antropologia no brasil (alteridade contextualizada) (peirano, mariza)

21
7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza) http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 1/21 Acr ==t sr  0 ~ ~ ~ ~ J ~ \ r r ~ . le-.t .f1¥> s:; fa Jo j k ~ ' £ , ~ P o c . . s L2 c.H ~ - ~ . o PROBLEMA ANTROPOLOGIA NO BRAS IL ALTERIDADE CONTEXTUALIZADA) Man za G S. Peirano Por muito tempo a antropologia foi definida pelo exotismo do seu objeto de estudo e pel a distancia, concebida como cultu ral e geogrHica, que separava 0 pesquisador do seu grupo de pesquisa. Essa situa<;ao mudou. Mesmo nos centros socialmente legftimos de produ<;ao antropol6gica - para muitos, on de se faz a antropologia internacional i - hoje 0 ideal do encontro radical com a a lt eridade nao e mais a dimensao considerada essencial da antropologia. Nesses centros, houve uma mudan<;a gradua l em que a alteridade foi se tornando mais proxima - dos trobriandeses aos Azande, destes aos Kwakiutl passando peJos Bororo, daf para os paises medite rraneos, ate que nos dias at uais, bern diferente de h a vinte anos atras, uma antropologia que se faz petto de cas a t home, e n ao so aceitavel quant o desejavel. No caso euro- 1. Ver Gerh olm & Hannerz (1982), para que m a antropologia internacional equivale ao somatorio da disciplina nos Estados Unidos, In gl aterra e Frans:a .

Upload: cristiana-de-assis-serra

Post on 22-Feb-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 1/21

Acr ==t sr

 

0

~ ~

~ ~ J ~

\ r r ~

. le-.t .f1¥>

s:; fa Jo j k ~ ' £ , ~ P o c . . s

L2

c . H ~

-

~

.

o PROBLEMA

ANTROPOLOGIA NO BRASIL

ALTERIDADE CONTEXTUALIZADA)

Man za G S. Peirano

Por

muito

tempo

a

antropologia

foi definida

pelo exotismo

do

seu objeto de estudo e pela distancia, concebida

como

cultu

ral e geogrHica, que separava 0

pesquisador do

seu

grupo

de

pesquisa. Essa situa<;ao mudou. Mesmo nos centros socialmente

legftimos de produ<;ao antropol6gica - para muitos, on de se faz a

antropologia internacional i - hoje 0 ideal

do encontro

radical

com a a lteridade nao e mais a dimensao considerada essencial da

antropologia.

Nesses

centros,

houve uma

mudan<;a

gradua

l

em

que a alteridade foi se

tornando

mais

proxima

- dos

trobriandeses

aos

Azande,

destes aos Kwakiutl

passando

peJos

Bororo,

daf

para

os paises

medit

erraneos, ate

que

nos

dias atuais, bern

diferente

de ha vinte anos atras, uma antropologia que se faz petto de

cas a t

home,

e nao so aceitavel

quant

o desejavel. No caso

euro-

1. Ver Gerholm & Hannerz (1982), para quem a antropologia internacional

equivale ao somatorio da disciplina nos

Estados

Unidos,

In

glaterra e Frans:a .

Page 2: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 2/21

226

MARIZA

G. S.

PEIRANO

peu, esse tipo de investigac;:ao permanece sendo considerada an

tropologia ; para

outros, os norte-americanos

especialmente, a

investigac;:ao at home deixa

de ser

antropologia e passa a fazer

parte

dos cultural studies

(ou

feminist studies science studies etc/ .

Sugiro que,

mesmo

se a dimeosao da alteridade

mudou,

0

principio

nao

desapareceu.

A ideia de

que

a alteridade e urn

aspecto fundante

da

antropologia, sem

a qual a disciplioa

nao

. d

ecoohece a

si

pr6pria, e urn dos argumeotos centralS esse

eosaio. 0

Brasil e

0 caso etnografico

privilegiado.

Chamo

a

ate

nc;:ao

para 0 fato

de que, no contexte

brasileiro, as exigencias

relativas

a

alteridade adquiriram desde cedo cootornos especifi

cos.

Uma

alteridade radical -

no

caso, a indfgena

- vigente

ate

os anos 50, nas decadas

seguiotes pas

sou

a

cooviver com

alteridades

ameoizadas em que antrop610gos

faziam

pesquisa

sobre 0

contato com

as populac;:oes iodigenas, com

campone

ses,

chegaodo

aos

contextos urbanos

ate que, mais recentemen

te,

oos aoos

80,

passaram

a dirigir

sua

reflexao

para

a

pr6pria

produc;:ao sociol6gica,

tornaodo-se

este urn caso de alteridade

mioima. No

cootexto da aotropologia no

Brasil,

nos

ultimos

trinta anos

a

alteridade

deslizou, territorial e

ideologicameote,

em

urn processo

dominado pela

incorporac;:ao

de

novas tematicas

e ampliac;:ao

do universo pesquisado.

o exemplo

brasileiro revela, assim,

que

a diferenc;:a cultural

pode

assumir,

para os propn'os

antropologos

uma

pluraridade de

no

c;:oes: se em termos

canonicos

ela seria tao radical

que idealmente

estaria alem-mar, ao se

aculturar em outras

latitudes, a alteridade

se traduziu

em

difereoc;:as relativas e

nao

oecessariameote ex6ti

cas.

Juntas

ou

separadas, essas diferenc;:as,

podem

ser culturais,

sociais, economicas, polfticas, religiosas e ate territoriais. Assim

sendo, 0 processo

que

nos centros metropolitanos levou urn se-

2. Ver Peirano (1998), para uma avalia<;:ao da chamada antropoJogia p6s-mo

derna como

anthropology at home .

ANTROPOLOGIA NO

BRASIL

(t\ LTERlDAD

E

CONTEX

T

UAUZAOA)

227

culo para se desenvolver, isto e trazer (de alem-mar) a disciplioa

para

casa,

no

Brasil

nao demorou

mais que tres decadas.

Mesmo

que

entre

n6s

hoje existam prioridades intelectuais e/ou empiricas,

assim

como

modismos (te6ricos ou de objetos/sujeitos), nao

ha

propriamente

restric;:6es

em

relac;:ao a essa multiplicidade

de

alteridades .

Na

ultima decada, inclusive, a presenc;:a

de

urn mini

mo

de especialidades, entre elas tematicas indigenas, campone

sas, urbanas, afro-b rasileiras e outras, vern seodo considerada

uma exigencia

para

a definic;:ao de urn departamento de excelen

cia. (Nos

Estados

Unidos os criterios sao diferentes e urn born

departamento

de antropologia

se

define

pelas especialidades

em

areas concebidas como geografico-culturais que abrangem os va

rios continentes.)

o

foco central deste ensaio recai nas tres Ultimas decadas

do

desenvolvimento da antropologia

no

Brasil, mas

nao

se restringe a

esse periodo. Adoto, na verdade, uma estrategia de cootrastes, quer

hist6ricos, quer etnograficos e incluo,

com

esse prop6sito, casos

comparativos ao longo

do

texto, como os da India e dos Estados

Unidos

3

. Tenho como

objetivo apresentar

uma

coofigurac;:ao tipi

co-ideal para a antropologia desenvolvida

no

Brasil. Procuro indi

car, ao focalizar a produc;:ao da

comunidade

brasileira de antrop6-

logos, em que medida - apesar de ser considerada por muitos

como periferica - ela oferece uma oportunidade

para

se detectar

elementos fundantes nos

pr6prios

centros metropolitanos, alem de

evidenciar em que sentido a disciplina aqui tanto acompanha as

experiencias desenvolvidas em

outros contextos quanto tambem

difere delas. Esse e portanto, mais urn angulo de visao

do

que se

pode chamar

uma

antropologia plural.

3. Destaco que, ao mencionar

0

momenta sociogenetico das ciencias sociais

no

Brasil, isto e as decadas de 40-60, centro minhas aten<;:6es em Sao

Paulo e

no

Rio

de Janeiro

por criterios de relevancia socioJ6gica.

Page 3: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 3/21

I  

228

MARIZA G.

S

PEIRANO

ORIENTA<; AO

GERAL

Neste ensaio, leva

em

considerac:rao que uma disciplina

pode ter 0 mesmo nome em

diversos

momentos

sem

q ~ e tenha

necessariamente 0

mesmo conteudo ou

0

mesmo

obJetlvo. As

sim,

denominar

um tipo de conhecimento de antropologia

em

momentos e contextos diversos

nao

significa

que

Soi esta

designando 0 mesmo

fenomeno.

Segundo,

parto do

suP.osto

de

que nao e possivel falar sobre a historia de uma d l s c l ~ l l n a sem

levar

em conta

0 desenvolvimento de disciplinas vlzlllhas -

quer estas sejam modelos

ou

rivais

da

primeira. A.ssim,

por

exemplo,

investigar

0 desenvolvimento

da

antropologla B ~ a -

sil depois

dos

anos 50 exige que

se

examinem as demals Clen

cias sociais,

isto

e,

pelo

menos a sociologia e a ciencia politica;

para uma avaliac:rao antes dos anos 50, e preciso levar

em

consi

derac:rao a literatura

4

. Terceiro, mesmo quando se define um

enfoque dominante

para

uma

disciplina,

este

nem

sempre

e

desenvolvido so por especialistas da area. Isso significa que,

conscientemente ou nao, nao-antropologos podem fazer antro

pologia. Finalmente, uma disciplina academica revela sua. possf

vel configurac:rao no dialogo

com

as ideias e

valores domlllantes

de uma sociedade.

No

caso brasileiro, as ciencias sociais foram

reconhecidas socialmente

quando

0 pais passou a se considerar

legitimamente parte do mundo

moderno,

aderindo ao preceito

iluminista

de

estar

comprometidas com a

vida nacional

no

seu

conjunto (E. Becker, 1971; Lepenies, 1977; Candido, 1964, 1987;

Dumont, 1994; Peirano, 1992).

Essa orientac:rao nos remete de imediato a uma

questao

cen-

tral: externamente, tem sido com a sociologia que a antropologia

como disciplina vem dialogando

desde

a institucionalizac:rao das

4. Ver Peirano (1995) para urn

diilogo da

antropologia com as demais cien

cias sociais.

ANTROPOLOGIA NO BRASIL (ALTERIDADE CONT

E

XTUALIZADA

)

229

ciencias sociais na dec ada de 30; ja internamente, esse diilogo e

rebando

c ~ m o uma dicotomia entre

a etnologia indigena ftit n

Brast e as lllvestigac:roes antropologicas s bre a Brasil. Na decada

de

50, tendo a sociologia se tornado

hegemonica entre

as cien

cias sociais - e concebida como uma abordagem

que

combinava

excelencia teorica

com engajamento

politico

-

a

antropologia

restou a opc:rao de se manter nos parametros dos estudos de

s o c ~ e d ~ d e s

indfgenas, como ate entao,

ou

integrar-se no projeto

soclOloglCO dominante. Quando Florestan Fernandes transferiu

suas . preocupac:roes dos Tupinamba

para

as relac:roes raciais, esse

mOVlmento representou mais que uma

guinada na

direc:rao da

E s c ~ l a de Chicago, e tambem mais

que

uma

admissao

de que os

Tuplllamba so serviram para a formac:rao de seu autor. NaqueIe

momento, a excelencia academica definiu-se como panimetro e a

tematica nacional se estabeleceu como

projeto;

teoria e politica

passavam a fazer parte da agenda das ciencias sociais no pais

s

. E

quando,

en

ao,

0

rotulo antropologia

se

expande em pelo menos

dua:

~ i r e c r o e s ele serve para designar a investigac:r

ao

etnologica

canOO1ca em busca da

alteridade radical, mas

passa

tambem a

lOdicar uma

sublinhagem

que,

definindo-se

tambem

como

antro

pologia, dialoga

com

a sociologia hegemonica.

Tenho em mente

segundo casa, os estudos sobre fricc:rao interetnica 6, q u ~

Viam 0 contato

com

grupos indigenas como um indicador socio

logico p a r ~

se

estudar a

sociedade

nacional - isto e, seu processo

e x p a ~ s l ~ 1 s t a e sua luta peIo desenvolviment0

7

Essa ampliac:r

ao

dos limltes da disciplina persiste hoje, num quadro

onde

convi-

5. Ver

Fernandes

(1963, 1970, 1972, 1975, 1977); Schwartzman (1991)' Peirano

(1992) . ' ,

6 Ver

Cardoso de

Oliveira (1963, 1978).

7

A hegemonia da sociologia neste

momento

atinge as dernais ciencias sociais

como a ciencia politica, mas

tam

bern a filosofia, a historia e, ate mesmo,

folclore.

Este u l ~ m o

desaparece de cena

no

embate

com

a sociologia, venci

do no

seu proPOSltO de se tornar urn saber cientifico (Vilhena, 1997).

Page 4: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 4/21

230

MARIZA

G. S. PEIRANO

vem, no mesmo

meio

academico,

uma antropologia

leita no rasil

e l.una ntropologi do rasil

8

.

Para alem da pesquisa indigena

propriamente dita, uma antropologia feita

no/do

Brasil e uma

aspira<;ao comum.

EXOTISMO E TIPO IDEAL

Neste ensalO, considero 0 exotismo a diferen<;a limite da

apreensao

antropologica. Da

perspectiva

do tema

classico

dos

tabus, 0 exotismo e a alteridade mais distante, remota e, ainda

assim, passivel

de apreensao em

determinado universo. E certo

que

no<;6es mais ou

menos

explicitas de

distancia

(territorial,

cultural, social)

estao

sempre presentes, mas a alteridade como

diferenr ou como exotismo divergem: se todo exotismo e um

tipo

de diferen<;a, nem toda diferen<;a

e

exotica.

