resumo das aulas

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AULA DIA 24/01/2011 Bibliografia: César Roberto Bitencourt Rogério Greco DIREITO PENAL – PROF. ROGÉRIO SANCHES Intensivo I Introdução ao Direito Penal Teoria Geral do Delito Punibilidade Intensivo II Teoria Geral da Pena Penal Especial Legislação Penal Especial Bibliografia Coleção Ciências Criminais (Ed. RT) www.injur.com.br Direito Penal: Conceito Sob o aspecto formal, Direito Penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções a serem-lhes aplicadas. Já sob o enfoque sociológico, é mais um instrumento, ao lado dos outros ramos do Direito, de controle social de comportamento desviado, visando assegurar a necessária disciplina social, bem como a convivência harmônica dos membros do grupo. O Direito Penal é o ramo do Direito que possui conseqüência mais drástica,  por isso, deve ser o último a ser aplicado. Esse é o PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA. O FUNCIONALISMO busca definir a missão do Direito Penal. a) Func iona lismo Tele ológ ico (Cla us Roxi n) – o fim do Direi to Pena l é assegurar bens jurídicos;  b) Func iona lismo Sistê mico (Ja cobs) – A missão do Dir eit o Penal é resguardar a norma, o sistema. A diferença entre o Direito Penal Objetivo e o Direito Penal Subjetivo:

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AULA DIA 24/01/2011

Bibliografia:

César Roberto Bitencourt

Rogério Greco

DIREITO PENAL – PROF. ROGÉRIO SANCHES

Intensivo I

• Introdução ao Direito Penal• Teoria Geral do Delito• Punibilidade

Intensivo II

• Teoria Geral da Pena• Penal Especial• Legislação Penal Especial

Bibliografia

• Coleção Ciências Criminais (Ed. RT)• www.injur.com.br 

Direito Penal:

Conceito

Sob o aspecto formal, Direito Penal é um conjunto de normas que qualificacertos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa assanções a serem-lhes aplicadas.

Já sob o enfoque sociológico, é mais um instrumento, ao lado dos outrosramos do Direito, de controle social de comportamento desviado, visando assegurar anecessária disciplina social, bem como a convivência harmônica dos membros dogrupo.

O Direito Penal é o ramo do Direito que possui conseqüência mais drástica, por isso, deve ser o último a ser aplicado. Esse é o PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃOMÍNIMA.

O FUNCIONALISMO busca definir a missão do Direito Penal.a) Funcionalismo Teleológico (Claus Roxin) – o fim do Direito Penal é

assegurar bens jurídicos; b) Funcionalismo Sistêmico (Jacobs) – A missão do Direito Penal é

resguardar a norma, o sistema.

A diferença entre o Direito Penal Objetivo e o Direito Penal Subjetivo:

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O Direito Penal Objetivo é o conjunto de leis penais em vigor no país, ele é aexpressão do poder punitivo do Estado.

O Direito Penal Subjetivo é o direito de punir do Estado, esse direito élimitado.

Esse limite é:

a) Temporal: PrescriçãoHipóteses de imprescritibilidade:I – Art. 5º, XLII, CF/88;II – Art. 5º, XLIV, CF/88.

 b) Limite espacial do direito de punir: Princípio da territorialidade (Art.5º, CP)

c) Limite modal (quanto ao modo): Princípio da dignidade da pessoahumana.

• Direito de perseguir a pena – pode ser exercido pelo próprio Estado,em ações penais públicas por meio do MP, ou pode ser transferido ao

 particular, que se utilizará das ações penais privadas;• Direito de punir – exclusivamente do Estado.

ATENÇÃO: Há um caso de sanção penal particular paralela à punição doEstado. (Art. 57 da Lei 6.001/73 – Estatuto do Índio)

O Estatuto de Roma consagrou o Princípio da complementariedade (Art. 1º),isto é, o Tribunal Penal Internacional (TPI) não pode intervir indevidamente nossistemas judiciais nacionais, que continuam tendo a responsabilidade de investigar ,

 processar e punir os crimes cometidos pelos seus nacionais, salvo nos casos em que osEstados se mostrem incapazes ou sem efetiva vontade de punir seus criminosos.

Chegamos ao fim do Conceito de Direito Penal.

Fontes do Direito Penal

A origem e como se revela o Direito Penal.

Origem é a fonte material, enquanto o “como se revela” é a fonte formal.

Fonte material: é a origem, é o órgão encarregado de criar o Direito Penal(Fonte de Produção). Art. 22, I, CF/88. Somente a União pode legislar sobre DireitoPenal.

CUIDADO: O art. 22, parágrafo único, prevê que, por meio de leicomplementar, a União poderá delegar aos Estados legislar sobre Direito Penal emmatéria específica. Entretanto, quanto aos municípios não há qualquer possibilidadedisso acontecer.

Fonte formal: São meios, formas de revelar o Direito Penal (fonte deconhecimento)

a) Fonte formal imediata: lei b) Fontes formais mediatas:• Costumes (Costumes são comportamentos uniformes e constantes pela

convicção de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica)

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• Princípios Gerais de Direito

Costumes

Quanto aos costumes: não é possível costume incriminador. Todavia, costume

revoga infração penal? Não vale falar no adultério, pois, segundo o Prof. Rogério Sanches, o crime de

adultério foi revogado pelo princípio da intervenção mínima.

Existem três correntes sobre a matéria:

1. Admite-se o costume abolicionista, aplicado nos casos em que ainfração penal deixa de contrariar o interesse social, não maisrepercutindo negativamente;

Conclusão: A contravenção penal do jogo do bicho não é mais fatotípico.

2. Não existe costume abolicionista, mas quando o fato já não é maisindesejado pelo meio social, a lei deixa de ser aplicada. Quem deveabolir formalmente o tipo penal é o legislador.

Conclusão: A contravenção penal do jogo do bicho permanece fatotípico, porém o juiz deixa de aplicar a lei.

3. Não existe costume abolicionista, aplicando-se a lei enquanto não

revogada por outra lei (LICC ou LIDB)Conclusão: A contravenção penal do jogo do bicho permanece fatotípico , devendo o juiz aplicá-la no caso concreto.

Se prevalece a tese que o costume não pode abolir crime, para que então eleserve?

É possível o costume interpretativo. Ex: art. 155, §1º, CP (Repouso Noturno)

Princípios Gerais do Direito

Direito que vive na consciência comum de um povo (positivado ou não)

Fontes Formais

• Doutrina TradicionalI – Imediata: leiII – Mediatas:a) costumes

 b) Princípios Gerais do Direito

• Doutrina Moderna

I – Imediatas:a) Lei – única capaz de criar crime e cominar pena;

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 b) Constituição Federal;c) Tratados Internacionais de Direitos Humanos;d) Jurisprudência (Súmulas Vinculantes)e) Complemento administrativo da norma penal em branco;d) Princípios

II – Mediata: doutrina

Obs: Para a doutrina moderna o costume é uma fonte informal do DireitoPenal.

Tratados Internacionais de Direitos Humanos – Fonte formal imediata deDireito Penal.

Se ratificados com quórum de emenda, o tratado internacional que versar sobreDireitos Humanos adquirirá status de emenda constitucional.

Todavia, se o tratado for ratificado com quórum comum ele terá status supralegal.

De qualquer forma, tratado internacional não pode definir crime no território brasileiro.

Breve explanação sobre controle de constitucionalidade e controle deconvencionalidade.

Controle Difuso de ConstitucionalidadeExiste uma lei contrariando a Constituição Federal que, analizada pelo juiz de

1º grau, passa pelo Tribunal, pelo STJ e, por último, pelo STF. Essa espécie de controlegera efeitos entre as partes.

Controle concentrado de constitucionalidade ou controle abstrato. Gera efeitoserga omnes.

Controle difuso abstrativizado da Constituição.É o controle de constitucionalidade gerando efeitos erga omnes como se fosse

um controle abstrato.

Controle difuso de convencionalidade.É uma espécie de controle de adequação da aplicação das leis aos tratados

internacionais de Direitos Humanos em um caso concreto. Gera efeitos entre as partes.

Controle concentrado de convencionalidade.É o controle abstrato das leis em relação aos Tratados Internacionais de

Direitos Humanos.

INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

• FormasI – Quanto ao sujeito que interpreta (origem):a) Autêntica ou legislativa: dada pela própria lei. Ex: Art. 327, CP(conceito de funcionário público)

 b) Doutrinário ou científica: feita pelos estudiosos

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c) Jurisprudencial: fruto das decisões reiteradas dos nossos tribunais.“CUIDADO: PODE TER CARÁTER VINCULANTE”A Exposição de Motivos do Código Penal não foi dada por lei, logo, ela seenquadra na categoria de interpretação doutrinária ou científica. Todavia, aExposição de Motivos do Código de Processo Penal já foi dada por lei,

sendo assim, é interpretação autêntica ou legislativa.

II – Quanto ao modo:a) Literal ou gramatical: leva em conta o sentido literal das palavras;

 b) Teleológica: indaga-se a vontade ou intenção objetivada pela lei;c) Histórica: procura-se a origem da lei;d) Sistemática: a lei é interpretada com o conjunto da legislação.e) Progressiva, adaptativa ou evolutiva: exige-se do intérprete o esmero

na atualização dos diplomas normativos, pois a realidade e o avanço daciência os impõe.

III – Quanto ao resultado:

a) Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente àquilo que olegislador quis dizer;

 b) Extensiva: ampliasse o alcance para que corresponda à vontade dotexto. Pode ser contra o réu?

Sim. Ex: art. 157, §2º, I, CP. Todo e qualquer instrumento, fabricado comou sem a finalidade bélica, que serve ao ataque. Ou.

 Não. Art. 22, §2º, Estatuto de Roma. “Em caso de ambigüidade, o juizdeverá interpretar em favor do réu.”c) Restritiva: reduz-se o alcance das palavras para que corresponda à

vontade do texto.Interpretação extensiva não se confunde com interpretação analógica. Nesta, o

significado que se busca é extraído do próprio dispositivo (existe norma para ser aplicada ao caso concreto), levando-se em conta as expressões genéricas e abertasutilizadas pelo legislador. Ex: 121, §2º, do CP. O legislador dá exemplos de torpeza econclui genericamente, permitindo ao juiz encontrar outras hipóteses.

