relatório do segundo semestre / 2009 f5t · 2013-10-18 · tropicália. nas aulas de artes nos...

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homenageado e da jornalista autora. Foi nesse momento que o tropicalismo rece- beu merecido destaque. Assistimos a preciosi- dades, no Youtube, e montamos, no pátio da escola, um painel com elementos que nos re- metiam à brasilidade exposta e valorizada na Tropicália. Nas aulas de Artes nos aproxima- mos de Helio Oiticica e as crianças entenderam e experimentaram uma arte sensorial tão pene- trável quanto penetrante. Mas como sabemos, tropicalistas ou não, todos viviam nessa época em plena Guerra Fria. O cenário da corrida espacial e a capa da nova agenda, com a imagem de George Méliès, nos motivaram a pesquisar sobre a Lua, o espaço e as condições deste planeta que abriga seres vivos. TEMPOS DE BUSCA As origens e a formação do planeta, sua forma e localização no espaço, as condições climáticas, a presença de elementos básicos... Aos poucos as informações foram chegando em vídeos, pesquisas, notícias e acaloradas conversas. Os elementos água e ar, indispensáveis à vida e, ao mesmo tempo, cenários de uma guerra ininterrupta travada entre o nosso corpo e os micro-organismos presentes neles recebe- ram um olhar especial em "O Mundo Invisível". Fomos à FIOCRUZ e foi assim que surgiu a ideia para a Feira Moderna: do microscópico ao gigantesco. A existência de seres vivos microscópicos, dentro e fora do nosso corpo, de certa forma cumpriu o papel de ampliar o conceito de ser vivo. Pelas mãos de Patrícia (mãe da Teresa) e com nossos olhos superpotentes grudados ao microscópio, vimos microalgas. Ana Paula (tia do Leo) nos ajudou a entender que o que cha- mamos apodrecer é, na verdade, resultado de ação e interação entre uma super população de PROJETO NOVOS HÁBITOS Com alguns dias de atraso, começou o nos- so segundo semestre. A Gripe Suína e as ori- entações divulgadas pelos meios de comunica- ção exigiam nossa reeducação e o tema des- pertou o interesse da turma para as doenças, as formas de contágio e de prevenção. Combi- namos que nossos próximos estudos seriam ligados às Ciências Naturais. Mas, antes, precisávamos finalizar as discus- sões iniciadas em Tempos de Liberdade. Co- meçamos pela pesquisa e leitura de biografias de personagens, espalhados pelo mundo intei- ro, cujas preocupações eram a paz, a justiça e a igualdade. Gandhi, Martin Luther King e Pau- lo Freire se tornaram mais íntimos e, de repen- te, vários movimentos e organizações ganha- ram destaque e acenderam uma luz forte, que animou a todos, chamada esperança. 1968 CAIU EM AGOSTO A turma assistiu a um vídeo que noti- ciava que em 1968 a população jovem era maioria no mundo. Mas, afinal, o que é ser jovem? Pensaram e discuti- ram o que caracteriza essa fase da vida a que chamamos juventude, pro- curando observar o que a distingue da infância. A partir daí, ficou fácil fazer uma relação entre as transformações políticas, sociais e culturais ocorridas em 68 em grande parte do mundo e a idade, ou a energia, de seus protago- nistas. Lucila Soares veio nos contar sobre a sua experiência de registrar a história de seu avô, José Olympio. Com a visita, recheada de lem- branças pessoais e algumas fotos, as crianças perceberam a importância das fontes históricas, dos documentos e dos trabalhos do livreiro Relatório do Segundo Semestre / 2009 F5T Rua Capistrano de Abreu, 29 – Botafogo – 2538-3231 Rua Marques, 19 – Humaitá – 2538-3232 www.sapereira.com.br - [email protected] TURMA: ALICE, ANA, ARTHUR, BERNARDO, BRENO, CECILIA, CLARA, DIANA, DIOGO, DORA, FRANCISCO, GABRIEL, GABRIELA, GUSTAVO, JOÃO, LEO, LEONARDO, LIORA, LUCAS, LUISA, MARIA LUIZA, MARINA, NATÁLIA, NINA, RACHEL, TARCILA, TERESA ADULTOS NO TURNO DA TARDE Professores e Auxiliares nas Turmas: F1T: Julia e Mariana F2TA: Flávia F2TB: Mariana Hue F3T: Marcelo F4T: Rita F5T: Andréa N Música: João e Manoela Expressão Corporal: Aninha Teatro: Helena Educação Física: Renata Artes Visuais: Moema Coral: Fernando, Raimundo e Rosangela Inglês: Rosangela Coordenação Pedagógica: Jade e Andrea N Auxiliar do Turno: Vivianne Orientação e Tribo: Cecilia Editoração: Viviane Direção: Tetê, Cecilia, Anselmo Secretaria: Sandra Auxiliares Pedro, José, Nívia, Lilian, Eduardo e Mário

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Page 1: Relatório do Segundo Semestre / 2009 F5T · 2013-10-18 · Tropicália. Nas aulas de Artes nos aproxima- ... Mas, afinal, o que é ser jovem? Pensaram e discuti-ram o que caracteriza

homenageado e da jornalista autora. Foi nesse momento que o tropicalismo rece-

beu merecido destaque. Assistimos a preciosi-dades, no Youtube, e montamos, no pátio da escola, um painel com elementos que nos re-metiam à brasilidade exposta e valorizada na Tropicália. Nas aulas de Artes nos aproxima-mos de Helio Oiticica e as crianças entenderam e experimentaram uma arte sensorial tão pene-trável quanto penetrante. Mas como sabemos, tropicalistas ou não,

todos viviam nessa época em plena Guerra Fria. O cenário da corrida espacial e a capa da nova agenda, com a imagem de George Méliès, nos motivaram a pesquisar sobre a Lua, o espaço e as condições deste planeta que abriga seres vivos.

