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642 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UM ESTUDO DE APLICAÇÃO DOS INDICADORES ETHOS – O CASO NATURA Simone Aparecida Santos 1 - UniFACEF André Luis Centofante Alves - UniFACEF Introdução A globalização trouxe mudanças profundas na forma de agir da sociedade em todos os segmentos. Por meio de novas tecnologias de informação e da comunicação instantânea foi possível assistir ao desenrolar dos acontecimentos em tempo real. Alteram-se os papéis dos Estados, das empresas e das pessoas, redefinindo-se a noção de cidadania, com a sociedade civil se organizando melhor: bem informada, exigindo e cobrando seus direitos. Essas transformações se refletem na conduta do empresariado, que diante do atual contexto econômico e social, entende que a função da empresa não se baseia apenas em gerar empregos, lucros e impostos, mas também, numa postura ética, transparente e pró-ativa, sendo corresponsável pelo desenvolvimento da humanidade. Diante das mazelas sociais e ambientais que assolam o planeta e da incapacidade do Estado em resolvê-las, cabe à iniciativa privada, principalmente às empresas, o papel de agente transformador dessa realidade, implicando numa nova postura por parte das organizações, à qual, atualmente, dá-se o nome de Responsabilidade Social Empresarial. A RSE é o objeto de estudo do presente artigo. Trata-se de um tema que vem se destacando nos últimos anos, recorrente no mundo dos negócios, e que traduz uma crescente preocupação por parte das empresas em compreender seu conceito e dimensões e incorporá-los à sua realidade. A RSE é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona, bem como a um forte compromisso com a preservação ambiental, a inclusão social, o desenvolvimento humano e a sustentabilidade do planeta. 1 Bacharel em Administração pelo UNIARAXÁ Centro Universitário do Planalto de Araxá. Pós-graduanda em MBA Gestão de Pessoas pelo UNI-FACEF Centro Universitário de Franca. E-mail: [email protected]

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RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UM ESTUDO DE APLICAÇÃO

DOS INDICADORES ETHOS – O CASO NATURA

Simone Aparecida Santos1 - UniFACEF

André Luis Centofante Alves - UniFACEF

Introdução

A globalização trouxe mudanças profundas na forma de agir da sociedade em

todos os segmentos. Por meio de novas tecnologias de informação e da

comunicação instantânea foi possível assistir ao desenrolar dos acontecimentos em

tempo real. Alteram-se os papéis dos Estados, das empresas e das pessoas,

redefinindo-se a noção de cidadania, com a sociedade civil se organizando melhor:

bem informada, exigindo e cobrando seus direitos. Essas transformações se

refletem na conduta do empresariado, que diante do atual contexto econômico e

social, entende que a função da empresa não se baseia apenas em gerar empregos,

lucros e impostos, mas também, numa postura ética, transparente e pró-ativa, sendo

corresponsável pelo desenvolvimento da humanidade. Diante das mazelas sociais e

ambientais que assolam o planeta e da incapacidade do Estado em resolvê-las,

cabe à iniciativa privada, principalmente às empresas, o papel de agente

transformador dessa realidade, implicando numa nova postura por parte das

organizações, à qual, atualmente, dá-se o nome de Responsabilidade Social

Empresarial.

A RSE é o objeto de estudo do presente artigo. Trata-se de um tema que vem

se destacando nos últimos anos, recorrente no mundo dos negócios, e que traduz

uma crescente preocupação por parte das empresas em compreender seu conceito

e dimensões e incorporá-los à sua realidade. A RSE é a forma de gestão que se

define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os

quais ela se relaciona, bem como a um forte compromisso com a preservação

ambiental, a inclusão social, o desenvolvimento humano e a sustentabilidade do

planeta. 1Bacharel em Administração pelo UNIARAXÁ Centro Universitário do Planalto de Araxá. Pós-graduanda em MBA Gestão de Pessoas pelo UNI-FACEF Centro Universitário de Franca. E-mail: [email protected]

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A RSE vem ganhando espaço no Brasil e no mundo, inclusive sendo

referenciada pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio de ações como

o Pacto Global, iniciativa que convoca o setor privado a adotar critérios de

responsabilidade social em seus negócios (www.pactoglobal.org.br).

Há um consenso entre profissionais de diferentes áreas e o público em geral

de que a empresa é responsável por ajudar a melhorar continuamente a sociedade

da qual obtém lucro, portanto, esse é mais um desafio para as organizações e seus

gestores.

Neste contexto, o artigo pretende identificar práticas socialmente

responsáveis da empresa Natura S/A, por meio de um estudo de caso. A

apresentação do estudo será distribuída em três capítulos. O primeiro capítulo será

dedicado a um conciso relato histórico sobre a origem do termo Responsabilidade

Social Empresarial no mundo e no Brasil, bem como a conceituação da RSE

segundo a visão de alguns estudiosos, desde os primórdios até os dias atuais;

contemplando ainda, a diferenciação entre Responsabilidade Social e filantropia.

Os indicadores de RSE serão analisados no segundo capítulo, com um breve

comentário sobre algumas ferramentas mais utilizadas atualmente para identificar

práticas empresariais socialmente responsáveis, com destaque especial e detalhado

para os Indicadores Ethos do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade

Social, que serão utilizados como parâmetros para o estudo de caso da empresa

Natura.

O terceiro capítulo contemplará o estudo de caso sobre a empresa Natura

S/A, cuja finalidade é demonstrar como a instituição tem colocado em prática a RSE

e quais são os seus principais projetos sociais, em um comparativo com o que

preceitua os indicadores Ethos, uma vez que as duas entidades são parceiras.

Concluindo, apresentar-se-á nas considerações finais, um breve comentário a

respeito do tema abordado, bem como sobre os resultados alcançados por este

trabalho.

1 Responsabilidade social: evolução e conceitos

A questão da Responsabilidade Social tem sido tema recorrente no universo

corporativo, cujos empresários buscam entender, a fim de incorporá-la em suas

estratégias de negócios.

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As primeiras opiniões acerca de Responsabilidade Social surgiram no início

do século XX, com os americanos Charlies Eliot (1906), Hakley (1907) e John Clark

(1916), e em 1923 com o inglês Oliver Sheldon. Dentre as preocupações das

empresas, além do lucro dos acionistas, eles defendiam a inclusão da questão

social, porém seus questionamentos, considerados de caráter socialista, não

obtiveram aceitação e foram postos de lado (OLIVEIRA apud ARAÚJO, 2002).

