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PLANO DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO ARTIFICIAL (PACUERA) DA PCH BRECHA Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Brecha NOV-BREC-BHZ-RT-001/17-R00 Setembro de 2017

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PLANO DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO ARTIFICIAL (PACUERA) DA PCH

BRECHA

Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Brecha

NOV-BREC-BHZ-RT-001/17-R00

Setembro de 2017

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PLANO DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO ARTIFICIAL (PACUERA) DA PCH BRECHA

NOV-BREC-RT-001/17-R00

Setembro de 2017

FERREIRA ROCHA Gestão de Projetos Sustentáveis Status:

Título do documento: Plano de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório Artificial (PACUERA) da PCH Brecha

Nome/código arquivo: NOV-BREC-BHZ-RT-001/17-R00 Versão:

Elaboração: Thiago Alencar, João Martins, Luiz Barros e Branca

Data: 30/09/2017

Revisão: Thiago Alencar Data: 31/09/2017

Aprovação: Thiago Alencar Data: 31/09/2017

Observações:

APROVAÇÃO DO CLIENTE:

Nome: Visto:

Data da Aprovação:

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PACUERA da PCH Brecha pág. i

IDENTIFICAÇÃO

A seguir são apresentados os dados do empreendedor, de sua consultoria técnica e da equipe responsável pela elaboração do presente Relatório do PACUERA da PCH Brecha (Tabela 1-1,Tabela 1-2 e Tabela 1-3).

Tabela 1-1 – Informações do requerente.

INFORMAÇÕES DO REQUERENTE

Nome: Novelis do Brasil Ltda.

Local Av. Américo Renné Gianetti, nº 521, bairro Saramenha, Ouro Preto/MG, CNPJ: 60.561.800/0030-48

Empreendimento Pequena Central Hidrelétrica de Brecha (PCH Brecha) – Latitude 20º 32’ 40”S / Longitude 42º 57’ 46”O, CNPJ: 60.561.800/0032-00

Responsável Técnico Vinícius Ricardo de Almeida Brito CREA/MG: 152.581/D

Telefone/e-mail para contato (31) 3559-9236 / email: [email protected]

Tabela 1-2 – Informação da Empresa de Consultoria.

ITEM INFORMAÇÃO Razão Social Rocha Consultoria e Projetos de Engenharia Ltda.

Nome Fantasia Ferreira Rocha Gestão de Projetos Sustentáveis CNPJ 10.407.647/0001-96

Inscrição Estadual Isenta Inscrição Municipal 233.102.001-3

Endereço Praça Benjamin Guimarães, 65, sala 1602, Funcionários. CEP: 30130-030. Belo Horizonte / Minas Gerais

Responsável Técnico Delfim José Leite Rocha CREA/RJ: 03238/D

Telefone/e-mail para contato (31) 3643-7033 / e-mail: [email protected]

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Tabela 1-3 - Equipe técnica responsável pela elaboração do PACUERA da PCH Brecha.

PROFISSIONAL FORMAÇÃO ATUAÇÃO ÓRGÃO DE CLASSE

Thiago de Alencar Silva Geógrafo Coordenação Geral / Geoprocessamento CREA-ES 9.619/D

Luiz Antônio Barros da Silva Engenheiro Agrônomo e

Hidrólogo

Coordenação Técnica / Elaboração do PACUERA CREA-MG 83.183/D

Branca Horta de Almeida Abrantes Geógrafa Elaboração do PACUERA CREA-MG 95.295/D

João de Mora Martins Engenheiro Ambiental e

Engenheiro Civil Devolutiva do PACUERA CREA/MG 151.669/D

As respectivas ARTs dos profissionais supracitados encontram-se no Anexo I deste documento.

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 9

2 - METODOLOGIA GERAL ................................................................................................ 10

3 - LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ...................................................................... 17

4 - CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .............................................................. 19

4.1 - ARRANJO GERAL ..........................................................................................................19

4.2 - BARRAGEM PRINCIPAL E VERTEDOURO ...................................................................21

4.3 - CIRCUITO HIDRÁULICO DE ADUÇÃO E GERAÇÃO .....................................................23

4.4 - SUBESTAÇÃO E SISTEMA DE TRANSMISSÃO ............................................................27

4.5 - RESERVATÓRIO ............................................................................................................28

4.5.1 - Regra Operativa .........................................................................................31

4.6 - INFLUENCIA DA OPERAÇÃO DA PCH BRECHA NO NÍVEL DE ÁGUA DO RIO PIRANGA A JUSANTE DESSE EMPREENDIMENTO .....................................................................32

5 - DIAGNÓSTICO AMBIENTAL .......................................................................................... 32

6 - ZONEAMENTO E CÓDIGO DE USOS ............................................................................ 44

6.1 - DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO ZONEAMENTO ...............................44

6.2 - RESPONSABILIDADES DE GERENCIAMENTO ............................................................44

6.2.1 - SUPRAM ....................................................................................................45

6.2.2 - IEF ..............................................................................................................46

6.2.3 - IGAM ..........................................................................................................46

6.2.4 - Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) ...............................48

6.2.5 - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA ..................49

6.2.6 - Ministério da Defesa ...................................................................................50

6.2.7 - Prefeitura Municipal de Guaraciaba ............................................................51

6.2.8 - Novelis/Empreendedor ...............................................................................52

6.2.9 - Ministério Público (MP) ...............................................................................52

6.3 - RESERVATÓRIO DA PCH BRECHA ..............................................................................53

6.4 - ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA PCH BRECHA .....................................................54

6.5 - CRITÉRIOS DE ZONEAMENTO .....................................................................................55

6.6 - ZONEAMENTO PROPOSTO ..........................................................................................56

6.7 - CÓDIGO DE USO ...........................................................................................................61

6.7.1 - Zona de Segurança da PCH Brecha (ZSB) ................................................61

6.7.2 - Zona de Uso do Reservatório da PCH Brecha (ZURB) ...............................62

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6.7.3 - Zona de Preservação Ambiental da PCH Brecha (ZPAB) ...........................62

6.7.4 - Zona de Incentivo a Conservação Ambiental (ZICA) ..................................63

6.7.5 - Zona de Livre Ocupação Antrópica (ZLOA) ................................................64

6.7.6 - Zona de Ocupação Antrópica Restrita (ZOAR) ...........................................65

7 - DEVOLUTIVAS ............................................................................................................... 65

8 - Considerações finais ..................................................................................................... 74

9 - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................................... 78

10 - ANEXOS ......................................................................................................................... 80

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LISTAGEM DE FIGURAS

FIGURA 2-1 – ETAPAS DO ZONEAMENTO AMBIENTAL DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA PCH BRECHA. ...........................................................................................................................13

FIGURA 2-2 – ANÁLISE GEOESPACIAL PARA OBTENÇÃO DO ZONEAMENTO .............................15

FIGURA 3-1 - LOCALIZAÇÃO DA PCH BRECHA .....................................................................18

FIGURA 4-1 – VISUALIZAÇÃO DO ARRANJO GERAL DA PCH BRECHA. ...................................20

FIGURA 4-2 - VISTA FRONTAL DA BARRAGEM PRINCIPAL ......................................................21

FIGURA 4-3 – CURVA DE DESCARGA DO VERTEDOURO .........................................................22

FIGURA 4-4 – VISTA FRONTAL DA BARRAGEM PRINCIPAL COM OS 4 VÃOS VERTENTES COM COMPORTAS DO TIPO SEGMENTO. .......................................................................................23

FIGURA 4-5 – VISTA, A PARTIR DA OMBREIRA DIREITA, DA BARRAGEM PRINCIPAL E DE VÃO DO VERTEDOURO COM COMPORTA FECHADA (Q27/01/10 – DE 20 M³/S). ....................................23

FIGURA 4-6 – VISTA DE MONTANTE DO BARRAMENTO PRINCIPAL, A PARTIR DA OMBREIRA ESQUERDA, (PASSARELA SOBRE A CRISTA DA BARRAGEM INTERLIGA AS DUAS MARGENS) FONTE: RCA DA PCH BRECHA (NOVELIS, 2011). .........................................................................23

FIGURA 4-7 – VISTA DE UM DOS VÃOS DO VERTEDOURO, A PARTIR DA OMBREIRA ESQUERDA DO BARRAMENTO. NOTAR, JUNTO À OMBREIRA DIREITA, DISPOSITIVO DE TRANSPOSIÇÃO DE PEIXES EM OPERAÇÃO NA PCH BRECHA ........................................................................................23

FIGURA 4-8 - VISTA, A PARTIR DA CRISTA DA BARRAGEM PRINCIPAL, DA ENTRADA DO CIRCUITO DE ADUÇÃO (TOMADA DE ÁGUA). ........................................................................................24

FIGURA 4-9 - DETALHE DA ENTRADA DO CIRCUITO DE ADUÇÃO (TOMADA DE ÁGUA). NOTAR CABO FLUTUANTE VISANDO AFASTAR A APROXIMAÇÃO DE RESÍDUOS ..............................................24

FIGURA 4-10 - MÁQUINA LIMPA-GRADE SENDO ACIONADA PARA LIMPEZA DA GRADE DE PROTEÇÃO DE UM DOS VÃOS DA TOMADA DE ÁGUA..............................................................24

FIGURA 4-11 - MÁQUINA LIMPA-GRADE EM OPERAÇÃO .........................................................24

FIGURA 4-12 – PERFIL ILUSTRATIVO DO CIRCUITO ADUTOR E GERADOR DA PCH BRECHA ......25

FIGURA 4-13 – VISTA DA CASA DE FORÇA DA PCH BRECHA, NOTANDO-SE, EM PRIMEIRO PLANO, A OFICINA DE MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS ...................................................................26

FIGURA 4-14 - VISTA DE JUSANTE DA CASA DE FORÇA, EM PRIMEIRO PLANO, SUBESTAÇÃO DA PCH BRECHA ....................................................................................................................26

FIGURA 4-15 – VISTA DE MONTANTE DA CASA DE FORÇA A PARTIR DA CRISTA DA TOMADA DE ÁGUA ................................................................................................................................26

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FIGURA 4-16 – VISTA FRONTAL DA OFICINA DE MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS E, À DIREITA, GALPÃO DE ARMAZENAMENTO DE ÓLEOS E COMBUSTÍVEIS ...................................................26

FIGURA 4-17 – VISTA DE JUSANTE DA CASA DE FORÇA, OBSERVANDO-SE O CANAL DE FUGA .26

FIGURA 4-18 - VISTA DO GERADOR, OBSERVANDO-SE DOIS DOS TRÊS NÍVEIS QUE COMPÕEM A CASA DE FORÇA ................................................................................................................26

FIGURA 4-19 – VISTA DA BARRAGEM SECUNDÁRIA, OBSERVANDO-SE, EM SUA CRISTA, A SUBESTAÇÃO DA CEMIG .....................................................................................................27

FIGURA 4-20 – VISTA DE JUSANTE DA BARRAGEM SECUNDÁRIA (AO FUNDO). NOTAR O ACESSO À GALERIA DE INJEÇÃO E DRENAGEM ...................................................................................27

FIGURA 4-21 - VISTA DA SE DA BRECHA, LOCALIZADA JUNTO À CASA DE FORÇA ...................28

FIGURA 4-22 - LT BRECHA – SARAMENHA...........................................................................28

FIGURA 4-23 – VISTA DO RESERVATÓRIO PRINCIPAL DA PCH BRECHA.................................29

FIGURA 4-24 – PERFIL DE LINHA DE ÁGUA (CONDIÇÃO NATURAL X COM BARRAMENTO – QMLT E QTR100ANOS) .......................................................................................................................31

FIGURA 5-1 – AFLORAMENTO DE GNAISSES DO COMPLEXO MANTIQUEIRA NA MARGEM DIREITA DA PCH BRECHA. ..............................................................................................................33

FIGURA 5-2 – AFLORAMENTO DE GNAISSES DO COMPLEXO MANTIQUEIRA NA MARGEM DIREITA DA PCH BRECHA. ..............................................................................................................33

FIGURA 5-3 – PASTAGEM EM ÁREA DE ALUVIÃO NA MARGEM ESQUERDA DO RESERVATÓRIO DA PCH, IMEDIATAMENTE A JUSANTE DA FOZ DO RIO DO TURVO ................................................34

FIGURA 5-4 – FEIÇÕES DO RELEVO EM ÁREA DO COMPLEXO MANTIQUEIRA. ..........................34

FIGURA 5-5 – MOVIMENTO DE MASSA, IDENTIFICADO NA MARGEM DIREITA DO RESERVATÓRIO DA PCH BRECHA, EM ESTABILIZAÇÃO. .....................................................................................35

FIGURA 5-6 - MOVIMENTOS DE MASSA EM TALUDES DE CORTE E ATERRO, NA MARGEM DIREITA DO RESERVATÓRIO. ...........................................................................................................35

FIGURA 5-7 - PRESENÇA SOLAPAMENTO NA MARGEM DIREITA DO RESERVATÓRIO PROVOCADO PELO EMBATE DE ONDAS (MAROLAS – ESPORTES NÁUTICOS E DEPLEÇÃO DO RESERVATÓRIO) 35

FIGURA 5-8 - PRESENÇA SOLAPAMENTO NA MARGEM DIREITA DO RESERVATÓRIO PROVOCADO PELO EMBATE DE ONDAS (MAROLAS – ESPORTES NÁUTICOS E DEPLEÇÃO DO RESERVATÓRIO) 35

FIGURA 5-9 – PROCESSO EROSIVO OCASIONADO PELA PASSAGEM DE CHEIAS E REBAIXAMENTO RÁPIDO DO RESERVATÓRIO PARA O CONTROLE DE CHEIAS. ..................................................36

FIGURA 5-10 – MOVIMENTOS DE MASSA IDENTIFICADOS A JUSANTE DA BARRAGEM DA PCH BRECHA, OCASIONADO PELA PASSAGEM DAS CHEIAS. ..........................................................36

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FIGURA 5-11 – USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA PCH BRECHA, COM PRESENÇA DE REMANESCENTES FLORESTAIS EXPRESSIVOS, PASTAGEM E SILVICULTURA. ........................................................................................................................................38

FIGURA 6-1 - ZONEAMENTO AMBIENTAL PROPOSTO NO ÂMBITO DO PACUERA DA PCH BRECHA. ........................................................................................................................................58

FIGURA 6-2 - ZONEAMENTO AMBIENTAL DO PACUERA DA PCH BRECHA .............................60

FIGURA 7-1 – MAPA DE CAMINHAMENTO DE CAMPO ............................................................69

FIGURA 7-2 – REGISTRO FOTOGRÁFICO DA VISITA PARA REALIZAÇÃO DA APRESENTAÇÃO E RECOLHIMENTO DE SUGESTÕES EM RELAÇÃO AO PACUERA ................................................73

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LISTAGEM DE TABELAS

TABELA 1-1 – INFORMAÇÕES DO REQUERENTE. ..................................................................... I

TABELA 1-2 – INFORMAÇÃO DA EMPRESA DE CONSULTORIA. .................................................. I

TABELA 1-3 - EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PACUERA DA PCH BRECHA. ............................................................................................................................. II

TABELA 2-1 – DETERMINAÇÃO DA INTENSIDADE ADEQUADA PARA EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA. ........................................................................................................................................14

TABELA 2-2 – ZONAS DE CONSERVAÇÃO E USO DO SOLO NO ENTORNO DO PCH BRECHA. ...16

TABELA 4-1 – LOCALIZAÇÃO SEÇÕES UTILIZADAS NOS ESTUDOS FRENTE A PCH BRECHA .....29

TABELA 4-2 – LINHAS D’ÁGUA PARA CONDIÇÕES NATURAL E COM BARRAMENTO ...................30

TABELA 7-1 – IDENTIFICAÇÃO DOS MORADORES ENTREVISTADOS ........................................67

TABELA 8-1 – CÓDIGO DE USO DO PACUERA DA PCH BRECHA. ........................................75

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1 - INTRODUÇÃO

O relatório técnico ora apresentado constitui documento que consolida a proposta de Plano de Conservação e Uso do Entorno de Reservatórios Artificial (PACUERA) da PCH Brecha desenvolvido pela Novelis do Brasil S.A. com vistas a subsidiar as discussões publicas necessárias a sua consecução. Vale registrar, que o PACUERA, instituído pela Resolução CONAMA 302/2002, é o instrumento legal considerado elementar para harmonizar a finalidade de uso para a qual o reservatório foi formado (geração de energia elétrica) com os múltiplos usos da água desenvolvidos e/ou pretendidos, bem como com o uso e a ocupação antrópica de seu entorno, sobretudo de suas margens, de forma a promover a convivência harmônica e ambientalmente sustentável entre as diversas atividades produtivas e formas de ocupação do território desenvolvidas em sua região de inserção.

No caso do PACUERA da PCH Brecha, sua área abrangência contempla todo o entorno imediato de seu reservatório, que abarca o corpo de água e as vertentes que drenam diretamente para o mesmo, e parte do trecho de vazão reduzida (TVR) próximo ao eixo do barramento (cerca de 200 m). Essa porção do TVR foi incluído somente por se constituir área de segurança da PCH Brecha e que deve ser alvo de regulamentação especifica e restrição de acesso.

Neste contexto, a proposta de PACUERA da PCH Brecha constitui uma importante ferramenta de gestão ambiental para a orientação e reorientação dos usos de seu reservatório e da ocupação de suas áreas marginais, possibilitando compatibilizar o aproveitamento das potencialidades existentes ou criadas pela continua operação da PCH Brecha (mais de 50 anos), com a conservação dos recursos naturais.

A atratividade exercida por reservatórios, inclusive de empreendimentos hidrelétricos como é o caso da PCH Brecha, tem implicado na maioria das vezes em ocupação e uso desordenado não só desses ambientes como também de todo seu entorno, principalmente suas margens. Diante disso, a conservação e o uso do entorno de reservatórios passaram a ser uma preocupação de todos e, principalmente, das empresas geradoras de energia elétrica, na medida em que influenciam diretamente na qualidade ambiental de sua região de inserção e na vida útil desses empreendimentos.

Vale registrar, no caso da PCH Brecha, que seu reservatório tem agregado oportunidades de desenvolvimento de atividades produtivas, com particular destaque a extração de areia e ao lazer (pesca e esportes náuticos). No entanto, tanto a geração de energia quanto essas atividades produtivas devem ser desenvolvidas com qualidade e responsabilidade, de modo a permitir seu convívio seguro, inclusive com outras formas de exploração produtiva e ocupação estabelecidas nas propriedades localizadas no entorno de seu reservatório.

Portanto, a proposta de PACUERA ora apresentada visa indicar diretrizes para conservação e uso do entorno de seu reservatório, observando a conciliação dos interesses de preservação ambiental com a manutenção e melhoria das relações e formas de exploração recursos naturais, de acordo com os níveis de qualidade ambiental exigidos

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pela legislação ambiental e em cumprimento ao estabelecido na Resolução CONAMA nº 302 de março de 2002.

Cabe ressaltar que, desde 07/03/2017, vigora no estado de Minas Gerais a Instrução de Serviço Sisema 01/2017 que versa sobre os Procedimentos para Formalização e Análise de PACUERA no âmbito do Licenciamento Ambiental (Anexo II). Em seu item 3.5 (Consulta Pública do Pacuera) é colocado que:

“Avaliando-se as peculiaridades do empreendimento, a critério do empreendedor, poderá ser realizada consulta pública em reunião presencial no município de implantação do empreendimento, para apresentação do PACUERA e disponibilização dos formulários de consulta para análise e manifestação dos interessados. Nesse caso, os custos referentes à divulgação e realização da consulta pública presencial correrão por conta do empreendedor” (grifo nosso).

Ainda no âmbito da referida Instrução de Serviço 01/2017, em seu item 6:

“O PACUERA apresentado à SUPRAM, na forma desse TR será disponibilizado para consulta pública por meio do site institucional da SEMAD”.

Sendo assim, a consulta pública deste PACUERA será feita através do sítio eletrônico da SEMAD em data a ser divulgada pela própria SUPRAM e pelo empreendedor através de veículos de comunicações da região do empreendimento.

2 - METODOLOGIA GERAL

O estudo ora realizado contemplou a consolidação das informações socioambientais constantes do Relatório de Controle Ambiental (RCA) da PCH Brecha (NOVELIS, 2011) com vistas a determinar as características ambientais e a dinâmica de uso e ocupação prevalecente no entorno de seu reservatório. A partir desse levantamento preliminar foi procedido o trabalho de campo, a fim de confirmar as informações relevantes, sobretudo para o mapeamento do uso e ocupação do solo, que constitui base para o zoneamento ambiental proposto.

Além da atualização do mapeamento de uso e ocupação do solo, foi realizada visita às propriedades lindeiras ao reservatório a fim de detectar a relação das famílias com o reservatório (usos), bem como os inconvenientes ocasionados pela sua existência (ex: ocorrência de cheias, erosão de margens, etc.). Posteriormente, promoveu-se a visita à Secretaria Municipal de Meio Ambiente para verificação de normas legais estabelecidas pela municipalidade e que possam interagir com a normatização proposta para uso do reservatório e seu entorno.

Por fim, o poder público e os proprietários do entorno do reservatório foram revisitados para a apresentação do zoneamento preliminar do PACUERA, bem como para tomada de sugestões, críticas e percepções que pudessem contribuir para a complementação e a consolidação do documento final.

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Nesse contexto, o zoneamento ambiental em proposição pode ser definido como uma divisão de determinada área geográfica em setores, identificando quais os usos são mais adequados, considerando a harmonização entre as atividades antrópicas e a conservação ambiental dos ecossistemas aquáticos e terrestres. No caso da elaboração do PACUERA da PCH Brecha, o zoneamento ambiental deverá atuar como um instrumento que visa orientar espacialmente o uso da água no reservatório e o uso do solo no seu entorno, sobretudo na futura faixa de APP, permitindo identificar, analisar e prevenir as interferências ambientais que poderão vir a comprometer a qualidade ambiental desses ambientes.

O zoneamento ambiental preliminar apresentado no PCA e atualizado nesse documento contempla uma proposta técnica baseada em características dos potenciais usos da água no reservatório, bem como das características físicas do seu entorno e seu uso atual do solo, além das restrições legalmente estabelecidas quer seja para o corpo hídrico quer seja para os ambientes terrestres. Considera-se, nesse contexto, que as zonas definidas neste documento devem ser utilizadas como base para a gestão territorial do entorno do reservatório da PCH Brecha, envolvendo assim, a comunidade interessada e os órgãos públicos.

Considerando que dinâmica de uso e ocupação do solo nas vertentes que drenam para o reservatório da PCH Brecha terão influência direta na qualidade ambiental desse corpo hídrico, o PACUERA da PCH Brecha adotou como área a ser objeto do zoneamento parte da ADAE definida no Relatório de Controle Ambiental, tendo sido utilizadas as seguintes informações:

• Imagem de satélite (Google Earth); • Mapa de Declividade; • Mapa de Áreas de Preservação Permanente; • Mapa de Uso e Ocupação do solo e Cobertura Vegetal; e • Mapa de Pedologia.

A declividade foi gerada a partir da imagem do radar ASTER – Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer articulação S21W43. A partir dessa imagem foi elaborado um Modelo Digital de Elevação – MDE. Posteriormente neste modelo, foi utilizado um algoritmo para modelagem da declividade em graus, classificado em intervalos de 0 a 8º, 8 a 20º, 20 a 45º e maior que 45º. Cabe salientar, que esses intervalos de classe de declividade foram adotados com base no “Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras” elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da EMBRAPA (EMBRAPA/CNPS, 1994), uma vez que o reservatório da PCH Brecha está localizado em área rural do município de Guaraciaba, onde prevalece os usos agropecuários.

Considerando que a manutenção de florestas em áreas de APP é uma diretriz legal, o mapeamento das APPs foi revisado partindo da avaliação da Legislação Ambiental atual, estabelecida pela Lei Federal 12.651, de 25 de maio de 2012, onde no Capítulo II, Seção I – Artigo 4º são apresentadas as classes de APP.

No contexto da PCH Brecha, as classes de APP podem ser individualizadas da seguinte forma: de curso de água, de encosta e de topo de morro. Para delimitação das APPs de

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curso de água foi considerada a largura dos rios e córregos onde a definição da faixa de APP variou conforme largura descrita no Parágrafo I, do Art. 4º da referida Lei, a saber:

“I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).

a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;

b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;

c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;

d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;

e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;”.

