1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

32
1 MASSACRE DA LAPA: o “DELATOR” e a TROPICÁLIA MAOÍSTA MASSACRE DA LAPA: o “DELATOR” e a TROPICÁLIA MAOÍSTA O “ DELATOR ” O maior inimigo da clareza é a falta de sinceridade ... A linguagem política é concebida para fazer com que as Mentiras pareçam verdadeiras e o assassinato pareça respeitável...” George Orwell Em 28 de julho, há 93 anos atrás, nascia em São Manuel/SP, uma das mais expressivas personalidades do movimento operário brasileiro. Refiro-me a MANOEL JOVER TELES, o ‘MANOLO’. Descendente de espanhóis chegados ao Brasil por volta de 1915 e introduzidos na lavoura cafeeira e da cana. Durante a crise de 29, viveu a saga dos imigrantes espanhóis e italianos que se dispersaram pelo Sul do país em busca de pão e terra. Nesta condição sua família estabeleceu-se na região carbonífera das minas do Butiá, solo gaúcho. Juntamente com o pai e o irmão Leão, o pequeno Manolo de apenas 11 anos, inicia-se no exaustivo e embrutecedor trabalho de extração de carvão nos poços de São Jeronimo e Arroio dos Ratos. Além do ofício, seguiu os passos do pai, Gerônimo Teles, combativo operário anarquista. Participou ativamente de todo o processo de luta grevista pelo reconhecimento da carta sindical - a elevação associativa dos mineiros ao status de sindicato: o Sindicato dos Mineiros de São Jerônimo, em 1943. Aos 24 anos, torna-se 1º Secretário da entidade e um ano após, comanda com maestria a vitoriosa greve de jan/46, greve das mais duradouras à época, cerca de três meses, e na qual o movimento operário em ascensão se espelhava. Este movimento paredista em pleno estado policialesco de Dutra tornou-se referencia nacional. Em março de 46, o jovem sindicalista desloca-se até o Distrito Federal para entabular negociações junto ao Ministro do Trabalho consolidando conquistas para a categoria. Não imaginava alçar voos mais altos que o iriam tornar o grande dirigente operário, querido por todos (menos pela AP) Acompanhando os ventos democráticos do pós-guerra, ‘Manolo’, como era tratado em família e por seus companheiros das minas, havia ingressado pouco antes no Partido Comunista, o antigo PCB, e não tardou para que em julho/46, na IIIª Conferencia, fosse incorporado como suplente, ao Pleno do Comitê Central. O jovem operário de uma cidade provinciana juntava-se agora a grandes nomes no Sudeste, oriundos da célebre Conferencia da Mantiqueira: Astrojildo, Prestes, Barata, Duarte, Apolonio, Arruda, Amazonas, Grabois, Pomar, Marighela, Holmos, Arroyo, Oest e tantos outros. Sua expressiva liderança, carisma e intelecto levaram-no a compor a nominata para as eleições de 1947 pelo Rio Grande do Sul, conquistando a 3ª suplência. Um grande feito para um simples operário do carvão, com parcos recursos e disputando em uma mesma chapa partidária, com nomes de prestígio da intelectualidade gaúcha que concorriam na capital, como o saudoso e combativo Dyonelio Machado. Porém, as manobras arquitetadas pelos conservadores e reacionários, com a proposta de edição da Lei de Segurança Nacional, e com a iminente cassação do registro partidário, fizeram com que Jover Teles, legítimo mandatário dos interesses de classe, fosse chamado a assumir da tribuna gaúcha a responsabilidade de fazer ecoar as vozes do operariado, contra o arbítrio que se avizinhava. Assume uma cadeira na Assembléia e denuncia como tribuno, as condições sub-humanas a que eram submetidos os mineiros do carvão, e além de outros discursos, reproduz o Memorial dos mineiros em

Upload: marcia-nascimento

Post on 14-Jul-2015

155 views

Category:

Education


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

1

MASSACRE DA LAPA: o “DELATOR” e a TROPICÁLIA MAOÍSTA

MASSACRE DA LAPA: o “DELATOR” e a TROPICÁLIA MAOÍSTA

O “ D E L A T O R ”

“ O maior inimigo da clareza é a falta de sinceridade ...

A linguagem política é concebida para fazer com que as

Mentiras pareçam verdadeiras e o assassinato pareça

respeitável...”

George Orwell

Em 28 de julho, há 93 anos atrás, nascia em São Manuel/SP, uma das mais expressivas personalidades do movimento operário brasileiro. Refiro-me a MANOEL JOVER TELES, o ‘MANOLO’. Descendente de espanhóis chegados ao Brasil por volta de 1915 e introduzidos na lavoura cafeeira e da cana. Durante a crise de 29, viveu a saga dos imigrantes espanhóis e italianos que se dispersaram pelo Sul do país em busca de pão e terra. Nesta condição sua família estabeleceu-se na região carbonífera das minas do Butiá, solo gaúcho. Juntamente com o pai e o irmão Leão, o pequeno Manolo de apenas 11 anos, inicia-se no exaustivo e embrutecedor trabalho de extração de carvão nos poços de São Jeronimo e Arroio dos Ratos. Além do ofício, seguiu os passos do pai, Gerônimo Teles, combativo operário anarquista. Participou ativamente de todo o processo de luta grevista pelo reconhecimento da carta sindical - a elevação associativa dos mineiros ao status de sindicato: o Sindicato dos Mineiros de São Jerônimo, em 1943. Aos 24 anos, torna-se 1º Secretário da entidade e um ano após, comanda com maestria a vitoriosa greve de jan/46, greve das mais duradouras à época, cerca de três meses, e na qual o movimento operário em ascensão se espelhava. Este movimento paredista em pleno estado policialesco de Dutra tornou-se referencia nacional. Em março de 46, o jovem sindicalista desloca-se até o Distrito Federal para entabular negociações junto ao Ministro do Trabalho consolidando conquistas para a categoria. Não imaginava alçar voos mais altos que o iriam tornar o grande dirigente operário, querido por todos (menos pela AP)

