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56 Revista Agroveterinária, Negócios e Tecnologias, Coromandel, v. 2, n. 2, p. 56-77, jul./dez. 2017. ISSN 2595-007X RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E SUSTENTABILIDADE COMO FATORES DE EXTREMA RELEVÂNCIA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO Marcelo Rodrigo Vieira Gabriel Antônio Amaral da Silva ** João Batista Ferreira*** Ivani Aparecida da Silveira Santos**** RESUMO Este trabalho tem como premissa propor uma reflexão sobre as atuais condições de vida no cotidiano de toda uma nação. Para a elaboração do texto foi realizada uma pesquisa bibliográfica qualitativa, descritiva e exploratória, fundamentada em fontes primárias, sobre os fatores que são considerados determinantes para a ocorrência do atual estado de desequilíbrio socioambiental vivenciado no mundo contemporâneo. Pressupõe-se que a responsabilidade social empresarial deve ser vista como atitudes empreendedoras aplicadas no âmbito organizacional para com os meios internos e externos, com intuito de promover uma maior igualdade de condições dentro de uma sociedade. Outro fator considerado relevante é a educação ambiental que deve ser vista como uma forma de sensibilização e conscientização dos seres humanos para os tornarem cidadãos mais responsáveis, tal fator deve ser considerado como um elo entre a responsabilidade social e o desafio de buscar a tão necessária sustentabilidade ambiental. Os resultados almejados foram alcançados totalmente, possibilitando um conhecimento amplo dos problemas atuais, assim como os fatores determinantes para a crise ambiental, além de evidenciar a necessidade de execução de práticas preventivas e corretivas para a preservação do planeta. Palavras-chave: Responsabilidade Social. Educação Ambiental. Equilíbrio. Meio Ambiente. Sustentabilidade. Graduado em Administração pela Faculdade Cidade de Coromandel (FCC). [email protected] **Administrador. Especialista em Controladoria e Finanças pela Faculdade Cidade de Coromandel (FCC). Professor na FCC. [email protected] ***Mestre em Gestão Organizacional, pela Universidade Federal de Goiás, docente e coordenador do curso de administração pela Faculdade Cidade de Coromandel. Endereço: Rua Martins Mundim, 1.189, Patrocínio/MG, E-mail: [email protected]. **** Graduada em Administração, especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior e Marketing e Empreendedorismo pela FCC. Docente na FCC. [email protected].

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RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E SUSTENTABILIDADE

COMO FATORES DE EXTREMA RELEVÂNCIA NO MUNDO

CONTEMPORÂNEO

Marcelo Rodrigo Vieira

Gabriel Antônio Amaral da Silva**

João Batista Ferreira***

Ivani Aparecida da Silveira Santos****

RESUMO

Este trabalho tem como premissa propor uma reflexão sobre as atuais condições de vida no cotidiano de toda uma nação. Para a elaboração do texto foi realizada uma pesquisa bibliográfica qualitativa, descritiva e exploratória, fundamentada em fontes primárias, sobre os fatores que são considerados determinantes para a ocorrência do atual estado de desequilíbrio socioambiental vivenciado no mundo contemporâneo. Pressupõe-se que a responsabilidade social empresarial deve ser vista como atitudes empreendedoras aplicadas no âmbito organizacional para com os meios internos e externos, com intuito de promover uma maior igualdade de condições dentro de uma sociedade. Outro fator considerado relevante é a educação ambiental que deve ser vista como uma forma de sensibilização e conscientização dos seres humanos para os tornarem cidadãos mais responsáveis, tal fator deve ser considerado como um elo entre a responsabilidade social e o desafio de buscar a tão necessária sustentabilidade ambiental. Os resultados almejados foram alcançados totalmente, possibilitando um conhecimento amplo dos problemas atuais, assim como os fatores determinantes para a crise ambiental, além de evidenciar a necessidade de execução de práticas preventivas e corretivas para a preservação do planeta.

Palavras-chave: Responsabilidade Social. Educação Ambiental. Equilíbrio. Meio Ambiente. Sustentabilidade.

Graduado em Administração pela Faculdade Cidade de Coromandel (FCC). [email protected] **Administrador. Especialista em Controladoria e Finanças pela Faculdade Cidade de Coromandel (FCC). Professor na FCC. [email protected] ***Mestre em Gestão Organizacional, pela Universidade Federal de Goiás, docente e coordenador do curso de administração pela Faculdade Cidade de Coromandel. Endereço: Rua Martins Mundim, 1.189, Patrocínio/MG, E-mail: [email protected].

****Graduada em Administração, especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior e

Marketing e Empreendedorismo pela FCC. Docente na FCC. [email protected].

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ABSTRACT

This paper has as its premise to propose a thought on the current living everyday conditions throughout the nation. The text was done through researches qualitative literature review, descriptive and exploratory, based on primary sources, about factors that are considered to be crucial for the occurrence of the current state of social and environmental imbalance experienced in the modern world._____* It is presupposed that corporate social responsibility must be seen as entrepreneurial attitudes in the organizational framework with both internal and external means, in order to promote a greater equality within a society. The environmental education is another important factor that must be regarded as a means of making the human beings more responsible citizens through the awareness and consciousness, besides, this factor must be considered as a link between social responsibility and the challenge of seeking the so necessary environmental sustainability. The expected goals were fully achieved providing extensive aware of current problems, as well as the decisive factors for the environmental crisis besides highlighting the need for implementation of preventive and corrective practices to preserve the planet.

