prof. luiz henrique - citros embrapa sergipe

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Aspectos Técnicos dos Citros em Sergipe Editores Técnicos Marcelo Brito de Melo Luiz Mário Santos da Silva AGROPECUÁRIO DE SERGIPE AGROPECUÁRIO DE SERGIPE DEAGRO DEAGRO DEPARTAMENTO ESTADUAL DE DESENVOLVIMENTO DEPARTAMENTO ESTADUAL DE DESENVOLVIMENTO

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PROF. LUIZ HENRIQUE - Citros embrapa Sergipe

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Aspectos Técnicos dosCitros em Sergipe

Editores TécnicosMarcelo Brito de MeloLuiz Mário Santos da Silva

AGROPECUÁRIO DE SERGIPEAGROPECUÁRIO DE SERGIPE

DEAGRODEAGRODEPARTAMENTO ESTADUAL DE DESENVOLVIMENTODEPARTAMENTO ESTADUAL DE DESENVOLVIMENTO

Embrapa Tabuleiros CosteirosAracaju, SE

2006

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embrapa Tabuleiros Costeiros

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Departamento Estadual de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe

Aspectos Técnicos dosAspectos Técnicos dosAspectos Técnicos dosAspectos Técnicos dosAspectos Técnicos dosCitros em SergipeCitros em SergipeCitros em SergipeCitros em SergipeCitros em Sergipe

Editores Técnicos

Marcelo Brito de MeloLuiz Mário Santos da Silva

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa Tabuleiros CosteirosAv. Beira-Mar, 3250, Caixa Postal 44, CEP 49001-970, Aracaju, SETel. (0**79) 4009-1300Fax (0**79) 4009-1369E-mail: [email protected]

Comitê Local de PublicaçõesPresidente: Edson Diogo TavaresSecretária-Executiva: Maria Ester Gonçalves MouraMembros: Emanuel Richard Carvalho Donald, José Henrique deAlbuquerque Rangel, Julio Roberto Araujo de Amorim, Ronaldo SouzaResende, Joana Maria Santos Ferreira

Supervisão Editorial: Maria Ester Gonçalves MouraEditoração eletrônica: Diego Corrêa Alcântara MeloCapa: Diego Corrêa Alcântara MeloFotos da capa: Fernando Luis Dultra CintraRevisão de texto: Luiz Mário Santos da SilvaNormalização bibliográfica: Josete Cunha Melo

1ª Edição1ª Impressão (2006): 200 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte,constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Embrapa Tabuleiros Costeiros

Melo, Marcelo Brito deAspectos técnicos dos citros em Sergipe / editores, Marcelo

Brito de Melo, Luis Mário Santos de Silva - Aracaju : EmbrapaTabuleiros Costeiros, Deagro, 2006. 1 CD-ROM ISBN 978-85-85809-23-2

1. Citricultura. 2. Citros – Sergipe. 3. Citricultura – Manejodo Solo. 4. Citricultura – Irrigação. I. Melo, Marcelo Brito de. II.Silva, Luis Mário Santos da. III. Título CDD 634.3

© Embrapa 2006

AUTORES

Antonia Fonseca de Jesus MagalhãesEng. Agrônoma, Pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura [email protected]

Antônio Carlos BarretoEng. Agrônomo, Dr., pesquisador da Embrapa Tabuleiros CosteirosE-mail: [email protected]

Fernando Luiz Dultra CintraEng. Agrônomo, Dr., pesquisador da Embrapa Tabuleiros CosteirosE-mail: [email protected]

Ivandro de França da SilvaEng. Agrônomo, Professor Dr., Centro de Ciências Agrárias, UFPBE-mail: [email protected]

Joézio Luiz dos AnjosEng. Agrônomo, Dr., pesquisador da Embrapa Tabuleiros CosteirosE-mail: [email protected]

José Unaldo Barbosa SilvaEng. Agrônomo, Supervisor do [email protected]

Lafayette Franco SobralEng. Agrônomo, Ph.D., pesquisador da Embrapa Tabuleiros CosteirosE-mail: [email protected]

Luiz Francisco da Silva SouzaEng. Agrônomo, MSc., Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura [email protected]

Luiz Mário Santos da SilvaEng. Agrônomo, MSc., pesquisador do DEAGRO - Departamento Estadual deDesenvolvimento Agropecuário de Sergipe / Embrapa Tabuleiros CosteirosE-mail: [email protected]

Luzia Nilda TabosaEng. Agrônoma, MSc., pesquisadora do DEAGRO - Departamento Estadual deDesenvolvimento Agropecuário de Sergipe / Embrapa Tabuleiros Costeiros.E-mail: [email protected]

Marcelo Brito de MeloEng. Agrônomo, MSc., pesquisador do DEAGRO - Departamento Estadual deDesenvolvimento Agropecuário de Sergipe / Embrapa Tabuleiros Costeiros.E-mail: [email protected]

Marcelo Ferreira FernandesEng. Agrônomo, Ph.D., pesquisador da Embrapa Tabuleiros CosteirosE-mail: [email protected]

Marcelo da Costa MendonçaEng. Agrônomo, MSc., pesquisador do DEAGRO - Departamento Estadual deDesenvolvimento Agropecuário de Sergipe / Embrapa Tabuleiros CosteirosE-mail: [email protected]

Ronaldo Souza ResendeEng. Agrônomo, Dr., pesquisador da Embrapa Tabuleiros CosteirosE-mail: [email protected]

Roosevelt Menezes PrudenteEng. Agrônomo, MSc., pesquisador do DEAGRO - Departamento Estadual deDesenvolvimento Agropecuário de Sergipe / Embrapa Tabuleiros CosteirosE-mail: [email protected]

APRESENTAÇÃO

O Brasil soube muito bem aproveitar as oportunidades de mercadopara citricultura e temos hoje a maior estrutura voltada para a produçãoe processamento de frutos cítricos do mundo.

Nesse panorama, Sergipe se destaca por ter o segundo maior pólocitrícola do país produzindo uma média anual de setecentas mil toneladasque têm destino para o mercado interno e externo, neste caso comosuco concentrado. São cerca de 50 mil hectares, bem distante, deve-sefrisar, do primeiro que está em São Paulo, mas, de uma imensaimportância social e econômica para o Estado.

A partir de 1970 até 1990 tivemos uma citricultura pujante ecrescente, porém, não evoluímos em todos os elos da cadeia produtivae os entraves apareceram.

Hoje nos deparamos com o desafio de mudar para sobreviver.Precisamos identificar bem os gargalos e os meios de superá-los paraassegurar o futuro dessa importante cadeia produtiva. De antemão,sabemos que os problemas são muitos e entre os quais os aspectostecnológicos são uma parte importante.

O Deagro e a Embrapa Tabuleiros Costeiros têm atuado em conjuntoem diferentes frentes com o objetivo de levar tecnologia ao campo paraa promoção de um desenvolvimento rural sustentável. A presentepublicação é um dos frutos dessas ações em parceria e tem comoproposta oferecer ao assistente técnico pelo menos uma pequena partede todo cabedal de conhecimentos que ele deve se munir para promovera necessária mudança tecnológica da nossa citricultura.

Edmar Ramos SiqueiraChefe-Geral

Embrapa Tabuleiros Costeiros

Roberto AlvesPresidente

Deagro

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1Caracterização da Região Produtora: Solo e Clima

Fernando Luis Dultra Cintra 11

CAPÍTULO 2Manejo do Solo em Citros

Joézio Luiz dos Anjos, Fernando Luis Dultra Cintra, Antônio CarlosBarreto, Roosevelt Menezes Prudente e Ivandro de França da Silva 19

CAPÍTULO 3Uso de Leguminosas

Antônio Carlos Barreto, Joézio Luiz dos Anjos, Marcelo FerreiraFernandes e Lafayette Franco Sobral 25

CAPÍTULO 3Uso de Leguminosas

Antônio Carlos Barreto, Joézio Luiz dos Anjos, Marcelo FerreiraFernandes e Lafayette Franco Sobral 25

CAPÍTULO 4Nutrição e Adubação da Laranja

Lafayette Franco Sobral, Joézio Luiz dos Anjos, Antonia Fonseca deJesus Magalhães, Luiz Francisco da Silva Souza, Antonio Carlos

Barreto e José Unaldo Barbosa Silva 29

CAPÍTULO 5Porta-enxertos Cítricos

Roosevelt Menezes Prudente e Luiz Mário Santos da Silva 41

CAPÍTULO 6Aspectos da Irrigação em Citros

Ronaldo Souza Resende 51

CAPÍTULO 7Pragas dos Citros em Sergipe

Marcelo da Costa Mendonça e Luiz Mário Santos da Silva 61

CAPÍTULO 8Principais Doenças da Citricultura em Sergipe e seu Controle

Marcelo Brito de Melo e Luzia Nilda Tabosa Andrade 71

INTRODUÇÃO

A citricultura que temos atualmenteem Sergipe teve seus primórdios há cercade oitenta anos passados quando mudas delaranja Bahia (laranja de Umbigo) enxertadasem laranja Azeda (L. da Terra) foram trazidaspor tropeiros de Alagoinhas-BA. As plantasformadas por essas mudas certamente fo-ram dizimadas pelo vírus da Tristeza. Con-tudo, os marcos da antiga citricultura queperduraram até o final da década de 60 foi ositio Garangau, do saudoso RaimundoFernandes Fonseca e o começo da produ-ção de mudas em Sergipe, implantada peloengenheiro agrônomo Chastinet no antigoposto de fomento agropecuário de Boquim,então pertencente ao Ministério da Agricul-tura.

Na década de 70 dois outros marcosficaram gravados na história da citriculturado Estado. Na verdade uma nova fase seiniciou ainda no final dos anos 60 quando aentão ANCARSE passou a incentivar o plan-tio de citros trazendo os clones nucelaresproduzidos em Cruz das Almas-BA. Logo emseguida, como resultado dos estudos bási-cos realizados no CONDESE, o governo doestado decidiu apostar no desenvolvimentoda cultura dos citros e implantou no antigoposto de fomento do Ministério a EstaçãoExperimental de Boquim, vinculada à SUDAP,contando com a colaboração da SUDENE edo IPEAL que logo se transformou no Cen-tro da Embrapa Mandioca e Fruticultura.

De 1970 a 1985 a citriculturasergipana tomou um vulto surpreendente naagricultura nordestina. Os dois mil hectaresde citros, implantados em Boquim, principal-mente, Pedrinhas e Riachão do Dantas, le-vantados pelo CONDESE em 1968, se trans-formaram em 50 mil hectares distribuídospor cerca de 14 municípios do centro sul do

estado, de Itaporanga d’Ajuda até a fron-teira da Bahia em Tomar do Geru. A novacitricultura avançou sobre os espaços an-tes ocupados por pastagens, matas secun-darias e remanescentes da mata atlântica.Sustentados pelas novas tecnologiasaportadas pela pesquisa e pela extensão osprodutores aproveitaram com grande êxitoa oportunidade de um mercado demandantede frutas cítricas nos principais centros ur-banos do Nordeste e da oferta farta e bara-ta de crédito agrícola para implantarem naregião o segundo pólo citricola do país.

A partir de 1990 uma conjunção defatores como a falta de investimento públi-co na pesquisa e na extensão, saturação domercado, períodos de seca, falta de evolu-ção tecnológica dos produtores, principal-mente no setor de comercialização e organi-zação, resultou em anos de inadimplência nocrédito, no desânimo, na estagnação.

Juntamente com a área contígua daregião de Rio Real-BA, o pólo citricola de sulde Sergipe é constituído por um grande em-preendimento formado por milhares de pe-quenos agricultores, talvez o maior de todaa citricultura tropical do mundo, no qual es-tão centrados direta ou indiretamente, em-prego e condição social de milhares de pes-soas. É necessário que ações sejam empre-endidas para que uma nova etapa venha aser trilhada por essa importante região pro-dutora.

Essa publicação não tem o propósitode ser um manual tecnológico, mais focaapenas alguns pontos importantes para seanalisar e discutir como contribuição ao pro-cesso de geração de uma nova necessáriacitricultura em Sergipe.

Marcelo Brito de Melo e Luiz Mário Santos da Silva

CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃOPRODUTORA: SOLO E CLIMA

Em todas regiões produtoras decitros o pressuposto básico para explora-ção competitiva dessa cultura é a presen-ça de solos profundos, sem impedimentofísico, com boa drenagem epreferentemente ricos em nutrientes. So-los rasos e áreas susceptíveis aoencharcamento não são indicados para aexploração de citros. Para que sejam faci-litadas as operações mecanizadas e redu-zidos os riscos de erosão, o relevo deveser, preferencialmente, plano à suave on-dulado. Na prática, no entanto, é muito di-fícil conciliar esse conjunto de variáveis emuma mesma localidade, sendo que, o maiscomum é a exploração da cultura em áre-as onde as plantas apresentem bom de-senvolvimento vegetativo e produtivo o quepode incluir condições nem sempre favo-ráveis mas que, no balanço total, permi-tem produtividades elevadas e/ou compa-tíveis com as exigência de mercado.

No estado de Sergipe nas regiõesprodutoras de citros do Centro sul e doNorte os pomares estão concentrados nossolos dos tabuleiros costeiros que apre-sentam desvantagens e vantagens. Essessolos são, em geral, arenosos, pobres emnutrientes e em matéria orgânica e sãocaracterizados pela presença de camadasadensadas (camadas coesas) em muitasclasses de solo, localizadas quase sempreentre 20 e 60 cm de profundidade(Jacomine, 2001). No entanto, apresentamcomo condições favoráveis à exploraçãodos citros a topografia, predominante pla-na a suave ondulada, o que facilita bastan-te as operações mecanizadas, a precipita-ção pluvial total ao redor de 1200 mm anu-ais, apesar de ser bastante concentradana maioria dos anos, e a proximidade domercado consumidor.

As camadas coesas nos solos dostabuleiros são um dos principais entravesà produção dos citros nas regiões produ-toras do Estado pelas alterações que cau-sam no movimento de água e ar no solo epelo aumento que promovem na resistên-cia mecânica à penetração das raízes. Es-sas camadas, que se apresentam duras amuito duras quando o solo está seco, sãoresponsáveis por grande parte dos proble-mas ligados à produtividade dos pomares,peso e qualidade dos frutos, como tam-bém à redução da vida útil das plantas. Suaformação tem origem pedogenética, sema participação do homem, portanto, e re-sulta das manifestações climáticas emorfopedológicas existentes nas diferen-tes unidades geoambientais que compõema unidade de paisagem dos tabuleiros cos-teiros.

Na Figura 1, são apresentados umsolo com camada coesa e, no detalhe, aposição dessa camada no perfil. Na maio-ria das vezes há dificuldade para identifi-cação da camada coesa, desde quando, asimples observação visual não leva àconstatação da sua existência. Profissio-nais mais experientes, pedólogos na maio-ria das vezes, conseguem distinguí-las dasoutras camadas do solo observando o es-tágio de dureza, entre outros recursos. Noentanto, para se ter a confirmação defini-tiva da existência dessa camada, é neces-sário a amostragem de solo para determi-nação da densidade global ou a realizaçãoda medida da resistência à penetração,feita diretamente no campo, com equipa-mento especial, denominado penetrômetro.Outras determinações a exemplo da taxade infiltração de água no solo,condutividade hidráulica saturada e nãosaturada e porosidade, entre outras, con-tribuem para identificação da existência de

Capítulo 1

Fernando Luis Dultra Cintra

12

camadas coesas e do seu grau deadensamento.

Outro problema recorrente na iden-tificação das camadas coesas no solos dos

tabuleiros é a sua localização no perfil dosolo que, na maioria das vezes, é bastantevariável podendo situar-se, mesmo que emáreas muito próximas umas das outras, a20, 30, 40, 50, ou 60 cm de profundida-de. Em casos mais graves resultantes deprocessos erosivos devido a uso intensivodo solo ou posição no relevo, a camadacoesa pode localizar-se muito próximo àsuperfície do solo. Na Figura 1 a camadaestá localizada a 20 cm de profundidadelogo após a camada arável a qual pode seridentificada pela coloração mais escura do

Fig.1. Perfil de solo de tabuleiro com camada coesa com detalhe dalocalização da camada dentro do perfil.

Na Figura 2 é possível observar asuperficialização das raízes de laranjeiraPêra imposta pela presença de camadascoesas no solo, enquanto que na Figura 3,pode-se verificar alterações no sistemaradicular, provocadas pela dificuldade queas raízes encontram ao tentar penetrar acamada de solo adensada. Quando a situ-ação apresentada nessas Figuras aconte-ce, significa que a pressão exercida pelas

raízes foi inferior à resistência mecânicaoferecida pelo solo impedindo-as assim dese aprofundarem e, em muitos casos, cau-sando danos expressivos em parte ou natotalidade do sistema radicular das plan-tas.

Fig. 2. Distribuição superficial das raízes delaranjeira Pêra em solo com camada coesa daregião Centro sul do Estado de Sergipe.(Umbaúba, SE).

Fig. 3. Alterações morfológicas no sistemaradicular de raízes de laranjeira Pêra cultivadaem solo com cama coesa. (Umbaúba, SE).

Na Tabela 1 estão apresentados osresultados de algumas características fí-sicas de um solo de tabuleiro da região Cen-tro Sul do Estado. A existência de uma pos-sível camada coesa pode ser observada,principalmente, a partir dos dados de den-sidade do solo e porosidade total. Toman-do-se como referência a densidade do solodo horizonte Ap (1,52 kg dm-3), nota-seque houve um aumento em torno de 17%entre os horizontes Ap e BA. Esse mesmocomportamento pode também ser obser-vado com os dados de porosidade total osquais tiveram queda expressiva entre oshorizontes Ap e BA. É possível prever,portanto, que o elevado adensamento dacamada coesa, com menor quantidade deporos, promoverá alterações sensíveis nadinâmica da água no solo, vital para o cres-cimento e desenvolvimento das plantascítricas.

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13

O conhecimento por parte doscitricultores da existência das camadas co-esas nos solos dos tabuleiros e de comoelas interferem nos processos físicos,hídricos, químicos e biológicos, contribui-rá para que adotem práticas de manejoajustadas às características dos seus po-mares. Trabalho conduzido por Cintra etal. (2004), em dois lotes próximos entre sino projeto de irrigação Platô de Neópolis,indicaram que apesar de situarem-se per-to um do outro, as propriedades físicas ehídricas dos solos variaram bastante emfunção da posição das camadas coesas noperfil e do grau do adensamento que apre-sentaram. Os autores recomendam cuida-dos especiais na seleção das práticas demanejo do solo e da irrigação nos tabulei-ros, as quais devem levar em conta asespecificidades dos solos utilizados mes-mo que a paisagem se apresente muitohomogênea.

Nas regiões onde as camadas coe-sas coexistem com longos períodos dechuva e seca, o que acontece na maioriadas áreas cultivadas com citros emSergipe, o problema se agrava pois a áreado solo explorada pelas raízes passa dacondição excessivamente úmida na épocachuvosa para a condição de baixo teor deumidade na estação seca. Nessas circuns-tâncias, o sistema radicular superficializadoem função da barreira criada pelas cama-das coesas, é submetido a condições demá aeração e de falta de água, respecti-vamente, gerando forte estresse para asplantas. Os dados apresentados no Figura4, demonstram essa tendência para

superficialização das raízes de citros napresença de camadas coesas. Nessa Fi-gura observa-se que 61 % das raízes lo-calizaram-se nos primeiros vinte centíme-tros do solo o que deixará as plantas vul-neráveis ao regime hídrico, com possívelreflexo na redução da produtividade e navida útil.

Fig. 4. Distribuição em profundidade do sistema radicular de citros, emsolo de tabuleiro da região Centro Sul do Estado de Sergipe. CEU, EmbrapaTabuleiros Costeiros, Umbaúba, SE.

Tabela 1. Granulometria (g kg-1), densidade do solo (kg dm-3) e porosidade total (%), em solo de tabuleirocom camada coesa da região Centro Sul do Estado de Sergipe.

*AMG - Areia muito grossa (2 a 1 mm), AG - Areia grossa (1 a 0,5 mm), AM - Areia média (0,5 a 0,25 mm) AF - Areiafina (0,25 a 0,1 mm), AMF - Areia muito fina (0,1 a 0,05 mm).

Horiz.

Ap

BA

Bt

Btx1

Btx2

Prof.

(m)

0,00-0,20

0,20-0,42

0,42-0,85

0,85-1,40

1,40-2,00

AMG

37,00

26,40

29,30

19,30

22,50

AG

200,45

155,30

130,15

105,30

94,25

AM

303,00

249,00

196,70

170,70

153,30

AF

196,65

173,60

147,80

130,60

130,60

AMF

61,50

63,90

63,55

71,20

75,80

Areia

Total

798,60

668,20

567,50

497,10

476,45

Silte

60,90

65,25

79,75

153,80

203,85

Argila

140,50

266,55

352,75

349,10

319,70

Densidade

do solo

1,54

1,72

1,63

1,55

1,53

Porosidade

Total

40,95

33,88

36,76

39,08

40,00

Frações de Areia*

40 - 60 cm7%

12

0 - 20 cm61%

20 - 40 cm29%

13

14

O movimento da água no solo, pro-cesso que regula o suprimento de águapara as plantas, é outra variável bastanteafetada pela presença de camadas coesasnos solos de tabuleiro e ganha maior im-portância face à característica de produ-ção de citros no Estado, predominantemen-te, de sequeiro. Neste cenário deve-sebuscar alternativas de baixo custo capa-zes de permitir o melhor uso possível dosrecursos naturais existentes. Entre essasalternativas, destaca-se a busca por por-ta-enxertos adaptados e compatíveis comas variedades utilizadas comercialmente,na medida em que, se o suprimento deágua é irregular nas diversas fases de cres-cimento da planta a necessidade hídricapassa a ser regida, em grande parte, pelosistema radicular do porta-enxerto utiliza-do.

Trabalho conduzido por Cintra et al(1999) sobre esse tema ressalta que nem

sempre o maior volume de raízes está as-sociado a uma maior tolerância das plan-tas ao déficit hídrico. Nesse estudo, fo-ram comparados vários porta-enxertos decitros e cujos resultados são apresenta-dos na Figura 5, o porta-enxertoTangerineira Cleópatra foi o que apresen-tou o maior volume de raízes mas foi tam-bém o que promoveu o esgotamento maisrápido das reservas de água no solo levan-do a planta cítrica ao déficit hídrico maisprecocemente. No lado oposto localizou-se o Limoeiro Cravo, com menor volumede raízes e esgotamento mais lento dasreservas de água, contribuindo assim paraum suprimento de água para as plantasmais regular e duradouro. Verifica-se ain-da nesta Figura, a elevada concentraçãodas raízes de todos os porta enxertos ava-liados nos 0,2m iniciais da superfície dosolo demonstrando a obstrução da cama-da coesa à penetração das raízes.

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

0 10 20 30 40 50 60

Comprimento de raízes (cm / 0,01 m2)

Pro

fund

idad

e (m

)

V. PalermoV. CatâniaL. CravoL. RugosoT. Cleópatra

Fig. 5. Comparação entre porta-enxertos de citros quanto à distribuição do sistema radicular emprofundidade. Região Centro Sul do Estado de Sergipe. V= Volcameriano; L= Limão; T= Tangerina.

14

15

Clima

O regime climático onde estão loca-lizados os pomares de citros em Sergipe,caracteriza-se pela alta concentração daschuvas entre abril e setembro e presençade um período mais seco entre os mesesde outubro e março (Figura 6), além deapresentar temperatura média de 24oC eumidade relativa do ar ao redor de 81%.As culturas perenes, a exemplo dos citros,sofrem bastante com o regimepluviométrico pois, no período chuvoso aumidade do solo é alta o suficiente para

promover saturação temporária da cama-da superficial promovendo má oxigenaçãodo solo e, no período seco, em geral maislongo, é insuficiente para suprir as neces-sidade das plantas por água. Pode-se no-tar na figura que a curva de evaporaçãotem comportamento inverso ao da precipi-tação pluvial o que significa dizer que jun-tas respondem pelos principais problemasrelacionados com fornecimento de águapara a citricultura desenvolvida sob regi-me de sequeiro nos tabuleiros costeiros.

0

50

100

150

200

250

300

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meses

Pre

cipi

taçã

o pl

uvia

l e E

vapo

raçã

o (m

m)

Precipitação pluvial (mm)

Evaporação (mm)

Fig. 6. Distribuição pluvial e evaporação (média mensal) durante os anos de 1998 a 2002. Platô deNeópolis, SE.

