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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS CURSO DE DIREITO RESTITUIÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA RETIDA DAS EMPRESAS CESSIONÁRIAS DE MÃO-DE-OBRA GRAZIELA CATTONI Itajaí-SC, 19 de Novembro de 2007.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS CURSO DE DIREITO

RESTITUIÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA RETIDA DAS EMPRESAS CESSIONÁRIAS DE MÃO-DE-OBRA

GRAZIELA CATTONI

Itajaí-SC, 19 de Novembro de 2007.

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II

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS CURSO DE DIREITO

RESTITUIÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA RETIDA DAS EMPRESAS CESSIONÁRIAS DE MÃO-DE-OBRA

GRAZIELA CATTONI

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professor MSc. Alexandre Macedo Tavares

Itajaí-SC, 19 de Novembro de 2007.

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III

AGRADECIMENTO

Aos meus pais, Renato e Anita pelo incentivo, a

minha irmã Naiara pelo apoio recebido e ao meu

namorado Marcos pelo carinho e compreensão.

Ao professor Alexandre Macedo Tavares, por toda

a sua orientação profissional.

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IV

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meus pais, exemplo de

seriedade e dedicação por mim e, por terem me

ensinado a viver a vida com dignidade.

Dedico-o também ao meu namorado pelo apoio e

incentivo profissional.

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V

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí-SC, 19 de Novembro de 2007.

Graziela Cattoni

Graduanda

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VI

PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente Monografia de conclusão do curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda GRAZIELA CATTONI, sob o título

RESTITUIÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA RETIDA DAS

EMPRESAS CESSIONÁRIAS DE MÃO-DE-OBRA, foi submetida em 19 de

novembro de 2007, à banca examinadora composta pelos seguintes Professores:

MSc. Alexandre Macedo Tavares (Orientador e Presidente da Banca), Professor

MSc. Josemar Sidnei Soares (Membro) e Professor Esp. João Thiago Fillus

(Membro) e aprovada com a nota 9,5 (nove vírgula cinco).

Itajaí-SC, 19 de Novembro de 2007.

Professor MSc. Alexandre Macedo Tavares Orientador e Presidente da Banca

Professor Antônio Augusto Lapa Coordenação de Monografia

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VII

ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

CC/2002 Código Civil Brasileiro de 2002

CTN Código Tributário Nacional

GFIP Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência

INSS Instituto Nacional da Seguridade Social

OAB Ordem dos Advogados do Brasil

SESC Serviço Social do Comércio

SESI Serviço Social da Indústria

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

STN Sistema Tributário Nacional

SEFIP Sistema Empresa de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social

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VIII

ROL DE CATEGORIAS1

Cessionário de Mão-de-obra2: constitui a empresa prestadora de serviço com

cessão de mão-de-obra.

Contribuição Previdenciária3: as empresas deverão recolher as contribuições

previdenciárias, bem como os valores retidos sobre o valor dos serviços

prestados, por meio do documento de arrecadação, no dia 2 do mês seguinte

àquela a que se referirem às remunerações, emissão da nota fiscal ou fatura

conforme o caso, prorrogando o vencimento para

Obrigação Tributária 4: a lei descreve um fato e atribui a este o efeito de criar

uma relação entre alguém e o Estado. Ocorrido o fato, que em Direito Tributário

denomina-se fato gerador, ou fato imponível, nasce a relação tributária, que

compreende o dever de alguém (sujeito passivo da obrigação tributária) e o direito

do Estado (sujeito ativo da obrigação tributária). O dever e o direito (no sentido de

direito subjetivo) são efeitos da incidência da norma.

Responsabilidade Tributária5: em sentido amplo, é a submissão de determinada

pessoa, contribuinte ou não, ao direito do fisco de exigir a prestação da obrigação

tributária. Essa responsabilidade vincula qualquer dos sujeitos passivos da

relação obrigacional tributária. Em sentido estrito, é a submissão, em virtude de

disposição legal expressa, de determinada pessoa que não é contribuinte, mas

1 “Categoria, é a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia”.

Conforme PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 7. ed. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2003, p.40.

2 FERREIRA, Ana Paula. MACHADO, Mariza Abreu Oliveira. SANTOS, Milena Sanches Tayano dos. Obrigações trabalhistas e previdenciárias na contratação de prestadores de serviços. 4º ed. São Paulo: IOB Thomson, 2006, p. 196.

3 FERREIRA, Ana Paula. MACHADO, Mariza Abreu Oliveira. SANTOS, Milena Sanches Tayano dos. Obrigações trabalhistas e previdenciárias na contratação de prestadores de serviço, p. 193.

4 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 28º ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 149.

5 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, p. 178.

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IX

está vinculada ao fato gerador da obrigação tributária, ao direito do fisco de exigir

a prestação respectiva.

Substituição Tributária 6 : qualifica-se por substituição a responsabilidade

tributária, nos casos em que o legislador, ao eleger a hipótese de incidência

tributária, coloca desde logo como sujeito passivo da relação tributária que surgirá

de sua ocorrência alguém que está a ela vinculado, embora a situação constitua

fato signo presuntivo de riqueza de outros.

6 TAVARES. Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário. 3º ed. rev. e atual.

Florianópolis: Momento Atual, 2006, p.185.

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X

SUMÁRIO

RESUMO ...................................................................................... XII

INTRODUÇÃO ............................................................................... 01

CAPÍTULO 1 .................................................................................. 04

A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E SUA EXTINÇÃO PELO PAGAMENTO ................................................................................ 04 1.1 NOÇÃO DE TRIBUTO ............................................................................... 04 1.2 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ...................................................................... 07 1.3 NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ....................................... 11 1.4 SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ............................................ 13 1.5 OBJETO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL E ACESSÓRIA ... 17 1.6 CRÉDITO TRIBUTÁRIO COMO DIREITO-REFLEXO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ................................................................................................... 18 1.7 EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM O PAGAMENTO ............. 20

CAPÍTULO 2 .................................................................................. 26

FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DO DIREITO À REPETIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO ......................................................... 26 2.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS............................................................. 26 2.1.1 Conceito ................................................................................................. 26 2.1.2 Função .................................................................................................... 29 2.2 PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE .................................................. 30 2.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE PÚBLICA ................................................. 34 2.4 DIREITO À PROPRIEDADE ...................................................................... 36 2.5 RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO PELA CRIAÇÃO DE LEIS INCONSTITUCIONAIS ...................................................................... 40 CAPÍTULO 3 .................................................................................. 42

A RETENÇÃO DE 11% SOBRE RENUNERAÇÃO RELATIVA A CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA ....................................................... 42 3.1 COLOCAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................ 42 3.2 POSSIBILIDADE DE HAVER SUBSTITUIÇÃO DE FONTE FINANCIADORA DA SEGURIDADE SOCIAL ................................................ 43 3.3 O ANTIGO MODELO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DE

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XI

ACORDO COM A INTERPRETAÇÃO DADA PELO INSS ............................. 44 3.4 O NOVO MODELO DE RESPONSABILIDADE CONFERIDO PELO ART. 31 DA LEI Nº 8.212/91 ..................................................................................... 47 3.5 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E OS REQUISITOS DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA .......................................... 49 3.6 DISTINÇÃO ENTRE CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA, EMPREITADA E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ......................................................................... 50 3.7 NATUREZA JURÍDICA DA “RETENÇÃO” E DA RESPONSABILIDADE DO CONTRATANTE PREVISTAS PELA LEI 9.711/98................................... 54 3.8 RESTRIÇÕES IMPOSTAS PELO ORDENAMENTO JURÍDICO À COMPENSAÇÃO DOS VALORES RETIDOS ................................................. 56 3.9 A RESPONSABILIDADE DO SUBSTITUTO E DO CONTRIBUINTE ....... 57 3.10 DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA EM RAZÃO DA INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO ENTRE O RESPONSÁVEL (EMPRESA CONTRATANTE) E O FATO GERADOR DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA ........................................................................................... 59 3.11 JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TEMA ..................................................... 60

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 67

REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS ..................................... 69

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XII

RESUMO

O presente trabalho visa salientar sobre a Restituição da Contribuição

Previdenciária Retida das Empresas Cessionárias de Mão-de-Obra, ou seja,

sobre o INSS retido pelas empresas prestadoras de serviço não optantes pela

tributação federal do Super Simples, conforme prevê a devida legislação legal.

Para uma melhor compreensão destacou-se alguns conceitos primordiais, em

relação à obrigação tributária, bem como os princípios constitucionais

fundamentais referentes ao direito do indébito tributário, e, por fim, fez-se uma

abordagem específica sobre a retenção de 11% sobre a remuneração relativa à

mão-de-obra. Identifica-se em determinado momento, como ocorre a devida

retenção previdenciária, as responsabilidades atribuídas ao prestador de serviços

(contribuinte) e ao tomador do serviço (substituto tributário) e o ordenamento

jurídico quanto ao processo de restituição ou ainda sua compensação.

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto a Restituição da

Contribuição Previdenciária Retida das Empresas Cessionárias de Mão-de-Obra.

O seu objetivo é analisar a sujeição da sistemática de

substituição tributária criada pela lei 9.711/98, relativamente as empresas

cessionárias de mão-de-obra, ou seja, pesquisar sobre os casos previstos em lei,

para conhecer quando é possível efetuar a retenção da previdência social e/ou

compensação mensal.

Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando de uma

noção sobre determinados conceitos tributários, por hora, muito importantes para

uma melhor interpretação da legislação, voltando-se para a obrigação tributária e

sua extinção pelo pagamento.

No Capítulo 2, tratando dos fundamentos constitucionais,

com relação ao direito à repetição do indébito tributário, tendo como base alguns

princípios constitucionais.

No Capítulo 3, tratando de identificar o regime jurídico a que

se submetem as empresas cessionárias de mão-de-obra, sob ponto de vista das

contribuições previdenciárias. Tratando-se com bastante ênfase a questão da

responsabilidade tributária, quando do prestador de serviços e quando do

tomador do serviço, como substituto tributário.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões

sobre Restituição da Contribuição Previdenciária Retida das Empresas

Cessionárias de Mão-de-Obra.

A pesquisa foi desenvolvida tendo como base os seguintes

problemas:

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2

1ª O ressarcimento só pode ser feito em forma de restituição

em espécie?

2ª O crédito restituível pode ser compensado em cada

competência observando-se o percentual de 30% para a

compensação do valor?

3ª Qual é a base de cálculo para a retenção de INSS e qual

o alíquota aplicável sobre a mesma?

Diretamente relacionadas a cada problema formulado, foram

levantadas as seguintes hipóteses:

a) O ressarcimento poderá ser feito em forma de restituição

em espécie ou em forma de compensação, ou seja, ao invés

de receber determinado valor em dinheiro, deixa-se de

recolher determinado valor ao INSS.

b) O crédito restituível pode ser compensado em cada

competência, não se aplicando a lei dos 30%, ou seja, do

valor a ser pago, exceto à parte de terceiros, o restante pode

ser compensado integralmente.

c) A base de cálculo para a retenção de INSS está prevista

na lei nº 9.711/98, a qual como regra geral, a alíquota

aplicável é de 11% sobre a mão-de-obra utilizada.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase

de Investigação7 foi utilizado o Método Indutivo8 , na Fase de Tratamento de

7 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente

estabelecido [...]”. PASOLD, Cesar Luis. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. 10 ed. Florianópolis: OAB-SC editora, 2007. p. 101.

8 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luis. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 104.

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3

Dados o Método Cartesiano9, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente

Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as

Técnicas do Referente 10 , da Categoria 11 , do Conceito Operacional 12 e da

Pesquisa Bibliográfica13.

9 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE,

Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 22-26.

10 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luis. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 62.

11 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luis. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 31.

12 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luis. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 45.

13 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais”. PASOLD, Cesar Luis. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 239.

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CAPITULO 1

A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E SUA EXTINÇÃO PELO PAGAMENTO

1.1 NOÇÃO DE TRIBUTO

Primeiramente, faz-se necessário um breve histórico para

se compreender melhor a noção de tributo no Direito Positivo Brasileiro.

O Estado de Direito, como resposta ao Absolutismo, trouxe

a necessidade de controle sobre os ingressos tributários e gastos da Fazenda, o

qual foi estruturado sob regras do Direito Positivo, figurando o tributo como uma

prestação pecuniária obrigatória a ser retida do patrimônio dos indivíduos.

O período histórico foi de equilíbrio entre um Estado Liberal

e um Estado Social, ou seja, um período de conjunção dos ideais de liberdade,

segurança e certeza com os ideais de solidariedade, justiça e igualdade,

segundo o que prega o Estado Democrático de Direito.

De acordo com o CTN - Código Tributário Nacional (Lei n°

5.172/66), art. 3o,14:

Art.3°. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em

moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não

constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada

mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Com relação ao termo prestação pecuniária compulsória,

citado no art. 3o do CTN, pode-se interpretar o seguinte:

14 Caput com redação determinada pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966.

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5

Por prestação pecuniária entende-se que, o tributo é uma

prestação em dinheiro. A compulsoriedade é considerada a essência do tributo,

isso significa que o Estado impõe a sua vontade através de lei.

No entendimento de Tavares15:

A definição de tributo, em nosso país, corresponde a uma

categoria de Direito Positivo, isto é, não consubstancia um

conceito Iógico-jurídico, mas um conceito jurídico-positivo. Em

outras palavras, o conceito de tributo estampado no art. 3o do

Código Tributário Nacional, segundo qualificaria Sainz de

Bujanda, há de ser considerado como mero precepto didactio,

vez que sua identidade é verdadeiramente constitucional.

Para Silva16:

Tributo é receita derivada que o Estado arrecada mediante o

poder coercitivo que lhe outorga a sua soberania, nos termos

fixados na Constituição da República, e cujo produto destina-se

ao custeio de suas atividades.

Pode-se assim compreender que o tributo é considerado

uma prestação pecuniária decorrente da prática de ato lícito previsto em lei, com

o objetivo de arrecadar receitas ao Estado, para que este realize funções de

interesse público.

Convém aqui invocar lição de Ataliba, que observa que o

conceito de tributo é constitucional. Nenhuma lei pode alargá-lo, reduzi-lo ou

modificá-lo. Ele é conceito-chave que define a competência legislativa da União,

Estados e Municípios17.

15 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário. 3º ed. Florianópolis:

Momento Atual, 2006, p. 53. 16 SILVA, Marcelo Abdalla da. Direito tributário didático: provas e concursos. Belo Horizonte:

Livraria Del Rey Editora, 1996, p. 71. 17 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6º ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 32.

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6

Para Chimenti18, tributo não é multa, pois o tributo tem por

pressuposto um fato lícito. Nesse sentido comenta:

Diz-se que a obrigação é compulsória, obrigatória, porque ela

decorre diretamente da lei. A vontade do contribuinte é irrelevante

e por isso até mesmo os incapazes podem ser sujeitos passivos

das obrigações tributárias.

Em razão disto, constata-se que a função principal do tributo

é gerar recursos financeiros para o Estado, sendo que pode ter função fiscal,

extrafiscal ou parafiscal19.

Oliveira20 destaca:

Seguiremos as prescrições da Lei n. 5.172, de 25/10/1966, a qual,

não obstante o fato de ter nascido na categoria de lei ordinária, foi

posteriormente por força do artigo 7º do Ato Complementar n.36,

de 13/03/1967, elevada à categoria de lei complementar, passando

a se chamar de Código Tributário Nacional (CTN).

Não poderíamos, também, aqui deixar de fazer alusão ao fato de

que qualquer Emenda Constitucional que versar sobre matéria

tributária deverá ter sua relevância, sob pena de incorremos em

erro ou omissão.