A única exceção foi adotada no trecho do rio Piranga correspondente ao reservatório da PCH-Brecha, onde a extensão da faixa de APP recomendada no Art. 62º da Lei Federal 12651/2012, é a seguinte:

“Para os reservatórios artificiais de água destinados a geração de energia ou abastecimento público que foram registrados ou tiveram seus contratos de concessão ou autorização assinados anteriormente à Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, a faixa da Área de Preservação Permanente será a distância entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum” (Grifos nosso).

No caso da PCH, Brecha que se encontra em operação a mais de 50 anos, a legislação ambiental estabelecer que a faixa de APP do reservatório deve ser equivalente a extensão das margens posicionadas entre as cotas El. 529,27 m e 532, 70 m, níveis de água máximo normal (N.AMáx.Normal) e máximo maximorum (N.A.Máx.Maximorum). Contudo, é recomendável uma avaliação mais pormenorizada sobre a definição dos limites de APP e dos usos consolidados admitidos nessa faixa, posto que atualmente já existem 5 habitações nessa faixa de terras, sendo que em outras propriedades rurais essa faixa de terras é ocupada com atividades produtivas, quer seja de subsistência ou não.

O mapeamento das APPs nas áreas de encosta foi gerado com base no mapa de declividade, onde as áreas com inclinação superior a 45º foram isoladas e classificadas como APPs de encosta. O mapeamento das APPs de topo de morro seguiu a interpretação da Lei Federal já mencionada, que estabeleceu em seu Inciso IX, do Art. 4º que:

“no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;”

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A APP de topo de morro foi materializada com base na metodologia desenvolvida por Peluzio et al. (2010), utilizando o software Arc Gis e o mapeamento de declividade gerado previamente para o entorno do reservatório da PCH Brecha.

A partir daí, foi procedida a análise geoespacial dos diversos elementos (layers) descritos anteriormente elencados como condicionantes ambientais para a definição das classes de uso necessárias ao zoneamento do entorno do reservatório das PCH Brecha. Para a definição das camadas foram consideradas as características da região de inserção do reservatório, que se trata de uma área exclusivamente rural onde a pecuária mista e extensiva, desenvolvida de forma rudimentar, constitui principal atividade/forma de ocupação, sendo observado localmente em alguns trechos a ocupação com sítios voltados para o lazer. O processo de obtenção do zoneamento é apresentado na Figura 2-1.

Figura 2-1 – Etapas do Zoneamento ambiental do entorno do reservatório da PCH Brecha.

O primeiro passo para o zoneamento ambiental consistiu na escolha das variáveis ambientais, que condicionam as fragilidades e potencialidades do entorno do reservatório. Assim, foram definidas as seguintes condicionantes ambientais: relevo (através da declividade), solos, uso do solo e cobertura vegetal e áreas de preservação permanente. O relevo e as características dos solos foram escolhidos em função de constituírem fatores ambientais determinantes para a avaliação da vulnerabilidade erosiva de uma determinada área, como também por refletirem em certa medida sua aptidão agrícola.

Já o mapeamento do uso, ocupação do solo e cobertura vegetal foi adotado a fim de caracterizar as atividades e formas de ocupação atuais, bem como localizar os remanescentes florestais nativos identificados no entorno do reservatório. A correlação dos remanescentes florestais nativos, constantes no mapa atualizado de uso e ocupação do solo, com o layer de APPs, gerado a partir das definições da Lei Federal 12.651/2012 e da Lei Estadual 20.922/2013, permite a verificação do status de conservação das áreas legalmente protegidas, bem como orientar o PACUERA sobre os trechos que devem ser recuperados.

Após a definição das variáveis procedeu-se o mapeamento do potencial/aptidão do entorno do reservatório da PCH Brecha para a exploração agropecuária, a partir do cruzamento da

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declividade com as classes de solo, conforme pode ser observado na matriz de interação a seguir:

Tabela 2-1 – Determinação da intensidade adequada para exploração agropecuária.

Declividade Solos

Latossolo Vermelho

Latossolo Vermelho-amarelo

Argissolo Vermelho-amarelo

Cambissolo Háplico

0-8º Uso Intensivo Uso Intensivo Uso Intensivo Uso intensivo 8-20º Uso Intensivo Uso Intensivo Uso Extensivo Uso restrito 20-45º Uso Extensivo Uso Extensivo Uso Restrito Uso restrito

Acima 45º - - - - Nota: Não foram consideradas declividades acima de 45°, por ser considerado APP.

Esse cruzamento resultou nas seguintes formas de exploração agropecuária proposta para o entorno do reservatório da PCH Brecha:

− Uso intensivo: baixa propensão/vulnerabilidade a ocorrência de processos erosivos e boa capacidade de suporte para o desenvolvimento de atividades agropecuárias;

− Uso extensivo: média propensão/vulnerabilidade a ocorrência de processos erosivos e capacidade mediana de suporte à exploração da atividade agrícola;

− Uso restrito: alta propensão/vulnerabilidade à ocorrência de processos erosivos e restrições ao aproveitamento agrícola

Já o mapeamento como o cruzamento do uso do solo e cobertura vegetal com as áreas de APPs, legalmente estabelecidas, permitiu verificar os locais preservados em acordo com as exigências legais, bem como onde será necessário algum esforço para recuperação, principalmente da margem do reservatório cuja responsabilidade será da Novelis. Com isso são obtidas superfícies dentro e fora de APP, com e sem cobertura vegetal, agrupadas nas seguintes classes:

− Área sem cobertura vegetal fora da APP; − Área com cobertura vegetal fora da APP; − APP do reservatório sem cobertura vegetal nativa; − APP do reservatório com cobertura vegetal nativa; − APP da área de entorno sem cobertura vegetal; − APP da área de entorno sem cobertura vegetal.

A partir desse mapeamento foi possível identificar e delimitar os polígonos no entorno do reservatório da PCH Brecha onde: a APP deve ser conservada (APPs com cobertura vegetal nativa); onde ela será recuperada pelo empreendedor (APP do reservatório sem cobertura vegetal nativa); e, onde os proprietários do entorno serão incentivados a recuperá-la (APP da área de entorno sem cobertura vegetal). Além disso, foi possível verificar os demais remanescentes de formações florestais na área de entorno, que, este estudo defende no mínimo o incentivo a sua permanência/conservação.

O zoneamento representado de forma esquemática na Figura 2-2 é obtido a partir do cruzamento espacial dos mapas de potencial/aptidão do entorno do reservatório para a exploração agropecuária com o de remanescentes florestais e de APPs. Vale registrar, que os cruzamentos foram definidos de acordo com o consenso técnico acerca do papel que cada aspecto ambiental representa no conjunto de variáveis, com vistas a delimitar usos

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adequados para os terrenos no entorno do reservatório, considerando a manutenção de sua estabilidade, a preservação da fauna, da flora e dos recursos hídricos. Os cálculos deste modelo foram realizados por técnicas de geoprocessamento, que registram e redefinem limites para temas relevantes dos mapeamentos.

Figura 2-2 – Análise geoespacial para obtenção do zoneamento

Ressalta-se que os limites espaciais da informação do mapa de remanescentes florestais e de APPs se sobrepõe ao mapa de potencial/aptidão para exploração agropecuária, uma vez que o primeiro contempla aspectos legais e foi adotado no presente cruzamento como diretrizes para se incentivar a conservação de toda a vegetação florestal remanescente no entorno do reservatório da PCH Brecha. Na Tabela 2-2 podem ser verificadas as zonas mapeadas, que podem ser agrupadas em três Unidades Ambientais Homogêneas (UAHs), a saber: UAHs preferenciais para conservação (Zn2 e Zn4), UAHs preferenciais para recuperação (Zn1 e Zn3) e UAHs preferenciais com Função Socioeconômica (Zn5, Zn6 e Zn7).

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Tabela 2-2 – Zonas de Conservação e Uso do Solo no entorno do PCH Brecha.

Intensidade de Uso

Status de Conservação e de Uso do Solo

APP do reservatório

sem cobertura

vegetal

APP do reservatório

com cobertura

vegetal

APP do entorno

sem cobertura

vegetal

APP do entorno

com cobertura

vegetal

Áreas sem

cobertura Vegetal fora de

APP

Área com cobertura

vegetal fora de

APP

Intensivo Zn1 Zn2 Zn3 Zn4 Zn5 Zn4

Extensivo Zn1 Zn2 Zn3 Zn4 Zn6 Zn4

Restrito Zn1 Zn2 Zn3 Zn4 Zn7 Zn4

Legenda

Zonas de Conservação Zonas de Recuperação Zonas de Função Social A descrição individualizada de cada UAH prevista nesta proposta está apresentada logo a seguir:

− Zona de Recomposição Florestal (ZN1): compreende as áreas de recuperação da APP no entorno do reservatório, nas quais o empreendedor poderá realizar a recomposição florestal. Vale registrar, que a Lei Estadual nº 20.922/2013 e a Resolução CONAMA 425/2010, dispõe sobre os usos permitidos/tolerados nessa faixa de APP.

− Zona de Conservação (ZN2): a delimitação desta zona compreende as áreas isentas de atividades antrópicas voltadas para a proteção de mananciais e vertentes, bem como, para a proteção dos habitats e da fauna associada. É representada pelas áreas atualmente cobertas pelos remanescentes das florestas em áreas de APP no entorno da PCH Brecha. Esta zona abrange as áreas que deverão ser mantidas preservadas, em função de sua importância na manutenção do ecossistema.

− Zona de incentivo a Recuperação (ZN3): compreendem áreas mais abertas, desprovidas das formações florestais originais, que tenham sido exploradas de forma paulatina ou ininterrupta e que por suas características, também, se enquadram como Áreas de Preservação Permanente.

− Zona de Incentivo a Conservação (ZN4): compreendem áreas ocupadas por formações florestais, não caracterizadas como áreas protegidas e nas quais o uso potencial possuiu diferentes classes.

− Zona de Capacidade de Uso intensivo (ZN5): abrangem áreas em que as tipologias de solo e a declividade dos terrenos indicam propensão baixa a atuação de processos erosivos e boa capacidade ao suporte da atividade agrícola.

− Zona de Capacidade de Uso Extensivo (ZN6): abrangem áreas em que as tipologias de solo e a declividade dos terrenos indicam propensão mediana a atuação de processos erosivos e capacidade mediana ao suporte da atividade agrícola.

− Zona de Capacidade de Uso Restrito (ZN7): abrangem áreas em que as tipologias de solo e a declividade dos terrenos indicam propensão alta a atuação de processos erosivos e restrições ao aproveitamento agrícola.

Além do zoneamento do entorno do reservatório da PCH Brecha, seu corpo de água também foi normatizado, tendo sido procedida a análise da legislação ambiental para a definição das áreas de segurança e de uso do reservatório.

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3 - LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A PCH Brecha está localizada no rio Piranga pertencente à bacia hidrográfica do rio Doce, em seu trecho de alto curso, no município de Guaraciaba, estado de Minas Gerais. O município mineiro de Guaraciaba está inserido na mesorregião da Zona da Mata e na microrregião de Ponte Nova (Figura 3-1).

Sobre o acesso, partindo da área urbana de Guaraciaba, a PCH Brecha dista 12 km a leste da sede municipal e a aproximadamente 35 km da cidade de Ponte Nova. O eixo do barramento localiza-se na seção fluvial de coordenadas UTM aproximadas E 712.739 e N 7.726.852, fuso 23 S, datum SAD-69, abrangendo uma área de drenagem de 5.717 km².

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Figura 3-1 - Localização da PCH Brecha

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4 - CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Antes de proceder à caracterização das diversas estruturas da PCH Brecha, cabe salientar que essa usina foi construída entre os anos de 1957 e 1958, sendo que sua operação comercial iniciou em 1958, conforme registrado pela Novelis (2011). Ou seja, esse empreendimento encontra-se em operação ininterrupta a aproximadamente 56 anos.

4.1 - ARRANJO GERAL

O arranjo geral da PCH Brecha caracteriza-se por ser do tipo “não compacto” ou de desvio, cuja casa de força encontra-se afastada da barragem, sendo a restituição da vazão turbinada realizada a cerca de 6 km do eixo do barramento. Esse arranjo permiti o aproveitamento de uma queda superior a 20 metros, reduzindo expressivamente as dimensões do reservatório (Figura 4-1).

Configura-se assim, a partir do barramento principal, o reservatório com seu Nível de Água Máximo Normal (N.A.Máx. Normal) na El. 529,271m, conformando uma área de inundação de aproximadamente 108,0 ha (1,08 km²) e um volume útil de armazenamento de 2,41 x 106 m³.

1 As elevações apresentadas correspondem ao datum vertical Alcan, adotado para fins operacionais da PCH brecha. Em relação ao datum do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essas elevações diferenciam-se em 19,00 m. assim, o NA Máx. Normal do Reservatório correspondente ao datum IBGE é igual à El. 548,27 m.

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Figura 4-1 – Visualização do Arranjo Geral da PCH Brecha.

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4.2 - BARRAGEM PRINCIPAL E VERTEDOURO

A Barragem Principal da PCH Brecha, com crista na El. 533,00 m é constituída por um maciço em concreto, do tipo gravidade, com 21,00 m de altura máxima, ao nível da fundação, e 156,50 m de extensão total. Sobre a crista da barragem foi projetada uma passarela que permite a interligação entre as margens.

Na parte central do barramento, praticamente ao longo da calha menor do rio Piranga foi implantada a estrutura vertente de superfície, constituída de quatro vãos retangulares, cada um com 18,00 m de comprimento útil e altura de 6,60 m, cujas soleiras situam-se na El. 529,29 m. O controle de vazão do Vertedouro é feito por comportas segmento, acionadas por mecanismos eletromecânicos a partir de painel de controle localizado junto à ombreira esquerda da barragem.

Fonte: RCA da PCH Brecha (NOVELIS, 2011).

Figura 4-2 - Vista frontal da Barragem Principal

A vazão de projeto do vertedouro da PCH Brecha equivale a 2.202 m³/s (TR – 1.000 anos), sendo que a dissipação de energia se dá no leito rochoso do rio Piranga imediatamente a jusante da barragem. Junto à ombreira direita da barragem foi implantado um dispositivo para transposição de peixes (escada), cuja manutenção da vazão residual é realizada a partir de uma comporta vagão que mantém uma vazão ininterrupta da ordem de 250 l/s.

A Figura 4-3 apresenta a curva de descarga de um vão do Vertedouro para diferentes aberturas (altura “a” em relação à elevação da soleira) da comporta, observando-se que para a abertura máxima, igual à altura do vão vertente, a vazão escoada pelo vão é da ordem de 580 m³/s. Vale ainda observar que o controle das comportas é feito individualmente, permitindo o seu acionamento de forma totalmente controlada, com vistas, inclusive, a minimizar impactos negativos a jusante como, por exemplo, acirramento ou

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instalação de processos erosivos nas margens, imediatamente a jusante da Barragem Principal, e que podem ser derivados do direcionamento do fluxo efluente pelo Vertedouro, associado à velocidade das águas.

Fonte: RCA da PCH Brecha (NOVELIS, 2011).

Figura 4-3 – Curva de descarga do vertedouro

Com relação às condições de fundação da estrutura do barramento principal, vale destacar que a PCH Brecha encontra-se implantada numa região caracterizada estratigraficamente pelo contato entre rochas de natureza granito-gnáissica, pertinentes ao Complexo Mantiqueira, e xistosa (micaxisto), constituintes do Grupo Dom Silvério, ambas de idade pré-cambriana.

Localmente ocorrem, no leito do rio, rochas de natureza gnáissico-xistosas de aspecto maciço, sãs a pouco decompostas, muito consistentes a consistentes e medianamente a pouco fraturadas. Lado outro, nas encostas o maciço rochoso apresenta-se decomposto e pouco consistente, principalmente nas zonas de transição entre o saprolito e a rocha sã. A xistosidade orienta-se na direção subhorizontal, com mergulho para montante, mostrando-se com inclinação suave no leito do rio e na margem esquerda, e um pouco mais pronunciada na margem direita. As juntas de alívio de tensões constituem as principais descontinuidades observadas, apresentando-se subhorizontais e parcialmente abertas nos planos de xistosidade. As figuras apresentadas, a seguir, permitem visualizar a barragem principal e demais estruturas hidráulicas acopladas (Figura 4-4, Figura 4-5, Figura 4-6 e Figura 4-7.

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Figura 4-4 – Vista frontal da Barragem Principal com

os 4 vãos vertentes com comportas do tipo segmento.

Fonte: RCA da PCH Brecha (NOVELIS, 2011).

Figura 4-5 – Vista, a partir da ombreira direita, da Barragem Principal e de vão do Vertedouro com

comporta fechada (Q27/01/10 – de 20 m³/s). Fonte: RCA da PCH Brecha (NOVELIS, 2011).

Figura 4-6 – Vista de montante do barramento

principal, a partir da ombreira esquerda, (passarela sobre a crista da barragem interliga as duas margens)

Fonte: RCA da PCH Brecha (NOVELIS, 2011).

Figura 4-7 – Vista de um dos vãos do

Vertedouro, a partir da ombreira esquerda do barramento. Notar, junto à ombreira direita, dispositivo de transposição de peixes em

operação na PCH Brecha Fonte: RCA da PCH Brecha (NOVELIS, 2011).

Conforme exposto anteriormente, o sistema de transposição de peixes em operação na PCH Brecha – do tipo escada – está implantado na ombreira direita do barramento principal, sendo construída em concreto armado, composta por 15 degraus e possuindo cerca de 51,00 m de comprimento e 14,00 m de altura. Os degraus têm altura de 0,50 m, largura de 1,50 m e comprimento variando entre 2,00 m (degrau inferior) e 8,00 m (degrau superior), sendo o nono degrau de forma circular, com 4,50 m de diâmetro. O desnível médio entre um degrau e outro é de 0,70 m2.

4.3 - CIRCUITO HIDRÁULICO DE ADUÇÃO E GERAÇÃO

A tomada de Água da PCH Brecha encontra-se localizada junto à barragem secundária na margem esquerda do reservatório da PCH Brecha. Constituída por um maciço de concreto do tipo gravidade, com altura máxima de 17,00 m e extensão aproximada de 115,00 m, a

2 AS INFORMAÇÕES REFERENTES À ESCADA DE PEIXES DA PCH BRECHA FORAM OBTIDAS A PARTIR DO DOCUMENTO “AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA ESCADA DE PEIXES DA USINA HIDRELÉTRICA DA BRECHA, GUARACIABA – MG – RELATÓRIO FINAL”. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV)/FUNDAÇÃO ARTHUR BERNARDES. ABRIL 1997.

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barragem secundária está ladeada por subestações da CEMIG e da Novelis, a ser objeto de abordagem mais à frente.

A estrutura da Tomada de Água é composta por dois vãos dotados de comportas do tipo vagão. Cada um dos vãos conta com grades metálicas visando dificultar a entrada de resíduos diversos no circuito de geração. A operação de limpeza é feita com frequência diária através do acionamento de dispositivos limpa-grades. A minimização do aporte de detritos ao circuito adutor e gerador é feita também através de um cabo flutuante localizado no reservatório próximo à entrada da Tomada de Água, de forma a procurar afastar os resíduos da região de aproximação de seus vãos. A Figura 4-8 até Figura 4-11 ilustram os aspectos supra referenciados.

Figura 4-8 - Vista, a partir da crista da Barragem

Principal, da entrada do circuito de adução (Tomada de Água).

Figura 4-9 - Detalhe da entrada do circuito de

adução (Tomada de Água). Notar cabo flutuante visando afastar a aproximação de resíduos

Figura 4-10 - Máquina limpa-grade sendo acionada para limpeza da grade de proteção de um dos vãos

da Tomada de Água

Figura 4-11 - Máquina limpa-grade em operação

Conforme pode ser observado no esquema constante da Figura 4-9 o fluxo de água que aduz à Tomada de Água é conduzido à Casa de Força, e mais especificamente à turbina, através de um conduto forçado de seção retangular (11,80 x 9,40 m), construído em concreto armado, com extensão de 36,00 m.

Por sua vez, a Casa de Força constitui uma edificação do tipo abrigada, composta por estrutura de concreto com fechamento em alvenaria convencional, assentada em rocha.

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Em seu corpo principal estão localizados os compartimentos que abrigam os sistemas de operação da usina e em seu corpo adjacente funciona uma estrutura de apoio e manutenção, contando com uma oficina eletromecânica e um depósito de óleos e lubrificantes.

A Casa de Força abriga um único conjunto constituído por uma turbina e um gerador com potência instalada de 12,4 MW. A turbina, fabricada na Suécia, é do tipo Kaplan com eixo vertical, com as seguintes características: potência de 20.000 HP; rotação de 180 rpm; queda nominal de 20,50 m; e vazão máxima de engolimento de 96 m3/s. O gerador, fabricado pela Asea Brown Boveri, é do tipo síncrono trifásico com 40 polos e as seguintes características: potência nominal de 15.500 kVA; frequência de 60 Hz; e fator de potência igual a 0,80.

A Casa de Força conta com uma ponte rolante com a função de movimentar os componentes da turbina, gerador e demais equipamentos durante as operações de manutenção em que for solicitada.

Além da Figura 4-12, as Figura 4-13 a Figura 4-20 apresentam detalhes dos componentes do circuito adutor e gerador da PCH Brecha.

Figura 4-12 – Perfil ilustrativo do circuito adutor e gerador da PCH Brecha

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Figura 4-13 – Vista da Casa de Força da PCH

Brecha, notando-se, em primeiro plano, a oficina de manutenção de equipamentos

Figura 4-14 - Vista de jusante da Casa de Força, em primeiro plano, subestação da PCH Brecha

Figura 4-15 – Vista de montante da Casa de Força

a partir da crista da Tomada de Água

Figura 4-16 – Vista frontal da oficina de

manutenção de equipamentos e, à direita, galpão de armazenamento de óleos e combustíveis

Figura 4-17 – Vista de jusante da Casa de Força,

observando-se o Canal de Fuga

Figura 4-18 - Vista do gerador, observando-se dois

dos três níveis que compõem a Casa de Força

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Figura 4-19 – Vista da Barragem Secundária, observando-se,

em sua crista, a subestação da Cemig

Figura 4-20 – Vista de jusante da Barragem Secundária (ao fundo). Notar o acesso à galeria de injeção e drenagem

4.4 - SUBESTAÇÃO E SISTEMA DE TRANSMISSÃO

A Subestação (SE) elevatória de Brecha, localizada próxima à Casa de Força e sobrejacente ao Canal de Fuga é responsável por transmitir toda a energia gerada na PCH Brecha e também aquela gerada na PCH Brito, em operação também no rio Piranga desde 1952, de propriedade da Novelis. Essa subestação é interligada com a rede da CEMIG e, quando solicitado pela mesma, a Novelis transfere a energia dessas duas usinas a Zona da Mata (Figura 4-21 e Figura 4-22).

A SE elevadora e seccionadora em tela é do tipo convencional, com uma saída de Linha de Transmissão (LT) atendendo à interligação com o sistema elétrico da Novelis. O transformador elevador eleva a tensão de geração (6,9 kV) para a tensão de transmissão (69 kV).

Na SE de Brecha encontram-se os seguintes equipamentos: um disjuntor imerso em pequeno volume de óleo, chaves seccionadoras pneumáticas tipo de acionamento local; Transformadores de Corrente e Transformadores de Potencial para monitoramento e proteção dessa subestação; e um Transformador Elevador.

A SE da CEMIG está localizada lateralmente à Barragem Secundária apresenta como única interface com a PCH Brecha, a sua situação geográfica, sendo exclusivamente operada pela CEMIG e sem qualquer interferência da Novelis.

Observa-se que o sistema de transmissão associado é composto por uma única LT em 69 kV, a denominada LT Brecha – Saramenha.

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Figura 4-21 - Vista da SE da Brecha, localizada

junto à Casa de Força Fonte: FERREIRA ROCHA, 2014

Figura 4-22 - LT Brecha – Saramenha

Fonte: FERREIRA ROCHA, 2014

4.5 - RESERVATÓRIO

Em 2002, foram desenvolvidos estudos de remanso para o reservatório da usina hidrelétrica de Brecha, localizada no rio Piranga, no município de Guaraciaba (Minas Gerais), com o objetivo de determinar o final do reservatório da PCH Brecha e seu estágio de assoreamento. Como dados básicos foram utilizadas 19 seções topobatimétricas apresentadas no “Relatório Técnico do Levantamento Topobatimétrico do Reservatório da UHE Brecha”, elaborado pela ERG Engenharia em setembro de 2002, bem como outras disponíveis levantadas em 1957 (HIDROJALES, 1994), 1989 (URBAL & CNEC,1989) e 1997 (MARCOS LOPES, 1997), que permitiram a avaliação da evolução de seu assoreamento (Figura 4-23).

