resumo da minha tese - revista plural

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    PLURAL, Revista do Programa de Ps Graduao em Sociologia da USP, So Paulo, v.19.1, 2012, pp.167182

    Teses

    Alessandra Teixeira Orientador Sergio Frana Adorno de AbreuTtulo Construir a delinquncia, articular a criminalidade. Um estudo sobre a gesto dos ilegalismos na cidade de So Paulo Resumo O objeto deste estudo situa-se no campo poroso das prticas ilcitas e sua represso, no contexto da cidade de So Paulo, a partir da dcada de 30 do sculo XX. Atravs da categoria de anlise ilegalismo e sua gesto diferenciada, investigou-se de que maneira prticas de controle social remotas e prolongadas, marcadas pelo arbtrio policial e pela desativao seletiva da lei, como as detenes correcionais, conectaram-se a economias criminais urbanas que, at meados da dcada de 60, se estabeleceram sobretudo em torno da prostituio, bem como estiveram implicadas em seu declnio. As detenes correcionais, enquanto modos de se imiscuir nas atividades criminais pelas foras policiais, associadas ainda a padres exagerados de violncia institucional, se revelaram cruciais emergncia da delinquncia urbana, na dcada de 70, como fen-meno atinente criminalidade patrimonial de massa, difusa, de rua. J nos anos 90, a consolidao de uma nova economia criminal urbana, o comrcio varejista de drogas ilcitas, ao lado do intenso recrutamento daquela crimina-lidade avulsa e patrimonial priso, contribuiu emergncia de um fenmeno atribudo neste trabalho como articulao da criminalidade, para o qual, uma vez mais, a gesto dos ilegalismos, em uma renovada verso, desempenha um papel central. Por ltimo, a fim de retratar a dinmica mais atual da gesto do crime ordinrio na cidade, este estudo analisou dados estatsticos sobre as prises em flagrante na cidade, na tentativa de estabelecer uma espcie de cartografia do crime urbano e sua gesto. Ainda nessa perspectiva, buscou-

    -se recompor, a partir das trajetrias de adolescentes envolvidos na base da estratificao social do crime, do articulado e disciplinar trfico de drogas ao avulso e violento roubo, as lgicas acionadas manuteno e reproduo dos mercados criminais urbanos, os renovados papis desempenhados na trama dos ilegalismos, anunciando-se, por derradeiro, mudanas na diviso do trabalho policial que tendem a acentuar a militarizao como princpio organizador no apenas da gesto desses ilegalismos, mas das formas mais contemporneas de governamentalidade.

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    Amelia Siegel CorreaOrientador Leopoldo Garcia Pinto WaizbortTtulo Alfredo Andersen (1860 - 1935): retratos e paisagens de um noruegus cabloco Resumo Partindo dos confrontos que os estudos de sociologia do gosto atravessam na Europa e na Amrica do Norte, essa tese trata dos processos de distino social pelo gosto, com ocupantes das mais altas posies na hierar-quia social da cidade de So Paulo. Em um primeiro momento, aborda os itens simblicos das hierarquias culturais legtimas e as tcnicas da sociabilidade mundana, tal como se manifestam em manuais de etiqueta, crnicas da vida mundana e crticas culturais, passando em revista algumas estatsticas de disperso social dos bens culturais e certas representaes do consumo ence-nadas no material da imprensa paulistana contempornea. Em um segundo momento, o estudo se encaminha para a investigao de como fraes das classes altas de duas reas residenciais de So Paulo (a dos Jardins e a de Alphaville), marcadas por disparidades associadas estrutura e, sobretudo, evoluo no tempo do volume total do capital, reagem a esses apelos de estili-zao da vida. A anlise de seus confrontos de preferncia, realizada com base em entrevistas semidiretivas, permite afirmar que os processos de distino e estigmatizao seguem se revigorando com as classificaes conflitivas que explicitam habitus de classe e se atualizam por suas prticas e escolhas estticas.

