relatorio.rio.quinca

52
0 CEFET/SC Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina Gerência Educacional da Construção Civil Curso Técnico de Meio Ambiente Relatório de Monitoramento: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE HÍDRICA DO RIO QUINCA ANTÔNIO Florianópolis, julho de 2004

Upload: gabriela-guimaraes-orofino

Post on 10-Jun-2015

85 views

Category:

Environment


1 download

DESCRIPTION

Trabalho de monitoramento ambiental do Rio Quinca Antônio, localizado no distrito do Pântano do Sul, em Florianópolis. O projeto de monitoramento foi elaborado como requisito para a conclusão do módulo de Monitoramento Ambiental do Curso Técnico de Meio Ambiente/ IFSC - Fpolis. As coletas para caracterização hídrica foram realizadas nos meses de junho e julho de 2004. Pode-se constatar, com os resultados obtidos nas análises, que o Rio Quinca Antônio não se encontrava dentro dos padrões de rio de classe 1 recomendados pela Resolução CONAMA n° 20/86.

TRANSCRIPT

Page 1: Relatorio.rio.quinca

0

CEFET/SC – Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina

Gerência Educacional da Construção Civil

Curso Técnico de Meio Ambiente

Relatório de Monitoramento:

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE HÍDRICA DO RIO QUINCA ANTÔNIO

Florianópolis, julho de 2004

Page 2: Relatorio.rio.quinca

1

Equipe: Alex Antônio Morawisk

Ana Carolina Zen de Moraes

Camila Rodrigues Blasi

Clarissa Silva Cardoso

Cristina Monteggia Varela

Daniel Pereira Lacerda

Fabiula Terezinha de Lima

Fernanda Ouriques Maia

Gabriel Peixer da Silva

Gabriela Guimarães Orofino

Magda Centeio dos Santos

Paula Centini Torres

Rafael Schmitz

Orientadora: Maria Bertília Oss Giacomelli

Co orientadoras: Maria Angélica B. Marin

Abgail A’vila de Souza da Silva

Beatriz Casses Zoucas

Luiz Carlos Marinho Cavalheiro

Page 3: Relatorio.rio.quinca

2

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................06

1.1 Histórico da Ocupação do Distrito do Pântano do Sul............................................08

1.2 Justificativa..............................................................................................................16

1.3 Objetivos..................................................................................................................17

1.3.1 Objetivo Geral..........................................................................................17

1.3.2 Objetivos Específicos...............................................................................17

1.4 Caracterização da Bacia Hidrográfica do distrito do Pântano do Sul.....................18

1.4.1 Clima.........................................................................................................20

1.4.2 Tipos de Vegetação...................................................................................21

2 PARÂMETROS ESTUDADOS.................................................................................26

2.1 Análises Físicas........................................................................................................26

2.2 Análises Químicas....................................................................................................26

2.3 Análises Biológicas..................................................................................................28

3 DETERMINAÇÃO DE METAIS E MATÉRIA ORGÂNICA EM SEDIMENTO...29

3.1 Coleta da amostra ....................................................................................................29

3.2 Preparação da Amostra.............................................................................................29

3.3 Digestão da Amostra (Ácido Sulfúrico) para determinação volumétrica de Ferro..30

3.4 Extração e determinação volumétrica de Alumínio.................................................31

3.5 Determinação da Matéria Orgânica..........................................................................32

4 COLETA E ANÁLISE................................................................................................33

5 CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS.......................................................................34

5.1 Características do Ponto 0........................................................................................35

5.2 Características do Ponto 1.......................................................................................36

Page 4: Relatorio.rio.quinca

3

5.3 Características do Ponto 2.......................................................................................37

5.3.1 Características do Ponto 2A.................................................................................37

5.3.2 Características do Ponto 2B.................................................................................38

5.4 Características do Ponto 3......................................................................................39

5.5 Características do Ponto 4......................................................................................40

6 RESULTADOS DAS ANÁLISES DE ÁGUA E DISCUSSÃO..............................41

7 RESULTADO DAS ANÁLISES DE SEDIMENTO E DISCUSSÃO....................47

8 CONCLUSÃO...........................................................................................................49

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................50

ANEXO I.....................................................................................................................52

Page 5: Relatorio.rio.quinca

4

APRESENTAÇÃO

Tendo em vista a preservação dos recursos hídricos e a melhoria das condições de vida

populacionais, a necessidade de um projeto de monitoramento para a conclusão do 3º módulo

do Curso Técnico de Meio Ambiente e baseados nos conhecimentos adquiridos ao longo

deste apresenta-se o relatório de Avaliação das Características Hídricas do Rio Quinca

Antônio

Page 6: Relatorio.rio.quinca

5

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos tempos, a água e principalmente a necessidade de comprometimento com

o uso sustentável desta vêm sendo muito debatidos, por esta ser um recurso ambiental finito e

muito vulnerável.

No entanto, convive-se com vários exemplos de irresponsabilidade com este recurso,

sendo que grande parcela deste descaso é fruto da acomodação na aquisição e disseminação

de informação.

Benetti e Bidone (1993) salientam que a água é um dos recursos naturais que possui

uma maior diversidade de usos como abastecimento público, matéria-prima para a indústria,

irrigação, recreação, dessedentação de animais, geração de energia elétrica, transporte,

diluição de despejos, e preservação da fauna e flora.

Tem-se como principal agravante da poluição das águas a explosão demográfica, que

na maioria das vezes se dá de maneira desordenada.

Como a situação atual de desenvolvimento deste ambiente frágil e com as

características peculiares à sua insularidade, no caso da Ilha de Santa Catarina, fica explícita a

priorização do lucro à medida que a natureza é vista como útil, quando produtiva e super

explorada.

Referente às informações recebidas durante o desenvolvimento dos eixos temáticos do

Curso Técnico de Meio Ambiente, juntamente com a necessidade da realização de um

trabalho de monitoramento ambiental, apresenta-se este relatório de pré-avaliação das

características hídricas do Rio Quinca Antônio.

Contempla-se neste relatório as seguintes análises:

Análise crítica dos pontos escolhidos, de 1 a 4;

Page 7: Relatorio.rio.quinca

6

Análises de água, e sedimento, sendo que este último é iniciado em trabalhos

no CEFET/SC;

Dos parâmetros físicos: temperatura e turbidez;

Dos parâmetros químicos: pH, Oxigênio dissolvido (OD), Demanda

Bioquímica de oxigênio, Demanda química de oxigênio, Nitrito, Fosfato,

Cloretos, Ferro, Alumínio;

Dos parâmetros biológicos: Coliformes Totais e Fecais;

Enfim, encontram-se aqui as possíveis relações da condição atual de desenvolvimento

urbano do distrito do Pântano do Sul com os resultados obtidos.

Page 8: Relatorio.rio.quinca

7

1.1 Histórico sobre a ocupação do solo no Distrito do Pântano do Sul

O Distrito de Pântano do Sul tem uma área de aproximadamente 40 km2, localizada na

região sul da Ilha. Recebeu este nome em decorrência dos diversos pântanos e charcos que

ocorrem na região. Sua fundação se deu em 1780 quando um grupo de desbravadores seguia

para o sul em direção a Armação do Pântano do Sul que chegando lá avistaram uma mulata

que ao vê-los saiu correndo em direção ao sul da Ilha, alguns desbravadores a seguiram e

encontraram um lugar de boa pesca e ali se fixaram, a mulata nunca mais foi vista.1

Faz parte da formação de duas bacias hidrográficas naturais: a da Lagoa do Peri e a da

Planície do Pântano do Sul, que vai unir suas águas (pluviais e das nascentes) no rio Quinca

Antônio, desaguador natural das duas bacias, indo desembocar na praia da Armação na divisa

com o Matadeiro. Forma uma planície cercada por morros - dos quais os mais altos são o do

Vigia e o do Matadeiro - separada do mar por um ístmo de sedimentação arenosa e de

restinga, formando junto com o restante, um ambiente rico e pouco conhecido.

