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Trabalho de monitoramento ambiental do Rio Quinca Antônio, localizado no distrito do Pântano do Sul, em Florianópolis. O projeto de monitoramento foi elaborado como requisito para a conclusão do módulo de Monitoramento Ambiental do Curso Técnico de Meio Ambiente/ IFSC - Fpolis. As coletas para caracterização hídrica foram realizadas nos meses de junho e julho de 2004. Pode-se constatar, com os resultados obtidos nas análises, que o Rio Quinca Antônio não se encontrava dentro dos padrões de rio de classe 1 recomendados pela Resolução CONAMA n° 20/86.TRANSCRIPT
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CEFET/SC – Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina
Gerência Educacional da Construção Civil
Curso Técnico de Meio Ambiente
Relatório de Monitoramento:
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE HÍDRICA DO RIO QUINCA ANTÔNIO
Florianópolis, julho de 2004
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Equipe: Alex Antônio Morawisk
Ana Carolina Zen de Moraes
Camila Rodrigues Blasi
Clarissa Silva Cardoso
Cristina Monteggia Varela
Daniel Pereira Lacerda
Fabiula Terezinha de Lima
Fernanda Ouriques Maia
Gabriel Peixer da Silva
Gabriela Guimarães Orofino
Magda Centeio dos Santos
Paula Centini Torres
Rafael Schmitz
Orientadora: Maria Bertília Oss Giacomelli
Co orientadoras: Maria Angélica B. Marin
Abgail A’vila de Souza da Silva
Beatriz Casses Zoucas
Luiz Carlos Marinho Cavalheiro
2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................06
1.1 Histórico da Ocupação do Distrito do Pântano do Sul............................................08
1.2 Justificativa..............................................................................................................16
1.3 Objetivos..................................................................................................................17
1.3.1 Objetivo Geral..........................................................................................17
1.3.2 Objetivos Específicos...............................................................................17
1.4 Caracterização da Bacia Hidrográfica do distrito do Pântano do Sul.....................18
1.4.1 Clima.........................................................................................................20
1.4.2 Tipos de Vegetação...................................................................................21
2 PARÂMETROS ESTUDADOS.................................................................................26
2.1 Análises Físicas........................................................................................................26
2.2 Análises Químicas....................................................................................................26
2.3 Análises Biológicas..................................................................................................28
3 DETERMINAÇÃO DE METAIS E MATÉRIA ORGÂNICA EM SEDIMENTO...29
3.1 Coleta da amostra ....................................................................................................29
3.2 Preparação da Amostra.............................................................................................29
3.3 Digestão da Amostra (Ácido Sulfúrico) para determinação volumétrica de Ferro..30
3.4 Extração e determinação volumétrica de Alumínio.................................................31
3.5 Determinação da Matéria Orgânica..........................................................................32
4 COLETA E ANÁLISE................................................................................................33
5 CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS.......................................................................34
5.1 Características do Ponto 0........................................................................................35
5.2 Características do Ponto 1.......................................................................................36
3
5.3 Características do Ponto 2.......................................................................................37
5.3.1 Características do Ponto 2A.................................................................................37
5.3.2 Características do Ponto 2B.................................................................................38
5.4 Características do Ponto 3......................................................................................39
5.5 Características do Ponto 4......................................................................................40
6 RESULTADOS DAS ANÁLISES DE ÁGUA E DISCUSSÃO..............................41
7 RESULTADO DAS ANÁLISES DE SEDIMENTO E DISCUSSÃO....................47
8 CONCLUSÃO...........................................................................................................49
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................50
ANEXO I.....................................................................................................................52
4
APRESENTAÇÃO
Tendo em vista a preservação dos recursos hídricos e a melhoria das condições de vida
populacionais, a necessidade de um projeto de monitoramento para a conclusão do 3º módulo
do Curso Técnico de Meio Ambiente e baseados nos conhecimentos adquiridos ao longo
deste apresenta-se o relatório de Avaliação das Características Hídricas do Rio Quinca
Antônio
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1 INTRODUÇÃO
Nos últimos tempos, a água e principalmente a necessidade de comprometimento com
o uso sustentável desta vêm sendo muito debatidos, por esta ser um recurso ambiental finito e
muito vulnerável.
No entanto, convive-se com vários exemplos de irresponsabilidade com este recurso,
sendo que grande parcela deste descaso é fruto da acomodação na aquisição e disseminação
de informação.
Benetti e Bidone (1993) salientam que a água é um dos recursos naturais que possui
uma maior diversidade de usos como abastecimento público, matéria-prima para a indústria,
irrigação, recreação, dessedentação de animais, geração de energia elétrica, transporte,
diluição de despejos, e preservação da fauna e flora.
Tem-se como principal agravante da poluição das águas a explosão demográfica, que
na maioria das vezes se dá de maneira desordenada.
Como a situação atual de desenvolvimento deste ambiente frágil e com as
características peculiares à sua insularidade, no caso da Ilha de Santa Catarina, fica explícita a
priorização do lucro à medida que a natureza é vista como útil, quando produtiva e super
explorada.
Referente às informações recebidas durante o desenvolvimento dos eixos temáticos do
Curso Técnico de Meio Ambiente, juntamente com a necessidade da realização de um
trabalho de monitoramento ambiental, apresenta-se este relatório de pré-avaliação das
características hídricas do Rio Quinca Antônio.
Contempla-se neste relatório as seguintes análises:
Análise crítica dos pontos escolhidos, de 1 a 4;
6
Análises de água, e sedimento, sendo que este último é iniciado em trabalhos
no CEFET/SC;
Dos parâmetros físicos: temperatura e turbidez;
Dos parâmetros químicos: pH, Oxigênio dissolvido (OD), Demanda
Bioquímica de oxigênio, Demanda química de oxigênio, Nitrito, Fosfato,
Cloretos, Ferro, Alumínio;
Dos parâmetros biológicos: Coliformes Totais e Fecais;
Enfim, encontram-se aqui as possíveis relações da condição atual de desenvolvimento
urbano do distrito do Pântano do Sul com os resultados obtidos.
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1.1 Histórico sobre a ocupação do solo no Distrito do Pântano do Sul
O Distrito de Pântano do Sul tem uma área de aproximadamente 40 km2, localizada na
região sul da Ilha. Recebeu este nome em decorrência dos diversos pântanos e charcos que
ocorrem na região. Sua fundação se deu em 1780 quando um grupo de desbravadores seguia
para o sul em direção a Armação do Pântano do Sul que chegando lá avistaram uma mulata
que ao vê-los saiu correndo em direção ao sul da Ilha, alguns desbravadores a seguiram e
encontraram um lugar de boa pesca e ali se fixaram, a mulata nunca mais foi vista.1
Faz parte da formação de duas bacias hidrográficas naturais: a da Lagoa do Peri e a da
Planície do Pântano do Sul, que vai unir suas águas (pluviais e das nascentes) no rio Quinca
Antônio, desaguador natural das duas bacias, indo desembocar na praia da Armação na divisa
com o Matadeiro. Forma uma planície cercada por morros - dos quais os mais altos são o do
Vigia e o do Matadeiro - separada do mar por um ístmo de sedimentação arenosa e de
restinga, formando junto com o restante, um ambiente rico e pouco conhecido.
É uma das primeiras regiões da Ilha que foram habitadas, onde se encontra o mais
antigo sambaqui de Florianópolis datado de 4.500 anos. Viviam principalmente da coleta de
moluscos pesca e caça. Foram encontradas também oficinas líticas, onde eram polidos
instrumentos de pedra etc.