Bem, o tributo conforme conceituado no art. 5º do CTN, é um

gênero, do qual deriva como espécies os impostos, as taxas e as contribuições de

melhoria.

Diante do exposto, conceitua-se o tributo como prestação em

dinheiro, que o Estado exige do contribuinte através de lei, com o objetivo de obter

recursos para cumprir de alguma forma para o bem-estar da sociedade

18 CHIMENTI, Ricardo Cunha. Direito tributário. Vol. 16, 9º ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 75. 19 CHIMENTI, Ricardo Cunha. Direito tributário, p. 43. 20 OLIVEIRA, Vicente Kleber de Melo. Direito tributário sistema tributário nacional: teoria e

prática. Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p. 90.

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7

1.2 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Segundo o art. 113 do CTN, têm-se duas espécies de

obrigação tributária: principal e acessória.

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1o A obrigação principal surge com a ocorrência do fato

gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou

penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito

dela decorrente.

§ 2° A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem

por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas

no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3o A obrigação acessória, pelo simples fato de sua

inobservância, converte-se em obrigação principal

relativamente a penalidade pecuniária.

Há vários significados para o termo obrigação, destaca

Tavares21:

Conforme ensina Maria Helena Diniz, “obrigação

corresponde ao vínculo que liga um sujeito ao cumprimento de

dever imposto por normas morais, religiosas, sociais ou

jurídicas”.

Já Arnoldo Wald dispõe que “a palavra obrigação é utilizada

tanto para englobar toda a relação jurídica obrigacional, como

para indicar o seu aspecto ativo ou crédito (obrigação ativa) ou o

passivo, ou débito (obrigação passiva), sendo mais

generalizada a identificação da obrigação com o aspecto

passivo”.

Como se pode notar, em Direito, a palavra “obrigação”

aparece como um elo entre duas ou mais pessoas. Fruto

imediato de uma “relação jurídica”, representa o vínculo

abstrato, segundo qual, por força de uma imputação

normativa, uma pessoa, denominada “sujeito ativo”, passa a se

investir do direito subjetivo de exigir de outra,

21 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário, p. 97.

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8

denominada “sujeito passivo”, o cumprimento de

determinada prestação.

Para Silva 22 , a obrigação tributária pode ser assim

conceituada:

Obrigação tributária é o laço jurídico por força do qual o particular

tem o dever de realizar uma prestação ao Estado nas condições

definidas em lei. Ocorre sempre que o Estado, como sujeito ativo,

relacionar-se com o particular, sujeito passivo, para exigir-lhe

um prestação em virtude de situações definidas em lei como

hipótese de incidência.

Podendo classificar-se como:

Principal (grifei) - surge com a ocorrência do fato gerador, tem

por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e

extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

Acessória (grifei) - decorre da legislação tributária e tem por

objeto as prestações positivas ou negativas, nela previstas no

interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

Nesse mesmo sentido pondera Martins23:

O conceito de obrigação nasceu no âmbito do Direito Privado e já

foi por nós herdada do Direito romano. A obrigação tributária é

uma obrigação de direito público. Discute-se em doutrina, se a

obrigação de direito tributário é, em tudo e por tudo, idêntica à de

direito privado ou se uma difere da outra.

Segundo Blumenstein, apesar da semelhança extrínseca entre a

obrigação de direito tributário e a de direito público, as normas de

direito privado não se aplicam, em princípio, às obrigações

tributárias. Parece-nos que existe uma identidade estrutural entre

a obrigação tributária e a de direito privado e que as diferenças

entre ambas resultam das funções diferentes que tem.

A obrigação tributária é, pois, uma obrigação ex lege. Rubens

Gomes de Souza, em seu Compêndio de Legislação Tributária,

diz que a obrigação tributária tem três fontes, a saber: a lei, o fato

previsto na lei (fato gerador) e o lançamento. Na verdade, a lei é a

22 SILVA, Marcelo Abdalla da. Direito tributário didático: Provas e Concursos, p.182. 23 MARTINS.Ives Gandra da Silva. Curso de direito tributário. Volume 1, 4º edição, Belém:

Editora Cejup, 1995, p. 216.

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causa eficiente de toda e qualquer obrigação, mas não sua

condição determinante. A fonte mediata é o fato, cujos efeitos

tributários decorrem da lei e não da vontade do contribuinte.

Isto posto, pode-se dizer que a obrigação tributária principal

consiste no pagamento do tributo ou de penalidade pecuniária. Já a obrigação

tributária acessória é a obrigação de fazer alguma coisa no interesse da

arrecadação ou fiscalização, como por exemplo preencher guias, emitir livros, etc.

Ainda sobre o conceito de obrigação tributária, Láudio e

Dilene Fabretti24 concluem:

Obrigação é a relação jurídica que se estabelece entre um sujeito

ativo (credor), que pode exigir de um sujeito passivo (devedor)

uma prestação de caráter patrimonial (objeto), em virtude de uma

causa que pode ser a vontade da parte (ex voluntate) ou a

vontade da lei (ex lege).

A obrigação cuja causa é a vontade das partes é de direito

privado. Já a que surge por determinação legal é de direito

público. A obrigação tributária tem como causa a lei (ex lege). A

obrigação tributária nasce com a ocorrência do fato gerador,

estabelecendo uma relação jurídica que vincula o sujeito ativo

(Estado), que pode exigir do sujeito passivo (particular) uma

prestação patrimonial (dinheiro), em virtude da vontade da lei que

institui o tributo.

Pelo STN, em vigor, uma simples obrigação de direito privado

pode, às vezes, gerar até quatro diferentes obrigações de direito

público. Por exemplo:

a) obrigação de direito privado: venda de mercadoria a prazo –

sujeito ativo/credor – o vendedor; sujeito passivo/devedor – o

comprador: objeto – o pagamento do preço; causa – vontade das

partes;

b) obrigações de direito público geradas por essa venda:

tratando-se de produto industrializado: fato gerador do IPI, pela

saída do estabelecimento industrial ou equiparado;

• por ser mercadoria – fato gerador do Icms;

• pelo faturamento – fato gerador da Cofins; 24 FABRETTI, Láudio Camargo; FABRETTI, Dilene Ramos. Direito tributário para os cursos de

administração e ciências contábeis. 5º edição, São Paulo: Editora Atlas, 2006, p. 81.

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• pelo faturamento – fato gerador do Pis.

Pode-se concluir que, havendo a incidência do comando

legal que determina o pagamento de um tributo, imediatamente surge entre o

Fisco e contribuinte um liame obrigacional. A obrigação tributária nasce, pois, com

a ocorrência, no mundo dos fatos, da hipótese abstratamente prevista em lei.

Nesse diapasão, vislumbra-se que a obrigação tributária

principal surge da ocorrência de um fato previsto em lei, um fato gerador25.

Cabe salientar também, quanto à natureza jurídica do tributo,

prevista no art. 4º26 do CTN:

Art. 4º. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo

fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para

qualificá-la:

I – a denominação e demais características formais adotadas pela

lei;

II – a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Nesse sentido Oliveira27 comenta:

Isto significa dizer que é através do fato gerador da respectiva

obrigação (obrigação tributária principal, naturalmente) que se vai

determinar a espécie do tributo. Vale dizer, se o tributo é imposto,

taxa ou contribuição de melhoria.

De acordo com o CTN, a obrigação principal nasce quando

da ocorrência do fato gerador (art. 113, § 1º) e da constituição do crédito através

do lançamento (art. 142).

25 CHIMENTI, Ricardo Cunha. Direito tributário, p. 113. 26 Caput com redação determinada pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. 27 OLIVEIRA, Vicente Kleber de Melo. Direito tributário sistema tributário nacional: teoria e

prática, p. 98.

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Enquanto a obrigação tributária principal só pode decorrer

de lei, a obrigação tributária acessória pode ser estabelecida por qualquer das

normas que integram a legislação tributária (CTN, art. 96). A obrigação tributária

acessória visa a atender aos interesses do fisco no tocante à fiscalização e

arrecadação dos tributos e corresponde a qualquer exigência feita pela legislação

tributária que não seja o pagamento do tributo.

1.3 NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Fato gerador é aquele que reúne as condições

necessárias e suficientes para determinar os efeitos que lhe são próprios, ou

seja, uma vez ocorrido o fato concreto, em regra, gera para o sujeito passivo

o dever de pagar o tributo devido.

Os artigos 114 e 115 do CTN28 tratam o seguinte:

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação

definida em lei como necessária e suficiente à sua

ocorrência.

Art. 115 - Fato gerador da obrigação acessória é qualquer

situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou

a abstenção de ato que não configure obrigação principal.

Nas palavras de Tavares29:

Realmente, praticada a situação definida em lei como

necessária e suficiente à sua ocorrência (CTN, art. 114), dá-se o

nascimento automático da obrigação tributária, de modo que o

sujeito passivo - seu espólio ou massa falida - responderá

pelo pagamento do crédito tributário com a totalidade de seus

bens e rendas, de qualquer origem ou natureza, inclusive os 28 Caput com redação determinada pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. 29 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário, p. 98.

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gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou

impenhorabilidade, ressalvados unicamente os bens e as rendas

que a lei declare absolutamente impenhoráveis (CTN, art. 184).

Pondera Falcão que o fato gerador possui três

características essenciais, sendo a primeira, a sua previsão legal, a segunda

constituir um fato jurídico e não um ato negocial e por fim representar o

pressuposto de fato para o nascimento da obrigação tributária principal. Definir

por lei o fato gerador do tributo é, entretanto, um dos aspectos mais relevantes do

chamado princípio da legalidade dos tributos30.

De acordo com Silva31:

O fato gerador é o berço da obrigação tributária, pois é a causa

suficiente para o seu nascimento. O termo fato gerador é

utilizado para fazer referência à situação tributável ocorrida em

concreto na vida real. Essa situação tributável enquanto prevista

em tese na lei recebe o nome de hipótese de incidência.

Entende-se que o fato gerador é o aspecto material da

hipótese de incidência tributária. Vale consignar, ainda, a função da base de

cálculo, a qual é uma grandeza econômica vinculada em lei, que serve para

dimensionar o respectivo fato gerador (hipótese tributária), possibilitando a

quantificação de dever tributário e a definição da espécie tributária.

De fato, a base de cálculo, juntamente com o fato gerador,

são os elementos identificadores das espécies tributárias. É a base de cálculo

que dá a exata dimensão da hipótese tributária, estabelecendo a correlação

necessária entre o fato descrito na norma como pressuposto e a prestação

tributária.

30 FALCÃO, Amílcar de Araújo. Fato gerador da obrigação tributária. 4º ed. São Paulo: Revista

dos Tribunais, 1977, p. 35. 31 SILVA, Marcelo Abdalla da. Direito tributário didático: provas e concursos, p.187.

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1.4 SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

A respeito da sujeição ativa, o art. 119, do CTN

prescreve: “Art.119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito

público titular da competência para exigir o seu cumprimento”.

Segundo Tavares32:

Em outros termos, sujeito ativo da obrigação tributária é

qualquer pessoa que, com base em prévia autorização legal,

detém o direito subjetivo de exigir de outrem, denominado de

“sujeito passivo”, o cumprimento de seu dever jurídico tributário de

índole material (pagamento de tributo) ou formal (satisfação de

prestações - positivas ou negativas - de interesse da

arrecadação ou da fiscalização).

Embora seja verdade que o dispositivo legal em foco

literalmente reduz a condição de sujeito ativo às pessoas

jurídicas de direito público, não menos verdadeiro é o fato que

nosso subsistema constitucional tributário admite a delegação

da capacidade tributária ativa a outras pessoas (públicas ou

privadas) que tenham a seu cargo o exercício de funções de

interesse público.

Em arremate, forçoso admitir que todo aquele que possui

competência tributária possui capacidade tributária ativa, mas

nem todo aquele que exerce a capacidade tributária ativa, possui

competência tributária (caso do INSS, OAB, SESC, SESI, etc.

Pode-se dizer que o sujeito ativo é o detentor da

capacidade tributária, isto é, a pessoa a quem a lei atribui poderes de

arrecadar, administrar e fiscalizar os tributos.

No mesmo sentido, pontua Silva33:

32 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário, p. 105. 33 SILVA, Marcelo Abdalla da. Direito tributário didático: provas e concursos, p.195.

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A sujeição ativa pode ocorrer diretamente, quando é o próprio

ente competente que exige o seu tributo, ou por delegação a

entidade instituída por qualquer dessas pessoas, como no caso

da contribuição previdenciária cobrada pelo INSS.

Sujeito ativo é o titular da faculdade de exigir o tributo. Se o ente

competente edita lei instituindo o tributo e, depois, confere a outra

pessoa de direito público a capacidade de exigi-lo, sujeito ativo

será esta última pessoa, pois a ela caberá exigir o referido tributo.

Em se tratando do conceito de sujeito ativo, vários

doutrinadores discorrem sobre a mesma linha de pensamento, contudo, vale a

pena destacar a lição de Martins34:

Sujeito ativo da obrigação tributária é, pois, o ente político

investido de competência e de capacidade tributária, isto é,

qualificado para instituir os tributos discriminados na Constituição,

bem como apto para cobrá-los dos respectivos sujeitos passivos,

vale dizer, para ser titular de direitos e obrigações na ordem

jurídica tributária.

Reduzindo esta última noção aos seus termos mais simples,

sujeito ativo da obrigação tributária é a pessoa investida da

qualidade para instituir (competência) e aplicar (capacidade) os

tributos discriminados na Constituição.

A respeito da sujeição passiva, os arts. 121 e 122 do CTN35

dispõem:

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa

obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-

se:

I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a

situação que constitua o respectivo fato gerador;

II - responsável, quando, sem revestir a condição de

contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa

em lei.

34 MARTINS.Ives Gandra da Silva. Curso de direito tributário, p. 216. 35 Caput com redação determinada pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966.

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Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa

obrigada às prestações que constituam o seu objeto.

De acordo com o entendimento de Tavares36:

Ora, se o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária é o

objeto da obrigação tributária principal, obviamente que o sujeito

passivo da obrigação principal só pode ser a pessoa de quem se

pode exigir tais comportamentos.

O sujeito passivo da obrigação tributária principal é sempre a

pessoa - física ou jurídica - que, por força de lei, possui o

dever jurídico de entregar dinheiro aos cofres públicos, seja a

título de tributo, seja a título de penalidade pecuniária (multa).

No dizer de José Souto Maior Borges:”[...] Sujeito passivo da

obrigação tributária (contribuinte) é a pessoa que pode, com o

comportamento, prestar ou não o tributo e, portanto, evitar ou não

a sanção tributária. Cumprirá ou descumprirá o dever (obrigação

tributária) e, pois, com seu comportamento, provocará ou não a

respectiva sanção.

Silva 37 trata da diferenciação entre contribuinte e

responsável, prevista no art. 121, parágrafo único, inciso I e II do CTN, nos

seguintes termos:

Sujeito passivo da obrigação principal é contribuinte, quando

tenha relação pessoal e direta com o fato gerador. É a pessoa

que dá nascimento à situação tributável, que provoca o

acontecimento do núcleo do fato gerador.

Responsável será a pessoa que, não sendo contribuinte, não

estando direta e pessoalmente relacionada com o fato gerador, a

lei assim o determinar. A lei chama uma terceira pessoa estranha

ao fato gerador, mas indiretamente ligada ao mesmo, para

cumprira obrigação tributária.