As hipóteses de interpretação extensiva e analógica não se confundem com aanalogia (regra de integração). Nesse caso, ao contrário dos anteriores, partimos do

 pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada no caso concreto, motivo pelo qualsocorre-se daquilo que o legislador previu para outro similar. Analogia não é forma deinterpretação é forma de integração, sendo possível a sua aplicação in bonam partem.Ex: art.181, I, CP. Por meio da analogia, integra-se à norma o companheiro, em

analogia ao cônjuge.

Interpretação Extensiva Interpretação Analógica Analogia• Há lei

 para ser aplicada;• Amplia-seo alcance de uma

 palavra. Ex: 157, §2º, I,CP “arma”;

• Há lei para ser aplicada;• Exemplosseguidos deencerramento genérico.Ex: 121, §2º, I, II, III eIV;

•  Não existeLei para ser aplicada aocaso concreto (lacuna);• Empresta-se lei feita para casosimilar. Ex: 181, CP“cônjuge =companheiro”

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PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL

1 Princípios relacionados com a missão fundamental do Direito Penal

1.1. Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos – impede que o Estado

venha a utilizar o Direito Penal para a proteção de bens ilegítimos. Obs: Amissão do Direito Penal é proteger os bens jurídicos mais relevantes dohomem;

1.2. Princípio da intervenção mínima – é o princípio relacionado à missãofundamental do Direito Penal. O Direito Penal só deve ser aplicadoquando estritamente necessário, mantendo-se subsidiário (intervençãocondicionada ao fracasso dos demais ramos) e fragmentário (observa-sesomente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem

 juridicamente tutelado).O Princípio da intervenção mínima tem as seguintes características:a) Subsidiariedade: orienta a intervenção em abstrato. O Direito Penal só deve

intervir quando ineficazes os demais ramos do Direito (última “ratio”). “ODireito Penal é a derradeira trincheira”;

 b) Fragmentariedade: orienta a intervenção no caso concreto. O DP só deveintervir diante de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. OPrincípio da Insignificância ou da Bagatela é desdobramento lógico dafragmentariedade.O princípio da insignificância fomenta a interpretação restritiva do tipo penal.

Princípio da InsignificânciaSTF STJ

Requisitos:1) Mínima ofensividade na conduta do agente;2) Nenhuma periculosidade social da ação;3) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;4) Inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Tem julgados considerando a realidadeeconômica do país. Com o isso, o STFnegou a insignificância do furto de uma

 bicicleta avaliada em R$60,00 quando osalário mínimo era de R$300,00.

Tem julgados considerando a efetiva lesão para a vítima.

Admite nos delitos contra a

Administração Pública.

Prevalece não aplicar o Princípio da

Insignificância nos delitos contra aAdministração Pública.Obs: Tanto o STF quanto o STJ não aplicam o Princípio da Insignificância aocrime de falsificação de moeda, pois o bem jurídico tutelado é a fé pública, acredibilidade do sistema financeiro.Encontram-se julgados, principalmente no STJ, condicionando o princípio dainsignificância aos antecedentes do agente. Aplicar a sanção porque o agente éreincidente é aplicar o Direito Penal do Autor, é punir a reincidência do autor enão o fato em si. Apesar de haver julgados condicionando a aplicação do

 princípio da insignificância aos bons antecedentes do autor, o correto évincularmos o referido princípio apenas ao fato, evitando um Direito Penal do

Autor.

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2. Princípios relacionados com o fato do agente

2.1. Princípio da exteriorização ou materialização do fato – o Estado só podeincriminar condutas humanas voluntárias. Obs: ninguém pode ser castigado por seus pensamentos, desejos ou estilo de vida (o Brasil adota o

Direito Penal do Fato, proibindo o Direito Penal do Autor). Art.2º, CP. Oart.60 da Lei das Contravenções Penais, punia a mendicância, revogadacom base nesse princípio. Todavia, ainda subsiste o art.59, que discriminaricos de pobres e estilo de vida.

2.2. Princípio da legalidade – 2.3. Princípio da ofensividade ou lesividade – para que ocorra o delito, é

imprescindível a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.Reconhecido este princípio, passa a ser questionável a existência doschamados “delitos de perigo abstrato”.

Delito de Perigo:a) Abstrato – o perigo é absolutamente presumido por lei (Para parcela da

doutrina, ofende o Princípio da Lesividade); b) Concreto – o perigo deve ser demonstrado.

Crime de Perigo Abstrato e o STFAté 2005 2005 a 2009 A partir de 2009O STF admitia crime de

 perigo abstratoO STF passou a decidir quedelito de perigo abstratonão foi recepcionado pelaConstituição Federal. (Nãode forma unânime)

O STF admite, em casosexcepcionais, o delito de

 perigo abstrato. Ex: Tráficode drogas.

3. Princípios relacionados com o agente do fato

3.1. Princípio da responsabilidade pessoal – proíbe-se o castigo penal pelo fatode outrem (veda-se a responsabilidade penal coletiva). Por isso o juiz temque individualizar a pena, e o MP, na denúncia, tem que individualizar aconduta;

3.2. Princípio da responsabilidade subjetiva – não basta que o fato sejamaterialmente causado pelo agente, só podendo ser responsabilizado se ofato foi querido, aceito ou previsível. Exceções: a) embriaguez voluntáriacompleta; b) Rixa qualificada; E o crime ambiental?

3.3. Princípio da culpabilidade – só pode o Estado punir agente imputável,com potencial consciência da ilicitude, quando dele exigível condutadiversa;

3.4. Princípio da igualdade ou isonomia – “Todos são iguais perante a lei”.Todavia, essa igual não é meramente formal, mas material, substancial. É

 possível haver distinções justificadas. Tratar os iguais de maneira igual eos desiguais de maneira desigual na medida das suas desigualdades.1

3.5. Princípio da presunção de inocência ou da não culpa (art.5º, LVII, CF/88) – o princípio da presunção de não culpa é mais coerente com o sistema de prisão provisória. (Não estou lhe considerando inocente, mas te considero

1 Ler Convenção Americana de Direitos Humanos (art.24) – Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação alguma a igual proteção da lei.

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ainda não culpa) Art. 8º, §2º C.A.D.H. (fala em presunção de inocência).Conseqüências:

a) Qualquer restrição à liberdade do acusado somente se admite após suacondenação definitiva, admitindo prisão provisória quando imprescindível.Logo, a prisão provisória (flagrante, preventiva e temporária) está,

intimamente ligada a imprescindibilidade). Art. 312 não combina com esse princípio, uma vez que a conveniência da instrução criminal não combina aimprescindibilidade;

 b) Cumpre à acusação o dever de demonstrar a responsabilidade do réu e nãoa este comprovar a sua inocência.

c) A condenação deve derivar da certeza do julgador, sendo que eventualduvida será interpretada em favor do réu. (in dubio pro reo).

4. Princípios relacionados com a pena – Respeito a dignidade da pessoahumana (arts. 5º, §§1ºe 2º da C.A.D.H.)

4.1. Princípio da proibição da pena indigna – ninguém pode ser submetido auma pena ofensiva à dignidade humana;

4.2. Princípio da humanidade ou humanização das penas – nenhuma pena podeser cruel, desumana ou degradante;

4.3. Princípio da proporcionalidade (está implícito na CF/88, está implícito no principio da individualização da pena) – a pena deve ser proporcional àgravidade do fato praticado

4.4. Princípio da pessoalidade da pena – a pena não pode passar da pessoa docondenado (art. 5º XLV, CF/88). Primeira corrente: princípio relativo,

 pois a CF autoriza a transferir aos sucessores a pena de confisco (FlávioMonteiro de Barros); Segunda corrente: princípio absoluto. O confiscoreferido na CF/88 não é pena, mas efeito da sentença (LFG) (Art. 5º, §3º,C.A.D.H.).

4.5. Princípio da vedação do bis in idem – a mesma circunstância não pode ser considerada duas vezes em prejuízo do mesmo agente.

Esse princípio comporta três significados:a) Significa processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo

crime; b) Significado material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em

razão do mesmo fato;c) Significado execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por 

condenações relacionadas ao mesmo fato. Esse princípio está implícito naCF/88. Esse princípio só pode ser encontrado expressamente no art.20 doEstatuto de Roma. A agravante da reincidência fere o princípio da vedaçãodo bis in idem? Tem uma corrente que entende que a reincidência fere o“non bis in idem”. O STJ decidiu que o fato de o reincidente ser punidomais severamente que o primário, não viola a garantia da vedação do “non

 bis in idem”, pois visa tão somente reconhecer maior reprovabilidade naconduta daquele que é contumaz violador da lei penal (princípio daindividualização da pena).

4.6.Princípio da bagatela própria Princípio da bagatela imprópria

O comportamento não produz relevantelesão ao bem jurídico. Causa de

Apesar de o comportamento produzir relevante lesão ao bem jurídico, a pena é

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atipicidade. Ex: furto de caneta bic. desnecessária. Causa de não aplicação da pena. Ex: perdão judicial no homicídioculposo.

 

Princípio da legalidade ou

Para uma primeira corrente, o art. 1º do CP prevê o princípio da legalidade,que é sinônimo do princípio da reserva legal.

Para uma segunda corrente, o princípio da reserva legal toma a expressão “lei”no sentido restrito. Diferente do princípio da legalidade, que toma “lei” em um sentidoamplo.

Para uma terceira corrente, o princípio da legalidade é igual a reserva legalcom anterioridade. Nasce da soma da reserva legal com a anterioridade.

A terceira corrente é a que prevalece.Esse princípio se encontra expresso no art. 5º, XXXIX da CF/88; C.A.D.H. art.

9º; Estatuto de Roma, art. 22.O princípio da legalidade constitui uma real limitação ao poder estatal de

interferir na esfera de liberdades individuais.Fundamentos:

1) Político: Exigência de vinculação do executivo e do judiciário a leis formuladas de maneira abstrata. A suaimportância é impedir o poder punitivo com base no livrearbítrio;

2) Democrático: respeito ao principio da divisão de poderes.O parlamento deve ser o responsável pela criação de

crimes;3) Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante efeitointimidativo.

