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ABCM_RT01_2012 ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DAS TERMELÉTRICAS A CARVÃO NACIONAL: ENFOQUE SISTÊMICO Análise dos Resultados RELATÓRIO FINAL 03 de setembro de 2012.

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A B C M _ R T 0 1 _ 2 0 1 2

ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DAS TERMELÉTRICAS A CARVÃO NACIONAL: ENFOQUE SISTÊMICO

Análise dos Resultados

RELATÓRIO FINAL

03 de setembro de 2012.

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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

Qualificação

Relatório Técnico

Versão

04

Data (dia, mês e ano)

03.09.2012

Nº do volume

Nº da parte

Nº de páginas: 66

Título:

ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO ECONÔMICA DAS TERMELÉTRICAS A CARVÃO

NACIONAL: ENFOQUE SISTÊMICO

Subtítulo:

Análise dos Resultados – Relatório Final

Entidade Executora:

WeSee Visão Dinâmica de Sistemas

MRTS Engenharia e Consultoria

Autor(es):

Marciano Morozowski Filho

Ivana Costa Nasser

Dorel Soares Ramos

Amaro Pereira

Entidade Patrocinadora (cliente ou destinatário principal):

ABCM – Associação Brasileira do Carvão Mineral

Resumo (abstract):

Relatório técnico sobre a viabilidade técnico-econômica do parque termelétrico a

carvão nacional, levando em conta aspectos técnico-econômicos e regulatórios, no

âmbito do SIN.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 6

METODOLOGIA E ETAPAS .................................................................................................................................... 11

ETAPA I: LEVANTAMENTO DE DADOS E INFORMAÇÕES ....................................................................................... 15

Visão Conjuntural ...................................................................................................................... 15

Visão estrutural (longo prazo) ................................................................................................... 18

ETAPA II: ANÁLISE DE DESEMPENHO TÉCNICO-ECONÔMICO ............................................................................... 20

Risco de Déficit ...................................................................................................................... 20

Expectância de Energia Não Suprida (EENS) ......................................................................... 23

Custo Marginal de Operação (CMO) ..................................................................................... 24

Custo Total de Operação ....................................................................................................... 30

Intercâmbio Sul-Sudeste ....................................................................................................... 34

Emissão de Gases de Efeito Estufa ........................................................................................ 38

ETAPA III – ANÁLISE DA MODERNIZAÇÃO DO PARQUE TERMELÉTRICO ............................................................... 39

Risco de Déficit ...................................................................................................................... 39

Expectância de Energia Não Suprida (EENS) ......................................................................... 40

Custo Marginal de Operação ................................................................................................. 41

Custo Total de Operação ....................................................................................................... 42

Emissões de GEE .................................................................................................................... 43

ETAPA IV – ANÁLISE QUALITATIVA DO PARQUE TERMOELÉTRICO ....................................................................... 47

Conjuntura atual e suprimento da demanda de ponta......................................................... 47

Contexto de médio prazo ...................................................................................................... 52

Contexto de longo prazo ....................................................................................................... 54

Constatações e Perspectivas para o Atendimento da Ponta de Carga ................................. 54

Portaria MME no. 07.2012 .................................................................................................... 58

Expansão da Oferta e Intercâmbios Regionais ...................................................................... 59

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................................... 63

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................................... 65

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Lista de Figuras Figura 1: Composição do Parque Gerador do SIN - PMO 05.2012 15 Figura 2: Composição do Parque Termelétrico (SIN) em 05.2012. PMO 05.2012. 16 Figura 3: Potência e CVU usinas térmicas do SIN. PMO 05.2012. 17 Figura 4: Composição do Parque Termoelétrico (SIN) em 12.2020. PDE 2020 19 Figura 5: Potência e CVU das usinas térmicas do SIN. PDE 2020. 19 Figura 6: Risco de Déficit de Energia – Regiões Sudeste-Sul – Cenários PMO 05.2012 21 Figura 7: Risco de Déficit de Energia – Regiões Nordeste-Norte. Cenários PMO 05.2012 21 Figura 8: Risco de Déficit de Energia por região – Cenários PDE 2020 22 Figura 9: EENS por região – Cenários PMO 05.2012 23 Figura 10: EENS por região – Cenários PDE 2020. 24 Figura 11: Custo Marginal de Operação por região – Cenários PMO 05.2012 25 Figura 12: Custo Marginal de Operação por região – Cenários PDE 2020 26 Figura 13: Curva de Permanência - Custo Marginal de Operação – Região Sul – Cenários PMO 05.2012 27 Figura 14: Curva de Permanência - Custo Marginal de Operação – Região Sul – Cenários PDE 2020 28 Figura 15: Distribuição de Frequencias do CMO para 2016 – Região Sul – Cenários PMO 05.2012 29 Figura 16: Distribuição de Frequencias do CMO para 2016 – Região Sul – Cenários PDE 2020 29 Figura 17: Custo total de Operação. Cenários PMO 05.2012. Ref: 05.2012 30 Figura 18: Custo Total de Operação – cenários PDE 2020. Ref: 05.2010 32 Figura 19: Custo Total de Operação: curva de permanência – cenários PDE 2020. Ref: 05.2010 33 Figura 20: CVAR do Custo total de Operação. Cenários PMO 05.2012. Ref: 05.2012 34 Figura 21: Intercâmbios médios mensais Sudeste-Sul – cenários PMO 05.2012 35 Figura 22: Curva de Permanência - Intercâmbios médios mensais Sudeste-Sul – cenários PMO 05.2012 36 Figura 23: Intercâmbios médios mensais Sudeste-Sul – cenários PDE 2020 37 Figura 24: Curva de Permanência - Intercâmbios médios mensais Sudeste-Sul – cenários PDE 2020 37 Figura 25: Risco de Déficit de Energia por região – Cenários PDE_2020 e PDE_2020 ca1 39 Figura 26: EENS Cenário PDE 2020 e PDE 2020_ca1 – Regiões SE-S. 40 Figura 27: Custos Marginais Médios Anuais por região. Caso PDE 2020 X PDE 2020_ca1 e ca_2 41 Figura 28: Valor Esperado do Custo Total de Operação – Cenários de Modernização PDE 42 Figura 29: Emissões de GEE. Cenários PDE 2020 45 Figura 30: Emissões por fonte em cada cenário. Ano 2020. 46 Figura 31: Reserva de Potência Operativa nas Regiões Sul e Sudeste (MW). Fonte: ONS PMO 03.2010 49 Figura 32: Evolução do atendimento à Ponta de Carga – Região Sul-Sudeste – 2009 a 2012. 50 Figura 33: Geração Termelétrica na Região Sul. Fonte: ONS PMO 02.2010. 51 Figura 34: Geração Termelétrica na Região Sudeste. Fonte: ONS PMO 02.2010. 51 Figura 35: Despacho acima da inflexibilidade para ponta: sem reforços de capacidade. Fonte: ONS 55 Figura 36: Despacho acima da inflexibilidade para ponta: motorização de UHEs existentes. Fonte: ONS 56 Figura 37: Oferta e Demanda de Energia: Balanço do SIN 59 Figura 38: Oferta e Demanda de Energia: Balanços Regionais – Região Sul. 60

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Termelétricas a carvão consideradas no Caso PMO_TR e PDE_TR. Fonte: ABCM 12

Tabela 2: Dados para novos empreendimentos. Fonte: Tractebel 13

Tabela 3: Informações sobre empreendimentos específicos. Fonte: ABCM 13

Tabela 4: Novas usinas a carvão nacional consideradas no cenário PDE 2020_ca1 e PDE 2020_ca2 14

Tabela 5: Capacidade Instalada no SIN por fonte e região em 05.2012. PMO 05.2012. 15

Tabela 6: Usinas a Carvão no horizonte do PMO 05.2012. 17

Tabela 7: Parque gerador termelétrico previsto para 12.2020. PDE 2020 18

Tabela 8: EENS para Cenários PMO 05.2012 23

Tabela 9: EENS para Cenários PMO 05.2012 24

Tabela 10: Valor Esperado do Custo Total de Operação – Cenários de Modernização PDE 42

Tabela 11: Fatores de emissão por combustível. Fonte: MCT 43

Tabela 12: Fatores de emissão por usina 43

Tabela 13: Oferta 2010 a 2015 - Participação por Fonte. Fonte: PEN 2011 – Cenário de Referência 53

Tabela 14: Disponibilidade de Potência no SIN – 11.2010 (MW). Fonte: ONS 54

Tabela 15: Poços Existentes. Fonte: Abrage. 55

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INTRODUÇÃO

O carvão é o combustível fóssil com a maior reserva mundial, espalhada por mais de 70

países. É também a principal fonte primária de energia elétrica, representando cerca de 42%

da matriz elétrica mundial.

No Brasil, esse energético ainda não desempenha papel expressivo na geração de energia

elétrica, mas esse quadro poderá mudar, na medida em que a busca de soluções social e

ambientalmente viáveis, com base em tecnologias disponíveis, torne essa opção energética

social e economicamente atrativa. Concorrem para acelerar esta mudança o esgotamento

do potencial hidrelétrico econômica e ambientalmente viável, a ampla disponibilidade e os

preços estáveis e relativamente baixos do carvão mineral nacional.

A participação termelétrica na matriz elétrica cresceu significativamente nos últimos anos.

Enquanto a capacidade de geração total do país evoluiu 51,35% e de geração hidrelétrica

29,31% na última década, a capacidade instalada das termelétricas cresceu 183,26%.

A geração termelétrica é relevante para o SIN e pode atuar de forma reconhecidamente

complementar ao parque hidrelétrico, sendo fundamental para o atendimento da demanda

em condições hidrológicas adversas. Vários são os combustíveis utilizados na geração

termelétrica, sendo que os de origem fóssil respondem por 67% da capacidade nacional.

No caso do parque termelétrico a carvão nacional, a capacidade instalada atual é de 1.765

MW, não havendo previsão de expansão adicional desta fonte no horizonte do PDE 2020,

além das usinas termelétricas a carvão de Pecém (3x350 MW) e Itaqui (350 MW), ambas em

fase final de construção.

A operação das térmicas a carvão se dá em condições de flexibilidade parcial, determinada

por cláusulas tipo take-or-pay nos contratos de fornecimento de carvão e também por

condicionantes técnicos (fator de capacidade mínimo). A inflexibilidade operativa pode ser

reduzida com a estocagem de carvão na usina, sempre que as condições hidrológicas forem

favoráveis, mantendo a compra do volume obrigatório previsto em contrato, que viabiliza a

continuidade do seu suprimento.

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O carvão nacional usado pelas termelétricas (em operação ou planejadas antes da reforma

dos anos 1990) é adquirido por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que

atualmente abrange a totalidade da energia elétrica produzida por estas usinas. O montante

de carvão (toneladas) considerado no cálculo do reembolso ao gerador é estimado com base

na geração (MWh) de cada usina participante da CDE, levando em conta o fator de eficiência

(MWh/tonelada) medido na usina.

Este reembolso é regulamentado pela ANEEL1, com base em critérios de rentabilidade e de

preservação do nível de produção da indústria do carvão. O valor total da CDE em 2011 foi

de R$ 3,8 bilhões, ocasião em que esse reembolso atingiu cerca de R$ 600 milhões.

No período de 11.08 a 14.10.2011 foi realizada a Audiência Pública no 43/2011, com sessão

presencial em 30.09.2011, objetivando obter contribuições para aperfeiçoar a Resolução

Normativa (REN) no 129/2004, que estabelecia os procedimentos para reembolso, por meio

da CDE, do custo de combustíveis de empreendimentos que utilizam carvão nacional.

