analise do estudo de impacto ambiental pch ninho da aguia

Upload: jefferson-rocha-pires

Post on 16-Oct-2015

60 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • UNIFEI - UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DA ENERGIA

    ANLISE DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL DA PCH NINHO DA GUIA. PROPOSTA DE OTIMIZAO DO PROCESSO DE

    LICENCIAMENTO AMBIENTAL UTILIZANDO UMA MATRIZ SIMPLIFICADA

    TNIA APARECIDA DE SOUZA BARBOSA

    ITAJUB, DEZEMBRO DE 2004

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DA ENERGIA

    Anlise do estudo de impacto ambiental da PCH Ninho da

    guia. Proposta de otimizao do processo de licenciamento

    ambiental utilizando uma matriz simplificada

    Tnia Aparecida de Souza Barbosa

    Dissertao apresentada Universidade

    Federal de Itajub para a obteno do ttulo de

    Mestre em Cincias da Engenharia da Energia

    Itajub

    - 2004 -

  • Tnia Aparecida de Souza Barbosa

    Anlise do estudo de impacto ambiental da PCH Ninho

    da guia. Proposta de otimizao do processo de

    licenciamento ambiental utilizando uma matriz

    simplificada

    Dissertao apresentada Universidade

    Federal de Itajub para a obteno do ttulo de

    Mestre em Cincias da Engenharia da Energia

    rea de Concentrao:

    Planejamento Energtico

    Orientador:

    Prof. Dr. Francisco Antnio Dupas

    Itajub

    - 2004 -

  • Agradecimentos

    Agradeo, acima de tudo, a quem est acima de tudo: Deus.

    Ao professor Geraldo Lcio Tiago Filho, pela fora e incentivo para fazer o curso de

    mestrado.

    Ao ex-coordenador do curso de Engenharia Ambiental, Alexandre Augusto Barbosa pela

    oportunidade concedida.

    Ao orientador, professor Francisco Antnio Dupas pela ajuda na elaborao da dissertao e

    orientao.

    professora Helena Mendona de Faria, pela sua participao e valiosas dicas a respeito

    das metodologias de AIA.

    professora Eliane Pereira Guimares Melloni, pela compreenso nas horas em que me

    ausentei do Laboratrio de Solos para dedicao a esta dissertao.

    s estagirias do Laboratrio de Solos, Grasiela, Gabriela e Michelli, por terem suprido a

    minha ausncia.

    professora Ana Paula Moni, pela preciosa ajuda na confeco de mapas e tabelas.

    s secretrias Helosa, Amlia e Evilene, do Instituto de Recursos Naturais e Janice, do

    Ncleo de Estudos em Sistemas Trmicos pelo apoio e ateno.

    equipe de informtica, pelo apoio, em especial ao Sr. Argemiro e ao estagirio Jos Mauro.

    A todos os amigos e colegas do programa, em especial a Eliane Framil, pelo apoio e

    amizade na fase de finalizao dos crditos no perodo em que eu estava de licena-

    maternidade, a Adriana Coli e Felipe, pela ateno dada sempre que precisei de ajuda.

    Ao meu marido Luiz Paulo, pelo companheirismo em todas as fases do curso, principalmente

    pela dedicao nossa filha Ana Cecilia.

    minha me, Noeme, a minha irm, Bernadete e ao meu sogro, Dr.Vicente que sempre que

    possvel estiveram presentes nas horas de sufoco.

    Aos amigos Cssia, Ana Idenir e famlia, Terezinha e Alaor, pelo carinho transmitido minha

    filha nas horas em que estive ausente.

    A todos vocs, a minha eterna gratido.

  • Sumrio pgina

    LISTA DE TABELAS........................................................................................................ i

    LISTA DE FIGURAS......................................................................................................... ii

    LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................................. iii

    RESUMO.......................................................................................................................... v

    ABSTRACT...................................................................................................................... vi

    CAPITULO 1: INTRODUO.......................................................................................... 01

    CAPITULO 2: OBJETIVOS.............................................................................................. 03

    CAPITULO 3: REVISO BIBLIOGRFICA...................................................................... 04

    3.1 Energia, Desenvolvimento e Meio Ambiente....................................................... 04

    3.2 Panorama de Energia Hidrulica......................................................................... 15

    3.3 Impactos Ambientais em Aproveitamentos Hidroeltricos.................................. 23

    3.4 Estudo de Impacto Ambiental.............................................................................. 32

    3.4.1 Aspectos Legais.................................................................................................. 35

    3.5 Mtodos de Avaliao de Impactos Ambientais.................................................. 46

    3.5.1 Sntese e Comparao dos Principais Mtodos de AIA...................................... 47

    3.5.2 Negligncias dos mtodos de EIA existentes..................................................... 57

    3.5.3 Melhoria para os mtodos tradicionais................................................................ 59

    CAPTULO 4: MATERIAIS E MTODOS......................................................................... 61

    4.1 Materiais.............................................................................................................. 61

    4.2 Mtodos............................................................................................................... 61

    4.2.1 Estudo do Caso da PCH Ninho da guia............................................................ 64

    CAPTULO 5: RESULTADOS E ANLISE....................................................................... 70

    5.1 Resultados obtidos com a matriz e discusso..................................................... 70

    5.2 Anlise da PCH Ninho da guia........................................................................... 72

    5.3 Consideraes Finais........................................................................................... 80

    CAPTULO 6: CONCLUSO............................................................................................ 83

    CAPTULO 7: REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................... 84

    Anexo 1............................................................................................................................ 92

    Anexo 2............................................................................................................................ 102

  • Lista de Tabelas___________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    i

    Lista de Tabelas

    pgina

    TABELA 3.1:

    TABELA 3.2:

    TABELA 3.3:

    TABELA 3.4:

    TABELA 3.5:

    TABELA 3.6:

    TABELA 3.7:

    TABELA 3.8:

    TABELA 3.9:

    TABELA 3.10:

    TABELA 3.11:

    TABELA 3.12:

    TABELA 3.13:

    TABELA 3.14:

    TABELA 3.15:

    TABELA 4.1:

    TABELA 4.2:

    TABELA 4.3:

    TABELA 4.4:

    TABELA 4.5:

    TABELA 5.1:

    TABELA 5.2:

    TABELA 5.3:

    Principais fontes de energia primria....................................................

    Produo primria de energia no Brasil................................................

    Produo primria Consumo por fonte no Brasil................................

    Dados representativos do setor eltrico brasileiro.................................

    Consumo de hidroeletricidade e sua contribuio para gerao de

    energia de alguns pases selecionados em 1997..................................

    Potencial hidrulico dos pases da Amrica do Sul...............................

    Taxa mdia anual do consumo de energia eltrica no Brasil no

    perodo de 1970 1994 (%)..................................................................

    Montante de PCH no Brasil...................................................................

    Montante de PCH em Minas Gerais......................................................

    Problemas detectados para a obteno do processo de

    licenciamento ambiental no estado de Minas Gerais............................

    Efeitos positivos e negativos da construo de barragens...................

    Caractersticas gerais de um lago sem a interferncia humana e de

    um reservatrio......................................................................................

    Alguns fatores associados com a formao de um reservatrio e

    seus possveis efeitos sobre as assemblias de macrfitas aquticas.

    Elementos a serem considerados na construo de uma hidreltrica..

    Marcos Histricos do ZEE.....................................................................

    Parmetros e atributos para avaliao de impactos da PCH Ninho da

    guia......................................................................................................

    Escala de pesos atribudos combinao dos atributos.......................

    Caractersticas da PCH Ninho da guia...............................................

    Tempo de enchimento do reservatrio..................................................

    Condies de operaes tpicas da PCH Ninho da guia....................

    Resultados obtidos com a matriz com medidas e sem medidas

    mitigadoras............................................................................................

    Potncia gerada /rea alagada em UHE e PCH existentes no Brasil...

    Sugestes para o EIA elaborado...........................................................

    06

    12

    12

    13

    15

    16

    18

    21

    22

    23

    25

    26

    27

    29

    45

    63

    64

    65

    66

    66

    71

    73

    76

  • Lista de Figuras__________________________________________________________________________________

    _______________________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do Processo

    de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    ii

    Lista de Figuras

    pgina

    FIGURA 3.1:

    FIGURA 3.2:

    FIGURA 3.3:

    FIGURA 4.1:

    FIGURA 4.2:

    FIGURA 4.3:

    FIGURA 5.1:

    FIGURA 5.2:

    FIGURA 5.3:

    Consumo de energia per capita em TEP/ano versus IDH............................

    Fluxo do licenciamento ambiental................................................................

    Distribuio do ZEE que foi realizada por regio.........................................

    Fluxograma da metodologia.........................................................................

    Bacia hidrogrfica do Rio Santo Antnio......................................................

    Condies de operaes tpicas da PCH Ninho da guia...........................

    Corredeira do Rio Santo Antnio..................................................................

    Plantas epfitas na futura rea do reservatrio.............................................

    Investimento em medidas mitigadoras x % de retorno alcanado...............

