resumo de toda a materia do 12º ano - exame

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  • 7/30/2019 resumo de toda a materia do 12 ano - exame

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    EXAME NACIONALDE PORTUGUS ________ ___2006/2007

    Os Lusadasde Lus de Cames

    Poesiade Fernando Pessoa- Mensagem- Pessoa ortnimo- Alberto Caeiro- lvaro Campos- Ricardo Reis

    Memorial do Conventode Jos Saramago

    Felizmente H Luar!de Lus de Sttau Monteiro

    Os Lusadasde Lus de Cames

    Gnese, estrutura e classificao da obra1572 (Renascimento)

    de 1545 a 1570Proposio, Invocao, Dedicatria e Narrao

    Odisseiade Homero, Eneidade Virglio () crnicas de Ferno Lopes, de Rui Pina, de Joo de Barros, etc. epopeia*Importncia atribuda ao que narrado

    heri colectivo (o povo portugus)

    Contexto histrico-cultural

    - momento ps-descobrimentos- esbanjamento das riquezas obtidas- crises econmicas- surgimento do tribunal do Santo Ofcio- ameaa do monoplio martimo- corrupo dos costumes

    - desenvolvimento cultural florescente de influncia clssica e renascentista- apologia do ideal humanista- desenvolvimento cientfico

    Caractersticas da obra:- Aco pica;- O protagonista;- Unidade da aco;- Os episdios;- O maravilhoso (interveno dos deuses);- Modo narrativo;- Interveno do poeta;

    - Estilo grandioso, solene e decassilbico.__________________________________________________________________________________________________Epopeia: Uma epopeia, forma literria da Antiguidade Clssica, define-se como uma narrativa, estruturada em

    verso, que narra, atravs de uma linguagem cuidada, os feitos grandiosos, de um heri, com interesse para toda aHumanidade.

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    Estrutura externa:

    Os Lusadas esto divididos em dez cantos, cada um deles com um nmero varivel de estrofes, que, nototal, somam 1102. Essas estrofes so todas oitavas de decasslabos hericos, obedecendo ao esquemarimtico "abababcc" (rimas cruzadas, nos seis primeiros versos, e emparelhada, nos dois ltimos).

    Estrutura interna:

    1. Partes constituintes (4 partes)(Canto I, estrofes 1-3)

    Parte introdutria, na qual o poeta anuncia o que vai cantar - os feitos dos portugueses

    Que eu cante o peito ilustre Lusitano. Plano do PoetaPor mares nunca dantes navegados. Plano da ViagemDaqueles Reis que foram dilatando. Plano da Histria de PortugalA quem Neptuno e Marte obedeceram. Plano da Mitologia

    (Canto I, estrofes 4-5, estrofes 78-82; estrofe 8)O poeta Pede inspirao s Ninfas (tgides do rio Tejo), para lhes pedir o estilo e eloquncia necessrios execuo da sua obra;

    (Canto I, estrofes 6-18)De acordo com os modelos estruturais das epopeias clssicas, a dedicatria no era um elemento obrigatrio. Todavia,Cames opta por dedicar este canto ao jovem D. Sebastio, que reinava na poca, tecendo-lhe um grande elogio econsiderando-o a esperana da continuao do imprio portugus.

    A dedicatria, tratando-se de um discurso em louvor do rei, obedece a uma estrutura organizada de acordo com osmoldes da oratria:Exrdio: parte introdutria, ou seja, de apresentao do assunto que ir ser cantadoExposio: exposio do assunto propriamente ditoConfirmao: apresentao das provas de que realmente os feitos do povo portugus ultrapassam os da antiguidadePerorao: reforo da esperana depositada no novo rei e nos feitos gloriosos que ir concretizarEplogo: concluso

    (CI, estrofe 19 at ao fim do poema)O poeta narra os feitos hericos do povo portugus.Desenvolvimento do assunto da obra, relato da descoberta do caminho martimo para a ndia pelos navegadoresportugueses liderados por Vasco da Gama, Histria de Portugal, Interveno dos Deuses.

    2. Planos narrativos (4)

    Plano do Poeta Reflexes, crticas, lamentaes (normal/ no fim dos cantos)

    Plano da Histria de Portugal Plano encaixadoNarrao Narrao histrica

    Plano da Viagem Plano fulcral

    Plano da Mitologia Plano paralelo Narrao Mitolgica

    - : Aco nclear da epopeia a Viagem da descoberta do caminho martimo para a ndia- : Centra-se no conflito entre Vnus e Baco- : narrada a Histria de Portugal desde Viriato a D. Manuel. Com excepo dos episdios lricosda Formosssima Maria e de Ins de Castro (C. III), e dos preparativos para a viagem, que incluem a despedida de Belme o episdio do velho do Restelo (C. IV), predominam nesta longa narrativa os feitos guerreiros.Inicio da Narrao

    A narrao fulcral est numa fase adiantada, os navegadores encontram-se no Oceano ndico, prximo da costa

    moambicana. A aco inicia-se in media res, por isso, as peripcias da viagem de Portugal Costa Oriental de fricasero relatadas em analepse, por Vasco da Gama ao Rei de Melinde (C. V).

    Alternncia Mar/TerraOs 10 cantos apresentam uma alternncia perfeita entre os elementos gua/Terra:

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    C. I, II, III C. III, IV C. V, VI C. VII, VIII C. IX, XMar Terra Mar Terra Mar/Terra

    Armada no ndico Armada emMelinde

    Viagem de Lisboa costa Ocidental de

    frica (analepse) eviagem at Calecut

    Armada em Calecut

    Viagem de regressoa Lisboa; paragemnuma ilha simblica

    As personagens- Vasco da Gama (heri pico)

    - Vnus (protectora dos navegadores portugueses) / Baco (opositor viagem dos portugueses)Reflexes do poeta

    Vertente pedaggica da obra:C. I, estrofes 105/106 O Homem o causador de todas as guerras.C. V, estrofes 92-100 Fala do sentido da verdade, da glria, das artes e das letras s quais no se tem atribuido grandeimportncia em Portugal

    ResumoCanto I Canto II Canto III Canto IV Canto V

    - Proposio (1-3)- Invocao (4-5)

    - Dedicatria (6-18)- Incio da Narrao(19)- 1 Conslio dosdeuses (20-41)- Ilha deMoambique; Visitado rgulo; Ataquetraioeiro de Baco;

    Vnus em auxlio dosportugueses (42-102)- Chegada aMombaa (103-104)- Consideraes doPoeta sobre osperigos que cercamo homem (105-106)

    - Convite do rei deMombaa (2-4)

    - Desembarque dedois condenadosportugueses (7-9)- Baco mais umavez engana osportugueses (10-15)- Vnus e asNereidas auxiliamos portugueses(18-24)- Splica de Gama Divina Guarda(29-32)- Chegada aMelinde (73-113)- Pedido do Mouro(108-113)

    - Invocao a Calope(1-3)

    - Incio do discursode Gama (3)- Narrao da Histriade Portugal (de Lusoa Viriato) (22-24)- Reis da primeiradinastia / Batalha deOurique (42-44)- Afonso IV /

    Fermosssima Maria(101-106)- Batalha do Soldado(107-117)- Ins de Castro(118-135)- D. Pedro I (136-137) D. Fernando(138-143)

    - Crise aps amorte de D.

    Fernando (1-5)- D. Joo I (15-50)- Batalha de

    Aljubarrota (28-44)- Conquista deCeuta (48-50)- Sonho profticode D. Manuel I(67-75)- Preparativos daviagem (84-87)- Despedida emBelm (89-93)- Velho doRestelo (94-104)

    - Partida para a ndia(1-3)

    - Viagem no Atlnticoat ao Equador (4-13)- Cruzeiro do Sul / Fogode Santelmo / Trombamartima (14-23)- Veloso (30-36)- Adamastor (37-60)- Continuao daviagem (61-83)- Vasco da Gama elogiaos portugueses (86-91)- Cames fazconsideraes sobre osportuguess quedesprezam a poesia(92-100)

    Canto VI Canto VII Canto VIII Canto IX Canto X- Despedida deMelinde (1-5)- Viagem de Melindepara a ndia (6)- 2 Conslio dos

    deuses (38-69)- Os Doze deInglaterra (43-69)- TempestadeMartima (70-79)- Nova prece

    Divina Guarda (81-83)- Vnus intervm afavor dosportugueses (85-91)- Chegada a Calecut

    (92)- Agradecimento deGama a Deus (93-94)

    - Armada nabarra de Calecut(1)- Elogio doesprito de

    cruzada dosportugueses (2-14)- Estada na ndia(23-77)- Nova invocaodo Poeta sninfas do Tejo edo Mondego (78-87)

    - Na ndia oCatual visita aarmada /Referncias afiguras

    histricas (1-42)- Regresso doCatual a terra(44)- Surgimentode Baco (47-50)- Traio doCatual (51-90)- Resgate deGama (91-95)

    - Consideraesdo Poeta contrao poder doouro (92-99)

    - Gama vence asbarreiras colocadascontra os portugueses (1-12)- Regresso a Portugal

    (13-17)- Deciso de Vnus empremiar os portuguesescom a Ilha dos Amores(18-51)- Marinheiros avistam ailha / descrio da ilha(52-63)- Desembarque daarmada portuguesa naIlha dos Amores (64-84)- Tris recebe Gama (85-

    88)- Sentido alegrico daIlha (89-92)- Exortao do Poeta aosque desejam a

    - Banquete oferecidopor Ttis aosnavegadores (1-7)- Nova invocao aCalope (8-9)

    - Profecia de uma ninfasobre o futuro gloriosodos portugueses (10-74)- Ttis mostra a Gamaa mquina do mundo(75-141)- Despedida da Ilha(142-143)- Chegada a Portugal(144)- Lamentaes e

    exortaes de Camesa D. Sebastio,profetizando glriasfuturas (145-146)

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    imortalidade (93-95)

    Poesiade Fernando Pessoa

    Gnese, estrutura e classificao da obra: poema pico-lrico de carcter proftico.

