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Revista Agroveterinária, Negócios e Tecnologias, Coromandel, v. 2, n. 2, p. 56-77, jul./dez. 2017. ISSN 2595-007X
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E SUSTENTABILIDADE
COMO FATORES DE EXTREMA RELEVÂNCIA NO MUNDO
CONTEMPORÂNEO
Marcelo Rodrigo Vieira
Gabriel Antônio Amaral da Silva**
João Batista Ferreira***
Ivani Aparecida da Silveira Santos****
RESUMO
Este trabalho tem como premissa propor uma reflexão sobre as atuais condições de vida no cotidiano de toda uma nação. Para a elaboração do texto foi realizada uma pesquisa bibliográfica qualitativa, descritiva e exploratória, fundamentada em fontes primárias, sobre os fatores que são considerados determinantes para a ocorrência do atual estado de desequilíbrio socioambiental vivenciado no mundo contemporâneo. Pressupõe-se que a responsabilidade social empresarial deve ser vista como atitudes empreendedoras aplicadas no âmbito organizacional para com os meios internos e externos, com intuito de promover uma maior igualdade de condições dentro de uma sociedade. Outro fator considerado relevante é a educação ambiental que deve ser vista como uma forma de sensibilização e conscientização dos seres humanos para os tornarem cidadãos mais responsáveis, tal fator deve ser considerado como um elo entre a responsabilidade social e o desafio de buscar a tão necessária sustentabilidade ambiental. Os resultados almejados foram alcançados totalmente, possibilitando um conhecimento amplo dos problemas atuais, assim como os fatores determinantes para a crise ambiental, além de evidenciar a necessidade de execução de práticas preventivas e corretivas para a preservação do planeta.
Palavras-chave: Responsabilidade Social. Educação Ambiental. Equilíbrio. Meio Ambiente. Sustentabilidade.
Graduado em Administração pela Faculdade Cidade de Coromandel (FCC). [email protected] **Administrador. Especialista em Controladoria e Finanças pela Faculdade Cidade de Coromandel (FCC). Professor na FCC. [email protected] ***Mestre em Gestão Organizacional, pela Universidade Federal de Goiás, docente e coordenador do curso de administração pela Faculdade Cidade de Coromandel. Endereço: Rua Martins Mundim, 1.189, Patrocínio/MG, E-mail: [email protected].
****Graduada em Administração, especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior e
Marketing e Empreendedorismo pela FCC. Docente na FCC. [email protected].
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ABSTRACT
This paper has as its premise to propose a thought on the current living everyday conditions throughout the nation. The text was done through researches qualitative literature review, descriptive and exploratory, based on primary sources, about factors that are considered to be crucial for the occurrence of the current state of social and environmental imbalance experienced in the modern world._____* It is presupposed that corporate social responsibility must be seen as entrepreneurial attitudes in the organizational framework with both internal and external means, in order to promote a greater equality within a society. The environmental education is another important factor that must be regarded as a means of making the human beings more responsible citizens through the awareness and consciousness, besides, this factor must be considered as a link between social responsibility and the challenge of seeking the so necessary environmental sustainability. The expected goals were fully achieved providing extensive aware of current problems, as well as the decisive factors for the environmental crisis besides highlighting the need for implementation of preventive and corrective practices to preserve the planet.
Keywords: Social Responsibility. Environmental Education. Balance. Environment. Sustainability.
1 INTRODUÇÃO
Os termos responsabilidade social e sustentabilidade passaram a ter maior
evidência no Brasil a partir da revolução industrial, quando começaram a ser
executados os primeiros trabalhos mecanizados, e também ao grande processo de
migração de pessoas do campo para as cidades, provocando um crescimento
desordenado da população nos centros urbanos, trazendo consequentemente
grandes problemas de ordem social e ambiental.
Com o passar do tempo e o grande crescimento populacional, os
problemas não só se agravaram, como também se expandiram tomando
dimensões gigantescas (BRAGA, 2005). É de fundamental importância levar ao
conhecimento da sociedade os atuais quadros de degradação, poluição,
desequilíbrio ambiental, entre outros problemas vivenciados diariamente no
mundo contemporâneo (PHILIPPI JUNIOR; PELICIONI, 2014).
O princípio básico de existência de uma empresa é sem dúvida o retorno
financeiro, porém, é necessário que se busque este objetivo de maneira
responsável, se caracterizando a responsabilidade social empresarial que se
divide nas dimensões econômica, legal, ética e por fim, a filantrópica ou empresas
do terceiro setor (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). As empresas socialmente
responsáveis devem ser inovadoras tendo por iniciativa própria atitudes que
possibilitem melhorias para a sociedade (BARBIERI; SIMANTOB, 2007).
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Diante de um momento considerado praticamente irreversível, não há outro
caminho a ser seguido, senão cada ser humano tomar por si só a consciência de
que é necessária uma mudança de mentalidade, tomando atitudes contínuas
individuais e/ou corporativas para se almejar uma reversão na atual situação do
planeta e a preservação da espécie humana assim como seu habitat natural.
