reporter do marao

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Nº 1269 | novembro ' 12 | Ano 29 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem média: 20 a 30.000 ex. | OFERECEMOS LEITURA Prémio GAZETA NOVEMBRO ’ 12 repórter do marão + norte Jovem economista quer provar que o Douro “não tem de ser só vinha e produtos regionais” CASTANHA um fruto com tanto para dar CARMINHO e ANA MOURA duas vidas que só podiam dar fado

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Revista Mensal de Informação. Tiragem média de 20 a 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança e parte dos de Viseu, Aveiro e Braga. Regiões do Douro, Tâmega e Sousa, Trás-os-Montes

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Nº 12

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repórterdomarão+ norte

Jovem economistaquer provar que o Douro “não tem de ser só vinha

e produtos regionais”

CASTANHAum fruto com tanto para dar

CARMINHO e ANA MOURAduas vidas que só podiam dar fado

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Portugal é um dos maiores produtores europeus de castanha, contando com o forte contributo da região de Trás-os-Montes, que assegura cerca de 85% da produção. Apesar da excelente balança comercial, a maior parte do lucro associado à matriz da castanha ainda não fica no país, pois escasseiam as iniciativas para a sua transformação.

FILEIRA DA CASTANHA com enorme potencial em Trás-os-Montes

O fruto que ainda tem muito para dar

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos | D.R.

02 novembro'12 | repórterdomarão

riquezas por explorar

agroindustrial para transformação.Segundo o coordenador da RefCast, Portugal exporta cerca de 15 000

toneladas de castanha, observando-se que a produção nacional não con-segue fazer face às encomendas para exportação. “Isto tem acontecido fre-quentemente e deverá agravar-se, dada a crescente procura externa da castanha portuguesa. Esta deve-se ao facto do país ter continuado a apos-tar nas variedades portuguesas, que fazem toda a diferença relativamente às variedades híbridas que não são tão interessantes nem para o consumo em fresco nem para a industrialização”, explica.

Rendimento de 100 milhões de euros/anoPara conseguir dar uma resposta conveniente à procura internacional

é importante que se promova um programa de incentivo ao investimen-to em novas plantações. Um sinal positivo é o regresso à terra de muitos jovens que veem na agricultura uma nova janela de oportunidade e no investimento na castanha “a sua prioridade, em função daquilo que é a realidade económica desta fileira”. Segundo a ministra da Agricultura, As-sunção Cristas, instalam-se, em média, 240 jovens agricultores por mês.

O setor rende anualmente cerca de 50 milhões de euros no produtor e mais de 45 milhões de euros em termos de exportação. França, Itália e Espa-nha são os principais importadores de castanha para a indústria. Com desti-no ao consumo em fresco, surgem os países da diáspora. “O Brasil é o princi-pal importador, com cerca de 2000 toneladas. A castanha portuguesa é tida em altos patamares de consideração pelo consumidor, fazendo desta um ali-mento obrigatoriamente presente na ceia de Natal”, refere Gomes Laranjo.

Para impulsionar a exportação, a castanha deveria ser incluída nos programas de promoção externa de produtos agrícolas portugueses, tal como o vinho e o azeite. “Por outro lado, é necessário resolver urgente-mente o problema da esterilização da castanha para exportação para o continente americano”, acrescenta.

A castanha é um dos produtos de maior valor económico na Terra Fria Transmontana, onde existem cerca de 25 000 hectares de souto que produ-zem cerca de duas dezenas de milhar de toneladas/ano (média da produção dos últimos anos, segundo o INE). “A produção tem apresentado flutuações ao longo dos anos, encontrando-se numa curva decrescente, apesar do au-mento da área de novas plantações”, constata José Gomes Laranjo, coorde-nador da RefCast – rede nacional da fileira da castanha – e representante de Portugal na comissão europeia da castanha.

A par das condições climatéricas (excesso de calor no verão e seca), a quebra continuada de produção deve-se à doença da tinta e ao cancro, que continuam a causar grande destruição nos soutos. Este ano, a produção fica “abaixo do valor médio”, pois o frio que se fez sentir na altura da floração terá provocado um elevado número de castanhas abortadas. “No entanto, a qua-lidade é muito boa, graças a uma quantidade equilibrada de calor que se fez sentir durante o verão, associada à chuva que ocorreu no início de outubro”, reforça o especialista.

Produção não chega para encomendasÉ comum a existência de um intermediário que compra a castanha aos

pequenos produtores, concentra-a e, posteriormente, vende-a à unidade

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FILEIRA DA CASTANHA com enorme potencial em Trás-os-Montes

O fruto que ainda tem muito para dar

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O mercado de castanha descascada e congelada está em crescimento, possibilitando às unidades de transformação obter matéria-prima ao lon-go do ano. Depois de congelada, a castanha é vendida e transformada por agroindústrias europeias de grande dimensão, que se dedicam à labora-ção de produtos de confeitaria e doçaria. Por isso, José Gomes Laranjo de-fende veementemente a aposta na transformação em Portugal.

Faltam as “refinarias da transformação”“Temos o petróleo, que é essa enorme riqueza que constitui a casta-

nha, mas faltam as refinarias, sejam as unidades de cariz mais familiar, se-jam as de maior dimensão. Da mesma forma que há uma década ninguém conhecia a castanha congelada, hoje já se vendem em Portugal cerca de 1000 toneladas, que têm como destino a hotelaria e o consumo domésti-co", sublinha o investigador.

O docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) la-menta a inexistência em Portugal de “uma coisa tão simples como uma unidade que faça farinha de castanha, que é uma matéria-prima da maior importância para a utilização na gastronomia”. De facto, há ainda por ex-plorar toda uma vasta gama de produtos transformados e derivados, como seja a castanha congelada, em conserva, em calda, em aguardente, com chocolate, em solução açucarada, esterilizada, desidratada, confinada em xarope, marron glacé, ou ainda subprodutos como cremes, purés, fari-nha de castanha, pasta para bolos, souflés, castanhas torradas, rebuçados, farinhas lácteas, flocos de cereais, bebidas, produtos para salsicharia, ali-mentos compostos para animais.

Apesar das múltiplas utilizações da castanha estarem descobertas e serem bem-sucedidas no estrangeiro, os transmontanos ainda apos-tam pouco nessa mais-valia que é a transformação, continuando foca-dos na venda a granel.

Tido como a “árvore do pão”, o castanheiro assumiu um caráter indispen-

sável para a sobrevivência da população europeia. Contudo, hoje em dia, a castanha ainda não é muito comum nos hábitos alimentares portugueses.

Apostar na dieta portuguesa“O consumo está mais associado a um «petisco» de convívio de S. Mar-

tinho. Normalmente, as pessoas consomem-na crua, cozida ou assada, desconhecendo que se pode utilizar como ingrediente em refeições prin-cipais”, constata a dietista Cátia Cavaco. Daí a importância de se educar para o consumo, através de workshops de demonstração das várias apli-cações gastronómicas.

Na Tabela de Composição dos Alimentos, a castanha figura no grupo dos Frutos Gordos e Amiláceos. Comparativamente com os seus pares (no-meadamente nozes, castanha de caju, amêndoas), a castanha tem a parti-cularidade de ser constituída em grande parte por hidratos de carbono e baixo teor de gorduras, ou seja, é um alimento altamente energético, mas de baixo valor calórico.

“O facto de ser rica em ácidos gordos (ómega-3) faz com que a sua in-gestão seja associada a melhorias do perfil lipídico (redução dos níveis do “colesterol mau”) e, desta forma, à prevenção de doenças cardiovascula-res, bem como de efeitos anticancerígenos e transtornos neurológicos”, re-fere a dietista. A estimulação da drenagem da vesícula biliar, do bom fun-cionamento do tubo digestivo e a atuação contra a obstipação são outros dos benefícios.

A castanha é ainda “uma boa fonte” de vitamina E, que é um antioxidan-te que reforça o sistema imunitário, protegendo as membranas celulares e ajudando na produção de glóbulos vermelhos. Daí que, muitas vezes, se afirme que a castanha retarda o envelhecimento.

Já a farinha obtida da castanha pode ser panificada, depois de subme-tida a um processo de desidratação. Este pão tem a mais-valia de poder ser consumido por doentes celíacos, já que é isento de glúten.

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Na região transmontana, há já iniciativas que procuram explorar o potencial da transfor-mação. A título de exemplo, a cooperativa Sou-tos Os Cavaleiros, de Macedo de Cavaleiros, lançou uma compota de castanha em 2009, enquanto a marca Origem Transmontana co-mercializa a castanha em Vinho do Porto para aperitivo ou uso na confeção de pratos.

Da mesa…A presença da castanha nas ementas dos

restaurantes da região é uma prática comum, surgindo conjugada com carnes (javali, perdiz, lebre, porco). A Confraria Ibérica da Castanha disponibiliza (http://www.confraria-iberica-da--castanha.ipb.pt) algumas receitas à base deste fruto, como o croquete de castanha, o empa-dão de castanha, o bacalhau com castanha, a castanhada, os bolinhos de castanha ou a cas-tanha cristalizada.

Anualmente, a RuralCastanea, certame que tem lugar em Vinhais, promove um concurso de doçaria com castanhas. “Foram apresenta-

das 25 receitas, saindo vencedoras a charlo-te de castanha, o pudim de outono, os folha-dinhos de castanha e a compota de castanha”, relata Carla Alves, coordenadora da organiza-ção. Alguns destes produtos acabam mesmo por ser comercializados durante o ano: “temos alguns pasteleiros que têm tido muito suces-so, por exemplo, a pastelaria Docinho com o bolo Coroa de Castanhas ou a Rota dos Sabo-res, com os ouriços de castanha”.

“Existe uma preocupação crescente des-tes profissionais usarem os produtos da região. Por outro lado, é muito importante que a uti-lização se possa fazer ao longo do ano e não apenas nesta altura de outono”, frisa.