Keywords: Social Responsibility. Environmental Education. Balance. Environment. Sustainability.

1 INTRODUÇÃO

Os termos responsabilidade social e sustentabilidade passaram a ter maior

evidência no Brasil a partir da revolução industrial, quando começaram a ser

executados os primeiros trabalhos mecanizados, e também ao grande processo de

migração de pessoas do campo para as cidades, provocando um crescimento

desordenado da população nos centros urbanos, trazendo consequentemente

grandes problemas de ordem social e ambiental.

Com o passar do tempo e o grande crescimento populacional, os

problemas não só se agravaram, como também se expandiram tomando

dimensões gigantescas (BRAGA, 2005). É de fundamental importância levar ao

conhecimento da sociedade os atuais quadros de degradação, poluição,

desequilíbrio ambiental, entre outros problemas vivenciados diariamente no

mundo contemporâneo (PHILIPPI JUNIOR; PELICIONI, 2014).

O princípio básico de existência de uma empresa é sem dúvida o retorno

financeiro, porém, é necessário que se busque este objetivo de maneira

responsável, se caracterizando a responsabilidade social empresarial que se

divide nas dimensões econômica, legal, ética e por fim, a filantrópica ou empresas

do terceiro setor (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). As empresas socialmente

responsáveis devem ser inovadoras tendo por iniciativa própria atitudes que

possibilitem melhorias para a sociedade (BARBIERI; SIMANTOB, 2007).

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Diante de um momento considerado praticamente irreversível, não há outro

caminho a ser seguido, senão cada ser humano tomar por si só a consciência de

que é necessária uma mudança de mentalidade, tomando atitudes contínuas

individuais e/ou corporativas para se almejar uma reversão na atual situação do

planeta e a preservação da espécie humana assim como seu habitat natural.

O presente estudo ressalta a importância de temas que refletem diariamente

nas condições de vida no planeta e levá-los ao conhecimento da

sociedade que vivencia problemas diários, porém não se mostram conscientes

sobre suas causas. Estes acabam sendo participantes ativos, mesmo que

involuntários por não terem conhecimentos de atitudes que realizam,

contribuindo para o surgimento de fatores que ameaçam o bem-estar social.

Para o meio acadêmico tem por finalidade despertar o interesse de pessoas

que se encontram na condição de formadores de opiniões, sobre a

importância de buscar e assimilar conhecimentos e transmiti-los para pessoas

que não tem a oportunidade de conhecê-los e que com atitudes corretivas

ou preventivas poderão contribuir para a melhoria da qualidade de vida.

Para a elaboração deste estudo foi necessária a realização de uma

pesquisa bibliográfica qualitativa, descritiva e exploratória, o material usado foi

amplo e diversificado, buscando sempre argumentos de autores e fontes

confiáveis para conhecer o tema de forma mais detalhada e abrangente

possível e consequentemente reduzir ao máximo as margens de erros nas

interpretações.

Os objetivos do trabalho foram analisar os problemas de desequilíbrio

ambiental e social vivenciados na era contemporânea, provenientes da ação

humana; evidenciar a responsabilidade das empresas em devolver para a

sociedade parte dos recursos adquiridos; levar uma reflexão sobre a

necessidade de mudanças de conduta em alguns hábitos rotineiros individuais

e/ou coletivos; e demonstrar a necessidade de obter um equilíbrio entre os materiais

produzidos e os recursos utilizados.

2 RESPONSABILIDADE SOCIAL NO ÂMBITO ORGANIZACIONAL

No Brasil não há um conceito definitivo sobre o termo responsabilidade

social devido ao atual nível de conhecimento apresentado pelos profissionais que

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compõem o cenário empresarial do país se mostrar insuficientes para uma

definição concreta. Por isso, percebe-se a necessidade de buscar novos

conhecimentos por ser um tema que, apesar de possuir origens antigas começou a

ser praticado apenas no final da década de 1990, o que coloca o Brasil como um

país apenas iniciante em tal processo. Tal realidade gera a necessidade de analisar

exemplos de outras nacionalidades que conseguem ser bem sucedidas nos

desafios de criar e executar métodos que levem o bem estar para a

sociedade (SANTOS, 2012).

Conforme Monteiro, (2009, p. 9):

O conceito de Responsabilidade Social (RS) tem se tornado, nos últimos anos, um assunto cada vez mais presente no mundo empresarial, no entanto, é ainda um conceito nebuloso uma vez que muitas vezes está associado à idéia pura e simples de filantropia, caridade e à boa vontade dos empresários. Esta é a visão mais equivocada e distorcida. Responsabilidade social não é filantropia.

Para o autor mencionado anteriormente (2009), a responsabilidade social

ainda precisa ser mais bem compreendida no mundo empresarial, pois não há

uma opinião sensata e definitiva a respeito do tema, seja por motivo de falta

de conhecimento ou porque em algum momento isto pode ser conveniente diante

da não execução de projetos sociais. No cotidiano, é comum ver empresas que se

julgam socialmente responsáveis, realizando atitudes de ajuda ao próximo

ou criação de Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam com o

propósito de viabilizar recursos ou maneiras de oferecer ajuda a quem

necessita; o que é denominado filantropia que está diretamente vinculada à

doação. Embora tal tema esteja no auge de sua evidência motivado principalmente

pela industrialização e a busca obsessiva pela lucratividade, o autor

supracitado retrata ainda seu surgimento na década de 1890. Passando

posteriormente por longos anos de esquecimento, voltando a ter novamente

maior visibilidade na década de 1970 onde passou a ser visto como um

compromisso das empresas para com a sociedade.

