restauro e reabilita ÇÃo da antiga indÚstria hervy para a implantaÇÃo de um ce ntro cÍvico ...

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Esse trabalho propõe o restauro e a reabilitação antiga Cerâmica Indústria Osasco Ltda., posteriormente conhecida como Indústria Hervy.O projeto sugere a intervenção no espaço interno dessa Indústria (hoje abandonada) para a inserção de um Centro Cívico Municipal, motivado pela relação de identidade com Indústria Cerâmica e o desenvolvimento do município (bairro da capital paulistanaao longo do século XX) e a necessidade de um espaço que unifique os poderes municipais de Osasco

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  • 1

    UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

    ESCOLA DE ARTES, ARQUITETURA, DESIGN E MODA

    CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

    RESTAURO E REABILITAO DA ANTIGA INDSTRIA HERVY PARA A IMPLANTAO DE UM CENTRO CVICO EM OSASCO

    EVERTON DE MATOS

    SO PAULO

    2013

  • 2

    UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

    ESCOLA DE ARTES, ARQUITETURA, DESIGN E MODA

    CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

    RESTAURO E REABILITAO DE ESPAO INDSTRIAL PARA A IMPLANTAO DE UM CENTRO CVICO NO MUNICPIO DE OSASCO

    EVERTON DE MATOS

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado

    Banca Examinadora do Curso de Arquitetura e

    Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi,

    sob orientao da professora Dra. Melissa

    Ramos da Silva Oliveira.

    SO PAULO

    2013

  • 3

    Fisicamente, habitamos um espao, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memria.

    Jos Saramago

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus por ter me dado pacincia e determinao durante esses

    cinco anos de faculdade e no ter me deixado influenciar pelas comodidades,

    sempre me apoiando a seguir pelo caminho da rduo, porm com maiores

    vantagens ao final. Agradeo a todos os meus formadores (pais, professores

    desde os do colgio at os universitrios, equipe de trabalho e amigos) que

    influenciaram direta ou inidretamente na formao de quem eu sou hoje.

    O agradecimento em especial para Jos Luis A. de Oliveira, historiador

    local que me apoiou com diversos contedos e me auxilou a encontrar

    informaes que no teria se no fosse pela ajuda dele e pelo intermdio do

    Andr, amigo em comum.

  • 5

    SUMRIO

    INTRODUO ................................................................................................... 9

    METODOLOGIA ............................................................................................... 10

    CAPTULO 1 - OSASCO ................................................................................ 11

    1.1 O Nascimento de Osasco ....................................................... 11

    1.1.1 O progresso atravs do trem .................................................. 14

    1.1.2 A Vila Osasco ......................................................................... 16

    1.2 Panorama da cidade atual ...................................................... 19

    1.3 A Sede Administrativa de Osasco ........................................... 20

    1.3.1 Cmara dos Vereadores ......................................................... 20

    1.3.2 Prefeitura e Secretarias .......................................................... 23

    CAPTULO 2 - O ENTORNO ......................................................................... 25

    CAPTULO 3 - A PRIMEIRA INDSTRIA DE OSASCO ................................ 33

    3.1 A Indstria Cermica Sensaud de Lavaud & Cia. ................... 33

    3.2 Levantamento Atual ................................................................ 37

    CAPTULO 4 - REFERNCIAS PROJETUAIS .............................................. 42

    4.1 Sesc Pompeia ......................................................................... 42

    4.2 O Uso Como Referncia ......................................................... 44

    4.3 Pao Municipal de Bilbao ........................................................ 45

    4.4 Uso como Referncia.............................................................. 47

    CAPTULO 5 - PROJETO .............................................................................. 48

    5.1 Programa de necessidades .................................................... 49

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 50

  • 6

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1.1 - Vila Operria em Osasco ........................................................... 13

    Figura 1.2 - Estao de Osasco no inicio de suas operaes. ...................... 15

    Figura 1.3 - Fazendas em Osasco no final do sculo XIX ............................. 16

    Figura 1.4 - Incio da Produo na Indstria ABB .......................................... 17

    Figura 1.5 - Meios de Transporte de Osasco no inicio da dcada de 40 ....... 18

    Figura 1.6 - Primeira Sede da Prefeitura, em 1962. ...................................... 20

    Figura 1.7 - Cmara Municipal de Osasco .................................................... 21

    Figura 1.8 - Localizao da Prefeitura e Camara dos Vereadores ................ 21

    Figura 1.9 - Organograma de Funcionamento do Legislativo Municipal ........ 22

    Figura 1.10 - Prefeitura Municipal - Vista Avenida Bussocaba ...................... 24

    Figura 1.11 - Secretarias Separadas da Prefeitura ........................................ 24

    Figura 2.1 - Mapa de Uso Atual do Solo ....................................................... 25

    Figura 2.2 Pred. Residencial - Rua Reverendo Euclides Pereira ............... 26

    Figura 2.3 - Uso Misto - Comrcios e Servios.............................................. 26

    Figura 2.4 - Garagem da CPTM - Rua Zuma de S Fernandes ................... 27

    Figura 2.5 - Pred. Indstrial - Avenida Marechal Rondon ............................. 27

    Figura 2.6 Pred. Servios - Avenida Presidente Kennedy .......................... 28

    Figura 2.7 Principais Vias ............................................................................. 28

    Figura 2.8 - Complexo virio Fuad Auada ..................................................... 29

    Figura 2.9 - Rodovia Castelo Branco ............................................................. 29

    Figura 2.10 - Via Adjacente a Indstria - Baixo Fluxo de Veculos ................ 30

    Figura 2.11 Meios Pblicos de Transporte para Acesso ao Local ................ 30

    Figura 2.12 - Rodoviaria de Osasco ............................................................. 31

    Figura 2.13 - Estao de Trem de Osasco - Recm Re-inaugurada ............ 31

    Figura 2.14 - Terminal de nibus - Largo de Osasco .................................... 32

    Figura 3.1 - A Indstria Cermica Sensaud de Lavaud ................................. 34

    Figura 3.2 - Escritorio da Cermica Indstrial Osasco em Nankin................. 35

  • 7

    Figura 3.3 - Panoramica da Indstria (1906) ................................................ 36

    Figura 3.4 - Vila Operria em 1922 ................................................................ 37

    Figura 3.5 - Planta de Localizao das Imagens ........................................... 38

