rendemos graças a deus pela vida de todos os religiosos...

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AGOSTO DE 2017 SETEMBRO DE 2017

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O mês de setembro é uma verdadeira primavera para nós, Religiosos de Sion. Há 105 anos pisavam nesta terra de Santa Cruz “os pés dos mensageiros que vinham anunciar” (Is 52,7) o Shalom de Deus. Os filhos de Sion, Pe Charles Hoare, Pe Marc Givelet e Pe Arnaldo Dante chegaram ao Brasil em 17 de setembro de 1912, trazendo a esta terra a semente da boa nova de Sion, cujos frutos somos nós, hoje. Na primavera de 2017 olhamos para nosso passado e rendemos graças a Deus pela vida de todos os religiosos que nos precederam, doando sua vida pela causa de Sion. Neste Boletim IN SION do mês de Setembro, mês da Bíblia, buscamos olhar a vida de Pe Theodoro e conhecer sua grande fonte inspiradora, a Sagrada Escritura do seu Povo. A Palavra de Deus tem lugar central em nossa Congregação e nós a lemos a partir do seu solo de nascimento. Nós, de maneira única na Igreja temos a vocação de “escutar a Palavra de Deus na Escritura e na Tradição – de Israel e da Igreja”, conforme professamos em nossas Constituições. Pe Theodoro nos ensina que é “preciso impregnar-se da Palavra e reagir a seu favor dizendo: sim”. O Pe Faustino nos ajuda a compreender a relação de Sion com a Palavra de Deus e somos ainda convidados a refletir sobre o chamado de Deus na Sagrada Escritura. Por fim, oferecemos para sua leitura o relato da chegada dos primeiros religiosos de Sion ao Brasil, feito pelo Pe Givelet para o Capítulo de 1919. Boa leitura!

IN SION FIRMATA SUM Setembro de 2017

Sion e a Bíblia

Quando nos solicitam falar de Sion e a Bíblia, temos por hábito apresentá-los sob formas definidas, dogmáticas. Sion é, a Bíblia é. Ainda que semelhante procedimento seja eficaz, não raro deixamos no silêncio muitos ensinamentos que eles encerram. Sem dúvida tudo isso depende da leitura que se faz dos dois elementos. Assim, por exemplo, o próprio título do artigo suscita uma reflexão. Porque Sion em primeiro lugar e não a Bíblia? Enquanto pensamos sobre a razão, à semelhança dos rabinos, dar-me-ei a decifrar o símbolo Sion em partes e a analisá-las. Não sei se é por amor ou por ter laivos de poeta, inicio dividindo a palavra Sion. Dividida ela se apresenta assim: Si+on. O que poderiam Si e on dizer apreendidos separadamente?

Si... De imediato, me vem à mente a função desta partícula gramatical: uma condição, uma posse, uma reflexão. Mas só? Não, Sion, para mim, é algo mais ou diz mais do que sei. Si, si, si... Sim, a musica! Si é a sétima nota de uma escala musical. Esta nota é denominada sibilante, direi eu, suplicante. Ela exige uma continuidade: ou um acorde final, ou o início de uma nova frase musical. Continuidade essa que é, segundo minha leitura, o on que a solicita, aquele bis que se houve quando uma música agrada. Tomo o on na sua assonância. Se o pronunciarmos bem, sem fechar imediatamente os lábios, ele parece exigir uma continuidade do nome pronunciado, uma sonoridade ad infinitum.

Para ilustrar o on, cito os primeiros versos da ópera Nabuco de José Verdi: «Vá pensamento sobre asas de ouro, vá, paire (pousa) sobre as encostas e os vales...» (cf. Sl 137). Som e palavra vão para além de sua fonte. O que dizer do sopro do Senhor pairando sobre o caos e a palavra Luz que Deus pronuncia?

A Bíblia, além de tantos substantivos que a designam, é sobretudo, Palavra. Um como que partitura da saga histórica do Sopro e da Palavra de Elohim através do tempo e do espaço. Do Fiat lux da Criação suscitando a História e nela mergulhando para também ser História: “E a Palavra, gerada pelo sopro, se fez carne e habitou entre nós”.