O presente estudo ressalta a importância de temas que refletem diariamente
nas condições de vida no planeta e levá-los ao conhecimento da
sociedade que vivencia problemas diários, porém não se mostram conscientes
sobre suas causas. Estes acabam sendo participantes ativos, mesmo que
involuntários por não terem conhecimentos de atitudes que realizam,
contribuindo para o surgimento de fatores que ameaçam o bem-estar social.
Para o meio acadêmico tem por finalidade despertar o interesse de pessoas
que se encontram na condição de formadores de opiniões, sobre a
importância de buscar e assimilar conhecimentos e transmiti-los para pessoas
que não tem a oportunidade de conhecê-los e que com atitudes corretivas
ou preventivas poderão contribuir para a melhoria da qualidade de vida.
Para a elaboração deste estudo foi necessária a realização de uma
pesquisa bibliográfica qualitativa, descritiva e exploratória, o material usado foi
amplo e diversificado, buscando sempre argumentos de autores e fontes
confiáveis para conhecer o tema de forma mais detalhada e abrangente
possível e consequentemente reduzir ao máximo as margens de erros nas
interpretações.
Os objetivos do trabalho foram analisar os problemas de desequilíbrio
ambiental e social vivenciados na era contemporânea, provenientes da ação
humana; evidenciar a responsabilidade das empresas em devolver para a
sociedade parte dos recursos adquiridos; levar uma reflexão sobre a
necessidade de mudanças de conduta em alguns hábitos rotineiros individuais
e/ou coletivos; e demonstrar a necessidade de obter um equilíbrio entre os materiais
produzidos e os recursos utilizados.
2 RESPONSABILIDADE SOCIAL NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL
No Brasil não há um conceito definitivo sobre o termo responsabilidade
social devido ao atual nível de conhecimento apresentado pelos profissionais que
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compõem o cenário empresarial do país se mostrar insuficientes para uma
definição concreta. Por isso, percebe-se a necessidade de buscar novos
conhecimentos por ser um tema que, apesar de possuir origens antigas começou a
ser praticado apenas no final da década de 1990, o que coloca o Brasil como um
país apenas iniciante em tal processo. Tal realidade gera a necessidade de analisar
exemplos de outras nacionalidades que conseguem ser bem sucedidas nos
desafios de criar e executar métodos que levem o bem estar para a
sociedade (SANTOS, 2012).
Conforme Monteiro, (2009, p. 9):
O conceito de Responsabilidade Social (RS) tem se tornado, nos últimos anos, um assunto cada vez mais presente no mundo empresarial, no entanto, é ainda um conceito nebuloso uma vez que muitas vezes está associado à idéia pura e simples de filantropia, caridade e à boa vontade dos empresários. Esta é a visão mais equivocada e distorcida. Responsabilidade social não é filantropia.
Para o autor mencionado anteriormente (2009), a responsabilidade social
ainda precisa ser mais bem compreendida no mundo empresarial, pois não há
uma opinião sensata e definitiva a respeito do tema, seja por motivo de falta
de conhecimento ou porque em algum momento isto pode ser conveniente diante
da não execução de projetos sociais. No cotidiano, é comum ver empresas que se
julgam socialmente responsáveis, realizando atitudes de ajuda ao próximo
ou criação de Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam com o
propósito de viabilizar recursos ou maneiras de oferecer ajuda a quem
necessita; o que é denominado filantropia que está diretamente vinculada à
doação. Embora tal tema esteja no auge de sua evidência motivado principalmente
pela industrialização e a busca obsessiva pela lucratividade, o autor
supracitado retrata ainda seu surgimento na década de 1890. Passando
posteriormente por longos anos de esquecimento, voltando a ter novamente
maior visibilidade na década de 1970 onde passou a ser visto como um
compromisso das empresas para com a sociedade.
2.1 Organização
Conforme Maximiano (2008), organização é um sistema de recursos que
procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos) e
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está fundamentada basicamente em objetivos almejados e os recursos
disponíveis para a realização dos mesmos. Recursos estes que geralmente são
escassos e devem ser aproveitados corretamente, minimizando ou até mesmo
eliminando desperdícios, o que impõe maior grau de dificuldade para as empresas
e exige maior criatividade e empenho de todas as partes envolvidas, exigindo,
portanto uma boa administração, capaz de conciliar o processo de
transformação e a divisão do trabalho entre os componentes da equipe. Os
resultados do processo podem ser definidos como eficazes quando se consegue
alcançar o maior número possível dos objetivos desejados, ou eficientes quando a
organização mantém um equilíbrio satisfatório entre a realização dos propósitos e a
quantidade de recursos utilizados para isso, ou seja, quanto mais se consegue
gerar economia nos recursos sem prejudicar os objetivos finais mais se conseguirá
ser eficiente.
A teoria estruturalista define organização como uma sociedade moderna,
especializada no convívio de um grande número de pessoas, que se juntam
formando equipes para trabalharem na busca de realização de objetivos pré-
estabelecidos de uma determinada empresa, criando estratégias que analisem e
determinem prioridades de utilização e distribuição de recursos considerados
escassos em projetos que julgarem de maior importância ou com maior potencial de
retorno. Efetuando criteriosa análise de custos e benefícios para chegar a tal
conclusão, fazendo investimentos pontuais em projetos adequados e extraindo o
máximo de benefícios possíveis se caracterizando assim, como ações eficientes
(CHIAVENATO, 2002).
