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RESGATE DA IDENTIDADE SOCIOCULTURAL DA COMUNIDADE QUILOMBOLA “PAIOL DE TELHA” DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA-PR E SUA RELAÇÃO COM A COMUNIDADE ESCOLAR DO COLÉGIO ESTADUAL JOSÉ SARMENTO FILHO – IRETAMA-PR.

PRIMO, Dirce Pereira1

PAULA-SHINOBU, Patrícia Fernandes2

Resumo:

O presente projeto tem como objetivo identificar as comunidades Quilombolas no Estado do Paraná trabalhando a comunidade “Paiol de Telha” no Município de Guarapuava/PR por meio de estudos, visitações e entrevistas para obtenção de informações sobre seus costumes e modo de vida dessas comunidades, levando os alunos do Colégio Estadual José Sarmento Filho – Ensino Fundamental e Formação de Docente – Iretama - Pr, a perceberem que muitos dos nossos costumes, tem uma raiz da cultura afrobrasileira, e o quanto essa cultura, enriquece nosso dia a dia. As manifestações culturais perpassam gerações, criam objetos geográficos e são, portanto, parte do espaço, registro importante para a geografia. Nesse sentido, a intenção é melhorar as práticas pedagógicas, organizando nossos conteúdos de modo que estimule e motive o nosso aluno a buscar informações científicas superando o saber imediato. Entretanto, para o desenvolvimento da pesquisa, foi necessário voltar ao passado para entender o presente, considerando todos os fatores históricos que envolvem a realidade do negro no Brasil desde o período de escravidão até o momento atual, considerando este como superado ou em fase de superação. O Professor, enquanto mediador do ensino e da pesquisa deve proporcionar ao seu aluno a leitura dessa realidade, de maneira que ele encare como parte de uma história importante do seu País. Por isso, a temática trabalhada neste projeto, se configura como a necessidade de conhecer e resgatar a memória e a identidade dos povos Quilombolas do Estado do Paraná, em especial a comunidade Paiol de Telha no Município de Guarapuava- Pr.

Palavras- chaves: Cultura; Etnia Afrobrasileira; Espaço geográfico.

Abstract:

This project aims to identify the ”Quilombo” communities in Paraná” working community" locker Tile in Guarapuava/PR through studies, visitations and interviews to obtain information about their customs and way of life of these communities, leading students of the College Sarmento Son Jose State - Elementary Education and Teacher Training- Iretama - Pr, realize that many of our customs has a root connected afrobrasileira culture, and how this culture has enriched our daily lives. The cultural manifestations erva de generations create geographic objects and are therefore part of space, important record for geography. In this sense, the intention is to improve teaching practices, organizing our learning content in order to stimulate and motivate our students to seek scientific information going beyond the immediate knowledge. However, for the development of research, it is necessary that this turns the past to understand the present, considering all the factors surrounding the historical reality of black people in Brazil since the period of slavery to the present time, considering this as superseded or being overrun. The Teachers facilitator of teaching and research should give your students the reading of this reality,so that he face as part of an important history of their country Therefore, the issue being worked on this project, is configured as need to know and to redeem the memory and identity of people Quilombola Paraná State, in particular the community locker Tile in Guarapuava-Pr

1Aluna do Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE2 Professora Mestre- FECILCAM

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1 Introdução

A pesquisa teve como objetivo conhecer os costumes e a rotina da comunidade

“Paiol de Telha”- Guarapuava-Pr, o qual foi realizado um levantamento dos aspectos

socioculturais e históricos que levou esta comunidade a se instalar naquela área,

considerando a realidade local. Sendo assim, foi observado seu cotidiano e seus

costumes, sendo apresentado aos alunos para que observassem as possíveis

semelhanças em seus hábitos e costumes praticados em seu dia a dia.

Dessa forma, cabe considerar que a maior parte dos Quilombolas, hoje instalados

no Estado do Paraná, está localizada nos extremos geográficos do Estado, por serem

solos muito pobres e de relevo extremamente acidentados. Considerando os aspectos

sociais e culturais, o que restou a essas comunidades foram áreas de difícil acesso,

permitindo ainda mais sua exclusão social, não lhes restando alternativa, como forma de

fugirem das perseguições geradas por aqueles que quiseram mantê-los na condição de

escravos, por isso, foram obrigados a se refugiarem nesses locais.

As condições de desenvolvimento cultural, educacional e habitacional que lhes

foram oferecidas são desfavoráveis à sua condição de cidadãos. Sabe-se que em muitas

comunidades Quilombolas do Estado do Paraná existem a necessidade de infraestrutura,

dentre elas: água tratada, estradas de acesso, moradias adequadas, saúde, educação,

tecnologia e outros fatores essenciais ao seu desenvolvimento em sociedade, como é o

caso da Comunidade “Paiol de Telha”-Guarapuava-Pr.