TEMPOS DE BUSCA As origens e a formação do planeta, sua

forma e localização no espaço, as condições climáticas, a presença de elementos básicos... Aos poucos as informações foram chegando em vídeos, pesquisas, notícias e acaloradas conversas. Os elementos água e ar, indispensáveis à

vida e, ao mesmo tempo, cenários de uma guerra ininterrupta travada entre o nosso corpo e os micro-organismos presentes neles recebe-ram um olhar especial em "O Mundo Invisível". Fomos à FIOCRUZ e foi assim que surgiu a ideia para a Feira Moderna: do microscópico ao gigantesco. A existência de seres vivos microscópicos,

dentro e fora do nosso corpo, de certa forma cumpriu o papel de ampliar o conceito de ser vivo. Pelas mãos de Patrícia (mãe da Teresa) e com nossos olhos superpotentes grudados ao microscópio, vimos microalgas. Ana Paula (tia do Leo) nos ajudou a entender que o que cha-mamos apodrecer é, na verdade, resultado de ação e interação entre uma super população de

PROJETO NOVOS HÁBITOS Com alguns dias de atraso, começou o nos-

so segundo semestre. A Gripe Suína e as ori-entações divulgadas pelos meios de comunica-ção exigiam nossa reeducação e o tema des-pertou o interesse da turma para as doenças, as formas de contágio e de prevenção. Combi-namos que nossos próximos estudos seriam ligados às Ciências Naturais. Mas, antes, precisávamos finalizar as discus-

sões iniciadas em Tempos de Liberdade. Co-meçamos pela pesquisa e leitura de biografias de personagens, espalhados pelo mundo intei-ro, cujas preocupações eram a paz, a justiça e a igualdade. Gandhi, Martin Luther King e Pau-lo Freire se tornaram mais íntimos e, de repen-te, vários movimentos e organizações ganha-ram destaque e acenderam uma luz forte, que animou a todos, chamada esperança.

1968 CAIU EM AGOSTO A turma assistiu a um vídeo que noti-

ciava que em 1968 a população jovem era maioria no mundo. Mas, afinal, o que é ser jovem? Pensaram e discuti-ram o que caracteriza essa fase da vida a que chamamos juventude, pro-curando observar o que a distingue da infância. A partir daí, ficou fácil fazer uma relação entre as transformações políticas, sociais e culturais ocorridas em 68 em grande parte do mundo e a idade, ou a energia, de seus protago-nistas. Lucila Soares veio nos contar sobre a sua

experiência de registrar a história de seu avô, José Olympio. Com a visita, recheada de lem-branças pessoais e algumas fotos, as crianças perceberam a importância das fontes históricas, dos documentos e dos trabalhos do livreiro

Relatório do Segundo Semestre / 2009

F5T

Rua Capistrano de Abreu, 29 – Botafogo – 2538-3231 Rua Marques, 19 – Humaitá – 2538-3232

www.sapereira.com.br - [email protected]

TURMA: ALICE, ANA, ARTHUR, BERNARDO, BRENO, CECILIA, CLARA, DIANA,

DIOGO, DORA, FRANCISCO, GABRIEL, GABRIELA, GUSTAVO, JOÃO,

LEO, LEONARDO, LIORA, LUCAS, LUISA, MARIA LUIZA, MARINA, NATÁLIA, NINA, RACHEL, TARCILA, TERESA

ADULTOS NO TURNO DA TARDE

Professores e Auxiliares nas Turmas:

F1T: Julia e Mariana F2TA: Flávia

F2TB: Mariana Hue F3T: Marcelo

F4T: Rita F5T: Andréa N

Música: João e Manoela Expressão Corporal: Aninha

Teatro: Helena Educação Física: Renata

Artes Visuais: Moema Coral: Fernando, Raimundo e Rosangela

Inglês: Rosangela Coordenação Pedagógica: Jade e Andrea N

Auxiliar do Turno: Vivianne Orientação e Tribo: Cecilia

Editoração: Viviane

Direção: Tetê, Cecilia, Anselmo

Secretaria: Sandra

Auxiliares

Pedro, José, Nívia, Lilian, Eduardo e Mário

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NA VAZANTE DA INFOMARÉ É indiscutível que nossas aulas não serão

mais as mesmas depois do computador e da internet. Aliás, o que não mudou? O que hoje só fazemos com o uso do computador? Para nos ajudar a refletir sobre essas mudanças e fazer pensar nas vantagens e nas desvanta-gens dos meios tecnológicos de informação e comunicação, o baiano Gil, aquele da Tropicá-lia, nos levou por uma viagem pelo infomar. Dentro do quarto, e último tempo desse ou-