Fazendo um aporte à lição de Chimenti38, o sujeito passivo

pode ser direto ou indireto, e as regras estão previstas nos arts. 121 e 128 do

Código Tributário Nacional. Nesse sentido define: 36 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário, p. 107. 37 SILVA, Marcelo Abdalla da. Direito tributário didático: provas e concursos, p.197.

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Contribuinte (sujeito passivo direto) é aquele que tem relação

pessoal e direta com o fato gerador. Exemplo comum é o da

pessoa que aufere renda e conseqüentemente é contribuinte do

imposto respectivo.

O sujeito passivo indireto pode ser (art. 128 do CTN) o

responsável por substituição, o devedor solidário ou, ainda, o

responsável por transferência.

Nota-se que o sujeito passivo é aquele que tem o dever de

prestar o objeto da obrigação principal ou acessória.

De acordo com Martins39 :

Contribuinte (grifei) como quer nosso estatuto tributário é o

sujeito passivo que tem relação pessoal e direta com a situação

que constitua o fato gerador da obrigação tributária. E

Responsável (grifei) tributário é o sujeito passivo obrigado ao

pagamento do tributo ou penalidade pecuniária ex vi legis. Advirta-

se, contudo, que diversos são os modelos de obrigados tributários

cuja responsabilidade deriva de disposição expressa em lei.

Com relação ao sujeito ativo, o art. 119 do CTN

preocupou-se em definir quem possui capacidade para figurar no pólo ativo da

relação jurídica tributária, como credor, para fiscalizar, lançar e exigir a

satisfação do crédito tributário.

Já o sujeito passivo, da obrigação principal é o devedor da

prestação tributária, tanto na pessoa de contribuinte como responsável,

enquanto o sujeito passivo da obrigação acessória depende da previsão de que

esteja obrigado a fazer, ou não fazer, pela legislação tributária.

38 CHIMENTI, Ricardo Cunha. Direito tributário, p. 146. 39 MARTINS.Ives Gandra da Silva. Curso de direito tributário, p. 192.

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1.5 OBJETO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL E ACESSÓRIA

Como fonte doutrinária utilizada neste capítulo, consignar-se

mais uma vez lição de Tavares40, a respeito do objeto de toda e qualquer norma

jurídica:

Sendo o direito uma realidade abstrata, cuja instrumentalidade

serve como hábil mecanismo utilizado na obtenção de

finalidade e objetivos só alcançáveis pelo comportamento

humano, não pode ter por objeto coisas concretas. Eis que

surge a impossibilidade de uma coisa concreta servir como

objeto das normas jurídicas.

O objeto de toda e qualquer norma jurídica, por excelência, é o

comportamento humano. A finalidade última de uma norma

jurídico-tributária, em regra, é a obtenção da respectiva receita,

é a entrega de dinheiro aos cofres públicos, a título de tributo.

Essa prestação, sabemos todos, dá-se mediante um

comportamento humano.

Quanto ao objeto da Obrigação Tributária Principal e

Acessória, o art. 11341, parágrafos 1o e 2o, do CTN, dispõem:

[...]

§ 1o A obrigação principal surge com a ocorrência do fato

gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou

penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito

dela decorrente;

§ 2o A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem

por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas

no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

Pode-se comentar que, na obrigação principal, o vínculo

abstrato que une o sujeito ativo ao sujeito passivo, tem por objeto uma prestação

pecuniária, é a junção dos sujeitos ativo e passivo, em uma só relação jurídica.

40 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário, p. 110. 41 Redação determinada pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966.

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No tocante a obrigação acessória, é acessória no sentido de

que desempenha um papel auxiliar, visando à fiscalização de tributos, objetivando o

pagamento, no interesse da administração tributária.

1.6 CRÉDITO TRIBUTÁRIO COMO DIREITO-REFLEXO DA OBRIGAÇÃO

TRIBUTÁRIA

Nos termos do art. 139 do CTN, “o crédito tributário decorre

da obrigação principal e tem a mesma natureza desta”.

Pode-se dizer que o Fisco tem o direito subjetivo de exigir do

sujeito passivo o pagamento de certa quantia em dinheiro, e, por isso mesmo, é

credor do tributo. Um direito reflexo não tem existência autônoma, desvinculada da

obrigação correspondente. Só quando alguém está obrigado a certo

comportamento para com outrem que este último tem para com o primeiro um

direito – por hipótese o direito de crédito tributário, contrapartida da obrigação do

sujeito passivo.

Segundo Tavares42:

Não se pode confundir crédito tributário e obrigação tributária.

Equivale dizer: o crédito tributário é um direito-reflexo da

obrigação tributária.

Existe obrigação tributária, contudo, o tributo ainda não pode ser

exigido. É o lançamento, pois, um ato administrativo conatural das

obrigações ex Iege, e no campo fiscal, a necessidade de sua

feitura prende-se a uma dupla e indeclinável ordem de exigências

legais: a de constituição do crédito tributário e a de fixação do

quantum debeatur.

Crédito tributário, portanto, corresponde ao vínculo jurídico, de

natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo)

pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito

42 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário, p. 115.

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passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária

(objeto da relação obrigacional).

De acordo com Fabretti 43:

O crédito tributário corresponde ao direito do Estado de exigir o

tributo, ou melhor, de exigir o objeto da obrigação tributária

principal do sujeito passivo.

Para que seja possível a cobrança do crédito tributário, é

necessária a comprovação de sua existência. Todo aquele que é

credor, que tem direito a receber uma obrigação, deve possuir

provas da existência de seu direito. Geralmente, essa prova se faz

por meio de um título ou documento.

A documentação da existência da dívida tributária é feita em um

ato administrativo de concretização da lei denominado

lançamento.

O CTN, em seu art. 142, estabelece o conceito legal de

lançamento tributário:

Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa

constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o

procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do

fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria

tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o

sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade

cabível.

Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é

vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.

O relacionamento entre crédito e obrigação tributária está

expresso no já mencionado art. 139 do CTN, segundo o qual aquele decorre

desta. Identifica-se na obrigação como dever de pagar o tributo, dever jurídico-

tributário imposto através de lei.

43 FABRETTI, Láudio Camargo; FABRETTI, Dilene Ramos. Direito tributário para os cursos de

administração e ciências contábeis, p. 100.

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O conceito de crédito tributário é extraído levando-se em

conta o pólo positivo da relação jurídica tributária (obrigação tributária), porquanto

ele (crédito tributário) é representado pelo direito que tem o credor – o Estado,

representado pelas diversas pessoas políticas da Federação, de exigir do sujeito

passivo o cumprimento da respectiva obrigação. Vale dizer ainda, que a

obrigação tributária principal tem como objeto o crédito tributário e ambas tem a

mesma natureza jurídica, ou seja, são de direito público44.

Em suma, o crédito tributário decorre da obrigação principal.

Com a ocorrência do fato gerador, se estabelece a obrigação tributária,

formalizando-se através do lançamento, constituindo assim o crédito tributário45.

Conclui-se portanto, que o direito de crédito tributário é de

certa forma, o reflexo de uma obrigação de determinado sujeito passivo com

relação ao Fisco. Pois, o crédito tributário é um vínculo jurídico de natureza

obrigacional, por força do qual o sujeito ativo (Estado) pode exigir do sujeito

passivo (Contribuinte), o pagamento do tributo, o qual é objeto da relação jurídica.

1.7 EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM O PAGAMENTO

De um modo geral, as modalidades de extinção do crédito

tributário, previstas no art. 15646 do CTN, podem ser da seguinte forma:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

I – o pagamento;

II – a compensação;

III – a transação;

IV – a remissão;

44 OLIVEIRA, Vicente Kleber de Melo. Direito tributário sistema tributário nacional: teoria e

prática, p. 243. 45 OLIVEIRA, José Jayme de Macêdo. Estudo programado de direito tributário. Rio de Janeiro:

América Jurídica, 2002, p. 163. 46 Caput com redação determinada pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966.

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V – a prescrição e a decadência;

VI – a conversão de depósito em renda;

VII – o pagamento antecipado e a homologação do lançamento

nos termos do disposto no art. 150 e seus §§ 1º e 4º;

VIII – a consignação em pagamento, nos termos do disposto no §

2º do art. 164;

IX – a decisão administrativa irreformável, assim entendida a

definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto

de ação anulatória;

X – a decisão judicial passada em julgado;

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e

condições estabelecidas em lei.

Dispõe Tavares 47 sobre a extinção do crédito tributário

com o pagamento:

Assim como nas obrigações, o pagamento consubstancia a

forma habitual de extinção de um crédito tributário. Tanto é

verdade que tributo, à luz do art. 3o do Código Tributário

Nacional, “é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda

ou cujo valor nela se possa exprimir [...]”.

As modalidades extintivas do crédito tributário, como dispõe o

art. 97, VI, do CTN, habita a província da legalidade material,

isto é, do seleto rol de matérias que somente podem ser

veiculadas mediante lei (normalmente ordinárias).

Extinto o crédito tributário, dele não mais se cogita, salvo na

hipótese de restituição da quantia indevidamente recolhida aos

cofres públicos, quer em detrimento de erro de fato, quer por erro

de direito.

Os doutrinadores Láudio e Dilene Fabretti 48 tratam o

seguinte:

A extinção do crédito tributário corresponde ao término do direito

da Fazenda Pública de cobrar a obrigação tributária. Existem

várias hipóteses previstas no CTN que fixam as causas de

47 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário, p. 127. 48 FABRETTI, Láudio Camargo; FABRETTI, Dilene Ramos. Direito tributário para os cursos de

administração e ciências contábeis, p. 111.

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extinção desse direito. Elas estão arroladas nos arts. 156 a 164 e

170 a 174 do CTN.

A extinção do crédito tributário com o pagamento consiste na

entrega da quantia devida (do valor do crédito tributário) que o

devedor (sujeito passivo contribuinte ou responsável) faz ao

credor (pessoa política competente para arrecadar o tributo ou

Fazenda Pública). Corresponde, assim, ao cumprimento da

obrigação tributária principal.

Para que o pagamento venha a extinguir o crédito tributário ele

deve atender aos requisitos estabelecidos pelos arts. 157 a 163

do CTN. Esses requisitos referem-se aos elementos essenciais do

pagamento válido: lugar, tempo e forma.

Cumpre ressaltar a noção da extinção do crédito tributário

com o pagamento, citado por Chimenti. Para ele, a espécie de pagamento é a

entrega ao sujeito ativo de quantia correspondente ao crédito tributário49.

O pagamento é a forma mais comum de se extinguir o

crédito tributário, e é feito, normalmente, em moeda corrente, no entanto o CTN

prevê outras formas de pagamento, conforme se vê no art. 16250 da referida Lei

Complementar:

Art. 162 - O Pagamento é efetuado:

I - em moeda corrente, cheque ou vale postal;

II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado,

ou por processo mecânico.

§ 1º - A legislação tributária pode determinar as garantias exigidas

para o pagamento por cheque ou vale postal, desde que não o

torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda

corrente.

§ 2º - O crédito pago por cheque somente se considera extinto

com o resgate deste pelo sacado.

§ 3º - O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a

inutilização regular daquela, ressalvado o disposto no art. 150.

§ 4º - A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no

pagamento por esta modalidade não dão direito à restituição,

salvo nos casos expressamente previstos na legislação tributária,

49 CHIMENTI, Ricardo Cunha. Direito tributário, p. 117. 50 Caput com redação determinada pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966.

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ou naqueles em que o erro seja imputável à autoridade

administrativa.

§ 5º - O pagamento em papel selado ou por processo mecânico

equipara se ao pagamento em estampilha.

Complementa Oliveira51:

Vale lembrar que a imposição de penalidade não elide o

pagamento integral do crédito tributário (art. 157 do CTN). Isto

explicita o óbvio: o fato de se ter aplicado a penalidade ao sujeito

passivo não dispensa o recolhimento integral do crédito (tributo,

multa e juros).

Fazendo um aporte, Machado52 comenta:

Em se tratando de tributo objeto de lançamento de ofício, ou

mediante declaração do sujeito passivo, dúvida não há. A extinção

do crédito tributário ocorre na data do pagamento, porque assim o

diz o art. 156, I, do CTN. Isto, porém, não se dá em se tratando de

tributo cujo lançamento é feito por homologação.

Ademais, cabe ressaltar alguns tópicos previstos no CTN

com relação a modalidade de extinção, pelo pagamento:

• Vencimento – de acordo com o art. 160 do CTN,

quando a legislação tributária não fixar o tempo do

pagamento, o vencimento do crédito ocorre 30 (trinta) dias

após a notificação. Podendo a legislação tributária conceder

desconto pela antecipação do pagamento;

• Acréscimos - de acordo com o art. 161 do CTN, o

crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido

de juros de mora de 1% ao mês, sobre o valor atualizado do

51 OLIVEIRA, Vicente Kleber de Melo. Direito tributário sistema tributário nacional: teoria e

prática, p. 314. 52 MACHADO, Hugo de Brito. Temas de direito tributário II. São Paulo: Revista dos Tribunais,

1994, p. 188.

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débito, podendo a lei específica do tributo fixar percentual

diverso;

• Forma de Pagamento - de acordo com o art. 162 do

CTN, o pagamento pode ser efetuado em moeda corrente,

cheque, vale postal ou, se previsto em lei, por estampilhas:

• Débitos Vencidos – de acordo com o art. 163 do CTN,

existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do

mesmo sujeito passivo, cabe à autoridade fiscal determinar

qual débito será quitado, observando em primeiro lugar, os

débitos por obrigação própria, e, em segundo lugar, os

decorrentes de responsabilidade tributária, primeiramente,

às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim os

impostos, dar-se-á preferência àqueles tributos, na ordem

crescente dos prazos de prescrição e por fim, na ordem

decrescente dos montantes, ou seja, primeiro imputa-se o

valor aos tributos mais elevados, depois, aos de menor

valor;

• Consignação em Pagamento - de acordo com o art.

164 do CTN, o crédito tributário pode ser consignado

judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos de recusa e

subordinação do recebimento, ou ainda, de exigência por

mais de uma pessoa jurídica de tributo idêntico sobre um

mesmo fato gerador.

Cumpre ressaltar ainda, lição de Oliveira53:

O crédito tributário pode ser cumulado com penalidade pecuniária,

se o contribuinte cometeu alguma infração da legislação.

Conforme o disposto no art. 3º do CTN, por terem fontes diversas,

53 OLIVEIRA, José Jayme de Macêdo. Estudo programado de direito tributário, p. 172.

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multa não se confunde com tributo, e a sua exigência não substitui

o crédito originário, antes deve ser paga juntamente com o valor

tributário (principal e acréscimos moratórios). Porque praticou o

fato imponível descrito na lei, tem o contribuinte de pagar o tributo

respectivo; porque violou norma legal tributária, sujeita-se ao

pagamento de multa, também prevista na lei. Nesse caso, tem o

sujeito passivo que suportar as duas conseqüências, (pagar o

tributo e a penalidade pecuniária), já que uma não suprime a

outra.

Como o próprio nome já diz, faz-se a extinção do crédito

tributário com o pagamento, ou seja, como já vimos anteriormente, a obrigação

tributária é de prestar dinheiro, logo, quando o contribuinte efetuar o pagamento, o

mesmo está extinguindo o crédito tributário, através de uma das formas previstas

no art. 156 do CTN.

Após vislumbrados determinados conceitos, com relação à

obrigação tributária, o segundo capítulo basear-se-á nos fundamentos

constitucionais do direito à repetição do indébito tributário.