Com todas essas adversidades enumeradas, a mais perversa é o racismo, até hoje

enfrentada por eles, pois contribui para o estado de pauperização dos quilombos,

ocasionando a falta do desenvolvimento cultural e tecnológico. Embora tivessem sofrido

horrores, o que se tem é a contribuição dessa população no desbravamento do território

Paranaense, o que não lhes permitiu uma condição de vida melhor, fazendo com que eles

se refugiassem para terem pelo menos o melhor sentimento de todos, que é a liberdade,

em contra partida ficaram a mercê de todas as riquezas geradas ao Estado e ao seu

povo.

Diante desta constatação é que se pretende por meio do ensino da Geografia das

séries finais do Ensino Fundamental, considerar a realidade sociocultural destas

comunidades Quilombolas, apresentando seus costumes e tradições, relacionando ao dia

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a dia do aluno, levando-o a fazer uma leitura do seu cotidiano, possibilitando a este

perceber que mesmo estando em ambientes diferentes, a comunidade escolar onde

ocorrerá a implementação em questão, participa dos mesmos hábitos e costumes que

eles. Dessa forma, precisam de reconhecimento e valorização pelos alunos, considerando

a importante contribuição cultural trazida por este grupo, assim como a recuperação dos

valores morais e sociais.

2 Desenvolvimento

2.1 A Escravidão no Estado do Paraná

A presença da escravidão no Brasil marca o a primeira metade do século XVI e

está associada ao sistema colonial e implantação do Capitalismo, como meio de favorecer

a mão de obra escrava, para a agricultura da cana-de-açúcar, os engenhos da época.

Segundo Martins (1993, p. 163-164):

Origem da presença africana no atual território Nacional situa-se implantação do sistema colonial que se insere no processo de formação e expansão do capitalismo, ou seja, o “escravismo” moderno floresceu com a expansão do capital mercantil e foi um dos fatores da acumulação capitalista, que transformou com profundidade as relações econômicas viabilizando o surgimento da produção capitalista. A escravidão moderna foi fruto do mercado.

O atual Estado do Paraná se insere nesta história a partir da conquista que impõe

formas de uso do território e do trabalho: “a primeira referência à presença portuguesa no

atual território paranaense se dá a partir de 1585, quando uma bandeira cativadora de

índios foi lançada contra os “carijós” de “Paranaguá” (Pires, 1998 – p.41). “[…] a mão-de-

obra escravizada indígena coexistiu com a africana, embora a escravização de africanos

tivesse maior importância econômica” (MOTA, 1994).

O africano aparece no início da procura do ouro no litoral e, posteriormente, nas

atividades dos latifúndios pastoris. Regionalmente podemos situar a mineração na

mesorregião no Vale do Ribeira e o Tropeirismo envolvendo as regiões dos Campos

Gerais e o norte pioneiro.

O processo da territorialização negra no Vale do Ribeira está articulado à expansão

das frentes de mineração da Freguesia do Iguape, rumo ao Rio Ribeira nos séculos XVII-

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XVIII. Desde meados do século XVIII até o descobrimento das jazidas auríferas em

Minas, a extração do ouro foi à atividade predominantemente desenvolvida pelo

empreendimento colonial na região do Rio Ribeira. Para lá, se deslocavam os

colonizadores em posse de africanos escravizados, principalmente de Guiné, Angola e

Moçambique.

De acordo com Genoveses (1976, p. 69-72):

É importante ressaltar, a dimensão de domínio técnico e tecnológico africano, predominante ignorada, já que no caso do vale do Rio Ribeira, o conhecimento especializado em mineração, metalúrgico e agropecuário – uso de enxadas pastoreios de animais, uso de engenho, devem ser considerada como fatores significativos da presença e da territorialização africana e afrodescendente.

Os deslocamentos em buscas do ouro originaram os primeiros núcleos de

povoamentos do rio Ribeira acima, até o rio Paranapanema, além da atividade

mineradora os africanos trabalhavam na agricultura. A mineração abria espaço para a

libertação dos escravizados que também garimpavam de forma clandestina e escondiam

o produto de seu trabalho em garrafas e gomos de bambu, visando possivelmente à

compra de sua liberdade junto aos seus senhores.

Como pode ser observada em Figueiredo (2001, p.2):

Com o crescimento da cultura da cana, mandioca, café, feijão, fumo, milho e posteriormente da monocultura do arroz no alto Vale do Rio Ribeira onde houve o predomínio da utilização de mão de obra dos escravizados africanos/afrodescendentes, já que havia acontecido o encerramento das atividades da casa de Fundição de Iguape com o declínio gradual da mineração. Tanto os espaços de libertação criados pela mineração clandestina ou pelas fugas de escravizados, possibilitaram uma territorialização autônoma desses sujeitos em quilombos. Processo esse que se intensificou com a abolição em 1988. A partir desta territorialização negra surgiram comunidades nas proximidades que se auto declaram remanescentes de quilombolas no Município de Adrianópolis e Guaraqueçaba, ambos no Paraná.