sado projeto "Tempos de Abertura de Frontei-ras", Cérebro Eletrônico, Pela Internet e Banda Larga Cordel foram nossos passaportes musi-cais para as discussões cibernéticas sobre globalização, democratização dos meios e as fronteiras (entre o velho e o novo, as geográfi-cas, as culturais e as sociais). As propostas de reflexão sobre a língua ma-

terna, espalhadas nas análises dos textos, ga-nharam maior sentido e profundidade pelas mãos de Emília, nas fichas e apostilas e na Cruzadinha. Mas também o texto oral, presente nas narrativas e nos debates, foi objeto de aná-

seres vivos (ainda que com forma e dimensão invisíveis a olho nu) e um meio, e que nem sempre essas transformações levam os alimen-tos para a lixeira. Foi com sua ajuda especial que conhecemos um pouco mais sobre o iogur-te. Claudio (também amigo da família do Leo) já tinha nos convidado a fazer fermento biológi-co. E com nossa experiência, com aparência de gororoba mal cheirosa, aprendemos que mes-mo para uma produção artesanal, método, rigor e disciplina fazem parte da receita. Compreen-der a decomposição de matéria orgânica como fator de equilíbrio na natureza, descobrir sobre diferentes usos de bactérias manipuladas e aprender o que é ser biodegradável, para mui-tos, gerou espanto. O corpo humano, alguns conhecimentos sobre seu funcionamento e, mais profundamente, o sistema imunitário, des-pertaram o interesse do grupo. Foi importante ratificar, nos estudos, a importância da alimen-tação, dos hábitos de higiene e conhecer a diferença entre soro e vacina. Sobre nosso corpo, sobre saúde e doenças, muitas informa-ções e conceitos importantes nos chegaram através da Rachel (mãe da Tarcila) que veio nos dar uma aula mais do que especial. Já que "certas palavras não podem ser ditas

em qualquer lugar e hora qualquer", pedimos ajuda a Drummond para, com seu Certas Pala-vras, propor-lhes o desafio de dar forma e con-torno à curiosidade. "Vamos falar sobre sexo?" foi a pergunta que disparou nosso breve estudo sobre o sistema reprodutor, garantindo um tem-po-espaço nas aulas para conversar sobre as transformações no corpo e a velha dúvida "é ou não é normal?"

O PLANETA PEDE SOCORRO A canadense Severn Suzuki, "a menina que

silenciou o mundo por 5 minutos" em uma As-sembleia da ONU, na ECO 92, fez as crianças refletiram sobre a infância, sobre os direitos, os deveres, as expectativas e os sonhos de quem ainda não cresceu o bastante para ser chama-do de jovem. Os estudos sobre efeito estufa e a camada de ozônio e atitudes verdes caíram como uma luva. Ainda sobre esse tema, assisti-mos ao filme Home e a outras animações. Ter-minamos o ano voltando às discussões na oca-sião da abertura da COP15, em Copenhagen.

lise e crítica permanente. Explorar significados, tratar dos sentidos literal e metafórico, arrumar substitutivos para as gírias, só foi possível por-que nutrimos um espaço de diálogo tão anima-do quanto respeitoso.

NUM MAR DE LETRAS Para compreender o contexto histórico do

começo da aventura "Da Terra à Lua", precisa-ram conhecer um pouco do que foi a Guerra da Secessão. Em função das riquíssimas descri-ções e da história ser atravessada por fatos reais, no início da leitura os alunos se diverti-ram tentando perceber o que na narrativa era ficção. Como nossa dedicação à literatura não cabe

em um livro apenas, apostamos em visitas se-manais à Biblioteca e na leitura de diferentes gêneros. Nesse período, a turma se divertiu e conheceu melhor a crônica, a fábula e a biogra-fia.

TUDO MUDA O TEMPO TODO Olhando nossos planos iniciais, percebemos

que algumas das nossas ideias foram experi-

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mentadas, outras adaptadas ao gosto, ao tem-po e ao interesse do grupo. Algumas foram descartadas ou substituídas. Para apreciar as fichas arquivadas, os textos

escritos, as fotos exibidas, as perguntas sem resposta, as tarefas incompletas e metas não atingidas, nos apoiaremos em Cairós, que nos desafiou a experimentar o tempo vivido, senti-do, significado. Para planejar um novo encontro, com os

meninos e meninas curiosos e vibrantes, afeti-vos e produtivos da F5T apelamos para Cronos e marcamos a data: até 2010!

TRIBO Madura e boa de conversa, a F5T esteve

consciente e atenta ao que é ter uma postura produtiva e adequada nas Tribos. Durante o ano, foram poucas as vezes que precisamos reavaliar esse aspecto. De um modo geral, foram colaboradores e participaram, com entu-siasmo, de reflexões sobre diferentes assuntos, articulando com seus conhecimentos e vivên-cias pessoais. Organizam-se, espontaneamen-te, sabem se colocar e reivindicar de forma eficiente e respeitosa. No início do semestre foi inevitável o tema