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CAPITULO 2

FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DO DIREITO À REPETIÇÃO DO

INDÉBITO TRIBUTÁRIO

2.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

2.1.1 Conceito

O vocábulo princípio é derivado do substantivo latino

principium, principii, significando começo, origem, base, ponto de partida.

Logo, pode-se dizer que os princípios constitucionais são

as normas eleitas pelo constituinte como fundamentos ou qualificações

essenciais da ordem jurídica, como adverte Barroso54.

Tavares 55 ensina que a Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988 é uma Carta Política que exalta princípios, razão

pela qual imprescindível a todo aquele que se lançar ao estudo do fenômeno da

tributação conhecer o sentido e alcance dos princípios constitucionais que

sustentam toda a arquitetura do Sistema Tributário Nacional.

Nesse sentido, o mesmo explica:

Poderíamos afirmar, já num plano elucidativo, que os princípios

constitucionais assumem a função de uma “bússola jurídica”

orientadora do caminho a ser trilhado pelo intérprete em toda

54 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da constituição: fundamentos de uma

dogmática constitucional transformadora, p. 147. 55 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário, p. 10.

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empreitada exegética e, ipso facto, da determinação do sentido

objetivo, lógico e sistêmico do Sistema Tributário Nacional.

Os princípios jurídicos, num plano figurado, representam os

alicerces, as vigas mestras sobre os quais se ergue o “edifício

jurídico”, segundo didaticamente apontam Geraldo Ataliba e

Bandeira de Mello. Para Carrazza, princípio jurídico é um

enunciado lógico, implícito ou explícito, que, por sua grande

generalidade, ocupa posição de preeminência nos vastos

quadrantes do Direito e, por isso mesmo, vincula de modo

inexorável, o entendimento e a aplicação das normas jurídicas.

Os princípios constitucionais tributários, os quais servem

como fundamento base para toda e qualquer interpretação jurídica equivalem-se

a um alicerce, valendo como ponto de partida e devendo ser respeitado mais

que uma norma, pois, os princípios constitucionais são como estruturas mestras

do Sistema Tributário Nacional.

No mesmo sentido, Barroso56 comenta:

O ponto de partida do intérprete há que ser sempre os princípios

constitucionais, que são o conjunto de normas que espelham a

ideologia da Constituição, seus postulados básicos e seus fins.

Dito de forma sumária, os princípios constitucionais são as

normas eleitas pelo constituinte como fundamentos ou

qualificações essenciais da ordem jurídica que institui. A

atividade de interpretação da Constituição deve começar pela

identificação do princípio maior que rege o tema a ser apreciado,

descendo do mais genérico ao mais específico, até chegar à

formulação da regra concreta que vai reger a espécie.

Os princípios constitucionais têm caráter normativo e

demandam estrita observância, pois tendo uma amplitude maior que as regras

jurídicas, sua desobediência acarreta conseqüências muito mais danosas ao

56 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da constituição: fundamentos de uma

dogmática constitucional transformadora. 3º ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 147.

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sistema jurídico. São os princípios constitucionais que estabelecem aquilo que

se chama de pontos de apoio normativos para a boa aplicação do direito57.

Assim sendo, Machado 58 define princípio nos seguintes

termos:

O princípio jurídico nada mais é do que uma norma jurídica. Não

uma norma jurídica qualquer, mas uma norma que se distingue

das demais pela importância que tem no sistema jurídico. Essa

importância decorre de ser o princípio uma norma dotada de

grande abrangência, vale dizer, de universalidade, e de

perenidade. Os princípios jurídicos constituem, por isto mesmo, a

estrutura do sistema jurídico. São os princípios jurídicos os

vetores do sistema.

Cumpre ressaltar, ainda, que os princípios são as linhas

mestras, as diretrizes magnas do sistema jurídico que apontam os rumos a

serem seguidos por toda a sociedade, sendo que violar um princípio é muito

mais grave que transgredir uma norma59.

Nesse contexto, Velloso60 comenta:

Os princípios jurídicos não são preceitos jurídicos, nem normas

jurídicas em sentido técnico, pois não contêm instruções

vinculantes de tipo imediato para um determinado campo de

questões, mas requerem ou pressupõem a determinação judicial

ou legislativa dessas instruções. Seriam conteúdo em oposição à

forma. O que distinguiria, no sistema continental, o princípio da

norma não seria a abstração ou o caráter geral, mas a

possibilidade de precisar os casos de aplicação, que é o que

57 CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 21º ed. São Paulo:

Malheiros, 2005, p. 40. 58 MACHADO, Hugo de Brito. Os princípios jurídicos da tributação na Constituição de 1988.

São Paulo: Revista dos Tribunais, 1989, p. 11. 59 ATALIBA, Geraldo. República e Constituição. 2º ed. São Paulo: Malheiros, 1998, p. 34. 60 VELLOSO, Andrei Pitten. Conceitos e competências tributárias. São Paulo: Dialética, 2005, p.

150.

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caracteriza o “preceito”. Assim, o princípio não seria em si

mesmo uma instrução, senão causa, critério e justificação desta.

Em suma, os princípios podem ser encontrados de forma

expressa ou tácita na Constituição de 1988 sendo que todo o ordenamento

jurídico a ele deve-se subordinar, pois, a força normativa de um princípio

constitucional sobrepõe-se ao da própria Lei61.

Denota-se, que os princípios constitucionais tributários nos

orientam, para melhor interpretar-mos determinado artigo de Lei, funcionam como

uma diretriz, pois, apontam um rumo a ser seguido.

2.1.2 Função

Aborda Tavares62 que é inegável que o Estado, desde os

primórdios, detém em suas mãos o poder de exigir da sociedade a entrega de

numerário suficiente para subsidiar o desempenho de suas funções. É o que se

denomina “poder de tributar”.

Nesse sentido comenta:

Esse poder, todavia, não é incontrolável ou absoluto, haja vista

que a ele se opõe limites de três ordens: econômica, psicológica

e jurídica.

No que diz respeito às limitações de ordem jurídica, e o que

verdadeiramente nos interessa, encontram-se estruturalmente

encartadas na Lei Maior sob a forma de princípios (explícitos ou

implícitos) e/ou hipóteses de não-incidências constitucionalmente

qualificadas (imunidades tributárias), voltadas, essencialmente, à

regulamentação das limitações constitucionais ao poder de

tributar.

61 OLIVEIRA, Vicente Kleber de Melo. Direito tributário sistema tributário nacional: teoria e

prática, p. 167. 62 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de Direito Tributário, p. 12.

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Os princípios exercem função importantíssima no

ordenamento jurídico-positivo, já que orientam, condicionam e iluminam a

interpretação das normas jurídicas em geral, aí incluídos os próprios

mandamentos constitucionais63, disto não se distanciando o direito à repetição

do indébito tributário.

2.2 PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE

Segundo Alexandrino e Paulo, o princípio da legalidade

determina que somente a lei seja um instrumento hábil para a criação de qualquer

tributo, sendo que a origem dessa importante garantia está assim citada64:

É atribuída à Magna Carta, em 1215, sob João-Sem-Terra, na

velha Inglaterra. Consubstanciou-se, ali, na expressão “no taxation

without representation” (vedada a tributação sem representação).

A lógica subjacente é de que, em princípio, somente o povo pode

tributar a si mesmo, ou melhor, o povo autoriza seus

representantes eleitos a fazer leis e, por meio delas, instituir

tributos.

O postulado da estrita legalidade tributária é um dos

princípios mais importantes, pois é a subordinação à lei que faz com que o tributo

seja exigível, conforme trata o artigo 150, I do CRFB/8865:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao

contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e

aos Municípios:

I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.

63 CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário, p. 45. 64 ALEXANDRINO, Marcelo. PAULO, Vicente. Direito tributário na constituição e no STF. 6º ed.

Niterói: Impetus, 2003, p. 63. 65 Art. 150, inciso I, da Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de

1988.

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Segundo Ataliba66:

Tributo só pode ser criado por lei, tributo só pode ser aumentado

por lei, por ato legislativo. Mas, um ato do Poder Legislativo

esgotante, exaustivo, que diga tudo que é necessário para que se

repute criado um tributo.

À Administração, ao Poder Executivo, só deixa a atividade de

“cobrar”, que é uma atividade administrativa que, qualquer um, até

nós, particulares, podemos exercer. Criar tributo – ou seja,

designar legislativamente as hipóteses de incidência tributária e

todos os demais ingredientes necessários à quantificação do

tributo – só o legislador pode fazer.

[...] Esse é o conteúdo do princípio da legalidade. E se, por acaso,

o legislador desenhar um tributo e deixar de mencionar

explicitamente qualquer de seus dados essenciais, não criou

tributo; só mostrou vontade de criar tributo, mas não criou tributo:

aquela norma não tem eficácia e não pode ser posta em

aplicação.

Denota-se que no Brasil a instituição e cobrança de tributos

estão limitadas pelo princípio da legalidade. O princípio da legalidade é um limite

intransponível à atuação do Fisco. É um princípio que garante, decisivamente, a

segurança das pessoas, diante da tributação67.

Nesse contexto, Tavares68 comenta:

Em síntese, por força dos proclamas do princípio da estrita

legalidade tributária (CRFB/88, art. 150, I), o processo de criação

ou majoração de tributos exterioriza-se, instrumentalmente, em

leis de caráter meramente ordinário. É a lei ordinária, por

excelência, o veículo natural da imposição tributária,

diferentemente da lei complementar que configura fonte

excepcional não presumível, isto é, na hipótese do silêncio da

Constituição, a presunção é de que basta simples lei ordinária

66 ATALIBA, Geraldo. Sistema Tributário na Constituição de 1988. Revista de Direito Tributário,

nº 51, jan./mar. 1990, p. 151. 67 CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 21º ed. São Paulo:

Malheiros, 2005, p. 237. 68 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de Direito Tributário, p. 18.

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para que se tenha por respeitada a garantia do autoconsentimento

da tributação, marca finalística do postulado da legalidade.

Comunga desse entendimento Chimenti, o qual também

afirma que o tributo não pode ser instituído ou aumentado senão em virtude de

lei:69

A expressão “legislação tributária”, por sua vez, compreende as

leis, os decretos e outros atos normativos (art. 96 do CTN). A lei

instituidora do tributo obrigatoriamente deve explicitar (art. 146, III,

a, da CF): a) o fato tributável; b) a base de cálculo; c) a alíquota,

ou outro critério a ser utilizado para o estabelecimento do valor

devido; d) os critérios para a identificação do sujeito passivo da

obrigação tributária; e e) o sujeito ativo, se diverso da pessoa

pública da qual emanou a lei. Ou seja, deve fixar os elementos

essenciais do tributo, os fatores que influam no an debeatur (quem

deve) e no quantum debeatur (quanto deve).

Ademais, complementa Machado 70 que o princípio da

legalidade pode ser compreendido em dois sentidos: o primeiro a saber é o de

que o tributo deve ser cobrado mediante o consentimento daqueles que o pagam,

e o segundo, é o de que o tributo deve ser cobrado segundo normas

objetivamente postas, de sorte a garantir plena segurança nas relações entre o

Fisco e os contribuintes.

Igualmente, Oliveira 71 trata da exceção ao princípio da

legalidade tributária:

A ressalva refere-se a impostos que a Constituição,

excepcionalmente, faculta ao Poder Executivo majorá-los (alterar-

lhes as alíquotas), nas condições e nos limites estabelecidos em

lei.

69 CHIMENTI, Ricardo Cunha. Direito tributário, p. 44. 70 MACHADO, Hugo de Brito. Os princípios jurídicos da tributação na Constituição de 1988, p.

19. 71 OLIVEIRA, Vicente Kleber de Melo. Direito tributário sistema tributário nacional: teoria e

prática, p. 172.

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Com efeito, o Poder Executivo Federal pode, por decreto (CF/88,

art. 84, IV, c/c CTN, art. 99) ou até mesmo através de um ato

normativo, uma portaria, por exemplo (por delegação de

competência), alterar alíquotas dos impostos acima enumerados.

É, pois, a previsão estabelecida pelo § 1º, do artigo 153, da

Constituição Federal uma exceção ao Princípio da Legalidade

Tributária.

O doutrinador Macêdo Oliveira72 ressalta:

O princípio da legalidade tributária é ressalvado apenas

relativamente à alteração das alíquotas dos impostos de

importação, de exportação, sobre produtos industrializados e

sobre operações financeiras, “atendidas as condições e os limites

estabelecidos em lei” (cf. art. 153, § 1º, da CF/88).

Tavares 73 comenta a relação do princípio da estrita

legalidade tributária com o direito à compensação do indébito tributário:

O tributo deve ser exigido e o seu quantum debeatur deve

obediência estrita à lei válida. Caso a norma matriz de incidência,

responsável pela criação e/ou majoração desse encargo, seja

declarada inconstitucional, abre-se, automaticamente, por força do

princípio da estrita legalidade, o direito do contribuinte à

compensação do indébito. Assim como ao Estado é vedada a

cobrança de tributo sem lei válida que o estabeleça, também não

lhe compete permanecer na posse ilegítima de valores que lhes

foram coercitiva e indevidamente entregues, sob pena de reflexa

violação ao princípio constitucional do due process of law, que

resguarda o patrimônio jurídico e econômico dos contribuintes

pátrios ao estabelecer que “ninguém será privado da liberdade ou

de seus bens sem o devido processo legal”, cf. art. 5º LIV da

Constituição de 1988.

Assim, pode-se dizer que o princípio da legalidade tem por

objetivo fazer com que o tributo seja legalmente imposto às pessoas, de acordo

72 OLIVEIRA, José Jayme de Macêdo. Estudo programado de direito tributário, p. 30. 73 TAVARES, Alexandre Macedo. Compensação do indébito tributário. Curitiba: Juruá, 2001, p.

39.

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com a respectiva capacidade econômica, para a cobertura das despesas

governamentais, cabendo, pois, à autoridade fazendária, a exigência ou o

controle de tal pagamento nos termos precisos da norma jurídica tributária. E, é

de fundamental importância ressaltar também, que se o Estado não pode exigir

um tributo, senão com base na lei, não pode também reter consigo o que receber

ilegalmente, tendo o contribuinte pleno direito de efetuar a compensação e/ou

restituição, através do devido processo legal.

2.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE PÚBLICA

A moralidade é definida como um dos princípios da

Administração Pública (art. 37, caput, CRFB/88). Destaca a doutrina que a

moralidade administrativa não se confunde com a moralidade comum; aquela é

composta por regras de boa administração, ou seja, pelo conjunto das regras finais

e disciplinares suscitadas não só pela distinção entre o bem e o mal, mas também

pela idéia geral de administração e pela idéia de função administrativa.

Sob este liame, Meirelles 74 ensina:

Por considerações de Direito e de Moral, o ato administrativo não

terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética da

própria instituição, porque nem tudo que é legal é honesto,

conforme já proclamavam os romanos: “non omne quod licet

honestum est”. A moral comum, remata Hauriou, é imposta ao

homem para sua conduta externa; a moral administrativa é imposta

ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências

da instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem

comum.

Silva comenta que a moralidade administrativa não é

meramente subjetiva, pois tem conteúdo jurídico baseado nas regras e princípios

74 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 31º ed. São Paulo: Malheiros,

2005, p. 89.

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da administração. Cabe ressaltar, também, que a moralidade administrativa é

tutelada pela ação popular, de modo a elevar a imoralidade a causa de invalidade

do ato administrativo75.

