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470 POLÍTICA PÚBLICA DE ACESSO A EDUCAÇÃO SUPERIOR: Programa Universidade para Todos – PROUNI *Mariana Leal de Souza - UNESP 1. Introdução O Programa Universidades para Todos- PROUNI foi criado em decorrência da necessidade de expansão do acesso de jovens de baixa renda à educação superior e para atender a crescente demanda por vagas, de uma parcela da população excluída da universidade. A Educação Superior no Brasil sempre foi um tema de grande importância, porém, apesar de, a cada ano, o número de vagas nas Instituições de Ensino Superior- IES serem expandidas, não há como negar que existe o problema do acesso e permanência do aluno à educação superior para a maioria dos brasileiros. De acordo com os dados do Censo 2009 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), no Brasil são 2.314 IES, que registraram 5.954.021 matrículas, em 28.671 cursos de graduação presencial e a distância. O número de inscrições para esses cursos, em 2009 foi de 6.889.269. Já o número de concluintes foi de 959.197. Nota-se que a problemática da evasão é presente e objeto de preocupação das IES. Desta forma para se melhorar o acesso às pessoas historicamente excluídas, a intervenção do estado pela via das políticas públicas de acesso à educação superior pode ser um instrumento capaz de garantir o cumprimento dos direitos fundamentais e a igualdade de tratamento entre os cidadãos. O presente trabalho tem como objetivo analisar o Programa Universidade para Todos (PROUNI), enquanto política pública de educação superior no desafio de assegurar o acesso ao ensino superior e a permanência de jovens de baixa renda na universidade, em ações afirmativas que são medidas que visam à democratização do acesso ao emprego e à educação. Estudar o direito à Educação e compreender a formulação e implementação do Programa Universidade para Todos.

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470

POLÍTICA PÚBLICA DE ACESSO A EDUCAÇÃO SUPERIOR: Programa

Universidade para Todos – PROUNI

*Mariana Leal de Souza - UNESP

1. Introdução

O Programa Universidades para Todos- PROUNI foi criado em decorrência da

necessidade de expansão do acesso de jovens de baixa renda à educação superior

e para atender a crescente demanda por vagas, de uma parcela da população

excluída da universidade.

A Educação Superior no Brasil sempre foi um tema de grande importância,

porém, apesar de, a cada ano, o número de vagas nas Instituições de Ensino

Superior- IES serem expandidas, não há como negar que existe o problema do

acesso e permanência do aluno à educação superior para a maioria dos brasileiros.

De acordo com os dados do Censo 2009 do Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), no Brasil são 2.314 IES, que

registraram 5.954.021 matrículas, em 28.671 cursos de graduação presencial e a

distância. O número de inscrições para esses cursos, em 2009 foi de 6.889.269. Já

o número de concluintes foi de 959.197. Nota-se que a problemática da evasão é

presente e objeto de preocupação das IES.

Desta forma para se melhorar o acesso às pessoas historicamente excluídas,

a intervenção do estado pela via das políticas públicas de acesso à educação

superior pode ser um instrumento capaz de garantir o cumprimento dos direitos

fundamentais e a igualdade de tratamento entre os cidadãos.

O presente trabalho tem como objetivo analisar o Programa Universidade

para Todos (PROUNI), enquanto política pública de educação superior no desafio

de assegurar o acesso ao ensino superior e a permanência de jovens de baixa

renda na universidade, em ações afirmativas que são medidas que visam à

democratização do acesso ao emprego e à educação. Estudar o direito à Educação

e compreender a formulação e implementação do Programa Universidade para

Todos.

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Para compreender a implantação e concepção do Programa Universidade

para Todos-PROUNI, faz-se necessário estudos acerca do direito a educação, da

formulação das políticas públicas, das políticas públicas educacionais no Brasil.

Para atingir os objetivos propostos, a metodologia será a pesquisa

bibliográfica, com análises de fontes teóricas e documentais. Estas fontes de

pesquisa constituirão o suporte teórico para o desenvolvimento do trabalho,

compreendendo que a fundamentação do conhecimento tem como base o

questionamento acima mencionado.

São referenciais teóricos principais deste trabalho, os textos de Lindomar W.

Boneti (2003, 2005, 2006), Janete M. Lins de Azevedo (2004) e Maristela Bernardo

(2001), além do estudo das leis constitucionais e infraconstitucionais que regem o

ordenamento jurídico relativo ao ensino superior.

Para a elaboração do presente trabalho apresentar-se-ão algumas

considerações a cerca de políticas públicas direcionadas para a educação, as

garantias constitucionais que as sustentam, o Programa Universidade para Todos e

ao final serão realizadas as últimas considerações sobre o trabalho.

2. Breves Considerações sobre o direito a Educação no Brasil

A Constituição de 1934 garantiu a educação como um direito de todos, foi a

primeira a prestigiar o tema da educação e a determinar como competência privativa

da União sua normatização. Contudo, a Constituição de 1937, a Constituição do

Estado Novo, significou um retrocesso, pois impôs ao Estado uma responsabilidade

subsidiária quanto á gratuidade do ensino, já que inseriu o direito à educação no

capítulo destinado à família, prevendo a colaboração do Estado na manutenção

desse dever.

A Carta Magna de 1946 foi parecida com a de 1934, porém mais

democratizante já que criou um órgão específico para cuidar da educação, o

chamado Conselho Nacional da Educação.

Após o golpe militar de 1964, depois da imposição de vários Atos

Institucionais e Complementares, é aprovada a Constituição da República

Federativa do Brasil no ano de 1967 pelo Congresso Nacional, que disciplinou sobre

a educação no capítulo intitulado “Da família, da Educação e da Cultura”, no qual

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favoreceu a iniciativa privada, inclusive com a oferta de bolsas de estudo e ainda

tratava do direito a educação inicialmente no lar, sob forte influência católica.

A superação do regime militar e o surgimento da Nova República culminaram

na Emenda Constitucional n° 26 de 1985 que convoca uma Assembléia Nacional

Constituinte para a elaboração da Constituição de 1988, a qual consolida o Estado

Democrático de Direito, o voto direto para Presidente da República, consagra

importantes avanços pela participação de movimentos sociais organizados que

resulta à sociedade um tratamento especial envolvendo seguridade, educação,

cultura, desporto, ciência, tecnologia, comunicação, meio ambiente, família, criança,

adolescente, idoso e índios.