"Gripe Suína". Tinham algumas informações, mas estavam preocupados com as recomenda-ções e os novos hábitos a adquirir. O consumo e o desperdício, tanto de copos descartáveis quanto de Álcool Gel e, ainda, os cuidados que deveriam ter em relação a atitudes individuais e coletivas, foram tratados nas Tribos e, aos pou-cos, as crianças se adaptaram e nossas tardes voltaram a ser quase como antes. Em seguida, nos debruçamos sobre o Proje-

to “Dois Tempos de Vida: A Velhice e a Infân-cia". Vimos e ouvimos documentários, animações,

filmes e poesias. Muitas foram as conversas sobre os idosos em diferentes sociedades e contextos, sua importância, os preconceitos, as dificuldades, como se divertem e se relacionam afetivamente, quais cuidados necessitam e o

velhos, também foi tratada no primeiro semes-tre com a leitura de "Guilherme Augusto de Araújo Fernandes", de Mem Fox, e a encena-ção da F4T, assistida por todas as turmas e, ainda, no contato travado com o texto da Festa de Encerramento, "O Homem que Roubava Horas", de daniel Munduruku. Em um segundo momento, nos envolvemos

com “A Infância”, assunto bem conhecido de todos. Quando perguntados sobre o que é ser criança, vimos que todos pensavam ser uma etapa da vida em que brincam e se divertem muito, têm poucas obrigações, e quase não têm com o que se preocupar. Mas, quando questionados sobre a escola, logo mudam de discurso, parece "cair a ficha", como dizem. Aí falaram dos seus deveres de estudante, dos seus compromissos e responsabilidades. Tam-bém refletimos sobre as várias infâncias, o quanto a cultura, o ambiente e as oportunida-des fazem com que cada um de nós seja único e especial. Assistimos a vários filmes da série “Minha

Escola”, de Patrick Pounaud, TV Futura, e co-nhecemos um pouco de outras infâncias e reali-dades bem diferentes das de nossos alunos. O relaxamento sempre faz parte dos nossos

encontros e é um momento especial vivenciado pelo grupo com muito envolvimento e serieda-de. Nessa hora, todos buscam silenciar a voz, os movimentos, e se permitem uma pausa para imaginar diferentes histórias. Essa prática, aos

que pode ser um projeto social que os acolha. Os capítulos oito e nove do filme "O Menino

Maluquinho” foram apreciados por todos e nos possibilitaram discutir sobre a morte, assunto muito delicado, que parece ser de gente gran-de, mas sobre o qual muito conhecem as nos-sas crianças. Não foram poucas as histórias que compartilharam sobre perdas recentes. Juntas, elaboraram um pouco mais essas do-res, falaram dos medos e anseios que muitas vezes os apavoram. Todos se apoiaram, se consolaram e se fortaleceram com essa vivên-cia. Fechamos o assunto assistindo ao delicado

filme “Dona Cristina perdeu a memória”, de Ana Luiza Azevedo. Com grande sensibilidade e muita poesia, a trama nos mostra o dia a dia de uma relação bastante especial entre um meni-no e uma senhora que vive em um asilo. Con-versamos muito sobre essa relação que nos parece tão distante, mas que pode ser tão pró-xima, cheia de afetos e afinidades. De certa forma, a experiência, a velhice, a memória e a diferença dos ritmos entre crianças, jovens e

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poucos, amplia a percepção que têm de si mes-mos, os sensibiliza e os ajuda na busca do auto-controle. De olhos fechados, ouvindo as batidas e o ritmo do coração e os sons inespe-rados do ambiente fora da Tribo, desaceleram e percebem um outro tempo, o tempo presente, o tempo do agora. Finalizamos nossas Tribos relendo e quei-

mando nossos desejos de estudante, escritos em uma folha de papel, na primeira Tribo do ano. Durante essa prática simbólica, de mãos dadas e olhos bem fechados, tentamos acredi-tar que todos os nossos desejos serão realiza-dos e ainda aproveitamos a ocasião para nos desejar um ano novo cheio de novas alegrias. A viagem de Formatura, ficará marcada na

memória afetiva de todos, pois foram muitas as aproximações, as conversas e os encontros que aconteceram. Conheceram-se mais e me-lhor, saíram fortalecidos para, ano que vem, se redescobrirem em um novo grupo, onde a au-sência de alguns será sentida. Falando nessa delicada questão, em nenhum momento deixa-mos de cuidar, com muito afeto e respeito, dos que em um momento ou outro marejaram os olhos, demonstraram alguma tristeza, dúvida ou ansiedade. Uma surpresa boa nesse grupo, quase no

finalzinho do ano, foi a chegada da Rachel, que foi recebida com bastante carinho e logo, logo já se sentia acolhida e bem à vontade no turno da tarde. A F5T caminhou junto mais este ano. Foram

algumas de nossas metas aprimorar a escuta, a compreensão, o respeito e o bom convívio social, acolher, apostar no outro, trabalhar com responsabilidade. São 11 meninos e 16 meni-nas que fazem esse grupo ser desse jeito, ale-gre e expansivo e, desse jeito, prometem inau-gurar a novidade, o primeiro Sexto Ano da nos-sa escola. Parecem se orgulhar dessa oportuni-dade e, vaidosos com a permanência em 2010, dizem, em tom de propaganda, que estudam na “melhor escola da Cidade, na escola que sabe dialogar com a criança!”. Fechamos o ano mui-to felizes brindando o futuro dessa meninada esperta e muito querida.