2.1 Organização

Conforme Maximiano (2008), organização é um sistema de recursos que

procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos) e

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está fundamentada basicamente em objetivos almejados e os recursos

disponíveis para a realização dos mesmos. Recursos estes que geralmente são

escassos e devem ser aproveitados corretamente, minimizando ou até mesmo

eliminando desperdícios, o que impõe maior grau de dificuldade para as empresas

e exige maior criatividade e empenho de todas as partes envolvidas, exigindo,

portanto uma boa administração, capaz de conciliar o processo de

transformação e a divisão do trabalho entre os componentes da equipe. Os

resultados do processo podem ser definidos como eficazes quando se consegue

alcançar o maior número possível dos objetivos desejados, ou eficientes quando a

organização mantém um equilíbrio satisfatório entre a realização dos propósitos e a

quantidade de recursos utilizados para isso, ou seja, quanto mais se consegue

gerar economia nos recursos sem prejudicar os objetivos finais mais se conseguirá

ser eficiente.

A teoria estruturalista define organização como uma sociedade moderna,

especializada no convívio de um grande número de pessoas, que se juntam

formando equipes para trabalharem na busca de realização de objetivos pré-

estabelecidos de uma determinada empresa, criando estratégias que analisem e

determinem prioridades de utilização e distribuição de recursos considerados

escassos em projetos que julgarem de maior importância ou com maior potencial de

retorno. Efetuando criteriosa análise de custos e benefícios para chegar a tal

conclusão, fazendo investimentos pontuais em projetos adequados e extraindo o

máximo de benefícios possíveis se caracterizando assim, como ações eficientes

(CHIAVENATO, 2002).

2.2 Responsabilidade social empresarial

Conforme Barbieri e Cajazeira (2009) o termo responsabilidade social

empresarial pode ser definido como práticas adotadas pelas empresas em busca da

lucratividade indispensável para a sobrevivência, mas ao mesmo tempo buscar por

iniciativa própria, medidas que venham proporcionar benefícios para a

sociedade. Ainda de acordo com Barbieri e Cajazeira (2009) a responsabilidade

social está baseada em quatro dimensões, sendo elas a responsabilidade social

econômica, que é o principio básico de qualquer organização, pois se faz

necessária a busca constante por resultados do ponto de vista financeiro, mas o

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lucro não deve ser avaliado como o principal objetivo, e sim como

uma consequência de uma gestão executada com equilíbrio entre o

desenvolvimento das atividades e os impactos causados por elas.

Na sequência vem a responsabilidade legal, podendo ser definida como uma

avaliação e consequente aprovação por parte da sociedade em relação ao

sistema econômico proposto pela empresa, se baseando em leis cabíveis a tal

situação. A terceira dimensão é a responsabilidade ética, que se traduz em

comportamentos indevidos que, embora não estejam proibidos por lei devam ser

evitados em respeito aos demais componentes do ambiente. Por fim, tem a

responsabilidade discricionária ou mais recentemente renomeada como filantropia

ou empresas do terceiro setor, sendo entidades sem fins lucrativos, destinadas

apenas ao desenvolvimento de ações beneficentes (BARBIERI; CAJAZEIRA,

2009).

A pirâmide da Responsabilidade Social de Carroll (1991) retrata as quatro

dimensões em suas escalas de prioridade, tendo como base o fator econômico que

dá suporte para que as demais existam:

Figura 1- Pirâmide da Responsabilidade Social de Carroll

Fonte: Adaptado de Carroll (1991, p. 42).

Para que as empresas possam ser reconhecidas como instituições

socialmente responsáveis é necessário que sejam inovadoras, começando com

ideias criadas no interior das organizações de forma espontânea passando

por um processo de avaliação de eficiência e aperfeiçoamentos para então

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serem colocadas em prática e tornarem atos rotineiros, mas também

devem ser organizações sustentáveis, pois inovações podem provocar

desequilíbrio, serem benéficas para o meio ambiente e ter consequências negativas

para o meio social ou vice versa, por isso é necessário que as empresas tenham

total consciência de seus atos e possíveis danos para que possam oferecer

benefícios para a sociedade de maneira igualitária (BARBIERI; SIMANTOB, 2007).

Segundo Reis e Medeiros (2007) a Responsabilidade Social das Empresas

(RSE) não deve ser encarada como somente mais uma jogada de marketing

utilizada pelas organizações com interesse apenas lucrativo e ao mesmo tempo de

ilusão aos clientes, mas sim como estratégias de comprometimento

permanente para com a sociedade, buscando medidas a serem tomadas para a

preservação do meio ambiente, o bem estar social, a qualidade de vida dos

funcionários e familiares e principalmente preservar os direitos dos consumidores.

2.2.1 Avaliação do desempenho social das empresas

Assim como as empresas demonstram seus resultados contábeis ao final de

cada ano através do balanço patrimonial e da demonstração de resultados,

também será proposto que, em um período curto de tempo elas passem a

divulgar também seu balanço social para levar ao conhecimento da sociedade as

suas atividades sociais em todas as dimensões, sendo avaliadas individualmente e

comparadas com outras empresas similares. Em caso de resultados

considerados não satisfatórios também é proposto que se crie uma auditoria

social para uma avaliação diante de todas as partes envolvidas quanto ao

real empenho apresentado pela organização sobre o desenvolvimento e aplicação

de tais práticas (REIS; MEDEIROS, 2007).

