colocadas em bandejas de plástico, cobertas com filme de PVC para manutenção da umidade e levadas ao germinador.

No T2, para cada espécie, foram feitas quatro repetições de 50 sementes tomadas ao acaso, sendo estas, dispostas ordenadamente sobre duas folhas de papel toalha de uso doméstico com grande capacidade de absorver água. As folhas de papel com as sementes foram enroladas e umedecidas com água de torneira, antes de serem colocadas em sacos plásticos transparentes finos de supermercado. Os sacos plásticos com os rolinhos foram colocados em bandejas de plástico e em seguida, levados para um armário, não havendo o controle de temperatura e umidade, permanecendo à temperatura ambiente. As prateleiras do armário foram desinfetadas com álcool a 70%, porém as folhas de papel toalha não foram esterilizadas, buscando aproximar da realidade dos agricultores e extensionistas em condições reais de campo.

Com duração de 10 dias, o teste constou de contagens de sementes germinadas diariamente. Em ambos os tratamentos, as sementes que apresentavam radícula com no mínimo 1 cm de comprimento foram consideradas germinadas. Com os dados das contagens, foram calculados a porcentagem de germinação e ainda, o índice de velocidade de germinação (IVG), de acordo com a fórmula descrita por Maguire (1962), que refere-se à germinação média diária. Os resultados foram submetidos ao teste t a 5% de probabilidade para comparações entre médias de duas amostras presumindo variâncias diferentes.

Resultados e Discussão

Os resultados mostraram que para todas as espécies, as médias de porcentagem de germinação entre os tratamentos apresentaram valores muito próximos, não diferindo estatisticamente pelo teste t (Tabela 1).

Page 51: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

50

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 1. Médias de porcentagem de germinação (%G) em (T1- teste de germinação padrão e T2- teste alternativo de germinação em prateleira) e Índice de Velocidade de Germinação (IVG).

Avaliações % G IVG

Espécies T1 CV% T2 CV% T1 CV% T2 CV% C. juncea 90,5A 2,1 92,5A 4,7 14,9a 2,9 15,4a 4,7 C. ochroleuca 87,0A 5,4 84,5A 4,0 12,5a 6,3 13,4a 4,8 C. especabilis 61,5A 15,1 60,0A 7,2 8,6a 11,8 9,0a 6,4 Zea mays 82,0A 3,4 85,0A 4,0 12,8a 2,1 13,9b 4,3 *Médias seguidas de letra, maiúscula e minúscula, na mesma linha não diferem entre si pelo teste t a 5% de probabilidade.

Para a C. juncea e para o milho a porcentagem de germinação foi maior no T2 (92,5%) e (85,0%) respectivamente, mesmo padrão observado por Feiden et al. (2011) em que o teste alternativo teve maior taxa de germinação que o teste padrão em germinador. Já para a C. ochroleuca (87,0%) e para a C. espectabilis (61,5%) a taxa de germinação foi maior em T1.

Quanto ao IVG, todas as espécies apresentaram maiores valores no T2, havendo diferença significativa entre os tratamentos apenas para o milho (T1- 12,8) e (T2- 13,9), fato não observado por Feiden et al. (2011), que trabalhando com milho e feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) não constataram diferenças significativas de IVG para as espécies testadas.

Os valores próximos e não diferentes estatisticamente dos resultados obtidos nos tratamentos, mostraram a eficiência do teste alternativo para determinar a viabilidade das sementes de C. juncea, C. ochroleuca, C. espectabilis e Zea mays. Podendo ser aplicado por pequenos agricultores, pois permite que sejam realizados testes de germinação nas propriedades, sem a necessidade de recursos e equipamentos caros, adequando- se à realidade dos agricultores.

Conclusões

O teste alternativo é eficaz para determinação da viabilidade das sementes de Crotalaria juncea, C. ochroleuca, C. espectabilis e milho (Zea mays) variedade BR 274, utilizadas como adubos verdes.

Agradecimentos

Ao Projeto MP1 - Bases Científicas e Tecnológicas para o Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Brasil. Ao CNPq/IEX pela concessão das bolsas. Ao Projeto do CNPq “Alternativas para o desenvolvimento territorial rural do assentamento 72 em Ladário-MS, região do Pantanal”

Referências

BANCOS comunitários de sementes: adubos verdes cartilha para agricultores. Campinas: Gráfica Editora Modelo, 2007. 20 p.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes . Brasília, DF: MAPA, 2009 b. p.148-178.

BEWLEY, J. D.; BLACK, M. Seeds : physiology of development and germination. 2. ed. New York: Plenum Press, 1994. 445p. Disponível em: <http://link.springer.com/chapter/10.1007/978-1-4615-1747-4_1#page-2>. Acesso em: 11 out. 2013.

FEIDEN, A.; JORGE, M. H. A.; ARRUDA, E.; LUCAS, D. C.; ALMEIDA, W. B. Teste alternativo para avaliação do potencial fisiológico de sementes de milho e fei jão de porco. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2011. 3p. (Embrapa Pantanal. Comunicado Técnico, 89). Disponível em: <www.cpap.embrapa.br/publicacoes/online/COT89>. Acesso em: 06 out. 2013.

MAGUIRE, J. D. Speed of germination- aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Science , Madison, v.2, n.1, p.176-177, 1962.

PASSOS, M. A. A.; SILVA, F. J. B. C.; SILVA, E. C. A.; PESSOA, M. M. L.; SANTOS, R.C. Luz, substrato e temperatura na germinação de sementes de cedro vermelho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 43, n. 2, p. 281-284, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-204X2008000200019>. Acesso em: 11 out. 2013.

Page 52: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

51

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Avaliação sensorial de pescado empanado produzido c om carne mecanicamente separada de pacu cultivados em tanques-rede

Jovana Silva Garbelini Zuanazzi 1, Ádina Cléia Botazzo Delbem 2, Nilton Garcia Marengoni 3, Jorge Antonio Ferreira de Lara 4

Resumo: A análise sensorial pode ser aplicada para determinar a aceitação de um produto por parte dos consumidores, no desenvolvimento de novos produtos, no melhoramento de produtos, ou ainda em estudos para redução de custos, controle de qualidade e, entre outras aplicações, estudos de vida útil. O objetivo deste trabalho foi realizar a avaliação sensorial do empanado elaborado com carne mecanicamente separada de pacu. Os empanados foram analisados por cem provadores não treinados de várias faixas etárias. Para a caracterização da análise sensorial os empanados foram assados em forno elétrico durante 20 minutos, e em seguida, encaminhado para a avaliação sensorial, onde os provadores expressaram o grau de aceitação global em relação ao sabor, cor, aroma, aparência e textura. As variáveis apresentaram correlações positivas e significativas entre elas, exceto entre textura e cor. Outra correlação significativa que houve, mas negativa, foi o teste de intenção de compra (comprar ou não comprar o produto) com a variável sabor. A carne mecanicamente separada de pacus cultivados no Pantanal mostrou-se tecnologicamente viável para produção de empanado.

Palavras-Chaves: agregação de valor, aceitabilidade, Piaractus mesopotamicus, subprodutos de pescado

Sensory evaluation of fish product: of breaded produced of the minced of pacu raised in net cages

Abstract: Sensory analysis can be applied for determining a product acceptance by consumers, development of new products, improvement of products, or in studies to cost reduction, and quality control, among other applications, life studies useful. The aim of this study was to evaluate sensory batter made with mechanically separated meat pacu. The empanadas were analyzed by one hundred untrained tasters of various age groups. For the characterization of the sensory analysis were breaded baked in an electric oven for 20 minutes, and then forwarded to the sensory evaluation, all the judges expressed the degree of global acceptance for flavor, color, aroma, appearance and texture. Variables showed significant positive correlations between them, except between texture and color. Another significant correlation was that, but no, it was the test of intent to purchase (or not to buy the product) with the variable flavor. The mechanically deboned meat of pacu grown in the Pantanal proved technologically feasible to produce fingers.

Keywords: acceptability, value aggregation, Piaractus mesopotamicus, fish products

Introdução

O Brasil apresenta baixo consumo de pescado pela falta de hábito, pelo preço e a maneira pelo qual ele é ofertado. Uma opção para aumentar o consumo do pescado, seria por meio da diversificação no processamento, através da elaboração de novos produtos e subprodutos, que oferecem ao consumidor maiores opções de escolha

Os produtos empanados tem sido uma alternativa interessante já que a aceitação desse produto tem sido crescente por parte dos consumidores, uma vez que apresentam aparência, odor e sabor apreciados.

Empanados, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Portaria n. 574 de 08/12/1998), são produtos cárneo industrializado, obtido a partir de carnes de diferentes espécies de animais, acrescidos de ingredientes, moldados ou não, e revestido de cobertura apropriada que o caracterize. São populares devidos suas características de textura, odor e sabor proporcionados pela cobertura utilizados a qual pode ser composta de diferentes ingredientes proporcionando sabor diferenciado ao produto.

A análise sensorial pode ser aplicada para determinar a aceitação de um produto por parte dos consumidores, no desenvolvimento de novos produtos, no melhoramento de produtos, ou ainda em estudos para redução de custos, controle de qualidade e, entre outras aplicações, estudos de vida útil.

1 Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Pesquisadora Bolsista DCR FUNDECT\CNPq, 79320-,900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Professor Adjunto do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Marechal Cândido Rondon, PR (email:[email protected]) 4 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 53: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

52

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Segundo Noronha (2003), quando se trata de um produto alimentício a expectativa que o consumidor tem sobre este produto assume um importante papel, pois pode inclusive aumentar ou diminuir a intenção de compra deste mesmo antes dele ser experimentado.

Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo a realização da avaliação sensorial do empanado produzidos com carne mecanicamente separada (CMS) de pacu.

Material e Métodos

A matéria-prima utilizada para a obtenção da CMS foi o pescado de pacu (Piaractus mesopotamicus), cultivado em tanques-rede proveniente da região do Bracinho, um braço do Rio Paraguai localizado no município de Ladário-MS. Os empanados foram desenvolvidos no Laboratório de Análise de Carnes (LAC) da Embrapa Pantanal.

A análise sensorial também foi realizada no (LAC) da Embrapa Pantanal onde foi utilizado o teste de aceitação através da escala hedônica de cinco pontos para o teste de perfil de características (cor, sabor, textura e aparência com nota de 1=péssimo, 2= regular 3= bom, 4= muito bom e 5=excelente) e sete pontos para o teste de intenção de compra (1=compraria sempre, 2= compraria muito frequentemente, 3= compraria frequentemente, 4= compraria ocasionalmente, 5=compraria raramente, 6= compraria muito raramente e 7=nunca compraria) conforme Ramires (2008).

Os empanados foram analisados por cem degustadores não treinados de várias faixas etárias. Para a caracterização da análise sensorial os empanados foram assados em forno elétrico durante 20 minutos, e em seguida, encaminhado para a avaliação sensorial. Os testes foram realizados no período da manhã e da tarde. Os provadores que participaram das análises não tiveram nenhum vínculo com os responsáveis pelo projeto.

Os resultados foram analisados estatisticamente por análises de variância – ANOVA, teste de comparação de médias (Tukey, p < 0,05 ou teste t de Student). O programa utilizado para a análise estatística foi o Assitat® (SILVA e AZEVEDO, 2002).

Resultados e Discussão

Dos cem provadores desse experimento 60% eram do sexo masculino e 40% do sexo feminino. Os resultados da avaliação sensorial para os parâmetros cor, odor, sabor, maciez, aparência e teste de intenção de compras estão apresentados na Tabela 1. As médias para as variáveis de aparência, cor, aroma, sabor, textura e teste de intenção de compras variaram de 3,12 a 3,89.

O atributo que teve a maior nota foi o sabor (3,89) seguido do aroma (3,69). Sabe-se que o aroma é considerado cada vez mais, como uns dos parâmetros mais exigidos pelos consumidores. Segundo Franco & Janzatti (2003) em alimentos processados, que não apresentam o aroma original do produto, existem uma tendência à rejeição por parte dos consumidores.

Pelos resultados obtidos observa-se que não houve diferença significativa entre a aparência e a cor. Sabe-se que a cor é o principal fator para estimular os consumidores a interessar-se por um produtos cárneos em geral, principalmente aqueles em que não há experiências anteriores de consumo, como verificado em outras carnes, como encontrou Velho et al. (2009).

Tabela 1. Resultado das médias para o empanado relacionado com as variáveis de aparência, cor, aroma, sabor, textura e teste de intenção de compras.

Processado Aparência Cor Aroma Sabor Textura Teste de

intenção de compras

Empanado 3,38 b 3,22 b 3,69 a 3,89 a 3,67 a 3,12 b

a;b= as médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, (p<0,05).

No teste de intenção de compra, o provador expressa sua aceitação pelo produto, seguindo uma escala previamente estabelecida, que varia gradativamente, com base nos termos hedônicos, “compraria sempre” ao “nunca compraria”.

Page 54: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

53

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

As médias transformadas para o teste de intenção de compras ficaram próximas de 3,12 que na escala hedônica significa (compraria frequentemente), podendo assim constatar que os empanados foram aceito moderadamente pelos provadores. A intenção de compras e aceitação neste experimento pode ser considerada de moderada para alta e reflete uma tendência cada vez maior de busca por produtos de rápido preparo e de quanto o mesmo é inovador para um grupo de pessoas.

Na Tabela 2 estão expostos os resultados de correlação entre a variável cor, odor, sabor, maciez, aparência e teste de intenção de compras para os empanados. A correlação aparência x teste de intenção de compras, cor x textura, cor x teste de intenção de compras e aroma x teste de intenção de compras não foi significativa entre essas variáveis.

Tabela 2. Resultados dos coeficientes de correlação (r), das análises entre as variáveis: cor, odor, sabor, maciez, aparência e teste de intenção de compras para o empanado elaborado com CMS de pacu cultivado em tanque-rede no Rio Paraguai.

Variáveis de correlação Empanados (r)

Aparência x Cor 0,7310 ** Aparência x Aroma 0,3415 ** Aparência x Sabor 0,3284 ** Aparência x Textura 0,2413 * Aparência x Teste de Intenção de Compras -0,1167 ns Cor x Aroma 0,3221 ** Cor x Sabor 0,3369 ** Cor x Textura 0,1871 ns Cor x Teste de Intenção de Compras -0,1512 ns Aroma x Sabor 0,4976 ** Aroma x Textura 0,4235 ** Aroma x Teste de Intenção de Compras -0,1765 ns Sabor x Textura 0,4153 ** Sabor x Teste de Intenção de Compras -0,5658 **

(r)= coeficiente de correlação; **=significativo ao nível de 1% de probabilidade (p< 0,01);*= significativo ao nível de 5% de probabilidade (0,01≤p< 0.05); ns= não significativo (p> 0,05).

As variáveis apresentaram correlações positivas e significativas entre aparência com cor, aroma, sabor e textura e essas variáveis sensoriais entre elas. Exceto cor com textura que não foram significativas, Outra correlação que houve, mas negativa, foi o teste de intenção de compra (comprar ou não comprar o produto) com a variável sabor refletindo uma moderada tendência de parte dos provadores não familiarizados com o consumo de pescado de não comprar produtos derivados do mesmo em função de seu sabor característico.

Entretanto, de acordo com Dill et.al (2009), os produtos como empanados têm sido opções interessantes, cujo consumo vem crescendo, aumentando sua produção relativa entre os processados derivados da carne. A aceitação de produtos empanados tem sido crescente por parte dos consumidores, uma vez que apresentam aparência, odor e sabor muito apreciados.

Os empanados após o processamento térmico tendem a ter características visuais semelhantes entre os produtos de matérias-primas de diversas origens. A correlação significativa e negativa entre sabor e intenção de compra revela uma tendência moderada

De forma geral o empanado de pacu foi bem aceito pelos provadores, percebeu-se que as características sensoriais agradaram-lhes apresentando também boa intenção de compras, cabendo ressaltar que este experimento foi composto por provadores não treinados.

Page 55: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

54

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Conclusões

A avaliação sensorial indicou uma boa aceitação por parte dos provadores, onde os consumidores compraria com frequência o empanado.

A carne mecanicamente separada de pacus cultivados no Pantanal mostrou-se tecnologicamente viável para produção de empanado.

Agradecimentos

A Embrapa por financiar a pesquisa, aos funcionários de apoio da Embrapa Pantanal pelo empenho e aos provadores por aceitarem participar dos testes.

Referências

DILL, D. D.; SILVA, A. P.; LUVIELMO, M. M. Processamento de empanados: sistemas de cobertura. Estudos Tecnológicos, São Leopoldo, v. 5, n. 1, p. 33-49, 2009.

FRANCO, M.R.B.; JANZANTTI, N.S. Avanços na metodologia instrumental da pesquisa do sabor. In: FRANCO, M. R. B. Aroma e sabor de alimentos: temas atuais. Livraria Varela, São Paulo, p. 17-28, 2003.

NORONHA, R. L. F.; DELIZA, R.; SILVA, M. A. A. P. A Expectativa do consumidor e seus efeitos na avaliação sensorial e aceitação de produtos alimentícios. Alimentos e Nutrição , Araraquara, v. 16, n. 3, p. 299-308, jul./set, 2005.

RAMIRES, D. G. Valor agregado ao cachara Pseudoplatystoma fasciatu m: efeito da sazonalidade e da defumação. Dissertação (Mestrado em Aquicultura) – Universidade Estadual Paulista. Botucatu, 47f, 2008.

SILVA, F.A.S. e AZEVEDO, C.A.V. Versão do programa computacional Assistat para sistema operacional Windows. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais , Campina Grande, v.4, n.1, p.71-78, 2002.

VELHO, J.P.; BARCELLOS, J.O.J.; LENGLER, L.; ELIAS, S.A.; OLIVEIRA, T.E. Disposição dos consumidores porto-alegrenses à compra de carne bovina com certificação. Revista Brasileira de Zootecnia , v.38, n.2, p., 2009.

Page 56: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

55

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Besouros rola-bosta (Coleoptera: Scarabaeinae) do P antanal: lista e chave de gêneros

Marcelo Bruno Pessôa 1, Fernando Zagury Vaz de Mello 2 Enquanto alguns grupos como aves, répteis, plantas, anfíbios e mamíferos são bem estudados, peixes e artrópodes são pouco conhecidos no Pantanal. Entre os artrópodes de interesse ecológico estão os besouros da subfamília Scarabaeinae, popularmente chamados rola-bostas, devido ao hábito de formar bolas de fezes e rolá-las. Estes besouros por alimentarem-se principalmente de fezes (coprófagos) e carniça (necrófagos), são gentes importantes na degradação de matéria orgânica no solo, e ao construírem seus ninhos enterrando o material, contribuem para o aumento na fixação do Nitrogênio no solo, assim como a bioturbação do mesmo. Louzada e colaboradores (2007) em seu estudo em uma das sub-regiões do Pantanal observaram uma riqueza elevada e baixo endemismo. Para auxiliar futuros trabalhos realizados no Pantanal, este estudo objetiva a confecção de lista de espécies de besouros rola-bosta no Pantanal. Para confecção da lista foi realizada uma pesquisa bibliográfica utilizando os termo Scarabaeidae e Pantanal, revisão realizada na Coleção Entomológica da UFMT analisando todo material referente ao Pantanal e coletas realizadas com armadilha “pitfall” iscadas nos municípios de Corumbá (Pantanal do Miranda, Pantanal de Nhecolândia, Pantanal do Paraguai), Poconé (Pantanal de Poconé), Porto Murtinho (Pantanal de Porto Murtinho) e em Santo Antônio do Leveger (Pantanal de Barão de Melgaço). Para a pesquisa bibliográfica foram considerados apenas estudos que continham lista de espécies e espécies identificadas. Somente mantiveram-se espécies não identificadas com exemplares coletados ou presentes na Coleção Entomológica da UFMT. Foram encontradas 71espécies de besouros ocorrendo no Pantanal, sendo que destas 22 não foram identificadas. O gênero Canthon Hoffmansegg, 1817 é o gênero de maior riqueza, exclusivamente americano e a maioria de suas espécies são neotropicais. Dichotomius bos, Dichotomius nisus, Ontherus appendiculatus e Trichillum externepunctatum foram as espécies com ocorrência mais comum. As quatro espécies possuem ampla distribuição. D. bos e D. nisus são espécies comuns de pastos e do cerrado, T. externepunctatum e O. appendiculatus ocorrem por quase toda a América do Sul. Este estudo encontrou o mesmo padrão de distribuição das espécies encontradas por Louzada e colaboradores (2007) e proposto por Brown Jr, 1996. A maioria das espécies possuem ampla distribuição, embora a comunidade de besouros do Pantanal seja composta principalmente por espécies do chaco e do cerrado. Destacam-se os primeiros registros de sete espécies para o Pantanal: Ontherus aphodioides Burmeister, 1984 e Eurysternus aeneus Genier, 2009, coletados em Santo Antônio do Leveger, no Pantanal de Barão do Melgaço; O. azteca Harold, 1869, coletado em Porto Murtinho, no Pantanal de Porto Murtinho; O. digitatus Harold, 1868, coletado em Poconé, no Pantanal de Poconé; O. erosioides Luederwaldt, 1930 e Phanaeus palaeno Blanchard, 1846, coletados em Corumbá, no Pantanal da Nhecolândia; Phanaeus kirby Vigors, 1825, coletado em Corumbá, no Pantanal do Miranda. O baixo endemismo do Pantanal pode ser explicado por duas razões: a origem relativamente recente e os pulsos de inundação que pode influenciar na seleção de espécies generalistas.

1Bolsista DTI-CNPQ, Projeto Biota MS, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2Departamento de Biologia e Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT ( [email protected])

Page 57: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

56

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Biologia reprodutiva do jacaré-paguá, Paleosuchus palpebrosus , e as ameaças nos seus ambientes do Maciço do Urucum, Pantanal Sul

Zilca Campos 1 O jacaré-paguá, Paleosuchus palpebrosus, é considerado um dos menores crocodilianos, com tamanho no máximo de 2,10 cm para machos e 1,56 cm para fêmeas e de ampla distribuição no Brasil. No entanto, a espécie ocupa ambientes de águas correntes, transparentes e fria, características essas dos riachos e cabeceiras de rios no entorno do Pantanal. As ameaças nos seus ambientes aliados com a falta de informação da biologia refletem na necessidade de ações de conservação urgentes, a fim de evitar extinção local. O propósito deste estudo foi caracterizar a população reprodutiva e os ninhos nos riachos do Maciço do Urucum, área sob efeito de mineração. De janeiro a fevereiro de 2006 a 2013, a busca ativa dos ninhos foi feita por duas pessoas caminhando nas margens dos riachos, áreas de matas ripárias, do Maciço do Urucum. Cada ninho encontrado foi anotado sua posição geográfica e observado o estado do ninho. As fêmeas em cuidado parental, tanto ao lado dos ninhos como dos filhotes foram registradas durante vistorias ao local dos ninhos, e com uso de rádios-transmissores (modelo Sirtrack). Os ninhos intactos foram abertos e seus ovos contados. Em 8 anos de estudo, foram encontrados 24 ninhos nas matas ripárias dos riachos das Pedras, Kacupê e Banda Alta. O número médio de ovos foi de 10,4± 2,16 (6 -13 ovos; N=11). Duas fêmeas e seus filhotes foram monitorados com rádios-transmissores, as quais permaneceram ao lado dos filhotes nos riachos das Pedras e da Banda Alta. O desmatamento das matas ripárias dos riachos reflete na disponibilidade de áreas de nidificação. Além disso, a retenção de água das nascentes e o pisoteio do gado nos riachos poderá comprometer a sobrevivência da população de jacaré-paguá no Maciço do Urucum

1 Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 58: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

57

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Capim-piatã adubados com fontes de fósforo de difer entes solubilidades em água: parte aérea e raiz

Thiago Trento Biserra 1, Luísa Melville Paiva 2, Henrique Jorge Fernandes 2, Camila Fernandes D. Duarte 1, Diego Lopes Prochera 3, Kassyo Roberto Sanches Falcão 3, Rosiane Lima Fernandes 3, Lidiane da Silva

Flores 3

Resumo: Objetivou-se avaliar a produção da parte aérea e raiz do capim-piatã adubado com fontes de fósforo de diferentes solubilidades em água. A área experimental está implantada em oito ha da Fazenda UEMS, em Aquidauana, MS. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro blocos. Utilizaram-se três tratamentos de fonte de fósforo (FNR, SS e FH) e um tratamento controle (sem fósforo). No início do inverno e da primavera foram coletadas quatro amostra de planta por piquete, separadas em duas frações (parte aérea e raiz), e levadas à estufa a 65ºC. Em seguida foram pesadas. Os dados foram comparados segundo um modelo em blocos casualizados, e as médias comparadas com o tratamento controle pelo teste t. A 5% de significância em todas as análises. Na coleta 1 os tratamentos de SS e FH, apresentaram maior peso total, da raiz e da parte aérea do que o tratamento FNR. Na coleta 1 não observou-se diferença significativa (P<0,05) para porcentagem da raiz e da parte aérea, entre os tratamentos. Na coleta 2 observou-se que o peso total e da raiz foi maior no tratamento com FH, do que nos tratamentos SS e FNR, sendo que esses dois tratamentos não diferenciaram entre si. Na coleta 2 não observou diferença significativa (P<0,05) para peso da parte aérea entre os tratamentos. Nos tratamentos com FH e FNR apresentaram maior porcentagem da raiz e da parte aérea, do que o tratamento SS, sendo que os tratamentos FH e FNR não diferenciaram entre si.

Palavras–chave: Adubação fosfatada, Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã, desenvolvimento rural sustentável, forragicultura e pastagens.

Piatã grass fertilized with phosphorus sources of d ifferent solubility in water: shoot and root

Abstract: This study aimed to evaluate the production of shoot and root Piatã grass fertilized with phosphorus sources of different solubilities in water. The experimental area is located in eight hectares of Finance UEMS in Aquidauana, MS. The experimental design was a randomized block design with four blocks. Three treatments were used as a source of phosphorus (FNR, SS and FH) and a control (no match). At the beginning of winter and spring were collected four plant sample per paddock, separated into two fractions (shoot and root), and dried at 65 °C. They were then weighed to determine each component. The data were compared according to a randomized block design, and means were compared with the control by t test. A 5 % significance level for all analyzes. In collecting 1 treatment SS and FH had higher total weight, root and shoot than treatment FNR. In collecting 1 was not observed significant difference (P< 0.05) percentage of root and shoot, between treatments. In the second collecting observed and the total weight of the roots was higher in the treatment FH than in treatments SS and FNR, and these two treatments did not differ from each other. In collecting 2 not significant difference (P<0.05) weight of shoots between treatments. In the treatments with FH and FNR showed a higher percentage of root and shoot, than treatment SS and FH and FNR treatments did not differ among themselves.

Keywords: Phosphate fertilizer, Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã, sustainable rural development, forage crops and pastures

Introdução

O Brasil possui cerca de 200 milhões de hectares de pastagens. Desse total, cerca de 50 milhões encontra-se em algum estágio de degradação (VILELA, 2002). Dentre os principais fatores relacionados à degradação dessas pastagens estão a baixa fertilidade do solo e manejo das pastagens, dentre outros, que possibilitaram a baixa produtividade e qualidade forrageira e, consequentemente, a infestação de plantas daninhas (OLIVEIRA et al., 2012). Usualmente, as pastagens não recebem nenhum tipo de adubação (DUPAS, 2008).

1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970, Aquidauana, MS ([email protected]). 2 Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970, Aquidauana, MS ([email protected]) ³Acadêmicos do curso de Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970, Aquidauana, MS.

Page 59: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

58

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Dentre os nutrientes que limitam a produção das forrageiras, o P merece destaque, em virtude da baixa disponibilidade desse nutriente nos solos tropicais e do importante papel que desempenha nas plantas. A importância do P para a produtividade das plantas decorre de sua participação nas estruturas e processos vitais para o desenvolvimento dos vegetais (MARSCHNER, 1995). Cecato et al. (2008) relataram sua grande influência no desenvolvimento do sistema radicular e produtividade das gramíneas.

Segundo Costa et al (2008), são vários os fatores que determinam á eficiência da adubação fosfatada, dentre os quais: tipo de solo e fonte de P utilizada. Assim, a demanda de P nas adubações depende da textura do solo, uma vez que o tamponamento, diretamente relacionado ao teor de argila, vai modular a fração de P que permanecerá disponível para a planta. Comparativamente, os solos argilosos requerem quantidades mais elevadas de fosfato para atender à demanda de uma dada cultura (SOUSA et a., 2004).

Desta forma objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito de fontes de fósforo de diferentes solubilidades em água na relação parte aéra:raiz do capim-piatã.

Material e Métodos

A área experimental está implantada em oito ha da Fazenda UEMS, em Aquidauana, MS. A área total foi subdividida em 16 piquetes de meio ha cada, onde foram distribuídos os tratamentos. O experimento foi realizado em delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro blocos. Serão quatro tratamentos de fonte de fósforo (solubilidade lenta – FNR; solubilidade rápida – SS; fonte de solubilidade mista – FH; e controle, sem fósforo – C). Os tratamentos de fontes de fósforo foram distribuídos a lanço, nas seguintes quantidades: SS = 150 kg ha-1; FNR = 103,5 kg ha-1; e, FH = 97 kg ha-1.

O capim-piatã (B. brizantha cv. BRS-Piatã) foi semeado em fevereiro de 2012, após duas gradagens para limpar e preparar o solo, na quantidade de 10 kg de sementes ha-1. No momento da implantação foram distribuídos os tratamentos de adubação fosfatada. No início do inverno (21 de junho de 2013) e da primavera (24 de setembro de 2013) foram coletadas quatro amostra de plantas por piquete, separadas em duas frações (parte aérea e raiz), limpas e levadas à estufa de circulação forçada, a 65ºC por 48 horas para determinação do teor de matéria seca ao ar (ASA). Após esse procedimento as plantas foram pesadas para determinação da quantidade de ASA de cada componente e do total da planta.

Os dados foram comparados segundo um modelo em blocos casualizados, e as médias comparadas com o tratamento controle pelo teste t. O nível de significância de 5% foi adotado em todas as análises.

Resultados e Discussão

Observou-se efeito significativo (P<0,05) de fontes de fósforo de diferentes solubilidades em água no capim-piatã para peso total (g), peso da raiz (g) e peso da parte aérea (g) na coleta 1, e peso total (g), peso da raiz (g) porcentagem da raiz (%) e porcentagem da parte aérea (%) na coleta 2 (tabela 1).

Tabela 1 . Peso total (g), peso da raiz (g), peso da parte aérea (g), porcentagem da raiz (%), porcentagem da parte aérea (%), da primeira e segunda coleta do capim-piatã em resposta a fontes de fósforo com diferentes solubilidades em água

Tratamento C.V Tratamento C.V

C SS FH FNR C SS FH FNR

coleta 1 (%) coleta 2 (%)

Peso total (g) Peso total (g)

52,80 124,45 a 131,23 a 59,27 b 60,11 132,20 139,28 b 183,61 a 155,49 b 25,06

Peso da raiz (g) Peso da raiz (g)

23,46 62,39 a 67,4 a 28,84 b 67,41 58,46 59,49 b 91,74 a 73,17 b 30,29

Peso da parte aérea (g) Peso da parte aérea (g)

29,33 62,05 a 63,83 a 30,44 b 61,06 73,74 79,78 91,86 79,78 24,15

Porcentagem da raiz (%) Porcentagem da raiz (%)

44,40 50,27 49,85 46,86 19,69 44,18 41,29 b 49,78 a 47,09 a 14,18

Porcentagem da parte aérea (%) Porcentagem da parte aérea (%)

55,60 49,73 50,15 53,14 18,06 55,81 58,71 b 50,22 a 52,91 a 11,88 Médias na linha seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si pelo teste de t a 5%.

Page 60: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

59

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Na primeira coleta os resultados obtidos nos tratamentos SS e FH, apresentaram maior peso total (g), peso da raiz (g) e peso da parte aérea (g) do que os observados no tratamento FNR. Costa et al. (2008) observaram diferença significativa entre a aplicação da fontes de maior solubilidade de P, com incremento na produção de fitomassa da parte aérea e raiz da B. brizantha cv. Marandu.

Rezende et al. (2011) avaliando a influência do P na B. brizantha cv. Marandu ressaltam que houve uma estreita diferença nos valores de matéria seca da parte aérea entre os tratamentos que receberam adubação fosfatada. Assim a eficiência e necessidade da adubação fosfatada para a melhoria da produção.

Diferente dos resultados encontrados no primeiro corte da forrageira, Maciel et al. (2007) ao avaliarem a resposta do capim Marandu de diferentes fontes de P, não observaram diferença significativa entre a produção de matéria seca da parte com fontes de adubação fosfatada independente da solubilidade.

Na primeira coleta não observou-se diferença significativa (P<0,05) para porcentagem da raiz (%) e porcentagem da parte aérea (%), entre os tratamentos.

Na segunda coleta observou-se que o peso total (g) e peso da raiz (g) foi maiores no tratamento com FH, do que nos tratamentos SS e FNR, sendo que esses dois tratamentos não diferenciaram entre si.

Costa et al. (2008) não observaram diferença significativa no segundo corte da B. brizantha cv. Marandu. Entre a aplicação das fontes de maior solubilidade de P para produção de fitomassa da parte aérea. Para fitomassa da raiz observaram diferença significativa independentemente da solubilidade dos fosfatos.

Na segunda coleta não observou diferença significativa (P<0,05) para peso da parte aérea (g) entre os tratamentos. No entanto, os resultados observados nos tratamentos FH e FNR apresentaram maior porcentagem da raiz (%) e porcentagem da parte aérea (%), do que o tratamento SS, sendo que os tratamentos FH e FNR não diferenciaram entre si. Maciel et al. (2007) ao avaliarem a resposta do capim Marandu no segundo corte da forrageira com tratamentos de diferentes fontes de P, observaram diferença significativa entre os tratamentos com fontes de adubação fosfatada independente da solubilidade.

O P promove maior crescimento da forrageira principalmente por desempenhar função estrutural na planta, além de fazer parte de compostos orgânicos como o ATP, os aminoácidos e de todas as enzimas, e assim, participa de diversos processos metabólicos, especialmente no processo de transferência e de armazenamento de energia (MALAVOLTA, 2006).

Conclusões

As adubações de diferentes fontes de fósforo de diferentes solubilidades em água proporcionaram incremento no peso total (g), peso da raiz (g) e peso da parte aérea (g) na primeira coleta e peso total (g), peso da raiz (g), porcentagem da raiz (%) e porcentagem da parte aérea (%) na segunda coleta do capim-piatã.

A produção de raiz e parte aérea em pasto de capim-piatã necessitam de fornecimento constante de fósforo, inicialmente às fontes prontamente disponíveis e posteriormente àquelas que forneçam fósforo lentamente.

Agradecimentos

Ao Grupo de Estudos em Plantas Forrageiras sob Estresse Ambiental, sem o qual não seria possível conduzir esse trabalho.

Referências

CECATO, U.; SKROBOT, V. D.; FAKIR, G. R.; BRANCO, A. F.; GALBEIRA, S.; GOMES, J. A. N. Perfilhamento e características estruturais do capim-Mombaça, adubado com fontes de fósforo, em pastejo. Acta Scientiarum Animal Science , Maringá, v.30, n.1, p. 1-7, 2008.

COSTA, S. E. V. G. A.; NETO, A. E.; RESENDE, A. V.; SILVA, T. O.; SILVA, T. R. Crescimento e nutrição da braquiária em função de fontes de fósforo. Ciência e Agrotecnologia , Lavras, v. 32, n. 5, p. 1419-1427, set./out., 2008.

DUPAS, E. Produtividade de massa seca e atributos de valor nu tritivo do capim-Marandu relacionados à adubação nitrogenada e irrigação no cerrado paulist a. 2008. 43f. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Produção) - Faculdade de Engenharia “Júlio de Mesquita Filho”, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira. 2008.

Page 61: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

60

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

MACIEL, G.A.; COSTA, S. E. G. V. A.; NETO, A. E. F.; FERREIRA, M. M.; EVANGELISTA, A. R. Efeito de diferentes fontes de fósforo na Brachiaria Brizantha cv. Marandu cultivada em dois tipos de solos. Ciência Animal Brasileira, v. 8, n. 2, p. 227-233, abr./jun. 2007.

MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 2006. 638 p.

MARSCHNER, H. Mineral nutrition of haigher plants . London: Academic, 1995. 889 p.

OLIVEIRA, S. B.; CAIONE, G.; CAMARGO, M. F.; OLIVEIRA, A. N. B.; SANTANA, L. Fontes de fósforo no estabelecimento e produtividade de forrageiras na região de Alta Floresta – MT. Global Science and Technology . Rio Verde, v5, n. 01, ´p. 01 -10, jan/abr. 2012.

REZENDE A. V. de; LIMA, J. F. De; RABELO, C.H. S.; RABELO, F. H. S.; NOGUEIRA, D. A.; FARIA JUNIOR, D. C. N. A.; BARABARA, L, A. Características morfofisiológicas da Brachiaria brizantha cv. Marandu em resposta à adubação fosfatada. Revista Agrarian , v.4, n.14, p.335-343, 2011.

SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E. Correção do Solo e Adubação. 2.ed. Embrapa Tecnológica . Brasília (DF), Embrapa-CPA, 2004. p. 290-292.

VILELA, L.; SOARES, W. V.; SOUZA, D.M. G.; MACEDO, M. C. M. Calagem e adubação para pastagens na região do Cerrado . 2.ed., rev. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2000. 15p.

Page 62: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

61

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Capim-piatã em pastos adubados com fontes de fósfor o de diferentes solubilidades, na transição Cerrado-Pantanal

Camila Fernandes Domingues Duarte 1, Luísa Melville Paiva 2, Henrique Jorge Fernandes 2, Luiz Henrique Cassaro 3, Alex Coene Fleitas 3, Elen Regina Cáceres de Souza 3, Danielly Xenxen Ferreira 3, Thiago Trento

Biserra 1

Resumo: A adubação fosfatada destaca-se por ser um nutriente indispensável ao adequado estabelecimento e manutenção de pastagens cultivadas, especialmente em solos da região de Aquidauana. Com isso, indiretamente, a aplicação de fósforo em quantidades adequadas é importante para a produção animal em pasto. Objetivou-se com este trabalho determinar as características morfogênicas e estruturais do capim-piatã em pastos adubados com fontes de fósforo com diferentes solubilidade em água. O experimento foi realizado em oito hectares da Fazenda UEMS, em Aquidauana – MS, com delineamento experimental de blocos casualizados. Semanalmente realizou-se a mensuração dos comprimentos de pseudocolmo e folhas, com os quais foram calculadas as taxas morfogênicas e estruturais. Os dados foram comparados segundo um modelo em blocos casualizados, e as médias comparadas com o tratamento controle pelo teste de Dunnett e os tratamentos entre si pelo teste t. O nível de significância de 5% foi adotado em todas as análises. Houve efeito de fonte de fósforo (P>0,05) para as variáveis TAlF e TAlC, sendo as fontes com fósforo prontamente solúvel superiores ao controle. Comparados entre si, as fonte que contém fósforo prontamente solúvel (SS e FH) apresentaram-se superiores à fonte que contém unicamente fósforo de liberação lenta, para TAlF, TAlC e DVF. No primeiro ano de implantação, as fontes de fósforo prontamente solúveis foram favoráveis ao desenvolvimento e duração de vida das folhas de capim-piatã, em pastos na região de transição Cerrado-Pantanal.

Palavras–chave: Adubação de pastagens, Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã, desenvolvimento sustentável, ecofisiologia de forrageiras, produção em pasto

Development of grass-Piatã in pastures fertilized w ith phosphorus sources of different solubility in w ater, in the region of the Cerrado-Pantanal

Abstract: Phosphorus fertilization stands out for being a nutrient indispensable for the proper establishment and maintenance of cultivated pastures, especially in soils of the region Aquidauna. Thus, indirectly, the use of phosphorus in adequate quantities is important for animal production in pasture. The objective of this work was to determine the morphogenetic and structural Piatã in grass pastures fertilized with phosphorus sources with different water solubility. The experiment was conducted in eight acres of Finance UEMS in Aquidauna - MS with randomized complete block design. Weekly conducted to measure the lengths of pseudo stem and leaves, which were calculated rates Morphogenetic and structural. The data were compared according to a randomized block design, and means were compared with the control by Dunnett's test and treatments together with the t test. The significance level of 5 % was adopted for all analyzes. There was an effect of phosphorus sources ( P > 0.05 ) for the variables LER and SER, the sources being readily soluble phosphorus from the control. Compared, the source that contains phosphorus readily soluble ( SS and FH ) were superior to the source containing only phosphorus slow release for LER, SER and DVF. In the first year of implementation, sources of readily soluble phosphorus were favorable to the development and life span of leaves of grass Piatã in pastures in the region of the Cerrado - Pantanal.

Keywords: Pasture fertilization, Brachiaria brizantha. BRS Piata, sustainable development, eco-physiology of forage production on pasture

Introdução

A baixa disponibilidade de fósforo (P) para as forrageiras é uma característica predominante nos solos do Cerrado, região polo da produção de bovinos em pasto, no Brasil. O baixo aporte de fósforo é um dos fatores que impossibilita a produção sustentável de pastagens. Para Novais & Smith (1999) a adubação fosfatada influencia

1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970, Aquidauana, MS ([email protected]) 2 Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970, Aquidauana, MS ([email protected]) 3Acadêmico do curso de Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970, Aquidauana, MS

Page 63: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

62

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

positivamente o desenvolvimento radicular, assim como o seu potencial de produção de massa forrageira. Batista et al. (2002) apontaram que a falta desse nutriente compromete tanto a produtividade como a qualidade da forrageira.

As fontes de fósforo de diferentes solubilidades em água são recomendadas de acordo com o manejo e melhoram a eficiência do uso da adubação, já que a utilização consorciada de fontes de P de solubilização lenta e rápida promove incrementos na produção forrageira a curto, médio e longo prazo (MACIEL et al., 2007).

Uma ferramenta para estudar a eficiência da produção de ruminantes em pasto é a caracterização morfogênica e estrutural das plantas forrageiras, considerado um instrumento que busca soluções de manejo de acordo com a morfofisiologia de cada espécie ou cultivar. Segundo Rodrigues (2008) o entendimento das características morfogênicas e estruturais são fundamentais para a compreensão da dinâmica de produção de pastagens e o impacto das estratégias de manejo empregadas.

A produtividade e a longevidade das pastagens estão associadas de maneira geral a uma série de fatores, sejam eles genéticos, edafoclimáticos, de fertilidade ou manejo do pasto, que juntos determinam o equilíbrio e evitam um possível quadro de degradação. Portanto torna-se necessário buscar o equilíbrio entre a oferta da forragem e o consumo animal, de que se conserve uma aérea foliar suficiente para a recuperação das plantas após a desfolha, visando à perenidade dos sistemas produtivos baseados em pastagens (DA SILVA et al., 2009).

Objetivou-se com esse trabalho avaliar as características morfogênicas e estruturais do capim-piatã (Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã) em pastos adubados com fontes de fósforo de diferentes solubilidades em água, em Aquidauana, MS, buscando uma ferramenta que possa melhorar a eficiência da atividade pecuária numa região de transição entre os biomas Cerrado e Pantanal.

Material e Métodos

A área experimental foi implantada em oito ha da Fazenda UEMS, em Aquidauana, MS, latitude 20º28’ S; longitude 55º48’ W e altitude de 149 metros. O clima da região segundo a classificação de Köppen é Tropical Úmido (AW), dividido em duas estações, a chuvosa (outubro a março) e a seca (abril a setembro).

O experimento foi realizado segundo delineamento experimental de blocos casualizados. Utilizaram-se três tratamentos de fonte de fósforo (solubilidade lenta – FNR; solubilidade rápida – SS; fonte de solubilidade mista – FH; e um tratamento controle, sem fósforo – C); em quatro blocos, onde os blocos representavam o gradiente de variação da área experimental. Os tratamentos foram distribuídos a lanço, nas seguintes quantidades: SS = 150 kg ha-1; FNR = 103,5 kg ha-1; e, FH = 97 kg ha-1.

A área total foi subdividida em 16 piquetes de meio ha cada. O capim-piatã (B. brizantha cv. BRS-Piatã) foi semeado em fevereiro de 2012, após duas gradagens de limpeza e preparo do solo, na quantidade de 10 kg de sementes ha-1. No momento da implantação foram distribuídos os tratamentos de adubação fosfatada.

A avaliação das forrageiras foi realizada através da caracterização morfogênica das plantas nos meses de agosto a outubro de 2013. Foram demarcados, em cada piquete 12 perfilhos em três sítios, demarcados por réguas transectas. Os perfilhos foram identificados com fio plásticos coloridos e, com auxílio de régua milimetrada, foram medidos o comprimento das lâminas foliares verdes e do pseudocolmo, de acordo com o proposto por Sbrissia e da Silva (2001). As medições nas plantas foram realizadas em intervalos regulares de sete dias.

Com essas informações foi possível calcular as seguintes características morfogênicas (LEMAIREe CHAPMAN, 1996):

• Taxa de aparecimento foliar (TApF): relação entre o número de folhas surgidas por perfilho e o número de dias do período de avaliação;

• Filocrono (Filo): número de dias que duas folhas cresceram num mesmo perfilho;

• Taxa de alongamento foliar (TAlF): relação entre o somatório de todo alongamento das lâminas foliares (cm) e o número de dias do período de avaliação;

• Taxa de alongamento do colmo (TAlC): diferença do comprimento do pseudocolmo no final e início pelo número de dias do período de avaliação;

• Taxa de senescência de lâminas foliares (TSeF): somatório dos comprimentos senescidos das laminas foliares presentes no perfilho e o número de dias do período de avaliação;

As características estruturais foram determinadas através dos seguintes cálculos (CHAPMAN e LEMAIRE, 1993, adaptado por SBRISSIA e da SILVA, 2001):

Page 64: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

63

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

• Duração de vida das folhas (DVF): segundo proposto por Lamaire e Chapmam (1996), (DVF = NFV X Filo);

• Número de folhas vivas por perfilho: média do número de folhas vivas por perfilho durante todo o período de avaliação;

Os dados foram comparados segundo um modelo em blocos casualizados, e as médias comparadas com o tratamento controle pelo teste de Dunnett, e os tratamentos entre si pelo teste t. O nível de significância de 5% foi adotado em todas as análises.

Resultados e Discussão

Observou-se efeito significativo (P<0,05) da adubação fosfatada com SS e com a fonte mista de P, em relação ao controle, na TAlF, conforme apresentado na Tabela 1. Não se observou efeito significativo (P<0,05) da aplicação de FNR em relação ao controle. Entre os tratamentos, o FH foi superior aos demais na TAlF.

Gastal et al. (1992) relataram que a disponibilidade de P para as plantas teve efeito pronunciado na TAlF. Alexandrino et al (2004) e Martuscello et al. (2005), trabalhando com as cultivares Marandu e Xaraés, de B.brizantha, respectivamente também observaram aumento nessa taxa quando submeteram as plantas à adubação com formulado comercial 0-30-0.

Silveira (2006) descreveu que o processo de desenvolvimento e de expansão completa das folhas é determinado geneticamente e condicionado por variações nas condições de ambiente. O autor ainda pontuou que efeitos mais pronunciados são relacionados com a temperatura e fornecimento de nutrientes.

Tabela 1 .Características morfogênicas e estruturais do capim-piatã em resposta a fontes de fósforo com diferentes solubilidades em água.

Tratamentos C.V.

Fontes de Fósforo (%) Característica Controle

FH FNR SS

TAlF (cm dia-1) 2,91 5,78 a* 3,31 c 4,53 b* 9,99

TAlC (cm dia-1) 0,71 1,24 a* 0,64 c 0,87 b 18,55

TApF (folha perfilho-1 dia-1) 0,64 0,64 a 0,61 a 0,64 a 5,68

DVF (dias) 102,64 121,67 a 89,44 b 111,26 ab 16,15

NFV (número de folhas vivas perfilho-1) 5,38 5,94 a 5,76 a 5,88 a 6,64 1 Médias de fontes de fósforo seguidas de um * diferentes diferem do tratamento controle pelo teste de Dunnet ao nível de 5%. 2 Médias de fontes de fósforo seguidas de letras minúsculas diferentes diferem entre si pelo teste t ao nível de 5%.

A adubação mista apresentou o melhor resultado na TAlC quando comparada às demais adubações, também diferindo significativamente (P<0,05) quando comparada ao tratamento controle.

Ao trabalhar com capim-marandu, Peternelli (2003) observou que o alongamento de colmo aumentou conforme o aumento de doses de P, juntamente com intervalos entre pastejos mais longos. O autor ainda relata que esse aumento alterou significativamente a estrutura do pasto por meio do acúmulo desse componente na massa de forragem.

Embora a adubação fosfatada não tenha diferido significativamente (P<0,05) do tratamento controle pelo teste de Dunnet, observou-se que, na DVF, os tratamentos de fonte mista (FH) e fonte prontamente disponível (SS) foram superiores ao FNR. Pode-se demonstrar com isso que fontes de fósforo prontamente disponível influenciam na sustentabilidade das pastagens desde seu período de implantação. Pode-se também inferir que a fonte prontamente disponível presente no tratamento FH foi suficiente para elevar esse parâmetro, dado esse que será interessante observar e discutir com o decorrer do tempo, acompanhando a evolução do trabalho e a disponibilização da fonte de solubilidade lenta.

Page 65: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

64

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Santana et al. (S/D) ao avaliarem as características estruturais de capim-buffel cvs. Áridus e CPATSA 7754 submetidos à adubação fosfatada observaram que dependendo da dose de P a DVF apresentou comportamento diferente entre as cultivares. Hodgson (1990) afirma que a DVF é determinada por características genéticas e sofre influencia de condições ambientais.

Conclusões

No primeiro ano de implantação, as fontes de fósforo prontamente solúveis foram favoráveis ao desenvolvimento e duração de vida das folhas de capim-piatã, em pastos na região de transição Cerrado-Pantanal.

Agradecimentos

Agradecimento a FUNDECT pela concessão da bolsa. Às empresas Heringer fertilizantes, Tramasul madeiras e Belgo Bekaert, pelo apoio à pesquisa. Ao Grupo de Estudos em Plantas Forrageiras sob Estresse Ambiental, sem o qual não seria possível conduzir esse trabalho.

Referências

CHAPMAN, D.F.; LEMAIRE, G. Morphogenetic and structural determinants of plant regrowth after defoliation. In: BAKER, M.J. (Ed). Grasslands for our world. SIR Publishing , p.55-64, 1993.

DA SILVA, C.C.F.; BONOMO, P.; PIRES, A.J.V.; MARANHÃO, C.M. de A.; PATÊS, N.M.; SANTOS, L.C. Características morfogênicas e estruturais de duas espécies de braquiária adubadas com diferentes doses de nitrorgênio. Revista Brasileira de Zootecnia , v.38, n.4, p.657-661, 2009.

GASTAL, F.; BELANGER, G.; LEMAIRE, G. A model of the leaf extention rate of tall fescue in response to nitrogen and temperature. Annals of Botany , v.70, p.437-442, 1992.

HODGSON, J. Grazing management: Science into pratice . Longman scientific and technical. London: Longman Group, UK, 1990.

LEMAIRE, G.; CHAPMAN, D.F. Tissue flows in grazed plant communities . In: HODGSON, J.; ILLIUS, A.W. (Eds.) The ecology and management of grazing systems. Wallingford, UK: CAB International, 1996. p.3-36.

MACIEL, G.A.; COSTA, S.E.G.V.A; FURTINI NETO, A.E.; FERREIRA, M.M.; EVANGELISTA, A.R. Efeito de diferentes fontes de fósforo na brachiaria brizantha cv. Marandu cultivada em dois tipos de solos. Ciência Animal Brasileira , v. 8, n. 2, p. 227-233, abr./jun. 2007.

MARTUSCELLO, J.A; FONSECA, D.M.da; JUNIOR, D do N.; SANTOS, P.M.; JUNIOR, J.I.R; CUNHA, D. de N.F.V.; MOREIRA, L. de M. Características morfogênicas e estruturais do capim-xaraés submetido à adubação e desfolhação. Revista Brasileira de Zootecnia , v.34, n.35, p.1475-1482, 2005.

NOVAIS, R. F.; SMYTH, T. J. Fósforo em solos e plantas em condições tropicais . 1. ed.Viçosa:UFV, 1999. 399 p.

PETERNELLI, M. Caracteristicas morfogênicas e estruturais do campi m-Braquiarão sob intensidades de pastejo . 2003, 79f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, 2003.

RODRIGUES, C.S. Caracterização morfogênica de gramíneas forrageiras tropicais sob crescimento livre . 2008. 103f. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008.

SANTANA, F.D.; NOGUEIRA, E.D.; SANTOS, B.R.C.; GALVÃO, R.S.; MENDES, A.M.S.; GIONGO, V. Caracteristicas estruturais de capim-Buffel cvs. Ar idus e CPATSA 7754 submetidas à adubação fosfatada. XXXIII Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, Uberlândia, MG, S/D. Disponivel em <http://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/903395/1/Vanderlise1.PDF>. Acesso em: 02 de out. de 2013.

SBRISSIA, A.F. Morfogênese, dinâmica do perfilhamento e do acúmulo de forragem em pastos de capim-Marandu sob lotação contínua .2004, 199p. Tese (Doutorado em Agronomia – Ciência Animal e Pastgens) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2004.

SBRISSIA, A.F.; SILVA, S.C. O ecossistema pastagem e a produção animal. In: Reunião anual da sociedade brasileira de zootecnia, 2001, Anais... SBZ, p.731-754, 2001.

SILVEIRA, M.C.T. da. Caracterização morfogênica de oito cultivares do gênero Brachiaria e dois do gênero Panicum , 2006, 91f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, 2006.

Page 66: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

65

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Características da pesca de iscas vivas na bacia do Alto Paraguai em Mato Grosso do Sul 1

Agostinho Carlos Catella 2, Vanessa Spacki 3, Bibiana Sagrillo Gindri 3, Berinaldo Bueno 3, Carlos André Zucco 4

A pesca de iscas vivas, destinadas ao comércio com o setor turístico pesqueiro, tornou-se uma importante alternativa de renda para os pescadores profissionais artesanais na Bacia do Alto Paraguai em Mato Grosso do Sul (BAP/MS). Os dados para este estudo foram obtidos por meio de questionários aplicados de julho a novembro de 2010 junto a 1.405 pescadores profissionais artesanais nos principais municípios pesqueiros da BAP/MS, dos quais 310 declararam capturar iscas vivas para comercializar. Os pescadores de iscas vivas são conhecidos regionalmente como "isqueiros" e suas pescarias combinam diferentes características. Dentre os entrevistados, 179 (58%) declararam capturar exclusivamente iscas vivas e 131 (42%) iscas vivas e pescado. As mulheres representaram 54% do total de pescadores entrevistados e 63% dos pescadores exclusivos de iscas. A maioria dos pescadores atua com um parceiro fixo (283; 93%), que pode ou não ser uma pessoa da mesma família. Um menor número de pescadores não possui um parceiro fixo, podendo se juntar a diferentes parceiros ou atuar individualmente (23; 7%). Um total de cinco aparelhos de captura foram citados pelos isqueiros: tela, tarrafa, linha e anzol, covo e peneira, sendo a tela o mais importante (280; 91%). Um total de 20 tipos de iscas diferentes foi citado pelos pescadores, sendo tuvira (Gymnotus spp.), seguida por caranguejo (Decapoda) os mais citados. A maior parte das pescarias tem duração de um dia (228; 74%), nas quais os pescadores se deslocam até o sitio de pesca e retornam para casa no mesmo dia; um menor número tem duração de dois a vários dias, nas quais os pescadores se deslocam até os sítios de pesca onde permanecem acampados (79; 26%). O número de dias de pesca por semana varia com a duração das pescarias. Naquelas com duração de apenas um dia, a maioria dos pescadores pesca de 3 a 6 dias por semana, sendo a mediana igual a 5 dias. Quando realizam pescarias com duração maior do que um dia, tendem a pescar durante todos os dias da viagem, prevalecendo 7 dias de pesca por semana. Isto está relacionado à necessidade de garantir a produção para custear os gastos da viagem. Observou-se que a proporção de homens que realizam pescarias com duração maior do que um dia (34%) foi significativamente maior (n=307, p = 0,004) do que a de mulheres (19%), o que certamente está relacionado ao papel social e às funções domésticas e cuidados com os filhos, que normalmente são atribuições das mulheres. O número declarado de iscas vivas capturadas por pescaria variou de 15 a 20.000 exemplares, apresentando distribuição assimétrica à direita. Essa grande variação provavelmente está relacionada às diferentes características das pescarias e, em alguns casos, pode ser devido ao entendimento da pergunta por parte do pescador. A fim de relacionar a produção com outras variáveis, foi estimado o número de iscas capturadas por dia por dupla de pescadores, obtendo-se 150 iscas/dia em mediana, compreendida entre 100 e 250 iscas/dia, respectivamente iguais à junta inferior e superior da distribuição (n = 306). Estimou-se o número de iscas capturadas por mês e, em seguida, estimou-se a renda mensal multiplicando-se este número pelo preço mediano de venda das iscas praticado por pescador. A renda mediana por dupla de pescadores foi estimada em R$ 900,00, compreendida entre a junta inferior de R$ 514,28 e a junta superior de R$ 1.500,00 da distribuição (n = 257). Considerando que o salário mínimo vigente na época foi R$ 510,00, a renda mediana foi equivalente a 1,76 salário mínimo por dupla de isqueiros, ou a 0,88 salário mínimo por isqueiro. Em seu conjunto, os resultados obtidos neste estudo reunidos àqueles de outras fontes, poderão contribuir para o conhecimento das rotinas e características da atividade, bem como para a orientação de políticas públicas para o setor.

1 Estudo realizado como parte do Projeto Censo Estrutural da Pesca na Bacia do Alto Paraguai – Estado de Mato Grosso do Sul, financiado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA, e Projeto Iscas, financiado pela Embrapa. 2 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, N.S. de Fátima, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 ONG Ecologia e Ação - Ecoa, Rua 14 de Julho, 3169, Centro, 79002-333, Campo Grande, MS ([email protected]; [email protected]; [email protected]) 4 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia – UFRJ, lotado no Laboratório de Vida Selvagem da Embrapa Pantanal ([email protected])

Page 67: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

66

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Características físicas da carne de queixada (Tayas su pecari Link, 1795)1

Ubiratan Piovezan 2, Jovana G. Zuanazzi 3, Gisele A. Felix 4, Jorge A. F de Lara 5

Resumo: A fauna é um agente que não pode ser ignorado na gestão de recursos naturais renováveis. Além de sua importância direta na conservação dos ecossistemas, o desenvolvimento do potencial econômico das espécies silvestres pode viabilizar, em curto prazo, a conservação de tais organismos também de ecossistemas. Este estudo descreve características físicas da carne de queixadas (Tayassu pecari) produzidas em cativeiro. Quinze animais (seis machos e nove fêmeas) criados no município de Mineiros-GO foram abatidos em frigorífico de Formosa-GO, em novembro de 2007. Os parâmetros considerados foram: queda do pH 24h após o abate, perdas por cozimento (PPC) e capacidade de retenção de água (CRA) do músculo Longissimus dorsi. O pH médio foi de 6,20, as perdas por cozimento foram em média de 21,57 % e a capacidade de retenção de água média foi de 68,80 %. Não houve diferença entre sexos. Os resultados demonstram que a carne de queixada oriunda de cativeiro apresenta valores semelhantes aos de outras espécies. Observou-se, no entanto, que o percurso de 700 km (9 horas) que precedeu o abate pode ter influenciado os resultados observados.

Palavras–chave: capacidade de retenção de água, carne DFD, manejo sustentável, perdas por cozimento, qualidade da carne

Physical meat characteristics of white lipped pecca ry (Tayassupecari )

Abstrat : The fauna is an agent that cannot be ignored in the management of renewable natural resources. Besides its direct importance in the conservation of ecosystems, the development of the economic potential of wild species can enable, in the short term, the conservation of populations as well as the ecosystems. This study describes the physical characteristics of meat of peccaries (Tayassu peccary) produced in captivity. Fifteen animals (six males and nine females) reared in Mineiros-GO were slaughtered in a slaughterhouse in Formosa-GO, November 2007. The parameters considered were pH decrease 24h after slaughter, cooking loss (CL) and water holding capacity (WHC) of the Longissimus dorsi muscle. The average pH was 6.20, cooking losses were averaged 21.57%, and water holding capacity average was of 68.80%. There was no difference between sexes. The results shown that the meat originated from captive white lipped peccaries have similar values to those found in other species. It was noted, however, that the distance of 700 km (9 hours) which preceded the slaughter might influenced the observed results

Keywords: water holding capacity, DFD meat, sustainable management, cooking losses, meat quality.

Introdução

Além de sua importância direta na conservação dos ecossistemas naturais, o desenvolvimento do potencial produtivo ou econômico de espécies silvestres como a queixada, pode auxiliar na conservação de ecossistemas em um cenário de curto prazo. Algumas espécies da fauna silvestre brasileira apresentam aptidão para o manejo econômico sustentável, como o jacaré do Pantanal (Caiman yacare), a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) e o queixada (Tayassu pecari). Tais espécies apresentam características evolutivas favoráveis ao manejo como possuírem populações abundantes, elevadas taxas de crescimento, estrutura social definida e ampla distribuição geográfica.

Assim como os catetos, as queixadas são onívoras e apresentam pré-estômago característico, constituído por dois sacos cegos e uma bolsa gástrica, o que permite a utilização de alimentos fibrosos por meio da fermentação microbiana da celulose. Tal característica torna sua criação em cativeiro viável, uma vez que facilita a alimentação à base de uma dieta de baixo custo (ração). Poucos trabalhos vêm sendo realizados sobre a qualidade nutricional, mercado e o consumo das carnes de tayassuideos, sendo a maioria dos estudos disponíveis relacionados ao cateto. Pouco se sabe sobre a qualidade da carne das queixadas, e trabalhos discorrendo sobre as características físicas e químicas deste tipo de carne são raros. O objetivo deste estudo foi descrever parâmetros físicos da carne de queixadas, comparando os resultados entre indivíduos de sexos diferentes.

1Projeto financiado pela Fundect 2Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 4Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Goiás, Caixa Postal 131, 74001-970, Goiânia, GO ([email protected]) 5Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 68: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

67

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Material e Métodos

Foram utilizados 15 animais adultos, sendo seis machos e nove fêmeas (Autorização SISBIO n.º 10479, de 12/11/2007) provenientes de criatório comercial no município de Mineiros (GO). A alimentação foi fornecida na forma de ração farelada, à base de milho e soja, além de cucurbitáceas fornecidas inteiras. Os animais foram submetidos a abate humanitário, com prévia insensibilização pro eletronarcose, em frigorífico comercial localizado no município de Formosa (GO), a cerca de 700 km do criatório. As carcaças foram resfriadas (1-2ºC) por 24h para posterior amostragem das carcaças (Longíssimus dorsi). Foram avaliadas as seguintes características da carne: capacidade de retenção de água, perdas de água por cozimento e pH24 horas post-mortem. Para estas avaliações, foram consideradas três subamostras dos músculos Longissimus dorsi, na posição compreendida entre a 12a e 13a costelas. Amostras de 100 gramas de cada corte foram separadas, homogeneizadas, identificadas e congeladas a -18 ºC para a avaliação no Laboratório de Análises de Carnes (LAC) da Embrapa Pantanal (CPAP), Corumbá, MS.

Foram realizadas leituras de pH final (24 horas após o abate) com o auxílio de um medidor de pH Digimed DMPH – 2 com eletrodo para carnes (modelo DME-CF1). O pH intramuscular foi avaliado em triplicata antes da realização dos demais testes.

Para capacidade de retenção de água (CRA) cada amostra de 0,5g foi posicionada entre dois papéis filtros qualitativo circulares de 5,5 cm de diâmetro, espessura de 200mm e gramatura de 80g/m². Amostras e os papéis de filtro foram posicionados entre duas placas quadrangulares de vidro com espessura de 8mm cada uma. Sobre este sistema foi colocado um peso de 10 kg por cinco minutos. A pressão exercida sobre a amostra foi uniforme em toda sua área. Posteriormente a amostra e os papéis foram pesados e os resultados expressos em porcentagem.

As perdas de água por cozimento (PPC) foram estimadas pesando-se 70g de cada amostra e embalando-as em saco plástico colocadas em banho-maria até que a temperatura interna de cada uma atingisse entre 75 a 80°C. Após o cozimento, as amostras foram resfriada s até que a temperatura interna atingisse entre 25 e 30°C. Os resultados foram expressos em porcentagem de perda, determinada pela diferença entre os pesos antes e após o cozimento.

As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do pacote R Core Team (2012). Utilizou-se a análise de variância, considerando-se o efeito fixo de sexo em um delineamento inteiramente casualizado.

Resultados e Discussão

Os valores médios para pH, PPC e CRA são apresentados na Tabela 1. A análise de variância não mostrou efeito do sexo sobre os valores de pH. Considerando os valores de referência para a carne suína, o pH observado em queixadas (5,7 em pH) encontra-se acima da faixa sugerida por Ludtke et al. (2010) que descreveram valores de pH de 5,54 ± 0,14 e 5,60 ± 0,14 como esperados para suínos submetidos ao baixo e alto estresse no manejo pré-abate. Segundo Bridi e Silva (2009), carnes suínas com pH final superiores a 6,00 podem ser consideradas carnes DFD (do inglês dark, firm and dry), ou seja, de cor escura, textura firme e com baixa capacidade de retenção de água.

Pelo fato de serem animais silvestres, esses animais podem apresentar uma maior suscetibilidade ao estresse, determinando uma depleção das reservas de glicogênio muscular e uma menor produção e acúmulo de ácido lático após o abate. De fato, os valores encontrados neste estudo foram semelhantes aos descritos em outros experimentos com silvestres. No trabalho realizado por Albuquerque et al. (2009) com caititus os valores de pH encontrados no pernil variaram entre 6,2 a 6,3 após 24 horas post mortem. Já Bressan et al. (2004) observaram que para capivaras adultas em cativeiro os valores de pH final médio foram de 6,01 no músculo L. dorsi. No trabalho realizado por Oda et al. (2004), também com capivaras o pH final médio foi de 5,96. Este valor é considerado acima do intervalo adequado de acidificação em carnes vermelhas, resultando em carnes menos ácidas às 24 horas post mortem. Vários são aos fatores que podem estar relacionado ao uso destas reservas sendo um deles o estresse sofrido pelos animais. É valido ressaltar que neste estudo os animais foram conduzidos do criatório em Mineiros-GO por aproximadamente 700 km em um percurso de 9 horas até chegar ao local do abatedouro em Formosa-GO, o que pode ter contribuído para os valores de pH final observados.

Com relação à CRA, o valor médio encontrado para machos e fêmeas foi de 70,30, dados que condizem com as afirmações de Bridi e Silva (2009) de que valores de pH superiores a 6,00 resultam em maior CRA. Entretanto, para suínos, Lopes et al. (2009) descrevem valores de 69,03 ± 6,33 para carne normal e 70,54 ± 4,75 para carne PSE (do inglês pale, soft and exudative, ou seja, carne de cor clara, de textura mole e com baixa capacidade de retenção de água) o que contradiz as afirmações acima citadas. Já os valores encontrados para CRA por Albuquerque et al.(2009) para catetos variaram entre 60,70 a 63,06%. Bressan et al. (2004) demonstraram CRA de aproximadamente 76,50 % para a carne de capivara.

Page 69: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

68

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Valores altos de CRA podem acarretar em menor vida de prateleira podendo ser definida como o maior ou menor nível de fixação de água de composição do músculo nas cadeias de actino-miosina. No momento da mastigação a CRA se traduz em sensação de maior ou menor suculência, podendo ser avaliada de maneira positiva ou negativa pelo consumidor. Embora indesejável sob o ponto de vista sanitário, um pH elevado pode trazer vantagens tecnológicas aumentando a capacidade de retenção de água da carne e permitindo a elaboração de produtos mais nobres, como presunto cozido.

A água liberada durante a aplicação de qualquer tipo de força externa ou ao longo de um determinado processo arrasta proteínas solúveis, vitaminas e minerais com consequente redução do valor nutritivo. Entretanto, durante a cocção ocorrem além destas perdas algumas manifestações de desnaturação proteica, pois o aquecimento incrementa as associações entre as moléculas de proteína. Para perdas de água por cozimento ou cocção (PPC), os valores médios encontrados foram de 21,57 % para macho e 23,00 % para fêmeas de queixada, inferiores aos descritos por Lopes et al. (2009) que para suínos descreveram valores de 33,26 ± 3,77 e 32,47 ± 3,49 para carnes PSE e normal, respectivamente. Bressan et al. (2004) observaram PPC variando de 31,28 a 33,60% em capivaras, valores semelhantes aos descritos por Oda et al. (2004) que variaram entre 24,93 a 33,84 % de PPC. Esses valores foram superiores, por sua vez, aos descritos por Albuquerque et al. (2009) que em pernil de catetos observaram PPC variando de 15,1 a 22,1%, sendo estes os menores valores já relatados para esta característica em carnes silvestres.

Tabela 1. Análise qualitativa da carcaça de queixadas (valores médios e coeficiente de variação).

Sexo* pH DP PPC (%) DP CRA (%) DP Fêmea 1 6,50 ±2,23 20,83 ±2,86 70,20 ±5,66 Fêmea 2 5,96 ±0,13 23,33 ±3,98 70,80 ±4,31 Fêmea 3 6,50 ±0,30 23,17 ±6,14 71,60 ±14,14 Fêmea 4 5,70 ±0,06 24,80 ±2,61 73,50 ±8,29 Fêmea 5 5,70 ±0,05 21,36 ±0,16 74,00 ±12,16 Fêmea 6 6,60 ±0,04 22,64 ±9,04 70,00 ±4,00 Fêmea 7 6,40 ±0,05 11,38 ±4,31 64,20 ±5,52 Fêmea 8 6,00 ±0,08 21,30 ±0,88 74,70 ±11,55 Macho 1 6,30 ±2,27 24,14 ±4,40 73,30 ±9,24 Macho 2 6,16 ±0,33 24,01 ±5,41 68,00 ±5,29 Macho 3 6,40 ±0,19 19,00 ±6,60 67,30 ±6,11 Macho 4 6,70 ±0,04 19,40 ±10,40 70,90 ±4,45 Macho 5 5,80 ±0,03 19,71 ±11,13 67,60 ±5,58 Macho 6 6,60 ±0,10 23,15 ±3,95 65,60 ±3,89

Média das Fêmeas 6,10 ±0,34 23,00 ±5,64 71,24 ±3,05 Média dos Machos 6,30 ±0,34 21,57 ±5,64 68,80 ±3,05

Média Geral 6,20 22,30 70,30 CV (%) 5.48 25,30 4,34

PPC = perdas de água por cozimento, CRA = capacidade de retenção de água. * Valores médios (análises em triplicatas), seguidos de respectivo desvio padrão.

Conclusões

Os aspectos físicos da carne de queixada (pH, perda por cozimento e capacidade de retenção de água) não diferiram quando comparados entre sexos e foram semelhantes aos descritos para catetos e capivaras de cativeiro, bem como comparáveis aos apresentados por suínos.

Referências

ALBUQUERQUE, N. I; CONTRERAS, C.C; ALENCAR, S; MEIRELLES, C. F; AGUIAR, A.P; MOREIRA, J. A; PACKER, I. U. Propriedades da carne e perfil de ácidos graxos do pernil de catetos (Tayassu tajacu) alimentados com torta de babaçu (Orbignya phalerata). Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootec nia , Belo Horizonte, MG, v.61, n.6, p.1419-1427, 2009.

Page 70: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

69

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

BRESSAN, M. C; JARDIM, N. S; PEREZ, J. R. O; THOMAZINI, M; LEMOS, A. L. S. C; ODA, S. H. I; PISA, A. C. C; VIEIRA, J. O; FARIA, P. B; FREITAS, R. T. F. Influência do sexo e faixas de peso ao abate nas características físico-químicas da carne de capivara. Ciência e Tecnologia de Alimentos , Campinas, SP, v. 24, n.3, p. 357-362, 2004.

BRIDI, A. M; SILVA, C. A. Avaliação da Carne Suína . Londrina: Midigraft, 2009, 120p.

LOPES, R.T; VARGAS JR, F. M; CALDARA, F. R; SANTIAGO, J. C; FERREIRA, V. M. O. S; GARCIA, R. G; PAZ, I. C. L. A; FREITAS, L. W. Características físicas da carne PSE em suínos na Região da Grande Dourados - MS. In: 3º Encontro de Extensão, 3º Encontro de Iniciação Científica e 2º Encontro de Pós-Graduação, 2009, Dourados. 3º Encontro de Extensão, 3º Encontro de Iniciação Científica e 2º Encontro de Pós-Graduação - Ciência no Brasil. Anais... Dourados: UFGD, 2009.

LUDTKE, C. B; SILVEIRA, E. T. F; BERTOLONI, W; ANDRADE, J. C. de; BUZELLI, M. L; BESSA, L. R; SOARES, G. J. D. Bem-estar e qualidade de carne de suínos submetidos a diferentes técnicas de manejo pré-abate. Revista Brasileira de Saúde Produção Animal , Salvador, Ba, v.11, n.1, p. 231-241 jan/mar, 2010.

ODA, S. H. I; BRESSAN, M. C; MIGUEL, G. Z; VIEIRA, J. O; FARIA, P. B; SAVIAN, T. V; KABEYA, D. M. Efeito do método de abate e do sexo sobre a qualidade da carne de capivara (Hydrochaeris hydrochaeris). Ciência e Agrotecnologia, Lavras, MG, v. 24, p.3: 341-346, 2004.

Page 71: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

70

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Caracterização biométrica de frutos de sucupira bra nca e baru

Daiane Oliveira da Silva 1, Sebastião Ferreira de Lima 2, Ana Paula Leite de Lima 2, Arthur Ribeiro Ximenes 1, Yasser Alabi Oiole 1

Resumo: Este trabalho objetivou caracterizar biometricamente frutos de sucupira branca Pteryx alata Vog e baru Pterodon emarginatus Vog coletados em diferentes árvores durante o ano 2012/13 de acordo com a fenologia da espécie. Para a caracterização biométrica de frutos foram coletados 10 frutos de cada planta marcada, totalizando 100 frutos de cada espécie. Todos os frutos tiveram suas dimensões: comprimento, largura e espessura medidos com paquímetro digital. A massa de frutos foi determinada utilizando-se uma balança analítica com precisão de 0,001g. Para a biometria do baru a espessura dos frutos apresentou valor médio de 28,12 mm, para comprimento a maior frequência de frutos foi encontrada na classe de 38.0 a 40,0 cm e para largura 24,3 a 27,3 cm. Para a sucupira, a maior frequência de frutos foi encontrada na classe de 19,9 a 26,3 cm para comprimento, 8,1 a 10,5 cm para largura, 6,2 a 7,4 cm para espessura e 1,6 a 2,1 para massa fresca.

Palavra-chave : Morfometria; espécies nativas, cerrado

Biometric characterization of sucupira branca and b aru fruits

Abstract: This study aimed to characterize biometrically fruits sucupira branca Pterodon emarginatus Vog and baru Dpteryx alata Vog collected from different trees during the year 2012/13 according to the phenology of the species. To characterize biometric fruits were collected 10 fruits of each marked plant, totaling 100 fruits of each species. All fruits had their dimensions: length, width and thickness measured with a digital caliper. The fruit mass was determined using an analytical balance accurate to 0.001 g. For biometrics baru the thickness of the fruits showed a mean value of 28.12 mm, length to the higher frequency of fruit found in the class of 38.0 to 40.0 cm wide and 24.3 to 27.3 cm. For sucupira, the highest frequency of fruits found in class 19.9 to 26.3 cm for length, 8.1 to 10.5 cm in width, 6.2 to 7.4 cm thick and 1.6 to to 2.1 for fresh mass.

Keywords : Morphometry; native species, savannah

Introdução

O reconhecimento das espécies tem grande importância para a análise de suas características de interesse. A biometria de frutos e sementes é importante para diferenciar a intensidade de variação das espécies que se relacionam a fatores ambientais, fornecendo importantes informações para a caracterização dos aspectos ecológicos como o tipo de dispersão, agentes dispersores e estabelecimento das plântulas, além de permitir avaliar o comportamento das populações quando estabelecidas em outro ambiente, principalmente em espécies que possuem ampla distribuição geográfica e adaptação a diversos ecossistemas (RODRIGUES et al., 2006).

Para espécies arbustivas e arbóreas existe uma relação entre o tamanho das sementes e o número de sementes por fruto conforme observado em baru (Dipteryx alata). Correa et al. (2008) verificaram que a média geral para peso de fruto foi de 28,30 g. Para comprimento e largura foram obtidos 53,89 mm e 39,37 mm, respectivamente. A espessura dos frutos apresentou valor médio de 28,12 mm com valor máximo de 33,20 mm e mínimo de 22,90 mm.

O objetivo desse trabalho foi de avaliar a biometria de frutos de baru e sucupira.

Material e Métodos

O presente projeto foi desenvolvido na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Chapadão do Sul, MS, utilizando material vegetal coletado de plantas na região.

O Município de Chapadão do Sul, com uma área de 3.851 km2, está localizado na porção nordeste do Estado de Mato Grosso do Sul e faz parte da Micro-Região Geográfica de Cassilândia. Sua sede está a uma

1 Acadêmico de Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 112, 79560-000, Chapadão do Sul, MS, ([email protected]) 2 Docentes de Engenhenharia Floresta e Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Chapadão do Sul, Caixa Postal 112, 79560-000, Chapadão do Sul, MS.

Page 72: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

71

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

altitude de 790 m acima do nível do mar e situa-se nas seguintes coordenadas geográficas: Latitude - 18º 41’ 33" Sul e Longitude - 52º 40’ 45” Oeste de Greenwich, distanciando da capital 330 km.

As espécies arbóreas estudadas foram: sucupira branca (Pterodon emarginatus Vog.) e baru (Dipteryx alata Vog.). Foram marcadas 10 plantas distanciadas em pelo menos 30 m entre elas para a coleta de frutos. A coleta de frutos ocorreu durante o ano 2012/13 de acordo com a fenologia da espécie.

Para a caracterização biométrica de frutos foram coletados 10 frutos de cada planta marcada, totalizando 100 frutos de cada espécie. Todos os frutos tiveram suas dimensões: comprimento, largura e espessura medidos com paquímetro digital. A massa de frutos foi determinada utilizando-se uma balança analítica com precisão de 0,001g.

Os dados de biometria das espécies foram representados graficamente em histogramas de classes de frequência para cada variável.

Resultados e Discussão

Na Figura 1 está representada a biometria de frutos de baru para comprimento, largura, espessura e massa fresca de frutos. O comprimento do fruto variou de 34,0 a 44,0 mm, a largura de 31,25 a 39,68 mm, a espessura de 21,24 a 36,32 mm e a massa de 12,25 a 25,98 g. A espessura dos frutos apresentou valor médio de 28,12 mm com valor máximo de 33,20 mm e mínimo de 22,90 mm. A maior frequência de frutos foi encontrada na classe de 38,0 a 40,0 cm para comprimento, 32,9 a 34,6 cm para largura, 24,3 a 27,3 cm para espessura e 12,2 a 15,0 g para massa fresca. A característica de massa fresca foi a que apresentou a maior variação para a amplitude de frutos com 112,1%.

