relatório de concretização do processo de bolonha
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Relatório de Concretização do Processo de Bolonha
Licenciatura em Engenharia Informática
Ano Lectivo 2008/2009
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
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RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
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ÍNDICE
1 SUMÁRIO....................................................................................... 4
2 SITUAÇÃO PRÉ-BOLONHA .............................................................. 5
2.1 Perspectiva Histórica do Curso ....................................................................................... 5
2.2 Plano e Projecto Pedagógico do Curso ........................................................................... 5
2.3 Pontos Fortes e Fracos .................................................................................................... 6
3 CARACTERIZAÇÃO DO CURSO (BOLONHA) .................................... 7
3.1 Objectivos e Princípios Orientadores.............................................................................. 7
3.2 Plano e Projecto Pedagógico do Curso ........................................................................... 9
3.2.1 Sistemas de Computação e Redes ........................................................................... 10
3.2.2 Modelação e Programação ...................................................................................... 11
3.2.3 Engenharia de Software e Sistemas ........................................................................ 12
3.2.4 Projecto Pedagógico ................................................................................................ 12
3.3 Plano de Transição ........................................................................................................ 16
4 ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO A BOLONHA ........................................ 17
4.1 Formação Orientada para o Desenvolvimento de Competências ................................ 17
4.2 Componentes de Trabalho Experimental e Projecto .................................................... 18
4.3 Competências Transversais ........................................................................................... 19
5 ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURSO (BOLONHA) ............... 21
5.1 Processo de Aprendizagem ........................................................................................... 21
5.2 Promoção do sucesso escolar ....................................................................................... 22
5.3 Desenvolvimento de Competências Transversais ......................................................... 25
5.4 Desenvolvimento de Competências Extracurriculares ................................................. 26
5.4.1 QTDEI ....................................................................................................................... 26
5.4.2 Hands-on ................................................................................................................. 27
5.5 Mobilidade nacional e internacional ............................................................................ 28
5.6 Ligação às Entidades Empregadoras ............................................................................. 28
5.7 Ligação a antigos alunos ............................................................................................... 30
6 CONCLUSÃO E LINHAS DE ACÇÃO ................................................ 32
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1 SUMÁRIO
Este relatório pretende dar resposta ao artigo 66º-A do Decreto-Lei n.º 107/2008, de 25 de
Junho de 2008, que estabelece a realização anual de um relatório de concretização do Processo
de Bolonha. Para se compreender melhor as mudanças operadas com este processo, este
documento começa com uma breve descrição da situação pré-Bolonha, seguida da descrição
do processo de adequação dos dois ciclos da Licenciatura Bietápica em Engenharia Informática
(LBEI) à Licenciatura em Engenharia Informática (LEI). A análise das mudanças operadas cobre
os aspectos relacionados com a forma como a LEI dá resposta aos desafios colocados pela
implementação do Processo de Bolonha, nomeadamente a adopção dos descritores de Dublin.
Finalmente, é feita uma análise dos resultados operacionais das transformações efectuadas na
LEI e apresentados alguns indicadores.
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2 SITUAÇÃO PRÉ-BOLONHA
2.1 Perspectiva Histórica do Curso
Em 1999, em resultado da Portaria 413-A/98 (que definia o Regulamento Geral dos Cursos
Bietápicos), o Curso de Engenharia Informática do ISEP passou a ser uma licenciatura bietápica,
constituído por um 1º ciclo diurno de três anos e um 2º ciclo diurno pós-laboral de dois anos.
Em termos de avaliações externas, em Dezembro de 2002 o ISEP entregou à ADISPOR o dossier
de auto-avaliação do Curso de Engenharia Informática. A visita da Comissão de Avaliação
Externa da ADISPOR realizou-se em fins de Setembro de 2003, estando o relatório final
publicado no sítio web da ADISPOR1. Os resultados desta avaliação foram muito positivos.
Posteriormente, em Junho de 2003, foi entregue à Ordem dos Engenheiros o dossier de
candidatura à acreditação do Curso de Engenharia Informática. A visita da Comissão de
Acreditação do Colégio de Engenharia Informática ocorreu em Março de 2005, sendo a decisão
final conhecida em Abril de 2006: acreditação concedida por um período de seis anos com
início no ano de 2003.
Com vista à aplicação das iniciativas decorrentes da declaração de Bolonha, foi submetida uma
proposta conjunta para o curso de licenciatura e mestrado em engenharia Informática tendo
esta sido aprovada, o que permitiu dar início à primeira edição da licenciatura no ano lectivo
2006/2007 e do curso de mestrado no ano lectivo 2007/2008.
Após a aprovação, pelo ministério do Ensino Superior, da adequação de Bolonha do conjunto
dos ciclos de estudos, Licenciatura e Mestrado, a Ordem dos Engenheiros acreditou novamente
a Licenciatura e o Mestrado em Engenharia Informática do ISEP.
2.2 Plano e Projecto Pedagógico do Curso
O 1º ciclo da licenciatura bietápica em Engenharia Informática tinha como objectivo a
formação de bacharéis numa perspectiva de “banda larga”, ou seja, preparava os alunos de
modo a que pudessem desempenhar diferentes tarefas a quando da sua inserção no mercado.
A inserção no mercado de trabalho era facilitada por uma unidade curricular intitulada
Estágio/Projecto, que ocupava a quase totalidade do último semestre do 3º ano e na qual os
alunos desenvolviam o projecto no seio de uma organização/empresa. No 2º ciclo do curso
existiam dois ramos: “Sistemas de Informação” e “Computadores e Sistemas”. O 4º ano era
praticamente comum, diferenciando-se apenas em duas unidades curriculares, e o 5º ano era
mais diferenciado e específico.
1 http://www.adispor.pt/docs/rel_2002_2003/e_eng_tecn/e4_porto_ori.pdf
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2.3 Pontos Fortes e Fracos
Como pontos fortes do curso destacavam-se os seguintes:
• Os diplomados integravam-se rapidamente no mercado de trabalho;
• A existência de um projecto com estágio curricular no fim do 1º ciclo era um factor de
diferenciamento positivo do curso face aos cursos afins superiores;
• O curso mantinha bons indicadores de procura e escolha.
Como pontos fracos do curso referiam-se os seguintes:
• O sucesso escolar era bastante abaixo do desejável;
• Baixa frequência dos alunos às aulas teóricas;
• Grande diminuição de alunos no ramo “Sistemas de Informação”;
• Algumas situações de excesso de avaliação “contínua”, as quais geravam sobrecargas
nos alunos, apesar dos esforços de concertação das actividades lectivas ao longo dos
semestres.
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3 CARACTERIZAÇÃO DO CURSO (BOLONHA)
Pretendeu-se com o processo de adequação reformular o currículo de modo a acompanhar a
evolução das TIC, assegurar que o currículo prepara os alunos para a economia global, obter
um bom equilíbrio entre o conhecimento das bases da computação e os domínios de
conhecimento aplicacionais e de negócio e ensinar os alunos a serem inovadores e criativos. O
processo de reformulação curricular foi feito com base em estudos credíveis sobre esquemas
curriculares de organizações internacionais ligadas à engenharia e à informática – como
referências chave para a reformulação deste curso, recorreu-se à extensa e valiosa
documentação aplicável à área da engenharia informática proveniente da ACM/IEEE-Computer
Society2, do consórcio CareerSpace3, da ABET4, entre outros.
O processo de adequação da Licenciatura em Engenharia Informática do ISEP (LEI-ISEP)
iniciou-se informalmente durante o ano de 2002, tendo as primeiras ideias sobre o assunto
sido incluídas no Dossier de Auto-Avaliação do Curso, entregue à ADISPOR em finais de 2002. A
partir de 2003, esse processo começou a ganhar dinâmica, tendo havido fases de grande
avanço intercaladas com fases de alguma paragem, sendo concluído com a aprovação da LEI
ISEP pela Direcção Geral do Ensino Superior (DGES) em finais de Maio de 2006.
