resenha guerreiro nova cienca das organizações

Upload: gilmar-niesciur

Post on 07-Apr-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    1/18

    Resenha hihliografica 2

    A nova cieneia das organiza.;oes: umareconceituaeao da riqueza das nacoes

    Ramos, Alberto Guerreiro. A Nova Ciencia dasOrganizaroes: Uma Reconceituadio da Riqueza dasNaciies. Rio de Janeiro: Editora da FundacaoCetulio Vargas, 1981. 209 pp.

    JORGE VIANNA MONTEIRO

    A leitura de A Nova Ciencia das Organizaroes nao e 0que sepoderiarotular de uma "Ieitura simples", em decorrencia nao apenas doestilo Iiterario de seu autor (acrescido, eventualmente, de viciosde traducao), mas principalmente da erudi~ao com que 0 ProfessorRamos argumenta nas areas de Sociologia e Ciencia Politica. Assim,a revisao de uma obra como essa seria aparentemente contra-indicadapara urn economista, uma vez que, ademais, a cultura do texto doautor no campo da Economia e bastante rarefeita e, afinal, 0"movimenro organizacional" ainda nao contaminou tao extensiva-mente a seara profissional do economista. Todavia, hi duas boasjustificativas para urn economista - como economista - ler comatencao e interesse profissional 0 citado texto: primeiro, comosubtitulo 0 livro se propoe a ser uma reconceituaciio da riquezadas naciies, 0 que, por certo, tocara os brios profissionais dos econo-rnistas; e, segundo, a profissao parece ainda nao estar devidamenterefeita do "cheque" que representou a concessao do Premio Nobelde Economia de 1978 a Herbert Simon - urn dos expoentes da

    Professor de Economia da Ponriffcia Universidade Cat6lica do Rio de Ja-neiro (I'UCjRJ).

    Pesq. Plan. Econ. Rio de Janeiro, 1 1 ( 3) 83 7 a 84 6 dez, 1981

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    2/18

    "Ciencia das Organizacoes" e a grande critico da teoria econ6micapelos seus pressupostos organizacionais e de processodecisorio. Dessemodo, a contribuicao do ProfessorRamos merece ser lida e rneditadapelos economistas, independentemente do sentido mais profundoque ela possa ter em outros campos das Ciencias Sociais.

    Esta revisao, ou resenha bibliogrifica, partanto, nao se ocupadesse sentido mais amplo do livro, e sim, mais especiicamente, doelo que ele pretende estabelecer au identificar entre os pressupostosorganizacionais (A Nova Ciencia das Organizaciies] e 0desenho desistemas economicos (numa especie de reconceiiiuuiio da riqueza dasnaroes).

    Nessa ordem de ideias, uma primeira sensacao que fica da leiturado texto sob revisao e que 0seu titulo e urn pouco enganador (nooriginal em ingles haveria 0 subtitulo? A valer a informacao daficha catalografica da edicao da FGV, ele nao constava da edicaooriginal). Esse seria urn mero detalhe mercado16gico?Certamenteque nao, pois urn dos argumentos mais presentes nos reparos queo Professor Ramos faz a "ciencia das organizacoes" decorreria desua inseparabilidade da "ideologia de mercado", com 0que ela sedeteria em questoes puramente tecnicas - 0que, de habito, tern sidouma acusacao recorrente feita a Economia e aos economistas. Assim,nada mais elementar do que associar 0 mecanismo de mercado aomarco initial da Economia - a obra de Adam Smith.