    : 1913 a 1934

    : conturbao poltica; descrdito dos valores tradicionais;mediocridade/estragnao cultural.: 1 de Dezembro de 1934

    :- regenerar o orgulho dos portuguese;- cantar o passado histrico de Portugal de uma forma simblica e emblemtica, transformando-o num mito, a partir doqual seja possvel reinventar o futuro;- anunciar um novo imprio civilizacional, uma Super-Nao mtica.

    : 44 poemas agrupados em 3 partes, por sua vez tambm subdivididas: Braso, Mar Portugus, OEncoberto.

    Ttulo - do primitivo ao definitivo

    O meu livro Mensagem chamava-se primitivamente Portugal. (...)Pus-lhe instintivamente esse ttulo abstracto. Substitu-o por um ttulo concreto por uma razo...E o curioso que o ttulo Mensagem est mais certo parte a razo que me levou a p-lo de que o ttulo primitivo.

    Fernando Pessoa

    A estrutura tripartida da obra e o seu significadoNo intuito de lutar contra a estagnao de Portugal, promovendo o restabelecimento de uma identidade e de

    uma misso humana perdidas no tempo, Pessoa canta o passado histrico da nao que se transforma num mito eprofetiza o renascimento da prosperidade espiritual da ptria.

    Os smbolos numricosEm Mensagem, Pessoa recorre a uma srie de referentes simblicos que necessrio compreender para poder

    interpretar a obra.O conjunto de poemas de Mensagem est intencionalmente agrupado em blocos de 1, 2, 3, 5, 7 e 12, num totalde 44 poemas.

    simboliza o Ser por excelncia. Representa tambm a ideia de unidade entre plos opostos, remetendo assim para aTotalidade, para a Perfeio e para a comunho com o transcendente.

    simboliza a diviso e a dualidade, seja ela expressao de contrrios ou de complementaridade. O dois resume oparadoxo da existncia: a vida e a morte.

    remete para a unio entre Deus, o Universo e o Homem e repenta, por isso, a Totalidade. Aparece tambmassociado a Cristo, cuja figura concentra 3 vertentes: a de rei, a de padre e a de profeta. O trs sugere ainda as fases daexistncia: nascimento, crescimento e morte. A prpria obra est dividida em 3 partes.

    o nmero da Ordem, do Equilbrio, da Harmonia e da Perfeio. corresponde a um periodo temporal unificante, os sete dias da semana e est, por isso, associado ideia de

    completude de um ciclo. O sete igualmente um nmero mgico que remete para o poder e para o acto da criao. remete para a unidade temporal do ano (12 meses). O doze est ainda associado aos 12 apstolos que reflectem,

    por sua vez, uma forma de estar no Universo diferente, forma essa pautada pela fidelidade a Cristo, pela fraternidade epela paz.

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    Smbolos unificantesA Mensagem encontra-se repleta de smbolos que contribuem para a sua significao. Alguns deles assumem

    uma particular importncia, quer por serem recorrentes na obra, quer por deterem uma forte carga simblica. simboliza as lendas do mar, p desconhecido, os medos, os obstculos a vencer.

    representa a indefinio, a incerteza e a hiptese de revelao de novas realidades. , por isso, smbolo deesperana e regenerao.

    simboliza a luz, a vida e o mundo novo.

    simboliza a morte e a inrcia e implica a hiptese do renascimento. simboliza a viagem, as provas, o caminho a percorrer para atingir movos mundos, novos conhecimentos e oherosmo. Est ligada iniciao, que pressupe a morte, para se dar lugar a um novo ser.

    uma ave mitolgica com bico e asas de guia e corpo de leo. Simboliza a unio do terreno e do celeste, dohumano e do divino. A sua simbologua aponta para a construo de uma obra de carcter divino realizada peloshumanos.

    simboliza o poder legtimo e remete para a ideia de sagrao do heri para uma misso transcendente. simboliza a realeza, o poder e a perfeio.

    simbolizam a proteco, a segurana e as conquistas dos heris. Nesta obra, os castelos remetem igualmentepara a prpria fundao da nacionalidade.

    representam as cinco chagas de Cristo, que a imagem do sofrimento e da redeno dos pecados humanos.As figuras histricas focadas no teceiro bloco da primeira parte remetem para a dimenso espiritual, na medida em queso apresentadas como seres cumpridores de um desejo de Deus, realizado atravs das suas prprias vidas.

    adquire a mesma simbologia da terra, enquanto elemento passivo. Est, por outro lado, ligado dominantefeminina, por se associar ideia de vida, de fecundidade e de alimento.

    por ser de difcil acesso, representa um centro espiritual e primordial. Local paradisaco, a ilha funciona como umarecompensa, como uma conquista aps a superao dos obstculos e simboliza a promessa de felicidade na terra.

    aparece, por um lado, associada ideia de passividade, na medida em que nela se cumpre a vontade divina. Poroutro lado, constitui um smbolo materno, j que est associada ideia de refgio. O regresso terra equivale aoregresso ao elemento natural do ser humano.

    Smbolos hermticos

    - A Ordem dos Templrios: ordem religiosa, fundada em Jerusalm, por Hugo de Payens e nove cavaleiros, em 1119, e que aliava os votos

    da vida monstica (castidade, pobreza e obedincia) vida militar;: proteger os peregrinos dos lugares santos e combater os inimigos da f;

    : o manto branco com uma cruz vermelha usado pelos membros da ordem simbolizava a Perfeio queperseguiam, aps o ingresso na Ordem.

    - A Ordem Rosa-Cruz: associao secreta que surgiu na Alemanha, em 1604;

    : renovar a Igreja romana e a sociedade;: a insgnia da federao (uma rosa vermelha, no centro de uma cruz, tambm vermelha) simboliza a comunho

    da realidade com Cristo: o homem, cumprindo uma vontade divina, deveria procurar o Amor, a Paz e a Perfeio.

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    - A Maonaria: a associao, que se ope Igreja de Roma, remonta aos grupos de pedreiros-livres medievais que, para

    manterem a unidade da classe, comunicavam entre si atravs de sinais secretos;: construir catedrais humanas (o indivduo, enquanto receptculo de Deus, deveria aperfeioar-se de forma a

    honrar o Grande Arquitecto do Universo); construir um reino de fraternidade, amor, solidariedade, responsabilidade eliberdade; instituir o primado da espiritualidade sobre o materialismo;

    : a feitura de um percurso, com vista obteno de um grau de espiritualidade cada vez maior, de um

    renascimento;: os diferentes smbolos instrumentos ligados ao trabalho dos pedreiros (crculos, compassos, esquadros,rguas, nveis, luvas, etc.); smbolos ligados ao sacerdcio (o altar e o livro sagrado) e cavalaria (luvas, espadas, etc.)

    remetem para a interseco simblica da Ordem dos Templrios e da Maonaria.

    Caracterizao da obra

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    1 Parte Braso

    A primeira parte da obra, o Braso, subdivide- se

    em . Em Braso faz-se a localizao dePortugal na Europa e em relao ao Mundo (Primeiropoema ) e procura-se atestar agrandiosidade do povo, evocando os herisfundadores de Portugal: o fundador mtico deLisboa; o pastor chefe da resistncia aosromanos; o conde D. Henrique que deu origem aocondado Portucalense (inicia a primeira Dinastiaportuguesa); D. Tareja, esposa do conde D. Henrique;

    o primeiro rei portugus; o rei ; o re i fundador da

    dinastia de Avis; ; oCondestvel, , heri de

    Aljubarrota.

    Nota: O uma histria exemplar e simblica, que fundamenta e justifica a existncia do mundo, atribuindo-a aco de seres sobrenaturais. O mito testemunha uma realidade intemporal e funciona como modelo para a acohumana.

    Os Poemas

    Localizao de Portugal na Europa e em relao ao Mundo. Portugal comparado a uma figura feminina.Neste poema, Portugal assume um lugar de destaque promovido por diversos factores. O poema inicia e termina

    fazendo referncia a Portugal. O ttulo remete para os smbolos da conquista, pertencentes bandeira portuguesa, e oltimo verso que contm 7 palavras, apresenta Portugal como sendo o rosto da Europa. Sendo o nmero 7 um nmeromstico, o ltimo verso remete para a completude e para o poder da criao de Portugal. A expectativa de um futuro quefaa ressurgir a glria do passado representada pelo olhar insistente e misterioso voltado para o Ocidente, olhar essedirigido pelo rosto portugus. A posio de Portugal, voltada para o futuro, est relacionada com a misso lusa de guiar aEuropa e o Mundo at um Imprio Espiritual. Aqui reside o nacionalismo proftico que percorre toda a Mensagem.

    Em Mensagem, o mito assume uma funo crucial, pois considera-se que do seu poder fecundador que nasce arealidade. o mito que ilumina o heri e transporta o valor das suas aces para a dimenso do eterno.