    07

    42

    46

    62

    65

    66

    75

    78

    80

  • Lista de Figuras____________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    ii

    Lista de Figuras

    pgina

    FIGURA 3.1:

    FIGURA 3.2:

    FIGURA 3.3:

    FIGURA 4.1:

    FIGURA 4.2:

    FIGURA 4.3:

    FIGURA 5.1:

    FIGURA 5.2:

    FIGURA 5.3:

    Consumo de energia per capita em TEP/ano versus IDH............................

    Fluxo do licenciamento ambiental................................................................

    Distribuio do ZEE que foi realizada por regio.........................................

    Fluxograma da metodologia.........................................................................

    Bacia hidrogrfica do Rio Santo Antnio......................................................

    Condies de operaes tpicas da PCH Ninho da guia...........................

    Corredeira do Rio Santo Antnio..................................................................

    Plantas epfitas na futura rea do reservatrio.............................................

    Investimento em medidas mitigadoras x % de retorno alcanado...............

    07

    42

    46

    62

    65

    66

    75

    78

    80

  • Lista de abreviaturas________________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    .

    iii

    Lista de Abreviaturas

    ADA rea Diretamente Afetada

    ADAE rea Diretamente Afetada e de Entorno

    AE rea de Entorno

    AI rea de Influncia

    AIA Avaliao de Impacto Ambiental

    ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica

    ANP Agncia Nacional de Petrleo

    APA rea de Preservao Ambiental

    BEN Balano Energtico Nacional

    CEM Centrais Eltricas da Mantiqueira

    CEMIG Centrais Eltricas de Minas Gerais

    CENSIPAN Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteo da Amaznia

    CndPCH Centro Nacional de Desenvolvimento de PCH

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

    COPAM Conselho de Poltica Ambiental

    DOU Dirio Oficial da Unio

    EIA Estudo de Impacto Ambiental

    FCE Formulrio de Cadastro do Empreendimento

    FEAM Fundao Estadual do Meio Ambiente

    FUNAI Fundao Nacional do ndio

    IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IDH ndice de Desenvolvimento Humano

    IEF Instituto Estadual de Floresta

    IGAM Instituto Mineiro de Gesto das guas

    INCRA Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria

    IPHAN Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional

    LAGET Laboratrio de Gesto do Territrio

    LI Licena de Instalao

    LO Licena de Operao

    LP Licena Prvia

    MC Meridiano Central

    MME Ministrio de Minas e Energia

    NEPA National Environmental Policy Act

    PCA Plano de Controle Ambiental

    PCH Pequenas Centrais Hidreltricas

  • Lista de abreviaturas________________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    .

    iv

    PNB Produto Nacional Bruto

    PNGC Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro

    PPA Plano Plurianual

    PPGE Programa Piloto para a Proteo das Florestas Tropicais do Brasil

    PZEEAL Programa de Zoneamento Ecolgico Econmico para a Amaznia Legal

    Q7/10 Vazo Referencial

    RAS Relatrio Ambiental Simplificado

    RCA Relatrio de Controle Ambiental

    RIAM Rapid Impact Assment Matrix for EIA

    RIMA Relatrio de Impacto Ambiental

    SAE Secretaria de Assuntos Estratgicos

    SEMA Secretaria Estadual do Meio Ambiente

    SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

    STPs Sistemas de Transposio para Peixes

    TEP Toneladas Equivalente de Petrleo

    UHE Usina Hidreltrica

    ZEE Zoneamento Ecolgico - Econmico

  • Resumo________________________________________________________________________

    ________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    v

    Resumo

    O presente trabalho analisa as metodologias utilizadas em Estudo de

    Impacto Ambiental EIA e prope uma matriz simplificada a fim de avaliar o

    estudo de impacto ambiental de pequenas centrais hidreltricas.

    Para elaborar a matriz foi utilizado o estudo de caso da PCH Ninho da

    guia, Delfim Moreira, MG. Na metodologia utilizou-se a anlise de todos os

    impactos negativos e atriburam-se pesos combinados em uma escala de

    impactos pr-definida. Os pesos atribudos a cada impacto foram distribudos

    de acordo com a combinao dos atributos apresentados no referido EIA.

    Os resultados obtidos mostram que os possveis danos ambientais

    previstos no EIA so reduzidos em torno de 45%, aplicando-se as medidas

    mitigadoras sugeridas no EIA e na anlise realizada no estudo. Alm do que,

    esta proposta preliminar possibilitar a agilizao do processo de

    licenciamento ambiental, considerado, hoje, um inibidor de investimentos

    devido morosidade do mesmo. E, tambm, poder ser utilizada como

    direo inicial do processo de valorao ambiental. A matriz proposta mostra-

    se eficaz devido facilidade de aplicao, alm de ser uma ferramenta til na

    anlise de projetos a serem implantados.

    Palavras chave: licenciamento ambiental; pequenas centrais hidreltricas; metodologias de AIA; degradao ambiental; desenvolvimento sustentvel.

  • Abstract ________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    vi

    Abstract

    This work intended to study the methodologies used for EIA and

    propose the adaptation of a simplified matrix for the assessment of

    environmental impacts regarding small hydropower plants.

    A case study of Ninho da guia SHP, located in the city of Delfim

    Moreira, MG, was used for elaborating the matrix. The methodology used the

    analysis of all the negative impacts and they were given combined weight

    based on a pre-established impact scale. The weights that were given to each

    impact were distributed according to the combination of features presented in

    the referred EIA.

    The results attained show that the environmental damage is reduced

    by 45% when the mitigating measures suggested by the EIA and by the

    analysis carried out by this study are applied. Besides, this preliminary

    proposal will make it possible for environmental licensing process to be

    accelerated. Today, this process is considered as an investment inhibiter

    because of it takes too much time. Also, the proposal may be used as initial

    guidelines regarding the environmental cost of the implementation of

    enterprises. The proposed matrix shows itself as efficient because it is easy to

    be used and it is a useful tool for the analysis of projects that will be

    implemented.

    Key-words: environmental license, small hydropower plants, EIA methodology, environmental degradation; sustainable development.

  • Captulo 1- Introduo_______________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    1

    Captulo I INTRODUO

    A questo ambiental o assunto mais evidente do sculo XXI, pois a

    humanidade est cada vez mais ameaada dos perigos representados pela

    degradao do ambiente. No se pode, portanto, considerar isoladamente a

    sobrevivncia humana, mas sim o ambiente como um todo.

    Dentre as vrias necessidades para a vida humana, uma delas, e

    talvez a principal para os dias atuais, a energia. Diante disso, o homem

    desenvolveu tecnologias para obteno da mesma por meio dos recursos

    naturais existentes. A forma como a energia produzida e utilizada poder

    causar algum tipo de impacto ambiental que contribuir para o crescente

    aumento da degradao do ambiente. As usinas hidreltricas so um

    exemplo desta questo.

    O instrumento de gesto que pode evitar o crescimento da degradao

    do ambiente o Estudo de Impacto Ambiental - EIA, pois este minimiza os

    impactos dos efeitos negativos sobre o meio antes da construo de um

    empreendimento.

    Das diversas formas de obteno de energia, talvez a mais

    interessante, em termos de minimizao de impactos ambientais seja a PCH.

    TIAGO FILHO et al. (2003) afirmam que, diante do cenrio brasileiro, o

    mercado de pequenas centrais hidreltricas - PCH apresenta grande

    potencial hidroeltrico, sendo altamente atrativo a investidores estrangeiros, o

    que levar necessidade de uma maior ateno a esses pequenos

    aproveitamentos para a gerao em um futuro prximo.

    Assim, ao se decidir pela implantao de uma PCH, da mesma forma

    que as grandes usinas hidreltricas - UHE, a anlise das variveis sobre os

    impactos ambientais relativas aos meios fsico, bitico e antrpico que

    define a realizao do empreendimento garantindo parcialmente a

    sustentabilidade do ambiente.

    A anlise das variveis pertinentes ao Estudo de Impacto Ambiental

    realizada na fase de planejamento do empreendimento para iniciar o

  • Captulo 1- Introduo_______________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    2

    processo de licenciamento ambiental, que exerce controle prvio das

    atividades que, de modo geral, tendem a causar a degradao do ambiente.

    Tal anlise um processo moroso, tanto que para a concesso da licena

    prvia so inmeras as dificuldades, dentre elas a carncia de mtodos

    simplificados que auxiliem o pessoal tcnico na anlise.

    Nesse sentido, a presente dissertao sugere uma adaptao s

    metodologias existentes para analisar EIAs e projetos procurando

    estabelecer um ndice ambiental que considere comparativos entre os

    impactos causados e os mitigados pelo empreendimento. A metodologia

    proposta contribuir para a agilidade do processo de licenciamento exigido

    pelos rgos ambientais responsveis.

  • Captulo 2- Objetivos________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    3

    Captulo 2 OBJETIVOS

    2.1- Objetivo Geral

    O objetivo geral da presente dissertao analisar as metodologias

    utilizadas em EIAs e sugerir uma proposta de adaptao das metodologias

    de avaliao de impactos ambientais em PCH, buscando agilizar o processo

    de licenciamento ambiental e que sirva de parmetro inicial para valorao

    ambiental.