2.2 Responsabilidade social empresarial
Conforme Barbieri e Cajazeira (2009) o termo responsabilidade social
empresarial pode ser definido como práticas adotadas pelas empresas em busca da
lucratividade indispensável para a sobrevivência, mas ao mesmo tempo buscar por
iniciativa própria, medidas que venham proporcionar benefícios para a
sociedade. Ainda de acordo com Barbieri e Cajazeira (2009) a responsabilidade
social está baseada em quatro dimensões, sendo elas a responsabilidade social
econômica, que é o principio básico de qualquer organização, pois se faz
necessária a busca constante por resultados do ponto de vista financeiro, mas o
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lucro não deve ser avaliado como o principal objetivo, e sim como
uma consequência de uma gestão executada com equilíbrio entre o
desenvolvimento das atividades e os impactos causados por elas.
Na sequência vem a responsabilidade legal, podendo ser definida como uma
avaliação e consequente aprovação por parte da sociedade em relação ao
sistema econômico proposto pela empresa, se baseando em leis cabíveis a tal
situação. A terceira dimensão é a responsabilidade ética, que se traduz em
comportamentos indevidos que, embora não estejam proibidos por lei devam ser
evitados em respeito aos demais componentes do ambiente. Por fim, tem a
responsabilidade discricionária ou mais recentemente renomeada como filantropia
ou empresas do terceiro setor, sendo entidades sem fins lucrativos, destinadas
apenas ao desenvolvimento de ações beneficentes (BARBIERI; CAJAZEIRA,
2009).
A pirâmide da Responsabilidade Social de Carroll (1991) retrata as quatro
dimensões em suas escalas de prioridade, tendo como base o fator econômico que
dá suporte para que as demais existam:
Figura 1- Pirâmide da Responsabilidade Social de Carroll
Fonte: Adaptado de Carroll (1991, p. 42).
Para que as empresas possam ser reconhecidas como instituições
socialmente responsáveis é necessário que sejam inovadoras, começando com
ideias criadas no interior das organizações de forma espontânea passando
por um processo de avaliação de eficiência e aperfeiçoamentos para então
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serem colocadas em prática e tornarem atos rotineiros, mas também
devem ser organizações sustentáveis, pois inovações podem provocar
desequilíbrio, serem benéficas para o meio ambiente e ter consequências negativas
para o meio social ou vice versa, por isso é necessário que as empresas tenham
total consciência de seus atos e possíveis danos para que possam oferecer
benefícios para a sociedade de maneira igualitária (BARBIERI; SIMANTOB, 2007).
Segundo Reis e Medeiros (2007) a Responsabilidade Social das Empresas
(RSE) não deve ser encarada como somente mais uma jogada de marketing
utilizada pelas organizações com interesse apenas lucrativo e ao mesmo tempo de
ilusão aos clientes, mas sim como estratégias de comprometimento
permanente para com a sociedade, buscando medidas a serem tomadas para a
preservação do meio ambiente, o bem estar social, a qualidade de vida dos
funcionários e familiares e principalmente preservar os direitos dos consumidores.
2.2.1 Avaliação do desempenho social das empresas
Assim como as empresas demonstram seus resultados contábeis ao final de
cada ano através do balanço patrimonial e da demonstração de resultados,
também será proposto que, em um período curto de tempo elas passem a
divulgar também seu balanço social para levar ao conhecimento da sociedade as
suas atividades sociais em todas as dimensões, sendo avaliadas individualmente e
comparadas com outras empresas similares. Em caso de resultados
considerados não satisfatórios também é proposto que se crie uma auditoria
social para uma avaliação diante de todas as partes envolvidas quanto ao
real empenho apresentado pela organização sobre o desenvolvimento e aplicação
de tais práticas (REIS; MEDEIROS, 2007).
O balanço social é um documento que deve ser elaborado e publicado
anualmente com o propósito de reunir, avaliar e divulgar informações qualitativas e
quantitativas desenvolvidas pela instituição em um período específico, servindo
ainda como uma oportunidade para a melhora da imagem da entidade diante da
sociedade e o reconhecimento como empresa cidadã (PONCHIROLLI, 2008).
Com base em Reis e Medeiros (2007) a responsabilidade social é um fator
que deve ser encarado pelas empresas como um compromisso com a sociedade, a
ser realizado em longo prazo. Mesmo que haja investimentos no início e os
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resultados se apresentem negativos, a tendência é que, no futuro esta empresa seja
vista como um diferencial no mercado e começará a obter lucros também
financeiros, pois cada vez mais aumenta a demanda por produtos oriundos
de entidades que são consideradas socialmente responsáveis.
