relatÓrio tÉcnico para a criaÇÃo do parque … · relatÓrio tÉcnico para a criaÇÃo do...

16
SISTEMA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS GERÊNCIA DE CRIAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS RELATÓRIO TÉCNICO PARA A CRIAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL SERRA DO OURO BRANCO E MONUMENTO NATURAL ESTADUAL DO ITATIAIA Elaboração e organização: Ana Paula Papini (Comunicóloga) Cândido de Souza Botafogo (Cartógrafo) Fellipe Pinheiro Chagas (Biólogo) Silvério Seabra da Rocha (Economista)

Upload: phamngoc

Post on 21-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

SISTEMA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE

INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS

DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS

GERÊNCIA DE CRIAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS

RELATÓRIO TÉCNICO PARA A CRIAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL SERRA DO

OURO BRANCO E MONUMENTO NATURAL ESTADUAL DO ITATIAIA

Elaboração e organização:

Ana Paula Papini (Comunicóloga)

Cândido de Souza Botafogo (Cartógrafo)

Fellipe Pinheiro Chagas (Biólogo)

Silvério Seabra da Rocha (Economista)

BELO HORIZONTE, MAIO DE 2009

Sumário:

1- Introdução

2- Localização

3- Metodologia do trabalho

4- Exposição de motivos e unidades propostas

5- Bibliografia consultada

1- Introdução:

Entre os instrumentos para conservar o patrimônio natural e amostras

representativas dos ecossistemas de Minas Gerais e do Brasil, a criação de áreas

protegidas, na forma de unidades de conservação, têm sido o método mais utilizado.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, instituído pela Lei

Federal 9.985 de 2000 e regulamentado pelo Decreto Federal 4.340 de 2002,

concebe dispositivos para a preservação de significativos e importantes

remanescentes dos biomas brasileiros. As chamadas unidades de conservação

constituem espaços territoriais destacados por ato do poder público, sendo que a

criação de uma nova unidade deve ser precedida de estudos técnicos e consulta

pública que permitam identificar a sua localização, dimensão e os seus limites mais

adequados, garantindo a preservação dos seus recursos naturais. (SNUC, Lei 9.985

de 2000 e decreto 4.340 de 2002).

Nesse sentido, a criação do Parque Estadual Serra do Ouro Branco e do

Monumento Natural Estadual do Itatiaia está baseada numa concepção de proteção

da flora, fauna, recursos hídricos, manejo de recursos naturais, desenvolvimento de

pesquisas científicas, manutenção do equilíbrio climático e ecológico e preservação

da biodiversidade, representando um importante instrumento para a sobrevivência

de muitas espécies, inclusive a humana. Busca-se, nesse contexto, formar um

sistema de áreas protegidas fortalecido no que diz respeito às estratégias de

proteção, gestão, fiscalização e preservação do meio ambiente.

Cabe destacar que as unidades de conservação a serem criadas

complementarão o mosaico de áreas protegidas no quadrilátero ferrífero,

contribuindo para o estabelecimento de corredores ecológicos e áreas de

conectividade. A diversidade de categorias de manejo presentes no mosaico (área

de proteção ambiental, floresta estadual, parques, estação ecológica, monumento

natural e reserva particular do patrimônio natural) confere um avanço no que diz

respeito às estratégias de gestão das áreas protegidas, pois assim busca-se atender

às especificidades locais em relação ao uso e preservação dos recursos ali

existentes.

A execução desse trabalho teve como premissa o estudo desenvolvido em

2006 pelo Instituto Terra Brasilis referente à criação de unidades de conservação na

Serra do Ouro Branco. Devido à importância da região, o estudo extrapolou os

limites do maciço da Serra do Ouro Branco, abrangendo também as Serras de Bico

de Pedra e do Itatiaia ou Chapada. Este complexo de montanhas abriga grande e

significativo patrimônio biológico e geológico, sendo ainda um museu aberto no que

diz respeito aos vários artefatos históricos da época do ciclo do ouro que ali estão

como testemunho da travessia e ocupação da Capitania das Minas Gerais. A

discussão dos temas trabalhados – meios biótico, abiótico e antrópico –

demonstraram a grande fragilidade desse sistema, ressaltando a necessidade de se

estabelecer e regulamentar a proteção da região.