O marco inicial para estudo e debate do tema Responsabilidade Social foi o

lançamento do livro de Howard Bowen, Responsabilities of the businessman, nos

Estados Unidos, em 1953, quando o meio empresarial e acadêmico dos Estados

Unidos e da Europa, começam a discutir sobre a importância da responsabilidade

social promovida pelas ações de seus dirigentes. Mas alguns estudiosos, durante a

evolução da ideia de responsabilidade social, acreditavam que cabiam ao governo,

igrejas, sindicatos e instituições não governamentais prover as necessidades da

comunidade por meio de ações sociais organizadas e não às empresas, cuja

principal finalidade era satisfazer seus acionistas (TOLDO, 2002).

Drucker (apud ARAÚJO, 2002) afirma que antes da década de 1960,

Responsabilidade Social da empresa traduzia três enfoques de debate: a postura

ética na gestão da empresa, a responsabilidade do empregador para com seus

empregados, o apoio e a participação do empresário à cultura, causas filantrópicas e

defesa da moralidade. A ascensão a cargos governamentais e postos públicos pelo

empresariado era incentivada como exemplo de atuação socialmente responsável.

Nota-se que o enfoque dado à Responsabilidade Social até meados de 1960, não

priorizava a atuação socialmente responsável das empresas, mas a dos seus

gestores; o foco, portanto, eram os empresários.

Com a colaboração de diversos autores na temática, a década de 1990 traz

um enfoque sobre ética e moral nas empresas, contribuindo, significativamente, para

a definição do papel das organizações e a conceituação de responsabilidade social.

Em 1999, no Fórum Econômico de Davos, o então Secretário-Geral da ONU, Kofi

Annan, lançou o Pacto Global, iniciativa que tem por objetivo mobilizar a comunidade

empresarial internacional para apoiar as Nações Unidas na promoção de valores

fundamentais nas questões dos direitos humanos, trabalhistas, combate à corrupção

e meio ambiente, ou seja, estimular a responsabilidade social corporativa.

Atualmente, já são mais de 5.200 instituições signatárias, dentre empresas,

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sindicatos, organizações não governamentais, articuladas por 150 redes ao redor do

mundo. O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é o responsável

pela propagação do Pacto Global no Brasil (www.pactoglobal.org.br).

No Brasil, a Igreja Católica dominou as ações nas obras sociais até o início do

século XX, quando começaram a surgir as primeiras fundações e entidades de

benemerência. Considera-se como início da responsabilidade social empresarial, a

criação em 1960, da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), que

reconheceu a função social da empresa associada (TOLDO, 2002).

Nas décadas de 1970 e 1980, surgiram outros movimentos: a Fundação

Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES), criada com base na

ADCE e de caráter educativo e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e

Econômicas (IBASE), de cuja criação participou o sociólogo Herbert de Souza, o

Betinho. O IBASE surgiu com a proposta inicial de democratizar a informação, mas

acabou indo além e contribuiu para mobilização da sociedade e das empresas em

torno de campanhas como a Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida, em

1993, com o apoio do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE), que

constituiu o marco da aproximação dos empresários com as ações sociais

(DUARTE, 2005). Betinho, em 1997, lançou um modelo de balanço social e, em

parceria com o jornal Gazeta Mercantil, criou o selo do Balanço Social para estimular

as empresas brasileiras a divulgarem suas ações sociais; o selo foi extinto em 2008.

Em 1998, o empresário brasileiro Oded Grajew criou o Instituto Ethos de

Empresas e Responsabilidade Social, organização virtual, sem fins lucrativos, com a

missão de promover a responsabilidade social empresarial, servindo como ponte

entre os empresários e as causas sociais (GARCIA, 2002). O instituto será estudado

detalhadamente no próximo capítulo.

Daí então, prossegue Garcia, a adesão ao movimento foi intensa. A partir de

1999 o número de empresas que publicaram seu balanço social, aumentou

significativamente; nesse mesmo ano a Coca-Cola fundou seu instituto no Brasil,

voltado para a educação, e a Câmara Municipal de São Paulo instituiu o Selo

Empresa Cidadã, premiando e reconhecendo empresas que praticam

Responsabilidade Social e publicam o seu Balanço Social. Também a Associação

dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) instituiu o Prêmio Top

Social.

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Enfim, outras conquistas empresariais, como as normas ISO 26000, 14001 e

qualidade ambiental, tornam-se bastante relevantes e mostram o empenho do

empresariado brasileiro em colaborar para uma sociedade justa, com qualidade de

vida e melhor para todos.

1.1 Um conceito em evolução

O tema responsabilidade social não é novidade, uma vez que há muito tempo

empresas praticam ações sociais, fazendo doações a instituições do Terceiro Setor

ou criando suas próprias fundações sociais. A novidade está na evolução da

concepção de ação altruística do empresário para a noção de responsabilidade

social como estratégia empresarial (MENDONÇA apud ARAÚJO, 2002).

Necessário se faz discorrer sobre a visão de alguns estudiosos sobre o

assunto.

Para Adam Smith (apud TENÓRIO, 2004, p. 14), o Estado seria o

responsável pelas ações sociais, pela promoção da concorrência e pela proteção da

propriedade. Já as empresas deveriam buscar a geração de empregos e o

pagamento de impostos. Atuando dessa forma, as corporações exerceriam sua

função social.

Tenório afirma ainda que Friedman considerava que para a empresa só há

uma responsabilidade social que é aumentar seus lucros, favorecendo os acionistas.

Então, até a década de 1950, com o papel das empresas limitado à geração

de lucros, criação de empregos, pagamento de impostos e cumprimento das

obrigações legais, a responsabilidade social empresarial assumia uma conotação

estritamente econômica, sendo essa a representação clássica do conceito de

responsabilidade social empresarial.

Já Keynes, continua Tenório, defendia a intervenção do Estado na economia.

A aplicação de suas ideias gerou mudanças nos valores da época. A sociedade pós-

industrial buscava o aumento da qualidade de vida, a valorização do ser humano, o

respeito ao meio ambiente e a valorização das ações sociais, tanto das empresas

quanto dos indivíduos.

Nessa nova concepção do termo Responsabilidade Social, prossegue o autor,

há o entendimento de que as organizações estão inseridas em ambientes

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complexos, em que suas atividades influenciam ou têm impacto sobre diversos

agentes sociais, comunidade e sociedade.

Souza (apud TENÓRIO, 2004, p. 23-24) também acredita que as empresas

devam visar ao interesse público:

Toda grande empresa é, por definição, social. Ou é social ou é

absolutamente antis-social e, portanto, algo a ser extirpado da

sociedade. Uma empresa que não leve em conta as necessidades

do país, que não leve em conta a crise econômica, que seja

absolutamente indiferente à miséria e ao meio ambiente, não é uma

empresa, é um câncer.

Tenório comenta sobre o surgimento da teoria dos stakeholders, segundo a

qual as empresas se relacionam com diferentes públicos de interesse, interferindo

no meio ambiente e recebendo influência deste. A proposta é atingir vários objetivos,

tanto organizacionais quanto os sugeridos pelos públicos envolvidos.