De outro

lado, a

enfase

na

diferen<;a

tem como dimensao

intrinseca

a

compara

<;ao; ja a

enfase no exotismo dispensa

contrastes

9

Contudo, 0 exotismo

na

antropologia nao e uma realidade

historica pura, e muito menos uma realidade autentica ,

no

sen

tido

weberiano. Trata-se, sim, de um elemento

relevante para

a

constru<;ao

de um

tipo ideal,

em

rela<;ao ao qual se

podem medir

exemplos

empiricos a fim de esclarecer alguns de seus tra<;os

essenciais. Refor<;o essa proposta observando

que

hoje

um grupo

de antropologos vem questionando

como

indesejavel exatamente

a dimensao exotica da

antropologia (por

exemplo, Thomas, 1991).

Mas, na medida em que essas criticas nao levam em conta 0

significado

contextual do

exotismo

e,

portanto,

a ele

nao

se

ofe

recem

. alternativas

senao sua

erradica<;ao, fica enfatizado, as aves-

8.

E bern verdade

que, em alguns grupos

e/ou program

as, 0

termo etnologo

e

reservado para pesquisadores

de grupos indigenas.

9.

Mas, como sempre, definic;:6es nao sao absolutas. Ver adiante.

ANTROPOLOGIA

NO BRASIL (ALTERIDADE CONTEXTUALIZADA)

231

sas, seu papel fund ante e a evidencia de

que, sem

uma no<;ao de

diferen<;a, a antropologia desaparece

lO

E

preciso

no ar, porem, que, em termos empiricos, a antro

pologia nunca se definiu simplesmente pelo exotismo, embora

ate 0 meio do seculo a antropologia se visse como

aquele

ramo

dos estudos

sociologicos que

se

devota

primordialmente as so

ciedades

primitivas (Evans-Pritchard,

1951).

Logo

a seguir,

con

tudo,

Levi-Strauss (1961)

lembrou que

0

carater

especifico da

antropologia nao estava no seu objeto

empirico

concreto mas,

sim, naquela dimensao de

diferenr

que sempre havia estado pre

sente no estudo dos povos primitivos -

se

ate entao esses

desvios

diferenciais

so

podiam ser apreendidos comparando civiliza<;6es

distintas e

longinquas, agora

eles poderiam ser notados dentro

do proprio mundo ocidental, no momenta em que 0 Ocidente se

tornava

uma grande aldeia crioula . (No

en

anto, quando Levi

Strauss veio ao Brasil nos

anos

30,

seu

horizonte de

pesquisa

era

o exotismo. Castro Faria menciona que a designa<;ao de

expedi

<;ao

era

coerente com

a preocupa<;ao de Levi-Strauss

em

foto

grafar

e documentar 0

que

encontrava para,

posteriormente,

mos

trar

0 material em Paris

 

; Peixoto (1998) indica 0

papel funda

mental dess a exposic,:ao

na

carreira do autor.)

Esse estimulo

nunca foi dominante

no

Brasil

l

0 fato de as

pesguisas indigenas

serem

realizadas em territorio nacional indica

10.

Para muitos desses estudiosos, especialmente os norte-americanos, a

antro

pologia como disciplina academica foi urn fenomeno do seculo XX -

embora eles pr6prios ainda se

denominem

antrop610gos

(cf.

Peirano,

1998).

11.

Cf. depoimento de Luiz de Castro Faria

na

reuniao

da

ABA

1998

Vitoria

ES. ' , ,

12. Mas ele e observavel

em

antrop610gos estrangeiros

quando

chegam ao

Brasil. Ao decidir-se pela pesquisa no Brasil central, por exemplo, Anthony

Seeger relata

que

tinha, alem de

uma

razao teorica, outra pessoal: 0 Brasil

era urn lugar fascinante desde suas aulas de geografia no curso primario:

Os

animais estranhos, 0 numero

abundante

de insetos e as pequenas

sociedades me fascinavam (1980:26). Mas, ver Fry (1999), para

uma

visao

critica

da

diferenc;:a

nos

legados coloniais

em Zimbabue

e Moc;:ambique.

Page 5: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 5/21

232

M ,\ RI ZA G.

S.

PE IRANO

menos problemas de recursos financeiro s - um argumen to tam

bem a se considerar - e mais a escoiha de um objeto de estudo que

se apresenta

ou

se mistura

com

uma preocupa<;ao

com

diferen<;as

que

sao culturais e/ou sociais, ratificando a ideia de que, no Brasil,

a influencia durkheimiana se sobrepos

a

germanica. Pode-se natu

ralmente

a

rgumentar

que os grupos indigenas

representar

am

0

exo tismo

possivel

no

Brasil, mas, a alteridade

nao

send

 

domi

nantemente radical, prevaleceu a exigencia de rigor teorico combi

nado a or<;a moral que define a

ci

encia social como comprometi

da e transformadora.

(Durkheim

explicitamente negava 0 interesse

pelo

mero exotico e afirmava que a sociologia nao busca conhecer

formas extintas de civiliza<;ao com 0 objetivo tinico de conhece-las

e reconstitui-las , como ta

mbem

nao

procura

estudar a religiao

mais simples

peio

simples

prazer

de con ar suas extravagancias e

singularidades . Para

Durkheim,

a sociologia tern por objeto expli

car

uma

realidade atual e proxima,

capaz portanto

de afetar nos

sas ideias e

nossos atos

[1996:v-vi; enfase minha] .)

Retornando ao ponto crftico dos anos 50, compreende-se

entao

que,

no

momento em que era vitorioso na sua

proposta

de

forjar uma sociologia feita no Brasil, Florestan Fernandes (1961)

tenha

criticado duramente 0 empirismo da antropologia e seu

descaso com questoes de fundo teorico. De outro lado, fica tam

bern esclarecido por que so recentemente a antropologia no Bra

si

l

retomou

os Tupinamba como modelo

13

; por que pouco existe

na

antropologia contemporanea

que

evidencie uma

conexao

dire

ta com

a linha

de

pesquisas indig

en as qu

e se desenvol

ve

u na

decada de

50 na

USao

Paulo -

como uma

associa<;ao imediata

e

ntre antropologia

e

exotismo poderi

a

supor

l4

;

porque

as descen-

13. Viveiros de

Castro

(1986) sinaliza a

retomada dos estudos

sistematicos

so

br

e os Tupinamba, tres decadas depois da s pe squisas de Flore stan

Fernande s.

14.

Peixoto

(1988) elenca os temas que se

tornaram dominantes

na

antropolo

gia p aulista: migra<;ao, a cidade de Sao Paulo, rela<;6es racia is. Por sua vez,

ANTROPOLOGIA NO

BRASIL (ALTERIOA D E

CON

TEXTUALI ZA Df\)

233

denc ias

intelectu

ais

dos etnologos

alemaes

do

seculo

XIX

nao se

tornaram r

eg

ra

ge

ral (como em

Schaden,

1954b, 1995a; Baldus

1954, por exemplo)IS e, finaimente, por qu e a disputa historica

entr e

uma

vertente

antropologica canonica

e

ou t

ra so

ci

olog ica

enc

on

trou sua reso

lu<;a

o na no<;ao

da antropologia

como ciencia

social 16. Como ci encia social, ela se insere em um quadro ge ral

em

que

conhecimento e

comprometimento

politico

estao

unidos

numa configura<;ao unica, situa<;ao distinta da

que

se

pode

en

co

ntrar, por ex

empl

o, nas

humanidades

e nos

four fields norte

am ericanos - on de a antropologia social ou cultural dialoga com

a argueologia, a linguistica e a antropologia fisica/biologica _ , ou

ainda na dis

tin<;

ao etnoiogia/sociologia de outras vertentes

euro-

Joao

Batista

Borges

Pereira co

nte

sta a ideia de

ruptura na

an tropo logia

esclarecendo que, como estudan te da Un iversida  l e de Siio Paulo, preparou

urn projeto de pesquisa so bre

0

negro, que Florestan Fernandes rejeitou,

mas Egon Schaclen aceitou

orientar

(comunica<;ao pessoal).

15. Egon Schaclen foi 0 responsivel pela cacleira de Ant ro pologia por guase

duas decaclas, de 1949 a 1967 (Peixoto, 1998). Propostas para identificar

linhagens intelectuais da antropologia

no

pais quase nunca citam os

Guarani

ou os Tapir

ape como

inspiradores, mas indicam

como

prec

ur

sores, por

exem

plo

, os es

tud

os

cle

comunidade

da Escola Livre

l

e Sociologia e Politi

ca (Cas tro Faria, 1993) ou, ainda, a influencia sociol6gico-marxista presen

te na no<;ao de fric<;ao interetnica, equivalente conceitual a luta de classes

(Peirano, 1981). Ver, contudo, Melatti (1984), cujo prop6sito

e 0

le ofere

cer uma visao pan oramica da produ<;ao anrropol6gica no Brasil.

16. A ideia de ciencia soc ial esta vinculada t no<;iio de

m

issiio

clo

cienrista

em contribuir para a vida intelectual do pais. Ver Candido (1964) para a

ideia de

uma

Iiteratura

empenhad

a . Ver,

tamb

em, Sev

cenko

(1983). A

no<;iio de uma mi ssao dos inrelectuais no Bra sil fo i reafirmada no art igo

inaugural da coluna de Ariano Suassuna em

A

Folha

de S.

Paulo

01.02.99,

cujo titulo e exat

amente A

missiio . 0 e studo de Vilhena (1997)

aborda

diretament

e a no<;ao de missao

para

0 caso

do

fo

lcl

ore.

(Natura

lm ente qu e

esta no<;iio teve conota<;6es diversas

para

os profe sso res franceses

que

vieram ao Bra s

il

na decada de

30,

assim como para os ac

or

do s Capes/

Cofecub

atuais.)

1

j

j

Page 6: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 6/21

11

,

. i

I

I

·1

,

I

I

234

MARI ZA G. S. P E IRANO

d

. I' . . h d' J: sao

tam

bern distintas

eias

17

. Se as iSClptnaS Vlztn as Iler em,

as perguntas que as disciplinas se fazem .

o

CASO

O

BRASIL

Se a noc;:ao

de

diferenc;:a e

deftnidora da

antrol¥Jlogia, a

questao e saber onde da se aninhou no caso brasileiro. ~ o p o n h o

que nos

liltimos trinta

anos

a alteridade

eslizou

de urn polo.

onde

da e (ou pr etende ser) radical e outro ond e nos mesmos,C1e

ntl

s

tas sociais, somos 0 Outro. Dessa perspectiva,

podemos

Identlfi

car quatro tip o s ideais:

a)

a alteridade radical; b) c o n t a t ~

a alteridade; c) a alteridade proxima; d) a altend.ade m t n ~ m ~

Esses tipos

nao

sao excludentes

e

ao longo

de

carrelras a c a d e m ~ -

cas,

antropolo

go s transitam

em

varios deles.

Em termos c r o ~ o l o -

gicos, no ta-se uma certa sequencia: 0 projeto de se pesqLusar a

alteridade radical

antecipa

0 estudo do contato; a ele se segue a

antropologia em casa, ate que se atinge a investigac;:ao da propria

produc;:ao sociologica no pais. Esse e

0 momenta

em

que

frontel

ras nacionais sao

ultrapassadas

e

retorn

a

-se

a alteridade radical,

agora modificada. (Esclarec;:o que,

no

que se segue, nao .

fac;:o

citac;:6es exaustivas dos casos indicados, mas apenas menclono

alguns trabalhos

para

sinalizar diferenc;:as tematicas e de aborda

gem.

Aos

autores cujos trabalhos

sao citados, desculpo-me

pda

simplificac;:ao inevitavel.)

A lterid de radical

A

procura canonica

pda

alteridade

pode ser

ilustrada

no

Brasil em termos de distancia (geografica ou ideologica), de duas

17 .

Mesm

o no co ntexto

do

Museu

Nacio

nal/UFSao Paulo, onde, a a n t r ~ p

gia

so

ci

al

convive com a arqueologia e a paleo ntologla, as areas nao

sao

exatamente complementares.

ANTROPOLOG IA NO BRAS IL (ALT E RID ADE CONTEXTUALI ZADA)

235

maneiras: primeiro,

no estudo de

populac;:6es indigenas; segundo,

no

objetivo

mais recente de se ultrapassar

os

limites territoriais

do pais. Em ambos os casos, em termos comparativos, a alteridade

nao e extrema .

Vejamos 0 primeiro caso. Hoje, iniciantes

no

campo podem

discernir

algumas

antinomias: Tupi ou

J e; parentesco

ou

cosmologia; Amazonia

e Brasil

central

ou

Xingu; his oria

ou

etnografia; economia politica ou

cosmologia

descritiva (ver Vi

veiros de Castro 1995b). Como em

qualquer

antinomia, as

op

c;:6es empiricas estao muito alem. Mas, neste

contexto,

a

pesquisa

Tupi, tendo praticamente desaparecido da cena etnologica no Brasil

durante os anos 60 e inicio do s 70 (contudo, cf. Laraia, 1964,

1986), fe z sua reentrada nas

du

as ultimas decadas (Viveiros de

Castro, 1986, 1992; Lima, 1995; Fausto, 1997; ver tambern Muller,

199 ; Maga lhaes, 1994).

Por

sua vez, essas pesquisas

induziram

urn

interesse

sistemati co

pelo parentesco

que,

em

bora seja a area

classica da a

ntropologia,

nos padr6es locais

configurou-se

com o

novidad

e (Viveiros

de

Castro, 1995a, b; Viveiros de

Castro

&

Fau

sto, 1993; Villac;:a 1992; Gonc;:alves, 1993; Teixeira Pinto, 1993,

1997); par a urn debate

recente com

etn o

logos

franceses, ver Vi

veiros de

Castro

(1994) e

Copet-Rougier &

Heritier-A uge (1993)18.

Antes

da decada de 80

os

Je

haviam sido 0

grupo

mais bern

estudado

do

Brasil:

depois dos

c1assicos

trabalhos

de Nimuendaju

(por exemplo, 1946),

os

Je atrairam a atenc;:ao de Levi-Strauss

(1952, 1956, 1960) e, seguindo-se, 0 Projeto Harvard-Central

Brazil (Maybury-Lewis, 1967, 1979)1 9 Em pouco tempo,

os

re-

18. Ver Viveiros de

Castro

(1999), neste volum

e.

19. David May bury-Lewis relembr a: By 1960 I had defended my D. Phil.

the

sis on the Xavante at Oxford and read L-

S

papers (1952 and 1956).