Chagas 76 , em seu trabalho feito a respeito da

responsabilidade dos prefeitos, comenta sobre o princípio da moralidade pública:

A moral se externa na conduta ética e antecede ao efeito

estampado na legalidade, lembrando que para o administrador

público só é permitido fazer o que a lei autoriza. Nesta ótica – no

entender de HAURIOU, um dos principais autores do direito

público francês, sistematizador do conceito da moralidade pública

- o administrador público não terá somente que obedecer a lei

jurídica, na consecução de seus atos, mas também a lei ética da

própria instituição que está aos seus cuidados, porque nem tudo

que é legal é ético.

Não há dúvida que o princípio da moralidade deverá

necessariamente nortear e conduzir todo o comportamento da

Administração Pública em qualquer das suas esferas,

consubstanciado nos atos de seus agentes, aí inexoravelmente

inserindo-se o Chefe do Executivo.

Segundo a opinião de Tavares77:

O administrador público jamais poderá desprezar o elemento ético

de sua conduta, devendo decidir não somente entre o legal e o

ilegal, o justo e o injusto, mas principalmente entre o honesto e o

desonesto, tudo por conta da demandada obediência ao primado

da moralidade pública.

E, com crença na velha máxima de Pompônio, denota-se que o

direito à compensação do indébito tributário, sem quaisquer

obstáculos de índole temporal, qualitativa ou quantitativa, antes de

mero direito do contribuinte, caracteriza-se como sendo uma

conduta administrativa constitucionalmente imposta e desejada,

75 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 26º ed. São Paulo:

Malheiros, 2006, p. 668. 76 CHAGAS, Marco Aurélio Bicalho de Abreu. Responsabilidade dos prefeitos. Elaborado em

05.2006. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp, acessado em: 04 de jun. de 2007.

77 TAVARES, Alexandre Macedo. Compensação do indébito tributário, p. 39.

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por força da moralidade que deve nortear os atos da

Administração Pública.

Com relação à compensação do indébito tributário, o ato da

Administração Pública voltado a cobrar tributos ou aplicar punição àquele que não

estiver pagando um tributo em função de estar se utilizando do procedimento

compensatório, viola tal princípio, pois, se o contribuinte possui crédito

perfeitamente oponível ao Fisco, fruto de um indébito tributário, não dispõe este

de qualquer autoridade moral para lhe exigir tributos78.

Por fim, conclui-se que o princípio da moralidade pública tem

relevância tanto na atividade legislativa, quanto na atuação administrativa e, deve-

se ter em vista, que o princípio da moralidade é limite intransponível para o

Estado. Contudo, na atualidade, transcende à previsão legal para a prática de

atos pelo agente, posto que esta prática não é causa deste princípio.

Logo, quando o pagamento de determinado imposto for feito

de maneira errônea, dar-se-á ao contribuinte o direito à restituição do indébito

tributário, não podendo o Fisco, criar obstáculos ao exercício desse direito.

2.4 DIREITO À PROPRIEDADE

Em primeiro lugar, faz-se um aporte da redação prevista no

art. 5º, inciso XXII e art. 170, II da CRFB/8879 :

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros

residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à

igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos:

[...]

78 TAVARES, Alexandre Macedo. Compensação do indébito tributário, p. 40.

79 Caput com redação determinada pela Lei CF, de 05 de outubro de 1988.

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37

XXII – é garantido o direito de propriedade.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho

humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos

existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados

os seguintes princípios:

[...]

II – propriedade privada.

O conceito do direito da propriedade encontra-se na redação

prevista no art. 1.22880 do Código Civil:

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor

da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que

injustamente a possua ou detenha.

A propriedade é a relação fundamental do direito das coisas,

girando em torno todos os direitos reais sobre coisas alheias, sejam direitos reais

limitados de gozo ou fruição, sejam os de garantia ou de aquisição. A propriedade é

a plenitude do direito sobre a coisa, é o direito que a pessoa física ou jurídica tem,

dentro dos limites normativos de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou

incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha81.

Bastos82 comenta sobre o conceito de propriedade:

A propriedade tornou-se, portanto, o anteparo constitucional entre o

domínio privado e o público. Neste ponto reside a essência da

proteção constitucional: é impedir que o Estado, por medida

genérica ou abstrata, evite a apropriação particular dos bens

econômicos ou, já tendo esta ocorrido, venha a sacrificá-la

mediante um processo de confisco.

80 Caput com redação determinada pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 81 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 4 vol., 14 ed., São Paulo: Saraiva, 1999,

103. 82 BASTOS, Celso Ribeiro. Comentários à Constituição do Brasil. Vol. 2, São Paulo: Saraiva,

1989, p. 119.

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Outrossim, Leal explica que atendendo ao princípio de sua

relatividade, o direito de propriedade não pode ser absoluto, visto que o seu

exercício tem de possibilitar sua coexistência com outros direitos, não podendo

possuir conteúdo ilimitados83.

O direito de propriedade, por ser oponível erga omnes e por

apresentar caráter de plenitude, é o mais completo de todos os direitos reais. Sua

importância é tão grande no direito como na sociologia e na economia política.

Suas raízes aprofundam-se tanto no terreno do direito privado como no direito

público84.

Muccillo comenta85:

A propriedade, considerada como direito, é o poder de dispor

arbitrariamente, da substância e das utilidades de uma coisa, com

exclusão de qualquer outra pessoa.

O conteúdo positivo do direito de propriedade está indicado nas

expressões – usar, gozar e dispor de seus bens – que, aliás,

pressupõem a posse.

Tavares86 ensina:

A Magna Carta de 1988, por intermédio de seu art. 5º, caput c/c os

incisos XXII e XXIV, erigiu o direito à propriedade privada como

uma garantia individual de qualquer cidadão, não podendo ser

suprimido até mesmo pela superveniência de uma Emenda

Constitucional, face o seu caráter de legítima cláusula pétrea (CF,

art. 60, § 4º, IV).

Assim, qualquer ressalva ou obstáculo ao livre exercício do direito à

propriedade somente será legítimo se ressalvado explicitamente

pelo Poder Constituinte Originário. O que a Constituição dá com

83 LEAL, Rogério Gesta. A função social da propriedade e da cidade no Brasil. Porto Alegre:

Edunisc, 1998, p. 126. 84 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil – direito das coisas. Vol. 3, 38º ed.

São Paulo: Saraiva, 2007, p. 84. 85 MUCCILLO, Jorge A. M. Propriedade imóvel e direitos reais. Porto Alegre: Livraria do

Advogado, 1992, p. 11. 86 TAVARES, Alexandre Macedo. Compensação do indébito tributário, p. 42.

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uma das mãos, somente ela mesma e com a outra é que pode

retirar e/ou excepcionar (facultas agendi).

A Constituição de 198887 trata da indenização em dinheiro

nos casos de desapropriação patrimonial, conforme art. 5º, XXIV:

[...]

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por

necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,

mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os

casos previstos nesta Constituição.

Atrelado ao contexto, sempre que a legislação tributária for

declarada inconstitucional, a cobrança de tributo indevido por parte do Estado

representará ilegítimo malferimento ao direito de propriedade, razão pela qual o

imediato ressarcimento desse indébito, pela via da compensação ou restituição, é

medida que se impõe. Portanto, de acordo com o respaldo constitucional, o indébito

tributário caracteriza-se como violação ao direito à propriedade, o que resulta no

conseqüente direito do contribuinte ao seu ressarcimento pela via repetitória88.

Por fim, vale dizer que a propriedade é a relação

fundamental do direito das coisas, abrangendo todas as categorias dos direitos

reais. A propriedade é a plenitude do direito das coisas, é também o direito que a

pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de ter, usar, gozar e

dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem como reivindicá-lo de quem

injustamente o detenha.

E, quando o Estado, cobrar indevidamente um tributo, tendo

em vista a inconstitucionalidade do mesmo, o contribuinte tem o direito de ressarcir

o valor devido, através da compensação, sem prévia autorização fazendária, no

caso de um indébito tributário.

87 Caput com redação determinada pela Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de

outubro de 1988. 88 TAVARES, Alexandre Macedo. Compensação do indébito tributário, p. 43.

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2.5 RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO PELA CRIAÇÃO DE LEIS

INCONSTITUCIONAIS

A Constituição de 1988 89 , em seu art. 37, § 6º, traz a

seguinte redação:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos

Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,

ao seguinte:

[...]

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito

privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos

danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,

assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos

de dolo ou culpa.

De acordo com Tavares90:

Este preceito constitucional, como se sabe, trata da teoria do risco

administrativo, também conhecida como a teoria da

responsabilidade objetiva do Estado pelos danos causados a

terceiros, onde, para que surja o dever estatal de ressarcir um

prejuízo causado a um cidadão, basta que se comprove o nexo

causal entre a lesão e o ato, ainda que regular, do agente público.

Logo, a Constituição Federal, como Carta de Competência que é,

máxime em matéria tributária, deve ser cautelosamente examinada

antes que se inicie um processo legislativo, pois, caso uma norma

jurídico-tributária seja editada sem licença constitucional, ou

melhor, caso uma obrigação tributária seja abstratamente instituída

e/ou majorada em desconformidade com o subsistema

constitucional tributário, caberá ao Estado, como conseqüência

lógica da sua responsabilidade objetiva por atos legislativos,

89 Caput com redação determinada pela Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de

outubro de 1988. 90 TAVARES, Alexandre Macedo. Compensação do indébito tributário. p. 44.

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ressarci-los imediatamente pela via da restituição e/ou através de

viabilização do livre tráfego à compensação.

Já Andrade Filho91 entende que:

A supremacia da Constituição não pode ficar ao sabor da

qualidade daquele que contesta o ato estatal impugnado ou pela

boa fé daquele que se beneficiou de lei nula. Por isso, declarar a

lei inconstitucional e impor responsabilização civil ao Poder

público é forma de valorizar, duplamente, a supremacia da

Constituição.

(...) Entender de forma diferente é desvalorizar a supremacia da

Constituição e fomentar o surgimento de leis inconstitucionais e

iníquas e é, além de tudo, escarnecer do Estado de Direito.

Há entendimentos, mesmo que não explicitados de maneira

clara na legislação, que visam de certa forma, um reconhecimento judicial,

culpando o Estado pela criação de leis inconstitucionais, tendo este, uma

responsabilidade objetiva, pois agiu de forma ilegal, causando um prejuízo ao

contribuinte, tendo o mesmo, direito à restituição.

Portanto, declarada a inconstitucionalidade de uma Lei

impositiva de uma obrigação tributária, tem-se, por força do princípio da

responsabilidade objetiva do Estado pela criação de Leis inconstitucionais, o

nascimento do direito do contribuinte ressarcir-se dos valores dos tributos pagos

em desconformidade com o Sistema Tributário Nacional, pela via da ação de

repetição do indébito tributário.

91 ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Controle de Constitucionalidade de leis e atos

normativos. São Paulo: Dialética, 1997, p. 102.

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CAPÍTULO 3

A RETENÇÃO DE 11% SOBRE REMUNERAÇAO RELATIVA À

CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA

3.1 COLOCAÇÃO DO PROBLEMA

A nova redação dada ao art. 31, § 2º, da Lei 8.212/91

determina que na impossibilidade de haver compensação integral do valor da

retenção na forma do parágrafo anterior, o saldo remanescente será objeto de

restituição.

Explicita Bottallo e Porto Neto92 que:

A Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre a

organização da Seguridade Social e institui o seu Plano de

Custeio, foi parcialmente alterada pela Lei nº 9.711, de 20 de

novembro de 1998.

Este diploma, entre outras disposições, deu nova redação ao art.

31 daquela Lei de Custeio da Seguridade Social, para instituir

retenção na fonte de parcela do preço estipulado em contratos de

cessão de mão-de-obra, a título de contribuição social incidente

sobre a folha de salários da pessoa jurídica cedente. O valor

retido deve corresponder a “onze por cento do valor bruto da nota

fiscal ou fatura de prestação de serviços”.

De acordo com os doutrinadores Ferreira, Machado e

Santos93:

92 BOTTALLO, Eduardo; NETO, Benedicto Porto. Contribuição previdenciária – retenção sobre

remuneração relativa a cessão de mão-de-obra. São Paulo: Dialética, 1999, p. 9. 93 FERREIRA, Ana Paula; MACHADO, Mariza Abreu Oliveira; SANTOS, Milena Sanches Tayano

dos. Cessão de mão-de-obra e empreitada. 3º ed. São Paulo: IOB Thomson, 2004, p. 169.

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Numa tentativa de evitar a evasão das contribuições

previdenciárias relativas às empresas prestadoras de serviço, as

quais, normalmente têm alta rotatividade de mão de obra, o que

dificulta a fiscalização, bem como de simplificar as obrigações do

tomador dos serviços, no tocante à responsabilidade solidária que

assumia em relação às contribuições previdenciárias

correspondentes à remuneração dos trabalhadores da empresa

prestadora, no período da respectiva prestação dos serviços,

houve por bem o legislador, substituir o instituto da

responsabilidade solidária pela retenção de valor correspondente

a aplicação do percentual de 11% sobre o valor dos serviços

prestados.

Como se vê, a nova redação do art. 31, caput, da Lei

8.212/91 veicula o dever de retenção e recolhimento, pelo tomador, quando do

pagamento dos serviços de 11% sobre o valor bruto da nota fiscal, ou fatura de

prestação de serviços.

3.2 POSSIBILIDADE DE HAVER SUBSTITUIÇÃO DE FONTE FINANCIADORA

DA SEGURIDADE SOCIAL

Carvalho e Murgel comentam que a Constituição de 1988

deixa claro que o financiamento da Seguridade Social seja realizado por toda a

sociedade e que esse custeio respeite o princípio da equidade. Deve-se observar

também as igualdades e desigualdades dos contribuintes, suas particularidades, e

até mesmo a proporcionalidade entre o benefício que a Seguridade Social irá

trazer a um grupo de contribuintes e a contribuição que será exigida deste.

Assim sendo, o legislador ordinário pode, sob o argumento

de facilitar a fiscalização e a arrecadação das contribuições, ou seja, fazendo-se

valer do princípio da praticidade, substituir o fato gerador das contribuições sobre

folha de salários pelo faturamento de venda de serviços94.

94 CARVALHO, Fábio Junqueira de; MURGEL, Maria Inês. Contribuição previdenciária –

retenção sobre remuneração relativa a cessão de mão-de-obra, p. 47.

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44

Segundo Harada95:

A falta dessa retenção na fonte torna a empresa contratante dos

serviços pessoalmente responsável, nos termos do § 5º do art. 33.

Entretanto, essa disposição legal não pode ser interpretada

literalmente. A expressão ‘diretamente responsável pela

importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo’

só pode ser interpretada no sentido de responsabilidade pelo

recolhimento da exata importância devida pelo contribuinte (sujeito

passivo natural), no mês do faturamento pago. Do contrário, a

retenção não seria uma antecipação da contribuição

previdenciária devida, incidente sobre a folha de remuneração,

mas, um outro tipo de tributo.

Portanto, no caso de serviços prestados, mediante cessão

de mão-de-obra, o art. 31 da Lei 8.212/91, com redação dada pelo art. 23 da Lei

9.711/98, estabelece a responsabilidade tributária por substituição do tomador de

serviços, relativamente à contribuição sobre a folha de pagamento dos segurados

a seu serviço, cujo contribuinte é a empresa prestadora de serviços.

3.3 O ANTIGO MODELO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DE ACORDO

COM A INTERPRETAÇÃO DADA PELO INSS

Segundo entendimento de Almeida Júnior, o antigo modelo

de responsabilidade solidária das empresas tomadoras de serviços mediante

cessão de mão-de-obra criou enorme celeuma quanto à correta interpretação do

art. 31, pelo que houve grande número de contestações dos contribuintes, tanto

na esfera administrativa, quanto na esfera judicial, em face dos procedimentos

adotados pelo INSS96.