No que diz respeito aos Campos Gerais e no norte Pioneiro no Estado do Paraná,

pode-se dizer que os conhecimentos que possuíam não deixavam de ser um capital

cultural importante. Este fato pode ser comprovado, pois no contexto dos Campos Gerais,

afrodescendentes escravizados e livres eram os pés e as mãos dos fazendeiros,

desempenhando atividades artesanais tais como: carpintaria, sapataria, alfaiataria e

arrieiros. Do trabalho com o couro resultavam em peças que eram utilizados na lida dos

rebanhos como: arreios, bocais, cinchas e botas.

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Esse protagonismo dos africanos, e afrodescendentes escravizados, na dimensão

produtiva geraram riquezas dos escravizadores, como fosse forma de gratidão lhes

incluíam como beneficiários de seus inventários de bens. É o que podemos perceber nos

casos das Comunidades Remanescentes de Quilombo De Paiol de Telha (Reservas do

Iguaçu) e Santa Cruz e Sutil (Ponta Grossa) que se constituíram de terras que receberam

como herança de seus escravizadores, depois de muitos anos de trabalhos.

De acordo com Rolnik (2007, pag.80):

Esses territórios foram expropriados apesar das cláusulas de inalienabilidade existente nos inventários coexistentes com os grandes latifúndios da Província do Paraná, estando vinculada ao caminho de Viamão, ou estrada do gado que originaram algumas cidades tais como: Palmas, Guarapuava, Piraí do Sul, Castro, Ponta Grossa, Campo Largo, Lapa.

Observou-se que “hoje existem, quilombos na configuração atual na mesma

situação que em meados do século XIX, as fazendas de criação de gado o Paraná se

encontravam articulados” (Santos, 1974, p.80).

Dessa forma, estudar a atuação e participação do negro na cultura do Estado do

Paraná possibilitando trazer as discussões sobre a geografia cultural datam no final do

século XIX e, principalmente, início do século XX os geógrafos desse período “buscavam

a diversidade das paisagens cultivadas dos campos, dos sistemas agrícolas, dos tipos de

“habitat rural”, dos traçados das cidades, da arquitetura vernacular e das construções

monumentais” (Claval, 2001 p. 36 apud Brasil, 2006), sendo assim a relação histórica dos

negros com o cotidiano do aluno, possibilitará uma leitura dessas transformações no

tempo e no espaço, como trabalha Santos (1978).

Sob esse contexto Claval (2006, pg.40 apud BRASIL, 2006):

Estudiosos geógrafos buscaram uma análise subjetiva e investigaram, por meios, que os indivíduos e os grupos não vivem nos lugares do mesmo modo. Não os percebem da mesma maneira, não recortam o real segundo as mesmas perspectivas e em função dos mesmos critérios, não descobrem nele as mesmas vantagens e os mesmos riscos não associam a eles os mesmos sonhos e as mesmas vantagens, os mesmos riscos e as mesmas aspirações, não investem neles os mesmos sentimentos e a mesma afetividade.

Os conteúdos de geografia devem ser trabalhados de forma crítica e dinâmica,

interligados com a realidade próxima e distante dos alunos, em coerência com os

fundamentos teóricos propostos. Situá-lo historicamente com as relações políticas sociais,

econômicas e culturais, em manifestações espaciais concretas, nas diversas escalas

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geográficas global, regional e local, e por isso justifica-se relacionar o cotidiano das

comunidades Quilombolas com o cotidiano e costumes dos alunos, levando-o a fazer uma

leitura da realidade em que vive.

A proposta é trabalhar a temática por meio dos estudos da cultura Afrobrasileira e

Indígena, tendo como referências as comunidades quilombolas do Estado do Paraná e

em especial a comunidade de Paiol da Telha do Município de Guarapuava no Paraná,

valorizando a Cultura Afrobrasileira. Por isso, a temática a ser trabalhada neste projeto se

configura como a necessidade de se conhecer e resgatar a memória e a identidade dos

povos Quilombolas do Estado do Paraná, comparando com os costumes que fazem parte

do cotidiano do aluno como: comida (feijoada) as roupas (o colorido), religião, objetos

(como colher de pau), dentre outros aspectos que passam despercebidos no dia a dia dos

cidadãos.

2.2 Visita a Comunidade Quilombola Invernada Paiol de Telha Fundão –

Guarapuava-Pr.