    De certo modo, a teoria ou a "ciencia das organizacoes" no textoem analise desempenha uma funC;aode straw man, ou seja, nemtodos reconheceriam na caracterizacao dada pelo autor a identidadeda ciencia ou teoria das organizacoes,0 que e particularmente ver-dadeiro na perspectiva da Economia. A guisa de exemplo, tomemosuma das afirmacoes feitas no livro: "0 modelo de analise e planeja-mente de sistemas sociais que ora predomina, nos campos... daEconomia e da Ciencia Social em geral, e unidimensional, porquerefIete 0moderno paradigma que, em grande parte, considera 0mercado como a principal categoria para a ordenacao dos neg6ciospessoais e socials" (Cap. 7, P: 140). Essa e uma afirmacao altamentequalifidvel, ou mesmo insustentavel, a luz do desenvolvimento cien-tifico observado em alguns campos de indagacao da Economia.838 Pesq. Plan. Econ, 11(3) dez, 1981

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    3/18

    Com efeito, e no campo da teoria de sistemas economicos quese po de observar, com maior Impeto, a absorcao de conceitos eresultados analiticos da ciencia das organizacoes. As contribuicoesde autores como Koopmans, Montias, Neuberger e Kornai, entre ou-tros, parecem sugerir justamente 0 contrario: a enorme limitacaoque a enfase nos processos de mercado tem colocado para 0 desen-volvimento de uma teoria de sistemas econornicos. 0novo paradig-rna da analise de sistemas economicos e , por isso mesmo, incompa-ravel em precisao conceitual e rigor analitico com a visao ortodoxade sistemas (que, por exemplo, induz ao usa de tipologias surradascomo "capitalismo" e "socialisrno", bern como a associacoes comocapitalismo e mercado, socialismo e planejamento). Nesse novoparadigma, as atividades de controle na organizacao economica (eo "governo" aparece nessas caracterizacoes como sendo essencialmen-te uma unidade de controle) desernpenham urn papeI relevante.Assim, urn sistema economico, E, pode ser sumariamente caracter i-zado como:

    E =E (0, G, S, qt, 0)em que 0 e 0 conjunto de organizacoes ("uma formacao social~omposta de pessoas que se associ am para desempenhar certas func;:6essocio-economicas bern definidas"), 1G e 0 conjunto de todos os pro-dutos elaborados no sistema (esse e 0 Iado dos processos reais, poroposicao aos processos de controle no sistema) , S e 0 conjunto de to-dos os tipos de informacao existentes no sistema eWe 0sao func;:oes-resposta, respectivamente, da esfera real e da esfera de controle dosistema.

    Pode-se, pois, notar que as habituais suposicoes do "paradigmade mercado" sao suplantadas par essa concepcao muito mais amplae rica, em termos analiticos, do sistema economico, e, incidental-mente, do proprio design de sistemas (0 que se tern notabiliazdo nosestudos das reformas economicas no Leste Europeu). Os trabalhosdo proprio Kornai, anteriormente citado, e de outros autores como

    1 J. Kornai, Anti-Equil ibrium: On Economic Systems and the Tasks of Re-search (Arnsterda: North-Holland, 1971). p. 140.Resenha Bibliogrdjica 2 839

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    4/18

    Marschak e Granick demonstram a utilidade pratica desse para-digma organizacional dos sistemas economicos.

    Outro campo da teoria economica que vern recebendo impactosvigorosos da "ciencia das organizacoes" e 0 do estudo do decision-making, onde tambem 0 pensamento economico estende-se muitoalem de seus dominies tradicionais de producao, consumo e distri-buicao de bens e services atraves do mercado. "A preocupacao eco-nomica, 0 interesse em escolhas 6timas, tern obviamente caracte-rizado artes praticas como a engenharia, planejamento militar, emedicina, desde seu inlcio. Sob nomes como pesquisa operacional,analise de custo-eficiencia, analise de sistema, programacao mate-matica - nomes canhestros e casuais que sugerem sua origem napratica e nao na filosofia - complexes problemas de decisao ternsido explicitados como tais. Ou seja, tanto as restricoes de viabi-lidade (recursos limitados, conjunto de acoes disponfveisj, como oscriterios de desejabilidade (ordena;;:ao de preferencias, objetivos,valores), sao estabelecidos, abrindo 0 caminho a uma solucao siste-matica de algum problema de maximizacao't.P

    Esse campo esta indelevelmente ligado ao nome de Jacob Marschake a sua profunda especulacao a respeito da teoria economica daorganizacao - 0 que parece urn suficiente contra-exemplo para outraafirmacao do Professor Ramos: "Tal como Keynes, hoje hayedalgumas pessoas que prefiram suspender a critica a teoria organi-zacional corrente, porque, embora sendo pobre em sofisticacao, elafundona" (Cap. 1, P: 1). A leitura de Economic Theory of Teamspodera convencer a qualquer leitor do senti do apropriado da "sofis-ticacao" e de como pode "funcionar" uma teoria!