Desdobramentos do princípio da legalidade:1) Não há crime sem “lei”, em sentido restrito (lei ordinária e lei

complementar). E a medida provisória? Medida provisória não élei, mas ato administrativo com força normativa. Logo, não podecriar crime, não pode cominar pena. Art. 62, §1º, I, “b”, CF/88. É

 possível medida provisória não incriminadora? a) o art. 62, §1º, I,“b”, não diferencia proibindo medida provisória versando sobredireito penal (incriminadora ou não); b) o art. 62, §1º, I, “b”, CF

veda, implicitamente, medida provisória incriminadora(autorizando a não incriminadora). ATENÇÃO!!!Esse art. 62, §1º,I, “b”, foi incluído pela EC32/01. O STF, no RE 254.818-PR discutindo os efeitos benéficos trazidos pela MP 1.571/97 (que

 permitiu o parcelamento extintivo da punibilidade nos crimestributários e previdenciários) proclamou sua admissibilidade emfavor do réu. Esta posição foi mantida, mesmo após a EC32/01,quando se obedeceu MP não incriminadora no Estatuto doDesarmamento, impedindo a eficácia social do art. 12;

2) Não há crime sem lei anterior (princípio da anterioridade): veda aretroatividade maléfica. Enquanto a retroatividade benéfica é uma

garantia constitucional;

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3) Não há crime sem lei escrita: veda o costume incriminador (É possível o costume interpretativo);

4) Não há crime sem lei estrita: veda a analogia incriminadora.Admiti-se a analogia “in bona partem;

5) Não há crime sem lei certa: Princípio da taxatividade ou princípio

da determinação ou mandado de certeza. Exige dos tipos penaisclareza (tem que ser de fácil compreensão. Um tipo penal ambíguoé um campo fértil para a ambigüidade. Ex: Lei 7170/83, art. 20,

 pune crimes de terrorismo, todavia, isso é muito amplo, muitoambíguo. A mesma coisa acontece com o art. 41-B do Estatuto doTorcedor, incluído pela Lei nº 12.299/10);

6) Não há crime sem lei necessária. É um desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima.

A legalidade é o pilar do garantismo.Quando se diz que não há crime sem lei, abrange a contravenção penal. Logo,

se fala em infração penal.Como também prevalece abranger medida de segurança quando se diz: “não

há pena...”. Logo, é correto dizer sanção penal.

LEI PENAL

1. Lei penal completa: ela dispensa complemento normativo (dado pelanorma) ou valorativo (dado pelo juiz);

2. Lei penal incompleta: depende de complemento normativo ou valorativo2.1. É a norma penal em branco: depende de complemento normativo

2.1.1. Norma penal em branco própria em sentido estritoou heterogênea: o complemento normativo não emana dolegislador. É regulamentada por uma espécie normativadiferente da lei2.1.2. Normal penal em branco imprópria em sentidoamplo ou homogênea: o complemento normativo emana dolegislador 2.1.2.1. Norma penal em branco homovitelina ou

homóloga: o complemento emana da mesma instâncialegislativa. A norma complementada e a normacomplementadora se encontram no mesmo documento.

Ex: Art. 312 do CP regulamentado pelo art. 327 domesmo código.2.1.2.2. O complemento emana de instância legislativa

diversa. Documentos distintos. Ex: art. 237 do CPregulamentado pelo Código Civil.

2.1.2.3. Norma Penal em branco ao reves: o complementonormativo diz respeito à sanção penal e não aoconteúdo proibitivo. A lei penal possui o preceito

 primário co mo conteúdo criminoso e o preceitosecundário com a sanção. No caso da norma penalem branco ao reves o conteúdo primário é

determinado e o preceito secundário é

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indeterminado, precisando de complementação.Aqui o complemento normativo só pode ser lei.

2.2. Tipo aberto: depende de complemento valorativo (dado pelo juiz). Ex:crimes culposos.

A lei penal em branco heterogênea ofende o princípio da legalidade?Primeira corrente: A norma penal em branco é inconstitucional, ofendendo o

 princípio da reserva legal. O seu conteúdo poderá ser modificado sem que haja umadiscussão da sociedade, como acontece quando os projetos de lei são submetidos àapreciação do Congresso Nacional. Desconsidera o fundamento democrático do

 princípio da legalidade. (Defendida por Rogério Greco)Segunda corrente (majoritária): Na norma penal em branco heterogênea existe

um tipo penal incriminador que traduz os requisitos básicos do delito de há também umcomplemento normativo. Os dados essenciais do crime njá estão previstos no tipo penal.O que a autoridade administrativa pode fazer é explicitar um dos requisitos típicos dado

 pelo legislador.Legalidade formal: obediência ao devido processo legislativo. Atendendo este

critério, passa-se a ter uma lei vigente;Legalidade material: respeito às proibições e garantias constitucionais.

Atendendo este critério, passa-se a ter uma lei válida.O STF entende que uma lei pode ser vigente sem ser válida, no julgamento do

HC82.959-SP e Rcl 4335/AC que discutiu a progressão de regime no caso de crimes

hediondos. Invalidade do art. 2º, §1º da Lei 8.072/90, apesar da sua vigência.Lei penal no tempo:Quando (no tempo) o delito se considera praticado?Teoria da atividade: considera-se praticado no momento da conduta (Essa

teoria é a adotada pelo legislador brasileiro, art. 4º do CP);Teoria do resultado: considera-se praticado no momento do evento (resultado);Teoria mista (ubiqüidade): considera-se praticado no momento da conduta ou

do resultado Na análise da imputabilidade do agente:

Momento da conduta Momento do resultadoAgente menor de 18 anos (Aplica-se o

ECA)

Agente maior de 18 anos (Aplica-se o CP)

Sucessão de leis penais no tempo:

LeiPenal

Preceito Primário (conteúdocriminoso determinado)

Preceitosecundário/indeterminado(sanção penal)

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“Conflito de leis penais no tempo”. Como decorrência do princípio dalegalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da realização do fatocriminoso “tempus regit actum”. A lei posterior só retroage se mais benéfica.

Tempo da realização dofato

Lei posterior Conseqüência

Indiferente penal Crime Não retroage (art. 1º CP)Crime – Pena: 2 a 4 anos Crime – Pena: 3 a 8 anos Não retroage (art. 1º CP)

Crime Supressão da figuracriminosa

Retroage (art. 2º CP)

Crime – Pena: 3 a 8 anos Crime – Pena: 2 a 4 anos Retroage (art. 2, § únicoCP)

 No art. 2º, caput , CP temos uma hipótese de supressão da figura criminosa,chamada “abolitio criminis”.

Qual a natureza jurídica da “abolitio criminis”?Primeira corrente: causa de extinção da tipicidade e, em conseqüência, da

 punibilidade (Flávio Monteiro de Barros);Segunda corrente: causa de extinção da punibilidade (art. 107 do CP).Lei abolicionista não deve respeito à coisa julgada. “Cessando em virtude dela

a execução”. Apesar do art. 5º, XXXVI da CF/88, todavia, há uma ponderação de princípios entre este artigo e o art.... além disso, o art. 2 do CP não ofende esteartigo/garantia da Constituição, pois o mandamento constitucional tutela a garantiaindividual do cidadão e não o direito de punir do Estado.

“Cessando os efeitos penais da sentença condenatória”. Somente os efeitos penais é que desaparecem (ex: reincidência) com a abolitio criminis, sendo que, osefeitos extra penais permanecem (ex: a sentença continua servindo como títuloexecutivo).

“Rapto”Esse tipo penal precisa ser analisado antes e depois da Lei 11.106/05, assim:

Antes DepoisViolento Migrou seu conteúdo criminoso para o art.

148, §1º do CP. Temos então o princípioda continuidade normativo-tipica

Consensual Supressão da figura criminosa “abolitio

criminis”Dessa forma, não se pode confundir abolitio criminis com o princípio da

continuidade normativo-típica. Pois enquanto na primeira há a supressão da figuracriminosa, onde a intenção do legislador é não mais considerar o fato criminoso, osegundo é a migração do conteúdo criminoso de um tipo penal para outro, onde aintenção do legislador é manter o caráter criminoso do fato. Ex: Lei 12.015/09, revogouo art. 214 (atentado violento ao pudor), mas transferiu o seu conteúdo criminoso para oart. 213 do CP tipificando como estupro.

2.3. art. 2º, § único – a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitadaem julgado.

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Esse artigo prevê a retroatividade da lei mais benéfica “ Lex mitior ”. Emconsonância com o art .5º, XL, CF/88 – “a lei penal não retroagirá(art.1º, CP) , salvo

 para beneficiar o réu”(art. 2º, CP).Resposta 1º fase: súmula 611/STFResposta 2º fase (prova aberta): se de aplicação meramente matemática (causa

de diminuição)

Primeira corrente (minoritária): a “vacatio legis” tem como objetivo principaltornar a lei promulgada conhecida de todos. Não faz sentido, portanto, que aqueles que

 já se inteiraram do teor da lei fiquem impedidos de lhe prestar obediência quanto a seus preceitos mais brandos.

Segunda corrente: lei na vacatio não tem eficácia jurídica nem social, não podendo retroagir ainda que mais benéfica.

Sucessão de leis penais no tempo X Continuidade delitiva = crime únicoPor ficcção jurídica deve ser encarado como crime único (art. 71, CP).

Súmula 711 do STF. Deve ser aplicada sempre a última lei, ainda que maisgrave.

É possível combinação de leis penais, com o intuito de encontrar a aplicaçãomais benéfica?

1º corrente: Não se admite combinação de leis penais, pois, assim agindo, o juiz se transforma em legislador (Nelson Hungria).

2º corrente: É perfeitamente possível a combinação de leis penais, buscando anorma mais favorável para o réu. Se o juiz pode aplicar o “todo” de uma ou de outra lei

 para favorecer o sujeito, pode escolher parte de uma e de outra para o mesmo fim(Damásio, Luiz Flávio Gomes, Rogério Greco, Nucci, Basileu Garcia, Delmanto).

Segundo entendimento do STF no HC 95.435 a segunda turma entendeu pela possibilidade de combinação de leis penais no tempo para favorecer o réu. Todavia, a primeira turma do STF no HC 94.802, entendeu não ser possível a combinação de leis penais no tempo, mesmo para beneficiar o réu, sob o fundamento de que não seaplicaria na criação de uma terceira lei pelo judiciário.

