resfriamento do disco de freio ventilado de veÍculo de

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI RODRIGO MARCELO DE OLIVEIRA RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE PASSEIO EM FUNÇÃO DA AERODINÂMICA ENVOLVIDA São Bernardo do Campo 2017

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Page 1: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI

RODRIGO MARCELO DE OLIVEIRA

RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE PASSEIO

EM FUNÇÃO DA AERODINÂMICA ENVOLVIDA

São Bernardo do Campo

2017

Page 2: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

RODRIGO MARCELO DE OLIVEIRA

RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE PASSEIO

EM FUNÇÃO DA AERODINÂMICA ENVOLVIDA

Monografia apresentado ao Centro

Universitário FEI, como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de

Especialista em Mecânica Automobilística.

Orientado pelo Prof. M.Sc. Márcio José Ciolfi.

São Bernardo do Campo

2017

Page 3: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE
Page 4: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

Rodrigo Marcelo de Oliveira

RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE PASSEIO

EM FUNÇÃO DA AERODINÂMICA ENVOLVIDA

Monografia apresentado ao Centro

Universitário FEI, como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de

Especialista em Mecânica Automobilística.

Orientado pelo Prof. M.Sc. Márcio José Ciolfi.

Comissão julgadora

________________________________________

Orientador e presidente

_______________________________________

Examinador (1)

_______________________________________

Examinador (2)

SÃO BERNARDO DO CAMPO

Data de aprovação

Page 5: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

A minha esposa Andressa, meus pais, meus

irmãos, e a toda minha família que, com muito

carinho e apoio, não mediram esforços para que

eu chegasse até esta etapa de minha vida.

Page 6: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pela vida, sabedoria e força para enfrentar os desafios

deste mundo.

Muito obrigado ao corpo docente do Curso de Especialização em Mecânica

Automobilística, principalmente ao Professor M.Sc. Márcio José Ciolfi, por compartilhar seu

conhecimento e sua experiência profissional comigo no decorrer deste curso.

Agradeço também a secretaria do IECAT, em especial à pessoa da Sra. Rosemeire

Ramos, por todo profissionalismo e paciência na solução dos desafios burocráticos dos

semestres.

Page 7: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

“A verdadeira motivação vem de realização,

desenvolvimento pessoal, satisfação no

trabalho e reconhecimento”.

Frederick Herzberg

Page 8: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

RESUMO

O objetivo deste trabalho é realizar a análise do comportamento aerodinâmico do freio

dianteiro utilizado em veículos de passeio e composto por disco ventilado. Utilizando uma

abordagem teórica, através de simulações realizadas em vários trabalhos e considerando como

consequência, a transferência de calor por convecção. Presume-se, ao estudar estes temas,

melhorar as características de dimensionamento dos componentes de freio, alcançar maior

eficiência quanto ao rendimento térmico e economia de energia envolvida na frenagem, usando

corretamente os componentes envolvidos, redução de custo para novos projetos, usando

componentes e materiais adequados, com massa, e geometria coerentes, e mostrar a necessidade

de adaptação dos componentes frontais do veículo com objetivo de maximizar o escoamento

de ar para componentes frontais de freio.

Palavras-chave: Freios. Aerodinâmica veicular. Comportamento Térmico. Escoamento de ar

em sistemas de freio dianteiro. Resfriamento de freios por convecção.

Page 9: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

ABSTRACT

The objective of this study is perform the analysis of the aerodynamic behavior at the

front brake disk used in passenger vehicles and composed of ventilated disc. Using a theoretical

approach and through simulations performed in several works, considering the consequence of

heat transfer by convection. It is presumably, when studying these topics, to improve the design

characteristics of the brake components, achieve greater efficiency in terms of thermal

efficiency and energy savings involved in the braking process, correctly use of the components

involved, cost reduction for new projects, using components and adequate materials with

coherent mass and geometry, and show the need for adaptation of the front components of the

vehicle in order to maximize air flow to front brake components.

Keywords: Brakes. Vehicle aerodynamics. Thermal behavior. Air flow in front brake systems.

Convection brake disc cooling.

Page 10: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Evolução das formas aerodinâmicas em veículos de passeio .................................. 15

Figura 2 - Tubo de Venturi clássico ......................................................................................... 16

Figura 3 - Exemplos de escoamento anexado e separado ........................................................ 18

Figura 4 - Exemplos de escoamento laminar e turbulento ....................................................... 19

Figura 5 - Regiões de atrito e faixa de transição - veículo de passeio ..................................... 20

Figura 6 - Gráfico de relação entre escoamento laminar e turbulento...................................... 20

Figura 7 - Simulação Tridimensional, transição de escoamento .............................................. 22

Figura 8 - Transição e separação do escoamento, corpo cilíndrico .......................................... 23

Figura 9 - Diferença entre escoamento laminar e turbulento, corpo esférico ........................... 24

Figura 10 - Pontos de concentração de pressão aerodinâmica na caixa de roda dianteira ....... 25

Figura 11 - Escoamento na parte frontal inferior, veículo de passeio ...................................... 27

Figura 12 - Detalhe do escoamento na parte inferior de um veículo ........................................ 27

Figura 13 - Dutos para melhoria do resfriamento de freios, Mustang ...................................... 28

Figura 14 - Perfil do pneu e resultantes de escoamento ........................................................... 30

Figura 15 - Escoamento resultante dos vórtices aerodinâmicos da roda dianteira ................... 31

Figura 16 - Comportamento da roda em túnel de vento (parada e em movimento) ................. 32

Figura 17 - Gráfico de pressão aerodinâmica atuante sobre roda e pneu ................................. 32

Figura 18 - Áreas de pressão aerodinâmica, roda em movimento (0º e 20º) ............................ 33

Figura 19 - Esboço da Pressão aerodinâmica na caixa de roda ................................................ 34

Figura 20 -Comportamento do escoamento turbulento ao redor da caixa de roda ................... 35

Figura 21 - Resultantes de escoamento em função do aumento do diâmetro da roda .............. 36

Figura 22 - Resultantes de escoamento em função do aumento da largura da roda ................. 37

Figura 23 - Gráfico da pressão em função do quadrante da roda ............................................. 38

Figura 24 - Formação dos vórtices na região traseira da roda e pneu ...................................... 39

Figura 25 - Teste de freio, verificação do Fade, Bugatti Veyron ............................................. 41

Figura 26 - Fissuras térmicas em função do superaquecimento do disco ................................ 42

Figura 27 - Gráfico de transferência térmica no disco de freio em teste de frenagem AMS ... 44

Figura 28 - Balanço de energia em disco de freio em corte ..................................................... 46

Figura 29 - Coeficiente de transferência térmica através da convecção por superfície ........... 46

Figura 30 - Coeficientes de convecção no disco de freio em três regiões distintas ................. 48

Figura 31 - Linhas internas de escoamento entre as aletas do disco de freio ventilado ........... 49

Figura 32 - Condição de montagem, escoamento de ar em disco de freio ventilado ............... 50

Page 11: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

Figura 33 - Características do escoamento de ar na periferia do disco de freio ....................... 51

Figura 34 - Diagrama de entrada e saída no ar, 1/4 de disco de freio ventilado ...................... 52

Figura 35 - Campo de velocidade de partículas e campo de energia cinética entre as aletas de

um disco de freio a 684 RPM, sentido horário ......................................................................... 53

Page 12: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CFD Computational Fluid Dynamics

SAE Society of Automotive Engineers

LES Large Edge Simulation Model

BMW Bayerische Motoren Werke

AMS Revista Auto Motor und Sport

ISO International Organization for Standardization

Page 13: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

LISTA DE SÍMBOLOS

a área do corpo

𝑣 velocidade

𝑝 pressão

g gravidade

h altura

Re número de Reynolds

Vρ forças de inércia

D diâmetro

𝐶𝑝 coeficiente de pressão

𝑘 − 𝜀 modelo de turbulência

𝑘 − 𝜔 modelo de turbulência

𝐶𝐴 distribuição de pressão num determinado corpo (Coeficiente de arrasto)

Cx coeficiente de penetração aerodinâmica

Cp coeficiente de pressão

Q fluxo de calor

hc coeficiente de transferência de calor por convecção

Page 14: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13

1.1 OBJETIVO DO TRABALHO............................................................................................ 13

1.1.1 Organização ................................................................................................................... 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE AERODINÂMICA VEICULAR .................... 15

2.1 NÚMERO DE REYNOLDS E ATRITO VISCOSO ......................................................... 17

2.1.1 Modelamento da turbulência em corpos cilíndricos .................................................. 21

2.1.1.1 Arrasto de atrito e arrasto de pressão ......................................................................... 22

