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AGOSTO DE 2017 ABRIL DE 2018

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Boletim

In Sion

N. 12 Ano. 2

Maio de 2018

Equipe de Eventos da

Congregação

Rua Costa Aguiar, 1266

São Paulo - SP

[email protected]

nds.sion.org.br/in-sion

EDITORIAL

Estimados confrades, Shalom! Estamos no mês consagrado à especial devoção à Mãe de Deus. Para nós de Sion este mês de Maio se reveste de significado todo particular: nele celebramos a data de nascimento e morte do Venerável Pe Maria Afonso Ratisbonne. Nosso “Bom Padre Maria”, como as Irmãs de Ein Kerem o chamavam, morreu com a idade de 70 anos, dentre os quais 42 deles dedicados à Obra de Sion. Contudo, é impossível contar a história deste nosso Venerável Padre Maria sem colocar no centro o evento do 20 de Janeiro de 1842. Naquele dia, o jovem Afonso é tocado pelo Céu e assim nasceu nossa Congregação. Neste mês de Maio, queremos dedicar todo este In Sion número 12 à memória do Padre Maria Afonso. Reproduzimos textos de historiadores que se debruçaram sobre a história dos Fundadores e de nossa Congregação. Por ocasião do 6 de Maio, diversas comunidades celebraram a memória do Pe Maria: em Jerusalém, onde os Religiosos da Região Europa-Israel se reuniram numa semana de estudos dos Fundadores na Casa onde Pe Maria morou e morreu; a Paróquia São José do Ipiranga organizou uma Semana Sioniense cujo tema era Jerusalém; nas Paróquias São Pedro, Nossa Senhora de Sion e Nossa Senhora da Consolata, também aconteceram celebrações por ocasião do 6 de Maio. Rogamos à Virgem de Sion que interceda por nós e nos ajude a perceber constantemente o sinal que nos foi dado em 20 de Janeiro de 1842.

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A INFÂNCIA

Nascimento do Número Onze Primeiro de maio de 1814, 24 dias após a abdicação de Napoleão em Fontainebleau, às 2 horas da manhã, Afonso Rastibonne nasce em Estrasburgo. A casa natal é situada entre as duas ruas de L’il, no antigo recinto do cruzamento da cidade surgida uma dezena de anos antes de Cristo. Esta casa existe até hoje: Rua do Vieux Marché, 44, no Poissons, a 150m da Catedral. Afonso é o décimo primeiro filho; porém, duas de suas irmãs morreram ainda bebês: Julie e Rosalie, às quais se lhe tinham dado os nomes de suas avós. Todas as duas morreram na primavera de 1800, deixando o jovem casal sem filhos... Afonso é então o nono dos filhos vivos. O surgimento de uma família A família Ratisbonne ocupa desde muito tempo o primeiro lugar na Alsácia, escreveu Afonso em 1842. O bisavô do recém-nascido era Naftali CerfBeer, que morreu em 1793. Os judeus lhe devem as primeiras e decisivas etapas de sua emancipação. Seu pai, Augusto Ratisbonne, nascido em 1770 em Fürth, e sua mãe Adelaide, nascida em Estrasburgo, estabeleceram-se nesta cidade em 1812, depois de terem morado antes em Bischheim. Seus residentes progressivamente saíram da periferia para o centro da cidade.

01 a 06 de maio

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progressivamente saíram da periferia para o centro da cidade. A sua circuncisão provavelmente foi em 8 de maio de 1814), quando Afonso recebeu o segundo nome de Tobias. Este nome hebraico não consta em nenhum documento oficial e nunca foi usado no cotidiano. Afonso, porém, nunca se esqueceu desta herança de sangue, que se torna um símbolo e talvez um presságio: Tobias foi um amigo dos pobres, como também seria Afonso. Ele encontrará miraculosamente a luz pelo anjo Rafael. Segundo a tradição alsaciana, o mohel (aquele que circuncisa) ficou a noite antecedente na casa do casal estudando a

Torah até o amanhecer. Da infância de Afonso se tem muitas notícias. O grande

acontecimento é o nascimento da última filha, a amável e única

Ernestine, chamada carinhosamente por sua mãe de “bijoux” (joia). É ela

que polariza a atenção e a afeição de todos, é a ela que Afonso sempre

acalentava com mimos e brincadeiras.