A presente pesquisa aconteceu na Comunidade Invernada Paiol de Telha Fundão -

Guarapuava-Pr, observando e comparando a realidade que consta nos livros de história o

que se verifica é que ocorrem muitas divergências nos relatos. Em entrevista com uma

das mulheres, daquela comunidade, foi visto que quem administra a comunidade, são

elas, como citou D. Raimunda (é como vamos chamar a moradora da Comunidade

Quilombola em estudo). D. Raimunda - é casada e tem um filho, (tive a impressão de que

ela é uma das líderes daquela Comunidade) ela nos relatou que “mora ali por mais de

treze anos, e que foram trazidos de Reservas do Iguaçu, onde estão às verdadeiras terras

doadas a esta comunidade Quilombola”.

De acordo com D. Raimunda (2012), “Dona Balbina Francisca de Siqueira doou as

terras de Reservas do Iguaçu para os escravos que trabalhavam com ela, através de

testamento, documentos encontrados em cartórios da cidade de Guarapuava-Pr”. Eram

em torno de 11 famílias de escravos, onde uma delas é a Dona Felícia (outra moradora,

do qual vamos chamá-la assim) que era tataraneta de escravos, em seu depoimento

seguiu dizendo que: “O INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária-

havia adquirido as terras, daquele assentamento e colocado eles só com um contrato das

atuais terras sem nenhuma documentação que os efetivassem como donos das mesmas,

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porque o que aconteceu foi à expulsão das verdadeiras terras herdadas na fazenda Paiol

de Telha em Reservas do Iguaçu, pela D. Balbina F. de Siqueira”.

No início foram assentados em torno de 65 famílias, mas que a maioria, não se

identificou com a vida quilombola e acabaram vendendo ou trocando suas terras por

quase nada, alguns por doenças, ou falta de recursos para trabalharem foram embora

para a cidade de Guarapuava-Pr onde vivem hoje, catando papelão ou lixo reciclável nas

ruas da cidade, para sobreviverem. Muitos deles não conseguiram cumprir com seus

pagamentos deste pedaço de chão e seus nomes foram parar no SPC e Serasa,

deixando os mesmo sem acesso a financiamentos ou algo parecido e, com isso houve a

entrada de homens brancos na comunidade onde vivem, em Guarapuava-Pr. Hoje a

comunidade não é só formada por descendentes de escravos, mas por descendentes de

alemães, como foi possível ver na visita à área, como pode ser visto na foto (01) abaixo:

Foto 01: Pessoa responsável pelo recebimento do leite da comunidade Quilombola “Paiol de Telha - 17/03/2011.

Observou-se, que eles se encontram encurralados entre outras comunidades

formadas por brancos, e que se sentem excluídos da sociedade, principalmente pelos

Órgãos do Governo Estadual e Municipal, que quase ou nada prestam serviços básicos, a

comunidade.

As senhoras alegaram que elas todas foram enganadas e passadas para trás, nesse assentamento em Guarapuava. O sentimento sofridas por elas é de que a cultura de seus antepassados estão desaparecendo, e que ainda aparecem

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pessoas querendo tirar proveito da situação em que vivem as famílias dos assentados descendentes de escravos, como é o caso do grupo de danças formadas por descendentes deles, que hoje abandonaram o assentamento e estão acompanhando um Professor da UNICENTRO, fazendo apresentações não só no Paraná, mas em todo Brasil, sem divulgar a comunidade, o que faz gerar um sentimento de traição com os que ficam morando na comunidade – Depoimento da D. Raimunda.

O que observou na visita a aquela comunidade é que a religiosidade é muito

presente entre eles, existem vários segmentos religiosos em um espaço geográfico bem

pequeno, foi encontrado igrejas: Batista, Católica, Assembleia de Deus, assim como

terreiro do Candomblé, mas disseram que já não é tão frequentado como nos tempos de

seus antepassados. O que mais predomina são as Igrejas Evangélicas, os padres e

pastores veem de Guarapuava fazer as celebrações lá, existe santo que são cultuados

pelos quilombolas, como é o caso da Nossa Senhora das Graças e de Nossa Senhora

Aparecida.

