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FERNANDA RISTER LEMOS SOARES REPARAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS TRATADAS COM VITAMINA C, LASER E A ASSOCIAÇÃO DE VITAMINA C E LASER: Estudo histológico em ratos MARÍLIA 2005 FERNANDA RISTER LEMOS SOARES

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FERNANDA RISTER LEMOS SOARES

REPARAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS TRATADAS COM VITAMINA C, LASER E A ASSOCIAÇÃO DE VITAMINA C E LASER:

Estudo histológico em ratos

MARÍLIA 2005

FERNANDA RISTER LEMOS SOARES

REPARAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS TRATADAS COM VITAMINA C, LASER E A ASSOCIAÇÃO DE VITAMINA C E LASER:

Estudo histológico em ratos

Dissertação apresentada à Universidade de Marília (UNIMAR), Faculdade de Odontologia, para obtenção do Título de Mestre em Clínicas Odontológicas. Área de concentração: Cirurgia Buco-Maxilo-Facial .

Orientador: Prof. Dr.Valdir Gouveia Garcia Co-orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto Milanezi

MARÍLIA

2005

UNIVERSIDADE DE MARÍLIA – UNIMAR Faculdade de Ciências Odontológicas

Dr. Márcio Mesquita Serva

Reitor

Prof. Dra.Suely Fadul Villibor Flory

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Pró-Reitor

Prof. Dr. Armando Castello Branco Júnior

Faculdade de Ciências da Saúde

Diretor

Programa de Pós-Graduação em Clínicas Odontológicas

Área de Concentração: Cirurgia Buco-Maxilo-Facial

Prof. Dr. Sosígenes Victor Benfatti

Coordenador

Prof. Dr. Valdir Gouveia Garcia

Orientador

UNIMAR – UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

NOTAS DA BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

FERNANDA RISTER LEMOS SOARES

“ REPARAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS TRATADAS COM VITAMI NA C, LASER E A ASSOCIAÇÃO DE VITAMINA C E LASER: ESTUDO

HISTOLÓGICO EM RATOS”

Data da defesa: 01 /08 / 2005

Banca Examinadora

Prof. Dr. Avaliação: Assinatura: Prof. Dr. Avaliação: Assinatura: Prof. Dr. Avaliação: Assinatura:

DEDICATÓRIA: A DEUS, meu Mestre, minha direção, meu amigo. A meus amados pais, Jair Lemos e Dagmar, que sempre me apoiaram e mostraram o valor da luta, da perseverança e do amor. Obrigada por acreditarem em mim e por serem pais maravilhosos.

A meu marido, Marcos Aurélio, que sempre teve as palavras certas, na hora certa, encorajando-me, sempre, a ir em frente. Obrigada pela compreensão e por sempre acreditar nos meus sonhos e ideais. À minha irmã Bruna, pelo carinho e amor, pela inabalável amizade e compreensão. Obrigada por estar presente em todos os momentos da minha vida.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Ao Professor e Mestre Dr, Valdir Gouveia Garcia , orientador, profissional experiente, pela oportunidade de trabalharmos juntos, pela dedicação e compreensão, os meus maiores agradecimentos. Ao Professor e Mestre Dr. Luiz Alberto Milanezi , co-orientador, amigo, cujas sugestões e críticas foram essenciais para a realização deste trabalho. Ao Professor e Mestre Dr. Tetuo Okamoto , pela dedicação à minha formação, pela sua competência em analisar e interpretar os cortes histológicos deste trabalho.

Aos Mestres Dr. Edmur Aparecido Callestini e Dra. Alessandra Marcondes Aranega , pela minha formação profissional, pelas palavras de incentivo, pelo carinho e amizade. Pela ajuda incansável na realização deste trabalho e da minha carreira. Por acreditarem em mim. Pela dedicação incondicional. Aos meus familiares e amigos, em especial às minhas tias Zuleica Rister e Nilza Maria Rister, cujas palavras de amor e incentivo foram fundamentais, em toda a minha vida. À amiga Simone , pela colaboração e disposição essenciais para a realização deste trabalho.

AGRADECIMENTOS: À Universidade de Marília, na presença do Reitor Dr. Márcio Mesquita

Serva.

Ao Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Clínicas Odontológicas,

Professor Dr. Sosígenes Victor Benfatti , pela amizade e dedicação, sempre

presente.

Ao Professor Dr. Sidney Roque , pela sua colaboração e incentivo, por ter-se

mostrado um grande amigo, sempre disposto a me ajudar.

Às amigas Andréa dos Santos Infante Hermínio e Regina Célia Pereira

Moral, secretárias do Curso de Pós-Graduação, pela competência , carinho e

atenção.

Ao amigo Roberto Carlos Teles , funcionário do Biotério da Universidade de

Marília, por sua amizade e respeito, durante toda a fase experimental deste

trabalho.

À amiga Daiane Quintanilha Baptista , sempre exemplo de vontade e

coragem, comigo em todos os instantes.

A todos os professores que passaram Curso de Mestrado da Unimar, pelos

conhecimentos transmitidos, e que serão levados para a vida toda.

Aos colegas de curso, pela vontade de vencer, pela amizade, pela troca de

experiências.

01- INTRODUÇÃO

Quando tecidos moles são dilacerados e o tecido conjuntivo

é exposto, a seqüência específica dos processos que se seguem tem

como único objetivo o reparo. A reparação da ferida que se estende até o

tecido conjuntivo pode ser dividida em 3 fases distintas (Viljanto, 1964):

-Fase destrutiva ou exsudativa

-Fase proliferativa ou reparativa

-Fase de maturação ou formação de cicatriz

Imediatamente após a realização da ferida, a formação de

uma rede de fibrina une fracamente as bordas da ferida e, após algumas

horas, devido à evaporação da umidade e coagulação do sangue, há a

formação de uma crosta (Pollack, 1979). Dentro de horas, ocorrem

mudanças na morfologia e função das células epiteliais, que passam a

realizar funções de multiplicação e migração celular. As células epiteliais

orientam sua migração pela rede de fibrina, até entrarem em contato com

células epiteliais do lado oposto (Bullough & Laurence, 1964). Retornam

então à sua função normal de secretar queratina, enquanto o tecido

conjuntivo continua o processo de maturação e contração.

A contração da ferida ocorre de forma centrípeta, em direção

ao centro (Montadon et al., 1977). Experimentos em animais

demonstraram que a ferida contrai aproximadamente 0,6 a 0,75mm por

dia, independente do seu tamanho (Peacock & Van Winkle, 1976).

A contração da ferida é proporcionada pela presença de

miofibroblastos, uma forma especializada de fibroblasto com capacidade

contrátil (Gabbiani et al., 1971; Pollack, 1979), que também possuem a

função secretora de elastina e colágeno (Gabbiani & Ryan, 1974;

Gabbiani & Montandon, 1977; Lipper et al., 1980).

Ao longo dos anos, muito se tem pesquisado sobre o

processo de reparação das feridas, objetivando esclarecimentos sobre o

processo de reparo normal, bem como fatores que alteram este processo,

sejam eles locais ou sistêmicos.

Com a introdução do laser por Theodore Maiman (1960),

que usou o cristal de rubi como meio ativo, surgiram vários estudos sobre

a sua aplicação em medicina e, posteriormente, na odontologia.

Os estudos comprovam que vários são os benefícios do

laser de baixa intensidade no processo de reparação, como o aumento do

número de leucócitos e da atividade fagocitária, estimulação da

proliferação fibroblástica, estimulação do metabolismo celular, ação anti-

flogística e anti-edematosa, ação analgésica e antibacteriana, entre outros

(Mester et al.,1968; Mester, 1973; Boulton & Marshal, 1981; Mester et al.,

1985; Saperia et al., 1986; Garcia, 1992, Oliveira et al., 1998; Locci,

2003).

Quanto à aplicação tópica de medicamentos sobre a ferida,

observam-se estudos sobre aplicação de glicina, antibiótico, associação

de antibiótico e aminoácido, drogas antibacterianas, soluções

anestésicas, antiinflamatórios, e até mesmo irrigações com própolis a

10% (Bronner & Fargel, 1951; Raphael, 1965; Stockhausen & Felbier,

1972; Dormmans, 1972; Carvalho & Okamoto, 1977; Magro-Filho, 1988;

Carvalho & Oliveira, 1990).

O ácido ascórbico, ou vitamina C, é uma das vitaminas que

influi no ritmo da cicatrização, fato conhecido há muitos anos. De acordo

com Azulay et al. (2003), as primeiras publicações referentes ao uso

tópico de vitamina C foram descritas inicialmente em cobaias e datam da

década de 1960. Tem sido mostrado que o mecanismo pelo qual esta

vitamina atua é através da regulação na formação de colágeno e de

substância intercelular normal do tecido conjuntivo. Segundo Robbins

(1996), estudos histológicos mostram que a proliferação fibroblástica em

uma ferida de um animal escorbútico é mais demorada do que nos

animais com níveis normais da vitamina. Feridas produzidas em cobaias

apresentando escorbuto não cicatrizaram normalmente. Embora haja

proliferação de fibroblastos na área da ferida, estes são imaturos e não

produzem colágeno, formando um material fluido em torno deles, o que

provavelmente representa uma tentativa infrutífera de formação de

colágeno.

Muitos trabalhos encontrados na literatura comprovam o

papel fundamental da vitamina C na reparação tecidual, bem como os

efeitos benéficos da suplementação com esta vitamina (Vaxman, F. et

al.1990; Phillips,C.L.et al., 1994; Petroianu, A. et al, 2000; Jategia, G.C.

et al, 2003).

