repercussão geral em matéria criminal

Coleção Monografias Jurídicas – nº 1

Coord. Antonio Eduardo

Ramires Santoro

Repercussão Geral

em Matéria Criminal

Samanta Felix Gomes de Mello

Repercussão Geral em Matéria Criminal


Coleção Monografias Jurídicas nº 1 ii

SAMANTA FELIX GOMES DE MELLO

Mestranda em Direito Penal Internacional pela Universidade de

Granada – Espanha. Especialista em Processo Penal Constitucional

pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Advogada Criminalista.

Repercussão Geral em Matéria

Criminal

Coleção Monografias Jurídicas – nº 1

Coordenação Antonio Eduardo Ramires Santoro

Rio de Janeiro

Novembro de 2010



Coleção Monografias Jurídicas nº 1 iii

Mello, Samanta Felix Gomes de.

Repercussão Geral em Matéria

Constitucional / Samanta Felix Gomes de Mello.

2009.

51 f.

Coleção Monografia Jurídicas nº 1.

1. Processo Penal. I. Direito

Constitucional.



Coleção Monografias Jurídicas nº 1 iv

PREFÁCIO

Este é primeiro resultado prático do Grupo de Pesquisas

por mim coordenado. Samanta além de dedicada é perspicaz na

união do marco teórico e prático, próprio de pesquisadores que

também são excelentes e competentes advogados.

Não é difícil perceber que o presente trabalho trata de

assunto de grande interesse prático, mas cujo conhecimento e o

desenvolvimento teórico ainda é muito pequeno. A repercussão

geral foi o instituto jurídico criado pela emenda constitucional

nº 45, com objetivo de evitar que o Supremo Tribunal Federal

julgasse casos sem interesse para a sociedade. Todavia, sua

aplicabilidade restou atrelada à legislação infraconstitucional,

bem como às determinações regimentais, cuja aplicação à

matéria de natureza criminal enseja questionamentos e um

estudo mais detalhado, como o que se iniciou com este artigo

que tem por finalidade não apenas abordar as questões teóricas,

mas também pertinentes à jurisprudência atual do Supremo

sobre o assunto.

Vamos ao que interessa.

Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2009.

Antonio Eduardo Ramires Santoro



Coleção Monografias Jurídicas nº 1 v

SUMÁRIO

1- Introdução............................................................................6

2- Previsão Constitucional.......................................................9

3- Previsão Legal...................................................................10

4- Previsão Regimental..........................................................15

5- Natureza Jurídica, Competência, Procedimento e

Vigência....................................................................................20

6- Aplicação Legal à matéria criminal..................................24

7- Aplicação ao Habeas Corpus............................................29

8- Matérias Penais com Repercussão Geral..........................41

9- Conclusão..........................................................................47

Anexo I – Matérias com repercussão geral...............................52

Anexo II – Matérias sem repercussão geral..............................66



Coleção Monografias Jurídicas nº 1 6

1- Introdução

Por iniciativa do deputado Helio Bicudo, que

apresentou a Proposta de Emenda à Constituição nº 96 de 1992,

foi promulgada a Emenda ao texto constitucional nº 45, em 08

de dezembro de 2004, tratando sobre a Reforma do Poder

Judiciário.

Um dos objetivos declarados da reforma1 era dotar de

celeridade a atividade jurisdicional, sendo certo que se

identificou como um dos entraves ao bom andamento dos

trabalhos dos tribunais superiores o assoberbamento de suas

pautas de julgamento com matérias que não apresentavam

interesse para além das partes envolvidas na demanda.

Tal fato se fazia claro quando se tem em vista que pelas

estatísticas do Poder Judiciário o Supremo Tribunal Federal

julgava causas idênticas e recursos com fins meramente

protelatórios, no mais das vezes sem nenhum interesse para a

sociedade, de tal forma que seus julgamentos não surtiam

qualquer efeito erga omnes.

O mecanismo criado para coibir estes abusos foi incluir

entre os pressupostos de admissibilidade do recurso

1 Sobre a PEC 96/92, vide link direto para o sítio do senado federal

que descreve a tramitação da Proposta:

http://www.senado.gov.br/sf/atividade/materia/Consulta.asp?STR_TIP

O=PEC&TXT_NUM=96&TXT_ANO=1992&Tipo_Cons=6&FlagTo

t=1

http://www.senado.gov.br/sf/atividade/materia/Consulta.asp?STR_TIPO=PEC&TXT_NUM=96&TXT_ANO=1992&Tipo_Cons=6&FlagTot=1






extraordinário a exigência de repercussão geral da questão

constitucional suscitada. Tanto assim é que o próprio Supremo

Tribunal Federal apresenta em seu sítio na internet o instituto da

Repercussão Geral, esclarecendo que suas finalidades são:

1) “Delimitar a competência do STF, no julgamento de

recursos extraordinários, às questões constitucionais com

relevância social, política, econômica ou jurídica, que

transcendam os interesses subjetivos da causa.”

2) “Uniformizar a interpretação constitucional sem

exigir que o STF decida múltiplos casos idênticos sobre a

mesma questão constitucional.”2

Todavia, algumas questões não estão absolutamente

claras em matéria de aplicação prática deste novo instituto

jurídico. Basta ver que, segundo o entendimento firmado no

Supremo Tribunal Federal, o que será exposto de forma mais

detalhada a seguir, a repercussão geral passou a ser exigida pelo

Supremo como preliminar formal e fundamentada, a partir de

03 de maio de 2007. Apesar disto, como se pode verificar pelas

estatísticas do próprio STF3, em julho de 2007, dois meses

2 Para conhecer a apresentação do Supremo Tribunal Federal do

instituto da Repercussão Geral, vide:

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudencia

RepercussaoGeral&pagina=apresentacao

3 Para conhecer a estatística do Supremo Tribunal Federal sobre a

argüição da Repercussão Geral nos Recursos Extraordinários e nos

Agravos de Instrumento desde julho de 2007 até dezembro de 2008,

vide:

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaRepercussaoGeral&pagina=apresentacao

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaRepercussaoGeral&pagina=apresentacao




depois de entrar em vigência a mudança do Regimento Interno

do Supremo que deu aplicabilidade prática à Lei 11.418/2006

que dispôs sobre a exigência de repercussão geral nos recursos

extraordinários, apenas 3% (três por cento) dos recursos

extraordinários e nenhum agravo de instrumento arguiram a

repercussão geral como preliminar formal e fundamentada.

Em dezembro de 2008, os números de argüições de

repercussão geral como preliminar formal e fundamentada

ainda são muito acanhados e revelam o desconhecimento da

comunidade jurídica sobre o assunto, haja vista que o instituto

já está sendo aplicado há mais de 1 (um) ano e 6 (seis) meses.

Com efeito, em média apenas 40% (quarenta por cento) dos

recursos extraordinários apresentam preliminar formal e

fundamentada de repercussão geral, ao passo que em média

65% (sessenta e cinco por cento) dos agravos de instrumento

satisfazem esta exigência formal.

Além de tudo o que se expôs e já adentrando ao tema

específico deste trabalho, as matérias de natureza criminal,

sejam questões de direito material penal, sejam questões de

direito processual penal, não foram devidamente

regulamentadas e definitivamente decididas.

Isso porque, malgrado o Código de Processo Civil tenha

sido alterado, como se verá de forma mais detalhada a seguir,

para regular legalmente o instituto da Repercussão Geral da

matéria constitucional suscitada no caso concreto, o Código de

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudencia

RepercussaoGeral&pagina=distribuicaoREeAI




Processo Penal restou inalterado e, bem assim, a legislação de

natureza processual penal quedou-se silente, criando uma

lacuna legislativa.

Diante do vácuo do ordenamento jurídico em matéria

processual penal a respeito do novel instituto processual

constitucional, coube à doutrina e à jurisprudência discutir a

possibilidade de aplicação do novo pressuposto de

admissibilidade de recursos extraordinários em matéria

constitucional, por meio da aplicação da legislação processual

civil como forma de integração da lacuna existente na norma

processual penal.

Assim, vamos dividir o estudo do tema em: aplicação

da Repercussão Geral em matéria penal para os casos de

recursos extraordinários e agravos de instrumento que visem

atacar a decisão denegatória de seguimento de recursos

extraordinários e aplicação da Repercussão Geral para os casos

de habeas corpus em matéria de competência do Supremo

Tribunal Federal.

A seguir abordaremos o tema das matérias já tratadas

no âmbito do Supremo Tribunal Federal como de Repercussão

Geral.

2- Previsão Constitucional

Foi acrescentado ao texto constitucional, em razão da

promulgação da emenda à constituição nº 45 de 08 de dezembro

de 2004, o §3º ao artigo 102, que trata da competência do

Supremo Tribunal Federal, que vigora com a seguinte redação:




§ 3º No recurso extraordinário o recorrente

deverá demonstrar a repercussão geral das

questões constitucionais discutidas no caso, nos

termos da lei, a fim de que o Tribunal examine

a admissão do recurso, somente podendo

recusá-lo pela manifestação de dois terços de

seus membros.