A família cresceu e se instalou confortavelmente em 25 de julho de 1817 na Rua Vieux-Marché, 21, no bairro de Grains, num alinhamento de casas no ápice da colina. O número 71 orgulhava-se de ter o teto mais alto de toda a Alsácia, 5 andares. A casa grande e bela de número 21 é chamada Poële des Pelletiers, nome de uma antiga empresa de comércio de peles que aí se sediava. O edifício estava em ruínas, tinha uma fachada de 25m, e cobria três ruas. Augusto e seu irmão Louis cuidavam dos comércios de seus familiares.

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E “Poële” era como designavam a sala adornada de azulejos calorosamente coloridos, que eram o orgulho da casa.

Augusto estava estabelecido em sociedade comercial com seu irmão Louis. Ambos fundaram em 1821 um banco próspero. O testamento de Louis, morto em 1855, atestava uma fortuna de 2.617.390,80 francos.

Esta família judia conhecia em Estrasburgo uma situação nova, bem distante daquele 14 de fevereiro de 1349, quando tinham sido queimados mais de 2000 judeus, uma época que

fora como um apocalipse para os judeus, expulsos da cidade junto outros tantos estrangeiros.

E quanto a Afonso? Ele tinha então 4 anos e 6 meses; nós achávamos que ele se encontrava desamparado entre seus 10 irmãos, com sua sensibilidade aguçada, que perduraria por toda a sua vida. “A morte de uma mãe deixara um aniquilamento em uma família”, escreveu Afonso em 5 de maio de 1863.

Órfão em 8 de dezembro de 1818.

No começo de dezembro de 1818, 22 meses após o nascimento da pequena caçula Ernestine, Adelaide, dois dias depois de dar à luz uma bebê natimorta, morria de febre alta aos 39 anos.

Theodoro, o segundo filho, com 16 anos estava em Paris tendo suas primeiras experiências de trabalho no banco Fould. Esperando pela grande notícia do nascimento de usa irmã, recebe, ao invés disso, a da morte de sua mãe; tal notícia o deixa profundamente abalado. Ele adorava sua mãe, e sua morte o deixararia traumatizado por anos a fio. Este pesar, todavia, será uma das alavancas para a sua abertura a Deus.

René Laurentin, 1986

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AS FUNDAÇÕES DE PE MARIA EM JERUSALÉM

Vinte e dois anos tinham-se passado desde que Pe Maria introduzira a Congregação na Terra Santa; e suas fundações formam, seguramente, um dos mais belos capítulos do que ele mesmo chamava a “história milagrosa de NDS.” “Os empreendimentos do apóstolo,

de fato, constituem, considerando-se os obstáculos que ele teve que enfrentar, um milagre tão real, tão admirável quanto sua própria conversão. Só que, entre os dois, há uma grande diferença: em sua conversão o Pe Maria só teve que deixar a Virgem Santa agir... Em suas obras, o que parecia é que ela o deixava fazer; e ele teve que pagar com sua própria pessoa, da primeira à última hora”. Limpar as ruínas acumuladas no terreno do Ecce Homo, preparar as fundações, edificar o santuário, construir o convento, criar o orfanato, construir mais tarde um segundo orfanato em São João in Montana e um vasto estabelecimento para os rapazes em São Pedro, prover a subsistência de cerca de quatrocentas pessoas, este foi o programa cuja execução preencheu e esgotou lentamente a vida excepcionalmente laboriosa e crucificada do Padre Maria. Nas ruínas do Ecce Homo foi feito um Santuário, e “as escavações, já se viu, descobriram no interior do Santuário um dos dois arcos laterais, integralmente conservados graças a um monte de escombros sob os quais ele jazia. O segundo arco lateral, corresponde ao local de um convento de derviches (religiosos muçulmanos) que não existe mais.” O arco é dominado por uma soberba estátua do Ecce Homo, fruto do cinzel de um perito e generoso escultor polonês, o Conde Sosnowski. Dois anjos acompanham a estátua: um primeiro numa atitude de prece ardorosa, simbolizando a Igreja e seus filhos que saúdam e adoram com amor seu Salvador; o outro interpreta e personifica a missão de Sion é o anjo de Israel