Co-fatores nutricionais representam um papel importante no

processo de cicatrização. A deficiência de nutrientes específicos,

especialmente proteínas, vitaminas e minerais, pode prejudicar

significativamente o processo de cicatrização. O reconhecimento de

déficits e a compreensão dos métodos de suplementação é uma parte

crítica da prática cirúrgica moderna (Ruberg, 1984).

O ácido ascórbico participa dos processos celulares de

oxirredução, como também é importante na síntese de catecolaminas,

previne o escorbuto e é essencial para a formação de colágeno (Azulay,

2003).

O ácido L-ascórbico é essencial para a formação do

colágeno (Fenske, 1986; Yaar & Gilchrest, 1990), uma vez que é co-fator

para duas enzimas fundamentais de sua síntese: a lisil e a prolil-

hidroxilase (Pinnell et al., 1987).

Em 1994, Phillips et al.demonstraram que, embora a síntese

de colágeno decaia com a idade, o ácido ascórbico é capaz de estimular

a proliferação celular e a síntese desta proteína, independente da idade

do paciente.

Diante da inexistência de pesquisa capaz de avaliar a ação

da vitamina C utilizada topicamente associada ao laser de baixa

intensidade sobre o processo de reparação tecidual, propomos avaliar o

processo de reparo de feridas cutâneas provocadas na região dorsal de

ratos, submetidas ao tratamento com vitamina C, laser e associação de

ambos.

02- REVISÃO DE LITERATURA

LASER

Fine et al. (1963), Goldman (1963, 1966) e Goldman et al.

(1965) apresentaram os primeiros efeitos biológicos do laser sobre o

processo de reparação tecidual.

Fine et al. (1963) submeteram feridas cutâneas na região

dorsal de hamsters ao tratamento com laser de rubi, em pele pigmentada

e não pigmentada. Demonstraram que em pele pigmentada os efeitos

obtidos foram semelhantes aos de queimadura de terceiro grau, com

perda de substância tecidual. Em pele não pigmentada, os efeitos do

tratamento com laser foram menos danosos aos tecidos tratados.

Goldman (1963, 1966) e Goldman et al. (1965) obtiveram

resultados semelhantes ao submeterem pacientes com pele clara e

pigmentada ao tratamento com laser de rubi.

Mester et al. (1968) provocaram feridas no dorso de

camundongos e aplicaram laser de rubi com 694,3 nm de comprimento de

onda. Observaram aceleração do processo de reparo, assim como

aceleração do crescimento de pêlos e do processo de fagocitose. As

feridas tratadas com laser mostravam grau de contração 50% maior do

que as feridas controle, além de menor cicatriz e bordas regulares.

Mester et al. (1971) trataram feridas cutâneas profundas na

região dorsal de camundongos, com laser de rubi, com 694,3 nm,

variando a dose de energia de 0,5 a 10 Joules/cm² e o número de

aplicações (1,2,3 aplicações). Quando foi aplicado 1 Joule/cm² e maior o

número de aplicações, maior a aceleração tecidual.

Huntschenreiter et al. (1980) estudaram a ação da luz

infravermelha e do laser He-Ne (Hélio-Neônio), sobre os eventos da

reparação das feridas provocadas na região dorsal de ratos. Observaram

que não houve aceleração do processo cicatricial, porém houve aumento

de resistência à tensão nas feridas tratadas com laser.

Kana et al. (1981) provocaram feridas cutâneas bilaterais no

dorso de ratos e estudaram o efeito do comprimento de onda do laser de

He-Ne com 632,8 nm e do laser Argônio, com 514,4 nm sobre a

reparação. Através de observações clínicas e dosagem de hidroxiprolina

do tecido cicatricial, concluíram que a radiação de Argônio estimulou a

síntese de colágeno, sendo que o maior efeito ocorreu com o emprego do

laser de He-Ne, com 4 Joules/cm² de energia. No período de 3 a 12 dias a

aceleração do processo foi maior e a ferida fechou mais rapidamente,

devido à alta taxa de epitelização da área tratada. Porém, as feridas

tratadas com 20 Joules/cm² demonstraram ligeiro retardo da reparação.

Em nenhum caso houve inibição completo da síntese de colágeno. Com o

laser de Argônio ocorreu aumento da síntese de colágeno e fibroplasia,

inclusive nas feridas contra-laterais não irradiadas, fato não observado

com o laser de He-Ne.

Benedicenti (1983) desenvolveu uma série de pesquisas

utilizando laser de 904 nm de comprimento de onda, em diferentes

modelos experimentais. Dentre os efeitos observados, salienta-se o

aumento do fluxo sangüíneo, vasodilatação marcada e redução do tempo

de hemostasia (Benedicenti, 1983); redução de tempo para o início da

atividade mitótica de organismos unicelulares Paramecium aurelia

(Benedicenti & Licata, 1983) e que o tempo para início da atividade

mitótica era mais reduzido quando tratou microorganismos com duas

aplicações de laser (Benedicenti & Giovannoni, 1983).

Bosatra et al. (1984) estudaram a ação do laser de He-Ne

sobre culturas de fibroblastos de dermes humanas e em feridas

ulceradas. Através de análise microscópica, observaram que nos dois

casos houve hipertrofia do retículo endoplasmático rugoso e do complexo

de Golgi, com aumento da síntese de proteínas devido à ação do laser,

além de desorganização da matriz colágena intercelular. Concluíram que

houve colagenogênese mais ativa dos fibroblastos.

Hunter et al. (1984) verificaram que feridas tratadas com laser

de He-Ne, na freqüência de 80 Hertz, 0,96 Joules/cm², e tempo de

exposição diária de 15 segundos, até completa reparação clínica da

ferida, apresentaram aceleração da cicatrização. O fechamento da ferida

foi mais rápido, com efeitos mais evidentes no estágio inicial (6 dias). O

laser não promoveu aceleração da reparação nos períodos maiores do

experimento (16 dias).

Miotti et al. (1985) provocaram feridas abertas bilaterais em

mandíbula e feridas cutâneas na região dorsal de ratos, e aplicaram

diariamente, durante 1 minuto, laser com 904 nm de comprimento de

onda e 15 mW de potência. Histologicamente, concluíram que não houve

diferença na reparação das feridas mandibulares, enquanto as feridas

cutâneas dorsais mostraram processo de cicatrização mais acelerado,

com resultados mais evidentes nos períodos de 2 a 3 dias.

Escola et al. (1985) avaliaram o processo de reparação do

tecido gengival humano após exodontia e tratamento com aplicação única

de 1 minuto com laser de He-Ne com 6 mW de potência. Demonstraram

que o laser promoveu maior grau de formação de colágeno, provocado

pelo aumento do volume das mitocôndrias dos fibroblastos, e elevada

neoformação vascular da área tratada.

Schenck et al. (1985) aplicaram laser de He-Ne com 2 mW de

potência sobre cultura de células epiteliais. Após análise realizada através

de microscopia eletrônica, relataram que, 120 segundos após o

tratamento com laser, havia modificações intracelulares nas células

epiteliais e que tais modificações mostravam-se mais intensas a medida

que se aumentava o tempo de exposição.

Saperia et al. (1986) trataram feridas abertas na pele de porco

com laser de He-Ne, com 1,56 mW de energia, com 3 a 4 aplicações por

semana de 5 minutos, por 28 dias. Observaram que no grupo de feridas

tratadas com laser houve aceleração no processo de reparação tecidual,

e que o nível de procolágeno do tipo I e do tipo III atingiu níveis elevados

nos intervalos de 17 a 28 dias.

Dyson & Young (1986) estudaram o processo de reparação

em feridas abertas em camundongos, as quais foram tratadas com laser

diodo, semicondutor, com comprimento de onda de 904 nm, potência pico

de 5 watts, potência média de 0,2 mW (700 Hz) e 0,4 mW (1200 Hz). O

tempo de exposição foi de 15 minutos ao dia. Biópsias foram realizadas

diariamente, até o final do experimento, que durou 11 dias. Demonstraram

que o laser favorece o processo de reparação e que, entre os grupos

tratados, houve diferenças entre as duas freqüências empregadas. Os

efeitos biológicos foram mais evidentes quando a freqüência de 700 Hz foi

usada, tanto sobre a contração tecidual, quanto sobre a quantidade total

de células.

Chomette et al. (1987a) estudaram os eventos biológicos do

laser de He-Ne, aplicado na potência de 6 mW, por 2 a 3 minutos, sobre

o tecido gengival de 9 pacientes. Por meio de biópsias realizadas em

diferentes períodos (5 minutos, 15 minutos, 1 hora, 24 horas), observaram

maior concentração enzimática ao nível dos fibroblastos, assim como os

fibroblastos mostravam-se mais numerosos, e com suas organelas

citoplasmáticas aumentadas.

Chomette et al. (1987b) procuraram avaliar clinicamente, em

14 pacientes, os parâmetros estudados em seu trabalho anterior. Nas

biópsias realizadas 1, 8, 14 e 21 dias após tratamento com laser,

observaram reparação mais rápida, caracterizada por angiogênese e

aumento na produção de fibras colágenas.

Lyons et al. (1987) trataram feridas cutâneas, provocadas em

camundongos, com laser de He-Ne, 632,8 nm de comprimento de onda e

potência média de saída de 1,56 mW. O laser foi aplicado diariamente,

com 5 minutos de exposição, dose energética de 1,22 Joules/cm², durante

o período de 2 meses. Os resultados demonstraram maior resistência à

tração das bordas das feridas, maior no período de 1 a 2 semanas,

mostrando-se indiferente após 8 semanas, além do que o conteúdo total

de colágeno mostrava-se significantemente aumentado nas feridas

tratadas com laser.