    2.2- Objetivos especficos

    1) Estudo do Caso da PCH Ninho da guia, localizada no municpio

    de Delfim Moreira MG, na Serra da Mantiqueira.

    2) Elaborao de uma matriz de impactos que mostre, por meio de

    atribuio de pesos, o ndice ambiental do empreendimento,

    fazendo um balano das vantagens e desvantagens de aplicar ou

    no as medidas mitigadoras a cada impacto identificado no estudo.

    3) Possibilitar a agilizao do processo de obteno das Licenas

    Prvia (LP), de Instalao (LI) e Operao (LO), exigidas pelo

    rgo ambiental responsvel.

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    4

    Captulo 3 REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1 Energia, Desenvolvimento e Meio Ambiente.

    Segundo COLOMBO1 apud LORA (2002), o desenvolvimento do

    terceiro mundo e a proteo do meio ambiente so os dois maiores

    problemas globais que devem ser enfrentados pela humanidade nas

    prximas dcadas. Estes dois problemas esto rigorosamente interligados. A

    energia, motor do crescimento econmico principal causa da degradao

    do meio ambiente.

    GOLDEMBERG (1998), faz um breve histrico do consumo de energia

    pela humanidade. O homem primitivo (aproximadamente 1 milho de anos

    atrs) sem o uso do fogo, consumia apenas energia dos seus alimentos

    (cerca de 2000 kcal/dia).O homem caador (aproximadamente 100.000 anos

    atrs tinha mais alimento e tambm queimava madeira para obter calor e

    cozinhar (cerca de 6000 kcal/dia). O homem agrcola primitivo (cerca de 5000

    a.C.) semeava e utilizava a energia animal (cerca de 12.000 kcal/dia). O

    homem agrcola avanado (1500 d.C.) usava carvo para aquecimento, a

    fora da gua, a fora do vento e o transporte animal (cerca de 20.000

    kcal/dia). O homem industrial (Inglaterra, 1875) utilizava a mquina a vapor

    (consumia cerca de 77.000 kcal/dia). O homem tecnolgico (EUA, 1970)

    consome em mdia 230.000 kcal/dia.

    Portanto, tudo isso acompanhado de um significativo crescimento

    populacional. A populao mundial, que em 1950 chegava a 2,5 bilhes e em

    1980 atingiu 4,4 bilhes, ultrapassou os 6 bilhes de pessoas no ano 2000.

    Calcula-se que, em 2025, o nmero de habitantes deste planeta alcanar 8

    bilhes; passando a 9,3 bilhes em 2050; para, posteriormente, estabilizar-se

    em 10,5 ou 11 bilhes. Praticamente a totalidade desse futuro crescimento

    populacional ocorrer nos pases em desenvolvimento. E o mundo precisar,

    1COLOMBO, U. (1992). Development and the Global Environmental, in the Energy- Environmental Connection,

    editado por Jack M. Hollander, Insland Press, USA.

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    5

    portanto, alimentar, abrigar e prestar assistncia a cerca de 5 bilhes de

    pessoas a mais. Essa populao crescente, somada a padres de vida mais

    elevados particularmente nos pases em desenvolvimento, exercer uma

    enorme presso sobre a terra, a gua, a energia e outros recursos naturais.

    Conforme MATOZZO (2001), os primeiros registros sobre o aumento

    intensivo do uso de formas energticas ocorrem com a revoluo industrial,

    na Europa Ocidental, durante a metade do sculo XVIII. Com o advento das

    mquinas a vapor, o carvo passou a ser a principal fonte primria de energia

    e este era anteriormente utilizado somente para atividades domsticas de

    pequena escala. A explorao americana de carvo se deu depois da

    europia, durante o sculo XIX, o Pas esteve entre os maiores produtores

    mundiais. Tambm foi nos Estados Unidos que o petrleo deu os primeiros

    passos para entrar na matriz energtica mundial. Os aumentos sucessivos da

    produo, primeiro no prprio territrio norte-americano e depois no Oriente

    Mdio, tornaram o petrleo uma das principais fontes de energia do mundo.

    No final do sculo XIX, o aproveitamento tecnolgico da eletricidade marcaria

    o incio de uma nova era da civilizao, com a disponibilidade de uma fonte

    energtica que, viria, conseqentemente, viabilizar inmeras atividades e

    processos, desde a iluminao pblica, passando pelo desenvolvimento de

    novos motores, at chegar aos atuais controles eletrnicos.

    LORA & TEIXEIRA (2001), afirmam que houve um rpido acrscimo

    no consumo de energia primria durante o sculo XX a partir de 1950. E que

    a partir de 1995 o consumo de energia do mundo e nos diferentes

    continentes e regies, os pases desenvolvidos so os maiores consumidores

    de energia pelo fato de apresentarem melhores padres de vida (maior

    consumo energtico per capita). Porm, isto tambm pode ser um indicativo

    de grandes desperdcios de energia que, conseqentemente leva a uma

    maior gerao de poluentes e resduos. Aos pases desenvolvidos com maior

    PNB (Produto Nacional Bruto) per capita, corresponde-lhe maior consumo de

    energia. Da a relao entre energia e desenvolvimento.

    Para GOLDEMBERG (1998), esse enorme crescimento de energia per

    capita consumida s foi possvel devido:

    ao aumento do uso do carvo como fonte de calor e potncia no sculo

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    6

    XIX;

    ao uso de motores de exploso interna que levaram ao uso macio do petrleo e de seus derivados e

    ao uso de eletricidade gerada inicialmente em usinas termeltricas e depois em usinas hidroeltricas.

    A ENERGY INTERNATIONAL AGENCY (2002), informa a evoluo da

    demanda mundial de energia primria no perodo de 1071 a 2030. (TABELA

    3.1)

    TABELA 3.1 - Evoluo da Demanda Mundial de Energia Primria

    (milhes de TOE)

    Fonte 1971 2000 2010 2030 Crescimento anual mdio 2000-2030

    Carvo mineral 1449 2355 2702 3606 1,40%

    Petrleo 2450 3604 4272 5769 1,60%

    Gs natural 895 2085 2794 4203 2,40%

    Nuclear 29 674 753 703 0,10%

    Hdrica 104 228 274 366 1,60%

    Renovveis 73 233 336 618 3,30%

    Suprimento total de energia

    primria 5000 9179 11131 15265 1,70%

    Fonte: ENERGY INTERNATIONAL AGENCY (2002)

    Tanto a produo quanto o consumo de energia aumentaram na

    dcada de 90, apesar das grandes quedas registradas na Europa Oriental e

    nos pases da ex-Unio Sovitica. Cresceu o consumo de todos os tipos de

    energia; o aumento mais significativo ocorreu na rea de combustveis

    fsseis, embora em termos relativos a elevao mais rpida tenha ficado por

    conta da energia nuclear e da energia renovvel. O uso da biomassa

    tradicional subiu nos pases em desenvolvimento, embora sua

    proporcionalidade em termos globais tenha diminudo levemente.

    A energia deve ser vista como um dos principais requerimentos para o

    crescimento econmico e as melhorias sociais, e no como uma

    conseqncia desse crescimento. (UN, 1996).

    Para ANDRADE et al. (2002), tradicionalmente, o crescimento da

    economia e da populao de um pas em desenvolvimento, prev um maior

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    7

    consumo de energia, desde que a energia uma das necessidades bsicas

    do homem. Os autores mostram a relao entre o consumo per capita de

    energia expressa em Toneladas Equivalentes de Petrleo (TEP), e o ndice

    de Desenvolvimento Humano (IDH ) atravs da FIGURA 3.1.

    FIGURA 3.1- Consumo de Energia per capita em TEP/ano versus IDH. Fonte: ANDRADE et al. (2002)

    O comportamento do grfico mostra que pode haver pases

    desenvolvidos com baixos nveis de consumo de energia, o que nos leva a

    acreditar que o desenvolvimento tambm pode se caracterizar pela busca da

    otimizao da demanda de energia. A anlise dos dados permite concluir

    que o consumo per capita de energia nos pases classificados como de alto

    desenvolvimento, varia numa extensa faixa que vai desde aproximadamente

    1 at 8 tep/per capita. Isto salvo as diferenas climticas e as diferenas na

    matriz energtica, indica um potencial de economia de energia para a

    sustentabilidade. Polticas implementadas em alguns pases fazem com que

    o desenvolvimento leve a busca da otimizao do consumo de energia.