Junto com o baixo índicepluviométrico dos meses situados entresetembro e abril, outros fatores como abaixa capacidade de retenção de água dossolos e a presença de camadas coesasimprimem grande vulnerabilidade àcitricultura praticada nessa região. Esseconjunto de variáveis atuando de formaintegrada, traz problemas ao desenvolvi-mento da planta cítrica, principalmentedurante o período seco, quando as reser-vas de água na camada superficial, ondeestá concentrada a quase totalidade do sis-tema radicular, chega a níveis críticos cau-sando danos, muitas vezes, irreversíveisà produtividade dos pomares.

Para avaliar a disponibilidade de águaadequada para as culturas é necessário oconhecimento preciso da sua dinâmica no

solo, sem o que, não será possível desen-volver estratégias que levem à melhoriados sistemas de produção. Em princípio,são as reservas de água prontamente dis-poníveis e em teores adequados, que per-mitem às culturas atravessar sem gran-des danos ao seu desenvolvimento, osperíodos de déficit hídrico. Nas Figura 7 e8, verifica-se uma curva de umidade de umsolo da região Centro Sul de Sergipe emfunção da precipitação pluvial (Figura 7) eestações climáticas (Figura 8). Com pou-cas variações, essas Figuras representama situação média encontrada em toda aregião produtora de citros do Estado. Combase nas curvas de umedecimento do solopode-se inferir sobre os meses do anoquando a intervenção no manejo para con-servação da umidade do solo deve ser in-tensificada. Esse conhecimento gerado no

16

Fig. 7. Distribuição da umidade do solo em função do tempo e emrelação à precipitação pluviométrica (media mensal). Umbaúba, SE.

Considerações finais

A presença de camadas coesas lo-calizadas próximas à superfície do solo naregião produtora de citros do estado deSergipe, associada ao regime climático ca-racterístico dessa região, pode ser consi-derado um dos fatores restritivos à produ-tividade dessa cultura pelos efeitos quecausam no movimento e retenção de águano solo e no e aprofundamento do sistemaradicular.

O impedimento que as camadas co-esas promove no movimento da água, nosolo e no aprofundamento do sistemaradicular ganha grande relevância na re-gião Centro Sul do Estado face à caracte-

rística de produção, predominantemente desequeiro.

O bom desempenho dos pomaresnas regiões produtoras do Estado está con-dicionado ao conhecimento das peculiari-dades das áreas em que estão implanta-dos e do ajuste das práticas de manejo dosolo e da cultura às condições específicasdo meio ambiente

É necessária a adoção de cuidadosespeciais na seleção das práticas de ma-nejo do solo e da irrigação na região Cen-tro Sul do Estado, as quais devem levarem conta as especificidades dos solos uti-lizados e a presença de camadasadensadas superficiais.

Recomendações

Nas áreas de produção de citros daregião Centro Sul do Estado de Sergipe éimprescindível a utilização de práticas demanejo do solo que impeçam a perda rápi-da da água após a estação chuvosa e queconsiderem o baixo volume do sistemaradicular e sua superficialização impostapelas camadas coesas. A seguir algunsexemplos de práticas que podem ser com-patíveis com essa realidade:

Utilização de porta-enxerto adapta-do e com características de resistência aseca.

Manutenção de cobertura morta nazona do coroamento utilizando estercos eresíduos vegetais de baixo custo cuidandopara evitar amontoa junto ao colo da plan-ta.

Minimização das práticas mecaniza-das para evitar o revolvimento excessivodo solo e a aceleração das perdas de águada camada arável.

Utilização de coberturas vegetaisleguminosas nas entrelinhas dos pomares,durante a estação chuvosa, como estra-tégia para melhoria das características fí-sicas, químicas e biológicas da zona deexploração do sistema radicular das laran-jeiras.

meio real e seguido de ações preventivas,efetivamente implementadas, é imprescin-dível para o estabelecimento de pomaressustentáveis e produtivos.

Distribuição da umidade dos solo no perfil (média mensal de cinco repetições) em relação à precipitação pluviométrica (media mensal)

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

dez/95 jan/96 fev/96 mar/96 abr/96 mai/96 jun/96 jul/96 ago/96 set/96 out/96 nov/96

Meses

Um

idad

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lum

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0

50

100

150

200

250

300

Precipitação pluvial (m

m)

Precipitação

Média no perfilMédia da umidade do solo no perfil

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

out-95 nov-95 dez-95 jan-96 fev-96 mar-96 abr-96 mai-96 jun-96 jul-96 ago-96 set-96 out-96 nov-96

Data

Um

idad

e V

olum

étri

ca, ξξ ξξ

( cm

cm

-3 )

Estação chuvosa

Estação seca

Capacidade de campo

Fig. 8. Distribuição da umidade do solo em função em função dasestações climáticas. Umbaúba, SE.

17

Aumento das dimensões das covasde plantio e melhoria na qualidade da suapreparação, para aumentar a possibilida-de de expansão das raízes além das ca-madas coesas.

Em situações especificas, devido aoelevado custo, utilização de subsolagemcomo estratégia para promoveraprofundamento do sistema radicular.

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MANEJO DO SOLO EM CITROS

As técnicas de manejo do solo dospomares de citros já vêm sendo estuda-das há mais de 40 anos. Mesmo assim,na atualidade ainda há pesquisas, indaga-ções e controvérsias sobre a melhor práti-ca de manejo que resulte em maior renta-bilidade, assegure diminuição de impactoambiental e promova sustentabilidade.

Já na década de 60 Gallo eRodriguez apresentaram resultados de pes-quisa demonstrando a potencialidade daadubação verde e do uso de coberturamorta. Na Bahia, Passos et al. (1973) re-latam o potencial da grade e da adubaçãoverde. Cintra e Coelho (1983) estudaramo efeito do manejo na conservação do soloe já tinham preocupação com a escassezhídrica na citricultura nordestina, comenfoque na competição entre a vegetaçãoespontânea e as plantas cítricas. Em SãoPaulo, na década de 90, alguns estudosressaltam o valor das leguminosas no ma-nejo do pomar e na disponibilização de Npara os citros. Outros, porém, não obser-varam efeito dos sistemas de manejo naprodutividade dos citros.

Pesquisadores e professores daUFBA e da Embrapa Fruticultura Tropical,respectivamente, têm orientado muitas dis-sertações sobre o tema e divulgado o ma-nejo dos pomares com leguminosas,subsolagem e herbicida, e apresentamrestrição do manejo com grade. Tambéma equipe de solo da Embrapa Tabuleiroscosteiros vem pesquisando o uso deleguminosas e sistemas de manejo empomares de citros. Apesar dessa gama depesquisa há nuances que precisam serdetalhadas, por exemplo, localização dasubsolagem, umidade do solo etc.

O objetivo desse capítulo é informar

sobre os métodos de manejo do solo emcitros pesquisados principalmente na re-gião citrícola de Sergipe e Bahia.

Preparo do solo na Implan-tação

Desmatamento

A área para implantação do pomardeve ser preparada com antecedência deum ano, ou seja, retirada de árvores, ar-bustos, tocos e raízes deve ocorrer bemantes do plantio seja para viabilizar os tra-tos culturais assim como para evitar do-enças fúngicas nas raízes dos citros cau-sadas pelo apodrecimento das raízes re-manescentes, por esse motivo não é re-comendável a implantação do pomar logono ano do desmatamento, e sim o cultivode plantas anuais ou leguminosas (Koller,1994). Não se deve esquecer o combateàs formigas cortadeiras antes do preparodo solo, evitar o fogo na área e também aperda da camada superficial do solo du-rante o desmatamento.

Preparo do solo

Após o desmatamento, o preparo desolo mais comum antigamente era comuma ou duas arações profundas em toda aárea seguida de destorroamento enivelamento com duas gradeações. Atu-almente, com a maior conscientização emrelação a conservação do solo commobilização mínima, realiza-se osulcamento ou se necessário a subsolagemna linha de plantio, para melhor incorpora-ção de calcário dolomítico e fósforo e tam-bém visando maior aprofundamento dasraízes das plantas cítricas.

Capítulo 2

Joézio Luiz dos Anjos, Fernando Luis Dultra Cintra, Antônio Carlos Barreto, RooseveltMenezes Prudente e Ivandro de França da Silva

20

Subsolagem

Processo de aplicação de subsoladora profundidade maior que 30cm para me-lhor arejamento, drenagem, maiorarmazenamento de água em profundidade,e maior penetração de raízes em soloscompactados ou naturalmente adensados- a exemplo dos solos dos tabuleiros cos-teiros. A subsolagem serve também paraelevação da fertilidade do solo em profun-didade pela maior incorporação do calcárioe fósforo.

Na citricultura paulista, asubsolagem é mais utilizada em áreascomprovadamente compactadas, de reno-vação ou implantação de pomar novo, pre-ferencialmente em faixa larga nas linhasde plantio devido o alto custo de aplicaçãocom máquinas de grande potência (acimade 100 HP) para o rompimento do solo emprofundidade.

Fig.2. Colheita de laranja em 4 anos sob efeito de grade(gd), roçadeira (rç) e feijão de porco (fp) com (c) e sem (s)subsolagem. (Anjos, 2006).

Fig.1. Altura das plantas cítricas (cm) aos 10 anos de idade sob efeitode grade, roçadeira e feijão de porco com e sem subsolagem (Anjos,2006).

Em áreas citrícolas dos tabuleiroscosteiros da Bahia, Rezende et al. (2002)relatam experiência positiva comsubsolagem na implantação de pomar dotangerina ‘Murcott’. A subsolagem foi apli-cada na linha de plantio e houve melhordesenvolvimento das plantas aos 2 anosde idade. Também Carvalho e Vargas(2004) relatam respostas positivas deprodução em pomar de citros (‘Pêra / ‘Cra-vo’) com o manejo na entrelinha comsubsolagem e uso de feijão de porco(Canavalia ensiformis,(L), D.C.) tanto emSergipe como na Bahia, em Latossolo eArgissolo. Por outro lado, em pesquisa de10 anos sobre o mesmo assunto, Anjos(2006) não verificou efeito significativo dasubsolagem, aplicada na entrelinha do po-mar isoladamente, no desenvolvimento (Fi-gura 1) e produção (Figura 2) da laranjeira‘Pêra’ sobre ‘Cravo’ em Argissolo de ta-buleiro, em Sergipe, apesar de ter verifi-cado efeito positivo da subsolagem quan-do seguida do plantio de leguminosa ematributos físicos do solo, assim como Car-valho et al.( ).Altura das plantas cítricas-10 anos

AaaA

aAaAaA aA

220

235

250

265

280

295

310

325

Grade Roçadeira F. porco

co m sub so lag em sem subsolagem

Colheita total de frutos em 4 anos

1 1 7 a 1 1 7 a

9 6 b 9 3 b

1 2 2 a 1 2 4 a

5 0

6 5

8 0

9 5

1 1 0

1 2 5

gd c gd s rç c rç s fp c fp s

21

Portanto, há ainda necessidade demaior aprofundamento de pesquisa sobreo manejo do solo com subsolador nos ta-buleiros costeiros.

Como controlar o mato nalinha e na rua do pomar?

O controle da vegetação espontâ-nea na linha e entrelinha do pomar visa aobtenção de maior produtividade de citrospela diminuição da competição da vegeta-ção espontânea por água e nutrientes.Outro aspecto importante do manejo dosolo no pomar é a manutenção ou melhoriafísica, química e biológica do solo que con-tribuirá para a conservação do solo esustentabilidade da atividade.

O manejo ideal do solo em pomaresestá em função de fatores como clima,solo, topografia e aspectos econômicoscomo tamanho do pomar e disponibilidadede máquinas (Koller, 1994). Segundo Tersi(2003) em termos econômicos não hámuito impacto sobre o tipo de manejo numpomar de citros. Mesmo assim, deve-seconsiderar o impacto do tipo de manejo nadegradação do ambiente(solo,água,etc).Dentre os sistemas de manejo mais utili-zados estão o uso de grade durante todo oano, alternância entre roçadeira no perío-do de chuva e grade no período seco, atu-almente o mais utilizado na citriculturasergipana e o consórcio de leguminosa naságuas plantadas a lanço e grade no perío-do seco.

Na linha de plantio ainda é comumduas capinas com enxada e uma roçagemem pequenas propriedades e uso doherbicida glifosato nas médias e grandesáreas cultivadas com citros, em média 2aplicações , uma no início das águas e ou-tra no início do período seco. O uso doglifosato além de evitar o corte de raízesque possibilita o surgimento de doença(gomose), segundo Carvalho (2005), émais barato (20 a 30%) e não causa pro-blema ambiental por ser biodegradável nosolo.

Fig.3. Produção total de 4 anos de pomar - ‘Pêra/‘Cravo’ dos 7 aos 10 anos sob efeito de sistemasde manejo (Anjos,2006)

Grade de disco

Implemento agrícola mais utilizadonos pomares da Região Nordeste. Nacitricultura paulista vem sendo substituí-da pela roçagem da entrelinha por não ha-ver risco de competição da vegetação es-pontânea por água com os citros, por cau-sa do clima. O tipo de grade mais utilizadaé a de arrasto com dois eixos em V e 20discos de 36cm. É um dos métodos maiseficientes para o controle do mato por pro-mover sua incorporação superficial no solo.

O aspecto negativo da grade é o ris-co de degradação do solo pela exposiçãoao sol e à chuva, principalmente quando oseu uso é excessivo. A grade também pro-voca corte das radicelas superficiais pos-sibilitando infecção por fungos de solo. Oseu uso no período seco pulveriza o solopromovendo partículas suspensas ( poei-ra) que recobrem as folhas de citros dimi-nuindo a capacidade fotossintética influ-enciando na diminuição da produtividade.O uso constante da grade pode estimularo surgimento de pragas por falta de abrigopara os insetos predadores de pragas peladiminuição da biodiversidade da vegetaçãoespontânea. Por tudo isso, vários autoresnão recomendam mais o uso de grade empomares, entretanto, o assunto não estáainda esgotado pois, apesar desses aspec-tos, a praticidade da grade e boa respostade produtividade no pomar parecem supe-rar os inconvenientes sinalizando para ouso racional como uma opção principal-mente na Região Nordeste onde a compe-tição por água é um dos principais fatoresna redução da produtividade, conforme fi-gura 3 apresentada por Anjos (2006). Nes-se caso recomenda-se o uso criterioso,de maneira superficial, e no máximo 1 a 2vezes ao ano.

C o lheita to tal em 4 ano s

9 4 b

1 2 3 a1 1 7 a

5 0

6 5

8 0

9 5

1 1 0

1 2 5

Gr a de Roç a de i r a F. por c o

22

to de N às plantas cítricas quanto a adu-bação com uréia, promovendo inclusive amesma produtividade média (30 t/ha/ano).

Considerações finais

Dentre os sistemas de manejo es-tudados e divulgados nas condiçõesedafoclimáticas da citricultura em Sergipee na Bahia, mesmo considerando que o as-sunto não está esgotado, pode –se con-cluir que:

O uso de leguminosas na entrelinhado pomar no período das águas e incorpo-ração com grade no início do período secopromove produtividade de 30t/ha, melhoriafísica e na conservação do solo;

O uso de grade o ano inteiro temprodutividade estatisticamente igual aomanejo com leguminosa, entretanto compotencial de degradação do solo a longoprazo.

A subsolagem aplicada na entrelinha dopomar não influencia na produtividade, emborapromova alguma melhoria física no solo;

A roçagem do mato na entrelinha dopomar de citros, mesmo no período da chu-va, deve ser considerada com critério ecautela devido ao risco de competição, nascondições da Região Nordeste.

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Roçadeira

O uso de roçadeira na entrelinha dopomar no período das águas em substitui-ção a grade é recomendado nos pomarespaulistas (Tersi, 2003) e também muitoutilizado na citricultura de Sergipe e Bahia.Referindo-se a questão ambiental, esse ma-nejo é correto considerando que a manu-tenção da vegetação espontânea no pomarpromove abrigo para inimigos naturais depragas, protege o solo contra a erosão epromove a conservação e melhoria das ca-racterísticas físicas e hídricas, assim comoa possibilidade de reciclagem de nutrientese manutenção e/ou adição de matéria or-gânica.

Cintra et al. (1983) citam a impor-tância da roçagem da vegetação espontâ-nea para a conservação do solo, em po-mares da Região Nordeste. Entretanto,ressaltam que há risco de competição des-sa vegetação por água e nutrientes comas plantas cítricas, no período seco, devi-do à sua melhor adaptação, por isso reco-mendam a sua incorporação nesse perío-do.

Uso de leguminosas

As leguminosas são bastantedivulgadas em todo o mundo pela capaci-dade de simbiose com bactérias fixadorasde nitrogênio, principalmente, na atualida-de com a conscientização ambiental já noâmbito tecnológico. As leguminosas tam-bém são de grande importância para a con-servação do solo pela rapidez da cobertu-ra, proteção do solo contra erosão e pos-sibilidade de reciclagem de nutrientes decamadas mais profundas para a superfí-cie, após a incorporação. Há pesquisa emSão Paulo demonstrando que a sua utili-zação como cultura intercalar pode suprirtodo o nitrogênio necessário às plantascítricas até o quarto ano de idade (Silva,1995) . Em Sergipe, Anjos et al. (2004)relatam pesquisa em pomar adulto decitros consorciado com Canavaliaensiformis e Crotalaria juncea. Essasleguminosas controlaram totalmente a ve-getação espontânea, no período das águas.Foram também tão eficientes no suprimen-

23

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USO DE LEGUMINOSAS

Capítulo 3

Antônio Carlos Barreto, Joézio Luiz dos Anjos, Marcelo Ferreira Fernandes eLafayette Franco Sobral

A prática da adubação verde temsido considerada capaz de promover amelhoria de características físicas, quí-micas e biológicas dos solos. A litera-tura relata aumento dos teores de car-bono, da capacidade de troca de cátions(Testa et al., 1992; Debarda & Amado,1997; Bayer & Mielniczuk, 1997a) e daformação e estabilização de agregados(Paladini & Mielniczuk, 1991), o quetorna os solos mais resistentes à de-gradação pelo impacto da chuva eincrementa os teores de N total do solo(Bayer & Mielniczuk, 1997 b). Para ossolos dos tabuleiros costeiros, que emgeral apresentam baixos teores de ma-téria orgânica, a adubação verde cer-tamente tem potencial para promovermuitos benefícios.

Na atualidade pode-se conceituara adubação verde como a utilização deplantas em rotação, sucessão ouconsorciação com as culturas, incorpo-rando-as ao solo ou deixando-as nasuperfície, visando-se a proteçãosuperficial, bem como a manutenção emelhoria de características do solo, in-clusive até profundidades significati-vas. Eventualmente, partes das plantasutilizadas como adubos verdes podemter outra destinação como, por exem-plo, produção de sementes, fibras, ali-mentação animal, etc. (Calegari et al.,1993).

Leguminosas

Quando a adubação verde é feitacom leguminosas, além de outros bene-fícios, quantidades expressivas de nitro-gênio podem ser adicionadas ao solo apósincorporação destas plantas, em funçãoda fixação biológica deste nutriente, re-sultando em menor necessidade de utili-zação de adubos nitrogenados mineraispara que altas produtividades sejamalcançadas pelas plantas cítricas. A fa-mília das leguminosas compõe-se de nu-merosas espécies que apresentamcaracterísticas diversas quanto ao ciclovegetativo, produção de fitomassa, por-te e ainda uma ampla diversidade de exi-gências em relação a clima e solo. Naescolha de espécies a serem recomen-dadas para uma determinada região, de-vem-se procurar combinações dessesfatores que atendam às exigências lo-cais, dando-se preferência as que produ-zam maior volume de matéria seca, asmenos sujeitas a pragas e doenças e asque possuam sementes relativamenteuniformes e fáceis de semear, tanto ma-nualmente como através de máquinas.

Características de espécies deleguminosas, testadas nas condições doEstado de Sergipe, entre as quais desta-cam-se o guandu comum, labe-labe e fei-jão-de-porco são apresentadas na Tabe-la 1 (Barreto & Fernandes, 1999).

26

Tabela 1. Produção média de matéria seca da parte aérea, teor de nitrogênio e características técnicaspara o cultivo exclusivo de leguminosas, avaliadas nas condições dos tabuleiros costeiros do Estado deSergipe.

Manejo das entrelinhas doscitros

A utilização de culturas intercalaresnas entrelinhas em nada prejudica a for-mação dos citros, desde que se tomemmedidas adequadas, principalmente, noplantio e na manutenção (limpas e aduba-ção). Já foram realizados diversos estu-dos com feijão, milho, amendoim, inhame,fumo, maracujá, abacaxi, mamão com re-sultados bastante positivos. Essa é umaopção atrativa principalmente do ponto devista econômico e/ou de aumento de ofer-ta alimentar, em geral utilizada nos primei-ros anos de implantação do pomar, em fun-ção do pouco sombreamento exercido pe-las plantas cítricas, sem no entanto, ne-cessariamente promover benefícios, emrelação à preservação ou melhoria dascaracterísticas do solo.

O manejo tradicional das entrelinhas,com o uso excessivo de gradagem visan-

do o manejo de plantas infestantes, temcontribuído para agravar problemas rela-tivos aos solos dos tabuleiros costeiros,tais como predominância de teores bai-xos de matéria orgânica, baixos valoresde CTC e baixa capacidade de retençãode água, que aliado ao adensamento ca-racterístico da camada coesasubsuperficial, tem afetado a dinâmicada água no perfil do solo, dificultando asua infiltração. Esses fatores restringemo desenvolvimento do sistema radiculardas plantas, que é fator condicionantepara obtenção de altas produtividades,através da exploração de um maior volu-me de solo. Nos tabuleiros costeiros daBahia e Sergipe, vem se obtendo bonsresultados com o manejo do solo nasentrelinhas do citros, utilizando-se cober-tura vegetal com feijão-de-porco (Figura1), associada ao uso de herbicida pós-emergente à base de glifosato nas linhase de subsolador nas entrelinhas, a inter-valos de quatro a cinco anos, para ate-

(1)EC-Espaçamento entre covas; (2)Sem/m - Quantidade de semente por metro linear; (3)Para plantio a lanço usar mais 20%.

Guandu comum

Labe-labe

Feijão-de-porco

Mucuna preta

C. juncea

C. ochroleuca

C.spectabilis

Calopogônio

Mucuna rajada

C. breviflora

Guandu anão

8,61

8,21

7,72

6,27

6,39

6,23

6,08

4,34

4,57

4,53

4,04

2,28

3,50

3,43

3,26

2,25

2,33

2,38

2,85

3,28

2,41

2,26

0,5-1,0

0,50-0,80

0,5-1,0

0,5-1,0

0,25-0,50

0,25-0,50

0,25-0,50

0,5-1,0

0,5-1,0

0,25-0,50

0,25-0,7

20

40

40

40

20

20

20

20

40

20

20

10-15

8

5

5

15-20

20-25

15-20

20-25

5

15-20

10-15

15-25

25-35

150-170

70-80

5-10

3-5

3-7

2-4

55-65

4-7

5-15

45-55

45-50

150-170

70-80

25-35

13-18

15-20

8-15

55-65

15-20

20-30

1000 a 2000

500 a 1000

800 a 1200

1000 a 1500

1000 a 1300

-

1000

500 a 800

1500 a 2100

-

1000 a 2000

146

150

130

115

56

77

96

146

83

83

77

Espécies

Prod. média demat. seca (MS)da parte aérea

(t ha-1)

N

na MS(%)

Espaçamento entre linhas

(m)

Peso de100

sementes (g)

Quant. desementes para

plantio(3)

(kg/ha)

Produção médiade sementes

(kg/ha)

FloraçãoPlena(dias)

Densidade

EC(1)

(cm)

Sem./m(2)

(no)

27

nuar o adensamento característico da ca-mada coesa. Esse sistema tem promovi-do a melhoria de características do solo,aumento de produtividade e diminuiçãodos custos na exploração do citros (Car-valho et al, 1996).

Fig. 1. Cultivo de feijão-de-porco nasentrelinhas do pomar cítrico.

Com o plantio de leguminosas nasentrelinhas, também é possível a redu-ção do uso de fertilizantes nitrogenadosminerais em até 50 % (Tabela 2), o quese reflete positivamente na diminuição decustos, além de proporcionar condiçõesmais favoráveis do ponto de vistaambiental (Anjos et al, 2004).

Tabela 2. Produtividade média de frutosem quatro anos (2001-2004) consideran-do a fase de maior estabilização do po-mar cítrico (7 a 10 anos de idade).

