resposta da diversidade funcional de scarabaeinae

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WALLACE BEIROZ IMBROSIO DA SILVA RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE (COLEOPTERA: SCARABAEIDAE) AOS DIFERENTES USOS DE SOLO NA AMAZÔNIA LAVRAS – MG 2012

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Page 1: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

WALLACE BEIROZ IMBROSIO DA SILVA

RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL

DE SCARABAEINAE

(COLEOPTERA: SCARABAEIDAE) AOS

DIFERENTES USOS DE SOLO NA AMAZÔNIA

LAVRAS – MG

2012

Page 2: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

WALLACE BEIROZ IMBROSIO DA SILVA

RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

(COLEOPTERA: SCARABAEIDAE) AOS DIFERENTES USOS DE

SOLO NA AMAZÔNIA

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada, área de concentração em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais em Ecossistemas Fragmentados e Agrossistemas, para a obtenção do título de Mestre.

Orientador

Dr. Júlio Neil Cassa Louzada

LAVRAS – MG

Page 3: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

2012

Page 4: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

Silva, Wallace Beiroz Imbrosio da. Resposta da diversidade funcional de Scarabaeinae (Coleoptera: Scarabaeidae) aos diferentes usos de solo na Amazônia / Wallace Beiroz Imbrosio da Silva. – Lavras : UFLA, 2012.

85 p. : il. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Lavras, 2012. Orientador: Júlio Neil Cassa Louzada. Bibliografia. 1. Floresta tropical. 2. Estrutura funcional. 3. Sensibilidade de

trait. 4. Rola-bosta. I. Universidade Federal de Lavras. II. Título.

CDD – 574.52642

Ficha Catalográfica Elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca da UFLA

Page 5: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

WALLACE BEIROZ IMBROSIO DA SILVA

RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

(COLEOPTERA: SCARABAEIDAE) AOS DIFERENTES USOS DE

SOLO NA AMAZÔNIA

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada, área de concentração em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais em Ecossistemas Fragmentados e Agrossistemas, para a obtenção do título de Mestre.

APROVADA em 25 de outubro de 2012.

Dr. Paulo dos Santos Pompeu UFLA

Dra. Sabrina da Silva Pinheiro de Almeida UFV

Dr. Júlio Neil Cassa Louzada Orientador

LAVRAS – MG

Page 6: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

2012

Page 7: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

À minha madrinha, “Tia Fitinha” (in memoriam), que em muitos momentos

durante meu mestrado esteve presente em meu pensamento e coração, sempre

me confortando e me passando a sensação de que está orgulhosa de mim.

A todas as pessoas que independente de escolaridade, crença, cultura, raça ou

posição social se enxergam como parte de uma rede de interações bem mais

extensa do que nossa percepção consegue idealizar.

Page 8: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

DEDICO

Page 9: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Lavras (UFLA) e ao Programa de Pós

Graduação em Ecologia Aplicada, pela oportunidade de realizar o mestrado;

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES), pela concessão da bolsa de estudos;

Ao Grupo Orsa – Jari Celulose, pelo apoio logístico e durante a coleta

em suas áreas;

Ao Fernando Z. Vaz-de-Mello, pelo auxílio na identificação dos

espécimes;

Ao Dr. Júlio N. C. Louzada, pela orientação, valiosas sugestões e ideias

para que este trabalho se realizasse, além da amizade e o futebol no domingo;

Aos meus irmãos do meu primeiro lar aqui em Lavras, Fabinho, Filipe e

Bornelli, pela amizade, horas de conversa na “varanda da amizade”e parceira

durante meu primeiro ano de mestrado.

Aos meus irmãos do segundo lar, a República 1/cada, Toru, Calorada e

Vini, pela amizade, incentivo, compreensão, horas de videogame e jogos na

televisão, cervejas, vinhos, comida. Muito obrigado meus irmãos, por todo

apoio!

À Ananza Mara Rabello (meu bem), por ser uma ótima companheira,

amiga e namorada, por resolver meus problemas com um sorriso, um abraço e

um beijo, por acreditar em mim sempre, por trazer luz, por ter uma paz de

espírito contagiante!

Aos meus pais, por me guiarem nessa estrada tão difícil de forma doce e

carinhosa, por mostrarem os valores reais da vida, a importância de uma base

sólida e que estarão lá sempre que eu precisar. Amo vocês!

Page 10: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

Ao meu irmão Helinho, por todos os momentos de reflexão, por ser um

exemplo de irmão e pessoa, por me ajudarem a refletir sobre nossa posição e

atitudes na sociedade.

À minha mais nova irmã mais velha,Giuliana, por ter entrado na minha

vida e mostrado que o apoio de familiares tem um sabor especial!

À Dra. Carla R. Ribas, por ter tido uma participação tão especial na

minha formação do mestrado, por ter me mostrado a ciência de forma ética, por

ter me dado alguns merecidos “puxões de orelha” e se tornar um dos meus

exemplos.

À Amanda Arcanjo, por toda a paciência para me ensinar e ajuda para

identificar os besouros, sempre tão doce e paciente;

À Dra.VanescaKorasaki, pela ajuda não só no texto da dissertação, mas

por compartilhar comigo as ideias sobre a vida acadêmica;

A todos os rola-bosteiros, que não cabe aqui listar todos, mas queria do

fundo do meu coração registrar o agradecimento, pelo apoio, amizade,

discussões, críticas e o ótimo convívio no laboratório e fora dele.

Aos amigos de Lavras, Rafael (Peixe), Matheus (Talita), Martin, Erika

(Teta), por toda ajuda, conversa, DCE, cerveja e apoio moral;

Aos meus amigos da turma de mestrado e doutorado de 2011, pelo

inesquecível curso de campo, churrascos, ideias sobre projeto, trabalhos em

parceria, enfim pela amizade;

A todos os demais amigos do prédio de Ecologia e a turma de 2010 e

2012 da pós em Ecologia Aplicada;

À Galera do Futebol, pelos importantíssimos momentos de

descontração;

Aos meus amigos da cidade maravilhosa, que mesmo à distância me

mostraram que continuam sendo meus “brothers” e me deram muito apoio,

Aline (Cunhadinha), Gabi Oda, Dani (Mongol), Vini, Gregory, Emilie (Mimi),

Page 11: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

Vanessa, William, Jonatas, Vitinho, Feliz, Elidiomar, Mari, Gustavo Mattos, Isa,

Marcola...

Ao meu eterno orientador, pois até hoje dá valiosas lições, Dr. André

Scarambone Zaú, muito obrigado por me ensinar praticamente tudo que sigo

hoje!

Ao meu mestre Bione, por ser um segundo pai para mim, por me receber

e me ouvir falando por horas sobre minha vida, meus medos e dúvidas e por me

apresentar o Budismo;

Ao pessoal que me ajudou na Amazônia durante o campo, Irmão, Edvar

e Maria;

Aos meus amigos de Monte Dourado, Andrea, Rodrigo (Gordinho da

CADAM), Andrezza, Yudi, Guimel e Hannah que tornaram minha estadia na

Amazônia mais fácil;

Aos besouros que infelizmente tiveram que morrer para que este

trabalho fosse feito;

À natureza, por ter todo esse esplendor e grandiosidade, por inspirar um

sentimento de amor, carinho e proteção;

A todos que contribuíram de forma direta ou indireta para que esta etapa

se concluísse na minha vida.

Page 12: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

O degrau de uma escada não serve simplesmente para que alguém permaneça em cima dele, destina-se a sustentar o pé

Page 13: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

de um homem pelo tempo suficiente para que ele coloque o outro um pouco mais alto (Thomas H. Huxley)

RESUMO

A sociedade necessita manter as funções e serviços ambientais, desta

forma, vem desenvolvendo-se uma ciência focada na diversidade funcional. Este trabalho investigou a resposta da diversidade funcional de Scarabaeinae em relação aos diferentes usos de solo na bacia do Rio Jari, na Amazônia. Foram coletados besouros em áreas de floresta primária (floresta), corte seletivo (corte), corredor florestal (corredor), floresta secundária (capoeira) e monocultura de Eucalyptus (eucalipto). Os atributos (traits) utilizados foram: período de atividade, empoleiramento, dieta, alocação de recurso e biomassa. A partir destes atributos foram calculados os seguintes índices: dispersão funcional (DisF), equitabilidade funcional (EF) e riqueza funcional baseada no dendograma (RF). Foram formados grupos funcionais pelo método de Ward: estes apresentaram tanto espécies do mesmo gênero, quanto de gênero distinto, provavelmente devido à conservação de nicho e convergência fenotípica causada pelo ambiente, respectivamente. Tanto DisF, quanto RF mostraram semelhança entre corredor, corte e floresta e semelhança entre capoeira e eucalipto, sendo estes dois grupos diferentes. Isto está relacionado com a similaridade entre as comunidades destes sistemas agrupados e consequentemente manutenção da funcionalidade. Já o índice EF não apontou diferença entre os usos de solo, provavelmente pelo fato deste índice levar em consideração a distância entre os pontos no espaço multidimensional. Portanto, o ganho ou perda de espécie pode aumentar o volume do espaço ocupado, mas manter a relação de distância entre os atributos. Aparentemente o corredor e o corte mantiveram o funcionamento semelhante à floresta. Enquanto que o eucalipto e a capoeira apresentaram reduções nos índices funcionais avaliados. Houve um padrão de perda, ou pelo menos redução da abundância e riqueza, de grupos funcionais com atributos de maior sensibilidade entre os usos de solo, principalmente os que apresentam empoleiramento. Os usos de solo seguem a ordem crescente de distúrbio: corte, corredor, capoeira e eucalipto. Corte e corredor foram muito próximos, apesar de tenderem a respostas diferentes, o corredor tende a apresentar uma resposta funcional igual à capoeira. A utilização dos grupos funcionais como indicadores foi eficiente, porém isto foi uma resposta à sensibilidade destes e a capacidade do sistema de suportar espécies sensíveis.

Palavras-chave: Floresta tropical. Estrutura funcional. Sensibilidade de trait. Rola-bosta.

Page 14: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

Page 15: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

ABSTRACT

Society is in need of maintaining environmental functions and services and, to this end, a science focused on functional diversity is being developed. This work has investigated the response of Scarabaeinae functional diversity in relation to the different soil uses in the Rio Jari bacin, in the Amazon. Beetles were collected in primary forests (forest), selective logging (logging), forest corridor (corridor), secondary forest (capoeira) and Eucalyptus monoculture (eucalyptus). The traits used were: activity period, perch, diet, resource allocation and biomass. Based on these attributes the following indexes were calculated: functional dispersion (FDis), functional evenness (FEve) and functional richness based on the dendogram (FRic). Functional groups were formed by the Ward method: these presented species from the same genus as well as from a distinct genus, probably due to niche conservation and phenotypic convergence caused by the environment, respectively. FDis as well as FRic showed similarities between corridor, logging and forest and similarities between capoeira and eucalyptus, with these two groups being different. This is related to the similarity between the communities of these grouped systems and consequently, the maintenance of functionality. As for the FEve index, there was no difference between the soil uses, probably because this index considers the distance between locations on the multidimensional space. However, the gain or loss of a species may increase the volume of occupied space, but maintain the relation of distance between the attributes. Apparently the corridor and the logging maintained functionality similar to the forest while the eucalyptus and the capoeira presented reductions in the evaluated functional indexes. A loss, or at least a reduction, pattern of abundance and richness occurred of functional groups with attributes of larger sensibility between the soil uses, mainly those which presented perch. The soil uses follow a increasing order of disturbance: logging, corridor, capoeira and eucalyptus. Logging and corridor were very close. Despite tending to different responses, the corridor tends to present a functional response equal to that of the capoeira. The use of the functional groups as indicators was efficient, however, this was a response to the sensibility of these and the system’s capacity to support sensitive species.

Key-words: Tropical forest. Functional structure. Trait sensibility. Dung beetle.

