resumo 1. 5. princípios constitucionais processuais

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1 Princípios constitucionais processuais penais Genofre 1. Princípio do devido processo legal. (due process of law). Art. 5º, inciso LIV da C.F. Princípio que consiste em assegurar à pessoa o direito de não ser privada de sua liberdade e de seus bens, sem a garantia de um processo desenvolvido na forma que estabelece a lei (Capez). Este dispositivo engloba outros princípios insculpidos na Constituição que tratam do processo penal. Esse princípio tem uma dupla finalidade; material e processual. Material: caracteriza-se por prever que, ninguém poderá ser processado, a não ser por; a) uma conduta que esteja definida como crime na lei penal e, b) um crime legalmente previsto, anteriormente à sua ocorrência (nullun crimen nulla pena, sine praevia lege”). Processual; caracteriza-se por englobar, o princípio do devido processo legal, vários outros princípios, inclusive constitucionais como os da, igualdade processual, do contraditório, da ampla defesa, do juiz natural, enfim fazendo valer para as partes, as mesmas regras. É importante esclarecer que os §§ 2º e 3º, do art. 5º da Constituição Federal, ressaltam e valoram os tratados internacionais, principalmente os relativos à defesa dos direitos humanos, como previsto no artigo 8º, do Pacto de São José da Costa Rica (Decreto Federal 678/92). 2. Princípio da igualdade processual. Art. 5º, “caput”, da C.F. O princípio determina que “todos são iguais perante a lei”, logo, em sua abrangência, a igualdade das partes no processo penal também está ínsita nessa norma que prevê a obrigação do tratamento igualitário das pessoas. 3. Princípio do Juiz natural. Art. 5º, incisos, XXXVII e LIII, ambos da C.F. Visa assegurar a imparcialidade do juiz e determina que qualquer julgamento se faça pelo juiz competente, designado anteriormente à infração cometida pela legislação vigente e pela Constituição Federal. Seu contraponto é a vedação ao juízo ou tribunal de exceção”, preceito previsto no inciso XXXVII, do art. 5º da C.F. 4. Princípio do contraditório. Art. 5º, inciso LV da C.F. Chamado também de “equilíbrio processual”, “bilateralidade do processo”, “igualdade das partes”, o princípio ressalta que ambas as partes no processo devem ter tratamento idêntico, sob pena de nulidade, tendo acesso ao processo e possibilidade de apresentar suas provas. A fundamentação do princípio decorre do brocardo latino, audiatur et altera pars(seja ouvida a outra parte) que corresponde à prática de realização de todos os atos tendentes a influenciar o convencimento do magistrado, dentro da dicotomia “ciência” e participação” no processo. 5. Princípio da ampla defesa. Art. 5º, incisos LV e LVIIIV, ambos da C.F. Propicia ao réu a oportunidade da ampla defesa eis que a ampla acusação já é garantida, pela expressão e força que possui o Estado no sistema processual penal brasileiro. O Estado tem a obrigação de propiciar a ampla defesa ao réu, se ele não tiver as condições de constituir defensor, podendo ser a defesa pessoal, autodefesa, representada pela participação do réu no interrogatório e a sua presença acompanhando a instrução judiciária, como também por intermédio da defesa

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Page 1: Resumo   1. 5. princípios constitucionais processuais

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Princípios constitucionais processuais penais Genofre

1. Princípio do devido processo legal. (“due process of law”). Art. 5º, inciso LIV da C.F. Princípio que consiste em “assegurar à pessoa o direito de não ser privada de sua liberdade e de seus bens, sem a garantia de um processo desenvolvido na forma que estabelece a lei” (Capez). Este dispositivo engloba outros princípios insculpidos na Constituição que tratam do processo penal. Esse princípio tem uma dupla finalidade; material e processual. Material: caracteriza-se por prever que, ninguém poderá ser processado, a não ser por; a) uma conduta que esteja definida como crime na lei penal e, b) um crime legalmente previsto, anteriormente à sua ocorrência (“nullun crimen nulla pena, sine praevia lege”). Processual; caracteriza-se por englobar, o princípio do devido processo legal, vários outros princípios, inclusive constitucionais como os da, igualdade processual, do contraditório, da ampla defesa, do juiz natural, enfim fazendo valer para as partes, as mesmas regras. É importante esclarecer que os §§ 2º e 3º, do art. 5º da Constituição Federal, ressaltam e valoram os tratados internacionais, principalmente os relativos à defesa dos direitos humanos, como previsto no artigo 8º, do Pacto de São José da Costa Rica (Decreto Federal 678/92). 2. Princípio da igualdade processual. Art. 5º, “caput”, da C.F. O princípio determina que “todos são iguais perante a lei”, logo, em sua abrangência, a igualdade das partes no processo penal também está ínsita nessa norma que prevê a obrigação do tratamento igualitário das pessoas. 3. Princípio do Juiz natural. Art. 5º, incisos, XXXVII e LIII, ambos da C.F. Visa assegurar a imparcialidade do juiz e determina que qualquer julgamento se faça pelo juiz competente, designado anteriormente à infração cometida pela legislação vigente e pela Constituição Federal. Seu contraponto é a “vedação ao juízo ou tribunal de exceção”, preceito previsto no inciso XXXVII, do art. 5º da C.F. 4. Princípio do contraditório. Art. 5º, inciso LV da C.F. Chamado também de “equilíbrio processual”, “bilateralidade do processo”, “igualdade das partes”, o princípio ressalta que ambas as partes no processo devem ter tratamento idêntico, sob pena de nulidade, tendo acesso ao processo e possibilidade de apresentar suas provas. A fundamentação do princípio decorre do brocardo latino, “audiatur et altera pars” (seja ouvida a outra parte) que corresponde à prática de realização de todos os atos tendentes a influenciar o convencimento do magistrado, dentro da dicotomia “ciência” e “participação” no processo. 5. Princípio da ampla defesa. Art. 5º, incisos LV e LVIIIV, ambos da C.F. Propicia ao réu a oportunidade da ampla defesa eis que a ampla acusação já é garantida, pela expressão e força que possui o Estado no sistema processual penal brasileiro. O Estado tem a obrigação de propiciar a ampla defesa ao réu, se ele não tiver as condições de constituir defensor, podendo ser a defesa pessoal, autodefesa, representada pela participação do réu no interrogatório e a sua presença acompanhando a instrução judiciária, como também por intermédio da defesa