Ainda, segundo o autor, na década de 1980, com o processo de globalização,

a visão sobre responsabilidade social empresarial passa a sofrer influência do

mercado, que sendo o principal agente regulador e fiscalizador das atividades

empresariais, impede que as empresas cometam abusos, cabendo ao consumidor

retaliar, por meio de boicote ou reclamações os produtos das empresas que não

respeitam os direitos dos agentes e que degradam o meio ambiente. As empresas,

em um ambiente competitivo, têm uma imagem a resguardar, uma reputação e uma

marca.

A partir de 1990, continua o autor, o estudo sobre a temática deu origem ao

conceito elaborado pelo World Business Council for Suistainable Development,

segundo o qual a responsabilidade social empresarial faz parte do desenvolvimento

sustentável. De acordo com essa concepção o desenvolvimento sustentável é

composto pelas dimensões ambiental, econômica e social, cuja finalidade é obter

crescimento econômico, sem degradar o meio ambiente, respeitando as

expectativas dos diferentes agentes e colaborando para a melhoria da qualidade de

vida da sociedade. Assim sendo, as organizações conquistariam o respeito de seus

públicos, garantindo a sobrevida e sustentabilidade de seus negócios no longo

prazo.

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Para o Instituto Ethos (2012), Responsabilidade Social Empresarial é a forma

de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os

públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas

empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade,

preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a

diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (www.ethos.org.br).

ARAÚJO (2002) acredita que, nas últimas décadas, a preocupação

demonstrada pelas organizações com suas obrigações sociais deve-se ao

crescimento dos movimentos ecológicos e de defesa do consumidor, pois esses

focam o relacionamento empresa-sociedade. O avanço tecnológico e a rapidez de

disseminação da informação também colaboraram para mudanças nas formas

tradicionais de organização da sociedade. O papel do Estado, prossegue a autora,

com sua atuação interventora, que no passado se envolvia em todos os aspectos

sociais, políticos e econômicos do país, responsável pelo bem-estar social da nação,

agora se transforma e redefine. O governo não tem sido capaz de resolver todas as

demandas sociais existentes, tornando assim, bem-vindas, as ações sociais das

empresas.

Depreende-se daí que a atuação social das empresas deve englobar ações

complementares, objetivando uma corresponsabilidade entre Estado, mercado e

sociedade civil na solução dos problemas sociais.

1.2 Responsabilidade Social x Filantropia

“O termo filantropia significa amor ao homem ou à humanidade, pressupondo

uma ação altruísta e desprendida”. (TENÓRIO, 2004, p. 28).

O papel da empresa transcende a filantropia, sendo que tudo começou com a

prática de ações filantrópicas por empresários bem sucedidos que distribuíram parte

dos ganhos que tiveram em suas empresas, à sociedade, sendo que tal atitude

reflete uma vocação para a benevolência, um ato de caridade para com o próximo.

(MELO NETO e FROES, 2001).

De acordo com os autores, seguindo esta prática surgiram as entidades

filantrópicas em busca dos recursos que a classe empresarial estava disposta a

doar. A filantropia desenvolve-se por meio das ações individuais desses

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empresários, porém a responsabilidade social é muito mais abrangente; tem a ver

com o dever cívico e a consciência social. Logo, a ação de responsabilidade social

não é individual; reflete a ação de uma empresa em prol da cidadania.

Para Toldo (2002), filantropia é o ato de distribuir parte do lucro da empresa a

ocasionais pedintes; uma ajuda que ocorre eventualmente. A responsabilidade

social empresarial representa estratégias para orientar as ações das empresas em

consonância com as necessidades sociais, de maneira que a organização garanta

além do lucro e da satisfação dos clientes, o bem-estar da sociedade. É um

comprometimento.

O Quadro 1, abaixo, ilustra as diferenças entre a filantropia e a Responsabilidade

Social.

FILANTROPIA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Ação Individual e voluntária. Ação coletiva.

Fomento da caridade. Fomento da cidadania.

Base assistencialista. Base estratégica.

Restrita a empresários filantrópicos e

abnegados. Extensiva a todos.

Prescinde de gerenciamento. Demanda gerenciamento.

Decisão individual. Decisão consensual.

Quadro 1: As diferenças entre a filantropia e a responsabilidade social

Fonte: Melo Neto e Froes (2001, p. 28)

Percebe-se, então, que a filantropia é individualizada, pois a atitude e ação

são do empresário. A responsabilidade social é uma atitude coletiva e parte da

colaboração de empregados, diretores, gerentes, fornecedores, clientes, acionistas e

demais parceiros da empresa, sendo, portanto, uma soma de vontades individuais

que refletem um consenso.

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A responsabilidade social é uma ação estratégica da organização que busca

retorno econômico, social, institucional, tributário-fiscal. A filantropia não busca

retorno algum, apenas o conforto pessoal e moral de quem a pratica. E, concluindo,

nota-se que a responsabilidade social é coletiva, mobilizadora, porque valoriza a

cidadania, promove a inclusão social e restaura a civilidade (MELO NETO e FROES,

1999).

Notadamente não existe um consenso em relação ao conceito de

Responsabilidade Social Empresarial, contudo percebe-se a evolução de estágio da

ação altruísta da figura do empresário para o exercício da cidadania corporativa

como estratégia de negócio. Muitos são os pontos de vista, porém a abordagem que

se destaca, sendo a mais aceita e utilizada, atualmente, entende que

responsabilidade social corporativa engloba um comprometimento da empresa com

a sua cadeia produtiva: clientes, comunidade, empregados, fornecedores, meio

ambiente e sociedade. Isso fortalece a legitimidade social de suas atividades, pois a

ação social está presente em todos os aspectos dos negócios.

2 Indicadores de Responsabilidade Social Empresarial

Inserir na gestão de seus negócios práticas de transparência e ética, de

respeito ao ser humano e ao meio ambiente, tornou-se uma questão de

sobrevivência competitiva para as empresas. Mas, como demonstrar essas práticas?

Que parâmetros evidenciam que uma organização é socialmente responsável? E,

que atitudes e/ou práticas são relevantes quando se trata de responsabilidade

social?

Para Ashley (2002, p. 52), ferramentas de gestão padronizadas estão cada

vez mais sendo utilizadas pelas empresas em todas as áreas, e não é diferente para

as questões sociais da organização. A globalização conduz “à adoção, por todo

mundo, de padrões éticos e morais mais rigorosos, seja pela necessidade das

próprias organizações de manter sua boa imagem perante o público, seja pelas

demandas diretas do público”, conclui a autora.

Os indicadores de responsabilidade social empresarial são ferramentas de

análise que permitem às empresas a verificação de seu nível de engajamento com

questões sociais. E, que além de auxiliar a administração, permitem a comunicação

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com transparência com seus diversos públicos, reforçando assim, o compromisso da

organização com a ética nos negócios e com a melhoria da qualidade de vida da

sociedade (TENÓRIO, 2004).

