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Page 1: Resp Social no Varejo

DEZEMBRO 2005 SUPERMERCADO MODERNO 41http://www.sm.com.br

POR FERNANDO SALLES

ara você, o que é responsabi-lidade social no varejo? Se a

resposta for fazer doações a enti-dades assistenciais, promover cam-panhas de saúde para a comunida-de e cursos para os funcionários,você está certo. Mas saiba que aresponsabilidade social em umsupermercado está também nosprodutos que ele vende. Signifi-ca, por exemplo, recusar fornece-dores que utilizam o trabalho in-fantil em sua produção ou queagridem o meio ambiente.

Segundo pesquisa realizadapelo Instituto Akatu pelo Consu-mo Consciente, a preocupação dosconsumidores com ações social-mente responsáveis está em altae a grande maioria está dispos-ta inclusive a pagar mais porprodutos que sigam esses pa-drões. Segundo a pesquisa,cerca de 70% das pessoas en-trevistadas aceitam pagarmais caro por itens que nãoprejudicam o meio ambiente ousão produzidos por empresas que

BOA IMAGEMNAS GÔNDOLAS

ESTRATÉGIA

P

Vender produtos cuja produção respeita o meio ambiente,evita o trabalho infantil e ajuda comunidades a se desenvolver

é uma forma de diferenciar o mix, elevar vendas, além decumprir o papel social do supermercado

realizam projetos em favorda natureza e que não em-pregam crianças.

Outra forma de ser so-cialmente responsável éincluir no mix produtoscom o selo de organizaçõesnão-governamentais oufeitos por comunidadescarentes. Beatriz Queiroz,coordenadora do projetoCaras do Brasil, que leva

Incluir no mix itensproduzidos por

comunidades carentescumpre o papel social do

supermercado e ajuda adiversificar o sortimento

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ESTRATÉGIA

Quanto mais apoio der às comunidades locais, melhor seráa imagem do supermercado na região em que atua

às gôndolas do Pão de Açúcar pro-dutos feitos por organizações quedefendem causas sociais, lembraainda que o apoio a essas iniciati-vas ajuda a incrementar o sorti-mento com produtos diferencia-dos, como o artesanato regional.Não é por acaso que em poucomais de dois anos a rede vendeu170 mil itens do projeto.

Para Roberta de Carvalho Car-doso, coordenadora técnica do Pro-grama de Responsabilidade Socialno Varejo, da Fundação GetúlioVargas de São Paulo, ações comoa do Pão de Açúcar levam o nomede comércio solidário (veja Boxnesta página) e ajudam a fortale-cer a imagem da loja.

– O varejo tem um relaciona-

mento muito próximo coma comunidade. Quantomais apoio a grupos lo-cais, mais ganhos para aimagem da empresa emais desenvolvimentopara a região. Todos ga-nham com isso – resume.

Para Roberta, um dospontos do comércio solidá-rio que deve ser observadopelos supermercadistas é orespeito à capacidade deprodução.

– Não adianta exigircada vez mais produção,

pois esses grupos têm capacidadelimitada. É preciso que o acordocomercial considere os limites deprodução desses grupos, que di-ferem, e muito, das grandes em-presas – afirma.

A seguir, veja alguns exemplosde supermercados que investemna comercialização de artigossocialmente responsáveis.

GARANTIA DE ORIGEM:PARCERIA RESPONSÁVELHá cerca de seis anos o Carrefouriniciou o projeto Garantia de Ori-gem. Trata-se de um selo que ga-rante a qualidade e a procedênciade mais de 60 produtos e que járesultou em crescimento de ven-das de 20% ao ano.

Atualmente 350 fornecedorespossuem o selo do Carrefour. To-dos preenchem requisitos como apostura socialmente correta. Es-ses fornecedores não utilizammão-de-obra infantil e registramtodos os seus funcionários. Segun-do Arnaldo Eijsink, diretor deagronegócios do Carrefour Brasil,são valorizados também fornece-dores que custeiam o ensino dosfilhos de funcionários, ajudamasilos e outras entidades benefi-centes da região, por exemplo.Outra exigência aos postulantes

Para obter o seloGarantia de Origem, doCarrefour, o produto nãopode conter ingredientescomo hormônios outransgênicos