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técnica, pela defesa constituída pelo réu ou pela assistência judiciária quer seja a defensoria pública ou a dativa, prevista no inciso LXXIV, do art. 5º, da C.F. 6. Princípio da plenitude de defesa. Art. 5º, inciso XXXVIII, “a” da C. F. Não se confunde com a ampla defesa, pois é a hipótese do Tribunal do Júri em que os jurados são juízes leigos e, por não serem juízes togados, não valoram a ampla defesa na sua exata dimensão, daí a necessidade de se propiciar ao réu uma situação melhor de aproveitamento de uma defesa real, efetiva e muito clara para procurar compensar o desequilíbrio, a desigualdade, na forma de sentir a prova pelo juiz leigo, o jurado. O termo “plenitude” envolve “completude”; completo, absoluto, repleto, perfeito, enquanto “ampla” significa vasto, muito grande, copioso e abundante. Plenitude de defesa é muito maior e mais abrangente do que a ampla defesa. 7. Princípio da motivação das decisões judiciais. Encontra-se no art. 93, inciso IX da C. F. e refere-se à fundamentação das decisões judiciais que devem, sempre, ser motivadas, sob pena de nulidade. Até o inquérito policial, considerado sigiloso para a comunidade, deve ser público para o advogado. 8. Princípio da publicidade. Os art. 93, inciso IX e art. 5º, inciso LX, ambos da C.F., determinam a publicidade do processo, determinando ser ele público, a não ser em circunstâncias excepcionais, previstas nas regras de proteção à intimidade do interessado e às exigências do interesse social, no sigilo processual. Na esfera processual penal o art. 792 do CPP determina a publicidade das “audiências sessões, e atos processuais, em regra públicos” mas determina ao juiz que, de acordo com a conveniência, poderá limitar u número de pessoas que possam estar presentes. Até no inquérito policial que é sigiloso, o Estatuto da Advocacia estende tal princípio ao advogado. A Lei 8.906/94, que o regulamenta, determina como direito do advogado, “examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante delito, e de inquérito policial, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade policial, podendo copiar peças e tomar apontamentos”. 9. Princípio da iniciativa das partes. Art. 129, inciso I e 5º, inciso LIX, ambos da C.F. O juiz não pode agir de ofício. Cabe às partes provocar a prestação jurisdicional. Na ação pública o titular é o MP, responsável pela denúncia e, na ação penal de iniciativa privada, quer na comum, quer na subsidiária é o ofendido que é o titular do direito de queixa. Como alerta o aforismo latino: “Ne procedat judex ex officio”. “O juiz não deve proceder de ofício”. 10. Princípio da inadmissibilidade das provas Ilícitas. Art. 5º, LVI da C. F. A vedação envolve o que é ilícito, ilegal e o que é ilegítimo. Há muita discussão doutrinária sobre o tema, mas o dispositivo é claro; a prova colhida ilicitamente não pode ser admitida no processo. 11. Princípio do estado de Inocência ou da presunção de Inocência. Art. 5º, LVII da C. F. Este princípio reconhece um estado transitório de não culpabilidade, enquanto não houver o trânsito em julgado de uma sentença condenatória. Decorrem deste princípio, duas ilações; a) o ônus de provar a responsabilidade

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criminal do réu pertence à acusação e b) o acusado não é obrigado a colaborar para a colheita da prova que o incrimine, como exame de sangue, etc 12. Princípio da celeridade processual. Art. 5º, LXXVIII da C. F. (Com a nova redação acrescentada pela Emenda Constitucional n. 45, de 08 de dezembro de 2004.). Prevê tal dispositivo a celeridade na tramitação processual, sem prejuízo, porém, de qualquer restrição a direito da parte de procurar a verdade real e a apresentação das provas necessárias ao esclarecimento da verdade. Infelizmente o princípio ainda não chegou aos nossos tribunais, completamente sobrecarregados de feitos. Por ser um princípio, apenas programático, necessita de uma lei infraconstitucional que o regulamente, o que ainda não aconteceu.