Figura 1 . Características biométricas de fruto de baru.

Page 73: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

72

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

A Figura 2 apresenta a biometria de frutos de sucupira em relação ao comprimento, largura, espessura e massa fresca. O comprimento do fruto variou de 13,40 a 45,69 mm, a largura de 8,11 a 20,10 cm, a espessura de 2,76 a 8,57 cm e a massa de 0,57 a 3,07 g.

A maior frequência de frutos foi encontrada na classe de 19,9 a 26,3 cm para comprimento, 8,1 a 10,5 cm para largura, 6,2 a 7,4 cm para espessura e 1,6 a 2,1 para massa fresca. A característica de massa fresca foi a que apresentou a maior variação para a amplitude de frutos com 538%.

Figura 2 . Características biométricas de frutos de sucupira.

Conclusões

A biometria de frutos de baru e sucupira indica grande variação nas características morfométricas dentro das espécies.

Referências

CORRÊA, G. M. et al. Determinações físicas em frutos e sementes de baru (Dipteryx alata Vog.), cajuzinho (Anacardium othonianum Rizz.) e pequi (Caryocar brasiliense Camb.), visando melhoramento genético. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 24, n. 4, p. 42-47, 2008.

RODRIGUES, A. C. da C.; OSUNA, J. T. A.; QUEIROZ, S. R. de O. D.; RIOS, A. P. S. Biometria de frutos e sementes e grau de umidade de sementes de angico (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan var. cebil (Griseb.) Altschul) procedentes de duas áreas distintas. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florest al, Garça, ano 4, n. 8, p. 1-15, 2006.

Page 74: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

73

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Caracterização biométrica de frutos e sementes de b arbatimão

Arlindo Ananias Pereira da Silva 1, Ana Paula Leite de Lima 2, Sebastião Ferreira de Lima 2, Arthur Ribeiro Ximenes 1, Igor Erickson Tosta Maia 1

Resumo: O barbatimão (Stryphnodendron adstringens), pertencente a família Fabaceae-Mimosoidae é uma espécie arbórea com grande potencial de utilização. O conhecimento da biometria de frutos e sementes é importante para diferenciar a intensidade de variação das espécies da mesma região que se relaciona com os diversos fatores ambientas desse ambiente. O objetivo desse trabalho foi de avaliar as características biométricas de frutos e sementes de barbatimão. O trabalho foi desenvolvido no campus da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Chapadão do Sul, MS utilizando o material vegetal coletado de plantas locais. Foi avaliada a espécie arbórea do barbatimão onde foram marcadas 10 plantas distanciadas em pelo menos 30 metros entre elas para a coleta de frutos e sementes. A biometria foi realizada em 100 frutos e 100 sementes. Os resultados permitiram identificar grande variação nas características morfométricas dentro das espécies.

Palavras-chave : Morfometria, Recuperação de áreas degradadas, espécies nativas.

Biometric characterization fruits and seeds barbati mão

Abstract: Barbatimão (Stryphnodendron adstringens) belonging to the family Fabaceae-Mimosoidae is an arboreal species with great potential for use. Knowledge of the fruits and seeds of biometrics is important to differentiate the intensity variation of species in the same region as it relates to the various factors ambientas that environment. The aim of this study was to evaluate the biometric characteristics of fruits and seeds barbatimão. The study was conducted on the campus of the Federal University of Mato Grosso do Sul, in Chapadão South MS using plant material collected from local plants. We evaluated the tree species of which were marked barbatimão 10 plants spaced at least 30 meters between them to collect fruits and seeds. Biometrics was performed in 100 and 100 fruit seeds. The results showed a wide variation in morphometric characteristics within species.

Keywords : Morphometry, recovery of degraded areas, native species.

Introdução

A intensidade de variação das espécies é medida pela biometria de frutos e sementes, geralmente relacionado as condições climáticas do local, e a partir dessas informações, pode-se caracterizar os aspectos ecológicos como o tipo de dispersão, agentes dispersores e estabelecimento das plântulas. Também permite a comparação quando a planta é submetida a diferentes ambientes, principalmente em espécies que possuem ampla distribuição geográfica e boa relação adaptativa a ecossistemas (RODRIGUES et al., 2006). Além disso, a biometria de frutos e sementes é muito importante quando é necessário conhecer as estruturas reprodutivas para estimar o potencial produtivo e compostos residuais, considerando as condições ambientais.

Estudos da biometria, tanto da semente quanto do fruto, constituem uma ferramenta importante na identificação da variabilidade genética dentro de populações de uma mesma espécie considerando os fatores ambientais, podendo assim, ser utilizado em programas de melhoramento genético (CARVALHO et al. 2003).

A biometria de sementes e frutos também ajuda na aquisição de informações sobre a conservação e exploração da espécie, assim possibilitando um melhor desempenho da planta, A biometria é uma ferramenta fundamental para subsidiar programas de reflorestamento e recuperação de APPs.

Este trabalho teve como objetivo avaliar as características biométricas de frutos e sementes do barbatimão.

Material e Métodos

O presente projeto foi desenvolvido na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Chapadão do Sul, MS, utilizando material vegetal coletado de plantas do cerrado local.

1 Acadêmico de Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 112, 79560-000, Chapadão do Sul, MS ([email protected] 2 Docente de Engenharia Florestal e Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 112, 79560-000, Chapadão do Sul, MS.

Page 75: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

74

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

O Município de Chapadão do Sul, com uma área de 3.851 km2, está localizado na porção nordeste do Estado de Mato Grosso do Sul e faz parte da Micro-Região Geográfica de Cassilândia. Sua sede está a uma altitude de 790 m acima do nível do mar e situa-se nas seguintes coordenadas geográficas: Latitude - 18º 41’ 33" Sul e Longitude - 52º 40’ 45” Oeste de Greenwich, distanciando da capital 330 km.

A cobertura vegetal original do Município é de cerrados e campos limpos e a classe de solo predominante é o Latossolo Vermelho distrófico. O clima é, segundo Köppen, do tipo tropical úmido (Aw), com estação chuvosa no verão e seca no inverno e precipitação média anual de 1.850 mm. A temperatura média anual varia de 13ºC a 28ºC.

A espécie estudada foi o barbatimão (Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville). Foram marcadas 10 plantas distanciadas em pelo menos 30 m entre elas para a coleta de frutos e sementes. A coleta de frutos ocorreu durante o ano 2012/13

Para a caracterização biométrica de frutos foram coletados 10 frutos com sementes de cada planta marcada, totalizando 100 frutos. Desse total de frutos foram obtidas aleatoriamente 100 sementes para a determinação biométrica de sementes. Todos os frutos e sementes tiveram suas dimensões: comprimento, largura e espessura medidos com paquímetro digital. A massa de frutos e sementes foi determinada utilizando-se uma balança analítica com precisão de 0,001g. Para o comprimento dos frutos, sem o pedúnculo, foi utilizado um paquímetro digital, também foi avaliado o número de perfurações causadas por insetos, em frutos e sementes.

Os dados de biometria foram representados graficamente em histogramas de classes de frequência.

Resultados e Discussão

A Figura 1 apresenta a biometria de frutos de barbatimão em relação ao comprimento, largura, espessura e massa fresca de frutos. O comprimento do fruto variou de 51,2 a 82,3 mm, a largura de 12,4 a 19,2 mm, a espessura de 11,2 a 19,6 mm e a massa de 7,2 a 18,2 g. Teixeira et al. (2012) encontraram valores muito próximos também para frutos de barbatimão, sendo a variação de comprimento de 6,00 a 10,00 cm, a largura de 1,04 a 1,46 cm, a espessura de 1,02 a 1,86 cm e a massa de fruto foi de 5,00 a 14,25 g.

Figura 1 . Características biométricas de fruto de barbatimão

Page 76: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

75

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

A maior frequência de frutos foi encontrada na classe de 63,6 a 69,9 cm para comprimento, 13,7 a 15,1 e 17,8 a 19,2 cm para largura, 12,9 a 14,6 cm para espessura e 13,8 a 16,1 g para massa fresca.

O barbatimão apresentou 26% de seus frutos danificados, com perfurações, sendo a média de 2,2 furos por fruto danificado. O valor máximo de perfurações por fruto foi de 5. A característica de massa fresca foi a que apresentou a maior variação para a amplitude de frutos com 151,7%.

A Figura 2 apresenta a biometria de sementes de barbatimão em relação ao comprimento, largura, espessura e massa fresca. O comprimento da semente variou de 6,03 a 8,65 mm, a largura de 3,45 a 6,58 mm, a espessura de 3,01 a 4,77 mm e a massa de 0,37 a 1,69 g. Teixeira et al. (2012) encontrou valores mais distintos para sementes de barbatimão, sendo a variação de comprimento de 0,50 a 0,99 cm, a largura de 0,3 a 1,0 cm, a espessura de 0,13 a 0,50 cm e a massa de fruto foi de 0,65 a 2,03 g.

A maior frequência de sementes foi encontrada na classe de 7,1 a 7,6 mm para comprimento, 4,7 a 5,3 cm para largura, 3,0 a 3,4 e 4,1 a 4,4 cm para espessura e 0,37 a 0,63 g para massa fresca.

O barbatimão apresentou 79,8% de suas sementes danificadas. Esse valor foi bem superior ao verificado por Teixeira et al. (2012), que encontrou em média 32% de suas sementes danificadas. A característica de massa fresca foi a que apresentou a maior variação para a amplitude de frutos com 455%.

Essa espécie apresenta grande produção de frutos e sementes, isso contribui para a sobrevivência da espécie no ambiente, mesmo com alto índice de predação. Esse fato também pode contribuir na produção de mudas visando projetos de recuperação de áreas degradadas ou a exploração de seus frutos e sementes para outras finalidades, como a produção de óleo.

Figura 2 . Características biométricas de semente de barbatimão

Page 77: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

76

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Conclusões

A biometria de frutos e sementes de espécies nativas indica grande variação nas características morfométricas dentro das espécies.

Referências

CARVALHO, J. E. U.; NAZARÉ, R.F.R.; OLIVEIRA, W. M. Características físicas e físico-quimicas de um tipo de bacuri (Platonia insignis Mart.) com rendimento industrial superior. Revista Brasileira de Fruticultura . Cruz das Almas, v. 25, p. 326-328, 2003.

RODRIGUES, A. C. da C.; OSUNA, J. T. A.; QUEIROZ, S. R. de O. D.; RIOS, A. P. S. Biometria de frutos e sementes e grau de umidade de sementes de angico (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Var. cebil (Griseb.) Altschul) procedentes de duas áreas distintas. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florest al, Garça, ano 4, n. 8, p. 1-15, 2006

TEIXEIRA, E. C.; LIMA, S. F.; LIMA, A. P. L.; SANTOS, M. A.; VALDEZ, L. C. C.; OIOLE, Y. A. Biometria de frutos e sementes de barbatimão Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (Leguminosae-Mimosoideae). In: Simpósio Internacional de Botânica Aplicada, 2012, Lavras. I Sinbot . Lavras: UFLA, 2012. p. 1-1

Page 78: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

77

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Caracterização morfológica de exemplares de equinos da raça quarto de milha utilizadas no laço comprido

Marcos Paulo Gonçalves de Rezende 1, Urbano Gomes Pinto Abreu 2, Geovane Gonçalves Ramires 3

Resumo: Objetivou-se realizar a caracterização morfológica de exemplares de equinos da raça Quarto de Milha utilizados no Laço Comprido. Foram amostrados 69 equinos (54 fêmeas e 15 machos) com idade adulta, utilizados em provas realizadas em Miranda e São José do Camisão - Aquidauana, sub-regiões do Pantanal do MS. Com auxílio de fita métrica, mensuraram-se: perímetros: torácico, canela, joelho e antebraço; largura: peito, garupa, cabeça e ísquio; tamanho: orelha; alturas: cernelha, codilho ao solo, garupa, joelho e dorso lombar; comprimentos: quartela torácica, perna, canela pélvica, canela torácica, garupa, pescoço, cabeça, corporal, espádua, dorso e antebraço; longitude: rosto; distâncias: escápula boleto e tórax abdômen. Com base nas medidas, estimaram-se os índices de conformação: relação cernelha garupa, corporal, dáctilo torácico, peso e carga na canela. O estudo da variação das pelagens baseou-se a partir da simples contagem das ocorrências do fenômeno, entre os eqüinos. Analisou-se possível efeito do dimorfismo sexual sobre as características morfométricas e conformação. Para interpretação das pelagens, a análise estatística foi realizada em função da distribuição de freqüências. Não houve diferenças significativas (P<0,05) em nenhuma das características entre machos e fêmeas. Os eqüinos foram classificados como cavalos de médio porte, aptidões intermediárias para força e velocidade, com bom equilíbrio entre os membros locomotores, aptidões intermediárias para uso em sela ou tração e com boa capacidade dos membros locomotores deslocarem toda a massa corporal. Observou maior predominância da pelagem alazã (52,17%), seguida da castanha (18,84%) e baia (8,69%), ao passo que as pelagens lobuna (1,44%), zaina (4,34%) obtiveram menor representabilidade.

Palavras–chave: conformação, Eqqus Caballus, esporte equestre, fenótipo.

Morphological characterization of equine exemplary of breed Quarter Horse used in Long Bow

Abstract: The objective is to characterize morphological copies of Equine Quarter Horse used in the Long Bow. We sampled 69 horses (54 females and 15 males) aged adult, used in tests carried out in Miranda and St. Jose do Camisão-Aquidauana, sub-regions of the Pantanal MS. With the help of measuring tape, measured up: perimeters: chest, shin, knee and forearm width: chest, hip, head and rump, size: ear; heights withers codilho the ground, hip, knee and back Lumbar lengths : pastern chest, leg, pelvic cinnamon, cinnamon chest, hip, neck, head, body, shoulder, back and forearm; longitude: face; distances: Billet scapula and chest abdomen. Based on the measurements, it was estimated the rates of conformation: relationship withers croup, body, dactyl chest, weight and load on the shin. The study of the variation of the pelts was based from simple counting of occurrences of the phenomenon, among horses. We analyzed the possible effect of sexual dimorphism on the morphometric characteristics and conformation. For interpretation of coats, statistical analysis was performed according to the frequency distribution. No significant differences (P<0.05) in any of the characteristics between males and females. The horses were classified as medium-sized horses, intermediate skills for strength and speed, with good balance between members locomotor skills intermediate for use in saddle or with good traction and ability of members locomotor move entire body mass. Predominance of the coat observed alazã (52.17%), followed chestnut (18.84%) and pen (8.69%), while the coats wolfish (1.44%) zaina (4.34%) had lower representability.

Keywords: conformation, Equus Caballus, equestrian sport, phenotype.

Introdução

As provas de Laço Comprido representam uma tradição para o Mato Grosso do Sul, estado esse que tem sua base econômica voltada ao agronegócio, principalmente a pecuária de bovino de corte. Frente ao exposto, aumentou-se o interesse pelo melhoramento genético dos equinos, por meio da seleção de animais com perfil morfométrico e conformação de acordo com as exigências de cada atividade em que este irá ser utilizado.

1 Graduando em Zootecnia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 67, 79320-900, Campo Grande, MS ([email protected]) 2 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Graduando em Zootecnia, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal, 67, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])

Page 79: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

78

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Pesquisas específicas realizadas com animais utilizados em esporte equestre veem sendo realizadas por diversos pesquisadores no Brasil, devido à grande importância dessas modalidades tanto socialmente como culturalmente. Entre essas podem ser citados estudos com equinos de Vaquejada no Rio Grande do Norte (PIMENTEL et al., 2011), equinos utilizados em provas de Hipismo (GODOI et al., 2013), avaliação do equilíbrio do cavalo Quarto de Milha de prova de Três Tambores (DONOFRE et al., 2011) e caracterização morfológica de equinos competidores em provas de Freio de Ouro (SOUZA et al., 2011).

Para Godoi et al. (2013) a avaliação morfométrica é essencial e muito utilizada para a escolha de equinos, especialmente para atividades esportivas. Analisando toda a cinemática dos equinos utilizados em provas de Laço Comprido, e considerando a biomecânica, a locomoção do equino envolve movimentos de todo o corpo e de segmentos dos membros em um ritmo e padrões automáticos que definem as combinações de coordenação entre os membros. Nesse ínterim objetivou-se caracterizar a morfologia de equinos Quarto de Milha utilizado em provas de Laço Comprido, MS.

Material e Métodos

Para coleta das informações, foram amostrados 69 equinos da raça Quarto de Milha (54 fêmeas e 15 machos) com idade adulta, utilizados em provas de Laço Comprido em provas realizadas no município de Miranda e no Distrito de São José do Camisão - Aquidauana, sub-regiões do Pantanal do MS. Com auxílio de fita métrica e hipômetro, mensuraram-se os equinos sempre do lado esquerdo do corpo posicionado com menos irregularidade possível em relação ao solo.

Com base nas metodologias descritas por Parés i Casanova (2010), foram aferidas as seguintes medidas lineares: perímetro: torácico, canela, joelho e antebraço; largura: peito, garupa, cabeça e ísquio; tamanho: orelha; altura: cernelha, codilho ao solo, garupa, joelho e dorso lombar; comprimento: quartela torácica, perna, canela pélvica, canela torácica, garupa, pescoço, cabeça, corporal, espádua, dorso e antebraço; longitude: rosto; distância: escápula boleto e tórax abdômen.

Com base nessas medidas, estimou-se 5 índices de conformação de acordo com as metodologias descritas na literatura (PARÉS i CASANOVA, 2010).

Relação altura de cernelha e garupa: altura da cernelha dividida pela altura da garupa.

Índice dáctilo torácico: relação entre o perímetro da canela e o do tórax.

Peso corporal: perímetro torácico elevado ao cubo multiplicado pela constante 80.

Índice corporal: relação entre o comprimento do corpo e o perímetro torácico.

Índice de carga na canela: relaciona o perímetro da canela com o peso e indica a capacidade dos membros de deslocar a massa corporal.

O estudo da variação das pelagens baseou-se a partir da simples contagem das ocorrências do fenômeno, entre os eqüinos participantes das provas de Laço Comprido.

Para tratamento estatístico dos dados, utilizou-se o programa Bioestat 5.3. Para análise morfométricas e rconformação dos equinos, realizou-se análise estatística descritiva (médias, medianas, coeficiente de variação - CV, etc.), sendo as estimativas realizada pelo método dos quadrados mínimos, e ANOVA para verificar possível efeito do dimorfismo sexual sobre as características. Para interpretação das pelagens, a análise estatística foi realizada em função da distribuição de freqüências.

Resultados e Discussão

Analisando a tabela 1, nota-se que não houve diferenças significativas (P<0,05) em nenhuma das características morfométricas ou conformação por decorrência do dimorfismo sexual. Apenas as características de largura de peito (CV = 10,49%), largura de ísquio (CV: 10,32%), circunferência de canela pélvica (CV: 19,41%), circunferência de canela torácica (CV: 13,80%), longitude do rosto (CV: 11,34%), peso (CV: 14,91%) e índice de carga na canela (CV: 11,68%) apresentaram coeficiente de variação superior a 10%.

Os valores médios das medidas morfométricas dos equinos apresentam satisfatório para a raça Quarto de Milha, apresentando boa largura de peito e largura, altura e comprimento de posterior, o que torna o animal mais habilitado a atividades que exijam explosão. Verificou-se menor comprimento do dorso em relação ao comprimento de tórax abdômen, sendo esse modelo ideal para tornar as passadas mais longas dos equinos, o que garante menos gasto de energia pelo animal. Observou-se bons valores médios de perímetros de canela, joelho e braço, o que garante boa sustentação dos membros locomotores do animal. Todos os fatores citados

Page 80: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

79

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

acima em conjunto, se tornam importante para um equino utilizado em provas de Laço Comprido, em vista que os mesmos correspondem as exigências de um modelo corporal necessário para essa prática de esporte equestre.

De acordo com os índices de conformação, os equinos foram classificados como eumétricos (cavalos de médio porte), mediolíneo (aptidões intermediária para força e velocidade), apresentando equilíbrio entre os membros locomotores, com aptidões intermediárias para uso em sela ou tração e com boa capacidade dos membros locomotores de deslocar toda a massa corporal.

Observa-se analisando a tabela 2, maior predominância da pelagem alazã (52,17%), seguida da castanha (18,84%) e baia (8,69%), ao passo que as pelagens lobuna (1,44%), zaina (4,34%) obtiveram menor representabilidade. Esses resultados apresentam consonância com a freqüência de distribuição de pelagens registradas de 1995 a 2008 na Associação Brasileira do Quarto de Milha (ABQM) do total de produtos e por sexo, onde as pelagens alazãs e castanhas representaram 53,20% e 24,30% respectivamente em relação as demais, e para os machos registrados 53,40% eram alazões e 24,40% castanhos, enquanto as fêmeas 53% alazãs e 24,30% castanhas.

De acordo com Gonçalves et al. (2008), embora a pelagem alazã tenha predominado e ainda predomina no plantel da raça Quarto de Milha, as pelagens tordilho, baio, baio amarilho vem ganhando espaço entre os criadores da mesma, especialmente nas últimas décadas. Vale ressaltar que o tipo da pelagem não apresenta influência no desempenho dos animais no Laço Comprido, todavia dependendo do tipo da pelagem, a mesma pode influenciar no valor comercial do animal.

Tabela 1. Sumário da análise de variância considerando o dimorfismo sexual dos eqüinos da raça Quarto de Milha utilizados no Laço Comprido.

PT PC PJ PAB LP LG LCAB LI TO AC ACS

S ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns

Mín. 158,00 16,00 27,00 30,00 30,00 45,00 18,00 30,00 10,50 126,00 57,00 Máx. 197,00 22,00 36,00 58,00 46,00 61,00 26,00 48,00 20,00 159,00 99,00 Méd. 175,26 19,60 30,14 49,29 37,23 53,07 20,90 39,69 17,89 148,13 83,95

S 73,51 1,09 2,62 23,42 15,23 12,98 2,21 16,77 2,69 31,35 45,39 E.P. 1,03 0,12 0,19 0,58 0,47 0,43 0,17 0,49 0,19 0,67 0,81 CV 4,89% 5,34% 5,38% 9,82% 10,49% 6,79% 7,12% 10,32% 9,18% 3,78% 8,03%

AG AJ ADL CQT CP CCP CCT CG CPE CCAB CC

ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns

Mín. 90,00 35,00 73,00 17,00 60,00 18,00 16,00 38,00 48,00 47,00 123,00 Máx. 160,00 53,00 152,00 25,00 92,00 40,00 32,00 61,00 74,00 70,00 165,00 Méd. 146,99 44,66 141,16 21,23 81,16 25,88 21,60 53,47 55,18 61,26 151,19

S 90,59 7,57 110,32 3,12 26,82 25,25 8,88 19,40 22,83 14,40 51,21 E.P. 1,14 0,33 1,26 0,21 0,62 0,60 0,35 0,53 0,57 0,45 0,86 CV 6,48% 6,16% 7,44% 8,32% 6,38% 19,41% 13,80% 8,24% 8,66% 6,19% 4,73%

CE CAB LR DEB DTA CD RCG IDT P IC ICC

ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns

Mín. 44,00 27,00 27,00 70,00 54,00 34,00 0,94 0,1 315,54 0,77 3,59 Máx. 64,00 48,00 47,00 110,00 85,00 64,00 1,72 0,12 611,63 0,97 6,02 Méd. 53,59 38,15 35,89 92,52 71,48 51,68 1,013 0,11 433,73 0,86 4,59

S 14,42 11,09 16,59 35,01 35,24 23,99 0,0085 0,00 4183,96 0,00 0,28 E.P. 0,45 0,40 0,48 0,71 0,71 0,61 0,0111 0,00 7,78 0,00 0,06 CV 7,09% 8,73% 11,34% 6,40% 8,31% 9,48% 9,08% 5,01% 14,91% 4,60% 11,68%

*P<0,05, **P<0,01, ***P<0,001, ns: não significativo; Mín.: mínimo; Máx. máximo; Méd. média; S: variância; EP.: erro padrão; CV: coeficiente de variação; PT: perímetro torácico; PC: perímetro de canela; PJ: perímetro de joelho; PAB: perímetro de antebraço; LP: largura de peito; LG: largura de garupa; LCAB: largura de cabeça; LI: largura de ísquio; TO: tamanho de orelha; AC: altura de cernelha; ACS: altura de codilho ao solo; AG: altura de garupa; AJ: altura de joelho; ADL: altura dorso lombar; CDT: comprimento quartela torácica; CP: comprimento perna; CCP: comprimento de canela pélvica; CCT: comprimento de canela torácica; CG: comprimento de garupa; CPE: comprimento de pescoço; CCAB: comprimento de cabeça; CC: comprimento corporal; CE: comprimento de espádua; CAB: comprimento de antebraço; LR: longitude do rosto; DEB: distância escápula boleto; DTA: distância tórax abdômen; CD: comprimento de dorso; RCG: relação cernelha garupa; IDT: índice dáctilo torácico; P: peso estimado; IC: índice corporal; ICC: índice de carga na canela.

Page 81: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

80

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 2. Frequência de pelagens em exemplares de equinos Quarto de Milha utilizados em provas de Laço Comprido.

Pelagem Número % Total % Machos % Fêmeas

Alazã 36 52,17 46,66 53,70

Baia 6 8,69 13,33 7,40

Castanha 13 18,84 13,33 20,37

Lobuna 1 1,44 0,00 1,85

Rosilha 5 7,24 13,33 5,55

Tordilha 5 7,24 6,66 7,40

Zaina 3 4,34 6,66 3,70

Conclusões

Os exemplares de equinos utilizados em provas de Laço Comprido, realizadas em duas etapas em sub-regiões do Pantanal do MS (Miranda e São José do Camisão - Aquidauana), apresentam características morfológicas de equinos de médio porte, com aptidões intermediárias tanto para força e velocidade, como para uso em sela ou tração; e considerando as exigências necessárias de aptidões de equinos utilizados em provas de Laço, os animais Quarto de Milha apresentaram padrão corporal compatível, apresentando ainda, a pelagem Alazã como predominante.

Referências

DONOFRE, A.C.; PUOLI FILHO, J.N.P.; MOTA, M.D.S. Avaliação do equilíbrio de cavalos da raça quarto d e Milha na modalidade de três tambores por meio de co mparação de medidas lineares corporais [Iniciação cientifica]. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ). Universidade Estadual Paulista (UNESP). Campus de Botucatu. Botucatu, SP, Brasil, 2011.

GODOI, F.N.; BERGMANN, J.A.G.; ALMEIDA, F.Q.; SANTOS, D.C.C.; MIRANDA, A.L.S.; VASCONCELOS, F.O.; OLIVEIRA, J.E.G.; KAIPPER, R.R.; ANDRADE, A.M. Morfologia de potros da raça Brasileiro de Hipismo. Ciência Rural , Santa Maria, v.43, n.4, p.1-10, 2013.

GONÇALVES, V.F.; MOTA, M.D.S.; XAVIER, M.A.; FIGUEIREDO, L.G.G.; PUOLI FILHO, J.N.P. Caracterização das pelagens do Cavalo Quarto de Milha . Disponível em: <http://prope.unesp.br/xxi_cic/27_36820284802.pdf>. Acesso em: 03 de out. de 2013.

PARÉS I CASANOVA, M.P. Relación entre variables morfométricas en canales de la raza equina “Cavall pirinenc català”. Revista Electrónica de Veterinaria , v.11, n.11, p.1695-7504, 2010.

PIMENTEL, M.L.; CAMARA, F.V.; DANTAS, R.A.; FREITAS, Y.B.; DIA, R.G.; SOUZA, M.V. Biometria de equinos de vaquejada no Rio Grande do Norte, Brasil. Acta Veterinaria Brasilica , Mossoró, v. 4, n.4, p.376-379, 2011.

SOUZA, J.R.M.; FLÓRIO, G.M.; DODE, M.E.B.D.; PIMENTEL, A.M.H.; MOREIRA, H.L.M.; MARTINS, C.F. Características morfológicas em relação a idade de equinos competidores de freio de ouro. In: Anais do 21º Congresso de Iniciação Cientifica da Universidade de Pelotas, 21. 2011, Pelotas, RS. Anais... Universidade Federal de Pelotas; 2011. p.1-4.

Page 82: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

81

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Carbono orgânico total em Latossolo Vermelho distro férrico sob sistemas de manejo em Dourados, MS 1

Ricelly Aline Camargo de Sousa 2, Daniela Lopo 3, Marina Kleinsorge Daibert 4

Resumo: Distintos sistemas de manejo corroboram com modificações nas características do solo, com efeito sobre a matéria orgânica do solo (MOS), capaz de alterá-la de forma benéfica (acúmulo de carbono) ou prejudicial (perda de carbono). O objetivo do presente trabalho foi avaliar a capacidade de sistemas de manejo alterar a quantidade de MOS através da avaliação dos teores de carbono orgânico total (COT). Para estudar o efeito do manejo agrícola, quantificaram-se os teores de COT do solo em um experimento de longa duração, localizado em Dourados, MS, em Latossolo Vermelho argiloso distroférrico sob sistemas de manejo. Os sistemas de manejo avaliados foram: 1) preparo convencional (PC); 2) sistema plantio direto (SPD); 3) integração lavoura-pecuária (ILP) e 4) pastagem permanente (PP). Coletaram-se amostras nas áreas descritas, na profundidade de 0 a 10 cm, em uma grade de pontos georreferenciados. Os teores de carbono foram determinados por métodos de combustão seca em analisador Shimadzu®. Os dados foram submetidos à análise de variância, aplicando-se o teste F, e para comparação entre as médias usou-se o teste de Tukey-Kramer HSD a 1%. Os sistemas de manejo contendo pastagens, de forma isolada ou em rotação com lavouras, apresentaram os maiores teores de COT (teor máximo de 23,5 g kg-1 em solo sob PP). Os distintos sistemas de manejo avaliados evidenciaram a importância da utilização da pastagem (Urochloa decumbens) nos sistemas de cultivo, e a importância, portanto, da rotação lavoura-pecuária em plantio direto no sistema de produção agropecuária.

Palavras–chave: matéria orgânica do solo, plantio direto, Urochloa decumbens.

Total organic carbon in Oxisol under tillage system s in Dourados, MS 1

Abstract: Different management systems corroborate changes in the characteristics of the soil, the effect on the soil organic matter (MOS), able to change it in a beneficial way (carbon accumulation) or harmful (carbon loss). The objective of this study was to evaluate the ability of management systems change the amount of MOS by evaluating the levels of total organic carbon (COT). To study the effect of agricultural management, were quantified to COT soil in a long-term experiment, located in Dourados, MS in dystrophic Oxisol under management systems. The management systems were evaluated: 1) conventional tillage (PC), 2) no-tillage system (SPD), 3) crop-livestock integration (ILP) and 4) permanent pasture (PP). Samples were collected in the areas described in depth 0-10 cm in a grid of georeferenced points. The carbon contents were determined by dry combustion methods Shimadzu® analyzer. Data were subjected to analysis of variance, applying the F test, and comparisons between the means used the Tukey-Kramer HSD 1%. Management systems containing pasture, alone or in rotation with crops showed the highest COT (maximum of 23,5 g kg-1 in soil under PP). The different management systems evaluated showed the importance of pasture utilization (Urochloa decumbens) in cropping systems, and the importance, therefore, the rotation of crops and livestock in no-tillage system in agricultural production.

Keywords: matter organic soil, no-tillage, Urochloa decumbens.

Introdução

A agropecuária brasileira constituiu-se, ao longo da história, numa atividade fundamental e de grande importância no cenário socioeconômico do País; no entanto, esta inquestionável relevância da agropecuária e os resultados expressivos atingidos escondem a grande amplitude de índices de produtividade obtidos no campo, pois há sistemas produtivos obtendo elevados rendimentos e, em outro extremo, encontram-se valores de rendimentos e coeficientes técnicos muito baixos (Salton e Carvalho, 2007).

Neste contexto, muito vem sendo discutido sobre as formas de produção e os possíveis danos ambientais decorrentes das atividades agrícolas, pois há inúmeras maneiras de utilizar o recurso solo, os quais podem contemplar desde o uso de uma cadeia produtiva com técnicas precárias a métodos com o emprego de

1 Parte do banco de dados do setor de Arborização urbana do município de Corumbá, MS, financiado pela Prefeitura Municipal de Corumbá 2 Engenheira Agrônoma, Mestre em Produção Vegetal, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, CEP79320-208, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Bióloga, Especialista em Educação Ambiental, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, 79303-220, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Bióloga, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, 79300-040, Corumbá, MS ([email protected])

Page 83: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

82

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

tecnologias adequadas ao ambiente, maneira pela qual o processo produtivo pode atingir seus objetivos, sem, contudo resultar em danos irreversíveis ao solo e ao meio ambiente.

Do ponto de vista edáfico, as alterações no uso da terra tem estreita relação com a matéria orgânica do solo (MOS) (MAFRA et al., 2008), estudando-se, nesta, o teor de carbono orgânico total (COT), que é uma propriedade sensível as alterações no uso do solo e importante nos estudos de impacto do manejo sobre o solo; portanto, útil na identificação das formas de manejo mais sustentáveis.

De acordo com o exposto, o objetivo deste trabalho foi estudar o carbono orgânico total da matéria orgânica em um Latossolo Vermelho distroférrico sob diferentes sistemas de manejo.

Material e Métodos

O experimento foi implantado em 1995, ocupando área de 28 ha de um Latossolo Vermelho distroférrico típico, caulinítico, no campo experimental da Embrapa Agropecuária Oeste, no Município de Dourados, MS, coordenadas 22°16' S e 54°48' W. Este local encontr a-se em uma faixa de transição entre os biomas Cerrado e Mata Atlântica, sendo o clima desta região classificado como Cwa (clima mesotérmico úmido, verões quentes e invernos secos). O solo possui teor médio de argila de 650 g kg-1. Antes da implantação do experimento, a área foi utilizada para o cultivo de grãos com preparo convencional do solo, desde a década de 1970 (SALTON et al., 2005).

Neste experimento de longa duração, conduzem-se quatro formas de produção, sob diferentes sistemas de manejo e históricos de uso conhecidos (com sequência de cultivos descrita na Figura 1), apresentados abaixo: a) PC: Lavoura sob preparo convencional, com monocultivo de soja no verão e aveia no outono/ inverno, com preparo do solo, utilizando grades de discos (pesada+niveladora), em gleba de 2 ha; b) SPD: Lavoura sob sistema plantio direto, em uma área de 6 ha, subdividida em três partes de 2 ha, de modo a suportar sistema de rotação de culturas, no qual durante o verão, 2/3 da área é ocupada com soja e 1/3 com milho. Durante o outono-inverno e primavera são semeadas as culturas de trigo, aveia e nabo para produção de palha e grãos; c) ILP: Rotação de lavoura com pastagem, mantendo-se a alternância de lavoura (soja/aveia) com pastagem (Urochloa decumbens), conduzida em plantio direto, com ciclos de dois anos. Cada gleba (subparcela) ocupa 4 ha, totalizando 8 ha, sendo a pastagem submetida ao pastejo por novilhas, com lotação ajustada de forma a manter a oferta de forragem constante, em torno de 7% (7 kg de massa seca de forragem para 100 kg de peso vivo por dia). A adubação foi realizada apenas nas culturas anteriores às pastagens, não se utilizando adubos ou corretivos na implantação e manutenção das mesmas; e d) PP: Pastagem contínua com Urochloa decumbens, em 4 ha, manejada em pastoreio rotativo, com a lotação ajustada de forma a manter a oferta de forragem constante, em torno de 7%; a implantação, deste sistema ocorreu em novembro de 1995 e não houve a utilização de adubos ou corretivos.

Os sistemas de manejo com parcelas subdivididas, onde havia uma sequência e/ ou alternância para o cultivo, dentro do próprio sistema, como o observado em SPD (área dividida em três glebas) e ILP (área dividida em duas glebas) foram consideradas como sistemas únicos, já que as sequências se repetem no tempo. Portanto, os tratamentos foram fundidos, e o SPDa, SPDb e SPDc foram considerados o tratamento SPD, e o ILPa e ILPb foram considerados o tratamento ILP.

Utilizaram-se amostras de solo do banco da Embrapa Agropecuária Oeste, datadas do ano de 2008, as quais foram coletadas no período posterior a colheita das culturas de verão (2007/2008) e anterior a semeadura das culturas de inverno (2008), em uma grade de pontos georreferenciados, espaçados em 30 m x 30 m, definindo 242 pontos fixos de amostragem, onde se determinaram os teores de COT.

As amostras foram retiradas em forma de monólitos de aproximadamente 10 cm x 10 cm x 10 cm da camada superficial, com o auxílio de pá reta, e, posteriormente, acondicionaram-na em frascos de plástico rígido (SALTON et al. 2012). Os recipientes contendo as amostras da camada de 0 a 10 cm foram abertos e mantidos à sombra para a terra atingir o ponto de friabilidade, sendo destorroadas manualmente, desta forma o volume total da amostra foi fracionado para transpassar a malha de 9,52 mm, sendo excluídos da amostra fragmentos de plantas e outros resíduos não componentes do solo perceptíveis a olho nu, além de pedras e cascalhos retidos na peneira (SALTON et al., 2005).

Page 84: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

83

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 1. Esquema dos sistemas de manejo com as sequências de cultivos e a situação no momento da coleta das amostras de solo, no ano de 2008. PC: preparo convencional, SPD: sistema plantio direto, ILP: integração lavoura-pecuária, PP: pastagem permanente; M: milho, S: soja, A: aveia, T: trigo, N: nabo.

A determinação dos teores de COT foi realizada por combustão seca, em analisador Shimadzu, modelo TOC-VCPN, com uso de amostras de aproximadamente 0,5 g maceradas em almofariz de ágata até passar em peneira com abertura de 0,25 mm. Os dados foram submetidos à análise de variância, aplicando-se o teste F, quando diferenças significativas foram observadas, efetuou-se a comparação entre as médias pelo teste de Tukey-Kramer HSD, a 1% de probabilidade. O tratamento dos dados foi realizado com o programa de análise de variância univariada One-way ANOVA.

Resultados e Discussão

Os teores de C no solo variaram em função do sistema de manejo adotado. De modo geral, as diferenças mais expressivas em relação ao COT (Tabela 1), na profundidade de 0 a 10 cm, foram observadas nos sistemas que incluíam pastagens, permanente ou em rotação, apresentando valores superiores aos demais sistemas estudados, concordando com os resultados de Salton et al. (2005). O sistema de PP (23,48 g kg-1) proporcionou o maior acúmulo de COT no solo, e o sistema de ILP (21,03 g kg-1) resultou em teores intermediários, e, portanto, o SPD e PC (18,39 e 16,90 g kg-1 respectivamente) ocasionaram os resultados menos expressivos.

A manutenção dos resíduos vegetais sobre a superfície do solo e a redução em seu revolvimento são apontados como meios para aumentar o armazenamento de carbono no solo; assim, a constatação de que o sistema com PP apresenta valores superiores ao PC, ao SPD e ao ILP está associado ao maior aporte de material vegetal pelas pastagens e à ausência de revolvimento do solo. Contudo, embora os teores de COT sejam diferentes significativamente para a PP e ILP, constatou-se tendência de valores superiores para os manejos com pastagem e lavoura-pecuária.

Tabela 1. Teor médio de carbono orgânico total (COT), na profundidade de 0-10 cm, em um Latossolo Vermelho distroférrico em Dourados, MS, submetido a sistemas de manejo durante 13 anos.

Sistemas de manejo COT (g kg -1) Erro Padrão Desvio Padrão

PC 16,90 C 0,55 3,24

SPD 18,39 C 0,31 1,87

ILP 21,03 B 0,30 2,70 PP 23,48 A 0,41 3,83

Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey-Kramer HSD, a 1% de probabilidade. PC: preparo convencional, SPD: sistema plantio direto, ILP: integração lavoura-pecuária e PP: pastagem permanente.

A menor concentração de COT em solo sob o sistema de PC esta associado à sua forma de utilização, uma vez que este solo é preparado periodicamente (a cada novo cultivo), por meio do uso de grades, corroborando com reduções expressivas no teor de COT, devido ao decréscimo de MOS, no qual, o manejo persiste desde o

Page 85: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

84

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

ano de 1970, ainda, aliado à esse fator, o cultivo de soja (verão) e aveia (outono/inverno), não devem proporcionar adequada deposição de material orgânico no solo, a fim de manter ou aumentar a entrada de carbono no sistema.

O efeito da grade sobre a cobertura no momento em que se realiza o preparo do solo dá início a uma queda drástica na porcentagem de cobertura, assim, o sistema baseado no PC conta com falta de equilíbrio entre a adição e a perda de MOS, efeito da dinâmica que há neste sistema de manejo, ante a maior saída do que a entrada de MOS.

O sucesso da pastagem (U. decumbens) esta associado ao manejo, de forma que, durante aproximadamente 13 anos de experimento, atendeu-se a adequada lotação de animais na área, realizando-se o pastoreio rotativo. A concentração de COT poderia ser inversa, se, houvesse inadequado manejo (SOUSA et al., 2010), onde haveria reduzido aporte de material orgânico na superfície via senescência de folhas e talos, reduzindo o fluxo de C ao solo, implicando em redução da concentração de C total (SALTON et al., 2005).

A não eficácia do SPD em relação aos sistemas de PP e ILP deve estar ligado a falta de inclusão de culturas com grande formação de fitomassa (aérea e radicular) de elevada relação C/N, pois este é um fator fundamental para a preservação da MOS (BAYER et al., 2002).

Conclusões

Os maiores teores de carbono no solo ocorreram nos sistemas com pastagem permanente, enquanto os menores valores ocorreram nos sistemas apenas com lavouras em preparo convencional e sistema plantio direto.

O manejo do solo é essencial na preservação do carbono orgânico do solo, mas quando este é associado a poácea Urochloa decumbens o efeito acumulativo e de preservação da MOS é potencializado, associação que pode corroborar com os inúmeros benefícios advindos do aumento da matéria orgânica ao solo, através de alterações benéficas nos atributos químicos, físicos e biológicos.

Referências

BAYER, C,; MIELNICZUK, J.; MARTIN NETO; L. & ERNANI, P. R. Stocks and himification degree of organic matter fractions as affected by no-tillage on a subtropical soil. Plant and Soil , v.238, p.133-140, 2002.

MAFRA, Á. L.; GUEDES, S. F. F.; KLAUBERG FILHO, O.; SANTOS, J. C. P.; ALMEIDA, J. A. & ROSA, J. D. Carbono orgânico e atributos químicos do solo em áreas florestais. Revista Árvore , v.32, p.217-224, 2008.

SALTON, J. C. & CARVALHO, P. C. F. Heterogeneidade da pastagem - causas e consequência s. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2007. 41 p. (Embrapa Agropecuária Oeste. Documentos, 91).

SALTON, J. C.; MIELNICZUK, J.; BAYER, C.; FABRICIO, A. C.; MACEDO, M. C. M.; BROCH, D. L.; BOENI, M. & CONCEIÇÃO P. C. Matéria orgânica do solo na integração lavoura-pecu ária em Mato Grosso do Sul . Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2005. 58 p. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 29).

SALTON, J. C.; SILVA, W. M.; TOMAZI, M. & HERNANI, L. C. Determinação da agregação do solo - metodologia em uso na Embrapa Agropecuária Oeste . Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2012. 8 p. (Comunicado Técnico, 184).

SOUSA, R. A. C.; SCHIAVO, J. A.; COSTA, K. F.; SECRETTI, M. L.; CRISTALDO, C. M. & ROSSET, J. S. Carbono orgânico total e frações da matéria orgânica do solo sob diferentes coberturas vegetais em Aquidauana, MS. In: Simpósio sobre recursos naturais e socioeconômicos do Pantanal, 5, 2010. Anais… Corumbá, Embrapa, 2010. CD-ROM.

Page 86: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

85

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Composição química de forrageiras no Pantanal 1

Luiz Orcirio Fialho de Oliveira 2, Ériklis Nogueira 2, Urbano Gomes Pinto Abreu 2, Antonio Arantes Bueno Sobrinho 3, Oslain Domingos Branco 4, Caroline Bertholini Ribeiro 5, Dayana Schiavi Nascimento Batista 6

As forrageiras nativas são recursos naturais à produção animal, servem de alimento aos herbívoros e ruminantes domesticados e silvestres. Sua utilização requer conhecimento sobre seus hábitos de crescimento, da sua composição química e valor nutricional, levando-se em consideração suas fragilidades e potenciais. A intensidade de utilização pode comprometer sua taxa de crescimento e de sobrevivência, podendo causar consequentemente danos à produção, reprodução e saúde dos animais. A composição química das forrageiras é função das características do solo (fertilidade, capacidade de troca, retenção de água), e do clima, e por sua vez limita a produção animal. Acompanhou-se durante seis meses as pastagens nativas de duas áreas da Fazenda São Bento do Abobral (Pantanal Sul), anotando mensalmente a frequência e tipos de forragens presentes em 150 pontos de cada sítio de pastejo. Foram colhidas amostras das partes consumidas das forragens nativas, determinadas por observação visual. A frequência foi determinada aplicando-se os multiplicadores 70.2, 21.1 e 8.7 para as três principais em cada ponto. Realizou-se ajustes da frequência para determinação da média em 100% das três principais forrageiras nativas a fim de compará-la com a humidicola (Urochloa humidicola). O capim mimoso (Axonopus purpusii), felpudo (Paspalum plicatum) e mimosinho (Reimarochloa brasiliensis) foram as três principais forrageiras e observadas nas frequências de 29.8, 27.7, e 14.5, respectivamente. Os teores de proteína bruta, de energia (NDT) e das frações fibrosas FDN e FDA foram de 5.54%, 59.32%, 69.56% e 36.45% respectivamente para as forrageiras nativas e de 5.30%, 63.39%, 70.54% e 34.51% respectivamente para a humidicola. Os teores de cálcio, fósforo, sódio, potássio e magnésio determinados em g/kg de Matéria Seca (MS) foram de 2.99, 1.40, 0.76, 7.80 e 2.52 respectivamente para as forrageiras nativas e de 2.68, 1.60, 3.60, 18.02 e 1.62 respectivamente para a humidicola. Os valores de ferro, manganês, zinco e cobre determinados em mg/kg de MS foram de 72.42, 225.78, 18.04 e 1.12 respectivamente para as nativas e de 67.42, 154.54, 22.51 e 3.00 respectivamente para a humidicola. De maneira geral, não são observadas diferenças entre as frações proteicas, fibrosas, energia e minerais das forrageiras nativas e da humidicola, ressaltando que em ambas as dietas, não se atende as recomendações nutricionais para níveis de produção animal mais elevados (PB de 8,5 a 10% e NDT > 65%). Neste sentido é importante o estabelecimento de baixa lotação animal, a fim de proporcionar maior oferta de forragem, oportunidade de seleção de partes das planta mais nutritivas pelo animal e maior consumo. Esta forma de manejo proporciona menor tempo de pastejo e maior aporte de nutrientes, minimizando o déficit nutricional. Partindo-se das recomendações média para gado de corte de 4.0, 2.1, 0.8, 6.0, e 1.0 (g/kg de MS) para os minerais cálcio, fósforo, sódio, potássio e magnésio, observa-se que não são atendidos as exigências para cálcio e fósforo em ambas as forrageiras, e são atendidas as exigências para potássio e magnésio em ambas as forrageiras. Verifica-se entretanto que os níveis de sódio das forrageiras nativas são levemente inferiores às recomendações, enquanto que o nível de sódio e de potássio determinado na humidicola foi 3.75 e 3.00 vezes maior que as recomendações respectivamente, o que certamente interfere nos ajustes da suplementação mineral para os animais mantidos nestas pastagens. Em ambas as forrageiras não foram atendidos os níveis recomendados de zinco (30 mg/kg de MS) e Cobre (10 mg/kg de MS), não havendo a necessidade de suplementação dos microminerais ferro e manganês em razão do atendimento das exigências recomendadas de 50 e 20 mg/kg de MS.

1 Estudo financiado pela EMBRAPA e In Vivo-NSA, com apoio da Fazenda São Bento do Abobral – Grupo Real 2 Pesquisadores da Embrapa Pantanal, Rua 21 de setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]; [email protected]; [email protected]) 3Supervisor dos laboratórios da Embrapa Pantanal ([email protected]);

4Técnico da Embrapa Pantanal ([email protected]);

5Aluna de Doutorado de Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ([email protected]);

6Analista da Embrapa Pantanal ([email protected]).

Page 87: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

86

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Composição zooplanctônica (Copepoda/Cladocera) em d ois períodos distintos de uma lagoa no município de Aquidauana, MS

Dhébora Albuquerque 1, Bruno Paiva Faustino 2, Ricardo Henrique Gentil Pereira 3, Adriana de Barros 4

Resumo: O objetivo deste trabalho foi de verificar a composição de zooplâncton (Cladocera/Copepoda) de uma lagoa localizada na área rural de Aquidauana em dois períodos distintos, sendo um na seca e outro e no período chuvoso da região. Essas comunidades vêm sendo utilizadas nos estudos, como ferramentas na caracterização dos ambientes aquáticos, principalmente os ambientes lênticos. A Lagoa dos Bobos esta localizada entres as latitudes 20º27’00,83” S e longitudes 55º44’43,47” O, não possui mata ciliar e possui uma grande quantidade de plantas aquáticas e está cercada por propriedades que desenvolvem atividades agropastoris. As analises do zooplâncton, mostraram que o grupo dos Cladocera foi o mais diversificado nos dois períodos de coleta, sendo que no mês de agosto foram encontradas 19 espécies de Cladocera e no mês de novembro foram apenas 9 espécies. Os copepoda foram representados por 5 espécies no mês de agosto (período seco) e por 4 espécies no mês de novembro. As analises estatísticas mostram que no período seco, houve uma maior diversidade em relação a o outro período que foi o chuvoso, sendo que no mês de agosto o índice de diversidade ficou com 0,8743 bits por indivíduos para os Cladocera e 0,5371 bits por indivíduos para os Copepoda, já no mês de novembro (período chuvoso) o índice de diversidade ficou de 0,7512 bits/indivíduos para os Cladocera e de 0,3846 bits/indivíduos. A lagoa dos Bobos durante o período de estudo apresentou uma riqueza de zooplanctôn intimamente associado aos eventos climáticos, possivelmente em função de se tratar de um ambiente raso e com ausência total de mata ciliar, havendo uma baixa diversidade no período chuvoso. Para as Cladocera, as espécies do gênero Disparalona sp. foram consideradas frequentes na lagoa e para os Copepoda as espécies frequentes foram do gênero Microcyclops sp.

Palavras–chave: Copepoda, Cladocera, Pantanal.

Zooplanktonic compositon (Copepoda/Cladocera) in tw o diffent periods of a laggon in the city of Aquidauana, MS.

Abstract : The objective of this work was to verify the zooplanktonic composition ( Cladocera / Copepoda ) from a lagoon located in rural Aquidauna in two distinct periods , one in the dry and in the rainy season and the other in the region . These communities have been used in the studies , as tools for the characterization of aquatic environments , especially lentic environments . The Lagoon Bobos is located entres latitudes 20 ° 27'00 , 83 " S and longitude 55 º 44'43 , 47 " W, has no riparian vegetation and has a lot of aquatic plants and is surrounded by properties that develop agropastoral activities . The analysis of zooplankton showed that the group of Cladocera was the most diverse in both periods , and in August found 19 species of Cladocera and the month of November were only 9 species . The copepod species were represented by 5 in August (dry season ) and 4 species in November. The statistical analysis shows that in the dry season, there was a greater diversity compared to other period which was rainy, and in August the diversity index was 0.8743 with bits by individuals for Cladocera and 0.5371 bits per individuals for Copepoda, already in November (rainy season) was the diversity index of 0.7512 bits / individuals for Cladocera and 0.3846 bits / individuals. The Lagoon Bobos during the study had a wealth of zooplankton closely associated with climatic events, possibly due to it is a shallow water environment and with total absence of riparian vegetation, with a low diversity in the rainy season. For the Cladocera, the genus Disparalona sp. were considered common in the lagoon and the copepod species of the genus were frequent Microcyclops sp.

Keywords: Copepoda, Cladocera, lagoon

Introdução

A comunidade de zooplâncton representa um componente importante dos sistemas aquáticos que é constituído por um conjunto extremamente variável de organismos cujos comportamentos biológicos são amplamente determinados por vários fatores ambientais, como predação, competição e recursos alimentares,

1Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])

2Graduado no Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])

3Professor do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])

4Técnica do Laboratório de Hidrologia do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS

([email protected])

Page 88: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

87

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

além das variáveis abióticas, como temperatura, concentração de oxigênio dissolvido, flutuação do nível da água, vento e precipitação (Espindola e Niselli, 1996).

Essas comunidades vêm sendo utilizadas nos estudos, como ferramentas na caracterização dos ambientes aquáticos, principalmente os ambientes lênticos. Na comunidade zooplanctônica se destacam os grupos dos cladóceros, por apresentam um grande número de espécies, principalmente nas regiões litorâneas, vivendo associados às macrófitas, se alimentado basicamente de algas e perifíton (Sipaúba-Tavares e Rocha, 2001) e o grupo dos copépodos, por serem considerados bioindicadores ambientais, uma vez que existem várias espécies que podem indicar a qualidade do ambiente aquático, pois sua abundância e diversidade estão agregadas a diferentes fatores, tais como grau de trofia dos sistemas aquáticos, grau de poluição, contaminação e disponibilidade de habitats (Tundisi et al., (1995).

O objetivo deste trabalho foi de verificar a composição de zooplâncton (Cladocera/Copepoda) de uma lagoa localizada na área rural de Aquidauana em dois períodos distintos, sendo um na seca e outro e no período chuvoso da região.

Materiais e Métodos

A Lagoa dos Bobos esta localizada entres as latitudes 20º27’00,83” S e longitudes 55º44’43,47” O, não possui mata ciliar e possui uma grande quantidade de plantas aquáticas e está cercada por propriedades que desenvolvem atividades agropastoris. Possui ainda aproximadamente 520 metros de comprimento e de 180 metros de largura em linha reta, onde foram distribuídos 4 pontos de coleta longitudinalmente da nascente até próximo a foz da lagoa (Figura 1).

Com o auxílio de uma sonda multiparâmetro, foram feitas as leituras de concentração de oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e pH em dois períodos distintos, sendo a primeira coleta em agosto de 2011 (período seco) e a outra em novembro de 2011 ( período chuvoso). Também foram coletadas amostras de água de cada ponto para análise de clorofila a em laboratório seguindo as metodologias de Nush (1980) e os nutrientes totais e dissolvidos de acordo com as metodologias sugerida em Mackereth et al. (1978).

Figura 1. Distribuição dos pontos de coleta na Lagoa dos Bobos. Foto adaptada do Google Earth.

Para análise da comunidade de Copepoda as amostras foram coletadas próximo à superfície da água com auxílio de um balde de plástico de 10 litros de capacidade. Através da utilização de uma rede de plâncton de 30 μm de abertura de malha, foi filtrado um volume de 100 litros de água para cada ponto de amostragem. O material filtrado foi fixado com solução de formol a 4%.

As espécies de Cladocera foram identificadas à nível de espécies de acordo com Elmoor-Loureiro (1997), e Alonso (1996), e as espécies de Copepoda foram identificadas de acordo com Reid (1985). A densidade foi determinada através da contagem dos organismos em placas quadriculadas sob microscópio estereoscópico, foi calculada a frequência de ocorrência das espécies (%). Com os dados biológicos obtidos com as análises dos

Page 89: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

88

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Cladocera e Copepoda foi aplicado o índice de diversidade de Shannon & Wiener (1949) para os períodos amostrados, através do programa estatístico BioEstat 5.0.

Resultados e Discussão

Os resultados do pH mostrou que a lagoa no período de estudo se manteve básico, sendo que em novembro registrou apenas 5,2 (período chuvoso). A condutividade elétrica variou entre 18,4 uS/cm-1 em agosto e de 23,6 uS/cm-1 em novembro. As concentrações de oxigênio dissolvido estiveram baixos nos períodos amostrais, ficando com 1,11 mg/l-1 em agosto, segundo Esteves (1988), em ambientes aquáticos rasos e com densa população de macrofitas são observadas maiores variações diárias de oxigênio, características estas da Lagoa dos Bobos. Os resultados das concentrações de fósforo total apresentaram-se baixas em agosto e um pequeno aumento em novembro, resultados que pode estar relacionado com as chuvas, que permitiram o aporte de fósforo para dentro da lagoa, principalmente resultante da decomposição de origem alóctone (ESTEVES, 1988).

Tabela 1. Valores das variáveis limnológicas obtidos nos pontos durante o estudo da Lagoa Comprida.

Parâmetros

Período pH C. E. (uS/cm-1) O. D. (mg l-1) Alc. T. (mg l-1) F. T. (mg l-1)

Agosto 5,9 18,4 3,23 14,42 0,023

Novembro 5,2 23,6 1,11 10,30 0,025 *pH: potencial de hidrogênio iônico; C. E.: Condutividade Elétrica; Alc. T: Alcalinidade Total; O.D: oxigênio dissolvido; F. T: Fósforo

Total.

As análises do zooplâncton mostraram que o grupo dos Cladocera foi o mais diversificado nos dois períodos de coleta, sendo que no mês de agosto foram encontradas 19 espécies de Cladocera e no mês de novembro foram apenas 9 espécies. Os copepoda foram representados por 5 espécies no mês de agosto (período seco) e por 4 espécies no mês de novembro. Observando a figura 2, percebemos que no período de seca (agosto) foi encontrada uma maior diversidade e densidade do que no mês de novembro, período de chuvas na região e segundo Talamoni e Okano (1997), as chuvas causam mudanças nas propriedades físicas e químicas da água, que interferem na diversidade do ecossistema aquático.

Entre os Copepoda, o gênero do Microcyclops foi o mais representativo, com 4 espécies, sendo a mais frequente Microcyclops sp com 31,82%, seguido por Microcyclops alius com 28,79% e Microcyclops ceibaensis com 25,76% (Tabela 2). Segundo Peixoto et al. (2007), algumas espécies do gênero Microcyclops são adaptadas a períodos chuvosos e a ambientes com muitas macrófitas.

Foram encontradas 22 espécies de Cladocera, sendo que no mês de agosto (período seco) foram registradas 19 espécies, sendo Disparalona acutirostris com 49 indivíduos a espécie que obteve maior densidade numérica nesta coleta. No mês de novembro houve uma diminuição na diversidade e na densidade de indivíduos, ficando registradas apenas 9 espécies, sendo a espécie com maior densidade numérica a Disparalona dadayi com 22 indivíduos (Tabela 3). Segundo Elmoor-Loureiro (1997), o gênero Disparalona, tem uma ampla distribuição no Brasil, ocorrendo em diversos ambientes aquáticos e isto pode ter favorecido a seu registro no estudo da Lagoa dos Bobos.

As análises estatísticas mostram que no período seco, houve uma maior diversidade em relação a o outro período que foi o chuvoso, sendo que no mês de agosto o índice de diversidade de Shannon-Wiener, (1974), ficou com 0,8743 bits por indivíduos para os Cladocera e 0,5371 bits por indivíduos para os Copepoda, já no mês de novembro (período chuvoso) o índice de diversidade ficou de 0,7512 bits/indivíduos para os Cladocera e de 0,3846 bits/indivíduos. Em relação à densidade, também o mês de agosto foi o que obteve maior densidade zooplanctônica, ficando com 169 indivíduos (Tabela 4).

Tabela 4. Resultados da diversidade, riqueza e densidade numérica do zooplâncton nos meses de agosto e novembro de 2011.

Cladocera Copepoda Agosto Novembro Agosto Novembro

Densidade 125 60 44 22 Riqueza 19 9 5 4 Diversidade 0,8743 0, 7512 0,5371 0, 3846

Page 90: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

89

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Conclusão

A lagoa dos Bobos durante o período de estudo apresentou uma riqueza de zooplanctôn intimamente associado aos eventos climáticos, possivelmente em função de se tratar de um ambiente raso e com ausência total de mata ciliar, havendo uma baixa diversidade no período chuvoso. Para as Cladocera, as espécies do gênero Disparalona sp. foram consideradas frequentes na lagoa e para os Copepoda as espécies frequentes foram do gênero Microcyclops sp. No entanto novos estudos poderão aprofundar o conhecimento sobre a estrutura e a dinâmica das populações de zooplâncton desse ecossistema, principalmente relacionados com a associação com as macrófitas da lagoa e com outros parâmetros não estuados durante o estudo.

Referências

ALONSO, M. Crustácea, Branchiopoda. In: Fauna Ibérica, Museu Nacional de Ciências. CSIC, volume 7. Madri. 1996.

ELMOOR-LOUREIRO, L. M. A. Manual de identificação de cladóceros límnicos do b rasil . Brasília: Universa, 1997. 156 p.

ESPÍNDOLA, E. L. G.; NISELLI, R. Análise da dinâmica populacional de Notodiaptomus conifer, Sars, 1901 (Copepoda, Calanoida): uma abordagem experimental. Acta Limnologica Brasiliensia . v.8, p.1-12, 1996.

ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Editora Interciência. Rio de Janeiro, 1988.

MACKERETH, F, J. H.; HERON, J.; TALLING, J. F. Water analysis: some revised methods for limnologis ts. (Freshwater Biological Association Scientific Publication, 36). Kendal, Titus Wilson & Sons Ltda, 1978.

NUSCH, E. A. Comparison of diferente methods for chlorophyll and phaeopigment determination . Arch. Hydrobiol. Beih. Ergebn. Limnol. v. 14, 1980.

PEIXOTO, R. S.; MENDES DE SÁ, C. E.; GUIMARÃES, A. S.; MAIA-BARBOSA, P. M.; BARBOSA, F. A. R. Flutuação sazonal das assembleias de microcrustacio s na região litorânea do Lago Dom Helvésio . Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil. Caxambu – MG, 2007.

REID, J. W. Chave de identificação para as espécies continentai s sul-americanas de vida livre da ordem Cyclopoida (Crustacea, Copepoda). Bolm. Zool. USP, 1985.

SIPAÚBA-TAVARES, L. H.; ROCHA, O. Produção de plâncton (fitoplancton e zooplancton) p ara alimentação de organismos aquáticos. 3. ed. São Carlos: Rima, 2001. 106p.

SHANNON, C. E.; WIENER, W. The mathematical theory of communication. Urbana, Univer. Illinois Press, 1949.

TALAMONI, J. L. B.; OKANO W.Y. Limnological characterization and plankton communit y structure in aquatic systems of different trophic state. Verhandlungen der internationalen Vereinigung für Theorische und Angewandte Limnologie. 1997.

TUNDISI, J.G.; MATSUMURA-TUNDISI, T.; BICUDO, C.E.M. Limnology in Brazil Brazilian Academy of Sciences, Brazilian Limnological , 1995.

Page 91: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

90

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Construção de aprisco com materiais alternativos no Mato Grosso

Antonio Rodrigues da Silva 1, Fernanda de Cassia Fabricio Carretoni 2, Fernanda Vieira Gomes 3, Sandie Souza4

A construção de aprisco para caprinos se torna necessária, pois é uma instalação que deve ser utilizada como abrigo para proteção contra a radiação solar direta e das chuvas, o qual proporciona maior conforto para os animais, haja vista que os caprinos são sensíveis à alta umidade e o aprisco pode facilitar a higienização do local. No planejamento das instalações devem-se levar em consideração os fatores como localização na propriedade, orientação geográfica, declividade e altitude do terreno e adequação ao sistema de criação utilizado. Este tipo de construção permite manejar os animais, evitando-se o estresse para não prejudicar o desempenho produtivo e reprodutivo dos mesmos. O crescimento dos rebanhos de caprinos entre os anos de 2009 e 2010 foi da ordem de 1,6%. Neste sentido, há necessidade de estudos de melhorias para aumento a qualidade dos produtos da caprinocultura. O objetivo desse trabalho foi utilizar material de baixo custo (madeira, telhas, grades de ferro) que seriam descartados no meio ambiente, como alternativa para execução de um projeto de construção de aprisco para reprodutores, a ser utilizado como unidade didática na área experimental do Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas (ICAT) do Campus de Rondonópolis da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), localizada no município de Rondonópolis - Mato Grosso, Zona Rural de Rondonópolis–MT (212 metros de altitude, nas coordenadas 15º57’47” de latitude e 17º18’00” de longitude). Foram reutilizados nove caixotes de madeira, utilizados como embalagem de para-brisa de automóveis, grades de ferros (utilizados como cerca), folhas de isopor retiradas do forro de prédios da UFMT, retalhos de telhas de amianto e de zinco, e madeiramentos de construção (vigas e caibros). Além dos materiais utilizados foi necessário comprar pregos 15x15,13x15 e 17x21, canos ¾, arames galvanizados e verniz. A área total utilizada tem 21,36 m2, subdivididos em aprisco, solário, depósito, terraço e área de acesso. O depósito, com uma área de 5,40 m2, foi construído com a finalidade se armazenar rações, equipamentos de manutenção do local e do animal. Nele foi utilizadas telhas de zinco para a sua cobertura com 10% de queda, em suas paredes laterais foram instaladas folhas de isopor buscando uma isolação térmica com o meio externo e o piso foi concretado. Este depósito foi construído ao lado do aprisco para facilitar o manejo e a higienização dos animais. Com um pé direito de 2,41 metros de altura, sendo bem ventilado, para melhorar o conforto térmico. Na área utilizada como solário e sob a área ripada foi mantido piso de terra batida, utilizando-se pedriscos aterrados para evitar acumulo de urina e facilitar remoção dos resíduos sólidos. A construção foi planejada para que o sol possa ter uma ação bactericida, sendo de forma natural e não prejudicial ao animal, além de manter uma baixa umidade no local. O piso ripado, sendo este removível, cuja altura é de 0,88m, evita que o animal entre em contato com seus dejetos e se contamine, visando uma maior facilidade na higienização. As porteiras, com 1,19 metros de largura por 1,55 metros de altura, foram instaladas para deter o animal. Para o acesso ao aprisco foi construída uma rampa com 2,20 metros de comprimento por 25 cm de largura com inclinação de 25%, na qual foram fixadas ripas sobre sapatas de borracha (na posição horizontal) com intervalos de 18 cm, para melhor apoio no deslocamento. Para o fornecimento da forragem seca (feno) ou de capim in natura, é feito utilizando-se um fenil de ferro tipo vergalhão, cuja capacidade de armazenagem temporária é de 0,09 m3. O fenil foi fixado dentro do aprisco de modo a facilitar o acesso ao alimento. Para o fornecimento de água é utilizado um balde de plástico de 25 litros, fixado junto a cerca de ferro para evitar desperdício e facilitar a higienização. A rampa de acesso ao aprisco promoveu um aumento do gasto de energia pelo animal, evitando o sedentarismo obtendo a diminuição do estresse animal. Esses fatores podem ser observados na aparência geral do animal alojado. O resultado obtido, pela utilização do material supracitado, garantiu a não deposição resíduos sólidos na natureza, cujo capital investido foi muito baixo considerando-se a reutilização desses materiais, sendo reaproveitados, além de proporcionar o Bem-Estar Animal. A construção do aprisco foi uma opção altamente funcional, de baixo custo e atendeu as necessidades do animal, além de contribuir com os fatores ambientais, tais como a redução da poluição no meio ambiente e do desmatamento, foi possível se construir um abrigo seguro e confortável. Há a possibilidade de incentivo governamental para a continuação e ampliação do projeto por ser de suma importância para o meio ambiente e para a caprinocultura.

1 Professor do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78735-609, Rondonópolis, MT ([email protected]) 2 Acadêmica do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78800-000, Rondonópolis, MT ([email protected]) 3 Acadêmico do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78780-000, Rondonópolis, MT ([email protected]) 4Acadêmico do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78780-000, Rondonópolis, MT ([email protected])

Page 92: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

91

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Consumo e produção de farinha de bocaiuva em Corumb á

Fernando Rodrigues Teixeira Dias 1, Alberto Feiden 2, Aurélio Vinicius Borsato 3, Catia Urbanetz 4, Fábio Galvani 5, Suzana Maria Salis 6, Fernando Fleury Curado 7, Marçal Henrique Amici Jorge 8, Gilberto Chena

Rolon 9

Quem vem a Corumbá pela BR-262 vê muitos pés de bocaiuva – ou macaúba, Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart – ao longo da rodovia e dispersos na paisagem. Extrativistas e artesãos da cidade, comunidades e assentamentos da região aumentam a renda de suas famílias com a produção artesanal e comercialização de produtos alimentícios a partir do fruto da bocaiuva, como a farinha, sorvetes, pães e licores. Extrativistas da região vendem parte da polpa de bocaiuva por eles produzida para que seja beneficiada e transformada em farinha na Casa do Artesão de Corumbá, onde é vendida para turistas, restaurantes da região e compradores de outras cidades e estados. Neste trabalho realizou-se um levantamento preliminar de dados econômicos dos processos envolvidos na produção e consumo da farinha de bocaiuva em Corumbá. Para isso, foram realizadas entrevistas e medições com mulheres extrativistas da comunidade de Antonio Maria Coelho. Elas coletam o fruto e produzem polpa seca de bocaiuva e outros produtos. Também foi entrevistado o Sr. Gilberto Chena Rolon, que processa a polpa seca fornecida por esta comunidade e outros extrativistas para fabricar a farinha de bocaiuva na Casa do Artesão. Segundo registros do Sr. Gilberto, no ano de 2012, a Casa do Artesão comprou 950 kg de polpa seca a R$ 6,00 o quilo, 235 kg destes comprados das senhoras extrativistas da comunidade de Antonio Maria Coelho. Toda a polpa seca comprada em 2012 foi convertida em cerca de 760 kg de farinha e vendida a R$ 12,00 o quilo. A perda de cerca de 20% do peso é devida à filtragem por peneira de impurezas na polpa e na farinha e às perdas na máquina de moagem. O preço pago pelo quilograma da polpa seca é considerado atrativo para a comunidade de Antonio Maria Coelho e demais extrativistas que fornecem para a Casa do Artesão, apesar do processo de produção da polpa seca ser artesanal e custoso, dada a escassez de recursos da comunidade. A coleta dos frutos caídos no chão é realizada nas imediações da comunidade: as extrativistas caminham de suas casas até as palmeiras já conhecidas e selecionadas tradicionalmente por produzirem frutos com aspectos desejáveis para a produção de farinha. O volume colhido por dia varia muito, a depender de fatores como: a capacidade física da extrativista para coletar e transportar a carga colhida; a disponibilidade de “carona” para transporte da colheita do dia; a distância do local de colheita até a casa da extrativista ou da associação; a disponibilidade de tempo da extrativista para a colheita no dia, atividade que compete com as suas outras atividades da rotina doméstica. Cada quilograma de fruto colhido rende cerca de 300 g de polpa fresca por hora de trabalho de despolpa manual, utilizando uma faca adaptada. A polpa fresca é seca ao sol e depois transportada até a Casa do Artesão, aproveitando, na maioria das vezes, “caronas”, outras viagens necessárias a Corumbá, ou a viagem gratuita no transporte público das extrativistas que possuem esse benefício por serem idosas. O processamento da polpa em farinha segue um método aperfeiçoado pelo Sr. Gilberto, que inclui a seleção, mistura e moagem de polpa seca de origens, sabores e cores distintas que variam do amarelo bem claro ao laranja escuro, o que permite produzir uma farinha com características mais homogêneas, desejáveis e apreciadas para quem as consome. O Sr. Gilberto produz cerca de 10 kg de farinha no início da safra da bocaiuva (agosto a outubro na região de Corumbá) a cada 3 horas. No fim da safra (novembro a dezembro), a polpa se apresenta com maior teor de óleo e açúcar, o que leva a produtividade da moagem (kg/h) a cair até a metade para atingir a qualidade desejada para a farinha. Estas informações fazem parte de um levantamento preliminar dos custos e coeficientes técnicos das etapas do processo de produção e comercialização de farinha de bocaiuva em Corumbá. O resultado deste trabalho pode subsidiar órgãos governamentais que regulam o preço de produtos da biodiversidade brasileira. O estabelecimento do preço mínimo regulamentado trará um benefício para as comunidades extrativistas e de artesãos da bocaiuva no Pantanal.

1 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 6 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 7 Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Caixa Postal 44, 49025-040, Aracaju, SE ([email protected]) 8 Pesquisador da Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, 70351-970, Gama, DF ([email protected]) 9 Colaborador da Casa do Artesão de Corumbá, Rua Dom Aquino, 405, Centro, 79302-040, Corumbá, MS ([email protected])

Page 93: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

92

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Contexto sociocultural e ambiental da pesca artesan al de tuviras (Gymnotiformes) no Pantanal

Débora Karla Silvestre Marques 1, Fernando Fleury Curado 2, Rodrigo da Silva Lima 3

A captura de iscas vivas no Pantanal representa 73% da renda total das famílias envolvidas nessa atividade, situação que confere a sua grande importância social, ambiental e econômica na região. Os peixes da Ordem Gymnotiformes, conhecidos regionalmente como tuviras, representam mais de 70% da captura anual de iscas vivas, sendo pouco conhecidos cientificamente. O presente trabalho retrata os resultados parciais de uma pesquisa participativa concebida para atender as demandas dos pescadores do Pantanal, na construção coletiva de estratégias para a exploração sustentável das tuviras. A pesquisa teve como objetivo central identificar, sistematizar e analisar o conhecimento tradicional dos pescadores artesanais de tuviras e a percepção dos mesmos quanto ao impacto ambiental da atividade, dialogando, portanto, com uns dos pilares da agroecologia ao abordar a dimensão sociocultural do trabalho dos pescadores artesanais destas espécies e a teia de conhecimentos a ele associados na relação que estabelecem com o ambiente local. A realização da pesquisa deu-se, principalmente, a partir da interação com as famílias, a partir de reuniões, oficinas, além do acompanhamento da coleta das iscas, normalmente realizada em duplas e durante o período noturno. Além disso, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, buscando-se o registro das informações sobre a trajetória de vida dos pescadores, a atividade laboral, a diversidade de espécies e, finalmente, sobre o grau de percepção destes pescadores com a execução da pesca de forma sustentável. Os resultados preliminares informam que a maior parte das famílias tem a sua trajetória de vida desenvolvida na própria região de estudo. Evidenciam igualmente que detém um vasto conhecimento sobre as espécies de peixes, a distribuição das mesmas e estratégias de manejo da pesca que garantem a sustentabilidade ambiental à atividade da pesca. Percebeu-se, portanto, a importância da participação dos ribeirinhos no processo de pesquisa, garantindo, desse modo, que o conhecimento tradicional, associado ao conhecimento científico, gerado a partir da compreensão das estratégias locais de conservação e uso sustentável das tuviras, seja gradativamente traduzido no fortalecimento da organização dos próprios pescadores artesanais, assim como, na formulação de legislações específicas e de políticas públicas que direcionadas à pesca de tuviras no Pantanal.

1Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS ([email protected]), financiado pela Embrapa, Macroprograma 6 2Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Caixa Postal 44, Aracaju, SE ([email protected]) 3Acadêmico do Curso de Biologia, Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, SE

Page 94: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

93

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Controle automático da umidade do solo com energia solar para pequenos produtores

Danielle Silva 1, Gabriel Oliveira 2, Roosevelt Silva 3, Claúdia Fernandes 4, Leandro de Jesus 5, Ivan Bergier 6

Resumo: Esse trabalho tem por objetivo apresentar um protótipo autônomo de irrigação energizado por uma célula fotovoltaica de 5 W, baseado na plataforma Arduino (código e hardware aberto). O sistema consiste de um sensor de umidade do solo que ao atingir um dado sinal elétrico aciona um dispositivo solenoide de liberação do fluxo de água em uma rede de irrigação. O sistema tem custo aproximado de R$240, é de fácil manipulação e manutenção, e funciona de maneira autônoma durante o dia quando há energia solar disponível. O emprego do sistema pode aumentar a produtividade de pequenos produtores pela redução do estresse em períodos de seca.

Palavras–chave: Arduino, automação, estresse hídrico, irrigação de solo.

Automated control of soil moisture with solar energ y for small rural producers

Abstract: This work aims to present a prototype of an autonomous system of irrigation powered by a 5 W photovoltaic cell, based on the Arduino platform (open source code and hardware). The system consists of a soil moisture sensor that, for a given electrical signal, triggers the opening of a solenoid valve that releases the water flow in an irrigation network. The system has an approximate cost of US$110, is easy to handle and to maintain, and works autonomously during the day when there is available solar energy. The use of the system can increase the productivity of small farmers by reducing stress during dry periods.

Keywords: Arduino, automation, soil irrigation, water stress.

Introdução

Para o sucesso de qualquer atividade agrícola, seja ela de pequeno ou grande porte, é importante controlar a umidade do solo a fim de garantir o aproveitamento eficiente da água para as culturas, especialmente em períodos de estresse hídrico, que no Brasil usualmente ocorre no inverno. Em atividades agrícolas de pequeno porte, como é o caso da produção de hortaliças e frutas, este cuidado é de extrema importância para garantir uma boa produção e renda para os produtores (Bayer et al., 2013).

Atualmente existem plataformas de código e hardware aberto que possibilitam o desenvolvimento de protótipos e também de sistemas completos, com os mais diversos propósitos. Uma dessas plataformas é o Arduino, que oferece um sistema de hardware e software livre, e cujo objetivo é fornecer uma plataforma acessível, flexível e de baixo custo (mais informações acerca do Arduino em http://playground.arduino.cc//Portugues/HomePage). Estes sistemas podem ser facilmente configurados para diversos fins práticos do dia a dia das pessoas. No caso da automação na agricultura de pequeno porte, tais sistemas são de suma relevância pela sua simplicidade e capacidade de executar tarefas de rotina, tornando-as automáticas e independentes com o uso de energia solar, sem baterias. Esta abordagem permite aos produtores rurais, especialmente os pequenos, melhorar sua produção e direcionar seu tempo e força de trabalho para outras finalidades braçais ou criativas como esta, isto é desenvolver outros sistemas autônomos capazes de facilitar sua vida e maximizar seu lucro de forma sustentável.

Por este prisma, o presente trabalho tem por objetivo apresentar a construção de um protótipo movido à energia solar, sem baterias e totalmente automático, capaz de ligar e desligar autonomamente e realizar a irrigação de áreas de cultivo de hortaliças, frutas e outros no período diurno.

1 Bolsista PiBic/Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Graduanda em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Bolsista PiBic/Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Graduando em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, 79370-000, Corumbá, MS ([email protected]) 3Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 79320-198, Aquidauna, MS ([email protected]) 6 Pesquisador da Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 95: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

94

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Material e Métodos

Para o desenvolvimento do protótipo do sistema foi utilizado o módulo Arduino Fio (2013), um microcontrolador que pode ser programável à distância por módulos Xbee®. O Arduino Fio permite a leitura de sinais elétricos analógicos e digitais de diversos tipos de sensores, atuadores e dispositivos eletrônicos, como o sensor de umidade de solo SEN0114 empregado nesse protótipo. Uma vez que o código é configurado e o download é feito para o Arduino Fio, o módulo XBee® não é mais requerido em campo. O módulo Xbee® foi empregado também para coletar os dados do sensor de umidade e validar o funcionamento do sistema.