3.1 Objectivos e Princípios Orientadores
A missão do curso consiste na formação de licenciados em Engenharia Informática, capazes de
uma rápida e harmoniosa integração com o meio envolvente (numa perspectiva europeia),
sensibilizados para o empreendedorismo como forma preferencial de intervenção
profissional/social e dotados de valências que lhes permitam reagir apropriadamente aos
desafios da nova sociedade do século XXI, baseada em tecnologias de informação
omnipresentes. Na formação incluem-se ainda a habituação a rigorosos métodos de trabalho, à
aplicação de boas práticas e uma cultura permanente de avaliação (avaliar e ser avaliado). Para
além do “saber fazer” e do “saber conceber”, os graduados da LEI deverão estar imbuídos da
cultura de “saber aprender”, numa perspectiva de formação e adaptação permanentes ao
longo da vida, e da cultura de “saber ser”, de forma a terem uma postura de cidadania activa e
construtiva.
Na prossecução da missão é adoptada uma praxis pedagógica que inclui diversos paradigmas
formativos e uma exposição a aplicações e casos de estudo que interligam teoria e prática
2 http://www.acm.org/education/curricula.html
3 http://www.careerspace.com
4 http://www.abet.org
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académica com situações reais, escolhidas com base em critérios de relevância e utilidade.
A Licenciatura em Engenharia Informática do ISEP (LEI) pretende ser profissional e socialmente
reconhecida como um curso de referência:
• Gerando grande apetência por parte dos candidatos a cursos na área da Engenharia
Informática.
• Permitindo que as empresas e organizações do meio envolvente confiem nos
licenciados em Engenharia Informática do ISEP com vista à resolução dos principais
problemas com que se defrontam na área de competência do curso.
• Contribuindo significativamente para o surgimento de novas empresas de base
tecnológica ligadas à Engenharia Informática em que os diplomados desempenhem um
papel liderante.
A estratégia de desenvolvimento da missão assenta em três vertentes fundamentais, a saber:
• Elevada qualidade nos processos de manipulação do saber.
o Formação abrangente ao nível do 1º ciclo de Bolonha, garantindo uma sólida
formação científica, tecnológica, profissional e social.
o Combinação de diversos paradigmas de ensino/aprendizagem, destacando-se
tendencialmente os paradigmas PBL (Problem Based Learning e Project Based
Learning) e o Estudo de Casos.
o Formação pedagógica permanente do corpo docente.
o Estímulo ao desenvolvimento de actividades extra-aulas.
o Comportamento enquadrado num rigoroso código de ética académica.
• Elevada competência científica, assente em actividades de I&D.
o Formação científica do corpo docente em estreita ligação com o curso e com a
envolvente empresarial.
o Estreitamento de laços científicos com outras instituições de I&D nacionais e
internacionais, com impacto directo no curso.
o Envolvimento dos alunos em actividades de I&D (projecto de fim de curso).
• Elevada competência socioprofissional, resultante de uma interacção forte e
sustentada com organizações ligadas à Engenharia Informática.
o Exposição e prática de códigos de ética pessoal, profissional e social com vista
a nortear a futura actividade socioprofissional, particularmente no que se
relacione com a prática de actos de engenharia.
o Desenvolvimento de competências pessoais e sociais para além das
competências profissionais, nomeadamente pela introdução de aspectos
sociais em algumas unidades curriculares de cariz tecnológico e de actividades
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conducentes à aquisição de uma percepção social ao longo do curso.
o Realização de um projecto de fim de curso ou de um estágio numa
organização, o que promove a consolidação das competências adquiridas e a
integração no mercado de trabalho.
3.2 Plano e Projecto Pedagógico do Curso
Em termos estruturais (Tabela 1), a licenciatura consiste em cinco semestres lectivos, com uma
média de 5 unidades curriculares por semestre, uma delas integradora, Laboratório-Projecto,
seguido de um semestre dedicado essencialmente ao projecto/estágio final (incluindo apenas
mais três unidades curriculares com menor carga lectiva).
Tabela 1 - Estrutura da Licenciatura em Engenharia Informática
Visando alinhar a Licenciatura em Engenharia Informática com a procura do mercado, o curso
oferece uma estrutura curricular centrada em três áreas de competência:
− Sistemas de Computação e Redes (6 unidades curriculares);
− Modelação e Programação (9 unidades curriculares);
− Engenharia de Software e Sistemas (9 unidades curriculares).
Estas áreas são complementadas com um conjunto de unidades curriculares que dão
competências transversais ou competências técnicas muito específicas, nomeadamente nas
áreas da Matemática, Física, Informática (avançada), Gestão e Competências Pessoais e Sociais.
Análise Mat.5 ECTU
Álg. L. G. A.5 ECTU
Princ. Comp.6 ECTU
Algor. e Prog.6 ECTU
Lab./Proj. I8 ECTUCom. PessoaisProj. Integrador
ProjectoEstágio18 ECTU
1 2
Mat. Discreta5 ECTU
Mat. Comput.5 ECTU
Paradig. Prog.6 ECTU
Eng. Software6 ECTU
Lab./Proj. II8 ECTUCom. Linguíst.Proj. Integrador
Est. Inform.6 ECTU
Física Aplic.5 ECTU
Arq. Comp.5 ECTU
Bases Dados6 ECTU
Lab./Proj. III8 ECTUCom. GrupoProj. Integrador
Ling. e Prog.6 ECTU
Sist. Comp.6 ECTU
Redes Comp.6 ECTU
Eng. Aplicaç.6 ECTU
Lab./Proj. IV6 ECTUÉtica e Legis.Proj. Integrador
Arq. Sist.5 ECTU
Gestão4 ECTU
Adm. Sist.5 ECTU
Alg. Avanç.5 ECTU
S. Gráf. e Int.5 ECTU
Lab./Proj. V6 ECTUGestão ProjectosProj. Integrador
3
1º sem. 2º sem. 1º sem. 2º sem. 1º sem. 2º sem.1º ano 2º ano 3º ano
1 – Inteligência Artificial (4 ECTU)2 – Computação Avançada (4 ECTU)3 – Comportamento Organizacional (4 ECTU)
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Tabela 2 – Distribuição das Unidades Curriculares por área de competência
3.2.1 Sistemas de Computação e Redes
Esta área agrega competências relacionadas com a concepção e administração de sistemas de
computação e redes, uma das principais saídas profissionais dos licenciados da LEI. Nesta área,
o processo de aprendizagem está estruturado em três níveis:
• Conceitos básicos (conhecer) – Pretende-se dotar o aluno de conhecimentos básicos
de sistema de computação (organização física e funcional de um sistema
computacional, representação de informação, fundamentos de sistemas operativos,
arquitectura de um computador, programação em linguagem assembly, etc.) e de
redes (arquitecturas de redes, endereçamento, World Wide Web, etc.). As unidades
curriculares abrangidas são Princípios da Computação e Arquitectura de
Computadores.
• Conceitos intermédios (aplicação) – Pretende-se dotar o aluno de conhecimentos de
sistemas operativos e de redes baseadas nos protocolos TCP-IP. O aluno deve adquirir
competências ao nível da concepção e gestão de redes de comunicação (escolha de
protocolos adequados, segurança, gestão de redes, desenvolvimento de aplicações
cliente-servidor, etc.) e de desenvolvimento de aplicações locais e de rede que
explorem as possibilidades disponibilizadas pelos sistemas operativos modernos
(processos, threads, sistemas distribuídos, etc.). As unidades curriculares abrangidas
são Sistemas de Computação e Redes de Computadores.