3. ESCOAMENTO DE AR NA PARTE FRONTAL DO VEÍCULO ............................... 25

3.1 ESCOAMENTO NA PARTE INFERIOR DO VEÍCULO ................................................ 26

4. AERODINÂMICA NA RODA E CAIXA DE RODA DO VEÍCULO .......................... 29

4.1 TEORIA DA RODA ISOLADA E ANÁLISE DO ESCOAMENTO ............................... 29

4.1.1 Caixa de roda ................................................................................................................. 34

5. DISCO DE FREIO VENTILADO E ESTUDOS TÉRMICOS ENVOLVIDOS .......... 40

5.1 DISCO DE FREIO VENTILADO - ASPECTOS. ............................................................. 40

5.1.1 A importância dos estudos térmicos no sistema de freios a disco ventilado ............ 43

5.1.1.1 Estudo térmico prático – Revista Auto Motor und Sport ........................................... 44

5.1.1.1.1 Fluxo de convecção envolvido no processo de frenagem.......................................... 45

6 COMPORTAMENTO AERODINÂMICO NO DISCO DE FREIO VENTILADO .... 49

6.1 CARACTERÍSTICAS DO ESCOAMENTO DO AR NO DISCO DE FREIO ................. 50

7 CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROS .................................................................... 54

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 55

ANEXO A – TABELA DE PERFIS AERODINÂMICOS .............................................. 58

ANEXO B – ISO 945-1:2010-09 FOTOMICROGRAFIA DE ESTRUTURA ............... 60

Page 15: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

13

1 INTRODUÇÃO

Os sistemas de freio são extremamente importantes para a segurança do veículo e de

seus ocupantes. Todo o sistema trabalha simultaneamente e tem a função de reduzir a

velocidade do veículo, e mantê-lo parado quando estiver estacionado. Para garantir um processo

de frenagem segura é necessário que os componentes do sistema atuem de maneira eficiente.

Após uso intenso, os freios podem sofrer com grandes esforços e temperaturas, ocasionando

desgaste precoce dos componentes. Com estes fatores, mais distribuição de massa no veículo e

a condição dinâmica a que este é submetido durante uma frenagem, transformam o freio

dianteiro no principal componente responsável pela dissipação da maior quantidade de energia,

convertendo a energia cinética do veículo e dos seus componentes em energia térmica. As

primeiras aplicações reais surgiram nos carros compactos da Crosley Corporation, no ano de

1948. Veículos europeus (ingleses e franceses), começaram a ser produzidos com discos de

freio dianteiros em escala industrial nos anos de 1950, e, americanos, nos anos 1960, LIMPERT

(1999 p.32). Unido aos freios, estão os estudos da aerodinâmica veicular, e, podemos afirmar

categoricamente que os dois, além de não nasceram juntos, demoraram a se unir. Nos veículos

de hoje, a aerodinâmica tem papel muito importante. Ela está diretamente ligada às

características construtivas de um automóvel, tal como a velocidade final, eficiência da

refrigeração e consumo de combustível do mesmo. Sabemos também que a forma do corpo

imerso influencia no escoamento do ar. Corpos mais aerodinâmicos (carros de corrida, por

exemplo), provocam menores efeitos no escoamento se comparamos com outro mal aparados

ou formados (como por exemplo uma edificação). Como o objetivo principal deste trabalho é

estudar os efeitos aerodinâmicos da disco de freio e roda para com a refrigeração e dissipação

térmica, juntamos os estudos realizados por CFD (Computational Fluid Dynamics) realizados

na medição e simulação de comportamento do fluxo térmico, aliados aos resultados da

simulação de análise aerodinâmica da caixa de roda. Visto que o CFD é uma ferramenta muito

útil e que fornece uma imagem completa do campo de escoamento dinâmico do tema em

questão.

1.1 OBJETIVO DO TRABALHO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a aerodinâmica do freio dianteiro de um

veículo de passeio equipado com disco ventilado e, por consequência, seu comportamento

térmico. Utilizando uma abordagem teórica e através de simulações previamente realizadas em

Page 16: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

14

vários trabalhos, considerando, por consequência, a transferência de calor por convecção e a

maximização do escoamento de ar para componentes frontais de freio. Tais interações

acontecem no processo de frenagem de um veículo com disco ventilado, e, seria complicado

falar dos aspectos aerodinâmicos e térmicos de um veículo sem relacioná-los com os devidos

sistemas envolvidos.

1.1.1 Organização

A apresentação do trabalho está estruturada conforme descrito a seguir. O capítulo 02

apresenta a revisão bibliográfica da literatura sobre aerodinâmica para veículos de passeio, e

visa mostrar vantagens e limitações das abordagens possíveis para o estudo aerodinâmico de

discos de freio ventilados. O capítulo 03 apresenta os estudos realizados sobre escoamento na

parte frontal do veículo e seu caminho até a caixa de roda. O capítulo 04 apresenta os efeitos

aerodinâmicos com relação roda e caixa de roda e os estudos realizados. No capítulo 05

apresentamos os freios e seus estudos térmicos que validam o escoamento e a convecção como

fatores importantes e os resultados de simulação computacional quanto ao comportamento do

escoamento envolvido. O capítulo 06 apresenta o comportamento aerodinâmico no disco de

freio ventilado e o capítulo 07 traz as conclusões obtidas através do presente estudo e sugestão

para trabalhos futuros.

Page 17: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE AERODINÂMICA VEICULAR

Tudo que se move, sofre uma força de resistência, sempre em sentido contrário ao

movimento do mesmo. Esta força recebe o nome de força de arrasto, e tem relação

importantíssima com o desempenho do automóvel. Sempre um corpo com formato

aerodinâmico, vencerá a resistência com menor dificuldade.

Citamos como exemplo altamente aerodinâmicos os aviões (que pelo princípio da

sustentação, levantam voo) e os veículos de corrida (que precisam atingir altas velocidades e

possuírem estabilidade e controle). Mais informações sobre perfis aerodinâmicos podem ser

consultadas no Anexo A desta monografia.

Na figura 1 podemos conferir como os estudos aerodinâmicos evoluíram em função da

automobilística, e, as diversas tentativas de reduzir o arrasto em função da forma aerodinâmica

ideal.

Figura 1 - Evolução das formas aerodinâmicas em veículos de passeio

Fonte: Hucho, 1998

Page 18: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

16

Ao se movimentar, o veículo provoca uma perturbação do escoamento de ar. Em

resposta, vem a ação contrária da força de arrasto (que aparece em diferença de pressão e efeito

na viscosidade do escoamento). Devemos conhecer bem os fatores de maior influência e obter

entre eles o resultado adequado para a aplicação. Design também é um fator complicado, pois

muitas vezes uma solução aerodinâmica eficiente não é agradável aos olhos do consumidor.

Logo, por questões comerciais, pode não ser adotada. E também temos o fator “preço final” do

produto, e, sendo assim, uma solução aerodinâmica atraente pode não ser viável com relação

ao custo envolvido no projeto.

Tratando-se a aerodinâmica ser o estudo do movimento dos fluidos gasosos, relativo as

características e suas propriedades, e, como lemos anteriormente, o tema ganhou notoriedade

como ciência específica após o estudo aplicado à aeronaves e embarcações, os automóveis

passaram a utilizá-la na busca incessante de tentar se locomover tendo o menor atrito possível

com o ar atmosférico. Pois nestas condições, andariam mais rápido e consumiriam menor

quantidade de combustível, atingindo melhores níveis de rendimento. Este estudo, provocou

um grande salto no mundo da aerodinâmica. No início, estava intimamente ligada à

hidrodinâmica, pois apresentavam os problemas com grau relativo de similaridade (os tanques

de água para teste hidrodinâmico surgiram antes da concepção do primeiro túnel de vento).

Para estudo, a melhor maneira de entender o estudo dos efeitos do escoamento e a

pressão aerodinâmica resultante é o estudo do escoamento em tubo fechado, denominado tubo

de Venturi.

Figura 2 - Tubo de Venturi clássico

Fonte: Ribas, 2008

Page 19: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

17

Na figura 2, ao analisar o corpo do lado esquerdo, vemos que o escoamento possui uma

velocidade 𝑣1 e uma pressão 𝑝1. Quando o ar se aproxima da restrição mecânica que o tubo

possui, algumas mudanças ocorrerão no escoamento, uma vez que o escoamento da massa de

ar em qualquer posição do tubo deve permanecer constante, sendo que a redução de área na

seção transversal implica em aumento da velocidade do fluido, e consequentemente, aumento

da pressão dinâmica com redução proporcional da pressão estática. Portanto, no corpo do

central do tubo, vemos que o escoamento possui uma velocidade 𝑣2 > 𝑣1 e pressão 𝑝2 > 𝑝1.

