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Agosto, 2016 RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL PCH BEIRA RIO RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL PCH BEIRA RIO

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Agosto, 2016

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

PCH BEIRA RIO RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

PCH BEIRA RIO

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 2

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

PCH BEIRA RIO

Este Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, informa o resultado dos estudos

realizados sobre os aspectos sociais e ambientais para o licenciamento da Pe-

quena Central Hidrelétrica BEIRA RIO. O projeto está situado no rio Jaguariaíva,

a 52,86 quilômetros de sua foz no rio Itararé e prevê o aproveitamento do poten-

cial energético instalado de 17 MW. Seu reservatório alagará 05 ha além da caixa

do rio que tem 10 hectares, formando um lago artificial de 15 hectares. A barra-

gem terá 18,70 m de altura formando um reservatório de onde será captada a á-

gua, que passará por um extenso canal de 3.500 metros até a casa de força. Es-

sa usina estará no fundo do vale do rio Jaguariaíva e abrigará duas turbinas. Três

orifícios na represa deixarão vazar permanentemente um volume de 3,03m3/s,

para manter a ecologia do rio, com águas no trecho que vai da represa até a casa

de força, onde o rio voltará ao seu curso natural.

Esta Pequena Central Hidrelétrica é da PESQUEIRO Energia S/A e os estudos

socioambientais foram feitos pela equipe da A.MULLER Consultoria Ambiental.

Agosto, 2016

R Francisco Nunes 1868, Curitiba

Tel 41 3232-1852 e 41 9951-0040

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RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

PCH BEIRA RIO

Este Relatório de Impacto Ambiental foi desenvolvido atendendo a sequência re-

comendada pelos Termos de Referência para Licenciamento Ambiental de em-

preendimentos hidrelétricos acima de 10 MW, estabelecidos pela Resolução Con-

junta SEMA/IAP nº 09, de 03 de novembro de 2010 atentando para a orientação

constante de Ofício expedido pelo Sr Presidente do Instituto Ambiental do Paraná,

em agosto corrente.

SUMÁRIO

1. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .................................................. 6

2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ............................................. 8

2.1. Panorama Regional ................................................................................. 9

2.2. Infraestrutura Necessária ....................................................................... 12

2.3. As Alternativas do Projeto ...................................................................... 15

3. DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA ................................................ 18

3.1. Área de Influência Indireta – AII ............................................................. 18

3.2. Área de Influência Direta – AID ............................................................. 19

3.3. Área Diretamente Afetada - ADA ........................................................... 20

4. DEFINIÇÃO DA ÁREA DO RESERVATÓRIO ............................................. 21

5. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ....................................................................... 22

5.1. Meio Físico ............................................................................................ 22

5.2. Meio Biótico ........................................................................................... 30

5.2.1. Flora e Florestas ............................................................................. 32

5.2.2. Fauna .............................................................................................. 37

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5.3. Meio Socioeconômico ............................................................................ 47

6. PROGNÓSTICO AMBIENTAL TEMÁTICO .................................................. 57

6.1. Meio Físico ............................................................................................ 61

6.1.1. Impactos sobre as Águas ................................................................ 61

6.1.2. Impactos sobre a Atmosfera ........................................................... 65

6.2. Meio Biótico ........................................................................................... 69

6.2.1. Impactos sobre a Fauna Terrestre .................................................. 70

6.2.2. Impactos sobre a Fauna Aquática ................................................... 73

6.2.3. Impactos sobre a Flora .................................................................... 76

6.2.4. Outros impactos bióticos ................................................................. 77

6.3. Meio Social ............................................................................................ 77

6.3.1. Aspectos Culturais .......................................................................... 78

6.3.2. Atividades Econômicas ................................................................... 79

6.3.3. Educação, Recreação e Lazer ........................................................ 80

6.3.4. Infraestrutura Regional .................................................................... 80

6.3.5. Núcleos Populacionais .................................................................... 80

6.3.6. Arqueologia ..................................................................................... 81

6.3.7. Populações Indígenas e Quilombolas ............................................. 81

6.3.8. Saúde Pública ................................................................................. 82

6.3.9. Situação demográfica urbana e rural .............................................. 82

7. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS ..................................... 84

7.1. Metodologia da Avaliação ...................................................................... 84

7.2. Impactos da Fase de Implantação ......................................................... 87

7.3. Impactos da Fase de Operação ............................................................. 91

7.4. Análise das Alternativas ......................................................................... 93

8. ANÁLISE INTEGRADA ................................................................................ 98

8.1. Análise da APP ...................................................................................... 98

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8.2. Análise quali-quantitativa das águas usadas na geração hidrelétrica .... 98

8.3. Análise integrada dos aspectos geofísicos do empreendimento ........... 99

8.4. Análise dos Aspectos Bióticos ............................................................... 99

8.5. Análise das questões socioeconômicas e culturais ............................. 100

9. MEDIDAS E PROGRAMAS AMBIENTAIS ................................................. 102

10. MONITORAMENTO E ACOMPANHAMENTO ......................................... 107

11. CONCLUSÃO ........................................................................................... 108

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 112

ANEXOS ........................................................................................................ 122

FOLHA DE ASSINATURAS ................................ Erro! Indicador não definido.

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1. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

O empreendimento pertence à Pesqueiro Energia S/A e se localizará no rio Ja-

guariaíva a 52,86km de sua foz no rio Itararé, entre os municípios de Jaguariaí-

va e Sengés Rodovia PR 151 km 29,8, na zona rural, Sengés, PR. Seu Cadas-

tro no Ministério da Fazenda, CNPJ é nº: 09.580.799/0001-07 e seu representante

é o Sr. Luiz Alfredo Teixeira Strickert, com e-mail: lstric-

[email protected]. Os contatos nesta fase de projeto são feitos à rua

das Flores, 382, Colônia Castrolanda, Castro-Pr. Tel. (42) 9913-0405. O Proje-

to de Engenharia tem como responsável técnico: Engª. ANDREA DALLA NORA,

CREA-PR 28.321/D, cujos contatos são rua Marechal Deodoro 51, 15º A, Curi-

tiba, Tel. (41) 3233-1400; e-mail [email protected].

A Pequena Central Hidrelétrica - PCH BEIRA RIO será levantada nos Municípios

de Jaguariaíva e Sengés (Casa de Força), Centro Leste do Estado do Paraná, a

uma distância de cerca de 35,1 Km do centro de Jaguariaíva e 15,2 Km de

Sengés, e aos 52,86 quilômetros medidos ao longo do rio Jaguariaíva desde sua

foz no rio Itararé. As coordenadas geográficas da Barragem são 24°06’47,72”S e

49°37’56,19” O.

Os estudos ambientais foram desenvolvidos pela equipe de profissionais contra-

tados pela A. Muller Consultoria Ambiental, cadastrada no Ministério da Fazen-

da - CNPJ nº 09580799/0001-07. Essa Consultoria tem seu endereço legal: R.

Francisco Nunes 1868, CEP 80215-202; Curitiba, Pr. e para contatos à rua Nu-

nes Machado 472, sl 301, CEP 80250-000, Curitiba, Pr, Tel 041 3232-1852 /

041 9951-0040 Seu Cadastro Técnico Federal no IBAMA é de número 5.217.079.

O Corpo Técnico que participou desses estudos foi composto dos seguintes pro-

fissionais:

Coordenação Geral: Dr. ARNALDO CARLOS MULLER, Eng. Florestal, CREA-

PR 3809/D IBAMA CTF nº 1018 370 e e-mail: [email protected];

http://lattes.cnpq.br /5801081297226430

Assistentes de Coordenação: M. Sc. LIZ EHLKE CIDREIRA, Engª Ambiental,

CREAPR 140519/D IBAMA CTF nº 6.105.104 e e-mail: [email protected];

http://lattes. cnpq.br/2100183005068558.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 7

Engª. Ambiental TAMARA WISNIEWSKI FOLLETTO, CREA PR 146190/D IBA-

MA CTF nº 6.292.624 e e-mail: [email protected];

http://lattes.cnpq.br/1440588281882856.

Florestas: Dr. ARNALDO CARLOS MULLER, Eng. Florestal, CREAPR 3809/D

IBAMA CTF nº 1018 370 e e-mail: [email protected];

http://lattes.cnpq.br /5801081297226430

Antropologia e Socioeconomia: Dr. LEONARDO PERONI, Sociologo, IBAMA

CTF nº 5.514.517 e e-mail: [email protected];

http://lattes.cnpq.br/2849072206959029

Biologia aquática: Dra. LUCIANA R. DE SOUZA BASTOS, Bióloga, CRBio

66.933/07-D, IBAMA CTF nº. 4.087.783 e e-mail: [email protected];

http://lattes.cnpq.br/5026609882283698

Biologia Terrestre. M. Sc. RENATA GABRIELA NOGUCHI, Bióloga, CRBio

83120/07-D, IBAMA CTF nº 4.337.112 e e-mail: [email protected];

http://lattes.cnpq.br/7457834961896241

Geomorfologia, Solos e Hidrologia: Projeto Básico, da RDR, Engenheiros

Consultores, Resp. Técnico Eng. Andrea Della Nora, CREA PR 28.321/D e e-

mail : [email protected].

Desenhos: ELEMENT, Desenvolvimento de Sistemas, Rua Nunes Machado

472, Sl 301, 80250-000 Curitiba, Pr

Estagiários: NICOLE SANTOS ACCIOLY RODRIGUES DA COSTA, Acadêmica

de Engenharia Ambiental da PUCPR, Campus Curitiba. IURI GIBSON BAYERL,

Acadêmico de Engenharia Ambiental da PUCPR, Campus Curitiba. PAOLA ZA-

NINELLI, Acadêmica de Engenharia Florestal da UFPR, Campus Curitiba.

Auxiliares: JOEL MORAIS DA SILVA, Coletor e preparador Botânico (Museu

Botanico de Curitiba); DOUGLAS TSUYOSHI NAKAYAMA, Biólogo coletor e

preparador de material ictiológico; e ISABEL CRISTINA SHEUER MULLER, A-

poio Administrativo.

Os currículos dos profissionais deste grupo técnico se encontram nos links da Pla-

taforma Lattes:

Dr. ARNALDO CARLOS MULLER: http://lattes.cnpq.br/5801081297226430

Dra. LUCIANA R. DE SOUZA BASTOS: http://lattes.cnpq.br/5026609882283698

M.Sc. RENATA GABRIELA NOGUCHI http://lattes.cnpq.br/7457834961896241

Engª Amb. TAMARA W. FOLLETTO http://lattes.cnpq.br/1440588281882856

M.Sc. LIZ EHLKE CIDREIRA http://lattes.cnpq.br/2100183005068558

Sociólogo LEONARDO PERONI: http://lattes.cnpq.br/2849072206959029

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 8

2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A PCH – Pequena Central Hidrelétrica BEIRA RIO foi concebida para conseguir o

melhor aproveitamento energético com o menor impacto ambiental possível. Uma

barragem de altura da ordem de 18,70 metros formará um reservatório que alaga-

rá cerca de 6 alqueires, em uma área de fundo de vale em que o rio ocupa cerca

de 4 alqueires. Isso é suficiente para derivar uma porção das águas para um ex-

tenso canal, de 3.500 metros.

Saindo do canal as águas entrarão em um grande tubo, chamado conduto força-

do, que levará as águas para

a casa de força, próximo da

casa de força esse tubo se

dividirá em dois, para alimen-

tar duas turbinas. As duas

turbinas transformarão o mo-

vimento das águas em ener-

gia elétrica. Todas as águas

serão depois devolvidas ao

rio Jaguariaíva, e continua-

rão seu curso naturalmente.

A energia gerada será leva-

da por uma rede elétrica até a subestação da COPEL, em Sengés, onde entrará

no Sistema Interligado Nacional, que levará essa energia até seus consumidores.

A PCH BEIRA RIO terá seu eixo de barragem edificado nas coordenadas geográ-

ficas 24°06’47,72” de latitude Sul e 49°37’56,19” de longitude Oeste, a 52,86 km

da foz do rio Jaguariaíva (Figura 01).

Este Relatório de Impacto Ambiental tem por objetivo verificar e informar sobre a

viabilidade socioambiental do aproveitamento do potencial hidrelétrico do rio Ja-

guariaíva por meio da PCH BEIRA RIO, projetada no respectivo rio.

Figura 01. Local do eixo da barragem da PCH BEIRA RIO

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Dentre as possibilidades existentes no local do empreendimento, o estudo das

alternativas de localização e de tecnologias mostrou que, considerando muitas

variáveis a opção escolhida foi a melhor, tanto do ponto de vista técnico como

ambiental e social. O projeto possui vantagens técnicas porque permite um bom

aproveitamento a baixo custo, sem, contudo, perder para os requisitos de segu-

rança. No enfoque ambiental, o projeto afeta somente pequena porção (5 ha) do

vale, que é relativamente bem encaixado, alagando poucas corredeiras. A maior

parte do futuro reservatório, cerca de 2/3, é ocupado pela caixa do rio Jaguariaíva

Não haverá transtornos de relocação de populações ou estruturas domiciliares ou

rurais. A área da PCH BEIRA RIO alcança apenas dois imóveis rurais que já per-

tencerão ao próprio empreendedor da PCH, a PESQUEIRO Energia S/A. Atual-

mente estão sem qualquer produtividade rural. Em ambas as margens ocorrem

faixam de preservação ciliar. Também não há ocupações irregulares, invasões ou

comunidades tradicionais na área do empreendimento e em suas proximidades.

A proposta desta PCH - Pequena Central Hidrelétrica se apresenta com alto po-

tencial de sucesso dentre os projetos similares. E empreendimento se justifica

porque é grande, e está crescendo ainda mais, a necessidade energética de e-

nergias limpas e renováveis, substitutas de fontes fósseis, poluidoras e contami-

nantes atmosféricas. Esse crescimento se deve ao dinamismo do desenvolvimen-

to socioeconômico brasileiro.

2.1. Panorama Regional

O aproveitamento se localiza no rio Jaguariaíva, em trecho que divide os Municí-

pios de Jaguariaíva e Sengés, no centro leste do Estado do Paraná, cerca de 250

quilômetros da Capital. Esta região é dominada – à exclusão do vale do rio - por

colinas suaves dos altiplanos, que abrigam abundantes safras agrícolas. O rio

Jaguariaíva possui suas nascentes em altitudes próximas de 1.000 metros, nas

proximidades da Serra de Paranapiacaba. Das nascentes até o trecho inventaria-

do, o Jaguariaíva percorre aproximadamente 52 km, descendo até uma altitude

em torno de 500 metros ao nível do mar. O inventário hidrelétrico do rio Jaguariaí-

va, aprovado pela ANEEL, levantou três possibilidades de aproveitamentos no

trecho em estudo, sendo a PCH BEIRA RIO o penúltimo destes.

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O rio Jaguariaíva possui um aproveitamento hidrelétrico em operação a montante,

a PCH Pesqueiro com eixo da barragem situado a 2,34 Km à montante do eixo da

barragem da PCH BEIRA RIO, e da casa de força daquela vertem diretamente no

reservatório, as águas daquele aproveitamento. A PCH BEIRA RIO está na cota

de altitude dos 614,00 m ao nível do mar.

A barragem da PCH BEIRA RIO encontra-se a 12 Km, medidos pelo eixo do rio,

da divisa sul do Parque Estadual do Cerrado, e a 52,86 km da foz do rio Itararé,

contribuinte pela margem esquerda.

Não foram detectados usos consuntivos significativos no rio Jaguariaíva, tais co-

mo os que pudessem interferir nas avaliações energéticas do estudo de inventário

realizado. Estudos comprovaram que não há no rio respectivo, condições para

navegação, e também não há usos consuntivos tais como projetos de irrigação,

ou captação para usos urbanos ou para dessedentação pecuária.

As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), são aproveitamentos com potência

instalada igual ou inferior a 30 MW e com reservatório com área igual ou inferior a

3 km², apropriadas para aproveitamentos localizados de pequeno impacto social e

ambiental, reconhecidos e incentivados pela Agência Nacional de Energia Elétrica

- ANEEL. A PCH BEIRA RIO tem alto potencial de sucesso dentre os projetos si-

milares, por suas reduzidas dimensões e alto desempenho energético.

O aproveitamento desta PCH prevê gerar uma potência instalada de 17 MW,

através de dois geradores com e sua rede de distribuição levará a energia gerada

até Sengés, entregando-a ao Sistema Interligado Nacional através da COPEL -

Companhia Paranaense de Energia, compartilhando o sistema de transmissão

com a PCH MACACOS, projeto situado à continuação deste.

O projeto da PCH BEIRA RIO se constitui em uma barragem transversal ao cur-

so do rio, com 18,70m de altura e 167,66 de comprimento, maciça em concreto a

gravidade, que elevará as águas do rio Jaguariaíva, desviando-as através de um

canal adutor superficial de 3.500m. Este levará as águas até a câmara de carga

onde águas serão introduzidas, através de um conduto forçado de 181 m de

comprimento até à bifurcação, e mais 29 metros à casa de força, que será cons-

truída em casco estrutural impermeável em concreto armado e lastro em concreto

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ciclópico, com 677,00m2, onde serão instaladas duas turbinas tipo Francis rotor

duplo com eixo horizontal. O vertedouro é do tipo soleira livre, com extensão de

115m no eixo da barragem, sendo assim as águas, quando em excesso, fluirão

livremente por cima da barragem.

O reservatório a ser formado pela barragem estará na altitude 614m, com 15ha

de área alagada, dos quais 10 ha pertencem à calha natural do rio, logo alagando

apenas 05 hectares. O reservatório terá um comprimento de 2,134 km e um perí-

metro de 4,409 km, tendo suas margens uma faixa protetora (Área de Preserva-

ção Permanente), de 50m, totalizando 22,02 ha. No corpo da barragem estarão

três orifícios destinado à vazão ecológica, que terá capacidade de verter 3,03

m3/s.

Os dados de Geologia, Clima e Hidrologia procedem dos levantamentos feitos

pela Engenharia, concluídos no Projeto Básico e complementação de estudos

precedentes, incluindo informações de novos estudos ambientais realizados, em

conjunto com o EIA.

Foram empregados estudos bióticos (flora e fauna, terrestre e aquática) já exis-

tentes da região do Projeto, como o Plano de Manejo do Parque Estadual do Cer-

rado, ao que se adicionou campanhas de flora e fauna realizadas na área de in-

fluência da PCH BEIRA RIO pela equipe de consultores. Os estudos bióticos fo-

ram feitos com base na Autorização Ambiental nº 44.337, com validade qté

21.01.2017.

Para os estudos antrópicos a coleta de dados teve como principais fontes de pes-

quisa as diversas instituições governamentais responsáveis pela geração de in-

formações sociais e econômicas, e de desenvolvimento regional. O método de

trabalho baseou-se, onde coube, em entrevistas e, na maioria dos casos, em con-

sultas a bancos de dados de instituições oficiais, a nível nacional, estadual e nos

municípios afetados e disponível em bibliotecas e bancos de dados eletrônicos.

Considerando a importância da legislação como suporte norteador dos estudos e

proposições inerentes ao presente estudo, a coletânea na qual se baseou a análi-

se de suas implicações alcançou mais de uma centena de leis, decretos, resolu-

ções e portarias das esferas federal, estadual e municipal. Também foi extensa a

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 12

análise da compatibilidade deste empreendimento com programas e planos das

esferas municipal, estadual e federal. Não se encontrou, na legislação verificada e

nos planos governamentais, óbices à implantação do aproveitamento nas condi-

ções em que se apresentou.

2.2. Infraestrutura Necessária

O porte e características técnicas deste empreendimento previnem, por si, muitos

dos impactos ambientais típicos deste gênero de obra. Alguns detalhes relaciona-

dos à infraestrutura necessária, com rebatimentos ambientais, devem ser desta-

cados. Inicialmente haverá o período da Obra, que é aquele desde a abertura dos

acessos aos locais de trabalho, passando pela instalação do Acampamento, exe-

cução das obras civis de edificação da Barragem, do Canal de Adução e da Casa

de Força, a preparação da área do Reservatório para o alagamento, a formação

do Reservatório, a fase de testes e então o comissionamento dos equipamentos,

iniciando a fase Operacional. O arranjo da PCH BEIRA RIO recomenda dois can-

teiros de obra, ambos situados na margem direita do rio.

No acampamento, as edificações serão mínimas, graças à proximidade da cida-

de. Estas serão suficientes para abrigar o escritório, pequeno alojamento para

pessoal permanente (vigias e apoio), refeitório e instalações sanitárias do pessoal

que será contratado para as frentes de serviço, depósito/almoxarifado, para a

central de concreto e de britagem, pequena oficina, e já no final, os pátios de pré-

montagem e de instalação dos equipamentos eletromecânicos. O dimensiona-

mento e localização do acampamento consideraram as condições do terreno e a

proximidade das obras da barragem e casa de força, aproveitando condições do

terreno que permitissem trabalhos mínimos de terraplanagem, ao mesmo tempo,

possibilitando um adequado controle da segurança física e ambiental. A central de

concreto, estoque de areia, estoque de brita e britagem ficarão em área a ser de-

terminada entre os dois canteiros, próximo ao barramento.

Tal estrutura disporá de energia elétrica, água potável, coleta de esgotos e resí-

duos. Atenções ambientais no Acampamento incluirão não só a coleta, mas tam-

bém o controle de resíduos dos refeitórios, alojamento, escritórios e das obras, e

dos efluentes de esgotos a águas cinzentas (serão conduzidas para fossas sépti-

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 13

cas e poço negro). As águas poderão ser supridas por cacimba ou poço artesiano

que depois servirá ao pessoal permanente, na operação da Usina.

Para a etapa construtiva previu o Projeto Básico que grande parte dos materiais

de construção poderá ser adquirida na cidade de Jaguariaíva, que possui boa in-

fraestrutura urbana, comércio e serviços. O material não encontrado nesta cidade,

certamente será suprimido por fornecedores de Ponta Grossa, Curitiba ou mesmo

no Estado de São Paulo, não distante do Projeto. O projeto também previu a ob-

tenção de material geológico nas proximidades da própria Obra, para o que deve-

rá ser examinada sua qualidade, vez que o predomínio rochoso é de arenito. Essa

questão tem alta relevância, lembrando que as escavações do canal de adução,

que terão 3,5 km produzirão volumes significativos de material, que deverá ser

considerado para seu uso da Obra, acessos etc. De qualquer maneira, os volu-

mes sobrepujantes dessas escavações deverão ser adequadamente destinados,

buscando-se evitar a formação de extensas áreas de bota-foras, que se constitui-

riam passivos ambientais indesejados.

A extração, transporte e bota-fora de rochas e solos para a implantação do projeto

será feita com cuidados para reduzir e controlar riscos de focos de erosão e/ou

passivos ambientais, gerando áreas a serem posteriormente recuperadas. Os

cuidados ambientais nessas atividades deverão considerar alterações mínimas

nos solos das áreas que deverão ser ou permanecer florestadas.

Após o encerramento das obras, os bota-foras serão recuperados com a aplica-

ção de camada de solo fértil e plantios de essências vegetais adequadas, próprias

da região.

As margens do canal de aproximação bem como o anterior à câmara de carga

serão cercadas com tela de aço de 0,80 m de altura, para evitar o acesso e que-

das de animais e mesmo de pessoas, cujos acidentes poderão causar injúrias,

ademais das dificuldades das vítimas em sair, já que as paredes serão revestidas

com materiais adeqwuyados para facilitar o escoamento das águas. Ainda assim,

dispositivos para facilitar esses escapes serão ser instalados em locais mais pro-

pícios do canal, antes da aproximação ao canal de adução e da câmara de carga.

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Haverá uma passagem sob o canal de adução para que garantir a passagem dos

animais de um lado para o outro.

A supressão florestal necessária deve se ater ao estritamente necessário para a

realização das obras, e depois, o ambiente deverá ser recuperado, buscando re-

tomar as condições naturais atuais.

Simultaneamente à execução da Obra, a área do Reservatório será preparada

para a implantação do futuro lago artificial e da área de preservação permanente.

A delimitação topográfica demarcará duas linhas, a linha d’água do futuro reserva-

tório, onde toda a vegetação deverá ser suprimida, e a da linha poligonal envol-

vente, demarcando a faixa ciliar que formará a APP de cada margem do Reserva-

tório. O corte da vegetação se fará da linha d’água para as áreas mais elevadas,

permitindo que os animais se desloquem por si para as matas ciliares que perma-

necerão, a jusante do projeto. Estes certamente retornarão e povoarão a APP do

novo reservatório, quando a Obra se encerrar. O material lenhoso a ser cortado

será retirado da área a ser alagada e depositado além da futura Área de Preser-

vação Permanente, para aproveitamentos diversos. Mais detalhes são explana-

dos nos Programas Ambientais.

O período operacional da PCH BEIRA RIO se principiará após a formação do Re-

servatório e execução dos testes dos sistemas geradores. Como o regime opera-

cional definido em projeto é o “fio d’água”, ou de base, não haverá alteração de

nível d’água (deplecionamento) diário e/ou sazonal será mínimo. Nestas condi-

ções o reservatório terá, em condições normais de operação, nível constante na

elevação 614 m. O trecho de rio, de 4.300 m entre a barragem e o canal de fuga

ou restituição, onde as águas serão devolvidas ao leito original do rio, será ali-

mentado por um volume permanente de águas, chamado de vazão sanitária ou

ecológica de 3,03 m³/s garantida pela existência de três orifícios no vertedouro.

