relatório - tema 1

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Pós-Graduação em Gestão de Bibliotecas Escolares A Biblioteca Escolar e as Novas Tecnologias José António Flambó Afonso Batista 31 de outubro de 2013 RELATÓRIO TEMA 1: Impacto relativo ao desenvolvimento da Web 2.0 na dinâmica da Biblioteca Escolar O advento e desenvolvimento da Web 2.0 (termo criado por Tim O’Reilly, em 2004) veio contribuir para a mudança da organização, gestão e prestação de serviços apelativos, diversificados e de qualidade da Biblioteca Escolar, transformando-a numa autêntica Biblioteca do século XXI 1 , em que o Profesor Bibliotecário, em articulação e colaboração com as várias Estruturas da Escola, desenvolve um trabalho que visa orientar o aluno no acesso à informação e construção de conhecimento, de forma crítica, autónoma e eficaz. De facto, é inegável que as potencialidades das ferramentas da Web 2.0 possibilitam que a Biblioteca Escolar se aproxime do paradigma da Biblioteca 2.0, pois, mais do que nunca, tem vindo a afirmar-se como um espaço aberto para o mundo 2 e a acompanhar o desenvolvimento tecnológico que se opera a um ritmo vertiginoso, procurando motivar e envolver ativamente os seus utilizadores na produção e edição de conteúdos em distintos formatos (texto, imagem, aúdio, vídeo), em blogues, wikis, websites e redes sociais; favorecer a inteligência e interação coletivas; promover a partilha e discussão de ideias, experiências e opiniões; apostar numa comunicação multi-direcional; sugerir recursos, sítios eletrónicos, livros, ebooks, audiobooks, CD’s, filmes e outros assuntos de interesse; recorrer à folksonomia, ou seja, à etiquetagem de conteúdos (social bookmarking ou tagging), de forma a apoiar os utilizadores nas suas pesquisas; utilizar agregadores RSS para informar frequentemente os utilizadores do trabalho desenvolvido na e com a Biblioteca; divulgar e projetar a Biblioteca intra e extra-escola (estratégia de marketing), dando a conhecer os eventos e atividades dinamizados; possuir um catálogo atualizado e de fácil consulta; fornecer recursos presenciais e de forma remota, promovendo, assim, o acesso de todos à informação e, consequentemente, a inclusão social. Enfim, a Biblioteca Escolar, no contexto da Web 2.0, passa a ser mais interativa e a estar mais próxima e focalizada no usuário (Maness, 2007), afirmando-se como um verdadeiro espaço de conexões, “focando mais na facilitação da transferência da informação e em alfabetização informacional” (Idem, p. 49). Sendo inquestionável que a (r)evolução das tecnologias e dos aplicativos da Web 2.0 condicionam, inevitavelmente, o nosso modus vivendi, bem como a forma como se ensina e aprende (alunos e professores são, simultaneamente, aprendentes e ensinantes), o Professor Bibliotecário, no dia a dia, funciona como agente promotor da mudança (incluindo da mudança de mentalidade dos 1 A propósito desta temática, veja-se o artigo de Ross Tood (2011). O que queremos para o futuro das bibliotecas escolares. Lisboa: RBE. Retirado de http://www.rbe.min-edu.pt/np4/file/396/01_bibliotecarbe.pdf . 2 “Cabe à biblioteca ser o portal de ligação da escola com o mundo permeado de tecnologia (…)” (Furtado, 2009, p. 137).

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Page 1: Relatório - Tema 1

Pós-Graduação em Gestão de Bibliotecas Escolares A Biblioteca Escolar e as Novas Tecnologias

José António Flambó Afonso Batista

31 de outubro de 2013

RELATÓRIO TEMA 1: Impacto relativo ao desenvolvimento da Web 2.0 na dinâmica da Biblioteca Escolar

O advento e desenvolvimento da Web 2.0 (termo criado por Tim O’Reilly, em 2004) veio

contribuir para a mudança da organização, gestão e prestação de serviços apelativos, diversificados e

de qualidade da Biblioteca Escolar, transformando-a numa autêntica Biblioteca do século XXI1, em

que o Profesor Bibliotecário, em articulação e colaboração com as várias Estruturas da Escola,

desenvolve um trabalho que visa orientar o aluno no acesso à informação e construção de

conhecimento, de forma crítica, autónoma e eficaz.

De facto, é inegável que as potencialidades das ferramentas da Web 2.0 possibilitam que a

Biblioteca Escolar se aproxime do paradigma da Biblioteca 2.0, pois, mais do que nunca, tem vindo a

afirmar-se como um espaço aberto para o mundo2 e a acompanhar o desenvolvimento tecnológico

que se opera a um ritmo vertiginoso, procurando motivar e envolver ativamente os seus utilizadores

na produção e edição de conteúdos em distintos formatos (texto, imagem, aúdio, vídeo), em blogues,

wikis, websites e redes sociais; favorecer a inteligência e interação coletivas; promover a partilha e

discussão de ideias, experiências e opiniões; apostar numa comunicação multi-direcional; sugerir

recursos, sítios eletrónicos, livros, ebooks, audiobooks, CD’s, filmes e outros assuntos de interesse;

recorrer à folksonomia, ou seja, à etiquetagem de conteúdos (social bookmarking ou tagging), de

forma a apoiar os utilizadores nas suas pesquisas; utilizar agregadores RSS para informar

frequentemente os utilizadores do trabalho desenvolvido na e com a Biblioteca; divulgar e projetar a