Não é difícil verificar, contudo, que o dispositivo

acrescentado ao texto constitucional, malgrado de aplicação

obrigatória a todos os recursos extraordinários em matéria de

qualquer natureza, inclusive criminal, não é auto-aplicável,

porquanto traz expressa exigência de regulamentação legal

sobre o instituto da Repercussão Geral ao utilizar-se da

expressão “nos termos da lei”.

3- Previsão Legal

Neste passo, o legislador infra-constitucional, por meio

da Lei nº 11.418, de 19 de dezembro de 2006, mas que entrou

em vigor apenas em 16 de fevereiro de 2007 em razão da

vacatio legis de 60 dias prevista em seu artigo 5º, acrescentou à

Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – o Código de Processo

Civil, os artigos 543-A e 543-B.

Assim restou a redação do art. 543-A do Código de

Processo Civil:

Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em

decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso




extraordinário, quando a questão constitucional

nele versada não oferecer repercussão geral, nos

termos deste artigo.

§ 1º Para efeito da repercussão geral, será

considerada a existência, ou não, de questões

relevantes do ponto de vista econômico,

político, social ou jurídico, que ultrapassem os

interesses subjetivos da causa.

§ 2º O recorrente deverá demonstrar, em

preliminar do recurso, para apreciação

exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a

existência da repercussão geral.

§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o

recurso impugnar decisão contrária a súmula ou

jurisprudência dominante do Tribunal.

§ 4º Se a Turma decidir pela existência da

repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro)

votos, ficará dispensada a remessa do recurso

ao Plenário.

§ 5º Negada a existência da repercussão geral, a

decisão valerá para todos os recursos sobre

matéria idêntica, que serão indeferidos

liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos

termos do Regimento Interno do Supremo

Tribunal Federal.

§ 6º O Relator poderá admitir, na análise da

repercussão geral, a manifestação de terceiros,

subscrita por procurador habilitado, nos termos




do Regimento Interno do Supremo Tribunal

Federal.

§ 7º A Súmula da decisão sobre a repercussão

geral constará de ata, que será publicada no

Diário Oficial e valerá como acórdão.

Malgrado o caput do dispositivo tenha ratificado que a

Repercussão Geral é um pressuposto de admissibilidade do

recurso extraordinário, repetindo que a Constituição Federal

dispõe no art. 102, §3º, este dispositivo trouxe ao mundo

jurídico algumas questões importantes, senão vejamos:

O §1º do art. 543-A, ainda que de forma muito

genérica, definiu que haverá Repercussão Geral quando a existir

questões relevantes do ponto de vista econômico, político,

social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da

causa, ao passo que a Repercussão Geral é presumida jure et de

jure quando o recurso impugnar decisão contrária a súmula ou

jurisprudência dominante do Tribunal, na forma prevista no §3º

do mesmo dispositivo.

Já o §2º impôs uma formalidade para as partes que

interpuserem recurso extraordinário, consistente na argüição em

forma de preliminar do recurso, para apreciação exclusiva pelo

Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral.

Sem esta preliminar o recurso deverá ser rejeitado por falta de

pressuposto formal de admissibilidade.

O §4º dispensa seja a Repercussão Geral submetida ao

Plenário do Supremo Tribunal Federal no caso de a decisão na

Turma ter sido tomada por no mínimo 4 (quatro) votos.




O §5º prevê que a decisão sobre inexistência de

Repercussão Geral gera efeitos para todos os recursos sobre

matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, ressalvada

a possibilidade de revisão da decisão na forma do Regimento

Interno do Supremo Tribunal Federal.

A §6º prevê a possibilidade de admissão da intervenção

da manifestação de terceiros no processo de análise de

Repercussão Geral, desde que subscrita por procurador

habilitado, sempre dependente da regulamentação constante do

Regimento Interno da Casa.

Por fim, o §7º prevê que a súmula da decisão sobre a

Repercussão Geral publicada no Diário Oficial valerá como

acórdão.

O art. 543-B do Código de Processo Civil tratou da

multiplicidade de recursos com argüição de Repercussão Geral

idêntica e ficou assim redigido:

Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de

recursos com fundamento em idêntica

controvérsia, a análise da repercussão geral será

processada nos termos do Regimento Interno do

Supremo Tribunal Federal, observado o

disposto neste artigo.

§ 1º Caberá ao Tribunal de origem selecionar

um ou mais recursos representativos da

controvérsia e encaminhá-los ao Supremo

Tribunal Federal, sobrestando os demais até o

pronunciamento definitivo da Corte.




§ 2º Negada a existência de repercussão geral,

os recursos sobrestados considerar-se-ão

automaticamente não admitidos.

§3º Julgado o mérito do recurso extraordinário,

os recursos sobrestados serão apreciados pelos

Tribunais, Turmas de Uniformização ou

Turmas Recursais, que poderão declará-los

prejudicados ou retratar-se.

§ 4º Mantida a decisão e admitido o recurso,

poderá o Supremo Tribunal Federal, nos termos

do Regimento Interno, cassar ou reformar,

liminarmente, o acórdão contrário à orientação

firmada.

§5º O Regimento Interno do Supremo Tribunal

Federal disporá sobre as atribuições dos

Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na

análise da repercussão geral.

O dispositivo supra transcrito regulamenta a

possibilidade de que recursos com idêntica controvérsia tenham

uma decisão uniformizada, com isso deverão contribuir os

Tribunais de origem, porquanto o art. 543-B determina que este

selecione os recursos representativos da controvérsia e sobreste

os demais até que sejam julgados os casos paradigmáticos.

O julgamento destes vinculará a decisão dos recursos

sobrestados no caso de ser negada a existência de Repercussão

Geral. No caso de ser admitida a Repercussão Geral, os

Tribunais de origem apreciarão os recursos sobrestados,




podendo declará-los prejudicados ou retratar a decisão anterior

de não admissão do recurso.

O Supremo poderá cassar ou reformar, liminarmente, o

acórdão contrário à orientação firmada.

Não se pode, entretanto, deixar de frisar que apesar de

ter entrado em vigor, as alterações do Código de Processo Civil

implementadas pela Lei nº 11.418/2006 não teve vigência, uma

vez que o próprio art. 3º deste Diploma Legal determinou que

cabia ao Supremo Tribunal Federal, em seu Regimento Interno,

estabelecer as normas necessárias à execução desta Lei,

vinculando a vigência das normas à regulamentação do

Supremo por seu regimento interno.

4- Previsão Regimental

Atendendo à determinação da Lei nº 11.418/2006, o

Supremo Tribunal Federal, por sua Presidente à época, Ministra

Ellen Gracie editou a emenda regimental nº 21 de 30 de abril de

2007, aprovada pelos membros da Corte suprema, alterando

diversos dispositivos do Regimento Interno do Tribunal, que

passaram a vigorar redação modificada com o objetivo de

regulamentar o exercício jurisdicional quanto à apreciação de

Repercussão Geral.

Assim, o art. 13 do Regimento Interno do Supremo

Tribunal Federal, em seu inciso V, alínea “c”, passou a

determinar que o Presidente do STF tem a atribuição de

despachar como Relator, nos termos dos artigos 544, §3º, e 557,




do Código de Processo Civil, até eventual distribuição, os

recursos que não apresentem preliminar formal e fundamentada

de repercussão geral, ou cuja matéria seja destituída de

repercussão geral, conforme jurisprudência do STF.

Foi alterado também o §1º do art. 21, para constar que o

Relator poderá, liminar e monocraticamente, cassar ou reformar

acórdão contrário à orientação firmada nos termos do art. 543-B

do Código de Processo Civil, que, como já foi visto, foi

acrescido pela Lei nº 11.418/2006.

A emenda regimental citada alterou, outrossim,

Capítulo V, que trata do Recurso Extraordinário.

Para tanto alterou o art. 322 do Regimento Interno, para

constar que o Tribunal recusará recurso extraordinário cuja

questão constitucional não oferecer repercussão geral,

considerada a existência de questões relevantes do ponto de

vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os

interesses subjetivos das partes.

Alterou, também o art. 323, fazendo constar que quando

o relator não rejeitar recurso extraordinário por outra razão que

não seja a falta de repercussão geral, deverá submeter, por meio

eletrônico, cópia de sua manifestação sobre a repercussão geral

aos demais ministros, ressaltando que este procedimento não

será adotado nos casos em que se presume a repercussão geral.

São casos em que se presume a repercussão geral,

conforme §1º do art. 323, quando o recurso versar sobre matéria

cuja repercussão geral já houver sido reconhecida pelo STF ou

quando impugnar decisão contrária a súmula ou jurisprudência

dominante.




O relator poderá, de acordo com o §2º do mesmo

dispositivo, admitir de ofício ou a requerimento, a manifestação

de terceiros, subscrita por procurador interessado, no prazo que

o próprio relator fixar.

Ao receber a manifestação do relator sobre a

repercussão geral, os demais ministros, no prazo comum de 20

(vinte) dias, sua manifestação sobre a questão, igualmente por

meio eletrônico, como determina o art. 324, que presume a

existência de repercussão geral caso os ministros não se

manifestem no prazo assinado pelo regimento.

De acordo com o art. 325 do Regimento, se o processo

não for informatizado, o relator determinará a juntada aos autos

da manifestação dos demais ministros e se a decisão for pela

existência de repercussão geral julgará o recurso ou pedirá dia

para julgamento; se for negada a existência de repercussão

geral, formalizará e subscreverá a decisão.