Piovesan (1998) menciona que o texto de 1988, ao simbolizar a ruptura com

o regime autoritário, empresta aos direitos e garantias ênfase extraordinária,

situando-se como o documento mais avançado, abrangente e pormenorizado sobre

direitos humanos, na história constitucional do país.

Em nossa atual Constituição o direito à educação se encontra no artigo 6º, no

Capítulo dos Direitos Sociais que prevê: São direitos sociais à educação, à saúde, o

trabalho, à moradia, o lazer, à segurança, à previdência social, a proteção à

maternidade e a infância, à assistência aos desamparados na forma desta

Constituição.

Não se pode tratar do direito à educação desvinculado dos fundamentos da

república brasileira, prevista no art. 1° da CF/1988, e dos objetivos fundamentais

previstos no art. 3° da Carta Constitucional. O art. 1° prevê como um dos

fundamentos, no inciso II, a cidadania, e no inciso III, a dignidade da pessoa

humana, e a educação constitui-se sem sombra de dúvida em uma necessidade

para a efetiva aplicação desses fundamentos, pois somente através dela pode-se

construir cidadania em seu pleno sentido, como também à dignidade da pessoa

humana exige a implementação do acesso à educação aos objetivos fundamentais

da república, no art. 3° da CF/1988, especialmente ao inciso I, cuja redação prevê a

construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o que somente é possível

através da educação.

Entretanto, a efetivação do direito à educação depende não só da sua

previsão normativa abstrata, mas de instrumentos jurídicos que obriguem

especialmente o Estado á sua concretização.

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Para analisar tal situação, se faz necessário analisar especificamente os

dispositivos presentes no capítulo específico pertinente ao tema, do art. 205 ao 214

da Constituição Federal.

Conforme o artigo 205 da CF/1988:

A educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Observa-se que fica claro de quem é o direito, quem são os responsáveis por

prover esse direito, como a sociedade deve se comportar, e quais os objetivos a

serem alcançados com a educação.

O artigo 206 da CF/1988 prevê os princípios que devem nortear o ensino no

Brasil, entre eles, Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

Gestão democrática do ensino público, na forma da lei e Garantia de padrão de

qualidade.

O principio da igualdade e gratuidade no acesso e permanência nas

instituições de ensino constitui uma das diretrizes fundamentais para elaboração das

políticas públicas educacionais. Em um país de imensas desigualdades sociais,

torna-se imprescindível aos poderes públicos à implementação de políticas públicas

voltadas à concretização do direito à igualdade e gratuidade ao ensino público como

previsto no artigo mencionado acima.

Para Santos (2003), temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença

nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos

descaracteriza. Portanto a igualdade tem que reconhecer diferenças sem reproduzir

desigualdades.

Embora se considere que os princípios expressos no artigo 206 também se

apliquem ao ensino superior, devendo atentar-se ao fato de que a universalização e

a gratuidade do Ensino Superior não são tratadas nos mesmos parâmetros do

ensino Fundamental e Médio, visto que não é considerado nível obrigatório de

ensino, ocorrendo a previsão de acesso aos níveis mais elevados de ensino

condicionado às capacidades de cada um, tendo como único critério de ingresso

nas universidades públicas, a questão da intelectualidade.

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O artigo 208 da Constituição Federal versa sobre os deveres do Estado para

com a educação, no artigo 209 está previsto a liberdade de ensino para a iniciativa

privada, observando o cumprimento das normas gerais da educação nacional e

autorização e a avaliação de qualidade pelo poder público, no artigo 210 trata do

direito á formação básica comum e o respeito aos valores culturais e artísticos, no

211 esta descrita à distribuição de competências entre a união, os Estados,

Municípios e Distrito Federal em relação ao ensino e no 212 e 213 aborda a

distribuição quantitativa dos recursos aplicados pelos entes citados no artigo anterior

as instituições de ensino.

O artigo 214 prescreve os objetivos do plano Nacional de Educação-PNE,

que tem as seguintes metas: erradicação do analfabetismo, universalização do

atendimento escolar, melhoria da qualidade do ensino, formação para o trabalho,

promoção humanística, científica e tecnológica do País.

Após a promulgação da Constituição Federal em outubro de 1988, no mês de

dezembro do mesmo ano, foi apresentado o Projeto de Lei n° 1258/1988 na Câmara

Federal, em favor de novas e atualizadas normas para a educação nacional. Porém

a tramitação do projeto de lei, as discussões, apresentação de substitutivos e

emendas sobre a educação duraram 8 (oito) anos para, só em 1996, ser aprovada a

nova LDB, a lei nº 9.396/1996.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) foi criada com o objetivo de

viabilizar a educação nacional, normatizando princípios, fundamentos, direitos e

garantias previstas na Constituição Federal/1988. Assim, Souza (2001.p. 51) expõe

que “Cabe à lei de diretrizes e bases definir: a natureza de cada sistema, os órgãos

que comandam o seu funcionamento, as competências desses órgãos, a natureza

dos atos normativos a serem expedidos, o espaço delimitado em que cada sistema

atua”.

No que se refere à educação superior, destacamos alguns artigos da LDB/96,

que julgamos como principais norteadores da estrutura e do funcionamento do

ensino superior no Brasil.

O artigo 43 dispõe sobre as finalidades do Ensino Superior: formar

profissionais nas diversas áreas de conhecimento; proporcionar educação em nível

avançado através do aperfeiçoamento cultural e profissional, incentivar o trabalho de

pesquisa, a investigação científica e o pensamento reflexivo; promover a divulgação

de conhecimentos culturais, científicos, e técnicos que constituem patrimônio da

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humanidade; estimular o conhecimento da situação e dos problemas dos povos em

geral, principalmente os nacionais e regionais, bem como funcionar uma instituição

social, promovendo a extensão para a comunidade, visando conquistas e benefícios

para a mesma.

O artigo seguinte trata do Ensino Superior, ou seja, o artigo 44 disciplina o

estabelecimento dos cursos e programas que a educação superior irá abranger:

cursos seqüenciais por campo do saber, cursos de graduação, de pós-graduação

(mestrado, doutorado, especialização ou aperfeiçoamento), e cursos de extensão,

para candidatos que atendam as condições estabelecidas em cada Instituição de

Ensino Superior.