Atualmente, os indicadores de responsabilidade social corporativa mais

utilizados pelas empresas são o balanço social e as certificações de

responsabilidade social, as ISO’s 26000, 14001 e outras.

Para a realização deste trabalho serão abordados os Indicadores Ethos do

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, que servirão de base para o

estudo de caso da empresa Natura, cujas informações foram obtidas no website do

instituto.

2.1 Balanço social

O balanço social surgiu com a crescente demanda, por parte da sociedade,

de informações a respeito dos impactos que as atividades empresariais exercem

sobre os trabalhadores, a comunidade, investidores e o meio ambiente. Trata-se de

um instrumento pelo qual as empresas prestam contas de suas atividades sociais,

demonstrando o cumprimento de sua função social, por meio de indicadores como o

perfil social dos funcionários; o padrão de atendimento utilizado para responder às

cláusulas sociais de trabalho; e os investimentos para incluir entre os objetivos

empresariais, valores que incentivem o desenvolvimento humano e a qualidade de

vida de seus empregados e da comunidade: projetos comunitários, ambientais,

esporte, cultura, educação, etc. O balanço social objetiva, também, proporcionar à

sociedade e aos investidores uma ferramenta para a avaliação das empresas, além

de constituir instrumento estratégico para a tomada de decisão (ARAÚJO, 2002).

O IBASE desenvolveu um modelo de balanço social, originalmente proposto

pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, e em conjunto com diversos

representantes de empresas públicas e privadas, que atualmente é adotado pelas

empresas que o publicam, cujo modelo pode ser conferido no website

www.balancosocial.org.br.

2.2 Os Indicadores Ethos

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O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, organização

privada virtual, sem fins lucrativos, caracterizada como Oscip (organização da

sociedade civil de interesse público) e mantida financeiramente por um grupo de

empresas associadas, foi fundada em 1998 na cidade de São Paulo, pelo

empresário Oded Grajew. A entidade tem como missão mobilizar, sensibilizar e

auxiliar as empresas a administrarem seus negócios de forma socialmente

responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e

mais justa. O Instituto dissemina a prática da responsabilidade social promovendo

encontros e eventos, divulgando informações, constituindo bancos de dados e

publicando manuais voltados para seus associados, parceiros e comunidade de

negócios em geral.

Para fortalecer o movimento pela responsabilidade social no Brasil, o Instituto

Ethos criou os “Indicadores Ethos”, como um sistema de avaliação do estágio em

que se encontram as práticas de responsabilidade social nas empresas. Criados a

partir do ano 2000, os indicadores foram elaborados pela equipe do Instituto Ethos

com a colaboração da Fundação Dom Cabral, de consultores, parceiros e membros

de empresas associadas, contando ainda, com o patrocínio de empresas nacionais

e multinacionais e com o apoio de organizações internacionais da sociedade civil

(www.ethos.org.br).

Os Indicadores Ethos são uma ferramenta de autoavaliação e aprendizagem

de uso interno da empresa, que permite a análise da gestão no que diz respeito à

incorporação de práticas de responsabilidade social empresarial, além do

planejamento de estratégias e do monitoramento do desempenho geral da empresa;

respondem às necessidades específicas de quatro momentos típicos em processos

de planejamento: o planejamento e implementação, o benchmarking e avaliação, a

transparência e aprendizagem e o diagnóstico. A organização interessada em

avaliar suas práticas de responsabilidade social e se comparar com outras

empresas, responde ao questionário dos Indicadores e por meio dos relatórios

emitidos pelo Instituto, verifica quais os pontos fortes da gestão e as oportunidades

de melhoria. Os dados fornecidos pelas empresas e os relatórios elaborados pelo

Instituto Ethos são tratados com confidencialidade e, na apresentação estatística

das informações, as organizações não são identificadas. Eventualmente, caso haja

divulgação de experiências e práticas exemplares, isso só ocorrerá após consulta e

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autorização. Nos Indicadores Ethos, a responsabilidade social empresarial é medida

por temas, que equivalem às diversas dimensões do conceito de responsabilidade

social empresarial; são de caráter normativo e servem para definir o que seria ser

socialmente responsável em cada um desses aspectos. Os Indicadores Ethos

abrangem os temas: Valores, Transparência e Governança, Público Interno, Meio

Ambiente, Fornecedores, Consumidores e Clientes, Comunidade e Governo e

Sociedade. Os mesmos serão objeto de estudo deste trabalho por meio de um

estudo de caso da empresa Natura, parceira do Instituto Ethos, cujas práticas de

responsabilidade social serão avaliadas de acordo com os Indicadores Ethos.

A seguir uma exposição dos temas da versão 2012 dos Indicadores Ethos de

Responsabilidade Social Empresarial conforme exposto no website do Instituto

(www.ethos.gov.br).

2.2.1 Valores, transparência e governança

Valores e princípios éticos formam a base da cultura de uma empresa,

orientando sua conduta e fundamentando sua missão social. A noção de

responsabilidade social empresarial decorre da compreensão de que a ação das

empresas deve, necessariamente, buscar trazer benefícios para a sociedade,

propiciar a realização profissional dos empregados, promover benefícios para os

parceiros e para o meio ambiente e trazer retorno para os investidores.

A empresa deve manter um código de ética bem definido, com a divulgação

de suas crenças, valores e compromissos éticos, sendo que esses devem estar

enraizados em sua cultura organizacional, com a participação de todos os públicos

envolvidos nos negócios. Em sua política de relacionamentos pressupõe-se que o

diálogo seja aberto, transparente, inclusive com a publicação de relatórios,

prestando contas à sociedade.

2.2.2 Público interno

A empresa socialmente responsável não se limita a respeitar os direitos dos

trabalhadores, consolidados na legislação trabalhista e nos padrões da Organização

Internacional do Trabalho (OIT), ainda que esse seja um pressuposto indispensável.

A instituição deve ir além e investir no desenvolvimento pessoal e profissional de

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seus empregados, bem como na melhoria das condições de trabalho e no

estreitamento de suas relações com os empregados. Também deve estar atenta

para o respeito às culturas locais, revelado por um relacionamento ético e

responsável com as minorias e instituições que representam seus interesses. É

importante a instituição criar mecanismos de gestão participativa onde haja o

incentivo ao envolvimento dos empregados na resolução dos problemas da

organização, além de benefícios e bonificação relacionados ao desempenho e à

conquista de metas estipuladas. Respeito ao ser humano, valorização da

diversidade, sem qualquer tipo de discriminação são premissas indispensáveis em

relação ao público interno.