Durante a visita à comunidade, foi possível presenciar um culto que é de

origem quilombola, chamado de “recomenda das almas”, o ritual é feito durante a

quaresma, nas quartas e sextas feiras, depois que todos os moradores recolhem-se em

seus aposentos, este foi o relato feito por D. Raimunda: “Nas quartas e sextas- feiras da

quaresma, alguém começa chegando de casa em casa e bate a matraca, as pessoas da

casa ainda de porta fechada começam a cantar as orações, sendo 03 padre nosso e uma

oração da Salve Rainha, aí o dono da casa abre a porta, com a luz apagada e uma vela

acesa, terminam as orações, acende a luz, e faz mais, uma oração do pai nosso , depois

o dono da casa costuma sempre servir alguma coisa para comer e beber, depois segue

o cortejo para outras casas, e alguém daquela casa onde terminou a oração acompanha e

se seguem o ritual por diante, saindo juntos apaga a luz e o grupo bate a matraca, tem

que ser passos ímpares e a pessoa que puxa a oração chama-se capelão(ã), quando

chegam em uma casa e não tiver cruz na porta terão que fazer uma no chão”. O ritual só

ocorre depois de fazer um sinal da cruz na frente da casa onde será celebrado o ritual.

Após o término das celebrações, por todos os moradores, cada um segue para

suas próprias residências, retornando, nas próximas sextas ou quartas feiras, para

celebrar novamente o ritual até encerrar o período da quaresma. As pessoas moradoras

daquela comunidade acreditam que depois dos familiares acompanharem esses trabalhos

religiosos, os seus antepassados que já partiram desta vida, poderão descansar em paz,

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alcançando assim um a salvação após a morte. Acesse endereço abaixo:

http://www.youtube.com /watch?v=uH74E8x5N-M

http://www.youtube.com/watch?v=s-VXMqRBDyo&feature=related

Costumes da Comunidade Quilombola Invernada Paiol de Telha

Quanto aos usos e costumes daquele povo é sempre muito bom falar e vivenciá-

los, como é o caso do uso de muitas ervas para fazer remédio, temperos, com uma

culinária muito rica e variada, fazem virado de feijão com ovos fritos e torresmos, feijoada,

chouriço do pescoço de galinha, quirera de milho, polenta com frango, couve afogadinho

e isso tudo recheado com temperos variados produzidos por eles mesmos em suas hortas

caseiras, aliás, todas as casas possuíam pelo menos um pequeno espaço para que

pudessem cultivar hortaliças, usa bastante o milho verde nos bolos, pamonhas, curau

(doce e salgado) bolinhos de polvilho, como pode ser visto na foto 02.

Foto 02: Refeição servida aos visitantes, por uma das moradoras da Comunidade “Paiol de Telha”

17/03/2011.

Esta foto acima foi feita durante o delicioso almoço, oferecido por uma das

moradoras daquela comunidade, delicias feitas foram-nos servidas durante as refeições

com produtos colhidos das roças cultivadas pelas pessoas moradoras de lá.

Festas de São João, São Pedro e Santo Antônio, com bandeiras e tudo mais, são

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praticados por este povo que se divertem com jogos de baralhos, bailes, gincanas, o

sistema de energia é elétrica, e os mais novos cuidam dos idosos até a morte, nada de

levá-los para os asilos.

Observou-se que as moradias ali construídas possuem características que

imitam as colônias formadas pelos alemães que ficam nas proximidades do

assentamento, um núcleo de casas de pré-moldado de cimentos (foto 03) e de madeiras

umas próximas as outras.

Foto 03: Uma das casas da comunidade “Quilombola Paiol de Telha” Guarapuava -Pr

Ao entorno das casas o que se verifica é um cercado com a presença de gado, de

onde aquelas famílias tiram seu sustento, através do leite que é depositado em um

refrigerador comunitário, onde quem recebe é uma senhora branca conhecida como Dona

Zélia, depois de dois dias o caminhão pipa vem do lacticínio de Guarapuava recolhendo

aquele leite e levando-o para ser industrializado, é daí que tiram o sustento de suas

famílias.

As plantações e pastagens são feitas em um terreno que fica distante das

moradias, esse serviço é de responsabilidades das mulheres daquele assentamento, já

que os homens estão trabalhando em Guarapuava. Outra questão observada na

comunidade e denunciada pelos seus integrantes e que foram enviados para eles seis (6)

computadores sem internet, e que no inicio tinham dois alunos de uma das comunidades

vizinhas que recebiam bolsas para ensinar seus filhos a mexerem com os mesmos, mas

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que depois de certo tempo, por falta de manutenção, foram abandonados e até

saqueados por vândalos que passaram por lá, lembrando que este era um programa do

Governo Federal (Tele Centro).

Na comunidade existe uma única farmácia e um posto de saúde (foto 04), que não

há atendimentos odontológicos, quando precisam têm que ir até a cidade de Guarapuava.

Médicos, em 17 de Março de 2011, ainda não havia sequer um por lá naquele ano, os

partos são auxiliados pelas senhoras da Pastoral da Criança e encaminhada até a cidade,

as doenças mais comuns que acontecem lá, são entre os idosos, sendo o diabetes e

pressão alta.