    Anderson Ricardo Trevisan Orientador Paulo Roberto Arruda de MenezesTtulo Velhas imagens, novos problemas a redescoberta de Debret no Brasil Modernista (1930 - 1945)Resumo O presente trabalho investiga como a obra do pintor francs Jean-

    -Baptiste Debret (1768-1848) foi redescoberta no Brasil nas primeiras dcadas do sculo XX, especialmente entre os anos de 1930 e 1945. Artista de formao neoclssica, Debret viveu no Brasil entre os anos de 1816 e 1831, poca em que criou uma infinidade de imagens sobre o pas, desde pinturas histricas para a monarquia at pequenas aquarelas contemplando a vida cotidiana. Tendo sido pouco lembrado pelos brasileiros durante o sculo XIX, Debret seria especialmente valorizado no sculo XX. Partindo de sua fortuna crtica oito-centista, passando pelos colecionadores e pela crtica modernista, bem como pelo mercado editorial da poca (com destaque para a Revista da Semana), o trabalho pretende compreender os eventos mais significativos dessa redesco-berta, bem como suas implicaes.

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    Arlene Martinez Ricoldi Orientadora Eva Alterman BlayTtulo Paraba mulher macho gnero, cultura e poltica na educao jurdica popular em Joo Pessoa-PBResumo O presente estudo teve como objetivo analisar as abordagens de gnero em experincias de Educao Jurdica Popular em Joo Pessoa-PB. Difundidos por todo o pas, esses cursos de educao jurdica popular possuem experincias voltadas somente para mulheres (de orientao feminista) ou mistos (sob a perspectiva dos Direitos Humanos). Adotou-se a abordagem dos frames, concepo elaborada para dar conta dos aspectos culturais do ativismo poltico, por meio da sua delimitao - quadros interpretativos que sintetizam e condensam vises de mundo, orientando diagnsticos e prognsticos. Na anlise dos movimentos sociais, auxiliam na anlise da influncia de valores e crenas no ativismo poltico. Os procedimentos metodolgicos contaram com pesquisa bibliogrfica e documental, pesquisa de campo e entrevistas semies-truturadas. A tese percorreu trs nveis de discurso: um mais geral, ligado constituio do Nordeste como terra de cabra macho e da paraibanidade; os valores e misses enunciados pelas agncias financiadoras de organizaes de Direitos Humanos, que serviram para delimitar os master frames de Gnero e Direitos Humanos, assim como os frames da Fundao Margarida Maria Alves e do Centro da Mulher 8 de Maro, ONGs que realizaram, respectivamente, o curso de Juristas Populares (para homens e mulheres) e o curso de Promotoras Populares de Cidadania (s para mulheres); e, por fim, um nvel microdiscur-sivo, no qual a fonte de dados foram entrevistas com pessoas formadas pelo curso de Juristas Populares. A anlise revela como Gnero pode ser utilizado de formas bastante diversas. No interior do master frame de Direitos Humanos, pode-se dizer que a preocupao com a desigualdade social das mulheres pobres. J no master frame de Gnero, o foco principal continua sendo as mulheres, porm, com a preocupao principal de provocar mudanas nos papis tradicionais femininos. Nesse ltimo, h lugar para questes como direito ao corpo e livre exerccio da sexualidade.

    Camila Caldeira Nunes Dias Orientador Sergio Frana Adorno de AbreuTtulo Da pulverizao ao monoplio da violncia expanso e consolidao do Primeiro Comando da Capital (PCC) no sistema carcerrio paulista

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    Resumo O presente trabalho visa compreender o processo de expanso e consolidao do Primeiro Comando da Capital (PCC) no sistema prisional paulista e a figurao social que se constituiu nas prises como resultado da monopolizao das oportunidades de poder pelo PCC. Para tanto, conceitos e concepes tericas de Norbert Elias so utilizados como ferramentas analticas para o tratamento do material emprico colhido a partir de fontes diversas. O trabalho composto por dois eixos de anlise: eixo horizontal/processual e eixo vertical/figuracional. O eixo de anlise horizontal ou processual aborda o fen-meno de um ponto de vista macrossociolgico, em que se focaliza o processo social de desenvolvimento do PCC tendo em vista fatores sociais, polticos e administrativos que direta ou indiretamente esto atrelados a ele. Ainda como parte desse eixo de anlise, o processo de expanso do PCC considerado em termos das vrias etapas que o compem, tendo em vista o papel da violncia fsica direta no exerccio do seu poder. O eixo de anlise vertical ou figuracional tem como objetivo a compreenso da dinmica social produzida a partir deste processo. Considerando uma figurao social como ponto de partida da anlise, denominada figurao pr-PCC, procurou-se apresentar as transformaes ocorridas no universo prisional e que constituram uma nova figurao social. A nova figurao social produzida a partir da hegemonia do PCC constituda por uma teia de interdependncia individual mais longa e complexa, com uma maior diviso funcional e integrao social entre os seus componentes. Diante desta nova forma de dependncia, os controles sociais sobre o comportamento individual foram ampliados e centralizados na posio ocupada pelo PCC. A estrutura e organizao do PCC, sua dinmica poltica e o controle social que adquire a forma de imposio do autocontrole individual, so questes centrais nesta parte do trabalho. O eixo vertical finalizado com uma discusso sobre a relao de dependncia do PCC em face da administrao prisional, em que o dispositivo do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) central na manuteno do equilbrio de poder que garante a hegemonia do PCC e a estabilidade da ordem social do universo prisional. Uma reflexo que perpassa todo o trabalho e que desenvolvida no captulo final coloca em discusso a pacificao social que vista como o efeito mais expressivo do processo de consolidao do poder do PCC. Neste sentido, a fragilidade deste processo apontada a partir da sua natureza conjuntural e das bases precrias nas quais est apoiado o poder hegemnico do PCC.