É uma das primeiras regiões da Ilha que foram habitadas, onde se encontra o mais

antigo sambaqui de Florianópolis datado de 4.500 anos. Viviam principalmente da coleta de

moluscos pesca e caça. Foram encontradas também oficinas líticas, onde eram polidos

instrumentos de pedra etc.

Já no século XIV, os índios carijós vieram a ocupar tais áreas, devido ao solo arenoso

pois cultivavam mandioca. Somente no século XVI foi que os primeiros europeus chegaram à

Ilha de Santa Catarina. Estes trazem para o local a exploração agrícola, vem se estabelecer em

pequenas aldeias na região, dando a paisagem uma característica rural.

A Armação, único ponto da pesca da baleia na Ilha, tem como marco físico inicial a

implantação do equipamento de pesca junto a barra do rio Quinca Antônio, composto da casa

Page 9: Relatorio.rio.quinca

8

grande, armazém, tanques, engenho de azeite (fábrica), senzala e igreja, configurando um

conjunto urbano.

Deste núcleo partiam caminhos, definindo vias de estruturação que até hoje

influenciam no desenvolvimento das expansões urbanas. Entre 1740 e 1830 a Armação da

Lagoinha era o núcleo economicamente mais dinâmico e integrado ao modo de produção

assumido pela coroa, inserido nos roteiros do comercio mundial, mesmo tendo plena

autonomia.

A pesca artesanal - mesmo após a interrupção do ciclo da baleia - por ser uma

atividade de caráter coletivo e necessitar da força de muitos braços, passou a atrair muitos

colonos para a orla. Esse fato acarretou na construção desordenada de habitações a princípio

temporárias, não se solidificando, cada vez mais adensados com vias estreitas, seguindo uma

lógica de proximidade espacial.

O núcleo pioneiro do Pântano do Sul, não teve a implantação do equipamento de pesca

como formador de sua estrutura. O resultado disso gerou uma dispersão de casas no canto da

praia, pois cerca de 70% dos moradores se dedicavam exclusivamente à pesca. Como não teve

espaço público estruturador regular (como na Armação), as formas resultantes de seu

adensamento - que ocorreu com mais intensidade nos últimos cinqüenta anos (a população

praticamente triplicou de 1980 a 2000) - foram mais irregulares ainda, por tratar-se de uma

comunidade com formações histórico-culturais marcantes provenientes do modo de vida que

valoriza o espaço público, baseado na simplicidade, com um convívio peculiar e cúmplice.

Naquela época a implantação das casas de colonos na porção mais baixa das encostas

dos morros era freqüente, onde as partes mais altas dos lotes eram utilizadas para exploração

agrícola, cuja conseqüência ambiental foi a destruição da mata nativa original, que foi

substituída por plantações de milho, café e mandioca. Das trilhas de circulação que ligavam

estas casas se originaram as estradas gerais ou caminhos.

Page 10: Relatorio.rio.quinca

9

Na segunda metade do século XIX como a partilha paralela as laterais dos lotes

esgotou as possibilidades de parcelamento, as divisões passaram a paralelas a estrada geral,

permitindo também devido à implantação de servidões estreitas (caracterizando, assim, o

crescimento desordenado da região).

Características importantes da colonização na ilha foram as terras comunais que eram

de uso coletivo agro-pastoril que muitas vezes tinham caráter de suplemento das diversas

propriedades individuais. No sul da Ilha o principal campo comunal localizava-se na planície

do Pântano do Sul. Destas terras, as que ainda não foram privatizadas compreendem uma área

de cerca de 480 ha, praticamente toda área da planície, e estão sobre uma das maiores reservas

de água da cidade.

No inicio do século passado, com o ritmo de vida ditado basicamente pelas atividades

econômicas extrativistas e artesanais. As transformações ocorridas até então no distrito sede,

no sentido da urbanização e modernização da vida coletiva, pouco alteraram a organização

inicial da ocupação colonial.

O crescimento da região no período entre 1960 e 1991 foi significativo e maior do que

muitas das metrópoles brasileiras, sendo que este causou grandes impactos em sua estrutura

ambiental natural e cultural. Para se ter uma idéia, em 1963 o número de propriedades

agrícolas não chegava a 100 e as “indústrias” da região se resumiam a engenhos de farinha de

mandioca e de cana-de-açúcar (ao número de 30), e uma indústria de salga de peixe.

As novas condições de vida apresentadas durante este período incentivaram moradores

do centro da cidade a terem sua “casa de fim de semana”. Surge então na Armação, colado ao

traçado irregular dos assentamentos nativos, loteamentos regularizados pela recém implantada

legislação diretora e de código de obras.

Com a valorização dos ambientes naturais e bucólicos, o Pântano do Sul e a Armação

se tornaram um local de veraneio, levando as pessoas a adquirir lotes aumentando a ocupação

Page 11: Relatorio.rio.quinca

10

das terras no povoado. Trazendo como principal impacto ambiental o “corte” no terreno para

implantação de acesso ligando a casa à estrada geral, causou - se em muitos casos, sérios

prejuízos de assoreamento de riachos e desbarrancamento por erosão.

Em meados da década de 70, com a intensificação deste processo de imigração e

interesse por usufruir os balneários e juntamente com a energia elétrica, surge o loteamento

dos Açores. Este tipo de assentamento se diferencia dos loteamentos dos anos 60 na Armação,

pelo sistema de organização.

Assim como a organização às exigências do urbanismo contemporâneo trouxe uma

infra-estrutura planejada para ser eficiente e econômica, a provisão de espaços públicos,

maiores afastamentos, implicava também em outras conseqüências, nem todas benéficas.

A diferença se dá ainda no que diz respeito à vinculação do usuário ao espaço: o

caráter predominante de veraneio das pessoas de Florianópolis – moradoras da região central

com suas casas de praia - ou de turistas de outras cidades que alugavam casas. Isso ocorre até

hoje e faz com que na época do verão a população dos loteamentos dobre.

Dos anos 80 para cá aconteceu a pavimentação da SC - 406 (rodovia que liga o centro

ao Pântano do Sul) que foi um ponto decisivo para a intensificação da urbanização no distrito

do Pântano do Sul, geralmente trazendo descaracterização da paisagem da ocupação original.

E dentre estes impactos, merece atenção aquele que acontece pelo parcelamento de lotes em

encostas; uma população economicamente menos favorecida, do interior do estado.

Adensaram regiões sem adequação topográfica e com a acessibilidade prejudicada, tanto de

moradores quanto de redes de abastecimento e esgotamento.

E o espaço urbano até então com baixa ocupação e densidade, passa a ser consumido

mais rapidamente, mudando o modo de viver dos moradores já instalados.

A partir daí configuram-se, assim, os tipos básicos de ocupação humana atuais no

distrito do Pântano do Sul:

Page 12: Relatorio.rio.quinca

11

1. os núcleos, onde geralmente predomina a casa dos nativos, mas existe

atividade de comércio e serviços em tipo e quantidade relativamente suficiente para o

abastecimento imediato da população local e os arredores;

2. os loteamentos integrados aos núcleos (Armação), onde predomina casa de

veraneio de moradores do centro da cidade, e que se serve dos equipamentos comerciais do

núcleo;

3. as estradas gerais e servidões nas encostas, onde coexistem casas de nativos e

moradores alternativos, onde o comércio e os serviços são do tipo estritamente vicinal; aqui

incluindo as praias da Solidão (Rio das Pacas), do Saquinho e do Matadeiro, pelas

semelhanças que a estrada geral tem com o caminho da beira da praia.

4. os loteamentos balneários isolados (Açores), onde a casa de veraneio, rotativa e

sazonal predomina, sem abastecimento permanente de comércio e serviços.

Todos os tipos têm causado impactos ao meio ambiente e conseqüências no modo de

vida de seus habitantes. Uns pelo modo de ocupação outros pela densidade habitacional,

outras ainda pelas transformações que produziram nas características naturais e culturais da

região.