Agora, analisando o corpo do lado direito do tubo, o escoamento novamente volta a

possuir velocidade 𝑣3 = 𝑣1 e uma pressão estática 𝑝3 = 𝑝1. Analisando a equação do tubo de

Venturi, chegaremos ao resultado esperado.

𝑣1 = √2𝑔ℎ

(𝐴1𝐴2)2 − 1

(1)

2.1 NÚMERO DE REYNOLDS E ATRITO VISCOSO

O número de Reynolds (abreviado como Re) é um número adimensional usado em

mecânica dos fluídos para o cálculo do regime de escoamento de determinado fluido sobre uma

superfície. É utilizado, por exemplo, em projetos de tubulações industriais e asas de aviões. O

seu nome vem de Osborne Reynolds, um físico e engenheiro irlandês. O seu significado físico

é um quociente entre as forças de inércia (vρ) e as forças de viscosidade (µ/ c). (RAMOS, 2012,

p.18).

O seu significado físico é um quociente entre as forças de inércia e as forças de

viscosidade. Conforme descrito por Rodrigues (2014).

Este número é importante pois ele avalia a estabilidade do escoamento, podendo obter

uma indicação se o escoamento ocorre de forma laminar ou turbulenta. O número de Reynolds

é a base do comportamento em sistemas de real aplicação.

𝑅𝑒 =𝑝 ∙ 𝑣 ∙ 𝐷

𝜇

(2)

Onde, através dos resultados, obtemos os valores de escoamento e sua classe:

Page 20: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

18

Re < 2000 – Escoamento Laminar

2000 < Re < 2400 – Escoamento de Transição

Re > 2400 – Escoamento Turbulento

Com estes resultados, conseguimos avaliar a estabilidade do escoamento, obtemos a

indicação sobre a forma (laminar, transição ou turbulento). O número de Reynolds é a base do

comportamento para sistemas reais. Um exemplo disso é a utilização de túneis aerodinâmicos,

para desenvolvimento de formas automobilísticas ou de aeronaves.

A determinação do número de Reynolds representa um fator muito importante para a

escolha e análise adequada das características aerodinâmicas de um perfil

aerodinâmico, pois a eficiência de um perfil em gerar sustentação e arrasto está

intimamente relacionada ao número de Reynolds obtido. Geralmente no estudo do

escoamento sobre asas de aviões o escoamento se torna turbulento para números de

Reynolds da ordem de 1x10 7, sendo que abaixo desse valor geralmente o escoamento

é laminar. (RODRIGUES, 2014, p. 12).

Analisando os resultados obtidos pelo túnel de vento, a engenharia de desenvolvimento

consegue analisar o escoamento do fluido ao longo do corpo do projeto, visualizando

características relevantes para o estudo aerodinâmico do automóvel, como demonstrado na

figura 3. Quando visualizamos o escoamento entre a silhueta do corpo, percebemos que ele é

anexado quando o caminho que ele percorre toma uma linha praticamente igual à sua superfície.

Caso isto não ocorra, e, o escoamento não siga a forma do objeto percorrido, chamamos ele de

escoamento separado.

Figura 3 - Exemplos de escoamento anexado e separado

Fonte: Katz, 1995

Page 21: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

19

Continuando a análise, na figura 4 visualizamos as características do escoamento, que

podem ser classificados como escoamento laminar ou turbulento. Se as linhas são paralelas, e

se mantém organizadas pelo vetor da velocidade do escoamento, podemos classifica-lo como

laminar. Agora, quando as linhas apresentam desorganização, movimentos não lineares

(alternativos) e alteração em relação à velocidade, podemos classificá-lo como turbulento.

Figura 4 - Exemplos de escoamento laminar e turbulento

Fonte: Katz, 1995

Com as variáveis detectadas, devemos detalhar o comportamento do escoamento dentro

da camada limite da superfície e entender como estes fatores combinados influenciam no

desempenho aerodinâmico (seja do veículo como um todo ou em partes específicas).

Conforme descrito por Katz, (1995) um veículo de passeio trafegando a velocidade de

100 Km/h em uma pista, possui um valor de número de Reynolds próximo de 107. Desta forma,

verificamos que o escoamento assume característica tanto laminar quanto turbulenta.

Percebemos que no início, a camada começa com comportamento laminar, próximo a região

frontal do veículo. Mas quando se aproxima da traseira, o comportamento muda e torna-se

turbulento, por isso citamos a importância da parte intermediária deste processo conhecida

como região de transição (onde ocorre a mudança das características). Percebe-se também

através dos ensaios que, a espessura desta camada passa a ser maior na traseira, gerando maiores

perdas de movimento, e, consequentemente, maior atrito viscoso.

Page 22: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

20

Figura 5 - Regiões de atrito e faixa de transição - veículo de passeio

Fonte: Katz, 1995

Em termos de velocidade, nota-se que a medida em que ela aumenta, a espessura da

camada do escoamento diminui. Isso acontece devido a maior quantidade de movimento que

acontece no escoamento quando comparada a perda de quantidade de movimento em função da

viscosidade do fluido. Podemos dizer então que existe uma relação de, quanto maior a

velocidade, maior será o atrito viscoso.

Analisando o gráfico da figura 6, que é utilizado para comparar o atrito viscoso em

função do número de Reynolds, podemos encontrar duas curvas diferentes (uma para

comportamento laminar e outra para comportamento turbulento). Podemos verificar que as duas

apresentam mesma faixa de valor para o número de Reynolds na região de transição.

Figura 6 - Gráfico de relação entre escoamento laminar e turbulento

Fonte: Katz, 1995

Page 23: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

21

Analisando a figura 6, verificamos que:

a) a espessura da camada limite é maior para escoamento turbulento do que um

escoamento laminar;

b) o coeficiente de atrito viscoso é menor para escoamento laminar à medida que o

número de Reynolds aumenta;

c) o coeficiente de atrito viscoso é maior para escoamento turbulento do que para

escoamento laminar;

d) pode acontecer também a separação do escoamento, em função da transferência de

quantidade de movimento na direção perpendicular ao escoamento. Isso pode ser

útil no projeto aerodinâmico. Podemos forçar o acontecimento da turbulência pois

ela é preferível ao invés da separação do escoamento (em alguns casos).

2.1.1 Modelamento da turbulência em corpos cilíndricos

Conforme descrito por Ribas (2010), as regiões de turbulência em um automóvel são

caracterizadas pela grande flutuação de velocidade e variáveis, como movimento e energia

envolvidas. Isto torna o cálculo de modelagem de turbulência extremamente trabalhoso.

Utilizam-se as equações de Navier-Stokes para desvendar todo o escoamento, mesmo em

pequenos turbilhões. O primeiro passo é a determinação do coeficiente de pressão, uma medida

adimensional ligada diretamente a pressão. Torna-se independente da velocidade e é dividido

pela pressão dinâmica:

𝐶𝑝 =𝑝 − 𝑝∞

(12) 𝑝𝑉∞

2

(3)

É possível derivar o coeficiente de pressão, usando a equação abaixo:

𝑝 − 𝑝∞ =1

2𝑝 (𝑉∞

2 − 𝑉2) (4)

Alterando o numerador com esta expressão, obtemos a forma mais simplificada do coeficiente

de pressão:

Page 24: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

22

𝐶𝑝 = 1 −𝑉2

𝑉∞2

(5)

Figura 7 - Simulação Tridimensional, transição de escoamento

Fonte: Katz, 1995

Para a solução dos problemas foram criados modelos de turbulência, que são

formulações matemáticas simplificadas que procuram descrever os fenômenos envolvidos no

escoamento turbulento. O software Fluent®, possui algumas opções de modelos de turbulência,

dentre os conhecidos estão: 𝑘 − 𝜀, 𝑘 − 𝜔, 𝑘 − 𝜔 SST e LES. O método mais usual utilizado é

𝑘 − 𝜔 SST. O modelo Large Eddy Simulation Model (LES) consegue simular de forma

transiente o comportamento dos grandes vórtices, porém, originando um custo computacional

aparentemente grande.