De acordo com a ALCAN (2002), o reservatório da PCH da Brecha vem sofrendo ao longo dos anos um processo de assoreamento, tendo praticamente esgotado sua capacidade original de reserva de água. O esgotamento da capacidade de retenção de sedimentos foi comprovado por estudos hidráulicos realizados em 1997, que demonstrou menor quantidade de sedimentos retidos do que em 1989 e, conseqüentemente, também maior volume de acumulação. Ou seja, já em 1989 o reservatório da PCH Brecha estava completamente assoreado, acontecendo variações pouco expressivas em seu volume de acumulação, devido ao deslocamento dos depósitos de sedimento ao longo do reservatório.

Além disso, esse estudo (ALCAN, 2002) indicou que a PCH Brecha, com volume da ordem de 1.000.000 m³, devia operar a fio d’água, com capacidade apenas parcial de regularização diária. Nesse contexto, o reservatório conformado pelo barramento da PCH Brecha guarda as seguintes dimensões e características hidráulicas:

− N.A.Máx.Normal na El. 529,27 m e N.A.Mín.Normal na El. 528,70 m, resultando em uma depleção máxima de 0,57 m;

− N.A.Máx.Maximorum na El. 532,70 m; − Volume no N.A.Máx.Normal igual a 2,42 hm3, resultando em um volume útil igual a 0,55 hm3 e em

um volume morto igual a 1,87 hm3; e − Extensão de 9,7 km, conferindo uma área de inundação no N.A.Máx.Normal de 1,08 km2.

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Figura 4-23 – Vista do Reservatório Principal da PCH Brecha

Os estudos de remanso foram realizados utilizando-se a modelação matemática denominada “Standard Step Method”, com o programa HEC-RAS versão 4.0 Beta.

A Tabela 4-1 apresenta o nome das seções com as respectivas distâncias parciais e acumuladas a partir do local do eixo do barramento da PCH Brecha.

Tabela 4-1 – Localização seções utilizadas nos estudos frente a PCH Brecha

SEÇÃO DISTÂNCIA (m) HEC LEVANTAMENTO ENTRE SEÇÕES ACUMULADA

0 SB-00 0 0 65 SB-01 65 65 367 SB-03 302 367 962 SB-04 595 962

1.537 SB-05 574 1.537 2.474 SB-06 937 2.474 3.764 SB-07 1.290 3.764 4.319 SB-08 555 4.319 4.879 SB-09 561 4.879 6.019 SB-10 1.140 6.019 6.618 SB-11 599 6.618 7.296 SB-12 677 7.296 7.659 SB-13 363 7.659 8.580 SB-14 921 8.580 9.439 SB-15 859 9.439 10.115 SB-16 676 10.115 10.543 SB-17 428 10.543 11.117 SB-18 573 11.117 11.809 SB-19 692 11.809

O modelo foi calibrado por meio do ajuste da rugosidade representada pelo coeficiente de Manning para cada trecho entre as seções levantadas. Cabe ressaltar que o coeficiente de Manning obtido no ajuste representa, além da própria rugosidade, as perdas de carga por

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variação de geometria de fundo (declividade, largura e quedas concentradas). O coeficiente de Manning obtido na calibragem foi de 0,035 para todas as seções.

Para a avaliação dos efeitos de remanso no reservatório da PCH Brecha, é apresentado na Tabela 4-2 um comparativo de níveis d’água nas seções do levantamento para as vazões médias de longo termo (QMLT) e a correspondente ao período de retorno (TR) de 100 anos (QTR100), para a condição natural (sem barramento) e atual (com barramento).

Tabela 4-2 – Linhas d’água para condições natural e com barramento

SEÇÃO DISTÂNCIA

ACUMULADA (m)

QMLT QTR100 N.A. SEM

BARRAGEM (m)

N.A. COM BARRAGEM

(m)

N.A. SEM BARRAGEM

(m)

N.A. COM BARRAGEM

(m) SB-00 0 539,48 548,27 544,85 548,27 SB-01 65 542,08 548,27 546,48 548,56 SB-03 367 545,68 548,27 548,93 549,05 SB-04 962 546,34 548,28 549,84 549,89 SB-05 1.537 546,38 548,29 550,12 550,15 SB-06 2.474 546,41 548,3 550,80 550,82 SB-07 3.764 546,72 548,33 551,80 551,81 SB-08 4.319 546,97 548,36 551,93 551,95 SB-09 4.879 547,19 548,39 552,18 552,19 SB-10 6.019 547,31 548,43 552,68 552,69 SB-11 6.618 547,37 548,45 552,99 552,99 SB-12 7.296 547,55 548,5 553,40 553,41 SB-13 7.659 547,63 548,52 553,66 553,66 SB-14 8.580 547,87 548,6 553,92 553,93 SB-15 9.439 548,13 548,71 554,48 554,49 SB-16 10.115 548,47 548,85 555,04 555,04 SB-17 10.543 548,98 549,22 555,31 555,31 SB-18 11.117 549,05 549,27 555,42 555,43 SB-19 11.809 549,14 549,34 555,81 555,81

Para as condições naturais, os níveis de partida para os estudos foram obtidos a partir da curva-chave definida pela equação de Manning para o local do barramento. Para as condições atuais (com barramento), o nível de partida é o N.AMáx.Normal do reservatório. A Figura 4-24 apresenta respectivamente a comparação entre o perfil de linhas d’água para condição natural e considerando o barramento para QMLT e QTR100.

Dos resultados dos estudos de remanso conclui-se que os níveis d’água natural e com o reservatório da PCH Brecha são muito próximos para a vazão média de longo termo a partir da seção SB-17, onde já não há influência do remanso. Para a vazão com período de recorrência de 100 anos, os níveis são praticamente coincidentes ao longo de todo o reservatório. Ou seja, não há nenhuma influência do reservatório para essa vazão.

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O reservatório formado após a implantação da barragem da PCH Brecha, com seu nível normal na El. 548,27 m, tem extensão aproximada de 9,7 km. Essa distância resulta do encontro na vertical entre o perfil de linha d’água natural para a vazão média de longo termo e o nível do reservatório no máximo normal.

Figura 4-24 – Perfil de linha de água (Condição Natural x Com Barramento – QMLT e QTR100ANOS)

4.5.1 - Regra Operativa

De acordo com o RCA da PCH Brecha (NOVELIS, 2011), essa usina opera a fio de água com a finalidade de gerar energia para a planta industrial da Novelis, localizada em Saramenha, Ouro Preto. Como os registros de vazão transportadas no rio Piranga, no local onde está instalada a PCH Brecha, demonstra uma expressiva variação sazonal, de 30 m³/s a 1.068 m³/s, períodos secos e chuvoso respectivamente, fez-se necessária a adoção de procedimentos operacionais distintos, para cada situação.

Na primeira situação, durante o período de cheias (dezembro a abril), há necessidade de se operar com o nível de água do reservatório mais baixo, dependendo da vazão afluente, de modo a minimizar a influência da cheia em Guaraciaba. Nesta condição, cuidados especiais são adotados para não potencializar as cheias na cidade de Ponte Nova, sendo a abertura das comportas gradativa.

A outra situação está relacionada ao período seco (maio a novembro), onde devido a necessidade de garantir geração plena no horário de ponta (18:00h às 21:00h), modula-se diariamente o nível do lago durante três horas e recupera-se o nível do mesmo nas vinte e uma horas seguintes. Entretanto, como o reservatório está completamente assoreado, a capacidade de amortecimento de cheias e a variação diária do N.A do reservatório, durante o período seco, ficaram bastante reduzidas. Nesse último caso, essa variação não pode

538

540

542

544

546

548

550

552

554

556

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000

QMLT N.A. SEM BARRAGEM (m) QMLT N.A. COM BARRAGEM (m) Q(TR-100anos)-N.A sem Barragem Q(TR-100anos)-N.A com Barragem

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exceder 0,57m, pois impede a retomada do nível de água normal do reservatório, para geração a plena carga no período de ponta do dia seguinte.

Em linhas gerais a regra operativa do reservatório da PCH Brecha caracteriza-se por ser de regularização diária, visando à obtenção de maior benefício energético durante a operação da usina na hora de ponta. Os valores máximos e mínimos de vazões turbinadas durante a operação diária causam efeitos transitórios nos níveis de água do reservatório e ao longo do trecho a jusante da casa de força.

Destaca-se, entretanto, que a depleção máxima do reservatório é de 0,57 m ocorrendo predominantemente no período seco. Na maioria restante do tempo a variação do nível de água do reservatório é inferior a esse valor, sendo praticamente nulo no período chuvoso, exceto em condições excepcionais quando da passagem de cheias. Nessas condições, o nível de água do reservatório é rebaixado em mais de 2 metros em relação a seu N.A.Máx.Normal, a fim de minimizar os efeitos de possíveis inundações na sede urbana de Guaraciaba.

4.6 - INFLUENCIA DA OPERAÇÃO DA PCH BRECHA NO NÍVEL DE ÁGUA DO RIO PIRANGA A JUSANTE DESSE EMPREENDIMENTO

De acordo com a Novelis (2011) as avaliações da influência da operação energética da PCH Brecha nos níveis de água do rio Piranga, tanto para condições normais de operação quanto prevendo condição hipotética, mais crítica, compreenderam um trecho de aproximadamente 31 km, correspondente à jusante do aproveitamento até a barragem existente da PCH Brito.

Ainda de acordo com os estudos anteriores, concluiu-se que:

• As amplitudes de variações dos níveis de água diários no Canal de Fuga de Brecha, quando realizada a operação de Ponta, eram da ordem de 0,20 m a 0,50 m e, amortecidas em Ponte Nova para amplitudes entre 0,15 m a 0,30 m e com valor máximo de 0,41 m. Observou-se também que a não geração de ponta nos domingos repercute nos níveis de água em Ponte Nova nas segundas feiras e que ocorrem variações na geração durante os dias da semana.

• As variações dos níveis de água no período de estiagem, quando a operação de ponta acarreta as maiores amplitudes diárias, situam-se na calha principal do rio e não provocam extravasamentos.

• Os valores mínimos de vazões defluentes são centenas de vezes superiores a demanda de água identificada, enquanto as oscilações de níveis de água na operação de ponta estão totalmente contidas na calha menor do rio, não interferindo, portanto, com as propriedades ribeirinhas.

• A conclusão acima é reforçada pelo fato de não se ter obtido registro de nenhum tipo de reclamação, advinda da operação de ponta, ao longo do rio Piranga, no trecho de Brecha até a cidade de Ponte Nova.

5 - DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Este capítulo exibe, de forma sintética, um panorama ambiental do entorno da PCH Brecha com enfoque em temas específicos relacionados ao espaço geográfico e a sua dinâmica, o que auxiliará nas diretrizes para o zoneamento adequado dos terrenos de entorno e a

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definição dos usos da água do reservatório. Este panorama foi elaborado a partir das informações inseridas no Relatório de Controle Ambiental/Plano de Controle Ambiental – RCA/PCA (NOVELIS, 2011) da PCH Brecha.

Deste modo, de acordo com os estudos que integram o RCA/PCA (NOVELIS, 2011) da PCH Brecha, a área de inserção deste empreendimento está situada na sub-bacia do rio Piranga, a qual integra o alto trecho da bacia do rio Doce, na porção sudeste de Minas Gerais.

O contexto geológico na área do reservatório da PCH Brecha é caracterizado por duas unidades litoestratigráficas, que são: o Grupo Dom Silvério e o Complexo Mantiqueira, além das coberturas detríticas e aluviões. A porção intermediária de seu reservatório, entre 6 e 10 km a montante da barragem aproximadamente, é ocupada por rochas do Complexo Mantiqueira. Nesse trecho foram observadas, em alguns locais, encostas íngremes em solos residuais de gnaisse, ocasionalmente encimadas por escarpas rochosas íngremes a sub-verticais (Figura 5-1 e Figura 5-2).

Figura 5-1 – Afloramento de Gnaisses do

Complexo Mantiqueira na margem direita da PCH Brecha.

Figura 5-2 – Afloramento de Gnaisses do Complexo

Mantiqueira na margem direita da PCH Brecha.

As litologias do Grupo Dom Silvério predominam na área em estudo, ocorrendo, inclusive, na área onde estão instaladas as principais estruturas da PCH Brecha. Essa unidade é composta por xistos a muscovita-biotita-quartzo e às vezes feldspato, com foliação bem desenvolvida, intercalada em quartzitos. Já o Complexo Mantiqueira é representado por gnaisses bandados de composições variadas, com frequentes intercalações de anfibolitos e metagabros, além de xistos, rochas calcissilicáticas e outras rochas de alto grau metamórfico.

Essas diferentes litologias encontram-se recobertas por coberturas detríticas de espessuras variáveis, que por vezes sofreram transportes, e constituem depósitos de colúvio e tálus. Os aluviões se restringem à calha do rio Piranga, geralmente são pouco expressivos, porém destaca-se na margem esquerda do rio Piranga um aluvião com largura da ordem de 200 a 300 metros (Figura 5-3).

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Figura 5-3 – Pastagem em área de aluvião na margem esquerda do reservatório da PCH, imediatamente a jusante da foz do rio do Turvo

O relevo da área do reservatório integra a unidade geomorfológica dos Planaltos Dissecados do Leste de Minas Gerais, e está condicionado às litologias supracitadas e estruturas geológicas (falhas, fraturas etc.). Neste contexto, ocorrem grandes colinas e morros de topo convexo-côncavo, frequentemente, dominados por linhas de cumeadas e cristas de topos aguçados. Especificamente onde prevalecem as rochas do Complexo Mantiqueira tem-se morros ligeiramente arredondados e vales relativamente mais abertos, conforme pode ser visualizado na Figura 5-4. Já nas áreas onde predominam as rochas do Grupo Dom Silvério o relevo é mais abrupto, com declividades pronunciadas e vales encaixados em forma de “V”.

Figura 5-4 – Feições do relevo em área do Complexo Mantiqueira.

Essas características do relevo aliadas aos litotipos locais determinaram a distribuição espacial dos solos. Deste modo, predominam solos argilosos do tipo Argissolo Vermelho Amarelo junto à geoformas em condições de declives variados (acentuado a suave). Na sequência tem-se solos mais antigos, do tipo Latossolo Vermelho Amarelo, associados às rampas coluviais e aos topos amplos de relevo local.

Os solos com desenvolvimento incipiente, do tipo Cambissolo Háplico, estão associados ao relevo forte ondulado. Os solos jovens como o Neossolo Litólico e Neossolo Flúvico ocorrem, comumente, associados à Argissolos e Cambissolos. O primeiro (Neossolo Litólico) está situado junto a relevo fortemente ondulado em segmentos mais elevados da paisagem; já o segundo (Neossolo Flúvico) está situado em condição de relevo plano ou suave ondulado, nas planícies e terraços fluviais do rio Piranga; ainda neste mesmo ambiente ocorrem pontualmente solos hidromórficos, do tipo Gleissolos.

De modo geral, os solos do entorno do reservatório são de baixa fertilidade natural, posicionados em terrenos com elevada declividade (relevo ondulado a fortemente ondulado) e alta susceptibilidade à erosão. Tal fato limita fortemente o aproveitamento desses solos para o cultivo de lavouras, restringindo a aptidão agrícola à pastagem plantada. Por outro lado, junto aos terraços e planícies fluviais do rio Piranga, que possuem

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área reduzida no entorno do reservatório, são encontrados os solos com maior potencial para aproveitamento agrícola, e por isso tem aptidão para lavouras.

No entorno do reservatório, a combinação dos fatores físicos como: a declividade elevada de algumas encostas, as características das rochas (tipo, acamamento, composição, etc.), a natureza silicosa relativamente pouco permeável dos solos e os eventos de chuva criam, naturalmente, condições bastante favoráveis à instalação de diferentes processos erosivos que podem ser potencializados mediante intervenção antrópica.

Neste sentido, enquanto nas áreas sustentadas por rochas do Complexo Mantiqueira são preponderantes os ravinamentos e alguns processos de voçorocamento, pode-se observar nas áreas associadas às rochas do Grupo Dom Silvério a predominância de processos de escorregamento nas encostas. Diante deste contexto, os vários processos erosivos estão associados, principalmente, as rupturas de taludes de corte ou de aterro das estradas vicinais, ou se devem a drenagem inadequada das mesmas, as quais estão situadas em áreas naturalmente instáveis (Figura 5-5 a Figura 5-8).

Figura 5-5 – Movimento de massa, identificado na margem direita do reservatório da PCH Brecha, em

estabilização.

Figura 5-6 - Movimentos de massa em taludes

de corte e aterro, na margem direita do reservatório.

Figura 5-7 - Presença solapamento na margem direita do reservatório provocado pelo embate de

ondas (marolas – esportes náuticos e depleção do reservatório)

Figura 5-8 - Presença solapamento na margem direita do reservatório provocado pelo embate de

ondas (marolas – esportes náuticos e depleção do reservatório)

Adicionalmente, nas proximidades das estruturas da usina destacam-se três movimentos de massa que estão associados à passagem de cheias pelo reservatório. Um deles tem sua gênese relacionada à regra de operação (FEAM/COPAM, 1992) da PCH Brecha para minimizar os efeitos de cheia em Guaraciaba. A cada período de pluviosidade intensa o nível do reservatório é significativamente rebaixado por meio da abertura das comportas do vertedouro.

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Esse procedimento cria um rebaixamento rápido potencialmente desfavorável à estabilidade das encostas que margeiam o reservatório. O outro representa um movimento de massa situado na margem côncava da curva do rio Piranga, trata-se de um processo de erosão natural de migração lateral (Figura 5-9), porém é potencializado sempre que se procede ao rebaixamento rápido do reservatório da PCH Brecha para o controle de cheias, conforme FEAM/COPAM (1992). Por fim, o ultimo decorre do direcionamento preferencial de fluxo junto à margem esquerda quando da maior abertura da comporta mais próxima dessa margem (Figura 5-10), no período de cheia, já se promoveu à alteração da regra operativa, procedendo-se sempre à abertura preferencial das duas comportas centrais para passagem de cheias correntes.

Figura 5-9 – Processo erosivo ocasionado pela passagem de cheias e rebaixamento rápido do

reservatório para o controle de cheias.

Figura 5-10 – Movimentos de massa identificados a jusante da barragem da PCH Brecha, ocasionado

pela passagem das cheias.

Compondo esse cenário, a área da PCH Brecha recebe um volume médio anual de precipitação ligeiramente superior a 1.300 mm. O período mais seco correspondente aos meses de abril a setembro, enquanto os meses de novembro a janeiro representa um período excessivamente úmido, quando concentra mais de 50% do volume anual de chuvas. Os eventos de cheia que ocorrem na sub-bacias do rio Piranga se deve aos episódios de precipitação frontal, persistentes e de longa duração, com distribuição espacial generalizada em toda a bacia, causando enchentes na área de estudo, conforme registrado nos anos de 1949, 1979, 1985, 1997 e 2008.

Em relação à evaporação, os maiores valores ocorrem de agosto a outubro, o que causa um déficit de água predominantemente nos meses de junho a setembro, quando a evaporação é expressivamente maior que a precipitação. Já nos meses de novembro a março registra-se uma situação oposta, pois é observado um excedente hídrico que varia de 365 mm a 898mm.

A temperatura média anual é superior a 20ºC na porção SSE da região de inserção da PCH Brecha. As temperaturas máximas médias mensais são da ordem de 30ºC nos meses mais quentes, e de 25ºC nos meses mais frios. As temperaturas mínimas médias registram 18ºC nos meses mais quentes, e 12ºC nos meses mais frios.

Em relação ao regime hidrológico da sub-bacia do rio Piranga, as vazões específicas são: qMLT (16,3L.s/km²) e q95% (6,61L.s/km²), sendo considerada sensivelmente inferior quando comparada com outras sub-bacias que integram a bacia hidrográfica do rio Doce. A vazão mínima Q7,10, na PCH Brecha é estimada em 26,6 m³/s.

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O comportamento hidrológico do rio Piranga evidencia uma alternância entre períodos críticos mais longos com picos anuais mais favoráveis. Os períodos mais críticos foram registrados nos anos de 1953 a 1960 e de 1995 a 2003, exceto 1997, cuja vazão media anual foi pouco superior à QMLT. Por outro lado, os períodos mais favoráveis em termos de vazão média anual ocorreram predominantemente em picos anuais, como os registrados em 1952 (150,4 m³/s); 1979 (163,1 m³/s) e 1983 (146,4 m³/s).

Deve-se mencionar que, a distribuição das vazões médias mensais no rio Piranga é fortemente influenciada pela sazonalidade climática, uma vez que os maiores valores de vazão ocorrem entre dezembro e janeiro, auge do período chuvoso, e os menores registrados de julho e agosto, próximo ao final do período seco. Adicionalmente, no período seco, a permanência das vazões em condições mais e menos favoráveis, são praticamente equivalentes às vazões médias máximas e médias mínimas, o que mostra uma reduzida variação no comportamento das vazões, nessa época do ano.

A sazonalidade climática também é refletida na qualidade das águas do rio Piranga, já que no período chuvoso alguns parâmetros registraram valores maiores, o que se deve ao carreamento superficial de partículas do solo pelas águas pluviais.

Deste modo, os valores de turbidez aumentaram durante o período de maior pluviosidade (faixa de 8 a 528 UNT), bem como os sólidos suspensos que ocuparam a faixa de 1,2 a 182 mg/L. As concentrações de fosfato também foram maiores no período chuvoso (valor máximo de 0,074 mg/L), porém todos os registros situaram-se abaixo do limite da Classe 2 (0,1mg/L para ambientes lóticos). As concentrações de ferro solúvel registraram, em sua maioria, valores acima de 0,3 mg/L (limite da Classe 2), confirmando a presença de ferro nas águas do rio Piranga. Os teores de manganês total também foram maiores na estação chuvosa.

Os valores de nitrogênio amoniacal e nítrico registrados foram muito baixos. A DBO (Demanda Biológica de Oxigênio) máxima foi de 1,6 mg/L, que é uma concentração muito reduzida. Os valores de oxigênio dissolvido situaram-se na faixa de 6 a 8 mg/L, indicando uma boa capacidade de oxigenação das águas do rio Piranga, em parte devida às características do seu leito rochoso. As concentrações de óleos e graxas, fenóis, chumbo, cobre, cromo trivalente e hexavalente, mercúrio, zinco situaram-se abaixo do limite de detecção analítica.

Quanto ao aspecto bacteriológico as densidades de coliformes termotolerantes apresentaram valores em geral aceitáveis, inferiores a 1.000 NMP/100mL. A presença das comunidades hidrobiológicas (fitoplâncton, zooplâncton, zoobenton) evidenciaram boa diversidade e não apontaram para a ocorrência de contaminação que afete o funcionamento do ecossistema. Assim, de forma geral, as águas do rio Piranga no trecho analisado podem ser consideradas como sendo de boa qualidade. Porém, como recreação de contato primário (balneabilidade) requer monitoramento especifico e limites mais restritivos do que aqueles adotados para a Classe 2 essa atividade deve ser realizada com cautela.

A área da PCH Brecha, assim como toda a sub-bacia do rio Piranga, está inserida no bioma da Mata Atlântica, que possui um longo histórico de perturbação e de substituição da cobertura original por diferentes usos do solo, resultando numa ocupação intensa. Tal fato

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resultou na redução e fragmentação da cobertura vegetal nativa, fatores determinantes no processo de perda de biodiversidade da região.

Entretanto, há a presença de remanescentes florestais expressivos e espécies da fauna e flora diversa, inclusive com a presença de espécies ameaçadas, o que tornam a região de inserção da PCH Brecha uma área de importância muito alta para a conservação da biodiversidade.

No entorno do reservatório essa mesma situação é retratada, o uso e ocupação do solo e a cobertura vegetal evidenciam as várias intervenções antrópicas e a presença de remanescentes florestais. Assim, embora o entorno do reservatório encontra-se dominado por pastagens (52%), a cobertura vegetal nativa é bastante expressiva, totalizando 44%, sendo representada por remanescentes de floresta semidecidual secundária, com predominância dos estágios de regeneração médio e avançado (capoeira e capoeirão), os quais ocupam 32% da área de entorno. Já os remanescentes em estágio inicial (capoeirinha) recobrem 12% da área (Figura 5-11).