A questão ainda não está consolidada no STF.

Art. 3º do CP – Lei temporária ou temporária em sentido estrito: é aquela quetem prefixado no seu texto o tempo de vigência.

O fato praticado durante a vigência continuará sendo perseguido, nesse caso,estaremos diante de uma lei ultra-ativa.

Lei excepcional, também chamada de temporária em sentido amplo: é a queatende as transitórias necessidades estatais, tais como guerras, calamidades, epidemias,etc. Perdura por todo o tempo excepcional. É o exemplo de uma lei que tem data paracomeçar e o seu término está previsto para quando cessar o motivo da sua criação.

Estas leis são ultra-ativas pois, se assim não fossem, se sancionaria o absurdode reduzir as disposições destas leis a uma espécie de ineficácia preventiva em relaçãoaos fatos que fossem cometidos na iminência do vencimento do seu termo final.

O art. 3º do CP foi recepcionado pela CF?1º corrente: Zaffaroni, percebendo que a constituição não traz qualquer 

exceção à proibição da ultra-ativa maléfica, julga o art. 3º não recepcionado.

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2º corrente: não há um conflito de leis penais no tempo na medida em que a lei posterior não cuida do mesmo crime definido na anterior temporária. Por isso é que nãohá incompatibilidade do art.3º com a CF (corrente que prevalece).

Sucessão de complementos de norma penal em branco no tempo

A norma é complementada por outra norma e esta norma complementadora éalterada. Esta alteração é irretroativa ou retroativa?

1º corrente: o complemento da NPB, quando alterado, deve sempre retroagir semais benéfico para o acusado, seguindo mandamento constitucional (Paulo José daCosta Júnior)

2º corrente: a alteração da norma complementadora terá, sempre, efeitosirretroativos, por não admitir a revogação das normas em conseqüência da revogação deseus complementos (Frederico Marques);

3º corrente: Só tem importância a variação da norma complementar naaplicação da retroativa da lei penal em branco quando esta provoca uma real

modificação da figura abstrata e não quando importe uma mera modificação decircunstâncias. A NPB em sentido amplo retroage sempre, quando alterada de formamais benéfica (Mirabete).

4º corrente: A alteração benéfica da NPB em sentido amplo retroage sempre. No caso de NPB em sentido estrito, quando a legislação complementar não se reveste decaráter de excepcionalidade nem traz consigo a sua auto-revogação, como é o caso das

 portarias sanitárias, se revogado e modificado pode conduzir a descriminalização(Alberto Silva Franco e o STF nas poucas vezes em que se manifestou sobre o tema).

Lei penal no espaço

Sabendo que o fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de doisou mais Estados soberanos, o estudo da lei penal no espaço procura descobrir qual é oâmbito territorial da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se relacionacom outros países em matéria penal.

Conflito internacional: Princípios Aplicáveisa) Princípio da territorialidade (art. 5º, CP): aplica-se alei do lugar do crime;

 b) Princípio da nacionalidade ativa: aplica-se a lei danacionalidade do agente;c) Princípio da nacionalidade passiva: aplica-se a lei da

nacionalidade do agente quando atingir um concidadão;d) Princípio da defesa ou real: aplica-se a lei danacionalidade da vítima ou do bem jurídico ofendido;e) Princípio da justiça universal: o agente fica sujeito à leido Estado no qual for encontrado;f) Princípio da representação ou da subsidiariedade: a lei

 penal nacional aplica-se aos crimes praticados em aeronaves eembarcações privadas, quando no estrangeiro e aí não sejam julgados.

O Brasil adotou, como regra, o princípio da territorialidade. Todavia, adotouuma territorialidade temperada, pois admite a aplicação de tratados e convençõesinternacionais, conforme a segunda parte do art. 5º do CP.

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ATENÇÃO!!! Ocorre a intraterritorialidade quando uma lei alienígena éaplicada a um delito que ocorreu em território brasileiro. Ex: aplicação de leisestrangeiras no caso de crimes praticados por diplomatas e corpo consular.

O Brasil adotou a territorialidade temperada pela intraterritorialidade.Em regra, o Brasil limitou a sua lei penal ao seu território nacional.

Entendendo este como o espaço físico mais o espaço jurídico por ficção ou equiparação, previsto no art. 5º, §1º do CP.Conclusões:a) Quando os navios ou aeronaves brasileiros forem públicos ou estiverem

a serviço do governo brasileiro, quer se encontrem em território nacionalou estrangeiro, são considerados partes do nosso território;

 b) Se privados, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente,seguem a lei da bandeira que ostentam. Os destroços da embarcaçãocontinuam ostentando a bandeira. Na dúvida quanto à bandeira dosdestroços, aplica-se a lei da nacionalidade do agente;

c) Quanto aos estrangeiros em território brasileiro, desde que públicos, não

são considerados parte do nosso território;d) Se o estrangeiro, abordo de navio ou aeronave pública estrangeira em

território brasileiro, pratica crime fora da embarcação e em território brasileiro, tem-se que analisar se o agente desceu a serviço do seu Estadoou não, para então aplicar a legislação própria.

Quando um crime se considera praticado no território nacional?Lugar do crime:a) Teoria da atividade: considera-se lugar do crime aquele em que o

agente desenvolveu a conduta; b) Teoria do resultado: considera-se lugar do crime aquele em que se

 produziu o resultado;c) Teoria mista ou da ubiqüidade: considera-se lugar do crime aquele em

que se desenvolveu a conduta ou se produziu o resultado (art.6º do CP).Obs: Se em território brasileiro unicamente ocorre o planejamento ou

 preparação do crime, o fato não interessa ao direito brasileiro. Ou seja, tem que haver oinício da execução.

ATENÇÃO!!! Quando um navio atravessa o território nacional apenas como passagem necessária, para chegar ao seu destino (no nosso território não atracará) não seaplica a lei brasileira, respeitando-se o “princípio da passagem inocente”, previsto emtratados internacionais e na Lei nº 8.617/93.

Esta referida lei só abrange navios, não abrangendo aviões. Apesar de haver doutrinadores que defendem a sua aplicação também a aviões, todavia, esse não é oespírito da lei.

Crime à distância, também chamado de espaço máximo

O delito percorre territórios de vários Estados soberanos, gerando conflitointernacional de jurisdição.

Qual país aplicará a sua lei?A solução desse conflito se encontra no art.6º do CP (Teoria da Ubiqüidade).Que não se confunde com o crime plurilocal, onde o delito percorre territórios

do mesmo país soberano. Nesse caso, gera conflito interno de competência. Qual juiz

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aplicará a lei. E a solução regra é o art.70 do CPP, que adotou a teoria do resultado. (Acompetência será do lugar em que se consumar o delito).

Extraterritorialidade

O local do crime é o estrangeiro e a lei aplicável é a brasileira.Previsão legal: art. 7º do CP.

Art. 7o Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos noestrangeiro:c Art. 7o do CPM.

I – os crimes:a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (Princípioda defesa ou real);b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,

de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedadede economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo PoderPúblico (Princípio da defesa ou real);c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço(Princípio da defesa ou real);d ) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado noBrasil (Possui três correntes: 1. Princípio da justiça universal – sepreocupa com a tutela de bens jurídicos universais onde quer que eletenha sido ofendido; b) Princípio da defesa ou real – se preocupa coma tutela do bem jurídico desde que ofendido contra brasileiros; c)

Princípio da nacionalidade ativa);II – os crimes:a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir(Princípio da justiça universal);b) praticados por brasileiro (Princípio da nacionalidade ativa);c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantesou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí nãosejam julgados (Princípio da representação).§ 1o Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira,ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro (Hipóteses deextraterritorialidade incondicionada).

§ 2o Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende doconcurso das seguintes condições (Hipóteses de extraterritorialidadecondicionada):a) entrar o agente no território nacional;c Súm. no 1 do STF.

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileiraautoriza a extradição;d ) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro

motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.c Arts. 107 a 120 deste Código.

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§ 3o A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido porestrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condiçõesprevistas no parágrafo anterior (Hipótese de extraterritorialidadehipercondicionada, pois precisa atender as condições do §2º + §3º);(Duas correntes: 1º corrente – FMB e LFG entendem que se aplica o

Princípio da nacionalidade passiva; 2º corrente (majoritária) –Princípio da defesa ou real. Pois a primeira corrente se aplica nahipótese de crime de nacional contra nacional, o que não ocorrenesse caso, que é estrangeiro contra nacional):a) não foi pedida ou foi negada a extradição;b) houve requisição do Ministro da Justiça.O que fundamenta a extraterritorialidade deste crime é o Princípio da defesa ou real.

Art.7º, §2º - extraterritorialidade condicionada

Exemplo: Brasileiro mata norte-americano em território estrangeiro. para queo CPB atinja esse nacional, é necessária as seguintes condições:

a) Entrar o brasileiro em território nacional (Entrar não significa aqui permanecer, podendo ficar por apenas alguns minutos; Territórionacional, nesse caso, abrange tanto o espaço geográfico quanto o espaço

 jurídico); b) O fato precisa ser punível também no país em que foi praticado (ex:

Bigamia em países que o aceitam não será perseguido aqui);c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a

extradição (usar a mesma listagem de crimes passíveis de extradição para(Lei 6.815/80, art. 77, IV do Estatuto do estrangeiro) perseguir o

nacional, ou seja, somente naqueles crimes cuja pena de prisão for superior a 01 ano de prisão);d) Não ter sido o agente absolivido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a

 pena;e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não

estar extinta a sua punibilidade, segundo a lei mais favorável.

Qual a jurisdição irá processar e julgar o homicida brasileiro?Regra – Justiça estadual, salvo se presentes as hipóteses do art. 109 da CF/88.

Qual o território competente?

Art. 88 do CPB, capital do estado no qual este estiver residido por último e,caso nunca tiver residido no Brasil, a capital federal.

 Na hipótese de um crime contra o Presidente da República cujo resultado sejaa morte deste, a alínea “a” do inciso I do art. 7º só será aplicada se o bem jurídicoofendido for a vida ou a liberdade desta autoridade. No caso, por exemplo, de latrocínionão será aplicada a essa hipótese.

O art. 7º, §1º encontramos uma exceção à vedação do “bis in idem”, é umaexceção ditada pela soberania nacional: “Será punido de acordo segundo a lei brasileira,ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro”.

