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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS 1 RELATÓRIO TÉCNICO FINAL Projeto Agrisus N. o 653/10 Título da Pesquisa: Plantio Direto e Calagem no Sistema Cana Crua Coordenador: Denizart Bolonhezi Instituição: Pólo Regional Centro-Leste - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) Endereço: Avenida Bandeirantes, n. 2419, CEP:14030-670, Ribeirão Preto/SP, Fone (16-36371091), E-mail: [email protected] ou [email protected] Local da Pesquisa: Setor de Agronomia do Pólo Centro-Leste (antiga Estação Experimental do IAC), Ribeirão Preto/SP Valor Financiado pela Agrisus: R$ 26.660,00 Vigência do Projeto: 05/03/2010 a 30/04/2012 ____________________________________________________________ 1. INTRODUÇÃO A área cultivada com cana-de-açúcar no Estado de São Paulo está estimada em 5.768.186 ha na safra 2013/14, dos quais estão em reforma 722.294 ha (CANASAT, 2014). Com o preço do açúcar em queda no exterior, na próxima safra a produção será destinada para o mercado de bioetanol, visando o mercado de 20 milhões de veículos flexfuel da frota nacional. A renovação dos canaviais é o caminho para elevar as médias de produtividade que vem caindo nos últimos anos (de 82 para 68 t de colmos ha -1 ), contudo com os elevados custos para renovação dos canaviais, estimados entre R$ 5.500 e R$ 7.000 por hectare, uma alternativa é o cultivo de grãos na entressafra e adoção do sistema plantio direto. O aumento nos custos está relacionado com o aumento na cotação do dólar, que implica em aumentos nos preços de fertilizantes e defensivos, porém também está relacionado com a necessidade de aumentar o número de operações agrícolas no preparo do solo (grande quantidade de palhada) e consequentemente maior consumo de diesel.

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

1

RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Projeto Agrisus N.

o 653/10

Título da Pesquisa: Plantio Direto e Calagem no Sistema Cana Crua

Coordenador: Denizart Bolonhezi

Instituição: Pólo Regional Centro-Leste - Agência Paulista de Tecnologia dos

Agronegócios (APTA)

Endereço: Avenida Bandeirantes, n. 2419, CEP:14030-670, Ribeirão Preto/SP, Fone

(16-36371091), E-mail: [email protected] ou [email protected]

Local da Pesquisa: Setor de Agronomia do Pólo Centro-Leste (antiga Estação

Experimental do IAC), Ribeirão Preto/SP

Valor Financiado pela Agrisus: R$ 26.660,00

Vigência do Projeto: 05/03/2010 a 30/04/2012

____________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO

A área cultivada com cana-de-açúcar no Estado de São Paulo está estimada em 5.768.186 ha

na safra 2013/14, dos quais estão em reforma 722.294 ha (CANASAT, 2014). Com o preço do

açúcar em queda no exterior, na próxima safra a produção será destinada para o mercado de

bioetanol, visando o mercado de 20 milhões de veículos flexfuel da frota nacional. A renovação dos

canaviais é o caminho para elevar as médias de produtividade que vem caindo nos últimos anos (de

82 para 68 t de colmos ha-1

), contudo com os elevados custos para renovação dos canaviais,

estimados entre R$ 5.500 e R$ 7.000 por hectare, uma alternativa é o cultivo de grãos na entressafra

e adoção do sistema plantio direto. O aumento nos custos está relacionado com o aumento na

cotação do dólar, que implica em aumentos nos preços de fertilizantes e defensivos, porém também

está relacionado com a necessidade de aumentar o número de operações agrícolas no preparo do

solo (grande quantidade de palhada) e consequentemente maior consumo de diesel.

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Enquanto na safra 2006 a colheita mecanizada crua representava somente 32% da área

colhida, na safra passada chegou a 85%. Considerando que a partir deste ano, a colheita sem queima

será obrigatória em canaviais com declividade inferior a 12% de declividade, o tema principal da

presente pesquisa (plantio direto em reforma de canaviais) apresenta indiscutível relevância.

Neste sistema de colheita, os talhões são sistematizados (maior distância ou eliminação dos

terraços) para reduzir número de manobras das colhedoras, contudo com a incorporação da palhada

acumulada ao longo dos cortes (média de 15 Mg ha-1

de matéria seca), o solo fica mais exposto aos

riscos de erosão e os custos com preparo aumentam em aproximadamente 30%. Além disso, o

dimensionamento dos terraços na cana-de-açúcar são incompatíveis com as culturas de rotação,

resultando em sérios problemas de conservação de solo. Deve-se salientar que, o assoreamento de

sulco de plantio de cana, tem ocasionado significativo aumento nos custos com replantio. Nestas

condições, é desejável a adoção dos princípios da agricultura conservacionista, os quais estão

alicerçados no mínimo revolvimento do solo, na manutenção dos resíduos na superfície do solo

e na rotação de culturas, sendo o sistema plantio direto o mais eficiente no controle de processos

erosivos do solo. Todavia, a falta de informações técnicas sobre a viabilidade da aplicação

superficial de corretivos e resíduos agroindustriais, assim como a presença de compactação

ocasionada pelo intenso tráfego, tem justificado o predomínio do preparo do solo antes do plantio

da cana-de-açúcar, mesmo nas áreas em que a soja foi semeada diretamente sobre palhiço de cana.

Frente às questões apresentadas foi possível estabelecer algumas hipóteses: (i) o crescimento

da cana-de-açúcar e a produtividade de colmos não é reduzida significativamente no plantio direto;

(ii) a aplicação superficial do calcário sobre palhada de cana crua altera os atributos químicos em

profundidade abaixo de 10 cm; (iii) o preparo convencional não melhora as principais

características físicas do solo em áreas de cana crua. Considerando o contexto discutido e as

hipóteses estabelecidas, a presente pesquisa tem os seguintes objetivos; avaliar as características

agronômicas e sistema radicular da cana-de-açúcar em preparo convencional e plantio direto após

cultivo de soja, bem como as alterações em alguns atributos químicos e físicos do solo em

experimento de longa duração.

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2. MATERIAL & MÉTODOS

2.1. Instalação da Pesquisa e Características do Solo

Por se tratar de uma pesquisa de longa duração, é importante mencionar algumas

informações que auxiliarão na compreensão dos resultados obtidos e que estarão apresentados neste

relatório final. O histórico das atividades realizadas desde a instalação do projeto em 1998 estão

apresentadas no Quadro 1. Da mesma forma, são apresentadas as características químicas da

fertilidade do solo no início (Quadro 2), bem como algumas informações dos calcários utilizados

nas três aplicações realizadas (Quadro 3). O solo da gleba está classificado como LATOSSOLO

Vermelho eutroférrico, textura argilosa (EMBRAPA, 2006).

Quadro 1. Histórico das realizadas nos primeiros 11 anos de condução do experimento.

Anos

Operações 98 99 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Amostragens x x x x x x x

Calagem x x x

Semeadura Soja x x x x

Colheita Cana x x x x x x X x x

Plantio Cana x x

Quadro 2. Características químicas dos solos da área experimental, antes da aplicação da primeira calagem. Média de

32 pontos de amostragem.

Identificação Prof. pH M.O. P K Ca Mg H+Al S.B. CTC V

Ribeirão cm - g dm-3

mg dm-3

------------ mmolc dm-3

------------ %

Preto 0-20 4.8 31 23 0.8 24 7.2 43.9 31.8 75.8 41

Quadro 3. Principais características dos calcários utilizados nas três aplicações.

Características dos

Calcários

Anos

1998 2003 2008

Origem/Marca Rocha Metamórfica

(Itaú)

Rochas Metamórfica

(Solofértil)

Rocha Sedimentar

(Diamante)

CaO (%) 30 35 24

MgO (%) 16 15 17

PN (%)1 93 105 85

PRNT (%)2 91.5 85 70

1 PN – poder de neutralização do corretivo, expresso em porcentagem equivalente de carbonato de cálcio puro; e 2 PRNT – poder

relativo de neutralização total, calculado em função dos valores de PN e RE: PRNT (%) = (PN x RE) / 100.

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O último corte mecanizado foi realizado em agosto de 2008, sendo que a variedade cultivada

na ocasião foi IAC-912218. Devido à drástica redução de produtividade no quarto corte, definiu-se

em reformar o canavial e para manter o histórico do experimento, foram realizadas amostragens de

solo, aplicação do calcário nas respectivas doses (0, 2, 4 e 6 t ha-1

de calcário dolomítico) e

semeadura de soja em novembro de 2008 e novembro de 2009. O cultivo de dois anos de soja está

sendo apregoado por alguns agricultores da região nordeste do estado de São Paulo, como uma

alternativa para aumentar a produtividade da cana-de-açúcar sobretudo em anos de alta

lucratividade desta oleaginosa. Nos últimos dois ciclos de soja optou-se por cultivares transgênicos

Monsoy 7908 e Monsoy 7211. As características agronômicas das cultivares foram avaliadas nos

dois anos de cultivos. Convém salientar, que embora os componentes da produção tenham sido

realizados através de amostras, o restante da produção da parcela foi colhido mecanicamente,

reproduzindo fielmente a realidade do produtor. Isto foi possível devido o dimensionamento do

tamanho das parcelas e dos carreadores (Figura 1).

Após a colheita da soja (17/03/2010) e antes da incorporação dos resíduos para plantio da

cana-de-açúcar no sistema convencional, foi realizada a caracterização dos atributos físicos e

químicos do solo em todas as parcelas (Figura 2). Para fins de determinação das características

químicas da fertilidade do solo, foram retiradas 10 amostras estratificadas simples para formar uma

composta, referentes a 5 profundidades 0-0.5, 0.5-0.10, 0.10-0.20, 0.20-0.40, 0.40-0.60 m. A

amostragem foi realizada entre os dias 18/03/2010 e 23/03/2010 e totalizaram 160 amostras

compostas. No mesmo período foram retiradas amostras indeformadas nas profundidades 0-0.5,

0.5-0.10, 0.10-0.20, 0.20-0.40, 0.40-0.60 m, utilizando-se anéis volumétricos de 100 cm3. Todas as

amostras foram encaminhadas para os Laboratórios de Fertilidade e Física do Centro de Solos e

Recursos Agroambientais do Instituto Agronômico de Campinas.

Figura 1. Vista geral da área experimental antes e após o segundo cultivo de soja

Monsoy 7211.

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Figura 2. Trincheiras e anéis volumétricos para coleta de amostras indeformadas.

O preparo do solo nas parcelas convencionais foi realizado nos dias 24, 25 e 26 de março de

2011, utilizando-se arado de aivecas, grade aradora e grade niveladora (Figura 3). Nas parcelas

referentes aos tratamentos em plantio direto, aplicou-se herbicida glifosate (5 L p.c. ha-1

). A

sulcação foi realizada na mesma profundidade (aproximadamente 40 cm) nos dois sistemas de

manejo do solo (Figura 4). Nesta operação, foram aplicados 40, 160 e 80 kg ha-1

de N, P2O5 e K2O.

As mudas da variedade IACSP95-5000 foram distribuídas manualmente no dia 31/03/2010, de

acordo com a recomendação para este genótipo, ou seja, 15 gemas por metro (Figura 5). A razão da

escolha se deve a alta exigência em fertilidade do solo, a boa adaptabilidade às condições de

colheita mecanizada, ao excelente perfilhamento e à razoável tolerância a ferrugem alaranjada.

Figura 3. Detalhes do preparo de solo utilizado nas parcelas convencionais após colheita da soja.

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Figura 4. Vista da condição de cada sistema antes da sulcação (esquerda). Operação de abertura dos sulcos e

aplicação de fertilizantes (direita).

Simultaneamente ao fechamento do sulco, foi aplicado 1,2 L p.c. ha-1

do inseticida fipronil, na

formulação do produto comercial Evidence™

, com o objetivo de reduzir infestação de cupins e

percevejo castanho (Figura 5).