Acompanhando os ventos democráticos do pós-guerra, ‘Manolo’, como era tratado em família e por seus companheiros das minas, havia ingressado pouco antes no Partido Comunista, o antigo PCB, e não tardou para que em julho/46, na IIIª Conferencia, fosse incorporado como suplente, ao Pleno do Comitê Central. O jovem operário de uma cidade provinciana juntava-se agora a grandes nomes no Sudeste, oriundos da célebre Conferencia da Mantiqueira: Astrojildo, Prestes, Barata, Duarte, Apolonio, Arruda, Amazonas, Grabois, Pomar, Marighela, Holmos, Arroyo, Oest e tantos outros.

Sua expressiva liderança, carisma e intelecto levaram-no a compor a nominata para as eleições de 1947 pelo Rio Grande do Sul, conquistando a 3ª suplência. Um grande feito para um simples operário do carvão, com parcos recursos e disputando em uma mesma chapa partidária, com nomes de prestígio da intelectualidade gaúcha que concorriam na capital, como o saudoso e combativo Dyonelio Machado.

Porém, as manobras arquitetadas pelos conservadores e reacionários, com a proposta de edição da Lei de Segurança Nacional, e com a iminente cassação do registro partidário, fizeram com que Jover Teles, legítimo mandatário dos interesses de classe, fosse chamado a assumir da tribuna gaúcha a responsabilidade de fazer ecoar as vozes do operariado, contra o arbítrio que se avizinhava. Assume uma cadeira na Assembléia e denuncia como tribuno, as condições sub-humanas a que eram submetidos os mineiros do carvão, e além de outros discursos, reproduz o Memorial dos mineiros em

Page 2: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

2

defesa da liberdade de expressão e organização: pelo direito à legalidade do Partido Comunista, o dos operários, dos mineiros operários! Como deputado constituinte, fez parte da Comissão que elaborou a nova Constituição gaúcha, a única no Brasil a se tornar parlamentarista, mas que vigorou por apenas 11 dias. Com o registro da legenda cassado, perde seu mandato e sua liberdade individual: é preso no início

de 1948.

Impedido pelo Consórcio CADEM de retornar ao seu trabalho nas minas e sem mandato sindical e parlamentar, Jover é chamado para se incorporar definitivamente ao pleno do Comitê Central, no Distrito Federal, Rio(Guanabara).

Jover Teles não era um militante comum. Não era um seguidista ou voluntarista. Para além de sua têmpera revolucionária, forjada no fogo da luta de classes, reunia outras qualidades: era inteligente e estudioso. Desde cedo, nas madrugadas e à luz de lampião, Jover estudara os clássicos do marxismo, e as obras literárias de Jack London, La Passionaria, Gorki, Graciliano, Maiakovysk, Guy Maupasant, Neruda. Forjara-se a si mesmo como quadro teórico ascendente, por mérito próprio. Tanto que, já em 1947, a ele era confiada a elaboração de artigos para os jornais partidários: A Classe Operária e a Voz Operária. Em meio a tantos intelectuais, um Jover operário, o escolhido para, no bico da pena, elaborar artigos em datas específicas: da Revolução de Outubro, aniversário de Marx, de Lenin ou de Stálin. E tornou-se um poliglota: anos mais tarde, nos anos de chumbo, viria a sobreviver fazendo traduções.

Sua trajetória de militante é meteórica. Investigado pelas autoridades da Guanabara e de Minas, e considerado elemento altamente subversivo, é negado o visto em seu passaporte, frustrando sua ida na 1ª turma de brasileiros à Escola de quadros de Moscou (Komsomolskaya). Mas soube usar bem este lapso temporal em território brasileiro, alavancandom, como um dos signatários do Protocolo de Estocolmo, a luta pela paz e a não proliferação de armas atômicas. Já em 53 e 54, torna-se um dos responsáveis pelos Informes ao IV Congresso. Seus informes são publicados na Revista Problemas. Em 54 já compunha o CC, como membro titular.

Enfim, na primavera 55 é enviado a Moscou para estudos. Neste período, já era quadro prestigiado, teórico e formulador, tanto que teve seu curso abreviado em um ano, chamado às pressas ao Brasil por Diógenes Arruda, para apagar o incêndio nas hostes comunistas, que a esta altura tomava conta de toda a estrutura partidária, em função da implosão do Kominform e das denúncias de Nikita Kruschev. Suas intervenções foram fundamentais para manter temporariamente a organização partidária coesa com a depuração em suas fileiras de elementos hostis.

Em suas teses, foi um dos primeiros a defender intransigentemente a intensificação do trabalho partidário entre as mulheres e a inclusão nominal destas no órgão central do núcleo dirigente, até então excludente.

A esta altura já tinha publicados sob o pseudônimo de Luís Telles (por vezes Jover Teles), inúmeros artigos e teses em órgãos oficiais e veículos de massa como a Tribuna Popular, Imprensa Popular, Voz do Povo e outros.

Mas é em Novos Rumos, hebdomadário comunista, que se dedica a acompanhar o curso das lutas operárias e sindicais no Brasil e torna-se o mais importante cronista sindical(e ainda o é), pois além de retratar os fatos fazia sua análise científica à luz do Marxismo, imprimindo suas observações como ‘um norte’ para novas ações do proletariado: era a bússola, a faísca e fio condutor simultaneamente. Um

dos mais importantes capítulos descritos por Jover foi o da célebre greve geral do 5 de julho. Reuniu todas estas crônicas, compilando-as em uma brochura, editada em jan/63 pelo Editorial Vitória, sob o título ‘O Movimento Sindical no Brasil’, leitura indispensável até hoje para se conhecer a história da formação do sindicalismo brasileiro. Tão importante que 20 anos depois, foi reeditado em 1983 pelo livreiro Raul Marcel Castell, entusiasta opositor ao regime militar (LECH-CienciasHumanas/SP). *mas ...