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com as mãos juntas, os braços esticados e enrijecidos pela dor, a testa inclinada sob o peso do arrependimento. Ao pé do Ecce Homo repousa um diadema real, onde vieram se misturar, numa só homenagem, as ofertas do grande Pontífice Leão XIII e dos fiéis do mundo inteiro. No mês de junho de 1860 os Drusos, apoiados pelos Turcos, perpetraram um horrível massacre de cristãos em Damasco e em outras partes da Síria. Milhares de católicos foram martirizados, outros desapareceram, e inúmeras crianças abandonadas erravam pelas estradas a morrer de fome e expostas a toda sorte de perigos. Desejoso de recolher estas órfãs do Líbano e criar-lhes um estabelecimento estável, o Padre Maria procurou um terreno onde poderia construir uma morada que lhes fosse especialmente consagrada. Ele a encontrou em São João in Montana. O pequeno vilarejo, chamado Ein Kerem, situado a cerca de sete quilômetros ao sul da cidade Santa, é a pátria de João Batista. Sobre o local da casa de Zacarias e de Isabel eleva-se uma igreja servida de freis franciscanos. Em frente ao vilarejo, outra torre ergue-se sobre o pequeno santuário da Visitação; neste local, segundo a tradição, a mãe do precursor teria recebido a visita de Maria, e lá, pela primeira vez, teria ressoado o Magnificat. A primeira pedra do orfanato foi assentada no dia 2 de julho de 1863, e o prédio já pôde ser ocupado desde o dia 1º de maio de 1865. A casa de Pe Maria uma simples construção térrea que não chega a quatro metros de altura, com sete metros de frente e 14,50 metros de profundidade. Divide-se em três peças: na primeira ele recebia as visitas; a segunda era disponível para os padres de passagem; a terceira, o quarto do padre, constitui o último plano. Ela se tornou um relicário de família, no

qual cada objeto, conservado como um tesouro, fala do ausente e parece aguardar seu retorno. Sobre a mesa de madeira pintada, coberta com uma velha toalha, está o seu barrete, seus álbuns fotográficos e a estátua da Virgem Santa. No cabide está uma sacola contendo algumas peças, um sobretudo e uma bengala. À direita, vê-se uma cama bem modesta, composta de um colchão e de um travesseiro de crina. Os demais móveis são uma mesa de toalete, duas cadeiras e uma poltrona.

Desejoso de cuidar dos meninos desamparados, o Padre Maria buscou em Jerusalém por um espaço para abrigar os meninos. Primeiro achou uma casa que poderia conter certo número, insuficiente, todavia. A oeste, a vinte minutos da porta de Jafa, encontra finalmente um bom terreno ao qual, dizia ele, “uma circunstância providencial se liga e que o torna mais precioso: a tradição afirma que foi o lugar em que o profeta Isaías anunciou ao mundo o maior milagre do céu e da terra: Ecce Virgo concipiet et pariet Filium... Posso, portanto, confiar firmemente que a Virgem Maria e seu Divino Filho abençoarão os trabalhos que vou realizar neste local”. Para empreendê-los, era necessários uma planta e dinheiro. A planta foi encomendada mais uma vez ao Sr. Daumet. O dinheiro veio pela caridade cristã. O prédio central, concluído em setembro de 1879, foi, posteriormente, ladeado com duas alas que o bom Padre Maria não chegou a conhecer. Do alto dos terraços do Instituto São Pedro de Sion (este é o nome que se deu à nova obra), goza-se de um panorama fantástico. “A fachada principal olha para a porta de Jafa, as torres da cidadela de Davi e as