…aos sabonetesEm 2009, era lançado no mercado portu-

guês o sabonete de castanhas assadas, pela mão de uma empresa de cosmética da Suécia. A comercialização foi suspensa dois anos de-pois, apesar do bom acolhimento do produto. “Trabalho muito para a zona de Trás-os-Montes

e aproveitei para divulgá-los nas feiras da casta-nha. As pessoas adoraram o sabonete e foi um enorme sucesso”, recorda a representante da marca, Francisca Mendes.

Nos certames dedicados à castanha, o sa-bonete fez furor: “era como um souvenir da fei-ra, muita gente nunca tinha visto e levava às seis e mais unidades para oferecer como lem-brança”. “É uma pena que ainda ninguém da região transmontana tenha feito um sabone-te”, considera.

Com um preço unitário de 2.95 euros, o sa-bonete de castanhas assadas era feito à base de castanha e tinha um toque de canela. “Era muito hidratante e, além disso, a castanha também é boa para uma ligeira exfoliação”, ex-plica Francisca.

A transformação da castanha para cosméti-cos seria muito profícua, sobretudo porque “em Portugal, há tanta castanha”. “A cosmética é tão vasta que se poderiam fazer imensos produtos como gel de banho, exfoliante, creme das mãos e do corpo, etc.”, conclui.

Trilhos turísticosA castanha serve ainda de mote às ofertas

turísticas de Trás-os-Montes. Os soutos pin-celam as paisagens e escondem curiosidades que a UTAD dá a conhecer através da Rota da Castanha.

Criada para valorizar as vertentes paisagísti-ca, etnográfica e gastronómica do castanheiro, a rota propõe oito itinerários geo-referenciados

Das sopas aos licores,da doçaria à cosmética de luxoAs castanhas de menor calibre, qualidade inferior e/ou que não se conservaram inteiras após o processamento são utilizadas para purés, base para sopas, molhos, sobremesas, gelados, bolachas, bombons, iogurtes, compotas, licores, cerveja, etc. Merece destaque o marron glacé, o mais nobre dos produtos derivados de castanha, que é muito apreciado em países como França, Itália ou Suíça.

CASTANHA | O infindável mundo de utilizações

riquezas por explorar

04 novembro'12 | repórterdomarão

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(http://rotadacastanha.utad.pt), que podem ser percorridos no verão, observando os castanhei-ros em flor, na época das colheitas ou até mes-mo no inverno, com os castanheiros sem folha-gem a exibirem toda a sua imponência.

O Percurso Milenar arranca em Vinhais, abrange o Parque Natural de Montesinho e acaba em Bragança. A grande atração é a lon-gevidade das árvores, nomeadamente o “Cas-tanheiro de Lagarelhos”, classificado como Ár-vore de Interesse Público desde 2000 e cuja copa tem mais de 17 metros de diâmetro. En-tre Bragança e Macedo de Cavaleiros, o Percur-so das Fagaceae contempla soutos com dife-rentes idades, particularmente entre Lamas de Podence e Corujas. O Percurso Paisagista passa por Alfândega da Fé e completa-se em Mace-do de Cavaleiros, com soutos a perder de vista.

Chaves é o ponto de partida do Percurso da Judia, que mostra uma das áreas mais pro-dutivas de castanha, com soutos seculares em Serapicos e Nozedo. Em Carrazedo de Monte-negro, “Catedral da Castanha” no concelho de Valpaços, a produção deste fruto quase se con-funde com a cultura local. Por isso, o museu ru-ral da castanha coloca a arte desse cultivo à dis-posição dos visitantes.

O Percurso Dourado da Padrela começa e termina em Vila Pouca de Aguiar, dando a co-nhecer o castanheiro como espécie multiusos. Já o Percurso Janela p’ro Douro arranca e ter-mina em Lamego, propondo a descoberta do “Douro Vinhateiro, Douro Castanheiro”.

Tarouca é o ponto de partida e de chega-da do Percurso Vale Encantado, onde o casta-

nheiro coexiste com outras culturas autócto-nes. Para desfrutar de um vale de castanheiros centenários, o Percurso da Castanha Martaínha desafia para uma viagem de Penedono a Pene-la da Beira, passando pela freguesia da Lapa, mãe da DOP Soutos da Lapa, ou pela aldeia de Antas para descobrir o multicentenário “Casta-nheiro da Guerra”.

Nos labirintos da CiênciaA castanha também inspira a investigação

científica, pois “ainda há muito a fazer”. “Já mui-to se avançou do ponto de vista da caracteri-zação química, mas continua a ser necessário avaliar em rigor os efeitos biológicos do con-sumo de castanha ou as possibilidades tera-pêuticas dos extratos dos seus diferentes com-ponentes botânicos”, destaca João Barreira, investigador do Instituto Politécnico de Bra-gança (IPB).

Para aumentar a produtividade, a investiga-ção em técnicas de controlo do cancro e da tin-ta do castanheiro tem de continuar “até serem encontradas soluções eficazes”. “Também é ne-cessário que se definam as melhores técnicas de condução do terreno, bem como o tipo de fertilização a aplicar”, aponta.

A conservação da castanha acarreta “ou-tro grande problema”, uma vez que a fumiga-ção química está proibida na União Europeia. Por isso, o IPB está a estudar o potencial da ir-radiação gama e feixe de eletrões como técni-ca alternativa, “tendo já sido obtidos resultados promissores”.  Patrícia Posse

Das sopas aos licores,da doçaria à cosmética de luxo

CASTANHA | O infindável mundo de utilizações

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1,9 milhões de toneladas é a estimativa da produção mundial de castanha;

23 mil toneladas foi a produção média anual no nosso país no quinquénio 2007-2011, 7,3 mil toneladas foram destinadas à exportação [Fonte: INE];

95 milhões de euros é quanto rende o negócio da castanha em Portugal;

85% da produção nacional é proveniente de Trás-os-Montes;

4 Denominações de Origem Protegida (DOP): “Castanha da Terra Fria”, “Castanha dos Soutos da Lapa”, “Castanha da Padrela” e “Castanha de Marvão”;

Entre as 12 espécies de castanha a nível mundial, a Castanea Sativa é a mais consumida;

Aveleira, Judia e Longal são as variedades predominantes em Trás-os-Montes.

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Page 8: Reporter do Marao

as paixões do fazer

Fotos: O processo de fabrico do papel artesanal: da trituração dos trapos de algodão, na pilha holandesa, à prensagem da pasta e secagem das folhas

Ana Sofia Gomes, 34 anos, trocou a segurança de um emprego estável pelo sonho de querer fazer mais e diferente. “Sempre pensei fazer algo relacio-nado com a reciclagem e esta ideia surgiu casual-mente, através do contacto com uma empresa de Viseu que começou a ensaiar o processo de uma forma muito rudimentar.” Nessa circunstância, no-tou logo “uma grande oportunidade de negócio, desde que soubesse explorá-la bem”.

Depois de concluir a licenciatura em Economia em 2002, Ana começou a trabalhar numa Institui-ção Particular de Solidariedade Social em Sabrosa. Contudo, sete anos depois, acabaria por sair para abraçar o seu próprio projecto.

Da mãe herdou a componente artística, im-prescindível para acrescentar valor a esta indústria, cujas raízes remontam a 105 a.C, quando o chinês Tsai Lun descobriu que a casca da amoreira mistu-rada com trapos, cânhamo e redes de pesca po-dia ser reduzida a fibras que, trituradas e emara-nhadas, formavam uma folha. É dessa cronologia e processo produtivo que dão conta as paredes da fábrica de Ana Sofia.

A Papel D’Ouro implicou um investimento de 550 mil euros, sendo que a candidatura ao Proder – Programa de Desenvolvimento Rural valeu um apoio na ordem dos 133 mil euros. “Decidi apos-tar no Douro porque tinha um mercado potencial mesmo aqui à porta. Depois, pelo apoio impres-

cindível da câmara de Alijó, que acarinhou muito o projeto”, justifica.

A empresa quer conjugar diferentes vertentes, sem desvirtuar a sua identidade. A prioridade, claro está, vai para o fabrico de “um produto de qualida-de, personalizado e artesanal”. Por outro lado, a cul-tura e a fileira do turismo e do lazer também não fo-ram esquecidas. Ana tornou o espaço visitável para poder receber escolas e grupos de pessoas interes-sadas em observar o processo artesanal de fabrico de papel e até experimentá-lo. Em mente, tem tam-bém a realização de workshops com artistas que desejem fazer experiências com este tipo de papel.

Os desperdícios têxteis têm de ser 100% algo-dão e chegam à fábrica pela mão de um fornece-dor de Penude [Lamego]. Há ainda remessas de mungo de algodão [que resulta do seu esfarrapa-mento e compactação], material que é misturado com os farrapos para ajudar a dar consistência. “A ganga é a matéria-prima mais barata. Dentro dos trapos, os de cor são mais caros que os brancos”, refere a empresária.

Artesanal e amigo do ambienteO processo começa com a passagem dos des-

perdícios de roupa pela pilha holandesa – máquina formada por um tambor estriado que roda sobre uma peça plana, também com estrias (foto à es-querda, no rodapé) –, onde são macerados e trans-formados em pasta de papel. Posteriormente, é canalizada para dois tanques de diferentes dimen-sões, o que permite que num se trabalhe só com cor branca e no outro se façam misturas de cores ou adições. A título de exemplo, a casca de cebo-la, a canela, o gengibre ou o açafrão podem ser al-ternativas viáveis à aplicação dos corantes naturais.

Ana Sofia à conquista do mercado de papel artesanalComo o Douro “não tem de ser só vinha e produtos regionais”, a vila-realense Ana Sofia Gomes ousou inovar, recuperando o saber ancestral associado à produção de papel. Deixou-se guiar pelas convicções e planeou cada passo até abrir as portas da sua empresa, a Papel D’Ouro. Sediada em Alijó, a fábrica começou a produzir papel artesanal no início deste mês e emprega já três jovens.