Determina o parágrafo único do mesmo dispositivo

regimental que o teor da decisão preliminar sobre a repercussão

geral deve integrar a decisão monocrática ou acórdão, e

constará da publicação no Diário Oficial.

Toda decisão de inexistência de repercussão geral é, de

acordo com o art. 326 do Regimento Interno do STF,

irrecorrível e deve ser comunicada à Presidência do Supremo

Tribunal Federal, para que esta recuse os recursos que não

apresentem preliminar formal e fundamentada, bem como

aqueles cuja matéria carecer de repercussão geral, na forma dos

precedentes do Tribunal, como determina o art. 327. Caso o

Presidente não recuse recurso sem preliminar formal e




fundamentada ou que viole os precedentes consolidados, o

próprio relator do recurso poderá fazê-lo, na formado §1º do art.

327. As decisões que recusam recursos por falta de preliminar

formal e fundamentada por carecer de repercussão geral na

forma dos precedentes do Tribunal são agraváveis, sejam

decididas pelo Presidente do STF, sejam decididas pelos

relatores.

Se for protocolado ou distribuído recurso tratando de

matéria suscetível de reproduzir-se em múltiplos feitos, a

Presidência do Tribunal ou relator, de ofício ou a requerimento

da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas

de juizado especial, a fim de que observem o art. 543-B do

CPC, que manda enviar-lhes os feitos paradigmáticos e sobreste

os demais. A Presidência ou relator poderá pedir informações

aos Tribunais ou Turmas dos juizados especiais, que deverão

prestá-las em 5 (cinco) dias e sobrestar os demais feitos.

Quando for verificada a subida ou distribuição de

múltiplos recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a

Presidência do Tribunal ou o relator selecionará os mais

representativos da questão e determinará a devolução dos

demais aos tribunais de origem para que sejam sobrestados e

apliquem-se-lhes os parágrafos do art. 543-B do CPC.

O Supremo Tribunal Federal, por sua Presidente,

Ministra Ellen Gracie editou, ainda, a emenda regimental nº 22

de 30 de novembro de 2007, aprovada pelos membros da Corte

suprema, alterando dois dispositivos do Regimento Interno do

Tribunal, sendo que um deles tratando do tema da Repercussão

Geral.




Incluiu no art. 21, que trata das atribuições do relator, o

parágrafo 4º, determinando que o relator deverá comunicar a

Presidência, para os fins do art. 328 do regimento, ou seja, para

o fim de sobrestar os recursos que tratem de matéria com

idêntica controvérsia, as matérias sobre as quais proferir

decisões de sobrestamento ou devolução de autos, nos termos

do art. 543-B do CPC.

E mais, o Supremo Tribunal Federal, por sua

Presidente, Ministra Ellen Gracie editou, ainda, a emenda

regimental nº 23 de 11 de março de 2008, aprovada pelos

membros da Corte suprema, acrescentando um dispositivo ao

Regimento Interno do Tribunal, tratando do tema da

Repercussão Geral.

O novel art. 328-A determinou que o Tribunal de

origem não emitirá juízo de admissibilidade sobre os recursos

extraordinários já sobrestados, nem sobre os que venham a ser

interpostos, até que o Supremo Tribunal Federal decida os que

tenham sido selecionados nos termos do §1º do art. 543-B.

Os tribunais de origem deverão sobrestar os agravos de

instrumentos contra decisões que não tenham admitidos

recursos extraordinários que tratem de matéria cuja repercussão

geral esteja para ser decidida pelo STF.

Julgado o mérito do recurso extraordinário pelo

Supremo Tribunal Federal de forma contrária aos acórdãos

recorridos, o Tribunal de origem poderá se retratar. Caso não o

faça, deverá remeter os agravos de instrumento ao Supremo

Tribunal Federal.




5- Natureza Jurídica, Competência, Procedimento e

Vigência

Diante do texto legal e regimental trazido à colação e a

uma breve explicação, é absolutamente forçoso reconhecer que

a Repercussão Geral é um pressuposto de admissibilidade dos

recursos extraordinários.

Fato é que apenas a Lei Processual Civil regulou a

matéria, trazendo como requisito de admissibilidade não apenas

a matéria controversa tratada no recurso, mas também a

formalidade de argüição da matéria por meio de preliminar

fundamentada.

Assim, podemos afirmar que a Lei nº 11.418/2006, que

regulamentou a Constituição Federal no que toca ao parágrafo

3º do art. 102, criou dois requisitos de admissibilidade dos

recursos extraordinários, um formal e outro material.

O material é a própria repercussão geral, isto é, o

recurso só será admitido se a matéria nele tratada versar sobre

assunto que se repute de repercussão geral, assim entendido o

que tratar de questões relevantes do ponto de vista econômico,

político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses

subjetivos da causa.

O formal é a necessidade de argüição formal e

fundamentada em preliminar do recurso extraordinário de

existência de repercussão geral. Vale frisar que não se trata de

um único requisito, porquanto se a matéria tratada no recurso

extraordinário for de repercussão geral, mas não houver

argüição em forma de preliminar fundamentada na petição




recursal, o recurso extraordinário será rejeitado por falta de

requisito de admissibilidade. Daí decorre a conclusão lógica de

que a Lei nº 11.418/2006, bem assim as alterações no

Regimento Interno do STF criaram dois requisitos de

admissibilidade do recurso extraordinário.

Somente o Supremo Tribunal Federal poderá decidir o

que é matéria de repercussão geral ou não, cabendo aos

tribunais inferiores aplicar a decisão aos processos em curso,

mas não decidir o que é matéria de repercussão geral ainda não

decidida pelo Supremo Tribunal Federal.

Os recursos que tratem de matéria controversa cuja

decisão sobre repercussão geral ainda não tenha sido proferida,

deverão ser apreciados da seguinte maneira:

Em primeiro lugar, se houver vários os recursos que

ainda estejam nos tribunais de origem e que tratem da mesma

matéria, o tribunal selecionará aqueles que sejam mais

representativos da controvérsia e remeterá ao Supremo Tribunal

Federal, sobrestando a tramitação dos demais.

Caso existam diversos recursos protocolados ou

distribuídos ao Supremo que tratem da mesma matéria, o

Presidente do Supremo ou o relator do processo selecionará

aqueles que sejam mais representativos da controvérsia para

julgamento, sobrestando a tramitação dos demais, que serão

devolvidos aos tribunais de origem.

O relator do processo manifestar-se-á sobre a existência

ou não de repercussão geral e remeterá para os demais

ministros, por meio eletrônico, sua manifestação.




Os demais ministros remeterão ao relator suas

manifestações no prazo de 20 (vinte) dias, sob pena de se

reputar aceita a existência de repercussão geral.

Recebidas as manifestações dos ministros o relator

juntará a cópia das manifestações nos autos do processo, se ele

não tiver informatizado, e, definida a existência de repercussão

geral, julgará o recurso ou pedirá dia para julgamento; negada a

existência de repercussão geral, formalizará e subscreverá a

recusa do recurso.

A decisão de inexistência de repercussão geral é

irrecorrível e deve ser comunicada pelo relator à Presidência

que, por sua vez, comunicará aos tribunais de origem nos quais

estejam sobrestados os recursos sobrestados, que tratarem de

matéria idêntica.

Se a decisão for de inexistência de repercussão geral os

recursos serão sumeriamente rejeitados, cabendo agravo desta

decisão de rejeição. Se a decisão for de existência de

repercussão geral, os tribunais de origem podem se retratar da

decisão. Caso não haja retratação, remeterão os agravos de

instrumento interpostos contra decisão que negou seguimento

ao recursos extraordinário ao Supremo Tribunal Federal.

Por fim, matéria de extrema relevância é a que trata

sobre a vigência da Lei nº 11.418/2006.

É que, malgrado a Lei tenha sido publicada em 19 de

dezembro de 2006 e entrado em vigor apenas em 16 de

fevereiro de 2007 em razão da vacatio legis de 60 dias prevista

em seu artigo 5º, a Lei não entrou em vigência.




Isso porque, foi o próprio art. 3º deste Diploma Legal

que determinou caber ao Supremo Tribunal Federal, em seu

Regimento Interno, estabelecer as normas necessárias à

execução desta Lei, vinculando a vigência das normas à

regulamentação do Supremo por seu regimento interno.

Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal somente

alterou seu regimento interno em 30 de abril de 2007, pela

emenda regimental nº 21, como já foi visto, a qual só foi

publicada em 03 de maio de 2007.

Exatamente por isso, o Supremo Tribunal Federal já

decidiu (AI 664567 QO/RS - relator: Min. Sepúlveda Pertence –

informativo 472 do STF; QO AI 715.423, Min. Gilmar Mendes;

RE-QO 540410, Rel. Ministro Cézar Peluso) que a exigência de

argüição formal e fundamentada em preliminar de recurso

extraordinário só é aplicável a partir do dia 03 de maio de 2007.

De outro lado isso não significa que os recursos

extraordinários interpostos após a entrada em vigor da Lei nº

11.418/2006 não tivessem que se submeter ao requisito da

existência da repercussão geral.