    Figura 3.6 - Fachada Sudoeste ..................................................................... 38

    Figura 3.7 - Fachada Noroeste - Fundos ....................................................... 39

    Figura 3.8 - Fachada Noroeste Frente ........................................................... 40

    Figura 4.1 - Imagem do SESC Pompia ........................................................ 42

    Figura 4.2 - rea ocupada pelo SESC .......................................................... 43

    Figura 4.3 - Anlise do espao ...................................................................... 43

    Figura 4.4 - Rua Interna ................................................................................. 44

    Figura 4.5 - Fachada do Pao Municipal de Bilbao ....................................... 45

    Figura 4.6 - Implantao ............................................................................... 46

    Figura 4.7 - Planta Tipo ................................................................................. 46

    Figura 4.8 Corte indicativo de uso ................................................................ 47

    Figura 4.9 - Varanda Jardim .......................................................................... 47

  • 8

    UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

    ESCOLA DE ARTES, ARQUITETURA, DESIGN E MODA

    CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

    RESUMO

    RESTAURO E REABILITAO DE ESPAO INDSTRIAL PARA A IMPLANTAO DE UM CENTRO CVICO NO MUNICPIO DE OSASCO

    Everton de Matos

    Esse trabalho prope o restauro e a reabilitao antiga Cermica Indstrial

    Osasco Ltda., posteriormente conhecida como Indstria Hervy.

    O projeto sugere a interveno no espao interno dessa Indstria (hoje

    abandonada) para a insero de um Centro Cvico Municipal, motivado pela

    relao de identidade com Indstria Cermica e o desenvolvimento do municpio

    (bairro da capital paulistana ao longo do sculo XX) e a necessidade de um

    espao que unifique os poderes municipais de Osasco.

    Palavras chave: centro cvico Hervy - indstria cermica - patrimnio indstrial -

    Osasco

  • 9

    INTRODUO

    No inicio do sculo XX, os senhores do caf inspirados na indstrializao

    que estava se consolidando na Europa decidem investir no desenvolvimento

    indstrial em terras brasileiras. So Paulo por fator logstico, recebeu grande parte

    desses investimentos, pois assim como no caso do trfego do caf, os bens

    indstrializados poderiam ser escoados atravs das diversas vias frreas

    existentes, na poca, do interior para o porto.

    Osasco, vila na regio oeste da capital passa a se desenvolver tambm aos

    moldes do que ocorria na Capital do estado. Seu centro passa por uma

    transformao impulsionada pelo idealizador italiano Antonio Ag, que busca

    realizar seu sonho de consolidar um bairro na fazenda adquirida no fim do sculo

    XIX.

    Impulsionado pelo desenvolvimento da regio e descontentes com a

    administrao pblica da prefeitura da capital, a emancipao no tardaria a vir, e

    no ano de 1961 a vila passa a ser reconhecida como cidade.

    O caminho pelo desenvolvimento desviou-se da conservao da sua

    histria edificada. Diversas fbricas, comrcios e casas com arquiteturas

    correspondentes a seu passado cederam lugar a grandes redes de varejo, ou se

    descaracterizaram com o passar do tempo.

    Com o propsito de preservar parte dessa histria sobrevivente do

    municpio, desenvolve-se esse projeto de restaurao e reabilitao dos espaos

    da Indstria Hervy (hoje abandonada) com a atual necessidade de se estabelecer

    um centro cvico para a cidade.

    O projeto consiste em uma proposta de intervir no espao sem

    descaracterizar a marca da indstria no centro da cidade. O intuito maior

    entender que preservar no parar no tempo, mas sim dar novas utilidades a

    espaos mantendo suas caractersticas ao mesmo tempo em que se conserva a

    memria e a identidade do municpio.

  • 10

    METODOLOGIA

    Para a realizao desse trabalho foi realizado um levantamento no Centro de

    Documentao Histrica de Osasco, onde pode-se encontar muito contedo

    atravs de livros para o desenvolvimento do contedo histrico da cidade. Sitios

    da internet e uma edio especial do jornal local em comemorao ao aniverrio

    da cidade foram outra fontes de consultas para que pudesse concluir este.

    Parte das imagens foram coletadas desse mesmo Centro de Documentao

    Histrica e outras foram oriundas da colaborao Jos Luis de Oliveira,

    pesquisador local, durante uma entrevista realizada no dia 07/04/2013 que

    contribuiu para o enriquecimento de infromaes nesse trabalho.

    As visitas feitas in loco e o relatrio fotogrfico gerado atravs dele foram

    necessrias para que fosse identificado os pontos de degradao da edificao.

    No foi possvel ultrapassar os limites da indstria, pois a visitao no foi

    autorizada, o que prejudicou em parte maior detalhamento das condies atuais

    da Indstria Cermica Hervy.

  • 11

    CAPTULO 1 - OSASCO

    A cidade de Osasco, assim como a Capital, tiveram as questes logsticas

    influenciando diretamente seu crescimento. A migrao europeia, principalmente

    italiana para a regio, em especial de Antonio Ag, aos poucos transformou o

    ncleo rural em loteamentos que ganhou suas primeiras casas e indstrias.

    Ainda distrito da cidade, Osasco se v abandonada pela adminstrao

    pblica da Capital, e recorre a emancipao para tornar-se municpio e assim

    poder atentar-se para as carncias da nova cidade que estava surgindo.

    1.1 O Nascimento de Osasco

    Em linha de tempo, conseguimos atravs de escrituras lavradas em

    Cartrios de Notas datar apenas a partir de 1880, as posses das terras

    osasquences, que girava em torno do Km 16 da antiga Estrada de Ferro

    Sorocabana. De acordo com tal referncia, pode-se dizer ainda que a compra e

    venda, partilha e outros instrumentos jurdicos comearam aparecer um ano

    depois e com base nesses documentos que se afirma que nesse local criava-se

    e engodava-se gado, em 1880, e esses animais eram vendidos para So Paulo ou

    Santana de Parnaba. Alm de gado, nos stios, normamente de 80 a 120

    alqueires eram plantados milho, mandioca e cana-de-acar (DANUSA, 2008).