2.3 Responsabilidade social corporativa
Para Albuquerque (2009), a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é um
tema considerado de muita importância na atualidade, justamente por se tratar de
problemas sociais urgentes que afetam toda a população. Por isso é
necessário que haja uma mobilização de todos, formando um agrupamento
de todas as classes para que alguns problemas de grande risco sejam contornados
com o propósito de melhorar as condições de vida geral do planeta, atualmente e
principalmente, para gerações futuras.Schroeder e Schroeder (2004) apud
Albuquerque (2009, p. 138) afirmam que:
As empresas são grandes centros de poder econômico, político, e social. Detêm grandes volumes de recursos financeiros e humanos e têm papel fundamental para enfrentar problemas estruturais. Atualmente, a responsabilidade social se tornou mais abrangente, envolvendo uma dimensão de responsabilidade para com toda a cadeia produtiva da empresa: clientes, funcionários, fornecedores, além da comunidade, ambiente e sociedade como um todo. Assim, assumindo causas sociais, as empresas estariam devolvendo á sociedade parte dos recursos humanos, naturais e financeiros que consumiram para alavancagem de seus lucros, e então, legitimando a RSC.
As empresas, parte integrante na geração de transtornos sociais,
devem ser pioneiras na implantação de projetos pois são também detentoras de
grandes poderes políticos, econômicos e sociais que viabilizariam a execução de
grandes projetos que viriam, não somente para minimizar tantos problemas
causados por elas próprias ao longo de suas existências em busca da lucratividade.
Consequentemente contribuiria para a formação de uma cadeia entre todas
as classes, caracterizando assim a Responsabilidade Social Corporativa.
Ponchirolli (2008) entende que as empresas devem elaborar Relatórios de
Responsabilidade Social Corporativo abrangendo as dimensões econômica,
social e ambiental. Esse documento deve ser de caráter público para levar ao
conhecimento da população o comprometimento da instituição, os
projetos executados e os benefícios proporcionados. As empresas que mantém
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esse documento atualizado terão como reconhecimento por parte do governo
maior facilidade na viabilização de financiamentos em instituições públicas.
É possível evidenciar que, apesar de parte das empresas não
apresentarem totais conhecimentos sobre o tema responsabilidade social, o
momento é de boas perspectivas, pois este conceito vem mudando
principalmente em grandes empresas que vêm demonstrando uma
mentalidade mais aberta sobre a necessidade de mudanças e começam a investir
recursos em práticas socialmente responsáveis e passam a sobressair no
mercado, e consequentemente, obrigam as demais também procurarem este
caminho para não haver uma perda de mercado diante de uma sociedade
que se apresenta cada vez mais consciente de suas escolhas.
3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM FOCO NO BEM ESTAR SOCIAL
Com base em Loureiro, Azaziel e França (2003), pode-se afirmar que o tema
educação ambiental teve seu surgimento em meados da década de 1960 em
um evento educativo ocorrido no Reino Unido, passando posteriormente já na
década seguinte por vários outros seminários relacionados ao tema com o
intuito, não somente de compreender o momento vivenciado e a necessidade de
criar alguma forma de educação que viesse a determinar limites, mas também
de levar ao conhecimento da sociedade os problemas sócio ambientais
que já se apresentavam preocupantes naquele momento e tenderiam a se
agravar com o iminente crescimento populacional.
Conforme Lima (2011, p. 28):
É certo que desde os primórdios da historia humana, o desenvolvimento social sempre produziu impactos diversos e de variável intensidade sobre o mundo natural. Contudo, nunca o fez de maneira tão profunda e abrangente que tornasse plausível cogitar a respeito da sobrevivência da espécie humana. Essa possibilidade veio a se concretizar na segunda metade do século XX, quando a humanidade se tornou ciente do potencial de destrutividade que acumulara.
Para o autor supracitado,a educação ambiental apesar de ser antiga
passou a ter maior visibilidade somente a partir da década de 1970, pela
necessidade de ser refletida para identificar a origem dos impactos ambientais e
suas possíveis consequências. Porém, é fato que, desde que há relação
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entre homem e natureza tal fator começou a desencadear-se de maneira negativa
para o ecossistema e consequentemente para a sociedade de maneira geral, que
até então via o meio ambiente apenas como um habitat natural e uma fonte
inesgotável de recursos.
A educação ambiental é um ato que consiste em transformar seres
humanos em pessoas conscientes de suas responsabilidades individuais e/ou
coletivas perante o meio ambiente sendo capaz de desenvolver medidas que
possibilitem a resolução, minimização ou prevenção de possíveis problemas
ambientais. Uma população somente poderá ser considerada ambientalmente
educada quando se tornar independente, se basear em seus princípios e
tiver motivação e iniciativa para buscar seus ideais (MARCATTO, 2002).
Conforme Berna (2001), para que as empresas sejam
consideradas modernas elas precisam desenvolver internamente Programas
de Gestão Ambiental (PGA) e Sistema de Gestão Ambiental (SGA) que vão
além do propósito de melhorias ecológicas, mas trata-se de um processo pelo
qual as instituições têm que se adequar para que possam almejar uma
certificação. O selo International Organization for Standardization, ou Organização
Internacional para Padronização (ISO) 14001 reflete um estado de excelência
que trará inúmeros benefícios para a sociedade, pois estas empresas têm um
compromisso a ser seguido perante o meio ambiente, e do ponto de vista
empresarial as organizações produzirão produtos ecologicamente corretos e
poderão negociá-los diretamente para o exterior, o que lhes proporcionaria uma
maior lucratividade.