Francisco de Assis Toledo leciona que o art.8º evita a ocorrência do “bis inidem”. Todavia, o art. 8º atenua o bis in idem, uma vez que esse princípio possui três

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aspectos, qual sejam: processual, condenatório e sancionatório, o referido artigo vedaapenas o terceiro aspecto.

 NPB X ALTERAÇÃO DO COMPLEMENTO

1º corrente – alteração benéfica retrage;2º corrente – alteração não retroage, mesmo que mais benéfica;3º corrente – NPB homogênea (Lei complementada por lei – alteração

 benéfica retroage); NPB heterogênea (Lei complementada por portaria – só retroage sehouver mudança benéfica da figura abstrata, ou seja, mudar o crime. Obs: meramodificação de circunstâncias, atualizações, não retroage);

4º corrente – NPB homogênea (Lei complementada por lei – alteração benéfica retroage); NPB heterogênea (Lei complementada por portaria – a alteração benéfica retroage, desde que não possua caráter excepcional ou temporário. Art.3º, CP)

Ex: Art. 237 do CP – Crime de conhecimento prévio de impedimento.É uma norma penal em branco complementada pelo Código Civil, uma vez

que os impedimentos se encontram nele. Se trata de NPB homogênea.Para a 1º corrente, retroage.Para a 2º corrente, não retroage.Para a 3º e 4º correntes, retroage.Para as correntes que aceitam que a NPB deste caso retroage, existe uma

verdadeira abolitio criminis.

2º Ex.Art. 33 da Lei 11.343/06.Tráfico de drogas. Complemento se encontra em uma portaria.

 NPB heterogênea.Caso: “A” foi preso vendendo lança perfume – lei posterior aboliu a substancia

da portaria.A 1º, 3º e 4º correntes aceitam que a lei retroage, por motivos diversos.

3º ex:Art. 2º, VI – crimes contra a economia popular.Vender por preço superior ao tabelado.

 NPB heterogênea.Caso: “A” vendeu carne em período de crise econômica acima da tabela do

governo.

Para a 3º corrente não retroage porque se trata de uma mera atualização e a 4ºcorrente também não retroage porque possui caráter excepcional ou temporário.

Validade da Lei Penal em relação às pessoas

A lei penal se aplica a todos, nacionais e estrangeiros, por igual, não existindo privilégios pessoais. Há, no entanto, pessoas que em virtude das suas funções ou emrazão de regras internacionais são imunes, desfrutam de imunidades. Logo, longe deuma garantia pessoal, trata-se de necessária prerrogativa funcional, proteção ao cargo oufunção.

IMUNIDADES

Privilégio PrerrogativaÉ uma exceção da lei comum deduzida da É um conjunto de precauções que rodeiam

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situação de superioridade das pessoas quea desfrutam

a função e que servem para o exercíciodesta

É subjetivo e anterior à lei É objetiva e deriva da leiTem essência pessoal Anexo à qualidade do órgãoPrivilégio frente à lei É conduto para que a lei se cumpra

É próprio das aristocracias das ordenssociais (nobreza, clero, etc)

Aristocracias das instituiçõesgovernamentais

Imunidades DiplomáticasPrerrogativa de direito público internacional de que desfrutam:

a) Os chefes de governo ou de Estado estrangeiro, sua família emembros da comitiva;

 b) Embaixador e sua família;c) Os funcionários do corpo diplomático e família;d) Funcionários das organizações internacionais, quando em

serviço (ONU).A lei penal possui o preceito primário e o preceito secundário. Enquanto o

 primeiro traz o comportamento proibido o segundo carrega as conseqüências jurídicas.A imunidade diplomática atinge apenas o segundo preceito, sendo o diplomata

 processado e julgado em seu país de origem.

 

Apesar de todos deverem obediência ao preceito primário da lei penal do paísem que se encontram (característica da generalidade da lei penal), os diplomatasescapam à sua conseqüência jurídica, permanecendo sob a eficácia da lei penal doEstado a que pertencem.

Obs: a presente imunidade não impede a investigação policial, principalmente para se resguardar os vestígios do crime.

 Natureza jurídica da imunidade diplomática

 

1º corrente – causa pessoal de isenção de pena (majoritária);2º corrente – causa impeditiva da punibilidade;

O diplomata não pode renunciar à sua imunidade, porque não lhe pertence,mas ao cargo. Todavia, o país de origem pode retirar expressamente a imunidade dodiplomata.

Diplomata Agente consular 

Tem imunidade:•  Nos crimes comuns;•  Nos crimes funcionais.

Tem imunidade:•  Nos crimes funcionais.

Tem funções meramente funcionais

Quanto à territorialidade das embaixadas, mesmo havendo divergências entrealguns doutrinadores, prevalece que as mesmas não fazem parte do território do paísque representam, tendo em vista que as sedes diplomáticas, de acordo com a Convenção

 

de Viena, possuem apenas inviolabilidade.

Imunidades parlamentaresPodem ser absolutas ou relativas

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Imunidade parlamentar absoluta (material, real, substancial, inviolabilidade ouindenidade (Zaffaroni)):

Previsão: art. 53, caput , da CF/88.Obs: O STF abrange a inviolabilidade administrativa e política.

 Natureza jurídica desta espécie de imunidadeCorrentes:

1. Causa excludente de crime (Pontes de Miranda);2. Causa que se opõem à formação do crime (BasileuGarcia);3. Causa pessoal de exclusão de pena (Aníbal Bruno);4. Causa de irresponsabilidade (Magalhães Noronha);5. Causa de incapacidade pessoal penal por razões políticas(Frederico Marques);6. Causa de atipicidade (LFG e STF).

Imunidade parlamentar absoluta (causa de atipicidade) – o fato é atípico para o parlamentar, bem como para todos que nele concorreram.

Como fica a Súmula 245 do STF?“A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem essa prerrogativa”.Diante desse novo posicionamento do STF conclui-se que a súmula 245 só se

aplica à imunidade formal.Quais os limites da imunidade absoluta?• Deve haver um nexo funcional – as palavras e opiniões devem estar 

relacionadas ao exercício da função. Se a ofensa ocorre nas dependências da Casa

Legislativa, o nexo funcional é presumido, ao contrário, se a ofensa ocorre fora dasdependências da Casa Legislativa, o nexo funcional deve ser comprovado (STF). Oinstituto da imunidade absoluta não permite ações estranhas ao mandato, como ofensas

 pessoais, sem que haja conseqüências. A não se entender assim, estarão os parlamentares acima do bem e do mal, blindados, a mais não poder, como se o mandatofosse um escudo polivalente (Inq.2.813/STF);

Imunidade parlamentar relativa

• Imunidade parlamentar relativa ao foro por prerrogativaPrevisão legal: art. 53, § 1º, da CF/88.

Início: desde a expedição do diploma, não havendo necessidade da posse.Foro: STF, apenas para questões criminais, não sendo para as demais (pensão,demais demandas cíveis, trabalhistas, etc). Terminando o mandato com ele terminaa prerrogativa de foro, logo, o processo já iniciado no STF deverá ser remetido ao

 juízo de 1º grau. Cancelada assim a súmula 394, pois tratava-se de verdadeiro privilégio e não prerrogativa.

 

Obs: O STF, na ação penal 396 decidiu que a renúncia para evitar julgamento visando a prescrição não retira a competência do tribunalsuperior para julgar parlamentar. Decidiu a corte que se trata “fraude processualinaceitável”. O Min. Marco Aurélio, discordando da maioria entendeu que arenúncia é um direito potestativo do parlamentar e que, como tal, deve ser analisadadentro do direito de ampla defesa do réu.

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INTRODUÇÃO A TEORIA GERAL DO DELITO

O Brasil é adepto do sistema binário ou dualista, ou seja, o Brasil divide ainfração penal em duas espécies, crime (delito) e contravenção penal (crime anão – 

 Nelson Hungria –, delito liliputiano, crime vagabundo).

A diferença entre crime e contravenção não é ontológica, mas axiológica. Osfatos mais graves são tipificados crimes enquanto os menos graves como contravenções.A diferença dos crimes para as contravenções é de grau, puramente axiológica,

não ontológica. Os fatos mais graves devem ser rotulados como crimes, os menosgraves como contravenção.

Porte de arma de fogoAntes de 1997 Depois de 1997 Depois de 2003Mera contravenção

 penalPassou a ser tipificado comocrime

Crime Inafiançável

( STF julgou parteinconstitucional)

CRIME X CONTRAVENÇÃO PENALTipos de penas privativas

de liberdadeReclusão e Detenção Prisão Simples (art.6º)– 

deve ser cumprida emregime aberto ou semi-

aberto, jamais em regimefechado, nem mesmo por meio da regressão.

Espécies de ação penalAção penal pública

(condicionada eincondicionada) e ação

 privada

Só admite ação penal pública incondicionada

(art.7º da Lei deContravenções Penais) *

Punibilidade da tentativa A tentativa é punível Não se pune a tentativa(art.4º da LCP), apesar de

ser admitida a tentativa, elasó não será punível

Regras deextraterritorialidade (Lei

 brasileira alcançando fatos praticados no estrangeiro)

Admite-se (art.7º, CP) Não se admite

Competência para o processo e o julgamento

Justiça Estadual ou Federal(comum ou especializada)

Justiça Estadual (art. 109,IV, da CF)**

Limite das penas privativas Limite de 30 anos (art.75,CP)

Limite de 05 anos (art.10,LCP)

Período de prova no“sursis”

Varia, em regra, de 2 a 4anos

De 1 a 3 anos (art.11 daLCP)

*Antes da Lei 9.099/95 a lesão corporal era perseguida mediante ação públicaincondicionada (art.129, “caput”, CP), que correspondia ao art.21 da LCP (vias de fato),também era processada mediante ação pública incondicionada. Um soco em uma pessoa

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era tipificado como lesão corporal, enquanto um puxão de cabelo era “vias de fato”. A partir da edição da referida lei, a lesão corporal passou a ser processada mediante ação pública condicionada. A doutrina então questionou o fato da ação penal da “vias defato” ser incondicionada enquanto a lesão corporal era condicionada. Todavia, o STF eo STJ não concordam com esta conclusão.