Anneroth et al. (1988) avaliaram o processo de reparo em

feridas abertas no dorso de 14 ratos. As feridas controles não receberam

nenhum tratamento e as experimentais foram tratadas com laser de 904

nm de comprimento de onda, 500 Hz de freqüência, 0,5 mW de energia e

tempo de exposição de 8 minutos, mantendo a ponta de fibra ótica

distante aproximadamente 0,5cm da ferida. Concluíram que a formação

da crosta mostrou-se presente em 13 dos 14 animais, ocorrendo perda da

crosta num período de 6 a 12 dias. Não notaram sinal algum de infecção

em nenhuma ferida e salientaram que, tanto macroscópica, quanto

histologicamente, não notaram diferenças entre as feridas tratadas ou não

com laser.

Soares (1989) tratou feridas cutâneas provocadas na região

dorsal de 18 ratos com laser de He-Ne. Realizaram em cada animal duas

feridas circulares de 1cm de diâmetro e promoveram tratamento com laser

na dosagem de 2,7 Joules/cm², durante 10 minutos, sendo que a ferida

contra-lateral não recebeu tratamento algum e foi considerada controle.

As feridas foram analisadas aos 7, 14 e 21 dias histológica e

histometricamente. Concluiu que as feridas tratadas com laser

demonstraram maior índice de epitelização e contração mais precoce. A

proporção de fibras colágenas mostrou-se maior nas feridas tratadas, nas

três fases estudadas, sendo que a proporção de fibroblastos foi maior no

período de 7 dias pós-tratamento.

Schneider et al. (1990) trataram culturas de fibroblastos

humanos com laser de He-Ne, com 10 mW de potência, 10 minutos de

tempo de exposição e energia de 1,2 Joules/cm². Concluíram que com

uma única exposição, o crescimento do número de células foi transitório.

Quando receberam novas aplicações com laser, estas células sofreram

um crescimento adicional, proporcional ao número de aplicações. No final

do experimento (14 dias), as células que receberam mais de uma

aplicação de laser mostravam-se mais numerosas que as que receberam

uma única aplicação.

Garcia (1992) estudou, por meio de observações clínicas,

biométricas e histológicas, o processo de reparo de feridas cutâneas

bilaterais provocadas na região dorsal de ratos e submetidas ao

tratamento com laser de diodo, semicondutor, com 904 nm de

comprimento de onda. Utilizou 36 ratos, divididos em 3 grupos, que

sofreram diferentes tratamentos. Nos animais do Grupo I, as feridas foram

tratadas com 1,25 mW de energia e 1.300 Hz de freqüência, 3 Joules/cm²,

171 segundos de exposição total; as do Grupo II, receberam 2 mW de

energia, 2.100 Hz de freqüência, 3 Joules/cm², 108 segundos de

exposição total; e as do Grupo III receberam 2,75 mW de energia, 2.900

Hz de freqüência, 3 Joules/cm² e 81 segundos de exposição total do

laser. Os resultados obtidos nos intervalos de 3, 7 e 14 dias permitiram

concluir que: 1) as feridas tratadas com laser demonstraram processo de

reparação bem diferenciado, caracterizado por: a) reparação mais

precoce; b) maior contração tecidual; c) elevada taxa de migração

epitelial. 2) os eventos biológicos mostraram-se mais evidentes no

período de 3 dias, nas feridas do Grupo II (2mW / 2.100 Hz). 3) no final da

pesquisa, todas as feridas mostravam-se reparadas, sem evidenciar

sinais de efeitos indesejáveis ao tratamento com laser.

Hall et al. (1994) provocaram feridas cutâneas bilaterais no

dorso de 38 ratos, que foram divididos aleatoriamente em 2 grupos de 19

animais cada: Grupo A: metade da ferida recebeu tratamento com laser

(laser diodo, Arsênio e Gálio, 904 nm, diâmetro de feixe de 8mm,

freqüência de 500 a 4000 Hz, potencia média de saída 0,9 a 8.0 mW),

enquanto a outra metade não sofreu tratamento algum e foi considerada

para avaliar possíveis alterações sistêmicas provocadas pela terapia com

laser. Grupo B: metade da ferida recebeu tratamento com luz placebo

(ordinária, visível) e a outra metade serviu como controle. Concluíram

que, tanto clínica como microscopicamente, houve diferenças no

processo de reparo entre os grupos, mas salientaram que com tais

resultados, não foram capazes de confirmar que o tratamento com laser

pode promover aceleração no processo de reparação das feridas.

Matera et al. (1994) estudaram o processo de reparação de

feridas cutâneas resultantes de ovariohisterectomia, em 21 felinos,

fêmeas, de diferentes idades e raças. Os animais foram divididos em 6

grupos: Grupo 1: as feridas foram expostas ao laser no dia da cirurgia e

as observações clínicas macroscópicas foram realizadas no 2º dia pós-

operatório. Grupo 2: controle, com biópsias e observações clínicas

realizadas no 2º dia pós-operatório. Grupo 3: feridas expostas ao laser no

dia da cirurgia, e biópsias e observações clínicas realizadas no 4º dia pós-

operatório. Grupo 4: controle, com biópsias e observações clínicas no 4º

dia pós-operatório. Grupo 5: feridas expostas ao laser no dia da cirurgia, e

biópsias e observações clínicas realizadas no 8º dia pós-operatório.

Grupo 6: controle, biópsias e observações clínicas realizadas no 8º dia

pós-operatório. O laser usado foi o laser diodo, de Arsênio-Gálio, pulsado,

comprimento de onda de 904 nm e tempo de exposição automaticamente

ajustado pelo aparelho e 2 Joules/cm² de energia. Concluíram que o laser

auxiliou o processo de cicatrização da ferida cirúrgica, promovendo

aumento da resistência à tensão.

Bisht et al. (1994) trataram feridas cutâneas bilaterais no dorso

de ratos com laser de baixa potência. As feridas à esquerda do plano

sagital mediano foram tratadas com laser e receberam aplicações diárias

de laser de He-Ne com 4 Joules/cm² por 5 minutos. As do lado direito não

receberam tratamento algum, e foram consideradas controle. Concluíram

que a média de tempo para o fechamento das feridas do grupo controle

foi de 14,1 dias (12 a 15 dias), enquanto que nas feridas tratadas com

laser o período foi de 10,3 dias (9 a 12 dias). Evidenciaram também que

nas feridas tratadas com laser o tecido de granulação foi

significativamente maior, a epitelização mais precoce, maior número de

fibroblastos, neovascularização da área mais evidente, assim como maior

concentração de hidroxiprolina no tecido cicatricial.

Kameya et al. (1995) observaram que aplicações diárias de

laser, com diferentes comprimentos de onda (632,8nm para He-Ne,

680nm para AsGaAI e 830nm para AsGaAI), em feridas cutâneas de

ratos, provocam redução estatisticamente significativa na contração da

ferida, quando comparada ao grupo controle. Além da aceleração da

reparação, demonstraram que os eventos biológicos são mais acentuados

nas feridas tratadas com He-Ne (632,8nm) e AsGaAI (680nm) quando

comparados com o laser de AsGaAI (830nm).

Al-Watban & Zhang (1996) demonstraram o efeito

bioestimulativo em feridas abertas no dorso de ratos, quando se

empregava energia entre 1 a 60 Joules/cm2, utilizando-se vários

comprimentos de onda. Os efeitos mais favoráveis foram obtidos com

laser de He-Ne (632,8nm), utilizado com 20 Joules/cm2, quando

comparado com laser infravermelho de AsGaAI de 780nm ou 830nm de

comprimento de onda.

Oliveira et al. (1997) submeteram feridas cutâneas na região

dorsal de ratos ao tratamento com laser de As-Ga. Os resultados

histológicos evidenciaram a capacidade de aceleração da reparação

tecidual em todas as fases do processo cicatricial.

Lowe et al. (1998) utilizaram 50 ratos, divididos em 5 grupos

de 10 animais cada, em que foram realizadas feridas cutâneas de 7X7mm

na região dorsal. No Grupo I, os animais não receberam nenhum

tratamento com Raios X e foram considerados controle. O Grupo II foi

irradiado com Raios X. o Grupo III recebeu aplicação de Raios X seguido

da aplicação de luz monocromática de baixa intensidade com 0,18

Joules/cm². O Grupo IV recebeu aplicação de Raios X e aplicação de luz

monocromática de baixa intensidade de 0,54 Joules/cm². O Grupo V

recebeu aplicação de Raios X seguida de luz monocromática de baixa

intensidade com 1,45 Joules/cm². Concluíram que a aplicação de Raios X

retardou a reparação das feridas, o que foi mais evidente no período de 7

dias. As energias de 0,18 e 0,54 Joules/cm² não interferem na média de

fechamento das feridas. Nas feridas do grupo V (1,45 Joules/cm²) ficou

evidente o grande e acelerado fechamento das feridas.

Locci (2003) avaliou histologicamente a influência da

associação de diferentes comprimentos de onda de lasers de baixa

intensidade sobre o processo de reparo em feridas cutâneas provocadas

no dorso de ratos. Utilizou 72 ratos, divididos em 3 grupos com 24

animais cada, sendo: Grupo I- controle (sem tratamento), Grupo II

(tratamento com laser 685nm) e Grupo III (tratamento com laser 685nm

seguido do laser 780nm na mesma sessão). O laser foi utilizado de modo

contínuo e em contato de forma pontual, ponteiras de 50mW, durante 80

segundos, nas feridas do Grupo II e 40 segundos (laser 685nm) e mais 40

segundos (laser 780nm) nas do Grupo III, totalizando 40 Joules de

energia e densidade energética de 200/cm² em ambos os grupos. Os

diâmetros das feridas foram medidos em 0 hora, 3, 7 e 14 dias pós-

operatório. Os dados foram analisados estatisticamente. Nos intervalos de

3, 7 e 14 dias, 8 animais de cada grupo foram sacrificados e as peças

foram submetidas a processamento histológico. Conclui-se: 1) Grupo II e

III evidenciaram resultados histológicos mais favoráveis que o Grupo I; 2)

Grupo III demonstrou reparação mais diferenciada que o Grupo I e Grupo

II; 3) do ponto de vista biométrico, o maior grau de contração foi

observado nas feridas do Grupo III, seguido das do Grupo II e I, no

período de 14 dias.