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construções dos armênios no Monte Sion. À nossa esquerda, escrevia o Padre Maria, temos o convento das diaconisas prussianas, e, mais ao longe, as grandes construções russas; à direita, um bairro novo, composto quase inteiramente de residências judaicas... Nossa posição é tão bela que domina quase toda a região; o horizonte se estende até o mar morto; o Jordão e as montanhas de Moab estão diante de nós; as estradas da Samaria, de Jericó, de Jafa, de Belém, de São João se desdobram diante de nossos olhos. É esplendido...” Quando o Padre Maria era questionado a respeito de como administrar tantas obras, respondia: “Eu não sei de nada, eu nunca calculei; a Virgem Santa está encarregada de prover tudo”. E o missionário silenciava sobre o quanto lhe custara em sofrimentos inauditos para a realização de tal programa: coletas multiplicadas, fadigas inúmeras, doenças que mais de uma vez o levaram perto do tumulo, grandes viagens empreendidas em qualquer estação do ano através da Europa, e completadas com o labor incessante de uma correspondência esmagadora. Maria foi sua consolação em todas as suas penas, seu grande motivo de esperança em todas as suas provações. “Eu nunca deixei de ver a intervenção de Maria, que, por sua vez, é a mão de Deus, não a mão que castiga, mas a mão das misericórdias; é por isto que permaneci confiante mesmo nos dias mais ruins”. Cheio de uma coragem tranquila no meio das tribulações, ele revela o segredo de sua força de alma nesta admirável profissão de fé: “Creio na ressurreição, na divina misericórdia, no amor de Maria e na vida eterna!”

Marguerite Aron Trad. Ilário Mazzarolo, nds

Pe Afonso Maria

MEMÓRIA

6 DE MAIO

HOMILIA DA MISSA DE EXÉQUIAS DO PADRE MARIA

“Deus mo havia dado, Deus mo tirou, que seu santo nome seja bendito”

Tais foram as palavras de Jó, este fiel servidor do Senhor em meio à sua grande dor, quando ele acabava de perder seus filhos, seus bens e tudo o que Deus lhe havia dado. A Igreja no-las faz repetir nos momentos de grandes provações. Sim, Deus fez o que quis. Ele no-lo havia dado este bom e caro Padre há 42 anos. Foi em Roma, centro da catolicidade, numa pequena igreja, que um judeu, em viagem de lazer, entra com seu chapéu à cabeça. E o que lhe sucede aí? A primeira Filha de Sion, a Virgem Santa, movida sem dúvida pelas lágrimas de um irmão a interceder em Nossa Senhora das Vitórias, e obedecendo ao apelo de seu filho Jesus, desce num raio de luz, e com um olhar somente o transforma. “Ela nada me disse, mas eu tudo compreendi! Mas o que foi que você compreendeu neste olhar de Mãe? Era a ordem de começar uma nova congregação, da qual Jerusalém devia ser o centro. Eis o que aconteceu há quarenta e dois anos. O Padre Maria compreendeu muito bem a sua missão. Após ter passado dez anos na ilustre Companhia de Jesus, com permissão papal, e inspirando-se em seu irmão Theodoro Ratisbonne, ele deixa a companhia, levando consigo, porém, a espiritualidade apostólica dela; e segue para Jerusalém, sem desconhecer que lá está a Cruz a esperar por ele, assim como sucedeu com o Senhor Jesus seu Mestre. E nós conhecemos efetivamente a Cruz, as contradições, as humilhações que ele teve que sofrer... Seus ombros, porém, nunca se dobraram acabrunhados sob o peso. Deus quando cria fundamenta sobre o nada. A Cruz, o nada e a humildade foram a base das obras do Padre Maria. A Virgem foi quem nos deu este bom Padre Maria, e devemos ser-lhe gratos, porque as orações no-lo conservaram alguns anos atrás na ocasião de uma grave doença, quando julgávamos que o perderíamos. Porém chegou o tempo em que um irmão do céu chamava pelo outro, e em que Maria ansiou por retomar um filho... E em que tempo mais indicado poderia morrer senão no mês de Maio, o mês de Maria, o mês das flores, ele cujo coração era como um buquê do mais agradável odor para sua Mãe? Seu irmão Theodoro morrera durante o esplendor da Epifania, a festa da gentilidade, de que ele foi um dos apóstolos. Maria veio buscar pelo filho no ninho que ele havia criado sobre o rochedo, um rochedo transformado por seus cuidados em um paraíso terrestre, em frente à colina da Visitação, após seis dias de doença apenas, em toda a plenitude de sua inteligência, prevendo tudo, ocupando-se com tudo. Foi ele, minhas queridas filhas, que me pediu para lhes transmitir