O balanço social é um documento que deve ser elaborado e publicado

anualmente com o propósito de reunir, avaliar e divulgar informações qualitativas e

quantitativas desenvolvidas pela instituição em um período específico, servindo

ainda como uma oportunidade para a melhora da imagem da entidade diante da

sociedade e o reconhecimento como empresa cidadã (PONCHIROLLI, 2008).

Com base em Reis e Medeiros (2007) a responsabilidade social é um fator

que deve ser encarado pelas empresas como um compromisso com a sociedade, a

ser realizado em longo prazo. Mesmo que haja investimentos no início e os

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resultados se apresentem negativos, a tendência é que, no futuro esta empresa seja

vista como um diferencial no mercado e começará a obter lucros também

financeiros, pois cada vez mais aumenta a demanda por produtos oriundos

de entidades que são consideradas socialmente responsáveis.

2.3 Responsabilidade social corporativa

Para Albuquerque (2009), a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é um

tema considerado de muita importância na atualidade, justamente por se tratar de

problemas sociais urgentes que afetam toda a população. Por isso é

necessário que haja uma mobilização de todos, formando um agrupamento

de todas as classes para que alguns problemas de grande risco sejam contornados

com o propósito de melhorar as condições de vida geral do planeta, atualmente e

principalmente, para gerações futuras.Schroeder e Schroeder (2004) apud

Albuquerque (2009, p. 138) afirmam que:

As empresas são grandes centros de poder econômico, político, e social. Detêm grandes volumes de recursos financeiros e humanos e têm papel fundamental para enfrentar problemas estruturais. Atualmente, a responsabilidade social se tornou mais abrangente, envolvendo uma dimensão de responsabilidade para com toda a cadeia produtiva da empresa: clientes, funcionários, fornecedores, além da comunidade, ambiente e sociedade como um todo. Assim, assumindo causas sociais, as empresas estariam devolvendo á sociedade parte dos recursos humanos, naturais e financeiros que consumiram para alavancagem de seus lucros, e então, legitimando a RSC.

As empresas, parte integrante na geração de transtornos sociais,

devem ser pioneiras na implantação de projetos pois são também detentoras de

grandes poderes políticos, econômicos e sociais que viabilizariam a execução de

grandes projetos que viriam, não somente para minimizar tantos problemas

causados por elas próprias ao longo de suas existências em busca da lucratividade.

Consequentemente contribuiria para a formação de uma cadeia entre todas

as classes, caracterizando assim a Responsabilidade Social Corporativa.

Ponchirolli (2008) entende que as empresas devem elaborar Relatórios de

Responsabilidade Social Corporativo abrangendo as dimensões econômica,

social e ambiental. Esse documento deve ser de caráter público para levar ao

conhecimento da população o comprometimento da instituição, os

projetos executados e os benefícios proporcionados. As empresas que mantém

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esse documento atualizado terão como reconhecimento por parte do governo

maior facilidade na viabilização de financiamentos em instituições públicas.

É possível evidenciar que, apesar de parte das empresas não

apresentarem totais conhecimentos sobre o tema responsabilidade social, o

momento é de boas perspectivas, pois este conceito vem mudando

principalmente em grandes empresas que vêm demonstrando uma

mentalidade mais aberta sobre a necessidade de mudanças e começam a investir

recursos em práticas socialmente responsáveis e passam a sobressair no

mercado, e consequentemente, obrigam as demais também procurarem este

caminho para não haver uma perda de mercado diante de uma sociedade

que se apresenta cada vez mais consciente de suas escolhas.

3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM FOCO NO BEM ESTAR SOCIAL

Com base em Loureiro, Azaziel e França (2003), pode-se afirmar que o tema

educação ambiental teve seu surgimento em meados da década de 1960 em

um evento educativo ocorrido no Reino Unido, passando posteriormente já na

década seguinte por vários outros seminários relacionados ao tema com o

intuito, não somente de compreender o momento vivenciado e a necessidade de

criar alguma forma de educação que viesse a determinar limites, mas também

de levar ao conhecimento da sociedade os problemas sócio ambientais

que já se apresentavam preocupantes naquele momento e tenderiam a se

agravar com o iminente crescimento populacional.

Conforme Lima (2011, p. 28):

É certo que desde os primórdios da historia humana, o desenvolvimento social sempre produziu impactos diversos e de variável intensidade sobre o mundo natural. Contudo, nunca o fez de maneira tão profunda e abrangente que tornasse plausível cogitar a respeito da sobrevivência da espécie humana. Essa possibilidade veio a se concretizar na segunda metade do século XX, quando a humanidade se tornou ciente do potencial de destrutividade que acumulara.

Para o autor supracitado,a educação ambiental apesar de ser antiga

passou a ter maior visibilidade somente a partir da década de 1970, pela

necessidade de ser refletida para identificar a origem dos impactos ambientais e

suas possíveis consequências. Porém, é fato que, desde que há relação

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entre homem e natureza tal fator começou a desencadear-se de maneira negativa

para o ecossistema e consequentemente para a sociedade de maneira geral, que

até então via o meio ambiente apenas como um habitat natural e uma fonte

inesgotável de recursos.