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    Daniel Pereira Andrade Orientador Jose Carlos BruniTtulo Paixes, sentimentos morais e emoes. Uma histria do poder emocional sobre o homem econmicoResumo Esta tese faz uma genealogia da concepo de homem econmico emocional, tal como ele aparece no discurso do management americano a partir dos anos de 1990. Para tanto, fez-se uma histria de longa durao com a finalidade de compreender como esse sujeito de interesse que estava associado temtica das paixes nos sculos XVII e XVIII pde se vincular temtica das emoes, surgida apenas no sculo XIX, advinda da psico-logia fsica e da biologia evolucionista. Para realizar essa histria, a tese foi dividida em duas partes. Na primeira, foi abordada a emergncia do homo oeconomicus clssico no mbito da governamentalidade liberal britnica dos sculos XVII e XVIII e foram diferenciadas as trs formas de problematizao e governo da vida emocional do sujeito de interesse: as paixes, no mbito da vertente utilitarista-radical do liberalismo, os sentimentos morais, no mbito da reao do conservadorismo, e as emoes, no mbito da psicologia fsica e do evolucionismo. Cada uma dessas trs temticas surgiu ainda no discurso antropolgico do sujeito de interesse, mas se desenvolveu em sentidos dife-rentes: as paixes resultaram no homo oeconomicus, os sentimentos morais, no homo socialis e as emoes, no homo psychologicus. Na segunda parte da tese, demonstra-se como essas trs temticas adentraram as cincias da admi-nistrao americanas no sculo XX, caracterizando o controle emocional sobre o trabalho e o consumo. Ainda no discurso do management, essas temticas se transformaram, em virtude da reao s contestaes antidisciplinares da contracultura, dando origem a uma nova concepo de emoes que rene caractersticas das trs temticas anteriores. O discurso do management e, posteriormente, o da teoria econmica neoliberal vinculou essa nova temtica das emoes noo de homem econmico, caracterizado agora pela ideia de capital humano. Constituiu-se, assim, o homem econmico emocional, formando uma distinta concepo antropolgica e uma indita coerncia dos dispositivos de poder emocional.

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    Eliane Alves da SilvaOrientadora Vera da Silva TellesTtulo Governar o ingovernvel: gesto da irregularidade urbana em reas de mananciais em So PauloResumo Esta pesquisa prope a anlise das prticas polticas que se conformam em torno da problemtica que relaciona habitao irregular precria e preser-vao dos recursos hdricos em So Paulo, a saber, as remoes e os processos de reurbanizao/regularizao. As prticas so analisadas a partir de pesquisa etnogrfica realizada no distrito do Graja, regio sul da cidade, marcado pelo alto crescimento populacional irregular em reas de mananciais. Em uma abor-dagem que se afasta daquelas de avaliao de polticas, busca-se compreender as formas pelas quais a gesto dessas reas produz e lida com situaes que chamo de ingovernveis.