O Projeto Estruturador do Governo do Estado, “Conservação do Cerrado e

Recuperação da Mata Atlântica”, permitiu que, a partir de fevereio de 2009, as

recomendações desenvolvidas pelo estudo e diagnóstico da organização supra

mencionada pudessem ser implementadas, sobretudo a criação das unidades de

conservação estaduais. Foram propostas pelo projeto três reservas particulares do

patrimônio natural – RPPNs e um parque estadual. Das RPPNs indicadas, uma

delas já se encontra averbada, a Reserva Luis Carlos Jurovsky Tamassia da Gerdau

Açominas. A área soma 1.247 hectares de proteção que se estende do lago

Soledade à cota 1.100 metros do paredão da Serra do Ouro Branco. O perímetro

indicado para o parque estadual segue confrontante com a RPPN da Gerdau, do

paredão do maciço do Ouro Branco até os afloramentos do Bico de Pedra e do

Itatiaia, totalizando 11.082,06 hectares. Contudo, durante o trabalho de demarcação

e estudo fundiário das propriedades afetadas, optou-se por desmembrar parte da

unidade recomendada como Parque em um Monumento Natural, buscando

compatibilizar a ocupação antrópica já existente com a proteção. As áreas que estão

no monumento, estarão sujeitas à regulamentação a ser estabelecida no plano de

manejo da unidade, pois caso contrário, o Estado deverá promover a

desapropriação conforme os dispositivos legais estabelecidos. Sendo assim, temos

como proposta final o Parque Estadual Serra do Ouro Branco com 7.788, 39

hectares e o Monumento Natural do Itatiaia com 4.437,39 hectares. Fragmentos

vegetais que não haviam sido incorporados, foram incluídos tentando-se maximizar

a área de proteção atingida pelas unidades de conservação.

Os estudos dos meios biótico, abiótico e antrópico encontram-se detalhados

na Proposta de Criação de Unidades de Conservação na Região de Ouro Branco

elaborados pela Terra Brasilis, em anexo.

2- Localização:

As unidades de conservação situam-se nos municípios de Ouro Branco (ao

norte) e Ouro Preto (ao sul), abrangendo as Serras do Ouro Branco, do Bico de

Pedra e do Itatiaia. Elas são o início da cadeia montanhosa do Espinhaço, que se

estende até o sul da Bahia, abrigando áreas de grande biodiversidade e riquesas

minerais, um patrimônio declarado pela UNESCO como reserva da biosfera, devido

a sua importância. A planta de localização das áreas encontra-se a seguir. As

coordenadas geográficas são latitude 20°30’S e longitude 43°40 O.

figura 01: Proposta das unidades de conservação a serem criadas.

3- Metodologia do Trabalho:

Inicialmente, a área a ser demarcada como Parque Estadual, foi baseada no

polígono apresentado pela proposta de criação de unidades de conservação na

Serra do Ouro Branco. Foram estudados os instrumentos de proteção legal já

existentes com seus respectivos memoriais descritivos. Esta etapa proporcionou a

compreensão das diversas percepções de preservação do patrimônio ali presente,

bem como a relação dos mesmos com o perímetro proposto para as novas unidades

de conservação. Os instrumentos legais que existem são: Área de Tombamento da

Serra do Ouro Branco (Decreto Estadual n.° 19.530 de 1978); Área de Proteção

Especial do Veríssimo (Decreto Estadual n.° 22.055 de 1982), Área de Preservação

Permanente da Gruta da Igrejinha (Decreto Estadual n.° 26.420 de 1986) e Área de

Função de Preservação Paisagística, da Flora e Fauna (Lei Orgânica municipal de

1982). Cada um deles possui os objetivos claros de conservação, sendo o Veríssimo

para proteger os mananciais de abastecimento da cidade, o tombamento estadual e

a lei municipal para manter a integridade cênica e paisagistica da Serra do Ouro

Branco e da Gruta da Igrejinha relacionada ao seu patrimônio espeleológico,

guardado em mármores dolomíticos nos espelotemas em seu interior.

No estabelecimento das divisas do perímetro da unidade de conservação

utilizou-se das informações fornecidas pelos diversos atores que possuem

propriedades na região de estudo. Foram publicadas notas de convocação nos

meios de comunicação locais para a aquisição de toda e qualquer documentação

comprobatória de posse e domínio no território das unidades de conservação (figura

02).