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Vá pensamento-palavra... Sion e Bíblia: dois elementos que se evocam. O termo evocar traz em si uma ação de

lembrar, mas também de suscitar, dar alento, propiciar a vida. A Bíblia, em si, é a Palavra escrita que deve ser constantemente evocada na História. Diria até versos eloquentes necessitados sempre de uma nova melodia. Sion, por assim dizer, é o instrumento que pode e deve propiciar esta melodia à Bíblia através dos tempos. Uma melodia inovadora e não monótona e repetitiva. Uma melodia contemporizada a fim de que a Palavra seja ouvida e apreendida segundo cada época da História. Segundo nossa tradição cristã, a Palavra deu-se toda em Cristo. Porém, o Cristo-Palavra ainda não atingiu toda a História. Porque, então Sion por primeiro e a Bíblia depois? Historicamente, Sion foi chamada ou designada para evocar a Palavra: suscita-la a fim que a mesma, pelo som-sopro, suscite à vida a quem nela confia e crê. Creio que “Cantai o Senhor um cântico novo” tem muito a ver com Sion. O que dizer de “Deixa-me ouvir a tua voz” (cf. Os. 2,14).

Faustino Bartikva, nds

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Experiência bíblica de Pe Theodoro

A palavra é o que ele aprofunda incessantemente durantes estes seis anos. Que encerra ele neste termo? Certamente a Palavra textual da Escritura, habitada pelo Espírito de Deus, a linguagem dos acontecimentos da História, mas ele introduz também, o absoluto da Palavra tão tipicamente judeu: a Palavra substância. Cristão, ele crê como São João que a Palavra se encarnou e se compraz em repetir: “O Verbo se fez carne”. Que é, diz ele, que prova a divindade e a missão de Jesus Cristo? - Sua Palavra, pois sua Palavra é a manifestação de sua vida e esta vida é Espírito, Luz, Verdade. Ele compreendeu que o Deus do Antigo Testamento, o Deus dos judeus, não é um Deus de temor mas de ternura: “O amor é a substância da religião, o resumo da Lei e dos Profetas”; para ele, os dois Testamentos são um só e o Antigo guarda toda sua atualidade: “Não é história antiga, é história contemporânea, é nossa própria história”. Este amor da Palavra clareia, desde o começo de sua fé cristã, a confiança extrema que dedica a Maria. Ela é, antes de tudo, aquela que guarda a Palavra no coração: Ela guardava a Palavra, tudo aí está. É preciso

impregnar-se da substância da Palavra, é preciso reagir a favor desta Palavra

dizendo: Sim. “Ela a guardava para praticá-la em qualquer situação. É pela meditação que ruminava no coração as divinas palavras por ela ouvidas”.

Pe Theodoro Itinerário à luz da Palavra de Deus

O chamado

Deus é reconhecido como aquele que fala. Ele se comunica com os homens através de vários meios, seja por meio da natureza ou pelos profetas. Escolhendo Israel para escutar este chamado (שמע) e propagar este conhecimento amoroso (Dt 6,4) tomando-se uma forma de promessa revelada a Abraão e continuamente através dos patriarcas, assumindo uma promessa comprometida com os escravos no Egito. Mas para que se cumprisse este Êxodo foi necessário o Shemá de Moshe (Moisés) e sobretudo seu Hinene (eu estou aqui). Mas este diálogo do Eterno com Moshe vai além de uma promessa, a Palavra toma forma de escrita no Sinai. Esta escrita passa a ser as Sagradas Escrituras ditadas por Deus e talhadas por Moshe. Mesmo ela sendo escrita é necessário o nosso hálito para dar vida à palavra que esta adormecida em forma de letras. Moshe com seu hálito oral portador da palavra de Deus, reconhecido como profeta por transmitir a palavra de Deus, ou como outros profetas: Isaias, Ezequiel e Jeremias que são seduzidos por Deus, acolhem sua

palavra e a transmitem. Nós como criaturas e portadores de razão, que

enxergam e precisam da revelação de Deus para cumprir o seu papel humano de cocriadores do Eterno. Na qual ele próprio tem relação com o homem reciprocamente, Deus cria o mundo, cria o homem, se revela para o homem, e o homem se revela para Deus mesmo Ele já nos conhecendo, é necessário usarmos o nosso livre arbítrio para revelar-se, da mesmo forma que devemos atuar sendo “ser humanos” com o nosso livre arbítrio no mundo, que é onde faremos a redenção, modelando novamente os vasos quebrados pelo próprio homem. Para isso, como está exposto em Bereshit que haja luz, e a luz passou a existir, compreendemos que, dizer é fazer, dando um suporte e agregando mais um sentido ao parágrafo anterior na qual falamos sobre ler a Torah com o hálito de vida. Por conseguinte, o segundo Testamento prolonga esta perspectiva e a aprofunda. Jesus, o Verbo Divino que se fez carne em forma humana e habitou entre nós, nos mostra o poder da palavra prolongando-a ao mundo gentílico, agregando-os na promessa da aliança dando a esperança que nos enxerta a Jerusalém celeste, através de Si mesmo.