A educação ambiental é um ato que consiste em transformar seres

humanos em pessoas conscientes de suas responsabilidades individuais e/ou

coletivas perante o meio ambiente sendo capaz de desenvolver medidas que

possibilitem a resolução, minimização ou prevenção de possíveis problemas

ambientais. Uma população somente poderá ser considerada ambientalmente

educada quando se tornar independente, se basear em seus princípios e

tiver motivação e iniciativa para buscar seus ideais (MARCATTO, 2002).

Conforme Berna (2001), para que as empresas sejam

consideradas modernas elas precisam desenvolver internamente Programas

de Gestão Ambiental (PGA) e Sistema de Gestão Ambiental (SGA) que vão

além do propósito de melhorias ecológicas, mas trata-se de um processo pelo

qual as instituições têm que se adequar para que possam almejar uma

certificação. O selo International Organization for Standardization, ou Organização

Internacional para Padronização (ISO) 14001 reflete um estado de excelência

que trará inúmeros benefícios para a sociedade, pois estas empresas têm um

compromisso a ser seguido perante o meio ambiente, e do ponto de vista

empresarial as organizações produzirão produtos ecologicamente corretos e

poderão negociá-los diretamente para o exterior, o que lhes proporcionaria uma

maior lucratividade.

Silva (2011) ressalta que, as empresas devem mudar seus conceitos atuais

sobre políticas ambientais, pois as veem como normatizações que devem ser

seguidas apenas com o propósito de não sofrerem alguns tipos de sanções.

A consciência de elaborar projetos educacionais deve ser voluntária e coletiva entre

todos os departamentos de uma organização, sendo conscientes e

comprometidos com os parâmetros e direções a serem seguidos para que

possam alcançar os resultados almejados.

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3.1 Formas de educação ambiental

A educação ambiental formal é aquela aplicada como uma disciplina

teórica, se baseando em situações extremas de preservação e degradação, estes

conceitos se dividem em quatro visões, sendo a primeira a visão física que

evidencia a importância dos seres que formam o ecossistema; a visão cultural que

retrata o originário constituído pela fauna e pela flora, e a capacidade do homem em

destruir esta cadeia natural; a visão político-econômica está diretamente ligada

ao capitalismo e a desigualdade social, defendendo a tese de que as

responsabilidades de reconstituição do planeta deveriam ser relativamente

proporcionais ao de destruição; por fim a visão ética que prega a lei do respeito e da

harmonia, que deve partir de cada ser humano diante de seu semelhante e do meio

em que vive. Enquanto que a educação informal se baseia na transmissão de

conhecimentos através dos diversos meios de comunicação, é considerada

mais abrangente pelo fato de informar a sociedade de maneira mais

dinâmica, pois geralmente os temas abordados são ocorridos em tempos reais

(BERNA, 2001).

No entendimento de Marcatto (2002), a educação ambiental formal é uma

disciplina que deve envolver praticamente todo o ciclo de vida de um estudante,

devendo ser aplicada para formar cidadãos conhecedores dos limites suportáveis

pelo planeta, da exploração de recursos naturais de maneira equilibrada, das

possibilidades de reversão de problemas, e principalmente formação de cidadãos

conscientes. A educação informal é uma maneira de transmissão de informações

vista como um ato involuntário que envolve o cotidiano de um povo e a relação

entre si.

3.2 Crise ambiental

O grande responsável pela atual crise ambiental é a própria espécie

humana, devido à falta de conhecimento das consequências de suas ações para

com o seu habitat natural, e principalmente à falta de consciência, porque o fator

econômico é sempre priorizado em uma escala de avaliação sobre o dilema

preservação ou lucratividade (BERNA, 2001).

Conforme Philippi Júnior e Pelicioni (2014, p. 54)

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Diante dos impasses gerados por essa conjuntura social faz-se extremamente urgente uma rediscussão sobre normas, valores, orientações culturais e formas de conhecimento em todas as sociedades. A crise ambiental é, certamente, a maior razão para que isso ocorra com amplitude e profundidade.

Para os autores anteriormente mencionados, a crise ambiental é vista como

um paradigma sem solução oriundo da era moderna, marcado pelo início da

industrialização, que veio a desencadear transtornos irreparáveis na era

contemporânea, e necessita de uma reavaliação constante e profunda, buscando os

fatores causadores em suas origens para que possam ser controlados.

Braga (2005) retrata a crise ambiental como decorrência do uso

compulsivo de diversas formas de energia e seus resíduos que se apresentam na

forma de calor, que se juntam aos resíduos materiais e formam um fator passivo de

alterar qualidade do meio ambiente. A crise ambiental é formada por três

componentes determinantes que formam o chamado triângulo da crise ambiental,

sendo eles a população, os recursos naturais e a poluição.

Um dos problemas evidenciados para a crise ambiental segundo Braga

(2005), é o aumento desordenado da população que se deu partir da

Revolução Industrial e a consequente tecnologia que possibilitou uma redução

drástica no número de mortalidade e o aumento médio de vida da população

mundial apesar de vir reduzindo o número de natalidade desde então. O

autor mencionado retrata ainda a importância de se buscar uma maneira de

redução do número de natalidade para melhor controle do crescimento

populacional.