MATEMÁTICA FRAÇÕES Começamos o semestre abordando, de for-

ma mais sistemática, o trabalho com frações. Rapidamente ficou clara sua relação com a divisão. Para organizar os estudos, a turma recebeu

a apostila do "Iceberg" que, entre outros objeti-vos, pretendia mostrar que as frações têm mais aplicação na nossa vida do que imaginamos. Aos poucos, para representar e calcular fra-

ções de inteiros, foram abrindo mão das cole-ções, material concreto que serviu de apoio para as contagens. Comparar frações e encontrar equivalências

foram desafios para todos, já que no campo dos racionais os números se comportam de uma maneira diferente daquela com que estão acostumados entre os números naturais. As relações numéricas “ser múltiplo de" e

"ser divisor de” ajudaram nas frações equiva-lentes. Algumas atividades utilizando retas numera-

das foram propostas para que as crianças ten-

tassem compreender e comparar frações que valem mais que inteiros e aquelas que nem parecem frações por terem o mesmo valor que números naturais. Além de conhecerem as frações decimais,

chegaram a observar que essas frações podem ser registradas como percentuais, mas o tempo foi curto para esse novo conteúdo.

PROBLEMAS COM OS PROBLEMAS É previsível a dificuldade que as turmas cos-

tumam apresentar diante dos problemas envol-vendo frações. Ora porque demandam mais de uma operação, ora porque têm textos com de-talhes que definem soluções certas e erradas. E, por mais que tenhamos valorizado a repre-sentação gráfica, é comum, nessa fase, nega-rem o desenho das "barrinhas" e as "pizzas" como forma de entender e resolver o problema. É um investimento grande que precisamos fa-zer.

VITAMINADOS As Vitaminas foram comemoradas por al-

guns e criticadas por outros. Mas o fato é que, durante a correção dos exercícios, mesmo os alunos que não completaram a tarefa, participa-ram ativamente, dando sugestões, fazendo críticas, analisando os enunciados. Claro que a mais comemorada das edições foi a última, que fez com que todo mundo assistisse ao desenho "Donald no País da Matemágica". Ah, se todos os deveres de casa fossem assim...

PROGRAMAS E CONTEÚDOS Organizar um currículo é mais que fazer uma

lista de saberes: é planejar atividades onde os conhecimentos se façam necessários e onde a construção de conceitos, atitudes e procedi-mentos seja feita de forma significativa, contan-do com as valiosas parcerias e interações. Dessa forma garantimos, minimamente, que

os conteúdos estejam direta ou indiretamente implicados e que os alunos se sintam motiva-dos a aprender. Normalmente eles percebem nossas intenções e verbalizam com clareza, o que é, para nós, motivo de muita satisfação. Traçamos, no início do ano, um programa

que, ao final do terceiro trimestre, não tinha sido totalmente coberto. Isso aconteceu porque preferimos dar um tratamento mais cuidadoso aos conteúdos, com um planejamento bastante atento às dificuldades e necessidades de cada grupo, a gerar uma pressa desnecessária, des-vinculando os conhecimentos de seus significa-dos e não preservando tempos distintos para contato, reflexão e aplicação.

FINALIZANDO Nas últimas semanas aproveitamos para

arquivar as tarefas avaliando o percurso e o trabalho que fizemos juntos. Conversamos sobre a importância da relação

de afeto e confiança e o ambiente de coopera-ção que construímos, elementos essenciais para as conquistas, para as superações e para o crescimento que, assim como o tempo, não param nunca...

INGLÊS O projeto sobre a banda “The Beatles” conta-

giou as crianças do Quinto Ano! A turma se envolveu na realização das tarefas da gincana demonstrando interesse pelo tema. Formaram pequenos grupos e alguns deles se mostraram mais curiosos que outros, saindo em buscas de informações e fatos interessantes sobre o fan-tástico quarteto, que incrementaram as discus-sões e as conversas sobre a influência da sua música nas manifestações da juventude da época. Foram muitos os “links” estabelecidos entre

os papos nas aulas de Inglês e o caminho per-corrido nas aulas de Projeto. Observando as transformações musicais, físicas e no vestuário pelas quais o grupo pop passou, as crianças puderam perceber o quanto influenciaram e foram influenciados pelas mudanças sociais e políticas que marcaram as décadas de 60 e 70. As contribuições vindas de casa foram mui-

tas: revistas, livros contando a história do gru-po, registros de sua discografia, fotos e até discos de vinil e suas capas bacanas. Tudo isso ilustrou bem a trajetória dos “Fab 4” e a-proximou as crianças de uma época não muito distante, porém diferente, da que vivemos hoje.

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As letras de algumas músicas também foram trabalhadas. Escutamos várias e comparamos sonoridades, tipos de vocais e até mesmo o conteúdo dos versos. Assistimos a vários "vídeoclips" no "Youtube" que serviram, entre outras coisas, para a observação do fenômeno “Beatlesmania”. Paralelo a esse assunto tão instigante, fize-

mos algumas fichas do “Lets talk about” para recordarmos alguns conteúdos gramaticais importantes como o verbo modal "can" e seu uso nas formas interrogativas e negativas; a elaboração de frases fazendo uso do "there" + "to be"; e ainda identificando esses e outros conteúdos em pequenos parágrafos e textos.