2.1.1.1 Arrasto de atrito e arrasto de pressão

No caso dos corpos cilíndricos circulares, existem também os fenômenos de arrasto de

atrito e arrastos de pressão. Eles são importantes para avaliar a distribuição de pressões ao longo

do corpo determinado. O veículo em movimento apresenta alta pressão na região dianteira e

baixa pressão na região traseira. Esta diferença contribui para o chamado arrasto de pressão,

Page 25: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

23

que pode ser calculado com a distribuição de pressão ao longo do corpo. Acrescenta-se também

o efeito da tensão cisalhante, que frequentemente é menor que o de pressão:

𝐶𝐴 = 𝐶𝐴,𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠 + 𝐶𝐴,𝑎𝑡𝑟 (6)

Os resultados dependem também do formato do corpo, especialmente da sua

espessura. Neste trabalho, trataremos dos estudos que focam os corpos cilíndricos, em função

do estudo do disco de freio ventilado, roda e seus comportamentos dinâmicos. A figura 8 mostra

o efeito do escoamento e seu ponto de separação em função da esteira, nos itens a e b. O gráfico

c nos mostra a distribuição de pressões teóricas não viscosas (linhas tracejadas do gráfico).

Figura 8 - Transição e separação do escoamento, corpo cilíndrico

Fonte: White, 1999

Page 26: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

24

Analisando a figura 8, no detalhe a vemos que o escoamento laminar é vulnerável ao

gradiente de pressão na traseira do corpo cilíndrico, e a separação ocorre em 𝜃 = 82°. Ampla

esteira e pressão baixa na região de separação causam grande arrasto, 𝐶𝐴 = 1,2.

Já na camada limite do detalhe b, a separação ocorre mais a frente, em 𝜃 = 120°, o que

ocasiona uma esteira resultante mais estreita, o que explica a queda abrupta do arrasto na faixa

de transição.

O gráfico incluído no detalhe c da figura mostra as distribuições teóricas e reais sobre a

superfície do cilindro em questão.

No campo de estudo prático, a figura 9 mostra o escoamento laminar e turbulento e suas

diferenças angulares (cerca de 40% de diferença, aproximadamente, pela análise visual), com

os mesmos números de Reynolds e a camada limite igual, possuindo uma rugosidade especial

de um ponto de areia no nariz da esfera arremessada.

Figura 9 - Diferença entre escoamento laminar e turbulento, corpo esférico

Fonte: White, 1999

Page 27: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

25

3. ESCOAMENTO DE AR NA PARTE FRONTAL DO VEÍCULO

Para realização deste trabalho, tomaremos como base os estudos aerodinâmicos para

veículo de passeio já existentes. Diversos autores trabalham no intuito de reduzir a turbulência

em regiões indesejadas do veículo de passeio. Muitos trabalham com a redução da área frontal

e dos componentes agregados dos veículos como para-choque, retrovisores, capô etc.

Conforme descrevemos no capítulo 02 deste trabalho, quando o veículo se movimenta,

ele tem de passar por uma “parede” de ar atmosférico que está em sua frente. Durante o

deslocamento, o escoamento de ar passa pelo veículo com a mesma velocidade e contrária,

criando, a camada limite ao redor do corpo. Também podemos afirmar que este escoamento

acontece de modo laminar até o ponto de transição e, após isso, pode ser considerado turbulento,

já que se nota o aumento da espessura da camada limite.

Sabemos que este ponto de transição é influenciado em função da equação do número

de Reynolds, e definimos também que ele é diretamente proporcional ao espaço percorrido pelo

escoamento e a rugosidade da superfície em questão. Quanto maior o número de Reynolds e

mais velocidade, mais rápida será a transição para o regime turbulento.

Figura 10 - Pontos de concentração de pressão aerodinâmica na caixa de roda dianteira

Fonte: Ribas, 2008

Ao analisar a figura 10 vemos os pontos de concentração de pressão na parte frontal do

veículo, e, verificamos outro importante fator que devemos considerar para uma medição

Page 28: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

26

eficiente nos cálculos, que é o coeficiente de arrasto, que definimos no capítulo 2. Neste caso,

devemos denominar o coeficiente de arrasto como coeficiente de penetração aerodinâmica, Cx.

Considera-se um bom formato aerodinâmico, num veículo, aquele que apresenta resultados de

coeficiente de penetração aerodinâmica próximo de 0,30. Encontramos muitas vezes este

resultado para veículos sedã. (Tabela de perfis aerodinâmicos anexa ao final deste trabalho).

3.1 ESCOAMENTO NA PARTE INFERIOR DO VEÍCULO

Em face dos pontos estudados e dos autores pesquisados, podemos dizer que os

escoamentos que atuam em torno da superfície de um veículo são bastante conhecidos, pelo

menos qualitativamente conforme descrito por Hucho (1998).

Mas ao mesmo tempo vemos que o escoamento underbody, até recentemente, foi

considerado apenas de maneira superficial. Hucho define que:

O escoamento era visto como predominantemente bidimensional ao longo de uma

placa plana muito áspera (a parte inferior do carro) ou como um fluxo em um canal

estreito com uma parede áspera e a outra (a estrada) uma parede lisa que se move em

relação a ela. Conseqüentemente, duas medidas foram tomadas para reduzir o arrasto:

uma parte inferior lisa para baixo atrito da parede e um difusor na parte traseira para

recuperação de pressão[...] (HUCHO, 1998, p.142).

Ao observar o escoamento que ocorre na parte inferior de um veículo, revelaram-se as

características tridimensionais deste campo. Pois, o escoamento espalha-se no sentido interno

para a parte externa da carroceria do veículo, em ambos os lados à medida que avança pelo

carro com velocidade compatível ao movimento executado. A movimentação externa também

é melhorada em função do escoamento do oriundo do resfriamento realizado pelo radiador do

veículo, que, no movimento, junta-se ao escoamento que acontece simultaneamente em função

do perfil aerodinâmico definido pela parte dianteira do veículo. Consequentemente, o

escoamento permanece abaixo do ângulo de ataque do automóvel em relação as rodas,

conforme a figura 11.

Page 29: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

27

Figura 11 - Escoamento na parte frontal inferior, veículo de passeio

Fonte: Katz, 1995

Analisando a figura 12, para avaliar o início do escoamento que acontece em torno e

dentro das rodas, podemos concluir que também possuem caráter totalmente tridimensional,

pois, notamos vários vórtices que são lançados no campo de escoamento. Existem medidas para

orientar este escoamento e reduzir o arrasto aerodinâmico. Sabemos que as rodas são

importantes neste processo e, contribuem com mais de 30% do arrasto aerodinâmico que o

veículo sofre.

Figura 12 - Detalhe do escoamento na parte inferior de um veículo

Fonte: Hucho, 1998

Page 30: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

28

Do ponto de vista experimental, é muito importante realizar medições de escoamento

em túneis de vento equipados corretamente. A finalidade de simular o comportamento dinâmico

das rodas e o seu movimento relativo, pelo método CFD apresenta grande capacidade de

gerenciar geometrias complexas e obter uma imagem correta do campo de escoamento do

estudo em questão, aparecendo como ferramenta atraente para estudar aerodinâmica dos corpos,

em especial durante os estágios de desenvolvimento do produto.

Conforme descrito por Gillespie (1992) existe um valor médio de arrasto aerodinâmico

para cada uma das principais partes de um veículo. Com base na informação que o aumento do

coeficiente do arrasto aerodinâmico indica também o aumento da obstrução na passagem de ar,

podemos concluir que a região da caixa de roda possui uma grande influência na aerodinâmica

do veículo. Assim, um estudo térmico de um disco de freio que desconsidere o escoamento de

ar originado pelo arrasto aerodinâmico pode simular um escoamento ou transferência de calor

diferente do que os valores obtidos na condição experimental.

Este escoamento de ar favorece o resfriamento do sistema de freio. Em veículos com

alta potência, por exemplo, são utilizadas construções especiais como canais de ar na parte

inferior do veículo que melhoram a vazão do ar, direcionado o escoamento para o disco de freio

visando um melhor comportamento térmico, conforme mostrado na figura 13.

Figura 13 - Dutos para melhoria do resfriamento de freios, Mustang

Fonte: Mustangsdaily, 2017

Page 31: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

29

4. AERODINÂMICA NA RODA E CAIXA DE RODA DO VEÍCULO

Podemos dizer que as rodas não são simples objetos ou acessórios atrelados ao veículo.

Elas se movimentam girando de modo a movimentar o veículo e geram vórtices de escoamento

dentro e fora da caixa de roda. Juntamos a isso o escoamento que acontece desde o ângulo de

ataque do para-choque do veículo, somado ao escoamento que acontece no sistema de

arrefecimento, e junta-se à turbulência que a disco ocasiona em função do movimento

concêntrico ao conjunto.