** Se houver alguma conexão entre um crime da competência federal e umacontravenção penal, haverá uma separação dos processos, sendo julgado cada infração pela esfera competente. Todavia, a única exceção é a do contraventor com foro especialfederal. Ex: Juiz Federal comete uma contravenção penal.

CRIME

Conceitos:1. Sob o enfoque formal, crime é aquilo que está estabelecido

em uma norma penal incriminadora, sob ameaça de pena;2. Sob o enfoque material, crime é o comportamento humano

causador de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídicotutelado, passível de sanção penal;

3. Sob o enfoque analítico, leva em consideração os

 

elementos que compõem a infração penal, prevalecendo:fato típico, ilicitude e culpabilidade.

Sujeitos (ativo e passivo)

Sujeito ativo: é o autor da infração penal

Quem pode figurar como sujeito ativo?

Pessoa física, com idade igual ou superior a 18 anos, desde que capaz.

Crime comum – o tipo não exige qualidade especial do agente. Admite-secoautoria e participação.

Crime próprio – o tipo exige qualidade especial do agente. Admite-secoautoria e participação.

Crime de mão-propria ou conduta infungível – o tipo exige condição especial

do agente. Admite-se apenas participação, não admitindo-se coautoria. O STF temadmitido exceção no crime de falso testemunho, para advogados que induzemtestemunhas.

Pessoa Jurídica pode praticar crime?

Corrente 1 – A pessoa jurídica não pode praticar crimes ou ser responsabilizada criminalmente. A responsabilidade penal da pessoa jurídica ofende: a)

 princípio da responsabilidade subjetiva (pois não existe dolo ou culpa); b) Princípio daculpabilidade; c) Princípio da responsabilidade pessoal (configurando umaresponsabilidade coletiva); d) Princípio da personalidade das penas (pois a pena passa

da pessoa delinqüente) (Luiz Régis Prado);

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Corrente 2 – A pessoa jurídica pode ser autora de crime ambiental e, portanto,responsabilizada criminalmente (Sergio Salomão Shecaira).

a) Trata-se de responsabilidade objetiva autorizada pelaConstituição Federal;

 b) A pessoa jurídica deve responder por seus atos,

adequando-se o juízo de culpabilidade às suas características;c) Não viola o princípio da personalidade da pena,transmitindo-se, eventualmente, os efeitos da condenação.

Corrente 3 – Apesar de a pessoa jurídica ser um ente autônomo e distinto deseus membros, dotado de vontade própria, não pratica crimes, mas pode ser responsabilizada penalmente nas infrações ambientais (art.3º da Lei 9.605/98). Trata-sede responsabilidade penal social (Fernando Galvão).

O art. 3º, § único, da Lei 9.605/98 traz o sistema da dupla imputação penal, ouseja, a pessoa física pratica o crime e é responsabilizada criminalmente e a pessoa

 jurídica é beneficiada pelo crime, logo, também responsabilizada criminalmente.

Sujeito passivo: Pessoa ou ente que sofre as conseqüências da infração penal

Quem pode ser sujeito passivo?

Sujeito passivo constante ou formal:

É o Estado, titular do mandamento proibitivo, lesado pela conduta do sujeitoativo.

Sujeito passivo eventual ou material:

É o titular do interesse penalmente protegido, podendo ser o homem, a pessoa jurídica ou ente despersonalizado. Crimes, cujo sujeito passivo é um entedespersonalizado é chamado de “crime vago”.

Sujeito passivo próprio: o tipo penal exige condição especial do ofendido. Ex:infanticídio (art. 123 do CP). Temos, nesse caso, o chamado “crime bipróprio”, sendoaquele tipo penal que exige qualidade especial dos dois sujeitos.

Crime de dupla subjetividade passiva: o tipo exige, necessariamente,

 pluralidade de vítimas. Ex: violação de correspondência, as vítimas são o remetente e odestinatário.O morto pode ser vítima de crime?O morto, não sendo titular de direitos, não pode ser sujeito passivo de crime.

Pune-se, entretanto, o delito contra o respeito aos mortos, sendo vítima a família ou acoletividade.

Animais podem ser vítimas de crime?Os animais não podem ser vítimas de crime, sendo meros objetos materiais do

crime, figurando como sujeito passivo o proprietário do animal ou a coletividade.Uma pessoa pode ser sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo de crime?Prevalece que o homem não pode ser sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo

do mesmo crime. Todavia, Rogério Grego leciona que no delito de rixa uma pessoa pode ser autora e vítima ao mesmo tempo, pois enquanto agride é também agredida.

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Pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão mediante seqüestro? (art.159 doCP)

Sim. O crime de extorsão mediante seqüestro tutela dois bens jurídicos, aliberdade e o patrimônio. Como objeto da privação da liberdade pode ser umempresário, mas quem é extorquido a pagar o resgate é a sua empresa. Nesse caso, a

 pessoa jurídica é tão vítima quanto o seqüestrado.Pessoa jurídica pode ser vítima de crime contra a honra?São três as espécies de crime contra a honra, sendo calúnia, difamação e

injúria. Pessoa jurídica não pode ser vítima de calúnia, pois não pode ser imputada decrime. Todavia, pode ser vítima de difamação, mas, da mesma forma, não pode ser vítima de injúria, uma vez que não possui dignidade e nem decoro.

Objetos (material e jurídico)

Objeto material: pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa.Sujeito passivo não se confunde com o objeto material, todavia, há crimes nos quais o

sujeito passivo e o objeto material se reúnem na mesma pessoa. Ex: homicídio.Existe crime sem objeto material?A doutrina admite e dá dois exemplos, ato obsceno e falso testemunho.

Objeto jurídico: é o bem ou interesse tutelado pela norma, temos o chamado“delitos pluriofensivos”, sendo aqueles que lesam ou expõem a perigo de dano mais deum bem jurídico. ex: latrocínio (ofende o patrimônio e a vida).

É possível crime sem objeto jurídico? Não é possível crime sem objeto, pois o objetivo precípuo do Direito Penal é a

 proteção de bens jurídicos. Crime que não tutela objeto jurídico é ilegítimo.

Crime e seus elementos estruturais

Crime e sua estrutura:

Inúmeros são os fatos que ocorrem no mundo jurídio (princípio damaterialização dos fatos), pois trabalhamos com o Direito Penal dos Fatos.

Esses fatos podem ser humanos ou da natureza. Fatos da natureza, nos quaisnão participam o homem não interessa ao Direito Penal.

Todos os fatos humanos interessam ao Direito Penal?Sendo o DP seletivo, a ele só interessa os fatos humanos indesejados e,

norteado pelo princípio da intervenção mínima, apenas os fatos humanos indesejados, produtora de um resultado (nexo causal), dentro de um ajuste forma e material(tipicidade) a um tipo previsto em lei, tem-se um fato típico.

Todavia, para se ter um crime é necessário, além da tipicidade, ter ainda ailicitude e a culpabilidade.

A punibilidade aparece como conseqüência jurídica do crime, ou seja, dareunião do fato típico, ilícito e culpável.

Fato Típico

Conceito:

Analítico: É o primeiro substrato do crime.

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Material: Fato humano indesejado, norteado pelo princípio da intervençãomínima, consistente numa conduta produtora de um resultado, com ajuste formal ematerial ao tipo penal.

Elementos do fato típico:a) Conduta:

Teoria causalista – para esta teoria, o crime tem três substratos, possuindo fatotípico, ilícito e culpável, sendo o crime tripartite. Para esta teoria, aculpabilidade é formada apenas pela imputabilidade, sendo espécies daculpabilidade o dolo e a culpa. Para ela, a conduta se encontra no fato típico.Logo, a conduta, que se refere ao fato típico, é a ação humana voluntáriacausadora de modificação no mundo exterior. Obs: Dolo e culpa estão naculpabilidade como espécies. Não abrange a omissão. Só reconhece no tipoelementos objetivos.Para o causalista o tipo penal tem os seguintes elementos:

a) Objetivos – percebidos pelos sentidos; b) Normativos – demandam juízo de valor;

c) Subjetivos – indicam a finalidade do agente.Para esta teoria, o “tipo normal” só tem elementos objetivos, enquanto o “tipoanormal”, possui também elementos normativos e subjetivos.Críticas:

a) O conceito de conduta não abrange os crimesomissivos;

 b) Dolo e culpa na culpabilidade;c) Não reconhecer elementos não objetivos no tipo.

Teoria Neokantista: possui base causalista e também divide o crime em trêssubstratos, sendo igualmente tripartite.

Para esta teoria, a culpabilidade é formada pelaa) Imputabilidade;

 b) Exigibilidade de conduta diversa;c) Dolo; ed) Culpa.

 Note que o dolo e a culpa deixam de ser espécies da culpabilidade e passam aser elementos dela.

Para a teoria neokantista, a conduta é comportamento humano, voluntário,causador de modificação no mundo exterior. Obs: Dolo e culpa permanecem naculpabilidade, não mais como espécies, mas sim como elementos. Abrange crimes

omissivos. Reconhece elementos não objetivos no tipo.Críticas:a) Dolo e culpa na culpabilidade;

 b) Partindo de conceitos causalistas, ficou contraditória quando reconheceuelementos não objetivos do tipo.

 b) Resultado:c) Nexo causal:d) Tipicidade:

Teoria Finalista

Crime também é fato típico, ilícito e culpável.

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Para esta teoria, a culpabilidade é imputabilidade, exigibilidade de condutadiversa e potencial consciência da ilicitude.

A conduta é comportamento humano voluntário causador de modificação nomundo exterior psiquicamente dirigido a um fim (ilícito – todavia, caso houvesse aconsciência da ilicitude, não poderia explicar o crime culposo).

Obs: Dolo e culpa migram para o fato típico. Daqui nasce a expressão: “ocausalismo é cego; o finalismo, vidente”.Críticas:1. Não abrange os crimes culposos. Obs: o finalista corrigiu a própria

teoria alterando o conceito de conduta para abranger os crimesculposos.

2. Centraliza a teoria no desvalor da conduta, ignorando o desvalor do resultado.

Teoria Finalista DissidentePara esta teoria, crime é fato típico e ilicitude. Obs: a culpabilidade não integra

o crime, é mero pressuposto de aplicação da pena, juízo de censura.Quanto à conduta, o conceito continua o mesmo.