A primeira proposta de revisão da REN no 129/2004, levada à referida Audiência Pública,

tinha como principal ponto a redução de reembolso ao agente gerador, dos atuais 100%,

para a diferença entre o preço de liquidação das diferenças (PLD) e o custo variável unitário

eficiente (CVU eficiente). Tal sistemática foi proposta com o objetivo de equiparar as usinas

beneficiárias da CDE a usinas convencionais, nas mesmas condições de mercado.

A Nota Técnica nº 034/2011-SRG/ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica, 2011) aponta

que, dentre as nove termelétricas a carvão avaliadas pela ANEEL, apenas duas (somando 700

MW) têm eficiência próxima da referência proposta pela ANEEL. As demais usinas (somando

1.050 MW) são mais antigas, portanto com níveis de eficiência inferiores.

As mudanças propostas pela ANEEL na referida nota técnica foram as seguintes:

1. Reforçar os mecanismos de fiscalização dos custos do carvão;

2. Reembolsar apenas a parcela inflexível (não mais a totalidade) da geração termelétrica;

1 A utilização da CDE para reembolso do custo do carvão era regulamentada pela resolução da ANEEL REN no 129 de 20.12.2004.

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3. Reembolsar apenas o montante de carvão dado pela razão entre a parcela inflexível e

um fator de eficiência referencial, estabelecido pela ANEEL;

4. Deduzir do reembolso, calculado com base na premissa anterior, o montante que a usina

receberia, se vendesse a energia produzida ao PLD, no mercado de curto prazo da CCEE.

As contribuições à Audiência Pública mostraram que a aplicação deste mecanismo, vinculado

ao PLD, implicaria em grave risco financeiro ao agente gerador, que, por força da compra

firme de combustível, não tem flexibilidade para modular seu despacho de acordo com a

variação do PLD. Mostraram ainda que a contratação de energia de origem termelétrica, em

geral por meio de contratos na modalidade “por quantidade”, caracterizaria duas despesas

firmes (contrato de venda de energia e de compra de combustível) frente a uma expectativa

de receita variável (CVU - PLD).

Observou-se também que a sistemática levada à Audiência Pública incentivaria o despacho

da usina em períodos de PLD baixo, para maximizar o reembolso pela CDE (CVU-PLD), por

meio da postergação de manutenções programadas para períodos de PLD mais alto, o que

desfavoreceria a segurança e otimização do sistema elétrico brasileiro.

Uma vez que a planta tenha contratos de venda de energia (normalmente é o caso), nos

períodos de PLD muito alto, o reembolso tende a zero (o PLD pode ser maior ou igual ao CVU

da usina); havendo contrato a ser cumprido, a planta receberia apenas o preço de contrato,

significativamente inferior ao PLD, sem contar com nenhum tipo de reembolso para os

combustíveis utilizados (que inclui a inflexibilidade), com impacto financeiro desfavorável

sobre o fluxo de caixa do empreendimento.

A ANEEL informa, na mesma nota técnica, que as novas regras tem como objetivo incentivar

a modernização do parque gerador a carvão. De fato, investimentos em modernização, que

aumentassem a baixa eficiência das usinas mais antigas, decorrente da tecnologia disponível

na época de suas construções, permitiriam reduzir o CVU destas usinas e, em consequência,

aumentariam a garantia física dos projetos. Isso contribuiria para sua viabilidade econômica,

se essa garantia adicional pudesse ser comercializada, assegurando a recuperação de custos

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de reforma de caldeiras, turbinas e geradores. 2 A viabilidade econômica de eventuais

investimentos em modernização depende, portanto, da possibilidade de comercializar a

garantia física adicional no ambiente de comercialização livre (ACL) ou no ambiente de

comercialização regulado (ACR).

A comercialização de energia no ACL, onde não há distinção entre energia existente e nova,

embora mais simples (bastaria que o MME e a ANEEL homologassem o ganho de lastro

comercial), dificilmente resultaria em contratos de longo prazo, necessários para amortizar o

alto custo de reforma das usinas. Assim, o caminho para viabilizar contratos de longo-prazo,

é o de comercializar a garantia física adicional em leilões de energia nova no ACR.

Para isso, no entanto, é necessário que a ANEEL regulamente os ganhos de garantia física

proveniente de usinas modernizadas, para que possam ser considerados como energia nova

e, em seguida, que o MME abra espaço para essa energia em leilões de energia nova. 3 Após

a Audiência Pública, a SRG publicou nova minuta de Resolução, em 03.2012, a qual suscitou

novas contribuições, permitindo aperfeiçoar a proposta. Em 29.04.2012, a SRG, por meio da

Nota Técnica no 37/2012-SRG-SRE/ANEEL, recomendou que a Resolução Normativa n.

129/2004 fosse revisada, para incentivar a modernização das usinas a carvão nacional e

aperfeiçoar o mecanismo de reembolso da CDE. A REN no 500, aprovada em 17.07.2012,

mudou a forma de aplicar o reembolso da CDE, como segue:

Onde:

CTreembolso: reembolso devido ao agente beneficiário (R$);

CTcomb: custo efetivo de combustíveis primários e secundários4 (R$);

ηref: eficiência energética líquida de referência, variável de acordo com a potência da usina5;

ηusina: eficiência energética líquida da usina (%).

2 Estima-se que o custo desta modernização seria da ordem de metade do custo de uma usina nova, caso se realize na mesma localização, ou, de uma usina nova, caso em que durante a construção seja mantida a usina atual em operação. 3 O MME tem sinalizado que não intenciona publicar Portaria com metodologia para o cálculo de variações de garantia física de empreendimentos existentes, evidenciando um obstáculo adicional a ser transposto. 4 O custo efetivo do combustível é o valor líquido após a aplicação dos limites de preço dos combustíveis cfe. Art. 12 dessa resolução e do desconto de impostos e tributos recuperáveis ou isentos. 5 Eficiência energética de referência: 25% para potência instalada ≤ 50 MW; 30% para potência instalada > 50 MW e ≤ 100 MW; 35% para potência instalada > 100 MW. O cálculo da eficiência energética da usina é função da geração líquida medida no ano civil anterior e da quantidade de combustíveis consumidos.

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Tal requisito muda o atual reembolso de 100% do custo total de combustível incorrido para

geração (que inclui a parcela inflexível), para um reembolso que reflete a relação entre a

eficiência líquida atual da usina e sua referência, penalizando as plantas com baixa eficiência,

por meio de redução de reembolso via CDE e da limitação de cobertura aos gastos com

geração da parcela inflexível prevista em contrato.

Diante destes fatos, a ABCM considera oportuno avaliar os efeitos sistêmicos de uma

eventual desativação, em caráter temporário (caso de reforma) ou permanente das usinas

consideradas ineficientes na NT AP 043.2011, o que corresponde a cerca de 1.050 MW de

capacidade instalada na região Sul, por meio da quantificação do impacto de tais ações nos

indicadores de planejamento. Avaliou-se também um cenário alternativo para considerar a

participação do carvão mineral na expansão do sistema gerador da Região Sul.

Este relatório resume os dados, as premissas, os casos de estudo e respectivos resultados,

apresentando ainda as principais conclusões do trabalho, desenvolvido em consonância com

as diretrizes da ABCM e da Tractebel Energia. Apresenta-se a seguir a metodologia de estudo

e a estrutura deste documento.

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METODOLOGIA E ETAPAS

A Etapa I do trabalho compreendeu o levantamento de dados e informações sobre o sistema

brasileiro, em três níveis: Sistema Interligado Nacional (SIN), sistema termelétrico da região

Sul e o potencial de ampliação da capacidade em centrais termelétricas nesta região. Os

dados do sistema de geração foram compilados a partir de fontes públicas (ONS e EPE), além

de informações fornecidas pela ABCM e Tractebel. Para o sistema termelétrico foram

levantadas, além dos dados de capacidade instalada atual, as possibilidades de ampliar esta

capacidade na região Sul, tanto por meio de melhoria no desempenho das usinas, quanto

por substituição das mesmas por novas usinas.

A Etapa II teve como objetivo quantificar a contribuição das termelétricas a carvão nacional

para a operação eletroenergética do SIN, incluindo os seguintes aspectos:

Garantia de suprimento: risco de déficit e valor esperado da energia não suprida (EENS);

Custo marginal de operação (CMO), base do preço de liquidação de diferenças (PLD);

Uso do sistema de transmissão, indicado pela frequência e intensidade de intercâmbios;

Emissões de gases de efeito estufa (GEE).

O cálculo dos indicadores de custo e risco na geração de energia foi realizado considerando

dois horizontes temporais: médio prazo (2012-2016) e longo prazo (2016-2020). A análise de

médio prazo (visão conjuntural) busca quantificar os efeitos de uma eventual retirada

(temporária ou permanente) das térmicas ineficientes sobre as condições de atendimento

ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A análise de longo-prazo teve os mesmos objetivos,

considerando a evolução da oferta e da demanda em termos estruturais (visão estrutural).

A análise em horizonte de médio prazo teve como base o Plano Mensal de Operação do mês

de maio de 2012 (PMO 05.2012), no que se refere à evolução da demanda e expansão da

oferta. A análise em horizonte de longo prazo (2016-2020) teve como base o Plano Decenal

de Expansão de Energia 2011-2020 (PDE 2020), nos mesmos termos.

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No horizonte de médio prazo (visão conjuntural), foram analisados os seguintes casos:

Caso base PMO: configuração PMO 05.2012, considera todas as térmicas candidatas à

desativação modeladas com os mesmos parâmetros em uso pelo ONS, tais como: fator

de capacidade, rendimento, taxa de indisponibilidade forçada, geração térmica mínima;

Caso PMO_ST: similar ao anterior, considera as usinas Jorge Lacerda 1, 2 e B; Presidente

Médici A e B; São Jerônimo; Charqueadas e Figueira como desativadas, totalizando 1.052

MW a menos na capacidade instalada da Região Sul.

Caso PMO_TR: a partir do caso base PMO, considera a desativação das termelétricas

ineficientes, para fins de reforma, no período de 08.2012 a 12.2015; as térmicas

reformadas foram modeladas com parâmetros fornecidos pela ABCM, como consta na

Tabela 1. Considerou-se, para as térmicas reformadas, um fator de capacidade máximo

de 100% e inflexibilidade de 50%.

Tabela 1: Termelétricas a carvão consideradas no Caso PMO_TR e PDE_TR. Fonte: ABCM Nome Subsistema Data de operação CVU (R$/MWh) Potência Efetiva(MW) TEIF (%) IP (%)

P.MEDICI A SUL 12.2015 62,51 126,00 1,5 3,5

P.MEDICI B SUL 12.2015 62,51 320,00 1,5 3,5

J.LACERDA C SUL Existente 123,8 363,00 5,6 8,9

J.LACERDA B SUL 12.2015 148,11 262,00 1,5 3,5

J.LACERDA A1 SUL 12.2015 148,11 100,00 1,5 3,5

J.LACERDA A2 SUL 12.2015 148,11 132,00 1,5 3,5

FIGUEIRA SUL 12.2015 145,29 20,00 1,5 3,5

CHARQUEADAS SUL 12.2015 117,57 72,00 1,5 3,5

S.JERONIMO SUL 12.2015 126,63 20,00 1,5 3,5

CANDIOTA 3 SUL Existente 54,99 350,00 7,1 7,1

P PECEM 2 NORDESTE 2013 127,92 360,00 1,5 3,5

P. PECEM 1 NORDESTE 2012 121,99 720,28 1,7 8,3

PORTO ITAQUI NORTE 2012 122,83 360,14 1,5 3,5

Na visão estrutural, os casos considerados são os seguintes:

Caso base PDE: na configuração do PDE 2020, modelam-se as térmicas ineficientes com

os parâmetros usados na elaboração do PDE: fator de capacidade máximo, rendimento,

taxa de indisponibilidade forçada, geração térmica mínima etc;

Caso PDE_ST: similar ao anterior, sem as usinas ineficientes, retiradas da configuração;

Caso PDE_TR: a partir do caso base PDE, considera-se a reforma das térmicas ineficientes

no período de 08.2012 a 12.2015; como no caso PMO_TR, as térmicas reformadas são

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modeladas com os parâmetros da Tabela 1. Tal como no caso PMO_TR, considera-se as

térmicas reformadas com fator de capacidade máximo de 100% e inflexibilidade de 50%.