Page 16: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

LISTA DE FIGURAS

Figura 1  Área de estudo, bacia do Rio Jari, PA, Brasil .................................. 32 

Figura 2 Armadilha do tipo pitfall .................................................................. 35 

Figura 3  Distribuição das armadilhas para obtenção de dieta e

empoleiramento ................................................................................ 37 

Figura 4 Armadilha para empoleiramento instalada a 1,5 m do solo ............. 38 

Figura 5  Média e erro-padrão dos índices de diversidade funcional .............. 44 

Figura 6  Valores estandardizados e transformados pela raiz quadrada de

riqueza presente em cada grupo funcional (pontos) e abundância

(barras) em cada uso de solo ............................................................ 45 

Figura 7  PCO, com base na distância de similaridade de Bray-Curtis,

baseada na abundância e no número de espécies (riqueza) dentro

dos grupos funcionais, nos diferentes usos de solo .......................... 46 

ANEXO A

Figura 8 Dendograma com formação dos grupos funcionais considerados

no ponto de corte de 0,5 da distância de Ward (linha pontilhada) ... 88 

Page 17: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

LISTA DE TABELAS

Tabela 1  Sistemas de usos de solo onde foram realizadas as coletas de

Scarabaeniaena região do Jari, PA, Brasil nos anos de 2009 e

2010.................................................................................................. 34 

Tabela 2  Atributos dos grupos funcionais para a região do Jari, PA, Brasil

nos anos de 2009 e 2010................................................................... 42 

Tabela 3  Resultados do PERMANOVA comparando os valores de

abundância e número de espécies dentro dos grupos funcionais

entre os usos de solo......................................................................... 47 

Tabela 4  Valores de similaridade de Bray-Curtis, para riqueza e

abundância das espécies dentro dos grupos funcionais entre os

usos de solo para a região do Jari, PA, Brasil nos anos de 2009 e

2010.................................................................................................. 48 

Tabela 5  Resultado do PERMDisp para abundância e riqueza dentro dos

grupos funcionais para a região do Jari, PA, Brasil nos anos de

2009 e 2010 ...................................................................................... 49 

Tabela 6  Valores de indicação (IV) significativos para os grupos

funcionais para a região do Jari, PA, Brasil nos anos de 2009 e

2010.................................................................................................. 50 

ANEXO B

Tabela 7  Espécies distribuídas em seus respectivos grupos funcionais para

a região do Jari, PA, Brasil nos anos de 2009 e 2010 ...................... 89 

Page 18: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

 

SUMÁRIO

 1    INTRODUÇÃO .................................................................................... 14 2    OBJETIVOS ......................................................................................... 18 2.1  Objetivo geral........................................................................................ 18 2.2  Objetivos específicos............................................................................. 18 3    HIPÓTESES ......................................................................................... 19 4    REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................... 20 4.1  Floresta Amazônica .............................................................................. 20 4.2  Scarabaeinae e suas funções ................................................................ 22 4.3  Diversidade funcional........................................................................... 27 5    MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................ 32 5.1  Área de estudo e seleção de áreas........................................................ 32 5.2  Coleta de Scarabaeinae ........................................................................ 34 5.3  Obtenção dos atributos ........................................................................ 35 5.3.1  Período de Atividade ............................................................................ 36 5.3.2  Dieta .................................................................................................. 37 5.3.3  Capacidade de empoleiramento .......................................................... 38 5.3.4  Alocação de recurso.............................................................................. 39 5.3.5  Biomassa ................................................................................................ 39 5.4  Análise dos dados.................................................................................. 40 6    RESULTADOS ..................................................................................... 42 6.1  Formação dos grupos funcionais......................................................... 42 6.2  Diversidade funcional........................................................................... 43 6.3  Distribuição dos grupos funcionais ..................................................... 44 6.4  Grupos funcionais como indicadores biológicos ................................ 49 7    DISCUSSÃO ......................................................................................... 51 7.1  Formação dos grupos funcionais......................................................... 51 7.2  Diversidade funcional........................................................................... 53 7.3  Distribuição dos grupos funcionais ..................................................... 58 7.4  Grupos funcionais como indicadores biológicos ................................ 64 8    Considerações finais ............................................................................. 67 9    CONCLUSÃO....................................................................................... 69  REFERÊNCIAS ................................................................................... 70  ANEXOS ............................................................................................... 88 

Page 19: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

14

1 INTRODUÇÃO

O atual quadro de conscientização sobre a escassez de recursos naturais

e perda de serviços ambientais, devido às alterações antrópicas no ambiente

natural, vem incentivando governos a mudarem suas estratégias de

desenvolvimento através de propostas de metas na redução do desmatamento e

incentivos financeiros à projetos que almejam desenvolver tecnologias para o

desenvolvimento sustentável (MOONEY et al., 2004; EVANS et al., 2012;

WANG et al., 2012). Em outras palavras, propostas que auxiliem na manutenção

das funções ambientais, mantendo a estrutura ou processos biofísicos que

possam satisfazer a necessidade humana de forma direta ou indireta (função

ambiental) (DE GROOT et al., 2010a).

Um dos maiores alvos destas medidas visando à proteção de funções

ecológicas é a floresta Amazônica, devido à sua visibilidade, pois apresenta

altíssima importância na questão de conservação da biodiversidade, no estoque

de carbono (e.g Programa “Large-Scale Biosphere-Atmosphere” – LBA –

Malhiet al. (2009)), na questão do ciclo da água e regime de chuvas em outras

regiões do Brasil (FEARNSIDE, 1997; FEARNSIDE, 1999; COSTA et al.,

2005; MALHI et al., 2009)

Ferri (1980) e Fearnside (2005, 2008) argumentam sobre a necessidade

de incentivo para conservação e a importância de ser manter a floresta

Amazônica preservada, pois este bioma gera uma série de serviços, que com o

planejamento correto seriam capazes de prover maior valor econômico do que os

ganhos gerados pela substituição da floresta por ambientes antropizados.

Entretanto, a Amazônia vem sofrendo com o desmatamento de forma

intensiva, apesar da recorrente redução nas taxas de desmate nos últimos anos.

Nos últimos cinco anos a floresta amazônica apresentou uma perda de

aproximadamente 59.730 km², sendo 6.418 km²em 2011 para região total da

Page 20: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

15

Amazônia Legal e 4.993 km² para os estados do Pará (3.008 km²), Mato Grosso

(1.120 km²) e Rondônia (865 km²) (INPE, 2011).

A sociedade carece de conhecimentos que permitam o desenvolvimento

econômico, aliado às medidas sustentáveis. Essa necessidade tem motivado o

interesse de pesquisadores no âmbito funcional da ecologia, por meio da criação

de uma ciência ecológica mais preditiva frente às alterações ambientais

(FISHER et al., 2009; LOREAU, 2010). Está ocorrendo uma mudança de

paradigmas em estratégias de conservação, desviando a concentração de

esforços em ambientes mais diversos biologicamente, para ambientes com maior

estabilidade nas funções (SCHWARTZ et al. 2000).

Atualmente, a importância da diversidade tem sido abordada através da

diversidade funcional, que consiste nos componentes da biodiversidade que

influenciam como um ecossistema opera ou funciona (TILMAN, 2001). Esta

abordagem baseia-se nos atributos das espécies, características mensuráveis, de

caráter morfológico, fisiológicos ou comportamentais, geralmente diretamente

relacionados ao fitness (MCGILL et al., 2006; VIOLLE et al., 2007; WEBB et

al., 2010).

Desta forma, diversos estudos têm agrupado espécies que compartilham

informações semelhantes em relação aos atributos, formando assim os grupos

funcionais (e.g. TILMAN et al., 1997; YELENIK et al., 2006; SIVICEK; TAFT,

2011). Pela proximidade dos atributos de algumas espécies, é esperado que

ocorram redundâncias entre elas, devido à sobreposição das funções realizadas,

as quais permitem que haja continuação das funções ambientais, mesmo com a

perda de algumas espécies, promovendo, por exemplo, a regeneração frente a

um distúrbio (PETERSON et al., 1998; BELLWOOD et al., 2004; WINFREE;

KREMEN, 2009).

Porém, a abordagem de grupos funcionais por si só como representantes

da diversidade funcional, seja pela riqueza ou composição, faz com que haja a

Page 21: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

16

imposição de uma estrutura discreta em uma variação contínua de diferenças

funcionais entre as espécies.Além disso, diversos trabalhos ignoram a

importância da abundância das espécies no impacto das funções (VILLÉGER et

al., 2008; BIHN et al., 2010).

Sladeet al. (2007) realizaram um experimento de exclusão de grupos

funcionais de Scarabaeinae, mostrando que a perda de alguns grupos funcionais

tem maior peso do que outros, na realização de algumas funções ecológicas,

como a remoção de fezes e a dispersão secundária de sementes. Além disso, os

autores atentaram para a complementariedade entre os grupos funcionais,

maximizando o funcionamento do ecossistema, um fator bastante importante

para a regeneração da floresta e que implica na importância da relação entre as

espécies de diferentes grupos funcionais.

Villégeret al. (2008) propuseram três índices de diversidade de natureza

multivariada e que consideram a abundância como um fator de peso à

importância funcional das espécies. São eles; riqueza funcional, equitabilidade

funcional e divergência funcional. Posteriormente foi sugerida a utilização de

um novo índice, chamado dispersão funcional, além de correções e adequações

aos índices propostos (LALIBERTÉ; LEGENDRE, 2010).

Outro problema nos estudos de diversidade funcional é a escolha dos

atributos a serem mensurados, pois um atributo por si só não representa a

importância dos organismos no funcionamento, precisa ser refletir os efeitos do

organismo nas condições ambientais, comunidade ou propriedades dos

ecossistemas, estes chamados de atributo de efeito (VIOLLE et al. 2007).

Estudos demonstram que o tamanho (comprimento ou biomassa), o período de

atividade, o tipo de alocação de recurso e a dieta podem ser atributos de efeito,

pois influenciam as funções exercidas pelos Scarabaeinae (SLADE et al., 2007;

GIRALDO et al., 2011).

Page 22: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

17

A utilização dos Scarabaeinaeno enfoque funcional vem crescendo, pois

se sabe que este grupo está relacionado com diversos processos naturais

(NICHOLS et al., 2008), tais como dispersão secundária de sementes

(ESTRADA; COATES-ESTRADA, 1991; ANDRESEN, 2003), remoção de

matéria orgânica em decomposição no solo (BANG et al., 2005), turbação e

aeração do solo, a partir da construção de túneis e galerias (LOUZADA, 2008),

controle de parasitas (FINCHER, 1973; BRAGA et al., 2012). Tais processos

podem reduzir a predação de sementes por vertebrados, bem como a competição

entre plântulas, devido à diminuição da agregação das sementes (ANDRESEN,

1999; LAWSON et al., 2012), além disso, interferem nas condições edáficas do

ambiente, pois aumentam a qualidade nutricional do solo, tanto pelo enterrio de

material orgânico, quanto pela promoção de maior entrada de água e ar para o

seu interior (BANG et al., 2005).

Os Scarabaeinae são organismos sensíveis às alterações ambientais

mesmo que sejam sutis, devido à alta relação com a estrutura da vegetação e

(HANSKI; CAMBERFORT, 1991; NICHOLS et al., 2007; GARDNER et al.,

2010; ALMEIDA et al., 2011). Desta forma, podem-se formar comunidades

específicas de áreas abertas, com pouca ou nenhuma espécie compartilhada com

as áreas florestais, de acordo com sua sensibilidade (NAVARRETE;

HALFFTER, 2008; ALMEIDA; LOUZADA, 2009).Estas alterações podem

levar à consequências na diversidade funcional, como demonstrado por Barragán

et al. (2011), os quais encontraram uma resposta negativa da riqueza funcional

em relação às alterações ambientais, como redução do hábitat, fragmentação e

conversão em pastagens.

Page 23: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

18

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O presente estudo tem como objetivo investigar a resposta da

diversidade funcional da comunidade de besouros Scarabaeinae em relação aos

diferentes tipos de uso de solo na paisagem da bacia do Rio Jari, na Floresta

Amazônica.

2.2 Objetivos específicos

a) Determinar a formação de grupos funcionais à partir de atributos

funcionais pré-selecionados e obtidos em campo;

b) Comparar por meio de índices de diversidade funcional os diferentes

usos de solo no que diz respeito à funcionalidade;

c) Avaliar a distribuição dos grupos funcionais formados ao longo dos

diferentes usos de solo, bem como as diferenças entre a abundância e

número de espécies dentro de cada grupo funcional nos diferentes

usos de solo;

d) Determinar grupos funcionais que tenham poder de indicação para

os diferentes usos de solo.

Page 24: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

19

3 HIPÓTESES

a) Os grupos funcionais serão formados por espécies com similaridade

em relação aos atributos funcionais, independentemente de

similaridade taxonômica;

b) Áreas com menor impacto apresentarão os maiores índices de

diversidade funcional, sendo estes decrescentes ao longo do

gradiente de intensificação de interferência antrópica nos usos de

solo;

c) Os grupos funcionais serão selecionados de acordo com a sua

sensibilidade em relação à degradação ambiental, fazendo com que

haja uma redução no número de espécies e indivíduos nos usos de

solo com menor interferência antrópica;

d) Cada uso de solo apresentará um grupo funcional, ou conjuntos de

grupos, com poder de indicação, de acordo com a sensibilidade de

seus atributos e o nível de conservação do sistema.

Page 25: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

20

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Floresta Amazônica

A Floresta Amazônica é conhecida por sua grande extensão, cerca de

cinco milhões de km², estando presente em nove países da América do Sul,

Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e

Venezuela, sendo a maior porção no território brasileiro, ocupando 40% de toda

a área nacional (FERRI, 1980). Estendendo-se pelos Estados do Acre,

Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e Rondônia. Ao sul da Amazônia a floresta se

expande acompanhando os vales de grandes afluentes do Amazonas, como o rio

Tapajós, Madeira e Xingu ou de seu confluente o rio Tocantins, recobrindo,

portanto, grande extensão do norte dos Estados de Mato Grosso e Goiás

(FERRI, 1980). Além disso, abrange a bacia do maior rio do mundo e as maiores

extensões de floresta tropical intocada.

Porém, não é somente por sua grande extensão que este bioma é

conhecido, a Floresta Amazônica é a maior e uma das mais importantes florestas

do mundo em termos de biodiversidade (COSTA et al., 2005; MALHI et al.,

2009; STONE et al., 2009), abrigando a maior quantidade de espécies endêmicas

por unidade de área e uma altíssima diversidade de vertebrados (IUCN, 2008).

Sua flora estimada é de 50.000 espécies de plantas vasculares, sendo

12.500 espécies de árvores (HUBBELL et al., 2008). Sua fauna, avaliada por

Azevedo-Ramoset al. (2006), possui, só na região próxima à Belém, 32 famílias

de aracnídeos, 47 gêneros de formigas e 23 espécies de mamíferos. Além disso,

em um único metro quadrado de solo de floresta secundária de terra firme deste

bioma foram contabilizados cerca de 60 mil artrópodes (ADIS et al., 1987).

Page 26: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

21

Uma característica interessante deste ecossistema é que sua

biodiversidade não é homogeneamente distribuída, mesmo quando comparadas

em escalas pequenas e intermediárias, tanto para organismos florestais

(TUOMISTO et al., 1995) quanto para organismos aquáticos (FERNANDES et

al., 2004). Essa característica aumenta ainda mais a sua singularidade em termos

ecológicos e torna ainda mais preocupante a ocorrência de distúrbios ao longo

deste ambiente. Além disso, a Amazônia gera diversos benefícios para a

sociedade de forma direta e indireta por meio de seus processos ecológicos

(serviços ambientais), tais como estoque de carbono, manutenção do regime de

chuvas e a própria biodiversidade em si (FEARNSIDE, 1997).

