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1 INFORME ECONÔMICO 31 de agosto de 2018 No Brasil, o PIB do segundo trimestre confirma o cenário de recuperação lenta da avidade. No segundo trimestre, a economia expandiu 0,2% na margem dessazonalizada, superando a nossa expectava e a do mercado, ambas em 0,1%. O desempenho do setor de serviços e da agricultura foram os responsáveis por essa surpresa levemente acima do esperado. Pelo lado da oferta, os serviços avançaram 0,3% na margem, contando com o crescimento de 1,2% em avidades imobiliárias e de 0,7% em avidades financeiras. A resiliência do setor de serviços evitou que o PIB contraísse em virtude da paralisação no setor do transporte de cargas no período. Os efeitos da paralisação repercuram diretamente no desempenho da indústria, que apresentou recuo de 0,6%, com recuo forte da construção e da indústria de transformação, ambas com queda de 0,8%. A agricultura, diferentemente da contração que esperávamos, ficou estável entre o primeiro e o segundo trimestre. Analisando pela óca da demanda, a principal contribuição posiva ocorreu no consumo do governo, com crescimento de 0,5% na margem. O consumo das famílias, por seu turno, teve crescimento modesto de 0,1%, e confirmou a expectava de recuperação gradual da demanda. Essa trajetória é compavel com o desempenho dos dados de mercado de trabalho, do crédito e da confiança dos consumidores. Por fim, os invesmentos foram o setor mais afetado pela greve dos caminhoneiros e contraíram 1,8% na margem, variação pior do que a nossa expectava de contração de 1,4%. O resultado moderado de crescimento nesse trimestre é compavel com a nossa expectava de recuperação gradual da avidade ao longo desse ano. Portanto, mantemos a nossa expectava de crescimento de 1,2% para esse ano. RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS No Brasil, o PIB do segundo trimestre surpreendeu as expectativas, mas a recuperação ainda é lenta. No cenário global, a Argentina solicitou a antecipação de recursos ao FMI. Fonte: IBGE, BRAM

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INFORME ECONÔMICO 31 de agosto de 2018

No Brasil, o PIB do segundo trimestre confirma o cenário de recuperação lenta da atividade. No

segundo trimestre, a economia expandiu 0,2% na margem dessazonalizada, superando a nossa

expectativa e a do mercado, ambas em 0,1%. O desempenho do setor de serviços e da agricultura foram

os responsáveis por essa surpresa levemente acima do esperado. Pelo lado da oferta, os serviços

avançaram 0,3% na margem, contando com o crescimento de 1,2% em atividades imobiliárias e de 0,7%

em atividades financeiras. A resiliência do setor de serviços evitou que o PIB contraísse em virtude da

paralisação no setor do transporte de cargas no período. Os efeitos da paralisação repercutiram

diretamente no desempenho da indústria, que apresentou recuo de 0,6%, com recuo forte da

construção e da indústria de transformação, ambas com queda de 0,8%. A agricultura, diferentemente

da contração que esperávamos, ficou estável entre o primeiro e o segundo trimestre. Analisando pela

ótica da demanda, a principal contribuição positiva ocorreu no consumo do governo, com crescimento

de 0,5% na margem. O consumo das famílias, por seu turno, teve crescimento modesto de 0,1%, e

confirmou a expectativa de recuperação gradual da demanda. Essa trajetória é compatível com o

desempenho dos dados de mercado de trabalho, do crédito e da confiança dos consumidores. Por fim,

os investimentos foram o setor mais afetado pela greve dos caminhoneiros e contraíram 1,8% na

margem, variação pior do que a nossa expectativa de contração de 1,4%. O resultado moderado de

crescimento nesse trimestre é compatível com a nossa expectativa de recuperação gradual da atividade

ao longo desse ano. Portanto, mantemos a nossa expectativa de crescimento de 1,2% para esse ano.

RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS

No Brasil, o PIB do segundo trimestre surpreendeu as expectativas, mas a recuperação ainda é lenta.

No cenário global, a Argentina solicitou a antecipação de recursos ao FMI.