No que se refere à ocupação de locais inadequados:

A freqüente destruição e/ou comprometimento de bens públicos e privados

pela erosão.

O comprometimento parcial ou total de pontos notáveis de paisagem (morros e

mirantes naturais) lagoas, dunas, rios etc, de locais e edificações de interesse

cultural, histórico e arqueológico, e finalmente, de áreas e locais importantes

para a preservação da flora e fauna litorânea.

Page 13: Relatorio.rio.quinca

12

Uma característica comum a todos os tipos de crescimento do distrito é, no aspecto

infra-estrutural, a completa ausência de redes de esgoto pluvial e tratamento cloacal.

Quanto às questões derivadas dos processos e formas de adaptação do espaço, a não

observância de critérios de construção e parcelamento que garantem condições mínimas de

ventilação e insolação de logradouros públicos e das próprias edificações como a

“superocupação” dos lotes. A aceitação de que existam altas concentrações de edificações e

atividades em locais em que não há oferta de infra-estrutura, determinando a contaminação

das águas, problemas de circulação de veículos e convivência social. E a ocorrência de

conjuntos de edificações em desproporção com escala e formas da paisagem, eliminando os

visuais e conseqüentemente acarretando na perda de referências da paisagem natural, como os

morros e a orla.

Temos assim um prognóstico possível do processo de adaptação da ilha às novas

exigências espaciais da capital, representada pelas grandes incorporadoras tem se tornado

mais intenso e problemático.

A incorporação de atividades turísticas nos planos de desenvolvimento da cidade,

pensado pelos órgãos públicos e em especial pelos investidores imobiliários, tem trazido

impactos relevantes com importantes transformações e modificações em um curto espaço

intervalo de tempo:

“As conseqüências foram imediatas e devastadoras ao patrimônio natural e cultural. Os recantos mais

ermos da Ilha começaram a ser cortados por estradas e loteamentos, e as tradicionais e decadentes comunidades

agrícola-pesqueira transformaram-se em balneários”. 2

E com o estudo do processo de evolução urbana do Distrito do Pântano do Sul, e

levando em consideração o mesmo processo de urbanização que se deu nas outras praias da

região costeira, o sul da Ilha está se tornando atrativo aos interesses do capital imobiliário.

Este interesse tem, pelo menos, dois motivos: a farta disposição de terras desocupadas

em torno dos núcleos costeiros, que apresentam atrativos naturais e recursos paisagísticos; e a

Page 14: Relatorio.rio.quinca

13

supremacia dentro das alternativas econômicas para o município dos ideólogos da indústria

turística de altos recursos sobre a atividade turística não industrial, de caráter “doméstico”.

Ao compartilhar tal idéia com o poder público, o empresariado, acenando com a

possibilidade de assumir o encargo da implantação de infra-estrutura vem passando a

contribuir, com grande liberdade, no planejamento das futuras expansões urbanas e até

mesmo surgindo, com bastante ousadia, índices ocupacionais e densidades populacionais.

As alternativas econômicas de desenvolvimento turístico industrial ou de “primeiro

mundo,” como querem alguns, tendem a resultar em um urbanismo com uma aparência

“desdentada”.

Uma postura includente exigiria, de parte dos órgãos de planejamento, participação da

população do modo diferente da que tem sido adotada nas diversas audiências públicas de

consulta às comunidades já acontecidas na cidade, ou seja, a possibilidade de reconhecimento

de suas necessidades e anseios no rol de problemas a serem separados, e não só a

“preparação” das áreas ainda vazias para a futura ocupação.

Outro aspecto que tem tido bastante impacto nesta região é a sazonalidade de

ocupação dos loteamentos e equipamentos turísticos, em que o abandono durante o inverno é

grande, ela tem causado prejuízos na economia local e mesmo na do município. O que mostra

que a dedicação a atividades de exploração de comércio e serviços voltada para os ocupantes

sazonais, em substituição à economia tradicional, já em decadência, perde muito de sua

importância durante os meses de inverno, e o investimento e geralmente pequeno.

E, no que diz respeito aos aspectos sócio-culturais, que toda uma cultura preexistente,

deva ser respeitada e, se não isenta, ao menos protegida de quaisquer tipos de mudanças

bruscas que venham agredi-la e, pôr em risco hábitos e costumes os quais demoraram a serem

fixados à urbanização típica das grandes cidades brasileiras.

Page 15: Relatorio.rio.quinca

14

Nota-se, no decorrer destes anos, uma ocupação peculiar e por vezes preocupante a

qual se reflete de uma maneira conflitante no espaço e conseqüentemente nas relações sociais,

evidenciando claramente o que ocorre quando determinada região passa a ser a “bola da vez”,

no dizer de um empresário local.

Podemos ressaltar que o crescimento desordenado do Distrito do Pântano do Sul vem

acontecendo de longa data, pois sua ocupação ocorreu sem planejamento físico – territorial.

Com isso temos hoje um cenário desconfigurado, entre a natureza e a urbanização, agravando

a cada dia os problemas na saúde pública, gerando epidemias de doenças de fácil controle,

que, devido à ausência de informação e saneamento atacam a população; sem contar que, tal

crescimento acarretou na quase que total destruição da mata ciliar levando ao assoreamento

do rio e gerando enchentes que também colaboram para a precária situação da saúde dos

moradores. 1,2,3,4,5

Page 16: Relatorio.rio.quinca

15

1.2 Justificativa

Com o aumento populacional, o ambiente do entorno da Bacia do Rio Quinca Antônio

está sendo ameaçado pela contaminação dos ecossistemas costeiros prejudicando a pesca, o

turismo sustentável, comprometendo também a balneabilidade das praias, aumentando o risco

de doenças e possivelmente diminuindo a renda e qualidade de vida dos pescadores,

moradores que dependem do turismo e toda a população em geral.

A contaminação dos recursos hídricos deve-se provavelmente ao despejo de efluentes

domésticos, pois a população ainda não tem atendimento público de coleta e tratamento.

Rios e córregos estão contaminados por dejetos urbanos e em grande parte

canalizados. A falta de proteção às encostas dos morros onde se encontram as nascentes, além

de prejudicar o bem natural, a beleza cênica e as condições sanitárias, tem comprometido

rapidamente a qualidade das águas.

O maior problema na área sanitário-ambiental da cidade está relacionado aos esgotos.

Nas localidades não atendidas pelo sistema de coleta/tratamento de esgoto encontram-se os

maiores problemas relacionados ao saneamento básico dentro de nosso município. Nas áreas

periféricas, onde predominam as comunidades carentes, a situação é ainda mais grave.

Em virtude destes fatos, unindo a percepção dos impactos naquela localidade, optou-se

a desenvolver este relatório.

Page 17: Relatorio.rio.quinca

16

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral:

Avaliar a qualidade hídrica do Rio Quinca Antônio.

1.3.2 Objetivos Específicos:

- Determinar os parâmetros físico-químicos (temperatura, pH, turbidez, OD, DBO,

DQO, nitrito, fosfato, cloreto, ferro e alumínio) e biológicos (coliforme total e

coliforme fecal);

- Verificar na Resolução CONAMA nº 20/86 o possível enquadramento do rio frente

aos resultados das análises;

- Viabilizar no Laboratório do CEFET análises de sedimento;

- Disponibilizar os dados deste estudo para organizações com interesse ambiental.

- Desenvolver analise crítica dos resultados obtidos nos pontos de coleta, referenciando

as possíveis interferências relacionadas às características locais.

Page 18: Relatorio.rio.quinca

17

1.4 Caracterização Bacia Hidrográfica Litorânea do Pântano do Sul (BHLPS)

A Bacia Hidrográfica Litorânea do Pântano do Sul (BHLPS) localiza-se entre as

coordenadas geográficas 27º45’10’’ Latitude Sul, 48º 29’35’’ Longitude Oeste (UTM – 22 J

747.094 E – 6.927.665 N) e 27º47’18’’ Latitude Sul, 48º32’56’’ Longitude Oeste (UTM – 22

J 741.511 E – 6.923.835 N), na costa sudeste da porção sul da Ilha de Santa Catarina

(Florianópolis, SC) no distrito do Pântano do Sul.