    Outra afirmacao do autar que tambem consideramos muito qua-lificavel e a que diz respeito a subestimacao feita aos avances damoderna economia institucional (ou, como preferem alguns, da"nova economia politica") na sua variante das escolhas coletivas.Diz 0 Professor Ramos: ". _. a escolha pessoal nao tern a mesmaconotacao da palavra escolha no campo das ciencias politicas atuais,

    2 J. Marschak e R. Radner, Economic Theory ot Teams (New Haven: YaleUniversiry Press, 1972), p. 3.84 0 Pesq, Plan. Con. Il()) dez . .1981

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    5/18

    especialmente aquela em que e usada pelos teoristas da escolhapublica [que ele associa a nomes como Downs e Tullock], os quaisseriam capazes de ver escolha pessoal onde, do ponto de vista doparadigm a [ou seja, do paradigma que e proposto no Cap. 7 dolivre], nao hi nenhuma. Reduzem 0individuo, ou 0cidadao, a umagente de maximizacao de utilidade, permanentemente ocupado ematividades de comercio. A escolha exercida por esse agente nao en-volve uma confrontacao do mercado, mas pressupoe que 0 individuoneste se inclui completamente, tendo sua natureza definida pelasexigencias do mercado. A teoria da escolha publica, da mesma formaque a teoria administrativa, e pregada em terrnos de urn modelohumano unidimensional, que visualiza 0 espa;:o social como hori-zontal e plano: nele, onde quer que 0 homem va nunca sai domercado" 3 (Cap. 7, p. 141, grifos nossos).

    Tais afirmacoes devem ser examinadas em funcao de dois aspec-tos fundamentais:

    a) Deve-se notar a questao de metodologia de analise que emEconomia e caracteristicamente a do "individualismo metodologico"(Hayek), que ve 0 comportamento social a partir de modelos decomportamento de indivlduos. Por oposicao, tem-se a "metodologiacoletivista" (Hayek), que desenvolve hipoteses sobre 0 comporta-mento social a partir do papel desempenhado por tipos agregadosespecrais (como e comum na Sociologia). 0 campo da escolhacoletiva e majoritariamente urn campo da Economia nao apenaspelo numero de economistas que atua nessa area de especulacaocientifica, mas especialmente por sua metodologia de analise e pelofarto uso que ai se faz do instrumental te6rico de Economia.

    3 Talvez uma traducao mais apropriada de public choice seja escolho coletioa,e nao escolha publica, que grifamos na citacilo. Incidentalrnenre, e curioso notara menc;ao no texto em portugues aos "teoristas da escolha publica". SegundoA. B. de Holanda Ferreira, Novo Diciondrio da Lingua Portuguesa, p. 1.378.teorista e a "pessoa que, embora conheca os princlpios de uma ciencia, nao apratica ou nao sabe pratica-la", Ted sido essa a Intencao do Professor Ramosao se referir a urn movimento que congrega nomes como Buchanan, Tullock.Stubblebine, entre outros?