Já no século XIV, os índios carijós vieram a ocupar tais áreas, devido ao solo arenoso
pois cultivavam mandioca. Somente no século XVI foi que os primeiros europeus chegaram à
Ilha de Santa Catarina. Estes trazem para o local a exploração agrícola, vem se estabelecer em
pequenas aldeias na região, dando a paisagem uma característica rural.
A Armação, único ponto da pesca da baleia na Ilha, tem como marco físico inicial a
implantação do equipamento de pesca junto a barra do rio Quinca Antônio, composto da casa
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grande, armazém, tanques, engenho de azeite (fábrica), senzala e igreja, configurando um
conjunto urbano.
Deste núcleo partiam caminhos, definindo vias de estruturação que até hoje
influenciam no desenvolvimento das expansões urbanas. Entre 1740 e 1830 a Armação da
Lagoinha era o núcleo economicamente mais dinâmico e integrado ao modo de produção
assumido pela coroa, inserido nos roteiros do comercio mundial, mesmo tendo plena
autonomia.
A pesca artesanal - mesmo após a interrupção do ciclo da baleia - por ser uma
atividade de caráter coletivo e necessitar da força de muitos braços, passou a atrair muitos
colonos para a orla. Esse fato acarretou na construção desordenada de habitações a princípio
temporárias, não se solidificando, cada vez mais adensados com vias estreitas, seguindo uma
lógica de proximidade espacial.
O núcleo pioneiro do Pântano do Sul, não teve a implantação do equipamento de pesca
como formador de sua estrutura. O resultado disso gerou uma dispersão de casas no canto da
praia, pois cerca de 70% dos moradores se dedicavam exclusivamente à pesca. Como não teve
espaço público estruturador regular (como na Armação), as formas resultantes de seu
adensamento - que ocorreu com mais intensidade nos últimos cinqüenta anos (a população
praticamente triplicou de 1980 a 2000) - foram mais irregulares ainda, por tratar-se de uma
comunidade com formações histórico-culturais marcantes provenientes do modo de vida que
valoriza o espaço público, baseado na simplicidade, com um convívio peculiar e cúmplice.
Naquela época a implantação das casas de colonos na porção mais baixa das encostas
dos morros era freqüente, onde as partes mais altas dos lotes eram utilizadas para exploração
agrícola, cuja conseqüência ambiental foi a destruição da mata nativa original, que foi
substituída por plantações de milho, café e mandioca. Das trilhas de circulação que ligavam
estas casas se originaram as estradas gerais ou caminhos.
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Na segunda metade do século XIX como a partilha paralela as laterais dos lotes
esgotou as possibilidades de parcelamento, as divisões passaram a paralelas a estrada geral,
permitindo também devido à implantação de servidões estreitas (caracterizando, assim, o
crescimento desordenado da região).
Características importantes da colonização na ilha foram as terras comunais que eram
de uso coletivo agro-pastoril que muitas vezes tinham caráter de suplemento das diversas
propriedades individuais. No sul da Ilha o principal campo comunal localizava-se na planície
do Pântano do Sul. Destas terras, as que ainda não foram privatizadas compreendem uma área
de cerca de 480 ha, praticamente toda área da planície, e estão sobre uma das maiores reservas
de água da cidade.
No inicio do século passado, com o ritmo de vida ditado basicamente pelas atividades
econômicas extrativistas e artesanais. As transformações ocorridas até então no distrito sede,
no sentido da urbanização e modernização da vida coletiva, pouco alteraram a organização
inicial da ocupação colonial.
O crescimento da região no período entre 1960 e 1991 foi significativo e maior do que
muitas das metrópoles brasileiras, sendo que este causou grandes impactos em sua estrutura
ambiental natural e cultural. Para se ter uma idéia, em 1963 o número de propriedades
agrícolas não chegava a 100 e as “indústrias” da região se resumiam a engenhos de farinha de
mandioca e de cana-de-açúcar (ao número de 30), e uma indústria de salga de peixe.
As novas condições de vida apresentadas durante este período incentivaram moradores
do centro da cidade a terem sua “casa de fim de semana”. Surge então na Armação, colado ao
traçado irregular dos assentamentos nativos, loteamentos regularizados pela recém implantada
legislação diretora e de código de obras.
Com a valorização dos ambientes naturais e bucólicos, o Pântano do Sul e a Armação
se tornaram um local de veraneio, levando as pessoas a adquirir lotes aumentando a ocupação
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das terras no povoado. Trazendo como principal impacto ambiental o “corte” no terreno para
implantação de acesso ligando a casa à estrada geral, causou - se em muitos casos, sérios
prejuízos de assoreamento de riachos e desbarrancamento por erosão.
Em meados da década de 70, com a intensificação deste processo de imigração e
interesse por usufruir os balneários e juntamente com a energia elétrica, surge o loteamento
dos Açores. Este tipo de assentamento se diferencia dos loteamentos dos anos 60 na Armação,
pelo sistema de organização.
Assim como a organização às exigências do urbanismo contemporâneo trouxe uma
infra-estrutura planejada para ser eficiente e econômica, a provisão de espaços públicos,
maiores afastamentos, implicava também em outras conseqüências, nem todas benéficas.
A diferença se dá ainda no que diz respeito à vinculação do usuário ao espaço: o
caráter predominante de veraneio das pessoas de Florianópolis – moradoras da região central
com suas casas de praia - ou de turistas de outras cidades que alugavam casas. Isso ocorre até
hoje e faz com que na época do verão a população dos loteamentos dobre.
Dos anos 80 para cá aconteceu a pavimentação da SC - 406 (rodovia que liga o centro
ao Pântano do Sul) que foi um ponto decisivo para a intensificação da urbanização no distrito
do Pântano do Sul, geralmente trazendo descaracterização da paisagem da ocupação original.
E dentre estes impactos, merece atenção aquele que acontece pelo parcelamento de lotes em
encostas; uma população economicamente menos favorecida, do interior do estado.
Adensaram regiões sem adequação topográfica e com a acessibilidade prejudicada, tanto de
moradores quanto de redes de abastecimento e esgotamento.
E o espaço urbano até então com baixa ocupação e densidade, passa a ser consumido
mais rapidamente, mudando o modo de viver dos moradores já instalados.
A partir daí configuram-se, assim, os tipos básicos de ocupação humana atuais no
distrito do Pântano do Sul:
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1. os núcleos, onde geralmente predomina a casa dos nativos, mas existe
atividade de comércio e serviços em tipo e quantidade relativamente suficiente para o
abastecimento imediato da população local e os arredores;
2. os loteamentos integrados aos núcleos (Armação), onde predomina casa de
veraneio de moradores do centro da cidade, e que se serve dos equipamentos comerciais do
núcleo;
3. as estradas gerais e servidões nas encostas, onde coexistem casas de nativos e
moradores alternativos, onde o comércio e os serviços são do tipo estritamente vicinal; aqui
incluindo as praias da Solidão (Rio das Pacas), do Saquinho e do Matadeiro, pelas
semelhanças que a estrada geral tem com o caminho da beira da praia.
4. os loteamentos balneários isolados (Açores), onde a casa de veraneio, rotativa e
sazonal predomina, sem abastecimento permanente de comércio e serviços.
Todos os tipos têm causado impactos ao meio ambiente e conseqüências no modo de
vida de seus habitantes. Uns pelo modo de ocupação outros pela densidade habitacional,
outras ainda pelas transformações que produziram nas características naturais e culturais da
região.
No que se refere à ocupação de locais inadequados:
A freqüente destruição e/ou comprometimento de bens públicos e privados
pela erosão.