Page 3: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

3

... o Centro Documentação e Memória da FMG e o “vermelho.org” insistem em datar a publicação de Jover em 1978 . Coisa de baiano ...e de AP!

Sua obra teórica que completou 50 anos, como ele Jover, é imortal ! Encontramo-la nas estantes das principais Bibliotecas do mundo, impressa, em microfilme, ou digitalizada, e reproduzida em três idiomas. De Chicago a Paris, de Londres a Milão, nas mais importantes bibliotecas acadêmicas de Harvard, Cambridge, Stanford, Princeton, Minesotta, e tantas outras. Seus escritos e citações são referencia em centenas de livros sobre sindicalismo e política, e fonte bibliográfica em milhares de monografias, dissertações e teses.

Fez parte de uma geração de grandes dirigentes comunistas, embora pouco dotados de capacitação teórica. Excetuando-se poucos (como Grabois, Pomar, Kalil Chade, Morena), Jover Teles destacou-se como grande formulador e articulista. Já em 61, com Luchesi, Marighela e Mario Alves, passou a ser voz ativa dentro do Comitê Central do Partido Comunista. Supria(m) em teoria o que faltava ao carismático Prestes. E esta prevalência acentuou-se após a saída de seus antigos camaradas na cisão de 62.

A ele foram confiadas missões das mais significativas que iam desde o acompanhamento nos Estados, passando por infindáveis reuniões de gabinete com o alto escalão de Jango, ministros civis e militares, líderes de governo e com o próprio João Goulart.

Sua capacitação teórica e intelectual o habilitavam para executar qualquer missão. E as cumpria com esmero. Estusiasta da Revolução Cubana, não descansou um único instante em suas relações diplomáticas. Esteve pessoalmente em Havana com Bras Rocas, Fidel Castro e Che, negociando treinamento de guerrilha a militantes brasileiros. Entabulou negociações com embaixadores de países do Leste Europeu e esteve em visita à China, onde foi recepcionado pelo próprio Mao Zedong em 63, vislumbrando uma possível ruptura com Moscou de Nilita, que pregava o propalado caminho pacífico, o da capitulação.

Sua importância dentro da estrutura dirigente era tão grande que das 19 cadernetas de Prestes apreendidas, aparece em 18, e citado 153 vezes. Era voz ativa no núcleo dirigente e suas opiniões e

decisões acatadas por unanimidade. No processo das cadernetas, o 217/64, é descrito pelo Promotor Militar em 6 detalhadas páginas , atribuindo-se-lhe ter ‘desenvolvido a verdadeira atividade de um comunista dirigente’. Neste processo foi condenado posteriormente a pena de 7 anos de reclusão.

Page 4: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

4

Cometeu seus erros de avaliação, como o acolhimento das alterações no Programa e Estatutos partidários. Creio ser difícil entende-lo naquele momento: talvez por ser homem ‘de Partido’ tivesse insistido no erro, a idéia da manter vivo o partido tradicional de 22, seu legado histórico, acreditando que mais a frente poderia reverter a posição majoritária pró-Moscou. O que não ocorreu!

Partidário da via revolucionária, adepto ainda de Stálin e simpático a Cuba, tornou-se peixe fora do aquário no cenário do novo ‘PCB’, a partir de 64.

Sem o grosso de seus antigos pares, juntou-se aos remanescentes, formando a Corrente Revolucionária, que viria a ser expurgada em setembro de 67. Mas não sem luta. Luta de ideias, que era seu forte. Através do jornal ‘O Isqueiro’, travou uma intensa batalha ideológica, mantendo coesa a base militante na GB. Em sua declaração de voto perante o CC, em setembro de 67, faz de sua defesa contra a expulsão de Marighela um libelo acusatório contra toda a sorte de oportunismo praticado pelo grupo prestista. Reafirma seu ponto de vista tendo Cuba como o centro da Revolução Socialista Latino-Americana, posição que jamais abandonou por coerência e razão principal de suas divergências com os “chineses da Bahia” e os de Sampa também, que romperam com Havana (é fato!)

Page 5: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

5

Em meu entendimento, tanto Jover quanto Marighela pecaram por terem perdido o ‘time’. Romperam tardiamente com Moscou e ficaram à deriva: o movimento comunista esfrangalhado em várias correntes e o Golpe de 64 em franca escalada terrorista. Reorganizar um Partido Comunista nos marcos da semi-legalidade como foi em 62 torna-se um brinquedinho da Leco, diante das agruras de faze-lo sob o tacão da mais feroz repressão e sob a égide de um AI-5. Eis o grande mérito de Pomar, Grabois e Amazonas : acharam o ‘tempo exato’ para a ruptura com Moscou (mas acabaram cometendo erros mais adiante na questão do Araguaia, da China e principalmente da APML).

Sem eira nem beira, sua passagem pelo PCBR foi efêmera, três meses apenas, até se dar conta que era uma canoa furada, e não serviria aos propósitos seus de forjar um destacamento proletário. Lança pelo ‘Isqueiro’ uma extensa Resolução entitulada ‘Um reencontro Histórico’, onde traça as etapas da Revolução no Brasil, a aproximação com Cuba, e sobre a concepção pequeno-burguesa deste grupo. Faz uma auto-crítica sincera aos antigos camaradas, mas deixando clara sua divergência quanto ao tipo de luta armada mais adequada no caso brasileiro. Neste período que permeia o golpe e sua saída do PCBR, manteve-se sempre conectado a Arrudão , velho camarada do núcleo duro. Isto era comum entre velhos camaradas: Lincoln Oest , por exemplo, mesmo após romper com o PCB, mantinha encontros regulares com Prestes, camarada de longa data, sem que isto configurasse uma ‘traição’.