A LDB em seu artigo 45 prevê que as instituições públicas e privadas

poderão promover os cursos relativos à educação superior com diversos graus de

abrangência ou especialização. Com relação à autorização, o reconhecimento dos

cursos e o credenciamento das Instituições de Ensino, está previsto no artigo 46,

inclusive estabelecido que será necessário o processo de avaliação a ser realizado

pelo MEC, e essa autorização ou esse reconhecimento terá um prazo determinado,

com renovação periódica, a ser estabelecida pelo órgão avaliador.

O artigo 47 da LDB/96, estabelece a duração mínima de 200 (duzentos) dias

letivos, não computando os dias para realização dos exames finais, se necessário.

O parágrafo 1° estabelece que as instituições de ensino devem informar e cumprir

os programas dos cursos, sua duração, requisitos, qualificação dos professores e

demais componentes curriculares. O parágrafo 3°, do mesmo artigo, prevê que é

obrigatória a freqüência de discentes e docentes, salvo nos programas de educação

à distância; e no parágrafo 4°, disciplina que os cursos noturnos deverão ser

oferecidos com a mesma qualidade dos diurnos.

A LDB/96 prevê também a validade nacional dos diplomas dos cursos

reconhecidos, quando registrados. Revalidação de diplomas de cursos de

graduação e pós-graduação; transferência de alunos para outra faculdade na

existência de vagas por meio de processo seletivo; ocorrendo vagas nas instituições

de ensino superior, abrirão matrículas nas disciplinas de seus cursos a alunos não

regulares, mediante a realização de processo seletivo, nos artigos 48, 49 e 50

respectivamente.

Segundo o artigo 51 da LDB/96, as instituições de ensino credenciadas como

universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de seleção e admissão de

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estudantes, levarão em conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do

Ensino Médio.

Para que as desigualdades sociais sejam de fato reduzidas, é necessário que todos tenham iguais oportunidades Ora, sabemos bem que, no âmbito educacional, as desigualdades são latentes. As escolas públicas de primeiro e segundo graus, na grande maioria, nem de longe se comparam com as escolas privadas. Os alunos que dali saem não estão preparados para enfrentar a concorrência no mundo hoje dito globalizado, sendo certo que, em razão de seu poder aquisitivo, não se achem em condições de ingressar em uma universidade pública (MUNIZ, 2002, p. 234).

A regulamentação da titulação do quadro profissional das universidades e o

regime de trabalho integral dos mesmos encontram-se no artigo 52 da LDB/96.

O artigo 53 da LDB/96 estabelece a autonomia universitária e elenca as

atribuições das universidades de criar, organizar e extinguir cursos e programas;

fixar os currículos de seus cursos e programas; estabelecer programas e projetos de

pesquisa científica; fixar o número de vagas de acordo com sua capacidade;

elaborar e reformar os seus estatutos; conferir graus, diplomas e outros títulos;

firmar convênios e acordos; aprovar e executar planos de projetos de investimentos

referentes a obras; administrar os rendimentos; receber doações, heranças, legados;

e no parágrafo único do mesmo artigo, fica definido que cabe ao colegiado de

ensino e pesquisa decidir sobre criação, modificação e extinção de cursos;

programação das pesquisas e atividades de extensão, contratação e dispensa de

professores; planos de carreira docente.

Os estatutos jurídicos dispõem de normas especiais para atender às

peculiaridades de estrutura, organização e financiamento pelo poder público, bem

como, plano de carreira e do regime jurídico estão disciplinados no artigo 54 da

LDB/96.

O artigo 55 dispõe que os recursos suficientes para a manutenção e

desenvolvimento das instituições de ensino superior por ela mantida, serão de

responsabilidade da União, devendo ser assegurada em seu orçamento geral; no

artigo 56, institui a previsão do princípio da gestão democrática nas instituições

públicas de ensino superior, bem como a existência de órgãos colegiados

deliberativos.

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O último artigo da LDB/96 estipula o mínimo de 8 (oito) horas-aula semanais

para os professores nas instituições públicas de ensino.

Com a publicação da nova Lei em 20 de dezembro de 1996, revogaram-se

automaticamente as disposições das Leis n° 4024/1961, 5540/1968, 5692/1971 e as

demais leis e decretos-lei que a modifiquem ou quaisquer outras disposições em

contrário.

Em consonância com o debate da LDB/96 se inicia o debate para a

construção do Plano Nacional de Educação- PNE, mais um normativo de garantia

de educação, que é aprovado pelo Congresso Nacional em 09 de janeiro de 2001,

regulamentado pela Lei n/ 10.172.

Segundo o senador Ricardo Santos,

O PNE busca ações integradas dos três níveis de governo, criando um entrelaçamento intergovernamental, consubstanciado no regime de colaboração, e abre as portas para a integração intragovernamental, isto é, no âmbito de cada governo, para que não se compartimentem as políticas sociais (BRASIL, 2001, p.10).

Nessa década, o governo considerava fundamental ampliar as vagas do

Ensino Superior no Brasil. Mas alegando, que devido às limitações das finanças

públicas, não havia então como criar novas universidades federais, nem como

expandir os cursos, surge o crescimento das instituições privadas, como medida

para conciliar as questões de acesso. Concomitantemente, ocorre no cenário

nacional a falta da equidade social na oferta e no acesso à Educação Superior.

As metas do PNE que interferem na Educação Superior são as seguintes:

Prover até o final da década, a oferta de educação superior para, pelo menos, 30% da faixa etária de 18 a 24 anos. Diversificar o sistema superior de ensino, favorecendo e valorizando estabelecimentos não-universitários que ofereçam ensino de qualidade e que atendam clientes com demandas específicas de formação: tecnológica, profissional liberal, em novas profissões, para exercício do magistério ou de formação geral. Diversificar a oferta de ensino, incentivando a criação de cursos noturnos com propostas inovadoras, de cursos seqüenciais e de cursos modulares, com a certificação, permitindo maior flexibilidade na formação e ampliação da oferta de ensino. Criar políticas que facilitem às minorias, vítimas de discriminação, o acesso à educação superior, através de programas de compensação de deficiências de sua formação escolar anterior, permitindo-lhes desta forma, competir em igualdades de condições nos processos de seleção e admissão a esse nível de ensino (BRASIL, 2001).