"Papel D'Ouro" nasce em Alijó pela mão de uma jovem economista e empreendedora

08 novembro'12 | repórterdomarão

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos | J. S.

Page 9: Reporter do Marao

A pasta de papel é recolhida dos tanques e es-corrida em moldes de rede com diversos formatos. Depois, é desenformada sobre os feltros, que absor-vem a água, libertam o molde e separam das folhas procedentes. A incorporação de elementos acon-tece neste momento e culmina na criação de tex-turas, aromas e/ou relevos. Já foram feitas experi-ências com linhas de costura, alecrim, folhas secas, espigas ou até borras de café.

A passagem pela prensa hidráulica retira o ex-cesso de água, ajuda a reforçar a ligação entre as fi-bras e possibilita uma secagem mais homogénea. “Nesta fase, estima-se que o papel ainda tenha en-tre 55 a 65% de água. Na estufa, a pellets, a média de 60⁰ centígrados leva à desidratação do papel e uma vez seco, é retirado dos feltros onde está pendura-do e passa-se ao processo de conclusão”, descreve.

Na etapa final, o papel é aparado com uma gui-lhotina, eliminando os rebordos (“barbas”) que fi-cam. “Temos a vantagem de não se desperdiçar muito nesta indústria, porque aquilo que é cortado pode voltar a ser utilizado a posteriori”, frisa. Para fi-car liso e/ou fino o papel passa ainda pelos rolos do laminador. Na prensa de corte, é retalhado confor-

me os objetos já idealizados. O portefólio é diversificado e ajusta-se aos po-

tenciais clientes que a empreendedora iden-tificou. Além dos arti-gos escolares, pastas, candeeiros, caixas e embalagens, marca-dores de livros, a Pa-pel D’ Ouro posicio-na-se também nos segmentos discográ-ficos, com a produ-ção de capas para CD, DVD ou vinil; das Artes, com a disponibilização do suporte para serigrafias e agua-relas; da decoração de montras; dos artigos de ho-telaria e de luxo (guarda-jóias, caixas para calçado, invólucros de sabonetes artesanais, perfumes, em-balagens para chocolates, amêndoas, etc.).

Até ao limite da imaginaçãoSe por um lado, o cliente particular poderá en-

contrar livros de curso ou diplomas, por outro, as

empresas organizadoras de eventos, podem soli-citar convites de casamento, envelopes, cardápios,

lembranças ou brindes para oferta.

As quintas, as casas de tu-rismo rural, os hotéis e restau-rantes da região duriense são outros dos alvos da jovem em-presária, que se propõe ofe-recer-lhes cardápios, toalhas de mesa ou individuais, ces-tos para pão, livros de honra, álbuns, entre outros produtos.

O mercado dos rótulos e embalagens para vinho, azeite ou compotas também será explorado.

Ecodesign, impermeabilização, durabilidade e resistência são características comuns a todos os produtos com a marca de Ana Sofia Gomes. “Te-mos o aspeto visual que, por si só, já é apelativo, a resistência e a durabilidade, ou seja, o papel não se degrada e, jogando com as diferentes gramagens, permite fazer objetos totalmente ecológicos. A im-permeabilização [conseguida pela utilização de co-las resinosas] garante que, na fase posterior de im-pressão, as tintas não borratem.”

No primeiro semestre de laboração, Ana espe-ra conseguir faturar 150 mil euros e, até 2017, quin-tuplicar esse valor. “A ideia também passa pela ex-portação, ao fim de dois anos a laborar e já ter tudo bem assente. É um produto que tem todo o poten-cial para se distinguir lá fora”, avança.

Agora, feitas as primeiras experiências e com uma amostra da primeira folha feita na Papel D’Ouro na mão, Ana sabe bem que valeu a pena “nunca ter desistido”, mesmo quando muitos lhe apontaram a insensatez de apostar em tempos de crise numa área tão pouco explorada. “Encontrei um negócio que tinha muito para explorar e decidi arriscar e contrariar a nossa tendência para nos aco-modarmos”, sublinha.

Ana Sofia à conquista do mercado de papel artesanal"Papel D'Ouro" nasce em Alijó pela mão de uma jovem economista e empreendedora

repórterdomarão | novembro'12 09

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22 outubro'12 | repórterdomarão

agenda | crónica

22 outubro'12 | repórterdomarão

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Page 11: Reporter do Marao

repórterdomarão | outubro'12 23

agenda | crónica

repórterdomarão | outubro'12 23

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Tradicional.

Page 12: Reporter do Marao

22 outubro'12 | repórterdomarão

agenda | crónica

22 outubro'12 | repórterdomarão

A Rede EmpreenDouro vai brevemente apresentar publica-mente o concurso “Prémio Douro Empreendedor” e o respetivo regulamento, uma iniciativa destinada a distinguir projetos inova-dores de cariz empresarial que valorizem os produtos endógenos, contribuam para a competitividade da região do Douro e promo-vam o seu desenvolvimento integrado e sustentável. Este prémio destina-se a premiar projetos implantados na região visando esti-mular a criação de novas empresas e reconhecer quem faz bem no Douro. De igual modo, pretende captar novos investimentos e o re-torno de quem tem raízes no Douro e que desenvolveu a sua car-reira noutras regiões ou países. Esta iniciativa pretende ainda dis-tinguir uma personalidade emblemática do Douro, não sujeita a concurso e a atribuir por um júri de seriação.

Uma rede pioneiraO Douro tem vindo a registar uma di-

nâmica de convergência com o nível de de-senvolvimento médio registado na Região Norte, sustentada por diversos fatores, en-tre os quais se destacam o investimento público em serviços de proximidade e na melhoria acentuada das redes de coneti-vidade destes territórios. No entanto, o te-cido empresarial na unidade territorial do Douro é débil, embora revelador de um potencial de oportunidades.

Foi neste contexto que foi criada a rede de apoio empreendedorismo Empreen-Douro que integra vinte e seis entidades que se uniram para promover atividades de sensibilização do empreendedorismo no Douro, a criação de incentivos que fo-mentem as iniciativas empresariais ino-vadoras e conciliadoras de sinergias na região e a identificação e potenciação de oportunidades de negócio, utilizando recursos en-dógenos.

É uma união com contornos inéditos na região do Douro e no país: nunca tantas entidades portuguesas, públicas e privadas, lo-cais, regionais e nacionais, se uniram em torno da ambição de pro-mover uma cultura de inovação e de empreendedorismo num

território, transformando as dificuldades em oportunidades de in-vestimento e de criação de emprego. Em termos práticos, através da rede EmpreenDouro, qualquer empreendedor que tenha uma ideia de negócio, deve recorrer a uma das entidades parceiras de “front office”, casos das autarquias, associações de desenvolvimento, co-merciais ou empresariais.

UTAD – um ecossistema empreendedorA UTAD tem vindo a assegurar a articulação com toda a rede, de

forma partilhada com o IPB, bem como no apoio na maturação da ideia, na elaboração do plano de negócios e na análise de risco. Este

apoio passa também pela formação na área do empreendedorismo e gestão empresarial, pela constituição formal da empresa, pelo “coaching” ao empresário nos primeiros anos de atividade, pelo apoio na coope-ração empresarial e internacionaliza-ção, bem como pela formação e im-plementação de sistemas de apoio à gestão. Desta forma, a UTAD res-ponde a um dos novos desafios das instituições de ensino superior.

No futuro, a partir de uma cul-tura de empreendedorismo, Portu-gal precisa de gerar empresas que funcionem numa relação de proxi-midade e de cumplicidade com as Universidades, o sistema financei-ro e as grandes empresas. Esta mu-dança exige uma maior competitivi-dade dos nossos sistemas de ensino, formação profissional e aprendiza-

gem ao longo da vida. Implica também a capacidade de desenvol-ver uma nova cultura empresarial baseada na inovação, na compe-tência e no empreendedorismo. Torna-se fundamental afirmar o papel da I&D+i como elemento chave para a produção de conhe-cimento e criação de riqueza, criando condições políticas e insti-tucionais que fomentem a articulação e geração de sinergias entre produção de conhecimento inovador e produção de riqueza.

Prémio Douro Empreendedor

12 novembro'12 | repórterdomarão

Fontaínhas Fernandes

[Rede EmpreenDouro]

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repórterdomarão | outubro'12 23 repórterdomarão | outubro'12 23

O custo da concessão da linha aérea entre Trás-os-Montes e Lisboa, cerca de 2,5 milhões de euros por ano, é o principal entrave à renovação do serviço com a Ae-rovip, a companhia aérea que prestou este serviço regular de passageiros entre as duas regiões nos últimos três anos (dois da concessão e quase um de prorrogação, de janeiro até 27 de novembro).

Com o contrato de concessão com a transportadora aérea a expirar, teme-se na região que o serviço seja suspenso. Ou seja, o percurso entre Bragança, Vila Real e Lisboa (e vice-versa) pode ficar sem aviões já a partir do final deste mês.

Segundo os últimos dados divulgados, a carreira transporta anualmente, em média, cerca de 10 mil passageiros.

Com a concessão, o Estado financia o transporte dos passageiros que utilizam o avião, tornando as viagens mais atrativas do que feitas de automóvel, se conta-bilizarem-se portagens, combustível e desgaste da viatura. E, sobretudo, mais có-modas.

O percurso entre Trás-os-Montes e Lisboa demora cerca de quatro horas, en-quanto a viagem de avião se faz em menos de um terço daquele tempo.

Com o cofinanciamento do Estado, os preços das viagens oscilam entre 60 e 70 euros (para uma viagem Vila Real/Lisboa e Bragança/Lisboa, respetivamente), en-quanto as deslocações de ida e volta ficam por 107 ou 123 consoante a cidade de partida.