    GOLDEMBERG (2003), considera o consumo de energia como um

    ndice representativo do acesso da populao s condies bsicas de vida,

    sendo que quatro indicadores sociais - taxa de analfabetismo, mortalidade

    infantil, expectativa de vida e taxa de fertilidade expressam uma relao

    direta com o consumo de energia per capita. Na maioria dos pases em

    Con

    sum

    o de

    ene

    rgia

    per

    cap

    ita [T

    EP]

    BA

    IXO

    DE

    SE

    NV

    OLV

    IME

    NT O

    MD

    IO D

    ESE

    NV

    OL V

    IME

    NTO

    ALT

    O D

    ES

    EN

    VOLV

    I ME

    NTO

    Pot

    e nci

    a l d

    e Ec

    ono m

    ia d

    e E

    nerg

    iapa

    ra S

    uste

    ntab

    i lidad

    e

    IDH

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    8

    desenvolvimento, onde o consumo de energia comercial per capita abaixo

    de uma tonelada equivalente de petrleo por ano, os ndices de

    analfabetismo e mortalidade infantil so elevados, enquanto que a

    expectativa de vida baixa. Nmeros divulgados pela ONU atestam que as

    populaes mais pobres, sem acesso a infra-estrutura adequada, como

    energia, gua potvel e rede de esgotos, esto mais suscetveis a doenas

    infecciosas e parasitrias (diarria e malria, entre elas) ou respiratrias

    (pneumonia e tuberculose). Em 1999, essas doenas causaram 17,8% (9,9

    milhes) do total de mortes registradas.

    De acordo com LORA (2002), indiscutvel que a aplicao da cincia

    e da tecnologia tm conduzido melhoria do nvel de vida da populao, pelo

    menos para uma parte da populao do planeta, o que se caracteriza por:

    acrscimo da quantidade e qualidade da produo de alimentos; desenvolvimento dos meios de transporte e comunicao; desenvolvimento da construo de moradias; mecanizao e automao dos processos produtivos; desenvolvimento de sistemas para fornecimento de gua potvel e para o

    tratamento de efluentes lquidos;

    eliminao de muitas doenas contagiosas e desenvolvimento de tratamentos efetivos para outras;

    aumento da qualidade de vida das pessoas, com o surgimento de equipamentos eltricos e eletrnicos domsticos.

    Ao mesmo tempo, afirma o autor, que o desenvolvimento da cincia e da

    tecnologia tm provocado efeitos nocivos no meio ambiente:

    mudanas climticas; perda de terras cultivveis (desertificao); desmatamento; poluio de rios, lagos mares; poluio do solo e das guas subterrneas; o smog fotoqumico e a poluio do ar nas cidades.

    Assim, aparece como um problema vital conciliar o desenvolvimento e

    as vantagens de um modo de vida aceitvel, com a conservao do meio

    ambiente. Alm disso, o consumo de energia traz como uma inevitvel

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    9

    conseqncia, alguma forma de dano ambiental, seja na sua explorao ou

    no seu consumo, e uma das solues para atenuar e manter em limites

    aceitveis este problema seria a utilizao racional das fontes primrias de

    energia. (LORA & TEIXEIRA, 2001).

    Segundo GOLDEMBERG (1998), o grande desenvolvimento cientfico

    e tecnolgico da civilizao moderna est relacionado com a crescente

    demanda de energia, seja ela oriunda de fontes renovveis ou no. Mesmo a

    energia sendo um ingrediente essencial do crescimento e do

    desenvolvimento, a forma como ela produzida pode ser prejudicial ao meio

    ambiente.

    LORA & TEIXEIRA (2001), citam dois fatores ambientais sobre os

    quais a produo de energia tem grande influncia sobre o meio ambiente:

    desmatamento (alto consumo de lenha nos pases em desenvolvimento); emisso de poluentes, produtos da combusto de combustveis fsseis (CO2, NOx, SOx, CxHy, particulados, etc.).

    Conforme LORA (2002), as causas principais da atual crise ambiental

    so: o aumento exponencial da populao mundial; o aumento exponencial

    do consumo de energia; a intensificao do processo de industrializao e o

    processo de urbanizao.

    PARIKH & PAINULY (1994), afirmam que ao analisar a influncia do

    crescimento da populao sobre o consumo dos recursos naturais, preciso

    considerar a desigualdade existente entre pases desenvolvidos e em

    desenvolvimento. Assim, os pases desenvolvidos, com apenas 24% da

    populao do mundo consomem entre 50 e 90% da quantidade total de

    diferentes produtos. Com relao aos produtos que satisfazem necessidades

    bsicas de alimentao, como cereais, leite e carne, o consumo nos pases

    desenvolvidos fica na faixa de 48-72% do total. O consumo de energia do

    mundo desenvolvido 75% do total.

    De acordo com KAYGUSUZ (2002), a energia considerada um

    agente principal na gerao de eletricidade e tambm um fator significativo

    no desenvolvimento econmico. A importncia da energia no

    desenvolvimento econmico foi reconhecida quase universalmente. Os dados

    histricos atestam para uma forte relao entre a disponibilidade de energia e

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    10

    atividade econmica. O autor informa que durante as ltimas duas dcadas,

    o risco e a realidade de degradao ambiental tornaram-se mais evidentes e

    que o aumento dos problemas ambientais devido a uma combinao de

    srios fatores como, por exemplo: crescente aumento do impacto ambiental

    por atividades humanas devido ao crescimento desordenado da populao

    mundial, consumo, atividades industriais, etc. Futuramente os problemas

    ambientais enfrentados alcanaro solues em longo prazo, pois exige um

    termo de aes potenciais para o desenvolvimento sustentvel. Dessa forma,

    o uso das fontes renovveis de energia parece ser uma das opes mais

    eficientes para tais solues. Sendo assim, o autor afirma que h uma

    conexo ntima entre energia renovvel e desenvolvimento sustentvel.

    No relatrio BRUNTLAND (1987), aparece a definio clssica de

    desenvolvimento sustentvel: o desenvolvimento que satisfaz as

    necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das futuras

    geraes de satisfazer suas prprias necessidades .

    O desenvolvimento sustentvel implica uma vista larga do bem estar

    humano, de uma perspectiva em longo prazo sobre as conseqncias de

    atividades de hoje, e da cooperao global para alcanar solues viveis.

    (IPCC, 2004).

    De acordo com GENELETTI (2003), a biodiversidade tem sido um

    assunto central nas convenes nacionais e internacionais para a promoo

    do desenvolvimento sustentvel. O autor afirma que a reduo mundial de

    habitats considerada como uma significativa ameaa para a conservao

    da biodiversidade.

    Conforme ANDRADE et al. (2002), o desenvolvimento sustentvel,

    para muitos, no passa de uma utopia num mundo onde coexiste o fluxo de

    bilhes de dlares visando especulao financeira, com a misria extrema

    e a intensificao dos conflitos armados. Para outros, a regulao do

    mercado e incentivos econmicos poderiam nos levar a sustentabilidade.

    Porm, para TOLBA2 apud CERUCCI (1998), para que qualquer

    desenvolvimento ocorra de forma sustentvel deve-se:

    assegurar que as questes ambientais sejam contempladas j nos 2 TOLBA, M.K. (1987). Susteinable Development Constraints and Oportunities. London, Butterworth.

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    11

    primeiros passos do planejamento do desenvolvimento em qualquer escala;

    fomentar o desenvolvimento da capacidade interna de gerenciamento ambiental;

    produzir e divulgar dados ambientais em quantidade suficiente para que possa embasar um planejamento ambiental de qualidade;

    fornecer a participao da sociedade, definindo as necessidades e os problemas, bem como na tomada de deciso de uso preponderante dos

    recursos envolvidos;

    concentrar esforos em rea mais frgeis, de maiores riscos e interesse, como florestas, reas ridas, bacias hidrogrficas, etc.

    Em relao ao cenrio energtico brasileiro, CHOFFI (2004), afirma

    que ao mesmo tempo em que a humanidade est tomando conhecimento

    dos perigos da dependncia de combustveis fsseis, o Brasil, por ser muito

    rico em recursos naturais, tem a oportunidade de ajustar seu setor energtico

    a um modelo sustentvel. Assim, se o pas souber utilizar bem os seus

    recursos renovveis, pode sair em grande vantagem frente a outros pases.

    As fontes renovveis tm sido alvo de pesquisa em vrios pases e

    demonstram cada vez mais competitividade. A matriz energtica brasileira, j

    tem caracterstica de se diferenciar do contexto mdio global em termos da

    dependncia de combustveis fsseis, j que se baseia na energia hidrulica

    e na biomassa.

    AMBIENTE BRASIL (2004), informa que a proporo da energia total

    consumida cerca de 35% de origem hdrica e 25% de origem em biomassa,

    significando que os recursos renovveis suprem algo em torno de dois teros

    dos requisitos energticos do pas. Estima-se que existam dois trilhes de

    toneladas de biomassa no globo terrestre ou cerca de 400 toneladas por

    pessoa, o que, em termos energticos, corresponde a 8 vezes o consumo

    anual mundial de energia primria. Em 2004, trs novas centrais geradoras a

    biomassa (bagao de cana) entraram em operao comercial no pas,

    acrescentando 59,44 MW matriz de energia eltrica nacional. Projees da

    Agncia Internacional de Energia indicam que o peso relativo da biomassa na

    gerao mundial de eletricidade dever passar de 10 terawatts/hora (TWh)

    para 27 TWh em 2020. Para se ter uma idia de quanto isso representa, o

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    12

    Brasil consumiu 321,6 TWh em 2002.