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De acordo com o PNE, fica claro que o que importa é a ampliação e

democratização do acesso, questões importantes como a qualidade do ensino,

neste momento, não são prioridade, o que se verifica claramente no veto de outras

propostas.

Ampliar a oferta de ensino público de modo a assegurar uma proporção nunca inferior a 40% do total das vagas, prevendo inclusive a parceria da União com os estados na criação de novos estabelecimentos de Educação Superior (VETADO); Assegurar, na esfera federal, através de legislação, a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Superior, constituído, entre outras fontes, por pelo menos 75% dos recursos da União vinculados a manutenção e ao desenvolvimento do ensino, destinados à manutenção e expansão da rede de instituições federais (VETADO); Ampliar o programa de crédito educativo, associando-o ao processo de avaliação das instituições privadas e agregando contribuições federais e estaduais, e, tanto quanto possível das próprias instituições beneficiadas, de modo a atender a, no mínimo, 30% da população matriculada no setor particular, com prioridade para os estudantes de menor renda (VETADO). Elevação, na década, através de esforço conjunto da união, Estado, Distrito Federal e Municipios, do percentual de gastos públicos em relação ao PIB, aplicados em educação, para atingir o minimo de 7%. Para tanto, os recursos devem ser ampliados, anualmente, à razão de 0,5% do PIB, nos quatro primeiros anos do Plano e de 0,6% no quinto ano (VETADO). ( BRASIL, 2001).

Os vetos geraram grande reação da comunidade acadêmica, principalmente

pelo fato de grande parte das dificuldades enfrentadas pelas universidades públicas

estarem relacionadas à ausência de mais recursos, pois os disponíveis não eram

suficientes nem mesmo para a manutenção destas.

Um dos maiores problemas enfrentados pelos estudantes das classes menos

favorecidas reside na qualidade da Educação Básica oferecida pelo Estado, e dela

dependem para prosseguir sua escolaridade, considerando então que a falta ou

carência na educação básica se torna um dos grandes obstáculos para o acesso ao

Ensino Superior.

Contudo, fica claro que não basta apenas o Estado criar leis e planos, que na

sua maioria são para atender demandas que não vêm da população, baseado na

premissa de igualdade para todos, uma vez que se faz necessária a criação de

oportunidades concretas que garantam na prática, condições de concretização do

direito á educação.

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3. Formulação e Implementação de Políticas Públicas

Os artigos citados podem ser usados como embasamento legal para as

políticas públicas educacionais, uma vez que tem como princípio a igualdade de

condições de acesso e permanência a educação.

Segundo Mello (1986), a educação objetiva propiciar a formação necessária

ao desenvolvimento das aptidões, das potencialidades e da personalidade do

educando. O processo educacional tem por meta: (a) qualificar o educando para o

trabalho; e (b) prepará-lo para o exercício consciente da cidadania. O acesso à

educação é uma das formas de realização concreta do ideal democrático.

O termo igualdade é utilizado como uma meta a ser alcançada, é a pretensão

da CF/1988. Percebe-se que já é considerada a desigualdade existente no país,

acreditando na necessidade de uma sociedade preparada para o enfrentamento á

disparidade social e racial, a educação pode se tornar um instrumento de redução

das desigualdades e criação de oportunidades para mobilidade social.

Conforme André Lázaro (Secretário de Educação Continuada, Alfabetização

e Diversidade, SECAD/MEC) a história da educação brasileira tem sido marcada

pela iniqüidade e também pela luta para que o acesso á educação realize a

promessa democrática, estabelecida pela constituição cidadã.

Considerando que a desigualdade é latente em nossa sociedade. A

oportunidade de estudar para maioria dos brasileiros significa, ser pertencente a

uma classe privilegiada. De acordo com o Censo da Educação Superior de 2011,

realizado pelo INEP os números comprovam tal realidade quando demonstram que

apenas 17,6% dos jovens entre 18 e 24 anos têm acesso ao ensino superior.

As políticas públicas são implementadas para suprir necessidades que a

sociedade esteja perpassando em dado momento histórico, onde o Estado deve

intervir com ações para minimizar estas carências, possibilitando a garantia do

direito à educação.

Entretanto as políticas públicas podem ser criadas e estabelecidas pelos mais

variados interesses, como, por exemplo, visando ao bem comum em determinado

setor, visando a interesses de grupos dominantes, interesses internacionais, com

vistas a estratégias políticas, entre outros.

480

Entende-se por políticas públicas o resultado da dinâmica do jogo de forças que se estabelecem no âmbito das relações de poder, relações estas constituídas pelos grupos econômicos e políticos, classes sociais e demais organizações da sociedade civil. Tais relações determinam um conjunto de ações atribuídas à instituição estatal, que provocam o direcionamento (e/ou redirecionamento) dos rumos de ações de intervenção administrativa do Estado na realidade social e/ou de investimentos (BONETI, 2006, p. 74).

Pode-se perceber que sempre há alguma intenção por de traz das políticas

públicas, observando que nem sempre virá como interesses particulares de grupos

do poder, podendo ser por diversos fatores benéficos, como melhoria de estatísticas

e a melhoria da imagem do país no exterior.

A implementação destas políticas públicas pode também ser resultado de

uma correlação de forças, formada por conflitos de interesses de diferentes grupos e

classes sociais.

Estes outros agentes participantes dessa correlação de forças, certamente não com tanto poder de barganha como as representações das elites econômicas, têm, no entanto peso considerável na elaboração e instituição das políticas públicas. Os movimentos que congregam as lutas sociais em defesa de segmentos menos protegidos da sociedade também cumprem seus papéis nesta correlação de forças procurando sempre angariar benefícios desta correlação de forças. (BONETI, 2006, p. 62)

Para Cunha (2009), as políticas públicas podem ser entendidas como o

conjunto de planos e programas de ação governamentais voltados à intervenção no

domínio social, por meio dos quais são traçadas as diretrizes e metas a serem

fomentadas pelo Estado, sobretudo na implantação dos objetivos e direitos

fundamentais dispostos na Constituição.

No Brasil, para a elaboração e a instituição das políticas públicas, Boneti

(2007, p. 15) explica que depende de alguns fatores preponderantes, a saber os

interesses da expansão do capitalismo internacional, explicitados pelas elites

globais; os interesses originados no contexto nacional, os das classes dominantes e

dos vários segmentos que compõem a sociedade civil, a instância do local.