    Resenha Bibliogrdfica 2 8 4 1

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    6/18

    b) A teoria da escolha coletiva representa justamente uma tenta-tiva - a nosso ver ainda incipiente - de "fechar a analise dossistemas de interacao social".4 Buchanan, urn expoente desse movi-mento, reforca ainda mais esse ponto de vista: "Nesse particular,ela [a teoria da escolha coletiva] pode ser comparada e contrastadacom 0habitual sistema 'aberto' analisado na teoria economica tra-dicional. Alem dos limites do cornportamento de mercado, contudo,a analise e deixada em 'aberto', As 'escolhas coletivas' que definernas restricoes sob as quais 0 comportamento do mercado ocorre saoconsideradas como ocorrendo externamente ou exogenamente, presu-mivelmente por outros que nao aqueles que participam nas tran-sar;oes de mercado e cujo comportamento e sujeito ao exame dateoria". I)

    Assim, parece que ha uma consciencia muito nitida quanto a sepa-rar;ao do comportamento dos indivlduos que atuam no mercado e,por exemplo, no processo politico. E 6bvio que urn mesmo indivfduo(ou cidadao) pode atuar em ambas as capacidades: no mereado elee , digamos, urn consumidor e no processo politico um eleitor.

    De qualquer modo, hi diferentes dimensoes pelas quais a escolhaindividual nos processos de mercado (v. g., competicao perfeita) enos processos pcli ticos (v. g . , em governo represen ta tivo) podeseguir caminhos bern diversos, Como esse aspecto parece fiear igno-rado no texto do Professor Ramos, pareee-nos instrutivo, por fim,resenhar algumas dessas dimensoes.

    a) Quanta a precisao do atendimento da escolha (ou 0atributoda "sintonia fina").

    No mercado, 0 individuo (v.g., urn consumidor) e 0 agente dadecisao au escolha, tanto quanta e 0 beneficiario imediato dessaescolha. Esses dais sentidos da causacao sao virtualmente indissocia-dos. No mecanismo politico, a eseolha individual (v.g., de umeleitor) e encaminhada atraves de urn "corretor" (0 politico) e a

    4 J. Buchanan, "Toward Analysis of Closed Behavioral Systems", in J. Bu-chanan e R. Tollison (eds.), Theory of Public Choice: Political Applications ofEconomics (Ann Arbor: Michigan University Press, 1972), p. 11.

    5 Ibid.84 2 pesq. Plan. Econ. lI(J) dez: 1981

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    7/18

    processo de escolhas e essencialmente coletivo, isto e , a demanda deindividuos somam-se as demandas dos demais individuos, e e nessenivel global que a demanda individual e atendida.

    Em decorrencia, 0 processo politico nao garante a precisao daescolha individual, pois a escolha coletiva pode fixar 0atendimentoem nivel diferente do explicitado pela escolha individual. Esse aten-dimento e urn "pacote" de bens e preC;;os (os impostos) que estaimplicito na poUtica publica.

    Urn corolario relevante dessa fraca sintonia diz respeito ao in-centivo que, individualrnente, urn eleitor tera em encaminhar suasdemandas, isto e, em participar de todo no processo politico. Essee urn aspecto - a abstencao - muito discutido na literatura degoverno representative, ou seja, 0individuo pode nao-agir (decisaozero) e, nao obstante, a escolha coletiva fixar 0 nivel do atendi-men to das necessidades da coletividade (na qual se situa esse indi-viduo). No mercado, por definicao, nao ocorre abstencao, Sendoprecisa a escolha individual, se ela nao se exerce, nao hi 0atendi-men to da necessidade individual.

    Outro corolario, mais de natureza metodologica, situa 0 problemada escolha via processo politico na referenda maior de uma teoriade escolhas envolvendo risco. Mesmo que 0 individuo conheca comprecisao os resultados de cada acao coletiva, ele nao pode ter certezaacerca da escolha coletiva que se estabelecera.

    b) Quanto a divisibilidade dos recursos individuals.No mercado os recursos financeiros ou orcarnentarios que apOlam

    a escolha sao divisiveis e nao-vinculados, ao passo que no processopolitico 0voto individual nao e possivel de ser fragmentado, vin-culando-se desse modo a uma e unica escolha (v _g " urn partido,urn candida to, uma politica).