These bo

th

fascinated and

puzzled

me. Fascinated, because of

the

subtl ety

o f the arguments, and

puzzled

because

of the

ethnog

raphic

and theoretic

al

ob jections that I felt I

could

raise to L-S' theses . So I

published

a critique

·

Page 7: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 7/21

236

MARIZA

G S PEiRA

NO

sultados desse

ambicioso

programa de pesquisa tornaram-se a

principal fonte de apoio as teses estruturalistas. Para

uma

gera

<;ao

de

antrop610gos

que

desenvolveu

sua

carreira

no Brasil, essa

experiencia

de

campo foi fundante (ver,

por

exemplo,

DaMatta,

1970, 1976; Melatti, 1970a, 1978). Nas

decadas

seguintes, pes

quisas sobre os j tiveram

continuidade,

em bora nao se

colocasse

m ais a

questao da

hegemonia: ver,

por

exemplo, Vidal (1977),

Carneiro de Cunha (1978), Seeger (1980, 1981), Lopes Silva

(1986), entre outros. (para etnologia Xingu e uma antropologia

da

musica

a

partir do Xingu,

ver

Menezes

Bastos, (1993, 1995).)

Este

dpido

apanhado indica que as pesquisas sao sempre

realizadas em territ6rio brasileiro

 

.

Embora

para os especialistas

seja fortuito 0

fato

de

os grupos

indigenas estarem

t

uados no

Brasil, 0 fato e que

existem

implica<;oes polfticas e ideol6gicas

nes sa localiza<;ao .

Para

0

objetivo deste

ensaio, uma delas indica

nao

ser

0 exotismo a principal motiva<;ao

para

pesquisa, mas a

diferen<;a (social, cultural, cosmol6gica) entre

eles

e nos. Mas, tra

tando-se da

linha

de

pesquisa

que corresponde

as preocupa<;oes

mais tradicionais da antropologia, e ess a a area onde debates com

a comunidade internacional sao mais frequentes. Fica a per

gunta:

noss

a diferen<;a sera 0

exotismo

alheio?21

of

them in

the Bijdragen in 1960, which was sent to L-S who r

eplied in

th e

same

issue

of the

journal in

1960 [Maybury-Lewis, 19601. So, by th e time

the Harvard-Central Brazil Project was launc

hed

it was based on a desire

to follow up

and

clarify Nimuendaju and an ongoing argument

with L-S

(Maybury-Lewis, comunica<;ao pessoal).

20.

Embora

haja

varios

livros

sobre os

indios

do

Brasil (Melatti, 1970b; Laraia,

1993),

Melatti (1999) vem

produzlndo

um levantamento abrangente sobre

as areas etnograficas da America

do

SuI.

21.

Como

area classica

da

antropologia, existe it disposi<;ao dos especialistas

uma

literatura

especializada e reconhecida

sobre

a

etnologia

sui-americana.

Ela

remonta

as expedi<;oes germanicas do seculo 19

que

procuraram

no

Brasil

re spostas

par a as questoes

europeias

sobre 0

estado de natureza

dos

primitivos

(Baldus, 1954;

Schaden,

1954b) e

chega

a pesquisas

de ge ra<;oes

mais recentes, como os

tra

balhos

de Nimuendaju sobre a organizac;:ao so-

ANTROPOLOGIA

NO

BRA

SIL

(ALTERIDADE CONTEXTUALlZADA)

237

Ha 0 segundo caso,

no

qual a alteridade radical e buscada

fora

do

pais.

Essas

pesquisas sao recentes e indicam que

antro

p610gos brasileiros

nao

ficam restritos ao territ6rio nacional. Mas

aqui tam bern se man ern algum vinculo ideol6gico ao Brasil, sen

do possivel identificar duas dire<;oes. Uma

nos

leva aos Estados

Unidos, que se tornaram uma especie de alteridade paradigmatica

para

estudos comparativos

 

. Essa pdtica remonta ao estudo clas

sico

sobre

preconceito racial de

Oracy

Nogueira (1986), mas

atinge as analises

sobre

hierarquia e individualismo de Roberto

DaMatta (1973a, 1980, 1981) . Desenvolvimentos posteriores sao,

por

exemplo,

L Cardoso de

Oliveira (1989, 1996) e Kant

de

Lima

(1985, 1991, 1995). Nesse contexto, urn

t6pico

emergente e

o estudo de imigrantes brasileiros e

portugueses

(ver G Ribeiro,

1996; Bianco, 1992, 1993). U

ma

segunda dire<;ao nos leva as ex

colonias

portuguesas e 0 interesse

etnografico que

elas desper

tam (ver Fry, 1991, 1998, que compara e triangula experiencias

coloniais

com base

nos casos do

Brasil, Estados

Unidos,

Mo<;ambique e

Zimbabue;

Trajano, 1993a, 1993b, 1998,

par

a 0

exame

do

s projetos nacionais de um a sociedade

crioula

tendo

como

referencia Guine-Bissau,

Sao Tome e Principe). A antropo

logia feita em Portugal tambem insti

gou

urn interesse

antes

ine

xistente, como

indicam

congressos e conferencias nos

dois

paises

(ver Almeida, 1996; Bastos, 1996; Cabral, 1996), atestando mais

uma vez

os vinculos

hist6ricos, linguisticos e

ideol6gico

s

cial

dos gr u pos e ou

a investigac;:ao do s anos 30 sobre grupos Tupi (pOl'

exemplo, Baldus, 1970; Wagley Galvao, 1949; Wagley, 1977), alem do s

trabalhos de

Darc

y Berta Ribeiro

sobre

os Urllbll-Kaapor (Ribeiro

Ribeiro, 1957); de Florestan Fernancles, ver a recon struc;:ao

cia

organizac;:ao

social e a func;:a o social

da

guerra Tupinamba (Fernancles, 1963, 1970);

sobre

a

cultura Guarani,

cf. Schaclen (1954a).

22. Ver G Velho (1995) para urn levantamento que inclui estudos desde a

dec

ada de 50. Excec;:oes

a

regra sobre

0

vinculo imediato ao Brasil sao, por

exemplo, G

Ribei

ro

(199 1)

na Argentina;

E

R

Ribeiro (1994) na

Africa

do

Sui; Fonseca (1986) e Eckert (1991)

na

Franc;:a.

Page 8: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 8/21

'.

238

MARIZA

G. S.

PEIRANO

Contato

com

a

alteridade

Se a alteridade radical consistiu

em

estudos de

grupos

indige

nas, as anilises que focalizam a

rela<;:ao

da sociedade nacional com

grupos indigenas constituem 0 segundo tipo, que denornino

de

"co.n

tato com a alteridade". Hoje,

uma

literatura consideravel e herdelra

direta das preocupa<;:6es indigenistas que, por muito tempo, eram

geralmente

explicitadas

somente em

artigos publicados a p ~ e

da

ob

ra pri

nc

ipal dos etnolo

gos

(por exemplo, Baldus, 1939; Schaden,

1955b)23. A transform a

<;:ao

dessa preocupa<;:ao em topico legJuma

mente academico se

deu

nas decadas de 50 e 60:

Darcy

Ribeiro

(1

957, 1962) centrou

0 tema

na

dire<;:ao do

indigenismo, que, mais

tarde,

recebeu

0

polimemo

teorico

de Roberto Cardoso de

Oliveira

com a

no<;:ao

de fric<;:ao interetnica" (Cardoso

de

Oliveira, 1963).

Considerada por

muitos

uma inova<;:ao

teorica

da antropolo

gia feita no Brasil,

essa no<;:ao apareceu como bricolagem de

preocupa<;:6 es indigenistas e inspira<;:ao teorica sociologica, r e v ~ -

lando uma situa<;:ao na

qual dois

grupos sao

dialeticamente UIli

dos

atraves de

seus

interesses opostos

(1963:43) . Essa

no<;:ao

foi

proposta em um con t

exto

no qual as teorias de

contato,

tanto

britiinicas (Malinowski) quanto

norte-americanas

(Redfield,

Lmton

e

Herskovitz), haviam

se provado inadequadas. Roberto Cardoso

substituiu-as

pelo

somatorio

singular

que

fez

da

preocupa<;:ao

indigenista

de Darcy Ribeiro,

da

sociologia

de Florestan Fernandes

e dos trabalhos

de Balandier

- tornando-se um dos

casos

tipicos

de descendencia intelectual a combinar inspira<;:ao

local

com

emprestimos

"externos"24.

Em

termos

de

reprodu<;:ao

academica,

23. Ver Peirano, 1981, cap . 4. Arruti (1996:13) chama a aten<;:ao para 0 fato de

que,

depois de Pombal,

0

indio

deixa de ser

pura

alteridade

na col6nia

e

_se

insere na

popula<;:ao de

suditos que

da conteudo

a

ideia

de Clvl:lza<;:ao

.

Deixa,

portanto,

de ser objeto de

destrui<;:ao mas, nao sendo autonomo,

torna-se objeto de

interven<;:ao transformadora . .

24. Para Darcy Ribeiro, 0 problem

indigen

nao poderia

ser

compreendido fora

do quadro de referencia da sociedade brasileira, pois e e s6 existe onde e

quando

indio s e

nao-indios

entram

em

contato

(1962:136).

ANTROPO

L

OGIA NO BRASIL (ALTERIDADE CONT

E

XTUALIZAD

A) 239

esses

estudos

tiveram

longa durayao

e

foram

centrais

na consoli

dayao

de varios programas de

mestrado e doutorad0

  5

. (Ver,

en

tre muitos

outros,

nos anos

70, Amorim, 1970;

Aquino,

1977;

Barros, 1977; Oliveira Filho, 1977.)

No

en tanto, lembro que, quando a

noyao de

fricyao

interetnica foi proposta,

uma

cena peculiar se desenvolvia: divi

dindo 0

mesmo espayo institucional

e, mais

importante, frequen

temente envolvendo

os

mesmos

pesquisadores (Laraia

&

DaMatta,

1967;

DaMatta,

1976, 1982; Melatti, 1967),

muitos

estudos fo

ram

realizados

nos

quais,

de um

lado, se

examinavam os sistemas

sociais indigenas (cf. 0 Projeto Harvard-Central Brazil, ja

men

cionado)

e,

de

outro, se analisava 0

contato interetnic0

  6

.

Para

referencias atualizadas

dessa

linha

de estudos

sobre 0

contato,

ver Oliveira

Filho

(1987, 1988, 1998),

para

a ideia

de

territorializayao, 0 processo

de

mao

dupla

dela decor rente, e 0

exame dos indios misturados do Nordeste; Souza Lima (1995),

para

investigayao

sobre

0

indigenismo

como conjunto

de

ideais

relativos a inser<;:ao de

povos

indigenas em sociedades pertencen

tes a Estados nacionais; Baines (1991), para a rela<;:ao entre

gr u

pos

indigenas (no

caso, Waimiris-Atroaris) e a Funai; Barretto

(1997), para a

reconversao da

perspectiva sobre 0 estudo das

terras indigenas as unidades de conservayao. Para legislayao indi

gena e condi<;:6es

dos indios sul-americanos, vet Carneiro da Cu

nha

(1992, 1993) e

Santos

(1982, 1989).

25. Este fato e

especialmente

notave

nos program

as

de mestrado

e doutorado

do

Museu Nacional/UFRJ e

UnB

-

onde,

alias, Roberto

Cardoso

de Oli

veira desempenhou pape institucional central.

E

curioso no ar

que

a no

<;:ao de

fric<;ao interetnica nunca foi exponada aJem-fronteira, como sua

aparentada teoria da dependencia .)

26.

Para esta

primeira gera<;:ao de antrop610gos formados no Museu Nacional,

a

estudo do

contato

interetnico nao

foi,

ponanto,

exclusivista.

Passados

trinta anos, e

interessante observar

como

os emprestimos

foram

mutuos.

(Ver Maybury-Lewis, 1997; ver tambem Turner, 1991.)

Page 9: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 9/21

240

MARIZA G.

S.

PEIRANO

Depois de

uma

trajetoria

no terre

no da etnologia classica

(Ramos, 1972, 1978, 1979), nas ultimas decadas Alcida Ramos

vern se dedicando ao

tema do

indigenismo .

Em Ramos

(1998),

Alcida parte da ideia de que 0 indigenismo esta para 0 Brasil

como 0

orientalismo

esta para 0 Ocidente e focaliza a especifici

dade do

casu

brasileiro, em que estao gravadas as faces multiplas

do

indio,

em

versoes

tanto populares quanto

eruditas. er

tam

bern

Ramos

(1990,

1995),

para

uma

avaliayao da etnografia

Yanomami em urn contexto de crise. (Na area do contato, Gruber

(1997)

desenvolve

0 trabalho pioneiro de oferecer aos

indios

Tikuna condiyoes modernas para a criayao estetica.)

Aqui, fayo uma pausa para mencionar, sem no entanto ela

borar, 0

estudo antropologico

do

campesinato - tao relevante,

que mereceria trabalho a parte. Indico apenas

que,

durante os

anos 70, a preocupayao com 0 contato avanyou sobre 0 tema das

fronteiras de expansao,

tornando

topicos antropologicos legiti

mos aqueles

relacionados ao

colonialismo interno, camponeses e

desenvolvimento do

capitalismo

(0.

Velho, 1972, 1976).

Ao

mes

mo

tempo,

estudos

sobre

camponeses adquiriram

urn status

tematico independente, na medida em

que tanto antropolo

gos

quanto sociologos se dedicaram a ele (entre os

primeiros,

ver

Palmeira, 1977; Sigaud, 1980; Moura, 1978;

Seyferth,

1985; K.

Woortmann, 1990; Ellen

Woortmann,

1995; Scott, 1992).

Na

medida

em que

a alteridade deslizou em

termos de

localizayao,

ela fechou 0 drculo e alcanyou, de vo lta, as periferias das gran

des

cidade

s (Leite Lopes, 1976).

lterid de proxima

De

sde os anos 70, antropologos

no

Brasil fazem pesqulsa

nas

grandes

cidades.