4.1 TEORIA DA RODA ISOLADA E ANÁLISE DO ESCOAMENTO

O estudo da roda isolada é a condição teórica para início dos estudos aerodinâmicos de

um projeto. Possui característica relevante na modelagem de rodas no túnel de vento, atrelado

ao uso de pneus não deformáveis. Pela carga aplicada no teste e pela forma que se dá a aplicação

desta, nota-se que as forças diminuem drasticamente a vida útil do sistema de fixação do

automóvel no túnel, podendo causar perda do teste real e, e em casos mais graves, um acidente

no desenvolvimento. Para nosso objeto de estudo, no entanto, pode ser considerado. Inclusive

Fackrell (1974) descreve que o escoamento que circunda a roda é extremamente sensível ao

perfil do pneu, especialmente dos flancos e banda de rodagem. O perfil de pneu deformável

torna-se impreciso.

Cogotti (1983) concentrou-se na influência da banda de rodagem e dos lados rotativos

das rodas. Formando cada lado um vórtice capturando escoamento livre e transmitido para a

roda toda. Algumas discrepâncias mostradas implicam que estes padrões de escoamento

permaneçam teóricos e exigem que os dados sejam publicados, mas as técnicas modernas de

visualização de escoamento utilizam padrões que podem ser diferentes, e aceitáveis.

Page 32: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

30

Figura 14 - Perfil do pneu e resultantes de escoamento

Fonte: Mavuri, 2009

Hucho (1998), descreve que as protuberâncias do pneu que permanecem próximas ao

solo mostram presença de vórtices de ambos os lados da parte dianteira da roda. Onde o vórtice

local criado no escoamento pelo movimento em torno da base da roda reuniu e formou um

núcleo de campo aerodinâmico estável. Mercker e Berneburg (1992) obtiveram dados que

forneceram informações sobre a estrutura de base por trás das rodas estacionárias e rotativas

em campo de escoamento livre. Com base nestes dados aqui estudados, observações feitas e

pela teoria do vórtice, postularam os movimentos produzidos por uma rotação da roda em

relação ao solo, conforme a figura 15.

Outra complicação para o desenvolvimento usando software é a não consideração de

fatores importantes da calibração da suspensão do veículo. Inclinações de configuração de

cambagem e ângulo caster devem ser considerados. A geometria de suspensão e mais o pneu

deformável trazem resultados significativamente diferentes.

Page 33: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

31

Figura 15 - Escoamento resultante dos vórtices aerodinâmicos da roda dianteira

Fonte: Cogotti, 1983

Analisando o formato real de um veículo, o escoamento relativo às rodas dianteiras é

influenciado pelo corpo do automóvel, e eles nem sempre estão alinhados em relação as rodas.

As rodas dianteiras podem sofrer grande impacto aerodinâmico, já que estão expostas ao ângulo

de ataque do veículo diretamente, conforme a figura 16. O escoamento de ar que é gerado na

guinada é geralmente considerado como crítico causador dos efeitos na zona de sucção lateral

criada pela frente do corpo, conforme descrito por Hucho (1998), mas, segundo Mavuri (2009)

o bloqueio da própria roda pode ter um efeito. Ele trabalhou na análise de escoamento de

guinada para uma roda rotativa usando CFD. Ele analisou uma roda isolada, em movimento

rotativo e em contato com um plano móvel, conforme demonstrado na figura 22.

Page 34: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

32

Figura 16 - Comportamento da roda em túnel de vento (parada e em movimento)

Fonte: Mavuri, 2009

Analisando os resultados de Mavuri (2009), observamos também que o escoamento da

superfície superior, inferior e lateral da roda rotativa livre, formam vórtices através do arrasto

e áreas de pressão, como demonstrado na figura 19. Estes pares de vórtices transportam o ar

para a região de remoção da roda. No primeiro caso (extremidades afiadas) de ambos os lados

e, no segundo caso (extremidades arredondadas) de cima para baixo. Quanto mais próximas as

extremidades dos vórtices são uns para os outros, geramos mais escoamento na região posterior

da roda e da caixa de roda.

Figura 17 - Gráfico de pressão aerodinâmica atuante sobre roda e pneu

Fonte: Mavuri, 2009

A figura 17 mostra que nos ensaios os ângulos de ataque têm grande impacto nas

estruturas de escoamento, tanto de maneira local dentro da caixa de roda quanto transmitidos à

vazante do escoamento, e, os efeitos aumentam gradualmente com o aumento do ângulo de

Page 35: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

33

ataque. Podemos observar que houve aumento no tamanho da região de escoamento. Isso pode

se considerar esperado, como atravessar o raio da banda de rodagem, espera-se que o

escoamento passe por um ângulo maior se fosse para ficar apegado à geometria do corpo.

Além disso, existe um gradiente de pressão desfavorável do lado interno da roda, e

resultou na separação do escoamento em ângulos diferentes. O aumento da resultante, pode ser

explicado então, pelo aumento da área frontal, conforme a figura 18.

Figura 18 - Áreas de pressão aerodinâmica, roda em movimento (0º e 20º)

Fonte: Mavuri, 2009

A visualização extensiva do escoamento do ar destaca que ele permanece altamente

instável, especialmente em uma região abaixo da abertura do raio da roda e dentro da caixa de

roda, conforme descrito na figura 25.

Page 36: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

34

4.1.1 Caixa de roda

A importância das características aerodinâmicas das rodas do veículo foi notada há

muito tempo. Hoerner (1958), discutiu como o maior componente de arrasto aerodinâmico

evitável e deu um exemplo em que o coeficiente de arrasto passou de Cx 0,3 de um corpo

embutido no desenho do veículo para 0,6 quando exposto.

Figura 19 - Esboço da Pressão aerodinâmica na caixa de roda

Fonte: Fabjanic, 1996

Dimitrou (2006) estudou a influência da roda montada na caixa de rodas em movimento

com auxílio de um veículo BMW Z4, os testes foram conduzidos em túnel de vento em

movimento, com fogo na distribuição de pressão nas rodas. A roda embutida na caixa de roda,

apresentou redução de arrasto de aproximadamente 50% em comparação com o caso isolado.

Ao verificarmos a figura 19, constata-se que, à frente da roda, o nível de pressão é

significativamente reduzido. O valor máximo de Cp no pneu não chegou a 1, pelo fato de estar

Page 37: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

35

coberto pela carenagem. Além disso, o mínimo de Cp observado foi 90% menor que os picos

detectados durante testes com a roda exposta ao veículo.

Conforme descrito por Mavuri (2009), uma abordagem computacional via CFD foi

realizada para verificar o escoamento de ar dentro e ao redor do perfil da roda e caixa de roda

de um modelo Aston Martin esportivo. A figura abaixo mostra o modelo obtido pelo teste. A

análise das superfícies do perfil da roda descobriu regimes de escoamento extremamente

complexos dentro do anel. O intervalo de 4 ou mais vórtices separados, são mostrados na figura

20.

Figura 20 -Comportamento do escoamento turbulento ao redor da caixa de roda

Fonte: Mavuri, 2009

Além disso, um par de rodas expostas aumenta o arrasto do veículo total em

aproximadamente Cx 0,08. Carr (1983) estimou que as rodas e as suas cavidades, quando

adicionadas ao corpo de um veículo, produziriam aumento do coeficiente de arrasto de0,070 a

0,090, e coeficiente de elevação de 0,230 a 0,580. Isso acontece devido à interação do conjunto

roda e pneu à carroceria do veículo em projeto A figura 30 mostra os resultados da simulação

alterando a largura da roda e o comportamento aerodinâmico envolvido.

Page 38: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

36

Figura 21 - Resultantes de escoamento em função do aumento do diâmetro da roda

Fonte: Mavuri, 2009

Page 39: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

37

Figura 22 - Resultantes de escoamento em função do aumento da largura da roda

Fonte: Mavuri, 2009

Conforme descrito por Mavuri (2009) a alta pressão dentro das paredes laterais das

rodas e das áreas da borda criou uma força lateral muito maior que em comparação com um

caso isolado. Observou-se que a magnitude da força colateral foi 36% maior do que a força de

arrasto.

Vemos este fato como consequência do escoamento divergente que ocorre perto das

rodas dianteiras e entre as partes inferiores do veículo. Esta topologia de escoamento permite

que o escoamento de entrada na frente da roda é mais angular com uma direção ascendente.

Hucho (1998) por sua vez, mostra uma redução na área de sucção paralela ao segundo quadrante

da roda. Com o auxílio da figura 27, que ilustra a formação do vórtice com o núcleo paralelo,

Page 40: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

38

que resulta num escoamento de cisalhamento ao redor do vórtice em função do movimento

rotativo da roda do veículo.