    Fbio Cardoso KeinertOrientador Sergio Miceli Pessoa de BarrosTtulo Cientistas sociais entre cincia e poltica (Brasil, 1968-1985)Resumo A tese reconstitui a experincia do grupo geracional que se alou condio de elite das cincias sociais no Brasil, entre 1968 e 1985. A anlise parte das condies de viabilizao dos novos projetos institucionais, conside-rando o carter adverso da conjuntura autoritria. As trajetrias dos cientistas sociais so analisadas, em funo de seu enraizamento numa fase de transio, no que se refere s chances de que um domnio mais autnomo de prticas acadmicas pudesse se constituir. Trata-se de observar o modo como as mudanas estruturais da sociedade brasileira impactaram os arranjos da vida intelectual, tanto no plano do recrutamento de classe de seus praticantes e dos critrios de acesso carreira, como nos termos de sua inscrio no mundo da poltica.

    Fernando Lima das Neves Orientadora Maria Arminda do Nascimento ArrudaTtulo O indivduo restrito reflexos biogrficos da estrutura social brasileira Resumo Efetuamos uma aproximao (nem tanto exaustiva, mas buscando certos fundamentos e dissenses em cada caso) entre a enorme produo da sociologia francesa sobre o tema juventude e o aumento mais recente dos

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    debates e publicaes nesse domnio de pesquisa no Brasil. Muitas questes adensaram-se diante de ns, o que contribuiu para delinearmos o passo seguinte da investigao: o fortalecimento de um paradigma individualista em segmentos da sociologia, significativamente atrelado s manifestaes juvenis contemporneas. A partir de dois estudos de caso realizados no estado de Gois, com vinte jovens de classes populares, destacamos, contudo, que, em se tratanto de sociedades mais hierarquizadas, como a brasilera, cujos processos histricos mais especficos forjaram, nos meandros da lei, das insti-tuies e das percepes sociais, uma modalidade especfica de indivduo, o indivduo restrito, pautada em um conceito igualmente estreito de cidadania, necessrio ponderar os problemas e as dificuldades de se limitar a anlise sociolgica aos artefatos subjetivos, sob o risco de se perder de vista a interde-pendncia imanente entre o todo e as partes. Para isso, concentramos a reflexo nas vicissitudes do mercado de trabalho, seus antigos e novos percalos, sua configurao mais recente em cada contexto. Essa dimenso, central quando se trata das novas geraes, expe mais diretamente os conflitos sociais prementes, forando outras consideraes sobre as trajetrias biogrficas, opinies, experincias e percepes individuais. Por essa via, pensamos ser possvel, ento, expor os nexos entre os inmeros indivduos, com vistas a compreender e a problematizar a intricada paisagem encoberta pela recluso analtica nas unidades sociais.

    Flavio Rosa de Moura Orientador Sergio Miceli Pessoa de BarrosTtulo Obra em construo: a recepo do neocentrismo e a inveno da arte contempornea no Brasil Resumo O neoconcretismo ocupa posio singular no panorama das artes plsticas no Brasil. O discurso hegemnico sobre o grupo, compartilhado por crticos de formao e extrao diversas, enfatiza o carter de ruptura e seu papel determinante para desprovincianizar a arte brasileira e inseri-la em linha de continuidade com as vanguardas construtivas europias. A proposta deste trabalho acompanhar como o discurso a respeito do grupo, forjado inteira-mente por seus membros, ganha consistncia e transforma-se em guia para os intrpretes da gerao seguinte, que trataro de erigi-lo em mito fundador, com conseqncias importantes para a narrativa em torno da arte no pas. A tentativa investigar as condies de formulao desse discurso por parte das

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    lideranas tericas e em seguida indagar os motivos capazes de transform--lo numa linha interpretativa vitoriosa na fortuna crtica sobre arte no Brasil.

    Francisco Raul Cornejo de Souza Orientadora Maria Arminda do Nascimento ArrudaTtulo As formas da forma. O design brasileiro entre o modernismo e a moder-nizaoResumo Empreendendo uma anlise sobre a histria da insero social das atividades do designer no universo cultural brasileiro de meados do sculo XX, procuro iluminar algumas das particularidades que vieram a marcar essa trajetria. Partindo de uma apreciao breve de seus rudimentos e prece-dentes histricos oriundos de contextos internacionais diversos queles do perodo privilegiado em mbito local, procuro tambm traar os contornos das condies que favoreceram a incluso do design nas linguagens modernas que vicejavam neste segundo momento mais cosmopolita do modernismo, ainda que sombra das conquistas da arquitetura. E, finalmente, ao enfocar a perspec-tiva analtica em dois de seus maiores expoentes, Alexandre Wollner e Alosio Magalhes, e delinear seus percursos de xito na profisso desde aquela poca, pretendo ressaltar algumas das vicissitudes seminais que vieram a caracterizar a frgil consolidao do design no ambiente cultural e profissional brasileiro at os dias atuais.