Anjos et al, 2004

A- mato + 100%N mineral

B- Crotalaria juncea + 0% de N mineral

C-Feijão de porco + 0% de N mineral

D- Crotalária juncea + 25% de N mineral

E- Feijão de porco + 25% de N mineral

F- Crotalária juncea + 50% de N mineral

G- Feijão de porco + 50% de N mineral

H- Mucuna preta + 50% de N mineral

I- Mato + 0% de N mineral

t/ha

33,76

33,87

34,56

38,79

36,35

35,27

37,22

29,50

23,09

TratamentoProdutividade mé-dia dos citros de2001 a 2004

Recomendações práticas

Calagem e adubação

Os solos dos tabuleiros costeiros emgeral são de baixa fertilidade e portanto,necessitam de correção da acidez e de adi-ção pelo menos dos macronutrientes fós-foro e potássio nas entrelinhas, para a im-plantação das leguminosas, o que deve serfeito sempre quando possível, tomando-sepor base resultados de análises de solo.Vale ressaltar que essa adubação pode be-neficiar diretamente as plantas cítricas, àmedida que o desenvolvimento lateral dasraízes tenha alcançado as entrelinhas. Asleguminosas naturalmente dispensam ouso do nitrogênio o qual obtêm através dafixação simbiótica com bactérias dos gê-neros Rhizobium e Bradyrhyzobium.

Plantio e manejo da biomassa

O plantio das leguminosas deve serfeito no início do período chuvoso (abril amaio), em geral a lanço (Tabela 1), composterior incorporação das sementes comuma gradagem leve. No final desse perío-do, quando a competição por água torna-se crítica, a massa vegetal desenvolvidanas entrelinhas é roçada e deixada sobrea superfície.

Produção de sementes

A produção de sementes deleguminosas na própria propriedade deveser incentivada, pois, além da redução doscustos, é uma forma do agricultor se fa-miliarizar com as principais espécies quepodem ser utilizadas e gradativamenteperceber a importância da adoção da prá-tica da adubação verde, no aumento bené-fico da diversidade biológica e na melhoriada qualidade do solo, incorporando-a ao seuprocesso produtivo.

Adotando-se as orientações técni-cas da Tabela 1, deve-se planejar a produ-ção de sementes, em área separada, deacordo com a quantidade necessária parautilização da adubação verde na proprie-dade.

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to

28

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NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DA LARANJA

A citricultura é uma das principaisatividades agrícolas de Sergipe, pois geraemprego e renda para a população da re-gião Centro Sul do Estado. Na regiãocitricola de Sergipe, os Latossolos Ama-relos e os Argissolos Amarelos são ossolos que ocorrem com maior freqüência.Ambos são originários do Terciário, comalto grau de intemperização, com baixo teorde matéria orgânica e predominância dacaulinita na fração argila (Jacomine, 1996;Sobral, 1984). São solos de baixa fertili-dade e sem a prática da adubação, a pro-dutividade dos pomares é muito baixa(Sobral et al., 1974, 1998, 2000).

Capítulo 4

Lafayette Franco Sobral, Joézio Luiz dos Anjos, Antonia Fonseca de Jesus Magalhães,Luiz Francisco da Silva Souza, Antonio Carlos Barreto eJosé Unaldo Barbosa Silva

Remoção de nutrientes e res-posta da laranjeira a aduba-ção

Cada tonelada de laranja “Pêra”acumula 2,080 kg de N, 0,185 kg de P,1,505 kg de K, 0,456 Kg de Ca, 0,114 Kgde Mg, 0,137 kg de S, 2,4 g de B, 0,6 g deCu, 0,9 g de Mn, 0,7 g de Zn e 5 mg deMo. (Malavolta & Violante Neto, 1989).

Embora as recomendações de ferti-lizantes não possam se basear somentenas quantidades de nutrientes exportados,estes números dão uma indicação do quenecessita ser reposto, pensando-se na ma-nutenção da capacidade produtiva do soloe na preservação ambiental. Experimentosde adubação tem sido conduzidos com oobjetivo de estudar a resposta da laranjei-ra aos nutrientes bem como calibrar as re-comendações de adubação com base naanálise química do solo. Quaggio(1992)observou respostas significativas positivasda laranja à aplicação de N. A dose calcu-lada para máxima produtividade foi de 220kg ha-1. Sobral et al., (2000) observaram

resposta linear ao N. A deficiência do nu-triente diminuiu o tamanho dos frutos, nãoinfluenciando na qualidade dos mesmos.

Apesar das quantidades de fósfororequeridas pela planta cítrica serem bemmenores quando comparadas com as decálcio, nitrogênio e potássio, em solos tro-picais, onde o teor de fósforo é muito bai-xo e o mesmo é um fator limitante da pro-dução. Quaggio (1992) observou respostalinear ao fósforo, até a dose de 140 kg ha-

1 de P, quando o teor do nutriente no soloera 4 mg dm-3 , pelo método da resina tro-cadora de íons. Nos solos onde os teoresde fósforo eram maiores que 9 mg dm-3

pelo mesmo método, não foram observa-das respostas. Em um Latossolo Amarelodos tabuleiros costeiros com 1,1 mg kg-1

de P pelo método Mehlich 1. Sobral et al.,(2000) observaram efeitos positivos do Pna produção, porcentagem de suco e narelação sólidos solúveis/acidez.

A adubação potássica é importanteparticularmente quando o objetivo é pro-duzir para o mercado in-natura, pois a de-ficiência de potássio não somente causaqueda de frutos e impede o crescimentodos que permanecem, mas também por-que é o nutriente que mais afeta a suaqualidade. Quaggio (1992) encontrou res-postas lineares ao potássio quando o teordo nutriente em um LE - distrófico era 27,3mg dm-3. Em relação à qualidade de fruto,Du Plessis & Koen, (1984, 1989) obser-varam aumento do tamanho do fruto comaplicação de potássio. Em um LatossoloAmarelo dos tabuleiros costeiros com 47mg kg-1 de K pelo Mehlich 1, Sobral et al.,(2000) observaram que o K aumentou aprodução, o tamanho dos frutos e a aci-dez, diminuindo, porém a relação sólidossolúveis/acidez.

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Fig. 1. Folha de muda de laranja pêra com deficiência de N.

Em Sergipe os micronutrientes cujasdeficiências ocorrem com maior freqüên-cia são o Mn e o Zn. Em vinte e cincoporcento dos pomares há deficiência decobre, enquanto que só raramente cons-tata-se deficiências de boro.

Funções e sintomas de defi-ciência dos nutrientes

Nitrogênio

O nitrogênio é absorvido pelas plan-tas, preferencialmente, nas formas iônicasde nitrato NO3- e amônio NH4

+. O nitrogê-nio é móvel na planta e é utilizado na sínte-se de aminoácidos que compõem as pro-teínas, sendo também necessário paraoutros compostos, como a clorofila, áci-dos nucléicos e enzimas. O nitrogênio teminfluencia na fixação de frutos novos e naqualidade dos mesmos (Marschner, 1995).Os sintomas de deficiência de N caracte-rizam-se por clorose generalizada (cor verdepálido evoluindo para amarelecimento dasfolhas), conforme é mostrado na Figura 1,retardamento do crescimento das plantase modificação da morfologia das folhastornando-as pequenas. Quando a deficiên-cia se assevera as folhas velhas senesceme caem prematuramente e ocorre osecamento dos ponteiros dos ramos (Malavolta & Violante Neto, 1989 e MattosJunior et al., 2005).

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Fósforo

O fósforo é absorvido pelas plantasprincipalmente na forma H2PO4

-1 e o pro-cesso de absorção é dependente do pH.Na planta, o fósforo participa das reaçõesligadas ao ADP, as quais envolvem o trans-porte de energia. A deficiência de fósforocausa a diminuição do crescimento, sendoobservado folhas maduras de tamanho au-mentado, sem brilho e coriáceas. Frutosesponjosos com o columela aberta e áci-dos (Malavolta & Violante Neto, 1989 eMattos Junior et al., 2005).

Potássio

O potássio é o único nutriente quenão é um constituinte de estruturas orgâ-nicas. O potássio é absorvido na formaiônica e tende a permanecer na planta nes-ta mesma forma. O potássio é essencialpara a translocação de açúcares e para aformação de amido e também é necessá-rio para os processos de abertura e fecha-mento dos estômatos. Folhas novas commargens secas, diminuição do tamanho dosfrutos os quais podem cair em caso dedeficiência severa são sintomas da defici-ência de K (Malavolta & Violante Neto,1989 e Mattos Junior et al., 2005). Nacitricultura sergipana é comum encontrar-se frutos com a parte superior ou total-mente sem suco, popularmente denomina-dos “cabeça seca” os quais são resultan-tes de um suprimento inadequado de po-tássio.

Fruto com “cabeça seca”.

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Cálcio

O cálcio é absorvido na forma deCa+2 e é de reduzida mobilidade. As fun-ções do nutriente na planta estão relacio-nadas à parede celular como constituinteda mesma. Na laranjeira, a concentraçãode cálcio na folha é maior que todos osdemais nutrientes. Plantas deficientes emcálcio apresentam folhagem pouco densa,o que pode também esta relacionado a ou-tros nutrientes como é o caso do N. Comoo sintoma não é facilmente encontrado osteores de cálcio no solo e na planta devemser monitorados (Malavolta & Violante Neto,1989 e Mattos Junior et al., 2005).

Magnésio

O magnésio é absorvido na formade Mg+2 e faz parte da molécula da cloro-fila. Os sintomas de deficiência aparecemprimeiro nas folhas velhas os quais carac-terizam-se por uma clorose interneval emforma de V invertido ( Malavolta & ViolanteNeto, 1989 e Mattos Junior et al., 2005).

Enxofre

O enxofre é absorvido principalmen-te na forma de SO4

-2. Também pode serabsorvido pelas folhas na forma SO2, es-pecialmente em áreas onde a atmosfera éenriquecida através das indústrias. É cons-tituinte de três aminoácidos (cistina,metionina e cisteina), sendo, portanto, es-sencial para a síntese de proteínas. Atranslocação do enxofre não ocorre dasfolhas mais velhas para as mais novas(Marschner, 1995) e em função disto ossintomas de deficiência ocorrem nas fo-lhas mais novas as quais tornam-se ver-de-amareladas (Malavolta, 1989).

Boro

O boro é absorvido na forma deH3BO3 e é relativamente imóvel na planta.O boro tem função no transporte de açú-cares e na síntese de ácidos nucléicos(Marschner 1995). A deformação das fo-lhas novas e a morte da gema apical comocorrência de brotações laterais oriundasde gemas axilares são os principais sinto-mas de deficiência de B. Os frutos oriun-

dos de plantas deficientes em B apresen-tam o albedo mais espesso e bolsas degoma (Malavolta, 1989 e Mattos Junioret al., 2005).

Cobre

O cobre é absorvido na forma deCu+2 e participa dos processos defotossíntese, respiração e regulaçãohormonal, sendo pouco móvel na planta(Malavolta et al., 1989). Bolsas com gomanos ramos e frutos com erupçõespardacentas na superfície da pele são osprincipais sintomas de deficiência de Cu(Malavolta, 1989 e Mattos Junior et al.,2005). Em Sergipe observa-se como sin-tomas mais destacados a presença de fru-tos não maduros com a casca com colora-ção verde-pálida e com pontuaçõesnecróticas que vão aumentando com o ama-durecimento do fruto formando uma cros-

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Fig. 2. Frutos com deficiência de Cu.

Manganês

O manganês é absorvido na formade Mn+2 e é pouco móvel na planta, parti-cipando dos processos de fotossíntese,respiração e síntese de proteínas. Folhasde tamanho normal com clorose internevalcaracterizam a deficiência de Mn (Figura3)(Malavolta, 1989 e Mattos Junior et al.,2005).

Fig. 3. Sintoma de deficiência de Mn em folhade laranja.

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Zinco

O zinco é absorvido na forma deZn+2 e é pouco móvel na planta. Participados processos de respiração, controlehormonal e síntese de proteínas. Cloroseinterneval nas folhas novas as quais sãode tamanho reduzido, estreitas elanceoladas e ocorrem em ramos cominternódios curtos são os principais sinto-mas de deficiência de Zn (Figura 4)(Malavolta, 1989 e Mattos Junior et al.,2005).

Fig. 4. Folhas com sintoma de deficiência de Zn.

Ferro

O ferro é absorvido na forma deFe+3 e é pouco móvel na planta. Participados processos de fotossíntese, respiraçãoe assimilação de nitrogênio e de enxofre.Os sintomas de deficiência de Fe caracte-rizam-se por clorose generalizada e tama-nho menor das folhas novas cujas nervurassão verde escuro (Malavolta, 1989 eMattos Junior et al., 2005). É um sintomararo em condições de campo porém muitofreqüente em viveiros telados quando nãoé feito o suprimento adequado desse mi-neral.

Determinação da necessida-de de calagem e adubação

Análise de Solo

Fundamentos

A análise de química do solo parafins de recomendação de fertilizantes ba-seia-se no fato de que processos quími-cos removem do solo quantidades de nu-

trientes que se correlacionam com as quan-tidades extraídas pelas raízes das plantas.No Brasil dois mecanismos são utilizadosmais extensivamente. A dissolução ácidarepresentada principalmente pelo Mehlich1 (Kuo, 1996; Silva, 1999)e a troca iônicarepresentada pela resina (Raij et al., 1986).Experimentos de campo são conduzidospara determinar a relação entre as quanti-dades de nutrientes aplicadas, a produçãoe o teor do nutriente no solo medido porum determinado método.

Coleta de amostras

A amostragem constitui-se em im-portante fator de sucesso na análise dosolo, pois, amostras não representativas,levarão a erros nas recomendações de fer-tilizantes. Em pomares já instalados asamostras de solo devem ser coletadas naprojeção da copa das árvores - local deadubação - tomando-se cerca de 20 sub-amostras em cada área homogênea doplantio de até aproximadamente 10 ha, asquais comporão uma amostra. As amos-tras devem ser retiradas decorridos, nomínimo, sessenta dias da última adubaçãona profundidade de 0 a 20cm quando aamostragem tiver com objetivo a recomen-dação de adubação e na profundidade de20 à 40cm, quando o objetivo for identifi-car limitações químicas ao desenvolvimen-to radicular, como deficiência de cálcio epresença de alumínio. Para fins decalagem, a amostragem deverá ser efetu-ada também nas entrelinhas, na profundi-dade de 0 a 20cm. Quando da instalaçãodo pomar, a área a ser plantada deve serdividida em talhões uniformes, retirando-se também cerca de 20 sub-amostras porcada talhão, para compor uma amostra.Na coleta das sub-amostras a área de cadatalhão deve ser percorrida em ziguezague,buscando cobrir toda a superfície da área.As amostras assim coletadas servirão tan-to à recomendação da calagem como daadubação. Na Figura 5 é mostrada umaseqüência de fotografias do processo decoleta de amostras de solo em pomar delaranja.

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Fig. 5. Coleta de amostra de solo em pomarde laranja.

Interpretação dos resultados da análisequímica do solo

A interpretação da análise químicado solo é efetuada comparando-se os re-sultados analíticos encontrados, com fai-xas de teores dos nutrientes que repre-sentam condições de baixa, média e altafertilidade e servem de base para as reco-mendações de calagem e adubação, visan-do a obtenção de melhores produções.Estas faixas de teores são estabelecidasatravés de experimentos de calibração con-duzidos no campo. Quando da interpreta-ção de resultados de análises de solo, asunidades que expressam os teores dosnutrientes no solo e os métodos de análi-se devem ser considerados. Por recomen-dação da Sociedade Brasileira de Ciênciado Solo, mais recentemente têm sido utili-zadas as unidades adotadas pelo SistemaInternacional de Unidades e deve-se estaratento para o caso do fósforo que agora éexpresso em mg dm-3 mas que e igual appm e para o caso dos cations trocaveisque agora sao expressos em mmolc dm-3

que e igual a 10 x meq /100g, ou 10 xcmolc dm-3. Esta unidade facilita o cálculoda capacidade de troca cationica, pois ocálcio, o magnésio e o sódio também sãoexpressos em mmolc dm-3.

Quanto aos métodos o laboratóriodo Instituto Tecnológico de Pesquisa doEstado de Sergipe, utiliza o Mehlich 1 paraP e K, Mn, Zn e Cu, a extração com KCl1 N para Ca+2, Mg+2, e Al+3. O pH e me-dido em água e a matéria orgânica e deter-minada pelo método de Waklley & Black,cujos métodos foram compilados por Sil-va(1999). As tabelas de interpretação dosresultados foram elaboradas para seremutilizadas quando estes métodos foremutilizados. Entretanto, parte dos laborató-rios que efetuam analises de solo para finsde recomendação de fertilizantes no Bra-sil, medem o pH em CaCl2 (cujos resulta-dos são menores que os obtidos quando opH e medido em água), utilizam o métododa resina trocadora de íons para P, K Ca eMg e o DTPA para Mn, Zn e Cu (Raij et al.,1986). Portanto, para interpretação deanálises realizadas por estes métodos, umespecialista deverá ser consultado, pois,

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os resultados obtidos, são diferentes da-queles obtidos pelos métodos citados an-teriormente.

Análise Foliar

Fundamentos

A diagnose foliar consiste na deter-minação das quantidades dos elementosde uma folha previamente estabelecida. Ométodo baseia-se no fato de que um au-mento na concentração de um determina-do elemento ou elementos na folhacorresponde a um aumento de produção.Essa correspondência, em geral, é medidaatravés de coeficientes de correlação e/ou determinação, de acordo com a formado gráfico obtido quando são computadosteores de nutrientes na abcissa (x) e pro-dução na ordenada (y).

Fig. 6. Indicação da posição do ramo e da folha a ser amostrada.

Interpretação dos Resultados

Os resultados da análise foliar po-dem ser interpretados usando-se o nívelcrítico, valor abaixo do qual, a probabilida-de de resposta ao uso de fertilizantes éalta. É importante diferenciar nível críticobiológico, que é calculado procurando-se oponto máximo de crescimento ou produ-ção, e o nível crítico econômico, que levaem consideração a relação preço do pro-duto/preço dos fertilizantes. A metodologiade cálculo do nível crítico consiste em ob-ter um modelo que melhor defina a relaçãoentre a quantidade de nutrientes aplicada,o teor deste na folha e a produção. Valelembrar que, para o cálculo, são conside-rados períodos de 3 a 5 anos para que in-

Coleta de amostras

As amostras de folha da laranjeirapodem ser coletadas em ramos com e semfrutos. Neste trabalho, sugere-se a coletaem ramos com frutos, pois é mais fácilidentificar a folha a ser coletada. As fo-lhas devem ser coletadas em cadaquadrante da planta (norte, sul leste e oes-te); os frutos dos ramos de onde serãocoletadas as folhas devem ter em tornode 4 cm de diâmetro; a folha a ser coleta-da deve ser a terceira a partir do fruto enão deve estar danificada, conforme indi-cado na Figura 6. Para cada dez hectaresde pomar homogêneo, quanto à idade, de-senvolvimento das plantas e variedades decopa e porta enxerto, amostrar 25 plan-tas. As folhas coletadas devem ser acon-dicionadas em sacos de papel e enviadasimediatamente ou armazenadas em refri-gerador, até o envio ao laboratório.

corporem as variações que por venturaocorram. Na tabela 1 são mostradas fai-xas de teores dos nutrientes na folha dalaranjeira. O limite inferior da faixa ade-quada corresponde aproximadamente aonível crítico.

As analises químicas do solo e dafolha são complementares e quando usa-das conjuntamente, fornecem uma visãomelhor que cada uma separadamente. Osresultados das analises devem ser arma-zenados, preferencialmente na forma digi-tal, pois a serie histórica de resultados,juntamente com as anotações de aduba-ções realizadas, facilita a tomada de deci-são quanto às adubações futuras (Quaggioet al., 2005).

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Calagem e adubação da laranjeira

Calagem

Os solos onde está implantada acitricultura no Estado de Sergipe, sãopedogeneticamente ácidos, e essa acidezpode se agravar em função de um manejoinadequado do pomar, o que causa a redu-ção da produtividade da laranja em funçãoda toxidez do Al+3 e dos baixos teores deCa+2 e Mg+2 no solo. A calagem é realiza-da para corrigir a acidez do solo atravésda insolubilização do Al+3 e aumento dosteores de Ca+2 e Mg+2. O material utiliza-do é o calcário, que é obtido pela moagemde rochas contendo carbonatos de cálcioe de magnésio, cuja qualidade é aferidaatravés do PRNT – Poder Relativo deNeutralização Total, o qual depende dasquantidades destes carbonatos e dagranulometria. A legislação brasileira exi-ge que os calcários agrícolas apresentemPoder de Neutralização (% de equivalenteem CaCO3) mínimo de 67 %, soma de %CaO + % MgO mínima de 38% e PRNTmínimo de 45%. Calcários denominadoscalcíticos apresentam teor de MgO menor

que 5% e os dolomíticos são aqueles quecontém mais de 5% de MgO.

Cálculo da necessidade de calagem

Método do alumínio trocável

O método do alumínio trocável continuasendo o mais amplamente utilizado em solos tro-picais, onde predomina minerais de argila de bai-xa atividade como a caulinita e óxidos de ferro ealumínio, associado a baixos teores de matériaorgânica, nos quais a presença de alumíniotrocável é considerada a principal causa da aci-dez dos solos. O método visa além da neutralizaçãodo alumínio trocável, garantir um teor mínimo de2 cmolc dm-3 de Ca+2 + Mg+2, através das fór-mulas:

NC = 2 x Al x f ou NC = 2 – (Ca + Mg) x f(utilizando a que recomendar maior dose)

onde

NC = necessidade de calagem em t/ha(para calcário com 100% de PRNT)

f = 100/PRNT (correção do PRNT docalcário comercial)

Tabela 1. Faixas de teores dos nutrientes na folha da laranjeira.Adaptado de Malavolta& Violante Neto (1989) e Quaggio et al., (2005).

Nutriente

N

P

K

Ca

Mg

S

Mn

Zn

B

Cu

Mo

Baixo

<23

<1,2

<12

<30

<3

<2

<25

<25

<35

<5

<0,10

Faixas de Teores

Adequado

g kg-1

23 - 27

1,2 – 1,6

12 – 17

30 – 45

3 -- 4

2 -- 4

mg kg-1

25 - 50

25 - 50

35 - 100

5 - 10

0,10 – 1,0

Alto

>27

>1,6

>17

>45

>4

>4

>50

>50

>100

>15

>2,0

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Método da saturação por bases (V%)

Baseia-se na estreita correlação existen-te entre o nível de acidez do solo (pH) e V%, ouseja, quanto maior o pH, maior o V% do solo.Dessa forma, calculando-se as doses de calcáriopara elevar V% até valores adequados, automa-ticamente se estará elevando o pH do solo e eli-minando as consequências indesejáveis do exces-so de acidez. Esse método em relação ao anterioré considerado mais flexível, pois permite calcu-lar a quantidade de calagem necessária, para seatingir uma determinada percentagem de satura-ção de bases, de acordo com as exigências dasculturas. Em geral considera-se que aneutralização do alumínio é suficiente apenas parase alcançar cerca de 40% da saturação por ba-ses, segundo Raij e Quaggio, (1997). Sobral etal., (1998) observaram, que a elevação dos te-ores de Ca+2 + Mg+2 para 3,0 cmolc dm-3 equi-valeu a uma saturação por bases de 50%.

O cálculo da calagem por este mé-todo é feito através da fórmula:

NC = CTC (V2-V1)/ PRNT

onde

NC-necessidade de calagem em tha-1

CTC - capacidade de troca de cátions ex-presso em cmolc dm-3

CTC – quantidade total de cargas negati-vas, ou seja, é a soma das bases (Ca+2,Mg+2, K+ e Na+) + (H + Al+3). Esta CTCé denominada CTC a pH 7,0 pois a análisedo (H + Al+3) é realizada a pH 7,0.

V2 - saturação por bases a ser alcançada

V1 - saturação por bases atual do solo –análise do solo

PRNT - poder relativo de neutralização total docalcário – impresso na sacaria do calcário.

Para citros procura-se elevar a saturaçãopor bases para 70 % na profundidade de 0–20cm (Quaggio et al., 1992). Os autores tambémsugerem que o teor de Mg no solo seja mantidono mínimo em 4 ou idealmente em 8 mmolcdm-

3. O calcário deve ser espalhado em toda a áreae incorporado através de gradagem superficial em

pomares já implantados Entretanto, resultadosobtidos por Anjos (1997) indicam que são neces-sárias maiores quantidades de calcário que asobtidas pela formula NC = CTC (V2-V1)/ PRNTutilizada para o cálculo e que grande parte docalcário aplicado e incorporado com gradeniveladora em um Argissolo Acinzentado deUmbaúba – Se, não ultrapassou a profundidadede 10 cm.