Resultados e Discussão

Até o momento foi desenvolvido o protótipo diagramado na Figura 1. Este sistema realiza todas as operações básicas, desde a verificação do nível de umidade do solo e a ativação e desativação da válvula solenoide (AQUATECH, 2013) ao ser atingido um nível crítico de umidade no solo.

Figura 1. Diagrama esquemático do protótipo.

Como pode ser observado no esquema, o sistema é alimentado por uma célula fotovoltaica de 15 V (5 Watts), que atua como fonte de energia para o Arduino Fio e para a válvula solenoide. Nesta configuração, o sistema se desliga ao anoitecer e retorna ao amanhecer de forma automática, mantendo seu funcionamento enquanto houver luz solar. Um regulador de tensão, um capacitor e dois resistores são usados para direcionar 3 V para o Arduino Fio. Os 12 V restantes de tensão são dirigidos para a válvula solenoide também com um regulador de tensão, um capacitor e dois resistores. Para obter as tensões corretas, a escolha dos resistores foi feita com a ajuda de Putnam (2013). A alimentação do sensor pelo Arduino Fio é representada pelas linhas vermelha e preta, sendo a linha azul escuro a leitura do sinal do sensor de umidade (DFROBOT, 2013) em uma das portas analógicas (A0) do Arduino Fio. Outro circuito em azul claro representa o circuito de controle binário digital (0, desligado, 1 ligado) da válvula solenoide, cujo estado binário é definido pelos limiares críticos de umidade identificados através do sinal da porta analógica A0. Este circuito de controle apresenta dois resistores, um transistor (FAIRCHILD, 2013) e um diodo (Figura 1).

Foram definidos arbitrariamente um mínimo de ativação e um máximo para o desligamento e fechamento da válvula solenoide. Quando o sensor de umidade atinge um limiar menor ou igual ao mínimo crítico (no caso o valor 250), a válvula solenoide é ativada e permanece aberta, liberando o fluxo de água, até que o nível de umidade registrada pelo sensor atinja o limiar máximo crítico definido por 700. O código de controle é apresentado na Figura 2. É importante destacar que para o bom funcionamento desse sistema, o sensor de umidade deve estar

Page 96: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

95

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

suficientemente enterrado, por exemplo, a 10 ou 20 centímetros da superfície do solo. Caso contrário, poderá entrar em contato com a água, retornar rapidamente a um sinal analógico elevado, fechar a válvula solenoide e tornar a irrigação insuficiente.

Figura 2 . Código de controle da válvula solenoide do Arduino.

Para definir os níveis mínimo e máximo do sinal analógico para ativação/desativação da válvula solenoide foi realizado um experimento de bancada em laboratório para coletar dados de sinal do sensor de umidade. Esse teste consistiu em dispor o sensor de umidade em um Becker de 50 ml com solo levemente úmido e coletar o sinal do sensor a cada dez minutos (Figura 3). Após seis dias a partir do início do experimento, a terra foi molhada a fim de verificar a variação de sinal retornada pelo sensor.

Como pode ser observado na Figura 3, o sensor de umidade apresentou oscilações, porém estas não são significativas para o sistema, pois o coeficiente de variação na escala horária é menor do que 1% até o momento de aplicação da água (indicado na figura por uma seta). A elevação brusca de sinal registrada no gráfico entre os dias 11/09 e 12/09 denota o momento exato em que o solo úmido foi detectado, apontando o valor de sinal analógico atingido quando o sensor entra em contato com solo umidificado.

Esses resultados foram utilizados para determinar os limiares de ativação e desativação da válvula solenoide, sendo 250 o nível mínimo (terra seca) e 700 o nível máximo (terra úmida). É importante destacar que os níveis de sinal podem variar em cada sensor (não mostrado), portanto é necessário realizar testes individuais a fim de calibrar corretamente cada sensor para se atingir o nível de umidade do solo desejada. O custo de construção do sistema eletrônico, incluindo um microcontrolador Arduino Fio, uma válvula solenoide, painel solar, sensor de umidade do solo e componentes eletrônicos, que pode ser acondicionado numa caixa de leite longa vida é da ordem de R$ 240,00, sem incluir mangueira e conexões hidráulicas.

Page 97: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

96

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 3. Sinal analógico do sensor de umidade do solo ao longo de quase uma semana, operado pelo Arduino Fio alimentado por energia elétrica convencional em laboratório. Elevação súbita para valores acima de 600 ocorreu após umedecer o solo com água.

Conclusões

O desenvolvimento e o avanço da Tecnologia da Informação são de suma importância para simplificar e melhorar a vida das pessoas na área urbana ou no meio rural. O protótipo do sistema de irrigação automático movido à energia solar aqui apresentado tem essa finalidade. Sua difusão, replicação e aperfeiçoamento são livres.

Agradecimentos

Os autores agradecem o financiamento das pesquisas pela Embrapa Macroprograma 2 SEG 02.11.05.002.00.00 e Projeto MCTI/CNPq/Repensa processo número 562441/2010-7.

Referências

ARDUINO. Arduino Fio . Disponível em: <http://arduino.cc/en/Main/ArduinoBoardFio>. Acesso em: 17 set. 2013.

AQUATECH. Aqua Tech Solenoid Valves . Disponível em: <https://www.sparkfun.com/datasheets/Robotics/Aqua Tech Solenoid Valves.pdf>. Acesso em: 17 set. 2013.

BAYER, A; MAHBUB, I.; CHAPPELL, M.; RUTER, J.; IERSEL, M. Water Use and Growth of Hibiscus acetosella ‘Panama Red’ Grown with a Soil Moisture Sensor-cont rolled Irrigation System . HortScience, vol. 48, 980-987, 2013.

DFROBOT. Moisture Sensor (SKU:SEN0114) . Disponível em: <http://www.dfrobot.com/wiki/index.php/Moisture Sensor (SKU:SEN0114)>. Acesso em: 17 set. 2013.

FAIRCHILD. TIP120/TIP121/TIP122 - NPN Epitaxial Darlington Tra nsistor . Disponível em: <http://www.adafruit.com/ datasheets/TIP120.pdf>. Acesso em: 17 set. 2013.

PUTNAM, M. LM 317 Calculator . Disponível em: <http://www.electronics-lab.com/articles/LM317>. Acesso em: 17 set. 2013.

Page 98: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

97

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Desempenho de bezerros submetidos à desmama precoce no Pantanal 1

Luiz Orcirio Fialho de Oliveira 2, Urbano Gomes Pinto de Abreu 2, Ériklis Nogueira 2, Antonio Arantes Bueno Sobrinho 3, Dayanna Schiavi Nascimento Batista 4, Egleu Diomedes Marinho Mendes 4

Resumo: A desmama precoce é uma excelente ferramenta para incrementos na eficiência reprodutiva, principalmente em condições de restrição alimentar, característica comum dos sistemas de cria de bovinos de corte no Pantanal e em outras regiões brasileiras. Implantou-se na Fazenda São Bento do Abobral, um experimento onde se acompanhou o desempenho dos bezerros submetidos aos diferentes métodos de desmama. Os animais permaneceram em áreas de pastagens nativas avaliadas mensalmente. Foram comparados 406 bezerros machos das raças Nelore e Tabapuã, submetidos à desmama precoce aos 110 dias (DP110) ou à desmama convencional aos 210 dias de idade (DC210). Os animais do grupo DP110 receberam ração Via Lac® com fornecimento de 1% do peso vivo, ajustados mensalmente e foram mantidos em pasto formado com humidícola (Urochloa humidicola). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, sendo os resultados comparados pelo teste Tukey a 5% pelo modelo linear do procedimento GLIMMIX do programa SAS versão 9.12 (2010). As pastagens nativas de maior predominância nos principais sítios de pastejo foram o capim mimoso (Axonopus purpusii), felpudo (Paspalum plicatum), mimosinho (Reimarochloa brasiliensis), capim mimoso vermelho (Setaria geniculata), capim vermelho (Andropogon hypoginus) e capim fino (Axonopus paraguiaiensis), com 29.8, 27.7, 14.5, 11.7, 8.4 e 5.8% respectivamente. Os animais desmamados precocemente (DP110) alcançaram 166,71 kg à idade padrão de 210 dias, enquanto os animais desmamados convencionalmente (DC210) o peso de 168,26 kg, não havendo diferenças entre os mesmos (P>0,05). Na forma adotada, a desmama precoce não afetou o desempenho dos bezerros, não sendo este fato impeditivo à adoção da mesma.

Palavras–chave: ganho de peso, pastagens nativas, ração

Performance of calves submitted to early weaning in Pantanal

Abstract: Early weaning is an excellent tool for increments in reproductive efficiency, especially in conditions of food restrictions, common feature of creates system of beef cattle in the Pantanal and in other Brazilian regions. Implanted in São Bento of Abobral Farm, an experiment which accompanied the performance of calves subjected to different methods of weaning. The animals remained in native pasture area evaluated monthly. Four hundred six male calves of Nelore and Tabapuã were compared, submitted early weaning with 110 days (DP110) or conventional weaning with 210 days of age (DC210).The calves of early weaning were supplemented with ViaLac- 1% of live weight feeding, adjusted monthly and were kept in planted area with humidicola (Urochloa humidicola). The experimental design was completely randomized, with the results compared by Tukey Test to 5% by the linear model of SAS program GLIMMIX procedure version 9.12 (2010). The native grasses more predominance in key places of grazing was the “mimoso grass” (Axonopus purpusii), “felpudo grass” (Paspalum plicatum), “mimosinho grass” (Reimarochloa brasiliensis), mimoso vermelho grass” (Setaria geniculata), “vermelho grass” (Andropogon hypoginus) e “fino grass” (Axonopus paraguaiensis), with 29.8, 27.7, 14.5, 11.7, 8.4 e 5.8 respectively. Early weaning animals (DP110) reached 166.71 kg at 210 days of age, while conventional weaned animals (DC210) 168,26 kg weight. There are no differences between them. In the form adopted, early weaning did not affect the performance of the calves, not being this fact prohibitive factor to adoption the early weaning.

Keywords: weight gain, native pasture, ration

Introdução

Avanços na suplementação de bezerros têm fundamental importância nos novos modelos de produção animal. A demanda mundial por alimentos, celulose e energia provocaram aquecimento nos mercados de grãos, de papel e do álcool, provocando uma expansão destas culturas em áreas antes ocupadas pela pecuária de corte. Este processo inexoravelmente tem promovido o deslocamento da pecuária de corte e principalmente da fase de cria, para regiões menos agricultáveis como é o caso do Pantanal. Limitações de ordem nutricional e alimentar

1 Estudo financiado pela EMBRAPA e In Vivo-NSA, com apoio da Fazenda São Bento do Abobral – Grupo Real. 2 Pesquisadores da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]). 3 Laboratorista da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS. 4 Analistas da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS.

Page 99: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

98

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

nestas regiões provocam redução na produtividade e na eficiência reprodutiva, sendo a suplementação dos bezerros uma das formas de minimizar o déficit nutricional das matrizes, com consequente aumento nos índices de concepção e de natalidade do rebanho.

A desmama precoce é outra ferramenta que estrategicamente adotada pode melhorar os índices reprodutivos do sistema, necessitando, entretanto, de avaliações sobre o crescimento dos bezerros e a taxa de concepção das vacas, na condição utilizada.

Lobato et al. (2007) e Vaz et al. (2011), mostraram que os pesos padronizados aos 7 meses de idade foram levemente inferiores (média de 171 kg) quando comparados com os bezerros de desmama convencional (DC) (média de 192 kg), mas sem diferenças aos 12 meses (médias de 208 e 219 kg) e aos 24 meses de idade com peso de 418 e 416 kg para os bezerros de DP e DC respectivamente. Da mesma forma os autores não observaram diferenças nas carcaças dos animais como o nível de acabamento, rendimento, conformação e classificação para a “Cota Hilton”.

Em razão das dificuldades naturais de acesso na região do Pantanal, tecnologias que demandam um aporte maior de insumos, devem ser avaliadas de forma criteriosa, levando-se em consideração aspectos como transporte, comercialização dos animais, etc. Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho dos bezerros submetidos à desmama precoce nas condições específicas da região, servindo como subsídio para adoção desta tecnologia.

Material e Métodos

O trabalho foi implantado na Fazenda São Bento do Abobral, localizada no município de Miranda, entre os rios Abobral e Miranda, no Pantanal Sul. Acompanhou-se o desempenho de 406 bezerros submetidos a desmama precoce (110 dias) ou convencional (210 dias), das raças Nelore e Tabapuã. Os animais enquanto acompanhados de suas mães, permaneceram em pastagens nativas, avaliadas mensalmente segundo Santos et al. (2002).

Identificaram-se os principais sítios de pastejo, procedendo-se a coleta por meio de utilização de quadrados em 150 pontos por sítio de pastejo. Foram anotadas as principais forrageiras em cada ponto, aplicando-se os multiplicadores 70.2, 21.1, e 8.7 para as três principais a fim de estimar a composição botânica. Amostras das forrageiras foram colhidas nos pontos observados por meio da observação visual de consumo das suas frações para posterior análise química, sendo a dieta estimada pela frequência das forrageiras e da composição botânica.

Determinou-se os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), cálcio, fósforo, sódio, potássio, magnésio, ferro, manganês, zinco e cobre, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e em detergente ácido (NIDA) conforme descrito em Silva e Queiroz (2002). Procedeu-se a correção da FDN para os níveis de cinzas e proteínas (FDNcp), e os carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados pela equação: CNF (%)=100 – (%FDNcp + %PB + %EE + %cinzas).

O teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) observado foi obtido a partir da equação:

NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD, onde:

PBD, EED, FDNcpD e CNFD representam os valores digestíveis da PB, EE, FDNcp e CNF respectivamente, sendo os mesmos estimados pelas equações e fatores de correção descritos no NRC (2001).

A desmama foi realizada aos 110 dias de idade média, sendo os bezerros adaptados ao consumo da ração durante os primeiros dias no curral. Posteriormente foram transferidos para uma invernada próxima da sede, formada por humidícola (Urochloa humidicola), e avaliada mensalmente conforme procedimento adotado anteriormente para as outras áreas. Além do peso a desmama, os bezerros foram submetidos às pesagens mensais, sendo a oferta de suplemento ajustada para fornecimento de 1% do peso vivo (PV) total do lote.

A ração oferecida na forma peletizada (ViaLac®) era composta por milho, farelo de soja, farelo de trigo, farelo de arroz, casca de aveia, glúten de milho, minerais, vitaminas, monensina sódica e probióticos, e apresentando 18,5% de PB, 69,0% de NDT, 20,4% de FDN e 12,0% de FDA. As matrizes foram inseminadas em tempo fixo e posteriormente colocadas com touros até o final da estação de monta de 120 dias de duração, sendo ao término desta procedido o diagnóstico de gestação por ultrassonografia.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, ajustando-se os pesos à idade de 210 dias para ambas as raças, e comparando-se as médias pelo teste Tukey a 5% pelo modelo linear do procedimento GLIMMIX do programa SAS versão 9.12 (2010).

Page 100: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

99

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Resultados e Discussão

A composição química das forragens e a estimativa da dieta apresentaram níveis baixos de proteína bruta e elevados para FDA, FDN e lignina (Tab.1). Os níveis de Sódio, Potássio, Magnésio, Ferro e Manganês da dieta são superiores aos recomendados pelo NRC (1996), enquanto que os níveis de Cálcio, Fósforo, Zinco e Cobre não atenderam o mínimo recomendado (Tab. 2).

Dietas com altos níveis de fibra e baixa concentração energética, provocam uma redução no consumo por meio de uma restrição física do trato digestivo, ao mesmo tempo em que níveis baixos de substâncias solúveis (proteínas, carboidratos não fibrosos, açúcares, etc.) provocam uma redução nos processos de crescimento microbiano, de degradação do alimento no rúmen, de síntese de proteína microbiana e de ácidos graxos voláteis (AGV), causando menor aporte de nutrientes, menor absorção, metabolização e redução no desempenho.

Tabela 1 . Frequência e composição química das forragens nativas e da Brachiaria humidicola na Fazenda São Bento do Abobral – Pantanal Sul.

Frequência1 (%)

MS (%)

PB (%)

NIDA (%)

FDN (%)

FDA (%)

Lignina (%)

NDT2 (%)

Pasto Nativo

Axonopus purpusii 29,8 34,9 4,19 0,32 68,85 35,33 3,88 64,74 Paspalum plicatum 27,7 27,9 6,85 0,83 72,16 39,71 7,80 57,34 Reimarochloa brasiliensis 14,5 34,3 5,85 0,70 66,05 32,53 4,40 64,88 Setaria geniculata 11,7 25,5 6,68 0,66 68,83 35,77 5,94 59,14 Axonopus paraguaiensis 5,8 31,8 6,28 0,44 71,04 39,29 5,51 63,52 Média Frequencial 3 31,2 5,74 0,59 69,56 36,55 5,55 61,66

Pasto Formado

Brachiaria humidicola 22,8 5,30 0,26 70,54 34,51 3,69 62,02 1 Frequência das forrageiras conforme Santos et al. (2002); 2 NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD (conforme NRC, 2001); 3 Média do pastejo simulado das forragens (cortes das frações consumidas por observação visual), multiplicado pela sua frequência/participação nos sítios. Tabela 2 . Frequência e composição mineral das forragens nativas e da Brachiaria humidicola na Fazenda São Bento do Abobral – Pantanal Sul. Ca

(g/kg) P

(g/kg) Na

(g/kg) K

(g/kg) Mg

(mg/kg) Fe

(mg/kg) Mn

(mg/kg) Zn

(mg/kg) Cu

(mg/kg) Pasto Nativo

Axonopus purpusii 3,15 0,96 0,47 4,80 2,93 85,3 147,8 11,57 1,45 Paspalum plicatum 3,06 1,60 1,04 11,23 2,18 48,4 271,9 20,48 0,85 Reimarochloa brasiliensis 2,53 1,93 0,82 7,36 2,32 91,7 297,9 26,67 0,95 Setaria geniculata 2,75 2,16 2,18 24,13 1,52 54,0 169,4 33,46 5,12 Axonopus paraguaiensis 2,07 1,32 0,80 7,41 2,00 43,7 227,1 9,40 0,69 Média Frequencial 1 2,90 1,50 0,95 9,52 2,35 68,2 218,5 19,49 1,61 Recomendações (NRC, 1996) 2

4,00 2,10 0,80 6,00 1,00 50,0 20,0 30,0 10,0

Pasto Formado

Brachiaria humidicola 2,68 1,60 3,60 18,02 1,63 67,4 154,5 22,50 3,01 1 Frequência das forrageiras conforme Santos et al. (2002); 2 Níveis recomendados pelo NRC (1996) para bovinos de corte em sistemas de produção à pasto.

Os minerais fazem parte de inúmeros processos bioquímicos, atuam em reações do metabolismo energético, do sistema imune, do sistema reprodutivo, na síntese de tecidos (muscular, ósseo, nervoso), e sua falta pode afetar de diversas formas a produção animal. Uma suplementação mineral correta é fundamental para o sucesso e a eficiência do sistema de produção, sendo a identificação da composição da dieta nos diferentes estágios de desenvolvimento das forrageiras, uma forma importante para obtenção de resultados satisfatórios na atividade.

Page 101: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

100

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Não houve diferenças de peso entre os animais DP110 ou DC210 (P>0,05), confirmando as observações de Lobato et al. (2007) e Vaz et al. (2011), demonstrando que nas condições realizada, esta estratégia não prejudica o desenvolvimento dos bezerros nascidos nesta região do Pantanal.

Tabela 3 . Médias ajustadas (± EPM) do peso corrigido aos 210 dias de acordo com o grupo racial e método de desmama.

Desmama Convencional Desmama Precoce

Nelore 167,82 ± 1,23 a 165,30 ± 1,73 a Tabapuã 171,67 ± 3,53 a 171,34 ± 3,04 a Geral 169,75 ± 1,88 a 168,32 ± 1,74 a Médias seguidas por letras iguais na mesma linha não diferem (P > 0,05).

O índice de concepção das vacas desmamadas precocemente foi de 98,45% e de 75,00% para as vacas de desmama convencional. Níveis satisfatórios de energia podem proporcionar maiores índices reprodutivos, mesmos para as vacas DC, o que não se observou neste estudo. Desta forma, supõe-se que o desempenho reprodutivo das vacas de desmama convencional tenha sido afetado por consumo reduzido de matéria seca, situação normal em condições de pastagens fibrosas e com baixos teores de proteínas solúveis.

Conclusões

Adotadas condições adequadas de alimentação e de suplementação, os bezerros submetidos à DP, apresentam desempenhos semelhantes aos desmamados convencionalmente, e desta forma podem ser submetidos à esta estratégia de manejo no Pantanal, desde que os ganhos adicionais sobre a eficiência reprodutiva superem os custos relativos à suplementação e manejo dos bezerros.

Agradecimentos

Especial agradecimento à toda equipe da Fazenda São Bento do Abobral e a Indústria InVivo-NSA.

Referências

LOBATO, J.F.P.; ALMEIDA, L.S.P.; OSORIO, E.B.; MÜLLER, A. Efeito da idade de desmama no desenvolvimento e nas características de carcaça de novilhos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia , v.36, n.3, p.596-602, 2007.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of beef cattle. 7. Ed. Washington: National Academici Press, 1996, 242p.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle. 7. Ed. Washington: National Academici Press, 2001, 362p.

SANTOS, S. A.; COSTA, C.; SOUZA, G.S. e; GARCIA, J.B.; PELLEGRIN, L.A.; GUTIERREZ, R. Metodologia de amostragem para avaliação da qualidade das Pastagen s Nativas Consumidas por Bovinos no Pantanal . Corumbá: Embrapa Pantanal, 2002. 27p. (Embrapa Pantanal. Documentos, 31).

SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. de. Análise de Alimentos: Métodos Químicos e Biológicos . 3 Ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2002, 235p.

VAZ, R.Z., LOBATO, J.F.P., PASCOAL, L.L. Desenvolvimento de bezerros de corte desmamados aos 80 ou 152 dias até os 15-16 meses de idade. Revista Brasileira de Zootecnia , v.40, n.1, p.221-229, 2011.

Page 102: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

101

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Desenvolvimento de um sistema de monitoramento remo to de umidade do solo

Gabriel Oliveira 1, Danielle Silva 2, Claúdia Fernandes 3, Roosevelt Silva 4, Leandro de Jesus 5, Ivan Bergier 6

Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar o protótipo de um sistema autônomo de monitoramento de umidade do solo. O sistema consiste de três sensores de umidade de solo conectados a um microcontrolador Arduino, alimentado por uma bateria carregada por uma célula fotovoltaica. O propósito desse sistema é realizar a transmissão por módulo Xbee® de sinal analógico referente ao teor de umidade do solo. O sinal transmitido é captado por outro módulo Xbee® ligado a um programa servidor capaz de armazenar continuamente as informações captadas.

Palavras–chave: Arduino, qualidade do solo, sensores, banco de dados, transmissão sem fio.

Development of a remote monitoring system of soil m oisture

Abstract: This work aims to present the prototype of an autonomous system for the monitoring of soil moisture. The system consists of three soil moisture sensors connected to an Arduino microcontroller, powered by a battery charged by a solar cell. The purpose of this system is to transmit by a XBee® module the analog signal related to the moisture content of the soil. The transmitted signal is recognized by another XBee® module connected to a server program that continuously stores the captured information.

Keywords: Arduino, soil quality, sensors, database, wireless transmission.

Introdução

Existem diversas plataformas de hardware e código abertos disponíveis que possibilitam o desenvolvimento não só de protótipos, mas também de sistemas completos com os mais variados propósitos em controle e automação de processos. O monitoramento por meio de sensores é uma das aplicações mais comuns desse tipo de abordagem. O Arduino é uma plataforma de código e hardware livres, baixo custo e possibilita o aprendizado em automação e eletrônica, bem como o desenvolvimento de soluções inovadoras. O Arduino é de fácil manuseio e programação e para mais informações recomenda-se o acesso ao site http://playground.arduino.cc//Portugues/HomePage.

O presente trabalho visa mostrar resultados ainda preliminares de um protótipo desenvolvido para o monitoramento remoto (sem fio) da umidade do solo, cuja aplicação em fase final (validada) de desenvolvimento pode ser o monitoramento da umidade em solos de jardins, hortas, estufas, ou mesmo de ecossistemas e agroecossistemas.

Material e Métodos

Para o desenvolvimento do protótipo, alimentado por uma bateria de 3,7V recarregável por energia solar (célula fotovoltaica de 7V), foi utilizado um módulo Arduino Fio (ARDUINO, s.d.) que consiste de um microcontrolador programável com suporte a um módulo de comunicação sem fio XBee®. Este componente permite a comunicação sem fio entre módulos Arduino e computadores em redes de diferentes topologias ou configurações (veja http://xbee.wikispaces.com/MESH). Três sensores de umidade SEN0114 (DFROBOT, s.d.) foram utilizados para realizar a leitura do sinal de umidade, não calibrado, enviando sinais ao Arduino que por sua vez envia os dados coletados para um servidor por meio da comunicação/protocolo XBee®.

1 Bolsista PiBic/Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Graduando em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, 79370-000, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Bolsista PiBic/Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Graduanda em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 79320-198, Aquidauna, MS ([email protected]) 6 Pesquisador da Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 103: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

102

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Resultados e Discussão

Até o momento foi desenvolvido o protótipo representado diagramado na Figura 1. O sistema atual realiza a leitura de dados analógicos de três sensores de umidade e os envia, por meio da comunicação XBee® para um computador que por sua vez envia por TCP/IP os dados a um servidor onde são gravados em uma base de dados do projeto CNPq/REPENSA desenvolvida pelo IFMS de Corumbá.

Figura 1. Diagrama do protótipo com três sensores testado nas dependências da Embrapa Pantanal, em Corumbá.

Como mostra o diagrama na Figura 1, o sistema é alimentado por uma bateria de 3,7V que é carregada por uma célula fotovoltaica de 7V, desta forma a bateria é carregada durante o dia para que a noite o sistema continue funcionando, possibiltando coleta initerrupta de dados. Os três sensores de umidade de solo são enterrados em níveis de profundidade diferentes, sendo o primeiro a 10 cm, outro a 20 cm e o terceiro a 30 cm da superfície.

A fim de testar o funcionamento do protótipo, foi realizada a aquisição de dados entre os dias 27/09/13 e 08/10/13, em que o sistema obteve dados de umidade do solo e os enviou ao computador receptor em intervalos regulares de dez minutos. O resultado da coleta dos dados pode ser visualizado na Figura 2.

Como pode ser observado na figura acima, os três sensores de umidade forneceram leituras de dados semelhantes, não havendo diferenças entre as profundidades. Os sensores foram enterrados a mais de 6 meses e não é possível explicar a falta de variação entre as profundidades medidas. A princípio, seria esperado que o sensor mais próximo a superfície se comportasse diferentemente dos demais. Pode-se notar, também, grandes oscilações ao longo de toda a série de dados, sendo que tais oscilações não estão diretamente ligadas com temperatura (ver relação com radiação solar da estação meteorológica de Corumbá do INMET) ou chuva (não mostrado). Podem estar ligadas ao funcionamento de ar condicionado de salas próximas, cuja água condensada é despejada nos arredores do sistema enterrado.

Page 104: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

103

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 2. Sinais analógicos dos sensores de umidade e radiação solar em função do tempo.

Conclusões

O sistema está em fase de prototipagem e testes. Os resultados são preliminares e serão feitos ajustes e testes para que o sistema possa ser melhorado. Futuramente serão escolhidas outras áreas/solos de teste e incluídos sensores de temperatura junto aos sensores de umidade, fornecendo, assim, informações relevantes para uma melhor avaliação e validação do funcionamento do sistema.

Agradecimentos

Os autores agradecem o financiamento das pesquisas pela Embrapa Macroprograma 2 SEG 02.11.05.002.00.00 e Projeto MCTI/CNPq/Repensa processo número 562441/2010-7.

Referências

ARDUINO, s.d. Arduino Fio . Disponível em: <http://arduino.cc/en/Main/ArduinoBoardFio>. Acesso em: 10 out. 2013.

DFROBOT. Moisture Sensor (SKU:SEN0114) . Disponível em: <http://www.dfrobot.com/wiki/index.php/Moisture Sensor (SKU:SEN0114)>. Acesso em: 10 out. 2013.

INMET. Consulta Dados da Estação Automática: CORUMBA (MS) . Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/ sonabra/dspDadosCodigo.php?QTcyNA==>. Acesso em: 08 out. 2013.

Page 105: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

104

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Determinação da composição centesimal de pacu ( Piaractus Mesopotamicus ) cultivados em tanques-rede no Pantanal

Jovana Silva Garbelini Zuanazzi 1, Ádina Cléia Botazzo Delbem 2, Nilton Garcia Marengoni 3, Flávio Lima Nascimento 4, Jorge Antonio Ferreira de Lara 5

Resumo: Avaliou-se a composição centesimal dos pacus de tanques-rede na região do Pantanal. Os pacus foram capturados com aproximadamente 500 g de peso dos tanques-rede localizados em um braço do rio Paraguai no município de Ladário. Os animais permaneceram nas gaiolas alimentados com ração comercial por cinco meses e meio (entre os meses de outubro e março). Foram realizadas em triplicata análises de umidade, cinzas, lipídios e proteína. Nos dados referentes à composição centesimal foram observados teores de umidade de 65,15%, proteínas de 18,21%, lipídios de 8,43% e cinzas de 1,24%. Os resultados mostraram que o alto teor de lipídios na carne quando comparados com pescado de outras espécies, mas baixo quando comparado com pacus. Isso se deve, respectivamente, ao fato do pacu conter naturalmente mais gordura que outros peixes e ter sido abatido mais jovem que nos cultivos tradicionais por causa da decoada. Os resultados encontrados foram compatíveis com o sistema de cultivo adotado e espécie analisada, permitindo assim considerar o pescado de pacu cultivado em tanque-rede no Pantanal uma alternativa para a dieta de proteínas e gordura de origem animal.

Palavras- Chave: filé, piscicultura, Rio Paraguai.

Determination of chemical composition of Pacu ( Piaractus mesopotamicus ) raised in net cages in the Pantanal

Abstract : We evaluated the chemical composition of pacu in cages in the Pantanal region. The pacu were captured with approximately 500 g weight of the cages located in an arm of the Paraguay River in the municipality of Ladário. The animals were kept in cages fed with rations for five and a half months (between October and March). Were performed in triplicate analyzes of moisture, ash, fat and protein. The data relating to composition were observed moisture content of 65.15%, 18.21% protein, 8.43% lipids and ash 1.24%. The results showed that the high content of lipids in the fish flesh compared to other species but low compared to pacus. This is due, respectively, to the fact of pacu naturally contain more fat than other fish and have been slaughtered younger than the traditional crops because of decoada. The results were compatible with crop system and species analyzed, thus consider the pacu fish grown in cages in the Pantanal an alternative to the diet of protein and animal fat.

Keywords: fillet, aquaculture, Paraguay River

Introdução

No Brasil, nos últimos anos tem aumentado a demanda pela criação de peixes em cativeiro. Dentre as espécies nativas destaca-se o pacu (Piaractus mesopotamicus) que apresenta grande potencial para a piscicultura intensiva, devido à adaptabilidade ao cultivo, menor exigência de proteína e não necessidade de grandes quantidades de farinha de peixe na ração.

Embora o pescado apresente importantes propriedades nutritivas, seu consumo no Brasil é de 9kg por habitante ao ano - índice considerado baixo pela Organização Mundial da Saúde, que recomenda pelo menos 12kg por habitante no período - ou seja, inferior à média mundial, de 16kg por habitante ao ano.

O pescado deve ser incluídos na dieta por ser fontes de componentes nutricionais, por ser alimento com baixo teor de gordura e alto teor de proteína e que além de ser fonte energética são ricos em ácidos graxos poliinsaturados, como os da família ômega 3.

Atualmente existem poucas informações disponíveis sobre a composição química do peixe, mesmo sobre os peixes mais populares brasileiros, prejudicando o estabelecimento de dietas balanceadas para a sociedade.

1 Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Pesquisadora Bolsista DCR FUNDECT\CNPq, 79320-,900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Professor Adjunto do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Marechal Cândido Rondon, PR ([email protected]) 4 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 106: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

105

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

O conhecimento da composição química do peixe tem sua importância devido ao fato que para a mesma espécie de peixe a composição pode variar bastante.

Com o isso, o objetivo do trabalho foi avaliar a composição centesimal (cinzas, umidade, proteína e gordura) de pacus cultivados em tanques-rede no Pantanal.

Material e Métodos

Os pacus foram capturados com aproximadamente 400 g de peso dos tanques-rede localizados em um braço do rio Paraguai no município de Ladário. Os animais permaneceram nas gaiolas alimentados com ração comercial por cinco meses e meio (entre os meses de outubro e março).

Os animais, em jejum, foram transportados e abatidos em gelo na proporção de 1:1 água e gelo e, em seguida, processados no Laboratório de Carnes da Embrapa Pantanal.

No laboratório os peixes foram descabeçados, eviscerados e as carcaças foram mergulhadas em água clorada (5 ppm de cloro) por cerca de 5 minutos.

Para a obtenção dos teores de umidade, cinzas, lipídios e proteína, as amostras foram analisadas em triplicata de acordo com os métodos descritos pela (AOAC,1995).

Resultados e Discussão

Os resultados da composição centesimal apresentaram 65,15% de umidade, 18,21% de proteína, 8,43% de gordura e 1,24% de cinzas (Tabela 1). Netto (2010) relatou valores para filé de pacu “in natura” de 69,48%, 2,8%, 10,85% e 17,02% respectivamente para umidade, cinza, lipídios e proteína. Os valores de umidade, cinzas e lipídios são superiores ao encontrado nesse estudo.

O componente que mais pode variar na composição centesimal da carne de pacu é a gordura com implicações na proporção dos outros componentes. De fato, o teor de gordura pode está relacionado com características da dieta dos peixes, onde rações com maior presença de gordura em suas formulações pode levar a um aumento no acúmulo deste componente na carne (BOSCOLO et al., 2004).

Além disso, Souza e Maranhão (2001) observaram que peixes jovens, possuem carne com mais umidade e menos gordura que os adultos, visto que estão em fase de crescimento, logo, com menos gordura disponível para reserva.

Em função da decoada o cultivo dos pacus não pode ultrapassar o período de cerca de nove meses e, por causa do menor tempo de engorda, seu peso na despesca é inferior ao de peixes obtidos em cultivo em gaiolas de outras regiões. Esses peixes foram retirados com 5 meses e meio, jovens, quando comparados com o cultivo tradicional, o que explica o menor teor de gordura quando comparados com trabalhos com cultivos em outras regiões.

A decoada é um fenômeno natural do Pantanal, onde a bacia hidrográfica recebe uma quantidade muito acima do normal de matéria orgânica, decorrente do ciclo de vida da biodiversidade do bioma, com alterações físico-químicas da água e alta mortalidade de peixes.

A umidade é um componente que também pode variar, apresentando uma correlação inversa com o conteúdo de lipídios, sendo que quando constatado um elevado teor de umidade os lipídios se mostrou baixo ou vice-versa. Os dados obtidos para os pacus estão de acordo com essa correlação entre umidade e lipídios.

Uma forma de avaliar a classificação dos peixes em relação ao teor de gordura está baseada na seguinte forma: menor que 2% de conteúdo de lipídeos, é um pescado de baixo conteúdo de gordura; entre 2 e 5%, é um pescado moderado em conteúdo de gordura; e maiores que 5%, é considerado um pescado com alto conteúdo de gordura (PIGOTT; TUCKER, 1990).

Page 107: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

106

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 1. Valores médios e seus respectivos desvios padrões da composição centesimal de filés de pacu in natura cultivados em tanques-rede (n=5)

Parâmetros Carne in natura Umidade 65,15 ± 3,41

Proteína 18,21 ± 1,42 Lipídios 8,43 ± 1,76

Cinzas 1,24 ± 0,12

Assim, de acordo com essa classificação os pacus de tanques-rede utilizados no presente trabalho podem ser considerados um peixe com alto teor de gordura, mesmo apresentando valores inferiores aos encontrados por (NETTO, 2010).

O alto teor de lipídios na carne pescado pode apresentar benefícios, já que os peixes que possuem essas características são considerados mais saborosos podendo ser utilizados em subprodutos como os empanados, patês, hambúrgueres entre outros.

A determinação da cinza fornece uma indicação da riqueza da amostra em elementos minerais. Segundo Simões (2007), peixes de água doce apresentam variações na fração de cinzas que vão de 0,90% a 3,39%. Estes valores são compatíveis aos valores de cinzas encontrados nos filés de pacu cultivados em tanques-rede.

Conclusão

Os resultados encontrados foram compatíveis com o sistema de cultivo adotado e espécie analisada, permitindo assim considerar o pescado de pacu cultivado em tanque-rede no Pantanal uma alternativa para a dieta de proteínas e gordura de origem animal.

Agradecimentos

A Embrapa e Ministério da Pesca e Aquicultura por financiar a pesquisa e aos funcionários de apoio da Embrapa Pantanal pelo empenho nos trabalhos.

Referências

AOAC – Association of Official Analytical Chemists. Oficia l methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemistis . 16 ed. Arlington; AOAC, 1995.

BOSCOLO, W.R.; HAYASHI, C.; MEURER, F.; FEIDEN, A; WOLFF, L. Desempenho e características de carcaça de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus L.) alimentadas com rações contendo diferentes níveis de gordura. Acta Scientiarum, Animal Sciences , v. 26, n. 4, p. 443- 447, 2004.

NETTO, J. D. P. C.; BOSCOLO, W. R.; FEIDEN, A.; MALUF, M. L. F.; FREITAS, J. M. A. D.; SIMÕES, M. R Formulação, análises microbiológicas, composição centesimal e aceitabilidade de empanados de jundiá (Rhamdia quelen), pacu (Piaractus mesopotamicus) e tilápia (Oreochromis niloticus). Revista do Instituto Adolfo Lutz (Impresso) , São Paulo, v. 69, n. 2, p. 181-187, 2010.

PIGOTT, G; TUCKER, B. Sea food effects of technology on nutrition , 1st edit. New York: Marcel Dekker INC, 1990.

SIMÕES, M. R; RIBEIRO, C. D. F. A.; RIBEIRO, S. D. C. A.; PARK, K. J.; MURR, F. E. X. Composição físico-química, microbiológica e rendimento do filé de tilápia tailandesa (Oreochromis niloticus). Ciência e Tecnologia de Alimentos , Campinas, v. 27, n. 3, p. 608-613, 2007.

SOUZA, M.L.R.; MARANHÃO, T.C.F. Rendimento de carcaça, file e subprodutos da filetagem da tilápia do nilo, Oreochomis niloticus (L), em função do peso corporal. Acta Scientiarum. Maringá, v.23, n. 4, p. 897-901, 2001.

Page 108: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

107

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Diagnóstico de gestação de fêmeas nelore de diferen tes categorias criadas extensivamente no ecótono Cerrado/Pantanal, Aquidau ana/MS1

Nicacia Monteiro de Oliveira 1, Urbano Gomes Pinto Abreu 2, Antonio do Nascimento Rosa 3, Marcos Paulo Gonçalves de Rezende 4

Resumo: Informações de diagnóstico de gestação considerando diferentes categorias de fêmeas Nelores tornam-se necessárias para elaboração de estratégias de manejos diferenciada a cada categoria, com objetivo de suprir as exigências necessárias para aumentar o desempenho do rebanho. Objetivou-se realizar um diagnóstico de gestação de fêmeas Nelore de diferentes categorias criadas extensivamente no ecótono Cerrado/Pantanal, Aquidauana/MS. Para análise do diagnóstico de gestação, foram utilizadas informações coletadas, entre os anos de 2003 a 2012, de 5.433 fêmeas Nelores, criadas em sistemas de manejo extensivo. Observou-se que tanto as vacas adultas como as novilhas apresentaram melhor eficiência reprodutiva com relação ao diagnostico de gestação, quando comparado as vacas primíparas, sendo em ambos os casos as diferenças significativas (P<0,01). Maiores coeficiente de variação (CV) foram verificados para a categoria de vacas primíparas (CV = 5,70%), o que indica oscilações na taxa de fêmeas prenhes durante os anos de análise. As vacas adultas e novilhas apresentam taxas de prenhes superiores ao esperado, sendo essa diferença de 8,39% e 6,46% respectivamente, ao passo que as vacas primiparas apresentaram 61,90% a menos que o esperado. Conclui-se que diagnóstico de gestação foi uma prática de manejo eficiente para identificar o manejo adequado para cada categoria. Vacas primíparas apresentaram como a categoria mais exigente e responsável pela diminuição da taxa de prenhez do rebanho.

Palavras–chave: fase de cria, matrizes, reprodução, seleção, Zebuínos.

Pregnancy diagnosis of Nellore different categories created extensively in ecotone Cerrado/Pantanal, Aquidauana/MS 1

Abstract: Information pregnancy diagnosis considering different categories of Nelore females become necessary to develop strategies for different managements for each category, in order to meet the requirements needed to increase the performance of the herd. The objective was to conduct a pregnancy diagnosis of Nellore different categories created extensively in ecótono Cerrado/Pantanal, Aquidauana/MS. For analysis of gestation, we used information collected between the years 2003 to 2012, from 5433 Nelore females, reared in extensive management systems. It was observed that both adult cows and heifers showed better reproductive efficiency in relation to the diagnosis of pregnancy, when compared primiparous cows, and in both cases the significant differences (P<0,01). Higher coefficient of variation (CV) were checked for the category of primiparous cows (CV=5,70%), which indicates fluctuations in the rate of pregnant females during the years of analysis. Adult cows and heifers pregnant at rates higher than expected, and this difference of 8.39% and 6.46% respectively, whereas the primiparous cows had 61.90% less than expected. We conclude that pregnancy diagnosis was a practice of efficient management to identify appropriate management for each category. Primiparous cows presented as the category most demanding and responsible for the decrease in the pregnancy rate of the flock.

Keywords: phase creates arrays, reproduction, selection, Zebu.

1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor. 1 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia Produção Animal no Cerrado/Pantanal, Nível Mestrado, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 67, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 2 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Caixa Postal 830, 79106-550, Campo Grande, MS ([email protected]) 4 Graduando em Zootecnia pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS ([email protected])

Page 109: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

108

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Introdução

O Brasil ocupa as posições de maior produtor e exportador de carne bovina e esses rebanhos são na maioria das vezes mantidos sob ampla variação de condições de manejo e ambiente (FERRAZ & FELÍCIO, 2010), com uma eficiência reprodutiva inferior ao desejado.

Os produtores para continuar dando frente à competitividade do mercado de carne mundial necessitam de animais com melhores desempenhos reprodutivos e produtivos, pois de acordo com Pötter et al. (1998), essa competitividade da pecuária de corte depende deste desempenho para aumento da rentabilidade do sistema. Uma pequena parcela de aumento da eficiência nos índices de reprodução direciona um aumento também da produtividade e lucratividade nos rebanhos de bovinos (RADOSTITS et al., 2001).

Informações de diagnóstico de gestação considerando diferentes categorias de fêmeas Nelores tornam-se necessário para elaboração de estratégias de manejos diferenciada a cada categoria, visando atender as exigências necessárias para aumentar o desempenho do rebanho em um todo. Nesse ínterim, objetivou-se um diagnóstico de gestação de fêmeas Nelore de diferentes categorias criadas extensivamente no ecótono Cerrado/Pantanal, Aquidauana/MS.

Material e Métodos

Para analise do diagnóstico de gestação, foram utilizadas informações de 5.438 fêmeas Nelores coletadas em uma propriedade entre os anos de 2003 a 2012 (Tabela 1), localizada na região do ecótono Cerrado/Pantanal, Aquidauana (MS). As fêmeas Nelores estão submetidas a sistemas de manejo extensivo. A propriedade tem sua base de produção, direcionado ao manejo na fase de cria.

Tabela 1. Sumário do diagnóstico de gestação de fêmeas Nelores de diferentes categorias, entre os anos de 2003 a 2012.

Vacas adultas Vacas primíparas Novilhas Rebanho Ano T. V. C. % T. V. C. % T. V. C. % T. V. C. %

2003 343 27 316 92 93 23 70 75 97 7 90 93 533 57 476 89

2004 366 31 335 92 85 52 31 38 99 25 74 75 550 108 440 80

2005 385 20 365 95 71 44 27 38 79 8 71 90 535 72 463 87

2006 402 53 349 87 61 23 38 62 118 14 104 88 581 90 491 85

2007 326 30 296 91 95 55 40 42 120 7 113 94 541 92 449 83

2008 337 49 288 86 109 79 30 28 106 12 94 89 552 140 412 75

2009 305 25 305 92 87 24 63 72 105 7 105 93 522 56 466 89

2010 359 41 318 89 97 29 68 70 78 0 78 100 534 70 464 87

2011 368 57 311 85 77 07 70 90 87 09 78 90 532 73 459 86

2012 398 76 322 81

77 16 61 79

78 8 70 90

553 100 453 82

T.: total; V.: vazia; C.: cheia; %: freqüência de fêmeas cheias.

Para análise do diagnóstico de gestação, utilizou-se a taxa de prenhez das fêmeas Nelores entre as diferentes categorias de matrizes (vacas adultas, vacas primíparas e novilhas). A taxa de prenhes foi analisada por meio do pacote estatístico do programa R versão 2.15.3. Foram estimadas pelo método dos quadrados mínimos as variâncias da característica para as diferentes categorias. Posteriormente realizou-se o teste do Qui-quadrado com objetivo de verificar as diferenças entre as taxa de prenhez das diferentes categorias analisadas.

Page 110: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

109

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Resultados e Discussão

Na Tabela 2, observa-se que tanto as vacas adultas como as novilhas apresentaram melhor eficiência reprodutiva com relação ao diagnóstico de gestação, quando comparadas às vacas primíparas, em ambos os casos as diferenças significativas são (P<0,01).

Verificou-se maior coeficiente de variação para a categoria de vacas primíparas (CV= 35,70%),o que permite inferir na maior variação no desempenho reprodutivo desses animais durante o período analisado.

Tabela 2 . Resumo da análise de variância para a taxa de prenhes (%) de acordo com a categoria de fêmeas Nelore.

Vacas Adultas Vacas Primíparas Novilhas

Mínimo 81 28 75

Máximo 95 90 100

Média 89,00a 59,40b** 90,20b

Variância 177,78 449,60 40,40

Desvio Padrão 42,16 212,03 63,56

Coeficiente de Variação 4,74% 35,70% 7,05%

Letras iguais na média, não diferem estatisticamente (P<0,05) pelo teste de Tukey. *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001.

Na Tabela 3, observamos que vacas adultas e novilhas apresentam taxas de prenhes superiores ao esperado, sendo essa diferença de 8,39% e 6,46% respectivamente. Considerando que a taxa de natalidade de um rebanho está diretamente ligada à taxa de prenhes das matrizes, Beretta et al. (2001) retratam que a taxa de natalidade de um rebanho de cria é a variável que causa maior impacto sobre a rentabilidade de um sistema de produção. Abreu et al. (2003) reforçam que o impacto econômico no sistema com o aumento da taxa de natalidade é de 65% para 70% que eleva em média 16,3% o número de animais vendidos.

Ao contrário do desempenho das demais categorias, as vacas primíparas apresentaram taxa de prenhez de 61,90% a menos que o esperado. Nesse sentido, sugere-se uma atenção maior a esta categoria, como privilegiar as mesmas, fornecendo os melhores pastos da propriedade ou colocando-o em pastejo de ponta para aumentar o grau de escolha, pois de acordo com Lobato et al. (1998) maiores taxas de prenhez em vacas primíparas têm sido obtidos com a utilização de pastagens de qualidade.

Tabela 3. Número de informações observadas e esperadas na taxa de prenhez das diferentes categorias de fêmeas.

Vaca Adulta Vaca Primípara Novilha Total

Vazia 409 (677,03) 352 (134,11) 97 (153,67) 858

Cheia 3.205 (2.936) 498 (715,89) 877 (820,32) 4.580

Total 3.614 850 974 5.438

*X2=P<0,05.

Conclusões

Conclui-se que diagnóstico de gestação é uma estratégia de manejo eficiente para identificar sistema de manejo adequado para cada categoria. Vacas primíparas apresentaram como a categoria mais exigente e responsável pela diminuição do índice de prenhez do rebanho em um todo.

Page 111: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

110

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Referências

ABREU, U.G.P.; CEZAR, I.M.; TORRES, R.A. Análise bioeconômica da introdução de período de monta em sistemas de produção de rebanhos de cria na região do Brasil Central. Revista Brasileira de Zootecnia , Brasília, v.30, n.5, p.1198-1206, 2003.

BERETTA, V.; LOBATO, J.F.P.; MIELITZ NETO, C.G.A. Produtividade e eficiência biológica de sistemas pecuários de cria diferindo na idade das novilhas ao primeiro parto e na taxa de natalidade do rebanho no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Zootecnia , Brasília, v.30, n.4, p.1278-1286, 2001.

FERRAZ, J.B.S.; FELÍCIO, P.E. Production systems – An example from Brazil. Meat Science , v. 84, p. 238 – 243, 2010.

LOBATO J.F.P., DERESZ F., LEBOUTE E.M., PEREIRA NETO O.A. Pastagens melhoradas e suplementação alimentar no comportamento reprodutivo de vacas de corte. Revista Brasileira de Zootecnia , Brasília, v.27, n.1, p.47-53, 1998.

PÖTTER, L.; LOBATO, J.F.P.; MIELITZ NETO, C.G.A. Produtividade de um modelo de produção para novilhas de corte primíparas aos dois, três e quatro anos de idade. Revista Brasileira de Zootecnia , Brasília, v.27, n.3, p.613-619, 1998.

RADOSTITS, O.M. Herd Health: Food Animal Production Medicine . 3º ed. Philadelphia: W.B. Saunders Company, 2001.

Page 112: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

111

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Disponibilização de mapas de precipitação da bacia do Alto do Paraguai-Pantanal na rede social Facebook 1

Carlos Roberto Padovani 2, Viviana Teixeira da Costa Gonçalves 3 As informações sobre a precipitação são importantes na agricultura, pecuária e até mesmo para a pesca. Informação sobre as precipitações são estratégicas para alertar sobre riscos, maximizar a produção e minimizar as perdas econômicas e até mesmo de vidas humanas. Tradicionalmente, as informações sobre as precipitações são disponibilizadas por entidades como o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e Centro de Previsão de Tempo e Clima (INPE – CPETC) em escala nacional e estadual. Essas informações são coletadas com pluviógrafos no terreno. Não há até o momento informação sobre precipitação específica para a Bacia do rio Paraguai-Pantanal, integrando toda a bacia e disponibilizada em redes sociais como o Facebook que permite a publicação massiva e de fácil acesso, possibilitando a popularização da ciência e de informações importantes para a sociedade. Os mapas de precipitação estimada da “Tropical Rainfall Measuring Mission” (TRMM) foram adquiridos usando o GES-DISC interativo de visualização on-line e Infraestrutura de análise (Giovanni), como parte de Goddard de Ciências da Terra da NASA (GES) de Dados e Serviços de Informação Center (DISC). A sua distribuição espacial é formada por uma grade regular, enquanto que a distribuição dos pluviógrafos é irregular e ausente em muitas regiões. Os mapas de precipitação foram sobrepostos com camadas de informação locais como drenagem, bacias hidrográficas, limite do Pantanal e limite dos municípios fornecidos como referência. Os resultados disponibilizados na forma de produtos e serviço são mapas de precipitação acumulada para toda a Bacia do Alto Paraguai-Pantanal em diferentes intervalos de tempo, semanais, mensais e por temporadas de precipitação e estiagens, além de mapas de precipitação de eventos extremos. Os mapas são comentados sobre a distribuição espacial e a intensidade das precipitações para o planalto e para o Pantanal, de forma comparativa e buscando associar com referências geográficas como rios, regiões do Pantanal, bacias hidrográficas, entre outras. Os mapas semanais fornecem informação atualizada sobre as precipitações na bacia, enquanto os mapas mensais fornecem a precipitação acumulada no mês, como uma síntese mensal. Os mapas por temporadas de precipitação (outubro a março) e estiagens (abril a setembro) são disponibilizados para os últimos quatro anos como uma memória de precipitações passadas e para que os usuários possam fazer comparações das chuvas atuais com temporadas de anos anteriores. Análises de comparações de temporadas de precipitação e de estiagem também são apresentadas. Animações (pequenos vídeos com mapas de 3 em 3 horas) para cada semana do mês corrente e de eventos extremos de precipitação (trombas d’água) ocorridos no ano corrente, permitem ao usuário visualizar a dinâmica espaço-temporal da precipitação em toda a bacia e no caso dos eventos extremos, entender como evoluiu a precipitação para provocar eventos extremos de inundações em cidades e no Pantanal. Para o ano de 2013 foram registrados pela análise dos mapas e por informações da mídia três eventos extremos no mês de abril. Entre os dias 5 e 6 na bacia do rio Miranda, inundando a cidade de Miranda e a região do Pantanal a jusante, no dia 7 na bacia do rio Apa, inundando parte da cidade de Porto Murtinho e áreas de Pantanal e no dia 13 na região da Nhecolândia, no Pantanal entre os rios Taquari Velho e rio Negro, próximo do rio Paraguai, influenciando na inundação da região do Passo do Lontra em conjunto com a inundação vinda da bacia do rio Aquidauana. Com base nesses mapas de precipitação e informações da mídia um alerta de inundação foi publicado no canal de televisão local. Além da intensidade desses eventos em milímetros de precipitação, o seu mês de ocorrência em abril, já no início do período de estiagem, demonstra a variabilidade que pode ocorrer nas temporadas de precipitação e estiagens. À medida que os mapas vão sendo publicados e comentados, novas possibilidades de comentários e análises vão surgindo e vão sendo incorporadas. A possibilidade de interação com os usuários, recebendo o retorno dos mesmos, com criticas, sugestões e até mais informações abre um grande leque de possibilidades de fazer pesquisa de forma transparente e participativa. A disponibilização da precipitação de forma gráfica, com mapas, permite o entendimento rápido e intuitivo, adequado a sua publicação em redes sociais como o Facebook, seguindo uma tendência crescente de disponibilização de informações na Internet. A informação sobre precipitação tradicionalmente é dispobilizada em unidades territoriais político-administrativas para reações e ações de resposta a eventos extremos a partir dos governos a nível nacional, estadual e municipal. Embora a precipitação faça parte do ciclo hidrológico, geralmente essa informação não é disponibilizada tendo como referencia espacial a bacia hidrográfica. Essa abordagem é fundamental para o manejo de bacias hidrográficas, principalmente devido à interdependência planalto – planície (Pantanal) na Bacia Hidrográfica do Alto rio Paraguai.

1 Financiado com recursos do projeto AGROHIDRO, 01.12.01.001.01.04 2 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Corumbá, MS. ([email protected]) 3 Estagiária, estudante de Geografia da UFMS, Campus de Corumbá, MS ([email protected])

Page 113: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

112

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Distribuição e conservação de aves limícolas migrat órias no Pantanal 1

Alessandro Pacheco Nunes 2, Gislaine Disconzi 3, Rudi Ricardo Laps 4, Walfrido Moraes Tomas 5

Resumo: A planície pantaneira é uma importante região de parada e sítio de alimentação para aves limícolas migratórias que utilizam a Rota Amazônia Central/Pantanal. Nesse estudo apresentamos dados bibliográficos e de campo sobre composição, abundância relativa, habitat e status de conservação das espécies de aves aquáticas da ordem Charadriformes ocorrentes no Pantanal. Há grandes lacunas de conhecimento sobre as espécies neárticas que utilizam o Pantanal durante seus deslocamentos pela América do Sul. Registramos a ocorrência de quinze espécies no Pantanal, sendo Pluvialis dominica, Tringa flavipes, Bartramia longicauda e Calidris melanotos as mais abundantes. Algumas espécies se encontram presentes em listas globais de espécies ameaçadas, como o Tryngites subruficollis que é considerada quase ameaçada de extinção e Calidris canutus, que apresenta acentuado declínio populacional na América do Norte. A conservação de habitats como salinas e campos nativos no Pantanal é de extrema importância para que as estratégias de conservação das espécies limícolas migratórias no Hemisfério Ocidental sejam efetivas.

Palavras-chave : aves limícolas migratórias, abundância, salinas, conservação, Pantanal.

Distribution and conservation of migratory shorebir ds in the Pantanal

Abstract: The Pantanal wetland is an important stopover region and feeding site for Nearctic shorebirds that use the Central Amazonia/Pantanal flyway. The study presents literary and field data of composition, abundance, habitat and conservation status of the species of Charadriiformes order. Although are considerable gaps in knowledge about shorebirds in the Pantanal during their pathways across South America. We recorded the occurrence of fifteen species in the Pantanal, and Pluvialis dominica, Tringa flavipes, Calidris melanotos and Bartramia longicauda the most abundant. Some species are present in global lists of endangered species such as the Tryngites subruficollis which is considered near threatened of extinction and Calidris canutus, which shows a marked population decline in North America. The conservation of habitats such as salinas and native grasslands fields in the Pantanal is high importance for the shorebirds conservation strategies on the Western Hemisphere to be effective.

Keywords: Scolopacidae, abundance, salinas, conservation, Pantanal.

Introdução

Planícies de inundação são ecossistemas altamente produtivos devido à grande e rápida ciclagem de nutrientes, comportando assim uma riquíssima biota terrestre e aquática (JUNK, 2002; HARRIS et al., 2005). Nunes e Tomas (2008) relatam a ocorrência de mais de 550 espécies de aves no Pantanal, muitas delas migrantes neárticas e austrais, que o torna esta a planície inundável mais rica em aves. Anualmente milhares de aves de diversas espécies deslocam-se do Hemisfério Norte em direção à Argentina e uma considerável parcela destas utiliza a Rota Amazônia Central/Pantanal e encontram na planície pantaneira extensas áreas de habitats favoráveis à parada de descanso e alimentação (SERRANO, 2010). No entanto, essa rota migratória e as espécies que a utilizam ainda são pouco conhecidas e estudadas. Este estudo apresenta dados de abundância relativa e distribuição das espécies de aves aquáticas migratórias da Ordem Charadriiformes que ocorrem no Pantanal.

1 Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiado por Embrapa Pantanal 2 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 549, 79070-900, Campo Grande, Mato Grosso do Sul ([email protected]) 3 Membro do Conselho de Conservação das Aves Aquáticas para as Américas e coordenadora Nacional do Censo Neotropical de Aves Aquáticas – CNAA/Brasil, Caixa Postal 73.070-055, Brasília, Distrito Federal ([email protected]) 4 Professor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 549, 79070-900, Campo Grande, Mato Grosso do Sul ([email protected]) 5 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, Mato Grosso do Sul ([email protected])

Page 114: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

113

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Material e Métodos

Compilamos os dados de (i) localidades obtidos em Tubelis e Tomas (2003) e Serrano (2010), (ii) abundância obtida em Morrison et al. (2008), Serrano (2010), Cestari (2011) e dados pessoais dos autores entre os anos de 2005 a 2013 através de censos (BIBBY et al., 1992), (iii) tipo de habitat (SERRANO, 2010) e (iv) status de conservação (IUCN, 2013) das espécies de aves limícolas migratórias ocorrentes no Pantanal. Os dados de abundância contidos em Morrison et al. (2008) foram obtidos através de censos aéreos em várias sub-regiões do Pantanal em 1996. Serrano (2011) obteve os dados de abundância através de compilação de dados de censos efetuados por outros pesquisadores atuantes na região. Dados históricos apresentados por Tubelis e Tomas (2003) não foram considerados na abundância das aves. Espécies como Calidris alba, Calidris bairdii, Calidris minutilla e Calidris pusilla não foram considerados nesse estudo pois os registros atribuídos ao Pantanal são incertos, ou seja, a área de distribuição potencial incompatível e/ou os registros não apresentam evidência comprobatória adequada como espécime coletado, foto e/ou vocalização gravada). Numenius borealis encontra-se extinto na natureza e também não foi incluído nesse estudo. Quanto aos habitats consideramos: rios e bancos de areia (ri), campos nativos inundados (ci), campos nativos secos (cs), baías (ba) e salinas (sa). Os dados de localidade das espécies foram utilizados para a confecção de um mapa das áreas inventariadas no Pantanal.

Resultados e Discussão

Verifica-se na Figura 1, que a maioria dos estudos faunísticos no Pantanal foi realizada ao longo dos principais rios e há ainda consideráveis lacunas de conhecimento sobre a avifauna limícola neártica ocorrente neste ecossistema, notadamente nas sub-regiões de Cáceres, Piquiri/São Lourenço, Paraguai, Paiaguás, Nhecolândia e Nabileque. Esta situação possivelmente é resultado da dificuldade de acesso a muitas regiões da planície, principalmente durante a estação chuvosa. Ressaltamos também, que os estudos de longo prazo com aves limícolas no Pantanal são escassos e pontuais, restritos à porção norte (Poconé-MT).

As espécies mais abundantes no estudo foram Pluvialis dominica, Tringa flavipes, Bartramia longicauda e Calidris melanotos (Tabela 1). Por outro lado, espécies como Arenaria interpres, Calidris canutus e Numenius phaeopus tiveram poucos indivíduos registrados no Pantanal. Entretanto, tais abundâncias podem estar subestimadas devido à escassez de estudos. Considerando-se a sub-região da Nhecolândia cuja paisagem apresenta milhares de corpos-d’água incluindo baías e salinas, as quais são habitats com potencial ocorrência para milhares de aves aquáticas de diferentes espécies, a abundância de Tringa flavipes, Calidris fuscicollis e Calidris melanotos pode estar muito subestimada. Espécies como Arenaria interpres, Calidris himantopus e Numenius phaeopus foram registradas recentemente para o Pantanal, fato que evidencia e destaca a planície como grande potencial área de parada para aves limícolas e a necessidade de censos e inventários. Arenaria interpres, Calidris himantopus e Numenius phaeopus utilizam principalmente a Rota Atlântica para invernar na Patagônia e têm a região litorânea do Brasil como principal ponto de parada durante seus deslocamentos. Desta forma, a baixa abundância dessas espécies na planície do Pantanal é esperada. A maioria das espécies limícolas setentrionais frequentemente chega ao Pantanal no começo do ano, de passagem para a Argentina. Há evidências que Calidris canutus também utiliza a Rota Amazônia Central/Pantanal, porém Niles et al. (2010) observaram que indivíduos que passam o inverno na Patagônia cruzam transvesalmente o interior do Brasil, passando direto pela planície pantaneira em direção ao sul e ou ao norte. A maioria das espécies limícolas neárticas frequentemente chega ao Pantanal no começo do ano, de passagem para a Argentina. Outras espécies, no entanto, concentram-se no Pantanal nos meses de outubro-novembro ou setembro-março (SERRANO, 2010; NILES et al., 2010).

Page 115: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

114

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 1. Localidades com ocorrência de aves limícolas neárticas no Pantanal. Imagem: Luiz Alberto Pellegrim (Laboratório de Geoprocessamento, EMBRAPA Pantanal).

Quanto ao uso de habitat, a maioria das espécies ocorre amplamente nos ambientes aquáticos, principalmente em salinas, habitat este que parece o único utilizado por Phalaropus tricolor. Salinas são habitats altamente produtivos e ricos em copépodes e outros macroinvertebrados e, por conseguinte, são fundamentas para a manutenção de populações de aves limícolas migratórias no Pantanal. Intervenções humanas na paisagem como desmatamento das cordilheiras do entorno das salinas e o excesso de gado pode alterar significativamente a concentração de sais devido à entrada de água e sedimentos das inundações, que por sua vez diminuem a qualidade e a produtividade deste habitat para espécies migratórias. Tryngites subruficollis encontra-se na categoria de Quase Ameaçada de extinção (NT) em âmbito global (IUCN, 2013) e as demais espécies na categoria de Menos Preocupante (LC). No entanto, Brown et al. (2000) alertam para o acentuado declínio populacional de Calidris canutus na América do Norte.) Excetuando T. subruficollis, B. longicauda e P. dominica, essas aves limícolas são altamente dependentes de habitats aquáticos intactos, principalmente salinas. Pelo menos duas espécies ocorrem estritamente em campos: Bartramia longicauda e Tryngites subruficollis. Embora B. longicauda ocorra também em campos cultivados, T. subruficollis por outro lado, ocorre exclusivamente em campos nativos de capim baixo (ISACH e CARDONI, 2011). A substituição de pastagens nativas por gramíneas exóticas pode comprometer seriamente os sítios de invernada dessa espécie no Pantanal, devido à alteração na estrutura do habitat.

Page 116: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

115

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 1. Espécies de aves limícolas ocorrentes no Pantanal e respectivas abundâncias. Habitat: campos inundados (ci), campos secos (cs), baía (ba), salina (sa), rios e praias de areia (ri). Status: quase ameaçada (NT), pouco preocupante (LC).

Espécies Localidades/Períodos/Abundâncias Habitat Status

Pluvialis dominica Nhecolândia e rio Negro/1996 (580)A, rio Cuiabá/1996 (3)A, Porto Quebracho (3)B, Fazenda Campinas/1996 (31)B, Fazenda Aliança/1996 (216)B, Fazenda Cocais/1996 (147)B, Fazenda Firme/1996 (15)B, Fazenda Alegria/2013 (1)D

cs, ri LC

Limosa haemastica centro-sul/1996 (9)A, Fazenda Aliança/1996 (7)B, Fazenda Campo Dora/1996 (2)B, Curva do Leque/1996 (1)B, Fazenda Barranco Alto/2012 (2)D, Fazenda São Bento/2012 (3)D

sa, ri LC

Bartramia longicauda

Nhecolândia/1996 (123)A, rio Negro/1996 (79)A, Porto Quebracho (1)B, Fazenda Campinas/1996 (1)B, Fazenda Aliança/1996 (5)B, Fazenda São Vicente/1996 (1)B, Fazenda Cocais/1996 (3)B, Curva do Leque/1996 (21)B, Fazenda Firme/1996 (65)B, Fazenda Nhumirim/2013 (60)D, Fazenda Alegria/2007 (45)D

cs LC

Actitis macularius Pantanal/1996 (15)A, Fazenda Nhumirim/2005 (38)D, Fazenda São Bento/2012 (8)D

sa, ri LC

Tringa melanoleuca Fazenda Campinas/1996 (126)B, Porto da Manga/1996 (13)B ci, ba, sa, ri

LC

Tringa flavipes Fazenda Firme/1996 (461)B, Fazenda Rio Negro/2005 (19)C, Fazenda Nhumirim/2013 (80)D, Fazenda Alegria/2013 (56)D, Fazenda Barranco Alto/2012 (~250)D, Serra do Amolar/2013 (22)D, Base de Estudos do Pantanal/2013 (3)D

ci, ba, sa, ri

LC

Tringa solitaria rio Piquiri/1996 (2)A, Fazenda Nhumirim/2013 (21)D, Fazenda Alegria/2013 (12)D, Fazenda Santo Expedito/2013 (17)D, Estrada-Parque Sul/2013 (5)D, Base de Estudos do Pantanal/2013 (3)D, Fazenda Barranco Alto/2012 (6)D

ci, ba, sa, ri

LC

Arenaria interpres rio Negro/1996 (2)A sa, ri LC

Calidris canutus Fazenda Campinas/1996 (1)B, Fazenda São Vicente/1996 (5)B, ba, sa, ri

LC

Calidris fuscicollis Fazenda Nhumirim/2013 (55)D, Fazenda Alegria/2012 (32)D, Fazenda Novos Dourados/2013 (12)D

ba, sa, ri

LC

Calidris melanotos rio Negro e Nhecolândia/1996 (720)A, Fazenda Campinas/1996 (30)B, Fazenda Aliança/1996 (216)B, Fazenda São Vicente/1996 (1)B, Fazenda Firme/1996 (121)B, Porto da Manga/1996 (9)B, Fazenda Barranco Alto/2012 (17)D

ba, sa, ri

LC

Calidris himantopus Fazenda Campinas/1996 (1)B, Fazenda Aliança/1996 (74)B, Fazenda São Vicente/1996 (1)B, Fazenda Barranco Alto/2012 (2)D

ba, sa, ri

LC

Tryngites subruficollis

Fazenda Campinas/1996 (1)B, Fazenda Aliança/1996 (74)B, Fazenda São Vicente/1996 (1)B

cs NT

Numenius phaeopus

Nhecolândia/1996 (29)A sa, ri LC

Phalaropus tricolor Fazenda Nhumirim/2007 (90)D sa LC

Fonte: A Morrison et al. (2008), B Serrano (2010), C Cestari (2011), D (dados dos autores).

Page 117: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

116

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Conclusões

O Pantanal pode ser considerado área de parada com importância nacional para várias espécies de aves limícolas neárticas que utilizam a Rota Amazônia Central/Pantanal para invernar ao sul da Argentina. Novos registros têm sido feitos recentemente, aumentando assim a diversidade de espécies limícolas que utilizam o Pantanal como ponto de parada. Tal fato ressalta o grande potencial da região como ponto de parada e descanso para aves limícolas no Brasil e a necessidade dos estudos de longa duração envolvendo censos, captura com anilhamento e marcação com uso de geolocalizadores para melhor compreender como e quais espécies utilizam essa rota migratória no continente Sul Americano. De igual importância se faz necessária à elaboração de estudos para avaliar o estado sanitário dos migrantes que chegam anualmente ao Pantanal, uma vez que podem estar introduzindo importantes zoonoses no Brasil. O manejo das paisagens no Pantanal deve levar em consideração a especificidade e dependência das aves aquáticas migratórias em relação aos habitats aquáticos (principalmente salinas e campos de pastagens nativas). A conservação desses habitats na planície do Pantanal é de relevante importância para que as estratégias de conservação das espécies limícolas no continente americano sejam efetivas.

Agradecimentos

A Embrapa Pantanal forneceu apoio logístico e financeiro (Projetos SEG 02.07.50.003-02 e SEG 02.10.06.007.00.03); o Ministério de Ciência e Tecnologia-MCT e Centro de Pesquisa do Pantanal-CPP forneceram parte dos recursos financeiros (Projeto 2004/CPP/0008); a CAPES concedeu bolsa de pós-graduação a A.P. Nunes (processo no. 1028330); os proprietários das fazendas Alegria (Dr. Heitor Herrera) e Santo Expedito (Sr. Alfredo Marques Machado) permitiram a condução dos trabalhos de campo em suas propriedades.

Referências

BIBBY, C. J.; BURGESS, N. D.; HILL, D. A. Bird census techniques. London: Academic Press. 1992. 257p.

BROWN, S.; HICKEY, C.; GILL, B.; GORMAN, L.; GRATTO-TREVOR, C.; HAIG, S.; HARRINGTON, B.; HUNTER, C.; MORRISON, G.; PAGE, G.; SANZENBACHER, P.; SKAGEN, S.; WARNOCK, N. National shorebird conservation assessment: shorebird conservation sta tus, conservation units, population estimates, population targets, and species prioritization. Massachusetts: Manomet Center for Conservation, Manomet Sciences, 2000. 54p.

CESTARI, C. Fazenda Rio Negro, Pantanal. p. 205-209. In: VALENTE, R. M.; SILVA, J. M. C.; STRAUBE, F. C.; NASCIMENTO, J. L. X. (Ed.). Conservação de aves migratórias neárticas no Brasi l. Belém: Conservação Internacional, 2011. 400p.

HARRIS, M. B.; TOMAS, W. M.; MOURÃO, G.; SILVA, G. J.; GUIMARÃES, E.; SONODA, F.; FACCHINI, E. Challenges to safeguard the Pantanal wetlands, Brazil: threats and conservation initiatives. Conservation Biology, vol. 19, p. 714-720, 2005.

ISACCH, J. P.; CARDONI, D. C. Different grazing strategies are necessary to conserve endangered grassland birds in short and tall salty grassland of the flooding pampas. Condor, vol. 113, n. 4, p. 724-734, 2011.

IUCN – International Union for Conservation of Nature. The IUCN Red List of Threatened Species. Red List 2013. Disponível em: <http://www.iucnredlist.org>. Acesso em: 28 set. 2013.

JUNK, W. J. Long-term environmental trends and the future of tropical wetlands. Environmental Conservation, vol. 4, n. 4, p. 414-435, 2002.

MORRISON, R. I. G.; SERRANO, I. L.; ANTAS, P. T.; ROSS, R. K. Aves migratórias no Pantanal: distribuição de aves limícolas neárticas e outras espécies aquát icas no Pantanal . Brasília: WWF-Brasil, 2008. 99p.

NILES, L. J.; BURGER, J.; PORTER, R. R.; DEY, A. D.; MINTON, C. D. T.; GONZALEZ, P. M.; BAKER, A. J.; FOX, J. W.; GORDON, C. First results using light level geolocators to track Red Knots in the Western Hemisphere show rapid and long intercontinental flights and new details of migration pathways. Wader Study Group Bulletin, vol. 117, n. 2, p. 123-130, 2010.

NUNES, A. P.; TOMAS, W. M. Aves migratórias e nômades ocorrentes no Pantanal. Corumbá: EMBRAPA-CPAP, 2008. 124p.

SERRANO, I. L. Distribuição e conservação de aves migratórias neár ticas da Ordem Charadriiformes (Famílias Charadriidae e Scolopacidae) no Brasil. (Doutorado em Zoologia) - Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade Federal do Pará, Belém, 2010. 373p.

TUBELIS, D. P.; TOMAS, W. M. Bird species of the wetland, Brazil. Ararajuba, vol. 11, n. 1, p. 5-37, 2003.

Page 118: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

117

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Distribuição espacial e temporal dos focos de calor de 1999 a 2012

Balbina Maria Araujo Soriano 1, Luis Alberto Pellegrin 1, Fábio Santos Coelho Catarineli³, Alexandre de Matos Martins Pereira 4

No Pantanal, o manejo das pastagens naturais é complexo e dinâmico, em razão da grande diversidade de fitofisionomias, que variam espacialmente e temporalmente, principalmente em função das condições climáticas. Muitas dessas fitofisionomias são propensas a incêndios que podem ocorrer acidentalmente ou provocados por práticas de manejo inadequadas de queimas em pastagem. Desde 2000, a Embrapa Pantanal tem um programa de monitoramento das variáveis meteorológicas e das ocorrências de focos de calor (FC) no Pantanal Mato-Grossense, onde pode ser observado que dependendo da variação do clima entre anos, ocorre maior ou menor número de eventos, modificando a paisagem local. Este trabalho teve como objetivo apresentar a distribuição espacial e temporal do número de focos de calor no período de 1999 a 2012, nas sub-regiões do Pantanal Mato-grossense. Os dados de FC são detectados pelo satélite AQUA no período da tarde e disponibilizados pela Divisão de Processamento de Imagens/INPE para toda a América Latina no formato de tabela, com coordenadas, que pode ser convertida em um mapa de pontos, georreferenciado, ou no formato de mapa shapefile. Após aquisição, os dados foram recortados dentro do limite do Pantanal no Laboratório de Geoprocessamento da Embrapa Pantanal e assim quantificados para cada ano e sub-região do Pantanal. Com a análise dos FC foi possível observar que entre 1999 a 2012, a maior incidência de FC foi em 2002 com um total de 9.289 FC e a menor em 2006 com 913. Em 2002, a sub-região que apresentou maior número de FC foi Nabileque com um total de 2.522, seguida das sub-regiões do Paiaguás (1.144), Nhecolândia (1.095), Miranda (893) e Paraguai (870). A distribuição mensal apresentou uma forte tendência de aumento dos focos a partir de maio e prolongando-se até novembro, atingindo seu pico em agosto, setembro e outubro, período este marcado pela diminuição das chuvas na região. A distribuição espacial dos FC, no período de 1999 a 2012, teve sua concentração na parte oeste/sudoeste do Pantanal, principalmente nas sub-regiões do Nabileque e Paraguai. O monitoramento de FC por satélite é uma ferramenta importante e eficaz para o controle de focos no Pantanal, dando subsídios ao Comitê de Risco de Incêndio na elaboração do Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais no Município de Corumbá e Ladário.

1Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS, 79320-900 ([email protected]) 2Analista Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS, 79320-900 ([email protected]) 3Major do Corpo de Bombeiros de Corumbá, Corumbá, MS, 79303-720 ([email protected]) 4Ecólogo, Analista Ambiental do IBAMA/MS, Campo Grande, MS 79020-906 ([email protected])

Page 119: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

118

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Diversidade funcional de besouros rola-bosta (Cole optera: Scarabaeinae) em um gradiente de paratudo ( Tabebuia aurea ) no Pantanal Sul

Marcelo Bruno Pessôa 1, Tatiana Souza do Amaral 2, Fernando Zagury Vaz de Mello 3

Resumo : As pressões antrópicas geram perda de espécies e estudar a relação da riqueza com a diversidade funcional se tornou uma ferramenta crucial para entender o efeito da extinção de espécies na funcionalidade do ecossistema. Deste modo, procurou-se neste estudo observar a composição e a diversidade funcional da comunidade de rola-bosta em uma monoformação de Tabebuia aurea (paratudal). Foram utilizadas 15 armadilhas dispostas num gradiente de densidade arbórea e analisou-se a diversidade funcional através dos atributos funcionais das espécies coletadas. Foram coletados 385 besouros, distribuídos em 18 espécies. A comunidade apresentou uma substituição de espécies ao longo do gradiente. Os índices mostraram um alto grau de diferenciação de nicho na comunidade de rola-bosta, entretanto partes do nicho espacial são subutilizados e alguns dos recurso disponíveis podem não estar sendo utilizados.

Palavras chave : Guildas, gradiente de habitat, riqueza funcional, divergência funcional, equitabilidade funcional

Functional diversity of dung Beetles (Coleoptera: S carabaeinae) in a “paratudo” ( Tabebuia aurea)

gradient in South Pantanal

Abstract : The human pressures generate loss of species and study the relationship between richness and functional diversity has become a crucial tool to understand the effect of species extinction in the ecosystem functionality. Thus, this study aimed to observe the composition and functional diversity of the community of dung beetles in a monoformation of Tabebuia aurea (paratudal). We used 15 traps arranged in a tree density gradient and analyzed the functional diversity through the functional attributes of the species collected. 385 beetles were collected, distributed in 18 species. The community had a substitution of species along the gradient. Both indices showed a high degree of niche differentiation in the community of dung beetles, however parts of the niche space is underutilized and some of the resources available may not being used.