Assim o autor pontua três fatores importantes para a concepção e

implantação de uma política pública. Este é um momento que exige amplo debate, e

são os agentes de poder que realizam e definem o grau de importância para a

481

sociedade. No caso das políticas públicas brasileiras, os agentes de poder

internacional contam com grande poder de interferência nas mesmas.

Um dos importantes agentes determinantes das políticas públicas nacionais são as elites internacionais. Isto é, entende-se que existe uma correlação de forças no plano global (internacional) que interfere na definição das políticas públicas nacionais (BONETI, 2007, p.59).

Além das influências dos grupos internacionais, existem também os

interesses das diversas classes dominantes e segmentos nacionais elitizados e, por

último, a população carente que mais precisa e depende das políticas públicas para

atender suas necessidades mais latentes.

Na sociedade, portanto, a influência dos diversos setores, e dos grupos que predominam em cada setor, vai depender do grau de organização e articulação destes grupos com ele envolvidos. Este é um elemento chave para que se compreenda o padrão que assume uma determinada política e, portanto, porque é escolhida uma determinada solução e não outra, para a questão que estava sendo alvo de problematização (AZEVEDO, 2004, p. 63).

Algumas políticas públicas se expressam por ações governamentais

conhecidas atualmente como ações afirmativas que buscam de uma forma geral,

proporcionar oportunidades para aquelas pessoas que historicamente foram

colocadas ás margens dos seus direitos, principalmente no que se refere aos

direitos fundamentais, como tratamento isonômico, acesso a qualquer dos níveis de

educação e educação de qualidade o que possibilita o direito de ter um emprego

digno e que proporcione o sustento de toda família.

A sociedade nacional, sobretudo, no que tange a educação, começaram a

cobrar critérios mais justos e igualitários de acesso dos cidadãos ás instituições de

educação superior. Isso considerando a desigualdade encontrada neste nível de

educação no Brasil, conforme dados apresentados pelo IBGE, através da Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios- 2005 (2007).

Assim, foram criadas as ações afirmativas para a educação, que podem ser

políticas públicas ou privadas. Contudo, este trabalho trata somente das políticas

públicas criadas pelo Governo Federal que tendem a diminuir a exclusão dos

afrodescendentes, indígenas e aqueles indivíduos menos afortunados que sempre

estudaram em escolas públicas.

482

A proteção contemporânea que o Estado esta dedicando aos grupos socialmente vulneráveis como as minorias étnicas e sociais com políticas públicas educacionais tendem a promover sua ascensão na sociedade até um nível de equiparação com os demais, e objetivam acelerar o processo de igualdade. (PIOVESAN, 2002, p. 190)

Entretanto a mera implantação de políticas públicas não basta para

assegurar de modo efetivo o exercício do direito ao acesso á educação, é

imprescindível que seja oferecido uma base educacional de qualidade, iniciando

pelo ensino fundamental, o médio, e conseqüentemente o ensino superior,

promovendo assim uma sociedade mais justa e igualitária, no âmbito social e

econômico.

Portanto as políticas públicas de acesso ao ensino superior são medidas

importantes, por ter como uma das suas caracterícas a finalidade de integrar as

pessoas consideradas em desvantagem socialmente. Entendo-se que as políticas

educativas derivam de uma compreensão de que a busca de igualdade entre os

cidadãos não pode ser atingida e mantida somente aplicando as mesmas regras de

direito para todos.

Percebe-se que ao querer igualar os cidadãos desiguais com os iguais, para

tentar idealizar oportunidades, criam-se mais diferenças entre os mesmos. Por isso,

devem ser tratadas igualmente as pessoas consideradas pela sociedade como

“iguais” e de maneira desigual às pessoas consideradas como “desiguais”.

Por isso, o Estado cria políticas públicas levando em consideração aspectos

sociais de grande relevância, para que as pessoas socialmente desfavorecidas

possam gozar dos mesmos direitos que os demais indivíduos.

Não basta apenas o Estado criar leis constitucionais e infraconstitucionais

alegando a igualdade para todos. A sociedade tem que começar a perceber que é

necessário que haja a igualdade na prática, no caso concreto. Portanto as ações

afirmativas têm a intenção de cumprir com a meta constitucional. Isso porque a

Constituição Federal, em seu preâmbulo impõe ao Estado Brasileiro que assegure a

concretização do bem-estar, da igualdade e da justiça como valores supremos de

uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos e fundamentada na cidadania

e na dignidade humana.

4. PROUNI- Programa Universidade para Todos

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O acesso á educação Superior no Brasil é uma demanda cada vez mais

crescente. Se considerarmos os dados do INEP (2011) em que 17,6% dos jovens

entre 18 e 24 anos estão matriculados no ensino superior, identificamos uma

defasagem ainda grande em relação ao acesso á universidade.

Neste sentido, torna-se necessária á adoção de políticas públicas que

garantam o ingresso da juventude na escola e na universidade. Não estamos

falando somente de disponibilidade de vagas, mas a garantia de fato do acesso

através de políticas que permitam a manutenção do jovem na escola e na

universidade.

Várias iniciativas importantes foram tomadas no sentido de apresentar

algumas propostas que favoreçam a inclusão de jovens no ensino superior. Dentre

as principais políticas atuais de acesso, encontra-se o Programa Universidade para

Todos – PROUNI, abordado neste estudo.

O Ministério da Educação (MEC) pretendia instituir o PROUNI por meio de

medida provisória, porém a decisão do governo foi encaminhar o projeto de Lei- PL

ao congresso em 13 de maio de 2004, prevendo apenas bolsas de estudo integrais

concedidas a brasileiros que ainda não tivessem curso superior, houvessem feito o

ensino médio em escola pública e cuja renda familiar não excedesse a um salário

mínimo per capta.

Inicialmente, o PL previa apenas bolsas de estudos integrais concedidas a

“brasileiros não portadores de diploma de curso superior e cuja renda familiar não

exceda a um salário mínimo per capta” (BRASIL, MEC, 2004, Art. 1º). As bolsas

atenderiam a cerca de 80 mil alunos, sendo destinadas apenas aos concluintes do

Ensino Médio em escolas públicas e à formação de professores da rede pública em

cursos de licenciatura ou pedagogia.