Jorge Candiani

Que Maravilhosa promessa sobre o restabelecimento de Israel! Foi em 1835, enquanto ensinava na escola da Rue de la Toussaint, em Strasbourg, que

Teodoro Ratisbonne escreveu os comentários sobre os textos da Sagrada Escritura para satisfazer seu atrativo pela meditação da Palavra de Deus. Esse texto, difícil de se ler, é no entanto muito interessante. Primeiramente testemunha que

Teodoro releu todo o Antigo Testamento de fio a pavio, se bem que já o tivesse lido por ocasião de sua conversão. Apesar de não citar os Padres da Igreja, acontece que não consegue se desenvencilhar da tipologia nem da maneira analítica de estudar um texto que lhes é própria. Livre da preocupação de publicação ou pregação , revela realmente sua meditação pessoal. Frequentemente apenas copia um ou outro versículo, sem nada acrescentar. Quando anota uma reflexão, é em geral, sobre versículos que habitualmente passam despercebidos. Quais os livros em que mais insistes? Os Salmos, Sabedoria, Tobias, Miqueias, Joel,

Zacarias, Malaquias, entre os profetas. E os temas? Amor e confiança em primeiro lugar. Depois a escuta da Palavra (ele comenta

assim, Ez 3,2: ‘É necessário, com efeito, absorver o livro da Palavra divina e alimentar-se abundantemente dele, antes de anunciar a Palavra’). Humildade (‘E era preciso que o Rei de Israel se pusesse em campanha para correr atrás de uma pulga, como se corre pelas montanhas atrás de uma perdiz?’ Anota: ‘É assim, que a humildade de Davi desarma a inveja e a cólera de Saul’.). Anota particularmente todos os versículos que falam de alimento, de pão, certamente com preocupação eucarística. Anota também muitos versículos nos quais vê provavelmente uma preparação longínqua da fé e da ressurreição. Enfim, copia frequentemente as orações que se encontram na boca dos personagens do antigo testamento, em Jonas, por exemplo, que citará ainda em seu comentário de São Mateus, talvez por achar que a história de Jonas é para ele típica da historia do povo judeu em sua morte e ressureição. Que busca ele ao reler novamente a Escritura? Diversas pistas se apresentam: Procura

provavelmente alimentar sua sede de absoluto e a aprofundar seu amor pelo Cristo. Ao comentar 1Rs 4,4-43 (multiplicação dos pães por Eliseu) anota: ‘Figura da multiplicação dos pães: dir-se-ia que cada profeta, cada patriarca. Cada homem de Deus figurou de antemão algum fato ou alguma parte da vida de Jesus Cristo’. Procura também, diríamos nós hoje, fazer uma leitura ‘pascal’ da história de seu povo para

ainda mais aumentar sua esperança na realização das Promessas para com ele. Acrescenta - com tristeza - muitos dos textos que anunciam seus sofrimentos, mas também - com prazer - muitos versículos que anunciam sua reunião e sua salvação. É assim que, ao comentar o versículo: ‘Mas Judá será habitada para sempre e Jerusalém, de geração em geração’ (Jl 3,20), exclama: ‘Que promessa positiva do restabelecimento de Israel’. Em todo seu comentário sente-se um movimento de vai e vem entre a angustia e a alegria. Anotações muito curtas o revelam. Em 1Rs 28,13: ‘Este último versículo’, diz ele ‘é notável, indica que Saul, apesar de sua infidelidade e dos castigos que sofre, não fica separado do profeta na outra vida: ‘estareis comigo’’. Talvez, hoje, daríamos nós outro sentido a esse expressão, mas mesmo em seu contrassenso, não revela este comentário o âmago do pensamento de Theodoro? Theodoro Ratisbonne - Primeiros Escritos

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Leitura do Primeiro Testamento, por Pe Theodoro

Qual é o fundo das Sagradas Escrituras? É o próprio Deus. Eu vos havia dito: a palavra viva contém a substância daquele que fala. Por consequência, a Palavra Divina contém a substância de Deus, a

vida de Deus, o espirito de Deus; isto porque achamos na Escritura Santa as características da Divindade. E para expor estes pontos de uma maneira geral eu me coloco em atenção a essas três características que nós achamos na Escritura Santa: Amor, Verdade e Beleza soberana. Achamos amor, porque Deus é amor; Verdade porque Ele é a verdade; e a Beleza é o caminho deixado pela verdade e pelo amor do Criador.