O comprometimento parcial ou total de pontos notáveis de paisagem (morros e
mirantes naturais) lagoas, dunas, rios etc, de locais e edificações de interesse
cultural, histórico e arqueológico, e finalmente, de áreas e locais importantes
para a preservação da flora e fauna litorânea.
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Uma característica comum a todos os tipos de crescimento do distrito é, no aspecto
infra-estrutural, a completa ausência de redes de esgoto pluvial e tratamento cloacal.
Quanto às questões derivadas dos processos e formas de adaptação do espaço, a não
observância de critérios de construção e parcelamento que garantem condições mínimas de
ventilação e insolação de logradouros públicos e das próprias edificações como a
“superocupação” dos lotes. A aceitação de que existam altas concentrações de edificações e
atividades em locais em que não há oferta de infra-estrutura, determinando a contaminação
das águas, problemas de circulação de veículos e convivência social. E a ocorrência de
conjuntos de edificações em desproporção com escala e formas da paisagem, eliminando os
visuais e conseqüentemente acarretando na perda de referências da paisagem natural, como os
morros e a orla.
Temos assim um prognóstico possível do processo de adaptação da ilha às novas
exigências espaciais da capital, representada pelas grandes incorporadoras tem se tornado
mais intenso e problemático.
A incorporação de atividades turísticas nos planos de desenvolvimento da cidade,
pensado pelos órgãos públicos e em especial pelos investidores imobiliários, tem trazido
impactos relevantes com importantes transformações e modificações em um curto espaço
intervalo de tempo:
“As conseqüências foram imediatas e devastadoras ao patrimônio natural e cultural. Os recantos mais
ermos da Ilha começaram a ser cortados por estradas e loteamentos, e as tradicionais e decadentes comunidades
agrícola-pesqueira transformaram-se em balneários”. 2
E com o estudo do processo de evolução urbana do Distrito do Pântano do Sul, e
levando em consideração o mesmo processo de urbanização que se deu nas outras praias da
região costeira, o sul da Ilha está se tornando atrativo aos interesses do capital imobiliário.
Este interesse tem, pelo menos, dois motivos: a farta disposição de terras desocupadas
em torno dos núcleos costeiros, que apresentam atrativos naturais e recursos paisagísticos; e a
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supremacia dentro das alternativas econômicas para o município dos ideólogos da indústria
turística de altos recursos sobre a atividade turística não industrial, de caráter “doméstico”.
Ao compartilhar tal idéia com o poder público, o empresariado, acenando com a
possibilidade de assumir o encargo da implantação de infra-estrutura vem passando a
contribuir, com grande liberdade, no planejamento das futuras expansões urbanas e até
mesmo surgindo, com bastante ousadia, índices ocupacionais e densidades populacionais.
As alternativas econômicas de desenvolvimento turístico industrial ou de “primeiro
mundo,” como querem alguns, tendem a resultar em um urbanismo com uma aparência
“desdentada”.
Uma postura includente exigiria, de parte dos órgãos de planejamento, participação da
população do modo diferente da que tem sido adotada nas diversas audiências públicas de
consulta às comunidades já acontecidas na cidade, ou seja, a possibilidade de reconhecimento
de suas necessidades e anseios no rol de problemas a serem separados, e não só a
“preparação” das áreas ainda vazias para a futura ocupação.
Outro aspecto que tem tido bastante impacto nesta região é a sazonalidade de
ocupação dos loteamentos e equipamentos turísticos, em que o abandono durante o inverno é
grande, ela tem causado prejuízos na economia local e mesmo na do município. O que mostra
que a dedicação a atividades de exploração de comércio e serviços voltada para os ocupantes
sazonais, em substituição à economia tradicional, já em decadência, perde muito de sua
importância durante os meses de inverno, e o investimento e geralmente pequeno.
E, no que diz respeito aos aspectos sócio-culturais, que toda uma cultura preexistente,
deva ser respeitada e, se não isenta, ao menos protegida de quaisquer tipos de mudanças
bruscas que venham agredi-la e, pôr em risco hábitos e costumes os quais demoraram a serem
fixados à urbanização típica das grandes cidades brasileiras.
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Nota-se, no decorrer destes anos, uma ocupação peculiar e por vezes preocupante a
qual se reflete de uma maneira conflitante no espaço e conseqüentemente nas relações sociais,
evidenciando claramente o que ocorre quando determinada região passa a ser a “bola da vez”,
no dizer de um empresário local.
Podemos ressaltar que o crescimento desordenado do Distrito do Pântano do Sul vem
acontecendo de longa data, pois sua ocupação ocorreu sem planejamento físico – territorial.
Com isso temos hoje um cenário desconfigurado, entre a natureza e a urbanização, agravando
a cada dia os problemas na saúde pública, gerando epidemias de doenças de fácil controle,
que, devido à ausência de informação e saneamento atacam a população; sem contar que, tal
crescimento acarretou na quase que total destruição da mata ciliar levando ao assoreamento
do rio e gerando enchentes que também colaboram para a precária situação da saúde dos
moradores. 1,2,3,4,5
15
1.2 Justificativa
Com o aumento populacional, o ambiente do entorno da Bacia do Rio Quinca Antônio
está sendo ameaçado pela contaminação dos ecossistemas costeiros prejudicando a pesca, o
turismo sustentável, comprometendo também a balneabilidade das praias, aumentando o risco
de doenças e possivelmente diminuindo a renda e qualidade de vida dos pescadores,
moradores que dependem do turismo e toda a população em geral.
A contaminação dos recursos hídricos deve-se provavelmente ao despejo de efluentes
domésticos, pois a população ainda não tem atendimento público de coleta e tratamento.
Rios e córregos estão contaminados por dejetos urbanos e em grande parte
canalizados. A falta de proteção às encostas dos morros onde se encontram as nascentes, além
de prejudicar o bem natural, a beleza cênica e as condições sanitárias, tem comprometido
rapidamente a qualidade das águas.
O maior problema na área sanitário-ambiental da cidade está relacionado aos esgotos.
Nas localidades não atendidas pelo sistema de coleta/tratamento de esgoto encontram-se os
maiores problemas relacionados ao saneamento básico dentro de nosso município. Nas áreas
periféricas, onde predominam as comunidades carentes, a situação é ainda mais grave.
Em virtude destes fatos, unindo a percepção dos impactos naquela localidade, optou-se
a desenvolver este relatório.
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1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral:
Avaliar a qualidade hídrica do Rio Quinca Antônio.
1.3.2 Objetivos Específicos:
- Determinar os parâmetros físico-químicos (temperatura, pH, turbidez, OD, DBO,
DQO, nitrito, fosfato, cloreto, ferro e alumínio) e biológicos (coliforme total e
coliforme fecal);
- Verificar na Resolução CONAMA nº 20/86 o possível enquadramento do rio frente
aos resultados das análises;
- Viabilizar no Laboratório do CEFET análises de sedimento;
- Disponibilizar os dados deste estudo para organizações com interesse ambiental.
- Desenvolver analise crítica dos resultados obtidos nos pontos de coleta, referenciando
as possíveis interferências relacionadas às características locais.
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1.4 Caracterização Bacia Hidrográfica Litorânea do Pântano do Sul (BHLPS)
A Bacia Hidrográfica Litorânea do Pântano do Sul (BHLPS) localiza-se entre as
coordenadas geográficas 27º45’10’’ Latitude Sul, 48º 29’35’’ Longitude Oeste (UTM – 22 J
747.094 E – 6.927.665 N) e 27º47’18’’ Latitude Sul, 48º32’56’’ Longitude Oeste (UTM – 22
J 741.511 E – 6.923.835 N), na costa sudeste da porção sul da Ilha de Santa Catarina
(Florianópolis, SC) no distrito do Pântano do Sul.