2.2.3 Meio ambiente

A empresa deve criar um sistema de gestão que assegure que ela não

contribui com a exploração predatória e ilegal de nossas florestas. Materiais como

madeiras para construção civil e para móveis, óleos, ervas e frutas utilizadas na

fabricação de medicamentos, cosméticos, alimentos, etc devem ter a garantia de

que são produtos florestais extraídos legalmente contribuindo assim para o combate

à corrupção nesse campo. Para o Instituto Ethos, cabe a uma empresa

ambientalmente responsável, apoiar e desenvolver projetos e programas educativos

voltados para os colaboradores, para a comunidade na qual está inserida e para a

sociedade como um todo, além de gerenciar o impacto de suas atividades no meio

ambiente, minimizando a entrada e saída de materiais do ciclo produtivo.

Resumindo, a empresa tem que priorizar o desenvolvimento sustentável.

2.2.4 Fornecedores

A empresa socialmente responsável envolve-se com seus fornecedores e

parceiros, cumprindo os contratos estabelecidos e trabalhando pelo aprimoramento

de suas relações de parceria. Cabe à empresa transmitir os valores de seu código

de conduta a todos os participantes de sua cadeia de fornecedores, tomando-o

como orientador em casos de conflitos de interesse. A organização ao selecionar

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seus fornecedores e parceiros deve não contratar os serviços de fornecedores que

empregam mão-de-obra infantil e atentar para a não utilização de trabalho forçado

ou análogo ao escravo.

2.2.5 Consumidores e clientes

A responsabilidade social em relação aos clientes e consumidores exige dos

empresários o investimento permanente no desenvolvimento de produtos e serviços

confiáveis, que minimizem os riscos de danos à saúde dos usuários e das pessoas

em geral. A publicidade de produtos e serviços deve garantir seu uso adequado.

Informações detalhadas devem estar incluídas nas embalagens e deve ser

assegurado suporte para o cliente antes, durante e após o consumo. A empresa

deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar satisfazer suas necessidades,

preocupando-se com questões relacionadas à qualidade total, respeito ao

consumidor e excelência do atendimento.

2.2.6 Comunidade

A comunidade em que a empresa está inserida fornece-lhe infra-estrutura e o

capital social representado por seus empregados e parceiros, contribuindo

decisivamente para a viabilização de seus negócios. O investimento empresarial em

ações que tragam benefícios para a comunidade é uma contrapartida justa, além de

reverter em ganhos para o ambiente interno e na percepção que os clientes têm da

própria empresa. O respeito aos costumes e culturas locais e o empenho na

educação e na disseminação de valores sociais devem fazer parte de uma política

de envolvimento comunitário da empresa, resultado da compreensão de seu papel

de agente de melhorias sociais. O financiamento da ação social, segundo o Instituto

Ethos, deve ser baseado em uma política planejada da empresa, com critérios

definidos e com continuidade das ações, sendo que a sua atuação social deve

envolver colaboradores e fornecedores na execução e apoio a projetos sociais da

comunidade.

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2.2.7 Governo e sociedade

A empresa deve relacionar-se de forma ética e responsável com os poderes

públicos, cumprindo as leis e mantendo interações dinâmicas com seus

representantes, visando à constante melhoria das condições sociais e políticas do

país. O comportamento ético pressupõe que as relações entre a empresa e

governos sejam transparentes para a sociedade, acionistas, empregados, clientes,

fornecedores e distribuidores. Com relação ao seu papel na construção da

cidadania, é indispensável que a organização assuma o papel de formadora de

cidadãos, conscientizando, por meio de programas e projetos sobre, por exemplo, a

importância do voto, a participação popular na resolução de problemas da

comunidade e contra a corrupção. Atitudes desse porte fortalecem a liderança social

da empresa.

Nota-se que os temas dos Indicadores Ethos englobam as dimensões do

atual conceito de responsabilidade social empresarial, ou seja, são voltados para

questões de âmbito social, ambiental e econômico. E, contemplam princípios

condizentes com o escopo de outros documentos globais que visam à promoção de

valores que tragam melhorias para a sociedade e para o planeta, tais como a

Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Global, a Agenda 21, as Metas

do Milênio, dentre outros. Portanto, são diretrizes que traduzem a exigência global

por condições dignas de vida, em todos os sentidos.

Considerando a exposição acima, conclui-se que os indicadores de

responsabilidade social corporativa são importantes ferramentas que permitem

avaliar o grau de comprometimento e o nível de atuação de uma organização com

as questões sociais, éticas e ambientais da sociedade em que está inserida. Além

do mais, torna-se imperativo e questão de sobrevivência competitiva, a adoção e a

divulgação, por parte das empresas, de normas e condutas que condizem com a

demanda mundial de prática de valores éticos, preservação ambiental,

desenvolvimento humano e inclusão social.

3 Natura S/A: uma empresa socialmente responsável

657

657

Este capítulo objetiva identificar ações e práticas socialmente responsáveis

adotadas pela empresa Natura tendo como parâmetros os Indicadores Ethos de

Responsabilidade Social, explanados no capítulo anterior. Porém, faz-se necessário

limitar o estudo a somente alguns indicadores, haja vista a extensão das práticas da

empresa em relação à responsabilidade social. A abordagem será feita às atividades

mais desenvolvidas pela Natura e de maior relevância e impacto para a sociedade,

sendo que, dos sete temas dos Indicadores Ethos, o enfoque para efeito deste artigo

será sobre Valores, Transparência e Governança, Público Interno, Meio Ambiente e

Comunidade. As informações foram obtidas no website institucional, www.natura.net,

e de dados do Balanço Anual de 2011.

A Natura é uma organização associada ao Instituto Ethos de Empresas e

Responsabilidade Social e também subscreve o Pacto Global, fatos que corroboram

o compromisso assumido e a preocupação da empresa com questões de âmbito

econômico, social e ambiental. Desde 2000, a empresa utiliza os Indicadores Ethos

como ferramenta de autoavaliação e diagnóstico da Responsabilidade Corporativa

na empresa para, por meio deles, avançar na aquisição de informações sobre seu

desempenho social e ambiental. O processo de apuração dos indicadores é feito de

forma participativa, englobando diversas áreas da empresa. Os Indicadores Ethos

fazem parte de um processo maior, o Sistema de Gestão de Responsabilidade

Corporativa, do qual derivam as metas e indicadores sociais. Ele possibilita o

diagnóstico detalhado do relacionamento da Natura com seus diversos públicos,

resultando no levantamento de temas a ser incorporados ao planejamento

estratégico. Com isso, todas as áreas da Natura passam a acompanhar,

sistematicamente, as questões relativas à qualidade da relação com os diversos

públicos, com base em aspectos como ética, transparência e eficiência dos canais

de diálogo, inclusive para temas não negociais.