95 HARADA, Kiyoshi. Contribuição previdenciária: efeitos da falta de retenção dos 11%

incidentes sobre a fatura de prestação de serviços. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 1119, 25 jul. 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8689>. Acesso em: 03 out. 2007.

96 JÚNIOR, Fernando Osorio de Almeida. Contribuição previdenciária – retenção sobre remuneração relativa a cessão de mão-de-obra, p. 58.

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45

Prescrevia a antiga redação do art. 3197, da Lei 8.212/91 o

seguinte:

Art. 31. O contratante de quaisquer serviços executados mediante

cessão de mão-de-obra, inclusive em regime de trabalho

temporário, responde solidariamente com o executor pelas

obrigações decorrentes desta Lei, em relação aos serviços a ele

prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23.

§ 1° Fica ressalvado o direito regressivo do contratante contra o

executor e admitida a retenção de importâncias a este devidas

para a garantia do cumprimento das obrigações desta Lei, na

forma estabelecida em regulamento.

§ 2° Entende-se como cessão de mão-de-obra a colocação, à

disposição do contratante, em suas dependências ou nas de

terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos cujas

características impossibilitem a plena identificação dos fatos

geradores das contribuições, tais como construção civil, limpeza e

conservação, manutenção, vigilância e outros assemelhados

especificados no regulamento, independentemente da natureza e

da forma de contratação.

Contudo, o que se verificou, na prática, foi uma típica

“substituição tributária” disfarçada em “responsabilidade solidária”. O verdadeiro

“fiscal” era a empresa tomadora de serviço, a qual, por força de Lei, fiscalizava o

cumprimento das obrigações das empresas que lhe prestavam serviços. O INSS,

por sua vez, só tinha o trabalho de lançar por arbitramento contra a tomadora,

quando essa não executava bem tal “fiscalização”.

Cabe lembrar, também, que se a tomadora do serviço não

cumprisse com suas obrigações acessórias, o art. 106, I, a, do Decreto nº

2.173/97, previa multa a ser aplicada na espécie por descumprimento da

obrigação acessória98.

97 ATLAS, Equipe. Lei orgânica da seguridade social – Planos de custeio e de benefícios da

previdência social, Leis nos 8.212 e 8.213, de 24 de julho de 1991. São Paulo: Atlas, 1991, p. 27.

98 JÚNIOR, Fernando Osorio de Almeida. Contribuição previdenciária – retenção sobre remuneração relativa a cessão de mão-de-obra, p. 60.

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A doutrina de Martinez cita que duas pessoas jurídicas estão

presentes na relação da solidariedade: o fornecedor ou cedente de mão-de-obra

(devedor originário) e o tomador ou adotante de mão-de-obra (devedor solidário).

Sendo denominados pela lei como sendo executor e contratante respectivamente.

Acrescenta ainda que na solidariedade, o co-responsável

assume as obrigações do responsável in totum, exatamente como elas se

apresentam, ou seja, o devedor solidário sub-roga-se em todas as obrigações

como se fosse o responsável99.

Gonçales100 enfatiza:

Na hipótese de devedor solidário (parte contratante dos serviços)

pagar a dívida previdenciária abre-se-lhe duplo procedimento, que

pode ser tomado concomitantemente: direito regressivo para

reaver a quantia paga e direito de retenção de quantias devidas

ao executor dos serviços, para a garantia do cumprimento da

obrigação previdenciária. No Decreto 612, de 21.07.92, inseriu-se

meio pelo qual essa responsabilidade solidária pode ser afastada.

Para que isso ocorra é necessário que a parte contratante exija do

executor dos serviços que inclua na nota fiscal ou fatura o valor da

remuneração dos segurados; e que se lhe apresente, quando do

pagamento desta nota fiscal ou fatura, o comprovante de quitação

das contribuições previdenciárias.

Cumpre aqui ressaltar o art. 46, § 1º e 2° do Decreto nº

612/92:

Art. 46. O contratante de quaisquer serviços executados mediante

cessão de mão-de-obra, inclusive em regime de trabalho

temporário, responde solidariamente com o executor destes

serviços pelas obrigações decorrentes deste regulamento, em

relação aos serviços a ele prestados, exceto quanto às

contribuições incidentes sobre faturamento e lucro, conforme o

99 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à lei básica da previdência social. 3º ed. São

Paulo: Ltr, 1998, p. 438. 100 GONÇALES, Odonel Urbano. Seguridade social comentada. São Paulo: Ltr, 1997, p. 50.

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disposto no art. 28.

§ 1º Fica ressalvado o direito regressivo do contratante contra o

executor e admitida a retenção de importâncias a este devidas

para a garantia do cumprimento das obrigações.

§ 2º A responsabilidade solidária pode ser elidida desde que seja

exigido do executor o pagamento das contribuições incidentes

sobre a remuneração dos segurados, incluída em nota fiscal ou

fatura correspondente aos serviços executados, quando da

quitação da referida nota fiscal ou fatura, conforme definido pelo

INSS.

Bem, de acordo com a interpretação dada pelo INSS, o art.

31 da Lei 8.212/91 foi interpretado como se houvesse uma substituição tributária

do prestador de serviço pelo seu tomador, passando a exigir diretamente do

tomador de serviços a comprovação do recolhimento de contribuições, tanto as

devidas para o INSS, como as devidas a terceiros, a qual é feita pela prestadora

de serviços, não pela tomadora.

3.4 O NOVO MODELO DE RESPONSABILIDADE CONFERIDO PELO ART. 31

DA LEI Nº 8.212/91, (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.711/98)

Com o intuito de resolver problemas jurídicos e

administrativos para as empresas, tornando-se mais claro e objetivo o limite de

suas responsabilidades e atribuições, surge a nova redação dada ao caput e aos

parágrafos do art. 31 da Lei nº 8.212/91, pela Lei nº 9.711/98101, e que substitui a

responsabilidade do tipo solidária, pela responsabilidade do tipo por substituição

da empresa tomadora do serviço, in litteris:

Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante

cessão de mão-de-obra, inclusive em regime de trabalho

temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota

fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância

101 JÚNIOR, Fernando Osorio de Almeida. Contribuição previdenciária – retenção sobre

remuneração relativa a cessão de mão-de-obra, p. 65.

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retida até o dia dois do mês subseqüente ao da emissão da

respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da

mão-de-obra, observado o disposto no § 5º do art. 33.

§ 1º O valor retido de que trata o caput, que deverá ser destacado

na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, será

compensado pelo respectivo estabelecimento da empresa

cedente da mão-de-obra, quando do recolhimento das

contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a

folha de pagamento dos segurados a seu serviço.

§ 2º Na impossibilidade de haver compensação integral na forma

do parágrafo anterior, o saldo remanescente será objeto de

restituição.

§ 3º Para os fins desta Lei, entende-se como cessão de mão-de-

obra a colocação à disposição do contratante, em suas

dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem

serviços contínuos, relacionados ou não com a atividade-fim da

empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de

contratação.

§ 4º Enquadram-se na situação prevista no parágrafo anterior,

além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes

serviços:

I - limpeza, conservação e zeladoria;

II - vigilância e segurança;

III - empreitada de mão-de-obra;

IV - contratação de trabalho temporário na forma da Lei nº 6.019,

de 3 de janeiro de 1974.

§ 5º O cedente da mão-de-obra deverá elaborar folhas de

pagamento distintas para cada contratante.

Para Almeida Júnior, nos termos do art. 31, da Lei 8.212/91

a responsabilidade pelo recolhimento da contribuição devida ao INSS em nome

do cedente de mão-de-obra passa a ser do contratante, beneficiário do serviço

prestado, atribuindo a lei, em caráter supletivo, a responsabilidade da empresa

prestadora do serviço pelo pagamento de eventual diferença entre o valor retido

(o qual sempre se presume feito, e, portanto, inoponível ao prestador de serviço),

e o apurado com base na remuneração dos trabalhadores102.

102 JÚNIOR, Fernando Osorio de Almeida. Contribuição previdenciária – retenção sobre

remuneração relativa a cessão de mão-de-obra, p. 66.

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A alteração introduzida pela Lei 9.711/98, objetivou

simplificar a arrecadação do tributo e facilitar a fiscalização do seu recolhimento.

Onde o prestador do serviço deve obrigatoriamente destacar na nota fiscal, 11%

do valor bruto do serviço, a título de retenção da previdência social e o tomador,

na figura de sujeito passivo da obrigação tributária, fica responsável pelo

recolhimento do imposto em nome da empresa cedente da mão-de-obra.

Atribuindo a Lei, em caráter supletivo, a responsabilidade da empresa prestadora

do serviço pelo pagamento de eventual diferença entre o valor retido e o apurado

com base na remuneração dos trabalhadores.

3.5 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E OS

REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

Almeida Júnior comenta que a hipótese de incidência das

contribuições devidas pela empresa, pelos empregados, autônomos e

empresários é a prestação, por parte desses três últimos, de serviços ou a

colocação à disposição para serviços remuneráveis.

Pode-se definir as hipóteses de incidência das obrigações

respectivas de cada empresa da seguinte forma103:

a) A hipótese de incidência da obrigação tributária do cedente de

mão-de-obra e dos seus trabalhadores (contribuintes originais) é a

prestação dos serviços realizados por estes últimos, quantificado

pelo montante de salários pagos ou creditados, no decorrer do

mês.

b) A hipótese de incidência da obrigação tributária do tomador do

serviço de recolher a importância relativa a 11% do valor da nota

fiscal ou fatura, em nome do prestador do serviço, realiza-se com

a emissão destas contra si, no decorrer do mês, pelo cedente de

mão-de-obra que lhe prestou o serviço.

103 JÚNIOR, Fernando Osorio de Almeida. Contribuição previdenciária – retenção sobre

remuneração relativa a cessão de mão-de-obra, p. 73.

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Vettorato104, por sua vez, trata:

As pessoas jurídicas contratantes com empresas prestadores de

serviço por meio de cessão de mão-de-obra, nos casos elencados

no par. 4º, do art. 31, da Lei no. 8.212/1991, devem reter, para

depois recolher aos cofres públicos, o equivalente a 11% do valor

bruto expresso na nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de

serviços. Ou seja, temos a criação de uma nova figura de

responsabilidade tributária, responsabilizando terceiros que, em

primeira verificação, estariam ligados ao fato gerador do tributo.

Concorda-se com aqueles que colocam tal norma como a de

natureza instrumental (acessória), pois o cedente de mão-de-obra

poderá compensar o valor retido quando for efetuar o

recolhimento das contribuições sociais (previdenciárias) incidentes

sobre os eventos tributários vinculados ao seu próprio negócio

(art. 22, I e art. 31, par. 1º, ambos da Lei 8.212/1991).

A figura da substituição tributária existe, justamente, para

atender a princípios de racionalização e efetividade da tributação, ora

simplificando os procedimentos, ora diminuindo as possibilidades de

inadimplemento e ampliando as garantias de recebimento do crédito. A presunção

de um valor a ser recolhido, seja mediante presunção da base de cálculo ou da

utilização de outro critério, é da natureza da substituição tributária105.

A hipótese de incidência, trata da apuração do montante da

base de cálculo, ou seja, do faturamento da empresa, o qual recairá a incidência.

3.6 DISTINÇÃO ENTRE CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA, EMPREITADA E

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

104 VETTORATO, Gustavo. Da retenção de 11% do valor da nota fiscal ou do faturamento dos

prestadores de serviços cessionários de mão-de-obra . Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 122, 4 nov. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4368>. Acesso em: 03 out. 2007.

105 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e código tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 9º ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 903.

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51

Martinez ensina as diferenças encontradas entre a cessão

de mão-de-obra, empreitada e prestação de serviços, dispostas na Lei nº

9.711/98. Em primeiro lugar, o art. 31, § 3º, define cessão de mão-de-obra,

esclarecendo tratar-se de colocar à disposição do contratante, pessoas

necessárias à execução dos serviços, reduzindo à utilização de pessoal próprio

do fornecedor, operado pelo receptor, podendo ser em seu estabelecimento

preferencialmente ou no de terceiros. Cita-se algumas atividades objeto de

cessão de mão-de-obra, como exemplo a limpeza, conservação e zeladoria,

vigilância e segurança, dentre outros.

Já com relação à prestação de serviços, não há um conceito

na lei ou nas Ordens de Serviço INSS/DAF nos 195/98 e 203/99. Logo, Martinez

define que pode ser a realização do trabalho, normalmente, mas não

necessariamente na sede da contratada, visando a realização de um trabalho,

com os meios próprios e à orientação superior do fornecedor da mão-de-obra.

Empreitada de mão-de-obra, por sua vez, pode ser espécie

da cessão e gênero que a abarque. A diferença consiste exclusivamente na

disponibilidade da mão-de-obra, assemelhando-se à prestação de serviços. Como

salientado por Russomano, na empreitada o importante é a obra contratada e sua

realização106.

Os trabalhos realizados com relação à empreitada de mão-

de-obra, em princípio, são sempre realizados na sede do tomador, como por

exemplo a empreitada na agricultura (sucede no solo da propriedade da

contratante) ou da empreitada na construção civil (os serviços necessariamente

sobrevêm na obra do proprietário)107.

106 RUSSOMANO. Mozart Victor. O empregado e o empregador no Direito Brasileiro. LTr Ed.,

5º ed., São Paulo, 1976, p.131. 107 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Contribuição previdenciária – retenção sobre remuneração

relativa a cessão de mão-de-obra, p. 120.

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No mesmo sentido, os doutrinadores Ferreira, Machado e

Santos 108 , comentam como a cessão de mão-de-obra e a empreitada estão

definidas pela previdência social:

Cessão de mão-de-obra - está como sendo a colocação de

trabalhadores à disposição da empresa contratante, em suas

dependências ou nas de terceiros, para realizarem serviços

contínuos relacionados ou não com a atividade-fim da empresa,

independentemente da natureza e da forma de contratação,

inclusive através de trabalho temporário nos termos da Lei nº

6.019, de 03.01.1974.

Empreitada – constitui a execução dos serviços, tarefa ou obra,

estabelecida mediante contrato com preço ajustado, relacionado

ou não com a atividade-fim da empresa contratante, a ser

realizada nas suas dependências, nas da contratada ou nas de

terceiros, tendo como objeto um resultado pretendido.

O conceito de cessão de mão-de-obra também está escrito

no Decreto nº 612/92, o art. 46, § 3º e 4°:

[...]

§ 3º Entende-se como cessão de mão-de-obra a colocação, à

disposição do contratante, em suas dependências ou nas de

terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos cujas

características impossibilitem plena identificação dos fatos

geradores das contribuições, independentemente da natureza e

da forma de contratação.

§ 4º Enquadram-se na situação prevista no § 3º as seguintes

atividades:

a) construção civil;

b) limpeza e conservação;

c) manutenção;

d) vigilância;

e) segurança e transporte de valores;

f) transporte de cargas e passageiros;

g) outras atividades definidas pelo Ministério do Trabalho.

108 FERREIRA, Ana Paula. MACHADO, Mariza Abreu Oliveira. SANTOS, Milena Sanches Tayano

dos. Cessão de mão-de-obra e empreitada, p. 171.

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Em outras palavras, os doutrinadores Ferreira, Machado e

Santo, conceituam cessão de mão-de-obra como sendo de caráter não eventual,

ou seja, os serviços a serem executados devem ser contínuos, e o contratante é

quem dirigirá a prestação de serviço. Já o local onde os serviços serão

desenvolvidos é irrelevante. Vale dizer também, que os serviços contínuos podem

estar ligados à atividade-fim ou atividade-meio da empresa, indistintamente.

