resumo do livro aprender antropologia
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INTRODUÇÃO
Neste estudo vamos discutir oito capítulos do livro “Aprender Antropologia”
do antropólogo francês François Laplantine (1943), este que volta suas
pesquisas para os campos da antropologia da doença e das religiões, além de
dar sua atenção às relações da antropologia com a escrita. Estas abordagens,
por ele são estudadas, em sua maioria na America latina (e com mais saliência
o Brasil). Estes capítulos são: Uma ruptura metodológica: a prioridade dada à
experiência pessoal do “campo”; Uma inversão temática: o estudo do
infinitamente pequeno e do cotidiano; Uma exigência: o estudo da totalidade;
Uma abordagem: a analise comparativa; As condições de produção social do
discurso antropológico; O observador, parte integrante do objeto de estudo;
Antropologia e literatura; As tensões constitutivas da prática antropológica., e
tendo-os como base, buscamos aqui recuperar os principais aspectos que
envolvem o processo do trabalho de pesquisa na antropologia. Para isto,
abordaremos cada um destes tópicos respectivamente.
1. UMA RUPTURA METODOLOGICA: prioridade dada à experiência
pessoal do “campo”
Este primeiro capítulo trata da abordagem antropológica de base - esta que
diz respeito à “observação direta dos comportamentos sociais a partir de uma
relação humana” (Laplantine) -, que surgiu para desconstruir a antropologia
especulativa que até então predominava com características propriamente
filosóficas, já que em sua metodologia não predominava o a vivência e a
interação entre o observador e o grupo estudado –observado - (constituindo
por assim dizer uma antropologia de gabinete). Essa antropologia de base
então prioriza a experiência adquirida na pesquisa em campo e nessa primeira
conjuntura englobava apenas os grupos sociais de maiores ostentações.
Ainda nesse contexto, compreendemos que é importante articular sobre
alguns pontos que receberam destaque neste capitulo. São eles: a etnografia, a
etnologia e a antropologia. Na sequência eles se caracterizam da seguinte
forma:
A etnografia - É a coleta direta, e o mais minucioso possível, dos fenômenos que
observamos, por uma impregnação duradoura e contínua e um processo que se
realiza por aproximações sucessivas (...);
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A etnologia - consiste em um primeiro nível de abstração: analisando os
materiais colhidos, fazer aparecer à lógica específica da sociedade que se
estuda;
A antropologia - consiste em um segundo nível de inteligibilidade: “construir
modelos que permitam comparar as sociedades entre si...” (Laplantine,
1996:25).
2. UMA INVERSÃO TEMÁTICA: o estudo do infinitamente pequeno e do
cotidiano
Após a ruptura metodológica que deu prioridade a experiência pessoal do
campo, surgiu uma inversão na temática do estudo antropológico. Pois este
que estudava temas globais, passou a voltar o olhar para os pequenos grupos
do cotidiano, para as micros sociedades.
Esta inversão temática que visa o mais simples (que parece por muitas
vezes irrelevante), corriqueiro, comum e muitas vezes por ser tão banal passa-
se despercebido aos olhos do observador, influenciou grande parte das
inovações ocorridas nas ciências humanas e com ênfase na história, que por
sua vez tornou-se uma história antropológica. Essa mudança se deu porque o
método de campo, e de estudo do micro desconstruiu tabus e
consequentemente ofereceu abertura para as demais áreas.
3. UMA EXIGÊNCIA: o estudo da totalidade
Este capítulo diz respeito a uma das características da antropologia que
exige mais cuidado: o estudo da totalidade. Isso porque como já foi colocado
acima o estudo antropológico, após a inversão temática, passou a olhar para o
corriqueiro, e este trás consigo a responsabilidade de não deixar passar nada
despercebido. Então, se o antropólogo estuda a totalidade, ele deve elaborar
um estudo por completo, visando todas as perspectivas. Essa abordagem do
conjunto, explica o que escreveu Mauss em 1960: “o homem é indivisível’ e “o
estudo do concreto” é “o estudo do completo”. Em detrimento disto esta, nas
palavras de Laplantine, o parcelamento disciplinar que surge representando
um risco para os estudos antropológicos contemporâneos por fragmentar
estudos que em sua essência precisam ser completos e por isso muitos dos
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antropólogos recusam-se a seguir uma especialização (porque esta limita e
torna o estudo antropológico carente).
4. UMA ABORDAGEM: a análise comparativa
Nesse caminho progressivo que a antropologia percorreu muito se foi
alterado. Depois dos aspectos já mencionados aqui, vamos articular sobre “a
análise comparativa”, esta que possui extremo valor para a antropologia, isso
porque essa abordagem nos faz enxergar que na relação com o “outro”,
descobrimos que “ele” e, suas tendências podem também estar dentro do meu
contexto e não apenas do outro lado (como se entende no mais das vezes), e
com isso percebemos no familiar o exótico e assim vice-versa.