Na implantação do pomar, quando a aná-lise química do solo indicar necessidade decalcário, o mesmo deve ser distribuído em toda aárea antes da aração e/ou gradagem. Entretanto,parte do calcário também poderá ser misturado àterra superficial que encherá a cova. A quantida-de de calcário a ser aplicado em cada cova deve-rá ser calculado com base na proporção volumede solo em um há considerando a profundidadede 10 cm e o volume da cova.

Correção da acidez subsuperficial

A ocorrência de acidezsubsuperficial, caracterizada por alta satu-ração de Al+3 e baixos teores de Ca+2 e deMg+2 nas camadas mais profundas do solo,limita o crescimento radicular das plantas.Dados ainda não publicados pelo autor, ob-tidos em um Argissolo dos tabuleiros cos-teiros, indicam que a aplicação de gessomelhora o crescimento radicular da laran-jeira. Entretanto, como o mecanismo de atu-ação do gesso baseia-se no carreamentode cátions para camadas subsuperficiais,os teores de Ca, Mg e K devem sermonitorados através da análise foliar. Têmsido propostos vários critérios para calculara quantidade de gesso. Malavolta (1992)sugere que o gesso deve ser aplicado, quan-do a saturação de cálcio na CTC for menorque 40% e quando a saturação do alumí-nio for maior que 20%. Alvarez V. et al.,(1999) sugerem que o gesso deve ser utili-zado em solos com menos de 4 mmolc dm-

3 de Ca+2 ou mais de 5 mmolc dm-3 deAl+3 . Em se tratando de citros, os citadosvalores devem ser observados na camada20 – 40cm. Alvarez V. et al., (1999) su-gerem que a quantidade de gesso a ser uti-lizada seja 25% da necessidade de calagemcalculada tanto pelo método do Al+3

trocável, quanto pela saturação por bases.O valor obtido é corrigido para a profundi-

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dade, multiplicando-se a necessidade degesso pelo quociente obtido da divisão daespessura da camada que se quer corrigirpor 20 cm, que é a profundidade para aqual foi calculada a calagem. Por exemplo,se a necessidade de calagem for 2 t ha-1 anecessidade de gesso será 500 kg ha-1.Como se quer melhorar o ambiente radicularaté 40 cm, a dose de gesso a ser aplicadaserá 1000 kg ha-1 [QG = 500 * (40cm/20cm)]. Em solos com teor de argila menorque 20%, com predominância de caulinitae baixos teores de matéria orgânica, o quecompreende a grande maioria dos solosonde esta implantada a citricultura no Es-tado de Sergipe, a dose de gesso não deve-rá ultrapassar 2 t ha-1.

Adubação

Adubação para pomar em formação

Na implantação do pomar, nas áre-as cultivadas com laranja no Estado deSergipe sugere-se a aplicação de 500 g desuperfosfato simples na cova de plantio.O fertilizante devera ser misturado a terrasuperficial que servirá para encher a cova,

juntamente com o calcário. A aplicação deuma fonte de matéria orgânica na cova deplantio e desejável, observando-se o cus-to da mesma. No caso de aplicação de umafonte orgânica na cova de plantio, deve-seesperar no mínimo trinta dias para o plan-tio, pois o processo de mineralização damatéria orgânica é exotérmico, o que podeprejudicar a muda.

Convém lembrar, que o atual proces-so de produção de mudas em ambiente pro-tegido e em sacos plásticos, favorece opegamento das mesmas, pois praticamen-te não há estresse durante o processo detransposição do viveiro para o campo, pois,as raízes são envoltas pelo substrato, uti-lizado na produção da muda.

As sugestões de adubação para opomar do primeiro ao quinto ano são mos-tradas na tabela 2. Estas sugestões fo-ram elaboradas com base em curvas deresposta ao nutriente para N, enquanto paraP e K, considerou-se a análise química dosolo.

Tabela 2. Sugestões de adubação com N, P e K para a laranja em formação. Adaptado de Magalhães(1989).

O N e K devem ser fracionados emduas aplicações no inicio e no final do pe-ríodo chuvoso enquanto que o P deve seraplicado de uma só vez (Silva et al 1984).

Adubação para pomar em produ-ção

A adubação com N deve ser feita combase na análise foliar e a com P e K com basena análise química do solo, de acordo com a

tabela 3, a qual, contém a primeira aproximaçãode recomendações de fertilizantes para laranjaem produção, fruto de trabalhos desenvolvidosno Estado de Sergipe. O plantio de leguminosasnas entrelinhas do pomar, é uma opção como fontesupridora de N, cujos detalhes são discutidos nocapítulo. A adubação com enxofre deve ser feitacom base na análise foliar. Quando o teor de en-xofre na folha for menor que o teor adequado, oS deve ser aplicado. A primeira opção é utilizar osuperfosfato simples ou o sulfato de amônio, que

Idade

Anos

1

2

3

4

5

N

Kg ha-1

60

80

100

120

160

0 - 6

40

50

50

60

60

g dm-3

7 - 12

P2O5 kg ha-1

30

30

30

40

40

P no Solo Mehlich 1

12 - 20

20

20

20

20

30

0 - 30

60

80

100

120

140

g dm-3

31 - 50

K2O kg ha-1

40

60

80

80

100

K no Solo Mehlich 1

51 - 75

-

-

40

60

80

38

contém 12 % e 24 % de S respectivamente. Ogesso também pode ser utilizado como fonte deS. Neste caso, as quantidades a serem utilizadassão mais baixas que aquelas usadas para corrigira acidez subsuperficial.

Quando os teores de cálcio emagnésio estiverem abaixo de 20 e 8 mmolcdm-3 respectivamente, provavelmente osolo estará necessitando de calagem, prá-tica que repõe estes dois nutrientes. Quan-do o Mg estiver abaixo de 8 mmolc dm-3 ouquando o teor de Mg na folha estiver abai-xo do valor adequado, deve-se aplicarcalcário dolomítico. Como a solubilidade doMgCO3 é baixa, tornando a disponibilizaçãodo Mg mais lenta, o mesmo deve ser apli-cado no solo na forma de óxido, ou atra-vés de adubação foliar na forma de sulfa-to de magnésio 4 g L-1 do sal.

A adubação com Zn, Mn, Cu e Bdeve ser feita sempre que os teores no soloforem menores que o limite inferior da fai-xa média ou quando os teores na folha fo-rem menores que os respectivos níveis crí-ticos. Os micronutrientes podem ser apli-cados via solo ou via foliar. No solo os

micronutrientes podem ser aplicados na for-ma de sais, quelatos sintéticos e oxi-silicatos (fritas). Os micronutrientes tam-bém podem ser fornecidos através de for-mulas N:P:K, às quais são adicionados. Aadubação foliar também pode ser utilizada,porém, devido à baixa translocação dosmicronutrientes na planta, precisa ser re-petida nas brotações mais significativas,quando as folhas ainda são jovens, comcutícula pouco desenvolvida. As doses re-comendadas são: Zn na forma de ZnSO4. 7H2O 5 g L-1 do sal ; Mn na forma de MnSO4

3 g L-1 do sal e B na forma de H3BO4 1 g L-1 do ácido. A adição de 5 g L-1 de uréia àcalda e recomendada. A presença de Cuem fungicidas diminui a probabilidade deocorrência de deficiência. Entretanto, ocor-rendo à deficiência a adubação foliar comCu deve ser feita com oxicloreto de cobrena dosagem de 3 g L-1 do produto. A pulve-rização com Cu também pode ser feita com3 g L-1 de CuSO4. Entretanto, para prevenirefeito tóxico do sulfato de cobre, e neces-sário adicionar 5 g L-1 Ca(OH)2. Este com-posto e denominado cal apagada, pois pro-vem da reação do CaO com a H2O, no pro-cesso de fabricação da cal.

Tabela 3. Recomendações de N, P e K para laranjeira em produção com base nas análi-ses de folha e solo. Adptado de Raij et al., (1997), Magalhães (1989) e conforme resul-tados obtidos para P e K por Sobral et al. (2000).

N Folha - g kg-1

<20

21 - 23

24 - 26

27 - 30

P solo - Mehlich 1 mg dm-3

0 – 6

7 - 12

12 - 20

K solo - Mehlich 1 mg dm-3

0 - 30

31 - 50

51 - 75

416 plantas

(6 m x 4 m)

160

120

80

40

60

40

20

120

80

40

N kg ha-1

555 plantas

(6 m x 3 m)

200

150

100

50

80

50

30

160

100

50

Densidade de plantio/Espaçamento

P2O5 kg ha-1

K2O kg ha-1

Nutriente Folha / Solo

39

O N e K devem ser fracionados emduas aplicações no inicio e no final do perí-

Tabela 4. Primeira aproximação de classes de teores de micronutrientes no solo. Zn.Mn e Cu pelo Mehlich 1 e B pelo método da água quente. Adaptado de Ribeiro et., al(1999) e Quaggio et., al (2003).

odo chuvoso enquanto que o P deve seraplicado de uma só vez (Silva et al 1984).

Agradecimentos

Agradecemos ao Assistente de Pes-quisa Paulo Sergio Santos da Mota e aoAssistente de Operações Raimundo Josedos Santos, pela colaboração nas foto-grafias.

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Micronutriente

Zinco

Manganês

Cobre

Boro

Baixo

<1,0

<5

<0,7

<0,6

Médio

mg dm-3

1,0 – 2,2

5 - 12

0,7 – 1,8

0,6 – 0,9

Alto

>2,2

>12

>1,8,0

>0,9

40

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PORTA-ENXERTOS CÍTRICOS

Capítulo 5

Roosevelt Menezes Prudente e Luiz Mário Santos da Silva

Com a abertura de mercado, ocitricultor sergipano compete com produ-tores de outros estados e até de outros pa-íses, esses muitas vezes com melhores con-dições edafoclimáticas, de infra-estruturae de crédito. Para tanto o citricultor temque buscar práticas e tecnologias para me-lhorar sua competitividade e rentabilidade,entre as quais se destaca a escolha do por-ta-enxerto adequado à variedade copa es-colhida. Para que essa combinação copa/porta-enxerto proporcione rentabilidade elongevidade é indispensável que estejaadaptada às condições de solo e de climalocais. Portanto, a qualidade dessa combi-nação é fundamental para o sucesso ouinsucesso da exploração. De nada bastaráuma excelente muda, do ponto de vistavegetativo e fitossanitário, se a mesma forformada com materiais copa e/ou porta-enxerto com características indesejáveis,pois os prejuízos serão inevitáveis. Muitasdessas características indesejáveis não sãopercebidas na hora da aquisição das mu-das, mas causarão grandes prejuízos ao re-duzir o desenvolvimento vegetativo, a pre-cocidade, a produtividade e a longevidadedo pomar, dentre outros.

Ressalte-se como sendo de funda-mental importância a escolha criteriosa dasvariedades copa e porta-enxerto que irãofornecer material básico propagativo paraformação da muda, pois é sabido que plan-tas doentes ou pouco produtivas resultammudas de péssima qualidade. As plantasmatrizes fornecedoras desses materiais de-vem ser, sadias, vigorosas, muito produti-vas. Esses materiais devem ser oriundos deplantas básicas de organismo de pesquisa,produzidas em ambiente protegido, apósvencidas todas as etapas de seleção, den-tre as quais: seleção massal em campo,

microenxertia, formação de mudas, testesde viroses, premunização, avaliação agro-nômica até completar o processo (CARVA-LHO et al., 2001; CARVALHO et al., 2005).

Em Sergipe, estima-se que 95% dospomares são de laranja Pêra [Citrus sinensis(L.) Osbeck] enxertada sobre limão Cravo[Citrus limonia (L.), Osb.] e limão Rugosoda Flórida (Citrus jambhiri Lush.), respecti-vamente, 55% e 40%, complementadospelos porta-enxertos limão Volkameriano(Citrus Volkameriana Ten. & Pasquale) etangerina Cleópatra (Citrus reshni, Hort. ex.Tanaka). Essa pequena diversificação ex-põe a cultura a vários riscos, face às su-cessivas constatações de problemasfitossanitários como o declínio dos citros, agomose de Phytophthora, a Tristeza, à mor-te súbita dos citros e de tantos outros quepodem inviabilizar as combinações em usoe colocar todo o parque citrícola estadualnuma situação muito vulnerável (Prudenteet al., 2004).

Influência do porta-enxertona combinação copa / por-ta-enxerto

Comercialmente, a planta cítrica é for-mada com a borbulha da variedade copa enxerta-da sobre o porta-enxerto. Essa combinação apre-senta efeitos marcantes desse último, que forne-ce todo o sistema radicular da planta, e tambémé influenciada pelas condições ecológicas do lo-cal do plantio, principalmente. Dessa maneira, oporta-enxerto tem papel fundamental na combi-nação copa/porta-enxerto, influenciando diversascaracterísticas da variedade copa, tais como ocrescimento, vigor, precocidade de produção,produção, produtividade, no desenvolvimento dofruto, na maturação e na qualidade do fruto, to-lerância à seca, à doenças, à pragas, além de

42

outras (Pompeu Júnior, 1991; Salibe, 1987). Asua influência sobre a variedade copa pode aindaaparecer através da sua capacidade diferenciadade absorção de nutrientes, favorecendo a absor-ção de uns e prejudicando a de outros. O porta-enxerto também influencia a definição do graude tolerância ou da suscetibilidade do conjunto,em relação a algumas viroses, como a Tristeza, aExocorte e a Xiloporose, ou a patógenos do gê-nero Phytophthora que produzem a gomose nocolo da planta e a podridão nas raízes dos citros(Pompeu Júnior, 2005).

A variedade copa também induz variaçõesno comportamento do porta-enxerto, porém me-nos visíveis, com relação à tolerância à seca, àsdoenças e pragas e ao desenvolvimento do siste-ma radicular. É sabido que o limão Cravo é into-lerante à morte súbita dos citros quando sob copada laranja Pêra, mas apresenta comportamentoinverso quando enxertado com laranja Valência.Recentemente em São Paulo, contatou-se quequando se intercala a laranja Valência entre olimão Cravo e a copa da laranja Pêra, práticaessa conhecida como enxertia dupla, interenxertoou ‘sanduíche’, esse mesmo porta-enxerto apre-senta comportamento tolerante à morte súbita doscitros. Também a inserção da laranja Hamlin en-tre o citrumelo Swingle e a laranja Pêra permiteformar plantas produtivas e longevas (PompeuJunior, 2005).

Características e comporta-mentos de porta-enxertos

O porta-enxerto, além de ter suas carac-terísticas e comportamentos influenciados pelacopa e vice-versa, é também induzido pelas con-dições de solo e clima do local onde se encontrainstalado. As condições de umidade do solo influ-enciam a ocorrência de doenças, a depender datolerância ou suscetibilidade do porta-enxerto, en-quanto as condições climáticas induzem mudan-ças no comportamento geral da combinação copa/porta-enxerto, em função não só da quantidade edistribuição da pluviosidade. Dentre as variaçõesclimáticas, a que mais influencia a produção é adisponibilidade de sazonal de água, inclusive po-dendo também variar as característicasfenológicas do florescimento, da pega do fruto, ovolume da produção e a qualidade do fruto. Osolo também exerce influências nas característi-cas e comportamentos dos porta-enxertos, por-que apresentam capacidades diferenciadas de

adaptação em relação a diferentes tipos de so-los, devendo-se escolher os mais adequados paracada situação. Essa plasticidade e adaptação doporta-enxerto é muito importante porque permiteampliar as áreas de exploração da cultura paradiferentes tipos de solos, de condições climáti-cas e de manejo, utilizando-se de porta-enxertosmelhores adaptados às condições de cada caso,inclusive textura, fertilidade, umidade do solo,além de outras. De modo que o conhecimentodas características e comportamentos dos porta-enxertos é fundamental com vistas no aumentoda rentabilidade, seja pelo aumento da produçãopor área, pelo enfrentamento dos problemasfitossanitários ou melhoria da qualidade do fruto,além de outros.

Limão Cravo: [Citrus limonia (L.),Osbeck]

O porta-enxerto mais utilizado noBrasil devido à sua grande resistência aseca, precocidade e alta produtividade sobdiversos cultivares copas, principalmente.Oferece muito bom desempenho em todasas etapas, tanto antes como depois daenxertia, com crescimento rápido, facili-tando a formação das mudas. Compatibili-dade com todas as copas. No campo suasplantas oferecem rápido crescimento, in-duzindo precocidade de produção, altasproduções de frutos com boas caracterís-ticas e com excelente coloração. Segundopesquisa desenvolvida por Prudente et al.(2004), o limão Cravo ofereceu produtivi-dade média equivalente aos limõesVolkameriano, ‘Palermo’ e ‘Catânia 2’, eRugoso da Flórida, e a tangerina Cleópatra.Média resistência às gomoses dePhytophthora parasitica e P. citrophthora,portanto um pouco melhor que o limão Ru-goso da Flórida. É suscetível ao declíniodos citros (Rodrigues et al., 1979) e àmorte súbita dos citros (Gimenes-Fernandes & Bassanezi, 2001). A sua com-binação com laranja Pêra tem demonstra-do alta suscetibilidade ao declínio doscitros. Segundo Pompeu Junior (2005),baseado em pesquisa com laranja Valência(Citrus sinensis, Osbeck), “todos os por-ta-enxertos comerciais apresentamsuscetibilidade ao declínio que se manifestacom o envelhecimento da planta”: limãoVolkameriano – 45%, limão Rugoso –

43

43%, limão Cravo – 27%, tangerinaCleópatra – 23%, tângelo Orlando – 23%e citrumelo Swingle – 7%. É tolerante àsraças fracas do vírus da tristeza. Adapta-se bem a vários tipos de solos, preferenci-almente aos solos arenosos e de texturamédia.

Limão Rugoso da Flórida: Citrusjambhiri, Lush.

Induz a formação de pomares vigo-rosos e produtivos, mas com frutos comqualidade inferior ao Cravo, de casca maisgrossa, com menor coloração e porcenta-gem de suco. Tem grande resistência àseca, porém um pouco menor que a ofere-cida pelo limão Cravo. É tolerante ao vírusda Tristeza, mas suscetível ao declínio doscitros. Tem média resistência à gomosede Phytophthora. Induz rápido crescimen-to em todas as fases da formação de mu-das, da sementeira ao plantio no campo,inclusive precocidade e volume de produ-ção. Produz frutos com menor porcenta-gem de suco que a tangerina Cleópatra eos limões Cravo e Volkameriano, ‘Palermoe ‘Catânia 2’, apesar de não diferirem es-tatisticamente (Prudente et al., 2004).Quando sob copa de tangerina, o limãoRugoso induz muito negativamente acomposição dos frutos. Prefere mais ossolos arenosos.

Limão Volkameriano: Citrusvolkameriana, Tennore &Pasquale

Tido como híbrido natural de limãoverdadeiro com laranja Azeda (Citrus limonBurm x C. aurantium L.). Mais suscetívelao declínio dos citros que o limão Cravo(Pompeu Junior, 2005), porém produz fru-tos com igual precocidade e qualidade. Comrelação à porcentagem de suco, em pes-quisa desenvolvida em Sergipe, equipara-se ao limão Rugoso, mas é superado pelolimão Cravo e pela tangerina Cleópatra.Também é suscetível à morte súbita doscitros. Sua boa tolerância à seca é compa-rável ao limão Cravo e superior ao limãoRugoso da Flórida, a tangerina Cleópatra eao Tângelo Orlando. Em Sergipe, ao con-trário do que ocorre em São Paulo, apre-

senta-se com inexpressiva incompatibilida-de com a laranja Pêra. É muito pouco resis-tente à gomose de Phytophthora, porém asseleções Palermo e Catânia-2 oferecemmelhor resistência aos fungos Phytophthoracitrophthora e P. parasítica que o limão Cra-vo e Rugoso da Flórida. Prefere os solos pro-fundos e bem drenados.

Tangerina ‘Cleópatra’: Citrusreshni, Hort. ex. Tanaka

O porta-enxerto tangerina Cleópatraoferece produções iniciais mais baixas queos porta-enxertos anteriores, razoável apartir do 5º ano. Apesar de apresentarcrescimento lento em todas suas fases,desde a sementeira até o início de produ-ção, inclusive na maturação dos frutos, asplantas de tangerina Cleópatra sob copade laranja Pêra não apresentam sintomasde incompatibilidade. Produz frutos meno-res que os demais porta-enxertos, porémcom maior porcentagem suco e com me-lhor qualidade (Prudente et al., 2004). Temmédia tolerância à seca, superada apenaspelos limões Cravo e Rugoso da Flórida.Oferece melhor resistência aos fungos dogênero Phytophthora e ao declínio doscitros que o limão Cravo (Pompeu Júnior,2005). Face ao seu nível mais baixo de in-cidência de declínio torna-se superior aoslimões Cravo, Volkameriano e Rugoso daFlórida, porém equiparando-se ao TângeloOrlando, perdendo apenas para o citrumeloSwingle (Pompeu Júnior, 2005). É resis-tente à morte súbita dos citros, uma vezainda não foram encontradas plantas comsintomas da doença (Müller et al., 2002;Pompeu Júnior, 2005) e ao vírus da Tris-teza. É mais recomendado como porta-en-xerto para laranjas de maturação preco-ce. Prefere solos com textura de arenosaa areno-argilosa e é mais exigente em nu-trientes que os demais porta-enxertos.

Citrumelo Swingle: [Citrusparadisi Macfad. cv. Duncan xPoncirus trifoliata (L.) Raf.]

Híbrido de baixa suscetibilidade aodeclínio dos citros e resistente a gomosePhytophthora. É resistente à morte súbita dos citros(Müller et al., 2002) e à Tristeza. Apesar de

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moderadamente resistente à seca, o citrumeloSwingle é superado pelos limões Cravo, Rugosoda Flórida e Volkameriano. É incompatível comlaranja Pêra e tangor ‘Murcott’ (Pompeu Junior,2001), originando plantas pouco produtivas e devida curta. Em São Paulo induziu boa produtivi-dade às laranjas ‘Hamlin’, ‘Baianinha’ e‘Valência’, como também à lima ácida ‘Tahiti’.Induz às copas a produção de fruto com qualida-de variando entre bom a ótimo, melhor que osproduzidos pelos limões Cravo e Volkameriano.Prefere solos arenosos ou de textura média. Re-comendado para plantio irrigado de lima ácidaTahiti.

Tângelo Orlando: Citrus tangerinaHort. ex. Tanaka x Citrus paradisi,Macfad

Híbrido de tangerina Dancy compomelo Duncan. Tem baixa suscetibilidadeao declínio dos citros e à Tristeza. Temsuscetibilidade moderada à gomose dePhytophthora e à seca. Induz à copa boaprodução e fruto de boa qualidade, compa-rável a tangerina Cleópatra e superior aoslimões Cravo, Volkameriano e Rugoso daFlórida. Quanto ao início de produção si-tua-se entre o limão Cravo e a tangerinaCleópatra. Em São Paulo, produz frutos deboa qualidade quando enxertados com la-ranjas e tangerinas.

Tangerina Sunki x trifoliataSwingle 314

Híbrido produzido artificialmente.Tem demonstrado maior tolerância aodeclínio dos citros e à gomose dePhytophthora que os limões Cravo e Rugo-so da Flórida. Apresenta comportamentovegetativo e produtivo comparável ao li-mão Cravo, com base em pesquisas de-senvolvidas por Prudente et al., (2006).

Tangerina Sunki x trifoliataSwingle 256

Híbrido produzido artificialmente.Tem demonstrado maior tolerância aodeclínio dos citros e à gomose dePhytophthora. Apresenta comportamentovegetativo e produtivo comparável ao li-mão Cravo (Tabelas 2 e 3).

Pesquisas com porta-enxer-tos em Sergipe

O cultivo das plantas cítricas tem en-frentado desafios permanentes em todasas regiões produtoras do globo. O ataquede doenças bacterianas, fúngicas e viróticasse destacam e a busca de novas opções decombinações copa/porta-enxerto tem sidoconstante para superar um grande númerode problemas fitossanitários. De modo ge-ral, no Brasil e no mundo, os fatoresfitossanitários e ambientais são norteadoresdo desenvolvimento dos programas de pes-quisa para seleção de porta-enxertos, sem-pre respaldadas nos aspectos da produtivi-dade e da qualidade do fruto.