• Conceitos avançados (gestão) – Pretende-se que o aluno adquira competências na área
da concepção, implementação e gestão de sistemas informáticos, i.e., sistemas
Análise Mat.5 ECTU
Álg. L. G. A.5 ECTU
Princ. Comp.6 ECTU
Algor. e Prog.6 ECTU
Lab./Proj. I8 ECTUCom. PessoaisProj. Integrador
ProjectoEstágio18 ECTU
1 2
Mat. Discreta5 ECTU
Mat. Comput.5 ECTU
Paradig. Prog.6 ECTU
Eng. Software6 ECTU
Lab./Proj. II8 ECTUCom. Linguíst.Proj. Integrador
Est. Informação6 ECTU
Física Aplic.5 ECTU
Arq. Comp.5 ECTU
Bases Dados6 ECTU
Lab./Proj. III8 ECTUCom. GrupoProj. Integrador
Ling. e Prog.6 ECTU
Sist. Comp.6 ECTU
Redes Comp.6 ECTU
Eng. Aplicações6 ECTU
Lab./Proj. IV6 ECTUÉtica e Legis.Proj. Integrador
Gestão4 ECTU
Alg. Avançada5 ECTU
S. Gráf. e Int.5 ECTU
Lab./Proj. V6 ECTUGestão ProjectosProj. Integrador
3
1º sem. 2º sem. 1º sem. 2º sem. 1º sem. 2º sem.1º ano 2º ano 3º ano
1 – Inteligência Artificial (4 ECTU)2 – Computação Avançada (4 ECTU)3 – Comportamento Organizacional (4 ECTU)
Sistemas de Computação e Redes
Modelação e Programação
Engenharia de Software e Sistemas
Arq. Sistemas5 ECTU
Adm. Sistemas5 ECTU
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compostos por múltiplos computadores e aplicações em rede. Pretende-se neste nível
que o aluno seja capaz de fazer a síntese dos conhecimentos adquiridos anteriormente
e consiga definir planos de acção para resolver problemas concretos nesta área,
implementá-los e auditar o sistema implementado. As unidades curriculares
abrangidas são Administração de Sistemas e Computação Avançada.
3.2.2 Modelação e Programação
Esta área agrega competências relacionadas com a análise de problemas e concepção de
algoritmos e aplicações informáticas, uma das competências de base de qualquer Engenheiro
Informático. Nesta área, o processo de aprendizagem está estruturado em três níveis:
• Conceitos básicos (conhecer) – Pretende-se dotar o aluno de conhecimentos básicos
de algoritmia e programação, utilizando os paradigmas imperativo e orientado ao
objecto. O foco neste nível é no desenvolvimento da capacidade de análise de
problemas e de raciocínio do aluno, sendo perfeitamente secundários os aspectos
tecnológicos das linguagens de programação utilizadas e, nesse sentido, desencorajada
a utilização de bibliotecas de classes existentes e de outras ajudas. As unidades
curriculares abrangidas são Algoritmia e Programação e Paradigmas da Programação.
• Conceitos intermédios (aplicação) – Pretende-se que o aluno adquira a capacidade de
compreender e desenvolver algoritmos complexos, utilizando-se para isso duas áreas
essenciais para o engenheiro informático: representação da informação em memória
(estruturas de dados) e manipulação avançada de texto (cadeias de caracteres). Porque
um engenheiro deve saber fazer, mas também deve saber porque e como se faz,
pretende-se que o aluno adquira também conhecimentos de gramáticas e linguagens
de programação (análise léxica, gramáticas, análise sintáctica e semântica). Uma
terceira vertente é a representação e manipulação de informação guardada em
suportes não voláteis, focando especialmente nas bases de dados relacionais. É feita a
ponte entre as duas representações da informação através do mapeamento
OO/relacional (que será um dos temas explorados nos projectos de LAPR3). As
unidades curriculares abrangidas são Estruturas de Informação, Bases de Dados e
Linguagens e Programação.
• Conceitos avançados – Pretende-se desenvolver as capacidades de raciocínio do aluno,
usando os paradigmas de programação em lógica e por componentes, fazendo com
que ele adquira competências para desenvolver soluções inovadoras para problemas
de complexidade média ou elevada, tendo sempre em vista a sensibilidade quanto às
soluções propostas. Como síntese de todo o processo de aprendizagem de algoritmia e
programação, pretende-se que o aluno compreenda a importância da representação
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computacional do conhecimento, da inferência de novo conhecimento (sistemas
periciais) e da descoberta de conhecimento (aprendizagem automática). As unidades
curriculares abrangidas são Algoritmia Avançada, Arquitectura de Sistemas e
Inteligência Artificial.
3.2.3 Engenharia de Software e Sistemas
Esta área agrega competências relacionadas com o processo de desenvolvimento de aplicações
de sistemas informáticos. Esta é uma área transversal e crítica num curso de engenharia, cuja
aquisição de competências exige uma prática continuada do processo pelo aluno, sendo por
isso natural que grande parte das competências nesta área seja adquirida nas unidades
integradoras de Laboratório-Projecto. Pode-se considerar o processo de aprendizagem
estruturado em três níveis:
• Conceitos básicos (conhecer) – Pretende-se dotar o aluno de boas práticas ao nível da
concepção de aplicações simples e de organização de trabalho. É utilizada uma
abordagem empírica, compatível com o grau de conhecimento dos alunos. A unidade
curricular abrangida é Laboratório-Projecto 1.
• Conceitos intermédios (aplicação) – Pretende-se que o aluno adquira a capacidade de
analisar, modelar e implementar uma aplicação informática, utilizando um modelo de
processo de desenvolvimento predefinido. Esta fase cobre dois semestres, abrangendo
as unidades curriculares de Engenharia de Software, Laboratório-Projecto 2 e
Laboratório-Projecto 3.
• Conceitos avançados (sistema) – Pretende-se que o aluno adquira competências ao
nível da análise, especificação, modelação e gestão da implementação de sistemas
informáticos. Esta fase cobre dois semestres, abrangendo as unidades curriculares de
Engenharia de Aplicações, Laboratório-Projecto 4, Arquitectura de Sistemas e
Laboratório-Projecto 5.
3.2.4 Projecto Pedagógico
Acredita-se que a praxis pedagógica do ensino centrado no professor (“sabe tudo”) que
transmite ao aluno (“não sabe nada”) está esgotada e não pode mais ser aplicada, assim como
um conjunto de actividades que dela decorre ou lhe tem sido associada (avaliação baseada na
memorização de conhecimentos, extensos períodos de exames, aulas facultativas, etc.). Além
disso, a formação praticada até 2006 sobrevalorizava a transmissão de conhecimento factual e
tecnológico através da exposição ao vivo pelo professor, sendo por demais conhecidas as
limitações desse método.
Os bons exemplos podem e devem servir de inspiração para se dar o “salto qualitativo em
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frente”, o qual deverá depender o menos possível de recursos financeiros, mas sobretudo de
novas posturas de gestão/desempenho e da adopção de métodos pedagógicos inovadores,
apropriados e viáveis – Problem Based Learning, Project Based Learning, Estudo de Casos,
Tutória, E-Learning, etc. – constatando-se que as instituições que os praticam obtêm resultados
muito positivos: Universidade de Aalborg, Universidade de Maastricht, Universidade de
Konstanz, Imperial College, École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), Eidgenössische
Technische Hochschule de Zurique (ETH), TUDelft, entre muitas outras.
Uma referência incontornável no ensino de engenharia é a iniciativa CDIO5 (Conceive — Design
— Implement — Operate), com génese no MIT e grande aplicação na Escandinávia, Inglaterra,
China, Canadá e EUA. Esta iniciativa apresenta um processo de aprendizagem focado nos
fundamentais da engenharia, no contexto do processo de Concepção – Projecto –
Implementação – Operação que os engenheiros utilizam para criar sistemas e produtos. Este
processo alicerça-se em metodologias activas de trabalho em grupo nas aulas/laboratórios e
em métodos rigorosos de avaliação. O ISEP aderiu ao consórcio CDIO, como membro de pleno
direito, no ano lectivo 2007/08, mas a implementação do CDIO na LEI6 começou no ano lectivo
2006/07, tendo sido alvo de um financiamento no âmbito do projecto “Engenharia Informática
do ISEP para o Século XXI”, enquadrado na medida IV.1 e acção IV1.2 do programa POCI 2010
(POCI/N/04.01.02/0283/0001/2006).