    Entretanto, segundo Danusa (2008), com o solo rico em argila, o interesse

    de compra, venda ou permuta em qualquer lugar prximo ao rio Tiet, estimularam

    a ocupao da regio por olarias que usava a matria prima abundante no local

    para a fabricao de seus produtos. O fator logstico impulsionou muito essa

    questo, sendo que a produo poderia ser escoada atravs de trs meios: por

    barcas, que navegavam no rio Tiet; por meio carroas atravs da estrada

    provincial So Paulo-It (atual Avenida dos Autonomistas); ou ainda uma

    plataforma para carregar a produo em trens que, na poca, era mais rpido e

    seguro.

  • 12

    Antonio Ag tomou como referncia o desenvolvimento dessa cidade e ao

    mudar-se para So Paulo aplicou o progresso em suas terras no entorno do KM

    16 da estrada de Ferro Sorocabana, em So Paulo, local escolhido para realizar o

    sonho de construir um bairro (OLIVEIRA, 2003).

    No Km 16 da Ferrovia Sorocabana o desenvolvimento das olarias tambm

    caminhava em ritmo de So Paulo. J existiam as olarias de Delfino Cerqueira,

    Joo Pinto Ferreira e Joo Brito. interessante observar o comentrio de Alice

    Canabrava em seus estudos sobre as chcaras paulistanas:

    (...) encontra-se tambm a atividade agrcola ligada a uma produo indstrial

    baseada no solo, a fabricao de telhas e tijolos. Nessas chcaras, a olaria

    encontra-se associada ao pomar de rvores frutferas em geral, e at h videira,

    para a fabricao de vinho (...) (CANABRAVA, 1953).

    Conforme explicado por Danusa (2008), as terras adquiridas por Antnio

    Ag tinham exatamente o perfil de chcara paulistana definida por Alice

    Canabrava. A raridade se encontra no fato de o sitio Ilha de So Joo ter sido a

    primeira propriedade da regio do Km 16 vendida a um italiano. Alis, por um bom

    tempo, at 1902, esse foi o nico stio que passou de mos brasileira para

    estrangeiros

    Ao que tudo indica, o ncleo central de Osasco iniciou-se em torno da

    Estrada de Ferro Sorocabana, abrangendo o Largo de Osasco, as ruas da

    Estao e outra do entorno. Quando comprou essas terras, Ag j tinha em mente

    fazer de Osasco um grande ncleo de desenvolvimento. Um de seus objetivos era

    atrair capitais de So Paulo para Osasco. E, por isso, procurou dar a cidade

    condies de moradia, vendendo parte de suas terras, prximas estrada de

    ferro, a diversas famlias de origem italiana (OLIVEIRA e NEGRELLI, 1992)

    A primeira caracterstica da formao urbana da Vila foi atravs das vilas

    operrias, de acordo com Danusa (2008). A grande maioria dos pequenos

    proprietrios dos lotes comprados de Ag o fazia para ter um espao de terra para

    moradia e outros investiam na instalao de pequenas fbricas.

  • 13

    Uma caracterstica marcante desse perodo, segundo Danusa (2008), que

    99% dos proprietrios dos lotes da estao de Osasco eram italianos.

    O perodo de maior nmero de escrituras de compra e venda foi entre 1898

    e 1899. No havia projeto de loteamento 1antes da venda ou da construo da

    moradia. Primeiro se fazia a casa, depois que se media e demarcava o lote. O

    nico mapa de uma proposta de loteamento foi feito pelo arquiteto Jlio Saltini,

    entre 1907 ou 1908. Mas isso nunca chegou a ser colocado em prtica, confome

    relatado por Danusa (2008).

    Tal falta de planejamento atrapalhou apenas a simetria dos lotes, mas no

    a preocupao de ter caladas, de definir e nomear ruas, avenidas e largos. As

    caladas tinham dois metros de largura. As ruas Primitiva Vianco, Antnio Ag e

    Joo Batista j existiam e iam do Largo da Estao at a estrada Provincial So

    Paulo-It, o que ainda hoje empresta cidade a idia de que no largo da Estao,

    est o Arco do Triunfo, como em Paris, s que em Osasco o triunfo ficou com os

    imigrantes que conseguiram se estabelecer, progredir, criar razes (DANUSA,

    2008).

    Figura 1.1 - Vila Operria em Osasco

    Fonte: Cmara dos Vereadores do Municipio de Osasco

    1 Esse mapa se encontra no Anexo I

  • 14

    Em 1892, devido a febre amarela que assolou So Paulo, as vilas operrias

    passaram a ter normas tcnicas para sua construo. Tal condio se estendia

    tambm para a ento Vila Osasco, que integrava na poca o distrito paulistano da

    Consolao (DANUSA, 2008).

    De acordo com Danusa (2008), diferente do que acontecia na Capital, em

    Osasco, as habitaes operrias estavam ligadas a determinada indstria. As do

    Frigorfico Continental eram as mais organizadas e tambm com melhores

    condies de higiene. Diferente dessa, as habitaes dos operrios da Cermica

    Indstrial Osasco ou Sensaud de Levaud & Cia eram precrias.

    1.1.1 O progresso atravs do trem

    Tal como So Paulo, o centro da Villa Osasco, no perodo de Ag,

    progrediu a grandes passos. Enquanto os seus vizinhos ainda trabalhavam com

    foco na plantao e na pecuria, Ag tinha o foco de, alm disso, conseguir

    desenvolver um bairro em seu stio. Dessa forma empenhou todos os esforos

    para viabilizar o desenvolvimento de sua rea contendo um armazm para carga e

    descarga, comrcios diversos, fbricas, cooperativas de abastecimento e as

    diversas casas recm-loteadas (DANUSA, 2008).

    O progresso econmico obtido atravs das vias frreas inquestionvel.

    So Paulo se tornou a locomotiva brasileira, atravs da associao entre

    cafezais e vias frreas. Trens eram o meio de transporte mais rpido, barato e

    eficiente para escoar a produo agrcola ou indstrial dos lugares mais distantes

    para o Porto de Santos.

  • 15

    Figura 1.2 - Estao de Osasco no inicio de suas operaes.

    Fonte: Estaes Ferrovirias

    Como dito no incio do texto, no Km 16 da Ferrovia Sorocabana, havia um

    prtico e esse era usado como ponto para transportar a produo desse local e

    pessoas. Essa singela forma de parada de trem no chegava a ser uma estao

    que determinava um ponto constante de carga e descarga e tornava parava

    obrigatria dos trens. Devido a essa condio precria, o departamento de

    trfego da Companhia Sorocabana passou a exigir uma estao intermediria

    entre So Paulo e Barueri, em 1894.