Figura 02: convocações nos jornais de circulação local

O estudo da documentação e as vistorias em campo revelaram duas

realidades distintas: pequenas e médias propriedades ocupadas, algumas com

plantio de eucalipto, outras com pouco gado e cavalos, e ainda, áreas de médias e

grandes propriedades, sem processo definido de uso e ocupação sendo estas,

pertencentes a diferentes empresas. A estrutura fundiária e a ocupação estabelecida

nas áreas foram o eixo que estruturou a proposição final dos limites das unidades de

conservação. A opção foi que as áreas de ocupação definidas, com benfeitorias e

moradores, fossem incluídas no perímetro do monumento natural. Dessa maneira,

espera-se definir programas que substituam eventuais práticas impactantes por

outras compatíveis com o uso indireto dos recursos, a partir de um plano de manejo

construído de forma participativa com os atores presentes na unidade de

conservação. Incluímos ainda, a localidade do Morro do Gabriel para que o

programa de manejo forneça diretrizes e alternativas para os moradores que, de

acordo com informações locais, possuem dificuldades relacionadas à moradia,

saúde e educação (figura 03 e 04). As médias e grandes propriedades ao centro e a

oeste do perímetro inicialmente proposto para o parque estadual mantiveram-se

inseridas dentro dessa categoria de manejo, uma vez que não existem uso e

ocupação definidos, sendo que o uso deverá ser limitado.

Figura 03: Áreas de médias e grandes propriedades, sem uso e ocupação definidos,

necessárias à proteção integral e incluídas dentro dos limites do Parque Estadual da

Serra do Ouro Branco. A: ao longo da estrada de acesso ao platô da serra. B: no

extremo oeste do limite do parque estadual, próximo à Mineração Lagoa Seca.

A B

Figura 04: Áreas de pequenas e médias propriedades ocupadas (A), incluindo a

comunidade de Morro do Gabriel (B), dentro dos limites do Monumento Natural

Estadual do Itatiaia.

Os decretos minerários foram revistos com os dados disponibilizados pelo

Departamento Nacional de Produção Mineral (SIGMINE) de março de 2009, bem

como as informações obtidas nas reuniões com os diferentes atores que atuam

localmente no segmento de mineração. Os polígonos encontram-se no mapa a

seguir (figura 05).

Figura 05: Decretos minerários nas unidades de conservação a serem criadas.

A B

Os processos listados estão totalmente ou parcialmente inseridos na área

proposta. Ainda assim, foram considerados os polígonos imediatamente

confrontantes aos limites do parque estadual e do monumento natural estadual. Os

processos somam ao todo 49 fases administrativas, sendo: 18 requerimentos de

pesquisa, 21 autorizações de pesquisa, 2 requerimentos de lavra, 1 em

disponibilidade e 7 concessões de lavra. Das concessões de lavra, duas delas

encontram-se em atividade (IMA e Magnesita – referentes à Mineração Lagoa

Seca), sendo totalmente excluídas do perímetro apresentado para as unidades de

conservação. Das que totalmente se inserem, uma está na Área de Preservação

Permanente da Gruta da Igrejinha (Antônio Marcello de Borges Nunes – Firma

individual para exploração de calcário), sendo inviável para exploração devido as leis

que protegem as formações espeleológicas. A outra concessão encontra-se na Área

de Proteção Especial do Veríssimo (Chaffyr Ferreira – exploração de manganês)

sem qualquer sinal de atividade e sobreposta a outros dois manifestos de lavra

(Mineração Geral do Brasil e Somifra). Os dois manifestos citados estão paralizados

há bastante tempo, parcialmente inseridos na proposta das unidades de

conservação, sendo que um deles, pertencente à Somifra Mineração, apresenta

sinais de abandono. É possível constatar na área significativo impacto antrópico,

decorrente de atividade minerária do passado, cuja lavra foi abandonada sem

qualquer medida de mitigação, ocasionando o surgimento de uma grande voçoroca

que vêm evoluindo descontroladamente, tornando o impacto difuso e de difícil

mensuração. A localização encontra-se nas coordenadas 20°27'11,85'' S e

43°41'21,53'' O. Tal situação representa um passivo ambiental, uma vez que o

sedimento erodido é transportado para a bacia do Riberão Colônia podendo causar

processos de assoreamento à jusante desse córrego, cuja rede de drenagem

deságua no Lago Soledade (vide figura 06). A concessão de lavra da Gerdau

Açominas também não está inserida na área proposta para parque que a confronta a

oeste nas proximidades da Mineração Lagoa Seca. Os dados dos processos

minerários encontram-se no quadro 01 a seguir.

Figura 06: Processo erosivo inserido no limite do parque estadual e na concessão de

lavra da Somifra Mineração, sendo que a área apresenta sinais de abandono.

