resumo direito tributário - arts. 139-208

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Resumo doutrina + legislação

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DIREITO TRIBUTRIO

2 PARTE DA MATRIA ARTS. 139-208, CTNCrdito tributrio e lanamento

Suspenso da exigibilidade do crdito tributrio

Extino do crdito tributrio

Excluso do crdito tributrio

Garantias e privilgios do crdito tributrio

Administrao tributria

CRDITO TRIBUTRIO E LANAMENTO (Arts. 139 a 150, CTN)

CONCEITOS: OBRIGAO TRIBUTRIA, CRDITO TRIBUTRIO E LANAMENTO.

Hiptese de incidncia + fato gerador = obrigao tributria.Obrigao tributria + lanamento = crdito tributrio

Obrigao tributria = nasce com a ocorrncia, no mundo real, da situao definida em lei como sendo o fato gerador de um determinado tributo.A obrigao tributria um vinculo jurdico transitrio entre o sujeito ativo (credor) e o sujeito passivo (devedor), cujo objeto uma prestao pecuniria ($$).A obrigao tributria no certa (quanto existncia) nem lquida (quanto ao valor), ou seja, no define, com seguridade, o montante devido, o devedor e o prazo do pagamento. Da a necessidade de um procedimento oficial para declarar formalmente a existncia da obrigao tributria: o lanamento.O lanamento (art. 142,CTN) o procedimento consistente na declarao formal da ocorrncia do fato gerador, cujo objetivo definir os elementos materiais da obrigao surgida (alquota e base de clculo), calcular o montante devido, identificar o respectivo sujeito passivo e, com isto, possibilitar a cobrana do tributo/penalidade pecuniria. Aps o lanamento de uma obrigao tributria, constitui-se o crdito tributrio. Por isso, muitas vezes o crdito tributrio chamado de obrigao tributria lanada. Entendimento do STJ o crdito tributrio no surge com o fato gerador, mas com o lanamento (RESP 250. 306,1 Turma, Rel. Min. Garcia Vieira, 01.06.2000).Todo o crdito tributrio exige a existncia prvia de uma obrigao tributria. Caso haja um crdito no fundado em obrigao, este crdito s existir formalmente, devendo ser extinto posteriormente, por deciso judicial ou administrativa. PORTANTO, o crdito tributrio a obrigao tributria tornada lquida e certa, por intermdio do lanamento tributrio.

FUNES DO LANAMENTO

So funes do lanamento (Art. 142, CTN):Verificar a ocorrncia do fato gerador:

A ocorrncia do fato gerador na vida real faz surgir a obrigao tributria. A obrigao tributria s ser exigvel aps o lanamento (quantificao + qualificao da obrigao tributria).Determinar a matria tributvel:

O lanamento permite aferir o que devido (qualificao do tributo), isto , o ncleo do tributo exigvel, tornando o crdito certo.Clculo do montante devido:

O lanamento permite aferir o quanto devido (quantum debeatur), tornando o crdito lquido. Identificao do sujeito passivo:

O lanamento permite determinar quem o sujeito passivo, determinado pela lei tributria (princpio da estrita legalidade art. 97,III, CTN). O sujeito passivo a pessoa fsica ou jurdica obrigada, por lei, ao cumprimento da prestao tributria. denominado contribuinte ou responsvel.Propor, se for o caso, a aplicao da penalidade penal cabvel:

O lanamento permite verificar, concretamente, se, no caso, exigvel o pagamento de multa, definida em lei tributria.

QUESTES ESPECFICAS DO LANAMENTO:

Qual a natureza jurdica do lanamento: ato administrativo ou procedimento administrativo?

O lanamento procedimento administrativo, segundo o art. 142, do CTN. O procedimento administrativo o conjunto de atos, encadeados e organizados, objetivando um fim (a constituio do crdito tributrio).Entretanto, parte da doutrina entende que o lanamento ato administrativo. O ato administrativo no uma sequncia de atos, mas apenas um nico ato, que objetiva uma finalidade (constituio do crdito tributrio).O lanamento um ato/procedimento constitutivo ou declaratrio?

O art. 142, CTN dispe que o lanamento tem natureza declaratria quanto obrigao tributria (o lanamento procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrncia do fato gerador da obrigao correspondente.). Isto significa que possui efeitos ex tunc, ou seja, que o lanamento atesta que o fato gerador j existia antes do lanamento, devendo-se aplicar a norma tributria que vigia na poca do surgimento do fato gerador (princpio da irretroatividade tributria art. 150, a, CF/88).Contudo, o caput do art. 142, CTN tambm faz meno natureza constitutiva quanto ao crdito tributrio (compete privativamente autoridade administrativa constituir o crdito tributrio pelo lanamento). Isto significa que o prprio ato de lanamento tem efeitos ex nunc, ao criar direitos e deveres, dentro da relao jurdico tributria. PORTANTO, o lanamento tem natureza mista/dplice/heterognea, j que , ao mesmo tempo, constitutiva (efeitos ex nunc) do crdito tributrio e declaratria (efeitos ex tunc) da obrigao tributria. De quem a competncia para o lanamento?

O art. 142, CTN dispe que a competncia para a efetivao do lanamento da autoridade administrativa.A competncia exclusiva (indelegvel e insuscetvel de avocao) para o lanamento do crdito tributrio :Unio (cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal)

Estados e Distrito Federal (cargo de Agente-Fiscal de Rendas)

Municpios e DF (cargo de Auditor Fiscal do Municpio/DF).

Uma vez que a competncia exclusiva destes cargos, no pode um juiz, por exemplo, lanar ou corrigir um lanamento j realizado pela autoridade administrativa. Caso o juiz reconhea um vcio, deve anular o ato administrativo e remet-lo autoridade competente, para que corrija o lanamento.O lanamento atividade vinculada ou discricionria?

O art. 142, CTN dispe que atividade administrativa vinculada e obrigatria, sob pena de responsabilidade funcional. Ou seja, a autoridade administrativa tem o dever (obrigao) de lanar, e no o poder (escolha). Ademais, a autoridade, quando lanar a obrigao, deve-se ater s imposies da lei (vinculao), no podendo fazer juzo de convenincia ou oportunidade para instaurar o procedimento.Qual a legislao aplicvel ao lanamento?

O lanamento realizado em determinado momento do tempo, mas sempre voltado a um tempo passado, que o tempo da ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria. PORTANTO, o lanamento retroage no tempo, para constituir (efeitos ex tunc) um crdito decorrente da obrigao tributria surgida no passado.Lanamento de penalidade pecuniria (multa): aplica-se ao lanamento, a lei mais favorvel ao infrator, dentre aquelas que tiveram vigncia entre a data do fato gerador e a do lanamento. Ademais, garante-se ao contribuinte o direito de aplicar legislao mais favorvel surgida posteriormente, desde que no haja coisa julgada ou extino do crdito.

Lanamento de tributo: aplica-se a legislao que estava em vigor no momento da ocorrncia do fato gerador, mesmo que esta legislao j tenha sido modificada ou revogada (art. 144, CTN).

Quanto aplicao da legislao formal (regras aplicveis ao procedimento de lanamento) e da legislao material (regras sobre o tributo/ penalidade pecuniria, que falam sobre: base de clculo, alquota, contribuintes, etc.), tem-se que:Normas formais: aplicam-se as que tiverem em vigor na data da realizao do prprio procedimento de lanamento. OBS: vedada a aplicao retroativa de legislao formal para atribuir responsabilidade tributria a terceiros.

Normas materiais: aplicam-se as normas que estavam em vigor na data do fato gerador.

REVISO DO LANAMENTO

O lanamento ainda no concludo (no houve notificao regular ao sujeito passivo, atravs do aviso de lanamento ou do carn de cobrana) pode ser alterado, a critrio da autoridade. PORTANTO, at a notificao do sujeito passivo, a reviso do lanamento absoluta.Aps a notificao do contribuinte ou do responsvel, o lanamento definitivo (irrevisvel). No possvel a reviso de lanamentos j efetuados, com base na alegao de existncia de erros de direito, relativos ao fato gerador ocorrido anteriormente constituio do crdito tributrio (entendimento do STJ: a mudana de critrio jurdica adotado pelo Fisco no autoriza a reviso de lanamento, RESP 273.195/PR, 1 Turma, Rel. Min. Francisco Falco, 03.06.2004).Mas, h excees (art. 145, CTN), pois o lanamento, uma vez concludo (regularmente notificado ao sujeito passivo), pode ser alterado, via:(i) impugnao do sujeito passivo forma litigiosa de alterar o lanamento. A impugnao a defesa apresentada administrativamente. Com a impugnao, surge a fase litigiosa do procedimento do Processo Administrativo Fiscal (PAF), pois verifica-se que o sujeito passivo discorda , total ou parcialmente, do lanamento. A impugnao deve ser protocolada pelo prprio sujeito passivo, e no por qualquer terceiro interessado. O direito de impugnar previsto no art. 5, LV, CF/88 (direito ao contraditrio e ampla defesa).(ii) recurso de ofcio forma litigiosa de alterar o lanamento. a possibilidade de rejulgamento da deciso de primeira instncia, no mbito administrativo, desde que tenha trazido situao desfavorvel ao reclamente iniciativa da autoridade administrativa forma no litigiosa de alterao do lanamento. Trata-se do poder-dever de autotutela da administrao, desde que a alterao se enquadre nas possibilidades do art. 149, CTN (rol taxativo):

- quando a lei assim o determine: a hiptese de reviso do lanamento no porque houve alguma irregularidade cometida pelo sujeito passivo, mas porque a lei assim exige.- quando se comprove a omisso ou inexatido, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exerccio da atividade de constituio do crdito descrita no art. 150.- quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefcio daquele agiu com dolo, fraude ou simulao.- quando deva ser apreciado fato no conhecido ou provado por ocasio do lanamento anterior. - quando se comprove que, no lanamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omisso ,pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.