Apesar de toda esta importância no nível de biodiversidade, extensão

territorial e serviços, a Amazônia sofre com intenso desmatamento desde o

início de 1970 (FEARNSIDE, 2005). A floresta perdeu 392.201 km² de área

devido ao desmatamento no período entre 1988 e 2011, segundo dados do INPE

(2011), apesar de haver uma redução considerável da taxa de desmatamento em

2008 (de 12911 km² em 2008 para 6418 km² em 2011), quando o Brasil

implementou o Plano Nacional de Mudança Climática, que visa reduzir o

desmatamento na Amazônia, sobretudo o ilegal (FAO, 2011; INPE, 2011). Os

Estados que mais contribuíram para o desmatamento (82%) foram o Pará (34%),

Mato Grosso (35%) e Rondônia (14%). Sendo atualmente o Pará o Estado que

mais desmata (3.008 km² - 47% - em 2011) (INPE, 2011).

Mesmo que esteja ocorrendo redução no desmatamento, as emissões de

gás carbônico não acompanham esta queda, pois as áreas de desmatamento estão

sendo deslocadas para regiões de maior biomassa (INPE, 2011). Esta liberação

de gases pode ocorrer por queimadas, corte e alterações pelas mudanças

climáticas (FEARNSIDE, 2008). Fearnside (2005) aponta ainda a importância

dos serviços prestados por este bioma com a produtividade do sistema agrícola

nesta região e ressalta a necessidade de incentivo para conservação e a

Page 27: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

22

importância de ser manter a Floresta Amazônica preservada, promovendo assim

maior valor econômico do que os ganhos gerados pela substituição da floresta

por ambientes antropizados.

No nível mundial resta apenas um terço de floresta tropical intacta,

sendo que dois terços restantes estão distribuídos em uma ampla variedade de

usos da terra (FAO, 2006). Portanto, alguns refúgios ainda existentes que

mantenham cobertura vegetal original podem ser um refúgio para a fauna

ameaçada pelas ações antrópicas (QUINTERO; ROSLIN, 2005; VULINEC et

al., 2006; NICHOLS et al., 2007).Desta forma o estudo de paisagens florestais

inseridos em uma matriz com múltiplos usos de solo torna-se extremamente

importante para compreender o valor de conservação destas áreas (GARDNER,

2010).

4.2 Scarabaeinae e suas funções

A subfamília Scarabaeinae (Coleoptera: Scarabaeidae) é popularmente

conhecida como besouro rola-bosta e apresenta cerca de 6.000 espécies

distribuídas principalmente nas regiões tropicais e mais de 1250 espécies

registradas para a América do Sul (VAZ-DE-MELLO, 2000). No Brasil, até o

ano de 2000 foram registradas 618 espécies, pertencem a seis tribos (Ateuchini,

Canthonini, Coprini, Eurysternini, Onthophagini e Phanaeini) (VAZ-DE-

MELLO, 2000).

Estes besouros alimentam-se do líquido rico em microorganismos

presente em materiais orgânicos em decomposição (HALFFTER; MATTHEW,

1966; HALFFTER; EDMONDS, 1982). Sua dieta predominante é a coprofagia,

a qual os organismos se utilizam de fezes como recurso alimentar (HALFFTER;

MATTHEW, 1966). Porém, existem outros recursos explorados por estes

besouros, muitos se alimentam de carcaças (necrofagia), de fungos

Page 28: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

23

(micetofagia), de frutos em decomposição (carpofagia), de restos vegetais em

decomposição (saprofagia), além de algumas espécies serem predadoras,

foréticas de caramujos ou generalistas (HALFFTER; MATTHEW, 1966;

ANDUAGA, 2000; VAZ-DE-MELLO, 2007; LARSEN et al., 2008; FORTI et

al., 2012).

Há uma separação em guildas funcionais de acordo com suas estratégias

de alocação de recurso alimentar (HANSKI; CAMBEFORT, 1991), que podem

ser:

a) Telecoprídeos (roladores): apresentam o hábito de confeccionar

massas esféricas de recursos e rolá-las de poucos centímetros até

alguns metros da fonte de recurso original, onde são enterradas ou

deixadas sobre o solo. Para a confecção das bolas são utilizadas as

pernas dianteiras e médias e para a rolagem as traseiras

(HALFFTER; EDMONDS, 1982);

b) Paracoprídeos (escavadores): possuem o hábito de escavar túneis

imediatamente abaixo ou nas proximidades do depósito de recurso

alimentar. Os túneis variam em diâmetro e profundidade, em função

do tamanho do inseto e do objetivo de sua confecção. Os recursos

alimentares que serão utilizados para reprodução e/ou alimentação

são levados para o interior desses túneis. (HANSKI; CAMBEFORT,

1991);

c) Endocoprídeos (residentes): vivem dentro ou imediatamente abaixo

dos recursos, sem alocá-los para lugares longe da fonte de recursos

(HALFFTER; EDMONDS, 1982). Os adultos se alimentam

diretamente dos depósitos de recurso, e pode ocorrer a confecção de

bolas e aglomerações de recursos, dentro do próprio recurso, durante

a reprodução (LOUZADA, 2008).

Page 29: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

24

Os Scarabaeinae podem procurar por alimento através de voos rasos em

relação ao solo (HALFFTER; MATTHEW, 1966), ou através de

empoleiramento nas folhas do sub-bosque (HOWDEN; NEALIS, 1978). Esta

segunda capacidade era associada às espécies pequenas e médias, porém, agora

se sabe que pode estar associada a comportamentos que aumentem o fitness, (1)

como detecção de predadores, (2) camuflagem (no caso de besouros com

coloração esverdeada), (3) termorregulação e (4) procura pela pluma de odor

(LOUZADA, 1998). Além disso, esta habilidade pode ter surgido em resposta

ao cenário de extrema competição na comunidade de coprófagos no solo,

fazendo com que haja a especialização de algumas espécies ao forrageamento no

solo (LOUZADA, 1998).

Devido à competição, outra divisão na procura por alimentos está

relacionada à partição temporal, sendo os Scarabaeinae divididos em noturno e

diurno. Contudo, DAVIS (1999) observou que havia sobreposição entre estes

dois horários, bem como dentro de cada período, mostrando assim que a

segregação temporal é mais complexa. No Panamá foi observada a possibilidade

de espécies com atividade crepuscular ou ainda ativas tanto durante o dia,

quanto à noite (HOWDEN; YOUNG, 1981; GILL, 1991).

Esta segregação está relacionada com a preferência das espécies pelo

melhor horário de voo em relação à temperatura e as variações climáticas

(GILL, 1991). Entretanto, foi observado por Feer e Pincebourde (2005) na

Amazônia que mesmo as espécies que são resistentes à dessecação evitam as

áreas com abertura de dossel, sendo as espécies que foram capturadas nestas

áreas predominantemente noturnas. No geral as espécies diurnas são claras,

evitando o superaquecimento; as crepusculares de coloração iridescente e as

noturnas totalmente negras (EDMONDS, 1972; HERNÁNDEZ, 2002).

Page 30: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

25

Desta forma os Scarabainae são fortemente influenciados pela cobertura

vegetal, por isto apresentam um alto grau de associação com hábitats específicos

(FAVILA; HALFFTER, 1997; HALFFTER; ARELLANO, 2002). Eles são um

dos primeiros organismos a serem afetados por distúrbios antrópicos (KLEIN,

1989; LARSEN et al., 2005; SCHEFFLER, 2005; GARDNER et al., 2008b;

SHAHABUDDIN et al., 2010).

Além disso, uma série de estudos demonstra a resposta da comunidade

de besouros rola-bosta frente a diferentes distúrbios, como a fragmentação

florestal (FILGUEIRAS et al., 2011), corte seletivo de espécies arbóreas

(DAVIS, 2000; DAVIS et al., 2001; AGUILAR-AMUCHASTEGUI;

HENEBRY, 2007; EDWARDS et al., 2010; SLADE et al., 2011), conversão de

florestas em pastagens (SCHEFFLER, 2005) e introdução de florestas plantadas

(GARDNER et al., 2008b), o que, juntamente com a relaçãobaixo custo de

coleta e boa resposta destes organismos, demonstra a importância desses

organismos como indicadores da biodiversidade (DAVIS et al., 2001;

HALFFTER; ARELLANO, 2002; SCHEFFLER, 2005).

De acordo com De Groot (1992) função ecológica é a capacidade de

processos e componentes naturais proverem benefícios e serviços que satisfaçam

às necessidades do homem, direta e indiretamente. Elas podem ser divididas em

quatro grupos principais: (1) de regulação, (2) habitat, (3) produção e (4)

informação. Sua importância pode ser dividida em três tipos: (1) ecológica, (2)

sociocultural e (3) econômica (DE GROOT et al., 2010b). Diversas funções

ecológicas estão relacionadas com os Scarabaeinae, principalmente devido ao

seu hábito alimentar e estratégia de alocação de alimento (NICHOLS et al.,

2008).

Uma das funções de grande importância desempenhada pelos

Scarabaeinae é a remoção de matéria orgânica, tanto devido às questões

econômicas envolvidas, quanto para a saúde do ecossistema. Pois, promove, por

Page 31: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

26

exemplo, o serviço de limpeza de áreas de pasto para o gado e incorpora matéria

orgânica ao solo, aumentando sua qualidade nutricional (BANG et al., 2005).

Sabe-se que a quantidade de matéria removida por indivíduo está relacionada

principalmente ao seu tamanho corporal (SLADE et al., 2007; NICHOLS et al.,

2008).

Outro serviço de grande importância em sistemas pastoris é a remoção

de fezes contendo cistos e ovos de parasitas. Este é uma consequência direta da

utilização de fezes como recurso alimentar pela maioria das espécies do grupo

(HALFFTER; MATTHEW, 1966; HALFFTER; EDMONDS, 1982). Com a

presença de Scarabaeinae no ecossistema pastoril ocorre uma forte competição

assimétrica entre os besouros e estágios larvais de grupos de moscas, o que

impõe considerável controle populacional desses organismos (LOUZADA,

2008). Além desta competição, a comunidade de parasitas pode ser reduzida

pela predação de moscas por ácaros foréticos dos Scarabaeinae e a danificação

de ovos das moscas pelos besouros durante o manuseio das fezes (NICHOLS et

al., 2008).

Devido à grande parte dos Scarabaeinae possuírem o hábito de nidificar

abaixo do solo e formar galerias, eles são responsáveis também pela bioturbação

do solo, potencializando a aeração, infiltração e retenção de água no solo

(KIRK, 1992; BANG et al., 2005). Esta função ocorre de forma intensa em áreas

florestais, onde estimativas simples relatam que a cada 70 g de fezes removidas

ocorre o revolvimento de aproximadamente 210 g de solo (BRAGA, 2009).

Os Scarabaeinae podem ainda promover a dispersão de sementes ao

realizarem o enterrio de fezes de animais frugívoros contendo sementes

(ESTRADA; COATES-ESTRADA, 1991; VULINEC, 2002). O tamanho das

sementes enterradas varia proporcionalmente ao tamanho corporal do besouro

(SLADE et al., 2007). Além disso, os rola-bostas enterram as sementes em

diferentes profundidades (ANDRESEN, 2002), podendo levar à diminuição da

Page 32: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

27

predação destas por vertebrados (BEAUNE et al., 2012) e outros insetos; além

disso, a dispersão pode reduzir a competição entre plântulas (devido à

desagregação das sementes) (ANDRESEN, 1999). Quando as sementes são

enterradas em grande profundidade podem estar livres de

predação(ANDRESEN, 2002).

4.3 Diversidade funcional

Sabendo-se que a perda de funções ecológicas é algo caro e muitas vezes

impossível de recuperar, os cientistas e os governantes vêm mudando a

concepção de conservação da biodiversidade puramente para a conservação de

ecossistemas funcionalmente estáveis (HOOPER et al., 2005; LOREAU, 2010).

O funcionamento de um ecossistema pode ser influenciado por diversos

fatores e um deles são as características funcionais dos organismos presentes.

Porém essas influências não se dão de forma linear, sendo algumas espécies

mais responsáveis por determinadas funções que outras (HOOPER et al., 2005;

BALVANERA et al., 2006). Adicionalmente, pode ocorrer uma

complementaridade entre espécies, aumentando a taxa de alguma função e a

resistência e a resiliência de um ambiente (LOREAU, 2004; HOOPER et al.,

2005).

A influência do indivíduo nas funções vai variar de acordo com os

atributos (traits) das espécies, assim como comprovado por diversos trabalhos

(e.g. GRIME, 1998; SLADE et al., 2007; COOK-PATTON; BAUERLE, 2012;

TANAKA; MANO, 2012). Os atributos são propriedades bem definidas,

mensuráveis, geralmente medidas no nível de indivíduo que podem ser de

caráter morfológico, fisiológico ou comportamental (MCGILL et al., 2006). São

selecionados pelo ambiente em função do impacto positivo que proporcionam no

fitness (ou adaptabilidade) do organismo no ambiente (WEBB et al., 2010).

Page 33: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

28

Existem quatro categorias distintas de atributos, duas medidas ao nível

individual e duas por suas ligações com o ambiente (VIOLLE et al., 2007):

a) Atributo funcional: Qualquer atributo que impacte o fitness

indiretamente (ex.: respiração).

b) Atributo de desempenho: Que seja ligado diretamente o fitness (ex.:

taxa de sobrevivência).

c) Atributo de resposta: Qualquer atributo que varie em resposta às

alterações ambientais (ex.: Comportamento).

d) Atributo de efeito: Atributos que reflitam o efeito no organismo nas

condições ambientais (ex. estratégia de alocação de recurso).