Figura 5-11 – Uso e ocupação do solo no entorno do reservatório da PCH Brecha, com presença de remanescentes florestais expressivos, pastagem e silvicultura.

Existe também, no entorno do reservatório, a presença de reflorestamentos de eucalipto, que representa 3% do total da área, e está em processo de colonização por espécies florestais nativas, onde há um forte predomínio de algumas espécies pioneiras, com destaque para o canudo de pito (Mabea fistlifera). Adicionalmente, ocorrem pequenas áreas de reflorestamentos de eucalipto, cuja presença se dá de forma dispersa, representando 1% da área de entorno. Por fim, há cultivos temporários (milho e feijão, principalmente) que ocupam pequenas glebas.

As intervenções antrópicas no uso e cobertura vegetal ocorrem, principalmente, na margem direita do rio Piranga, cuja conformação topográfica mais suave favorece a ocupação humana, o que pode ser visto pela concentração das comunidades nesta margem do rio. Enquanto na margem esquerda, os cultivos encontram-se mais limitados às porções próximas do rio Piranga devido a maior declividade das encostas.

De modo geral, as formações florestais encontram-se bem distribuídas entre as margens direita e esquerda. Normalmente na margem esquerda encontram-se delimitadas nos altos de morros e nas áreas de inclinação muito elevada, apresentando tamanho e forma

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variadas, com grau de conservação reduzido e grau de isolamento de mediano a alto, refletindo na fragmentação de hábitat. Deve-se destacar um remanescente florestal na margem direita do reservatório (na propriedade do Sr. Joaquim Saraiva), cuja extensão é extremamente relevante e com médio grau de conservação. Vale lembrar que as formações florestais estão sujeitos a pressões antrópicas como pisoteio do gado e o fogo, além de servirem de fonte de recursos madeireiros, lenha principalmente. Este mesmo cenário se estende nas áreas do rio Piranga à jusante do reservatório.

Já as pastagens encontram-se distribuídas por todo o entorno do reservatório, porém verifica-se que na margem esquerda do rio Piranga essa tipologia de uso do solo compõem áreas maiores, devido principalmente ao seu menor suporte alimentar que as áreas da margem direita.

Especialmente na faixa de APP (Área de Preservação Permanente) localizada às margens do reservatório, as formações florestais (capoeira, capoeirão e capoeirinha) ocupam 57% da área, a pastagem 24%; as lavouras (plantios perenes, culturas anuais e capineiras) 4%; e as edificações diversas15% (edificações, extração de areia e plantios diversos).

Destaca-se que, segundo os levantamentos da Novelis (2011), a degradação da APP tem como causas os usos não vocacionados, que são: a retirada de areia do leito do rio Piranga de forma descontrolada, fomentando o a erosão de margens; as construções de casas utilizadas como ponto de pesca para sitiantes, promovendo por vezes a remoção da vegetação e consequentemente as erosões; e o plantio de pequenas lavouras temporárias, que expõe o solo ás intempéries, facilitando o carreamento de sedimentos.

Ressalta-se que foi indicado no RCA (NOVELLIS, 2011), uma grande quantidade de áreas passíveis de serem enriquecidas e que não necessariamente estão inseridas na APP do reservatório da PCH Brecha. De acordo com esse estudo, o enriquecimento dessas áreas trará, certamente, grande benefício na formação de corredores ecológicos para ligação entre estas matas na APP e outras situadas nas cabeceiras dos morros.

Em relação à composição florística, foram registradas 82 espécies vegetais dentre aquelas relacionadas para a região, o que reflete bem a similaridade da flora da PCH Brecha em relação àquela da região. Das espécies registradas no entorno do reservatório, 2 são consideradas “vulneráveis”: Euterpe edulis; Dalbergia nigra, tanto em escala nacional quanto estadual, e uma é considerada “presumivelmente ameaçada” (Rollinia laurifólia) no estado de Minas Gerais.

As diversas intervenções antrópicas promoveram secundarização e fragmentação nas formações florestais, o que afeta diretamente a fauna terrestre por modificações ocorridas na disponibilidade de áreas e na estrutura das formações vegetais às quais se encontram associadas. Diante disto, tem-se o predomínio de populações de diferentes grupos faunísticos, cujas espécies são generalistas e plásticas, e se adaptaram às novas condições ambientais.

De acordo com estudos realizados na região de inserção do empreendimento, tem-se um total de 40 espécies de mamíferos. Considerando o habitat preferencial dos mamíferos registrados, a maioria (70% das espécies) depende de ambientes florestais como local de abrigo, forrageamento e reprodução, sendo que alguns são estritamente florestais. Dentre

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as espécies de mamíferos relacionadas para a região, 6 são consideradas como ameaçadas em escala nacional e 7 são enquadradas em alguma categoria de ameaça no estado de Minas Gerais.

Em relação à avifauna, foram registraram 168 espécies na região de inserção da PCH Brecha. Considerando o mosaico de áreas florestais e áreas antropizadas, 52 espécies tem como habitat preferencial a borda de florestas, 52 estão associadas a ambientes abertos (campestres), 40 são florestais e 17 são aquáticas ou paludícolas, sendo que o restante (7 espécies) foi citado para 2 ou mais habitats. Assim, tem-se que a maioria das aves registradas (54,8%) depende dos ambientes florestais. Do total de espécies registradas, 13 são consideradas endêmicas da Mata Atlântica; e apenas 2 espécies encontram-se ameaçadas de extinção no estado de Minas Gerais.

Quanto aos anfíbios, registrou-se 25 espécies na região de inserção do empreendimento. Considerando o habitat preferencial, tem-se que a maioria dos anfíbios (72%) está associada a ambientes abertos (antropizados ou não). Parte das espécies ocorre tanto em ambiente florestal quanto em áreas abertas (16%) e apenas três espécies (12%) estão associadas preferencialmente ao ambiente florestal. A maioria das espécies se encontra classificada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) como não ameaçadas de extinção.

No que se refere aos répteis foram registradas 19 espécies na região de inserção do empreendimento. A maioria das espécies ocupa ambientes florestais e áreas abertas, sendo que apenas 1 é estritamente florestal e outra ocorre preferencialmente em áreas abertas.

Em relação à ictiofauna identificaram-se 28 espécies que são predominantemente de pequeno e médio porte, o que é comum a toda a bacia do rio Doce. Dentre as espécies raras, ameaçadas e/ou endêmicas destaca-se o surubim-do-rio-doce (Steindachneridium doceanum) que é relacionada como criticamente ameaçada de extinção no estado de Minas Gerais e no Brasil.

Estudos específicos demonstraram que, apesar das mudanças do ambiente lótico para lêntico na área do reservatório, o mesmo proporciona condições para que parte das espécies o colonize de forma constante, ou durante o aumento da vazão com o vertimento. Nos períodos de maior restrição de vazão (sem vertimento), não existe qualquer indicativo de que as condições da qualidade da água (OD, pH, temperatura, entre outras) sejam restritivas para a sobrevivência dos peixes. A limitação identificada se refere à redução do volume total de água e consequente alteração da dinâmica do rio (velocidade da corrente, profundidade etc.), que não permite manutenção da ictiofauna na sua forma original.

No que se refere à atividade de pesca, que é comum no reservatório da PCH Brecha, praticamente todas as espécies passíveis de captura são alvo da pesca esportiva/amadora. Entretanto, as espécies mais procuradas são: cascudos, dourado, piaba-vermelha, piaba-branca, curimatãs, traíra, trairão e os diversos lambaris. Peixes migradores representam uma parcela considerável das capturas (principalmente as curimatãs), pois, geralmente, representam as espécies de maior porte. Segundo relatos, estas espécies podem ser capturadas na região durante todo o ano, embora sejam mais abundantes nas cheias, que coincidem com o período em que são formados cardumes para a migração reprodutiva.

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Vale lembrar que, localmente não existe qualquer programa ou atividade de manejo relacionado à pesca esportiva.

Em referência aos aspectos socioeconômicos, nas proximidades da PCH Brecha, a ocupação humana ocorre em propriedades no entorno do reservatório; em comunidades rurais situadas a jusante do barramento e na área onde está implantada a usina da PCH.

As propriedades localizadas no entorno do reservatório possuem áreas totais reduzidas, menores que o módulo fiscal de 22,0 ha estipulado pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para o município de Guaraciaba. Essas propriedades tem situação já consolidada, pois a maioria dos proprietários possui escritura definitiva em cartório, ao lado de um número significativo de espólios ainda não subdivididos entre herdeiros.

A principal atividade econômica nessas propriedades é a agricultura extensiva familiar, com pouco excedente à comercialização. As atividades são voltadas para a bovinocultura mista e lavouras temporárias (milho, feijão e mandioca) de pequeno porte, situadas nas áreas próximas aos cursos de água e várzeas às margens do reservatório. Os cultivos perenes são representados por pequenos pomares, com exceção do cultivo de café e uva, voltados à comercialização, em duas propriedades.

A maioria dessas propriedades (44%), situadas no entorno do reservatório, é residida por famílias constituída pelo casal e filhos menores, encontrando-se poucos agregados familiares. Porém, em 27% das propriedades não foram identificados moradores. A ocupação ocorre, sobretudo, nos fins de semana, pelos proprietários residentes na cidade de Guaraciaba (Novelis; 2011).

A faixa etária da população residente está entre 20 e 50 anos, o que representa mais da metade dos moradores; os idosos constituem cerca de 9% do total, sendo quase todos eles aposentados e alguns vivem sozinhos.

Em relação à ocupação dos moradores, predominam produtores rurais autônomos, que se dedicam à atividade agrícola em suas propriedades, cuja produção é voltada, sobretudo, para o consumo familiar. Em seguida, tem-se aqueles que estão empregados nas propriedades vizinhas com remuneração de 1 salário mínimo mensal, destes poucos tem carteira assinada; e aqueles que trabalham como diaristas nas propriedades vizinhas e que não souberam precisar seus rendimentos médios mensais. Por fim, tem-se os aposentados que recebem 1 salário mínimo mensal.

Quase todas as famílias moram em casa própria, construídas com paredes de alvenaria, piso de cimento e cobertura de telha cerâmica. Por outro lado, a infraestrutura básica é precária, sendo comum o lixo ser queimado e/ou enterrado; o esgotamento sanitário ser feito por meio de fossas rudimentares ou serem lançados nos cursos de água que, por sua vez, deságuam no reservatório; a captação de água para abastecimento doméstico é feita em cisternas ou nascentes/minas. A exceção é a energia elétrica, já que a CEMIG fornece energia para todas as propriedades.

Além da agropecuária, outras atividades econômicas são realizadas nas propriedades do entorno do reservatório. Em pelo menos três propriedades a Novelis (2011) identificou a

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extração de areia, com destino à construção civil. Entretanto, durante a atualização do uso e ocupação em agosto de 2014, foi verificada a extração de areia em apenas uma propriedade, sendo que estava temporariamente desativada. Em outras propriedades as atividades desempenhadas estão voltadas para o turismo, lazer e recreação.

Em pelo menos duas propriedades o abastecimento de água é feito por meio de cisterna e em pelo menos uma, o esgoto sanitário é lançado no reservatório da PCH Brecha. Deve-se mencionar que a mão de obra empregada na extração de areia possui carteira de trabalho assinada.

Quanto às propriedades destinadas ao turismo e lazer, nas margens do reservatório há pelo menos 2 pousadas, que são: Pousada do Bananal e Pousada do Turvo, ambas recebem hóspedes, principalmente, de Viçosa e de Ponte Nova, sendo que uma delas a taxa de ocupação atinge cerca de 80% da capacidade total, conforme dados levantados pela Novelis (2011).

Dentre os serviços destinados ao lazer, a Pousada do Bananal oferece pedalinho, caiaque, banhos de cachoeira e passeios de barco, além da pesca que é a atividade mais comum dos hóspedes. Deve-se mencionar que é comum alguns hospedes levem seus próprios barcos de pesca. Tem-se ainda um píer para o acesso de lanchas e Jet Sky ao reservatório, porém a pousada não dispõe destes equipamentos. Já a Pousada do Turvo oferece a pesca e trilhas para caminhada, além de outros atrativos em suas dependências.

Além das pousadas tem-se propriedades, cuja atividade econômica é o aluguel para lazer e turismo; e propriedades que exploram, simultaneamente, o turismo e a agropecuária. Já outras são utilizadas somente para o lazer em finais de semana e férias dos próprios donos, dos quais alguns praticam a pesca esportiva/amadora e possuem barco de pesca de pequeno porte, outros possuem lanchas e/ou Jet Sky, e para acessarem o reservatório construíram embarcadores e rampas em suas propriedades.

Em relação aos moradores das propriedades rurais com terras voltadas para o lago, ao contrário do esperado, o reservatório é pouco utilizado como espaço de lazer. Apenas alguns moradores utilizam o reservatório para a prática da pesca, voltada para o sustento da família; além disto, poucos possuem barcos de pesca. Diversos desses moradores reclamaram que o uso de embarcações a motor (lanchas e Jet Sky) durante os finais de semana comprometem sua atividade de lazer (pesca) e estão ocasionando erosão das margens.

A partir do exposto tem-se que, dentre as atividades de turismo e lazer, a pesca amadora/esportiva é um dos principais usos das águas do reservatório da PCH Brecha, sendo praticada, sobretudo, por moradores de Guaraciaba, de Ponte Nova e de Viçosa. De acordo com relatos de moradores há pescadores que comercializam os peixes capturados no mercado em Guaraciaba. Vale lembrar que a maioria dos moradores reclama da presença de pescadores provenientes de diferentes cidades, e que invadem as propriedades sem licença, espalham lixo e incomodam as pessoas.

A atividade da pesca é bastante frequente e ocorre em períodos diurno e noturno, porém é mais intensa em locais próximos a corredeiras, no sopé da barragem e no reservatório da PCH Brecha. A montante e no reservatório essa atividade é praticada a partir da

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margem com o uso de vara de bambu e molinete; a jusante além destes equipamentos faz-se o uso de barco. Também é realizada pesca com tarrafas e redes, embora sejam artefatos proibidos para pescadores esportivos.

Secundariamente, o reservatório é utilizado para navegação ou esportes náuticos que ocorrem pontualmente, tendo em vista que pousadas e algumas propriedades dispõe de estrutura para lanchas, Jet Sky e barcos de pequeno porte, como já mencionado.

Em relação aos demais usos das águas do reservatório, predomina a dessedentação de animal, principalmente do rebanho bovino. Com a presença de atividades relacionadas à extração de areia, as águas do reservatório também são utilizadas, porém apenas uma das empresas possui outorga de direito de uso da água, quando da realização do estudo.

Entretanto, as águas do reservatório não são utilizadas para o abastecimento doméstico, o qual é realizado por outras fontes, as quais são: cisterna 34,21%; mina/nascente 28,95; poço artesiano 10,53%; córregos 7,89%; COPASA 2,63%. Tal situação mostra que não há retirada de água do rio Piranga para o abastecimento humano, o que indica a má qualidade da água para esta demanda. Da mesma forma, para a irrigação (horta para subsistência) que ocorre em apenas 1 propriedade e a aquicultura praticada em 3 propriedades (em uma delas os peixes são comercializados e nas demais destina-se ao consumo familiar) são utilizadas água de mina/nascente.

No que se refere às pequenas comunidades rurais situadas a jusante da PCH Brecha tem-se: Comunidade do Sítio (com 5 moradias), do Xibu (com 28 moradias), Matadouro (13 moradias), Crisciúma (11 moradias) e Fazenda dos Botelhos (com 6 moradias), as quais são marcadas por fortes laços de vizinhança e por vezes de parentesco. São constituídas, sobretudo, por produtores rurais autônomos, que se dedicam à atividade agropecuária para subsistência familiar, ou pessoas que trabalham como diaristas nas propriedades vizinhas.

A infraestrutura básica nas comunidades é precária, pois o esgotamento sanitário é feito por fossas rudimentares ou por esgotos lançados nos cursos de água que, por sua vez, deságuam no rio e o lixo produzido é queimado e/ou enterrado. A exceção é a energia elétrica fornecida a todos pela CEMIG. Deve-se mencionar que a ausência de equipamentos sociais nessas comunidades, promove uma dependência das mesmas aos serviços de educação, saúde e lazer instalados na área da usina de Brecha.

Por fim, na área onde está instalada a usina da PCH Brecha tem-se várias edificações, como moradias e equipamentos sociais destinados inicialmente aos operadores da unidade. Entretanto, as moradias encontram-se ocupadas por famílias de trabalhadores e/ou por ex-funcionários da empresa. Os equipamentos sociais são constituídos por uma escola de ensino fundamental, um posto de saúde, uma antiga enfermaria, uma capela e instalações que integram um clube social, ao lado de uma casa de hóspedes. Na verdade, esses equipamentos de uso coletivo, inclusive são utilizados pela população residente nas proximidades da PCH Brecha, como mencionado. Além disto, neste local tem-se diariamente o transporte escolar para Guaraciaba, e semanalmente o transporte para a cidade de Ponte Nova.

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6 - ZONEAMENTO E CÓDIGO DE USOS

Conforme destacado na Metodologia (Item 2), a definição das Unidades Ambientalmente Homogêneas (UAHs) foi procedida a partir da integração dos mapas de APP e remanescentes florestais e de potencial de usos agropecuários. Em função das fragilidades ambientais, atributos naturais ou função socioeconômica, procedeu-se a delimitação de zonas que se vinculam a um Código de Usos para viabilização das premissas adotadas.

No entorno do reservatório foram identificadas e mapeadas três tipologias de zonas homogêneas formando as seguintes unidades:

− UAHs Preferenciais para Conservação Ambiental (Zn1 e Zn3); − UAHs Preferenciais para Recuperação Ambiental (Zn2 e Zn4); − UAHs Preferenciais com Função Socioeconômica (Zn5, Zn6 e Zn7).

Além das UAHs definidas para o entorno do reservatório, foi proposto o zoneamento ambiental do corpo hídrico em pleno atendimento a legislação especifica, no que tange a gestão de recursos hídricos e pesqueiros, além das normas de segurança operacional dessa pequena central hidrelétrica, conforme poderá ser observado mais adiante.

6.1 - DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO ZONEAMENTO

A área de abrangência do zoneamento, ora proposto, constitui a área contemplada com o código de uso específico com a finalidade principal de manter ou prover condições para conservar a qualidade ambiental do corpo hídrico, sua beleza cênica e a estabilidade geológica das margens. Nesse contexto, a área de abrangência direta é composta pelo reservatório e demais estruturas da PCH Brecha, além da APP de seu reservatório. Já a área de abrangência indireta trata-se daquela imediatamente contínua à faixa de proteção ciliar, localizada em propriedade de terceiros e com potencial de ser ocupada para atividades produtivas vinculadas ou não a existência do reservatório.

Essa última área é constituída pela bacia de contribuição direta que se situa lateralmente, em ambas as margens, entre o barramento e o final do reservatório a cerca de 2 km a jusante da sede urbana de Guaraciaba. Esta área está completamente subordinada à legislação convencional (em termos de preservação ambiental) e poderá sofrer estudos e ações (intervenções extraordinárias) toda vez que for detectado problemas ambientais ou atividades capazes de comprometer sua qualidade ambiental e, consequentemente, do reservatório da PCH Brecha.

6.2 - RESPONSABILIDADES DE GERENCIAMENTO

A atual abordagem pretende apresentar uma visão sumária das atribuições dos diversos órgãos e instituições com responsabilidades sobre os usos estabelecidos no Código proposto. A área correspondente ao reservatório da PCH Brecha e o seu entorno tem o seu uso vinculado a uma série de órgãos, cuja função e competência são esclarecidas, individualmente, a seguir.

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6.2.1 - SUPRAM

As Superintendências Regionais de Regularização Ambiental (SUPRAMs), criadas pela Lei Estadual 15.972/2006 e regulamentadas pelo Decreto Estadual 44.844/2008, têm por finalidade planejar, supervisionar, orientar e executar as atividades relativas à política estadual de proteção do meio ambiente e de gerenciamento dos recursos hídricos formuladas e desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), dentro de suas áreas de abrangência territorial. Nesse contexto, foram estabelecidas suas competências, sendo descritas a seguir somente aquelas de maior interface com o presente PACUERA:

− zelar pela observância da legislação e as normas específicas de meio ambiente e de preservação, conservação, controle e desenvolvimento sustentável dos recursos naturais;

− planejar e coordenar a execução das atividades relativas à regularização ambiental de empreendimentos sob sua responsabilidade, definidas na legislação federal e estadual, de forma integrada e interdisciplinar, articulando-se com as entidades da estrutura da SEMAD;

− atuar em conjunto com as demais entidades que integram a estrutura da SEMAD e em articulação com a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e o Governo Federal na execução das atividades de controle e fiscalização ambiental referentes ao uso dos recursos ambientais do Estado, de acordo com normas emanadas do Grupo Coordenador de Fiscalização Ambiental Integrada (GCFAI);

− aplicar as penalidades por infrações às legislações ambientais vigentes dentro da esfera de competência da SEMAD e de suas entidades vinculadas;

− planejar e executar planos, programas e projetos de educação e extensão ambiental e de comunicação social, em consonância com as diretrizes emanadas da SEMAD;

− conceder autorização ambiental de funcionamento para empreendimentos localizados em sua jurisdição;

− decidir os processos de imposição de penalidades aplicadas pelos servidores credenciados lotados na Supram;

− apoiar tecnicamente os organismos que atuam na área do meio ambiente e especificamente na área de recursos hídricos, com a finalidade de garantir a execução da política ambiental e de gestão de recursos hídricos do Estado;

− fazer cumprir as decisões do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) e do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), observadas as normas legais pertinentes;

− fornecer subsídios para a formulação dos índices de qualidade ambiental para as diversas regiões do Estado, a serem observados na concessão do licenciamento ambiental.

Vale registrar, que nos procedimentos relativos aos processos de regularização ambiental, as SUPRAMs subordinam-se administrativamente à SEMAD. Além disso, em função da localização da PCH Brecha na Zona da Mata Mineira, seu processo de regularização ambiental é conduzido pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental da Zona da Mata (SUPRAM Zona da Mata), que é responsável dentre outras coisas por avaliar e aprovar o PACUERA em proposição.

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6.2.2 - IEF

O Instituto Estadual de Florestas (IEF) é uma autarquia vinculada à SEMAD, criada pela Lei nº 2.606/1962 e alterada mais recentemente em 2006, pela Lei Estadual 15.972, com autonomia administrativa e financeira, sede e foro na Capital do Estado e jurisdição em todo território estadual. No exercício de suas atribuições, o IEF deve observar as deliberações emanadas do COPAM, do CERH-MG e as diretrizes da SEMAD.

De acordo com o Art. 3º, do Decreto Estadual 45.834/2011, o IEF tem por finalidade executar a política florestal do Estado e promover a preservação e a conservação da fauna e da flora, o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais renováveis e da pesca, bem como a realização de pesquisas em biomassa e biodiversidade, competindo-lhe:

I – coordenar, orientar, desenvolver, promover e supervisionar a execução de ações e pesquisas relativas à manutenção do equilíbrio ecológico e à proteção da biodiversidade, bem como promover o mapeamento, o inventário e o monitoramento da cobertura vegetal e da fauna silvestre e aquática, a elaboração da lista atualizada de espécies ameaçadas de extinção no Estado, a recomposição da cobertura vegetal natural, a recuperação de áreas degradadas e a restauração dos ecossistemas naturais, terrestres e aquáticos;

II – propor a criação de unidades de conservação, implantá-las e administrá-las, de modo a assegurar a consecução de seus objetivos e a consolidação do Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC);

III – fomentar, apoiar e incentivar, em articulação com instituições afins, o florestamento e o reflorestamento com finalidade múltipla, exceto a de exploração econômica, bem como desenvolver ações que favoreçam o suprimento de matéria prima de origem vegetal mediante assistência técnica prestação de serviços, produção, distribuição e alienação de mudas;

IV – promover a educação ambiental, visando à compreensão pela sociedade da importância das florestas, da pesca e da biodiversidade, bem como manter sistema de documentação, informação e divulgação dos conhecimentos técnicos relativos a esses recursos naturais;

V – atuar junto ao COPAM e ao CERH como órgão seccional de apoio nas matérias inerentes ao IEF; e;

VI – apoiar a SEMAD no processo de regularização ambiental, de fiscalização e na aplicação de sanções administrativas no âmbito de sua atuação.