NUMERO ANO PROCESSO FASE NOME SUBSTÂNCIA 831684 2001 831684/2001 MINERAÇÃO MONTE VERDE LTDA. ESTEATITO 831083 2004 831083/2004 RICARDO NORBERTO RIBEIRO MINÉRIO DE OURO 833166 2004 833166/2004 RICARDO NORBERTO RIBEIRO MINÉRIO DE OURO 833655 2004 833655/2004 Sand Do Brasil LTDA-ME MINÉRIO DE OURO 832069 2005 832069/2005 EDSON FERNANDES DOS PRAZERES MINÉRIO DE OURO 831325 2005 831325/2005 RNW MINERAÇÃO LTDA - ME MINÉRIO DE OURO 831874 2005 831874/2005 CONVAP MINERAÇÃO S.A. MINÉRIO DE FERRO 832892 2005 832892/2005 THIAGO DE CASTRO SOUSA MINÉRIO DE FERRO 831747 2006 831747/2006 ÁGUA NOVA PESQUISAS MINERAIS LTDA. MINÉRIO DE OURO 831621 2006 831621/2006 ÁGUA NOVA PESQUISAS MINERAIS LTDA. MINÉRIO DE OURO 831751 2006 831751/2006 ÁGUA NOVA PESQUISAS MINERAIS LTDA. MINÉRIO DE OURO 831583 2006 831583/2006 ÁGUA NOVA PESQUISAS MINERAIS LTDA. MINÉRIO DE OURO 831584 2006 831584/2006 ÁGUA NOVA PESQUISAS MINERAIS LTDA. MINÉRIO DE OURO 831680 2006 831680/2006 ÁGUA NOVA PESQUISAS MINERAIS LTDA. MINÉRIO DE OURO 833389 2006 833389/2006 IVALDO ROSARIO DAMASCENO QUARTZO 832628 2007 832628/2007 CONSTROE LTDA MINÉRIO DE FERRO 830120 2003 830120/2003 RICARDO NORBERTO RIBEIRO MINÉRIO DE OURO 831752 2006 831752/2006 ÁGUA NOVA PESQUISAS MINERAIS LTDA. MINÉRIO DE OURO 832382 2007 832382/2007 ÁGUA NOVA PESQUISAS MINERAIS LTDA. MINÉRIO DE OURO 833058 2007 833058/2007 MINERAÇÃO ESTRELA DO NORTE LTDA - ME. MINÉRIO DE OURO 830542 2005 830542/2005

AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

RICARDO NORBERTO RIBEIRO MINÉRIO DE OURO 4575 1935 4575/1935 GERDAU AÇOMINAS S.A. FERRO 2918 1936 2918/1936 MINERAÇÃO GERAL DO BRASIL LTDA. FERRO 1328 1940 1328/1940 CHAFFYR FERREIRA MANGANÊS 5886 1940 5886/1940 IMA INDÚSTRIA DE MADEIRA IMUNIZADA LTDA. CALCÁRIO

3237 1936 3237/1936 SOMIFRA SOCIEDADE COMERCIAL E INDUSTRIALDE MINERIOS REFRATARIOS SA FERRO

7436 1944 7436/1944 ANTONIO MARCELLO DE BORGES NUNES-FIRMA INDIVIDUAL CALCÁRIO 2844 1943 2844/1943

CONCESSÃO DE LAVRA

MAGNESITA S.A. CALCÁRIO 831938 2003 831938/2003 DISPONIBILIDADE CARLOS DONIZETE PAIXÃO QUARTZO 803394 1976 803394/1976 Companhia Vale do Rio Doce VANÁDIO 806794 1977 806794/1977