Keywords : Guilds, habitat gradient, functional richness, functional divergence, functional equitability

Introdução

O Pantanal é um bioma caracterizado por seus ciclos de inundação, e atualmente encontra-se ameaçado por várias atividades humanas, entre as quais o desmatamento e a pecuária. Estas pressões tornam cada vez mais importantes o conhecimento sobre a diversidade no bioma. Junk et al. (2006) evidenciam a necessidade de se estudar a diversidade com um foco mais funcional, analisando também os serviços ecológicos que o bioma desempenha. Como as pressões antrópicas geram perda de espécies, é importante estudar a relação da riqueza com a diversidade funcional, para entender o efeito da extinção de espécies na funcionalidade do ecossistema. Essa relação é positiva, mas nem sempre linear visto que algumas espécies possuem funções equivalentes (redundância funcional). Fonseca e Ganade (2001) demonstraram que ambientes com maior redundância funcional possuem uma estabilidade maior a extinções aleatórias.

Os besouros da sub-família Scarabaeinae (Coleoptera) são popularmente conhecidos como rola- bostas por se alimentarem de fezes e outros materiais em decomposição, como carcaças e frutas podres. Estes besouros provêm vários serviços ecológicos e respondem rapidamente a mudanças ambientais. Os rola-bostas se dividem principalmente em três grupos funcionais: roladores (telecoprídeos), cavadores (paracoprídeos) e residentes (endocoprídeos).

Sabe-se que ambientes em mosaico geram respostas diferentes de populações e ambientes alterados (plantações, criação de gado e outras atividades humanas) geram distúrbios que alteram a diversidade funcional de rola-bostas. Por isso torna-se importante o conhecimento das respostas da comunidade de besouros em ambientes como o Pantanal, paisagem em mosaico com distúrbios naturais e anuais devido aos ciclos de inundação. Logo, este estudo procurou analisar a composição e a diversidade funcional da comunidade de rola-bosta em gradiente de densidades em um paratudal, na região do Pantanal do Miranda, Mato Grosso do Sul. 1 Bolsista DTI-CNPQ, Embrapa Pantanal, Projeto Biota MS, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ( [email protected]) 2 Técnica de Laboratório, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Corumbá, MS ( [email protected]) 3 Departamento de Biologia e Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT ([email protected])

Page 120: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

119

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Material e métodos

O estudo foi realizado na sub-região do Miranda, em uma área próximo a Base de Estudos do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (BEP-UFMS). A paisagem regional é formada por campos inundáveis, matas ciliares, manchas de vegetação (capões e cordilheiras) e formações monotípicas, com predomínio de algumas espécies, entre elas o paratudal, uma formação monotípica deTabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore. Neste tipo de formação é comum encontrar áreas com diferentes densidades de árvores, formando algumas manchas com densidade alta e baixa, entre as manchas de campos savânicos.

O estudo foi realizado entre os dias 2 e 4 de outubro, final da estação seca da área de estudo. Foram utilizadas 15 armadilhas “pitfall” com isca de fezes humanas espaçadas 50m entre si, dispostas ao longo de um gradiente de densidade no Paratudal, permanecendo em campo por 48 horas. O gradiente de densidade de árvores foi inferido como a influência da cobertura vegetal, medida através da intensidade luminosa (lux) obtida entre as 8h e 9h da manhã em cada ponto. Para analisar funcionalmente a comunidade foram obtidos os seguintes traços dos indivíduos: tamanho (mm), período de atividade (diurno e noturno), realocação de recurso (paracoprídeo, telecoprídeo e endocoprídeo). Foram calculadas as seguintes estimativas de diversidade funcional para cada amostra no gradiente de densidade de T. aurea: riqueza funcional (FRic), equidade funcional (FEve), divergência funcional (FDiv) e o índice de Rao (Q). Os besouros coletados foram depositados na coleção entomologia da UFMT.

Para verificar a influência da densidade arbórea na distribuição das espécies encontradas foi feita uma ordenação direta da abundância relativa das espécies em função da intensidade luminosa dos pontos amostrados. Para analisar a influência do gradiente sobre a diversidade funcional da comunidade de scarabaeideos do paratudal foram feitas análises de regressão linear para cada índice calculado. Os índices não puderam ser calculados para o ponto 3 (P3), pois a riqueza funcional não pode ser calculada para comunidades com menos de três espécies funcionalmente singulares, que ocorreu no P3. As análises foram realizadas utilizando pacote “FD” e pacote “Vegan” disponível na versão 2.14.1 do programa R (2011).

Resultados e Discussão

Foram coletados 385 besouros, pertencentes a 18 espécies. As espécies mais abundantes foram Canthidium barbacenicum (PREUDHOMME de BORRE, 1886), Canthon aff. marmoratus (PEREIRA e MARTINEZ, 1956) e Ontherus sulcator (Fabricius, 1775), que juntas totalizaram 60% dos indivíduos coletados. A comunidade apresentou uma tendência de substituição de espécies conforme aumenta a densidade das árvores (Figura 1).

A riqueza funcional e o índice de RAO das amostras apresentaram valores baixos demonstrando um pequeno espaço funcional e uma alta redundância funcional entre as espécies. Em contraste, a equitabilidade e a divergência funcional apresentaram valores mais elevados demonstrando que a exploração do recurso ocorre de maneira satisfatória e com baixa competição (Tabela 1). Ao analisar o efeito do gradiente a riqueza funcional, a equitabilidade funcional e a divergência funcional não apresentaram respostas ao aumento da densidade de árvores (p=0,25; r²= 0,11; p=0,52; r²=0,03; p=0,23; r²=0,11). O índice de RAO aumentou com a diminuição da densidade arbórea (p=0,003; r²=0,51).

As espécies que ocorrem no Pantanal possuem ampla distribuição geográfica, são resistente e oportunistas, devido aos ciclos de cheia e seca (LOUZADA et al., 2007). A substituição de espécies através do gradiente observada no presente estudo demonstra que as espécies de besouros respondem a alterações mesmo que pequenas, evidenciando a relação dos mesmos a nichos específicos.

A baixa riqueza funcional no gradiente estudado pode sugerir que existe um aumento na equivalência funcional dos ambientes devido às espécies presentes serem em sua maioria generalistas e que a sazonalidade do Pantanal restringe o número de espécies que possam se estabelecer no ambiente. Isto corrobora com a proposta de Escobar et al. (2007), de que a resposta a impactos pode possuir um efeito diferencial dependendo das características biogeográficas e ecológicas da comunidade de escarabeídeos que habitam a região.

Page 121: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

120

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 1 . Ordenação direta das espécies coletadas no gradiente de densidade de Tabebuia aurea, em uma região de mono formação desta espécie no Pantanal do Miranda, Corumbá, Mato Grosso do Sul.

A similaridade na equitabilidade funcional sugere que esta família de besouros explora de maneira eficaz os recursos independentes do ambiente, provavelmente devido à alta diferenciação de nicho demonstrada pela divergência funcional, semelhante em todo o gradiente.

O índice de RAO ao diminuir com o gradiente demonstra que a redundância funcional aumenta, ou seja, que o ambiente com menor flutuação climática, logo, maior estabilidade, apresenta um número maior de espécies coexistindo no mesmo nicho funcional. Porém, diferente do observado por Barragán et al. (2011), no campo houve redundância funcional de algumas espécies, assim como nos habitats com árvores. Esse fato pode ser relacionado aos distúrbios causado pela inundação, uma vez que devido aos mesmos, apenas espécies generalistas e oportunistas se estabelecem no ambiente. É importante salientar que em ambientes tropicais foi observada a complementaridade, e, ou facilitação entre os grupos funcionais de rola bostas (SLADE et al., 2007).

Page 122: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

121

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 1. Valores dos índices de diversidade funcional e lux obtidos em amostras em diferentes gradientes de densidade em um paratudal, Pantanal, sub-região do Miranda, Corumbá, Mato Grosso do Sul, onde: Fric= riqueza funcional, Feve= equidade funcional, Fdiv= divergência funcional e Q= índice de RAO.

Amostra

Fric Feve Fdiv Frao Lux

P1 0,030614054 0,5523921 0,8689755 0,18863363 3000 P2 0,023546243 0,6876494 0,9396788 0,2066725 3000

P3 - - - - 3000

P4 0,023159243 0,8202952 0,8893041 0,2082885 3000

P5 0,030308186 0,7006291 0,8732731 0,18695367 3000

P6 0,003857224 0,4237513 0,6893627 0,13956426 1479

P7 0,000212044 0,7805909 0,9722305 0,1739163 9 1499

P8 0,000153765 0,6143402 0,9670693 0,14432998 1483

P9 0,010598051 0,4292794 0,9800578 0,12391962 1487

P10 2,53864E-05 0,7049284 0,7994336 0,0314822 772

P11 0,068255569 0,5674447 0,8519802 0,15415435 652

P12 0,067822953 0,7049061 0,6794819 0,07639316 331

P13 0,066553925 0,6806058 0,9046375 0,163602 1210

P14 0,03758916 0,4728915 0,8847506 0,17188228 855

P15 0,058186681 0,7131797 0,873611 0,13249965 702

Conclusão

É possível que a comunidade de besouros rola-bosta ainda apresente os efeitos causados pela inundação na área de estudo, uma vez que a comunidade é representada por espécies generalistas e oportunistas, o que se espera em ambiente com distúrbios frequentes, onde espécies resistentes e com alta capacidade de dispersão e colonização se estabeleçam. A colonização deste ambiente por estas espécies pode ser a razão da alta redundância funcional encontrada nos diferentes gradientes de densidade arbórea.

Referências

BARRAGÁN F.; MORENO C. E.; ESCOBAR F.; HALFFTER G.; NAVARRETE D. Negative Impacts of human land use on dung beetle functional diversity. PLoS ONE , v. 6, p.1-8, 2011.

ESCOBAR, F.; HALFFTER, G.; ARELLANO, L. From forest to pasture: an evaluation of the influence of environmental and biogeography on the structure of dung beetle (Scarabaeinae) assemblages along three altitudinal gradients in the Neotropical region. Ecography, v. 30p. 193–208, 2007.

FONSECA, C.R.; GANADE, G. Species functional redundancy, random extinctions and the stability of ecosystems. Journal of Ecology , v. 89, p.118–125, 2001.

JUNK W. J.; NUNES-DA-CUNHA C.; WANTZEN K. M.; PETERMANN P.; STRÜSSMANN C.; MARQUES M. I.; ADIS J.. Biodiversity and its conservation in the Pantanal of Mato Grosso, Brazil. Aquatic Sciences v. 68, p. 278-309, 2006

LOUZADA J. N. C.; LOPES F. S.; VAZ-DE-MELLO F. Z. Structure and composition of a dung beetle community (Coleoptera, Scarabaeinae) in a small Forest patch from Brazilian Pantanal. Revista Brasileira de Zoociências, v. 9, p. 199-203, 2007.

SLADE, E.M.; MANN, D.J.; VILLANUEVA, J.F.; LEWIS, O.T. Experimental evidence for the effects of dung beetle functional group richness and composition on ecosystem function in a tropical forest. Journal of Animal Ecology , v. 76, p. 1094-104, 2007.

Page 123: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

122

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Efeito da suplementação em “creep-feeding” sobre o desempenho de bezerros em pastagens nativas no Pantanal 1

Ériklis Nogueira 2, Luiz Orcirio Fialho de Oliveira 2, Urbano Gomes Pinto de Abreu 2, Hildeberto Petzold 3, Dayanna Schiavi Nascimento Batista 4, Egleu Diomedes Marinho Mendes 4

Com objetivo de avaliar o efeito da suplementação em “creep-feeding” sobre o peso a desmama precoce e aos 8 meses (idade da desmama convencional no Pantanal) de bezerros Nelore e Tabapuã machos. Estabeleceu-se um experimento em campos de pastagens nativas com 156 vacas e suas crias, onde o grupo T1- bezerros submetidos à suplementação com ração Via Lac® (“Creep”) do nascimento até a desmama precoce aos 110 dias de idade e T2- sem suplementação (Controle) até a desmama precoce. As quantidades do suplemento e das sobras foram medidas diariamente. Os lotes foram formados considerando-se a data de parto, e a idade das vacas, sendo os lotes rotacionadas e avaliadas em intervalos de 28 dias. As vacas tiveram seus bezerros desmamados precocemente aos 110 dias de idade e foram submetidas a IATF e posteriormente cobertas com touros avaliados andrologicamente em uma estação de monta de 120 dias. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, sendo os resultados comparados pelo teste Tukey a 5% pelo modelo linear do procedimento GLIMMIX do programa SAS versão 9.12. A composição química da dieta foi de 5.5% de proteína bruta (PB), 0.5% de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), 68.9% de fibra em detergente neutro (FDN), 35.7% de fibra em detergente ácido (FDA). O suplemento oferecido aos bezerros apresentou 18.5% de PB, 69.0% de NDT, 20.4% de FDN e 12.0% de FDA, sendo seu consumo de 105,7 g por animal por dia, considerado abaixo do esperado para o período, o que justifica a necessidade de produtos com alta palatabilidade nessas condições. Os animais suplementados chegaram ao final do período com peso médio de 117,87 kg, superiores (p<0,05) ao dos animais não suplementados com 106,3 kg. Já aos 8 meses, os animais do grupo suplementado apresentaram peso de 17,85 ± 3,90 kg que não diferiu do grupo controle (173,88 ± 1,91 kg). As taxas de prenhez de IATF foram de 38,5% e 41,5%, e de 97,4 e 91,5% de prenhez ao final da EM para os tratamentos “Creep” e Controle, respectivamente, não apresentando diferenças entre os tratamentos. Tais índices de prenhez são elevados frente aos encontrados nas fazendas Pantaneiras, o que pode contribuir na elevação da taxa de desfrute dos rebanhos deste Bioma. A suplementação em “creep-feeding” de bezerros no Pantanal promoveu aumento do ganho de peso até a desmama precoce, porém essa diferença não foi observada no período da desmama convencional, provavelmente devido ao ganho compensatório dos animais não suplementados.

1 Estudo financiado pela EMBRAPA e In Vivo-NSA, com apoio da Fazenda São Bento do Abobral – Grupo Real. Nossos agradecimentos aos parceiros. 2 Pesquisadores da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]; [email protected]; [email protected]) 3 Assistente da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS (hildeberto.petzold) 4 Analistas da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected], egleu.mendes@embrapa)

Page 124: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

123

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Efeito das condições climáticas na viabilidade de e mbriões produzidos in vivo na raça Girolando na região do alto Pantanal 1

André Luiz Leão Fialho 2, Mirela Brochado de Souza 3, Jair Sábio de Oliveira Junior 4, Fabiana de Andrade Melo Sterza 5, Christopher Junior Tavares Cardoso 6, Jonathan Vinícius dos Santos 7

O objetivo desse estudo foi comparar o ITU (Índice de Temperatura e Umidade) com a viabilidade dos embriões coletados de fêmeas Girolando na região do alto Pantanal, onde o clima sofre uma grande variação diária de temperatura e umidade. Para o experimento foram utilizadas vacas da raça Girolando (n=3) denominadas doadoras, não gestantes e cíclicas, identificadas como A, B e C, as quais foram submetidas a 4 programas de Múltipla Ovulação e Transferência de Embriões (MOET) entre os meses setembro de 2012 e abril de 2013. A colheita dos embriões foi realizada sete dias depois da inseminação artificial, e a classificação dos embriões foi feita segundo padrões da International Embryo Transfer Society (IETS). Os valores de ITU foram definidos como brando (72 a 78), moderado (79 a 88) e severo (89 a 98), sendo os mesmos relacionados com maior ou menor conforto térmico. Há relatos de que animais dessa raça são considerados mais sensíveis, apresentando uma temperatura de desconforto térmico acima de 26°C, v alor este facilmente superado durante os dias de calor na região. As variáveis avaliadas foram a média de embriões produzidos por animal por coleta, e a média de ITU máximo e mínimo entre as coletas. A estatística foi realizada no programa ASSISTAT, onde foi realizado uma análise de variância ANOVA seguido de um teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Foi observada grande variação da ITU diária (78,08 x 66,73; p<0,05), confirmando a necessidade de se considerar os valores máximos e mínimos do dia e não a média diária, pois pode mascarar o período de estresse sofrido pelo animal. Não foi observada diferença das ITUs entre as coletas, cuja média foi 72,4 (estresse brando). Da mesma forma não foi observada diferença estatística da produção de embriões entre as fêmeas nas diferentes coletas. Conclui-se que o estresse moderado nas horas mais quentes do dia não foi suficiente para influenciar negativamente a produção de embriões de fêmeas da raça Girolando

1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiado por CNPq e Fundect. 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 3 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 4 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79000-900, Aquidauana, MS ([email protected]) 5 Professor do Curso de Pós-graduação em Zootecnia da Unidade de Aquidauana, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 6 Acadêmico do Curso de Zootecnia e bolsista, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 7 Acadêmico do Curso de Zootecnia e bolsista, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])

Page 125: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

124

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Efeito de área e densidade de árvores sobre a proba bilidade de ocupação de manchas florestais no Pantanal por corujas pretas ( Strix huhula )

Walfrido Moraes Tomas 1, Gabriel Oliveira de Freitas 2, Guellity Marcel Fonseca Pereira 3

Resumo: A fragmentação e a degradação de habitats estão entre os principais problemas para a conservação da biodiversidade. No Pantanal, muitas vezes considerado o ecossistema mais preservado do Brasil, a criação de gado bovino há mais de dois séculos na região se baseia em práticas de manejo da vegetação utilizadas de formas diversas, em especial o uso do fogo. Entretanto, os efeitos de distúrbios crônicos sobre a estrutura de habitats e seus efeitos sobre as espécies não tem sido estudados. Nós utilizamos a modelagem de ocupação para avaliar os efeitos da estrutura de habitats forestais sobre a coruja preta, com base em amostragem em 36 pontos localizados na porção oeste da Nhecolândia, Pantanal, Corumbá, MS, entre fevereiro e junho de 2013. O melhor modelo de probabilidade de ocupação inclui tanto a área das manchas florestais qunanto a densidade de árevores maiorres que 50 cm de circunferencia á altura do peito. Os resultados indicam que distúrbios crônicos podem estar afetando a estrutura de habitats, por interferencia na dinamica da vegetação, e consequentemente afetando espécies da fauna associadas à habitats florestais, como a coruja preta.

Palavras-chave : Pantanal, Strix huhula, florestas, densidade de árvores, área, ocupação.

Effect of area and tree density on the occupancy of forest patches in the Pantanal wetland by the blac k-stripped owl ( Strix huhula )

Abstract: Habitat fragmentation and degradation are among the main problems for biodiversity conservation. In the Pantanal wetland, often considered the most conserved eco-region in Brazil, cattle ranching present for more than two centuries is based on several vegetation management practices, especially the use of fire. However, the effect of chronic disturbances on the forest vegetation structure has not been studied. We used the occupancy modeling approach to evaluate the effects of habitat structure on the black-stripped owl, based on 36 sample sites at the western portion of the Nhecolândia region, Pantanal, Corumbá, MS, from February to June, 2013. The best occupancy model includes both the area of forest patches and the density of trees larger than 50 cm of circumference at the breast height. The results indicate that chronic disturbance be affecting the structure of forest habitats bye interference on the vegetation dynamics, and consequently affecting wildlife species associated to these type of habitats, such as the black-stripped owl.

Keywords: Pantanal, Strix huhula, forests, tree density, area, occupancy.

Introdução

A fragmentação e a degradação de habitats estão entre os principais fatores afetando a biodiversidade (CAUGHLEY E GUNN,1996; PRIMACK, 1999; FAHRIG 2003). Espécies generalistas tendem a ser menos afetadas por estes fatores, enquanto espécies mais especializadas, bem como espécies que se caracterizam como topo de cadeia alimentar, tendem a ser fafetadas de forma negativa (Harrison & Bruna, 1999). Desta forma, a conservação da biodiversidade tem se dedicado bastante a estudar as causas, os efeitos e as soluções para os efeitos negativos da fragmentação e degradação de habitats, entre outros aspectos que podem afetar a diversidade biológica e espécies ameaçadas de extinção (, 1996; FAHRIG, 2003; KUUSSAARI et al., 2009)

O Pantanal, apesar do avanço da substituição da vegetação nativa por áreas de pastagens cultivadas, ainda é considerado como “o Bioma mais conservado do Brasil”. Entretanto, esta afirmação se baseia apenas em mapeamentos de alterações na paisagem, através de imagens de satélite, desconsiderando, portanto, outras formas de degração do estado de conservação de ecossistemas (poluição, degradação dos habitats, assoreamentos, alterações hidrológicas, introdução de espécies exóticas, entre outros). Ainda pouco se conhece sobre a conjunção destes fatores, abordados em escalas diferentes, entre eles os efeitos da interação entre fragmentação e degradação das condições ambientais. Por outro lado, dada a paisagem complexa do Pantanal, a

1 Pesquisador, Laboratório de Vida Selvagem, Embrapa Pantanal, R. 21 de Setembro 1880, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Bolsista Embrapa Pantanal/ Universidade do Vale do Paraíba – Rua Helena David neme n*148 apto 21, são Dimas, São José dos Campos, SP ([email protected]) 3 Formando em Biologia, Universidade Católica Dom Bosco. Av. Nelson Lírio - 1897, Centro, 79180-000, Ribas do Rio Pardo ([email protected])

Page 126: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

125

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

distribuição em manchas de determinados tipos de habitat é um padrão característico da região, oferecendo excelente oportunidade para estudos em ecologia de paisagem e sua relação com a biodiversidade.

Em face da presença do gado bovino há mais de dois séculos na região, práticas de manejo da vegetação em sido utilizados de formas diversas, em especial o uso do fogo. Some-se ao efeito das queimadas os impactos potenciais do pisoteio e pastoreio pelo gado, além de eventuais retiradas de madeira para uso local, ao longo de décadas, torna-se sugestivo o uso do conceito de distúrbio crônico afetando a qualidade de habitats na planície inundável. Por outro lado, avaliação destes efeitos sobre a biodiversidade pode ser extremanente complicada e custosa. Uma possível abordagem é utilizar espécies indicadoras em estudos desta natureza.

O objetivo deste trabalho foi utilizar a coruja preta como espécie indicadora para avaliar os efeitos da degradação de habitats florestais no Pantanal, bem como as respostas da espécie à variação no tamanho das manchas deste tipo de habitat. A coruja preta (Strix huhula) é uma ave noturna e florestal, considerada rara e uma espécie “fantasma”, ou seja, dificilmente avistada (Sick, 1997). È uma das espécies menos conhecidas de corujas Neotropicais (Holt et al. 1999). A espécie se alimenta de pequenos mamíferos, aves, morcegos e insetos de grande porte, sendo considerada uma ave especializada para a vida no dossel de florestas densas (Sick 1997). Registros da espécie são raros no Pantanal (Tubelis & Tomas, 2003; Vasconcelos et al., 2008). Assim, buscamos analisar como os efeitos da variação no tamanho e na densidade de árvores afeta a ocupação destes habitats por esta espécie, bem como identificar os parâmetros passíveis de orientar tomadas de decisão

Material e Métodos

Trinta e seis pontos de amostragem foram definidos aleatoriamente, em habitats florestais na região sudoeste da Nhecolândia, Panatnal, em Corumbá, MS. Estes pontos estavam distanciados uns dos outros por pelo menos 1 km, distribuídos em 6 fazendas da região (Nhumirim, Porto alegre, Dom Valdir, Ipanema, Alegria e Santo Expedito), em uma área de 40 x 15 km, num total de 600 km2. Em cada sitio de amostragem foi estimada a densidade por classe ontogenética (circunferência à altura do peito: 1,30m): 15 - 25 cm, 26 - 50 cm, 51 - 75 cm, 75 - 100 cm, 100 - 200 cm, e >200 cm. As densidades foram estimadas através de pelo menos 3 parcelas de 10 x 50 m locadas nas direções acrdeais em cada sitio. Parcelas foram interrompidas com menos de 50 m nos casos em que a mancha florestal era mais estreita. Nestas parcelas, foram registradas todas as árvores com mais de 15 cm de circunferencia, as quais fora posteriormente divididas em calsses ontogenéticas. A densidade foi estiamda separadamente para cada classe. O tamanho das manchas florestais estudadas foi estimado com base em mapas obtidos pela classificação da vegetação em imagens de satélite com 20 m de resolução, utilizando o software Spring.

Para detectar a presença de corujas pretas e construir um histórico de detecções para cada sitio de amostragem foi adotado o método de playback. Utilizamos para tanto o registro de vocalização da espécie depositado no site Xenocanto (XC47925). Este registro foi tocado em cada sitio uma vez a cada 25- 30 dias , entre fevereiro e junho de 2013, totalizando 5 ocasiões de amostragem. A vocalização foi repetida 3 vezes em cada ocasião, sendo tocada de forma continua durante 3 minutos, com intervalo de um minuto para a segunda e a terceira vez. Foram registradas as ocasiões em que a coruja preta vocalizou e/ou foi avistada no sitio de amostragem. Os avistamentos foram facilitados pelo uso de lanternas focadas para as copas da árvores próximas. As amostragens foram feitas em diferentes horários em cada sitio, iniciando por volta das 19:00 h e encerrando até 02:00 h. Dias/noites chuvosos foram evitados.

O histórico de detecções foi utilziado na modelagem da probabilidade de ocupação (Mackenzie et al., 2006), tendo como co-variáveis a área das manchas florestais e a densidade de aárvores em cada classe onteogenética, além em grupos de classes. O software Presence foi usado para a construção de modelos, bem como o testes de ajuste destes modelos através de 1000 bootstraps, visando à seleção dos melhores modelos entre as alternativas testadas. A seleção dos melhores modelos baseou-se na comparação do Critério de Informação de Akaike (AIC, da sigla em Inglês), o teste de ajuste baseado em qui-quadrado ontido atraves de bootstraps, além de medidas de dspersão.

Resultados e Discussão

O tamanho das manchas florestais incluídas neste estudo variou de 0,42 a 2.258 hectares. Neste conjunto de manchas florestais foram medidas 1.774 árvores acima de 15 cm de circunferencia à altura do peito. A densidade total de árvores variou entre 20 e 923 individuos/ha entre os sitios de amostragem, com extrema variação entre as classes ontogenéticas e entre sitios (Figura 1).

Page 127: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

126

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Corujas foram detectadas 39 vezes em 17 sítios de amostragem, em todos os horários nos quais as detecções foram tentadas. O melhor modelo para a probabilidade de ocupação de manchas florestais por coruja preta incluiu não só a área destas manchas como também a densidade de árvores acima de 50cm de circunferencia (incluindo as classes 51-75 cm, 76-100 cm, 101-200 cm e > 200cm) (Figura 2). Modelos alternativos incluíram apenas a área ou apenas a densidade de arvores acima de 50 cm de circunferencia (Tabela 1).

Os resultados sugerem um alto grau de desestruturação de habitats florestais entre as manchas estudadas, o que pode ser resultado de distúrbios crônicos afetando recrutamento e sobrevivência em comunidade de árvores por um longo período. A ausência ou quase ausência de indivíduos jovens (árvores menores que 50 cm de circunferencia) em diversos sítios sugere que efeitos de pisoteio excessivo, forrageamento de algumas espécies, bem como a incidência de fogo podem estar afetando de forma crônica estas ambientes no Pantanal. Isso parece ser mais evidente em situações em que manchas florestais estão inseridas em matrizes campestres amplas, onde habitats florestais são mais dispersos e proporcionamento menos disponíveis. Nestas áres, a densidade de gado bovino pode ser maior devido à maior qualidade/quantidade de pastagem, aumentando a utilização de locais florestados pelo gado durante a noite, períodos chuvosos ou mesmo períodos de cheias. Com isso, o impacto é maior do que, por exemplo, em locais com menor proporção de campos e maior de habitats florestais, o que dilui a densidade bruta de gado e a consequente menor incidência do mesmo dentro de habitats florestais.

A coruja preta mostrou uma associação forte com habitats florestais mais estruturados, com árvores de maior porte em densidade que resulta em dossel contínuo. O melhor obtido indica que a probabilidade de ocupação por volta de 100% só foi atingida para situações de manchas florestais maiores que 2000 ha e com densidade de árvores maiores que 50 cm de circunferencia acima de 250 arvores/ha. Mesmo em probabilidades de ocupação menores, como 50%, as manchas florestais deveriam ter uma área de pelo menos 900 ha e uma densidade de arvores cima de 150 individuos /ha. Devido aos hábitos carnívoros desta espécie, é provavel que sua exigência em termos de habitats esteja ligado não apenas à sua estratégia de vida como também à qualidade dos habitats para as populações de presas potenciais. É evidente neste modelo de ocupação por coruja preta que a espécie requer habitats florestais relativamente extensos e, com isso, pode responder negativamente à fragmentação destas manchas florestais maiores. Resultados semelhantes têm sido encontrados para outras espécies de corujas (p.e., Simberloff, 1987; Nagl et al. 2013).

Os resultados sugerem que distúrbios crônicos têm afetado a qualidade de habitats no Pantanal, demonstrando que o estado de conservação de ecossistemas não pode ser aferido apenas com base em imagens de satélite. Uma paisagem pode parecer intacta em mapeamentos feitos através de interpretação deste tipo de tecnologia, mas podem apresentar sinais evidentes de degradação quando examinadas em outras escalas de abordagem. Além disso, a resposta de Strix huhula à variação na estrutura de florestas demonstra claramente que estes distúrbios afetam também a estrutura de comunidades animais, já que espécies topo de cadeia, como a coruja preta, deixam de ocupar manchas florestais degradadas. É adequado postular que muitas outras espécies são também afetadas pela degradação de habitats no Pantanal e, assim, a biodiversidade pode estar sendo afetada de forma crônica pelo menos em determinadas situações dentro das paisagens pantaneiras. Tabela 1. Modelos alternativos para ocupação de habitats florestais por coruja preta (Strix huhula) em 36 sitios de amostragem na região oeste da Nhecolândia, Pantanal, Corumbá MS, em amostragens mensais (n=5) conduzidas entre fevereiro e junho de 2013. Ψ = probabilidade de ocupação; p = probabilidade de detecção; (.) = modelo nulo; AIC = Akaike Information Criteria; Npar = número de parâmetros no modelo; P = probabilidade de x2 maior que o esperado; ĉ = medida de dispersão; d3456 = densidade de árvores nas classes ontogenéticas 3, 4, 5 e 6 (=densidade de árvores maiores que 50 cm de circunfêrencia à altura do peito).

Modelo AIC Npar P ĉ

Ψ (area+d3456) p(.) 156.79 4 0.1508 1.2659

Ψ (d3456) p(.) 157.42 3 0.1798 1.1398

Ψ (area) p(.) 159.30 3 0.2158 1.1764

Ψ (.) p(.) 162.52 2 0.2897 1.1418

Page 128: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

127

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 1. Densidade de árvores (n/ha) em diferentes classes de circunferencia à altura do peito em 36 manchas florestais no Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS. As classes ontogenéticas são: 1 (15-25 cm), 2 (26-50 cm), 3 (51 – 75 cm), 4 (75 – 100 cm), 5 (101 – 200 cm) e 6 (> 200 cm).

A AA ABPONTO

AC AD

055 .8 4 86 .6 6 77 .6 9 21 01 0 .5 2 61 3 .3 3 31 4 .2 8 61 51 5 .7 8 91 6 .4 8 42 02 52 6 .3 1 62 6 .6 6 72 9 .2 43 03 2 .9 6 73 3 .3 3 33 53 8 .4 6 24 04 2 .1 0 54 54 6 .6 6 74 6 .7 8 44 85 2 .6 3 25 3 .3 3 35 3 .8 4 65 55 7 .1 4 36 06 1 .5 3 86 46 4 .2 8 66 6 .6 6 77 07 3 .3 3 37 57 8 .5 7 17 8 .9 4 78 08 58 6 .6 6 78 7 .9 1 28 89 2 .3 0 89 3 .3 3 39 3 .4 0 79 9 .4 1 51 0 01 0 5 .2 6 31 0 6 .6 6 71 1 01 1 21 1 51 2 6 .6 6 71 3 0 .7 6 91 3 3 .3 3 31 3 51 4 6 .1 5 41 6 02 0 6 .6 6 72 2 3 .0 7 72 2 6 .6 6 72 3 6 .8 4 22 4 6 .6 6 72 6 8 .4 2 12 7 6 .9 2 32 8 6 .6 6 72 9 3 .3 3 33 4 7 .3 6 84 2 3 .0 7 7

DE

NS

IDA

DE

AF AG AJ AK AM

055 .8 4 86 .6 6 77 .6 9 21 01 0 .5 2 61 3 .3 3 31 4 .2 8 61 51 5 .7 8 91 6 .4 8 42 02 52 6 .3 1 62 6 .6 6 72 9 .2 43 03 2 .9 6 73 3 .3 3 33 53 8 .4 6 24 04 2 .1 0 54 54 6 .6 6 74 6 .7 8 44 85 2 .6 3 25 3 .3 3 35 3 .8 4 65 55 7 .1 4 36 06 1 .5 3 86 46 4 .2 8 66 6 .6 6 77 07 3 .3 3 37 57 8 .5 7 17 8 .9 4 78 08 58 6 .6 6 78 7 .9 1 28 89 2 .3 0 89 3 .3 3 39 3 .4 0 79 9 .4 1 51 0 01 0 5 .2 6 31 0 6 .6 6 71 1 01 1 21 1 51 2 6 .6 6 71 3 0 .7 6 91 3 3 .3 3 31 3 51 4 6 .1 5 41 6 02 0 6 .6 6 72 2 3 .0 7 72 2 6 .6 6 72 3 6 .8 4 22 4 6 .6 6 72 6 8 .4 2 12 7 6 .9 2 32 8 6 .6 6 72 9 3 .3 3 33 4 7 .3 6 84 2 3 .0 7 7

DE

NS

IDA

DE

AN AO AP AQ B

055 .8 4 86 .6 6 77 .6 9 21 01 0 .5 2 61 3 .3 3 31 4 .2 8 61 51 5 .7 8 91 6 .4 8 42 02 52 6 .3 1 62 6 .6 6 72 9 .2 43 03 2 .9 6 73 3 .3 3 33 53 8 .4 6 24 04 2 .1 0 54 54 6 .6 6 74 6 .7 8 44 85 2 .6 3 25 3 .3 3 35 3 .8 4 65 55 7 .1 4 36 06 1 .5 3 86 46 4 .2 8 66 6 .6 6 77 07 3 .3 3 37 57 8 .5 7 17 8 .9 4 78 08 58 6 .6 6 78 7 .9 1 28 89 2 .3 0 89 3 .3 3 39 3 .4 0 79 9 .4 1 51 0 01 0 5 .2 6 31 0 6 .6 6 71 1 01 1 21 1 51 2 6 .6 6 71 3 0 .7 6 91 3 3 .3 3 31 3 51 4 6 .1 5 41 6 02 0 6 .6 6 72 2 3 .0 7 72 2 6 .6 6 72 3 6 .8 4 22 4 6 .6 6 72 6 8 .4 2 12 7 6 .9 2 32 8 6 .6 6 72 9 3 .3 3 33 4 7 .3 6 84 2 3 .0 7 7

DE

NS

IDA

DE

C E F G H

055 .8 4 86 .6 6 77 .6 9 21 01 0 .5 2 61 3 .3 3 31 4 .2 8 61 51 5 .7 8 91 6 .4 8 42 02 52 6 .3 1 62 6 .6 6 72 9 .2 43 03 2 .9 6 73 3 .3 3 33 53 8 .4 6 24 04 2 .1 0 54 54 6 .6 6 74 6 .7 8 44 85 2 .6 3 25 3 .3 3 35 3 .8 4 65 55 7 .1 4 36 06 1 .5 3 86 46 4 .2 8 66 6 .6 6 77 07 3 .3 3 37 57 8 .5 7 17 8 .9 4 78 08 58 6 .6 6 78 7 .9 1 28 89 2 .3 0 89 3 .3 3 39 3 .4 0 79 9 .4 1 51 0 01 0 5 .2 6 31 0 6 .6 6 71 1 01 1 21 1 51 2 6 .6 6 71 3 0 .7 6 91 3 3 .3 3 31 3 51 4 6 .1 5 41 6 02 0 6 .6 6 72 2 3 .0 7 72 2 6 .6 6 72 3 6 .8 4 22 4 6 .6 6 72 6 8 .4 2 12 7 6 .9 2 32 8 6 .6 6 72 9 3 .3 3 33 4 7 .3 6 84 2 3 .0 7 7

DE

NS

IDA

DE

I J K L M

055 .8 4 86 .6 6 77 .6 9 21 01 0 .5 2 61 3 .3 3 31 4 .2 8 61 51 5 .7 8 91 6 .4 8 42 02 52 6 .3 1 62 6 .6 6 72 9 .2 43 03 2 .9 6 73 3 .3 3 33 53 8 .4 6 24 04 2 .1 0 54 54 6 .6 6 74 6 .7 8 44 85 2 .6 3 25 3 .3 3 35 3 .8 4 65 55 7 .1 4 36 06 1 .5 3 86 46 4 .2 8 66 6 .6 6 77 07 3 .3 3 37 57 8 .5 7 17 8 .9 4 78 08 58 6 .6 6 78 7 .9 1 28 89 2 .3 0 89 3 .3 3 39 3 .4 0 79 9 .4 1 51 0 01 0 5 .2 6 31 0 6 .6 6 71 1 01 1 21 1 51 2 6 .6 6 71 3 0 .7 6 91 3 3 .3 3 31 3 51 4 6 .1 5 41 6 02 0 6 .6 6 72 2 3 .0 7 72 2 6 .6 6 72 3 6 .8 4 22 4 6 .6 6 72 6 8 .4 2 12 7 6 .9 2 32 8 6 .6 6 72 9 3 .3 3 33 4 7 .3 6 84 2 3 .0 7 7

DE

NS

IDA

DE

N P Q R S

055 .8 4 86 .6 6 77 .6 9 21 01 0 .5 2 61 3 .3 3 31 4 .2 8 61 51 5 .7 8 91 6 .4 8 42 02 52 6 .3 1 62 6 .6 6 72 9 .2 43 03 2 .9 6 73 3 .3 3 33 53 8 .4 6 24 04 2 .1 0 54 54 6 .6 6 74 6 .7 8 44 85 2 .6 3 25 3 .3 3 35 3 .8 4 65 55 7 .1 4 36 06 1 .5 3 86 46 4 .2 8 66 6 .6 6 77 07 3 .3 3 37 57 8 .5 7 17 8 .9 4 78 08 58 6 .6 6 78 7 .9 1 28 89 2 .3 0 89 3 .3 3 39 3 .4 0 79 9 .4 1 51 0 01 0 5 .2 6 31 0 6 .6 6 71 1 01 1 21 1 51 2 6 .6 6 71 3 0 .7 6 91 3 3 .3 3 31 3 51 4 6 .1 5 41 6 02 0 6 .6 6 72 2 3 .0 7 72 2 6 .6 6 72 3 6 .8 4 22 4 6 .6 6 72 6 8 .4 2 12 7 6 .9 2 32 8 6 .6 6 72 9 3 .3 3 33 4 7 .3 6 84 2 3 .0 7 7

DE

NS

IDA

DE

T U

1 2 3 4 5 6CLASSES

V

1 2 3 4 5 6CLASSES

X

1 2 3 4 5 6CLASSES

Y

1 2 3 4 5 6CLASSES

055 .8 4 86 .6 6 77 .6 9 21 01 0 .5 2 61 3 .3 3 31 4 .2 8 61 51 5 .7 8 91 6 .4 8 42 02 52 6 .3 1 62 6 .6 6 72 9 .2 43 03 2 .9 6 73 3 .3 3 33 53 8 .4 6 24 04 2 .1 0 54 54 6 .6 6 74 6 .7 8 44 85 2 .6 3 25 3 .3 3 35 3 .8 4 65 55 7 .1 4 36 06 1 .5 3 86 46 4 .2 8 66 6 .6 6 77 07 3 .3 3 37 57 8 .5 7 17 8 .9 4 78 08 58 6 .6 6 78 7 .9 1 28 89 2 .3 0 89 3 .3 3 39 3 .4 0 79 9 .4 1 51 0 01 0 5 .2 6 31 0 6 .6 6 71 1 01 1 21 1 51 2 6 .6 6 71 3 0 .7 6 91 3 3 .3 3 31 3 51 4 6 .1 5 41 6 02 0 6 .6 6 72 2 3 .0 7 72 2 6 .6 6 72 3 6 .8 4 22 4 6 .6 6 72 6 8 .4 2 12 7 6 .9 2 32 8 6 .6 6 72 9 3 .3 3 33 4 7 .3 6 84 2 3 .0 7 7

DE

NS

IDA

DE

Z

3 53 8.4 6 24 04 2.1 0 54 54 6.6 6 74 6.7 8 44 85 2.6 3 25 3.3 3 35 3.8 4 65 55 7.1 4 36 06 1.5 3 86 46 4.2 8 66 6.6 6 77 07 3.3 3 37 57 8.5 7 17 8.9 4 78 08 58 6.6 6 78 7.9 1 28 89 2.3 0 89 3.3 3 39 3.4 0 79 9.4 1 51 001 05 .2 6 31 06 .6 6 71 101 121 151 26 .6 6 71 30 .7 6 91 33 .3 3 31 351 46 .1 5 41 602 06 .6 6 72 23 .0 7 72 26 .6 6 72 36 .8 4 22 46 .6 6 72 68 .4 2 12 76 .9 2 32 86 .6 6 72 93 .3 3 33 47 .3 6 84 23 .0 7 7

DE

NS

IDA

DE

Page 129: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

128

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 2. Probabilidade de ocupação de manchas florestais por coruja preta, Strix huhula, como uma função da área das manchas e da densidade de árvores acima de 50 cm de circunferência à altura do peito, na região da Nhecolândia, Pantanal, Corumbá, MS (n = 36 sítios, em 5 ocasiões de amostragem, entre fevereiro e junho de 2013).

Conclusões

Os resultados sugerem que práticas de manejo adequadas devem ser estabelecidas e adotadas em fazendas de pecuária de forma a ajustar a atividade econômica com a conservação da biodiversidade. À luz do Artigo 10° do novo Código Florestal, o uso do Pantanal deve ser conduzido de forma ecologicamente sustentável, o que implica na manutenção da biodiversidade e dos processos ecológicos-chave, entre eles a dinâmica da vegetação nos diversos tipos de habitats. Desta forma, o uso de modelos que descrevem a relação espécie-habitat e as respostas de espécies ou grupo de espécies indicadoras, ou ainda grupos funcionais indicadores, aos efeitos de atividades antrópicas são importantes ferramentas para definir parâmetros de manejo voltado à garantir a sustentabilidade ecológica dos ecossistemas. No caso da coruja preta, os resultados indicam que a fragmentação de habitats florestais mais extensos, bem como a degradação da vegetação, são fatores contrários à sustentabilidade.

Agradecimentos

Agradecemos à Embrapa pelos recursos financeiros e logísticos, bem como à bolsa conedida para o estagiário Gabriel Oliveira de Freitas (Projeto SEG 02.10.06.007.00.03); aos proprietários das fazendas Alegria, Santo Expedito, Porto Alegre, Ipanema e Dom Valdir, os quais permitiram a condução dos trabalhos de campo em suas propriedades.

0 50 100 150 200 250Densidade (árvores/ha)

0

500

1000

1500

2000

2500Á

rea

(h

a)

0.20.2

0.3

0.4

0.5

0.60.7

0.8

0.9

1.0

Page 130: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

129

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Referências

CAUGHLEY, G.; GUNN, A. Conservation Biology in Theory and Practice . Blackwell science, 1996.

FAHRIG, L. Effects of habitat fragmentation on biodiversity. Annual Review on Ecology Evolution and Systematics 34: 487-515, 2003.

HARRISON, S. & BRUNA, E. Habitat fragmentation and large-scale conservation: what do we know for sure? Ecography 22: 225 – 232, 1999.

HOLT, D. W.; BERKLEY, R,; DEPPE,C.; ENRÍQUEZ ROCHA, P.L.; PETERSEN, J.L.; RANGEL SALAZAR,J.L.; SEGARS, K.P.; WOOD, K.L.. Black-banded-Owl. In: J. del Hoyo, A. Elliott and J. Sargatal (eds.) Handbook of the birds of the world, vol. 5. Barnowls to Hummingbird s. Barcelona: Lynx Edicions, 1999. p. 205.

KUUSSAARI, M.; BOMMARCO, R.; HEIKKINEN, R.K.; HELM, A.; KRAUSS, J.; LINDBORG, R.; ÖCKINGER, E.; PÄRTEL, M.; PINO, J.; RODÀ, F.; STEFANESCU, C.;TEDER, T.; ZOBEL, M.; STEFFAN-DEWENTER, I. Extinction debt: a challenge for biodiversity conservation. Trends on Ecology and Evolution 24: 564-571, 2009.

MACKENZIE, D.I.; NICHOLS, J.D.; ROYLE, J.A.; POLLOCK, K.H.; BAILEY, L.L.; HINES, J.E. Occupancy estimation and modeling. Inferring patterns and dyn amics of species occurrence . Academic Press, 2006.

NAGL, C.; REITER, K.; SCHULZE, C.H. Owls in Floodplain Forests in Eastern Austria: Habitat Use and Population Density. 5th Symposium for Research in Protected Areas . 10 to 12 June 2013, Mittersil, Austria, p. 531-536, 2013.

PRIMACK, R.B. Essentials of Conservation Biology . Sinauer Associates, 2010.

SICK, H. Ornitologia Brasileira . Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

SIMBERLOFF, D. The spotted owl fracas: mixing academic, applied, and political ecology. Ecology 68: 766-772, 1987.

TUBELIS, D. P.; TOMAS, W. M. Bird species of the wetland, Brazil. Ararajuba, vol. 11, n. 1, p. 5-37, 2003.

VASCONCELOS,M.V.; LOPES,L.E.; HOFFMANN, D.; SILVEIRA, L.F.; SCHUNCK, F. Noteworthy records of birds from the Pantanal, Chiquitano dry forest and Cerrado of south-western Brazil. Bulletin B.O.C. 128: 57-67, 2008.

Page 131: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

130

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Efeito do mês do parto na taxa de prenhez e no peso ao desmame de bovinos de corte criados extensivamente na sub-região de Aquidauana 1

Marcos Mitsuo Sonohata 2, Daniele Portela de Oliveira 3, Urbano Gomes Pinto de Abreu 4, Francielen Maria Santi 5

Resumo: Objetivou-se com este trabalho verificar o efeito do mês do parto sobre a taxa de prenhez e no peso a desmama de bezerros de vacas aneloradas criadas extensivamente na sub-região de Aquidauana, Pantanal Sul-Mato-Grossense. Foram analisadas informações produtivas de 111 vacas multíparas aneloradas referente ao ano pecuário de 2007 e 2008. As informações da taxa de prenhez da vaca na estação de monta subsequente, o sexo, mês de nascimento e o peso ao desmame de bezerros foram consideradas nas análises. O efeito do mês do parto na taxa de prenhez foi analisado por meio de regressão logística. Na análise de variância verificaram-se os efeitos do sexo, mês de nascimento e a interação entre sexo e mês de nascimento. As informações foram analisadas através do programa estatístico R. As médias dos parâmetros avaliados considerados significativos foram comparadas através do Teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. Vacas com partos realizados no início da estação de nascimento apresentaram maiores taxas de prenhez na estação de monta subsequente (P<0,05). Os efeitos de sexo e mês de nascimento apresentaram interação significativa para o peso ao desmame de bezerros (P<0,05). Nas condições climáticas da sub-região de Aquidauana, Pantanal Sul-Mato-Grossense, o ajuste estratégico da estação de monta visando os nascimentos dos bezerros em períodos de maior oferta de forragem contribui para o melhor desempenho reprodutivo e produtivo do rebanho.

Palavras–chave: Bovinos de corte, bezerros, cria extensiva, reprodução

Effect of month of birth on pregnancy rate and wean ing weight of beef cattle raised extensively in the sub - region Aquidauana 1

Abstract: The objective of this work was to verify the effect of month of calving on pregnancy rate and weaning weight of calves graded Nelore cattle raised extensively in the sub-region Aquidauna, Pantanal-Mato-Grossense . The data were analyzed production of 111 multiparous cows graded Nelore cattle for the year 2007 and 2008. The information in the pregnancy rate of cows in subsequent breeding season, sex , month of birth and weaning weight of calves were considered in the analyzes. The effect of month of birth on pregnancy rate was analyzed by logistic regression. The analysis of variance verified the effects of sex, month of birth and the interaction between sex and month of birth to. Data were analyzed using the statistical program R. The averages of these parameters were considered significant compared by Tukey test at 5% probability of error. Cows with parturition at the beginning of the season of birth had higher pregnancy rates in subsequent breeding season (P <0.05 ). The effects of sex and month of birth showed a significant interaction for weaning weight of calves (P <0.05 ). In the climatic conditions of the sub-region Aquidauna, Pantanal Mato-Grossense, the strategic adjustment of the breeding season in order births of calves in periods of increased forage supply contributes to better reproductive and productive herd.

Keywords: Beef cattle, calves, creates extensive, reproduction

Introdução

O bezerro desmamado consiste no principal produto comercializado pelos produtores de bovinos de corte na região do Pantanal Sul-Mato-Grossense. No entanto, neste ambiente, ainda prevalecem algumas propriedades que apesar dos baixos índices produtivos obtidos, persistem em realizar o sistema tradicional de produção. Nesse sistema de produção, os animais recebem poucos cuidados e são criados quase que exclusivamente em extensas áreas de pastagens nativas refletindo diretamente nas baixas taxas de natalidade e desmama. Tal fato mostra a razão da necessidade de melhorar o desempenho e a eficiência da atividade de cria na região.

De acordo com Túlio (1986), a adoção da estação de monta é fundamental para o desempenho produtivo de bovinos de corte, pois permite concentrar os nascimentos em épocas pré-determinadas do ano, resultando em

1 Parte do trabalho de iniciação científica do primeiro autor, financiado pelo PIBIC/UEMS. 2 Zootecnista autônomo, Mestre em Zootecnia pelo PPGZOO/UUA/UEMS, Caixa Postal 32, 79400-000, Coxim, MS ([email protected]). 3 Doutoranda do programa de Pós-Graduação em Zootecnia FCAV/UNESP, 14884-900, Jaboticabal, SP ([email protected]). 4 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]). 5 Professora do Departamento de Graduação em Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera de Dourados - FAD, 79825-150, Dourados, MS ([email protected]).

Page 132: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

131

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

lotes uniformes de bezerros, assim como a redução na taxa de mortalidade e o aumento do peso a desmama. Além disso, outras variáveis como o sexo e o mês de nascimento do bezerro exercem forte influência sobre o peso ao desmame (MENEZES et al., 2013).

Segundo Oliveira et al. (2006), as vacas de cria mais eficientes tendem a parir no início da estação de nascimento e consequentemente desmamam seus bezerros mais pesados, por terem a sua disposição maior quantidade de forragens de boa qualidade nutricional por um período maior.

Nesse sentido, o objetivo com esse trabalho foi avaliar o efeito do mês do parto sobre a seguinte taxa de prenhez e no peso a desmama de bezerros de vacas aneloradas criadas extensivamente na sub-região de Aquidauana, Pantanal, Sul-Mato-Grossense.

Material e Métodos

O trabalho foi conduzido no setor de Bovinocultura de corte da fazenda experimental do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade Universitária de Aquidauana – MS (DZO/UEMS/UUA), entre o período de agosto de 2007 a dezembro de 2008. A unidade está localizada na Micro Bacia do Córrego Fundo, Serra de Maracaju, região fisiográfica do Alto Pantanal Sul-Mato-Grossense, sub-região de Aquidauana (Latitude 20° 27’ 44’’ Sul; Longitude 55° 39’ 83’’ Oeste; Altitude 149 m).

O clima da região é classificado como subtipo Aw (tropical úmido) com temperatura variando entre 35°C no verão e 12°C no inverno. A região é caracterizada p or duas estações bem definidas em uma seca com poucas chuvas (abril a setembro) e outra chuvosa compreendendo o período das águas (outubro a março), sendo dezembro e janeiro os meses mais chuvosos. A precipitação média anual é de aproximadamente 1.400 mm e umidade relativa do ar entre 20% a 40%, respectivamente, durante o ano.

Foram utilizadas informações de 111 vacas multíparas compostas da raça Nelore (aneloradas), com idade entre três e quatorze anos criadas em regime extensivo de pastejo, manejadas nas mesmas condições de pastagens. Durante o todo o período experimental as vacas permaneceram numa área de 350 ha formada de Brachiaria decumbens recebendo mistura mineral e água a vontade.

O manejo sanitário praticado no rebanho foi de acordo com o controle usual da fazenda experimental, constando dos seguintes procedimentos: vacinações contra febre aftosa, brucelose, raiva, carbúnculo sintomático, gangrena gasosa, botulismo, aplicações de vermífugo e o controle estratégico da “mosca-do-chifre” e do carrapato, assim como a assepsia do umbigo dos bezerros após o nascimento.

A estação de nascimento foi do mês de setembro a dezembro. Foi realizada a assepsia do umbigo de todos os bezerros ao nascimento, posteriormente eles foram criados extensivamente até o sétimo ou oitavo mês de vida quando foram pesados e desmamados.

A estação de monta, com duração de 108 dias, foi realizada por monta natural, durante o período reprodutivo com início na segunda quinzena do mês de dezembro de 2007 e término na primeira quinzena do mês de abril de 2008. Neste período, foram utilizados três touros da raça Nelore puros de origem, considerados aptos para a reprodução após exame andrológico prévio a estação reprodutiva. O diagnóstico de gestação foi realizado três meses após o término da estação de monta, através do método de palpação retal e confirmado após os nascimentos dos bezerros.

O efeito do mês do parto na taxa de prenhez ao final da estação de monta foi analisado pela metodologia de modelos lineares generalizados por meio de regressão logística. O peso ao desmame foi submetido inicialmente ao teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos resíduos. O peso ao desmame foi submetido à análise de variância considerando os efeitos de sexo, macho ou fêmea, os quatro meses de nascimento e as interações entre os sexos e os meses de nascimento. As variáveis, sexo e mês de nascimento, isoladamente não apresentaram efeito estatisticamente significativo sobre o peso ao desmame (P>0,05 para o Teste F). Porém observou-se efeito significativo na interação entre sexo e mês de nascimento dos bezerros. A interação entre os parâmetros foi desdobrada e foram considerados significativos através do Teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. As análises foram realizadas pelo programa R (R Development Core Team, 2013).

Resultados e Discussão

Neste trabalho, observou-se efeito significativo (P<0,05) do mês do parto sobre a taxa de prenhez, indicando que vacas que pariram no início da estação de nascimento apresentaram maior taxa de prenhez ao final da estação de monta subsequente (Tabela 1). Resultado semelhante foi observado por Carneiro et al. (2012) com vacas da raça Nelore, que verificaram influência significativa do mês de parição sobre a taxa de gestação. Provavelmente, esse efeito ocorreu em função do maior tempo que a vacas tiveram para se recuperarem do parto

Page 133: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

132

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

antes do início da próxima estação de monta e consequentemente tiveram maiores chances de emprenharem na estação de monta subsequente.

Segundo Rocha et al. (2007) e Oliveira et al. (2006), vacas que parem no início da estação de nascimento têm maior tempo de recuperação do estresse causado pela gestação anterior e, por isso, apresentam condição privilegiada para uma nova cobertura com concepção positiva nos primeiros dias da estação de monta subsequente.

Tabela 1. Relação entre o mês do parto em função da taxa de prenhez ao final da estação de monta (EM) de vacas aneloradas criadas extensivamente na sub-região de Aquidauana, Pantanal Sul-Mato-Grossense.

Mês de parto Taxa de prenhez ao final da EM*(%)

Setembro 96,77 (30/31) a

Outubro 84,84 (28/33) ab

Novembro 66,66 (14/21) bc

Dezembro 57,89 (11/19) c a,b Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. * Relação do número de partos pelo número de vacas prenhes no mês.

Para o peso a desmama, verificou-se efeito significativo (P<0,05) da interação entre sexo e mês de

nascimento no peso ao desmame dos animais (Tabela 2). Os meses de nascimentos observados não influenciaram no peso a desmama das bezerras (P>0,05). Entretanto, foi observado efeito significativo (P<0,05) do mês de nascimento sobre peso a desmama dos bezerros. Resultados semelhantes foram observados por Carneiro et al. (2012) e Menezes et al. (2013) com animais Nelore e cruzados, respectivamente.

Os bezerros que nasceram em setembro e outubro apresentaram peso a desmama, estatisticamente iguais. Para os animais nascidos nos meses de novembro e dezembro não se observou diferença significativa para peso ao desmame. Porém, os bezerros nascidos em novembro e dezembro foram desmamados com peso inferior aos que nasceram em setembro e outubro (Tabela 2). Provavelmente, a ausência do efeito significativo do mês de nascimento sobre peso a desmama das bezerras se deve à variação climática verificada na região. O clima da região onde foi realizado o estudo possui características pouco definidas com variações nas épocas de chuva e seca de um ano para outro.

Em um estudo conduzido por Carneiro et al. (2012), as vacas que pariram no início da estação de nascimento desmamaram bezerros mais pesados, em função de terem à sua disposição forragens de boa quantidade e qualidade nutricional por um longo período. Bocchi et al. (2004), ao avaliarem o desempenho produtivo de bezerros Nelore em quatro regiões do Brasil, observaram que, independente da região, animais que nasceram entre os meses de julho a dezembro apresentam peso ao desmame superior ao dos animais nascidos entre janeiro e março.

A concentração dos nascimentos em uma época propícia do ano resulta em lotes uniformes de bezerros (as) permitindo a adoção de diferentes práticas de manejo, que visam à redução da mortalidade e maior peso a desmama (OLIVEIRA et al., 2006).

Tabela 2. Número de informações (N), média do peso ao desmame (kg), desvio padrão de bezerros anelorados criados extensivamente na sub-região de Aquidauana, Pantanal Sul-Mato-Grossense de acordo com o sexo e mês de nascimento.

Mês de nascimento N Bezerras Média ± DP

N Bezerros Média ± DP

Setembro 14 153,20 ± 24,88aA 17 170,03 ± 29,32aA

Outubro 18 150,55 ± 23,54aA 15 169,96 ± 28,89aA

Novembro 10 145,30 ± 21,75aA 11 161,44 ± 25,43bA

Dezembro 11 167,53 ± 25,93aA 8 159,75 ± 24,12bA

Valor de P <0,3425 <0,002 a,b Médias seguidas de letras maiúsculas, na linha, e minúsculas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Page 134: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

133

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Conclusões

Nas condições climáticas da sub-região de Aquidauana, Pantanal Sul-Mato-Grossense, vacas que parem entre os meses de setembro e outubro apresentam maior taxa de prenhez ao final da estação de monta e desmamam bezerros mais pesados que as vacas que parem em novembro e dezembro.

Diante disso, para melhorar o desempenho reprodutivo e produtivo do rebanho é pertinente ajustar uma estratégia de na estação de monta visando os nascimentos dos bezerros no período de maior oferta de forragem.

Referências

BOCCHI, A.L.; TEIXEIRA, R.A.; ALBURQUERQUE, L.C. Idade da vaca e mês de nascimento sobre o peso ao desmame de bezerros nelore nas diferentes regiões brasileiras. Acta Scientiarium Animal Sciences , v.26, n.4, p.475-482, 2004.

CARNEIRO, L.C.; SILVA, J.C.C.; MENDES, G.P.; FERREIRA, I.C.; SANTOS, R.M. Efeito do mês de parição na taxa de gestação subsequente e no peso ao desmame dos bezerros de vacas Nelore. Acta Scientiae Veterinariae , v.40, n.2, p.1030-1035, 2012.

MENEZES, L.M.; PEDROSA, A.C.; PEDROSO, D.; FERNANDES, S. Desempenho de bovinos Nelore e cruzados Blonde d’Aquitaine x Nelore do nascimento ao desmame. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal , v.14, n.1, p. 177-184, 2013.

OLIVEIRA, R. L.; BARBOSA, M. A. A. F.; LADEIRA, M. M.; SILVA, M. M. P.; ZIVIANI, A. C.; BAGALDO, A. R. Nutrição e manejo de bovinos de corte na fase de cria. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal , v.7, n.1, p. 57-86, 2006.

ROCHA, J.M.; RABELO, M.C.; SANTOS, M.H.B.; CHAVES, R.M.; MACHADO, P.P.; FREITAS NETO, L.M.; OLIVEIRA, M.A.L. Eficiência reprodutiva de vacas Nelore submetidas a diferentes manejos na Região Agreste do Estado do Rio Grande do Norte. Medicina Veterinária , v.1, n.1, p.58-61, 2007.

TULLIO, R.R. Período de monta para o Pantanal Mato-Grossense, su b-região dos Paiaguás . Corumbá: Embrapa Pantanal, 1986. 4p. (Pesquisa em Andamento, 7).

Page 135: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

134

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Espécies de abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apidae, Meliponina) de ocorrência na região de Corumbá-MS 1

Monique Eriane Cavalcanti Campos 2, Edgar Aparecido Costa 3, Aline Mackert 4 As abelhas nativas sem ferrão constituem um grupo de abelhas que apresentam o ferrão atrofiado. Cerca de 400 espécies distribuídas em aproximadamente 40 gêneros foram descritas, sendo que mais de 70% destas espécies ocorrem nas Américas. Constituem cerca de 90% dos polinizadores efetivos das árvores brasileiras, algumas das quais dependem exclusivamente destes insetos. Sabe-se que muitas abelhas são endêmicas e necessitam de mais estudos. Conhecer a fauna local de abelhas sem ferrão é essencial para auxiliar em programas de conservação, especialmente devido ao potencial econômico, principalmente pela produção de produtos como mel e própolis, de muitas espécies. Os dados do presente trabalho foram gerados a partir da captura das abelhas em flores de diferentes localidades na região de Corumbá-MS durante o período de um ano, bem como pela identificação pontual de ninhos, fotografados e registrados. Foram identificadas seis espécies: Tetragonisca fiebrigi, Plebeia catamarcensis, Scaptotrigona depilis, Trigona chanchamayoensis, Trigona sp. e Oxytrigona tataira através do levantamento de abelhas visitantes florais. Outros quatro morfotipos não identificados aguardam identificação por especialista. Ninhos das espécies S. depilis, T. fiebrigi, P. catamarcensis, Melipona sp. e Lestrimellita rufipes foram encontrados em campo. A lista de espécies presentes na região, bem como a identificação de seus ninhos e das fontes florais são prioritários para realização de programas de conservação e dar auxílio à criação racional destas abelhas na região. Assim, este trabalho é importante por ser pioneiro no estudo destas abelhas e sua execução disponibiliza dados importantes sobre a fauna de abelhas sem ferrão.

1 Financiado por CNPq. 2 Acadêmica do Curso de Biologia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Corumbá, MS 4 Professora Adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Corumbá, MS ([email protected])

Page 136: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

135

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Espécies de ninfas de cigarrinhas (Homoptera: Cerco pidae) em pastagens de braquiária em Rondonópolis, MT

Elizete Cavalcante de Souza Vieira 1, Dannyara Rodrigues Neves 1, Éder Rodrigues Batista 2, Marizete Cavalcante De S. Vieira 3, Mauro Osvaldo Medeiros 4

As cigarrinhas são insetos sugadores de seiva, sendo que as ninfas de coloração brancas amareladas ficam protegidas na base das plantas cobertas por uma espuma branca característica. Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar as ninfas de cigarrinhas em pastagens no Município de Rondonópolis, MT. Foram efetuadas amostragens quinzenais de cigarrinhas de agosto/2011 a julho/2012, entre as 15 e 17h. No Sítio Poxoréo foram selecionadas duas áreas, cada qual com 0,5 hectare, sendo a Área 1 cultivada com Brachiaria humidicola e a Área 2 cultivada com Brachiaria brizantha. Foi utilizado um quadrado de ferro de 50 cm de lado para amostrar as ninfas, lançado ao acaso na pastagem. Na Área 1, encontrou-se a ocorrência das seguintes espécies: Deois incompleta, Peregrinus maidis, Deois schach, Tagosodes sp, Mahanarva posticata e Aetalian reticulatiun. Os valores médios obtidos, embora não significativos (P > 0,05), apresentaram maiores ocorrências das espécies Aetalian reticulatiun e Deois incompleta. Na Área 2, observou-se a ocorrência das seguintes espécies: Deois incompleta, Deois schach, Mahanarva posticata, Peregrinus maidis, Tagosodes sp, e Aetalian reticulatiun. As médias obtidas, embora não significativas (P > 0,05), apresentaram maiores valores de ocorrência para as espécies Aetalian reticulatiun e Deois incompleta. Das seis espécies de ninfas de cigarrinhas capturadas, as do gênero Deois predominaram com freqüência de 34,24% em Brachiaria humidicola e 34,15% em Brachiaria brizantha. Verificou-se ainda que Aetalion reticulatium foi a espécie mais encontrada com incidência de 19,68% e 19,79%, respectivamente em Brachiaria humidicola e Brachiaria brizantha.

1 Graduandos em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso/Roo 2 Graduado em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso/Roo 3 Departamento de Química e Bioquímica, Laboratório de Biologia Vegetal, Instituto de Biociências – UNESP/Botucatu-São Paulo 4 Professor Doutor, Depto Biológicas Universidade Federal de Mato Grosso/Roo

Page 137: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

136

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Estado de controle do mexilhão dourado ( Limnoperna fortunei ) no Brasil: opções para controle e lacunas de conhecimento

Márcia Divina de Oliveira 1, Renata Claudi 2, Tom Prescot 2, Domingos Sávio Barbosa 3, Monica Campos 4 Nos últimos 20 anos o molusco mexilhão dourado (Limnoperna fortunei), uma espécie exótica oriunda do Sudeste Asiático, tem se tornado abundante na América do Sul. As áreas afetadas pelo mexilhão diferem de indústria para indústria e a mais apropriada técnica de controle tem sido diferente para cada usuário. Neste estudo avaliamos as estratégias de controle que tem sido usadas pelos usuários de água com mexilhão dourado para controlar a incrustação da espécie, e para identificar tecnologias de controle com potencial de uso mais amplo, as quais podem ser investigadas em mais detalhes. Nós visitamos 3 hidrelétricas, uma estação de captação de água e uma estação de piscicultura em tanques-rede em Novembro de 2010. Os responsáveis pelo controle do mexilhão dourado em cada local foram entrevistados para determinar a extensão do problema causado pelo mexilhão, os mais típicos problemas oriundos da incrustação, descrever as estratégias de controle já testadas, os métodos atuais de controle e seus sucessos e insucessos. As principais estratégias de controle que as indústrias tem adotado são filtros de autolimpeza, gás ozônio, campo magnético, tintas antincrustantes e produtos químicos como dicloro, hidróxido de sódio, dichoroisocyanurate e MSD-100. Nenhuma das estratégias existentes tem sido totalmente suficiente e a maioria das indústrias está aberta a novas estratégias de controle. Novas tecnologias como sistema ultravioleta para tratamento de grandes volumes são promissores para substituir os produtos químicos, sendo esta tecnologia em fase final de teste no Brasil, e com ótimos resultados nos Estados Unidos. Há pouca informação sobre os efeitos reais das metodologias de controle no assentamento das larvas, e muitas das estratégias têm informação limitada sobre seus efeitos no ambiente, principalmente no caso dos químicos. Dentre os usuários analisados, a piscicultura em tanques-rede é o sistema que conta com menos formas de controle, já que nas telas dos tanques o uso de recobrimentos antincrustantes é limitado por causa da contaminação dos peixes.

1 Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 RNT Consulting, Canadá 3 Docente Universidade Federal de mato Grosso, Campus Rondonópolis, Avenida Binário Norte, Parque Sagrada Família, 78735-000, Rondonópolis, MT 4 Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), Belo Horizonte, Brazil

Page 138: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

137

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Estrutura de tamanho e reprodução de Iguana iguana no Pantanal Norte

Zilca Campos 1, Arnaud Desbiez 2 A iguana ou sinimbu, Iguana iguana, ocorre na Amazônia, Caatinga e Pantanal. Alguns aspectos da reprodução tem sido reportado na Amazônia e Pantanal. O ciclo reprodutivo é anual, com desenvolvimento testicular entre julho a setembro e comportamento agressivo entre machos em maio. O propósito deste estudo foi caracterizar a população reprodutiva e detalhar os ninhos e tamanho das posturas nas praias do rio Cuiabá e tributários, Reserva SESC-Pantanal. De 2005 a 2009, as iguanas foram capturadas à noite quando estavam dormindo nos galhos de arbustos e árvores nas margens do rio Cuiabá e tributários. As medidas biométricas e marcação foram feitas logo após as capturas e sem seguida soltas no mesmo local. Os ninhos das iguanas foram localizados nas praias de agosto a setembro de 2005 a 2009. Os ovos encontrados em cada ninho foram contados e medidos e as fêmeas próximas dos ninhos foram capturadas. Em quatro anos, nós capturamos 130 iguanas (67 fêmeas, 39 machos e 24 jovens). O comprimento rostro-cloaca (CRC, cm) dos machos variou entre 20,0 - 45,5 cm e as fêmeas entre 20,5 – 39,0 cm. Em 2005, encontramos 5 ninhos, em 2006 foram 14, em 2008 foram 5 e em 2009 foram 20, localizados em túnel simples ou complexo. O número médio de ovos foi de 21,0 ± 8,1 (N=42; 5 - 41 ovos). O pico de postura ocorre ao redor de julho a final de agosto, o que diferiu da região do rio Paraguai, Pantanal Sul, onde a reprodução ocorre em novembro. Provavelmente, o nível de água explica essa variação entre as duas áreas, já que as atividades reprodutivas são influenciadas pelas condições ambientais e disponibilidade de praias para desova. A identificação e proteção dos sítios reprodutivos é uma medida importante para conservação da espécie, principalmente em rio sob efeito das variações no regime fluvial causada pela UHE Manso.

1 Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79720-900, Corumbá, MS, Brasil ([email protected]) 2 Royal Zoological Society of Scotland, Murrayfield, Edinburg, EH12 6TS, Scotland.

Page 139: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

138

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Evolução demográfica do cavalo Pantaneiro nos munic ípios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul 1

Sandra Aparecida Santos 2, Concepta McManus 3, Flávia de Paula 4, José Aníbal Comastri Filho 5, Samuel Paiva 6, Raquel Soares Juliano 7, Manoel Cristino de Arruda Marques 8

Resumo: O interesse pela criação do cavalo Pantaneiro tem crescido nas ultimas décadas devido ao seu valor inestimável como animal de lida do gado adaptado às condições inóspitas do Pantanal, bem como à seleção e melhoramento para conformação e funcionalidade, tornando-o um animal valorizado pelos criadores. Atualmente o cavalo também vem sendo utilizado para práticas esportivas e de lazer em diversas partes do Brasil e do mundo. Este estudo objetivou avaliar a evolução dos cavalos Pantaneiros registrados na Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Pantaneiro (ABCCP) nos estados de Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS). A população estudada incluiu todos os animais registrados pela ABCCP, desde sua criação, em 1972, até março de 2010. Os dados foram analisados em nível de estado, município, sexo e tipo de pelagem básica. No período foram analisados os animais com registros definitivos e provisórios totalizando 10.381 animais em MT (n=6.655) e em MS (n=3.726). Dentre os 16 municípios de MT que registraram cavalos, destaca-se Poconé com 75% do total de registros. Em MS destacam-se os municípios de Corumbá, Rio Verde e Campo Grande com 47%, 22% e 11%do total, respectivamente. Onze tipos de pelagens básicas foram observados com a predominância da pelagem tordilha (44% em MT e 53% em MS), mostrando a grande preferência dos criadores por este tipo de pelagem. Em seguida constatou a preferência pela pelagem de cor baia (18% em MT e 20% em MS).

Palavras–chave : pelagem, população, raças locais, recursos genéticos animais

Demographic development of the Pantaneiro horse in the municipalities of Mato Grosso and Mato Grosso do Sul 1

Abstract: The interest in rearing Pantaneiro horse has increased over the last decade due to inestimable value as animal for dealing the cattle adapted to inhospitable conditions of the Pantanal, as well as due to selection and improvement in terms of conformation and functionality. These traits makes it valued highly and attracted for breeders. Actually, the breed also has been used in sports practices and recreation options in several parts of the world. This study aims to evaluate the evolution of Pantaneiro horses registered with the Brazilian Pantaneiro Horse Breeders Association (BPHBA) in both States that compose the Brazilian Pantanal, Mato Grosso (MT) and Mato Grosso do Sul (MS). In the studied population were included all animals registered by BPHBA since its foundation in 1972 until March 2010. Data were analyzed in level of states, municipalities, sex and coat type. In the study period were analyzed all animals with definitive and provisory registers totaling 10.381 animals in both states, being 6.655 in MT and 3.726 in MS. Among the 16 municipalities that registered horses in MT, stand out the municipality of Poconé with 75% of total number of registers. Among the municipalities that registered horses in MS highlight the municipalities of Corumbá, Rio Verde and Campo Grande with 47%, 22% and 11%, respectively of total. Eleven coat types were observed with predominance of grey coat (44% in MT and 53% in MS), showing the great preference of breeders by this type of coat. Subsequently was found the preference by bay coat (18% in MT and 20% in MS).

Keywords: animal genetic resources, coat, local breeds, population.

1 Dados fornecido pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Pantaneiros (ABCCP) 2 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal X, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Professora da Universidade de Brasília, Brasília, DF (e-mail: [email protected] ) 4 Aluna de Pós Graduação da Universidade de Brasília, DF, Campo Grande, MS, (e-mail: [email protected]) 5 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal X, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 6 Pesquisador da Embrapa Cenargen, Caixa Postal 02372, 70770-917, Brasília, DF ([email protected]) 7 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal X, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 8 Técnico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Pantaneiro, Poconé, MT (e-mail:[email protected] )

Page 140: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

139

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Introdução

O interesse pela criação do cavalo Pantaneiro tem crescido nas ultimas décadas devido as suas inúmeras funções tais como a lida do gado nas condições extensivas do Pantanal, meio de transporte para a população local, atividades de lazer e esportivas. A seleção e o melhoramento genético, em termos de conformação e funcionalidade, foi o ponto de partida que levou esta população a categoria de raça, tornando este animal altamente valorizado nos dias de hoje (SANTOS et al., 2009). Hoje, face ao seu grande desempenho e resistência, já comprovados, este animal esta credenciado para as práticas esportivas em diversas partes do Brasil e do mundo.

A Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Pantaneiros (ABCCP) foi criada em 1972 na cidade de Poconé como o intuito de fomentar, preservar e melhorar a raça. O livro de registro Genealógico do Cavalo Pantaneiro foi fechado para machos em 2008 enquanto que o livro das fêmeas continua aberto. McManus et al. (2012) avaliaram a estrutura do pedigree da raça Pantaneira registrada na ABCCP e verificaram que embora esteja ocorrendo um aumento no número de registros está havendo um aumento da endogamia na raça. Observaram também que não há heterogeneidade entre municípios, portanto, sugeriram que os planos de melhoramento deveriam incluir o intercâmbio de reprodutores entre os municípios para manter baixos os níveis de endogamia e de variação genética.

Este estudo teve como objetivo avaliar a evolução dos cavalos Pantaneiros registrados na ABCCP nos municípios de ambos os estados que compõem o Pantanal do Brasil, Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS).

Material e Métodos

O estudo foi realizado a partir das informações de registro genealógico da raça do período de 1972 a março de 2010, disponibilizados pela ABCCP, sediada na cidade de Poconé, MT. Na análise do banco de dados considerou-se o percentual do número de registros dos cavalos por estado, município, sexo e tipo de pelagem básica.

Resultados e Discussão

No período foram analisados os animais com registros definitivos e provisórios totalizando 10.381 animais em ambos os estados, sendo 6.655 em MT e 3.726 em MS. O número de registros anuais de cavalos Pantaneiros manteve-se estável até a década de 80, a partir da qual houve um incremento de registros, principalmente na última década (Figura 1). O maior número de registros refere-se às fêmeas devido ao fechamento do livro de registros dos machos no final de 2008.

Figura 1 . Número de animais registrados na Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Pantaneiros, fêmeas e Machos, nos estados de MT e MS, de acordo com ano de nascimento.

Page 141: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

140

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Conforme dados do IBGE, havia um efetivo de populacional de equinos de 290.445 e 194.362 cabeças em 1970 (Censo Agropecuário), comparado com um efetivo de 344.918 e 344.589 cabeças em 2010 (Pesquisa Pecuária Municipal), para MT e MS, respectivamente. Estes dados mostram que a população de equinos aumentou em ambos os estados, mas o incremento foi maior em MS.

Dentre os 16 municípios de MT que registraram cavalos, destaca-se o município de Poconé com 75% do total de registros, seguidos dos municípios de Juscimeira, Cáceres e Rosário d'Oeste (Figura 2). Dentre os municípios que registraram cavalos em MS destacam-se os municípios de Corumbá, Rio Verde e Campo Grande com 47%, 22% e 11 % do total, respectivamente (Figura 2).

Figura 2 . Percentual de cavalos Pantaneiros registrados na ABCCP por municípios nos estados de MT e MS Onze tipos de pelagens básicas foram observados com a predominância da pelagem tordilha (44% em MT

e 53% em MS), mostrando a grande preferência dos criadores por este tipo de pelagem. Em seguida constatou a preferência pela pelagem de cor baia (18% em MT e 20% em MS). A pelagem amarilha foi predominante em MT com 18% dos animais registrados enquanto que em MS houve apenas 1% (Figura 3). Esta preferência é muito bem visualizada, quando os animais são apresentados nas pistas de julgamento. Santos et al. (1995) avaliaram os dados da ABCCP e verificaram que até 1990 os animais registrados apresentavam um percentual de 35%, 27% e 22% das pelagens tordilha, castanha e baia, respectivamente.

Figura 3 . Percentual de tipos de pelagem encontrados nos cavalos registrados na ABCCP em MT e MS

Page 142: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

141

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Conclusões

Os resultados obtidos mostram que o crescimento de registros de cavalos Pantaneiros aumentou em ambos os estados, principalmente na ultima década. Embora o tipo de pelagem preferida em ambos os estados seja a tordilha, há algumas preferências regionalizadas.

Referências

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Banco de Dados Agregados - Pecuária . Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pecua/default.asp?t=2&z=t&o=24&u1=1&u3=1&u4=1&u5=1&u6=1&u7=1&u2=38>. Acesso em: 03 out. 2013.

McMANUS, C.; SANTOS, S. A.; DALLAGO, B.S.L.; PAIVA, S.R.; MARTINS, R.F.S.; NETO, J.B.; MARQUES, P.R.; ABREU, U.G.P. Evaluation of conservation program for the Pantaneiro horse in Brazil. Revista Brasileira de Zootecnia, v.6, p.404-413, 2013.

SANTOS, S. A.; ABREU, U.G.P.; COMASTRI FILHO, J.A.; MARQUES, M.C.; SOARES, R.; MARIANTE, A.S.; EGITO, A.; MARQUES, R.; ALBURQUERQUE, S.M. Importância da motivação dos criadores na conservação do cavalo Pantaneiro. In: SIMPOSIO DE RECURSOS GENÉTICOS PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE. RECURSOS ZOOGENÉTICOS, 7, Púcon, 2009. Anais ...Púcon, Chile, 2009.