    Idenilza Moreira de Miranda Orientador Alvaro Augusto CominTtulo Brasil em busca de um novo padro de desenvolvimentoResumo Nas ltimas duas dcadas, o Brasil passou por importantes mudanas. Consolidou a democracia, abriu ainda mais a economia ao comrcio e investi-dores internacionais, privatizou grande parte das empresas pblicas, adotou uma poltica rgida de controle inflacionrio e, pela primeira vez na histria, cresce com reduo da pobreza e desigualdade de renda. Esse conjunto de mudanas transformou o pas. O Estado, a sociedade, o tecido industrial, todos foram impactados e modificados pelas alteraes no regime de concorrncia, na composio patrimonial e na estrutura social. Sobre essas novas bases, o pas procura consolidar um novo padro de desenvolvimento. Da perspectiva deste trabalho, o Brasil experimenta a transio para um modelo de crescimento

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    puxado pela inovao. Dois conjuntos de indcios do sustentao nossa hiptese: de um lado, a evoluo recente das polticas industrial e de cincia e tecnologia, que alm de mais articuladas, passaram a dar relevo inovao empresarial em suas respectivas agendas; de outro, a atividade empreende-dora de um grupo de empresas industriais, responsvel por elevar o padro de competitividade da economia brasileira nos ltimos anos, ao apostar em estratgias como desenvolvimento tecnolgico, inovao e internacionalizao dos negcios. Este novo cenrio abre novas possibilidades para o reposiciona-mento do pas no mapa da economia global.

    Joana ElJaick AndradeOrientador Ricardo MusseTtulo O Marxismo e a questo feminina: as articulaes entre gnero e classe no mbito de feminismo revolucionrio Resumo As profundas transformaes sociais, polticas e econmicas em processo na Europa no final do sculo XIX e incio do sculo XX, decorrentes da expanso das relaes de produo capitalistas, afetaram indelevelmente inmeros aspectos da vida privada, trazendo lume as contradies insertas no modelo de famlia reproduzido pela sociedade patriarcal burguesa. O rele-vante papel desempenhado pelos tericos marxistas neste perodo histrico possibilitou o desenvolvimento de um movimento feminino organizado com vistas concretizao de um projeto emancipatrio socialista, capaz de colocar fim opresso de gnero e classe. O trabalho em questo pretende analisar a viso de mundo, organizao e estratgias de ao formuladas pelos membros da social-democracia no tocante s novas mulheres revolucionrias, bem como a sua repercusso sobre as futuras geraes de feministas socialistas, a fim de questionar a possibilidade de articulao entre as categorias de gnero e classe social no mbito da teoria marxista.

    Jos Cesar de Magalhes JniorOrientadora Vera da Silva TellesTtulo Normalizao social e o neoliberalismoResumo Esta tese analisa um conjunto de noes formuladas por Michel Foucault em seus cursos no Collge de France da segunda metade da dcada de 1970. Os cursos serviam ao autor como espaos de experimentao terica e

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    histrica para diferentes abordagens que, em parte, foram trabalhadas em seus livros sobre as relaes de poder. A inveno de novos nveis, recursos e objetos de anlise nestes cursos , contudo, bastante mais ampla e abre perspectivas para o tratamento de fenmenos polticos mais gerais como o liberalismo e o neoliberalismo para alm da interpretao que lhes tradicionalmente atri-buda como doutrinas filosficas ou econmicas. Liberalismo e neoliberalismo so pensados como racionalidades e tecnologias polticas que franqueiam aos indivduos certo espao de liberdade no interior do qual suas condutas podem ser dirigidas em conformidade s normas sociais estabelecidas. para forar os limites desta liberdade consentida e dirigida pelos governantes liberais que a crtica de Foucault filia-se ao desejo excessivo e incondicional de mais liber-dade dos governados. As noes desenvolvidas nos cursos permitiram, mais recentemente, o desenvolvimento de novas abordagens crticas no campo da sociologia poltica, como aquelas que ficaram conhecidas como estudos de governamentalidade no mundo anglo-saxo. Esta tese parte das diferentes definies da noo de normalizao social em Michel Foucault, como em estudos mais recentes, para analisar certas prticas polticas contemporneas que tm levado a um desbordamento de normas de extrao empresarial para mbitos no-econmicos da experincia social, bem como a um estreitamento do espao poltico da crtica no quadro daquilo que se chamou a racionalidade poltica do neoliberalismo.