Está situada entre quatro Áreas de Proteção Ambiental (APA’s) – Parque Municipal da
Lagoinha do Leste, Parque Municipal da Lagoa do Peri, Área de Proteção Ambiental da
Baleia Franca e a porção insular do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro - sendo área de
entorno entre esses ambientes. Assim, percebe-se a importância da manutenção de seus
recursos naturais.
Possui uma área de 13,65 km2, sendo 6,11 km2 áreas de planície costeira e 7,54 km2
áreas de encostas que a semicircundam.
O Maciço Montanhoso que une a Ponta dos Naufragados ao Morro do Ribeirão e a
formação que constitui o Parque Municipal da Lagoinha do Leste formam um relevo que
serve de moldura para a planície.
A constituição geológica da BHLPS remonta aproximadamente a cerca de cinco mil
anos, caracterizada pelo período Quaternário.
A parte sedimentar da Bacia, onde predomina a planície costeira, é formada por
depósitos marinhos, fluviocoluviais holocênicos rebaixados e praias. Às vezes são recobertos
por dunas, minidunas ou materiais turfosos. Na parte litorânea, na Enseada do Pântano do Sul
é limítrofe com um cordão arenoso, num ecossistema de restinga. As altitudes da planície
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variam de 1 a 3 metros de altitude em relação ao mar nas áreas alagadas, e de 3 a 10 metros
nas arenosas.
As encostas possuem declividade acentuada, de até 45º, e altitudes que variam,
segundo Nascimento (2003), de 1 a 367 metros. As partes mais elevadas, a leste e ao norte,
contém os morros de Riolito Cambirela, e a oeste, os morros de Granito da Ilha. Em ambos há
algumas intrusões de diabásio na forma de diques.
De acordo com a Folha Topográfica SG-22-Z-D-V-4-NE-B do município de
Florianopolis, IPUF, 1:10.000, a Bacia apresenta uma hierarquia de drenagem de Segunda
ordem e o rio principal é o do Quinca Antônio. A declividade chega a 45º em suas vertentes
estreitas. Contendo depósitos coluviais e eluviais, as águas percolam com muita velocidade,
formando pequenas cachoeiras e cascatinhas, que abastecem o lençol freático e a população
local. Sua drenagem corre para a praia da Armação do Pântano do Sul.
Na década de 1960, o sistema de drenagem da Bacia caracterizava-se por córregos
sinuosos, banhados e a Lagoa das Capivaras, todos localizados na planície. Com a obra do
Departamento de Obras de retificação do Rio Quincas e da abertura de outros canais com o
objetivo de drenar as áreas alagadas para viabilizar o cultivo de arroz, a Lagoa das Capivaras
foi drenada, dando hoje lugar a áreas inundáveis que ocorrem em épocas de muita chuva.
Portanto, a atual rede hidrográfica da planície apresenta áreas alagadiças com canais
retificados.3,6,7
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1.4.1 Clima
A Bacia Hidrográfica Litorânea do Pântano do Sul está localizada ao sul do Trópico de
Capricórnio, e por isso, numa zona subtropical, sendo influenciada por massas de ar tropicais
no verão e polares no inverno, apresentando características de tempo essencialmente tropicais
no verão e temperadas no inverno. Isso a permite concentrar uma grande diversidade de
ambientes importantes.
Não há estação seca, devido ao tipo de clima de Florianópolis, que é, segundo a
classificação climática de Köeppen, do tipo Cfa, pertencente ao grupo mesotérmico úmido. A
temperatura média durante o ano fica em torno de 19 ºC.
Na primavera, as condições climáticas são mais instáveis, ocorrendo pancadas de
chuvas com trovoadas isoladas e um aumento gradual da temperatura. O vento predominante
é o de norte-nordeste e os ventos vindos do sul são os mais fortes.
No verão, as temperaturas são mais elevadas em média 27 ºC e segundo (Bastos 1998)
a umidade relativa do ar é de 80%. As chuvas são caracterizadas por pancadas associadas a
trovoadas, geralmente no período da tarde. Segundo o Departamento de Proteção ao Vôo de
Florianópolis os períodos mais chuvosos encontram-se entre os meses de dezembro, janeiro e
fevereiro. E quanto ao regime de chuva nesse período, Nascimento (2003) ressalta:
“Atualmente, nos períodos mais chuvosos, entre a primavera e o verão, os índices
pluviométricos chegam a ser 30% maiores que a média”
Os ventos predominantes são os norte-nordeste, e o vento sul é o mais intenso.
No outono começam a chegar as massas de ar frio, diminuindo a temperatura. É a estação
mais estável, com dias ensolarados e sem chuva. Os ventos característicos de nordeste são
mais fracos.
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O inverno, estação na qual ocorreram as análises referentes a este projeto, é
caracterizado pela chegada de massas de ar frio. As temperaturas diminuem em torno de 13
°C a 20 °C. Os ventos passam a ser muito variáveis, principalmente com a presença do vento
sul. As chuvas são escassas.
1.4.2 Tipos de vegetação
Vegetação Secundária
Segundo a legislação ambiental brasileira, vegetação secundária é aquela que se encontra
em algum dos estágios de regeneração de um ambiente degradado, desde o inicial
(capoeirinha), passando pelo intermediário (capoeira) até ao avançado (capoeirão).
Na Bacia, há o predomínio da vegetação da Mata Atlântica em estágio avançado de
regeneração, presentes em todos os morros que contornam a Bacia, abrangendo estas
localidades quase que por inteiras, inclusive nas encostas acima do rio Quinca Antônio. O
local fora bastante devastado já desde o início da colonização na Ilha pelos portugueses, os
quais extraiam a madeira e depois vieram a praticar agricultura. Mais tarde conforme a
mudança de atividades praticadas, a vegetação pôde se regenerar.
Os solos desses morros se caracterizam por uma associação do solo podzólico vermelho-
amarelo álico contendo cascalhos com solo podzólico vermelho-escuro álico com textura
argilosa, sendo solos bem drenados, porosos e ácidos com baixo teor de matéria orgânica.
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Áreas Reflorestadas
Há também, na Bacia, algumas áreas reflorestadas com as espécies exóticas Pinus e
Eucalipto, como em pontos na Costa de Dentro, Armação e Costão do Pântano do Sul.
Um dos afluentes (não o que será avaliado) do Rio Quinca Antônio nasce numa área
reflorestada, no Costão do Pântano do Sul, e outro escorre próximo a esta.
Nos ambientes da Bacia, o pinus não é benéfico. Nascimento (2003) ressalta: “pois
como espécie vegetal exótica, compete com o crescimento de algumas espécies nativas. Com
isso os animais do lugar ficam sem alimento e tendem a desaparecer juntamente com a
floresta nativa. O pinus também produz uma resina avermelhada (terebentina), que polui o
solo e as águas”.
Restingas e Dunas
As restingas são ambientes formados por sedimentos marinhos, encontradas na porção
arenosa leste da parte insular Florianópolis e presente em todas as praias.
Possui uma vegetação adaptada às condições rigorosas do litoral, como a presença de sal
na areia e na água, os ventos e a insolação sobre os terrenos arenosos, extremamente móveis e
pobres em nutrientes. Essa vegetação se torna muito importante, pois fixam a areia e atraem
muitos animais.
As restingas da Bacia possuem uma vegetação de predominância herbácea e arbustiva
e algumas das espécies lá encontradas são: as vassouras (Dodonea viscosa), os araçás
(Psidium cattleianum), a maria-mole (Guapira opposita), a aroeira-vermelha (Schinus
terebenthifolius), a gabiroba (Campomanesia litorallis), o guamirim (Eugenia catharinea), o
guamirim-de-folha-miúda (Gomidesia palustris), a pitanga (Eugenia uniflora).