Os critérios para selecionar os beneficiários foram dois: o perfil

socioeconômico do estudante e a nota no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),

com exceção dos professores da rede pública. Os ingressantes em nível superior,

pelo PROUNI, seriam dispensados do processo seletivo específico das instituições

privadas. O programa destacou-se por incluir políticas afirmativas, por meio da

oferta de bolsas aos auto declarados negros e indígenas.

As IES não-beneficentes ofereciam uma bolsa para cada nove alunos

regularmente matriculados em cursos efetivamente instalados (Art.5º, caput). Já as

beneficentes deveriam destinar uma bolsa integral para cada quatro alunos de

484

cursos de graduação ou seqüencial de formação específica (Art. 11º). Em

contrapartida, ficariam isentas do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ),

da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição Social para

Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e da Contribuição para o Programa

de Integração Social (PIS).

No PROUNI, o vínculo das IES valeria por dez anos, renováveis por iguais

períodos. Não poderiam participar instituições com desempenho insuficiente no

Sistema Nacional de Avaliação de Educação Superior (SINAES) por dois anos

consecutivos ou três intercalados, no período de cinco anos (art. 7º, § 4º).

Na Medida Provisória e na Lei, o desvinculamento foi abrandado para

desempenho insuficiente no SINAES por três anos seguidos. Enquanto o PL

condicionava a participação das IES no Financiamento ao Estudante do Ensino

Superior (FIES) à adesão do PROUNI, na MP essa restrição foi suavizada: o acesso

ao FIES passou a ser prioritário para as IES aderentes ao PROUNI (BRASIL,

PODER EXECUTIVO, 2004, Art. 13º).

As IES que descumprissem as regras do PROUNI seriam multadas em até

1% do faturamento anual (punição retirada da MP e da Lei), teriam que restituir a

porcentagem de 10% (IES não-beneficentes) e 20% (IES beneficentes) de bolsas

integrais caso ficassem abaixo do mínimo e seriam desvinculadas do PROUNI em

caso de reincidência.

Dessa forma, percebe-se que o programa sofreu varias alterações desde sua

concepção original, como projeto de lei, depois como medida provisória e finalmente,

na elaboração da lei que o institui.

Quando se observa a formulação da politica pública, de forma mais detalhada, por meio da evolução do Projeto de lei, da Medida Provisória até a lei do Prouni e o decreto que o regulamentou, é possível afirmar que as alterações no texto legal conduziram a flexibilização de requisitos e sanções e à redução da contrapartida das instituições particulares. A redação final do documento refletiu o jogo político, no qual o MEC teve de ceder e acomodar os interesses privados, e estes atores não foram plenamente atendidos (CARVALHO, 2006, p. 05).

Promulgada a Lei nº 11.960/2005, que instituiu o Programa Universidade

para Todos - PROUNI com o objetivo de destinar bolsas de estudos integral ou

parcial de 50% (cinqüenta por cento) ou 25% (vinte e cinco por cento) para

estudantes de cursos de graduação ou seqüenciais em instituições de ensino

485

superior particulares, de baixa renda e que não sejam portadores de diploma de

curso superior (MEC, 2006)

Conforme a Lei n° 11.096 de 13 de janeiro de 2005:

A instituição privada de Ensino Superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficentes, poderão: I- Aderir ao PROUNI mediante assinatura de termo de adesão, cumprindo-lhe oferecer no mínimo, 1 (uma) bolsa integral para cada 9 (nove) estudantes regularmente pagantes e devidamente matriculados ao final do correspondente período letivo anterior, conforme regulamento a ser estabelecido pelo Ministério da Educação, excluído o número correspondente a bolsas integrais concedidas pelo PROUNI ou pela própria instituição, em cursos efetivamente nela instalados; II- Alternativamente, em substituição ao requisito previsto no inciso I deste parágrafo, oferecer 1 (uma) bolsa integral para cada 19 (dezenove) estudantes regularmente pagantes e devidamente matriculados em cursos efetivamente nela instalados, conforme regulamento a ser estabelecido pelo Ministério da Educação, desde que ofereça, adicionalmente, quantidade de bolsas parciais de 50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) na proporção necessária para que a soma dos benefícios concedidos na forma desta lei atinja o equivalente a 10% (dez por cento) da receita anual dos períodos letivos que já têm bolsas do PROUNI, efetivamente recebidas, em cursos de graduação ou seqüencial de formação específica.

Em contrapartida as Instituições de Ensino Superior não beneficente ficam

isentas do pagamento do imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), da

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, do Programa de Integração Social (PIS)

e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS). As bolsas

integrais são para estudantes com renda familiar per capita de até um e meio salário

mínimo, e as parciais, de 50% (cinqüenta e cinco por cento) para aqueles com renda

familiar de até três salários mínimos per capita.

Há uma troca de favores, as instituições oferecem as vagas, bem como o

ensino ao aluno, em contrapartida, o governo federal isenta proporcionalmente

essas instituições do pagamento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, da

Contribuição Social sobre Lucro Líquido, do PIS e do COFINS.

Os requisitos para o estudante obter bolsa de estudo pelo PROUNI segundo

o art. 2° da Lei que o institui são os seguintes:

A bolsa será destinada: I – A estudante que tenha cursado o ensino Médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral; II – A estudante portador de deficiência, nos termos da lei; III – A professor da rede pública de ensino, para os cursos de licenciatura, normal superior e pedagogia,

486

destinados á formação do magistério da educação básica, independente da renda.

Esse programa também reserva bolsas aos cidadãos autodeclarados negros,

pardos ou índios. O percentual de bolsas destinadas aos cotistas é igual àquele de

cidadãos negros, pardos e índios, por unidade da Federação, segundo o último

censo do IBGE. O candidato cotista também deve enquadrar-se nos demais critérios

de seleção do programa.

O programa tem como pré requisito a participação na prova do Exame

Nacional do Ensino Médio (ENEM) e demais critérios. Conforme prevê o art. 3° da

mesma Lei que institui o PROUNI.

O estudante a ser beneficiado pelo PROUNI será pré-selecionado pelos resultados e pelo perfil socioeconômico do Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM ou outros critérios a serem definidos pelo Ministério da Educação, e, na etapa final, selecionado pela instituição de Educação Superior, segundo seus próprios critérios, à qual competirá, também, aferir as informações prestadas pelo candidato.

Desde quando foi apresentada a proposta do Programa Universidades para

Todos até sua redação final, diversas opiniões permearam o debate sobre seus

propósitos, principalmente no que se refere á relação do Estado com o setor privado

da educação.