No caso do PACUERA da PCH Brecha, pode-se destacar como atribuições do IEF questões relacionadas à conservação e a recuperação dos remanescentes florestais, ao disciplinamento da pesca, entre outros temas relacionados a conservação da flora e fauna.

6.2.3 - IGAM

O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) também é uma autarquia estadual, criada por sua vez pela Lei Estadual nº 12.584/1997, que tem autonomia administrativa e

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financeira, personalidade jurídica de direito público, prazo de duração indeterminado, e que se vincula à SEMAD.

O IGAM, além de integrar o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA), constitui órgão gestor de recursos hídricos, no âmbito estadual e na esfera de sua competência, e também compõe o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), instituído pela Lei Federal nº 9.433/1997, e o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRH-MG), de que trata a Lei nº 13.199/1999.

Conforme estabelecido no Art. 4º, do Decreto Estadual 45.818/2011, o IGAM tem por finalidade executar a política estadual de recursos hídricos e de meio ambiente formulada pela SEMAD, pelo CERH-MG e pelo COPAM, competindo- lhe:

I - assegurar, para a atual e as futuras gerações, a disponibilidade de água em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - executar diretrizes relacionadas à gestão das águas no território mineiro e à Política Estadual de Recursos Hídricos;

III - programar, coordenar, supervisionar e executar estudos que visem à elaboração e à aplicação dos instrumentos de gestão das águas e da política estadual de recursos hídricos;

IV - promover, incentivar, executar, publicar e divulgar estudos, projetos, pesquisas e trabalhos técnico-científicos de proteção e conservação das águas, visando ao seu consumo racional e aos usos múltiplos;

V - desempenhar, em cooperação com órgãos e entidades encarregados de implementar a política estadual de recursos hídricos, as funções técnicas e administrativas necessárias à utilização racional dos recursos hídricos do Estado, objetivando seu aproveitamento múltiplo;

VI - incentivar e prestar apoio técnico à criação, à implantação e ao funcionamento de comitês e agências de bacias hidrográficas, bem como coordenar o processo eleitoral dos comitês de bacias hidrográficas;

VII - coordenar a elaboração e a atualização do plano estadual de recursos hídricos e dos planos diretores de recursos hídricos, bem como articular sua implementação;

VIII - subsidiar o CERH-MG no estabelecimento de critérios e normas gerais sobre outorga, enquadramento, cobrança e demais instrumentos da política estadual de recursos hídricos;

IX - gerir o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos;

X - atuar junto ao COPAM e ao CERH-MG, como órgão seccional de apoio, nas matérias de sua área de competência;

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XI - orientar a elaboração e acompanhar a aprovação e o controle da execução de planos, estudos, projetos, serviços e obras na área de recursos hídricos, bem como participar de sua elaboração quando desenvolvidos por instituições conveniadas;

XII - proporcionar, na área de sua competência, assistência técnica aos Municípios e aos demais segmentos da sociedade;

XIII - medir e monitorar a qualidade e a quantidade das águas de forma permanente e contínua;

XIV - desenvolver, aplicar e difundir tecnologias de gestão de recursos hídricos;

XV - prestar apoio técnico e administrativo à coordenação do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais - FHIDRO;

XVI - promover a articulação de ações integradas com os órgãos e entidades outorgantes da União e dos Estados limítrofes a Minas Gerais para a gestão de bacias compartilhadas; e

XVII - apoiar a SEMAD no processo de outorga e fiscalização de recursos hídricos, bem como na aplicação de sanções administrativas no âmbito de sua atuação.

No caso da área de abrangência do Pacuera da PCH Brecha, o gerenciamento dos recursos hídricos e a regulação dos usos da água vem sendo desenvolvido pelo IGAM. Era de se esperar, que em função de rio Piranga constituir principal formador do rio Doce, trata-se de curso de água de dominialidade da União conforme determina a Resolução da Agência Nacional das Águas (ANA) 399/20043, porém tem-se observado na prática que o IGAM tem emitido outorgas de uso da água para o rio Piranga e atuado como órgão gestor de recursos hídricos. Isso porque, de acordo com o Art. 1º, da referida resolução:

“cada curso d’água, de sua foz a sua nascente, deve ser considerado como unidade indivisível, para fins de classificação quanto ao domínio, sendo considerado ainda como curso de água principal, em cada confluência, aquele cuja bacia hidrográfica tiver maior área de drenagem”.

6.2.4 - Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)

O DNPM constitui autarquia, instituída pela Lei Federal nº 8.876/1994, com a finalidade de promover o planejamento e o fomento da exploração mineral e do aproveitamento dos recursos minerais, além de superintender as pesquisas geológicas, minerais e de tecnologia mineral, bem como assegurar, controlar e fiscalizar o exercício das atividades de mineração em todo o Território Nacional, na forma que dispõem o Código de Mineração, o Código de Águas Minerais, os respectivos regulamentos e a legislação que os complementam. Nesse contexto, compete ao DNPM:

3 Alterou o item 5 CRITÉRIOS TÉCNICOS PARA IDENTIFICAÇÃO DOS CURSOS D’ÁGUA do Anexo da Portaria DNAE nº 707/1994, que aprovou a NORMA PARA CLASSIFICAÇÃO DOS CURSOS D’ÁGUA BRASILEIROS QUANTO AO DOMÍNIO - NORMA DNAEE Nº 06.

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I - promover a outorga, ou propô-la à autoridade competente, quando for o caso, dos títulos minerários relativos à exploração e ao aproveitamento dos recursos minerais e expedir os demais atos referentes à execução da legislação minerária;

II - coordenar, sistematizar e integrar os dados geológicos dos depósitos minerais, promovendo a elaboração de textos, cartas e mapas geológicos para divulgação

III - acompanhar, analisar e divulgar o desempenho da economia mineral brasileira e internacional, mantendo serviços de estatística da produção e do comércio de bens minerais;

IV - formular e propor diretrizes para a orientação da política mineral;

V - fomentar a produção mineral e estimular o uso racional e eficiente dos recursos minerais;

VI - fiscalizar a pesquisa, a lavra, o beneficiamento e a comercialização dos bens minerais, podendo realizar vistorias, autuar infratores e impor as sanções cabíveis, na conformidade do disposto na legislação minerária;

VII - baixar normas, em caráter complementar, e exercer a fiscalização sobre o controle ambiental, a higiene e a segurança das atividades de mineração, atuando em articulação com os demais órgãos responsáveis pelo meio ambiente e pela higiene, segurança e saúde ocupacional dos trabalhadores.

No entorno da PCH Brecha existem 19 processos minerários em licenciamento no DNPM, sendo que somente 3 lavras estão devidamente licenciadas todas destinadas a exploração da substancia areia no reservatório da PCH Brecha, os demais processos em fase de autorização de pesquisa ou requerimento de licenciamento tratam das substancias areia e ouro. Diante desse cenário, caberá ao DNPM a emissão de novas autorizações de lavra e fiscalização em estreita observância ao Código de Uso do reservatório da PCH Brecha e seu entorno.

6.2.5 - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, criado em 9 de julho de 1970 através do Decreto nº 1.100, dentre outras atribuições é responsável pelo parcelamento, para fins urbanos, de imóvel rural localizado fora da zona urbana ou de expansão urbana.

Dentre outras funções, compete ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, promover a reforma agrária; disciplinar o parcelamento, para fins urbanos, de imóvel rural localizado em zona urbana ou de expansão urbana; o parcelamento, para fins urbanos, de imóvel rural localizado fora da zona urbana ou de expansão urbana e o parcelamento, para fins agrícolas, de imóvel rural localizado fora de zona urbana ou de expansão urbana, sempre em consonância com a legislação específica aplicável ao tema. A transformação de áreas marginais ao reservatório em “áreas de expansão” urbana envolve a anuência do INCRA.

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Conforme foi observado nos estudos realizados pela Novelis (2011) e no trabalho de campo recentemente realizado (Ago/2014), para atualização do uso e ocupação do solo, o parcelamento do solo para construção de sítios de lazer na porção mediana do reservatório da PCH Brecha aumentou significativamente nos últimos anos. O avanço de forma disciplinada dessa ocupação em estrita obediência ao zoneamento proposto neste PACUERA, certamente requererá uma interação entre Prefeitura Municipal de Guaraciaba e INCRA.

6.2.6 - Ministério da Defesa

O Ministério da Defesa, por meio da Diretoria de Portos e Costas, é o órgão responsável pelo Regulamento do Tráfego Marítimo, inclusive em reservatórios artificiais. De acordo com o inciso IV, do Art. 17, da Lei Complementar 97/1999, cabe à Marinha do Brasil, como atribuições subsidiárias particulares:

I - orientar e controlar a Marinha Mercante e suas atividades correlatas, no que interessa à defesa nacional;

II - prover a segurança da navegação aquaviária;

III - contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam respeito ao mar;

IV - implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos, no mar e nas águas interiores, em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, federal ou estadual, quando se fizer necessária, em razão de competências específicas.

V – cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos delitos de repercussão nacional ou internacional, quanto ao uso do mar, águas interiores e de áreas portuárias, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução.

Compete à Diretoria de Portos e Costas, de acordo com a legislação em vigor (Decreto Federal 65.611/1969:

(...)

III - Fiscalizar a utilização dos terrenos de marinha e seus acrescidos e dos terrenos marginais das vias fluviais e lacustres de navegação, das obras sobre as águas, na salvaguarda dos interesses da navegação e da Segurança Nacional.

IV - Controlar e fiscalizar os assuntos atinentes à inscrição e ao registro das embarcações da marinha mercante;

V - Licenciar a construção, o reparo e a aquisição de embarcações no país e no estrangeiro;

VI - Emitir certificados para as embarcações e elaborar instruções para as vistorias necessárias à manutenção de suas condições de segurança e eficiência;

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VII - Fiscalizar o processo de emissão dos certificados emitidos por entidades classificadoras autorizadas pelo Governo Brasileiro;

(...)

IX - Estabelecer normas para fixação das lotações das embarcações da Marinha Mercante;

(...)

XIV - Supervisionar os inquéritos instaurados para apurar os acidentes ou fatos de navegação relacionados com as atividades marítimas, tanto no que concerne ao material quanto ao pessoal;

(...)

XVI - Manter intercâmbio com Entidades Públicas ou Privadas afins, bem como representar a Marinha em enclaves relacionados com assuntos de sua atribuição.

Parágrafo 1º - A Diretoria de Portos e Costas exerce suas atividades no Brasil, através de sua rede funcional, composta de Capitanias, Delegacias e Agências.

No caso do município de Guaraciaba-MG a Capitania mais próxima é a Delegacia da Capitania dos Portos em Macaé, no Estado do Rio de Janeiro. Caberá a esse órgão a autorização para construção de atracadouros, rampas, trapiches, entre outros, além da regulação da navegação e emissão de Arraes e registros das embarcações.

6.2.7 - Prefeitura Municipal de Guaraciaba

A Prefeitura Municipal de Guaraciaba têm um papel de suma importância no processo de planejamento e disciplinamento do uso das áreas marginais do reservatório. Assim, compete ao órgão ambiental municipal, depois de ouvidos os órgãos competentes da União e dos Estados, o licenciamento de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daqueles que forem delegados pelos Estados por instrumento legal ou convênio, visando obter agilidade nos processos de licenciamento.

No artigo 23 da Constituição Federal, onde, ao lado de inúmeras obrigações de zelo e proteção, referentes ao patrimônio público, à saúde, à educação, à deficiência física das pessoas, à proteção de documentos, de obras e outros bens de valor histórico, artístico ou cultural, à preservação de florestas, de fauna e flora; ao fomento da produção agropecuária e organização do abastecimento alimentar, tem, ainda, competência para proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas (inciso VI).

A Constituição Federal, no artigo 30, dispõe que compete aos Municípios "legislar sobre assuntos de interesse local" (inciso I) e "promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano" (inciso VIII).

As limitações ao direito de construir passaram a ter suporte constitucional (basta lembrar as imposições da Carta Magna acerca do meio ambiente e o balizamento constitucional da

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função social da propriedade), sendo que os principais instrumentos de controle e coerção contra abusos foram conferidos aos Municípios, mediante o controle do parcelamento.

No caso da legislação municipal foi identificada menção as questões ambientais somente na Lei Orgânica do município (Arts. 192 a 196), não tendo sido identificada legislação especifica que venha a disciplinar o uso e ocupação do solo no entrono do reservatório da PCH Brecha. Porém, em função de o reservatório e seu entorno estar quase que exclusivamente inserido na APA Municipal da Brecha as atividades desenvolvidas no entorno do reservatório deverão obedecer estritamente as recomendações e orientações apresentada em seu Plano de Manejo.

6.2.8 - Novelis/Empreendedor

A Novelis/empreendedor cabe a elaboração do PACUERA da PCH Brecha, em conformidade com as legislação vigente. Além disso, é de responsabilidade do empreendedor a aquisição, a desapropriação ou a instituição de servidão administrativa das APPs.

Na qualidade de proprietário da área de APP e principal interessado na sua conservação, tendo em vista que o reservatório artificial somente existe em razão da implantação da usina e que a APP destina-se prioritariamente à manutenção da qualidade da sua água, cabe à Novelis zelar pela integridade da APP. A responsabilidade do empreendedor se limita à APP, sendo que as atividades relacionadas ao zoneamento constante do plano ambiental de conservação e uso do entorno do reservatório estão fora de suas atribuições, sendo de responsabilidade dos órgãos ambientais e demais órgãos da administração pública, conforme já discutido nesse item.

Além disso, como responsabilidades correlatas, cabe ao empreendedor cumprir com as condições gerais e específicas constantes da licença de operação (art. 10 da Lei n. 6.938/81, art. 19, III do Decreto n. 99.274/90 e Resolução n. 237/97 do CONAMA); tomar medidas de proteção à fauna (art. 36 do Decreto lei n. 221/67); respeitar os termos da outorga de direito de uso de recursos hídricos (art. 15 da Lei n. 9.433/96).

6.2.9 - Ministério Público (MP)

A Constituição Federal, em seu Art. 127, dispõe sobre as funções genéricas do Ministério Público, a saber: defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis. Já em seu Art. 129. a Constituição Federal especifica as funções institucionais do Ministério Público:

I – Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.

II – Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia.

III – Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

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IV – Promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição.

V – Defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas.

VI – Expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva.

VII – Exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior.

VIII – Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicando os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais.

IX – Exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

No caso do PACUERA da PCH Brecha o MP deverá garantir e fiscalizar o estrito atendimento às leis ambientais e normas que porventura venham ser editadas a fim de implementar o Código de Uso ora proposto.

6.3 - RESERVATÓRIO DA PCH BRECHA

O potencial para o aproveitamento hidrelétrico e, consequentemente, o reservatório formado constitui propriedade da União, sendo que sua exploração é fruto de concessão emitida exclusivamente da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Porém, como o reservatório da PCH Brecha está localizado em rio considerado de domínio do estado de Minas Gerais cabe ao IGAM conceder a outorga do uso da água.

À Capitania dos Portos, órgão do Ministério da Defesa, compete as seguintes atribuições, sem a elas se limitar:

− a fiscalização da navegação, em conformidade com a legislação vigente; − a autorização do funcionamento de rotas de navegação comerciais ou públicas; − o licenciamento para a construção e o reparo de embarcações; − a inscrição e o registro de embarcações; − a expedição de habilitações, diretamente ou através de terceiros, para condução de

embarcações.

Para a Secretaria da Pesca compete às atividades relacionadas à pesca profissional, à piscicultura e a formação de Colônias de Pescadores. A autorização para cultivo de peixes em tanques–rede é expedida pela Delegacia Federal de Agricultura (DFA) também ligada ao MAPA. Ao IEF é atribuída o controle e a fiscalização da atividade pesqueira, sendo em geral determinado os períodos de defeso, os tamanhos mínimos de peixes pertencentes a espécies sob proteção e a preservação de outras, determinação do tamanho mínimo das malhas e as zonas de restrição de pesca (foz de rios e próximo à barragem).

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À SUPRAM Zona da Mata, cabe também o acompanhamento da qualidade ambiental do lago e seu entorno, atividade exercida quando de demandas específicas ou quando da renovação das respectivas licenças ambientais de operação, incluídas as condicionantes constantes da renovação imediatamente anterior.

Cabe ao Empreendedor, suplementarmente às responsabilidades dos órgãos oficiais:

− a definição da área, o projeto e implementação da Área de Segurança da PCH Brecha, através de uma corrente sinalizadora e de bloqueio, a ser colocada transversalmente ao reservatório ou ao rio, tanto à montante quanto à jusante da Barragem (áreas de risco);

− o acompanhamento de todos os eventos que afetem ou possam vir a afetar a qualidade ambiental do reservatório e das áreas marginais, principalmente nas áreas de sua propriedade;

− participação, com membros permanentes, daquelas instituições que vieram a ser formadas e que tenham atribuições ou vínculos com a temática (Comitê de Bacia, Câmaras Técnicas e assemelhados).

Na qualidade de proprietário da área de APP e principal interessado na sua conservação, tendo em vista que o reservatório artificial somente existe em razão da implantação da usina e que a APP destina-se prioritariamente à manutenção da qualidade da sua água, cabe ao empreendedor zelar pela integridade da APP.

6.4 - ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA PCH BRECHA

Mesmo que a pressão antrópica sobre o território marginal ao lago venha a ser expressiva, a sua contribuição em relação à alteração da qualidade d’água é estimada como pequena, mesmo que não negligenciável. Isso porque, as principais fontes de poluição (sedes urbanas, suinoculturas, etc.) estão localizados na bacia de contribuição do rio Piranga e Turvo fora dos limites do entorno do reservatório.

É dentro desta visão que o zoneamento de uso proposto é aplicado à área mais crítica, iniciando-se pela implantação, pelo empreendedor, de uma faixa de proteção ciliar com em ambas as margens do reservatório. Esta faixa, devido a sua importância em termos de preservação é considerada, automaticamente, como uma das Zonas, mesmo havendo áreas de APP contíguas.

O gerenciamento do uso desta área (do entorno do reservatório) compete a diversos órgãos, entre os quais se pode citar a SUPRAM Zona da Mata, o INCRA, o DNPM, a Prefeitura Municipal e a Capitania dos Portos e, indiretamente, ao empreendedor.

À Capitania dos Portos (ou das Delegacias e Agências), cabe a atribuição, além de outras, de aprovar os empreendimentos que servem de apoio às atividades náuticas, envolvendo projetos de clubes náuticos, colônias de pescadores, marinas, rampas, trapiches, pórticos, carreiras e equipamentos assemelhados. Estas aprovações não dispensam aquelas de competência da Prefeitura Municipal (aprovação do projeto e emissão do alvará de construção e respectivo “habite-se”), da SUPRAM Zona da Mata (licenciamento ambiental) e do empreendedor (concessão de direito à passagem e uso de terras de sua propriedade, correspondentes a Faixa de Proteção Ciliar).

A área marginal, contínua APP do reservatório será constituída por propriedades rurais cuja administração cabe ao INCRA, órgão responsável para autorizar o desmembramento

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rural, ação necessária quando da implantação de loteamentos nas áreas cadastradas como rurais.

O papel mais relevante do processo cabe, no entanto, à Prefeitura Municipal de Guaraciaba, responsável, em última análise, pela formulação do planejamento para ocupação racional do entorno do reservatório e pela implantação, da infraestrutura básica necessária para esta finalidade.

De uma forma geral, qualquer uso, independente de sua natureza e localização, está atrelado à órgãos que o gerenciam, independentemente do Empreendedor (com concessão específica para o uso da água para a geração de energia hidrelétrica).

Como o empreendedor será proprietário de uma faixa em torno de todo reservatório, qualquer acesso ao reservatório depende da “concessão de passagem” por ele emitida, e esta concessão só deverá ser fornecida àqueles projetos que não lhe tragam prejuízos.

6.5 - CRITÉRIOS DE ZONEAMENTO

Ao se examinar a legislação vigente, especialmente a legislação Florestal e a lei do “parcelamento do solo urbano”, percebe-se que existem leis suficientes para um uso adequado do solo no entorno da PCH Brecha. Assim a Lei nº 6.766, de 19/12/1979 (Alterada pela lei 9.785, de 29/01/1999), dispõe em seu Art. 3º que:

“Somente será admitido o parcelamento do solo, para fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, assim definidas pelo Plano Diretor ou aprovadas por lei municipal (redação dada pelo caput da Lei nº 9.785, de 29/01/1999): Parágrafo único: Não será permitido o parcelamento do solo: I. Em terrenos alagadiços e sujeitos à inundações, antes de tomar as providências para o escoamento das águas; II. Em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados; III. Em terrenos que tenham declividade superior ou igual a 30% (trinta por cento) salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes; IV. Em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação; V. Em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até sua correção”.

Diante das definições estabelecidas no inciso III, verifica-se que ao não permitir o parcelamento do solo urbano (para fins de urbanização, ou seja, de construção) em terrenos com declividade superiores a 30%, essa norma deixa implícito que admite a urbanização nos terrenos até esta declividade.

De outra parte verifica-se que o inciso IV, veda a urbanização (ou construção) em áreas com problemas geológicos, o que no entorno do reservatório está representado pelas áreas uso restrito, já devidamente cadastradas e mapeadas.

O inciso V veda a urbanização (ou construção) em áreas de preservação ecológica, na qual se enquadram, predominantemente, as áreas com cobertura vegetal. Vale registrar, que em função da PCH Brecha está inserida no Bioma Mata Atlântica, a Lei federal 11.428/2004 veda em seu Art. 14 a supressão de vegetação primaria ou secundária em

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estágios médio e avançados de regeneração, exceto em casos de utilidade pública e relevante interesse social.

A Lei Federal nº 12.651/2012 e a Lei Estadual 20.922/2013 que tratam especificamente da Política Florestal Brasileira e Mineira, respectivamente, fornecem outras referências relativas à preservação de áreas florestadas. Por exemplo, no Art. 4º da Lei Federal 12.651/2012 e no Art. 9º da Lei Estadual 20.922/2013, estabelecem as áreas de preservação de permanente nas margens de cursos de água, nascentes, topos de morro e encostas, que constituíram etapa fundamental na orientação do zoneamento ambiental proposto.

Entende-se que esta preservação foi estabelecida fundamentalmente em função da necessidade da proteção do solo e da manutenção da estabilidade das encostas e, consequentemente, quantidade e qualidade dos recursos hídricos naturalmente disponíveis, uma vez que a supressão vegetal altera as condições naturais de estabilidade do solo e das encostas favorecendo a ocorrência de processos de instabilização e aporte de sedimentos nos corpos hídricos. Diante desse contexto foram adotadas as seguintes premissas para a definição das áreas homogêneas e zoneamento ambiental do entorno do reservatório da PCH Brecha:

− áreas com declividades restritivas ao uso e ocupação do solo, conforme estabelecido nas Leis Federal nº 6.766, de 19/12/1979 (alterada pela lei 9.785, de 299/01/1999) e nº 12.651/2012 e na Lei Estadual nº 20.922/2013;

− APPs de cursos de água, nascentes e topos de morro, estabelecidas na legislação ambiental tanto federal (Lei Federal nº 12.651/2012) quanto estadual (Lei Estadual 20.922/2013).

− Limites a montante e a jusante do barramento de usinas hidrelétricas com vistas a proteção da ictiofauna;

− Áreas de segurança da PCH Brecha cujo uso deve ser impedido devido ao risco que existe quando da aproximação de embarcações das estruturas de vertimento e do canal de fuga. Esta área, além de convenientemente sinalizada, deve constituir-se em uma barreira, capaz de bloquear fisicamente a passagem.

− as áreas que não são afetadas por nenhuma das restrições explicitadas nos itens anteriores;

6.6 - ZONEAMENTO PROPOSTO

Diante dos levantamentos procedidos no âmbito deste trabalho foram individualizadas 9 zonas, que podem ser agrupadas em 3 UAHs no entorno do reservatório, além de uma especifica que abriga o seu corpo hídrico. No caso especifico da PCH Brecha, devido às restrições de segurança e de proteção a ictiofauna, o seu reservatório foi subdividido em 2 zonas distintas a saber:

− Zona de Segurança da PCH Brecha (ZSB) – que abriga todas as estruturas associadas a PCH Brecha e o trecho de rio de 200 metros a montante e a jusante do barramento da PCH Brecha, e;

− Zona de Uso do Reservatório (ZUR) – que contempla todo reservatório exceto o trecho de 200 metros a montante do barramento da PCH brecha.