VITAMINA C

James Lind, em 1747, realizou um estudo controlado em que

comparou grupos escorbúticos sob diferentes tratamentos, concluindo

que o grupo que recebeu duas laranjas e um limão por dia melhorou

drasticamente da doença em uma semana.

Ringsdorf & Cheraskin (1982) realizaram estudos clínicos que

fornecem evidências que a cicatrização em humanos não deficientes de

vitamina C pode ser significantemente acelerada com suplementos deste

nutriente, acima da recomendação diária recomendada (RDA). Os autores

administraram doses diárias de 5oo a 3000 mg (aproximadamente 8 a 50

vezes a RDA de 60mg), a pacientes recuperando-se de cirurgias,

ferimentos, úlceras de decúbito, úlceras induzidas por anemia hemolítica.

Também observaram que a suplementação com ácido ascórbico

melhorou a qualidade de colágeno recém-sintetizado em um garoto de 8

anos, portador da Síndrome de Ehlers-Danlos, em que a síntese de

colágeno está prejudicada. Quatro gramasde ácido ascórbico diariamente

produziram uma melhora significante na qualidade do colágeno recém-

sintetizado, mas não alterou aquele formado antes da suplementação

com vitamina C. Concluíram com este estudo que a vitamina C apresenta

interrelações com o potencial de cicatrização.

Woolfe et al. (1984) estudaram o efeito de megadoses de

ácido ascórbico no tecido gengival e no conteúdo sangüíneo. Para tanto,

10 indivíduos não deficientes de vitamina C foram cuidadosamente

combinados de acordo com a idade, estado periodontal e nível de higiene

oral, e divididos em 2 grupos: o grupo I recebeu 250mg diariamente de

ácido ascórbico e o Grupo II recebeu um placebo. Depois de 1 semana,

todos os pacientes foram representados em escalas. Amostras de sangue

e parâmetros clínicos foram obtidos inicialmente, e 2, 6 e 7 semanas

depois. Uma biópsia gengival foi realizada na 6ª semana. As correlações

entre os parâmetros clínicos e os níveis de ácido ascórbico no sangue

nos diferentes momentos não revelou diferenças significantes entre os

grupos da vitamina C e do placebo, sugerindo, portanto, que o uso de

megadoses de vitamina C em humanos normais não tem efeito

significativo ou previsível na resposta gengival, pelo menos durante este

período inicial.

McCarty & Rubin (1984) realizaram uma revisão de literatura

sobre a suplementação com micronutrientes em diabéticos. Relataram

que evidências disponíveis (algumas bem documentadas, outras apenas

preliminares) sugerem que a suplementação nutricional adequadamente

planejada pode ter importante valor no diabetes. Suplementação ampla

de micronutrientes, fornecendo amplas doses de antioxidantes (como a

vitamina C e E), cromo, magnésio, zinco, piridoxina, carnitina, podem

melhorar a tolerância à glicose, estimular a defesa imunológica e

promover a cicatrização de feridas, enquanto reduzem o risco e a

severidade de algumas complicações secundárias do diabetes.

Dryburgh (1985) conduziu uma revisão de literatura

relacionada à possível implicação clínica de suplementação com ácido

ascórbico. Os fatores que exigem uma absorção maior de ácido ascórbico

incluem o fumo, ingestão de álcool, stress, diabetes, gravidez e certas

drogas, incluindo contraceptivo oral, alguns antibióticos, ácido

acetilsalicílico e antiinflamatórios. Descobriu-se que o ácido ascórbico

aumenta significativamente a cicatrização de feridas, reduz a resposta

inflamatória, diminui problemas respiratórios, melhora a função

imunológica e beneficia muitas patologias sistêmicas comuns, incluindo a

osteoartite. Concluiu que a suplementação com vitamina C poderia ser

utilizada para muitos problemas de saúde, principalmente em pacientes

com problemas cicatriciais que se submetem ou se submeterão à

cirurgias.

Carpenter (1986) relatou que em 1933, Reichestein et al.

publicaram as sínteses do ácido D-ascórbico e do ácido L-ascórbico, que

ainda hoje formam a base da produção industrial de vitamina C.

Conseguiram comprovar que o ácido L-ascórbico sintetizado possui a

mesma atividade biológica da substância natural.

Cabbabe & Korock (1986) estudaram a contração de feridas e

contratura de cicatrizes em porcos deficientes e não deficientes em

vitamina C. No grupo I, animais deficientes e não deficientes foram

submetidos à retirada de um pedaço de pele superficial, medindo 40 X 20

mm, após tricotomia da região. Neste grupo, as feridas foram superficiais.

No grupo II, também usaram animais deficientes e não-deficientes, porém

a incisão foi mais profunda, deixando as bordas da ferida separadas. A

contração da ferida foi estudada no grupo II e a contratura da cicatriz foi

estudada nos 2 grupos, por 6 meses pós-operatórios. Descobriu-se que a

contratura da cicatriz foi mais significante em animais com feridas cujas

bordas estavam afastadas, e que seguiram dietas regulares, sugerindo a

importância da vitamina C neste processo. Perceberam que a contração

da ferida aconteceu em ambos os grupos (com e sem escorbuto). As

cicatrizes dos animais saudáveis eram mais grossas que a dos animais

escorbúticos.

Lacroix et al. (1988), estudaram os efeitos do ácido

pantotênico e do ácido ascórbico sobre o crescimento de fibroblastos

obtidos de pele humana fetal, a fim de analisar a possível importância

destas vitaminas na cicatrização das feridas. Foram avaliadas a

proliferação celular, a síntese de proteínas e a liberação de proteínas. O

índice de crescimento celular permaneceu idêntico quando ácido

pantotênico ou ácido ascórbico foram acrescentados à cultura. Porém,

quando as culturas foram incubadas com ácido pantotênico e ácido

ascórbico, a liberação intracelular dentro do meio de cultura aumentou.

Sugeriram que o uso combinado destas 2 vitaminas pode ser de interesse

na terapia pós-cirúrgica e cicatrização das feridas.

Waxman et al. (1990) estudaram os efeitos da vitamina B5 e

da vitamina C no processo de cicatrização de anastomoses de cólon.

Para tanto, utilizaram 3 grupos de 20 coelhos cada. O grupo A recebeu

placebo, o grupo B recebeu 100mg / Kg de vitamina B5 e o grupo C

recebeu 100mg /Kg de vitamina C , todos diariamente. Após 8 dias de

suplementação, sob anestesia geral e via incisão, dois segmentos do

cólon foram removidos e a conexão foi restaurada. No 3º dia pós-

operatório, os coelhos foram sacrificados e as anastomoses, removidas.

Propriedades mecânicas do cólon normal e de anastomoses foram

determinadas utilizando testes de pressão, número de anastomoses

rompidas, contagem de fibroblastos, concentração de hidroxiprolina

através de microanálise do conteúdo de elementos rastreáveis: magnésio,

fósforo, cálcio, ferro, cobre, zinco e manganês. A vitamina B5 e a vitamina

C diminuíram o número de ruptura de anastomoses. Além disso, os

valores de pressão necessários para a ruptura foram maiores quando se

utilizou suplementação com vitamina C, quando comparados aos do

grupo que recebeu placebo. As duas vitaminas restauraram níveis

normais de zinco no local da anastomose, ao passo que estes números

diminuíram no 3º dia pós-operatório durante o processo normal de cura da

anastomose de cólon. Além do mais, as vitaminas B5 e C aumentaram os

níveis de ferro, cobre e mercúrio, que estão todos intimamente envolvidos

com a síntese de colágeno. Concluíram, portanto, que as vitaminas B5 e

C melhoraram o processo de cicatrização de feridas de cólon no coelho,

agindo, inclusive, em sinergia.

Silverstein & Landsman (1999) realizaram um estudo para

investigar o efeito da vitamina C na cicatrização das feridas. Utilizaram 20

porcos da Índia, machos, divididos em 2 grupos. O grupo I recebeu

suplementação com dose moderada de vitamina C e o grupo II recebeu

altas doses desta vitamina. Após 6 semanas de suplementação, foi

realizada uma incisão no dorso de cada animal. Nos períodos de 10 e 21

dias pós-operatórios, foram realizados estudos de tensão e biópsias, para

análise histológica. Os animais receberam suplementação com vitamina C

até o sacrifício. Concluíram que a suplementação com a vitamina

melhorou a recuperação da integridade e força da pele após a realização

da ferida. Apesar das diferenças entre os grupos não ser estatisticamente

significante, os dados indicaram que os animais que receberam maior

dose de vitamina C demonstraram melhores resultados.

Petroianu et al. (2000) compararam a resistência cicatricial de

anastomoses jejunais em ratos, submetidos á administração de vitamina

C e de hidrocortisona, em diferentes períodos pós-operatórios. Foram

estudados 40 ratos, Wistar, submetidos à secção e anastomose de

segmento jejunal. Os animais foram divididos em 4 grupos, com 10

animais cada. O grupo I foi considerado controle, o grupo II recebeu

administração oral de vitamina C (100 mg/Kg), o grupo III recebeu

administração de hidrocortisona intraperitoneal ( 10 mg/Kg) e o grupo IV

recebeu vitamina C e hidrocortisona nas formas já descritas. Avaliaram

então a pressão de ruptura anastomótica nos 5º e 21º dia pós-operatório.