A Natura Cosméticos S/A, empresa do ramo de cosméticos, fragrâncias e

higiene pessoal foi criada em 1969 na cidade de São Paulo, e seus produtos são

comercializados por meio de venda direta ao consumidor, com o envolvimento de

consultoras e consultores. Atualmente, a empresa é líder nacional no seu segmento

e sua marca está entre as mais valorizadas do Brasil, possui 6.785 colaboradores e

mais de 1,4 milhão de consultores e consultoras; em 2011, segundo o Relatório

Anual divulgado pela empresa, sua receita bruta foi de R$ 5 bilhões, valor 8,9%

658

658

maior que o exercício anterior. A empresa também possui operações em sete países

da América Latina e na França.

Em 2004, a Natura promoveu a abertura de seu capital e listou suas ações no

Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA). O Novo

Mercado é um segmento de listagem destinado à negociação de ações emitidas por

empresas que se comprometem voluntariamente com um nível mais avançado de

transparência de informações e a adoção de práticas de Governança Corporativa,

em relação ao que é exigido pela legislação (www.bmfbovespa.com.br).

3.1 Missão e visão

“Criar e comercializar produtos e serviços que promovam o Bem-Estar/Estar

Bem. Bem Estar é a relação harmoniosa agradável do indivíduo consigo mesmo,

com seu corpo. Estar Bem é a relação empática, bem sucedida, prazerosa do

indivíduo com o outro, com a natureza da qual faz parte, com o todo”, preconiza a

Natura em sua missão. E, desse preceito estende-se a Visão da empresa, que por

seu comportamento empresarial, pela qualidade das relações que estabelece e por

seus produtos e serviços, será uma marca de expressão mundial, identificada com a

comunidade das pessoas que se comprometem com a construção de um mundo

melhor.

3.2 Praticando a responsabilidade social

3.2.1 Valores, transparência e governança

Em todas as suas operações de negócios, a Natura preconiza que adota um

comportamento identificado com os princípios da gestão responsável. Para a

empresa, a gestão responsável se baseia na relação ética e transparente com todos

os seus públicos, sendo suas decisões pautadas pelo respeito aos direitos, valores e

interesses de todos aqueles que estão ligados diretamente às suas operações e, em

metas empresariais comprometidas com o desenvolvimento sustentável, ou seja,

aquele que promove as dimensões econômica, social e ambiental de todas as

atividades humanas.

659

659

A Natura acredita que a empresa “é um dinâmico conjunto de relações e, que

seu valor e perpetuação estão ligados a sua capacidade de contribuir para o

aperfeiçoamento da sociedade”. E, visando aperfeiçoar a qualidade dessas relações,

a empresa elaborou Os Princípios de Relacionamento Natura, documento onde são

divulgados suas crenças, valores e código de ética, missão e visão; é direcionado e

amplamente divulgado a todos os públicos envolvidos no negócio; principalmente

para o público interno e, com o comprometimento da alta administração, principais

responsáveis pelo cumprimento dos princípios. Por meio do diálogo aberto com

todos os públicos, a empresa acolhe idéias e opiniões, buscando a inovação e o

aperfeiçoamento contínuo, o que possibilita o desenvolvimento profissional e

pessoal dos envolvidos, gerando compromisso mútuo. A Natura possui uma

Ouvidoria, que é um canal de relacionamento onde são acolhidas manifestações em

relação a políticas, processos, normas e atitudes. As questões são tratadas com

confidencialidade por um Comitê de Ética, formado pela alta administração, que

juntamente com o setor envolvido, propõem uma solução ao caso, sendo que,

posteriormente, a Ouvidoria dá retorno para o interlocutor.

De acordo com dados obtidos em seu website, desde meados dos anos 90, a

Natura promove o aperfeiçoamento em sua governança corporativa, quando foi

criado o Conselho de Administração e seus comitês auxiliares: Auditoria, Gestão de

Riscos e Financeiro, Pessoas e Organização e, Governança Corporativa. O

Conselho é composto pelos acionistas-fundadores e por dois conselheiros externos,

cuja remuneração é atrelada a metas econômico-financeiras, sociais e ambientais,

sendo sua obtenção determinada por meio de auto-avaliação, conduzida por uma

consultoria externa, em que é aplicado um questionário e realizadas entrevistas com

os demais membros do Conselho e dos comitês auxiliares.

3.2.2 Público interno

Dentre todos os atores com os quais a Natura se relaciona, o público interno

tem papel relevante para o sucesso de sua gestão socialmente responsável, pois o

compromisso efetivo dos colaboradores, em todos os escalões da empresa, é que

ratifica a inserção da responsabilidade social na cultura organizacional, sendo que

660

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sua prática deve ser vivenciada por todos, em suas relações cotidianas. Para

acompanhamento de suas metas sociais, a empresa instituiu a Rede de

Responsabilidade Corporativa, formada por cerca de 50 colaboradores de todas as

áreas da organização, cuja principal função é identificar pontos críticos do

relacionamento da Natura com os seus stakeholders, além de cada pessoa da Rede

atuar como disseminador dos princípios de gestão responsável por toda a empresa,

para que os empregados possam entendê-los e traduzi-los em ações no dia-a-dia.

A empresa adota como premissas o diálogo aberto, o respeito à

individualidade, oportunidades iguais e tratamento justo para todos; trabalho em

equipe, reconhecendo e recompensando a contribuição individual de cada um, com

base no cumprimento de metas e competências, por meio de um sistema de

remuneração que permite uma distribuição justa dos resultados da empresa. Tem

como compromisso a busca constante pela qualidade de vida, considerando a

realização profissional, a integração social e familiar, a boa saúde física e mental.

Valorizando a capacitação individual, a organização dissemina a importância da

educação continuada como meio de transformação do indivíduo, das famílias, das

empresas e da sociedade como um todo. Em seu processo de Recrutamento e

Seleção, a Natura objetiva captar pessoal competente, motivado e alinhado com

suas diretrizes, valores e crenças, priorizando a diversidade como forma de

estimular as contribuições dadas por pessoas de diferentes culturas, raças, religiões

e sexo, além de utilizar o recrutamento interno como forma de valorizar, desenvolver

e oferecer oportunidades de crescimento aos colaboradores.

O programa denominado Planejamento e Desenvolvimento de Recursos

Humanos (PDRH), faz parte do planejamento estratégico empresarial e, tem como

objetivo identificar, adquirir e desenvolver competências necessárias aos seus

recursos humanos, bem como ser uma ferramenta para o desenvolvimento de

sucessores dentro da organização.

Em 2000, o Programa Natura Educação foi lançado, visando a ampliar o

acesso dos empregados e seus familiares à educação formal e à capacitação

profissional, sendo investidos, então, R$ 400 mil em cursos profissionalizantes e em

bolsas de estudo para a conclusão do Ensino Médio e cursos universitários de seus

colaboradores.