Neste contexto, as espécies podem ser agrupadas de acordo com a

similaridade dos efeitos em determinados processos do ambiente ou da resposta

às condições ambientais (BLONDEL, 2003; HOOPER et al., 2005). Este

agrupamento pode ser feito de maneira arbitrária, ou através de métodos

estatísticos de agrupamento, como o uso de dendogramas obtidos por meio de

uma medida de similaridade (CASANOVES et al., 2011). Para identificação de

grupos funcionais o agrupamento de Ward tem sido o mais indicado, por

considerar a covariância dos atributos, fazendo com que reduza a variância

dentro do grupo e maximize tais efeitos entre estes (CASANOVES et al., 2011).

Entretanto, a separação de espécies em grupo funcionais pode não ser

um bom preditor da diversidade funcional por uma série de motivos, dos quais

um dos mais importantes é o fato de haver uma variação contínua dos atributos

que influenciam o funcionamento do ecossistema, que são simplificados ao

criarem-se grupos funcionais categóricos (GITAY; NOBLE, 1997; FONSECA;

GANADE, 2001). Além disso, as espécies podem ser agrupadas tanto pela força

de seleção, criando convergência em seus atributos, quanto pela conservação de

Page 34: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

29

nicho em espécies filogeneticamente próximas e ainda apresentar

complementariedade entre os grupos (KAPLAN; DENNO, 2007; SLADE et al.,

2007; LEBRIJA-TREJOS et al., 2010; WEBB et al., 2010; WIENS et al., 2010;

WEIHER et al., 2011).

Além disso, Cadotte (2011) define diversidade funcional de forma ampla

como a quantificação na variação de atributos de uma comunidade estudada. A

qual comumente depende de medidas quantitativas de atributos, muitas vezes

sendo necessária a abordagem multivariada e podendo considerar a abundância

de espécies. Desta forma, a medida mais simplista é o coeficiente de variação

em um atributo único (CADOTTE et al., 2009), ou seja, a diversidade funcional

seria diretamente a variação média de um atributo.

Foram criados diversos índices de diversidade funcional, que se baseiam

na utilização de apenas um atributo, ou em uma gama de atributos (PLA et al.,

2012). Os que apresentam apenas um atributo são:

a) Média ponderada da comunidade: apresenta o valor esperado de

atributo para certa comunidade;

b) Divergência funcional: Variação dos valores dos atributos,

ponderada pela abundância das espécies;

c) Regularidade funcional: Avalia o quão similar as comunidades são

através da variação da média (ou mediana, ou moda) ponderada pela

abundância relativa.

No entanto, devido à natureza multivariada dos atributos que

influenciam as funções, foram criados índices de diversidade multivariados

(PLA et al., 2012):

Page 35: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

30

a) Diversidade funcional de atributos baseado em combinações:

calculado a partir do número de combinações diferentes de atributos

que ocorrem dentro da comunidade;

b) Diversidade funcional de atributos baseado na distância entre pares:

é a soma das distâncias padronizadas entre pares de espécies no

espaço dos atributos. Este possui uma modificação que evita a

monotonicidade;

c) Diversidade funcional baseada em dendograma: é a soma da

distância dos ramos de um dendograma funcional elaborado por

análise de agrupamento, baseada em diversos atributos. Esta forma

de avaliar a diversidade funcional pode ser ponderada pela

abundância relativa;

d) Envoltório convexo (Convex hull): Dispersão das espécies no espaço

dos atributos;

e) Entropia quadrática: Distância média entre os pares de espécies,

ponderada pela abundância;

f) Riqueza funcional: Volume ocupado por uma comunidade no espaço

dos atributos;

g) Equitabilidade funcional: Mede a regularidade na qual as espécies

então distribuídas, considerando sua abundância;

h) Divergência funcional: Distribuição da abundância das espécies no

espaço multivariado dos atributos;

i) Dispersão funcional: É a distância média de cada espécie da

comunidade para o centroide calculado levando em consideração a

abundância das espécies.

Diversos trabalhos têm tentado avaliar a resposta destes índices em

relação às alterações ambientais, com diferentes taxa e intensidades de

Page 36: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

31

degradação. Flynn et al. (2009) relataram um decréscimo da diversidade

funcional de aves e mamíferos com aumento da intensificação da agricultura,

enquanto que para as plantas não foi observado um padrão claro, enquanto

Biswas e Mallik (2010) encontraram maior diversidade funcional de plantas nos

estágios intermediários de distúrbio. Para áreas de corte seletivo foi observado

maior equitabilidade funcional, porém com riqueza funcional similar à floresta

intacta (BARALOTO et al., 2012).

Page 37: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

32

5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Área de estudo e seleção de áreas

O estudo foi conduzido no município de Almerim, Pará, na bacia do Rio

Jari (00°27’00” – 01º30’00”S, 51°40’00” – 53º20’00”O), na divisa entre os

estados do Amapá e Pará, na região nordeste da Amazônia brasileira (Figura 1).

Nesta área vêm sendo desenvolvido monitoramentos de fauna e flora e diversas

pesquisas ecológicas (BARLOW et al., 2007a; GARDNER et al., 2008b;

GARDNER et al., 2009; PARRY et al., 2009a, 2009b; BARLOW et al., 2010).

Figura 1 Área de estudo, bacia do Rio Jari, PA, Brasil

Page 38: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

33

Fonte: Modificado de Greissing (2012).

A área apresenta 1,7 milhões de hectares e está sob administração da

empresa florestal Grupo ORSA (Jari Celulose SA/ ORSA Florestal). Essa área

foi comprada em 1967, originalmente com 10% (145.000ha) de floresta primária

convertida em grandes plantações de árvores exóticas (Eucalyptus urograndis,

Gmelina arborea e Pinus caribaea) (HAWES et al., 2009; GREISSING, 2012).

Atualmente a região é formada por um mosaico de plantações de árvores

exóticas, florestas secundárias em regeneração e áreas de corte seletivo, imersas

em uma matriz com mais de 500.000 ha de floresta primária praticamente intacta

(PARRY et al., 2007).

Os solos da região consistem em grande maioria, de Latossolos

Amarelos de caráter álico e dos Podzólicos Vermelho-Amarelos, além de outros

tipos que ocorrem em menor quantidade, como os Plintossolos, “a terra preta de

índio” e os Cambissolos (PIRES, 1973; FEARNSIDE; LEAL-FILHO, 2001).

A vegetação é bastante variada, sendo predominantemente coberta por

floresta equatorial subperenifólia. Essa variação faz com que a região abranja

duas das quatro subprovíncias vegetacionais amazônicas, a Jari Trombetas e a

Planície Terciária, sendo a heterogeneidade vegetacional uma característica da

primeira (RIZZINI, 1997).

O clima é caracterizado como quente úmido (Amw), segundo a

classificação de Köppen, o clima da região apresenta temperatura média anual

de aproximadamente 26 °C e precipitação pluviométrica anual entre 2.000 e

2.500 mm (COUTINHO; PIRES, 1996; OLIVEIRA et al., 2004; HAWES et al.,

2009), com período chuvoso compreendido entre os meses de janeiro a junho e

estação seca entre setembro e novembro (PARRY et al., 2007).

Foram considerados para o presente estudo os seguintes sistemas em

ordem decrescente de influência antrópica para o presente estudo:(1)

monocultura de Eucalyptus (eucalipto), (2) área de regeneração devido à

Page 39: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

34

supressão vegetal para plantio de Eucalyptus ou repouso após corte de

Eucalyptus (capoeira), (3) área de conexão entre florestas primárias (corredor),

(4) áreas que sofreram algum tipo de intervenção para implementação de corte

seletivo, como criação de estradas, limpeza de lianas, pátio de empilhamento, ou

corte de espécies arbóreas efetivamente (corte) e como controle, (5) florestas

primárias que sofreram o mínimo de impacto em tempos pretéritos (floresta).

Sendo então o corredor, corte e floresta áreas que mantém a cobertura original e

eucalipto e capoeira áreas que em algum momento sofreram supressão da

vegetação (Tabela 1).

5.2 Coleta de Scarabaeinae

As coletas dos indivíduos foram realizadas no primeiro trimestre de

2009 e 2010, sendo três áreas de capoeira, oito de corredor, oito de corte, 18 de

eucalipto e 15 de floresta em 2009 (Tabela 1). Em 2010 as coletas foram

efetuadas em cinco áreas de capoeira, sete de corredor, oito de corte, 20 de

eucalipto e 22 de floresta (Tabela 1).

Tabela 1 Sistemas de usos de solo onde foram realizadas as coletas de Scarabaeinae na região do Jari, PA, Brasil nos anos de 2009 e 2010

Uso de solo 2009 2010 Eucalipto 18 20 Supressão da

vegetação Capoeira 3 5 Corredor 8 7

Corte 8 8 Cobertura original Floresta 15 22

Os besouros Scarabaeinae foram coletados utilizando armadilhas do tipo

pitfall (19 cm de diâmetro, 11 cm de profundidade). Em cada área foram

Page 40: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

35

instaladas cinco armadilhas de queda do tipo pitfall, espaçadas por 150 m em um

transecto de 600 m. Estas armadilhas consistiram de recipientes plásticos

enterrados ao nível do solo. As armadilhas foram iscadas com aproximadamente

30 g de fezes humanas misturada às fezes suína e no seu interior havia uma

mistura de água, detergente e sal, aproximadamente 250 ml (Figura 2).

Figura 2 Armadilha do tipo pitfall

Posteriormente os indivíduos foram triados e levados ao Laboratório de

Ecologia e Conservação de Invertebrados, na Universidade Federal de Lavras

(UFLA), onde foram identificados com auxílio da chave dicotômica para

gêneros de Scarabaeinae (VAZ-DE-MELLO et al., 2011), do guia de

identificação das espécies locais e comparação com a coleção de referência da

área de estudo. Posteriormente a confirmação das espécies se deu pelo

especialista no grupo Fernando Z. Vaz-de-Mello. Os espécimes voucher estão

depositados na Coleção de Referência de Escarabeíneos Neotropicais (CREN)

da UFLA.

5.3 Obtenção dos atributos

Page 41: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

36

Para a obtenção dos atributos dos besouros foram conduzidos

experimentos independentes durante os meses de janeiro e fevereiro de 2012

(descrito nas seções posteriores). Além da coleta, para complementar as

informações foram realizadas consultas a fontes secundárias (FEER;

PINCEBOURDE, 2005; BORDONI, 2010; LARSEN, 2012) e ao especialista

Dr. Fernando Z. Vaz-de-Mello.

As coletas dos atributos foram com baseadas na distribuição e na riqueza

de espécies de Scarabaeinae previamente conhecida, devido ao programa de

monitoramento realizado a área de estudo em questão. Desta forma foi possível

distribuir os esforços das coletas de forma a obter a maior quantidade de

informações das espécies da área.

As características mais utilizadas para separar guildas ou grupos

funcionais de besouros Scarabaeinae são: período de atividade, dieta, estratégia

de alocação de recurso e tamanho corporal (BARRAGÁN et al., 2011), que

podem ser utilizadas separadas ou combinadas na criação dos grupos funcionais.

Neste estudo foram utilizados cinco atributos: (1) biomassa seca (apresenta alta

correlação com o tamanho corporal), (2) período de atividade, (3) dieta, (4)

estratégia de alocação de recurso e adicionou-se a (5) capacidade de empoleirar

no sub-bosque.

5.3.1 Período de Atividade

Foram instaladas cinco armadilhas pitfall iscadas, inicialmente às 7 h

horas distantes 100 m entre si em transectos de 400 m. As armadilhas

permaneceram ativas por 24 horas e foram vistoriadas às 6 h e 18 h horas, com

posterior reposição da isca. As espécies que apresentaram abundância igual ou

superior a 80% (de no mínimo 5 indivíduos) do total capturado no período entre

as 6 h e 18 h foram consideradas diurnas, entre as 18 h e 6 h noturnas e quando

Page 42: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

37

abaixo dessa porcentagem eram consideradas generalistas de período de

atividade(MONTES-DE-OCA; HALFFTER, 1995). A informação das espécies

que foram consideradas crepusculares foi obtida por meio de fonte secundária

(FEER; PINCEBOURDE, 2005; BORDONI, 2010) e auxílio do especialista

Fernando Z. Vaz-de-Mello.

5.3.2 Dieta

Para obter a dieta foram instalados grids de três por sete armadilhas,

equidistantes em 100 m. Sendo alternada entre duas armadilhas de solo iscadas,

uma com 30 g de fezes e a outra com 30 g de carcaça, além de uma armadilha

para empoleiramento (explicado na sessão 4.3.3) (Figura 3).

Figura 3 Distribuição das armadilhas para obtenção de dieta e empoleiramento Nota: Círculos brancos = fezes, cinza = carcaça e pretos = empoleiramento.

A especificidade de dieta foi estabelecida pela frequência dos indivíduos

coletados nas diferentes iscas, sendo considerado especialista quando forem

encontrados 80% ou mais indivíduos em cada isca, onde estas representarão as

categorias de dieta. As espécies foram classificadas em: coprófagas, necrófagas

Page 43: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

38

e generalistas, quando atraídas para mais de uma isca (HALFFTER;

ARELLANO, 2002).

5.3.3 Capacidade de empoleiramento

A capacidade de empoleirar se trata de uma habilidade de pousar em

folhas permitindo a utilização de recursos que se encontram depositados sobre a

superfície destas (GILL, 1991; VAZ-DE-MELLO; LOUZADA, 1997). Desta

forma, a armadilha utilizada para averiguar tal habilidade consistia e uma

superfície plástica com os limites laterais projetando-se além da abertura da

armadilha, que permitiu o empoleiramento dos indivíduos, e um orifício central,

permitindo a queda dos indivíduos no interior do recipiente, disposta a 1,5 m da

altura do solo (Figura 4).

Figura 4 Armadilha para empoleiramento instalada a 1,5 m do solo

1,5 m

Page 44: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

39

As armadilhas foram dispostas em grid como explicado na sessão 4.3.2

(Figura 3, círculos pretos) Foi considerada hábil a empoleirar as espécies em que

pelo menos um indivíduo foi capturado na armadilha supracitada.