A ligação aérea tem sido assegurada, desde a sua criação, através de concursos públicos de concessão realizados de dois em dois anos e já teve vários operado-res na última década – Aerocondor, Aeronorte e agora a AeroVip. O novo concurso

público ainda não foi lançado e não se sabe ainda – até ao fecho desta edição não se conhecia nenhum desenvolvimento – quando será desencadeado o processo.

Deputado defende redução de custosO deputado Luís Ramos, do PSD, que é um dos utilizadores frequentes da car-

reira aérea desde que, nesta legislatura, assumiu a sua condição de parlamentar, afirma que a decisão depende dos ministérios das Finanças e das Obras Públicas.

Segundo o parlamentar, citado recentemente pela Agência Lusa, o que está em causa é "sobretudo o custo do transporte que tem encargos relativamente eleva-dos para o Estado", ao qual cabe a totalidade do risco da operação.

"É um serviço que tem uma inequívoca vantagem para as populações, mas é também um serviço que tem uma utilização muito irregular e que frequentemente a capacidade do voo está longe de ser esgotada", reconheceu.

Luís Ramos afirma que estão a ser estudadas soluções alternativas ao atual mo-delo de concessão, que passam por "uma redução substancial de custos", em que o operador do transporte aéreo assume também alguns riscos ou através de um sistema semelhante ao aplicado nos Açores e Madeira, no qual os bilhetes são sub-sidiados aos residentes.

Entretanto, o presidente da Câmara de Vila Real, Manuel Martins, já disse publica-mente que o serviço não pode desaparecer. O autarca do PSD defende que a linha aérea Bragança-Vila Real-Lisboa "é tão importante ou mais do que uma autoestra-da e praticamente sem os problemas de conservação e manutenção".

Carreira Aérea em risco?

repórterdomarão | novembro'12 13

Governo sem decisão sobre o que fazer aos vôos entre Lisboa e Trás-os-Montes

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repórterdomarão | novembro'12 13

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crónica

Aqui o conhecimento prático é valorizado e o desemprego é uma realidade que os alunos não conhecem. Nos últimos seis anos, a esco-la cresceu significativamente e a melhoria da quali dade de ensino tem sido uns dos eixos es-truturantes na ação da escola, de acordo com o seu Projeto Educativo.. Se em 2008 eram ape-nas 75 os alunos que frequentavam a escola, hoje são 240. Todos se sentem em família e o interesse em aprender é motivado pela relação

entre colegas e professores. Este é o primeiro ano na história da EPAMAC em que foram cria-das quatro turmas havendo assim uma cres-cente procura na formação de nível intermédio na área da agricultura.

Mas, engane-se quem pense que a escola apenas transmite conhecimentos agrícolas. Cur-sos de Produção Agrária, Turismo Ambiental e Rural, Jardinagem e Espaços Verdes, Cuidados Veterinários, Gestão da Animação Turística em

Espaço Rural, Gestão Cinegética e Gestão Equi-na dão um vasto leque de escolha a quem vê a formação como um fator essencial para vida.

Para além da formação e das saídas profis-sionais, os cursos são financiados pelo Fundo Social Europeu através do Programa Operacio-nal Potencial Humano (POPH), sendo assim uma grande ajuda para as famílias. A EPAMAC possi-bilita ainda que os alunos fiquem internos, na residência da escola.

“Este é um projeto educativo que tem evo-luído e afirmado no tecido empresarial local. Damos uma resposta às necessidades das pes-soas, uma vez que durante três anos apoiamos financeiramente os estudos dos jovens, damos formação para uma profissão. No final dos três anos conseguimos que grande parte deles con-sigam uma saída profissional”, referiu João Gon-çalves, subdiretor da Escola.

O crescimento da escola é visível e, segundo

Alunos arranjam emprego ao fim de poucos mesesExiste uma escola onde o presente é vivido de aprendizagens e o futuro se revela promissor. Saídas profissionais e a possibilidade de conseguir emprego, em pouco espaço de tempo, é algo difícil de encontrar, num altura em que a crise económica teima em cortar o caminho a quem quer o direito ao futuro. Mas, há exceções e a Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Marco de Canaveses (EPAMAC) é a exceção à regra.

Escola do Marco de Canaveses triplicou número de estudantes nos últimos anos

14 novembro'12 | repórterdomarão

Aulas práticas | Gestão equina Aulas práticas | Produção agrária

Page 15: Reporter do Marao

pub

os responsáveis, deve-se à aposta na ma-téria-prima local, na ruralidade e poten-cialidades do mundo rural.

O curso de Gestão Equina tem atraído muitos alunos de diversas zonas do país. “Existe cada vez mais um renascer do in-teresse pelo cavalo. Até há pouco, a Nor-te do Douro não existia nenhuma oferta neste campo e nós fomos os pioneiros. Li-deramos este processo em termos de ex-periência e também em termos de infra-estruturas”, salientou.

Produção biológicaA EPAMAC tem-se revelado um ver-

dadeiro laboratório da vida real. Cem hectares tornam a escola única e capaz de dar uma formação prática em contex-to real de trabalho.

“Os cursos são vocacionados para o ensino de uma profissão, centrados nas competências profissionais. Daí que os nossos alunos tenham facilidade em en-contrar emprego e tenham sucesso nas funções que desempenham”, explicou João Gonçalves.

Na EPAMAC os desafios são constan-temente lançados e agarrados com garra. A “Quinta de Cal D´Além” e a “Casa do Ros-sinho” são dois projetos que pretendem dotar os alunos de uma melhor formação.

“A Quinta de Cal D´Além é uma das quintas da escola que esteve num perí-odo de pousio para integrar culturas bio-lógicas. Vamos avançar com este projeto

em parceria com o Agrupamento de San-de numa formação piloto de jovens, na agricultura biológica”, revelam os respon-sáveis da Escola.

Na quinta, os alunos vão ter a opor-tunidade de ter formação em produção biológica de fruticultura, hortofloricultu-ra, plantas aromá ticas e produção animal.

Turismo ambiental e ruralA “Casa do Rossinho” é outro projeto

que promete dotar os alunos do curso de Turismo Ambiental e Rural de ferramen-tas importantes para a prática da ativida-de. “Os alunos vão poder realizar todo o tipo de atividade. A casa será um retrato do que era há cem anos e vai poder ofere-cer experiências gastronómicas a turistas, o ensino da confeção do pão, as tradições do concelho bem como o acolhimento de jovens que venham fazer alguma ati-vidade na escola”.

A qualidade do ensino e a vertente prática fazem com que as empresas pro-curem na EPAMAC profissionais capazes de se adaptarem a todos os ambientes de trabalho. O futuro tem cor e o conheci-mento é colocado em prática com sabe-doria. O lema da escola “Na EPAMAC es-tudar não custa nada” é a pura realidade. Com um financiamento total, as famílias ficam com menos um peso nas costas e os alunos com a certeza que têm tudo o que precisam para se tornarem profissio-nais qualificados.

Marcelo Sousa, 18 anos, Técnico de Produção Agrária“Terminei o curso o ano passado e consegui logo emprego na Casa do Gaiato, em Paredes. O responsável procurava alguém com conhecimento e eu sabia fazer tudo o que ele pretendia. Continuo a ter muita ligação com a escola e para mim foi sem-pre como uma família”.

João Miranda, 18 anos, Técnico de Produção Agrária.“Terminei o nível IV o ano passado e agora quero seguir com os estudos na escola e depois ingressar na Universidade. Que-ro frequentar o curso de gestão de turismo rural e, desta forma, alargar a minha área de formação.

repórterdomarão | novembro'12 15

Casa do Rossinho | Turismo ecológico e Centro interpretativo do mundo rural

Quinta de Cal D´Além | Projeto piloto [c/ agrup. sande] para produção biológica de fruta, aromáticas e animais.

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as paixões da música

Fotos: D.R. | Imagens do facebook e dos sites dos artistas e Arquivo/RM

O percurso natural de CarminhoHerança da mãe, o fado está no ADN de Carmi-

nho, por isso é que a fadista não se lembra quan-do começou a gostar e como aprendeu a cantar fado. Os discos dos progenitores e as tertúlias de fado são as influências que mais recorda.

Tendo Lisboa como berço, Carmo Rebelo de Andrade, abreviadamente Carminho, viveu no Algarve até aos 12 anos, altura em que regres-sa à cidade natal e se estreia no Coliseu dos Re-creios, num espetáculo de beneficência. Empres-tou a sua voz a aulas e festas de anos, porém, por “vergonha” e receio de ser alvo de chacota dos colegas, escondia que cantava fado. A par-tir dos 15, Carminho começou a cantar na Taver-na do Embuçado, que era propriedade dos pais e onde escutou Beatriz da Conceição, entre outros mestres. Chegou mesmo a conhecer Amália Ro-drigues, que a ouviu cantar uma vez.

No entanto, Carminho demorou a gravar o pri-meiro disco, porque, depois de concluir o curso de Marketing e Publicidade, quis perceber se o rumo do seu futuro passaria mesmo pelo fado. Durante um ano, viajou à volta do mundo e par-ticipou em ações humanitárias na Índia, Cambo-

ja, Peru e Timor para descobrir que a sua verda-deira vocação era indissociável do fado.

O disco de estreia, intitulado “Fado”, marca o início da sua carreira, em 2009. Nasceu “por res-peito” às suas origens e à sua própria identida-de: “o meu passado (fados que sempre cantei), o meu presente (a evolução que o meu fado tem sofrido ao longo dos anos) e o meu futuro (em que irei, ainda mais, deixar-me guiar pela minha sensibilidade”).

Estreia nos coliseusEm 2011, Carminho destacou-se pela sua atu-

ação na sede parisiense da UNESCO, no âmbito da candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade.

Distinguida com o Prémio Amália Rodrigues Revelação em 2005, Carminho tornar-se-ia num fenómeno de popularidade na Península Ibérica por causa da participação no tema “Perdonáme”, do músico espanhol Pablo Alborán. Até os prínci-pes das Astúrias se renderam ao encanto da sua voz, com Letizia a levar para casa os álbuns de Carminho autografados.