Cabe aqui citar alguns tipos de cessão de mão-de-obra:

a) Limpeza, conservação e zeladoria – são os serviços

necessários para a obtenção e manutenção de asseio, higiene e preservação dos

ambientes, tais como edificações, áreas públicas e comuns, com a finalidade de

torná-los apropriados ao funcionamento. Exemplo: varredura, desinfecção,

lavagem, dentre outros;

b) Vigilância e segurança – são aqueles voltados para a

garantia da incolumidade de pessoas, bem como a proteção de bens patrimoniais.

Exemplo: serviços de vigilância bancária e predial, segurança de transporte de

valores e cargas, dentre outros; e

c) Operação de terminal de transporte terrestre, aéreo

ou aquático – são os serviços realizados nestes terminais objetivando a

segurança e o conforto dos usuários, o asseio, a manutenção, a conservação, o

aparelhamento e a operação das instalações. Exemplo: serviços de controle de

tráfego, movimentação de bagagens, cargas e veículos, venda de passagens,

dentre outros.

Já com relação à empreitada, observa-se que a empresa é

contratada para realizar determinada tarefa, obra ou serviço, cabendo-lhe,

portanto, direcionar os serviços dos trabalhadores, cuja execução pode ocorrer

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inclusive nas dependências da própria empresa contratada, o que não se verifica

na cessão de mão-de-obra109.

Conforme trata o art. 31, § 3º da Lei 8.212/91, não se

configura a cessão de mão-de-obra, se ausentes os requisitos de colocação de

empregados à disposição do contratante, submetidos ao poder de comando

deste. Quanto à empreitada, há duas formas de contratação, a de trabalho e a

mista. Na primeira ocorre apenas o fornecimento da mão-de-obra, e na segunda

além da mão-de-obra é também fornecido o material.

3.7 NATUREZA JURÍDICA DA "RETENÇÃO" E DA RESPONSABILIDADE DO

CONTRATANTE PREVISTAS PELA LEI Nº 9.711/98

Dias110 informa:

A retenção prevista pelo art. 31 da Lei nº 8.212/91, com a redação

da Lei nº 9.711/98, sujeita-se, portanto, às normas gerais fixadas

pela lei complementar a que alude o artigo 146, inciso III, da

Constituição, isto é, pelo Código Tributário Nacional.

A retenção, com posterior recolhimento ao INSS, a cargo do

contratante, de 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura,

constitui antecipação do pagamento da contribuição devida pelo

contratado, cedente da mão-de-obra, incidente sobre a

remuneração dos segurados a seu serviço colocados à disposição

do contratante, nas suas dependências ou nas de terceiros.

A empresa contratante deverá efetuar o recolhimento do valor

retido, sob pena de se configurar o crime previsto no art. 95,

alínea “d”, da Lei nº 8.212/91, conforme dispõe o item 26 da

Ordem de Serviço nº 203/99, sem prejuízo de ser constituído o

crédito respectivo contra a mesma, conforme dispõe o item 40.1

do mesmo ato normativo. 109 FERREIRA, Ana Paula; MACHADO, Mariza Abreu Oliveira; SANTOS, Milena Sanches Tayano

dos. Obrigações trabalhistas e previdenciárias na contratação de prestadores de serviços. 4º ed. São Paulo: IOB Thomson, 2006, p. 244.

110 DIAS, Eduardo Rocha. Contribuição previdenciária – retenção sobre remuneração relativa a cessão de mão-de-obra, p. 29.

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Ademais, Dias explica quando uma empresa não pode ser

considerada contribuinte, mas poderá ser caracterizada como responsável. É que

a empresa tomadora do serviço, ou contratante, não tem relação pessoal e direta

com o fato gerador da obrigação tributária de pagar a contribuição sobre a

remuneração de segurado a serviço da empresa contratada111.

Contudo, o art. 128 do CTN112 determina que:

Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode

atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito

tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da

respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte

ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total

ou parcial da referida obrigação.

O art. 31 da Lei nº 8.212/91, por sua vez, institui hipótese de

substituição tributária, atribuindo ao contratante de empresa que executa serviço

mediante cessão de mão-de-obra a responsabilidade pela retenção de valores

que antecipam a contribuição devida pela empresa contratada.

Vale dizer, também, que a compensação ou restituição é

obtida junto ao INSS, uma vez que o ônus do tributo é suportado pelo

contribuinte. Portanto, o contratado, o qual é contribuinte do INSS, recebe o valor

devido em razão de um serviço prestado ao contratante já com a dedução do

valor retido. Logo, este constitui antecipação do pagamento devido pelo

contratado ao INSS, a título de contribuição incidente sobre futuro pagamento de

remuneração aos segurados a seu serviço113.

Em outras palavras, pode-se dizer que, as contribuições

previdenciárias as quais são de natureza jurídica tributária, retidas nas notas

111 DIAS, Eduardo Rocha. Contribuição previdenciária – retenção sobre remuneração relativa

a cessão de mão-de-obra, p. 31. 112 Caput com redação determinada pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. 113 DIAS, Eduardo Rocha. Contribuição previdenciária – retenção sobre remuneração relativa

a cessão de mão-de-obra, p. 32.

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fiscais pelo prestador de serviço, tem como responsável o tomador do serviço, o

qual está vinculado ao fato gerador da respectiva obrigação, conforme trata o art.

128 do CTN, já citado anteriormente. Contudo, paga-se ao prestador de serviço o

valor do serviço já descontado o valor do INSS retido no documento fiscal devido.

3.8 RESTRIÇÕES IMPOSTAS PELO ORDENAMENTO JURÍDICO À

COMPENSAÇÃO DOS VALORES RETIDOS

Almeida Júnior traz alguns comentários com relação às

restrições impostas pela Lei nº 9.711/98 à compensação do valor retido. Ele

lamenta que a nova redação do art. 31 não tenha autorizado a compensação de

eventual saldo credor apurado no ajuste mensal em uma determinada

competência com o montante de contribuição apurada e devida ao INSS nas

competências seguintes, bem como a mesma compensação não haver sido

estendida aos demais estabelecimentos da empresa cedente de mão-de-obra.

Cabe ressaltar que há razoáveis fundamentos que

contestam a legitimidade da limitação da compensação a 30% do valor apurado

em cada competência, bem como a necessidade de prova da inocorrência de

transferência do ônus da contribuição ao custo do bem ou serviço prestado (art.

89, §§ 1º e 3º da Lei nº 8.212/91). É que a limitação da compensação dos valores

retidos ao apurado exclusivamente na respectiva competência e ao

estabelecimento do prestador do serviço, sem possibilidade de extensão aos

demais, trata desigualmente contribuintes colocados na mesma situação jurídica

de devedores das contribuições recolhidas ao INSS, porquanto, para outras

empresas que não atuam mediante cessão de mão-de-obra, a Lei não prevê tais

limitações à compensação quando incorrem em recolhimento a maior114.

114 JÚNIOR, Fernando Osorio de Almeida. Contribuição previdenciária – retenção sobre

remuneração relativa a cessão de mão-de-obra, p. 78.

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Ademais, os doutrinadores Ferreira, Machado e Santos115,

destacam o seguinte:

Quanto ao destaque da retenção: a empresa prestadora de

serviço quando da emissão da nota fiscal, fatura ou recibo

destacará o valor da retenção, a título de “Retenção para a

Previdência Social”. O destaque deverá ser identificado após a

descrição dos serviços prestados, como parcela dedutível, e

produzirá efeito no ato da quitação da nota fiscal, fatura ou recibo,

sem alteração do valor bruto do respectivo documento. A falta de

destaque da retenção quando da emissão da nota fiscal, da fatura

ou do recibo de prestação de serviço impossibilita a contratada de

efetuar a compensação ou requerer a restituição, salvo se

comprovado o recolhimento pela contratante do valor efetivamente

retido.

Quanto à compensação: a empresa prestadora de serviço

quando do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha

de pagamento dos segurados empregados e contribuintes

individuais (empresários, autônomos, etc.) poderá compensar o

valor destacado e retido na nota fiscal, fatura ou recibo. A

compensação dos valores retidos será efetuada na guia de

recolhimento de contribuições previdenciárias relativas à folha de

pagamento da mesma competência da emissão da nota fiscal,

fatura ou recibo, ainda que em atraso.

Assim, compreende-se que de acordo com a legislação

vigente, infelizmente o saldo credor apurado num determinado mês não pode ser

compensado integralmente no mês seguinte, havendo uma limitação de 30% do

valor apurado em cada competência, ou seja, se porventura a empresa

prestadora de serviços vier a pagar indevidamente uma guia de INSS com valor

acima do devido, a diferença só poderá ser compensada 30% a cada mês, até a

sua total compensação, isso tudo devidamente informado no arquivo magnético

da GFIP e SEFIP.

115 FERREIRA, Ana Paula; MACHADO, Mariza Abreu Oliveira; SANTOS, Milena Sanches Tayano

dos. Cessão de mão-de-obra e empreitada, p. 194.

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3.9 A RESPONSABILIDADE DO SUBSTITUTO E DO CONTRIBUINTE

Segundo Dias, a Lei nº 9.711/98 é clara ao definir o dever de

retenção e recolhimento ao tomador do serviço. Sempre se presume efetuada a

retenção, nos termos do art. 33, parágrafo 5º, da Lei nº 8.212/91, ao qual se faz

remissão expressa, não podendo o contratante alegar que se omitiu. Caso não

haja o recolhimento, deverá o INSS constituir o crédito respectivo contra a

empresa contratante, nos termos dos itens 40.1 e 45 da Ordem de Serviço nº

203/99. E, caso tenha havido o destaque na nota fiscal ou fatura do valor a ser

retido, e este não tenha sido recolhido ao INSS, a empresa cedente não será

prejudicada, podendo compensar tal valor junto às contribuições devidas ao INSS,

com exceção das destinadas a terceiros (entidades e fundos), que deverão ser

recolhidas integralmente (itens 28.1 e 28.2 da Ordem de Serviço nº 203/99).

Das contribuições devidas pela empresa, ou seja, do valor

de INSS a recolher mensal, será feito a compensação e, na impossibilidade de

compensação total pelo estabelecimento da empresa cedente, o saldo será objeto

de pedido de restituição.

Dias salienta também que, não sendo efetuado o destaque,

presume-se feita a retenção e que a nota fiscal foi quitada, já deduzida a

retenção.

Desta forma, tem-se, por conseqüência, que o INSS deverá

constituir o crédito contra o contratante e dele cobrar o valor da retenção, sem

que haja impedimento a que o contratado requeira a restituição.

Algumas questões conexas são de importância: se não

houver o recolhimento da contribuição sobre a remuneração paga aos segurados

a seu serviço, substituirá a sua responsabilidade?, Poderá o INSS cobrar

simultaneamente do primeiro a retenção e do segundo a contribuição sobre a

folha?, O fato do INSS constituir e cobrar o crédito referente à retenção contra o

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contratante, afeta a responsabilidade do contratado?, Tais questões não são

esclarecidas nem pela Lei 9.711/98, nem pela Ordem de Serviço 203/99. Tal

omissão acarreta a invalidade do art. 31 da Lei 8.212/91, vez que violadora do art.

146, III, da Constituição, e dos artigos 97,III, e 128 do CTN, bem como do

princípio da segurança jurídica116.

Portanto, conclui-se que a substituição da responsabilidade,

tem haver com o recebimento da receita, haja vista se na ocasião do pagamento,

a tomadora deduziu o valor do INSS retido no documento fiscal devido,

assegurando-se assim, o direito do contribuinte de compensar ou restituir tal valor

junto ao INSS.

3.10 DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA EM

RAZÃO DA INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO ENTRE O RESPONSÁVEL

(EMPRESA CONTRATANTE) E O FATO GERADOR DA CONTRIBUIÇÃO

PREVIDENCIÁRIA

Segundo Dias, o pagamento dos segurados a serviço do

cedente de mão-de-obra, ocorre em um momento posterior, no âmbito de outra

relação jurídica, não tendo qualquer vínculo com a relação existente entre

contratante e contratado.

É que na hipótese prevista pelo art. 31 da Lei nº 9.711/98, o

fato descrito na norma básica (pagar remuneração a segurados empregados ou

autônomos) não tem qualquer conexão com o fato descrito pela norma secundária

(pagar a uma empresa o valor referente a serviço prestado, mediante cessão de

mão-de-obra, valor esse incluído no documento fiscal).

116 DIAS, Eduardo Rocha. Contribuição previdenciária – retenção sobre remuneração relativa

a cessão de mão-de-obra, p. 38.

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Lembra Dias que a retenção e o recolhimento ocorrem antes

do fato gerador da obrigação, e está previsto que o contratado efetue

compensação ou peça restituição junto ao INSS e não junto ao contratante,

justamente por inexistir vinculação entre este e o fato gerador da obrigação117.

Ademais, a capacidade econômica somente poderá ser

definida quando da ocorrência do fator gerador da obrigação, sendo que, a

empresa tomadora do serviço nada tem haver com o recolhimento do INSS a ser

efetuado pela empresa prestadora de serviços, com relação aos empregados da

mesma.

3.11 JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TEMA

Com relação à retenção previdenciária já abordada, o

Egrégio Superior Tribunal de Justiça118 traz o Recurso Especial nº 899.598 – SP

(2006/0236903-7):

EMENTA: TRIBUTÁRIO – PREVIDENCIÁRIO – RETENÇÃO DE

11% SOBRE O VALOR BRUTO DA NOTA FISCAL OU FATURA

DE CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA – LEIS N. 8.212/91 – 9.711/98.

1. A controvérsia essencial destes autos restringe-se à retenção

de 11% sobre o valor de nota fiscal ou fatura de prestação de

serviços das empresas contratantes de serviços prestados por

cessão de mão-de-obra, instituída pela Lei n. 9.711/98, que deu

nova redação ao art. 31 da Lei n. 8.212/91.

2. No tocante à alegada violação do art. 31 da Lei n. 8.212/91,

com redação fornecida pela Lei n. 9.711/98, cabe ressaltar que a

aludida norma introduziu novo procedimento a ser observado no

recolhimento da contribuição previdenciária incidente sobre a folha

de salário, devendo as empresas contratantes de mão-de-obra, na 117 DIAS, Eduardo Rocha. . Contribuição previdenciária – retenção sobre remuneração

relativa a cessão de mão-de-obra, p. 35. 118 Min. MARTINS, Humberto. Documento: 3136949 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado -

DJ: Página 1 de 2, Disponível em: http://www.stj.gov.br, acessado em: 04 de jun. de 2007.

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qualidade de responsáveis tributários, reterem 11% sobre o valor

da fatura ou da nota fiscal emitida pela empresa cedente.

3. Com igual entendimento: A Lei n. 9.711/98 introduziu novo

procedimento a ser observado no recolhimento da contribuição

previdenciária incidente sobre a folha de salário, devendo as

empresas contratantes de mão-de-obra terceirizada, na qualidade

de responsáveis tributários, reterem 11% sobre o valor da fatura

ou da nota fiscal emitida pela empresa cedente. Recurso especial

improvido. (REsp 888.397/SP, relatado por este Magistrado,

Segunda Turma, julgado em 6.2.2007, DJ 14.2.2007). Agravo

regimental improvido. Brasília (DF), 22 de maio de 2007 (Data do

Julgamento). Relator: MINISTRO HUMBERTO MARTINS.