    Em agosto de 1895, o superintendncia declarou aberta uma estao no

    km 16. Nesse mesmo ano, em setembro, o relatrio apresentado aos acionistas

    da Cia. Unio Sorocabana e Ituana continha os servios realizados: foram

    estabelecidos dois desvios: um no km 3 da linha Porto Martins-So Manuel, de

    100m, e outro, no km 16, de 250m, na estao Osasco, para os trens de carga.

    Nesse mesmo ano, a estao de Osasco j era uma realidade. No ano

    seguinte ela foi ampliada por Antonio Ag, passando a fazer parte do projeto

    original uma sala de visitantes.

  • 16

    1.1.2 A Vila Osasco

    No incio do sculo XX, Osasco j se consolidava com um bairro operrio.

    Nele, habitavam mais de 300 famlias, ligadas a atividades indstriais e comerciais

    desenvolvidas por Antnio Ag e os demais empresrios.

    O bairro operrio contava com um restaurante, de propriedade de Emlio

    Barbiani; comrcio de gneros alimentcios de Jos Lisboa; loja de fazendas de

    Guiseppe Miguel; fbrica de cerveja de Gioni & Miguel; louas e produtos

    alimentcios dos Irmos Gianetti, que era uma fbrica de massas e padaria,

    localizada no Largo da Estao, onde hoje est a loja Marisa; a Cooperativa de

    Produtos Alimentcios da Cermica Sensaud de Lavaud, que ficava na rua da

    Estao, e as olarias dos Irmos Rovay, onde anteriormente era a olaria de Jos

    Manuel Rodrigues ou Olaria So Joo.

    Figura 1.3 - Fazendas em Osasco no final do sculo XIX

    Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira

    Havia ainda os seguintes comrcios: Jos Carletto, com gneros

    alimentcios; Csar Mischer, tambm com gneros alimentcios; o sapateiro Joo

    Tonto, o funileiro Cheso Baptiste e a quitanda de Aliere Giovanni.

    As primeiras ruas j estavam ocupadas com moradias. Primitiva Vianco,

    Enrico Dellcqua (atual Antonio Ag), Giovanni Brcola (atual rua Joo Batista), o

  • 17

    largo dos Operrios (onde hoje est a praa Marques de Herval), a rua da

    Estao, entre tantas outras que tiveram seus nomes mudados com o passar dos

    anos.

    Nada muda da noite para o dia e o distrito de Osasco vivia as mesmas

    dificuldades do Brasil. Porm, algumas mudanas comeam a acontecer. o caso

    do nmero de habitantes no distrito, que comea a dcada com 15.258 e termina

    com 41.328. Em uma dcada a populao quase que triplica (DANUSA, 2008).

    Figura 1.4 - Incio da Produo na Indstria ABB

    Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira

    Trs grandes indstrias se instalam praticamente no centro da cidade.

    Indstria Eltrica Brown Boveri S/A. Ao lado desta, a Eternit do Brasil Cimento

    Amianto S/A e a mais distante das duas anteriores, porm mais prxima do centro

    e que ainda hoje est na cidade, a Indstria de Artefatos de Ferro - CIMAF. Estas

    se somam as que j estavam nas dcadas anteriores como a Frigorfico Wilson do

    Brasil S/A, que passa a ocupar as instalaes do antigo Frigorfico Continental. A

    Hervy S/A que passa a ocupar as instalaes da Cermica Indstrial Osasco. O

    Cotonifcio Beltramo, que ocupa as instalaes da antiga Fbrica de Tecidos

    Hernique Dell cqua. E ainda a Cia. Sorocabana de Material Ferrovirio - SOMA,

    onde hoje est a oficina da CPTM (DANUSA, 2008).

  • 18

    Alm das grandes indstrias, o comrcio se mantinha estvel no distrito,

    pois as grandes indstrias mantinham suas cooperativas de abastecimento. Nos

    bairros em formao, no entanto, este comrcio era de comerciantes. o caso da

    Casa Rosa, que ficava no loteamento da Vila Yolanda na Av. Delfino Cerqueira.

    Com esse crescimento, em 1944, Osasco passou de zona distrital para

    subdistrito da cidade de So Paulo. Mas os problemas se acumulavam: faltavam

    servios bsicos, como transporte, hospitais e escolas para a populao que

    crescia (COTIDIANO WEB DIRIO, 2010).

    Figura 1.5 - Meios de Transporte de Osasco no inicio da dcada de 40

    Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira

    Segundo Sanazar (2013), devido a insatisfao dos moradores da regio

    com a administrao pblica da Capital, surgiu a Sado (Sociedade Amigos do

    Distrito de Osasco) cujo primeiro diretor era o dentista Reynaldo de Oliveira. O

    grupo tinha como objetivo reivindicar da Capital melhores condies para o bairro.

    Nessa luta, iniciava-se tambm o movimento emancipacionista, que em

    1952, tornou-se mais atuante, inclusive com a vinda de deputados ao ento distrito

    para falar da questo da emancipao.

    No ano seguinte, foi marcada uma consulta popular sobre o tema na qual a

    populao deveria marcar sim ou no para a emancipao. Nessa vez o no

    venceu (SANAZAR, 2013).

  • 19

    Dado a isso, o movimento comeou a estudar o motivo dessa derrota e

    percebeu que a influncia de falsas promessas do ento prefeito de So Paulo,

    Jnio Quadros, que prometia um mercado municipal e uma linha de nibus para

    So Paulo foi o que impulsionou esse resultado (SANAZAR, 2013).

    Cinco anos mais tarde fora retomada a luta. Pelas leis da poca, para haver

    plebiscitos era necessrio que pelo menos um tero dos eleitores de Osasco se

    inscrevessem at o dia 30 de abril. A meta foi alcanada e a votao foi marcada

    para 21 de dezembro desse mesmo ano. Dessa vez, com a maioria dos votos a

    favor da emancipao, escndalos de fraude nas eleies vieram a tona e

    entraves judiciais impediram as primeira seleies municipais (SANAZAR, 2013).