    Ulisses e Viriato so mitos em que o povo se baseia. A histria no uma sucesso de factos, mas de smbolos,

    assim o passado glorioso de Portugal no esttico, interfere no presente e permite contruir o futuro. Deus escolhe oHomem para ser o smbolo da nao.

    o Pai de todos os portugueses, o fundador de Portugal.

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    Fundador da dinastia de Avis. Neste poema, Fernando Pessoa fala no Templo referncia Ordem do Templo(Templrios), instituida em Portugal em 1125, posteriormente a mais rica e poderosa Ordem de Portugal. Mais tardepassa a ser a Ordem de Cristo.

    Segundo Fernando Pessoa, tudo o que de importante houve em Portugal teve o apoio e a iniciativa da Ordem de

    Cristo. a ele que Cames dedica a sua Epopeia e dirige o apelo de continuar a tradio dos antigos heris

    portugueses, para fazer ressurgir a ptria da apagada e vil tristeza do presente. Na Mensagem, D. Sebastio o mitoorganizador e articulador da obra, no sentido de que representa o sonho que ressurgir do nevoeiro em que Portugalpresente est mergulhado, impulsionando a construo do futuro, da utopia.

    Fala na 1 pessoa.

    Heri de Aljubarrota. Neste poema importante ter em conta a simbologia da espada, sendo um smbolo dacavalaria, tendo valor proftico e detendo o poder de dar luminosidade.

    Resumo: A primeira parte da Mensagem encontra-se dividida em cinco partes e d-nos conta da primeira etapa daevoluo do Imprio a fundao de Portugal.

    Braso comea pela localizao de Portugal na Europa, procurando certificar o seu enorme valor na civilizaoocidental. Segue-se a definio de mito como o nada capaz de impulsionar a construo da realiade. Depois,apresneta-se o herosmo e o carcter guerreiro do povo portugus, no esquecendo as mes dos fundadores.Efectivamente, em Braso, so evocados personagens emblemticos, histricos ou lendrios, cujo esforo exemplardistingue Portugal, Enquanto nao destinada a grandes feitos.

    O carcter herico da aco dos antepassados confere-lhes o valor de mito, fazendo com que passem a funcionarcomo smbolos de valores tais como a coragem, o sonho, a concretizao do impossvel, o cumprimento de uma missotranscendente.So esses mesmos valores que serviro de base para a construo de um futuro imprio sustentado por valores eatitudes de excelncia.

    2 Parte Mar Portugus(Possessio Maris A posse do mar)

    A 2 Parte da Mensagem, subdividida em , simboliza a essncia da vocao de Portugal para o mar epara o sonho, em Mar Portugus encontramos os retratos dos heris portugueses impulsionadores da expansoportuguesa, os marinheiros que descobriram as terras novas, Diogo Co,Bartolomeu Dias, Ferno de Magalhes e o mais ilustre de todos, Vasco daGama. Em Mar Portugus, ainda possvel detectar a concepo

    messanica que Pessoa possui da histria, j que afirma que oprocesso de criao implica:

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    Os Poemas

    Neste poema Pessoa exprime a sua concepo messinica da Histria logo no primeiro verso: Deus quer, ohomem sonha, a obra nasce.. Este poema destina-se ao Infante D. Henrique pois foi ele que impulsionou a expanso

    martima. Deus destinou ao Infante a misso de unificar a terra. Na 3 estrofe do poema podemos ainda constatar oestado de decadncia em que se encontrava Portugal.

    Neste poema fala-se na recompensa dos marinheiros ao atravessarem a linha severa da longnqua costa(horizonte) e encontrando assim novas terras, receberem os beijos merecidos da Verdade. (a rvore, a praia, a flor, aave a fonte) aluso ao plano da Ilha dos Amores (Os Lusadas).

    Pessoa engrandece Vasco da Gama divinizando-o, os deuses pasmam, os homens extasiam-se e os lugares ficamsubitamente silenciosos. O poeta d ao Gama o nome de Argonauta.

    O processo de expanso martima exigiu dos portugueses coragem e ousadia, para que enfrentassem o perigo eo medo do desconhecido e conquistassem novas terras. As dificuldades que os marinheiros tinham de enfrentar surgem,muitas vezes, representadas por monstros horrendos que tentam amedrontar os que desafiam o oculto e tentam dominaro mar. o caso do Adamastor, nOs Lusadas, e do Mostrengo, na Mensagem.

    Para alm do conjunto de referncias relacionadas com a ideia de mistrio (fim, mar, noite, cavernas), impe-se,no poema, um importante smbolo numrico, associado ao oculto e trilogia Deus-Homem-Universo. Efectivamente, onmero trs abunda no poema, associado ideia de busca de conhecimento e de unificao enquanto misso divina.

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    Depois de, na primeira estrofe, referir as consequncias negativas dos Descobrimentos Portugueses, o sujeitopotico inicia a segunda estrofe com a pergunta retrica valeu a pena? que refora o tom pico do poema.

    A resposta que se lhe segue pretende realar o lado positivo do empreendimento. Os versos Tudo vale a pena/

    Se a alma no pequena realam a grandeza da alma humana, disposta a enfrentar desafios em nome da glria.Em Mar Portugus, ficamos a saber que se concretizaram as profecias do Velho do Restelo, relativamente aosofrimento que os portugueses iriam passar caso decidissem seguir o fraudolento gosto da cobia e da ambio.

    Tal como o nome do poema indica, aqui o Poeta, em nome do povo portugus, faz um pedido ao rei para quePortugal retome os dias de glria que outrota teve.

    3 Parte O Encoberto

    O Encobertoencontra-se subdivido em 3 partes. Os Smbolos, Os Avisos e Os Tempos. Nesta parte constata-se oestado moribundo do Imprio Portugus e anuncia-se a regenerao do ardor patritico. morte, suceder o nascimentode um tempo de prosperidade espiritual, O Quinto Imprio.

    A profecia de uma poca de regenerao (Quinto Imprio), girando em torno da figura de D. Sebastio, tinha jsido explorada, antes de Pessoa, pelo trovador Bandarra, e pelo Padre Antnio Vieira.

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    Bandarra - Poeta e sapateiro nascido nos princpios do sculo XVI, em Trancoso, e falecido, provavelmente, em 1566.Ficou clebre pelas suas Trovas (proibidas pela Inquisio e s publicadas em 1603), que constituram o ponto de partidapara a mais importante tradio messinica portuguesa, o Sebastianismo.

    Padre Antnio Vieira - Notvel prosador e o mais conhecido orador religioso portugus, o Padre Antnio Vieira nasceu em1608, em Lisboa e faleceu na Baa em 1697.Foi preso pela Inquisio sob a acusao de que tomava a defesa dos judeus. Acreditava nas possibilidades de um QuintoImprio e nas profecias de Bandarra.

    O Quinto Imprio

    Confrontado com a decadncia da ptria e com o entorpecimento do povo portugus, Pessoa profetiza o adventode uma era de prosperidade "O Quinto Imprio" , em que Portugal regenerado se revelar novamente glorioso.

    Todavia, a viso portuguesa do Quinto Imprio no corresponde figurao tradicional do mesmo, associada interpretao do sonho de Nabucodonosor pelo profeta Daniel. Movido por um forte sentimento patritico, o poetaafirmava querer contribuir para a criao do supra-Portugal de amanh e falava na vinda de um outro Cames, umSupra-Cames (que seria por certo ele mesmo), que apareceria para restituir Ptria, ainda que no a nvel material, aglria perdida.

    Neste poema o poeta fala da falta de sonhos e ambies do povo portugus.

    Terceiro Screvo meu livro beira-mgoaA misso do sujeito lrico ser uma espcie de profeta que anuncia o sonho, baseado na crena sebastianista,

    mantendo assim a esperana, apesar da tristeza. assim estabelecida, em termos metafricos uma associao entre a capacidade de um poeta de poder anunciar

    (sopro) e uma profecia (grande anseio).Nevoeiro

    Anuncia-se neste ltimo poema de Mensagem a chegada do momento desejado, como resposta s perguntas do

    poema Terceiro ("Quando o Rei? Quando a Hora?" ...).Sobre o poema Nevoeiro e a sua simbologia disse Pessoa: "Por nevoeiro, entende-se que o Desejado vir

    encoberto; que chegando, ou chegado, se no perceber que chegou.", da o verso " a Hora", em forma de aviso e aomesmo de tempo de apelo.

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    a Hora! de partir, de novamente conquistarmos a distncia, de assumirmos o sonho, cumprindo o nosso destino desagrados por Deus e portadores do seu sinal assim a obra nascer de novo.

    Nota: Objectivo da Mensagem (desde Prece at ao fim da Obra): que voltemos a ter f em ns, que voltemos a criarobra que nos redima em definitivo da vil tristeza que ensombra a poca de Pessoa e que j ensombrava a de Cames,dando sentido ao apelo de D. Sebatiso para que fosse grande e desse matria a nunca ouvido canto.

    Linhas de sentido / Temas recorrentes:- Fingimento potico;- Fragmentao do eu. Perda de identidade;- Nostalgia do bem perdido, do mundo fantstico da infncia;- dor de sentir/pensar, inconscincia/conscincia;- Procura da decifrao do enigma do ser;- Pendor filosfico;- Obsesso da anlise, dor de pensar, lucidez;- Fuga da realidade para o sonho;- Incapacidade de viver a vida;- Inquietaom angstia existencial, solido interior, melancolia, resisnao;- Tdio, nusea, desencontro dos outros, desamparo;- Transfigurao da emoao pela razo.Estilo:- Preferncia pela mtrica curta;- Influncia do lirismo lusitano (reminiscncias de cantigas de embalar, toadas de romanceiro, contos de fadas);- Gosto pelo popular (uso frequente da quadra);- Linguagem simples, espontnea, mas sbria;- Criao de metforas inesperadas; uso frequente do paradoxo;- Versos leves em que recorre frequentemente interrogao, s reticncias.