Figura 23 - Gráfico da pressão em função do quadrante da roda

Fonte: Hucho,1998

A pressão aumenta consideravelmente no segundo e terceiro quadrantes como mostrado

na figura 27. Cerca de 180º, movendo-se no sentido anti-horário, o coeficiente de pressão

aumentou drasticamente e levou alguns valores positivos. Nenhuma aspiração foi observada no

topo da roda principalmente porque o escoamento não podia acelerar da mesma maneira que

no caso isolado. Uma característica muito interessante foi o pico de pressão que existia a 200º.

Este máximo local já foi mais um resultado do escoamento oblíquo descrito. Assim, o ar seria

preso na região da caixa de roda em cerca de 200º, tornando a pressão um pouco superior. Esta

alta pressão existente na caixa de roda também se refletiu no pneu. Verificou-se que uma força

A de baixa é calculada a partir da distribuição de pressão em contraste com uma elevação

positiva do lado isolado da roda. A alta pressão dentro das paredes laterais das rodas e das áreas

da borda criou uma força lateral muito maior que em comparação com um caso isolado.

Observou-se que a magnitude da força colateral foi 36% maior do que a força de arrasto, vistos

na figura 24.

Page 41: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

39

Figura 24 - Formação dos vórtices na região traseira da roda e pneu

Fonte: Mavuri, 2009

Os coeficientes de pressão, medidos dentro da caixa de roda eram tipicamente pequenos

ou negativos. Isso significa medir a pressão dentro da caixa de roda e ao redor dela. Verifica-

se segundo Mavuri (2009). O escoamento que vem da frente do veículo para as rodas é o

responsável pela interferência com o escoamento inferior ao corpo, o que resulta em aumento

da turbulência interna da caixa de roda. O arrasto é encontrado também dependendo do desenho

e do raio da roda que deve ser analisada (diâmetro, profundidade e desenho do projeto). Na

figura 29, comprova-se que aumentando o raio efetivo da roda, o arrasto também aumenta

significativamente.

Page 42: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

40

5. DISCO DE FREIO VENTILADO E ESTUDOS TÉRMICOS ENVOLVIDOS

Os freios possuem influência muito grande em qualquer projeto veicular, tornando-se

item crítico a ser estudado na fase de desenvolvimento, e, devem ser vistos como dispositivos

de conversão de energia (energia cinética em energia térmica, por exemplo), entre outras formas

de energia, que são proporcionais à quantidade de movimento imprimida pelo processo de

frenagem do veículo. O propósito da existência dos freios é reduzir ou manter a velocidade

(função desempenhada pelos freios de serviço), ou parar o veículo em uma eventual necessidade

(função do freio de estacionamento) (IGOSHEFF, 2013, p.36).

O uso de freios a disco foi inicialmente relatado por volta do ano de 1902, através do

registro de patente do engenheiro inglês Frederick Willian Lanchester. Com o passar dos anos,

muitas inovações aconteceram no sistema, sendo que seu auge em utilização em veículos de

passeio começou nos anos 1950 no mercado americano e anos 1960 na Europa, (LIMPERT,

1999, p.36).

5.1 DISCO DE FREIO VENTILADO - ASPECTOS.

Nos dias de hoje, em sua totalidade, os veículos de passeio possuem disco de freio na

dianteira. Também em sua maioria, são itens fabricados em ferro fundido, pelo custo envolvido

e praticidade dos processos de fabricação. Happian-Smith (2004) descreve o ferro fundido

cinzento como material com lamelas de grafite interna e com boa capacidade de transferência

volumétrica de calor em razão de sua alta densidade e razoável condutividade térmica.

Os freios a disco ventilado apresentam inúmeras vantagens quando comparados com

os sistemas convencionais a tambor, como por exemplo maior desempenho em função da

temperatura de utilização (menor fade), mais conforto durante a utilização do pedal de freio,

maior eficiência de frenagem em altas velocidades, uniformidade do torque de frenagem e

melhor dissipação de energia de frenagem produzida durante a aplicação do sistema.

Conforme descrito por Ciolfi (2010), o disco de freio, tem como função principal de

agir como superfície de atrito, gerando torque oposto ao sentido de marcha do veículo, e, assim

prover a desaceleração. Além disso, deve ser também um eficiente armazenador e dissipador

da energia envolvida no processo. Tal eficiência encontra-se no desenvolvimento do disco, já

que o equipamento utiliza ar atmosférico e seu escoamento para promover o resfriamento de

maneira adequada. As passagens internas do disco de freio ventilado, formadas pelas aletas

Page 43: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

41

entre as superfícies de frenagem, fazem com que o disco de freio atue do mesmo moto que um

motor de uma bomba centrífuga.

Como demonstrado na figura 10, no desenvolvimento do disco de freio devemos atentar

fenômeno fade, que significa fadiga em português e seu vínculo na frenagem está diretamente

ligado à eficiência de frenagem devido ao excesso de calor. Dissemos previamente que a

energia cinética do veículo será transformada em energia térmica nos freios do veículo. Em

suma, quanto mais calor gerado pelo sistema de freio mais eficiente ele será na frenagem,

porém, como tudo na vida há um limite, e, quando alcançamos este patamar, temos então o

fading, para isso, a figura 25 ilustra o teste para determinar o fade de um disco de freio.

Figura 25 - Teste de freio, verificação do Fade, Bugatti Veyron

Fonte: Igosheff, 2013

Conforme descrito por Ciolfi (2010), fissuras térmicas são comumente observadas em

discos de freio após sucessíveis eventos de frenagem em altas acelerações. As fissuras podem

ser parciais na penetração com relação à superfície de frenagem, e em alguns casos estas fissuras

que podem atravessar completamente perfil do disco. As fissuras superficiais se originam

devido à fadiga termomecânica e podem ocorrer em ciclos menores de utilização do disco

(Figura 26). Para remover estes problemas, ou podemos alterar o material ou reduzir a

temperatura de trabalho do conjunto de freios.

Um veículo pode ter energia potencial ou cinética acumulada. Se o veículo se encontra

parado no topo de uma subida, isso representa existência de energia potencial. Se aplicarmos

impulso contrário à descida, o mesmo começa a descer, e a energia potencial passa para energia

cinética em função do movimento, variando linearmente com o aumento do mesmo. Se

Page 44: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

42

desejamos deter o avanço do movimento, ou reduzi-lo, temos que absorver esta energia cinética.

Isto é facilmente feito pela conversão em energia térmica através dos freios e dissipação dessa

energia para a atmosfera, conforme descrito por Igosheff (2013).

No âmbito da dissipação do fluxo de calor, o disco funciona como dissipador e

armazenador de energia. Armazenando, ele confina energia térmica internamente, e, por

consequência, aumenta a temperatura. Dissipando, transfere o calor para o ar, ambiente e

componentes periféricos, aumentando a temperatura por condução pelo contato, convecção pela

superfície do disco para com a pastilha e conjunto de freio e canais internos, e radiação através

da superfície.

Uma terceira alternativa, porém, mais cara, seria a alteração da geometria da peça para

buscar um melhor resultando, inclusive para alterar uma ou duas características citadas

anteriormente. A EN ISO 945-1, com os exemplos de Microfotografias, da estrutura lamelar de

produtos de ferro fundido – podem ser vistos no anexo B ao final deste trabalho.

Figura 26 - Fissuras térmicas em função do superaquecimento do disco

Fonte: Researchgate, 2017

Existe também um porquê em entendermos a aplicação em função da característica do

material escolhido. Conforme descrito por Ciolfi (2010) os discos de freio que possuem médio

teor de carbono (por exemplo, de classe 200), são mais utilizados em discos de freio com o

diâmetro reduzido, para veículos de passeio de pequeno e médio porte. A razão é que estes

Page 45: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

43

discos possuem valor inferior de coeficiente de transferência de calor, que é compensado pelas

propriedades de resistência mecânica, que, neste caso, são um pouco mais elevadas.

Já os discos de freio com alto teor de carbono (por exemplo, de classe 150), são

normalmente usados em veículos de maior porte e com maior dimensão. Tal fato se justifica

em função da condutividade do material, pois esta configuração, torna o resfriamento do disco

mais rápido, e com isso a resistência mecânica a altas temperaturas se mostra um fator menos

relevante. Também são adicionadas as ligas de materiais, que, aplicadas em conjunto a todas as

classes de ferro fundido, melhoram a resistência mecânica, as propriedades térmicas e os

processos de construção mecânica da peça.

Também é importante frisar que, neste conjunto, existem os outros componentes

agregados ao conjunto do disco (Cavalete, flexível de freio e componentes da suspensão).

Happian-Smith (2004) reforça que o escoamento aerodinâmico depende destes componentes,

pois, dependendo da montagem que é feita, podem influenciar no gradiente de temperatura.