SANTOS, S.A.; MAZZA, M.C.M.; SERENO, J.R.B.; ABREU, U.G.P.; SILVA, J.A. Avaliação e conservação do cavalo Pantaneiro . Corumbá, MS: EMBRAPA-CPAP, 1995, 40 p.il. (EMBRAPA-CPAP. Circular Técnica, 21).

Page 143: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

142

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Fenologia de Stryphnodendron adstringens e Machaerium acutifolium em área de cerrado antropizado no município de Chapadão do Sul , MS

Igor Erickson Tosta Maia 1, Ana Paula Leite de Lima 2, Sebastião Ferreira de Lima 2, Arlindo Ananias Pereira da Silva¹, Ana Paula Mezoni¹.

Espécies nativas dos Biomas, Cerrado e Pantanal, tais como barbatimão e jacarandá, possuem grande potencial para utilização em arborização urbana, devido à sua adaptação as condições ambientais locais, porém são pouco utilizadas principalmente devido a escassez de estudos. Sua utilização em paisagismo urbano pode promover a preservação da flora nativa. Uma das ferramentas básicas para o conhecimento biológico e reprodutivo destas espécies é o estudo fenológico, pois o conhecimento das fenofases pode servir tanto como base de dados para coleta de material fértil, como para pesquisas de reprodução das espécies. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar o potencial ornamental e estudar a fenologia de Stryphnodendron adstringens e Machaerium acutifolium em uma área de cerrado, em Chapadão do Sul, MS. Foram lançados dois transectos em uma área de cerrado antropizado, no município de Chapadão do Sul, MS. As observações acerca do potencial ornamental dessas espécies foram realizadas, nos indivíduos encontrados ao longo dos transectos, considerando uma distância de aproximadamente um metro para cada lado destes. Para determinação do potencial ornamental das espécies foram consideradas características estéticas de porte, cor, textura, forma, estrutura e simetria. Foi realizado ainda, o acompanhamento fenológico, a cada quinze dias, dos eventos de florecimento, de frutificação e de perda e brotação de folhas, no período compreendido entre outubro de 2011 a julho de 2013. A espécie barbatimão, Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville, planta de até 5m de altura, revestido por casca com ritidoma suberoso, escamoso. Possuindo folhas compostas bipinadas, sendo suas flores esbranquiçadas e em racemos axilares. A árvore é bastante ornamental pela forma da copa e delicadeza da folhagem, apresentou período de floração em novembro inferior a 15 dias, e frutificação de dezembro a julho (8 meses). A estagnação na produção de novas folhas ocorreu de outubro a janeiro (4 meses) e a brotação de fevereiro a julho (6 meses) sendo mais expressivo em julho. Machaerium acutifolium Vogel, possui altura de 10-20m, com tronco revestido por casca pardo-acinzentada, fina e com ritidoma escamoso. Folíolos glabros e coriáceos e suas panículas apresentam flores amarelo-esbranquiçadas. Planta rústica, com características ornamentais, principalmente pelo formato piramidal da copa com ramos pendentes.A floração não foi verificada por ocorrer em um período inferior a quinze dias, não sendo possível a verificação. A frutificação ocorreu de novembro a março, por um período de 5 meses. A estagnação na produção de novas folhas foi de dezembro a fevereiro (3 meses) e brotação de março a julho (5 meses). Ambas espécies não apresentaram uma floração relevante, porém a variação foliar ocorreu de forma semelhante. Não houve desfolha nas duas espécies, sendo que mesmo lançando folhas novas, as folhas adultas não são totalmente perdidas, permanecendo a copa com sua forma inalterada.

1 Acadêmico de Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 112, 79560-000, Chapadão do Sul, MS ([email protected]) 2 Docente de Engenharia Florestal e Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 112, 79560-000, Chapadão do Sul, MS

Page 144: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

143

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Fitossociologia de um cerrado no Pantanal da Nhecol ândia, Corumbá, MS 1

Suzana Maria Salis 2, Carlos Rodrigo Lehn 3, Sandra Mara Araújo Crispim 4, Iria Hiromi Ishii 5 Os cerrados há muito tempo vêm sendo utilizados pela criação extensiva de gado bovino no Pantanal. Apesar da importância dessa fisionomia para a pecuária na região, ainda são poucos os estudos sobre a estrutura e a composição florística nesse tipo de formação. O objetivo desse estudo foi identificar as espécies lenhosas e herbáceas de maior ocorrência em uma área de cerrado do Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS. O levantamento fitossociológico foi feito numa área de cerrado na fazenda Nhumirim (19°00'42,7''S; 56°38 '29,5''W) em março de 2008. Para amostragem das espécies lenhosas foi utilizado o método de quadrantes móvel. No estrato arbóreo foram levantadas as árvores com diâmetro a 1,30 m de altura do solo (DAP) ≥ 5 cm e no estrato arbustivo todos os arbustos anotando-se o diâmetro ao nível do solo. Foi amostrada uma área equivalente a 0,25 ha para ambos os estratos com a amostragem de 77 indivíduos arbóreos e 111 arbustivos. As espécies herbáceas mais frequentes foram obtidas por amostragem em 10 quadrados de 1 m x 1 m. A densidade total do estrato arbóreo foi 313 indivíduos.ha-1 e de 4335 indivíduos.ha-1 para o estrato arbustivo. As árvores apresentaram altura média de 6,4 ± 3,2 m, chegando a 14 metros. Já o estrato arbustivo apresentou indivíduos com altura média de 1,1 ± 0,7 m, chegando a 5,5 m. Foram observadas 23 espécies no estrato arbóreo, se destacando, por apresentarem maior número de indivíduos (=densidade absoluta) e alta dominância, Curatella americana (lixeira), Mouriri elliptica (coroa-de-frade) e Hymenaea stigonocarpa (jatobá-do-cerrado). No estrato arbustivo encontrou-se 17 espécies com destaque, pelo maior número de indivíduos e dominância, para Annona dioica (araticum), Byrsonima cydoniifolia (canjiqueira) e Diospyros hispida (fruta-de-boi). A riqueza das espécies arbóreo-arbutivas nesse cerrado foi próximo ao observado em outras áreas de cerrado no Pantanal. Já no estrato herbáceo foram amostradas 25 espécies, ocorrendo com maior frequência Waltheria albicans (malva-branca) e Stilpnopappus pantanalensis, número um pouco menor quando comparado com uma área de cerrado no Pantanal de Poconé, onde foram observadas 34 espécies.

1 Pesquisa financiada pela Conservação Internacional do Brasil com apoio da Embrapa. 2 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, Campus Panambi, Rua Erechim, 860, 98280-000 Panambi, RS ([email protected]) 4 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Avenida Rio Branco, 1270, 79394-902, Corumbá, MS ([email protected])

Page 145: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

144

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Florística de ilhas de solo em bancadas lateríticas no Parque Municipal Piraputangas, Corumbá, MS 1

Nataly Maria de Souza 2, Thomáz Guerreiro Botelho 2, Marcus Vinícius Santiago Urquiza 3, Camila Bárbara Danny Silva André 2, Andressa da Cunha Trindade 2

, Iria Hiromi Ishii 4, Adriana Takahasi 4

Os afloramentos rochosos ferruginosos, denominados bancadas lateríticas, podem ser considerados uma paisagem peculiar do Centro-Oeste do Brasil. As principais características destes ambientes são: a ausência quase completa de cobertura de solo, alto grau de insolação e evaporação e grande heterogeneidade topográfica. As plantas que se estabelecem nos afloramentos rochosos crescem diretamente sobre a rocha exposta ou em ilhas de vegetação, que apresentam tamanhos variados, gerando um mosaico de acordo com a declividade da rocha e a profundidade do substrato. As ilhas de solo são formadas por agrupamentos de plantas herbáceo-arbustivas rodeadas por uma superfície rochosa. O presente trabalho tem como objetivo verificar quais espécies vasculares se estabelecem em ilhas de solo em bancadas lateríticas. O estudo está sendo realizado no Parque Municipal Piraputangas (19°14'34,96"S e 57°38'18,36 ”O) com cerca de 1.300 ha, em Corumbá, MS. O clima é do tipo Awa segundo a classificação de Koppen correspondendo a um clima tropical megatérmico. Inicialmente todas as ilhas de solo presentes nas bancadas lateríticas foram marcadas e numeradas com tinta esmalte branca. Cada ilha de solo teve seu maior e menor comprimento medidos para o cálculo da área, considerando-se que o formato predominante das ilhas de solo foi a elipse. Após o cálculo da área insular foram sorteadas 30 ilhas de solo, enquadradas em três classes de tamanho arbitrárias: pequena (até 3,80 m²), média (até 10,80 m) e grande (até 1100 m²) para o levantamento florístico. As coletas mensais vêm sendo realizadas desde julho de 2013. O material coletado foi identificado através de literatura especializada e comparação com espécimes depositados em herbário. O material testemunho foi depositado no Herbário COR (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, câmpus Pantanal). Até o momento foram identificadas 76 espécies pertencentes a 34 famílias botânicas, sendo quatro espécies de pteridófitas e outros cinco táxons indeterminados. As famílias com maior número de espécies foram: Fabaceae (15) e Poaceae (9). No local de estudo observaram-se poucas ilhas de solo, mas com uma área insular maior do que o observado em outras bancadas lateríticas da região. As espécies mais frequentes nas ilhas de solo foram: Discocactus ferricola, Selaginella sellowii, Portulaca mucronulata e Melinis repens, que possuem uma ampla distribuição em diferentes bancadas lateriticas. As ilhas de solo se diferenciam, principalmente, pela presença da espécie Deuterocohnia meziana associada a componentes herbáceos, enquanto ilhas de solo com Bromelia balansae apresentam maior área insular e também maior riqueza de espécies, compostas por componentes arbustivos característicos das matas deciduais como Acrocomia aculeata, Aspidosperma sp., Croton urucumensis, Hymenaea stigonocarpa, Sebastiania hispida e Tocoyena formosa. Há necessidade de mais estudos para avaliação da associação entre as espécies em função do tamanho das ilhas de solo para subsidiar propostas de conservação destes locais.

1 Financiamento Fundect (proc. n. 23/200.626/2012) 2 Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-Campus do Pantanal, Av. Rio Branco nº1270, 79304020, Corumbá, MS ([email protected], [email protected], [email protected], [email protected]) 3 Biólogo, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-Campus do Pantanal, Av. Rio Branco nº1270, 79304020, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Professora Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-Campus do Pantanal, Av. Rio Branco nº1270, 79304020, Corumbá. MS ([email protected], [email protected])

Page 146: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

145

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Flutuação da disponibilidade de biomassa de herbáce as de pastagem nativa, em uma área de campo limpo, Pantanal da Nhecolândia, Corum bá, MS1

Sandra Mara Araújo Crispim², Sandra Aparecida Santo s³, Oslain Domingos Branco 4 A atividade pecuária na planície pantaneira tem sido a principal atividade econômica, baseada quase que exclusivamente em pastagem nativa. A partir da década de 90, com a queda da rentabilidade da pecuária aliada à divisão das fazendas por questões de herança, muitas fazendas foram vendidas, houve a entrada de capital de fora, e como ferramenta de aumento da produtividade, teve início à introdução de espécies de gramíneas exóticas, ocasionando os desmatamentos e/ou a substituição de pastagens. Esse projeto foi elaborado com a finalidade de estabelecer critérios técnicos para o manejo do ecossistema pantaneiro, conferir sustentabilidade á pecuária de corte (=manter a biodiversidade, os padrões e os processos ecológicos), utilizando algumas espécies como indicadoras. Assim, o objetivo desse estudo foi acompanhar a variação da flutuação de biomassa (kg/ha/MS) de herbáceas, em um ponto fixo na grade do projeto (A 3500), área de campo limpo adjacente a um cerrado, em duas épocas (chuvas e seca), nos meses de abril e setembro, respectivamente, no período de 2008 a 2012, no total de 10 avaliações. As amostragens foram realizadas com a utilização de quadrados de 0,5 m x 0,5 m, no total de 100 pontos por amostragem, sendo alocadas ao acaso. Em cada quadrado, foram anotadas todas as espécies presentes que foram ordenadas (“rank”), com valores correspondentes ao peso seco (variando de 1 a 5 e todas as suas combinações) e a cobertura do solo. Conforme esperado, os maiores valores de biomassa encontrados foram no período chuvoso, 4304 e 3495 kg/ha/MS, em abril de 2008 e 2009, respectivamente. Os demais valores foram muito próximos aos encontrados para o período da seca, devido ao menor volume de chuvas registrado nesses anos, com o mínimo de 1174 kg/ha/MS, em set/2012. O número de espécies presentes nas amostragens variou de 34 a um mínimo de 9, em abr/2009 e set/2010, respectivamente. A espécie vegetal que teve a maior participação na composição botânica em todas as avaliações foi à grama-do-cerrado (Mesosetum chaseae), que variou de 100¢ e 78% em abr/2008 e set/2012, respectivamente, apresentando um valor máximo de biomassa de 3924 kg/ha/MS e mínimo de 821 kg/ha/MS, nessas mesmas épocas. De acordo com os estudos realizados é considerada uma espécie chave, por ser preferida pelo gado e devido ao seu hábito estolonífero, tem a capacidade de cobrir bem o solo. O conjunto de todas as informações levantadas será essencial para a elaboração dos critérios para a sustentabilidade da atividade pecuária.

1Parte do projeto de Pesquisa “Análise das respostas de indicadores da biodiversidade às variações naturais e antropogênicas na busca de critérios para pecuária sustentável do Pantanal” ²Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) ³Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 4Técnico Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 147: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

146

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Frequência de fitoplanctôn de uma lagoa localizada na zona rural de Aquidauana MS 1

Marivania Silva Santos das Chagas 1·, Dhébora Albuquerque Dias 2, Ricardo Henrique Gentil Pereira 3 A comunidade fitoplanctônica exerce um papel importante como produtor primário na conversão da matéria inorgânica em orgânica, principalmente na região de limnética dos ecossistemas aquáticos, em casos poluição também são utilizados como indicadores. Sua produtividade primária é controlada essencialmente pela disponibilidade de nutrientes e pela intensidade luminosa. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a frequência das espécies de fitoplâncton da Lagoa dos Bobos, localizada na área rural do município de Aquidauana, está cercada por propriedades que desenvolvem atividades agropastoris e se caracteriza por não possui mata ciliar e ter uma grande quantidade de plantas aquáticas. Também possui aproximadamente 520 metros de comprimento e de 180 metros de largura em linha reta, onde foram distribuídos 4 pontos para as coletas. Nos pontos previamente delimitados foram coletadas amostras da água próxima à superfície com ajuda de um balde de 20 litros, sendo filtrado um total de 100 litros de água em rede de fitoplâncton de 20 micrômetros de abertura de malha, o material foi fixado com formol a 4%. As amostras foram levadas para o Laboratório de Hidrologia Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde foram feitas as análises físico-químicas da água e a identificação das algas com o auxílio de microscópio e de referências bibliográficas específicas. Os resultados do pH mostrou que a lagoa no período de estudo se manteve básico, sendo que em novembro registrou apenas 5,2. A condutividade elétrica variou entre 18,4 uS/cm-1 em agosto e de 23,6 uS.cm-1 em novembro. As concentrações de oxigênio dissolvido estiveram baixos nos períodos amostrais, ficando com 1,11 mg.L-1. Foram encontrados 4 classes taxonômicas de fitoplâncton: Crysophyta com 28,76% e Clamidophyceae com 21,36% no mês de novembro, Clorophyceae com 25,75%, encontrados em agosto e novembro, Euglenophiceae com 8,6% no mês de maio e agosto, Cyanophyceae com 15,47% no mês de novembro, As maiores frequências encontradas foram de gêneros pertencentes as classes Crysophyta considerada classe dominante com 30% de presença de indivíduos por amostra analisada e Clorophyceae com 26% A maior frequência mostrou correlação positiva com o maior índice de luminosidade, profundidade, DBO e outros parâmetros limnológicos utilizados.

1 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected]) 2 Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected]) 3 Professor Doutor do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])

Page 148: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

147

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Granulometria e conteúdos de carbono e nitrogênio d o solo sob diferentes fitofisionomias da fazenda Nhumirim, Pantanal Sul-M ato-Grossense 1

Ana H B Marozzi Fernandes 2, Evaldo Luis Cardoso 3, Fernando Antonio Fernandes 4 Apesar dos solos da fazenda Nhumirim serem classificados como NEOSSOLOS QUATZARÊNICOS, solos profundos e de textura essencialmente arenosa, diferenças podem ocorrer em função das diversas fitofisionomias presentes no mesorrelevo, bem como o nível de inundação a que a área está sujeita periodicamente. O objetivo deste trabalho foi, portanto, avaliar a granulometria e os conteúdos de carbono (C) e nitrogênio (N) do solo das diversas unidades de paisagem com vistas a fornecer material de referência para estudos futuros. O trabalho foi conduzido em quatro fitofisionomias diferentes do mesorrelevo: baixada - área sujeita a inundação periódica, com predominância de Axonopus purpusii (capim mimoso); campo limpo - áreas sujeita a inundação periódica, situada em mesorrelevo um pouco mais alto do que a anterior, com predominância de Mesosetum chaseae (capim do cerrado); campo cerrado – área localizada mais acima no mesorrelevo em relação ao campo limpo, que sofre inundações ocasionais, com presença de espécies graminóides e de alguns arbustos como Byrsonina orbignyana (Malpighiaceae - canjiqueira); e cerradão – área localizada no ponto mais elevado do mesorrelevo, livre de inundação e coberta por vegetação arbórea, sendo que entre as principais espécies ocorre: Anadenanthera colubrina (angico), Protium heptaphyllumi (almecega), Astronium fraxinifolium (gonçalo), Tabebuia roseo-alba (piuxinga). Em cada uma das áreas foram abertas três trincheiras até 1,5 de profundidade, sendo coletadas amostras de solo nas profundidades 0-10; 10-20; 20-30; 30-40; 40-60; 60-80 e 80-100 cm de três faces de cada uma das trincheiras. Foram determinados os conteúdos totais de areia, silte e argila por meio de método preconizado pela Embrapa, e de carbono e nitrogênio por meio de combustão seca em analisador elementar. Os conteúdos de areia não foram menores do que 90% em nenhuma das áreas amostrada. Diferenças de granulometria do solo entre as áreas foram observadas nos primeiros 20 cm. A área de baixada apresentou conteúdos de silte+argila significativamente maiores e de areia significativamente menores do que as outras áreas (p>0,05). Abaixo dos 30 cm, porém, a área de campo cerrado apresentou teores significativamente maiores de silte+argila e menores de areia em relação àqueles observados na área de borda de baía. Com relação aos conteúdos de C e N do solo, a área de baixada apresentou conteúdos significativamente maiores do que as outras áreas nos primeiros 30 cm (p>0,05). Entretanto, abaixo dos 30 cm esses conteúdos foram significativamente menores nessa área em relação às demais, até os 60 cm de profundidade, quando não foram mais detectadas diferenças entre os conteúdos. Alguns fatores podem contribuir para esse comportamento, tais como a ocorrência de inundações periódicas nessa área, e consequente acúmulo de material vegetal morto, como também a presença mais intensiva de gado, devido à ocorrência de espécies que fazem parte da dieta preferencial dos mesmos. Ambos podem ocasionar uma maior deposição de matéria orgânica do que ocorre nas outras áreas, o que poderia explicar os maiores conteúdos de C e N no solo nas camadas mais superficiais.

1 Trabalho integrante de projeto participante da Rede PECUS de pesquisa, financiado pela Embrapa. 2 Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 149: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

148

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Grau de invasão de canjiqueira ( Byrsonima cydoniifolia ) nas áreas de pastagens nativas do Pantanal

Cleomar Berselli 1, Sandra Aparecida Santos 2, José Antônio Maior Bono 3, Raquel Soares Juliano 4, Leize Tatiane da Silva 5

A redução da capacidade de suporte das pastagens nativas devido a invasão de espécies arbustivas e arbóreas tem sido um grande problema enfrentado pelos fazendeiros da região do Pantanal. Dentre as espécies arbustivas invasoras destaca-se no Pantanal arenoso a canjiqueira (Byrsonima cydoniifolia). A presença da espécie é normal quando encontrada no ambiente natural, como borda de cordilheiras, capão, campo-cerrado inundável ou não, tornando-se invasora quando disseminada nos campos limpos e áreas baixas. Quando encontrada de forma densa o problema torna-se ainda mais grave, pois além de prejudicar o acesso de animais e do homem não permite a utilização pelo gado na área invadida. Considerando que a espécie é nativa na região e que sua presença faz parte das paisagens e da composição florística, há a necessidade de conhecer não somente o limiar de invasão que causa perda de resiliência do ecossistema, mas também um sinal de alerta que mostre a proximidade deste limiar.Portanto, este estudo objetivou avaliar o grau de invasão da canjiqueira em áreas de campos e baixadas do Pantanal. O estudo foi feito em uma invernada invadida da fazenda Nhumirim, localizada na sub-região da Nhecolândia, no período seco (julho a setembro) de 2009. Nas áreas de campo limpo invadidos foram feitos transectos e a dominância, avaliada com a utilização da escala do percentual de cobertura (1< 0,01%, 2= 0,01-10%, 3=10-25%, 4= 25-50%, 5=50-75% e 6= 75-100%). Para estabelecer escores (classes) de dominância e usá-los como um indicador do grau de invasão, adotou-se a análise boxplot usando o programa R, no qual valores acima do 3º quartil foi considerado muito alto; do 2° quartil (mediana) até 3º quartil , alto, do 1º ao 2° quartil, moderado; do 1° quartil ao extremo infe rior (outlier), baixo. Observou-se que o grau de invasão considerado muito alto envolve invasão acima de 60%, 40-60% alto, 20-40% moderado e abaixo de 20% baixo. Estas classes de invasão serão utilizadas para a definição de indicadores práticos de campo, como a distância entre arbustos, a qual indicará o momento correto de se proceder o controle da invasora, servindo como uma ferramenta aos pecuaristas que auxiliará na detecção precoce da invasão evitando a perda da capacidade produtiva das fazendas.

1 Mestrando do Mestrado Profissional em Produção e Gestão Agroindustrial, Universidade Anhanguera Uniderp, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Professor do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Produção e Gestão Agroindustrial, Universidade Anhanguera Uniderp, 79037-280, Campo Grande, MS ([email protected]) 4 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Mestranda do Mestrado Profissional em Produção e Gestão Agroindustrial, Universidade Anhanguera Uniderp, 79037-280, Campo Grande, MS ([email protected])

Page 150: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

149

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Identificação preliminar de grupos funcionais em pa stagens nativas no Pantanal

Sandra Aparecida Santos 1, Arnildo Pott 2, José F. M. Valls 3, Sandra Mara A. Crispim 1, Cleomar Berselli 4, João Batista Garcia 5

Resumo: As pastagens nativas do Pantanal são dinâmicas, principalmente devido às inundações periódicas. O conhecimento sobre os grupos funcionais dos estados de transição dessas comunidades é de extrema importância no manejo para resiliência do ecossistema. Este artigo objetivou identificar grupos funcionais de plantas em uma borda de baía, influenciada por inundação e superpastejo, de bovinos ao longo do tempo. O trabalho foi desenvolvido na borda de uma lagoa superpastejada na fazenda Nhumirim, sub-região da Nhecolândia, Pantanal, no período de setembro 2007 a março 2010. Para avaliar a composição florística da borda implantou-se um transecto fixo de 250 m, seguindo o nível topográfico. Durante as seis épocas de coleta, foram identificadas 36 espécies de plantas, pertencentes a 16 famílias. Para cada espécie de planta, elaborou-se uma lista preliminar com algumas características qualitativas de interesse, relacionadas com o histórico de vida. Foram analisados os grupos funcionais por meio do método de agrupamento hierárquico. Dentre as 36 plantas encontradas na borda da baía, foram definidos 12 grupos funcionais considerando como ponto de corte nos grupos de forrageiras. A forma de vida de plantas aquáticas foi a principal característica na diferenciação dos grupos funcionais no ambiente estudado. Os resultados obtidos mostram a importância de definir grupos funcionais nos ecossistemas do Pantanal, principalmente aqueles que respondem aos diferentes distúrbios visando desenvolver estratégias de manejo adaptativo para conservação, restauração, produtividade, entre outras funções de interesse. Outras características de importância devem ser avaliadas para melhor caracterização dos grupos funcionais, assim como maior abrangência de ambientes e de tipos de distúrbios.

Palavras–chave: distúrbio, forma biológica, manejo adaptativo, resiliência,

Preliminary identification of functional groups in natural pastures of the Pantanal 1

Abstract: Natural pastures are dynamic, mainly due to seasonal flooding. Knowledge about functional groups of transition states of these communities is important for management resilience of the ecosystem. This work aimed to identify plant functional groups on the edge of a pond influenced by cattle overgrazing and flooding at Nhumirim ranch, Nhecolândia sub-region, Pantanal wetland, along the time, from September 2007 to March 2010. The floristic composition was evaluated using fixed transect lines according to topographical level along 250 m. We identified 36 plant species from 16 families, during six data acquisition periods. A preliminary list was elaborated for each plant species with qualitative traits related to life history. Functional groups were analyzed by the method of hierarchical grouping. We defined 12 functional groups among the 36 plants found on the edge of the pond taking into consideration the forages plant as cut point. Life form of aquatic plants was the main trait that distinguished among functional groups on the studied environment. The obtained results indicate the importance to define functional groups in the ecosystems of the Pantanal, mainly those respond to different disturbances, with the objective to develop adaptive strategies for conservation, restoration, productivity, along with other information of interest. Other important traits may be evaluated for better characterization of functional groups, as well as a broader range of environments and disturbance types.

Keywords: adaptive management, disturbance, life form, resilience, wetland

Introdução

O Pantanal possui uma heterogeneidade de comunidade vegetais que formam um mosaico de paisagens que varia espaço-temporalmente em função das condições edafoclimáticas e antrópicas e respectivas interações (POTT et al., 1994). Muitas destas comunidades apresentam predominância de plantas herbáceas, especialmente gramíneas e ciperáceas, que favorecem a criação de bovinos de corte. As áreas úmidas, existentes ao redor dos corpos d'água, canais e baixadas possuem forrageiras de melhor qualidade e são mais intensamente usadas para pastejo (SANTOS et al., 2002).

1 Pesquisadoras da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Professor Visitante do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da UFMS, Campo Grande, MS ([email protected]) 3 Pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, DF ([email protected]) 4 Técnico da Embrapa Pantanal, e aluno do curso de Mestrado da UNIDERP, Campo Grande, MS ([email protected]) 5 Analista da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 151: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

150

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

De maneira geral, essas comunidades são dinâmicas, principalmente as que sujeitas a inundações periódicas. Elas se caracterizam pela existência de vários estados, dependentes do histórico de manejo e condições climáticas (MAURO et al., 1998). Estados podem ser caracterizados, por abundância e composição de espécies, assim como função (SUDING; HOBBS, 2009). Do ponto de vista ecológico, não há estados considerados mais desejados, ao contrário do ponto de vista de sistemas produtivos, no qual o estado mais desejável corresponde a aquele que possibilita maior produtividade. No caso de sistemas de criação de gado, os ecossistemas onde dominam forrageiras são os mais desejados, consequentemente, são ecossistemas cuja principal função é a produção de forragem. Porém, esses ecossistemas podem perder esta função quando mudam de estado, ou seja, estado dominado por herbáceas de interesse forrageiro para estado dominado por plantas herbáceas, sem interesse forrageiro. A mudança destes estados pode ser determinada por limiares entre estrutura da vegetação e função, no entanto, quando isto acontece, o ecossistema pode ter perdido sua resiliência, ou seja, a capacidade de recuperação. No entanto, na avaliação destes estados é importante conhecer grupos funcionais de plantas existentes que consistem em um conjunto de espécies que desempenha funções semelhantes (DROBNIK et., 2011). Esta identificação de grupos funcionais ao longo do tempo em resposta aos distúrbios climáticos e antrópicos pode auxiliar na definição de estratégias de manejo para recuperação, conservação e produtividade das pastagens.

O objetivo deste trabalho foi identificar grupos funcionais de plantas, em uma borda de baía influenciada por inundação e superpastejo ao longo do tempo.

Material e Métodos

O estudo foi realizado na fazenda Nhumirim, sub-região da Nhecolândia, Pantanal, MS, na borda de uma lagoa temporária, superpastejada por bovinos ao longo do tempo. Para avaliar a composição florística da borda, implantou-se um transecto fixo de 250 m, seguindo o nível topográfico, no qual foram alocadas estacas a intervalos de 10 m. No final das chuvas (março) e da seca (setembro) foram colocados quadrados de 0,25m2 em cada estaca para avaliar a composição botânica e a cobertura em percentual de cada forrageira, num total de 25 quadrados amostrais, no período de setembro de 2007 a março de 2010.

Durante as seis épocas de coletas, foram identificadas 36 espécies de plantas, pertencentes a 16 famílias. Para cada espécie de planta, elaborou-se uma lista preliminar com algumas características qualitativas de interesse (MCINTYRE et al., 1999) relacionadas com o histórico de vida: forma de vida com base no sistema de Raunkiær (caméfita, hemicriptófita, terófita, geófita, fanerófita, hidrófitas); ciclo de vida (anual e perene) e estratégia de vida (ruderal, competitiva, tolerante ao estresse); morfologia: forma de vida de plantas aquáticas (erva anfíbia, erva emergente, erva terrestre, erva flutuante enraizada, arbusto anfíbio, arbusto terrestre, flutuante livre, palmeira acaulescente) e altura (baixa, média e alta); resposta ou adaptação a distúrbios: pastejo (aumento ou diminuição); fogo (aumento ou diminuição); nutrição (oligotrófica, mesotrófica, eutrófica); regeneração: propagação lateral (sim ou não) e grau de preferência animal (preferida, desejável, indesejável e tóxica) e via fotossintética (C3, C4).

Foram analisados os grupos funcionais por meio do método de agrupamento hierárquico de Ward, com a utilização do pacote fpc do programa R, com ponto de corte estabelecido conforme grupo de interesse, que no caso, foram às espécies forrageiras. Também se aplicou o método de agrupamento hierárquico com valores de Booststrapped utilizando o pacote pclust e análise de correspondência múltipla com o pacote FactoMineR, ambos do programa R.

Resultados e Discussão

Dentre as 36 plantas encontradas na borda da baía durante o período de 2007 a 2010, foram definidos 12 grupos funcionais, considerando como ponto de corte grupos de forrageiras (Figura 1). A principal característica que diferenciou os grupos funcionais foi a forma de vida das plantas aquáticas. A composição florística de cada grupo e suas principais características encontra-se na Tabela 1.

As espécies de forrageiras estiveram presentes em quatro grupos funcionais (G3, G4, G9 e G12), sendo que os grupos G3 e G12 foram exclusivos de gramíneas forrageiras. Dentre os quatro grupos, os de maior interesse são o G3 totalmente composto de espécies de gramíneas preferidas pelo gado (SANTOS et al., 2002), geralmente de via fotossintética C3, que representam forrageiras de alta qualidade, e o G4 composto por espécies preferidas e base da dieta de bovinos (SANTOS et al., 2002), com exceção das espécies Euphorbia thymifolia e Scoparia dulcis. O grupo G9 apresentou algumas gramíneas preferidas e o G12 é composto por espécies de porte baixo e anuais, com espécies de alta preferência por bovinos. O G12 é muito importante no Pantanal como forrageiras, especialmente em condições de superpastejo. No grupo constaram duas espécies, Axonopus purpusii,

Page 152: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

151

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

que predominou onde as condições de conservação estavam melhores, enquanto que Cynodon dactylon predominou em condições de degradação e superpastejo. No G10 foram incluídas plantas ruderais, uma sendo espinhosa (Solanum viarum) e outra, tóxica (Senna occidentalis).

Os grupos funcionais foram plotados ao longo do tempo (Figura 2). O grupo das forrageiras preferidas (grupo 3) dominou nos primeiros anos, porém nos últimos anos foram dominados por espécies de pouco interesse forrageiro, com exceção do grupo 12. No entanto, estudos mais amplos devem ser conduzidos para a definição de grupos funcionais que tenham maior alcance das diversas condições ambientais (DROBNIK et., 2011).

Figura 1. Agrupamento hierárquico dos grupos funcionais de plantas encontradas na borda de uma baía superpastejada no período de setembro de 2007 a março de 2009, em pastagem natural inundável no Pantanal.

Figura 2 . Comportamento dos grupos funcionais ao longo do tempo, em pastagem natural inundável no Pantanal

Page 153: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

152

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 1. Composição florística e caracterização dos clusters observados em pastagem natural inundável no Pantanal

Cluster (Grupo) Espécies Caracterização

1 Mimosa polycarpa, M. weddelliana, Senna alata Grupo de leguminosas perenes arbustivas que predomina na época de seca

2 Heliotropium indicum, Melochia simplex, Polygonum hydropiperoides

Grupo de ervas perenes e anuais não-gramíneas que predomina em pastagens com melhores condições de conservação

3 Hymenachne amplexicaulis, Paspalidium paludivagum, Leersia hexandra

Grupo de gramíneas hidrófilas de via fotossintética C3, consideradas preferidas pelo gado, que predomina em pastagens com melhores condições de conservação

4

Axonopus purpusii, Caperonia castaneifolia, Cyperus sp., Diodia kuntzei, Euphorbia thymifolia, Reimarochloa spp., Scoparia dulcis, Steinchisma laxum

Grupo de gramíneas tropicais e herbáceas, perenes e anuais, que predomina em pastagens com melhores condições de conservação

5 Salvinia auriculata, Wolffia brasiliensis Grupo de espécies hidrófitas que aparece somente em áreas com lâmina de água

6 Attalea phalerata, Aeschinomene fluminensis Grupo de espécies que aparece de forma esparsa

7 Nymphoides grayana Espécie hidrófila que aparece em áreas úmidas. Não consumida por bovinos, mas preferida por espécies da fauna, como veado campeiro

8 Xymenia americana Espécie esporádica

9 Digitaria decumbens, Luziola subintegra, Malachra radiata, Paspalum acuminatum

Grupo de espécies que aparecem durante o ano todo, mas em pastagens com médio a bom estado de conservação

10 Senna occidentalis, Sida acuta, Solanum viarum Grupo de ervas e subarbustos, anuais e perenes que aparecem em sistemas degradados

11 Dactyloctenium aegyptium, Portulaca fluvialis, Richardia grandiflora

Grupo de herbáceas rasteiras que sinaliza locais muito superpastejados e secos

12 Cynodon dactylon, Setaria parviflora Grupo de gramíneas que sinalizam locais perturbados, principalmente superpastejo e pisoteio.

Conclusões

Os grupos funcionais identificados na borda da baía responderam aos diferentes distúrbios ao longo do tempo. No entanto, o uso deste grupos como indicadores de critério na definição de estratégias de manejo e conservação do Pantanal pode ter valor limitado para outras condições ambientais, necessitando que este tipo de estudo seja ampliado para outros ambientes e distúrbios ao longo do tempo, de modo que possam ser identificados grupos funcionais de utilização mais ampla.

Page 154: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

153

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Agradecimentos

Aos funcionários da fazenda Nhumirim, especialmente ao Sr. Nelson, Messias e Marcos Tadeu.

Referências

DROBNIK, J.; RÖMERMANN, C.; BERNHARDT-RÖMERMANN, M.; POSCHLOD, P. Adaptation of plant functional group composition to management changes in calcareous grassland. Agriculture. Ecosystems and Environment , v.145, p. 29-37, 2011.

MAURO, R.A.; POTT, A.; SILVA, M.P. Una propuesta de modelos de estados y transiciones para una sabana tropical inundable: el Pantanal arenoso. Ecotrópicos , v. 10, p. 99-112, 1998.

MCINTYRE S., LAVOREL S., LANDSBERG J. Disturbance response in vegetation towards a global perspective on functional traits. J. Veg. Sci. , v.10, p.621–630, 1999.

POTT, A. Ecossistema Pantanal . In: PUIGNAU, J.P. (ed) Utilization y manejos de pastizales. Montevideo:IICA-PROCISUR, p. 31-34, 1994.

SANTOS, S. A.; CARDOSO, E. L.; SILVA, R. A. M. S; PELLEGRIN, A.O. Princípios básicos para a produção sustentável de bovinos de corte no Pantanal . Corumbá: Embrapa Pantanal, 2002. 25p. (Embrapa Pantanal. Documentos, 37).

SUDING, K.N.; HOBBS, R.J. Threshold models in restoration and conservation: a developing framework. Trends Ecol. Evol. , v.24, p.271-279, 2009.

Page 155: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

154

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Incêndios florestais na Terra Indígena Kadiwéu entr e os anos de 2010 e 2012

Alexandre de Matos Martins Pereira 1, Márcio Ferreira Yule 2 A Terra Indígena (TI) Kadiwéu localiza-se no município de Porto Murtinho, MS. Possui cerca de 540 mil hectares e população residente de 2.000 indígenas, aproximadamente. As principais ameaças ambientais que a TI Kadiwéu sofre são a extração ilegal de madeiras e o uso inadequado do fogo, causando incêndios florestais. Nesta perspectiva, este trabalho tem como objetivo quantificar e analisar a área atingida pelos incêndios florestais no período de 24 de julho a 16 de setembro dos anos de 2010, 2011 e 2012. Utilizamos focos de calor detectados pelo satélite Aqua na sua passagem à tarde e disponibilizados pelo Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Para a quantificação da área queimada utilizamos imagens disponibilizadas diariamente pela NASA/GSFC, Rapid Response, AERONET, Subset Campo Grande que foram processadas com Software Livre Quantum Gis 1.8.0 Lisboa. O registro de focos de calor para o período estudado foi o seguinte: em 2.010 foram registrados 751 focos, 264 em 2011 e 134 em 2012 no interior da Terra Indígena Kadiwéu. A área queimada mensurada para os anos de 2010, 2011 e 2012 foram de 223.862,91 ha, 81.099,16 ha e 35.587,67 ha, respectivamente. Observamos que houve redução gradativa da área queimada de 2010 para 2012, proporcionalmente ao número de focos de calor. Por exemplo, a área queimada de 2010 para 2011, houve uma redução de aproximadamente 35%, porcentagem semelhante para o registro de focos de calor. A redução da área queimada no interior da TI Kadiwéu pode ser atribuída a fatores climáticos e a fatores biológicos (quantidade de biomassa estocada). Contudo, ao verificarmos os registros de focos de calor para o estado de Mato Grosso do Sul podemos observar que houve redução de 2010 para 2011 (2.817 e 1.462, respectivamente), mas diferentemente da TI Kadiwéu, o focos de calor registrados para todo estado aumentou em 2013 (4.939). Com isso, podemos inferir que a redução da área queimada no interior da TI Kadiwéu não está relacionada a fatores climáticos. A outra hipótese, estoque de biomassa, pode ser uma variável que explica a redução da área queimada. Como extensão de área queimada em 2010 foi bastante grande, o consumo da biomassa foi intenso, não havendo estoque suficiente para ser consumida pelas chamas nos anos de 2011 e 2012. Outro fator que devemos considerar na redução da área queimada é a presença de uma Brigada de prevenção e combate aos incêndios IBAMA/PREVFOGO composta por quinze integrantes e que começou suas atividades no ano de 2011. O registro de focos de calor, a mensuração das áreas queimadas e a quantificação do estoque de biomassa são variáveis que devem ser monitoradas ao longo dos anos para termos subsídios para conseguirmos implementar o manejo integrado do fogo para a TI Kadiwéu e todo o Mato Grosso do Sul.

1 Ecólogo, Analista Ambiental do IBAMA/MS, rua Euclides da Cunha, 97579020-906, Campo Grande, MS ([email protected]) 2 Superintendente do IBAMA/MS, Campo Grande, MS ([email protected])

Page 156: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

155

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Índice de adequação do requerimento de água para bo vinos em fazendas do Pantanal 1

Sandra Aparecida Santos 2, Luiz Orcirio Fialho de Oliveira 3, Marcos Tadeu B. D. Araújo 4, Márcia Divina de Oliveira 5, Marcia Toffani S. Soares 6

Atualmente o bem estar animal faz parte do rol de exigências da comunidade internacional, sendo fundamental a adoção de boas práticas de produção e de manejo animal para a comercialização dos produtos de origem animal. No Pantanal predomina o sistema de produção de gado de corte em sistemas extensivos de pastagens, nativas e cultivadas. Embora os bovinos sejam criados próximo do seu ambiente natural, estes podem sofrer algumas restrições nutricionais e/ou hídricas (acesso a alimento e água) como também manejo inadequado no transporte e curral (medo, sofrimento por manejo inadequado). Este trabalho visou desenvolver um índice para avaliar a adequação do requerimento de água para bovinos em uma fazenda Pantaneira, com o intuito de compor indicadores para o desenvolvimento da ferramenta FPS (Fazenda Pantaneira Sustentável). A definição do índice baseou-se nos parâmetros mínimos necessários para quantificar os requerimentos de água dos bovinos: tamanho da invernada ou unidade de manejo, número de animais e categoria, número e tipo de bebedouros disponíveis (tamanho, tipo, profundidade e localização geográfica). A partir destas medidas definiu-se critérios e respectivas classes de avaliação (ideal, moderada e ruim) com base na literatura e opinião de especialistas. Foram considerados quatros critérios: 1. Acesso/distância (ideal- até 2 km; moderado- 2 a 4 km e ruim- acima de 4 km); 2. Análise da limpeza e turbidez da água por meio da análise visual da presença de fezes, lodo, algas, entre outras sujeiras (ideal - sem sinais de sujeira; moderado - alguns sinais de sujeira, mas em níveis moderados e ruim - muita sujeira); 3. Espaço disponível por animal que corresponde metros linear/cabeça (ideal - acima de 10cm/animal; moderado - 4 a 10 cm/animal e ruim - abaixo de 4cm/animal); 4. Disponibilidade e Vazão (ideal- acima de 50 litros de água/animal com boa vazão; moderado - entre 30 e 50 litros de água com vazão moderada; ruim - abaixo de 30 litros de água/animal com vazão ruim). O acesso (distância mínima) foi quantificada a partir de imagens de satélite. No caso da vazão, esta só pode ser estimada em tanques artificiais no qual é possível medir o tempo necessário para completar um volume conhecido. A partir destas informações gerou-se o índice de adequação do requerimento de água (IARA), classificados em três níveis de escore: Adequado - IARA = 3. Este escore é obtido o acesso aos corpos d’ gua e bebedouros é garantido, com espaço ideal por animal. A quantidade e qualidade da água dos bebedouros disponíveis atendem adequadamente às necessidades dos animais em pastejo; Moderado – IARA = 2. O escore 2 é obtido quando os animais têm acesso à água, mas a distância e espaço é moderado e a quantidade e/ou qualidade estão aquém do nível desejado; Não adequado – IARA= 1, quando os critérios descritos acima estão no nível ruim.

1 Ìndicador componente da ferramenta FPS (Fazenda Pantaneira Sustentável), financiado pela Embrapa 2 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Técnico da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS ([email protected]) 6 Pesquisadora da Embrapa Florestas, Caixa Postal 319, Colombo, PR ([email protected])

Page 157: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

156

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Influência da umidade da polpa na composição centes imal de tortas de macaúba

Fábio Galvani 1, Grazielly Munhões Sorrilha 2, Simone Palma Favaro 3 A macaúba ou bocaiuva (Acrocomia aculeata (Jacq.). Lodd. ex Mart.) apresenta grande potencial para a produção de óleo com vasta aplicação em setores industriais e energéticos. Do processo de extração de óleo são gerados coprodutos, como carvão para siderurgia, além da torta da polpa e da amêndoa usadas na alimentação animal. No Pantanal de Corumbá, MS, a polpa da macaúba tem sido utilizada, como fonte de alimentos por apresentar-se rica em carboidratos, proteínas e fibras e a torta da polpa vem sendo investigada como fonte de matérias primas para agregar valor à cadeia produtiva. Neste trabalho realizou-se uma avaliação química da torta da macaúba da região de Corumbá obtida da extração mecânica do óleo da polpa como potencial alternativo para nutrição animal. Os frutos foram coletados na região de Corumbá durante a safra de 2010 (setembro a dezembro) e secos em estufa com circulação de ar a 60oC por 30 minutos monitorando-se a umidade dos frutos até atingirem 10% e 20%. O despolpamento foi realizado mecanicamente utilizando um protótipo com capacidade para 10 kg de fruto/batelada. A prensagem da polpa foi em prensa contínua tipo expeller para extração do óleo. A torta resultante da extração do óleo foi homogeneizada e analisada quanto ao teor de Matéria Seca (MS); Cinza ou Matéria Mineral (MM); Proteína Bruta (PB); Extrato Etéreo ou Gordura (EE); Fibra em Detergente Neutro (FDN) e Fibra em Detergente Ácido (FDA). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três repetições. Foram observadas as seguintes concentrações em base seca nas diferentes amostras: torta obtida de frutos com 10% de umidade (MS = 92,06%; MM = 4,16%; PB = 10,06%; EE = 6,85%; FDN = 52,78%; FDA = 21,35%); torta obtida de frutos com 20% de umidade (MS = 89,81%; MM = 4,02%; PB = 9,65; EE = 8,99%; FDN = 43,61%; FDA = 28,57%). O teor de matéria seca da amostra com 10% de umidade correspondeu a 98% do total de MS encontrada na amostra com 20% de umidade. Provavelmente esta pequena diferença deveu-se ao aquecimento durante a prensagem, chegando a mais de 90°C o que leva à per da de água da massa prensada. Teores de minerais e proteína bruta foram similares em ambas as polpas. A extração de óleo foi mais eficiente na polpa com menor umidade favorecendo, portanto, tanto o rendimento industrial quanto o uso deste coproduto como ração animal. O potencial nutritivo da torta produzida com polpa contendo 10% de água mostrou-se também mais adequado quanto aos níveis de FDN e FDA, uma vez que a concentração de FDN foi superior e a de FDN inferior em relação à polpa com 20% de água. Conclui-se que a secagem da polpa a 10% de umidade confere a obtenção de torta com melhor qualidade para o aproveitamento como ração para ruminantes e melhora a eficiência do processo de extração de óleo.

1 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Acadêmica do Curso de Biologia e bolsista PIBIC/CNPq, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus do Pantanal (CPAN), 79394-902, Corumbá, MS (grazzi22_sorrilha@ hotmail.com) 3 Pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Caixa Postal 40.315, 70770-901, Brasília, DF ([email protected])

Page 158: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

157

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Influência das condições climáticas sobre a viabili dade oocitária de fêmeas Girolando e Pantaneira 1

André Luiz Leão Fialho 2, Mirela Brochado de Souza 3, Wilian Aparecido Leite da Silva 4, Fabiana de Andrade Melo Sterza 5, Ériklis Nogueira 6, Henrique Kischel 7

A tecnologia da produção de embriões in vitro a partir da aspiração folicular guiada por ultrassonografia (OPU), vem cada vez mais ganhando espaço no mercado, pelo fato de se conseguir maior número descendentes de uma genética superior, uma vez que o animal pode ser submetido ao procedimento a cada 15 dias. A região do alto Pantanal, devido ao seu clima tropical, está constantemente submetido a mudanças bruscas de temperatura e umidade relativa do ar, aumentando assim o interesse em busca de raças mais adaptadas a tal clima. O presente trabalho tem por objetivo a comparação entre animais da raça Girolando e pantaneira, submetidos no mesmo dia a uma sessão de OPU, relacionando a viabilidade oocitária e os embriões produzidos, com valores de Índice de Temperatura e Umidade (ITU). Animais da raça Girolando (n=7) e Pantaneira (n=5) de idade entre 3 a 5 anos, foram submetidos ao procedimento de OPU, em um dia do mês de julho, onde se teve o valor de ITU máximo de 76,67, valor esse que se enquadra em um nível de estresse por calor brando, e o valor de ITU mínimo e médio, foram respectivamente 52 e 67,94, valores esses que se enquadram em um ambiente sem estresse por calor, confirmando assim a variação diária de temperatura já relatada na literatura. As variáveis analisadas foram taxa média de viabilidade oocitária e média de embriões produzidos. O dados foram submetidos ao teste de Tukey a 5 % de probabilidade. A taxa média de viabilidade oocitária das fêmeas Girolando e Pantaneira foi de 30,18% e 35,32% (p>0,05), a média de embriões produzidos por animal foi 0,5 e 0,6 respectivamente para fêmeas das raças Girolando e Pantaneira (p>0,05). Conclui-se que sob estresse brando pelo calor, a viabilidade oocitária e a produção de embriões in vitro é similar entre as raças Girolando e Pantaneira.

1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiado por CNPq e Fundect 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 3 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 4 Acadêmico do Curso de Zootecnia e bolsista, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 5 Professor do Curso de Pós-graduação em Zootecnia da Unidade de Aquidauana, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 6 Pesquisador na Embrapa Pantanal, Caixa-postal: 109, 79320-900 Corumbá, MS ([email protected]) 7 7Acadêmico do Curso de Zootecnia e bolsista, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])

Page 159: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

158

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Localização e distribuição espacial da pecuária org ânica e biodinâmica no Pantanal da Nhecolândia, MS

Thais Gisele Torres Catalani 1, Cristiano Garcia Rodrigues 2, Ricardo Marques da Silva 3, Ana Paula Correia de Araújo 4, Icléia Albuquerque de Vargas 5

Este trabalho faz parte de um projeto maior de pesquisa desenvolvido pelo grupo Pantanal Sul, Ambiente e Organização do Território, subsidiado pela estrutura do Laboratório de Estudos Rurais e Regionais LER, FAENG/UFMS, com recursos do CNPq e PROPP/UFMS. Tem por objetivo central apresentar os resultados de pesquisas de iniciação científica sobre o pantanal da Nhecolândia, onde foi possível identificar, analisar e mapear a localização e distribuição espacial da produção de bovinos de corte, enquadrada dentro dos sistemas orgânicos e biodinâmicos. Espera-se que o mapeamento e discussões levantadas neste trabalho fomentem tanto o estudo como a criação de instrumentos que auxiliem nas estratégias de planejamento e gestão territorial para o desenvolvimento sócio-espacial da região. A metodologia utilizada consistiu-se do levantamento e revisão bibliográfica, da coleta e análise de dados primários de campo e em entrevistas realizadas com representantes da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO). O pantanal, tradicional área de criação de bovinos, sempre teve em seus atributos naturais, como o ciclo das águas e seus campos com pastagens nativas um dos condicionantes no modo de produção da região. Ao mapear o território das fazendas produtoras de carne orgânica e biodinâmica no Estado, a partir do levantamento de suas coordenadas, foi identificada uma maior concentração destas propriedades nas regiões pantaneiras, com destaque para o Pantanal da Nhecolândia, indicando a aptidão da região para os sistemas mencionados. Os resultados da pesquisa indicam que atualmente os sistemas alternativos de produção pecuária, como o orgânico e biodinâmico vêm se destacando em meio à produção tradicional. Estes sistemas que envolvem a incorporação dos processos naturais despontam como novas estratégias de produção e de gestão da propriedade rural configurando um sistema que se sobressai pela redução de custos em médio e longo prazo e por maior equilíbrio na exploração de recursos naturais devido à utilização mais consciente dos recursos. Embora conte vários fatores positivos, não só do ponto de vista de conservação como no fornecimento de um produto diferenciado ao mercado, estes sistemas ainda encontram grandes desafios, principalmente em agregar maior valor ao produto, uma vez que o preço pago pela arroba permanece praticamente o mesmo de bovinos criados em sistemas tradicionais. A região tida como propícia à produção de bovinos agora se vê com possibilidade e desafios em conciliar produção, produtividade e conservação dos recursos naturais.

1 Acadêmica do Curso de Geografia e Bolsista PIBIC- CNPq, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 79.070.900, Campo Grande, MS ([email protected]) 2 Acadêmico do Curso de Geografia e Bolsista PIBIC- CNPq, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 79.070.900, Campo Grande, MS ([email protected]) 3 Acadêmico do Curso de Geografia e Bolsista PIBIC- CNPq, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 79.070.900, Campo Grande, MS ([email protected]) 4Professora adjunta - FAENG, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 79.070.900, Campo Grande, MS ([email protected]) 5Professora adjunta - FAENG, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 79.070.900, Campo Grande, MS ([email protected])

Page 160: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

159

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Medidas angulares de equinos da raça quarto de milh a utilizados em provas de laço comprido

Geovane Gonçalves Ramires 1, Marcos Paulo Gonçalves de Rezende 2, Urbano Gomes Pinto Abreu 3, Nicacia Monteiro de Oliveira 4

Resumo: Caracterizaram-se as medidas angulares de equinos Quarto de Milha utilizados em duas etapas (município de Miranda e distrito de Camisão) de Laço Comprido em sub-regiões do Pantanal/MS. Amostraram-se 54 equinos (42 fêmeas e 12 machos) Quarto de Milha, com idade adulta e peso corporal estimado em 543,17± 81,02 kg. Com auxílio de goniômetro aferiram-se as seguintes medidas angulares: ângulo de cabeça (ACAB), ângulo de pescoço (APE), ângulo escápulo-umeral (AEU), ângulo escápulo solo (AES), ângulo úmero-radial (AUR), ângulo radial-carpo-metacarpiano (ARCM), ângulo metacarpo-falangeano- (AMF), ângulo coxo-solo (ACS), ângulo coxo-femoral (ACF), ângulo fêmur-tibial (AFT), ângulo tíbio-tarso-metatarsiano (ATTM) e ângulo metatarso-falangeano (AMFa). Realizou-se análise de variância entre as medidas angulares considerando o dimorfismo sexual como efeito fixo; e análise multivariada para redução de váriaveis passiveis de serem mantidas por apresentarem maior contribuição para variação total. Verificou-se diferença significativa (P<0,05) por dimorfismo sexual apenas em ACAB e ARCM. Maiores coeficientes de variação (CV) foram observados para em ACF (27,37%) e ACS (17,59%), ao passo que ARCM (2,05%) e ATTM (3,12%) apresentaram mais uniforme entre os equinos machos e fêmeas. Os seis primeiros componentes principais apresentaram percentagem de variância acumulada de 75,64% da variação total. Sete variáveis que apresentaram maiores coeficientes de ponderação, em valor absoluto, a partir do último componente principal em direção ao primeiro, foram descartadas. As variáveis sugeridas para descarte foram, respectivamente, em ordem de menor importância para a explicação da variação total: APE, ACF, ACS, AUR, AEU e ACAB, pois apresentam associação aos componentes que explicam muito pouco a variabilidade dos dados.

Palavras–chave: Eqqus caballus, morfofuncionalidade, análice multivariada, perfil racial.

Angular measurements of the horses Quarter Horses u sed in tests of Long Bow

Abstract: Characterized the angular measurements of horses Quarter Horses used in two stages (municipality of Miranda and district Camisão) Long Bond in sub-regions of the Pantanal/MS. 54 horses were sampled (42 females and 12 males) with adulthood and weight estimated at 543.17 ± 81.02 kg. With the aid of a goniometer data about height, the following angular measurements: head angle (ACAB), neck angle (EPA), scapular-humeral angle (AEU), soil scapular angle (AES), humeral-radial angle (AUR), angle radial-carpal-metacarpal (ARCM), metacarpal-falangeano-angle (MFA), lame-ground angle (ACS), coxofemoral angle (ACF), femoral-tibial angle (FTA) angle tibio-tarsal-metatarsal (TAF ) and falangeano-metatarsal angle (AMFA). We conducted analysis of variance between the angular measurements considering sexual dimorphism as a fixed effect, and multivariate analysis to reduce variables considered likely maintained by submitting greater contribution to the total variation. There was a significant difference (P<0.05) for sexual dimorphism only ACAB and ARCM. Higher coefficients of variation (CV) were observed for at ACF (27.37%) and ACS (17.59%), whereas ARCM (2.05%) and TAF (3.12%) had a more uniform between male and female horses. The first six principal components showed percentage of cumulative variance of 75.64% of the total variation. Seven variables had higher weightings in absolute value, from the last major component toward the former, were discarded. Variables suggested for disposal were, respectively, in order of minor importance for the explanation of the total variance: APE, ACF, ACS, AUR, AEU and ACAB, because their association with components that explain very little data variability.

Keywords: Equus caballus, morfofuncionalidade, multivariate racial profiling.

1 Graduando em Zootecnia, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 67, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 2 Graduando em Zootecnia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 67, 79320-900, Campo Grande, MS ([email protected]) 3 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Produção Animal no Cerrado/Pantanal, Nível Mestrado, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Unidade de Aquidauana, Caixa Postal 67, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])

Page 161: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

160

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Introdução

O estado tem sua base econômica voltada ao agronegócio, com maior destaque a pecuária de bovinos de corte, e desde o início dessa atividade no estado, os equinos são utilizados para dar suporte ao manejo. Assim, por incentivo do manejo com os bovinos, iniciou-se a prática do Laço Comprido. Com o passar dos anos esse esporte equestre veio se tornando popular e tradicional no estado. Desta maneira houve um direcionamento para a realização de seleção e melhoramento genético de equinos utilizados nessas provas, com objetivo de aumentar o desempenho do animal. Nesse contexto, as utilizações de ferramentas zootécnicas, como a caracterização do perfil corporal dos animais participantes dessas provas, podem gerar informações que subsidiem o biótipo animal para esse tipo de esporte equestre.

Dentre as ferramentas para caracterização fenotípica dos equinos, sugerem-se a mensuração de medidas angulares, em vista da importância dessas. Para Cabral et al. (2004), há harmonia e o equilíbrio no andamento do equino está relacionado com a concordância dos ângulos posteriores e anteriores. Godoi (2012) retrata que a mensurações em diversas partes do corpo do eqüino, fornece informações que inter-relacionam o perfil corporal do animal com as suas aptidões.

Nesse sentido, objetivou-se caracterizar as medidas angulares de equinos da raça Quarto de Milha utilizados em duas etapas (município de Miranda e distrito de Camisão) de Laço Comprido no estado do Mato Grosso do Sul.

Material e Métodos

O estudo foi conduzido em parceria com os Clubes de Laço Coração Pantaneiro (município de Miranda) e Clube de Laço São José (Distrito de São José do Camisão), ambos localizados em sub-regiões do Pantanal, no estado do Mato Grosso do Sul.

Utilizou-se um montante de 54 equinos Puros de Origem da raça Quarto de Milha, distribuídos em 42 fêmeas e 12 machos, com idade adulta e peso corporal estimado em Kg de 543,17± 81,02. Conforme as metodologias de Godoi (2012), Lage (2004), Procópio et al. (2007) e Cabral et al. (2004) e com auxilio de goniômetro, foram adotados os pontos referências anatômicas nos equinos para aferição das medidas angulares.

Para a mensuração dos ângulos, posicionou-se no centro da articulação do compasso sobre o centro de movimento do ângulo, com os ramos do compasso posicionados sobre o eixo dos raios ósseos, procedendo-se as leituras no círculo graduado de:

Ângulo da cabeça (ACAB) - formado pelo ponto médio da crista facial ao ponto da porção cranial da face lateral da asa do atlas até o ponto da porção dorsal na cartilagem da escápula seguindo a linha da espinha da escápula;

Ângulo do pescoço (APE) - formado pelo ponto da porção cranial da face lateral da asa do atlas, ao ponto da porção dorsal na cartilagem da escápula e ao ponto da área central da articulação escápulo-umeral;

Ângulo escápulo-umeral (AEU) - formado pelo ponto da porção dorsal na cartilagem da escápula, ao ponto da área central da articulação escápulo-umeral e ao ponto da área central da articulação úmero-radial;

Ângulo úmero-radial (AUR) - formado pelo ponto da área central da articulação escápulo- umeral, ao ponto da área central da articulação úmero-radial e ao ponto do terço médio lateral da articulação cárpica, região lateral do osso carpiano ulnar;

Ângulo rádio-carpo-metacarpiano (ARCM) - formado pelo ponto da área central da articulação escápulo-umeral, ao ponto da área central da articulação úmero-radial e ao ponto do terço médio lateral da articulação cárpica;

Ângulo metacarpo-falangeano (AMF) - formado pelo ponto da área central da articulação úmero-radial, ao ponto do terço médio lateral da articulação cárpica e ao ponto do terço médio da face lateral da articulação metacarpo falangeana;

Ângulo escápulo-solo (AES) - formado pela inclinação da escápula em relação ao plano horizontal;

Ângulo coxo-solo (ACS) - formado pela inclinação da garupa em relação ao plano horizontal;

Ângulo coxo-femoral (ACF) - formado pelo ponto médio ventral da face lateral da tuberosidade coxal, ao ponto da região média do trocanter maior da articulação coxo-femoral até o ponto do médio lateral da articulação fêmoro tíbio patelar;

Ângulo femoro-tibial (AFT) - formado pelo ponto médio do trocanter maior, ao ponto do médio lateral da articulação fêmoro tíbio patelar até o ponto do terço médio lateral da articulação társica;

Page 162: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

161

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Ângulo tíbio-tarso-metatarsiano (ATTM) – formado pelo ponto médio lateral da articulação fêmoro tíbio patelar, ao ponto do terço médio lateral da articulação társica e ao ponto do terço médio da face lateral da articulação metatarso falangeana;

Ângulo metatarso-falangeano (AMFa) - formado pelo ponto do terço médio lateral do tarso, ao ponto do terço médio da face lateral da articulação metatarso falangeana e ao ponto da face lateral da articulação inter falangeana

Para tratamento estatistico dos dados utilizou-se o programa Bioestat versão 5.3. Foi realizada análise de variância entre as medidas angulares considerando o dimorfismo sexual como efeito fixo. Realizou-se análise multivariada considerando o critério da variância minima explicada igual ou superior a 70% para reter os componentes principais. O critério para descarte de variáveis (medidas angulares) foi realisado conforme recomendações de Jolliffe (1973), que sugere que o número de variáveis descartadas deve ser igual ao número de componentes principais cuja variância (autovalor) é inferior a 0,7.

Resultados e Discussão

Verificou-se diferença significativa (P<0,05) por dimorfismo sexual apenas para as medidas angulares de cabeça e radial carpo metacarpiano. Maiores coeficientes de variação foram observados para em ângulo coxo femoral (27,37%) e ângulo coxo solo (17,59%), ao passo que ângulo radial carpo metacarpiano (2,05%) e ângulo tíbio tarso metatarsiano (3,12%) apresentaram-se mais uniformes entre os equinos.

Os valores médios, desvio padrão e coeficiente de variação das fêmeas e machos Quarto de Milha estão apresentados na Tabela 1. Para o ângulo de cabeça, observou superioridade de 4,31 centímetros para os equinos machos, já o ângulo radial carpo metacarpiano foi maior nas fêmeas com diferença de 1,37% em relação aos machos. Exceto essas duas medidas citadas, as demais, apresentaram diferenças pequenas intercalando entre os equinos machos e fêmeas.

O AEU é importante para o impulso do animal, em vista que o mesmo influencia na báscula do pescoço e no recolhimento dos membros torácicos durante o impulso, favorecendo a amplitude dos movimentos, assim o maior valor desse ângulo favorece ao animal, um andamento menos alongado, porém fortes e altos (TORRES & JARDIM, 1987). O AES reflete diretamente no tamanho do pescoço, na inclinação e angulação dos cascos, e por fim no comprimento dorso lombar em relação ao tórax abdômen, pois quando menor a inclinação, a cernelha será puxada para frente, aumenta o dorso lombo, tornando o animal com passadas mais curtas. O mesmo segue para as demais angulações, onde uma boa angulação influencia diretamente no equilíbrio do animal.

A angulação tanto do pescoço como da cabeça, estão diretamente relacionada ao movimento báscula durante qualquer atividade equestre do animal, e considerando a explosão inicial necessária de um animal de Laço Comprido, e acompanhamento do bezerro durante todo percurso da pista, a movimentação do pescoço e cabeça do equino, proporciona um maior equilíbrio para o equino. De acordo com Godoi (2013), os equinos com menores AUR, ARCM, AMF, apresentam menores suportes de peso, especialmente durante os movimentos do animal. Já os maiores ACF e ATTM, associado à menor AFT, proporcionar maior impulsão e explosão do animal.

Na Tabela 2, estão expostos os resultados obtidos pela análise multivariada. Observa-se que os seis primeiros componentes principais apresentaram percentagem de variância acumulada de 75,64% da variação total. Portanto são os componentes que estão associados aos maiores autovalores e retendo maior contribuição para variação total.

De acordo com os critérios de Jolliffe (1973), componentes principais que apresentarem autovalores menores que 0,7 devem ser descartados por estarem associados a componentes de menor importância relativa e que explicam pouco da variabilidade dos dados. Assim sete variáveis que apresentaram maiores coeficientes de ponderação, em valor absoluto, a partir do último componente principal em direção ao primeiro, foram descartadas, conforme mostrado na Tabela 3.

Page 163: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

162

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 1. Médias (Med), desvio padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) das medidas de angulações das fêmeas e machos Quarto de Milha utilizados no Laço Comprido.

Fêmeas ACAB APE AEU AES AUR ARCM

Med. 93,85 ± 72,71 ± 80,21 ± 56,76 ± 133,33 ± 172,8 8 ± DP 6,96 8,43 8,51 5,65 5,78 3,18 CV 7,42% 11,60% 10,61% 9,96% 4,34% 1,84%

AMF ACS ACF AFT ATTM AMFa Med. 138,14 ± 33,95 ± 48,76 ± 143,95 ± 155,61 ± 141 ,16 ± DP 6,15 5,30 14,66 10,93 4,79 6,00 CV 4,46% 15,64% 30,07% 7,59% 3,08% 4,26%

Machos ACAB APE AEU AES AUR ARCM

Med. 98,16 ± 75,33 ± 80,83 ± 54,66 ± 134,50 ± 170,5 0 ± DP 4,38 7,25 6,17 10,06 6,77 4,18 CV 4,47% 9,63% 7,64% 18,41% 5,04% 2,46%

AMF ACS ACF AFT ATTM AMFa Med. 137,50 ± 33,50 ± 45,66 ± 141,16 ± 153,16 ± 140 ,33 ± DP 7,68 8,09 4,96 7,74 4,70 9,41 CV 5,59% 24,17% 10,86% 5,49% 3,07% 6,71%

*P<0,05, **P<0,01, ***P<0,001. ACAB: ângulo de cabeça; APE: ângulo de pescoço; AEU: ângulo escapo umeral; AES: ângulo escapulo solo; AUR: ângulo úmero radial; ARCM: ângulo radial carpo metacarpiano; AMF: ângulo metacarpo falangeano; ACS: ângulo coxo solo; ACF: ângulo coxo femoral; AFT: ângulo femoro tibial; ATTM: ângulo tíbio tarso metatarsiano; AMFa: ângulo metatarso falangeano. Tabela 2. Componentes principais (CP), autovalores (λi), percentagem da variância explicada pelos componentes (% VCP) e percentagem acumulada das medidas angulares dos equinos Quarto de Milha. Componentes principais λi % VCP % VCP (acumulada)

CP1 2,7913 23,26 23,26 CP2 1,7377 14,48 37,74 CP3 1,4373 11,97 49,71 CP4 1,2105 10,08 59,80 CP5 1,0583 8,81 68,62 CP6 0,8428 7,02 75,64 CP7 0,6567 5,47 81,12 CP8 0,6409 5,34 86,46 CP9 0,5759 4,79 91,26 CP10 0,4216 3,51 94,77 CP11 0,3413 2,84 97,61 CP12 0,2856 2,38 100,00

ACAB: ângulo de cabeça; APE: ângulo de pescoço; AEU: ângulo escapo umeral; AES: ângulo escapulo solo; AUR: ângulo úmero radial; ARCM: ângulo radial carpo metacarpiano; AMF: ângulo metacarpo falangeano; ACS: ângulo coxo solo; ACF: ângulo coxo femoral; AFT: ângulo femoro tibial; ATTM: ângulo tíbio tarso metatarsiano; AMFa: ângulo metatarso falangeano. Tabela 3. Coeficientes de ponderação das medidas angulares dos equinos Quarto de Milha com os componentes principais descartados em ordem de menor importância.

Coeficientes CP7 CP8 CP9 CP10 CP11 CP12

ACAB 0,6953 -0,0648 -0,1367 -0,0921 -0,4117 -0,0191 APE 0,1773 -0,2176 0,1231 -0,3728 -0,1287 0,5778 AEU 0,1746 0,5145 -0,4135 -0,1440 -0,2770 -0,0595 AES 0,0808 -0,3975 0,2635 0,2993 -0,2409 -0,0449 AUR 0,3820 0,1482 0,5657 -0,1109 0,1343 -0,3365

ARCM 0,1652 0,0785 0,3013 0,1779 0,1504 0,2266 AMF 0,2322 0,0595 0,1503 0,3990 -0,1822 0,0717 ACS 0,2444 -0,0485 -0,4277 0,5595 0,2369 0,2569 ACF -0,3597 -0,1282 0,0451 0,1364 -0,7228 -0,0870 AFT -0,0655 -0,0248 0,0545 -0,2760 -0,0263 0,5323

ATTM 0,1509 -0,3456 -0,2572 -0,3623 0,0956 -0,3525 AMFa -0,0692 0,5960 0,1956 -0,0046 -0,1302 0,0969

ACAB: ângulo de cabeça; APE: ângulo de pescoço; AEU: ângulo escapo umeral; AES: ângulo escapulo solo; AUR: ângulo úmero radial; ARCM: ângulo radial carpo metacarpiano; AMF: ângulo metacarpo falangeano; ACS: ângulo coxo solo; ACF: ângulo coxo femoral; AFT: ângulo femoro tibial; ATTM: ângulo tíbio tarso metatarsiano; AMFa: ângulo metatarso falangeano.

Page 164: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

163

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Verifica-se que as variáveis sugeridas para descarte foram, respectivamente, em ordem de menor importância para a explicação da variação total, sendo: ângulo de pescoço, ângulo coxo femoral, ângulo coxo solo, ângulo úmero radial, ângulo escapulo umeral e ângulo de cabeça, pois apresentam associação aos componentes que explicam muito pouco a variabilidade dos dados.

Conclusões

Houve em apenas duas medidas angulares diferença entre machos e fêmeas. As fêmeas em geral apresentaram amena superioridade nos valores de medidas angulares. Através da análise multivariada, reduziu-se 53,84% das variáveis, pois apresentam associações aos componentes que explicam pouca a variabilidade dos dados.

Referências

CABRAL, G.C.; ALMEIDA, F.Q.; AZEVEDO, P.C.N.; QUIRINO, C.R.; SANTOS, E.M.; CORASSA, A.; PINTO, L.F.B. Avaliação Morfométrica de Eqüinos da Raça Mangalarga Marchador: Medidas. Revista Brasileira de Zootecnia , Brasília v.33, n.6, p.1790-1797, 2004.

GODOI, F.N. Avaliação cinemática de variáveis relacionadas ao r esultado dos saltos de potros . 2012. 149p. Tese (Doutorado) – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

JOLLIFFE, I.T. Discarding variables in a principal component analysis. II: Real data. Applied Statistics , v.22, n.1, p.21-31, 1973.

LAGE, M.C.G.R. Caracterização morfométrica dos aprumos e do padrão de deslocamento de equinos da raça Mangalarga Marchador e suas associações com a qualidade da marcha. 2004. 114p. Tese (Doutorado) - Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

PROCÓPIO, A.M.; BERGMANN, J.A.G.; MENZEL, H.J. et al. Curvas ângulo-tempo das articulações dos equinos marchadores. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária Zootecni a, Belo Horizonte, v.59, p.41-48, 2007.

TORRES, A.P.; JARDIM, W.R. Criação do cavalo e de outros eqüinos . 3 ed. São Paulo: Nobel. 654p, 1987. p. 190-198.

Page 165: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

164

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Monitoramento da verminose no Núcleo de Conservação de ovino Pantaneiro da Embrapa Pantanal

Cleomar Berselli 1, Suellen de Rezende Cardoso 2, Paulo Henrique Braz 3, Sandra Aparecida Santos 4, Alda Izabel de Souza 5, Raquel Soares Juliano 6

Resumo: O Núcleo de Conservação de ovino Pantaneiro possui cerca de 60 indivíduos, com a finalidade de e conservação in situ desse recurso genético, como também atender à demanda de animais para projetos de pesquisas no seu ambiente natural. Visando acompanhar as condições de saúde desses animais em relação à infestação por endoparasitas, este estudo objetivou monitorar a verminose do rebanho durante o período seco em animais mantidos em pastagens nativas da sub-região da Nhecolândia, Pantanal para subsidiar recomendações de vermifugação estratégica. A metodologia envolveu a coleta de sangue e fezes nos meses de julho e setembro de 2013, de pelo menos 50% dos animais do rebanho para a realização de contagem de hematócrito (Ht) e exame coproparasitológico de contagem de ovos por grama de fezes (OPG), respectivamente. Os resultados obtidos até o momento indicaram que em julho, a contagem de OPG foi indicativa de infestação mista baixa (5,2%), moderada (8,3%) e pesada (2,1%) nessa população, entretanto, somente dois indivíduos apresentaram Ht baixo. Sendo assim, optou-se pela aplicação individual de anti-helmintico, nos animais com Ht abaixo de 27%. Em setembro, a frequência de indivíduos com infestação mista leve foi 13,5%, moderada foi 11,5%, enquanto 1,9% apresentaram infestação pesada. A média da contagem de OPG foi 230 e 350 para os meses de julho e setembro respectivamente. Seguindo a recomendação descrita na literatura, optou-se por não realizar a vermifugação dos animais. Conclui-se que as estratégias de vermifugação foram variáveis entre os dois meses avaliados durante o período seco, protanto, as coletas e análises devem ser realizadas por um período mínimo de um ano ou mais para verificar o comportamento da verminose nas condições em que são criados esses animais e assim definir estratégias de controle durante o ano.

Palavras–chave: anti-helmíntico, coproparasitológico, hematócrito, recurso genético animal

Monitoring of nematode parasites in Conservation he rd Pantaneiro sheep breed Embrapa Pantanal

Abstract: The Pantaneiro Sheep Conservation Nucleus has 120 animals, in order to do in situ conservation and to meet requirement of animals for research projects in their natural environment. Therefore, this study aimed to monitor the health of these animals kept in native pastures from Nhecolância sub region, Pantanal in relation to endoparasitic infestation during dry period, in order to support strategic deworming. The methodology provides blood and feces sampling of at least 50% of herd animals to perform the hemcrit (Ht) and fecal egg counts examination (EPG), respectively, in July and September. The results obtained showed that in July the EPG count indicated low (5,2%), moderate mixed infestation (8.3%) and heavy mixed infestation (2,1%). However, only two animals had low Ht. Therefore, it was decided to apply anthelmintic, in animals with Ht below 27%. In September, the frequency of individuals with low mixed infestation was 13,5%, moderate mixed infestation was 11,5%, while 1,9% had heavy mixed infestation. The mean EPG was 230 and 354 for July and September, respectively. Following the recommendation described in the literature, we decide do not implement the animals deworming. It was concluded that the sampling and analyzes must be conducted for a minimum of a year to check the behavior of the worms in the conditions in which these animals are raised and then, it will be possible to establish a deworming protocol for them.

Keywords: animal genetic resource, anthelmintic, feces parasitology, hematocrit

1 Mestrando da Uniderp/Anhanguera, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Acadêmica do Curso de Zootecnia, Universidade Federal do Ceará 3 Mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, UFMS 4 Pesquisadora, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Professor do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 6 Pesquisadora, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 166: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

165

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Introdução

A Embrapa Pantanal possui um Núcleo de Conservação in situ de ovinos Pantaneiros. Esses animais são mantidos em sistema extensivo sob pastejo contínuo em gramíneas nativas, juntamente com bovinos, criados no campo experimental, Fazenda Nhumirim, no pantanal da Nhecolândia. A finalidade desse rebanho é manter um número de animais em reprodução, para atender a demanda de projetos de pesquisa que investigam o potencial de adaptabilidade e uso desse importante recurso genético, mantendo o máximo de diversidade.

Estudos anteriores revelaram que o Pantanal apresenta potencial para a produção de ovelhas Pantaneiras para cruzamentos no planalto, produção de cordeiros (orgânicos) ou produção de subsistência da fazenda. Os ovinos adaptados ao Pantanal apresentam características de rusticidade, quando comparados às raças comerciais, criadas em outros sistemas produtivos, por isso pode atender à necessidade de produtores e técnicos que procuram animais mais resistentes. Para tanto, há a necessidade de desenvolver práticas sustentáveis de manejo da ovinocultura no Pantanal, pois não há conhecimento sobre o tamanho atual da população existente, seu potencial genético e produtivo, resistência às verminoses e outras doenças. Observou-se que manejo sanitário é mínimo e que apesar de os produtores fazerem a vermifugação dos animais, não há critérios estabelecidos, como por exemplo, grau de infestação, peso dos animais ou alternância de princípios químicos para evitar resistência parasitária. (SANTOS et al., 2010).

Com o objetivo de verificar a condição de saúde dos animais e estabelecer procedimentos de manejo em relação à verminose ovina, iniciou-se a partir julho de 2013 a coleta sistematizada de sangue e fezes desses animais pararealização de exames de hematócrito (Ht) e coproparasitológico (OPG).

Material e Métodos

O rebanho ovino do Núcleo de Conservação in situ de ovino Pantaneiro possui um total de 120 cabeças. Essa população é criada em sistema extensivo em pastagem nativa, na Fazenda Nhumirim, na sub região da Nhecolândia, Pantanal. Os animais permanecem soltos e em pastejo contínuo com bovinos, durante todo o dia. Ao final da tarde são fechados em um aprisco de chão batido para protegê-los de predadores.

Em maio todo rebanho recebeu antihelmíntico oral, antes do início da parição; a partir de julho, a cada 60 dias, durante um ano, ocorrerá a coleta sistemática de sangue total e fezes para o monitoramento do Ht e OPG dessa população. No presente trabalho serão apresentados os resultados das amostragens realizadas em julho e setembro de 2013, em pelo menos 50% do rebanho.

A coleta de sangue foi realizada por punção jugular em tubos a vácuo com anticoagulante (Edta), identificados com o número do animal. O material foi acondicionado sob refrigeração por no máximo 24hs até o seu processamento em laboratório. Foi efetuada a contagem de Ht em aparelho automatizado Humancount®, com cartão para espécie ovina.

As fezes foram coletadas diretamente da ampola retal, acondicionadas em sacos plásticos identificados com o número do animal e mantidos sob refrigeração até o momento de realização do exame coproparasitológico de OPG, seguindo a metodologia descrita por Gordon e Witlock, modificada por Ueno e Gonçalves (1998).

Os resultados de Ht e OPG são apresentados na forma de média, valores mínimos e máximos e frequência do grau de infestação nos animais amostrados.

Resultados e Discussão

Na tabela 1 estão descritas as médias e valores de Ht e OPG nas coletas realizadas em julho e setembro de 2013.

Em julho o Ht apresentou-se com valores médios dentro da faixa de referência para a espécie ovina, entre 27% e 45% (FELDMAN et al., 2000), entretanto dois indivíduos tiveram hematócritos abaixo do valor mínimo e por isso optou-se por aplicar anti-helmíntico nesses animais. Em setembro o valor médio do Ht apresentou uma elevação, a qual se manteve dentro da faixa de referência e o mesmo ocorreu com todos os animais amostrados.