22
Nascimento (2003) alerta para o cuidado com esse ecossistema: “A riqueza da
paisagem, os animais, a exuberância das flores, frutos e a interface com o mar conferem a esse
ecossistema uma grande importância, devendo a sociedade estar em alerta e cuidar para que a
expansão urbana e o turismo inadequado não venham a subtrair da BHLPS esse belo cenário”.
Misturado com as restingas, se encontram as dunas, que são montes de areia, formados
através de um obstáculo e depositados pela ação do vento predominante. Podem ocorrer
isoladas ou em cadeias. Podem ser fixas ou móveis. As dunas fixas possuem uma vegetação
rasteira e arbustiva que se adapta à falta de água, solo pobre em nutrientes e aos ventos
constantes. Nesse ambiente, a fauna é constituída de insetos, répteis e aves. As dunas móveis
são as areias carregadas pelo vento, que vão se acumulando e formando montes. Quando
muda a direção do vento, as areias são levadas para outro lugar, construindo outra duna
provisória.
As dunas e restingas da Bacia se encontram sobre solos de areias quartzosas marinhas
e dunas, e contornam toda a enseada do Pântano do sul, onde se encontram os povoados do
Pântano do Sul e do Balneário dos Açores.
Áreas Inundáveis da planície sedimentar
As áreas inundáveis se encontram na vasta planície quaternária da BHLPS, e são áreas
úmidas ou terrenos encharcados que sofrem influências dos rios e córregos. Em épocas de
chuva a tendência da planície é de transformar-se em uma lagoa temporária, pois possui um
solo com sedimentos finos argilosos e orgânicos fazendo com que a água penetre devagar no
solo e juntamente com as águas subterrâneas próximas da superfície alagam rapidamente a
planície.
23
É nesse ambiente que existia a Lagoa das Capivaras, comentada anteriormente. Foi, no
entanto, drenada, devido às obras de retificação do Rio Quinca Antônio e de abertura de
outros canais.
Floresta Turfosa Remanescente das Planícies Quaternárias
Essa floresta, nunca desmatada, está localizada na planície quaternária, entre os
morros e as restingas, lugares que foram formados por sedimentos trazidos pelas águas dos
morros e pelos movimentos de subida e descida do nível do mar ao longo do tempo.
A floresta caracteriza-se por ser muito homogênea e possuir um solo turfoso, que
absorve matéria orgânica e toda água que escoa para lá. Abriga um grande número de epífitas
(bromélias, líquens e orquídeas), palmeiras e árvores com porte médio, mescladas com plantas
de restinga.
Este ambiente mesmo protegido legalmente, está sendo ameaçado pelo esgoto
doméstico oriundo da Costa de Dentro e Açores, atingindo os canais retificados que
atravessam a floresta, e por sucessivos desmatamentos e queimadas.
Mangues
Segundo Heloísa, “não se pode dizer que na BHLPS tem-se a formação de um manguezal
típico, pois apenas é possível encontrar alguns espécimes vegetais características de mangue
ao longo das margens do Rio Quinca Antônio, desde a sua foz, no Canal Sangradouro da
Lagoa do Peri, até as proximidades da ponte na SC-406 entre o acesso para a Costa de Cima e
a localidade do Pântano do Sul”.
24
As espécies que ocorrem são o mangue branco (Lagunculária racemosa), a guaxumba
(Hibiscus tiliaceus var. pernambucensis) e o mangue preto ou siriúba (Avicennia
schaueriana). 3,6
25
2 PARÂMETROS ESTUDADOS
2.1 Análises físicas
2.1.1 Turbidez – presença de substâncias visíveis em suspensão na água. Água
muito turva dificulta transmissão de luz e conseqüentemente a fotossíntese.
Fez-se a leitura no aparelho Turbidímetro da marca Turbilab.
2.1.2 Temperatura – águas de abastecimento têm temperatura que varia de 15 a
21oC.Valores elevados indicam lançamento de efluentes domésticos e/ou industriais.
2.2 Análises químicas
2.2.1 pH (potencial hidrogeniônico) – mede a concentração hidrogeniônica.Animais
aquáticos geralmente estão adaptados a ambientes de neutralidade, qualquer mudança brusca
de pH pode provocar a morte desses animais.
Fez-se a leitura no aparelho pHmetro de marca Digimed.
2.2.2 OD (oxigênio dissolvido) - serve para determinar a concentração de oxigênio
dissolvido na água, é essencial para a vida dos peixes e outros animais aquáticos.
Utilizou-se o método de Winkler Modificado pela Azida Sódica.
2.2.3 DQO (Demanda Química de Oxigênio)- é importante na quantificação da
matéria orgânica.
O método utilizado é o dicromato em reflexo, de forma indireta. Trata-se de reagentes
redutores com o reagente dicromato de potássio (0,0147 mol/L) em meio de ácido sulfúrico.
26
2.2.4 DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio)- a DBO é por definição a
quantidade de oxigênio utilizada por uma população mista de microorganismos durante a
oxidação aeróbica da matéria orgânica.
Fez-se a diluição da amostra em água saturada de O2 e com presença de solução
tampão e nutrientes, em dois frascos de 300 mL. Titulou-se um deles imediatamente, com
tiossulfato de sódio para encontrar a quantidade de O2 dissolvido, e acondicionou-se o outro
numa estufa a 20º C durante cinco dias, quando então, fez-se o mesmo para achar a
quantidade de O2 dissolvido presente nesse. Por meio do valor de O2 inicial e final, utilizou-se
a fórmula abaixo para calcular o valor da DBO5 referente à amostra.
mg/L DBO = OD inicial (mg/L) – OD final (mg/L)
volume da amostra (mL)
volume da garrafa de DBO (mL)
2.2.5 Nitrito (nutriente) – nitrito é considerado um nutriente aumenta a eutrofização
dos lagos e pântanos são inaceitáveis nas áreas de lazer,recreação e água de abastecimento.
Utilizou-se o método da determinação espectrofotométrica, no aparelho
espectrofotômetro.
2.2.6 Fosfato- nutriente para o crescimento dos organismos das águas superficiais ,em
grande quantidade, podem estimular o desenvolvimento excessivo destes organismos.
Utilizou-se o método da determinação espectrofotométrica, no aparelho
espectrofotômetro.
2.2.7 Cloreto - caracteriza a água como salina, salobra ou doce.Grande quantidade de
cloreto na água pode causar reações fisiológicas e aumenta a corrosividade da água.
Utilizou-se o método da Potenciometria Direta, no aparelho Potenciômetro.
27
2.2.8 Alumínio - pode causar, em longo prazo, doenças como a mal de Alzheimer.
Utilizou-se o método da determinação espectrofotométrica, no aparelho
espectrofotômetro.
2.2.9 Ferro (Fe2+) – Em quantidade adequada, é essencial ao sistema bioquímico das
águas, podendo em grandes quantidades dar sabor e cor desagradáveis à água.No homem
deposita-se no fígado, especialmente em pessoas com distúrbio na síntese das hemoglobinas
(Talassemia).
Utilizou-se a determinação espectrofotométrica pelo método 1,10 – fenantrolina, no
aparelho espectrofotômetro.
2.3 Análise biológica
2.3.1 Coliformes - Indicadores mais comuns de poluição sendo o grupo dos
coliformes totais e fecais os mais usados, sendo que os de origem fecal podem indicar a
presença de outros organismos patogênicos.