Em São Paulo, estado maior produ-tor de citros do Brasil, os principais fatoresdeterminantes para a seleção de porta-en-xertos cítricos são a resistência à seca, aodeclínio dos citros, à Morte Súbita, àgomose de Phytophthora e à Tristeza. Apartir da ocorrência da doença conhecidapor morte súbita dos citros, em 2001, aspesquisas nesse estado foram intensifica-das mais ainda (Cristofani et al., 2005).

Em Sergipe, embora a sua citricultura es-teja ainda indene de doenças como Cancro cítri-co, morte súbita dos citros e Huanglongbing, pes-quisas vêm sendo desenvolvidas com diferentescombinações copa/porta-enxertos, com vistas naseleção de combinações que proporcionem maiorprodutividade e, ao mesmo tempo, asseguremmaior longevidade aos pomares. Nesse estado tem-se como principal agravante o fato dos porta-enxertos mais utilizados, os limoeiros Cravo (Citruslimonia, Osb.) e o Rugoso da Flórida (Citrusjambhiri,Lush.) serem suscetíveis ao declínio doscitros e à gomose de Phytophthora, doenças queresultam na morte de grande número de plantase, em conseqüência também a redução significa-tiva da vida útil dos pomares. Em muito menorescala, apesar da sua tolerância à morte súbitados citros, também é utilizada a tangerinaCleópatra, mas colocada em desvantagem por sermais suscetível à seca. Essa situação vulnerávelé muito preocupante porque expõe a riscos cons-tantes todo o parque citrícola estadual e alertapara a urgente necessidade da diversificação comporta-enxertos tolerantes a essas doenças e queproporcionem produtividade compensadora. Nes-

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se sentido, objetivando enfrentar esses e maisoutros entraves tecnológicos, desde 1970 a pes-quisa estadual vem desenvolvendo trabalhospara disponibilizar opções de porta-enxertos parao Estado de Sergipe. Na Estação Experimentalde Boquim - E.E.B., foram instalados e conduzi-dos trabalhos com porta-enxertos para laranjasBahia e Pêra e também para o tangor Murcott.O primeiro estudo de porta-enxerto realizadoem Sergipe foi colocado em campo em 1970.Nele foram avaliadas 12 combinações de por-ta-enxertos (tradicionais, seleções e híbridos doPoncirus trifoliata), enxertadas com a laranjaBahia, então a principal variedade cultivada noEstado (Silva et al.,1987).

• Silva et al.,(1993) competiramdez porta-enxertos para laranjaPêra D6. Após oito colheitas asproduções médias em toneladapor hectare foram: limão Schaub- 31,4; limão Rugoso Vermelho -30,6; tangerina Sunki x trifoliataEnglish 63.264 - 20,2; limãoVolkameriano - 18,0; limão Cra-vo - 16,9; citrumelo Swingle -15,2; tangerina Cleópatra xtrifoliata Swingle - 11,6; Karna -10,0; tangerina Sunki x trifoliataSwingle - 7,8; e P. trifoliata - 5,3.Os autores observaram que na co-lheita 1982/83, no auge do rigorde grande estiagem, os porta-en-xertos mais tolerantes à seca fo-

ram: limão Rugoso Vermelho - 21,3t/ha; limão Schaub - 12,6; limãoVolkameriano - 9,0; limão Cravo -8,9; tangerina Sunki x trifoliataEnglish 63.264 – 8,5; citrumeloSwingle - 8,5.

• Prudente et al. (2004), em experi-mento instalado no Campo Experi-mental de Umbaúba (C.E.U.), ava-liaram a potencialidade da copa la-ranja Pêra [Citrus sinensis (L.)Osbeck], clone D6, enxertada so-bre cinco porta-enxertos em solode tabuleiros costeiros. Dentre osvários resultados, destacam-se asmédias das produtividades do 9º ao13º ano do plantio, em t/ha: limãoVolkameriano ‘Palermo’- 44,1; li-mão Cravo - 42,9; limãoVolkameriano ‘Catânia 2 - 42,5; li-mão Rugoso da Flórida - 42,5; tan-gerina Cleópatra - 38,1. Respalda-dos nas análises aplicadas às mé-dias de produtividade, peso de fru-to e percentagem de suco, os ci-tados autores concluem que “asseleções do limão Volkameriano,‘Palermo’ e ‘Catânia 2’, e a tange-rina Cleópatra apresentaram com-portamento semelhante aos limõesCravo e Rugoso da Flórida, os maisutilizados nas regiões citrícolas deSergipe” (Tabela 1).

(*) Nas colunas, médias seguidas da mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).

Tabela 1. Médias de produtividade e de peso médio de fruto da laranjeira ‘Pêra’ D6 enxertada sobre cincoporta-enxertos, no período de 1993 – 1997. Embrapa Tabuleiros Costeiros. Umbaúba, SE.

‘Cravo’

‘Rugoso’

‘Palermo’

‘Catânia 2’

‘Cleópatra’

D.M.S.

1993

34,3 a

18,3 b

28,5 ab

26,7 ab

18,2 b

16,0

1994

47,6 b

58,2 a

49,9 ab

50,8 ab

57,0 a

9,0

1995

21,5 ab

15,5 bc

19,3 abc

22,7 a

13,6 c

6,8

1996

34,9 ab

35,5 ab

40,1 a

30,1 b

27,4 b

8,5

1997

76,0 a

85,0 a

82,5 a

82,4 a

74,3 a

20,5

Acumulada

42,9 a

42,5 a

44,1 a

42,5 a

38,1 a

9,0

1993

192,2 b

237,7 a

186,5 b

189,6 b

185,0 b

37,1

1994

227,3 ab

250,0 a

222,3 abc

195,2 c

204,7 bc

31,4

1995

214,3 a

227,8 a

165,2 a

200,4 a

208,5 a

94,1

1996

146,2 a

153,8 a

169,5 a

152,1 a

141,0 a

33,7

1997

242,4 a

252,4 a

251,4 a

236,2 a

226,5 a

41,8

Médias

204,5 ab

224,3 a

199,0 b

194,7 b

193,1 b

24,5

Porta–enxerto

Produtividade (t/ha) Peso médio do fruto (g)

46

•Prudente et al. (2006), em experi-mentos instalados em 1985 na Es-tação Experimental AntônioMartins (E.E.A.M.), em Lagarto/SE, e no C.E.U., conduzidos semirrigação, estudaram o comporta-mento das combinações da copalaranja Pêra, clone D6, enxertadasobre 10 porta-enxertos: limãoCravo, tangerina Sunki, tangerinaSunki x trifoliata Swingle 314, tan-gerina Cleópatra x CitrangeCarrizo 226, tangerina Sunki xtrifoliata Swingle 256, tangerinaSwatow, tangerina Cleópatra,citrange Rusk, tângelo Orlando elaranja Hamlin 20. Utilizaram mu-das do tipo ‘raiz nua’, produzidasem viveiro a céu aberto. Os resul-tados dos sete anos-safra indicamque as combinações de laranja

Pêra com os porta-enxertos tan-gerina Sunki x trifoliata Swingle314, tangerina Sunki x trifoliataSwingle 256 e tangerina Cleópatraapresentam tendência a produti-vidade inicial menor que a forma-da com limão Cravo, nos dois lo-cais. Contudo, quando avaliadaspela produção acumulada dos seteanos-safra têm comportamentosemelhantes. A combinação laran-ja Pêra x tangerina Cleópatra apre-sentou menor porcentagem demortalidade nos dois locais, des-tacando-se como a mais promis-sora para o Estado de Sergipe,seguida das formadas com tange-rina Sunki x trifoliata Swingle 314e tangerina Sunki x trifoliataSwingle 256 (Tabelas 2 e 3).

Tabela 2. Produção média, peso médio de fruto e mortalidade da laranjeira ‘Pêra’ D6sobre dez porta-enxertos, do 5º ao 7º ano do plantio, nos municípios de Lagarto e Umbaúba/SE.

1/ E.E.A.M. – Estação Experimental Antônio Martins. Lagarto/SE.2/ C.E.U. – Campo Experimental de Umbaúba. Umbaúba/SE.

Tabela 3. Produção média da laranjeira ‘Pêra’ D6 sobre dez porta-enxertos, do 8º ao 10ºano do plantio, nos municípios de Lagarto e Umbaúba/SE.

1/ E.E.A.M. – Estação Experimental Antônio Martins. Lagarto/SE.

Porta- Enxertos

Limão CravoTangerina SunkiTang. Sunki x trif. Swingle 314Tang. Cleópatra x C. Carrizo 226Tang. Sunki x trif. Swingle 256Tangerina SwatowTangerina CleópatraCitrange RuskTângelo Orlando

E.E.A.M.1

94,951,466,16,865,435,666,622,826,1

C.E.U. 2

110,177,2114,517,0114,260,780,940,171,8

Média102,564,390,311,989,848,173,731,449,0

Nº índice

100,062,888,111,687,647,072,030,747,8

Produção média em kg de frutos /

Porta- Enxertos

Limão CravoTangerina SunkiTang. Sunki x trif. Swingle 314Tang. Cleópatra x C. Carrizo 226Tang. Sunki x trif. Swingle 256Tangerina SwatowTangerina CleópatraCitrange RuskTângelo Orlando

E.E.A.M.1

97,168,086,81,498,284,9128,531,779,4

C.E.U. 2

80,776,9117,312,9121,755,387,560,562,7

Média88,972,5102,17,1109,970,1108,046,171,1

Nº índice

100,081,5114,88,0123,778,9121,551,979,9

Produção média em kg de frutos /

47

Além dos trabalhos citados anteri-ormente, mais outros trabalhos de pesqui-sa vêm sendo conduzidos na região citrícolasergipana, a saber:

• Na E.E.A.M. e na Cooperativa dosAgricultores do 13 (Coopertreze),desde 1995, estão sendo desen-volvidos dois estudos de combina-ções formadas com a laranja Pêraenxertada sobre 20 porta-enxer-tos: limão Cravo, tangerina Sunki,tangerina Sunki x trifoliata Swingle314, tangerina Cleópatra xcitrange Carrizo 226, tangerinaSunki x trifoliata Swingle 256, tan-gerina Swatow, tangerinaCleópatra, citrange Rusk, tângeloOrlando, laranja Hamlin 20,citrange Morton, limão CravoTaquaritinga, limão VolkamerianoCatânia 2, Citrus pectinifera,Citrus amblicarpa, laranja ValênciaVK, limão Schaub, limão RugosoMazoe, laranja Palmeira e limãoIrã.

• Na E.E.A.M. e no C.E.U., desde2005, estão sendo desenvolvidosdois estudos de combinações for-madas com a laranja Pêra enxer-tada sobre oito porta-enxertos:tangerina Sunki x trifoliata Swingle256, tangerina Sunki, limão Cra-vo, tangerina Sunki x trifoliataSwingle 314, citrange Morton,tangerina Cleópatra, limãoVolkameriano e limão Rugoso Ver-melho.

Instalados em 2005 na E.E.A.M.:

• Estudo de combinações formadascom a tangor Murcott enxertadosobre oito porta-enxertos: tangeri-na Sunki x trifoliata Swingle 256,citrumelo Swingle 70.133, limãoCravo, tangerina Sunki x trifoliataSwingle 314, citrange Morton, tan-gerina Cleópatra, limãoVolkameriano e limão Rugoso Ver-melho.

• Estudo de combinações formadascom a tangerina Dancy enxertadasobre sete porta-enxertos: tange-rina Sunki, citrumelo Swingle70.133, limão Cravo, Sunki xtrifoliata Swingle 314, citrangeMorton, tangerina Cleópatra e li-mão Rugoso Vermelho.

• Estudo de combinações formadascom o limão Tahiti enxertado so-bre sete porta-enxertos: tangerinaSunki, citrumelo Swingle 70.133,Sunki x trifoliata Swingle 314,citrange Morton, tangerinaCleópatra, limão Volkameriano e li-mão Rugoso Vermelho. Esses tra-balhos foram programados combase nos resultados de pesquisasanteriores, de modo que os resul-tados a serem alcançados repre-sentarão um estágio mais avança-do da pesquisas estadual.

• Em apoio ao desenvolvimento detrabalhos de pesquisa, foi instala-da em 2005 na E.E.A.M. uma Co-leção de Porta-Enxertos,objetivando a produção de semen-tes para a instalação de pesquisase o fornecimento de borbulhas paraa formação de mudas de plantasmatrizes. Destacam-se entre ascultivares instaladas: limão Cravox trifoliata Swingle (1695), tange-rina Sunki x Benecke (1697), tan-gerina Sunki x trifoliata Swingle256, tangerina Sunki x trifoliataSwingle 314, tangerina Sunki xtrifoliata Swingle 264, tangerinaSunki x trifoliata Swingle 308, tan-gerina Sunki x trifoliata Swingle311, tangerina Sunki Maravilha,tangerina Sunki Tropical, tangeri-na Cleópatra x limão Cravo, tange-rina Cleópatra x trifoliata Swingle287, tangerina Cleópatra xtrifoliata Swingle 294, tângeloOrlando, tangerina Cleópatra, limãoVolkameriano Catânia 2, limão Ru-goso Vermelho, limão Rugoso daFlórida, limão Schaub, limão Rugo-so Mazoe, citrumelo Swingle,

48

Referências Bibliográficas

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citrumelo Swingle 70-133,citrumelo Swingle 70-83 ecitrumelo Swingle CRC-CN-3, alémde outros. Com exceção dos doisprimeiros, que foram obtidos comsementes fornecidas pelo CentroAPTA Citros Sylvio Moreira /Cordeirópolis-SP, os demais foramoriundos de borbulhas fornecidaspela Embrapa Mandioca e Fruticul-tura, em Cruz das Almas-BA.

Porta-enxertos para regiãocitrícola de Sergipe

É indiscutível a urgente necessidade dediversificação de porta-enxertos na citriculturado Estado de Sergipe e no Brasil. Neste sentidovários estados brasileiros, inclusive o Estado deSergipe, vêm desenvolvendo pesquisas, todaviaainda não foram alcançados resultados conclusi-vos que possam respaldar, suficientemente, asubstituição do limão Cravo em programa de di-versificação dos porta-enxertos. Essa urgente ne-cessidade para se enfrentar problemasfitossanitários como Declínio dos citros, agomose de Phytophthora, a morte súbitados citros, a Clorose Variegada dos Citros(CVC) e assegurar garantia de rentabilida-de ao produtor, nem mesmo o Estado deSão Paulo ainda conseguiu atingir. No es-tado de Sergipe, as modestas pesquisas emandamento têm oferecido resultados ani-madores, todavia ainda demandando estu-dos mais aprofundados com vistas no au-mento de número de opções na escolha deporta-enxertos.

Respaldados em resultados de ex-perimentos que estão sendo conduzidosem Sergipe e em outros estados brasilei-ros, destacamos como sendo os mais pro-missores na atualidade os porta-enxertos:tangerina Sunki x trifoliata Swingle 314,tangerina Sunki x trifoliata Swingle 256 ea tangerina Cleópatra, limõesVolkameriano, ‘Catânia 2’, ‘Palermo’, Cra-vo e os Rugosos da Flórida e Vermelho.Posteriormente, num estágio mais avan-çado dessas pesquisas, os porta-enxertostambém serão submetidos a testesfitopatológicos com relação às principaisdoenças dos citros.

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ASPECTOS DA IRRIGAÇÃO EM CITROS

Capítulo 6

Ronaldo Souza Resende

A citricultura sergipana sustenta-sena sua quase totalidade em plantios semirrigação e em pequenas e médias proprie-dades. Embora a região centro-sul do es-tado de Sergipe e noroeste da Bahia, prin-cipais pólos citrícolas da região nordeste,apresentem satisfatórios níveis de preci-pitação, estas são, no entanto, concentra-das em um curto período do ano, nos me-ses de abril a agosto.

A prática da irrigação, através dosseus benefícios diretos e indiretos, se im-põe como decisiva para aumentar as bai-xas produtividades. A decisão de investirna tecnologia da irrigação em pomares cí-tricos deve ser antecedida de criteriosaanálise dos aspectos econômicos envolvi-dos. O custo adicional de produção, emfunção da implantação da irrigação, deveser compensado com um acréscimo deprodutividade. Um fator importante é a ida-de do pomar para iniciar a irrigação. Embo-ra a maior parte dos citricultores iniciem airrigação quando o pomar encontra-se com3 anos de idade, o ideal, segundo VIEIRA(1988) é plantar o pomar para ser irriga-do, o que além de facilitar o planejamentoda cultura e da irrigação, aumenta a capa-cidade produtiva da planta.

Além do benefício direto do uso dairrigação em pomares cítricos, ou seja, oaumento da produção por área colhida, umasérie de benefícios indiretos podem ser ci-tados, como: 1. possibil idade deescalonamento da produção (indução deestresse hídrico para manejo de florada),ofertando produtos na entressafra, 2. pos-sibilidade de aproveitamento de áreas an-tes consideradas marginais para os citros,3. viabilização da utilização da adubaçãovia água de irrigação (fertirrigação).

Fatores do solo, do clima eda planta considerados nomanejo da irrigação

Para o correto manejo da água, nacultura dos citros devem ser consideradosfatores de clima (precipitaçãopluviométrica e a demandaevapotranspirativa do ambiente), do solo(capacidade de armazenamento de água nosolo, textura, profundidade, além presen-ça de impedimentos físicos ou mecânicos)e características específicas da planta cí-trica que se está irrigando (eficiência deuso de água, profundidade do sistemaradicular, períodos críticos à falta de água,entre outros). As características da plan-ta variam de acordo com a espécie consi-derada, combinação copa/porta-enxerto,idade e sua adaptação ao ambiente.

Fatores do clima

As informações relativas ao climaque mais diretamente afetam o manejo dairrigação são a precipitação e aevapotranspiração de referência – ETo.Esta última pode ser definida como a per-da de água por evaporação e transpiraçãoque ocorre em solo plantado com gramarasteira, sem restrição de umidade do soloe em crescimento ativo. Tais informaçõesdevem ser obtidas de estações climáticassituadas o mais próximo possível da áreairrigada.

A precipitação anual para duas re-giões produtoras de citros do estado deSergipe varia de 1000 a 1200mm. A Ta-bela 1 apresenta os valores de precipita-ção (P) e evapotranspiração de referência(ETo), para essas regiões.

52

Tabela 1. Dados de precipitação anual (mm) e evapotranspiração de referência (mm dia-

1) de duas regiões de produção de citros no estado de Sergipe.

O balanço hídrico climatológico, queé quantificação do volume de entrada (pre-cipitação) e saída (evapotranspiração) deágua do sistema, se constitui em uma dasmaneiras de se monitorar oarmazenamento de água no solo, ao longode um período de tempo, de um determi-nado local ou região (Pereira et al., 1997).Esse balanço, elaborado para o municípiode Itabaianinha por Sentelhas (2005) re-vela um déficit hídrico anual de 291mm,sendo os meses de déficit de umidade nosolo distribuídos de setembro a abril e osmeses de excessos de umidade nos me-ses de maio a julho, conforme apresenta-do na Figura 1.

Fig. 1. Balanço hídrico climatológico para omunicípio de Itabaianinha – SE considerando umacapacidade de armazenamento de água de 70 mm(Sentelhas, 2005).

Fatores do solo

Para fins de irrigação, o solo pode serencarado como um reservatório, que arma-zena uma certa quantidade de água em fun-ção das suas características físicas e bioló-gicas. O conhecimento do tamanho dessereservatório, comumente chamado de capa-cidade de armazenamento de água do solo -CAD, é obtido através de informações daumidade do solo na capacidade de campo -CC e ponto de murcha permanente – PMP,

as quais podem ser obtidas da curva deretenção de água pelo solo. A Figura 2 apre-senta curvas de retenção de umidade dosolo para solos das regiões produtoras decitros no estado de Sergipe.

A CAD expressa em m³ de água porm³ de solo, pode ser assim determinada:

CAD = (θCC – θPMP) x Pe x 1000 (1)

Onde:

θCC – teor de umidade do solo na capacida-de de campo; em m3 m-3

θPMP - teor de umidade do solo no ponto demurcha permanente; em m3 m-3

Pe – profundidade efetiva do sistemaradicular; m

A partir da CAD pode-se calcular aLâmina Líquida de irrigação, como sendo

LL = AFD = CAD x f (2)

Onde:

LL – Lâmina Líquida de irrigação, mm

f – fator de consumo de água, decimal

O uso do fator “f” se deve ao fatode que deve ser utilizada apenas uma par-te do conteúdo de água do solo; essa par-te é denominada Água Facilmente Dispo-nível – AFD, e é igual à Lâmina Líquida. Ofator “f” varia para cada cultura, sendoque para os citros a Tabela 2 fornece osvalores recomendados para diferentes va-

1 Fonte: Samani & Hargreaves (1985).2 Dados obtidos junto à Associação dos Concessionários do Distrito de Irrigação Platô de Neópolis –ASCONDIR.

P

ETo

P

JAN

41

5.5

80

FEV

41

5.5

54

MAR

91

5.2

68

ABR

112

4.4

104

MAI

160

3.5

203

JUN

106

3.1

221

JUL

131

3.2

175

AGO

86

3.6

120

SET

55

4.4

72

OUT

54

5.1

57

NOV

72

5.4

25

DEZ

51

5.4

54

TOTAL

1000

-

1223

Itabaianinha1

Platô de Neópolis2

-150

-100

-50

0

50

100

150

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

mm

DEF(-1) EXC

53

lores de ETo, em mm dia-1 (Doorenbos &Kassam, 1994).

A Lâmina Bruta de irrigação - LB, ouseja, aquela que deve realmente ser utili-zada, é calculada em função da eficiênciade aplicação de água do sistema, confor-me apresentado na Tabela 7:

LB = LL/ Ef (3)

Onde:

Ef – eficiência do sistema de irrigação, emdecimal

Para fins de manejo da irrigação, ocálculo da Lâmina Bruta de irrigação podeser assim resumido:

LB = [(θCC – θi) x Pe x f x 1000] / Ef (4)

Onde θi representa teor de umidadeno solo, em m3 m-3, no dia anterior ao quese pretende irrigar. Atentar para que nodia “i” não se tenha utilizado, ainda, a quan-tidade de água no solo correspondente àAFD.

O intervalo entre irrigações pode ser,então, calculado:

I = LL / ETc (5)

ETc é a evapotranspiração de culti-vo, em mm, conforme apresentada no itemreferente aos fatores da planta.

Tabela 2. Valores do fator “f”, em função de valores de ETo.

Uma vez que as plantas cítricas exi-gem boa aeração do solo, o manejo da irri-gação deve ser criterioso, evitando irriga-ções excessivas, as quais podem afetar odesenvolvimento das raízes e o rendimen-to (Doorembos & Kassam, 1994).

a

Fig. 2. Curva de retenção de umidade de umsolo do município de Itabaianinha-SE (a) nasprofundidades de 0–20 (esquerda) e 20–40cm(direita) e do Distrito de Irrigação Platô deNeópolis-SE (b).

b

Fatores da planta

As principais variedades de citrosse caracterizam por apresentar uma ele-vada capacidade de regulação estomática,o que resulta em uma menor variação dedemanda de água pela planta mesmo comuma elevada variação da demandaevaporativa, quando comparado com ou-tros cultivos (Shalhevet & Levi, 1990). Asfases da cultura em que o déficit de águaacarreta maior efeito na produção são nafloração e no “pegamento” dos frutos.

A distribuição do sistema radicularé influenciada pelo tipo e regime hídricodo solo, combinações utilizadas de copa/porta-enxerto, idade da cultura e manejoda irrigação. Para fins de manejo da irriga-ção, interessa conhecer a profundidadeefetiva do sistema radicular, a qual é aquelaem se concentra, aproximadamente, 80%das raízes. Esse conhecimento é utilizadotanto para a definição do volume de águaa aplicar como para definição do local ins-talação dos emissores (em irrigação loca-lizada) e dos sensores de umidade utiliza-dos para o monitoramento da irrigação.

De um modo geral o sistemaradicular citros se mostra pouco profun-

ETo

f

2

0,80

3

0,70

4

0,60

5

0,50

6

0,45

7

0,425

8

0,375

9

0,35

10

0,30

Grade com subsolagem Grade sem subsolagem Grade com subsolagemGrade com subsolagem Grade sem subsolagem Grade sem subsolagem

Um

idad

e vo

lum

étric

a (m

3 m

3)

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.40

0.45

0.50

0.1 1 10 100 1000

Potencial mátrico (kPa)

Um

idad

e vo

lum

étric

a (m

3 m

3)

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.40

0.45

0.50

0.1 1 10 100 1000

Potencial mátrico (kPa)

0.1 1 10 100 1000

Potencial mátrico (kPa)

0.1 1 10 100 1000

Potencial mátrico (kPa)

0.000

0.050

0.100

0.150

0.200

0.250

0.300

0.350

1 10 100 1000 10000 100000

Potencial mátrico (-kPa)

Um

idad

e vo

lum

étric

a (m

3.m

-3)

Prof ( 0-20cm) Prof (20-40 cm)

53

54

do; o desenvolvimento das raízes ocorrenos primeiros 0,6 – 0,9 m de profundida-de e até 1,5 - 2 m de distância do caule.