Neste percurso três pequenos cursos d’água afluentes intermitentes e/ou de

pequena vazão estarão incrementando o volume das águas do trecho de vazão

reduzida. Na passagem dos cursos dágua perenes serão feitas galerias sob o

canal adutor, viabilizando a passagem de animais de um para outro lado.

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O vale do rio na área do reservatório é bastante encaixado, contido por barrancas

laterais de solo compacto protegido por estreita faixa de vegetação. A área em

torno do reservatório receberá uma floresta protetora estendendo-se por toda a

periferia. Esta área atualmente não está significativamente ocupada. Na área da

Pesqueiro Energia, acima da futura APP a área estásendo usada extensivamente,

havendo não mais do que a soltura de alguns cavalos nas áreas alteradas de Cer-

rado e sob áreas reflorestadas com eucaliptos.

Esta Área de Preservação Permanente possuirá 50m e soma 22 hectares. Vale

destacar que não existem na área diretamente afetada e mesmo na de influência

direta, ocupações de populações tradicionais, quilombolas e indígenas, inexistin-

do óbices desta natureza, de acordo com observações de campo e dados obtidos

em site do ITCG.

Quanto à manutenção da usina e dos geradores, para prevenir perdas eventuais

de óleo residual nas operações de manutenção, este será coletado de dispositivo

tipo reservatório ou bandejas metálicas rasas colocadas sob os equipamentos, de

forma a evitar contaminação do meio ambiente. Se houver mistura de água com

ou sem detergentes com o óleo, este efluente será tratado em caixa separadora

de água e óleo, e descartada adequadamente, evitando-se contaminar águas e

solos. O óleo será armazenado temporariamente em tambores de 20L, para reci-

clagem posterior, por terceiros. As dimensões das bandejas coletoras de óleo de-

vem ser suficientes para atender ao dobro do volume de óleo usado no equipa-

mento (incluindo transformadores), considerando que neste óleo poderá haver

mistura de água e solventes.

2.3. As Alternativas do Projeto

No contexto do Inventário Hidrelétrico do Rio Jaguariaíva, a localização e tecnolo-

gia de empreendimento (potência, tipo de equipamentos e características gerais)

foram conjugadas com outras quatro alternativas para o aproveitamento do po-

tencial hídrico deste trecho do rio.

Estas alternativas foram denominadas Montante A, Montante B, Meio e Jusante,

considerando a área de drenagem, vazões, queda bruta, potência instalada, e-

nergia potencial média, vazão de engolimento e aspectos financeiros relativos a

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cada alternativa. Os estudos de viabilidade econômica e ambiental concluíram

que a proposta finalmente denominada PCH BEIRA RIO, associada à proposta da

PCH MACACOS Montante-B, apresentou as melhores condições de cus-

to/benefício. Os Quadros 01 a 03 resumem os dados de ambas as propostas da

PCHs escolhidas, ressaltando os aspectos de maior interesse à discussão ambi-

ental das suas características.

Quadro 01. Características Locacionais das Alternativas

Alternativas Área de dre-

nagem

Vazão média de longo período

Vazão sólida Área do

reservatório Queda bruta

PCH Beira Rio 1.332 km2 26,07 m

3/s 189.838 t/ano 0,16 km

2 61,00m

PCH Macacos 1.375 km2 26,91 m

3/s 195.967 t/ano 0,23 km

2 34,00m

Quadro 02. Características Técnicas das Alternativas

Alternativas N.A do reser-

vatório* N.A. da casa

de força Vazão de

engolimento Altura da soleira

Comprimento da soleira

PCH Beira Rio 614,00m 553,00m 25,10 m3/s 14,00m 115,00m

PCH Macacos 553,00m 519,00m 25,60 m3/s 14,00m 125,00m

N.A.: Nível das águas em relação ao do mar.

Quadro 03. Características das Alternativas de potencias e derivações

Alternativas Potência instalada

Energia mé-dia

Vazão ecoló-gica

Canal de adução

Túnel de adução

PCH Beira Rio 12,47 MW 9,13 MW 3,15m3/s 3.550m 0 m

PCH Macacos 7,03 MW 5,18 MW 3,25m3/s 70 m 530 m

Neste Estudo de Impacto Ambiental está sendo considerada somente a proposta

do aproveitamento da PCH BEIRA RIO. Não obstante, ao se analisar as alternati-

vas, não se pode prescindir de citar a PCH MACACOS, em planejamento, como

referencial condicionador do estudo.

A seleção da melhor alternativa, determina a lei, deve considerar, a par da pro-

posta, a alternativa da não edificação do empreendimento. No caso específico

deste empreendimento, o julgamento também perpassará por valores associados

a outro projeto, o da PCH de MACACOS, em desenvolvimento pela mesma Em-

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preendedora, situado a pequena distância a jusante. Para não ofuscar a análise e

justificativa do projeto comparativamente à sua não execução, não se considerará

aquele nesta análise.

Na paisagem regional já se encontra antropismos relacionados à localização,

lembrando que à margem esquerda do reservatório está o sistema de restituição

da PCH Pesqueiro, que ali lança as águas desviadas desde o reservatório, situa-

do no mesmo rio Jaguariaíva. Assim, a montante do local da restituição o rio pos-

sui baixa vazão, e perdura um estágio de regeneração ciliar, decorrentes de ajus-

tes no terreno feitos por ocasião das obras da Casa de Força. Não há outra ocu-

pação das margens do rio com habitações ou culturas, sendo toda a área de pro-

priedade do empreendedor.

Por outro lado, a não execução deste empreendimento não garante que a biodi-

versidade venha a encontrar melhores condições de sobrevivência, muito pelo

contrário. Os cuidados com a preservação da vegetação natural às margens e a

necessidade de vigilância do patrimônio do Empreendedor tornam as margens do

reservatório muito mais favoráveis à vida silvestre e à preservação dos ecossis-

temas ali remanescentes.

Será indiferente, se não houver o aproveitamento, a criticidade dos solos e da ge-

ologia às condições presentes. Também não haveria proteção ou ameaça, a curto

prazo, se ali houvesse comunidades tradicionais, vestígios arqueológicos ou e-

cossistemas que abrigassem espécies endêmicas. Não havendo o empreendi-

mento, não há benefícios relativos aos dispêndios ou custos com as obras, e nem

benefícios sociais decorrentes desta. Assim, essa alternativa pode ser desconsi-

derada, à luz da outra ora considerada.

A pontuação positiva da PCH BEIRA RIO é, assim, a evidência de que a alternati-

va de sua construção se apresenta como adequadamente conveniente à biodiver-

sidade e aos usos sociais do reservatório, neste incluído, prioritariamente o da

geração energética. Naturalmente isso se pode afirmar considerando como man-

tidas as condições de pressões antrópicas ativas (caça) e passivas (introdução de

espécies por meio da zoo e anemocoria), aliadas à relativa ausência da vigilância

ambiental pelo Poder Público, na área de interesse.

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3. DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA

Convenciona-se chamar de áreas de influência aos locais onde as condições físi-

cas, bióticas ou socioeconômicas do meio são passíveis de perceber os efeitos do

empreendimento, em suas fases de planejamento, implantação e operação. Nas

análises socioeconômicas e ambientais da região da PCH BEIRA RIO, foram

consideradas três áreas de influências distintas em vista das suas relações com

ou sobre o empreendimento: são as AII, área de influência indireta, a AID, área de

influência direta e a ADA, área diretamente afetada.

3.1. Área de Influência Indireta – AII

A AII é a que, por sua posição geográfica, pode afetar o empreendimento, por

exemplo, provocando maior ou menor o volume das águas que chegam à área da

PCH. Exerce também efeitos sobre a carga de sedimentos e teor de substâncias

poluidoras captadas pelo rio desde suas nascentes até chegar à represa. E ainda,

a AII faz referência à região que polariza a economia da área do empreendimento,

a origem e destinação das ofertas de infraestrutura, produção, sustentação eco-

nômica e política, etc.

Neste caso, a AII deste projeto compreende os municípios de Jaguariaíva e Sen-

gés, na medida em que o aproveitamento influencia e beneficia com a produção

hidrelétrica da PCH BEIRA RIO.

Considerando que a AII compreende a região águas acima do Projeto, melhor

dito, a montante do empreendimento, a PCH BEIRA RIO não gera impactos am-

bientais sobre aquela região, pelo contrário, está suscetível de sofrer impactos

dessa área, por que dela recebe suas águas.

Serão os usos dos solos e águas em Jaguariaíva que mais afetarão os índices de

qualidade das águas, bem como os volumes de partículas carreadas de proces-

sos erosivos, pois o empreendimento localiza-se à jusante da cidade de Jaguaria-

íva. Estes efeitos serão percebidos – e medidos - no futuro reservatório da PCH

BEIRA RIO. Não obstante Sengés, onde se origina um dos rios contribuintes,

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passa a ter grau importante de influência, já que a Casa de Força está situada

neste Município, com seus aspectos legais e fiscais correspondentes.

O Desenho 1 apresenta a bacia hidrográfica à montante do Projeto que é a Área

de Influência Indireta, onde se incluem as outras duas áreas de influência.

3.2. Área de Influência Direta – AID

Reconhecendo a possibilidade de afetações de uma determinada região circun-

dante da região ao reservatório e deste para essa região, delimitou-se uma faixa

de 500 m em torno do reservatório e suas estruturas construtivas, incluindo tam-

bém o próprio

curso d’água, a

montante do

remanso e a

jusante da Casa

de Força, onde

está o canal de

restituição, para

a AID, onde se

admite maior

intensidade des-

sas influências

mútuas (Figura

02).

Os tipos de influências dizem respeito aos usos dos solos para que neles não se

formem processos erosivos, ameaças de animais domésticos virem a perseguir

animais silvestres da APP, riscos de animais silvestres (serpentes e herbívoros)

saírem da APP em direção às áreas contínuas, introdução de espécies florestais

exóticas, necessidades de acessos à água e mesmo ao tráfego através da APP,

usos das águas do reservatório para fins consuntivos, etc.

O Desenho 6 mostra a configuração das Áreas de Influência Direta (AID) e Dire-

tamente Afetadas (ADA) deste empreendimento. O objetivo de delimitar esta área

é, também, de demonstrar que o Projeto não está em desacordo ou conflito com

Figura 02. A Area de Influência Direta inclui parte das áreas agrícolas lindeiras.

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as leis de uso do solo desta região, nem interfere com programas e planos gover-

namentais, a nível nacional, estadual e municipal.

3.3. Área Diretamente Afetada - ADA

A Área Diretamente Afetada – ADA – é a delimitada pelo espaço usado pelas ins-

talações do empreendimento, a saber, a Barragem, Reservatório, Canal de Adu-

ção, Casa de Máquinas, Canal de Restituição, alojamentos, canteiros de obras,

vias de acesso aproveitadas ou novas, áreas de empréstimo, bota-foras, linhas de

transmissão e áreas de segurança impostas pelo empreendimento. Inclui-se

também na ADA o trecho do rio Jaguariaíva entre a Barragem e Canal de Restitu-

ição, sua Área

de Preservação

Permanente –

APP – e parte

da estrada vici-

nal que dá a-

cesso ao em-

preendimento,

bem como a

área de risco de

inundação por

cheia excepcio-

nal (Figura 03).

O Desenho 06 mostra a delimitação da ADA.

Figura 03. A Area de Diretamente Afetada incluirá o rio represado, a APP e Usina

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4. DEFINIÇÃO DA ÁREA DO RESERVATÓRIO

A área do reservatório se estende por 2,13 quilômetros de comprimento total, con-

tudo perfazendo um perímetro de 4,41 quilômetros, o que indica um avanço muito

pequeno do lago artificial sobre as margens. A área inundada será de 15 hecta-

res, dos quais 10 hectares já são inundáveis, ou seja, pertencem à atual caixa do

rio. Com isso, nada mais que será inundado, além do rio, uma área de 05 hecta-

res, ou dois alqueires paulistas.

Para atingir a cota do nível máximo (614,00 m) o volume total a ser preenchido

corresponde a 0,998 x 106 m3, ou seja, quase 01 milhão de litros de água.

Poucas horas seriam necessárias para formar o reservatório, considerando a va-

zão média do rio. Porém, para uma acomodação calma das estruturas da barra-

gem e do solo, assim como para maior segurança na operação de resgate de a-

nimais que possam ter voltado à área (com o desmatamento da área de inunda-

ção se consegue afastar a fauna do risco de ser alcançado pelas águas do reser-

vatório), esse enchimento será feito em aproximadamente menos de um dia. Po-

rém o tempo de residência, ou seja, o tempo necessário para que todas as águas

sejam trocadas é de pouco mais de meio dia (mais precisamente 13 horas).

Considera-se neste Relatório de Impacto Ambiental como área do Reservatório a

faixa ciliar circundante, considerada 50m, considerando sua obrigação legal de

preservar as antigas margens do rio. A Área de Preservação Permanente do Re-

servatório, nestas condições, assume 22 hectares (9,1 alqueires paulistas), o que

representa uma área próxima do que a ocupada pelo reservatório, um ganho am-

biental significativo para uma área que já apresenta fortes evidências de degrada-

ção ambiental.

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5. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

O diagnóstico ambiental é um conjunto de estudos que analisa os fatores ambien-

tais relevantes para os processos de implantação e operação da PCH BEIRA RIO

e, a partir dessa análise, é possível prognosticar as transformações que ocorrerão

no ambiente, ou seja, os impactos ambientais, positivos e negativos, causados

pela implementação da PCH em estudo. Serão tratados nesta seção os levanta-

mentos e estudos realizados sobre a região que receberá o empreendimento, a-

bordando os aspectos físicos (ou abióticos), os biológicos (bióticos) e os sócio-

econômico-culturais (ou antrópicos). Atendendo ao que recomendam os Termos

de Referência do IAP, o corte desses estudos enfatiza a região do Projeto, tendo

como nada mais que pano de fundo os dados da socioeconomia e sociologia ma-

crorregional.

5.1. Meio Físico

Na região em estudo do empreendimento foi constatado que a cobertura vegetal

pertence ao domínio do Cerrado, com variações de Cerradão influenciado por

Matas com Araucárias, um dos fatores que interferem nas condições médias do

tempo, e tem deixado de exercer o seu papel moderador, por se encontrar em

avançado estágio de extinção já há algum tempo. Onde o tipo climático local é

determinado

como subtropi-

cal úmido meso-

térmico, de ve-

rões frescos e

com ocorrências

de geadas seve-

ras e frequentes,

não apresentan-

do estação se-

ca, de acordo

com os domí-

nios climáticos Figura 04. Verões quentes e invernos frescos determinam o perfil climático

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determinados por Köppen (Cfb).

Para o estudo das precipitações médias da bacia, foram utilizados três estações

pluviométricas da Agência Nacional de Águas – ANA – próximas à região do Pro-

jeto, sendo elas as estações Jaguariaíva (02449019), pertencente à bacia do rio

Jaguariaíva, e Itaporanga (2349020) e Salto Itararé (2349031), pertencentes à

bacia do rio Itararé e localizados próximas e a jusante da foz do rio Jaguariaíva.

As análises temporais dessas três estações chegaram ao resultados da média

das precipitações na região, são da ordem dos 1200 a 1500 mm anuais, sendo

que os meses quem apresentam médias mensais pluviométricas mais elevadas

são de dezembro a março e o período de estiagem vai de maio a agosto. (ver Fi-

gura 05)

Já avaliando a precipitação regional nota-se que em geral a precipitação média

anual é superior a 1.400 mm ao ano. Quanto às ocorrências médias mensais da

temperatura da bacia, com regime pluviométrico calculado de 1.460 mm/ano,

com temperaturas máxima absoluta de 37º C e mínima absoluta de –5,2º C (vari-

ando com a altitude). Os verões são frescos (temperatura média inferior a 22°C),

invernos com ocorrências de geadas severas e frequentes (temperatura média

inferior a 18°C).

Figura 05. Distribuição de chuvas na bacia. Fonte: Projeto Básico

0

50

100

150

200

250

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Tempo (meses)

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Jaguariaíva Itaporanga Salto Itararé

Máximas

Mínimas

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Para caracterizar a evaporação potencial da região em estudo, foram utilizados

dados da estação climatológica Ponta Grossa (02550024), localizada nas coorde-

nadas 25° 13’ Sul e 50° 01’ Oeste, pertencente ao IAPAR. De acordo com as in-

formações ali obtidas, a evaporação média total anual é de 930,2 mm, com média

mensal calculada variando de 59,2 mm em junho e 94,2 mm em novembro. O

comportamento de variação de acordo com a época do ano da umidade relativa

indicou, com valor médio anual, superior a 80%.

Sobre a velocidade média dos ventos na região, verificou-se uma sensível sazo-

nalidade. O período anual de maior intensidade (velocidades mais elevadas) ocor-

re nos meses de

setembro a ja-

neiro (primave-

ra-verão).

Na questão de

geológica, a

bacia hidrográfi-

ca do rio Jagua-

riaíva está inse-

rida na divisa de

dois grandes

compartimentos,

a Bacia do Pa-

raná e o Escudo

Paranaense.

Na área do Escudo, quatro conjuntos litológicos, ou compartimentos, são defini-

dos com base em parâmetros estratigráficos, tectônicos e geocronológicos: o Ar-

queano e Proterozóico Inferior, o Proterozóico Superior, o Proterozóico Superior

ao Paleozóico Inferior e o Paleozóico, este compartilhado com a área do Bacia do

Paraná. O compartimento Bacia do Paraná é dividido em três grandes três con-

juntos litológicos, o já citado Paleozóico, o Mesozóico e o Cenozóico. A bacia do

Jaguariaíva abrange áreas do Paleozóico Inferior e Mesozóico, com geologia for-

Figura 06. Morro da Mandinga, uma testemunha geológica

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mada por sedimentos paleozóicos, derrames basálticos e rochas ígneas e meta-

mórficas.

A região (Área de Influência Indireta - AII) do Projeto apresenta quatro tipologias

geológicas predominantes, pertencentes a três Grupos. Do Grupo Paraná ocorre

as duas Formações, a Furnas e a Ponta Grossa; do Grupo Itararé, a Formação

Rio do Sul, Mafra, Campo Tenente, e do Grupo São Bento, a Formação Serra

Geral.

A área pontual do Projeto situa-se sobre uma base geológica sedimentar atribuída

ao Paleozóico, Grupo Paraná, de idade devoniana (395 a 345 milhões de anos),

na Formação Furnas, caracterizada pelas estruturas rochosas de Arenitos e Silti-

tos.

A região do empreendimento se encontra sobre o Segundo Planalto do Paraná,

apresenta uma geomorfologia caracterizada algumas vezes por um relevo sua-

ve, cortado por contrafortes abruptos das mesetas de arenito de topo achatado e

de bordas pronunciadas, formando figuras entalhadas que lembram antigos mu-

ros de pedra ou ruínas. Contudo, podem ocorrer variações pontais mais acentua-

das de relevo, em função de variações rochosas (sua composição gera diferentes

resistências ao intemperismo), e também de falhas geológicas, que quando ativas

podem elevar blocos de terreno em relação a outros, gerando relevos mais forte-

mente ondulados, e condicionar formas e locais de vales e rios.

Na região da PCH BEIRA RIO se constatou vales bastante encaixados em rochas

(principalmente arenitos da Formação Furnas) e escavando canyons profundos

(Figura 07), de paredes verticalizadas. Por outro lado, destaca-se, na paisagem, o

Morro da Mandinga (Figura 06), constituído por arenitos do grupo Itararé. É geo-

logicamente chamado de morro-testemunho, um resquício mais resistente ao in-

temperismo devido à granulação mais grossa de seu material constituinte.

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Os solos que

ocorrem na ba-

cia hidrográfica

do rio Jaguariaí-

va são de três

tipos: Latosso-

los, Cambisso-

los e Litólicos.

Entretanto, a

Área Diretamen-

te Afetada –

ADA – da PCH

BEIRA RIO a-

presenta uma nítida predominância pedológica dos Neossolos Litólicos. Já na Á-

rea de Influência Direta – AID: as colinas situadas nas proximidades da encosta

do Jaguariaíva se constatou formações de Latossolos Vermelhos associados a

outros grupos pedológicos. As características tipológicas de relevo, identificadas

na área de interesse são primordialmente de dois tipos: o Relevo Suave ou Ondu-

lado e o Relevo Fracamente Acidentado (amorrado). Estas tipologias são próprias

dos Latossolos Vermelhos, que vem sendo cultivados na região de entorno da

PCH BEIRA RI-

O.

A região do rio

Jaguariaíva está

em uma condi-

ção que favore-

ce pouco a ati-

vidade sísmica,

por encontrar-se

próxima à borda

da bacia sedi-

mentar e por

reunir alguns

Figura 08. Formação sedimentar de Furnas propicia solos arenosos

Figura 07. Canion do Jaguariaíva tem seu último trecho a montante de Beira Rio

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 27

lineamentos de estruturas notáveis, caracterizados por enxames de diques e por

falhas e fraturas extensas. Não há, no entanto, registros de eventos sísmicos na

região em torno do Projeto, segundo o Projeto Básico. Se houve alguma ativida-

de, esta foi em escala suficientemente pequena para não ser percebida. Destaca-

se que não há nenhuma evidência nas estruturas da PCH Pesqueiro, situada na

área contígua ao presente projeto.

Informações da Mineropar indicam a exploração de riquezas minerais na bacia

do Jaguariaíva, tendo como principais areia e quartzo, arenito e quartzito, argila,

caulim, talco, diopsídio, calcário dolomítico e mármore, granito, diabásio e dia-

mante. No en-

tanto, não há

registro de ex-

ploração mineral

na Área Direta-

mente Afetada

da PCH BEIRA

RIO no DNPM,

órgão do Minis-

tério Minas e

Energia respon-

sável pela ges-

tão dos recursos

minerais brasi-

leiros.

Em se falando de recursos hídricos a bacia do Jaguariaíva está localizada na

região do Primeiro Planalto Paranaense ou Planalto de Curitiba, considerada co-

mo uma zona de eversão entre a Serra do Mar e a Escarpa Devoniana. Esta ba-

cia possui uma orientação geral no sentido SO-NE, formando um grande leque

cujas nervuras estão encaixadas em zona montanhosa, descendo em grandes

patamares com relevo de topos arredondados. Está inserida na bacia do Parana-

panema (Sub-bacia 64 da ANEEL), integrante da Bacia do Paraná (Bacia 06, da

ANEEL).

Figura 09. Reservatório de Jangai, na cabeceira do rio Jaguariaíva

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 28

A bacia do Jaguariaíva drena uma área de 1.723,5 km2. O principal tributário do

Rio Jaguariaíva, é o rio Capivari, que percorre cerca de 225 km, tendo sua foz no

Jaguariaíva nas proximidades do Parque Linear Capivari, na Sede municipal. Su-

as nascentes são em altitudes próximas de 1.000 metros. Das nascentes até o

trecho inventariado, o Jaguariaíva percorre aproximadamente 52 km, descendo

até uma altitude em torno de 500 metros ao nível do mar.

Em relação ao usos das águas do Jaguariaíva, em verificações junto ao Instituto

das Águas e nas campanhas, não se constatou captação para irrigação de lavou-

ras, abastecimento urbano ou usos industriais. Os usos para lazer ou recreação

se reduziram à pesca amadora e banhos no rio, estes pouco comuns, ainda que o

ambiente de fundo arenoso com grandes rochas propiciasse este uso.

Em consulta preliminar ao site do Instituto das Águas do Paraná, sobre usos da

água registrados oficialmente, nenhuma outorga foi encontrada para a disponibili-

dade hídrica no rio Jaguariaíva, na AII da PCH BEIRA RIO. O curso d’água não

tem tendência a ser utilizado para navegação comercial, tanto por tratar-se de um

rio de pequeno porte e razoável declividade, como por apresentar calado insufici-

ente. Até mesmo o uso recreativo de “rafting”, com barcos infláveis, realizados

como forma de ecoturismo nas proximidades de Jaguariaíva, não se constatam

Figura 10. Índices de Qualidade das Águas na desembocadura do Rio Jaguariaíva.

RIO JAGUARIAíVA - IT02 - TAMANDUÁ

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

21/1

1/1

987

14/1

2/1

989

08/1

2/1

990

19/1

1/1

991

23/0

9/1

992

15/0

8/1

995

06/1

1/1

996

25/0

9/1

997

29/0

3/1

998

01/0

6/1

999

28/0

9/1

999

26/0

7/2

000

27/1

1/2

000

29/1

0/2

001

03/1

2/2

003

IQA

0

10

20

30

40

50

60Q

(m

³/s

)

Péssimo (0-25) Ruim (26-50) Razoável (51-70) Bom (71-90) Ótimo (91-100) IQA Q (m³/s)

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 29

na área do projeto. O rio Jaguariaíva, na área de estudo possui margens profun-

damente encaixadas e curso sinuoso, devido às condicionantes geológicas e ali-

nhamentos de falhas. Este fato, aliado a boa declividade e produção hídrica apon-

ta para uma vocação para uso hidroenergético.

A bacia do Rio Itararé – e a de seu contribuinte, Rio Jaguariaíva está localizada,

em sua maioria, sobre os aquíferos Guarani e Serra Geral do Norte, e em menor

área sobre os aquíferos Serra Geral do Sul, Caiuá e Aluvionar.