ARTES Inauguramos o semestre apreciando a capa

da agenda retirada do filme "Viagem à Lua", de Georges Méliès, produzido no início do século XX. Assistimos ao filme e conversamos sobre algumas especificidades da linguagem, quando eram disponíveis poucos recursos técnicos. Destacamos a estrutura de cenário e encena-ção ainda muito parecidos com os utilizados nos espetáculos teatrais, as técnicas de anima-ção utilizadas, a atuação exagerada para dar conta da ausência do som. Resgatando o estu-do que fizemos no ano passado, conversamos sobre planos, chegando a observar que a pro-dução é quase toda em plano aberto. Buscando uma relação com o projeto da turma "Tempos de Busca", refletimos sobre como as hipóteses levantadas pelo diretor demonstram, hoje, o desconhecimento que tinham na época e a importância da imaginação para o desenvolvi-mento, não só da arte, como também para a ciência. A partir dessa experiência, propusemos que cada aluno transformasse seu retrato num objeto celeste, apropriando-se das informações que possuíam sobre ele, mas também dando asas a imaginação. Em seguida, dando continuidade ao estudo

que fizemos no primeiro semestre sobre abstra-ção, nos debruçamos sobre o movimento neo-concretista destacando, principalmente, a obra do Hélio Oiticica. Dessa leitura discutimos co-mo a obra de arte passou a sair do quadro e a tomar o espaço, como a interação do expecta-

dor foi valorizada transformado a arte formal em vivencial, numa busca significativa de liber-dade. Destacamos, de suas produções mais importantes, os Relevos Espaciais, formas li-vres suspensas no espaço que convidam o espectador a caminhar em seu entorno, possi-bilitando maior interação e marcando a transi-ção da cor do quadro para o espaço; os Paran-golés, compostos por cores, texturas, grafismos e diferentes materiais que têm como suporte um corpo que experimenta através da dança, do movimento, do samba, um processo de au-to-transformação; os Penetráveis, arte ambien-tal que permite uma interação completa, intro-duzindo um caráter coletivo e social, convidan-do o espectador a uma exploração de "corpo inteiro" de outras possibilidades da cor e do espaço, tornando-o um participante, colocando-o no centro da estrutura e os Bólides, uma vari-ante da ideia da cor e do espaço, incluindo a interação e a participação motora, sensorial e conceitual do espectador. Desse estudo, parti-mos para a produção apresentada na exposi-ção da Feira Moderna. A escolha de Hélio Oiticica, para estudo nas

F5, era nosso objetivo quando começamos o

semestre. Ninguém podia contar com a perda de grande parte de seu acervo no incêndio que mobilizou tanto a nós quanto às crianças. A exposição que realizaram se transformou numa homenagem e numa oportunidade de manifes-tarmos nossa admiração e reconhecimento. Terminamos o ano com um breve estudo

sobre o nu artístico, explorando as diversas formas de representação do corpo através da história da arte e colocando o desafio dessa representação. Esse trabalho procurou uma parceria com as aulas de Projeto sobre o corpo humano e sexualidade, proporcionando um outro olhar, uma apreciação estética, um voca-bulário adequado e uma abordagem diferencia-da dos apelos midiáticos que, muitas vezes, as impedem de conhecer e analisar criticamente a diversidade de padrões divulgados. Procura-mos favorecer a reflexão sobre os estereótipos de beleza, trazendo diferentes contextos históri-cos e sociais. Esperamos que as experiências nas aulas de

Artes Visuais, tenham favorecido o desenvolvi-mento de habilidades estéticas de leitura, críti-ca e expressão e composto uma bagagem cul-tural que sirva como trampolim para muitas outras que possam ser vividas de forma mais

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intensa, pois nossas crianças possuem, hoje, uma diversidade maior de ferramentas para fruir e viver com arte.

MÚSICA Iniciamos o semestre inspirados pela ima-

gem da Lua na capa da agenda. Conversamos sobre a sua importância para a história da hu-manidade, lembramos do aniversário de qua-renta anos da ida à Lua e ouvimos e cantamos várias músicas que têm o astro como tema. Dessas músicas, escolhemos a canção “Banho de Lua”. Depois de aprender a cantar, prepara-mos um arranjo usando metalofones, piano e instrumentos de percussão. Após alguns ensai-os, ficou pronta e fizemos apresentações para os colegas da escola. Em parceria com as au-las de Projeto e Artes Plásticas, que estudavam o Movimento Tropicalista, nos aprofundamos na história do movimento e principalmente dos compositores e letristas desse período e ouvi-mos as canções buscando relacionar com o contexto histórico, social e estético da época. Retomando o aprendizado do pandeiro, nos

aprofundamos nos ritmos partido-alto, samba e funk. Ainda na linguagem rítmica as crianças aprenderam o toque básico de samba no tan-tam e no tamborim. Pudemos por em prática o que foi aprendido na elaboração do arranjo da música “E o mundo não de acabou”, de Assis Valente. Por fazer parte do repertório de Car-mem Miranda, tivemos um boa oportunidade de conhecer um pouco de sua vida e obra no ano de seu centenário. Foi desafiante para as crian-ças executar um arranjo com tantos desenhos rítmicos diferentes e ainda cantar, mas o resul-tado gratificante vai poder ser visto e ouvido, junto com a música “Banho de Lua”, na festa de encerramento.