Biblioteca intra e extra-escola (estratégia de marketing), dando a conhecer os eventos e atividades

dinamizados; possuir um catálogo atualizado e de fácil consulta; fornecer recursos presenciais e de

forma remota, promovendo, assim, o acesso de todos à informação e, consequentemente, a inclusão

social. Enfim, a Biblioteca Escolar, no contexto da Web 2.0, passa a ser mais interativa e a estar mais

próxima e focalizada no usuário (Maness, 2007), afirmando-se como um verdadeiro espaço de

conexões, “focando mais na facilitação da transferência da informação e em alfabetização

informacional” (Idem, p. 49).

Sendo inquestionável que a (r)evolução das tecnologias e dos aplicativos da Web 2.0

condicionam, inevitavelmente, o nosso modus vivendi, bem como a forma como se ensina e aprende

(alunos e professores são, simultaneamente, aprendentes e ensinantes), o Professor Bibliotecário, no

dia a dia, funciona como agente promotor da mudança (incluindo da mudança de mentalidade dos

1 A propósito desta temática, veja-se o artigo de Ross Tood (2011). O que queremos para o futuro das

bibliotecas escolares. Lisboa: RBE. Retirado de http://www.rbe.min-edu.pt/np4/file/396/01_bibliotecarbe.pdf.

2 “Cabe à biblioteca ser o portal de ligação da escola com o mundo permeado de tecnologia (…)” (Furtado, 2009,

p. 137).

Page 2: Relatório - Tema 1

Docentes), com vista à implementação consistente de um novo paradigma digital na Biblioteca

Escolar, baseado nas teorias humanista e construtivista em que, através da implementação de

iniciativas/ projetos que fomentem a utilização/ integração das ferramentas da Web 2.0 e de

metodologias de aprendizagem centradas no aluno, possa aprender a aprender, resolver problemas,

tomar decisões, desenvolver o pensamento crítico e competências nas várias literacias. Por outras

palavras, e reportando-me aos quatro pilares da educação defendidos por Jacques Delors et alii

(2006: 90), a Biblioteca Escolar tem desempenhado um papel importante no auxílio dos alunos a

“aprender a conhecer”, “aprender a fazer”, “aprender a conviver” e “aprender a ser”. No entanto, é

necessário continuar a ensinar os alunos, que vivem diariamente rodeados de meios digitais, a tirar o

maior proveito de todas as ferramentas e equipamentos tecnológicos para a melhoria da qualidade

das aprendizagens e construção do seu próprio saber, pois, além de serem vistos como «nativos

digitais», detêm um conhecimento superficial das TIC3, encarando-as, normalmente, como artefatos

lúdicos e não tanto como verdadeiras ferramentas pedagógicas.

Em síntese, o desenvolvimento da Web 2.0 tem vindo a acarretar um impacto significativo

na alteração da conceção, funcionamento e da própria dinâmica de trabalho das Bibliotecas Escolares

que “deixam assim de ser concebidas unicamente como um espaço físico para serem vistas como um

serviço que pode, em boa parte, ser fornecido 24 horas sobre 24 horas” (Conde, 2006, p. 70).

Referências bibliográficas

Conde, Elsa (2006). A integração das TIC na Biblioteca Escolar. Lisboa: ME/ DGIDC.

Delors, Jacques et alii (2006). Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação

para o século XXI, intitulado Educação – Um tesouro a descobrir. Edições Asa. Retirado de

http://ftp.infoeuropa.eurocid.pt/database/000046001-000047000/000046258.pdf.

Furtado, Cassia (2009): “Bibliotecas Escolares e Web 2.0: Revisão da Literatura sobre Brasil e

Portugal”. In Em Questão: Revista de Biblioteconomia & Comunicação. Vol. 15. jul/dez. p.135-150.

Porto Alegre: FBC da UFRGS.

Maness, Jack (2007). Teoria da Biblioteca 2.0: Web 2.0 e suas implicações para as bibliotecas.

Informação & Sociedade. Vol.17. n.º 1. jan./abr. p.43-51. Estudos João Pessoa: Universidade Federal

da Paraíba.

Prensky, Marc (2001): “Digital Natives, Digital Immigrants”. In: On the Horizon. Vol. 9. n.º 5: MCB

University Press. Retirado de http://www.marcprensky.com/writing/Prensky%20-

%20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigrants%20-%20Part1.pdf.

3 Sobre este assunto, veja-se o artigo: “Los jóvenes hacen un uso superficial de las nuevas tecnologias”, de

Alicia Rodríguez de Paz, publicado no jornal La Vanguardia, a 4 de janeiro de 2013. Retirado de

http://www.lavanguardia.com/tecnologia/20130104/54358806590/jovenes-tienen-uso-superficial-nuevas-

tecnologias.html.