Figura 5. Operação de cobertura dos sulcos (esquerda). Distribuição das mudas (direita)

Informações sobre as condições microclimatológicas foram coletadas em estação

automatizada, que está posicionada a cerca de 200 metros do experimento. Nas Figuras 6, 7 e 8

podem-se observar a distribuição da chuva, temperatura máxima e mínima do ar, respectivamente

para o período da cana planta, primeira e segunda soqueira. No Quadro 5 encontra-se um resumo

das datas de plantio da cana e das três colheitas, bem como as quantidades de chuva e outras

informações microclimatológicas.

Quadro 5. Informações microclimatológicas ocorridas nos três ciclos de desenvolvimento da variedade de cana

IACSP95-5000. Ribeirão Preto, SP.

Informações Microclimatológicas Cana Planta Primeira Soqueira Segunda Soqueira

Ciclo total de dias 475 368 391

Número de dias com chuva 158 120 128

Pluviosidade total (mm) período 1524.4 1292.4 1303.1

Média das temperaturas máximas (OC) 28.7 28.9 29.1

Média das temperaturas mínimas (OC) 15.8 16.4 16.5

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Figura 6. Distribuição da chuva, das temperaturas máximas e mínimas, ao longo do desenvolvimento da cana planta.

Período compreendido do plantio (01/04/2010) até a primeira colheita (18/07/2011). Ribeirão Preto, SP.

Figura 7. Distribuição da chuva, das temperaturas máximas e mínimas ao longo do desenvolvimento da primeira

soqueira. Período compreendido da colheita da cana planta (18/07/2011) até colheita da primeira soqueira (19/07/2012).

Ribeirão Preto, SP.

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Figura 8. Distribuição da chuva, das temperaturas máximas e mínimas ao longo do desenvolvimento da primeira

soqueira. Período compreendido da colheita da primeira soqueira (19/07/2012) até colheita da segunda soqueira

(13/08/2013). Ribeirão Preto, SP.

2.2. Avaliações e Procedimento das Colheitas

2.2.1. Porcentagem de Falhas, Perfilhamento e Biomassa Seca da Parte Aérea

Avaliações do percentual de falhas (> 50 cm) foram realizadas aos 45 e 120 dias após o

plantio, considerando 7 sulcos de 20 metros em cada parcela. Mensalmente, a partir da emergência

(45 dias) foram realizadas contagens do número de perfilhos e coletas de amostras da parte aérea,

para determinação do acúmulo de biomassa. Amostras foram retiradas em dois pontos de 0,5 m de

sulco, lavadas e secadas em estufa com circulação forçada de ar (T ± 60 oC). Estas amostras foram

moídas e deverão ser encaminhadas ao Laboratório de Fertilidade do Centro de Solos do IAC para

determinação do conteúdo de macronutrientes. O mesmo procedimento foi empregado nas duas

soqueiras avaliadas.

As avaliações mensais da biomassa da parte aérea e contagens de perfilhos continuaram até

a colheita da cana planta, mantendo-se os mesmos procedimentos. Para determinação da biomassa

da parte aérea, foram amostrados 2 pontos de 1 metro no 3o e 7

o sulcos. Em virtude do crescimento

vegetativo muito vigoroso, a partir da avaliação de outubro, a biomassa fresca total também

começou a ser avaliada e somente uma alíquota do total (2 kg) foi levada para estufa de secagem

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para determinação da matéria seca. Para efetuar as leituras antes das plantas murcharem, foi

utilizado balança digital portátil para pesagem no campo. Após pesagem em campo, foram

amostrados 10 colmos em cada parcela. Estas amostras foram transferidas para o laboratório, a fim

de realizar as determinações biométricas (altura de colmo, número de internódios por colmo,

diâmetro médio dos colmos, biomassa fresca e seca de colmos e folhas) e acompanhamento da

curva de maturação com refratômetro portátil.

Figura 9. Biometria para determinação dos componentes da produção e avaliação do acúmulo de biomassa

seca da parte aérea da variedade IACSP95-5000. Ribeirão Preto, SP.

2.2.2. Avaliações agronômicas e tecnológicas do caldo

Na Figura 10 encontram-se as imagens de satélite da gleba do experimento em duas

ocasiões, após o plantio e na colheita da segunda soqueira. A colheita das amostras para avaliações

agronômicas foram realizadas entre os dias 8 e 12 de agosto de 2013. Nota-se que as parcelas são

grandes e permitem a completa mecanização das operações.

Figura 10. Imagem de satélite da área experimental em 2010 por ocasião da instalação do canavial (esquerda). Imagem

de satélite da área experimental por ocasião da colheita em agosto de 2013.

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Foram colhidos manualmente dois sulcos de 20 metros em cada sub-parcela (sistema x doses

de calcário), conforme Figura 11. Os colmos após limpeza das folhas foram contados e amontoados

defronte a subparcela para pesagem com carregadeira (Figura 12). Uma amostra de 10 colmos foi

retirada do campo para medidas de algumas características agronômicas (número de internódios,

comprimento e diâmetro médio). Aproveitou-se a mesma amostra para as determinações das

características tecnológicas do caldo. Os colmos foram encaminhados ao Laboratório de Tecnologia

do Centro de Cana do IAC, onde foram determinados; Brix, Pol, AR e pureza do caldo extraído,

teor de fibra e açúcar total recuperável (ATR), conforme método CONSECANA.

Figura 11. Detalhes do corte manual da cana-de-açúcar e vista da parcela após corte

Figura 12. Equipamentos para avaliação da biomassa colhida no campo.

2.2.3. Amostragens de solo e raiz, processamento e análises das imagens.

As amostragens de solo para fins de fertilidade foram realizadas antes do plantio da cana e após

a cana planta. Além das análises de rotina, foram determinados o calcário residual nas

profundidades 0-5, 5-10, 10-20 e 20-40 cm. Conforme mencionado no 3o relatório parcial, ocorreu

um acidente no Laboratório do Centro de Solos do IAC e as amostras remetidas para determinação

do carbono orgânico foram descartadas. Por conseguinte, foram retiradas (outubro/2012) amostras

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compostas na camada 0-5, 5-10, 10-20, 20-40 e 40-60 cm em todos os tratamentos, as quais foram

encaminhadas a Campinas para análise através do equipamento CNHS, no qual foram analisados os

teores de carbono, nitrogênio e enxofre. Amostras indeformadas foram retiradas antes do plantio da

cana e após a colheita da primeira soqueira para determinação dos atributos previamente definidos,

tais como; porosidade total, microporosidade, macroporosidade e densidade do solo. Na primeira

soqueira as amostras de anéis volumétricos foram retiradas em duplicatas na linha e entrelinha da

cana-de-açúcar, acompanhando o mesmo procedimento dos levantamentos de resistência à

penetração com penetrômetro de impacto, conforme Stolf (1991). Amostras de solo foram retiradas

para certificar a condição e umidade nas camadas de 0-20 e 20-40 cm, por ocasião das duas últimas

avaliações.

A quantificação da biomassa e distribuição do sistema radicular da cana planta foi realizado pelo

Método do Trado (Fujiwara et al., 1994), em duas épocas de amostragem (novembro/2010 e

abril/2011), sendo seis buracos em cada ponto em transepto (15, 45 e 75 cm a partir da soqueira,

tanto para direita quanto para esquerda), conforme Figura 13. Este procedimento foi repetido no

período de desenvolvimento da primeira soqueira, amostrando-se a cada 2 meses, porém

considerando as doses de calcário C0 (testemunha) e C1 (2,0 t ha-1

de calcário dolomítico). Nesta

série de amostragens foi utilizado uma sonda ao invés do trado cerrilhado, tendo sido amostrado a

cada 10 cm da superfície do solo até 100 cm, em 6 posições em relação à soqueira, conforme

esquema apresentado na Figura 13. As amostragens foram realizadas em setembro/2011,

novembro/2011, fevereiro/2012 e abril/2012. O procedimento adotado para armazenamento,

lavagem, limpeza, secagem e pesagem foram os mesmos da fase de cana-planta, conforme imagens

da Figura 15.

Figura 13. Esquema representando posição de amostragem na soqueira.

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As avaliações do sistema radicular na segunda soqueira foi realizada com sonda em 2,0

pontos nas profundidades 0-20, 20-40, 40-60, 60-80, 80-100 cm, em todas as sub-subparcelas. Esta

medida foi realizada em novembro2013, conforme Figura 14. Para facilitar a dispersão da argila e a

lavagem das amostras, em cada amostra foi acrescentado cerca de 20 mL de solução de água com

álcool (20%), conforme Figura 15. Depois da lavagem e separação em peneira de 0,5 mm, imagens

das raízes foram obtidas em scanner de mesa.

As mesmas foram processadas no software Safira®, através do qual foram determinados; o

comprimento médio, a área coberta por raízes, volume e o diâmetro médio. Na Figura 16 está

apresentada a sequencia de análise das imagens, sendo A- imagem gerada pelo scanner, B- imagem

binarizada (converte as cores em preto com fundo contrastante em branco), C- filtragem e retirada

de impurezas na imagem, D e E- esqueletamento (traçado o centro de cada fragmento para cálculo

do diâmetro médio ponderado) e F- imagem pronta para processamento. Após obtenção das

imagens, as amostras foram secas em estufa com circulação forçada de ar para determinação da

matéria seca. Os valores de matéria seca foram expressos em g dm-3

. Para extrapolar os valores em

kg ha-1

, procedeu-se cálculo através da equação; MR (kg ha-1

) = [(massa seca de raiz/volume do

trado)*volume da camada de solo amostrada] x 1000, conforme proposto por Otto et al. (2009).

Figura 14. Descrição das etapas de amostragem de solo com uso da sonda.

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Figura 15. Sequencia do preparo das amostras, desde a diluição em solução alcoólica, passado pela lavagem,

separação em peneira de 0,5 mm e retirada das impurezas.

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Figura 16. Sequência de geração das imagens no software Safira (EMBRAPA), desde a imagem obtida no

scanner até o processamento final (binarização, filtragem, esqueletamento e análise).

Procedeu-se a análise de variância dos resultados agronômicos e de algumas características

do solo, através do software estatístico ESTAT (UNESP, Jaboticabal). Quando significativas, as

regressões são apresentadas em gráficos.

A B

C D

E F

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir estão apresentados os principais resultados obtidos neste projeto de longa duração,

muitos já mencionados nos três relatórios parciais, mas agora reunidos em quatro tópicos;

resultados sobre fertilidade do solo, resultados de algumas características físicas, resultados do

estudo do sistema radicular da cana-de-açúcar, bem como os efeitos nos componentes da

produtividade e nas características tecnológicas do caldo.

3.1. Alterações na Fertilidade do Solo

Nas Tabelas 1 e 2, pode-se observar que a saturação por bases e o pH (CaCl2) aumentou de

forma linear em função das doses de calcário nos dois sistemas de manejo do solo em todas as

profundidades avaliadas. Embora com menor magnitude que no sistema convencional, a elevação

da saturação por bases e do pH é verificada mesmo em camadas mais profundas, inclusive abaixo

de 40 cm (Figuras 17 e 18), ocorrência não verificada nos primeiros anos desta pesquisa (em 1999).

Tabela 1. Valores de saturação por bases (%) na diferentes profundidades (cm) dos tratamentos de

manejo de solo e doses de calcário, referente à amostragem de março de 2010. Ribeirão Preto, SP.