Silva (2011) ressalta que, as empresas devem mudar seus conceitos atuais
sobre políticas ambientais, pois as veem como normatizações que devem ser
seguidas apenas com o propósito de não sofrerem alguns tipos de sanções.
A consciência de elaborar projetos educacionais deve ser voluntária e coletiva entre
todos os departamentos de uma organização, sendo conscientes e
comprometidos com os parâmetros e direções a serem seguidos para que
possam alcançar os resultados almejados.
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3.1 Formas de educação ambiental
A educação ambiental formal é aquela aplicada como uma disciplina
teórica, se baseando em situações extremas de preservação e degradação, estes
conceitos se dividem em quatro visões, sendo a primeira a visão física que
evidencia a importância dos seres que formam o ecossistema; a visão cultural que
retrata o originário constituído pela fauna e pela flora, e a capacidade do homem em
destruir esta cadeia natural; a visão político-econômica está diretamente ligada
ao capitalismo e a desigualdade social, defendendo a tese de que as
responsabilidades de reconstituição do planeta deveriam ser relativamente
proporcionais ao de destruição; por fim a visão ética que prega a lei do respeito e da
harmonia, que deve partir de cada ser humano diante de seu semelhante e do meio
em que vive. Enquanto que a educação informal se baseia na transmissão de
conhecimentos através dos diversos meios de comunicação, é considerada
mais abrangente pelo fato de informar a sociedade de maneira mais
dinâmica, pois geralmente os temas abordados são ocorridos em tempos reais
(BERNA, 2001).
No entendimento de Marcatto (2002), a educação ambiental formal é uma
disciplina que deve envolver praticamente todo o ciclo de vida de um estudante,
devendo ser aplicada para formar cidadãos conhecedores dos limites suportáveis
pelo planeta, da exploração de recursos naturais de maneira equilibrada, das
possibilidades de reversão de problemas, e principalmente formação de cidadãos
conscientes. A educação informal é uma maneira de transmissão de informações
vista como um ato involuntário que envolve o cotidiano de um povo e a relação
entre si.
3.2 Crise ambiental
O grande responsável pela atual crise ambiental é a própria espécie
humana, devido à falta de conhecimento das consequências de suas ações para
com o seu habitat natural, e principalmente à falta de consciência, porque o fator
econômico é sempre priorizado em uma escala de avaliação sobre o dilema
preservação ou lucratividade (BERNA, 2001).
Conforme Philippi Júnior e Pelicioni (2014, p. 54)
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Diante dos impasses gerados por essa conjuntura social faz-se extremamente urgente uma rediscussão sobre normas, valores, orientações culturais e formas de conhecimento em todas as sociedades. A crise ambiental é, certamente, a maior razão para que isso ocorra com amplitude e profundidade.
Para os autores anteriormente mencionados, a crise ambiental é vista como
um paradigma sem solução oriundo da era moderna, marcado pelo início da
industrialização, que veio a desencadear transtornos irreparáveis na era
contemporânea, e necessita de uma reavaliação constante e profunda, buscando os
fatores causadores em suas origens para que possam ser controlados.
Braga (2005) retrata a crise ambiental como decorrência do uso
compulsivo de diversas formas de energia e seus resíduos que se apresentam na
forma de calor, que se juntam aos resíduos materiais e formam um fator passivo de
alterar qualidade do meio ambiente. A crise ambiental é formada por três
componentes determinantes que formam o chamado triângulo da crise ambiental,
sendo eles a população, os recursos naturais e a poluição.
Um dos problemas evidenciados para a crise ambiental segundo Braga
(2005), é o aumento desordenado da população que se deu partir da
Revolução Industrial e a consequente tecnologia que possibilitou uma redução
drástica no número de mortalidade e o aumento médio de vida da população
mundial apesar de vir reduzindo o número de natalidade desde então. O
autor mencionado retrata ainda a importância de se buscar uma maneira de
redução do número de natalidade para melhor controle do crescimento
populacional.
Para Christofoletti (1999), nas últimas décadas o mundo vive um grande
crescimento populacional, sendo este fator o maior responsável pela necessidade
de exploração excessiva dos recursos naturais que veem desencadeando na
atual situação de degradação do meio ambiente, que se torna inevitável para
suprir a demanda social proveniente de uma população descomunal em um
planeta de recursos finitos.
Para Braga (2005), os recursos naturais são de uso imprescindível para
a sobrevivência humana, eles podem ser renováveis ou seja a própria
natureza os produz novamente em um ciclo natural, e não renováveis sendo estes
oriundos de fontes finitas devendo ser explorados de forma responsável, em um
longo período de tempo se explorados excessivamente, alguns recursos
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renováveis poderão passar a ser não-renováveis e deixarem de existir na
natureza.
De acordo com Christofoletti (1999) uma política de preservação dos
recursos naturais não deve ser entendida como uma ação contraditória ao
crescimento econômico, o ideal é que se consiga um equilíbrio entre tais fatores
para que haja a exploração necessária de forma responsável que possibilite
atender as necessidades do crescimento demográfico sem afetar o crescimento
econômico visando a sustentabilidade.