Os que se posicionam de modo desfavorável defendem que:

Para Carvalho (2006, p. 04)

O aumento de vagas ociosas, no setor privado, combinado com a procura pelo ensino superior por parte da população de baixa renda, levou á criação do PROUNI que, estatiza vagas nas instituições particulares em troca da renuncia fiscal. O programa surge em beneficio das instituições particulares que se encontram em situação de risco financeiro, agravado pelos números da evasão e inadimplência.

Para Catani, Hey e Gilioli (2006, p.06)

Nesse, sentido, traz uma noção falsa de democratização, pois legitima a distinção dos estudantes por camada social de acordo com o acesso aos diferentes tipos de instituições (prioridade de inserção dos pobres no espaço privado), ou seja, contribui para a manutenção da estratificação social existente.

487

Em sentido Contrário alegam:

Para Schwartzman (2008, p. 21)

É pela expansão inteligente do ensino superior, através da criação de instituições diferenciadas; de parcerias apropriadas com o setor privado; e de políticas de direcionamento dos recursos públicos aos estudantes necessitados e em condições de estudar e desenvolver, que a educação superior brasileira poderá se tornar cada vez mais inclusiva.

Para Marinho (2005, p. 02),

Este programa deve ser encarado como uma ação emergencial, enquanto a política educacional se constrói, reconhecendo-se que o Brasil não poderia continuar dando as costas para aqueles que querem cursar uma faculdade e, para isso, neste momento, dependem de bolsas de estudos.

Outro argumento comumente utilizado por quem se posiciona contrário ao

PROUNI é que ele garante aos estudantes de baixa renda o acesso a instituições de

qualidade questionável. Para Carvalho (2006), o programa foi uma medida

economicamente viável para o governo, porém academicamente o investimento no

setor público seria mais adequado para se promover uma democratização do

acesso ao ensino superior com qualidade.

Ainda para a mesma autora, a criação do PROUNI como forma de

democratizar o acesso ao ensino superior traz benefícios a um número reduzido de

alunos que têm acesso ao ensino superior particular acadêmica de qualidade, pois

muitos estudantes recebem bolsas em instituições de pouca qualidade acadêmica.

Deste modo, fica claro que o programa utiliza-se de mecanismos de

renúncia fiscal para o financiamento do setor privado, ou seja, as instituições

privadas de ensino superior gozam do privilégio de imunidade fiscal, não recolhendo

aos cofres públicos a receita tributária devida, que poderia ser investida no ensino

público.

(...) longe de resolver ou de corrigir a distribuição desigual dos bens educacionais, a privatização promovida pelo programa tende a aprofundar as condições históricas de discriminação e de negação do direito à educação superior a que são submetidos os setores populares. A alocação dos estudantes pobres nas instituições particulares cristalizará mais ainda a dinâmica de segmentação e diferenciação no sistema escolar, destinando escolas academicamente superiores para os que passarem nos vestibulares

488

das instituições públicas e escolas academicamente mais fracas, salvo exceções, para os pobres. (MANCEBO, 2004b, p. 86)

Notícia veiculada por jornal (O Estado de São Paulo, 2009) informa que

23% das IES que participam do PROUNI, têm notas baixas (conceitos 1 e 2) em

avaliação realizada pelo INEP. O jornal analisou dados do Índice Geral de Cursos

(IGC) anunciado pela primeira vez em setembro de 2008 e que permite comparar o

desempenho das instituições.

Estes dados refletem os objetivos das instituições de ensino, sendo

propósito da maioria das IES privadas, o ensino, contrastando com as IES públicas

que tem como objetivo, o ensino, pesquisa e extensão. Mas quais são as intenções

do mercado em relação aos futuros profissionais?

A que interesses e necessidades a universidade- como principal espaço de produção de saber – deve atender por meio dos conhecimentos por ela produzidos? São conhecimentos e tecnologias a serem utilizadas no processo de construção de uma sociedade mais justa, uma sociedade democrática? Ou são conhecimentos e tecnologias adequados à produção de um modo de pensar e de agir na sociedade que fazem valer e preservar interesses de grupos dentro de uma visão neoliberal, cuja marca seria a eficiência, o lucro, a racionalidade do sucesso individual, e na qual se pensa vender quantidade como se fosse qualidade? (FAVERO, 2003, p. 181).

Preocupar-se com que tipo de educação se oferta nas IES privadas deveria

ser uma premissa para um programa que prega a democratização do ensino, a fim

de promover a inclusão social de pessoas historicamente excluídas para que

possam ter ascensão social.

Considerando que o Estado é o garantidor dos direitos ao acesso ao ensino

superior dos cidadãos, que este deve, portanto, promover o ingresso dos estudantes,

isso significa acessibilidade para todos, indiferente de raça, religião, ou qualquer

outro recurso de discriminação, o governo ao invés de abrir mais universidades

públicas e aumentar os investimentos naquelas já existentes, institui políticas

públicas de acesso ao Ensino superior.

Na área do acesso, a maior frustração da ultima década foi o objetivo de democratização do acesso não foi conseguido. Na maioria dos países os fatores de discriminação, sejam eles a classe, a raça, sexo ou etnia, continuaram a fazer do acesso uma mistura de mérito e privilégio. (SANTOS, 2004, p. 76).

489

Este acesso proposto pelo Prouni é questionável pois, para a concessão da

bolsa o aluno tem que atender aos critérios de elegibilidade para a vaga, como

obtenção de nota mínima no ENEM, em algumas IES particulares também é exigido

passar no vestibular da instituição, ter perfil socioeconômico, podemos considerar

que as exigências desencadeiam uma seleção que promove a exclusão social, que

nos remete à seguinte reflexão Programa Universidade para Todos, de que “todos”

está se falando?

Promove acesso a educação superior com baixo custo para o governo, isto

é, uma engenharia administrativa que equilibra impacto popular, atendimento as

demandas do setor privado e regulagem das contas do Estado, cumprindo a meta

do Plano Nacional de Educação (PNE- Lei n° 10.172/2001) de aumentar a

proporção de jovens de 18 a 24 anos matriculados em curso superior para 30% até

2010. Pretende, ainda, atender ao aumento da demanda por acesso à educação

superior, valendo-se da alta ociosidade do ensino superior privado. (CATANI, 2006,

p. 127).