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suas bênçãos. Ele me disse também: “Quando eu estiver prestes a morrer digam somente o nome de Maria, isto me basta e eu prefiro isto a longas preces.” Nós não sabemos se no curso de sua vida o Pe Maria recebeu uma segunda visita da Virgem, mas é muito provável que ele a tenha visto em seus derradeiros momentos. Após ter dado dois longos suspiros prenunciadores da morte, ele cujos olhos estavam tão doentes e dolorosamente afetados, os abriu grandemente na direção do Céu com uma expressão inefável de doçura, depois ele mesmo os cerrou... um novo suspiro e sua alma abandonou seu corpo, indo para Deus. Foi uma suave transição da vida terrestre para a vida do Céu. Devemos chorar a partida deste bom Pai, que somente passou de uma morada para outra? Não digam que ele não existe mais, mas digam: ele repousa num doce sono, e nós ainda sentimos sua presença em nossos corações. Não, não pensem tê-lo perdido, e não temam pelo futuro de sua congregação. Vocês tem, para sustentá-la, dois fundadores; por isto este dia é um dia de alegria e de júbilo. Digam cada dia: eles nos deram muito hoje... amanhã receberemos ainda mais. O bom Pe Maria rezará para vocês, a fim de que Deus lhes conceda mais firmemente do que nunca a graça de guardar sua regra. Apeguem-se, sobretudo, à prática da humildade, virtude que ele praticava até à paixão, pode-se dizer. Quando ele devia partir para a França, solicitado pelo desejo de suas Madres, ele dizia na sinceridade de suas convicções: o que querem de mim que não sou capaz de nada?! A Virgem santa parece tê-lo ajudado para permanecer aqui e morrer nesta terra abençoada de São João; e seu coração ficar no Ecce Homo. As senhoras podem ir muitas vezes visitá-lo; sintam-se unidas a ele. E todos juntos nós rezaremos a ele e por ele, já que a Igreja assim o pede. Se nossas orações não lhe servem, elas não serão perdidas por isto; e agora digamos de todo o coração: “Viva Jesus que o resgatou! Viva Maria que o converteu!”.

Pe Estrate, 7 de maio de 1884

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MARIA E A LEITURA DO ANTIGO TESTAMENTO

