resumo pré natal de baixo risco parte 2

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Health & Medicine


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Page 1: Resumo pré natal de baixo risco parte 2

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ- UESC

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

COLEGIADO DE MEDICINA

MÓDULO PIESC III – CIS 087

RESUMO PRÉ NATAL DE BAIXO RISCO II – NOSSA SENHORA DA VITÓRIA I

Auro Eduardo A. Gonçalves

Hugo Henrique R. de Almeida

Jordian Jorge Pinheiro

Lais Anita da Rocha Lima

Lidiany Oxenford da Silva

Marcos Venancio A. Ferreira

Mariana Souza Santana

Mateus Kist Ibiapino

Tassila Oliveira Nery de Freitas

INSTRUTORA FIXA: Dra. Sheyla Portella

ILHÉUS - BAHIA

Novembro 2015

Page 2: Resumo pré natal de baixo risco parte 2

RESUMO DO GRUPO PIESC III – NOSSA SENHORA DA VITORIA I

O presente resumo traz os principais aspectos

relacionados à abordagem clínica, laboratorial, e

consultas subsequentes do pré-natal de baixo risco.

PIESC III – Nossa Senhora da Vitória I

ILHÉUS – BAHIA

Novembro 2015

Page 3: Resumo pré natal de baixo risco parte 2

RESUMO

“A Assistência Pré-Natal visa assegurar que cada gestação culmine no parto de um

recém-nascido saudável, sem prejuízos à saúde da mãe”. (FEBRASGO, 2010)

No primeiro contato com o profissional, a gestante busca, em geral, confirmar sua

gravidez, amparar suas dúvidas e ansiedades, certificar-se de que tem bom corpo para

gestar, checar se o bebê está bem; e um apoio adicional para seguir nessa “aventura”

Resumimos a seguir os principais aspectos da abordagem clínica e laboratorial da

gestação de baixo risco.

Anamnese

De uma forma geral, a anamnese obstétrica é muito semelhante a qualquer

anamnese feita na pratica médica, portanto, na primeira consulta, deve-se pesquisar os

aspectos socioepidemiológicos, antecedentes familiares, antecedentes pessoais gerais,

ginecológicos, obstétricos, e situação da gravidez atual.

Existem ainda certas particularidades na anamnese da gestante, e que não podem

de forma alguma passarem desapercebidos, são eles:

Data precisa da última menstruação;

Regularidade dos ciclos;

Uso de anticoncepcionais;

Paridade;

Intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas; ;

Detalhes de gestações prévias;

Uso de medicações;

Hospitalizações anteriores;

História prévia de doença sexualmente transmissível

Exposição ambiental ou ocupacional de risco;

Page 4: Resumo pré natal de baixo risco parte 2

Reações alérgicas;

História pessoal ou familiar de doenças hereditárias/malformações;

Gemelaridade anterior;

Fatores socioeconômicos;

Atividade sexual;

Uso de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas ou ilícitas;

História infecciosa prévia;

Vacinações prévias;

História de violências

Ainda é necessário pesquisar sintomas relacionados à gravidez como náuseas,

vômitos, dor abdominal, constipação, cefaleia, síncope, sangramento ou corrimento vaginal,

disúria, polaciúria e edemas. Assim como é importante sanar dúvidas, minimizar a

ansiedade do casal, checar se a gravidez foi planejada, e como está a aceitação da

gravidez pelos pais.

Exame físico da gestante

São indispensáveis os seguintes procedimentos: avaliação nutricional, medida da

pressão arterial, palpação abdominal, medida da altura uterina, ausculta dos batimentos

cardiofetais, registro dos movimentos fetais, realização do teste de estímulo sonoro

simplificado, verificação da presença de edema, exame ginecológico e coleta de material

para colpocitologia oncótica, exame clínico das mamas e toque vaginal de acordo com as

necessidades de cada mulher e com a idade gestacional.

Os métodos para esta estimativa da Idade Gestacional dependem da data da última

menstruação (DUM) ou da utilização do disco (gestograma), quando disponível. Em relação

ao cálculo da data provável do parto, leva-se em consideração a duração média da

gestação normal (280 dias ou 40 semanas, a partir da DUM), mediante a utilização de

calendário, do disco (gestograma) ou da Regra de Näegele.

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É necessário classificar o estado nutricional da gestante, segundo o IMC, por

semana gestacional, em baixo peso, adequado, sobrepeso e obesidade. As condutas são

adotadas conforme o diagnóstico nutricional realizado. Gestantes de baixo peso deverão

ganhar entre 12,5 e 18,0kg durante toda a gestação, gestantes com IMC adequado devem

ganhar, até o fim da gestação, entre 11,5 e 16,0kg e aquelas com sobrepeso devem

acumular entre 7 e 11,5kg. A inadequação do estado nutricional materno tem grande

impacto sobre o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido. Gestantes com excesso

de peso ou baixo peso necessitam de cuidado individual e orientações direcionadas.

Outro fator muito importante no exame físico da gestante é o controle da pressão

artéria. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) na gestação é classificada nas seguintes

categorias principais: Pré-eclâmpsia; Eclâmpsia; Pré-eclâmpsia superposta à HAS crônica;

Hipertensão arterial sistêmica crônica e Hipertensão gestacional. As alterações

hipertensivas da gestação estão associadas a complicações graves fetais e maternas e a

um risco maior de mortalidade materna e perinatal.