Theodoro Ratisbonne - Vida Religiosa em Sion

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1908, primeiro religioso de Sion no Brasil

Padre Colson citou em seu livro um relatório do Pe Givelet que falava sobre o pedido que as Religiosas de Sion, no mandato de Madre Augusta, fizeram aos Padres para que se estabilizassem no Brasil. “As religiosas de Nossa Senhora de Sion estabelecidas no Brasil depois de 1889, e que aí são muito conhecidas pela sua obra de educação das moças da alta sociedade, tinham, repetidas vezes, pedido aos Padres que se juntassem a elas no teatro de seu fecundo apostolado. Eles poderiam vir em auxilio das irmãs no serviço espiritual dos pensionatos e depois, uma vez aberta a porta, lançar-se em um campo de ação mais vasto, e, satisfazer as necessidades religiosas de uma população muitas vezes privada da presença do padre e dos socorros de seu ministério.”

Segundo registros históricos, em 1908, Pe Givelet fez uma viagem para Brasil. “O Pe partiu para a América, deixando... algumas roupas e outros pertences”, conta os Annales de la Mission NDS en Terre-Sainte (n. 121). O que aconteceu e quando chegou é muito incerto, não se sabe ainda se o primeiro embarque foi no Rio de Janeiro, em Petrópolis – sede das Religiosas – ou na cidade de São Paulo, quais foram suas ações e seus movimentos no Brasil, mas o interessante é que o Pe Givelet esteve na cidade de Curitiba. A Madre Marie Agatha, que residia nesta cidade do sul do Brasil escreveu uma carta ao arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva no dia 22 de dezembro de 1908, contado sobre os acontecimentos da comunidade e no final falava também da partida do padre da comunidade de Curitiba: “Pe Givelet partiu deixando nossas almas reconfortadas pela sua palavra luminosa e prática mantido pelo espirito de nosso Venerável Padre Fundador...”.

Segundo o Pe Bavoso, após empreender esta viagem ao Brasil, o Pe Marc “pregou inúmeros retiros as Religiosas de Sion.”

Os Annales de la Mission de NDS en Terre-Sainte de 1909 (n.122), conta que o Pe Superior não se encontrava ainda em Jerusalém, pois foi pessoalmente cuidar de alguns interesses da Congregação no Brasil. “O Reverendo Pe Superior deveu se abster alguns meses para ir ao Brasil onde o chamaram de ‘graves interesses’.” Esta viagem ao Brasil lhe deu grandes esperanças de construir neste país algo novo, dando força a Missão de Sion no continente americano.

O acolhimento que lhe foi feito, as reflexões que ouviu, as novas perspectivas de um grande bem a se conquistar para a Congregação, vocações mais numerosas, atraídas pelo desejo das Missões longínquas; tudo contribuiu para fortificar lhe o desejo de ai abrir uma casa, cujo fim seria a consagração ao múnus das missões rurais brasileiras e no trabalho conjunto com as capelanias de Sion, narra Pe Bavoso.

Padre Bavoso, em seus escritos, conta que quando o Pe Givelet chegou “seu coração não pode deixar de observar a grande falta de clero. Vastas paroquias, regiões imensas sem sacerdotes. A messe estava madura e faltavam os obreiros.”