E assim surgiram a sua frente dois únicos caminhos a optar: o caminho solitário do bravo guerreiro Carlos Marighela (por quem tinha grande apreço) ou se deixar aliciar por um velho camarada, Diógenes Arruda, e se rearticular na organização mais coesa à época: o PCdoB.

Acolheu a segunda opção. Foi, mas não foi só. Levou consigo entre outros Lincoln Bicalho Roque, Armando Fructuoso, a misteriosa ‘Hilda’(que foi silenciada anos mais tarde) e seu séquito de aproximadamente 400 quadros militantes da Guanabara, fiéis à ideia da Revolução e a seu dirigente maior, que aguardavam desde 67 em compasso de espera, para onde ele seguiria.

A T R O P I C Á L I A M A O Í S T A

Na condição de quem chegou atrasado para a festa, Jover foi excluído de todo o processo de discussão e acompanhamento do foco guerrilheiro, que em 67 já vinha estruturando-se na região do Araguaia por meses. Ainda assim, apesar de certa oposição, logo compôs o núcleo dirigente e com as mortes de Grabois, Guilhardini e Danielli, a Executiva do CC a partir de 74,.

Mas não era mais o Jover de outrora, prestigiado, unanimidade. Ao pegar carona no último vagão em movimento chegou sem força e não pôde se opor, melhor dizendo, não conseguiu prevalecer seu ‘cuidar opositivo’ à incorporação da AP ao PCdoB: um grupo revolucionário estruturado a nível nacional prontinho para o consumo: tratava-se de “um negócio da China ...

mas só para chinês” . A história comprova isto ! Este processo de incorporação levou

quase 5 anos até o bater do martelo. Talvez esta sua resistência à incorporação seja o maior motivo da aversão, dos ataques levianos e raivosos contra si, desferidos pelos dirigentes de AP, capitaneados pelos baianos Renato Rabelo e Haroldo Lima **, um pouco menos por Aldo Arantes (este, barbaramente torturado, no episódio da Lapa. Teve que deixar escapar algumas coisitas aos interrogadores, caso contrário, teria o mesmo fim que Drummond)

Page 6: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

6

Destacado para acompanhar o Rio,Guanabara pelo CC e como dirigente regional, era querido e prestigiado pela militância. Juntamente com Fructuoso, acompanhou de perto a criação do organismo de juventude, a UJP.

Mas enquanto Caetano, Gil e Gal digladiavam-se com a bossa e a jovem guarda nos palcos dos festivais, surgia no cenário político brasileiro pós-64 a “ Tropicália Maoísta ” e suas práticas pequeno-burguesas. direto da sacristia de Nosso Senhor do Bonfim : a APML, do B, autentico ‘pé de pica’ !

...com o ingresso gradual da AP (Ação Popular) pós-71 , e suas práticas liberalizantes, começam a acontecer as quedas em todo o Brasil, particularmente no Nordeste, área prioritária na atuação de resistência dos novos-caetanos, isto é, dos novos comunistas- os cristãos. Quedas no Maranhão, em Pindaré-Mirim e Santa Ines, no Ceará, em Sobral e Crateús, no Piauí, e na região do Bico do Papagaio, em Goiás. Exatamente as áreas que serviriam como apoio logístico ao comando guerrilheiro no Pará. A AP(Ação Popular) forneceu grandes quadros, que se tornaram (alguns) comunistas ‘de fato’, mas enquanto agrupamento ideológico era(e se perpetuou até os dias de hoje) como um ‘corpo estranho’ dentro do destacamento de vanguarda da classe operária.

E é a partir destas quedas em massa dos novos aderentes, é que a repressão consegue golpear a organização tradicional dos comunistas. Tendo à frente o Gal.Moniz Bandeira, a repressão desfecha duros golpes em Goiás e no Sudeste. Desvenda o mistério e a localização do grupamento guerrilheiro. Início de 1973 captura e mata sob tortura Carlos Nicolau Danielli ‘que fazia exatamente a ponte entre o PCdoB e o pessoal da AP desde 71’ (?????_). Faz uma devassa na estrutura organizativa da Guanabara: direção regional e movimento estudantil passam a superlotar as celas da Guanabara. A velha guarda foi sendo aniquilada: Luis Guilhardini, Lincoln Oest, além de Maurício Grabois, José Humberto Bronca e outros, lá no Araguaia....

Coube a Jover Teles, completamente isolado, sustentar e manter vivo o Partido Comunista no Estado, na mais absoluta clandestinidade. Ao escapar ileso de certa emboscada em fins de 69, havia renunciado ao convívio da família, e também ao seus elegantes ternos dos tempos áureos da diplomacia comunista, das viagens internacionais, dos palanques.

1974, com uma surrada camisa xadrez, seu óculos fundo de garrafa, barba por fazer e com um olhar sempre cansado: este foi o Jover que eu conheci. Morava no subúrbio, num sobradinho da rua Goiás, em Quintino, certamente bem diferente de seu antigo apê da São Salvador, na zona sul. Janelas fechadas, me recebia com muita brevidade, não mais que 10 minutos. Curto e grosso, porém didático me dizia pausadamente, em voz sussurrante, onde entregar a encomenda, a quem, como faze-lo e como me desfazer da encomenda caso fosse interceptado. Eram víveres, mantimentos, papéis, livros, e creio que dinheiro também, enrolados em jornal dentro de sacolas de papel das casas Sendas(ou da Banha, não lembro ao certo). Eu as entregava a perseguidos políticos, homiziados em vários pontos do interior: Itaboraí, Rio Bonito, Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim. Olhava para ele que lembrava meu pai, sempre estressado e com o olhar de cansaço. Eu nem fazia idéia que tratava-se de um dirigente de comitê central de sei lá quem. Para mim, ele era como eu: apenas um colaborador da resistência. E só !

