resenha ezra pound

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS Mestrado em Música Disciplina: Análise da Criação Contemporânea Aluno: Leonel Parente Resenha do capítulo IV de “ABC da literatura”, de Ezra Pound e do capítulo I de “Por que ler os clássicos”, de Ítalo Calvino. Pound afirma que a literatura é uma linguagem carrega da d significado até máximo possível. Nesse sentido as palavras são carregadas de significado principalmente por três modos: fanopeia, logopeia e melopeia. Para Pound isso significa a imagem, a música e o arranjo combinatório das palavras na poesia. O bom escritor, portanto, escolhe as palavras pelo seu significado, sendo que este significado não é estritamente definido, todavia surge com raízes e associações e depende de como e quando a palavra é comunmente usada. Assim, Pound assegura que o veículo da poesia são as palavras, mas estas constituem apenas uma parte do veículo e as lacunas entre elas, ou as deficiências de seus significados, podem ser preenchidas por ação. Noutro ponto do texto, Ezra Pound afirma que a literatura tem sido criada por seis classes de pessoas: inventores, mestres, diluidores, bons escritores sem qualidades salientes, beletristas e lançadores de moda. Nessa perspectiva, faz uma observação crítica de algumas obras clássicas. Assim, voltando-se para os lançadores de modas adverte o leitor para fazer sua própria análise do autor-obra evitando aceitar opiniões de homens que não tenham eles mesmos produzido obra importante e de homens que não assumiram o risco de publicar os resultados de sua inspeção pessoal, ainda que a tenha feito seriamente. Calvino chama a atenção para a leitura dos clássicos levando em conta que esta pode proporcionar ao leitor, excluindo o pouco proveito

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Page 1: Resenha Ezra Pound

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁSESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS

Mestrado em Música

Disciplina: Análise da Criação Contemporânea

Aluno: Leonel Parente

Resenha do capítulo IV de “ABC da literatura”, de Ezra Pound e do capítulo I de “Por que ler os clássicos”, de Ítalo Calvino.

Pound afirma que a literatura é uma linguagem carrega da d significado até máximo possível.

Nesse sentido as palavras são carregadas de significado principalmente por três modos: fanopeia,

logopeia e melopeia. Para Pound isso significa a imagem, a música e o arranjo combinatório das palavras

na poesia. O bom escritor, portanto, escolhe as palavras pelo seu significado, sendo que este significado

não é estritamente definido, todavia surge com raízes e associações e depende de como e quando a

palavra é comunmente usada. Assim, Pound assegura que o veículo da poesia são as palavras, mas estas

constituem apenas uma parte do veículo e as lacunas entre elas, ou as deficiências de seus significados,

podem ser preenchidas por ação.

Noutro ponto do texto, Ezra Pound afirma que a literatura tem sido criada por seis classes de

pessoas: inventores, mestres, diluidores, bons escritores sem qualidades salientes, beletristas e lançadores

de moda. Nessa perspectiva, faz uma observação crítica de algumas obras clássicas. Assim, voltando-se

para os lançadores de modas adverte o leitor para fazer sua própria análise do autor-obra evitando aceitar

opiniões de homens que não tenham eles mesmos produzido obra importante e de homens que não

assumiram o risco de publicar os resultados de sua inspeção pessoal, ainda que a tenha feito seriamente.

Calvino chama a atenção para a leitura dos clássicos levando em conta que esta pode

proporcionar ao leitor, excluindo o pouco proveito da leitura na juventude, uma forma as experiências

futuras, fornecendo modelos, recipientes, termos de comparação, esquemas de classificação, escalas de

valores e paradigmas de beleza. Segundo Calvino, reler um clássico na idade madura encontra-se

constantes que já fazem parte de nossos mecanismos interiores e cuja origem havíamos esquecido. Por

isso, deveria existir um tempo na vida adulta dedicado a revisitar as leituras mais importantes da

juventude. Na mesma linha de pensamento de Pound, Calvino observa que na leitura de um clássico deve-

se ir direto aos originais, evitando bibliografia crítica, comentários e interpretações. Isso porque nenhum

livro que fala de outro livro diz mais sobre o livro em questão. Para Calvino o rendimento máximo da

leitura dos clássicos advém para aquele que sabe alterná-la com a leitura de atualidades numa sábia

dosagem. Dentro disso, responde a pergunta do título da sua obra afirmando que os clássicos servem para

entender quem somos e aonde chegamos; por isso os italianos são indispensáveis para serem confrontados

com os estrangeiros e os estrangeiros são indispensáveis para serem confrontados com os italianos.