    Atravs da criao potica, o poeta transforma uma emoo numa construo lingustica, intelectualizada. Ao leitor cabedescodificar este cdigo lingustico, associando-o s suas prprias emoes.O leitor no sente nem a dor real que pertence ao poeta, nem a dor imaginria que pertence ao criador, nem a suaprpria dor. Apenas sente o que o objectivo artstico lhe desperta.Fragmentao do eu: Pessoa revela um desdobramento de personalidade que o conduz disperso em relao ao real

    e a si mesmo. A sua capacidade de despersonalizao (ser mltiplo sem deixar de ser um) traduz-se numa tentativa deaumentar a autoconscincia humana e com isso alcanar a finalidade da arte.

    poeta buclico de espcia complicadaNasce em Lisboa em 1889. Morre tuberculoso em 1915.Motivos poticos:- pantesmo sensual;- deambulismo;- variedade inumervel da Natureza;- aceitao calma e gostosa do mundo como ele (objectivismo);- misticismo naturalista (amor pelas coisas em si mesmas);

    - vivncia do presente, gozando em cada impresso o seu contedo original (epicurismo);- recusa do vcio de pensar (saber ver sem estar a pensar); combate instrospeco e subjectividadeCaractersticas do eu potico:- vive de impresses, sobretudo visuais (sensacionismo);- lrico espontneo, instintivo, inculto (no sentido acadmico), impessoal e forte como a voz da Terra;- poeta do real objectivo;- realismo ingnuo (as coisas existem de facto como as vemos).Caractersticas da sua poesia/estilo:- ausncia do biogfico;- linguagem corrente, prxima da lngua falada e da prosa;- ausncia de rima e de esquema mtrico;- importncia dada ao substantivo concreto (ligado ao predomnio das sensaes visuais) em detrimento do adjectivo(quase despojado de valorao subjectiva);- tendncia para a coordenao adversativa;- prendor discursivo e argumentativo;- recurso comprao e ao paradoxo (pouca importncia dada a figuras como a metfora, a hiprbole ou a sinestesia).

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    Nasce em Tavira, em 1890. Engenheiro formado na Esccia.Motivos poticos:Fase decadentista- nostalgia do alm;- embriaguez do pio e dos sonhos;- tdio e horror vida.

    Fase futurista

    - exaltao da civilizao industrial;- amor ao ar livre e ao belo atroz;- apologia de um novo homem, isento de dor, livre;- procura de sensaes fortes e modernas.Fase ablica-reminiscncia do mundo fantstico ..- solido interior, angstia existencial;- cepticismo e dor de pensar;- tdio, nusea, desenocntro consigo mesmo e com os outros.Caractersticas do eu potico:- realismo satrico;- poeta futurista, sensacionista e por vezes escandaloso (segundo Pessoa);- defesa de uma esttica no aristotlica;- poeta da volpia da imaginao e da energia explosiva;- lucidez vs. Semi-inconscincia.Caractersticas da sua poesia/estilo:- presena do biogrfico;- verso: decasslabos agrupados em quadras (Opirio);- verso livre, longo;- estilo esfuziante, torrencial (fase futurista);- poetizao do prosaico (lmpadas, mbolos, etc.);- estilo exclamativo, anafrico, interjectivo; recurso reiterao de apstrofes e enumeraes;- comparaes, metforas e antteses arrojadas.

    Nasce no Porto, em 1887.Educado num colgio jesuta, forma-se em Medicina.Por ser monrquico, parte para o Brasil em 1919.Motivos poticos:- efemeridade da vida e do tempo (a ameaa permanente do Fatum, da velhice e da Morte e o sfrimento da decorrente);- tema horaciano do carpe diem (epicurismo);- aceitao calma e serena da ordem das coisas, do Destino (estoicismo);- busca da ataraxia (ausncia de perturbao) e da aponia (ausncia de dor) epicurismo;- preocupao em fazer da prpria vida uma arte (tal como os gregos);- paganismo;- sentimento de ser estrangeiro do Mundo.Caractersticas do eu potico:

    - amante do exacto, evidencia um esprito grave, medido, ansioso de perfeio;- autodisciplinado;- neoclassicista formal e ideolgico;- moralista;- epicurista e estico ( maneira de Horcio);- poeta da razo e da intelectualizao das emoes.Caractersticas formais da sua poesia/estilo:- preferncia pela ode de tipo horaciano;- irregularidade mtrica;- importncia dada ao ritmo como unidade de sentido;- linguagem erudita, no raras vezes alatinada (no vocabulrio e na sintaxe);- gosto pelo uso do gerndio;- uso frequente do imperativo (em consonncia com a feio moralista das suas odes);- estilo laboriosamente construdo, pensado.

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    Memorial do Conventode Jos Saramago

    O romance Memorial do Convento abriu o caminho da consagrao de Jos Saramago, projectando a sua obra nacrtica e no pblico e transformando-o no romancista portugus de maior repercusso internacional (Prmio Nobel de1998). Publicado em 1982 e galardoado com os Prmios do Pen Clube e Literrio do Municpio de Lisboa, Memorial doConvento foi a obra de Saramago mais vendida em Portugal. Nela, o autor cruza as memrias de uma poca passadacom elementos ficcionais e manifesta a sua preocupao com o ser humano a sua misria, a sua luta, a sua grandeza,os seus limites.

    A aco decorre no incio do sculo do sculo XVIII, mais propriamente durante o reinado de D. Joo V. Este reiabsolutista gozou da enorme quantidade de ouro e diamantes vindo do Brasil e mandou construir um convento emMafra, como resultado de uma promessa que fez para garantir a existncia de um herdeiro.

    Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiuesse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queriavoar e morreu doido. Era uma vez. Neste pequeno texto que se encontra na contracapa do livro temos um bom resumodo que fala esta histria. Est presente uma breve apresentao das personagens principais. O rei D. Joo V, a gente

    o povo, um soldado maneta Baltasar, uma mulher que tinha poderes Blimunda e um padre PadreBartolomeu de Gusmo.

    pode ser simultaneamente classificado como romance histrico, romance de espao e romancesocial. Porqu?

    Gnese, estrutura e classificao da obra

    Transgresso do cdigo religioso:- Sumptuosidade do convento (pp.365-6) vs a simplicidade e a humildade (essncia dos valores cristos);- Recrutamento fora;- Construo da passarola vs a proibio de ascender a um plano superior/divino (p. 198) - 4 bases de solidez doprojecto: Bartolomeu, Baltasar, Blimunda e Scarlatti;- A castidade vs as relaes sexuais nos conventos (pp. 95,97);- As esttuas dos santos (p. 344) vs a santidade humana (p. 342);- Missa, espao de vivncia espiritual (p. 145) vs missa, espao de namoros e de encontros clandestinos (pp. 43, 162,236);

    - A beno de Deus vs a beno dos homens;- Funeral do Infante D. Pedro, espectculo de pompa e circunstncia vs funeral do sobrinho de Baltasar, manifestaoisolada de dor.Transgresso lingustica:- Inverso de expresses bblicas;- Jogos de palavras "os santos no oratrio... no h melhor";- Desconstruo e reconstruo das regras de pontuao;- Provrbios "No est o homem livre... com a verdade";- Convergncia de registos de lngua:Popular "Queres tu dizer na tua que a merda dinheiro, No, majestade, o dinheiro que merda";Familiar "correram o reino de ponta a ponta e no os apanharam";Cuidado "Tirando as expresses enfticas esta mesma ordem j fora dada antes (...)".

    Transgresso ficcional:- A Msica vence a Doena;- A histria vence a Histria;- O espao da fico o espao da Utopia, da Liberdade Suprema;- O Sonho a Transcendncia Humana.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIIIhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_V_de_Portugalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_Nacional_de_Mafrahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mafrahttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIIIhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_V_de_Portugalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_Nacional_de_Mafrahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mafra
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    Tempo(poca ou perodo da Histria em que se desenrolam as sequncias narrativas):