MODALIDADES DE LANAMENTO:

O lanamento ato (ou procedimento depende do entendimento) privativo do FISCO. Entretanto, pode ocorrer maior ou menor auxlio do contribuinte no ato de constituio do crdito tributrio, nas diferentes modalidades de lanamento.No h, na legislao brasileira, norma que determine quais tributos sero lanados, necessariamente, por determinada modalidade. possvel que determinado ente (Unio, Estados, Municpios, DF) preveja, na sua legislao local, a realizao dos lanamentos de seus tributos na modalidade que entender mais conveniente. PORTANTO, os entes tem autonomia para adotar na lei local a modalidade de lanamento que julguem mais convenientes. Entretanto, existe um consenso (doutrina e juris) de que determinados tributos so lanados por determinadas modalidades. Exemplo: IPTU e IPVA so lanados de ofcio; ISS lanado por homologao; ITCD lanado por declarao, etc.So modalidades de lanamento:De ofcio o sujeito passivo no participa da atividade

Por declarao equilbrio entre a participao do sujeito passivo e a do ativo

Por homologao o sujeito passivo realiza quase todos os atos que compem a atividade

Direto, de ofcio, ex officio, unilateral (art. 149,I,CTN):

aquele em que o Fisco, por meio da autoridade administrativa, dispondo de dados suficientes em seus registros para efetuar a cobrana do tributo, realiza o lanamento sem o auxlio do contribuinte. A iniciativa do lanamento da Administrao Pblica. So exemplos de tributos nos quais a constituio do crdito ocorre por esta modalidade: IPTU, IPVA, taxas, contribuies de melhoria, contribuies corporativas (conselhos profissionais), contribuio para o servio de iluminao pblica (COSIP).Misto, por declarao (art. 147, CTN):

realizado com base na declarao que o sujeito passivo presta autoridade lanadora. uma ao conjugada entre o Fisco e o Contribuinte, cabendo ao ltimo a prestao de informaes faltantes e ao primeiro o lanamento propriamente dito. O prprio declarante pode, por iniciativa prpria, retificar suas declaraes. Mas, a retificao que vise excluso ou reduo de tributo, s ser admitida, se:- mediante comprovao do erro em que se funde (o nus da comprovao do erro do prprio contribuinte)- antes de notificado o lanamentoExemplos de tributos cujo crdito lanado por declarao: imposto de importao; imposto de exportao; ITBI.Por homologao, autolanamento (art. 150,CTN):

O contribuinte auxilia ostensivamente o Fisco na atividade de lanamento, recolhendo o tributo, antes de qualquer providncia da Administrao, com base em montante que ele prprio mensura. Cabe ao Fisco conferir a exatido do volume recolhido, homologando ou no o procedimento adotado pelo contribuinte.A diferena deste lanamento para o lanamento por declarao que no lanamento por homologao, a providncia tomada pelo sujeito passivo tem cunho pecunirio (pagamento), j no lanamento por declarao, tem cunho informativo (declarao). Caso passe em branco o prazo para o Fisco homologar o pagamento (5 anos), ocorrer a homologao tcita do lanamento, extinguindo-se o crdito tributrio. So exemplos de tributo cujo crdito lanado por homologao: ICMS, IPI, IR, PIS, COFINS, Emprstimos Compulsrios, etc.

LANAMENTO POR ARBITRAMENTO

O lanamento por arbitramento (art. 148,CTN) no uma modalidade de lanamento, mas uma tcnica de lanamento, que utilizada para se definir a base de calculo, que servir para o lanamento de ofcio da obrigao tributria. realizado nos casos em que o valor, que servir como base de clculo na constituio do crdito tributrio, vai ser determinado com base numa razovel suposio da autoridade administrativa. A autoridade administrativa instaura um procedimento para encontrar um valor que parea ser o valor que usualmente se verifica em procedimentos semelhantes.O lanamento por arbitramento deve assegurar, ao sujeito passivo, o exerccio do direito ampla defesa e ao contraditrio. O lanamento por arbitramento no possui natureza punitiva, portanto no se pode considerar legtimo o arbitramento de um valor que pode ser obtido com absoluta exatido. Assim, sendo possvel chegar ao valor preciso do tributo, isto deve ser feito, no se utilizando a tcnica do arbitramento.

SUSPENSO DA EXIGIBILIDADE DO CRDITO TRIBUTRIO (Arts. 151 a 155,CTN).

CONCEITOS INICIAIS

A constituio do crdito tributrio tem como principal efeito tornar lquida, certa e exigvel a obrigao tributria j existente. A exigibilidade impe ao sujeito passivo o dever de adimplir a obrigao. Em caso de descumprimento, a Administrao Tributria pode promover os atos executivos necessrios ao recebimento do que devido.Entretanto, h certas situaes nas quais a possibilidade de promover atos de cobrana por parte do Fisco fica suspensa. So casos de suspenso do crdito tributrio, previstos no art. 151,CTN.

HIPTESES DE SUSPENSO DA EXIGIBILIDADE DO CRDITO

Rol exaustivo do art. 151, CTN:Moratria

Depsito do seu montante legal

Reclamaes e recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributrio administrativo;

Concesso da medida liminar em MS

Concesso da medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espcies de aes judiciais

Parcelamento.

As causas de suspenso do crdito tributrio no operam apenas nos casos em que o lanamento foi lanado, mas tambm previamente ao lanamento. possvel, por exemplo, que seja concedida uma liminar em MS antes mesmo da constituio do crdito. Neste caso, a autoridade fiscal no fica impedida de realizar o lanamento, mas se exigir o pagamento do crdito (estipular prazo para o pagamento e a imposio de penalidade, caso o prazo no seja observado pelo sujeito passivo). Em outras palavras, o que a liminar assegura a suspenso da exigibilidade do crdito, e no a possibilidade de constitu-lo. Uma vez presente uma causa de suspenso de exigibilidade do crdito tributrio, a autoridade administrativa est impedida de propor a ao de execuo fiscal.

Moratria:

a dilao do prazo para o pagamento do tributo, podendo ser concedida:- Por lei, de forma direta ou genrica carter geral- Por ato administrativo declaratrio do cumprimento dos requisitos previstos em lei carter individual (i) Na moratria de carter geral (art. 152,I, CTN), a lei objetivamente dilata o prazo para o pagamento do tributo, beneficiando a generalidade dos sujeitos passivos, sem a necessidade da comprovao por parte deles de alguma caracterstica pessoal especfica. A moratria de carter geral gera direito adquirido e dispensa o oferecimento de garantias pelo beneficirio. Exemplo: diante de crise econmica, a Unio edita lei dilatando por um ms os prazos para o pagamento da COFINS, beneficiando todos os sujeitos passivos deste tributo.A moratria de carter geral pode ser concedida de forma autnoma ou heternoma. A moratria autnoma ocorre quando o ente competente para a instituio do tributo dilata o prazo para o pagamento. A moratria heternoma ocorre quando a Unio concede moratria de tributo de competncia alheia. A moratria heternoma tida, por muitos doutrinadores, como inconstitucional. Isto porque esta conduta da Unio violaria o pacto federativo, colocando em risco a autonomia dos demais entes.(ii) Na moratria de carter individual (art. 152,II, CTN), a lei restringe a abrangncia do benefcio s pessoas que preencham determinados requisitos. O gozo da moratria depender de requerimento formulado, pelo sujeito passivo, Administrao Tributria, que dever comprovar o cumprimento dos pressupostos legais. Nestes casos, o reconhecimento do benefcio pelo sujeito passivo se dar mediante ato administrativo declaratrio. Ou seja, a lei que concede a moratria, mas o despacho administrativo oriundo da Administrao Tributria declara o direito pr-existente (carter declaratrio do despacho administrativo). A moratria de carter individual no gera direito adquirido e pode depender do oferecimento de garantias pelo beneficirio.Exemplo: diante de crise econmica entre os produtores de vinho do RS, a Unio edita lei concedendo aos produtores de vinho cujas plantaes estejam localizadas no Rio Grande do Sul a dilao do prazo para o pagamento dos tributos federais. Os produtores, para poderem usufruir do benefcio, devem formular requerimento autoridade administrativa e comprovar o domiclio da sua plantao. Moratria parcelada X parcelamento:

Antigamente, era o entendimento mais comum na doutrina de que o parcelamento seria, na realidade, uma moratria parcelada, ou seja, uma dilao do prazo. Entretanto, aps a LC 104/2001, o legislador incluiu expressamente o parcelamento como uma das causas de suspenso de exigibilidade do crdito tributrio. PORTANTO, parcelamento e moratria so institutos jurdicos diferentes, que no se confundem. A moratria medida excepcional, somente devendo ser concedida em situaes extraordinrias (fticas, econmicas, sociais), nas quais h dificuldade em se adimplir normalmente as obrigaes tributrias. Na moratria, o futuro pagamento feito livre de qualquer penalidade pecuniria (multa) e juros. Exemplo de situaes: crise econmica, incndio que destruiu todas as plantaes da cidade, etc.O parcelamento medida de poltica fiscal usual, cujos objetivos so: recuperar crditos e permitir que contribuintes inadimplentes voltem situao de regularidade. O parcelamento do crdito no exclui a incidncia de juros e multas. Crditos abrangidos pela moratria:

A moratria somente abrange os crditos:- definitivamente constitudos na data da lei/ despacho que a conceder;- cujo lanamento j tenha sido iniciado na data da lei/despacho, por ato regularmente notificado ao sujeito passivo.PORTANTO, os benefcios da moratria atingem, somente, os crditos j lanados ou em fase de lanamento. Isto ocorre porque a moratria causa de suspenso do crdito e somente pode haver suspenso do crdito tributrio, se este crdito j foi efetivamente constitudo (a partir do lanamento constitui-se o crdito). Porm, o art. 154 prev uma exceo a este raciocnio: salvo disposio de lei em contrrio, a moratria somente abrange os crditos definitivamente constitudos data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lanamento j tenha sido iniciado quela data, por ato regularmente notificado ao sujeito passivo . Esta exceo diz respeito possibilidade de que a autoridade administrativa promova o lanamento, mas no pode exigir o pagamento mediante promoo de atos de cobrana. A autoridade s faz o lanamento para impedir a configurao da decadncia.Exemplo: uma praga rurcola atacou a regio X. O Estado, visando ajudar tais produtores rurais, pode conceder moratria dos tributos ainda no lanados. Neste caso, no se impede que a autoridade tributria lance as obrigaes tributrias (para evitar a decadncia do lanamento), mas no pode a autoridade cobrar dos produtores rurais o pagamento de tais tributos.Moratria individual e direito adquirido:

Art. 155,CTN: redao abrange, expressamente, a moratria de carter individual, mas se aplica aos outros benefcios fiscais que possam ser individualmente concedidos, tais como: remisso, iseno, anistia e parcelamento. A moratria individual exige:- prvio requerimento do interessado, formulado autoridade administrativa competente;- comprovao do cumprimento de certas condies indispensveis ao gozo do benefcio;O beneficirio individual no tem direito adquirido moratria. Aps analisar o requerimento e o cumprimento das condies, a autoridade administrativa profere despacho, reconhecendo ou no o direito moratria. O reconhecimento da moratria pela autoridade ato administrativo vinculado e, por conseguinte, irrevogvel. O que pode ocorrer, caso a autoridade administrativa verifique que o sujeito passivo deixou de preencher os requisitos (ou nunca chegou a preenche-los), a anulao (cassao) do ato administrativo que reconheceu a moratria.OBS: a revogao decorre de motivos de convenincia e oportunidade, aplicando-se somente a atos administrativos no vinculados. A anulao do ato administrativo que reconheceu a moratria pode ocorrer devido presena (ou no) de dolo por parte do beneficirio. Caso o sujeito passivo haja com dolo, para ser beneficiado com a moratria, alm de ter o contribuinte que pagar o tributo, acrescido dos juros de mora, lhe ser aplicada multa e a moratria no ser levada em considerao para a contagem do prazo prescricionalCaso o sujeito passivo haja sem dolo, para ser beneficiado com a moratria, no ser punido. Mas, o contribuinte dever pagar o tributo, acrescido de juros de mora.