5.1.1 A importância dos estudos térmicos no sistema de freios a disco ventilado

A análise térmica dos discos de freio mostra-se complicada e bem extensa, pois tanto

computacional quanto analiticamente, os testes dependem de vários fatores e variáveis.

Agregado a todo o conhecimento e experiência envolvidos no desenvolvimento de novos

produtos, não podemos deixar de lado a importância dos estudos térmicos que são e podem ser

realizados nos componentes que atuam num sistema de freio. No momento do cálculo de

balanceamento, onde são estudados e configurados os componentes que equiparão um novo

veículo, tudo é pensado para atingir a máxima performance e conforto aos passageiros no

momento da frenagem, além de evitar o travamento das rodas (momento crítico da frenagem,

onde, perder-se-á a estabilidade do veículo, ocasionando possíveis acidentes).

Os estudos térmicos são complementares ao desenvolvimento dos freios. E dependem

das características as quais os freios serão submetidos em efetivo serviço. Os fatores como

velocidade máxima do veículo, materiais usados na construção, geometria desenvolvida do

disco de freio e exposição ao atrito e pressão, alteram diretamente o sistema e podem influenciar

no balanceamento do freio do veículo. Os estudos, então, são indispensáveis para um bom

projeto, aliados às simulações computacionais de fluido dinâmicas, testes em estrada e bancada,

conforme descrito por Ciolfi (2010).

Segundo Incropera e DeWitt (2003), pode se definir que a transição entre o escoamento

laminar para turbulento pode ser determinado através do número de Reynolds, a equação (4.1)

Page 46: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

44

é obtida adaptando a equação do número de Reynolds às condições do presente estudo e

considerando a velocidade do fluido igual a velocidade do ar. Limpert (1999) define

experimentalmente o número de Reynolds para se obter um escoamento turbulento, com Re ≥

2,4.105 para discos de freio sólidos e Re ≥ 104 para discos de freio ventilados.

𝑅𝑒 =𝑝. 𝑣𝑣𝑒í𝑐𝑢𝑙𝑜 . 𝐷

𝑢

(7)

5.1.1.1 Estudo térmico prático – Revista Auto Motor und Sport

Os testes de simulação de frenagens sucessivas, que devem ser realizados na fase de

projeto, foram muito difundidos pela revista Auto-Motor-und-Sport®, em 2007. O ensaio

AMS® define dez frenagens consecutivas com a máxima desaceleração possível, com

velocidades iniciais de 100 Km/h até atingir parada total.

Figura 27 - Gráfico de transferência térmica no disco de freio em teste de frenagem AMS

Fonte: Ciolfi, 2010

Analisando a figura 27, podemos perceber pelo teste AMS® que o freio possui um

comportamento bem variável. Em função da temperatura da face de contato (disco de freio e

pastilhas), sobe rapidamente. Mesmo com a transferência de calor, não há suficiência para

resfriar o disco de maneira rápida e imediata, fazendo com que o disco aqueça rapidamente,

acumulando energia. Quando a frenagem termina, percebemos que a condução é o primeiro

modo que atua, transmitindo calor pelo contato disco/pastilha (parte verde do gráfico). Assim

Page 47: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

45

que o veículo reinicia o movimento, com auxílio do ar atmosférico presente na caixa de roda e

canais internos, começa a transferência por convecção (parte azul do gráfico). Podemos destacar

a importância desta etapa, pois, dependendo do direcionamento e vazão do ar, podem ocorrer

alterações nos coeficientes de transferências de calor por convecção sobre as superfícies do

disco de freio, e este valor influencia diretamente no “gradiente” de temperatura do sistema,

conforme descrito por Ciolfi (2010). A transferência por radiação não aparece no gráfico, e

somente tem valor significativo em temperaturas mais elevadas.

5.1.1.1.1 Fluxo de convecção envolvido no processo de frenagem

Um modelo semelhante ao balanço de energia elaborado por Ciolfi (2010), para a análise

de temperaturas do disco de freio é o chamado Lumped. Este modelo é limitado pela massa

efetiva do disco, levaremos em conta, neste trabalho, somente a convecção, causada pelas

superfícies e pelo escoamento aerodinâmico por entre as aletas do disco de freio, por se tratar

de um tema extremamente complexo.

Pelo balanço de energia da figura 13, Ciolfi (2010), define a fórmula:

Calor Residual = Fluxo de calor por atrito – Fluxo de calor por condução

– Fluxo de calor de convecção – Fluxo de calor por radiação

(8)

Para o fluxo de calor devido à convecção, tem-se:

𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣= 𝐴𝑠𝑢𝑟𝑓𝑎𝑐𝑒 × 𝑎𝑐𝑜𝑛𝑣 × (𝑇𝑏𝑟𝑎𝑘𝑒 − 𝑇𝑎𝑚𝑏) (9)

Para o fluxo de energia por convecção:

𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣 = 𝐴𝑠𝑢𝑟𝑓𝑎𝑐𝑒 × 𝑎𝑐𝑜𝑛𝑣 × (𝑇𝑏𝑟𝑎𝑘𝑒 − 𝑇𝑎𝑚𝑏)

(10)

Discos de freio devem ter a construção baseada no seu balanço energético, isto se faz

necessário devido a oscilação de temperatura em seu funcionamento. O disco deve ser capaz de

controlar a aplicação do freio a uma taxa considerada segura, caso contrário, numa eventual

falha de dimensionamento onde uma frenagem rápida que seja necessária, o mesmo pode falhar

e ocasionar um acidente grave.

Page 48: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

46

Figura 28 - Balanço de energia em disco de freio em corte

Fonte: Ciolfi, 2010

Nos estudos analisados, foram utilizados coeficientes de transferência de calor por

convecção determinados para cada superfície do disco, de maneira isolada. Os resultados

obtidos mostraram que a superfície lateral da aleta posicionada no sentido de rotação do disco

de freio contribuiu mais para a transferência de calor por convecção que a superfície oposta,

conforme descrito por Ciolfi (2010).

Figura 29 - Coeficiente de transferência térmica através da convecção por superfície

Fonte: Ciolfi, 2010

Page 49: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

47

Podemos definir então, baseados segundo Incropera e DeWitt (2003), que a transição

entre o escoamento laminar para turbulento pode ser determinado através do número de

Reynolds, a equação é uma adaptação do número de Reynolds às condições do estudo realizado

por Ciolfi (2010) e considerando a velocidade do fluido igual a velocidade do ar.

Limpert (1999) define experimentalmente o número de Reynolds para se obter um

escoamento turbulento, com Re ≥ 2,4.105 para discos de freio sólidos e Re ≥ 104 para discos

de freio ventilados, conforme equação descrita abaixo:

𝑅𝑒 =𝑝. 𝑣𝑣𝑒í𝑐𝑢𝑙𝑜 . 𝐷

𝑢

(7)

Isolando a velocidade do veículo, vamos obter a equação abaixo. Assim descobriremos

o valor da velocidade tangencial instantânea do veículo 𝑣𝑣𝑒í𝑐𝑢𝑙𝑜, para depois descobrirmos a

faixa de transição entre o regime de escoamento laminar e turbulento.

𝑣𝑣𝑒í𝑐𝑢𝑙𝑜 = 𝑅𝑒. 𝜇

𝜌. 𝐷

(82)

Em seu estudo, Ciolfi (2010) considera que devido as características construtivas do

disco de freio ventilado, o mesmo apresenta em grande parte do tempo de trabalho, regime

turbulento.

No próximo caso, a equação é importante para cálculos de coeficientes de transferência

de calor por convecção na superfície dos discos de freio. Podemos obter o ℎ𝑐, que é o

coeficiente de transferência de calor por convecção na superfície dos discos de freio, conforme

descreve Limpert (1999).

ℎ𝑐 = 0,04 (𝐾𝑎

𝐷) . 𝑅𝑒4/5

(93)

O coeficiente de transferência de calor através da convecção é exponencial em função

da velocidade do veículo. Podemos notar que o fluxo através da convecção se sobressai aos

demais modos de transferência, com a condição de alta velocidade do veículo em estudo. Os

coeficientes por convecção apresentam diferenças entre as regiões do disco de freio. Ciolfi

(2010), descreve que em seu estudo a região que possui maior transferência de calor é a

superfície da aleta posicionada na região de entrada de ar, onde a velocidade do ar é maior.

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48

Detectou-se também a diferença entre os coeficientes de calor dos dois lados da mesma aleta.

O lado da rotação do disco de freio possui uma taxa de transferência de calor por convecção

maior que o outro lado do disco de freio. Podemos avaliar tal situação analisando o gráfico da

figura 30.

