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1 ANAIS DOS RESUMOS DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS E TÉCNICOS (396C) A EVOLUÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO NA JUSTIÇA DO TRABALHO: EVOLUÇÃO DO SISTEMA PJe-JT DESDE SUA IMPLANTAÇÃO EM NOVEMBRO DE 2013 ATÉ MARÇO DE 2016 QUANTO À ATUAÇÃO DO PERITO JUDICIAL CONTÁBIL SÍLVIA MARIA MORAES CHAMUN Fundação Educacional do Vale do Jacuí – Unidades Integradas de Ensino Superior do Vale do Jacuí [email protected] PEDRO JOEL SILVA DA SILVA Fundação Escola de Direito do Ministério Público do RS [email protected] RESUMO A tecnologia da informação se faz presente em todos os segmentos organizacionais, exigindo dos pro- fissionais que dependem dessa ferramenta um aprendizado contínuo, pois os avanços neste campo ocorrem a todo momento. A implantação do Processo Judicial Eletrônico na Justiça do Trabalho, doravante PJe-JT, é um marco na justiça brasileira, que envolveu todos os profissionais que atuam nesta especializada, dentre elas os Peritos do Juizo. O Pje-JT foi implantado em novembro de 2013. Desde então, houveram revisões do sistema, a última em março de 2016, que buscaram melhorias no acesso e no manuseio por parte dos usu- ários. Para os Peritos do Juizo, a implantação do PJe-JT impactou significativamente as rotinas de trabalho, exigindo que os profissionais investissem em equipamentos de informática mais avançados e realizassem cursos para aprenderem a utilizar a plataforma do sistema. Em relação às mudanças que ocorreram no mês de março de 2016, sabendo da influência dos advogados junto ao Tribunal, mais fluentes do que os Peritos do Juízo, os questionamentos que se faz são os seguintes: A implantação do sistema eletrônico de processos foi vantajoso para a atividade pericial? As alterações no sistema ocorridas em março de 2016 refletiu nas dificuldades enfrentadas por parte dos Peritos do Juizo no acesso e manutenção do sistema? O objetivo deste estudo é tentar responder estes questionamentos. A primeira parte da pesquisa foi realizada em janeiro de 2015, quando foram coletadas informações dos Peritos do Juizo através da aplicação de um questionário. A amostra contou com a participação de 20 peritos contábeis do Juízo que atuam na Justiça do Trabalho na cidade de Porto Alegre/RS. Nessa fase foi captada as percepções do profissional contábil que atua nesta especializada sobre o impacto das mudanças nas rotinas de trabalho. A segunda parte da pesquisa foi realizada no mês em que ocorreu a última alteração, momento em que se realizou o cruzamento dessas informações com as respostas captadas no questionário. Classificou-se estas mudanças em relação às necessidades apontadas pelos Peritos do Juizo nas respostas do questionário. Como contribuição práti- ca, este estudo permite fazer um comparativo entre dois momentos do sistema PJe-JT, estabelecendo um alinhamento frente às dificuldades percebidas pelos Peritos e as alterações realizadas até março de 2016. Os dados foram analisados quali-quantitativamente e abordados através do método dedutivo. Quanto aos resultados, a principal dificuldade apontada pelos Peritos do Juizo na fase preliminar de implantação do sistema foi a dificuldade em realizar pesquisa de processos dentro do sistema e o controle de prazos. Na segunda parte da pesquisa, foi verificada a evolução nos procedimentos “controles dos prazos”, no entanto o sistema continua engessado quanto à organização pelos peritos. Analisando a evolução do sistema PJe-JT, conclui-se que as melhorias ocorridas foram positivas, mas não suficientes para serem consideradas signi- ficativas para a atividade do Perito do Juízo, em especial quanto ao risco de perda de prazo, notificação para complementar trabalho realizado e liberação de honorários. Palavras-chave: Perito do juízo. Processo eletrônico. Justiça do trabalho.Vantagens e desvantagens.

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ANAIS DOS RESUMOS DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS E TÉCNICOS

(396C) A EVOLUÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO NA JUSTIÇA DO TRABALHO: EVOLUÇÃO DO SISTEMA PJe-JT DESDE SUA IMPLANTAÇÃO EM NOVEMBRO DE 2013 ATÉ MARÇO DE 2016 QUANTO À ATUAÇÃO DO PERITO JUDICIAL CONTÁBIL

SÍLVIA MARIA MORAES CHAMUNFundação Educacional do Vale do Jacuí – Unidades Integradas de Ensino Superior do Vale do Jacuí[email protected]

PEDRO JOEL SILVA DA SILVAFundação Escola de Direito do Ministério Público do [email protected]