As 3 UAHs mapeadas no entorno do reservatório foram individualizadas em áreas preferências para conservação, para recuperação e com função socioeconômica. As zonas enquadradas nas duas primeiras UAHs (Conservação e Recuperação) foram definidas em

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função dos dispositivos legais que estabeleceram as diversas tipologias de APPs e em função da presença e localização dos diversos fragmentos florestais nativos, independente de seus estágios sucessionais (inicial, médio e avançado). Já o zoneamento das UAHs foi definido em estreito acordo com as normas de uso e ocupação do solo, bem como a luz das orientações e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da APA da Brecha.

A seguir, são individualizadas as diferentes zonas ambientais propostas para o entorno da PCH Brecha:

− Zona de Recomposição Florestal (ZN1): compreende as áreas de recuperação da APP no entorno do reservatório (entre N.A.Máx.Normal e N.A.Máx.Maximorum), nas quais o empreendedor deverá realizar a recomposição florestal. Vale registrar, que a Lei Estadual nº 20.922/2013 e a Resolução CONAMA 425/2010, dispõe sobre os usos permitidos/tolerados nessa faixa de APP. A resolução

− Zona de Conservação (ZN2): a delimitação desta zona compreende as áreas isentas de atividades antrópicas voltadas para a proteção de mananciais e vertentes, bem como, para a proteção dos habitats aquáticos e da fauna associada. É representada pelas áreas atualmente cobertas pelos remanescentes das florestas em áreas de APP no entorno da PCH Brecha. Esta zona abrange as áreas que deverão ser mantidas preservadas, em função de sua importância na manutenção do ecossistema.

− Zona de Incentivo à Recuperação (ZN3): compreendem áreas mais abertas, desprovidas das formações florestais originais, que tenham sido exploradas de forma paulatina ou ininterrupta e que por suas características, também, se enquadram como Áreas de Preservação Permanente.

− Zona de Incentivo a Conservação (ZN4): compreendem áreas ocupadas por formações florestais, não caracterizadas como áreas protegidas e nas quais o uso potencial possuiu diferentes classes.

− Zona de Capacidade de Uso intensivo (ZN5): abrangem áreas em que as tipologias de solo e a declividade dos terrenos indicam propensão baixa a atuação de processos erosivos e boa capacidade ao suporte da atividade agropecuária.

− Zona de Capacidade de Uso Extensivo (ZN6): abrangem áreas em que as tipologias de solo e a declividade dos terrenos indicam propensão mediana a atuação de processos erosivos e capacidade mediana ao suporte da atividade agropecuária.

− Zona de Capacidade de Uso Restrito (ZN7): abrangem áreas em que as tipologias de solo e a declividade dos terrenos indicam propensão alta a atuação de processos erosivos e restrições ao aproveitamento agropecuário.

Na Figura 6-1, a seguir é possível verificar o zoneamento ambiental proposto para o reservatório da PCH Brecha e seu entorno, bem como quadro de áreas.

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Figura 6-1 - Zoneamento Ambiental proposto no âmbito do PACUERA da PCH Brecha.

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Diante das distintas zonas identificadas no entorno do reservatório propõe-se no presente estudo que as Zonas de Recomposição Florestal (Zn1) e de Conservação (Zn2) sejam agrupadas em uma única zona denominada de Zona de Preservação Ambiental da Brecha (ZPAB) que corresponderá futura faixa de APP do reservatório da PCH Brecha. As distinções iniciais que levaram a definição de zonas distintas diz respeito apenas a presença ou não de vegetação nativa na futura faixa de APP do reservatório.

De modo análogo propõe-se que as Zonas de Incentivo a Recuperação (Zn3) e de Incentivo a Conservação (Zn4) sejam enquadradas também em uma única zona denominada de Zona de Incentivo a C onservação Ambiental (ZICA). As demais zonas que tratam do disciplinamento da ocupação antrópica deverão resultar em duas zonas distintas, a saber:

− Zona de Livre Ocupação Antrópica (ZLOA) – que abrange exclusivamente a Zona de Capacidade de Uso Intensivo (Zn5), e;

− Zona de Ocupação Antrópica Restrita (ZOAR) – que deverá abrangerá as demais zonas (Zona de Capacidade de Uso Extensivo – Zn6; e, Zona de Capacidade de Uso Restrito – Zn7).

Além dessas 4 Zonas previstas para o entorno do reservatório, o Código de Uso abrangerá as duas Zonas propostas para o corpo do reservatório (Zona de Segurança da Brecha – ZSB, e; a Zona de Uso do Reservatório da Brecha (ZURB).

A Figura 6-2 mostra todas as áreas homogêneas propostas neste PACUERA.

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Figura 6-2 - Zoneamento Ambiental do PACUERA da PCH Brecha

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6.7 - CÓDIGO DE USO

O Código de Uso ora apresentado constitui em proposta de regulamentação do uso das diversas zonas ambientais, que consolida um conjunto de restrições prevista na legislação, sobretudo ambiental, nas suas diversas esferas de governo, bem como propõe mecanismos a serem implementados adicionalmente na continuidade da operação da PCH Brecha em plena harmonia com os usos atuais e futuros a serem desenvolvidos em seu reservatório e entorno. Vale registrar, que o presente código constitui apenas uma proposta preliminar que deverá ser discutida com a comunidade local, proprietários de terras lindeiros ao reservatório, órgãos da administração pública, entre outros interessados, durante as reuniões de devolutiva do estudo.

A seguir são detalhados os usos admitidos ou proibidos em cada uma das 6 Zonas ambientais definidos preliminarmente.

6.7.1 - Zona de Segurança da PCH Brecha (ZSB)

A ZSB (Zona de Segurança da PCH Brecha) é uma área de exclusão de qualquer tipo de uso, com vistas a garantir a segurança dos usuários do reservatório e da conservação da ictiofauna. Essa zona está situada no entorno das estruturas da PCH Brecha e abrange um estirão do rio Piranga, com extensão mínima de 400 metros, sendo 200 metros a montante da Barragem da PCH Brecha em seu reservatório e de 200 metros a jusante dessas estrutura já em seu TVR.

Porém, recomenda-se que a Novelis juntamente com órgãos da administração pública, quer seja relacionada as questões de conservação da fauna (IEF, SUPRAM Zona da Mata, PMMG e Secretaria Municipal de Meio Ambiente) quer seja de navegação (Capitania dos Portos), estabeleçam as dimensões mais adequadas para essa zona. Considera-se pertinente avaliar, além do trecho proposto preliminarmente, a inclusão de todo o TVR da PCH Brecha.

A necessidade de implantação desta área de exclusão de uso se deve aos riscos que a aproximação excessiva de embarcações ao vertedouro e a tomada d’água da PCH Brecha podem representar aos usuários do reservatório, bem como do impacto da atividade da pesca sobre a conservação da fauna ictíca, visto que não é incomum observar pescadores nas proximidades da barragem da PCH Brecha.

Para determinar o posicionamento da corrente ou cabo de aço à jusante do barramento, com a finalidade de delimitar essa zona de exclusão, recomenda-se que seja avaliada os estudos hidráulicos e de passagem de cheias. Outra alternativa que delimite essa zona e que impeça o possível acesso de embarcações ao TVR também deverá ser avaliado.

No caso do trecho de montante já existe um log boom ancorado em cabos de aço que pode servir ou auxiliar no isolamento da ZSB. Além do obstáculo ao acesso de embarcações não autorizadas, deverão ser instaladas placas informativas alertando sobre os riscos de permanência no local, quer seja de acidentes com pessoas quer seja pelas restrições legais definidas para a conservação da ictiofauna no Estado de Minas Gerais.

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6.7.2 - Zona de Uso do Reservatório da PCH Brecha (ZURB)

A ZURB tem seu uso regulamentado pelos órgãos que têm atribuição para gerir e fiscalizar o uso do reservatório para navegação (Ministério da Defesa – Capitania dos Portos), para extração mineral (DNPM) e, sobretudo para os múltiplos usos das águas e conservação da qualidade de suas águas (IGAM e SUPRAM Zona da Mata). Nesse caso, a Novelis no papel de concessionário outorgado para exploração do potencial hidrelétrico, constitui, legalmente, em responsável primeiro por eventuais alterações entre a qualidade d’água afluente e a vertida, e portanto deve desempenhar papel complementar na anuência dos usos permitidos no reservatório.

A Novelis, além de divulgar as responsabilidades institucionais dos diversos órgãos envolvidos no gerenciamento do uso do reservatório da PCH Brecha, disponibilizará à Prefeitura Municipal de Guaraciaba cópias digitais ou informações sobre os produtos elaborados no âmbito do PACUERA e as regras de uso que em uma primeira instancia deverá estar disponível a todos os interessados na Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

No caso da navegação do reservatório que tem seu uso inteiramente disciplinado pela legislação convencional, como é o caso do RIPEAM (Regulamento Internacional de Prevenção de Acidentes no Mar) e da NORMAM (Normas da Autoridade Marítima para Amadores, embarcações de esporte e/ou recreio e para cadastramento e funcionamento das marinas, clubes e entidades desportivas náuticas), recomenda-se que seja avaliada criteriosamente a extensão da área navegável, uma vez que existem 3 jazidas de areia licenciadas pelo DNPM no leito do reservatório da PCH Brecha cuja ancoragem das balsas podem implicar em risco de acidentes com embarcações.

Outra questão relevante diagnosticada durante os trabalhos de campo e que deve ser discutida e avaliada com entre a comunidade local e os diversos órgãos da administração pública, está relacionada aos inconvenientes que a navegação tem trazido a atividade da pesca na região, sobretudo aquela desenvolvida como lazer pelos moradores lindeiros ao reservatório. Os relatos de problemas de erosão de margens ocasionadas pelo uso de Jet Sky também foi detectado durante os trabalhos de campo.

Nesse último caso é recomendável a discussão quanto a permissão de uso de embarcação a motor no reservatório, bem como em caso de erosão a sinalização e a restrição de acessos a embarcação a trechos instáveis das margens do reservatório que possam vir a ser agravadas pela continua navegação.

6.7.3 - Zona de Preservação Ambiental da PCH Brecha (ZPAB)

A ZPAB constitui uma faixa marginal com largura variável entre o N.A.Máx.Normal (El. 529,27 m) e N.A.Máx.Maximorum (El. 532,70 m), que é formada ao longo de todo o reservatório da PCH Brecha, em pleno atendimento ao disposto no Art. 62 da Lei Federal 12651/2012 e ao Art. 22 da Lei Estadual 20.299/2013. Essa Zona tem seu uso admitido pela SUPRAM da Zona da Mata, que deverá aprovar o PACUERA e a ocupação existente nos limites da Lei, e a Novelis, que deverá emitir a permissão de passagem na futura faixa de APP para a dessedentação animal, construção de trapiches, ancoradouros, entre outros usos.

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Durante os trabalhos de atualização do uso e ocupação do solo, foram identificados ao longo dessa faixa o desenvolvimento de diversas atividades (exploração agropecuária, atividades de lazer e exploração mineral), tendo sido observada a existência de edificações e até mesmo habitações. Nesse contexto, é importante salientar que, tanto na Lei Federal 12.651/2012 (§ 1º, do Art. 5), quanto na Lei Estadual 20.299/2013 (§ 6º, do Art. 23), é admitida a ocupação da faixa de APP de reservatórios artificiais, até o limite de 10% de sua área total.

Além disso, é permitido por Lei (Art. 13 da Lei Estadual 20.299/2013; e, Art. 9º, da Lei Federal 12.651/2012) e necessário no âmbito do presente PACUERA a implantação de corredores de dessedentação animal. Essa definição deverá ser procedida juntamente com os proprietários de terra a fim de garantir em condições seguras o acesso de seus animais à água, sem implicar em degradação da futura faixa de APP.

Cabe salientar, ainda que a ZPAB é composta por duas áreas inicialmente zoneadas com a denominação Zn1 (Zona de Recomposição), que se caracteriza por ser ocupada por usos antrópicos e onde a recomposição da vegetação deverá ser realizada futuramente pela Novelis, e a Zn2 (Zona de Conservação), onde atualmente é observada a vegetação nativa em estágios diferenciados de regeneração. Nesse último caso não é admitida qualquer nova intervenção antrópica em áreas de estágio médio e avançado de regeneração, por ser vedada a supressão da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. Na outra área (Zn1) deverá ser avaliada a permanência das atividades considerando os limites estabelecidos na legislação florestal (Lei Federal nº 12.651/2012 e Lei Estadual nº 20.922/2013) e, também na Resolução CONAMA nº369/2006, que dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção em APP.

6.7.4 - Zona de Incentivo a Conservação Ambiental (ZICA)

A ZICA é constituída pelas demais APPs, localizadas nas propriedades lindeiras ao reservatório da PCH Brecha que atualmente não estão vegetadas, e por áreas de vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, localizada fora dos limites da APP do reservatório da PCH Brecha (ZPAB). Nesse caso, portanto, foram incluídas duas subáreas denominadas inicialmente de Zn3 (Zona de Incentivo a Recuperação) e Zn4 (Zona de Incentivos a Conservação).

Por constituírem áreas pertencentes a propriedades rurais, a gestão sobre essa zona compete ao INCRA, a Prefeitura Municipal de Guaraciaba (APA Guaraciaba e Disciplinamento do Uso e Ocupação do Solo) e aos órgãos ambientais estaduais responsáveis pelo licenciamento de atividades agrossilvipastoris (SUPRAM Zona da Mata) e minerarias (DNPM), além da emissão de autorização para a Supressão vegetal (IEF) e fiscalização (PMMG).

A Zn3, conforme já descrito, compreende áreas de pastagem ou com outro uso antrópico, desprovidas das formações florestais originais, que por suas características e localização, também, se enquadram como APP de cursos de água, topo de morro, encostas e nascentes. Nesses casos a permanência do uso antrópico consolidado é permitida em lei (Art. 61-A, da Lei Federal 12.651/2012; e, Art. 16, da Lei Estadual 20.299/2013), devendo ser observado como critério para enquadramento, as

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intervenções prévias a 22 de julho de 2008. Além disso, os limites de APP a serem recuperados são mais restritos, conforme disposto na referida legislação.

Nesses casos é recomendável que sejam realizadas ações de esclarecimentos aos proprietários rurais, com vistas a informá-los suficientemente sobre a necessidade de se proceder a recomposição dessas áreas, em estrito acordo com a legislação especifica, sobre sua função ecológica e sua importância para a sustentabilidade da atividade produtiva e/ou da ocupação atualmente desenvolvida. A recuperação dessas APPs é exigência legal e deverá ser promovida quando da regularização do Cadastro Ambiental Rural.

No caso da Zn4, a situação é diametralmente oposta, pois se trata de área atualmente ocupada com remanescentes florestais nativos em estágios diversos de regeneração, localizados fora de todas as APPs. Por se tratar de vegetação nativa pertencente ao Bioma Mata Atlântica sua supressão de vegetação primária e em estágios médio e avançado de regeneração somente é admitida em casos de utilidade pública e relevante interesse social, conforme determinado pela Lei Federal 11.428/2006.

Ainda assim, por serem aplicadas a essas duas subáreas as mesmas orientações para o uso e ocupação promoveu-se sua junção e a constituição da ZICA, uma vez que a supressão de vegetação em ambas situações tem severas restrições, quer seja por se tratar de remanescente vegetal do Bioma Mata Atlântica (Lei Federal 11.428/2006) quer seja por constituírem APPs (Lei Federal 12.651/2013; e, Lei Estadual 20.299/2013). Diante desse cenário, deverá prevalecer nessa área o uso antrópico consolidado, conforme define a citada legislação ambiental.

6.7.5 - Zona de Livre Ocupação Antrópica (ZLOA)

A ZLOA é constituída por áreas em que as tipologias de solo e a declividade dos terrenos indicam propensão baixa a atuação de processos erosivos e boa capacidade ao suporte da atividade agropecuária. Também localizadas nas propriedades rurais, pertencentes ao município de Guaraciaba, a gestão sobre a ZLOA compete ao INCRA, a Prefeitura Municipal de Guaraciaba (APA Guaraciaba e Disciplinamento do Uso e Ocupação do Solo) e aos órgãos ambientais estaduais responsáveis pelo licenciamento de atividades agrossilvipastoris (SUPRAM Zona da Mata) e minerarias (DNPM).

Nessa zona foi verificado potencial para desenvolvimento de atividades agropecuárias, sendo que em alguns trechos, próximo ao reservatório da PCH Brecha, mas fora da ZPAB, foi verificado parcelamento do solo característico de área urbana com a presença de lotes destinados a construção de residências para fins de semana. Nesse contexto, considera-se pertinente que a Prefeitura Municipal de Guaraciaba, a avalie a possibilidade de torná-las áreas de “expansão urbana”, a fim de regularizar a ocupação existente, bem como disciplinar futuras ocupações.

Vale registrar, que em função de a região sofrer frequentemente com a ocorrência de cheias, propõe-se que seja estabelecida não só para essa zona, mas especialmente para ela, estudos para definição das regras de ocupação priorizando e admitindo a construção de moradias apenas em cotas superiores a passagem da cheia projetada

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para o Tempo de Retorno (TR) de 10 anos, conforme zoneamento de áreas de enchentes usualmente utilizado no Brasil e descrito por Tucci (1993).

Nesse caso especifico, a Novelis deverá contribuir com o fornecimento dos estudos de remanso que abranjam todo o reservatório, até a sede urbana de Guaraciaba já fora de sua área de influência, cabendo a Prefeitura Municipal de Guaraciaba o levantamento topográfico da área emersa nos pontos considerados críticos para estabelecimento de critérios de ocupação e estabelecimento de Sistema Municipal de Alerta de Cheias.

6.7.6 - Zona de Ocupação Antrópica Restrita (ZOAR)

A ZOAR é composta de áreas que foram indicadas como propícias para o uso socioeconômico, juntamente com a ZLOA (Zona de Livre Ocupação Antrópica). Entretanto a ocupação nessas áreas deverá ser admitida desde que adotadas medidas conservacionistas do solo, a fim de evitar o desencadeamento de processos erosivos e o depauperamento da qualidade de água do reservatório pelo contínuo aporte de sedimentos.

A gestão sobre essa área deverá ser realizada pelos mesmos órgãos previstos para a ZLOA. Vale ressaltar, que essa Zona abarca duas subáreas denominadas preliminarmente de Zona de Capacidade de Uso Extensivo (Zn6) e Zona de Capacidade de Uso Restrito (Zn7). Em ambos os casos o uso antrópico deverá permitido com ressalvas. De todo modo, foi possível verificar que os usos atualmente desenvolvidos (pecuária e silvicultura) não têm colocado em risco a qualidade de água do reservatório da PCH Brecha. Portanto, admite-se a permanência dos atuais moradores e de suas atividades econômicas.

Vale registrar, contudo, que deverão ser estimuladas, em casos de novas intervenções nessa área, a adoção de medidas de manejo e conservação do solo. A construção de novas moradias, acessos e edificações devem ser cuidadosamente avaliados a fim de evitar situações inseguras, de risco para os moradores e transeuntes, em face da elevada declividade de seus terrenos e dos riscos geológicos associados a implantação de edificações/habitações nesses locais.

7 - DEVOLUTIVAS

Conforme mencionado no item 2, Metodologia Geral, o poder público e os proprietários do entorno do reservatório foram revisitados para a apresentação do zoneamento preliminar do PACUERA, bem como para tomada de sugestões, críticas e percepções que pudessem contribuir para a complementação e a consolidação do documento final.

Primeiramente foi realizada uma reunião com representantes do Poder Público, da Polícia Militar e da Defesa Civil do município de Guaraciaba para, além dos motivos supracitados, informar sobre o planejamento das visitas às propriedades do entorno do reservatório. A lista de presença da reunião é apresentada no Anexo III.

Após a realização da reunião iniciou-se a visita aos proprietários. A Tabela 7-1, a seguir, apresenta a identificação dos entrevistados, assim como as colocações realizadas

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durante a conversa. É importante destacar que não foram realizadas solicitações de modificação em relação ao zoneamento proposto. Isso se deve, a princípio, à consideração, no zoneamento, das características e usos atualmente realizados no reservatório e seu entorno.

A Figura 7-1 apresenta o roteiro realizado em campo, assim como a localização dos moradores abordados, considerando os números de pontos apresentados na Tabela 7-1.

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Tabela 7-1 – Identificação dos moradores entrevistados

Número Ponto Tipo Nome Contato Comentários

1 Proprietário

Margareth Araujo D.

(31) 9 8304-4966 / [email protected]

- Professora da escola - há 18 anos. - O pai trabalhou na construção da usina. - Morou nas casas construídas pela Usina e estudou na escola. - Proprietária da margem direita. - Áreas de segurança são bem sinalizadas. - Ainda vêm pescadores, mas de fora, pois a polícia tem informado e fiscalizado. - Escola tem 13 alunos (1° ao 5° ano) - último ano da escola. - Reservatório é muito utilizado para atividades de lazer.

2 Proprietário

Antônio Carlos (Nem) - Não estava no momento da visita. A equipe conversou com a funcionária, Sandra,

que também é proprietária do entorno do reservatório.

3 Proprietário Joana Darc [email protected]

Ressaltou que as pessoas estão mais conscientes ambientalmente. Aprendeu com a vizinha a não queimar o pasto e ensinou a ela a compostagem.

4 Proprietário

João M. Martins -

- Acompanhou toda a implantação da usina - Reclamou que os Jet Ski fazem barulho e contribuem para a erosão das margens e assoreamento do rio.

3 Proprietário Sandra - Funcionária da propriedade do ponto 2 do GPS e Proprietária

5 Proprietário José Maria - Proprietário

6 Proprietário Samuel - Destacou a presença dos animais tatu, paca, capivara, tamanduá e jaguatirica

7 Proprietário Leandro - Trabalha também na propriedade do Antônio Carlos (viçosa)

8 Proprietário Daniel Grigório (31) 9 7155-5710 Informou que o rio recebe bastante esgoto da cidade

9 Proprietário

Margareth Araujo D.

(31) 9 8304-4966 / [email protected] Professora / Proprietária

10 Proprietário Eduardo - Proprietário

11 Proprietário Terezinha Dias - Destacou que os barcos e jet ski são um problema pelo barulho e uso de drogas.

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Número Ponto Tipo Nome Contato Comentários

12 Proprietário Luiz de Guelo (31) 9 9591-0978 Funcionário Marcos R. Coelho

13 Proprietário José Carlos - Irmão do Proprietário

14 Proprietário Moisés (bar) - Informou que procura preservar e plantar mudas. Destacou também que há muitos

peixes e animais na região

15 Proprietário Dalva (31) 9 8433-6337 / 9 9979-4500 Arrendatária - Pousada Enseada Bananal

16 Proprietário Luiz - Proprietário - Pousada do Turvo

17 Poder Público

Valmir Souza Rocha

(31) 9 8262-2111 / [email protected]

CM PM - Polícia Militar (reunião)

17 Poder Público

Amós Rodrigues de Souza

(31) 9 8338-2057 / [email protected] SGT PM - Polícia Militar (reunião)

17 Poder Público

Sidnei Pedro da Silva

(31) 9 8300-9910 / [email protected] COMPEDC – Prefeitura (reunião)

17 Poder Público

Marcelo Alvez da Cruz

(31) 9 8209-1188 / [email protected]

Secretário – Prefeitura (reunião)

17 Poder Público

Adriano de Andrade Militão

(31) 9 8486-0916 / [email protected]

Vice-prefeito – Prefeitura (reunião)

17 Poder Público

Aluísio de Freitas Marinho

(31) 3893-5475 / [email protected]

Secretário de Meio Ambiente – Prefeitura (reunião)

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Figura 7-1 – Mapa de Caminhamento de Campo

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A Figura 7-2 apresenta o registro fotográfico da atividade de campo.

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Figura 7-2 – Registro fotográfico da visita para realização da apresentação e recolhimento de sugestões em relação ao Pacuera

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8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do zoneamento proposto considera-se imprescindível o repasse/divulgação da regulamentação e do conhecimento gerado, tanto àqueles que terão responsabilidade direta no seu gerenciamento (órgãos da administração pública) como aos proprietários lindeiros e usuários/frequentadores individuais. O papel da Prefeitura Municipal de Guaraciaba é considerado fundamental para o disciplinamento da ocupação no entorno do reservatório da PCH Brecha.