    A aco passa-se no incio do sculo XVIII (1711 1739).Tempo da diegese (tempo durante o qual a aco se desenrola, segundo uma ordenao cronolgica e em que surgemmarcas objectivas da passagem das horas, dias, meses, anos):1711 1739. Ao longo do romance, as referncias temporais so escassas e, muitas vezes, deduzidas. O crescimentoe/ou envelhecimento das personagens tambm nos d conta da passagem do tempo.Chegou h mais de dois anos da ustria para dar infantes coroa portuguesa e at hoje (I) deduz-se que a aco tem

    incio em 1711, pois o casamento real aconteceu dois anos antes, em 1709.Apenas h seis anos aconteceu, em 1705(II) confirma 1711 focado anteriormente.(modo como o narrador conta os acontecimentos, podendo elaborar o seu discurso segundo uma

    frequncia, ordem e ritmo temporais diferentes):Frequncia temporal: Discurso singulativo o narrador conta apenas uma vez o que aconteceu uma s vez. Discurso repetitivo o narrador conta vrias vezes o que aconteceu apenas uma vez. Discurso iterativo o narrador conta uma vez o que aconteceu vrias vezesOrdem temporal: O narrador conta no presente acontecimentos j passados analepse anisocronia temporal O narrador antecipa acontecimentos futuros prolepse anisocronia temporal O narrador segue uma ordem cronolgica dos eventos ordem linear isocronia temporal.Ritmo temporal: O tempo da diegese pode ser maior do que o do discurso anisocronia temporal (o narrador omite (elipse) ousumaria o que aconteceu em determinado perodo temporal) O tempo da diegese pode ser menor do que o do discurso anisocronia temporal (o narrador procede a descries,divagaes, reflexes, pausas narrativas)O tempo da diegese pode ser idntico ao do discurso isocronia temporal (exemplo: dilogos).No Memorial do Convento o narrador manipula o tempo a seu belo prazer mas segue uma ordem cronolgica linearhavendo, por vezes, algumas anisocronias, sobretudo prolepses (antecipao de acontecimentos futuros) que reflectem oseu afastamento temporal da intriga:O nmero de filhos bastardos de D. Joo V (IX)

    A morte do sobrinho de Baltasar (X)A morte do infante D. Pedro (X)A morte da me de Baltasar (XII)

    A morte de Manuela Xavier e de lvaro Diogo (XVII e XXIII, respectivamente)Da mesma forma, adoptando uma atitude distanciada e, no raro, irnica, o narrado tece comentrios e comparaesentre pocas histricas diferentes, que marcam a distncia entre o tempo da diegese e o do discurso (prolepses).

    Aluso extino dos autos-de-f (V)A referncia s cores da bandeira portuguesa e implantao da Repblica (XII)A meno cor carmesim (XII)A aluso revoluo do 25 de Abril (XIII)A indicao do nmero de frades instalados no convento por altura das invases francesas (XVII)A referncia ao cinema e aos avies (XVII)A aluso a Fernando Pessoa (XVIII)O distanciamento do narrador relativamente ao tempo da histria , ainda, visvel quando este interpela directamente onarratrio, esclarece termos que caram em desuso e quando simula a voz de um cicerone (guia os visitantes do

    convento de Mafra (XIX)), detectando-se aqui a oposio entre dois tempos diferentes, com o intuito de corrigir aHistria atravs da lembrana daqueles homens verdadeiros e dos quais no h registo histrico oficial. de salientar que o narrador tem conscincia do desfasamento entre o tempo da histria e o da escrita. Com issopretende lembrar e enaltecer os homens/heris que a Histria quase sempre esquece, atravs da oposio entre pocasdistintas Vo aqui seiscentos homens que no fizeram filho nenhum rainha e eles que pagam o voto, que se lixam,com perdo da anacrnica voz (XIX).H momentos em que o narrador recua no tempo diegtico para contar acontecimentos situados num passado, mais oumenos distante, que explicam determinados aspectos da aco no presente (analepses):Desejo antigo dos franciscanos terem um convento em Mafra (II)

    A lngua portuguesa ser familiar a Scarlatti h j alguns anos (XIV)O que aconteceu ao cravo de Scarlatti que se encontrava na quinta do duque de Aveiro (XVI)No ltimo captulo h um salto de 9 anos no tempo da diegese em que o narrador sumaria em poucas pginas o que

    aconteceu durante este perodo de tempo. Nesta elipse temporal, o narrador cinge-se praticamente peregrinaoincessante de Blimunda e ao (re)encontro de Baltasar, 1739, desde o seu desaparecimento em 1730, omitindo o que desuprfluo para a aco se passou durante estes anos.

    (tempo subjectivo, relacionado com as emoes, a problemtica existencial das personagens, ouseja, a forma como estas sentem a passagem do tempo, vivendo momentos felizes e/ou infelizes):

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    No percurso at Espanha, Maria Brbara vai observando o que a rodeia e, a partir da, medita sobre vrios assuntos,nomeadamente sobre o facto de nunca ter visto o convento erigido em honra do seu nascimento (XXII).

    EspaoEvocao de dois espaos principais determinantes no desenrolar da aco: Mafra e Lisboa.

    : passa da vila velha e do antigo castelo nas proximidades da Igreja de Santo Andr para a vila nova em cujasimediaes se vai construir o convento. A vila nova cria-se justamente por causa da construo do convento.

    : descrevem-se vrios espaos dos quais se destacam o Terreiro do Pao, o Rossio e S. Sebastio da Pedreira.Portugal beneficiava da riqueza proveniente do ouro do Brasil. D. Joo V em decreto de 26 de Novembro de 1711

    autorizou que se fundasse, na vila de Mafra, um convento dedicado a Santo Antnio e pertencente Provncia dosCapuchos Arrbidos.Ludwig, arquitecto alemo, estava em Lisboa, em 1700, contratado como decorador-ourives, pelos Jesutas. Foi a ele queentregaram o projecto do Mosteiro, destinado a albergar 300 frades. A traa do edifcio ter sido executada por volta de1714-1715 ao passo que a igreja, avanada ate ao zimbrio, foi sagrada em 1730. Outras dependncias foramconstrudas para alm da igreja: portaria, refeitrio, enfermaria, cozinha, claustros, biblioteca.

    : local onde primeiramente trabalha Baltasar na sua chegada a Lisboa, descrio pormenorizada esugestiva da procisso do Corpo de Deus, em Junho. um espao fulgurante de vida, com grande importncia nocontexto da sociedade lisboeta da poca.

    : surge no incio da obra, relacionado com o auto-de-f que a se realiza. A reconstituio do auto-de-f fidedigna, a cerimnia tinha por base as sentenas proferidas pelo Tribunal do Santo Ofcio e nela figuravam no sreconciliados, mas tambm relaxados, aqueles que eram entregues justia secular para a execuo da pena de morte.O dia da publicao do auto era festivo, segundo se pode constatar das defesas efectuadas. A procisso propriamentedita saa na manh de domingo da sede do Santo Ofcio e percorria a cidade de Lisboa antes de chegar ao local da leituradas sentenas, numa das praas centrais. frente seguiam os frades de S. Domingos com o pendo da Inquisio. Atrsdestes os penitentes por ordem de gravidade das culpas, cada um ladeado por dois guardas. Depois, os condenados morte, acompanhados por frades, seguidos das esttuas dos que iam ser queimados em efgie. Finalmente os altosdignitrios da Inquisio, precedendo o Inquisidor-Geral. A sorte dos rus vinha estampada nos sambenitos (hbito emforma de saco, de baeta amarela e vermelha que se vestia aos penitentes dos autos-de-f) para que a compactamultido que se aglomerava soubesse o destino dos condenados.

    : local mgico ao qual s acedem o padre, Bartolomeu Loureno, o Voador, Baltasar eBlimunda. l que se encontra a mquina voadora que est a ser construda em simultneo com o Convento de Mafra. Apassarola insere-se na narrativa como um mito, do qual o homem depende para viver, mito proibido mas que seevidenciar e se deixar ver pelo voo espectacular que se realizar, mostrando que ao homem nada impossvel e que avida uma grande aventura. S. Sebastio da Pedreira era, quele tempo, um espao rural, onde no faltavam fontes,

    terras de olival, burros, noras, e onde se situava a quinta abandonada. Ali iro as personagens, variadssimas vezes epelas razes mais diversas.

    Personagens: proclamado rei a 1 de Janeiro de 1707, casou, no ano seguinte, com a princesa Maria Ana de Astria e vive

    um dos mais longos reinados da nossa histria. Surge na obra s pela sua promessa de erguer um convento se tivesseum filho varo do seu casamento. O casal real cumpre, no incio da obra, com artificialismo, os rituais de acasalamento.O autor escrever o memorial para resgatar o papel dos oprimidos que o construram. Rei e rainha so representantes dopoder, da ordem e da represso absolutista.

    : so o casal que, simbolicamente, guardar os segredos dos infelizes, dos humilhados, doscondenados, enfim, dos oprimidos. Conhecem-se durante um auto-de-f, levado a cabo pela Inquisio, o de 26 de Julhode 1711 e no mais deixam de se amar. Vivem um amor sem regras, natural e instintivo, entregando-se a jogos erticos.

    A plenitude do amor sentida no momento em que se amam e a procriao no sonho que os atormente como sucedecom os reis.: de alcunha, o sete-sis, esteve na guerra de sucesso de Espanha, durante quatro anos, da qual foi

    dispensado por ter perdido a mo esquerda em combate. De regresso, comea por trabalhar no aougue no Terreiro doPao, em Lisboa. Num auto-de-f conhece Blimunda, a quem se liga amorosa e espiritualmente. A convite do padreBartolomeu Loureno, ajuda a construir a passarola, sonho que passa tambm a ser seu. Mais tarde, trabalha nas obrasdo convento de Mafra, primeiro como servente e, depois, como boeiro. Aps a morte do padre, zela pela preservao da

    mquina voadora e, um dia, por descuido, levado ao acaso, acabando por ser queimado 9 anos depois num auto-de-f pela Inquisio. Trata-se de um homem do povo, analfabeto e humilde, que aceita a vida tal como esta se lheapresenta. Ao longo da aco, vai-se dando conta do seu envelhecimento (XIII).