5.3.4 Alocação de recurso

Todas as informações utilizadas para este atributo foram obtidas com

consulta às fontes secundárias, ou ao especialista do grupo. Sendo assim

separadas em guildas funcionais distintas, baseadas no método de manipulação

do recurso (DOUBE, 1990; VULINEC, 2002).

Foram classificados como: escavadores (ou paracoprídeos, cavam túneis

e enterram bolas de excremento abaixo ou adjacente ao depósito de fezes),

residentes (ou endocoprídeos, vivem dentro ou logo abaixo do recurso) e

roladores (ou telecoprídeos, retiram porções de recurso e rolam para longe da

fonte original) (HALFFTER; MATTHEW, 1966).

5.3.5 Biomassa

Os exemplares foram secos em estufa a uma temperatura de 45°C por

três dias, a fim de realizar sua completa secagem (GARDNER et al., 2008a).

Posteriormente foi realizada a pesagem, em balança de precisão (0.0001g), de 15

indivíduos de cada espécie coletada. Quando à quantidade de indivíduos não era

disponível todos os indivíduos foram pesados, ou utilizados dados do banco de

dados do laboratório de Ecologia e Conservação de Invertebrados da UFLA.

Este atributo foi o único utilizado como dado contínuo para separação dos

grupos funcionais.

Page 45: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

40

5.4 Análise dos dados

Os atributos explicitados acima foram utilizados para gerar os grupos

funcionais através da análise de agrupamento baseado na distância de

similaridade de Ward. Para a formação dos grupos funcionas foram utilizados

dados de 70 espécies (74%), do total de 94 encontradas para região nos anos de

2009 e 2010, as quais representam 94% (24681 indivíduos) de toda a abundância

encontrada para os mesmos anos na região. A partir do dendograma gerado foi

selecionado o ponto de corte na distância de Ward em 0,5.

Baseados nos atributos obtidos também foram calculados os seguintes

índices de diversidade funcional (VILLÉGER et al., 2008; LALIBERTÉ;

LEGENDRE, 2010; PLA et al., 2012):

a) Dispersão funcional (DisF): Este índice é obtido com a distância

individual das espécies para o centroide de todas espécies da

comunidade, e é pesado pela abundância relativa das espécies.

b) Equitabilidade funcional (EF): Expressa através da distribuição das

espécies distribuída pelo espaço dimensional dos atributos, levando

em consideração a abundância. Este valor é baseado nas árvores de

extensão mínima (minimum spanning tree) que liga as espécies em

um espaço multidimensional dos atributos.

c) Riqueza funcional baseada no dendograma (RF): Uma das formas de

calcular este índice, que foi utilizado no presente estudo, é com a

criação de um dendograma que represente a comunidade na escala

espacial de interesse. Desta forma haverá um valor máximo de RF e

cada amostra apresentará um valor próprio, baseado na soma do

Page 46: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

41

comprimento dos ramos do dendograma das espécies presentes

requeridos para conectá-las à raiz do dendograma.

Para cada índice de diversidade funcional foi gerado um modelo linear

generalizado (GLM) tendo como variável dependente o índice em função dos

diferentes usos de solo (variável independente), sendo o ajuste da distribuição de

erros dos modelos do tipo quasipoisson. Posteriormente foi realizado o teste “F”

no modelo para avaliar se havia diferença entre os usos de solo. Uma vez

constatada diferenças, os usos mais próximos foram agrupados, gerando assim

um novo modelo que foi comparado ao anterior por meio de análise de contraste

(“F”), assim sucessivamente, até que os usos não pudessem mais ser agrupados.

Os dados de número de indivíduos e espécies dentro de cada grupo

funcional foram padronizados, tendo como referência o número total por

amostra e transformados pela raiz quadrada, permitindo assim que a natureza

dos dados se mantivesse, porém a discrepância entre estes fosse reduzida.

Com base na distância de similaridade de Bray-Curtis, para número de

espécies e indivíduos dentro dos grupos funcionais, foi realizada a análise de

coordenadas principais (PCO), seguido da análise multivariada de variância com

permutação (PERMANOVA) para averiguar se havia semelhança entre os usos

de solo. Posteriormente, foi possível verificar a dispersão dos pontos dentro dos

usos de solo através da análise de dispersão multivariada (PERMDisp).

A fim de obter grupos funcionais bioindicadores de cada sistema de uso

do solo, foi utilizado o método de obtenção do valor de indicação (IndVal). Este

método combina o grau de especificidade do grupo para um grupo de amostras

pré-definido e sua fidelidade dentro do grupo, medida através da sua

percentagem de ocorrência (MCGEOCH et al., 2002).

Page 47: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

42

6 RESULTADOS

6.1 Formação dos grupos funcionais

Através do método de agrupamento pela distância de Ward foram

gerados 18 grupos funcionais (Tabela 2, Anexos 1 e 2). O grupo funcional 1 foi

o que apresentou o maior número de espécies (12), distribuídas em 5 gêneros

diferentes, e os menores foram os grupos 7, 9, 12, 13 e 18 com duas espécies

cada e apenas um gênero, com exceção do grupo 9 que apresentou dois gêneros

(Tabela 2, Anexo 2). É possível observar que a maior parte dos grupos

funcionais apresentam espécies noturnas, coprófagas, sem capacidade de

empoleiramento e telecoprídeas (Tabela 2, Anexo 2).

Tabela 2 Atributos dos grupos funcionais para a região do Jari, PA, Brasil nos anos de 2009 e 2010

Grupo func. Ativ. Dieta Emp. Aloc. Peso Gen. Esp.

1 No Co N P 0.0010-0.6393 (0.1164) 5 12

2 No G S P 0.0177-0.0074 (0.0121) 3 3

3 No G N P 0.4531-0.0134 (0.1380) 3 5

4 No Co S P/T/E 0.1215-0.0086 (0.0339) 5 6

5 Di/G Ne/Co S P 0.0075-0.0046 (0.0064) 2 3

6 Di Co N P 1.9300-0.0285 (0.5830) 3 4

7 No Co N T 0.0684-0.0622 (0.0653) 1 2

8 No/Cr Ne N T 0.1234-0.0285 (0.0656) 2 4

Page 48: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

43

9 Di Co S T 0.1705-0.0585 (0.1145) 2 2

“Tabela 2, Conclusão”

Grupo func. Ativ. Dieta Emp. Aloc. Peso Gen. Esp.

10 Di/No G S/N T 0.0628-0.0030 (0.0212) 2 5

11 Cr Ne/G N P 2.9072-0.2523 (1.2160) 1 3

12 No Ne S T 0.2426-0.0683 (0.1555) 1 2

13 Cr G/Co S T 0.4736-0.4426 (0.4581) 1 2

14 No Co/G N E 0.1170-0.0505 (0.0796) 1 3

15 Di Co N E 0.0645-0.0290 (0.0420) 1 3

16 G Co N E 0.1986-0.0100 (0.1144) 1 5

17 Di G N P 0.3266-0.0520 (0.1617) 2 4

18 Cr Co - P 0.1060-0.0400 (0.0730) 1 2

Nota: Ativ = Período de Atividade, Emp = Capacidade de empulheiramento, Aloc = Estratégia de alocação de recurso. N = Não, S = Sim Di = Diurno, Cr = Crepuscular, No = Noturno, Co = Coprófago, Ne = Necrófago, G = Generalista, P = Paracoprídeo, T = Telecoprídeo, E = Endocoprídeo, Gen. = Número de gêneros, Esp. = Número de espécies. Peso =Intervalo de biomassa seca com média entre parênteses.

6.2 Diversidade funcional

Em relação aos índices de diversidade, não foram encontradas diferenças

estatísticas para EF entre os diferentes usos de solo (F4,112= 2,110; p= 0,227)

(Figura 5). Em relação aos outros índice não houve diferença entre eucalipto e

capoeira (DisF: F2,106 = 0.200, p = 0,819; RF: F2,105 = 0,954, p = 0,389), bem

como entre corredor, corte e floresta (DisF: F2,110 = 0,147, p = 0,863; RF: F2,109 =

0,196, p = 0,822) (Figura 5). Porém, ainda em relação à estes dois índices, os

sistemas que sofreram supressão da vegetação foi diferentes daqueles que

Page 49: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

44

mantiveram a cobertura da vegetação (DisF: F1,112 = 14,582, p < 0,001; RF: F1,112

= 14,425, p < 0,001) (Figura 5).

Figura 5 Média e erro-padrão dos índices de diversidade funcional Nota: Letras iguais não apresentam diferença significativa (p < 0,05). DisF = Dispersão

funcional; EF = Equitabilidade funcional; RF = Riqueza Funcional.

6.3 Distribuição dos grupos funcionais

O grupo funcional 1 foi o mais abundante e rico , enquanto os grupos 9 e

18 estiveram ausentes, tanto no eucalipto, quanto na capoeira (Figura 6). Apesar

do grupo funcional também ser o mais rico nos demais sistemas, não foi o mais

abundante, sendo os grupos 17, 15 e 4 para corredor, corte e floresta,

respectivamente (Figura 6). Tanto na floresta, quanto no corte o grupo 7 esteve

Page 50: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

45

ausente, sendo que para o corte também não foi encontrado o grupo 18 (Figura

6). Já o corredor apresentou todos os grupos formados (Figura 6).

Figura 6 Valores estandardizados e transformados pela raiz quadrada de

riqueza presente em cada grupo funcional (pontos) e abundância (barras) em cada uso de solo

Foram encontradas diferenças para a abundância dos grupos funcionais

entre os usos de solo (Figura 7, Tabela 3; pseudo-F4,104 = 10,520 ,p <,0.001) e

para riqueza dos grupos (Figura 7, Tabela 3; pseudo-F4,104 = 8,924, p < 0,001).

Page 51: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

46

Figura 7 PCO, com base na distância de similaridade de Bray-Curtis, baseada na abundância e no número de espécies (riqueza) dentro dos grupos funcionais, nos diferentes usos de solo

Nota: Símbolos preenchidos representam 2009 e vazios 2010 para a região do Jari, PA, Brasil.

Page 52: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

47

Tabela 3 Resultados do PERMANOVA comparando os valores de abundância e número de espécies dentro dos grupos funcionais entre os usos de solo

Abundância Riqueza Usos de solo t p Usos de solo t p

Eucalipto, Capoeira 1,099 0,311 Eucalipto, Capoeira 1,269 0,173 Eucalipto, Corredor 3,176 0,001* Eucalipto, Corredor 2,559 0,001* Eucalipto, Corte 3,678 0,001* Eucalipto, Corte 3,465 0,001* Eucalipto, Floresta 4,471 0,001* Eucalipto, Floresta 4,378 0,001* Capoeira, Corredor 2,532 0,002* Capoeira, Corredor 1,623 0,037* Capoeira, Corte 3,181 0,001* Capoeira, Corte 2,508 0,001* Capoeira, Floresta 2,893 0,001* Capoeira, Floresta 2,537 0,001* Corredor, Corte 4,028 0,001* Corredor, Corte 3,633 0,001* Corredor, Floresta 3,006 0,001* Corredor, Floresta 3,012 0,001* Corte, Floresta 1,925 0,003* Corte, Floresta 1,622 0,024*

Nota: * (p < 0,05)

É possível observar que eucalipto é mais próximo de capoeira, enquanto

capoeira é mais próximo da floresta, corredor da capoeira e floresta e corte entre

si (Tabela 4). Em relação à riqueza eucalipto e capoeira são mais próximos de

corredor, ao mesmo tempo em que corredor, corte e floresta são próximos entre

si (Tabela 4).

Page 53: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

48

Tabela 4 Valores de similaridade de Bray-Curtis, para riqueza e abundância das espécies dentro dos grupos funcionais entre os usos de solo para a região do Jari, PA, Brasil nos anos de 2009 e 2010

Abundância Eucalipto Capoeira Corredor Corte Floresta Eucalipto 42.803 Capoeira 47.357 55.194 Corredor 41.799 51.213 68.101 Corte 41.638 51.385 60.627 77.817 Floresta 43.056 52.852 63.237 71.133 69.367 Riqueza Eucalipto Capoeira Corredor Corte Floresta Eucalipto 52.975 Capoeira 54.644 59.494 Corredor 56.055 63.421 72.859 Corte 54.277 61.364 69.054 82.754 Floresta 55.586 62.532 70.742 78.425 77.174

Através do PERMDisp foi possível observar diferenças entre a distância

dos centroides em relação à abundância (Tabela 5, F4,109 = 40,297, p <0,001) e a

riqueza em (Tabela 5, F4,109 = 22,782, p = 0,003).

Page 54: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

49

Tabela 5 Resultado do PERMDisp para abundância e riqueza dentro dos grupos funcionais para a região do Jari, PA, Brasil nos anos de 2009 e 2010

Abundância Riqueza Usos de solo t p Usos de solo t p

Eucalipto, Capoeira 2,498 0,042* Eucalipto, Capoeira 1,279 0,275 Eucalipto, Corredor 6,245 0,001* Eucalipto, Corredor 4,219 0,001* Eucalipto, Corte 8,762 0,001* Eucalipto, Corte 6,361 0,001* Eucalipto, Floresta 9,686 0,001* Eucalipto, Floresta 7,461 0,001* Capoeira, Corredor 2,223 0,056 Capoeira, Corredor 2,016 0,075 Capoeira, Corte 4,196 0,001* Capoeira, Corte 3,659 0,006* Capoeira, Floresta 3,342 0,003* Capoeira, Floresta 3,619 0,003* Corredor, Corte 2,969 0,012* Corredor, Corte 2,997 0,007* Corredor, Floresta 0,115 0,910 Corredor, Floresta 1,449 0,217 Corte, Floresta 4,114 0,002* Corte, Floresta 2,419 0,032* Nota: *(p < 0,05).