Os valores médios de OPG mantiveram-se abaixo do valor descrito por Ueno e Gonçalves (1998) para classificar os graus de infestação como: grau leve na faixa de 500 a 800 ovos, moderado de 800 a 1.500 ovos e elevado acima de 1.500 ovos.

Page 167: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

166

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 1. Número de amostras de ovinos Pantaneiros e valores de hematócrito (Ht) e ovos por grama de fezes (OPG) de coletas realizadas nos meses de julho e setembro de 2013, na Fazenda Nhumirim, sub região da Nhecolância, Pantanal.

Ht (%) OPG (ovos /grama de fezes) Data de coleta

Número de amostras

Média Valor mínimo Valor máximo Média Valor mínimo Valor máximo

Julho 96 34 22 47 230 0 4750

Setembro 52 40 32 50 354 0 1800 A frequência de infestação nos meses de julho e setembro pode ser visualizada na Tabela 2. Considerando

a infestação e os valores obtidos no Ht desses animais nos dois momentos avaliados, optou-se pela não aplicação de anti-helminticos, tendo em vista o fato dos animais não apresentarem sinais de anemia. Situação semelhante foi descrita por Chagas et al.(2008), que verificaram que a vermifugação de animais com valores de OPG igual ou acima de 4.000 foi suficiente para controlar a endoparasitose em ovinos.

Tabela 2. Número de animais e freqüência do grau de infestação de helmintos (UENO e GONÇALVES, 1998), em ovinos Pantaneiros coletados em julho e setembro de 2013, na Fazenda Nhumirim, sub região da Nhecolândia, Pantanal.

Julho Setembro Grau de infestação

n % n %

Leve 5 5,2 7 13,5

Moderado 8 8,3 6 11,5

Pesado 2 2,1 1 1,9 É provável que a manutenção de níveis toleráveis de infestação pela população estudada ocorra devido a

uma associação de fatores tais como a baixa lotação das pastagens, as pastagens nativas preferidas pelos ovinos possuem pequeno porte, o que facilita a incidência solar e diminue a viabilidade das fases infectantes de vida livre. Estas hipóteses corroboram algumas práticas de manejo recomendadas pela literatura (CEZAR et al., 2008). Além disso, o pastejo integrado com bovinos é uma alternativa conhecida de controle integrado de verminose ovina, principalmente no controle da infecção por Haemonchus contortus (AMARANTE, 2004)

Conclusões

Os animais do Núcleo de Conservação in situ de Ovinos Pantaneiros da Embrapa Pantanal apresentaram valores de Ht dentro da faixa de referência e OPG abaixo dos níveis críticos de infestação e por isso não necessitaram aplicação de tratamento anti-helmíntico nos meses de julho e setembro. As pesquisas devem continuar investigando o comportamento da verminose ovina em rebanhos criados sob essas condições para fornecer informações que servirão de subsídio para implantação e recomendação de estratégias mais apropriadas para o Pantanal.

Referências AMARANTE, A.F.T. Controle integrado de helmintos de bovinos e ovinos. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária , v.13, supl.1, p.68-71, 2004.

CEZAR, A. S.; CATTO, J. B.; BIANCHIN, I. Controle alternativo de nematódeos gastrintestinais dos ruminantes: atualidade e perspectivas. Ciência Rural , v.38, n.7, p.2083-2091, 2008.

CHAGAS, A. C. S.; OLIVEIRA, M. C. S.; CARVALHO,C. O.; MOLENTO, M. B. Método Famacha©: um recurso para o controle da verminose em ovinos. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2007. (Circular Técnica, 52).

FELDMAN, B.F.; ZINKL, J.G.; JAIN, N.C. Schalm's veterinary hematology. Philadelphia: Williams & Wilkins, 2000. 1344p.

SANTOS, S. A.; JULIANO, R. S.; PAIVA, S. R.; ARAÚJO, M. T. B. D.; BERSELLI, C. Descrição de sistemas de criação tradicionais de ovinos da Nhecolândia, Pant anal, MS. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2010. 5 p. (Circular Técnica, 94).

UENO, H.; GONÇALVES, P. C. Manual para diagnóstico de helmintoses de ruminante s. 4. ed. Tokyo: Japan International Cooperation Ageny (JICA), 1998.

Page 168: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

167

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

O uso e ocupação do solo no assentamento Santa Amél ia, Dois Irmãs do Buriti – MS 1

Maricelma Calças 2, Maria Helena da Silva Andrade 3, Paola Zamin Cembranel 4

Muitos são os fatores que podem influenciar a qualidade das águas de uma bacia hidrográfica tais como a topografia, vegetação, geologia e uso do solo. Inúmeros autores apontam o modo de uso e ocupação do solo como os fatores principais que determinam a qualidade ambiental de um dado local. Assim, pretendendo contribuir para a ampliação do conhecimento a respeito das microbacias hidrográficas constituintes da bacia do rio Paraguai, este trabalho teve como objetivo discutir, preliminarmente, o uso e a ocupação do solo no Assentamento Santa Amélia, localizado no município de Dois irmãos do Buriti, às margens da MS-162 e a BR-262, numa distância de 6 km da sede do município de Dois Irmãos do Buriti e 17km da BR-262, associando estes usos à qualidade da água do córrego Quati. A referida microbacia está situada na porção centro-oeste do estado de Mato Grosso do Sul, entre as coordenadas 20°08’37” e 20°02’37” latitude sul e 55°09’03” e 55°34’57” longitude oeste. O mun icípio está localizado na borda pantaneira, sendo uma interconexão entre o cerrado, a leste e a planície pantaneira, a oeste. A região está sob influência da Bacia do rio Paraguai, pertencente à Bacia do rio da Prata. O rio Dois Irmãos é afluente pela margem esquerda do rio Aquidauana, desaguando nele entre Camisão e Piraputanga, fazendo com que Dois Irmãos do Buriti seja parte da rede de drenagem do pantanal mato-grossense. O projeto de assentamento possui setenta e quatro famílias de acordo com dados fornecidos pela AGRAER (2013), ocupando uma área de 2.609,5 hectares. Os dados foram coletados no mês de agosto de 2013, sendo apenas uma das muitas idas ao campo, de acordo com cronograma de execução do projeto. Por meio de um GPS, modelo Garmin, parte dos lotes foram marcados e, por meio de observação in locu, foi possível identificar as atividades produtivas dos lotes, sendo que os formulários foram preenchidos com auxílio dos moradores locais. Apesar de preliminares, os resultados apontam para o uso do solo por meio de pequenas lavouras de hortifrutigranjeiros, tais como tomates, quiabo, mandioca, cítricos, banana, folhosos (couve, alface, repolho, salsa, cebolinha), além de formação de pastagens para a criação de bovinos e caprinos. A produção de leite também deve ser considerada, mas pouco ainda se sabe sobre esta atividade. Os resultados de qualidade de água, obtidos em 2012/2013 através de índices ambientais, indicam como “ruim” e “péssima” a qualidade dos recursos hídricos. Estes resultados obtidos fazem parte do projeto de pesquisa que engloba uma análise mais complexa e integrada da microbacia, desenvolvido pela equipe de alunos e docentes da FAENG. Os produtores e moradores locais reclamam a falta de assistência ou incentivos. Assim, é importante que os trabalhos de investigação continuem para que seja possível avaliar, com segurança, em que grau e intensidade as bacias hidrográficas vêm respondendo às mais diversas formas de ações antrópicas.

1Parte do projeto de Iniciação Científica/UFMS “O uso e ocupação do solo como ferramenta de avaliação da qualidade de água do córrego Quati, Assentamento Santa Amélia, Dois Irmãos do Buriti/MS”. 2Graduanda do curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / FAENG. Campo Grande, MS ([email protected]) 3Professora do curso de Geografia da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e urbanismo e Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-FAENG. Campo Grande, MS ([email protected]) 4Graduanda do curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / FAENG. Campo Grande, MS ([email protected])

Page 169: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

168

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Padrões fenotípicos e índices de conformação de mua res (Equus Asinus ) criados no Pantanal do MS

Marcos Paulo Gonçalves de Rezende 1, Geovane Gonçalves Ramires 2, Júlio Cesar de Souza 3

Resumo: Considerando as peculiaridades do Pantanal, junto à utilização e criação de equinos, algumas propriedades rurais passaram a criar Muares, devido a sua rusticidade. Nesse ínterim, objetivou-se caracterizar os padrões fenotípicos (PF) e índices de conformação (IC) de Muares criados no Pantanal do MS. Amostrou-se 75 Muares (43 fêmeas e 32 machos) sem padrão racial definido, com idade adulta. Mensuraram-se as seguintes medidas de perímetros: torácico, canela e antebraço; alturas: cernelha, joelho, garupa e jarrete; comprimento: corporal, cabeça, pescoço, espádua, dorso lombar, garupa; larguras: anca e peito; distância: codilho ao solo. Com nas medidas, estimou-se 9 IC: relação cernelha garupa, dáctilo torácico, peso, corporal, conformação, carga 1, carga 2, corporal relativo e torácico. Analisou possíveis diferenças significativas entre machos e fêmeas sobre o PF e IC. Realizou-se análise de correlação de Pearson entre o PF e IC. Não houve influencia (P<0,05) do dimorfismo sexual sobre as características analisadas. Os Muares foram classificados como: animais de médio porte, com baixo equilíbrio entre os membros locomotores e aptidões para trabalho que exijam força (brevílineos) e tração leve. O peso sem esforço exagerado que o animal pode suportar sobre o dorso, trabalhando a trote ou a galope, é de 119,04 Kg, e trabalhando a passo, é de 201,95 Kg. Por meio das correlações, sugere-se que animais mais pesados apresentam maior capacidade de se suporte de peso sobre o dorso, animais com canelas mais grossas apresentam maior suporte de pressão sobre as mesmas, e animais com maior profundidade torácica apresentam maiores aptidões para força.

Palavras–chave: aptidões, equídeos, morfologia, região Pantaneira.

Phenotypes and indices conformation Mules (Equus As inus) created in Pantanal of MS

Abstract: Considering the peculiarities of the Pantanal, with the creation and use of horses, some farms started creating Mules, due to its hardiness. Meanwhile, it was aimed to characterize the phenotypes (PF) and conformation indexes (CI) of Mules created in Pantanal of MS. Sampled to 75 Mules (43 females and 32 males) without defined breed with adulthood. Measured the following girth measurements: chest, shin and forearm; heights: Withers, knee, hip and hock, length: body, head, neck, shoulder, back, lower back, hip; widths: Hip and chest; distance: the codilho soil. With the measurements, it was estimated 9 IC: relationship withers croup, dactyl chest, weight, body shaping, load 1, load 2, relative body and chest. Examined possible differences between males and females on the PF and IC. Analysis was performed using Pearson correlation between the PF and IC. There was no influence (P<0,05) of sexual dimorphism on the characteristics analyzed. The Mules were classified as medium-sized animals, with a low balance between members and locomotor skills for work requiring strength (brevílineos) and light traction. The weight without undue effort which the animal can stand on the back working trotting or galloping, is 119,04 kg, and the working step is 201,95 Kg By means of the correlations, it is suggested that animals heavier have a higher ability to support weight on the back, ankles as well as animals with thicker supports a higher pressure on them and greater depth chest to have higher strength capabilities.

Keywords: skills, horses, morphology, Pantanal region.

Introdução

O Pantanal Brasileiro concentra uma imensa planície inundada, com seus 140 milhões de km2, situada em uma região de fronteira com os países Bolívia e Paraguai, atingindo um total aproximado de 250 milhões de km2. Essa região apresenta condição climática com dois períodos bem definidos, sendo a estação seca e chuvosa.

A pecuária de bovino de corte é a principal fonte econômica da região Pantaneira, e toda a movimentação e lida do rebanho, só é possível com a utilização dos equídeos salientando a importância desses animais dentro do Pantanal. Considerando as peculiaridades de clima, parasitas, forragem de baixa qualidade nutricional do

1 Graduando em Zootecnia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 67, 79320-900, Campo Grande, MS ([email protected]) 2 Graduando em Zootecnia, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal, 67, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 3 Professor do Departamento de Biologia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 67,792000-000, Aquidauana, MS ([email protected])

Page 170: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

169

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Pantanal, junto à utilização e criação de equinos, algumas propriedades rurais passaram também a criar Muares, devido à grande rusticidade desse genótipo.

Todavia, a poucos estudos de caracterização fenotípica desse grupo genético, criados no Pantanal, e essas informações tornam-se importantes para procedimentos de seleção e melhoramento genético. De acordo com Franci et al. (1989), Martin-Rosset (1983) Ribeiro (1988) e Torres & Jardim (1987), através do conhecimento de alguns índices de conformação, podem se obter informações sobre as aptidões dos equinos, como a verificação com relação ao equilíbrio entre membros locomotores do animal, se o mesmo é hipermétricos (cavalo grande), eumétricos (cavalo médio) e elipométricos (cavalo pequeno), se possui característica de longilíneo (velocidade), mediolínio (intermediário entre velocidade e força) e brevilíneo (força), se está mais apto para ser utilizado em sela ou tração; os índices ainda indicam o peso sem esforço exagerado que o animal pode suportar sobre o dorso, trabalhando a trote ou a galope ou trabalhando a passo.

Nesse ínterim, objetivou-se caracterizar os padrões fenotípicos e índices de conformação de Muares (Equus Asinus) criados no Pantanal do Mato Grosso do Sul.

Material e Métodos

O estudo foi conduzido em parceria com propriedades rurais localizadas na região do Pantanal do Mato Grosso do Sul. Foi amostrado um montante de 75 Muares (Equus Asinus) sem padrão racial definido, distribuídos em 43 fêmeas e 32 machos, com idade adulta. Com auxílio de fita métrica e régua específica (hipômetro) e de acordo com as metodologias descritas por Parés i Casanova (2009), aferiram-se:

Perímetro torácico: Medida de circunferência aferida com fita métrica posicionada logo após o final da cernelha, entre os processos espinhosos T8 e T9, passando pelo espaço intercostal da 8ª e 9ª costelas até a articulação da última costela com o processo xifoide.

Perímetro de canela: Medida de circunferência aferida na região mediana da canela de um dos membros anteriores, formada pelos ossos metacárpicos II, III e IV.

Perímetro de antebraço: Medida aferida entre o perímetro do antebraço do animal.

Perímetro de joelho: Medida de circunferência aferida na região mediana do joelho, compreendida pelos ossos carpianos.

Largura do peito: Distância entre as bordas laterais das articulações escápulo-umeral direita e esquerda.

Largura de garupa: Distância entre as porções laterais das tuberosidades ilíacas.

Altura de cernelha: Medida aferida do ponto mais alto da região interescapular localizado no espaço definido pelo processo espinhoso de T5 e T6, até o solo.

Altura de garupa: Medida aferida do ponto mais alto da garupa, especificamente sobre a tuberosidade sacral, até o solo.

Distância codilho ao solo: Distância entre o codilho e o solo.

Altura de jarrete: Distância do solo até o ponto do jarrete do animal.

Altura de joelho: Altura do solo aos ossos carpianos.

Comprimento dorso lombar: Distância entre as extremidades dos processos espinhosos de T8 e T9 e a porção cranial da tuberosidade sacral.

Comprimento de garupa: Distância entre as porções cranial da tuberosidade ilíaca e caudal da tuberosidade isquiática.

Comprimento de pescoço: Distância entre a porção cranial do arco dorsal do atlas e o terço médio da borda cranial da escápula.

Comprimento de cabeça: Distância entre a extremidade proximal da cabeça, que coincide com a crista nucal, e a porção medial ou central da arcada incisiva inferior conforme.

Comprimento corporal: Distância entre as porções cranial do tubérculo maior do úmero e caudal da tuberosidade isquiática.

Comprimento de espádua: Distância entre a borda dorsal da cartilagem da escápula e o ângulo distal da escápula ou porção central da articulação escápulo-umeral.

Page 171: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

170

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Com base nessas medidas, estimou-se 9 índices de conformação de acordo com as metodologias descritas na literatura (FRANCI et al.,1989; MARTIN-ROSSET, 1983; RIBEIRO, 1988; SANTOS et al., 1995; TORRES & JARDIM, 1987).

Relação altura de cernelha e garupa: altura da cernelha dividida pela altura da garupa.

Índice dáctilo torácico: altura de canela dividido por perímetro torácico.

Peso corporal: perímetro torácico elevado ao cubo multiplicado pela constante 80. Os pesos superiores a 550 kg correspondem a cavalos grandes ou considerados hipermétricos; entre 350 e 550 kg, cavalos médios ou eumétricos; e inferiores a 350 kg correspondem a cavalos pequenos ou elipométricos.

Índice corporal: comprimento corporal dividido por perímetro torácico. Quando o IC é superior a 0,90, indica animal longilínio; entre 0,86 e 0,88, animal mediolínio; inferior a 0,85, animal brevilíneo. O animal longilíneo é mais adequado para velocidade e o brevilíneo para a força, enquanto o mediolíneo, com proporções médias, possui aptidão intermediária.

Índice torácico: Largura de peito divido por perímetro torácico. O valor de IT do animal longilíneo é inferior a 0,85; do animal mediolíneo, entre 0,86 e 0,88; e do animal brevilíneo, superior a 0,90.

Índice de conformação: Perímetro torácico elevado ao quadrado dividido pela altura da cernelha. O cavalo de sela deve apresentar ICF igual ou a 2,1125, enquanto valores acima deste indicam animais de tração.

Índice de carga 1: Perímetro torácico elevado ao quadrado e multiplicado pela constante 56, dividido pela altura da cernelha. Este índice indica o peso sem esforço exagerado que o animal pode suportar sobre o dorso, trabalhando a trote ou a galope.

Índice de carga 2: Perímetro torácico elevado ao quadrado e multiplicado pela constante 95, dividido pala altura da cernelha. Este índice indica o peso, em quilogramas, que o animal pode suportar sem esforço exagerado sobre o dorso, trabalhando a passo.

Índice corporal relativo: Comprimento do corpo multiplicado pela constante 100 e dividido pela altura da cernelha.

Para tratamento estatístico dos dados utilizou-se o programa Bioestat versão 5.3. Realizou-se análise de variância (ANOVA) para verificar possível diferença significativa por decorrência do dimorfismo sexual sobre as características fenotípicas e índices de conformação. Também foi realizada a análise de correlação de Pearson entre as características fenotípicas e índices de conformação.

Resultados e Discussão

Não houve diferenças significativas (P<0,05) para nenhuma das características analisadas entre os machos e as fêmeas, com predominância de coeficientes de variação menores de 10%, exceto para comprimento de pescoço (CV: 10,15%), comprimento de espádua (CV: 10,31%), comprimento de garupa (CV: 13,48%), perímetro de canela (CV: 13,72%), largura de peito (10,03%), índice dáctilo torácico (CV: 17,74%) e peso (CV: 16,96%). Em geral os Muares apresentaram-se como animais de médio porte, baixo equilíbrio entre os membros locomotores, aptidões para trabalho que exijam força (brevílineos) e tração leve. O peso sem esforço exagerado que o animal pode suportar sobre o dorso, trabalhando a trote ou a galope, é de 119,04 Kg, e o peso que o animal pode suportar sem esforço exagerado sobre o dorso, trabalhando a passo, é de 201,95 Kg.

Os valores médios e erro padrão das características fenotípicas dos Muares machos e fêmeas estão expostos na tabela 1. Apesar de não haver diferenças com significância a 5% entre os machos e fêmeas, observa-se pelos valores de altura de cernelha, garupa, jarrete e codilho ao solo, que as fêmeas se apresentam mais altas que os machos. Todavia os Muares machos apresentaram peso estimado e índice de cargas maiores em relação às fêmeas. Considerando esses resultados, sugere-se que animais com perfil corporal baixo tendem a apresentar mais força e suporte de peso.

Analisando as correlações aos pares das características fenotípicas e índices de conformação (tabela 2), com maiores destaques, notam-se altas correlações no sentido positivo e significativo (P<0,0001) entre perímetro torácico com peso estimado, índices de carga e índices de conformação. Assim sugere-se que animais mais pesados dentro do rebanho apresentam maior capacidade de suporte de peso sobre o dorso. O perímetro de canela apresentou correlação de magnitude alta no sentido positivo (P<0,0001) com índice dáctilo torácico, assim sugere-se que animais com canelas mais grossas apresentam maior suporte de pressão sobre as mesmas. E por fim observou-se por meio da correlação (77%) no sentido positivo (P<0,0001) entre largura de peito e perímetro torácico, que animais com maior profundidade torácica apresentam maiores aptidões para força.

Page 172: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

171

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 1. Valores médios e erro padrão das características fenotípicas e índices de conformação dos Muares criados no Pantanal do MS.

Fêmeas PT AC CC CCAB CP CE CDL CG AJ

Med. 171,41± 139,95 ± 141,10 ± 64,53 ± 57,32 ± 51,3 7 ± 58,93 ± 41,67 ± 42,13 ± EP 1,61 1,17 1,31 0,77 0,85 ± 0,89 ± 0,85 0,79 0,55 PJ AG PC LA LP AJA DCS PAB IT Med. 29,60 ± 139,60 ± 19,90 ± 46,67 ± 33,95 ± 48,65 ± 82,76 ± 43,20 ± 0,19 ± EP 0,41 1,04 0,42 0,65 0,56 0,72 1,13 0,59 0,00 RCG IDT P IC ICF ICG1 ICG2 ICR Med. 0,99 ± 0,10 ± 407,31 ± 0,82 ± 2,10 ± 117,90 ± 200,00 ± 100,92 ± EP 0,00 0,00 10,54 0,01 0,03 1,73 2,94 0,83 Machos PT AC CC CCAB CP CE CDL CG AJ Med. 172,21 ± 138,00 ± 140,40 ± 64,43 ± 58,06 ± 50, 78 ± 58,15 ± 42,78 ± 42,06 ± EP 1,76 1,23 1,10 0,96 1,10 ± 0,78 0,95 1,11 0,51 ± PJ AG PC LA LP AJA DCS PAB IT Med. 30,34 ± 137,28 ± 20,50 ± 46,25 ± 35,37 ± 49,28 ± 80,18 ± 44,46 ± 0,20 ± EP 0,49 1,02 0,47 0,56 0,51 ± 0,63 1,02 0,69 0,00 RCG IDT P IC ICF ICG1 ICG2 ICR Med. 1,00 ± 0,11 ± 412,60 ± 0,81 ± 2,15 ± 120,58 ± 204,56 ± 101,84 ± EP 0,00 0,00 12,51 0,00 0,03 1,92 3,26 0,61 Med.: média; EP: erro padrão. PT: perímetro torácico; AC: altura de cernelha; CC: comprimento corporal; CCAB: comprimento de cabeça; CP: comprimento de pescoço; CE: comprimento de espádua; CDL: comprimento dorso lombar; CG: comprimento de garupa; AJ: altura de joelho; PJ: perímetro de joelho; AG: altura de garupa; PC: perímetro de canela; LA: largura de anca; LP: largura de peito; LCAB: largura de cabeça; AJA: altura de jarrete; DCS: distância codilho ao solo; PAB: perímetro de antebraço; RCG: relação cernelha garupa; IDT: índice dáctilo torácico; P: peso; IC: índice corporal; ICF: índice de conformação; ICG1: índice de carga 1; ICG2: índice de carga 2; ICR: índice corporal relativo; IT: índice torácico. Tabela 2. Correlação entre as características fenotípicas com os índices de conformação dos Muares criados no Pantanal do MS.

PT AC CC CCAB CP CE RCG 0,23* 0,45**** 0,20ns 0,11ns 0,37** 0,35** IDT -0,09ns 0,21ns 0,33** 0,39*** 0,28* 0,31** P 0,99**** 0,64**** 0,24* 0,42*** 0,61**** 0,59**** IC -0,67*** -0,04ns 0,59**** 0,05ns -0,14ns -0,15ns

ICF 0,90**** 0,21ns -0,09ns 0,16ns 0,40*** 0,40*** ICG1 0,90**** 0,22ns -0,09ns 0,16ns 0,40*** 0,41*** ICG2 0,90**** 0,22ns -0,09ns 0,16ns 0,40*** 0,41*** ICR -0,49**** -0,41** 0,44*** -0,07ns -0,20ns -0,17ns IT -0,20** 0,19ns 0,39*** 0,20ns 0,25* 0,07ns CDL CG AJ PJ AG PC

RCG 0,04ns 0,00ns 0,16ns 0,38*** -0,09ns 0,37** IDT 0,36** -0,07ns 0,40*** 0,56**** 0,09**** 0,71**** P 0,21ns 0,22ns 0,43*** 0,48**** 0,55ns 0,35** IC 0,07ns 0,08ns -0,04ns -0,05ns -0,02ns -0,02ns

ICF 0,06ns 0,07ns 0,16ns 0,22ns 0,21ns 0,14ns ICG1 0,06ns 0,08ns 0,16n 0,22ns 0,21ns 0,14ns ICG2 0,06ns 0,08ns 0,16ns 0,22ns 0,21* 0,14ns ICR 0,03ns 0,00ns -0,20ns -0,20ns -0,28ns -0,17ns IT 0,09ns 0,35** 0,07ns 0,20ns 0,17 0,21ns LA LP AJA DCS PAB

RCG -0,08ns 0,22ns -0,01ns 0,23*** -0,03ns IDT 0,03ns 0,11ns 0,12ns 0,35*** -0,03ns P 0,40*** 0,46**** 0,19ns 0,47ns 0,30** IC 0,13ns -0,04ns 0,00ns -0,09ns -0,01ns

ICF 0,16ns 0,24ns 0,05ns 0,19ns 0,13ns ICG1 0,16ns 0,24* 0,05ns 0,19ns 0,13ns ICG2 0,16ns 0,24* 0,05ns 0,19** 0,13ns ICR 0,08ns -0,13ns -0,15ns -0,34ns -0,08* IT 0,31** 0,77**** -0,05ns -0,05ns 0,14ns

*P<0,05, **P<0,01, ***P<0,001, ****P<0,0001. PT: perímetro torácico; AC: altura de cernelha; CC: comprimento corporal; CCAB: comprimento de cabeça; CP: comprimento de pescoço; CE: comprimento de espádua; CDL: comprimento dorso lombar; CG: comprimento de garupa; AJ: altura de joelho; PJ: perímetro de joelho; AG: altura de garupa; PC: perímetro de canela; LA: largura de anca; LP: largura de peito; LCAB: largura de cabeça; AJA: altura de jarrete; DCS: distância codilho ao solo; PAB: perímetro de antebraço; RCG: relação cernelha garupa; IDT: índice dáctilo torácico; P: peso; IC: índice corporal; ICF: índice de conformação; ICG1: índice de carga 1; ICG2: índice de carga 2; ICR: índice corporal relativo; IT: índice torácico.

Page 173: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

172

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Conclusões

Não houve influencia do dimorfismo sexual sobre as características analisadas. Os Muares foram classificados como: animais de médio porte, com baixo equilíbrio entre os membros locomotores e aptidões para trabalho que exijam força (brevílineos) e tração leve. O peso sem esforço exagerado que o animal pode suportar sobre o dorso, trabalhando a trote ou a galope, é de 119,04 Kg, e o peso que o animal pode suportar sem esforço exagerado sobre o dorso, trabalhando a passo, é de 201,95 Kg. Por meio das correlações, sugere-se que animais mais pesados dentro do rebanho apresentam maior capacidade de suporte de peso sobre o dorso, assim como animais com canelas mais grossas apresentam maior suporte de pressão sobre as mesmas e animais com maior profundidade torácica apresentam maiores aptidões para força.

Referências

FRANCI, O.; GIOGETTI, A.; GREMOLI, G. Evoluzi one delle caractteristic hemorphologi quenel cavalo avelignese in accrescimento. Zootecnia Nutrizione Animale , v.15, n.1, p.373-380, 1989.

MARTIN-ROSSET, W. Particularites de lacroissance et du development ducheval. Revue bibliographique. Annales Zootechnie , v.32, n.1, p.373-380, 1983.

PARÉS i CASANOVA, M.P. Valoración morfológica de los animales domésticos – Zoometría. Sociedad Española de Zooetnólogos. Ministerio de Medio Ambiente y Med io Ruraly Marino , 862p, 2009.171-198p.

RIBEIRO, D.B. O cavalo de raças, qualidade e defeitos . Rio de Janeiro: Editora Globo Rural. 290p, 1988. p. 10–85.

SANTOS, S.A.; MAZZA, M.C.M.; SERENO, J.R.B. Avaliação e conservação do cavalo Pantaneiro . Corumbá: Embrapa Pantanal. 1995. 40p. (Embrapa Pantanal, Circular Técnica, 21).

TORRES, A.P.; JARDIM, W.R. Criação do cavalo e de outros eqüinos . 3.ed. São Paulo: Nobel. 654p, 1987. p. 190 – 198.

Page 174: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

173

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Percepção do trabalhador rural e do pecuarista em r elação à anemia infecciosa equina 1

Dayanna Schiavi do N. Batista 2, Sandra Mara Araújo Crispim 3, Hildeberto Valle Petzold 4, Márcia Furlan Nogueira T. de Lima 5

A anemia infecciosa equina (AIE) é uma retrovirose, incurável e semelhante à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), sem ter a conotação de doença sexualmente transmissível. Após um período de elevada mortalidade de equídeos na década de 1970, quando o vírus foi introduzido no Pantanal, a AIE estabeleceu-se como endemia na região. Como características da AIE endêmica no Pantanal, verifica-se uma alta taxa de prevalência, ao redor de 40%, e uma população de equídeos que, apesar de soropositivos, são assintomáticos e permanecem realizando sua função na lida com o gado das fazendas. Paralelamente a este cenário, na última década vem se tornando cada vez mais proeminente o cavalo da raça Pantaneiro. Com os preços nos leilões cada vez mais atrativos, um número crescente de proprietários rurais vem se interessando pela raça, e é neste momento que a AIE passa a configurar-se um grande problema para a equideocultura regional, um verdadeiro estigma que denigre a imagem do cavalo Pantaneiro. Com o objetivo de mensurar o conhecimento do público estratégico (trabalhadores rurais e pecuaristas), sobre o nível do conhecimento da AIE e interesse pelas práticas de manejo, foi aplicado um questionário, no início do Projeto de Pesquisa “Anemia Infecciosa Equina no Pantanal brasileiro: caracterização do agente, diagnóstico molecular, avaliação de práticas de manejo e modelagem quantitativa”. Ao final do projeto será aplicado o mesmo questionário para aferir, se houve o aumento das práticas de manejo. O questionário com perguntas fechadas e estruturadas foi distribuído nos dias de campo, realizados em fazendas no estado de Mato Grosso do Sul, propriedades em sua maioria, com mais de 100 equídeos. O público estratégico analisado foi o dos trabalhadores rurais (n=31) e dos pecuaristas (n=26), sendo possível notar a diferença de percepção com relação a pergunta “O que é a AIE?”, dos 31 trabalhadores rurais, somente 12 acertaram a resposta e dos 26 pecuaristas, todos acertaram (“uma infecção incurável causada por um vírus que é transmitido pelo sangue contaminado”). O mesmo ocorreu para a pergunta sobre os sinais clínicos da AIE, em que nove trabalhadores rurais erraram e todos os pecuaristas acertaram a resposta (“febre, perda de peso, fraqueza, inchaço e palidez de mucosas”). Estes resultados demonstram que as informações sobre o que é a AIE e os seus sinais clínicos ficam centrados no pecuarista, que na maioria das vezes é o empregador e o tomador de decisão na propriedade rural. Devido a isto, sugere-se que o público alvo a ser atingido pelas campanhas de conscientização e de cursos e treinamentos, seja o trabalhador rural e não o proprietário/pecuarista, pois quem está na lida com os animais é o trabalhador. É para esses agentes que os esforços de transferência de tecnologia deveriam se voltar. Assim, estratégias com agentes multiplicadores e parcerias com a assistência técnica pública e ou privada devem ser usadas e validadas. Para a pergunta “Quanto gastaria por mês para controle da AIE?”, os pecuaristas, na sua maioria responderam que estão dispostos a dispender de R$100,00 a R$1.000,00 por mês, para controlar a AIE. Ações de transferência de tecnologia estão sendo realizadas no decorrer da pesquisa e, ao final serão comparadas às respostas iniciais para inferir se houve ou não, a conscientização e aprendizado sobre as técnicas de manejo para controle da AIE, pela maioria dos trabalhadores rurais e pecuaristas. Em caso negativo, ações mais enérgicas deveram ser incrementadas juntamente com outros órgãos nas diferentes esferas.

1Parte do Projeto de Pesquisa “Anemia Infecciosa Equina no Pantanal brasileiro: caracterização do agente, diagnóstico molecular, avaliação de práticas de manejo e modelagem quantitativa”, financiado pela Embrapa 2Analista Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected] ) 3Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 4Técnico Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS (má[email protected])

Page 175: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

174

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Percepção dos fronteiriços em relação à arborização urbana das cidades de Corumbá e Puerto Quijarro 1

Daniela Lopo 2, Marina Kleinsorge Daibert 3, Ricelly Aline Camargo de Souza 4

Resumo: As cidades abrigam mais da metade da população existente no planeta, e seu crescimento demográfico, a cada dia, acontece em ritmo mais acelerado. Na mesma intensidade em que as cidades crescem, os sistemas naturais urbanos são degradados em contraposição à qualidade de vida. A cidade construída é a expressão dos valores de uma sociedade, onde o social se inter-relaciona com a estrutura física e com o ambiente natural. As cidades fronteiriças, em especial, apresentam características próprias e complexas de relações, que ocorrem em virtude da interação entre diferentes nacionais e suas culturas. Isso significa que, em sua construção, contribuem sujeitos com diferentes identidades, percepções e modos de vida. Essa pluralidade, ligada a aspectos valorativos, algumas vezes divergentes, outras convergentes, deve ser estudada, para promover aporte técnico-científico e direcionar políticas públicas relacionadas ao desenvolvimento sustentável de regiões fronteiriças, como por exemplo, para elaboração de políticas de arborização urbana. A presença de árvores é requisito para a qualidade de vida nas cidades, mas é necessária a realização de análises que orientem seu planejamento. Este trabalho analisou a percepção de fronteiriços em relação à arborização urbana. Quanto aos resultados, no geral, os fronteiriços, residentes em Corumbá, MS, Brasil e Puerto Quijarro, GB, Bolívia, percebem a arborização como um bem fundamental relacionado com a qualidade de vida, porém, brasileiros apresentaram condições comparativamente melhores nesse sentido, e para minimizar as divergências, bem como para garantir o sucesso de programas de arborização, faz-se necessárias políticas locais inovadoras, relacionadas a arborização e a sensibilização ambiental dos fronteiriços.

Palavras–chave: Fronteira Brasil – Bolívia, gestão da arborização, percepção ambiental, recursos naturais urbanos

Perception of the border population in relation to afforestation urban areas of the cities of Corumbá and Puerto Quijarro

Abstract: Cities are home to more than half of the population of the planet and its population growth, every day, it happens at a faster pace. The same intensity as the cities grow, urban natural systems are degraded as opposed to quality of life. The city is built expression of the values of a society, where the social is interrelated with the physical structure and the natural environment. Border towns in particular have their own features and complex relationships that occur due to the interaction between different national and their cultures. This means that in its construction, contributing individuals with different identities, perceptions and ways of life. This plurality, linked to evaluative aspects, sometimes divergent, convergent other, should be studied to promote a contribution of technical and scientific information and direct public policies related to sustainable local development, eg for policy of urban forestry. The presence of trees is a prerequisite for the quality of life in cities, but it is necessary to perform analyzes to guide their planning. This study examined the perception of border compared to urban areas. Regarding the results obtained, in general, the border (residents Corumbá, MS, Brazil and Puerto Quijarro, GB, Bolivia realize afforestation as a fundamental good and relate to quality of life, however, Brazilians showed comparatively better conditions in this sense, it is fundamental to the implementation of local policies that allow new advances in environmental awareness regarding urban forestry, as a condition for the success of afforestation programs.

Keywords: Environmental perception, frontier Brazil - Bolivia, tree management, urban natural environment

1 Parte do relatório de qualificação de mestrado em Estudos Fronteiriços, CPAN/UFMS de Daniela Lopo. 2 Bióloga, da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79303-220. Corumbá, MS. ([email protected]). 3 Bióloga, da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79300-040. Corumbá, MS. ([email protected]). 4 4Engenheira Agrônoma da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79320-208. Corumbá, MS. ([email protected])

Page 176: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

175

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Introdução

Estabelecidas para facilitar a vida humana, concentrando serviços e gerando oportunidades, as cidades transformam-se e representam, muitas vezes, contradição à qualidade de vida. Suas estruturas – redes viárias, espaços residenciais, áreas de serviços e industriais, espaços institucionais e áreas livres – nem sempre constituem referenciais e, mais ainda, nem sempre são orgânicas e funcionais (MILANO; DALCIN, 2000). Como parte do processo de urbanização, o aumento do número de edificações, os asfaltamentos, a redução drástica da cobertura vegetal para abrigar novos equipamentos urbanos, são causadores diretos de diversos problemas sócio-ambientais, como o aparecimento de lixões a céu aberto, esgotos domésticos lançados nos rios sem qualquer tratamento, poluição atmosférica, excesso de ruídos, ocupações ilegais em Áreas de Proteção Permanente – APP´s, loteamentos clandestinos, proliferação de vetores e epidemias de doenças, impermeabilização do solo e inundações, entre outros. Esses impactos relacionam-se com a forma como ocorre a espacialização em cada cidade, e culminam de uma interação de fatores: políticos, econômicos, culturais, históricos, etc.

Identificar os impactos ambientais provocados pela urbanização em cidades fronteiriças, e, sobretudo, propor soluções conjuntas não é tarefa trivial. Fatores como a existência de arcabouços legais próprios, além da diversidade de culturas, língua, religião, costumes, modo de vida relacionado à economia, entre outros fatores, criam sujeitos com identidades, valores e percepções diferentes, e por vezes antagônicas. Essas percepções e identidades distintas dificultam a realização de ações para melhoria da qualidade ambiental nas cidades. Mas todas essas condições devem ser consideradas durante o desenvolvimento de políticas públicas em cidades fronteiriças como Corumbá (MS, Brasil) e Puerto Quijarro (GB, Bolívia), já que ambos os nacionais são sujeitos ativos no processo de desenvolvimento e urbanização local. A urbanização rápida e ausência de políticas eficazes de gestão pública que disciplinem e direcionem o crescimento das cidades provocam, além de problemas sociais uma série de agravos ambientais.

O conhecimento, obtido por práticas participativas, corroboram com a implementação de ações voltadas ao desenvolvimento econômico local e concomitantemente garantem a qualidade de vida do cidadão fronteiriço pela manutenção de um meio ambiente urbano saudável e equilibrado. A presença de árvores nas áreas urbanas está intrinsecamente relacionada à qualidade de vida dos cidadãos, uma vez que, essas plantas exercem múltiplas funções como: melhoria do microclima, redução de poluição atmosférica e sonora, barreira contra o vento, embelezamento que, além de valorizar o imóvel ainda tem outro papel, a melhoria da condição psicológica (MILANO; DALCIN, 2000). Dessa forma, as ações do Estado devem ser pensadas de modo a garantir sua manutenção no meio artificial – pois contribuem com a saúde física e psíquica dos cidadãos. Nesse sentido, acredita-se ser fundamental a realização de investigações aprofundadas a esse respeito, a fim de se identificar os anseios da população para o desenvolvimento saudável e pleno arborização urbana e sua multifuncionalidade.

No caso de sociedades abrigadas em regiões de fronteiras binacionais, faz-se necessário um “olhar” diferenciado, no sentido de que a compreensão da dinâmica de interações dos nacionais influencia cada Estado ao planejar suas ações, ao mesmo tempo em que o ambiente circundante é comum, como é o caso do Pantanal. Especificamente na fronteira Corumbá (MS, Brasil) – Puerto Quijarro (GB, Bolívia), em virtude das relações intensas no cotidiano dos cidadãos fronteiriços, ora pacíficas, ora conflituosas, onde brasileiros e bolivianos cruzam seus limites geográficos diariamente em busca de bens, serviços, lazer, há que se compreender previamente a percepção do cidadão fronteiriço em seus múltiplos aspectos: seus anseios, o que sente, o que aspira, o que considera melhor para si, quais suas necessidades, etc., a fim de se alcançar a eficiência na elaboração de políticas públicas locais. Em se tratando da arborização urbana, reconhecer a relação entre a população e as árvores das cidades, identifica as necessidades e a define estratégias para plantio, manutenção e para a elaboração de campanhas educativas entorno da importância desse recurso natural.

Este trabalho teve como objetivo analisar, por meio da aplicação de questionário estruturado, a percepção dos fronteiriços, brasileiros e bolivianos, em relação à Arborização urbana: sua concepção, sua relação com o meio natural, suas necessidades e anseios. Sua realização justifica-se pela carência de informações técnico-científicas em relação a percepção da Arborização Urbana de Corumbá (Brasil) e Puerto Quijarro (Bolívia). Estes conhecimentos poderão orientar o planejamento da gestão do verde urbano local a fim de melhorar a qualidade de vida do cidadão fronteiriço. Como parte da estratégia de gestão, é possível, até mesmo, proteger espécies arbóreas nativas bastante exploradas. A abordagem da percepção do cidadão fronteiriço deste trabalho, ainda poderá influenciar a criação de estratégias locais fundamentadas na educação ambiental, para o enfrentamento da problemática ambiental na busca de sociedades sustentáveis.

Page 177: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

176

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Material e Métodos

Área de estudo

Corumbá (MS, Brasil): De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de Corumbá, fundando em 1778, se localiza na porção Centro-Oeste do Brasil. Está inserido na mesorregião Pantanal Sul Mato-Grosssense e na microrregião Baixo Pantanal, que também compreende os municípios de Ladário e Porto Murtinho, conforme subdivisão do Brasil dada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (1985). A área total de Corumbá é de 64.961 km2, sendo 10.056 km2 de área urbana. Seu principal acesso rodoviário é a rodovia asfaltada BR-262, que interliga à capital do Estado – Campo Grande, da qual dista 426 km. O acesso da área urbana da cidade à Seccíon de Puerto Quijarro (Província de German Bush, Departamento de Santa Cruz), ocorre pela rodovia Ramon Gomes, cuja distância é de 7 km. Segundo o Censo de 2010, elaborado pelo IBGE, a população urbana de Corumbá é de 93.510 habitantes, enquanto sua a população rural é de 10.262 habitantes, ou seja, 90% da população reside na cidade. Os principais setores econômicos são, por ordem de geração de receita: serviços, indústria e agropecuária.

Puerto Quijarro (GB, Bolívia): De acordo com o Instituto Nacional de Estadística (INE), o município de Puerto Quijarro, fundado em 1940, localiza-se na Província de German Busch, Departamento de Santa Cruz, Bolívia. O município, que é formado pelos distritos de Puerto Quijarro e Arroyo Concepción, possui 22 juntas vicinais, 2 comunidades rurais e 3 comunidades indígenas. Encontra-se a 660 km de Santa Cruz de La Sierra, interligadas por linha férrea ou rodovia e a 15 km de Puerto Suarez. Sua população total é de 16.778 habitantes de acordo com o censo de 2007 do Instituto Nacional de Estadística, dos quais 97,05% residem na área urbana. Sua economia gira em torno de exportação de cereais através de seu porto, e com as relações comerciais formais e informais com brasileiros, moradores e turistas, através da cidade de Corumbá. A população fala espanhol, quéchua, chiquitano (idioma que está sento extinto pela aculturação) e “portunhol”.

Coleta de informações: Para avaliação da percepção dos fronteiriços em relação à arborização urbana, foram aplicados questionários semiestruturados a 293 pessoas, cuja abordagem foi feita segundo as recomendações da Resolução CNS n° 466/2012, que dis põe sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Os participantes foram escolhidos de forma aleatória, descartados apenas os não residentes em Corumbá ou Puerto Quijarro e menores de 18 anos. Responderam aos questionários, pessoas que, no ato da pesquisa, transitavam em duas praças públicas, nas áreas centrais das cidades estudadas, locais bastante movimentados, já que ambas dão acesso às áreas comerciais locais. Da totalidade, 177 questionários foram aplicados a brasileiros e 116 a cidadãos bolivianos. As informações levantadas foram as seguintes: sexo, grau de escolaridade, percepção sobre a arborização da cidade, ações públicas prioritárias, vantagens e desvantagens das árvores urbanas.

Resultados e Discussão

Do total de entrevistados, o percentual de participantes do sexo masculino foi de 41,24% em Corumbá e de 44,83% em Puerto Quijarro e 58,76% de mulheres residentes em Corumbá e 55,17% em Puerto Quijarro. Os resultados da pesquisa revelaram que a diferença de sexo em ambos os países não foi um fator discriminante do perfil dos entrevistados, que se apresentou homogêneo neste sentido. Em relação à faixa etária dos entrevistados, comparativamente, Corumbá e Puerto Quijarro apresentaram-se da seguinte maneira, respectivamente: de 18 a 20 anos - 12,99% e 9,48%, de 21 a 40 anos – 56,50% e 61,21% e com mais de 40 anos – 30, 51% e 29,31%. A idade foi bastante similar, permitindo uma melhor comparação das percepções verificadas em cada país. Em virtude da pequena variação da faixa etária dos entrevistados entre as duas cidades, o critério “idade” não trouxe interferência significativa nos resultados descritos neste trabalho. Quanto ao grau de escolaridade dos entrevistados, em Corumbá e Puerto Quijarro, obteve-se, respectivamente, as seguintes porcentegens: 0% e 0,86% de analfabetos; 7,91% e 8,62% com ensino fundamental incompleto; 9,04% e 10,34% com ensino fundamental completo; 10,73% e 12,34% com ensino médio incompleto; 20,34% e 29,31% com ensino médio completo; 26,55% e 23,28% com ensino superior incompleto; 14,12% e 13,79% com ensino superior completo; 11,30% e 1,72% de pós-graduados. O nível de escolaridade dos entrevistados, em ambas as cidades, implicou no bom entendimento das perguntas formuladas. Em Corumbá há predominância de pessoas que estão cursando o ensino superior (ensino superior incompleto), enquanto em Puerto Quijarro, predominam pessoas que concluiram o ensino médio. Em relação aos cursos de pós-graduação, há aproximadamente 10% a mais de brasileiros que já os completaram, em relação aos bolivianos. Nenhum entrevistado afirmou ser analfabeto no município brasileiro. Já no outro lado da fronteira, houve apenas um caso declarado. A partir dessa análise, constatou-se que os entrevistados residentes em Corumbá apresentam maior grau de instrução em relação aos moradores de Puerto Quijarro.

Page 178: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

177

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

A percepção em relação à arborização urbana e áreas verdes urbanas é subjetiva e decorre, além de outros fatores, das experiências pessoais de cada um. Aliado às experiências, vale mencionar a influência do grau de escolaridade pois, quanto maior for a instrução educacional, acredita-se ser maior a compreensão sobre a importância da conservação de áreas verdes na cidade (SOUZA, 2008). Desta forma, é possível estabelecer uma relação entre o grau de escolaridade e a percepção em relação a arborização, onde, teoricamente, as pessoas que possuem maior grau de instrução (Corumbá) possuem mais compreensão sobre os benefícios da arborização para os seres humanos.

O diagnóstico da percepção ambiental contextualiza a realidade da sociedade e colabora no processo de estreitamento na relação entre a sociedade com a arborização urbana, sob uma perspectiva mais dinâmica, eficiente e participativa. “A busca da percepção da população em relação à arborização permite resgatar a afetividade, a reverência e o respeito e à memória da população, que “faz” a cidade integrante da teia da vida” (CAMPANHOLO; MIELKE; OLIVEIRA, 2012). De acordo com Campanholo; Mielke; Oliveira, (2012) a análise dos dados oriundos de pesquisas participativas permitem a caracterização da dinâmica de significados, valores e atitudes dos atores avaliados em relação à arborização urbana. Quanto à percepção dos entrevistados sobre aspectos quantitativos da arborização urbana da cidade, os residentes em Corumbá e em Puerto Quijarro demonstraram insatisfação, já que as respostas mais frequentes foram “razoavelmente arborizada” (42,37% e 44,83%, respectivamente), seguida de “pouco arborizada” (35,59% e 39,66% respectivamente)

Os entrevistados foram questionados quanto às ações prioritárias que devem ser implementadas pelo poder público para melhoria, e como garantia do sucesso do programa de arborização urbana da cidade. Os resultados indicam que há necessidade de se plantar mais mudas de árvores nas cidades de Corumbá e Puerto Quijarro como medida prioritária da administração pública (45,76% e 25,85%, respectivamente). As demais repostas apresentaram-se de forma similar, e correspondem a: manutenção das árvores urbanas, (re) planejar as ações em relação a arborização, incentivar os cidadãos a adotar árvores e intensificar as ações de educação ambiental para o sucesso da arborização.

Também foram abordadas nas entrevistas as vantagens da arborização urbana. De acordo com Tuan (1980), cada ser humano tem a capacidade de perceber coisas que para outro pode ser invisível. Deste modo, benefícios podem ser sentidos por uns, enquanto para outros, esses benefícios não são auferidos. As principais funções da arborização são a melhoria a qualidade do ar, diminuição a temperatura, função estética, por vezes, interligam áreas livres urbanas, tem função de corredor ecológico, proporcionando pela interação de fatores, uma sensação de bem estar na população (MILANO; DALCIN, 2000).

Neste estudo, tanto os entrevistados de Corumbá como de Puerto Quijarro afirmaram que sombreamento (23,16% e 40,52%, respectivamente) e redução da temperatura (26,55% e 31,03%) são os principais serviços prestados pela arborização. Em Corumbá, 20,90% responderam que a principal vantagem da arborização é a redução da poluição atmosférica contra 4,31% em Puerto Quijarro. Este resultado pode ser explicado pelo fato dos residentes da Cidade de Corumbá terem a sensação térmica de calor maximizada em relação à outra cidade fronteiriça, em decorrência do desflorestamento e da maior emissão de gases poluentes advindos da industrialização local, o que significativamente aumenta o “efeito estufa”. Ao responder que as árvores contribuem com o embelezamento, residentes em Corumbá (3,39%) e Puerto Quijarro (6,90%) estão estabelecendo uma relação entre as árvores e as melhorias psicológicas por elas proporcionadas. Algumas pessoas assinalaram “outras vantagens”, citando, por exemplo, a presença de aves na área urbana e a redução do escoamento superficial das chuvas diminuindo riscos de enchentes. Para arborizar ruas, de modo que a população possa auferir todos os benefícios acima relacionados é necessário um planejamento sistemático das ações, já que, planejar a arborização, na visão de Biondi; Althaus (2005) é escolher a espécie certa para um lugar certo, é utilizar critérios técnico-científicos e respeitar os limites naturais do meio. Ao observar as respostas mais frequentes, é possível identificar que os principais anseios da população em relação à arborização é no sentido de exercer a função de melhoria do clima. Nesse sentido, acredita-se que ao planejar a arborização, de modo a atender os desejos da população, deve-se optar por espécies que possuam copas densas e perenes.

Em relação às desvantagens da arborização destacadas pela população, tanto em Corumbá, quanto em Puerto Quijarro, a resposta mais frequente foi “sujeira nas ruas e calçadas provocada pela queda de folhas” (24,29% e 31,03%, respectivamente). Provavelmente esta resposta está relacionada a grande incidência de espécies caducifólias plantadas nas cidades, da qual, a mais comum é a Terminalia catappa, conhecida popularmente como “sete-copas”. A segunda resposta mais frequente em Corumbá (19,21%) foi a “redução da iluminação pública”, onde as pessoas relacionam o “escuro” provocado pela copa das árvores em conflito com postes de iluminação pública, como um fator que favorece e intensifica a violência urbana. Os residentes de Puerto Quijarro classificam a redução da iluminação em quarta importância (14,66%). Quanto ao conflito com a rede aérea, seja telefônica ou de energia, por exemplo, a opção preferida por 16,38% dos residentes em Corumbá e por 18,97% das pessoas residentes em Puerto Quijarro, reflete a ineficiência dos serviços públicos relacionado a

Page 179: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

178

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

manutenção da arborização, já que o problema decorre da falta de podas de conformação nas árvores da área urbana.

Os danos provocados pelo afloramento do sistema radicular de árvores em calçadas também obteve bastante atenção por parte dos entrevistados de Corumbá e Puerto Quijarro (19,21% e 22,41%, respectivamente). Estas respostas evidenciam a falta de planejamento em relação à escolha de espécies. Ao planejar, devem-se levar em consideração as características edáficas e das raízes, além da área livre suficiente para o bom desenvolvimento da árvore, utilizando-se preferencialmente espécies nativas (MILANO; DALCIN, 2000). Os danos em calçadas pavimentadas também podem ser provocados por canteiros ou espaços livres muito pequenos em torno de mudas, que, além de dificultar a penetração de água das chuvas ou da rega, não acompanham o desenvolvimento da muda, causando rachaduras. Covas rasas favorecem o afloramento das raízes, também causando danos no passeio. No município de Corumbá e Puerto Quijarro, uma quantidade considerável de pessoas, 15,25% e 8,62%, respectivamente, assinalou a opção “outras desvantagens”. Neste caso, a maior parte mencionou os seguintes prejuízos: o incômodo causado por “pessoas estranhas” que costumam sentar-se em frente de suas residências sob as árvores ou utilização de galhos como “escadas” para ladrões adentrar em residências.

Tais problemas são resultantes da ineficiência do planejamento e manutenção da arborização urbana. Problemas como conflitos com rede de energia, com sinalização de trânsito ou impedimento da iluminação do local, mencionados por uma grande quantidade de entrevistados em ambos os países podem ser resolvidos apenas com estabelecimento de uma rotina de podas em todas as árvores de logradouros públicos. Já a sujeira provocada pela queda de folhas, provavelmente resposta dada em virtude da grande quantidade de “sete copas” (Terminalia catappa), árvore caducifólia presente em ambas as cidades pesquisadas, pode ser resolvida com a substituição gradativa por espécies perenes. Danos em calçadas são provocados por espécies inadequadas ou plantio/manutenção feitos de forma incorreta, isso, pode ser corrigido durante a escolha das espécies e realizando-se o manejo adequado. Assim, tornam-se também necessárias ações administrativas que estimulem a integração entre as ações de planejamento da arborização urbana, plantio e manutenção de mudas, com as questões da segurança pública, de forma a minimizar o descontentamento, e modificar o vínculo afetivo entre os cidadãos e as árvores (CAMPANHOLO; MIELKE; OLIVEIRA, 2012).

Conclusões

A população, reconheceu a arborização como algo importante, sobretudo em relação a melhoria do clima. Contudo, sua percepção, refletiu forma geral, o estado atual da arborização urbana nos municípios estudados. Os aspectos negativos citados pela população fronteiriça devem ser levados em consideração pelos gestores públicos para subsidiar o (re) planejamento da arborização de Corumbá e Puerto Quijarro. A começar por eliminar espécies inadequadas, e promover o plantio de espécies apropriadas, e em locais compatíveis e promover o manejo dessa arborização. Algumas desvantagens mencionadas pela população, como conflito com rede aérea, impedimento da iluminação da rua, demonstram as deficiências operativas dos órgãos responsáveis pela manutenção das árvores de logradouros públicos urbanos, já que arborizar não se resume apenas em plantar árvores, mas também consistem em estabelecer uma rotina de cuidados para garantir que a arborização exerça todas suas funções.

Referências

BIONDI, D. Diagnóstico da Arborização Urbana de ruas da Cidade de Recife . 1985. 167 p. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná. Curitiba.

BIONDI, D; ALTHAUS, M. Árvores de rua de Curitiba: cultivo e manejo. Curitiba: FUPEF, 2005.

CAMPANHOLO, R. MIELKE, E. C. OLIVEIRA, C. M. R. de. Arborização Urbana sob o olhar da Educação Ambiental: Estudo de caso da Percepção de munícipes do Bairro Cajuru, Município de Curitiba – PR. HARPIA - Revista de Divulgação Científica e Cultural do Isulpar. vol.1- nº 4- Agosto, 2012.

MILANO, M.; DALCIN, E. Arborização de vias públicas . 1.ed. Rio de Janeiro: LIGHT, 2000. 226p.

SOUZA, M. dos S. Arborização Urbana e Percepção Ambiental: uma análise descritiva em dois bairros de Natal/RN. 2008. 98 p. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal.

TUAN, Y. F. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1980. 286p.

Page 180: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

179

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Percepções de consumidores sobre carne bovina com i ndicação geográfica de raças locais brasileiras, Campo Grande-MS 1

André Steffens Moraes 2, Fabiana Villa Alves 3, Raquel Soares Juliano 4, Maria Clorinda Soares Fioravanti 5, Joyce Caroline dos Santos Lopes 6, Guilherme Pasculli Barcellos 7, Yasmin Abdo 8

Resumo: Foi realizado levantamento com 347 consumidores de carne bovina em 12 estabelecimentos que comercializam carnes em Campo Grande (MS), a fim de identificar sua percepção com relação às carnes diferenciadas, especialmente identificação geográfica (IG), buscando entender como essa percepção pode ser utilizada como estratégia para conservação de raças locais, como o bovino Pantaneiro e o bovino Curraleiro Pé-Duro, e identificar se estão dispostos a pagar por estes atributos. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas verbais utilizando um questionário semiestruturado composto por questões fechadas e abertas, subdividido em duas partes, uma referente ao perfil do consumidor e outra sobre seu conhecimento das características de carnes com indicação geográfica e das raças bovinas locais. Constatou-se que a maioria dos consumidores tem pouco conhecimento sobre o que são carnes com indicação geográfica e o que são raças bovinas locais. Mesmo assim, demonstraram interesse em consumir carne com IG de raças locais caso essas características sejam um indicador de qualidade e também para incentivar e valorizar um produto local. Além disso, estão dispostos a pagar mais por este tipo de produto, embora a frequência de consumo vá depender do preço. Conclui-se que o consumidor valorizou os atributos desse tipo de carne, sendo possível agregar valor em função de tais diferenciais. Desta forma, o uso de IG em raças locais pode contribuir para a conservação dessas raças ao incorporar sua carne ao mercado.

Palavras-chave: agregação de valor, carne bovina, conservação in situ, Pantanal, Cerrado

Consumers' perceptions from Campo Grande on meat wi th a geographical indication of local Brazilian breeds

Abstract: A survey was conducted with 347 beef consumers in 12 establishments that sell meat in Campo Grande (MS), to identify their perception of the different meats, especially geographical identification (GI), seeking to understand how this perception can be used as a strategy for conservation of local breeds, such as Pantaneiro cattleand Curraleiro Pé-Duro cattle, and identify if they are willing to pay for these attributes. Data were obtained through oral interviews using a semi-structured questionnaire consisting of open and closed questions, divided into two parts, one for the consumer profile and another on its knowledge of the characteristics of meat with geographical indication and local breeds. It was found that most consumers have little knowledge about what meats are with GI and what local breeds means. Even so, they demonstrated interest in consuming meat with GI of local breeds if these features are an indicator of quality and also to encourage and enhance a local product. Moreover, they are willing to pay more for this type of product, although the frequency of use will depend upon the price. It is concluded that the consumer values the attributes of this type of meat, and it is possible to add value in terms of such differentials. Thus, the use of IG in local breeds can contribute to conservation of thesebreedsby incorporate the meat on the market.

Keywords: adding value, beef, in situ conservation, Pantanal, Cerrado

1Pesquisa financiada pelo CNPq: Rede Pró Centro-Oeste, Edital 31/2010, Processo Nº 564077/2010-0. 2Pesquisador, Embrapa Soja, Caixa Postal 231 - CEP 86001-970, Londrina, PR ([email protected]) 3Pesquisadora, Embrapa Gado de corte, Avenida Rádio Maia, 830 - Zona Rural CEP 79106-550 Campo Grande, MS ([email protected]) 4 Pesquisadora, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5Professora do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Goiás, Caixa Postal 131, CEP 74001-970, Goiânia, GO ([email protected]) 6Zootecnista, Bolsista AT/CNPq, Universidade Federal de Goiás, Caixa Postal 131, CEP 74001-970, Goiânia, GO ([email protected]) 7Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária e Bolsista IC/CNPq, Universidade Católica Dom Bosco, Av. Tamandaré, 6000, 79117-900, Campo Grande, MS ([email protected]) 8Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Católica Dom Bosco, Av. Tamandaré, 6000, 79117-900, Campo Grande, MS

Page 181: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

180

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Introdução

O aumento da procura por carnes com algum tipo de diferenciação – carne orgânica, certificada, com indicação geográfica, rastreabilidade e outros –, tem induzido as empresas a buscar conhecer que atributos atendem aos gostos e preferências dos consumidores, como os mesmos valorizam tais produtos e que garantias (como selos de qualidade) podem significar atrativos, mesmo que a um preço diferenciado. Tais produtos podem ter função na promoção do desenvolvimento rural e, quando aplicado às raças bovinas locais, podem funcionar como estratégia para conservação dessas raças, já que algumas delas estão sob risco de desaparecerem. Por outro lado, alguns fatores que contribuem para a diferenciação são pouco entendidos pelos consumidores, o que gera, em alguns casos, confusão sobre os efeitos ou benefícios dessa diferenciação, dificultando o processo de compra. Este trabalho objetivou identificar o perfil do consumidor de carne da cidade de Campo Grande (MS), avaliar seu conhecimento sobre processos de diferenciação de carnes e sobre raças bovinas locais, assim como sua disposição em pagar por carnes de raças locais com indicação geográfica, a fim de melhorar a compreensão do mecanismo de IG como ferramenta estratégica na diferenciação de carnes e na conservação de raças bovinas locais.

Material e Métodos

Foi elaborado um questionário semiestruturado composto por questões fechadas (únicas e múltiplas) e abertas (como "outros”, “onde” e “porque”), subdividido em duas partes, uma referente ao perfil do consumidor (quanto ao consumo de carne em geral e de carne bovina em particular) e outra sobre seu conhecimento das características de carnes diferenciadas, como carne bovina orgânica e carne com indicação geográfica, e neste caso, especificamente para duas raças bovinas locais, Pantaneiro e Curraleiro Pé-Duro. O questionário foi inicialmente avaliado por especialistas para aperfeiçoamento e adequação, e posteriormente foi submetido a um pré-teste para reduzir eventuais erros. A pesquisa foi realizada em junho de 2012, em doze diferentes tipos estabelecimentos que comercializam carne na cidade de Campo Grande (hipermercado, açougue, etc.), localizados em vários bairros, visando incluir na amostra diferentes classes de renda. Foram entrevistados 347 consumidores por quatro entrevistadores treinados e que estavam identificados por crachá. Os dados foram analisados com planilha ExcelTM.

Resultados e Discussão

Com relação ao perfil dos consumidores, foi entrevistado percentual semelhante de mulheres (52%) e homens (48%), com idade entre 17 e 80 anos, concentrados (64%) na faixa entre 30 e 60 anos, a maior parte (45%) com ensino superior, completo (34%) ou incompleto (11%) (Tabela 1). A renda familiar média foi de R$ 5.224,00 (ou 8,4 salários mínimos (SM); na época, 1 SM = R$ 622,00), com 43% da amostra tendo renda familiar entre 4 e 10 salários mínimos (entre R$ 2.489,00 e R$ 6.220,00; classe C, segundo classificação do IBGE; NERI, 2010). A ocupação mais representada na amostra foi a de profissional liberal (22%), seguida de profissional de nível técnico (19%) e serviços gerais (14%). A maioria das famílias está composta por três (22%) ou quatro pessoas (34%) (Tabela 1).

Analisando o comportamento de consumo e de compra de carne observa-se que 100% da amostra respondeu que consome carne bovina, que é a carne preferida de 69% das famílias, sendo consumida diariamente em 36% dos casos. A maioria consome entre 1 e 2 kg (21%) e entre 2 e 3 kg (20%) desta carne por semana, com média de 4,1 kg por semana; cerca de 25% das famílias consome acima de 5 kg por semana. O consumo ocorre entre o diário e três vezes por semana (Tabela 1). Delgado et al. (2006) encontraram dados semelhantes para as famílias brasileiras em termos de preferência por carne (a bovina) e de período de consumo (entre o diário e três vezes por semana).

Os aspectos mais importantes na escolha da carne bovina são a qualidade do produto (maciez, corte, carne magra; 33,8%), qualidade do estabelecimento (higiene, atendimento; 28,5%) e aspecto da carne (20,2%). O preço da carne não foi um item importante na decisão de compra (4,9%) quando espontaneamente expresso pelo consumidor, mesmo quando se considera respostas múltiplas envolvendo o preço (como por exemplo, quando o consumidor informa “qualidade e preço do produto” – com 2,7% e incluído em “outros” na Tabela 1). Pouco mais da metade (51,3%) dos entrevistados compra carne em supermercados (25,8%) e açougues (25,5%); os demais se utilizam de mercadinhos de bairro (10,4%), mercado público, hipermercados ou múltiplos estabelecimentos (32,1%). Pinheiro et al. (2008), investigando sobre o perfil e as preferências de consumidores de carne na cidade de Boa Vista (RR), também encontraram como itens mais importantes para a decisão de compra, a qualidade da

Page 182: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

181

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

carne e a aparência e higiene do estabelecimento, e igualmente, que o preço é menos relevante, embora a qualidade do estabelecimento tenha sido um fator muito mais preponderante (74%).Brandão et al. (2012), em estudo sobre a percepção dos consumidores porto-alegrenses sobre carne com indicação geográfica, encontraram como principal local de compra de carne o supermercado (80%), da mesma forma que Pinheiro et al. (2008) (56,2%), indicando que em Campo Grande os consumidores buscam outras opções de local de compra além do supermercado.

Após o questionamento sobre qual seria o fator mais importante no momento da compra da carne através de pergunta aberta – e, portanto, com resposta espontânea do consumidor –, foi solicitado aos entrevistados que enumerassem qual o fator mais importante e qual o menos importante de uma lista de oito fatores: preço, qualidade da carne (maciez, sabor, suculência), local da compra, origem do animal, forma como o animal foi criado (bem-estar animal), forma como o animal foi abatido e cuidados com o meio ambiente, além da opção de resposta aberta “outro motivo”. Os resultados estão apresentados na Tabela 2.

De forma similar à pergunta aberta sobre o que é importante na decisão de compra da carne bovina (Tabela 1), observa-se, com a pergunta fechada (Tabela 2), que a qualidade da carne e o local de compra são os fatores mais importantes para aquela decisão, e que fatores como a forma de criação e de abate, assim como a origem do animal e os cuidados com o meio ambiente, são fatores menos importantes. Interessante relatar que, com relação à origem e bem-estar do animal, muitos entrevistados que responderam que estes são fatores importantes para a decisão de compra, também relataram que esta informação não está, em geral, disponível ao consumidor, e que buscam essa informação junto ao açougueiro ou funcionário do balcão. Também houve relatos de alguns consumidores de que a existência do SIF (Serviço de Inspeção Federal) é garantia de que essas características (origem e cuidados com o animal, além da questão ambiental) estariam todas presentes no produto com o selo SIF, o que, não é o caso, já que o SIF indica tão somente que a carne passou por inspeção. O que sugere que os consumidores de Campo Grande têm interesse por informações que não são fornecidas ou não são apresentadas no produto e que com base nas informações disponíveis nos pontos de venda os consumidores não podem inferir sobre a qualidade da carne.

A seção seguinte do questionário avaliou o conhecimento do consumidor sobre raças bovinas locais (Pantaneiro e Curraleiro Pé-Duro), sobre indicação geografia e sobre carne orgânica (no estilo “já ouviu falar de”). Especificamente, se o consumidor considera importante consumir carnes de raças bovinas locais com indicação geográfica, se pagaria a mais por este tipo de carne e quanto pagaria, e de quanto em quanto tempo compraria e consumiria tal produto. Aos que responderam afirmativamente era solicitado que relatassem o que sabiam sobre o assunto (sobre as raças locais e sobre indicação geográfica), e quando a resposta era inconsistente (como em: “raça local é o Nelore que vive solto no Pantanal”), foi considerado pelo entrevistador que não havia conhecimento sobre o assunto e a resposta foi tabulada como resposta negativa. A seguir, havia um texto padrão explicando sobre raças locais e sobre indicação geográfica (respectivamente a cada pergunta), que era lido para todos, independentemente de a resposta ter sido afirmativa ou negativa. Também havia uma seção similar a respeito do conhecimento de carne orgânica de forma geral (ou seja, não especificamente relacionada com raças locais), mas os resultados referentes à carne orgânica não eram o foco principal da pesquisa e não serão tratados neste texto.

Page 183: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

182

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 1. Caracterização da amostra de consumidores, preferências e comportamento de consumo de carnes1.

Características do consumidor

Frequência (%)

Características do consumidor

Frequência (%)

Características do consumidor

Frequência (%)

A B C D

Gênero Masculino Feminino

47,6% 52,4%

Idade Menos de 20 anos De 20 a 29 anos De 30 a 39 anos De 40 a 49 anos De 50 a 59 anos De 60 a 69 anos 70 anos e mais

0,9%

10,2% 23,3% 25,3% 25,6%

8,4% 6,4%

Escolaridade Fundam. incompleto Fundam. completo Médio incompleto Médio completo Superior incompleto Superior completo Pós-graduação

7,8% 6,3% 6,0%

26,8% 10,7% 34,3%

7,5%

Renda familiar (SM)2

Acima 20 SM De 10 a 20 SM De 4 a 10 SM De 2 a 4 SM Até 2 SM

5,3%

20,8% 43,1% 21,1%

9,7%

Ocupação Profissional liberal Profis. nível técnico Serviços gerais Comerciante Aposentado Do Lar Funcionário público Professor / estudante

22,0% 18,8% 13,8% 11,3%

9,8% 9,5% 8,7% 5,5%

Pessoas na residência 1 pessoa 2 pessoas 3 pessoas 4 pessoas 5 pessoas Mais de 5 pessoas

4,0% 15,2% 21,7% 33,9% 16,5%

8,7%

Comportamento de consumo 3

Frequência (%)

Comportamento de consumo 3

Frequência (%)

Comportamento de consumo 3

Frequência (%)

Carnes consumidas pela família Bovina Frango Peixe Suína Ovina Outras

100,0% 75,2% 52,9% 43,5% 20,2%

2,6%

Carnes preferidas pela família Bovino Frango Peixe Suíno Ovino Outras 4

69,2% 11,0%

3,7% 1,2% 0,6%

14,4%

Estabelecimento onde compra carne Supermercado Açougue Mercadinho Mercado público Outros Múltiplos estabelecim.

25,8% 25,5% 10,4%

3,8% 2,4%

32,1%

Frequência de consumo de carne bovina Diariamente 1 vez por semana 2 vezes por semana 3 vezes por semana 4 vezes por semana 5 vezes por semana

35,6% 2,9% 8,7%

21,6% 16,6% 11,7%

Quantidade consumida de carne bovina por semana 5

Até 1 kg por semana De + 1 kg até 2 kg De + 2 kg até 3 kg De + 3 kg até 4 kg De + 4 kg até 5 kg Acima de 5 kg/sem.

9,2% 20,9% 19,9% 11,7% 13,6% 24,6%

Fatores importantes para comprar carne bovina 6

Qualidade do produto Qual. do estabelecim. Aspecto do produto Preço do produto Outros 7

33,8% 28,5% 20,2%

4,9% 12,6%

Notas: 1 Algumas somas não totalizam 100% devido a condições não listadas na Tabela por sua pequena porcentagem e/ou a ausência de respostas (exemplo: em Escolaridade: sem estudo = 0,6%). 2 SM = salário mínimo; na época da pesquisa, 1 SM = R$ 622,00. 3 Comportamento de consumo com as questões e as opções de resposta. 4 Outras: não tem preferência, prefere mais de um tipo, não respondeu. 5 Calculado com base no total de respostas (316). 6 Calculado com base no total de respostas (263). 7 Outros: apresentação e embalagem; praticidade; preço e qualidade (do produto e do estabelecimento); etc.

Tabela 2. Fatores que influenciam a decisão de compra de carne bovina, em %.

Importância Qualidade da carne

Local da compra

Preço da carne

Origem do

animal

Cuidados ambientais

Forma de criação

Forma de abate

Maior 93,7 73,4 63,5 36,6 36,7 28,9 28,7

Intermediária 3,0 17,9 26,3 18,9 19,8 18,2 18,3

Menor 3,3 8,8 10,2 44,4 43,5 52,8 53,0

Total de respostas (nº) 333 319 323 322 313 318 317

Nota: Percentuais calculados sobre o total de respostas.

Page 184: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

183

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 3. Principais razões para comprar carne bovina de raça local com origem geográfica, frequência com que ocorreria consumo caso o produto estivesse disponível e disposição a pagar por carnes diferenciadas.

Razão para comprar carne com IG %

Frequência de consumo de carne diferenciada

% Percentual que pagaria a mais por carne diferenciada

%

Pela qualidade do produto 31,2

Mais de uma vez por semana

33,2 Até 5% a mais 13,8

Para incentivar e valorizar produto local 15,6 Depende do preço 13,9 Até 10% a mais 20,8

Por ser um produto saudável 14,3 Semanalmente 12,8 Até 15% a mais 7,1

Para experimentar 7,8 Mensalmente 9,6 Até 20% a mais 11,7

Depende do preço 6,5 Quinzenalmente 7,0 Acima de 20% a mais 8,8

Pelo sabor 3,8 Mesma frequência1 7,0 Total de pagantes 62,1

Outros 14,3 Eventualmente 6,4 Não pagaria 37,9

Não sabe 6,5 Não sabe / não comeria

10,2 - -

Total (nº de respostas) 77 Total (nº de

respostas) 187 Total (nº de respostas) 240

1 Mesma frequência de consumo da carne convencional.

Conclusões

Os consumidores reconhecem a indicação geográfica em carnes como um indicador de qualidade e mostram-se dispostos a pagar mais por essa diferenciação, inclusive quando ela provém de raças bovinas locais, atribuindo também valor a produtos de origem local. Apesar disso, o conhecimento e as exigências relacionadas à qualidade de carnes com indicação geográfica não confirmam este reconhecimento, já que um percentual significativo de consumidores pouco sabe sobre diferenciação de carnes e sobre raças bovinas locais.

Há, portanto, necessidade de fornecer também informação de qualidade sobre esses produtos aos consumidores. Por outro lado, aqueles que realmente possuem conhecimento sobre essas características, as associam à qualidade, saúde e ausência de resíduos químicos e hormônios.

O prêmio que os consumidores estão dispostos a pagar pela carne diferenciada indica que é possível direcionar este produto para nichos de mercado e agregar valor à carne com indicação geográfica. É possível fazer isso inclusive com carnes de raças bovinas locais, o que pode significar um passo importante na manutenção dessas raças, ameaçadas de desaparecerem.

Referências

BRANDÃO, F. S. Percepções do consumidor de carne com indicações ge ográficas . 2009. 77f. Dissertação (Mestrado em Agronegócios) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios. Porto Alegre.

BRANDÃO, F.S.; CEOLIN, A.C.; CANOZZI, M.E.A.; RÉVILLION, J.P.P.; BARCELLOS, J.O.J. Confiança e agregação de valor em carnes com indicação geográfica. Arquivos Brasileiros de Medicina Veteterinária e Zootecnia, v.64, n.2, p.458-464, 2012.

DELGADO, E. F.; AGUIAR, A. P.; ORTEGA, E. M. M. et al. Brazilian consumers’ perception of tenderness of beef steaks classified by shear force and taste. Scientia Agricola, v.63, p.232-239, 2006.

NERI, M. C. (Coord.). A nova classe média : O lado brilhante dos pobres. Rio de Janeiro: FGV/CPS. 2010. 149p.

PINHEIRO, M. C.; GOMES, F. E.; LOPES, G.N. Perfil e preferência de consumo da carne bovina na cidade de Boa Vista – RR. Revista Agroambiente On-line , v.2, n.1, 2008.

Page 185: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

184

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Permacultura em criação de galinha caipira no Mato Grosso

Antonio Rodrigues da Silva 1, Regiani Chagas Lopes Meira 2, Gustavo Severino Camilo 3, Tatiane Nascimento Silva 4, Sandie Souza 5

Atualmente a criação de aves caipiras é uma das atividades produtivas que pode oferecer oportunidades para os pequenos produtores da região sul de Mato Grosso, levando-se em consideração que esta atividade possui características sustentáveis. Para a produção de ovos e carnes, o a utilização de produtos da própria propriedade como folhas, frutos, raízes, tubérculos e sementes oriundos da hortifruticultura, sendo esta uma boa forma de se reduzir custos no que se refere à aquisição de ração comercial (concentrada). O mercado para essa atividade é bem promissor, pois a demanda é maior em comparação à oferta. Além disso, a comercialização é feita diretamente entre produtor e consumidor, cujos os preços serem satisfatórios para ambas as partes. Essa atividade tem como características a utilização de mão de obra familiar, com participação da mulher e filhos facilitando no manejo, utilização de pequena área de terra e seus produtos carne e ovos de excelente qualidade. Para o sucesso da criação deve-se ter acompanhamento zootécnico para que as instalações sejam adequadas ao conforto e sanidade dos animais, esquemas de vacinações, qualidade da água, cuidados com os pintos, reprodução dentre outras medidas que venham garantir a saúde dos animais em cada fase, chegando assim em um produto idôneo para consumo tanto do produtor como para seus consumidores. Para garantir essa idoneidade foram realizados acompanhamentos em algumas propriedades que após a observação do manejo alimentar, sanitário, condições das instalações e cuidados em cada fase de vida dos animais é que foram progamadas visitas pré-agendadas para prática da extensão e assistência zootécnica. Ocorreu um aumento significativo na produção, com destaque em maior quantidade de animais terminados em pesos adequados, consequentemente uma melhor relação benefício/custo. A orientação ao pequeno produtor foi de grande valia pois foi possível observar um aumento da lucratividade, além de possibilitar amplo conhecimento da permacultura nas propriedades rurais de modo racional. As instalações foram submetidas a algumas modificações respeitando a densidade populacional, mantendo-se as aves soltas em áreas cercados de baixo custo. Foi possível separar os animais por fases para melhorar o manejo. Com a adoção das técnicas recomendadas foi possível observar uma melhor conscientização sobre a importância da qualidade da água e maior número de ninhos em quantidade suficiente, disponibilizados em locais de fácil acesso, bem como uma redução no desperdício de ração. Com base na sanidade ocorreu melhor controle de pragas, eliminando-se os entulhos na propriedade, evitando assim a incidência de doenças e consequente redução na mortalidade já que não fazem o uso de vacinas de acordo com a idade dos animais, já que os proprietários utilizam apenas medicamentos quando necessários. No quesito reprodução teve um acréscimo no numero de reprodutores, onde foram introduzidos galos de outras propriedades para se evitar endogamia. Devido ao tradicionalismo, a incubação natural, isso é, ovos chocados pelas próprias galinhas, favoreceu de forma significativa para o nascimento de pintinhos. Para o fornecimento de alimentos, foram sugeridas quantidades corretas e modo de fornecimento adequados, sendo um trato pela manha e um pela tarde acompanhados de gramíneas, cascas e resíduos de ortifruti a vontade, possibilitando assim a eficiência no consumo e melhor desenvolvimento. As vendas aumentaram porque os animais apresentavam boa aparência, mais saúde, maiores pesos e a comercialização era realizadas no próprio sitio, sem a necessidade de transportar os animais até feiras livres das cidades de Rondonópolis e Pedra Preta-MT. Com a mudança no manejo, foi possível observar uma melhora na qualidade em produtos finais, gerando maiores lucros e com esta mudança racional despertou o interesse dos vizinhos em aprender e aplicar os fundamentos zootécnicos em suas criações, buscando o mesmo propósito e visando maior sustentabilidade na permacultura.