Deposito do montante integral:

Se o sujeito passivo no concorda com o lanamento realizado, pode impugn-lo administrativa ou judicialmente.Se impugnar o lanamento atravs do Judicirio, ser necessria a adoo de alguma providncia que impea a Administrao Tributria de ajuizar a ao de execuo fiscal.

Para isso, o sujeito passivo precisar suspender a exigibilidade do crdito tributrio, atravs do deposito integral do crdito tributrio (em dinheiro). O depsito integral do montante do crdito tributrio direito subjetivo do contribuinte, no podendo ser o seu exerccio obstado pela Fazenda Pblica. Se impugnar o lanamento via administrativa (prximo tpico), a prpria instaurao do processo administrativo fiscal tem por efeito a suspenso da exigibilidade do crdito. Entretanto, caso o contribuinte queira se livrar dos juros de mora, dever, quando instaurar o procedimento administrativo, efetuar o depsito integral do montante devido (em dinheiro).

PORTANTO, s faz sentido falar em depsito do montante integral, caso haja algum litgio judicial ou administrativo, j instaurado ou na iminncia de ser instaurado. O valor depositado a quantia exigida pela autoridade fazendria, e no valor que o sujeito passivo entende que deve Administrao. Smula 112,STJ: O depsito somente suspende a exigibilidade do crdito tributrio se for integral e em dinheiro.Ao final do procedimento, havendo razo do depositante (improcedncia total ou parcial do lanamento), ele poder levantar o depsito (integralmente ou em parte, de acordo com o que decidiu a deciso), com os respectivos acrscimos legais. Ainda que o depositante tenha outros crditos tributrios no pagos e devidos ao mesmo sujeito ativo, ele deve levantar o valor, no podendo a administrao tributria confisca-lo (STJ, RESP 297.115/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 03.04.2001). Aps o levantamento do depsito, opera-se a extino do crdito tributrio. Ao final, havendo razo da autoridade fazendria (procedncia total ou parcial do lanamento), o valor depositado (integral ou parcialmente) convertido em renda destinada aos cofres pblicos. A converso do depsito em renda causa de extino do crdito tributrio.

Reclamaes e recursos no processo administrativo fiscal:

O contribuinte, no exerccio do seu direito de ampla defesa e do contraditrio, pode formular impugnao administrativa, manifestando sua discordncia contra o lanamento efetuado. Com a instaurao do procedimento administrativo, instaura-se litgio, que ser resolvido por um rgo julgador de primeira instncia ou instncia nica. Decidido o a reclamao em primeira instncia, inconformado o sujeito passivo, pode recorrer desta deciso (se houver previso legal para tanto), direcionando o recurso para o rgo administrativo de segundo instncia (se houver). Tanto nos casos de reclamaes quanto nos casos de recurso, h a suspenso da exigibilidade do crdito tributrio, o que faz com que o FISCO abstenha-se de promover qualquer ato de cobrana contra o sujeito passivo. Os recursos e as reclamaes tem efeito suspensivo, previsto no CTN. Por isto, ainda que os entes possam legislar, no mbito local, sobre regras de procedimentos administrativos, no podem proibir o efeito suspensivo dos recursos/reclamaes. Em virtude do efeito suspensivo que a Administrao Tributria est impedida, at a deciso final do processo administrativo, a promover, contra o sujeito passivo, qualquer ato de cobrana (inclusive inscrever o sujeito passivo no cadastro de inadimplentes CADIN).Para recorrer ou propor reclamao, no se pode exigir que o sujeito passivo faa depsito recursal ou arrole bens (esta exigncia foi considerada inconstitucional pelo STF, no julgamento da ADI 1.976/DF, de relatoria do Ministro Joaquim Barbosa, julgada em 28/03/2007). Esta exigncia foi considera inconstitucional porque:- viola o princpio da isonomia, previsto no art. 5, caput, CF (quem no tem $$ e quem tem $$ deve ter a mesma oportunidade de defesa)- viola a garantia da ampla defesa e do contraditrio, previstos no art. 5, LV, CF (a exigncia do depsito recursal ou do arrolamento de bens limita o exerccio do direito ampla defesa).- viola a reserva de lei complementar para disciplinar as normas gerais em matria tributria, prevista no art. 46, III, b, da CF ( as hipteses de suspenso de exigibilidade do crdito tributrio somente podem ser disciplinadas por lei complementar, portanto, se a lei ordinria inova na matria, deve ser considerada inconstitucional). - viola a garantia do direito de petio aos Poderes Pblicos, independentemente do pagamento de taxas, previsto no art. 5, XXXIV, a, CF).Sobre o tema, h duas smulas do STF:Smula Vinculante n21: inconstitucional a exigncia de depsito ou arrolamento prvios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.Smula n 273: ilegtima a exigncia de depsito prvio para a admissibilidade de recurso administrativo.

Liminar em Mandado de Segurana:

No MS, pode o juiz conceder medida cautelar, para buscar assegurar o resultado prtico do processo, desde que presentes dois requisitos: o perigo da demora (periculum in mora) e a relevncia da fundamentao (fumus boni juris). Em matria tributria, comum o sujeito passivo impetrar MS para suspender a possibilidade de que o Fisco promova atos de cobrana decorrentes do no pagamento de tributo. Ao ajuizar a ao, o impetrante alega, normalmente, que a demora no provimento jurisdicional lhe traria prejuzos irreparveis (periculum in mora), tais como: negativa de certides, impossibilidade de participar de procedimentos licitatrios, inscrio em cadastro de inadimplentes, etc. Quanto fumaa do bom direito, alega, usualmente, que h algum tipo de inconstitucionalidade ou ilegalidade na cobrana feita pelo Fisco. Caso o juiz, vislumbre que ambos os requisitos esto presentes, concede a liminar ao impetrante.No necessrio que exista crdito tributrio (lanamento de uma obrigao tributria), para que o MS seja ajuizado. No necessrio nem que tenha ocorrido o fato gerador do tributo o impetrante pode ajuizar o MS quando quiser, ou seja, tendo ou no sido formalmente constitudo o crdito tributrio, pois a CF garante que no se pode excluir da apreciao do Poder Judicirio ameaa ou leso a direito.Exemplo: publicou-se lei inconstitucional aumentando o tributo x. A empresa que pratica normalmente o fato gerador deste tributo x pode, antes de efetivamente praticar o fato gerador, j impetrar o MS. O fundamento ser de que seu patrimnio se encontra ameaado, pois assim que praticar o fato gerador do tributo x, poder ser tributada. A deciso liminar concedida pelo juzo, no mandado de segurana, no impede o Fisco de realizar o lanamento do tributo, mas de cobr-lo (impede a exigibilidade do crdito tributrio). No pode impedir o lanamento, pois se assim o fizesse, quando a autoridade fosse fazer o lanamento, poderia haver operado a decadncia. A concesso da medida liminar direito subjetivo do impetrante (desde que presentes os 2 requisitos), motivo pelo qual no pode o juzo condicionar a concesso deste medida ao depsito do montante integral exigido pelo Fisco (Entendimento do STJ RMS 3.881/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, 01.09.1997).

Liminar ou tutela antecipada em outras espcies de ao judicial:

Os mesmos comentrios feitos no tpico acima (liminar em mandado de segurana) se aplicam aqui, na sua grande maioria. Tanto a tutela antecipada quanto a medida cautelar suspendem a exigibilidade do crdito tributrio. A medida cautelar, nas aes judiciais, visa a assegurar a eficcia do provimento judicial final, garantindo, assim, o resultado til do processo.A tutela antecipada visa a satisfazer, desde logo, o direito afirmado, antecipando o gozo de algo que s seria concedido no momento da sentena. So requisitos da tutela antecipada: verossimilhana das alegaes, aparncia do bom direito, fundado receito de dano irreparvel/difcil reparao ou a caracterizao do abuso do direito de defesa ou o manifesto propsito protelatrio do ru.

Parcelamento:

Parcelamento medida de poltica fiscal, por meio da qual o Estado procurar recuperar crditos e criar condies prticas para que os contribuintes inadimplentes tenham a possibilidade de se regularizarem.O parcelamento deve ser concedido por lei especfica. Esta lei deve ser editada por membro da federao com competncia para instituir o tributo sobre o qual concede o parcelamento. Da que cada ente poltico possui autonomia para editar suas leis autorizatrias de parcelamento de crdito tributrio, desde que respeite as normas gerais previstas no CTN.O parcelamento no exclui a incidncia de juros e multas.A concesso parcelamento impede o encaminhamento ao MP de representao fiscal para fins penais, sobre crimes contra a ordem tributria.

EXTINO DO CRDITO TRIBUTRIO (arts. 156 a 174,CTN):

CAUSAS DE EXTINO DO CRDITO TRIBUTRIO:

O rol taxativo de causas de extino do crdito tributrio est previsto no art. 156, CTN:Pagamento

Compensao

Transao

Remisso

Prescrio e decadncia

Converso do depsito em renda

Pagamento antecipado e a homologao do lanamento, nos termos do art. 150, 1 e 4, CTN

Consignao em pagamento, nos termos do art. 164,CTN

Deciso administrativa irrecorrvel, assim entendida a definitiva na rbita administrativa, que no possa mais ser objeto de ao anulatria;

Deciso judicial passada em julgado

Dao em pagamento em bens imveis, na forma da lei.

Entretanto, o STF (ADI 2405-MC/RS, Rel. Min. Carlos Britto, julgado em 06.1..2002) entendeu que possvel lei local estipular novas formas de extino do crdito tributrio, tais como a novao e a confuso (institutos do direito civil de obrigaes).

Pagamento:

a causa natural de extino das obrigaes. Cumulatividade das multas (art. 157,CTN): a imposio de penalidade no ilide (refuta, rebate,) o pagamento integral do crdito tributrio. O legislador usou a palavra ilide, mas queria dizer elide (suprime, eliminar). Ou seja, a multa sempre cumulativa, jamais substituindo o pagamento do tributo. Exemplo: se foi comprovada a sonegao do tributo x por determinado contribuinte e a autoridade tributria lanou contra este o valor do tributo e uma multa de 150% sobre o valor do tributo, ambos devem ser pagos cumulativamente. No cabe a alegao de que no valor pago a ttulo de multa j est incluso o montante do tributo.

Pagamento e presunes civilistas: (i) o pagamento parcial de um crdito no importa presuno de pagamento das demais prestaes; (ii) o pagamento total de um crdito no importa a presuno em relao a outros crditos referentes ao mesmo tributo.