CORAL Em nossos encontros semanais buscamos

sensibilizar as crianças para o despertar e o desenvolver de sua musicalidade, assim como o espírito de colaboração e companheirismo, buscando, sempre, o melhor resultado do con-junto; um resultado que seja ao mesmo tempo

de todos e de cada um. Ao invés de trabalharmos um extenso núme-

ro de músicas, cantando-as a uma só voz, op-tamos por trabalhar um repertório mais reduzi-do, com arranjos mais elaborados, a duas ou mais vozes, que coloquem maiores desafios. Certamente procuramos fazer com que as mú-sicas introduzidas no repertório tenham uma boa aceitação e despertem entusiamo já nos primeiros ensaios. Com essa abordagem quali-tativa, as questões musicais podem ser mais aprofundadas em seus diversos aspectos como a polifonia, a dinâmica, a percussão corporal, a agógica. Procuramos buscar o entendimento de que

um Coral, apesar de necessitar de concentra-ção e cuidado, pode ser uma atividade extre-mamente prazerosa e divertida. Valorizamos o silêncio, não só como imprescindível para a atividade, mas também como parte dela! Sem silêncio não se escuta. E sem uma boa escuta não se faz música! Outro critério importante na definição do re-

pertório do coral é a coerência com o Projeto Institucional. "O Tempo", com certeza, atraves-sou todo o trabalho, não somente nas canções escolhidas, mas também como uma referência importante de reflexão e aquisição de sentido, já que a música e suas divisões rítmicas trans-correm no tempo. Assim, diversas noções associadas ao Tem-

po foram discutidas, como a necessidade das repetições, para que se possa alcançar um melhor resultado e a lembrança de etapas ante-riores da construção do trabalho. Uma conver-sa avaliativa na qual se procura relacionar fatos distanciados no tempo, acaba ampliando o significado do processo e de seus cortes tem-porais. Desta maneira, terminamos mais um ano

cantando um repertório razoavelmente comple-xo, polifônico, a até 3 vozes ou mais, se consi-derarmos as vozes adicionais nas intervenções da platéia durante as apresentações, além da percussão vocal e corporal. Depois da apresentação na Mostra de Artes,

as crianças tiveram a oportunidade de se apre-

sentar ao ar livre, durante o encontro do Spanti-nha, na Lagoa, além de terem se apresentado internamente para as crianças menores, cum-prindo o papel de "formadores de platéia". Uma menção especial deve ser dada ao

Quarto Ano pela competência na superação de novos desafios, e ao Quinto Ano que, com sua maior experiência, pôde demonstrar um sentido de cooperação e união; e que todos sigam seus caminhos com alegria, companheirismo e muita música!

TEATRO Buscando uma integração com a arte viven-

cial de Hélio Oiticica, estudo que desenvolveri-am nas aulas de Artes Visuais, começamos o ano trabalhando com os cinco sentidos. Logo nas primeiras aulas fizemos um exercício que nada mais era que uma experiência sensorial. Um pedaço de algodão, a pétala de uma flor, canela em pó, uma caixinha de fósforo, gel de cabelo e um apito foram alguns dos diversos elementos que experimentamos através do tato, paladar, audição, olfato e visão. A propos-ta era narrar o que estavam sentindo e a que aquela sensação lhes remetia. Infelizmente, essa parte narrativa não foi bem sucedida. As crianças não estavam à vontade para expor suas sensações, nem se concentraram o sufici-ente para entender o que sentiam e colocar em palavras. O fato é que é realmente difícil des-crever o que se sente e, naquele momento, o importante parecia mesmo ser o sentir. Em seguida trabalhamos a composição do

personagem através das sensações: como seria uma pessoa áspera; ou uma pessoa gos-menta; uma pessoa azeda ou doce; ou, até mesmo, como seria uma pessoa dura por fora e mole por dentro. Esse trabalho foi bastante rico, inúmeros tipos foram criados de forma detalha-da, pensando no tom da voz, na forma de an-dar e gesticular. Passamos, então, a estudar o teatro em

Tempo de Liberdade, tema das aulas de Proje-to no início do segundo semestre. O material usado foi o teatro revolucionário feito no Brasil nas décadas de 60 e 70. Começamos com a história do Teatro de Arena, de São Paulo. Conversamos sobre as circunstâncias em que foi criado por José Renato, que decidiu os ato-res ficariam no centro e o público ao redor, aproximando e tornando mais direto o contato entre palco e plateia. Dessa forma, o público poderia ver os atores e a própria plateia, tor-nando a todos parte da mesma cena. Lembra-mos do sistema coringa de atuação, no qual todos os atores podem fazer todos os persona-gens, o que acaba com a hierarquia nas com-panhias teatrais. Falamos, também, sobre a adesão de Augusto Boal e Gianfrancesco Guar-niere, que escreveram peças sobre a luta pela liberdade como Arena Conta Zumbi (1965) e Arena Conta Tiradentes (1967). Separamos um trecho de Arena Conta Zumbi para encenar em sala de aula, em forma de arena, e usando o sistema coringa de atuação. Em seguida, partimos para outros grupos

como o Teatro Opinião. Assistimos a um trecho do show Opinião, no qual Maria Bethânia canta Carcará. E conversamos sobre o Teatro do Oprimido, criado por Augusto Boal enquanto esteve exilado. Todo esse estudo foi bastante interessante e