REQUERIMENTO DE LAVRA ISHIZO EMPREENDIMENTOPARTICIPAÇÕES LTDA GRANADA

833631 1996 833631/1996 Companhia Vale do Rio Doce MINÉRIO DE FERRO 830952 2007 830952/2007 AGENOR NARCIZO DRUMOND COSSOLOSSO MINÉRIO DE MANGANÊS 834773 2007 834773/2007 ISHIZO EMPREENDIMENTOPARTICIPAÇÕES LTDA MINÉRIO DE FERRO 830198 2008 830198/2008 BRAZMINCO LTDA MINÉRIO DE OURO 830404 2008 830404/2008 OTAVIO MARCIO PERRI DE RESENDE MINÉRIO DE FERRO 830405 2008 830405/2008 OTAVIO MARCIO PERRI DE RESENDE MINÉRIO DE FERRO 831465 2008 831465/2008 MG4 Participações e Empreendimentos S/A MINÉRIO DE FERRO 830503 2008 830503/2008 ÁGUA NOVA PESQUISAS MINERAIS LTDA. MINÉRIO DE OURO 831906 2008 831906/2008 INGO GUSTAV WENDER MINÉRIO DE FERRO 833767 2008 833767/2008 BRAZMINE MINERAÇÃO, COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA MINÉRIO DE FERRO 832299 2008 832299/2008 Inv Mineração Ltda. MINÉRIO DE FERRO 830346 2009 830346/2009 TERRATIVA MINERAIS S.A. MINÉRIO DE FERRO 832648 2007 832648/2007 OTAVIO MARCIO PERRI DE RESENDE MINÉRIO DE FERRO 832413 2007 832413/2007 CAMARGOS QUINTELLA GESTÃO EMPRESARIAL LTDA MINÉRIO DE FERRO 832413 2007 832413/2007 CAMARGOS QUINTELLA GESTÃO EMPRESARIAL LTDA MINÉRIO DE FERRO 833764 2008 833764/2008 BRAZMINE MINERAÇÃO, COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA MINÉRIO DE FERRO 834143 2008 834143/2008 RAIMUNDO RIOGA AREIA 834424 2008 834424/2008

REQUERIMENTO DE PESQUISA

ÁGUA NOVA PESQUISAS MINERAIS LTDA. MINÉRIO DE OURO

Quadro 01: Relação dos processos administrativos protocolados no Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM.

Foram realizadas reuniões com as empresas proprietárias de terrenos

inseridos nos limites das futuras unidades de conservação para a apresentação da

proposta e aquisição de dados fundiários. De maneira semelhante, os pequenos e

médios proprietários foram convidados para apresentação da documentação. Ainda

na etapa das discussões, participaram os seguintes atores: Prefeituras Municipais

de Ouro Branco e Ouro Preto por intermédio de suas respectivas Secretarias de

Meio Ambiente; Ministério Público local; Assembléia Legislativa do Estado de Minas

Gerais por meio da representação local do Deputado Padre João; representantes

da comunidade e dos empreendedores. Os dados obtidos puderam ser checados

em vistorias no campo, com posterior construção de um sistema de informações

geográficas que subsidiasse a execução do projeto para a apresentação formal em

audiências públicas.

4- Exposição de motivos e unidades propostas:

A proteção das Serras de Ouro Branco, Bico de Pedra e Itatiaia é uma ação

necessária, conforme demonstrado nas áreas temáticas trabalhadas e detalhadas

no estudo diagnóstico elaborado pela Terra Brasilis. O indicativo de PROTEÇÃO

INTEGRAL justifica-se por várias razões, podendo destacar:

• estruturas geológica e geomorfológica vulneráveis, pois quando o sistema é

submetido a pressões inadequadas de uso e ocupação o resultado são

áreas potenciais para a formação de processos erosivos que podem

assorear as planícies fluviais;

• grande potencial para a recarga hídrica dos mananciais e drenagens que

existem na serra, sendo que além da captação de água para o consumo

humano na cidade, são abastecidos dois grandes reservatórios: Lago

Soledade e Represa dos Taboões;

• área de diversidade biológica importantíssima, abriga endemismos de flora

rupestre nos afloramentos rochosos e alta relevância na cadeia do

espinhaço, demonstra ainda grande riqueza de fauna e de outros elementos

da flora;

• beleza cênica e paisagística, sítios de importância histórica e abrigo de um

acervo fantástico de artefatos do ciclo do ouro;

• vocação turística pela localização, paisagem e natureza.

Conforme exposto anteriormente, optou-se por realizar o desmembramento

do perímetro proposto para o Parque Estadual em duas unidades de

conservação: Parque Estadual da Serra de Ouro Branco e Monumento Natural

Estadual do Itatiaia.

O Parque Estadual da Serra de Ouro Branco abriga todo o paredão, as

bacias dos Ribeirões Colônia, do Bule, do Charco e parte das cabeceiras dos

córregos da Lavrinha, do Garcia e da Água Limpa. A estrutura fundiária é

composta principalmente por grandes propriedades sem uso e ocupação

definidos. A manutenção da cobertura vegetal existente é fundamental para

assegurar a qualidade dos recursos hídricos dessas bacias, bem como evitar os

processos erosivos no solo da região. Portanto, deve-se manter a cobertura

natural e promover a proteção efetiva dos campos rupestres existentes na Serra

do Ouro Branco, por serem ambientes de alta importância biológica e de grande

fragilidade. As áreas inseridas no parque deverão ser desapropriadas pelo

poder público conforme os dispositivos legais.