Nesse contexto, recomenda-se à Novelis que seja realizadas reuniões de devolutivas para discussão com os órgãos da administração pública e proprietários lindeiros do entrono do reservatório, com a finalidade de discutir o zoneamento proposto e a construção de consensos/entendimentos prévios, o que em última estância permitirá maior contribuição da comunidade local. Essa estratégia permitirá a apropriação do conhecimento por essa comunidade, bem como a geração de maior identidade com o local.

Na Tabela 8-1, a seguir, é apresentada os usos permitidos e proibidos em cada Zona Ambiental previamente descritas e, também, suas condicionantes.

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Tabela 8-1 – Código de Uso do PACUERA da PCH Brecha.

ZONA USOS PERMITIDOS USOS PROIBIDOS CONDICIONANTES

ZSB Pessoal técnico da Usina. Esta área é vedada à qualquer uso,

afora os citados. - Pessoal autorizado pela Novelis.

ZURB

Construção de trapiches, rampas, carreiras, estruturas flutuantes.

- Autorização da Capitania dos Portos, Delegacias da Marinha, Agencias da Marinha ou órgão conveniado.

Prática de esportes aquáticos. - -

Motonáutica. Uso de lanchas motorizadas e “jet ski” próximo às áreas marginais urbanizadas ou nos locais de praias.

Habilitação de Arraes Amador; Registro da embarcação na CPC.

Navegação turística. Licenças diversas da Capitania dos Portos; Autorização da Embratur para exploração de atividade turística.

Piscicultura.

O exercício da atividade sem prévia anuência dos órgãos ambientais (Qualidade da Água) e sem autorização prévia da Novelis.

Aprovação do projeto específico pelo DFA/MAPA.

Pesca profissional. Pesca nos períodos de defeso definidos anualmente ou outras proibições já instituídas.

Licença de pescador profissional

Pesca esportiva. Pesca nos períodos de defeso definidos anualmente ou outras proibições já instituídas.

Licença de pescador amador

Dessedentação Animal. - Autorizado, obedecidas as condicionantes a serem estabelecidas pela Novelis para salvaguarda à propriedade e proteção ambiental.

Derivação d’água para irrigação.

- Obtenção prévia da outorga de direito de uso da água junto ao IGAM. - Obtenção de Autorização de passagem junto a Novelis (ZPAB)

Captação para uso industrial. - Obtenção prévia da outorga de direito de uso da água junto ao IGAM. - Obtenção de Autorização de passagem junto a Novelis (ZPAB)

Captação para uso humano. - Obtenção prévia da outorga de direito de uso da água junto ao IGAM.

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ZONA USOS PERMITIDOS USOS PROIBIDOS CONDICIONANTES

- Obtenção de Autorização de passagem junto a Novelis (ZPAB) Captação para abastecimento de comunidades rurais. - Uso autorizado após a obtenção da Autorização de Passagem do

Empreendedor.

ZPAB

Dessedentação Animal. Qualquer uso antrópico pretendido ou implantado, posteriormente a 22 de julho de 2008.

Autorizado, obedecidas as condicionantes a serem estabelecidas pela Novelis para salvaguarda à propriedade e proteção ambiental.

Utilização e melhoria de acessos preexistentes.

A melhoria só poderá envolver drenagem e pavimentação, sem incluir alargamentos da plataforma ou outras intervenções que envolvam cortes, aterros e supressão de vegetação.

Uso antrópico consolidado Limitado até o até o limite de 10% da área total da APP.

ZICA

Dessedentação Animal.

Qualquer uso antrópico pretendido ou implantado, posteriormente a 22 de julho de 2008.

Autorizado desde que não implique em degradação da vegetação nativa existente, em estágios médios e avançado de regeneração, ou em maior depauperamento das APPs das propriedades rurais lindeiras

Utilização e melhoria de acessos preexistentes.

A melhoria só poderá envolver drenagem e pavimentação, sem incluir alargamentos da plataforma ou outras intervenções que envolvam cortes, aterros e supressão de vegetação.

Uso antrópico consolidado para exploração agrícola, edificação e áreas de lazer.

Limitado até 22 de julho de 2008.

ZLOA

Liberada à ocupação antrópica, quer para exploração agrícola, implantação de loteamentos, clubes, marinas e áreas de lazer.

São proibidos os usos assim definidos pela legislação ordinária que rege os processos de urbanização.

A implantação de loteamentos deverá ser precedida da transformação da área em Zona de Expansão Urbana e do correspondente Código de Obras e legislações suplementares exigidas na urbanização de novas áreas fora do perímetro urbano da sede municipal.

Todo processo é de responsabilidade da Prefeitura Municipal.

As áreas propícias à ocupação mais intensa, admitida nas ZLOA estão delimitadas na Cartografia do Zoneamento de Usos.

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ZONA USOS PERMITIDOS USOS PROIBIDOS CONDICIONANTES

ZOAR

Ocupação antrópica.

Vedada a ocupação antrópica (Construção de Habitações e Edificações) em áreas com declividade superior à 47%

A ocupação antrópica estará liberada em áreas com declividade inferior a 30% e dependente de aprovação especial quando situadas entre 31 e 47%;

Os lotes deverão ter área mínima igual a fração mínima de parcelamento rural definida para a região;

A ocupação poderá ocorrer em condomínio desde que a fração ideal de parcelamento tenha área equivalente ao do tamanho definido para o lote individual.

Vedada a implantação de novos cultivos e renovação, sem a adoção prévia de medidas de manejo e conservação do solo.

As atividades agropecuárias deverão ser desenvolvidas em estrita observância a sua aptidão, conforme orientações e recomendações constates no Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras, elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da EMBRAPA (EMBRAPA/CNPS, 1994).

Dessedentação Animal - Autorizado, obedecidas as condicionantes a ser estabelecidas pelo empreendedor para salvaguarda à propriedade e proteção ambiental.

Utilização e melhoria de acessos preexistentes -

A melhoria só poderá incluir drenagem e pavimentação, sem envolver alargamentos da plataforma ou outras intervenções que envolvam cortes aterros e supressão de vegetação.

Construção de novos acessos -

A construção de novos acessos só poderá ser efetuada em áreas com declividade até 47%;

A construção do acesso deverá obter licenciamento municipal e, quando envolver danos ambientais significativo deverá ser submetido a licenciamento ambiental pleno junto a SUPRAM Zona da Mata.

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OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA (ONS). Estimativas de Vazões para Atividades de Uso Consuntivo da Água nas Principais Bacias do Sistema Interligado Nacional (SIN). Relatório Final (Minuta 6). Brasília. 2003. 130 p.

CONSÓSRCIO ECOPLAN – LUME. Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Doce e Planos de Ações para as Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce. Junho, 2010. 125 p.

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PACUERA da PCH Brecha pág. 80

10 - ANEXOS

Anexo I – Anotações de Responsabilidade Técnica (ART)

Anexo II – Instrução de Serviço Sisema 01/2017

Anexo III – Lista de presença da reunião realizada junto à Prefeitura

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PACUERA da PCH Brecha

Anexo I – Anotações de Responsabilidade Técnica (ART)

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81,53

PLANEJAMENTO E CONDUÇÃO DAS DEVOLUTIVAS DO PACUERA.....................................................

.......................................................................................................

.......................................................................................................

.......................................................................................................

..............................................................

ENGENHEIRO AMBIENTAL;

ART de Obra ou Serviço

Página 1/1

1. Responsáv el Técnico

2. Dados do Contrato

3. Dados da Obra/Serv iço

Título prof issional: RNP:

Registro:

Contratante:

Logradouro:

Cidade:

Contrato:

Valor:

Nº:

Bairro:

UF: CEP:

Celebrado em:

Tipo de contratante:

Logradouro:

Cidade:

Nº:

Bairro:

UF: CEP:

Data de início: Previsão de término:

Finalidade:

Empresa contratada: Registro:

JOAO DE MOURA MARTINS1410697274

04.0.0000151669

NOVELIS DO BRASIL LTDA

AVENIDA AVENIDA AMÉRICO R. GIANETTI

AVENIDA FAZENDA 42º57'46"O 20º 32'40"S

GUARACIABA MG

SARAMENHAMGOURO PRETO

AMBIENTAL

NOVELIS DO BRASIL LTDA

000521

000000

CNPJ: 60.561.800/0030-48

CNPJ: 60.561.800/0030-48

14201700000004042233

ROCHA CONSULTORIA E PROJETOS DE ENGENHARIA LTDA

Proprietário:

5. Observ ações

6. Declarações

7. Entidade de Classe

8. Assinaturas

9. Inf ormações

Declaro serem v erdadeiras as inf ormações acima

_______________________, _____ de ____________________ de _______

SINDICATO DE ENGENHEIROS NO ESTADO DE MINAS GERAIS - SENGE-M

NOVELIS DO BRASIL LTDA

JOAO DE MOURA MARTINS

- A ART é válida somente quando quitada, mediante apresentação do comprovantedo pagamento ou conferência no site do Crea.- A au tenticidade deste documento pode ser verificada no site www.crea- mg.org.br ou www.confea.org.br

- A guarda da via assinada da ART será de responsabilidade do profissional e docontratante com o objetivo de documentar o vínculo contratual.

www.crea-mg.org.br | 0800.0312732

1410697274RNP:

PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO

15/11/2014 31/10/2017

44056

35400000

35436000

VALOR DA OBRA: R$ R$8.000,00. ÁREA DE ATUAÇÃO: MEIO

AMBIENTE,

CNPJ: 60.561.800/0030-48

5.000,00

Registrada em: Valor Pago: Nosso Número:Valor da ART: 81,53 000000000397633513/09/2017

1.00 un

1 - CONDUÇÃO

ESTUDO DE VIABILIDADE AMBIENTAL, MEIO AMBIENTE, PLANO DE CONTROLE

AMBIENTAL-PCA

Anotação de Responsabilidade Técnica - ART

Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais

CREA-MG

Via da Obra/Serviço

4. Ativ idade Técnica

Após a conclusão das ativ idades técnicas o prof issional dev erá proceder a baixa desta ART

Quantidade: Unidade:

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PACUERA da PCH Brecha

Anexo II – Instrução de Serviço Sisema 01/2017

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Procedimentos para formalização e análise de PACUERA no âmbito do Licenciamento Ambiental.

Dispõe sobre os procedimentos a serem realizados no âmbito das Superintendências Regionais de Meio Ambiente – SUPRAMs e da Superintendência de Projetos Prioritários, relativos à formalização e análise do Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial – PACUERA, no âmbito do Licenciamento Ambiental.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, com fulcro no art. 3º, do Decreto Estadual nº 47.042, de 06 de setembro de 2016 determina que:

Art. 1º - Esta Instrução de Serviço tem como objetivo estabelecer procedimentos a serem realizados no âmbito das Superintendências Regionais de Meio Ambiente – SUPRAMs e da Superintendência de Projetos Prioritários – SUPRI, relativos à formalização e análise do Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial – PACUERA, no âmbito do Licenciamento Ambiental.

Art. 2º - Esta Instrução de Serviço se aplica às Superintendências Regionais de Meio Ambiente – SUPRAMs, e à Superintendência de Projetos Prioritários - SUPRI, do Sistema Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SISEMA.

Art. 3º - Esta Instrução de Serviço entra em vigor a partir de sua disponibilização

.

Belo Horizonte, 07 de março de 2017.

Anderson Silva de Aguilar Subsecretário de Regularização Ambiental

Raíssa Dias de Freitas Assessora de Normas e Procedimentos

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1. APRESENTAÇÃO

Esta Instrução de Serviço tem como objetivo estabelecer procedimentos a serem realizados no âmbito das Superintendências Regionais de Meio Ambiente – SUPRAMs e da Superintendência de Projetos Prioritários – SUPRI, relativos à formalização e análise do Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial – PACUERA, no âmbito dos processos de licenciamento ambiental.

A Resolução CONAMA nº 302/2002, que dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do seu entorno, foi editada para regulamentar o art. 2º, da Lei federal nº 4.771/1965, no que concerne às Áreas de Preservação Permanente – APP no entorno de reservatórios artificiais, definindo em seu art. 4º o Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial – PACUERA.

Posteriormente, foram editadas a Lei federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012 e a Lei estadual nº 20.922, de 16 de outubro 2013, as quais estabeleceram a obrigatoriedade da apresentação do PACUERA, no âmbito do licenciamento ambiental.

A Lei estadual n. º 14.184, de 31 de janeiro de 2002, por sua vez, dispõe sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Estadual e, em seu capitulo VI, trata da consulta pública.

2. REFERÊNCIAS NORMATIVAS E LEGAIS

Lei federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012;

Lei estadual nº 20.922, de 16 de outubro 2013;

Resolução CONAMA nº 302/2002;

Lei estadual nº 14.184, de 31 de janeiro de 2002.

2.1 Esta Instrução de Serviço torna sem efeito os seguintes documentos de orientação:

Nota Técnica FEAM nº 31/2004 – Necessidade de definição da APP de entorno de reservatório de geração de energia.

Orientação Sura nº 18/2013 – Dispensa de exigências para CGH sem barramento

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3. INSTRUÇÃO

3.1. Aspectos Jurídicos da elaboração do PACUERA

A Lei federal nº 12.651/2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e dá outras providencias, em seu art. 5º, versa sobre o PACUERA. É o que dispõe a legislação em comento:

Art. 5º - Na implantação de reservatório d’água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público, é obrigatória a aquisição, desapropriação ou instituição de servidão administrativa pelo empreendedor das Áreas de Preservação Permanente criadas em seu entorno, conforme estabelecido no licenciamento ambiental, observando-se a faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros em área rural, e a faixa mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros em área urbana. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). § 1º - Na implantação de reservatórios d’água artificiais de que trata o caput, o empreendedor, no âmbito do licenciamento ambiental, elaborará Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, em conformidade com termo de referência expedido pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama, não podendo o uso exceder a 10% (dez por cento) do total da Área de Preservação Permanente. (Destacou-se) § 2º - O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial, para os empreendimentos licitados a partir da vigência desta Lei, deverá ser apresentado ao órgão ambiental concomitantemente com o Plano Básico Ambiental e aprovado até o início da operação do empreendimento, não constituindo a sua ausência impedimento para a expedição da licença de instalação.

Sobre os reservatórios que foram registrados ou tiveram seus contratos de concessão ou autorização assinados antes de 24 de agosto de 2001, a referida Lei dispõe:

Art. 62. Para os reservatórios artificiais de água destinados a geração de energia ou abastecimento público que foram registrados ou tiveram seus contratos de concessão ou autorização assinados anteriormente à Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, a faixa da Área de Preservação Permanente será a distância entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum.

Verifica-se pela análise dos dispositivos legais supramencionados que a lei federal trouxe uma regra de definição de APP para os reservatórios implantados antes de 24 de agosto de 2001 e outra regra para os reservatórios implantados após essa data.

A lei estadual, seguiu a mesma regra federal no que diz respeito à definição de APP, conforme redação disposta no art. 22 da Lei estadual nº 20.922, de 16 de outubro de 2013, abaixo destacada:

Art. 22. Na implantação de reservatório d’água artificial destinado à geração de energia ou ao abastecimento público, é obrigatória a aquisição, desapropriação ou instituição de servidão administrativa pelo empreendedor das APPs criadas em seu entorno, conforme estabelecido no licenciamento ambiental, observando-se a faixa mínima de 30m (trinta metros) e máxima de 100m (cem metros) em

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área rural, e a faixa mínima de 15m (quinze metros) e máxima de 30m (trinta metros) em área urbana. Parágrafo único. Para os reservatórios de que trata o caput que foram registrados ou que tiveram seus contratos de concessão ou autorização assinados antes de 24 de agosto de 2001, a faixa da APP será a distância entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum. (Destacou-se)

Dessa forma, nos casos dos reservatórios que tiveram seus contratos de concessão ou autorização assinados antes de 24 de agosto de 2001, aplica-se a regra constante no art. 22, parágrafo único; não importando se a data de renovação da concessão ou eventual transferência de titularidade da concessão/ autorização foi posterior a esta data.

No que se refere à apresentação do PACUERA, versa a Lei estadual nº 20.922/2013:

Art. 23. Na implantação de reservatório d’água artificial de que trata o art. 22, o empreendedor, no âmbito do licenciamento ambiental, elaborará Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial, em conformidade com termo de referência expedido pelo órgão competente. (Destacou-se) § 1º Para os fins desta Lei, considera-se Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial o conjunto de diretrizes e proposições com o objetivo de disciplinar a conservação, a recuperação, o uso e a ocupação do entorno do reservatório artificial, composto de, pelo menos: I - diagnóstico socioambiental; II - zoneamento socioambiental; III - programa de gerenciamento participativo do entorno do reservatório. § 2º O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial deverá ser apresentado ao órgão ambiental e sua aprovação é condição para concessão da licença de operação do empreendimento, não constituindo a sua ausência impedimento para a expedição da licença de instalação. § 3º Os empreendimentos em operação na data de publicação desta Lei deverão apresentar ao órgão ambiental o Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial de que trata este artigo, e sua aprovação é condição para a revalidação da licença ambiental de operação ou a emissão da licença ambiental corretiva. § 4º A aprovação do Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial será precedida de consulta pública, sob pena de nulidade do ato administrativo. § 5º O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial poderá indicar áreas para implantação de polos turísticos e de lazer no entorno do reservatório artificial. § 6º No Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial, o uso do entorno do reservatório artificial não poderá exceder a 10% (dez por cento) do total da APP. § 7º O percentual de área previsto no § 6º poderá ser ocupado desde que a ocupação esteja devidamente licenciada ou autorizada pelo órgão ambiental competente, respeitada a legislação pertinente.

Anteriormente à legislação federal e estadual foi estabelecido na Resolução CONAMA 302, de 20 de março de 2002, o conceito de PACUERA como sendo “conjunto de

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diretrizes e proposições com o objetivo de disciplinar a conservação, recuperação, o uso e ocupação do entorno do reservatório artificial”.

As definições e limites de APP de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno estabelecidas no art. 3° e 5º dessa resolução, contudo, estão definidas em legislação superveniente, conforme artigos 4º e 62 da Lei federal nº 12.651/2012, e artigos 9º e 22 da Lei estadual nº 20.922/2013.

Ressalta-se que, o §2° do art. 4º da Resolução CONAMA nº 302/2002 traz a determinação suplementar, para a qual não há contradição com a legislação vigente, de que deverá informar-se o Ministério Público com antecedência de 30 (trinta) dias da data da consulta pública. Em seu §3° foi estabelecido, ainda, que na análise do PACUERA de que trata este artigo, será ouvido o respectivo comitê de bacia hidrográfica, quando houver.

3.2. Apresentação do PACUERA

O PACUERA deve ser elaborado pelo empreendedor responsável pelo empreendimento de barragem de geração de energia hidrelétrica ou abastecimento de água, apresentado à SUPRAM concomitantemente com o Plano de Controle Ambiental – PCA, e aprovado até o início da operação do empreendimento, sua aprovação é condição para concessão da licença de operação do empreendimento, não constituindo a sua ausência impedimento para a expedição da licença de instalação.

Para a regularização ambiental dos empreendimentos que entraram em operação antes da vigência da Lei estadual n. 20.922/2013, conforme o art. 23, §3º, o PACUERA deve ser apresentado às SUPRAMs na formalização do processo de renovação da licença ambiental de operação ou licença de operação corretiva, e sua aprovação é condição para a emissão da licença.

Ressalta-se, por oportuno, que a exigência de apresentação do PACUERA na renovação das licenças refere-se apenas àqueles empreendimentos que não tiveram o PACUERA aprovado anteriormente.

O PACUERA deverá conter a delimitação da APP do entorno do reservatório, com a apresentação dos tópicos previstos na lei e discriminados no Termo de Referência - TR, para avaliação da SUPRAM.

Caso o PACUERA apresentado não atenda ao TR poderá ser solicitada sua revisão para que, então, seja submetido à consulta pública.

O empreendedor deverá encaminhar à SUPRAM cópia digital em formato PDF do PACUERA, com tamanho máximo de 90MB, para sua disponibilização em consulta pública.

Destaca-se, ainda, que deverão ser aceitos e analisados os PACUERA elaborados conforme TR encaminhado pela SUPRAM/SEMAD, em versão anterior ao estabelecido nessa instrução de serviço. O procedimento de consulta pública para esses empreendimentos deverá ser conduzido conforme estabelecido nesta IS.

3.3. Composição do plano

Considera-se PACUERA o conjunto de diretrizes e proposições com o objetivo de disciplinar a conservação, a recuperação, o uso e a ocupação do entorno do reservatório

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artificial, composto de, pelo menos, nos termos do art. 23, §1º da Lei estadual nº 20.922/2013:

Art. 23, §1º (...): I - diagnóstico socioambiental; II - zoneamento socioambiental; III - programa de gerenciamento participativo do entorno do reservatório.

A composição do plano está detalhada no Termo de Referência constante do Anexo II, esclarecidos os seguintes pontos.

3.3.1. Área de abrangência do diagnóstico socioambiental

Entende-se por área de entorno a faixa de APP do reservatório, que deverá ser considerada no diagnóstico socioambiental, para elaboração do PACUERA.

O diagnóstico deverá permitir o estabelecimento de indicadores de sustentabilidade e o conhecimento da realidade da área de entorno do reservatório. Esse instrumento deverá trazer a descrição detalhada da APP, nos aspectos de ocupação humana, prevista e existente, bem como a relação das mesmas com os usos múltiplos do reservatório, a necessidade de preservação ambiental e a dependência econômica da comunidade com o reservatório.

Para fins de avaliação do acesso e uso do reservatório, poderá ser considerada no diagnóstico a dependência econômica e cultural das comunidades situadas próximo aos limites da APP, devendo esta avaliação ser baseada em informações meramente qualitativas.

3.3.2. Análise do uso do entorno do reservatório artificial

Deverá ser observada, para fins da análise do licenciamento ambiental e do PACUERA, a obrigatoriedade de aquisição, desapropriação ou instituição de servidão administrativa pelo empreendedor das APPs criadas no entorno dos reservatórios artificiais nos empreendimentos implantados a partir de 24 de agosto de 2001, conforme Medida Provisória nº 2166-67/2001, incorporada no art. 5º da Lei federal n.12.651/2012, bem como no art. 22 da Lei estadual nº 20.922/2013.

Para os empreendimentos instalados antes desta data, a APP corresponde à área compreendida entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum, sendo obrigação do empreendedor sua aquisição ou instituição de servidão administrativa.

O PACUERA poderá indicar áreas para implantação de polos turísticos e lazer no entorno do reservatório artificial, que não poderão exceder a 10% (dez por cento) da área total do seu entorno, conforme previsão dos §5º e §6° do art. 23 da Lei estadual n. 20.922/2013. Essas áreas somente poderão ser ocupadas (i) se respeitadas a legislação municipal, estadual e federal; (ii) caso a ocupação seja devidamente licenciada ou autorizada pelo órgão ambiental competente; e (iii) desde que o uso consolidado em área rural e o uso antrópico consolidado em área urbana não tenham excedido o limite de 10% (dez por cento) referenciado no art. 23, §6º Lei estadual n. 20.922/2013.

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Ressaltamos, por oportuno, que o uso consolidado em área rural e o uso antrópico consolidado em área urbana não estão limitados aos 10% de ocupação previstos no PACUERA, considerando a previsão dos artigos 16 e 17 da Lei estadual n. 20.922/2013. É o que dispõe a legislação em comento:

Art. 16. Nas APPs, em área rural consolidada conforme o disposto no inciso I do art. 2º, é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural, sendo admitida, em área que não ofereça risco à vida ou à integridade física das pessoas, a manutenção de residências, de infraestrutura e do acesso relativos a essas atividades. Art. 17. Será respeitada a ocupação antrópica consolidada em área urbana, atendidas as recomendações técnicas do poder público.

Logo, se o uso consolidado em área rural e o uso antrópico consolidado em área urbana excederem o limite percentual de 10%, não será possível a implementação de novos polos turísticos e de lazer no entorno do reservatório artificial, via de regra.

Os usos antrópicos consolidados em APP deverão ser verificados no momento da análise do processo de licenciamento ambiental do empreendimento e o percentual de ocupação deverá ser informado no respectivo parecer único; sem necessidade de formalização de processo administrativo próprio.

Cabe ressaltar, entretanto, que a APP do reservatório, independentemente dos limites estabelecidos no PACUERA, ainda poderá ser ocupada pelas intervenções previstas no art. 12 da Lei estadual n. 20.922/2013, quais sejam aquelas de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental.