Page 7: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

7

M A S S A C R E D A L A P A

Eis que por volta das 7 horas do dia 16 de dezembro de 1976, uma tragédia iria mudar completamente o destino de Manoel Jover Teles e manchar sua reputação. Depois de uma campana de meses e informações levantadas em conjunto pelas equipes do DOPS (o DOI-CODI) e o serviço de inteligência do Exército, a casa 767 da Rua Pio XI, na Lapa , onde funcionava o núcleo dirigente do PCdoB finalmente fora cercada e após fuzilaria um saldo de três dirigentes mortos: dois no local, Arroyo e Pomar. Um terceiro, Drummond, capturado e morto sob tortura, além de seis outros presos. Da operação escaparam da perseguição policial 2 dirigentes: José Novaes e Jover Teles. Mas além destes outros : Sergio Miranda e Péricles de Souza, que não se encontravam no local(e mais outros dois).

Sérgio, ou Zecão, ou baiano, era tão comunista, tão comunista, que morreu ‘pedetista’,em dezembro de 2012 .

Péricles (e aqui não há nenhuma ilação de minha parte), alegou sua ausência à fatídica reunião da Lapa pois o orelhão perto de sua casa(na Bahia) não estava funcionando naqueles dias !!!

José Novaes, conseguiu escapar, e foi parar lá na Bahia. Sempre a Bahia, sempre os baianos. Nunca sofreu nenhum tipo de acusação.

Sobrou para quem?

Jover Teles, o Rui ! (que não era baiano)

Mas pera aí! Rui era seu nome de guerra, o mais usado nos tempos de PCBR, como T.J.Paulo usado nos idos do PCB. E havia no Rio de Janeiro um outro ‘Rui’, que até foi seriamente repreendido por seu comportamento ‘reprovável’ na cadeia: havia transigido com seus interrogadores. Mas isto é outro papo. Eu até o conheço, mora em Minas!

Sei dizer que junto a seus camaradas, Jover Teles(o Jota) era tratado como ‘OLIVEIRA’ ou O¹, ou Oliva. O mesmo Oliveira, incumbido pelo CC, em setembro/76, para elaborar uma

mensagem de condolências pela morte de Mao Zedong. Afinal, o delator era o Rui ou o Oliveira?

(vide arquivos secretos de Dona Taís Morais, também em temática Archives.marxists.org)

Page 8: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

8

Contra ele, de concreto, apenas um passaporte com foto recente sua(???) “visto” por W.Pomar na prisão e o fato de ter sido localizado ‘vivo’ em 79 por um antigo camarada gaúcho, o Elói Martins. E só. Se, sobreviver à sanha da repressão for crime, todos estamos condenados!

Segundo Eloi, Jover lhe passou uma extensa carta-relatório a ser entregue (e o foi) ao Comite Central, onde apontava detalhadamente as falhas na segurança que propiciaram às equipes de Fleury chegassem até a Pio XI, questionava procedimentos e ‘comportamentos’, fazia críticas ao Relatório Arroyo, levantva a suspeita sobre o verdadeiro delator (seria um ‘baiano’) e justificava seu afastamento em função de grave doença na família e sua também (sofria da próstata e sua mulher com câncer , bem avançado). Mas nem nisso foi poupado: alegaram ser dissimulação de sua parte(sua esposa faleceu 7 anos mais tarde.

E que fim levou esta carta?

Encontra-se trancada a 7 chaves na gavetinha do Renato, “o blogueiro”. Mas em tempos de “Direito à Memória e à Verdade” porque não abrir esta caixa-preta para ser periciada também? Que revelações tão comprometedoras podem estar contidas nesta carta-relatório que impeçam sua divulgação ao gigante ‘gigante que nunca dormiu’ ? Mais grave ainda foi terem acolhidas como verdades, as declarações de um general fascínora, o bestial Leonidas Pires. o mesmo que afirma que Herzog era fraco,despreparado e que cometera “suicídio”

Mais recente surgiram os tais “Arquivos secretos” da musa do Araguaia (e dos corredores do Congresso Nacional também), enxertando no relatório do CIEX, o REI 1/77 sobre a guerrilha, um suposto “depoimento cordial” de Jover à repressão. Mas ...

... suprimiu, talvez por ordem de seus patrões, os depoimentos de Haroldo Lima e outros, denunciando as atividades do até então camarada Jover Teles, citado por eles 36 vezes no processo do STM, o 1253/77 (e IPM 119/76), isto já em 19 e 23 de dezembro de 76. Entregaram a rapadura: nomes, endereços, atividades, etecoetera e tal.

Page 9: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

9

Um romance encomendado, com erros crassos, com vários descuidos e que não nos apresenta a origem de suas fontes documentais. Publicação temerária de quem não domina a Historiografia, de quem não enxerga para além do que está escrito. Digo isto, pois na publicação seguinte, ‘rompendo o silencio’, a laureada jornalista, sempre com acesso livre a documentos secretos, omite a verdadeira procedência do tal ‘diário do Carioca’(os porões da Secr. De Polícia Civil do RJ), e mais uma vez os descuidos e a pressa em tomar como verdades apontamentos desordenados cronologicamente, escritos por um psicopata. Tão descuidada em sua encomenda, que nem sequer pesquisou quem era Jover Teles, sua grandeza ,sua trajetória: o tipifica como sendo “gaúcho”.Não apresenta ainda o relatório preliminar do CIEX 12/76, onde há o detalhamento da campana sobre os passos de Elza Moneratt por 5 (cinco) longos meses. Não leva em consideração os depoimentos de Criméia, de José Novais e de Hilda.