Para Christofoletti (1999), nas últimas décadas o mundo vive um grande

crescimento populacional, sendo este fator o maior responsável pela necessidade

de exploração excessiva dos recursos naturais que veem desencadeando na

atual situação de degradação do meio ambiente, que se torna inevitável para

suprir a demanda social proveniente de uma população descomunal em um

planeta de recursos finitos.

Para Braga (2005), os recursos naturais são de uso imprescindível para

a sobrevivência humana, eles podem ser renováveis ou seja a própria

natureza os produz novamente em um ciclo natural, e não renováveis sendo estes

oriundos de fontes finitas devendo ser explorados de forma responsável, em um

longo período de tempo se explorados excessivamente, alguns recursos

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renováveis poderão passar a ser não-renováveis e deixarem de existir na

natureza.

De acordo com Christofoletti (1999) uma política de preservação dos

recursos naturais não deve ser entendida como uma ação contraditória ao

crescimento econômico, o ideal é que se consiga um equilíbrio entre tais fatores

para que haja a exploração necessária de forma responsável que possibilite

atender as necessidades do crescimento demográfico sem afetar o crescimento

econômico visando a sustentabilidade.

A poluição passou a ser vista como um problema ambiental a partir da

revolução industrial com o lançamento de gases na atmosfera, sendo considerada a

grande causadora de transtornos atuais como o aquecimento global, as chuvas

ácidas, efeito estufa, destruição da camada de ozônio, desequilíbrio ambiental,

entre outros (BRANCO; MURGEL, 2004).

Para Braga (2005), a poluição é uma alteração do estado natural da

atmosfera provocada pelo acúmulo de resíduos poluentes, sendo passivo de

causar um impacto ambiental e danos à vidas no planeta, podendo elas ser

provocadas pelos seres humanos ou algum fenômeno natural.

Segundo Matos (2010) as substâncias maléficas lançadas no meio

ambiente podem ser classificadas em contaminação quando os resíduos estão

presentes no meio ambiente, mas não causam danos diretos e poluição quando

estes resíduos ameaçam diretamente o ecossistema, a poluição pode ainda ser

classificada em poluição do ar, do solo e das águas.

3.3 Planejamento ambiental

Floriano (2004) salienta que, os seres humanos são os únicos seres

capazes de assimilar problemas e planejar soluções. O planejamento deve ser um

processo de identificar origens, conhecer o caso, definir as metas e métodos de

ação, delegar atribuições colocá-las em prática para então alcançar os objetivos.

Este termo teve maior notoriedade a partir da década de 1990, com o início das

grandes conferências mundiais como a Conferência das Nações Unidas sobre

meio ambiente e desenvolvimento (ECO-92) evento ocorrido no Rio de Janeiro no

ano de 1992 reunindo países de todo o mundo com o intuito de chegar a

um consenso de quais atitudes deveriam ser tomadas para controlar a

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degradação ambiental no planeta, neste evento foi criada a AGENDA 21 sendo um

documento que delega atribuições a cada país participante, em se

comprometer a realizar práticas que viessem a contornar os problemas

socioambientais, propondo um planejamento mundial, porém com escalas

nacionais e regionais.

Christofoletti (1999) retrata o planejamento ambiental de duas formas

distintas, sendo o estratégico mais baseado em avaliar casos e planejar soluções

corretivas de médio e longo prazo enquanto que o operacional está diretamente

relacionado à execução dos projetos que requerem uma solução mais urgente.

Diante de um longo trabalho de pesquisa e desenvolvimento

fica constatado que os problemas ambientais, embora sendo de grande relevância e

ameaça para permanência de vidas no planeta, a falta de conhecimento, o

descaso e principalmente, a falta de interesse, pelo fato de que as políticas de

preservação podem implicar em perda da lucratividade são os principais fatores

determinantes para o atual estado de degradação. É necessário que haja

uma mobilização conjunta entre todas as classes para adotarem medidas, sejam

elas individuais e/ou coletivas para que possam reverter as condições vivenciadas

em um planeta que pede por socorro.

4 SUSTENTABILIDADE DO MODELO ATUAL PARA O IDEAL

De acordo com Barbieri e Simantob (2007) o termo denominado

sustentabilidade representa o estado de autossuficiência de uma empresa em

determinado segmento, suprindo suas necessidades atuais sem que para isso

seja necessário comprometer as gerações futuras, usando seus próprios recursos

disponíveis, tomando atitudes socialmente responsáveis, sendo bem aceitas pela

sociedade e ainda economicamente viáveis.

O termo sustentabilidade é originário do latim ‘sustentare’, que significa ser

sustentável mantendo um equilíbrio entre a exploração e a preservação dos

recursos naturais juntamente com os recursos financeiros disponíveis. Os

indicadores de sustentabilidade têm como função fazer uma avaliação do planeta e

todas as relações nele existentes. Estes indicadores se diferem dos indicadores

ambiental, social e econômico, pois eles se apresentam independentes. Na

atualidade inúmeras instituições demonstram interesse no desenvolvimento de

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novos indicadores ou adaptação dos já existentes, pois estes visam apenas o

crescimento econômico sem se preocupar com os danos causados à sociedade. O

intuito é que as organizações estabeleçam modos de agir mais responsáveis para

não prejudicar ou se possível restaurar o bem estar do ambiente e da

sociedade em geral (ALBUQUERQUE, 2009).