Fonte: IBGE, BRAM

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INFORME ECONÔMICO

A nota de crédito referente ao mês de julho mostrou um ritmo de crescimento moderado, consolidando

os sinais positivos pelo lado das concessões e da melhora no quadro de inadimplência. O estoque de

crédito totalizou R$ 3,1 trilhões, avançando 2,4% na comparação interanual, ante expansão de 1,7% em

junho. Como proporção do PIB, o estoque atingiu o patamar de 46,4%. Para pessoa física, o estoque

aumentou 6,4% em termos anuais, contando com um avanço de 10,1% nas concessões no segmento livre e

2,3% no segmento direcionado. Em pessoa jurídica, por seu turno, houve contração de 2,1% do estoque,

com recuo de 15,4% das concessões no segmento direcionado e aumento de 11,1% no segmento livre. A

respeito da inadimplência, o patamar se manteve em 3,5% para pessoa física, enquanto para pessoa

jurídica a inadimplência atingiu o menor nível desde setembro de 2015, registrando a taxa de 2,45%. Tendo

como principal vetor de recuperação a modalidade de crédito livre, o número de julho corrobora nosso

cenário de expansão do crédito em 2018. Nesse sentido, esperamos que o estoque de crédito apresente

expansão próxima de 5%, com crescimento de 9,2% em PF e de 0,3% em PJ.

O setor público consolidado registrou déficit de R$ 3,4 bilhões em julho. O resultado foi ligeiramente pior

do que a nossa estimativa (R$ -2,8 bilhões), mas melhor em relação ao projetado pelo mercado (R$ -6,7

bilhões). No acumulado do ano, o déficit primário do setor público consolidado se encontra em R$17,8

bilhões, enquanto o saldo em 12 meses é negativo em R$ 77,1 bilhões (1,1% PIB). Em sua composição, o

número de julho contou com um déficit de R$ 2,7 bilhões no governo central, déficit de R$ 1,8 bilhão nos

governos regionais, e superávit de R$ 1,1 bilhão nas empresas estatais. No que concerne ao resultado

nominal (inclui despesa com juros), as despesas líquidas com juros atingiram R$ 25,8 bilhões no mês e R$

394,5 bilhões em 12 meses (5,9% do PIB). Com isso, o resultado nominal apresentou déficit de R$ 29,2

bilhões em julho, totalizando déficit de R$ 471,6 bilhões em 12 meses (7% do PIB). Diante desses números,

a dívida bruta atingiu R$ 5,2 trilhões (77% do PIB), se mantendo em trajetória de aumento. Em nossa

avaliação, a despeito do ritmo lento de recuperação da atividade, acreditamos que o governo registrará ao

final de 2018 um déficit de R$ 147 bilhões, abaixo da meta estipulada de déficit de R$ 159 bilhões.

Fonte: BCB, BRAM

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INFORME ECONÔMICO

Em linha com a expectativa, a taxa de desemprego atingiu 12,3% no trimestre encerrado em julho,

levemente abaixo do patamar anterior (12,4%). Em relação ao mesmo período do ano passado, o

número representa uma queda de 0,5 p.p. Essa queda em relação ao mesmo período em 2017 decorreu

de uma expansão de 1,1% da população ocupada, com alta de 2,4% no emprego sem carteira e queda de

0,3% na geração de empregos com carteira. O número de pessoas na força de trabalho, por outro lado,

aumentou 0,5% em termos anuais. Excluindo a sazonalidade do período, a taxa de desemprego recuou

entre junho e julho de 12,3% para 12,2% em virtude do aumento da ocupação na margem (0,4%) superior

ao aumento da população economicamente ativa (0,3%). Sobre a dinâmica de salários, o rendimento

médio real avançou 0,8% em termos anuais, abaixo do patamar de junho (1,1%). Na margem, constata-se

uma melhora no mercado de trabalho, embora o ritmo de recuperação permaneça lento. Para esse ano, a

taxa de desemprego média deverá alcançar 12,2%, ante 12,8% em 2017.