As áreas de cultivo de citros dos es-tados de Sergipe e Bahia apresentam ele-vada incidência de solos com presença decamadas com adensamento de origempedogenética, denominadas camadas coe-sas (Jacomine, 2001), as quais apresentamrestrição ao desenvolvimento do sistemaradicular. Em função da existência de taiscamadas, o aprofundamento das raízes semostra ainda mais superficial, com valoresde 0,30 a 0,40 m, como observados porCintra (1997) e Anjos (2006) na região Cen-tro-Sul do Estado de Sergipe. O produtor decitros pode efetuar observações da distri-buição das raízes nas diversas fases da cul-tura, através de trincheiras em plantas re-presentativas.

Outro fator de planta importante nomanejo da irrigação se refere ao coefici-ente de cultivo – Kc, o qual varia para asdiferentes fases da cultura e é utilizadopara se obter a evapotranspiração da cul-tura - ETc, a partir da evapotranspiraçãode referência - ETo. A ETc é a perda deágua que se deve repor para que a plantanão sofra elevados déficits hídrico.

ETc = ETo x Kc (6)

Os valores de Kc devem ser deter-minados através de pesquisa local. Na au-sência de dados locais, a Tabela 3 apre-senta valores do coeficiente para dife-rentes fases de desenvolvimento da plan-ta (percentual de cobertura do solo levan-do-se em conta a projeção da copa) e con-dições de cobertura do solo nas entreli-nhas.

Demanda de água da cultu-ra e efeito do estressehídrico

A demanda anual de água para asdiferentes espécies de citros é da ordemde 900 a 1200mm, devendo ser bem dis-tribuída ao longo do ano (Doorembos &Kassam, 1994). A demanda de água émais elevada nos períodos de brotação,emissão dos botões florais, frutificação einício de desenvolvimento dos frutos, sen-do menor nos períodos de maturação, co-lheita e repouso (Pires et al., 2005).

Coelho et al. (2003) observaram que

a lâmina de irrigação de 442 mm foi a queresultou em maior aumento da produçãode laranjeira Pêra, com 4 anos de idade,quando utilizando irrigação suplementar àchuva e nas condições da região nordesteda Bahia.

O efeito da variação no regime deirrigação na produção e desenvolvimentode árvores de citros é cumulativo e lento.Já as variações na qualidade do fruto po-dem ser detectadas dentro de uma esta-ção, o que faz com que se constitua emmelhor ferramenta para o diagnóstico rá-pido do efeito de diferentes regimes de ir-rigação ou variação climática ano a ano. O

Tabela 3. Valores de coeficiente de cultura – Kc - para diferentes percentuais de cober-tura do solo pela projeção da copa e condições de cobertura do solo nas entrelinhas.

Fonte: Allen et al. (1998).

70

50

20

70

50

Kc inic.

0,70

0,65

0,50

0,75

0,80

Kc médio

Sem plantas invasoras nas entrelinhas

0,65

0,60

0,45

Com plantas invasoras nas entrelinhas

0,70

0,80

Kc final

0,70

0,65

0,55

0,75

0,80

% de sombreamento

55

tamanho do fruto é considerado a carac-terística mais influenciada pela irrigação.Embora a ocorrência de estresse reduz aespessura da casca, normalmente aumen-ta a relação casca/polpa (Shallevet &Levi,1990).

Para a região centro-sul do estadode Sergipe a demanda estimada de água

nos diferentes meses do ano e níveis dedesenvolvimento da copa são apresenta-dos na Tabela 4. Nessa estimativa foramconsiderados os Kc’s apresentados naTabela 3, para a condição de presença deplantas invasoras nas entrelinhas, além deuma eficiência do sistema de irrigação de90% e coeficientes de localização, obti-dos no modelo proposto por Keller &Bliesner (1990).

Tabela 4. Estimativa da necessidade diária de irrigação ao longo do ano, para diferentesníveis de desenvolvimento da copa, em % da área de sombreamento, nas condições domunicípio de Itabaianinha- SE.

A ocorrência de déficit hídrico nafase de desenvolvimento e maturação dosfrutos pode favorecer a qualidade pelo au-mento dos Sólidos Solúveis Totais – SSTno suco. No entanto, esse aumento de SSTé também acompanhado pelo aumento, emmaior proporção, na acidez, o que provocaa redução da relação SST/acidez, reduzin-do, assim, a qualidade final do suco(Shalhevet & Levi, 1990).

O período de floração é muito sen-sível ao déficit hídrico, o que reduz direta-mente a produção de frutos (Doorenbos &Kassam, 1994). O período crítico ao défi-cit hídrico vai da brotação até o fruto atin-gir 2,5 cm de diâmetro. O déficithídrico,aliado a baixas temperaturas, ouisoladamente, pode desencadear o proces-so produtivo (Pires, et al., 2005). A ocor-rência de déficits nesse período pode au-mentar consideravelmente a queda de flo-res e o nível de pegamento dos frutos,comprometendo a produção.

Utilização do estresse hídrico nomanejo da produção

Para o florescimento dos citros éfundamental a existência de um período derepouso, caracterizado por um baixo de-senvolvimento vegetativo. Para pomares

não irrigados, o período de repouso ocorrenaturalmente em função de baixas tempe-raturas de inverno, na região sudeste, epor estresse hídrico no verão, na regiãonordeste(Doorembos & Kassam, 1994;Shalhevet & Levy, 1990).

Em plantios irrigados, a possibilida-de de melhor controlar a época e intensi-dade de ocorrência do estresse hídricopodem ser utilizados como ferramenta au-xiliar visando aumentar a produção atra-vés da indução da florada, bem como aobtenção do produto em épocas diferenci-adas, as quais resultem na obtenção demelhores preços de mercado.

A duração do déficit deve ser avali-ada para as condições locais: variedade,combinação copa/porta enxerto, tipo desolo, condições climáticas, etc., uma vezque a aplicação de um déficit muito seve-ro pode ter resultado contrário ao espera-do, com abortamento excessivo de florese conseqüente perda de produção.

Efeito do estresse salino

Entre as culturas perenes os citrossão considerados como uma das mais sen-síveis à salinidade do solo, sendo que essasensibilidade está mais diretamente rela-

20%

50%

70%

Volume, em L planta-1

ETo-mmJAN

172

58

105

132

FEV

155

58

104

131

MAR

162

55

99

124

ABR

131

46

82

104

MAI

107

36

65

82

JUN

93

32

58

73

JUL

98

33

60

75

AGO

113

38

69

86

SET

113

46

84

105

OUT

158

53

96

121

NOV

163

57

102

129

DEZ

168

57

102

128

56

cionada aos íons sódio e cloreto e podevariar de modo significativo para cada com-binação de copa/porta-enxerto (Shalhevet& Levi, 1990) . A salinidade do solo émedida em laboratório através dacondutividade elétrica do extrato de satu-ração, CEes, expressa em dS m-1. Umasalinidade do extrato de saturação de 1,7dS m-1 provoca uma redução de produçãoem torno de 10%, sendo essa considera-da a salinidade limiar para a cultura, ouseja, o nível máximo de salinidade média

da zona radicular que pode ser toleradopela cultura, sem que afete seu rendimen-to (Ayers & Westcot, 1991). De um modogeral, a cada aumento de 1 dS m-1 na CEesocorre uma redução de 13 a 16% na pro-dução potencial da cultura. A redução deprodução de laranjeira esperada para dife-rentes valores de condutividade elétrica doextrato de saturação do solo – CEes e daágua de irrigação CEa, em dS m-1, é apre-sentada na Tabela 5.

Tabela 5. Rendimento potencial de laranjeira, em %, em função dos valores decondutividade elétrica do extrato de saturação do solo – CEes e da água de irrigação CEa,em dS m-1.

Os principais sintomas de toxidadeprovenientes do excesso de cloro na folhasão relacionados à queimaduras, ocorren-do inicialmente nas pontas e, posterior-mente, nas bordas das folhas. Esses efei-tos podem ocorrer quando se alcançamníveis cloreto na folha de 0,3 a 1%, combase no peso seco (Ayers & Westcot,1991). Níveis máximos de íon cloreto noextrato de saturação e na água de irriga-ção são apresentados na Tabela 6.

Tabela 6. Níveis máximo de íon cloreto, em mg.L-1, no extrato da saturação do solo e na

O potencial da água de irrigação cau-sar problemas de toxidade à cultura au-menta quando da utilização de sistemasde irrigação que molham a folhagem daplanta, como a irrigação por aspersão.Nesse caso, a acumulação é maior parairrigações mais intermitentes que contínu-as. Irrigar em horas de menor demandaevaporativa, como no caso da irrigaçãonoturna, ajuda a evitar o problema.

Métodos de irrigação

A seleção do sistema de irrigaçãoque melhor se adapte às condições locaisdeve considerar aspectos como tipo desolo, disponibilidade de energia, disponibi-lidade e qualidade da água, relevo e dispo-nibilidade e qualidade da mão-de-obra queirá operar o sistema.

Embora, desde que bem manejados,todos os métodos de irrigação possam serutilizados na cultura dos citros, predomi-nam no nordeste os métodos de irrigaçãopor aspersão e localizada, sendo esse últi-mo o mais comum, o qual engloba os sis-temas por gotejamento e pormicroaspersão. O custo de produção paraimplantação de um hectare de irrigaçãovaria com o método escolhido e as condi-ções locais. Valores médios são apresen-tados na Tabela 7.

CEes CEa CEes CEa CEes CEa CEes CEa CEes CEa

Rendimento potencial

100% 90% 75% 50% 0%

Fonte: Doorembos & Kassam (1994).

Variedade

Laranjeira

Limoeiro

Tangerineira Ponkan

Na zona radicular (Cles)

10

15

15

Na água de irrigação (Cla)

6,7

10,0

10,0

Fonte: Ayers & Westcot (1991).

57

Tabela 7. Faixa de eficiência de aplicação de água e de custo médio de aquisição dediversos sistemas de irrigação.

Irrigação por aspersão

Os principais sistemas que se en-quadram nesse grupo e são utilizados nairrigação de citros são os de aspersão con-vencional, autopropelidos e pivô-central. Osistema por aspersão convencional seadapta melhor em propriedades de menorárea (10 a 15 ha), sendo estas a que pre-dominam na principal região citrícola doestado de Sergipe.

Esse sistema apresenta vantagensde proporcionar uma boa precisão na apli-cação das doses calculadas, adapta-sebem às diferentes condições de relevo daárea e é de fácil operacionalização. Comoprincipais desvantagens cita-se o fato demolhar toda a folhagem, afetando o pro-grama de controle fitossanitário em fun-ção da lavagem dos produtos aplicados,além de propiciar um ambiente mais favo-rável ao desenvolvimento de doençasfúngicas e bacterianas. A Figura 3 apre-senta pomar de citros irrigado por siste-

Fig. 3. Pomar de laranja Pêra (consorciada commamão) irrigado por pivô-central.

Os principais componentes de umsistema de irrigação por aspersão sãomotobomba, tubulações, aspersores, eacessórios. O conjunto motobomba é mais

comumente acionado por energia elétricaou diesel, sendo o primeiro modo geralmen-te mais econômico. As tubulações, asquais formam as linhas de distribuição deágua principal e secundária, são normal-mente de alumínio, aço zincado, aço gal-vanizado ou PVC rígido, com comprimen-to de 6 metros e diâmetro variando entre50 e 100 mm, sendo providas deacoplamentos rápidos que facilitam a mon-tagem e desmontagem do sistema no cam-po. Os aspersores rotativos podem ser degiro completo (360°) ou do tipo setorial.Mais comumente possuem ângulo de saí-da do jato de água de 30°. No caso dairrigação dos citros deve-se dar preferên-cia àqueles do tipo sub-copa, os quais pos-suem ângulo de jato de 6°, propiciando umamelhor distribuição da água e reduzindo oefeito do jato na queda de flores.

Irrigação localizada

Em irrigação localizada apenas umafração da área cultivada é umedecida. Afreqüência de aplicação é alta, normalmen-te em intervalos de 1 a 2 dias. Devido àalta freqüência de aplicação, o solo na zonaradicular das plantas é mantido sob eleva-do regime de umidade. A fração de áreamolhada é definida, em termos depercentual, em relação à área total ocupa-da por uma planta. O percentual mínimode área molhada pode variar em função dafreqüência de irrigação adotada: quantomenor o intervalo menor poderá ser essaárea. Para os citros a recomendação maiscomumente considerada é que a área mo-lhada não seja inferior a 30% da área to-tal, podendo atingir até 50%. Para regi-ões com regime de precipitação anual maiselevado (1000 a 1200mm) sugere-se ado-tar o percentual de 30%.

1 Adaptado de Hoffman et al. (1992).

Sistema de irrigação

Aspersão Convencional

Autopropelido

Pivô Central

Eficiência1 (%)

60 - 85

55 - 75

75 - 90

Custo(R$/ha)

1.200 – 2.000

1.500 – 2.000

1.500 – 2.500

Foto

: Ron

aldo

S. R

esen

de

58

Fig. 4. Tensiômetro com vacuômetro (a) e depunção, utilizado no manejo da irrigação.

O tipo de tensiômetro que utiliza omercúrio para sua construção está caindoem desuso devido a maior dificuldade deconstrução e manuseio, além do risco decontaminação humana e ambiental que omesmo proporciona.

O número de tensiômetros que deve serinstalado em uma área para fins de manejo dairrigação está na dependência, principalmente,da homogeneidade da área em termos de carac-terísticas de solo e relevo e do número de culti-vos que está sendo irrigado. Para áreas homogê-neas podem-se instalar duas ou três baterias detensiômetros. O mais comum é instalar 2 ou 3tensiômetros por bateria. Quando utilizando 2aparelhos, instala-se um na profundidade e dis-tância do tronco onde se concentra a maior partedo sistema radicular e o segundo no mesmo pon-to mas a uma profundidade abaixo do sistemaradicular. O primeiro tensiômetro indica o mo-mento de iniciar ou parar a irrigação e o segundotem a função de indicar se a quantidade de águaaplicada na irrigação está em excesso.

Exemplo de cálculo

Nesse exemplo será considerado airrigação da cultura da laranjeira, com ida-de de 5 anos, plantada no espaçamentode 6,0 x 5,0 m (30 m²), em um solo detextura leve (considera-se que o mesmose encontra à capacidade de campo a umatensão de -10 kPa; a tensão crítica adota-da foi de -30 kPa). Os valorescorrespondem à média das umidades obti-da nas camadas 0-20 e 20-40cm da Figu-ra 2b e a eficiência do sistema de irriga-ção é de 90% (microaspersão).

Assim, tem-se:

θcc(-10kPa): 0,109m³/m³

θcrítica(-30kPa): 0,094 m³/m³

θcc(-10kPa)

- θcrítica(-30kPa)

= 0,015 m³/m³

1. Volume de solo por planta:

Em irrigação localizada, podemos consi-derar a área para fins de manejo da irrigaçãocomo aquela definida pela projeção da copa daplanta. Para a planta adulta considerando umdiâmetro de copa de 4 m e uma profundidade

ab

O gotejamento e a microaspersãosão os sistemas de irrigação localizada maiscomumente utilizados. A definição do tipode sistema irá depender da característicado solo. A microaspersão se adapta me-lhor em solos de textura leve. Um aspectoque deve ser observado é a possibilidadede se aumentar o potencial de ocorrênciada doença gomose de Phytophthora, umavez que nesse sistema ocorre um freqüentemolhamento da base do tronco da planta.

Embora apresente um maior custode aquisição, a irrigação localizada deman-da menor mão-de-obra, o que reduz seucusto operacional em relação ao sistemade aspersão convencional.

Manejo da irrigação utili-zando tensiometria

Uma maneira eficiente, prática eeconômica de se efetuar o manejo da irri-gação é por meio da tensiometria.Tensiômetros são instrumentos usadospara medir a tensão, ou seja, a força comque a água é retida pelo solo e assim esti-mar o esforço que a planta precisa utilizarpara absorver água e nutrientes, desen-volver suas funções vitais e produzir ali-mentos.

Basicamente o tensiômetro consiste emum tubo preenchido com água, geralmente dematerial PVC, e vedado na parte superior por umatampa que o mantêm hermeticamente fechado(cap). Na parte inferior do tubo é instalada umacápsula de cerâmica. Através dessa cápsula aágua entra ou sai do seu interior, de acordo como teor de umidade do solo, ocasionando uma pres-são negativa (tensão), a qual é medida no senti-do de estimar o teor de umidade do solo. A Figu-ra 4 apresenta tensiômetros com leitura analógicae digital.

Foto

s: R

onal

do S

. Res

ende

58

59

efetiva do sistema radicular de 0,60m, o volumede solo por planta seria:

12,6 m² x 0,60m = 7,6 m³ de solo (volu-me de controle)

2. O volume líquido de água neces-sário para deixar o solo na sua capacidadeideal de armazenamento seria:

Volume Líquido = 7,6 m³ de solo x0,015m³/m³ = 0,114m³ = 114 L

3. O volume bruto a ser aplicado,considerando a eficiência do sistema demicroaspersão de 90%, seria:

Volume Bruto = 114 L / 0,9 = 126 L/planta

Observe que esse não é o volume diário aser aplicado por planta e sim o volume necessá-rio para deixar o solo na capacidade de campo, apartir da tensão crítica. Dependendo daevapotranspiração da cultura, esse tempo podeser maior que um dia.

Viabilidade econômica daadoção da irrigação

Para avaliar a viabilidade econômi-ca da implantação de um sistema de irri-gação deve-se considerar que o acrésci-mo de produtividade sob irrigação devecobrir os custos de implantação e manu-tenção do sistema, ao longo da vida-útil domesmo. Fatores como a produtividade, arentabilidade atual e esperada da cultura,além do custo de implantação e manuten-ção do sistema de irrigação, precisam serconsiderados a fim de se definir o incre-mento de produtividade necessária para,pelo menos, empatar o investimento coma irrigação. Analisando diferentes cenári-os envolvendo diversos fatores físicos eeconômicos na produção de laranja, emSergipe, Resende et al. (1999) observaramque aqueles que mais afetaram aviabilização econômica do investimentocom a irrigação foram: preço de venda datonelada de laranja (Figura 5a), taxa anualde juros e distância da rede de eletricida-de. A necessidade de incremento de pro-dutividade para viabilizar a implantação da

a

bF ig. 5. Necessidade de incremento deprodutividade (em %) em função do preço devenda da laranja, a partir da produtividade obtidasem irrigação (a), e em função da área irrigada(b).

Para maior parte das variáveis ana-lisadas, a necessidade de incremento deprodutividade de laranja que empata o in-vestimento com irrigação esta em tornode 21 toneladas, equivalente a 49,3 kgplanta-1, valor esse bem menor que o de-terminado por ZANINI & PAVANI (1998),o qual foi de 81,6 kg planta-1, para ascondições do estado de São Paulo.

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irrigação decresceu acentuadamente como aumento do módulo de área irrigada atéatingir um valor onde praticamente estabi-liza-se; para um determinado cenário ava-liado observou-se uma estabilização paraáreas acima de 15 hectares (Figura 5b).

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

2 0 2 2 2 4 2 7 2 9 3 1 3 3 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 7 4 9 5 1 5 3 5 6

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4 0

6 0

8 0

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020

4060

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120140

160180

200

1 2 3 4 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

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e

59

60

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PRAGAS DOS CITROS EM SERGIPE

Capítulo 7

Marcelo da Costa Mendonça e Luiz Mário Santos da Silva

Na exploração citrícola, o aspectofitossanitário como um todo e as pragasmais especificamente se destacam comoum desafio para o produtor. Ao contráriodo que comumente se constata, as medi-das para superar os prejuízos causadospelas espécies potencialmente nocivas nãodevem ser tomadas somente quando adensidade populacional já tenha alcançadoo nível de dano econômico. Dentro desseponto de vista, o manejo fitossanitário temcaráter preventivo, e ações devem ser pla-nejadas e implantadas no mesmo momen-to do plantio ou até previamente. A mani-pulação das condições ambientais como,por exemplo, o plantio de quebra-ventos,de cercas vivas, a implantação de cober-turas vegetais em áreas não utilizáveis pelacultura e obviamente a manutenção, oquanto possível, da vegetação natural, re-sultará em barreiras para muitas espéciese também de fonte de abrigo e alimentopara os inimigos naturais o que certamen-te fará com que muitos indivíduos potenci-almente daninhos se mantenham sempreabaixo do nível de dano.

Por outro lado, há necessidade de seestabelecer um programa tecnicamentebem fundamentado que permita a tomadade decisão adequada para solucionar cadauma das ocorrências fitossanitárias ao lon-go das diferentes etapas da cultura. Comesse objetivo vem sendo desenvolvido paraa maioria das culturas o Manejo Integradode Praga (MIP), o qual, partindo da propos-ta inicial de se associar o controle químicocom o controle biológico, evoluiu suas ba-ses teóricas e práticas para um sistemaabrangente envolvendo desde a manipula-ção ambiental, já referida, com diferentestáticas de ação como o controle biológico,o controle genético, o controle cultural, o

controle físico, o controle biotecnológico eo controle químico as quais, serão tomadasisoladamente ou em conjunto, conformecada caso específico.

O MIP tem como requisitos básicoso estabelecimento de um sistema demonitoramento das pragas mais importan-tes de cada cultura e a definição dos níveisde ação para cada uma delas. A cultura doscitros tem em nível mundial e no Brasil des-pontado como a que mais avanços foramobtidos nesse sentido, apesar de que, mui-to se tem que pesquisar para se obter ní-veis de ação com base científica.

Nesse capitulo são feitos comen-tários sobre as principais ocorrências depragas na citricultura estadual, pois na pu-blicação Manual de MonitoramentoFitossanitário dos Citros (Silva et al., 2002)e no Manual do Manejador Fotossanitáriodos Citros (no prelo) estão descritas comdetalhe as propostas para os requisitos re-feridos e outros temas relevantes para obom manejo fitossanitário dos citros emnossas condições.

Ácaros

Praticamente todas as famílias deácaros fitófagos são encontradas nosecossistemas cítricos. Os ácaros citadosacima pertencem as quatro famílias maisimportantes, respectivamente - Eriophyidae,Tenuipalpidae, Tetranychidae,

Ácaro da ferrugem dos citros

Ácaro da leprose dos Citros

Ácaro Vermelho

Ácaro das Gemas

Ácaro Branco

Phyllocoptruta oleivora

Brevipalpus phoenicis

Panonychus citri

Aceria sheldoni

Polyphagotarsonemus latus

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Tarsonemidae.

Das diversas espécies que prejudi-cam os citros, o ácaro da ferrugem doscitros se destaca como a primeira pragachave por estar presente praticamente emtodos os pomares, por ser uma praga deocorrência anual e pelos danos provoca-dos. Prejudica principalmente o fruto, cau-sando o aparecimento de manchasescurecidas de aparência enferrujada ereduzindo seu tamanho, podendo causar,também, queda de folhas e frutos.

O adulto do ácaro da ferrugem doscitros tem o corpo com formato de cunha,coloração amarelada e tamanho reduzido,aproximadamente 0,13 mm de comprimen-to. É possível observá-lo com uma lupa debolso com aumento de 10X visando, pre-ferencialmente a casca dos frutos verdes,as folhas e os ramos novos. Em altasinfestações vê-se sobre os frutos uma ca-mada esbranquiçada.

Nas condições de Sergipe o ácaroda ferrugem causa danos no período de se-

Ácaro da leprose do citros.

tembro a janeiro. Nesses meses sua pre-sença deverá ser constantemente inspe-cionada e quando o número de ácaros atin-gir um dos níveis de ação preestabelecidosmedidas de controle devem ser adotadaspara impedir danos aos frutos e perdas deprodutividade.

O ácaro da leprose dos citros estátambém presente em todos os pomaresde Sergipe. No entanto, não haviam sidoidentificadas populações virulíferas desseácaro, recentemente porém, houve a con-firmação de um pomar com plantas ataca-das com a virose transmitida por esseacarino.

O ácaro Vermelho e outrostetraniquídeos em condições de campo nãoatingem nível de dano, porém após a pro-dução de mudas ter sido transferida paraambiente telado esses ácaros juntamentecom o ácaro das Gemas têm causado danoem alguns viveiros. O ácaro Branco temsido registrado apenas em algumas áreas,especialmente, em plantios da lima-ácidaTahiti.