Acusam-no de ter tido comportamento agressivo na reunião fatídica, com críticas exasperadas contra a Comissão Executiva: “... destoou sua intervenção” afirmou um de seus detratores , o também baiano Haroldo Lima. Mentira ! Em seu próprio depoimento no IPM 119/76, Haroldo cita Jover “ acolhendo as propostas de Pomar e fazendo uma simples crítica em relação ao editorial de A Classe Operária”, descrevendo como duras críticas as que partiram de Drummond e Wladimir Pomar.

E .... ↓ ↙

Page 10: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

10

Este Haroldo Lima(codinome Zé Antonio) é o mesmo que nesta mesma reunião vociferou contra a honra de Armando Fructuoso, morto um ano antes sob a mais brutal sessão de tortura. O que esperar de quem faz lobby com Renan para ter seu processo e da trupe feminina de AP no ‘fura-fila’ da Comissão da Anistia? que mente perante a Comissão de Julgamento, alegando ter sido perseguido a ponto de abandonar o emprego. Mentira, outra vez ! Demitiu-se da Coelba para trabalhar na roça e atender a dois propósitos: a determinação da AP pela proletarização de seus dirigentes e sua viagem à China para curso político-militar.

É um escroto ! ↓

Segundo os ‘sobreviventes’, graças a Joaquim Celso ter relatado o que ouviu no momento de sua prisão, os agentes transmitindo pelo rádio “...podem prosseguir a operação”, não seria possível chegarem às suspeitas sobre o suposto delator: Jover !

Page 11: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

11

Afirma ainda que o delator desconhecia a ausencia de Amazonas, em viagem à China. No entanto, conforme atestam os docs. apreendidos na Pio XI, era pública sua ausência, com previsão de retorno para fevereiro de 1977. Portanto, é pura falácia deste baiano tão acostumado a mentiras.

Teria Jover faltado aos dois encontros no Rio em setembro ou foi seu contato (o baiano) é que não teria coberto o ponto como o combinado? Segundo Novaes, Jover havia se queixado pelo furo de baiano, que o deixou a descoberto.

E é certo ter sido o aprisionamento de Jover Teles, após a queda da Lapa, e não antes. Jover ao se apresentar à reunião não apresentava nenhum vestígio estético ou físico que denotasse ter sido preso anteriormente. É impossível que um preso político (e quem já o foi vai me entender), possa apagar as marcas da violência estatal em tão curto espaço de tempo. E tão contraditório ainda ser preso três meses antes e só prestar depoimento, e de forma espontânea , somente em 8 de dezembro. Com essa até Kate Lyra diria: Militar é tão bonzinho!

É sempre mais cômodo ter um ‘boi’ para lançá-lo no rio às piranhas e salvar todo o rebanho!

O tal “depoimento cordial” mais parece uma adulteração grosseira de algum depoimento colhido a qualquer tempo, até mesmo pós-16 dezembro, e enxertado com fontes compiladas dos materiais apreendidos na casa da Pio XI. Detalhes que naquela data eram do desconhecimento do próprio Jover, isolado no Rio desde fins de 72. Afirma o suposto depoente não lembrar se o CC se reuniu no ano de 1972 !!! Portanto...

Page 12: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

12

Traz uma riqueza de detalhes sobre o Araguaia de impressionar, que ele era desconhecedor. Na pseudo-degravação do depoimento quando se refere ao coletivo dirigente, o CC, está quase todo na 3ª pessoa do plural, ‘eles’, ‘deles’, como alguém ‘de fora’ fazendo o relato e usando um linguajar de ‘puliça’, que contrastava com a erudição de Jover: afinal se o depoimento foi “cordial”, porque mudar o tom de voz? E mais, surgem termos só utilizados por quem é das forças de segurança. Cita o “683”, numa clara referencia ao avião ingles Avro Lancaster , e “702/703” , possivelmente os rifles Mossberg .

Ainda no tal depoimento cita “um tal de Osvaldão”, morto e decapitado em 73, afirma desconhece-lo !!!! O sujeito, Jover, era membro do CC desde 46, dirigente na Guanabara desde os anos 50 e não conhecia Osvaldão(???) um negão de 1,98 e com um pé 48, ex-boxer do Botafogo, enviado a Tchecoslovaquia em 59. Com estas características Osvaldão era inconfundível, difícil de passar despercebido a um dirigente. Osvaldão, perdoem a expressão, era mais conhecido que couro de pica ! Só pode ser brincadeira não é?

O ‘”suposto” delator não tem noção do que fala com total desinformação, diz que: o único feito foi em Maguari, e acha que fica no Amazonas...(Maguari fica a 560 km de distancia da área conflagrada)!!!

Definitivamente, aquele depoimento não pertence a Manoel Jover Teles, o OLIVEIRA !

E para finalizar sobre este tal depoimento cordial, me atrevo a dizer que ele foi redigido sob orientação do Brilhante Ustra, que tinha como costumeiro citar ‘caça aos patos’, manobra militar de cerco e aniquilamento do inimigo, bem semelhante ao ocorrido no Araguaia: ‘ patos

chineses’, está aqui no ‘tal’ depoimento ! ↓

Page 13: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

13

Por sinal, Ustra, que é um mentiroso contumaz, procurado pelo jornalista José Mitchell, deixou escapar nas entrelinhas que era preciso desacreditá-lo, a Jover Teles, último dirigente cascudo, das antigas, que permanecia vivo em território nacional, em 76. Grabois, Arroyo e Pomar mortos, restavam Duarte, Arruda, Amazonas, Giocondo, Prestes e Apolonio no exílio. Por isto a disseminação do boato sobre a suposta delação de Jover, e com um agravante: por dinheiro. “150 mil cruzeiros” afirmara o general, o quanto pagou pela consciência do delator.