Foto 04: Posto de saúde para a comunidade em 17/03/2011

A comunidade apresenta uma longevidade chegando a atingir até mais de 100

anos. O lugar não tem cemitério, e segundo relatos já houve casos de ter que levar seus

mortos para serem enterrados em suas antigas terras, já que lá tem cemitério de seus

antepassados.

Hoje existe morando na Comunidade Quilombola, em torno de 20 famílias, sendo

em média seis pessoas por família, suas crianças estudam em uma das comunidades

próximas com nome de Maria do Socorro, formada exclusivamente por Alemães, onde

existe um transporte escolar que leva e traz os alunos no final dos períodos, considerando

que a maioria dos adultos e idosos são analfabetos, e que as crianças sofrem

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discriminações, por morarem em uma comunidade de ex-escravos, a escola freqüentada

por eles é Municipal e não tem nenhum professor nativo Quilombola, considerando ainda

que nem todas crianças estão na escola, foto 05.

Foto 05: Uma das famílias moradoras da Comunidade “Paiol de Telha” 17/03/2011

Considerando as condições sociais da comunidade o que se observou através de

relatos, é que a mesma não possui água tratada, sendo esta retirada de poços perfurados

por eles mesmos através de bombas, jogada em uma caixa de PVC cada casa com a sua

caixa.

O deslocamento para cidades, onde fazem suas compras, o meio de locomoção, é

feito de ônibus que passa pela comunidade duas vezes por semana, quando precisam,

muitos deles usam animais para o deslocamento e alguns possuem carros, próprios, que

servem como meios de transportes, para chegar até a cidade de Guarapuava, onde

poderão realizar suas compras de mercados, farmácias e outros. Em um dos relatos, foi

dito, que existiu uma associação de moradores na Comunidade quilombola “Paiol de

Telha”, mas que era sem atuação nenhuma.

A comunidade é bem ativa, e boa parte do alimento para seu sustento são

produzidos lá mesmo, com o uso de ferramentas como: machado, facão, enxadas,

enxadão, foice e outros, bem como o uso de animais, como força de trabalho para arar

terras, e fazer o preparo do solo, e a renda das famílias não ultrapassam um salário

mínimo, os alimentos lá produzidos são: arroz, feijão, milho, gado, suínos, aves, ervas

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medicinais e frutas.

O cultivo das roças, são feitos pelos próprios membros da família em especial as

mulheres do assentamento, trocam dias de serviços, como faziam os seus antepassados

e não há trocas de alimentos entre a comunidade. O artesanato também é desenvolvido

na comunidade em um clube denominado “Clube das Mães”, fazem ali crochês, tricôs,

tapetes de retalhos ou tiras, uma que ensina passa esse saber para as outras, esse

encontro acontece uma ou duas vezes por mês.

Uma das reclamações feita pela comunidade é que não recebem orientação

nenhuma, por partes de órgãos do Governo, e sabem que esses técnicos recebem mais

por trabalharem em comunidades quilombolas.

2.4 Implementação na Escola

Considerando o projeto e sua aplicação na escola, este foi iniciado no dia 15 de

Agosto de 2011. A “implementação” do Projeto PDE aconteceu no Colégio Estadual José

Sarmento Filho Ensino Fundamental e Normal, nas turmas de 8ª séries “C” e “D” do

Ensino Fundamental. Aos alunos, o projeto foi apresentado destacando que este fazia

parte de um Projeto maior, que vinha sendo desenvolvido há um ano, neste primeiro

momento foi pedido aos alunos que respondessem a um questionário sobre costumes e

hábitos cotidianos, podendo recorrer à ajuda dos pais ou familiares.

O objetivo do questionário foi realizar um levantamento de objetos e costumes que

faziam parte de suas práticas cotidianas e de seus familiares. Ficou estabelecido que dois

dias depois os alunos entregariam o questionário em forma de texto. Com a entrega do

questionário, era vez de conversar e ler o que eles haviam descoberto através da

pesquisa, foi uma enorme surpresa, observando o tamanho da riqueza cultural em que

vivem, eles relataram seus mais diversos usos e costumes, crenças religiosas,

alimentação, dentre outros, muitos alunos declararam se sentir privilegiados em estar

participando deste projeto.

Na aula seguinte foi realizada a exposição sobre a pesquisa desenvolvida na

Comunidade quilombola “Paiol de Telha” em Guarapuava-Pr, através de fotos, relatos

sobre a entrevista na Comunidade, para que eles pudessem perceber que o estilo de

vida, costumes e hábitos dos Quilombolas pode ser parecido com a deles, foi apresentado

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ainda um vídeo, onde fala de um dos costumes da comunidade Invernada Paiol de Telha,

onde eles fazem a “Recomenda das Almas” durante o período da quaresma, os alunos

ficaram impressionados com o modo de vida daquela comunidade.