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ENTENDAO COMÉRCIOSOLIDÁRIOO comércio solidário oucomércio justo (fair trade)consiste no incentivo aoacesso de pequenosprodutores ao mercado formal.A adoção desse tipo decomércio é tida porespecialistas emresponsabilidade social comouma das formas de melhorara sociedade atual, já quegarante a geração de rendapara comunidades excluídasdo mercado formal detrabalho. Entre as exigênciasdo comércio solidário estão:abolição de trabalho infantil eforçado, geração de postos detrabalho com carteiraassinada, transparência naprestação de contas, ausênciade qualquer tipo dediscriminação e redução douso de agrotóxicos.FONTES: CONSULTORES

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ao selo é a postura ecologicamen-te correta, que inclui controlar aspragas por meio de agentes natu-rais ou de produtos que obedecemas normas do Ministério da Agri-cultura e não realizar queimadas.Eijsink cita o caso de um forne-cedor de açúcar da região de Ri-beirão Preto que não se utiliza dequeimadas e já encontrou, emmeio à plantação, lobos-guará –animais que só aparecem em am-bientes preservados.

Para obter o selo, os fornece-dores também têm seus produtosanalisados por agrônomos e vete-rinários. Não são admitidos ingre-dientes polêmicos como hormô-nios e alimentos transgênicos.

Além do selo que estampa asembalagens, o projeto Garantia deOrigem é divulgado em jantares

ESTRATÉGIA

Para integrar o projeto Caras do Brasil, os produtores devemser socialmente responsáveis e respeitar o meio ambiente

com clientes, nos quais são servi-dos alimentos do projeto. Perio-dicamente, são promovidas visi-tas de clientes a fazendas produ-toras, encontros que terminamcom a plantação de uma árvore.

PROJETO COORIMBATÁ:APOIO À COMUNIDADEA rede mato-grossense de super-mercados Modelo adotou uma fór-mula que une apoio a comunidadesribeirinhas da região de Cuiabá e res-peito ao meio ambiente. O supermer-cado apóia o projeto Coorimbatá, daCooperativa de Pescadores e Arte-sãos de Pai André e Bom Sucesso.

Em parceria com pesquisadoresda Universidade Federal de MatoGrosso, comandados pelo professorNicolau Priante Filho, a comuni-dade ribeirinha adotou uma alter-nativa financeira para o períododa piracema, época de reproduçãodos peixes, quando é proibido pes-car. Agora os pescadores tambémcultivam manga, banana e abaca-xi, que são comercializados naforma de frutas passas. A redeModelo compra toda a produção epaga em até dez dias.

– Um dos grandes problemasdas comunidades pequenas é con-seguir vender os itens produzidos.Nesse caso não há o problema,pois garantimos a compra – afir-ma Valter Yamaguchi, gerente decompra de perecíveis da rede.

CARAS DO BRASIL:SOLIDARIEDADE NA GÔNDOLAO projeto Caras do Brasil, do Gru-

po Pão de Açúcar, foi lançado emagosto de 2003 e hoje está presen-te em 35 lojas das bandeiras Pãode Açúcar, Comprebem e Sendas.

Para integrar o projeto, a comu-nidade de produtores deve ser umaempresa legalmente constituída;repudiar o trabalho infantil; res-peitar os direitos dos povos indí-genas; respeitar o meio ambientee promover distribuição de rendana comunidade em que atua.

A lista dos 71 produtos do pro-jeto vai de mel e doces até itensartesanais como cestos, jarros epanos de prato – este último é oitem mais vendido.

Segundo Beatriz Queiroz, coor-denadora do Caras do Brasil, oimpacto da venda de artigos comvalor social é grande entre os con-sumidores, mas o principal bene-fício vai para os fornecedores.

– Sem um projeto como esse,seria muito difícil para esses pe-quenos produtores escoarem aprodução. Ao todo, 12 mil pessoassão beneficiadas pelo Caras doBrasil – diz a coordenadora.

Assim como Pão de Açúcar,Modelo e Carrefour, veja o quevocê pode fazer por outras comu-nidades e pela sua imagem.

■ MAIS INFORMAÇÕES

CARREFOUR: www.carrefour.com.brFGV/EAESP: (11) 3281-7970REDE MODELO:www.modeloiga.com.brGRUPO PÃO DE AÇÚCAR:www.grupopaodeacucar.com.br/carasdobrasil

A rede Modelo compra toda aprodução de frutas passas doprojeto Coorimbatá, ajudandoa comunidade de pescadores

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