Portanto, em razo da inaplicabilidade das presunes, deve o contribuinte manter consigo os comprovantes de pagamento de todas as prestaes relativos a todos os tributos, at que se verifique a prescrio dos crditos respectivos.No direito tributrio, ao contrrio do direito civil, quando o pagamento for em quotas peridicas, a quitao da ltima parcela no faz presumir que as anteriores tambm foram pagas. Exemplo: a comprovao do pagamento da parcela referente a dezembro do IPVA no gera presuno do pagamento das parcelas anteriores (normalmente, o IPVA dividido em 12 parcelas, uma referente a cada ms).

Local e prazo para o pagamento: os arts. 159 e 160 trazem regras supletivas, porque s so aplicveis no caso de inexistncia de norma expressa na legislao especifica do tributo omisso legislativa.

No havendo regra especfica, o pagamento efetuado na repartio competente do domiclio do sujeito passivo.No havendo regra especfica, o pagamento deve ser efetuado at 30 dias depois da data em que se considera notificado do lanamento o sujeito passivo. OBS: esta regra no aplicvel ao lanamento por homologao, pois nesta modalidade, o pagamento deve ser feito antecipadamente, no havendo notificao de lanamento.

Efeitos da mora: est em mora o sujeito passivo que no efetuar o pagamento no tempo, lugar e forma legalmente estabelecidos. Os efeitos da mora so automticos, ou seja, no necessrio que o credor tome nenhuma providncia para constituir em mora o devedor (art. 161,CTN).

- Juros de mora: preo pelo uso de dinheiro alheio;- Correo monetria: atualizao de um valor devido inflao;- Multa de mora: sano pelo atraso no adimplemento da obrigao.

Processo administrativo de consulta: enquanto pendente consulta formulada pelo sujeito passivo, dentro do prazo para o pagamento do crdito, no flui juros nem penalidade.

O sujeito passivo, diante de dvida razovel decorrente de omisso/obscuridade/contradio na legislao tributria que paire sobre o correto adimplemento de obrigao tributria, pode consultar a Administrao Tributria sobre a soluo correta (processo administrativo de consulta). Entretanto, enquanto a dvida no for sanada, no se constitui o sujeito passivo em mora, pois no se trata de inadimplemento, mas de impossibilidade de cumprimento da obrigao diante da imperfeio da legislao.

Forma de pagamento (art. 162,CTN): o seu pagamento pode ser efetuado em dinheiro (moeda corrente); cheque, vale postal, estampilha, papel selado ou processo mecnico.

OBS: a nica forma de pagamento a moeda corrente (dinheiro), pois os demais (cheque, vale postal) so meios de transferncia do dinheiro para os cofres pblicos ou meios de comprovao de que o pagamento foi realizado (estampilha, papel selado e processo mecnico). - estampilha e papel selado so espcies de selo, com os quais o sujeito passivo comprova o pagamento do tributo, feito em $$, no momento da aquisio do produto.- processo mecnico a aposio, sobre documento fiscal, de chancela oficial comprobatria de pagamento efetuado em $$.

Imputao em pagamento: a imputao em pagamento ocorre quando o mesmo sujeito passivo possui, perante o mesmo sujeito ativo, mais de um dbito e oferece para pagamento montante insuficiente para quitar tudo o que deve. Cabe autoridade administrativa a prerrogativa de estabelecer quais os dbitos que sero quitados preferencialmente.

O art. 163 estabelece alguns critrios de preferncia:1 Critrio Dbitos por obrigao prpria: Preferncia aos crditos em que o sujeito passivo devedor na condio de contribuinte (dbitos por obrigao prpria) em detrimento daqueles em que o mesmo comparece na condio de responsvel. Caso no se resolva a imputao com base no primeiro critrio ( por exemplo, se o sujeito passivo tinha dois dbitos e em ambos aparece na condio de contribuinte), passa-se ao segundo critrio.2 Critrio Ordem inversa do grau de retributividade: Devem ser pagos em primeiro lugar os tributos mais retributivos (contribuies de melhoria taxas impostos). O mais retributivo dos tributos a contribuio de melhoria, pois o sujeito passivo obteve uma valorizao de seu patrimnio individual, devendo pagar o tributo, para evitar enriquecimento sem causa. Em segundo lugar, vem as taxas, pois os sujeitos passivos foram beneficiados pela prestao de um servio pblico especfico e divisvel ou foram objeto do exerccio do poder de polcia do Estado. Em ltimo lugar, aparecem os impostos, que no possuem qualquer grau de retributividade, vez que o seus fatos geradores independem de uma prestao de servio pelo Estado ou de qualquer atividade estatal especfica.Caso no seja resolvida a situao por este critrio, passa-se ao terceiro critrio (por exemplo: o sujeito passivo deve, como contribuinte, dois crditos tributrios relativos a impostos), passa-se ao terceiro critrio.3 Critrio Ordem crescente do prazo de prescrio: O mvito da regra obvio, pois privilegiam-se os crditos com prazo de prescrio mais curto, porque, quanto a estes, o risco de extino por decurso de prazo maior.Caso este critrio no resolva (por exemplo, o sujeito passivo deve, como contribuinte, dois crditos tributrios relativos a impostos, com o mesmo prazo prescricional), passa-se ao ltimo critrio.4 Critrio Ordem decrescente dos montantes: deve ser pago primeiro o crdito com valor mais elevado, em detrimento dos demais.

Pagamento indevido e repetio de indbito: caso o sujeito passivo pagou o que no era devido ou pagou a maior, tem direito restituio (repetio de indbito). A restituio devida independentemente de prvio protesto. A obrigao de restituir civil, e no tributria (princpio da vedao ao enriquecimento sem causa).

Os juros de mora e as multas de mora tambm devero ser restitudos, caso o contribuinte recolha indevidamente ou a maior. Entretanto, este raciocnio no vale para as multas referentes a infraes de carter formal (pois elas so sanes pecunirias). Em outras palavras, as multas relativas a infraes de carter formais no so restituveis. Exemplo: o contribuinte recolheu, de forma atrasada, a ttulo de tributo, o valor de R$ 2.000,00. Como o pagamento foi feito em atraso, ele pagou 50% a ttulo de juros (R$ 1.000,00) e 20% a ttulo de multa moratria (R$ 400,00). Caso a legislao preveja uma multa de 500 reais pelo atraso na entrega da declarao referente quele tributo, tendo em vista que o contribuinte pagou atrasado, tambm atrasou na entrega da declarao, devendo pagar, portanto, a multa. Nesta situao, o contribuinte pagou: R$ 2.000,00 de tributo; R$ 1.000,00 de juros; R$ 400,00 de multa de mora; e R$ 500,00 de multa por atraso na entrega de declarao. Posteriormente, foi verificado que o tributo devido era no valor de R$ 1.000,00 apenas (metade do valor que o contribuinte efetivamente pagou). Assim sendo, lhe ser restitudo 50% do valor do tributo (R$ 1.000,00), 50% do valor dos juros de mora (R$ 500,00), 50% do valor da multa de mora (R$ 200,00), mas nada lhe ser restitudo com relao multa por atraso na entrega de declarao, pois se trata de obrigao acessria, cujo fato gerador no se relaciona o fato gerador do tributo em si.

Compensao:

Opera-se a compensao quando duas pessoas forem, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Assim, as duas obrigaes extinguem-se at onde se compensarem.A compensao tributria sempre depende de lei prvia, que estipule as condies/garantias da compensao ou delegue autoridade administrativa o encargo de faz-lo. No se aplica compensao tributria, automaticamente, as regras previstas no CC/02 Smula n 464, STJ: a regra de imputao de pagamentos estabelecida no art. 354, do CC, no se aplica s hipteses de compensao tributria. O valor do crdito que o particular quer compensar com o crdito tributrio deve ser lquido, certo e em dinheiro. possvel a compensao de crdito ainda no vencido (crdito vincendo). Exemplo: Fazenda Pblica e B so devedores recprocos, mas a divida de B perante a Fazenda est vencida, enquanto a divida da Fazenda perante a B vai vencer daqui a 5 dias. Neste caso, pode ser feita a compensao dos crditos tributrios lquidos e certos, ainda que no vencidos (a divida da Fazenda Pblica perante a B ainda no venceu).OBS: a compensao s pode ser feita se o autor da dvida vincenda a Fazenda Pblica, nunca se o autor da dvida vincenda o particular. Neste ltimo caso, deve-se calcular o valor normal da dvida, devendo ser paga no prazo certo, de acordo com a lei. O raciocnio que no pode a Fazenda Pblica obrigar o contribuinte a entrar no sistema de precatrios (a Fazenda Pblica s paga mediante precatrio). STJ, Smula n 461: O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatrio ou por compensao, o indbito tributrio certificado por sentena declaratria transitada em julgado. A compensao s pode ser efetivamente realizada com o trnsito em julgado da deciso judicial (deve haver certeza quanto ao crdito a ser compensado). Por isso, a Smula n 212, do STJ dispe que a compensao de crditos tributrios no pode ser deferida em ao cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatria. O contribuinte pode impetrar MS para obter sentena declaratria do direito compensao tributria; entretanto, no pode obter o deferimento da compensao em sede de liminar de MS (pois medida cautelar), conforme a Smula 213, do STJ: O MS constitui ao adequada para a declarao do direito compensao tributria. O Mandado de Segurana, embora seja meio para declarar o direito compensao, no a via adequada para convalidar a compensao j realizada pelo sujeito passivo (Smula n 460, STJ).

Transao:

o negcio jurdico em que as partes, mediante concesses mtuas, extinguem obrigaes, terminando litgios. Exemplo: uma lei publicada autorizando o Estado a conceder 80% de desconto das multas moratrias aplicadas contra os contribuintes que desistissem das aes judiciais contestatrias dos crditos de determinado tributo e pagassem, em 30 dias, o valor do tributo. A transao foi feita, aqui, quanto ao desconto (80% do valor das multas). Em direito tributrio, no existe transao preventiva, ou seja, somente h transao se j houver sido instaurado um litgio judicial. A transao s pode ser celebrada com base em lei autorizativa, editada pelo ente competente para a instituio do tributo de que trate a transao.O particular possui a liberdade para transacionar, ou no, com a Administrao tributria; mas a autoridade tributria no tem liberdade, devendo seguir o quanto estabelecido em lei.