Está situada entre quatro Áreas de Proteção Ambiental (APA’s) – Parque Municipal da

Lagoinha do Leste, Parque Municipal da Lagoa do Peri, Área de Proteção Ambiental da

Baleia Franca e a porção insular do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro - sendo área de

entorno entre esses ambientes. Assim, percebe-se a importância da manutenção de seus

recursos naturais.

Possui uma área de 13,65 km2, sendo 6,11 km2 áreas de planície costeira e 7,54 km2

áreas de encostas que a semicircundam.

O Maciço Montanhoso que une a Ponta dos Naufragados ao Morro do Ribeirão e a

formação que constitui o Parque Municipal da Lagoinha do Leste formam um relevo que

serve de moldura para a planície.

A constituição geológica da BHLPS remonta aproximadamente a cerca de cinco mil

anos, caracterizada pelo período Quaternário.

A parte sedimentar da Bacia, onde predomina a planície costeira, é formada por

depósitos marinhos, fluviocoluviais holocênicos rebaixados e praias. Às vezes são recobertos

por dunas, minidunas ou materiais turfosos. Na parte litorânea, na Enseada do Pântano do Sul

é limítrofe com um cordão arenoso, num ecossistema de restinga. As altitudes da planície

Page 19: Relatorio.rio.quinca

18

variam de 1 a 3 metros de altitude em relação ao mar nas áreas alagadas, e de 3 a 10 metros

nas arenosas.

As encostas possuem declividade acentuada, de até 45º, e altitudes que variam,

segundo Nascimento (2003), de 1 a 367 metros. As partes mais elevadas, a leste e ao norte,

contém os morros de Riolito Cambirela, e a oeste, os morros de Granito da Ilha. Em ambos há

algumas intrusões de diabásio na forma de diques.

De acordo com a Folha Topográfica SG-22-Z-D-V-4-NE-B do município de

Florianopolis, IPUF, 1:10.000, a Bacia apresenta uma hierarquia de drenagem de Segunda

ordem e o rio principal é o do Quinca Antônio. A declividade chega a 45º em suas vertentes

estreitas. Contendo depósitos coluviais e eluviais, as águas percolam com muita velocidade,

formando pequenas cachoeiras e cascatinhas, que abastecem o lençol freático e a população

local. Sua drenagem corre para a praia da Armação do Pântano do Sul.

Na década de 1960, o sistema de drenagem da Bacia caracterizava-se por córregos

sinuosos, banhados e a Lagoa das Capivaras, todos localizados na planície. Com a obra do

Departamento de Obras de retificação do Rio Quincas e da abertura de outros canais com o

objetivo de drenar as áreas alagadas para viabilizar o cultivo de arroz, a Lagoa das Capivaras

foi drenada, dando hoje lugar a áreas inundáveis que ocorrem em épocas de muita chuva.

Portanto, a atual rede hidrográfica da planície apresenta áreas alagadiças com canais

retificados.3,6,7

Page 20: Relatorio.rio.quinca

19

1.4.1 Clima

A Bacia Hidrográfica Litorânea do Pântano do Sul está localizada ao sul do Trópico de

Capricórnio, e por isso, numa zona subtropical, sendo influenciada por massas de ar tropicais

no verão e polares no inverno, apresentando características de tempo essencialmente tropicais

no verão e temperadas no inverno. Isso a permite concentrar uma grande diversidade de

ambientes importantes.

Não há estação seca, devido ao tipo de clima de Florianópolis, que é, segundo a

classificação climática de Köeppen, do tipo Cfa, pertencente ao grupo mesotérmico úmido. A

temperatura média durante o ano fica em torno de 19 ºC.

Na primavera, as condições climáticas são mais instáveis, ocorrendo pancadas de

chuvas com trovoadas isoladas e um aumento gradual da temperatura. O vento predominante

é o de norte-nordeste e os ventos vindos do sul são os mais fortes.

No verão, as temperaturas são mais elevadas em média 27 ºC e segundo (Bastos 1998)

a umidade relativa do ar é de 80%. As chuvas são caracterizadas por pancadas associadas a

trovoadas, geralmente no período da tarde. Segundo o Departamento de Proteção ao Vôo de

Florianópolis os períodos mais chuvosos encontram-se entre os meses de dezembro, janeiro e

fevereiro. E quanto ao regime de chuva nesse período, Nascimento (2003) ressalta:

“Atualmente, nos períodos mais chuvosos, entre a primavera e o verão, os índices

pluviométricos chegam a ser 30% maiores que a média”

Os ventos predominantes são os norte-nordeste, e o vento sul é o mais intenso.

No outono começam a chegar as massas de ar frio, diminuindo a temperatura. É a estação

mais estável, com dias ensolarados e sem chuva. Os ventos característicos de nordeste são

mais fracos.

Page 21: Relatorio.rio.quinca

20

O inverno, estação na qual ocorreram as análises referentes a este projeto, é

caracterizado pela chegada de massas de ar frio. As temperaturas diminuem em torno de 13

°C a 20 °C. Os ventos passam a ser muito variáveis, principalmente com a presença do vento

sul. As chuvas são escassas.

1.4.2 Tipos de vegetação

Vegetação Secundária

Segundo a legislação ambiental brasileira, vegetação secundária é aquela que se encontra

em algum dos estágios de regeneração de um ambiente degradado, desde o inicial

(capoeirinha), passando pelo intermediário (capoeira) até ao avançado (capoeirão).

Na Bacia, há o predomínio da vegetação da Mata Atlântica em estágio avançado de

regeneração, presentes em todos os morros que contornam a Bacia, abrangendo estas

localidades quase que por inteiras, inclusive nas encostas acima do rio Quinca Antônio. O

local fora bastante devastado já desde o início da colonização na Ilha pelos portugueses, os

quais extraiam a madeira e depois vieram a praticar agricultura. Mais tarde conforme a

mudança de atividades praticadas, a vegetação pôde se regenerar.

Os solos desses morros se caracterizam por uma associação do solo podzólico vermelho-

amarelo álico contendo cascalhos com solo podzólico vermelho-escuro álico com textura

argilosa, sendo solos bem drenados, porosos e ácidos com baixo teor de matéria orgânica.

Page 22: Relatorio.rio.quinca

21

Áreas Reflorestadas

Há também, na Bacia, algumas áreas reflorestadas com as espécies exóticas Pinus e

Eucalipto, como em pontos na Costa de Dentro, Armação e Costão do Pântano do Sul.

Um dos afluentes (não o que será avaliado) do Rio Quinca Antônio nasce numa área

reflorestada, no Costão do Pântano do Sul, e outro escorre próximo a esta.

Nos ambientes da Bacia, o pinus não é benéfico. Nascimento (2003) ressalta: “pois

como espécie vegetal exótica, compete com o crescimento de algumas espécies nativas. Com

isso os animais do lugar ficam sem alimento e tendem a desaparecer juntamente com a

floresta nativa. O pinus também produz uma resina avermelhada (terebentina), que polui o

solo e as águas”.

Restingas e Dunas

As restingas são ambientes formados por sedimentos marinhos, encontradas na porção

arenosa leste da parte insular Florianópolis e presente em todas as praias.

Possui uma vegetação adaptada às condições rigorosas do litoral, como a presença de sal

na areia e na água, os ventos e a insolação sobre os terrenos arenosos, extremamente móveis e

pobres em nutrientes. Essa vegetação se torna muito importante, pois fixam a areia e atraem

muitos animais.

As restingas da Bacia possuem uma vegetação de predominância herbácea e arbustiva

e algumas das espécies lá encontradas são: as vassouras (Dodonea viscosa), os araçás

(Psidium cattleianum), a maria-mole (Guapira opposita), a aroeira-vermelha (Schinus

terebenthifolius), a gabiroba (Campomanesia litorallis), o guamirim (Eugenia catharinea), o

guamirim-de-folha-miúda (Gomidesia palustris), a pitanga (Eugenia uniflora).