G E N E R A L , V O L T E À S P A N T U F A S , B R A D A M O S B L O G U E I R O S . . . M A S D E S D E Q UE M A N T E N H A S D E P É

E S T A V E R S Ã O M E N T I R O S A !

A aceitação desta tese é conveniente para ambos os lados: de um lado ao Exército que tenta desmoralizar a ideologia marxista atribuindo aos comunistas falta de escrúpulos, fraqueza de caráter, e ao mesmo tempo, descaracterizando-se de ter praticado um ‘crime premeditado’, hediondo, elaborado, planejado e industriado durante meses, que vitimou covardemente a Pedro Pomar, Angelo Arroyo e João Baptista Franco Drummond. De outro lado aos sobreviventes de AP, encastelados como absolutos, escamoteando a verdade, seus erros , e camuflando as feridas não cicatrizadas a partir das divergências geradas pela divulgação, à revelia, do relatório Arroyo, avaliação equivocada sobre a experiência guerrilheira: guerra popular ou blanquismo ? guerra popular ou particular, sem as massas ?palavras de Pomar)

Page 14: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

14

Não fosse o suspeitíssimo mal súbito de Arruda*, em dezembro de 79, que não admitia a hipótese da delação de Jover, certamente esta questão da Lapa e as dúvidas surgidas teriam sido dirimidas , com uma criteriosa análise e investigação. Mas ...

A aceitação desta tese da “delação” de forma passiva pela militância é um ato de covardia, de subserviência e submissão aos ditames de meia-dúzia que não representam o histórico legado da vanguarda da classe operária. É o Império de ‘Bento que Bento é o Frade’ .... senão levaremos bolo !

Os 40 anos de incorporação da AP ao PCdoB , representam um duro golpe à construção do ideário marxista no Brasil. Um retrocesso, transformando o Partido Comunista em partido de “Viração” e da “tapioca” cujo foco de atuação prioritária tornou-se o movimento estudantil e o Parlamento, ambos de origem não proletária. Como saldo e grandeza, a ‘tropicália maoísta’ conseguiu ainda forjar nestes 40 anos,

seus quadros teóricos, como os grandes ideólogos marxistas contemporâneos, os sambregas Netinho de Paula E Belo.

Page 15: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

15

A mesma cor do carvão, a da exploração brutal sobre

os operários das Minas do Butiá, é a mesma que tinge

as acusações infundadas e levianas dos detratores de

Jover Teles , os velhos-baianos fantasiados de

vermelho.

A Assembléia Legislativa do RS já restituiu

simbolicamente seu mandato parlamentar.

E eu aqui reverenciando sua memória.

Page 16: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

16

Mas isto é muito pouco para um imortal: está faltando

devolverem-lhe a honra maculada por tergiversadores

da pior estirpe.

Que a Comissão Nacional da Verdade, acolha o

requerimento feito em 06 de março último e abra esta

caixa-preta, para que se estabeleça por completo a

verdade sobre a Chacina da Lapa. ID de rastr.: TUV-YD3-BTVJ (Número da solicitação: 94)

Status da solicitação: Novo [Marcar como resolvida]

Criado em: 06-03-2013 08:21:09

Atualizado: 06-03-2013 08:21:09

Último remetente: Alberto Nascimento dos Santos

Categoria: Pedido de Informações

O „GIGANTE‟ QUER SABER ONDE ESTÁ O AMARILDO, E A

CARTA-RELATÓRIO DE JOVER TELES TAMBÉM!

Por enquanto vai o meu brado quase solitário:

Vivas a MANOEL JOVER TELES, o MANOLO, operário,

comunista, amigo dos povos !

Quem é lembrado não morre jamais !

Rio de Janeiro, 25 de julho do 93º ano de nascimento

de Manoel Jover Teles.

Alberto Santos

O T R Á F I C O D E I N F L U E N C I A : L O B B Y N A C O M I S S Ã O D A A N I S T I A D O M J

Page 17: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

17

Anexo 1 - TRÁFICO DE INFLUENCIA ...... PAUTA-EXTRA da Comissão Anistia

Anexo 2 - o contrato de seis meses (2 de maio a 10 de novembro/67) de Haroldo Lima com a Coelba

Page 18: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

18

Anexo 3 - a baba de quiabo. Indenização milionária (reparação e anos na contagem para efeitos de aposentadoria)

Jos

Page 19: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

19

José Renato Rabelo Presidente Nacional do PCdoB r

2005 2012

Anexo 4 - o outro baiano espertalhão, Renato Rabelo,

D I G A - M E C O M Q U E M T U A N D A S , Q U E T E D I R E I Q U E M T U É S ! ( J C a 2 m i l a n o s a t r á s )

28/02/2012 - Festa dos 70 anos de Renato Rabelo no Restaurante Vila Olimpia, região nobre do Morumbi, o link das fotos está ao lado(todas), difícil foi encontrar algum operário por lá !

Page 20: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

20

Anexo 5-..e a patroa do espertalhão no embalo, em virtude de ”íntimo relacionamento”

Page 21: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

21

Anexo 6 - “estágio” concluído em 66

Anexo 7 - a indenização + 19 anos para efeito de aposentadoria

Page 22: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

22

Não satisfeito, Haroldo Lima, em na sessão de Julgamento de seu processo, ainda fez lobby junto aos julgadores para que estes acolhessem também os requerimentos de Conceição Leiro(mulher de Renato Rabelo), Carmilce Souza (mulher de Péricles de Souza) e Raquel Felon (mulher de Divo Guizoni) (todas/os) do PCdoB

Page 23: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

23

Mais inclusão em “Pauta-extra e muitas outras ...