    As eleies finalmente ocorreram e Hirant Sanazar foi eleito o primeiro

    prefeito de Osasco, em 4 de fevereiro de 1963. Em 7 de fevereiro ocorreu sua

    diplomao, junto com os vereadores eleitos, e no dia 19 de fevereiro aconteceu

    sua posse fato que tornou Osasco oficialmente uma cidade (PIRES, 1991).

    1.2 Panorama da cidade atual

    Cinquenta e um anos aps sua emancipao, a cidade vive uma nova

    realidade. Sendo uma das principais cidades do Brasil, Osasco, viu-se

    transformar-se aos poucos em uma cidade de servios e comrcio afastando-se

    aos poucos da caracterstica indstrial.

    Hoje a cidade sede de grandes empresas e possui uma boa infraestrutura

    no que diz respeito a comrcio e servios. Segundo nmeros do PIB, Osasco a

    12 maior cidade do Brasil e a 4 maior do estado de So Paulo (IBGE, 2009), com

    renda per capita de R$ 47 342,34 (IBGE, 2009) e IDH de 0,818 (PNDU, 2010).

    Possui uma boa malha viria, sendo o fator logstico um atrativo para a

    instalao de diversas empresas, geralmente na proximidade das rodovias que

    cortam o municpio (Rod. Castelo branco, Rod. Anhanguera, Rod. Raposo

    Tavares e Rodoanel Mrio Covas). Possui diversas linhas intermunicipais que

    conectam Osasco diversas cidades da Regio Metropolitana de So Paulo.

    A cidade possui cinco estaes ferrovirias e duas linhas de trem.

  • 20

    1.3 A Sede Administrativa de Osasco

    Figura 1.6 - Primeira Sede da Prefeitura, em 1962.

    Fonte: Osasco Contando Histria

    Aps a emancipao do municpio, a cidade se organiza para a criao de

    uma sede, em que se edifica o centro do poder da nova cidade. De 1961 at a

    hoje, essa sede se mudou de endereo, de espao, mas at hoje ainda existe a

    necessidade de uma mudana para adaptao ao grande crescimento que a

    cidade vem tendo nas ltimas dcadas.

    Hoje encontra-se segregado as sedes dos poderes legislativo e executivo.

    As secretarias esto em grande parte no mesmo prdio que ficam a prefeitura da

    cidade, geralmente em locais improvisados e sem condies de atender a

    demanda de pblico que a frequenta diariamente.

    1.3.1 Cmara dos Vereadores

    Situada na regio central da cidade de Osasco, na Avenida dos

    Autonomistas, a Cmara dos Vereadores de Osasco uma espao totalmente

    independente da sede administativa do municpio, considerando os aspectos

    fsicos.

  • 21

    Figura 1.7 - Cmara Municipal de Osasco

    Fonte: Google Street View

    Figura 1.8 - Localizao da Prefeitura e Camara dos Vereadores

    Fonte: Google Earth

    Organizao: Matos, 2013

    Possui 21 vereadores e uma rea estimada 2700m (Google Earth). A

    Cmara de Vereadores de Osasco tem a seguinte estrutura para possibilitar o

    funcionamento do Poder Legislativo

    Prefeitura

    Cmara dos Vereadores

    Terreno da Interveno

  • 22

    Figura 1.9 - Organograma de Funcionamento do Legislativo Municipal

    Fonte: Camara dos Vereadores de Osasco

    O site da Cmara dos Vereadores do Municpio descreve o funcionamento de

    cada uma dessas reas, possibilitando assim a estimativa de espaos necessrios

    para a concepo do projeto.

    Secretaria Administrativa da Cmara - rgo que responde pela

    prestao dos servios administrativos de natureza burocrtica, incumbindo-se do

    expediente, da correspondncia, das publicaes e demais atribuies

    administrativas da Cmara, como os Anais, que reproduzem os acontecimentos

    ocorridos durante as sesses da Cmara, traduzidos pelas notas taquigrficas.

    Assessoria Tcnica Legislativa - Atua na elaborao de pareceres

    tcnico-legislativos a fim de elucidar proposies a serem deliberadas pelo

    Plenrio e no assessoramento Mesa da Cmara quanto aos assuntos

    legislativos e jurdicos. Assessora tambm os Vereadores na orientao dos

    trabalhos legislativos e na elaborao das proposies, limitando-se a colaborar

    no aprimoramento formal e tcnico das leis e resolues.

    Assessoria Jurdica - Cuida dos aspectos legais dos atos da Cmara,

    emite pareceres sobre a constitucionalidade, legalidade dos projetos

    encaminhados pelos Vereadores, quando solicitados. D assistncia a todos os

  • 23

    processos licitatrios, funcionais, judiciais e assiste tambm ao Presidente e aos

    Vereadores durante as sesses.

    Diretor-Secretrio da Administrao Legislativa da Cmara - o

    funcionrio que supervisiona as tarefas administrativas em apoio Presidncia e

    aos Vereadores no desenvolvimento dos trabalhos legislativos.

    Diviso de Servios Parlamentares - Cuida de toda a correspondncia,

    da montagem dos processos e dos projetos, controlando o andamento destes; das

    sesses solenes; do expediente de toda forma de contato da Casa; do arquivo das

    leis; dos processos de denominao de ruas: do protocolo; da elaborao de

    estatsticas; relatrio anual; dos autgrafos; do atendimento ao pblico e do

    fornecimento de cpias de leis.

    Gabinete dos Vereadores - Local dentro da edificao da Cmara onde o

    Vereador recebe seus correligionrios, seus conhecidos, os moradores que

    buscam contato para os mais diferentes objetivos, quer para sugestes de leis,

    quer para reivindicaes de melhorias em suas comunidades. como se fosse um

    escritrio onde ele exerce suas atividades de contato, de preparao de suas

    matrias.

    1.3.2 Prefeitura e Secretarias A sede administativa do municpio possui uma instalao precria e

    aparentemente improvisada para abrigar no apenas a prefeitura e suas

    respectivas repartise, mas tambm grande parte das secretarias municipais.