Page 23: Relatorio.rio.quinca

22

Nascimento (2003) alerta para o cuidado com esse ecossistema: “A riqueza da

paisagem, os animais, a exuberância das flores, frutos e a interface com o mar conferem a esse

ecossistema uma grande importância, devendo a sociedade estar em alerta e cuidar para que a

expansão urbana e o turismo inadequado não venham a subtrair da BHLPS esse belo cenário”.

Misturado com as restingas, se encontram as dunas, que são montes de areia, formados

através de um obstáculo e depositados pela ação do vento predominante. Podem ocorrer

isoladas ou em cadeias. Podem ser fixas ou móveis. As dunas fixas possuem uma vegetação

rasteira e arbustiva que se adapta à falta de água, solo pobre em nutrientes e aos ventos

constantes. Nesse ambiente, a fauna é constituída de insetos, répteis e aves. As dunas móveis

são as areias carregadas pelo vento, que vão se acumulando e formando montes. Quando

muda a direção do vento, as areias são levadas para outro lugar, construindo outra duna

provisória.

As dunas e restingas da Bacia se encontram sobre solos de areias quartzosas marinhas

e dunas, e contornam toda a enseada do Pântano do sul, onde se encontram os povoados do

Pântano do Sul e do Balneário dos Açores.

Áreas Inundáveis da planície sedimentar

As áreas inundáveis se encontram na vasta planície quaternária da BHLPS, e são áreas

úmidas ou terrenos encharcados que sofrem influências dos rios e córregos. Em épocas de

chuva a tendência da planície é de transformar-se em uma lagoa temporária, pois possui um

solo com sedimentos finos argilosos e orgânicos fazendo com que a água penetre devagar no

solo e juntamente com as águas subterrâneas próximas da superfície alagam rapidamente a

planície.

Page 24: Relatorio.rio.quinca

23

É nesse ambiente que existia a Lagoa das Capivaras, comentada anteriormente. Foi, no

entanto, drenada, devido às obras de retificação do Rio Quinca Antônio e de abertura de

outros canais.

Floresta Turfosa Remanescente das Planícies Quaternárias

Essa floresta, nunca desmatada, está localizada na planície quaternária, entre os

morros e as restingas, lugares que foram formados por sedimentos trazidos pelas águas dos

morros e pelos movimentos de subida e descida do nível do mar ao longo do tempo.

A floresta caracteriza-se por ser muito homogênea e possuir um solo turfoso, que

absorve matéria orgânica e toda água que escoa para lá. Abriga um grande número de epífitas

(bromélias, líquens e orquídeas), palmeiras e árvores com porte médio, mescladas com plantas

de restinga.

Este ambiente mesmo protegido legalmente, está sendo ameaçado pelo esgoto

doméstico oriundo da Costa de Dentro e Açores, atingindo os canais retificados que

atravessam a floresta, e por sucessivos desmatamentos e queimadas.

Mangues

Segundo Heloísa, “não se pode dizer que na BHLPS tem-se a formação de um manguezal

típico, pois apenas é possível encontrar alguns espécimes vegetais características de mangue

ao longo das margens do Rio Quinca Antônio, desde a sua foz, no Canal Sangradouro da

Lagoa do Peri, até as proximidades da ponte na SC-406 entre o acesso para a Costa de Cima e

a localidade do Pântano do Sul”.

Page 25: Relatorio.rio.quinca

24

As espécies que ocorrem são o mangue branco (Lagunculária racemosa), a guaxumba

(Hibiscus tiliaceus var. pernambucensis) e o mangue preto ou siriúba (Avicennia

schaueriana). 3,6

Page 26: Relatorio.rio.quinca

25

2 PARÂMETROS ESTUDADOS

2.1 Análises físicas

2.1.1 Turbidez – presença de substâncias visíveis em suspensão na água. Água

muito turva dificulta transmissão de luz e conseqüentemente a fotossíntese.

Fez-se a leitura no aparelho Turbidímetro da marca Turbilab.

2.1.2 Temperatura – águas de abastecimento têm temperatura que varia de 15 a

21oC.Valores elevados indicam lançamento de efluentes domésticos e/ou industriais.

2.2 Análises químicas

2.2.1 pH (potencial hidrogeniônico) – mede a concentração hidrogeniônica.Animais

aquáticos geralmente estão adaptados a ambientes de neutralidade, qualquer mudança brusca

de pH pode provocar a morte desses animais.

Fez-se a leitura no aparelho pHmetro de marca Digimed.

2.2.2 OD (oxigênio dissolvido) - serve para determinar a concentração de oxigênio

dissolvido na água, é essencial para a vida dos peixes e outros animais aquáticos.

Utilizou-se o método de Winkler Modificado pela Azida Sódica.

2.2.3 DQO (Demanda Química de Oxigênio)- é importante na quantificação da

matéria orgânica.

O método utilizado é o dicromato em reflexo, de forma indireta. Trata-se de reagentes

redutores com o reagente dicromato de potássio (0,0147 mol/L) em meio de ácido sulfúrico.

Page 27: Relatorio.rio.quinca

26

2.2.4 DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio)- a DBO é por definição a

quantidade de oxigênio utilizada por uma população mista de microorganismos durante a

oxidação aeróbica da matéria orgânica.

Fez-se a diluição da amostra em água saturada de O2 e com presença de solução

tampão e nutrientes, em dois frascos de 300 mL. Titulou-se um deles imediatamente, com

tiossulfato de sódio para encontrar a quantidade de O2 dissolvido, e acondicionou-se o outro

numa estufa a 20º C durante cinco dias, quando então, fez-se o mesmo para achar a

quantidade de O2 dissolvido presente nesse. Por meio do valor de O2 inicial e final, utilizou-se

a fórmula abaixo para calcular o valor da DBO5 referente à amostra.

mg/L DBO = OD inicial (mg/L) – OD final (mg/L)

volume da amostra (mL)

volume da garrafa de DBO (mL)

2.2.5 Nitrito (nutriente) – nitrito é considerado um nutriente aumenta a eutrofização

dos lagos e pântanos são inaceitáveis nas áreas de lazer,recreação e água de abastecimento.

Utilizou-se o método da determinação espectrofotométrica, no aparelho

espectrofotômetro.

2.2.6 Fosfato- nutriente para o crescimento dos organismos das águas superficiais ,em

grande quantidade, podem estimular o desenvolvimento excessivo destes organismos.

Utilizou-se o método da determinação espectrofotométrica, no aparelho

espectrofotômetro.

2.2.7 Cloreto - caracteriza a água como salina, salobra ou doce.Grande quantidade de

cloreto na água pode causar reações fisiológicas e aumenta a corrosividade da água.

Utilizou-se o método da Potenciometria Direta, no aparelho Potenciômetro.

Page 28: Relatorio.rio.quinca

27

2.2.8 Alumínio - pode causar, em longo prazo, doenças como a mal de Alzheimer.

Utilizou-se o método da determinação espectrofotométrica, no aparelho

espectrofotômetro.

2.2.9 Ferro (Fe2+) – Em quantidade adequada, é essencial ao sistema bioquímico das

águas, podendo em grandes quantidades dar sabor e cor desagradáveis à água.No homem

deposita-se no fígado, especialmente em pessoas com distúrbio na síntese das hemoglobinas

(Talassemia).

Utilizou-se a determinação espectrofotométrica pelo método 1,10 – fenantrolina, no

aparelho espectrofotômetro.

2.3 Análise biológica

2.3.1 Coliformes - Indicadores mais comuns de poluição sendo o grupo dos

coliformes totais e fecais os mais usados, sendo que os de origem fecal podem indicar a

presença de outros organismos patogênicos.