Em outras palavras, após a entrada em vigor da Lei nº

11.418/2006, todos os recursos extraordinários só serão

admitidos se tratarem de matéria considerada de repercussão

geral, todavia, somente após a entrada em vigência, ocorrida em

03 de maio de 2007, com a publicação da emenda regimental nº

21 do STF, é que passou a se exigir também a existência de uma

preliminar de recurso formal e fundamentada.




6- Aplicação Legal à matéria criminal

Há uma grande questão a ser solucionada pelos nossos

doutrinadores e, sobretudo, pelo Supremo Tribunal Federal, que

se refere à aplicação da legislação que regulou a repercussão

geral às matérias controversas de natureza criminal.

Isso porque, não há dúvida, a Constituição brasileira, no

§3º do art. 102 tal como redigido pela emenda nº 45 de 2004,

não restringiu a exigência de repercussão geral como requisito

de admissibilidade do recurso extraordinário somente à matéria

de natureza cível, o que faz forçosa a conclusão de que a

matéria criminal está abrangida pela nova exigência

constitucional de admissibilidade do recurso extraordinário.

Assim entendido, ou seja, sabido que o recurso

extraordinário que trate de matéria criminal deva estar

submetido à exigência de repercussão geral da controvérsia nele

discutida, resta saber se a legislação federal que teve por

objetivo regular o §3º do art. 102 da Constituição Federal se

aplica às questões criminais.

Ora, tal discussão se faz necessária na medida em que,

como já se expôs anteriormente neste trabalho, o §3º do art. 102

da Constituição Federal não é auto-aplicável, exigindo-se lei

federal que regulamente a matéria para que a exigência de

repercussão geral como requisito de admissibilidade do recurso

extraordinário tenha efetividade prática.

No entanto, a Lei nº 11.418/2006 supriu a exigência de

regulamentação da matéria referente à repercussão geral,

porém, tratou-a com a inserção dos dispositivos 543-A e 543-B




no Código de Processo Civil. Desta maneira, a questão que se

deve tratar é se o Código de Processo Civil aplica-se às lacunas

da legislação processual penal.

As lacunas na legislação devem ser supridas pelos

meios de integração, sabidamente a equidade, os costumes, os

princípios gerais do direito e a analogia. Ao aplicar o Código de

Processo Civil à legislação processual penal, o magistrado

estaria se valendo da analogia como meio de integração da

lacuna legislativa.

Um dos grandes problemas ao uso deste método de

integração é a inaplicabilidade de outros dispositivos do Código

de Processo Civil ao processo penal, sobretudo no que toca aos

recursos, como é o caso do prazo de agravo de instrumento

previsto no art. 544 do CPC, a ser interposto contra decisão de

não admissão de recurso especial ou extraordinário proferida

pelo tribunal de origem.

É que o art. 544 do CPC, foi revogado pela Lei nº

8.038/90, que fez a previsão do cabimento de agravo de

instrumento para o Supremo Tribunal Federal ou para o

Superior Tribunal de Justiça no caso de decisão denegatória do

recurso extraordinário ou especial, respectivamente, porém com

prazo de 5 (cinco) dias para interposição.

Em 1994, todavia, o art. 544 do CPC foi revigorado e

alterado pela Lei nº 8.950, fixou em 10 (dez) dias o prazo para

sua interposição, gerando a seguinte controvérsia: o prazo para

interposição de agravo de instrumento contra decisão

denegatória de recurso especial ou extraordinário em matéria

criminal é de 10 (dez) dias, conforme determina o Código de




Processo Civil ou de 5 (cinco) dias, como determina o art. 28 da

Lei nº 8.038/90?

A jurisprudência dos tribunais superiores se consolidou

no sentido de que o Código de Processo Civil não revogou o art.

28 da Lei nº 8.038 expressamente, de tal forma que sua

revogação tácita alcança apenas os recursos em matéria

abrangida pelo Código de Processo Civil, que não incluem os

recursos que tratem de matéria criminal.

Assim, criou-se um prazo de 10 (dez) dias para

interposição de agravo de instrumento de decisão denegatória

de recurso especial ou extraordinário que trate de matéria de

natureza cível e um outro prazo de 5 (cinco) dias para

interposição de agravo de instrumento de decisão denegatória

de recurso especial ou extraordinário que trate de matéria de

natureza criminal. Ou seja, o Código de Processo Civil não

regulou matéria criminal, segundo os tribunais superiores, no

que tange ao prazo de agravo de instrumento.

Tudo levava a crer que o Supremo Tribunal Federal,

usando do mesmo raciocínio, não aplicaria a regulamentação do

Código de Processo Civil referente à repercussão geral para o

processo penal.

Ledo engano.

Em voto paradigmático, o ministro Sepúlveda Pertence

definiu serem situações diferentes, porquanto a Lei nº

11.418/2006 tratou de matéria em que há lacuna na Lei

processual penal, por isso a mesma se aplica aos recursos de

natureza penal, ao passo que no caso do prazo do agravo de

instrumento não havia lacuna legislativa, haja vista que a Lei nº




8.038/90 não havia sido revogada pela Lei nº 8.950/94, que

alterou o Código de Processo Civil. In verbis:

10. A regulamentação desse dispositivo

sobreveio com a L. 11.418/06 que,

inadvertidamente, se limitou a alterar o texto do

Código de Processo Civil.

11. Estou convencido, contudo, que apesar de a

alteração formalmente ter atingido apenas o

Código de Processo Civil, a regulação se aplica

plenamente ao recurso extraordinário criminal,

seja porque – repita-se – a repercussão geral

passou a integrar a disciplina constitucional de

todos os recursos extraordinários, seja porque

parece inequívoca a finalidade da L. 11.418/06

de regulamentar o instituto nessa mesma

extensão.

12. Assim, não empresto maior relevo à

circunstância de ter sido alterado apenas texto

do Código de Processo Civil, tendo em vista o

caráter geral das normas nele inseridas pela L.

11.418/16.

13. De qualquer modo, não haveria nenhum

óbice à sua aplicação subsidiária ou por

analogia.

14. No que toca aos recursos extraordinários

criminais, ressalte-se que a situação dos autos é

diversa daquela em que o Tribunal firmou o

entendimento de que o prazo para interposição




de agravo, em processo penal, é de cinco dias,

de acordo com a L. 8.038/90, não se aplicando

o disposto a respeito nas alterações da L.

8.950/94 ao Código de Processo Civil (Súmula

699).

15. Diferentemente do que ocorre com relação à

L. 11.418/06, quando do advento da L.

8.950/94 estava em vigor norma anterior que

cuidava dos recursos extraordinários em geral,

qual seja, a L. 8.038/90.

16. Não havia, portanto, lacuna – premissa

indispensável para que se cogitasse da analogia

– relativamente ao recurso extraordinário

criminal e o agravo de instrumento contra a

decisão que o inadmite que, por isso,

permaneceram regidos pela L. 8.038/90.

17. É o que basta para evidenciar a situação

substancialmente diversa entre a L. 8.950/94 e a

L. 11.418/06.4

Desta forma, o Supremo Tribunal Federal firmou

posição no sentido de aplicar-se o Código de Processo Civil,

com as alterações introduzidas pela Lei nº 11.418/2006 às

controvérsias em matéria criminal, de tal sorte que não apenas a

repercussão geral é pressuposto de admissibilidade dos recursos

4 AI 664567 QO/RS - relator: Min. Sepúlveda Pertence – informativo

472 do STF.




extraordinários em matéria criminal, mas também a exigência

de exposição em forma de preliminar formal e fundamentada da

existência de repercussão geral da controvérsia tratada no

recurso extraordinário é pressuposto formal de admissibilidade

dos recursos extraordinários que tratem de matéria de natureza

criminal.

Todavia, cabe frisar que não apenas firmou-se o

entendimento de que a repercussão geral como pressuposto de

admissibilidade material e formal é aplicável de imediato aos

recursos extraordinários em matéria criminal a partir de 03 de

maio de 2007, mas também os procedimentos previstos nos art.

543-A e 543-B do Código de Processo Civil, introduzidos pela

Lei nº 11.418/2006 também se aplicam aos recursos em matéria

criminal.

7- Aplicação ao Habeas Corpus

Uma vez definida a posição da Corte Suprema no

sentido de que a Lei nº 11.418/2006 que acrescentou os art.

543-A e 543-B ao Código de Processo Civil se aplica também

aos recursos extraordinários em matéria criminal, resta uma

outra controvérsia que diz respeito à aplicabilidade da exigência

da repercussão geral para os habeas corpus dirigidos ao

Supremo Tribunal Federal.

A questão não apresentaria maior relevância, não fosse

a prática forense processual penal ter se firmado no sentido de

que os recursos de decisões denegatórias de habeas corpus

podem ser substituídos por habeas corpus dirigidos ao tribunal




competente, tendo como autoridade coatora o tribunal que

julgou o habeas corpus denegado.

Por exemplo, praticado um ato pelo juiz de primeira

instância que um cidadão qualquer repute um constrangimento

ao direito de ir e vir seu ou de qualquer outra pessoa, pode

impetrar um habeas corpus dirigido ao tribunal a que aquele

juiz está vinculado, tendo como autoridade coatora o juiz de

primeira instância. Portanto, se no nosso exemplo o juiz é

estadual, o tribunal competente para julgar o habeas corpus

impetrado em razão do seu suposto ato de constrangimento

ilegal é o Tribunal de Justiça daquele Estado da federação ao

qual está vinculado o juiz.