Para Marcatto (2002), a busca incessante pela sustentabilidade que tanto se

fala no mundo contemporâneo é uma conseqüência do desenvolvimento

econômico motivado pelo grande crescimento populacional, sendo por um

lado um crescimento positivo pelo elevado retorno financeiro, mas que se

caracteriza como um problema pela forma desequilibrada que foram

desenvolvidas tais práticas que vieram a desencadear transtornos que aterrorizam

o mundo atual.

Para uma melhor compreensão do termo sustentabilidade é necessário

que este seja analisado em suas várias dimensões, partindo do princípio

da sustentabilidade social que visa uma distribuição de renda e direitos iguais para

todas as classes sociais. A sustentabilidade econômica representa a capacidade de

suprir as próprias necessidades, priorizando a alocação de capital para setores com

maior carência, tal dimensão deve estar presente em todas as organizações, sejam

elas públicas ou privadas, pois é considerada a base da existência de uma entidade

por ser o fator financeiro que dá suporte para que sejam realizadas as demais

funções (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).

A sustentabilidade ecológica é a que mais se encontra em

evidência, devido ao atual desequilíbrio ambiental estando baseada diretamente no

princípio da solidariedade para com o planeta e a preservação de suas

riquezas naturais. A sustentabilidade espacial está relacionada ao equilíbrio entre o

meio rural e urbano e as formas de sobrevivência mais adequadas para cada um

deles, passou a ter relevância desde a revolução industrial e a consequente

migração dos camponeses para os centros urbanos. E por fim tem a

sustentabilidade cultural que visa manter os costumes e valores tradicionais

de um determinado lugar e/ou de um povo (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).

Para Alvarez e Mota (2010), o tema sustentabilidade é muito complexo e

precisa ser analisado em cada uma das suas dimensões separadamente. A

sustentabilidade social envolve o cotidiano dos seres humanos em suas relações,

defendendo uma distribuição de renda mais justa; a econômica condiz com um

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estado sadio financeiramente; a ecológica prevê a preservação do meio ambiente e

seus recursos naturais, defendendo a tese da reciclagem e do reuso de

materiais. E por fim a sustentabilidade política que pode ser nacional, relatando a

importância de criar projetos democráticos sobre direitos humanos envolvendo

todas as regiões de uma nação e política internacional que tem o mesmo

princípio, porém com dimensões mundiais, promovendo eventos a nível global.

4.1 Desenvolvimento sustentável

O desenvolvimento sustentável ou até então chamado de eco

desenvolvimento, teve origem juntamente com o início da vida humana no planeta

com a relação homem natureza e a necessidade da utilização dos recursos

naturais para a sobrevivência. Este tema passou a ser visto com maior

preocupação pela busca do crescimento econômico marcado pelo início da

industrialização e os consequentes problemas ambientais, desencadeando assim o

início do desequilíbrio ambiental oriundo da exploração obsessiva dos recursos

disponíveis na natureza, sem que para isso tivessem sido, elaborados e

executados, projetos que permitissem a utilização de tais recursos de forma

sustentável. O desenvolvimento econômico não deve ser visto de maneira

isolada, o ideal é que haja um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o

sustentável para que os recursos sejam explorados gerando riquezas de maneira

moderada e não comprometendo o meio ambiente (ALBUQUERQUE, 2009).

Conforme Barbieri e Cajazeira (2009, p. 69):

No âmbito das organizações em geral, o núcleo duro da sua contribuição para com o desenvolvimento sustentável passou a consistir em três dimensões: a econômica, a social e a ambiental. A redução a essas três dimensões não implica perda ou abandono das outras dimensões citadas, mas uma concentração no que é específico da atuação das organizações.

Para os autores anteriormente citados, o desenvolvimento sustentável deve

ser avaliado com base em todas as variáveis, porém dando maior ênfase às três

dimensões consideradas prioritárias para obtenção de sucesso por parte das

organizações que almejam obter um desenvolvimento equilibrado, começando

pela dimensão econômica que representa o fator financeiro e a igualdade entre

todos os componentes de uma organização. Também considerada de igual

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importância, a dimensão social que tem por princípio abranger a sociedade

de maneira ampla, oferecendo benefícios que permitam uma melhora na qualidade

de vida de um povo em geral. Por fim, mas não menos importante, vem a

dimensão ambiental que prima pela manutenção dos recursos naturais evitando a

degradação do meio ambiente.

A figura a seguir é vista como uma forma clara de se compreender cada

dimensão separadamente e a junção das três que formam o desenvolvimento

sustentável.

Figura 2- Dimensões da Sustentabilidade Organizacional

Fonte: Barbieri e Cajazeira (2009, p. 70)

De acordo com Braga (2005), há duas formas de desenvolvimento, a primeira

é o modelo atual que claramente visa a lucratividade e com isso no decorrer

do tempo levou o planeta à atual situação de degradação. É um sistema aberto que

necessita de fontes inesgotáveis de matérias e energia que são utilizadas e

posteriormente desprezadas no próprio meio que teria como função por si só

reciclar este material para que possa ser usado novamente. Enquanto isso, o

modelo de desenvolvimento sustentável busca um equilíbrio entre os objetivos

almejados e as formas de obtenção de recursos, deve ser um sistema fechado que

procura usar os recursos necessários eliminando os desperdícios ao máximo,

devendo aproveitar todo o material passivo de reciclagem e reuso, além de diminuir

consideravelmente os níveis de poluição e resíduos lançados na atmosfera.