Resumindo, os princípios do CDIO adoptados na LEI visam alinhar o conhecimento com a
prática:
• Currículo baseado em unidades curriculares que se apoiem mutuamente;
• Realização, ao longo do curso, de projectos complexos que estimulem a aprendizagem
pelos alunos;
• Realização de um projecto ou estágio no final do curso, o que promove a consolidação
das competências adquiridas e o desenvolvimento de competências profissionais;
• Predomínio das metodologias de aprendizagem activas;
• Utilização de laboratórios multifuncionais;
• Melhoria contínua, com base na avaliação rigorosa de resultados.
5 http://www.cdio.org
6 https://www4.dei.isep.ipp.pt/cdio
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Figura 1 – Modelo de aprendizagem do CDIO
Um exemplo de aplicação na LEI do modelo de aprendizagem do CDIO é o apresentado na
Figura 2, na área de Engenharia de Software e Sistemas. O processo de aprendizagem do
processo de desenvolvimento de software/sistemas não se pode basear na transmissão
“paternalista” de conhecimento do docente para o aluno. Para saber fazer, o aluno tem que
praticar e não o consegue em apenas uma ou duas unidades curriculares.
Cada um dos cinco primeiros semestres curriculares da LEI é composto por 12 semanas de
aulas “convencionais”, seguido de 4 semanas de aulas dedicadas exclusivamente à elaboração
de um projecto de Laboratório-Projecto (LAPR) e, finalmente, 4 semanas para avaliação
(exames).
Na Figura 2 estão definidos três níveis de competências de engenharia e os três níveis de
aprendizagem apresentados em 3.2.3. Pode-se verificar o encadeamento das unidades
curriculares que formam um processo de aprendizagem (a vermelho na figura), sendo que as
unidades curriculares integradoras de Laboratório-Projecto (LAPR) consistem na elaboração de
projectos complexos (um por unidade curricular) em grupo. É também de referir que as
unidades deste processo de aprendizagem não estão “isoladas”, mas apoiam-se em unidades
curriculares de outras áreas, sendo de salientar o papel crucial de APROG, PPROG e BDDAD.
Concreteexperiences
Reflectiveobservation
Activeexperimentation
Abstractgeneralization
Tutorials,Exercises,Lab classesetc.
Lectures:Concepts, Models,Laws, etc.
Conventional approach
CDIO
Adapted from Kolb, 1984
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Figura 2 – Processo de aprendizagem do processo de desenvolvimento
De um modo geral, pode-se afirmar que se está aplicar o modelo do CDIO na LEI:
• Todas as unidades curriculares são importantes - as competências são necessárias,
estando relacionadas com as competências definidas no Syllabus da LEI e as unidades
curriculares apoiam-se umas nas outras.
• Há um “caminho crítico” - há uma ou duas unidades curriculares por semestre que
introduzem novos conceitos fundamentais para as três áreas e respectivos processos
de aprendizagem. Estas unidades curriculares têm de ser alvo de especial atenção, pois
o menor desvio pode ter consequências graves nos processos de aprendizagem.
• Os LAPR são a “cola” do processo de aprendizagem – apesar de se considerarem três
áreas na LEI, a “prática do processo de desenvolvimento”, que tem lugar nos LAPR, é o
factor unificador do curso e a competência base do engenheiro: o saber fazer. É nas
unidades curriculares de LAPR que o aluno tem a oportunidade de colocar em prática
os conhecimentos e desenvolver as competências introduzidas nas restantes unidades
curriculares.
• As competências transversais são importantes - nos módulos de competências dos
LAPR são trabalhadas competências fundamentais para o engenheiro actual, inserido
num mundo globalizado: trabalho em equipa, competências linguísticas, apresentação
M. LAPR3
M. LAPR1
Competências de Engenharia
Pro
ject
o d
e Si
stem
as
Ges
tão
de
Pro
ject
os
Des
envo
lvim
ento
de
Ap
licaç
ões
LAPR1
Gestão de Projectos
AMATA
ALGAN
PRCMP
APROG
LAPR2
MDISC
MATCP
PPROG
LAPR3
FISIAP
ARQCP
ESINF
LAPR4
LPROG
SCOMP
RCOMP
ASIST
SGRAI
ALGAV
GESTA
ARQSI
M. LAPR5
LAPR5
Consolidação do Processo e explorar
alternativas
Introdução ao Processo
1º Semestre 2º Semestre 3º Semestre 4º Semestre 5º Semestre
Trabalho em Equipa
M. LAPR4
M. LAPR2
Modelação OOBDDAD
Modelo Relacional
Projecto de Sistemas
Competências Linguísticas(relatórios, documentos técnicos, etc.)
EAPLI
ESOFT
IntermédioBásico Avançado
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em público, gestão de projectos, etc. Para os alunos interessados, o ISEP e o IPP têm
bastante oferta formativa complementar nestas áreas.
• Métodos activos como base – privilegia-se a utilização de métodos activos e a
utilização de meios tecnológicos avançados e apelativos às novas gerações de alunos.
Ao nível da avaliação, esta é bastante heterogénea, estando muito dependente das
características e objectivos da unidade curricular. No entanto, podem-se apresentar algumas
balizas:
• A avaliação deve ter como objectivo avaliar competências.
• O peso da avaliação ao longo do semestre lectivo deve ser proporcional ao esforço
pedido, havendo uma “meta” de 50% para a unidade curricular “tipo” da área da
Engenharia Informática.
• A avaliação no final do semestre não precisa de estar restrita à tradicional prova de
exame, sendo que na vida real a avaliação oral é frequente e a sua utilização durante o
curso é benéfica para os alunos (é usada nos LAPR e Projecto-Estágio).
3.3 Plano de Transição
O plano de transição foi elaborado tendo presente as legítimas expectativas dos alunos e com
o cuidado para que da sua aplicação não resultassem entraves à progressão académica dos
alunos. A extensão das alterações efectuadas na adequação da licenciatura bietápica tornaram
o processo de transição bastante complexo e foi necessário implementar um conjunto
significativo de disposições transitórias no ano lectivo 2006/077. As disposições transitórias
limitaram-se ao ano lectivo 2006/07, tendo o ano lectivo 2007/08 já decorrido com o formato
definitivo.
7 Relatório de Concretização do Processo De Bolonha, Licenciatura em Engenharia Informática 2006/2007
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
17/33
4 ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO A BOLONHA
4.1 Formação Orientada para o Desenvolvimento de Competências
Tradicionalmente a ciência e a engenharia têm sido ensinadas de forma dedutiva – o professor
apresenta princípios gerais, demonstra a utilização destes princípios para obter modelos,
mostra exemplos ilustrativos de aplicações desses modelos, fornece aos alunos meios de
prática de obtenção ou de aplicação dos modelos e avalia a capacidade dos alunos para realizar
estas tarefas em provas escritas. Estas provas, por serem normalmente fechadas, convidam os
alunos a repetir informações, não estimulando a criatividade, o cultivar do raciocínio
esquemático ou a capacidade de argumentação. Este tipo de ensino e aprendizagem é muito
passivo na perspectiva do aluno.
Estudos da psicologia e da psiquiatria sugerem que as alterações sociais profundas, em
particular o “bombardeamento” constante de informação, conduziram ao aparecimento de
mecanismos de pensamento “acelerado”, em particular nas gerações mais jovens. A aula
“clássica” é de tal modo “parada” que leva a que os alunos que estão presentes mentalmente
não estejam sequer na sala de aula. Motivar já não chega, é preciso mudar. Mesmo para os
ditos “bons” alunos actuais (que são poucos) a abordagem lectiva clássica nem sempre surte
efeito. Os professores perderam influência no mundo psíquico dos jovens, o que conduziu à
crise sem precedentes na história do ensino. Os alunos estão alienados, sem vontade de
aprender e altamente ansiosos.