A análise da modernização do parque termelétrico, realizada na Etapa III, teve como objetivo

identificar os ganhos, para o SIN, de uma futura modernização do parque termelétrico a

carvão nacional, por meio de projetos disponíveis na região Sul.

Entende-se por “modernização”, portanto, neste trabalho, a substituição das termelétricas

ineficientes por novas usinas, com tecnologias modernas, maior eficiência, maior capacidade

de produção, menor consumo de carvão e menor taxa de emissão de gases de efeito estufa

por MWh produzido.

Embora similar, em termos de metodologia, à análise anterior, o estudo de modernização

tem como objetivo principal avaliar, no contexto do PDE 2020, o desempenho de um parque

termelétrico modernizado, construído com a melhor tecnologia de queima limpa disponível

comercialmente.

Neste estudo, foram modeladas três novas centrais termelétricas a carvão nacional, todas na

região Sul. Os dados foram fornecidos por empreendedores e coletados pela ABCM para

possíveis novos empreendimentos com licença ambiental, os quais estão relacionados na

Tabela 2 e na Tabela 3. Tais informações foram utilizadas na composição de um cenário

alternativo, descrito na Etapa III.

Tabela 2: Dados para novos empreendimentos. Fonte: Tractebel

Usina Combustível e

Tecnologia

Potência (MW)

CAPEX (USD/kw)

CVU (R$/MWh)

Custo Fixo Total

(106

R$/ano)

Custo do Carvão

Tipo I Carvão nacional em

leito fluidizado circulante

350 3.500 a 4.000 73 = 44 (carvão) + 07 (O&M) + 22 (calcário)

40 40 R$/t

Tipo II Carvão importado

pulverizado 600 2.000 a 2.500

100 = 90 (carvão) + 10 (O&M)

45 95 U$/t

Tabela 3: Informações sobre empreendimentos específicos. Fonte: ABCM

NOME Tecnologia Potência

(MW) FCmáx

(%) TEIF (%) IP (%)

Inflexibilidade (%)

Fonte

UTE JACUI Convencional com dessulfurizador

350 EPE

UTE USITESC Leito fluidizado + dessulfurização com amônia (2)

440 90 3 5 39,8 EPE

UTE SEIVAL

Leito fluidizado (1) / Carvão pulverizado + dessulfurização com amônia (2)

600 (1) 500 (2)

(1) MPX (2) EPE

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1 4

A partir dos dados apresentados na Tabela 2 e Tabela 3, considerou-se então dois cenários

alternativos (PDE 2020_ca1 e PDE 2020_ca26), com as seguintes características:

Desativação das termelétricas ineficientes (conforme cenários anteriores) em 12.2015;

Entrada em operação de novas UTEs a carvão em 01.2016 na região Sul (Tabela 4).

Tabela 4: Novas usinas a carvão nacional consideradas no cenário PDE 2020_ca1 e PDE 2020_ca2

Nome Potência

(MW) FCmax (%)

TEIF (%)

IP (%) Inflexibilidade

(%)

CVU (R$/MWh)

PDE 2020_ca1 PDE 2020_ca2

JACUÍ 350 100 5,5 4,1 50 100 73

USITESC 440 90 3 5 39,8 73 73

SEIVAL 500 100 5,5 4,1 50 100 73

Nas Etapas II e III, foi analisada, além dos custos e da confiabilidade de atendimento do SIN,

a influência de cada alternativa (desativação, reforma ou modernização de UTEs a carvão)

sobre a emissão de gases de efeito estufa (GEE) no âmbito do SIN. As emissões de GEE são

calculadas de acordo com as recomendações do IPCC. Duas abordagens são aplicáveis: top-

down, quando os dados de emissões são agregados7; e bottom-up, quando é necessário

modelar as tecnologias consideradas8. Neste estudo, foi adotada a abordagem bottom-up,

mais adequada a este tipo de estudo, pois considera o processo de queima de combustível.

Esta metodologia é apresentada na 2ª Comunicação Nacional “Emissões de gases de efeito

estufa por queima de combustíveis: abordagem bottom-up”.9

A Etapa IV apresenta uma análise qualitativa da contribuição do parque térmico a carvão na

melhoria das condições operativas do SIN, em horizonte de médio prazo. Esta análise,

embora baseada em dados de operação do sistema, apresenta desdobramentos previsíveis

em horizonte de longo prazo, dada a crescente participação de fontes eólicas na oferta e à

declinante capacidade de regularização do sistema hidrelétrico brasileiro.

6 A diferença entre ambos os cenários foi o CVU das usinas Jacuí e Seival conforme a Erro! Fonte de referência não encontrada.. 7 Pereira Jr., Soares, Oliveira, & Queiroz, 2008. 8 Pereira Jr, Pereira, La Rovere, Barata, Villar, & Pires, 2011. 9 Silva, Ferreira, Guidicini, Eidelman, Macedo, & Deppe, 2010.

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1 5

ETAPA I: LEVANTAMENTO DE DADOS E INFORMAÇÕES

Para compor os cenários definidos no escopo do estudo, compilaram-se informações do

Sistema Interligado Nacional (SIN), em dois horizontes distintos:

(a) Médio prazo (05.2012 a 12.2016): dados do Programa Mensal de Operação – PMO

05.2012 (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, 2012);

(b) Longo prazo (05.2012 a 12.2020): dados do Plano Decenal de Expansão de Energia 2020

(Empresa de Pesquisa Energética, 2009).

Visão Conjuntural

A Figura 1 e a Tabela 5 resumem a estrutura do parque gerador nas diversas regiões do SIN

em termos de capacidade instalada para fontes hidrelétricas, térmicas e pequenas centrais

(que representam as fontes eólicas) em horizonte de médio prazo.

Figura 1: Composição do Parque Gerador do SIN - PMO 05.2012

Tabela 5: Capacidade Instalada no SIN por fonte e região em 05.2012. PMO 05.2012.

Hidrelétrica Termelétrica

Pequenas usinas

Total SIN

Sudeste 50.227,3 10.680,85 3.435 64.343,15

Sul 14.222,7 36.28,47 956 18.807,17

Nordeste 10.841 4.114,72 285 15.240,72

Norte 9.079,5 331,74 47 9.458,24

Total SIN 84.370,5 18.755,78 4.723 107.849,28

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1 6

A composição do parque termelétrico que integra o SIN está mostrada na Figura 2, onde se

observa que o carvão se coloca como a quarta fonte primária para geração de energia,

respondendo por 9,4% da capacidade total instalada termelétrica.

Figura 2: Composição do Parque Termelétrico (SIN) em 05.2012. PMO 05.2012.

A lista completa das usinas a carvão em operação no horizonte do PMO 05.2012 encontra-se

na Tabela 6, na qual estão destacadas as usinas consideradas ineficientes pela ANEEL, de

acordo com a Nota Técnica nº 034/2011-SRG/ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica,

2011). A Figura 3 ilustra a posição das usinas a carvão em termos de CVU e capacidade

instalada em relação às demais presentes nesta configuração.10

Na Figura 3, o eixo à esquerda informa o valor do CVU (R$/MWh) das usinas, em ordem

crescente (linha contínua vermelha); o eixo à direita informa a potência (MW), representada

por losangos vermelhos (usinas a carvão) e azuis (demais usinas). Assim, por exemplo, o

primeiro losango vermelho à esquerda representa a usina de Candiota, com CVU em torno

de 55 R$/MWh e potência instalada de 350 MW.

10 Na Figura 3, as unidades são diferentes nos eixos verticais, mas as escalas numéricas são iguais, para facilitar a consulta.

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1 7

Tabela 6: Usinas a Carvão no horizonte do PMO 05.2012.

Nome Subsistema Ano de operação CVU

(R$/MWh) Potência

Efetiva(MW) TEIF (%) IP (%)

P.MEDICI A SUL Existente 115,9 126,00 55,5 27,8

P.MEDICI B SUL Existente 115,9 320,00 55,5 27,8

J.LACERDA C SUL Existente 123,8 363,00 5,6 8,9

J.LACERDA B SUL Existente 150,1 262,00 1,2 9,8

J.LACERDA A1 SUL Existente 199,79 100,00 2,9 9,5

J.LACERDA A2 SUL Existente 151,24 132,00 2,9 9,5

FIGUEIRA SUL Existente 341,89 20,00 10,4 27,6

CHARQUEADAS SUL Existente 164,18 72,00 8,4 19,4

S.JERONIMO SUL Existente 248,31 20,00 31,6 20,6

CANDIOTA 3 SUL Existente 54,99 350,00 7,1 7,1

P PECEM 2 NORDESTE 2013 127,92 360,00 1,5 3,5

P. PECEM 1 NORDESTE 2012 121,99 720,28 1,7 8,3

PORTO ITAQUI NORTE 2012 122,83 360,14 1,5 3,5

CAPACIDADE TOTAL INSTALADA CARVÃO (MW) em 2013 3.205,42

Figura 3: Potência e CVU usinas térmicas do SIN. PMO 05.2012.

As usinas de base, ou seja, as que operam com fatores de capacidade elevados, são as de

CVU mais baixo e maior capacidade instalada. A maioria das usinas a carvão apresenta esta

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1 8

característica, indicando maior escala e baixo custo de produção. Há, porém, outros fatores

que interferem nessa avaliação, tais como eficiência energética, taxa de indisponibilidade

forçada etc. Cita-se como exemplo Presidente Médici B com potência instalada de 320 MW e

CVU igual a 116 R$/MWh, cuja indisponibilidade é de cerca de 50%.

Visão estrutural (longo prazo)

Os dados do PDE 2020 indicam não haver nenhuma alteração na capacidade instalada em

usinas a carvão até dezembro de 2020, comparando-se a 2013, conforme o demonstram a

Erro! Fonte de referência não encontrada. e a Figura 4. As usinas a óleo, por outro lado,

apresentam a maior tendência de crescimento, de acordo com o plano decenal11.

Tabela 7: Parque gerador termelétrico previsto para 12.2020. PDE 2020

Combustível Capacidade Instalada em dez 2020 (MW)

Biomassa 60,0

Carvão 3.205,4

Diesel 1.670,8

Gás 12.550,0

Gás de processo 686,5

Nuclear 3.412,0

Óleo 8.790,3

Vapor 272,0

A Figura 512 mostra a posição, em termos de CVU e capacidade instalada, das usinas a

carvão, em relação às demais termelétricas, com base no PDE 2020. Como se observa nesta

figura, a expansão prevista praticamente não altera a posição relativa das usinas movidas a

carvão entre as usinas de base.