Sistema de Manejo (SM)

Saturação por Bases (V%)

0-5 5-10 10-20 20-40 40-60

------------------------------ % ----------------------------------

Preparo Convencional 65,9 B 64,4 66,0 66,3 A 58,1

Plantio Direto 80,4 A 69,4 59,8 56,3 B 58,0

Teste F 184,5 ** 7,6 ns 7,1 ns 61,2** 0,01 ns

Calcário, t/ha (C)

0,0 42,3 D 42,1 C 49,8 B 52,3 B 52,1 B

2,0 75,1 C 64,8 B 53,6 B 54,9 B 53,8 AB

4,0 80,9 B 77,4 A 72,0 A 65,8 A 61,4 AB

6,0 87,4 A 83,2 A 76,3 A 71,9 A 64,8 A

Regressão L** L** L** L* L** (PD)

Interação SM x C

Teste F

C.V.(%) parcela

C.V.(%) subparcela

17,6 **

4,2

4,9

3,7 *

7,7

8,4

1,0 ns

10,5

13,0

1,75 ns

5,9

10,9

0,62 ns

21,8

13,9

L: regressão linear; * e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

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16

Figura 17. Regressões lineares entre saturação por bases (V%) e doses de calcário, em dois sistemas de

manejo do solo (convencional e plantio direto), em experimento de longa duração. Análise referente a

amostragem antes do plantio do terceiro canavial (março de 2010). Ribeirão Preto, 2010.

Tabela 2. Valores de pH (CaCl2) na diferentes profundidades (cm) dos tratamentos de manejo de solo e doses

de calcário, referente à amostragem de março de 2010. Ribeirão Preto, SP.

Sistema de Manejo (SM) pH (CaCl2)

0-5 5-10 10-20 20-40 40-60

Preparo Convencional 5,6 B 5,6 5,6 A 5,7 A 5,7 A

Plantio Direto 6,0 A 5,7 5,5 B 5,5 B 5,6 B

Teste F 70,3 ** 1,7 ns 14,8 * 77,8 ** 13,7 *

Calcário, t/ha (C)

0,0 5,2 C 5,0 C 5,1 B 5,3 B 5,5 B

2,0 5,8 B 5,5 B 5,3 B 5,4 B 5,5 B

4,0 6,0 AB 5,9 A 5,9 A 5,7 A 5,7 AB

6,0 6,2 A 6,1 A 6,0 A 5,9 A 5,8 A

Regressão L** L** L** L** L* (PD)

Interação SM x C

Teste F

C.V.(%) parcela

C.V.(%) subparcela

0,79 ns

2,3

5,0

0,94 ns

3,1

4,3

1,95 ns

2,4

4,1

1,42 ns

1,5

3,3

0,44 ns

1,4

2,7

L: regressão linear; * e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

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17

Figura 18. Regressões lineares entre valores de pH (CaCl2) e doses de calcário, em dois sistemas de manejo

do solo (convencional e plantio direto), em experimento de longa duração. Análise referente a amostragem

antes do plantio do terceiro canavial (março de 2010). Ribeirão Preto, 2010.

Os resultados encontrados na presente pesquisa concordam com publicação de Rheinheimer

eta l. (2000), que verificaram significativos aumentos no pH na camada de 10 cm, após aplicação

superficial de 17 t ha-1

de calcário em área cultivada com pastagem. Estes autores explicam que alta

taxa de aplicação promove a formação de uma frente de alcalinização que atua em profundidade

ocasionando alterações em diversos atributos químicos do solo. Da mesma forma, porém em solo

com textura mais argilosa, Caires et al. (2005), também conseguiram verificar significativas

alterações no pH em profundidade, as quais atribuíram à aplicação anual do calcário em doses

relativamente altas.

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18

Além disso, conforme Sorato e Crusciol (2008), pode haver movimento de partículas de

calcário no plantio direto, mediante percolação de água através de planos de fraqueza e canais

formados por raízes, explicando assim a determinação de calcário não dissolvido na camada de 20-

40 cm. Entretanto, a movimentação do solo ocorrida na operação de sulcação pode ter sido um dos

fatores determinantes, além da formação de bioporos através da manutenção do sistema radicular

ano após ano, associado à atividade de insetos e outro componentes da biologia do solo. De

qualquer forma, estes resultados contribuem sobremaneira para compreensão das diversas hipóteses

sobre a frente de alcalinização ocorrida com a aplicação de calcário em superfície em sistemas de

plantio direto já estabilizados. Estes resultados remetem à necessidade de refinamento das próximas

análises, com vistas a concluir com mais propriedade, sobre as causas da elevação do pH e da

saturação por bases no sistema plantio direto.

A melhoria da fertilidade do solo em função da aplicação do calcário em superfície, pode ser

também evidenciada pelo aumento da CTC mesmo nas camadas mais profundas. Na Tabela 3,

observa-se que a CTC dobrou na camada de 0-5 cm no plantio direto. O fato de não ter sido

verificado significância para análises da regressão no sistema plantio direto na camada 0-5 cm e

menor magnitude que o convencional, pode estar relacionado com a variabilidade nos conteúdos de

carbono ao longo do perfil decorrente da decomposição irregular dos resíduos (palhiço de cana

crua, resíduo da soqueira e palhada da soja cultivada na reforma). Os resultados de carbono a serem

gerados poderão auxiliar nesta discussão, considerando que a CTC dos solos tropicais são

extremamente dependentes da matéria orgânica do solo.

Tabela 3. Valores da CTC (mmolc dm-3

) na diferentes profundidades (cm) dos tratamentos de

manejo de solo e doses de calcário, referente à amostragem de março de 2010. Ribeirão Preto, SP.

Sistema de Manejo (SM)

Capacidade de Troca de Cátions (CTC)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

------------------------------ mmolc dm-3

----------------------------------

Preparo Convencional 88 B 64,4 66,0 66,3 A 58,1

Plantio Direto 170 A 71,3 59,8 56,3 B 58,0

Teste F 26,3 ** 6,9 ns 7,1 ns 61,2 ** 0,01 ns

Calcário, t/ha (C)

0,0 106,0 45,9 C 49,8 B 52,5 B 52,1 A

2,0 127,0 64,8 B 53,6 B 54,8 B 53,8 AB

4,0 131,0 77,4 A 72,0 A 65,8 A 61,4 AB

6,0 150,0 83,3 A 76,3 A 71,9 A 64,9 B

Regressão L** (PC) L** L**(PC) *(PD) L**(PC) *(PD) L**(PD)

Interação SM x C

Teste F

C.V.(%) parcela

C.V.(%) subparcela

0,37 ns

34,8

30,5

0,43 ns

10,9

12,9

1,02 ns

10,5

13,0

1,75 ns

5,9

10,9

0,62 ns

21,8

13,9

L: regressão linear; * e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

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19

Nas Tabelas 4 e 5 estão apresentados os teores de Ca+2

e Mg+2

trocáveis. Observa-se que nas

camadas superiores (0-5 e 5-10 cm) os teores de cálcio são significativamente maiores no plantio

direto, para a média das doses de calcário, mas para os teores de Mg+2

esta diferença somente é

verificada nos primeiros 10 cm. Para os dois sistemas de manejo o estudo da regressão (Figuras 19 e

20) demonstra que ocorre aumento linear nos teores Ca+2

e Mg+2

, em função das doses de calcário,

mesmo em subsuperfície (40-60 cm).

Tabela 4. Teores de cálcio trocável (mmolc dm-3

) na diferentes profundidades (cm) dos tratamentos

de manejo de solo e doses de calcário, referente à amostragem de março de 2010. Ribeirão Preto/SP

Sistema de Manejo (SM)

Teores de Cálcio Trocável (Ca+2

)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

------------------------------ mmolc dm-3

----------------------------------

Preparo Convencional 36,1 B 41,1 B 39,8 A 37,5 27,3

Plantio Direto 95,9 A 57,8 A 33,4 B 28,6 28,0

Teste F 169,5 ** 11,5 * 22,8 * 9,6 ns 0,01 ns

Calcário, t/ha (C)

0,0 30,3 B 28,9 B 25,8 B 29,4 B 24,8 B

2,0 71,4 A 37,4 B 27,1 B 27,1 B 23,8 B

4,0 76,5 A 59,1 A 42,8 A 33,8 AB 28,5 AB

6,0 92,0 A 72,4 A 50,8 A 42,0 A 33,5 A

Regressão L** L** L** L* (PD) L* (PC) L*

Interação SM x C

Teste F

C.V.(%) parcela

C.V.(%) subparcela

3,9*

18,3

36,3

1,5 ns

28,1

27,9

0,75 ns

10,3

28,8

3,14 ns

24,5

18,8

1,34 ns

24,8

16,8

L: regressão linear; * e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

Tabela 5. Teores de Mg trocável (mmolc dm-3

) na diferentes profundidades (cm) dos tratamentos de

manejo de solo e doses de calcário, referente à amostragem de março de 2010. Ribeirão Preto/SP

Sistema de Manejo (SM)

Teores de Magnésio Trocável (Mg+2

)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

------------------------------ mmolc dm-3

----------------------------------

Preparo Convencional 18,8 B 19,6 18,5 15,9 A 10,8

Plantio Direto 36,6 A 23,5 15,8 10,8 B 9,3

Teste F 115,5 ** 4,4 ns 5,1 ns 20,6 * 1,33 ns

Calcário, t/ha (C)

0,0 11,4 C 8,0 D 8,9 B 7,5 C 6,1 C

2,0 29,5 B 19,5 C 12,3 B 10,4 C 8,0 C

4,0 29,3 B 26,4 B 21,5 A 15,4 B 11,1 B

6,0 40,6 A 32,3 A 32,3 A 20,3 A 15,0 A

Regressão L** L** L** L** L*(PD) L** (PD)

Interação SM x C

Teste F

C.V.(%) parcela

C.V.(%) subparcela

5,3 **

16,9

21,5

2,09 ns

24,6

18,4

1,31 ns

19,7

33,3

6,1 *

23,9

23,8

7,2 **

36,6

17,6

L: regressão linear; * e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

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20

Figura 19. Regressões lineares entre teores de cálcio (mmolc dm-3

) e doses de calcário, em dois sistemas de manejo do solo

(convencional e plantio direto), em experimento de longa duração. Análise referente a amostragem antes do plantio do

terceiro canavial (março de 2010). Ribeirão Preto, 2010.

Caires et al. (2005; 2008), informam que logo no primeiro ano após aplicação do calcário já

é possível verificar aumentos nos teores de cálcio e magnésio trocáveis na camada de 0-5 cm,

contudo para camada 5-10, o tempo decorrido para observar elevação significativa nos teores de

Mg2+

foi de 2,5 a 5 anos, com resultados consistentes até o 10o ano.

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21

Do ponto de vista prático, pode-se dizer que após 12 anos com aplicação superficial de

calcário periodicamente, ocorre aumento nos teores de Ca+2

e Mg+2

em profundidade, favorecendo

assim o desenvolvimento do sistema radicular. Convém salientar, que os teores de Mg+2

são

significativamente maiores no PD na testemunha sem calcário, resultado que pode estar associado

com o aumento da matéria orgânica nesta camada (PD).

Figura 20. Regressões lineares entre teores de cálcio (mmolc dm

-3) e doses de calcário, em dois sistemas de manejo do

solo (convencional e plantio direto), em experimento de longa duração. Análise referente a amostragem antes do plantio

do terceiro canavial (março de 2010). Ribeirão Preto, 2010.

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22

Deve-se considerar que a acidez no tratamento controle, mesmo no convencional foi

reduzida, em comparação com a condição inicial. Uma das razões pode estar relacionada aos dois

anos consecutivos de soja antes do plantio do atual canavial. Pelo fato de não utilizar adubação

nitrogenada, houve redução no processo de acidificação.