O momento actual e o novo paradigma pedagógico associado ao processo de Bolonha
implicam uma maior aposta na motivação e no envolvimento dos alunos, tornando-os agentes
activos da sua aprendizagem. Este papel activo dos alunos não é sinónimo de afastamento,
menor envolvimento ou desresponsabilização do docente, mas sim de uma intervenção
diferente. Em vez de dar a solução, o docente deve ajudar o aluno a descobrir a solução, o que
não é de modo algum menos trabalhoso, nem para o aluno nem para o docente.8
Esta mudança tem implicações em vários aspectos do processo de ensino e aprendizagem
(aulas, avaliação, trabalho em equipas, instalações, entre outros) e exige um esforço de
aprendizagem de professores e alunos para ser conduzida com sucesso.
Para se poderem alinhar de forma coerente conteúdos, práticas pedagógicas e de avaliação,
tipos de aulas, instalações e outros, é necessário que se clarifiquem e divulguem devidamente
8 Cristina Costa Lobo, Formação para Adultos, NACiPe, ISEP
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
18/33
os objectivos do curso em termos de conhecimentos e competências a adquirir pelos alunos.9
Embora os projectos de adequação dos novos cursos já contivessem alguma dessa informação
ao nível do curso, o nível de detalhe exigido era mínimo e não era necessário fazer o
mapeamento directo entre as competências e as unidades curriculares. Era pois necessário que
se desenvolvesse a discussão e/ou divulgação necessária ao conhecimento efectivo e claro dos
objectivos do curso. Com base nos objectivos do curso, seria seguidamente necessário rever
objectivos por semestre e por unidade curricular em termos de conhecimentos e competências
a adquirir, acertar conteúdos e estabelecer metodologias pedagógicas e de avaliação, entre
outros. Na LEI recorreu-se às ferramentas do CDIO para resolver este problema.
A definição das competências para o curso no CDIO tem por base o Syllabus, i.e. uma definição
das competências finais que o licenciado deve obter. Como base de trabalho, o CDIO sugere o
modelo de Syllabus do curso de Engenharia Aeronáutica do MIT10 e a utilização da escala de
Bloom11 para definir o nível de competência para cada componente do Syllabus.
O trabalho de desenvolvimento do Syllabus da LEI começou no segundo semestre do ano
lectivo 2006/07, tendo a primeira versão ficado pronta no final do ano lectivo 2007/08 e estar
em fase de validação pelos stakeholders (mercado e ex-alunos). Na construção do Syllabus da
LEI teve-se em linha de conta a realidade nacional e do ISEP (o MIT é uma escola de excepção a
nível mundial, procurada pelos melhores alunos), bem como a necessidade de adaptação a um
curso de engenharia informática. O Syllabus foi validado internamente através de uma ampla
consulta, que abrangeu os docentes do DEI e da LEI (inclui docentes de outros departamentos
que leccionam na LEI). A fase seguinte do processo, a definição das competências por unidade
curricular, começou a ser implementada no ano lectivo 2008/09, definindo-se na Ficha de
Disciplina de cada unidade curricular os pontos do Syllabus cobertos. No ano lectivo 2009/10
será finalizado o processo de implementação, com a realização de ajustes nas unidades
curriculares para colmatar as eventuais falhas de cobertura de requisitos importantes do
Syllabus detectadas no final do ano lectivo 2008/09.
4.2 Componentes de Trabalho Experimental e Projecto
A aplicação dos princípios do CDIO na LEI acarreta naturalmente o reforço da componente
experimental e de projecto. As unidades curriculares de Laboratório-Projecto têm uma
fortíssima componente experimental e de projecto, que se consuma no que o CDIO denomina
9 Definição e Estruturação de Objectivos e Planificação da Formação, Cristina Costa Lobo, NACiPe, ISEP 10
http://www.cdio.org/tools/student_skills.html
11 http://www.cdio.org/cdio_syllabus_rept/Appendix_B_Bloom.doc
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
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de design-build experiences12. Este tipo de experiência é um evento de aprendizagem em que a
aprendizagem tem lugar através do desenvolvimento de um sistema ou um produto. Pode ir
desde o desenvolvimento de algo que não exija conhecimentos técnicos prévios a projectos
que requeiram conhecimentos técnicos avançados, em anos avançados do curso. O resultado
pode ser hardware, software, um modelo ou uma combinação destes, mas tem que ser
verificável do ponto de vista funcional.
A realização de uma design-build experience pode realizar-se no âmbito duma unidade
curricular clássica, duma unidade curricular de projecto (dedicada à realização da experiência)
ou no âmbito de várias unidades curriculares, integrando componentes de cada uma delas13.
Tendo como base a experiência adquirida no ano lectivo 2006/0714, resolveu-se adoptar o
princípio que as design-build experiences deveriam ser realizadas em unidades curriculares
completamente autónomas e ter lugar após o término das restantes unidades curriculares. Isto
permite corrigir alguns dos problemas detectados, especialmente a simplificação do horário de
trabalho e a participação de alunos que não estão inscritos a todas as unidades curriculares do
semestre.
Tem-se então que cada uma das unidades curriculares de LAPR implementa uma design-build
experience, de grau de complexidade crescente ao longo do curso. O trabalho é desenvolvido
em grupo (entre 3 e 5 elementos, dependendo do LAPR), sendo este um aspecto fundamental,
pois a integração numa equipa é uma das competências essenciais do engenheiro. A avaliação
do trabalho é efectuada por um júri de docentes, havendo uma apresentação do projecto pelos
alunos e uma breve discussão. Na Tabela 3 apresenta-se um resumo das unidades curriculares
de LAPR realizadas nos anos lectivos 2007/08 e 2008/09 (4 semanas).
UC Horas semanais
Grupos Avaliação
LAPR1 24 2 a 3 Relatório, logbook, aplicação e apresentação
LAPR2 24 3 a 4 Relatório, logbook, aplicação e apresentação
LAPR3 20 3 a 4 Relatório, entregas parciais, aplicação e apresentação
LAPR4 16 3 a 4 Relatório, entregas parciais, aplicação e apresentação
LAPR5 16 4 a 5 Relatório, entregas parciais, aplicação e apresentação
Tabela 3 – Unidades curriculares de LAPR
4.3 Competências Transversais
A aprendizagem de competências transversais na LEI dá-se a dois níveis:
• Processo de desenvolvimento de software/sistemas;
12
http://www.cdio.org/tools/ikit/ikit_wrksp/design_bld.html
13 Edward Crawley, et al, Rethinking Engineering Education: the CDIO Approach, Springer, 2007, pag. 88
14 Relatório de Concretização do Processo De Bolonha, Licenciatura em Engenharia Informática 2006/2007
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
20/33
• Competências profissionais.
A componente do processo de desenvolvimento já foi apresentada atrás, focando-se aqui as
competências profissionais. Além das componentes de projecto, cada unidade curricular de
LAPR tem também um “módulo de competências” profissionais, com aulas “clássicas”, cujo
objectivo é a aprendizagem de competências transversais importantes para o bom
desempenho profissional do engenheiro. Cada módulo tem 16 horas de contacto,
encontrando-se as respectivas competências listadas na Tabela 4.