Sem dúvida alguma, é inegável a necessidade de se estabelecer corredores

ecológicos e áreas de conectividade entre a Serra do Ouro Branco e as Serras

do Bico de Pedra e Itatiaia. Estas áreas proporcionam o fluxo gênico das

espécies da flora, são refúgios para o deslocamento da fauna e mantêem a

qualidade das águas nos córregos, tanto por facilitar a recarga hídrica local

quanto por proteger o solo, impedindo o carreamento de sedimentos para os

cursos d’água.

Dessa maneira, buscando o envolvimento na preservação e conservação

ambiental da área pelos moradores que existem no centro da região

inicialmente sugerida para o parque e, também, na expectativa de não se criar

conflitos fundiários, estruturou-se um monumento natural. Porém, é necessária

a compreensão do poder público e da sociedade local de que a ocupação

existente deverá ter seu uso restrito e adequado à proteção integral dos

recursos naturais. A execução desse projeto é um grande desafio que

dependerá do esforço de ambos os atores, consolidado num plano de gestão

para a área.

O Monumento Natural do Itatiaia abriga as Serras do Itatiaia e do Bico de

Pedra. Nele se inserem parte das bacias dos Córregos da Lavrinha, da Ponte,

da Cachoeira, do Falcão e da Caveira. Os afloramentos rochosos das Serras

são sítios de grande beleza e importância nos contextos naturais e histórico da

região. De acordo com o estudo para a criação de unidades de conservação na

Serra de Itatiaia foi encontrada uma espécie de Sempre Viva, ameaçada de

extinção, em excelente estado de conservação. No monumento é imprescindível

a elaboração de um plano adequado de manejo nas propriedades que ficaram

no seu território. É certo que muitas atividades poderão ser proibidas ou se

tornarem restritas. As reservas legais deverão ser averbadas e mantidas, as

áreas de preservação permanente respeitadas e, quando for o caso,

recuperadas.

Os nomes PARQUE ESTADUAL SERRA DO OURO BRANCO e

MONUMENTO NATURAL ESTADUAL DO ITATIAIA estão intimamente ligados

as denominações locais para estas serras que são identidade visual e cultural

no contexto regional.

A proposta das unidades de conservação perfazem ao todo, 12.225,78 ha

que somados à RPPN da Gerdau Açominas teremos 13.472 ha de áreas

protegidas.

5- Bibliografia consultada:

ARAÚJO, M.A.R. Unidades de Conservação no Brasil: da República à Gestão

de Classe Mundial. Belo Horizonte: SEGRAC, 2007.

Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais em http://www.almg.gov.br

DRUMMOND, Gláucia Moreira et al (Org). Biodiversidade em Minas Gerais: um

atlas para sua conservação. 2.e. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2005.

222p

FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS. Livro vermelho das espécies ameaçadas de

extinção da fauna de Minas Gerais. Belo Horizonte, 1998.605p.

MENDONÇA, M.P., LINS, L.V. 2000. Lista vermelha das espécies ameaçadas de

extinção de Minas Gerais. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, Fundação

Zoobotânica de Belo Horizonte. 157p.

Plano de Manejo do Parque Estadual do Pico do Itacolomi. Instituto Estadual de

Florestas: Belo Horizonte, 2008

PROPOSTA PARA A CRIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA

REGIÃO DE OURO BRANCO, MINAS GERAIS. Belo Horizonte: Instituto Terra

Brasilis, 2006. 139 p.

Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço: proposta de criação. Grupo de

trabalho instituído pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável. Resolução SEMAD n.º 244 de 2004.

SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA –

SNUC, Lei Nº. 9985, de 18 de julho de 2000; Decreto Nº. 4340, de 22 de agosto de

2002. 5.e. Brasília: MMA/SBF, 56p.

SCOLFORO, J.R.; CARVALHO, Luis Marcelo Tavares de (Eds.). Mapeamento e

Inventário da Flora Nativa e Reflorestamentos de Minas Gerais. Lavras: UFLA,

2008. 357p.

VERÍSSIMO, A.; PALMIERI, R.; FERAZ, M. Guia de Consultas Públicas para

Unidades de Conservação. Piracicaba: Imaflora; Belém: Imazon, 2005. 88p.