No desenrolar das atividades, uma das dificuldades encontradas para o

desenvolvimento do Projeto foi a partir da terceira atividade, onde se constatou que o

tempo que havia sido planejado para trabalhar com os alunos de 8ºs anos, “C” e “D”, era

pouco havendo a necessidade de modificar o cronograma já postado no material didático,

dobrando o tempo e aplicando em horas complementares em estudos à distância, (EaD).

O objetivo desta forma de trabalho é utilizar o tema que está sendo desenvolvido

em sala de aula, e encaminhar estas atividades para que o aluno possa resolver em casa.

Na aula seguinte, observou-se que os alunos, apresentaram dificuldades para resolver os

exercícios de interpretação, dessa forma, faço uma nova exposição, tirando dúvidas, e

gerando debates entre os alunos, depois peço que contextualizem, fazendo uma

produção de texto, do entendimento do conteúdo.

Na atividade em que se trabalhou com a árvore genealógica do aluno, foi

interessante, já que depois eles tiveram que fazer a localização dos Estados de origens

de seus familiares em uma figura do mapa do Brasil, foi uma experiência muito boa, pois

foi possível perceber nos relatos deles, que tiveram que descobrir origens de nomes que

foram colocados em homenagens aos seus avós e bisavós, e até de tataravós, sem falar

no enriquecimento histórico que isso proporcionou ao descobrirem suas origens

familiares.

Outras atividades foram desenvolvidas, contextualizando o conteúdo através da

leitura de textos sobre a situação da escravidão negra no Brasil. Foram desenvolvidas

atividades com gravura, na qual apresentava a imagem do porão de um dos navios

negreiros vindo para o Brasil, abordando a situação em que os africanos enfrentavam

durante suas viagens de navios, que perduravam por mais de 120 dias pelo Oceano

Atlântico. Logo em seguida foi trabalhado um vídeo com a música do Gabriel “O

Pensador”, a música, o “racismo é burrice” fazendo os alunos a refletirem sobre suas

atitudes perante a sociedade.

Considerando a atividade que fala da origem do povo paranaense, a metodologia

foi realizar uma mostra de fotos do homem branco, negro, indígena e outros. Utilizou

ainda o texto de Ana Maria Machado (1981), ela explica a origem do povo paranaense,

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colocados pelos indígenas com a explicação através de uma lenda, as lendas fazem parte

de nossas vidas, e com isso os alunos ficaram empolgados e colocaram outras lendas

conhecidas por eles, onde estas também contam origens do povo paranaense.

Ao tratar sobre a escravidão no Paraná, o que causou espanto aos alunos, que não

sabiam que no passado, havia escravos aqui no Estado do Paraná, que o trabalho

escravo entrou no Estado do Paraná, pelo litoral paranaense, em busca do ouro e foi

muito utilizado nas construções de estradas como, por exemplo, a “Estrada da Graciosa”

que liga o litoral à capital de Curitiba.

Apresentando o mapa do Estado do Paraná, onde aparecem as comunidades

Quilombolas reconhecidas no Estado, nesta temática os alunos puderam encontrar as

comunidades usando as coordenadas geográficas no mapa paranaense. Os alunos

apresentaram dificuldades no manuseio do mapa, mas ao final entenderam a atividade e

a desenvolveram.

Foi apresentado aos alunos palavras de pesquisas originárias da antropóloga

Mirian Hartung (2000, pg. 21-24) efetuadas na comunidade Quilombola de “João Sutil” em

Ponta Grossa/Pr, os alunos ficaram fascinados com os vocábulos descobertos pela

professora, e entenderam que os vocabulários fazem parte do dia a dia dos mesmos,

foram feitos outras pesquisas de palavras diferentes que estão presentes no dicionário

Aurélio, mas que tem a origem africana, nesta temática os alunos se sentiram mais a

vontade.

Ao mesmo tempo em que aplicava este projeto na Escola, desenvolvia-se o GTR-

Trabalho em Rede, onde o mesmo se dividiu em três temáticas, primeiramente a

inteiração com os cursistas foi sobre o Projeto, o objetivo era a leitura do Projeto, onde se

colocava as opiniões e interagindo e apresentando como fazer o resgate da identidade

sociocultural da Comunidade Quilombola “ Paiol de Telha” do Município de

Guarapuava/Pr e sua relação com a comunidade escolar do Colégio José Sarmento Filho

Ensino Fundamental e de Formação de Docentes e ao mesmo tempo trocar informações

com pelo menos dois colegas do grupo, de 14 professores. O resultado foi um sucesso

todos fizeram as tarefas propostas exceto um dos alunos cursista.