Antes que o Filho Eterno de Deus se incorporasse nas suas entranhas, Maria já estava em relação com Deus pela Sagrada Escritura; ela lia a Palavra divina e a meditava no seu coração. O hábito desta meditação a tornava mais capaz de seguir, de meditar as palavras do próprio Jesus Cristo. Maria lia os livros sagrados; ela os lia com humildade profunda, com reta intenção, com imutável perseverança, e, pouco a pouco, esta palavra se infiltrava em seu coração, fertilizando seus pensamentos, enobrecendo-lhe os sentimentos e tornando-a capaz de todas as grandes coisas que o Altíssimo produziu nela (...). Qual é o fundo da Sagrada Escritura? É o próprio Deus. Eu vos disse: a palavra viva contem a substância de Deus, a vida de Deus, o espírito de Deus; eis porque encontramos na Sagrada Escritura caracteres da Divindade. E para vos expor este ponto de maneira geral, eu me limitarei a vos tornar atentos a estes três caracteres que encontramos na Sagrada: nela encontramos o amor, a verdade e a beleza soberana. Nela encontramos o amor, pois ‘Deus é amor’; por conseguinte tudo o que dele sai é amor, todas as palavras que escapam de seu seio de dileção, são cheias de amor. Assim em todas as paginas da Sagrada Escritura encontramos os testemunhos desta divina ternura. Desde a primeira folha do livro sagrado vemos despontar este amor. O sol, quando aparece no meio das trevas, ao despertar do dia, é uma aurora de Deus manifestado na Sagrada Escritura. Desde o começo, é um testemunho de amor: a misericórdia que se manifesta por fatos e se estende através dos tempos e dos espaços. São as promessas divinas, os caracteres luminosos do Salvador que virá redimir o homem perdido; são as grandes personagens cuja história contada na Bíblia, figura o Messias prometido, são os juízes, os Reis, tanto quanto as cerimônias do culto, os sacrifícios, a efusão do sangue; todos esses mistérios se referiam ao Deus de amor que devia se encarnar entre os homens. Tudo na Escritura é cheio de Jesus Cristo: ele é anunciado, figurado, profetizado; ele brilha em todas as paginas sagradas até o momento em que as profecias se realizam, quando o Verbo divino desce à terra. Então não são mais somente as figuras e um louvor cheio de amor; é o próprio

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próprio amor que fala, que abre o coração , que deixa que derramem seus sangue e que nos embriaga por assim dizer de todas as doçuras divinas. O que existe de mais forte para uma alma cheia de amor do que ler esses textos? Aonde poderíamos satisfazer as necessidades do coração, senão neste contato com a linguagem de um Deus que nos ama até se unir a nós, até se fazer semelhante a nós, até se entregar a morte por nós? (...) O segundo caráter da Bíblia é a verdade. Em todas as páginas, em todas as linhas, encontramos a luz que ilumina as questões capazes de nos interessar. Aprendemos, nesta leitura, o que é o homem, sua queda, os efeitos de sua decadência, as condições de seu retorno, a Providência que vela sobre cada um em particular, sobre os povos e sobre os impérios. Ai encontramos a chave da história, o mistério dos destinos eternos, o fundamento das esperanças humanas. Vemos tudo o que diz respeito ao mundo, à natureza, às existências que nos cercam. Tudo se encontra iluminado na Sagrada escritura e, embora não tenhamos a luz interior e a capacidade necessária para compreender estes altos mistérios, apesar desta cegueira do espírito que é uma consequência do pecado original, a Palavra divina recebida com fé, com humildade, nos dá, sob todos os aspectos, segurança ao coração. Em definitivo, apesar das imperfeições de nossa ciência, se nos deixamos instruir pela Palavra de Deus, se admitimos as revelações da Bíblia, sabemos mais sobre as coisas presentes e futuras, do que os sábios que contemplam o curso dos astros. Enfim, o terceiro caráter divino da Bíblia é o da verdadeira beleza. A

beleza é apenas o revestimento da verdade; o que é falso, nunca é belo. A beleza é o adorno da verdade, é o esplendor da luz; por conseguinte, se amamos o belo, se queremos formar em nós o gosto do belo e compreender o sublime, é preciso amar e admirar a beleza incomparável que se encontra em todas a páginas da Bíblia.

Theodoro Ratisbonne 25 de maio de 1860

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MARIA E ISRAEL

Dos sentimentos recíprocos de Jesus para seu povo Israel e de Israel verdadeiro para Jesus, encontramos uma fiel imagem, um doce e eloquente reflexo em Maria, sua mãe. Como diante do Pai, o Cristo concentra em si mesmo toda a missão de Israel, todo o Israel fiel, e já contém em si mesmo toda a Igreja, toda a humanidade nova, assim também diante do Cristo, Maria concentra em si mesma toda a aspiração, toda a espera, toda a missão preparadora de Israel, como ela já contém em si mesma toda a Igreja, esposa do Cristo. Figura eminente da Igreja, segundo uma visão tradicional, ela é também figura eminente de Israel. Em Maria e por Maria é que Israel chega ao Cristo em quem se cumpre sua missão. Nela é que toma carne o Verbo de Deus. Ele se torna homem, irmão de todos os homens, por Israel, tomando a carne de Israel; mas ele se torna filho de Israel quando se torna filho de Maria, encarnando-se no seio da Virgem de Nazaré. Maria é por excelência o elo, o