Durante o exame deve-se também realizar a palpação obstétrica, com objetivo de

identificar o crescimento fetal, diagnosticar os desvios da normalidade a partir da relação

entre a altura uterina e a idade gestacional e identificar a situação e a apresentação fetal. A

técnica utilizada são as Manobras de Leopold. Já o objetivo da realização da Medida da

Altura Uterina é acompanhar o crescimento fetal e detectar precocemente uma possível

alteração. Deve-se utilizar como indicador a medida da altura uterina e sua relação com o

número de semanas de gestação.

A ausculta dos batimentos cardiofetais é utilizada para constatar a presença, o

ritmo, a frequência e a normalidade dos batimentos cardíacos fetais (BCF). Deve ser

realizada com sonar, após 12 semanas de gestação, ou com Pinard, após 20 semanas.

Também é importante registrar os movimentos fetais a partir da 34ª semana gestacional. O

método de registro diário de movimentos fetais (RDMF) é realizado pela própria gestante.

Também deve ser realizado o Teste do estímulo sonoro simplificado (Tess),

utlizando-se do Sonar Doppler e da Buzina de Kobo (buzina de bicicleta). Deve-se observar

o abdome materno, procurando identificar movimentos fetais visíveis e imediatamente após

o estímulo, repetir a ausculta dos BCF por novos quatro períodos de 15 segundos e refazer

a média dos batimentos.

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É importante durante o exame físico detectar precocemente a ocorrência de edema

patológico. Devem ser examinados os membros inferiores, a região, a face e nos membros

superiores. Durante a consulta também é uma boa oportunidade para o profissional de

saúde educar a população feminina sobre o câncer de mama, sobre a composição e a

variabilidade da mama normal e sobre a importância do aleitamento materno para a

criança, para a própria gestante e para a família e a sociedade. Algumas orientações

relacionadas ao cuidado com as mamas para o aleitamento podem ser enfatizadas, além

da realização do exame clínico.

Abordagem laboratorial

Diversos exames complementares devem ser solicitados na primeira consulta ou 1°

trimestre, sendo eles:

Hemograma;

Tipagem sanguínea e fator Rh;

Coombs indireto (se for Rh negativo)

Glicemia de jejum;

Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR;

Teste rápido diagnóstico anti-HIV;

Anti-HIV;

Toxoplasmose IgM e IgG;

Sorologia para hepatite B (HbsAg);

Exame de urina e urocultura;

Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade

gestacional;

Citopatológico de colo de útero (se necessário);

Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica);

Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica);

Eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares

de anemia falciforme ou apresentar história de anemia crônica).

No 2° trimestre gestacional é importante a realização dos seguintes exames:

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Teste de tolerância para glicose com 75g, se a glicemia estiver acima de 85mg/dl ou

se houver fator de risco (realizar este exame preferencialmente entre a 24ª e a 28ª

semana)

Repetir Coombs indireto (se for Rh negativo)

No 3° trimestre, procede-se com a repetição dos seguintes exames:

Hemograma

Glicemia em jejum

Coombs indireto (se for Rh negativo)

VDRL

Anti-HIV

Sorologia para hepatite B (HbsAg)

Repita o exame de toxoplasmose se o IgG não for reagente

Urocultura + urina tipo I (sumário de urina – SU)

Bacterioscopia de secreção vaginal (a partir de 37 semanas de gestação)

Deve se ter especial atenção à interpretação dos resultados dos exames

complementares aliados aos dados da anamnese e do exame clínico/obstétrico. Essa

avaliação é importante para o estabelecimento do tratamento de alterações encontradas ou

encaminhamento, se necessário.

Acompanhamento da Gestante

As consultas de pré-natal poderão ser realizadas na unidade de saúde ou durante

visitas domiciliares. O calendário de atendimento durante o pré-natal deve ser programado

em função dos períodos gestacionais que determinam maior risco materno e perinatal.

O calendário deve ser iniciado precocemente (no primeiro trimestre) e deve ser

regular, garantindo-se que todas as avaliações propostas sejam realizadas e que tanto o

Cartão da Gestante quanto a Ficha de Pré-Natal sejam preenchidos.

O total de consultas deverá ser de, no mínimo, 6 (seis), com acompanhamento

intercalado entre médico e enfermeiro. Sempre que possível, as consultas devem ser

realizadas conforme o seguinte cronograma:

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Até 28ª semana – mensalmente;

Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente;

Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente.

A maior frequência de visitas no final da gestação visa à avaliação do risco perinatal

e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre, como trabalho de

parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal. Não existe

“alta” do pré-natal antes do parto. Quando o parto não ocorre até a 41ª semana, é

necessário encaminhar a gestante para avaliação do bem-estar fetal, incluindo avaliação do

índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal.

Estudos clínicos randomizados demonstram que a conduta de induzir o trabalho de

parto em todas as gestantes com 41 semanas de gravidez é preferível à avaliação seriada

do bem-estar fetal, pois se observou menor risco de morte neonatal e perinatal e menor

chance de cesariana no grupo submetido à indução do parto com 41 semanas. O

acompanhamento da mulher no ciclo grávido-puerperal deve ser iniciado o mais

precocemente possível e só se encerra após o 42º dia de puerpério, período em que a

consulta de puerpério deverá ter sido realizada.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção

Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de

Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Editora do Ministério da

Saúde, 2013.

2. FEBRASGO. Manual de Assistência Pré-Natal. 2010