Como

a socializayao academica ocorre nos

cursos

de ciencias sociais, ao longo das ultimas decadas a

aborda

gem antropologica

tornou-se contraponto a sociologia. No desen

rolar do autoritarismo politico dos anos 60, a

antropologia

era

AN TROPOLOGIA NO

BRASIL (AL

TERlD

ADE CON TEXTUALlZAD

A

241

vista por muitos como uma alternativa aos desafios (marxistas)

vindos da sociologia,

em

urn dialogo silencioso que persiste desde

entao. A atrayao pela antropologia ora se da

por

seus aspectos

qualitativos, ora pelo desafio de compreender aspectos do ethos

nacional. Registre-se, portanto, a diferenya

marc

ante da antropolo

gia que se faz

nos

Estados Unidos. Curiosamente la, de

onde

vern

a maioria das influencias atuais, so

na

decada de 90

tornou-se

apropriado

estudar fenomenos

proximos aos pesquisadores

27

No estudo da alteridade proxima, a opyao teo rica tern sido

via predileta

para

se alcanyar 0 ob jeto de estudo.

Assim,

foi a

Escola de sociologia de Chicago uma das Fontes principais de

interlocuyao de Gilberto Velho (por exemplo, 1972, 1975, 1980,

1981,1986,1994). Por esse caminho abriu-se a possibilidade de

pesguisar temas urbanos sensiveis, gue vaG de estilos de vida da

classe media a habitos culturais do psiguismo, consumo de dro

gas

e violencia

28

.

Nesse

contexto deu-se a primeira pesquisa de

campo

no pais considerada plenamente urbana nos termos da

antropologia

atual, e teve

como exemplo

0

estudo de

urn edificio

no bairro de Copacabana, 0 entio conhecido Barata Ribeito

200 .

Essa

linha

expandiu-se

para mais tarde incluir

setores

po

pulares, velhice,

genero,

prostituiyao, parentesco e familia, musi

ca, politica. Urn objetivo dominante do projeto

como

urn todo

27. Mas, mesmo nos Estados

Unidos, uma

excessiva familiaridade ainda sofre

restri<;6es. Ver Peirano, 1999. Compare-se, da perspectiva da antropologia

que se faz no Brasil, a abertura de artigo em numero recente da llthropology

NCJI S/cllcr. The hardest thing to see, according to George

Orwell,

is

something

right in front of your nose.

An

thropologists have always

had

an

easier

time

focussing

on the

distant and exotic. We have

been

less successful

finding

the

exotic close

to home,

especially in those mundane and vulgar

symbols

of the middle class that surround and frame everyday life, which

millions take for granted (Wilk, 1999).

28.

Antes,

foi tambem na Escola de Chicago que florestan fernandes se inspi

rou

para

seu projeto de confrontar a sociedade , depois de dar

por encer

rada a pesquisa Tupinamba (cf. Peirano, 1992).

Page 10: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 10/21

242

MARIZ A G. S. P EIRANO

tem

sido

d e s v ~ n d a r

os valores

urbanos no caso

brasileiro;

nesse

sentido, as pes =lu isas

nao

apenas situam

os fenomenos na c i d a d ~

mas procuram

analisar,

na trilha

deixada

por

Simmel,

as co.ndl

<;:oes de socia'c:=::=:>ilidade nas

metr6poles.

A produ<;:ao des sa li nha

tematica e

nur--:n.erosa

e de grande amplitude (ver

Duarte,

1986;

Gaspar, 1985; Lins

de

Barros, 1989; Vianna, 1995; Kuschnir,

1998; cf. tamb

m

Salem, 1985, para uma critica

a

i t e r a t u ~ sobre

familias de cla sse media) .

Para

v i o H ~ n c i a na cidade, ver a

produ

<;:ao de Alba Z aluar

(por

exemplo, 1985, 1993, 1994).

Roberto

~ a M a t t a (1980, 1987, 1993) tambem

encontrou

a

via l

egitima p ~ r

dar inicio

a

sua pesqui sa

sobre

0 C ~ r n a v a l no

estruturalism o

,.;

a horizontalidade

conferida

a

cada

socledade por

essa

abordager:::=-n

t

ea rica

permitiu fazer,

sem traumas,

a. ponte

tre 0 estudo d ~ sociedades indigenas e a sociedade naclOnal. Mals

tarde, a p e s q u _ sa se

ampliou

para

um

exame abrangente

do

thos

nacional -

t e n ~

naturalmente

como

predecessor 0 trabalho mo

numental de

<==; .

ilberto Freyre. Desde os anos 80, 0

autor

privile

gia temas   o n a i s depois de haver participado dos

dois

gran

des projetos i.. dig enas que marcaram a decada

de

60 -

tanto

.

0

H a r v a r d C e n t ~ a l Brazil

quanto

os vinculados ao

estudo

cia fnc

<;:ao

i n t e r e r n i c ~ _ DaMatta (1973a) e 0 ponto de transi<;:ao, reunin

do uma

analis--=:,: canonica de um mito Apinaye, um conto de

Ed

gar Allan Poe e 0

primeiro exame

sobre 0 carater de communit s

do

Carnaval

= que, mais tarde, seria expandido

nos

hvros conhe

cidos da

d e c a ~ a de

80 (DaMatta, 1981, 1984, 1985) . Ell)

DaMatta

(1980), 0 autor:::::=- redireciona seu diilogo i n t e l e c t u a l ~ de Victor Turner

para Louis

D t ~ r n o n t introdu

zindo a no<;:ao de hlerarqUla e desen

volvendo um . analise comparativa

entr

e

0

Carnaval no BrasIl e

no s

Es

tada s L....==J nidos.

DaMatta propoe

qu

e,

em termos de valores,

.

~

29

o Bras

il

se s i t ~ a

entre

esse ultImo e a IndIa .

29.

Portanto

a ~ a t t a e

entr

e

os

antrop610gos aqui mencionados, 0 de mai

or

m p l i r u d ~ te

natica no de

slizamento de alteridades prop os to neste en-

AN

T

ROPOLOG

IA

NO

BRASIL (AL

TERID

A

DE CON TE

XTUA

LI

ZADA) 243

Noto

que,

nos casos acima, a propriedade e relevancia de

se desenvolver uma antropologia n o meio urbano nunca foi

seriamente questionada

. Depois de

uma

tapida dis

cussao sobre

a natureza da pesquisa de campo em geral, que incluiu a dispo

sic;:ao do etn610go para sofrer de anthropological blues e 0

tema da

familiaridade, tanto perto quanto distante

de

casa

(

DaMatta,

1973b, 1981; G. Velho, 1978), a questao foi resolvi

da

ante

s d

os anos 80

011

No perfoda que tem lnlCIO no s

anos

50, outros tOpICOS

haviam emergido,

primeiro relacionados a integrac;:ao social de

populac;:

oes

e, mais tarde, a direitos de minorias.

Muitas

veze

s,

esses t6picos combinavam so ciolog

ia

e antro pologia, reafirman

do e

dando validade hist6r ica a autores como Candido (1958,

1976, 1995),

que

nunca aceitaram distinguir de

forma

radical as

ciencias sociais umas das outras. Festas

urbanas

e ru rais foram

tem a de pesqui sa desde 0 inicio das ciencias sociais no Brasil (cf.

o classico

Candido,

1964), mas vern

adquirindo

mai s vitalidade

recentement e, talvez na trilha dos estudos sabre Carnaval. Para

mencionar apenas

alguns

estudos,

para

imigrantes,

ver

Azevedo

(1994), Cardoso (1995), Seyferth (1990);

para

relac;:oes raciais,

ver

Borges Pereira (1967), Fry (1991), Carvalho (1992a), Sega to (1986);

sobre genera, vet Grossi Pedro (1998), Bruschini

Sarj

(1994),

Gregori

(1993), Suarez & Bandeira (1999); sabre religiao,

messianismo e cuItos afro-brasileiros,

ver R.

Ribeiro (1978), Maggie

(1975,1992),

Mantero

(1985), Queiroz (1995),0. Velho (1995),

Sanchis (1983), Carvalho (1992b),

Birman

(1995)'1; so

bre

festivi-

saio.

Ma

s,

ja

direcio nad o ao esrudo da

sociedade

bra si leira, D aMa

tt

a ( 1976:

7)

m

os

tra seu

desconforto

ao ap resen tar ao publico bra sileiro a et nog rafi a

A

pina

ye.

Por ou

tro

lad

o, D aMa tta (1976),

que tr

a ta da questiio

de

quant

o

custa ser indio no Brasil  , ja antecipa tem as da sua trajet6ria p osterior.

30. Este debate foi contemp

orineo

a disc ussiio dos antrop

6logos

indiano s

sobre

0

esrudo

of

on e  s

own

society

.

Este tem

a sera re

to mado

adiante.

31. Para esta tematica, ver M

ontero

(1999) , ne

ste

volume.

I

I

I

(

i

Page 11: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 11/21

244

MARIZA G. S.

PEIRANO

dades

populares, Magnani

(1984), Zatz (1986), Chaves (1993),

Cavalcanti (1994), Mello e Souza (1994); para enfase no Brasil

como Estado-na<;ao, ver Oliven, 1992. Diretamente focalizados

na politica como um dominio social sao os estudos reunidos

em Palmeira (1995) e Palmeira

Goldman

(1996); ver tambem

Teixeira (1998),

Barreira

(1998),

Bezerra

(1999),

Comerford

(1999) .

lterid de minim

Como que

confirmando

que as cienclas SOClalS no Brasil

tem um profundo debito com Durkheim - que propos que

outras

formas

de

civiliza<;ao

deveriam

ser

buscadas para

expli

car 0 que

esta

proximo a

nos

- desde os

anos

80 antropologos

deslancharam uma serie

de

estudos sobre as ciencias sociais no

pais, grande

parte com 0

proposito mais amplo de

compreender

a ciencia como manifesta<;ao de modernidade. Topicos de estu

do variam desde biografias de

cientistas sociais

brasileiros

a

classicos

da teoria

sociologica;

muitos desses trabalhos

se de

senvolvem tendo autores

franceses

como

interlocutores privile

giados. Ver, pot exemplo, Castro Faria (1993), para uma refle

xao sobre a antropologia feita no Brasil, nos museus e nas

universidades; Correa (1982, 1987),

para uma historio

grafia

da

disciplina

no

pais; Miceli (1989, 1995),

para

um projeto amplo

e comparativo entre as ciencias sociais;

Goldman

(1994),

para

estudo sobre

Levy-Bruhl; Grynspan

(1994),

para

uma

etnografia

intelectual

de Mosca e

Pareto;

Neiburg (1997), sobre a rela<;ao

entre nacionalidade

e

antropologia

na

Argentina. Sobre

as cien

cias sociais

em

Sao Paulo,

ver Peixoto

(1998),

para

a carreira

de

Levi-Strauss; Pontes (1998),

para estudo

sobre

0 grupo

Clima.

Melatti (1984) e uma exce<;ao em termos de influencia e de

orienta<;ao; sem um objetivo interpretativo explicito, esse estu

do

permanece

como 0 relato bibliografico mais completo da

antropologia

contemporanea

no Brasil.

A

NTROPOLOGIA NO

BRASIL

(ALTERlDADE CUNTEXTUALlZ

f

\Of\)

245

Urn

projeto

amplo com 0 proposito de estudar diferentes

estilos

de antropo lo

gia foi inaugurado

em

Cardoso de

Oliveira

Ruben

(1995), com a

proposta de

focalizar

experiencias

na

cionais diversas. Concebido como um exame de antropologias

perifericas ,

0

rotulo e residual e destinado a disciplinas que

nao

sejam centrais

ou

metropolitanas. Mantem-se, nesse

con

texto, a condi<;ao

de

a disciplina

haver sido bem-sucedida em

determinado

pais, isto e,

ter-se

adaptado sem

perder sua

cienti

ficidade. Ver,

por exemplo, Baines

(1995)

sobre

a

Australia;

Figoli (1995) sobre a

Argentina; Ruben

(1995) sobre

0 Canada;

ver

tambem

R. Cardoso de Oliveira (1995) , sobre a Catalunha,

e R.

Cardoso

de Oliveira (1998, cap. 6), para discussao das

bases da pesquisa.

No

inicio

dos anos

80, iniciei urn

projeto que tinha como

objetivo examinar a disciplina de uma perspectiva antropologica.

A partir da proposta de Dumont (1978), de

que

a antropologia se

define

por uma

hierarquia

de

valores

na

qual

0

universalismo

engloba 0 holismo, questionei 0 tipo de antropologia que se faz

no

Brasil tendo como casos

de

controle a Fran<;a e a

Alemanha

(peirano, 1981).

Esse estudo

teve

prosseguimento

com

0 exame

do

caso

indiano

- a sociedade hierarquica

por

excelencia - e

resultou na proposta de uma antropologia

no plural

(Peirano,

1992 . A triangula<;ao Brasil,

India

e Estados Unidos teve conti

nuidade em Peirano (1991, 1998). Resultados dessa pesquisa se

centraram na discussao

sobre

a rela<;ao

entre

ciencia soc ial e

ideologia de

nation  building (onde quer que

a

antropologia

se de

senvolva) e, mais

recentemente,

nas estrategias teoricas

geradas

em contextos diversos (peirano, 1997, 1999).

o

exame da

rela<;ao entre ciencia social e ideologia

nacional

foi refinada em Vilhena (1997), que,

comparando

folcloristas e

sociologos vis a vis a ideologia dominante nos aoos de 1947-1964

0 0 Brasil, desveoda 0 lugar dos intelectuais ligados a valores

regiooais e a disputa dos folcloristas para sobreviver em um meio

Page 12: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 12/21

246

MARIZA G.