RESUMO

A tecnologia da informação se faz presente em todos os segmentos organizacionais, exigindo dos pro-fissionais que dependem dessa ferramenta um aprendizado contínuo, pois os avanços neste campo ocorrem a todo momento. A implantação do Processo Judicial Eletrônico na Justiça do Trabalho, doravante PJe-JT, é um marco na justiça brasileira, que envolveu todos os profissionais que atuam nesta especializada, dentre elas os Peritos do Juizo. O Pje-JT foi implantado em novembro de 2013. Desde então, houveram revisões do sistema, a última em março de 2016, que buscaram melhorias no acesso e no manuseio por parte dos usu-ários. Para os Peritos do Juizo, a implantação do PJe-JT impactou significativamente as rotinas de trabalho, exigindo que os profissionais investissem em equipamentos de informática mais avançados e realizassem cursos para aprenderem a utilizar a plataforma do sistema. Em relação às mudanças que ocorreram no mês de março de 2016, sabendo da influência dos advogados junto ao Tribunal, mais fluentes do que os Peritos do Juízo, os questionamentos que se faz são os seguintes: A implantação do sistema eletrônico de processos foi vantajoso para a atividade pericial? As alterações no sistema ocorridas em março de 2016 refletiu nas dificuldades enfrentadas por parte dos Peritos do Juizo no acesso e manutenção do sistema? O objetivo deste estudo é tentar responder estes questionamentos. A primeira parte da pesquisa foi realizada em janeiro de 2015, quando foram coletadas informações dos Peritos do Juizo através da aplicação de um questionário. A amostra contou com a participação de 20 peritos contábeis do Juízo que atuam na Justiça do Trabalho na cidade de Porto Alegre/RS. Nessa fase foi captada as percepções do profissional contábil que atua nesta especializada sobre o impacto das mudanças nas rotinas de trabalho. A segunda parte da pesquisa foi realizada no mês em que ocorreu a última alteração, momento em que se realizou o cruzamento dessas informações com as respostas captadas no questionário. Classificou-se estas mudanças em relação às necessidades apontadas pelos Peritos do Juizo nas respostas do questionário. Como contribuição práti-ca, este estudo permite fazer um comparativo entre dois momentos do sistema PJe-JT, estabelecendo um alinhamento frente às dificuldades percebidas pelos Peritos e as alterações realizadas até março de 2016. Os dados foram analisados quali-quantitativamente e abordados através do método dedutivo. Quanto aos resultados, a principal dificuldade apontada pelos Peritos do Juizo na fase preliminar de implantação do sistema foi a dificuldade em realizar pesquisa de processos dentro do sistema e o controle de prazos. Na segunda parte da pesquisa, foi verificada a evolução nos procedimentos “controles dos prazos”, no entanto o sistema continua engessado quanto à organização pelos peritos. Analisando a evolução do sistema PJe-JT, conclui-se que as melhorias ocorridas foram positivas, mas não suficientes para serem consideradas signi-ficativas para a atividade do Perito do Juízo, em especial quanto ao risco de perda de prazo, notificação para complementar trabalho realizado e liberação de honorários.

Palavras-chave: Perito do juízo. Processo eletrônico. Justiça do trabalho.Vantagens e desvantagens.

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1. INTRODUÇÃOO Homem, quando se depara com uma adversidade, e se dispõe a superá-la, aceita-a, pois é uma das

maneiras de se reestruturar e seguir em frente, segundo Lucas. Essa premissa ocorre em todos os campos em que atua, desde os interpessoais até o tecnológico. No campo das relações interpessoais, pode-se desta-car a evolução do Direito, que busca trazer soluções para discórdias entre partes antagônicas por meio de um mediador, cuja função é propor soluções para o impasse, ou decidir quem está com a razão, baseando-se inicialmente nas crenças, costumes e usos comuns, os quais influenciaram na concepção das regras jurídicas da sociedade, segundo Chassot e Zanon (2015), que passaram a ser controladas pelo Estado, de acordo com os referidos autores.

No campo da tecnologia, se destaca a tecnologia de informação, que ampliou de forma definitiva sua abrangência em vários setores, dentre eles a Justiça do Trabalho, por meio da implantação do Processo Ju-dicial Eletrônico, doravante PJe-JT. Pode-se afirmar, portanto, que a evolução do Direito e da tecnologia de informação ocorreram de forma paralela, mas não antagônica, considerando que o Direito passou a usufruir dos benefícios trazidos pela informática, apesar de serem distintas em sua essência, pois o Direito faz parte das ciências humanas e a informática das exatas.

No início, a parceria entre essas duas ciências se restringia ao uso de editores de texto, sistemas de controle eletrônico de jornadas, sistemas de folha de pagamento, planilhas para elaboração de cálculo, etc, segundo Barbosa (2013) . Com o passar do tempo, e verificando que as tecnologias de informação e de co-municação poderiam trazer benefícios significativos na prática de atos processuais, o Judiciário passou a investir em novas tecnologias, que além de facilitar o trabalho, eliminaria o uso do processo físico e utilizaria a internet como meio de tramitação de processos por via eletrônica. Esse investimento teve como resultado o processo judicial eletrônico, segundo Machado (2010).

Partindo da implantação do PJe-JT em novembro/2013, a proposta do presente estudo é fazer um com-parativo do sistema, na forma como foi preliminarmente implantado e após a sua última alteração, ocorrida em dezembro/2015. Como premissa se buscou captar a percepção dos peritos judiciais atuantes na Justiça do Trabalho de Porto Alegre, no período antes da última alteração do sistema. Os indicadores que servirão de base comparativa sustentam – nas percepções dos Peritos, dificuldades e avanços, apontados, extraídos do questionário.

Com essas prerrogativas, foi possível verificar se permanecem os benefícios quando da implantação do sistema e se as dificuldades relatadas pelos peritos do Juízo que participaram da pesquisa, anteriormente a alteração do sistema, foram sanadas.