Fonte: BCB, BRAM

Fonte: IBGE, BRAM

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INFORME ECONÔMICO

Os dados do balanço de pagamentos revelam a condição robusta das contas externas. Em julho, o saldo

em conta corrente foi deficitário em US$4,4 bilhões, número pior que a expectativa de déficit de US$3,7

bilhões. O resultado interrompeu uma série de quatro resultados positivos na sequência. Tradicionalmente,

os meses de janeiro e julho contam com um fluxo de saída de recursos decorrente do pagamento de juros

dos títulos públicos. Em 12 meses, o saldo é negativo em US$15 bilhões (-0,8% PIB). Em sua composição, a

balança de bens foi superavitária em US$3,9 bilhões, enquanto a conta de serviços apresentou déficit de

US$3 bilhões. Dentro de serviços, destaque para a queda de 8,6% nos gastos com viagens. Na parte de

renda primária, o saldo foi negativo em US$5,5 bilhões, com destaque para o pagamento de US$3,8 bilhões

em juros. Na conta financeira, o investimento direto no país (IDP) atingiu US$3,9 bilhões no mês,

acumulando US$64,2 bilhões em 12 meses (3,25% do PIB). No que concerne ao fluxo de portfólio (Renda

Fixa, Renda Variável e Fundos de Investimento), o resultado foi superavitário em US$ 8,3 bilhões,

acumulando saldo de US$ 6,5 bilhões em 12 meses. Por fim, a taxa de rolagem ficou em 117% no mês.

Acreditamos que essa dinâmica benigna permaneça, com o déficit em conta corrente nesse ano encerrando

em torno de US$13 bilhões (0,7% PIB), sendo plenamente financiado pelo fluxo investimento direto externo

que deverá permanecer acima de US$60 bilhões.

No cenário global, a crise na Argentina se aprofundou em meio à solicitação de antecipação de parcelas

dos empréstimos junto ao FMI. Em junho, a Argentina havia acordado com o FMI um empréstimo no

valor de US$ 50 bilhões, com o recebimento imediato de uma parcela no montante de US$ 15 bilhões, e o

restante a ser liberado ao longo dos próximos três anos. De forma inesperada, o presidente Macri solicitou

a antecipação de novos recursos junto ao Fundo, o que gerou dúvidas acerca da capacidade argentina em

honrar os compromissos de curto prazo. Como consequência do aumento do nível de incerteza, o Peso

argentino chegou a acumular perda de 13,5% em um dia, encerrando a semana com uma desvalorização de

19%. Na esteira desses eventos, o Banco Central elevou a taxa de juros de 45% a.a para 60% a.a, tendo em

vista a preocupação com o controle inflacionário. Entre janeiro e junho a inflação acelerou de 25% para

31%, inviabilizando a meta inicial de convergência para o intervalo de 12% - 17%. Se a política monetária

deve amenizar a escalada inflacionária diante da expectativa de recessão econômica nesse e no próximo

ano, o convívio com um dos maiores déficits gêmeos do mundo (déficit em conta corrente de 4,8% do PIB e

déficit fiscal em 6,5% do PIB) requer uma resposta contracionista crível também da política fiscal.

Fonte: BCB, BRAM

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INFORME ECONÔMICO

Na Zona do Euro, a inflação apresentou surpresas baixistas em agosto, enquanto o mercado de trabalho

repercute a melhora da atividade na região. Em agosto, a inflação ao consumidor (CPI) avançou 2%,

abaixo da expectativa do mercado e da leitura de junho, ambas em 2,1%. Ao excluirmos alimentos e

energia, o núcleo do CPI aumentou 1%, também desacelerando em relação ao mês anterior (1,1%). A

dinâmica no mercado de trabalho, por seu turno, segue positiva. Em julho, a taxa de desemprego atingiu

8,2%, patamar 0,9 p.p abaixo do mesmo período em 2017, condizente com o ritmo de recuperação da

atividade. Nesse sentido, ainda sob os efeitos da política monetária no campo estimulativo, acreditamos

que a taxa de desemprego na região recuará gradativamente em 2019 para um patamar de 7,5% (próximo

ao pré-crise de 2008). A recuperação gradual dos salários, implícita nessa melhora no mercado de trabalho,

deverá seguir sem elevar substancialmente a pressão sobre a inflação nos próximos meses, e permitirá que

o Banco Central Europeu mantenha a taxa de juros no patamar atual até meados de 2019.