A poluição passou a ser vista como um problema ambiental a partir da
revolução industrial com o lançamento de gases na atmosfera, sendo considerada a
grande causadora de transtornos atuais como o aquecimento global, as chuvas
ácidas, efeito estufa, destruição da camada de ozônio, desequilíbrio ambiental,
entre outros (BRANCO; MURGEL, 2004).
Para Braga (2005), a poluição é uma alteração do estado natural da
atmosfera provocada pelo acúmulo de resíduos poluentes, sendo passivo de
causar um impacto ambiental e danos à vidas no planeta, podendo elas ser
provocadas pelos seres humanos ou algum fenômeno natural.
Segundo Matos (2010) as substâncias maléficas lançadas no meio
ambiente podem ser classificadas em contaminação quando os resíduos estão
presentes no meio ambiente, mas não causam danos diretos e poluição quando
estes resíduos ameaçam diretamente o ecossistema, a poluição pode ainda ser
classificada em poluição do ar, do solo e das águas.
3.3 Planejamento ambiental
Floriano (2004) salienta que, os seres humanos são os únicos seres
capazes de assimilar problemas e planejar soluções. O planejamento deve ser um
processo de identificar origens, conhecer o caso, definir as metas e métodos de
ação, delegar atribuições colocá-las em prática para então alcançar os objetivos.
Este termo teve maior notoriedade a partir da década de 1990, com o início das
grandes conferências mundiais como a Conferência das Nações Unidas sobre
meio ambiente e desenvolvimento (ECO-92) evento ocorrido no Rio de Janeiro no
ano de 1992 reunindo países de todo o mundo com o intuito de chegar a
um consenso de quais atitudes deveriam ser tomadas para controlar a
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degradação ambiental no planeta, neste evento foi criada a AGENDA 21 sendo um
documento que delega atribuições a cada país participante, em se
comprometer a realizar práticas que viessem a contornar os problemas
socioambientais, propondo um planejamento mundial, porém com escalas
nacionais e regionais.
Christofoletti (1999) retrata o planejamento ambiental de duas formas
distintas, sendo o estratégico mais baseado em avaliar casos e planejar soluções
corretivas de médio e longo prazo enquanto que o operacional está diretamente
relacionado à execução dos projetos que requerem uma solução mais urgente.
Diante de um longo trabalho de pesquisa e desenvolvimento
fica constatado que os problemas ambientais, embora sendo de grande relevância e
ameaça para permanência de vidas no planeta, a falta de conhecimento, o
descaso e principalmente, a falta de interesse, pelo fato de que as políticas de
preservação podem implicar em perda da lucratividade são os principais fatores
determinantes para o atual estado de degradação. É necessário que haja
uma mobilização conjunta entre todas as classes para adotarem medidas, sejam
elas individuais e/ou coletivas para que possam reverter as condições vivenciadas
em um planeta que pede por socorro.
4 SUSTENTABILIDADE DO MODELO ATUAL PARA O IDEAL
De acordo com Barbieri e Simantob (2007) o termo denominado
sustentabilidade representa o estado de autossuficiência de uma empresa em
determinado segmento, suprindo suas necessidades atuais sem que para isso
seja necessário comprometer as gerações futuras, usando seus próprios recursos
disponíveis, tomando atitudes socialmente responsáveis, sendo bem aceitas pela
sociedade e ainda economicamente viáveis.
O termo sustentabilidade é originário do latim ‘sustentare’, que significa ser
sustentável mantendo um equilíbrio entre a exploração e a preservação dos
recursos naturais juntamente com os recursos financeiros disponíveis. Os
indicadores de sustentabilidade têm como função fazer uma avaliação do planeta e
todas as relações nele existentes. Estes indicadores se diferem dos indicadores
ambiental, social e econômico, pois eles se apresentam independentes. Na
atualidade inúmeras instituições demonstram interesse no desenvolvimento de
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novos indicadores ou adaptação dos já existentes, pois estes visam apenas o
crescimento econômico sem se preocupar com os danos causados à sociedade. O
intuito é que as organizações estabeleçam modos de agir mais responsáveis para
não prejudicar ou se possível restaurar o bem estar do ambiente e da
sociedade em geral (ALBUQUERQUE, 2009).
Para Marcatto (2002), a busca incessante pela sustentabilidade que tanto se
fala no mundo contemporâneo é uma conseqüência do desenvolvimento
econômico motivado pelo grande crescimento populacional, sendo por um
lado um crescimento positivo pelo elevado retorno financeiro, mas que se
caracteriza como um problema pela forma desequilibrada que foram
desenvolvidas tais práticas que vieram a desencadear transtornos que aterrorizam
o mundo atual.
Para uma melhor compreensão do termo sustentabilidade é necessário
que este seja analisado em suas várias dimensões, partindo do princípio
da sustentabilidade social que visa uma distribuição de renda e direitos iguais para
todas as classes sociais. A sustentabilidade econômica representa a capacidade de
suprir as próprias necessidades, priorizando a alocação de capital para setores com
maior carência, tal dimensão deve estar presente em todas as organizações, sejam
elas públicas ou privadas, pois é considerada a base da existência de uma entidade
por ser o fator financeiro que dá suporte para que sejam realizadas as demais
funções (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).