11 Este cenário, todavia, já se mostrou parcialmente não consistente, principalmente no que diz respeito às usinas térmicas a óleo localizadas na Região Nordeste, já leiloadas e sem previsão de data para início da operação comercial (embora o ONS considere em seu planejamento a data de 02.2014 para a maioria delas). 12 Na Figura 5, as unidades são diferentes nos eixos verticais, mas as escalas numéricas são iguais, para facilitar a consulta.

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1 9

Figura 4: Composição do Parque Termoelétrico (SIN) em 12.2020. PDE 2020

Figura 5: Potência e CVU das usinas térmicas do SIN. PDE 2020.

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2 0

ETAPA II: ANÁLISE DE DESEMPENHO TÉCNICO-ECONÔMICO

Neste capítulo, são apresentados os resultados da análise de desativação, temporária (caso

de reforma) ou permanente (caso contrário), das usinas a carvão ineficientes, tanto na visão

conjuntural (médio prazo) quanto na estrutural (longo prazo). Como citado anteriormente,

os indicadores selecionados para analisar os cenários são os seguintes: risco de déficit;

expectância de energia não suprida (EENS); custo marginal de operação (CMO); custo total

de operação, intercâmbios regionais e emissão de gases de efeito estufa (GEE).

Risco de Déficit

As figuras que se seguem mostram os valores de risco para as regiões SE-S e NE-N no

horizonte do PMO 05.2012, considerando os três cenários estudados.

Como se observa na Figura 6 e na Figura 7, a desativação das térmicas aumenta o risco nas

Regiões Sudeste, Sul e Norte em torno de 20% em 2013, ano mais crítico sob este aspecto.

No restante do período, esta variação diminui e tem pouco impacto, em face de condições

de atendimento mais folgadas no SIN (riscos muito mais baixos, principalmente nas regiões

Norte e Nordeste).

A reforma das térmicas em 12.2015 diminui o risco médio do quinquênio em cerca de 10%

no Sudeste, 5% no Sul e Nordeste e 8% na região Norte, em relação ao Caso PMO_ST (sem

térmicas). No entanto, comparando-se esses resultados com os do caso PMO 05.2012,

observa-se que a reforma não tem efeito, pois, por hipótese, as térmicas estarão em

reforma (portanto fora de operação) até 11.2015, período no qual as condições de

atendimento estão mais comprometidas.

O impacto sobre o risco de déficit, na visão estrutural (longo prazo), é bastante distinto. A

desativação das termelétricas, assim como sua reforma, estabiliza o perfil do risco ao longo

do período de estudo. O mesmo efeito ocorre em todas as regiões, mas pode ser mais bem

observado na região Sul, como mostrado na Figura 8. Como este indicador mede o risco de

qualquer déficit, não importando sua magnitude, o seu real significado pode ser melhor

aferido pela expectância de energia não suprida (EENS), que indica déficits médios pouco

significativos nas regiões Sul e Sudeste, onde os riscos estão mais altos.

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2 1

Figura 6: Risco de Déficit de Energia – Regiões Sudeste-Sul – Cenários PMO 05.2012

Figura 7: Risco de Déficit de Energia – Regiões Nordeste-Norte. Cenários PMO 05.2012

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2 2

Figura 8: Risco de Déficit de Energia por região – Cenários PDE 2020

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2 3

Expectância de Energia Não Suprida (EENS)

A EENS é o indicador relativo à magnitude do déficit de energia. Ainda que a frequência de

déficit seja alta, é a EENS que indica o grau de severidade dos déficits contabilizados no

indicador risco de déficit. Os resultados encontrados, tanto no médio como no longo prazo,

indicam déficits máximos em torno de 0,3% da carga, pouco significativo considerando-se a

carga do SIN (vide Tabela 8 e Tabela 9, Figura 9 e Figura 10).

Tabela 8: EENS para Cenários PMO 05.2012

Ano

EENS PMO 05.2012 (MW-médio)

EENS PMO 05.2012 térmicas desativadas (MW-médio)

EENS PMO 05.2012 térmicas reformadas (MW-médio)

SE S NE N SE S NE N SE S NE N

2012 0 0 0 0 2,9 0,9 0,1 0,2 1,8 0,5 0,1 0,1

2013 106,1 27,3 5,1 4,7 136,8 36,4 5,9 5,9 136,7 36,7 6 5,9

2014 92 24,2 0,4 2,9 112,7 30,7 0,5 3,7 114 31,1 0,4 3,6

2015 55,7 15,8 1,2 1,6 67,9 20,3 1,3 1,6 68,6 20,2 1,1 1,6

2016 30,7 9,3 0,5 0,5 34,9 10,8 0,6 0,6 31,1 8,7 0,6 0,5

Figura 9: EENS por região – Cenários PMO 05.2012

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2 4

Tabela 9: EENS para Cenários PMO 05.2012

Ano

EENS PDE 2020 (MW-médio)

EENS PDE 2020 térmicas desativadas (MW-médio)

EENS PDE 2020 térmicas reformadas (MW-médio)

SE S NE N SE S NE N SE S NE N

2012 38,1 6,4 0,1 2,1 46,1 8,7 0,1 2,1 45,9 10,2 0,1 2,9

2013 43,6 8,8 0 2,2 45,2 13,8 0 2,2 45,7 13,8 0 2,5

2014 14,5 3,6 0 1 15,1 4,8 0 1 15,1 7,4 0 1,5

2015 26,1 7,4 0 2,8 28,7 9 0 2,8 30,2 7,3 0 2,5

2016 31,7 8,3 0 3,2 35,8 9,4 0 3,2 33,6 6,2 0 4,4

2017 16,5 4,3 0 1,8 17 5,3 0 1,8 14,6 3,9 0 1,6

2018 15,4 2,4 0 3,2 14 2,2 0 3,2 11,1 1,7 0 1,9

2019 23,9 5,3 0 3,1 19,9 4,1 0 3,1 17,7 2,9 0 2,4

2020 29,7 7,9 0 3,6 28,6 6,5 0 3,6 24,3 4,2 0 4

Figura 10: EENS por região – Cenários PDE 2020.

Custo Marginal de Operação (CMO)

Os valores médios anuais de CMO para os cenários do PMO estão na Figura 11, para todas as

regiões. Os níveis de armazenamento iniciais, relativamente baixos em 05.2012, mantiveram

CMOs altos em todos os submercados, até 2013. A desativação das térmicas contribui para

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2 5

um aumento de 12 a 15% nos CMOs das regiões Sul-Sudeste; nas regiões Nordeste-Norte, o

aumento gira em torno de 10%.

Figura 11: Custo Marginal de Operação por região – Cenários PMO 05.2012

Até 2015, o efeito é praticamente o mesmo considerando a reforma das usinas em relação

ao caso original do PMO 05.2012. Em 2016, entretanto, a reforma faz com que o CMO da

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2 6

região Sul diminua em 4%; nos demais submercados, observa-se redução na faixa de 2%, em

relação ao caso original do PMO.

Em relação aos cenários do PDE 2020, os valores médios anuais do CMO estão mostrados na

Figura 12. A desativação das usinas levaria a um aumento médio de quase 7% nas Regiões

Sudeste, Nordeste e Norte no período de 2012 a 2020, e de 9% na Região Sul.

Figura 12: Custo Marginal de Operação por região – Cenários PDE 2020

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2 7

A partir de 2016, o caso de reforma das usinas aponta para uma redução média em torno de

8% nas regiões Sudeste, Sul e Norte e 5% no Nordeste. Ambos os resultados (médio e longo

prazos) indicam influência marginal das ações tomadas em relação às plantas, com variações

pouco significativas em termos de valores médios anuais de CMO.

A Figura 13 mostra a curva de permanência de CMOs médios mensais na região Sul13, que

considera 2000 séries hidrológicas, permitindo ampliar a análise do comportamento dos

valores médios anuais. Verifica-se que, para uma dada permanência (p.ex. 40%), o CMO do

caso com as térmicas reformadas é cerca de 4% maior do que no caso original; o caso com

térmicas desativadas apresenta um CMO cerca de 7% superior.

À medida que se caminha no “eixo x” para valores maiores de CMO, verifica-se que o caso

com térmicas reformadas vai se aproximando do caso com as térmicas desativadas por todo

o período. Em outros termos, a reforma das térmicas não reduz de modo significativo os

CMOs mais altos, por só estarem disponíveis no final do período de estudo do PMO.

Figura 13: Curva de Permanência - Custo Marginal de Operação – Região Sul – Cenários PMO 05.2012

13 A opção pela região Sul se deve ao fato de ser a região onde se localizam as térmicas em estudo.

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2 8

Figura 14: Curva de Permanência - Custo Marginal de Operação – Região Sul – Cenários PDE 2020

Nos cenários do PDE 2020, a reforma reduz os CMOs de forma sensível, como indicado na

Figura 14, mas a diferença entre os casos é menor que nos casos do PMO. Nas situações

críticas, praticamente não se alteram os CMOs ao se considerar desativação ou reforma das

usinas.

A Figura 15 e a Figura 16 trazem a distribuição de frequências para os CMO’s médios

mensais na Região Sul para 2016, considerando as variantes para o PMO 05.2012 e para o

PDE 2020, respectivamente. Verifica-se que:

A reforma pouco influi nos valores do CMO, confirmando os resultados anteriores;

A desativação reduz a frequência de CMOs mais baixos, mas aumenta modestamente a

frequência para CMOs acima de 50 R$/MWh, como esperado.

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2 9

Figura 15: Distribuição de Frequencias do CMO para 2016 – Região Sul – Cenários PMO 05.2012

Figura 16: Distribuição de Frequencias do CMO para 2016 – Região Sul – Cenários PDE 2020

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3 0

Custo Total de Operação

A Figura 17 mostra a composição do valor esperado14 do custo total de operação para os

cenários do PMO 05.2012.

Figura 17: Custo total de Operação. Cenários PMO 05.2012. Ref: 05.2012

14 O valor esperado representa a média do custo total de operação para 2.000 séries hidrológicas na simulação da operação.

Caso PMO 05.2012: 41.667 R$x106

Caso sem Térmicas: 43.024 R$x106

Caso de Reforma: 43.105 R$x106

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3 1

O cenário de médio prazo (PMO 05.2012) indica que a desativação das usinas aumentaria o

valor esperado do custo total de operação em torno de 3% (1.357 R$ x 106); no caso de

reforma, este aumento seria de 3,5% (1.438 R$ x 106). Em ambos os casos, praticamente

todo o aumento do custo total de operação se deve ao custo de déficit, pois essas térmicas,

por hipótese, estariam desativadas no período mais crítico para o SIN.

Excluindo-se do custo total de operação os custos de penalidades por violação de metas de

segurança15 e por não atendimento aos requisitos de outros usos da água16, a desativação

das usinas ineficientes implicaria num custo total adicional de 4% (1.353 R$ x 106); de forma

similar, na hipótese de reforma, haveria um incremento de quase 3,5% (1.170 R$ x 106) no

custo total de operação. Em ambos os casos, o aumento de custo se deve praticamente todo

à variação do custo de déficit, pelas razões anteriores.

A Figura 18 mostra a composição do custo total de operação para os cenários do PDE 2020.