661

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A Natura foi a primeira empresa brasileira a adotar o Programa de

Atendimento Integral à Saúde da Mulher, desenvolvido no Hospital Pérola Byington,

em São Paulo, e reconhecido pela Organização Mundial de Saúde. A organização

investe maciçamente em práticas de prevenção da saúde no trabalho de acordo com

seu balanço social; e mantém um processo contínuo de valorização e

desenvolvimento de seus recursos humanos, tanto que já foi reconhecida e

premiada diversas vezes como uma das melhores empresas para se trabalhar.

3.2.3 Meio ambiente

Para a Comissão Brundtland, desenvolvimento sustentável é aquele que

satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras

gerações satisfazerem suas próprias necessidades (TENÓRIO, 2004).

Em toda a cadeia produtiva, desde a extração das matérias-primas até o

descarte das embalagens dos produtos, há a preocupação e o comprometimento da

Natura com o meio ambiente. A empresa apregoa que uma instituição

ambientalmente responsável deve gerenciar suas atividades de maneira a identificar

os impactos sobre o meio ambiente para reduzir aqueles que são negativos e

amplificar os positivos; devendo, portanto, agir para a conservação e a melhoria das

condições ambientais, minimizando ações próprias potencialmente agressivas ao

meio ambiente e disseminando para outras empresas as práticas e os

conhecimentos adquiridos na experiência da gestão ambiental. Sua política de meio

ambiente contempla a responsabilidade para com gerações futuras, a educação

ambiental, o gerenciamento do impacto do meio ambiente e do ciclo de produtos e

serviços e a minimização de entradas e saídas de materiais.

A Natura adotou como uma de suas estratégias de negócio, a utilização

sustentável dos recursos naturais e a valorização das tradições culturais regionais e

locais, estabelecendo, para tal, parcerias com fornecedores rurais (comunidades

tradicionais e grupos de agricultores familiares) em algumas regiões do Brasil,

integrando uma rede de excelência com o intuito de promover pesquisa e tecnologia,

descobrir novos ativos e buscar o aperfeiçoamento de produtos e processos,

agregando valor à biodiversidade brasileira. Essa atuação segue as recomendações

662

662

do Estatuto da Criança e do Adolescente, da Organização Internacional do Trabalho,

dos programas de certificação ambiental e da legislação vigente.

Desde 2004, a empresa possui um Sistema de Gestão de Sustentabilidade,

que por meio de metodologia, processos, indicadores e auditoria, permite avaliar o

desempenho socioambiental corporativo em relação aos objetivos estratégicos

traçados. Dentre estes objetivos estão o emprego de formulações biodegradáveis,

de embalagens recicladas e recicláveis, a ampliação do uso de refil e a utilização de

insumos vegetais; atividades desenvolvidas com parcerias de universidades e

instituições de ciência e tecnologia, com investimentos maciços em pesquisa e

desenvolvimento e a construção de um centro de pesquisa e tecnologia em

Campinas (SP). Em conformidade com suas crenças, alinhadas a uma postura ética,

a Natura não utiliza testes em animais para o desenvolvimento de seus produtos,

exigindo e incentivando a mesma atitude de seus fornecedores, não adquirindo dos

mesmos, insumos testados em animais. Recorre a outros métodos alternativos,

mundialmente aceitos, para testagem dos produtos, de maneira a garantir segurança

aos consumidores na sua utilização.

A Natura se orgulha do seu histórico de compromisso com a sustentabilidade,

alinhando seus objetivos e metas estratégicos a realizações concretas e efetivas:

1983: Implantação do uso de embalagens tipo refil (o refil reduz em mais de

70% o impacto ambiental e representa opção mais econômica para o

consumidor);

1997: Sua frota de distribuição na capital de São Paulo foi convertida para

gás natural veicular (contribuindo, assim para a diminuição da emissão de gás

carbônico);

2000: Lançamento de uma linha de produtos baseada no uso sustentável da

biodiversidade brasileira;

2001: Ano inicial de publicação do Relatório Anual de Responsabilidade

Corporativa; pioneirismo no Brasil na utilização da Global Reporting Initiative

(GRI), organização internacional que desenvolve e dissemina diretrizes para

elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizados em empresas em todo

o mundo;

663

663

2002: Início do Programa de Certificação de Ativos (os ativos naturais só

serão obtidos pela empresa se comprovada sua origem legal, através de

certificados);

2003: Inauguração de um Viveiro de Mudas no Espaço Cajamar para

recomposição de áreas naturais devastadas pelo homem e para projetos de

educação ambiental com a comunidade de entorno;

2005: É concedido o selo FSC ( Forest Stewardship Council), certificação que

garante que a matéria-prima florestal provém de um manejo considerado

social, ambiental e economicamente adequado;

2006: Ações Natura na BOVESPA compõem o Índice de Sustentabilidade

Empresarial - indicador que identifica empresas com melhores desempenhos

em todas as dimensões da atuação empresarial;

2007: Início do Programa Carbono Neutro: monitoramento da emissão de

gases de efeito Estufa em todo processo produtivo, desde a extração da

matéria-prima até o descarte das embalagens dos produtos; inclusive de

outros emissores, como os fornecedores;

2010: Refil Plástico Verde: lançamento da primeira embalagem de refil

produzida a partir da cana-de-açúcar que, além de ser 100% reciclável, reduz

em 58% as emissões de gases causadores do efeito estufa em relação ao

plástico comum;

2011: Programa Amazônia: objetiva promover o desenvolvimento local com

iniciativas e investimentos para transformar a região em um polo mundial de

inovação, tecnologia e sustentabilidade.

3.2.4 Comunidade

A Natura acredita que Estado, sociedade civil e empresas têm papéis

fundamentais para a transformação da realidade social. Dispondo de seus

conhecimentos e sua capacidade de gestão no desenvolvimento e apoio a projetos

sociais, criou a Gerência de Ação Social, com o objetivo de elaborar, identificar e

desenvolver projetos sociais, estabelecendo parcerias com instituições públicas e

privadas que desenvolvam programas sociais de modo compartilhado, respeitando

os costumes e culturas locais. Essas parcerias compreendem diferentes setores da

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664

sociedade, com valorização da diversidade como fator gerador de ações de maior

qualidade. Em todas as suas práticas de gestão segue princípios estabelecidos na

Declaração Universal dos Direitos Humanos, como o da liberdade e igualdade dos

seres humanos, sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, origem étnica ou

social. Muitas de suas atividades estão dentro do escopo das Metas do Milênio e da

Agenda 21, e a mobilização de suas consultoras e colaboradores se faz por meio de

material impresso, vídeos e sites com temas e campanhas voltados para a

educação, redução do impacto ambiental, biodiversidade brasileira, desenvolvimento

sustentável, amamentação, empreendedorismo e protagonismo feminino e Objetivos

do Desenvolvimento do Milênio.