Uma vez que o Tribunal de Justiça denegue a ordem de

habeas corpus, abre-se a oportunidade para o impetrante

interpor um recurso ordinário da decisão denegatória da ordem

de habeas corpus, porém, segundo o entendimento

absolutamente dominante, também se abre, paralelamente, a

oportunidade para o impetrante lançar mão de outro habeas

corpus substitutivo do recurso ordinário, tendo como autoridade

coatora o Tribunal de Justiça que denegou a ordem de habeas

corpus e o Superior Tribunal de Justiça como órgão

jurisdicional competente para julgar o habeas corpus.

Caso o Superior Tribunal de Justiça denegue a ordem

de habeas corpus, abre-se a oportunidade para o impetrante

interpor um recurso ordinário da decisão denegatória da ordem

de habeas corpus, desta feita para o Supremo Tribunal Federal,

porém, segundo o entendimento absolutamente dominante,

também se abre, paralelamente, a oportunidade para o




impetrante lançar mão de outro habeas corpus substitutivo do

recurso ordinário (ou mesmo substitutivo de recurso

extraordinário), tendo como autoridade coatora o Superior

Tribunal de Justiça que denegou a ordem de habeas corpus e o

Supremo Tribunal Federal como órgão jurisdicional competente

para julgar o habeas corpus.

Esta possibilidade de impetração de habeas corpus em

substituição de recurso ordinário é prática corrente e aceita nos

tribunais superiores.

Este entendimento é combatido por alguns

doutrinadores, senão vejamos a opinião externada por Silas

Silva de Oliveira:

O STF é competente para processar e julgar

originariamente os habeas corpus

taxativamente alistados na Constituição Federal

(CF, art. 102, I, d e i). E, em grau de recurso, o

STF é competente, segundo a Constituição,

para julgar o habeas corpus decidido em única

instância pelos Tribunais Superiores, se

denegatória a decisão (CF, art. 102, II, a).

Acontece que se passou a entender que quando

um Tribunal Superior denega um habeas

corpus ele mesmo se torna coator de ato ilegal

contra a liberdade, dando margem a que se

ajuíze nova ação de habeas corpus, desta vez

perante o STF (CF, art. 102, I, i). Esse mesmo

raciocínio é empregado em instâncias

inferiores, o que tem feito com que a matéria




objeto do habeas corpus, quando

sucessivamente denegada, seja analisada em até

quatro graus de jurisdição: juiz, tribunal,

Tribunal Superior e STF.

Certamente que deve ser garantido o direito de

que a decisão denegatória de um habeas corpus

seja apreciada, em grau de recurso, por

instância superior. Essa garantia está prevista na

Convenção Americana de Direitos Humanos, da

qual o Brasil é signatário desde 1992 [04]

. Mas

essa garantia não confere o direito de que a

matéria objeto do habeas corpus seja analisada

por mais de dois graus de jurisdição, porque

isso significa ir muito além do que exige o

princípio do duplo grau de jurisdição. É

provavelmente por esse motivo que a

Constituição prevê que, em grau de recurso, o

STF só julgue o habeas corpus decidido em

única instância pelos Tribunais Superiores, se

denegatória a decisão (CF, art. 102, II, a), não

um habeas corpus que já tenha sido julgado e

negado em várias instâncias inferiores.5

5 OLIVEIRA, SILAS SILVA DE. JUS NAVIGANDI. A repercussão

geral para o habeas corpus. Disponível em <

http://jus2.uol.com.br/doutrina>. Acessado em 02 de janeiro de 2009.

http://jus2.uol.com.br/doutrina




Como forma de controlar o uso desenfreado de habeas

corpus, propõe Silas de Oliveira que a repercussão geral seja

aplicada também ao referido remédio constitucional quando já

foi julgado em mais de um grau de jurisdição. In verbis:

...o STF deveria julgar apenas os habeas corpus

cuja competência lhe foi conferida pela

Constituição (CF, art. 102, I, d e i, II, a). Não é

preciso julgar um habeas corpus que foi

anteriormente julgado em mais de um grau de

jurisdição. Apenas e tão-somente nos casos em

que houvesse repercussão geral, sendo de

interesse para toda a sociedade, é que o STF

passaria a julgar um habeas corpus previamente

denegado em mais de uma instância inferior.

Como paradigma desse modelo ora sugerido,

citamos mais uma vez o caso do habeas corpus

do presidiário, cujo desfecho culminou no

reconhecimento, pelo STF, da

inconstitucionalidade da vedação ao regime de

progressão de pena para crimes hediondos.

Outro exemplo é o caso do habeas corpus que

terminou na edição da Súmula Vinculante nº

11, que permite o uso de algemas somente em

situações excepcionais. Apenas em casos como

esses, que transcendem ao interesse subjetivo

das partes, sendo relevante para o conjunto da

sociedade, é que o STF deveria analisar um




habeas corpus já julgado em duplo grau de

jurisdição.

Que interesse para a sociedade tem o

julgamento de habeas corpus que busca a

soltura de um banqueiro, de um grande

traficante de drogas, de um grande "bicheiro"?

Que interesse tem a sociedade no pedido de

trancamento da ação penal de líderes religiosos

que enriqueceram por praticar lavagem de

dinheiro? O interesse em casos como esses se

limita ao interesse individual das partes

envolvidas ou, quando muito, a um número

reduzido de pessoas, não ao conjunto da

sociedade. Que essas questões sejam julgadas

em instâncias inferiores, não na mais alta Corte

do País.

Em grande parte dos habeas corpus atualmente

analisados pelo STF, a matéria discutida se

refere a questões de natureza

infraconstitucional, como excesso de prazo de

prisão preventiva e requisitos para a sua

decretação. Desde que não sejam em habeas

corpus cuja competência foi

constitucionalmente atribuída ao STF, tais

questões podem muito bem ser analisadas em

instâncias igualmente infraconstitucionais, que

ainda têm a vantagem de estarem mais

próximas dos fatos.




Acreditamos que para a implementação da

medida aqui sugerida não se precisaria sequer

haver mudança no texto da Constituição ou de

qualquer lei. Não vislumbramos no

ordenamento jurídico vigente nenhuma

exigência para que o habeas corpus já decidido

em duplo grau de jurisdição seja novamente

julgado.

Bastaria uma mudança de posicionamento do

STF e dos Tribunais Superiores. Um juiz ou um

tribunal que denega um habeas corpus não se

torna um coator para outro habeas corpus. Eles

simplesmente julgaram uma alegação de

ilegalidade no constrangimento da liberdade,

não reconhecendo a ocorrência dessa suposta

ilegalidade.6

Não é difícil verificar que a proposta de Silas de

Oliveira é aderir aos requisitos de admissibilidade dos habeas

corpus substitutivos de recursos a repercussão geral, para tanto

argumenta que a maior parte dos habeas corpus que são

impetrado perante o Supremo Tribunal Federal são referentes a

questões infra-constitucionais, citando expressamente o excesso

de prazo de prisão provisória. Traz, outrossim, argumentos em

6 OLIVEIRA, SILAS SILVA DE. JUS NAVIGANDI. A repercussão


http://jus2.uol.com.br/doutrina>. Acessado em 02 de janeiro de 2009.





linha de pensamento populista no sentido de que o habeas

corpus para soltura de um banqueiro ou de um bicheiro não tem

interesse para a sociedade e no sentido de que um habeas

corpus para trancamento de ação penal contra lideres religiosos

que supostamente enriqueceram a custa de lavagem de dinheiro

também nada interessam a todos.

Por fim, afirma que não seria necessária uma mudança

legislativa para implementar na prática a necessidade da

exigência de repercussão geral para admissão dos habeas corpus

impetrados contra decisões de tribunais que não sejam de única

instância, basta uma mudança de entendimento dos tribunais

superiores.

Vejamos, em primeiro lugar vale frisar que o princípio

da legalidade constitucional tem duas: aquela voltada para a

Administração Pública e aquela voltada para o cidadão. Para a

Administração Pública a legalidade é o princípio segundo o

qual os agentes públicos só devem praticar os atos previstos em

lei, ao passo que para os cidadãos o princípio da legalidade é

aquele segundo o qual o cidadão só não deve fazer o que a lei

proíbe.

Diante desta premissa, não cabe retirar do cidadão o

direito de acesso ao Judiciário sem que a lei tenha formalmente

o feito, porquanto não é proibido ao cidadão fazer valer seu

direito de ver apreciado pelo Poder Judiciário uma suposta lesão

ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir.

Por conta disso, não cabe introduzir um requisito de

admissibilidade que restrinja ou inviabilize o exercício dos

direitos do cidadão, sobretudo no que concerne ao habeas




corpus que é o remédio constitucional previsto para garantir o

direito de ir e vir, uma vez que o §3º do art. 102 da Constituição

Federal prevê a repercussão geral apenas como requisito de

admissibilidade do recurso extraordinário e não do habeas

corpus.