Na Tabela 6 estão apresentados os teores de fósforo nas diferentes profundidades. Observa-

se principalmente na camada superficial que o plantio direto apresenta valores significativamente

maiores que no convencional. O estudo da regressão demonstra que para o sistema plantio direto

ocorre resposta linear em função das doses de calcário até 10 cm, enquanto para o convencional esta

resposta é verificada também na camada de 10-20 cm. Bolliger et al. (2006) em extensa revisão

sobre os benefícios do plantio direto no Brasil, apresenta diversos artigos os quais mencionam que

no sistema plantio direto a demanda por fertilizante fosforado pode ser reduzida em 50% em virtude

do aumento expressivo nos teores de fósforo orgânico que pode corresponder até 70% deste

nutriente na camada de 0-20 cm. Pode-se inferir também que após 12 anos sem revolvimento, sendo

dois anos consecutivos com soja, no sistema plantio direto o fósforo remanescente das adubações

fica concentrado na camada superficial, contribuindo assim para acusar maiores valores no plantio

direto sem calcário. A resposta em função da calagem concorda com o conhecimento básico e já

consolidado sobre fertilidade do solo, ou seja, aumento do pH e consequente aumento na

disponibilidade do fósforo.

Tabela 6. Teores de Fósforo - P (mg dm-3

) na diferentes profundidades (cm) dos tratamentos de

manejo de solo e doses de calcário, referente à amostragem de março de 2010. Ribeirão Preto/SP

Sistema de Manejo (SM)

Teores de Fósforo (P)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

------------------------------ mg dm-3

----------------------------------

Preparo Convencional 34,6 B 34,6 29,2 28,6 A 19,6

Plantio Direto 48,8 A 33,4 25,4 20,3 B 16,6

Teste F 57,8 ** 0,93 ns 6,4 ns 10,1 * 0,01 ns

Calcário, t/ha (C)

0,0 35,0 25,6 B 24,0 C 23,8 AB 16,3 B

2,0 41,8 28,1 B 21,6 BC 20,1 B 15,8 B

4,0 42,3 34,0 B 30,3 AB 25,3 AB 23,1 A

6,0 47,9 48,3 A 33,4 A 28,5 A 17,1 AB

Regressão L**(PD) L* L **(PD) L** (PC) L ns L ns

Interação SM x C

Teste F

C.V.(%) parcela

C.V.(%) subparcela

0,79 ns

12,7

22,8

1,2 ns

10,8

26,6

1,2 ns

15,4

21,3

0,73 ns

30,1

23,2

1,96 ns

47,4

25,3

L: regressão linear; * e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

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23

Com relação às alterações ocorridas nos teores de potássio no solo, os resultados

apresentados na Tabela 7, demonstram altos valores de coeficiente de variação, fato que dificulta a

compreensão dos efeitos do manejo e do calcário sobre este atributo. Inicialmente é importante

comentar que o potássio é o elemento extraído em maior quantidade pela cana-de-açúcar, apesar de

não fazer parte de nenhum composto orgânico presente na cultura (Orlando-Filho, 1993). Em 100

toneladas de colmos e folhas, são extraídos e exportados 174 kg de K+. Para a média dos

tratamentos, os teores de potássio encontravam-se antes do plantio da cana-de-açúcar na faixa de

1,1 mmolc dm-3

, portanto requereria aplicação de 140 kg ha-1

de K2O, contudo a quantidade

aplicada foi em torno de 120 kg. Provavelmente, os resíduos dos dois anos de soja puderam

contribuir para o fornecimento da diferença que foi requerida pela cana-de-açúcar. Pode-se

considerar que em 2 toneladas de resíduos de soja, pode-se fornecer cerca de 72 kg ha-1

de K2O. No

entanto, esta informação demanda atenção quanto à quantidade a ser aplicada nesta primeira cana

soca. Segundo as recomendações, para expectativa de produção acima de 100 t, deve-se aplicar 160

kg ha-1

de K2O. Muito embora, como a área foi colhida sem queima, conforme informações de

literatura próximo de 85 % do potássio presente no palhiço da cana retorna ao solo no primeiro ano.

Tabela 7. Teores de Potássio (mmolc dm-3

) na diferentes profundidades (cm) dos tratamentos de

manejo de solo e doses de calcário, referente à amostragem de março de 2010. Ribeirão Preto/SP

Sistema de Manejo (SM)

Teores de Potássio (K+)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

------------------------------ mmolc dm-3

----------------------------------

Preparo Convencional 1,3 0,95 0,58 0,78 0,81

Plantio Direto 1,5 0,86 1,05 0,78 0,71

Teste F 2,4 ns 0,17 ns 3,66 ns 0,01 ns 0,09 ns

Calcário, t/ha (C)

0,0 1,53 1,10 0,93 0,71 0,69

2,0 1,38 0,85 1,06 0,80 0,64

4,0 1,50 0,91 0,66 1,01 0,68

6,0 1,34 0,75 0,61 0,63 1,04

Regressão ns ns ns ns ns

Interação SM x C

Teste F

C.V.(%) parcela

C.V.(%) subparcela

0,04 ns

25,8

28,3

0,89 ns

65,5

37,3

1,18 ns

85,5

85,4

2,12 ns

60,4

44,1

0,37 ns

113,9

78,9

L: regressão linear; * e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

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24

Figura 21. Regressões lineares entre teores de fósforo (m dm

-3) e doses de calcário, em dois sistemas de

manejo do solo (convencional e plantio direto), em experimento de longa duração. Análise referente a

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25

O calcário residual foi determinado pela diferença entre os teores de Ca+Mg determinados

por espectrofotometria de absorção atômica a partir de extratos obtidos por agitação com solução

ácida (dissolve carbonatos e libera Ca e Mg) e por agitação com solução de acetato de amônio a pH

7,0 (não dissolve carbonatos). Esta análise foi realizada para as amostras coletadas nas

profundidades 0-5, 5-10, 10-20 e 20-40 cm. Como houve interação significativa entre a forma de

aplicação e as doses de calcário testados, com exceção da profundidade 10-20 cm, os resultados

foram desdobrados, conforme apresentado na Tabela 8. Verifica-se na Tabela 2, que os teores de

Ca+Mg residual foram significativamente maiores no plantio direto na camada de 0-5 cm, para

todas as doses de calcário aplicadas. Na profundidade de 5-10 cm, esta diferença ocorreu somente

na dose de 6 t ha-1

. Por outro lado, na camada de 20-40 cm, foi determinado maior teor de Ca+Mg

residual no plantio convencional. No sistema convencional, foi observada diferença significativa

somente na camada de 20-40 cm, enquanto no plantio direto, observou-se aumento linear em função

das doses, para as camadas 0-5 e 5-10 cm. Convém mencionar, que as quantidades de calcário

residual na profundidade 0-5 cm no plantio direto nesta avaliação foram 31, 5.5 e 5.4 vezes maior

que os teores quantificados em 1999, após a primeira calagem.

Tabela 8. Teores de cálcio e magnésio provenientes do calcário residual, não dissolvido, aplicado a solo

coberto com palhiço de cana crua, em plantio direto e convencional.

Tratamentos e

Profundidades de

amostragem

Teores de Ca + Mg residual, conforme dose de calcário aplicado (t ha-1

)

2,0 4,0 6,0

Plantio Convencional (Ca + Mg) mmolc dm-3

0-5 cm 36.0 Ba 36.0 Ba 35.5 Ba

5 - 10 cm 28.8 Aa 36.8 Aa 31.8 Ba

10 - 20 cm 20.0 28.0 25.0

20 - 40 cm 9.5 Ab 15.8 Ab 29.8 Aa

Plantio Direto (Ca + Mg) mmolc dm-3

0 - 5 cm 88.8 Ab 113.8 Ab 200.5 Aa

5 - 10 cm 39.5 Ab 41.3 Ab 78.3 Aa

10 - 20 cm 24.0 25.0 22.0

20 - 40 cm 13.5 Aa 14.3 Aa 13.5 Ba

Médias seguidas por letras diferentes, maiúscula (vertical) e minúsculas (horizontal), diferem pelo teste de Tukey (5%).

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26

Na Figura 22, estão apresentados os valores de estoque de carbono calculados para cada

profundidade de amostragem, comparando os dois sistemas de manejo para a média das doses

calcário. Observa-se que na camada superficial de 0-5 cm de profundidade, o estoque de carbono é

significativamente maior no plantio direto. Porém, na camada de 20-40 cm ocorre resultado oposto.

Considerando o perfil de 0-60 cm, verifica-se que o estoque de carbono acumulado em 12 anos é

116 Mg ha-1

no plantio direto e 110,9 Mg ha-1

no convencional, uma diferença de 5,3 Mg ha-1

a

mais no manejo conservacionista. Estes resultados podem ser corrigidos para mesma equivalência

de massa, conforme proposto por Sisti et al. (2004), caso seja necessário comparar os diferentes

manejos em relação a uma área de referência (mata) ou início da pesquisa. Contudo, como nesta

primeira exploração dos dados a intenção do trabalho é apenas quantificar os estoques nos dois

manejos, a transformação dos dados não se faz necessária.

Em fase anterior deste projeto de pesquisa, utilizou-se este procedimento considerando os

primeiros 7 anos de adoção do plantio direto e constatou-se taxa de sequestro de carbono de 1,63

Mg ha-1

ano-1

em relação ao convencional que acumulou 0,67 Mg ha-1

ano-1

, de acordo com

trabalho de Segnini et al (2013). Estes resultados próximos dos valores calculados por Cerri et al.

(2011), que estimam taxa de sequestro de média de 1,5 Mg ha-1

ano-1

, sendo 0,73 para solos

arenosos e 2,04 para solos argilosos. Todavia, estes resultados foram obtidos comparando cana

queimada com cana crua, sem envolver sistema de manejo e controle local.

Convém salientar que, ambos os sistemas recebem o mesmo aporte de palhiço todos os anos.

Assim sendo, a diferença favorável ao plantio direto é oriundo da contribuição da biomassa do

sistema radicular mantido praticamente intacto ao longo destes anos. A diferença favorável ao

sistema convencional na camada de 10-20 cm de profundidade pode ser atribuído ao fato de utilizar

arado de aivecas na operação de preparo, o qual favorece a inversão de camadas de solo. Dessa

forma, os resíduos presentes na superfície são incorporados, favorecendo a decomposição e

incorporação do carbono nos diferentes compartimentos da matéria orgânica do solo. Em futuros

estudos neste projeto é conveniente discriminar quanto de carbono é proveniente da cana-de-açúcar

(C4) e quanto é resultado da contribuição dos restos culturais da soja (C3) cultivada em rotação.

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27

Figura 22. Estoque de carbono (Mg ha-1

) em diferentes profundidades de solo no manejo de solo

convencional e plantio direto após 12 anos de colheita mecanizada sem queima.

3.2. Alterações nas Características Físicas do Solo

Pode-se verificar na Figura 23, que as medidas efetuadas na entrelinha (resíduos acumulados

de soja e cana crua) apresentaram, para a média das doses de calcário, 3.8 % a mais de conteúdo de

água na camada de 0-20 cm, em comparação aos tratamentos sem resíduo na superfície.

Vale ressaltar, que mesmo após longo período de estiagem, os resíduos acumulados ao longo

dos anos, os quais não são muito visíveis (5 t ha-1

de M.S.), mas persistem na entrelinha da cana-de-

açúcar, contribuiu para manter um maior conteúdo de água no solo. Na Figura 24, observa-se que

esta diferença também foi verificada entre as doses de calcário, resultado que pode ser explicado

por alguma alteração na distribuição dos poros, proporcionado pelas doses de calcário. Todavia, por

ser tratar de uma avaliação pontual, mais resultados são necessários para concluir as razões para o

aumento do conteúdo de água no solo em função das doses de calcário.

00

05

10

15

20

25

30

35

40

45

0 - 0,5 0,5 - 0,10 0,10 - 0,20 0,20-0,40 0,40-0,60

9,7 b 13,8 a

36,3 a

31,5 a

19,6 a

12,3 a

16,2 a

41,4 a

27,7 b

18,6 a

Est

oq

ue

de

Car

bo

no

no

So

lo (

Mg h

a-1)

Profundidade (m)

Estoque de Carbono no Solo em Cana-de-Açúcar

Convencional

Plantio Direto

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28

Figura 23. Umidade do solo (%) na camada de 0-20 cm nos sistemas convencional e plantio direto, determinada por

TDR, referente às medidas realizada aos 150 dias após o plantio (09/09/2010). Médias seguidas por mesma letra não

diferem ao nível de 5% de probabilidade (Tukey 5%).