    Possui aproximadamente 8.550 m de rea construda e uma grande

    movimentao de pessoas em seu interior, tanto funcionrios quanto muncipes,

    principalmente nas secretarias de finanas e no Departamento de Uso e Controle

    do Solo (ligado a Secretaria de Habitao e Desenvolvimento Urbano)

  • 24

    Figura 1.10 - Prefeitura Municipal - Vista Avenida Bussocaba

    Fonte: Encontra Osasco

    Atualmente, o municpio possui 18 secretarias, sendo 11 delas no mesmo

    edifcio da prefeitura e as demais espalhadas pela cidade conforme mapa abaixo:

    Figura 1.11 - Secretarias Separadas da Prefeitura

    Fonte: Google Earth

    Organizao: Matos 2013

    Prefeitura

    Cmara dos Vereadores

    Secretarias

    Terreno da Interveno

  • 25

    CAPTULO 2 - O ENTORNO

    A regio da antiga indstria cermica possui uma relao de proximidade

    entre o centro e a zona norte da cidade. Fica entre o Rio Tiet, Rodovia Castelo

    Branco e a Linha Frrea possuindo bom acesso tanto para que usa transporte

    privado quanto coletivo.

    A quadra em que est situada, provavelmente por no ter hoje nenhum

    grande atrativo, possui um fluxo de veculos fraco, diferente da via paralela de

    acesso que leva ao centro, cujo fluxo intenso principalmente em horrios de pico

    de veculos oriundos da zona norte da cidade ou do interior sentido capital pela

    Rodovia Castelo Branco.

    O fluxo de pessoas intenso em horrio comercial, principalmente dado a

    proximidade com a Estao Osasco. Devido a linha frrea, essa estao o nico

    vnculo direto entre o centro da cidade e a regio da antiga indstria cermica.

    Figura 2.1 - Mapa de Uso Atual do Solo

    Fonte: Google Earth

    Organizao: Matos, 2013

    Predominante - Residencial

    Misto - Comrcio e Servios

    Garagem CPTM

    Terreno da Interveno

    Predominante - Indstrial

    Predominante - Servios

  • 26

    Figura 2.2 Pred. Residencial - Rua Reverendo Euclides Pereira

    Fonte: Google Street View

    Figura 2.3 - Uso Misto - Comrcios e Servios

    Fonte: Google Street View

  • 27

    Figura 2.4 - Garagem da CPTM - Rua Zuma de S Fernandes

    Fonte: Google Street View

    Figura 2.5 - Pred. Indstrial - Avenida Marechal Rondon

    Fonte: Google Street View

  • 28

    Figura 2.6 Pred. Servios - Avenida Presidente Kennedy

    Fonte: Google Street View

    Figura 2.7 Principais Vias

    Fonte: Google Street View

    Organizao: Matos, 2013

    Via de Trafego Fraco

    Via de Trafego Moderado

    Via de Trafego Intenso

    Terreno da Interveno

  • 29

    Figura 2.8 - Complexo virio Fuad Auada

    Fonte: Construbase

    Figura 2.9 - Rodovia Castelo Branco

    Fonte: Alex Falco/ Futura Press/ Terra Noticias

  • 30

    Figura 2.10 - Via Adjacente a Indstria - Baixo Fluxo de Veculos

    Fonte: Matos, 2013

    Figura 2.11 Meios Pblicos de Transporte para Acesso ao Local

    Fonte: Google Earth

    Organizao: Matos, 2013

  • 31

    Figura 2.12 - Rodoviaria de Osasco

    Fonte: Sempretops.com

    Figura 2.13 - Estao de Trem de Osasco - Recm Re-inaugurada

    Fonte: Falle Criativo

  • 32

    Figura 2.14 - Terminal de nibus - Largo de Osasco

    Fonte: Jornal Pgina Zero

  • 33

    CAPTULO 3 - A PRIMEIRA INDSTRIA DE OSASCO

    A revoluo indstrial do Brasil foi tardia e financiada pelo sucesso

    internacional das lavouras de caf. A inteno de muitos fazendeiros era

    diversificar seus investimentos atravs do processo indstrial (OLIVEIRA, 2003).

    As crises foram rotinas no Brasil e a sada foi sempre procurar novas ideias

    e novos produtos. Assim, mesmo sendo dono de uma fbrica de tijolos e telhas

    (que eram os produtos mais promissores no mercado consumidor da poca), o

    Ag sofria, como todos os outros brasileiros, com a falta de capital de giro -

    dinheiro. Isso o forou a buscar alternativas para expandir e diversificar sua

    produo (DANUSA, 2008, OLIVEIRA, 2003)

    Mesmo a construo de taipa sendo trocada pela de alvenaria, as dvidas e

    custos do fundador de Osasco eram altos demais para que mantivesse seus

    negcio funcionando. J havia vendido diversos lotes de terra. Com dificuldade,

    pagava seus emprstimos a bancos e a credores, mas a sada para a crise s

    surgiu quando o mesmo arrendou sua cermica para o engenheiro Evaristhe

    Sensaud de Lavaud (DANUSA, 2008).

    O ento engenheiro francs estava em busca de jazidas de cermicas ou

    de algum que necessitasse de sua apurada tcnica e pesquisa. Possua patentes

    para fazer um tipo especial de calamento de ruas. Para fabricar esse tipo de

    calamento e aumentar a produo j existente, a olaria de Antnio Ag precisava

    de um forno de fogo contnuo. Arrendar a cermica para Evaristhe foi a sada que

    Antnio Ag encontrou para sua crise econmica particular (OLIVEIRA, 2003).

    3.1 A Indstria Cermica Sensaud de Lavaud & Cia.

    O arrendamento da indstria foi no ano de 1898. Nessa poca, a olaria

    tinha duas fbricas: uma de telhas e outra de tijolos. O arrendamento compreendia

    as duas fbricas, formas, galpes, mquinas, utenslios, animais e carros. A

    construo destas duas fbricas ficava a 25m do eixo da linha frrea. Ligado a

  • 34

    esse arrendamento, estava tambm uma rea de 40 mil metros quadrados, onde

    se encontrava a escavao para a retirada de argila (DANUSA, 2008).

    Figura 3.1 - A Indstria Cermica Sensaud de Lavaud

    Fonte: Camara dos Vereadores do Municipio de Osasco

    O contrato de arrendamento duraria at 1908. Ao Baro Evaristhe ficava a

    obrigao de pagar doze contos de ris por ano ao locador Antnio Ag. O

    pagamento deveria ser feito atravs de prestaes trimestrais de trs contos de

    ris. J o locatrio ficava com todo o produto existente na fbrica, tanto cru como

    cozido, sendo que a importncia dos produtos seria paga ao arrendatrio em 90

    dias (OLIVEIRA, 2003).