A relevância do estudo se efetiva pela necessária averiguação se todos os procedimentos da perícia ainda estão de acordo com a legislação vigente em relação ao meio eletrônico. Além disso, ressalta-se a inexistência até o momento de estudos com este enfoque, tendo em vista a recente implantação do sis-tema na Justiça brasileira. Por fim, estudos desta natureza contribuem para alavancar a literatura sobre perícia contábil, a qual é bastante escassa, podendo ser ampliada através da aplicação em outros foros e em outros locais.

Este estudo está composto, além da presente introdução, das seguintes seções: um referencial teórico composto pela legislação referente às atividades do perito, pela implantação do PJe-JT, pelos aspectos meto-dológicos, a análise e a discussão dos dados de pesquisa, além das conclusões. Por fim as referências.

2. REFERENCIAL TEÓRICOO Bacharel em Ciências Contábeis que se habilita para exercer atividade como Contador, também pode

atuar como perito contábil, auxiliando as partes litigantes em um processo como assistente, ou sendo no-meado pelo Juízo, quando atua como seu auxiliar. A atividade do Perito Contábil nomeado pelo Juízo é o objeto do presente trabalho.

Como definição ampla, o perito é: “Aquele que é sabedor ou especialista em determinado assunto; ex-perto”, segundo Ferreira (2004, p. 1541). Para o mesmo autor, a definição restrita do perito-contador é “Contador especializado em efetuar perícia de escritas contábeis”. De acordo com essa definição, não basta o contador ter somente o Bacharelado para ser perito, precisando ser especialista na área escolhida para exercer essa atividade.

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ANAIS DOS RESUMOS DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS E TÉCNICOS

2.1 Legislação geral que rege a atividade do peritoO Contador que deseja atuar como Perito Contábil precisa necessariamente ser registrado no Conselho Re-

gional de Contabilidade, além de observar a legislação que envolve sua atividade, tanto geral, quanto específica.A legislação em âmbito geral que precisa ser observada, via de regra, é o Código de Processo Civil, do-

ravante CPC, que possui artigos referentes à pessoa do perito e sua atividade, qualquer que seja a área de atuação: perito contábil, médico, engenheiro, etc.

O Novo CPC, que entrou em vigor a partir de mar/16 (Lei 13.105/15), ampliou o número de artigos que envolve a pessoa e a atividade do Perito, qualquer que seja sua formação, inclusive a Seção II do Capítulo III, que trata dos Auxiliares da Justiça, se refere exclusivamente à pessoa do Perito. Outra seção que se refere à perícia é a Seção X, do Capítulo XII, que trata das Provas, onde se encontram os artigos que se referem à prova pericial.

Dentre os artigos do Novo CPC, o art. 156 foi o que mais inovou quanto ao Perito em relação, pois es-tabele que todo profissional legalmente habilitado que tem interesse em atuar como perito precisa estar “... inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado”. Para tanto, os tribunais precisam realizar consulta pública, que deverá ser divulgada “... na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação ...”, bem como poderá consultar diretamente as universidades, os conselhos de classe, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil, solicitando a indicação de pro-fissionais ou de órgãos técnicos interessados em participar do referido cadastro.

2.2 Legislação específica da atividade do perito contábilO Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em fev/15, aprovou duas Normas Brasileiras de Contabi-

lidade, a NBCPP01 – Profissional do Perito, e a NBCTP01 – Técnica de Perícia Contábil, que passaram a ser a legislação específica da atividade do Perito Contábil, visto que este está cada vez mais angariando impor-tância nas tomadas de decisão de Juízes e auxiliando nas defesas e teses de Advogados. Empresas também podem se servir do trabalho do Perito, caso precisem de uma opinião especializada referente a um contexto específico de seu interesse, cuja especificidade não pode ser suprida pela auditoria interna ou externa.

2.2.1 NBC PP 01 – Profissional do PeritoO Conselho Federal de Contabilidade (CFC) aprovou essa Norma com a finalidade de estabelecer cri-

térios próprios do contador ao exercer a atividade de perito. Para tanto, ele obrigatoriamente precisa estar registrado no Conselho Regional de Contabilidade (CRC), exercendo-a de forma pessoal. Precisa conhecer profundamente a matéria a ser periciada, de acordo com sua experiência e qualidade. O Perito pode exercer sua atividade em diferentes contextos: como Perito oficial, ao ser empossado na função por Lei, pertencendo a órgão especial do Estado para esse fim; como Perito do Juízo, ao ser nomeado pelo juiz, por árbitro, por autoridade pública ou privada para realizar perícia contábil; e como Perito assistente, ao ser contratado ou indicado pela parte para realizar, ou acompanhar, perícias contábeis, caso essas precisem de conhecimento técnico-científico nessa área.

O Perito precisa exercer seu trabalho com isenção, portanto, ao ser nomeado, ou contratado, é neces-sário que verifique se está livre de impedimento e de suspeição. Sob essa ótica, a NBC PP 01 apresenta os conflitos de interesse que podem ocasionar os impedimentos e as suspeições do perito, conforme a legis-lação vigente e o Código de Ética Profissional do Contador. Ele precisa conhecer suas responsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais às quais está sujeito, respeitando “... os princípios da ética e do direito, atuando com lealdade, idoneidade e honestidade no desempenho de suas atividades, sob pena de responder civil, criminal, ética e profissionalmente por seus atos”, segundo o art. 19 da Norma. Sua responsabilidade é diretamente proporcional ao resultado do seu trabalho para a solução da lide.