Relativo à qualidade das águas, o IAP – Instituto Ambiental do Paraná efetua

desde 1976, na Estação Tamanduá, em Sengés, o monitoramento de parâmetros

quantitativos e qualitativos das águas do rio Jaguariaíva, como vazão, temperatu-

ra e alguns metais pesados. Esta estação está localizada nas coordenadas

23°58’00’’S e 49°34’59’’W, altitude 490m, correspondente a uma área de drena-

gem de 1.622 km². Desde 1987 vem efetuando o levantamento do IQA – Índice de

Qualidade das Águas, obtendo resultados entre 1987 e 2003, que indicam serem

estas de qualidade razoável a boa (Figura 10). Na análise destes dados há que

se ressaltar que na Bacia do Jaguariaíva existem três indústrias químicas, duas

de cimento, uma metalúrgica e uma madeireira e algumas atividades extrativas

minerárias, fatores que poderiam afetar a qualidade das águas. Apesar das evi-

dências de contaminação orgânica, cuja origem parece ser do uso pecuário das

áreas a montante do ponto de coleta, o IQA medido no Jaguariaíva indica um ín-

dice de qualidade da água relativamente elevado.

No contexto do presente Estudo Ambiental foram feitas três coletas de água situ-

ados a montante, na área da futura barragem e a jusante do aproveitamento, situ-

ados respectivamente nas coordenadas 25°07,707’S e 52°24,045’O; 25°07,707’S

e 52°24,045’O; e 25°07,707’S e 52°24,045’O (Figura 11). As amostras colhidas

nestes pontos foram analisadas nos parâmetros recomendados pelos Termos de

Referência da Resolução Conjunta SEMA/IAP 09/2010, cujos resultados, obtidos

no Laboratório de Análises Ambientais da LABORAN, de São José dos Pinhais,

PR.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 30

As análises indi-

caram um bom

índice de quali-

dade, que reflete

a recuperação

da qualidade

das águas do rio

Jaguariaíva, de-

pois de passar

pela cidade de

Jaguariaíva e

atender às de-

mandas indus-

triais ao longo de seu curso. Nenhum índice extrapolou os limites definidos para a

Classe 2, pela norma do CONAMA para esse rio.

Quanto aos usos dos solos, apresenta resquícios de matas e campos, com

evidências de influências antrópicas antigas, moldadas por queimadas que desca-

racterizaram sua primitividade original, ainda que em boa parte regenerados. Atu-

almente abriga mata ciliar, pastagem e reflorestamento de pinus e eucalipto.

5.2. Meio Biótico

Foram empregados estudos bióticos já existentes da região do Projeto, como o

Plano de Manejo do Parque Estadual do Cerrado, ao que se adicionou campa-

nhas de flora e fauna realizadas na área de influência da PCH BEIRA RIO pela

equipe de consultores.

Na região foram identificados os seguintes grupos vegetacionais, reconhecidos

nas fotografias aéreas usadas na fotointerpretação da área em estudo: Estepes

do tipo Cerrado sujo, incluindo sobre áreas de afloramentos rochosos (Figura 12);

Floresta ripária ou de galeria; reflorestamento (Pinus e Eucalyptus); agricultura.

Figura 11. Ponto de coleta de água para exame da qualidade: eixo da barragem

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 31

Um fator antrópico que afeta o bioma do Cerrado, em vastas regiões brasileiras,

são os incêndios de campo, ou florestais. Espécies como o angico e outras apre-

sentam uma resistência física a esses eventos, com uma casca suberosa espes-

sa. Na área de estudo se constatou evidências de incêndios dos campos cerra-

dos, provavelmente para renovação dos pastos que, não obstante, também viti-

mou muitas pequenas árvores, encontradas mortas na área pesquisada.

Nos limites do projeto não se encontram Unidades de Conservação, em consulta

formal ao Instituto de Terras Cartografia e Geociência – ITCG.

Efetivamente não se constata – além do Parque Estadual do Cerrado e da APA

da Escarpa do

Devoniano –

ambas situadas

a alguma dis-

tância do Proje-

to, a proximida-

de ou afetação

do Projeto a

qualquer Área

Protegida. Na

criação do Par-

que Estadual do

Cerrado não

consta a previ-

são da Zona de Amortecimento, e legislação recente do CONAMA estabeleceu

em 3 Km a faixa onde quaiquer projetos que possam causar significativo impacto

ali pretendidos, devem ser devidamente licenciados. Conquanto o alcance desta

Zona de Amortecimento alcance em pequena porção a área dessa PCH, o pre-

sente EIA/RIMA suprirá as informações e atenderá ao postulado na Resolução

Federal mencionada.

Também se verifica a existência de área prioritária para conservação do Cerrado

no Estado do Paraná (IAP/PROBIO), definida no Plano da Bacia Hidrográfica do

rio Itararé, Cinzas e Paranapanema 1 e 2, mais conhecida como Unidade de Ge-

Figura 12. Afloramento rochoso impõe vegetação de campos (estepe Cerrado)

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 32

renciamento de Recursos Hídrico – UGRHI Norte Pioneiro. Esta situação não se

afigura como fator negativo, pelo contrário, a implantação da área de preservação

permanente no entorno do pequeno reservatório da PCH BEIRA RIO conferirá a

recuperação da mata ciliar, atualmente em parte degradada e/ou não objetiva-

mente conservada.

5.2.1. Flora e Florestas

A vegetação da área do Projeto foi caracterizada com base em dados primários

(estudos de campo, os trabalhos foram realizados nos dias 16 a 18 de Abril de

2016) e secundários. Foi importante a contribuição, nos dados secundários os

estudos feitos no contexto do Plano de Manejo do Parque Estadual do Cerrado,

promovidos pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP, 2002).

Ao se estudar a flora da área de interesse, nota-se que, apesar da fisionomia

marcante como Cerrado, não são tão expressivos os fatores caracterizadores

como pertencentes àquele ecossistema, em comparação às formações similares

do Brasil Central, a região sofre influências dos ecossistemas de seu entorno. Es-

te fato cria uma situação eventualmente rara nos contatos deste bioma, que é a

combinação deste bioma com Florestas de Galeria com ocorrência de Pinheiro do

Paraná (Araucaria angustifolia), situação não constatada na área do Projeto, mas

registrada no

citado parque

Estadual do Cer-

rado.

Figura 13. As flores do bioma do Cerrado se destacam por sua beleza

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 33

Na área em es-

tudo foram iden-

tificados três

tipos de forma-

ções associadas

do bioma do

Cerrado: os

Campos (Cam-

po Limpo, Cam-

po Sujo e Cam-

po Úmido) e a

Floresta de Ga-

leria ou Cerra-

dão, margeando o rio Jaguariaíva e os poucos tributários. A fitofisionomia do

Campo (diferenciado limpo ou sujo em função da maior ou menos presença de

arbustos lenhosos) é do predomínio das gramíneas, em meio à qual coexistem

outras espécies herbáceas. Ali é rara a presença de espécimes de porte arbóreo

(ainda que a mesma espécie, se situada em outro local, tome porte arbóreo). Os

Campos ocupam preponderantemente áreas de solos rasos, os usos pecuários ali

implantados favoreceram o avanço de gramíneas, que se disseminaram em vá-

rios locais.

A chamada Flo-

resta Ripária é

formada por vá-

rias espécies do

Cerrado onde

desenvolvem

porte arbóreo

pelas melhores

condições de

profundidade

dos solos, asso-

ciados às condi- Figura 14. Formação ripária: rala e de pequena altura

Figura 15. Estado geral da área: pasto sujo e contaminação com Pinus.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 34

ções mais favoráveis

de aproveitamento da

fertilidade destes locais

(Figura 14). A diversi-

dade de sistemas natu-

rais faz com que ocorra

maior variabilidade veri-

ficada em 39 espécies

entre arbóreas e arbus-

tivas, dentre elas as

mais abundantes: capi-

xingui, angico, guaça-

tunga, tapiriba, e pessegueiro-bravo.

O Plano de Manejo do Parque do Cerrado considera o Cerradão como Floresta

Ecotonal, por apresentar espécies do bioma das Matas com Araucárias. Lá se

observou 68 espécies pertencentes a 36 famílias, sendo somente 10% destas

comuns às três fisionomias: Campos, Cerrado e Floresta de galeria, que foram

representados, segundo Uhlmann (1995), respectivamente por 26%, 49% e 78%

das espécies inventariadas. Em outros termos, estes percentuais mostram que 15

espécies do Cerrado não foram registradas no Campo, dentre as quais 11 tam-

bém ocorreram

no Cerradão.

Somente 4 es-

pécies foram

exclusivas do

Cerrado, mas

50% das espé-

cies estavam no

Cerradão.

Na área de in-

fluência direta,

compreendida a

Figura 16. Arvores mortas indicam passagem de fogo na área

Figura 17. Linha delimitante do eixo da parcela florestal

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faixa de entorno do

reservatório, obser-

vou-se plantios co-

merciais de pinus e de

eucalipto, ambas es-

pécies florestais de

interesse do setor ma-

deireiro. Notam-se,

nas margens do Rio

Jaguariaíva, nas pro-

ximidades da PCH

BEIRA RIO vários es-

pécimes de pinus em

desenvolvimento, já em reprodução – e disseminação. (Figura 15)

Em conversas com os poucos residentes na área de influência indireta do Projeto,

buscou-se saber que espécies florestais são usadas por aqueles para finalidades

diversas. Para palanques de carcas aqueles citaram o angico, assim como para

cabos de ferramentas o guatambu, madeira de fuste reto e não muito pesado.

Varias espécies, sem distinção, são usadas para lenha de consumo doméstico.

Estas espécies são cortadas esporadicamente, mas nunca plantadas com qual-

quer finalidade de utili-

dade ou energético.

Optou-se pela coleta de

dados através de a-

mostragens aleatórias

simples, constituídas

por oito parcelas distri-

buídas dentre a área

dos fragmentos nativos

que constituem o re-

manescente florístico

da área da PCH BEIRA Figura 18. Area amostral de fitossociologia das espécies rupestres

Figura 19. Casca suberosa protege o angico das queimadas do Cerrado

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 36

RIO. Quatro dessas foram na área de Cerrado, tipo campo sujo e outras quatro

em matas de Cerradão – ou ecótono florestal. Não foram feitas medições em á-

reas de eucalipto e/ou pinus, porque o projeto não irá alcançá-las.

Cada amostragem, ou parcela florestal teve formato retangular de 40m X 5m tota-

lizando de 200m² (Figura 17), dimensões definidas em função da declividade do

terreno. As parcelas foram distribuídas aleatoriamente dentro de cada uma das

duas tipologias de Cerrado e Mata. Dentro desta coletou-se as circunferências à

altura do peito (CAP a 1,30m do solo) dos troncos dos indivíduos arbóreos com

circunferência superior a 36cm (equivalente a 0,10m de diâmetro, a altura do es-

pécime até a primeiro ramo (altura comercial) e a altura total, em metros.

Conquanto não apresentassem porte expressivo, foram anotadas as espécies e

porte de todas os demais espécimes lenhosos encontrados no interior de cada

parcela, com objetivo de sua identificação. Em cada parcela do Cerrado foi ainda

definida uma parcela de pesquisa florística, com 1,0m X 1,0m, em que se coletou

amostras de todos os espécimes, incluindo as herbáceas ou rupestres, para se

conhecer a variedade florística (Figura 18).

Vale destacar que as margens do rio possuem as matas ciliares de lei, protegidas

com formações primitivas com certa alteração, caso do gado equino comentado.

Na maior extensão a

cobertura é de cerra-

do, com aflorações

rochosas.

Como resultado das

análises, conside-

rando no conjunto

das amostragens, a

densidade absoluta

da população encon-

trou uma média de

1.617 árvores por

hectare. Essa quan-

Figura 20. Capão da floresta ecotonal fora da APP: permeável à luz solar.

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tidade de árvores apresentou uma distribuição aproximada de um indivíduo a ca-

da 6,18m². Considerou-se a vegetação de Cerrado da área de estudo como em

fase sucessional primária. A espécie de maior dominância relativa foi o angico

branco e de maior cobertura foram o angico e o sete-sangrias.

5.2.2. Fauna

As informações expostas neste estudo têm por base os estudos realizados no

Parque Estadual do Cerrado e diversas outras bibliografias de interesse, além de

campanha a campo para coleta de dados primários (mediante autorização ambi-

ental prévia do Instituto Ambiental do Paraná), com o intuito de caracterizar a fau-

na terrestre regional dos quatro grupos de vertebrados: mamíferos (mastofauna),

anfíbios e répteis (herpetofauna) e aves (avifauna).

A fauna terrestre foi preliminarmente estimada através da literatura especializa-

da, dos grupos de anfíbios, répteis, aves e mamíferos ocorrentes nas áreas de

influência direta, indireta e afetada pelo Projeto, tendo entre as principais referên-

cias o Plano de Manejo do Parque Estadual do Cerrado (IAP, 2002), unidade de

conservação localizada adjacente à área de estudo. Em campo, expedição em

março de 2016, foram selecionados quatro locais de amostragem (fig. 21) imedia-

Figura 21. Localização dos pontos de amostragem na área de estudo da PCH Beira Rio, municípios de Jaguariaíva e Sengés. Círculos brancos: pontos FT1, FT2, FT3 e Testemunho. Polígono azul: área de futuro reservatório. Linha vermelha: eixo de barragem e canal.

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tos a área diretamente

afetada (FT1 - próximo

ao eixo da barragem

da PCH BEIRA RIO –

margem direita; FT2 –

à montante do eixo da

barragem, em frag-

mento florestal apro-

ximadamente 350 me-

tros para o interior e

FT3 - trecho final da

área do futuro reserva-

tório) e outro considerado livre de

influências diretas do empreendi-

mento (Testemunho - jusante do

eixo de barramento, distante 2,3

quilômetros em linha reta, em

fragmento florestal relativamente grande na região).

Foram utilizados métodos com armadilhasde captura viva (Figuras 22 e 23), ar-

madilha fotográfica (figura 24), transectos, buscas ativas e entrevistas com mora-

dores da região. As entrevistas foram facilitadas pelo uso de um catálogo fotográ-

fico contendo imagens

da maioria das espé-

cies de animais da

região.

Quanto aos mamífe-

ros, um estudo preli-

minar acerca da mas-

tofauna do Parque Es-

tadual do Cerrado (I-

AP, 2002) listou 40

espécies na região.

Figura 22 Armadilha tipo Sherman armada em campo

Figura 23. Armadilha de intercepção e queda utilizada

Figura 24. Armadilha fotográfica instalada no ponto amostral FT1.

Figura 01

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Esse valor somado às espécies registradas em campo e em outras fontes biblio-

gráficas (Bonvicino et al., 2009; Reis et al., 2005), resulta em 83 espécies de ma-

míferos que ocorrem ou com provável ocorrência na área de estudo.

Durante as atividades em campo foram capturados dois exemplares de gambá-

de-orelha-branca (figuras 25), um exemplar de morcego-borboleta (figura 28) e

dois exemplares de roedores (figuira 29) (Akodon sp. e de Holochilus brasiliensis).

Uma capivara foi registrada por armadilha fotográfica (27) e um tamanduá-

bandeira (figura 26) foi registrado movimentando-se por campo agrícola durante o

período de dia, essa espécie foi citada ainda como de ocorrência comum na área

conforme entrevista com morador local, que reside na região há sete anos. Bura-

cos de tatu-galinha foram registrados em dois pontos amostrais, e moradores a-

firmam também o avistamento de felino de pequeno porte, podendo ser jaguatiri-

ca, gato-do-mato-pequeno e gato-maracajá.

Algumas espécies de mamíferos de provável ocorrência na área, ainda que não

tenha sido registradas, são: cuíca, tatu, morcego, bugio, cachorro-do-mato, rapo-

sa-do-campo, sussuarana, gato-mourisco, lontra, furão, irara, quati, mão-pelada,

cateto, veado-campeiro, dentre outros espécimes.

Figura 25. Exemplar gambá-de-orelha-branca capturado no ponto FT2.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 40

Havendo o resta-

belecimento do

ambiente natural

ao longo das mar-

gens do reservató-

rio da PCH poder-

se-ia esperar ou-

tros mamíferos,

incluindo espécies

ameaçadas. Ha-

vendo conexão

entre as áreas, po-

deriam transitar animais ameaçados, como a onça-pintada, o raro lobo guará e de

variedades de veados, como o catingueiro e o campeiro, que se estima ocorrerem

no Parque Estadual do Cerrado. A sobrevivência destes será notadamente asse-

gurada com a ampliação da área de vida dos animais daquela Unidade de Con-

servação, no caso, com a implantação das áreas de preservação do empreendi-

mento hidrelétrico ora proposto.

Relativamente às aves, na região dos pontos amostrais (FT1, FT2 e FT3) em

campo (figura 30) foram registradas espécies comuns de ambientes abertos e

com hábito gregá-

rio, ocorrendo ban-

dos de tiriba-de-

testa-vermelha,

curicaca, chopim-

do-brejo, anu-

preto. Das espé-

cies que são recor-

rentes também em

ambientes urba-

nos, demonstran-

do-se bastante a-

daptadas aos pro-

Figura 26. Exemplar de tamanduá-bandeira avistado no ponto Testemunho.

Figura 27. Registro de armadilha fotográfica, de capivara no ponto FT1.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 41

cessos de antropi-

zação, estão os

tico-tico, bem-te-vi

e joão-de-barro.

Ocorreram ainda

alma-de-gato, que-

ro-quero, pica-pau-

do-campo, saracu-

ra-do-mato, além

dos urubus (urubu-

de-cabeça-preta e

urubu-de-cabeça-

vermelha).

Em vegetação arbustiva, nos mesmos pontos amostrais citados anteriormente,

houve avistamento de exemplares de pintassilgo, tiziu, mariquita e tico-tico-rei

(figura 31). Em borda de matas ocorreram espécies como trinca-ferro, choca-de-

chapéu-vermelho (figura 33), maria-preta-de-penacho e pica-pau-verde-barrado

(figura 32). No ponto amostral Testemunho apresentou menor quantidade de re-

gistros de espécies de aves, embora se destaque no avistamento dos falconí-

deos: quiriquiri, carrapateiro e carcará, sendo este último avistado em bando con-

tendo exemplares adultos e juvenis. Também ocorreram bacurau, tiziu, e outras

espécies também avistadas na área de influência direta, como anus, chopim-do-

brejo, asa-branca,

pomba-de-bando e

rolinha-roxa.

Figura 28. Morcego-borboleta capturado com rede de quirópteros (rede-

neblina) no ponto Testemunho

Figura 29 Roedor Akodon sp. (rato-do-mato) capturado em armadilha pitfall no ponto FT1.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 42

Há ainda demais

espécies de

provável ocor-

rência na região

de estudo, de

acordo com le-

vantamentos de

avifauna na re-

gião de estudo,

englobando os

tipos vegetacio-

nais Cerrado e

Florestas ripá-

rias são conhecidas 319 espécies (Straube et al, 2005). As listagens de espécies

utilizadas para a formulação dos dados secundários foram realizadas no Parque

Estadual do Cerrado e entorno, unidade de conservação adjacente à área de in-

fluência. Tais como: codorna-amarela, perdiz, jacuaçu, ema, seriema, tucanuçu,

gralha-do-campo, papagaio-verdadeiro, maitaca, pica-pau, arapaçu, gralha-azul,

guaxe, sabiá-laranjeira, mariquita, sanhaçu-do-coqueiro, trinca-ferro, dentre outros

espécimes.

Desse modo, po-

de-se observar

que a composição

avifaunística da

região de estudo

é formada majori-

tariamente por

espécies de

grande distribui-

ção geográfica e

que ocupam habi-

tats abertos, jun-

tamente a outras

Figura 30. Local de observação de aves, de cerrado entremeado a florações rochosas e monocultura de Pinus (ao fundo).

Figura 31. Tico-tico-rei avistado no ponto FT2.

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espécies de ocupação

mais restrita a deter-

minados ambientes,

como florestado ou

cerrado.

Relativamente aos

répteis, foram reco-

nhecidas para a área

de estudo 66 espécies

de répteis, segundo

levantamentos biblio-

gráficos, em especial o PEC (IAP, 2002). Nenhuma foi encontrada na fase de

campo realizada, e em entrevista com trabalhadores locais foram citados os ani-

mais mais comuns avistados a jaracaca e cascavel. São espécies peçonhentas,

normalmente lembradas devido ao seu risco de acidente ofídico, sendo frequen-

temente mortas pelas pessoas da região. Dentre os répteis de maior probabilida-

de de ocorrência na região, de acordo com o levantamento realizado, são: lagarto,

teiú, calango, jararaca, cascavel, urutu, coral-verdadeira e cágado.

Referente aos anfíbios são reconhecidas 39 espécies de anfíbios anuros com

ocorrência certa ou provável na região, de acordo com os dados secundários,

pois mesmo com o

esforço amostral em

campo, não foram re-

gistradas espécies de

anfíbios. Dentre os

anfíbios de maior pro-

bablidade de ocorrên-

cia na região estão rã-

cachorro, sapo-cururu,

perereca-verde, pere-

requinha e rãzinha.

Figura 32. Pica-pau-verde-barrado em borda de mata no ponto FT2.

Figura 33. Choca-de-chapéu-vermelho (Thamnophilus ruficapillus) em vergetação arbustiva no ponto FT2.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 44

A caracteriza-

ção da fauna

aquática (pei-

xes), a análise

da paisagem

e a caracteri-

zação dos

ambientes

aquáticos da

região já havi-

am sido reali-

zadas previa-

mente no mês

de novembro

de 2007 (dias 16 e 17), conforme registrado através das Figuras 34 e 35. A pre-

sente campanha atualizou aquelas informações, ocorreu nos dias 21 a 23 de abril

de 2016. Foi realizada através de dados primários obtidos ao longo das coletas no

local do empreendimento e também dados secundários disponíveis em bibliogra-

fias (base de dados da UFPR, USP, UNESP, UNICAMP, UFScar, Fapesp, Projeto

Taxonline, Fishbase, Neodat, Museu de História Natural Capão da Imbuia/PR,

NUPELIA/UEM,

dentre outros).

As coletas foram

realizadas em

três pontos na

bacia do rio Ja-

guariaíva (figura

36), na área de

influência direta

do empreendi-

mento e foram

utilizados varia-

dos métodos de

Figura 34. Ambiente aquático examinado na campanha de 2007

Figura 35. Pesquisador prepara lançamento de rede no ponto 02, 2007

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coleta ativos e passivos, como redes de espera (malhas de 1½, 2½, 3, 4, 5 e 6 cm

entre nós consecutivos), tarrafas, peneiras e puçás. As coordenadas geográficas

dos pontos de amostragem são: Ponto 1: 24°6'42.81"S/49°38'1.09"O (Reservató-

rio PCH Beira Rio, figura 37); Ponto 2: 24°6'18.23"S/49°37'24.39"O (Trecho de

vasão reduzida da PCH Beira Rio, figura 35) e Ponto 3:

24°4'11.73"S/49°38'0.06"O (Área de influencia jusante PCH Beira Rio).

O levantamento geral de informações realizada em Novembro de 2007 e também

com esta coleta realizada em Abril de 2016 permitiu apontar para a ocorrência de

pelo menos 60 espécies de peixes na bacia do rio Jaguariaíva. Este valor repre-

senta 24% da ictiofauna da bacia do Alto Paraná (AGOSTINHO et al., 1997) e

35% das espécies de peixes da bacia do rio Paranapanema (CASTRO & MENE-

ZES, 1998). A distribuição longitudinal desta ictiofauna ao longo do curso do rio

Jaguariaíva provavelmente não é uniforme, sendo que algumas espécies são en-

contradas apenas em regiões de maior altitude, próximas às cabeceiras, enquan-

to outras são exclusivas das regiões do curso médio e baixo. A assembleia de

peixes do trecho estudado do rio Jaguariaíva (dados primários e secundários):

lambari, lambari-relógio, saicanga, pequira, canivete, ferreirinha, campineiro, xim-

Figura 36. Mapa com a localização dos pontos amostrais na área de influencia direta do empreendimento PCH Beira Rio (Fonte: Google earth®)

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boré, saguiru,

traíra, lobo, man-

di, bagre, candi-

ru, cascudo,

mtuvira, cascu-

do-chinelo, joani-

nha, acará, barrigudinho.

A amostragem realizada nos pontos de coleta da área de estudo durante esta fa-

se de campo do monitoramento (figuras 38, 39 e 40) resultou em uma riqueza de

espécies moderada, dezessete espécies amostradas: tambiú, lambari relógio,

lambari, acará, cascudo, piau, piau oito pinta, saicanga, canivete, mandi amarelo,

curimba, curimbatá.

De acordo com o levantamento realizado, a ictiofauna do trecho analisado do rio

Jaguariaíva apresenta o padrão generalizado da ictiofauna da bacia do rio Para-

napanema. De maneira geral, as características topográficas e fisionômicas do

trecho estudado da bacia do rio Jaguariaíva proporcionam uma ampla gama de

ambientes, exercendo muitas vezes um efeito isolador sobre várias populações

de peixes.

O número de espécies

registrado é inferior ao

esperado para este tipo

de ambiente da área de

drenagem do rio Ja-

guariaíva, e essa varia-

Figura 37. Rio Jaguariaíva a montante da PCH Pesqueiro (ponto 1)

Figura 38. Exemplar de Leporinus amblyrynchus. Espécie migradora coletada na área de estudo durante a coleta 1.

Figura 39. Exemplar de Leporinus octofasciatus. Espécie migradora coletada na área de estudo durante a coleta 1.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 47

ção na composição deve estar relacionada com estado de alteração ambiental da

região, como a perda significativa das áreas florestais e alteração da dinâmica e

qualidade de suas águas.