    De acordo com o Balano Energtico Nacional - BEN (1999),

    elaborado pelo Ministrio das Minas e Energia (MME), a produo nacional

    est concentrada nas fontes primrias de energia renovvel, como energia

    hidrulica, lenha e derivados da cana de acar, correspondem a 66% do

    total produzido. As fontes no renovveis petrleo, gs natural, carvo e

    urnio so responsveis por 34%. A produo primria de energia no Brasil

    pode ser visualizada na TABELA 3.2.

    TABELA 3.2 - Produo Primria de Energia no Brasil

    Fonte Contribuio (%) Hidroeletricidade 42

    Petrleo 27 Biomassa* 24 Gs natural 6

    Carvo mineral 1 * inclui lenha, bagao de cana, carvo vegetal, lcool e resduos vegetais.

    Fonte: MME, BEN (1999)

    Entre 1990 e 1999, houve uma diminuio na produo de energia

    com fontes renovveis, principalmente a lenha, que caiu de 15% para 8,4%, e

    um aumento das fontes no renovveis, sobretudo do petrleo e seus

    derivados, que cresceu sua participao de 30,2% para 33,8% no mesmo

    perodo. Os dados por fonte primria so mostrados na TABELA 3.3.

    TABELA 3.3 - Produo Primria Consumo por fonte no Brasil

    Fonte Participao (%) Eletricidade 39 leo diesel 12

    Lenha e carvo vegetal 8

    Gasolina 6 leo Combustvel 5

    Carvo Mineral 4 lcool 3

    Outras** 21 ** Inclui a energia nuclear, com maior percentual, as fontes renovveis como energia

    solar e elica, com menor participao. Fonte: MME, BEN (1999)

    Segundo dados do Balano Energtico Nacional de 2002, elaborado

    pelo Ministrio das Minas e Energia, atualmente, 41% da energia consumida

    no Brasil de origem renovvel, se consideradas dentro desta categoria a

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    13

    centrais hidroeltricas. No conjunto regional, a maioria dos pases j possui

    mais de 10% de fontes renovveis nas suas plantas geradoras, mas grande

    parte dessa energia produzida a partir de hidreltricas e de biomassa,

    principalmente madeira.

    De acordo com UHLIG3 apud CHOFFI (2004), o continuado

    crescimento da populao e da economia brasileira, acompanhado de

    melhorias no padro de vida da populao vem causando um aumento na

    demanda de energia no Brasil.

    Segundo BEN (1999), o pas tem um consumo de energia per capita

    por volta de 1,42 tep/hab (aproximadamente igual mdia mundial). Como

    particularidades do setor energtico brasileiro podemos indicar a alta

    porcentagem correspondente ao consumo de fontes renovveis, que chega a

    ser 57,9%, enquanto a produo de fontes renovveis de 70,7%. A

    TABELA 3.4 apresenta os dados representativos do setor energtico

    brasileiro.

    TABELA 3.4 - Dados representativos do setor energtico brasileiro

    ITEM VALOR Consumo total de energia no Pas 228,3. 106 tep

    Consumo per capta de energia 1,42 tep/hab Dependncia externa de energia

    1979 85% 1997 46%

    Produo Nacional de petrleo 1970/1979 170.000

    barris/dia

    1998 1.004.000 barris/dia Fontes renovveis na matriz energtica brasileira

    (hidroeletricidade, lenha, produtos da cana-de-acar)57,9%

    Potncia eltrica em operao (1998) 65.209 MW % correspondente s centrais hidreltricas 87,1%

    % correspondente centrais nucleares e trmicas 12,9% Capacidade de termeltricas e carvo mineral 1040 MW

    Fonte: (BEN, 1999 e ANP, 1999)

    Em relao ao Estado de Minas Gerais, a CEMIG , a demanda total de

    energia do Estado, em 2001, alcanou 35,3 milhes de tep, valor equivalente

    a 13% da demanda total de energia do Brasil. No perodo de 1978-1991, a 3 UHLIG, A. Modelo Cascata: Um instrumento de planejamento energtico aplicado ao Setor Sucro-alcooleiro no estado de So Paulo, Dissertao de Mestrado, USP, Universidade de So Paulo, 1995.

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    14

    demanda cresceu, no Estado, a uma taxa mdia de 2,9% do ano, e a

    variao no Brasil foi de 3,1% ao ano. A importao de energticos em

    Minas Gerais ocorre em funo principalmente da necessidade de

    suprimento de petrleo, carvo mineral e derivados. A exportao inclui a

    energia eltrica e alguns derivados de petrleo.

    O 18 balano energtico de Minas Gerais/2003, elaborado pela

    CEMIG (2004), informa que o estado utilizou 13,9% da energia do Brasil em

    2002, na totalizao do consumo. Desse percentual, 51,7% so fontes

    renovveis, valor superior a media nacional de 40%. De acordo com o

    documento, a carncia de energticos de origem fssil, como petrleo, gs e

    carvo mineral foi o que levou o Estado a buscar nas fontes renovveis as

    oportunidades de desenvolvimento de novos mercados, recuperando o

    dinamismo nas atividades florestais, buscando a auto-suficincia na produo

    de lcool e explorando seu potencial hidrulico, solar e elico. Entre os

    destaques do 18 Balano, esto as importantes mudanas que vm

    ocorrendo nas participaes das diversas fontes. A energia hidreltrica, por

    exemplo, fechou o ano de 1992 com participao de 12,8%, atingiu o auge

    em 1999 - 15,1% - e retornou a 13,3% em 2002. O consumo de lenha e

    derivados caiu de 40,2% para 30,9%, influenciado pelo declnio da siderurgia

    a carvo vegetal. No mesmo perodo, os derivados de petrleo e o gs

    natural passaram de 25,5% para 33,2% da demanda total. A demanda por

    energia em Minas Gerais cresceu 2,4% de 2001 para 2002, enquanto o PIB

    estadual cresceu 2%. O setor industrial foi o que mais participou na

    demanda, com 61,5%.

    O 18 Balano Energtico do Estado de Minas Gerais/ 2003 apresenta

    a evoluo da oferta e do consumo de cada energtico, bem como a

    evoluo do consumo em cada setor econmico. A anlise e desdobramento

    dos dados constantes do documento propiciam o desenvolvimento e

    planejamento energtico condizente com as necessidades e vocaes do

    Estado.

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    15

    3.2 Panorama da Energia Hidrulica De acordo com KAYGUSUZ (2002), em 1996 uma avaliao de

    estudos apresentados a instituies reconhecidas, como as Naes Unidas e

    o Conselho Mundial de Energia, como tambm dados estatsticos fornecidos

    por revistas de hidroeletricidade, indicou o potencial hidroeltrico mundial de

    cerca de 2360 GW. Porm, deste potencial terico, apenas 716 GW (30%) foi

    realmente desenvolvido.

    mostrado na TABELA 3.5 a contribuio de energia hidroeltrica no

    total de energia gerada variando muito de pas para pas.

    TABELA 3.5 - Consumo e gerao de hidroeletricidade e contribuio de

    gerao de energia de alguns pases selecionados em 1997.

    Pas

    Consumo

    % do total mundial

    Contribuio de gerao de energia (%)

    USA 21,4 12,9 7,6 Canad 26,8 13,7 61,1

    Antiga Rssia 20,8 6,1 18,6 Brasil 21,2 10,9 90,8 China 14,5 7,6 18,1

    Noruega 9,8 4,3 99,4 Sucia 5,1 2,7 46,2 ndia 6,0 2,9 16,1

    Japo 12,3 3,5 8,7 Frana 6,9 2,4 12,4 Itlia 4,1 2,0 19,5

    Venezuela 4,5 2,2 70,3 ustria 3,3 1,6 68,6 Turquia 3,0 1,5 36 Suca 3,2 1,6 60,2

    Espanha 2,4 1,2 17,5 Alemanha 1,6 0,8 3,5

    Fonte: KAYGUSUZ (2002)

    Segundo BRAGA et al. (2002), na maioria dos pases desenvolvidos

    os recursos hidreltricos j esto praticamente esgotados. Os pases em

    desenvolvimento possuem grandes reservas ainda no exploradas.

    De acordo com TIAGO FILHO (1998), a grande participao da

    energia hidrulica, d ao Brasil posio de destaque em relao aos demais

    pases da Amrica do Sul. O potencial hidrulico da Amrica do Sul est em

    torno de 623,4 GW, ocupando o Brasil 41% (258 GW) do potencial inteiro,

    que so principalmente distribudos nas Bacias dos rios Amazonas e

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    16

    Tocantins ao Norte, no do rio So Francisco ao leste e no do rio Paran ao

    sul. Em seguida a Colmbia vem com 15% (93 GW) do potencial disponvel,

    Venezuela com 11% (65,36 GW), Peru com 10% (62,53 GW) e a Argentina

    com 7% (44,5 GW). Os 16% restantes so distribudos aos outros pases. E

    mostrado na TABELA 3.6 o potencial hidrulico dos Pases da Amrica do

    Sul. Observa-se que ainda existe 533,2 GW a ser explorada.