Observaram que os ratos que receberam vitamina C isolada ou associada

a hidrocortisona tenderam a uma pressão de ruptura maior que os demais

grupos, nos dois períodos.

Herane & Isabel (2001) relatam que a absorção sistêmica de

vitamina C promove níveis muito baixos na pele, sendo que a via tópica

representa uma via de aplicação mais direta e eficaz para exercer sua

ação. A vitamina C tópica (L-ácido ascórbico) tem os seguintes efeitos na

pele: estimula a síntese de colágeno, prevenção de câncer e

fotoenvelhecimento por radiação UV. É considerada útil para o tratamento

de queimaduras solares e condições inflamatórias.

Nusgens et al. (2001) demonstraram que a vitamina C tópica

aumenta o nível de RNA-m dos colágenos I e III, suas enzimas de

conversão e o inibidor tissular das metaloproteínas matriciais do tipo I, na

derme humana.

Jagetia et al (2002) estudaram histologicamente a contração e

a síntese de colágeno em feridas submetidas à radiação e tratamento

com ácido ascórbico. Camundongos foram expostos a doses fracionadas

de10, 16 e 20 Gy de radiação (2 Gy / dia). Os animais receberam água

dupla-destilada ou ácido ascórbico todos os dias antes da exposição à

irradiação fracionada (2 Gy / dia). Uma ferida bastante espessa foi criada

no dorso dos camundongos irradiados, e o progresso da cicatrização das

feridas e a síntese de colágeno foram examinados e avaliados

histologicamente, em diferentes momentos pós-operatórios. A irradiação

provocou uma demora dose-dependente na cicatrização, e o pré-

tratamento com ácido ascórbico resultou em significante aumento da

cicatrização da ferida. O maior aumento da cicatrização foi observado no

6º e 9º dias pós-operatórios. O pré-tratamento com ácido ascórbico

aumentou a síntese de colágeno significativamente, conforme revelado

por um aumento do conteúdo de hidroxiprolina. Histologicamente, os

depósitos de colágeno, fibroblastos e vascularização diminuíram de uma

maneira dose-dependente nos grupos que só receberam a radiação.

Concluíram que o pré-tratamento com ácido ascórbico resultou em

significante redução no retardo da cicatrização induzido pela radiação.

03- PROPOSIÇÃO

Constitui propósito do presente trabalho avaliar, do ponto de

vista histológico, o processo de reparação de feridas cutâneas,

provocadas na região dorsal de ratos e submetidas ao tratamento com

vitamina C, laser e associação de vitamina C e laser.

04- MATERIAL E MÉTODO

O presente projeto foi apresentado e aprovado pelo Comitê

de Ética em Pesquisa da Universidade de Marília – UNIMAR.

Para o desenvolvimento deste estudo foram utilizados 96

ratos (Rattus norvegicus, albinus, Wistar), machos, com peso variando

entre 250 e 300 gramas. Todos estes animais, provenientes do biotério da

Faculdade de Ciências Odontológicas de Marília – UNIMAR, mostravam-

se sadios e em condições sistêmicas satisfatórias para serem submetidos

aos procedimentos operatórios.

Os animais foram mantidos em gaiolas, com quatro animais

cada uma, tratados com alimentação balanceada comercial (Ração

ativada “Produtor” – Anderson Clayton S/A) e água “ad libitum” antes e

durante todo o período experimental,exceto por 12 horas após o

procedimento cirúrgico.

A técnica operatória seguiu os procedimentos descritos por

Garcia (1992) e obedeceu a seguinte seqüência:

Após anestesia geral com Telazol (associação de cloridrato

de Zolazepan e cloridrato de Tiletamina – Fort Dodge, Iowa, USA),

administrado por via intra-muscular profunda, realizou-se a tricotomia da

região dorsal em todos os animais. A seguir, foi realizada a antissepsia de

toda a área com merthiolate incolor (Merthiolate DM/SP). Através de um

“PUNCH”, foi removida uma área circular de pele, de aproximadamente 8

mm de diâmetro, na região dorsal do animal, tendo como localização a

porção média do plano sagital mediano. Os animais foram divididos em 4

grupos, de 24 animais cada, que receberam o seguinte tratamento:

Grupo I (n=24): as feridas não receberam nenhum

tratamento, tanto local quanto sistêmico e foram consideradas como

feridas ¨controle¨.

Grupo II (n=24): sistemicamente os animais não receberam

qualquer tratamento enquanto que as feridas cutâneas foram tratadas,

imediatamente após a sua realização, com aplicação tópica de vitamina C

(Cewin® gotas, ácido ascórbico – Sanofi-Synthelabo, Rio de Janeiro,

Brasil).

Grupo III (n=24): sistemicamente os animais não receberam

qualquer tratamento enquanto que as feridas foram tratadas,

imediatamente após a sua execução, com laser em baixa intensidade.

Grupo IV (n=24): sistemicamente os animais não receberam

qualquer tratamento enquanto que as feridas foram tratadas,

imediatamente após a sua realização, com aplicação tópica de vitamina C

e, 1 minuto após, aplicou-se o laser em baixa intensidade.

A vitamina C foi aplicada através de um conta-gotas,

gotejando sobre a ferida, de forma tal que toda extensão da ferida

cirúrgica ficasse preenchida com o produto.

O Laser utilizado no presente estudo apresenta as seguintes

características:

Emissor: Laser – Beam IR 500 (Laser Beam – Rio de Janeiro – Brasil)

Meio ativador: Arseneto de gálio e alumínio (AsGaAl)

Comprimento de onda: 685 nm (visível) e 780 nm (infravermelho)

Diâmetro do spot: 2 mm² (0,02 cm²)

Modo de operação: contínuo ou interrompido

As feridas do grupo III e IV foram irradiadas em 8 pontos

externos e distintos nas bordas e em toda a extensão da ferida, e em um

ponto na porção central, seguindo o seguinte protocolo:

Comprimento de onda: laser 685 nm (laser visível)

Modo de operação: contínuo

Modo de aplicação: contato, pontual e única

Número de aplicações: 9

Tempo de exposição pontual: 10 segundos

Tempo de exposição total: 90 segundos

Potência da caneta: 50 mW (0,05 W)

Energia pontual: 0,5 J/ponto

Energia total : 4,5J

Fluência (densidade de energia): 225 J/cm²

Intensidade de potência: 2,5 W/cm²

Decorridos 3, 7 e 14 dias do ato cirúrgico e tratamento das

feridas, os animais foram sacrificados, em número de 8 animais por grupo,

através de superdosagem de éter sulfúrico. A seguir, por intermédio de

tesouras e pinças, removeu-se as peças, envolvendo toda a extensão da

ferida e parte do tecido sadio adjacente às suas bordas, tomando-se o

cuidado de remover todo o tecido conjuntivo que envolve a reação

inflamatória, ao redor e em profundidade de toda a ferida.

As peças obtidas foram fixadas em formol a 10%, por um

período mínimo de 24 horas e, em seguida, sofreram os processos

laboratoriais para posterior inclusão em parafina, sendo orientadas de

forma a permitir cortes transversais, semi-seriados, com 6 micrometros de

espessura. Os cortes foram corados pelas técnicas de hematoxilina e

eosina e Tricrômico de Masson, para análise histológica, através de

microscopia óptica.

3 DIAS

GRUPO I – CONTROLE

Junto ás bordas da ferida cirúrgica, observa-se a presença de espessa

camada de crosta, seguida de área ocupada por polimorfoneutrófilos. Mais

abaixo, evidencia-se espessa camada ocupada por discreto número de

macrófagos e linfócitos , ao lado de raros fibroblastos (fig. 1). Não há evidência

de proliferação fibroblástica em nenhum dos espécimes. Mais em direção ao

centro da ferida, as características morfológicas são comparáveis às bordas da

figura.

Por outro lado, notam-se finos feixes de fibras colágenas nas áreas mais

afastadas das bordas da ferida (fig. 2).

Figura. 1- Grupo I. 3 dias. Área profunda da ferida, evidenciando discreto número de macrófagos e raros fibroblastos. HE, aumento original 160X

Figura 2. Grupo I. 3 dias. Evidenciando finos feixes de fibras colágenas no tecido conjuntivo profundo. Tricrômico de Masson, aumento original 160X

3 DIAS

GRUPO II – VITAMINA C

Junto à superfície da ferida, nota-se espessa camada de crosta em todos os

espécimes (fig. 3). Logo abaixo, observa-se área de restos celulares

degenerados. Nas regiões mais profundas, pode ser evidenciado discreto

número de linfócitos e macrófagos (fig. 4). Em nenhum dos espécimes há

evidências de proliferação epitelial.

Junto às bordas da ferida, notam-se pequenos feixes de fibras colágenas em

alguns espécimes (fig. 5).

Figura 3. Grupo II. 3 dias. Superfície da ferida mostrando espessa camada de crosta. HE, aumento original 63 X

Figura 4. Grupo II. 3 dias. Regiões profundas da ferida, evidenciando discreto número de linfócitos e macrófagos. HE,aumento original 160 X

Figura5. Grupo II. 3 dias. Evidenciando pequenos feixes de fibras colágenas junto à borda da ferida. Tricrômico de Masson,, aumento original 160 X

3 DIAS

GRUPO III – LASER

Tanto junto às bordas quanto distante, nota-se sobre a superfície externa,

espessa camada de crosta, seguida de área ocupada por polimorfonucleares

neutrófilos (fig. 6), muitos dos quais em degeneração. Nas regiões localizadas

mais profundamente, observa-se faixa ocupada por tecido conjuntivo exibindo

fibroblastos e vasos sangüíneos tanto ao nível das bordas (fig. 7), quanto mais

ao centro da ferida cirúrgica (fig. 8). Por outro lado, nota-se a ausência de

fibras colágenas nesta região (fig. 9).