UC Competências
LAPR1 Planeamento e gestão pessoal / Trabalho de grupo
LAPR2 Competências linguísticas
LAPR3 Trabalho em equipa
LAPR4 Ética e legislação
LAPR5 Gestão de projectos
Tabela 4 – Módulos de competências dos LAPR
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
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5 ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DO CURSO (BOLONHA)
5.1 Processo de Aprendizagem
O processo de transição ficou restrito ao ano lectivo 2006/07, pelo que o ano lectivo 2007/08
foi o primeiro ano lectivo LEI que decorreu inteiramente no formato adequado a Bolonha,
conforme descrito em 3.2.4. A adopção deste formato resultou em grande parte da experiência
do ano lectivo 2006/07, em que se verificou que era muito difícil conciliar temporalmente a
leccionação de unidade curriculares integradoras com a de unidade curriculares convencionais,
especialmente à luz da implementação do CDIO na LEI15. Daqui resultou a adopção do modelo
de 12 semanas lectivas convencionais mais 4 semanas lectivas para projecto, inspirado na
experiência do CDIO em alguns cursos da Technical University of Denmark (DTU)16.
A adopção do modelo 12+4 tem algumas vantagens:
• Simplificação da gestão operacional das actividades lectivas, permitindo a elaboração
de horários condensados para os alunos. Em especial, na fase de projecto os alunos
têm as aulas consecutivas sempre no mesmo laboratório, eliminando-se a necessidade
de interromper o trabalho para mudar de sala. Isso permite criar um ambiente de
trabalho produtivo e profissional.
• A separação da avaliação das unidades curriculares convencionais das de projecto
permite atenuar o problema dos alunos que têm unidades curriculares em atraso ou
não estão inscritos a todas as unidades curriculares do semestre da unidade de
projecto. Os alunos inscritos a tempo parcial eram particularmente afectados por este
problema.
• Permite o desenvolvimento de projectos de maior dimensão e utilizando
completamente as competências adquiridas pelos alunos nas unidades curriculares do
semestre, pois o projecto decorre depois de terminadas as restantes unidades
curriculares. Por outro lado, o projecto permite aos alunos aplicar completamente as
competências adquiridas nas restantes unidades curriculares e facilitar assim a
completa assimilação destas competências.
Mas também criou alguns problemas:
• A condensação das aulas das unidades curriculares convencionais em 12 semanas
provocou um ligeiro acréscimo do número de horas lectivas por semana nas 12
primeiras semanas (entre 2 e 4 horas, dependendo do ano, resultando entre 27 e 29
15 Relatório de Concretização do Processo De Bolonha, Licenciatura em Engenharia Informática 2006/2007
16 http://www.dtu.dk/English.aspx
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
22/33
horas de aulas por semana).
• A condensação das aulas das unidades curriculares convencionais em 12 semanas
levanta alguns problemas com as faltas (de docentes e alunos) e feriados. Esta
condensação de actividades lectivas também pode levantar problemas em algumas
unidades curriculares, em que a capacidade de assimilação das matérias exija algum
tempo de maturação.
No ano lectivo 2008/09 tentou-se atenuar o problema da sobrecarga de aulas nas 12 semanas,
distribuindo as aulas dos módulos de competências dos LAPR por todo o semestre (12+4
semanas). No caso particular do 3º ano, um dos mais afectados, distribuíram-se também as
aulas da unidade curricular de Gestão por 16 semanas, conseguindo-se uma redução de
2horas/semana.
5.2 Promoção do sucesso escolar
Ao nível do sucesso escolar, o panorama pré-Bolonha não era nada animador, em especial no
regime nocturno, conforme se pode ver na Tabela 5. Há que distinguir dois tipos de indicadores
do aproveitamento escolar:
• Bruta (Br), correspondendo ao rácio entre o número de alunos aprovados e o número
de alunos inscritos à unidade curricular. Este indicador inclui os alunos que reprovam
por não frequentarem (NF) a unidade curricular, i.e. reprovam por faltas. Infelizmente,
no ISEP há um número apreciável de alunos nestas condições, que não evidenciam
qualquer esforço em participar no processo de aprendizagem. Este indicador está
relacionado com a eficiência do processo.
• Líquida (Li), correspondendo ao rácio entre o número de alunos aprovados e o número
de alunos que frequentaram a unidade curricular (foram às aulas e cumpriram algumas
das fases de avaliação). Este indicador espelha melhor a eficácia do processo de
aprendizagem, pois exclui os alunos que voluntariamente se alhearam do processo.
Este indicador está relacionado com a eficácia do processo.
Ano Curricular
1 2 3
Ano lectivo Br Li Br Li Br Li
LBEI Diurno, 1º Ciclo 2005/2006 41% 59% 50% 72% 54% 74%
LEI Bolonha 2006/2007 48% 66% 57% 72% 75% 91%
LEI Bolonha 2007/2008 45% 63% 59% 66% 73% 82%
LEI Bolonha 2008/2009 45% 70% 52% 71% 68% 82%
Tabela 5 – Resultados globais das edições regulares (% aprovados)
Os resultados da Tabela 5 mostram que há uma clara melhoria da eficácia do processo de
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
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aprendizagem com a introdução da LEI, especialmente no 1º ano, o que poderá demonstrar
que as alterações efectuadas tornaram o curso mais apelativo aos alunos. Já ao nível da
eficiência do processo, é necessário ter em conta que não se poderiam esperar grandes saltos
qualitativos. A implementação do novo processo de aprendizagem da LEI ainda só abrangeu
dois anos lectivos (2007/08 e 2008/09), o que representa apenas 40% dos alunos.
Relativamente aos alunos que transitaram do 1º ciclo da anterior licenciatura, bem como os do
ano lectivo 2006/07, que foi completamente atípico, nota-se alguma dificuldade de adaptação
ao novo paradigma de aprendizagem.
Os resultados da Tabela 5 também mostram claramente o peso dos alunos “fantasma” no
processo de aprendizagem, especialmente no 1º ano (45% de eficiência em 2007/08). Na
Figura 3 apresentam-se as curvas de eficiência para o ano lectivo 2007/08 dos três anos da LEI
e dos novos alunos do 1º ano isoladamente.
Figura 3 – Curvas de eficiência no ano lectivo 2007/08
Verifica-se que há uma melhoria significativa ao longo dos anos do curso, o que era expectável,
mas o aspecto mais relevante é a curva dos novos alunos do 1º ano: onde se poderia esperar o
choque da entrada no ensino superior, com a consequente dificuldade de adaptação (que
existe, de facto), encontra-se uma eficiência muito superior ao conjunto global dos alunos do
1º ano. Foi então elaborado um estudo detalhado das características dos alunos e dos seus
resultados, sendo os resultados do 1º ano nos anos lectivos 2007/08 e 2008/09 apresentados
na Tabela 6.
Tipo de aluno 2007/08 2008/09
Desconhecido e repetentes 27% 32%
Maiores de 23 anos 41% 63%
Matemática A 65% 73%
Matemática B 58% 49%
Global do 1º ano 40% 44%
Tabela 6 – Percentagem de unidades em que o aluno obteve aprovação (aprovações/inscrições)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Pe
rce
nta
gem
de
alu
no
s
Percentagem de disciplinas com aprovação
Eficiência - Frequência acumulada
1º ano
2º ano
3º ano
1º ano (2007)
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
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Com base nestes resultados, foi elaborada uma estratégia de criar abordagens pedagógicas
específicas para cada um dos grupos a algumas unidades críticas, com especial relevo para
Análise Matemática. A avaliação ao longo do semestre foi adaptada às características do grupo,
sendo que avaliação final por exame teria que ser a mesma para todos os alunos. Foram
considerados os seguintes perfis, correspondendo a conjuntos de turmas separados:
• Novos alunos de Matemática A, que se pode considerar como o modelo padrão de
aluno.
• Novos alunos de Matemática B, que têm grandes deficiências ao nível das
competências de Matemática. As aulas de Análise Matemática destes alunos tiveram
um modelo diferente, começando por um conjunto de aulas de recuperação/aquisição
de competências de trigonometria e diferenciação.
• Alunos repetentes e novos alunos de outros regimes (transferências, mudanças de
curso, etc.). Estes alunos formam um grupo bastante heterogéneo, mas não foi possível
subdividi-lo. A maioria destes alunos não têm todas as unidades curriculares e muitos
deles já estão a frequentar unidades curriculares pela segunda vez. Assim, ao serem
colocados em turmas separadas, é possível aos docentes adequar a abordagem
pedagógica de modo a focar nos aspectos críticos de sucesso/insucesso na unidade.