Os impactos causados pela ação antrópica na região, como o desmatamento das

margens e a alteração da qualidade e dinâmica da água, podem ter levado a uma

diminuição drástica no número de espécies regionais, como já constatado para

diversos riachos neotropicais.

5.3. Meio Socioeconômico

O empreendimento está compreendido por dois municípios da região dos Campos

Gerais do Paraná: Jaguariaíva e Sengés, considerados neste estudo, como cons-

tituintes da Área de

Influência Indireta do

Projeto.

Jaguariaíva tem seus

primórdios no início

do Século XVII, nas

andanças de bandei-

rantes e depois, de

tropeiros cruzavam

seguindo pelo históri-

co Caminho de Viamão, entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. O povoado de

Jaguariaíva surgiu em um local de descanso dos tropeiros, à margem esquerda

do rio já no Século XIX. Depois da criação da Comarca de Castro em julho de

1854, da qual a freguesia de Jaguariaíva fazia parte, esta foi elevada a Vila em 24

de abril de 1875. Tornou-se município pela Lei Estadual nº. 15, em 21 de maio de

1892, e cidade em 05 de maio de 1908. Localiza-se na região Nordeste do Para-

ná, a 850 metros acima do mar. Possui área territorial de 1.456,401 km², repre-

sentando 0,7298% do Estado. Faz divisa com cinco municípios, dentre eles Ara-

poti, Piraí do Sul, Doutor Ulysses, Sengés e São José da Boa Vista, distanciando-

se da capital do estado em 228,75 km.

Figura 40. Exemplar de Prochilodus lineatus (50,8 cm e 1800 g). Espécie migradora coletada no ponto 2 durante a coleta 1.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 48

Sengés surgiu como povoado às margens do rio Jaguaricatú, presumivelmente

em 1883, inicialmente para abrigar os tropeiros no mesmo caminho a São Paulo.

A permanência dos pioneiros fez com que estes começassem a desenvolver a

agricultura e explorar as riquezas florestais então existentes, notadamente do Pi-

nheiro-do-Paraná. Desmembrada de Jaguariaíva e reconhecida como município

em de 08 de fevereiro de 1934. Sua instalação se deu em 1° de março do mesmo

ano. Faz fronteira com os Municípios de São José da Boa Vista, Doutor Ulisses e

também Jaguariaíva. Além disto, o mesmo município possui uma área de

1.434,106 km² e a distância da sede municipal à capital é de 269,07 km, o mesmo

representa 0,7195% do Estado do Paraná, com 623 metros de altitude.

Segundo dados fornecidos pelo IBGE (2015), através de dados divulgados pela

fonte, Jaguariaíva possui um contingente populacional estimado para 2015 de

34.468 habitantes. Da população censitária de 2010, tem se que aproximadamen-

te 86% residem na área urbana e 14% residem na área rural. Dessa população

50,64% são mulheres e 49,35% homens. Os dados para Sengés indicam uma

população estimada de 19.302 habitantes em 2015, e da população de 2010,

17,95% da população reside em área rural e 82,04% reside em área urbana. Em

ambos os municípios, predomina-se a população urbana.

A população de Jaguariaíva é distribuída pelos seus 1.456,401 km² de área, pos-

suindo uma relação entre seus 34.468 habitantes (estimativa para 2015) e sua

área territorial citada acima de 23,67 habitantes/km² (densidade demográfica) e

um grau de urbanização de 86,00%, contemplando 12.067 domicílios, em sua

maioria domicílio urbano, com 82,5% do total e 17,5% domicílio rural. No ranking

estadual, o município de Jaguariaíva ocupa em 2015, a posição 47° a nível esta-

dual e a posição 49º a nível de IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Muni-

cipal, com um IDHM de 0,743. Em Sengés, a população é distribuída em

1.434,106 km² de área, representando 13,46 habitantes/km² de densidade demo-

gráfica, além de possuir um grau de urbanização de 82,04% do total. O total de

domicílios em Sengés é 7.052, sendo a maioria representada por domicílios urba-

nos chegando a 76,88% do total de domicílios, sobrando 23,11% para a área ru-

ral. Sengés ocupa a posição 97º no ranking populacional e posição 341º com um

IDHM 0,663, ambos dentre os 399 municípios paranaenses.

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Estes IDHM, em ambos os municípios, são caracterizados como uma faixa “mé-

dia” do indicador. A primeira posição do Estado é ocupada por Curitiba, com I-

DHM de 0,856, caracterizando uma faixa de “muito alto”, segundo o ranking do

Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD, 2015).

Os Municípios em estudo possuem uma malha rodoviária semelhante, devido ao

fato de fazerem fronteiras entre si. A ligação entre os Municípios é feita pela PR-

092 chamada de Rodovia Parigot de Souza, que cruza o Rio Jaguariaíva. O Mu-

nicípio de Sengés recebe a ligação da PR-239, que é continuação da Rodovia

SP-258, fato este gerado pela divisa do Município com o Estado de São Paulo.

Quanto à cobertura da rede de esgoto, o município de Jaguariaíva possui serviço

de coleta e tratamento de esgoto sob responsabilidade também do SAMAE. A

concessionária atende 2.500 ligações, o que corresponde a 17,45% de ligações

efetivas. Os domicílios que não estão ligados à rede de esgoto ou não são aten-

didos pelo serviço, são orientados a utilizar o sistema de fossas sépticas e sumi-

douros, tanto na área urbana quanto rural. Cabe destacar que 44% da área urba-

na possui coleta de esgotos, apresentando um total de 50.000 metros de rede

coletora construída. Já Sengés, atendida pela SANEPAR, em 2014 contava com

2.685 ligações para 2.793 unidades atendidas, representando 96% do total. Em

contrapartida, o Estado do Paraná atendeu somente a de 57% de cobertura do

serviço de esgoto, para o mesmo ano.

Para fins de comparação, de acordo com o IBGE, em 2000, o município de Ja-

guariaíva apresentava 9.619 domicílios e em Sengés havia 5.664 domicílios. A fig.

Fonte: Autor, adaptado de IBGE, 2015. Figura 41. Características por número de domicílios nos Municípios (IBGE, 2010)

10.339 10.281 10.244 9.015

10.247

5.614 5.575 5.591 4.726

5.542

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

Número de domicílios

particulares permanentes

Abastecimento de água (água

canalizada)

Esgotamento sanitário

(banheiro ou sanitário)

Destino do lixo (coletado)

Energia elétrica

Características por número de domicílios

Jaguariaíva Sengés

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 50

41 mostra a posição em 13 de dezembro de 2015 em ambos os municípios.

O município de Jaguariaíva atende mais de 83% dos domicílios com o serviço de

coleta de resíduos, alcançando o índice de atendimento do Estado do Paraná. A

coleta de lixo doméstico em Jaguariaíva é de responsabilidade do governo muni-

cipal, através da Secretaria de Infraestrutura, Habitação e Urbanismo, sendo rea-

lizada todos os dias na área central e, no mínimo, duas vezes por semana nos

bairros da zona urbana. Em 1999, o Município implantou o aterro sanitário, aten-

dendo as devidas exigências do Instituto Ambiental do Paraná - IAP. Segundo

dados do IPARDES (2014), o destino do lixo coletado no município chega a 9.015

domicílios.

Em Sengés, o serviço de coleta de lixo também é de responsabilidade da Prefei-

tura Municipal, que atende também pela varrição de ruas e coleta de galhos de

árvores e restos vegetais. Atualmente os resíduos sólidos coletados na cidade

são depositados em um lixão, situado há cerca de 4,5 km a oeste da sede muni-

cipal. No entanto, a Administração Municipal já está providenciando um novo local

para instalação de um aterro sanitário controlado, visando obedecer às normas

vigentes. O destino do lixo coletado chega à 4.726 domicílios. O Município não

tem coleta seletiva de lixo, enquanto a coleta e destinação final do lixo hospitalar

é feita por empresa terceirizada, à qual as clínicas e demais estabelecimentos

geradores de resíduos hospitalares pagam uma determinada quantia, segundo

informações do Plano Diretor Municipal (2007).

Em ambos municípios a maioria dos domicílios tem seus resíduos coletados por

serviço de limpeza. Em Jaguariaíva, 80,5% dos domicílios eram atendidos por

serviço de coleta direta ou por caçamba, e em Sengés esse percentual era de

58,7%, em 2000 (IBGE, 2000.

Os sistemas de distribuição de energia elétrica de Jaguariaíva e Sengés são ge-

ridos pela Companhia Paranaense de Energia – COPEL. De acordo com IPAR-

DES/COPEL, em 2014, o consumo total de energia elétrica em Jaguariaíva foi de

649.899 MWh, totalizando 13.142 consumidores e em Sengés foi de 68.317 MWh,

totalizando 6.394 consumidores. Somente em Jaguariaíva é possível encontrar o

consumo livre na indústria, o qual representa 88,04% do total de consumo da re-

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 51

gião. Já em Sengés o setor secundário foi quem gerou mais demanda deste se-

tor, representando 77,22% do consumo do Município.

No quesito educação, o município de Jaguariaíva, em 2014, possuía um contin-

gente de matrículas na casa dos 8.061 alunos e 456 docentes em 35 estabeleci-

mentos de ensino. Sengés apresentava um total de 4.293 alunos, com 214 em 20

estabelecimentos de ensino. Na educação especial, Jaguariaíva possui 73 matri-

culas e 147 matrículas de jovens e adultos. Já Sengés possui 145 matriculas na

educação especial e 606 jovens e adultos matriculados.

Em 2000 (Censo IBGE), o percentual de analfabetos entre a população adulta

(com mais de 25 anos de idade) de Jaguariaíva registrou 22,8%, apresentando

melhora significativa de 13,5% em relação ao levantamento de 1991. Já em Sen-

gés a taxa varia de 1,13% na idade de 15 a 19 anos, sendo a taxa mais baixa e

21,18% com mais de 50 anos, sendo a taxa mais alta. As taxas dos dois municí-

pios assemelham-se nos quesitos de idade e porcentagem. O Município de Sen-

gés conta com estabelecimentos de educação pública da pré-escola ao ensino

médio, não contando, porém, com ensino médio profissionalizante e nem tampou-

co com estabelecimento de ensino superior presencial, à exceção de núcleos de

educação à distância da UFPR e do IESDE.

O IDHM - Educação– índice de desenvolvimento humano municipal relativo à e-

ducação do município de Sengés é de 0,546 e de Jaguariaíva é de 0,684, ambos

considerados índices medianos.

Quanto à saúde, Jaguariaíva, para atender seus 34.468 habitantes (IBGE, 2014),

contava com 54 estabelecimentos de saúde, sendo destes, 18 municipais e 36

privados. Já o município de Sengés possuia 16 estabelecimentos de saúde, sen-

do 6 municipais e 10 privados, para atender seus 19.302 habitantes. Em 2014

Jaguariaíva contava com 79 leitos hospitalares, todos do SUS e Sengés um total

de 35 leitos, sendo 31 do SUS e 4 privados. Quanto aos índices de saúde dos

municípios, Jaguariaíva possuía em 2010 uma esperança de vida ao nascer de

76,54 anos. Em Sengés essa taxa de esperança era de 73,63 anos. A Taxa de

Natalidade de Jaguariaíva para 2013 era de 13,94 para cada mil habitantes, e em

Sengés de 15,66 para cada mil habitantes. A taxa de mortalidade infantil (2013)

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 52

em Jaguariaíva era de 9,47 óbitos a cada cem mil nascidos vivos e em Sengés

7,49, bem como uma taxa de mortalidade de 5,06 óbitos a cada mil habitantes em

Sengés, e de 6,07 em Jaguariaíva.

Relativo à caracterização econômica regional, Jaguariaíva possui sua economia

baseada em indústrias, diferentemente de Sengés, onde predomina-se a Agrope-

cuária. Ao comparar os seus Produtos Internos Brutos (PIB), percebe-se em Ja-

guariaíva uma baixa significativa na agropecuária, devido ao fato de o Município

caracterizar-se nas atividades de áreas urbanas.

Em Jaguariaíva, o setor de serviços é o mais importante no que se refere à parti-

cipação no Produto Interno Bruto – PIB Municipal, conforme apontam os dados do

IPARDES, relativos ao ano de 2012. Repete-se em Sengés o que se verificou em

Jaguariaíva, da preponderância do setor de serviços na participação no Produto

Interno Bruto – PIB Municipal. A participação percentual no PIB por setor, segun-

do o IPARDES, eram 47%, ao setor de serviços; 35% ao setor agropecuário; e

18% ao setor industrial. A Figura 42 demonstra a participação da economia muni-

cipal de ambos municípios nos setores da agropecuárias, indústria e serviços.

Conforme dados da Produção Agrícola Municipal, disponibilizados pelo IPARDES,

referentes a 2014, os produtos de lavouras permanentes e temporárias em Jagua-

riaíva de maior expressão, são a soja e o milho. Em termos de área colhida, des-

tacam-se as produções de soja, trigo, milho e feijão, nessa ordem. Quanto ao va-

lor da produção, os destaques são para o milho e a soja. Em Sengés os produtos

de lavouras permanentes e temporárias são a soja e o trigo. Em termos de área

colhida, destacam-se as produções de soja, trigo, milho e feijão, nessa ordem.

Quanto ao valor da produção, os destaques são para a soja, o milho e o trigo.

Segundo o IBGE (2015), o produto de origem animal que se destaca em Jaguaria-

íva são os ovos de galinha e se destaca em Sengés o leite seguido do mel de a-

belha. Em relação às criações pecuárias mais representativas, em Jaguariaíva

são, pela ordem, as de aves, suínos e bovinos e em Sengés as de galináceos e

bovinos.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 53

Nos dois municípios há também a compensação financeira pela exploração mine-

ral (CFEM).

A coleta de dados primários, realizado em campo, consiste em apresentar ele-

mentos socioeconômicos que caracterizam a população localizada na área de

influência do projeto de construção da PCH BEIRA RIO e da importância que esta

dá ao seu entorno (Figura 43). Os dados foram coletados por meio de entrevistas

a núcleos familiares que residem na área de influência da PCH. Em particular,

foram entrevistadas três residências, por um total nove pessoas. É importante

destacar que somente duas casas encontram-se dentro dos limites sinalizados na

figura 43, que delimita um raio aproximado de 1000m em torno do aproveitamento

hidrelétrico da PCH Beira Rio, aqui chamado Área de influência.

Em duas residências, moram respectivamente o sr. José Paulo Ortis de 67 anos e

a família de Moraes da Silva composta por 4 pessoas (o sr. Luiz Ascendino da

Silva de 35 anos, pai de família, sua esposa, sra. Tatiane Oliveira Moraes de 26

anos, os filhos Luiz Fernando Moraes da Silva de 10 anos e Tainá Luiza Moraes

da Silva de 3 anos). Informa-se que para os fins desse estudo também foi entre-

vistada a família Melo Pedrosa que reside nas vizinhanças, além da área de influ-

ência. A família Melo Pedrosa é composta por quatro pessoas (o sr. Laercio Pe-

drosa de 39 anos, pai de família, a senhora Rosangela Melo Pedrosa de 33 anos,

Fonte: Autor, adaptado de IPARDES/IBGE, 2015. Figura 42. Economia da região estudada

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

Agropecuária Indústria Serviços

Economia Municipal

Jaguariaíva Sengés

Figura 43. Limites área de influência PCH BEIRA RIO : A seta vermelha indica a residência do sr. Ortis. A seta verde indica o local de residência da família Moraes da Silva

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mãe de família, com

os filhos: Laerte Melo

Pedrosa, de 14 anos e

Maria Eduarda Melo

Pedrosa, de 11 anos).

Os eixos centrais da

pesquisa realizada no

mês de abril de 2016

incluíram a descrição

de particularidades

culturais da região, o

uso de recursos natu-

rais, o acesso aos serviços de saúde, sanitários, as vias de comunicação e uma

avaliação das vulnerabilidades da população entrevistada.

As entrevistas ressaltaram que o acesso à água é realizado por meio de minas

que não precisam ser tratadas. No caso de saneamento básico, os entrevistados

declararam que os efluentes das casas terminam em uma fossa séptica. Com re-

lação aos resíduos, os entrevistados informaram que praticam a queima dos

mesmos. Porém, a família Moraes da Silva comunicou que prática a reciclagem

de alguns resíduos.

Quanto à saúde, em

alguns casos foi infor-

mado que os morado-

res viajam para as ci-

dades vizinhas de Ja-

guariaíva ou Sengés

para ser tratados ou

para fazer exames pe-

riódicos. De acordo

com os resultados das

entrevistas, destacou-

se que os centros de

Figura 44. Casa da Pesqueiro Energia usada pelo Sr. José Ortiz.

Figura 45. Rio Jaguariaíva, local de assédio de pescadores

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 55

atendimento médico

conseguem suprir as

necessidades atuais

dos entrevistados. A

presença de infraes-

truturas e oferta de

serviços como: esco-

las, centros de educa-

ção em Jaguariaíva,

ônibus escolar que

transporta diariamente

estudantes até à es-

cola e os custos de

ensino pagos pela Prefeitura de Jaguariaíva são fatores que permitem o desen-

volvimento da educação na comunidade de Jaguariaíva e região. As pessoas en-

trevistadas relataram que nunca tiveram problemas com a rede elétrica.

Com base nos dados coletados, se deduz que a construção da represa hidroelé-

trica não terá impactos negativos para os entrevistados. O único impacto, caso a

área onde se encontra a casa do sr. Ortis vier a ser alagada, o que não se prevê

já que este imóvel está situado no trecho de vazão reduzida do Projeto, seria a

destruição de sua pequena horta. Por outro lado, a construção da represa hidroe-

létrica não terá um impacto negativo sobre os meios de subsistência do resto da

comunidade que mora na área de influência da PCH BEIRA RIO, já que a subsis-

tência da comunidade depende na sua quase totalidade de produtos comprados

no mercado.

Figura 46. Parte da família Moraes da Silva. De direita para esquerda: sra. Tatiane Oliveira Moraes e Luiz Fernando Moraes da Silva.

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Também se considera que a construção da represa hidroelétrica pode ter um im-

pacto positivo na população dos municípios de Jaguariaíva e de Sengés por meio

de criação de empregos a nível local. Estima-se que a construção da represa po-

derá funcionar como um incentivo para fomento ou início de outro tipo de ativida-

des, como a criação de uma reserva hídrica para atividades agrícolas, atividades

de piscicultura sustentável entre outras atividades recreativas.

É com base nos dados coletados e na atual análise que se estima que a constru-

ção da PCH BEIRA RIO não terá impactos sociais negativos.

Em relação à arqueologia estudos estão contratados e sua execução gerará um

relatório que será aprovado pelo Institudo do Patrimonio Histórico e Artistico Na-

cional - IPHAN.

Não há monumentos naturais e de interesse socioambiental na área do projeto

ADA, bem como em em seu entorno, na Área de Influência Direta. Não se consta-

tou, em consultas feitas às áreas de planejamento dos Municípios de Jaguariaíva

e Sengés (Secretarias de Planejamento responsáveis pelos Planos Diretores Mu-

nicipais), projetos, obras e serviços especiais focando a área de interesse desta

PCH. Igualmente não se identificou, em setores dos governos Estadual e Fede-

ral, projetos nesta Bacia Hidrográfica ou nos Municípios, com repercussões signi-

ficativas sobre o vo-

lume das águas e sua

qualidade, capazes

de afetar, influir ou

inviabilizar o presente

projeto.

Figura 47. Família Melo Pedrosa. De direita para a esquerda: Rosangela

Melo Pedrosa, Maria Eduarda Melo Pedrosa e Laerte Melo Pedrosa.

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6. PROGNÓSTICO AMBIENTAL TEMÁTICO

Este capítulo integrou de forma sistematizada os fatores que estarão interagindo

entre o projeto e o meio, englobando as variáveis suscetíveis de sofrer, direta ou

indiretamente, efeitos significativos durante as fases de implantação e operação,

destacando as relações entre estes, nas quais se incluiu as da PCH BEIRA RIO,

com atividades pré-existentes na área. Ao final deste capítulo são listados os im-

pactos e se procedida sua valoração.

Como qualquer projeto de desenvolvimento, PCH BEIRA RIO gerará impactos

tanto negativos como positivos. Por princípio estes efeitos devem ser analisados

em função das características do próprio projeto, em seguida, sob o prisma das

características físicas, bióticas e sociais da região que abrigará o empreendimen-

to. Assim, justapondo o empreendimento à área que o abrigará, evidenciam-se os

efeitos físicos, bióticos e sociais que o projeto ensejará.

Nas considerações a seguir, primeiramente foram descritos os fatores impactan-

tes, em seguida, tendo como foco as recomendações da Matriz de Impactos do

IAP, foi realizada a avaliação dos impactos. Os atributos de impacto são classifi-

cados de acordo com a natureza (positivos, negativos ou indiferente), ambiente

(físico, biótico ou antrópico), área de abrangência (ADA, AID ou AII), classe (pri-

mários ou secundários), incidência (direta ou indireta), potencial (neutro, cumulati-

vos, sinérgicos), probabilidade de ocorrência (certa, provável, rara), início (imedia-

to, médio prazo ou longo prazo), duração (efêmera, permanente ou cíclica), im-

portância (pequena, média ou alta), probabilidade de reversão (reversão ou irre-

versível) e tratamento (preventivo, mitigação, compensação ou potencialização).

Os principais aspectos ambientais do Projeto, que poderão dar origem a impactos

negativos e positivos são os seguintes:

Relativamente ao tipo de barramento do rio, que poderia ser parcial ou total,

este projeto prevê barramento total com elevação de 18,70m da cota atual. Não

obstante, toda a seção hidráulica seja barrada, construindo um obstáculo perma-

nente para a passagem da água, parte das águas passarão tanto pelos vertedou-

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ros, como pelas adufas da vazão ecológica, de maneira a que o fluxo do rio nunca

venha a ser interrompido.

Acerca do trecho de vazão reduzida, na PCH BEIRA RIO cuja extensão de fluxo

reduzido é relativamente longa, da ordem de 4.200 metros, apenas três pequenos

riachos laterais mais significativos alimentarão o trecho do curso d’água, com

poucos efeitos de renovação das suas condições limnológicas. Existem, contudo,

dezenas de pequenas contribuições, de onde ocorrem vertimentos de lajeados

das margens contribuirão para aumentar o volume de água neste trecho.

A redução do volume impingirá novo regime hidrológico às águas deste trecho, o

que certamente influirá na sua biodiversidade. Haverá condições para a preserva-

ção do contingente piscícola, mas certamente as espécies típicas de pequenas

vazões serão beneficiadas. Nas cheias, quando o volumes aumentarem significa-

tivamente as espécies de porte maior retomarão este ambiente, retornando à me-

dida que as águas diminueirem seu fluxo. Análises de campo deverão ser feitas

para eliminar a formação de lagunas isoladas no leito, onde volumes maiores de

peixes poderão ficar retidos. Em outros projetos se notou que estes locais passam

a ser frequentados por aves, como cegonhas e biguás que se alimentam da fauna

íctica que vier a ficar ali retida.

Sobre a vazão mínima permanente já se informou que será de 50% da média da

vazão medida em sete dias de menor vazão, de acordo como que estipula a legis-

lação paranaense. Esta vazão, que em PCH BEIRA RIO é de 3,03 m3/s, deverá

ser mantida para preservar as funções essenciais do rio. São dispositivos na es-

trutura da barragem que impedem que, mesmo em períodos de estiagem, esta

PCH venha a desviar totalmente as águas para geração de energia, ensecando

este trecho de rio.

A dimensão do reservatório da PCH é muito pequena 0,15 km², somente 50%

mais do a área ocupada pela caixa do rio, que é de 0,10 km2. Isto se deve ao local

em que está instalada, cujo vale do rio e relevo acentuado das margens permitem

elevar a cota de inundação sem causar alagamentos significativos, relativamente

à capacidade do rio para a geração.

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O regime de operação da PCH BEIRA RIO é o de base, sem deplecionamentos

operacionais e com vertedouro livre. Com isto, parte das águas que fluem no rio

ficarão retidas quando a vazão for abaixo da normal, sendo, não obstante, devol-

vidas pelo canal de restituição, depois da geração. Nas cheias, fluirá livremente

pelo vertedouro, sem qualquer controle de vazão. Quando incidir períodos de va-

zão mínima, contudo, a usina deixará de operar, não pobstante passando as á-

guas pelas adufas da vazão ecológica.

Referentemente à ocupação das margens do reservatório, não se verificarão

processos de degradação das margens, com focos de erosão ou movimentos de

desestabilização das margens tanto em vista do regime operacional, que se apro-

xima do natural, como pela ausência de usos antrópicos das suas margens, intei-

ramente de propriedade do empreendedor. Estes terrenos serão mantidos com

sua vegetação natural característica do ecossistema das margens. Am margens

que serão alagada por este aproveitamento, além da área já ocupada pelo rio,

são de apenas 5 ha.

Estão previstas Áreas de Preservação Permanente com extensão formal de fai-

xa de 50 m, porém na prática indo muito além, porque toda a extensão do imóvel

pertencente ao empreendedor, terá esta função protetora. Observe-se que com

isso se criará condições para que o fluxo gênico animal e vegetal ocorra ao longo

da área, criando um corredor de biodiversidade valioso. Corresponde, depois, aos

proprietários marginais e governo, dar continuidade desta área, que poderia inter-

ligar o Parque Estadual do Cerrado com as florestas ciliares ora em implantação

nas margens dos afluentes dos rios da bacia do Paraná.