Além disso, a análise comparativa tem a missão de desconstruir
preconceitos, - muitos deles oriundos do etnocentrismo, este que é um dos
grandes problemas enfrentados pela antropologia – isso porque observar
costumes, hábitos, tendências, etc., de outras sociedades nos faz entender
particularidades da nossa sociedade. Laplantine, com objetivo de defender
essa abordagem comparativa, cita o exemplo de Malinowski, que passou toda
sua vida estudando uma única sociedade – a dos Trobriandeses – e por este
mínguo seus estudos. Embora seja tão primordial esta analise, Laplantine nos
salienta que ela não pode ser a primeira ação do antropólogo em exercício,
este precisa primeiro coletar os dados, compreender a lógica da sociedade,
entre outras coisas, para depois de forma criteriosa confrontar com outros
estudos.
5. AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO SOCIAL DO DISCURSO
ANTROPOLÓGICO
Nessa temática articula-se que sempre há um contexto onde a pesquisa
(qualquer que seja) é possível. Para elucidar esse pensamento Laplantine
expõe um trecho escrito por Lévi-Strauss, “se a sociedade está na
antropologia, a antropologia por sua vez está na sociedade” (1973). Nestas
condições a antropologia, segundo Laplantine, “não existe em um estado puro”
e por isso não se pode isolá-la no seu próprio contexto. E, essa antropologia de
visão laplantiniana defende que “nosso pertencer e nossa implicação social,
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estão longe de serem um obstáculo ao conhecimento científico, podem pelo
contrario, a meu ver, ser considerados como instrumento. Permitem colocar as
questões que não se colocavam em outra época,variar as perspectivas, estudar
objetos novos.”
6. O OBSERVADOR, PARTE INTEGRANTE DO OBJETO DE ESTUDO
Neste capítulo Laplantine se preocupa com uma questão já abordada: a
exigência do estudo da totalidade e está se da, como já foi colocado, a partir da
interação de todos os aspectos que possam ser encontrados em um grupo
observado. Sendo que este contexto foca a questão do observador que deve ser
parte integrante de um objeto de estudo, isso porque se o observador omitir
(eliminar e/ou apagar as marcas de sua implicação pessoal e de seus
resultados no objeto de pesquisa), qualquer evidência pode interferir na
veracidade de seu estudo. O observador, não deve em hipótese alguma ignorar
pequenos fatos para buscar uma objetividade que se afasta da essência
antropológica, mas sim, caracterizar-se como “ator social” buscando com isso
se aproximar ao máximo da cultura, da arte, do modo de pensar, agir, etc., dos
observados. Ou seja, (incluir-se não apenas socialmente mas subjetivamente no
contexto dos indivíduos estudados.
7. ANTROPOLOGIA E LITERATURA
O campo da antropologia que tem como objeto de estudo a literatura e um
dos mais fascinantes. Isso porque a antropologia desenvolve um interesse
particular para os detalhes, como citou Laplantine “para o detalhe do
detalhe,para os eventos minúsculos e para os pequenos fatos”. Essa
característica microscopia que também visa a observação, esta em constante
deslocamento, pois este implica o próprio ato de escrever. Sendo assim, a
literatura como a antropologia, visa uma experiência que surge a partir do
encontro com outro e por isso essas duas abordagens se aproximam tanto.
8. AS TENSÕES CONSTITUTIVAS DA PRATICA ANTROPOLÓGICA
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Este último aspecto tratado por Laplantine, trás no primeiro momento duas
perspectivas: a compreensão do “por dentro” e a compreensão do “por fora” (o
primeiro diz respeito ao ponto de vista do mesmo e o segundo ao ponto de
vista dos outros ), e este constitui a própria prática antropológica.
Na seqüência são discutidos aspectos como:
O dentro e o fora: trata-se este, de uma pulsação bastante específica - o
fascínio pelo o outro ou o desprezo pelo mesmo;
A unidade e a plularidade: este defende que existe uma de gênero
humano, mas que há grupos com costumes, instituições, comportamentos, que são
estranhos a minha sociedade e isso os faz diferentes de mim;
O concreto e o abstrato: a primeira evidência o empirismo e o segundo
diz respeito a uma classificação idealista
CONCLUSÕES
A partir dos capítulos estudados compreendemos que o trabalho do
antropólogo se desenvolveu em passos lentos, mas que obteve progressos
significantes no decorrer dos tempos até então. Hoje o trabalho de campo se
caracteriza pela coleta de dados para reflexão teórica e implica em uma
interação extensa e profunda com as culturas estudadas (grupos, etc.), e após
esse processo deve-se haver uma comparação minuciosa entre as comunidades
estudadas, para que se obtenha uma melhor ponto de vista. Além disso, vimos
que a luta contra o etnocentrismo é constante no trabalho de um antropólogo,
pois as culturas são iguais (em valor), nenhuma possui a posse da verdade e
todas merecem respeito.
Entendemos que o conhecimento de nossa cultura, fica mais claro quando
passa pelo conhecimento das outras culturas. E que o pode-se afirmar que há
um único gênero humano, mas que os seres humanos, têm a capacidade para
se diferenciar uns dos outros, pois facilmente elaboram costumes, línguas,
modos de conhecimento, instituições, jogos, etc. Assim o processo de pesquisa
do trabalho antropológico exige uma revolução no “olhar”, implicando num
descentramento radical, numa ruptura com o modo especulativo e primitivo de
estudar o outro, chegando até a descoberta da alteridade, que provoca em nós
o entendimento que somos, em suma, todos igual.