    Como corolarios relevantes tem-se:i) 0 atributo da composicao: no mercado 0 individuo, ao se

    defrontar com as alternativas A e B, pode compor sua escolha nosentido de obter parcialmente A e parcialmente B, isto e , combinaralternativas (v.g., cestas de mercadorias), enquanto no processopolitico essas alternativas - de Iato, as politicas publicas, P (A) eResenha Bibliogrdjica 2 84!1

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    8/18

    P (B) - sao mutuarnente exc1usivas do ponto de vista da escolhaindividual; e

    Ii) 0 atributo da padronizacao: 0 processo politico reduziria apossibilidade de atender tao diversificadamente quanto 0 mercadoas escolhas (ou as necessidades) individuais,

    c) Quanto a tecnologia das op

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    9/18

    i) subjetivamente, cada individuo define um limite L > 0 decoercao ate 0qual ele nao se sente incentivado a reagir, isto e, a"reclamar", no sentido de Hirschman, e, por outro lado, cada polfticapublica deixa transparecer para cada individuo urn grau I decoercao: e

    ii) assim, 0 j-esimo individuo adota 0 seguinte criterio de de-cisao para a sua participacao politica: se 11 > 0 e lj > L , ocorrea participacao politica, e, se [j= 0 ou Ij ::::;:; L;, nfio ocorre a parti-cipacfo polirica.

    e) Quante a solucao do desequilibrio.No mercado, 0 individuo (v.g., 0 consumidor) empreende dire-

    ramente ar;6es (v.g., compra e venda), de modo a converter umaposicao de desequilfbrio em uma situacao de equilfbrio, ] a no pro-cesso politico, a posicao de desequilibrio, do ponto de vista indivi-dual, 56 pode ser transformada atraves da a(fao coletiva, como pelainfluencia que se exerce sobre 0 politico.

    A teoria da escolha coletiva tern, portanto, contribuido para aanalise das aplicacoes pollticas da Economia - outra vez, urn campoem que as 0p(foes nao envolvem necessariamente os processos demercado.

    Ao relegar a urn plano secundario, ou mesmo nao considerar, asvertentes anaIiticas mencionadas ao tonga desta resenha, 0 livro doProfessor Ramos acaba por se tornar pouco representative do estadodas artes no campo do design organizacional e das reformas econo-micas, A Ieitura dos capitulos finais do livro - como 0Cap. 7("Teoria da Delimitacao dos Sistemas Sociais: Apresentacao de urnParadigma") e, especialrnente, 0 Cap. 9 ("Paraeconomia: Paradigm ae Modelo Multicentrico de Alocacao") - por certo e muito interes-sante, mas poueo acrescenta ao que alguns dos economistas dtadosnesta resenha ja estabeleceram em suas analises, delineando aoleitor apenas os propositos de urn "paradigrna paraeconomico", ouseja, "analise e planejamento de sistemas sociais ern que as econo-mias sao consideradas apenas como parte do conjunto da tessiturasocial" (Cap. 9, p. 177), au da reestruturacao de uma sociedade (aude uma economia), como urn empreendimento intencional, que en-Rm nha Bibl iogrdfica 2 845

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    10/18

    volve "0planejamento e implementacao de urn novo tipode Estado,com 0poder de formular e por em pratica diretrizes distributivasde apoio nao apenas de objetivos orientados para 0 mercado, mastambern de cenarios sociais adequados a atualizacao pessoal, a rela-cionamentos de convivencia e a atividades cornunitarias de cidadaos"(Cap. 7, p. 155).