  • 35

    .

    Figura 3.2 - Escritorio da Cermica Indstrial Osasco em Nankin

    Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira

    Para mudar os galpes j existentes, o Baro poderia mud-los de lugar

    (como de fato o fez), mas no podia desfazer-se deles. Outro direito do locador

    era deixar ou no o doutor Jos Feliciano de Almeida Rosa passar nos terrenos

    arrendados junto a olaria, bem como permitir que o fabricante de vinho Pierre

    Darriet continuasse com sua fbrica de vinho nos terrenos da olaria, conforme

    descrito por Danusa (2008).

    Todas as benfeitorias realizadas pelo arrendador nesses dez anos ficariam

    pertencendo ao proprietrio, terminado o prazo do contrato. No entanto, o locatrio

    poderia dispor de toda a argila e areias encontradas nos terrenos arrendados, no

    s para fabricao dos produtos como para vender (DANUSA, 2008).

  • 36

    Figura 3.3 - Panoramica da Indstria (1906)

    Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira

    De acordo com Danusa (2008), uma das clusulas deste contrato usada

    pelo locador foi a do valor total da fbrica, bem como a forma de pagamento. 50

    contos de ris, na ocasio de lavratura da escritura de compra e venda, 50 contos

    de ris no fim de dois anos e mais 50 ao fim de trs anos, contados da data em

    que esta escritura de compra e venda fosse assinada em cartrio. Os juros seriam

    de 1% ao ms, tendo como garantia os imveis existentes. Caso o Baro fizesse

    sociedade com outras pessoas, o locador, Antnio Ag, se comprometia em

    aumentar o preo de compra para 150 contos de ris, sendo que 100 contos

    ficariam para a formao do capital da sociedade. Desta forma, a indstria

    custaria na verdade 50 contos de reis.

    O baro construiu e manteve um forno de fogo contnuo por alguns anos. O

    sistema do forno chamava-se Sensaud e tinha 22 compartimentos para queimar

    tijolos e telhas; 47 metros de comprimento por 7m de largura e 3 de altura. As

    dimenses do forno so fornecidas por Antnio Francisco Bandeira Jnior, em seu

    livro A Indstria no Estado de So Paulo em 1901.

  • 37

    Figura 3.4 - Vila Operria em 1922

    Fonte: Coleo Particular de Jose Luiz A. de Oliveira

    Em cinco anos, a tecnologia do fogo contnuo foi substituda por fornos

    semi-contnuos e intermitentes. Para construir o seu primeiro forno de fogo

    contnuo, o Baro teve de arrumar capital para investimento. na busca desse

    capital adicional que surge a firma Sensaud de Lavaud & Cia que supostamente

    mais tarde originaria a Cermica Indstrial Osasco Ltda. Que ainda existe, porm

    com produo reduzida e com o nome fantasia "Hervy" (referente ao nome de seu

    Diretor Comercial, Hermman Levy) (DANUSA, 2008).

    3.2 Levantamento Atual

    Atualmente, a indstria encontra-se desocupada. Suas atividades

    terminaram oficialmente no ano de 1992, em Osasco, sendo sua planta indstrial

    transferida para Taubat (OLIVEIRA, 2013).

    De um modo geral, o edificil apresenta um bom estado de conservao,

    com se observa nas imagens a seguir:

  • 38

    Figura 3.5 - Planta de Localizao das Imagens

    Fonte: Google Earth

    Organizao: Matos, 2013

    Figura 3.6 - Fachada Sudoeste

    1 2

  • 39

    Legenda Fato Leso Primria Leso Secundria

    1 Umidade de Infiltrao Umidade Desprendimento

    2 Presena de Mofo Organismos Eroso Quimica

    Figura 3.7 - Fachada Noroeste - Fundos

    Legenda Fato Leso Primria Leso Secundria

    1 Vidros quebrados/

    Faltantes

    Desprendimento Eroso Fsica

    2 Alvenaria Danificada Desprendimento Eroso Fsica

    3 Plantas na Alvenaria Organismos Eroso Quimica

    1

    2

    3

  • 40

    Figura 3.8 - Fachada Noroeste Frente

    Legenda Fato Leso Primria Leso Secundria

    1 Vidros quebrados/

    Faltantes

    Desprendimento Eroso Fsica

    2 Alvenaria Danificada Desprendimento Eroso Fsica

    1

    2

  • 41

    Pagina em A3 com o desenho feito no photoshop

  • 42

    CAPTULO 4 - REFERNCIAS PROJETUAIS

    Para o desenvolvimento do projeto torna-se necessrio enriquecer o

    repertrio, tanto para a concepo do espao como para o processo de

    restaurao. As referncias abaixo so obras que possuem uma relao em

    comum com o projeto a ser desenvolvido em aspecto histrico ou projetual.

    4.1 Sesc Pompeia

    O projeto realizado pela arquiteta Lina Bo bardi, em 1977, propunha a

    preservao do espao fabril, ao mesmo tempo que revitalizava o espao a fim de

    criar um espao em que as pessoas pudessem conviver.

    Figura 4.1 - Imagem do SESC Pompia

    Fonte: Debora Machado

  • 43

    Figura 4.2 - rea ocupada pelo SESC

    Fonte: Google Earth

    Figura 4.3 - Anlise do espao

    Fonte: Debora Machado

  • 44

    Figura 4.4 - Rua Interna

    Fonte: Debora Machado

    4.2 O Uso Como Referncia

    O projeto de Bo Bardi, apresenta o mesmo sentido que irei desenvolver

    nesse aqui apresentado. A ideia Referncia-lo quanto a interveno do espao

    antigo e o novo dentro de seu projeto e qual a relao das pessoas com ele.

  • 45

    4.3 Pao Municipal de Bilbao

    Projeto desenvolvido pelo IMB Arquitetos tornou-se a nova matriz da

    prefeitura de Bilbao. Est situado aos fundos da fachada do Palcio Neobarroco

    que abriga a camara municipal da cidade, construda em 1892.