S. P EIRANO

no

qual a sociologia se tornava hegemonica. Realizado no con

texto do Instituto Nacional do Folclore, soma-se a esse trabalho

Travassos (1997), que compara musicos e intelectuais no Brasil e

na Hungria

no

inicio do seculo, focalizando os dilemas da mo

derniza<;:ao para Mario de Andrade e Bela Bartok. Ainda sobre

cientistas e a

questao

racial

no

Brasil,

ver

Schwarcz (1996). A

psicanalise tem-se mostrado

um campo

de saber para a

antropologia no Brasil. Uma compara<;:ao e / ou apropria<;:ao desse

campo vern sendo desenvolvida

por uma

linha de pesquisa sali-

da; ver Duarte (1989, 1990, 1996, 1997). Finalmente, uma serie

de reflexoes

sobre

0 ensino da antropologia

no

Brasil sao encon

tradas em Bomeny et al 1991, e Pessanha Villas Boas, 1995;

ver tambem Viveiros de Castro, 1995c; Duarte, 1995; Montero,

1995; Fry, 1995b; Correa, 1995; Sanchis, 1995; Fonseca, 1997;

Niemeyer,

1997; K Woortmann, 1997.

Nos

estudos

em que a alteridade e minima, isto e, esta

localizada

no proprio

trabalho intelectual

dos

cientistas

SOClalS

nota-se urn tra<;:o marcante: a maio ria desses estudos examina

temas abrangentes relacionados a tradi<;:oes intelectuais ociden

tais, mas,

publicados

em

portugues,

tern

uma

audiencia limitada.

Surge, entao, a questao crucial sobre 0 publico desses trabalhos.

Trabalhos

abrangentes e exaustivos fazem sentido, se

nao ha

au-

diencia imediata? Ou, por que se dialoga

com

as

fontes

de

scholarship, se os debates externos estao afastados pela propria

lingua de enuncia<;:ao? Retornamos, assim, aos Tupinamba de

Florestan Fernandes, quando 0 rigor teo rico serviu mais para

legitimar

0 autor como

cientista social

do

que

para

favorecer urn

efetivo dialogo

com

especialistas da area (peirano, 1992) . Aqui, a

velha quesrao permanece: 0 vinculo com 0 mundo intelectual

mais amplo

se

da

apenas por

efeito

ilocucionario

e a

alteridade

minima esconde uma

propost

a, nao realizada, de alteridade ma-

xima,

porque

teorica.

AN TR

O P

OLOG

IA

NO

B

RAS

IL (ALTE

RlD

AD E

CONTEX

T

UA

Ll ZADt\ )

247

QU ANDO os INTERLOCUTOR S sAo MULTIPLOS: CASO DA INDIA

Se 0 exemplo brasileiro

refor<;:a

a ideia de que categorias de

alteridade sao

contextuais

mesmo para

os

antropologos,

cabe

retornar, via compara<;:ao, as

vertentes consagradas

da

antropo

lo-

gia para indicar que elas tambern nunca foram inteiramente radi-

cais: a Africa era (relativamente) home para os ingleses quando

estes transferiram a no<;:ao de totalidade para os Tallensi, os Azande

e os

Ndembu,

abdicando de uma sociologia em favor da antro

pologia prospera (Anderson, 1968). Ate entao a disciplina era

privilegio das

metropoles. reconhecimento

social

do estrutura

lismo

na

decada de 60, contudo, trouxe este subproduto inespe

rado: se as priticas humanas sao horizontais, era possivel imagi-

nar tanto antropologias

indigenas

(Fahim, 1982) quanto reco

nhecer que

somos

todos nativos (Geertz, 1983).

o consentimento e a aprova<;:ao dos centros, contudo, nao

implicou uma

pratica mais substantiva, a

despeito

dos

inumeros

congressos realizados desde entao (por exemplo, Asad, 1973;

Diamond, 1980; Fahim, 1982)32 0 tema e controverso a ponto

de recentemente

Kuper

(1994) criti car manifesta<;:oes nativistas

da

antropo

logia a partir de duas posturas que ele

condena

no

caso da Grecia: primeiro, a ideia de que

so

nativos

detem

a

compre

ensao sociologica;

segundo,

que

sao os

nativos os juizes das

etnografias e se necessario, seus censores

33

.

Kuper prop6e

como

alternativa uma antropologia cosmopolita , definida pelo dialo-

go entre pares e excluindo estrangeiros curiosos, armchair vqyeurl',

e

mesmo

a comunidade nativa de especialistas (cientistas sociais,

planejadores, intelectuais em geral). Para ele, a antropologia e

32. Co nv

idado

para participar

da conferencia

organizada por

Fahim

(1982),

Luiz Mott expressou sua surpresa ja que no Brasil termo indigena e

utilizad o para den otar amerindio s. Mott tambem a

ch

ou curioso Brasil

estar in clufdo ent re os paises na

o-

ocidentais (Mott, 1982).

33. Antropol ogias nativi

sta

s seriam inspiradas em autores como E dw ard Said e

nos dis

cur

sos reflexivos p

6s-

mo dern os (Kup e

r

1994).

Page 13: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 13/21

248

MARIZA G. S.

PEIRANO

uma ciencia social ali ada a sociologia e a historia, que nao deve

estar vinculada a

programas

politicos.

Se 0

tom

parece extemporaneo no Brasil, e que Kuper nao

antecipa

cosmopolitismos fora dos

centros

- tornando-se, ele

proprio, urn

exemplo de

paroquialismo metropolitano . Ele es

quece,

por

exemplo, 0

projeto multicentrado

que

os

antropolo

gos

indianos vern

propondo

desde

a decada de 60 (Uberoi, 1 ~ 6 8

1983;

Madan,

1994; Das, 1995) e as longas discussoes

sobre

0

estudo of one's own socie ty (Srinivas, 1955, 1966, 1979;

Uberoi,

1968; Beteille & Madan, 1975;

Madan,

1982a, b; Das, 1995).

Bern

antes das discussoes sobre a

etnografia

pos-moderna, a In

dia foi tambem exemplar como cena do renascimento unico da

revista Contributions to Indian

Sociology,

depois que Louis

Dumont

e David

Pocock,

seus

fundadores,

decidiram cessar a publica<;:ao

da revista em seu decimo ana (ver Madan, 1994). Os

debates

desenvolvidos

em

For a sociology

of

India ,

titulo do

primeiro

artigo

dos

editores

(Dumont

&

Pocock,

1957)

e

mais tarde, se

<;:2: regular

da

revista ji sediada na India, revelou

que

esse

era

urn espa<;:o

para

discussoes teoricas, academicas, politicas e, in

clusive, pedagogica s, envolvendo especialistas de virias origens e

orienta<;:oes. Se a ciencia e mais bern percebida

no

debate,

entao

esse forum de 40 anos

tem

uma historia das mais

interessantes

para

contar

34

.

Talvez

porque

estejam cientes de multiplas audiencias, alem

de casos de insensibilidade, antropologos indianos - parte de

uma

sociedade

que foi objeto de etnografias clissicas, mas que

nao abdica de voz propria - explicitam hi tempo seu lugar de

enuncia<;:ao: por exemplo, Madan (1982:266) menciona dois tipos

de conexoes triangulares: a) a rela<;:ao entre os pesquisadores

i11Siders, os

vindos de

fora e 0 grupo estudado, e b) a

rela<;:ao

34. Ver Peirano, 1992, para este debate; Latour, 1989, tern excelente discussao

sobre

debates na ciencia.

ANTROPOLOGIA NO

BRASIL

(ALTERIDADE CONTEXTUALlZt\DA)

249

entre 0 pesquisador, 0 agente financiador e

0

grupo estudado.

0

primeiro diz respeito a questoes eticas sobre a

disponibilidade

da

popula<;:ao estudada; 0 segundo,

sobre

a servidao ideologica do

pesquisad02

5

.

Mais

recentemente,

Das (1995) apontou para tres

tipos de dialogos: com a) as tradi<;:oes ocidentais

de

scholarship na

disciplina; b)

com

0 cientista social

indiana;

e

c) com

0

nativo,

cuja voz esta presente tanto com o informa<;:ao obtida na pesquisa

quanto textos

escritos da tradi<;:ao. Nesse sentido, a

antropo

logia na India avalia e refina, ao

mesmo

tempo,

0 discurso

antro

pologico e 0 conhecimento sobre a sociedade do pesquisador

36

.

(Em contraste com 0 caso indiano, evitamos questionar quais

seriam

nossos

interlocutores

possiveis e desejaveis,

fixando-nos

em dialogos, na maior parte das vezes, virtuais.)

ALTERIDADE EM CONTEXTO

A institucionaliza<;:ao das ciencias sociais

como

parte do pro

cesso

de

nation building e urn

fenomeno

conhecido (E. Becker, 1971,

para Fran<;:a e Estados Unidos; Peirano, 1981; O. Velho, 1982,

para

Brasil; Saberwal, 1982, para India), tanto quanto 0 paradoxo

da

existencia

de uma

ciencia social critica sobrevivendo aos i nteresses

das elites que a criaram.

Nesses

momentos, a nova ciencia social

35.

Madan chama

a aten<;ao para

0

caniter marginal

do

antropologo insider e

sua ambivalencia

entre os

desafios de constru<;ao teorica e a tarefa de

critica social; no

caso do

antropologo

outsider,

sugere

que

suas

preocupa

<;6es

podem

parecer

inusitadas, desnecessarias e ate perniciosas aos ifuiders.

36. Relembro que antropologos

outsiders

que pesquisaram a india tam bern se

engajaram em debates com especialistas

insiders,

alguns deles tendo influ

enciado ambos os lad os. Bons exemplos sao 0 debate

entre

Dumont e

Srinivas, as rea<;6es de Dumont ao filosofo india no Saran (cf. Srinivas,

1955, 1966;

Dumont,

1970, 1980; Saran, 1962), assim

como 0 desacordo

dos historiadores da Subaltern School

(Guha Spivak, 1988)

com Dumont

e a recep<;ao desses historiadores na Europa e alhures.

Page 14: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 14/21

250

MARIZA G. S.

PEIRANO

nao

e especializada

porque

0 projeto

de

constru<,:ao nacional e

ideologicamente mais abrangente

que

as disciplinas academicas.

Em

outras palavras, a alteridade raramente e descompromissada e

os aspectos

interessados , no

sentido weberiano, sao muitas ve

zes explicitos. A antropologia e a sociologia separam-se,

em

urn

processo ao mesmo

tempo

politico, institucional e conceitual,

onde

e quando se favorec em especializa<,:oes - 0

que geralmente

aCOl

if

e

ce quando 0

processo

de constru<,:ao nacional

avan<,:a

historica

mente. esse

quadro

que abriga 0

diilogo

triangular indicado

anteriormente pelos soci6logos indianos: de urn lado, com os cole

gas antrop6logos e soci6logos da mesma

comunidade

nacional; de

outro, com as tradi<;:oes metropolitanas

de conhecimento

(passadas

e presentes) e, ainda, com os sujeitos da pes qui sa.

No Brasil dos anos 30, a ciencia social foi adotada para prover

uma

abordagem cientifica ao projeto de uma nova na<,:ao. Acredita

va-se

entao que, no devido tempo, a ciencia social iria substiruir 0

ensaio socioliterario

que

havia

ocupado

aqui, "mais que a ftlosofia

ou as ciencias humanas, 0 fenomeno central da vida

doespirito

(Candido, 1976:156). Assim, dos anos 30 aos 50, por sociologia se

entendia 0 leque das ciencias sociais que hoje concebemos como

independentes, mas

gestava-se uma sociologia feita-no-Brasi

-

que

na

verdade se tornou

hegemonica durante

as decadas seguintes.

Enquanto

isso,

os estudos

etnol6gicos de grupos indigenas repre

sentavam 0 modelo

canonico para

a antropologia,

mas

logo esta

passa a se apropriar de temas considerados socio16gicos - s6 que

agora

sob

0 olhar da diferenra social

e/ou

cultural. De qualquer

forma, sociol6gicos ou antropo16gicos,

os

temas empiricos eram

encontrados

dentro

das fronteiras nacionais; se a dimensao politica

da ciencia social estava presente, tambem era inquestiomivel 0 desa

fio de refinamento te6rico (ver Fernandes,

1958 37.

37. De

forma

diversa a

Kuper, que

prop6e 0 alheamento das questoes politi

cas, Fischer

(1988) sugere

que

os antrop610gos

norte-americanos

nao de

sempenham

0

mesmo

pape

que

os antrop610gos brasileiros

como

intelec-

ANTROPOLOGIA NO

BRAS IL (ALTERlDADE CONTEXTUALlZADA) 251

A ciencia social feita no Brasil nunca fez parte

integrante

do

circuito dos centros reconhecidos de produ<,:ao intelectual, e os

soci610gos

indianos nos

indicam que a lingua portuguesa

nao

e 0

unico

motivo

de

exclusa0

38

Nesse contexto, curiosamente,

consideramo-nos interlocutores legitimos de

autores reconheci

dos da

tradi<,:ao ocidental,

em

urn

processo no

qual 0

isolamento

do portugues tern afinidade

com

0 papel reservado ao cientista

social no pais, direcionado as questoes politicas nacionais. Estamos

sempre, mais ou menos confortavelmente, em casa.

Assim

se

justificam, de urn lado, os limites estrategicos que, como vimos,

informam

a

escolha

da alteridade; de outro, 0 fato

paradoxal de

que,

quando procuramos diferen<,:as, muitas vezes acabamos por

encontrar uma suposta singularidade (que e "brasileira")39. E pre

ciso reconhecer,

no

entanto, 0 aspecto sociol6gico positivo: esse

processo complexo de lealdades intelectuais e politicas, 0 labirin

to de caminhos dentro do universo possivel, assim como 0 qua

dro

variado

de interlocutores

(presentes

e ausentes)

ao longo

do

tempo contribuiram

para

a consolida<;:ao de uma comunidade

academica efetiva.

Com

esta

nota

positiva, encerro procurando

resumir

alguns

pontos:

m

termos de exotismo. A diferen<,:a, quer social

ou

cultural,

mais que 0

exotismo,

chama a aten<,:ao

dos

antrop6logos quando

estes procuram a alteridade

no

BrasiL Essa caracteristica talvez

explique por

que,

em crise em lugares onde

0

exotismo marcou a

antropologia, aqui

os praticantes

da disciplina partilham urn ho

rizonte

otimista.

tuais publicos nao por falta de engajamento, mas devido it perda de uma

bifocalidade, able to be

trained

simultaneously at home and abroad on

American culture as it

transforms

(and is transformed) by global society"

(1988:13).