Estes custos incluem os valores de penalidades por violação de restrições de outros usos da

água (usos múltiplos). No caso sem térmicas ineficientes, o custo de operação total cai

0,43% (683 R$ x 106) em relação ao caso base. Esta queda, pouco significativa em termos

absolutos, reflete um aumento de mais de 10% no custo do déficit. No caso de reforma das

térmicas, há uma redução de o custo total de operação

15 O modelo Newave considera, além da curva de aversão ao risco (CAR), uma penalidade por violação da curva de segurança ou da restrição de volume mínimo operativo, por subsistema. 16 No modelo Newave, há penalidades por não atendimento aos requisitos de outros usos da água, de vazão mínima obrigatória e/ou intercâmbio mínimo. Quando uma penalidade é declarada, o requisito correspondente é considerado no cálculo da política de operação e na simulação final. Caso contrário, tal requisito é considerado apenas na simulação final.

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3 2

Figura 18: Custo Total de Operação – cenários PDE 2020. Ref: 05.2010

No caso dos cenários do PDE, praticamente não há alteração no custo total de operação. A

variação não chega a 1% em ambos os cenários, em relação ao PDE 2020 original.

77,152%

12,156%

10,693%

Caso PDE_2020: 67.934 R$x106

Geração Térmica

Déficit

Viol. Outros usos

75,191%

13,489%

11,320%

Caso PDE sem térmicas: R$ 67.644 R$x106

76,218%

12,658%

11,124%

Caso PDE com térmicas reformadas: 67.325 R$x106

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3 3

Um dos pontos mais relevantes na análise de viabilidade das termelétricas é o custo total

operativo. No estudo considerando o PMO, o caso com as térmicas tem um custo médio de

R$ 41,7 bilhões; sem as térmicas, este custo sobe para R$ 43 bilhões. Em termos médios

(2000 séries), a diferença é de 1,3 bilhões, valor que aumenta substancialmente quando se

consideram apenas as séries hidrológicas críticas. Assim, embora significativos em termos

absolutos, os valores médios do custo de operação são insuficientes para mensurar a real

contribuição das UTEs a carvão nas situações em que são essenciais para assegurar o pleno

atendimento ao mercado, ou seja, quando as condições hidrológicas são adversas.

No que segue, utiliza-se o CVaR17, uma métrica de avaliação de risco, para delimitar os

custos de operação dos casos do PMO 05.2012: caso base, sem térmicas e de reforma das

térmicas. Para isso, foi calculada a média dos (1-α)% maiores custos operativos (à esquerda

da distribuição de probabilidades de custos), como mostrado na Figura 19.

Figura 19: Custo Total de Operação: curva de permanência – cenários PDE 2020. Ref: 05.2010

17 A métrica de risco CVaR (Conditional Value at Risk), é muito usada para reduzir a probabilidade (a um dado nível de confiança) de que uma carteira incorra em grandes prejuízos. O CVaR pode ser definido matematicamente como a média ponderada entre o valor em risco e as perdas que excedem o valor em risco.

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3 4

A Figura 20 apresenta o CVaR dos custos totais de operação nos casos do PMO 05.2012, para

dois níveis de confiança (α = 5% e α = 10%). Para o nível de confiança de 5%, o CVAr do custo

total de operação é de 189 R$ x 109 para o caso base, de 208 R$ x 109 para o caso sem

térmicas e de 207 R$ x 109 para o caso de reforma. Desse modo, a desativação ou reforma

das UTEs ineficientes, conjugada à ocorrência de condições hidrológicas adversas, resultaria

num aumento de quase 18 R$ x 109 no custo de operação, em relação ao caso base. De

forma similar, ao nível de confiança de 10%, o CVaR do custo total de operação seria da

ordem de 12 R$ x 109, também muito significativo.

Figura 20: CVAR do Custo total de Operação. Cenários PMO 05.2012. Ref: 05.2012

Intercâmbio Sul-Sudeste

A Figura 21 mostra o comportamento dos intercâmbios entre as regiões Sudeste-Sul para os

casos do PMO 05.2012, em termos máximos e médios, no sentido Sudeste-Sul (+) e Sul-

Sudeste (-).

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3 5

Figura 21: Intercâmbios médios mensais Sudeste-Sul – cenários PMO 05.2012

Observa-se que, ao desativar as térmicas na região Sul, diminui a máxima importação pelo

Sudeste (intercâmbio mínimo na Figura 21), ao mesmo tempo em que aumenta a máxima

exportação pelo Sul, notadamente no final de 2015. A reforma das usinas faz com que o Sul

exporte mais para o Sudeste (intercâmbio mínimo na Figura 21) e, em consequência, os

níveis de importação do Sul diminuem no final do período. Em termos médios, o impacto da

reforma pode ser melhor observado a partir do final de 2015, quando o intercâmbio médio

Sudeste-Sul passa a ser menor do que os valores observados no PMO 05.2012. Em termos de

permanência (Figura 22), verifica-se que:

Para uma dada permanência (p. ex. 40%), aumentam os fluxos do Sudeste para o Sul, nas

hipóteses de desativação ou reforma das usinas em relação ao PMO original;

Para um dado valor de intercâmbio (p. ex. 4.000 MW-médio), aumenta a frequência de

envio do Sul para o Sudeste, em ambos os cenários variantes do PMO, de forma mais

acentuada do que o envio do Sudeste para o Sul, conforme esperado. Apenas nas trocas

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3 6

de menor volume (até 2.500 MW-médio) existe simetria de variação de frequência

(Sudeste-Sul e Sul-Sudeste) ao se alterar o cenário.

O limite de intercâmbio não constitui fator limitante das condições de atendimento ao

SIN, exceto em 2013, quando o envio pelo Sul atinge o valor máximo durante um período

maior. Observa-se, porém, que a hipótese de reforma ocorre em período posterior.

Figura 22: Curva de Permanência - Intercâmbios médios mensais Sudeste-Sul – cenários PMO 05.2012

Os cenários do Plano Decenal produziram um comportamento distinto para o intercâmbio

Sudeste-Sul, seja em termos de valores-limite18, seja em termos da própria distribuição de

frequência, como se observa na Figura 23 e na Figura 24.

18 Os limites de intercâmbio diferem entre PDE e PMO devido à distintas representações do SIN em cada ambiente: 4 subsistemas nos estudos do PMO e até 10 subsistemas nos estudos do PDE.

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3 7

Figura 23: Intercâmbios médios mensais Sudeste-Sul – cenários PDE 2020

Figura 24: Curva de Permanência - Intercâmbios médios mensais Sudeste-Sul – cenários PDE 2020

O intercâmbio máximo Sul-Sudeste é mais afetado (em relação aos casos do PMO 05.2012)

quando se desativam as térmicas. Observa-se, inclusive, que a frequência de intercâmbio do

Sul para o Sudeste quase não se altera entre o caso base (PDE 2020) e o caso de reforma das

usinas, com maior descolamento no caso de desativação das usinas (Figura 24).

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3 8

Emissão de Gases de Efeito Estufa

Neste item, analisa-se a redução potencial de emissões de GEE resultante da modernização

ou repotenciação de usinas em operação na visão de longo prazo (cenários do PDE 2020).

Para facilitar a apresentação e comparação, os resultados desta análise foram incluídos no

próximo capítulo, juntamente com os resultados do cenário de modernização do parque

termelétrico em horizonte de longo prazo.

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3 9

ETAPA III – ANÁLISE DA MODERNIZAÇÃO DO PARQUE TERMELÉTRICO

Risco de Déficit

A Figura 25 mostra o efeito da modernização do parque gerador a carvão no risco de déficit,

no horizonte do PDE 2020, considerando o cenário PDE 2020_ca1 (mais conservador).

Figura 25: Risco de Déficit de Energia por região – Cenários PDE_2020 e PDE_2020 ca1

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4 0

A redução de risco na região Sudeste, a partir de 2016, oscila em torno de 40%; na região

Sul, o risco, apesar de oscilatório, apresenta um perfil mais bem comportado do que no caso

PDE 2020. Desconsiderando-se o pico de 2018, o risco no Sul diminui de quase 50% em

relação ao caso original. Na região Norte, a redução é de quase 35% no período pós-2016. Os

riscos originalmente baixos no Nordeste dificultam uma avaliação mais precisa do efeito da

entrada em operação das novas térmicas.

Expectância de Energia Não Suprida (EENS)

Como comentado anteriormente, a EENS é pouco relevante no cenário de longo prazo, pois

o planejamento de expansão tem como um de seus objetivos minimizar os déficits. Ainda

assim, com a modernização do parque a partir de 2016, as regiões Sul e Sudeste apresentam

decréscimo de quase 30% no valor da EENS, como mostrado na Figura 26. Os valores de

EENS nas regiões Norte e Nordeste são praticamente nulos e por isso não são mostrados.

Figura 26: EENS Cenário PDE 2020 e PDE 2020_ca1 – Regiões SE-S.

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4 1

Custo Marginal de Operação

A modernização do parque gerador reduz, a partir de 2016, os custos marginais de operação

nas regiões Sul, Sudeste e Norte em torno de 11% e na região Norte, cerca de 8% em média,

como mostrado na Figura 27. A variação de CVU praticamente não afeta o CMO.

Figura 27: Custos Marginais Médios Anuais por região. Caso PDE 2020 X PDE 2020_ca1 e ca_2

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4 2

Custo Total de Operação

A modernização do parque gerador reduz o valor esperado do CTO em aproximadamente

3% em ambos os casos. Em termos das suas parcelas, isto se traduz pela redução de cerca de

3% na geração térmica e aproximadamente 11% no valor do custo do déficit, para o caso

PDE_2020_ca1 e 8% para o mesmo indicador, no caso PDE_2020_ca2.

Tabela 10: Valor Esperado do Custo Total de Operação – Cenários de Modernização PDE

PARCELA Caso PDE_2020 Caso PDE_2020_ca1 Caso PDE_2020_ca2

Geração Térmica 52.399,10 50.979,65 50.704,66

Déficit 8.255,82 7.363,07 7.593,62

Vertimento 0,89 0,89 0,89

Violação outros usos da água 7.262,04 7.635,69 7.419,25

Intercâmbio 15,74 15,72 15,73

Vertimento não turbinável 0,35 0,35 0,35

CUSTO TOTAL OPERAÇÃO 67.933,94 65.995,37 65.734,50

Figura 28: Valor Esperado do Custo Total de Operação – Cenários de Modernização PDE

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4 3

Emissões de GEE

De acordo com (Silva, Ferreira, Guidicini, Eidelman, Macedo, & Deppe, 2010), os fatores de

emissão de cada combustível são os apresentados na Tabela 11.

Tabela 11: Fatores de emissão por combustível. Fonte: MCT

Fatores de Emissão (kg/TJ) tC/TJ

CO2 CH4 NOx N2O NMVOC C

Diesel 350 4 1300 0,6 5 20,1

Gás Natural 46 6 190 0,1 5 15,3

Óleo Combustível 15 0,9 200 0,3 5 21,1

Carvão Vapor 14 0,6 857 0,8 5 25,8

No processo de combustão para gerar energia elétrica, os gases de efeito estufa (GEE) mais

importantes são o CH4, o N2O e CO2. As emissões são medidas em CO2-eq em função do

poder de aquecimento global (GWP), dada a importância do CO2 no estudo de GEE. Assim,

considerando a eficiência no processo de produção de diferentes tecnologias de geração de

energia elétrica, os valores para os fatores de emissão são aqueles mostrados na Tabela 12.