O Perito do Juízo precisa primar pela imparcialidade quanto às partes envolvidas no processo, tratan-do-as com igualdade, impessoalidade e urbanidade, inclusive o perito-assistente, agindo com transparência e respeito mútuo, e se limitando ao conteúdo técnico-científico em seu trabalho.

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2.2.1 NBC TP 01 – Técnica de Perícia ContábilO objetivo da NBC TP 01 é estabelecer regras e procedimentos técnico-científicos para a realização da

perícia contábil pelo perito, tanto na esfera judicial, quanto na extrajudicial, esclarecendo os aspectos e os fatos do litígio por “[...] meio de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avalia-ção e certificação”, de acordo com o art. 1.

A peça resultante do trabalho realizado pelo perito é o laudo pericial, conforme art. 3 da referida Nor-ma, e precisa estar de acordo com as normas jurídicas e profissionais estabelecidas e com a legislação es-pecífica no que for pertinente, sendo restrito ao objeto da perícia deferida ou contratada. Ele precisa ser instruído com todas as peças julgadas necessárias pelo Perito, dentro dos meios que lhe são facultados pela legislação e pelas normas relativas ao exercício de sua função. A conclusão deve ser apresentada no final do laudo, de forma clara e precisa.

2.3 Implantação do PJe no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª RegiãoNa medida em que evolui o conhecimento, aumenta a complexidade dos conflitos sociais, segundo Macha-

do (2010), trazendo como consequência uma exigência quanto ao aperfeiçoamento técnico da Ciência Proces-sual, segundo a Autora. Esse aperfeiçoamento permite respostas adequadas às aspirações dos jurisdicionados e acompanha o dinamismo da sociedade. Nesse contexto, houve a necessidade do Poder Judiciário aderir e se adequar à tecnologia da informatização, sem deixar de lado os princípios do direito processual. A referida Autora observa que essa modernização traz benefícios, dividindo-os sob três enfoques: celeridade, economia e respeito ambiental. Segundo seu entendimento, o processo em meio eletrônico abriga os princípios tradicio-nais básicos do processo material, citando como exemplo o do “[...] devido processo legal, do acesso à jurisdi-ção, do contraditório e da ampla defesa, da publicidade, da privacidade das partes, da instrumentalidade, da igualdade de tratamento, entre outros [...]”, no entanto ele se concretiza “[...] com base em princípios próprios, concebidos em conformidade com a sua natureza desmaterializada, dinâmica” (MACHADO, 2010, p. 221).

2.3.1 Princípios da informática e o processo eletrônicoA informática passou a ser ferramenta de trabalho para o Direito, por meio do processo judicial eletrô-

nico, segundo Feóla (2014). Ele cita em seu livro princípios próprios da informática e que são importantes para o Direito Processual Eletrônico, como o Princípio da automatização, que é a utilização pela informática de sistema automatizado para realizar tarefas pré-estabelecidas, e o mesmo ocorre no processo eletrônico, pois este segue um fluxo de rotinas que passaram a ser realizadas via sistema, antes necessitando da inter-venção de servidores da unidade judiciária, resultando em agilidade ao processo judicial.

Feóla (2014) apresenta sete subdivisões para o princípio de processo judicial eletrônico: princípio da instrumentabilidade subsidiária, preceituando que os usuários da informática tem como objetivo obter os melhores resultados, de forma automatizada, partindo de uma base composta por inúmeros dados; princí-pio da formalidade digital: considerando que o processo é formal, ele precisa cumprir todas as formalidades da Lei, obedecendo o preceito do contraditório e da ampla defesa, portanto o processo eletrônico precisa seguir todas as normas processuais, assim como acolher as limitações referente à informática, sob pena do processo não seguir seu curso normal; princípio da informalidade digital: considerando que a informática, por meio das redes sociais, geralmente é tratada de forma informal por seus usuários, violando direitos de ordem privada e íntima, o que não é permitido no processo eletrônico, sob pena de nulidade do ato pratica-do; princípio da desmaterialização: os documentos físicos (papel) passam a ser arquivos digitais por meio da digitalização; princípio da oralidade: é característico do processo trabalhista, pois na audiência os atos são praticados de forma oral; com o processo eletrônico, essa prática poderá ser feita diretamente no siste-ma, podendo a defesa ser apresentada antecipadamente, sem precisar aguardar a audiência para tecer seus argumentos; princípio da desconcentração dos atos processuais: a concentração de atos é outra das carac-terísticas do Processo Trabalhista, ocorrendo em um só momento, no caso da audiência de instrução; com o processo eletrônico, as respostas e a defesa do Reclamado podem ser anexadas em qualquer momento anterior à audiência, ficando facultada sua sustentação oral; princípio da ampla acessibilidade: o processo judicial precisa ser acessível a todas as partes interessadas, mesmo que não façam parte da lide, o que vem a calhar no processo eletrônico, pois qualquer interessado pode consultar o processo desejado sem limite de tempo e espaço, bastando ter o número do mesmo e acesso à internet.