Page 7: Relatório do Segundo Semestre / 2009 F5T · 2013-10-18 · Tropicália. Nas aulas de Artes nos aproxima- ... Mas, afinal, o que é ser jovem? Pensaram e discuti-ram o que caracteriza

enriquecedor. Fizemos algumas aulas pura-mente teóricas, nas quais conversávamos e debatíamos sobre a produção cultural e, princi-palmente, teatral durante a ditadura militar no Brasil, e aulas práticas, quando colocávamos em cena aquilo que havia sido discutido. Por fim passamos a preparar a Festa de En-

cerramento. Os alunos de F5 são os responsá-veis por conduzir e contar a história. O texto escolhido foi "O Homem que Roubava Horas", de Daniel Munduruku e Janaína Tokitaka, que conta a história de um velho mendigo que pas-sa os dias numa praça tentando roubar a pres-sa das pessoas. Nada mais adequado aos dias de hoje, quando não conseguimos prestar aten-ção em mais nada, pois estamos sempre atra-sados, sempre pensando no depois. Além dis-so, o texto também se encaixa perfeitamente ao projeto "Quanto Tempo o Tempo Tem?" Fizemos alguns exercícios de preparação

para o trabalho, mas não pudemos nos esten-der muito, já que o tempo não para. Assim que a adaptação ficou pronta, lemos o texto com as turmas, dividimos os personagens e iniciamos os ensaios.

EXPRESSÃO CORPORAL Muitas conquistas foram feitas por essa tur-

ma nas aulas de Expressão Corporal! Começamos as aulas fazendo aquecimentos

que favoreceram a organização e a conscienti-zação da estrutura corporal. Retomamos o es-quema corporal e as funções de cada parte do corpo: os órgãos, tecidos (ósseo, envoltório, muscular), as articulações, cabeça, tronco e membros. Abordamos o controle motor e as possibilidades estéticas do movimento produzi-das pelas diferentes qualidades que transfor-mam a ação dependendo da intenção e da força empregada. Depois de esquentar e acordar o corpo com

toda essa conversa, muitos exercícios foram feitos por essa turma que, até hoje, gosta de fazer “pizza de pé”! Vários alunos ainda pedem esse clássico exercício, conhecido por alguns desde a Pereirinha, que promove, além de a-longamentos, a reunião do grupo! Com a utilização dos materiais, realizamos

algumas atividades resgatando exercícios co-nhecidos e introduzindo novos desafios na sua execução. Em seguida começamos a abordar a arte da dança, considerando como ela é mani-festada hoje e traçando um percurso da sua historia. Alguns deslocamentos foram propos-tos, considerando suas tradições de exaltação da natureza, de louvor aos deuses da fecunda-ção, entre outras características das danças primitivas como o preparo para a guerra. A partir daí demos um salto no tempo e fizemos apreciações de alguns vídeos, no Youtube, visitando a obra de Pina Baush e de Merce Cunnigham. Fizemos exercícios inspirados nas técnicas desses dois grandes mestres que ino-varam a cena coreográfica. Fomos entendendo um pouco as mudanças

ocorridas ao longo dos tempos e como a lin-guagem da dança foi se transformando, tornan-do-se tão eclética e rica em elementos surpre-endentes. Percebemos algumas dessas evolu-ções, considerando uma época em que o pa-drão único de referência para a dança como arte era o Balé Clássico. A partir daí, fizemos um recorte específico na nossa pesquisa, enfo-cando a dança no século XX até os dias atuais. Vimos fragmentos de coreografias, tanto dos

precursores do movimento que buscou a liber-dade de expressão como fonte inspiradora, como de destaques da cena contemporânea. Entre eles Isadora Duncan, Nijinsky, Mary Wig-man, Martha Graham, Merce Cunnigham, Pina Baush, Débora Colker, Grupo Corpo e tantos outros que, com seus trabalhos e inovações, consolidaram, a partir da década de trinta, a chamada Dança Moderna e Contemporânea. Por fim percebemos que muitas atividades rea-lizadas nas aulas utilizam os mesmos elemen-tos que foram estudados: pés descalços, impro-visos, repetição, dançar com o som do próprio corpo, usar os movimentos cotidianos em se-qüências combinadas, entre outros. Essa turma segue para o segundo segmento

do Ensino Fundamental com uma experiência estética e corporal bastante significativa que, certamente, favorecerá o desenvolvimento e aperfeiçoamento de novas habilidades, da consciência corporal e de sua expressividade.

EDUCAÇÃO FÍSICA Após um longo recesso, retornamos aos

jogos e brincadeiras do Pereirão com alegria e entusiasmo. O tempo parecia sempre pouco para tanta energia. Os jogos já conhecidos como futebol, hande-

bol, basquete, queimado e pique-bandeira con-tinuaram divertindo a garotada. E, com o tem-po, pudemos perceber o quanto as crianças melhoraram seu deslocamento no espaço e suas habilidades, realizando, com maior destre-za, ações como correr e parar, mudar de dire-ção, girar, saltar, arremessar. Como os grupos vêm se esforçando para

realizar o trabalho coletivo, nos “Pereirões Li-vres”, com liberdade, as crianças puderam es-colher suas brincadeiras favoritas, se organiza-ram em pequenos grupos, demonstrando auto-nomia e todos puderam se divertir no mesmo espaço, simultaneamente Este grupo, que segue junto há tanto tempo,

cresceu bastante. Foi possível acompanhar o desenvolvimento das suas habilidades e tam-bém algumas mudanças de atitude importantes ao trabalho coletivo. É uma garotada animada, que adora apitar os jogos e costuma fazê-lo com atenção e seriedade.