• Alunos do regime pós-laboral, que são um grupo muito heterogéneo, mas cuja
pequena dimensão não permite a sua separação em subconjuntos específicos. Os
alunos maiores de 23 anos encontram-se neste grupo. O facto de a assiduidade ser
muito baixa entre os trabalhadores estudantes leva a que a abordagem tenha que ser
próxima da dos alunos repetentes.
Para facilitar a integração dos novos alunos no ensino superior, as turmas da Matemática A e B
mantiveram-se inalteradas durante todo o ano. Os restantes alunos têm que escolher turmas
no início de cada semestre.
Os resultados do primeiro ano de aplicação desta estratégia podem ser consultados na Tabela
6. Verifica-se uma evidente melhoria dos resultados globais, com especial relevo para os alunos
de Matemática A. Isto pode resultar de turmas homogéneas darem origem a ambientes de
trabalho mais produtivos.
Ao nível dos alunos de Matemática B não se conseguiu melhorar os resultados globais, ainda
que no caso específico da Análise Matemática os resultados tenham melhorado bastante. Estes
alunos costumavam compensar as deficiências nas unidades de Matemática com um conjunto
de competências técnicas na área da Informática adquiridas no ensino secundário
especializado. Aparentemente, esta diferenciação está a esbater-se e verifica-se que os alunos
de Matemática A obtêm melhores resultados em todas as unidades do 1º ano.
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
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Relativamente aos alunos maiores de 23 anos, verificou-se também uma melhoria significativa
dos resultados, mas que se deve essencialmente ao facto de a maioria dos alunos que
entraram por este regime, a partir de 2008/09, serem já possuidores de habilitações ao nível
do 12º ano. O mesmo não se passava nos anos lectivos anteriores.
5.3 Desenvolvimento de Competências Transversais
Ainda é um pouco cedo para avaliar o efeito das alterações efectuadas ao nível do
desenvolvimento de competências transversais nos licenciados da LEI, especialmente porque a
grande maioria dos finalista no ano lectivo 2008/09 entrou antes do ano lectivo 2006/07 (cerca
de 80%). Mesmo assim, há evidências de melhoria, sendo de salientar uma notável melhoria
de qualidade dos relatórios de Projecto/Estágio (PESTI), o que se reflectiu naturalmente nas
classificações finais da unidade curricular, como se pode ver na Figura 4.
Figura 4 – Evolução das classificações de Projecto/Estágio
É de salientar que no ano lectivo 2008/09 já houve um número significativo de alunos inscritos
a PESTI que entraram em 2006/07, ou seja, alunos da LEI (Bolonha) que terminaram o curso
em 3 anos. No gráfico da Figura 4 apresentam-se os resultados desses alunos, que acabam por
ser ainda melhores do que os dos alunos que fizeram o curso em 4 ou mais anos.
No entanto, convém referir que esta evolução pode não estar só relacionada com a introdução
dos Módulos de Competências nas unidades curriculares de LAPR, podendo-se considerar
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Oco
rrê
nci
as
Classificações
Classificações de PESTI por Anos LectivosAno lectivo 05-06
Ano lectivo 06-07
Ano lectivo 07-08
Ano lectivo 08-09
Alunos 2006/07
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
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outros dois factores importantes:
• Realização de relatórios de projecto em cada unidade curricular de LAPR, alguns destes
relatórios com dimensão e complexidade em nada inferior aos relatórios de projecto
da antiga licenciatura.
• Realização de apresentações e defesas públicas dos projectos em algumas unidades
curriculares de LAPR.
• Consciencialização do corpo docente para a importância da produção de
documentação técnica de qualidade na actividade do engenheiro. Esta é um aspecto
particularmente importante na Engenharia Informática, que estava um pouco
descurado na antiga licenciatura.
5.4 Desenvolvimento de Competências Extracurriculares
No sentido de desenvolver as competências dos alunos são lhe proporcionadas pelo DEI várias
palestras, algumas no âmbito das unidades curriculares e outras mais abrangentes, e cursos
especializados de curta duração (tipo hands-on). A escolha dos temas abordados pela
Comissão Directiva do DEI tem uma componente oportunista, aproveitando a disponibilidade
de um orador ou a actualidade de um tema, mas também tem uma componente de
planeamento a longo prazo baseada em estudos das necessidades do mercado17.
5.4.1 QTDEI
O DEI organiza com regularidade as conferências QTDEI (Quartas à Tarde no DEI): eventos com
temas temáticos, de interesse para os discentes e docentes, com convidados especialistas de
renome nacional e internacional e/ou representantes de empresas/instituições, onde são
abordados temas de relevância e de aplicação para a sociedade. Na Tabela 7 apresenta-se uma
lista das QTDEI realizadas nos últimos dois anos lectivos.
17
Ana Almeida, e tal, Novas Metodologias de Aprendizagem de Encontro ao Processo de Bolonha, a apresentar na
JLBE2009, 10-13 Fevereiro de 2009, Porto, Portugal
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
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Data Tema
25-10-2006 Seminários ISE's - Inteligência Artificial
18-04-2007 Realidades e Visões Multimédia
13-06-2007 Panorama sobre o papel do e-learning no Ensino Superior em Portugal
20-06-2007 Semantic Web e Inteligência Artificial
17-10-2007 Pesquisa de Informação e Inteligência Artificial
14-11-2007 Inteligência Artificial e a investigação nos ISE’s
05-12-2007 Propriedade intelectual, autorias, plágios: direitos, (ab)usos e desafios (problemática histórico-filosófica, jurídico-social e tecnológica)
05-03-2008 Plataforma XNA para desenvolvimento de Jogos
21-05-2008 Reciclagem de computadores - das máquinas "caça-níqueis" às máquinas pedagógicas
12-06-2008 4ª Tertúlia em Inteligência Artificial - Emotions and Social Computing
15-10-2008 QTDEI/TeIA – Pesquisa e Exploração de Informação na Web: Aplicações
12-11-2008 Seminários ISE’s – Inteligência Artificial
16-12-2008 Onde 2.0 - GEO por todo o lado
18-11-2009 Inteligência Computacional no Suporte à Tomada de Decisão
Tabela 7 – QTDEI realizadas nos últimos anos
5.4.2 Hands-on
Os hands-on são sessões que decorrem semanalmente, com uma componente teórica e outra
prática. Estas sessões são ministradas por empresas, agentes ou pessoas consideras relevantes
em determinadas áreas de Engenharia Informática. Cada sessão, com a duração aproximada de
2h30, é constituída por uma componente de apresentação a efectuar por um representante de
uma organização externa convidada e uma componente prática que envolve trabalho a
desenvolver pelos alunos. Na Tabela 8 apresenta-se uma lista dos hands-on realizados nos
últimos dois anos lectivos, sendo que para a maioria deles houve mais do que uma edição.
Ano Tema
2006/07 Hands-On Linux
2006/07 Hands-On Multimédia
2006/07 Comunicações
2006/07 Utilização de Estilos
2007/08 Hands-On Cisco VPN
2007/08 Hands-On 2D/3D
2007/08 Hands-On Utilização do Linux
2007/08 Planeamento de Cursos usando MOODLE
2007/08 Hands-On Linux - Avançado
2007/08 Utilização de Estilos
2007/08 Hands-On Linux
2007/08 Motor de Pesquisa
2008/09 Pesquisa de Informação
2008/09 Hands-on Linux - Ferramentas Desktop
Tabela 8 – Hands-on realizados nos últimos anos
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
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5.5 Mobilidade nacional e internacional
O número de alunos da LEI que pretende realizar um semestre ou um ano noutra instituição
estrangeira ao abrigo do programa ERASMUS é relativamente pequeno (cerca de 1% do total
de alunos). O facto de muitos alunos serem estudantes-trabalhadores pode ser um factor
condicionante, não tendo estes alunos disponibilidade para saírem do país.