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ANAIS DOS RESUMOS DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS E TÉCNICOS

2.3.2 Processo judicial eletrônico na justiça do trabalhoA instituição responsável em planejar e coordenar o aperfeiçoamento do sistema judiciário brasileiro

é o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), segundo informação tomada da página da instituição na internet (aba “Início”).

O CNJ, constatando as dificuldades advindas da informatização de forma desordenada no Poder Judiciário e, com o intuito de saná-las, editou Resoluções referentes a essa matéria. Dentre elas, a que merece destaque, segundo Machado (2010), foi a de nº 70/2009, que se refere ao Planejamento e à Gestão Estratégica no âmbito do Poder Judiciário, e que fixou dez metas a serem cumpridas pelos Tribunais, sendo que seis delas se referem ao uso da tecnologia da informação e da comunicação. Outra resolução que se destaca é Resolução nº 185/13, que instituiu a implantação de um único sistema para todo o Poder Judiciário: o Sistema de Processo Judicial Eletrônico (PJe), objetivando solucionar os problemas resultantes da incompatibilidade de sistemas e centra-lizar em um único sistema os processamentos de informações e as práticas de atos processuais.

O PJe possibilita a troca de informações entre diferentes jurisdições, segundo Vidonho Junior (2014, p. 54), bem como entre sistemas de outros órgãos e instituições, como o da Receita Federal, o do Banco Central (Bancenjud) e o da Caixa Econômica Federal. Segundo ele, esse sistema espera “[...] ser o único sistema de processo judicial eletrônico a nível nacional fazendo com que os custos com software e manutenção dos Tri-bunais caiam quase a zero [...]”, confiando que diminuam os gastos com o uso de papel e acarretando outros benefícios, “[...] com impacto na economia, segurança, comodidade, interoperabilidade e acessibilidade aos cidadãos em geral [...]”.

A Resolução 94/2012 do CSJT instituiu o processo eletrônico na Justiça do Trabalho em formato pró-prio, portanto foi necessária a migração para o PJe, o que ocorreu em nov/13, quando tornou-se obrigatório o ingresso de processos judiciais nas varas da Justiça do Trabalho por meio eletrônico em âmbito nacional. Assim como a Justiça do Trabalho teve que se adequar a essa realidade, o mesmo ocorreu com todos aqueles que trabalhavam com o Direito do Trabalho, envolvendo Juízes e servidores dos Tribunais do Trabalho em todas as instâncias, Advogados das partes litigantes e os auxiliares da justiça, dentre eles os Peritos de todas as formações, como médicos, engenheiros e peritos contábeis.

Segundo Feóla (2014), o Perito Contábil que pretende atuar com Perito do Juízo precisa ser cadastrado junto ao sistema PJe-JT, bem como estar vinculado a uma unidade judiciária, precisando, obrigatoriamente, possuir certificado digital. Esses requisitos são necessárias para ter acesso aos autos dos processos nos quais foi nomeado e poder praticar atos, como anexar laudo de instrução, cálculo de liquidação e prestar esclarecimentos, caso seja solicitado pelo Juízo ou pelas partes.

2.3.3 Processo eletrônico: vantagens proporcionadasAs vantagens proporcionadas pelo processo judicial eletrônico para os profissionais que atuam da área

do Direito, como Juízes, servidores do judiciário, advogados e terceiros interessados, são significativas.Machado (2010, p 216) enumera vantagens como a celeridade na solução dos conflitos, a economia para

o Estado e sua certeza de que a atuação “[...] está sendo realizada em comunhão com a consciência ambiental”.Já Soares (2010, p. 11) cita vantagens “[...] como a agilidade, a publicidade, a comodidade e a acessibilida-

de [...]”, que auxiliam nas rotinas de trabalho e otimizam a informação, a comunicação institucional e a presta-ção de serviços para a sociedade, afastando resistência sem justificativa plausível. Essas vantagens, segundo ela, propiciará a redução das rotinas de trabalho nos tribunais, bem como o tempo para realizá-las, proporcio-nando a “[...] racionalização no uso dos recursos públicos [...]”. Outra vantagem apontada é o ganho ecológico, diminuindo o uso de papel, de impressoras e outros materiais utilizados para a formalização de atos.

Não só esses autores apontam vantagens referente ao uso do processo judicial eletrônico: Barbosa (2013) acrescenta a transparência, considerando que os atos processuais são registrados no sistema em tempo real, e qualquer alteração também fica registrada por meio dos “logs” nos arquivos digitais do pró-prio sistema em cada computador; segurança, pois não ocorre extravios de autos, eliminando a restauração dos mesmos (são feitas cópias de segurança dos processos judiciais eletrônicos por meio de back-ups); a segurança também é garantida em relação aos movimentos e documentos anexados aos autos, pois é ne-cessário o uso de assinatura com certificado digital; celeridade processual: considerando que o processo eletrônico faz uso da automação de atos e rotinas, esse procedimento elimina em torno de 70% do tempo de tramitação do mesmo; o peticionamento pode ser feito a qualquer hora do dia e em qualquer lugar que tenha acesso à internet, possibilitando o tele-trabalho.