Com a devida vênia, o fato de a maior parte dos habeas

corpus impetrados perante o Supremo dizerem respeito ao

excesso de prazo da prisão, não retira o interesse constitucional

da matéria, seja por via reflexa de violação do direito de

liberdade do cidadão, seja por violação do pacto de São José da

Costa Rica, que determinou a Convenção Interamericana de

Direitos Humanos, Decreto 678/1992, cuja constitucionalização

em razão do §3º do art. 5º da Constituição é, no mínimo,

discutível. O fato é que as matérias de inconstitucionalidade por

via reflexa ou indireta somente não são aceitas nos recursos

extraordinários, nos habeas corpus o entendimento amplamente

firmado é que não há impeditivo.

Ademais, em que pese o esforço do autor do referido

artigo em fundamentar seu entendimento na falta de interesse

social na soltura de um banqueiro ou de um bicheiro, concessa

venia, está havendo uma clara inversão da ordem de interesse

das controvérsias para as pessoas, uma espécie de

implementação do direito do PPP a contrario sensu. Ora, em

crítica ao nosso sistema penal, Heleno Fragoso afirmou que as

repressões estatais dirigiam-se aos três “pês”: pretos, pobres e

prostitutas. O que se verifica pelos argumentos esposados é o

exato oposto, isto é, a presunção de que banqueiros e bicheiros,

pela sua condição pessoal de pessoas ricas, não podem ter




causas cuja matéria controversa tratada interessem à sociedade.

Com efeito, não poderia a matéria tratada em seus habeas

corpus dizer respeito à possibilidade de progressão de regime

em crimes hediondos? Não poderia a matéria tratar da falta de

fundamentação do decreto condenatório? Pois bem, a matéria

de progressão de regime em crime hediondo tratada em sede de

habeas corpus impetrado por um preso e que fez mudar todo o

entendimento do Supremo foi aceito pelo autor do artigo como

sendo matéria de interesse social. Não seria demasiado pensar,

na mesma linha de entendimento exarado em relação aos

banqueiros e bicheiros, que o impetrante daquele habeas

corpus, o preso que mudou toda a jurisprudência do país, era

um pastor que havia sido condenado por atentado violento ao

pudor e, seguindo a linha de que não há interesse para a

sociedade apreciar um habeas corpus impetrado por um “pastor

estuprador”7 que pretendia obter sua liberdade, como explicar a

repercussão geral do habeas corpus que definiu a

inconstitucionalidade do impedimento à progressão de regime

prisional em crimes hediondos?

O que se pode afirmar, sem qualquer medo de errar, é

que as matérias de natureza criminal não podem ser tratadas

como sendo de interesse apenas das partes em razão da

condição pessoal e econômica da parte impetrante ou do

paciente do habeas corpus.

7 Que fique claro não ser esta a opinião da autora, mas está sendo

usado o termo pejorativo apenas para ilustrar o absurdo.




Não bastasse isso, como já foi afirmado acima, a

Constituição Federal prevê a repercussão geral como requisito

de admissibilidade apenas nos recursos extraordinários e não

nos habeas corpus, de tal forma que, ao contrário do que foi

afirmado pelo autor do artigo em comento, não apenas não

basta uma mudança de entendimento para incluir a repercussão

geral como requisito de admissibilidade do habeas corpus,

como sequer uma mudança legislativa seria suficiente. Com o

devido respeito, seria necessária uma mudança constitucional,

por meio de emenda aprovada pelo Congresso Nacional na

forma da Constituição.

Em que pese estas opiniões, o fato é que o Supremo

firmou-se no entendimento de que os habeas corpus podem ser

manejados para todas as questões, sem as restrições formais

impostas à admissão do recurso extraordinário. In verbis:

27. Em tese, não há uma questão sequer

passível de discussão no recurso extraordinário

da defesa que não possa ser discutida, com

muito mais vantagens, em habeas corpus: dá-

se, com efeito, que o habeas corpus não está

sujeito a prazo; nele, pouco importa se a ofensa

à Constituição se dá de modo indireto ou

reflexo; não se exige prequestionamento e,

enquanto no recurso extraordinário devem ser

considerados os fatos da causa “na versão do

acórdão recorrido” (v.g., AI 130.893-AgR,

Velloso, RTJ 146/291; RE 140.265, Marco

Aurélio, RTJ 148/550), o habeas corpus




também permite a análise de prova documental

inequívoca; não é raro, de outro lado, que a

instrução do habeas corpus seja

complementada por diligências determinadas

pelo relator; e, dentre outros benefícios, a

prioridade de julgamento tem feito, quase

sempre, com que as questões suscitadas

cheguem ao Supremo Tribunal Federal antes

mesmo do julgamento definitivo do processo

principal.

28. Hoje, é certo que, excepcionalmente, se tem

até mesmo admitido habeas corpus contra

decisão denegatória de liminar, ainda que se

trate de réu solto e o processo esteja na fase do

interrogatório (v.g., HC 85.185, 10.08.05,

Pleno, Cezar Peluso, DJ 01.09.06).

29. Segundo a nova orientação do Tribunal (cf.

HC 86.834, Pl., Marco Aurélio, Inf. 440),

quando se tratar de causa de competência dos

Juizados Especiais Criminais, é possível, em

tese, o acesso sucessivo ao Juiz de primeiro

grau, à Turma Recursal, ao Tribunal de Justiça,

ao Superior Tribunal de Justiça e, como última

instância de qualquer habeas corpus denegado,

ao Supremo Tribunal Federal.




30. É prestação jurisdicional a mais não poder.8

O que se pode afirmar, estreme de dúvidas, é que o

Supremo Tribunal Federal não impõe a repercussão geral como

requisito de admissibilidade dos habeas corpus, ainda que ele

seja impetrado contra decisão de tribunal superior que não tenha

sido proferida em única instância.

8- Matérias Criminais com Repercussão Geral

No sítio da internet do Supremo Tribunal Federal9 estão

expostas todas as matérias que já foram julgadas como sendo de

repercussão geral, bem como aquelas em que não se considerou

existente a repercussão geral.

Vale frisar que não há recurso algum já julgado em

matéria de natureza criminal que não se tenha sido considerada

de repercussão geral. Entretanto, há cinco matérias julgadas que

são consideradas de repercussão geral. São elas:

1º caso:

Recurso Extraordinário nº 575144, assim ementado:

Processual Penal Militar. Recurso

Extraordinário. Art. 118, § 3º, Do Regimento

Interno Do Superior Tribunal Militar.

Relevância Jurídica. Dever De Publicidade

8 AI 664567 QO/RS - relator: Min. Sepúlveda Pertence – informativo

472 do STF. 9 <www.stf.jus.br>




Inerente À Lavratura De Acórdão.

Manifestação Pela Existência De Repercussão

Geral.

(RE 575144 RG, Relator(a): Min. RICARDO

LEWANDOWSKI, julgado em 27/03/2008,

DJe-065 DIVULG 10-04-2008 PUBLIC 11-04-

2008 EMENT VOL-02314-08 PP-01699 )

Trata-se de um recurso extraordinário interposto contra

decisão do Superior Tribunal de Justiça Militar proferida em

agravo regimental em ambargos de declaração argüindo a

inconstitucionalidade do art. 118, §3º do Regimento Interno do

Superior Tribunal Militar, porque o referido dispositivo permite

que o STM não lavre acórdão relativo ao agravo regimental e

aos recursos que seguirem, registrando-se a decisão tão-somente

em certidão de julgamento.

O STF decidiu que de fato o assunto tem repercussão

geral, uma vez que afetaria um elevado numero de demandas

daquela corte, sendo que a restrição indevida às partes do

conhecimento quanto aos limites da decisão aparentava

realmente ocorrer.

Sendo assim acolheu-se a argüição de existência de

repercussão geral, a qual havia sido apresentada em forma de

preliminar formal e fundamentada.

Não se manifestaram sobre a questão os Ministros

Joaquim Barbosa e Ellen Gracie.

2º caso:





CRIMINAL – CIRCUNSTÂNCIAS

JUDICIAIS – ARTIGO 59 DO CÓDIGO

PENAL – PROCESSOS EM CURSO –

PRESUNÇÃO DE NÃO-CULPABILIDADE –

ALCANCE. Possui repercussão geral

controvérsia sobre a possibilidade de processos

em curso serem considerados maus

antecedentes para efeito de dosimetria da pena,

ante o princípio da presunção de não-

culpabilidade.

(RE 591054 RG, Relator(a): Min. MARCO

AURÉLIO, julgado em 23/10/2008, DJe-216

DIVULG 13-11-2008 PUBLIC 14-11-2008

EMENT VOL-02341-16 PP-03104 )


decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina que reformou

sentença de primeiro grau para reduzir a pena do réu por

entender equivocado o juízo sentenciante ao considerar como

maus antecedentes processos criminais em andamento.

O STF entendeu haver interesse de toda sociedade no

pronunciamento da mais alta corte do país quanto à existência

ou não de maus antecedentes em razão de processos criminais

em curso contra o réu, matéria que em tese violaria o princípio

constitucional da não-culpabilidade.

Não se manifestou sobre a questão o Ministro Cezar

Peluso.




3º caso:


Direito penal. Progressão de regime em crime

hediondo cometido antes da lei nº 11.464/07.