    TABELA 3.6 - Potencial Hidrulico dos Pases da Amrica do Sul Potencial Hidrulico

    Disponvel Uso No uso

    Pases Total (MW)

    Relativo/ disponvel para o pas

    Instalada (MW)

    Instalada/ disponvel Disponvel

    Relativo/ disponvel

    para o pas/total

    Argentina 44500 0,07 6454 0,15 38046 0,071 Bolvia 18000 0,03 332 0,02 17668 0,033 Brasil 258000 0,41 54970 0,21 203030 0,370 Chile 26048 0,04 3546 0,14 22502 0,042

    Colmbia 93000 0,15 7935 0,09 85065 0,160 Equador 22000 0,04 1471 0,07 20529 0,039 Guiana 4484 0,01 0 0,00 4484 0,008

    Paraguai 25000 0,04 6490 0,26 18510 0,035 Peru 62530 0,10 2454 0,04 60076 0,113

    Suriname 2420 0,00 189 0,08 2231 0,004 Uruguai 1777 0,00 1354 0,76 423 0,001

    Venezuela 65600 0,11 10005 0,15 55595 0,104 Total 623408 1,00 90207 0,14 533201 1,000

    Fonte: TIAGO FILHO (1998)

    No Brasil, de toda energia gerada, a hidroeletricidade corresponde

    pela maior parte. A grandiosidade da usina binacional de Itaipu, construda

    em conjunto com o Paraguai, no difcil de explicar: o Pas detm de 12% a

    20% das reservas mundiais de gua doce acessveis. A primeira hidreltrica

    do Pas foi Ribeiro do Inferno inaugurada em I893 em Diamantina no

    estado de Minas Gerais. Em seguida, a histria da hidroeletricidade no Pas

    foi marcada por um aumento contnuo no nmero de barragens de pequeno

    porte para aproveitamento eltrico. Em pouco tempo, a energia hidrulica

    passou a predominar no sudeste do pas. As primeiras barragens de grande

    porte vieram nos anos de 1960: Trs Marias e Furnas, tambm em Minas

    Gerais e Jupi e Ilha Solteira, em So Paulo. Em seguida comearam as

    negociaes para a construo de Itaipu, que seria inaugurada em 1984. Os

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    17

    investimentos, no entanto, diminuram em 1990, e a situao foi agravada por

    causas naturais. (CINCIA HOJE, 2001; CEMIG, 2004).

    A energia hidreltrica, principal fonte de energia no Brasil, atualmente

    responde por 84% da matriz -, extremamente poderosa e j se provou

    eficiente. (BCC BRASIL; 2004).

    Segundo o IBGE (2000), mesmo com esse percentual o que se

    produz insuficiente para atender toda demanda ficando, aproximadamente,

    2,5 milhes de domiclios brasileiros cerca de 11 milhes de habitantes

    desprovidos de energia eltrica. Este motivo d-se evidncia

    universalizao de atendimento do setor eltrico, possibilidade de gerao

    descentralizada e desenvolvimento sustentvel.

    Universalizao de atendimento do setor eltrico que quer dizer: todos

    com acesso a energia, independente do lugar onde vive. Gerao

    descentralizada visando caminhos alternativos para complementar o atendimento do setor atravs das energias renovveis (solar, hidrulica,

    elica e biomassa) abrindo novo mercado no pas (empregabilidade), alm do

    fato de poderem ser usados como sistemas modulares enfatizando a

    viabilidade do investimento. E desenvolvimento sustentvel incompatvel,

    atualmente, com os padres de produo e de consumo vigentes. (FRAMIL,

    2004).

    Segundo BRAGA et al. (2002), durante a dcada de 70, o Brasil

    cresceu em hidroeletricidade a taxas de 12,2% ao ano. O crescimento do

    consumo de energia eltrica no Brasil durante o perodo de 1970-1994 foi de

    525%, com taxas mdias anuais mostradas na TABELA 3.7.

    Segundo o Ministrio das Minas e Energia (MME), o setor eltrico

    brasileiro quintuplicou sua capacidade instalada no perodo de 1970/1999.

    Em dezembro de 1999, o setor contava com 68,2 GW em operao (90%

    hidro e 10% termo). O consumo cresceu de 1970 a 1999 a 7,5% a.a., e a

    participao da eletricidade no consumo final de energia passou de 16% em

    1970 e para 39,5% em 1999. O crescimento atual do mercado de 4,5%

    a.a., devendo ultrapassar a casa dos 100 mil MW em 2008.

    Segundo a FUNDAO BIODIVERSITAS (1998), o estado de Minas

    Gerais tem um dos maiores potenciais hdricos do pas. Cerca de 90% de sua

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    18

    TABELA 3.7 - Taxa mdia anual do consumo de energia eltrica no Brasil no perodo de 1970-1994 (%).

    Perodo Regio Norte Regio Nordeste

    Regio Sudeste

    Regio Sul

    Regio Centro-oeste

    Brasil

    1970-1980 16,9 16,4 11,0 14,6 18,9 12,2 1980-1990 26,6 8,3 4,4 7,2 9,5 5,8 1990-1994 6,9 2,9 2,0 5,2 6,0 3,0

    Fonte: BRAGA et al. (2002) rea so drenados por cinco grandes bacias (So Francisco, Grande,

    Paranaba, Doce e Jequitinhonha), enquanto os 10% restantes so drenados

    por 10 bacias que abrangem pequenas reas. Associada a essa riqueza

    hdrica, a capacidade instalada de energia eltrica no Estado de

    11.031.259kW, dos quais 20,3% correspondem energia hidreltrica,

    respondendo ele por cerca de 19,3% do total de energia hidreltrica

    produzida no Pas.

    A CEMIG est h 50 anos no mercado e tem como misso ser uma

    agncia de fomento baseada na gerao hidroeltrica. Desde a sua origem

    sempre esteve envolvida em grandes projetos hidreltricos como Trs

    Marias, Camargos, Furnas e So Simo e responsvel por cerca de 5,5%

    da energia hidreltrica gerada no Brasil. (POWER, 2002).

    De acordo com SOUZA (1997), os ltimos 50 anos foram marcados

    pela construo de grandes usinas, tendo em vista os recursos hidrolgicos

    existentes, e demais benefcios tcnico-econmicos. Atualmente tais

    recursos encontram-se escassos e a oferta de energia eltrica com a

    perspectiva de crescimento do mercado torna-se um produto de grande

    preocupao, pois a demanda de energia eltrica vem aumentando

    gradativamente. Neste contexto, as PCH podero contribuir para sustentao

    ao setor eltrico de um Pas.

    Segundo TASDEMIROGLU (1993), experincias passadas deveriam

    auxiliar as solues de problemas associados ao desenvolvimento de PCH

    Projetos de PCH deveriam ser planejados e direcionados como um fator

    importante para abastecer as crescentes exigncias de energia. Eles

    deveriam ser considerados como parte do contexto nacional e constituir uma

    parte integral do plano de desenvolvimento de um pas.

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    19

    As vantagens de PCH em sistemas isolados incluem:

    A gua uma fonte de energia limpa, barata e renovvel. As energias renovveis podem ter papel importante na preveno da poluio do ar

    nas reas rurais;

    a agricultura e a pecuria so muito importantes na economia de um pas; o uso mltiplo de PCH, promover o uso eficiente dos recursos de gua

    para as reas agrcolas, assim atendendo as necessidades de um rpido

    desenvolvimento da agricultura. Nas reas rurais a irrigao pode ser

    rapidamente desenvolvida e os meios de proteo contra secas e

    enchentes podem ser melhorados;

    muitas reas de armazenamento existem a pequenas distancias dos centros rurais;

    custos de manuteno e perdas na transmisso sero relativamente baixos em reas rurais;

    as PCH podem ser operadas independentemente da rede nacional de energia fornecendo tanto energia quanto as necessidades de gua para

    reas isoladas e promover o desenvolvimento de mecanizao e

    eletrificao rural;

    a energia fornecida por PCH promover e enriquecer a vida cultural das pessoas e agilizar a modernizao de vilarejos;

    as PCH tem menor custo operacional e de manuteno do que as hidreltricas maiores. Construes slidas tero longa vida til se

    manutenes peridicas forem feitas;

    a indstria de um pas capaz de manufaturar conjunto de turbinas geradores, bem como equipamentos auxiliares necessrios;

    o crescente nmero de unidades de PCH, promover a indstria local, reduzir os custos de importao e criar novos empregos para os

    desempregados das reas rurais.

    Para BASTOS et al. (2003), as PCH constituem em tima

    oportunidade de negcio devido aos incentivos econmicos existentes, por

    ser uma tecnologia nacional, totalmente dominada e provoca baixo impacto

    ambiental.

    AFFONSO et al. (2003), afirmam que o estudo e desenvolvimento de

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    20

    centrais hidreltricas de pequeno porte vm crescendo por sua importncia

    no suprimento de demandas locais, de forma descentralizada, uma

    concepo simplificada que requer baixo custo de implantao e

    manuteno, facilidade na operao e no proporciona grandes prejuzos ao

    meio ambiente.