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Segundo Feóla (2014), a prova pericial também se agilizou com o processo eletrônico, pois o perito tem acesso aos autos tão logo tome ciência de sua nomeação, podendo, em alguns casos, iniciar seu trabalho antes mesmo das partes anexarem os quesitos, no caso de laudo de instrução, e elaborar o cálculo de liqui-dação antes de iniciar o prazo estabelecido, sem sair de seu escritório e a qualquer hora do dia, contanto que tenha acesso à internet.

3. METODOLOGIAO presente estudo ocorreu em dois momentos: primeiramente foi feita uma pesquisa com Peritos do

Juízo do Trabalho para verificar sua avaliação em relação ao sistema PJe-JT. No segundo momento, o resul-tado dessa pesquisa foi comparada com a situação atual do referido sistema.

A percepção dos peritos que atuam na Justiça do Trabalho em Porto Alegre e que são usuários do PJe teve como base uma pesquisa aplicada, com abordagem quanti-qualitativa, de natureza descritiva e exploratória.

Os participantes da pesquisa de campo foram selecionados de uma população de 50 peritos com mais de três anos de experiência como perito do Juízo trabalhista e que atuam no município de Porto Alegre. A escolha da amostra foi feita intencionalmente, considerando prioritariamente peritos com maior tempo de atuação e que já receberam processos em meio eletrônico, se restringindo a amostra de pesquisa em 20 peritos.

A coleta dos dados foi feita por meio de questionário enviado por email no período de 20/dez/14 a 06/mar/15, elaborado com questões abertas e fechadas. Antes do questionário ser enviado ao participante, foi feito contato por telefone com 37 peritos, cuja finalidade foi apresentar a proposta da pesquisa e verificar o interesse em participar, além de averiguar se ele preenchia os requisitos necessários para poder participar da mesma. Desses peritos, a maioria se mostrou receptiva ao assunto proposto, com exceção de um, no en-tanto 13 foram excluídos, pois atuavam somente como perito assistente, ou não tinham sido nomeados para atuar em processos no sistema PJe.

Após o contato por telefone, a escolha recaiu em 23 peritos, para os quais foi enviado o questionário, com retorno de 20 deles, sendo que a maior parte dos pesquisados atua a mais de 20 anos como perito do Juízo.

O questionário proposto foi composto por 16 perguntas de escolha simples, com espaço para suges-tões/críticas após as alternativas apresentadas, sendo que uma delas foi desdobrada em 5 perguntas. As três primeiras perguntas do questionário se referem à pessoa do perito e às atividades desenvolvidas; as demais se referem ao sistema PJe-JT.

Os dados coletados na pesquisa de campo, de natureza quantitativa, foram registrados em gráficos. Fo-ram analisados utilizando processos matemáticos simples, através de percentuais e frequências, e os dados subjetivos foram analisados através da estratégia proposta por Lakatos e Marconi (2009).

Quanto ao método, foi empregado o dedutivo.O resultado da pesquisa por meio do questionário teve como marco temporal o mês de mar/15. Con-

siderando que o sistema sofreu atualizações desde então, o resultado da pesquisa foi comparado com a situação do mesmo no mês de mar/16, podendo ser avaliada a sua evolução em relação às vantagens e difi-culdades apontadas pelos Peritos do Juízo Trabalhista.

A análise comparativa entre dois momentos do sistema se efetivou a partir do respectivo gráfico cote-jando a situação atual correspondente.

4. RESULTADO DA PESQUISAComparando o resultado da pesquisa de campo encerrada em mar/15, que avaliou o sistema PJe-JT

desde a sua implantação em nov/13 até o mês de mar/15, e a situação do mesmo em mar/16, ocorreram algumas mudanças em relação à atividade dos Peritos do Juízo, conforme resultados a seguir apresentados.

4.1 Disponibilidade do sistema – no resultado da pesquisa anterior, 85% dos peritos consideraram que a disponibilidade do sistema era boa, pois quando houve necessidade de acessá-lo, ele esteve disponível.

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ANAIS DOS RESUMOS DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS E TÉCNICOS

Figura 1 – Disponibilidade do sistema

Fonte: Elaborado pela autora

A situação permanece a mesma, excetuando quando o programa Java é atualizado e ocorre sua atuali-zação automatica nos computadores dos Peritos, pois nem sempre o PJe-JT acompanha essas atualizações. Nesses casos, precisa voltar à versão anterior para o sistema funcionar de forma adequada.

4.2 Tempo de deslocamento – 80% dos peritos consideraram que essa é uma vantagem significativa do sistema, considerando que podem realizar suas atividades no tempo que perderiam se deslocando para buscar/levar processos nas varas judiciárias.

Figura 2 – Tempo de deslocamento

Fonte: Elaborado pela autora

Essa vantagem permanece.4.3 Tempo de tramitação do processo/retorno para complementar o trabalho realizado anteriormente

– 70% dos peritos consideraram que o tempo entre a entrega do trabalho solicitado e o retorno para com-plementá-lo, ou retificá-lo, diminuiu em relação ao processo físico.

