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Para Card, (2001 apud Sachsida, Loureiro e Mendonça, 2004) ultimamente tem se notado um grande interesse no estudo sobre a relação entre escolaridade e o sucesso no mercado de trabalho. Segundo Katz e autor, (1999 apud Sachsida, Loureiro e Mendonça, 2004) a origem do interesse no estudo pode estar ligada a busca de uma explicação no aumento do diferencial entre os salários de pessoas com alto e baixo nível de escolaridades, o que pode sugerir retornos diferentes entre grupos distintos. Outra possível explicação para tal crescente interesse acerca desse tema se deve a estudos que mostram a importância do capital humano no desenvolvimento de um país (Topel, 1999 apud Sachsida, Loureiro e Mendonça, 2004) Em relação à questão da escolaridade, vários economistas demonstrado interesse no estudo do retorno em escolaridade, dentre eles Becker (1962,1975) e Mincer (1958,1974). Becker em 1975 apresentou um modelo onde os agentes decidem investir em capital humano tendo em vista o custo e o beneficio de cada ano a mais de escolaridade. Em seu trabalho Sachsida, Loureiro e Mendonça (2004), tinham como objetivo investigar a questão do retorno em escolaridade para o Brasil, verificando quais as fontes de viés que poderiam afetar a estimação da equação do modelo. Para tal estudo, verificou-se por diferentes procedimentos se diferentes fontes de viés estariam prejudicando a estimação da equação de salários, e assim gerando viés para o retorno em escolaridade. O primeiro método tem por base o estimador de Heckman (1979) sugerindo

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Page 1: Resenha Parte 2

Para Card, (2001 apud Sachsida, Loureiro e Mendonça, 2004) ultimamente tem

se notado um grande interesse no estudo sobre a relação entre escolaridade e o sucesso

no mercado de trabalho. Segundo Katz e autor, (1999 apud Sachsida, Loureiro e

Mendonça, 2004) a origem do interesse no estudo pode estar ligada a busca de uma

explicação no aumento do diferencial entre os salários de pessoas com alto e baixo nível

de escolaridades, o que pode sugerir retornos diferentes entre grupos distintos. Outra

possível explicação para tal crescente interesse acerca desse tema se deve a estudos que

mostram a importância do capital humano no desenvolvimento de um país (Topel, 1999

apud Sachsida, Loureiro e Mendonça, 2004)

Em relação à questão da escolaridade, vários economistas demonstrado interesse

no estudo do retorno em escolaridade, dentre eles Becker (1962,1975) e Mincer

(1958,1974). Becker em 1975 apresentou um modelo onde os agentes decidem investir

em capital humano tendo em vista o custo e o beneficio de cada ano a mais de

escolaridade.

Em seu trabalho Sachsida, Loureiro e Mendonça (2004), tinham como objetivo

investigar a questão do retorno em escolaridade para o Brasil, verificando quais as

fontes de viés que poderiam afetar a estimação da equação do modelo.

Para tal estudo, verificou-se por diferentes procedimentos se diferentes fontes de

viés estariam prejudicando a estimação da equação de salários, e assim gerando viés

para o retorno em escolaridade. O primeiro método tem por base o estimador de

Heckman (1979) sugerindo que o viés possa ser causado pela estratégia de “job search"

que faz com que o salário não dependa apenas da oferta de trabalho como também da

procura por emprego. A segunda abordagem faz uso da metodologia de Garen (1984)

que permite tratar o grau de escolaridade como uma escolha racional do agente. Por fim,

investiga-se a existência de viés de variável omitida causado pela ausência de uma

variável que possa medir a habilidade do indivíduo (Griliches, 1977). O tratamento

empírico neste caso foi feito com base na metodologia de pseudo painel (Deaton, 1985).

Os dados utilizados neste estudo foram obtidos da Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicilio (PNAD), sendo que as estimativas foram feitas tanto para dados cross-section

do ano 1996, como para dados empilhados (pooling) de 1992 a 1999.

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Entre as principais conclusões da pesquisa pode-se destacar que há evidência

acerca da hipótese de vantagens comparativas de Willis e Rosen (1979),bem como

indícios de endogeneidade na escolha da escolaridade e por fim, pouca importância

para o viés de variável omitida. Os resultados do trabalho indicaram ainda a existência

de endogeneidade na escolha da escolaridade, assim como a presença de viés de seleção

no curto prazo advinda da estratégia de procura por emprego.

Dentre outros trabalhos relacionados ao Brasil destacam-se: Ueda e Hoffmann

(2002) usando o método de variáveis instrumentais encontram uma taxa de retorno da

escolaridade em torno de 9,8%; Utilizando o procedimento de Heckman (1979),

Loureiro e Galrão (2001) estimam o retorno em escolaridade para os setores rurais e

urbanos. Nesse estudo o retorno em escolaridade para homens no setor urbano foi de

18,58%, enquanto que no setor rural o retorno se situou em 11,35%; Silva e Kassouf

(2000) investigaram a existência de retornos diferenciados (por sexo) µa escolaridade e

treinamento. Os resultados evidenciaram que a taxa de retorno da escolaridade relativo

µas mulheres foi maior que a dos homens. Já em um estudo sobre a existência de

dualidade no mercado de trabalho brasileiro, Soares e Gonzaga (1999), utilizando uma

metodologia proposta por Dickens e Lang (1985, 1992), estimaram equações de salários

a partir de um modelo de “switching-regressions", sendo que as taxas de retorno

estimadas para escolaridade variaram de 12% (setor secundário) a 23,4% (setor

primário) ao ano.

Enquanto, a taxa de retorno da educação pelo modelo competitivo (uni-setorial)

linear foi de 15,4%.

Referência

SACHSIDA, Adolfo; LOUREIRO, Paulo Roberto Amorim; MENDONÇA, Mário Jorge Cardoso de. Um estudo sobre retorno em escolaridade no Brasil. Revista Brasileira de Economia, Rio de Janeiro, v.58,n.2, p. 249-265, abr./jun. 2004.