6.4 Grupos funcionais como indicadores biológicos

Foram encontrados como indicadores de eucalipto os grupos funcionais

6 e 7, para capoeira o grupo funcional 8, para corredor os grupos 3 e 7, para

corte os grupos 11, 12, 13, 14 e 15 e para floresta o grupo 4 (Tabela 6).

Page 55: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

50

Tabela 6 Valores de indicação (IV) significativos para os grupos funcionais para a região do Jari, PA, Brasil nos anos de 2009 e 2010

Grupo Uso de solo IV p GF6 Eucalipto 48,7 0,0094 GF7 Eucalipto 38,8 0,0020 GF8 Capoeira 36,5 0,0158 GF3 Corredor 47,3 0,0124 GF17 Corredor 39,7 0,0052 GF11 Corte 27,2 0,0416 GF12 Corte 66,8 0,0002 GF13 Corte 38,5 0,0044 GF14 Corte 33,8 0,0228 GF15 Corte 43,1 0,0036 GF4 Floresta 43,6 0,0052

Nota: *(p < 0,05).

Page 56: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

51

7 DISCUSSÃO

7.1 Formação dos grupos funcionais

O grupo funcional com maior número de espécies foi o grupo funcional

1, que assim como encontrado na região central e sudeste do México, são

pequenos, paracoprídeos, coprófagos e noturnos(BARRAGÁN et al., 2011).

Com exceção de três representantes do gênero Dichotomius Hope, 1838, que

apresentam biomassa elevada.

Os grupos funcionais 5 e 12 foram formados por uma combinação de

atributos peculiar, são espécies necrófagas, porém empoleiradoras. Estas

espécies provavelmente possuem a característica de nidificar em carcaça e se

alimentar de fezes, uma vez que a isca disponibilizada no sub-bosque foi fezes.

Ou ainda, devido à competição forrageiam em carcaça no solo e fezes no sub-

bosque.

Os grupos foram formados por espécies tanto filogeneticamente

próximas, quanto distantes. Existem dois motivos para isto ter ocorrido:

a) Espécies filogeneticamente próximas podem conservar

características de natureza ecológica, fisiológica e morfológica

similares, de acordo com a conservação de nicho (KAPLAN;

DENNO, 2007; WIENS et al., 2010);

b) Espécies de diferentes gêneros podem apresentar uma convergência

nos seus atributos, uma vez que estes são selecionados pelos filtros

ambientais, possibilitando a proximidade das espécies em condições

ambientais próximas (LEBRIJA-TREJOS et al., 2010; WEBB et al.,

2010; WEIHER et al., 2011).

Page 57: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

52

Desta forma, é possível observar que apesar de existir variabilidade de

gêneros dentro dos grupos, há também um agrupamento parcial destes, fazendo

com que haja tanto espécies próximas taxonomicamente, quanto

ecologicamente, nos mesmos grupos funcionais. Esse padrão pode ser evidência

de um sinal filogenético relativamente forte na formação de grupos funcionais

de Scarabaeinae, indicando inércia filogenética na distribuição de caracteres.

A convergência entre os atributos das espécies às fazem explorar os

recursos de forma bastante similar, intensificando a competição entre espécies

próximas (FLORES; BELTRAN, 2000). Sendo a coexistência possível por

pequenas variações na forma de exploração, heterogeneidade do hábitat, ou

abundância de recurso (FLORES; BELTRAN, 2000; VIOLLE et al., 2011).

Além da competição intra e intergrupo funcional, a sensibilidade dos

atributos nas espécies pode levar à permanência daquela espécie no ambiente, ou

sua extinção local pelo insucesso, o que reduz o número de espécies

redundantes, ou pelo menos à redução da variabilidade dos atributos (TURVEY;

FRITZ, 2011). Logo, a perda de algumas espécies dentro de um grupo funcional,

ou eventualmente o grupo funcional inteiro se dá pela sensibilidade dos

atributos, e consequentemente das espécies frente às alterações ambientais

(NAVARRETE; HALFFTER, 2008; BARRAGÁN et al., 2011).

Quanto à sensibilidade dos atributos, o período de atividade diurno seria

o mais suscetíveis à dessecação, dificultando a permanência em áreas com

menor cobertura florestal e a dispersão entre os sistemas (KRELL-

WESTERWALBESLOH et al., 2004; LARSEN et al., 2008).Apesar de estes

indivíduos serem fisiologicamente mais resistentes que os noturnos, a proteção

da cobertura vegetal contra à exposição lhes permite maior sucesso e fitness em

áreas florestadas, devido ao sombreamento e retenção da umidade(UHL;

KAUFFMAN, 1990; PUTZ et al., 2001; FEER; PINCEBOURDE, 2005).

Page 58: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

53

Devido à intensa competição na comunidade de Scarabaeinae causada

pela efemeridade e imprevisibilidade do recurso, espera-se que os generalistas

sejam menos sensíveis às mudanças de hábitat que os especialistas de dieta, pois

os primeiros apresentam maior probabilidade de encontrar o recurso (GILL,

1991; SCHOLTZ et al. 2011).

Com a redução da complexidade do sub-bosque é provável que haja um

declínio concomitante das espécies empoleiradoras, pois a disponibilidade de

recurso acima do nível do solo seria reduzida, fazendo com que estas

intensifiquem a competição interespecífica com as espécies especializadas em

forrageamento no solo (LOUZADA, 1998).

Sabendo-se que os Scarabaeinae, se alimentam do líquido rico em

microbiota do recurso e que os residentes geralmente exploram o recurso em

períodos diferentes dos indivíduos com outras estratégias de alocação, estes são

os mais suscetíveis à extinção local, pela necessidade de manutenção da

umidade do recurso por períodos mais longos (HALFFTER; MATTHEWS,

1966; SCHOLTZ et al., 2011). Porém, Nichols et al. (in press) observaram que

os escavadores eram os mais afetados, bem como estudos que avaliaram grupos

funcionais (SLADE et al., 2007; BARRAGÁN et al., 2011).

Outro parâmetro que influencia a sensibilidade é o tamanho dos

organismos, já que as espécies maiores são mais suscetíveis à extinção por

necessitarem de mais recurso, menor prole e população, além de encontrarem

mais facilmente barreiras durante seu voo, devido à alta carga na asa (DOUBE,

1990; CARDILLO et al., 2005; GARDNER et al., 2008; LARSEN et al., 2008).

7.2 Diversidade funcional

Ao contrário do esperado, os índices não apresentaram uma clara

formação de gradiente em relação à intensificação da influência antrópica nos

Page 59: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

54

ambientes. Porém, este fato pode estar relacionado com questões idiossincráticas

dos impactos e da estrutura funcional destes.

Há indícios de que a composição de espécies de sistemas que

mantenham a cobertura florestal original é mais próxima da floresta do que de

sistemas que tenham sofrido supressão da vegetação, já que as espécies

tolerantes à matriz não invadem as estruturas florestais na área de estudo

(BARLOW et al., 2010). Por se tratar de um índice relacionado com a riqueza de

espécies o RF formou dois grupos de usos de solo: (1) corredor, corte e floresta e

(2) capoeira e eucalipto.

Biswas e Mallik (2010) verificaram maiores índices de riqueza funcional

em áreas com distúrbios intermediários, neste estudo as áreas com maior RF

foram as que não apresentaram retiradas da cobertura vegetal, o que as leva a ter

maior resiliência e resistência frente aos impactos ambientais, por apresentarem

uma distribuição mais homogênea dos atributos, logo maior redundância,

levando a menor probabilidade de extinção das espécies (FONSECA;

GANADE, 2001).

Slade et al (2011) reportaram que áreas que sofrem baixo regime de

corte seletivo apresentam uma variação pequena na riqueza, abundância e

biomassa de Scarabaeinae em relação à áreas não perturbadas.Segundo estes

autores, mesmo áreas com maior impacto do corte seletivo, onde há redução na

riqueza, ocorre manutenção da abundância e da biomassa destes besouros. Desta

forma a perda de espécies pode ser compensada pela densidade das demais e

assim mantendo as funções exercidas pelos Scarabainae, bem como sua estrutura

funcional (MCGRADY-STEED; MORIN, 2000; SLADE et al., 2011).

Para corredores há uma forte relação entre riqueza de mamífero e

comprimento do corredor, além de corredores largos, como os encontrados na

área de estudo (c.a. 2 km), permitirem a manutenção de estrutura de dossel

menos perturbada (LESS; PERES, 2008). Desta forma, é comum a utilização de

Page 60: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

55

corredores bem conservados por Scarabaeinae, seja para forrageamento, seja

para nidificação, fazendo com que a riqueza de espécies no corredor seja

comparável à do corte e consequentemente da floresta (ARELLANO et al.,

2008; BARLOW et al. 2010).

Por outro lado, as alterações realizadas para cultivo de Eucalipto fizeram

com que as respostas da comunidade de Scarabaeinae fossem suficientemente

altas para que este índice apontasse diferenças entre os sistemas que sofreram

supressão da vegetação e os que mantiveram a cobertura original (SCHEFFLER,

2005; LOUZADA et al., 2010).Somada a isso, na área de estudo as áreas de

capoeira e eucalipto apresentam uma parcela da comunidade de áreas de floresta

primária (GARDNER et al., 2008b; LOUZADA et al., 2010).

Esperava-se que a capoeira fosse um sistema com intensidade de

distúrbio entre os aqueles com cobertura original e com supressão, já que a

subfamília Scarabaeinae apresenta capacidade de recolonizar rapidamente os

ambientes modificados e este uso de solo representa um sistema de regeneração

da cobertura florestal (ANDRESEN, 2003; QUINTERO; ROSLIN, 2005;

BARLOW et al., 2007b). Porém o sua similaridade com eucalipto mostra que a

estrutura funcional provavelmente não acompanha esta rápida recolonização,

sendo assim, sua funcionalidade pode ser temporariamente reduzida pela

ausência de espécies com atributos funcionais menos similares entre si.

A ausência de diferenças para EF pode ser explicada pela manutenção

dos atributos, mesmo que haja redução nas espécies, já que este índice não está

relacionado ao número de espécies. Portanto, os ambientes podem ser

funcionalmente semelhantes, devido à manutenção dos atributos funcionais da

comunidade, mesmo com a eventual simplificação da comunidade, ou mesmo

devido à complementariedade entre os grupos funcionais (HOEHN et al., 2008).

Porém, Barragán et al. (2011) e Arthaud et al. (2011), trabalhando com

áreas e taxa diferentes também não encontraram diferenças na EF. Então esta

Page 61: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

56

ausência de reposta pode ter outra explicação, relacionada ao mecanismo de

aumento de volume da assembleia (volume-increasing assembly mechanism), ou

seja, o ganho ou perda de espécies pode gerar um aumento no volume ocupado

por estas no espaço multidimensional dos atributos, sem que haja alterações nas

distâncias relativas entre as espécies (MORENO et al., 2006).Isto pode levar o

RF a apresentar resposta à degradação, enquanto EF permaneça inalterado

(BARRAGÁN et al., 2011), provavelmente esta manutenção do índice seja mais

comum com atributos categóricos, como a grande maioria neste trabalho.

Uma terceira hipótese não muito forte, devido aos resultados

encontrados para RF, seria que a restruturação do sub-bosque em eucaliptos e da

vegetação em capoeiras faz com que as espécies florestais entrem nestas áreas,

permitindo a recolonização e o trânsito de espécies com atributos presentes em

estruturas florestais, porém com menor sensibilidade, uma vez que a

permeabilidade da matriz interfere nestes movimentos (SPECTOR; AYZAMA,

2003; LAURANCE et al., 2007).

O padrão encontrado para DisF foi o mesmo que RF. Onde os sistemas

com cobertura original da vegetação e que sofreram supressão formaram dois

grupos diferentes. A perturbação gerada pelo corte pode conduzir ao aumento no

número de espécies, sem que haja perda das originais, assim pode não ocorrer

perda de atributos, fazendo com que o peso de cada atributo seja muito similar à

floresta, ou seja, não ocorre um deslocamento significativo do centroide no

espaço multidimensional (CONNELL, 1978; WILLOTT et al., 2001;

LALIBERTÉ; LEGENRE, 2010).

Como já discutido anteriormente, os corredores da área de estudo

apresentam um ambiente propício para a presença de mamíferos e uma estrutura

de dossel preservada (LESS; PERES, 2008). Portanto, estas áreas com recurso

disponível e microclima propício sofrem poucas alterações em relação às

comunidades de florestas primárias, evitando que haja deslocamento do

Page 62: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

57

centroide, ou fortes alterações nas proporções de abundância no espaço

multidimensional dos atributos (HALFFTER; ARELLANO, 2002;

LALIBERTÉ; LEGENRE, 2010).

Nas áreas onde ocorre uma perda significativa de espécies com certos

atributos e valores altos de biomassa, levando ao deslocamento do centroide em

relação à área preservada (SLADE et al., 2007; LALIBERTÉ; LEGENRE,

2010). Este cenário era esperado para áreas que sofreram supressão da

vegetação, uma vez que os Scarabaeinae estão diretamente relacionados à

cobertura vegetal e à presença de mamíferos (HALFFTER; ARELLANO, 2002;

GARDNER et al., 2008b).

Sendo assim, pequenas perturbações podem não influenciar o

funcionamento do ecossistema, permitindo que este se recupere após um

distúrbio, ou até mesmo mantenha a provisão de serviços (SLADE et al., 2011).

Portanto, análises de grupos chaves em funções ou serviços permitiriam

aumentar a previsibilidade da resposta holística do sistema.

O índice de riqueza funcional pode ser um bom avaliador de resistência

e resiliência, porém deficiente em relação à indicação de manutenção das

funções ecológicas, já que se relaciona com a presença de espécies redundantes,

mas não a redundância de atributos. Assim, é preciso avaliar estes índices e suas

relações efetivas com as funções e a diversidade biológica em ambientes

tropicais. Outro ponto a ser considerado é a questão da escolha dos atributos,

pois desta forma será possível obter o atributo que realmente influencie de

maneira significante as funções alvo das análises.