A adopção do CDIO e o alinhamento do formato da LEI por referências anglo-saxónicas e da
Escandinávia é um outro problema. Os alunos do ISEP provêem essencialmente das classes
económicas média-baixa a baixa, pelo que procuram intercâmbios com países com um custo de
vida baixo, tipicamente do Leste da Europa. Verifica-se que o formato actual da LEI é pouco
compatível com o da maioria dos cursos desses países, o que dificulta muito a realização de
intercâmbios que envolvam o 4º e o 5º semestre do curso. Por outro lado, os alunos da LEI têm
alguma relutância em efectuar o Projecto-Estágio em ERASMUS, porque a realização do estágio
numa organização externa é, na prática, uma boa forma de garantir o primeiro emprego.
A escola dispõe de um gabinete ERASMUS para dar todo o apoio e informação sobre os cursos
do ISEP (a estrangeiros) e cursos afins europeus. O DEI disponibiliza ainda um sítio web bilingue
especificamente para este efeito18.
5.6 Ligação às Entidades Empregadoras
A ligação da LEI com organizações externas dá-se a vários níveis:
• Palestras e hands-on que decorrem no DEI;
• Colaboração de organizações externas na validação do Syllabus da LEI;
• Ligação a antigos alunos;
• Propostas de Projecto/Estágio por parte de organizações externas.
Este último aspecto é particularmente importante, pois além de facilitar a integração dos
licenciados no mercado de trabalho, permite à Direcção da LEI obter informações essenciais
para a gestão do processo de aprendizagem:
• Competências dos licenciados, que é um indicador da qualidade do processo de
aprendizagem;
• Necessidades do mercado, através da análise das lacunas e dos pontos fracos das
competências dos licenciados e de sugestões recebidas directamente.
Um dos pontos fortes da antiga licenciatura bietápica, e que se pretende que continue a ser
uma dos pontos fortes da LEI, é o estágio realizado em ambiente empresarial. O DEI mantém
18 http://w2ks.dei.isep.ipp.pt/erasmus/
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA Licenciatura em Engenharia Informática 2008/2009
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um sítio web19 dedicado exclusivamente à gestão de propostas de estágio, que podem ser
apresentadas por entidades externas, centros de investigação do ISEP e outras unidades e
departamentos do ISEP.
A forte ligação da LEI ao tecido empresarial é patente no número de propostas de estágios
apresentadas por entidades externas. Nos anos lectivos 2006/07, 2007/08 e 2008/09 houve
cerca de duas propostas para cada aluno finalista inscrito à unidade curricular de Projecto-
Estágio (PESTI). Entre 70% e 80% dos alunos escolheram a realização de um estágio numa
entidade externa, sendo que a maioria dos restantes realizou projectos académicos ou auto-
propostos.
No final do estágio é pedido ao orientador da organização externa que preencha um inquérito
sobre o desempenho do aluno que orientou. Na Figura 5 apresenta-se um gráfico com a
comparação dos resultados do último ano da antiga licenciatura bietápica com os das edições
2007/08 e 2008/09 da LEI.
Figura 5 – Resultados do inquérito a orientadores externos (PESTI) – 1/2
19 http://www4.dei.isep.ipp.pt/gestproj/
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Capacidades/Competências Demonstradas em PESTIInquéritos aos Supervisores Externos
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Figura 6 - – Resultados do inquérito a orientadores externos (PESTI) – 2/2
Os resultados são globalmente muito positivos, não havendo diferenças muito significativas
entre os anos. Era de esperar esta semelhança, dado que os alunos que terminaram nestes
anos entraram maioritariamente antes do ano 2006/07. Quer isto dizer que a maioria destes
alunos não foi ainda formada de raiz pelo processo de aprendizagem da LEI. Por outro lado,
estes resultados atestam que o processo de transição foi bem conduzido, não levando a
problemas graves na qualidade do processo de aprendizagem dos alunos.
5.7 Ligação a antigos alunos
O estabelecimento de ligações formais e regulares a antigos alunos é uma preocupação
recente do DEI. Houve eventos isolados no passado, mas sem a continuidade desejável. Nos
últimos anos houve tentativas para inverter esta situação, até pela importância crescente dos
antigos alunos do DEI como empregadores e proponentes de estágios para os actuais alunos da
LEI.
As medidas tomadas foram:
• Organização, desde o ano lectivo 2006/07, de cerimónias de encerramentos do ano
lectivo, com entrega de prémios aos melhores alunos e com um convívio entre antigos
alunos e docentes do DEI.
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• Dinamização do grupo do DEI-ISEP no LinkedIn20, que conta com mais de 500
elementos. Este grupo é particularmente importante, pois é um veículo de excelência
para obtenção opiniões e sugestões de melhoria relativamente à LEI. Por exemplo, a
primeira validação do Syllabus da LEI junto do mercado teve lugar junto deste grupo
de ex-alunos.
20
http://www.linkedin.com/groups?gid=37016&trk=hb_side_g
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6 CONCLUSÃO E LINHAS DE ACÇÃO
A adequação da antiga Licenciatura Bietápica em Engenharia Informática (LBEI) ao modelo
proposto pela declaração de Bolonha foi um processo preparado com bastante antecedência
(começou em 2002) e que se traduziu numa grande renovação do curso, com características
únicas a nível nacional. A adopção do CDIO como princípio orientador da nova LEI facilitou a
sua colocação em funcionamento, pois foi possível recorrer à experiência dos parceiros
internacionais do ISEP. Mesmo assim, será ainda necessário percorrer um longo caminho.
Tendo por base o programa de auto-avaliação do CDIO21, apresenta-se na Tabela 9 uma breve
análise da implementação de cada uma das normas do CDIO na LEI, no ano lectivo 2008/09.
Norma Título Nível
1 The Context 3
2 Learning Outcomes 3
3 Integrated Curriculum 3
4 Introduction to Engineering 3
5 Design-Implement Experiences 4
6 Engineering Workspace 2
7 Integrated Learning Experiences 3
8 Active Learning 2
9 Enhancement of Faculty Skills Competence 0
10 Enhancement of Faculty Teaching Competence 1
11 Learning Assessment 2
12 Program Evaluation 2
Tabela 9 – Autoavaliação da implementação do CDIO na LEI (ano lectivo 2008/09)
Entre os aspectos a melhorar, podem-se salientar:
• Afinar a definição de competências por unidade curricular, fazendo o respectivo
mapeamento com o Syllabus da LEI.
• Melhorar as condições de realização dos trabalhos de LAPR, criando espaços de
trabalho adequados ao desenvolvimento de actividades em grupo.
• Reforçar a formação do corpo docente, tanto ao nível pedagógico (em curso) como da
formação de competências ao nível do processo de desenvolvimento de sistemas.
• Melhorar a gestão da LEI, especialmente ao nível da coordenação entre as unidades
curriculares e da avaliação do desempenho.
Estes aspectos estão a ser alvo de especial atenção no ano lectivo 2009/10, que será um ano
particularmente complicado. Entrará em funcionamento o mecanismo de inscrição por
créditos, que dará aos alunos mais liberdade na escolha das unidades curriculares que querem
21 Edward Crawley, et al, Rethinking Engineering Education: the CDIO Approach, Springer, 2007, pag. 205
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frequentar. Apesar de ser um dos objectivos do processo de Bolonha, cria alguns problemas à
implementação de um processo de ensino baseado na filosofia do CDIO, com uma forte
interligação entre as unidades curriculares. Um aluno com unidades em atraso ou em avanço
estará inevitavelmente sujeito a uma sobrecarga de trabalho, não aproveitando as sinergias
entre as unidades regulares e as unidades de Laboratório-Projecto.
O Director de Curso da LEI
Doutor Engº. Ângelo Manuel Rego e Silva Martins