resenha 3 - estudo dos processos de comunicação científica e tecnológica

3
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO - PPGinfo Disciplina: Estudo dos Processos de Comunicação Científica e Tecnológica Profª: Lani Lucas Aluna: Juliana Aparecida Gulka Data: 13/04/2015 RESENHA BUFREM, Leilah; PRATES, Yara. O saber científico registrado e as práticas de mensuração da informação. Ciência da Informação, v. 34, n. 2, p. 9-25, 2005. GOUVEIA, Fábio Castro; LANG, Pamela. Da webometria à altmetria: uma jornada por uma ciência emergente. In: ALBAGLI, Sarita (Org). Fronteiras da Ciência da Informação. Brasília: IBICT, 2013. PRINCIPE, Eloisa. Comunicação científica e redes sociais. In: ALBAGLI, Sarita (Org). Fronteiras da Ciência da Informação. Brasília: IBICT, 2013. A diversidade e ampliação nas modalidades de pesquisa e nos suportes informacionais ocasionou uma proliferação de termos para designar as atividades de mensuração na pesquisa informacional. Mapear, analisar e identificar esses termos esclarece implicações semânticas, apoia atividades científicas e elenca possibilidades de instrumentos que podem ser utilizados nas atividades de mensuração. Bufrem e Prates (2005) desenvolveram o artigo apontando para duas direções: a literatura da área consolidada, e a literatura recente sobre o assunto. Estudar as técnicas quantitativas permite verificar as tendências, além de perceber as mudanças que ocorreram com o passar do tempo. As autoras apontam que o termo Bibliometria era utilizado desde meados de 1890, mas que foi somente em 1969 que passou a ser chamada como conhecemos. No Brasil, foi por volta de 1970, através do mestrado do IBBD (atualmente IBICT) que começou a aparecer como enfoque metodológico das dissertações defendidas. Entre 1972 e 1995, 27% do total de dissertações defendidas utilizaram enfoque metodológico da bibliometria.

Upload: juliana-gulka

Post on 17-Jan-2017

156 views

Category:

Education


3 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO - PPGinfo

Disciplina: Estudo dos Processos de Comunicação Científica e Tecnológica Profª: Lani Lucas Aluna: Juliana Aparecida Gulka Data: 13/04/2015

RESENHA

BUFREM, Leilah; PRATES, Yara. O saber científico registrado e as práticas de mensuração da informação. Ciência da Informação, v. 34, n. 2, p. 9-25, 2005. GOUVEIA, Fábio Castro; LANG, Pamela. Da webometria à altmetria: uma jornada por uma ciência emergente. In: ALBAGLI, Sarita (Org). Fronteiras da Ciência da Informação. Brasília: IBICT, 2013. PRINCIPE, Eloisa. Comunicação científica e redes sociais. In: ALBAGLI, Sarita (Org). Fronteiras da Ciência da Informação. Brasília: IBICT, 2013. A diversidade e ampliação nas modalidades de pesquisa e nos suportes

informacionais ocasionou uma proliferação de termos para designar as atividades de

mensuração na pesquisa informacional. Mapear, analisar e identificar esses termos

esclarece implicações semânticas, apoia atividades científicas e elenca

possibilidades de instrumentos que podem ser utilizados nas atividades de

mensuração.

Bufrem e Prates (2005) desenvolveram o artigo apontando para duas

direções: a literatura da área consolidada, e a literatura recente sobre o assunto.

Estudar as técnicas quantitativas permite verificar as tendências, além de perceber

as mudanças que ocorreram com o passar do tempo.

As autoras apontam que o termo Bibliometria era utilizado desde meados de

1890, mas que foi somente em 1969 que passou a ser chamada como conhecemos.

No Brasil, foi por volta de 1970, através do mestrado do IBBD (atualmente IBICT)

que começou a aparecer como enfoque metodológico das dissertações defendidas.

Entre 1972 e 1995, 27% do total de dissertações defendidas utilizaram enfoque

metodológico da bibliometria.

As autoras salientam ainda a necessidade de se trabalhar também com a

análise contextual, de modo que esta complementa a análise bibliométrica, focada

em características externas, enquanto a contextual é feita por especialistas na

matéria.

A cientometria também é citada, enquanto método quantitativo utilizado para

estudar as atividades científicas do ponto de vista de sua produção e comunicação.