A seguir serão apresentados alguns dos diversos programas desenvolvidos

pela Natura na área social junto à comunidade de entorno e à sociedade em geral:

Movimento Natura

Lançado em 2005, o projeto tem como objetivo propagar iniciativas,

principalmente, entre as consultoras e seus clientes, para a promoção de um mundo

melhor. Com ações sociais e ambientais incentiva a venda de produtos refilados e a

reciclagem dos produtos Natura e, atualmente, conta com 12 projetos, dentre eles:

Mulheres da Paz: Capacita líderes comunitárias em regiões de baixa

renda no Rio de Janeiro com a finalidade de promoverem a inclusão

social de jovens e adolescentes em situação de risco, conta com a

parceria do governo;

A Mata Atlântica é Aqui!: Com o apoio da Natura, a ong SOS Mata

Atlântica por meio da mobilização e engajamento das pessoas, promove

ações educativas relacionadas à preservação da Mata Atlântica;

Programa Acolher: A Natura apoia consultoras que acolhem suas

comunidades através de ações sociais; elas se inscrevem no programa e

concorrem ao apoio financeiro e técnico da empresa. O programa conta

inclusive com uma premiação pela Revista Cláudia, da Editora Abril, que

prestigia mulheres que contribuem para transformar a comunidade onde

vivem;

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Afroreggae: Ong parceira da Natura que atua em comunidades

populares do Rio de Janeiro desenvolvendo atividades culturais e

artísticas como meio de construção de cidadania;

Crer para Ver: Movimento que contribui para a melhoria da qualidade da

Educação a partir da mobilização da sociedade civil e do poder público.

Uma linha especial de produtos é comercializada por consultoras que

cedem seu lucro para beneficiar projetos educativos públicos no país; em

2010 foram arrecadados 10 milhões de reais, beneficiando cerca de 5.690

escolas públicas.

Instituto Natura

A melhoria da qualidade da educação é fator-chave para o desenvolvimento

de indivíduos conscientes e capazes de promover uma sociedade mais justa e

sustentável, sendo este um desafio coletivo, que deve ir além das fronteiras das

organizações e das instituições da sociedade civil, apregoa a Natura em seu site.

O Instituto Natura, organização sem fins lucrativos, foi fundado em 2010 e tem

a promoção da educação de qualidade como seu foco de atuação. Com a criação do

Instituto a empresa pretende expandir e fortalecer suas iniciativas sociais já

existentes promovendo projetos capazes de impactar de forma positiva a qualidade

do ensino público no Brasil e na América Latina. Os recursos destinados aos

projetos do instituto são obtidos por meio da venda da Linha Natura Crer para Ver, e

para viabilização desses projetos a empresa conta com a parceria de instituições

públicas e privadas e de iniciativas de terceiros.

O Projeto Trilhas foi criado para estimular a leitura e a escrita na Educação

Infantil e a partir de 2012 chegará a aproximadamente 2.000 municípios, cerca de 72

mil escolas, impactando mais de três milhões de estudantes em parceria com o

Ministério da Educação.

Existem outros tantos projetos em andamento, porém pela limitação do

presente artigo torna-se inviável mencionar a todos. Entretanto, é importante

destacar que desde 2006 a empresa possui um portfólio em braile e adaptado para

visão subnormal, destinado para, aproximadamente, 300 consultores portadores de

necessidades especiais, cujo material, aplicado também às embalagens dos

produtos, foi desenvolvido em parceria com o Instituto Dorina Nowill. Em 2012, ano

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eleitoral, no website corporativo encontra-se uma campanha para a conscientização

da responsabilidade do voto e incentivo à participação dos cidadãos para que votem

em candidatos a prefeito e vereadores que incorporem práticas de sustentabilidade

em seus planos de governo, a fim de que nossas cidades se desenvolvam de forma

equilibrada nos aspectos ambiental, social e econômico.

Considerações finais

Analisando-se as ações, projetos e forma de gestão da Natura, em

consonância com as diretrizes dos Indicadores Ethos, nota-se, nitidamente, a

aplicação e difusão de uma prática empresarial socialmente responsável e

ambientalmente sustentável, com a intenção de contribuir para a construção de um

mundo melhor, expressa, inclusive, em suas crenças, valores e missão. Evidencia-

se que a postura institucional diante da responsabilidade social faz parte do

planejamento estratégico, enraizada na cultura organizacional, com envolvimento de

todos os atores da sua rede de relacionamentos, principalmente de seu público

interno, peça fundamental na disseminação da gestão responsável.

Percebe-se que a Natura foca suas ações na Educação e no Meio Ambiente.

Na educação, como já comentado anteriormente, por acreditar que esta seja o elo

para a construção de uma sociedade mais digna. No meio ambiente porque a

matéria-prima utilizada é, essencialmente, retirada e explorada da natureza,

portanto, se torna uma obrigação para a empresa canalizar recursos e articular

projetos que minimizem o estrago causado por suas atividades. Vale ressaltar,

porém, que a Natura sempre vai além do que é exigido por lei. Com a publicação do

relatório anual, a empresa presta contas à comunidade do que fez e do quanto

investiu em questões sociais e na preservação do meio ambiente e, sai na frente em

relação aos seus concorrentes e diante da sociedade, uma vez que a sua publicação

não é obrigatória.

Outro ponto importante a salientar se refere à divulgação de suas ações

sociais, que ao incorporar seu papel de agente transformador, provoca mudanças de

atitudes e de valores, servindo de exemplo e estimulando outras empresas a trilhar

os caminhos da responsabilidade social, consolidando-se, assim, a sua posição de

líder social.

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Em relação à comunidade, destaca-se o respeito aos costumes e culturas

locais, com a preocupação em disseminar valores sociais e incentivar a cidadania,

financiando e se envolvendo diretamente nos projetos sociais, contando sempre com

parceiros, sejam eles, públicos ou privados. Com isso, promove um engajamento

maior de todos, possibilitando ações sociais de proporções cada vez maiores e mais

transformadoras da realidade.

Diante do exposto, de uma forma geral, há que se considerar a Natura como

uma empresa socialmente responsável. Evidências à parte de que toda indústria é,

por excelência, responsável por grande parcela da poluição do planeta e da

devastação da natureza, a Natura, ciente da função social da empresa e engajada

no atual contexto econômico-social, compromete-se com iniciativas e práticas que

visam à geração de valores para o desenvolvimento econômico, social e ambiental

da sociedade em seus diversos segmentos. E, por meio da comprovação de suas

práticas, atitudes e ações socialmente responsáveis, evidencia-se que o objetivo do

presente trabalho foi atingido, ou seja, foram identificadas várias formas de uma

empresa praticar a ação social, bastando para tanto planejamento, implantação e

controle dessa ação, tratando-a como parte estratégica, de longo prazo, mas ao

mesmo tempo cotidiana.

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