Figura 30 - Coeficientes de convecção no disco de freio em três regiões distintas

Fonte: Ciolfi, 2010

Page 51: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

49

6 COMPORTAMENTO AERODINÂMICO NO DISCO DE FREIO VENTILADO

Tão importante quanto gerar energia térmica é poder dissipá-la de forma eficaz, pois a

concentração de calor reduz abruptamente o coeficiente de atrito, que por sua vez reduz

significativamente a capacidade de frenagem.

O escoamento na parte interna do disco de freio e entre a chapa de cobertura, gerado

pelo movimento de rotação, adquire direção radial da região do centro do disco para a parte

externa do mesmo. A figura 31 mostra as características do escoamento nas proximidades do

disco de freio pelas linhas de corrente projetadas no plano do disco em questão.

Figura 31 - Linhas internas de escoamento entre as aletas do disco de freio ventilado

Fonte: Ciolfi, 2010

Em suas características construtivas, o disco de freio ventilado possui coeficiente de

expansão volumétrica baixo e temperatura máxima de trabalho em torno de 700 ºC. Embora o

ferro fundido cinzento garanta aos discos de freio propriedades adequadas de resistência à força

de compressão aplicada pelas pastilhas e cavaletes de freio, a tenacidade é relativamente baixa

e o material se torna suscetível a fissuras quando submetido a tensões.

De longe, o método mais eficiente de transferência de calor dos freios é através da

convecção. Isto é conseguido soprando ar frio sobre o componente quente - geralmente o disco,

pastilhas de freio e conjunto da pinça. As aletas projetadas nos discos de freio ventilados, com

seu grande número de caminhos de escoamento moldados de maneira radial através do disco,

são projetados para aumentar a convecção. À medida que o escoamento de ar passa através

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50

destes orifícios, o calor é transferido do disco quente para o ar mais frio e, à medida que esse

escoamento vai para o lado externo da roda, ele pode ser até 400º C mais quente do que entrou.

Figura 32 - Condição de montagem, escoamento de ar em disco de freio ventilado

Fonte: Ciolfi, 2010

Temos como alternativa de aumentar o nível do resfriamento do disco de freio, aumentar

o escoamento que ocorre através das aletas. Isso pode ser conseguido aumentando o tamanho

das entradas de ar, mas como consequência, teremos um desempenho menos significativo na

transferência térmica entre as superfícies do disco.

6.1 CARACTERÍSTICAS DO ESCOAMENTO DO AR NO DISCO DE FREIO

Conforme descrito por Ciolfi (2010) através da figura 33, é possível verificar que a

geometria do disco de freio estudada favorece o aparecimento de vórtices na região

compreendida entre a superfície de apoio da roda e a pista de frenagem interna. Isso certamente

pode prejudicar o escoamento de ar interno.

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51

Figura 33 - Características do escoamento de ar na periferia do disco de freio

Fonte: Ciolfi, 2010

Os discos de freio com aletas para ventilação possuem como característica principal a

fixação de duas pistas de frenagem ao cubo do disco através da pista de frenagem interna.

Analisando as simulações, aparecem um perfil de escoamento complexo.

Em sua simulação, Ciolfi (2010), tratou o coeficiente de transferência de calor para cada

superfície do disco isoladamente. As superfícies foram determinadas utilizando como base os

resultados preliminares obtidos através da simulação considerando a transferência de calor

conjugada em regime transiente. Existe uma restrição entre a área compreendida entre a pista

de frenagem interna e a chapa de cobertura do disco. O escoamento aerodinâmico captado na

região entre o contorno interno da roda e a chapa de cobertura se soma ao escoamento da região

central do disco de freio. Na região central das aletas, o escoamento entre o disco de freio e a

chapa de proteção se juntam ao escoamento originado pela região central do disco. Ao passar

entre as aletas do disco, o perfil do escoamento se assemelha ao de um ventilador radial. Parte

deste escoamento segue pelos orifícios da roda para a região externa do veículo, enquanto outra

parte é captada novamente pela região central externa do disco de freio compreendida entre o

cubo e a pista de frenagem.

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52

Figura 34 - Diagrama de entrada e saída no ar, 1/4 de disco de freio ventilado

Fonte: Soliman, 2014

O assunto demonstrado na figura 34 também é abordado por Mcphee e Johnson (2008),

que buscam um melhor entendimento do processo de convecção através das aletas de um disco

de freio ventilado, ao empregar métodos experimentais e analíticos. Neste caso, o ensaio

experimental, foco principal de seu trabalho, envolveu dois aspectos: a avaliação do processo

de transferência de calor e a determinação do movimento do fluido. Para determinar os

coeficientes de convecção, tanto internos ao disco de freio na região das aletas, quanto externos

ao disco na superfície das pistas de frenagem, foram conduzidas simulações em regime

transiente utilizando como base três velocidades nominais distintas. Os aspectos de

transferência de calor por condução e radiação foram desconsiderados pelos autores.

Através da simulação computacional, pelo método de análise de velocidade de partícula

(PIV) foram determinadas a velocidade média instantânea das partículas de ar. Vários padrões

de escoamento prejudiciais foram observados, bem como efeitos da entrada de fluido e a

presença de recirculação de ar na região de captação na entrada das aletas (CIOLFI,2010, p.21).

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Figura 35 - Campo de velocidade de partículas e campo de energia cinética entre as aletas de

um disco de freio a 684 RPM, sentido horário

Fonte: Ciolfi, 2010

Historicamente, todo o escoamento com as resultantes de alta temperatura do

resfriamento é expulso do lado externo da roda sem mais uso. Contrariamente à opinião popular,

não é o arrasto de uma tomada de ar externa ao veículo que prejudica o seu desempenho. Ao

invés disso, é o efeito do duto com dimensão maior. Em geral, minimizar o tamanho da entrada

de refrigeração para um nível de resfriamento requerido leva a um maior desempenho

aerodinâmico, e isso pode ser conseguido através do projeto do tubo interno e do disco de freio

adequado para receber este escoamento direcionado.

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7 CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROS

Nos dias de hoje, fabricantes de veículos e empresas de autopeças estão preocupados

principalmente com redução de custos nos projetos industriais, atrelados a boas práticas para

com o meio ambiente em que vivemos. A sociedade e os órgãos governamentais exigem cada

vez mais automóveis menos poluentes, mais econômicos e, quando possível, mais acessíveis à

população. Neste trabalho, foi evidenciada a importância das simulações térmicas e

aerodinâmicas para o desenvolvimento veicular. Fato primacial destes estudos é que, as

simulações computacionais, quando realizadas de maneira correta, e, coerentes com o protótipo

real, trazem vantagens financeiras e confiabilidade no projeto do produto. A otimização

aerodinâmica, convertida em custos de projetos, requer pouco investimento. Do ponto de vista

técnico, pudemos comprovar que os estudos aerodinâmicos apresentaram melhores resultados

relacionados à aerodinâmica voltados à roda e caixa de roda, e que uma altura menor do veículo

em relação ao solo influencia positivamente no arrasto e na sustentação. Também vimos que a

exposição das rodas e das caixas de rodas no projeto influenciam bastante o coeficiente

aerodinâmico. Reduzindo o escoamento nesta região, observamos ganhos significativos em um

novo projeto. Através da de análise térmica do disco de freio ventilado, foi apresentada a

importância da transferência de calor por convecção no regime de funcionamento permanente,

e que este fator pode variar em função da velocidade do veículo e nas temperaturas da superfície

do disco de freio. Com o conhecimento das transferências de temperatura e das equações

elaboradas, expandimos o raciocínio espacial e lógico com relação a rendimento de frenagem.

Evidencia-se também, que a simulação computacional é grande aliada no processo de análise

virtual. Cada vez mais utilizam-se computadores para avaliar os efeitos dos testes mencionados

acima. São ferramentas cruciais quando falamos em mundo da indústria automobilística e, para

tanto, necessitamos de equipamentos melhores, mais potentes no tocante a processamento dos

dados obtidos e memória para melhor refinamento de malha e ganho de velocidade nos

resultados das simulações.

Para trabalhos futuros, como sugestão, seria possível estudar melhorias na admissão do

ar pelo para-choque do veículo, a fim de melhorar o escoamento aerodinâmico do disco e sua

eficiência térmica.

Page 57: RESFRIAMENTO DO DISCO DE FREIO VENTILADO DE VEÍCULO DE

55

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ANEXO A – TABELA DE PERFIS AERODINÂMICOS

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Fonte: Gref, 1998

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ANEXO B – ISO 945-1:2010-09 FOTOMICROGRAFIA DE ESTRUTURA

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