Figura 3 – Tramitação do processo/retorno para complementar o trabalho

Fonte: Elaborado pela autora

Não houve modificação quanto a essa vantagem.4.4 Acompanhamento da movimentação processual pelo sistema “PJe Push” e informações enviadas

por meio dessa ferramenta – 50% dos peritos consideraram muito boa e boa a utilização dessa ferramenta para acompanhar os processos nos quais foram nomeados. Quanto às informações fornecidas pela ferra-menta, 50% dos peritos consideraram muito boa e boa.

Figura 4 – Avaliação da ferramenta “PJe Push”

Fonte: Elaborado pela autora

Não houve qualquer alteração quanto a essa ferramenta.

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4.5 Acesso ao sistema PJe-JT e ao processo desejado – esse tópico foi considerado como desvantagem na pesquisa anterior, pois 50% dos peritos avaliaram como regular e ruim encontrar o processo de seu inte-resse, pois não tinha qualquer meio de pesquisa.

Figura 5 – Acesso ao sistema PJe-JT e ao processo desejado

Fonte: Elaborado pela autora

Atualmente o sistema conta com um campo de pesquisa pelo número do processo desejado, ou em bloco, por meio de filtros de pesquisa. Nesse tópico, o sistema evoluiu de forma muito satisfatória, pois nas versões anteriores não existiam campo nem filtros de pesquisa.

Uma vantagem que não fez parte da pesquisa anterior e que foi acrescida nas duas últimas versões do PJe-JT foi a forma como as peças são anexadas, pois nas versões anteriores era necessário encontrar o pro-cesso no “Painel do Perito” e clicar no campo “Anexar laudo”, quando se abria uma aba para anexá-las, que constava somente o número do processo, sem identificação das partes, podendo ocasionar erro material ao anexar peças/documentos em outro processo, bem como elas ficavam fora da ordem desejada pelo Perito. Atualmente é possível entrar no processo e anexar as peças/documentos por meio da aba “Anexar petições ou documentos”, onde são informados o número do processo e o nome das partes, e as peças são anexadas de acordo com a ordem desejada.

Outras vantagens introduzidas na última versão foi a possibilidade de escolher o tipo de documento que se deseja consultar por meio do campo “Tipo de documento” e baixar o processo na íntegra ao clicar no símbolo PDF no canto superior esquerdo, após selecionar se deseja em ordem crescente, ou decrescenta.

4.6 Investimento realizado – 75% dos peritos consideraram relevante o investimento para exercer suas atividades em meio eletrônico, pois precisaram comprar equipamentos e programas apropriados, assim como treinar o quadro de funcionários para trabalhar com a nova tecnologia.

Figura 6 – Investimento realizado

Fonte: Elaborado pela autora

Os investimentos continuam os mesmos para aqueles que pretendem exercer a atividade de perito.4.7 Tempo despendido para elaborar laudo de instrução/cálculo de liquidação e Facilidade para vi-

sualizar os documentos suporte necessários para cumprir a atividade proposta – 75% e 70% dos peritos responderam como regular e ruim esses tópicos, respectivamente. Muitas foram as justificativas para as desvantagens: a forma desordenada ao anexar os documento, sem ordem sequencial e cronológica para cartões-ponto e recibos de pagamento, ilegibilidade de alguns deles, muitos documentos no mesmo título, título incoerente com o documento anexado. Todas essas dificuldades aumentam o tempo para realizar o trabalho proposto e também dificultam a visualização dos documentos anexados.

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ANAIS DOS RESUMOS DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS E TÉCNICOS

Figura 7 – Tempo despendido para realizar o trabalho proposto

Fonte: Elaborado pela autora

Figura 8 – Visualização de documentos

Fonte: Elaborado pela autora

Quanto a esses tópicos, atualmente os Juízes podem determinar que as partes anexem novamente os documentos de forma que facilite sua análise pelas partes, bem como o trabalho do perito, caso precise de sua opinião técnica para o desenrolar da lide. Caso o Juízo silencie, as desvantagens permanecem.

4.8 Tempo entre o ajuizamento da ação e o recebimento dos honorários periciais – 60% dos peritos responderam como regular e ruim o tempo transcorrido entre a realização do seu trabalho e o recebimento dos honorários correspondentes.

Figura 9 – Tempo de recebimento dos honorários

Fonte: Elaborado pela autora

Não houve evolução quanto a esse tópico.Atualmente o Perito pode imprimir o Alvará diretamente do sistema, e nada fica registrado no processo. Essa

é uma falha do sistema, pois não existe controle por parte da vara judiciária, sendo necessário o Perito fazê-lo. Caso ele não consiga manter um controle eficiente, o processo pode ser arquivado sem receber seus honorários.

4.9 Organização dos processos no “Painel do Perito” e Organização dos processos no “Painel do Perito” após a nomeação e aguardando quesitos – 55% e 50% dos peritos responderam como regular e ruim, res-pectivamente, esses tópicos. As principais críticas foram quanto a impossibilidade de organizar os proces-sos de acordo com suas necessidades; a falta de ordem sequencial dos mesmos; a falta de informação quanto ao trabalho a ser realizado, constando sempre “anexar laudos periciais”, mesmo que o processo já tenha sido baixado; a falta de informação quanto ao prazo a ser cumprido, correndo o risco de perda do mesmo; impossibilidade de excluir os processos que já foram concluídos (arquivados sem dívida); impossibilidade de colocar em pastas específicas os processos que estão aguardando quesitos/documentos.