Apesar de não ter sido encontrado um padrão de decréscimo gradual dos

índices de diversidade funcional com o aumento do distúrbio como encontrado

para Carabidae por Gerisch et al. (2012), foi possível inferir diferentes níveis de

impacto antrópico sobre a paisagem local, assim como a natureza de cada um. O

eucalipto e a capoeira apresentam os maiores níveis de degradação dentre os

Page 63: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

58

usos de solo. O corredor e o corte apresentam uma manutenção da

funcionalidade, provavelmente devido à preservação da estrutura florestal

original.

7.3 Distribuição dos grupos funcionais

Tanto em relação ao número de indivíduos, quanto de espécies dentro

dos grupos funcionais, houve agrupamento entre eucalipto e capoeira, enquanto

ambos diferiram de todos os outros usos de solo. Este achado reforça a discussão

no tópico anterior, de que há uma estrutura funcional diferente no sistema onde

houve retirada total da cobertura vegetal original, quando comparado com

aqueles que mantiverem.

Apesar da PERMANOVA ter apontado semelhança entre o eucalipto e a

capoeira, é possível observar maior abundância dos grupos funcionais 1 e 7, na

capoeira e eucalipto, respectivamente. Por se tratar de um sistema que sofre

recolonização sem interferência antrópica constante e recuperação da cobertura

vegetal, é possível que a capoeira consiga suportar espécies um pouco mais

sensíveis à degradação, como as espécies de maior biomassa do grupo 1

(QUINTERO; ROSLIN, 2005). Isto faz com que este sistema apresente maior

abundância deste grupo em relação a todos os demais.

A maior abundância do grupo 7 no eucalipto pode estar relacionada à

ausência as espécies de maior biomassa no grupo funcional 1. Por se tratem de

grupos com atributos muito próximos, a redução de competidores mais fortes

(biomassa mais elevada) pode reduzir a competição intergrupo, aumentando

assim a chance de crescimento populacional das espécies do grupo funcional 7

(FLORES; BELTRAN, 2000; CARROLL et al. 2011).Ao se comparar o

corredor e o corte ao eucalipto é possível averiguar maior riqueza do grupo 7 no

segundo. Este fato pode estar relacionado à sua baixa biomassa, somada ao seu

Page 64: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

59

hábito noturno, sendo menos sensíveis às alterações (FEER; PINCEBOURDE,

2005).

Observa-se para capoeira e eucalipto a perda do grupo funcional 17,

formado por espécies de biomassa alta, hábitos diurnos e escavadoras as quais,

possivelmente o eucalipto não seria capaz de suportar, devido à exposição à

dessecação (GARDNER et al. 2008b).Com este mesmo padrão de distribuição, o

grupo 4 é majoritariamente escavador e possui a habilidade de empoleirar,

necessitando então de ambientes que possuam uma estrutura de sub-bosque e

dossel mais desenvolvidas, que sustentem estes atributos (HUERTA, et al.,

2010).

Os grupos 12 e 13 necessitam de sub-bosque ou dossel mais

desenvolvidos, pois se tratam de espécies empoleiradas, o que fez com que

fossem tanto mais ricos, quanto abundante no corte e na floresta ao comparar

com eucalipto,pois devido à estrutura de sub-bosque em ambientes com

cobertura original estes besouros evitam a competição no solo (HUERTA, et al.,

2010). O mesmo é observado para o grupo 4, o qual foi mais rico e abundante na

floresta, em comparação ao eucalipto. Além de empoleirar, este grupo é formado

por escavadores, tornando-os mais sensíveis a degradação (BARRAGÁN et al.

2011).

O grupo funcional 14 é formado por indivíduos residentes. Estes

besouros normalmente possuem o hábito de utilizar o recurso diferente dos

demais no espaço e no tempo, portanto eles teriam maior sucesso em ambientes

com maior disponibilidade e menor efemeridade de recurso (HALFFTER;

MATTHEWS, 1966; SCHOLTZ et al., 2011), como as áreas de corte e floresta

neste estudo.

A maior riqueza do grupo funcional 6 em áreas de eucalipto e capoeira

pode estar relacionado à presença de indivíduos de Sulcophanaeus faunus

Fabricius, 1775 nas áreas com cobertura vegetal original, fazendo com que esta

Page 65: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

60

espécie cause uma redução no número de espécies e indivíduos dentro do grupo

funcional, devido à competição intragrupo, já que apresenta a biomassa muito

maior que as demais do seu grupo (CARROLL et al. 2011).

O grupo funcional 8foi mais abundantes no eucalipto e na capoeira,

quando comparado ao corredor. Este fato pode ser devido aos seus atributos que

a tornam pouco sensível, como baixa biomassa, hábito noturno e incapacidade

de empoleiramento (FEER; PINCEBOURDE, 2005). A dieta necrófaga deste

grupo pode estar sendo suprida pela presença de carcaça de pequeno porte, como

insetos, devido à presença destes em áreas degradadas (LOUZADA et al. 2010;

SCHOLTZ et al. 2011).

A maior abundância e riqueza do grupo funcional 10 na capoeira pode

estar relacionada ao fato de ser generalista com biomassa muito reduzida e

hábito noturno em sua maioria, o que pode indicar uma recolonização por

empoleiradores que necessitam de pouquíssimo recurso. Fazendo com que

apresentem um crescimento populacional muito alto, por ausência de

competição (NUMA et al. 2006). Porém ainda não sustentam uma guilda de

empoleiradores como os sistemas de cobertura original, pois apresentam menor

riqueza e abundância do grupo funcional 4 em relação à estes sistemas.

O grupo 17 foi mais rico e abundante em sistemas com cobertura

original da vegetação em relação à capoeira, provavelmente por se tratarem de

espécies diurnas e ter dois representantes com biomassa relativamente alta. Já

em relação à maior abundância deste grupo no corredor, quando comparado à

floresta e corte, provavelmente se dá pela presença de Oxysternon festivum

Linnaeus, 1767 no corredor (observação pessoal), pois são organismos de

biomassa alta, ou seja, necessitam de estrutura florestal menos impactada, porém

apresentam atributos que o tornam menos sensíveis: não empoleiram e tem dieta

generalista (NICHOLS et al., 2009).

Page 66: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

61

É possível que haja uma convergência entre capoeira e corredor, no que

diz respeito à composição funcional, pois o mesmo padrão, porém de forma

reduzida, da presença de grupos de áreas degradadas e não degradas, encontrada

na capoeira, pode ser aplicado para explicação da maior riqueza e abundância o

grupo funcional 1 no corredor em relação ao corte e floresta.

A maior abundância do grupo funcional 3 no corredor, em comparação

com todos os sistemas de uso de solo, pode estar relacionado à presença tanto de

espécies pequenas, quanto as de maior biomassa. Levando ainda a uma redução

na presença de indivíduos do grupo funcional 10, pois se tratam de grupos

funcionais muito próximos, podendo o grupo 3 ser prejudicado devido à

competição com o representantes de maior biomassa do grupo 10 (TURVEY;

FRITZ, 2011).

Há um aumento do grupo funcional 2no corredor e uma redução do

grupo 5, enquanto o contrário é observado para o corte. Porém o fato do grupo 2

ser generalista de dieta, enquanto o grupo 5 é especialista, pode indicar maior

capacidade de manutenção de espécies sensíveis no corte. Porém a redução na

abundância do grupo funcional 4 indica um distúrbios nestes ambientes, pois se

trata de um grupo com esta característica de empoleiramento, o que os tornam

sensíveis (LOUZADA, 1998).

Apesar de apresentarem a manutenção da cobertura original é possível

que o corredor não sustente tantos empoleiradores quanto a floresta e o corte.

Pois há uma redução na riqueza e abundância dos grupos 12 e 13, ambos

empoleiradores. Além disso, é reforçada a hipótese de convergência entre

capoeira e corredor, pois o mesmo padrão dos grupos citados é encontrado na

capoeira e no eucalipto.

Tanto o grupo funcional 8, quanto o 12 são formados basicamente por

espécies do gênero Deltochilum Eschscholtz, 1822. É provável que a abundância

elevada do grupo 12 nas áreas de corte esteja levando à redução nos grupo 8. Ou

Page 67: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

62

ao contrário, a maior abundância do grupo 12 seja explicada pela redução do

grupo 8.

Os grupos 11 e 16 estão mais ausentes no corredor, em relação ao corte

e floresta, isto pode ser devido ao primeiro apresentar alta biomassa,

necessitando de bastante recurso e ambientes mais estáveis, dado seu ciclo de

vida mais longo (DOUBE, 1990; LARSEN et al., 2008). Já o grupo 16 pode ser

relacionado á sua estratégia residente para alocação de recurso, necessitando de

menor efemeridade do recurso (SCHOLTZ et al. 2011).

É provável que o elevado número de residentes no corte seja uma

resposta secundária à caça de mamíferos em áreas de floresta primária na região.

Segundo Parry et al. (2007, 2009a) não há diferença significativa na presença de

primatas entre áreas de floresta primária e secundária, porém os esforços de caça

são concentrados onde não há atividade da empresa ou onde a vegetação não é

densa como em florestas impactadas. Desta forma as áreas de corte poderiam

apresentar mais recurso disponível, aumentado a comunidade dos residentes.

O PERMANOVA apontou para diferenças estatísticas entre os três

grupos de formação florestal (corredor, corte e floresta), porém avaliando

novamente o PCO após a análise PERMDisp, é possível inferir que separação do

corte e floresta possa ser um ruído da dispersão interna dos usos. Pois o

PERMDisp mostrou que as dispersões internas de corte e floresta são diferentes,

logo é bastante provável que a dispersão interna maior da floresta tenha causado

um ruído na PERMANOVA.

A maior dispersão dos pontos da floresta se dá pelas maiores variações

do tipo de solo, já que é mais distribuída geograficamente ao longo da paisagem,

tornando-a mais heterogênea que o corte, o qual apresenta a distribuição das

suas áreas mais agrupada geograficamente (OSBERG et al., 1993; INWARD et

al., 2011). Além disso, ambos os sistemas apresentam respostas muito similares

Page 68: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

63

quando comparadas com os demais usos de solo e são os que apresentam maior

similaridade entre si, tanto para abundância, quanto para riqueza.

É muito provável também que o corredor tenha uma resposta mais

severa e diferenciada quando comparada sua estrutura funcional com o corte,

pois apresenta maior similaridade com os sistemas de supressão da vegetação,

além de respostas parecidas com a capoeira. Por ser um estágio de recuperação

da cobertura vegetal, a capoeira pode apresentar ganho de grupos funcionais,

concomitantemente à perda de grupos pelo corredor, levando à convergência

entre corredor e capoeira.

Uma das causas que podem estar levando à convergência entre capoeira

e corredor seria influência física da matriz no corredor, estes besouros são

altamente influenciados pelos efeitos de borda (SPECTOR; AYZAMA, 2003).

Segundo Ewers e Didham (2008) os efeitos de borda podem ter influencia sobre

os besouros até mais de 1 km de distância. Já que os corredores apresentam em

média 2 km de largura estes efeitos poderiam ser sentidos dentro no interior do

corredor, além do mais seriam mais intensos próximos às margens (HARPER et

al., 2005)

É possível que com a ausência de grupos próximos, e possivelmente

complementares, haja uma explosão populacional, devido à menor presença de

competidores, o que leva a uma alteração na composição das espécies (NUMA

et al., 2006).Portanto, não necessariamente as funções exercidas por um grupo

ausente deixam de serem executadas, estas podem ser compensadas pelo

aumento na densidade de grupos complementares (MCGRADY-STEED;

MORIN, 2000, SLADE et al., 2007).

De acordo com os resultados podemos inferir que há maior perda de

função nos sistemas que sofreram supressão da vegetação, pois estes sistemas

não sustentam espécies com grande importância nas funções, aquelas com

biomassa elevada, as quais são responsáveis por maior porcentagem das funções

Page 69: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

64

(SLADE et al., 2007, BRAGA, 2009). Além disso, observa-se que alguns

atributos, como atividade diurna, biomassa elevada e principalmente capacidade

de empoleirar, tornam as espécies mais sensíveis, devido à perda de abundância

ou riqueza dentro dos grupos funcionais, alterando assim a taxa das funções ou a

resistência e resiliência do ambiente, por perda de espécies redundantes

(SCHMERA et al., 2012).

7.4 Grupos funcionais como indicadores biológicos

A indicação de eucalipto pelo grupo funcional 6 não era esperado, pois

apresenta indivíduos com biomassa relativamente alta e diurnos, porém, pode ter

sido por Canthidium sp. H. Pois o teste foi sensível ao seu aumento populacional

nessa área, devido à ausência de competição com as espécies maiores e diurnas.

O grupo funcional 7 também foi indicador de eucalipto, apresenta

biomassa baixa e são noturnos, portanto eram esperados neste ambiente. Sua

baixa abundância e riqueza nos demais usos de solo podem indicar que estes

organismos encontram condições propícias para sua permanência no eucalipto

(SCHOLTZ et al., 2011). Seria interessante em trabalhos futuros avaliar a

complementariedade e a influência efetiva dos grupos, com o intuito de

averiguar a importância de grupos específicos de matriz na manutenção das

funções ou até mesmo na recuperação das áreas degradas.

O grupo funcional 8 indicou a capoeira, que é formado por espécies

resistentes a dessecação e explorarem o recurso em horário de menor

temperatura (FEER; PINCEBOURDE, 2005). Os besouros necrófagos podem

estar se alimentando de carcaça de pequeno porte, como insetos, devido à

presença destes em áreas degradadas (LOUZADA et al. 2010; SCHOLTZ et al.

2011). A presença deles pode se dar, ainda, pelo fato de serem bons

Page 70: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

65

competidores, por serem roladores, porém este ambiente consegue suportar no

geral apenas pequenos roladores.