Remisso:

a dispensa gratuita da divida (tributos e multas), feita pelo credor, em benefcio do devedor. A remisso s pode ser feita com fundamento em lei especfica (indisponibilidade do patrimnio pblico). A remisso implica o perdo de crdito tributrio (relativo multa ou a tributo), j lanado (a remisso diferente da anistia, que sempre relativa multa, impedindo o lanamento e, por conseguinte, evitando o nascimento do crdito, por isso forma de excluso do crdito). Exemplo: o site da Receita Federal apresentou vrios problemas na ltima semana do prazo de entrega da declarao do imposto de renda. O Congresso Nacional editou lei, perdoando a multa aplicvel aos contribuintes que entregaram suas declaraes na semana subsequente ao trmino do prazo. Esta lei est concedendo anistia ou remisso? DEPENDE, se a lei foi editada anteriormente ao lanamento das multas, concedeu anistia; entretanto, se a lei foi editada aps as autuaes (lanamento das multas), perdoando as multas j lanadas, trata-se de remisso. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, a remisso total ou parcial do crdito tributrio, atendendo:- situao econmica do sujeito passivo;- diminuta importncia do crdito tributrio;- ao erro escusvel do sujeito passivo, quanto matria de fato;- a consideraes de equidade, em relao com as caractersticas pessoais ou materiais do caso;- a condies peculiares a determinada regio do territrio da entidade tributante.

Decadncia

Com a ocorrncia do fato gerador, nasce a obrigao tributria. Com o lanamento, a obrigao tornada lquida e certa, surgindo o crdito tributrio. Caso o sujeito passivo no pague o valor do crdito, violando o direito da Fazenda Pblica, esta dever promover a ao de execuo fiscal (satisfao forada do crdito).O prazo para que a autoridade tributria competente promova o lanamento decadencial (5 anos, contados do termo inicial). J o prazo para que a autoridade ajuze ao de execuo fiscal prescricional. Em matria tributria, o art. 156, V, do CTN, prev que tanto a prescrio quanto a decadncia igualmente extinguem o crdito tributrio. Portanto, tanto o sujeito que paga crdito prescrito quanto aquele que paga crdito decado possui direito restituio, pois, em ambos os casos, o crdito objeto do pagamento j havia se extinguido (Entendimento do STJ, no RESP 1004747/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, em 18. 06. 2008).

imagesA fluncia do prazo decadencial impede o nascimento do crdito tributrio. Entretanto, de forma no tcnica, o CTN incluiu a decadncia entre as formas de extino do crdito tributria, e no entre as formas de excluso do crdito (a excluso do crdito tributrio implica a impossibilidade de constituio do crdito). Assim, segundo o raciocnio do CTN, a decadncia extingue algo que ela prpria impediu que nascesse.

Prazo de 5 anos para operar a decadncia: o termo inicial:

O prazo da decadncia do direito de lanar a obrigao tributria de 5 anos. Porm, o termo inicial (a partir de quando se contam estes 5 anos) controverso. H 4 regras diferentes para se determinar o termo inicial, de acordo com o CTN: Regra Geral (art. 173,I,CTN): o direito de a Fazenda Pblica constituir o crdito tributrio extingue-se aps 5 anos, contados do primeiro dia do exerccio seguinte quele em que o lanamento poderia ter sido efetuado.

Exemplo: o tributo X (sujeito lanamento de ofcio) teve fato gerador em 01.01.2007. No dia 02.01.2007, j possvel autoridade fiscal efetuar o lanamento do tributo. Portanto, o direito da Fazenda Pblica de lanar o tributo extingue-se em 5 anos, contados do termo inicial (01.01.2008). Logo, a decadncia estaria consumada em 01.01.2013, sendo que o lanamento somente poderia ter sido realizado at 31.12.2012.Regra da antecipao da contagem (nico, art. 173,CTN): o direito de lanar se extingue com o decurso do prazo de 5 anos, contados da data em que tenha sido iniciada a constituio do crdito tributrio pela notificao, ao sujeito passvel, de qualquer medida preparatria indispensvel ao lanamento.

Se no fosse a adoo, pela autoridade tributria, de medida preparatria para o lanamento, a contagem do prazo s teria sido iniciada a partir do primeiro dia do exerccio seguinte.Exemplo: antes de se chegar o primeiro dia do exerccio seguinte quele em que o lanamento poderia ter sido efetuado, a Administrao Tributria inicia o procedimento de fiscalizao relativo ao fato gerador. O procedimento de fiscalizao formalmente deflagrado por meio de lavratura de termo de incio. Na data em que o sujeito passivo toma cincia do termo (e tambm do inicio da fiscalizao), inicia-se a contagem do prazo de decadncia. Regra da anulao de lanamento por vcio formal (art. 173, II, CTN): o direito de lanar extingue-se em 5 anos, contados da data em que se tornar definitiva a deciso que houver anulado, por vcio formal (e no material), o lanamento anteriormente efetuado.

Exemplo: se o lanamento foi declarado nulo, em virtude de cerceamento de defesa do sujeito passivo, a regra aplicvel. Regra do lanamento por homologao (art. 150,4,CTN): o passar do prazo para a homologao, sem que esta tenha sido expressamente realizada, no apenas configura homologao tcita, mas tambm a decadncia do direito de constituir o crdito tributrio relativo a qualquer diferena entre o valor antecipado pelo sujeito passivo e aquele que a Administrao Tributria entende devido.

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Prescrio:

Opera-se a prescrio quando a Fazenda Pblica no prope, no prazo legal, a ao de execuo fiscal, para obter a satisfao coativa do crdito tributrio. O prazo de prescrio de 5 anos (art. 174,CTN), iniciando sua contagem da data da constituio definitiva do crdito tributrio.Quando o sujeito passivo notificado do lanamento, o crdito tributrio est constitudo, no havendo mais que se falar em decadncia. Com a notificao, o crdito est constitudo, mas no definitivamente constitudo (porque o sujeito passivo pode impugnar o lanamento realizado). No havendo o pagamento nem a impugnao, ou j finalizada a impugnao, o crdito est definitivamente constitudo, comeando a partir da a fluir o prazo prescricional. Interrupo do prazo prescricional (art. 174,CTN):

- pelo despacho do juiz que ordenar a citao em execuo fiscal (o marco interruptivo da prescrio, o despacho do juiz para citao, retroage data da propositura da ao. Em outras palavras, o que a Fazenda Pblica tem que fazer a propositura da execuo dentro do prazo de prescrio, pouco importando se o despacho que determinar a citao foi executado ou no no prazo prescricional). - pelo protesto judicial - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;- por qualquer ato inequvoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do dbito pelo devedor (confisso de divida pode ocorrer no mbito administrativo e por iniciativa do devedor).Nos trs primeiros casos, a interrupo ocorre em decorrncia de ato praticado na seara judicial. Na ltima hiptese, a interrupo ocorre ainda que a o ato seja feito no mbito administrativo. Exemplo da ltima hiptese: pedido de parcelamento e de compensao do dbito implicam o reconhecimento da divida, pois o sujeito passivo que pede tais providencias demonstra concordar com a existncia do dbito.Uma vez interrompido o prazo prescricional, ele integralmente devolvido ao credor (volta a fluir pelo seu prazo total). Suspenso do prazo prescricional:

O prazo fica sem fluir durante o tempo em que durar a causas de suspenso. Cessada a causa, o prazo volta a fluir de onde parou, ou seja, volta ao seu curso apenas pelo que lhe faltava.O CTN no prev, expressamente, as hipteses de suspenso. Mas a doutrina aponta como situaes nas quais ocorre suspenso do prazo prescricional:- o prazo decorrido entre a concesso de moratria em carter individual obtida de maneira fraudulenta e a sua anulao;- o prazo decorrido entre a concesso de parcelamento / remisso/ iseno/ anistia - obtidos em carter individual , com base em procedimento fraudulento e a anulao do ato que os concedeu;nos casos em que a exigibilidade do crdito tributrio est suspensa (art. 151, CTN).

Converso do depsito em renda

Quando o sujeito passivo discorda de lanamento efetuado, pode contest-lo via judicial ou administrativa.Caso opte pela via judicial, conveniente que adote alguma medida que suspenda a exigibilidade do crdito tributrio contestado, pois, caso contrrio, no haver impedimento para que a Fazenda Pblica proponha ao de execuo fiscal, constrangendo-lhe o patrimnio. A alternativa mais vivel o depsito do montante integral.Caso opte pela via administrativa, j conseguir a suspenso da exigibilidade mediante o manejo das reclamaes e recursos previstos em lei. Entretanto, pode ser conveniente a realizao do depsito para evitara fluncia dos juros de mora.No obtendo sucesso no litigio administrativo ou judicial -, a importncia depositada ser convertida em renda da Fazenda Pblica interessada, sendo que o crdito tributrio ser extinto. Logo, a converso do depsito em renda modalidade de extino do crdito tributrio, ligada, necessariamente, a um depsito anteriormente realizado.

Pagamento antecipado e homologao do lanamento:

No lanamento por homologao, o sujeito passivo calcula o montante do tributo devido, antecipa o pagamento e fica no aguardo da homologao pela autoridade administrativa.O pagamento antecipado extingue o crdito, sob condio resolutria (posterior homologao ao lanamento).O crdito tributrio objeto de lanamento por homologao poder se considerar definitivamente extinto somente quando a autoridade administrativa competente homologar a atividade do sujeito passivo (homologao do lanamento).

Consignao em pagamento julgada pela procedncia:

A ao de consignao em pagamento o meio processual adequado para que o sujeito passivo exera seu direito de pagar e obter a quitao do tributo, quando tal providncia est sendo obstada pelo credor.As regras da consignao em pagamento esto no art. 164,CTN:- o depositante consigna o valor que entende devido, e no o valor exigido pelo Fisco (diferena entre o depsito do montante integral que causa de suspenso da exigibilidade e a consignao em pagamento que causa de extino do crdito tributrio);caso haja insucesso do depositante, o pagamento no se reputa efetuado, tendo o particular que arcar com os acrscimos legais relativos diferena entre o valor consignado e o valor exigido pelo Fisco (no depsito do montante integral, havendo insucesso do depositante, o crdito tributrio ser extinto na sua integralidade, no havendo diferena a ser cobrada, vez que o valor depositado era o valor exigido pelo Fisco).

Deciso administrativa irreformvel:

Se o sujeito passivo, inconformado com o lanamento, oferece impugnao, acaba por instaurar um litgio que seguir as regras da lei do processo administrativo fiscal do respectivo ente tributante.Se ao final, a deciso for pela improcedncia do lanamento, o crdito est definitivamente extinto. A improcedncia pode decorrer de fundamentos formais ou materiais. Se o vcio do lanamento, que ocasionou a improcedncia, foi formal, o lanamento pode ser repetido exemplo: lanamento realizado por autoridade incompetente. Se o vcio do lanamento que gerou a improcedncia do procedimento foi de natureza material, no possvel repetir o lanamento.

Deciso judicial transitada em julgado:

deciso da qual no cabe mais recurso. Somente extingue o crdito tributrio (assim como na deciso administrativa irrecorrvel) a deciso transitada em julgado que foi favorvel ao sujeito passivo.