A sustentabilidade ecológica é a que mais se encontra em
evidência, devido ao atual desequilíbrio ambiental estando baseada diretamente no
princípio da solidariedade para com o planeta e a preservação de suas
riquezas naturais. A sustentabilidade espacial está relacionada ao equilíbrio entre o
meio rural e urbano e as formas de sobrevivência mais adequadas para cada um
deles, passou a ter relevância desde a revolução industrial e a consequente
migração dos camponeses para os centros urbanos. E por fim tem a
sustentabilidade cultural que visa manter os costumes e valores tradicionais
de um determinado lugar e/ou de um povo (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).
Para Alvarez e Mota (2010), o tema sustentabilidade é muito complexo e
precisa ser analisado em cada uma das suas dimensões separadamente. A
sustentabilidade social envolve o cotidiano dos seres humanos em suas relações,
defendendo uma distribuição de renda mais justa; a econômica condiz com um
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estado sadio financeiramente; a ecológica prevê a preservação do meio ambiente e
seus recursos naturais, defendendo a tese da reciclagem e do reuso de
materiais. E por fim a sustentabilidade política que pode ser nacional, relatando a
importância de criar projetos democráticos sobre direitos humanos envolvendo
todas as regiões de uma nação e política internacional que tem o mesmo
princípio, porém com dimensões mundiais, promovendo eventos a nível global.
4.1 Desenvolvimento sustentável
O desenvolvimento sustentável ou até então chamado de eco
desenvolvimento, teve origem juntamente com o início da vida humana no planeta
com a relação homem natureza e a necessidade da utilização dos recursos
naturais para a sobrevivência. Este tema passou a ser visto com maior
preocupação pela busca do crescimento econômico marcado pelo início da
industrialização e os consequentes problemas ambientais, desencadeando assim o
início do desequilíbrio ambiental oriundo da exploração obsessiva dos recursos
disponíveis na natureza, sem que para isso tivessem sido, elaborados e
executados, projetos que permitissem a utilização de tais recursos de forma
sustentável. O desenvolvimento econômico não deve ser visto de maneira
isolada, o ideal é que haja um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o
sustentável para que os recursos sejam explorados gerando riquezas de maneira
moderada e não comprometendo o meio ambiente (ALBUQUERQUE, 2009).
Conforme Barbieri e Cajazeira (2009, p. 69):
No âmbito das organizações em geral, o núcleo duro da sua contribuição para com o desenvolvimento sustentável passou a consistir em três dimensões: a econômica, a social e a ambiental. A redução a essas três dimensões não implica perda ou abandono das outras dimensões citadas, mas uma concentração no que é específico da atuação das organizações.
Para os autores anteriormente citados, o desenvolvimento sustentável deve
ser avaliado com base em todas as variáveis, porém dando maior ênfase às três
dimensões consideradas prioritárias para obtenção de sucesso por parte das
organizações que almejam obter um desenvolvimento equilibrado, começando
pela dimensão econômica que representa o fator financeiro e a igualdade entre
todos os componentes de uma organização. Também considerada de igual
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importância, a dimensão social que tem por princípio abranger a sociedade
de maneira ampla, oferecendo benefícios que permitam uma melhora na qualidade
de vida de um povo em geral. Por fim, mas não menos importante, vem a
dimensão ambiental que prima pela manutenção dos recursos naturais evitando a
degradação do meio ambiente.
A figura a seguir é vista como uma forma clara de se compreender cada
dimensão separadamente e a junção das três que formam o desenvolvimento
sustentável.
Figura 2- Dimensões da Sustentabilidade Organizacional
Fonte: Barbieri e Cajazeira (2009, p. 70)
De acordo com Braga (2005), há duas formas de desenvolvimento, a primeira
é o modelo atual que claramente visa a lucratividade e com isso no decorrer
do tempo levou o planeta à atual situação de degradação. É um sistema aberto que
necessita de fontes inesgotáveis de matérias e energia que são utilizadas e
posteriormente desprezadas no próprio meio que teria como função por si só
reciclar este material para que possa ser usado novamente. Enquanto isso, o
modelo de desenvolvimento sustentável busca um equilíbrio entre os objetivos
almejados e as formas de obtenção de recursos, deve ser um sistema fechado que
procura usar os recursos necessários eliminando os desperdícios ao máximo,
devendo aproveitar todo o material passivo de reciclagem e reuso, além de diminuir
consideravelmente os níveis de poluição e resíduos lançados na atmosfera.
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4.2 Organizações sustentáveis
Conforme Barbieri e Simantob (2007), as organizações sustentáveis são
aquelas instituições conscientes dos problemas existentes na sociedade e que
adotam medidas viáveis economicamente, ambientalmente saudáveis e
socialmente responsáveis, que venham a minimizar o consumo de recursos
escassos no meio ambiente, assim como a desigualdade social existente no
planeta, realizando práticas inovadoras no sentido de contornar transtornos,
sendo ainda conhecedoras do que exatamente deve ser feito, para quem devem ser
direcionados os benefícios, de modo que venham satisfazer as necessidades de
um todo.