Page 24: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

24

Anexo 8- mas o peixe morre é pela boca. E a verdade, por vezes foge ao controle do mentiroso. Vejamos, nas próprias palavras de Haroldo Lima, trechos de seu interrogatório, no IPM 119/76.

Page 25: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

25

C O M I S S Ã O D A A N I S T I A : A “ C O M I S S Ã O D A P A Z ” D E D O I S P E S O S E D U A S M E D I D A S

Enquanto isto, Joaquim Celso, operário, pobre e sem ‘lobby’ amargou uma espera de 8 anos. Jaques, como era conhecido, era o motorista a serviço do Comite Central do PCdoB no episódio da Lapa, em 76. Preso e barbaramente torturado, durante seu interrogatório não ‘entregou’ ninguém. Ingressou com pedido de reparação indenizatória junto à Comissão de Anistia que lhe concedeu apenas uma indenização referente a apenas 2 anos, 10 meses e 21 dias, equivalente a R$31.500,00 Recusou-se a receber as migalhas(31mil), entrando com recurso em 22/03/2007, pleiteando a complementação de R$50.000,00.. Faleceu em 2010, aos 82 anos sem ver julgado seu pleito (o recurso), apesar de estar amparado no & 4º Art.12 cc art 18 da Lei 10.559/02. Somente agora, em em 2013, foi julgado procedente .

Page 26: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

26

Joaquim Celso de Lima, o Jaques, também foi mineiro do carvão em São Jeronimo, RS, em 1956, enviado pelo Partido para preencher a lacuna de liderança na região com a ida de Jover Teles para a Guanabara.

Page 27: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

27

TIRE

SUAS

PRÓPRIAS

CONCLUSÕES ! Imagens de fundo: mineiros e seus filhos nas minas de carvão de São Jeronimo/1936 ↓ ↘ ↘ ↘

Page 28: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

28

I N D I G N A R - S E É P R E C I S O

SE NA PONTA DO FUZIL NASCE O PODER

SE DO MONOPÓLIO DO ÁTOMO NASCE A FORÇA

SE NO DOMÍNIO DO ÁTOMO ESTÁ O QUERER CONSERVÁ-LO É PRECISO PARA EVITAR A FORCA

SE A DIFUSÃO DO ÁTOMO GERA PODER.

SE NOUTRAS MÃOS O ÁTOMO VIRA PERIGO.

QUEM TENTA DOMINAR SUA TÉCNICA TERÁ CASTIGO

DOS DONOS DO ÁTOMO E DO QUERER.

SE OUTROS TENTAM ASSIMILAR A TECNOLOGIA

DA ATÔMICA ENERGIA PARA PAZ GERAR

OS DONOS DO ATO AMEAÇAM ATACAR,

E TUDO ARRASAR NUMA SIMBOLOGIA

DO PODER ABSOLUTO DA BOMBA NUCLEAR

SOBRE OS QUE TAL PODER NÃO DETÉM

O IMPÉRIO DO NORTE PRETENDE OBRIGAR

OS DEMAIS PAÍSES E POVOS A SE AJOELHAR

SOB MENTIRA ATACARAM O IRAQUE.

ASSASSINARAM MILHARES DE IRAQUIANOS.

SOB COMANDO DE ASSASSINO INSANO:

CHEFE DE QUADRILHA ENVERGANDO FRAQUE.

AGORA O IRÃ APARECE NA MIRA

ATÔMICA DO IMPÉRIO DO NORTE,

QUE SOB CORTINA DE NOVA MENTIRA

PRETENDE MOSTRAR SER O MAIS FORTE.

EU POSSO TER... SOU DONO DO QUERER.

TENS TU QUE OBEDECER, SOB PENA DE SOFRER

CASTIGO E MAIS CASTIGO ALÉM DA IMAGINAÇÃO.

OH! – MEU DEUS!

EM QUE NUVEM ESCONDESTE O DIREITO DAS NAÇÕES

E A PERDIDA CAPACIDADE

DO POVO À INDIGNAÇÃO?

MANOEL JOVER TELES [MANOLO] E M 1 6 D E J U N H O D E 2 0 0 7 S E U C O R A Ç Ã O P A R O U D E B A T E R . M A S N Ã O P O R A C A S O : S E M P R E C U I D A D O S O , F O I N A F R E N T E D E Z D I A S A N T E S ,

P R E P A R A R A R E C E P Ç Ã O A O S E U V E L H O C A M A R A D A J O A Q U I M C E L S O , O J A Q U E S !

CANASVIEIRAS/SC - 2005

Page 29: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

29

Chega de tentar dissimular

E disfarçar e esconder

O que não dá mais pra ocultar

E eu não quero mais calar

Já que o brilho deste olhar

foi traidor e entregou

o que você tentou conter

o que você não quis desabafar

Chega de temer, chorar

Sofrer, sorrir, se dar

E se perder e se achar

E tudo aquilo que é viver

Eu quero mais é me abrir

E que essa vida entre assim

Como se fosse o sol

Disvirginando a madrugada

Page 30: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

30

Quero sentir a dor dessa manhã

Nascendo, rompendo,tomando

Rasgando meu corpo,e então, eu

Chorando sorrindo, sofrendo,

Page 31: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

31

Adorando, gritando

Feito louca, alucinada e criança

Eu quero o meu amor se derramando

Não da mais pra segurar

Explode coração !

Page 32: 1 massacre da lapa o delator e a tropicália maoista final

32