Teoria social da açãoPara esta teoria, crime é tripartite, sendo fato típico, ilícito e culpável. Sendo aculpabilidade formada pela imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e

 potencial consciência da ilicitude.A conduta está no fato típico, que vem a ser comportamento humano

voluntário, psiquicamente dirigido a um fim socialmente relevante.Obs: dolo e culpa permanecem no fato típico, mais especificamente na

conduta. Dolo e culpa voltam a ser analisados na culpabilidade.Crítica:

 Não há clareza no que significa fato socialmente relevante.

Teorias mais modernas sobre o delito

Funcionalismo – é uma corrente dentro da filosofia do Direito Penal que buscadesvendar a missão desta matéria. Surgiu na Alemanha em 1970. Temos doisfuncionalismos, o teleológico e o sistêmico.

Teoria funcionalista teleológica ou moderada de Roxin

Para esta teoria o crime é tripartite, sendo fato típico, ilícito e reprovável(reprovabilidade). Sendo este último substrato constituído da imputabilidade,exigibilidade de conduta diversa, potencial consciência da ilicitude e necessidade da

 pena.Para Roxin, não havendo necessidade da pena, o fato não é reprovável e, sendo

assim, não há crime.Para Roxin, a culpabilidade é uma culpabilidade funcional, que vem a ser um

limite da pena, não integrando o crime.Conduta está no fato típico, que vem a ser comportamento humano voluntário,

causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.Obs: Dolo e culpa no fato típico. Para este jurista, a missão do Direito Penal é

 proteger bens jurídicos indispensáveis ao homem.Crítica:

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1. Reprovabilidade como elemento integrante do crime;2. A culpabilidade funcional como limite da pena.Para Roxin, a culpabilidade é algo que limita a pena, não explicando o que ela

é, mas apenas para o que serve.

Teoria funcionalista sistêmica ou radical ou funcionalismo de JakobsPara este autor, crime continua sendo tripartite, sendo fato típico, ilícito eculpável. A culpabilidade é constituída de imputabilidade, exigibilidade de condutadiversa e potencial consciência da ilicitude.

Para ele, conduta é comportamento humano voluntário violador do sistema,frustrando as expectativas normativas. Obs: Dolo e culpa no fato típico. Para Jakobs amissão do Direito Penal é resguardar o sistema, o império da norma.

Aquele que não respeita o sistema é seu inimigo (Teoria do Direito Penal doInimigo).

Roxin trabalha com o princípio da insignificância, enquanto Jakobs sim, poisuma pequena lesão a um bem jurídico é tão significativa quanto uma grande lesão.

Critica:1. Serve aos Estados totalitários.

Características do Direito Penal do inimigo:1. Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios. Sendo

o crime dividido entre “cogitação, preparação, execução e resultado”, asdemais teorias iniciam a punibilidade a partir da execução, todavia, estateoria antecipa a punibilidade para a fase da preparação. No Brasil, atipificação da quadrilha ou bando, para muitos, é exemplo de ato

 preparatório punível;2. Criação de tipos de mera conduta (todos os crimes omissivos puros,

violação de domicilio, crimes obscenos);3. Criação de tipos de perigo abstrato;4. Inobservância dos princípios da ofensividade e exteriorização do fato;5. Flexibilização do princípio da legalidade (descrição vaga dos crimes e das

 penas);6. Preponderância do Direito Penal do autor em prejuízo do Direito Penal do

fato;7. Surgimento das chamadas “Leis de luta e de combate”;8. Restrição de garantias penais e processuais (Direito Penal de terceira

velocidade).

Cada velocidade está ligada a um momento histórico no Direito Penal.DP de 1º velocidade – preponderava pena privativa de liberdade;DP de 2º velocidade – fomenta penas alternativas;DP de 3º velocidade – imposição de penas sem observância das garantias

 penais e processuais.A doutrina afirma que o Código Penal brasileiro adotou a teoria finalista

(prevalece tripartite).A doutrina moderna trabalha com o funcionalismo de Roxin, corrigindo a

culpabilidade.Obs: O Código Penal Militar é causalista!!!

Hipóteses de ausência de conduta

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Causalismo até o funcionalismo, o começo é idêntico, sendo a conduta ummovimento humano voluntário (denominador comum).

1. Caso fortuito ou força maior (exclui voluntariedade, não há conduta);2. Coação física irresistível (dizem até que o agente não possui movimento

 próprio, mas lhe movimentam. A coação moral não exclui conduta, exclui

culpabilidade);3. Movimento reflexo (o agente não é dominável pela vontade, logo, nãoconfigura conduta). Obs: cuidado com os movimentos reflexos previsíveis;

4. Estados de inconsciência (sonambulismo ou hipnose).

Fato Típico

Conduta

Espécies de conduta – Dolo e Culpa:

1. Dolo

Crime dolosoPrevisão legal: art.18, I, CP.

 

Conceito – dolo é a vontade livre e consciente dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a conduta prevista no tipo penal incriminador.

A liberdade da vontade não é questão a ser analisada na conduta mas naculpabilidade.

Elementos da conduta (dolo):1. Elemento intelectivo – consciência2. Elemento volitivo – vontade

Teorias do Dolo: (art.18, I, CP)1. Teoria da Vontade: Dolo é a vontade consciente de querer praticar a

infração penal (...quando o agente quis o resultado. Dolo direto);2. Teoria da representação: Dolo é sempre que o agente tiver tão somente a

 previsão do resultado como possível e, ainda assim, decide continuar aconduta. Obs: Esta teoria acaba por abranger no conceito de dolo a culpaconsciente;

3. Teoria do consentimento ou assentimento: é um desdobramento daanterior. Fala-se em dolo sempre que o agente tiver apenas a previsão do

resultado como possível e, ainda assim, decide continuar a conduta,assumindo o risco de produzi-lo (... assumiu o risco de produzi-lo.doloeventual).

Espécies de dolo

1. Dolo Direto ou Determinado – configura-se quando o agente prevêum (determinado) resultado, dirigindo a sua conduta na busca derealizá-lo.

A dirige a sua conduta B

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2. Dolo Indireto ou Indeterminado – o agente com a sua conduta não busca resultado certo e determinado.

2.1. Dolo alternativo – o agente prevê uma pluralidade de resultados, dirigindosua conduta para realizar um ou outro.

A dirige a conduta B (atira para matar ou ferir, a intensidadeda vontade é a mesma. Quer tanto a lesão corporal quanto a morte, tanto faz)

2.2. Dolo eventual – o agente também prevê pluralidade de resultados, dirigesua conduta para realizar um, assumindo o risco de realizar o outro.

A dirige a conduta B (intensidade vontade diversas. Quer alesão corporal, mas assume o risco da morte)

3. Dolo Direto de 1º grau = dolo direto ou determinado

4. Dolo Direto de 2º grau = de conseqüências necessárias

Consiste na vontade do agente dirigida a determinado resultado, efetivamentedesejado, em que a utilização dos meios para alcançá-lo inclui, necessariamente, efeitoscolaterais de verificação praticamente certa. O agente não deseja imediatamente osefeitos colaterais, mas tem por certa a sua superveniência, caso se concretize o resultado

 pretendido.Ex: o agente quer matar um desafeto e para tanto explode um avião. Quanto ao

homicídio do desafeto, o agente responde por homicídio de 1º grau, quanto aos demaishomicídios, como conseqüência da explosão, o agente responderá por homicídio de 2ºgrau.

Diferença entre dolo de 2º grau e dolo eventualDolo de 2º Grau Dolo EventualO resultado paralelo não imediatamentequerido é certo e necessário;

O resultado paralelo não querido é incerto,eventual, possível e desnecessário

5. Dolo Cumulativo – o agente pretende alcançar dois resultados, emseqüência. É o dolo típico de uma espécie de infração penal,

 presente na progressão criminosa. Sempre que houver a progressão

criminosa, haverá também o dolo cumulativo;6. Dolo de Dano – a vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado;

7. Dolo de Perigo – o agente atua com a intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado;

8. Dolo Genérico – o agente tem vontade de realizar a condutadescrita no tipo penal, sem um fim específico;

9. Dolo Específico – o agente tem vontade de realizar a condutadescrita no tipo penal com um fim específico. Ex: art.299,CP...”com o fim de...”. Obs: Essa classificação do dolo estáultrapassada. O “fim específico” é chamado de elemento subjetivo

do tipo;

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10. Dolo Geral (erro sucessivo) – ocorre quando o agente, supondo játer alcançado um resultado por ele visado, pratica nova ação queefetivamente o provoca;

11. Dolo Normativo – é preciso lembrar da teoria neokantista que, deacordo com esta teoria, crime é fato típico, ilícito e culpável. Para

esta teoria a culpabilidade é formada de imputabilidade,exigibilidade de conduta diversa, culpa e dolo (sendo o dolocomposto de consciência, vontade e consciência atual da ilicitude.A consciência atual da ilicitude é o elemento normativo, fazendodeste dolo o dolo normativo). Definição: criado pela “Teoria

 Neokantista”. Elemento da culpabilidade composto de consciência,vontade e consciência atual da ilicitude (seu elemento normativo);

12. Dolo Natural – É preciso lembrar da “Teoria Finalista”, para a qualo crime também é fato típico, ilícito e culpável. Sendo aculpabilidade formada pela imputabilidade, exigibilidade deconduta diversa e potencial consciência da ilicitude. O dolo migra,

segunda esta teoria, para o fato típico. O dolo é composto deconsciência e vontade (só possui elementos naturais, é despido deelementos normativos) – por isso dolo natural. Definição: Criado

 pela “Teoria Finalista”. Migra da culpabilidade para o fato típico,composto de consciência e vontade (despido de elementonormativo);

O dolo normativo e o dolo natural não estão no Código Penal, pois o nossocódigo não adota a “Teoria Neokantista”. Essas espécies de dolo só existem na doutrina.

13. Dolo de Propósito – é o dolo refletido. Pode-se afirmar que existedolo de propósito no crime premeditado (cuidado: a premeditaçãonem sempre agrava a pena, pois ela por si só não qualifica oumajora o crime);

14. Dolo de Ímpeto – É o dolo repentino. Configura atenuante de pena;

Para a “Teoria Finalista”, o dolo se encontra no tipo, enquanto a doençamental é uma excludente de culpabilidade, logo, o doente mental tem dolo. O doentemental tem consciência e vontade dentro do seu precário mundo valorativo.