28
3 DETERMINAÇÃO DE METAIS (FERRO E ALUMÍNIO) E
MATÉRIA ORGÂNICA EM SEDIMENTO
3.1 Coleta da Amostra
Os pontos 2A e 4 foram definidos como locais de coleta pelas seguintes
características: o primeiro, pela grande concentração de macrófitas e o segundo, por estar
numa região estuarina e confluir com o canal sangrador.
As amostras foram coletadas entre 1,5 e 2,0 m de distância da margem à 15 cm de
profundidade. Utilizou-se para a coleta um cano de PVC manufaturado pelos alunos,
acondicionou-se a amostra em potes de polipropileno e foram transportadas sob refrigeração
até o laboratório de saneamento do CEFET-SC para serem preparadas para a análise.
3.2 Preparação da Amostra
Transferidas para placas de petri, as amostras foram secadas em estufa com
circulação de ar à temperatura de 60°C. Após cinco dias, foram peneiradas, maceradas em
gral de porcelana e acondicionadas em potes de polímero. Os processos de digestão e extração
das amostras para as análises dos metais (ferro e alumínio) e matéria orgânica (M.O.), são
descritos pelos esquemas das figuras.
29
3.3 Digestão da Amostra (Ácido Sulfúrico) para determinação volumétrica de Ferro
Amostra 1g
20 mL H2SO4 1:1
50 mL H2O desionisada
250 mL
30 min
Filtração
Amostra 250 mL
20 mL
2,5mL (HCl + HNO3)
30mL H2O desionisada
pH=1,5 (NH4OH, HCl 1:1)
1ml Ácido Sulfossalicílico 5% (indicador)
Titulação com EDTA
Determinação volumétrica de Ferro
Figura 01 – Fluxograma do Ferro
Cálculo: Fe2O3(g/kg) = mL EDTA 0,01 M gastos x 10
30
3.4 Extração e determinação volumétrica de Alumínio
Amostra 3,5g
Adicionar 75 mL de KCl
Agitar 12 hs + 12 hs em repouso
Pipetar 50 mL do
sobrenadante
da solução
Adicionar 3 gotas de azul de bromotimol
(indicador)
Titulação com NaOH
Cálculo: Al trocable (cmolc/kg) = mL NaOH
Figura 02 – Fluxograma do Alumínio
31
3.5 Determinação da Matéria Orgânica
Amostra 2g
15mL da solução sulfo-crômica
Agitação 5 min
15mL H2O destilada
Repouso 15 h
Pipetar 3mL sobrenadante
Adicionar 3mL de H2O destilada
Fotocolorímetro
Figura 03 – Fluxograma de Matéria Orgânica
32
4 COLETA E ANÁLISE
Selecionou-se seis pontos de amostragem para água, desde uma das nascentes até a
foz, realizando-se três coletas, nos dias 23/06/04, 01/07/04 e 07/07/04, no período matutino,
sem ocorrência de chuva.
Seguiu-se as normas de acondicionamento e conservação das amostras de acordo com
o Standart Methods.
As análises de água foram realizadas no Laboratório de Saneamento do CEFET/SC.
33
5 CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS
Figura 04 – Foto aérea do Distrito do Pântano do Sul
34
5.1 Caracterização do ponto 0
Este foi escolhido numa das nascentes do Rio do Quinca Antonio com o objetivo de
ser um comparativo com a poluição dos outros pontos, haja vista que não há conhecimento de
lançamentos de efluentes no mesmo.
A amostra foi retirada num local de correnteza moderada e profundidade de cerca de
15 cm, em uma cachoeira protegida por uma densa vegetação secundária de Mata Atlântica.
Pode-se encontrar algumas árvores com raízes tubulares entre as pedras da cachoeira, e nas
margens, outras árvores de médio porte enroladas por cipós. À noite, urubus se abrigam sobre
as árvores e por isso se encontram vestígios de fezes dos mesmos nas pedras e no decorrer da
cachoeira.
Pouco abaixo, no fim da cachoeira, encontra-se uma represa de água, utilizada pelas
famosas “lavadeiras da comunidade do Pântano do Sul”, que lançam no rio produtos como
sabão em pó e água sanitária e incineram nas margens as embalagens.
Após essa represa, a nascente atinge a planície e a abundante vegetação dá lugar a
pastos. Começam a aparecer adensamentos urbanos. Não muito distante, o rio recebe
efluentes de esgotos domésticos por meio de um canal.
Segue então, por entre a encosta do morro e casas, atravessa a SC-406 e atinge outro
pasto composto por bastante lodo. Este pasto faz parte das chamadas áreas inundáveis. Chega-
se então, ao ponto 1.
35
5.2 Caracterízação do ponto 1
Este ponto foi escolhido por estar localizado após um grande número de residências e
estabelecimentos comerciais, a fim de avaliarmos o grau de poluição causado pelo lançamento
de efluentes das mesmas.
Está presente numa vasta planície inundável, onde antes havia a Lagoa das Capivaras.
A vegetação é formada por pastagem, com presença de algumas árvores isoladas e o solo é
bastante lodoso.
A amostra foi coletada na margem do rio, devido à dificuldade de se chegar ao meio
dele. A água é muito parada, com coloração escura, sem correnteza e com a presença de
macrófitas que se intensifica conforme a chegada do ponto 2A.
36
5.3 Caracterização do ponto 2
Definidos inicialmente para observar o dinamismo das macrófitas, que cobrem quase
totalmente o espelho d’água desde o Ponto 1 ao Ponto 2B, quando questionados os valores
das análises físico-químicas e bacteriológicas. Os pontos 2A e 2B tem sua descrição mais
detalhada abaixo.
5.3.1 Ponto 2A
O ponto 2A caracteriza-se por ter em uma de suas margens um campo aberto que
serve para pastagem onde se encontram algumas cabeças de gado, e na outra é cercado por
uma vegetação típica de área inundável. Apresenta mata ciliar em processo de formação e tem
seu espelho d’água totalmente coberto por macrófitas, que podem triplicar o seu número no
verão em decorrência do aumento de matéria orgânica e da temperatura no rio. Assim
podemos supor que existe uma quantidade muito grande de matéria orgânica na água e no
sedimento do local, provavelmente por causa de ligações ilegais de esgoto doméstico. A
profundidade do ponto não atinge 50cm e não apresenta correnteza forte.
O canal foi retificado para drenar a área, antes inundada, podem se perceber lombas
(diques) de contenção nas bordas do rio. Também se nota que uma máquina é constantemente
utilizada para dragar o rio, pois suas margens estão desmatadas e com marcas de rodas.
Não possui ligação de esgoto aparente, nem casas a menos de 500m do curso d’água.
37
5.3.2 Ponto 2B
O ponto 2B está localizado embaixo de uma ponte (SC-406) e foi escolhido
principalmente para se verificar o desempenho das macrófitas do ponto 2A. O rio percorre
uma área de pastagem e agricultura de subsistência antes do local da coleta, possui algumas
residências em seu entorno inclusive um comércio de base. A profundidade não chega a
30cm.
Apresenta ligação de esgoto aparente e recebe influencia de outros canais retificados
da bacia. O solo apresenta maior quantidade de pedras e alguns sedimentos, a correnteza é
constante no local.
38
5.4 Caracterização do ponto 3
O ponto 3 possui um grande número de casas, sendo que, ao lado do ponto de coleta
há um galinheiro e não foi respeitada a distância de 30 m entre a margem do rio e as casas.
Grande quantidade de lixo e entulho depositado na beira da água. O acesso é dificultado por
uma cerca e pelas moradias no entorno.