Page 29: Relatorio.rio.quinca

28

3 DETERMINAÇÃO DE METAIS (FERRO E ALUMÍNIO) E

MATÉRIA ORGÂNICA EM SEDIMENTO

3.1 Coleta da Amostra

Os pontos 2A e 4 foram definidos como locais de coleta pelas seguintes

características: o primeiro, pela grande concentração de macrófitas e o segundo, por estar

numa região estuarina e confluir com o canal sangrador.

As amostras foram coletadas entre 1,5 e 2,0 m de distância da margem à 15 cm de

profundidade. Utilizou-se para a coleta um cano de PVC manufaturado pelos alunos,

acondicionou-se a amostra em potes de polipropileno e foram transportadas sob refrigeração

até o laboratório de saneamento do CEFET-SC para serem preparadas para a análise.

3.2 Preparação da Amostra

Transferidas para placas de petri, as amostras foram secadas em estufa com

circulação de ar à temperatura de 60°C. Após cinco dias, foram peneiradas, maceradas em

gral de porcelana e acondicionadas em potes de polímero. Os processos de digestão e extração

das amostras para as análises dos metais (ferro e alumínio) e matéria orgânica (M.O.), são

descritos pelos esquemas das figuras.

Page 30: Relatorio.rio.quinca

29

3.3 Digestão da Amostra (Ácido Sulfúrico) para determinação volumétrica de Ferro

Amostra 1g

20 mL H2SO4 1:1

50 mL H2O desionisada

250 mL

30 min

Filtração

Amostra 250 mL

20 mL

2,5mL (HCl + HNO3)

30mL H2O desionisada

pH=1,5 (NH4OH, HCl 1:1)

1ml Ácido Sulfossalicílico 5% (indicador)

Titulação com EDTA

Determinação volumétrica de Ferro

Figura 01 – Fluxograma do Ferro

Cálculo: Fe2O3(g/kg) = mL EDTA 0,01 M gastos x 10

Page 31: Relatorio.rio.quinca

30

3.4 Extração e determinação volumétrica de Alumínio

Amostra 3,5g

Adicionar 75 mL de KCl

Agitar 12 hs + 12 hs em repouso

Pipetar 50 mL do

sobrenadante

da solução

Adicionar 3 gotas de azul de bromotimol

(indicador)

Titulação com NaOH

Cálculo: Al trocable (cmolc/kg) = mL NaOH

Figura 02 – Fluxograma do Alumínio

Page 32: Relatorio.rio.quinca

31

3.5 Determinação da Matéria Orgânica

Amostra 2g

15mL da solução sulfo-crômica

Agitação 5 min

15mL H2O destilada

Repouso 15 h

Pipetar 3mL sobrenadante

Adicionar 3mL de H2O destilada

Fotocolorímetro

Figura 03 – Fluxograma de Matéria Orgânica

Page 33: Relatorio.rio.quinca

32

4 COLETA E ANÁLISE

Selecionou-se seis pontos de amostragem para água, desde uma das nascentes até a

foz, realizando-se três coletas, nos dias 23/06/04, 01/07/04 e 07/07/04, no período matutino,

sem ocorrência de chuva.

Seguiu-se as normas de acondicionamento e conservação das amostras de acordo com

o Standart Methods.

As análises de água foram realizadas no Laboratório de Saneamento do CEFET/SC.

Page 34: Relatorio.rio.quinca

33

5 CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS

Figura 04 – Foto aérea do Distrito do Pântano do Sul

Page 35: Relatorio.rio.quinca

34

5.1 Caracterização do ponto 0

Este foi escolhido numa das nascentes do Rio do Quinca Antonio com o objetivo de

ser um comparativo com a poluição dos outros pontos, haja vista que não há conhecimento de

lançamentos de efluentes no mesmo.

A amostra foi retirada num local de correnteza moderada e profundidade de cerca de

15 cm, em uma cachoeira protegida por uma densa vegetação secundária de Mata Atlântica.

Pode-se encontrar algumas árvores com raízes tubulares entre as pedras da cachoeira, e nas

margens, outras árvores de médio porte enroladas por cipós. À noite, urubus se abrigam sobre

as árvores e por isso se encontram vestígios de fezes dos mesmos nas pedras e no decorrer da

cachoeira.

Pouco abaixo, no fim da cachoeira, encontra-se uma represa de água, utilizada pelas

famosas “lavadeiras da comunidade do Pântano do Sul”, que lançam no rio produtos como

sabão em pó e água sanitária e incineram nas margens as embalagens.

Após essa represa, a nascente atinge a planície e a abundante vegetação dá lugar a

pastos. Começam a aparecer adensamentos urbanos. Não muito distante, o rio recebe

efluentes de esgotos domésticos por meio de um canal.

Segue então, por entre a encosta do morro e casas, atravessa a SC-406 e atinge outro

pasto composto por bastante lodo. Este pasto faz parte das chamadas áreas inundáveis. Chega-

se então, ao ponto 1.

Page 36: Relatorio.rio.quinca

35

5.2 Caracterízação do ponto 1

Este ponto foi escolhido por estar localizado após um grande número de residências e

estabelecimentos comerciais, a fim de avaliarmos o grau de poluição causado pelo lançamento

de efluentes das mesmas.

Está presente numa vasta planície inundável, onde antes havia a Lagoa das Capivaras.

A vegetação é formada por pastagem, com presença de algumas árvores isoladas e o solo é

bastante lodoso.

A amostra foi coletada na margem do rio, devido à dificuldade de se chegar ao meio

dele. A água é muito parada, com coloração escura, sem correnteza e com a presença de

macrófitas que se intensifica conforme a chegada do ponto 2A.

Page 37: Relatorio.rio.quinca

36

5.3 Caracterização do ponto 2

Definidos inicialmente para observar o dinamismo das macrófitas, que cobrem quase

totalmente o espelho d’água desde o Ponto 1 ao Ponto 2B, quando questionados os valores

das análises físico-químicas e bacteriológicas. Os pontos 2A e 2B tem sua descrição mais

detalhada abaixo.

5.3.1 Ponto 2A

O ponto 2A caracteriza-se por ter em uma de suas margens um campo aberto que

serve para pastagem onde se encontram algumas cabeças de gado, e na outra é cercado por

uma vegetação típica de área inundável. Apresenta mata ciliar em processo de formação e tem

seu espelho d’água totalmente coberto por macrófitas, que podem triplicar o seu número no

verão em decorrência do aumento de matéria orgânica e da temperatura no rio. Assim

podemos supor que existe uma quantidade muito grande de matéria orgânica na água e no

sedimento do local, provavelmente por causa de ligações ilegais de esgoto doméstico. A

profundidade do ponto não atinge 50cm e não apresenta correnteza forte.

O canal foi retificado para drenar a área, antes inundada, podem se perceber lombas

(diques) de contenção nas bordas do rio. Também se nota que uma máquina é constantemente

utilizada para dragar o rio, pois suas margens estão desmatadas e com marcas de rodas.

Não possui ligação de esgoto aparente, nem casas a menos de 500m do curso d’água.

Page 38: Relatorio.rio.quinca

37

5.3.2 Ponto 2B

O ponto 2B está localizado embaixo de uma ponte (SC-406) e foi escolhido

principalmente para se verificar o desempenho das macrófitas do ponto 2A. O rio percorre

uma área de pastagem e agricultura de subsistência antes do local da coleta, possui algumas

residências em seu entorno inclusive um comércio de base. A profundidade não chega a

30cm.

Apresenta ligação de esgoto aparente e recebe influencia de outros canais retificados

da bacia. O solo apresenta maior quantidade de pedras e alguns sedimentos, a correnteza é

constante no local.

Page 39: Relatorio.rio.quinca

38

5.4 Caracterização do ponto 3

O ponto 3 possui um grande número de casas, sendo que, ao lado do ponto de coleta

há um galinheiro e não foi respeitada a distância de 30 m entre a margem do rio e as casas.

Grande quantidade de lixo e entulho depositado na beira da água. O acesso é dificultado por

uma cerca e pelas moradias no entorno.