O assoreamento do reservatório certamente ocorrerá, sendo sido calculado um

volume de transporte da ordem de 82,68 t/ano. O material a se depositar na área

certamente terá a granulometria correspondente a da areia fina, sendo que o ma-

terial de granulação argilosa deverá continuar em suspensão. Há, assim, baixa

susceptibilidade ao acúmulo de sedimentos. Em benefício à esta questão deve-se

lembrar que o reservatório da PCH Pesqueiro, logo a montante, atua como primei-

ro armazenador do material sedimentável carreado pelo curso principal do rio Ja-

guariaíva. Ademais, concorre favoravelmente a vazão reduzida do rio a montante

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da PCH BEIRA RIO: os sedimentos procedentes do rio Cajuru deverão ficar natu-

ralmente retidos neste trecho, e não há evidências de acúmulos sedimentares.

O volume que se calcula que venha aportar ao reservatório resultou num tempo

de assoreamento de aproximadamente 98 anos até atingir o volume máximo ope-

rativo, que seria o tempo limite de sua vida útil. Se, contudo, houver necessidade,

poderiam ser ativadas comportas de descarga de fundo para desassorear o re-

servatório.

Apesar dos usos urbano e industrial de montante a qualidade das águas do rio

encontra-se em boas condições, sem substâncias que possam causar degrada-

ção dos equipamentos e problemas na operação. Não há também níveis de con-

taminação orgânica que propiciem ali o desenvolvimento de macrófitas, ou volu-

mes de resíduos sólidos urbanos (lixo) que possam causar a obstrução da toma-

da de água e danificar as turbinas. Não obstante, uma carga crescente de macró-

fitas tem chegado ao reservatório da PCH Pesqueiro, descarregada pelo verte-

douro nas cheias. Este material certamente virá até a PCH BEIRA RIO. As grades

da tomada d’água prevenirão os riscos de problemas na adução e deverá haver,

de forma similar à PCH Pesqueiro, dispositivos para evitar o acúmulo das macrófi-

tas no reservatório. Por seu lado, as instalações da PCH não ocasionarão conta-

minação das águas, já que os esgotos serão adequadamente resolvidos e a caixa

separadora de água e óleo reterá efluentes inadequados ao meio ambiente, dan-

do-lhe destinação adequada.

Não se prevê escada de peixes, dispositivo visto por especialistas como ecologi-

camente inconveniente por seus resultados inversos aos pretendidos. Constatou-

se que os peixes que galgam escadas ou outros dispositivos de transposição, por

não mais retornarem, caem numa armadilha biologicamente importante na redu-

ção dos contingentes pesqueiros de jusante, sem benefícios significativos a mon-

tante.

A seguir são descritos os fatores impactantes da PCH BEIRA RIO no meio físico,

biótico e social.

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6.1. Meio Físico

O diagnóstico realizado permitiu perceber a estabilidade dos sistemas abióticos

da região do Projeto e perceber que o empreendimento, devido à sua pequena

escala no contexto regional, causará mínimos impactos sobre a quantidade e qua-

lidade das águas, sobre o clima, sobre a geologia e sobre os solos. As análises

apresentadas a seguir demonstram essa expectativa.

6.1.1. Impactos sobre as Águas

O reservatório a ser implantado representa um aumento de cinco hectares sobre

a atual caixa do rio onde se criará um ambiente hídrico semi-lótico. Como o rio já

possui trechos de pequenas corredeiras entremeados com percursos de reman-

sos, o represamento pouco afetará as condições gerais de corredeiras/remansos

típicas do rio, não chegando a transformar aquele trecho em uma superfície ca-

racteristicamente lêntica.

Por conseguinte não se deve esperar alterações de sua qualidade, como sobre os

índices de Fósforo, Nitrogênio ou de Coliformes, redução do Oxigênio Dissolvido

e mudanças do pH das águas. As demais questões relativas às águas aventadas

na Matriz de Impactos do IAP são as seguintes:

Alteração da dinâmica do ambiente hídrico: não se espera que a formação e a

operação do reservatório venham a produzir influências sobre o volume das á-

guas do rio. Seu volume de acumulação, seu regime a fio d’água e por se tratar

de um uso não consuntivo, não ocasionam efeitos perceptíveis nos usos consun-

tivos ou não, da bacia hidrográfica tanto do rio Jaguariaíva quanto das bacias do

rio Itararé e do rio Paranapanema. A montante da PCH BEIRA RIO existem qua-

tro pequenos represamentos, sendo o maior feito pela PCH Pesqueiro, que pode-

rá beneficiar, ainda que com pequena contribuição, para a estabilidade da vazão

das águas do Jaguariaíva na área de interesse deste estudo. Sendo assim, o em-

preendimento não tem escala suficiente para produzir influências deletérias ou

perturbadoras às condições atuais da bacia do próprio rio Jaguariaíva.

Admite-se que somente na fase das Obras poderão ocorrer algumas pequenas

perturbações, decorrentes dos trabalhos pelas obras de escavação, desvio e en-

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secadeiras, em torno de 20 dias. Depois, considerando o desvio de uma porção

de águas pelo canal adutor, haverá um trecho de 4,2 km do rio em que tais águas

serão reduzidas, mas nunca interrompidas. Vem a favor do rio a inserção das á-

guas dos pequenos riachos do trecho de vazão reduzida.

Alteração da qualidade de água superficial: a qualidade da água se apresenta

em níveis considerados bons (figura 49), quando comparado a outros rios que

drenam áreas urbanas e industriais. Os limites de seu IQA (índice de qualidade

das águas), medidos em 16 anos de campanhas nas proximidades da foz, esteve

entre 55 e 90, com média em torno de 75. Isso se torna ainda mais relevante pelo

fato destas á-

guas atenderem

às necessidades

de duas grandes

indústrias de

papel, uma de-

las a Norske

Skog, a segun-

da maior forne-

cedora mundial

de papéis para

jornal, mais co-

nhecida como

PISA. A carga

poluidora urba-

na, o rio a dilui em seu volume, degradando-a ao longo das corredeiras e cachoei-

ras existentes assim que escoam da zona urbana de Jaguariaíva. Esta PCH não

causará perturbações à qualidade das águas. Mesmo na fase das Obras, estas

devem ser cuidadas, caso do saneamento dos Canteiros de Obra e Acampamen-

to: esgotos, deposição de lixo, e emissões de óleos e lubrificantes dos equipa-

mentos que são matéria de um dos programas ambientais reportados no Plano

Básico Ambiental - PBA.

Alteração da quantidade de água superficial: as correntezas existentes em rios

com lajeados – caso do Jaguariaíva (figura 50) – bem como as pequenas cacho-

Figura 48. É boa a qualidade das águas superficiais do Projeto

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eiras promo-

vem uma in-

tensa oxige-

nação das

águas, além

de promover

sua vaporiza-

ção mecâni-

ca, ou seja,

transformam

em vapor as

frações me-

nores das

águas agita-

das pelas corredeiras e quedas d’água. Por isso é que se nota, em dias frescos,

em cachoeiras, uma “nuvem” subindo à atmosfera. Esta, somada à evaporação

das águas que respingam sobre as rochas aquecidas das margens nos dias enso-

larados, causam o aumento da umidade atmosférica, logo, reduzem uma fração

da quantidade das águas superficiais. Este fenômeno, claro, é mais acentuado

em regiões quentes e áridas. Nos reservatórios – ou em remansos dos rios – este

fenômeno nunca apresenta a mesma intensidade, mesmo em situações de con-

densação atmosférica. Assim, não há porque prever que na PCH BEIRA RIO, o-

corra qualquer redução do volume das águas superficiais, desta ou de qualquer

outra origem, já que este uso das águas é claramente não consuntivo.

Alteração do balanço hídrico: as taxas de precipitações versus evapotranspira-

ção se apresentam sempre positivas na região do Projeto. Não há períodos de

déficit hídrico. Considerando a escala do empreendimento e sua realidade na ge-

ografia regional, não há nenhuma razão que induza à possibilidade deste empre-

endimento causar alterações do balanço hídrico regional, e mesmo sobre o mi-

croclima local.

Alteração nos usos da água: o trecho do rio da área do Projeto não tem às mar-

gens propriedades rurais. Logo inexistem condições de usos das águas para fina-

lidades econômicas. O uso pecuário das águas acima da futura APP é feito nos

Figura 49. Corredeiras no Jaguariaíva

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córregos e surgências, cujos volumes e distribuição dispensam a necessidade de

o gado descer até o rio para a dessedentação. Atualmente não há restrições a

que o gado chegue até ao rio, porém caminhando às suas margens não encon-

tram evidencias disso. Em trechos do rio Jaguariaíva, a montante do Parque Es-

tadual do Cerrado existem práticas recreativas com barcos infláveis (rafting), gra-

ças à turbulência e força das águas no trecho, aliada á beleza de paisagem do

cânion que atravessa. Tal uso turístico é pequeno, dependente de promoção tu-

rística.

Represamentos geralmente beneficiam a qualidade das águas, tanto por decantar

parte dos sólidos em transporte como por acelerar processos de biodegradação.

Nas pequenas dimensões do reservatório da PCH BEIRA RIO, esta contribuição

não será significante, notadamente à vista dos bons índices de qualidade consta-

tados.

Aumento do assoreamento das águas superficiais: relativamente aos aspec-

tos sedimentológicos, não se admite como significativo qualquer incremento dos

sedimentos por conta da PCH BEIRA RIO. Os sólidos hidrotransportados têm sua

origem atribuída a cinco principais possibilidades. Destas, duas incidem com mai-

or ênfase na bacia do Jaguariaíva a montante da PCH BEIRA RIO: a tipologia dos

solos drenados e a características orográficas da bacia. Extensas superfícies da

bacia de captação do Jaguariaíva apresentam solos arenosos de fina granulome-

tria. Em adição, observaram-se processos de colmatação em alguns pontos da

bacia. Ademais, os usos agrários na região já vem aplicando as técnicas de con-

servação de solos, sendo mais frequentemente observado o de plantios na palha

e em curvas de nível.

Ecotoxicidade, eutrofização e florações: as condições de qualidade de água

nociva são muito remotas na PCH BEIRA RIO, tanto pela ausência de índices de

poluição orgânica na AID, como pela excelente oxigenação das águas do Jagua-

riaíva. Situações nocivas poderiam ocorrer em situações de estiagem extrema,

quando o tempo de residência das águas viesse a ser elevado, e se tais águas,

em épocas de temperatura elevada, viessem a acumular excessiva quantidade de

nutrientes. Condições como estas poderiam favorecer o desenvolvimento intenso

de algas, cujo florescimento demandaria altos volumes de oxigênio, afetando, por

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isso a vida de seres aquáticos. Neste meio, dependendo da variedade de algas

que surgissem, poderiam surgir eventos de toxidez, por exemplo, com a liberação

de compostos de cianureto. Se a biodegradação ocorrer em ambiente anaeróbico,

surgiriam gases sulfurosos e metano, eventualmente letais às formas de vida do

corpo d’água. Não são estas as condições, absolutamente, do rio Jaguariaíva,

menos ainda na região do Projeto.

Considera-se insignificante o tempo de residência de 13 horas (55% dia) das á-

guas do reservatório da PCH BEIRA RIO. Isso reflete em que as águas terão na-

da mais que pequena redução de sua velocidade com escala insuficiente para

que surjam mínimos fenômenos de eutrofização. Contribuirá francamente para

isso a supressão florestal da pequena área do futuro reservatório.

Alterações sobre o Aquífero: não existem nas proximidades do Projeto, poços

artesianos para a retirada de água do aquífero, sequer cacimbas domésticas,

lembrando que o rio Jaguariaíva, na área do Projeto está situado em um vale pro-

fundo. O Projeto está sobre a Unidade Aquífera Pré Cambriana, longe no arco de

recarga do Aquífero Guarani, que no Paraná se estende de Jacarezinho até União

da Vitória, formando um semiarco que tem como centro a região do município de

Ivaiporã, distante cerca de 130 km da área do projeto. A eventual contribuição do

Reservatório para a recarga do aquífero não comprometerá a qualidade das á-

guas subterrâneas, a saber, não há a volumes ou mesmo qualquer disposição de

produtos tóxicos, lixo urbano, rejeitos industriais e aplicação de agrotóxicos na

área da PCH.

6.1.2. Impactos sobre a Atmosfera

Alteração do microclima - precipitação, temperatura: os cinco hectares do pe-

queno reservatório não apresentam as mínimas condições para provocar qual-

quer alteração sobre a umidade atmosférica, por conta de sua expressão regional.

Esta condição física do reservatório é inconsistente para que venha a contribuir –

aumentando ou reduzindo – a formação de nuvens e de camadas termais influen-

tes nos processos de precipitações e alterações de temperatura mesmo ao nível

local (microclima).

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Alteração dos padrões de vento: não há corredores de vento no fundo do vale

do rio Jaguariaíva, e a formação do pequeno reservatório não ensejará tal ocor-

rência. E mesmo que tal viesse a ocorrer, não há extensão (fletch) para que even-

tuais ventos direcionais provocassem ondas com capacidade de causar algum

tipo de influência às margens ou nas estruturas da Barragem.

Impactos sobre a Geologia

A tipologia dos solos drenados e a características orográficas da bacia, com perfil

colinoso em sua maior extensão, recomendam que na bacia do Jaguariaíva, em

torno do Projeto, existam atenções para prevenir focos erosivos. A própria estrada

municipal que dá acesso ao Projeto apresenta pontos com erosão formando sul-

cos profundos e processos agudos de erosão. As atenções devem se voltar aos

cuidados na manutenção das estaradas rurais, bem como aos usos agrários, para

a aplicação de técnicas de conservação de solos. A seguir são tratados com mais

detalhes os aspectos aventados na Matriz de Impactos:

Alteração das características dinâmicas do relevo: a conformação geológica

da área do Projeto não sugere atualmente problemas ambientais à PCH BEIRA

RIO, ou desta sobre o sistema regional, no que se refere à dinâmica do relevo. A

escala do empreendimento não oferece qualquer possibilidade de que venha a

promover alterações – significativas ou não – de tais características. A bacia do

rio Jaguariaiva, contudo, está assentada sobre a Formação Furnas, que se carac-

teriza por segmentos com maior incidência arenosa, se bem que em condições

geológicas estáveis onde, com as atenções adequadas da engenharia, não repre-

sentarão ameaças ao empreendimento ou deste à região.

Alteração das condições geotécnicas: a escala do Projeto, notadamente do

peso das águas acumuladas no Reservatório não indicam riscos de produzir alte-

rações, tais como fraturas ou interferência do processo de desgaste natural. O

pequeno volume de água que será acumulado, cujo peso não é absolutamente

expressivo à escala geológica regional não sugere que devam ser esperados im-

pactos dessa natureza. Nem mesmo a preparação do local onde será edificada a

casa de força, a barragem e as estruturas auxiliares, que se estima ocupar cerca

de 10 ha de área, onde haverá movimentação de solo e rochas indicaria riscos

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dessa natureza. Não obstante a obtenção de matéria prima: argila, rocha e areia

destinadas para a edificação da barragem, canal adutor e casa de força será situ-

ação potencial de impacto, os assim reconhecidos serão tratados em programas

ambientais do Plano Básico Ambiental.

Alterações de jazidas minerais: Na área do Projeto não existem concessões

minerárias do DNPM, ainda que na AII, Área de Influência Indireta tivessem sido

identificadas duas concessões para extração de Areia, Argila e Basalto. Estas

extrações, por se encontrarem fora da área de influência direta, não afetam o Pro-

jeto. Segundo o MINEROPAR, entre os recursos minerais explorados, a areia e o

quartzo são, de longe, os que pesam mais nas estatísticas (apesar da soma dos

volumes extraídos de toda riqueza mineraria não alcançar em torno de 0,6% do

volume produzidos no Estado). Os demais minerais não apresentam expressivi-

dade econômica ou volumétrica.

Comprometimento de cavidades naturais: na Área Diretamente Afetada não se

detectou, sequer nos trechos ao longo do rio, cavernas e cavidades naturais ou

locais de formação geológica que poderiam abrigar animais e populações huma-

nas pregressas.

Sismicidade: apesar de haver sido detectada atividade sísmica no município de

Jaguariava, este foi fortuito e de pequena intensidade. Especialistas desta ciência

consideram que a região do rio Jaguariaíva está em uma condição que favorece

um pouco a atividade sísmica, por encontrar-se próxima à borda da bacia sedi-

mentar e por reunir alguns lineamentos de estruturas notáveis, caracterizados por

enxames de diques, falhas e fraturas extensas. A Engenharia do Projeto conside-

ra não haver risco de tal impacto na área, em especial na constatação da existên-

cia de grandes blocos rochosos na região sem qualquer evidência de deslizamen-

tos recentes, que comprovariam a estabilidade sismológica da área.

Impactos sobre os Solos: a capacidade de uso dos solos na Área Diretamente

Afetada é muito baixa devido tanto a topografia íngreme como o afloramento de

rochas sedimentares. Um pouco além do talvegue do rio, na Área de Influência

Direta, as terras são usadas para agricultura e pecuária. Onde os solos permitem,

a agricultura se destaca pelo intenso processo de mecanização da lavoura para a

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produção de soja, milho, feijão, trigo e aveia. Nas encostas do rio, aproximando-

se da área diretamente afetada deste empreendimento, parcelas de áreas de re-

florestamento, com eucaliptos e pinus. Há pouco emprego de mão de obra na

produção agrária. A pecuária bovina é desenvolvida na maioria das poucas fa-

zendas situadas na área de influência direta, fora da área do Projeto. Nas propri-

edades rurais é comum haver empregados (administradores das fazendas e con-

tratados para serviços gerais) para o desempenho das atividades ligadas à agri-

cultura e pecuária. Para tanto proporcionam moradias aos empregados e familia-

res, em torno ou próximas à sede.

Alteração da estrutura do solo: certamente o solo receberá os efeitos ambien-

tais nas áreas que serão alagadas, bem como nas áreas próximas a estas pelo

encharcamento das margens, efeito que será absorvido pela APP. Este fenômeno

ocorrerá no fundo do vale, sem significância nos solos usados para finalidades

comerciais.

Alteração do uso e da fertilidade do solo: o projeto não causará perturbação na

sua fertilidade e nos usos econômicos dos solos situados além da APP. Igualmen-

te não os afeta pela compactação e impermeabilização, e também não diminui -

ou aumenta - a capacidade de regeneração do meio. Na área da APP as condi-

ções naturais

serão preser-

vadas, à ex-

ceção de pe-

quena faixa

em contíguas

ao reservató-

rio, em que

ocorrerá

maior umida-

de do solo,

propiciando,

provavelmen-

te, o surgi-

Figura 50. Trecho do acesso atual a área da PCH BEIRA RIO: riscos de atolamento

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 69

mento da tipologia florfestal conhecida como cerradão, onde as árvores se desen-

volvem mais pela redução dos fatores restritivos – alumínio e manganês – próprio

dos solos do Cerrado.

Efeitos de erosão superficial e nas encostas: algumas características geológi-

cas dos solos sedimentares facilitam processos de erosão e desprendimento de

blocos de rocha em encostas naturais, mas mais acentuados em cortes e aterros

artificiais. As obras nestas rochas de predominância arenosa impõe cuidados a-

dequados. Nessas situações, as influências intempéricas fazem as rochas sedi-

mentares perderem a coesão e as tornam suscetíveis à erosão. Em contraponto,

é comum ocorrer cobertura de líquens, uma proteção biótica contra a agressão

intempérica. Nota-se que no fundo do vale do Jaguariaíva as rochas parecem

estar mais coesas e apresentarem maior resistência ao processo erosivo. Os mo-

vimentos de solos e rochas decorrentes da Obra devem ser cercados de cuidados

para não propiciar focos de erosão ativas, situação indesejada pelo Empreende-

dor, que já a preveniu no projeto de engenharia, no escopo da proposição da bar-

ragem de enrocamento.

Aumento da evapotranspiração do solo: a área diretamente afetada – ADA,

das margens do reservatório, onde o processo da evapotranspiração poderia ser

mais intenso, será ocupada pela franja florestal, não se criando, logo, ambientes

propícios de exposição do solo que aumentariam fenômenos naturais de evapo-

ração. Assim, inexistem expectativas de impactos decorrentes do Projeto sobre

fenômenos da evapotranspiração.

6.2. Meio Biótico

As análises bióticas buscaram evidenciar particularidades da Natureza e as sen-

sibilidades dos ambientes que seriam afetados pelo empreendimento, tanto na

fase das obras, como na de operação, causadas pelas edificações, barragem e

reservatórios, bem como pelo regime operacional do aproveitamento.

Os prognósticos basearam-se nas análises diagnósticas levantadas na ADA da

PCH BEIRA RIO e projeta os impactos positivos e negativos da implantação da

PCH sobre os componentes ambientais da região do Projeto.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 70

6.2.1. Impactos sobre a Fauna Terrestre

A fauna que habita os ambientes da região do Projeto certamente tem preferên-

cias pelas áreas florestais, de campos, ciliares e lacustres. Destacam-se dois gru-

pos, o das aves e dos répteis. As alterações impostas aos ambientes das colinas

acima do talvegue do rio, transformando-os em áreas pecuários, agrícolas e reflo-

restadas, sofreram durante anos as queimadas anuais, feitas com objetivos de

melhorias dos pastos naturais. Isso reduziu a variedade das espécies que conse-

guiram sobreviver a estes condicionamentos não naturais.

Não se detectou espécies endêmicas ou que dependessem exclusivamente das

áreas que se prevê ocupar com as obras e reservatório. Por outro lado, há expec-

tativas positivas à fauna nativa com a ampliação da superfície das águas e com

melhorias preservacionistas das margens, onde ainda persistem amostras signifi-

cativas da fitofisionomia original. Estas possibilidades certamente serão interes-

santes à vida silvestre deste resquício de bioma que aqui tem seu limite meridio-

nal.

Referindo-se às considerações requeridas pela Matriz de Impactos Ambientais,

objeto da Portaria IAP 158/2009, podem-se destacar os seguintes aspectos e im-

pactos induzidos pelo aproveitamento hidrelétrico:

Alteração da composição da fauna: ao longo de seu período operacional o em-

preendimento não agravará a situação constatada na composição da fauna. Pelo

contrário: há boas expectativas que o novo meio, com a proteção da Área de Pre-

servação Permanente faculte o aumento do contingente faunístico regional, e con-

tribua positivamente para a proteção da biodiversidade. Este impacto, portanto, se

afigura evidentemente positivo. Na fase de construção haverá afugentação natural

e temporária da fauna ocorrente, por conta da presença humana e dos ruídos das

obras, que per si repelirão os animais silvestres (ainda que alguns poderiam ser

atraídos à procura de alimento eventualmente facilitado pelos operários). Concluí-

da a Obra desaparecerá a movimentação de pessoas e se atenuarão os ruídos e

deixando de existir os fatores de afugentação (ou atração), quando a normalidade

da vida faunística deverá voltar a se instalar em torno do reservatório e canal adu-

tor. Para atenuar este período deverão ser tomadas algumas medidas de precau-

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ção junto ao pessoal em serviço, tanto para evitar a caça e perseguição, como

prevenir a atração e domesticação da fauna silvestre. O PCA – Programa de Con-

trole Ambiental conterá um tema com este objetivo.

Surgimento de espécies exóticas: ainda que não haja pessoas residindo na

Área Diretamente Afetada do Projeto, a proximidade dos imóveis rurais, bem co-

mo da casa do Zelador da Usina, geram a possibilidade da presença de animais

domésticos: cachorros e gatos, que poderão exercer algumas pressões de caça,

e a destruição de ninhos e de locais de reprodução de pequenos mamíferos e de

aves. Na Casa de Força é comum os operadores manterem para guarda um ca-

chorro, contido em canil ou preso a corrente, que denunciam tanto a aproximação

de estranhos, como de animais silvestres que ali poderiam transitar – e se abrigar.

Surgimento de vetores: Dependentes de várias circunstâncias relacionadas a

ciclos de transmissão e difusão, vetores de endemias de veiculação hídrica ou

típicas rurais podem vir a surgir. Dois fatores influem nesta questão: alterações do

meio ambiente que possam favorecer espécies patogênicas oportunistas, e a

chegada de contingentes de pessoas, calculado em até 90 obreiros para trabalhar

na Obra. Não se prevê que os trabalhadores venham à Obra com suas famílias,

caso comum em GB, tanto porque será curto o período de trabalho (as obras civis

serão edificadas em torno de 15 meses), e se estima que boa parte deste pessoal

virá da própria região, em deslocamentos diários. Também não está prevista uma

escala de alterações do meio que poderia provocar condições de instalação de

vetores. Acerca do risco de disseminação de enfermidades entre os operários,

uma questão sanitária a ser tratada pelas empresas que contratarão e trarão o

pessoal ao sítio das Obras. Este cuidado recebeu um capítulo no PCA - Programa

de Controle Ambiental

Atropelamento de animais: ao usar estradas existentes e com uso exclusivo, o

projeto não ensejará este impacto, por que acesso às obras, a partir da estrada

rural é curto, menos de 10 quilômetros, onde se recomendará velocidades máxi-

mas controladas. Também não se estima que no período das obras ocorra a pre-

sença de animais silvestres na área, portanto o risco será, por si mesmo, resolvi-

do. Depois, as estradas de serviço deverão ser recobertas com pavimento de ba-

salto irregular após a conclusão das Obras, como ocorre na PCH Pesqueiro, o

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que garantirá o tráfego em qualquer tempo e facilitará o rápido escape dos ani-

mais eventualmente surpreendidos. Adicione-se a este aspecto físico a orientação

via placas de sinalização e advertências aos poucos usuários, a ser implantada

por recomendação de programa apresentado no PCA. Com tais medidas não se

espera que este impacto venha a ocorrer.