Nos EUA, a inflação derivada dos gastos pessoais do consumidor (PCE) reforça o cenário de duas altas

adicionais pelo FED nesse ano. Entre junho e julho, o PCE acelerou de 2,2% para 2,3%, em linha com a

expectativa do mercado. O núcleo do PCE (exclui alimentos e energia), principal referência de inflação para

o FED, acelerou no período de 1,9% para 2% em termos anuais. Embora a inflação já se encontre na meta

estipulado pelo FED, temos medidas de estímulo no campo fiscal sendo implementadas e que devem

exercer pressão adicional sobre o nível de preços nos próximos meses. Diante desse cenário, avaliamos

como inevitável a continuidade do aperto monetário nos EUA, com alta de juros nas reuniões de setembro

e dezembro desse ano, elevando o FED funds do intervalo de 1,75% - 2% a.a para 2,25% - 2,50% a.a.

Fonte: Bloomberg, BRAM

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INFORME ECONÔMICO

Na China, os dados de confiança (PMI) de agosto mostraram uma leve melhora frente às últimas leituras.

No mês, a confiança da indústria alcançou o patamar de 51,3 pontos, ante 51,2 em julho. Na abertura do

indicador, o destaque da aceleração adveio do componente produção (de 53 para 53,3 pontos), enquanto

as ordens para exportação, ainda penalizadas pela tensão comercial, cedeu de 49,8 para 49,4 pontos. Nessa

mesma direção, o componente importações alcançou o patamar de 49,1 pontos, o menor nível desde 2016.

Já os componentes de inflação revelaram maior expectativa inflacionária por parte dos agentes nos

próximos meses. Sobre a confiança no setor de serviços, em agosto o indicador subiu de 53 para 53,4

pontos. No agregado das pesquisas, o PMI composto acelerou levemente entre julho e agosto, saindo de

53,6 para 53,8 pontos. Embora a tensão comercial insira riscos ao cenário de crescimento, mantemos a

projeção de expansão do PIB em 6,5%.

Na próxima semana, contaremos na agenda local com a divulgação do IPCA de agosto na quinta-feira,

para o qual esperamos variação de 0,01%. Na terça-feira, o desempenho da indústria em julho será

divulgado pelo IBGE. Projetamos uma queda de 2% na margem. Na agenda global, destaque para os dados

do mercado de trabalho nos EUA, que serão conhecidos na sexta-feira.

Fonte: Bloomberg, BRAM

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INFORME ECONÔMICO

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INFORME ECONÔMICO

CALENDÁRIO E PROJEÇÕES

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INFORME ECONÔMICO

Tel.: 3847-9171 [email protected]

As opiniões, estimativas e previsões apresentadas neste relatório constituem o nosso julgamento e estão sujeitas a mu-

danças sem aviso prévio, assim como as perspectivas para os mercados financeiros, que são baseadas nas condições

atuais de mercado. Acreditamos que as informações apresentadas aqui são confiáveis, mas não garantimos a sua exati-

dão e informamos que podem estar apresentadas de maneira resumida. Este material não tem intenção de ser uma ofer-ta ou solicitação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro. BRAM - Bradesco Asset Management é a em-

presa responsável pela atividade de administração de recursos de terceiros do Banco Bradesco S.A.

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Material produzido em 31/08/2018 às 18h00

Outras edições estão disponíveis no Site: www.bradescoasset.com.br

MARCELO CIRNE DE TOLEDO

Economista Chefe [email protected]

HUGO RIBAS DA COSTA

[email protected]

JOSE LUCIANO DA SILVA COSTA [email protected]

THIAGO NEVES PEREIRA

[email protected]

WANDERSON MARTINS [email protected]