    : com poderes que a tornavam conhecedora dos outros nos seus bens e nos seus males, recusando-se, noentanto, a olhar Baltasar por dentro. Vai ser ela quem, com Baltasar, guardar a passarola quando o padre Bartolomeuvai para Espanha onde, afinal, acabar por morrer. Ela e Baltasar sentir-se-o obrigados a guard-la como sua, quando,aps uma aventura voadora, conseguira aterrar na serra do Barregudo, no longe de Monte Junto, perdido o rasto dopadre que desaparecera como fumo. Quando voltaram a Mafra, dois dias depois, todos achavam que tinha voado sobreas obras da baslica o Esprito Santo e fizeram uma procisso de agradecimento. Comearam a voltar ao local onde apassarola dormia para cuidar dela, remend-la, comp-la e limp-la.

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    Um dia Baltasar foi verificar os efeitos do tempo na passarola mas Blimunda no o acompanhou e ele no voltou.Procurou-o durante 9 anos, infeliz de saudade, na sua stima passagem por Lisboa encontrou-o entre os supliciados daInquisio, a arder numa das fogueiras, disse-lhe "Vem" e a vontade dele no subiu para as estrelas pois pertencia terra e a Blimunda.

    : todos os annimos que construram a Histria so representados atravs daqueles a quem o autor d nome:Alcino, Brs, Nicanor, etc.

    : tem por alcunha O Voador, gosto pelas viagens, estrangeirado, a cincia era, para ele,a preocupao verdadeiramente nobre. O rei mostra-se muito empenhado no progresso do seu invento. A populaa troadele, Baltasar e Blimunda sero ouvintes atentos das suas histrias e sermes. A amizade destes dois seres, simples,

    enigmticos, mas verdadeiros protagonistas do Memorial, to valiosa para o padre como necessria representatividade da obra como smbolo de solidariedade e beleza em dicotomia com egosmo e poder.Baltasar, Blimunda e o padre Bartolomeu Loureno formam um trio que vai pr em prtica o sonho de voar. Assim, otrabalho fsico e artesanal, de Baltasar, liga-se capacidade mgica de Blimunda e aos conhecimentos cientficos dopadre. Todos partilham do entusiasmo na construo da passarola, aos quais se junta um quarto elemento, o msicoDomenico Scarlatti, que passa a tocar enquanto os outros trabalham. O saber artstico junta-se aos outros saberes etodos corporizam o sonho de voar.

    : veio como professor do irmo de D. Joo V, o infante D. Antnio, passando depois a ser professor da infantaD. Maria Brbara. Exerceu as funes de mestre-de-capela e professor da casa real de 1720 a 1729, tendo escritoinmeras peas musicais durante esse tempo. No contexto do romance, para alm do seu contributo na construo dapassarola determinante na cura da doena de Blimunda; durante uma semana tocou cravo para ela, at ela ter foraspara se levantar.

    : absurda, sacrifica homens em nome de um interesse que lhes completamente estranho eabandona-os sua sorte quando doentes ou estropiados.

    Narrador maioritariamente , quanto presena, e , quanto cincia/focalizao. No que respeita sua posio, no raro profere juzos de valor, opinies, comentrios e divagaes pelo que, neste caso, .H, no entanto, momentos em que o , adoptando deste modoo seu ponto de vista (focalizao interna): e esta sou eu, Sebastiana Maria de Jesus (V); e, eu, patriarca, debaixodele (XIII); E eu, vosso rei, de Portugal, Algarves e o resto (XIII)O estatuto do narrador assume, por vezes, atitudes aparentemente contraditrias: por um lado, h uma

    no s atravs da reconstituio do ambiente vivido, mas tambm do vocabulriousado; e, por outro lado, h um , perceptvel no recurso a prolepses, ironia e a umaactualizao ao nvel da linguagem. (por exemplo, a narrao do cerimonial respeitante aos encontros sexuais entre o rei

    e a rainha (I), apesar de retratar o ritual prprio da poca, reveste-se de extrema ironia, o que evidencia um narradordistanciado do tempo histrico apresentado.No que diz respeito a actualizaes ao nvel do vocabulrio, o narrador no s utiliza

    , como os que se prendem com a aviao; mas tambm procura explicitar , naactualidade, como o caso da denominao das refeies: passou a manh, foi a hora de jantar,que este o nome da refeio do meio-dia, no esqueamos(VIII).Trata-se, assim, de um narrador que se movimenta entre o passado, o presente e o futuro; detentor de um vastoconhecimento que lhe permite controlar a aco e as personagens.O narratrio surge no interior da narrativa, como entidade fictcia, a quem o narrador se dirige, explcita ouimplicitamente. , portanto, o destinatrio da mensagem do narrador.

    Ao longo do romance, h momentos em que Jpassmos Pintus, vamos no caminho (XXII) e outros em que o atravs do

    uso da primeira pessoa do plural que ora assume contornos de um eu nacional e/ou colectivo nem parecemos aquelepas civilizado (X) ora se trata claramente de uma interpelao a um narratrio a quem dirige a sua mensagem Blimunda no nos ouve, saiu j de casa(XXIV).

    A Dimenso Simblica das PersonagensEm Memorial do Convento h dois grupos antagnicos de personagens: a classe opressora, representada pelaaristocracia e alto clero, e os oprimidos, o povo. No primeiro grupo destaca-se a actuao do Rei, enquanto que nosegundo, alm de Baltasar e Blimunda, se integram o padre Bartolomeu Loureno de Gusmo, perseguido pelaInquisio, pela modernidade do seu esprito cientfico, e Domenico Scarlatti que, pela liberdade de esprito e pelo podersubversivo da sua msica, uma figura incmoda para o Poder. ainda importante referir que, em Memorial doConvento, as personagens histricas convivem com as fictcias, conduzindo fuso entre realidade e fico.

    Rei de Portugal de 1706 a 1750, desempenha o papel de monarca de setecentos que quer deixar como marca do seureinado uma obra grandiosa e magnificente - o Convento de Mafra. Este construdo sob o pretexto de que cumpre umapromessa feita ao clero, classe que "santifica" e justifica o seu poder. smbolo do monarca absoluto, vaidoso, megalmano, egocntrico, e mantm com a rainha apenas uma relao de"cumprimento do dever" e, em alguns momentos, pretende ser um dspota esclarecido, semelhana dos monarcas

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    europeus da sua poca (favorece, durante algum tempo, o projecto do padre Bartolomeu de Gusmo e contrataDomenico Scarlatti para ensinar msica a sua filha, a infanta Maria Brbara). Dado aos prazeres da carne e adestemperos vrios (teve muitos bastardos e a sua amante favorita era a Madre Pauta do Convento de Odivelas).Sacrificou todos os homens vlidos e a riqueza do pas na construo do convento.

    De origem austraca, a rainha, surge como uma pobre mulher cuja nica misso dar herdeiros ao rei para glria doreino e alegria de todos. smbolo do papel da mulher da poca: submissa, simples procriadora, objecto da vontademasculina.

    Baltasar Mateus, de alcunha Sete-Sis, deixa o exrcito depois de ter ficado maneta em combate contra os espanhis,conhece Blimunda em Lisboa, e com ela partilha a vida e os sonhos. De ex-soldado passa a aougueiro em Lisboa e,posteriormente, integra a legio de operrios das obras do convento. A sua tarefa mxima vai ser a construo dapassarola, idealizada pelo padre Bartolomeu de Gusmo, passando a ser o garante da continuidade do projecto, quandoo padre Bartolomeu desaparece em Espanha.Baltasar acaba por se constituir como a personagem principal do romance, sendo quase "divinizado" pela construo dapassarola: "maneta Deus, e fez o universo. (...) Se Deus maneta e fez o universo, este homem sem mo pode atar avela e o arame que ho-de voar. " (p. 69) - diz o padre Bartolomeu a propsito do seu companheiro de sonhos. Aps amorte do padre, Baltasar ocupa-se da passarola e, um dia, num descuido, desaparece com ela nos cus. S reencontrado, nove anos depois, em Lisboa, a ser queimado no ltimo auto-de-f realizado em Portugal.O simbolismo desta personagem evidente, a comear pelo seu nome: sete um nmero mgico, aponta para umatotalidade (sete dias da criao do mundo, sete dias da semana, sete cores do arco-ris, sete pecados mortais, setevirtudes); o Sol o smbolo da vida, da fora, do poder do conhecimento, da que a morte de Baltasar no fogo daInquisio signifique, tambm, o regresso s trevas, a negao do progresso. Baltasar transcende, ento, a imagem dopovo oprimido e espezinhado, sendo o seu percurso marcado por uma aura de magia, presente na relao amorosa comBlimunda, na afinidade de "saberes" com o padre Bartolomeu e no trabalho de construo da passarola.Baltasar uma das personagens mais bem conseguidas de todo o romance porque descrever a ambio de um rei, asintrigas duns frades e a loucura de um cientista relativamente fcil, mas escolher uma personagem do povo, maneta evagabunda, que aparentemente no tem muito para dizer e convert-la no fio condutor da narrativa e no protagonistaduma das mais belas e sentidas histrias de amor, algo que s conseguem autores como Cervantes, que de um criadocomo Sancho Pana criou um arqutipo e um digno "antagonista" de Dom Quixote.Baltasar um homem simples, elementar, fiel, terno e maneta, que confina a capacidade de surpresa com a resignaotpica das pessoas humildes de corao e de condio. Aceita a vida que lhe foi dado viver e a mulher que o destino lheofereceu, sem assombro nem protestos; acata as suas circunstncias e no tem medo nem do trabalho nem da morte.No um heri nem um anti-heri, simplesmente um homem.