Figura 24. Umidade do solo (%) na camada de 0-20 cm para as doses de calcário, referente às medidas realizada aos

150 DAP (09/09/2010). Médias seguidas por mesma letra não diferem ao nível de 5% de probabilidade (Tukey 5%).

Na Tabela 9., estão apresentados os resultados parciais das análises físicas realizadas nas

amostras indeformadas coletadas após a colheita da soja e antes do plantio da cana-de-açúcar.

Observa-se, que mesmo após 12 anos da instalação, nos quais foram realizados 8 cortes

mecanizados, não foi possível identificar aumentos significativos na densidade do solo, para todas

as profundidades avaliadas. Por conseguinte, pode-se dizer que os dois preparos de solo realizados

nas três reformas (anos 1998, 2003 e 2008) não alteraram significativamente a densidade do solo.

11

12

13

14

15

16

17

18

Sulco Entrelinha

16.7

17.6 A

15.1

13.8 B

Um

idad

e d

o S

olo

(%

) 0

-20

cm

Posição da Leitura

Umidade no Solo (%) - 0-20 cm

Plantio Direto

Plantio Convencional

11.00

12.00

13.00

14.00

15.00

16.00

17.00

18.00

Sulco Entrelinha

14.6 B 14.5 AB 15.0 AB 14.3 B

16.6 AB 17.3 A 17.4 A

16.8 AB

Um

idad

e d

o S

olo

(%

)

Posição da Leitura

Umidade no Solo (%) - 0-20 cm

Testemunha

2,0 t/ha

4,0 t/ha

6,0 t/ha

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29

Convém mencionar também que, na profundidade de sulcação para plantio da cana, os

valores médios de densidade são menores no plantio direto. Verifica-se também que na média dos

preparos, a densidade diminuiu em função das doses do calcário. Embora não tenha ocorrido

diferença estatística, a redução da densidade em função da calagem demonstra o efeito do calcário

na agregação do solo, pois o cálcio aumenta a floculação da argila.

Tabela 9. Valores de densidade do solo (g cm-3

) em diferentes profundidades do solo e doses de calcário nos

sistemas convencional e plantio direto. Amostragem realizada antes do plantio da cana. Ribeirão Preto, 2010.

Sistema Densidade do Solo (g cm

-3)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

Plantio Direto 1.14 1.21 1.30 1.26 1.24

Convencional 1.05 1.14 1.26 1.31 1.26

Teste F 5.2 ns 3.5 ns 3.6 ns 2.6 ns 0.55 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 0.11 0.05 0.06 0.09 0.07

Calcário (t/ha)

Testemunha 1.18 1.24 1.30 1.31 1.26

2,0 + 2,0 + 2,0 1.11 1.18 1.30 1.30 1.24

4,0 + 4,0 + 4,0 1.03 1.16 1.32 1.27 1.24

6,0 + 6,0 + 6,0 1.06 1.12 1.19 1.24 1.25

Teste F 2.79 ns 1.58 ns 2.0 ns 0.94 ns 0.16 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 0.15 0.16 0.16 0.13 0.08

Interação S x C 1.32 ns 1.45 ns 0.3 ns 0.32 ns 0.68 ns

C.V. (%) parcela 9,4 6,4 4,2 6,8 4,7

C.V. (%) subparcela 9,7 10,0 9,2 6,8 5,1

Médias seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tukey (5%).

O aumento da floculação da argila proporcionado pelo cálcio, favorece a formação de

microagregados, os quais interferem na porosidade total do solo. Pode-se observar na Tabela 10.,

que na camada de 5 a 10 cm, houve interação entre sistema de manejo e doses de calcário. O

desdobramento desta interação (Figura 25), demonstra que a porosidade total aumentou

significativamente na dose de 6,0 t ha-1

de calcário no sistema convencional, o qual apresentou 7% a

mais de poros que o plantio direto, nesta dose. Somente na profundidade de 0 a 5 cm, a porosidade

total foi estatisticamente maior no sistema convencional, para a média das doses de calcário. Nas

demais profundidades não houve diferença para porosidade total.

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30

Tabela 10. Porosidade total (%) em diferentes profundidades do solo e doses de calcário nos sistemas

convencional e plantio direto. Amostragem realizada antes do plantio da cana. Ribeirão Preto, 2010.

Sistema Porosidade Total do Solo (g cm

-3)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

Plantio Direto 60.2 b 58.5 a 58.1 59.0 60.2

Convencional 62.6 a 60.9 b 59.2 57.7 59.5

Teste F 12.3 * 21.2 * 1.63 ns 2.57 ns 4.7 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 2.33 1.64 2.8 2.6 1.0

Calcário (t/ha)

Testemunha 60.0 58.8 b 58.1 57.5 59.0

2,0 + 2,0 + 2,0 61.6 59.3 ab 58.8 59.0 60.8

4,0 + 4,0 + 4,0 61.9 59.3 ab 57.8 57.8 60.4

6,0 + 6,0 + 6,0 61.6 61.5 a 59.9 59.1 59.3

Teste F 0.57 ns 3.85 * 0.92 ns 0.77 ns 1.2 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 4.6 2.54 3.86 3.8 3.1

Interação S x C 0.36 ns 6.1 ** 0.67 ns 0.75 ns 0.51 ns

C.V. (%) parcela 3,8 2,4 4,3 3,9 1,6

C.V. (%) subparcela 5,3 3,0 4,7 4,6 3,7

Médias seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tukey (5%).

A maior porosidade total verificada no sistema convencional na dose 6,0 t ha-1

, encontra

correspondência com os resultados de macroporosidade apresentados na Tabela 11. O desdobramento da

interação significativa entre sistema x doses de calcário (Figura 26 e 27), mostra que a macroporosidade foi

8,5 % maior no convencional na maior dose de calcário. Portanto, na profundidade de 5 a 10 cm, o preparo

convencional aliado a alta dose de calcário aumentou significativamente a o percentual de macroporos.

Contudo, o efeito do preparo neste caso, contribuiu para aumentos significativos no percentual de

macroporos até a camada de 10-20 cm. Estes resultados demonstram que mesmo após dois anos

consecutivos de cultivo de soja no sistema convencional, o preparo de solo alterou este atributo somente nos

primeiros 20 cm de solo.

Tabela 11. Macroporosidade (%) em diferentes profundidades do solo e doses de calcário nos sistemas

convencional e plantio direto. Amostragem realizada antes do plantio da cana. Ribeirão Preto, 2010.

Sistema Macroporosidade do Solo (%)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

Plantio Direto 16.0 b 17.8 b 13.9 b 16.9 17.8

Convencional 22.8 a 19.7 a 18.6 a 15.0 17.3

Teste F 85.7** 13.2 * 10.9 * 4.4 ns 0.13 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 3.4 1.7 4.6 2.8 4.4

Calcário (t/ha)

Testemunha 16.1 b 16.9 15.5 14.8 17.3

2,0 + 2,0 + 2,0 18.1 ab 18.9 14.6 16.9 18.8

4,0 + 4,0 + 4,0 22.3 a 18.7 16.1 14.6 17.4

6,0 + 6,0 + 6,0 21.2 ab 20.5 18.9 17.5 16.6

Teste F 4.5 * 2.1 ns 1.56 ns 1.3 ns 0.72 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 8.4 4.1 6.5 5.1 4.2

Interação S x C 3.05 ns 4.7 * 0.54 ns 0.16 ns 0.86 ns

C.V. (%) parcela 10,7 8,1 24,7 15,8 22,1

C.V. (%) subparcela 19,2 15,4 28,4 22,5 17,1

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31

Figura 26. Desdobramento da interação sistemas de manejo x doses de calcário, para porosidade total do solo

(%) na profundidade de 5-10 cm.

Figura 27. Desdobramento da interação sistemas de manejo x doses de calcário, para macroporosidade do

solo (%) na profundidade de 5-10 cm..

Por outro lado, no plantio direto verificam-se aumentos significativos da microporosidade nas duas

primeiras camadas de solo (0-5 e 5-10 cm), conforme apresentado na Tabela 12. O efeito das doses

de calcário foi verificado somente na profundidade de 0 a 5 cm, na qual observa-se redução da

microporosidade com o aumento das quantidades aplicadas. Deve-se considerar que na gênese dos

Latossolos Vermelhos, a grande quantidade de óxidos de ferro, confere a estes solos uma grande

quantidade de microagregados, fato que favorece boa permeabilidade. A redução da

microporosidade, favorece ainda mais esta característica, indicando que o risco de aumento da

compactação é diminuído.

54.00

56.00

58.00

60.00

62.00

64.00

66.00

Convencional Plantio Direto

59.5 b 58.00

59.5 b

58.500 59.5 b 59.500

65.0 Aa

58.0 B

Po

rosi

dad

e T

ota

l (%

)

Sistema de Manejo

Prof. 5-10 cm

Testemunha

2,0 t ha calcário

4,0 t ha calcário

6,0 t ha calcário

0

5

10

15

20

25

Convencional Plantio Direto

17.3 b 16.500

18.5 b 19.300 18.3 b

19.00

24.8 Aa

16.3 B

Mac

rop

oro

sid

ade

do

so

lo (

%)

Sistema de Manejo do Solo

Prof. 5-10 cm

Testemunha

2,0 t ha calcário

4,0 t ha calcário

6,0 t ha calcário

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32

Esta pode ser uma explicação para não ter sido constatado aumentos expressivos nos valores

de densidade, mesmo no sistema plantio direto, o qual está sem preparo desde 1993. Ressalta-se

também que abaixo de 10 cm, não foi verificado aumento na microporosidade no plantio direto. As

amostras indeformadas permitiram também a caracterização da curva característica de retenção de

água no solo, composta por seis pontos de tensão (0.5, 2, 6, 10, 30 e 1500 kPa), para cada

tratamento. Nas Tabelas 13, 14, 15 e 16, estão apresentados os resultados das análises físicas após a

colheita mecanizada da cana planta. Vale observar que o plantio direto não diferiu do sistema

convencional de manejo de solo, considerando os indicadores de compactação medidos e

ponderando as características do solo (fração argila com predomínio de óxido de ferro).

Tabela 12. Microporosidade (%) em diferentes profundidades do solo e doses de calcário nos sistemas

convencional e plantio direto. Amostragem realizada antes do plantio da cana. Ribeirão Preto, 2010.

Sistema Microporosidade do Solo (%)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

Plantio Direto 44.1 a 42.2 a 43.4 42.6 42.4

Convencional 39.4 b 40.6 b 42.2 42.9 42.2

Teste F 315 ** 13.0 * 2.6 ns 0.14 ns 0.01 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 0.82 1.8 2.4 2.1 1.65

Calcário (t/ha)

Testemunha 44.0 43.1 42.7 43.0 42.1

2,0 + 2,0 + 2,0 43.5 42.0 44.1 42.5 42.3

4,0 + 4,0 + 4,0 39.0 41.3 43.5 43.6 42.4

6,0 + 6,0 + 6,0 40.5 40.0 40.9 41.9 43.0

Teste F 3.18 * 2,03 ns 1.9 ns 0.88 ns 2.3 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 5.4 3.6 4.00 3.2 2.6

Interação S x C 0.56 ns 0.52 ns 0.42 ns 0.68 ns 1.9 ns

C.V. (%) parcela 1,8 3,9 4.9 4,4 3,4

C.V. (%) subparcela 9,1 6,3 6,6 5,3 3,2

Médias seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tukey (5%).