    Um exemplo recente desse nivel de analise nao contemplado nolivro do Professor Ramos e a discussao das consequencias da reformaeconornica na Hungria (iniciada em 1968) por urn de seus rnentorese extraordinario pesquisador do design de sistemas socio-economicos, 7

    Esta revisao bibliografica, em suma, pretende apenas acrescentarevidencias do impacto analitico que a "ciencia das organizacoes" terntido, nos ultimos 20 anos, no campo da Economia. Com isso, algumasafirmaeoes do livro do Professor Ramos tornam-se bastante quali-ficaveis, Todavia, 0 sentido mais genuino de tais reparos nao pre-tende dirninuir seja a atualidade da incursao de urn cientista socialbrasileiro num campo de indagacao tao negligenciado entre nos(sobretudo pelos economistas brasileiros), seja a validade do nivelanaHtico em que ele constroi 0 seu rnodelo "paraeconomico",

    7 J. Kornai, "The Dilemmas of a Socialist Econcmv: The Hungarian Experience", in Cambridge Journal of Economics, n.v 4 (1980), pp. 147157.iN6 Pesq, Plan. Econ. 11(3) dez: 1981

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    11/18

    PESQUISA E PLANEJAMENTO ECONOMICO

    Indice do Volume 11. 1981

    ARTIGOS E RESENHAS (por ordem de paginacao}

    Os paises de industrializacao recente em Vias de desenvolvi-mento ap6s a erise do petr6leo Bela Balassa I

    A recuperacao economica e a desconcentracao de mercadoda industria textil paulista durante a Grande Depressao:1928/37 Jose Roberto Mendonca de Barros e Douglas H. Graham 79

    Demanda efetiva e dinamica em Kalecki . Mario Luiz Possas e Paulo E. A. Balter 107Trabalho heterogeneo e exploracao .

    Witold Teplitz-Sembitzky 161Capital, concorrencia e emprego da tecnica .

    Ricardo Tolipan I8!)o sistema tributario de 1967: adequado ao Brasil de 80? ....

    , Ricardo Varsano 203Controversias sobre 0 ICM no comercio interestadual: uma

    resenha , Carlos A. Longo 229A economia das operacoes de terminais ferroviarios: 0 caso

    de Paranagua Charles L. Wright, Richard L. Meyer e Francis E. Walker 251

    Uma teoria de lueros, de Adrian Wood (Resenha) . Eduardo Augusto de Almeida Guimariies 267

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    12/18

    The megacorp and oligopoly: micro foundations of macrodynamics, de Alfred S. Eichner (Resenha) . Mario Ferreira Presser 275

    A divida externa latino-americana: urn caso de desenvolvi-mento com incerteza Albert Fishlow 283

    A abertura financeira externa: 0 caso argentino . Roberto Frenkel 323

    Estado, ideologia e politicas econ6micas no Chile: 1973/78 Tomas Moulian e Pilar Vergara 383

    A transicao para 0 capitalismo: uma analise te6rica do apa-recimento de trabalho assalariado . , Jose Marcia Camargo 443

    Diversificacao das empresas industrials no Brasil: 1974 Lilian Maria Miller 469

    A distribuicao da renda real no contexte urbane: 0 caso dacidade do Rio de Janeiro Alfredo Behrens 499

    The multinational corporation: a radical approach, de StephenHerbert Hymer (Resenha) , . .. Mario Ferreira Presser 537

    Entropy: a new world view, de Jeremy Rifkin (Resenha) . , _ Annibal Villela e C16vis Caoalcanti 553

    Abastecimento urbano e inflacao , [oiio Sayad 563

    Sobre as causas da recente aceleracao inflacionaria . Andre Lara Resende e Francisco C. Lopes 599Uma equacao para a dernanda de moeda no Brasil .

    ... Eliana A. Cardoso 617Precos, mark up e distribuicao funcional da renda na indus-

    tria de transformacao: dinamica de longo ede curto pra-zo - 1959/80 Claudio Monteiro Considera 637

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    13/18

    Crescimento economiro, padrflo de consumo e distribuicaoda renda no Brasil: uma abordagem multissetorial parao periodo 1970/75 Regis Bonelli e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. Paulo Vieira da Cunha 703

    Pobreza e concentracfo da renda no Brasil . " Constantino Lluch. 757

    Aspectos distributivos do esquema de subsidios fiscais a ex-portacao de manufaturados Helson C . Braga 7H 3