Os autores supracitados, afirmam ser necessário que as instituições se
submetam a uma avaliação periódica quanto ao nível e à eficiência dos processos
utilizados, pois se os resultados provenientes de ações sociais se apresentarem
insatisfatórios, os mesmos devem ser reavaliados para que possam desenvolver
estratégias corretas de conduta a serem executadas.
A figura dos 3Ps mostra que as organizações sustentáveis são
compreendidas como se fossem um imóvel, assim os 3Ps escritos em inglês nos
três pilares de sustentação se traduzem em lucros, pessoas e planeta formando
a base que dá um suporte sustentável para resistir os demais compartimentos.
Figura 3- O Modelo de Organização Sustentável dos 3Ps
Fonte: Marrewijk, (2003, p.101)
De acordo com Brandão e Santos (2007), a sustentabilidade avaliada do
ponto de vista econômico se divide em capital natural que representa os recursos
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extraídos diretamente do meio ambiente, capital social que se refere a
humanidade e as relações entre os seres dentro de uma sociedade. E por fim o
capital econômico-financeiro considerado essencial para sustentar a
sobrevivência das empresas sendo, portanto, um constante dilema no mundo dos
negócios, pois a busca pelo equilíbrio entre estes capitais podem resultar em
perda de lucratividade imediata, porém tal fator deve ser visto como
um investimento na reputação da organização e os resultados virão com o decorrer
do tempo.
Para Azevedo e Silveira (2011), a sustentabilidade organizacional é um
sistema complexo, pois envolve todo o ciclo de uma instituição, começado pelo
ambiente externo com a relação da empresa com seus fornecedores, passando
posteriormente por todo o seu ambiente interno envolvendo todos os integrantes em
sua cadeia de atividades e voltando novamente ao ambiente externo com a relação
com os clientes na hora de negociar os produtos. Por isso é necessário conhecer
profundamente a demanda e oferta da empresa, assim como custos e benefícios,
para que seja possível obter um equilíbrio entre materiais produzidos e recursos
utilizados, podendo então se caracterizar como uma organização
sustentável.
Com o término de mais uma etapa de pesquisa, avaliação e assimilação de
conhecimentos, fica notável que o termo sustentabilidade é bem mais amplo do que
se imaginara, devendo estar presente em todo segmento que se almeja
sucesso, pode ser denominado como um estado de total controle sobre
determinada situação buscando o equilíbrio entre prós, contras e possíveis danos.
No entanto, o que mais se nota é a tendência de sempre estar desviando o foco
para o setor ambiental por se tratar de um imenso problema que se mostra
praticamente irreversível. Porém deve se destacar que uma etapa importante vem
sendo assimilada por um número considerável de pessoas que se mostram cada
vez mais conscientes dos problemas e suas origens, mas não basta saber o que
fazer, e sim como fazer e ter iniciativas para mudar hábitos de conduta individuais
e/ou coletivas para formar uma cidadania corporativa e buscar melhorias em
âmbito global.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do desenvolvimento do trabalho ficou evidenciado que
responsabilidade social e sustentabilidade necessitam cada vez mais de uma
melhor compreensão e principalmente execução de ações na vida cotidiana. Do
ponto de vista empresarial, as organizações são grandes responsáveis
pelo desencadeamento dos atuais problemas ambientais marcados pela
industrialização e a consequente mecanização que ocasiona uma elevada
produção de materiais, usando métodos que agridem diretamente o meio
ambiente. Por outro lado é preciso que os seres humanos se tornem cidadãos
conscientes do que é necessário mudar para contornar o atual momento.
O estudo possibilitou uma visão ampla dos fatores determinantes para a crise
ambiental, desde suas origens passando pela atual situação, assim como os
possíveis danos futuros. Fica também constatado que é praticamente impossível
uma reversão total devido ao atual nível de desenvolvimento do planeta, mas com
uma melhor conscientização de todas as partes envolvidas é possível uma
amenização dos problemas atuais, assim como a preservação de recursos para
futuras gerações.
A prática de ações de responsabilidade social é vista como um dilema para
algumas empresas de mentalidade conservadora, por acreditarem que este fator
está inversamente proporcional à lucratividade, pois necessita de disponibilidade
para investimento de capital e uma espera de retorno em longo prazo. No entanto
essas empresas passam a ter mais credibilidade perante a sociedade e
conseguem um retorno moral imediato. Com o passar do tempo acabam
tendo um retorno também financeiro, pois é fato comprovado que cada vez,
mais os consumidores se mostram conscientizados e tendem a consumir
produtos oriundos de organizações socialmente responsáveis. Tal atitude deve
forçar as organizações a se remodelarem à nova maneira de trabalho, pois a
tendência é que as entidades que não se adequarem nesse sentido irão
perder em competitividade e deixarão de existir no cenário dos negócios.
REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, J. L. Gestão ambiental e responsabilidade social: conceitos, ferramentas e aplicações. São Paulo: Atlas, 2009.
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