Neste ponto o rio não possui grande correnteza tendo, assim, água escura e o fundo

bastante lodoso. A vegetação do entorno é composta por espécies de Mata Atlântica e de

Mangue, sendo que a mata ciliar é quase inexistente. Demonstra um grande grau de

assoreamento.

Este ponto foi escolhido por ter um acesso mais fácil, se encontrar entre um grande

número de residências e estar antes da região de confluência do Rio Quinca Antônio com o

Canal Sangradouro. É também o penúltimo ponto estudado antes de desembocar no mar

(entre as praias do Matadeiro e Armação).

Page 40: Relatorio.rio.quinca

39

5.5 Caracterização do ponto 4

O ponto 4 foi escolhido por estar situado na região de encontro do Canal Sangradouro

com o Rio Quinca Antônio. Acreditava-se que este seria o ponto mais crítico por nele

chegarem todos os poluentes que são lançados ao longo do rio e pelo estágio avançado de

degradação no qual se encontra o Canal Sangradouro. O local onde o rio deságua (entre a

praia da Armação e do Matadeiro) é considerado impróprio para banho, segundo análises da

FATMA.

Caracteriza-se por ser uma região de Estuário com vegetação de Manguezal. Além do

Mangue-branco e da Siriúba encontram-se também o junco e o peri. Essas plantas são

conhecidas por sua capacidade de reter nutrientes. Pode-se perceber também a presença de

espécies exóticas nas margens do rio. O eucalipto absorve muita água e pode esgotar os

nutrientes do solo.

Neste ponto também há um aumento da calha e da largura do rio (aumenta a vazão), o

que possibilita uma maior aeração aumentando a capacidade de autodepuração. É o ponto

mais próximo do mar, por isso sofre maior influência da maré. Assim, dependendo da maré

pode haver uma diluição da matéria orgânica neste local. E apesar do adensamento urbano

diminuir, ainda existem casas a menos de 30m da margem do rio.

Page 41: Relatorio.rio.quinca

40

6 RESULTADOS DAS ANÁLISES DE ÁGUA E

DISCUSSÃO

Tabela 01 - Parâmetros Físicos

P0 P1 P2A P2B P3 P4 Limite*

Turbidez (NTU) 1,6 15,0 3,3 7,7 8,0 5,1 40,0

Desvio Padrão 1,0149 13,927 11,844 2,5159 1,8770 0,8021 -

Temperatura ambiente (°C) 18,5 20,7 20,2 19,3 22,0 20,0 -

Desvio Padrão 2,5658 1,0408 0,7071 2,0818 1,7320 2,5167 -

Temperatura da água (°C) 16,8 19,6 20,6 18,5 18,5 19,2 -

Desvio Padrão 1,1547 0,7638 1,7678 1,0607 1,8930 2,2913 -

* Para rios de classe 1 – Resolução CONAMA nº 20/86

Turbidez - Todos os resultados obtidos apresentaram valores inferiores ao limite

permitido e estabelecido pela Resolução CONAMA 20/86 para rios de classe 1. Dos seis

pontos analisados, o ponto 1 apresentou o maior valor, acredita-se que este fato ocorre devido

ao lançamento de efluentes sem tratamento e principalmente por ser extremamente raso e sem

correnteza.

Temperatura - Relacionando os valores dos pontos estudados, observam-se as

menores temperaturas (ambiente e d’água) foram identificadas no ponto 0, pois este ponto é

Page 42: Relatorio.rio.quinca

41

caracterizado por uma densa vegetação, o que acaba impedindo a penetração dos raios

solares.

Tabela 02 - Parâmetros Químicos

P0 P1 P2A P2B P3 P4 Limite *

pH (mg/L) 6,0 6,2 6,8 6,5 6,5 6,0 6 a 9

Desvio Padrão 0,6048 0,2055 0,2121 0,0602 0,1124 0,0322 -

OD (mg/L) 8,0 1,5 1,7 2,9 2,6 3,6 ≥ 6,0

Desvio Padrão 0,8434 0,6650 0,2616 0,09 0,5707 0,3822 -

DQO (mg/L) 11,11 22,22 22,22 22,22 44,44 44,44 -

DBO (mg/L) 2,5 16,7 6,8 5,9 40,4 15,8 < 3,0

Desvio Padrão 1,1320 1,0489 - 0,4949 - 2,5274 -

Cloreto (mg/L) 35 47 233 172 797 1379 250

Desvio Padrão 2,8511 4,3545 - 0,0067 320,64 183,61 -

Fosfato (mg/L) ND** 0,07 - ND 0,048 ND 0,025

Nitrito (mg/L) ND ND 0,041 ND 0,024 ND 1,0

Alumínio (mg/L) ND ND ND ND ND ND 0,1

Ferro (mg/L) 0,16 0,18 - 0,18 0,21 0,18 0,3

* Para rios de classe 1 – Resolução CONAMA nº 20/86

** Não detectado pelo método utilizado

Page 43: Relatorio.rio.quinca

42

pH - O pH da água se manteve estável durante todo percurso do rio e dentro do

parâmetro estabelecido, variando de (colocar valor mais alto e mais baixo com seu respectivo

ponto).

OD - Os resultados de OD mostraram que o oxigênio dissolvido na água, apresentou-

se insuficiente para a manutenção do equilíbrio das comunidades aquáticas em todos os

pontos, exceto no ponto zero, que se apresentou dentro dos limites da Resolução CONAMA

nº 20/86.

DQO - Para a DQO, não existe legislação que imponha limites para sua concentração,

mas, conforme os resultados, observou-se um aumento progressivo da quantidade de matéria

orgânica, do ponto zero ao ponto quatro.

DBO - Os resultados da DBO5 de todos os pontos, exceto do ponto zero, indicam o

excesso da presença de matéria orgânica nas amostras, acima do exigido pela legislação

CONAMA nº 20/86, provocando um consumo excessivo de O2 para a sua depuração.

Destaca-se o valor de DBO5 do ponto 3, que se encontrou como o mais elevado dentre os

outros, pois além de receber a matéria orgânica que vem à sua montante, está situado entre

maior adensamento populacional do que os outros pontos. A queda do valor da DBO5, do

Ponto 2A para o ponto 2B, pode ser explicada pela absorção da matéria orgânica feita pelas

macrófitas presentes no ponto 2A.

Cloreto - O cloreto presente na água também variou pouco entre os pontos 0, 1, 2a e

2b, no ponto três o valor encontrado deve-se provavelmente a lançamento de esgoto in natura

no rio, no ponto 4 apresentou esse índice elevado por causa da sua proximidade com o mar.

Page 44: Relatorio.rio.quinca

43

Fosfato - A presença de fosfato nos pontos P0, P2b e P4 não foi detectada pelo

método utilizado. No ponto 2a ele não foi analisado. Nos pontos 1 e 3 foi detectada a presença

de fosfato, sendo o resultado de 0,07 e 0,048 mg/l, respectivamente, ambos fora do limite de

0,025 estabelecido pela Resolução CONAMA 2086 para rios de classe I. Explica-se o

resultado obtido no P1, possivelmente, devido ao lançamento de esgoto e detergentes

sintéticos dos estabelecimentos comerciais que existem no local. Já o resultado do P3 explica-

se, possivelmente, devido a grande quantidade de lançamento de esgoto doméstico pelas

residências daquela área.

Nitrito - A presença de nitrito na água indica lançamento de efluentes recente no local.

O nitrito não foi detectado pelo método utilizado nos pontos P0, P1, P2B e P4. Nos pontos 2A

e 3 foi detectada a presença de nitrito, sendo o resultado de 0,041 e 0,024 mg/L,

respectivamente, ambos fora do limite de 1,0 mg/L estabelecido pela Resolução CONAMA

2086 para rios de classe I. O resultado obtido no ponto 2A explica-se, possivelmente, devido à

presença de animais que defecam nas margens e dentro do rio, por ser área de pastagem. Já no

ponto 3, explica-se o resultado, possivelmente, devido a grande quantidade de esgoto

doméstico lançado no local, pois é uma área com forte adensamento populacional.