Dao em pagamento em bens imveis:

A dao em pagamento a forma de extino das obrigaes em que o devedor consente em receber do devedor prestao diversa da que lhe devida. No direito tributrio, a prestao devida pelo sujeito passivo pecuniria, em moeda ou em valor que nela se possa exprimir. Assim, haver dao em pagamento quando o Estado consentir em extinguir o crdito tributrio mediante o recebimento de coisa diversa de dinheiro. Entretanto, est coisa somente pode ser bem imvel.

EXCLUSO DO CRDITO TRIBUTRIO (arts. 175 a 182, CTN):

Excluir o crdito tributrio implica impedir sua constituio. So situaes em que, no obstante a ocorrncia do fato gerador e o consequente nascimento da obrigao tributria, no pode ocorrer lanamento e, portanto, tambm no pode surgir o crdito tributrio (no existe obrigao de pagamento).

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HIPTESES DE EXCLUSO DO CRDITO TRIBUTRIO

Somente h duas hipteses de excluso do crdito tributrio: a iseno e a anistia.A diferena entre ambas que a iseno exclui o crdito tributrio relativo a tributo; j a anistia exclui crdito tributrio relativo penalidade pecuniria. Em ambos os casos, apesar de haver dispensa legal do pagamento (do tributo ou da multa), no se dispensa o cumprimento das obrigaes acessrias dependentes da obrigao principal cujo crdito foi excludo.

Iseno:

A iseno a dispensa do pagamento do tributo devido. A concesso da iseno deve ser feita mediante lei especfica. A iseno, ainda quando prevista em contrato, sempre decorrente de lei que especifica as condies e requisitos exigidos para a sua concesso, os tributos a que se aplica e o prazo de sua durao. possvel que iseno atinja somente parte do territrio da entidade tributante, em funo das particularidades locais. Porm, caso a iseno seja concedida pela Unio, deve ser observado o princpio da uniformidade geogrfica (art. 151,I, CF/88). Salvo disposio de lei em contrrio, a iseno no extensiva s taxas, s contribuies de melhoria nem aos tributos posteriormente institudos sua concesso (a exigncia de especificidade da lei instituidora do benefcio (CF/1988, art. 150, 6.) dificulta bastante a concesso de iseno para tributos a serem criados). Exemplo: se uma lei concede iseno do IPTU para determinada classe de contribuintes, no se pode presumir que estes tambm estaro isentos da taxa de coleta domiciliar de lixo ou da contribuio de melhoria em virtude de valorizao decorrente de obra pblica porventura realizada. Se o Municpio quer isentar tais tributos, ter de faz-lo mediante regra expressa; caso contrrio, o pagamento ser devido.

Isenes onerosas:

O art. 178, CTN disciplina as restries revogao das denominadas isenes onerosas, definidas como aquelas que no trazem somente o bnus da dispensa legal do pagamento, mas tambm algum nus como condio para o seu gozo.A iseno onerosa no pode ser livremente revogada ou modificada (j a iseno no onerosa pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo).Para ser abrangida pela exceo plena revogabilidade, a iseno precisa ser concedida em funo de determinadas condies (onerosa) e por prazo certo. Atualmente, tem-se definido como onerosa apenas a iseno que cumpra ambos os requisitos, de forma que o conceito se tornou bem mais restrito.Exemplo: lei que conceda iseno de ICMS por dez anos (prazo certo) para as empresas que se instalarem no interior de Pernambuco e produzam mamona destinada utilizao no processo de produo de biodiesel (condies). A empresa que tenha cumprido os requisitos durante a vigncia da lei concessria tem direito adquirido iseno, que no pode ser revogada.Smula 544, STF: isenes tributrias concedidas, sob condio onerosa, no podem ser livremente suprimidas.A iseno pode ser concedida em carter geral ou individual. - Iseno de carter geral: o benefcio atinge a generalidade dos sujeitos passivos, sem necessidade de comprovao por parte destes de alguma caracterstica pessoal especial. Exemplo: iseno do IR sobre os rendimentos da caderneta de poupana.- Iseno de carter individual: a lei restringe o benefcio s pessoas que preencham determinados requisitos, de forma que o gozo depender de requerimento administrativo formulado Administrao Tributria, no qual se comprove o cumprimento dos pressupostos legais. Exemplo: iseno de IPI concedida aos deficientes fsicos, para que adquiram veculos adaptados s suas necessidades especiais. O gozo do benefcio depende da prova de que o sujeito passivo deficiente fsico. A iseno em carter individual no gera direito adquirido e pode ser anulada de ofcio, sempre que se apure que o beneficirio no satisfazia ou deixou de satisfazer as condies necessrias ao gozo.No caso de anulao da iseno, ser cobrado o tributo devido + juros de mora.Se o benefcio foi obtido com dolo, haver cobrana da penalidade pecuniria. Ademais, o tempo decorrido entre a concesso da iseno e a sua revogao no ser computado para efeito da prescrio do direito cobrana do crdito. Porm, se no houve dolo, no haver a cobrana de penalidade pecuniria, sendo que a anulao s poder ocorrer antes de prescrito o direito cobrana do crdito. OBS: revogao da iseno onerosa X revogao da lei concessria de iseno onerosa. A primeira, revogao da iseno onerosa, impossvel, em virtude da proteo ao direito adquirido. A segunda, revogao da lei concessria de iseno onerosa, possvel, pois no se pode impedir o parlamento de revogar uma lei. Entretanto, a revogao da lei concessiva de iseno onerosa no tem o condo de prejudicar quem j cumpriu os requisitos para o gozo do benefcio legal, somente impedindo o gozo por aqueles que ainda no tinham cumprido os requisitos na data da revogao da lei.

Anistia:

o perdo legal de infraes, tendo como consequncia a proibio de que sejam lanadas as respectivas penalidades pecunirias. A anistia somente pode abranger as infraes cometidas anteriormente vigncia da lei que a concede. Esta regra no comporta excees (art. 180,CTN). No se pode perdoar infraes futuras, sob pena de se formalizar um incentivo legal desobedincia civil. H dois marcos temporais que limitam a anistia:O benefcio s pode ser concedido aps o cometimento de infrao

O beneficio s pode ser concedido antes o lanamento da penalidade pecuniria.

A anistia pode ser concedida em carter geral ou individual. (tpico anterior pois explica os benefcios concedidos em carter geral e em carter individual)

Hipteses de proibio de concesso da anistia:

- Aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenes, bem como queles que, mesmo sem esta qualificao, sejam praticados com dolo, fraude ou simulao pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefcio daquele;- s infraes resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurdicas. A rigor, o conluio est inserido na primeira hiptese. A definio de conluio o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurdicas, visando sonegao e fraudes fiscais (Lei 4.502/64).

GARANTIAS E PRIVILGIOS DO CRDITO TRIBUTRIO (arts. 183 a 193, CTN)

Garantias so as regras que asseguram direitos. As garantias facilitam a entrada do Estado no patrimnio do particular, para receber a prestao relativa ao tributo.Privilgios so as regras que colocam o crdito tributrio numa posio de vantagem em relao aos demais crditos.

GARANTIAS

O CTN enumera o rol das garantias do crdito tributrio, mas no se trata de rol exaustivo, mas sim exemplificativo (art. 183, CTN).Como os tributos so diferentes entre si, h necessidade de se estipular diferentes garantias, protegendo diferentes crditos. Exemplo: o ITR (imposto sobre a propriedade territorial rural) tem por fato gerador a propriedade de bem imvel, localizado em rea rural, o que configura uma situao constante, sendo que o prprio imvel serve de garantia para o pagamento do tributo que incide sobre ele. J o II (imposto de importao) tem por fato gerador a entrada de mercadoria estrangeira em territrio nacional, o que configura uma situao instantnea, que no se perpetua no tempo, por isso, pode justificar a estipulao de garantias especficas (uma vez ocorrida a entrada da mercadoria importada no territrio nacional, se a ilegalidade no detectada na alfndega, fica difcil rastrear a mercadoria depois para se buscar a recuperao do crdito). (i) Garantias Diretas: a) Renda e Patrimnio do sujeito passivo respondendo pelo crdito tributrio: (art. 184, CTN)Esta garantia se fundamenta no princpio geral de direito no qual o patrimnio e a renda de uma pessoa respondem por suas obrigaes. A responsabilidade pessoal (todo o patrimnio do devedor responde pelo dbito, mesmo que ultrapasse o valor do prprio bem que gerou a divida). Exemplo: sujeito passivo deixou de pagar o IPTU por 30 anos, gerando dvida. Esta dvida (tributos + juros de mora + multas) maior que o valor do prprio imvel, portanto, ainda que o sujeito passivo entregue o prprio imvel ao Fisco, no haver a extino do crdito, vez que a responsabilidade pessoal, e no real. Mesmo que os bens componentes do patrimnio do sujeito ativo estejam gravados com clusulas de inalienabilidade ou impenhorabilidade, a Fazenda Pblica pode utiliz-los no processo de execuo. Estes bens, que seriam intocveis, perante outros credores (esfera cvel), respondero pelo crdito tributrio. Os nicos bens que no respondem pelo crdito tributrio so aqueles expressamente declarados como impenhorveis ou inalienveis diretamente pela lei (art. 649, CPC: seguro de vida, vesturios, mveis que guarnecem a casa do executado, etc...).

b) Presuno de fraude na alienao ou onerao de bens ou rendas: (art. 185, CTN): a proteo do crdito tributrio contra atos tendentes a fraudar providencias judiciais destinadas a sua satisfao. A possibilidade de presuno de fraude pode ocorrer no momento da inscrio do crdito na divida ativa. Porm, para se aplicar a presuno, o sujeito passivo deve ter sido regularmente notificado da inscrio do seu crdito na divida ativa (esta condio no est prevista em lei, mas decorre do entendimento do STJ, pois s se pode falar em fraude, a partir do momento em que certo que o sujeito passivo est ciente de que est inadimplente perante ao Fisco).

Penhora on-line (art. 185-A): a autorizao legal para que o magistrado determine a indisponibilidade de bens visando penhora e comunique sua deciso, fazendo uso da internet.A rigor, o que realizado on-line a comunicao da ordem do magistrado que determinou a indisponibilidade dos bens, e no a prpria penhora, haja vista que est efetivada s em momento posterior. A penhora on-line na execuo fiscal envolve medidas mais abrangentes que aquelas previstas no art. 655-A do Cdigo de Processo Civil (que, por exemplo, somente prev a requisio de informaes entidade supervisora do mercado bancrio). O * STJ considera a especfica sistemtica prevista no art. 185-A do CTN aplicvel apenas para a execuo fiscal da dvida ativa tributria, no sendo possvel a extenso para a de natureza no tributria (REsp 1.073.094/PR). Dessa forma, a ttulo exemplificativo, se o crdito executado decorre de uma multa por infrao CLT (dvida ativa no tributria), sero inaplicveis as regras ora estudadas.No obstante o posicionamento, o mesmo STJ considera possvel aplicar as regras dos arts. 655 e 655-A do CPC s execues fiscais da dvida ativa tributria e no tributria quando tais normas estipularem regras mais vantajosas para o credor. A ideia que preside o raciocnio a de que seria absurdo colocar o credor privado em situao melhor que a do credor pblico.