1 Professor do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78735-901, Rondonópolis, MT ([email protected]) 2 Acadêmica do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78800-000, Poxoréo, MT ([email protected]) 3 Acadêmico do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78780-000, Alto Araguaia, MT ([email protected]) 4 Acadêmica do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78700-000, Rondonópolis, MT ([email protected]) 5 Acadêmica do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78800-000, Rondonópolis, MT ([email protected])

Page 186: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

185

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Relação entre a profundidade e as formas de vida de macrófitas em diferentes ambientes do rio Paraguai 1

Damião T. de Azevedo 2, Danielle B. Borges², Jacqueline A. Rotta², Alexan dre Ferraro², Suzana N. Moreira 3, Edna Scremin-Dias 4

O rio Paraguai nasce em território brasileiro e sua bacia hidrográfica abrange área de 1.095.000 km², com 34% no Brasil e demais áreas nos territórios da Argentina, Bolívia e Paraguai. A bacia hidrográfica do Alto Paraguai (BAP) compreende 4,3% do território brasileiro, com 51,8% em Mato Grosso do Sul e 48,2% em Mato Grosso, sendo dividida em duas grandes regiões fisiográficas, o Pantanal ou Planície Pantaneira, e o Planalto. As áreas alagáveis do Pantanal, são favoráveis ao estabelecimento de muitas plantas aquáticas em diversos ambientes, ocorrendo em rios, corixos, vazantes, baías (lagoas), lagoas de meandro, brejos, campos alagáveis e em caixas de empréstimo. Nesses ambientes, as macrófitas aquáticas são importantes na cadeia trófica, fornecendo abrigo a peixes, insetos, moluscos, entre outras espécies de fauna e perifíton. A estimativa de espécies de macrófitas aquáticas para Região Neotropical é de 984 espécies, referida como a maior diversidade deste grupo de plantas no planeta. Inventários conduzidos até o momento apontam 280 espécies para o Pantanal, distribuídas entre os grupos das algas macroscópicas, hepáticas, pteridófitas e em maior riqueza, as angiospermas. De acordo com a forma de vida, as macrófitas podem ser classificadas em flutuantes livres, flutuantes fixas, submersas, emergentes e anfíbias. O tamanho e diversidade morfológica de macrófitas aquáticas é bastante variável e, no Pantanal, ocorre desde a menor angiosperma (Wolffia brasiliensis Wedd.) até a de maior tamanho (Victoria amazonica (Poepp.) Sowerby), registradas na literatura. O objetivo deste trabalho foi observar se há influência da profundidade na distribuição das diferentes formas de vida de plantas aquáticas, comparando ambientes lóticos e lênticos de um trecho do rio Paraguai. Foram percorridos cerca de 300 km descendo o Rio Paraguai, partindo da cidade de Corumbá-MS até Porto Murtinho-MS, sendo as coletas realizadas em cinco pontos distintos ao longo do Rio – Forte Coimbra (área 1), Baía Negra (área 2), Foz do Nabileque (área 3), Forte Olimpo (área 4) e Feixe dos Morros (área 5) – em meandros, lagoas e corixos. Em cada área amostral foram traçados transectos da borda da vegetação em direção à parte interna da população de macrófitas, e lançadas parcelas de 0,5m x 0,5m. Em cada parcela foram amostradas e identificadas todas as espécies presentes, medidas a profundidade e a transparência com o auxílio de disco de Secchi. Foram amostrados 18 transectos, totalizando 235 com área amostral de 58,75m². As formas de vida foram classificadas conforme a literatura de referência para este grupo de plantas, e as espécies coletadas foram identificadas e depositadas no Herbário CGMS. Foram inventariadas 51 espécies, classificadas em quatro formas de vida: emergente (33), flutuante livre (16), flutuante fixa (4) e epífita (1). A relação da forma de vida com a profundidade evidenciou haver predomínio das espécies flutuante livre entre as classes de 1 a 2m, 2 a 3m, e 3 a 4m. As emergentes tiveram pequeno predomínio na classe 0 a 1m, porém decaíram em maiores profundidades (4 a 5m) assim como as flutuantes livre. Acredita-se que esse fato esteja relacionado, também com outros fatores, como temperatura e condutividade, e não apenas com a profundidade da água ser propícia para a colonização de tais espécies, além de outros fatores físico-químicos. Além disso, espécies flutuantes livres podem ocorrer a qualquer profundidade, haja vista suas partes fotossintetizantes estarem acima da lâmina d’água e não terem restrições no alongamento dos pecíolos. A espécie epífita, Oxycaryum cubense (Poepp. & Kunth) Palla, só esteve presente em duas parcelas sobre dois indivíduos de Salvinia auriculata Aubl., característica comum para o estabelecimento desta espécie em populações flutuantes de macrófitas. Relacionando as formas de vidas com as áreas coletadas, a área 1, caracterizada pela correnteza forte e grandes profundidades, as espécies flutuantes livres e emergentes foram as formas de vida dominantes; na área 2, com menor correnteza e grandes profundidades, as emergentes tiveram maior dominância; na área 3 caracterizado por ser ambiente lêntico, também apresentou predomínio de plantas emergentes, e grande presença de plantas flutuantes livre. Para a área 4, um meandro abandonado, e ambiente lêntico, destacou a presença da Nymphaea oxypetala, espécie flutuante fixa, além de espécies flutuantes livre e, para a área 5, meandro formado por um braço do rio que circunda morro, e apresenta correnteza branda, destacou-se a presença de plantas emergentes. As características ambientais como profundidade e presença de correnteza influenciam na composição da estrutura da vegetação aquática no rio Paraguai.

1Parte dos resultados de disciplina de campo do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal – UFMS, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - Cidade Universitária s/n - Caixa Postal 549, Campo Grande, MS ([email protected]) 2Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal – UFMS ([email protected]; [email protected]; [email protected], [email protected]) 3Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal – UFMG ([email protected]) 4Prof.ª Dr.ª do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal – UFMS ([email protected])

Page 187: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

186

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Relato da ocorrência de Moluscos Bivalves Invasores da espécie Corbicula fluminea (Müller, 1774) em uma Lagoa de Meandro Abandonado n o Município de Aquidauana/MS.

Eron Marques Barbosa 1, Ricardo Henrique Gentil Pereira 2 O objetivo deste trabalho era inicialmente investigar, a ocorrência e distribuição de moluscos bivalves e gastrópodes em duas lagoas de meandro abandonado no município de Aquidauana, visando desta forma conhecer a malaco-fauna da região, pouco citada na literatura. As coletas foram realizadas em seis pontos amostrais em quatro visitas ao longo do ano de 2012 e os exemplares foram coletados manualmente com o auxilio de um puçá de 0,30mm de malha. Foram utilizados ainda: uma Draga (busca fundo) de Pitersen modificada (3 litros), uma Draga (busca fundo) de Van Veem, um quadrante de 1m² e uma Sonda multi parâmetro tipo HANNA para coleta dos dados físico-químico da água. Os moluscos coletados foram medidos e identificados, e o resultado demonstra a ocorrência de oito táxon diferente distribuído em: quatro espécies de moluscos bivalves nativos da América do Sul, pertencentes a duas Familias; Mycetopodidea: Anodontites trapesialis (LAMARK, 1819), Anodontites elongatus (Swainson, 1823), e Mycetopoda siliquosa (Spix, 1827), e a família Sphaeridea: moluscos do gênero Eupera sp (Bourguinat, 1854). Durante o estudo foi constatado pela primeira vez na região a presença de moluscos exóticos invasores, um bivalve, da espécie Corbicula fluminea (Müller, 1774), e um gastrópode da espécie Melanoides tuberculata (Müller, 1774); bem como o registro da presença de moluscos gastrópodes nativos: das famílias Ampullaridae e Planorbiidae, neste trabalho foram coletados ao todo 475 indivíduos As lagoas deste estudo estão localizadas à margem direita do rio Aquidauana, possuem características morfológicas semelhantes, porém com acentuadas diferenças na diversidade de espécie e nas condições físicas e químicas da água. A primeira lagoa é denominada Lagoa do Ismael, localizada próxima ao centro urbano do município, entre os paralelos Lat. 20°28’09,15”S a 20°28’14,27”S e e ntre os meridianos Lat. 55°49’32,06”W a 55°49’24,67 ”W. A segunda lagoa estudada é denominada Lagoa da Volta Grande por se encontrar dentro da Fazenda Volta Grande no município de Aquidauana, foi formada recentemente, há cerca de 10 anos, e está localizada entre os paralelos Lat. “20°28’09,15”S a 20°28’14,27”S e entre os meri dianos Lat. 55°49’24,67”W a 55°49’32,06”W. As invas ões biológicas estão adquirindo importância cada vez maior, pelos problemas de ordem sanitária e econômicos causados e principalmente pelos impactos ecológicos. Através dos dados coletados conclui-se que apesar de sido encontrada na Lagoa da Volta Grande o molusco invasor C. fluminea, até o momento a espécie não conseguiu se estabelecer no ambiente, pois não foram coletados indivíduos vivos (com parte mole), os exemplares coletados possuem aproximadamente 4 cm de comprimento, que são grandes para esta espécie em relação ao tamanho das conchas coletadas e relacionadas na literatura, constatou-se então que são indivíduos adultos. Estima-se que mais lagoas localizadas no município de Aquidauana contenha o C. fluminea e pela singularidade dos dados propõe-se que mais estudos devem ser realizados em maior número de lagoas para um diagnóstico da situação atual de infestação da espécie na região.

1 Licenciado em Biologia pelo curso de Ciências Biológicas UFMS Campus de Aquidauana, Aquidauana, MS ([email protected]) 2 Professor do Curso de Ciências Biológicas UFMS Campus de Aquidauana, Aquidauana, MS (Orientador) ([email protected])

Page 188: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

187

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Rendimento do óleo essencial de Melissa officinalis L. em diferentes tempos de extração 1

Mayara Santana Zanella 2, Alexandre do Amaral 3, Edmar Sebastião de Arruda 4, Rosaina Cuiabano Reis 5, Tayrine Pinho de Lima Fonseca 6, Aurélio Vinicius Borsato 7

Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar o rendimento do óleo essencial de Melissa officinalis L. em diferentes tempos de extração. M. officinalis é uma planta originária do Mediterrâneo e da Ásia, da família Lamiacea que possui, entre as várias atividades farmacológicas conhecidas, a atividade antiviral contra o vírus do herpes simples. Folhas de M. officinalis foram coletadas na unidade demosntrativa de plantas medicinais, aromáticas e condimentares da Embrapa Pantanal, em Corumbá MS, e trazidas ao Laboratório de Prospecção de Plantas Medicinais da Embrapa Pantanal, Corumbá-MS, selecionadas, secas em estufa a 40ºC e acondicionadas. As amostras foram então submetidas ao processo de hidrodestilação, por meio de aparelho do tipo Clevenger, utilizando-se, para cada repetição 40g de folhas desidratadas e 800mL de água destilada, em balão de fundo redondo. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com três tratamentos (tempos de extração de 3h, 4h e 5h) e quatro repetições. O rendimento médio de óleo essencial de folhas de M. officinalis foi de 1,4, 1,7 e 2,4, em base seca, após 3h, 4h e 5h, respectivamente. Conclui-se que o tempo para se obter o maior rendimento é de 5h. Outros estudos estão em andamento para avaliar a composição química do óleo essencial em função do tempo de extração.

Palavras–chave: Erva-cidreira; hidrodestilação; planta medicinal

Yield of essential oil of Melissa officinalis L. in different extraction times 1

Abstract: The present work aimed to evaluate the yield of essential oil of Melissa officinalis L. in different times of extraction. M.officinalis is a plant native to the Mediterranean and Asia, Lamiacea which has, among the various pharmacological activities known antiviral activity against herpes simplex virus. M. officinalis leaves were collected in the Units demosntrativas of medicinal plants, aromatic and spice da Embrapa Pantanal, em Corumbá MS, and brought to Prospecting Laboratory of Medicinal Plants da Embrapa Pantanal, Corumbá-MS, selected, dried at 40 ° C and packed. The samples were then subjected to steam distillation process, by Clevenger type apparatus, using for each repetition, 40g of dried leaves and 800 mL of distilled water in a round bottom flask. The design utilized was a completely randomized design with three treatments (extraction time 3h, 4h and 5h) and four replications. The average yield of essential oil from leaves of M.officinalis was 1.4, 1.7 and 2.4, on dry basis, after 3h, 4h and 5h, respectively. It was concluded that the time for obtaining the highest yield is 5h. Other studies are underway to evaluate the chemical composition of the essential oil as a function of extraction time.

Keywords: Erva-cidreira; hydrodistillation; medicinal plant

Introdução

Originária da região Sul da Europa, a erva-cidreira (Melissa officinalis L., Lamiaceae) também é conhecida pelos nomes populares de cidrilha e melitéia. É uma erva perene, de caule de secção quadrangular; folhas opostas ovais, verde-claras, brilhantes e denteadas. Os constituintes químicos principais são o tanino e o óleo essencial. A erva-cidreira é calmante, digestiva, carminativa, antiespasmódica e antinevrálgica. É usada para o tratamento de insônia, problemas nervosos e feridas e atua ainda como hipotensor. É aromatizante na culinária e em licores (MARTINS et al., 2000). Dentre as espécies apícolas, algumas também são aromáticas, cujos óleos essenciais são muito utilizados como bactericidas, inseticidas, fungicidas, por conter propriedades analgésicas, antiinflamatória, anti-sépticas e antimicrobianas (GUENTHER, 1972).

1Atividade vinculada ao Macroprograma 6, Embrapa 2Acadêmica de Ciências Biológicas da UFMS- CPAN Bolsista PIBIC/CNPq da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3Agricultor, Assentamento Tamarineiro II Sul, lote 189, Caixa Postal 109, 79330-060, Corumbá, MS ([email protected]) 4Acadêmicos de Ciências Biológicas da UFMS- CPAN, Bolsista IEX da UFMS/Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Acadêmica de Geografia da UFMS- CPAN, Bolsista PIBIC/CNPq e Bolsista MP2 da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 6Acadêmica de Geografia da UFMS- CPAN, Bolsista IEX, e Bolsista MP2 da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 7Engenheiro Agrônomo e Pesquisador, da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected] )

Page 189: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

188

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

A Embrapa Pantanal implantou unidades demonstrativas em parceria com a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária - Superintendência de Corumbá-MS – Projeto Social “o amanhã em nossas mãos”), com o intuito de oferecer à comunidade local treinamentos e capacitações em produção, manejo e comercialização de plantas medicinais, condimentares e aromáticas. Algumas das espécies cultivadas tem sido foco de pesquisa voltada, principalmente, a propagação, manejo e extração de óleo essencial de espécies nativas e adaptadas de maior importância paraa região(BORSATO et al., 2010).

Os níveis de rendimento dos óleos essenciais podem ser influenciados por uma série de fatores, dentre eles o tempo de hidrodestilação utilizado para a extração do óleo essencial, que pode gerar significativas alterações na obtenção dos óleos essenciais. A disponibilidade de trabalhos que avaliam o rendimento do óleo essencial em Melissa officinalis varia de acordo com a variável analisada. Porém há poucos trabalhos que avaliam o tempo de hidrodestilação na obtenção do óleo essencial da M. officinalis.

O presente trabalho tem como objetivo avaliar o rendimento do óleo essencial da Melissa officinalis L. em diferentes tempos de extração, pois a indicação do melhor tempo de extração proporciona o maior aproveitamento pós-colheita desta espécie apresentando a melhor qualidade do óleo essencial com o mínimo de perdas.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no Laboratório de Prospecção de Plantas Medicinais da Embrapa Pantanal, Corumbá-MS. Folhas da erva-cidreira (M.officinalis) foram coletadas na unidade demosntrativa de plantas medicinais, aromáticas e condimentares da Embrapa Pantanal, em Corumbá MS (Figura 1).

.

Figura 1. Unidades demonstrativas da Embrapa Pantanal em parceria com a INFRAERO (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária - Superintendência de Corumbá-MS – Projeto Social “O amanhã em nossas mãos”)

As amostras utilizadas para este experimento foram coletadas no período da manhã devido maior concentração de óleo essencial durante o período matutino (MARTINS, 1998). O material foi armazenado em sacos de papel Kraft, identificados, pesados e colocados para secar em estufas de circulação de ar forçado, reguladas para a temperatura de 40ºC, correspondente, a um período de 24 horas. Após a secagem o material foi pesado em balança analítica, determinando-se sua massa seca.

Para a extração do óleo essencial utilizou-se 40g de amostra (folhas) em cada repetição. O óleo essencial foi extraído pelo processo de hidrodestilação, por meio de aparelho do tipo Clevenger, adaptado com balão de fundo redondo com capacidade de 800mL, por um período de 3, 4 e 5 horas. O óleo essencial obtido durante a hidrodestilação foi armazenado em frasco âmbar, e mantido no freezer a uma temperatura de-15ºC

Page 190: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

189

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Resultados e Discussão

Os tempos utilizados para a hidrodestilação influenciam significativamente no rendimento do óleo essencial da erva-cidreira (M. officinalis). Os valores máximos do rendimento do óleo essencial em base seca foram obtidos durante o terceiro tempo de extração (5h) sendo este 2,4% em base seca, os outros valores obtidos foram de 1,4%, 1,7% extraidos em 3h e 4h respectivamente. Foi observado durante este experimento que no rendimento do óleo essencial da erva-cidreira (M. officinalis L.) ocorre significativas mudanças, quando se observa os tempos de hidrodestilação ao qual se submetem as amostras analisadas (Figura 2).

Figura 2. Rendimento do óleo essencial em base seca de Melissa officinallis L. em diferentes tempos de hidrodestilação.

As amostras analisadas apresentaram resultados distintos em cada tratamento utilizado. No experimento realizado para determinação do tempo de máxima extração de óleo essencial de menta demonstrou que após 60 minutos de hidrodestilação em aparelho de Clevenger obteve-se um teor de 0,5 mL e ocorre estabilização (OLIVEIRA et al., 2012). Para a estabilização do rendimento do óleo essencial da M.officinalis o tempo encontrado foi o de 5h, sendo este superior ao encontrado por Ehlert et al. (2006), para outras espécies medicinais: 130 minutos de extração para Cymbopogon citratus, 150 minutos para as espécies Cymbopogon winterianus, Aristolochia sp, Hyptis pectinata e Hyptis fruticosa, 160 minutos para Lippia sidoidese 230 minutos para Eucalyptus globulus.

O óleo essencial obtido a partir de folhas de erva-cidreira extraídas em diferentes tempos de hidrodestilação está sendo analisado em laboratório da UFPR quanto a sua composição química (quantitativa e qualitativa). Outros estudos, com enfoque agroecológico, estão sendo desenvolvidos na região de Corumbá-MS de modo a avaliar as melhores condições de cultivo, manejo e coleta de plantas medicinais, aromáticas e condimentares.

Conclusões

Conclui-se que para folhas de M.officinalis (erva-cidreira) obtém-se maior rendimento de óleo essencial sob 5h de hidrodestilação, por meio de aparelho do tipo Clevenger.

Page 191: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

190

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Agradecimentos

Ao PIBIC/CNPq pela concessão da bolsa; à Embrapa Pantanal pela oportunidade de realização do presente estudo. A Infraero (Superintendência de Corumbá-MS). Ao macroprograma 6, pelo financiamento.

Referências

BORSATO, A. V.; JORGE, M. H. A.; MELO, M. C. DE.; RAVAGLIA, E.; JESUS, S. de; BENICIO, S. J.; RONDON, R. dos S. Unidades demonstrativas de plantas medicinais, aromáticas e condimentares da Embrapa Pantanal, em Corumbá, MS. Cadernos de Agroecologia , v. 5, n.1, 2010.

EHLERT PAD; BLANK AF; ARRIGONI-BLANK MF; PAULA JWA; CAMPOS DA; ALVIANO CS. Tempo de hidrodestilação na extração de óleo essencial de sete espécies de plantas medicinais. Revista Brasileira de Plantas Medicinais , v.8, p. 79-80. 2006.

GUENTHER, E The Production of Essential Oils. In. The essential oils . New York: d.Van Nostrand Co. v.1, p.87-226, 1972.

MARTINS, E.R. et al. Plantas medicinais . Viçosa, MG:UFV, 2000. p.136-137.

OLIVEIRA, Ariana RMF et al. Determinação do tempo de hidrodestilação e do horário de colheita no óleo essencial de menta. Hortic. bras , v. 30, n. 1, 2012.

Page 192: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

191

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Saturação por alumínio e sua variabilidade espacial em uma “cordiilheira” no Pantanal Norte Mato-Grossense

Jackline Arantes Faria 1, Raimisson de Oliveira Dias 1, Dione Castro 1, Luciano Marques Godoy 2, Léo Adriano Chig 3, Eduardo Guimarães Couto 4

Resumo: A área analisada situa-se em uma formação geomorfológica denominada de Cordilheira, que são muito comuns na região do Pantanal. Tendo em vista tamanha importância para a biodiversidade no Pantanal, é de extrema necessidade que se conheça a distribuição de atributos químicos destes solos, como é o caso da saturação por alumínio (m%), pois este pode representar a proporção de alumínio (Al+3), que no solo pode ser considerado como inimigo numero um de todas as culturas. Com o objetivo de verificar a variabilidade espacial em relação à saturação de alumínio, este estudo foi realizado em uma área sob cordilheira (paleodiques) inseridas no Pantanal Mato-grossense, localizadas na sub-região de Poconé (MT), tendo como critério de seleção a vegetação local, com predominância de cerrado mesotrófico e presença de (Carvoeiro) Callisthene fasciculata Mart. Com uma área de 0,6 ha (6.000 m2) com seus limites georreferenciados, as amostras foram coletadas em esquema de malha fixa de 10 x 10 metros nas profundidades de 0 a 20 cm e 40 a 60 cm, num total de 60 pontos amostrados. Constatou-se que o uso da técnica de geoestatística possibilitou uma precisa descrição da variabilidade natural da saturação por alumínio em toda a cordilheira em ambas as profundidades estudadas, e que também há uma moderada a forte dependência espacial quanto à saturação por alumínio no solo na cordilheira, o que pode estar correlacionado com a presença e distribuição da população de carvoeiro no local.

Palavras–chave: teor de alumínio, carvoeiro, geoestatística, solos do pantanal, semivariograma

Saturation in aluminum and its spatial variability on a paleoleeve in the Pantanal of Mato Grosso

Abstract: The study area is situated in a geomorphological called Range, which is very common in the Pantanal region. In view of such importance for biodiversity in the wetland is of utmost necessity knowing the distribution of soil chemical attributes , as in the case of aluminum saturation (m%), as this may represent the ratio of aluminum (Al+3), which in soil can be regarded as the number one enemy of all cultures. In order to check the spatial variability in relation to aluminum saturation , this study was conducted in an area under cordillera (paleodiques) inserted in the Pantanal, located in the subregion of Poconé (MT) , with the selection criteria local vegetation , predominantly savannah mesotrophic and presence Carvoeiro (Callisthene fasciculata Mart ). With an area of 0.6 ha ( 6,000 m2) with its limits georeferenced samples were collected in scheme fixed mesh of 10 x 10 meters depths 0-20 cm and 40-60 cm, a total of 60 sample points. It was found that the use of the technique of geostatistics enabled a precise description of the natural variability of aluminum saturation across the ridge in both layers and also that there is a moderate to strong spatial dependence on the aluminum saturation in the soil in the Andes, which can be correlated with the presence and distribution of the population of Collier on site.

Keywords: aluminum content, collier, geoestatistics, wetland soils, semivariogram

Introdução

O Pantanal Mato-grossense é uma das maiores planícies alagadas do mundo, possuindo grandes terras inundáveis, sendo caracterizado como intensos depósitos de sedimentos, onde se encontra presente uma bacia sedimentar quaternária recente e tectonicamente ativa. O mesmo é localizado na Bacia Hidrográfica do Alto do Paraguai, possuindo uma área de 138.183 km². Sendo provida de diferentes habitats com uma gama de diversidade animal, vegetal e de solos.

1 Estudante de Agronomia da Universidade de Cuiabá – UNIC, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100, 78065-900,Cuiabá, MT ([email protected]; [email protected]; [email protected]) 2 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais Universidade de Cuiabá – UNIC, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100, 78065-900, Cuiabá, MT ([email protected]) 3 Professor Doutor da Universidade de Cuiabá, Pesquisador do Instituto Nacional de Áreas Úmidas. Av. Manoel José de Arruda n° 3.100, 78065-900, Cuiabá, MT ([email protected]) 4 Prof. Dr. Associado de Ciência do Solo, DSER/FAMEV/UFMT, Av. Fernando Corrêa, s/n, Boa Esperança, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected])

Page 193: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

192

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

A produção nesta área, desperta interesses, pois a mesma armazena e reciclam nutrientes, os quais são arrastados pelo processo de erosão superficial (laminar, suco ou voçorocas) de altitudes superiores e depositados ali. Deste modo explica-se a abundância de seres Bióticos e Abióticos na região. Tendo em vista essa heterogeneidade a paisagem do Pantanal se apresenta relacionada às variadas facetas geomórficas; com isso condicionada as variações climáticas, geram uma grande variedade de modelagem da superfície; dentre elas estão presentes as formas positivas (soerguimentos ou elevações) e as formas negativas (depressões ou rebaixamentos) tudo em relação ao relevo da região e/ou do local.

Neste contexto as Cordilheiras são lugares de pequenas elevações (variando de 1 a 6 m de altura) em forma de cordões, que constituem a topografia mais elevada da paisagem (forma de relevo positivo), onde a inundação ocorre somente em casos excepcionais, tendo desejáveis características químicas e físicas dos solos. Possuindo ocorrências marcantes de solos eutróficos das classes formadas de Planossolos e Luvissolos.

Dentre as características químicas do solo está presente a Saturação por alumínio (m%), pois o alumínio no solo é considerado o inimigo número um de todas as culturas. O óxido de alumínio é um agente que contribui de maneira eficaz na estrutura do solo tropical, sendo, portanto, altamente benéfico. Se o alumínio trocável não ultrapassar determinada porcentagem dos cátions existentes na CTC efetiva (dependendo da textura do solo), possivelmente não será maléfico, além disso, segundo Ronquim (2010) para se avaliar corretamente a toxidez por alumínio deve-se calcular a saturação por Al (m%).

Dentro disso constata-se que nessa forma positiva de relevo, a química do solo é pouco estudada e com a necessidade de estudo mais profundados dos solos do pantanal Mato-grossense; o objetivo deste trabalho foi de verificar a variabilidade espacial no que diz respeito à saturação de alumínio em uma cordilheira no pantanal norte mato-grossense.

Material e métodos

Este estudo foi realizado em uma área sob cordilheira (paleodiques) inseridas no Pantanal Mato-grossense, localizadas na sub-região de Poconé (MT), tendo como critério de seleção a vegetação local, com predominância de cerrado mesotrófico e presença de Carvoeiro (Callisthene fasciculata Mart.). O clima da região é classificado como Aw (quente e úmido), com amplitude térmica é relativamente alta, com temperaturas entre 20 e 28ºC e as máximas ultrapassam a 40ºC. A radiação solar é intensa e perfaz 460 cal.cm2.dia-1. Dentro da área em estudo foi delimitada uma parcela de 0,6 ha (6.000 m2) e teve seu limite georreferenciado. Foram coletadas amostras de solo em esquema de malha fixa de 10 x 10 metros, nas profundidades de 0 a 20 cm e de 40 a 60 cm. Sendo ainda descrito um perfil representativo do solo. As amostras de solo após secar ao ar e peneiradas foram analisadas, para a determinação dos atributos químicos e físicos. A granulometria foi determinada pelo método do densímetro de Bouyoucos, após dispersão com NaOH 0,1 mol.L-1.

Além disso, foram determinados os atributos químicos e físicos das amostras coletadas nos perfis de trincheira para a classificação pedológica. A análise estatística foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa, os dados foram submetidos à análise da estatística clássica, onde foram determinados: o teste de homogeneidade da variância, o teste de distribuição normal e estatística descritiva. Na segunda etapa, foi utilizada a análise geoestatística para detecção de variabilidade espacial do objeto de estudo em um campo amostral. Utilizou-se o estimador usual do semivariograma, onde neste trabalho, as coordenadas de campos (x e y) utilizadas foram as coordenada UTM – “Universal Transversa de Mercator”, de cada ponto amostrado e o valor da variável (z) foi o valor da Saturação por Bases e seus elementos estudados nas diferença de nível.

Para verificação da qualidade do ajuste do semivariograma aos dados experimentais foi utilizada a soma de quadrados de resíduos (SQR) que é melhor modelo matemático de semivariograma, em seguida utilizou-se à técnica de validação cruzada, para analisar o quão os dados estimados são semelhantes aos dados reais. A interpretação da dependência espacial (DE) dos dados do atributo estudado foi feita através da proporção em percentagem do efeito pepita (C0) em relação ao patamar (C0 + C1), e que de acordo com Cambardella et al. (1994), apresenta a seguinte proporção: (a) dependência forte < 25%; (b) dependência moderada de 26 a 75%, e (c) dependência fraca > 75%. Posteriormente, para interpolação dos dados utilizou-se a técnica de krigagem, para que fossem gerados os mapas de isovalores dos atributos estudados.

Page 194: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

193

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Resultados e Discussão

O solo da cordilheira foi classificado como LUVISSOLO HÁPLICO Órtico típico, apresenta uma característica particular, ao qual, segundo Soares et al. (2006) está classe de solo pertence a extensões inexpressivas e isoladas, remanescentes das áreas cuja formação geológica não diz respeito à Formação Pantanal. Couto e Oliveira (2009) descrevem que na região do Pantanal, são apenas identificadas a Subordem Argissolo Vermelho-Amarelo (ao qual apresentam cores vermelho-amareladas no matiz 5YR ou mais vermelho e mais amarelo que 2,5YR, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B, inclusive BA), tendo sua fertilidade variável. O critério de cor é bastante subjetivo uma vez que a variação de apenas uma unidade de valor e/ou croma pode mudar a classe dos solos ao nível de ordem, de Planossolo para Argissolo.

Dentro de cada área estudada foi observada uma diferença de nível de no máximo 30 cm. Couto e Oliveira (2008) descrevem que as diferenças de relevo, mesmo em poucos centímetros de altura, têm grandes efeitos em termos ecológicos e determinam seu período de inundação e seca.

Os solos das áreas de estudo desenvolveram-se sobre sedimentos fluviais. Onde a maior concentração do teor de areia em superfície indica maior energia das águas durante a deposição do sedimento.

Os teores de Saturação de Alumínio observados nessa área foram altos (Tabela 01). Estes resultados demonstram a singularidade dos solos do norte do Pantanal quanto às suas características químicas.

Tabela 1 . Estatística descritiva dos valores de saturação por alumínio

0 a 20 cm 40 a 60 cm

Média 50,31b 64,6a

Máximo 68,15 73,2

Mínimo 31,21 53,1

Amplitude 36,94 20,2

Desvio Padrão 8,35 4,74

Coeficiente de Variação 17 7

Médias seguida de letras minúsculas, na mesma coluna, para cada área na mesma profundidade, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,01).

Nesse contexto, o comportamento espacial do valor de saturação por alumínio em boa parte da cordilheira em ambas as camadas: de 0 a 20 e de 40 a 60 cm respectivamente, apresentaram níveis que podem ser considerados inadequados para o desenvolvimento das plantas (>15%).

O modelo matemático que melhor se ajustou para descrever a distribuição espacial da saturação por alumínio em ambas às profundidades estudadas dentro da cordilheira foi o Esférico (Figura 1 A e B). Pode-se observar moderada dependência espacial, respectivamente para as profundidades 0 a 20 cm (48%) e 40 a 60 cm (44%), e o coeficiente de regressão foram superiores a 75%, com alcance de dependência inferior a distancia máxima da área de estudo que foi de 116 m.

Figura 1 . Modelo de semivariograma para a distribuição espacial dos tores de Saturação de Alumínio na profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a 60 cm (B).

Page 195: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

194

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Pode-se observar na Figura 2, que nas regiões da cordilheira onde estão presentes as cores vermelhas mais escuras são lugares que apresentam os teores elevados de Saturação de Alumínio, já as que apresentam cores mais claras possuem níveis mais baixos de Saturação de Alumínio. Neste contexto, a relação de cores escuras (Saturação de Alumínio ↑) é inversamente proporcional às cores mais claras (Saturação de Alumínio ↓).

Figura 2. Distribuição espacial dos tores de Saturação por Alumínio na profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a 60 cm (B).

Conclusões

O uso da técnica de geoestatística possibilitou uma precisa descrição da variabilidade natural da saturação de alumínio em toda a cordilheira em ambas as profundidades estudadas.

Há uma moderada a forte dependência espacial quanto à saturação por alumínio no solo na cordilheira, o que pode estar de certa maneira correlacionado com a presença e distribuição da população de carvoeiro no local.

Referências

CAMBARDELLA, C. A.; MOORNA, T. B.; NOVAK, J. M.; PARKIN, T. B.; KARLEN, D. L.; TURCO, R. F.; KONOPKA, A. E. Field-scale variability of soil properties in Central Iowa soils. Soil Science Society of America Journal , v. 58, p. 1501-1511, 1994.

COUTO, E. G.; OLIVEIRA, V. A. de. The soil diversity of the Pantanal. In : JUNK, W. J. et al. (Org.). The Pantanal of Mato Grosso: ecology, biodiversity and sustainable management of a large neotropical seasonall wetland. Sofia: Pensoft, 2008.

RONQUIM, C. C. Conceitos de fertilidade do solo e manejo adequado para as regiões tropicais . Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2010, 26 p. (Embrapa Monitoramento por Satélite. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento)

SOARES, A.F.; SILVA, J.S.V.; Ferrari, D.L. Solo da paisagem do Pantanal brasileiro adequação para o atual sistema de classificação. In: Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, 1. Campo Grande. Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, 1 . Campinas: Embrapa Informática Agropecuária. 2006.

SOUSA, D.M.G; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. Embrapa Infor mação Tecnológica , Brasília, 416 p. 2004.

Page 196: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

195

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Sugestão dos fronteiriços em relação às espécies pa ra arborização urbana de Corumbá e Puerto Quijarro 1

Daniela Lopo 2, Marina Kleinsorge Daibert 3, Ricelly Aline Camargo de Souza 4 A arborização urbana exerce fundamental importância nas cidades, minimizando impactos provocados pela urbanização, melhorando a qualidade ambiental das cidades, além de embelezar e preservar espécies da flora. Portanto, pode-se dizer que a arborização contribui em aspectos sociais, econômicos e ambientais. A presença de árvores é requisito para a qualidade de vida nas cidades, mas é necessária a realização de análises prévias que orientem programas de arborização. Como forma de garantir o sucesso de suas ações, a administração deve implementar práticas participativas, onde a sociedade possa corroborar na tomada de decisões, como por exemplo, sugerir espécies para arborizar sua rua, bairro e cidade. Para avaliação da percepção dos fronteiriços em relação à espécies que gostariam que fossem utilizadas nos programas de arborização urbana das cidades fronteiriças de Corumbá (MS, Brasil) e Puerto Quijarro (GB, Bolívia), foram aplicados questionários semiestruturados a 293 pessoas, escolhidas de forma aleatória, descartados apenas os não residentes em Corumbá ou Puerto Quijarro e menores de 18 anos. Responderam aos questionários, pessoas que, no ato da pesquisa, transitavam na área central das cidades. Participaram 177 brasileiros e 116 cidadãos bolivianos. Os critérios utilizados em suas escolhas podem ter sido influenciados pelo conhecimento que os mesmos têm das características das árvores, de suas funções, pelo valor estético ou por aspectos topofílicos. A topofilia é o elo afetivo entre o indivíduo e o seu lugar, que pode ser uma infinidade de possibilidades, como um objeto, um cômodo de uma casa, uma cidade ou um bairro. A relação afetiva do indivíduo para com o seu lugar apresenta traços de suas experiências pessoais vinculadas a valores e a maneira como apreende o seu meio ambiente. Neste sentido, acredita-se que, em alguns casos, as espécies citadas podem estar relacionadas com memórias de experiências positivas vividas, principalmente ao citar as árvores frutíferas, que remetem as pessoas à sua infância. Diante da existência de vínculos entre homens e árvores, os gestores públicos, ao planejar a arborização, devem considerar as recomendações da população, escolhendo entre elas, as que são compatíveis com as características ambientais locais – naturais e artificiais. Com relação à preferência de espécies de árvores, no município de Corumbá, 33,33% das pessoas sugeriram “ipês”, 15,25% as “frutíferas”, 9,04% não souberam informar, 6,78% preferem as “patas de vaca”, 6,21% decidiram por árvores “nativas” e os 29,39% foram divididos entre as espécies: “castanheira”, “flamboyant´s”, “oiti”, “pau brasil”, “brasileirinha”, “chapéu de napoleão” e “pinheiro”. Na cidade de Puerto Quijarro, as espécies preferidas para compor a arborização urbana, na visão de seus moradores são: figueirinhas (38,79%), ipês (7,76%), frutíferas (7,76%), sete copas (7,76%), tamarineiro (7,76%) e 6,03% não souberam informar. Os 24,05% restante citaram “cerejeira”, “coqueiro”, “paraíso”, “cupuaçu”, “pingo de ouro” e “barriguda”. As árvores frutíferas foram bastante mencionadas em ambos os países. O plantio de frutíferas e árvores com flores exuberantes provoca melhoria estética e funcional do ambiente, que por sua vez indiretamente agrega valor econômico ao imóvel, e traz bem estar e melhoria na qualidade de vida do cidadão. A presença de frutos nas árvores, ainda serve como atrativo para a avifauna e para alimentação das pessoas, mas em muitos casos, principalmente as exóticas, causam transtornos e desvantagens como a sujeira das calçadas. Dessa forma, recomenda-se o plantio de frutíferas nativas, já que apresentam potencial para arborização de uma localidade em virtude da compatibilização com características edáficas e climáticas. Recomenda-se a utilização de frutíferas nativa em áreas livres públicas urbanas. Em ruas, a queda dos frutos podem causar uma série de transtornos. Já para a arborização de ruas, deve-se optar dentre as citadas, por aquelas que, preferencialmente são perenes e que não apresentam raízes agressivas. Ao se fazer uma análise comparativa dos resultados, observa-se que a população de Corumbá tem maior esclarecimento, visto que, mencionaram em maior proporção, as espécies que são apropriadas para a arborização urbana como os “ipês” e “nativas”, ao contrário de residentes em Puerto Quijarro, que sugeriram Ficus benjamina (figueirinha) e Terminalia catappa (sete copas), espécies que não são recomendadas em virtude dos danos provocados pelo sistema radicular agressivo e/ou pela queda de folhas. Já os ipês tem relevante importância ecológica e também estética, embelezam o local, melhoram o aspecto psicológico e valorizam o imóvel, portanto exercem também função econômica. A população corumbaense desconhece quais são as espécies nativas, contudo, o fato de citá-las demonstra a valorização da flora local e o entendimento de que o “nativo” provavelmente vai de desenvolver melhor do que o “exótico” em se tratando do fator adaptação. Conclui-se que, para garantir o sucesso dos programas de arborização urbana das cidades fronteiriças, deve-se buscar compatibilizar o uso de espécies recomendadas por estudos científicos, com espécies sugeridas pela população, e também, promover ações educativas para orientar e sensibilizar a população em ambas as cidades quanto a aspectos gerais da arborização.

1 Parte do relatório de qualificação de mestrado em Estudos Fronteiriços, CPAN/UFMS de Daniela Lopo. 2 Bióloga, da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79303-220. Corumbá, MS ([email protected]) 3 Bióloga, da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79300-040. Corumbá, MS [email protected]) 4 Engenheira Agrônoma da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79320-208, Corumbá, MS ([email protected]).

Page 197: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

196

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tamanho insular e diversidade em ilhas de solo nas bancadas lateríticas de Corumbá, MS1

Adriana Takahasi 2

Resumo: Os afloramentos rochosos apresentam condições ambientais bastante restritivas para as plantas, afetando sua colonização e estabelecimento, que tendem a ser minimizadas nas ilhas de solo. O objetivo do presente estudo foi verificar se o tamanho insular influencia a riqueza e diversidade (H’) e número de monocotiledôneas nas bancadas lateríticas da região da Morraria do Urucum e Morraria do Rabicho. Foram registradas as espécies vasculares presentes e cobertura vegetal em 164 ilhas de solo em três locais nos municípios de Corumbá (66 ilhas na fazenda Monjolinho) e Ladário (70 ilhas na fazenda Banda Alta, e 28 ilhas na fazenda São Sebastião do Carandá). As relações entre a cobertura vegetal e a composição de espécies foram exploradas através da análise de correspondência segmentada (DCA) e calcularam-se as correlações de Pearson entre os escores dos dois primeiros eixos e o tamanho da ilha de solo, riqueza, número de monocotiledôneas e H’. Foram registradas 188 espécies pertencentes a 58 famílias botânicas, sendo oito espécies de pteridófitas. Os resultados mostraram que o tamanho insular influencia significativamente a cobertura vegetal (r=0,546, r=0,536, r=0,541), riqueza específica (r=0,814, r=0,745, r=0,797), número de monocotiledôneas (r=0,719, r=0,633, r=0,706) e os valores de H’ (r=0,614, r=0,512, r=0,518) nas fazendas Banda Alta, São Sebastião do Carandá e Monjolinho, respectivamente. O predomínio de monocotiledôneas reflete sua capacidade em colonizar ambientes inóspitos. Plantas arbustivas ocorrem exclusivamente em ilhas maiores influenciando a riqueza e diversidade enquanto ervas tolerantes à dessecação, ciclo de vida curto ou metabolismo CAM predominam em ilhas pequenas.

Palavras–chave: afloramento rochoso, campo ferruginoso, Morraria do Urucum

Insular area and diversity on soil islands of irons tone outcrops at Corumbá, MS, Brazil 1

Abstract: Environmental conditions of rock outcrops restricts plant colonization and establishment that may be minimized on soil islands. The aims of this study were to determine if insular area influenced richness, diversity (H’) and the number of monocotyledons on ironstones at Morraria do Urucum and Morraria do Rabicho. Plant mats in soil islands were investigated in 164 units in three sites in Corumbá (66 soil islands at Monjolinho cattle ranch) and Ladário (70 units at Banda Alta cattle ranch and 28 units at São Sebastião do Carandá cattle ranch). Floristic and cover plant gradient analysis were explored by Detrended Correspondence Analysis (DCA) and we calculated Pearson’s correlation index of the first two axis scores and the insular area, richness, the number of monocotyledons and H’. A total of 180 plant species of 53 botanic families and eight ferns were found. Our data underline that the insular area influenced significantly positive correlation of cover plant (r=0,546, r=0,536, r=0,541), richness (r=0,814, r=0,745, r=0,797), number of monocotyledons (r=0,719, r=0,633, r=0,706) and H’ index (r=0,614, r=0,512, r=0,518) at Banda Alta, São Sebastião do Carandá and Monjolinho cattle ranches, respectively. Monocotyledons mats predominated for their ability to spread horizontally by means of vegetative propagation. Soil mats associated with shrub plants were restricted at larger soil islands and on the other hand influenced richness and diversity. Epilithic species and herbs as mats-formers were founded on small soil islands and most of them were desiccation-tolerant, annual, succulents or xerophytic plants.

Keywords: ferricrete, ferrugineous grassland, Morraria do Urucum, rock outcrop

Introdução

Os afloramentos rochosos são encontrados em todos os continentes mas se concentram nas regiões tropicais úmidas ou semi-úmidas e, em menor grau, em regiões temperadas, como nos EUA (Porembski, 2007). Nos neotrópicos distribuem-se pelo leste do Brasil, oeste da Venezuela e borda leste das Guianas, enquanto nos paleotrópicos ocorrem na África e Madagascar e, ainda, na Índia, Sri Lanka, China, Malásia e Austrália (Barthlott et al., 1993).

No Brasil, estão distribuídos por todas as formações vegetais sob diferentes condições climáticas, geológicas e geomorfológicas, com destaque para extensos conjuntos nas serras Do Mar, Da Mantiqueira, Cadeia

1 Parte da tese de doutorado da autora 2 Professora Adjunta do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN, Av. Rio Branco, 1270, 79304-020, Corumbá, MS ([email protected])

Page 198: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

197

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

do Espinhaço, Chapada dos Guimarães, entre outros, mas ainda pouco estudados do ponto de vista estrutural e florístico.

Os agrupamentos de plantas nas ilhas de solo propiciam o aumento do volume de substrato e redução da exposição do solo permitindo um tempo maior de conservação da água (Conceição et al., 2007). A formação concêntrica de solo, da periferia da ilha para o seu centro, e o aumento no teor de matéria orgânica em ilhas de solo em estágios sucessionais mais tardios melhora a capacidade de troca catiônica e eleva o pH (Shure & Ragsdale, 1977). A partir da melhoria das condições ambientais nas ilhas de solo a comunidade vegetal se altera até atingir o estágio com plantas perenes onde fatores dependentes de densidade, como a competição, passam a regular os estágios finais da sucessão nestas comunidades (Shure & Ragsdale, 1977). Entretanto estas comunidades não atingiriam o equilíbrio nas fases finais de sucessão (estágio “arbustivo”) já que a instabilidade do substrato e condições de seca provocariam alta taxa de mortalidade de plantas lenhosas reconduzindo as comunidades aos estágios iniciais.

Considerando-se que as ilhas de solo são circundadas pela superfície rochosa exposta, onde as condições ambientais para o estabelecimento das espécies são muito restritivas podemos considerá-las sistemas insulares terrestres ideais para se aplicar o conceito de biogeografia de ilhas.

Este estudo teve por objetivo verificar se o número de espécies de plantas, o número de espécies de monocotiledôneas e o índice de Shannon-Wiener das ilhas solo é determinado pelo tamanho insular nos afloramentos rochosos ferruginosos de Corumbá e Ladário.

Material e Métodos

Este estudo foi realizado de novembro de 2005 a janeiro de 2009 em três bancadas lateríticas nos municípios de Corumbá (fazenda Monjolinho 19°16´S, 57°31´W, 65-150 m) e Ladário (fazenda Banda Alta - 19°08´S, 57°34´W, 85 m - e fazenda São Sebastião do Carandá - 19°06´S, 57°31´W, 90 m), MS. As bancadas lateríticas, denominação adotada pelo Radambrasil ao tratar dos lateritos das regiões das Morrarias do Urucum e do Rabicho, localizam-se nas áreas de drenagem (em torno de 100 m de altitude) sendo consideradas não um tipo de solo, mas um relevo plano ou quase plano, formadas por camada de material laterítico endurecido, de natureza ferrífera.

A vegetação que se agrega nas ilhas de solo pode ser descrita como a associação de duas ou mais espécies de plantas vasculares em uma área delimitada pelo substrato rochoso (Conceição et al., 2007). As ilhas de solo foram consideradas unidades naturais com tamanho e formato elíptico a circular. Em campo todas as ilhas de vegetação foram medidas para posterior cálculo da área, numeradas e marcadas. Para determinação da área da ilha considerou-se que o formato predominante das ilhas de vegetação era aproximadamente uma elipse e utilizou-se a fórmula: A= [(d1/2. d2/2). π], onde A=área, d1= distância maior, d2= distância menor. Após o cálculo da área de cada ilha elas foram enquadradas em sete classes de tamanho procedendo-se ao sorteio de 10 ilhas por classe.

Foram avaliadas as espécies vasculares presentes em 164 ilhas de vegetação, sendo 70 na Fazenda Banda Alta, 28 na Fazenda São Sebastião do Carandá e 66 na Fazenda Monjolinho. Ressalta-se que o baixo número de unidades insulares amostradas na Fazenda São Sebastião do Carandá ocorreu pela presença de poucas ilhas de solo neste local.

Em cada unidade amostral foram registradas as espécies vasculares presentes e estimou-se a cobertura vegetal considerando-se tanto as partes secas quanto as partes verdes das plantas. A estimativa de cobertura vegetal e a ocorrência de espécies foram tomadas durante o período chuvoso em função da máxima expressão nos valores de cobertura além de registro de espécies efêmeras que ocorrem somente durante o período mais úmido.

A diversidade específica da comunidade sobre afloramentos rochosos foi expressa através do índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) na base logarítmica natural com uma modificação utilizando-se, ao invés de número de indivíduos, os valores de cobertura amostrados.

As relações entre a cobertura vegetal e a composição de espécies em ilhas de solo nos diferentes locais foram exploradas através da análise de correspondência segmentada (DCA) com auxílio do programa MVSP for Windows versão 3.1 (Kovach Computing Services), empregando-se o algoritmo de Hill com a correção de tendência (“detrending”) empregando-se a partição em 26 segmentos para recálculo com 100 iterações. Para tanto, a matriz contendo valores de cobertura de espécies por ilha de solo em cada localidade foi reduzida retirando-se as espécies com três ocorrências ou mais. Em seguida, a matriz foi padronizada por valor máximo no espaço das variáveis.

Page 199: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

198

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Para verificar o efeito insular sobre a riqueza de espécies procedeu-se a análises de correlação de Pearson entre os escores dos dois primeiros eixos resultantes da análise de correspondência e os valores das áreas das ilhas de solo, o número total de espécies vasculares presentes, o número de monocotiledôneas e o índice de Shannon para cada ilha com o programa SPSS for Windows versão 13.0.

Resultados e Discussão

Foram registradas 188 espécies de plantas vasculares pertencentes a 58 famílias botânicas, além de dois táxons não identificados, em uma área total amostrada de 6206 m², em afloramentos rochosos ferruginosos de Corumbá, MS. Deste total, foram contabilizadas oito espécies de pteridófitas pertencentes a cinco famílias. As cinco famílias com maior número de espécies representaram 37% do total de espécies amostradas: Fabaceae (20 espécies), Poaceae (19), Malvaceae (13), Euphorbiaceae (9) e Cyperaceae (8)

As espécies vasculares que se estabelecem diretamente sobre a rocha também foram observadas nas bordas das ilhas de solo. Por outro lado, as ilhas de solo propiciam condições de sombreamento e maior quantidade de substrato e, consequentemente, de água disponível permitindo a colonização e estabelecimento de espécies mais exigentes quanto à condições de sombreamento e de maior porte.

As correlações de Pearson entre a área insular, em metros quadrados, e os escores do eixo da DCA, número total de espécies, número de espécies de monocotiledôneas e o índice de Shannon para cada ilha de solo foram significativas para todos os locais estudados (Tabela 1).

Tabela 1. Resultados das correlações de Pearson entre a área insular e os escores do eixo 1 da DCA, número total de espécies, número de espécies de monocotiledôneas, número de espécies de pteridófitas e índice de diversidade de Shannon-Wiener em três bancadas lateríticas, Corumbá, MS.

Local Escores do eixo da DCA

Número total de espécies

Número de espécies de

monocotiledôneas

Índice de diversidade de

Shannon-Wiener

Fazenda Banda Alta r=0,546, p<0,001 r=0,814, p<0,001 r=0,719, p<0,001 r=0,614, p<0,001

Fazenda São Sebastião do Carandá

r=0,536, p<0,05 r=0,745, p<0,001 r=0,633, p<0,05 r=0,512, p<0,05

Fazenda Monjolinho r=0,541, p<0,001 r=0,797, p<0,001 r=0,706, p<0,001 r=0,518, p<0,001

Os resultados mostraram que o tamanho insular influencia a riqueza específica e os valores dos índices de diversidade de Shannon-Wiener bem como mostra correlações entre o tamanho insular e o número de espécies de pteridófitas e de monocotiledôneas. Os dados empíricos para a relação entre o índice de Shannon em cada unidade insular e a área em metros quadrados mostrou um maior coeficiente de determinação para a Fazenda Banda Alta seguida pelas Fazendas S.S.Carandá e Monjolinho. Neste caso, algumas unidades insulares de menor tamanho apresentaram valores de Shannon mais elevados do que ilhas maiores em função da distribuição de abundância das espécies na unidade considerada.

As plantas vasculares com os maiores valores de cobertura nas ilhas pequenas foram aquelas que apresentaram o metabolismo CAM (p.ex. Deuterocohnia meziana) e perda de folhas durante a estação seca (p.ex. Jatropha ribifolia), além de tolerância à dessecação (p.ex. Selaginella sellowii, Selaginella convoluta e Tripogon spicatus) e, ainda, ciclo de vida curto (p.ex. Staelia sp.). Estas espécies têm sua importância reduzida com o aumento do tamanho insular pois, com o incremento no número de espécies, interações interespecíficas tendem a ser mais atuantes eliminando-as destas comunidades insulares ou restringindo sua ocorrência à bordas das ilhas.

As espécies arbustivo-arbóreas apresentaram grau de cobertura expressivo somente em ilhas de tamanho intermediário a grande devido às melhores condições ambientais nas unidades insulares maiores, como a maior profundidade do solo, maior umidade e heterogeneidade ambiental. Estas condições parecem ser coerentes já que as espécies arbustivo-arbóreas raramente encontram-se de forma isolada ou diretamente sobre a rocha.

A relação positiva entre área insular e o número de espécies de monocotiledôneas nas ilhas de solo em Corumbá reforça a importância deste grupo de plantas em afloramentos rochosos neotropicais. Esta característica denomina, inclusive, um tipo de habitat, as moitas de monocotiledôneas (“monocotyledonous mats”) (Porembski 2007). Este padrão surge pela capacidade destas plantas de sobreviver em ambientes inóspitos e de se reproduzir vegetativamente (Ibisch et al. 1995).

Page 200: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

199

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

As espécies que definiram a fisionomia das ilhas de solo dos afloramentos ferruginosos foram Deuterocohnia meziana, Bromelia balansae e Selaginella sellowii. Enquanto a primeira espécie revelou maiores valores de cobertura em ilhas pequenas e médias, a segunda apresentou maiores valores de cobertura em ilhas médias a grandes. Estes resultados refletem duas estratégias diferentes na ocupação dos afloramentos.

A primeira pode ser descrita pela formação de extensas manchas de D.meziana, muitas vezes descontínuas, e quase homogêneas, podendo se associar a poucas espécies vasculares e ocupar locais onde o escoamento da água da chuva é mais intenso, em locais mais íngremes ou superfícies convexas dos lajedos. A ação do fogo também deve contribuir na descontinuidade destas ilhas já que alguns estolões não sobrevivem à queima. Estas ilhas podem apresentar um formato alongado, em locais com declividade mais acentuada, ou concêntrico, em áreas mais planas. De qualquer modo, esta espécie associa-se predominantemente a espécies de porte herbáceo.

A segunda estratégia pode ser definida pela ocorrência de ilhas de solo com B.balansae associada a componentes arbustivo-arbóreos. Esta espécie não ocorre isoladamente nem em ilhas pequenas. As ilhas de solo com B.balansae geralmente apresentam um formato mais alongado em locais relativamente planos ou côncavos, preenchidos com sedimentos. As espécies arbustivas e arbóreas ocorrem predominantemente em ilhas de solo com a presença desta bromeliácea.

A pteridófita Selaginella sellowii pode constituir ilhas de solo pequenas, ocorrendo isoladamente, ou ilhas de maior tamanho restringindo-se às bordas. Pode ser considerada uma espécie pioneira importante no processo de sucessão de espécies em ilhas de solo. Por outro lado, as espécies tolerantes à dessecação Cheilanthes tweediana e Anemia tomentosa apresentaram maiores valores de cobertura em ilhas maiores decorrente de uma associação entre estas plantas e Bromelia balansae.

Conclusões

A área insular parece determinar o número total de espécies, a diversidade (H’), o número de monocotiledôneas nas ilhas de solo de bancadas lateríticas.

Estudos posteriores podem investigar se há associações específicas entre espécies de plantas que se estabelecem em ilhas de solo.

Agradecimentos

Aos proprietários das fazendas que permitiram o acesso às áreas (Luiz Alberto Figueiredo, Sami Lofti, Altair Gonçalo), aos especialistas que identificaram o material botânico, ao professor Doutor Sergio T. Meirelles pela orientação, aos à UFMS e à CAPES pela bolsa de estudos concedida em parte do período.

Referências

BARTHLOTT, W.; GROGER, A.; POREMBSKI, S. Some remarks on the vegetation of tropical inselbergs: diversity and ecological differentiation. Biogéographica, v.69, n.3, p.17-36, 1993.

CONCEIÇÃO, A.A.; PIRANI, J.R. Delimitação de habitats em campos rupestres na Chapada Diamantina, Bahia: substratos, composição florística e aspectos estruturais. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, São Paulo, v.23, n.1, p.85-111, 2005.

IBISCH, P.L.; RAUER, G.; RUDOLPH, D.; BARTHLOTT, W. Floristic, biogeographical, and vegetational aspects of Pre-Cambrian rock outcrops (inselbergs) in eastern Bolivia. Flora, v.190, p.299-314, 1995.

POREMBSKI, S. Tropical inselbergs: habitat types, adaptative strategies and diversity patterns. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.30, n.4, p.579-586, 2007.

SHURE, D.; RAGSDALE, H.L. Patterns of primary succession on granite outcrop surfaces. Ecology , Nova Iorque, v.58, p.993-1006, 1977.

Page 201: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

200

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Uso da técnica de ARDRA para agrupamento de Azospirillum isolados de pastagens do Pantanal 1

Thianny Fernanda C. Viana 2, Marivaine da Silva Brasil 3, Mayara Silva Torres de Souza 4, Carla Braga Leite 5, Gecele Matos Paggi 6

O estudo da diversidade genética de bactérias diazotróficas, ou seja, fixadoras de nitrogênio, pertencentes ao gênero Azospirillum associadas a raízes de pastagens nativas do Pantanal Sul-Mato-Grossense, possibilita conhecer a população de diferentes tipos de bactérias e assim aplicar técnicas sustentáveis no melhoramento de pastagens, principalmente de nativas. A técnica ARDRA (Análise de restrição do DNA ribossomal amplificado) é utilizada para a identificação e agrupamento de isolados de espécies diferentes, pode também ser usada para separar isolados ao nível de gênero e espécie. A análise foi feita em 28 bactérias e duas estirpes tipo de Azospirillum brasilense (BR11001) e Azospirillum lipoferum (BR11080), usadas para posterior comparação dos perfis de restrição dos isolados caracterizadas morfologicamente como pertencentes ao gênero Azospirillum. Para a extração de DNA bacteriano, as bactérias foram submetidas a um crescimento de 48 horas em meio líquido DYGS, e posteriormente, realizou-se a extração do DNA utilizando kit de extração PureLinkTM Genomic DNA (Invitrogen), seguindo o protocolo recomendado no produto. Para reação de PCR (reação em cadeia da polimerase) utilizou-se iniciadores específicos para o gene 16S DNAr , Y1(5`- TGGCTCAGAACGAACGCTGGCGGC –3`) e Y3 (5`- CTAGACCCCACTTCAGCATTGTTCCAT –3`) cujo o produto amplificado é de 1450 pares de base. A reação de amplificação para um volume de reação de 50 uL foi feita utilizando tampão de enzima 1X em relação ao volume de reação, 2,0 mM de MgCl2, 200µM de dNTP, 0,12 µM de primer Y1 e de primer Y2, 1,0 U de Taq DNA polimerase (Ludwig). As condições de termociclagem foram: 1 etapa inicial de desnaturação ( 93°C por 2 minuto s), seguido por 35 ciclos intermediários (93°C por 45 segundos, 62°C por 45 segundos, 72°C por 2 minutos) e 1 etapa final de extensão a 72°C por 5 minutos. O amplicon resultante foi clivado com as enzimas de restrição Alu I e Rsa I. O procedimento foi feito em banho-maria a 37°C por três horas e posteriormente o produto de restrição foi levado a eletroforese a 65 volts por duas horas e meia, usando gel de agarose 2,5%. Os resultados possibilitaram a visualização de perfis de restrição distintos, tanto para enzima Alu 1, quanto para enzima Rsa 1. Na análise da enzima Rsa 1 foram gerados quatro perfis diferentes, além de mostrar que o perfil da maioria dos isolados eram semelhantes a espécie A. lipoferum. Já a restrição feita pela enzima Alu 1 apresentou também quatro perfis diferentes, de maneira que os perfis gerados por essa enzima são parecidos com a espécie A. brasilense. Apesar de ainda não ter sido feita a análise de diversidade das estirpes, os perfis de restrição das bactérias nos revelam grupos de padrão de restrição distintos. Desta forma a técnica utilizada é eficiente, permite a princípio separar grupos com padrões genéticos distintos.

1Parte do trabalho da monografia, financiado pela Fundect 2 Graduanda de Ciências Biológicas. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul- Campus Pantanal, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus Pantanal, Caixa Postal 252, Av. Rio Branco 1.270, B. Universitário, 79304-902, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Mestre em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS ([email protected]) 5 Mestre em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS ([email protected]) 6 Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus Pantanal, Caixa Postal 252, Av. Rio Branco 1.270, B. Universitário, 79304-902, Corumbá, MS ([email protected])

Page 202: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

201

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Utilização de pote plástico cônico na formação de m udas de Handroanthus heptaphyllus (piúva)

Catia Urbanetz 1, Marçal Amici Jorge 2, Ernande Ravaglia 3, Jose Manoel Marconcini 4 Há vários tipos de recipientes para produção de mudas no mercado e uma de suas principais funções é permitir o desenvolvimento satisfatório do sistema radicular das mudas. Esses recipientes devem promover o direcionamento adequado das raízes. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi a obtenção de um recipiente de baixo custo e de fácil manuseio, que promovesse o desenvolvimento inicial e o direcionamento adequado das raízes. O recipiente também deveria promover uma formação de parte aérea com caule bem desenvolvido e ramificações laterais bem distribuídas. Para tanto, foram utilizados potes plásticos cônicos, confeccionados a partir de lâminas de politereftalato de etileno (PET), com diâmetros de 10 cm e 3 cm, e 60 cm de comprimento. Também foram utilizados sacos plásticos pretos perfurados para avaliações comparativas (controle). Avaliou-se o desenvolvimento inicial aéreo e radicular de mudas de piúva ou ipê roxo (Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos). O volume de substrato utilizado foi o mesmo volume para os potes e sacos (1,8 l). As plântulas do experimento emergiram uniformemente, tanto nos potes plásticos cônicos como nos sacos plásticos. Da emergência até o desenvolvimento das mudas para a rustificação, houve um desenvolvimento satisfatório e uniforme nos dois tratamentos. Observou-se que o comprimento médio de raízes, o diâmetro do caule, o comprimento e a largura do primeiro par de folhas das mudas produzidas no cone plástico foram significativamente maiores do que as médias do controle. De acordo com os resultados obtidos, o pote plástico cônico se mostrou vantajoso com relação ao saco plástico, uma vez que o sistema radicular, principalmente com relação ao alongamento da raiz principal (pivotante), não encontrou obstáculos para se desenvolver. O desenvolvimento de uma raiz principal mais comprida possibilitou um volume maior de raízes secundárias, a ponto das médias das massas fresca e seca dos sistemas radiculares dessas mudas serem 47% e 46%, respectivamente, maiores do que as das mudas formadas nos sacos plásticos. Normalmente, o enovelamento das raízes, causado pela restrição do alongamento no sentido vertical, obedecendo ao princípio do geotropismo, comum de acontecer em recipientes como os sacos plásticos, afetam diretamente o crescimento e desenvolvimento geral da muda. Apesar dos dois recipientes testados possuírem o mesmo volume de substrato, o melhor desenvolvimento da raiz principal no pote cônico possibilitou a obtenção de plantas com parte aérea mais vigorosa do que as das plantas do controle. Dessa forma, o pote plástico cônico, com um mesmo volume de substrato, aliado a obtenção de plantas mais sadias, se mostrou uma alternativa mais viável, quando comparado com o saco plástico, normalmente utilizado em viveiros de produção de mudas. A utilização de pote plástico cônico como recipiente promove um aumento expressivo do desenvolvimento inicial, tanto do sistema radicular como da parte aérea, de mudas de ipê. A utilização de mudas mais vigorosas favorece uma maior taxa de pegamento no campo e, consequentemente, o estabelecimento de plantas adultas mais sadias após o plantio. Assim, a utilização dos potes plásticos cônicos é recomendável para a produção de mudas, por ser uma alternativa de baixo custo e capaz de gerar mudas vigorosas, utilizando-se o mesmo volume de substrato que os materiais usuais.

1 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Pesquisador da Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, 70351-970, Gama, DF ([email protected]) 3 Assistente Técnico da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Pesquisador da Embrapa Instrumentação, 13560-970, São Carlos, SP ([email protected])

Page 203: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

202

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Variabilidade espacial da capacidade de troca catiô nica total em uma “cordilheira” no Pantanal Norte Mato-Grossense

Raimisson de Oliveira Dias 1, Dione Castro 1, Jackline Arantes Faria 1, Merita Albertini Chagas 1, Luciano Marques Godoy 2, Léo Adriano Chig 3, Eduardo Guimarães Couto 4

Resumo: A Capacidade de Troca Catiônica Total (CTC) de um solo é um atributo muito importante que reflete condições do solo em relação a sua origem, ambiente, relevo, além de outros aspectos. Ela representa quantidade total de cátions retidos á superfície das partículas, em condição permutável (Ca2+ + Mg2+ + K+ + H+ + Al3+ + Na+) e está sempre presente nas análises de solos, auxiliando o manejo destes e também como atributo químico diagnóstico para a identificação de horizontes. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a variabilidade espacial da Capacidade de Troca Catiônica em um ambiente de cordilheira no pantanal norte mato-grossense, na sub-região de Poconé (MT). A área analisada constituiu-se de uma parcela de 0,6 ha (6.000 m2) que teve seu limite georreferenciado. As amostras de solo foram coletadas em esquema de malha fixa de 10 x 10 metros, nas profundidades de 0 a 20 cm e de 40 a 60 cm, totalizando 60 pontos amostrais em cada profundidade. O uso da técnica de geoestatística possibilitou uma precisa descrição da variabilidade natural da CTC em toda a cordilheira em ambas as profundidades estudadas. No que diz respeito a vegetação, essa descrição pode permitir também uma comparação com a distribuição espacial do carvoeiro, que predomina na região e possui função muito importante em relação a biodiversidade local. Há uma moderada dependência espacial quanto a CTC no solo na cordilheira.

Palavras–chave: distribuição espacial, geoestatística, semivariograma, solos do pantanal

Spatial variability of total cation exchange capaci ty on a paleoleeve in the North Pantanal of Mato Gr osso

Abstract: The Total Cation Exchange Capacity (CTC) of a soil is a very important attribute that reflects soil conditions in relation to their origin, environment, relief, and other aspects. It represents the total amount of cations retained on the surface of the particles on condition exchangeable (Ca2+ + Mg2+ + K+ + H+ + Al3 + Na+), and is always present in soil testing , supporting the management of these as well as chemical attribute diagnostic for identifying horizons. The aim of this study was to characterize the spatial variability of Cation Exchange Capacity in a mountain environment in wetland north of Mato Grosso, in the sub-region Poconé (MT). The study area consisted of a plot of 0.6 ha (6,000 m2) which was georeferenced its limit. Soil samples were collected in scheme fixed mesh of 10 x 10 meters, depths 0-20 cm and 40-60 cm, totaling 60 sampling points at each depth. The use of geostatistical technique allowed an accurate description of the natural variability of CTC across the ridge in both depths studied. Regarding vegetation, this description can also enable a comparison to the spatial distribution of coal dealer, which predominates in the area and has very important function in relation to local biodiversity. There is a moderate spatial dependence as CTC of the soil in the paleolevee.

Keywords: spatial distribution, geostatistics, semivariogram, wetland soil,

Introdução

O Pantanal é uma das maiores planícies de sedimentação do mundo. Sua planície, levemente ondulada, pontilhada por raros morros isolados e rica em depressões rasas, têm seus limites marcados por variados sistemas de elevações, como chapadas, serras e maciços. São cortados por grande quantidade de rios, todos pertencentes à Bacia do Rio Paraguai.

As terras altas do entorno, muitas delas de origem sedimentar ou formadas por rochas solúveis e friáveis, continuamente erodidas pela ação do vento e das águas, fornecem grande quantidade de sedimentos que são depositados na planície, num processo contínuo de entulhamento. Formam-se assim terrenos de aluvião, muito permeáveis, de composição argilo-arenosa. Dentro da planície pantaneira existem pequenas elevações em forma

1 Estudante de Agronomia da Universidade de Cuiabá – UNIC, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100 - Fone: ( 65) 3363-1000, Cuiabá, MT ([email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]) 2 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais Universidade de Cuiabá – UNIC, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100 - Fone: (65) 3363-1000, Cuiabá, MT ([email protected]) 3 Professor Doutor da Universidade de Cuiabá, Pesquisador do Instituto Nacional de Áreas Úmidas. Av. Manoel José de Arruda n° 3.100 - Fone: (65) 3363-1000, Cuiabá, MT ([email protected]) 4 Prof. Dr. Associado de Ciência do Solo, DSER/FAMEV/UFMT, Av. Fernando Corrêa, s/n, Boa Esperança, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected])

Page 204: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

203

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

de cordões que são conhecidas como cordilheira. Estás são elevações de um a seis metros, com ocorrência marcante de solos com horizonte Bt, com o horizonte superficial de textura arenosa contrastando com um horizonte superficial de textura média/argiloso. São as posições mais elevadas da paisagem, onde a inundação ocorre somente em eventos excepcionais (BEIRIGO et al., 2011), mas é comum a formação de lençol suspenso. Assim a partir das condições edafoclimatícas do local podemos determinar a quantidade de sódio presente na área e a Capacidade de Troca Catiônica Total (CTC) que é uma das mais importantes propriedades a serem consideradas em um solo, que de acordo com Ronquim (2010) a capacidade de troca de cátions de um solo, de uma argila ou do húmus representa a quantidade total de cátions retidos á superfície desses materiais em condição permutável (Ca2+ + Mg2+ + K+ + H+ + Al3+) e que se a maior parte da CTC do solo está ocupada por cátions essenciais como Ca2+, Mg2+ e K+, pode-se dizer que esse é um solo bom para a nutrição das plantas. Por outro lado, se grande parte da CTC está ocupada por cátions potencialmente tóxicos como H+ e Al3+ este será um solo pobre. Em relação à importância da CTC como um dos atributos indicativo das potencialidades do solo, este trabalho teve como objetivo verificar a variabilidade espacial no que diz respeito da Capacidade de Troca Catiônica em uma cordilheira no pantanal norte mato-grossense, e com isso possibilitar posteriores estudos e comparações que levem em consideração esse atributo do solo.

Material e Métodos

Este estudo foi realizado em uma área sob cordilheira (paleodiques) inseridas no Pantanal Mato-grossense, localizadas na sub-região de Poconé (MT), tendo como critério de seleção a vegetação local, com predominância de cerrado mesotrófico e presença de Carvoeiro (Callisthene fasciculata Mart.). O clima da região é classificado como Aw (quente e úmido), com amplitude térmica é relativamente alta, com temperaturas entre 20 e 28ºC e as máximas ultrapassam a 40ºC. A radiação solar é intensa e perfaz 460 cal.cm2.dia-1. Dentro da área em estudo foi delimitada uma parcela de 0,6 ha (6.000 m2) e teve seu limite georreferenciado. Foram coletadas amostras de solo em esquema de malha fixa de 10 x 10 metros, nas profundidades de 0 a 20 cm e de 40 a 60 cm. Sendo ainda descrito um perfil representativo do solo. As amostras de solo após secar ao ar e peneiradas foram analisadas, para a determinação dos atributos químicos e físicos. A granulometria foi determinada pelo método do densímetro de Bouyoucos, após dispersão com NaOH 0,1 mol.L-1.

Além disso, foram determinados os atributos químicos e físicos das amostras coletadas nos perfis de trincheira para a classificação pedológica. A análise estatística foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa, os dados foram submetidos à análise da estatística clássica, onde foram determinados: o teste de homogeneidade da variância, o teste de distribuição normal e estatística descritiva. Na segunda etapa, foi utilizada a análise geoestatística para detecção de variabilidade espacial do objeto de estudo em um campo amostral. Utilizou-se o estimador usual do semivariograma, onde neste trabalho, as coordenadas de campos (x e y) utilizadas foram as coordenada UTM – “Universal Transversa de Mercator”, de cada ponto amostrado e o valor da variável (z) foram o valor da CTC e seus elementos estudados nas diferenças de nível.

Para verificação da qualidade do ajuste do semivariograma aos dados experimentais foi utilizada a soma de quadrados do resíduo (SQR) que é melhor modelo matemático de semivariograma, em seguida utilizou-se à técnica de validação cruzada, para analisar o quão os dados estimados são semelhantes aos dados reais. A interpretação da dependência espacial (DE) dos dados do atributo estudado foi feita através da proporção em percentagem do efeito pepita (C0) em relação ao patamar (C0 + C1), e que de acordo com Cambardella et al. (1994), apresenta a seguinte proporção: (a) dependência forte < 25%; (b) dependência moderada de 26 a 75%, e (c) dependência fraca > 75%. Posteriormente, para interpolação dos dados utilizou-se a técnica de krigagem, para que fossem gerados os mapas de isovalores dos atributos estudados.

Resultados e Discussão

O solo da cordilheira foi classificado como LUVISSOLO HÁPLICO Órtico típico, apresenta uma característica particular, ao qual, segundo Soares et al. (2006) essa classe de solo pertence a extensões inexpressivas e isoladas remanescentes das áreas cuja formação geológica não diz respeito à Formação Pantanal. Couto e Oliveira (2009) descrevem que na região do Pantanal, são apenas identificadas a Subordem Argissolo Vermelho-Amarelo (ao qual apresentam cores vermelho-amareladas no matiz 5YR ou mais vermelho e mais amarelo que 2,5YR, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B, inclusive BA), tendo sua fertilidade variável. O critério de cor é bastante subjetivo uma vez que a variação de apenas uma unidade de valor e/ou croma pode mudar a classe dos solos ao nível de ordem, de Planossolo para Argissolo.

Dentro de cada área estudada foi observada uma diferença de nível de no máximo 30 cm. Couto e Oliveira (2008) descrevem que as diferenças de relevo, mesmo em poucos centímetros de altura, têm grandes efeitos em termos ecológicos e determinam seu período de inundação e seca.

Page 205: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

204

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Os solos das áreas de estudo desenvolveram-se sobre sedimentos fluviais. Onde a maior concentração do teor de areia em superfície segundo Nunes et al. (2001) indica maior energia das águas durante a deposição do sedimento.

Com base no estabelecido por Sousa e Lobato (2004), os valores para CTC observados nessa área foram baixos (Tabela 01). Estes resultados demonstram a singularidade dos solos do norte do Pantanal quanto às suas características químicas.

O comportamento espacial da Capacidade de Troca Catiônica Total em toda cordilheira em ambas as camadas: de 0 a 20 e de 40 a 60 cm respectivamente, apresentaram níveis não considerados adequados para o desenvolvimento das plantas. Sendo os maiores valores observados para a camada superficial de 0 a 20 cm.

O modelo matemático que melhor se ajustou para descrever a distribuição espacial da Capacidade de Troca Catiônica Total em ambas as profundidades estudadas dentro da cordilheira foi o Esférico (Figura 01A e B). Pode-se observar moderada dependência espacial, respectivamente para ambas as profundidades 0 a 20 cm (30%) e 40 a 60 cm (38%), e o coeficiente de regressão foram superiores a 85%, com alcance de dependência inferior a distancia máxima da área de estudo que foi de 116 m.

Tabela 1. Estatística descritiva da Capacidade de Troca Catiônica em (mmolc dm 3).

0 a 20 cm 40 a 60 cm

Media 34a 28,02b

Máximo 50,9 36,5

Mínimo 18,6 21,9

Amplitude 32,3 14,6

Desvio padrão 5,99 3,85

Coeficiente de Variação 18 14

Medias seguida de letras minúsculas, na mesma coluna, para cada área na mesma profundidade, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,01).

A B

Figura 1. Modelo de semivariograma para a distribuição espacial da CTC na profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a 60 cm (B).

Podem-se observar na Figura 02, que nas regiões da cordilheira onde estão presentes as cores vermelhas mais escuras são lugares que apresentam elevada Capacidade de Troca Catiônica Total (CTC), já as que apresentam cores mais claras possuem níveis mais baixos de (CTC). Neste contexto, a relação de cores escuras (CTC↑) é inversamente proporcional às cores mais claras (CTC↓). Sendo assim, os maiores valores de Capacidade de Troca Catiônica, foram observadas nas amostras coletadas na profundidade de 0 a 20 cm.

Page 206: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

205

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 2. Distribuição espacial da CTC na profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a 60 cm (B).

Conclusões

O uso da técnica de geoestatística possibilitou uma precisa descrição da variabilidade natural da CTC em toda a cordilheira em ambas as profundidades estudadas.

No que diz respeito à vegetação, essa descrição pode permitir também uma comparação com a distribuição espacial do carvoeiro, que predomina na região e possui função muito importante em relação à biodiversidade local.

Há uma moderada dependência espacial quanto a CTC no solo na cordilheira.

Referências

A. E. Field-scale variability of soil properties in Central Iowa soils. Soil. Sci. Soc. Am. J ., 58: 1501-1511, 1994.

COUTO, E..G.; OLIVEIRA, V.A. The Soil Diversity of the Pantanal. In: JUNK, W.J., Da Silva, C. J., Nunes da Cunha, C.; Wantzen, K. M.. (Org.). The Pantanal of Mato Grosso: ecology, biodiversity and sustainable management of a large neotropical seasonall wetland. Sofia: Pensoft. 2009. p.71-102.

KÖPPEN, W. Climatología. Buenos Aires: Fondo de Cultura, 1948. p. 152-192.

RONQUIM, C. C. Conceitos de fertilidade do solo e manejo adequado para as regiões tropicais . Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2010, 26 p. (Embrapa Monitoramento por Satélite. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento)

SOARES, A.F.; SILVA, J.S.V.; Ferrari, D.L. Solo da paisagem do Pantanal brasileiro adequação para o atual sistema de classificação. In: Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, 1. Campo Grande. Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, 1 . Campinas: Embrapa Informática Agropecuária. 2006.

SOUSA, D.M.G; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. Embrapa Informação Tecnológica, Brasília, 416 p. 2004.