Neste ponto o rio não possui grande correnteza tendo, assim, água escura e o fundo
bastante lodoso. A vegetação do entorno é composta por espécies de Mata Atlântica e de
Mangue, sendo que a mata ciliar é quase inexistente. Demonstra um grande grau de
assoreamento.
Este ponto foi escolhido por ter um acesso mais fácil, se encontrar entre um grande
número de residências e estar antes da região de confluência do Rio Quinca Antônio com o
Canal Sangradouro. É também o penúltimo ponto estudado antes de desembocar no mar
(entre as praias do Matadeiro e Armação).
39
5.5 Caracterização do ponto 4
O ponto 4 foi escolhido por estar situado na região de encontro do Canal Sangradouro
com o Rio Quinca Antônio. Acreditava-se que este seria o ponto mais crítico por nele
chegarem todos os poluentes que são lançados ao longo do rio e pelo estágio avançado de
degradação no qual se encontra o Canal Sangradouro. O local onde o rio deságua (entre a
praia da Armação e do Matadeiro) é considerado impróprio para banho, segundo análises da
FATMA.
Caracteriza-se por ser uma região de Estuário com vegetação de Manguezal. Além do
Mangue-branco e da Siriúba encontram-se também o junco e o peri. Essas plantas são
conhecidas por sua capacidade de reter nutrientes. Pode-se perceber também a presença de
espécies exóticas nas margens do rio. O eucalipto absorve muita água e pode esgotar os
nutrientes do solo.
Neste ponto também há um aumento da calha e da largura do rio (aumenta a vazão), o
que possibilita uma maior aeração aumentando a capacidade de autodepuração. É o ponto
mais próximo do mar, por isso sofre maior influência da maré. Assim, dependendo da maré
pode haver uma diluição da matéria orgânica neste local. E apesar do adensamento urbano
diminuir, ainda existem casas a menos de 30m da margem do rio.
40
6 RESULTADOS DAS ANÁLISES DE ÁGUA E
DISCUSSÃO
Tabela 01 - Parâmetros Físicos
P0 P1 P2A P2B P3 P4 Limite*
Turbidez (NTU) 1,6 15,0 3,3 7,7 8,0 5,1 40,0
Desvio Padrão 1,0149 13,927 11,844 2,5159 1,8770 0,8021 -
Temperatura ambiente (°C) 18,5 20,7 20,2 19,3 22,0 20,0 -
Desvio Padrão 2,5658 1,0408 0,7071 2,0818 1,7320 2,5167 -
Temperatura da água (°C) 16,8 19,6 20,6 18,5 18,5 19,2 -
Desvio Padrão 1,1547 0,7638 1,7678 1,0607 1,8930 2,2913 -
* Para rios de classe 1 – Resolução CONAMA nº 20/86
Turbidez - Todos os resultados obtidos apresentaram valores inferiores ao limite
permitido e estabelecido pela Resolução CONAMA 20/86 para rios de classe 1. Dos seis
pontos analisados, o ponto 1 apresentou o maior valor, acredita-se que este fato ocorre devido
ao lançamento de efluentes sem tratamento e principalmente por ser extremamente raso e sem
correnteza.
Temperatura - Relacionando os valores dos pontos estudados, observam-se as
menores temperaturas (ambiente e d’água) foram identificadas no ponto 0, pois este ponto é
41
caracterizado por uma densa vegetação, o que acaba impedindo a penetração dos raios
solares.
Tabela 02 - Parâmetros Químicos
P0 P1 P2A P2B P3 P4 Limite *
pH (mg/L) 6,0 6,2 6,8 6,5 6,5 6,0 6 a 9
Desvio Padrão 0,6048 0,2055 0,2121 0,0602 0,1124 0,0322 -
OD (mg/L) 8,0 1,5 1,7 2,9 2,6 3,6 ≥ 6,0
Desvio Padrão 0,8434 0,6650 0,2616 0,09 0,5707 0,3822 -
DQO (mg/L) 11,11 22,22 22,22 22,22 44,44 44,44 -
DBO (mg/L) 2,5 16,7 6,8 5,9 40,4 15,8 < 3,0
Desvio Padrão 1,1320 1,0489 - 0,4949 - 2,5274 -
Cloreto (mg/L) 35 47 233 172 797 1379 250
Desvio Padrão 2,8511 4,3545 - 0,0067 320,64 183,61 -
Fosfato (mg/L) ND** 0,07 - ND 0,048 ND 0,025
Nitrito (mg/L) ND ND 0,041 ND 0,024 ND 1,0
Alumínio (mg/L) ND ND ND ND ND ND 0,1
Ferro (mg/L) 0,16 0,18 - 0,18 0,21 0,18 0,3
* Para rios de classe 1 – Resolução CONAMA nº 20/86
** Não detectado pelo método utilizado
42
pH - O pH da água se manteve estável durante todo percurso do rio e dentro do
parâmetro estabelecido, variando de (colocar valor mais alto e mais baixo com seu respectivo
ponto).
OD - Os resultados de OD mostraram que o oxigênio dissolvido na água, apresentou-
se insuficiente para a manutenção do equilíbrio das comunidades aquáticas em todos os
pontos, exceto no ponto zero, que se apresentou dentro dos limites da Resolução CONAMA
nº 20/86.
DQO - Para a DQO, não existe legislação que imponha limites para sua concentração,
mas, conforme os resultados, observou-se um aumento progressivo da quantidade de matéria
orgânica, do ponto zero ao ponto quatro.
DBO - Os resultados da DBO5 de todos os pontos, exceto do ponto zero, indicam o
excesso da presença de matéria orgânica nas amostras, acima do exigido pela legislação
CONAMA nº 20/86, provocando um consumo excessivo de O2 para a sua depuração.
Destaca-se o valor de DBO5 do ponto 3, que se encontrou como o mais elevado dentre os
outros, pois além de receber a matéria orgânica que vem à sua montante, está situado entre
maior adensamento populacional do que os outros pontos. A queda do valor da DBO5, do
Ponto 2A para o ponto 2B, pode ser explicada pela absorção da matéria orgânica feita pelas
macrófitas presentes no ponto 2A.
Cloreto - O cloreto presente na água também variou pouco entre os pontos 0, 1, 2a e
2b, no ponto três o valor encontrado deve-se provavelmente a lançamento de esgoto in natura
no rio, no ponto 4 apresentou esse índice elevado por causa da sua proximidade com o mar.
43
Fosfato - A presença de fosfato nos pontos P0, P2b e P4 não foi detectada pelo
método utilizado. No ponto 2a ele não foi analisado. Nos pontos 1 e 3 foi detectada a presença
de fosfato, sendo o resultado de 0,07 e 0,048 mg/l, respectivamente, ambos fora do limite de
0,025 estabelecido pela Resolução CONAMA 2086 para rios de classe I. Explica-se o
resultado obtido no P1, possivelmente, devido ao lançamento de esgoto e detergentes
sintéticos dos estabelecimentos comerciais que existem no local. Já o resultado do P3 explica-
se, possivelmente, devido a grande quantidade de lançamento de esgoto doméstico pelas
residências daquela área.
Nitrito - A presença de nitrito na água indica lançamento de efluentes recente no local.
O nitrito não foi detectado pelo método utilizado nos pontos P0, P1, P2B e P4. Nos pontos 2A
e 3 foi detectada a presença de nitrito, sendo o resultado de 0,041 e 0,024 mg/L,
respectivamente, ambos fora do limite de 1,0 mg/L estabelecido pela Resolução CONAMA
2086 para rios de classe I. O resultado obtido no ponto 2A explica-se, possivelmente, devido à
presença de animais que defecam nas margens e dentro do rio, por ser área de pastagem. Já no
ponto 3, explica-se o resultado, possivelmente, devido a grande quantidade de esgoto
doméstico lançado no local, pois é uma área com forte adensamento populacional.