Outro ponto recorrente nos discursos daqueles que são contrários ao

PROUNI é a questão da permanência do estudante na educação superior. Na visão

de alguns autores, o PROUNI promove apenas uma política de acesso e não de

permanência, pois estudantes de baixa renda não teriam condições de manter as

despesas de um curso superior, aumentando, conseqüentemente a evasão na

educação superior (CATANI et al, 2006).

A questão da permanência torna-se ainda mais crítica para os estudantes

que recebem bolsas parciais, pois aqueles que não conseguirem arcar com as

despesas das mensalidades não terão condições de prosseguir no curso até sua

conclusão. Considerando o problema dos bolsistas parciais, o governo criou o Bolsa

Permanência.

De acordo com o MEC, a Bolsa Permanência é um benefício, no valor de

até R$ 300,00 mensais, concedido a estudantes com bolsa integral em utilização,

matriculados em cursos presenciais com no mínimo 6 (seis) semestres de duração e

cuja carga horária média seja superior ou igual a 6 (seis) horas diárias de aula, de

acordo com os dados cadastrados pelas instituições de ensino junto ao MEC.

Embora não tenha gastos com mensalidades, o bolsista integral precisa

arcar com despesas que podem ter impacto nos gastos familiares, considerando

que se seu curso tem carga horária de 6 horas diárias, que o impossibilita de

490

trabalhar, e como apenas o valor do beneficio da bolsa permanência é insuficiente

para suas despesas, demonstra a pouca preocupação do Prouni com a

permanência dos estudantes na educação superior

Enquanto as IES pública oferecem condições de permanência como

“ transporte, moradia estudantil, alimentação subsidiada, assistência médica

disponível nos hospitais universitários e bolsas de pesquisa” ( CARVALHO;

LOPREATO, 2005, p. 103)

Considerações Finais

O presente estudo teve como objetivo primordial compreender o Programa

Universidade para Todos – PROUNI, enquanto política pública de educação

superior no desafio de assegurar o acesso e permanência de cidadãos de baixa

renda à universidade, sob o discurso do governo de democratização da educação

superior.

Para a realização deste trabalho houve a necessidade de analisar

documentos, projetos e programas do governo a respeito da facilitação do acesso

ao ensino superior no Brasil. Procurou-se compreender o direito à educação, a

formulação, a implementação e a relevância do Prouni e os interesses políticos

envolvidos na elaboração desta política pública.

Na busca de entendimento do que sejam as políticas públicas, percebeu-se

que as mesmas, na maioria das vezes, são criadas pelo acontecimento de algum

fato na sociedade que necessita de determinada providência. Ou seja, política

pública é gerada por um fato político e consequentemente originará outro fato, qual

seja a intervenção do Estado nessa mesma sociedade. Contudo, nem sempre as

políticas publicas são criadas para atender a interesses da população em geral.

Muitas vezes, são instituídas por interesses de grupos dominantes, muitas vezes por

interesses internacionais, e até mesmo particulares.

O jogo de interesses envolve questão de ordem maior na construção de

políticas públicas, cujas capacidade para a elaboração das mesmas voltadas para a

educação do setor público é indistinta da liberdade que um país tem de desenvolver

um projeto voltado para o desenvolvimento humano e seus elementos sociais e

econômicos, constituintes da soberania nacional.

491

O Prouni é sim, programa de acesso, embora se constitua num sentido

restrito de democracia, ou seja, doação de um direito que é visto como beneficio

contraditório no contexto democrático de algo que já devia ser assegurado, é uma

política de acesso ao ensino superior, cumprindo com seu propósito amplamente

divulgado pelo governo federal, assegurando o acesso de estudantes que não

teriam como continuar seus estudos seja pela matrícula em uma instituição pública

ou custear uma instituição privada.

Também se caracteriza como política de privatização prejudicial às decisões

do Estado quanto à gestão do ensino superior público, incentivando o aumento de

IES privadas por meio do subsidio representado pela renúncia fiscal.

Considerando que a grande maioria dos alunos que estão sentados nos

bancos das instituições públicas que ofertam ensino, pesquisa e extensão de

qualidade, além de moradia no campus, assistência médica, alimentação entre

outros, são os filhos da elite que tem condições de pagar escolas e cursinhos

particulares para obtenção de êxito nos vestibulares destas, fica nítida a oferta de

ensino de qualidade aos filhos da burguesia e educação de segunda classe aos

filhos das famílias de baixa renda.

A polêmica entre as IES privadas e as Instituições públicas recai sobre o não

investimento dos recursos que deixam de ser arrecadados pelo governo federal. As

Instituições públicas questionam se não seria mais eficiente a arrecadação e

repasse para elas para ampliação de vagas públicas, geração de novos cargos,

estrutura e processos administrativos. Em contrapartida a iniciativa privada, que já

dispõe de vagas e estrutura para administrar, justifica maior eficiência no uso dos

recursos uma vez que pode absorver de forma imediata a demanda existente.

Ao invés de privilegiar as IES privadas, os recursos não recolhidos pelas

instituições privadas, privilegiadas por conta das isenções fiscais, poderiam ser

investidos no setor público, capaz de democratizar a educação superior. Porém,

para atender a meta da Política Nacional de Educação, de ampliar para 30% (trinta

por cento) a população de 18 a 24 anos no ensino superior até 2010, ficando

evidente a preferência do MEC em conceder benefícios e não promover direitos.

O Prouni se caracteriza mais como política assistencialista do que como

democratização do acesso, pois, oferta as vagas sem se preocupar com a

permanência dos alunos nas instituições, delegando a função de “cuidar” da

permanência e conclusão dos alunos nos cursos oferecidos, às instituições privadas.

492

Concluindo, com este estudo, percebemos que o Programa Universidade

para Todos, não assegura o exercício do direito ao acesso de pessoas em situação

de vulnerabilidade social, nem tampouco é para todos, como preconiza, sendo

necessário ampla discussão e mais pesquisas relacionadas à temática para que

novas propostas sejam engendradas no cenário da educação superior a fim de

solucionar a questão da inserção dos cidadãos de baixa renda no ensino superior

brasileiro, permitindo sua permanência e, comtempladas pela qualidade de ensino.

*Discente do Programa de Pós-graduação em Serviço Social – Mestrado (2013-2015), da

Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, UNESP/Franca.

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