Figura 6. Grupo III. 3 dias. Superfície da ferida com espessa camada de crosta e área ocupada por polimorfonucleares neutrófilos. HE, aumento original 63 X

Figura 7. Grupo III. 3 dias. Área profunda junto à borda da ferida, com tecido conjuntivo com fibroblastos e vasos sangüíneos. HE, aumento original 160 X

Figura 8. Grupo III. 3 dias. Área profunda no centro da ferida, mostrando tecido conjuntivo com fibroblastos e vasos sangüíneos. HE, aumento original 160 X

Figura 9. Grupo III. 3 dias. Mostrando ausência de fibras colágenas. Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

3 DIAS

GRUPO IV (VITAMINA C + LASER)

Sobre a superfície externa da ferida, observa-se espessa camada de

crosta em todos os espécimes (fig. 10). Logo abaixo, evidencia-se uma

faixa, geralmente delgada, com polimorfonucleares neutrófilos, muitos dos

quais em degeneração. Nas áreas situadas mais profundamente,

observa-se tecido conjuntivo com fibroblastos e vasos sangüíneos, tanto

junto às bordas (fig. 11), quanto na área central da ferida cirúrgica (fig.12).

Observa-se ainda, pequenos feixes de fibras colágenas nesta mesma

região (fig. 13).

Figura 10. Grupo IV. 3 dias. Superfície externa da ferida, com espessa camada de crosta. HE, aumento original 63 X

Figura 11. Grupo IV. 3 dias. Áreas profundas da ferida mostrando tecido conjuntivo com fibroblastos e vasos sangüíneos. HE, aumento original 160 X

Figura 12. Grupo IV. 3 dias. Área situada no centro da ferida, com fibroblastos e vasos sangüíneos. HE, aumento original 160 X

Figura 13. Grupo IV. 3 dias. Pequenos feixes de fibras colágenas na área central da ferida. Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

7 DIAS

GRUPO I – CONTROLE

Em todos os espécimes, persiste a presença da crosta e áreas de

neutrófilos degenerados junto ao centro da ferida. Ao nível das bordas da

ferida, observa-se discreta proliferação epitelial. O tecido conjuntivo

subjacente, bem vascularizado, mostra pequeno número de fibroblastos

(fig. 14) ao lado de alguns macrófagos e linfócitos. Mais para as regiões

centrais da ferida, as características morfológicas do tecido conjuntivo são

comparáveis àquelas observadas junto às bordas.

Por outro lado, o tecido conjuntivo subjacente apresenta em toda

extensão numerosos feixes de fibras colágenas (fig. 15).

Figura 14. Grupo I. 7 dias. Tecido conjuntivo subjacente ao epitélio com pequeno número de fibroblastos. HE, aumento original 160 X

Figura 15. Grupo I. 7 dias. Tecido conjuntivo subjacente ao epitélio mostrando numerosos feixes de fibras colágenas. Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

7 DIAS

GRUPO II – VITAMINA C

Decorridos 7 dias, a maioria dos espécimes mostra discreta proliferação

epitelial junto ás bordas da ferida. O tecido conjuntivo subjacente mostra

apresenta moderado número de fibroblastos (fig. 16) ao lado de alguns

macrófagos e linfócitos. Em alguns espécimes, observa-se áreas com tecido

conjuntivo menos organizado, maior número de fibroblastos, vasos sangüíneos,

linfócitos e macrófagos (fig. 17).

O tecido conjuntivo subjacente apresenta, ainda, pequenos feixes de fibras

colágenas (fig. 18).

Figura 16. Grupo II. 7 dias. Tecido conjuntivo subjacente com moderado número de fibroblastos. HE, aumento original 160 X

Figura 17. Grupo II. 7 dias. Evidenciando área de tecido conjuntivo menos organizado, com maior número de fibroblastos e vasos sangüíneos. HE, aumento original 160 X

Figura 18. Grupo II. 7 dias. Tecido conjuntivo mostrando pequenos feixes de fibras colágenas. Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

7 DIAS

GRUPO III – LASER

Junto às bordas da ferida, nota-se discreta á moderada proliferação

epitelial (fig. 19). O tecido conjuntivo subjacente exibe discreto número de

fibroblastos e vasos sangüíneos ao lado de macrófagos e linfócitos (fig.

20). Em todos os espécimes é possível observar a presença de crosta em

alguns pontos da ferida.

Junto ás bordas da ferida, podem ser vistos finos feixes de fibras

colágenas no tecido conjuntivo subjacente (fig. 21). Em alguns casos,

observa-se junto ao centro da ferida cirúrgica, espessos feixes de fibras

colágenas (fig. 22).

Figura 19. Grupo III. 7 dias. Bordas da ferida mostrando discreta proliferação epitelial. HE, aumento original 63 X

Figura 20. Grupo III. 7 dias. Tecido conjuntivo subjacente com discreto número de fibroblastos e vasos sangüíneos ao lado de macrófagos e linfócitos. HE, aumento original 160 X

Figura 21. Grupo III. 7 dias. Junto à borda da ferida, mostrando finos feixes de fibras colágenas. Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

Figura 22. Grupo III. 7 dias. Espécime mostrando espessos feixes de fibras colágenas na porção central da ferida. Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

7 DIAS

GRUPO IV – VITAMINA C + LASER

Em todos os espécimes observa-se a proliferação epitelial discretamente

mais pronunciada (fig. 23). O tecido conjuntivo apresenta moderado

número de fibroblastos ao lado de alguns macrófagos e linfócitos (fig. 24).

Em alguns casos, observa-se a presença de tecido conjuntivo subjacente

mais organizado, com fibroblastos dispostos paralelamente à superfície

da ferida (fig. 25).

Em todos os espécimes, evidencia-se no tecido conjuntivo subjacente,

feixes de fibras colágenas dispostos paralelamente á superfície da ferida

(fig. 26).

Figura 23. Grupo IV. 7 dias. Evidenciando moderada proliferação epitelial. HE, aumento original 63 X

Figura 24. Grupo IV. 7 dias. Tecido conjuntivo subjacente com moderado número de fibroblastos, ao lado de alguns macrófagos e linfócitos. HE, aumento original 160 X

Figura 25. Grupo IV. 7 dias. Tecido conjuntivo mostrando os fibroblastos com disposição paralela á superfície da ferida. HE, aumento original 160 X

Figura 26. Grupo IV. 7 dias. Tecido conjuntivo subjacente com feixes de fibras colágenas dispostos paralelamente à superfície da ferida. Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

14 DIAS

GRUPO I – CONTROLE

Em todos os espécimes, o epitélio recobre a totalidade da ferida cirúrgica,

mostrando-se, algumas vezes, bem diferenciado (fig. 27) e outras vezes,

menos organizado (fig. 28). O tecido conjuntivo subjacente, em ambos os

casos, apresenta-se bem diferenciado, exibindo pequeno número de

vasos e os fibroblastos, também em discreto número, encontram-se

orientados paralelamente à superfície do epitélio.

Por outro lado, grande quantidade de feixes de fibras colágenas

orientados paralelamente à superfície do epitélio pode ser observada no

tecido conjuntivo (fig. 29).

Figura 27. Grupo I. 14 dias. Epitélio bem diferenciado recobrindo a ferida cirúrgica. HE, aumento original 160 X

Figura 28. Grupo I. 14 dias. Epitélio pouco diferenciado recobrindo a ferida cirúrgica. HE, aumento original 160 X

Figura 29. Grupo I. 14 dias. Grande quantidade de feixes de fibras colágenas no tecido conjuntivo. Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

14 DIAS

GRUPO II – VITAMINA C

Na totalidade dos casos, o epitélio recobre totalmente a ferida cirúrgica,

mostrando-se geralmente bem diferenciado. O tecido conjuntivo

subjacente mostra-se bem desenvolvido, com fibroblastos e vasos

sangüíneos em pequeno número, dispostos paralelamente à superfície do

epitélio (fig. 30).

Observa-se ainda, inúmeros feixes de fibras colágenas dispostos

paralelamente à superfície do epitélio (fig. 31).

Figura 30. Grupo II. 14 dias. Tecido conjuntivo subjacente bem desenvolvido, com fibroblastos dispostos paralelamente á superfície do epitélio. HE, aumento original 160 X

Figura 31. Grupo II. 14 dias. Mostrando feixes de fibras colágenas dispostos paralelamente à superfície do epitélio. Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

14 DIAS

GRUPO III – LASER

O epitélio, geralmente bem diferenciado, recobre a ferida cirúrgica em

sua totalidade. O tecido conjuntivo subjacente apresenta-se bem

desenvolvido, com poucos vasos sangüíneos e os fibroblastos, em

pequeno número, estão dispostos paralelamente à superfície do epitélio

(fig. 32).

Espessos feixes de fibras colágenas dispostos paralelamente á superfície

do epitélio podem ser observados no tecido conjuntivo sub-epitelial em

toda sua extensão (fig. 33).

Figura 32. Grupo III. 14 dias. Tecido conjuntivo subjacente bem desenvolvido, com fibroblastos dispostos paralelamente á superfície do epitélio. HE, aumento original 160 X

Figura 33. Grupo III. 14 dias. Espessos feixes de fibras colágenas com disposição paralela à superfície do epitélio. Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

14 DIAS

GRUPO IV – VITAMINA C + LASER

Em todos os espécimes, o epitélio recobre totalmente a ferida cirúrgica,

mostrando-se geralmente bem diferenciado. O tecido conjuntivo

subjacente mostra-se bem desenvolvido, apresentando poucos vasos

sangüíneos e os fibroblastos dispostos paralelamente à superfície do

epitélio (fig. 34).