Tabela 13. Densidade do solo (g cm-3

) em diferentes profundidades e doses de calcário nos sistemas

convencional e plantio direto, amostrada na linha e entrelinha após 2o corte. Ribeirão Preto, 2012.

Sistema Densidade do Solo (g cm

-3)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

Linha Entre Linha Entre Linha Entre Linha Entre Linha Entre

Plantio Direto 1.03 b 1.02 b 1.10 1.10 1.31 1.29 1.19 1.26 1.24 1.22

Convencional 1.12 a 1.12 a 1.14 1.14 1.24 1.24 1.22 1.24 1.28 1.26

Teste F 14.4 * 19.7 * 1.4ns 0.54ns 5.7 ns 3.3 ns 2.34ns 0.27ns 0.84ns 1.87ns

d.m.s.(Tukey 5%) 0.07 0.06 0.07 0.14 0.08 0.07 0.06 0.11 0.13 0.11

Calcário (t/ha)

Testemunha 1.10 1.10 1.14 1.12 1.26 1.30 1.19 1.28 1.24 1.21

2,0 + 2,0 + 2,0 1.03 1.06 1.11 1.12 1.34 1.24 1.22 1.25 1.27 1.19

4,0 + 4,0 + 4,0 1.07 1.06 1.11 1.10 1.28 1.28 1.24 1.27 1.28 1.25

6,0 + 6,0 + 6,0 1.07 1.07 1.10 1.14 1.21 1.25 1.19 1.21 1.25 1.28

Teste F 0.98ns 0.78ns 0.64ns 0.44ns 1.56 ns 0.92 ns 0.75ns 1.00ns 0.51ns 1.35ns

d.m.s.(Tukey 5%) 0.11 0.06 0.09 0.06 0.16 0.12 0.11 0.12 0.12 0.14

Médias seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tukey (5%).

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33

Tabela 14. Porosidade total (%) do solo em diferentes profundidades e doses de calcário nos sistemas

convencional e plantio direto, amostrada na linha e entrelinha após 2o corte. Ribeirão Preto, 2012.

Sistema Porosidade Total (%)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

Linha Entre Linha Entre Linha Entre Linha Entre Linha Entre

Plantio Direto 66.0 65.6 64.2 64.1 59.2 59.1 61.9 60.6 61.2 60.7

Convencional 64.0 63.9 63.7 63.2 61.8 61.6 62.0 61.8 61.1 60.4

Teste F 2.86ns 3.3ns 0.23ns 0.48 ns 5.63ns 5.3 ns 0.01ns 0.59ns 0.03ns 0.07ns

d.m.s.(Tukey 5%) 3.0 3.0 3.0 3.0 4.0 4.0 4.0 5.0 3.0 2.0

Calcário (t/ha)

Testemunha 65.2 65.2 64.2 63.3 61.4 59.7 62.2 60.3 60.5 61.3

2,0 + 2,0 + 2,0 65.9 63.8 63.4 64.0 61.2 61.3 60.8 62.5 61.1 60.5

4,0 + 4,0 + 4,0 63.4 63.8 63.8 63.4 59.9 59.4 61.2 59.1 60.7 60.1

6,0 + 6,0 + 6,0 66.3 66.1 64.7 64.1 59.5 60.9 63.8 63.1 62.2 60.6

Teste F 2.26ns 2.44ns 0.33ns 0.18 ns 1.40ns 0.98 ns 1.6 ns 2.62ns 0.41ns 0.27ns

d.m.s.(Tukey 5%) 3.0 2.0 4.0 4.0 3.0 4.0 4.0 4.0 5.0 4.0

Interação S x C 3.8* 0.96ns 0.84ns 0.82 ns 5.84** 0.23 ns 0.24ns 0.24ns 1.07ns 2.66ns

C.V. (%) parcela 4,4 3,9 3,9 5,4 5,2 5,2 5,8 7,4 4,1 4,1

C.V. (%) subparcela 3,8 3,2 4,3 4,2 3,8 4,3 4,7 5,3 5,4 4,5

Interação S x C 0.22ns 2.9 ns 0.80ns 2.14ns 1.4 ns 0.30 ns 0.60ns 0.19ns 0.80ns 1.18ns

C.V. (%) parcela 5,5 5,6 6,3 10,9 6,2 5,4 4,3 8,2 9,3 8,2

C.V. (%) subparcela 7,3 5,4 5,7 4,2 8,9 6,2 6,2 6,9 6,8 8,4

Médias seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tukey (5%).

Tabela 15. Macroporosidade (%) do solo em diferentes profundidades e doses de calcário nos sistemas

convencional e plantio direto, amostrada na linha e entrelinha após 2o corte. Ribeirão Preto, 2012.

Sistema Macroporosidade (%)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

Linha Entre Linha Entre Linha Entre Linha Entre Linha Entre

Plantio Direto 36.8 36.4 37.9 a 37.9 41.6 41.6 38.3 39.4 41,6 39.2

Convencional 35.7 36.2 36.4 b 36.4 39.7 39.6 38.2 39.1 41,3 40.2

Teste F 2.4ns 0.08ns 65.3** 4.3 ns 3.8 ns 5.41ns 0.01ns 0.16ns 0.20ns 0.44ns

d.m.s.(Tukey 5%) 2.0 2.0 1.0 2.0 3.0 2.0 2.0 3.0 2.0 3.0

Calcário (t/ha)

Testemunha 37.2 35.9 38.3 37.1 40.4 41.4 38.4 29.9 40.9 39.3

2,0 + 2,0 + 2,0 35.7 36.6 37.0 37.5 42.6 40.6 38.8 40.4 41.3 38.6

4,0 + 4,0 + 4,0 34.9 36.1 36.5 36.4 40.7 40.4 38.5 39.0 42.3 40.1

6,0 + 6,0 + 6,0 37.1 36.5 36.6 37.8 38.6 39.9 37.4 37.7 41.2 40.3

Teste F 1.4 ns 0.16ns 1.03ns 1.3 ns 2.0 ns 0.61ns 0.78ns 1.94ns 0.51ns 1.41ns

d.m.s.(Tukey 5%) 4.0 3.0 3.0 2.0 5.0 3.0 3.0 3.0 3.0 4.0

Interação S x C 0.1 ns 2.16ns 0.35ns 0.91 ns 0.70ns 0.68ns 0.42ns 0.38ns 1.8ns 1.93ns

C.V. (%) parcela 4,7 6,0 1,5 5,9 6,7 5.9 5,4 6,8 4,3 7,3

C.V. (%) subparcela 7,1 6,5 6,2 4,2 7,9 5.6 5,3 6,3 5,9 6,8

Médias seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tukey (5%).

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Tabela 16. Microporosidade (%) do solo em diferentes profundidades e doses de calcário nos sistemas

convencional e plantio direto, amostrada na linha e entrelinha após 2o corte. Ribeirão Preto, 2012.

Sistema Microporosidade (%)

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 40-60 cm

Linha Entre Linha Entre Linha Entre Linha Entre Linha Entre

Plantio Direto 30.7 29.2 26.3 26.2 17.6 17.4 23.7 21.2 19.7 21.2

Convencional 30.4 27.7 27.5 26.9 22.1 21.9 23.6 22.8 19.8 20.3

Teste F 0.01ns 0.79ns 1.7ns 0.19 ns 5.8 ns 6.2 ns 0.01ns 0.4ns 0.01ns 0.36ns

d.m.s.(Tukey 5%) 8.0 5.0 2.0 6.0 6.0 5.0 5.0 7.0 4.0 4.9

Calcário (t/ha)

Testemunha 27.9 29.3 25.8 26.2 21.1 18.3 23.7 20.4 19.6 22.0

2,0 + 2,0 + 2,0 30.3 27.2 26.4 26.5 17.3 20.7 21.9 22.2 19.8 21.9

4,0 + 4,0 + 4,0 31.4 27.7 27.3 27.1 18.7 18.9 22.7 20.1 18.4 19.41

6,0 + 6,0 + 6,0 32.7 29.5 28.1 26.4 22.5 20.9 26.4 25.4 21.0 19.6

Teste F 0.70ns 0.80ns 0.48ns 0.08 ns 1.78 ns 0.77 ns 1.58ns 2.15ns 0.45ns 0.73ns

d.m.s.(Tukey 5%) 9.0 5.0 5.0 6.0 7.0 6.0 6.0 6.0 6.0 6.0

Interação S x C 0.35ns 2.00ns 0.72ns 1.09 ns 2.56 ns 0.49 ns 0.17ns 0.02 1.55ns 2.90ns

C.V. (%) parcela 24,1 16,6 9,2 19,5 26,5 26,1 20,1 31,9 17,5 21,1

C.V. (%) subparcela 22,6 12,5 15,3 13,5 24,9 21,2 18,1 21,1 22,8 22,9

Médias seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tukey (5%).

Em termos de resistência à penetração, pode-se observar nos gráficos da Figura 28, que a

variação amenta em profundidade apresentando média acima de 3,0 MPa. Devido esta medida ser

dependente da umidade do solo, da textura, da agregação e da estrutura; sua interpretação isolada

não contribui para explicar quanto as alterações ocorridas nos atributos físicos influenciaram o

crescimento das raízes, bem como os componentes de produção. Além disso, o tipo de equipamento

também pode gerar resultados mais ou menos conclusivos, pois depende do operador. Contudo,

serve como uma referência para identificar qual camada apresenta maior impedimento ao

crescimento de raiz.

De acordo com GREGO et al. (2010) em trabalho conduzido no mesmo solo e local da

presente pesquisa, concluíram em estudo da variabilidade espacial, que as manchas com menor

resistência à penetração e densidade do solo, também apresentaram maior perfilhamento e maior

desenvolvimento do sistema radicular. OTTO et al. (2011) concluíram que após três anos

consecutivos de colheita mecanizada, a densidade do solo e a resistência à penetração aumentou,

mas a porosidade total diminuiu. Verificaram restrição severa ao crescimento das raízes da

variedade SP81-3250 quando a resistência à penetração foi superior a 2,0 Mpa e Ds > 1,78 g cm-3

.

Porém estes resultados foram obtidos em canaviais implantados no sistema convencional de preparo

do solo. Não foram encontrados resultados na literatura sobre plantio direto de cana-de-açúcar para

confrontar com os obtidos neste trabalho.

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Figura 28. Resistência à penetração referente a 4a época de amostragem (abril/2012). Valores

médios de umidade do solo nas parcelas era 22,8%, por ocasião da amostragem. Ribeirão Preto,

2012. Fonte: Tadeu Cury – Dissertação de Mestrado oriunda deste projeto.

BRAUNACK et al. (2006) cita diversos trabalhos que mencionam perdas na produtividade

da cana-de-açúcar entre 10 e 40% decorrentes do tráfego de máquinas, embora para condições de

colheita com solo seco na Austrália, não tenham observado resultados significativos, mas sim uma

expressiva interação com variedades. De acordo com GARSIDE et al. (2013) o efeito da

compactação pode reduzir em 57% a produtividade da cana planta, porém esclarecem que após a

primeira colheita esta diferença não é mais significativa. Portanto, os resultados obtidos na

presente pesquisa permitem concluir que, em muitas situações o aumento da compactação do solo

decorrente do intenso tráfego na colheita mecanizada nem sempre prejudica a produtividade do

canavial.

Para as condições do Brasil, BELLINASO (1997), concluiu que em presença de camada

compactada, o uso de aração com aiveca ou subsolagem, proporcionaram aumentos de

produtividade de cana (TCH), respectivamente de 9% (144 t.ha-1

) e 8% (143 t.ha-1

), em relação ao

uso de grade (132 t.ha-1

). O controle do tráfego é considerado o quarto pilar da Agricultura

Conservacionista, pois é inegável o efeito deletério da compactação do solo nos sistemas agrícolas.