Em março deste ano, Carminho editou o se-gundo trabalho discográfico, com 15 novas gra-

vações. Este mês, “Alma” ganhou um novo ímpe-to, com o lançamento no Brasil. A fadista gravou três temas com Chico Buarque, Milton Nascimen-to e Nana Caymmi. “O fado avança por si. Todos nós que o cantamos contribuímos, à nossa ma-neira, para a sua alteração e reinvenção. Importa a sensibilidade de cada um, e fazer o que se gos-ta, com o coração. Eu faço o que gosto, sem pre-tensão, mas também sem medo, sem prisão, sem ter de ficar agarrada a uma música, com receio de ofender algum purista. Sempre com liberdade”,

Às vozes inconfundíveis juntam uma interpretação que tem tanto de autêntica como de emotiva. Ana Moura e Carminho pertencem à nova geração que eleva o fado português. Em palco ou em estúdio, as fadistas provam que o ex-libris da cultura musical lusa também pode ter um lado contemporâneo, animado e jovial. Carminho estreou-se este mês nos coliseus e lançou “Alma”, o seu segundo trabalho discográfico, em terras de Vera Cruz. De raízes amarantinas (do lado paterno), Ana Moura troca as voltas ao fado no seu mais recente álbum, intitulado “Desfado”, que em apenas uma semana é Disco de Ouro e alcançou o primeiro lugar de vendas na loja iTunes. Patrícia Posse traça o perfil das duas cantoras.

16 novembro'12 | repórterdomarão

CARMINHO: Dueto com Pablo Alboran abriu-lhe o mercado latino e sobretudo na Espanha; a atuação com José Carreras; os discos de ouro e platina pelos dois trabalhos editados. ANA MOURA: gravação no estúdio de Los Angeles (USA) e com o produtor de "Desfado" Larry Klein; a vida da artista é um constante embarque e desembarque – são dezenas de concertos anuais nos quatro cantos do mundo.

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revelou Carminho, em entrevista ao jornal brasi-leiro O Globo.

Pela primeira vez na sua carreira, Carminho su-biu este mês ao palco dos coliseus de Lisboa e do Porto. “Quero conquistar essa sensação de en-trega, um agradecimento ao público e a todas as pessoas que me ajudaram a chegar aqui, sem me esquecer de onde vim. Uma noite para cele-brar os sonhos alcançados e os que ainda que-ro realizar”, revelou na véspera. Para dezembro, a fadista tem concertos agendados para a Alema-

nha e para o Brasil. Polónia, Reino Unido, Fran-ça, Alemanha, Áustria, Suécia, Dinamarca e Espa-nha também fazem parte do roteiro da digressão mundial de apresentação do disco “Alma”.

A vida nómada de Ana MouraO timbre da voz, a sua beleza e a empatia que

cria no contacto com o público fazem de Ana Moura uma das fadistas portuguesas mais con-ceituadas. Natural de Santarém, Ana começou a cantar ainda menina e fez do recreio, o seu pri-meiro palco. A sua voz eleita para abrilhantar os convívios familiares e as festas da escola. Na ado-lescência, fez parte de uma banda amadora de rock, chegando mesmo a gravar um disco. Só mais tarde é que acabaria por se apaixonar pelo fado tradicional, tornando-se presença assídua nas casas de fado. Para trás, ficaram as vivências em Coruche, as saudades das amigas de infân-cia e as memórias das férias passadas em Fridão [concelho de Amarante], onde ia pastorear com a avó ou descer os montes em carrinhos de rola-mentos, com o irmão.

A fadista sempre sentiu que o seu futuro se-ria cantar, esse ato de entrega que culmina numa dádiva e partilha com quem a escuta. Em 2003, o álbum “Guarda-me a Vida na Mão” marcou a sua estreia, seguido do disco “Aconteceu”.

Foi com “Para Além da Saudade” (2007) que Ana Moura conquistou, definitivamente, o re-conhecimento do público português. Músicas como “Os Búzios” ou “O Fado da Procura” ficaram no ouvido e o segundo disco alcançou a Tripla Platina, por vendas superiores a 55 mil unidades, e permaneceu 120 semanas no Top 30 de Portu-gal. O disco “Leva-me aos Fados” (2009) acabou por consagrá-la e tornar a sua vida numa coletâ-nea de concertos em território nacional e além--fronteiras. O andar sempre na estrada obriga-a a compatibilizar as saudades da família e dos ami-gos com o amor ao fado.

Com 29 anos, Ana Moura foi distinguida com o Prémio Amália para Melhor Intérprete. Nos “Glo-bos de Ouro” de 2010, recebeu o galardão de "Me-lhor Intérprete Individual", para o qual também es-tavam nomeados artistas como Carminho, David Fonseca ou Rodrigo Leão. Em 2011, o seu nome chegou ainda a figurar nas nomeações para “Best Artist Of The Year”, um dos importantes prémios

da revista inglesa de música Songlines.Depois da incursão pelo "The Rolling Stones

Project" (2007) e já ter partilhado o palco com Prince e Mick Jagger, dos Rolling Stones, de ter experimentado as sonoridades do jazz, Ana Moura embarca agora num outro desafio. Lança-do a 12 de novembro, “Desfado” é o título do seu novo trabalho discográfico e marca a indepen-dência da fadista.

Um novo cicloNeste disco de 17 temas, a voz de Ana Mou-

ra canta fado tradicional e ganha, também, liber-dade para desconstrui-lo, nomeadamente com a interpretação de três canções em inglês. “Não é uma negação do fado. Gosto de cantar fado e não me sinto bem sem o cantar - é um percurso de carreira, quis explorar novas áreas, reflexo das parcerias que tenho feito, e tenho descoberto ca-racterísticas em mim que desconhecia», explicou à Agência Lusa.

O álbum sucessor do duplo platinado “Leva--me aos Fados” foi gravado na Califórnia e a pro-dução assegurada pelo norte-americano Larry Klein, que já trabalhou com a cantora e compo-sitora Joni Mitchell e com o pianista norte-ame-ricano Herbie Hancock, dois nomes que também participam no disco. “Desfado” comporta ainda canções de autores como Pedro Abrunhosa, Má-rio Raínho, Márcia Santos, Luísa Sobral, António Zambujo, Miguel Araújo Jorge e Manel Cruz.

O novo álbum esteve em pré-venda na loja portuguesa do iTunes, o que, segundo o comu-nicado da Universal Music, fez de Ana Moura “a primeira artista portuguesa com edição masteri-zada especialmente para o iTunes”. Aos 33 anos, a fadista conta já com cinco álbuns de estúdio e um ao vivo (“Coliseu”, editado em 2008).

Até ao final do ano, Ana Moura atuará em Por-timão, Faro, Torres Vedras, Troia, Torres Novas e Fafe. Dentro de portas, a fadista tem ainda agen-dados dois concertos de apresentação do novo disco para os coliseus de Lisboa e do Porto, a 25 e 26 de janeiro, respetivamente.

Antes da digressão de 18 concertos de apre-sentação de “Desfado” pelo Canadá e pelos Esta-dos Unidos (março e abril), Ana Moura viajará até à Suíça e à Alemanha (12 concertos, em feverei-ro). Em maio, atuará na Bélgica e na Holanda.

CARMINHO: Dueto com Pablo Alboran abriu-lhe o mercado latino e sobretudo na Espanha; a atuação com José Carreras; os discos de ouro e platina pelos dois trabalhos editados. ANA MOURA: gravação no estúdio de Los Angeles (USA) e com o produtor de "Desfado" Larry Klein; a vida da artista é um constante embarque e desembarque – são dezenas de concertos anuais nos quatro cantos do mundo.

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Page 18: Reporter do Marao

A Câmara Municipal do Marco de Canaveses organiza dia 24, a 5ª edição da Prova de Vinhos Novos de S. Mar-tinho. Este evento, de entrada gra-tuita, realiza-se em Rosém, na Escola Profissional de Agricultura e Desen-volvimento Rural (EPAMAC). A iniciati-va pretende reforçar a ligação entre a restauração e os produtores de vinho.

Para celebrar o S. Martinho e assinalar o fim da época das vindimas, a autar-quia reúne os produtores e engarrafadores da Rota dos Vinhos do concelho numa mostra aberta ao público, em que serão servidas as tradicionais castanhas assa-das e a bôla de bacalhau, acompanhados de momentos de animação musical.

Prova de vinhos novos do Marco na Escola Profissional de Agricultura

Cenários deEnvelhecimento

Cláudia Moura

o iDoso e a ComUniDaDe:respostas sociais

Vive-se mais anos, é certo, mas não implica que haja maior qualidade de vida no final de vida. É necessário reconhecer as necessidades e responder de forma a diminuir o sofrimento que lhe está associado para viver com qualidade o maior tempo possível.

[email protected] Professora Universitária e Investigadora na área da Gerontologia.

DEIXO-VOS A PENSAR … No futuro prevê-se que apareçam novas respostas para esta popula-

ção assim como a evolução de algumas das respostas tradicionais.Sendo, o envelhecimento demográfico, um fenómeno social atual, a

evolução demográfica deve ser encarada como uma oportunidade, que pode trazer soluções inovadoras para muitos dos atuais desafios.

Diante do quadro representado, é de referir que este é um processo sério que mergulha profundamente na pessoa humana. Tal, implica otimi-zar as oportunidades, nas esferas sociais, permitindo que as pessoas mais velhas possam ter um papel ativo na sociedade, sem descriminação, parti-cipando na sociedade de acordo com as suas necessidades e capacidades, ao mesmo tempo que lhes é garantido a proteção adequada, segurança e cuidados de assistência.

A Evolução demográfica constitui simultaneamente um desafio e uma oportunidade.

Considerando que o envelhecimento da população vai aumentar a necessidade de contratação de pessoal para os serviços sociais e de cuida-dos destinados às pessoas idosas, podendo provisoriamente ser compen-sado na próxima década pela subida das taxas de emprego.