No acórdão em epígrafe, tendo em vista, como Agravante:

Vieira e Mesquita Diagnósticos Por Imagem S/C Ltda. e como Agravado: Instituto

Nacional do Seguro Social – INSS, certifica-se, que por unanimidade a Turma

negou provimento ao agravo regimental.

A empresa acima citada, havia interposto o presente agravo

regimental, contra uma decisão que deu provimento ao recurso especial

interposto pelo INSS. A referida decisão determinou a retenção de 11% sobre o

valor da fatura ou da nota fiscal das empresas contratantes de serviços prestados

por cessão de mão-de-obra, de acordo com a nova redação conferida ao art. 31

da Lei 8.212/91 pela Lei 9.711/98, com a seguinte ementa:

TRIBUTÁRIO – PREVIDENCIÁRIO – RETENÇÃO DE 11%

SOBRE O VALOR BRUTO DA NOTA FISCAL OU FATURA DE

CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA – LEI N. 8.212/91 – 9.711/98 –

RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (fl. 214).

Em suas razões alegou a Agravante, dentre outros, que o

terceiro em questão não tem nenhuma relação direta com o fato gerador (...) não

paga salários, honorários, e nem nada que seja fato gerador da contribuição

previdenciária que a prestadora é obrigada a recolher. (fl. 224) e que se proceda à

reforma da decisão agravada119.

119 Min. MARTINS, Humberto. Documento: 3136949 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado -

DJ: Página 1 de 2, Disponível em: http://www.stj.gov.br, acessado em: 04 de jun. de 2007

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Portanto, conforme já comentado por inúmeras vezes neste

capítulo, fica ilustrado tanto na doutrina quanto na jurisprudência, que as

empresas tomadoras de serviço deverão recolher o valor relativo à retenção de

11% sobre o valor de serviço quando houver cessão ou empreitada de mão-de-

obra. E, cabe ressalvar ainda, que o valor referente à retenção corresponde a

uma antecipação compensável descontada pela empresa contratante, do valor

bruto dos serviços realizados e constantes da nota fiscal ou fatura.

No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça120 aborda:

EMENTA: RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RETENÇÃO DE 11%.

EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS. LEGALIDADE.

RECURSO DESPROVIDO.

1. A retenção de onze por cento (11%) a título de contribuição

previdenciária, na forma do art. 31 da Lei 8.212/91, com a redação

introduzida pela Lei 9.711/98, não configura nova modalidade de

tributo, mas tão-somente alteração na sua forma de recolhimento,

não havendo qualquer ilegalidade nessa sistemática de

arrecadação.

2. Nesse sistema, a empresa tomadora de serviços é responsável

tributária pelo regime de substituição. No caso, ela desconta parte

do valor devido à Previdência Social, responsabilizando-se pelo

recolhimento por meio de destaque na nota fiscal ou na fatura.

Posteriormente, a cedente de mão-de-obra procede à

compensação do valor, quando do recolhimento incidente sobre a

folha salarial. Há, então, apenas um adiantamento de parte do

recolhimento, sem alteração de alíquota ou base de cálculo.

3. Recurso especial desprovido. REsp 729000 / MG, RECURSO

ESPECIAL, 2005/0030536-4. Relator(a) Ministra DENISE

ARRUDA (1126), Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA TURMA, julgado

em 24/04/2007.

Diante do exposto, o Recurso Especial nº 729.000 – MG,

tendo como Recorrente: Município de Itabira e Recorrido: Instituto Nacional do

120 Min. ARRUDA, Denise. Documento: 2935943 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJ:

Página 1 de 1, Disponível em: http://www.stj.gov.br, acessado em: 04 de jun. de 2007.

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63

Seguro Social – INSS, constatou-se, que por unanimidade negou provimento ao

recurso.

No presente recurso, o Recorrente fundamentou-se no art.

105, III, a e c, da Constituição Federal, contra acórdão, proferido pelo TRF da 1ª

Região, assim ementado:

"TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EMPRESAS

PRESTADORAS DE SERVIÇO. RETENÇÃO DE 11% SOBRE

FATURAS.

I - Não há ilegalidade na retenção de 11% sobre os valores brutos

das faturas dos contratos de prestação de serviço, pelas

empresas tomadoras, nos termos da art. 31 da Lei n. 8.212/91,

com redação dada pela Lei n. 9.711/98.

II - Inexistência de nova exação ou violação ao princípio da

legalidade, mas apenas alteração na forma de recolhimento do

tributo.

III - Apelação provida. Remessa prejudicada." (fl. 105).

O recorrente aponta também, além de divergência

jurisprudencial, violação do art. 128 do Código Tributário Nacional, alegando o

seguinte:

"Verifica-se que em verdade, fora instituída uma nova

contribuição social incidente sobre faturamento; e não como

quer fazer valer o INSS de que a mudança do art. 31 da Lei

8.212/91, trata-se apenas de uma nova 'sistemática de

recolhimento', ou seja a instituição de uma 'substituição

tributária pra frente', onde o tomador de serviços atuaria

como substituto tributário do cedente de mão-de-obra" (fl.

109).

Contudo, após discutidos as autos, acordaram os Ministros

que não assiste razão ao recorrente, pois com efeito, a Corte já consolidou o

entendimento de que a retenção de onze por cento (11%) a título de contribuição

previdenciária, na forma do art. 31 da Lei 8.212/91, com a redação introduzida

pela Lei 9.711/98, não configura nova modalidade de tributo, mas tão-somente

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alteração na sua forma de recolhimento, não havendo qualquer ilegalidade nessa

sistemática de arrecadação.

Ademais, vejamos mais alguns dos acórdãos julgados do

STJ121:

EMENTA: “TRIBUTÁRIO - CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA

SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO - EMPRESA TOMADORA

DE SERVIÇO - RETENÇÃO ANTECIPADA DE 11% SOBRE O

VALOR BRUTO DA NOTA FISCAL OU DA FATURA -

POSSIBILIDADE - ART. 31 DA LEI 8.212/91 (REDAÇÃO DADA

PELA LEI 9.711/98) - PRECEDENTES DO STF E DO STJ.

- A Lei n. 9.711/98, ao alterar o disposto no art. 31 da Lei

8.212/91, apenas criou nova sistemática de arrecadação da

contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento, tornando

as empresas tomadoras de serviços responsáveis tributárias pelo

regime de substituição tributária, sem afetar a base de cálculo ou

a alíquota da exação. - Entendimento consolidado pelo Pleno do

STF e pela 1ª Seção do STJ. - Recurso especial conhecido e

provido.” (REsp 804.309/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Francisco

Peçanha Martins, DJ de 5.5.2006).

EMENTA: “PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ART. 544 DO CPC. RECURSO

ESPECIAL.TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.

EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇO. RETENÇÃO DE

11% SOBRE FATURAS. ART 31, DA LEI Nº 8.212/91, COM A

REDAÇÃO DA LEI Nº 9.711/98. NOVA SISTEMÁTICA DE

ARRECADAÇÃO MAIS COMPLEXA, SEM AFETAÇÃO DAS

BASES LEGAIS DA ENTIDADE TRIBUTÁRIA MATERIAL DA

EXAÇÃO.

1. A retenção de contribuição previdenciária determinada pela Lei

9.711/98 não configura nova exação e sim técnica arrecadatória

via substituição tributária, sem que, com isso, resulte aumento da

carga tributária. 2. A Lei n.º 9.711/98, que alterou o artigo 31 da

Lei n.º 8.212/91, não criou nova contribuição sobre o faturamento,

tampouco alterou a alíquota ou a base de cálculo da contribuição

previdenciária sobre a folha de pagamento.

3. A determinação do mencionado artigo configura apenas uma

nova sistemática de arrecadação da contribuição previdenciária,

121 Min. ARRUDA, Denise. Documento: 2935943 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJ:,

Disponível em: http://www.stj.gov.br, acessado em: 04 de jun. de 2007

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tornando as empresas tomadoras de serviço como responsáveis

tributários pela forma de substituição tributária. Nesse sentido, o

procedimento a ser adotado não viola qualquer disposição legal.

4. Precedentes desta Corte: AGRESP n.º 427.360/MG, Rel. Min.

Francisco Falcão, DJ 02/12/2002; REsp n.º 439.155/MG, Rel. Min.

José Delgado, DJ 23/09/2002; REsp n.º 434.105/SP, Rel. Min.

José Delgado, DJ 23/09/2002.

5. Ausência de motivos suficientes para a modificação do julgado.

Manutenção da decisão agravada.

6. Agravo Regimental desprovido.” (AgRg no Ag 698.561/SP, 1ª

Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 27.3.2006).

Nesse sistema, a empresa tomadora de serviços é

responsável tributária pelo regime de substituição. No caso, ela desconta parte do

valor devido à Previdência Social, responsabilizando-se pelo recolhimento por

meio de destaque na nota fiscal ou na fatura. Posteriormente, a cedente de mão-

de-obra procede à compensação do valor, quando do recolhimento incidente

sobre a folha salarial. Há, então, apenas um adiantamento de parte do

recolhimento, sem alteração de alíquota ou base de cálculo.

Nesse sentido, é importante mencionar o entendimento

consagrado nesta Corte, no voto proferido pela eminente Ministra Eliana

Calmon122, no julgamento do Resp 734.642/SP, in verbis :

"(...)

Verifica-se a criação de um sistema eclético de recolhimento,

onde o tomador desconta parte do devido à Previdência em razão

do serviço locado, responsabilizando-se pelo recolhimento, com

destaque na nota fiscal ou na fatura, para então fazer-se o

abatimento pela fornecedora da mão-de-obra, quando do

recolhimento incidente sobre a folha de salário. Observe-se que

não se alterou alíquota ou base de cálculo, apenas adiantou-se

parte do recolhimento. E para evitar perplexidades, os parágrafos

do novo comando normativo deram a solução para o encontro de

contas, ou seja, compensação do devido sobre a folha de salário,

calculado em sua íntegra, com o objeto do adiantamento. E o § 2º

do referido dispositivo foi além para permitir a restituição de

122 Min. ARRUDA, Denise. Documento: 2935943 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJ:

Disponível em: http://www.stj.gov.br, acessado em: 04 de jun. de 2007.

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eventual saldo remanescente à empresa locadora de mão-de-

obra, caso o adiantamento fosse maior do que o valor a pagar à

previdência.

O argumento das empresas que estão se insurgindo contra a nova

sistemática é de que a nova lei atribuiu a responsabilidade a

terceira pessoa, o tomador de serviço, excluindo a

responsabilidade do contribuinte. Ledo engano. Embora as

empresas tomadoras de serviço ajam como intermediárias, porque

na ponta da escala do serviço prestado é contribuinte aquele que

usa os serviços efetivamente, não se pode olvidar que a primeira

das relações que se estabelece é entre a locadora destes serviços

e a empresa que comparece e, mediante contrato, loca estes

serviços, ignorando a empresa prestadora qual o destinatário final

da mão-de-obra locada. O certo é que, dentro da normalidade das

relações, cabe a tomadora pagar à empresa que lhe fornece a

mão-de-obra, sem indagar de quem veio o dinheiro, porque não

faz parte da relação a sub-empreitada, digamos assim.

Dentro deste raciocínio, não se pode dizer que é o tomador do

serviço uma terceira pessoa, porque é ele, em verdade, o

contribuinte de fato, mesmo que pague com o que recebeu de

outrem.

Entendo que a sistemática utilizada obedeceu inteiramente ao

disposto no art. 128 do CTN, o qual não foi maculado em nenhum

passo. Por outro ângulo, temos que não se alterou a fonte de

custeio ou a base de cálculo, porque a incidência não é sobre a

fatura ou a nota fiscal, mas sim sobre a folha de salário, porque a

fatura serve apenas de base para o adiantamento." (REsp

734.642/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de

15.8.2005).

Ademais, no STF123:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PREVIDENCIÁRIO.

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL: SEGURIDADE. RETENÇÃO DE 11%

SOBRE O VALOR BRUTO DA NOTA FISCAL OU DA FATURA

DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. Lei 8.212/91, art. 31, com a

redação da Lei 9.711/98. I. - Empresa contratante de serviços

executados mediante cessão de mão-de-obra: obrigação de reter

onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação

123 Min. VELLOSO, Carlos. Documento: RE 393946/MG - EMENTA / ACORDÃO Disponível em

http://www.stf.gov.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp acessado em: 04 de ago. de 2007.

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de serviços e recolher a importância retida até o dia 2 do mês

subseqüente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura,

em nome da empresa cedente da mão-de-obra: inocorrência de

ofensa ao disposto no art. 150, § 7º, art. 150, IV, art. 195, § 4º, art.

154, I, e art. 148 da CF. II. - R.E. conhecido e improvido.

RE 393946 / MG - MINAS GERAIS RECURSO

EXTRAORDINÁRIO, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO,

Julgamento: 03/11/2004 Órgão Julgador: Tribunal Pleno,

Publicação DJ 01-04-2005.

Denota-se, que há entendimento consolidado pelo STJ,

quanto ao novo procedimento da Lei 9.711/98, no qual as empresas cessionárias

de mão-de-obra, devem reter 11% sobre o valor da fatura ou da nota fiscal

emitida, e, a empresa tomadora do serviço, está obrigada ao recolhimento do

mesmo, descontando da empresa prestadora de serviços, o valor retido no

documento fiscal.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo investigar, à luz da

legislação, da doutrina e da jurisprudência, o instituto da Restituição da

Contribuição Previdenciária Retida das Empresas Cessionárias de Mão-de-obra.

O interesse pelo tema deu-se em razão de que, a empresa

para qual eu trabalho, é prestadora de serviços, com cessão de mão-de-obra, a

qual destaca na nota fiscal o valor devido à Previdência Social, fazendo-se

mensalmente o processo de compensação, e, em determinados meses, o

processo de restituição.

Para seu desenvolvimento lógico o trabalho foi dividido em

três capítulos. No primeiro, viu-se que a obrigação tributária (principal ou

acessória), nasce com a ocorrência do fato gerador descrito em lei, tendo como

sujeito ativo a pessoa jurídica (de direito público ou privado) dotada do direito de

exigir o cumprimento da obrigação, e o sujeito passivo (contribuinte ou

responsável), obrigado a satisfazer o respectivo dever jurídico.

No segundo capítulo, pesquisou-se acerca dos fundamentos

constitucionais voltado ao direito à repetição do indébito tributário. Verificou-se os

princípios constitucionais, como o da estrita legalidade e o da moralidade pública,

os quais servem de base para a interpretação jurídica.

No terceiro e último, intensificou-se a pesquisa sobre a

contribuição previdenciária, relativa à cessão de mão-de-obra, verificando-se o

entendimento doutrinário e jurisprudencial acerca da Lei 9.711/98, na questão da

responsabilidade tributária, do prestador e do tomador de serviços, a substituição

tributária propriamente dita.

Quanto aos problemas que foram elucidados no teor da

pesquisa, as respostas foram confirmadas na sua maioria, pela possibilidade de

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ressarcimento na forma de restituição em espécie e/ou compensação integral,

bem como a alíquota aplicável de 11% sobre a base de cálculo prevista na Lei

9.711/98.

Por fim, fica o registro de que o presente trabalho não tem

caráter exaustivo, isto é, com o mesmo não se teve a pretensão de tratar de todas

as questões que norteiam o instituto da Restituição da Contribuição Previdenciária

Retida das Empresas Cessionárias de Mão-de-obra, razão pela qual deve servir

apenas de ponto de partida para o necessário e contínuo acompanhamento da

evolução de entendimento doutrinário e jurisprudencial acerca desta tão relevante

matéria do Direito Tributário.

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