38. Ver 0 excelente

depoimento

de Schwartzman (1985)

sobre

a vida intelec·

tual

na peri

feria.

39. Ver

DaMatta,

1984; Fry, 1995a, para diferentes. enunciac;:oes .

Page 15: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 15/21

252

MARI Z A G. S. PEI RANO

Em termos politicos.

Presente sempre

que

uma

clencia social

se desenvolve, a dimensao polftica e aqui direcionada para urn

tipo especifico de ideario de construc;:ao nacional,

no

qual dife

renc;:as devem

ser

respeitadas e uma singu laridade nacional

esclarecida (ver

Candido,

1958; Peirano, 1981; Bomeny

et al.,

1991; Schwartzman, 1991; H. Becker, 1992; Reis, 1996, 1998).

Em termos teoricos. Parte do Ocidente, mas nao falando ~

lingua internaciona l, a dimensao tearica assume urn pape cdti

co

como

0 caminho

nobre para

a

modernidade.

Mas,

no

Brasil,

a dimensao polftica

da teoria

e urn aspecto familiar e,

nesse

contexto, com

frequencia

objetos de estudo decorrem de esco

lhas que sao, na verdade, tearico/politicas.

Assim, abre-se

espa

c;:o para opc;:oes variadas. Primeiro, para 0 puro mimetismo: tra

ta-se, aqui, de urn arremedo de participac;:ao em urn

mundo

homogeneo que nao

existe e,

nao

raro,

da

absorc;:ao

de modelos

estrangeiros imediatos

como

0

caminho

mais

curto para

0

mun

do modern0

40

Segundo,

e possive vis lumbr

ar

uma variac;:ao

da

opc;:ao anterior: trata-se de uma

pratica

na

qual

os dados sao

nossos e a

teoria

e sempre importada. (Quem nao assistiu

a

apresentac;:ao de trabalho em que 0 padrao segue a

sequencia

ritual na qual 0 tema se ilumina de fo rm a espond.nea pe a sim

ples invocac;:ao

do autor em

yoga,

que

tambem ratifica a

inter

pretac;:ao?) Em outras palavras, abre-se mao da interlocuc;:ao en

tre

dados e

teo

ria e faz-se dos

primeiros,

os dados, mera ilustra

c;:ao

da segunda - a teoria . Ha uma terceira opc;:ao, mais renta

vel: ela

surge

quando

procuramos

expandir,

redirecionar

e

am

pliar

questoes anteriores, criando

assim

novos dados,

novas re

alidades e propondo novos problemas. Nesse caso, a C1encia

social

(e

a

antropologia como

parte dela)

passa

a se

definir

40. Ver 0 ensaio s

obre

literatura e

subde

senvolvimento

em

Candido (1987).

Para

Costa

Pinto. trata-se daquele tipo de "deslumbramento alvar diante de

formulas e conceitos

importados.

que parec[em]

corretos

pela tmica condi

<;ao de

serem estra

ngeiros

(1955:24).

A N

TRO[>OLO

G IA

NO

B

RAS IL (AL

T E RI DAO E CON T E XT UALl Z AO,\ )

253

como eterna construc;:ao e superac;:ao de si mesma, 0 novo se

con

struindo so

bre

os

ombros de antecessores

.

Mas tal

prajeto

nao e simples.

Ele

depende

tanto do domi

nlO segura da s teorias classicas e contempo d.neas

quanta

da

etnografi

a acurada e impecavel. Se e correto pensar que

uma

" cultura mundial

dos

tempos precisa

de constante

s

empresti

mos,

tant

o na

direc;:ao

das metrapoles para as periferias ideolagi

cas quanto no sentido

oposto,

a

promessa

aqui implicita e a de

urn dialogo tearico e empirico que ultrapasse barreiras nacionais

- trara-se de desenvolver "uruversalismos plurais" que siruem,

inclusive, os universa lismos metrapolitanos e, ao mesmo tempo,

reflitam a contingencia de viverm os no Brasil.

Referencias

ibliograficas

E sle

en

saio i dedicado a Ju

lio

Cezar M e/alti,

que primeiro

lIIe

ensinou a ortodoxia.

ALMEIDA. Mi. , Uel Vale. 1996. Marialvismo: a moral di scourse in the Portugues e

transition to modernity. Brasilia : UnB. S in e nt ropologia 184.

AMORIM.

Paulo M. 1970/ 1971. indios camponeses: os Potiguara da

ba

ia da

Trai<;ao. Revista do Museu PauliJta 19: 7-96.

ANDERSON .

Perr

y 1968. The components of a national culture. N

ew

Left

R

evie

lv 5

0:

3-57.

AQUINO. Terri Vale. 1977. Kaxil/awti: de senl/gueiro caboc/o a peao acremlO  .

Brasilia: Un B. disserta<;ao de mestrado.

ARRUTI . Jose Mauricio. 1996. 0 reencantamento do mundo. Traflla histlinca e arran-

j os terntonais Pank aram.

Ri

o de Janeiro: MN /UFRJ. disserta<;ao de mestrado.

ASAD.

Talal. (org.). 1973.

nthr

opology the colonial encounter.

Londres: Ithaca.

AZEVEDO. Tales. 1994. Os italianos no Rio Grande

do

Sui. Caxias

do

SuI: Edito

ra da Un i

v

Caxias

do

SuI.

BAINES. Stephen.

1991.

E

a Funai que

se

lb

e

Belem:

Mu

seu Emilio Goeldi.

1995 .

Impre

ss6es s obre a etnologia indigena

na

Australia. In:

CAR

DOSO

DE OLIVEIRA.

R. &

RUBEN. G. (

or

gs

.)

. pp. 65 -120.

BALDUS. Herbert.

1939. A necessidade

do

trabalho indianista no Brasil. Revis-

ta do A rquivo Municipal 5(

57

): 139-150.

t

n

Page 16: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 16/21

254

MARIZA G. S.

PEIRANO

1954. Bibliografia comentada da etllologia brasileira. Sao Paulo: Souza.

1970.

Tapirape: tribo

tupi no Brasil

Central.

Sao Paulo: Cia .

Editora

Nacional.

BARRElRA, Irlys. 1998. Cbuva de paphs. Ritos e

simbolos

de campanbas eleitorais

no

brasil.

Rio de Janeiro: Relume Dumara.

BARRETTO FILHO, Henyo. 1997. Da nac;:ao ao planeta atraVes da natureza.

Brasilia: UnB,

Serie

Antropologia 222.

BARROS, Edir P. 1977. Kura BakairilKura KaraillJa: dois IlIllndofifem confronto .

Brasilia: UnB, dissertac;:ao de mestrado.

BASTOS,

Cristiana. 1996.

Antropologia

da

desordem

global: notas de uma

disciplina

em

reconfigurac;:ao. Anuario Antropol6gicol95: 151 -160. .

BECKER, Ernest. 1971. Tbe Lost Science of Mall. Nova York: George Braziller.

BECKER,

Howard.

1992. Social

theory

in Brazil. Sociological Tbeory 10: 1-5.

BETEILLE, A MADAN, T. N. (orgs.). 1975. Encounter and experience: personal

accounts

of

Fieldwork. Delhi: Vikas.

BEZERRA,

Marcos Otivio.

1999. Em lIome das bases. PoJitica, favor e dependencia

pessoai. Rio

de

Janeiro: Relume

Dumani.

_

BIANCO, Bela Feldman. 1992. Saudade, imigrac;:ao e a construc;:ao de

uma

nac;:ao

desterriorializada. Rev. Bras.

de

Estudos

de

Popu/arao 9(1): 35-49

1993. Multiplas camadas

de tempo

e

espac;:o: entre

imigrantes

por-

tugueses. Rev. Critica

de Ciencias

Sociais 38: 193-224. .

BIRMAN

Patricia. 1995.

Fazer

estilo

criando

generos. Rio de Janeiro: Relume Dum ara.

B O M E N ~ Helena;

BIRMAN, P.

PAlxAO, A. L. (orgs.). 1991 . s assim

cbamadas ciincias sociais. Rio de Janeiro: Relume

Dumani.

BORGES PEREIRA,

Joao

Batista. 1967. Cor, profissao e llIobilidade: 0 negro e 0

radio de Sao Paulo. Sao Paulo: Pioneira.

BRUSCHINI, M. SORJ, B. (orgs.). 1994. Novos olbares: mulberes e

rela{oes

de

genero 110 Brasil. Sao Paulo: Fundac;:ao Carlos Chagas/Marco Zero.

CABRAL, Joao Pina. 1996. A difusao do limiar: margens, hegemoOlas e contra

dic;:oes na antropologia. Mana 2(1): 25-58.

CANDIDO

[MELLO E SOUZA), Antonio.

1958.

Informac;:ao sobre

so

ciologia

em Sao Paulo. In:

Ensaios paulistas:

510-521. Sao Paulo:

Anhambi.

1964. Os parceiros

do Rio Bonito.

Rio de Janeiro: Jose Olympio.

. 1976. Lileratura e sociedade. Sao Paulo: Cia. Editora Nacional.

. 1987. Literatura e subdesenvolvimento. In: A educa{ao peia

/loite

. Sao

Paulo: Atica, pp. 140-162.

r\NTROPOLOGI ,\ NO BRASIL ALTERID;\DE CONTEXTU;\L/ZADi\)

255

__

1995. 011 literallire and

society.

Pr inceton: Princeton Universiry Press.

CARDOSO, Ruth. 1995. Estmtllra familiar e mobilidade sociai.· eSIHdo dOJjaponeses no

Estado

de

Sao Paulo. Sao Paulo: Primus.

CARDOSO

DE

OLIVEIRA, Luis R. 1989. Faimess and (ofllfllunication

in

small

claillls C01l1 /S.

Harvard

Universiry, tese de doutorado.

1996. Entre 0 justo e 0 solidirio: os dilemas

dos

direitos de cidada

nia no Brasil

enos

EUA. Rev. B,i1J .

de Ciencias Sociais

31: 67-81.

CARDOSO

DE OLIVEIRA,

Roberto. 1963. Aculrura<;:ao e f

ricc;:ao

interetnica.

America Latina 6: 33-45.

1978.

A sociologia

do

Brasil

indigena.

Sao Paulo:

Tempo

Brasileiro.

1995. Identidade camE e ideologia etnica. Mana 1

1):

9-47.

1998. 0 trabalbo do antropdlogo. Brasilia:

Parale/o 15

CARDOSO

DE OLIVEIRA, R. RUBEN,

Guillermo.(orgs.). 1995. Estilos

de

Antrop%gia. Campinas: Unicamp.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. 1978. Os mortos e os OlitroS. Analise

do

sistema funerario e

da no[ao

de pessoa entre os KrahO. Sao Paulo: Hucitec.

1993. 0 fU/IiTO dCl qllestao indigena. Sao Paulo: Universidade de Sao Paulo.

CARNEIRO DA

CUNHA,

M. (org.). 1992. Histdn'a dos

indios

no

BraJif.

Sao

Paulo:

Companhia

. das Letras.

CARVALHO,

Jose

Jorge. 1992a. Jbango cult in

Recife,

Brazil. Caracas: Fundef.

1992b. Estetica da opacidade e da transparencia. Mito, musica e

ritual no culto de Xang6 e na tradi<;:ao erudita ocidental. AI/Hario An/ropo

IOgicol89: 83-116.

CASTRO FARIA

, Luiz. 1993. Antropologia. e.pe/aculo e exceiincia. Rio de Janeiro:

UFRJ

ITe mpo

Brasileiro.

CAVALCANTI, Maria Laura. 1994. Carnaval can oca: dos baslidores ao desji/e. Rio

de Janeiro:

Editora

da

UFRJ/MinC/Funarte.

CHAVES, Christine A. 1993.

Buritis:festCls,

politica e 1I10dernidade no ser/ao. Brasilia:

UnB, disserta<;:ao de mestrado.

COMERFORD,

John.

1999.

Fazendo

CI

lutCl:

sociabilidade, falas e rituais

na

conslrtl-

rao de

organi {afoes

call1ponesas.

Rio

de

Janeiro: Relume

Dumara

(no prelo).

COPET-ROUGIER,

E. HERITIER-AUGE , F. 1993. Commentaires sur

commentaire.

Reponse it E . Viveiros de Castro. L'Ho /I/Ie 33: 139-148.

CORREA, Mariza. 1982. s iltlSocs

da

liberdade. A cscolCl de Nina Rodrigues. Sao

Paulo: USP, tese de doutorado

_

 

1995. Damas cavalheiros de fina estampa, dragoes dinossau ros,

her6is vil6es.

In

:

0

eJlsino da

antropologia

no

Brasil.

Rio de Janeiro: ABA.

Page 17: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 17/21

256

i\[ ,

IRI/

. I G. S. PEIR At-:O

, ' ·r ( )

1<'87. HiJtoria do

{111 ronolo

,oa

tlO

Brasil. festCIIJJltlbos: Emilio

CORREA, Iv mg  r ,

Willems e DOllald Piersoll. Campinas:

Editora

da Unicamp.

COSTA

PINTO, Luiz

A.

CARNEIRO, E . 1955 /

Is

ciellcias sociais tlO Brasil.

Rio de Janeiro: Capes.

DAiYfATTA, Roberto. 1970. Apillcl)le

social strlfc/llre.

Harvard Un iversity, tese de

doutorado.

· 1973a.Ellsaios

de

a l l t r o p o l o . ~ i /

eslm/Jlml. Petr6polis: Vozes.

1973b. 0 oficio de

etn6logo

ou

como

ter

anthropologica

l

 i

blues .

COlf/Jltlica coes do /  J 1. Rio de Janeiro: MN / UfRj.

· 1 9 ~ 6 Quanto custa ser indio

no

BrasiP Dados 13: 33-54.

. 1976.

U ,

1Jllilido div

idido:

a fslmtllra Jocial rios i

nriio

s /

Ipitla),e

. Petr6polis:

Vozes.

· 1980. Cart/avais, ,alal/riros e herois. Rio de Janeiro: Zahar.