O corredor apresentou o grupo funcional 3, um grupo com

características de sensibilidade baixa, com exceção de duas espécies de

Dichotomius, que apresentam biomassa relativamente grande. Talvez este

ambiente consiga suportar espécies grandes, porém devido a menor

heterogeneidade quando comparado à floresta a competição seja maior, fazendo

com que os generalistas de dieta se sobressaiam.

A indicação do grupo funcional 17 reforça a hipótese de manutenção de

espécies grandes pelo corredor, mesmo que estejam mais sujeitas à exposição à

dessecação, porém, generalistas. Talvez mantidas por este ambiente apresentar

proteção contra dessecação e retenção da umidade pela cobertura vegetal.

Destaca-se neste grupo o O. festivum (observação pessoal), muito frequente e

abundante no corredor.

Houve diversos grupos funcionais como indicadores para o corte, sendo

o grupo 12o mais sensível com o maior valor de indicação, provavelmente pelo

corte ter o estrato do sub-bosque mais desenvolvido, permitindo que estas

espécies evitem a competição no solo. Os outros grupos em ordem decrescente

de valor de indicação foram os grupos 15, 13, 14, e 11. É possível observar que

o valor de indicação dos grupos, decresce com a sensibilidade dos grupos.

A questão do corte apresentar muito grupos funcionais como indicadores

pode estar relacionada ao seu agrupamento no espaço geográfico, aumentando a

probabilidade de ocorrência de grupos e espécies iguais entre as áreas

(ARELLANO et al., 2008). Por exemplo, Dumbrell et al. (2008) observou um

aumento da β-diversidade de borboletas com o aumento da distância. Ou ainda

pode estar relacionado ao fato do aumento de algumas populações pela

influência de um distúrbio intermediário sofrido no corte (CONNELL, 1978).

Page 71: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

66

O grupo com maior fidelidade e especificidade para floresta foi o grupo

funcional 4, provavelmente por todos apresentarem a capacidade de empoleirar,

tornando-os sensíveis à degradação. Sendo assim sua alta ocorrência na floresta

é devido à capacidade deste ambiente de sustentar espécies com estes atributos.

Apesar de os grupos funcionais terem efetivamente indicadores de uso

de solo, é possível que uma forma mais precisa de avaliar a resposta seja por

meio do uso direto dos atributos. Pois a resposta dos grupos está relacionada à

capacidade do ecossistema de suportar as espécies de acordo com a sensibilidade

dos seus atributos. Além disso, impediria que houvessem ruídos na interpretação

devido às variações entre as espécies dentro dos grupos funcionais.

Foi possível observar que no eucalipto, capoeira e corredor nenhuma

espécie indicadora foi de biomassa elevada, o que pode levar à perda ou redução

de funções nestes ambientes, pois o tamanho das espécies está relacionado às

diversas funções exercidas (SLADE et al., 2007; BRAGA, 2009). Além disso, o

fato de não ter empoleiradoras pode indicar a perda de vertebrados arborícolas,

ou redução na eficiência da ciclagem dos recursos disponíveis por estes animais.

O fato de endocoprídeos serem indicadores somente em floresta e corte

pode estar relacionado à maior disponibilidade do recurso nestes ambientes. Seja

por menor efemeridade, ou por ocorrência de manchas de recurso.

Page 72: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

67

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Gardner et al. (2008b) demonstraram os efeitos da plantação de

Eucalipto e da floresta secundária (capoeira) no empobrecimento da fauna de

Scarabaeinae para a área de estudo. Este trabalho demonstra que os sistemas

com cobertura florestal original sustentam uma estrutura funcional diferente dos

sistemas que sofreram supressão da vegetação, devido à perda de atributos mais

sensíveis à degradação, ou pelo menos redução da variabilidade, por parte dos

sistemas mais antropizados.

Sendo a biomassa um fator de extrema importância para a execução das

funções destes besouros (SLADE et al., 2011), é possível que haja uma redução

nas funções, pois o aumento do distúrbio implica na redução de biomassa da

comunidade. Além disso, há uma redução na variabilidade dos atributos,

intensificando a redução ou perda de funcionamento (SUDING et al., 2008).

Porém, como observado neste trabalho, a dominância de alguns grupos

funcionais nos sistemas antropizados pode indicar que esteja ocorrendo uma

compensação da perda de espécies grandes e com maior distribuição dos

atributos, pela densidade de poucas espécies e grupos funcionais (MCGRADY-

STEED; MORIN, 2000). Desta forma seria interessante avaliar em trabalhos

futuros a influência da densidade dos grupos funcionais, ou dos atributos por si

só, nas funções exercidas.

Apesar do corredor aparentemente representar um distúrbio mais intenso

que o corte seletivo, na estrutura funcional dos Scarabaeinae, esse ambiente

possui uma altíssima importância na paisagem (BARLOW et al., 2010).

Permitindo o tráfego de organismos entre os sistemas florestais e preservando

grupos de áreas degradadas e conservadas, mantendo assim maior diversidade de

atributos e consequente a manutenção das propriedades funcionais da paisagem,

Page 73: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

68

bem como a resistência e resiliência (JEANNERET et al., 2003; CASTELLÓN;

SIEVING, 2006).

Ainda que o corte pareça ser o menor dos impactos avaliados, estes

resultados devem ser avaliados com cuidado, pois Slade et al. (2011) chamam a

atenção para respostas em longo prazo causadas por pequenas variações nas

funções, como por exemplo, a alteração na estrutura da vegetação por pequenas

variações na dispersão de sementes. Outras possíveis consequências negativas já

são relatadas na literatura, como aumento em incêndios e alteração na estrutura

funcional das árvores (COCHRANE; LAURANCE, 2002; BARALOTO et al.,

2012).

Há a necessidade de avaliações em relação à recuperação do ponto de

vista funcional em ambientes antropizados, pois é possível que a capoeira

apresente um restabelecimento da sua estrutura funcional em longo prazo. Para

que assim sejam aplicados manejos eficientes, relacionados à manutenção das

funções e permitindo a utilização de recursos e serviços oferecidos pelo sistema.

Os estudos de diversidade funcional com Scarabaeinae precisam

caminhar no sentindo de definir os atributos que influenciam efetivamente nas

funções exercidas por estes organismos e determinar valores de conservação

baseados nestas métricas, somado ao peso agregado nos atributos pela

abundância dos organismos e a redundância destes atributos (BLAUM et al.,

2011).

Page 74: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

69

9 CONCLUSÃO

Os grupos funcionais foram formados por espécies filogeneticamente e

ecologicamente próximas e apresentaram variações internas entre as espécies,

em relação aos atributos, possivelmente por desconhecimento da importância

dos pesos dos atributos para o agrupamento das espécies.

Os índices de diversidade funcional se mostraram eficientes na avaliação

dos usos de solo quanto à funcionalidade. Porém deve-se avaliara partir da

análise focada no contexto da paisagem e no histórico de uso da terra.

Aparentemente apesar de variações na estrutura funcional dos usos

comparados, o corredor e o corte mantiveram o funcionamento semelhante à

floresta. Enquanto que o eucalipto e a capoeira apresentaram reduções nos

índices funcionais avaliados.

Corte e corredor apresentam respostas diferentes ao distúrbio, apesar de

serem sistemas que mantiveram a cobertura florestal original. O corredor tende a

apresentar uma resposta funcional mais próxima da capoeira.

Os sistemas se apresentaram com a seguinte ordem crescente de

distúrbio: corte, corredor, capoeira e eucalipto. Sendo o corte e corredor muito

próximos e possivelmente sem alterações na sua funcionalidade.

Foi possível observar que o decréscimo tanto no número de indivíduos,

quanto em espécies dentro dos grupos funcionais com o aumento da

interferência antrópica está relacionado à sensibilidade destes às modificações

na vegetação. Sendo o atributo mais sensível à capacidade de empoleiramento.

Apesar da utilização dos grupos funcionais como indicadores dos usos

de solo ter sido eficiente, os grupos mostraram a frequência nos usos de solo de

acordo com sua sensibilidade e a capacidade do sistema de suportar estes

Page 75: RESPOSTA DA DIVERSIDADE FUNCIONAL DE SCARABAEINAE

70

atributos. Logo, a variação dos atributos entre os sistemas pode representar uma

forma ainda mais eficiente de avaliação.

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ANEXOS

ANEXO A - Dendograma

Figura 8 Dendograma com formação dos grupos funcionais considerados no

ponto de corte de 0,5 da distância de Ward (linha pontilhada)

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Nota: O comprimento dos ramos foi usado para analisar a diversidade funcional de Scarabaeinae na área de estudo.

ANEXO B - TABELA

Tabela 7 Espécies distribuídas em seus respectivos grupos funcionais para a região do Jari, PA, Brasil nos anos de 2009 e 2010

Ativ Dieta Emp Aloc Biomassa GRUPO FUNCIONAL 1 No Co N P (0,1164) Ateuchus aff. conexus No Co N P 0,0198 Ateuchus aff. murrayi No Co N P 0,0065 Ateuchus sp. A No Co N P 0,0073 Ateuchus sp. E - Co N P 0,0080 Ateuchus sp. F - Co N P 0,0010 Canthidium sp. B No Co N P 0,0278 Dichotomius boreus No Co N P 0,6393 Dichotomius carinatus No Co N P 0,4479 Dichotomius robustus No Co N P 0,1460 Dichotomius worontzowi No Co N P 0,0158 Ontherus carinifrons No Co N P 0,0762 Uroxyssp. B No Co - P 0,0011

GRUPO FUNCIONAL 2 No G S P (0,0121) Ateuchus irinus No G S P 0,0177 Onthophagus aff. clypeatus - G S P 0,0111 Uroxys sp. A - G S P 0,0074

GRUPO FUNCIONAL 3 No G N P (0,1380) Ateuchus pauki No G N P 0,0134 Dichotomius aff. lucasi No G N P 0,0407 Dichotomius apicalis No G N P 0,1297 Dichotomius mamilatus No G N P 0,4531 Ontherus sulcator No G N P 0,0528

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“Tabela 7, continua”

Ativ Dieta Emp Aloc Biomassa GRUPO FUNCIONAL 4 No Co S P/T/E (0,0339) Canthidium aff. deyrollei No Co S P 0,0127 Canthidium sp. A No Co S P 0,0214 Canthon bicolor No Co S T 0,0184 Dichotomius subaeneus No Co S P 0,1215 Trichillum pauliani No Co S E 0,0205 Uroxys sp. C No Co S P 0,0086 GRUPO FUNCIONAL 6 Di Co N P (0,5830) Canthidium sp. H Di Co N P 0,0285 Dichotomius imitator Di Co N P 0,1167 Dichotomius latilobatus Di Co N P 0,2568 Sulcophanaeus faunus Di Co N P 1,9300 GRUPO FUNCIONAL 7 No Co N T (0,0653) Canthon aff. acutus No Co N T 0,0622 Canthon aff. lituratus No Co N T 0,0684 GRUPO FUNCIONAL 8 No/Cr Ne N T (0,0656) Canthon aff. heyrovskyi No Ne N T 0,1234 Deltochilum aff. peruanum No Ne N T 0,0430 Deltochilum septemstriatum Cr Ne N T 0,0285 Deltochilum sp. A - Ne N T 0,0674 GRUPO FUNCIONAL 9 Di Co S T (0,1145) Canthon bimaculatus Di Co S T 0,0585 Sylvicanthon candezei Di Co S T 0,1705

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“Tabela 7, continua”

Ativ Dieta Emp Aloc Biomassa GRUPO FUNCIONAL 10 Di/No G S/N T (0,0212) Canthon quadriguttatus Di G S T 0,0094 Canthon simulans No G N T 0,0055 Canthon subhyalinus No G S T 0,0628 Canthon triangularis No G S T 0,0252 Pseudocanthon aff. xanthurum Di G N T 0,0030 GRUPO FUNCIONAL 12 No Ne S T (0,1555) Deltochilum aff. submetallicum No Ne S T 0,2426 Deltochilum carinatum No Ne S T 0,0683 GRUPO FUNCIONAL 13 Cr G/Co S T (0,4581) Deltochilum icarus Cr G S T 0,4736 Deltochilum orbiculare Cr Co S T 0,4426 GRUPO FUNCIONAL 14 No Co/G N E (0,0796) Eurysternus atrosericus No Co N E 0,0505 Eurysternus foedus No Co N E 0,0714 Eurysternus hamaticollis No G N E 0,1170 GRUPO FUNCIONAL 15 Di Co N E (0,0420) Eurysternus balachowskyi Di Co N E 0,0290 Eurysternus caribaeus Di Co N E 0,0645 Eurysternus ventricosus Di Co N E 0,0324 GRUPO FUNCIONAL 16 G Co N E (0,1144) Eurysternus cayennensis G Co - E 0,0220 Eurysternus cyclops G Co - E 0,1684 Eurysternus howdeni G Co N E 0,1986 Eurysternus hypocrita G Co N E 0,1733 Eurysternus vastiorum G Co - E 0,0100

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“Tabela 7, Conclusão”

Ativ. Dieta Emp. Aloc. Biomassa GRUPO FUNCIONAL 17 Di G N P (0,1617) Oxysternon durantoni Di G N P 0,1891 Oxysternon festivum Di G N P 0,3266 Oxysternon silenus Di G N P 0,0790 Phanaeus chalcomelas Di G N P 0,0520 GRUPO FUNCIONAL 18 Cr Co - P (0,0730) Phanaeus bispinus Cr Co - P 0,0400 Phanaeus cambeforti Cr Co - P 0,1060

Nota: Ativ = Período de Atividade, Emp = Capacidade de empulheiramento, Aloc = Estratégia de alocação de recurso. N = Não, S = Sim Di = Diurno, Cr = Crepuscular,No = Noturno, Co = Coprófago, Ne = Necrófago, G = Generalista, P = Paracoprídeo, T = Telecoprídeo, E = Endocoprídeo. Média da biomassa entre parênteses.