Art. 12. A intervenção em APP poderá ser autorizada pelo órgão ambiental competente em casos de utilidade pública, interesse social ou atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental, desde que devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio. § 1º É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em APP, em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes. (...) § 4º Não haverá direito a regularização de futura intervenção ou supressão de vegetação nativa além das previstas nesta Lei.

Destaca-se que a regularização de novas intervenções ambientais em APP de reservatórios artificiais, deverão ser realizadas em procedimento administrativo próprio, desvinculado da análise do PACUERA, considerando o zoneamento estabelecido nesse após sua aprovação.

A análise do PACUERA deverá considerar o plano de recursos hídricos, quando houver, sem prejuízo do procedimento de licenciamento ambiental.

O PACUERA será apresentado à SUPRAM, que irá avaliá-lo, podendo solicitar esclarecimentos e complementações, uma única vez, por meio de ofício de informações complementares.

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3.4. Da dispensa de PACUERA

Alguns aproveitamentos hidrelétricos são construídos para operar “a fio d’água”, ou seja, sem regularização de vazão, e utilizam turbinas que aproveitam velocidade e vazão para gerar energia com mínima ou nenhuma acumulação no curso d’água. Esses aproveitamentos hidrelétricos geralmente não formam reservatórios capazes de alterar substancialmente a área ocupada naturalmente pelo curso d’água, e, em consequência disto, não alteram significativamente a APP do rio.

Assim, considerando que a obrigatoriedade de aprovação de PACUERA é aplicável aos reservatórios artificiais destinados a geração de energia, podemos inferir que, nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos hidrelétricos, nos quais a área entendida como “reservatório” não ultrapasse o leito médio regular do curso d’água, fica dispensada a apresentação da documentação referente ao PACUERA, desde que tecnicamente justificado.

O estabelecimento de PACUERA, neste caso, não geraria ganho socioambiental efetivo, tendo em vista que a condição original do rio não seria alterada, considerando que o “reservatório” estaria limitado ao próprio curso d’água.

Por fim, utilizando-se dos mesmos entendimentos técnicos e jurídicos, a APP a ser definida no entorno destes “reservatórios”, deverá ser a mesma referente ao curso d’água que sofreu a intervenção.

Ressaltamos, ainda, que a dispensa do PACUERA não impede o acesso ao barramento seja restringido a terceiros pelo empreendedor.

3.5. Consulta Pública do PACUERA

A aprovação do PACUERA deverá ser precedida de Consulta Pública, sob pena de nulidade do ato, conforme determinado na lei.

Para fins de aprovação do PACUERA será observada a forma de consulta pública estabelecida no art. 31 da Lei estadual n. 14.184/2002:

Art. 31 Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho motivado, antes da decisão do pedido, promover consulta pública para manifestação de terceiros, se não houver prejuízo para a parte interessada. § 1º A consulta pública será objeto de divulgação pelos meios oficiais, a fim de que o processo possa ser examinado pelos interessados, fixando-se prazo para oferecimento de alegações. § 2º O comparecimento à consulta pública não confere ao terceiro a condição de parte no processo, mas lhe garante o direito de obter da Administração resposta fundamentada. § 3º Os resultados de consulta, audiência pública ou outro meio de participação de administrados serão apresentados com a indicação do procedimento adotado.

A lei em referência, portanto, estabelece o procedimento da consulta pública através de divulgação pelos meios oficiais, a fim de que o processo possa ser examinado pelos

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interessados, fixando-se prazo para oferecimento de alegações escritas, as quais servirão de subsídio para a decisão da aprovação do PACUERA.

Ressalta-se que, nos termos do art. 4º, §2º e §3º da Resolução CONAMA 302/2002, a aprovação do PACUERA deverá ser precedida da realização de consulta pública, sob pena de nulidade, na forma da Resolução CONAMA nº 09/1987, naquilo que for aplicável; devendo o Ministério Público ser informado com antecedência de 30 (trinta) dias da respectiva data, bem como o Comitê de Bacia Hidrográfica – CBH.

Avaliando-se as peculiaridades do empreendimento, a critério do empreendedor, poderá ser realizada consulta pública em reunião presencial no município de implantação do empreendimento, para apresentação do PACUERA e disponibilização dos formulários de consulta para análise e manifestação dos interessados. Nesse caso, os custos referentes à divulgação e realização da consulta pública presencial correrão por conta do empreendedor.

Havendo necessidade de realização de audiência pública, no âmbito do processo de licenciamento ambiental a que se vincula a apresentação do PACUERA, a consulta pública presencial poderá ocorrer na mesma reunião da audiência pública, desde que conste a apresentação do PACUERA na pauta da referida audiência.

3.5.1 – Do procedimento para realização da consulta pública

A consulta pública deverá seguir o seguinte procedimento:

I. A SUPRAM deverá publicar abertura de consulta pública no IOF conforme modelo constante no Anexo I desta Instrução de Serviço. Essa publicação abrirá o prazo de 30 (trinta) dias corridos para que os interessados possam examinar os documentos e apresentar as alegações;

II. Na mesma data da publicação a SUPRAM deverá encaminhar o PACUERA

em arquivo digital, formato PDF, com tamanho máximo de 90MB à SUARA para disponibilização no site da SEMAD, em aba específica para consulta pública, pelo prazo de 30 (trinta) dias, sem prejuízo de consulta ao processo físico na SUPRAM responsável pela análise do processo de licenciamento, o que deverá ocorrer mediante agendamento pelo interessado.

III. A SUPRAM deverá encaminhar ofícios ao Ministério Público Estadual e ao

CBH, informando da abertura da consulta pública, na mesma data de publicação no IOF;

IV. A consulta pública deverá ser divulgada pelo empreendedor por meio de

publicação em jornal de ampla circulação na região do empreendimento, respeitado o prazo de disponibilização do PACUERA no site da SEMAD;

V. As manifestações dos interessados deverão ser protocoladas na SUPRAM

por meio de ofício que faça referência ao processo administrativo a que se vincula o PACUERA;

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VI. Findo o prazo da consulta pública, a equipe técnica e jurídica da SUPRAM deverá responder os ofícios de manifestação dos interessados, devidamente protocoladas na SUPRAM por ocasião da consulta pública;

VII. Os resultados da consulta pública devem ser considerados na análise do

PACUERA, verificando-se a necessidade ou não de revisão do mesmo pelo empreendedor antes da sua aprovação.

3.6. Aprovação do PACUERA

Após a realização da consulta pública, caso seja necessário, o empreendedor deverá apresentar versão revisada do PACUERA com as adequações solicitadas pela equipe da SUPRAM por meio de ofício de informações complementares; considerando as manifestações oficiadas durante a consulta pública, para análise final e aprovação do plano.

A equipe de análise de processo da SUPRAM deverá elaborar parecer único específico, sucinto conforme modelo constante no Anexo III desta Instrução de Serviço. Cabe ao Superintendente Regional de Meio Ambiente aprovar o PACUERA para quaisquer classes de empreendimento, visando a continuidade do processo administrativo de licenciamento ambiental. O resultado final da avaliação do PACUERA pela SUPRAM deverá, também, constituir tópico específico do Parecer Único que subsidia a decisão do licenciamento ambiental.

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ANEXO I – MODELO DE PUBLICAÇÃO DE PACUERA

Consulta Pública sobre Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial-PACUERA

[Empreendedor/Empreendimento]

A Superintendência Regional de Meio Ambiente XXXXXXXX – SUPRAM XX , torna público que [Empreendedor/Empreendimento], através do processo nº XXXXX/XXXX/XXX/XXXX - Classe X, solicitou [tipo de licença] para a atividade de [discriminar atividade], no município de XXXXXXXXXXXX/MG. Informa que foi apresentado o Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial-PACUERA, e que o mesmo encontra-se à disposição dos interessados na Superintendência Regional de Meio Ambiente XX XXXXXXXXXX - SUPRAM XXXXX, das 8h30min às 11h30min e das 13h30min às 16h30min, mediante agendamento, ou através do site oficial da SEMAD. Comunica que os interessados possuem o prazo de 30 (trinta) dias corridos, a contar da data desta publicação para apresentar manifestação.

[Nome]

Secretário de Estado Adjunto de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Secretário Executivo COPAM.

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ANEXO II – MODELO DE OFICO DE COMUNICAÇÃO AO MINISTÉRIO PUBLICO E AO CBH

Senhor XXXX, Vimos por meio desta informar da abertura da consulta pública ao Plano Ambiental de Conservação e uso do Entorno do Reservatório Artificial – PACUERA para o empreendimento XXXXXXXXXXXXXXX, nos termos da Lei Estadual 20.922/2013 Informa-se que o referido PACUERA se encontra disponível para download e consulta no site da SEMAD MG, no endereço < www.meioambiente.mg.gov.br/xxxxxxxxxxxxxx> O prazo para consulta e manifestação do mesmo é de 30 (trinta) dias, contados a partir do dia xx/xx/xxxx,

[Nome]

Superintendente SUPRAM XX

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ANEXO III – MODELO DE PARECER SUCINTO PARA APROVAÇÃO DO PACUERA

PARECER DE AVALIAÇÃO DO PACUERA – ( N° PROTOCOLO SIAM) INDEXADO AO PROCESSO: PA COPAM: SITUAÇÃO: Licenciamento Ambiental xxxxxx/xxxx/0xxx/xxxx Sugestão pelo Deferimento FASE DO LICENCIAMENTO: Licença de Operação - LO

EMPREENDEDOR: Xxxxxxxxx CNPJ: EMPREENDIMENTO: Xxxxx CNPJ:

MUNICÍPIO: Xxxx ZONA: Rural COORDENADAS GEOGRÁFICA (DATUM): LAT/Y 19º ’ 00,0” LONG/X 00º 00’ 00,0”

LOCALIZADO EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: INTEGRAL ZONA DE AMORTECIMENTO USO SUSTENTÁVEL X NÃO

. BACIA FEDERAL: Rio Francisco

BACIA ESTADUAL: Rio das Velhas

UPGRH: SF5 SUB-BACIA: Rio ---

CONSULTORIA/RESPONSÁVEL TÉCNICO: REGISTRO: Nome da consultoria/responsáveis técnicos 000 RELATÓRIO DE VISTORIA: 000/0000 DATA: 00/00/0000

EQUIPE INTERDISCIPLINAR MATRÍCUL

A ASSINATURA

Nome do gestor – Analista Ambiental (Gestor(a)) 0000000-0 Nome do Analista – Analista Ambiental 0000000-0 Nome do Analista – Analista Ambiental 0000000-0 Nome do Analista jurídico – Analista Ambiental de Formação Jurídica 0000000-0

De acordo: Nome do Diretor Técnico – Diretor(a) Regional de Regularização Ambiental 0000000-0

De acordo: Nome do Diretor de Controle Processual – Diretor(a) de Controle Processual 0000000-0

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1. Introdução

Breve introdução indicando minimamente:

Data de formalização; Data de concessão da LP e da LI; Período/data da consulta pública Data da vistoria; Data da implantação do reservatório e finalidade ART; Outras informações pertinentes.

2. Caracterização sucinta do reservatório e APP Informar a área do reservatório e a área da APP, Informar o percentual de ocupação da APP as ocupações consolidadas e as

intervenções autorizadas previstas ou existente e as principais características do diagnóstico e zoneamento.

Informar as ações previstas no programa de gerenciamento participativo do entorno do reservatório

Deverá conter outras informações pertinentes/específicas à operação do reservatório.

3. Controle Processual

No controle processual o jurídico deve fazer um resumo da situação legal do empreendimento e descrever, mais detalhadamente, os temas não abordados nos demais itens. 4. Conclusão

A equipe interdisciplinar da SUPRAM Xxxxx Xxxxxx sugere a aprovação do Plano de Conservação e Uso do entorno do Reservatório Artificial para o empreendimento Nome do Empreendimento da Nome do Empreendedor/Empresa para a atividade de “descrição da atividade”, no município de Nome do Município, MG.

As orientações descritas em estudos, e as recomendações técnicas e jurídicas descritas neste parecer, devem ser apreciadas pelo Superintendente Regional para continuidade do processo de licenciamento ambiental.

Cabe esclarecer que a Superintendência Regional Meio Ambiente Xxxxx Xxxxx, não possui responsabilidade técnica e jurídica sobre os estudos ambientais apresentados nesta licença, sendo a elaboração, instalação e operação, assim como a comprovação quanto a eficiência destes de inteira responsabilidade da(s) empresa(s) responsável(is) e/ou seu(s) responsável(is) técnico(s).

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Ressalta-se que a Licença Ambiental em apreço não dispensa nem substitui a

obtenção, pelo requerente, de outras licenças legalmente exigíveis. Opina-se que a

observação acima conste do certificado de licenciamento a ser emitido.

Aberto à inclusão ou alteração do texto acima, de acordo com a especificidade de cada empreendimento, caso a equipe de análise julgue necessário.

APROVAÇÃO DO PACUERA

Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial – PACUERA, do empreendimento XXXXXXXXXXXX aprovado conforme parecer

da equipe técnica da SUPRAM XXX. ____________________________Assinatura___________________________

Nome do Superintendente Regional Superintendente Regional de Meio Ambiente – Supram XXXX

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ANEXO IV – TERMO DE REFERÊNCIA

TERMO DE REFERÊNCIA PARA ELABORAÇÃO DE PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DE RESERVATÓRIO ARTIFICIAL - PACUERA DE EMPREENDIMENTOS DESTINADOS À GERAÇÃO DE ENERGIA HIDRELÉTRICA OU AO ABASTECIMENTO PÚBLICO.

1. OBJETIVO

O presente Termo de Referência tem por objetivo apresentar as diretrizes e os procedimentos que nortearão a elaboração do Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório Artificial - PACUERA, a ser exigido nos casos de empreendimentos de geração de energia hidrelétrica ou de abastecimento público de água em processo de licenciamento ambiental no Estado de Minas Gerais, e especificar, os produtos entregues, as formas de divulgação e aprovação do PACUERA, bem como a regulamentação aplicável.

2. DEFINIÇÕES

APP – Área de Preservação Permanente: Área, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; o Para os reservatórios que foram registrados ou que tiveram seus contratos de

concessão ou autorização assinados após 24 de agosto de 2001, essa área será conforme estabelecido no licenciamento ambiental, observando-se a faixa mínima de 30m (trinta metros) e máxima de 100m (cem metros) em área rural, e a faixa mínima de 15m (quinze metros) e máxima de 30m (trinta metros) em área urbana;

o Para os reservatórios que foram registrados ou que tiveram seus contratos de concessão ou autorização assinados antes de 24 de agosto de 2001, a faixa da APP será a distância entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum;

PACUERA – Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial: Conjunto de diretrizes e proposições com o objetivo de disciplinar a conservação, a recuperação, o uso e a ocupação do entorno do reservatório d’água artificial, composto pelo menos por: diagnóstico socioambiental, zoneamento socioambiental e programa de gerenciamento participativo do entorno do reservatório;

Área de entorno: faixa correspondente à APP do reservatório, que deverá ser considerada no diagnóstico socioambiental, para elaboração do PACUERA.

LO – Licença de Operação: Licença ambiental que autoriza a operação de empreendimento ou atividade, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação;

LOC – Licença de Operação Corretiva: Licença ambiental que autoriza a operação de empreendimento ou atividade que iniciou sua operação sem a obtenção prévia da devida Licença de Operação, e até mesmo de sua(s) licença(s) da(s) fase(s) anterior(es), com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados

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para a operação, mediante a comprovação de viabilidade ambiental do empreendimento ou atividade;

Revalidação de Licença de Operação: Licença Ambiental a ser requerida pelo empreendedor, já devidamente licenciado, antes do vencimento de sua licença de operação;

PCA – Plano de Controle Ambiental: Estudo ambiental avaliado no âmbito do processo de licenciamento ambiental com a descrição dos Planos, Programas e Medidas Ambientais propostos pelo empreendedor em nível executivo.

3. BASE LEGAL

Lei federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012: Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências;

Lei estadual nº 20.922, de 16 de outubro de 2013: Dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade no Estado;

Lei estadual nº 14.184, de 31 de janeiro de 2002: Dispõe sobre o processo administrativo no âmbito da administração pública estadual.

4. ESCOPO DO PACUERA

Na elaboração do PACUERA, deverão ser adotadas as seguintes diretrizes:

As informações socioambientais básicas apresentadas terão suas fontes adequadamente explicitadas;

As metodologias utilizadas deverão ser claramente descritas e justificadas; Os mapas apresentados deverão ser georreferenciados com coordenadas

geográficas em formato Lat/Long ou UTM, com as devidas legendas, em cores e escalas compatíveis com o nível de detalhamento das informações apresentadas, e adequados a área estudada;

Em cumprimento ao art. 23, §1º da Lei estadual nº 20.922/2013, o PACUERA deverá ser composto, pelo menos, dos tópicos descritos nos itens 4.1 a 4.3 a seguir:

4.1. Diagnóstico socioambiental

O diagnóstico socioambiental deve ser compreendido do diagnóstico do uso e ocupação do solo, dos usos da água e da socioeconômica, incluindo os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. É um documento com informações de caráter quantitativo e qualitativo, específico para uma dada realidade, com vistas à elaboração do Zoneamento Ambiental.

Esse trabalho deverá permitir o estabelecimento de indicadores de sustentabilidade e o conhecimento da realidade da área de entorno do reservatório.

Para elaboração do diagnóstico, poderão ser utilizados dados secundários, desde que suas fontes sejam devidamente referenciadas, além dos dados dos estudos apresentados no processo de Licenciamento Ambiental. Quando necessário, deverá ser realizado o levantamento de dados primários.

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Considera-se como área de entorno do reservatório artificial, e, portanto, a área objeto de levantamento de dados quantitativos e qualitativos para apresentação do PACUERA, a que corresponde à APP do reservatório.

Fora da APP o alcance do diagnóstico deve ser fundamentalmente qualitativo com foco na avaliação da dependência econômica e cultural das comunidades quanto ao acesso e uso do reservatório.

4.2. Zoneamento socioambiental

O zoneamento socioambiental tem a finalidade de identificar e permitir compreender a espacialidade do uso do solo, das características ambientais, econômicas e culturais do entorno do reservatório, bem como, a forma como estas características interagem. Estes resultados fornecerão subsídios à implementação de medidas específicas locais.

Deverão ser identificados os compartimentos paisagísticos no entorno do reservatório, que possuam características similares, ou seja, locais em que os atributos da área, como a configuração morfológica, a cobertura vegetal e o uso e ocupação atuais, constituam um padrão espacial facilmente identificável.

4.2.1. Compatibilidade com demais programas, planos e projetos

O zoneamento do entorno do reservatório deverá ser elaborado considerando sua compatibilidade com os seguintes programas, planos e projetos e outros existentes:

O Plano de Recursos Hídricos da bacia hidrográfica na qual o reservatório se insere; O Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado de Minas Gerais; As Unidades de Conservação, incluindo as Áreas de Proteção Especial – APEs,

assim definidas por lei, localizadas nos limites do entorno do reservatório; O Plano Diretor Municipal; Para o caso de municípios inseridos em regiões metropolitanas, os planos e

zoneamentos metropolitanos, quando existentes; O uso antrópico consolidado atualmente existente; As áreas de restrições de segurança e operação do reservatório.

4.2.2. Uso do entorno do reservatório artificial

Deverá ser observada, a obrigatoriedade de aquisição, desapropriação ou instituição de servidão administrativa pelo empreendedor das APPs criadas no entorno dos reservatórios artificiais nos empreendimentos implantados a partir de 24 de agosto de 2001, conforme Medida Provisória nº 2166-67/2001, incorporada no art. 5º da Lei federal n.12.651/2012, bem como no art. 22 da Lei estadual nº 20.922/2013.

Para os empreendimentos instalados antes desta data, a APP corresponde à área compreendida entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum, sendo obrigação do empreendedor sua aquisição ou instituição de servidão administrativa.

O PACUERA poderá indicar áreas para implantação de polos turísticos e lazer no entorno do reservatório artificial, que não poderão exceder a 10% (dez por cento) da área total do seu entorno, conforme previsão dos §5º e §6° do art. 23 da Lei estadual n. 20.922/2013. Essas áreas somente poderão ser ocupadas (i) se respeitadas a legislação municipal, estadual e federal; (ii) caso a ocupação seja devidamente

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licenciada ou autorizada pelo órgão ambiental competente; e (iii) desde que o uso consolidado em área rural e o uso antrópico consolidado em área urbana não tenham excedido o limite de 10% (dez por cento) referenciado no art. 23, §6º Lei estadual nº 20.922/2013.

O uso consolidado em área rural e o uso antrópico consolidado em área urbana não estão limitados aos 10% de ocupação previstos no PACUERA, considerando a previsão dos artigos 16 e 17 da Lei estadual n. 20.922/2013; entretanto, se esses usos excederem o limite percentual de 10%, não será possível a implementação de novos polos turísticos e de lazer no entorno do reservatório artificial, via de regra.

O percentual de ocupação com o uso consolidado em área rural e o uso antrópico consolidado em área urbana deverá ser informado no PACUERA.

Com base na avaliação de impactos feita nos estudos ambientais apresentados no processo de Licenciamento Ambiental ou nos identificados posteriormente, deverão ser apresentadas medidas específicas que visem à conservação dos recursos naturais, à recuperação de áreas degradadas ou à potencialização, adequação das formas de utilização das terras.

A proposta de uso e manejo do solo deverá identificar as áreas de uso alternativo do solo, bem como identificar as áreas onde deverá ser preservada a cobertura vegetal indicando-se os locais em que haja possibilidade de regeneração espontânea da vegetação natural e aqueles que exigirão a intervenção de ações do empreendimento para recuperação dessa cobertura vegetal.

O PACUERA também poderá prever os usos múltiplos das águas do reservatório, desde que os mesmos sejam compatíveis com as restrições de segurança e de operação do empreendimento, priorizando os usos para consumo humano e dessedentação animal.

4.3. Programa de Gerenciamento Participativo do Entorno do Reservatório

O Programa de Gerenciamento Participativo do Entorno do Reservatório deverá apresentar os meios utilizados de forma a garantir a participação consultiva do poder público, do respectivo comitê de bacia hidrográfica, quando houver, da sociedade civil organizada e demais usuários das águas na gestão do entorno do reservatório.

Nesse programa deverão constar a caracterização e o detalhamento das medidas de conservação, de recuperação e/ou de potencialização de usos e ocupações.

5. Forma de apresentação do PACUERA

O PACUERA deve ser elaborado pelo empreendedor responsável pelo empreendimento de barragem de geração de energia hidrelétrica ou abastecimento de água e apresentado à SUPRAM concomitantemente com o PCA, e aprovado até o início da operação do empreendimento, sua aprovação é condição para concessão da licença de operação do empreendimento, não constituindo a sua ausência impedimento para a expedição da licença de instalação.

Os empreendimentos em operação até 16 de outubro de 2001, deverão apresentar as SUPRAMs o PACUERA, na formalização do processo de revalidação da licença ambiental de operação ou de licença de operação corretiva, e sua aprovação é condição para emissão da licença.

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O PACUERA deverá conter a delimitação e quantificação da APP do entorno do reservatório, com a apresentação dos tópicos previstos no art. 23 Lei estadual n.º 20.922/2013 e discriminados no TR, para avaliação da SUPRAM.

Caso o PACUERA apresentado não atenda ao presente TR poderá ser solicitada a revisão do mesmo para que então seja submetido a consulta pública.

Deverá ser encaminhada à SUPRAM cópia digital em formato PDF do PACUERA, com tamanho máximo de 90MB, para disponibilização do mesmo para consulta pública.

6. Procedimentos para aprovação do PACUERA

O PACUERA apresentado à SUPRAM, na forma desse TR será disponibilizado para consulta pública por meio do site institucional da SEMAD.

A consulta pública também deverá ser divulgada pelo empreendedor por meio de publicação em jornal de ampla circulação na região do empreendimento.

Após a realização da consulta pública, caso haja necessidade, o empreendedor deverá submeter novamente o PACUERA, revisado com as manifestações colhidas na consulta pública, para análise final da SUPRAM quanto à aprovação desse plano.

O resultado final da avaliação do PACUERA pela SUPRAM constituirá tópico específico do Parecer Único que subsidia a decisão do licenciamento ambiental.

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PACUERA da PCH Brecha

Anexo III – Lista de presença da reunião realizada junto à Prefeitura

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