Possivelmente, o Pe Givelet retornou a Jerusalém em agosto de 1909, pois, segundo os Annales, ele entregou às Irmãs um grande título, que fora dado pelo Papa Pio X, para a Associação de Oração pela conversão de Israel. É possível que vindo do Brasil, Pe Givelet tenha ido direto para Roma depois para Paris, ou o contrário, contudo, ele traz uma benção apostólica para a Associação em Jerusalém. Mas a certeza sobre o Brasil, fazia seu coração

arder, “Superior Geral de uma família religiosa o Pe Marc tomara sua decisão.” Cristiano de Almeida, nds

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Biografias - Pe Arnaldo DANTE

O Padre Dante nasceu em 03 de outubro de 1885, em Trento. Chegou à pequena Comunidade de Issy, em outubro de 1897. Foi ordenado padre em 1911. Com o projeto das Missões no Brasil, foi junto com o Pe Givelet e o Pe Hoare ao Brasil em 17 de setembro de 1912. No inicio de 1915, o arcebispo de São Paulo tendo oferecido aos padres residência em sua arquidiocese, o Pe Dante torna-se pároco na Igreja do Cambuci e foi um dos fundadores da Paróquia São José do Ipiranga, tendo sido o primeiro pároco da mesma. Sucede, em 1922, o Pe Givelet na coordenação das Missões no Brasil. Grande trabalhador e construtor, sob sua direção é que foram construídas todas as casas de Sion no Brasil. Faleceu em 12 de dezembro de 1970, no Ipiranga.

Os pioneiros da obra de Sion no Brasil, por Pe Givelet

A missão dos padres missionários de Nossa Senhora de Sion foi decidida em Capítulo, no ano de 1912, e começou a se realizar quase que imediatamente. Os padres Givelet, Arnaldo Dante e Charles Hoare, designados para empreendê-la, embarcaram em Cherbourg, no dia 30 de agosto e chegaram a Santos, no navio a vapor “Arlanza”, depois em São Paulo, no dia 17 de setembro. Uma casa, organizada pelas irmãs de Sion, e gratuitamente colocada à sua disposição, no número 40 da rua Maria Antonia, por uma generosa benfeitora, Sra. Sebastiana de Mello Freire, lhes havia sido reservada, e os abrigou até à tomada de posse da casa paroquial de Cambuci, em fevereiro de 1915. O Pe Jean Pierre Fusenig veio, em setembro de 1914 aumentar o número de missionários, mas os abandou no fim de 1916.

Nos últimos dias de abril de 1915, o Ir Ridpath chegava, por sua vez; e por último o Pe Ernesto Pilati fazia sua entrada em São Paulo, em 1º de setembro de 1918.

Os primeiros missionários se puseram corajosamente, desde sua chegada, a estudar a língua portuguesa; missão difícil, e da qual nunca chegaram ao fim com pleno sucesso, seja porque as aulas que recebiam foram interrompidas muito cedo, seja porque habitualmente lhes faltavam as oportunidades, e ainda lhes faltem, de viver exclusivamente em meio brasileiro, presos à necessidade salutar de só ouvir e só falar a língua do pais. 1. A questão do ministério

Logo que se instalaram em São Paulo, o Pe Givelet assumiu a função, que conserva até hoje, da capelania do pensionato, ou, como se diz no Brasil do Colégio NDS. A entrada dos padres neste grande cidade fora subordinada à aceitação desta função; e dela dependia, portanto, a fundação projetada com seus futuros desenvolvimentos.

A capelania de Sion, em São Paulo, não é diferente das capelanias que os Padres ocuparam ou ainda ocupam em outros países; celebração do Santo Sacrifício e dos ofícios religiosos; confissão das religiosas, das alunas e de algumas outras pessoas de fora, em número restrito, aulas de catecismo nas duas línguas; instruções aos domingos ou discursos de circunstância; alocuções às Filhas de Maria. Em grandes linhas tal é o ministério, indispensável em todos os lugares, e fecundo. A ignorância religiosa que reina ainda, e muito, no Brasil só é eficazmente combatida pela ação lenta, mas profunda, das casas de educação cristã; e de uma geração à outra, pode-se constatar os progressos sensíveis obtidos, na ordem da crença e na ordem da prática, por esta influência tão irresistível, quando é suave e continua. A estas considerações

acrescentemos que a clientela dos pensionatos de Sion se recruta de preferência nos meios sociais relativamente elevados, o apostolado exercido junto às crianças se espalhará mais tarde, a seu redor e pro meio delas, numa esfera mais ampla e com uma expansão mais poderosa.