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Dano do Ácaro da ferrugem dos citros em laranja.Ácaro da ferrugem dos citros.

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As cochonilhas sugam a seiva prin-cipalmente das folhas, frutos e ramos doscitros, algumas espécies também atacamo tronco e as raízes. Quando o ataque éintenso as plantas são bastante prejudica-das ficando enfraquecidas. Os frutos ata-cados muitas vezes perdem o valor comer-cial ou pecam.

As cochonilhas com carapaça per-tencem à família Diaspididae e se caracte-rizam por apresentar um escudo protetorque recobre o corpo. Essas placas sãoconstituídas pelos restos de exúvias quepermanecem a cada troca de pele quandoos insetos vão mudando de estágio duran-te o desenvolvimento. Após uma rápidafase em que os filhotes caminham na plan-ta, os insetos se fixam em raízes, tron-cos, ramos, folhas ou frutos. Ao sugarconstantemente a seiva e em alguns ca-sos inoculando toxinas, esses insetos cau-sam depauperamento das plantas, quedade frutos e perda do seu valor comercial.Além disso, abrem portas para infecções.Geralmente o maior dano é feito pelas fê-meas, pois os machos adultos são aladose não sugam as plantas. No entanto, nocaso da Escama Farinha que é a principalespécie nesse grupo em Sergipe, o maiordano é causado pela forma jovem do ma-cho caracterizada pela carapaça brancacom caneluras que se vê recobrindo a cas-ca do tronco e dos ramos mais calibrosos,dando-lhes um aspecto de estar caiada.

As cochonilhas sem carapaça estãoclassificadas em diferentes famílias e têmo corpo revestido por uma camada cerosa

Cochonilhas em algumas formada por filamentos(Ortézia, cochonilha Branca ) ou em outraspor uma placa (Saissetia, Coccus). Nessegrupo está a cochonilha mais prejudicial danossa citricultura que juntamente com oácaro da ferrugem dos citros despontacomo pragas chaves do pomar adulto – aortézia dos citros. Essa praga, inicialmen-te identificada nos nossos pomares em1973, foi aos poucos se disseminando ecausa danos em um grande número deplantas em todos os municípios citrícolas.Por ter um grande potencial biótico ainfestação da ortézia, se não controlada,toma toda a planta e vai se espalhandopaulatinamente por todo o pomar. As plan-tas atacadas ficam enfraquecidas e per-dem a capacidade produtiva.

No último grupo, associado ao ata-que de muitas espécies há sempre a pre-sença do fungo preto “fumagina”Capnodium citri que se desenvolve nasgotículas de seiva expelidas pelos insetos.Esse fungo embora não sendo fitófago, aorevestir as partes verdes com seu micélio,impede a respiração e fotossíntese con-tribuindo para enfraquecimento da planta.

Cochonilha Escama farinha em tronco de laranjeira

Cochonilha Cabeça de prego

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Escama Farinha

Escama Cabeça de prego

Escama Vírgula

Escama Pardinha

Ortézia dos citros

Cochonilha Branca

Cochonilha Verde

Cochonilha Marrom

Unaspis citri

Chrysomphalus ficus

Mytilococcus beckii

Selenaspidus articulatus

Orthezia praelonga

Planococcus citri

Coccus viridis

Coccus hesperidium

Com carapaça

Sem carapaça

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As fêmeas adultas de moscas-das-frutas fazem a postura no fruto, logo abai-xo da casca. As larvas passam por trêsínstares no interior dos frutos citricos, ali-mentando-se da polpa e depois caem aosolo onde pupam e, posteriormente, pas-sam para a forma adulta. No local da pos-tura verifica-se uma região circular de co-loração amarronzada e mole. Nesse pon-to, ocorre a penetração de fungos que as-sociados ao ataque da mosca, contribuempara o apodrecimento e queda prematurados frutos.

Nos pomares de citros do nordestea população de moscas-das-frutas é rela-tivamente baixa e seus danos raramenteconfiguram-se de importância econômica.No entanto, em outras regiões produtorasde citros os tefritídeos (Anastrepha spp.e Ceratitis capitata) causam perdas signi-ficativas da produção. Em Sergipe, as es-pécies já identificadas pertencem ao gê-nero Anastrepha.

O monitoramento da população dasmoscas-das-frutas é importante para omanejo da praga. Quando o número de adul-tos atingir níveis de dano econômico reco-menda-se a retirada dos frutos com sinto-mas de ataque do pomar e a utilização deisca atrativa. Além disso, medidas de ma-nejo devem ser adotadas para preservaras espécies de parasitóides nativos quecontribuem para o controle natural.

Mosca-das-frutas sul-americanaAnastrepha sp.

Moscas-das-frutas

Cochonilha verde

Cochonilha Escama vírgula

Cochonilha branca

Ortézia dos citros Danos de mosca-das-frutas em laranja

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Os besouros colocam seus ovos nointerior de troncos ou nos ramos das plan-tas cítricas. Alguns só atacam os ramos,e outros os troncos. As larvas das brocasabrem galerias se alimentando do lenho daplanta, impedindo a translocação da sei-va. Em certas épocas do ano os adultosalimentam-se da casca dos ramos poden-do causar sua morte, além disso, os ra-mos produtivos podem partir com o pesodos frutos.

O adulto da larva minadora doscitros (LMC) é um micro lepidóptero dehábito noturno. Preferencialmente, asfêmeas põem seus ovos junto dasnervuras nas folhas das brotações no-vas da planta. As larvas se alimentamda folha formando galerias sinuosas emtoda sua extensão e pupam na sua mar-gem. O dano da LMC é maior nas mudasrecém plantadas e nas plantas jovens.As minas abertas pelas larvas impedema passagem de seiva, reduzem a áreafotossintética e facilitam infecções se-

Brocas Larva minadora dos citros

Phyllocnistis citrella

Broca dos citros

Atualmente, das espécies citadas,a broca dos citros (C. flavofasciatus) tema maior ocorrência nos pomaressergipanos embora os danos sejam locali-zados e sem grandes perdas para ocitricultor.

A limpeza do pomar e de áreas pró-ximas é importante, devendo-se cortar equeimar os galhos brocados. A plantamaria-preta (Cordia curasivica) atrai os in-seto adultos podendo ser utilizada comoplanta armadilha. Recomenda-se seu plan-tio na periferia dos pomares e a cataçãoperiódica dos besouros atraídos.

cundárias causando atrofia e queda foliarretardando o desenvolvimento normal daplanta. Por esse motivo, juntamente comos pulgões, a LMC é uma praga chave nopomar em formação. Nas plantas adultaso dano não representa perda significativa.Em Sergipe, as condições climáticas favo-recem o lançamento de novas brotaçõespela planta durante a maioria dos meses.No entanto, tem sido verificado nos perío-dos mais quentes do ano que as larvas nãoconseguem completar seu ciclo.

A preservação do parasitismo na-tural e a introdução do parasitóide exóticoAgeniaspis citricola é uma contribuição im-portante para o controle biológico da larvaminadora.

Planta armadilha - maria-preta (Cordia curasivica)

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Broca dos citros

Broca do tronco

Broca do ramo

Cratosomus flavofasciatus

Trachyderes thoracicus

Trachyderes. succintus

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Há na citricultura mundial cerca dedezesseis espécies de pulgões que causamdanos às plantas. Nas nossas condiçõesnão temos identificação científica das es-pécies ocorrentes, porém pelo menos duasdas espécies citadas T. citricida eA.gossipii são encontradas isoladamenteou em conjunto causando dano significati-vo nos fluxos de brotação das plantas emformação.

Pulgões

Minador dos citros Dano do minador em folha de citros

Os pulgões são pequenos insetossugadores que tem destaque na citriculturapor serem transmissores de doenças, es-pecialmente de viroses como a Tristeza.As colônias atacam brotações novas cau-sando atrofiamento e enrolamento foliar.Por esse motivo são pragas chaves nopomar em formação. As plantas adultas,normalmente não exigem controle. Essesafídeos expelem um líquido açucarado queatrai formigas e promove a proliferação dofungo Fumagina, Capnodium citri.

Os pulgões são controlados por umgrande número de inimigos naturais, porexemplo, a joaninha Vermelha Ciclonedasanguinea, larvas de sirfídeos e decrisopídeos, parasitoides e patógenos, es-pecialmente fungos.

Pulgão marrom

Dano do Pulgão marrom

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Pulgão Marrom

Pulgão Preto

Pulgões Verde

Toxoptera citricida

Toxoptera aurantii

Aphis gossipii, A. spiraecola

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Cigarrinhas

Embora se tenha registro da ocor-rência de cigarrinhas de diferentes famíli-as como Cercopidae, Flatidae,Aetalionidae, Membracidae apenas espé-cies de cigarrinhas da família Cicadellidaeassumiram o status de praga por terem

Oncometopia facialis Acrogonia virescens

Dilobopterus costalimai Homalodisca ignorata

Das diferentes espécies de moscasbrancas que são encontradas nos poma-res cítricos apenas a espécie A. floccosus(Mosca branca cotonosa) tem atingidociclicamente níveis de dano exigindo medi-das de controle principalmente no pomarem formação. A partir de 2002 tem sidoobservada, nos viveiros telados, a presen-ça da Mosca branca japonesa P. myricae.A espécie Aleurocanthus woglumi deno-minada mosca preta dos citros que foi

Moscas brancas oualeirodídeos

Dialeirodes citri

Dialeirodes citrifolii

Aleurothrixus floccosus

Parabemisia myricae

Mosca branca dos citros.

sido associadas à transmissão da bacté-ria Xilella fastidiosa causadora da doençaClorose Variegada dos Citros (CVC). Nosnossos pomares tem sido coletadas prin-cipalmente os gêneros Oncometropia,Acrogonia, Dilobopterus e Homolodisca(Fotos FUNDECITRUS).

introduzida na citricultura do Pará ainda nãofoi constatada em Sergipe.

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Auris bilabiata

Os citros são atacados em outrasáreas citricolas por caracóis do gêneroHelix. Em Sergipe, foram idenficadas algu-mas outras espécies associadas aos citrosdessas apenas o Caracol Branco tem cau-sado severos desfolhamentos das plantascítricas. O búzio é inteiramenteesbranquiçado (ultimamente foram cons-tatados alguns especimens róseos) comquatro espirais projetadas para frente.

Diferente da maioria das espécies decaracóis que depositam ovos numa cavida-de do solo, o A. bilabiata põe ovos nas fo-lhas onde eles se mantêm aderidos até aeclosão das formas jóvens. Ainda não fo-ram identificados inimigos naturais do ca-racol, porém em áreas com uso mais inten-sivo de agrotóxicos os surtos de ataque têmsido maior.

Caracol branco

Caracol branco - A. bilabiata

Outras pragas

Além das pragas citadas muitas ou-tras ocorrem nos nossos pomares, des-tas merecem citação as seguintes:

Formigas

As cortadeiras dos gênerosAcromyrmex (quenquém/boca-de-cisco) eAtta (saúvas) embora sejam pragas geraissão uma constante ameaça para os citros,principalmente no pomar em formação.Além dessas temos a formiga caçaremaAzteca sp. e uma da espécie Dolichoderusbidens chamada localmente formiga de es-talo que não causa nenhum dano direto naplanta, só aos colhedores, pois faz seus ni-nhos juntando folhas e ataca ferozmentequando incomodadas.

Ninho de Azteca sp.

Lagartas

Um grande número de espécies delagartas periodicamente pode causar danosaos laranjais. Em Sergipe, ultimamente osataques têm sido bem localizados, indican-do que o controle biológico tem alcançadoboa eficiência. De um modo geral as lagar-tas são desfolhadoras, porém algumas comoa E. dimorpha ataca também frutinhos no-vos podendo causar significativa perda naprodução. As espécies citadas são as quemais facilmente podem ser encontradasembora só raramente alcancem nível dedano.

Adultos de Dolichoderus bidens caminhandosobre frutos de laranja (a) e o seu ninho sobrea folha (b).

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Lagarta de Fogo

Lagarta do Tronco

Lagarta Verde

Lagarta Aranha

Lagarta dos Frutos

Megalopyge lanata

Heraclides spp

Sibine nesea

Phobetron hipparchia

Eulia dimorpha

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Bicho teia

Essa é uma praga que a cada anovem aumentando sua disseminação. Osadultos são pequenos insetos da ordemPsocoptera (Corrodentia) possivelmente daespécie Archipsocus brasilianus que cau-sam um dano indireto às plantas, pois asrecobrem, muitas vezes totalmente, comuma teia causando seca de folhas.

Gafanhoto e esperança

Esses ortópteros estão sempre pre-sentes nos pomares. Em alguns anos, o ga-fanhoto marrom Schistocerca sp. causa da-nos às folhas e frutos novos. As esperan-ças encontradas são do gêneroMicrocentrum e Scudderia. A primeira émais comum e anualmente causa danos aose alimentar da parte externa (flavedo) dosfrutos.

Tripes

Alguns tripes fitófagos são encon-trados causando danos na casca dos fru-tos cujos sinais também podem ser con-fundidos com mancha de atrito quando osfrutos têm contato entre si ou com ramose folhas. Não foram feitas identificações,mas aparentemente a espécie mais pre-sente é a Heliothrips haemorrhoidalis.

Abelha arapuá

É uma abelha pequena e escura semferrão (Meliponidae) da espécie Trigonaspinipes. Prejudica as brotações novas doscitros, se alimentando de folhas e ramosnovos, às vezes danificam também os fru-tos maduros. A descoberta e queima dosninhos constitui o melhor controle. Quan-do isto não for possível, deve-se fazer usode isca atrativa.

Danos da esperança em laranja

Dano de arapuá em brotação nova de citros.

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Adultos de Psocoptera (a) e teias recobrindo acopa de laranja (b).

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Besouro das raízes

Adultos de diferentes espécies dogênero Naupactus estão presentes na áreacitricola, porém somente em 2005 foramobservadas algumas plantas recém plan-tadas com danos nas raízes causados pe-las larvas desses besouros.

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PRINCIPAIS DOENÇAS DA CITRICULTURAEM SERGIPE E SEU CONTROLE

Capítulo 8

Marcelo Brito de Melo e Luzia Nilda Tabosa Andrade

A citricultura brasileira é afetada pordoenças importantes que reduzem signifi-cativamente a produção, a longevidade ea qualidade dos frutos como exemplo asbacterioses: o cancro cítrico(Xanthomonas axonopodis), a CloroseVariegada dos Citros (Xylella fastidiosaWells et al.) e o huanglongbing (HLB); asdoenças causadas por fungos como a man-cha preta (Guignardia citricarpa Kiely); averrugose (Elsinoe spp.), a melanose(Diaporthe citri Wolf), a rubelose (Erythricium salmonicolor Berk. & BR.), apodridão floral (Colletotrichum acutatumSimmons), a “Gomose de Phytophthora”;as viroses tristeza e leprose, o gêneroMarafivirus associado à Morte Súbita dosCitros e a doença de etiologia desconheci-da como o declínio dos citros.

No presente capítulo apresentare-mos informações sobre as principais do-enças que ocorrem nos citros em Sergipe,como a “Gomose de Phytophthora” que écausada por fungos de solo; a CloroseVariegada dos Citros (CVC) vulgarmentedenominada de “amarelinho” e o declíniodas plantas cítricas, que ainda permanecematando plantas em pomares da regiãoprodutora do Estado, cujo agente causalainda permanece desconhecido.

Em um pomar de citros, a manuten-ção e o estado fitossanitário requer vigi-lância sistemática e efetiva. Assim,amostragens ou inspeções semanais, ouquinzenais, devem ser efetuadas nas plan-tas relatando o problema logo no início doataque.

Os princípios gerais de controle en-volvem o ambiente: com a evasão, envol-vendo táticas de fugas à doença e aregulação que visa alterar o ambiente

desfavorecendo a doença; o hospedeiro:impedindo o contato direto da planta como patógeno, a imunização promovendo aresistência da planta e a terapia na recu-peração da planta doente; o patógeno: ex-clusão, prevenindo a entrada em área nãoinfestada e, a erradicação eliminando opatógeno no seu estabelecimento.

São apresentadas diferentes práti-cas relacionadas ao manejo de doenças decitros no Brasil: seleção de combinaçõesvarietais - escolha de copas e porta-enxer-tos envolvendo a viabilidade econômica etolerância das combinações às doenças dacultura; material de propagação sadio - bor-bulhas e porta-enxertos sadios; utilizaçãode mudas sadias- princípio da exclusão,não levando o patógeno para novos planti-os; seleção de áreas para plantio - princí-pio de evasão, reduzindo o inóculo inicial,evitando lugares com histórico de doenças;rotação de culturas - associada ao princí-pio da erradicação, reduzindo o inóculo dedeterminada área; práticas de conserva-ção do solo - fatores de regulação que atu-am no ambiente, tornando-o menos aptoao crescimento de população do patógenoou desenvolvimento da doença; preparo dosolo - aplicação de práticasconservacionistas objetivando contribuirpara o controle das doenças; adubação or-gânica e mineral - prática essencial do prin-cípio da regulamentação, atuando na redu-ção da taxa de progresso das doenças man-tendo a planta nutricialmente equilibrada;quebra-vento - princípio da regulamenta-ção, funcionando mais para doenças daparte aérea; cuidados durante o plantio -princípios da exclusão, proteção eregulação, com mudas de alta qualidade,evitando o enterrio profundo das mudas,proteção dos cortes de raízes com

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fungicidas; prevenção contra ferimentos -que favorecem a penetração de agentescausais de doenças com meios químicos,físicos e biológicos; manejo de plantas con-correntes - auxilia na regulação de aspec-tos físicos e químicos do ambiente; cuida-dos com a irrigação - influenciam direta-mente na regulação ambiental, ainda po-dendo ser agente de disseminação depropágulos dos patógenos, a qualidade daágua, o sistema de irrigação e a freqüên-cia da irrigação apresentam influência naincidência e severidade de várias doenças;inspeções, erradicações e replantios - vi-sando a detecção de plantas com CVC deaté três anos de idade fazendo aerradicação, a poda não soluciona o pro-blema, quando a planta foi infectada nafase de muda; controle químico - específi-co para cada doença, como medida com-plementar no manejo integrado de doen-ças, pois afeta os inimigos naturais de pra-gas, doenças, micorrizas, bactérias quefixam o nitrogênio e o meio ambiente. Ou-tras medidas fitossanitárias complemen-tares - fiscalizar a circulação de pessoas,veículos, máquinas, desinfestação de ma-terial de poda e de colheita(Feichtenberger, 2000; Laranjeira et al.,2005).

Gomose de fitóftora

O patógeno é um fungo de solo per-tencente a classe dos oomicetos, que ata-ca a planta quando encontra ferimentos econdições climáticas favoráveis ao seu de-senvolvimento.

O fungo também ocorre em mudasenxertadas em viveiro causando danos nasbrotações, nas hastes, nas raízes e poden-do penetrar no local da enxertia causandoa morte do enxerto.

Etiologia

Os principais agentes causais da do-ença são as espécies fungo Phytophthoracitrophthora e P. nicotianae var. parasitica.

Fig. 2. Desfolhamento da copa no lado daslesões, no tronco ou raízes.

Fig. 1. Sintoma de exudação de goma na basedo tronco da planta.

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Epidemiologia

O fungo sobrevive no solo na formade clamidósporos, oósporos, hifas eesporângios. Os zoosporos que são nada-dores penetram por ferimentos e pela zonade crescimento das raízes onde se encistame germinam. Penetram, também, pelas fo-lhas novas e talos verdes, enquanto que,nos ramos e troncos precisam de ferimentosou rachaduras naturais. O fungo é trans-portado por implementos agrícolas, duran-te os tratos culturais, substrato de mudas,água de irrigação e chuva. O patógeno étransmitido por sementes e pode ficar la-tente nas mudas.

Sintomatologia

A doença geralmente ocorre no tron-co das árvores ao nível do solo e nas raízes.As plantas apresentam a casca rachada,escorrimento de goma e cor pardacentana parte interna da casca e no xilema.Quando o fungo ataca as raízes, os sinto-mas são a podridão de raízes e radicelas.Na copa, a parte correspondente ao ladoda lesão, as folhas ficam de coloraçãoamarela, mais espessa e caem.

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Controle

O controle curativo da doença con-siste em raspar a área afetada até o lenhoe pincelar com pasta bordalesa a 1% oucom produto à base de cobre. Porém, esseprocedimento não se justifica quando aárea afetada não for superior a 1/5 do diâ-metro do caule. Quando o ataque for aonível das raízes o melhor é arrancar as plan-tas e fazer o replantio.

O controle preventivo baseia-se emrealizar o plantio das mudas em área nãosujeita ao encharcamento, enxertia alta 15ou mais centímetros do solo; fazer o plan-tio alto ao colo da planta 5 cm mais alto;evitar o acúmulo de água na base da plan-ta; evitar ferimento no caule e nas raízesdurante o coroamento; realizar adubaçãoorgânica afastada da região do caule; nãorealizar adubações fortes com nitrogênioe fazer poda durante a formação da plan-ta para melhor arejamento do caule.

Podridão floral

Conhecida como “queda dos frutosjovens dos citros”, é causada por um fungoque ataca as flores durante o período daschuvas. Ocorre na citricultura sergipana,chegando a causar prejuízos na produção,principalmente nos anos em que há coinci-dência de chuvas intensas no período defloração.

Etiologia

A doença é causada pelo fungoColletotrichum acutatum Simmons.

Sintomatologia

O fungo causa lesões necróticas nosbotões florais e nas flores de corpardacenta. As pétalas ficam aderidas porvários dias, os frutinhos ficam de cor ama-rela e soltam-se facilmente deixando osdiscos basais, cálices e pedúnculos pre-sos nos ramos, daí o nome “estrelinha”.

Fig. 3- Botões com podridão floral de corpardacenta.

Fig. 5. Lesões em pétalas.

Fig. 4. Discos basais, cálices e pedúnculos presosnos ramos, daí o nome “estrelinha”.

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Epidemiologia

O agente causal da doença consegue so-breviver por longo tempo na parte aérea da plan-ta. A disseminação dos conídios do fungo ocorreprincipalmente pelo vento e respingos das chu-vas.

Controle

Deve ser realizado preventivamente,antes da abertura dos botões florais, pois,no estágio de flor, o fungo já teria se insta-lado.

São recomendadas duas pulveriza-ções direcionadas às inflorescências, com

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produto sistêmico . Sendo a primeira, nosbotões florais ainda pequenos e verdes,Deve-se acompanhar a florada até realizara segunda pulverização (7 a 10 dias), quan-do os botões florais estiverem maiores decoloração branca (Melo & Morais, 1999).

É importante saber a intensidade daflorada, se o número de flores é suficientepara justificar o custo da aplicação defungicida; o estágio da florada, indicandoo início da florada, com poucas flores, comou sem a presença de sintomas de podri-dão floral (PFD-FAD System, 2006).

Fig. 6. Aplicação (1a): botões florais pequenose verdes.

Fig. 7. Aplicação (2a): botões florais brancos efechados.

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Melanose

A melanose causa danos nos órgãosverdes no início de desenvolvimento e afe-ta os frutos em vias de maturação ou apósa colheita causando a podridão peduncular(Kimati & Galli, 1980).

Sob condições favoráveis e poma-res mal cuidados, a melanose pode acar-retar prejuízos, principalmente devido aoaspecto dos frutos que são destinados aomercado de fruta fresca. A doença podeser confundida com a mancha na cascados frutos causada pelo ácaro da ferru-gem, porém no caso da melanose as le-sões são ásperas.

Etiologia

Doença causada pelo fungoDiaporthe medusaea Nitschke (teleomorfo)(D. citri Faw., A. Wolf.). Os peritécios fi-cam imersos em um estroma, osascosporos são hialinos e bicelulares.

Sintomatologia

A Melanose ocorre nas partes ver-des da planta, em forma de manchas cir-culares escuras e pequenas, em pequenascrostas levantadas superficialmente queaparecem dispersas na superfície do frutoou em estrias. Quando numerosas, as man-chas formam uma única mancha, todafendilhada, e se desenvolvem à medida queos frutos crescem, acarretando prejuízos,principalmente devido ao seu mau aspec-to. São secreções gomosas da planta co-nhecida como óleos essenciais, em reaçãoà ação do patógeno que não penetra nofruto. Frutos severamente infectados,quando muito jovens, podem ter seu de-senvolvimento interrompido e caírem pre-maturamente.