    Blimunda de Jesus "baptizada" de Sete-Luas pelo padre Bartolomeu de Gusmo ("Tu s Sete-Sis porque vs s claras,(...) Blimunda, que at a s se chamava, como sua me, de Jesus, ficou sendo Sete-Luas, e bem baptizada estava, queo baptismo foi de padre, no alcunha de qualquer um" - pg. 94).Conhece Baltasar quando assiste partida de sua me, acusada de feitiaria, para o degredo. Logo os dois seapaixonam, e este amor puro e verdadeiro foge s convenes, subvertendo a moral tradicional e entrando no domniodo maravilhoso - cf. primeira noite de amor (pp. 56-57).Blimunda tem um dom: v o interior das pessoas quando est em jejum, herdou da me um "outro saber" e integra-seno projecto da passarola, porque, para o engenho voar, era preciso "prender" vontades, coisa que s Blimunda, com oseu poder mgico, era capaz de fazer. Blimunda , simultaneamente, uma personagem que releva o domnio domaravilhoso, pelo dom que tem de ver "o interior" das pessoas (poder que nunca exerce sobre Baltasar: "Nunca teolharei por dentro" - p. 57), porque amar algum aceit-lo sem reservas. Blimunda encerra uma dimenso trgica na

    vivncia da morte de Baltasar.Simbolicamente, o nome da personagem acaba por funcionar como uma espcie de reverso do de Baltasar. Para alm dapresena do sete, Sol e Lua completam-se: so a luz e a sombra que compem o dia - Baltasar e Blimunda so, peloamor que os une, um s. A relao entre os dois tambm subversiva, porque no existe casamento oficial e porque osdois tm os mesmos direitos, facto inverosmil em pleno sculo XVIII.Como outras personagens femininas de Saramago, tambm Blimunda tem uma grande firmeza interior, uma forma deoferecer-se em silncio e de aceitar a vida e os seus desgnios sem orgulho nem submisso, com a naturalidade de quemsabe onde est e para qu.Glria Hervs Fernandez, in Uma leitura espanhola de Memorial do Convento de Jos Saramago, in revista Palavras, n.21, Primavera de 2002.Padre Bartolomeu Loureno de GusmoO padre Bartolomeu, personagem real da Histria, forma com Baltasar e Blimunda o ncleo mgico e trgico doromance. Vive com uma obsesso, construir a mquina de voar, o que o leva a encetar uma investigao cientfica naHolanda. Como cientista ignora os fanatismos religiosos da poca e questiona todos os principias dogmticos da Igreja. Oseu sonho de voar e as suas inabalveis certezas cientficas revelam orgulho, "ambio de elevar-se um dia no ar, ondeat agora s subiram Cristo, a Virgem e alguns santos eleitos" e tornam-no persona non grata para a Inquisio que oacusa de bruxaria, obrigando-o a fugir para Espanha e a deixar o seu sonho/projecto nas mos de Baltasar.

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    A sua obsesso de voar domina-o de tal forma, que ele no se inibe de integrar no seu projecto um casal no abenoadopela Igreja e de aceitar e usufruir das capacidades herticas de Blimunda, que faro a passarola voar. A passarola,smbolo da concretizao do sonho de um visionrio, funciona de uma forma antagnica ao longo da narrativa: ela queune Baltasar, Blimunda e o padre Bartolomeu, mas tambm ela que vai acabar por separ-los.

    Artista estrangeiro contratado por D. Joo V para iniciar a infanta Maria Brbara na arte musical. O poder curativo da suamsica liberta Blimunda da sua estranha doena, permitindo-lhe cumprir a sua tarefa ("Durante uma semana (...) omsico foi tocar duas, trs horas, at que Blimunda teve foras para levantar-se, sentava-se ao p do Cravo, plidaainda, rodeada de msica como se mergulhasse num profundo mar, (...) Depois, a sade voltou depressa" - pp. 191-2).

    Scarlatti cmplice silencioso do projecto da passarola ("Saiu o msico a visitar o convento e viu Blimunda, disfarouum, o outro disfarou, que em Mafra no haveria morador que no estranhasse, e (...) fizesse logo seus juzos muitoduvidosos" p. 231)., ainda, Scarlatti que d a notcia a Baltasar e Blimunda da morte do padre Bartolomeu. A msica do cravo de Scarlattisimboliza o ultrapassar, por parte do homem, de uma materialidade excessiva, e o atingir da plenitude da vida.Bartolomeu de Gusmo, esse, aliado em dilogo excepcional com o msico Scarlatti, o nico que pode de raizcompreender as suas congeminaes aladas, representa a possibilidade de articulao entre a cultura e o humano, entreo saber e o sonho, entre o conhecimento e o desejo (...) So os caminhos da fico os que mais justificadamenteconduzem ao encontro da verdade.

    Elementos simblicosComeando pelo nome das personagens principais, h a referir que em ambas (Baltasar Sete-Sis e Blimunda Sete-Luas)-nos transmitida uma ideia de unio, de complementaridade e de perfeio, traduzidas pela simbologia no nmero 7.

    Ambos os nomes representam, tambm, perfeio, totalidade e at magia, sugeridas pela extenso trisslaba (e aquireside a simbologia do nmero 3, revelador de uma ordem intelectual e espiritual traduzida na unio do cu e da terra).

    Vrios mutilados surgem na construo do convento, onde se inclui obviamente Baltasar. Tal situao poder levar interpretao simblica de luta desmedida na construo de algo, como realizao de um sonho. Baltasar, aps terperdido a mo esquerda num episdio blico, empreende outras lutas: na construo da passarola e na colaborao naedificao do convento de Mafra. Simbolicamente, a perda de parte do seu lado esquerdo significou a amputao da suadimenso mais nefasta, mais masculina, mais passada; ganhou, assim, uma dimenso mais espiritual, marcada pelaperseverana, fora, luta e sentido de futuro que sair reforada na associao com Blimunda.

    A riqueza interior de Blimunda apresenta-se, simbolicamente, pela fora do seu olhar, possuidor de um poder mgico.Metaforicamente, surgem as duas mil vontades (smbolo de todos aqueles que contribuem para o progresso do mundo)necessrias para realizar o sonho do padre Bartolomeu. So vontades (nuvens) esto carregadas de um carcter eufrico(positivo); contudo, de difcil acesso. S uma personagem como Blimunda conseguiria interpenetrar neste mundo no

    material.Ainda no que concerne simbologia dos nmeros, o 7 no aparece s associado aos nomes de Baltasar e Blimunda,como tambm data e hora da sagrao do convento, aos sete anos vividos em Portugal pelo msico Scarlatti, s setevezes que Blimunda passa por Lisboa procura de Baltasar, s sete igrejas visitadas na Pscoa, aos sete bispos quebaptizaram D. Maria Brbara comparados a sete sis de ouro e prata nos degraus do altar mor.O nmero nove surge tambm a simbolizar insistncia e determinao quando Blimunda procura o homem amadodurante 9 anos. Este nmero encerra tambm simbolicamente a ideia de procura pois, o que realmente acontece aBlimunda aps os 9 anos de busca que reencontra finalmente Baltasar, no como um encontro fsico, mas mstico ecompleto.

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    Felizmente H Luar!de Lus de Sttau Monteiro

    As Personagens:: homem instrudo, letrado ("um estrangeirado"), um militar que sempre lutou em prol da honestidade e da

    justia. tambm o smbolo da modernidade e do progresso, adepto das novas ideias liberais e, por isso, consideradosubversivo e perigoso para o poder institudo. Assim, quando necessrio encontrar uma vtima que simbolize umasituao de revolta que se adivinha, Gomes Freire a personagem ideal. Ele o smbolo da luta pela liberdade, da

    defesa intransigente dos ideais, da que a sua presena se torne incmoda no s para os "reis do Rossio", mas tambmpara os senhores do regime fascizante dos anos 60. A sua morte, duplamente aviltante para um militar (ele enforcadoe depois queimado, quando a sentena para um militar seria o fuzilamento), servir de lio a todos aqueles que ousemafrontar o poder poltico e tambm, de certa forma, econmico, representado pela tena que Beresford recebe(16.000$00 anuais, uma fortuna para a poca!) e que se arriscaria a perder se Gomes Freire chegasse ao poder.

    : companheira de todas as horas de Gomes Freire, ela que d voz injustia sofrida pelo seuhomem. A suas falas, imbudas de dor e revolta, constituem tambm uma denncia da falsidade e da hipocrisia doEstado e da Igreja. Todas as tiradas de Matilde revelam uma clara lucidez e uma verdadeira coragem na anlise que fazde toda a teia que envolve a priso e condenao de Gomes Freire. No entanto, a conscincia da inevitabilidade domartrio do seu homem (e da o carcter pico da personagem de Gomes Freire) arrasta-a para um delrio final em que,envergando a saia verde que o general lhe oferecera em Paris (smbolo de esperana num futuro diferente?), Matildedialoga com Gomes Freire vivendo momentos de alucinao intensa e dramtica. Estes momentos finais, pelo carctersurreal que transmitem, so tambm a denncia do absurdo a que a intolerncia e a violncia dos homens conduzem.

    : o amigo de todas as horas, o amigo fiel em quem se pode confiar e que est sempre pronto aexprimir a sua solidariedade e amizade. No entanto, ele prprio tem conscincia de que, muitas vezes, no actuou deforma consentnea com os seus ideais, faltando-lhe coragem para passar aco.