Aumento de atividades de caça: o risco da caça incide só na fase da Obra, e

em horários de almoço, quando os operários estão de folga. Para prevenir esta

situação, cuja responsabilidade legal também é atribuível ao empreendedor, será

implantado um programa de educação ambiental, acompanhado de controle ade-

quado, que incluirá medidas punitivas aos empregados e às empresas terceiriza-

das flagradas – ou com evidências - em ilícitos. Este programa será tratado no

PCA.

Destruição de habitats: Durante a época das Obras ocorrerá movimentações do

terreno para a abertura de estradas, escavações e depois, edificação da barra-

gem, afetando locais ainda com características primitivas, logo podendo afetar

locais preferenciais da fauna. Na formação do Reservatório ocorrerão eventos de

elevação das águas nas margens do rio até a cota normal de operação. Estas

atividades impõem preparação das áreas, alterações e ajustes da situação atual

do estado futuro dos habitats ripários. Relativamente ao impacto da Obra sobre a

parca fauna, esta se afastará do local das obras à medida que os trabalhos forem

avançando, para áreas sem possíveis ameaças à sua vida. Estima-se que tais

animais permanecerão naturalmente na faixa ciliar situada às margens a montan-

te.

Dispersão de espécies: Já foi relatado que as condições de criação de novas

áreas protegidas por este Projeto ampliarão a área de locais propícios ao desen-

volvimento da fauna e à flora nativas. Neste sentido, pode-se esperar um efeito

positivo de dispersão das espécies que por ora se concentram em nas estreitas

faixas ciliares e capões da Área de Influência Direta do Empreendimento.

Empobrecimento genético: se não há o desaparecimento de espécies por de-

corrência deste projeto, muito pelo contrário, ao se criar condições para a prolife-

ração da fauna nativa regional, não há, absolutamente, o risco do isolamento de

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contingentes faunísticos que poderia propiciar a erosão genética dos atuais con-

tingentes, sua especiação e o empobrecimento da biodiversidade. Este impacto,

portanto, inexiste.

Espécies endêmicas, raras ou ameaçadas: apesar da pobreza da fauna, foi

registrada a presença de tamanduá e veados, estimando-se, pelas pegadas, que

também circulem felinos na área em torno do Projeto. Entretanto não se detectou

espécies endêmicas ou que dependessem exclusivamente das áreas que se pre-

vê ocupar com a Obra e Reservatório. Por outro lado, como já se comentou, há

expectativas positivas para a fauna nativa com a ampliação da superfície das á-

guas e melhorias das margens, onde se buscará preservar a fitofisionomia origi-

nal. Estas possibilidades certamente serão interessantes à vida silvestre deste

resquício do ecossistema de contato.

6.2.2. Impactos sobre a Fauna Aquática

O rio Paranapanema, ao qual pertence a bacia do rio Jaguariaíva, possui muitos

obstáculos naturais, vários aproveitados por hidrelétricas, com grandes barragens

construídas sem dispositivos de passagem da fauna aquática. Vale destacar que

Além disso, a questão das populações foi agravada com a promoção de semea-

dura de peixes, ou seja, de introdução artificial de várias espécies, em quantida-

des nunca informadas, incluindo tanto espécies brasileiras mas que provavelmen-

te nunca ocorreram no curso natural dos trechos de montante da bacia do Para-

napanema, como efetivamente exóticas, como é o caso de tilápias, carpas e cor-

vinas.

Os movimentos migratórios podem ser descritos de uma forma geral como a mi-

gração sazonal de adultos dos sítios de alimentação para locais de reprodução rio

acima. Embora a piracema constitua o movimento migratório mais evidente, os

deslocamentos dos peixes migradores também incluem o carreamento de ovos e

larvas rio abaixo, o movimento dos jovens e o retorno dos adultos para os sítios

de alimentação. Entrando nas análises recomendadas pela Matriz de Impactos

sobre a fauna aquática, podem ser destacados e comentados os seguintes aspec-

tos e impactos ambientais:

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Alteração da composição da fauna aquática: o fluxo dos peixes da bacia do

Paraná, através do Paranapanema está afetado há muitos anos, desde que se

construíram as barragens da antiga CESP, na década de 70. Posteriormente, as

novas barragens foram induzidas por decisões judiciais à construção de dispositi-

vos de transposição dos peixes, prática que tem sido condenada por especialis-

tas, que veem nestes dispositivos armadilhas que resultam em mais impactos do

que soluções à fauna íctica. Em se tratando da eventuais alterações induzidas na

composição da fauna aquática, antes de se processar medidas de peixamento

(recolonização) ou implantar mecanismos de transposição (cujas experiências e

constatações em outros projetos leva a ser desaconselhada por especialistas e

pesquisadores renomados), há que se prolongar os estudos de forma a se obter

as respostas aplicáveis a este caso.

Aparecimento de espécies exóticas: Espécies exóticas são lançadas no corpo

d’água natural, intencional ou acidentalmente. Não se encontrou registros formais

que neste rio tivesse ocorrida a introdução de espécies como a tilápia, a carpa e o

bagre-de-canal, mas sua captura indica que tais eventos ocorreram, provavelmen-

te a partir de Jaguariaíva. Por outro lado, seria inviável a retirada e/ou eliminação

dessas espécies, tanto pelos custos como pelos danos potenciais à nova dinâmi-

ca biológica implantada. Como esses impactos não são procedentes deste apro-

veitamento, e não causam efeitos para a geração de energia, não constam provi-

dências de intervenção. Não obstante, havendo medidas saneadoras ou de favo-

recimento às espécies nativas, promovido por agencia oficial, este empreendi-

mento certamente apoiará os esforços mediante acordos oportunos.

Interrupção da migração de peixes: como a PCH BEIRA RIO se localizará entre

barragens que oferecem dificuldades à transposição, admite-se que a população

de peixes que povoará o reservatório será a mesma que hoje habita aquele trecho

do rio, sequer alterada por conta da formação do pequeno reservatório, onde por-

ção mínima das águas deixariam de ser lóticas para se tornarem lênticas. Ade-

mais, quanto aos STP – Sistemas de Transposição de Peixes, já se comentou no

item anterior, serem nocivos à ecologia daquela comunidade.

Destruição de habitats aquáticos: o Projeto inclui um trecho de declive acentu-

ado do rio que favorece o aproveitamento de seu potencial hidrelétrico. A forma-

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ção do reservatório promoverá pequena alteração, na velocidade das águas, e

criação de ambiente mais profundo, sem provável afetação de suas característi-

cas físicas de temperatura, OD e outros fatores limnológicos. Também, o ambien-

te parcialmente alterado está replicado a montante e jusante do barramento, não

se atingindo, logo, locais de características inéditas em outros pontos. Assim, ad-

mite-se que somente haveriam efeitos nos habitat locais. Durante as Obras ocor-

rerá certo aumento de turbidez das águas devido à movimentação dos solos nas

margens e fundo do leito. Esta poderá afetará a flora e fauna bentônica, mas terá

duração efêmera, inferior, certamente aos efeitos de uma forte chuva que carreia,

ao rio, grandes volumes de sedimentos em suspensão.

Dispersão de espécies ícticas: impedimentos ou favorecimentos à dispersão de

espécies de peixes ocorrem quando um empreendimento facilita deslocamentos

antes impedidos por fatores naturais, como aconteceu em ITAIPU, na região de

Sete Quedas. As características da PCH BEIRA RIO não causam nenhuma inter-

ferência na dispersão das espécies do rio Jaguariaíva. Lembre-se que a biodiver-

sidade íctica já foi abalada pelos aproveitamentos de jusante, no rio Paranapa-

nema.

Empobrecimento genético: ao se manter praticamente inalterada a ecologia a-

tual do meio hídrico, pode-se deduzir que o Projeto não causará empobrecimento

genético das populações aquáticas desse curso d’água, ainda que também não

promova seu enriquecimento. Esse efeito poderia ser resultante de STP, que atua

como armadilha retendo os peixes em migração ascendente, como afirmam es-

pecialistas desta ciência.

Espécies aquáticas endêmicas, raras ou ameaçadas: o presente projeto não

causa transformação ou destruição de ambientes especializados, onde poderiam

viver espécies endêmicas, incluindo o trecho de vazão reduzida: havendo ali al-

guma espécie endêmica, ou rara, ou ameaçada, não percebida nos estudos, tal

espécie e seu ambiente estarão preservados.

Mortandade de peixes e redução dos estoques: a mortandade de peixes ocor-

re por várias razões, como as vinculadas à eutrofização do corpo d’água em perí-

odos de estio, quando se reduz significativamente o Oxigênio dissolvido do corpo

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d’água. Este episódio, que poderia acontecer no rio em seu estado natural, não se

estima que venha a ocorrer por influência do Projeto em nenhum tempo de seu

período operacional. Uma situação mais crítica poderia ocorrer quando as águas

do rio começarem a ser barradas para a formação do Reservatório, mas a pre-

venção disso, que seria um impacto, está na operação da vazão ecológica ou sa-

nitária, que garantirá, permanentemente, que o rio, a jusante da barragem, jamais

fique sem fluir. Não se prevê aprisionamento de peixes entre as ensecadeiras

quando do desvio do rio para execução das obras no fundo do leito ensecado e

não se prevê o risco do aprisionamento de peixes no canal de fuga, durante para-

das de manutenção, graças ao sistema construtivo e operacional deste canal.

Prejuízo a outros animais aquáticos: Capivaras, anfíbios e outros animais sil-

vestres remanescentes encontrarão, nas condições protegidas do Reservatório,

condições melhoradas à vida, associadas aos cuidados de proteção fiscal com

que hoje os raros espécimes não contam. A vegetação ciliar propiciará alimento e

proteção, melhorando as condições atuais. Mesmo os animais encontrados a

jusante, por não se interromper o fluxo das águas em tempo algum, não deverão

ser impactados permanentemente pelo Projeto.

Impactos da fase das Obras na Ictiofauna: embora a Matriz de Impactos não

tenha previsto efeitos das atividades recreativas dos trabalhadores e das comuni-

dades vizinhas sobre as populações aquáticas os estudos realizados focaram es-

ta questão, lembrando que estas atividades de lazer poderiam causar impactos se

porventura houver pesca predatória, feita com equipamentos não permitidos.

Também a Obra poderia ocasionar alterações na estrutura das margens, em mo-

mentos de execução a decorrocagem, cujas explosões certamente afugentarão a

população de peixes situada em um raio próximo, este efeito, contudo, não possui

mecanismos que permitam sua prevenção e atenuação, além do que, na escala

do Projeto, não são relevantes.

6.2.3. Impactos sobre a Flora

Os impactos negativos sobre a vegetação ocorrerão principalmente nas áreas das

margens que serão inundadas, da ordem de 5ha, quando, ao formar o reservató-

rio, as águas sairão da caixa do rio, inundando 15ha, dos quais 53% na margem

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esquerda e 47% na margem direita. Cerca de 10ha – 66% – correspondem à cai-

xa do rio. A vegetação florestal remanescente ali encontrada será suprimida antes

do alagamento. Por outro lado, a faixa de preservação permanente será de

24,14ha. Por conta desta APP se encontrar com suas características vegetacio-

nais primitivas em grande parte, não há necessidade de novos plantios florestais,

salvo em setores que vierem a ser alterados pela Obra. Contudo, um dos progra-

mas do PBA, Plano Básico Ambiental, detalhará que serão extirpadas as árvores

exóticas, notadamente o Pinus, que possui grande capacidade de dispersão e

não propicia alimento à vida silvestre nativa.

6.2.4. Outros impactos bióticos

A Matriz de Impactos prevê que sejam observadas outras questões, cuja conside-

ração nestes estudos não gerarão efeitos negativos neste Projeto. Dentre estes,

situações não ocorrentes nas expectativas, como danos em áreas de espécies

endêmicas, raras ou ameaçadas, favorecimento à contaminação biológica com

vegetação exótica, a diminuição da abundância de espécies florísticas, a redução

de áreas de ocorrência de espécies nativas, efeitos de borda, contribuição para

extinção de espécies, invasão dos novos ambientes ribeirinhos por espécies opor-

tunistas, mudanças negativas na paisagem, perdas da biodiversidade botânica,

redução da cobertura vegetacional e até a redução da variabilidade genética. Es-

tes impactos, graças à pequena escala deste empreendimento e às medidas que

serão tomadas para mitigar e prevenir os impactos anteriormente citados, não

correm risco de ocorrer.

6.3. Meio Social

Considerando o ponto de vista nacional, estadual, e mesmo regional, consideran-

do a área da bacia hidrográfica, não são perceptíveis impactos sociais negativos

decorrentes da construção e operação deste empreendimento. Há, certamente,

os ganhos relacionados ao suprimento energético, cuja fonte hidráulica que subs-

titui equivalentes de queima de combustíveis fósseis, salutares ao equilíbrio pla-

netário das emissões de gases de efeito estufa, assim como os ganhos financei-

ros, que propiciarão melhor qualidade de vida às centenas pessoas que usufrui-

rão, direta e indiretamente dos benefícios resultantes desse suprimento energéti-

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co e da sua capacidade produtiva. As análises que se seguem têm estes benefí-

cios como tela de fundo, porém o foco das análises está dirigido aos aspectos

regionais decorrentes das obras e da operação do empreendimento.

As características demográficas, econômicas e de infraestrutura dos municípios

que abrigam o projeto em estudo permitem mostrar que a região possui um nível

de desenvolvimento saudável e de crescimento normal, nas expectativas espera-

das para a microrregião onde se insere. Os índices de desenvolvimento humano

mostram equilíbrio destes municípios em relação aos demais do Estado do Para-

ná, com oportunidades e deficiências consideradas normais e inerentes às condi-

ções políticas, econômicas e sociais de cada município.

É provável que a história de Jaguariaíva, que indica sua fundação anterior ao de

Sengés seja a causa da maior população e melhor desenvolvimento dos índices

que definem o IDH (expectativa de vida, alfabetização de adultos, frequência es-

colar, renda per capita, educação e PIB municipal). O presente projeto não interfe-

rirá nesta situação, e se isso ocorrer, quiçá a favor de Sengés, onde estarão situ-

ados os equipamentos hidrelétricos que gerarão benefícios de impostos munici-

pais. A análise dos efeitos socioambientais do Projeto, requerida pela Matriz de

Impactos é comentada a partir dos seguintes aspectos:

6.3.1. Aspectos Culturais

Na área do projeto não ocorrem eventos folclóricos ou tradicionais, ainda que em

outras regiões dos municípios que abrigam este Projeto, sejam realizados eventos

e festas próprias. Nas cercanias e na área do Projeto não há marcos históricos ou

culturais e na área do projeto não há áreas de lazer, ou de cunho religioso ou e-

conômico ou outras que possam influir sobre as decisões relacionadas a este

empreendimento. O acesso ao rio é difícil pelas condições de topografia – e por-

que está cercado de propriedades rurais, logo dependente de autorização do pro-

prietário do imóvel que seria atravessado. Além do mais, as distâncias do local ao

centro urbano de onde poderiam vir eventuais visitantes ou turistas limita o inte-

resse dessas pessoas. A raridade e as condições precárias da picada dos aces-

sos ao rio mostram que não existe demanda por tal uso recreativo. Não obstante

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 79

se notou alguns locais com evidencias de atividades de pesca amadora em am-

bas as margens.

6.3.2. Atividades Econômicas

Setor Primário: já se explanou que a ADA – área diretamente afetada - do Proje-

to tem restrições para a agricultura ou pecuária. Não existem assim, impactos de

Projeto sobre a economia rural. Também o rio não é tido como piscoso, e não há

geração de renda na atividade de pesca, ainda com as evidencias de prática de

pesca amadora. A produção agrária da área de influência direta não atenderia às

necessidades de suprimento alimentar ao futuro Acampamento, considerando as

escalas da necessidade da Obra e os macro-volumes das grandes fazendas do

entorno. Não obstante pode-se considerar como impacto positivo as oportunida-

des de trabalho que serão oferecidas a trabalhadores rurais à época da limpeza

do reservatório e trabalhos de proteção da APP.

Setor Secundário: Este projeto não sofre e não causa qualquer influência sobre

este setor econômico regional. Não favorecerá qualquer alteração da produção

local, já que os materiais que empregará serão oriundos de indústrias especiali-

zadas, e não afetará a taxa de emprego industrial.

Setor Terciário: Para as obras se estima a necessidade de um contingente da

ordem de 90 pessoas, distribuídos ao longo do tempo. O atendimento a esse con-

tingente gerará demandas de contratação de pessoal, transporte e alimentação,

vale dizer, além do pessoal diretamente contratado haverá oportunidade para ou-

tros trabalhadores em serviços indiretos. Há que se ter em conta que a parte des-

te contingente, especializada em vários trabalhos será contratada fora dos muni-

cípios afetados. Esta agregação de mão de obra poderia enseja oportunidades

locais, de habitação e comércio, ainda que temporárias. A possibilidade de novos

e pequenos comércios nas proximidades da Obra, para atender aos acampados

não deve ser descartada e medidas devem ser tomadas para prevenir que, com

isso, surjam problemas sociais, em especial os relacionados ao alcoolismo e en-

fermidades sexualmente transmissíveis. Sengés, ao propiciar a mão de obra cer-

tamente se beneficiará das rendas obtidas pelos empregados, o que propiciaria

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 80

melhoria nos padrões de vida das famílias daqueles, ademais dos benefícios de

arrecadação tributária municipal de impostos (ISS, ICMS, COFINS).

6.3.3. Educação, Recreação e Lazer

O Projeto não estabelecerá acampamento de longa duração, e os poucos aloja-

mentos que eventualmente serão levantados não se destinarão a famílias. Assim,

não se prevê o aumento de uma população infantil que demande creches e esco-

las. As famílias que eventualmente se deslocarem para a região, atraídas pelas

oportunidades de serviço no tempo das obras, ou que depois se estabelecerão na

fase operacional, se servirão da rede pública de ensino proporcionada pelo Muni-

cípio de Jaguariaíva e de Sengés através das escolas rurais ou da sede munici-

pal, usando o ônibus escolar. A distância do local do Projeto até as sedes urbanas

faz com que ocorra naturalmente baixa demanda de atividades recreativas ou

pesca amadora procedente daqueles centros.

6.3.4. Infraestrutura Regional

O pessoal contratado se espalhará em várias frentes na área das obras, tanto na

Barragem e suas estruturas, como na construção do canal de adução e da Casa

de Força. Há, ainda, pessoal em serviço na preparação da área do reservatório,

na supressão da vegetação e em trabalhos nas margens do futuro reservatório,

se bem que de pequena escala.

Os resíduos produzidos pelo pessoal na Obra, bem como o atendimento às ne-

cessidades fisiológicas deverão ter destinação sanitária adequada, evitando-se

condições de insalubridade e contaminação ambiental. O local das obras terá ati-

vidades próprias do Programa Ambiental, para destinar os resíduos sólidos e e-

fluentes líquidos que serão gerados no refeitório, escritórios e ambulatório.

6.3.5. Núcleos Populacionais

Não há núcleos populacionais nas proximidades do Projeto, mesmo nas sedes

das Fazendas, onde as habitações não passam das estritamente necessárias ao

pessoal em serviço e familiares. Logo não serão gerados impactos de alagamento

de espaços urbanos. Sua posição geográfica não interfere nas condições de a-

bastecimento e comercialização regional e não influencia os processos dinâmicos

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 81

de polarização regional, que continuarão a serem exercidos a partir de Sengés e

Jaguariaíva.

Também a pequena envergadura do empreendimento não propiciará a criação de

polos de atração com o consequente aumento da demanda de serviços e equi-

pamentos sociais, sendo as necessidades dos operários atendidas diretamente

pelas empresas que executarão cada segmento da Obra.

6.3.6. Arqueologia

Ao se encontrar ocorrências de vestígios arqueológicos torna-se imprescindível a

elaboração e execução de um estudo arqueológico sistemático, intensivo e intru-

sivo (prospecções em sub-superfície) na ADA do empreendimento e em setores

amostrais da AID, como determina o Artigo 4 da Portaria 230 do IPHAN onde se

lê: “A partir do diagnóstico e avaliação de impactos, deverão ser elaborados os

Programas de Prospecção e de Resgate compatíveis com o cronograma das o-

bras e com as fases de licenciamento ambiental do empreendimento de forma a

garantir a integridade do patrimônio cultural da área”. (IPHAN, 2002).

A recomendação da legislação, entretanto, foi alterada no Paraná, exigindo-se

que, antecipando a fase dos estudos prévios o programa de prospecção intros-

pectiva seja implantado, mesmo antes da primeira licença ambiental, a LP, e te-

nha como objetivos gerais localizar, dimensionar e cadastrar eventuais sítios ar-

queológicos em todas as áreas a serem afetadas pelo empreendimento e seu en-

torno imediato. A prospecção é feita através de uma malha de sondagens em

sub-superfície que cubra a totalidade dos compartimentos favoráveis ao trânsito

e/ou estabelecimento de populações do passado. Este programa foi coordenado

por um profissional reconhecido pelo IPHAN. Os resultados serão apresentados

em relatório paralelo.

6.3.7. Populações Indígenas e Quilombolas

Não há populações, comunidades ou mesmo famílias tradicionais (e mesmo con-

temporâneas) situadas ou ocupando as áreas diretamente afetada e de influência

direta do empreendimento. Inexistem assim, riscos de influências sobre a organi-

zação social, ou de alteração de elementos culturais das populações tradicionais.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 82

Menos ainda, qualquer necessidade de transferência compulsória ou atendimento

a populações indígenas.

6.3.8. Saúde Pública

O Projeto não intervirá de nenhuma forma nas condições de salubridade regional.

Para o número de pessoas que se prevê contratarem nas várias fases do empre-

endimento não há a necessidade de ajustes da rede médico-hospitalar municipal

e dos seus equipamentos, prevendo-se na Obra tão somente a instalação de um

ambulatório para pequenos eventos e desenvolvimento de atividades de medicina

preventiva, vacinações, etc. O projeto não criará situações que gerem alterações

ambientais propicias a focos de moléstias diversas.

A Empreendedora tomará as medidas de segurança e de medicina do trabalho

para a prevenção de situações potenciais de acidentes. Para evitar que no Acam-

pamento a aglomeração de pessoas facilite a disseminação de alguma endemia

ou doenças sexualmente transmissíveis, a prevenção desta possibilidade será

feita na admissão do pessoal, por exames na medida da sua necessidade.

6.3.9. Situação demográfica urbana e rural

A comunicação com a cidade de Jaguariaíva e de Sengés será feita pelos meios

existentes, de transporte coletivo com a periodicidade que for conveniente no de-

correr das obras e serviços. Não se prevê impactos sobre as condições das zonas

urbana e rural nas quais o empreendimento se insere. Serviços de suprimento

alimentar serão prestados por empresa terceirizada, que se encarregará de adqui-

rir, transportar e preparar os alimentos que serão servidos, observando os termos

contratuais em termos de qualidade, volumes e horários.

Uma preocupação social normal neste tipo de empreendimento relaciona-se à

desmobilização da mão-de-obra contratada ao final de cada fase das obras. Esta

situação, que pode gerar tensões sociais deve ser precocemente tratada, já nos

contratos de serviço. Em serviços de curta duração, como o presente, não se es-

pera o surgimento de riscos sociais, notadamente os típicos da implantação de

vilas residenciais para os trabalhadores.

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Não obstante as situações sociais apontadas, os ganhos sociais derivados deste

empreendimento serão perceptíveis na forma distribuição de renda decorrente de

novos serviços e emprego, eventual enriquecimento cultural e alteração de alguns

hábitos locais pela influência de outros adquiridos com a comunidade emigrante,

no período das obras, e, sobretudo, nos benefícios resultantes da geração de 17

MW, de energia elétrica e sua disponibilização para o desenvolvimento, em esca-

la maior, do Brasil.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 84

7. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS

7.1. Metodologia da Avaliação

Neste capítulo se trata da valoração dos impactos, ou seja, a atribuição de valor

ou significância às situações decorrentes de alteração e que serão introduzidas

no meio físico, biótico e social, listando os impactos (positivos e negativos) rele-

vantes e procedendo à sua descrição e mensuração, sempre que possível quanti-

tativa e qualitativamente. Para se chegar ao índice de valoração de impacto se

partiu de uma série de atributos facilitando a avaliação global do empreendimento,

pela sua:

a) característica ou natureza (impactos positivos, impactos possíveis de serem

prevenidos, atenuados ou mitigados ou compensados);

b) escala e dimensão (espacial/temporal): imediata: fase da Obra, média a longo

prazos: fase da Operação); e

c) intensidade das alterações (nos níveis alto, médio e pequeno ou insignificante),

mesmo tendo em conta os impactos secundários (ou decorrentes de outros pre-

cedentes).

Esta definição é clara em afirmar que os critérios que serão usados na avaliação

dos impactos se referem do agente causal para o agente receptor, a saber, do

empreendimento para o meio ambiente, em seus aspectos físicos e bióticos.