Tabela 12: Fatores de emissão por usina

Usina Fatores de Emissão (tCO2eq/MWh) Eficiência

(%) CO2 CH4 N2O CO2eq

Diesel 0,7722907 0,00088 0,001949 0,78 34,4

Gás Natural CA 0,6733885 0,001512 0,000372 0,68 30,0

Gás Natural CC 0,4489257 0,000151 0,000744 0,45 45,0

Óleo Combustível 0,8894336 0,000217 0,001069 0,89 31,3

Candiota 3 1,1159558 0,000149 0,002926 1,12 30,5

CHARQUEADAS 1,6617336 0,000221 0,004356 1,67 20,5

FIGUEIRA 2,3017256 0,000307 0,006034 2,31 14,8

J.LACERDA A1 1,3306851 0,000177 0,003488 1,33 25,6

J.LACERDA A2 1,3306851 0,000177 0,003488 1,33 25,6

J.LACERDA B 1,1994908 0,00016 0,003145 1,20 28,4

J.LACERDA C 0,9817158 0,000131 0,002574 0,98 34,7

P.MEDICI A 1,3904301 0,000185 0,003645 1,39 24,5

P.MEDICI B 1,3626215 0,000181 0,003572 1,37 25,0

S.JERONIMO 2,3822055 0,000317 0,006245 2,39 14,3

P. PECEM I 0,8964615 0,000119 0,00235 0,90 38,0

P. PECEM II 0,8964615 0,000119 0,00235 0,90 38,0

PORTO ITAQUI 0,8964615 0,000119 0,00235 0,90 38,0

Reformadas 0,9733011 0,00013 0,002552 0,98 35,0

Modernização 0,9333024 0,000124 0,002447 0,94 36,5

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4 4

O ganho de eficiência na geração de energia elétrica a partir de carvão mineral propicia a

redução do fator de emissão de GEE. Assim, estimam-se as emissões resultantes da reforma

ou modernização das usinas existentes, bem como as emissões evitadas pela adoção desta

medida. Para isso, foram simulados quatro cenários, a saber:

Caso base: PDE 2020;

Cenário PDE_ST: PDE 2020 e térmicas a carvão com eficiência inferior a 35% desativadas;

Cenário PDE_TR: PDE 2020 e reforma de térmicas de baixa eficiência de 2012 a 2015;

Cenários PDE 2020_ca1 e PDE 2020_ca2: caso do PDE 2020 com desativação de térmicas

de baixa eficiência na data de entrada em operação das novas usinas.

Os resultados destes cenários, em termos de emissão de GEE, são apresentados na Figura 29

e analisados a seguir.

O cenário “PDE sem térmicas” é o que apresenta o menor nível de emissões, entretanto,

como visto antes, aumenta o risco de déficit e o custo de operação no horizonte de estudo.

O cenário “PDE Térmicas Reformadas” apresenta nível de emissão, no final do horizonte,

similar ao do PDE 2020. No entanto, nos primeiros anos, eleva o risco de déficit e o custo de

operação, de forma similar ao cenário “PDE sem Térmicas”, pelo mesmo motivo, ou seja,

redução da oferta termelétrica nos quatro primeiros anos do quinquênio 2012-2016.

Os cenários PDE 2020_ca1 e PDE 2020_ca2 apresentam o melhor comportamento global,

pois mantem a oferta termelétrica no primeiro quinquênio, o que contribui para limitar os

riscos de déficit e os custos de operação àqueles observados no PMO 05.2012, aumentam a

oferta termelétrica, o que contribui para reduzir os riscos de déficit e os custos de operação

no segundo quinquênio, sem aumentar as emissões em relação às observadas no PDE 2020,

como pode ser visto na Figura 30.

Do exposto, conclui-se que as alternativas de modernização representam a melhor solução

de compromisso entre garantia de suprimento, custos de operação e emissões de GEE, na

medida em que aumentam a oferta física de energia e potência sem comprometer as metas

de redução de emissões assumidas pelo Brasil por ocasião da COP-15, em Copenhagen.

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4 5

Figura 29: Emissões de GEE. Cenários PDE 2020

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PDE 2020

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2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

tCO

2-e

q

PDE sem Térmicas

Óleo Combustível

Gás Natural

Diesel

Carvão Mineral

-

5

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15

20

25

30

35

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2012

2013

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2016

2017

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20

19

2020

tCO

2-e

q

PDE Térmicas Reformadas

Óleo Combustível

Gás Natural

Diesel

Carvão Mineral

-

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10

15

20

25

30

35

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2012

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2015

2016

2017

20

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2020

tCO

2-e

q

PDE Térmicas Modernizadas

Óleo Combustível

Gás Natural

Diesel

Carvão Mineral

PDE 2020 ca2

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4 6

Figura 30: Emissões por fonte em cada cenário. Ano 2020.

PDE_ST PDE_TR PDE 2020 ca1 PDE 2020 ca2 PDE 2020

Óleo Combustível 3,52 2,83 2,72 2,82 3,19

Gás Natural 18,05 16,53 16,22 16,31 16,78

Diesel 0,11 0,1 0,09 0,09 0,52

Carvão 9,69 14,92 15,43 15,72 14,46

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35

40tC

O2-e

q

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4 7

ETAPA IV – ANÁLISE QUALITATIVA DO PARQUE TERMOELÉTRICO

O objetivo desta etapa é analisar a influência do parque gerador a carvão mineral sobre o

atendimento energético ao mercado da região Sul, considerando os seguintes aspectos:

Contribuição do parque térmico para a confiabilidade de suprimento de ponta;

Ganhos de flexibilidade e segurança operativa de curto-prazo.

Conjuntura atual e suprimento da demanda de ponta

No processo de comercialização de energia elétrica, a garantia física de potência, exigida

como lastro para comercializar energia19, não constitui ainda um serviço com valor comercial

importante, embora seja essencial, como reserva de capacidade, para a confiabilidade de

suprimento. Hoje, os agentes geradores e comercializadores devem estar lastreados em

potência, o que tem originado transações praticamente ex-post para liquidar as diferenças

não contratadas. A ausência de regulação específica para comercializar serviços de reserva

de potência, em horizonte de longo prazo, acarreta a subvalorização dos ativos de geração,

notadamente nos casos em que investimentos adicionais permitiriam ampliar a capacidade

instalada de usinas existentes, a baixo custo.

A correta valoração dos serviços de geração teria consequências importantes em médio

prazo, pois permitiria reduzir substancialmente os custos sociais de interrupção: tanto os

preventivos, refletidos nos encargos de serviço do sistema, quanto os corretivos, refletidos

nos custos de interrupção propriamente ditos20.

A assimetria de tratamento regulatório na comercialização de energia (MWh) e de potência

(MW) decorre, em grande parte, da origem e natureza do sistema gerador brasileiro, de

base hidrelétrica. Neste sistema, a grandeza determinante dos custos de investimento tem

sido historicamente a demanda de energia. A entrega de potência, nos limites definidos pela

legislação, é vista como “consequência natural” da comercialização de energia, sem o devido

19 Em janeiro de 2005, o Decreto nº 5.163/2004 alterou a metodologia de apuração dos limites de contratação, determinando que 100% do consumo dos Distribuidores e Consumidores Livres estejam cobertos em termos de energia e potência por meio de geração própria e contratos de compra de energia. A apuração da cobertura dos limites de contratação de potência, realizado desde 2009, será efetivada, em termos de penalidades, a partir de 2014. 20 Observa-se, a propósito, que o custo social do déficit, usado no planejamento da geração, não considera essas perdas.

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4 8

reconhecimento, na legislação setorial, do crescente papel da correta alocação espacial da

capacidade instalada sobre a confiabilidade de suprimento21.

A existência dessa lacuna regulatória é corroborada por avaliações recentes da capacidade

de suprimento do SIN para os períodos de carga pesada, por parte do ONS, que constatou

problemas no suprimento da demanda de ponta nos subsistemas Sul e Sudeste, em 2010.

Estes problemas, superados pelo aumento do despacho termelétrico, deverão se intensificar

a partir de 2013, como resultado da combinação de dois fatores:

Entrada de grande número de termelétricas, licitadas no leilão de energia nova (LEN A-5)

de 2008, que contribuirão proporcionalmente menos para a capacidade de atendimento

da demanda de potência;

Ausência de incentivos à instalação de capacidade adicional em hidrelétricas, devido à

“socialização” dos resultados destes investimentos no âmbito do MRE.

De acordo com a CCEE22, “...o pico de consumo em março de 2010 foi suprido, sobretudo,

com o despacho das hidráulicas, em virtude das boas condições hidrológicas. No entanto, a

partir de maio de 2010, já no período seco, houve aumento do despacho das térmicas, até

atingir 10.620 MW-med em setembro de 2010”.

Para melhor ilustrar o diagnóstico da situação de atendimento de ponta, apresenta-se na

Figura 31 o quadro de reserva operativa do sistema (RPO) no dia 05.02.2010, mostrando que

os critérios de RPO já não vêm sendo respeitados há algum tempo23. A situação não foi

diferente em 2012, como mostrado na Figura 32. Nos meses de fevereiro e março, a

ocorrência de temperaturas acima da média nas regiões SE-CO e Sul acarretou elevados

valores de demanda instantânea nestas regiões. A região Sul complementou os requisitos de

21 Tal pressuposto vem perdendo substância com a evolução prevista do sistema elétrico brasileiro, com predominância de fontes alternativas sem capacidade de armazenamento (eólicas e biomassa), hidrelétricas de baixa queda e baixa capacidade de regularização, o que encarece substancialmente a adição de capacidade instalada, notadamente na Amazônia, que concentra cerca de 40% do potencial hidrelétrico nacional. Este argumento, entretanto, foi amplamente utilizado para desconsiderar o tratamento probabilístico dos aspectos de confiabilidade, introduzido nos anos 1980 na gestão do sistema gerador brasileiro. Neste período, foram desenvolvidos diversos métodos e modelos computacionais, grande parte dos quais baseados em técnicas de programação matemática. Essas metodologias, embora ainda adequadas às características do sistema elétrico brasileiro, foram implementadas em contexto regulatório distinto do atual modelo setorial, concebido e instituído no biênio 2003-2004. 22 Relatório de Informações ao Público – Análise Anual 2010, Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, 2011. 23 O assunto “redução de reserva operativa” é tratado na Nota Técnica ONS 64.2009 (Operador Nacional do Sistema, 2009) e também pode ser constatado no PMO 03.2010.

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4 9

ponta da região SE-CO, visando a reduzir a geração térmica complementar. Para contornar o

problema, o ONS vem se valendo do despacho de térmicas fora da ordem de mérito e da

postergação de pedidos de manutenção, para superar a baixa disponibilidade de potência no

horário de ponta de carga do sistema, o que tem ocorrido com bastante frequência no SIN.

Figura 31: Reserva de Potência Operativa nas Regiões Sul e Sudeste (MW). Fonte: ONS PMO 03.2010

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Reserva de Potência Operativa da Região SudesteDia 04/02/2010

Verificada Recomendada

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Figura 32: Evolução do atendimento à Ponta de Carga – Região Sul-Sudeste – 2009 a 2012.

As medidas que vem sendo adotadas para contornar a insuficiência e alocação inadequada

de reserva de potência operativa no SIN evidenciam a gravidade desta situação e suas

consequências para os agentes do sistema, como ilustrado na Figura 33 e na Figura 34.

Dentre essas medidas, destacam-se: exploração máxima da disponibilidade de termelétricas

no Sudeste e do complexo Jorge Lacerda no Sul; despacho de usinas com CVU de até 322

R$/MWh; postergação de manutenções preventivas; transferência de reserva de potência

entre submercados e importação da Argentina.