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4.2 Organizações sustentáveis

Conforme Barbieri e Simantob (2007), as organizações sustentáveis são

aquelas instituições conscientes dos problemas existentes na sociedade e que

adotam medidas viáveis economicamente, ambientalmente saudáveis e

socialmente responsáveis, que venham a minimizar o consumo de recursos

escassos no meio ambiente, assim como a desigualdade social existente no

planeta, realizando práticas inovadoras no sentido de contornar transtornos,

sendo ainda conhecedoras do que exatamente deve ser feito, para quem devem ser

direcionados os benefícios, de modo que venham satisfazer as necessidades de

um todo.

Os autores supracitados, afirmam ser necessário que as instituições se

submetam a uma avaliação periódica quanto ao nível e à eficiência dos processos

utilizados, pois se os resultados provenientes de ações sociais se apresentarem

insatisfatórios, os mesmos devem ser reavaliados para que possam desenvolver

estratégias corretas de conduta a serem executadas.

A figura dos 3Ps mostra que as organizações sustentáveis são

compreendidas como se fossem um imóvel, assim os 3Ps escritos em inglês nos

três pilares de sustentação se traduzem em lucros, pessoas e planeta formando

a base que dá um suporte sustentável para resistir os demais compartimentos.

Figura 3- O Modelo de Organização Sustentável dos 3Ps

Fonte: Marrewijk, (2003, p.101)

De acordo com Brandão e Santos (2007), a sustentabilidade avaliada do

ponto de vista econômico se divide em capital natural que representa os recursos

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extraídos diretamente do meio ambiente, capital social que se refere a

humanidade e as relações entre os seres dentro de uma sociedade. E por fim o

capital econômico-financeiro considerado essencial para sustentar a

sobrevivência das empresas sendo, portanto, um constante dilema no mundo dos

negócios, pois a busca pelo equilíbrio entre estes capitais podem resultar em

perda de lucratividade imediata, porém tal fator deve ser visto como

um investimento na reputação da organização e os resultados virão com o decorrer

do tempo.

Para Azevedo e Silveira (2011), a sustentabilidade organizacional é um

sistema complexo, pois envolve todo o ciclo de uma instituição, começado pelo

ambiente externo com a relação da empresa com seus fornecedores, passando

posteriormente por todo o seu ambiente interno envolvendo todos os integrantes em

sua cadeia de atividades e voltando novamente ao ambiente externo com a relação

com os clientes na hora de negociar os produtos. Por isso é necessário conhecer

profundamente a demanda e oferta da empresa, assim como custos e benefícios,

para que seja possível obter um equilíbrio entre materiais produzidos e recursos

utilizados, podendo então se caracterizar como uma organização

sustentável.

Com o término de mais uma etapa de pesquisa, avaliação e assimilação de

conhecimentos, fica notável que o termo sustentabilidade é bem mais amplo do que

se imaginara, devendo estar presente em todo segmento que se almeja

sucesso, pode ser denominado como um estado de total controle sobre

determinada situação buscando o equilíbrio entre prós, contras e possíveis danos.

No entanto, o que mais se nota é a tendência de sempre estar desviando o foco

para o setor ambiental por se tratar de um imenso problema que se mostra

praticamente irreversível. Porém deve se destacar que uma etapa importante vem

sendo assimilada por um número considerável de pessoas que se mostram cada

vez mais conscientes dos problemas e suas origens, mas não basta saber o que

fazer, e sim como fazer e ter iniciativas para mudar hábitos de conduta individuais

e/ou coletivas para formar uma cidadania corporativa e buscar melhorias em

âmbito global.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do desenvolvimento do trabalho ficou evidenciado que

responsabilidade social e sustentabilidade necessitam cada vez mais de uma

melhor compreensão e principalmente execução de ações na vida cotidiana. Do

ponto de vista empresarial, as organizações são grandes responsáveis

pelo desencadeamento dos atuais problemas ambientais marcados pela

industrialização e a consequente mecanização que ocasiona uma elevada

produção de materiais, usando métodos que agridem diretamente o meio

ambiente. Por outro lado é preciso que os seres humanos se tornem cidadãos

conscientes do que é necessário mudar para contornar o atual momento.

O estudo possibilitou uma visão ampla dos fatores determinantes para a crise

ambiental, desde suas origens passando pela atual situação, assim como os

possíveis danos futuros. Fica também constatado que é praticamente impossível

uma reversão total devido ao atual nível de desenvolvimento do planeta, mas com

uma melhor conscientização de todas as partes envolvidas é possível uma

amenização dos problemas atuais, assim como a preservação de recursos para

futuras gerações.

A prática de ações de responsabilidade social é vista como um dilema para

algumas empresas de mentalidade conservadora, por acreditarem que este fator

está inversamente proporcional à lucratividade, pois necessita de disponibilidade

para investimento de capital e uma espera de retorno em longo prazo. No entanto

essas empresas passam a ter mais credibilidade perante a sociedade e

conseguem um retorno moral imediato. Com o passar do tempo acabam

tendo um retorno também financeiro, pois é fato comprovado que cada vez,

mais os consumidores se mostram conscientizados e tendem a consumir

produtos oriundos de organizações socialmente responsáveis. Tal atitude deve

forçar as organizações a se remodelarem à nova maneira de trabalho, pois a

tendência é que as entidades que não se adequarem nesse sentido irão

perder em competitividade e deixarão de existir no cenário dos negócios.

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