    Segundo SILVA & MANIESI (2003), a construo de PCH representa

    importante alternativa de produo de energia renovvel, pois no apresenta

    o impacto ambiental causado pelos grandes reservatrios, possuindo quedas

    dgua de pequeno e mdio porte, inclusive no interferindo no regime

    hidrolgico do curso dgua e podem servir para a complementao de

    sistemas de grande porte em funo do menor risco de investimento. Alm

    do importante fator ambiental, as PCH possuem outras vantagens como

    custo acessvel, menor prazo de implementao e maturao do investimento

    e podendo ser colocado a disposio das concessionrias a compra do

    excedente de energia gerada.

    De acordo com COLI et al. (2003), o surgimento das PCH foi uma

    opo vantajosa para suprir a demanda energtica de uma regio, pois

    fornece energia eltrica barata e causa menor impacto ambiental, devido ao

    limite mximo de seu reservatrio ser de 3 km2. TIAGO FILHO & NOGUEIRA

    (2004), informam que esse valor foi fixado levando-se em considerao que a

    maioria das PCH avaliadas, aproximadamente em 65% delas, os

    reservatrios ocupavam reas iguais ou menores que esse valor. No entanto,

    esse critrio no era claro e trazia, em muitos casos situaes dbias,

    dificultando a anlise, a aprovao e a viabilizao do empreendimento.

    Desse modo foram estabelecidos novos condicionantes que se encontram

    na RESOLUO no 652, em 09/12/2003.

    TIAGO FILHO et al. (2003) relatam que o aparecimento das PCH no Brasil deveu-se basicamente necessidade de fornecimento de energia para

    servios pblicos de iluminao e para atividades econmicas ligadas

    minerao, fbricas de tecidos, serraria e beneficiamento de produtos

    agrcolas. Neste perodo a grande maioria das unidades era de pequena

    potncia, pois os custos e a tecnologia inviabilizaram a instalao de grandes

    usinas geradoras, tendo-se dado preferncia para que fossem implantados

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    21

    aproveitamentos diretos da fora hidrulica, que determinavam inclusive a

    localizao das fbricas junto s quedas dgua.

    Ainda os mesmos autores informam que at a dcada de cinqenta, as

    PCH usualmente eram operadas em sistemas isolados e se constituam em

    uma importante fonte de gerao de eletricidade no pas. A partir desta

    dcada, com a poltica de planejamento energtico centralizado, foram

    criadas vrias companhias nos mbitos federal e estadual. Deu-se incio

    implantao dos grandes sistemas interconectados. As PCH comearam a

    perder espao para os grandes empreendimentos de grandes potncias,

    tornando-se obsoletas e pouco atrativas. Somente em tempos recentes, com

    a nova reestruturao do setor eltrico que houve uma retomada dos

    estudos e construo das centrais de pequeno porte.

    Conforme MARIOTONI & BADANHAN (1997), a anlise do perfil do

    parque hidroenergtico brasileiro poder trazer importantes contribuies

    frente ao processo de reestruturao do setor eltrico. Diante da atual

    conjuntura que tende a inserir as questes ambientais ao processo decisrio

    do planejamento energtico, as PCH representam uma alternativa no sistema

    concentrado em grandes centros geradores e com grande interveno

    ambiental. De acordo com os autores, as pequenas centrais hidreltricas

    representam um modelo de gerao de energia eltrica em que as condies

    de hidrografia e topografia so fundamentais para sua viabilidade tcnica e

    econmica.

    Atravs dos dados disponibilizados pelo CENTRO NACIONAL DE

    DESENVOLVIMENTO DE PCH (2004), pode-se ter uma viso do cenrio

    atual de pequenas centrais no Brasil. (TABELA 3.8).

    TABELA 3.8- Montante de PCH no Brasil

    Pequenas Centrais Hidreltricas

    Fase Quantidade Potncia (MW) Operao 227 978,6

    Construo 38 511,9 Outorga 156 2.535,6

    Total 421 4.026,1 Fonte: CndPCH (2004)

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    22

    POWER (2002), informa que os estados do Paran, Minas Gerais e

    So Paulo concentram maior potencial para explorao de PCH.

    mostrado na TABELA 3.9 o montante de PCH do estado de Minas

    Gerais

    TABELA 3.9 - Montante de PCH em Minas Gerais

    Pequenas Centrais Hidreltricas

    Fase Quantidade Potncia (MW) Operao 76 377.270

    Construo 01 22.080 Outorga 48 732.260

    Total 125 1.131.610 Fonte: CndPCH (2004)

    Do montante de PCH existentes em Minas Gerais, 11 pequenas

    centrais em operao esto localizadas no sul do Estado. Estas contribuem

    com 41.272 kW na gerao de energia eltrica no Pas. Parte dessa energia,

    correspondente a 55%, vai para o Estado de So Paulo e o destino do

    restante para produtores independentes e autoprodutores de energia.

    Segundo a POWER (2002), um inibidor de investimentos refere-se s

    dificuldades para obteno junto a rgos estaduais de licenciamentos

    ambientais em empreendimentos de baixo impacto como as PCH. O meio

    ambiente carece de uma melhor e clara regulamentao para as PCH.

    Muitos empreendimentos se julgam prejudicados com a morosidade do

    processo de licenciamento ambiental. Ao mesmo tempo em que cresceu o

    nmero de processos de licenciamentos ambientais exigidos pela sociedade

    e amparados pela legislao, o Estado brasileiro criou polticas pblicas para

    diminuir o seu tamanho, a sua capacidade institucional de responder a essa

    demanda. (JB ECOLGICO, 2004).

    SILVA FILHO (2004), informa que so inmeras as dificuldades para

    obteno junto aos rgos estaduais de licenciamentos ambientais por falta

    de analistas. Atualmente, no Estado de Minas Gerais, so 82 PCH que esto

    nesse processo e 34 esto em anlise esperando a concesso da LP.

    PEDREIRA & DUPAS (2004), mostram atravs da TABELA 3.10 os

    problemas especficos detectados de pequenas centrais hidreltricas para a

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    23

    obteno do processo de licenciamento ambiental no Estado de Minas

    Gerais.

    TABELA 3.10 Problemas detectados para a obteno do processo de

    licenciamento ambiental de PCH no estado de Minas Gerais

    1) Demora nos prazos para obter as licenas e autorizaes: Os prazos na maioria das vezes no so cumpridos pelos rgos ambientais, pois quase sempre so feitas solicitaes de informaes complementares.

    2) A qualidade insatisfatria do estudo e demora na entrega de documentos e atendimento as solicitaes de informaes complementares pelo empreendedor, tambm contribuem para o no cumprimento dos prazos.

    3) Falta de recursos humanos e carncia de capacitao: Os rgos ambientais possuem poucos profissionais qualificados e insuficincia financeira para novas contrataes, o que contribui ainda mais para morosidade das anlises dos projetos.

    4) Impreviso de reas viveis e preestabelecidas para implantaes de empreendimentos (Plano de Bacia Hidrogrfica, zoneamento ambiental)

    5) No enquadramento da pequena central hidreltrica na resoluo CONAMA 279/2001, que trata do licenciamento ambiental simplificado.

    6) Dificuldade de critrios objetivos na anlise dos estudos, originando interpretaes diversas.

    7) Falta de termo de referncia padronizado para elaborao de estudos, 8) Desarticulao entre rgos ambientais. 9) Falta de comunicao adequada e mesmo compreenso entre rgos institucionais,

    ministrio pblico, empreendedor e sociedade. 10) Realizaes indiscriminadas de vistorias e muitas trocas de tcnicos o que implica

    em explicar novamente os estudos, visitar novamente os locais e renegociar as medidas de mitigao.

    11) Excesso no nmero de programas ambientais: Cada rgo que analisa o mesmo projeto, tem autonomia para adotar diferentes entendimentos.

    12) Altos custos das licenas 13) Participao de vrios rgos passveis de envolver no processo de licenciamento

    ambiental como: Prefeitura, IBAMA, FEAM, IGAM, IEF, ANEEL, IPHAN, Comits de Bacia Hidrogrfica, ANA, FUNAI, Consrcio Intermunicipais de Bacias Hidrogrficas, entre outros que surjam de acordo com a necessidade.

    14) Quanto ao Ministrio Pblico: Ocorre a solicitao freqente de informaes sobre processos em trmite e reiterao de solicitao de informaes j respondidas.

    15) Movimentos em defesa de interesses particulares. Fonte: PEDREIRA & DUPAS (2004)

    Os referidos autores afirmam que os entraves que contribuem para as

    obtenes das licenas esto alicerados na desarticulao entre rgos e

    tambm, por ser recente, na falta de prtica dos atores envolvidos.

    3.3 . Impactos Ambientais em Aproveitamentos Hidroeltricos

    De acordo com TUNDISI (1988), especificamente, nas ltimas

    dcadas, grandes rios em diferentes latitudes e bacias hidrogrficas de nosso

    Pas, foram e esto sendo regulados, com a construo de usinas

    hidreltricas, conforme vocao definida por diretrizes governamentais para

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    24

    suprir fundamentalmente a crescente demanda oriunda dessa fonte.