Figura 10 – Processos no “Painel do Perito” após a nomeação

Fonte: Elaborado pela autora

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Figura 11 – Processos no “Painel do Perito” aguardando quesitos

Fonte: Elaborado pela autora

As dificuldades permanecem as mesmas.4.10 Controle e intimação dos prazos – 70% dos peritos responderam como regular e ruim o controle

dos prazos, bem como sua intimação para apresentar o trabalho solicitado. Na época da pesquisa, esse tópico foi bastante criticado pelos entrevistados, considerando a dificuldade em determinar o início e final dos prazos para iniciar/entregar seu trabalho. Informaram que as intimações e as notificações dependiam de cada Vara, e algumas não mandavam qualquer correspondência, somente anexavam o processo no “Pai-nel do Perito”. Nenhuma delas informavam com clareza a data de início do prazo e da entrega do trabalho, obrigando o Perito a acompanhar diariamente o painel do perito no sistema PJe-JT, principalmente quando envolvia laudo de instrução com apresentação de quesitos pelas partes.

Figura 12 – Controle e intimação dos prazos

Fonte: Elaborado pela autora

O sistema continua sem informar os prazos a serem cumpridos, e as intimações continuam sem regula-mentação, cada Vara adota critério próprio.

4.11 Doenças por esforço repetitivo e ergonômicas – 65% dos peritos responderam como incidente e muito incidente as doenças relacionadas com a atividade do perito no processo eletrônico.

Figura 13 – Doenças por esforço repetitivo

Fonte: Elaborado pela autora

Não houve modificação quanto a essa desvantagem.

5. CONCLUSÃOO processo judicial eletrônico na Justiça do Trabalho, como sistema único para todo o país, é uma fer-

ramenta relativamente recente e irreversível, precisando ser atualizada para sanar deficiências detectadas por seus usuários. Mesmo com suas falhas, ele trouxe vários benefícios, em especial quanto à celeridade, moderação de custos e consideração pela natureza, sem deixar de lado os princípios do Direito, como o do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, da publicidade, da igualdade de tratamento, entre outros, conforme mencionado por autores como Machado (2010), Soares (2010) e Barbosa (2013).

A cada atualização realizada, o sistema vai se aperfeiçoando e se adequando às necessidades de seus usuários. Tomando como base uma pesquisa realizada logo após sua implantação e como se encontra atual-

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ANAIS DOS RESUMOS DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS E TÉCNICOS

mente, o presente trabalho cumpriu seu objetivo de averiar a evolução do sistema PJe-JT quanto à atividade do Perito Contábil, comparando-o como se encontrava em mar/15 e em mar/16.

As vantagens apontadas anteriormente, que são a disponibilidade do sistema e o tempo ganho em não precisar se deslocar para a retirada/devolução dos autos, além de não estar restrito ao horário de funciona-mento da unidade judiciária para ter acesso ao processo, contanto que tenha acesso à internet e o sistema esteja disponível, continuam as mesmas. Outras vantagens que permanecem são a rapidez na tramitação do processo eletrônico em relação ao processo físico e a utilização da ferramenta “PJe Push”. Quanto a esta última, várias sugestões de melhoria foram apontadas pelos Peritos, mas nenhuma foi implementada.

A única desvantagem que foi corrigida foi a inclusão de campos de pesquisa para o Perito encontrar o processo desejado, tanto individual, quanto por grupo de interesse.

Em relação às dificuldades apontadas pela pesquisa, elas permanecem, com exceção dos campos para a pesquisa de processo.

Tomando as vantagens e as devantagens como um todo, as desvantagens continuam a superar as van-tagens, considerando as dificuldades do Perito em realizar suas atividades, como por exemplo: a forma com são anexados os documentos pelas partes aumenta o tempo para realizar o trabalho, mesmo que tenha ganhado esse tempo sem deslocamento. O Perito continua sem possibilidade de organizar os processos em que atua, conforme suas necessidades, e não consegue excluir do “Painel do Perito” aqueles que já foram bai-xados sem dívida. Outra dificuldade que também é relevante, e não sofreu qualquer alteração, foi em relação ao controle de prazos, pois o sistema não disponiblizida um campo que informe o início e o término deles, em especial quando envolve apresentação de quesitos pelas partes para elaborar o laudo de instrução; essa desvantagem pode afetar o andamento do processo, pois quando o Perito perde o prazo, todos os envolvidos ficam prejudicados, considerando que ocorre atraso no mesmo.

Apesar da evolução ocorrida no sistema PJe-JT, as desvantagens ainda superam as vantagens quanto à atuação do perito contábil, pois o único tópico que evoluiu positivamente entre sua implantação e a última atualização em mar/16 foi em relação à pesquisa do processo pelo número, ou por estágio em que se encon-tra o mesmo, sendo possível verificar que o sistema foi pensado para os usuários das unidades judiciárias e para os representantes das partes, deixando de lado as dificuldades enfrentadas pelos Peritos, o que é lastimoso, pois quanto mais rápido e eficiente é o seu trabalho, mais se beneficiam as partes interessadas, considerando que o resultado de seu trabalho serve como subsídio para a tomada de decisões pelo Juízo.

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