A legislação estabeleceu que os critérios essenciais para definir o valor de um

determinado fator impactante negativamente, estão na razão entre a causa e efei-

to de ações sobre o meio ambiente com atributos de dano, como se depreende

dos termos do Art. 54 da Lei da Natureza, que diz: “Art. 54. Causar poluição de

qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à

saúde humana, ou provoquem a mortandade de animais ou a destruição significa-

tiva da flora... ” (BRASIL – LEIS E DECRETOS, 1998/1999)

O peso ou índice é conferido à medida que se percebe a intensidade do dano

causado, primeiramente às pessoas, depois à fauna e então à vegetação. O con-

ceito não deu importância aos impactos infringidos ao meio físico, tais como a

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 85

destruição de uma paisagem, de um recurso hídrico e a contaminação de um solo

fértil, mas à medida em que esses impactos afetam os seres vivos antrópicos e da

biota.

Quadro 04. Classificação dos atributos de impacto para a PCH BEIRA RIO

Classificação Discriminação Sigla Valoração

Natureza: Positiva POS 1

Negativa NEG -1

Indiferente IND 0

Ambiente: Físico FIS 1

Biótico BIO 2

Antrópico ANT 3

Área de abrangência: Diretamente Afetada ADA 3

Influência Direta AID 2

Influência Indireta AII 1

Classe: Primários PRI 2

Secundários SEC 1

Incidência: Direta DIR 2

Indireta IND 1

Potencial: Neutro NEU 0

Cumulativos CUM 1

Sinérgicos SIN 2

Probabilidade de ocorrência: Certa CER 3

Provável PRO 2

Rara RAR 1

Início: Imediato IME 3

Médio prazo MPZ 2

Longo prazo LPZ 1

Duração: Efêmera EFE 1

Permanente PER 2

Cíclica CIC 3

Importância: Pequena PEQ 1

Média MED 2

Grande (alta) ALT 3

Possibilidade de reversão: Reversível REV 1

Irreversível IRR 2

Tratamento: Preventivo PRE 1

Mitigação MIT 1

Compensação COM 3

Potencialização POT 1

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 86

Os Índices atribuídos aos impactos consideraram esta diretriz conceitual da lei. A

valoração comparativa dos impactos se fará pela simples soma dos índices, mul-

tiplicados pelo índice +1 e – 1 referido à natureza positiva ou negativa do impacto,

como explanado no Quadro 04.

Destaca-se a seguir algumas particularidades desses termos: referindo-se à épo-

ca em que os impactos podem ocorrer, estes podem começar a surgir na fase de

projeto e pesquisas, quando os primeiros especialistas vão a campo e são questi-

onados pelos moradores sobre o projeto já na fase de estudos prospectivos. Por

sua importância, as épocas dos impactos foram destacadas encabeçando os

quadros. As áreas de abrangência são as Diretamente Afetadas (ADA), Área de

Influência Direta (AID) e Área de Influência Indireta (AII).

Se um impacto produz outros impactos, sua classe o define em primário, e o im-

pacto consequente, como secundário. Esta definição pode se confundir com a

incidência dos impactos, se diretos ou indiretos, cujos atributos, contudo, são

analisados independentemente se o impacto é ou não derivado de outro, situação

quando seria, também, impacto secundário. A natureza positiva ou negativa de

um impacto deve ser discutida à luz de interesses diversos, por exemplo, da po-

pulação de assentados, da conservação ambiental com maior pureza, do empre-

endedor, etc. No caso, se considerará essa natureza à luz do conceito legal já

referido.

As reações em cadeia dos impactos determinam seu fator potencial, já que po-

dem gerar cumulatividades ou sinergias, isto é, resultados que são aumentados

ou diminuídos quando incidentes conjuntamente com outros impactos. Quando

não se percebe a ameaça da cumulatividade ou sinergia, se diz que o potencial é

neutro. O fator de possibilidade de reversão se refere à resiliência do meio, ou

seja, sua capacidade de anular ou resolver em algum tempo, o impacto sofrido. É

o caso dos efeitos da turbulência e da turbidez das águas da fase do desvio do rio

pelas ensecadeiras, que se normalizam tão logo cesse o fator perturbador.

O foco dos próximos itens deste capítulo destacará os impactos previstos, citando

tanto sua área de ocorrência (a dimensão espacial), a época em que ocorrerão

(dimensão temporal), como a sua importância (valoração ambiental).

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 87

7.2. Impactos da Fase de Implantação

É a fase em que ocorre a transformação das condições naturais para uma nova, a

PCH BEIRA RIO destinada ao aproveitamento do potencial hídrico do rio Jaguari-

aíva. Nem todos os impactos são negativos. Os que o são, possuem aspectos a

serem prevenidos, mitigados e adequadamente solucionados, de forma a evitar o

agravamento de seus efeitos. Há impactos efêmeros e bastam ações minimas de

resolução. Todos estão citados nos Quadros 05 a 11, que resumem os impactos

da fase da Obra, indicando sua intensidade e a natureza de ação a ser adotada.

Os Quadros 05 a 07 referem-se aos impactos do sistema Abiótico, os Quadros 08

a 10, sobre os aspectos Bióticos e o quadro 11 os aspectos Sociais.

Quadro 05. Possíveis impactos sobre as águas

Impactos da fase de Obras

Nat

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bien

te

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ão

1. Afetação da qualidade das águas pelas escavações, desvios, ensecadeiras, e obras da barragem no leito do rio.

NE

G

FIS

AD

A

PR

I

DIR

SIN

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ALT

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V

MIT

-21

2. Ameaças à contaminação das águas na falta de medidas de saneamento N

EG

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V

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-19

3. Alteração da vazão das águas do rio entre a barragem e o canal de restituição. N

EG

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A

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LPZ

PE

R

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D

IRR

MIT

-20

Quadro 06. Impactos sobre os geologia e solos

4. Obras do canal de adução, com remo-ção da camada superficial e derrocamento N

EG

FIS

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A

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I

DIR

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Q

IRR

MIT

-20

5. Destinação adequada do material reti-rado do canal P

OS

FIS

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R

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Q

IRR

PR

E

19

6. Serviços de abertura dos acessos, do acampamento e de estruturas de apoio N

EG

FIS

AD

A

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I

DIR

NE

U

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MP

Z

PE

R

PE

Q

IRR

MIT

-20

7. Alterações para a obtenção de argila e rochas para construção da barragem N

EG

FIS

AD

A

PR

I

DIR

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R

MP

Z

PE

R

PE

Q

IRR

PR

E

-20

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 88

Impactos da fase de Obras

Cont.

Nat

urez

a

Am

bien

te

Abr

angê

ncia

Cla

sse

Inci

dênc

ia

Pot

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e

Iníc

io

Dur

ação

Impo

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cia

Rev

ersã

o

Tra

tam

ento

Val

oraç

ão

Quadro 07. Impactos sobre a atmosfera

8. Ruídos e gases das máquinas e explo-sões na abertura do canal adutor. N

EG

FIS

AD

A

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C

DIR

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MP

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EF

E

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V

MIT

-18

Quadro 08. Impactos sobre a flora

9. Atividades de arranjos do terreno, inclu-indo supressão do local das obras N

EG

BIO

AD

A

PR

I

DIR

NE

U

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MP

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PE

R

ME

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IRR

MIT

-23

10. Preparação da área de inundação, com supressão florestal de 3 ha P

OS

BIO

AD

A

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DIR

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IRR

PO

T

25

11. Restauração ambiental de setores das obras onde ocorreu degradação do meio. P

OS

BIO

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A

PR

I

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PE

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IRR

PO

T

24

Quadro 09. Impactos sobre a fauna terrestre

12. Afastamento natural da fauna terrestre das frentes da Obra N

EG

BIO

AD

A

SE

C

IND

SIN

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R

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Z

EF

E

ME

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RE

V

MIT

-20

13. Proteção da área favorecendo a vida silvestre na APP. P

OS

BIO

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A

PR

I

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R

LPZ

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ALT

IRR

PO

T

24

14. Caça e perseguição ou domesticação da fauna pelos operários N

EG

AN

T

AD

A

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C

IND

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V

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-17

15. Risco de atropelamento da fauna

NE

G

BIO

AD

A

PR

I

DIR

CU

M

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O

MP

Z

EF

E

ME

D

RE

V

PR

E

-20

Quadro 10. Impactos sobre a fauna aquática

16. Afastamento natural dos peixes para áreas sem obras ou perturbações N

EG

BIO

AD

A

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C

IND

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V

MIT

-18

17. Possível aumento da pressão de pes-ca e pesca pelos empregados N

EG

AN

T

AD

A

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E

ALT

RE

V

PR

E

-21

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 89

Impactos da fase de Obras

Cont.

Nat

urez

a

Am

bien

te

Abr

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ncia

Cla

sse

Inci

dênc

ia

Pot

enci

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Pro

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Iníc

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Dur

ação

Impo

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cia

Rev

ersã

o

Tra

tam

ento

Val

oraç

ão

Quadro 11. Impactos sobre os fatores antrópicos

18. Risco de afogamento e destruição de sítios arqueológicas na ADA N

EG

AN

T

AD

A

PR

I

DIR

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IRR

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-22

19. Abertura e melhorias nos caminhos internos P

OS

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A

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DIR

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R

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EF

E

ALT

IRR

PO

T

21

20. Geração de empregos diretos e indire-tos ao longo dos XX meses das obras. P

OS

AN

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EF

E

ALT

RE

V

PO

T

21

21. Oportunidades de trabalho direto e indireto em Sengés e Jaguariaíva. P

OS

AN

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AID

SE

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LPZ

EF

E

ALT

RE

V

PO

T

19

22. Difusão da renda auferida pelos em-pregados; P

OS

AN

T

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O

LPZ

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E

ALT

IRR

PO

T

18

23. Melhoria dos padrões de vida dos empregados; P

OS

AN

T

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E

ALT

RE

V

PO

T

17

24. Aquecimento no comércio em Sengés e Jaguariaíva P

OS

AN

T

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SE

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O

LPZ

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E

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V

PO

T

16

25. Aumento de arrecadação tributária municipal (ISS, ICMS, COFINS); P

OS

AN

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DIR

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LPZ

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R

ALT

IRR

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T

23

26. Riscos de acidentes de trabalho

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G

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T

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IRR

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-20

27. Geração de resíduos sólidos e efluen-tes nos acampamentos N

EG

FIS

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A

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I

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ALT

IRR

MIT

-21

28. Risco de proliferação de endemias e DST entre os trabalhadores. N

EG

BIO

AD

A

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MP

Z

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E

ALT

IRR

PR

E

-17

29. Desmobilização de mão-de-obra con-tratada ao final da fase das obras N

EG

AN

T

AID

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I

DIR

NE

U

CE

R

LPZ

EF

E

ALT

IRR

MIT

-21

A valoração dos impactos somou 130 pontos negativos, indicando a necessidade

de trabalhos de prevenção, mitigação e compensação de impactos ambientais.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 90

Os números absolutos indicam os impactos positivos e negativos mais importan-

tes.

Durante as obras, a percepção da natureza dos impactos revelada nos quadros

anteriores indica que 34,5% dos impactos serão positivos contra 55,2% negativos,

além de 10,3% indiferentes, a saber, nem negativos, nem positivos.

A análise dos Quadros permite notar que a maioria dos impactos incidirá sobre os

fatores antrópicos (41,4%), seguido dos impactos biológicos (27,6%) e físicos

(31%) das incidências. A maioria dos impactos incidirá na Área Diretamente Afe-

tada (75,9%), depois na Área de Influência Direta (24,1%), não havendo impactos

detectados na Área de Influência Indireta. Sessenta e um e meio por cento dos

impactos serão primários e 34,5% são considerados secundários, avaliação que

conduz a uma incidência de 75,9% de impactos diretos e 24,1% indiretos.

Relativamente à probabilidade de que ocorram tais impactos, tem-se que 34,5%

são de provável ocorrência e 62,1% como certa, contudo 3,4% destes foram con-

siderados como de rara probabilidade, com o que se mostra o rigor das análises

de impacto.

Os impactos ocorrerão em três épocas: o menor número são os imediatos, nas

Obras, da ordem de 13,8%. Outro grupo, 55,2%, ocorrerá a médio prazo, conside-

rado até o início da Operação e 31% ocorrerão a longo prazo, depois do reserva-

tório ter sido formado e a Usina estar operando.

O caráter de efetividade, ou seja, de duração destes impactos apontou que 37,9%

destes serão permanentes e outros 62,1% serão efêmeros ou temporários, afetos

a uma fase das obras ou da implantação do empreendimento. Quanto à magnitu-

de ou importância destes, considerou-se que 55,2% dos impactos tem alta magni-

tude, 27,6% têm média e outros 17,2% de pequena importância socioambiental.

As análises sobre a reversibilidade dos impactos acusaram que 58,6% deles a-

presentam caráter permanente, não reversível, enquanto 41,4% são reversíveis.

Finalmente, 31% desses impactos podem ser prevenidos, 34,5% mitigados,

34,5% por serem positivos, devem ser potencializados em seus bons efeitos.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 91

7.3. Impactos da Fase de Operação

São efeitos ambientais que possuem, em geral, caráter duradouro, já que vincula-

dos à operação do Empreendimento. Sua análise recai igualmente nos compo-

nentes abióticos, bióticos e antrópicos. Os Quadros 12 a 17 apresentam os im-

pactos desta fase operacional, de mesma forma indicando sua intensidade e a

natureza de ação a ser adotada. Os Quadros 12 a 13 referem-se aos impactos

sobre o sistema abiótico, os Quadros 14 a 16 sobre os aspectos bióticos e o qua-

dro 17, os antrópicos.

Impactos da fase de Operação

Cont.

Nat

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Quadro 12. Impactos sobre as águas

30. Inserção do Reservatório no curso do Rio IN

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IRR

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20

31. Retenção de sedimentos na área do Reservatório. IN

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-20

Quadro 13. Impactos sobre os solos

32. Inundação permanente da áreas do Reservatório IN

D

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-19

Quadro 14. Impactos sobre a flora

33. Eliminação da vegetação afogada pelo Reservatório N

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IRR

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24

34. Proteção da cobertura vegetal na APP P

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-24

Quadro 15. Impactos sobre a fauna terrestre

35. Perdas de terras ribeirinhas, ainda que não economicamente utilizadas N

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36. Proteção à espaço silvestre, na APP

PO

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PE

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24

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 92

Impacto da fase de Operação

Conclusão

Nat

urez

a

Am

bien

te

Abr

angê

ncia

Cla

sse

Inci

dênc

ia

Pot

enci

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Pro

babi

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e

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io

Dur

ação

Impo

rtân

cia

Rev

ersã

o

Tra

tam

ento

Val

oraç

ão

Quadro 16. Impactos sobre fauna aquática

37. Aumento de espaço hídrico para a fauna aquática na área do reservatório; P

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IRR

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23

38. Redução do fluxo de água do rio entre a Barragem e A Restituição. P

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21

Quadro 17. Impactos sobre os fatores antrópicos

39. Geração de energia elétrica

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IRR

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21

40. Redução de empregos após a con-clusão da Obra N

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-19

41. Melhorias nas estradas e comunica-ções P

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42. Melhorias na economia regional

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17

43. Novas possibilidades sociais e de desenvolvimento regional; P

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15

44. Ameaças por atividades que com-prometam as águas represadas N

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PE

R

ME

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IRR

.

MIT

-16

A valoração dos impactos somou 65 pontos positivos, indicando que haverá traba-

lhos de prevenção, mitigação e compensação de impactos a serem feitos, mas os

impactos positivos sobrepujam aos negativos. Também aqui os números absolu-

tos indicam os impactos positivos e negativos mais importantes.

Na duradoura fase operacional a percepção da natureza dos impactos revelou

que 53,3% dos impactos serão positivos, mas ainda 26,7% são negativos, portan-

to, deverão ser tratados. 20% são neutros, nem negativos, nem positivos. Os

quadros acima assinalaram que 40% dos impactos incidirão sobre os fatores an-

trópicos igualmente sobre os biológicos (40%), e apenas 20% no meio físico. A

maioria dos impactos incidirá na Área Diretamente Afetada (53,3%), depois na

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 93

Área de Influência Direta (46,7%), não havendo impactos detectados na Área de

Influência Indireta. Quanto à classe, 80% dos impactos serão primários e 20%

são secundários, conduzindo a uma incidência de 73,3% de impactos diretos e

26,7% indiretos.

Relativamente à probabilidade de que ocorram tais impactos, tem-se que 66,7%

como certa ocorrência e 20% são de provável ocorrência, contudo 13,3% foram

considerados de rara probabilidade, aplicando rigor nessas análises de impacto.

Quanto às épocas de incidência, não se avaliou impactos operacionais imediatos,

mas 86,7%, poderão ocorrer a médio prazo e 13,3% ocorrerão a longo prazo, de-

pois do reservatório ter sido formado e a Usina estar operando.

O caráter de efetividade, ou seja, de duração destes impactos apontou que meta-

de destes será permanente e outros 62,1% serão efêmeros ou temporários, afe-

tos a uma fase final da implantação do empreendimento. Quanto à magnitude ou

importância destes, considerou-se que 33,3% dos impactos tem alta magnitude,

outros 33,3% têm média e 33.4% são de pequena importância socioambiental. As

análises sobre a reversibilidade dos impactos acusaram que 80% deles apresen-

tam caráter permanente, não reversível, enquanto 20% são reversíveis. Finalmen-

te, 40% dos impactos são mitigáveis, 13,3% serão compensados e 46,7% destes,

por serem positivos, devem ser potencializados em seus bons efeitos.

7.4. Análise das Alternativas

Nas decisões financeiras, a relação custo/benefício tem grande peso. Nas de en-

genharia, as dificuldades técnicas e tecnológicas, dentre estas a vida útil do em-

preendimento, ditada pela questão da retenção dos sedimentos carreados pelas

águas, e porque se esperam soluções de engenharia para prevenir o assorea-

mento do reservatório.

Do ponto de vista social, tem alta repercussão as possíveis moradias e benfeitori-

as, os usos tradicionais, marcos históricos e as evidências arqueológicas. Aos da

área ambiental importa o não perecimento da fauna e a prevenção contra o desa-

parecimento de espécies da flora e da fauna, notadamente das ameaçadas, de-

vendo-se preservar-lhes as condições plenas de sobrevivência.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 94

Para uma análise abrangente a seleção de uma boa alternativa socioambiental

para um projeto do gênero deveria ser analisada com critérios tais como os apre-

sentados no Quadro 18, desenvolvidos para este projeto.

Quadro 18. Critérios para seleção de alternativas socioambiental e cultural

Elemento Situação critica

Índices (– 4) a (– 2) Situação normal

Índices (– 1) a (+1) Situação favorável ao proje-

to: Índices (+2) a (+4)

Flora Ocorrência de espécies da flora raras ou ameaçadas

Não existência de espécies raras ou ameaçadas

Inexistência de vegetação, decorrente de passivo ambi-ental remanescente.

Fauna terrestre Ocorrência de espécies da fauna terrestre, raras e/ou ameaçadas

Ocorrência de espécies co-muns da fauna terrestre e/ou tolerantes e não ocorrência de espécies, raras ou amea-çadas.

Inexistência de fauna, ou existência de espécies tole-rantes à presença humana.

Fauna aquática Ocorrência de seres aquáti-cos raros e/ou ameaçados

Ocorrência de espécies co-muns e tolerantes e inexis-tência de ameaçadas e raras

Inexistência de fauna aquáti-ca ou existência de espécies comuns

Solos Instáveis Estabilizados Sem focos ou processos ativos de erosão

Geologia Instável, com fraturas e/ou evidencias de movimentos tectônicos recentes. Frágil aos fenômenos erosivos de origem hídrica.

Substrato estável, com boa capacidade de suportar pres-sões e esforços mecânicos. Relativamente resistente à erosão

Estável e com alta capacida-de a esforços mecânicos. Sem problemas relacionados à erosão hídrica

Paisagens Ocorrência de importantes locais singulares, usados por espécies de habitat restrito (endêmicas), como cavernas e nichos tipicos.

Ocorrência de locais onde poderiam ocorrer endemis-mos não exclusivos ou usa-dos por espécies raras e ameaçadas

Não ocorrência de endemis-mos e locais singulares

Ocupações Comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas e caiçaras) e seus locais de culto ou cemitérios.

Comunidades rurais ou de pequena expressão urbana, recentemente instaladas.

Não existência de moradores e residentes.

Ecossistemas Ocorrência de ambientes exclusivos, de alta importân-cia ecológica, como para a reprodução e abrigo de crias ou de descanso migratório (pousio)

Eventual ocorrência de ambi-entes diferenciados, com similaridades em outras paragens, ainda que de importância ecológica para algumas espécies

Inexistência de ambientes diferenciados e/ou sem im-portância ecológica evidente. Ambientes com profundas alterações antrópicas.

Culturais Ocorrência de evidências paleontológicas, tais como inscrições rupestres e vestí-gios de ocupações pregres-sas

Existência de sítios arqueoló-gicos esparsos e de marcos históricos de pequeno valor (tais como velhas estruturas de pontes ou estacas milha-res)

Não ocorrência de marcos históricos ou vestígios arque-ológicos

Continua...

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 95

Continuação...

Elemento Situação critica

Índices (– 4) a (– 2) Situação normal

Índices (– 1) a (+1) Situação favorável ao proje-

to Índices (+2) a (+4)

Benefícios eco-nômicos

Custos elevados em relação aos benefícios auferíveis, analisados inclusive ao longo do tempo

Benefícios razoáveis em relação aos custos. Possibili-dades de melhorias ao passar do tempo

Benefícios elevados em rela-ção aos custos, inclusive se analisados ao longo do tem-po.

Benefícios soci-ais

Insensibilidade para com interesses e necessidades das comunidades do entorno e/ou eventualmente usuárias (turismo, lazer e educação).

Atenção às necessidades sociais possíveis de serem atendidas na gestão do negó-cio.

Abertura para atender às necessidades das comunida-des do entorno e eventual-mente usuária, incluindo gerando oportunidades para melhoria das suas condições de vida (disponibilizarão de infraestrutura implantada e/ou projetos específicos)

Justificativas de escolha

A seleção da melhor alternativa, determina a lei, deve considerar, a par da pro-

posta, a alternativa da não edificação do empreendimento. No caso específico

deste empreendimento, o julgamento perpassa por valores associados a outro

projeto, o da PCH Macacos, situado a pequena distância a jusante, em desenvol-

vimento pela mesma Empreendedora.

Para não ofuscar a análise e justificativa do projeto comparativamente à sua não

execução, não se considerará aquele nesta análise, bem como as alternativas

que concluíram na decisão por aquele empreendimento. Analisando o empreen-

dimento do ponto de vista ambiental, com os critérios do Quadro 18, chega-se à

conclusão mostrada no Quadro 19 e comentários posteriores. Nesta análise são

observadas a proposta da PCH BEIRA RIO e a alternativa de sua não execução

(Alternativa Zero). Os critérios de pontuação foram apresentados no cabeçalho do

quadro 19.

Na paisagem regional já se encontra antropismos relacionados à localização,

lembrando que à margem esquerda do reservatório está o sistema de restituição

da PCH Pesqueiro, que ali lança as águas desviadas desde o reservatório, situa-

do no mesmo rio Jaguariaíva. Assim, a montante do local da restituição o rio pos-

sui baixa vazão, e perdura um estágio de regeneração ciliar, decorrentes de ajus-

tes no terreno feitos por ocasião das obras da Casa de Força. Não há outra ocu-

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 96

pação das margens do rio com habitações ou culturas, sendo toda a área de pro-

priedade do empreendedor.

Quadro 19. Aplicação dos Critérios às Alternativas do Aproveitamento

Critérios > Alternativas V F

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PCH Beira Rio -1 -2 -2 -1 0 -1 2 4 2 3 0 4

Alternativa Zero -1 -1 -1 0 0 0 2 0 0 0 0 -1

Por outro lado, a não execução deste empreendimento não garante que a biodi-

versidade venha a encontrar melhores condições de sobrevivência, muito pelo

contrário. Os cuidados com a preservação da vegetação natural às margens e a

necessidade de vigilância do patrimônio do Empreendedor tornam as margens do

reservatório muito mais favoráveis à vida silvestre e à preservação dos ecossis-

temas ali remanescentes.

Será indiferente, se não houver o aproveitamento, a criticidade dos solos e da ge-

ologia às condições presentes. Também não haveria proteção ou ameaça, a curto

prazo, se ali houvesse comunidades tradicionais, vestígios arqueológicos ou e-

cossistemas que abrigassem espécies endêmicas. Não havendo o empreendi-

mento, não há benefícios relativos aos dispêndios ou custos com as obras, e nem

benefícios sociais decorrentes desta. Assim, essa alternativa pode ser desconsi-

derada, à luz da outra ora considerada.

A pontuação positiva da PCH BEIRA RIO é, assim, a evidência de que a alternati-

va de sua construção se apresenta como adequadamente conveniente à biodiver-

sidade e aos usos sociais do reservatório, neste incluído, prioritariamente o da

geração energética. Naturalmente isso se pode afirmar considerando como man-

tidas as condições de pressões antrópicas ativas (caça) e passivas (introdução de

espécies por meio da zoo e anemocoria), aliadas à relativa ausência da vigilância

ambiental pelo Poder Público, na área de interesse.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 98

8. ANÁLISE INTEGRADA

O objetivo da presente análise é apresentar uma percepção das inter-relações, na

Área de Influência Direta do Empreendimento, dos meios físico, biótico e socioe-

conômico com o Projeto, focando algumas questões específicas:

8.1. Análise da APP

A legislação do IAP referente à largura da APP foi emitida através da Resolução

IAP 069/2015, onde se definiram critérios para os cálculos da largura da Área de

Preservação Permanente à vista das características físicas do rio, em especial

sua largura média nas proximidades do Projeto. De acordo com aquela norma, a

largura da APP da PCH BEIRA RIO deverá ter 48,87m, que se arredondou para

50m, neste EIA RIMA.