Nota-se ainda espessos feixes de fibras colágenas com disposição

paralela à superfície do epitélio (fig. 35).

Figura 34. Grupo IV. 14 dias. Tecido conjuntivo subjacente bem desenvolvido mostrando os fibroblastos dispostos paralelamente à superfície do epitélio. Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

Figura 35. Grupo IV. 14 dias. Espessos feixes de fibras colágenas com disposição paralela à superfície do epitélio, Tricrômico de Masson, aumento original 160 X

06- DISCUSSÃO

Toda intervenção tecidual visa à eliminação de patologias e

o reparo. Há algumas décadas os mecanismos da reparação tecidual,

bem como os fatores que a afetam, vem sendo objeto de estudo de vários

pesquisadores, tanto na área médica, como na odontológica.

Na análise dos resultados obtidos no presente estudo,

podemos verificar que as feridas que receberam tratamento somente com

vitamina C (Grupo II), com laser (Grupo III) ou com a associação de

ambos (Grupo IV), apresentaram processo de reparo mais favorável e

diferenciado que as feridas do Grupo I (controle), que não receberam

nenhum tratamento.

Na análise comparativa entre as feridas do grupo controle

(Grupo I) com as feridas tratadas somente com vitamina C (Grupo II)

percebe-se que a reparação é mais favorável e diferenciada nas do Grupo

II em todos os períodos experimentais. Tal observação é corroborada por

trabalhos na literatura que demonstram que a vitamina C é essencial para

o processo de reparo tecidual e que, quando administrada sistêmica ou

topicamente, em doses suplementares, melhora a qualidade do mesmo.

(Cabbabe & Korock, 1986; Lacroix et al., 1988; Vaxman et al., 1990;

Petroianu et al., 2000; Nusgens et al., 2001; Jagetia et al., 2002).

Embora com a metodologia empregada no presente estudo,

não tenhamos comprovação do mecanismo exato pelo qual a vitamina C

aplicada topicamente sobre as feridas tenha promovido reparação tecidual

mais favorável, podemos fundamentá-lo nos relatos encontrados na

literatura, de que a ação da vitamina C se processa melhorando a

qualidade de colágeno recém sintetizado (Ringsdorf & Cheraskin,1982),

aumentando a cicatrização das feridas, reduzindo a resposta inflamatória,

melhorando a função imunológica (Dryburgh, 1985), aumentando o nível

de RNA-m dos colágenos tipo I e III e suas enzimas de conversão

(Nusgens et al., 2001), melhorando a resistência da ferida à pressão

(Waxman et al., 1990; Jategia et al., 2002) .

Da mesma forma, ao se comparar as feridas do Grupo I com

as do Grupo III, tratadas com laser em baixa intensidade, evidencia-se

que as feridas tratadas apresentaram também processo de reparação

mais favorável e diferenciado, em todos os períodos observados. Tais

achados são corroborados por diversos trabalhos na literatura que

documentam a ação do laser sobre o processo de reparação tecidual,

acelerando e melhorando a qualidade do reparo (Mester et al., 1968,

1971; Dyson & Young, 1986; Soares et al., 1989; Garcia, 1992; Matera,

1994, Locci, 2003). Novamente, com a metodologia usada, não foi

possível comprovar exatamente como tal fato se processou, mas

podemos fundamentá-lo na literatura, ao observarmos que vários

trabalhos atestam que o laser de baixa potência promove maior atividade

mitótica (Kana et al., 1981), maior síntese de fibroblastos e proliferação

vascular (Escola et al,.1985; Schenck et al., 1985; Lyon et al., 1987),

estimulando a microcirculação local (Garcia, 1992) e aumento da síntese

de colágeno (Saperia et al., 1986; Chomette et al., 1987).

Ainda dentro deste mesmo perfil de análise, é notória a

diferença observada entre as feridas do Grupo IV, tratadas com aplicação

de vitamina C seguida da aplicação do laser em baixa intensidade, com as

do grupo controle. Os achados comprovam que a associação da vitamina

C e do laser em baixa intensidade, nos parâmetros utilizados no presente

estudo, contribuíram para a melhor reparação tecidual.

Quanto aos períodos de estudo, observa-se que aos 3 dias,

em todas as feridas, tanto nas do grupo controle, quanto nas dos grupos

tratados, há ainda espessa camada de crosta, fato observado no período

de 7 dias, apenas nas do Grupo I (controle). Este fato corrobora os

achados de Anneroth et al. (1988) e Garcia (1992), que relataram a perda

da crosta entre 6 e 12 dias, quando se utiliza o laser. A perda mais

precoce da crosta observadas nos grupos tratados provavelmente se deve

à aceleração da cicatrização e maior proliferação fibroblástica decorrente

do uso da vitamina C, do laser e da associação de ambos, estando de

acordo com as observações de Herane & Isabel (2001) que afirmam que o

uso tópico da vitamina C, em pele, estimula a síntese de colágeno e é

considerada útil em injúrias teciduais, como queimaduras e outras

condições inflamatórias. Tais fatos, portanto, demonstram, que houve

aceleração do processo de reparo nas feridas tratadas, quando

comparadas com as feridas controle, desde os primeiros 3 dias pós-

operatórios.

Ainda neste período de 3 dias, observa-se que as feridas do

Grupo IV, tratadas com aplicação de vitamina C seguida da aplicação do

laser de baixa intensidade, foram as que apresentaram uma reparação

mais favorável e diferenciada. Comparando-as com as do Grupo II,

percebe-se que as do Grupo IV apresentam uma faixa delgada de

polimorfonucleares neutrófilos em degeneração, enquanto nas do Grupo

II, observa-se uma área maior de restos celulares degenerados. Ainda no

Grupo IV, observa-se, nas áreas mais profundas, tecido conjuntivo com

fibroblastos e vasos sangüíneos, tanto junto às bordas, quanto na área

central da ferida. Já nas feridas do Grupo II, nas regiões mais profundas

pode ser evidenciado discreto número de linfócitos e macrófagos, sem

nenhuma evidência de proliferação epitelial. Podemos, portanto,

observar, que as feridas do Grupo IV, em que houve a aplicação de laser,

além da vitamina C houve uma maior proliferação fibroblástica e

neoformação capilar, mostrando um tecido conjuntivo com qualidade mais

elevada que as do Grupo II, em que somente a vitamina C foi aplicada.

Esta observação é corroborada por achados histológicos que demonstram

a aceleração do processo de reparação de feridas cutâneas submetidas

ao tratamento com laser, que promove maior síntese de fibroblastos e

proliferação vascular (Escola et al., 1985; Lyon et al, 1987; Garcia, 1992).

A presença de fibroblastos e capilares neoformados nas camadas

superficiais aumenta a qualidade do tecido de granulação cicatricial, o que

é uma condição básica para a migração epitelial (Pollack, 1979).

Comparando, ainda aos 3 dias, os resultados evidenciados

nas feridas do Grupo IV (Vitamina C associada ao laser) com as do grupo

III, em que somente o laser foi utilizado, o que chama a atenção é que no

Grupo IV já pode ser observado pequenos feixes de fibras colágenas na

área central da ferida. Por outro lado, no Grupo III, nota-se completa

ausência de fibras colágenas nesta mesma região. Embora a presença de

fibroblastos e capilares neoformados estejam presentes nas feridas de

ambos os grupos, a formação precoce de colágeno nas feridas do Grupo

IV parece estar intimamente ligado ao uso da vitamina C. Tais resultados

são corroborados na literatura, através de evidências que comprovam que

a vitamina C, aumenta o nível de RNA-m dos colágenos tipo I e III

(Nusgens et al., 2001), aumenta a síntese de colágeno (Jategia et al.,

2002) e melhora a qualidade do colágeno recém sintetizado (Ringsdorf &

Cheraskin, 1982).

Por outro lado, na análise comparativa aos 3 dias ainda, dos

grupos II (aplicação de vitamina C) e III (aplicação de laser), percebe-se

que a proliferação fibroblástica e neoformação vascular é mais evidente

no Grupo III. Porém, no grupo II, neste período inicial, novamente é

possível notar pequenos feixes de fibras colágenas em alguns espécimes,

o que não ocorre no Grupo III.

Já aos 7 dias, os grupos experimentais apresentam

processo de reparação ainda mais favorável e diferenciado que o controle.

Realizando a análise comparativa entre os grupos experimentais,

novamente o Grupo IV demonstrou os melhores resultados. Comparando-

o com o Grupo II, nota-se que no Grupo IV a proliferação epitelial é

discretamente mais pronunciada, e em alguns casos, há presença do

tecido conjuntivo subjacente mais organizado, com fibroblastos dispostos

paralelamente à superfície da ferida. No Grupo II, a proliferação epitelial é

mais discreta e o tecido conjuntivo subjacente apresenta moderado

número de fibroblastos, além de ser menos organizado, com maior

número de vasos sangüíneos, linfócitos e macrófagos. No Grupo IV, em

todos os espécimes evidenciam-se no tecido conjuntivo subjacente, feixes

de fibras colágenas dispostos paralelamente á superfície da ferida , sendo

que no Grupo II esses feixes são ainda pequenos, e não apresentam-se

tão organizados. Esses resultados atestam, mais uma vez, a ação do

laser e da vitamina C sobre o processo de reparação tecidual, como é

descrito na literatura.