. 1981. RelalilJizallrio: //Ilia

i/J/roriJlfclo ci

all/ropolo

,gia Jocia/. Petr6polis: Vozes.

1984

0 qm

faz 0 Brasil, Bmsil? Rio de Janeiro: Guanabara.

· 1985.

A

C{ fa e C ma. Sao Paulo: Brasiliense.

- - - - .

1993, COIlIeI rie lIIen/iroso: se/e ensaios de C l i l / r o p o l o . ~ i a brasileim. Rio de

Janeiro: Rocco. .

DAS,

Veena . 1995. Critical

fVeI//S: all

a l l t b r o p o l o . ~ c a l

persp

ec

tilJf

11

COlilemporary

Illdla.

De lhi: Oxford University Press.

DIAMOND, S., (org.). 1980

/

/litbropolo.v': Clncestors Clnd beirs. Paris:

Mouton.

D

UARTE,

Luiz

F

Dias. 1986. Da vida mrvosa (ntis

clcwes

trabalbadoras IIrbanas).

Rio de Janeiro:

Jorge

Zahar/CNPq.

· 1989. freud e a imaginac;:ao sociol6gica

moderna.

In:

BIR

NfAN, J

- - - -

(org,). Frelld - 50 tlllOS depois . Rio de Janeiro: Relume Dumari. .

.

· 1990 A representac;:ao do lIervoso na cultura literaria e

sO

CJOloglca

do

---s-e-cu-Io XIX e comec;:o do seculo XX. Anllario / Jlltropol6gico/87: 93-11

6.

· 1995. formac;:ao e

ensino

na

antropolo

gia social: os dilemas

da

---u-n-iv-ersalizac;:ao rom antica. In: 0 ellSitlo da aillropologio. Rio

de

Janeiro: ABA.

· 1996. Distanciamento, retlexividaue e interiorizac;:ao

da

pessoa

no

- - - -

Ocidente.

MallCi

2(2): 163-1976.

· 1997. Dais ~ i J J e s bistoricos

das

relafors ria a l l t r o p o l o . ~ i a COlli a psicallaiise 11

-----

S . . ' Cl'e'ncias Sociais,

Estado

e Sociedade.

Brasil.

Apresentado no

emmano

Rio de Janeiro: MN/UfRj. .

DUMONT, Louis. 1970. R e / z ~ i o l l , politics anri bislory illll lriia. Pans: Mouton. ,

. 1978. La communau te

anthropologique

et I'ideologie. L 'Homlfle 18:

- - - -

83-

11

O

A

NTRllP

O LOG IA N O BRASIL (ALTERIDADE Cll NTEXT

UA

LI ZA DA)

257

1980. Homo hierarchiCJIs: the cCisle systemallditsilllp/icatiolls.Chicago:

University of Chicago Press.

-   1994. German

ideology.

From Frallce

to

Germe/II} ami back, pp . 3-16.

Chicago: University of Chicago Press.

DUMONT, Louis POCOCK,

D.

1957. for a sociology of India. Contributions

/0

Illriian Sociology

1: 7-22.

DURKHEIM, E.

1996. A s fonnas

elemenla

r

es

da vida

relig

iosa.

Sao Paulo:

Martins

Fontes.

ECKERT,

Cornelia. 1991. Une ville autrefoi miniere:

/a

grand-c

ombe.

Etllde

ri'alllhropologie

sociale.

Paris

V,

tese de do utorado.

EVANS-PRITCHARD, E. E.

1951. Social Anthropology. Londres: Cohen West.

FAHIM, H. (org.). 1982.

Indigenolls anthropology

ill nOIl-lllestem cOlintries. Durham,

NC: Carolina Academic Press.

F AU

STO,

Carlos. 1997.

A dialetica da preda{ao e

amiliariZCl{ao entre

os Parakalla da

Amazonia

oriental.

Rio de Janeiro: MN/UFRJ, tese de doutorado.

fERNANDES,

Florestan. 1958. 0

pa

drao

de

trabalho cientifico dos soci61o

gos brasileiros. ESludos Sociais e

Polilicos

3. Belo Horizonte: UFMG

1961. A unidade das ciencias sociais e a antropologia. Anhembi

44(132): 453-470.

_ . 1963. A organi

zarao

social rios Tllpinambd. Sao Paulo:

Difusao

Euro

peia

do

Livro.

1970. A f n{ao social da guerra

na

sociedade TlIpilla ,ba. Sao Paulo :

Pioneira.

_ _ . 1972. 0

lIegro

no If/undo dos bran cos. Sao Paulo:

Difusao

Europeia do

Livro.

_ __ 1975. A illvestigarao elnologiea 11 Brasil e olliros erlSaios. Petr6polis:

Vozes.

1977. A sociologia no Brasil. Petr6polis: Vozes.

FIGO LI ,

Leonardo.

1995. A antropologia na

Argentina e

a construc;:ao

da

na<;:ao. Ver CARDOSO DE O LIVEIRA,

R.

RUBEN, G. (orgs.),

pp

.

31

-64.

FISCHER, Michael M.

j.

1988. Scienti

fi

c

theory and

critical

hermene

utics.

Cullural Anthropology 3(1): 3-15.

FONSECA, Claudia. 1986. Clochards et dames de charite: une etuue de cas

parisien. Etbnologie Frall{aise 16(4): 391-400

_ _ . 1997. Totem

e

xamas na p6s-graduac;:ao. Anucirio Afllropo16gico/96:

33-48.

Page 18: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 18/21

258

MARIZA

G.

S.

PEIRANO

Fry, Peter. 1991. Politicamente correto em um lugar, incorreto em outro.

Estu

dos

Afro-asiaticos

21: 167-177.

1995a. Why is Brazil different?

Times Literary Supplement,

Dec. 8, n.

4.836: 6-7.

_ . 1995b. Forma<;ao ou educa<;ao: os dilemas dos antrop610gos peran

te a grade curricular. In:

0

ensino da

antropologia

no Brasil. Rio de Janeiro:

ABA.

_

 

1998.

Cultures

o difference:

colonial

legacies in ZimbabllJe

and Moz:a1 J:ique.

Palestras proferidas

na

Universidade de Cambridge em

30/11

e 4/12.

GASPAR, Maria Dulce. 1985.

Garnlas de programa: prostiluifao em Copacabana e

identidade social.

Rio de Janeiro: Jorge

Zahar Editor

.

GEERTZ, Clifford. 1983.

Local knowledge:furtber essays in interpretative antbrop gy.

Nova York: Basic Books.

GERHOLM,

T. & HANNERZ, U

1982. Introduction: the shaping

of

national

anthropologies.

Etbnos

42: 5-35.

GOLDMAN, Marcio. 1994.

Razao e diferenfa: afetividade, racionalidade e relativismo

no pensamento de

U1 ) ,

-Brtlbl. Rio de Janeiro: Grypho.

GON<;:ALVES, Marco Antonio. 1993.

0

significado

do nome: cosm%gia e nominafao

entre os

Piraba.

Rio de Janeiro: Sette Letras.

GREGORI, M. F 1993.

Calas e queixas:

mil/beres,

relafoes violentas epratica feminis

ta.

Rio de Janeiro: Paz e

Terra/

Anpocs.

GROSSI,

lvliriam

&

PEDRO, J M. (orgs. . 1900.

MascII/ino, jeminino, p/ural:

genero na interdisciplinaridade.

Florian6polis: Ed. Mulheres.

GRUBER,

J (org.). 1997.

0 fivro

das arvores. Benjamin Constant: Organiza<;ao

Geral dos Professores Ticuna Bilingiles.

GRYNSPAN,

Mario. 1994. s

elites da teon·a.

Rio de Janeiro: MN/UFRJ, tese

de doutorado.

GUHA, R. & SPIVAK, G. (orgs.). 1988. Selected subaltern studies. Oxford: Oxford

University Press.

KANT DE

LIMA, Roberto. 1985.

A antropologia

da

academia: qllando

os indios

somos

nos. Petr6polis/Niter6i: Vozes/UFF.

_ . 1991. Ordem publica e publica desordem: modelos processuais de

controle

social em

uma

perspectiva comparada.

Amtario AntropoMgico/88:

21-44.

__

1995.

A

policia da cidade do

Rio

de Janeiro. Rio de Janeiro: Forense.

KUPER, Adam. 1994. Culture, identity and the project

of

a cosmopolitan

anthropology.

Man

(NS) 29: 537-554.

ANTRUPOLOGIA NO BRASIL ALTERIDADE CONTEXTUALIZADA) 259

KUSCHNIR, Karina. 1998. Politica

e sociabilidade.

Um estudo de

antrop gia J·ocia/.

Rio de Janeiro: MN/UFRJ, tese de doutorado.

LARAIA, Roque de Barros. 1964. Resenha de

A organizafao

socia/

dos Tupinamba,

de Flores an Fernandes.

America Latina

7(3) : 124-125.

1986.

Tup;:

indios do

Brasil

atuaL Sao Paulo: FFLCH/USP.

1993.

Los

indios de BrasiL Madri: Mapfre.

LARAIA, R. & DAMATTA, R. 1967.

jndios e

castanbeiros. Sao Paulo: Difusao

Europeia do Livro.

LATOUR, Bruno. 1989. Pasteur et Pouchet: heterogenese de l'histoire des

sciences. In:

E/ements d'bistoire

des sciences, SERRES, M. (arg.), pp. 423-445.

Paris: Bordas.

LEITE LOPES, Jose Sergio. 1976.

0

vapor do diabo. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

LEPENIES, Wolf. 1977. Problems

of

a historical study

of

science. In:

MENDELSOHN,

E. WEINGART,

P. &

WHITLEY (orgs.).

Tbe social

production o

scientific knowledge

1:55-67.

LEVI-STRAUSS, Claude. 1952. Les

structures

sociales dans

Ie

Bresil central

et

oriental. In:

TAX, S.

(org.) .

Indian tn·bes

o

AboriginalAmerica.

Chicago, pp.

302-310.

. 1956. Les organisations dualistes, existent-elles?

Bijdragen Tot

de

Taal-, Land- en Volkenkunde 112:199 128.

. 1960.

On

manipulated sociological modes. Bijdragen

Tot

de Taal-,

Land-

en

Volkenkunde 116:45-54.

_. 1961. La crise moderne de l'anthropologie.

Le

Courrier, Unesco,

XIV(11): 12-17 (traduzido e publicado em portugues na

Revista

de

Antropo

logia

10(1-2): 19-26).

LIMA, Tania

S.

1995.

A parte

do

cauim. Etnografia Jurtlna.

Rio

de

Janeiro:

MN

UFRJ, tese de doutorado.

LINS

DE

BARROS, Miriam. 1989.

Autoridade e afeto:

avos,

filbos e mtos

na

familia

brasileira.

Rio

de

Janeiro:

Jorge Zahar

Editor.

LOPES DA SILVA, Aracy. 1986.

Nomes e

amigos: da

pratica Xavante a

till/a reflexao

sobre os

Ji Sao Paulo:

FFLCH/USP.

MADAN, T.N. 1982. Indigenous anthropology in non-western countries: an

overview. In:

FAHIM,

1982, pp. 263-268.

.

1994. Patbways: approaches

to

tbe

study

o

society

in India.

Delhi:

Oxford

University Press.

MAGALHAES,

A.

C

1994.

Os

Parakal1a: espafos de

socializafao e

suas artictllafoes

simbolicas.

Sao Paulo: USP, tese de doutorado.

f:

l

i'

Page 19: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 19/21

262

l\L\RIZA

G S

P E IR

ANO

1997.

Onde esti

a antropologia? Mana 3(2): 67-102.

1998. When anthropology is at home .

The

different contexts of a

single discipline. Annllal Review

of

Anthropology 27: 105-128.

1999.

The

pursuit of anthropology. Indian Social Science Review 1(1).

PEIXOTO, Fernanda. 1998. Levi-Strauss no Brasil: a forma<;:ao do etn610go.

Mana 4(1): 79-107 .

PONTES,

Heloisa. 1998.

Destinos mistos. Os criticos

do

grupo Ciima em Sao Palllo,

1940-68. Sao Paulo: Companhia das Letras. 1$

PESSANHA,

E.

VILLAS BOAS, G. (orgs.). 1995 . Ciencias sociais. Ensino e

pesquisa na graduarao. Rio de Janeiro: JC Editora.

QUEIROZ, Renato. 1995. 0 caminho

do

paraiso: 0 surto messi mico-miienan'sta

do

CaMe. Sao Paulo: FFLCH/USP/CER.

RAMOS,

Alcida Rita. 1972. The social system

of the

Sam;ma of Northern Brazil.

Universiry of Wisconsin, tese de doutorado.

· 1978.

Tecnonimia

e conceitualiza<;:ao social

entre

os indios Sanuma.

Anuario

Antropol6gico/77:

148-167.

1979.

Rumor:

the ideology of an inter-tribal situation. Antropologica

51 :3-25.

· 1990.

Memoria Sanuma. Esparo e tempo em uma sociedade Yanomami.

Sao

Paulo: Marco Zero/Editora da UnB.

· 1995. Sanuma memories: Yanomami ethnography in times

of

crisis. Madison:

Universiry

of

Wisconsin Press.

1998. Indigenism: ethnic politics in Brazil. Madison: University

of

Wisconsin Press.

REIS,

Elisa P 1996. Making sense of history: political soc iology in Brazil.

Current Sociology 44: 81-105.

· 1998. Processos e escolhas. Estudos de sociologia poiitica. Rio de Janeiro:

Contracapa.

RIBEIRO, Darcy. 1957. Culturas e linguas indigenas do Brasil. Edllcarao e Cien-

cias Sociais 2: 5-100.

1962.

A Po/ihca indigenis/a brasileira.

Rio de Janeiro:

l\1in.

d

Agricultura.

RIBEIRO, D. & RIBEIRO, B 1957. Arte piliman'a dos indios Kaapor. Rio de

Janeiro: Seikei.

RIBEIRO, Fernando

Rosa. 1994. A constru<;:ao da na<;:ao na Africa

do

Sui. Serie

Estlldos Ciencias Sociais

3 Nucleo

da Cor/IFCS.