Durantes as interações o que se observou foi a necessidade e importância deste

grupo estar interagindo, pois os mesmos colocavam suas angústias ou experiências que

tinham em suas escolas ao trabalharem temáticas relacionadas à cultura afro-brasileira,

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deram e acataram opiniões formadas a partir das discussões em rede. Observou-se que

houve um interesse sobre o material didático colocado em discussão na rede outras

sugestões colocados pelos colegas cursistas foram acatadas e colocadas em práticas

durante a implementação deste projeto. Na temática três, discutiu-se o resultados, onde

todos colocaram suas opiniões e disseram que estavam trabalhando em suas escolas de

atuação algumas atividades propostas no material didático em discussão, observou-se

que neste momento os objetivos propostos para o estudo em rede, atingiu seu auge entre

os colegas, quando colocaram as experiências vividas com seus alunos.

Nesta temática três, trabalhada com os cursistas, a tarefa era de refletir e opinar

sobre as ações apresentadas, trazendo contribuições para o debate. Foi um momento

muito importantes para o desenvolvimento daquele projeto e para o PDE as contribuições

vieram de encontro com as ansiedades que passávamos no final da implementação do

Projeto.

Em relação aos alunos, foi interessante, já que estes perceberam que apesar de

não estarem vivendo em uma comunidade Quilombola, eles compartilhavam dos mesmos

costumes e atividades cotidianas, se orgulhando da riqueza desta cultura afrobrasileira.

3 Conclusão

O que se observou com a conclusão e aplicação do projeto de pesquisa foi uma

aceitação por parte dos alunos e da comunidade escolar, já que se trabalhou, com

direção, equipe pedagógica, trabalhadoras em educação naquela escola, o envolvimento

de todos os alunos, com a pesquisa de campo e mesmo dentro do espaço escolar, fez

com que todos tivessem um envolvimento neste projeto, abraçando a causa e se

identificando com a cultura afro-brasileira.

A conciliação entre aplicar projeto, e ao mesmo tempo ter que ministrar aulas às

mesmas turmas, isso fez com que os alunos tivessem certa dificuldade em realizar as

tarefas que estavam sendo propostas em sala de aulas e no mesmo tempo com o Projeto.

Fica aqui uma alerta, ou sugestão, se possível fazer a implementação mesmo antes de

voltar as ministrar as aulas no total de 75% da carga horária do efetivo autor (professor),

já que este curso do (Programa de Desenvolvimento Educacional) PDE tem como

objetivo, estar preparando o professor educador, a estar cada vez mais atualizado, para

uma educação de qualidade aos seus educandos.

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Após o levantamento histórico dos alunos (as) do Colégio Estadual José Sarmento

Filho Ensino Fundamental e Normal da cidade de Iretama-Pr, e fazer a comparação com

a cultura, principalmente os costumes daquela comunidade com a vida cotidiana dos

alunos, foi possível identificar, quantos pontos em comuns existem entre comunidade

escola do Colégio José Sarmento Iretama- Paraná possui, se comparado com a vida

vivida pela Comunidade Paiol de Telha Guarapuava-Pr.

Notou-se que depois de ter trabalhado o Projeto com as turmas de 8ºs anos “C” e

“D” , a identificação e aceitação em ser afrodescendente foi melhor, por partes dos nossos

educandos, muitos deram depoimentos, de cotidianos, que só descobriram ter origens

africanas depois de ter participados do Projeto em sala de aula, praticamente tiveram um

auto descobrimento de suas origens, passaram a ver a cultura afrobrasileira com mais

carinho, por fazer parte da sua própria cultura.

Considerando que o curso de GTR, foi importante, pode-se observar que o

engajamento dos Professores da Rede Pública do Estado do Paraná está buscando

conhecimentos sobre a formação de conceitos onde estão procurando saber sobre suas

próprias identidades em formação e transformação na interação/contraste com outro

grupo sociocultural que não o nosso. Somos sujeitos, que em momentos distintos

assumimos diferentes identidades.

Sem sombra de dúvidas, durante as interações de GRT, pode-se observar que a

cultura afrobrasileira é um dos assuntos que os educandos ainda estão começando a

engatinhar o conhecimento, o desconhecido é muito difícil, mas os paradigmas devem ser

superados, é pra isso que estamos lendo, estudando, em busca de um novo saber pra

trabalhar e tentar concertar um grande erro do passado histórico brasileiro.

As discussões foram boas, no sentido de acrescentar, conhecimentos e se ter um

olhar diferente e mais compreensivo, e ao mesmo tempo cuidados, com as pequenas

brincadeiras, e olhares que esconde o preconceito, mas de certa maneira, houve uma

soma de conhecimentos, estimulando os educadores a fazer novas leituras sobre a

cultura afrobrasileira, e exigir mais conhecimento e segurança ao trabalharmos com

temas propostos nas DCES- Diretrizes Curriculares Educação Básica.

REFERÊNCIAS

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