    A nova politica salarial, distribuicao de rendas e inflacao:um comentario Liuio de Caroalho 803

    A nova politica salarial, distribuicao de rendas e inflacao:uma replica Jose Marcia Camargo 819

    As palxoes e os interesse: argumentos politicos a favor docapitalismo antes de seu triunfo, de Albert O. Hirshman(Resenha) Maria Valeria [unho Pena e Ricardo Tolipan 831

    A nova ciencia das organizacoes: uma reconceituacao da ri-queza das nacoes (Resenha) .... Jorge Vienna Monteiro 837

    AUTORES (por ordem alfahetica ]

    BALASSA, Bela. Os paises de industrializacao recente em viasde desenvolvimento apos a crise do petroleo .

    BALTAR, Paulo E. A. Demanda efetiva e dinamica emKalecki 107

    BARROS, Jose Roberto Mendonca de. Ver BARROS) joseRoberto M. de.

    BARROS, Jose Roberto M. de. A recuperacao economica e itdesconcentracao de mercado da industria textil paulistadurante a Grande Depressao: 1928/37 79

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    14/18

    BEHRENS, Alfredo. A distribuicao cia renda real no contextourbano: 0 caso da cidade do Rio de Janeiro 499

    BONELLI, Regis. Crescimento economico, padrao de consumoe distribuicao da renda no Brasil: uma abordagem multis-setorial para 0periodo 1970/75 703

    BRAGA, Helson C. Aspectos distributivos do esquema desubsidios fiscais a exportacao de manufaturados 783

    CAMARGO, jose Marcia. A transicao para 0 capitalismo:uma analise teorica do aparecimento de trabalho assa-lariado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 413

    CAMARGO, Jose Mascio. A nova politica salarial, distribuicaode rendas e inflacao: uma replica 819

    CARDOSO, Eliana A. Uma equacao para a demanda de moedano Brasil 617

    CARVALHO, Livio de. A nova politica salarial, distribuicaode rendas e inflacao: urn comentario ... . . . . . . . . . . . . . . . 803CA VALCANT I, Cltrois 553CONSIDERA, Claudio Monteiro. Precos, mark up e distri-

    buicao funcional da renda na industria de transformacao:dinamica de longo e de curto prazo - 1959/80 637

    EICHNER, Alfred S. The megacorp anti oligopoly: microfoundations of macro dynamics (Resenha) 275

    FISHLOW, Albert. A divida externa latino-americana: urncaso de desenvolvimento com incerteza 283

    FRENKEL, Roberto. A abertura Iinanceira externa: 0 casuargentino 323

    GRAHAM, Douglas H. A recuperacao economica e a descon-centracao de mercado da industria textil paulista durantea Grande Depressao: 1928 /37 79

    GUIMARAES, Eduardo Augusto de Almeida. Ver GUI-MARAES, Eduardo Augusto.

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    15/18

    GUIMARAES, Eduardo Augusto 267HIRSHMAN, Albert O. As paixoes e os interesses: argumcn-

    tos politicos a favor do capitalismo antes de seu triunfo(Resenha) 831

    HYMER, Stephen Herbert. The multinational corporation: aradical approach (Resenha) 537

    LARA RESENDE, Andre. Sobre as causas da rccente acele-racao inflacionaria 599

    LLUCH, Constantino. Pobreza e concentracao da renda noBrasil 757

    LONGO, Carlos A. Controversias sobre 0 ICM no cornerciointerestadual: uma resenha 229

    LOPES, Francisco C. Sobre as causas da recente aceleracaoinflacioniria ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 599

    MEYER, Richard L. A economia das operacoes de terminaisferroviarios: 0caso de Paranagua 251

    MILLER, Lilian Maria. Diversificacao das empresas indus-triais no Brasil: 1974 469