O envelhecimento da população pode mesmo constituir uma oportu-nidade para aumentar a competitividade da economia europeia. É oportu-no oferecer aos agentes económicos europeus as melhores condições para que aproveitem as oportunidades das mudanças demográficas em termos de criação de novos mercados de bens e serviços adaptados às necessida-des dos mais velhos.

Um primeiro passo nesta direção será o incentivo à criação de respos-tas que favoreçam a qualidade de vida, tal diz respeito, a domínios como as infraestruturas necessárias ao bem-estar do idoso.

O principal desafio consiste em mobilizar respostas alargadas de todos os setores da sociedade e de um vasto leque de intervenientes, valorizando um conjunto de iniciativas importantes, em torno da questão do envelheci-mento ativo e criar um quadro de promoção e divulgação, a todos os níveis, das novas iniciativas e parcerias em prol do envelhecimento ativo.

Para tanto, a intenção primeira, é promover o envelhecimento ativo tanto no trabalho (criando melhores oportunidades para a participação dos trabalhadores mais velhos), como na sociedade.

Afinal as tendências demográficas refletem um fenómeno evidente do século XXI com base nas suas implicações nas esferas sociais.

Portugal, tal como os restantes países a nível europeu estão a envelhe-cer, e a questão do envelhecimento suscita assim a preocupação nas esferas sociais. É possível perceber no fenómeno de envelhecimento populacional um caráter contraditório, pois, se por um lado há um aumento da esperança de vida, devido aos avanços tecnológicos, acompanhados dos mais variados recursos, estes últimos não são acessíveis a toda a população, mas ao contrá-rio, a uma pequena parte, ficando a maioria à margem dos serviços mínimos a serem prestados para que se garanta uma vida saudável e digna.

Perceção de tais desafios, chamo atenção particular, para a conjun-tura demográfica assentada na configuração de uma estrutura etária envelhecida, onde é importante atentar para o paradoxo vivido na re-alidade social.

crónica | regiões

18 novembro'12 | repórterdomarão

A Quinta de Covela, debruça-da sobre o rio Douro, na margem de Baião, voltou ao mercado do vinho após dois investidores es-trangeiros se renderem à beleza da propriedade e à qualidade dos seus vinhos.

Segundo os novos proprietá-rios, o objetivo é produzir vinhos de elevada qualidade – a primeira vindima corresponde a um "ano piloto" – relançando a marca Co-vela no segmento dos vinhos de mesa. São produzidos em S. Tomé de Covelas, zona de transição en-tre os vinhos verdes e o Douro.

Quinta da Covela renasce

A Câmara Municipal de Paredes vai disponibilizar a partir de 1 de dezembro, duas refeições diárias gratui-tas preparadas nas cantinas das escolas para as 200 fa-mílias mais carenciadas do concelho.

Esta medida integra o programa "Paredes Ajuda +", onde as famílias carenciadas terão igualmente direito a medicamentos, a um banco de livros escolares e a ter-ras para cultivar.

Segundo a autarquia, com a iniciativa procura-se atenuar as dificuldades da população de um dos con-celhos mais fustigados pelo crescimento do desem-prego. Para além das refeições, o Município de Paredes, onde se prevê que mais de 8 mil pessoas estejam de-sempregadas, vai avançar com mais duas lojas sociais, como já acontece na cidade, para disponibilizar ali-mentos, roupas e calçado às famílias.

A autarquia pretende ainda reduzir em 20% o IRS e o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), acabar com as taxas sobre o comércio tradicional e reduzir também em 26% as taxas que são cobradas aos feirantes.

Câmara de Paredes vai fornecerrefeições aos mais necessitados

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repórterdomarão | novembro'12 19

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“O Comprimido da Liderança”, por Ken Blanchard e Marc Muchnick, Gestãoplus Edições, 2012, é um livro imaginativo que assegura uma lei-tura absorvente, do princípio ao fim. Trata-se de uma parábola divertida que sublinha a necessidade de os líderes mostrarem integridade, cons-truírem uma cultura de equipa e saberem estimular a autoestima das pessoas com quem trabalham. Um verdadeiro líder não quer obter ape-nas resultados, está motivado para que toda a sua equipa esteja confian-te e empenhada nesse trabalho colegial.

Segundo esta parábola, num belo dia a Indústria do Comprimido da Liderança tornou público que tinha conseguido condensar todos os atri-butos da verdadeira liderança num único comprimido. O mercado rea-giu imediatamente, entre a euforia e o ceticismo. O Verdadeiro Líder fez uma chamada de atenção: se não houver uma combinação certa de in-gredientes, este comprimido irá fazer mais mal do que bem. O fabricante desdobrou-se em encómios: os testes prévios foram convincentes o sufi-ciente para que pudessem praticar junto do consumidor uma política de satisfação garantida, aquele comprimido era uma poderosa mistura de ingredientes com ensinamentos de líderes renomados como Patton, Na-poleão e Átila, o Huno, era uma droga completamente segura, havia só que respeitar a posologia, por exemplo: se a sua capacidade de liderança não melhorar, procure aconselhamento junto de um profissional de re-cursos humanos. Numa conferência de imprensa, um jornalista pergun-tou como funcionava o comprimido e foi-lhe respondido que “Se tomar o comprimido da liderança, você torna-se mais concentrado nas suas ta-refas e mais determinado nas ações. A sua capacidade para dirigir os ou-tros e para obter resultados aumenta”.

O Verdadeiro Líder fez um desafio à empresa, depois de ter feito uma crítica aos apregoados prodígios do comprimido: “Reparei que as pessoas que usam o comprimido da liderança estão preocupadas ape-nas com a obtenção de resultados. Os verdadeiros líderes, para além disso, ganham também a confiança e o respeito dos membros das suas equipas. Notabilizam-se por delegarem poder aos subordinados e por lhes mostrarem que o que eles fazem é importante. Nasceu aqui o de-safio para uma competição sem comprimidos, com a duração de 12 meses, quer o Verdadeiro Líder quer o Comprimido da Liderança iriam travar razões, assim se saberia qual dos dois era mais eficaz e eficien-te a liderar.

Formaram-se equipas rivais, nomeou-se um júri independente, de-tentor de uma grelha de avaliação para medir os três fatores mais im-portantes do desempenho: as grandes empresas proporcionam opções,

empregam opções e investem em opções. Ao longo do livro, o leitor verá evoluir o estado de espírito da equipa que tem à frente o Verdadeiro Lí-der que garantiu, no início da prova que no prazo de um ano iria trans-formar um grupo de pessoas com baixas prestações no trabalho numa equipa multifuncional, empenhada e altamente produtiva.

Logo no primeiro dia da competição, o Verdadeiro Líder anunciou a mistura secreta da verdadeira liderança. Começou pela integridade que consiste em criar um conjunto de valores de trabalho e manter-se fiel a eles, é esta integridade que gera a confiança e o respeito; o segundo ingrediente era a parceria, que significa que os líderes devem colaborar com os seus funcionários, devem aprender a evoluir em conjunto como uma unidade, e o terceiro e último ingrediente era o louvor que permite que as pessoas saibam que aquilo que fazem é mesmo importante. Eta-pa por etapa, todos os elementos da equipa vão descobrindo que a li-derança não é algo que se impõe às pessoas, é algo que se faz com elas; quanto à confiança, ela manifesta-se quando o líder sente que pode de-legar o controlo e a responsabilidade sobre uma determinada tarefa; en-fim, a chave para uma verdadeira liderança é a relação que se constrói entre o líder e a sua equipa, partilhando informação, discutindo os re-sultados, o líder sabe recorrer ao elogio para que elementos da equipa se sintam apreciados, numa equipa motivada cada um dos elementos tem o poder de reconhecer e de recompensar as qualidades dos outros.

Ao longo do ano, viu-se crescer a notoriedade da equipa do Verdadei-ro Líder, que acabou vencedora, o júri rendeu-se às evidências.

O fabricante do comprimido da liderança ficou momentaneamente em estado de choque, houve mesmo quem augurasse que o produto morrera. O presidente da empresa reagiu, prometeu dar uma nova vida ao comprimido e com o seguinte argumento: já que a mistura secreta da verdadeira liderança deixara de ser um segredo, havia só de reformular o comprimido, o importante a partir de agora era recrutar o Verdadeiro Líder para fazer parte desta nova equipa de pesquisa e desenvolvimen-to e alegou: “Poderíamos mudar o nosso slogan para Liderança para a Vida Inteira…”.

Temos aqui a argumentação de uma escola de liderança assente no primado de que esta não se impõe às pessoas faz-se com elas, graças à integridade, parceria e louvor e para não se estagnar é importante rever e aperfeiçoar a mistura a tempo e horas.

Uma parábola inteligente e muito bem contada, quem pretende re-ver os seus métodos de liderança e aperfeiçoá-los tem aqui uma sugesti-va leitura de dois autores influentes no mundo da gestão.

O qUE DISTINgUE UM vERDADEIRO LíDER DE UMA IMITAçãO?

“Há CONvENIêNCIA NA CONIvêNCIA FRUTO DA CONvIvêNCIA”Qualquer lampejo da minha imaginação na escolha do tema é logo

abalroado por uma notícia/bomba. E a gestão do tempo na proximida-de da entrega do texto, que pode parecer ajudar à escolha do mesmo - vamos a este que está na hora – logo se precipita no aumento da cata-dupa bombista que o inviabiliza ou desaconselha. Depois a escolha não é imediata pois, parecendo ideal, precisa de amadurar. Se a escrevesse como brota da mente na reacção e na raiva que me assola, não seria pró-pria e digna do RM.

E já não são só as quase diárias “medidas ajustadoras”, que qualquer tasqueiro gostaria de igualar no seu “ranking” de frequência a servir os clientes, mas também os discursos redondos dos políticos que, tenho a certeza, nem sempre os próprios falantes percebem.