RIBEIRO,

Gustavo

Lins. 1991. Empresas transnan'onais:

tltll

grande projeto

por den-

Ira. Sao Paulo:

Marco Zero/ Anpocs

.

I

ANTROPOUlG

I

,\

N O

BRASIL (ALTERIDADE

CONTEXTUi\l.IZi\DA)

263

1996. BraziliallS are

hot,

Americans

are cold.

A nOfl-slruclural isl approach

10 San Francisco s carnival.

Paper apresentado

no Encontro cia American

Anthropological Association, San Francisco.

RIBEIRO, Rene. 1978. Cullos afro-brasileiros do

Recife.

Recife: MEC/lnstituto

Joaquim

Nabuco.

RUBEN, Guillermo R

1995.

° tio materno

e a antropologia quebequense.

Ver

CARDOSO

DE

OLIVEIRA RUBEN,

G

(orgs.), pp. 121-138.

SABERWAL, Satish. 1982. Uncertain transplants: anthropology and sociology

in Ind ia. Ethnos 42(1-2): 36-49.

SALEM, Tania. 1985. Familia em camadas medias: uma revisao da literatura.

Bo . do Mllseu Nacional (NS) 54.

SAN CHIS, Pierre. 1983. Arraia/, festa

de

11m java: as romarias porluguesas. Lisboa:

Publica<;:oes

Dom

Quixote.

1995. Uma leitura sobre 0 ensino

cia

antropologia em questao .

In: 0 emino da antropologia. Rio cle Janeiro: ABA.

SANTOS, Silvio C 1982. 0 itldio peratlte 0 direilo. Florian6polis: Editora cia UFSC.

1989. Os povos indigetlas e a comliluitlte. Florian6polis: Eclitora da

UFSC.

SARAN,

A.K.

1962.

Review

of

Contributions

to

Indian Sociology

n

IV The Eastem

Antbropologtsl 15: 53-68.

SCHADEN,

Egan. 1954a. Aspectos jimdalllentms da cultllra Guarani. Sao Paulo:

Difusao Europeia do Livro.

1954b. ° estudo do indio brasileiro onlem e hoje. America Indigena

14(3): 233-252.

1955a. Karl

von den

Steinen e a

etnolo

gia bra sileira. In: Ana;s do

31 COtlgresso Intemacional de Alllen'canistas, pp. 1153-163.

1955b. As culturas indigenas e a

civiliza<;:ao

In: Anais do

l

COllgresso

Brasileiro

de

Sociologia, pp. 189-200.

SCHWARCZ, Lilia. 1996. 0 espetaculo das raras: cientlslas, inslitlliroes e questao racial

11 Brasil. Sao Paulo: Companhia clas Letras.

SCHWARTZMAN,

Simon. 1991. A space for

science: tbe

development

of

Ibe scientific

community ill Brazil. University Park,

PAc

Pennsylvania State Universiry Press.

1985. In tellectual life in the periphery: a personal tale.

Apresentado

no COtlgresso MUlldial de Soci%gia, Nova Delhi.

SCO

TT, Russel Parry. 1992.

°

dia do

pagamento

e 0 fim de se

man a:

0 salario

e a transforma<;:ao dos rituais anuais de conflito na platltalion. Anuario

AIIITopoldgico/89: 117-130.

Page 20: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 20/21

264

MARIZA G. S. PEIRANO

SEEGER, Anthony. 1980.

Os indios enos. Estudos sobre sociedades tribais

brasileiras.

Rio de Janeiro: Campus.

1981. Nature and

society

ill Central Brazil. Cambridge, MA:

Harvard

Universiry Press.

SEGATO, Rita. 1986.

Inventando

a natureza: familia, sexo e

genero no

xang6

do

Recife. Arll/ario AntTopolOgico/85: 11-54.

SEVCENKO, Nicolau. 1983.

A literatllra

C 1ll

1IIissiio.

Tensaes sociais

e cria[iio

cultural na Primeira Reptiblica. Sao Paulo: Brasiliense. l;

SEYFERTH, Giralda. 1985. Heran<;a e

estrutura

familiar camponesa. Bo

do

Museu Nacional

52.

1990.

Imigra[iio e

Ctlltura

110 Brasil.

Brasilia:

Editora da

UnB.

SIGAUD,

Lygia. 1980. A na<;ao

dos

homens. Anuario AntropolOgico/ 78: 13-114.

SOUZA

LIMA, Antonio

Carlos. 1995.

Um

grande cerco

de

paz· Perr6polis: Vozes.

SRINIVAS, M. N. 1952.

Religion

and

society

among tbe Coorgs oj Soutb Illdia. Oxford:

Clarendon.

_

 

1955. Village studies and their significance. Tbe Eastem Antbropologist

8: 215-258.

1966.

Some thoughts

on the study of one's own sociery. In: Social

Cbange in Modemllldia, pp. 147-163. New Delhi: Allied.

SRINIVAS, M. N. (org.). 1979. Tbe fieldlvorker and tbe field.

Oxford:

Oxford

Universiry Press.

SUAREZ,

Mireya BANDEIRA,

L

(orgs.). 1999. Vio/encia,

genero

e crime

110

Distrito Federal. Brasilia: Editora

da

UnB/Paralelo 15.

TEIXEIRA, Carla Costa. 1998. A

bonra

da politica. Decoro par/amentar e cassar

iio

de

mandato no COllgresso NacionaI1949-1994. Rio de Janeiro: Relume Dumara.

TEIXEIRA PINTO, Marnio. 1993.

Rela<;6es

de subscincia e

classifica<;ao

social:

alguns aspectos da organiza<;ao social arara. Anuario Antropof6gico/90: 169-204.

1997. leipari: sacriftcio e vida social entre os indios Arara (Caribe). Sao

Paulo: Hucitec/Anpocs.

THOMAS, Nicholas. 1991.

Against

ethnography. Cultural Antbropology 6 3):

306-321.

TRAJANO FILHO, Wilson. 1993a.

° uto

do carnaval em Sao Tome e Princi-

pe. Anuario Antropof6gico/91: 189-220.

_ . 1993b. A

ten

sao entre a escrita e a oralidade na Guine-Bissau.

Sorollda (Revista de Estudos

Guineenses)

16: 73-102.

1998. Polymorpbic

creoledom: tbe

"creole

society"

of Guinea-Bissau. Universiry

of Pennsylvania, tese

de doutorado.

ANTROPOLOGIA NO BRASIL ALTERlDADE CONTEXTUAl.lZADA)

265

TRAVASSOS, Elizabeth. 1997. Os 1I1aJldmin.r

lIIilagrosos. Arte

e

etnograjia em

Mario

de

Andrade e Bila Bartok. Rio

de

Janeiro:

Joge Zahar

Editor.

TURNER, T

1991. Representing, resisting. rethinking: historical

transformation

of

Kayap6

culture. In: STOCKING

JR.,

G. (org.). Colonial Situations.

Madison: The Universiry of Wisconsin Press.

UBEROI, ]. P. S. 1968. Science and swaraj. Contributions to Indian Jociology 2:

119-128.

. 1983.

Tbe atber tIIind of

Europe: Goetbe as

scientist.

Delhi:

Oxford

Universiry Press.

VELHO, Gilberta. 1972. A

utopia urbana:

im estlldo

de

antropologia sociaL Rio de

Janeiro:

Jorge Zahar

Editor.

_. 1975. Nobres e an/os: JltII estudo

de toxicos

e hierarqJlia. Sao Paulo: USP,

tese de

doutorado.

. 1978.

Observando

0 familiar. In: NUNES,

E.

(org. . A aoelltura

sociof6gica, pp. 36-46. Rio

de

Janeiro: Zahar.,

_. 1981.

IndividuaiisJllo

e CultuTa. Rio

de

Janeiro: Zahar.

. 1986. Jubjetividade e sociedade: JI 7Ia e x p e r i e ~ l c i

de

gera[iio. Rio de Janeiro:

Jorge Zahar Editor.

. 1994. Pro/eto e lJJetaJllotjose. Antropoiogia

das

sociedades cOlJJpiexas. Rio de

Janeiro:

Jorge Zahar

Editor.

VELHO, G (org.). 1980.

0

desafio da

cidade.

Rio de Janeiro: Campus.

. 1995. Quatro

via

ens: antropologos

brasileiros

no exterior. Comllnicaraes

do

PPGAJ 6. Rio

de

Janeiro: Museu

Nacional/UFRj.

VELHO, Otavio. 1972. Frentes de expansao e eJtrutllra agraria. Rio de Janeiro:

Zahar.

_. 1976. Capitalismo autorittino e campesillato. Sao Paulo: Dife '

1982. Through Althusserian spectacles: recent social anthropology

in Brazil. Ethnos 47(1-2): 133-149.

1995. Bestajera. Recriariio do lIlJ/ndo. Rio de Janeiro: Relume Dumara.

VIANNA,

Hermano.

1995. 0 mistin'o

do

samba. Rio de Janeiro:

Jorge Zahar

Editor/Editora

da UFR].

VIDAL,

Lux. 1977. Morte e vida de uma

sociedade

inJigena

brasifeira: os

Kqyapo

Xikn'n do

Rio

Catete. Sao Paulo: Hucitec.

VILHENA, Luis Rodolfo da Paixao. 1997. Profeto e

missao:

0 7IovirlJeflto jo/cf6rico

brasileiro

(1947-1964). Rio de Janeiro: Funarte/Funda<;ao GetUlio Vargas.

VILLAC;:A, A. 1992.

Comendo

cO/JlO gente:jorl 1as do canibalis/JIo

[Pari.

Rio de Janei

ro:

Anpocs/UFR].

Page 21: Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

7/24/2019 Antropologia No Brasil (Alteridade Contextualizada) (PEIRANO, Mariza)

http://slidepdf.com/reader/full/antropologia-no-brasil-alteridade-contextualizada-peirano-mariza 21/21

266

MARI

ZA

G. S PEIRANO

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 1986. AraJvete: os deuses canibais. Rio

de

Janeiro:

Zahar/

Anpocs.

_ . 1992.

From

the enemy s

point

of

view. Humanity and divinity in an

Amazonian

soci

ety.

Chicago: University

Chicago

Press.

_ . 1993. Structures, regimes, strategies .

L'Hofllme

133: 117-137.

1994

.

Une

mauvaise querelle.

L 'Homme

34: 181-191.

_

 

1995b. Pensando 0

parentesco

amerindio. Ver CASTRO, 1995a, pp.

1995c. Sobre a

antrop

ologia hoje: te(i)mas para discussao. In: 0

ensino da antropologia.

Rio de Janeiro: ABA .

1999. Ernologia brasileira:

rota<;:ao

de perspectiva. Ms .

VIVEIROS

DE CASTRO, E.,

(org.). 1995a.

Antropologia do parentesco: estt/dos

amerindios.

Rio de Janeiro: Editora da UFRJ

VIVEIROS DE CASTRO, E.

FAUSTO,

C 1993. Puissance et l'acte: la

parente

dans

les basses terres

d'Amerique

du

Sud

.

L'Honlt lt

33 (2-4):

141-170

.

WAGLEY, Charles. 1977. Welcome

of

te

ars: the Tapirape Indians

of

Central Brazil.

Nova

York:

Oxford

University Press.

WAGLEY, C

GALV

Ao, E. 1949. The Tenetehara IrJdians

of

Brazi l: A culture

in transition.

Nova

York: Columbia University Press.

WILK, R. 1999. Consuming America. Anthropology Nelvsletter 40(2): 1,4.

WOORTMANN, Ellen. 1995. Herdeiros, parelltes e

com

padres. Sao Paulo/Brasilia:

Hucitec/Editora da UnB.

WOORTMANN,

Klaas. 1990. Com

parente nao

se neguceia:

0 campesinato

como ordem moral. Anuario

AntropoMgico/87: 11-76.

1997.

Sobre

a forma<;:ao

de

antrop610gos. Anuario AntropoMgico/96:

9-31.

ZALUAR,

Alba. 1985.

A maquina e a

revolta. s

organizafoes populares e

0

significado

da porbreza. Sao Paulo: Braziliense.

1993. Relativismo cultural

na

cidade?

Ant/ario AntropoMgico/90:

137-

156.

1994. Cidadaos nao vao ao paraiso. Sao Paulo: Escuta.

ZATZ, Ines. 1986.

Catireiros e candangos: a construfao de identidade

em

Planaitina,

DF. Brasilia: UnB, elisserta<;:ao de mestrado.

INTRODU<;:Ao

QUESTAo RACIAL

E ETNICIDADE

1

Lilia

K Moritz

SchJvarcz

Esse

texto

pretende realizar urn breve balanc,:o sobre os es

tudos

que

lidaram, nos ultimos vinte

anos, com

essas duas

tematicas, buscando, porem, inter-relaciona-las. 0

obje vo nao

e

esgotar a produc,:ao, mas refletir, a partir desses dois recortes,

sobre

particularidades

da

produc,:ao brasileira marcada

por

eixos

historicos e geograficos peculiares. Com efeiro, como 0 nativo

sempre

esteve

por

perto, a compreensao do outro

acabou

im -

1

Esclare<;:o que uma

parte

deste ensaio apoiou-se

no

artigo de minha

auto

rIa p_ublIcado

no

livro

HistOria da vida privada

IV

(1998).

Alem

elisso, em

fun<;:ao

do tamanho do texto optou-se por

nao

explorar, de forma mais

s l g n I f i c a ~ v a 0 debate intelectual contempodineo produzido fora do pais.

Na versao

final deste texto

procurei

incorporar varias criticas e

sugestoes

que

me foram feltas em eliferentes momentos. Agrade<;:o especialmente a

Omar RibeIro Thomaz, Marcos Chor Maio, Livio Sansoni (que comentou

o

texto na

r e ~ n i a o preparatoria

de outubro

de 1998), Sergio Miceli, Sergio

Adorno,

Mana

Tereza Sadek,

Renato

Lessa,

Eunice

Durham,

Maria

Lucia

Montes, Elisa Reis e Antonio Sergio Guimariies.