Uma das características do sistema de colheita mecanizada da cana crua é a utilização de colhedoras

e transbordos com massa total de 20-30 t, cujo tráfego é repetido durante os vários ciclos da cultura

sob condições variáveis de conteúdo de água no solo, com elevado potencial de compactação

(BLAIR et al., 1998; BRAUNACK et al., 2006).

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3.3. Quantificação da Biomassa e Análises de Imagens de Raiz

Na fase de cana planta, pode-se observar na Figura 29, que houve resposta quadrática para o

percentual de biomassa seca de raízes quantificadas na camada de 0-20 cm, nas duas épocas de

avaliação e nos dois sistemas de manejo. O percentual da biomassa de raízes na camada superficial

aumenta com as doses de calcário, com máximo na dose 2,0 Mg ha-1

de calcário após 8 meses do

plantio e na dose 4,0 Mg ha-1

após 13 meses. O sistema convencional concentrou 7,8 % a mais da

biomassa de raízes na camada superficial, em comparação com o plantio direto que apresentou

distribuição mais uniforme ao longo do perfil. SMITH et al. (2005), esclarecem que de maneira

geral, cerca de 50% da biomassa de raízes de cana-de-açúcar estão presentes nos primeiros 20 cm e

85% até 60 cm, informações concordantes com as apresentadas no presente trabalho. O menor

percentual de biomassa seca de raízes, quantificado no plantio direto, na camada superficial, pode

ser indicativo de um maior adensamento do solo, embora os valores de densidade não tenham

demonstrado diferenças significativas. VASCONCELOS et al. (2003), mencionam que ocorre

redução significativa da biomassa do sistema radicular da cana, em função do aumento na

densidade do solo. Por outro lado, se considerarmos todo o perfil amostrado (0-70 cm), o plantio

direto proporcionou acréscimo médio de 1711 kg ha-1

na biomassa seca de raízes, em relação ao

preparo convencional (Figura 30), por ocasião do 8o mês após o plantio. Houve resposta quadrática

para biomassa seca de raízes em função do aumento das doses de calcário, somente no sistema

convencional para amostragem realizada no 13o mês, com máximo de 8460 kg ha

-1 na quantidade

de 2,0 Mg ha-1

de calcário dolomítico (gráfico não apresentado). Não são encontrados resultados na

literatura, quanto ao efeito de sistemas de manejo e doses de calcário sobre a biomassa de raiz da

cana-de-açúcar. É importante enfatizar que pesquisa sobre distribuição da biomassa de raiz em

sistema de colheita sem queima, permite compreender melhor a contribuição das raízes para o

estoque de carbono no solo, ainda pouco estudado segundo SMITH et al. (2005).

Figura 29: Distribuição percentual da biomassa seca de raízes de cana-de-açúcar na camada de 0-20 cm. Avaliações

realizadas em novembro/2010 (esquerda) e abril/2011 (direita). Ribeirão Preto, 2011

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Figura 30: Biomassa seca de raízes de cana-de-açúcar (IACSP95-5000), quantificada na camada 0-70 cm em duas

épocas (8o e 13

o mês após plantio-31/03/2010) no sistema convencional e plantio direto. Médias das doses de calcário e

4 repetições. Ribeirão Preto, 2011.

Dentre as várias causas para explicar as variações na distribuição da biomassa de raiz da

cana-de-açúcar, as alterações nos atributos físicos do solo, decorrentes do tráfico de máquinas

durante a colheita mecanizada é talvez o mais importante, de acordo com pesquisas conduzidas nas

condições australianas (BRAUNACK et al., 2006). Outros aspectos podem estar relacionados com

o regime hídrico, com as características da variedade em questão, com o tipo de solo e talvez com o

método adotado para amostragem. As análises estatísticas referentes às diversas comparações entre

profundidade, posição e época de amostragem ainda não foram concluídas.

Uma análise geral dos resultados de biomassa de raiz na fase de desenvolvimento da

primeira soqueira, confrontados com a distribuição das chuvas pode ser observada na Figura 31.

Ao contrário da fase de cana planta, as amostragens realizadas no período com excedente hídrico

apresentaram menor biomassa seca de raiz para o tratamento plantio direto, quando se considerou

somente a testemunha e dose 2,0 t/ha de calcário. Comparando-se a biomassa seca das raízes na

cana planta e na primeira soqueira, considerando a mesma época, verifica-se uma drástica redução.

Uma das razões pode ser a maior estação de crescimento na fase de cana planta, pelo menos 100

dias a mais. A quantidade de chuva acumulada no período pode ser outra razão (ver Quadro 5). O

aumento da compactação poderia ser um causa, porém conforme já mencionado anteriormente não

foi constatada diferença estatística para os indicadores avaliados, exceto na camada de 0-5 cm. Vale

lembrar que estes resultados foram utilizados como dissertação de mestrado em parceria com o

IAC, portanto contribuiu para formação de recursos humanos.

Com relação ao estudo do sistema radicular da terceira soqueira, pode-se observar na Tabela

17, que em termos de biomassa seca (Mg ha-1

) não fora verificadas diferenças estatísticas entre os

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38

tratamentos. Em média, o sistema plantio direto produziu nesta fase inicial de desenvolvimento

cerca de 620 kg ha-1

a mais de biomassa seca de raiz, considerando a camada de 0-100 cm.

Figura 31. Esquema confrontando acúmulo de biomassa e balanço hídrico nos sistemas de manejo convencional e

plantio direto, para 1a soqueira da cana-de-açúcar IACSP-955000. Ribeirão Preto/2011. Fonte: Dissertação de

Mestrado do IAC, Tadeu Cury – Resultados oriundos do projeto em questão.

Na camada superior (0-40 cm) verificou-se um aumento da biomassa seca de raiz em função

do aumento das doses de calcário, porém sem diferenças estatísticas, porém nota-se tendência

oposta nas camadas inferiores (60-100 cm). Em termos de comprimento e diâmetro das raízes,

também não foram observadas diferenças estatísticas, porém constatam-se maiores valores no

sistema plantio direto (Tabelas 18 e 19). Todavia, para as características de volume e área das raízes

(Tabelas 20 e 21), foram observadas diferenças estatísticas entre os tratamentos. O plantio direto

aumentou significativamente o volume de raízes na camada superior do solo (0-40 cm) e no perfil

total (até 100 cm). Quanto ao efeito do calcário, observa-se aumento linear do volume em função

das doses de calcário. Resultados semelhantes também foram verificados para a característica área

superficial das raízes, porém com interação significativa constatada na camada abaixo de 60 cm de

profundidade.

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Tabela 17. Biomassa das raízes da variedade IACSP-95-5000 na terceira soqueira, analisadas pelo

software Safira®, em diferentes profundidades do e doses de calcário nos sistemas convencional e plantio

direto. Ribeirão Preto, 2014.

Sistemas (S) Biomassa das Raízes (t ha

-1)

0-40 cm 60-100 cm 0-100 cm

Plantio Direto 1,65 a 0,66 a 2,76 a

Convencional 1,27 a 0,71 a 2,14 a

Teste F 8,01 ns 0,13 ns 4,08 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 0,42 0,37 0,96

Calcário (C) – t ha-1

Testemunha 1,24 a 0,70 a 2,34

2,0 + 2,0 + 2,0 1,49 a 0,72 a 2,12

4,0 + 4,0 + 4,0 1,47 a 0,67 a 2,59

6,0 + 6,0 + 6,0 1,65 a 0,64 a 2,74

Teste F 0,91 ns 0,90 ns 1,00 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 0,70 0,47 1,09

Interação S x C 0,13 ns 1,24 ns 0,30 ns

C.V. (%) parcela 25,90 48,56 34,88

C.V. (%) subparcela 33,93 48,75 31,60

* e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

Tabela 18 Comprimento das raízes da variedade IACSP-95-5000 na terceira soqueira, analisadas pelo

software Safira®, em diferentes profundidades do e doses de calcário nos sistemas convencional e plantio

direto,. Ribeirão Preto, 2014.

Sistemas (S) Comprimento das Raízes (mm/1908.5 cm

3)

0-40 cm 60-100 cm 0-100 cm

Plantio Direto 10442,98 4191,57 a 17317,90 a

Convencional 7972,14 3975,88 a 14139,40 a

Teste F 6,39 ns 2,66 ns 2,64 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 3111,18 421,16 6221,36

Calcário (C) – t ha-1

Testemunha 9057,70 a 4482,84 ab 16141,87 a

2,0 + 2,0 + 2,0 9301,47 a 3461,13 c 15068,87 a

4,0 + 4,0 + 4,0 8749,63 a 3665,83 bc 13728,91 a

6,0 + 6,0 + 6,0 9721,46 a 4725,10 a 17974,94 a

Teste F 0,12 ns 5,97 ns 1,95 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 4743,49 1006,33 5140,26

Interação S x C 0,69 ns 2,18 ns 1,01 ns

C.V. (%) parcela 30,04 9,17 35,16

C.V. (%) subparcela 36,74 17,42 23,11

* e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

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Tabela 19. Diâmetro das raízes da variedade IACSP-95-5000 na terceira soqueira, analisadas pelo

software Safira®, em diferentes profundidades do e doses de calcário nos sistemas convencional e plantio

direto,. Ribeirão Preto, 2014.

Sistemas (S) Diâmetro das Raízes (mm/1908.5 cm

3)

0-40 cm 60-100 cm 0-100 cm

Plantio Direto 8,33 a 8,53 a 28,17 a

Convencional 8,12 a 8,51 a 24,87 a

Teste F 2,53 ns 0,01 ns 1,22 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 0,41 1,16 9,47

Calcário (C) – t ha-1

Testemunha 7,99 a 8,28 a 26,07 a

2,0 + 2,0 + 2,0 8,13 a 8,68 a 37,91 a

4,0 + 4,0 + 4,0 8,40 a 8,76 a 21,12 a

6,0 + 6,0 + 6,0 8,38 a 8,35 a 20,99 a

Teste F 0,44 ns 0,46 ns 1,67 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 1,20 1,39 24,58

Interação S x C 0,99 ns 1,16 ns 0,40 ns

C.V. (%) parcela 4,39 12,11 31,74

C.V. (%) subparcela 10,34 11,53 65,55

* e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

Tabela 20. Volume das raízes da variedade IACSP-95-5000 na terceira soqueira, analisadas pelo software

Safira®, em diferentes profundidades do e doses de calcário nos sistemas convencional e plantio direto,.

Ribeirão Preto, 2014.

Sistemas (S) Volume das Raízes (mm/1908.5 cm

3)

0-40 cm 60-100 cm 0-100 cm

Plantio Direto 14207,41 a 5512,49 a 23143,65 a

Convencional 10101,09 b 4158,46 a 16663,72 b

Teste F 38,54** 9,47 ns 17,80 *

d.m.s.(Tukey 5%) 2084,14 1399,96 4886,61

Calcário (C) – t ha-1

Testemunha 8517,05 a 5064,62 a 16385,48 a

2,0 + 2,0 + 2,0 13029,71a 4097,14 a 20516,56 a

4,0 + 4,0 + 4,0 13029,10 a 5035,84 a 20294,95 a

6,0 + 6,0 + 6,0 14107,14 a 5144,28 a 22417,74 a

Teste F 1,33 ns 0,40 ns 1,25 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 8648,80 3108,74 9056,28

Interação S x C 0,40 ns 0,92 ns 0,69 ns

C.V. (%) parcela 15,22 25,74 21,82

C.V. (%) subparcela 50,23 45,46 32,17

* e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

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Tabela 21. Área das raízes da variedade IACSP-95-5000 na terceira soqueira, analisadas pelo software

Safira®, em diferentes profundidades do e doses de calcário nos sistemas convencional e plantio direto,.

Ribeirão Preto, 2014.