Seria bom que, de uma vez por todas, falassem claro de modo a que todos, incluindo-os a eles, entendessem. A Política ficaria melhor servi-da e o País sofreria menos se dissessem ao que vinham, o que queriam e como queriam, quem pagava as justas facturas e perdia as injustas be-nesses. Não ficaria mal também evitar responder às perguntas de outro com nova pergunta, pois ele bem sabe que não vai ser respondida, ou sê-lo-á do mesmo modo com nova questão.

Estão sempre todos disponíveis para dialogar. Acaba por se ficar no monólogo pois se nem um diz sobre o que quer conversar, o outro tam-bém não se interessa pois diz logo que sobre isso nem pensar. Também não diz o que queria ouvir ou o que gostaria de dizer, mas sim o que lhe parece naquele momento ser o melhor para entalar quem propôs, ou então adiar a questão.

Não vale a pena continuar a descrever o que acredito já todos sen-tiram, ouviram e entenderam, já que é difícil descrever, com alguma coerência, o que não tem coerência nenhuma. Mas não se pense que estamos perante um “diálogo de surdos” pois, não sendo uma táctica es-tudada e concertada, é uma estratégia que se desenvolveu naturalmen-te. Com o tempo, a habitual tendência mimética acentuou-a, os think tanks começaram a aperfeiçoá-la, e foi sendo aceite e adoptada por que

a todos dava jeito – governo e oposições - sem se importarem que a nós não nos dá jeito nenhum.

Oposições e governo, em amenos convívios privados que contrastam com as muitas vezes aparentes discussões e diatribes públicas, exploram o êxito desta marosca semântica. Lá vão tirando partido da conveniên-cia que a convivência lhes permite, impunemente, pois não há hipóte-se de lhes desmascarar a conivência. Ela é mais virtual que visceral, mais inconscientemente consentida que assumida ou, como eles diriam, mais conjuntural que estrutural. No limite, até poderia acontecer que algum pudesse dizer não vás por aí que o caminho tem pedras. Mas este aviso matreiro tem apenas a esperança de que, se ele mudar de caminho, vá pelo escuro e caia no precipício.

Ora, para além da consulta ao dicionário que decerto não usam e tão bem faria ao País se o fizessem, pois começariam a entender o que dizem e nós saberíamos o que queriam e o caminho que nos propõem, suge-ria-lhes um simples exame de consciência, se é que sabem o que isso é.

a) O que é que eu estudei ou pratiquei para adquirir as competências de opinar ou decidir nesta ou naquela matéria?

b) Do que ganho agora, e até me sinto mal pago (os políticos ganham sempre pouco e é bem verdade para o vencimento que têm sem contar o resto), que compensações tive ou ainda vou ter para o desafogo financei-ro, declarado ou não conforme a proveniência, ao Tribunal Constitucional?

c) Será que mereço o que ganho para aquilo que (não) faço?Continuem lá a entreter-se enquanto o barco não afunda. Mas uma

coisa lhes peço porque as outras sei que não terão consequência. Quan-do tratarem do estado social para os mais fracos, tenham respeito pela sua privacidade, não os expondo à burocracia e às bocas do mundo. Es-tou farto de lhes ouvir chamar malandros por não quererem trabalhar por uns míseros tostões... e ninguém fala dos que, “trabalhando”, de for-ma supostamente honesta ou comprovadamente fraudulenta, avolu-maram a dívida de Portugal em muitos milhões. Ninguém é desempre-gado ou carenciado social por vontade própria...

Armando MiroJornalista

opinião

20 novembro'12 | repórterdomarão

Beja Santos Ex-Assessor D.G.Consumidor

Page 21: Reporter do Marao

diversos | crónica

INFILTRAÇÕESA crise infiltra-se nas mínimas

talisgas da nossa vida. Uma dessas infiltrações, de que hoje me resolvo a falar, está a pingar para dentro da nossa própria identidade cultural e ameaça, com o tempo, submergi-la.

É certo que ela, a identidade cul-tural, anda um bocado pelas ruas da amargura, com a obliteração de comportamentos genuinamente nossos e simultaneamente com a adopção de comportamentos ge-nuinamente alheios. Tudo por cul-pa nossa. Ainda há dias vi meio Portugal entusiasmado a festejar o Halloween, como se fosse coisa nossa desde a fundura dos tempos. E, quando chegar o dia 14 de Feve-reiro, veremos a outra metade que resta a celebrar entusiasmada o Dia de São Valentim, como se a data ti-vesse alguma coisa a ver com a ge-nuína tradição portuguesa, em que os santos protectores do namoro são outros e bem mais portugueses.

Claro que não sou caturra a ponto de condenar sem apelo nem agravo estas aculturações, ao fim e ao cabo relativamente inocentes. Afinal, vivemos num mundo cada vez mais globalizado, e estou que um dia destes o Halloween e o São Valentim hão-de chegar a ser feste-jados no Nepal e no Butão, e depois no Burkina Faso e ainda nas Ilhas Aleutas. Os ventos da história não costumam soprar para trás.

Mas perdi-me um pouco daquilo de que na verdade queria falar. Vol-to pois ao rego.

Que a crise tem um efeito mul-tiplicador sobre a delinquência, já se sabe. Sobretudo na delinquência relativa ao rapinanço. Anda por aí muito gandulo que, sem modo de vida nem outra fonte honesta donde lhes venha o dinheirinho para ali-mentar os vícios, não vê outra es-capatória senão subtrair, metódica e engenhosamente, quanto puder aos outros. É certo que sempre houve amigos do alheio, mas nunca tan-tos como agora (nem tão altamente colocados, apetece dizer… mas não digo). Basta lembrar quantas caixas do Multibanco foram já este ano rebentadas a poder de gás ou de ga-zua. Dezenas, provavelmente. Ora, ninguém me diga que não é o dedo da crise que está por trás desta pro-liferação.

Lado a lado com as caixas do Multibanco, os gatunos e vigaris-tas têm uma preferência especial pelos velhotes que vivem sós, em lugares remotos — três handicaps (idade, solidão, afastamento) que os tornam especialmente fáceis e apetecíveis para essa fauna de aves necrófagas.

Claro que a sociedade procura defender-se. Ainda outro dia vi na televisão uma reportagem que mos-trava militares da GNR a recomen-darem boas e prudentes práticas de segurança a uma roda interes-sada de idosos, na aldeia de Vilar do Monte, ali mesmo à ilharga de Macedo de Cavaleiros. E aplaudo, claro, estas campanhas pedagógicas da GNR, cujos conselhos terão já poupado alguma gente ao dissabor de se ver espoliada das suas econo-mias ciosamente guardadas no col-chão, e ainda por cima tantas vezes espancada.

Mas — há sempre um ‘mas’, e aqui é que bate o ponto — o que recomendava aos velhos a briosa militar da GNR? Qualquer coisa como isto: nunca abram a porta sem perguntar primeiro quem é.

Esta prática, com cuja sensatez não posso deixar de concordar, aca-ba por colidir frontalmente com a identidade cultural do trasmontano. Pois não é verdade que um dos nos-sos brios maiores é responder ‘entre quem é!’ a quem nos bate à porta? Isto é: entre seja lá quem for.

Era aqui que eu queria chegar. Maldita crise, a quem não basta se-mear fome, miséria e desespero em tantos lares, ainda tinha de meter o dente naquilo que somos no mais fundo de nós!

É mais uma coisa que não perdoo àqueles “respeitáveis” senhores da alta política e da alta finança, que nos meteram nesta alhada da crise, e agora estão muito caladinhos, sem levantar ondas, à espera que o povo esqueça, e a contar e recontar os fraudulentos milhões que roubaram e puseram a bom recato em paraí-sos fiscais. A Polícia Judiciária acho que deve saber (como todo o país sabe) quem são pelo menos alguns destes figurões, cuja impunidade revolta e ofende.

[email protected]

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

Descubra o mundo com ...

Daniel e Paulo *

DUBai: a cidade do dinheiroA cidade do Dubai é a cidade mais populosa dos sete Emirados Árabes

Unidos (EAU), podendo ser definida como um dos locais mais caros, luxuosos e excêntricos do mundo. O clima do Emirado é, naturalmente, um clima desértico, com uma temperatura média de 24ºC, embora no verão a temperatura possa rondar os 40ºC. Tem como língua oficial o árabe, embora o inglês também seja falado pela maioria da população. Possui, além disso, uma herança histórica rica porque o local foi habitado desde a pré-história.

Aqui situa-se um hotel de sete estrelas onde ficam alojadas pessoas com um grande nível económico, caracterizando-o ainda a possibilidade de visitar uma série de duzentas ilhas artificiais construídas pelo Homem, com a forma dos diversos países do planeta ou, ainda, escalar o edifício mais alto do mundo, o Burj Dubai.

As maiores mudanças na história do Dubai ocorreram com a descoberta do petróleo na década de 50, ou seja há 62 anos atrás, momento a partir do qual a cidade foi crescendo economicamente.

A caracterizar este destino temos também o facto de oferecer aos seus visitantes fascinantes contrastes, como o velho e o novo, o que determina uma mistura de beleza entre as suas modernas cidades e o seu deserto. As-sim, o Emirado é presentemente um destino exótico com um estilo de vida internacional, combinan-do o conforto e a conveniência do mundo ocidental com o charme e a hospitalidade da Arábia. A loca-lidade dispõe de boas condições para a prática de desporto e en-tretenimento, desde o golfe e des-portos aquáticos até safaris no de-serto e cruzeiros. É também ótimo para se poder simplesmente des-cansar e/ou visitar uma das suas praias, gozando o sol anual deste país. Uma viagem de transporte aéreo de Portugal para o Dubai demora aproximadamente oito horas.