    : elemento do povo, trai os seus iguais, chegando mesmo a provoc-los, apenas lhe interessando asua ascenso poltico-social. Apesar da repulsa/antipatia que as atitudes de Vicente possam provocar ao pblico/leitor, oque facto que no se lhe pode negar nem lucidez nem acuidade na anlise que faz da sua situao de origem e dafora corruptora do poder. Vicente uma personagem incmoda, talvez porque nos faa olhar para dentro de nsprprios, acordando ms conscincias adormecidas.

    : smbolos do povo oprimido e esmagado, tm conscincia da injustia em que vivem, sabem que sosimples joguetes nas mos dos poderosos, mas sentem-se impotentes para alterar a situao. Vem em Gomes Freireuma espcie de Messias e da, talvez, a sua agressividade em relao a Matilde, aps a priso do general, quando elalhes pede que se revoltem e que a ajudem a libertar o seu homem. A priso de Gomes Freire uma espcie de traio

    esperana que o povo nele depositava. Podem tambm simbolizar a desesperana, a desiluso, a frustrao de toda umalegio de miserveis face quase impossibilidade de mudana da situao opressiva em que vivem.: personagem cnica e controversa, aparece como algum que, desassombradamente, assume o processo de

    Gomes Freire, no como um imperativo nacional ou militar, mas apenas motivado por interesses individuais: amanuteno do seu posto e da sua tena anual. A sua posio face a toda a trama que envolve Gomes Freire nitidamente de distanciamento crtico e irnico, acabando por revelar a sua antipatia face ao catolicismo caduco e aoexerccio incompetente do poder, que marcam a realidade portuguesa.

    : o prottipo do pequeno tirano, inseguro e prepotente, avesso ao progresso, insensvel injustia e misria. Todo o seu discurso gira em torno de uma lgica oca e demaggica, construindo verdades falsas em que talvezacabe mesmo por acreditar. Os argumentos do "ardor patritico", da construo de "um Portugal prspero e feliz, comum povo simples, bom e confiante, que viva lavrando e defendendo a terra, com os olhos postos no Senhor", so o ecofiel do discurso poltico dos anos 60. D. Miguel e o Principal Sousa so talvez as duas personagens mais execrveis de

    todo o texto pela falsidade e hipocrisia que veiculam.: para alm da hipocrisia e da falta de valores ticos que esta personagem transmite, o Principal Sousasimboliza tambm o conluio entre a igreja, enquanto instituio, e o poder e a demisso da primeira em relao denncia das verdadeiras injustias. Nas palavras do Principal Sousa igualmente possvel detectar os fundamentos dapoltica do "orgulhosamente ss" dos anos 60.

    : so os delatores por excelncia, aqueles a quem no repugna trair ou abdicar dosideais, para servirem obscuros "propsitos patriticos".

    Carcter GlorificanteCarcter excepcional das personagens:Gomes Freire, pela coragem, determinao e defesa intransigente dos ideais de liberdade;Matilde de Melo, pela nobreza moral, pelo conflito que vive entre os seus "humanos" sentimentos e a progressivaconsciencializao do seu dever de verdadeira patriota.

    A simplicidade da aco e o despojamento cnico.O desenlace final: o martrio e a morte de Gomes Freire.

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    Paralelismo passado/condies histricas dos anos 60

    - agitao social que levou revolta liberal de 1820 - conspiraes internas; revolta contra a presena da Corte no Brasile influncia do exrcito britnico;- regime absolutista e tirnico ;- classes sociais fortemente hierarquizadas;- classes dominantes com medo de perder privilgios;- povo oprimido e resignado;- a "misria, o medo e a ignorncia";

    - obscurantismo, mas "felizmente h luar";- luta contra a opresso do regime absolutista;- Manuel, "o mais consciente dos populares", denuncia a opresso e a misria;- perseguies dos agentes de Bereford;- as denncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento que, hipcritas e sem escrpulos, denunciam;- censura;- severa represso dos conspiradores;- processos sumrios e pena de morte;- execuo do General Gomes Freire.

    - agitao social dos anos 60 - conspiraes internas; principal irrupo da guerra colonial;- regime ditatorial de Salazar;- maior desigualdade entre abastados e pobres;- classes exploradas, com reforo do seu poder;- povo reprimido e explorado;- misria, medo e analfabetismo;- obscurantismo, mas crena nas mudanas;- luta contra o regime totalitrio e ditatorial;- agitao social e poltica com militares antifascistas a protestarem;- perseguies da PIDE;- denncias dos chamados "bufos", que surgem na sombra e se disfaram, para colher informaes e denunciar;- censura imprensa;- priso e duras medidas de represso e de tortura;- condenao em processos sem provas.

    TempoTempo histrico: sculo XIX.Tempo da escrita: 1961, poca dos conflitos entre a oposio e o regime salazarista.Tempo da narrao: informaes respeitantes a eventos no dramatizados, ocorridos no passado, mas importantes parao desenrolar da aco.

    Espao: a aco desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas no h nas indicaes cnicas

    referncia a cenrios diferentes.: meio social em que esto inseridas as personagens, havendo vrios espaos sociais, distinguindo-se uns

    dos outros pelo vesturio e pela linguagem das vrias personagens.

    O ttuloO ttulo da pea aparece duas vezes ao longo da pea, ora inserido nas falas de um dos elementos do poder - D. Miguel -ora inserido na fala final de Matilde. Em primeiro lugar curioso e simblico o facto de o ttulo coincidir com as palavrasfinais da obra, o que desde logo lhe confere circularidade.- Pgina 131 - D. Miguel: salientando o efeito dissuasor das execues, querendo que o castigo de Gomes Freire se tornenum exemplo;- Pgina 140 - Matilde: na altura da execuo so proferidas palavras de coragem e estmulo, para que o povo se revoltecontra a tirania.Num primeiro momento, o ttulo representa as trevas e o obscurantismo; num segundo momento, representa acaminhada da sociedade em busca da liberdade.Como facilmente se constata a mesma frase proferida por personagens pertencentes a mundos completamenteopostos: D. Miguel, smbolo do poder, e Matilde, smbolo da resistncia e do anti-poder. Porm o sentido veiculado pelasmesmas palavras altera-se em virtude de uma afirmao dar lugar a uma eufrica exclamao.Para D. Miguel, o luar permitiria que as pessoas vissem mais facilmente o claro da fogueira, isso faria com que elasficassem atemorizadas e percebessem que aquele o fim ltimo de quem afronta o regime. A fogueira teria um efeitodissuasor.

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    Para Matilde, estas palavras so fruto de um sofrimento interiorizado reflectido, so a esperana e o no conformismonascidos aps a revolta, a luz que vence as trevas, a vida que triunfa da morte. A luz do luar (liberdade) vencer aescurido da noite (opresso) e todos podero contemplar, enfim, a injustia que est a ser praticada e tirar dela ilaes.H que imperiosamente lutar no presente pelo futuro e dizer no opresso e falta de liberdade, h que seguir a luzredentora e trilhar um caminho novo.

    Elementos simblicos: encontra-se associada felicidade e foi comprada numa terra de liberdade: Paris, no Inverno, com o

    dinheiro da venda de duas medalhas. "alegria no reencontro"; a saia uma pea eminentemente feminina e o verde

    encontra-se destinado esperana de que um dia se reponha a justia. Sinal do amor verdadeiro e transformador, poisMatilde, vencendo aparentemente a dor e revolta iniciais, comunica aos outros esperana atravs desta simples pea devesturio. O verde a cor predominante na natureza e dos campos na Primavera, associando-se fora, fertilidade e esperana.

    : duas vezes mencionado, inserido nas falas das personagens (por D.Miguel, que salienta o efeito dissuador dasexecues e por Matilde, cujas palavras remetem para um estmulo para que o povo se revolte).

    : como metfora do conhecimento dos valores do futuro (igualdade, fraternidade e liberdade), que possibilita oprogresso do mundo, vencendo a escurido da noite (opresso, falta de liberdade e de esclarecimento), advm quer dafogueira quer do luar. Ambas so a certeza de que o bem e a justia triunfaro, no obstante todo o sofrimento inerentea eles. Se a luz se encontra associada vida, sade e felicidade, a noite e as trevas relacionam-se com o mal, ainfelicidade, o castigo, a perdio e a morte. A luz representa a esperana num momento trgico.

    : mal, castigo, morte, smbolo do obscurantismo.: simbolicamente, por estar privada de luz prpria, na dependncia do Sol e por atravessar fases, mudando de forma,

    representa: dependncia, periodicidade. A luz da lua, devido aos ciclos lunares, tambm se associa renovao. A luz doluar a fora extraordinria que permite o conhecimento e a lua poder simbolizar a passagem da vida para a morte evice-versa, o que alis, se relaciona com a crena na vida para alm da morte.

    : duas conotaes: para os opressores, mais pessoas ficaro avisadas e para os oprimidos, mais pessoas poderoum dia seguir essa luz e lutar pela liberdade.

    : D. Miguel Forjaz - ensinamento ao povo; Matilde - a chama mantm-se viva e a liberdade h-de chegar. Ofogo um elemento destruidor e ao mesmo tempo purificador e regenerador, sendo a purificao pela guacomplementada pela do fogo. Se no presente a fogueira se relaciona com a tristeza e escurido, no futuro relacionar-se-com esperana e liberdade.

    : smbolo do desrespeito que os mais poderosos mantinham para com o prximo, contrariando osmandamentos de Deus.

    : smbolo da represso sempre presente.