Comparando, aos 7 dias, o Grupo IV com o Grupo III, em

que somente o laser foi aplicado, a proliferação epitelial é um pouco mais

pronunciada nas feridas do Grupo IV, assim como o conjuntivo

apresenta-se mais organizado, quando comparada com as do Grupo III.

Apesar de ambos os grupos apresentarem feixes de fibras colágenas, no

Grupo III eles aparecem somente em alguns casos , sendo que no Grupo

IV, os feixes aparecem em todos os espécimes e estão dispostos

paralelamente á superfície da ferida. Além disso, é possível observar no

Grupo III a presença de crosta em alguns pontos da ferida, o que não

ocorre no Grupo IV.

Ainda aos 7 dias, ao se comparar as feridas dos grupos II

(que recebeu somente vitamina C) e III (somente aplicação de laser),

observa-se que a reparação foi superior no Grupo III, que apresentou

maior proliferação epitelial, maior proliferação vascular e feixes de fibras

colágenas mais espessos.

Aos 14 dias, o epitélio recobre a totalidade da ferida

cirúrgica, em todos os grupos, geralmente bem diferenciado, porém, no

Grupo I (controle), algumas vezes o epitélio mostra-se menos organizado.

O tecido conjuntivo mostra-se bem desenvolvido em todos os grupos

testados, com poucos vasos sangüíneos e fibroblastos dispostos

paralelamente á superfície do epitélio. O tecido conjuntivo do grupo I

(controle) apresenta-se discretamente menos organizado e os feixes de

fibras colágenas, apesar de serem numerosos, não são tão espessos,

quando comparados aos dos grupos III e IV. Comparando os grupos

experimentais entre si, nota-se que o Grupo IV apresentou os resultados

mais favoráveis, embora de uma maneira sutil. Neste grupo, as feridas

apresentam espessos feixes de fibras colágenas com disposição paralela

à superfície do epitélio, o que também é observado no Grupo III. Porém,

no Grupo II, apesar dos feixes de fibras colágenas serem numerosos, eles

não são tão espessos, como os do Grupo III e IV.

Algumas considerações ainda devem ser realizadas com

relação aos períodos de observação (3, 7 e 14 dias) utilizados no presente

estudo.

Nos períodos de 3 e 7 dias, observa-se que as diferenças

dos eventos biológicos dos tecidos submetidos aos tratamentos propostos

mostram-se mais acentuados. No período de 3 dias, todos os grupos

experimentais apresentaram um processo de reparo mais favorável que o

Grupo I. Tais resultados demonstram que a vitamina C possui a ação de

aumentar a síntese de colágeno , como demonstrado por Nusgens et al. (

2001) e Jategia et al. (2002), e que o laser em baixa intensidade aumenta

a qualidade do tecido de granulação cicatricial, caracterizado pela

presença de fibroblastos e capilares neoformados (Escola et al., 1985;

Schenk et al., 1985; Garcia, 1992), principalmente no período de 3 dias.

Aos 7 dias, as feridas experimentais também demonstram

processo de reparação mais acentuado que as feridas do Grupo I

(controle). O Grupo III apresenta-se discretamente mais favorável que o

Grupo II, com proliferação epitelial mais pronunciada, tecido conjuntivo

mais organizado e feixes de fibras colágenas mais espessos. A ação do

laser observada neste grupo, comparando-o com o Grupo I e II é

corroborada por Garcia (1992), que demonstra que o laser, neste período,

acelera a epitelização e a síntese de colágeno.

Aos 14 dias, as feridas de todos os grupos apresentam-se

epitelizadas, e o epitélio mostra-se bem diferenciado, com exceção do

Grupo I (controle), onde alguns espécimes apresentam o epitélio menos

organizado. Nos Grupos III e IV os feixes de fibras colágenas são mais

espessos.

Ainda na análise dos resultados, cabe salientar que o uso

isolado da vitamina C somente foi superior ao uso do laser no período de

3 dias, com relação à formação de fibras colágenas. De qualquer forma, o

Grupo II apresentou melhores resultados que o Grupo I, principalmente

nos períodos de 3 e 7 dias. O grupo III foi superior ao grupo II,

demonstrando assim que a aplicação do laser de baixa intensidade é

superior á aplicação da vitamina C isoladamente. Por outro lado, é

indiscutível que a reparação mostrou-se mais diferenciada e favorável nas

feridas do Grupo IV, onde a vitamina C foi utilizada em associação com o

laser.

Diante dos resultados apresentados, pode-se inferir que há

uma ação sinérgica entre a aplicação de vitamina C e laser sobre os

eventos da reparação tecidual. Porém, com a metodologia utilizada, fica

impossível descrever o mecanismo exato pelo qual isso aconteceu.

Algumas observações merecem ser discutidas, e

provavelmente poderão ser objetos de estudo de novas pesquisas, dentre

elas:

- como se dá o mecanismo de aceleração no reparo tecidual

com o uso da vitamina C e do laser?

- por que o uso tópico da vitamina C aumenta a produção

de colágeno?

- como se comportariam feridas cutâneas de cobaias

escorbúticas frente a este tratamento?

- qual o mecanismo exato do sinergismo observado entre o

laser e a vitamina C?

Este estudo demonstra a possibilidade do uso tópico de

vitamina C associada ao laser de baixa intensidade para promover a

aceleração da reparação tecidual. Porém, acreditamos que novas

pesquisas ainda deverão ser realizadas, contribuindo ainda mais para

consolidar o emprego do laser de baixa intensidade na odontologia atual.

07- CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos e de acordo com a

metodologia utilizada, podemos concluir que:

1. todos tratamentos propostos mostraram-se

efetivos na reparação de feridas cutâneas

quando comparados ao grupo controle, não

tratado.

2. o uso tópico de vitamina C associado ao

laser em baixa intensidade foi o que mostrou

resultados mais favoráveis, em todos os

períodos da reparação.

3. o uso isolado da vitamina C ou do laser em

baixa intensidade mostrou-se efetivo sobre a

reparação, com evidências mais favoráveis

do que as feridas não tratadas (controles).

08- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RESUMO

O processo de reparo em feridas cutâneas vem sendo

continuamente estudado por muitos pesquisadores, principalmente após o

advento do Laser. Sabe-se que a vitamina C é imprescindível para a

síntese de colágeno, mas poucos relatos documentam o uso tópico desta

vitamina, em feridas cutâneas, associado ao laser de baixa intensidade.

O presente trabalho propõe avaliar o processo de reparação

em feridas cutâneas de ratos submetidas ao tratamento tópico com

vitamina C e laser de arseneto de gálio e alumínio (685 nm) isoladamente

e em associação.

Para tanto foram usados 96 ratos, divididos em 4 grupos de

24 animais cada um. Após anestesia geral e tricotomia da região dorsal,

foram realizadas feridas no dorso de todos os animais, que receberam o

seguinte tratamento: No grupo I (n=24) as feridas não receberam nenhum

tratamento e foi considerado controle; no II, imediatamente após a

realização da ferida, aplicou-se topicamente vitamina C; no III foi aplicado

laser de AsGaAl (685 nm, pontual, contínuo e única, 50 mW, 4.5 J/cm²,

tempo de exposição total de 90 segundos, 225 J/cm²) enquanto que o

grupo IV recebeu aplicação tópica de vitamina C , seguida imediatamente

da aplicação do laser (da mesma forma descrita para o grupo III). Os

animais em número de 8 para cada grupo foram sacrificados nos períodos

de 3, 7 e 14 dias.

Os resultados obtidos permitiu-nos concluir que 1) todos

tratamentos propostos mostraram-se efetivos na reparação de feridas

cutâneas quando comparados ap grupo controle, não tratado; 2) o uso

tópico de vitamina C associada ao laser em baixa intensidade foi o que

mostrou resultados mais favoráveis, em todos os períodos da reparação;

3) o uso isolado da vitamina C e do laser em baixa intensidade mostrou-

se efetivo sobre a reparação, com evidências mais favoráveis do que as

feridas não tratadas (controles) e 4) O uso isolado do laser em baixa

intensidade mostrou-se, nos períodos de 7 e 14 dias, mais efetivo que o

grupo tratado somente com vitamina C.

UNITERMOS: Laser, Reparação tecidual, Vitamina C

ABSTRACT

The repair process of skin wound has been steadily studied

by many researchers, mainly after the laser occurance. Vitamin C is known

to be vital to the collagen synthesis, but few reports record the topic use of

this vitamin, in skin wounds, associated to low-level energy laser.

This current project is up to evaluate the process of repair in

skin wound of mice subjected to topic treatment with vitamin C and

aluminum and gallium arsenide laser isolatedly and associatedly.

To do so, 96 mice were used, divided by 4 groups of 24

animals each, which received the following treatment: in group I (n=24) the

wounds did not receive any treatment and was considered control; in group

II, immediately after being wounded, vitamin C was topically applied; in

group III, laser of AsGaAl (685 nm, punctual, continuous and single,

50mW, 4.5 J/cm²total exposition time of 90 seconds, 225 J/cm²), whereas

group IV received topic administration of vitamin C, immediately followed

by laser administration (in the same way described for group III). The

animals, divided by 8 in each group, were killed within 3, 7 and 14 days.

The result obtained allowed conclude that: 1) all of the

suggested treatments showed to be effective in the repair of skin wound

when compared to control; 2) the topic use of vitamin C associated to low-

level energy laser showed the most positive results, in every repair term; 3)

the isolated use of low-level energy laser and vitamin C showed to be

effective over repair, more favorable than non-treated wounds ((controls)

and 4) the isolated use of low-level energy laser showed to be, within 7 and

14 days, more effective than the group treated only with vitamin C.

Key words: laser; wound healing; vitamin C