Ainda assim vale considerar que região do projeto se caracteriza por um vale pro-

fundo, sem condições de usos agrícolas. Os usos atuais são pecuários equinos

extremamente extensivos. Não existe – e nem há necessidade de existir, visto o

uso desprezível, aplicações de técnicas de conservação do solo – e não se cons-

tatam processos erosivos ou potenciais. Nestas condições, não havendo possibi-

lidades de usos daqueles solos em vista das limitações edáficas e topográficas,

mantém-se a expectativa que tais condições naturais preventivas aos processos

erosivos persistam.

Ocorre, em benefício do Projeto, que uma significativa extensão muito além dos

50m pertencentes à empreendedora serão mantidos como área protegida, ade-

quada para que o fluxo gênico continue a se processar inclusive com expressão

dos mosaicos florestais existentes.

8.2. Análise quali-quantitativa das águas usadas na geração hidrelétrica

O rio Jaguariaíva possui usos e aproveitamentos significativos a montante desse

projeto. Contudo, depois de passar por um profundo cânion onde as águas de

montante são intensamente oxigenadas, e finalmente pelo reservatório da PCH

Pesqueiro, as águas apresentam um IQA onde a taxa de particulados é muito bai-

xa, evidenciando ausência de erosão ativa, ademais de índices qualitativos que

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 99

indicam sua boa qualidade, apesar de alguns valores próximos aos limites, porém

sem providencias viáveis a nível da gestão desta PCH. Por outro lado, no que

se refere à sua permanência de vazão, os pequenos reservatórios de montante

não são suficientes para exercer uma regulação do caudal irregular, variando com

as intempéries sazonais.

8.3. Análise integrada dos aspectos geofísicos do empreendimento

O substrato geológico conquanto de rochas sedimentares da Formação Furnas,

com base geológica sedimentar atribuída ao Paleozóico, Grupo Paraná, de idade

devoniana (395 a 345 milhões de anos), caracterizado pelas estruturas rochosas

de arenitos e siltitos garante estabilidade geológica para as estruturas da barra-

gem, canal de adução e casa de força. Como em qualquer outro projeto do gêne-

ro, os cuidados de engenharia serão adequados para detectar e resolver tais pro-

blemas de estabilidade geofísica. Também são imprevistos eventos sísmicos.

8.4. Análise dos Aspectos Bióticos

Toda a região do Projeto foi ocupada no segundo quartel do Século 20, ainda que

haja registros bem mais antigos, da passagem dos tropeiros, com comentários do

passe no rio Jaguariaíva algumas centenas de metros acima da cabeceira do re-

servatório. Já se comentou que a topografia íngreme do terreno não admite pos-

sibilidades culturais, mesmo os pecuários. Certamente o uso do fogo na vegeta-

ção xerofítica do Cerrado ocorreu com frequência anual buscando renovar as pas-

tagens e eliminar as rebrotas da vegetação florestal nativa.

Admite-se que este processo, tradicional nos Cerrados, era acompanhado de ca-

çadas de animais silvestres, inicialmente para alimentação, depois como atividade

de lazer, quando não havia mais necessidade de dispor desses animais no regi-

me alimentar.

A criação do Parque Estadual do Cerrado e o aumento do rigor sobre as ativida-

des de caça parecem ter sido salutares na progressiva recuperação da população

faunística, que se notou estar se renovando inicialmente a partir de espécies si-

nantrópicas, ou seja, daquelas que possuem maior tolerância à presença e altera-

ções humanas, para outras de hábitos aloantrópicos. Foi o caso de capivaras,

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 100

tatus, graxains e mãos-peladas, e ainda, tamanduás e jaguatiricas, e provavel-

mente onça parda, cujos rastros, se bem que não muitos, foram encontrados em

uma região próxima à do canal de adução.

8.5. Análise das questões socioeconômicas e culturais

Como já se comentou, não há usos recreativos significativos das águas do rio Ja-

guariaíva na área do Projeto. A economia da região do empreendimento se ba-

seia principalmente no cultivo pecuário extensivo, que são fortemente limitados

pelas condições topográficas do talvegue do rio que, entretanto, não apresenta

situações de degradação dos solos. Não ocorrem áreas usadas para fins agríco-

las nesta área, aliás pertencente à empreendedora.

Sengés, na margem direita, está situado cerca de 15 km de distância, parte em

estrada rural (10km, parte por rodovia estadual. Não há jovens em idade escolar

na margem direita, em Sengés, e em Jaguariaíva os jovens das raras famílias são

atendidos com transporte escolar municipal. Ademais o Projeto não interferirá

neste contexto.

Em resumo

O novo empreendimento trará benefícios à ecologia, ao preservar e melhorar, via

erradicação de essências exóticas da flora, a franja vegetal protetora do bioma do

Cerrado, onde a fauna remanescente, e a que poderá vir a ali buscar proteção e

alimento venha a proliferar em condições significativamente melhores do que as

atuais.

Não haverá interferência na vazão do rio, considerado em sua extensão, con-

quanto um trecho de 4,2km entre a barragem e a restituição venha a apresentar

um fluxo reduzido. Esta vazão lótica observa o volume previsto na legislação para

as vazões sanitárias de pequenos aproveitamentos hidrelétricos.

Não há complexidades no substrato geológico que exijam tratamentos especiali-

zados, ou expectativa de riscos geológicos à hidrelétrica, considerada em seu

conjunto de fatores: barragem, canal adutor, casa de força, etc.. Também os solos

não evidenciam processos erosivos, ou ameaças desta origem sobre o empreen-

dimento.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 101

A vida selvagem, como já referida, será mais protegida com os cuidados a serem

feitos na APP do Reservatório. Em locais onde haverá a erradicação das exóticas

poderão ser plantadas espécies nativas, preferencialmente frutíferas silvestres.

Em relação às poucas famílias residentes na região, há algumas expectativas de

oportunidades com o Projeto, logo não se opuseram a este. As propriedades al-

cançadas não possuem, na área a ser afetada, estruturas domiciliares ou até

mesmo rurais. Recorde-se que os imóveis são propriedade da empreendedora, e

o pessoal ali residente guarda vínculos de contratos de serviço (empregados) da-

quela empresa.

A preservação da APP – e além desta, até a divisa dos imóveis – é garantida pe-

las cercas existentes. No entanto, usos florestais contíguos, com Pinus, exercem

pressão ambiental sobre a APP, dada à capacidade invasora deste gênero flores-

tal.

A Comissão Mundial de Barragens destacou o papel indutor de desenvolvimento

que as barragens atraem para a região onde são instaladas. Esta influência é be-

néfica em vários aspectos, não somente pelo maior ou mais firme aporte de ener-

gia – insumo essencial do desenvolvimento – mas por imprimir novo dinamismo à

região, influindo da alguma forma no progresso econômico e social.

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PCH BEIRA RIO - RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL p. 102

9. MEDIDAS E PROGRAMAS AMBIENTAIS

Baseado na avaliação de impacto ambiental foram identificados os programas

ambientais que possam prevenir, minimizar ou compensar os impactos negativos

da implantação do empreendimento, bem como potencializar os impactos benéfi-

cos do projeto. São medidas destinadas tanto à recuperação quanto à conserva-

ção do meio ambiente, ademais do maior aproveitamento das novas condições a

serem criadas pelo empreendimento, consubstanciadas em programas.

À luz da implantação da PCH BEIRA RIO são naturalmente, esperados impactos

positivos e negativos. Os impactos negativos foram encarados de três formas: os

resolvidos por ajustes de projeto, e sequer chegaram a ser aqui comentados, os a

serem atenuados ou mitigados, evitando-se que se expressem em sua potenciali-

dade. No terceiro grupo ficaram poucos impactos, porém com caráter permanen-

te, nada restando senão entender que ocorrerão e implantar medidas de redução

de seus efeitos. Para cada impacto considerado se buscou destacar seu caráter

positivo e negativo ao meio ambiente e à sociedade (não se considerou questões

que incidiam positiva ou negativamente sobre empreendedora, que demandariam

outras análises, como as de risco, que fogem do escopo deste Relatório).

Para melhor tratar os impactos negativos foram criados os programas citados a

seguir, que comporão o Plano Básico Ambiental, exigido nos Termos de Refe-

rência do Órgão Ambiental. Os programas do Plano serão aplicados em tres perí-

odos temporais:

A. Ações de Implantação do Empreendimento

B. Gerenciamento Ambiental da Implantação

C. Gerenciamento Ambiental da Operação

O Plano Básico Ambiental será executado através de seis Programas Sociais e

Ambientais, destinados a organizar e executar todas as medidas de prevenção

aos impactos, sua mitigação e compensação, a saber:

1. Programa de Controle Ambiental da Obra

2. Programa de Indenização e Regularizações

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3. Programa de Vida Silvestre Terrestre e Aquática

4. Programa de Controle Ambiental da Área de Influência

5. Programa de Educação Ambiental e Fiscalização

6. Programa de Oportunidades de Desenvolvimento

O quadro 20 indica os programas que tratarão cada um dos impactos citados an-

teriormente. O quadro 21 apresenta a mesma informação, contudo do ponto de

vista de cada um dos seis programas, ou seja, apresenta o conteúdo geral dos

seis Programas. No futuro Plano Básico Ambiental se esmiuçará estas ações em

atividades, distribuídas no tempo e espaço.

Quadro 20. Programas de tratamento dos Impactos

Impactos Programas

1. Afetação da qualidade das águas pelas escavações, desvios, ensecadeiras, e obras da barragem no leito do rio.

Controle Ambiental da Obra

2. Ameaças à contaminação das águas na falta de medidas de saneamento

Controle Ambiental da Obra

3. Alteração da vazão das águas do rio entre a barragem e o canal de restituição.

Vida Silvestre Terrestre e Aquática

4. Obras do canal de adução, com remoção da camada superficial e derrocamento

Controle Ambiental da Obra

5. Destinação adequada do material retirado do canal Controle Ambiental da Obra

6. Serviços de abertura dos acessos, do acampamento e de estru-turas de apoio

Controle Ambiental da Obra

7. Alterações para a obtenção de argila e rochas para construção da barragem

Controle Ambiental da Obra

8. Ruídos e gases das máquinas e explosões na abertura do canal adutor.

Controle Ambiental da Obra

9. Atividades de preparação do terreno, incluindo supressão do local das obras

Vida Silvestre Terrestre e Aquática

10. Preparação da área de inundação, com supressão da vegeta-ção em 5 ha

Vida Silvestre Terrestre e Aquática

11. Restauração ambiental de setores da Obra onde ocorreu de-gradação do meio.

Controle Ambiental da Obra

12. Afastamento natural da fauna terrestre das frentes da Obra Vida Silvestre Terrestre e Aquática

13. Proteção da área favorecendo a vida silvestre na APP. Vida Silvestre Terrestre e Aquática

14. Caça e perseguição ou domesticação da fauna pelos operários Educação Ambiental e Fiscalização

15. Risco de atropelamento da fauna nos caminhos da Obra Vida Silvestre Terrestre e Aquática

16. Afastamento natural dos peixes para áreas sem obras ou per-turbações

Vida Silvestre Terrestre e Aquática

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17. Possível aumento da pressão de pesca e pesca pelos empre-gados

Educação Ambiental e Fiscalização

18. Risco de afogamento e destruição de sítios arqueológicos na ADA

Educação Ambiental e Fiscalização

19. Abertura e melhorias nos caminhos internos Controle Ambiental da Obra

20. Geração de empregos diretos e indiretos ao longo dos 18 me-ses das obras.

Oportunidades de desenvolvimento

21. Oportunidades de trabalho direto e indireto em Sengés e Ja-guariaíva.

Oportunidades de desenvolvimento

22. Difusão da renda auferida pelos empregados; Oportunidades de desenvolvimento

23. Melhoria dos padrões de vida dos empregados; Oportunidades de desenvolvimento

24. Aquecimento no comércio em Sengés e Jaguariaíva Oportunidades de desenvolvimento

25. Aumento de arrecadação tributária municipal (ISS, ICMS, CO-FINS);

Oportunidades de desenvolvimento

26. Riscos de acidentes de trabalho Educação ambiental e Fiscalização

27. Geração de resíduos sólidos e efluentes nos acampamentos Controle Ambiental da Obra

28. Risco de proliferação de endemias e DST entre os trabalhado-res.

Controle Ambiental da Obra

29. Desmobilização de mão-de-obra contratada ao final da fase das obras

Indenização e regularizações

30. Inserção do Reservatório no curso do Rio Vida Silvestre Terrestre e Aquática

31. Retenção de sedimentos na área do Reservatório. Controle ambiental da Obra

32. Inundação permanente da área do Reservatório Vida Silvestre Terrestre e Aquática

33. Eliminação da vegetação afogada pelo Reservatório Vida Silvestre Terrestre e Aquática

34. Proteção da cobertura vegetal na APP Vida Silvestre Terrestre e Aquática

35. Perdas de terras ribeirinhas, ainda que não economicamente utilizadas

Indenização e regularizações

36. Proteção à espaço silvestre, na APP Vida Silvestre Terrestre e Aquática

37. Aumento de espaço hídrico para a fauna aquática no reserva-tório;

Vida Silvestre Terrestre e Aquática

38. Redução do fluxo de água do rio entre a barragem e a restitui-ção.

Vida Silvestre Terrestre e Aquática

39. Geração de energia elétrica Oportunidades de desenvolvimento

40. Redução de empregos após a conclusão da Obra Indenização e regularizações

41. Melhorias nas estradas e comunicações regionais Oportunidades de desenvolvimento

42. Melhorias na economia regional Oportunidades de desenvolvimento

43. Novas possibilidades sociais e de desenvolvimento regional; Oportunidades de desenvolvimento

44. Ameaças por atividades que comprometam as águas represa-das

Educação ambiental e Fiscalização

Com esta distribuição, o conteúdo de cada Programa terá aproximadamente a

seguinte abrangência:

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Quadro 21. Conteúdo dos Programas Socioambientais

Programas Áreas de atenção:

1. Controle Ambiental da Obra Afetação da qualidade das águas pelas escavações, desvios, ensecadeiras, e obras da barragem no leito do rio; Ameaças à contaminação das águas na falta de medidas de saneamento; Obras do canal de adução, com remoção da camada superficial e derrocamento; Destinação adequada do material retirado do canal; Serviços de abertura dos acessos, do acampamento e de estrutu-ras de apoio; Alterações para a obtenção de argila e rochas para construção da barragem; Ruídos e gases das máquinas e explo-sões na abertura do canal adutor; Restauração ambiental de seto-res da Obra onde ocorreu degradação do meio; Abertura e melho-rias nos caminhos internos; Geração de resíduos sólidos e efluen-tes nos acampamentos; Risco de proliferação de endemias e DST entre os trabalhadores; Retenção de sedimentos na área do Re-servatório.

2. Educação Ambiental e Fiscalização

Caça e perseguição ou domesticação da fauna pelos operários; Possível aumento da pressão de pesca e pesca pelos emprega-dos; Risco de afogamento e destruição de sítios arqueológicos na ADA; Riscos de acidentes de trabalho; Ameaças por atividades que comprometam as águas represadas

3. Vida Silvestre Terrestre e Aquática Alteração da vazão das águas do rio entre a barragem e o canal de restituição; Atividades de preparação do terreno, incluindo su-pressão do local das obras; Preparação da área de inundação, com supressão da vegetação em 13 ha; Afastamento natural da fauna terrestre das frentes da Obra; Proteção da área favorecendo a vida silvestre na APP; Risco de atropelamento da fauna nos caminhos da Obra; Afastamento natural dos peixes para áreas sem obras ou perturbações; Inserção do Reservatório no curso do Rio; Inundação permanente da área do Reservatório; Eliminação da vegetação afogada pelo Reservatório; Proteção da cobertura vegetal na APP; Proteção à espaço silvestre, na APP; Aumento de espaço hídrico para a fauna aquática no reservatório; Redução do fluxo de água do rio entre a barragem e a restituição.

4. Indenização e Regularizações Desmobilização de mão-de-obra contratada ao final da fase das obras; Perdas de terras ribeirinhas, ainda que não economicamen-te utilizadas; Redução de empregos após a conclusão da Obra

5. Oportunidades de Desenvolvimento Geração de empregos diretos e indiretos ao longo dos XX meses das obras; Oportunidades de trabalho direto e indireto em Sengés e Jaguariaíva; Difusão da renda auferida pelos empregados; Me-lhoria dos padrões de vida dos empregados; Aquecimento no co-mércio em Sengés e Jaguariaíva ; Aumento de arrecadação tributária municipal (ISS, ICMS, COFINS); Geração de energia elétrica; Melhorias nas estradas e comunicações regionais; Melho-rias na economia regional ; Novas possibilidades sociais e de de-senvolvimento

Um Plano Básico Ambiental - PBA será elaborado na etapa da Licença de Insta-

lação para desenvolver cada um destes cinco Programas com detalhamento sufi-

ciente para permitir sua execução. A apresentação dos conteúdos no Quadro 21,

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tal qual uma ementa, teve por fim arrolar os temas dos impactos levantados, pre-

parando as atividades que cada qual tratará.

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10. MONITORAMENTO E ACOMPANHAMENTO

No Plano Básico Ambiental será incluído um Plano de Monitoramento e Acompa-

nhamento, em que serão explanados os períodos e conteúdo de coletas de infor-

mações sobre o avanço e sucesso das medidas de controle dos impactos (positi-

vos e negativos), com suas formas de medição e de avaliação dos resultados.

Tais análises serão feitas com emprego de indicadores, a serem ali listados. Atra-

vés destes poderão ser verificadas a execução de cada um dos programas, como

e onde estes foram realizados e os resultados das atividades conduzidas.

A comprovação dos resultados será feita por documentação técnica (laudos, rela-

tórios gerenciais, de inspeções periódicas, aplicações de questionários socioeco-

nômicos, etc.), e técnica (relatórios laboratoriais e registros fotográficos). Tais re-

latórios serão aplicados com periodicidade que será ali definida, com previsão que

sejam consolidados anualmente e encaminhados ao órgão ambiental para infor-

mar as conformidades (ou não conformidades) às medidas de prevenção, resolu-

ção, mitigação e compensação aqui propostas, e ilustrar a continuidade do licen-

ciamento.

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11. CONCLUSÃO

Ao se concluir este Relatório se notou que o presente RIMA o objetivo essencial

comprovar a viabilidade social e ambiental do empreendimento. Ao longo do texto

se explanou os aspectos positivos e os negativos desta iniciativa, permitindo ao

analista considerar sobre cada um dos aspectos referidos.

A seguir foram considerados alguns aspectos destinados a facilitar a decisão pelo

empreendimento, no contexto das condições hídricas, topográficas, geológicas,

de ocupação antrópica, de caráter biótico e econômicas financeiras, na área do

empreendimento.

a) A proposta prevê o aproveitamento do potencial hidráulico com base na va-

zão média de longo período, que permite a geração de energia elétrica, ao mes-

mo tempo em que assegura uma vazão com objetivos sanitários, suficiente para

prevenir falências dos sistemas ecológicos do corpo d’água e das margens, do

trecho de rio entre a barragem e o ponto de restituição.

b) Foram apresentados os cálculos de cheias excepcionais, com tempo de re-

corrência TR de 1000 anos, que indicam que a vazão máxima poderá ser muito

alta. Isso exigiu uma capacidade do vertedouro em escoar 1.099m³/s volume ele-

vado porém não persistente. O vertedouro será livre, sem qualquer estrutura de

controle de vazão, com o que toda a água afluente será vertida assim que chegar

ao vertedouro.

c) O reservatório não afetará significativamente o ecossistema terrestre, o qual é

tangenciado em área muito pequena, em ambiente alterado. Acima desta, entre-

tando, haverá a preservação de relictos florestais e faunísticos em formações de

Cerrado e capões ciliares, que se apresentam naturalmente em expressões con-

tínuas.

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Estas, concluída a movimentação de pessoas e máquinas voltará a abrigar ani-

mais silvestres e poderá apoiar como núcleo de difusão ao longo das margens do

rio Jaguariaíva. Os animais poderão transitar de um para outro lado do canal adu-

tor por “passa bichos” que serão instalados em todos os vales dos riachos afluen-

tes.

d) Estudos preliminares sobre a fauna aquática revelaram que esta é relativa-

mente pobre, fato que se poderia atribuir tanto por causas naturais, já que o rio é

fragmentado por cachoeiras, como por causa das interferências antrópicas diver-

sas, desde épocas remotas, em especial a construção de barragens de grandes

hidrelétricas ao longo do rio Paranapanema.

e) Serão relativamente pequenas as alterações físicas do terreno, tanto pela al-

tura da barragem como pela escala do canal adutor, que conduzirá praticamente

em nível, as águas aduzidas até a câmara de carga, e por esta aos condutos for-

çados e à casa de força.

f) A conformação geológica da área do projeto não sofrerá influências pelo peso

das águas acumuladas e/ou estruturas do empreendimento, inexistindo as possi-

bilidades de eventos sísmicos ou que venham a provocar processos tectônicos de

qualquer grandeza. A consistência geológica é apropriada para assentar a barra-

gem, com os cuidados próprios;

g) Inexistem usos antrópicos das águas neste trecho do rio, nem se afetam ine-

xistentes moradores lindeiros ao reservatório. Toda a área onde será edificado o

empreendimento, bem como de extensa faixa marginal pertence ao empreende-

dor. Nela não existem ocupações primitivas ou tradicionais, como terras indígenas

e quilombos ou vestígios históricos, conquanto se detectou alguns vestígios ar-

queológicos. Também não abriga Unidades de Conservação designadas como

reservas, parques ou áreas específicas de proteção ambiental.

h) Este empreendimento favorecerá a biodiversidade ao preservar a vegetação

ciliar hoje inexistente. Na área de estudos persistem características de vegetação

de Cerrado, matas ripárias e campos naturais, tanto na APP como além desta, e o

projeto favorecerá seu incremento.

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i) A Obra favorecerá melhorias na infraestrutura regional com ajustes de aces-

so, atualmente muito precárias.

Com tais assertivas se procede, nesta conclusão, a comprovação da adequação

da proposição sob ponto de vista ambiental, técnica, legal e político-social.

Em relação à adequação ambiental, percebeu-se nos estudos diagnósticos que

a área onde se projeta a PCH MACACOS não prejudicará a qualidade ambiental

por sua pequena escala e não afetação de ambientes singulares. Ademais, se

preservarão os ambientes propícios a uma parcela importante na fauna dos ecos-

sistemas de Cerrado, suas matas ribeirinhas e campos.

O Projeto Básico foi conduzido com boa consciência ambiental, de forma a obter

a otimização do potencial hidráulico do rio, poupando áreas de inundação e locais

de maior importância ambiental, caso de corredeiras, bem como viabilizando o

transito dos animais de um para outro lado do canal adutor. Por estas condições,

aliado ao sistema livre dos vertimentos e das precauções relativas à vazão sanitá-

ria, convencem por sua adequação técnica.

O empreendimento atende e possui adequação legal, destacada em um capítulo

especial deste EIA. Ademais, sua edificação, implantação do reservatório e ope-

ração estão, desde já, consoantes às condicionantes legais que regem a matéria.

Constatou-se que o empreendimento se encontra em plena adequação político-

social, já que promoverá o desenvolvimento da região do projeto, pela oferta de

empregos e melhorias de vida da população do entorno, pelo propiciar energia

elétrica ao sistema energético nacional. Não colide com projetos governamentais

para a região e se enquadra em preceito constitucional deste Estado do Paraná,

que recomenda a implantação de pequenas centrais hidrelétricas como forma de

geração elétrica de baixo impacto socioambiental.

Finalmente, constata-se que esta Pequena Central Hidrelétrica está sendo proje-

tada obedecendo aos requisitos principais de maximização do aproveitamento do

potencial hidráulico para a geração de energia, de otimização econômica e mini-

mização dos impactos sociais e ambientais, satisfeitos de forma integrada.

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Pelas razões aqui expostas, detalhadas em ao longo do presente Relatório de

Impacto Ambiental, este empreendimento, encabeçado exclusivamente por pe-

quenos empresários paranaenses, apresenta evidências suficientes e convenien-

tes que

RECOMENDAM SEU LICENCIAMENTO,

passo que se espera como subsequente à aprovação deste RIMA.

Curitiba, agosto de 2016

Dr. Arnaldo Carlos Muller A.Muller, Consultoria Ambiental Coordenador do Estudo

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ANEXOS

Desenho 01: Localização do Projeto

Desenho 02: Características do empreendimento: Lay-out

Desenho 03: Características: Barragem e Casa de Força

Desenho 04: Detalhes: Barragem, Adufa e tomada d’água

Desenho 04A: Detalhes: Barragem

Desenho 04B: Detalhes: Adufa e Tomada d’água

Desenho 05A: Detalhes: Câmara de Carga e Canal

Desenho 05B: Casa de Força – Arranjo Geral

Desenho 05C: Detalhes: casa de Força – Planta

Desenho 05D: Detalhes: Casa de Força – Cortes

Desenho 06: Área de Influência e Uso do Solo

Desenho 07: Faixa de Manejo de Preservação Permanente – FMAP

Desenho 08: Áreas da PCH Beira Rio