Alumínio - Segundo o método utilizado para a análise de alumínio no Laboratório

CEFET/SC, não foi detectado nas amostras colhidas.

Ferro - Segundo o pré-estabelecido na Resolução CONAMA, a quantidade de Ferro

encontrada nos pontos analisados está dentro do permitido, para esta classe de rio.

Page 45: Relatorio.rio.quinca

44

Tabela 03 - Parâmetros Biológicos

P0 P1 P2A P2B P3 P4 Limite*

Coliformes Totais

(NMP**/100 mL)

900 50.000 13.000 60.000 195.000 165.000 1000

Coliformes Fecais

(NMP/100 mL)

33 50.000 2.200 23.000 95.000 26.000 200

* Para rios de classe 1 – Resolução CONAMA nº 20/86

** Número mais provável

Coliformes - Como pode ser observado na tabela, em todos os pontos analisados,

exceto no Ponto 0 (nascente), os valores de NMP/100ml de bactérias do grupo coliforme

encontrados ultrapassam em mais de dez vezes o limite estabelecido pela Resolução

CONAMA nº20/86.

O resultado encontrado no Ponto 0, ainda que dentro do estabelecido, pode estar

relacionado a excrementos de urubus observados neste local. Este fato foi confirmado por

moradores da localidade.

O significativo aumento do resultado no Ponto 1, pode ser explicado por possíveis

despejos de efluentes provindos de estabelecimentos comerciais e residências, uma vez

que o trecho a montante deste ponto, caracteriza-se por ser uma área de intenso

adensamento urbano: a vila do Pântano do Sul.

No Ponto 2A, pode-se observar uma diminuição no número de coliformes, quando

comparado ao Ponto 1. Isso se deve provavelmente a dois motivos principais: o trecho a

montante do ponto 2A se caracteriza como área de pastagem, com a existência poucas

habitações; e por haver presença de macrófitas na água, que são conhecidas pela sua alta

absorção de nutrientes.

Page 46: Relatorio.rio.quinca

45

Nas proximidades do Ponto 2B verifica-se o aumento de residências, muito

provavelmente lançando seus dejetos no rio, o que pode ser responsável pelo aumento do

NMP neste ponto. Além disso, nesta região há criação de gado.

No Ponto 3, os números são mais alarmantes por este se localizar em uma das regiões

de maior adensamento urbano do trecho estudado, que é conhecida como “Região dos

Duarte”.

Como se pode observar na tabela, o NMP no Ponto 4 diminui. Acredita-se que esse

fato seja devido à presença de vegetação característica de manguezal e outras como o

Junco e o Peri, presentes a montante do ponto. Essas espécies, como já citado

anteriormente, absorvem nutrientes e auxiliam na depuração da matéria orgânica. Além

disso, neste ponto, há o aumento da calha e da largura do rio, sendo também este o ponto

que recebe maior influência da maré, o que pode ocasionar numa diluição da carga

orgânica.

Page 47: Relatorio.rio.quinca

46

7 RESULTADO DAS ANÁLISES DE SEDIMENTO E DISCUSSÃO

Tabela 04 - Determinação de Fe, Al e M.O.

Pontos

de coleta

Fe Al M.O.

Titulação

(mg/kg)

*FAAS

(mg/kg)

Titulação

(mg/kg)

*FAAS

(mg/kg)

Fotocolorímetro

(%)

P2A 15 000 15 200 **ND 64 200 8,09

P4 22 500 23 800 **ND 93400 6,11

* Espectrofotômetro de absorção atômica com chama

** Não detectado pelo método utilizado

Comparando os resultados da análise realizada pela metodologia aplicada no

laboratório de saneamento do CEFET-SC com o método de absorção atômica – com chama

em forno de grafite, feita no laboratório da UNISUL - comprovou-se a exatidão para análise

de Fe pelos valores próximos, porém a metodologia aplicada no CEFET para a determinação

de Al não foi satisfatória.

Os metais Fe e Al possuem origem natural no solo. Pode-se atribuir a grande

concentração de Al a geomorfologia do sul da Ilha de Santa Catarina, como trabalhos

existentes já comprovaram a elevada presença desse metal nessa região. Seria preocupante se

o pH da água dos pontos estudados estivesse baixo, pois os metais se solubilizam em meio

ácido.

Quando determinamos a Matéria Orgânica em sedimento, estamos avaliando

indiretamente a disponibilidade de nitrogênio naquele local. Sabendo que o P2A tem como

Page 48: Relatorio.rio.quinca

47

característica um elevado número de macrófitas, estas se multiplicam com facilidade em

ambientes com temperaturas elevadas, e tem o nitrogênio como um dos principais elementos

para seu desenvolvimento. A alta concentração de matéria orgânica naquele ponto pode

acarretar futuramente em um início de um processo de eutrofização.8

Page 49: Relatorio.rio.quinca

48

CONCLUSÃO

Pode-se constatar, com os resultados obtidos nas análises, que o rio Quinca Antônio não

se encontra dentro dos padrões de rio de classe 1 recomendados pela Resolução CONAMA n°

20/86. No entanto, atualmente o rio está regulamentado pela Portaria de 1979 como Rio de

Classe 1.

Os pontos analisados, exceto o zero, não apresentaram condições favoráveis para o uso

de contato primário, para abastecimento humano sem tratamento prévio ou para o equilíbrio

das comunidades aquáticas.

Salienta-se, que se as análises fossem feitas em alta temporada e no período da tarde, os

índices de poluição seriam mais elevados, pois o lançamento de efluentes no rio seriam mais

intensos.

Tendo em vista os resultados e discussões no decorrer deste trabalho, consideram-se

importantes a realização das seguintes ações: trabalhos de educação ambiental;

implementação de sistema de coleta e tratamento de esgotos; estudos para a reconstituição da

mata ciliar em suas margens; monitoramento contínuo do rio; além de um reenquadramento

do mesmo, conforme a sua atual situação.

Page 50: Relatorio.rio.quinca

49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 Pereira, N. do V. Monografia de Pântano do Sul. Florianópolis-SC, 1963.

2 Centro de Estados Cultura e Cidade (CECCA). Nossa Ilha Nosso Mundo. Florianópolis –

SC, 2003.

3 Possas, H. P. Análise Ambiental da Bacia Hidrográfica do Pântano do Sul, Município de

Florianópolis, SC: O Problema do Abastecimento de Água. Florianópolis-SC, Dezembro,

1998.

4 Movimento Pró-Qualidade de Vida do Distrito do Pântano do Sul & Grupo PET/ARQ -

CAPES da UFSC & Bicca, Vera. Evolução e Diagnóstico da Ocupação Urbana do Distrito do

Pântano do Sul. Florianópolis-SC, setembro, 1997.

5 Prefeitura Municipal de Florianópolis. Agenda 21. Florianópolis – SC, maio, 2001.

6 Nascimento, R. da S. Instrumentos para prática de educação ambiental formal com foco nos

recursos hídricos. Florianópolis-SC, novembro, 2003

7 Projeto Ambiente Sul. Plano de referência para um turismo sustentável no sul da ilha de

Santa Catarina. Florianópolis-SC, 1999 (entidade promotora: ACIF).

Page 51: Relatorio.rio.quinca

50

Sites:

www.sertaodoperi.com.br

www.suldailha.hpg.com.br

Page 52: Relatorio.rio.quinca

51

ANEXO I

TÁBUA DE MARÉS

Quarta, véspera de coleta (23/06/04)

05:17 0.3

12:51 -0.3

18:32 0.6

22:49 0.2

Quinta, dia de coleta (01/07/04)

01:19 0.5

07:41 -0.2

14:00 0.8

22:00 0.0

Quarta, dia de coleta (07/07/04)

00:17 0.4

02:58 0.2

05:49 0.5

13:49 -0.3

17:56 0.3

21:13 -0.2