Chama-se de “ciência da ciência”. Para a cientometria, uma fonte de dados usual

nas pesquisas são os índices publicados pelo ISI.

Bufrem e Prates (2005) apontam ainda para a informetria, direcionada para

práticas em qualquer suporte e tipo de informação; e para a webometria, como uma

área dentro da informetria.

No quadro 2 apresentado no artigo, é demonstrado a utilização de termos em

pesquisas publicadas de 1980 a 2001. As autoras apontam um crescimento de

estudos mensurativos a partir de 1996, com o surgimento de termo informetria em

1998 e a retomada da temática bibliométrica com mais força em 1999.

Gouveia e Lang (2013) apresentam em seu texto considerações acerca da

webometria, webmetria, cibermetria e altmetria.

Para os autores, a webometria como campo de estudo da Ciência da

Informação surgiu em 1997, tendo como estudo as tecnologias da web. Já

webmetria seriam mais especificamente as métricas de acesso ao sites da web, por

análise de logs, sendo um subconjunto da webometria. A cibermetria, por sua vez,

estudar as tecnologia da internet como um todo. Dessa forma, como afirmam os

autores “todos os estudos webométricos são também considerados cibermétricos”

(p. 173).

Em pesquisa realizada na web of Science, tendo como filtro o período de

1997 a 2012, foram encontrados 211 trabalhos dentro da temática “webometrics” e

“webmetry”, sendo a maioria da área da Ciência da Informação, com predomínio do

idioma inglês e destaque para o local de publicação sendo a Inglaterra e Espanha,

tendo o Brasil constando em 8º lugar no número de publicações, junto com a Bélgica

e a Holanda.

De acordo com os autores, muitos estudos podem ter ficado de fora dessa

contagem, pois em virtude do caráter dos estudos serem exploratórios, são

publicados em periódicos nacionais não indexados em bases internacionais.

A coleta de dados webométricos pode ser feita com a utilização de

webcrawlers e mecanismos de busca. Os métodos são Fator de Impacto da Web,

Fator de Impacto na Web Externo, Fator de Impacto na Web Externo com Logarítmo

Natural, Co Links (co-inlink; co-outlink) e Interlink.

No âmbito da webmetria, acredita-se que tudo ou a maioria das coisas fica

registrada na internet, e por isso é possível utilizar Page Tagging via Google

Analytics para conseguir métricas. As mais utilizadas são visitantes, visitas, páginas

vistas e visitantes únicos.

Os autores ainda citam o termo altmetria, no qual as especulações sobre

começaram entre 2008 e 2010, levando em conta o potencial de uso de dados da

internet para estudos cientométricos. A vantagem é que a altmetria permite ver a

ciência em ação, e é facilitada por gestores como o Mendeley e Zotero, o agregador

ResearchBlogging e bookmarks como o Delicious e CiteUlike, além das redes

sociais Facebook e Twitter. Ferramentas para a altmetria são o altmetric.com,

ImpactStory e Reader Meter.

Bufrem e Prates (2005) reafirmam em seu texto que permanece a

necessidade do aprofundamento dos contextos, com estudos qualitativos, pois ainda

se tem a predominância de pesquisas quantitativas.

Eloísa Príncipe em seu texto “comunicação científica e mídias sociais” aponta

que as redes sociais e os blogs possibilitam uma maior interação entre autores,

leitores e editores a medida que amplia a visibilidade e a disseminação de

conteúdos não apenas para as comunidades científicas mas também para a a

sociedade em geral.

O termo blog parece ter sido utilizado pela primeira vez em 1997, e de acordo

com a autora, os blogs científicos ainda são pouco utilizados no Brasil, mas muito

difundidos na Europa e EUA, nas áreas de exatas e biomédicas. No exterior, os

blogs funcionam como uma rede no qual os cientistas falam de seus trabalhos e

podem comentar o de colegas, enquanto que no Brasil eles são utilizados mais para

divulgação científica.

O uso de redes sociais também se mostra avançado no exterior, onde

periódicos como Science e Nature estão presentes nesse nicho. As redes sociais

fornecem uma perspectiva além das citações tradicionais para medir o impacto

científico, favorecendo o contato regular com os pares e servindo como filtros para a

ciência.