Uma das consequências desse tipo de operação é o aumento acelerado dos encargos de

serviços do sistema (ESS). De acordo com a CCEE24, “Os encargos de serviços do sistema

consistem na remuneração dos custos incorridos na manutenção da confiabilidade e da

estabilidade do sistema para o atendimento do consumo em cada submercado, e que não

estão incluídos no Preço de Liquidação das Diferenças”.

Este valor é pago por todos os agentes com perfil de consumo, na proporção do consumo

sujeito ao pagamento desse encargo, contratado ou não.

24 Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, 2011.

SE / CO

SUL

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Figura 33: Geração Termelétrica na Região Sul. Fonte: ONS PMO 02.2010.

Figura 34: Geração Termelétrica na Região Sudeste. Fonte: ONS PMO 02.2010.

Os encargos de serviços do sistema atualmente contemplam o ressarcimento aos agentes de

geração dos custos das “Restrições de Operação, Prestação de Serviços Ancilares e Segurança

Energética”. Ainda de acordo com a CCEE25, “...o total de recebimentos de ESS por restrição

de operação e serviços ancilares apurado ao final de 2010 foi 267% superior aquele apurado

25 Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, 2011.

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em 2009. Já o pagamento do respectivo ESS, efetuado pelos agentes com perfil de consumo,

aumentou 345,1% em relação a 2009.”

Esta situação realça a ausência de incentivos à expansão da capacidade de potência no SIN,

desafio atualmente enfrentado pela ANEEL para viabilizar a expansão da oferta de potência.

Verifica-se, portanto, que o problema em tela é de natureza elétrica e energética, sujeito a

restrições de ordem econômica. Ainda que toda a demanda venha a estar 100% contratada,

em termos de potência, atendendo à regulamentação que normatiza o lastro de potência, o

sistema requer esta reserva a custos razoáveis para cobrir incertezas nas previsões de

demanda e de geração. Esta reserva, porém, não será contratada espontaneamente pelos

agentes setoriais, na medida em que a legislação a isso não os obriga, mas tão somente a

estarem lastreados em relação à sua própria demanda máxima.

No que se refere à comercialização propriamente dita, a oferta de potência adicional seria

importante também para reduzir as penalidades por Insuficiência de cobertura de lastro de

potência. Assim, por exemplo, as penalidades aplicadas em 2010 superaram em quase 100%

os valores verificados em 2009. Isso evidencia a crescente importância, para o mercado, da

oferta de potência comercializável.

Além disso, a obrigatoriedade de lastro de potência para cobrir as demandas máximas de

distribuidoras e consumidores livres tenderá a valorizar a componente demanda (R$/kW)

dos contratos, incentivando a expansão da capacidade de atendimento à ponta do sistema.

Contexto de médio prazo

O ONS tem mostrado que o atendimento da demanda de ponta do SIN vem se agravando,

particularmente pelo fato de que a expansão hidrelétrica vem sendo feita com usinas com

baixa ou nenhuma capacidade de regularização. Em decorrência, a sazonalidade da geração

hidrelétrica vem se apresentando cada vez mais acentuada, sinalizando a necessidade de

despacho térmico acima da inflexibilidade para atender a ponta de carga, como ocorre

desde 2011, prenunciando severo agravamento em 2015.

Page 53: ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DAS · PDF fileRelatório técnico sobre a viabilidade técnico-econômica do parque termelétrico a carvão nacional, levando em conta

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Como exemplo, a Tabela 13 traz a participação por fonte prevista no Plano de Operação

Energética de 2011 (PEN 2011), onde se projeta o aumento da geração eólica em torno de

500% e a simultânea redução da participação hidrelétrica.

Tabela 13: Oferta 2010 a 2015 - Participação por Fonte. Fonte: PEN 2011 – Cenário de Referência

Fonte 2010 2015 Crescimento 2010-2015

Hidráulica 85.690 79,3% 98.035 71,0% 12.345 14%

Nuclear 2.007 1,9% 2.007 1,5% 0,0%

GN/GNL 9.263 8,6% 12.180 8,9% 2.917 32%

Carvão 1.415 1,3% 3.205 2,3% 1.790 127%

Biomassa 4.577 4,2% 7.272 5,3% 2.695 59%

Óleo 4.212 3,9% 9.913 7,3% 5.701 135%

Eólica 826 0,8% 5.248 3,8% 4.422 535%

Total 107.990 100% 137.860 100% 29.879 28%

Para mostrar a necessidade de providências urgentes, externas à sua competência, o ONS

vem apresentando a perda da capacidade de ponta por deplecionamento dos reservatórios,

bem como suas consequências sobre o desempenho elétrico do SIN, como descrito a seguir:

Perda gradual de regularização, com uso mais intenso dos reservatórios, ao final de cada

estação seca, ocasionando perdas por deplecionamento da ordem de 4,5 GW;

Desligamento sistemático da 2ª casa de força de Tucuruí, no fim de cada ano, com perda

de aproximadamente 5,6 GW;

Controle de tensão do sistema de 440 kV no verão, que limita sistematicamente a plena

disponibilidade de potência das usinas conectadas a esta malha, com perda de 1,4 GW;

Manutenções programadas (inadiáveis) e não programadas, totalizando cerca de 5 GW.

A perda de capacidade de potência pelo sistema, que totaliza quase 19 GW, é mostrada na

Tabela 14, que apresenta a disponibilidade de potência no SIN em novembro de 2010.

Page 54: ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DAS · PDF fileRelatório técnico sobre a viabilidade técnico-econômica do parque termelétrico a carvão nacional, levando em conta

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Tabela 14: Disponibilidade de Potência no SIN – 11.2010 (MW). Fonte: ONS

SE/CO UHE Itaipu S NE N Total (MW)

Potência instalada 26.398 12.600 13.388 11.384 11.646 75.416

Perda deplecionamento 3.090 0 1.117 307 5.824(*) 10.338

Manutenção 2.243 0 1.497 1.011 330 5.081

Restrição Elétrica 2.012 - - - - 2.012

ANDE - 950 - - - 950

Disponibilidade Final 18.972 11.650 10.774 10.066 5.492 56.954

Perda Total (MW) 18.462

(*) Tucuruí II

Contexto de longo prazo

A EPE tem registrado, nas últimas edições do Plano Decenal de Expansão de Energia, a perda

da capacidade de regularização do parque hidrelétrico, que explica, em parte, o crescente

uso de despacho térmico por razões elétricas. Registra-se também crescente oscilação da

potência máxima disponível entre os períodos seco e úmido, com esgotamento da oferta de

potência para atender a ponta nos subsistemas Sul (a partir de 2014) e Norte (2014 e 2015),

de forma isolada.

Essa visão, mais otimista do que a do ONS, mostra a necessidade de representar com mais

detalhes os aspectos de operação do sistema eletro-energético e alguns de seus fenômenos

nos estudos de planejamento da expansão do sistema. Cabe destacar, no entanto, que tanto

os estudos do ONS, quanto os da EPE, no horizonte de médio prazo, têm viés energético e

não sinalizam adequadamente o problema elétrico real.

Assume, portanto, fundamental importância enfatizar o planejamento regional, como forma

de garantir maior segurança e economia na operação do SIN.

Constatações e Perspectivas para o Atendimento da Ponta de Carga

A Figura 35 ilustra a situação de atendimento à ponta de carga do sistema interligado no

período 2013 a 2015. Pode-se afirmar que, caso não sejam tomadas providências urgentes

para reforçar a oferta de potência no SIN, restará ao ONS intensificar o despacho térmico

para atender a demanda de ponta do sistema, dentro de critérios de segurança adequados.

Page 55: ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DAS · PDF fileRelatório técnico sobre a viabilidade técnico-econômica do parque termelétrico a carvão nacional, levando em conta

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Ainda que se disponha de poços existentes para repotenciação hidrelétrica, como mostrado

na Tabela 15, a motorização completa de todos esses poços só estaria disponível a partir de

2013, devido ao tempo de construção e ajustes na regulação, o que adiaria o problema para

2015, como mostrado na Figura 36. Entretanto, tal hipótese é pouco factível, sendo

necessário considerar outras opções como, por exemplo, retrofit de UTEs já em operação e

localizadas em pontos estratégicos do SIN.

Figura 35: Despacho acima da inflexibilidade para ponta: sem reforços de capacidade. Fonte: ONS

Tabela 15: Poços Existentes. Fonte: Abrage.

Usina Subsistema Potência disponível

(MW)

Cachoeira Dourada SE/CO 105

Curua-UNA N 10

G.B.Munhoz S 838

Três Irmãos SE/CO 485

Itaparica NE 1000

Jaguara SE/CO 213

Porto Primavera SE/CO 440

Rosana SE/CO 89

São Simão SE/CO 1075

Salto Santiago S 710

Taquaruçu SE/CO 105

Três Marias SE/CO 123

Total usinas com repotenciação (MW) 5193

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Figura 36: Despacho acima da inflexibilidade para ponta: motorização de UHEs existentes. Fonte: ONS

O setor elétrico enfrenta, portanto, um problema de solução técnica conhecida, cuja

dificuldade principal reside em alavancar soluções regulatórias que viabilizem essa solução

técnica em ambiente de mercado, incluindo:

Motorização adicional de usinas existentes com provisão para novas unidades;

UTEs em pontos estratégicos da rede que possam tomar ponta;

Repotenciação ou modernização de plantas em operação.

Os ganhos de garantia física associados à motorização adicional e repotenciação de usinas

hidrelétricas existentes em geral não propiciam taxa de retorno adequada aos investimentos

necessários. Por outro lado, UTEs reformadas ou modernizadas podem apresentar ganhos

energéticos significativos, além de garantir o suprimento de potência em pontos estratégicos

da rede. A geração térmica fora da ordem de mérito, por problema elétrico e/ou energético

(balanço de ponta e reserva de potência) sinaliza claramente o benefício sistêmico da

expansão de capacidade.26

26 Paradoxalmente, ganhos de complementação térmica oriundos de contratos por disponibilidade no ACR, que deveriam ser apropriados pelos consumidores, são atualmente usados para cobrir déficits de ponta “hidrelétrica”.

Page 57: ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DAS · PDF fileRelatório técnico sobre a viabilidade técnico-econômica do parque termelétrico a carvão nacional, levando em conta

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O problema técnico é de natureza sistêmica, representado pela redução de confiabilidade no

atendimento à demanda de ponta, redução na margem de reserva de potência operativa

(RPO) ou ainda por índices de confiabilidade globais deteriorados. A solução deste problema,

relativamente simples sob a ótica técnica, consiste em expandir a potência instalada no SIN.

Nessa perspectiva, os benefícios sistêmicos podem ser traduzidos por:

Recondução dos índices de confiabilidade a patamares aceitáveis, com quantificação via

custos de interrupção;

Redução da geração de UTEs de alto CVU, acionadas por várias horas além do horário de

ponta, em função das rampas de tomada e redução de carga;

Redução de despacho fora da ordem de mérito de UTEs flexíveis contratadas por

disponibilidade no ACR, com redução de ESS, o que beneficia os consumidores;

Maior flexibilidade de uso do sistema de transmissão, permitindo acomodar grandes

blocos de geração eólica, com elevada variabilidade de ventos;

Ganhos de energia assegurada sistêmica ou de garantia física de energia.