lugar, a testemunha da encarnação. E assim como Israel não teria podido dar sua carne para revestir o Verbo se não tivesse salvaguardado, ao menos num resto fiel, a fé e a aspiração a esta Vinda misteriosa, Maria só se torna Mãe, associada íntima do mistério da Encarnação, pela aspiração de sua fé, pelo seu “fiat”, que é a conclusão e o ponto de chegada de todas as fidelidades de Israel. Assim, nesta historia, é que ela se torna a charneira, a pedra angular entre as duas grandes fases da história do povo de Deus, cumprimento e início. Os Padres da Igreja compararam a fé de Maria – que se expressa em seu fiat – à fé de Abraão: pela fé de Maria se cumpre a promessa que Abraão recebeu em sua fé, e se inaugura a última etapa do Povo de Deus, como a fé de Abraão inaugurou a primeira. Ela é nossa Mãe sendo a filha por excelência de Israel.. A meditação da maternidade de Maria será, portanto, uma via de acesso privilegiada para penetrar nos planos e desejos do Cristo e do Pai sobre Israel. Isto é o que dá toda a ressonância, toda a importância à função que Deus outorgou a Maria na fundação de Sion, órgão da Igreja, órgão do Cristo para com Israel. Paul Démann, nds

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ORAÇÃO DE SÃO BERNARDO

LEMBRAI-VOS

Caligrafia de Pe Maria Afonso Ratisbonne

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IRMÃOS DA REGIÃO FRANÇA-ISRAEL SE REÚNEM PARA ESTUDAR PE MARIA

Os confrades da região

França-Israel se reuniram nos

dias 01 a 06 de maio para juntos

estudar documentos antigos da

Congregação que fazem menção

à pessoa do Pe Afonso

Ratisbonne.

Nos dois primeiros dias, eles

fizeram uma excursão para o

norte de Israel para visitar lugares importantes para a arqueologia, a

história de Israel e do

cristianismo primitivo. Nos

outros dias, eles se reuniram em

Ein Kerem e no Ratisbonne,

onde revisaram cartas escritas

pelo fundador e outros

documentos que ajudam a

entender o comportamento e a

espiritualidade de Pe Afonso.

A conclusão do estudo se deu

com a celebração da Santa Missa no domingo (06), presidida por S. Ex.ª

D. Leopoldo Girelli (Núncio

Apostólico para Israel) na

comunidade de Ein Kerem,

com todos os irmãos e irmãs

reunidos, em memória ao

aniversário de morte do Pe

Afonso Ratisbonne.

Joel Marcos Moreira, nds

(Friends of Sion)

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CELEBRAÇÃO DA MEMÓRIA

Memória do 6 de maio celebrado nas comunidades de Sion: Paróquia

São Pedro Apóstolo (Mauá), Paróquia Nossa Senhora da Consolata (Rio)

e Nossa Senhora de Sion (São Sebastião do Paraíso, que está festejando

sua padroeira, Nossa Senhora de Sion).

SEMANA SIONIENSE

A Paróquia São José dos Religiosos de NDS, no

Ipiranga - SP, realizou nos dias 07 a 11 de maio,

uma Semana Sioniense com o tema: Jerusalém. Na

abertura da Semana Semana,

Pe Valdenicio, falou sobre a

importância da cidade de

Jerusalém, seu contexto

histórico e bíblico, tanto para a

Tradição de fé dos judeus

quanto para a Tradição dos cristãos. A Semana teve

a participação de diversos palestrantes e a presença

da comunidade paroquial. Finalizando com a

celebração ecumênica do Taizé.