Desde o mês de dezembro de 1912, precisamente no dia seguinte à festa da Virgem Imaculada e sob sua proteção, a obra das missões no interior se inaugurou para os padres Dante e Hoare. Um velho padre jesuíta, muito experiente e benevolente, o Pe Rossi, os iniciou pouco a pouco neste ministério tão frutuoso e belo. Não tenho aqui que explicar o que são estas missões junto as pessoas pobres, da roça, entre os quais muitos até então nunca tinham visto um padre. Algumas de nossas Cartas Sioniennes de 1913 e de 1914 nos deram uma ideia bastante exata. Elas são muitas vezes sofridas e cansativas. O alimento, o alojamento, o dormir, os insetos, as cobras, as intempéries das estações, as intermináveis sessões dedicadas às confissões de caboclos sem formação que nem conhecem as verdades necessárias para a salvação, nem o modo de conhecer e de acusar seus pecados, nem como nem porque se deve arrepender; os jejuns, às vezes prolongados demais impostos pelas missas tardias, as viagens por estradas quase impraticáveis com os meios de transporte perigosos e esgotantes, tudo contribui para fazer da missão na roça um exercício de penitência, tanto quanto de zelo, por quem o empreende.

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Mas as consolações ultrapassam, de muito, as penas e compensam ao cêntuplo as mortificações do apóstolo. Laços muito fortes se criam entre ele e estas almas, a quem ele, muitas vezes, está no direito de dizer literalmente com o apóstolo São Paulo: “in Xsto Jesu ego vos genui”. Ele ensina, ele batiza, reconcilia os homens com Deus e com os outros, faz primeiras comunhões em grande número, alimenta as multidões com o pão da vida verdadeira, visita e consola os doentes, dá aos moribundos os últimos sacramentos, regulariza as uniões ilegítimas, abole na medida do possível as superstições, consagra as almas à Santíssima Virgem, deixa elevada, como lembrança de sua passagem, uma grande cruz que os cristãos mais robustos disputam a honra de transportar até um lugar elevado, donde ela dominará toda a região ao redor, e recordará aos que lançarem seu olhar sobre ela e que a saudarão de perto ou de longe, os ensinamentos do missionário. Os dois padres, Dante e Hoare participaram, juntos ou sucessivamente, de uma vintena de missões. Seu único desejo seria de continuar esta obra, que deve ser a nossa, e que, para ser garantida, supõe a presença de ao menos cinco padres no centro sioniense de São Paulo.

Entrementes fizemos uma tentativa de instalação em Bragança, cidade pequena situada a uma centena de quilômetros da capital; após alguns meses de experiência foi necessário renunciar a ela. Outra fundação que se pensou em criar, em Rio Preto, na extremidade nordeste do estado de São Paulo, em setembro de 1914 não teve melhor resultado. Finalmente em fevereiro de 1915, o senhor Arcebispo D. Duarte Leopoldo e Silva, confiou aos padres de Sion o governo da paróquia do Cambucy, numa periferia de sua cidade episcopal. O Pe Dante foi nomeado pároco e o Pe Hoare, cooperador.

Eu estaria invadindo os direitos do primeiro se eu me permitisse lhes explicar o caráter e o movimento desta obra importante, suas dificuldades, seus recursos, suas esperanças. O Direito Canônico, de fato, reconhece ao religioso que administra uma paróquia, plena independência diante do seu superior no que se refere ao exercício de suas funções curiais. Foi-me claramente dito, e mais ainda foi-me mostrado. Por isto sinto-me incompetente neste assunto, e os senhores, como eu, estão sem autoridade para fazer um julgamento sobre uma obra confiada, de fato à congregação, mas cujo titular por ela designado, se torna, diante dela, por sua vontade traço de união ou muro de separação.

No dia primeiro de setembro de 1918, o Pe Dante, cansado, a seu pedido, era dispensado de suas funções pastorais, que passavam às mãos do Pe Hoare. Este, infelizmente, não pode exerce-las por muito tempo. Pouco depois ele caiu doente, e à seis meses, se encontra reduzido a uma impotência quase total, por uma espécie de apatia, de neurastenia, cujo caráter não foi claramente definido. Parece que o remédio para este estado de saúde inquietante será o chamado do Pe Hoare para a Europa, por um tempo indeterminado. No mês de março de 1916, nós comprávamos um amplo terreno, acrescido e completado, no dia 24 de agosto de 1918, com a aquisição de uma parcela complementar, em nome da Sociedade “Theodore Ratisbonne”, legalmente constituída e reconhecida.