    Figura 4.5 - Fachada do Pao Municipal de Bilbao Fonte: Archdaily

  • 46

    Figura 4.6 - Implantao Fonte: Archdaily

    Organizao: Matos, 2012

    Figura 4.7 - Planta Tipo Fonte: Archdaily

    Organizao: Matos, 2012

    rea de Atendimento

    Acessos Verticais

    rea Molhadas (WC)

    rea de Acesso Restrito/Indicado

    Acessos Verticais

    rea Molhadas (WC)

    Hall (circulao horizontal)

  • 47

    Figura 4.8 Corte indicativo de uso Fonte: Archdaily

    Organizao: Matos, 2012

    Figura 4.9 - Varanda Jardim Fonte: Archdaily

    4.4 Uso como Referncia

    A organizao do espao e a implantao do mesmo dentro de um contexto

    totalmente diferente do projetado foram as principais motivaes que me

    influenciaram na escolha desse projeto para referencia ao meu.

    rea de Acesso Restrito/Indicado

    rea de Atendimento

    Garagem

  • 48

    CAPTULO 5 - PROJETO

    A inteno atravs dessa linha lgica de raciocnio chegarmos a um

    produto que atenda as necessidadadades pr-estipuladas, sem que fuja da

    inteno primordial de preservao e do estabelecimento de um centro cvico

    local. As informaes acima coletadas contribuem para a definio do projeto

    quanto ao seu partido, necessidades, organizao e fluxo tornando-o mais coeso

    ao seu propsito.

  • 49

    5.1 Programa de necessidades

    SETOR AMBIENTE QUANTIDADE ESTIMATIVA DE USO

    Prefeitura Recepo / espera 01

    Gabinete Prefeito com sanitrio 01 Gabinete Vice Prefeito com sanitrio 01 Sala de Reunio 03 40 pessoas (total) Chefe do Gabinete 02 Setor de produo 01 20 pessoas Assessorias 05 Almoxarifado 01 Sanitrios 02 05 bacias; 05 lavatrios Arquivos e Protocolos 01 Sala de eventos - Auditrio 01 350 pessoas Sanitrio pblico 02 10 bacias; 10 lavatrios Central da GCM Sala de Produo 01

    Secretarias

    Sala secretrio 18 Sala Vice Secretrio 18 Sala Reunio 09 Ala de Atendimento ao Pblico 02 Arquivo 01 Almoxarifado 01 Sanitrios 02 15 bacias; 15 lavatrios Copa 01 Refeitrio 01 Sanitrio Pblico 02

    Pr-atendimento/ Espera 01

    Servios Casa Loterica 01

    Correios 01

    Agncia Bancria 01

    Copias e Papelaria 01

    Oficina de Capacitao 01

    Praa de Alimentaa 01

    Ambulatrio 01

    Procom 01

    Centro de Amparo ao Trabalhador 01

    Fundo Social 01

    Incluso digital 01

    Administrao 01 Cmara Plenrio

    pblico 350 pessoas 01

    Gabinetes Vereadores

    Gabinete / Secretaria / sanitrio 20

    Gabinetes Suplentes

    Gabinete / Secretaria / sanitrio 21

    Sala Reunio 05 Sala Comisses 08 Diretoria

    Diretor Secretaria Setor de produo

    01

    Biblioteca Legislativa 01 Sala de Imprensa 01 Sanitrio pblico 02 05 bacias; 05 lavatrios Assessoria legislativa 01 02 pessoas

    Praa Cvica

  • 50

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    CANABRAVA, A. P. As chcaras paulistanas. ASSOCIAO DOS GEGRAFOS

    BRASILEIROS, So Paulo, v. IV, 1953.

    COTIDIANO WEB DIRIO. Osasco Completa 48 anos de Emancipao. Web

    Dirio, 2010. Disponvel em:

    . Acesso em: 17 mar.

    2013.

    DANUSA, M. A Histria de Osasco. Camara Osasco, 2008. Disponvel em:

    . Acesso em: 02

    mar. 2013.

    DANUSA, M. Antnio Agu no Km 16 da Estrada de Ferro Sorocabana. Camara de

    Osasco, 2008. Disponvel em:

    . Acesso em: 02

    mar. 2013.

    JUNIOR, A. F. B. A industria no estado de So Paulo em 1901. So Paulo:

    Diario Oficial, 1901.

    OLIVEIRA, J. L. A. De olaria a Cia de Cermica Industrial de Osasco 1885-

    1912. Centro Universitrio FIEO - UNIFIEO, Osasco, 2003.

  • 51

    OLIVEIRA, N. C. D.; NEGRELLI, A. L. M. R. Osasco e sua histria. So Paulo:

    CG Editora, 1992.

    PIRES, L. Primeira Hora - Rochdalle Piratininga. Camara Osasco, 1991.

    Disponvel em:

    . Acesso

    em: 17 mar. 2013.

    SANAZAR, H. Sua Histria, Sua Gente. Dirio da Regio, Osasco, p. 2-23, fev.

    2013.

    MACHADO, Dbora dos Santos Candido. Pblico e comunitrio : projeto

    arquitetnico como promotor do espao de convivncia, So Paulo, 2009.

    Entrevista

    OLIVEIRA, J. L. A. Entrevista: Histria de Osasco. Osasco/So Paulo 07 abr.

    2013

    Sites

    Cmara de Vereadores do Municpio de Osasco.

    http .camaraosasco.sp.gov.br

    Osasco Contando a Histria

    http://osasco-contandohistoria-osasco.blogspot.com

    Estaes Ferrovirias

    http://www.estacoesferroviarias.com.br/o/fotos/osasco_robsonbatista.jpg

  • 52

    IBGE :

    http:// .ibge.gov.br

    PNDU

    http://www.pnud.org.br

    Imagens

    Jornal Pagina Zero

    https://paginazero.com.br/site/cidades/8315-prefeitura-entrega-obra-de-

    revitalizacao-do-largo-de-osasco-.html

    Archdaily.com

    http://www.archdaily.com/166456

    Falle Criativo

    http://fallecriativo.files.wordpress.com/2013/01/dscn4910.jpg?w=216&h=162

    Sempre Tops

    http://www.sempretops.com

    Alex Falco/Futura Press

    http://www.noticias.terra.com.br

    Construbase

    http://www.construbase.com.br

    Encontra Osasco

    http://www.encontraosasco.com.br/osasco/prefeitura-de-osasco.shtml

  • 53

    ANEXO 1