    Com o represamento dos rios ocorre a destruio da vegetao ripria

    e inundao das lagoas marginais, alm da transformao do antigo

    ecossistema ltico para um novo ecossistema lntico ou semi-lntico,

    implicando em grandes alteraes fsicas, qumicas, limnolgicas e

    ambientais. Em alguns casos quando a vegetao anterior ao represamento

    era abundante, no primeiro estgio de formao do lago pode ocorrer uma

    grande produo pesqueira decorrente da maior disponibilidade de nutrientes

    no meio aqutico. Porm, ao longo do tempo, os nutrientes disponveis

    esgotam-se e a produo pesqueira diminui, estabilizando-se num nvel mais

    baixo de produo.

    Diversos autores discutem o impacto ambiental do represamento sobre

    os grandes rios das regies tropicais e subtropicais, tendo como

    conseqncia grandes alteraes na composio e reduo da

    biodiversidade da ictiofauna nativa e muitas vezes, na reduo das atividades

    de pesca (CASTRO & ARCIVA, 1987).

    Alm disso, (MENDONA, 1995), informa que pelos seus portes e

    caractersticas, causam prejuzos sociais e econmicos para as populaes

    ribeirinhas que tiveram suas terras produtivas inundadas, promovendo ondas

    de migraes do campo para as cidades.

    De acordo com SMITH et al. (2002), deve-se considerar que, alm dos

    impactos decorrentes da construo do reservatrio e de seu funcionamento,

    a comunidade de peixes sofre inmeros impactos que contribuem ainda mais

    para a perda de espcies e a reduo de suas abundncias e biomassas.

    Entre esses impactos esto a perda da vegetao ripria, a poluio e a

    introduo de espcies exticas.

    Segundo CUNHA-SANTINO & BIANCHINI JR. (2002), nas etapas

    iniciais dos processos de formao de reservatrios artificiais a incorporao

    da cobertura vegetal representa considervel fonte de detritos para esses

    sistemas. O afogamento da biomassa vegetal interfere significativamente na

    qualidade da gua desses sistemas, uma vez que altera os balanos globais

    do oxignio dissolvido, reduz o pH e aumenta a colorao e a condutividade

    eltrica da coluna dgua.

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    25

    So mostrados na TABELA 3.11 os efeitos positivos e negativos da

    construo de grandes barragens.

    TABELA 3.11 - Efeitos positivos e negativos da construo de grandes barragens

    EFEITOS POSITIVOS EFEITOS NEGATIVOS

    Produo de hidroeletricidade. Reteno de gua. Criao de sistema de baixa energia para purificao de gua. Recreao. Turismo. Aumento da reserva de gua. Navegao e transporte. Aumento do potencial de irrigao. Reserva de gua para abastecimento. Aumento da produo da biomassa e agricultura. Regulao de enchentes.

    Deslocamento da populao. Emigrao de pessoas para o local da construo. Problemas da sade pblica. Perda de espcies nativas de peixes. Perdas de reas alagadas. Perda da biodiversidade dos rios. Barreira para migrao de peixes. Efeitos na composio qumica da gua (a montante e jusante). Decrscimo em fluxo de gua. Aumento de SO3 e CO2 no fundo de reservatrios estratificados. Perdas de valores estticos. Perda de valores culturais e de referncias culturais. Perda de terra para agricultura. Degradao da qualidade da gua. Perdas de monumentos e valores histricos.

    Fonte: TUNDISI (1999) De acordo com DE FILIPPO et al. (1999), a transformao de um

    trecho de rio em reservatrio desencadeia uma srie de processos

    biogeoqumicos, que resultam em interferncias nas caractersticas do

    ambiente aqutico, destacando-se a instabilidade fsica e qumica e a

    alterao das comunidades biolgicas, a montante, e a atenuao dos pulsos

    hidrolgicos a jusante, com reflexo sobre o curso dgua e reas ribeirinhas.

    Ainda os mesmos autores informam que dentre os fatores que determinam as

    caractersticas limnolgicas de um reservatrio destacam-se a morfometria

    (rea, comprimento, largura, forma e desenvolvimento de margens,

    profundidade, volume, rea de drenagem) e a hidrologia (descarga afluente,

    velocidade de enchimento, tempo de residncia da gua, padro de

    circulao da gua, oscilao dos nveis da gua, regras operacionais da

    usina), alm de outros elementos intrnsecos da bacia de drenagem (tipo e

    vegetao e solos inundados, quantidade de matria orgnica incorporada,

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    26

    atividades antrpicas).

    GUNKEL et al. (2003), faz um apanhado geral das diferenas de lagos

    naturais sem a interferncia humana e de reservatrios. Tais diferenas so

    apresentadas na TABELA 3.12.

    TABELA 3.12 - Caractersticas gerais de um lago natural e de um

    reservatrio.

    LAGOS NATURAIS SEM INFLUNCIA HUMANA RESERVATRIOS

    Bacias de gua regulares Bacias de gua irregulares H vegetao na margem, portanto no h

    eroso. Na margem no h vegetao, portanto a

    eroso intensa. Mudana natural no nvel da gua, a

    comunidade do lago est adaptada a essas mudanas.

    Regulao artificial do nvel da gua, danos para flora e fauna devido a mudanas de

    nvel.

    Pequenas mudanas do nvel da gua Grandes mudanas do nvel da gua, no h desenvolvimento da fauna e da vegetao da

    margem associadas a tais mudanas Geralmente, baixa taxa de sedimentao Alta taxa de sedimentao Pequena carga de nutrientes , pois estes ficam retidos pouco tempo na bacia de

    acumulao.

    Geralmente, alta carga de nutrientes devido a alta vazo.

    A estabilidade da carga de nutrientes a longo prazo

    H um aumento da carga de nutrientes aps o represamento, a eutrofizao ocorre devido a

    migrao de pessoas para a regio do reservatrio.

    Baixa entrada de material orgnico, no h lixiviao do solo.

    A decomposio da matria orgnica devido a inundao da vegetao e a lixiviao do solo

    inundado leva a eutrofizao e acidificao.

    A sada de gua na superfcie leva ao empobrecimento dos nutrientes que ficam na

    faixa epilimd da gua

    Aumento da carga de nutrientes aps o represamento, a eutrofizao ocorre devido a intensa migrao de pessoas para a regio do

    reservatrio.

    Estabilidade da bioproduo a longo prazo Aumento da bioproduo aps o represamento. Equilbrio dos processos de bioproduo e

    decomposio Desequilbrio dos processos de bioproduo e

    decomposio. Alto nvel da biodiversidade devido a grande

    estrutura da diversidade do lago Reduo da biodiversidade devido a baixa

    estrutura da diversidade e habitats deficientes.Estabilidade da comunidade sem mudanas

    significativas. Diminuio ou perda das espcies aps o

    represamento No h mudanas na ocorrncia de doenas

    transmissveis pela gua. Importao de doenas transmitidas pela gua

    devido a eutrofizao.

    Ecossistema estvel com alta capacidade de absoro do impacto.

    Ecossistema instvel com uma comunidade nova no adaptada e baixa capacidade de

    absoro do impacto. Fonte: GUNKEL et al. (2003).

    Segundo THOMAZ & BINI (1999), a construo de um reservatrio

    provoca vrias alteraes das caractersticas fsicas e qumicas dos

    ecossistemas aquticos.

  • Captulo 3- Reviso bibliogrfica________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________ BARBOSA, T.A.S. Anlise do Estudo de Impacto Ambiental da PCH Ninho da guia. Proposta de Otimizao do

    Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz Simplificada. Dissertao de Mestrado, Ps-graduao em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajub. 2004. 119 p.

    27

    Em decorrncia do aumento do desenvolvimento da margem, ocorre

    tambm um maior aporte de nutrientes por escoamento superficial e uma

    alterao das propriedades fsicas e qumicas do sedimento. Ainda os

    mesmos autores afirmam que logo aps a formao de um reservatrio,

    diferentes tendncias podem ser observadas quanta riqueza de espcies

    de macrfitas e tipos ecolgicos.

    Algumas alteraes decorrentes da formao de um reservatrio, seus

    efeitos sobre as assemblias de macrfitas aquticas e os mecanismos de

    atuao so mostrados na TABELA 3.13.

    TABELA 3.13 - Alguns fatores associados com a formao de um

    reservatrio e seus possveis efeitos sobre as assemblias de macrfitas.

    Fator Efeito sobre a assemblia Mecanismo

    Alagamento do ecossistema terrestre

    Aumento das reas colonizadas e da riqueza

    Aumento das concentraes de nutrientes da

    heterogeneidade espacial: ocorre quando os locais

    alagados eram pobres em ecossistemas aquticos e

    ectonos

    Reduo das reas colonizadas e da riqueza

    Reduo da heterogeneidade espacial: ocorre quando os locais alagados apresentavam

    elevada riqueza de espcies.

    Reduo da velocidade da gua

    Aumento da