O conjunto desta propriedade representa de 11 a 12 mil metros quadrados. Sua situação no distrito do Ipiranga, numa altitude conveniente, é vantajosa; e nossa propriedade pareceria chamada a valorizar num futuro próximo. Nós construímos nele uma casinha, provisória, por onde se instalar dois padres e um irmão ou um empregado. No alto do terreno começa a se elevar uma igreja que será bastante vasta para acolher de 3 a 4 mil pessoas.

O altar mor e as capelas laterais estão em vias de acabamento. Se os recursos não nos faltarem, quem sabe, conseguiremos cobrir a nave dentro de alguns meses. O objetivo que nos propusemos empreendendo tal obra considerável é, sem dúvida, assegurar o atendimento religioso a uma população, em sua maior parte operária, quase totalmente pobre. Este distrito, que até agora depende do Cambucy do ponto de vista eclesiástico, conta com mais de 10.000 almas e tende a crescer sem cessar. Mas nosso objetivo ultimo vai mais além. Trata-se, em nosso pensamento, de assegurar à missão dos padres de Sion no Brasil, até agora sem uma sede própria, sem domicilio, que ela ocupe com o titulo de propriedade legal, a segurança indispensável para o amanhã, e uma garantia efetiva diante das surpresas do futuro e as mudanças das vontades humanas.

A Igreja que construímos, seja no futuro uma paróquia, ou não, será nossa propriedade de um modo ou de outro, nela exerceremos nosso ministério.

Relatório do Capítulo de 1919 - Trad. Ilário Mazzarolo, nds

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Álbum dos pioneiros

Natividade de Nossa Senhora, por Pe Theodoro

Uma rebento brotará da raiz de Jessé"(Is 11, 1) Saudemos com alegria a festa da Natividade da Virgem Mãe, que é o primeiro elo da cadeia de todas

as festas cristãs. Somente Deus conhecia a proeminência do futuro reservado a essa criatura abençoada. Descendente dos patriarcas, dos profetas e dos reis de Israel, era, no entanto, mais ilustre pela sua nobreza interior do que pelos títulos dos seus antepassados. Seu nascimento traz mais alegria ao mundo, tal como a aurora desfaz a noite e anuncia os esplendores do sol, alegra a terra porque faz descer do alto as águas vivas que fertilizam os vales e as colinas; enche de júbilo o céu, que goza em contemplar a sua Rainha no berço de Sion; alegra, sobretudo, a Igreja que, toda impregnada dos sentimentos de Jesus Cristo, oferece hoje à Mãe do Senhor as mais carinhosas homenagens do seu culto filial. Reconheçamos, com santo Agostinho, não haver palavras bastante expressivas para louvar dignamente a Virgem cheia de graças; e, em carência de termos, consagremos-lhe os nossos corações transbordantes das efusões do nosso amor.

A Natividade de Maria será sempre uma data de alegria. Por Maria, brota a fonte de todas as graças e é ela que as espalha sobre nós. Supliquemos que nos alcance o aumento da paz de Deus, expansão nas alegrias da caridade, progresso no caminho do amor, inviolável fidelidade em nossos compromissos religiosos. Peçamos, sobretudo a Maria que presida ao nosso nascimento futuro, pois que, no dia em que nos libertarmos da vida corporal, renasceremos para uma nova vida; e se morrermos na graça de Deus, com Maria ressurgiremos na celeste Sion. Animados por esta esperança é que imploramos todos os dias a nossa divina Mãe: "Rogai por nós agora e na hora da nossa morte". Migalhas Evangélicas

Equipe de Eventos da Congregação

Rua Costa Aguiar, 1264 São Paulo - SP

[email protected] www.nds.sion.org.br/in-sion.html

Aniversário

Natalício 03.1992 - Elivelton S. Assis

11.1938 - Pe Jenuário Béo

13.1989 - Ir Maycon R. Custodio

15.1969 - Pe Manoel F. M. Neto

23.1943 - Pe Vitório M. Cipriani

Ordenação Presbiteral

15.1990 - Pe Benedito D. Vieira

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Novidades

Começamos a tornar disponível online o trabalho que nossos religiosos elaborado até aqui. Nosso carisma e nosso trabalho apostólico estão ligados diretamente ao anúncio da

Palavra de Deus, levando em conta principalmente o solo fecundo de onde Ela germinou: o povo judeu. Os livros podem ser adquiridos no site da loja virtual da Congregação. www.sion.org.br/loja