Na regulação hoje vigente, o único benefício sistêmico reconhecido comercialmente é o

ganho de garantia física, associado à motorização adicional ou repotenciação de plantas

existentes. Assim, a ampliação de potência envolve necessariamente uma de duas situações:

O caso com ganho de GF é regulado, para hidrelétricas, pela Portaria MME 861.2010. No

caso de UTEs, tratamento similar poderia ser dispensado, considerando ainda a Portaria

MME 07.201227. Ocorre que, em alguns casos, o ganho de GF isoladamente considerado

não viabiliza a ampliação da capacidade, ou seja, reconhecer os benefícios de aumento

da potência é essencial para remunerar adequadamente esses investimentos.

O caso sem ganho de GF pode ocorrer na repotenciação, modernização ou instalação de

novas unidades geradoras em hidrelétricas existentes. Neste caso, como no anterior, a

viabilização do empreendimento requer a recuperação do custo de capital e do aumento

27 Ministério das Minas e Energia, 2012.

Page 58: ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DAS · PDF fileRelatório técnico sobre a viabilidade técnico-econômica do parque termelétrico a carvão nacional, levando em conta

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do MUST28. Para isso, é necessário regulamentação específica, que poderá se basear em

instrumentos regulatórios tal como a Portaria MME no 07.2012, vista a seguir.

Portaria MME no. 07.2012

Essa portaria define os conceitos necessários e os procedimentos de cálculo para estabelecer

a GF de empreendimentos termelétricos que tenham solicitado troca de combustível, depois

de terem vencido leilões que outorguem CCEAR de energia nova.

O MME definiu o cálculo da garantia física de um empreendimento termelétrico candidato à

troca de combustível pelo método dito incremental29, que considera a possibilidade de que

um único empreendimento substitua vários outros – mesmo que movidos por diferentes

combustíveis – desde que esse novo projeto adicione garantia física ao SIN.

O método incremental oferece uma solução tecnicamente correta para o problema, pois

apropria ao novo empreendimento apenas o incremento de garantia física (GF) devido ao

combustível substituído, calculado sob as mesmas condições de sistema.

Dessa forma, se as variações em relação à configuração do SIN vigente à época do Leilão,

que embasou o cálculo da GF original, forem tais que, com qualquer combustível, haja

aumento expressivo de GF, a GF adicional a ser apropriada ao empreendimento com novo

combustível será igual à original, calculada nas condições vigentes à época do leilão, mais a

variação de GF, calculada considerando o combustível original e o novo combustível, mas

considerando a configuração atual do SIN.

Embora estabelecida para regular a substituição de combustíveis em termelétrica licitados

em leilões de energia nova, esta formulação poderia ser aplicada também em casos de

retrofit de empreendimentos existentes (reforma ou modernização de UTEs a carvão, por

exemplo), com alteração de CVU, mesmo que isto não envolva mudança de combustível.

28 Montante de uso do sistema de transmissão. 29 “Art. 1o A garantia física de energia de empreendimento candidato à mudança de combustível, na forma do disposto na Portaria MME no 649, de 13 de dezembro de 2011, será objeto de novo cálculo, conforme metodologia descrita a seguir: (i) ∑ (...), sendo GFvigentei: montante de garantia física de energia do empreendimento “i” , que estiver

vigente na data de requerimento da mudança de combustível. No caso de reagrupamento de usinas termelétricas, será considerado o somatório das GFvigente de cada uma dessas usinas; GFnova: novo montante de garantia física de energia do empreendimento definida pela aplicação da metodologia definida neste artigo; ΔGF: ganho incremental de garantia física de energia.”

Page 59: ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DAS · PDF fileRelatório técnico sobre a viabilidade técnico-econômica do parque termelétrico a carvão nacional, levando em conta

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Observe-se que o MME estabeleceu uma regra racional, ao fazer uma comparação baseada

em condições atuais de configuração do sistema, CVU e procedimentos de cálculo, evitando

atribuir um valor de GF para a mudança de arranjos com base em premissas ultrapassadas.30

Expansão da Oferta e Intercâmbios Regionais

A Figura 37 mostra o balanço de garantia física no SIN e a e a Figura 38 mostra o balanço na

região Sul. Esses balanços mostram que a oferta, embora balanceada no SIN como um todo,

não está distribuída de acordo com os requisitos de energia da região Sul, que depende

fundamentalmente das interligações regionais para um atendimento adequado.

Figura 37: Oferta e Demanda de Energia: Balanço do SIN

Embora o desequilíbrio regional de garantia física, por si só, não suscite preocupação, há

outros elementos, relacionados à expansão da oferta de capacidade, que podem afetar a

qualidade de atendimento à região Sul, como será analisado a seguir.

Primeiramente, há sobras significativas de contratos de energia assegurada no SIN, que

evoluirão de 2.400 MW-médio em 2012 para quase 7.600 MW-médio em 2016 (valores

30O empreendimento original conserva a GF calculada nas mesmas condições em que foi definida a GF vigente, evitando assim alterar a placa antes do prazo legal de revisão da garantia física.

Page 60: ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DAS · PDF fileRelatório técnico sobre a viabilidade técnico-econômica do parque termelétrico a carvão nacional, levando em conta

6 0

referentes a 03.2012). Essas sobras se concentram principalmente na região Nordeste. Nas

regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste há déficits localizados a partir de 2013. Embora isso não

signifique aumento do risco de racionamento, essa distribuição de oferta levará certamente

a intensos fluxos de potência inter-regionais, que podem afetar a confiabilidade do sistema,

mesmo em sistemas de transmissão com capacidade adequada.

Figura 38: Oferta e Demanda de Energia: Balanços Regionais – Região Sul.

Além disso, parcela importante da oferta de energia nova é proveniente de parques eólicos,

localizados principalmente na região Nordeste. A concentração de projetos eólicos, além de

acentuar desequilíbrios regionais, traz consigo uma desvantagem adicional: o alto grau de

dependência da geração eólica do regime de ventos de uma única região.

Os parques eólicos tendem em geral a ser instalados em locais próximos, aproveitando as

características topográficas favoráveis em cada região. Os parques eólicos assim localizados

apresentam em geral altos fatores de capacidade e produção energética com alta correlação

espacial. Assim, da mesma forma em que a ocorrência de um “período eólico favorável”

Page 61: ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DAS · PDF fileRelatório técnico sobre a viabilidade técnico-econômica do parque termelétrico a carvão nacional, levando em conta

6 1

determina uma produção elevada em todos os projetos, a ocorrência de um “período eólico

crítico” reduz simultaneamente toda a geração eólica numa dada região.31

Tanto num caso como no outro, seja para compensar a falta de geração eólica, seja para

mitigar os riscos de falha decorrentes de elevados fluxos inter-regionais, a solução técnica

mais indicada é o reforço do sistema de transmissão, localmente ou entre regiões. Ocorre,

porém, que a frequência e/ou severidade dessas situações de stress podem ser insuficientes

para justificar economicamente os reforços em grandes troncos de interligação.

Como em geral a condição crítica de atendimento estará restrita ao horário de ponta de

carga, a solução de motorização adicional de hidrelétricas (existentes), ou termelétricas de

semi-base 32 (CVU reduzido e inflexibilidade importante) pode se constituir em alternativa

interessante. Em síntese, as alternativas de solução consistem em:

Regionalizar a oferta em leilão de eólicas;

Reforçar as interconexões e redes locais estratégicas;

Supermotorizar plantas hidrelétricas, quando possível e viável;

Adicionar potência instalada local econômica.

Caso contrário, corre-se o risco de haver, em algumas situações operativas, alguma região

exportadora com sobra de energia que não possa ser exportada para as demais regiões e, na

falta momentânea de ventos, tornar a operação do sistema insegura.

Para que esta energia torne-se exportável, investimentos de grande porte precisariam ser

realizados no sistema de transmissão, juntamente com reforço local de geração para

enfrentar momentos de redução acentuada da geração eólica na região, particularmente no

horário da ponta de carga.

31 Esse tipo de falha é designado “modo de falha comum” na Teoria da Confiabilidade. 32 UTEs operando em semi-base estarão quase sempre despachadas em pelo menos meia carga, podendo assumir operação com potência máxima no horário de ponta com relativa facilidade e sem acréscimos importantes nos custos operacionais.

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No caso da região Sul, como apontado pelo ONS (ENASE 2012), os principais desafios são:

Em curto prazo, estabelecer níveis mínimos de armazenamento para a região, bem como

para as bacias dos rios Iguaçu e Uruguai (Recomendação ao CMSE - Nota Técnica ONS);

Em médio prazo, realizar leilões regionais de geração por fonte, em casos especiais, para

mitigar o risco de afluências adversas (como as verificadas em 2006, 2009 e 2012), de

forma coincidente com eventual indisponibilidade de linhas na interligação Sudeste-Sul.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação dos efeitos sistêmicos da desativação, temporária (caso de reforma) ou

permanente (caso contrário), das usinas consideradas ineficientes pela ANEEL na NT

AP 043.2011, que totalizam cerca de 1.050 MW de capacidade instalada, foi realizada

por meio do cálculo de indicadores usados no planejamento da geração, incluindo

uma análise quantitativa de emissões de gases de efeito estufa, complementado por

uma análise qualitativa de suprimento de potência na região Sul.

Avaliou-se também um cenário alternativo para considerar a expansão do sistema

gerador, por meio da modernização do parque gerador a carvão, assim entendida a

ampliação da capacidade instalada termelétrica, com base em tecnologias modernas

e projetos com licença ambiental situados na região Sul.

Os resultados da avaliação quantitativa indicam a relevância do parque termelétrico

a carvão no atendimento regional, notadamente ao mercado da região Sul. Essa

relevância decorre dos aspectos de confiabilidade do sistema, expresso pelo

aumento do risco do déficit em 2013, revelado pela análise conjuntural, e pela base

de dados documental, derivada da operação do sistema e publicada pelo ONS.

A magnitude da elevação de custos de operação (cerca de R$ 1,5 bilhão em termos

médios e de até R$ 18 bilhões, sob condições hidrológicas adversas) no horizonte do

PMO, sinaliza a importância econômica de se manter as térmicas consideradas

ineficientes pela ANEEL, e recomenda não desativá-las, seja de forma permanente,

seja para fins de reforma, neste horizonte temporal.

A análise estrutural mostra que os impactos econômicos e de confiabilidade de uma

eventual reforma das termelétricas ineficientes são de pequena monta, o que, junto

aos impactos negativos de uma desativação temporária para reforma, indicados pela

análise conjuntural, reforça a recomendação contrária a esta alternativa, como forma

de atendimento aos comandos da Resolução Normativa no 500.2012 da ANEEL.

A alternativa de modernização, assim entendida a ampliação da capacidade instalada

com base em projetos modernos, em locais com licença ambiental, conjugada com a

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desativação das termelétricas ineficientes, se revelou, dentro do quadro de hipóteses

examinadas, como a melhor solução tecnológica e sistêmica para atender à resolução

normativa da ANEEL.

Esta alternativa propicia economias de custos de operação da ordem de R$ 2 bilhões

em média de longo prazo (PDE 2020), além de evitar sobrecustos operativos de até

R$ 18 bilhões, em face de condições hidrológicas adversas, no horizonte de médio

prazo (PMO 05.2012).

Do exposto, conclui-se que a modernização, nos termos acima definidos, representa

a melhor solução de compromisso entre garantia de suprimento, custo de operação e

emissão de GEE, na medida em que aumenta a oferta física de energia e potência,

em pontos estratégicos do SIN, sem comprometer as metas de redução de emissões

assumidas pelo Brasil por ocasião da COP-15, em Copenhagen.

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