    Liana de Paula Orientadora Maria Helena Oliva AugustoTtulo Liberdade assistida punio e cidadania na cidade de So Paulo Resumo Esta tese discute as possibilidades de exerccio da cidadania de adolescentes pobres a partir da anlise dos discursos e prticas da liberdade assistida na cidade de So Paulo. A proposta de incluso na cidadania por meio da liberdade assistida, que uma medida socioeducativa e, portanto, uma punio aplicada aos adolescentes autores de ato infracional, emerge com a redemocratizao do pas, nos anos 1980, e a mobilizao social em torno da formalizao dos direitos das crianas e dos adolescentes. Resultando dessa mobilizao, o Estatuto da Criana e do Adolescente, promulgado em 1990, prope a liberdade assistida como um espao possvel de garantia de direitos e exerccio da cidadania. Porm, as prticas dessa medida, incorporadas recen-temente pela poltica de assistncia social, traduzem a garantia de direitos em

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    esquemas formais de interveno que se apiam nas relaes familiares e na insero na escola e no mundo do trabalho, desconsiderarando os conflitos e tenses sociais inerentes aos contextos vividos pelos adolescentes. Terminam, assim, por reiterar situaes que limitam e inviabilizam o exerccio pleno de sua cidadania.

    Lilian Alves Sampaio Orientador Sergio Miceli Pessoa de BarrosTtulo Vaidade e ressentimento dos msicos populares e o universo musical do Rio de Janeiro no incio do sculo XX Resumo Esta pesquisa teve como objeto as condies sociais de produo da msica popular no Rio de Janeiro nas trs primeiras dcadas do sculo XX e se desdobrou em trs dimenses distintas: os significados culturais da msica popular na sociedade da poca, a organizao do espao de produo dessa msica e as experincias profissionais de alguns msicos que se desta-caram no perodo, como Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Catullo da Paixo Cearense, Eduardo das Neves, Sinh e Pixinguinha. O estudo sobre as representaes que os escritores registraram em romances, contos, crnicas, palestras, crticas e artigos de jornal mostram certa ambigidade nos signifi-cados atribudos msica popular. Se por um lado esse universo de produo cultural revela-se, j no incio do sculo XX, um espao de produo de um bem simblico que vai ser a base para a construo da auto-representao dos msicos como merecedores da admirao e considerao pblica, por outro lado, no oferece uma base legtima para o reconhecimento social de seu valor pelos agentes da cultura dominante, que vo enfatizar a vaidade e a presuno desses msicos. Mas essa convico definitiva de seu prprio valor sugere o incio de uma transio na ordem estabelecida pela cultura legtima e que vai se tornar evidente apenas nas dcadas seguintes. Ao mesmo tempo, o estudo do espao de produo da msica de divertimento mostra um universo pouco autnomo e pouco estruturado, mas com capacidade de oferecer diferentes tipos de recompensas aos seus msicos: recompensas materiais nos circuitos que concentram as novas mdias e eventos culturais de massa, como o Disco e o Carnaval, e recompensas simblicas nos circuitos prximos aos espaos legtimos de produo cultural, como o Teatro e a Literatura. Este estudo pretende contribuir para o conhecimento do universo musical do perodo, ainda pouco explorado, bem como contribuir para a reflexo sobre os modos como

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    os condicionantes desse universo foram vivenciados e agenciados de diferentes maneiras por alguns dos msicos mais famosos do perodo.

    Marta Mouro KanashiroOrientador Marcos Cesar AlvarezTtulo Biometria no Brasil e o registro de identidade civil novos rumos para a identificaoResumo O tema geral desta pesquisa so as tecnologias que permitem o controle de acesso, vigilncia, monitoramento e identificao de pessoas, e que se aliam a construo de bancos de dados e perfis sobre a populao. Neste amplo universo, a tecnologia biomtrica para identificao foi focalizada a partir de um estudo de caso sobre o novo documento biomtrico de identidade brasi-leiro: o Registro de Identidade Civil. Retomando o conceito de dispositivo em Michel Foucault, buscou-se trazer a tona os discursos, as instituies, as leis, o debate legal, as medidas, decises, e enunciados cientficos que configuram o funcionamento do poder na atualidade. No mbito das cincias, a biometria hoje distancia-se da antropometria e das formas de identificao do sculo XIX, vinculando-se a um exerccio do poder que no mais aquele para disciplinar os corpos (Michel Foucault), mas para gerir os fluxos de dados, um corpo de dados. As novas tecnologias focalizadas apontam para um exerccio do poder mais prximo do que Gilles Deleuze chamou de sociedades de controle.