Garantias indiretas:

a) Exigncia de prova da quitao de tributos (arts. 191 a 193, CTN):Apesar de estarem inseridos na seo das preferencias, estes artigos trazem verdadeiras garantias indiretas do crdito tributrio, porque, ao exigirem a apresentao da prova do pagamento de tributos para a prtica de certos atos jurdicos e/ou a obteno de determinados benefcios legais, acaba-se por criar meios eficazes de cobrana indireta e, por consequncia, garantias indiretas do crdito tributrio. Art. 191, CTN: a extino das obrigaes do falido requer a prova de quitao de todos os tributos dos quais seja sujeito passivo (contribuinte ou responsvel), mesmo que o fato gerador seja alheio sua atividade mercantil.

Art. 192, CTN: nenhuma sentena de julgamento de partilha ou adjudicao ser proferida sem a prova da quitao de todos os tributos relativos aos bens do esplio ou s suas rendas.

Art. 193, CTN: salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da administrao celebrar contrato ou aceitar proposta em concorrncia pblica, sem que o contratante ou proponente faa prova da quitao de todos os tributos devidos Fazenda Pblica interessada (Fazenda Pblica do ente com o qual se contrata/ se concorre).

5.2. PRIVILGIOS As regras sobre os privilgios so aplicadas nos casos em que h cobrana coletiva de crditos, como ocorre nos processo de falncia, recuperao judicial, inventrio, arrolamento e liquidao de empresas.Todos os crditos tero seus vencimentos antecipados e sero ordenados em classes legais, de sorte que s se passa para a segunda classe aps o pagamento dos integrantes da primeira. Assim, ao se falar em privilgios do crdito tributrio, est-se a tratar das regras que colocam o crdito tributrio numa das primeiras classes da lista.Conforme consta do art. 186 do CTN, o crdito tributrio prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituio, ressalvados os crditos decorrentes da legislao do trabalho ou do acidente de trabalho

a) Regras aplicveis falncia e concordata:Na falncia e concordata, o crdito tributrio no prefere os seguintes crditos:(i) Crditos extraconcursais, importncias passiveis de restituio e os crditos com garantia real: aos crditos extraconcursais (Lei de Falncias Lei 11.101/2005, art. 84): So, basicamente, aqueles que surgem como decorrncia da administrao da prpria massa falida, aps a decretao da falncia, como, por exemplo, os crditos trabalhistas ou de acidentes de trabalho relativos a servios prestados aps aquela data; os crditos tributrios relativos a fatos geradores posteriores quela data e assim por diante.

s importncias passveis de restituio (Lei de Falncias Lei 11.101/2005, art. 85): So os bens pertencentes a terceiros, mas que sejam arrecadados no processo de falncia ou que se encontrem em poder do devedor na data da decretao da falncia.

aos crditos com garantia real, no limite do bem gravado.

Crdito trabalhista:A preferncia do crdito trabalhista (sobre o crdito tributrio) tem por fundamento sua natureza alimentcia, o que somente existe dentro de um valor razovel. No haver razoabilidade se todo o acervo patrimonial de entidade falida for direcionado ao pagamento de salrios milionrios da diretoria ou de um pequeno grupo de empregados-estrelas. Justamente por isso, o CTN autorizou que a lei estipulasse limites e condies para a preferncia do crdito trabalhista (a possibilidade de restrio no aplicvel para crditos acidentrios)

Multa tributria:

O crdito tributrio relativo multa no tem a mesma preferncia daquele relativo a tributo, equiparando-se s demais penas pecunirias, logo abaixo dos crditos quirografrios e tendo preferncia somente sobre os crditos subordinados. Agiu bem o legislador, pois, de outra forma, as multas tributrias acabariam por diminuir a possibilidade de os demais credores receberem o que lhes devido, de forma a praticamente punir pessoas alheias s infraes de que decorreram tais multas

b) Regras aplicveis aos processos de inventrio e arrolamento:Tratando da preferncia do crdito tributrio no plano civil, prev o art. 189 do CTN que so pagos preferencialmente a quaisquer crditos habilitados em inventrio ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os crditos tributrios vencidos ou vincendos, a cargo do de cujus (falecido) ou de seu esplio, exigveis no decurso do processo de inventrio ou arrolamento.

Regras aplicveis aos processos de liquidao judicial ou voluntria:

So pagos preferencialmente a quaisquer outros os crditos tributrios vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurdicas de direito privado em liquidao judicial ou voluntria, exigveis no decurso da liquidao.A liquidao o processo durante o qual o ativo da companhia transformado em dinheiro para a distribuio entre os scios, depois de pagas todas as dvidas e encargos da sociedade. Na liquidao, optou o legislador por conferir absoluta preferncia ao crdito tributrio afastando toda e qualquer preferncia que algum crdito poderia ter sobre o mesmo. Ressalte-se que, ao menos na teoria, a regra no trar prejuzo para qualquer pessoa, pois, na liquidao, presume-se que o devedor seja solvente, tendo condio de pagar todas as suas dvidas.A jurisprudncia tem atribudo responsabilidade pessoal dos scios no caso de dissoluo irregular da sociedade (STJ, 1. T., AGREsp 276.779/SP, rel. Min. Jos Delgado, DJU 02.04.2001, p. 260).

ADMINISTRAO TRIBUTRIA (arts. 194 a 208, CTN)

CONSIDERAES INICIAIS

O ttulo do capitulo VII (arts. 194-208,CTN) se divide em trs partes:Fiscalizao: atividade estatal destinada a estimular o cumprimento espontneo das obrigaes tributrias, por intermdio da identificao e punio daqueles que no as cumprem. A fiscalizao um poder-dever, orientado pela isonomia, que se prende ideia de tributar cada pessoa na medida de sua capacidade contributiva.

Dvida ativa: so as providncias a serem adotadas contra aqueles que deixam de cumprir com suas obrigaes.

Certides Negativas: documentos mediante os quais os sujeitos passivos regulares podem comprovar tal situao, obtendo os benefcios que dela decorrem (possibilidade de participar de licitaes, possibilidade de obter emprstimos e financiamentos das instituies financeiras oficiais).

imageFISCALIZAO:

A legislao regula, em carter geral ou especificamente em funo da natureza do tributo de que se tratar, a competncia e os poderes das autoridades administrativas, em matria de fiscalizao (art. 194,CTN). O poder conferido na exata medida que o legislador considerar necessria para o eficiente exerccio das atividades de fiscalizao e arrecadao, levando-se em considerao as peculiaridades de cada tributo administrado. A legislao relativa fiscalizao se aplica s pessoas naturais ou jurdicas, contribuintes ou no, inclusive s que gozem de imunidade tributria ou de iseno de carter pessoal. Exemplo: nada impede a fiscalizao de uma igreja, partido poltico ou de qualquer outro ente imune. So pessoas obrigadas a fornecer informaes (rol exemplificativo do art. 197,CNT):- instituies financeiras;- empresas de administrao de bens ;- corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; - inventariantes;- sndicos, comissrios e liquidatrios;- quaisquer outras entidades/pessoas que a lei designe, em razo do seu cargo, ofcio, ministrio, funo, atividade ou profisso. A fiscalizao permite ao Estado entrar na intimidade econmica dos particulares, mediante a identificao dos respectivos patrimnios, rendimentos e atividades econmicas. Por isso, afasta-se qualquer disposio legal excludente ou limitativa do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos papeis, dos comerciantes industriais ou produtores (art. 195, CTN). O carter sigiloso da escriturao comercial e fiscal no pode ser oposto ao Fisco, devendo os sujeitos passivos mant-los (livros e documentos) at que ocorra a prescrio (5 anos) dos crditos decorrentes das operaes a que se refiram. Smula 439, STF: Esto sujeitos fiscalizao tributria ou previdenciria quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigao. Decorre do entendimento desta smula que o Fisco tem possibilidade de acesso aos livros comerciais existentes, mesmo que no obrigatrios. Entretanto, a fiscalizao devendo desenvolver-se dentro do necessrio ao esclarecimento da matria objeto de investigao. Por conseguinte, tem-se por vedado autoridade administrativa desviar a finalidade do procedimento e adentrar nos demais pontos constantes da escrita fiscal que deveriam permanecer sigilosos.As autoridades fiscais tem o poder de requisitar a fora pblica (art. 200, CTN). Portanto, no podem as autoridades policiais deixar de atender a requisio das autoridades fiscais nas situaes descritas no artigo 200 (embarao, desacato, necessidade para efetivar medida prevista na legislao tributria), em virtude de a Constituio Federal dispor que a administrao fazendria e seus servidores fiscais tem, dentro de suas reas de competncia e jurisdio, precedncia sobre os demais setores administrativos (art. 37, XVIII, CF/88).

Deveres das autoridades fiscais:

Ao lado dos poderes, as autoridades fiscais possuem deveres. Ao fiscalizar, as autoridades administrativas, devem respeitar todos os direitos e garantias constitucionalmente consagrados, como a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, das comunicaes, da casa (compreende, tambm, o local de exerccio da profisso), etc. Dever de documentar o incio do procedimento: a autoridade que proceder qualquer diligncia de fiscalizao lavrar os termos necessrios para que se documente o incio do procedimento, na forma da legislao aplicvel, que fixar o prazo mximo para a sua concluso Termo de Incio de Fiscalizao.

O Termo de Incio de Fiscalizao deve ser lavrado, sempre que possvel, em um dos livros fiscais exibidos. Quando forem lavrados em separado, dever ser entregue ao sujeito da fiscalizao cpia autenticada pela autoridade que presidir a fiscalizao. O Termo de Incio de Fiscalizao produz os seguintes efeitos:- termo inicial do prazo para a concluso do procedimento;- antecipao da contagem do prazo decadencial (em regra, o termo inicial de fluncia do prazo decadencial o primeiro dia do exerccio seguinte quele em que o lanamento poderia ter sido efetuado. Mas, se antes desta data, for iniciada a constituio do crdito tributrio pela notificao, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatria indispensvel ao lanamento, o termo inicial antecipado para a data da notificao). - afastar a espontaneidade do sujeito passivo (o sujeito passivo que confesse, espontaneamente, infrao cometida antes de qualquer procedimento administrativo de fiscalizao, beneficiado. Mas, uma vez lavrado o Termo de Incio de Fiscalizao, fica afastada a espontaneidade do sujeito passivo quanto s infraes que sejam relacionadas ao objeto da fiscalizao). Dever de manter sigilo e suas excees: as autoridades devem manter sigilo sobre as informaes privilegiadas a que tem acesso. Entretanto, h excees (arts. 198, pargrafos 1 e 3 + art. 199, CTN):Art. 198, CTN:a) A transferncia do sigilo: o caput do art. 198 traz a regra do sigilo e o pargrafo 1 traz uma exceo. Todas as hipteses do 1, preveem que a informao no deixa de ser sigilosa, apenas podendo ser transferida do mbito da Administrao Tributria para outro organizao, mantendo-se, neste, tambm em sigilo.