Alumínio - Segundo o método utilizado para a análise de alumínio no Laboratório
CEFET/SC, não foi detectado nas amostras colhidas.
Ferro - Segundo o pré-estabelecido na Resolução CONAMA, a quantidade de Ferro
encontrada nos pontos analisados está dentro do permitido, para esta classe de rio.
44
Tabela 03 - Parâmetros Biológicos
P0 P1 P2A P2B P3 P4 Limite*
Coliformes Totais
(NMP**/100 mL)
900 50.000 13.000 60.000 195.000 165.000 1000
Coliformes Fecais
(NMP/100 mL)
33 50.000 2.200 23.000 95.000 26.000 200
* Para rios de classe 1 – Resolução CONAMA nº 20/86
** Número mais provável
Coliformes - Como pode ser observado na tabela, em todos os pontos analisados,
exceto no Ponto 0 (nascente), os valores de NMP/100ml de bactérias do grupo coliforme
encontrados ultrapassam em mais de dez vezes o limite estabelecido pela Resolução
CONAMA nº20/86.
O resultado encontrado no Ponto 0, ainda que dentro do estabelecido, pode estar
relacionado a excrementos de urubus observados neste local. Este fato foi confirmado por
moradores da localidade.
O significativo aumento do resultado no Ponto 1, pode ser explicado por possíveis
despejos de efluentes provindos de estabelecimentos comerciais e residências, uma vez
que o trecho a montante deste ponto, caracteriza-se por ser uma área de intenso
adensamento urbano: a vila do Pântano do Sul.
No Ponto 2A, pode-se observar uma diminuição no número de coliformes, quando
comparado ao Ponto 1. Isso se deve provavelmente a dois motivos principais: o trecho a
montante do ponto 2A se caracteriza como área de pastagem, com a existência poucas
habitações; e por haver presença de macrófitas na água, que são conhecidas pela sua alta
absorção de nutrientes.
45
Nas proximidades do Ponto 2B verifica-se o aumento de residências, muito
provavelmente lançando seus dejetos no rio, o que pode ser responsável pelo aumento do
NMP neste ponto. Além disso, nesta região há criação de gado.
No Ponto 3, os números são mais alarmantes por este se localizar em uma das regiões
de maior adensamento urbano do trecho estudado, que é conhecida como “Região dos
Duarte”.
Como se pode observar na tabela, o NMP no Ponto 4 diminui. Acredita-se que esse
fato seja devido à presença de vegetação característica de manguezal e outras como o
Junco e o Peri, presentes a montante do ponto. Essas espécies, como já citado
anteriormente, absorvem nutrientes e auxiliam na depuração da matéria orgânica. Além
disso, neste ponto, há o aumento da calha e da largura do rio, sendo também este o ponto
que recebe maior influência da maré, o que pode ocasionar numa diluição da carga
orgânica.
46
7 RESULTADO DAS ANÁLISES DE SEDIMENTO E DISCUSSÃO
Tabela 04 - Determinação de Fe, Al e M.O.
Pontos
de coleta
Fe Al M.O.
Titulação
(mg/kg)
*FAAS
(mg/kg)
Titulação
(mg/kg)
*FAAS
(mg/kg)
Fotocolorímetro
(%)
P2A 15 000 15 200 **ND 64 200 8,09
P4 22 500 23 800 **ND 93400 6,11
* Espectrofotômetro de absorção atômica com chama
** Não detectado pelo método utilizado
Comparando os resultados da análise realizada pela metodologia aplicada no
laboratório de saneamento do CEFET-SC com o método de absorção atômica – com chama
em forno de grafite, feita no laboratório da UNISUL - comprovou-se a exatidão para análise
de Fe pelos valores próximos, porém a metodologia aplicada no CEFET para a determinação
de Al não foi satisfatória.
Os metais Fe e Al possuem origem natural no solo. Pode-se atribuir a grande
concentração de Al a geomorfologia do sul da Ilha de Santa Catarina, como trabalhos
existentes já comprovaram a elevada presença desse metal nessa região. Seria preocupante se
o pH da água dos pontos estudados estivesse baixo, pois os metais se solubilizam em meio
ácido.
Quando determinamos a Matéria Orgânica em sedimento, estamos avaliando
indiretamente a disponibilidade de nitrogênio naquele local. Sabendo que o P2A tem como
47
característica um elevado número de macrófitas, estas se multiplicam com facilidade em
ambientes com temperaturas elevadas, e tem o nitrogênio como um dos principais elementos
para seu desenvolvimento. A alta concentração de matéria orgânica naquele ponto pode
acarretar futuramente em um início de um processo de eutrofização.8
48
CONCLUSÃO
Pode-se constatar, com os resultados obtidos nas análises, que o rio Quinca Antônio não
se encontra dentro dos padrões de rio de classe 1 recomendados pela Resolução CONAMA n°
20/86. No entanto, atualmente o rio está regulamentado pela Portaria de 1979 como Rio de
Classe 1.
Os pontos analisados, exceto o zero, não apresentaram condições favoráveis para o uso
de contato primário, para abastecimento humano sem tratamento prévio ou para o equilíbrio
das comunidades aquáticas.
Salienta-se, que se as análises fossem feitas em alta temporada e no período da tarde, os
índices de poluição seriam mais elevados, pois o lançamento de efluentes no rio seriam mais
intensos.
Tendo em vista os resultados e discussões no decorrer deste trabalho, consideram-se
importantes a realização das seguintes ações: trabalhos de educação ambiental;
implementação de sistema de coleta e tratamento de esgotos; estudos para a reconstituição da
mata ciliar em suas margens; monitoramento contínuo do rio; além de um reenquadramento
do mesmo, conforme a sua atual situação.
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 Pereira, N. do V. Monografia de Pântano do Sul. Florianópolis-SC, 1963.
2 Centro de Estados Cultura e Cidade (CECCA). Nossa Ilha Nosso Mundo. Florianópolis –
SC, 2003.
3 Possas, H. P. Análise Ambiental da Bacia Hidrográfica do Pântano do Sul, Município de
Florianópolis, SC: O Problema do Abastecimento de Água. Florianópolis-SC, Dezembro,
1998.
4 Movimento Pró-Qualidade de Vida do Distrito do Pântano do Sul & Grupo PET/ARQ -
CAPES da UFSC & Bicca, Vera. Evolução e Diagnóstico da Ocupação Urbana do Distrito do
Pântano do Sul. Florianópolis-SC, setembro, 1997.
5 Prefeitura Municipal de Florianópolis. Agenda 21. Florianópolis – SC, maio, 2001.
6 Nascimento, R. da S. Instrumentos para prática de educação ambiental formal com foco nos
recursos hídricos. Florianópolis-SC, novembro, 2003
7 Projeto Ambiente Sul. Plano de referência para um turismo sustentável no sul da ilha de
Santa Catarina. Florianópolis-SC, 1999 (entidade promotora: ACIF).
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Sites:
www.sertaodoperi.com.br
www.suldailha.hpg.com.br
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ANEXO I
TÁBUA DE MARÉS
Quarta, véspera de coleta (23/06/04)
05:17 0.3
12:51 -0.3
18:32 0.6
22:49 0.2
Quinta, dia de coleta (01/07/04)
01:19 0.5
07:41 -0.2
14:00 0.8
22:00 0.0
Quarta, dia de coleta (07/07/04)
00:17 0.4
02:58 0.2
05:49 0.5
13:49 -0.3
17:56 0.3
21:13 -0.2