Requisito temporal – 1/6 da pena. Existência de

repercussão geral.

(RE 579167 RG, Relator(a): Min. MENEZES

DIREITO, julgado em 03/04/2008, DJe-157

DIVULG 21-08-2008 PUBLIC 22-08-2008

EMENT VOL-02329-04 PP-00674 )


decisão do Tribunal de Justiça do Acre que decidiu ser de 1/6

(um sexto) o tempo de pena cumprida por réus apenados pela

prática de crimes hediondos ocorridos antes da vigência da Lei

nº 11.464/2007, que por sua vez estipula o tempo de

cumprimento de pena de 2/5 (dois quintos) para réu primário e

3/5 (três quintos) para réu reincidente como requisito temporal

para progressão de regime no caso de condenação por crimes

hediondos.

O STF considerou de repercussão geral a controvérsia

quanto à aplicação da lei penal no tempo.

Não se manifestou a Ministra Ellen Gracie e se

manifestou contrariamente à repercussão geral o Ministro Cezar

Peluso.

4º caso:





Recurso Extraordinário. Sentença condenatória

por infração ao art. 25 da Lei de Contravenções

Penais. Questão da recepção dessa norma pela

Constituição Federal. Relevância. Repercussão

geral reconhecida. Apresenta repercussão geral

o recurso extraordinário que verse sobre a

questão de recepção, pela Constituição da

República, do art. 25 da LCP.

(RE 583523 RG, Relator(a): Min. CEZAR

PELUSO, julgado em 02/10/2008, DJe-202

DIVULG 23-10-2008 PUBLIC 24-10-2008

EMENT VOL-02338-10 PP-02011 )


decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que

manteve condenação do recorrente pela prática da contravenção

descrita no art. 25 da LCP, a qual prevê como ilícito penal a

posse não justificada de instrumentos usualmente empregados

na prática de furto, por alguém que já tenha sido condenado por

furto ou roubo, ou esteja sujeito à liberdade vigiada, ou seja

conhecido como vadio ou mendigo.

A questão foi considerada de repercussão geral porque

reclama posição da suprema Corte não apenas quanto à

constitucionalidade de normas da Lei de Contravenções Penais,

mas também quanto a admissibilidade constitucional de tipos

penais de perigo abstrato.




Não se manifestou a Ministra Ellen Gracie e se

manifestou contrariamente à repercussão geral o Ministro

Joaquim Barbosa.

5º caso:


Recurso Extraordinário. Reincidência. Decisão

que afastou a aplicação da circunstância

agravante prevista no art. 61, I, do Código

Penal. Questão da recepção da norma pela

Constituição Federal. Relevância. Repercussão

geral reconhecida. Apresenta repercussão geral

o recurso extraordinário que verse sobre a

questão de recepção, pela Constituição da

República, do art. 61, I, do Código Penal.

(RE 591563 RG, Relator(a): Min. CEZAR

PELUSO, julgado em 02/10/2008, DJe-202

DIVULG 23-10-2008 PUBLIC 24-10-2008

EMENT VOL-02338-11 PP-02114 )


decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que

considerou a agravante pela reincidência como inconstitucional

por não recepcionada pela Carta Magna, vez que configuraria

verdadeira adoção do direito penal do autor, bem como um “bis

in idem”, ou seja, uma dupla punição pelo mesmo fato.

O Supremo considerou que esta é uma questão de

relevância geral, não apenas por abranger inúmeros casos




idênticos, mas que já se configuraria por ter havido uma

declaração incidental de inconstitucionalidade por parte do

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, demandando

apreciação do assunto por parte da mais alta corte do país

Não se manifestou a Ministra Ellen Gracie.

9- Conclusão

É indubitável o interesse da sociedade em tornar a

Justiça mais ágil, permitindo a obtenção pelo público da

prestação jurisdicional célere e, por isso mesmo, eficaz.

De outro lado há também o interesse me que as causas

que tratem de assuntos semelhantes tenham decisões uniformes,

evitando soluções díspares e, bem assim, promovendo a

pacificação social.

Atento ao fato de que o Supremo Tribunal Federal vem

tendo sua pauta de julgamento assoberbadas por questões que

ora não apresentam maior interesse social, cingindo-se a

resolver as pretensões das partes envolvidas, ora por questões

que apesar de ter interesse social tratam de questões

extremamente similares, que podem ser resolvidas com um

único posicionamento da mais alta corte do país, o legislador

constituinte derivado criou o instrumento processual da

repercussão geral para alcançar o intento de tornar célere a

prestação jurisdicional, ao menos no âmbito do Pretório

Excelso, e uniforme.

Desta maneira foi introduzido o §3º ao art. 102 da

Constituição Federal, que previu em linhas gerais este instituto




da repercussão geral, mas deixou à lei a regulação, tornando a

previsão constitucional uma norma não auto-aplicável.

Por sua vez a Lei nº 11.418/2006 introduziu os art. 543-

A e 543-B ao Código de Processo Civil e regulamentou a

matéria no âmbito processual civil, sem, contudo, tornar suas

regras vigentes, por ter condicionado a execução da Lei à

regulamentação da mesma pelo Supremo, em seu Regimento

Interno.

O Supremo Tribunal Federal editou, por meio da

emenda regimental nº 21, publicada apenas em 03 de maio de

2007, os dispositivos regimentais que tornavam exequível a Lei

nº 11.418/2006.

Portanto, estava criado o novo requisito de

admissibilidade dos recursos extraordinários, qual seja, a

repercussão geral, que, por sua vez, se subdividia em dois

requisitos um formal e outro material.

Isso porque, além da exigência material consistente no

reconhecimento de que o recurso extraordinário trate de

controvérsia constitucional na qual se possa identificar a

existência de interesse que ultrapasse as pretensões das partes

em conflito e se faça sentir, do ponto de vista econômico,

político, social ou jurídico, na sociedade como um todo, a Lei

passou a exigir que o recorrente apresente na petição de recurso

extraordinário uma preliminar formal e fundamentada de

repercussão geral, na qual se demonstre a amplitude do

interesse no deslinde da controvérsia para além dos interesses

subjetivos das partes em conflito.




Esta formalidade somente passou a ser exigida pelo

STF a partir de 03 de maio de 2007, data em que foi publicada a

alteração promovida no Regimento Interno do Supremo

Tribunal Federal.

No entanto a exigência de existência material de

repercussão geral da controvérsia tratada no recurso, ainda que

não arguida por meio de preliminar formal e fundamentada,

passou a ser exigida mesmo para os recursos extraordinários

interpostos após a vigência da Lei, antes de 03 de maio de 2007.

Há, apesar das questões gerais, uma situação muito

delicada no que toca aos recursos extraordinários em matéria

criminal. É que apenas o Código de Processo Civil foi

modificado, ficando pendente a questão referente à aplicação

deste diploma legal aos casos de natureza criminal.

A posição que resta pacificada no Supremo Tribunal

Federal é que o Código de Processo Civil aplica-se aos casos

criminais diante do silêncio da Lei processual penal, que é,

desta forma, integrada por analogia pelo Código de Processo

Civil.

Por outro lado, surgiu uma discussão doutrinária que

diz respeito à aplicação da exigência de repercussão geral aos

habeas corpus quando impetrados contra decisão dos tribunais

superiores não proferidas em única instância, ou seja, quando o

habeas corpus é manejados como sucedâneo do recurso

ordinário sucessivamente. A posição firme do Supremo

Tribunal Federal é de que o habeas corpus é um instrumento

livre sem limitação de repercussão geral ou de violação

constitucional direta.




Por fim, o que se observa na prática é que o Supremo

Tribunal Federal criou um Plenário Virtual em seu sítio na

internet10

, no qual estão expostos os casos de repercussão geral

submetidos pelo relator à manifestação dos demais ministros,

indicando apenas se o Ministro opina pela existência ou

inexistência de repercussão geral.

Há igualmente no sítio virtual do Supremo Tribunal

Federal na internet a exposição das estatísticas de recursos

extraordinários e agravos de instrumentos interpostos contra

decisão que negou seguimento a recurso extraordinário que

tenham preliminar formal e fundamentada de repercussão gera,

na qual se pode observar que de julho de 2007 a dezembro de

2008, a comunidade jurídica foi tomando conhecimento da

exigência legal, mas ainda há muito desconhecimento, de forma

geral, sobre o assunto.

Não se pode deixar de frisar que dos recursos

extraordinários considerados sem repercussão geral não há

sequer uma matéria de natureza criminal ou processual penal. Já

no que concerne à listagem de recursos extraordinários cuja

matéria controversa tratada é considerada de repercussão geral

aparecem 5 (cinco) recursos.

Podemos concluir que as matérias de natureza criminal

estão hoje sendo tratadas pelo Código de Processo Civil, a

exigência da repercussão geral é feita pelo Supremo Tribunal

10

<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussaoGeral/listarPr

ocessosJulgamento.asp?>




Federal, mas não se pode olvidar que a aplicação do diploma

processual civil se faz por analogia, método de integração da

lacuna na legislação processual penal, razão pela qual há que se

pensar em uma legislação específica para os processos de

natureza penal.