- (1) Requisio, da informao protegida pelo sigilo, de autoridade judiciria, no interesse da justia a autoridade judiciria (juiz ou tribunal) requisita a informao protegida pelo sigilo. A informao no divulgada, devendo permanecer em sigilo tambm no mbito do judicirio. Cabe aqui relembrar que, nos precisos termos do art. 58, 3., da CF/1988, as Comisses Parlamentares de Inqurito possuem poderes de investigao prprios das autoridades judiciais, podendo, fundamentadamente, determinar a quebra dos sigilos bancrio, telefnico, telemtico e o que mais interessa neste ponto fiscal. O entendimento pacfico no mbito do Supremo Tribunal Federal (MS 24.749, Rel. Min. Marco Aurlio, DJ 05.11.2004- (1) Solicitao da autoridade administrativa, no interesse da Administrao, desde que seja comprovada a instaurao de regular processo administrativo, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informao, por prtica de infrao aplicabilidade quando instaurado processo administrativo no mbito da entidade solicitante, com objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informao, por prtica de infrao. A solicitao administrativa de dados protegidos por sigilo fiscal no deve se transformar num procedimento de rotina para a coleta de indcios para que se instaurem futuras investigaes. No se pode esquecer que a manuteno do sigilo continua sendo regra, de forma que a solicitao s cabvel quando efetivamente existam graves indcios de cometimento de ilcito administrativo que j esteja sendo objeto de apurao em processo regularmente instaurado. O que se est a afirmar no que a Administrao Pblica tem o poder de analisar se conveniente e oportuno fornecer os dados solicitados pela autoridade administrativa, mas sim que deve analisar se foram cumpridos os requisitos formais, como a instaurao regular de processo e a apurao de infrao administrativa.

b) A divulgao das informaes: o caput do art. 198 traz a regra do sigilo e o pargrafo 3 traz as excees. Nas hipteses do 3, as informaes no so sigilosas, podendo ser divulgadas, inclusive pela imprensa.(3) Representaes fiscais para fins penais representao elaborada por autoridade tributria ao representante do MP, para responsabilizar penalmente o infrator (crimes contra a administrao pblica; crimes contra a ordem tributria; apropriao indbita previdenciria, etc). Estas informaes podem ser divulgadas, pois no so sigilosas.

(3) Inscries na Divida Ativa e Parcelamento ou Monitria a doutrina critica a ausncia de sigilo nestas hipteses, pois caracterizaria meio vexatrio de cobrana por parte da Fazenda Pblica

Art. 199, CTN:a) A permuta de informaes sigilosas entre entes tributantes: os entes (Unio, Estados, Municpios) possuem cadastros prprios sobre rendimentos e atividades de pessoas fsicas e jurdicas. Por isso, necessrio o compartilhamento de informaes constantes destes cadastros para maior eficincia na cobrana.Aps a EC 42/2003, a prpria Constituio Federal de 1988 passou a prever que as diversas administraes tributrias atuaro de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informaes fiscais, na forma da lei ou convnio (art. 37, XXII). No mbito da legislao infraconstitucional, a colaborao recproca prevista no art. 199 do CTN. Tanto pelos termos constitucionais quanto pelos legais, a possibilidade de permuta de informaes norma de eficcia limitada, por depender de lei de carter geral ou de convnio que permita a transferncia do sigilo entre os signatrios.A previso legal de colaborao entre os fiscos serve tambm de fundamento para o que a doutrina denomina prova emprestada, ou seja, para a possibilidade de que uma prova produzida num determinado processo administrativo fiscal seja reutilizada noutro, mesmo que conduzido em diferente esfera administrativa. A admisso da prova emprestada no significa a possibilidade de utilizao da concluso emprestada, como ocasionalmente querem proceder algumas autoridades fiscais. O fundamento do uso da prova emprestada o princpio da economia processual, aproveitando-se no novo processo toda a atividade probatria j realizada no processo originrio.Segundo a jurisprudncia dominante, para que tal possibilidade exista fundamental o respeito ao contraditrio (STF, AI 741.193/PR; STJ, REsp 81.094/MG).

DIVIDA ATIVA:

A dvida do sujeito passivo um ativo, que, cumpridos determinados requisitos, poder ser objeto de execuo judicial. O principal objetivo da inscrio de um crdito tributrio em dvida ativa extrair o ttulo executivo que vai aparelhar a ao de execuo fiscal a ser ajuizada pelo Estado na busca da satisfao do seu direito.Em termos pragmticos, inscrever em dvida ativa incluir um devedor num cadastro em que esto aqueles que no adimpliram suas obrigaes no prazo. Na esfera federal, a repartio administrativa competente para a inscrio em dvida ativa a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, rgo do Ministrio da Fazenda. Nos mbitos estaduais e municipais, a regra que a competncia seja das respectivas procuradorias judiciais

A dvida ativa pode ou no ser de matria tributria. Ser tributria a divida ativa oriunda de crdito tributrio (obrigao tributria lanada) no pago.Apesar de, na prtica, as inscries serem feitas de maneira eletrnica, deve-se entender que existe um ato de inscrio, a cargo de autoridade competente, cujo efeito conferir dvida regularmente inscrita a presuno relativa de liquidez (crdito perfeitamente delimitado, com indicao do seu valor) e certeza, passando a ter o efeito de prova pr-constituda (CTN, art. 204).No ato de inscrio, a Fazenda Pblica unilateralmente declara que algum deve e elabora um documento que d presuno de liquidez e certeza da existncia de tal dbito. Trata-se de mais uma manifestao da presuno de legalidade, legitimidade e veracidade, atributo presente em todos os atos administrativos. Porm, trata-se de presuno relativa, pois admite prova em contrrio. A omisso de quaisquer dos requisitos previstos no termo de inscrio ou o erro a eles relativo causa de nulidade da inscrio, o que contaminar a certido e o processo de cobrana decorrente ( teoria dos frutos da rvore envenenada). Contudo, sendo caso de nulidade, esta poder ser sanada at a deciso de primeira instancia, mediante substituio da certido nula e oitiva do sujeito passivo (princpios do contraditrio e ampla defesa). ST, Smula 392 A Fazenda Pblica pode substituir a certido de dvida ativa (CDA) at a prolao da sentena de embargos, quando se tratar de correo de erro material ou formal, vedada a modificao do sujeito passivo da execuo.

CERTIDES NEGATIVAS

As certides negativas (Certides Negativas de Dbito - CND) so os documentos hbeis comprovao de inexistncia do dbito de determinado contribuinte, de determinado tributo ou relativo a determinado perodo (art. 205,CTN).O prazo para a expedio das certides de 10 dias, contados da data da entrada do requerimento na repartio administrativa. Apesar da denominao certido negativa de dbito, o STJ tem considerado vlida a recusa de emisso da certido, quando o contribuinte descumpre obrigao acessria, desde que tal consequncia esteja prevista em lei. Exemplo: Guia de Recolhimento do FGTS e Informaes Previdncia Social (GFIP), prevista na lei 8.212/1991. a) Certides positivas com efeitos negativos: h casos nos quais o sujeito passivo, ainda que possua dbitos, est em situao regular perante o FISCO. Nestas hipteses, expede-se uma certido positiva com efeitos negativos (positiva, porque existem dbitos; efeitos negativos, porque o requerente est em situao regular).Com esta certido, o sujeito passivo pode praticar quaisquer atos que dependam da apresentao de uma CND, segundo o artigo 206, CTN.So trs as situaes nas quais, apesar de possuir dbito, o sujeito passivo est regular:Crditos no vencidos: a rigor, os crditos no vencidos no deveriam constar nas certides tributrias; mas como o usual que constem;, deve-se expedir uma certido positiva com efeitos negativos;

Crditos em curso de cobrana executiva em que tenha sido efetuada penhora: se j foi proposta a execuo fiscal e realizada a constrio de bens suficientes total extino do crdito (penhora), o direito do Fisco j est garantido, motivo pelo qual deve-se ser expedida certido positiva com efeitos negativos;

Crditos com exigibilidade suspensa: Se o Fisco no pode promover atos de cobrana, em virtude de o crdito estar com a exigibilidade suspensa, no est o particular obrigado a efetuar o pagamento, motivo pelo qual deve ser expedida a certido positiva com efeitos negativos. b) Dispensa da apresentao de certido negativa: a norma do 207,CTN autoaplicvel e tem por objetivo evitar que a exigncia de nova apresentao da prova de quitao de tributo impea a prtica de um ato urgente, gerando a perda do direito (decadncia). A Fazenda Pblica tem o prazo de 10 dias para emitir a CND. Mas, caso no o faa no prazo, est dispensado o particular de apresent-la, para evitar a perda do seu direito. Exemplo: participao em procedimento licitatrio, em cuja fase de habilitao o interessado tem que apresentar diversas certides negativas, sob pena de ser desabilitado e, portanto, excludo da fase de julgamento das propostas. Se, uma greve na repartio fiscal impediu o licitante de obter a certido, o mesmo pode participar do procedimento sem o documento. Entretanto, o particular, como participante do ato, responde pelo tributo porventura devido, juros de mora e penalidades cabveis. Em resumo, para os efeitos do art. 207,CTN (possibilidade de responsabilizao) so participantes do ato apenas os interessados na sua prtica, ou seja, aqueles que foram, com base na regra, dispensados da apresentao da certido, a includos no apenas os sujeitos passivos, mas tambm as pessoas fsicas que, em nome daqueles, tenham invocado a aplicao do dispositivo.

Responsabilidade por expedio de certido com erro (art. 208, CTN): a certido negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pblica, responsabiliza pessoalmente o funcionrio que a expedir, pelo crdito tributrio e juros de mora acrescidos.(i) Dolo: o servidor, sabendo do erro, expede normalmente a certido, visando ao beneficio da pessoa em favor de quem se expediu.(ii) Fraude: o servidor altera, simula, insere dados falsos na certido que est a expedir. Tanto no caso de dolo, como no caso de fraude, as consequncias so as mesmas: responsabilizao pessoal do servidor, pelo crdito + juros de mora.Ainda que o CTN fale de responsabilidade pessoal do servidor pblico, na verdade, trata-se de hiptese de responsabilidade solidria entre o servidor e a pessoa que foi beneficiada com a expedio da certido.

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