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MOVIMENTO DE ANIMAÇÃO VOCACIONAL - MAV

Aconteceu no Auditório da Creche Catharine Laboré, no dia 14 de Abril, o Primeiro Encontro do MAV (Movimento de Animação Vocacional), organizado pelo CENFAVOS (Centro de Formação de Animadores Vocacionais Sioniense, na direção do Pe Antonio Lima Brito, nds. O Porquê do MAV: Em virtude de motivos diversos, muitos vocacionados não se sentem chamados por Deus. Sua vocação jaz em estado letárgico. Outros a percebem, mas impelidos por um turbilhão de duvidas, protelam o discernimento e a decisão. Alguns, mesmo conscientes de sua vocação, rejeitam-na, por pressão de uma mentalidade secularista, hedonista, materialista, consumista, presente em nossa sociedade. Acrescenta-se, ainda, a porcentagem relevante de jovens que abandonam a faculdade, porque não se identificam com o curso. Por essa e outras razoes, a evasão media anual chegou aos 21% nos últimos 10 anos.

Em contrapartida, um bom número, auxiliado pela Animação Vocacional, satisfaz generosamente a todos os requisitos do apelo divino. A Animação Vocacional é uma pastoral da Igreja Católica que tem por objetivo ajudar os batizados a conhecer e acolher sua vocação e profissão, a fim de viverem seu ideal respondendo suficientemente as exigências atuais, em razão de sua inadequação, morosidade e omissão na implementação de propostas eclesiais, concernentes a essa pastoral, achamos, porém propor o MAV como tentativa de melhoria da situação. O Movimento pretende dinamizar a Animação Vocacional com novas estratégias e ampliação do espaço de atuação.

Antônio de Lima Brito, nds

DOMINGO DE PENTECOSTES

"Viremos a ele e faremos nele nossa morada"

(Jo 14,23).

Consideremos a analogia existente entre o Pentecostes cristão e o do

Antigo Testamento. Cinquenta dias após a ceia do Cordeiro pascal,

Moisés promulgou sobre o monte Sinai a lei que ordena ao homem amar

a Deus. Esta lei, gravada em tábuas de pedra, era apenas a fórmula da lei

viva, inscrita no coração do homem. Cinquenta dias após a Páscoa cristã,

o Amor se manifesta não em figura, mas em substância e verdade.

Penetrou em nossos corações para acender dentro de nós o amor que a lei

escrita ordenara e promulgara

Transportemo-nos em espírito ao Cenáculo, no Monte Sion, e

mendiguemos algumas fagulhas daquelas chamas divinas que abrasaram

o coração dos discípulos.

O Espírito de Deus, sendo um espírito puríssimo, dá- se somente às

almas purificadas, isto é, que se despem da natureza sensível e vivem

unicamente para “o céu”. Ali não poderia haver contato do espírito da

verdade com o da mentira, entre a luz e as trevas, entre o bem e o mal.

Eis por que o mundo não pode conceber, nem compreender, nem apreciar

as coisas de Deus. Se aspiramos receber as delicadas efusões do Espírito

Santo, renunciemos ao amor próprio, ao espírito do século; amemos o

que é do céu e busquemos o que é eterno.

Migalhas Evangélicas

01.1814 - Pe Afonso Maria

02.1968 - Pe Donizete L. Ribeiro

02.1979 - Pe Gilmar S. da Silva

10.1986 - Post Marcos V. Gardinal

13.1988 - Ir Victor M. Alves

30.1981 - Pe José M. Leite

31.1935 - Pe Antônio Glugoski

ANIVERSÁRIOS

Natalício

01.1814 - Pe Afonso Maria

02.1968 - Pe Donizete L. Ribeiro

02.1979 - Pe Gilmar S. da Silva

10.1986 - Post Marcos V. Gardinal

13.1988 - Ir Victor M. Alves

30.1981 - Pe José M. Leite

31.1935 - Pe Antônio Glugoski