2. Culpa

Art. 18, II do CP.

 

Crime culposo: consiste numa conduta voluntária que realiza um fato ilícitonão querido pelo agente, mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era

 previsível (culpa inconsciente) e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devidocuidado. (art. 33, II do CPM)

Elementos da culpa:

1. Conduta voluntária – a vontade circunscreve-se à realização daconduta e não à produção do resultado;

2. Violação de um dever de cuidado objetivo – o agente atua em

desacordo com o que esperado e pela sociedade;Formas de violação do dever:

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a) Imprudência – afoiteza; b) Negligência – ausência de precaução;c) Imperícia – falta de aptidão técnica para o exercício de arte,ofício ou profissão.Essas são as modalidades de culpa!!! Elas têm que constar da

denúncia, caso contrário, ela será inepta. Qual foi amodalidade da culpa e no que ela consistiu.Ex: Fulano de tal, limpando a sua arma perto de terceira pessoa,nisso, aliás, consistiu a sua negligência,...Para alguns doutrinadores, a conduta imprudente é uma evoluçãoda conduta negligente e a imperícia é uma evolução danegligência. Na dúvida, fique com o gênero (Juarez Tavares).Se o promotor disse que o réu foi negligente e, na fase deinstrução processual, o juiz entender que, na verdade, ele foiimprudente, o juiz terá que aplicar o art. 348 do CPP “mutatiolibeli”. Pois tem que abrir oportunidade para que o réu se defenda

da imprudência.3. Resultado naturalístico – Quando afirma-se que há resultado

naturalístico, está se afirmando que o crime culposo é crimematerial. EXCEÇÃO: crime culposo que dispensa resultadonaturalístico. Art. 38 da Lei 11.343/06. o crime se consuma com o“prescrever”, o paciente não precisa nem mesmo fazer uso dasdrogas, não sendo necessário o resultado naturalístico, qual seja, ouso da droga;

4. Nexo causal;5. Previsibilidade – possibilidade de conhecer o perigo. não se

confunde previsibilidade com previsão, pois esta é consciência do perigo, ciência dele. Pra culpa basta previsibilidade. Todavia, temum crime culposo que não tem presibilidade, mas sim previsão. Aculpa consciente. Já previsibilidade está presente na culpainconsciente;

6. Elemento tipicidade (art. 18, § único CP) – se não tem previsãoexpressa da culpa, significa que o crime só pode ser punido namodalidade dolosa. Para punir com culpa o legislador tem que ser expresso.

Previsibilidade subjetiva: como elemento da culpa – divergênciana doutrina.

Obs: A previsibilidade subjetiva, isto é, sob o prisma subjetivo doautor, levando em consideração seus dotes intelectuais, sociais eculturais, de acordo com a doutrina moderna, não é elemento daculpa, mas será considerada no juízo da culpabilidade.O crime culposo está descrito em um tipo aberto. Por que?Porque o juiz valora a conduta para concluir se houvenegligência, imprudência ou imperícia. O legislador não diz o queconfigura imprudência, negligência e imperícia.Entretanto, há um crime culposo no qual o legislador já diz deantemão que o crime é culposo, retirando do juiz esse julgamentovalorativo. Alguns doutrinadores chegam a chamar esse tipo

 penal de “fechado”. É a receptação culposa, previsto no art.180,§3º do CP.

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Espécies de culpa:

1. Culpa consciente – o agente prevê o resultado, mas espera que ele nãoocorra, acreditando na sorte e/ou nas suas habilidades. É a chamada

culpa com previsão;2. Culpa inconsciente – o agente não prevê o resultado, que, entretanto, lheera previsível. É uma culpa sem previsão, sendo uma culpa com

 previsibilidade;3. Culpa “in re ipsa”, (culpa presumida) – tratava-se de espécie de culpa

admitida pela legislação penal existente no Brasil antes do CódigoPenal de 1940, e consistia na simples inobservância de umadisposição regulamentar. Hoje, a culpa não mais se presume,devendo ser comprovada. Bastava não observar uma legislaçãoregulamentar que a culpa já era presumida;

4. Culpa própria ou propriamente dita – é aquela em que o agente não quer e

nem assume o risco de produzir o resultado. É a culpa propriamentedita;

5. Culpa imprópria – percebe-se que a culpa imprópria não verdade não éculpa. É aquela em que o agente, por erro evitável, fantasia certasituação de fato, supondo estar agindo acobertado por umaexcludente de ilicitude (descriminante putativa) e, em razão disso,

 provoca intencionalmente um resultado ilícito (art.20, §1º, CP).Apesar da ação ser dolosa, o agente responde por culpa. AESTRUTURA DO CRIME É DOLOSA, PORÉM ELE É PUNIDOCOMO SE CULPOSO FOSSE.São três os sinônimos de culpa imprópria:

a) Culpa por equiparação; b) Culpa por assimilação;c) Culpa por extensão.

Consciência VontadeDolo Direto O agente prevê o resultado Quer o resultadoDolo eventual O agente prevê o resultado Assume o riscoCulpa consciente O agente prevê o resultado,

 por isso ela é chamada de

culpa com previsão

Todavia, o agente não quer e nem assume o risco. Mas

acredita que o resultadonão vai ocorrer Culpa inconsciente O agente não prevê o

resultado, mas o resultadoera previsível

 Nesse caso, não há vontade

Prevalece nos tribunais superiores que “racha” é dolo eventual.Enquanto isso, nos tribunais superiores prevalece o entendimento de que o

crime cometido em decorrência de acidente de transito, no qual o agente se encontraembriagado, é culpa consciente.

CRIME PRETERDOLOSO

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Previsão legal: art.19 do CP

 Nós temos várias espécies de crimes qualificados pelo resultado.a) Podemos ter um crime doloso qualificado dolosamente: homicídio

qualificado (art.121, §2º);

 b) Crime culposo qualificado culposamente: incêndio culposoqualificado pela morte culposa (art.250 do CP);c) Crime culposo qualificado dolosamente: homicídio culposo

qualificado pela omissão de socorro (art. 121, §4º, do CP);d) Crime doloso qualificado culposamente: lesão corporal seguida de

morte (art.129, §3º). Somente esta última espécie é que traz ocrime preterdoloso.

Conceito: o crime preterdoloso é uma das hipóteses de crime qualificado peloresultado, onde há dolo no antecedente e culpa no conseqüente. No crime preterdoloso oagente pratica o crime distinto do que havia projetado cometer, advindo resultado mais

grave, decorrência de culpa. Cuida-se de espécie de crime qualificado pelo resultado,havendo verdadeiro concurso de dolo e culpa no mesmo fato (dolo no antecedente eculpa no conseqüente). FIGURA HÍBRIDA, É A MESMA COISA DE CRIME

 

HÍBRIDO.

Elementos do preterdolo:

1. Conduta dolosa visando determinado resultado;2. Resultado culposo mais grave do que o projetado – se

decorrência de caso fortuito ou força maior, não se atribui aoagente;

3. Nexo causal.

Ex 1: duas pessoas brigam. Uma dá um soco na outra, o querecebeu o saco cai e bate a cabeça na quina da mesa, morrendo.Responde por qual tipo penal? Lesão corporal seguido de morte?Para a culpa basta a possibilidade, previsibilidade (previsível).

 Neste caso era previsível e, portanto, o resultado será atribuído aoque deu o soco, respondendo por culpa.

Ex 2: nas olimpíadas um cubano se sentindo prejudicado pela

arbitragem, desfere um chute na cabeça do árbitro que, caindo, batea cabeça em um prego solto no tatame. Como esse prego não era previsível naquele ambiente, o cubano só responderia por lesãocorporal.

Obs: lesão corporal seguida de morte tem previsão específica – art.129, § 3º, CP.

E o empurrão seguido de morte?O empurrão não é lesão, é vias de fato (lesão corporal prevista noartigo 21 do LCP). Responderá por homicídio culposo e a

contravenção fica absorvida. Não fazer analogia com o art. 129, §3ºdo CP.

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ERRO DE TIPO

Conceito: É a falsa percepção da realidade. Erro que recai sobre aselementares, circunstâncias ou qualquer dado agregado ao tipo penal.

Cuidado para não confundir “erro de tipo” com “erro de proibição”.

DIFERENÇASERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO

O agente tem falsa percepção darealidade. Isto é, o agente não sabe o quefaz;

O agente percebe a realidade, isto é, elesabe o que faz mas desconhece ser ilícito;

O erro de tipo se divide em duasespécies:

a) Essencial – recai sobre dados principais do tipo. Se alertado do erro oagente deixa de agir;

O erro de tipo essencial se sub-divide em evitável e inevitável.

 b) Acidental – recai sobre dados periféricos do tipo. Se alertado do erro oagente prossegue na execução da condutadelituosa.

O erro de tipo acidental se sub-divide em cinco espécies:

1. Sobre o objeto;2. Sobre a pessoa;3. Na execução;4. Resultado diverso do

 pretendido5. Sobre o nexo

Erro de tipo essencial:

Previsão legal: art. 20, caput .

Conceito: erro sobre elementares, dados principais do tipo penal.

Exemplo: caçador atira contra arbusto pensando matar animal, mas percebeesconder-se um homem

Conseqüências:Se o erro foi inevitável, exclui-se o dolo e a culpa, pois não existe consciência,

logo, não há dolo. Exclui-se a culpa porque, se o erro era inevitável, não haveria comoter previsibilidade. Se não tem dolo e não tem culpa está isento de pena.

Se o erro era evitável, exclui-se o dolo, porém pune-se a culpa (se obviamente

houver modalidade culposa no tipo). Exclui o dolo porque não houve consciência.

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Pune-se a culpa porque se o erro era evitável significa que era previsível (existe previsibilidade).

Qual é o parâmetro para se concluir pela evitabilidade ou inevitabilidade deum erro? O parâmetro é trazer para o exemplo o chamado “homem médio”, que é umhomem de diligência mediana.

A segunda corrente não trabalha com o conceito de “homem médio”, elatrabalha com o caso concreto. Trabalha com a hipótese de se o agente, no caso concreto, poderia evitar.