Page 207: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

206

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Variabilidade espacial da saturação por bases em um a “cordilheira” no Pantanal Norte Mato-Grossense

Dione Castro 1, Raimisson de Oliveira Dias 1, Jackline Arantes Faria 1, Léo Adriano Chig 2, Eduardo Guimarães Couto 3

Resumo: As cordilheiras são lugares de pequenas elevações em forma de cordões, tendo importância em suas características químicas e físicas dos solos. Dentre as características químicas está presente a Saturação por Base, que é relacionado com a Soma das Bases em proporção a Capacidade de Troca Catiônica. Com isso o objetivo deste trabalho é verificar a variabilidade espacial no que diz respeito à Saturação por Bases em uma cordilheira no Pantanal Norte Mato-Grossense, possuindo características geomorfológicas. A área analisada através da geoestatística constituiu-se de uma parcela de 0,6 ha (6.000 m2) que teve seu limite georreferenciado. As amostras de solo foram coletadas em esquema de malha fixa de 10 x 10 metros, nas profundidades de 0 a 20 cm e de 40 a 60 cm, totalizando 60 pontos amostrais e de acordo com a profundidade foi possível inferir alguns valores em relação à quantidade de Saturação por Bases, possibilitando a comparação desses valores entre as profundidades e, de acordo com o semivariograma e modelo matemático esférico que melhor se ajustou para a descrição. Dentro de cada área estudada foi observada uma diferença de nível de no máximo 30 cm. Os teores de Saturação de Bases observados nessa área e em relação às duas profundidades foram baixos, tendo uma moderada a forte dependência espacial quanto à saturação por bases no solo da cordilheira. Dentro disso a predominância vegetal (Carvoeiro) nessas áreas, podemos concluir que o mesmo é bastante tolerante a níveis mais baixos de Saturação por Bases.

Palavras–chave: cordilheira, geoestatística, química do solo, semivariograma, modelo matemático esférico

Spatial variability of saturation on basis in a pal eoleeve in the Pantanal of Mato Grosso Spatial

Abstract: The Cordilleras are places of small elevations in the form of strings, having relevance in their chemical and physical characteristics of soils. Among the chemical is present for Base Saturation, which is related to the sum of the bases in proportion to Cation Exchange Capacity. Therefore, the objective of this study is to assess the spatial variability with respect to the saturation of bases in a mountain range in northern Pantanal of Mato Grosso, possessing geomorphological characteristics. The area analyzed using geostatistics consisted of a plot of 0.6 ha 6,000 m2) which was georeferenced its limit. Soil samples were collected in scheme fixed mesh of 10 x 10 meters, depths 0-20 cm and 40-60 cm, and a total of 60 sampling points according to the depth was possible to infer some values for the quantity Saturation by Foundations, enabling the comparison of these values between depths and, according to the mathematical model and spherical semivariogram best fit for the description. Within each study area we observed a level of at least 30 cm. The levels of saturation bases observed in this area and for the two depths were low, with a moderate to strong spatial dependence on the base saturation in the soil of the ridge. In addition the predominance vegetable (Carvoeiro) in these areas, we can conclude that it is quite tolerant of lower levels of saturation by bases.

Keywords: cordilheira, geostatistics, soil chemistry, semivariogram spherical mathematical model

Introdução

O Pantanal Mato-grossense é uma das maiores planícies alagadas do mundo, possuindo grandes terras inundáveis, sendo caracterizado como intensos depósitos de sedimentos, onde se encontra presente uma bacia sedimentar quaternária recente e tectonicamente ativa. Localizado na Bacia Hidrográfica do Alto do Paraguai, possuindo uma área de 138.183 km². Sendo provida de diferentes habitats com uma gama de diversidade animal, vegetal e de solos. O Pantanal armazena e reciclam nutrientes, os quais são arrastados pelo processo de erosão fluvial de altitudes superiores e depositados ali. Deste modo explica-se a abundância de seres Bióticos e Abióticos na região. A heterogeneidade da paisagem do Pantanal se apresenta relacionada à variadas facetas geomórficas; com isso condicionada as variações climáticas, geram uma grande variedade de

1 Estudante de Agronomia da Universidade de Cuiabá – UNIC, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100, 78065-900, Cuiabá, MT ([email protected]; [email protected]; [email protected]) 2 Professor Doutor da Universidade de Cuiabá, Pesquisador do Instituto Nacional de Áreas Úmidas, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100, 78065-900, Cuiabá, MT ([email protected]) 3 Prof. Dr. Associado de Ciência do Solo, DSER/FAMEV/UFMT, Av. Fernando Corrêa, s/n, Boa Esperança, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected])

Page 208: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

207

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

modelagem da superfície; dentre elas estão presentes as formas positivas (soerguimentos ou elevações) e as formas negativas (depressões ou rebaixamentos) tudo em relação ao relevo da região e/ou do local.

Neste contexto as Cordilheiras são lugares de pequenas elevações (variando de 1 a 6 m de altura) em forma de cordões, que constituem a topografia mais elevada da paisagem, onde a inundação ocorre somente em casos excepcionais, tendo importância nas características químicas e físicas dos solos. Dentre as características químicas do solo está presente a Saturação por Base (V%), onde segundo Ronquim (2010) o seu conceito está relacionado com a Soma das Bases (SB) presentes no solo, representado na seguinte equação: (SB= Ca + Mg + K + Na); dividido pela Capacidade de Troca Catiônica Total expressa na formula: (CTC= H+ Al + SB). Sendo assim: (V% = 100*SB/ CTC). A saturação por Bases também é utilizada como complemento na nomenclatura do solo, sendo um excelente indicativo das condições gerais de fertilidade. Sendo assim a porcentagem de V% no solo divide os mesmos em dois grupos: Os solos Eutrófico que são solos mais férteis onde a V% é igual ou superior a 50%, e os solos Distróficos que possui a V% inferior a 50%. Um índice V% baixo significa que há pequenas quantidades de cátions, como Ca, Mg e saturando as cargas negativas dos coloides e que a maioria delas está sendo neutralizada por H+ e Al3+ (RONQUIM, 2010).

Constata-se nas cordilheiras que a química do solo é pouco estudada e com a necessidade de estudos mais aprofundados dos solos do pantanal; este trabalho tem como objetivo verificar a variabilidade espacial no que diz respeito à saturação por bases em uma cordilheira no pantanal norte mato-grossense, contribuindo assim para o desmembramento do mesmo.

Material e Métodos

Este estudo foi realizado em uma área sob “cordilheira” (paleodiques) inseridas no Pantanal Mato-grossense, localizadas na sub-região de Poconé (MT), tendo como critério de seleção a vegetação local, com predominância de cerrado mesotrófico e presença de Carvoeiro (Callisthene fasciculata Mart.). O clima da região é classificado como Aw quente e úmido), segundo classificação de Köppen (1948), amplitude térmica é relativamente alta, com temperaturas entre 20 e 28ºC e as máximas ultrapassam a 40ºC. A radiação solar é intensa e perfaz 460 cal.cm2.dia-1. Dentro da área em estudo foi delimitada uma parcela de 0,6 ha (6.000 m2) e teve seu limite georreferenciado. Foram coletadas amostras de solo em esquema de malha fixa de 10 x 10 metros, nas profundidades de 0 a 20 cm e de 40 a 60 cm. Sendo ainda descrito um perfil representativo do solo. As amostras de solo após secar ao ar e peneiradas foram analisadas, para a determinação dos atributos químicos e físicos. A granulometria foi determinada pelo método do densímetro de Bouyoucos, após dispersão com NaOH 0,1 mol.L-1. Além disso, foram determinados os atributos químicos e físicos das amostras coletadas nos perfis de trincheira para a classificação pedológica. A análise estatística foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa, os dados foram submetidos à análise da estatística clássica, onde foram determinados: o teste de homogeneidade da variância, o teste de distribuição normal e estatística descritiva. Na segunda etapa foi utilizada a análise geoestatística para detecção de variabilidade espacial do objeto de estudo em um campo amostral. Utilizou-se o estimador usual do semivariograma, onde neste trabalho, as coordenadas de campos (x e y) utilizadas foram as coordenada UTM – “Universal Transversa de Mercator”, de cada ponto amostrado e o valor da variável (z) foi o valor da Saturação por Bases e seus elementos estudados nas diferença de nível.

Para verificação da qualidade do ajuste do semivariograma aos dados experimentais foi utilizada a soma de quadrados de resíduos (SQR) que é melhor modelo matemático de semivariograma, em seguida utilizou-se à técnica de validação cruzada, para analisar o quão os dados estimados são semelhantes aos dados reais. A interpretação da dependência espacial (DE) dos dados do atributo estudado foi feita através da proporção em percentagem do efeito pepita (C0) em relação ao patamar (C0 + C1), e que de acordo com Cambardella et al. (1994), apresenta a seguinte proporção: (a) dependência forte < 25%; (b) dependência moderada de 26 a 75%, e (c) dependência fraca > 75%. Posteriormente, para interpolação dos dados utilizou-se a técnica de krigagem, para que fossem gerados os mapas de isovalores dos atributos estudados.

Resultados e Discussão

O solo da cordilheira foi classificado como LUVISSOLO HÁPLICO Órtico típico, apresenta uma característica particular, ao qual, segundo Soares et al. (2006) está classe de solo pertence a extensões inexpressivas e isoladas, remanescentes das áreas cuja formação geológica não diz respeito à Formação Pantanal. Couto e Oliveira (2009) descrevem que na região do Pantanal, são apenas identificadas a Subordem

Page 209: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

208

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Argissolo Vermelho-Amarelo (ao qual apresentam cores vermelho-amareladas no matiz 5YR ou mais vermelho e mais amarelo que 2,5YR, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B, inclusive BA), tendo sua fertilidade variável. O critério de cor é bastante subjetivo uma vez que a variação de apenas uma unidade de valor e/ou croma pode mudar a classe dos solos ao nível de ordem, de Planossolo para Argissolo.

Dentro de cada área estudada foi observada uma diferença de nível de no máximo 30 cm. Couto e Oliveira (2008) descrevem que as diferenças de relevo, mesmo em poucos centímetros de altura, têm grandes efeitos em termos ecológicos e determinam seu período de inundação e seca. Os solos das áreas de estudo desenvolveram-se sobre sedimentos fluviais. Onde a maior concentração do teor de areia em superfície indica maior energia das águas durante a deposição dos sedimentos. Os teores de (V%) observados nessa área foram baixos (Tabela 01). Estes resultados demonstram a singularidade dos solos do norte do Pantanal quanto às suas características químicas.

Tabela 1 . Estatística descritiva dos valores de saturação em bases

0 a 20 cm 40 a 60 cm

Média 26,8b 29,06a

Máximo 45,3 34,71

Mínimo 14,46 23,43

Amplitude 30,84 11,28

Desvio padrão 6,28 2,94

Coeficiente de variação 23 10 Médias seguida de letras minúsculas, na mesma linha, para profundidades diferentes, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,01).

O comportamento espacial do valor de saturação por bases em boa parte da cordilheira em ambas as camadas: de 0 a 20 e de 40 a 60 cm respectivamente, apresentaram níveis que podem ser considerados adequados para o desenvolvimento das plantas segundo metodologia proposta por Sousa & Lobato (2004). Porem em algumas áreas, dentro da cordilheira pode-se observar valores que podem ser considerados críticos abaixo de 20%. O modelo matemático que melhor se ajustou para descrever a distribuição espacial da saturação por bases em ambas as profundidades estudadas dentro da cordilheira foi o Esférico (Figura 01 A e B). Pode-se observar moderada (44%) a forte (11%) dependência espacial, respectivamente para ambas as profundidades (0 a 20 e 40 a 60 cm), e o coeficiente de regressão foram superiores a 45%, com alcance de dependência inferior a distancia máxima da área de estudo que foi de 116 m.

A B

Figura 1. Modelo de semivariograma para a distribuição espacial dos tores de Saturação de Bases na profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a 60 cm (B).

Pode-se observar na Figura 02, que nas regiões da cordilheira onde estão presentes as cores vermelhas mais escuras são lugares que apresentam os teores elevados de Saturação por base, já as que apresentam cores mais claras possuem níveis mais baixos de (V%). Neste contexto, a relação de cores escuras (V% ↑) é inversamente proporcional às cores mais claras (V% ↓). Sendo assim, na amostra com a profundidade de 0 a 20 cm tivemos o máximo de (V%) é igual a 36% e o mínimo de 21%; Agora levando em consideração a amostra de 40 a 60 cm o nível máximo de (V%) é igual a 34% e o mínimo 24%.

Page 210: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

209

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 2. Distribuição espacial dos tores de Saturação de Bases na profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a 60 cm (B).

Está área foi caracterizada devido à grande presença do Carvoeiro, e correlacionado com a saturação por bases baixas.

Conclusões

O uso da técnica de geoestatística possibilitou uma precisa descrição da variabilidade natural da saturação de bases em toda a cordilheira em ambas as profundidades estudadas. Há uma moderada a forte dependência espacial quanto à saturação por bases no solo da cordilheira. No que diz respeito a vegetação, essa descrição pode permitir também uma comparação com a distribuição espacial do carvoeiro, que predomina na região e possui funções muito importante em relação a biodiversidade do local. Levando em consideração a predominância vegetal do Carvoeiro nessas áreas, podemos concluir que o mesmo é bastante tolerante a níveis mais baixos de V%.

Referências

CAMBARDELLA, C. A.; MOORNA, T. B.; NOVAK, J. M.; PARKIN, T. B.; KARLEN, D. L.; TURCO, R. F.; KONOPKA, A. E. Field-scale variability of soil properties in Central Iowa soils. Soil. Sci. Soc. Am. J ., 58: 1501-1511, 1994.

COUTO, E.G.; OLIVEIRA, V.A. The Soil Diversity of the Pantanal. In: JUNK, W.J., Da Silva, C. J., Nunes da Cunha, C.; Wantzen, K. M.. (Org.). The Pantanal of Mato Grosso: Ecology, biodiviersity and sustainable management of a large neotropical seasonall wetland . Sofia: Pensoft. 2009. p.71-102.

KÖPPEN, W. Climatología. Buenos Aires: Fondo de Cultura, 1948. p. 152-192.

RONQUIM, C. C. Conceitos de fertilidade do solo e manejo adequado para as regiões tropicais . Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2010, 26 p. (Embrapa Monitoramento por Satélite. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento)

SOARES, A.F.; SILVA, J.S.V., Ferrari, D.L. Solo da paisagem do Pantanal brasileiro adequação para o atual sistema de classificação. In: Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, 1. Campo Grande. Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, 1 . Campinas: Embrapa Informática Agropecuária. 2006.

SOUSA, D.M.G; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. Embrapa Infor mação Tecnológica , Brasília, 416 p. 2004.

Page 211: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

210

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Variação anual do peso vivo e condição corporal de vacas de cria no Pantanal Sul-Mato-Grossense: vacas paridas e solteiras 1

Marcos Mitsuo Sonohata 2, Daniele Portela de Oliveira 3, Urbano Gomes Pinto de Abreu 4, Luisa Melville Paiva 5, Francielen Maria Santi 6

Resumo: O estudo foi realizado com objetivo de monitorar o comportamento do peso vivo e a condição corporal de vacas paridas e solteiras ao longo de um ano de estudo. Para tanto, utilizou-se informações de peso vivo e condição corporal de 175 vacas aneloradas, sendo: 97 vacas paridas e 78 vacas solteiras pertencentes a uma propriedade particular que realiza a atividade de cria extensiva em pasto nativo, na sub-região do Paiaguás, Pantanal Sul – Mato - Grossense. As informações de peso vivo e condição corporal foram obtidas mediante seis coletas realizadas a cada dois meses de dezembro de 2010 a outubro de 2011. O peso vivo das matrizes foi obtido sem jejum prévio, sempre no primeiro período da manhã, acompanhado da avaliação subjetiva da condição corporal, respeitando uma escala de 1 a 6 pontos. As médias, desvios padrões e o coeficiente de variação e o teste F para as características em cada categoria por período de coleta foram realizadas por meio do programa R. As médias dos parâmetros avaliados considerados significativos foram comparadas através do Teste de Tukey a 5 % de probabilidade de erro. As vacas solteiras apresentaram médias de peso vivo e escore de condição corporal superiores (P<0,05) em relação às vacas paridas ao longo do período de estudo. As variáveis peso vivo e condição corporal apresentaram curvas semelhantes com comportamento quadrático entre vacas paridas e solteiras. Para o peso vivo, a parte côncava da curva para vacas solteiras foi mais pronunciada quando comparadas com as vacas paridas. A condição corporal de ambas as categorias de vacas apresentou resposta mais rápida em relação ao peso vivo em função do período de avaliação. Pode-se concluir que o peso vivo e a condição corporal estiveram relacionados com diferentes períodos do ano no sistema de cria extensivo em pasto nativo, na sub-região do Paiaguás.

Palavras–chave: Bovinos de corte, desempenho produtivo, escore de condição corporal, multíparas.

Annual variation in body weight and body condition of beef cows in the Pantanal Sul – Mato - Grossense : calving and single cows

Abstract: The study was conducted to monitor the behavior of live weight and body condition of cows calved and single over a year of study. Therefore, we used information on weight and body condition of 175 Nelore cows, being: 97 cows calved and 78 cows single belonging to private property that performs the activity creates extensive native pasture in the sub-region Paiaguás, Pantanal Sul - Mato - Grossense. The information weight and body condition were obtained by six collect held every two months from december 2010 to october 2011. The weight of the matrices were obtained without previous fasting, always in the first period in the morning, accompanied by the subjective evaluation of body condition, respecting a scale 1 - 6 score. The averages, standard deviation and coefficient of variation and the F test for the characteristics in each category by collection period were performed using the program R. The averages of these parameters were considered significant compared by Tukey test at 5% probability of error. Cows presented single averages live weight and body condition score higher (P <0.05) toward the cows calved during the study period. The variables weight and body condition showed similar curves with quadratic behavior between calving cows and single cows. For weight, the concave part of the curve for single cows was more pronounced when compared to cows calved. The body condition from both categories of cows showed faster response in relation to live weight as a function of the evaluation period. It can be concluded that the live weight and body condition were related to different periods of the year in extensive system creating on native pasture in the sub-region Paiaguás.

Keywords: Beef cattle, body condition score, productive performance, multiparous.

1 Um estudo de caso. 2 Zootecnista autônomo, Mestre em Zootecnia pelo PPGZOO/UUA/UEMS, Caixa Postal 32, 79400-000, Coxim, MS ([email protected]) 3 Doutoranda do programa de Pós-Graduação em Zootecnia FCAV/UNESP, 14884-900, Jaboticabal, SP ([email protected]) 4 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Professora do Departamento de Pós-Graduação em Zootecnia PPGZOO/UUA/UEMS, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 6 Professora do Departamento de Graduação em Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera de Dourados - FAD, 79825-150, Dourados, MS ([email protected])

Page 212: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

211

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Introdução

A fase de cria extensiva em pastagens nativas consiste na principal atividade econômica realizada pelos produtores de bovinos de corte na região do Pantanal Sul-Mato-Grossense. Neste sistema de produção, o desempenho reprodutivo e produtivo de vacas de cria está intimamente relacionado com a condição nutricional ao qual estão submetidas, sendo está situação dependente da quantidade e qualidade nutricional das pastagens nativas que variam em determinados períodos do ano. Esse fator determina se a vaca apresentará condições de peso e estado corporal satisfatórios para desempenhar a atividade reprodutiva.

Segundo Santos et al. (2010), parâmetros que avaliem a condição nutricional de bovinos são úteis para quantificar a extensão em que o animais são afetados pela dieta que estão consumindo, doenças e ou outros fatores ambientais. Neste caso, especialmente as oscilações na quantidade e qualidade nutricional das pastagens nativas. De acordo com Ndlovu et al. (2007), os métodos tradicionais mais utilizados na avaliação do estado nutricional de bovinos corte são o peso e escore de condição corporal, sendo estes parâmetros aplicados na avaliação de vacas de cria no Pantanal Sul-Mato-Grossense (BATISTA et al., 2012; SANTOS et al., 2009). Portanto, as ferramentas para monitorar as pastagens e a condição nutricional das matrizes são importantes para auxílio no estabelecimento de estratégias e tomadas de decisões de manejo nutricional e no descarte de vacas improdutivas.

Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de estudar o comportamento do peso vivo e da condição corporal de vacas paridas e solteiras ao longo de um ano.

Material e Métodos

O trabalho foi desenvolvido com informações de um rebanho comercial de bovinos de corte de uma propriedade particular que realiza a atividade de cria extensiva em pasto nativo e está localizada na sub - região do Paiaguás, Pantanal Sul-Mato-Grossense município de Coxim - MS. Foram analisadas informações de peso vivo e condição corporal de 175 vacas aneloradas, multíparas com idade entre cinco e doze anos. Divididas em duas categorias, como vacas paridas (97) e vacas solteiras (78), identificadas individualmente.

As vacas foram criadas em regime de pastejo extensivo e manejadas em um mesmo lote nas mesmas condições de pastagens, onde permaneceram durante todo o período de avaliação recebendo mistura mineral e água à vontade.

Foram efetuadas seis avaliações de peso vivo e condição corporal por vaca ao longo de um ano de estudo, sendo as coletas realizadas com um intervalo de aproximadamente 60 dias. Com início no mês de dezembro de 2010 e término no mês de outubro de 2011, num total de 525 observações de peso vivo e escore de condição corporal para vacas parídas e 442 observações de peso vivo e escore de condição corporal para vacas solteiras.

O peso vivo das matrizes foi obtido no primeiro período da manhã, sem jejum prévio, além da avaliação subjetiva do escore de condição corporal, no qual cada vaca recebeu um escore dentro de uma escala de 1 a 6 pontos conforme metodologia desenvolvida por Rosa et al. (2000).

As informações foram processadas por meio do programa R (R Development Core Team, 2013), onde foram obtidas as médias, o desvio padrão e o coeficiente de variação do peso vivo e da condição corporal por categoria em cada período de coleta. A comparação múltipla das médias de peso vivo e da condição corporal de cada categoria analisada foi realizada pelo teste de Tukey e considerada significativa a 5% de probabilidade de erro.

Resultados e Discussão

Neste trabalho, verificou-se efeito significativo (P<0,05) da situação da vaca sobre o peso vivo e a condição corporal durante o período estudado (Tabela 1). Os resultados indicam que vacas solteiras apresentaram maior peso vivo e condição corporal em relação às vacas paridas.

O menor peso vivo e condição corporal de vacas paridas pode estar relacionado a deficiências nas exigências nutricionais em função da baixa quantidade e qualidade nutricional das pastagens nativas em determinados períodos do ano sendo necessária a mobilização de tecidos corporais para suprir a demanda das energias de mantença e lactação.

Page 213: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

212

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Tabela 1. Número de observações (N), média, desvio-padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) do peso vivo (kg) e escore da condição corporal (ECC) de vacas paridas e solteiras no ano de avaliação (2010 a 2011), sub-região do Paiaguás, Pantanal Sul-Mato-Grossense.

Categorias N Peso vivo

Média ± DP

Escore da condição corporal

Média ± DP

Vacas Paridas 97 341,36 ± 37,19b 3,43 ± 0,66b

Vacas Solteiras 78 353,35 ± 28,56a 3,64 ± 0,59a

Valor de P <0,004 <0,001

CV(%) 9,40 17,88 a,b Médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. ECC: Escala de 1 a 6 pontos.

Tabela 2. Números de registros (N), média, desvio-padrão (DP), coeficiente de variação (CV) de peso vivo (kg) e escore da condição corporal para vacas paridas e solteiras coletados no ano entre 2010 a 2011, na sub-região do Paiaguás, Pantanal Sul-Mato-Grossense.

Vacas solteiras Vacas Paridas

Mês de coleta N Média ± DP N Média ± DP

Dezembro 2010 97 329,76 ± 25,62e 78 341,16 ± 29,35e

Fevereiro 2011 89 339,36 ± 27,53c 70 350,72 ± 33,21cd

Abril 2011 90 347,77 ± 23,42ab 75 361,98 ± 29,48ab

Junho 2011 94 357,36 ± 32,15a 75 368,87 ± 35,12a

Agosto 2011 90 341,81 ± 29,58bc 73 354,31 ± 33,15bc

Pes

o vi

vo

Outubro 2011 92 332,14 ± 26,82d 71 343,07 ± 28,53d

CV (%) 8,05 8,89

Dezembro 2010 97 3,32 ± 0,42d 78 3,57 ± 0,56d

Fevereiro 2011 89 3,52 ± 0,59ab 70 3,62 ± 0,67c

Abril 2011 90 3,60 ± 0,49a 75 3,73 ± 0,55ab

Junho 2011 94 3,48 ± 0,52bc 75 3,81 ± 0,69a

Agosto 2011 90 3,40 ± 0,39cd 73 3,64 ± 0,63bc

EC

C

Outubro 2011 92 3,28 ± 0,47e 71 3,53 ± 0,59e

CV(%) 13,95 16,84 a,b Médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. ECC: Escala de 1 a 6 pontos.

Avaliando as médias do peso vivo e do escore da condição corporal de vacas paridas e solteiras distribuídas ao longo do ano de estudo, observou-se um comportamento similar entre as categorias, com ganho de peso durante o período de melhor qualidade das pastagens, dezembro a junho, com posterior perda de peso vivo e condição corporal nas coletas de junho a outubro, coincidindo com o período de seca na região e, consequentemente, com a baixa quantidade e qualidade nutricional das pastagens (Tabela 2).

Na Figura 1, está descrito o comportamento do peso vivo de vacas paridas e solteiras ao longo do período de estudo.

Page 214: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

213

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Figura 1. Peso vivo em função dos meses de coleta de informações das vacas paridas e solteiras criadas extensivamente na sub-região do Paiaguás, Pantanal Sul-Mato-Grossense.

Verificou-se efeito quadrático significativo (P<0,05) do período de coleta sobre o peso vivo de vacas paridas e solteiras em que ambas as categorias apresentaram um comportamento semelhante entre as médias de peso vivo encontrado (Figura 1). O modelo foi representando por uma curva análoga entre as categorias estudadas, sendo descrita por uma equação quadrática. No entanto, observou-se que a curva para o peso vivo de vacas paridas apresentou coeficiente angular menor (331,58) em relação às vacas solteiras (344,20), demonstrando que essa categoria de fêmeas foi mais influenciada pela variação ambiental durante o período de avaliação. Este fato pode estar relacionado a baixa quantidade e qualidade nutricional das pastagens. Segundo Santos et al. (2009), a nutrição é um dos fatores de maior efeito no desempenho reprodutivo e produtivo dos rebanhos de vacas de cria na região do Pantanal.

Na Figura 2, está descrito o comportamento do escore da condição corporal (ECC) de vacas paridas e solteiras em função do período de coleta numa escala de 1 a 6 pontos.

Figura 2. Escore de condição corporal (ECC) em função dos meses de coleta de informações (2010-2011) de vacas paridas e solteiras criadas extensivamente na sub-região do Paiaguás, Pantanal Sul-Mato-Grossense.

Para o ECC das vacas paridas e solteiras foram obtidos valores de escores entre um e dois, em uma escala de 1 a 6 pontos, respectivamente. Não foram observados ECC inferior a 1 e superior a 5 para ambas as categorias de vacas estudadas.

O ECC de vacas paridas e solteiras variou em função do período de coleta (P<0,05; Figura 2), apresentando um comportamento similar ao do peso vivo. O comportamento do ECC de vacas paridas e solteiras foi descrito por uma função quadrática, pois apresentou melhor ajuste a variável analisada. Observou-se que a curva que caracteriza a condição corporal sofreu uma queda mais acentuada em relação ao peso vivo. Segundo Freneau et al. (2008), este fato pode estar relacionado ao tipo de variável, já que esta depende diretamente do avaliador. O autor ressalta que é comum haver uma variação de uma ou duas unidades na condição corporal das vacas ao longo do ano, principalmente em virtude das variações na qualidade e quantidade de forragem e da fase do ciclo reprodutivo da fêmea.

Page 215: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

214

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Outra possibilidade seria o fato da condição corporal ser mais sensível e apresentar mudanças fisiológicas mais rápidas que o peso vivo, tendo em vista a deficiência nutricional das matrizes. De certa forma, mudanças observadas na condição corporal consistem em um indicador mais próximo do status nutricional do rebanho podendo ser recomendado no estudo das variações do peso vivo, pois vários fatores podem influenciar essas mensurações, como o tamanho do animal, raça, condição fisiológica, gestação, enchimento do rúmen entre outros.

O monitoramento do peso vivo e da condição corporal dos rebanhos de vacas de cria no Pantanal, consiste em uma importante ferramenta na tomada de decisão e planos de estratégias alimentares em certos períodos do ano.

Conclusões

Neste sistema extensivo de produção de bovinos de corte as vacas solteiras apresentaram maior desempenho produtivo para o peso vivo e escore da condição corporal durante o ano de estudo.

O peso vivo e a condição corporal de vacas paridas e solteiras esteve relacionado com os diferentes períodos do ano, comportando-se de maneira análoga.

A realização de um manejo nutricional em períodos críticos de restrição alimentar pode influenciar positivamente no desempenho reprodutivo e produtivo de vacas paridas, na sub-região do Paiaguás, Pantanal Sul-Mato-Grossense município de Coxim.

Referências

BATISTA, D.S.N.; ABREU, U.G.P.; FERRAZ FILHO, P.B.; ROSA, A.N. índices reprodutivos do rebanho Nelore da fazenda Nhumirim, Pantanal da Nhecolândia. Acta Scientiarum , v.34, n.1, p.71-76, 2012.

FRENEAU, G.E.; SILVA, J.C.C.; BORJAS, A.L.R.; AMORIM, C. Estudo de medidas corporais, peso vivo e condição corporal de fêmeas da raça nelore Bos taurus indicus ao longo de doze meses. Ciência Animal Brasileira , v.9, n.1, p.76-85, 2008.

NDLOVU, T.; CHIMONYO, M.; OKON, A. I.; MUCHENJE, V.; DZAMA, K.; RAATS, J. G. Assessing the nutritional status of beef cattle: current practices and future prospects. African Journal of Biotechnology , v.6, n.24, p.2727 - 2734, 2007.

ROSA, A.N.; SILVA, L.O.O.; THIAGO, L.R.L. Avaliação do escore da condição corporal em zebuíno s. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2000. (Embrapa Gado de Corte. Folder).

SANTOS, S.A.; ABREU, U.G.P.; SOUZA, G.S.; CATTO, J.B. Condição corporal, variação de peso e desempenho reprodutivo de vacas de cria em pastagem nativa no Pantanal. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.2, p.354-360, 2009.

SANTOS, S. A.; JULIANO, R. S.; TOMICH, T. R.; SILVA, R. A. M. S.; RIBEIRO, C. B.; RAVAGLIA, E. Avaliação da uréia sérica, escore corporal e peso de fêmeas b ovinas em pastagem nativa, Pantanal Mato-Grossense-do-Sul . Corumbá: Embrapa Pantanal, 2010. 4p. (Embrapa Pantanal. Circular Técnica, 95).

Page 216: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

215

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Variação da concentração de carbono orgânico total na bacia do rio Cuiabá, MT 1

Débora F. Calheiros 2, Eliana F. G. C. Dores 3, Peter Zeilhofer 4, Alício A. Pinto 5, Márcio de Jesus Mecca 6, Paulo Almeida 7, Luanna Menithen S. Santos 8, Rafhael S. F. de Amorim 9, Mário Netto 10

O material particulado em suspensão e as substâncias dissolvidas resultantes da drenagem da bacia hidrográfica atuam como integradores dos processos naturais e/ou antrópicos ao longo do sistema fluvial. Os elementos transportados pelos rios desempenham importante função nos ambientes aquáticos, pois constituem fontes de energia em trânsito ou acumulada, além de influenciarem sua biogeoquímica. As pesquisas sobre dinâmica sazonal de formas de carbono nas águas dos rios formadores do Pantanal são raras e na bacia do rio Cuiabá - MT inexistentes. As amostras de água para análise de carbono orgânico total (COT) foram coletadas mensalmente, de setembro de 2012 a agosto de 2013, em 15 pontos de coleta ao longo dos principais tributários como Cuiabá, Manso, São Lourenço, Vermelho, Tenente Amaral e Ponte de Pedra, tanto em suas regiões de planalto quanto nas de planície. As amostras foram tomadas na camada superficial da coluna d’água, nas duas margens e na região central de uma seção transversal dos rios sob estudo, sendo acondicionadas, respectivamente, em três frascos de polietileno, preservadas com ácido fosfórico (H3PO4) a pH ≤ 2,0 e mantidas sob refrigeração. As análises foram realizadas em amostra composta, em triplicata, no Laboratório de Físico-Química do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMT no Equipamento TOC AURORA 1030W com amostrador automático, utilizando-se água ultrapura para a limpeza das vidrarias e preparo de padrões, obtida em Purificador GEHAKA – Master System – MS 2000. Os resultados de COT obtidos variaram de 0,70 a 12,0 mg.L-1, sendo mais elevados ( > 4,0 mg.L-1) nos rios com maior concentração de material em suspensão e nos ambientes da planície pantaneira, em especial na fase de chuvas, alcançando até 12 mg.L-1. A perda de solos por escoamento superficial e maior lixiviação da solução de solo na época de chuvas na região de planalto, bem como os processos de decomposição de matéria orgânica submersa nas áreas de inundação da planície são os prováveis processos responsáveis pelos valores mais elevados observados.

1 Projeto PRONEX/FAPEMAT 2 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, cedida para a UFMT – Depto. de Geografia, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected]) 3 Professora do Departamento de Química, UFMT, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected]) 4 Professor do Departamento de Geografia, UFMT, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected]) 5 Professor Adjunto (Aposentado) do Departamento de Química, UFMT, 78050-560, Cuiabá, MT ([email protected]) 6 Técnico do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFMT, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected]) 7 Técnico do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFMT, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected]) 8 Acadêmico do Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFMT, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected]) 9 Acadêmico do Curso Técnico de Meio Ambiente, IFMT - Cuiabá/Bela Vista, 78050-560, Cuiabá, MT ([email protected]) 10 Acadêmico do Curso Técnico de Química, IFMT - Cuiabá/Bela Vista, 78050-560, Cuiabá, MT ([email protected])

Page 217: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

216

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Análise da composição de classes de fitoplâncton em lagoa urbana da bacia do rio Aquidauana

Marivania Silva Santos das Chagas 1, Ricardo Henrique Gentil Pereira 2, Diego Fialho da Silva 3, Luciano de Oliveira Falcão de Souza 4

A composição de organismos fitoplanctônicos é de importância fundamental para os ecossistemas aquáticos, principalmente como produtores primários na cadeia trófica, mas também como bioindicadores de qualidade ambiental, podendo revelar o impacto causado por ocupação urbana. Com o objetivo de caracterizar a distribuição e composição das comunidades fitoplanctônicas de lagoas em áreas urbanas, foi desenvolvido um estudo na Lagoa Comprida, localizada no município de Aquidauana, MS, para tanto foi realizado um total de quatro coletas nas quais foram demarcados cinco pontos amostrais em todas as estações do ano no período que compreendeu os meses de agosto de 2011 a maio de 2012. Nos pontos previamente delimitados foram coletadas amostras da água próxima à superfície com ajuda de um balde de 20 litros, sendo filtrado um total de 100 litros de água em rede de fitoplâncton de 20 micrômetros de abertura de malha, o material foi fixado com formol a 4%. As amostras foram levadas para o Laboratório de Hidrologia Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde foram feitas as análises físicas e químicas da água e a identificação das algas com o auxílio de microscópio e de referências bibliográficas específicas. Os resultados demonstraram que o valor máximo de condutividade elétrica, 52,9 uS/cm, foi registrado no mês de agosto. O oxigênio dissolvido apresentou grandes variações entre os pontos durante as coletas, apresentando a concentração mínima de 0,190 mg.L-1 no ponto 02 no mês de março de 2012 e a maior concentração registrada na coleta de agosto de 2011 com 9.740 mg/l, referente ao ponto 03. No estudo da lagoa Comprida foram encontrados 8 classes taxonômicas de fitoplâncton: Euglenophyceae 06 táxons, Cyanophyceae 05 táxons, Clamidophyceae 03 táxons, Clorophyceae 08 táxons, Zygnematophyceae 23 táxons, Crysophyceae 03 táxons, Eustigmatophycea 02 táxons. As maiores frequências encontradas foram de gêneros pertencentes as classes Zygnematophycea considerada classe dominante com 53% de presença de indivíduos por amostra analisada e Chlorophyceae com 46%. A maior frequência mostrou correlação positiva com o maior índice de luminosidade, profundidade e DBO.

1 Acadêmica do curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected]) 2 Professor e Pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected]) 3Acadêmico do curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected]) 4 Acadêmico do curso de Ciências Biológicas e bolsista do Programa de Iniciação Científica, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Aquidauana, MS.

Page 218: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

217

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Análise hematológica e de hemoparasitas em uma popu lação de Caiman yacare na estação de seca do Pantanal, MS

Suelem Martini Assmann 1, Marcia Regina Russo 2, Paulo Ricardo Barbosa de Souza 3, Rodney Murillo Peixoto Couto 4, Tatiene Mendonça Zenni 5

A presença de endoparasitas em répteis como o Caiman yacare é comum tanto em ambiente natural como em cativeiros. Muitos animais invertebrados podem ser vetores desses parasitas sanguíneos e até mesmo, hospedeiros definitivos, como moscas, carrapatos, sanguessugas. A importância de nos atentar para essa relação parasita-hospedeiro se dá por desequilíbrios ecológicos diversos que esses animais podem sofrer, alterando negativamente esta relação. Infestações de endoparasitas podem desencadear doenças infectoparasitárias, tornando assim prejudiciais no organismo do indivíduo. Neste contexto, a análise hematológica nesses animais torna-se uma ferramenta para estudos sanitários e da qualidade do ambiente em que vivem. Este trabalho foi realizado entre os dias 14 a 21 de Junho de 2013, na região do Passo do Lontra, município de Miranda/MS. Foram capturados e mobilizados mecanicamente 10 animais, com a ajuda de um cabo de aço e cordas, com a devida aprovação do comitê de ética da faculdade. A retirada do sangue foi feita por punção venosa através do seio occipital, com uma seringa hipodérmica. O sangue foi armazenado em tubos devidamente identificados para cada amostra, contendo anticoagulante (EDTA), mantido em uma caixa de isopor contendo gelo reutilizável em gel por sete dias, durante as coletas. Também foram retiradas algumas medidas biométricas (Comprimento Rostro Cloacal, Comprimento Total e peso) e a sexagem de cada indivíduo. Posteriormente a essa etapa, foram feitos em laboratório, esfregaços sanguíneos em lâminas e a coloração com Giemsa. Com o auxílio de um microscópio ótico, foi feita a contagem das células observadas, através da metodologia padrão, onde foi feita contagem de 2.000 células nos campos observados. O número de hemoparasitas encontrados foi obtido nos mesmos campos de análise, dentre as células contadas. Feita a análise estatística descritiva dos dados encontrados, os resultados parciais indicaram a presença de hemoparasitas em 90% (9/10) dos animais. Foram encontrados hemoparasitas das espécies Hepatozoon caimani da família Haemogragarinidae, parasitando eritrócitos na sua maioria. A média do comprimento total dos indivíduos amostrados foi de 137 cm, com um desvio padrão de 485 cm (devido à grandes diversidade de tamanhos), sendo na maioria indivíduos fêmeas (7/10). O trabalho deve continuar com a coleta de amostras em outros períodos do ano, para que possamos fazer análises comparativas do grau de infestação por hemoparasitas durante os períodos de seca e de chuva na região do Pantanal.

1 Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal da Grande Dourados, Caixa Postal 533, 79804-970, Dourados, MS ([email protected]) 2 Professora Doutora da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Federal da Grande Dourados, Caixa Postal 533, 79804-970, Dourados, MS ([email protected]) 3 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade e bolsista CAPES Universidade Federal da Grande Dourados, Caixa Postal 533, 79804-970, Dourados, MS ([email protected]) 4 Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal da Grande Dourados, Caixa Postal 533, 79804-970, Dourados, MS ([email protected]) 5 Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal da Grande Dourados, Caixa Postal 533, 79.804-970, Dourados, MS ([email protected])

Page 219: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

218

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Avaliação da balneabilidade da água da ‘Prainha’ de Anastácio, rio Aquidauana, Anastácio, MS

Fabiula Aletéia de Souza 1, Thaiany Alonso Rodrigues 2, Suelen Martins Gonçalves 3, Adriana de Barros 4, Diego Fialho da Silva 5, Ricardo Henrique Gentil Pereira 6

A população de Aquidauana e Anastácio costuma utilizar a “prainha” como balneário, para realizar atividades de recreação. O clima local com temperaturas elevadas e a localização estratégica do rio Aquidauana que corta as duas cidades favorecem essa prática. A balneabilidade é um conceito que faz referência à questão da qualidade das águas, sendo este termo entendido como o contato direto e prolongado, onde há possibilidade de ingestão de água em certa quantidade. Este trabalho tem por objetivo fazer uma análise microbiológica para avaliar as condições de balneabilidade das águas da “prainha” da cidade de Anastácio-MS, por onde passa o rio Aquidauana, e também avaliar a percepção da população que utiliza este local e as águas do rio Aquidauana como lazer e recreação de suas famílias. O trabalho foi desenvolvido a partir de um questionário aplicado a dez famílias que frequentam a “prainha”, realizado no dia 29 de setembro de 2013. A coleta da água para a análise dos índices de coliformes fecais e a análise da sonda multiparâmetra foram realizadas nos dias 27 e 30 de setembro de 2013 em três pontos diferentes localizados a 100 metros de distância um do outro, abrangendo as áreas de banho da população. Para realizar a análise de coliformes foi utilizado método usual. As amostras foram coletadas na porção superior do rio Aquidauana em frascos de vidro esterilizados em autoclave por 20 minutos a 120°C e mantidos em isopor até o momento da análise no laboratório. Os caldos de Água Peptonada, Lauril Simples, Lauril Duplo, EC e Bile foram preparados utilizando a diluição indicada pelo fabricante. Depois de colocadas as quantidades indicadas de cada caldo nos tubos, os mesmos foram tampados e autoclavados a 120°C por 20 minutos. Depois de frios, os tubos for am numerados e dispostos em fileiras de 03 tubos. Com auxílio de um pipetador automático de ponteiras esterilizadas, foi tranferido 1 mL da amostra para cada tubo contendo 9 mL de água peptonada. Preparou-se, assim, a primeira diluição decimal (10¯¹), correspondente a 0,1 mL da amostra. Homogeneizou-se a primeira diluição (10¯¹) e transferiu-se 1 ml desta solução para cada outro tubo contendo 9 mL de água peptonada, conseguindo-se, assim, a segunda diluição decimal (10²־), correspondente a 0,01 mL da amostra. Procedeu-se dessa maneira para a terceira diluição (10-3). Em seguida, foi transferido 1 mL de cada tubo de água peptonada para seu tubo correspondente, contendo LD e LS. Os tubos foram levados à estufa por 48h a uma temperatura de 35 + 0,5 ºC. Em seguida, foi transferida cada cultura com resultado presuntivo positivo, para caldo lactosado com verde brilhante e bile a 2%, já contendo um tubo de Duhran invertido, com o auxílio de uma alça de platina. A incubação foi feita a 35 + 0,5 ºC, durante 48 horas. As culturas com resultados positivos foram para tubos contendo meio EC, também com auxílio de uma alça de platina e, em seguida, incubados durante 24 +2 horas a 44,5 + 0,2 ºC em banho-maria. A determinação do número de coliformes totais e fecais foi finalizada por meio de contagem dos tubos com amostras positivas e correlação com tabela específica do método. Ao analisar os questionários respondidos pelos usuários da “prainha” pôde-se perceber que a população pensa que a água do rio, pelo fato de ser corrente, não proporciona nenhum mal à saúde. Os resultados obtidos no dia 27 de setembro com a análise de coliformes totais foram: P1: 4600/ P2: 11000 e P3: 11000 e coliformes termotolerantes foram: P1: 1500/ P2: 1100/ P3: 280. No dia 30 de setembro os resultados de coliformes fecais obtidos foram: P1: 1500/ P2: 24.000/ P3: 11000 e coliformes termotolerantes foram: P1: 230/ P2: 11000/ P3: 4600. De acordo com a classificação estabelecida pela Resolução CONAMA 274/2000, as águas impróprias para banho são as que apresentam acima de 1.000 coliformes fecais por 100 mL de água, em no mínimo duas amostras de cinco analisadas, ou quando o valor obtido na última amostragem for superior a 2.500 coliformes fecais, comprovando assim que a “prainha” de Anastácio-MS não possui as condições necessárias para ser utilizada como balneário pela população.

1 Graduanda em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 2 Graduanda em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 3 Graduanda em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS [email protected]) 4 Técnica do Laboratório de Hidrologia, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 5 Graduando em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected]) 6 Professor Doutor, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])

Page 220: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

219

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Avaliação preliminar da aceitação de mudas de plant as apícolas fornecidas a agricultores familiares de Corumbá 1

Michael de Souza Toledo 2, Alberto Feiden 3, Marçal Henrique Amici Jorge 3, Vanderlei Doniseti Acassio dos Reis 3

Foi realizado um trabalho de avaliação preliminar da aceitação de mudas de plantas apícolas fornecidas pela Embrapa Pantanal a alguns dos agricultores familiares dos assentamentos rurais de Corumbá, Mato Grosso do Sul. As mudas foram originadas em decorrência de estudos de identificações e multiplicação realizadas em outras etapas desse projeto de pesquisa, as quais foram entregues, prontas para serem cultivadas, em diversos eventos para os apicultores e para outras pessoas interessadas nas mesmas. O objetivo dessa ação foi consolidar a produção de mudas dessas espécies na Embrapa Pantanal para futuros fornecimentos a agricultores, que utilizam em seus lotes essas plantas para uso múltiplo como, por exemplo, as espécies frutíferas (laranjeiras, limoeiros, mexeriqueiras, jabuticabeiras, etc.), as quais também são utilizadas pelas abelhas africanizadas (Apis mellifera) para a coleta de néctar, pólen, resina e/ou melato. As espécies vegetais selecionadas terão a sua frequência ampliada nessa região e devem fornecer grandes quantidades de qualquer um desses tipos de recursos, de preferência por um longo período como, por exemplo, a barriguda (Ceiba pubiflora) que floresce copiosamente no inverno, época que ocorre carência alimentar para esses insetos. Para a elaboração da lista das espécies apícolas foram consideradas apenas as que florescem por mais de um mês. A avaliação foi realizada por meio de um questionário aplicado a três assentados rurais para determinar qual a avaliação que os agricultores fazem das espécies que receberam. Verificou-se que as espécies lembradas pelos entrevistados foram carobinha (Jacaranda caroba), moringa (Moringa oleifera), acacia mangium (Acacia mangium), Tarumã (Vitex polygama), louro-preto (Cordia glabrata), aroeira (Myracrodruon urundeuva), cerejinha ou calabura (Muntingia calabura) e ipê ou piúva (Hadroanthus impetiginosus), sendo que todas já eram conhecidas pelos assentados. Além disso, essas espécies receberam uma nota de 0 a 10 para a avaliação das mesmas, na qual houve uma oscilação de regular (cerejinha e Acacia mangium), bom (tarumã, louro-preto, aroeira, ipê e carobinha) para ótimo (moringa). Essa oscilação de nota deve-se ao não desenvolvimento da maioria das plantas devido à seca, geada e falta de irrigação. A continuidade deste trabalho deve possibilitar aumentos na quantidade de plantas apícolas com consequentes melhoras nas condições produtivas para as abelhas africanizadas e que podem resultar em maiores obtenções de produtos apícolas com possíveis impactos positivos na renda familiar desses agricultores.

1 Parte do projeto “Apicultura como Estratégia para Inserção do Desenvolvimento Rural Sustentável em Assentamentos de Corumbá-MS”, financiado pelo Macroprograma 6 da Embrapa - Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura Familiar e à Sustentabilidade do Meio Rural 2 Acadêmico da UFMS e bolsista CNPq/PIBIC na Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Pesquisadores da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]; [email protected]; [email protected])

Page 221: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

220

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Comparação da comunidade bentônica de córrego urban o e rural do município de Corumbá, MS

Júlio Anderson Baldueno 1, Lucilene De Farias 2, Rogers de Souza Gomes 3, Zarife Magalhães de Moraes 4, Lucí Helena Zanata 5, William Marcos Da Silva 6

Os macroinvertebrados bentônicos são organismos que respondem às mudanças ambientais, tais como as condições da bacia hidrográfica e da qualidade da água. A estrutura, composição e diversidade das comunidades bentônicas são utilizadas como indicadores de qualidade ambiental e, em conjunto com outros parâmetros abióticos, é uma importante ferramenta para a gestão ambiental. Com o objetivo de verificar a comunidade de zoobentos em córregos com diferentes usos e qualidade de água no município de Corumbá, MS, foram amostrados dois ambientes da área urbana (córregos da Vila Mamona e Poliesportivo, nas coordenadas geográficas 18º59’54.48’’S, 57º38’06.06’’O e 19º00’38.19”S, 57º38’23.69”O, respectivamente) e um córrego localizado na área rural (balneário São Domingos, coordenadas 19º15’19.02’’S, 57º37’54.11’’O), distante 40km da área urbana. As amostragens foram realizadas em um único evento amostral em agosto de 2013, onde as variáveis físicas e químicas foram medidas com sonda multiparamétrica HORIBA U52, considerando os seguintes parâmetros: concentração de oxigênio dissolvido, pH, Potencial Redox (ORP), condutividade, turbidez e temperatura da água, a temperatura do ar foi feita com termômetro de mercúrio. Para coleta da comunidade bentônica foi utilizado coletor Surber, com rede de 250µm de malha, com amostragem de 50cm2 de área. O tipo de fundo do ambiente foi observado e anotado. O material coletado foi fixado com formol 4% para posterior triagem e identificação dos organismos em laboratório, com auxílio de esteomicroscópio e bibliografia especializada. Os dados físicos e químicos foram utilizados para agrupar os córregos por similaridade. Para a comunidade biótica foram aplicados o índice de similaridade de Sorensen e o índice biótico de família (IBF), utilizando as tolerâncias de BMWP. O índice de similaridade aplicado para os parâmetros físicos e químicos mostraram uma maior similaridade entre os córregos da cidade com 96,98%, entretanto o córrego rural foi ligeiramente menor com 95,5%. Nos córregos urbanos se destacam a maior condutividade entre 0,350mScm-1 e 0,402mScm-1, enquanto no córrego rural foi de 0,004mScm-1, a temperatura foi maior nos córregos urbanos com 21ºC e em torno de 12ºC no córrego rural. A comunidade bentônica esteve representada por 10 famílias, das quais Chironomidae foi a mais frequente, com representantes nos três ambientes amostrados, e também a mais abundante nos três ambientes. Os córregos urbanos tiveram as maiores riquezas com 7 e 6 para os córregos Vila Mamona e para o Poliesportivo, respectivamente, e apenas 1 para o córrego rural. Já o índice de similaridade destaca o córrego do Poliesportivo como o mais diferente e os córregos Vila Mamona e rural mais similares entre si, com cerca de 97% contra 85% do córrego poliesportivo, onde os córregos urbanos tiveram três espécies em comum e sete diferentes. O índice aplicado às famílias, o IBF, mostrou grande similaridade entre os pontos com maior semelhança entre os córregos da cidade com valores de 6,40 e 6,47 para os córregos Poliesportivo e Vila Mamona, respectivamente, o córrego rural teve um valor de 6,0 para o índice, entretanto todos estes ficaram na classificação de qualidade ambiental regular com poluição moderada. As diferenças apresentadas podem ter explicação no tipo de fundo que variou de minério de ferro, pedregulho e folhiço. Os resultados mostraram que apesar dos córregos estarem em ambientes diferentes e apresentarem composição e estrutura zoobentônica diferentes, todos apresentaram a qualidade regular para água, sofrendo uma poluição moderada. Para um melhor entendimento destes ambientes e melhor compreender as diferentes estruturas das populações bentônicas e sua variação com a qualidade ambiental para poder balizar políticas de gerenciamento ambiental, necessita-se ampliar os esforços amostrais tanto em número de pontos por córrego quanto em tempo de amostragens abrangendo todo o ciclo hidrológico.

1 Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252, 79304-020, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252, 79304-020, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252, 79304-020, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252, 79304-020, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Professor Adjunto I do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252, 79304-020, Corumbá, MS ([email protected]) 6 Professor Adjunto II do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252, 79304-020, Corumbá, MS ([email protected])

Page 222: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

221

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Comparação de métodos de purificação de cera apícol a para agricultores familiares 1

Jean Carlos Soares de Medeiros 2, Marcela Rita do Nascimento Aldana 3, Vanderlei Doniseti Acassio dos Reis 4

Este trabalho descreve alguns dos métodos de purificação de cera apícola, com suas vantagens e limitações, que podem ser empregados em pequena escala nas condições reais dos agricultores familiares. Os favos velhos, que não mais têm condições ideais de uso pelas abelhas africanizadas (Apis mellifera) do apiário normalmente são descartados, em muitos casos de maneira inadequada, devido às desvantagens que proporcionam para o adequado desenvolvimento das colônias desses insetos. Além disso, os favos velhos liberam substâncias voláteis que atraem pragas como, por exemplo, traças, formigas e forídeos e até mesmo ataques de animais de maior porte como, por exemplo, irara e tatu. O material a ser purificado, composto exclusivamente por favos velhos sem presença de mel, pólen e/ou crias, foi separado em três tratamentos, sendo cada um composto por 2,20 kg. Cada um desses tratamentos foi submetido a um método de purificação diferente. No primeiro método foram adicionados os favos velhos em uma panela de alumínio com capacidade para 35 litros e com quantidade de água suficiente para que esses materiais ficassem submersos. A seguir foi aceso o fogo e mantido o aquecimento até que a cera estivesse derretida na água aquecida. Na sequência a panela foi retirada do fogão a gás liquefeito de petróleo onde estava. A seguir, a mistura resultante foi peneirada, para a retirada dos materiais não derretidos, sobre uma bandeja plástica onde ficou depositada durante 24 horas para seu resfriamento total e separação, por diferença de densidade, da maior parte das sujidades da cera. A cera obtida nesse processo deve ser derretida sucessivas vezes para que se obtenha um grau mais adequado de purificação da mesma. O segundo método foi semelhante ao primeiro, mas durante o peneiramento da mistura foi mantida a panela sob aquecimento no fogão, impedindo assim seu resfriamento, aumentando a eficácia de recuperação da cera e a facilidade no manuseio do material. No terceiro método foi utilizado um derretedor de cera, produto de alumínio fabricado para tal fim, que produz vapor d'água quente que atravessa os favos velhos e libera a cera apícola juntamente com a água resultante do condensamento do vapor num recipiente para contê-los. No primeiro método obteve-se 20 g de cera purificada, o que representa 0,91% do peso inicial. No segundo método obteve-se 42 g de cera purificada, o que representa 1,91% do peso inicial. No terceiro método foram recuperados 37 g de cera, o que representa 1,68% do peso inicial. O primeiro método foi o mais dificultoso, pois ao retirar a panela do fogo logo a mistura resfriava-se rapidamente e ficava mais sólida, o que dificultava a sua passagem na peneira e com visível presença de cera nos resíduos e nos utensílios utilizados no processo de purificação. O segundo método foi o que obteve o melhor rendimento. Apesar da purificação ter sido feita de maneira mais lenta, por se manter a cera aquecida. Contudo, há um maior risco de acidentes nesse método, pois o material pode pegar fogo, sendo necessária a presença de duas pessoas para acompanhar adequadamente este processo. O terceiro método é o mais seguro uma vez que é mais difícil da cera entrar em combustão. Além disso, a purificação nesse método se mostrou mais eficaz quanto à pureza da cera. Contudo, os inconvenientes deste método seriam a duração do processo, pois foi o mais demorado, com maior consumo de gás de cozinha e a relativa dificuldade para a aquisição do derretedor de cera em relação aos materiais empregados nos outros dois métodos. Analisando-se os resultados dos três métodos de purificação da cera apícola concluí-se que apesar da baixa porcentagem recuperada desse material o apicultor familiar só tem vantagens na utilização de qualquer um desses processos, principalmente no segundo e terceiro métodos, pois se deixar os favos velhos no apiário vai estar prejudicando o desenvolvimento das colônias de abelhas africanizadas. Além disso, a cera recuperada poderá servir para vários fins como na produção de lâminas, pesam em media 0,06 g, de cera alveolada e até mesmo como fonte de renda por meio da sua comercialização direta.

1 Parte do projeto “Apicultura como Estratégia para Inserção do Desenvolvimento Rural Sustentável em Assentamentos de Corumbá-MS”, financiado pelo Macroprograma 6 da Embrapa - Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura Familiar e à Sustentabilidade do Meio Rural 2 Acadêmico da UNOPAR e bolsista CNPq/PIBIC na Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Acadêmica da UFMS e bolsista CNPq/PIBIC na Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 223: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

222

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Densidade de Acrocomia aculeata na comunidade de Antônio Maria Coelho

Thomas Celescuekci Lodi Corá 1, Catia Urbanetz 2, Suzana M. Salis 3 A bocaiuva (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart.) é uma palmeira nativa brasileira, utilizada para diversos fins. A comunidade de Antônio Maria Coelho extrai a polpa do fruto da bocaiuva para a produção de farinha e outros produtos que auxiliam na renda da comunidade. Essa comunidade é tradicional e está localizada no distrito de Albuquerque, no município de Corumbá, MS. O objetivo do trabalho foi estimar a densidade populacional da bocaiuva, em área extrativista utilizada pela comunidade de Antônio Maria Coelho. Essa informação servirá de base para ter uma estimativa da quantidade de frutos por hectare que a comunidade utiliza. Essa estimativa será importante para os estudos socioeconômicos que serão feitos com a comunidade. A determinação da densidade populacional foi realizada em três áreas pelo método de transectos, (contagem de todos os indivíduos em uma faixa de área conhecida). As bocaiuvas foram separadas em jovens e adultos (identificados pela presença ou vestígios de estrutura reprodutiva - cacho). Foram amostradas duas áreas ao lado da ferrovia, uma de 20 m x 250 m (0,5 ha), e outra de 20 m x 400 m (0,8 ha), totalizando 1,3 ha nessas duas áreas. A outra área é um pasto de 348 m x 230 m (8 ha). Com a utilização do método de transecto, foi possível determinar a densidade populacional das áreas amostradas. A primeira área ao lado da ferrovia que totalizava 0,5 ha possui uma densidade absoluta de 172 indivíduos/ha e uma densidade de indivíduos jovens e adultos de respectivamente 74 indivíduos/ha, e 98 indivíduos/ha. O número de indivíduos encontrados nessa área foi 86. A densidade de indivíduos adultos da segunda área perto da ferrovia que totalizava 0,8 ha é de 165 indivíduos/ha, e a de indivíduos jovens é de 61,25 indivíduos/ha. Essa segunda área apresentou uma densidade absoluta de 226,25 indivíduos/ha. A área do pasto apresentou 403 indivíduos e uma densidade absoluta de 6,29 indivíduos/ha, e uma densidade de indivíduos jovens e adultos de respectivamente 0,95 indivíduos/ha, e 5,34 indivíduos/ha. É possível concluir que as três áreas utilizadas para o extrativismo têm densidades muito distintas, e que as áreas ao lado da ferrovia são mais fáceis para a coleta devido à alta densidade de bocaiuvas.

1 Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e bolsista da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 224: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

223

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Desenvolvimento de software estatístico de apoio e decisão para políticas públicas educacionais baseado no Censo Escolar

Beatriz Oliveira 1, Gubert M. Salis Maia 2, Eduardo Lourenço dos Santos 3, Rafael Françozo 4 Este projeto de iniciação busca apresentar os parâmetros adotados para o desenvolvimento de uma ferramenta estatística para análise dos resultados do Censo Escolar no período entre 2007-2012 com a possibilidade de ser estendido para anos posteriores. Atualmente os dados do Censo Escolar são passiveis de analise apenas por meio de softwares comerciais. Esta proposta pauta-se na dialética entre a comunidade acadêmica, gestores do sistema de ensino e comunidade visando estabelecer um princípio de mobilização coletiva, proporcionando ao acadêmico, experiências práticas de desenvolvimento de software e interação com o contexto social e educativo. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP coordena, em parceria com as secretarias de estaduais e municipais de educação com a participação de todas as escolas públicas e privadas do Brasil, um levantamento estatístico conhecido como Censo Escolar. Os resultados do Censo Escolar são de domínio público e disponibilizados no portal do MEC, para acessá-los é necessário utilizar um dos softwares estatísticos que o INEP já disponibiliza modelos para abertura e análise, o SPSS (http://www.spss.com.br/) da IBM e o SAS (http://www.sas.com/) desenvolvido pela SAS Institute. Os dois programas são desenvolvidos para o sistema operacional Windows e não são de livre utilização e distribuição. Os dados disponibilizados pelo Censo Escolar são fundamentais em grande parte das pesquisas em educação, no que diz respeito à educação especial, perfil dos estudantes, formação dos professores, evasão, rendimento entre outras informações. No entanto, a necessidade de se utilizar um sistema operacional proprietário e um software proprietário para recuperação dos dados se torna um obstáculo para o acesso aos dados do Censo Escolar. Estes obstáculos se apresentam como uma oportunidade para o desenvolvimento de uma ferramenta web livre e gratuita que possa ser utilizada sem restrições por pesquisadores de todo o país que ainda podem auxiliar no continuo desenvolvimento da ferramenta com melhorias e atualizações constantes. Os resultados da ferramenta apresentam relacionamentos no sistema educacional brasileiro, como tendências de evasão escolar por minorias com histórico de violação dos direitos (pessoas com deficiência, descendentes de quilombolas, população ribeirinha entre outros), de forma mais local possibilitando aos gestores de pequenas cidades dados e relacionamentos mais precisos a respeito do sistema educacional de sua região. Baseados nos dados obtidos pelo Censo Escolar e apresentados pelo sistema os gestores podem adotas medidas, os governantes locais podem estabelecer políticas públicas que favoreçam o sistema educacional e permita um melhor desenvolvimento do IDEB em sua região. Até o presente momento, tem-se a estrutura do banco de dados para receber as informações do Censo Escolar, durante o processo de importação foi identificada que apenas uma das tabelas, a tabela com dados dos docentes, possui mais de onze milhões de registros, diante do enorme volume de dados há a necessidade de um tratamento de inteligência artificial que possa tornar o acesso e a recuperação dos dados e relacionamentos mais eficientes.

1 Acadêmica do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e bolsista PIBIC-IFMS, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, 79300-000, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Acadêmico do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e bolsista PIBIC-IFMS, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, 79300-000, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Acadêmico do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e bolsista PIBIC-IFMS, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, 79300-000, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Professor do Departamento de Informática - Redes, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, 79300-000, Corumbá, MS ([email protected])

Page 225: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

224

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Desenvolvimento de veículo aéreo não tripulável mon itorador de incêndio do Pantanal Sul-Mato-Grossense

Erick F. Cainelli 1, Gabriel Avellar 2, Thiago Moraes 3, Cláudia S. Fernandes 4, Roosevelt F. M. Silva 5

Em 2012, conforme a estatística do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), já ocorreram 3.517 focos de incêndio no Estado. Em 2011, foram 2.254 no mesmo período, segundo o órgão. Ainda de acordo com as comparações apresentadas sobre os últimos seis anos (2007 a 2012) no site do INPE, o número de focos já contabilizados é inferior somente aos registros de 2010. Naquele ano, foram detectados 4.365 focos de incêndio. Como a região de Corumbá é muito quente e existem áreas de difícil acesso (bioma Pantanal), os estragos ambientais decorrentes de incêndios são devastadores. Um veículo que não coloque seres humanos em risco e que ainda assim, monitore os focos de incêndio identificando regiões de risco será de grande utilidade. Outra forte justificativa para o projeto é o oferecimento de oportunidades de aprendizagem efetiva aos estudantes, para que eles possam ampliar a visão da comunidade e do mundo e de sua capacidade de transformá-lo. Uma aprendizagem considerada efetiva passa por emoções como curiosidade, empolgação, concentração e também na construção de algo com significado, como um robô ou um programa de computador. Robótica é uma tecnologia que abrange diversas áreas da ciência, como eletricidade, eletrônica, mecânica e computação. Trata-se de sistemas compostos por partes mecânicas automatizadas controladas por circuitos integrados e tem como consequência tornar os sistemas mecânicos motorizados, controlados manualmente ou automaticamente por circuitos elétricos. Cada vez mais utilizado e presente em diversas áreas desde industriais até residenciais, esse ramo da tecnologia pode também ser uma ferramenta de ensino e de grande motivação aos estudantes. As atividades desse projeto visam contemplar os objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais de formação interdisciplinar, contextualizada, ativa e crítica de seus estudantes – objetivos que extrapolam o espaço escolar. Para isso, as ações necessárias para realização desta pesquisa abarcam a interdisciplinaridade, o desenvolvimento de senso crítico e do interesse por projetos que venham a contribuir para o desenvolvimento tecnológico e a democratização de saberes. Este projeto, em fase de desenvolvimento, está construindo um Veículo Aéreo Não Motorizado- VANT para monitorar os focos de incêndios no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Foram realizadas pesquisas de quais peças são necessárias, com análise de suas respectivas medidas, resistência, potência, e assim com estudos e testes obtendo um quadricóptero com estabilidade e com rendimento eficiente para sobrevoar e colher informações. A escolha de quais informações o VANT irá coletar, também faz parte da pesquisa, pois depende de quais equipamentos terão um melhor desempenho. O projeto tem três planos de trabalho: Construção de um VANT, Desenvolvimento do Software funcional para o VANT e Sistema de gerenciamento de posicionamento global. O primeiro plano de trabalho visa o estudo das placas controladoras a serem utilizadas, das linguagens de programação para estas placas; a identificação dos sensores necessários para o monitoramento de incêndios (temperatura, umidade etc.) e de como devem ser operacionalizados. O foco do segundo plano será a implementação do software para controlar todos os dispositivos do VANT, com exceção do GPS. Esse software, além do controle funcional, deverá possibilitar que o VANT adquira estabilidade no vôo. O último plano de trabalho tem como objetivo percorrer rotas traçadas pelo GPS. Foram Até o momento, foram identificadas as seguintes peças necessárias ao VANT: os motores, estes devem ter grande potência e torque; a placa controladora KK Multicopter Controller V5.5, pois permite todo o controle dos quatro motores, inclusive para direcionar o veículo; o esqueleto do VANT, moldura de alumínio liga: 2,8 milímetros de espessura (Axis HJ450 Multi Flame Wheel Flame Strong Smooth KK MK MWC Quadcopter Kit), com peso e espaço suficiente para acomodar os motores, baterias e sensores e, ainda assim, possibilitar o vôo; 4 hélices de plástico resistente, porém bem leves e por último as baterias que alimentam os quatro motores, estas possuem capacidade de 0,1 ampers-hora, possibilitando quantidade de corrente suficiente para manter a tensão de 1,5. De forma integrada e concomitante, estes três planos de trabalho (construção e etapas de desenvolvimento) possibilitarão aprimorar o protótipo até alcançar o rendimento máximo, e assim alcançar os objetivos esperados.

1 Estudante do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Estudante do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Estudante da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Sistemas de Informação, 79394-902, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected])

Page 226: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

225

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Levantamento preliminar da ocorrência de espécies l enhosas de Chaco no Mato Grosso Sul 1

Juliete Fernandes Gonçalves de Almeida 2, Suzana Maria Salis 3, Catia Urbanetz 4. O Chaco brasileiro se situa na borda oeste do estado Mato Grosso do Sul ocupando cerca de 7% da sub-região do Pantanal do Nabileque. Essa formação está fragmentada devido à expansão da atividade agropecuária das últimas décadas. A composição florística dessa formação é única e, no Brasil, só ocorre no estado do Mato Grosso do Sul. Por isso, trata-se de uma formação vegetal com alta prioridade para a conservação. Há espécies típicas de Chaco que ocorrem em áreas de ecótonos com outras formações. Dessa maneira, este trabalho tem como objetivo levantar a ocorrência de espécies lenhosas de Chaco em Mato Grosso do Sul. Os pontos de ocorrência servirão para gerar mapas de distribuição das espécies, que poderão embasar a escolha de áreas prioritárias de conservação no estado. O levantamento foi realizado a partir de consulta às páginas do Specieslink e Flora do Brasil, artigos, anais de congresso e teses. Até o momento, a listagem obtida para o Estado do Mato Grosso do Sul conta com 60 espécies de Chaco pertencentes, à 25 famílias e 49 gêneros. As famílias que mais se destacaram foram: Leguminosae com 18 espécies, e Capparaceae, Malvaceae e Polygonaceae (quatro). A grande maioria dessas espécies foi coletada e/ou observada no município de Porto Murtinho. Algumas dessas espécies também ocorreram nos municípios de Aquidauana, Corumbá e Miranda. Certas espécies chaquenhas foram coletadas e ou observadas apenas no município de Corumbá, tais como Achatocarpus praecox, Bougainvillea praecox e Erythoxylum patentissimum. Segundo a literatura, Corumbá não apresenta formações vegetais típicas de Chaco e sim uma vegetação de transição, com a ocorrência de algumas das espécies. O número de espécies apresentado ainda é preliminar. O trabalho terá continuidade com maiores consultas na literatura, herbários virtuais e coleções de herbários.

1 Parcialmente financiado pelo Fundect. 2 Aluna do Curso de Assistência Social e bolsista PIBIC - CNPq da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79302-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 227: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

226

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Manutenção e organização da Coleção de Referência d e Peixes da Embrapa Pantanal

Lincon Eder Ribeiro 1, Agostinho Carlos Catella 2 A Bacia do Alto Paraguai é formada pelo Pantanal, uma planície alagável, circundada por Planaltos, abrangendo áreas do Brasil, Paraguai e Bolívia. A diversidade de ambientes aquáticos e a extensão das áreas alagáveis permitem que a região abrigue uma ictiofauna amplamente diversificada, contendo mais de 270 espécies de peixes, distribuídos em rios, baias, corixos e vazantes. Com a finalidade de dar suporte aos trabalhos que envolvem a identificação de peixes, conservar exemplares testemunhos de espécies em estudos, e estimular o interesse de estudantes e da comunidade em geral pelos peixes da região, foi criada a Coleção de Referência de Peixes do Pantanal lotada na Embrapa Pantanal, em Corumbá, MS. O acervo da Coleção reúne atualmente cerca de 750 lotes de peixes conservados em frascos com álcool a 70%, num total de 156 espécies, que corresponde a 58% do total. As 11 Ordens de peixes da região estão representadas no acervo, bem como 33 das 36 Famílias e 120 dos 167 Gêneros. Dentre as principais Ordens, a Coleção reúne 76 espécies (69%) de Characiformes, 48 (46%) de Siluriformes,16 (84%) de Perciformes e 6 (40%) de Gymnotiformes. Contudo, ainda há material coletado, triado e fixado, disponível para ser incluído no acervo, de modo que o número de espécies registradas tende a aumentar. Vale destacar que a Coleção abriga o lote original que foi coletado do Gênero Merodoras (Siluriformes, Doradidae), parte do qual foi enviado para identificação no MZ-USP e serviu de base para a descrição de Merodoras nheco Higuchi, Birindelli, Sousa & Britski, 2007. A conservação e manutenção desse acervo exige cuidados permanentes de curadoria, tanto na conservação física dos lotes, quanto na atualização dos dados. Neste estudo, apresentamos as atividades de rotina que são realizadas para a manutenção e organização da Coleção. Para os novos lotes de peixes que são incorporados ao acervo, é feita a identificação por meio de chaves dicotômicas a partir dos grandes grupos até o nível de espécie. Cada lote recebe um rótulo contendo informações sobre a identificação e a coleta, que são as mesmas contidas no livro de tombo e no programa da Coleção. Nos lotes já incorporados ao acervo, procede-se a verificação e correção do teor do álcool, que deve ser mantido a 70%, utilizando-se o auxilio de um alcoômetro, funil de haste longa, proveta graduada e bastão de vidro. É importante, também, a verificação das tampas e das plaquetas de vedação que ficam na parte interna das tampas, efetuando-se a substituição quando necessário, a fim de reduzir a evaporação do álcool. Após estes procedimentos, efetua-se a verificação dos dados de identificação e da coleta, conferindo-se as informações dos rótulos com as do livro do tombo e do programa da Coleção. Quando necessário, efetua-se a correção das informações dos rótulos ou a impressão de um novo rotulo para o lote. Ao final, o lote conferido retorna para a sala do acervo, mantida ao abrigo da luz e climatizada. Os lotes de peixes que não tem as informações essenciais são destinados para fins didáticos como empréstimo para escolas secundárias. Desse modo, procura-se organizar e conservar o acervo, para que a Coleção possa atender as suas finalidades junto à comunidade cientifica, aos estudantes e à comunidade em geral.

1 Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas e bolsista do Projeto NATDATA - Embrapa, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - CPAN, Caixa Postal 252, 79.304-902, Corumbá, MS ([email protected]) 2 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79.320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 228: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

227

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Moscas ectoparasitas de morcegos filostomídeos em u m fragmento urbano de cerrado, Campo Grande, MS 1

Luciano Brasil Martins de Almeida 2, Gustavo Lima Urbieta 2, Guilherme Torres 2, Carla Cristina Cerezolli de Jesus 2, Marcelo Rezende 2, Mariana Pires Veigas Martins 3, Jaire Marinho Torres 3, Alessandro Shinohara 4,

Elaine Aparecida Carvalho dos Anjos 5

Chiroptera é uma Ordem com relevante diversidade, apresentando 18 famílias, 202 gêneros e 1.120 espécies, sendo a família Phyllostomidae com maior diversidade de hábitos alimentares. Como qualquer outro animal, morcegos têm a possibilidade de apresentar artrópodes, principalmente pertencentes as classes Insecta e Arachnida, que vivem às custas dos hospedeiros alimentando-se de seus fluídos corpóreos e folículos capilares. Este estudo objetivou pesquisar a interação parasita-hospedeiro entre os ectoparasitas e morcegos filostomídeos ocorrentes em um fragmento urbano de cerrado do Instituto São Vicente, no município de Campo Grande, MS. As coletas foram realizadas mensalmente entre agosto de 2011 e março de 2013, utilizando-se seis redes de neblina “mist nets” dispostas a uma altura de 0,5 a 2,5 metros de altura do solo e abertas por um período de 12 horas por noite, totalizando um esforço amostral de 80.616 h.m2. A cada 30 minutos as redes eram vistoriadas, os animais capturados eram colocados em sacos de algodão e permaneciam por um período de aproximadamente 30 minutos, posteriormente era feita a sua triagem e a soltura dos morcegos. As fezes coletadas foram armazenadas em pequenos tubos plásticos - os “eppendorffs” contendo glicerina e os ectoparasitas coletados eram armazenados em eppendorffs contendo álcool 70%. A identificação dos ectoparasitas foi feita em laboratório com a ajuda de um estereomicroscópio e chave de identificação de Graciolli & Carvalho, 2001. Os ectoparasitas após serem identificados foram colocados na coleção zoológica da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Para a descrição da comunidade de ectoparasitas foram feitos alguns cálculos parasitológicos, como a prevalência média (número de hospedeiros infestados/números de hospedeiros examinados x100), abundância média (número de ectoparasitas/número de morcegos examinados) e intensidade média de infestação (número de parasitas/número de hospedeiros infestados). Foram capturados no total 270 morcegos pertencentes a 10 espécies da família Phyllostomidae. Destes, em 86 morcegos foram encontrados ectoparasitas pertencentes a nove diferentes espécies sendo que 26,78% dos hospedeiros eram do sexo masculino e 73,22% do sexo feminino. A prevalência foi maior em morcegos da espécie Carollia perspecillata e a abundância média foi maior de Megistopoda aranea para morcegos da espécie Artibeus planirostris enquanto a intensidade média foi maior do ecto Trichobius tiptoni para o hospedeiro Carollia perspecillata. O conhecimento da sua ocorrência em uma área urbana no município de Campo Grande contribui para a determinação de sua distribuição no estado de Mato Grosso do Sul onde ainda existem poucos estudos, bem como contribuir com informações para uma área de pesquisa da na Universidade Católica Dom Bosco.

1 Projeto PIBIC UCDB/CNPq 2 Graduandos em Ciências Biológicas da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) ([email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected],) 3 Graduados em Ciências Biológicas pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) ([email protected], [email protected]) 4 Mestre em Entomologia pela UNESP, FCAV, Campus de Jaboticabal, SP ([email protected]) 5 Professora do curso de Ciências Biológicas da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) ([email protected])

Page 229: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,

228

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL 26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013

Transição agroecológica: avaliação de biomassa de p lantas medicinais no assentamento 72 em Ladário, MS 1

Luã Santos Araújo da Silva 2, Edmar Sebastião de Arruda 3, Aurélio Vinicius Borsato 4, Alberto Feiden 5

No assentamento 72, situado em Ladário, MS, vivem vários agricultores assentados que tiram seu sustento dos cultivos realizados no local. No lote 47, de propriedade do Sr. Ramão da Silva Pires, foram introduzidas 23 espécies de plantas medicinais com o intuito de resgatar a cultura do cultivo destas plantas, em consórcio com as hortaliças, para aumentar a diversidade de espécies no local. Trata-se de mais uma atividade promotora do sistema de transição agroecológica, buscando maior equilíbrio natural por meio do aumento da diversidade e, consequentemente, eliminando ou reduzindo a utilização de insumos sintéticos para o controle de pragas e doenças. Dentre as espécies introduzidas, quatro medicinais melhor adaptadas foram escolhidas para a medição da biomassa fresca em t/ha, pressupondo que quanto maior a produção de biomassa maior a produção de princípios ativos, podendo ser utilizada para o controle de pragas e doenças. Este estudo preliminar teve como objetivo mensurar o potencial de biomassa das seguintes espécies: Falso Boldo (Plectranthus barbatus), Boldo Cheiroso (Plectranthus amboinicus), Cravo de Defunto (Tagetes minuta) e Losna (Artemisia absinthium). Todas as coletas foram realizadas no dia 26/09/2013, utilizando-se um gabarito de 25cmX25cm (quatro repetições para cada espécie). As amostras foram retiradas com o auxílio de uma tesoura e imediatamente determinou-se a massa fresca por meio de uma balança digital. Estimou-se a biomassa fresca total de 70,5t/ha para a espécie Plectranthus barbatus, 74,7t/ha para Plectranthus amboinicus, 52,9t/ha para Tagetes minuta e 31,8t/ha para a espécie Artemisia absinthium. Resultados estes positivos em sistema de consórcio com hortaliças, indicando boa adaptação destas medicinais àquelas condições de manejo agroecológico. As demais espécies serão também monitoradas quanto a produção de biomassa. Na continuidade serão aprofundados os estudos, especialmente os teores e a produção de óleos essenciais de cada espécie.

1 Financiado pelo Macroprograma 4 da Embrapa 2 Acadêmico de Ciências Biológicas da UFMS/CPAN, Bolsista PIBIC/CNPq da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 3 Acadêmico de Ciências Biológicas da UFMS/CPAN, Bolsista IEX, da UFMS/Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 4 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]) 5 Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])

Page 230: Resumos 6Simpan 1Evinci 2013 - Embrapa · Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal Fernando R. Teixeira Dias ... Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene Fleitas,