* Alunos do 2º ano do curso Técnico de Turismo Ambiental e Rural da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Marco de Canaveses

repórterdomarão | novembro'12 21

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Page 22: Reporter do Marao

Cartoons de Santiagu

Ziraldo 2012 Cartoonista e humorista - Brasil

Fundado em 1984 | Revista MensalRegisto ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89

Sede/Redação:Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 | Apartado 2004630-279 MARCO DE CANAVESESTelef. 910 536 928E-mail: [email protected]

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Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, Daniel Faiões (T.P. 991). Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota, Eduarda Freitas.Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas Permanentes e Ocasionais: António Fontaínhas Fernandes, José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Armando Miro, Beja Santos, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo.

Marketing, RP e Publicidade: Telef. 910 536 928 - Marta [email protected] | [email protected] e Edição:Tâmegapress-Comunicação e Multimédia, Lda. • NIPC: 508920450Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 • 4630-279 MARCO DE CANAVESES

Cap. Social: 80.000 Euros – Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho B. Gomes Coutinho, Marta Cláudia A. Sousa.

Impressão: Multiponto SA - Baltar, Paredes

Tiragem média: 20.000 a 30.000 ex. (Auditados) | Associado APCT - Ass. Portuguesa de Controlo de Tiragem e Circulação | Ass. nº 486

Assinaturas | Anual: P/ Embalamento e pagamento dos portes CTT – Continente: 40,00 | Europa: 70,00 | Resto do Mundo: 100,00 (IVA incluído)

A opinião expressa nos artigos assinados pode não corresponder necessariamente à da Direção deste jornal.

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

PUBliCiDaDe 910 536 [email protected]

Publicação da IV Série

repórterdomarão

[Pseudónimo de António Santos]

VENCEDOR DE UMA

menÇÃo HonrosaCom esta caricatura do Mestre Brasileiro Ziraldo, santiagu ganhou uma menção Honrosa no Xii salão de internacional Humor de Caratinga (Brasil).

O olharde...

EDuArDO PintO 1933-2009

Finais Anos 50 CANTIGAS AMOROSASAmarante

artes

22 novembro'12 | repórterdomarão

sensiBiliDaDes

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Page 23: Reporter do Marao

HÉlia e HUmBerToAi, Humberto, meu irmão, que

bom ouvir a tua voz, há quanto tempo não te ouvia. Como é que tu te dás por aí? Estás contente?

Sim, sim, eu entendo, mas é me-lhor estares aí do que em casa, so-zinho. Não deve ser fácil deixar a nossa cama para nos irmos meter noutra, que não nos conhece. E a comida é boa? Entendo, entendo--te muito bem. Humberto. Mas tu sabes que só nos cai bem aquilo que nos faz mal. De modo que tens de meter na boca aquilo que te dão.

Mas ouve, irmão, quando eu pu-der faço-te chegar aí uma malga de marmelada. Prometo. Depois, quando quiseres podes ficar com mais doçura na boca!

Sim , este ano ainda fiz catorze ti-gelas de marmelada com os mar-melos que colhi no campo da vár-zea. Lembras-te dos marmeleiros? Parece que estou a ver o nosso pai a plantar os três marmeleiros, tão fi-ninhos como cabelos. Tu também lá estavas, lembras-te?

Pois és capaz de não teres ficado com essa recordação, nessa altura devias ter uns quatro ou cinco anos, e eu tenho mais três anos do que tu.

A minha marmelada está uma delícia.

Pois dizem que sim, que as do-çuras não ajudam os diabéticos, já ouvi dizer. Mas uma fatia fininha de vez em quando não deve fazer grande transtorno ao organismo. Com juízo tudo se pode fazer.

Eu também. Logo de manhã o meu pequeno almoço são seis com-primidos. E se não os tomar, o cor-po dá-me sinais. Mas sei de vizinhos que tomam mais comprimidos que nós, e agora está tudo muito caro, todos os meses deixo ficar uma for-tuna na farmácia.

Eu também tenho muitas do-enças. De certeza que tenho mui-to mais doenças que tu, mas cá vou gemendo e vivendo um dia de cada vez.

Eu liguei-te para te fazer uma per-gunta, mas agora com a conversa, esqueci-me. Mas o que é que eu te queria perguntar, Humberto?

Eu não sei o que se passa comigo, lembro-me de tudo o que foi passa-do, a minha memória é um como relógio dos caros, nunca falha. Ai, mas esqueço com tanta facilidade o que se passa agora. Fico tão tris-

te por isto acontecer. Ainda ontem esqueci-me das

castanhas que tinha a cozer. Eu gosto delas muito bem cozidinhas. Quando dei conta estavam como carvões, duras como coios, sem pin-ga de água.

Ai, já sei o que te queria pergun-tar.

Como é que fizeste para arranjar lugar aí? Esperaste muito?

Eu ouço dizer que não é fácil, que há sempre uma fila de gente à es-pera que as camas fiquem vagas. A morte de uns é a salvação de ou-tros. Eu nunca me interessei mui-to por isso. Porque eu achava que nunca ia precisar de caminhar para esses lados.

Tens queixas, Humberto? Conta, irmão, conta a verdade toda, por-que assim eu fico mais ciente das coisas.

Pois, as companhias. Temos de ser pacientes. O ressonar dos outros também não me há-de incomodar muito. O meu falecido Américo res-sonava a noite inteira, e eu aprendi a dormir com aquele som parecido com o das gatas com o cio. Foram tantos anos a ouvir aquela sinfonia.

Pois, a telenovela. Temos de ser pacientes. Para mim tanto se dá uma coisa como outra, o que im-porta é que a televisão esteja ace-sa, que sempre nos distrai. As tele-novelas são todas parecidas.

Não me importa de me deitar cedo. Chegamos a uma idade em que o descanso nos faz bem.

Humberto, ouve. Eu queria que tu me fizesses um favor. Procura quem manda nessa casa, e pede por mim. Diz-lhe que estou sozinha, que an-tes estava bem, mas que a Rosa far-tou-se de estar aqui a aturar-me, e que no princípio deste mês foi ter com o homem dela, que arranjou trabalho na Suiça, ou na Alemanha, ou em Luxemburgo, ou em Ango-la, já nem sei bem, mas num desses países onde se vive bem, e eu fiquei aqui, sozinha. O meu nome é Hélia , com h. Toda a gente escreve mal o meu nome, já estou habituada. Hé-lia Maria Pinheiro de Sousa.

Se eu fosse para aí levava comigo todas as tigelas de marmelada.

Ias consolar-te.

António Mota

[email protected]

O livro "Como se desenha uma casa", a última obra de Manuel António Pina, é o vencedor da 8ª edição do prémio de poesia Tei-xeira de Pascoaes. A entrega do prémio, a título póstumo, atribu-ído pela Câmara de Amarante e escolhido entre 166 livros de 159 autores, decorre a 15 de dezembro no auditório da Biblioteca Municipal .

Armando Silva Carvalho, com o livro "Anthero Areia & Água", foi premiado em 2010. Nos anos anteriores, já receberam o galardão, entre outros, Fernando Guimarães, Fer-nando Echevarría, Daniel Faria e Amadeu Batista.

Manuel António Pina, 68 anos, faleceu a 19 de outubro deixando para trás uma car-reira de poeta, escritor e jornalista. Foi Prémio Camões em 2011.

Entretanto, o Museu Nacional da Imprensa inaugurou uma exposição documental de homenagem a Pina no dia em que faria 69 anos. “A Luz das palavras” é o título des-ta homenagem que engloba várias iniciativas.

A exposição documental destaca três vertentes - Jornalismo, Poesia, Literatura In-fantil - e apresenta dezenas de peças. A relação dos gatos com os escritores também tem um lugar especial na exposição.

Uma exposição de Agostinho Santos, colega e amigo de Manuel António Pina, com 45 peças - desenhos, telas e esculturas – completam a homenagem prestada pelo Mu-seu, instalado na cidade do Porto, a montante da Ponte do Freixo. As exposições fica-rão patentes até 31 de maio de 2013.

Prémio Pascoaesatribuído a M. A. Pina

agenda | crónica

repórterdomarão | novembro'12 23

Até 9 de dezembro, em Lamego, decorre o 4º Festival de Gastronomia do Douro, período em que os restaurantes, hotéis e adegas prometem oferecer experiências gastronómicas úni-cas e diversificar as inúmeras matérias-primas na preparação de um prato tradicional.

Organizado pela autarquia e pela AE.HTDOURO - Associação de Empresários, em parce-ria com o Turismo do Douro, a Escola de Hotelaria e Turismo do Douro e a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego, o evento pretende ajudar o setor da restauração a enfrentar a atual crise económica, convidando os visitantes a viverem uma experiência única: descobrir o valor do patimónio arquitetónico da região a par da gastronomia tradicional.

Em Vila Real, de 30 de novembro a 2 de dezembro, o Pavilhão de Exposições da NERVIR será o palco de mais uma edição da Feira de Artesanato e Gastronomia (FAG).

Neste evento, que pela primeira vez terá entrada livre, serão apresentados produtos da região, nomeadamente artigos em pele, olaria e couro, brinquedos e o tradicional fumeiro e os doces, entre outras iguarias.

Segundo a organização, a FAG 2012 pretende privilegiar a economia nacional e regional e as pequenas empresas que vendem exclusivamente produtos nacionais.

O centro da cidade do Peso da Régua vai ser palco do I Festival de Chocolate e Vi-nho do Porto nos dias 14, 15 e 16 de de-zembro. O Festival, que decorrerá no Solar do Vinho do Porto, abre às 16.30h no dia 14. No dia 15 funcionará das 10 às 24h e no dia 16 das 10 às 20h.

Este evento, que junta o doce do cho-colate ao calor do Vinho do Porto, pre-tende assim dar mais vida à época natalí-cia reunindo vários mestres chocolateiros, apresentar os diferentes tipos de chocola-te existentes, os melhores vinhos da região duriense e ainda algum conhecimento so-bre esta combinação perfeita.

Vinho do Porto com chocolate na Régua

Dois festivais de Gastronomia no Douro

Page 24: Reporter do Marao