O fungo se desenvolve em tecidosnovos causando a morte descendente dosraminhos e manchas corticentas nas fo-lhas. No início, manifesta-se na forma delesões pequenas, resultante de inoculaçãode poucos conídios, menores que 1mm dediâmetro, salientes, de coloração marrom-chocolate. Folhas com muitas pústulas per-dem a cor e caem prematuramente.

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Fig. 8. Melanose no fruto.

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Epidemiologia

O fungo sobrevive como saprófitade um ano para outro nos ramos cortadosdurante a poda e deixados no campo e tam-bém nas pústulas das folhas caídas, ondeforma grande número de picnídios.

Seu ataque é mais freqüente quan-do há altos níveis de umidade nos primei-ros meses após a frutificação, quando osconídios produzidos dentro dos picnídios seentumecem e saem através dos ostíolosformando massas filamentosas.

Temperatura entre 25-30 °C, ramosinfectados nas árvores ou no solo aumenta a con-centração de esporos no ar, água livre na super-fície das folhas ou frutos durante 8-10 horas,favorecem o desenvolvimento da doença.

Controle

A poda dos ramos secos das plan-tas é um controle bastante eficiente, poisdiminui os focos de infeção da doença.Quando necessário, deve-se pulverizar asplantas atacadas com calda bordalesa oucalda cúprica, após a poda para reduzir aquantidade do inóculo. O controle deve serfeito em conjunto com o de outras doen-ças que afetam o florescimento e afrutificação.

Rubelose

Doença causada por fungo conheci-da como rubelose ou doença rosada doscitros. Se não for controlada os galhos prin-cipais e o tronco ficam circundados pelomicélio do fungo chegando a matar a plan-ta.

Etiologia

O agente causal da doença é o fun-go Erythricium salmonicolor Berk. & Br.(sin: Necator decretus Massee.).

Sintomatologia

O fungo ataca os galhos produzin-do a morte descendente, formando umacamada de coloração rosada sobre a cas-ca e a presença de filamentos

Fig. 9. Sintomas de Rubelose nos ramos formadopela camada rosada do fungo.

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Epidemiologia

Em condições de alta umidade, o fungose espalha rapidamente nas ramificações, poden-do o patógeno penetrar e destruir a casca, fican-do de cor cinza. O patógeno sobrevive em cimaou debaixo da casca dos galhos mortos.

Não está bem claro o método de dissemi-nação do fungo, desconhecendo a presença debasidiósporos no hospedeiro; acredita-se que osfragmentos de micélio possam ser levados porinsetos ou pelo vento para os tecidos suscetíveissadios na própria planta ou em plantas vizinhas.Temperaturas e umidade relativa altas, prolonga-do período de chuva e tecidos suscetíveis sãocondições que favorecem o desenvolvimento dadoença.

Controle

Não existem variedades, cultivares tole-rantes ou resistentes ao patógeno. Quando o ata-que do fungo é generalizado o tratamento deveser realizado em todo o pomar através da podados galhos secos (30 a 40 cm) abaixo da mar-gem inferior da lesão e queimá-los; pulverizar comum fungicida cúprico ou com uma pasta sulfurosa,fazendo um pincelamento no local onde foi reali-zada a poda; eliminar as ervas daninhas reduz aincidência da doença.

esbranquiçados, causados pelo micélio dofungo, que se tornam brancos com o pas-sar do tempo; ocasiona o rompimento comescamação na casca dos ramos. Os ga-lhos ficam com as folhas secas e quandoatinge grandes proporções causa a morteda planta.

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Mancha aureolada

Ocorre na citricultura sergipana ge-ralmente no período das chuvas, causan-do o desfolhamento das plantas e, tendoimportância quando o seu ataque se dáem viveiros descobertos. O patógeno foiapenas relatado em pomares de citros naAmérica do Sul.

Etiologia

É uma doença foliar causada pelofungo Thanatephorus cucumeris (Frank.)Donk. (Pellicularia filamentosa Pat.) D.P.Rogers, é habitante do solo, ocorrendo emdiversas espécies agrícolas e silvestres.

Sintomatologia

Nas folhas ocorrem lesõesnecróticas em anéis concêntricos e forma-ção de um halo clorótico ao redor das le-sões. Verificam-se pontuações escurassobre as lesões que são as estruturas desobrevivência do fungo (escleródios).

Fig. 11. Lesões necróticas nas folhas.

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Fig. 12. Anéis concêntricos daslesões necróticas e formaçãode halos cloróticos.

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Epidemiologia

Os basidiósporos são transporta-dos pelo vento e insetos. Alta umidade etemperaturas de 20 a 25 °C favorecem aocorrência da doença. No período de me-nor pluviosidade a doença tende desapa-rece entretanto, no período chuvoso, ocor-re uma alta incidência, onde as lesões nasfolhas crescem e coalescem rapidamen-te.

Controle

Fazer a poda dos ramos mais ata-cados efetuando a queima das folhas e re-alizar semanalmente aplicações preventi-vas de fungicidas à base de cobre.

Mancha de graxa / falsamelanose

È uma doença foliar que ocorre tan-to em Sergipe como na Flórida e no Japão,com incidência elevada, podendo ocorrera desfolha nas plantas. As manchas degraxa são muito comuns nas folhas e nosfrutos.

O fungo causa danos nas folhas dequase todas as cultivares de citros, prin-cipalmente os pomelos, limões verdadei-ros, tangerinas e laranjas doces dematuração precoce.

Etiologia

Causada pelo fungo Mycosphaerellacitri Whiteside (teleomórfo); Stenella citri-

Fig. 10. Proteção da região onde foi feita a podacom pasta cúprica.

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Fig. 13. Lesões de manchas cloróticas no limbofoliar.

Epidemiologia

Os ascocarpos do fungo são produ-zidos sobre as folhas caídas no solo; altaumidade relativa e temperatura elevada fa-vorecem a germinação e penetração dofungo. Os ascósporos são disseminadospelo vento ou respingos de água, quandodepositados nas folhas são necessárias.

Controle

O controle somente é recomendadoquando o desfolhamento começar a cau-sar danos econômicos de produção. Deve-se adotar o uso de práticas culturais atra-vés da eliminação ou a utilização de medi-das que proporcionem rápida decomposi-ção das folhas infectadas no solo.

A aplicação de fungicida à base decobre após a florada e antes do períodochuvoso, diminui a intensidade dos sinto-mas.

Clorose variegada doscitros-CVC

A clorose variegada dos citros, co-nhecida por “Amarelinho” é atualmenteconsiderada o mais sério problema da

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grisea (F. E. Fisher) Sivan (anamórfo) (sin:Cercospora citri-grisea F. E. Fisher) (Anam.)(Kimati et al., 1997).

Sintomatologia

As lesões ocorrem na face adaxialda folha e o fungo causa a formação man-chas cloróticas. Na face adaxial da folha,área correspondente às cloroses, apresen-ta com saliências que adquirem coloraçãomarrom-escura ou preta, tornando-se lisas,brilhantes e com aspecto graxo.

citricultura nacional. Em Sergipe a doençajá foi detectada em toda a região citrícolado Estado, causando prejuízos a quem de-pende direta e indiretamente dessa cultu-ra. Sua importância decorre do fato de afe-tar a maioria das variedades comerciaisde laranja doce, além de causar sérios da-nos econômicos devido à redução na pro-dução e qualidades dos frutos (Laranjeira& Palazzo, 1999) e diminuir a vida útil dospomares (Neto & Lopes, 2003).

Etiologia

A doença Clorose Variegada dosCitros é causada pela bactéria Xylella fas-tidiosa WELLS et al. (1987-1990), confir-mada por Leite JR. & Leite (1991).

Sintomatologia

A manifestação da CVC ocorre nosramos, folhas e frutos. É formada de pe-quenas manchas intervenais amarelas naface superior das folhas. A essas clorosescorrespondem, na face inferior, a manchasde coloração púrpura a marrom. Em plan-tas muito atacadas pela bactéria é comumà presença de desequilíbrio nutricional dezinco, magnésio e potássio.

Nos frutos, os sintomas ocorremapós o aparecimento dos sintomas foliarese, isto é observada nos ramos com umatendência a frutificação em pencas(Rossetti & De Negri, 1990; Laranjeira,1997). Os frutos sintomáticos tornam-sepequenos, duros e imprestáveis ao consu-mo in natura e para a indústria e, possuemuma coloração típica de fruto maduro. Aprodução de uma planta sintomática é di-minuída em termos de peso de frutos enúmero de frutos. Palazzo e Carvalho(1993), afirmam que plantas aparentemen-te sadia produziram entre 30 e 35% a maisque plantas doentes. Em Sergipe (Silva etal., 2004; Andrade et al, 2006) obtiveramresultados semelhantes aos encontrados,onde as planta sintomáticas tiveram umaredução de aproximadamente 15% e 14%,respectivamente, na produção em relaçãoàs plantas sintomáticas, em termos depeso e números de frutos doentes.

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Fig. 15. Sintomas de CVC, lesões de corpardacentas na face abaxial da folha.

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Fig. 16. Fruto aparentemente sadio e sintomático.

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Epidemiologia

A CVC ataca, sobretudo plantas jo-vens, a partir da saída do viveiro até apro-ximadamente 6 a 7 anos de idade, e vaidecrescendo quando as plantas atingem 8a 10 anos (Rossetti, 2001). X. fastidiosaé disseminada a curtas distâncias atravésdo vento e água da chuva. A longa distân-cia por meio de plantas doentes e materi-ais propagativo infectado. A bactéria so-brevive a temperaturas entre 20 a 39ºC,e umidade relativa alta; em folhas caídas,

ervas daninhas e restos de culturais. Temcomo vetores cigarrinhas da famíliaCicadellidae, com destaque os represen-tantes potencialmente transmissores dabactéria em citros: Dilobopterus costalimai,Acrogonia, sp e Oncometopia facialis, quetransmitem a bactéria para plantas sadiasapós sua aquisição, que ocorre durante aalimentação em plantas doentes (Robertoet al., 1996, apud Donadio et al., 1997).Também é muito comum a presença deAcrogonia sp e Homalodisca ignorata nospomares da região citricola de Sergipe.

Com relação ao progresso da CVCem Sergipe, Andrade et al. (2006b) obser-varam que a doença aumentou de intensi-dade nos focos pré-existentes e houvepouca formação de novos focos. Aparen-temente a epidemia analisada neste estu-do é similar àquelas estudadas em SãoPaulo, chamando atenção a aparente len-tidão com que a doença vem se desenvol-vendo em Sergipe.

Controle

Não existe uma forma efetiva parao controle da X. fastidiosa, mas existemformas de convivência com essa bactéria.Assim a CVC foi responsável pela mudan-ça na legislação estadual de produção demuda cítrica que teve início em São Paulo,a partir de 2003, e em Sergipe, a partir de2004, onde ficou estabelecido que todaprodução de muda cítrica só pudesse serrealizada em ambiente protegido.

A convivência com a doença é feitaatravés de inspeção realizada nos poma-res novos para identificar ramos doentes,assim, quanto mais cedo forem identifica-dos os sintomas, mais eficientes serão osresultados da poda. E, o controle do insetovetor através do monitoramento com ar-madilhas adesivas de cor amarela e apli-cação de produtos recomendados (Souzaet al., 2004).

Feltro ou camurça

É provável que tenha sido introduzi-do em nosso país em mudas de citros im-portadas dos Estados Unidos, e já foi assi-

Fig. 14. Sintoma inicial da CVC com manchasamareladas na face adaxial da folha.

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nalado em diversos Estados produtores. Osvários autores que se têm preocupado como estudo do feltro dos citros dão-lhe, àsvezes, importância de ordem secundária.A associação do fungo com coccídeos éprejudicial aos citros (Viégas, 1940).

Etiologia

Causado por Septobasidiumpseudopedicellatum Burt e S. saccardinum.

Sintomatologia

O fungo consta de uma camada so-bre o córtex dos ramos formado de hifasseptadas, de cor parda, que se ergue comose fossem colunas. À germinação, tornam-se multiseptadas e brotam, originandoesporídias secundárias diminutas, mais oumenos elípticas, hialinas. São estasesporídias que vão ocasionar a infecção daslarvas dos coccídeos, quando passeiam pelohimênio. As esporídias primárias ao se des-tacar dos esterigmas são uninucleadas. Sea eclosão dos ovos do coccídeo coincidecom a germinação das probasídias, é pro-vável que essa população venha ser inocu-lada pelas esporídias secundárias doSeptobasidium (Viégas, 1940).

Fumagina

Causa prejuízos à produção de citrosprejudicando a realização da fotossíntesepelas folhas atacadas. É um patógeno se-cundário que depende da seiva elaborada,expelida por sugadores. O fungo não ata-ca os tecidos da planta forma uma cober-tura preta constituída pelo micélio.

A presença desse fungo preto naplanta tem um papel importante como in-dicador da presença de homópteros, comoa ortézia dos citros, escama verde, mos-cas brancas e pulgões.

Etiologia

Doença causada pelo fungoCapnodium citri Berk & Desm.

Sintomatologia

As folhas, os ramos e os frutos fi-

cam recobertos pelo micélio do fungo. Apresença do fungo de coloração escuraestá associada a praga dos citroscochonilha ortézia, a escama verde, a mos-ca branca e o pulgão.

Fig. 17. Camada de fungo preto na superfície dafolha.

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Epidemiologia

Os ascocarpos do fungo são produ-zidos sobre as folhas caídas no solo, dis-seminados pelo vento ou respingos de água;alta umidade relativa e temperatura eleva-da favorecem a germinação e penetraçãodo fungo.

Controle

Através do monitoramento das plan-tas com sintomas e realizar práticas cul-turais através da eliminação ou a utiliza-ção de medidas que proporcionem rápidadecomposição das folhas infectadas nosolo. Pulverizações com fungicidas à basede cobre controlam a doença.

Verrugose do limão e dalaranja azeda

É uma doença que ocorre com maisfreqüência tanto em sementeiras e vivei-ros como em pomares. Nos viveiros, averrugose ataca espécies de porta-enxertocomo o limão ‘Cravo’ o ‘Volcameriano’ de-formando as folhas.

Etiologia

É causada pelo fungo Elsinoefawcetti Bit. & Jenkins (Sphacelomafawcetti Jenkins).

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Sintomatologia

Causa lesões corticosas nas folhas,cor de palha, mais ou menos salientes. Ata-ca frutos, folhas e raminhos do limão ‘ Cra-vo’ e laranja azeda quando ainda são mui-tos jovens, causando deformações salien-tes, que vão crescendo à medida que aplanta se desenvolve. Sobre essasprotuberâncias aparecem as lesões primá-rias de onde o fungo.

Características para diagnose emfolhas novas é que estas formaçõescorticosas aparecem somente de um lado,correspondendo a uma depressão do ladooposto. Nessas lesões se formam asfrutificações do fungo que se propaga paraas outras partes do fruto.

Fig. 18. Folhas jovens com deformações corticosas.

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Epidemiologia

A doença ocorre em períodos úmi-dos, cuja disseminação principal é por res-pingos de chuva a curta distância e atra-vés do vento, a longa distância.

Controle

Controlar a doença nos viveiros demudas. Evitar a irrigação por aspersão noperíodo de floração e de maior brotaçãode folhas novas; realizar podas de manu-tenção promovendo a circulação de ar.

A verrugose da laranja doce causa-da pela espécie Elsinoe australis(Sphaceloma australis) não ataca os fru-tos nas condições de Sergipe.

Leprose dos citros

A presença da doença já foi regis-trada na América do Sul, e focos foramidentificados também na América Central.No Brasil são gastos anualmente cerca deUS$ 80 milhões para controle doBrevipalpus phoenicis (Geijskes) vetor dovírus leprose dos citros. Este ácaro pos-sui comportamento polífago, cosmopolitae está em diferentes espécies de plantasjunto aos pomares cítricos; possui facili-dade em adquirir resistência a acaricidas.

A Alellyx Applied Genomics, con-cluiu a identificação e o mapeamento dogenoma do vírus da leprose dos citros. Opróximo passo é a produção de varieda-des cítricas resistentes à doença. Com aseqüência genética do vírus, as plantastransgênicas resistentes à leprose já es-tão em desenvolvimento.

Etiologia

Doença causada pelo vírus leprosedos citros (CiLV).

Sintomatologia

Os sintomas podem ser evidencia-dos em ramos, folhas e frutos. Nas folhassurgem manchas claras com halo claro eo centro necrosado. Nos frutos verdesaparecem manchas verde-claras, rodeadaspor um anel de coloração amarela que so-bressai da cor verde do fruto; com o ama-durecimento as manchas tornam-se par-das ou escurecidas, ligeiramente deprimi-das, de tamanho variável, podendo apre-sentar pequenas rachaduras. Os frutos,pela sua aparência, ficam imprestáveis parao consumo “in natura”. Nos ramos provo-ca manchas de cor marrom clara que setransformam em pústulas salientes cau-sando a soltura da casca. Quando o ata-que é intenso ocorre a queda de frutos efolhas.

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Fig. 19. Lesões rasas em ambas as faces dafolha.

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Fig. 20. Sintomas em frutos verdes.

Fig. 21. Sintomas em frutos maduros.

Fig. 22. Sintomas em ramos.

Fig. 23. Sintomas na casca dos ramos.

Epidemiologia

O ácaro do vírus da leprose pode serdisseminado entre as plantas dentro do po-mar ou para outros pomares pelos ventos,mudas e borbulhas infectadas. Também,pode ser transportado em caixas de cole-ta de frutos.

O ácaro (B. phoenicis) transmite ovírus em todas as suas fases ativas dedesenvolvimento (larva, ninfa e adulto) coma mesma potencialidade; ocorre somentena presença de plantas afetadas e,consequentemente, através de ácaros tam-bém afetados. O vírus é do tipo circulativo,ou seja, ele não somente se acumula nocorpo do vetor, mas também se multiplicano mesmo. Dessa forma, uma vez adquiri-do, permanecerá no interior ácaro(Fundecitrus, 2006).

Controle

Fazer o plantio de mudas produzidasem condições de telado. Evita-se a disse-minação da doença através do controle do“ácaro da leprose”, após inspeções regu-

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lares, com pulverizações de enxofre e deacaricidas específicos cobrindo a parte in-terna da copa. Recomenda-se a limpeza dopomar de espécies hospedeiras do ácaroda leprose. Em pomares infestados devem-se remover os ramos mortos ou toda aplanta, quando estas não são mais produ-tivas, realizando a queima do material. Étambém importante o uso de desinfetan-tes na limpeza das caixas utilizadas para acolheita.

Tristeza

É a principal doença causada por ví-rus no Brasil. O vírus existe nas plantascítricas que são vacinadas com raças fra-cas do patógeno.

Afeta os pomares enxertados so-bre porta enxerto de laranja azeda. Emgeral, as tangerinas têm alta tolerância àtristeza. As laranjas doces e o limão ‘Cra-vo’, via de regra, não são afetados pelovírus, mas podem sofrer danos quandoinfectados por isolados fortes. O vírusafeta principalmente, as limas ácidas Tahitie Galego, pomelos e algumas laranjas-do-ces como a ‘Pêra’ (Gasparotto et al. 1998).

Etiologia

Citrus Tristeza Vírus (CTV), doençacausada pelo grupo dos Closterovírus, per-tencente ao grupo do “sugar beet yellowsvirus” (Müller & Costa, 1993).

Sintomas

Nas folhas causa a palidez nasnervuras e nos frutos o engrossamento domesocarpo. O ataque do vírus em plantasde laranja-pêra em qualquer de seus co-nes e independentemente do porta-enxer-to, seus ramos geralmente mostram sin-tomas de “caneluras” (“stem pitting”) as-sociadas com a presença de goma nos te-cidos. Paralisação no crescimento e pro-dução de frutos pequenos e descoloridossão sintomas adicionais nas plantas ata-cadas. Limoeiro galego e pomeleiros tam-bém são sujeitos aos mesmos sintomas,razão da pequena longevidade dessas es-pécies de plantas cítricas.

Fig. 24. Clareamento das nervuras foliares.

Fig. 25. Fruto com engrossamento nomesocarpo.

Epidemiologia

O vírus sobrevive principalmentenas espécies ou variedades tolerantes, por-tadoras da doença, que não se manifesta;disseminação por vetores: Aphis gossypii,A. spiraecola, A. craccivora, Dactynotusjaceae, Myzus persicae e Toxopteraaurantii (pulgão preto) sendo que o maiseficiente é pulgão marrom (T. citricida).

A disseminação a longa distância épor material de propagação; o vírus é efi-cientemente transmitido por enxertia. Plan-tas hiperparasitas, como a cuscuta, sãotambém vetores do vírus. Enxertos sobreporta-enxerto de laranja-azeda, espécies ouvariedades suscetíveis nas proximidadesdos pomares e presença de insetos vetoressão condições que favorecem o estabele-cimento e a disseminação da doença.

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Controle

Não há medidas de prevenção, emvirtude da presença do inseto vetor, quetransmite o vírus de árvore a árvore, comotambém pela borbulha, na ocasião da“enxertia”. O controle é feito através deresistência varietal; as mandarinas são to-leráveis; eliminação de insetos vetores;inoculação cruzada com um isolado fracodo vírus.

Os pomares estabelecidos sobreporta-enxerto de laranja-azeda devem sersubstituídos por plantas enxertadas sobreporta-enxertos tolerantes, como o limãorugoso, lima Rangpur, laranja trifoliada emandarina. As plantas que apresentamsintomas devem ser cortadas e retiradasdo pomar. Um programa de quarentena ecertificação de gemas livres do vírus deveser observado na hora do estabelecimen-to de novos pomares, onde teoricamentenão existe a doença.

Sorose

Trata-se de uma doença típica dosclones velhos de citros que apresenta am-pla distribuição entre variedades e espéci-es de citros.

Etiologia

Doenças do complexo sorose(sorose A, sorose B e mancha anelar doscitros, causada pelo Citrus ringspot virus(CtRSV).

Sintomas

De etiologia viral, a sorose apresen-ta um período de até doze anos de incuba-ção antes de expressar sintomas, que sãocaracterizados principalmente porfendilhamento e escamação de tronco egalhos de laranjeiras doce [Citrus sinensis(L.) Osbeck], tangerineiras (Citrusreticulata Blanco) e pomeleiros (Citrusparadisi Macf) (Müller & Costa, 1993).

Fig. 26. Sintomas na planta.

Fig. 27. Sorose em mudas.

Fig. 28. Sorose nas folhas.

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Epidemiologia

A partir do uso de clones nucelares,a sorose A, única forma descrita em nos-sas condições, deixou de ser problemáti-ca para a citricultura, embora surtos even-tuais possam ocorrer, principalmente as-sociados ao uso de borbulhas originadasde clones velhos.

Controle

O melhor método de controle docomplexo sorose é a prevenção, atravésdo emprego de borbulhas sadias na produ-ção de mudas. A eliminação de patógenossistêmicos pode ser realizada atualmenteatravés da microenxertia de ápicescaulinares, sem os inconvenientes dajuvenilidade associada ao uso de clonesnucelares.

A termoterapia é uma maneira efe-tiva e ecológica de erradicar patógenos dematerial propagativo. Esta técnica apresen-ta importante uso na eliminação de soroseA, sorose B.

Declínio das plantas cítri-cas

É um dos mais sérios problemas dacitricultura, ocorre em plantas com dife-rentes variedades de copa e porta-enxer-to.

Etiologia

Até o momento, não se sabe a suacausa e geralmente aparece nas plantas apartir de quatro anos de idade.

É semelhante ao “citrus blight”,“young tree decline” e “sand hill decline”descritos nos Estados Unidos desde de1891 (Flórida, Texas, Louisiana e Havaí),ao “declinamiento” na Argentina, ao“marchitamiento repentino” no Uruguai eao “sudden decline” na Venezuela(Fundecitrus, 2006).

Sintomatologia

Os sintomas chegam a ser confun-didos com o da “gomose dos citros”; são

a falta de brotação nova, brotação na basedos ramos da parte interna da planta,clorose e queda das folhas. Internamentena planta, ocorrem obstruções amorfasnos vasos do xilema e redução do fluxo deágua.

Em plantas com declínio, se verificaainda: aparecimento de deficiência de zin-co nas folhas e excesso nos vasoslenhosos; florada atrasada com produçãoreduzida; Frutos miúdos e sem brilho, im-próprios para o comércio; A evolução dadoença provoca a morte de radicelas(Fundecitrus, 2006).

Fig. 29. Brotações internas.

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Fig. 30. Desfolha da planta.

Controle

A diversificação de porta-enxerto ea eliminação das plantas atacadas são me-didas recomendadas atualmente.

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