    MONTEIRO, Jorge Vienna 837MOULIAN, Tomas. Estado, ideologia e pcliticas economicas

    no Chile: 1973/78 383PENA, Maria Valeria [unho 831POSSAS, Mario Luiz. Demanda efetiva e dinamica em Kalecki 107PRESSER, Mario Ferreira 275PRESSER, Mario Ferreira , , .. . . . . . . . .. . . . . . 537RAMOS, A Iberia Guerreiro. A nova ciencia das organizacoes:

    uma reconceituacao da riqueza nas nacoes (Resenha) 837RIFKIN, Jeremy. Entropy: a new world view (Rcsenha) 553SA YAD, [oiio, Abastecimento urbano e inflacao 56?l

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    16/18

    TEPLI TZ-SEMBI TZKY, Witold. Trabalho heterogeneo eex ploracao 161

    TOLlPAN, Ricardo. Capital, concorrencia e emprego datecnica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183

    TOLIPAN, Ricardo 831VARSANO, Ricardo. 0 sistema tributario de 1967: adequado

    ao Brasil de 80? 203VERGARA, Pilar. Estado, ideologia e politicas economicas

    no Chile: 1973(78 383VIEIRA DA CUNHA, Paulo. Crescimento economico, padrao

    de con sumo e distribuicao da renda no Brasil: uma abor-dagem multissetorial para 0 periodo 1970/75 703

    VILLELA, Annibal. Ver VILLELA, Annibal V.VILLELA, Annibal V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 553WALKER, Francis E. A economia das operacoes de terminais

    Ierroviarios: 0 caso de Paranagua 251WOOD, Adrian. Uma teoria de lucros (Resenha) 2fi7WRIGHT, Charles L. A economia lias operacoes de terminais

    ferroviarios: 0 caso de Paranagua 251

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    17/18

    IPEA - 061 8 1 004 ISSN - 0100-0551

    Pesquisa e planejamento economtco, v. 1 -n. 1 - jun. 1971- Rio de Janeiro,Instituto de Planejamento Econ6mico e Social, 1971

    v. - quadrlmestralTitulo anterior: Pesqulsa e Planejamento v. I, n. 1 e 2, 1971.

    Periodicidade anterior. Semestral de 1971-1975.

    l1. Economia - Pesquisa - Periodicos. 2. PlanejamentoEconomico - Brasil. I. Brasil. Instituto de Planejamento Eco-nomico e Social.

    o CDD 330.05CDU 33 (81) (05)

  • 8/4/2019 Resenha guerreiro Nova Cienca das Organizaes

    18/18

    Errata da PPE, vet, 11, n.D 1 [abril de 1981)

    A traducao do artigo de C. L. Wright, R. L. Meyer e F. E. Walker, "A Economiadas Operat;6es de Terminais Ferroviarios: 0 Caso de Paranagua", submettdo a PPEem uma versse em ingU!s, nao foi revista pelos autores.Em relacao a este artlgo, cabe anotar as seguintes erros de lmpressao ou

    inadeq uat;6es da trad u"ao:p. 254, ultima linha: onde se I@ "custos de transporte " , lela-sa "custos correspcn-dentes aos investimentos".p. 255, 31."/32.- linhas: onde se I@ "(numeros que correspondem aproximadamenteaos regtstrados no Parana)", leiase "[este ultimo nurnero corresponde aproxima-damente ao registra do no Para na)" .p, 261, 9." Ilnha: onde se Ie '"L.i, teta-se "Ld1",p. 261, 16." nnha: onde se Ie "A compreasao da soja", leia-se "0 processamentoda soja".p. 261, nota 6, 6.a/7.- linhas: onde se Ie "'com defeito' {out-of-kilter)", leia-se"out-D'-kilter"

    p. 262, 16 linha: onde se Ie "Cii ~ ('if - (1'; - pn"",p. 265, 19. /20.. linhas: onde se III "ferrovias que cobrem distllncias curtas",lela-se "expedlceas de curta dlstancla'",pp. 259-264: onde se U! "n6dulo(s)", lela-sa "n6(s)".

    Composto e impressa no Centro de servtcos Graticos do IBGE, Rio de Janeiro, RJ