    Rodrigo Luiz Medeiros da Silva Orientador Brasilio Joao Sallum JuniorTtulo Modelos, contramodelos e seu contexto: as respostas sul-coreana a argen-tina crise da dvida como evidncia da complexa interao entre o processo poltico e as foras da economia internacionalResumo No fim dos anos 1970, dois choques externos o segundo salto nos preos do petrleo e o reajuste na taxa bsica de juros norte-americana marcam o incio de tendncias econmicas divergentes entre o Leste da sia e a Amrica Latina. Para os prsperos tigres, a prxima dcada seria uma janela para o chamado catching up, culminando com a promoo simblica de seu prodgio, a Coria do Sul, ao status de pas desenvolvido quando da realizao dos Jogos Olmpicos em Seul. Na Amrica Latina, inversamente, os anos 1980 so geralmente apelidados de Dcada Perdida, inaugurando uma

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    era de regresso econmica e instabilidade poltica. A Argentina, provavel-mente a menos dinmica dentre as economias que ento se industrializavam, geralmente evocada como um desastre que tipifica a sina regional. A vasta maioria das investigaes acerca desta divergncia se concentra nas polticas econmicas domsticas e em seus resultados objetivos. No obstante, tais polticas foram formuladas e aplicadas sob uma combinao de circunstncias internacionais e polticas que podem variar consideravelmente de pas para pas ao longo do tempo. O objetivo deste texto examinar em que medida algumas das particularidades destes dois casos naquilo que concerne ao processo poltico interno e evoluo da economia internacional moldaram a reao de cada qual ao cenrio adverso.

    Silvia Viana RodriguesOrientador Jose Carlos BruniTtulo Rituais de sofrimentoResumo No dia 25/07/2010 o programa Pnico na TV levou ao ar uma brin-cadeira realizada ao vivo com seus prprios humoristas. Logo que chegaram ao aeroporto de Guarulhos vindos da frica do Sul, onde cobriram a Copa da FIFA, foram recebidos pela produo que lhes ofereceu uma carona merecida, j que a equipe estava exausta da viagem e, segundo o prprio programa, havia trabalhado sem descanso e em pssimas condies. Ao invs de irem para casa, conforme o prometido, passaram horas rodando por So Paulo sem destino, at que foram deixados no aeroporto de Congonhas. L chegando, um colega humorista os recebeu afirmando que se tratava de uma brincadeira, mas o cansao do passeio seria apenas a primeira, pois eles deveriam se encaminhar ao estdio para enfrentarem uma lutadora profissional de vale-tudo. J muito irritado, um tcnico da equipe disse: Eu sou cmera, eu no tenho que t participando desse negcio a (...) t cansado, porra, so quarenta dias, doze horas, comendo mal.... Todos os outros protestaram e, transtornados, se recu-saram a participar: uma falta de respeito isso com o cara que t trabalhando, quero ir embora, quero ir para minha casa. O produtor do programa interveio e, com um celular em riste, ameaou: tem uma ordem que do Emlio e do Alan [diretores] pra todo mundo entrar no carro agora e ir todo mundo pra l. No obstante o dio generalizado, eles retornaram ao carro. O humorista encarregado da piada tentou inmeras vezes fazer os outros rirem at que, j constrangido, falou em tom de brincadeira: no fica bravo comigo, t aqui

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    trabalhando, cumprindo ordens, o outro respondeu: Brincar... a gente at compartilha com vocs, s que a gente t sem comer, sem dormir, entendeu? desumano isso, pr caramba. O cmera, irado, completou: Eu tenho uma puta considerao com voc, mas como voc consegue ver graa nisso, ver seus amigos de trabalho se fodendo (...) uma situao que no tem graa (...) O cara l em casa vai olhar para mim e achar engraado h h, o cmera man t fodido. Quando chegaram ao estdio, aquele que ainda tentava piadas, mas cujo olhar traduzia tristeza, disse com seriedade: Vem, por favor, eu tambm t cansado, desculpa a. Como essa coisa pde ser televisionada sem a menor vergonha? O que sustenta a ameaa dos diretores? Por que a equipe voltou ao carro? Como o humorista suportou ver seus amigos de trabalho se fodendo? Por que a piada continuou?