10- Bibliografia

_BARROSO, Luís Roberto (org.).A Nova Interpretação

Constitucional – Ponderação, Direitos Fundamentais e

Relações Privadas, 2ª edição, Renovar: Rio de Janeiro, 2006.

_MENDES, Gilmar Ferreira et al.Curso de Direito

Constitucional, 2ª edição, Saraiva: São Paulo, 2008.

_OLIVEIRA, Silas Silva de. JUS NAVIGANDI. A repercussão


http://jus2.uol.com.br/doutrina>. Acessado em 02 de janeiro de

2009.

_PEÑA DE MORAES, Guilherme.Curso de Direito

Constitucional, Lumen Juris: Rio de Janeiro, 2008.

_www.stf.jus.br





ANEXO I11

- Matérias com repercussão geral

Assunto Processo

DIREITO TRIBUTÁRIO | Contribuições | Contribuições Sociais | Contribuição Social sobre o Lucro Líquido DIREITO

TRIBUTÁRIO | Crédito Tributário | Base de Cálculo | Exclusão - Receitas Provenientes de Exportação

RE 564413

DIREITO TRIBUTÁRIO | Contribuições | Contribuições Previdenciárias DIREITO TRIBUTÁRIO | Obrigação

Tributária | Responsabilidade tributária | Responsabilidade Tributária do Sócio-Gerente (Art. 135 III do CTN)

RE 567932

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Militar | Sistema Remuneratório e

Benefícios | Remuneração Mínima Mérito Julgado

RE 570177

DIREITO TRIBUTÁRIO | Impostos | IOC/IOF Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos

ou valores mobiliários DIREITO TRIBUTÁRIO | Crédito Tributário | Fato Gerador/Incidência

RE 583712

DIREITO TRIBUTÁRIO | Impostos | IOC/IOF Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos

ou valores mobiliários DIREITO CIVIL | Obrigações | Espécies de Contratos | Mútuo

RE 590186

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO | Jurisdição e Competência | Competência DIREITO DO CONSUMIDOR |

Contratos de Consumo | Telefonia | Assinatura Básica Mensal

RE 567454

11

<www.stf.jus.br>. Acessado em 03 de janeiro de 2009.

http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=564413.NUME.+E+$RE$.SCLA.&base=baseRepercussao






http://www.stf.jus.br/




DIREITO PÚBLICO | Servidor Público Civil | Sistema Remuneratório e Benefícios | Gratificação Incorporada / Quintos e Décimos / VPNIDIREITO ADMINISTRATIVO E

OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Servidor Público Civil | Reajustes de Remuneração, Proventos ou Pensão

DIREITO TRIBUTÁRIO | Impostos | ICMS/ Imposto sobre Circulação de Mercadorias DIREITO TRIBUTÁRIO | Crédito

Tributário | Incentivos fiscais Mérito Julgado

RE 572762

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO | Jurisdição e Competência | Competência DIREITO DO TRABALHO |

Contrato Individual de Trabalho | Administração Pública | Contrato Temporário

Mérito Julgado

RE 573202

DIREITO TRIBUTÁRIO | Contribuições | Contribuições Especiais | Contribuição de Iluminação Pública

RE 573675

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO | Liquidação / Cumprimento / Execução de Sentença | Precatório

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO | Liquidação / Cumprimento / Execução de Sentença | Execução

Provisória

RE 573872

DIREITO TRIBUTÁRIO | Contribuições | Contribuições Especiais | Seguro Apagão (Lei 10.438/02)

RE 576189

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Concurso Público / Edital | Inscrição /

Documentação DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Entidades

Administrativas / Administração Pública | Tribunal de Contas

RE 576920

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Controle de Constitucionalidade |

RE 577025











DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Militar | Regime | Curso de Formação

RE 560900


Remuneratório e Benefícios | Adicional de Tempo de Serviço RE 563708


Remuneratório e Benefícios | Adicional de Insalubridade | Base de Cálculo Mérito Julgado

RE 565714

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Servidor Público Civil | Aposentadoria | Especial DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Servidor Público Civil | Categorias

Especiais de Servidor Público | Policiais Civis DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Servidor Público Civil | Tempo de Serviço

RE 567110

DIREITO PREVIDENCIÁRIO | Benefícios em Espécie | Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88) DIREITO

PREVIDENCIÁRIO | Disposições Diversas Relativas às Prestações | Limite de Renda Familiar

RE 567985


Expedição antes do trânsito em julgado - Parcela incontroversa

RE 568647


Processo Legislativo DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Servidor Público Civil |

Regime Estatutário | Nomeação | Cargo em Comissão

RE 570392











Movimentação Financeira DIREITO TRIBUTÁRIO | Crédito Tributário | Base de Cálculo | Exclusão - Receitas

Provenientes de Exportação

DIREITO TRIBUTÁRIO | Impostos | IE/ Imposto sobre Exportação DIREITO TRIBUTÁRIO | Crédito Tributário |

Alíquota RE 570680


Remuneratório e Benefícios | Gratificações Por Atividades Específicas | Gratificação de Desempenho de Atividade de

Ciência e Tecnologia - GDACT DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Servidor Público

Civil | Sistema Remuneratório e Benefícios | Isonomia/Equivalência Salarial | Extensão de Vantagem aos

Inativos

RE 572884

DIREITO TRIBUTÁRIO | Contribuições | Contribuições Previdenciárias | Custeio de Assistência Médica

RE 573540

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO | Formação, Suspensão e Extinção do Processo | Extinção do Processo Sem Resolução de Mérito | Legitimidade para a Causa |

Legitimidade para propositura de ação civil pública DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO | Ministério Público

DIREITO TRIBUTÁRIO

RE 576155

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Serviços | Ensino Superior |

Transferência de Estudante RE 576464


Fracionamento Mérito Julgado

RE 578695










Assinatura Básica Mensal

DIREITO TRIBUTÁRIO | Impostos | ITCD - Imposto de Transmissão Causa Mortis DIREITO TRIBUTÁRIO | Crédito

Tributário | Alíquota | Alíquota Progressiva RE 562045

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL/BASE DE CÁLCULO/PIS - COFINS - INCLUSÃO DO ICMS

RE 559607






ANEXO II12

- Matérias sem repercussão

Assunto Processo

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO | Liquidação / Cumprimento / Execução de Sentença | Multa Cominatória

/ Astreintes RE 556385

DIREITO CIVIL | Responsabilidade Civil | Indenização por Dano Moral

RE 565138


Processo Legislativo DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Sistema Nacional de

Trânsito

RE 565506

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Intervenção do Estado na Propriedade | Desapropriação por Interesse Social para Reforma Agrária


Liquidação Parcelada

RE 565653

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Intervenção do Estado na Propriedade |

Desapropriação por Utilidade Pública / DL 3.365/1941 DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE

DIREITO PÚBLICO | Intervenção do Estado na Propriedade | Nulidade do Decreto que autoriza a desapropriação

RE 566198

DIREITO TRIBUTÁRIO | Dívida Ativa | Ausência de Cobrança Administrativa Prévia

RE 568657

12

<www.stf.jus.br>. Acessado em 03 de janeiro de 2009.







http://www.stf.jus.br/




DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO | Liquidação / Cumprimento / Execução de Sentença | Extinção da

Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO | Partes e Procuradores | Assistência Judiciária Gratuita

RE 589490

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Responsabilidade da Administração |

Indenização por Dano Moral RE 570690

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Responsabilidade da Administração | Indenização por Dano Moral | Cancelamento / Duplicidade

de CPF

RE 570846

DIREITO TRIBUTÁRIO | Contribuições | Contribuições Sociais | Contribuição INCRA

RE 578635

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Intervenção no Domínio Econômico | Proteção à Livre Concorrência | Acordo de Exclusividade

RE 573181


Remuneratório e Benefícios RE 578657

DIREITO DO TRABALHO | Prescrição | Rural RE 570532

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Militar | Sistema Remuneratório e

Benefícios DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Servidor Público Civil |

Categorias Especiais de Servidor Público | Professor

RE 579720

DIREITO TRIBUTÁRIO | Contribuições | Contribuições Especiais | FGTS/Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço

RE 571184













DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Servidor Público Civil | Reajustes de

Remuneração, Proventos ou Pensão RE 575526

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Responsabilidade da Administração |

Indenização por Dano Material RE 584186

DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Servidor Público Civil | Regime

Estatutário | Acumulação de Cargos RE 592658


Especiais de Servidor Público | Procuradores de Órgãos / Entidades Públicos DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Servidor Público Civil |

Sistema Remuneratório e Benefícios | Teto Salarial

RE 562581


Especiais de Servidor Público | Auditores Fiscais DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO

PÚBLICO | Servidor Público Civil | Sistema Remuneratório e Benefícios | Subteto Salarial

RE 576336

DIREITO TRIBUTÁRIO | Impostos | IRPF/Imposto de Renda de Pessoa Física DIREITO TRIBUTÁRIO | Crédito Tributário |

Alíquota | Índice da Alíquota RE 592211

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO | Partes e Procuradores | Sucumbência | Honorários Advocatícios DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE

DIREITO PÚBLICO | Entidades Administrativas / Administração Pública DIREITO ADMINISTRATIVO E

OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO | Serviços | Defensoria Pública

RE 592730








repercussão geral em matéria criminal

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