    Stefan Fornos KleinOrientador Ricardo MusseTtulo A universidade e a sociologia segundo Max Horkheimer teoria, pesquisa e crticaResumo Esta tese versa sobre o modo como o entrelaamento de sociologia e crtica molda a teoria da sociedade de Max Horkheimer. Para tanto, o presente trabalho foca, sobretudo, os escritos, as falas e o material de arquivo de uma dcada e meia, de 1948 quando, aps o exlio nos EUA, volta Alemanha, reassume sua ctedra na Johann Wolfgang Goethe- Universitt, em Frankfurt am Main, e, logo aps, ocupa o cargo de reitor por dois mandatos at 1962, quando se torna professor emrito. O trabalho composto de quatro captulos, alm de um interldio acerca da relao entre formao (Bildung) e cincia (Wissenschaft) no contexto alemo e um excurso que aborda algumas crticas endereadas teoria de Horkheimer. No percurso desse empreendimento, a tese reconstri o contexto histrico e os fundamentos cientfico-filosficos da concepo alem moderna de universidade, bem como localiza o surgimento da sociologia como disciplina cientfica. Volta-se, ainda, emergncia do tema do conhecimento nos trabalhos horkheimereanos desde a dcada de 1920, para recuperar a mirade de artigos dos anos 1930 onde desenvolve sua interpretao do materialismo histrico, subjacente aos diagnsticos tericos elaborados no mbito do Institut fr Sozialforschung. Aps focar as obras da dcada de 1940, Dialtica do esclarecimento e Eclipse da razo, ao mesmo tempo em que se aponta as mudanas interpretativas de Horkheimer, enfatiza-

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    -se a continuidade em seu pensamento, para concluir debruando-se sobre as palestras, anotaes e material arquival tanto do arquivo pessoal quanto da universidade no intuito de iluminar o seu pensamento no ps-guerra, siste-maticamente deixado em segundo plano em variados estudos sobre este autor. Assim, aprofundando aspectos de sua atuao como reitor e o envolvimento no desenho do primeiro curso de sociologia em Frankfurt, quando paralelamente problematiza o espao que cabe ao ideal de formao no mbito da sociedade industrial avanada, discute-se, aqui, mais detidamente o modo como, em suas falas pblicas do perodo, Horkheimer aborda os papis da sociologia, da formao e da universidade no contexto de uma sociedade crescentemente administrada, que se v s voltas com um ser humano heternomo condicio-nado pela razo instrumental.

    Stella Christina SchrijnemaekersOrientadora Maria Helena Oliva AugustoTtulo A casa e seus objetos construes da identidade em famlias de camadas popularesResumo Esta tese apresenta uma anlise das relaes das pessoas de camadas populares com a casa em que moram e os objetos que a compe para compre-ender como se do os processos de construo da identidade para essa camada da populao tomando como objeto suas relaes com a moradia e seus objetos. A hiptese do trabalho a de que o espao da casa expressa processos de cons-truo da identidade. Esta pesquisa entende que os membros de uma mesma casa no se relacionam com o espao da mesma forma. Na verdade, acredita-se que o espao da casa seja negociado, renegociado e apreendido, de acordo com os projetos individuais. Para tanto foram pesquisadas quatorze casas cujas famlias moram numa favela da cidade de So Paulo.

    Wataru KikuchiOrientador Mario Antnio EufrasioTtulo Relaes hierrquicas do Japo contemporneo: um estudo da consci-ncia de hierarquia na sociedade japonesaResumo O tema deste trabalho a hierarquia na sociedade japonesa contem-pornea. Partindo de contribuies de autores clssicos como Ruth Benedict e Nakane Chie, a presente tese pretende fornecer uma descrio e anlise das

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    relaes sociais japonesas. A anlise embasada na teoria da estruturao, principalmente na concepo de conscincia discursiva. Para tanto, a famlia, a escola, as empresas japonesas, a relao sempai-kohai, assim como relaes com a classe social e a estratificao so enfocadas. A concluso a de que a relao sempai-kohai a principal referncia, e tambm que a famlia tem perdido a importncia para definio da hierarquia na sociedade Japonesa.