Sistemas (S) Área das Raízes (mm/1908.5 cm

3)

0-40 cm 60-100 cm 0-100 cm

Plantio Direto 34485,04 a 13598,04 a 56544,47 a

Convencional 26600,66 b 13191,89 a 45907,07 b

Teste F 15,95* 0,19 ns 20,04*

d.m.s.(Tukey 5%) 6281,87 2439,68 7560,17

Calcário (C) – t ha-1

Testemunha 24842,60 a 16663,80 a 49181,97 a

2,0 + 2,0 + 2,0 28922,74 a 11311,11 a 45275,27 a

4,0 + 4,0 + 4,0 31124,72 a 11872,71 a 53225,33 a

6,0 + 6,0 + 6,0 34281,35 a 13762,25 a 57221,57 a

Teste F 1,35 ns 2,61 ns 1,35 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 15648,33 5940,51 17697,86

Interação S x C 0,35 ns 3,34* 1,06 ns

C.V. (%) parcela 18,28 19,51 13,12

C.V. (%) subparcela 36,23 31,36 24,43

* e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

Na Tabela 22 está apresentado o desdobramento da interação sistema x calagem para a

característica área das raízes na camada abaixo de 60 cm. Observa-se que o preparo de solo a cada

reforma favoreceu esta característica somente na testemunha, não sendo possível observar uma

relação entre aumento da dose de calcário com aumento da área das raízes nesta camada

subsuperficial.

Tabela 22. Desdobramento da interação sistema x calagem para a área das raízes da variedade

IACSP95-5000 na terceira soqueira, quantificada em dezembro/2013. Ribeirão Preto, 2013/2014.

Sistemas Testemunha 2,0 t ha-1

4,0 t ha-1

6,0 t ha-1

Test F

PD 12923,13 Ba 13601,23 a 13602,81 a 14265,01 a 0,7 ns

PC 20344,46 Aa 9019,42 b 10144,20 b 13259,48 ab 5,88**

Test F 7,37* 2,81 ns 1,60 ns 0,14 ns

Frequentemente, em sistema plantio direto, o sistema radicular das culturas está concentrado

nas camadas superficiais. Nestas condições, a presença de Ca+2

em profundidade é interessante, pois

somente raízes jovens (pouco suberizadas) absorvem o elemento, sendo teores adequados nas

camadas mais profundas do solo melhora o crescimento radicular nessas zonas (QUAGGIO, 2000).

Em razão da área não apresentar teores de cálcio tão críticos, o sistema radicular na testemunha sem

calcário ainda teve condições de explorar maiores profundidades do perfil do solo, conferindo assim

maior participação na biomassa de raiz nas camadas sub-superficiais (Figura 32).

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42

Ao contrário, o tratamento plantio direto com calcário, devido aos benefícios ocorrerem em

maior intensidade na superfície, o sistema radicular da soqueira ficou concentrado nestas camadas.

Nestas condições, infere-se que o tratamento plantio direto pode estar mais vulnerável aos períodos

de deficiência hídrica, sobretudo se for retirado o palhiço conforme se preconiza atualmente.

Contudo, em relação à exploração em profundidade, BATTIE LACLAU & LACLAU (2009)

concluíram que o máximo alcançado (4,7 m) não dependeu do fornecimento suplementar de

irrigação. Esclarecem que a umidade interfere diretamente na distribuição superficial da biomassa

das raízes de cana-de-açúcar. Na Figura 33, verifica-se a mesma tendência do sistema convencional,

porém o efeito é mais pronunciado da calagem em função da incorporação. É nítido o aumento do

percentual da biomassa de raízes nas camadas 40-60, 60-80 e 80-100 cm no tratamento sem calcário

ao longo das avaliações. No entanto, convém salientar que a diferença na biomassa total entre os

tratamentos com e sem calcário são pequenas, nos dois sistemas de manejo. Estes resultados

contradizem o lastro de conhecimento sobre efeitos da calagem no crescimento de raízes,

decorrentes principalmente do fornecimento de cálcio.

Figura 32. Biomassa seca de raízes de cana-de-açúcar (IACSP95-5000), quantificada na camada 0-100 cm em quatro

épocas de avaliação no sistema convencional e plantio direto. Médias das doses de calcário e 4 repetições. Ribeirão

Preto, 2011

Figura 33. Biomassa seca de raízes de cana-de-açúcar (IACSP95-5000), quantificada na camada 0-100 cm em quatro

épocas de avaliação no sistema convencional e plantio direto. Médias das doses de calcário e 4 repetições. Ribeirão

Preto, 2011.

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43

As avaliações realizadas após a colheita da segunda soqueira (agosto/2013) estão

apresentadas nas Figuras 34 e 35. Neste estudo, foram realizadas amostragens em todos os

tratamentos (manejo de solo e doses de calcário). Nota-se a mesma tendência verificada na primeira

soqueira quanto às distribuições percentuais da biomassa seca de raízes em diferentes profundidades

de amostragem. Na camada superficial (0-20 cm) a biomassa seca de raiz é 5% maior no sistema

plantio direto, embora na camada de 20-40 cm esta diferença ocorre no sistema convencional. De

maneira geral, a distribuição concorda com as mencionadas na literatura (SMITH et al., 2005;

OTTO et al., 2009), ou seja, quase 60% da biomassa esta concentrada nos primeiros 40 cm de solo.

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

35.0

40.0

45.0

50.0

0-20 20-40 40-60 60-80 80-100

% B

iom

assa

de

Raí

zes

Profundidades (cm)

Distribuição da Biomassa de RaizSistema Convencional

Testemunha

2,0 t de calcário

4,0 t de calcário

6,0 t de calcário

Figura 34. Distribuição percentual da biomassa de raiz da variedade de cana-de-açúcar IACSP95-5000

aos 45 dias após colheita, no sistema convencional de preparo do solo. Ribeirão Preto, 2013.

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

35.0

40.0

45.0

50.0

0-20 20-40 40-60 60-80 80-100

% d

e B

iom

assa

de

Raí

zes

Profundidades (cm)

Distribuição da Biomassa de RaizSistema Plantio Direto

Testemunha

2,0 t de calcário

4,0 t de calcário

6,0 t de calcário

Figura 35. Distribuição percentual da biomassa de raiz da variedade de cana-de-açúcar IACSP95-5000

aos 45 dias após colheita, no sistema plantio direto. Ribeirão Preto, 2013.

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44

3.4. Características Agronômicas e Tecnológicas

Considerando o balanço hídrico realizado com dados de 1961 até 2002, a deficiência hídrica

nos meses de agosto e setembro chega a 33 mm. A ocorrência de algumas chuvas após o plantio

aliado à reserva acumulada desde o começo do ano (531,4 mm), auxiliaram na viabilização de um

estande mínimo para a variedade plantada (IACSP95-5000). Nos dois primeiros meses após o

plantio, a chuva acumulada foi de 74,7 mm. Contudo, nos dias compreendidos entre o 3o e 5

o

decêndios após o plantio (maio), as baixas temperaturas mínimas retardaram a brotação das gemas

e consequentemente a emergência. A literatura sobre a cana-de-açúcar menciona 45 dias para o

pleno estabelecimento da cultura em condições normais. O percentual de falhas maiores que 50 cm,

é um bom indicador para avaliar se o estande inicial de plantas foi afetado no sistema plantio direto.

Na avaliação realizada aos 45 dias após o plantio (DAP), enquanto no plantio convencional foram

verificados 19,3 % de falhas no estande, no plantio direto 14,6 % dos sulcos não apresentavam

plântulas de cana-de-açúcar emergidas. Por outro lado, a avaliação realizada aos 120 DAP,

demonstrou 9,4 % e 7,6 % de sulcos com falhas respectivamente, para o sistema de manejo

convencional e plantio direto. A diferença (4% de falha) favorável ao plantio direto aos 45 DAP,

demonstra que a sulcação direta não compromete o estabelecimento inicial de canaviais plantados

no outono, para a variedade em questão (Figura 36). O contraste entre os dois sistemas pode ser

visualizado na Figura 37. Entretanto, dependendo da qualidade da muda, do histórico do talhão e da

variação na temperatura mínima, podem ocorrer problemas com ocorrência de podridão abacaxi

(Thielaviopsis paradoxa) no plantio direto.

Figura 36. Comparação das médias do percentual de falhas no sulco de plantio, para a média das doses de calcário, entre

os sistemas de manejo convencional e plantio direto. Letras comparam sistemas e diferem pelo teste de Tukey a 5%.

0

5

10

15

20

Convencional Plantio Direto

19.3 a

14.6 b

9.4 7.6

% F

alh

as >

50

cm

Sistema de Manejo

45 DAP

150DAP

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45

Figura 37. Vista do estande inicial no sistema convencional (esquerda) e plantio direto (direita) aos 45 DAP.

O perfilhamento avaliado dos 30 DAP aos 165 DAP, encontram-se na Tabela 23. Pode-se

observar que não houve interação significativa entre sistema de manejo do solo e doses de calcário

para nenhuma das datas de avaliação. Entretanto, no plantio direto o perfilhamento foi

significativamente maior que no sistema convencional, aos 105, 135 e 165 DAP. Para a média dos

sistemas de manejo, somente houve diferença estatística entre doses de calcário na avaliação

realizada aos 165 DAP. Nesta avaliação, a dose mais alta de calcário apresentou em média 2

perfilhos a mais que a testemunha sem calagem.

Tabela 23. Perfilhamento (número de perfilhos em 2 metros) avaliado ao longo do desenvolvimento da

variedade de cana-de-açúcar IACSP-955000, em diferentes doses de calcário no sistema convencional e

plantio direto.

Sistema 30 DAP 45 DAP 75 DAP 105 DAP 135 DAP 165 DAP

Plantio Direto 13.2 15.0 27.1 33.1 a 32.8 a 28.3 a

Convencional 11.9 13.3 25.1 28.3 b 29.1 b 23.3 b

Teste F 4.0 ns 4.9 ns 4.6 ns 25.5* 23.2 * 16.7 *

d.m.s.(Tukey 5%) 1.98 2.5 3.05 3.03 2.39 3.8

Calcário (t/ha)

Testemunha 12.3 14.1 25.4 29.6 30.0 23.5 b

2,0 + 2,0 + 2,0 12.6 14.6 25.8 30.3 29.3 25.4 ab

4,0 + 4,0 + 4,0 11.9 13.6 26.0 29.4 31.0 26.8 ab

6,0 + 6,0 + 6,0 13.5 14.1 27.0 33.4 33.5 27.5 a

Teste F 0.8 ns 0.3 ns 0.2 ns 2.44 ns 1.34 ns 3.49 *

d.m.s.(Tukey 5%) 3.09 2.9 6 4.7 6.4 3.76

Interação S x C 0.7 ns 0.41 ns 0.69 ns 2.31 ns 0.17 ns 0.36 ns

C.V. (%) parcela 13,9 15,7 10,4 8,8 6,9 13,4

C.V. (%) subparcela 17,4 14,4 16,3 10,9 14,6 10,3

Médias seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tukey (5%).

Os resultados de acúmulo da biomassa da parte aérea (kg ha-1

) foram significativos somente

na primeira (45 DAP) e nas duas últimas avaliações efetuadas (165 e 195 DAP). Verifica-se na

Figura 38, que aos 165 DAP, houve resposta quadrática entre acúmulo de matéria seca da parte

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aérea e doses de calcário, nos dois sistemas de manejo. Contudo, para a média das doses de

calcário, as plantas no plantio direto produziram 413 kg ha-1

de matéria seca a mais que no sistema

convencional. A partir desta amostragem, a biomassa fresca também está sendo mensurada,

considerando que nesta fase a formação dos colmos já foi iniciada.

O estudo da regressão para os valores obtidos aos 195 DAP demonstrou que o acúmulo da

biomassa seca aumentou linearmente em função das doses de calcário no sistema plantio direto,

proporcionando ganhos de 280 kg de biomassa na parte aérea para cada 1,0 t de calcário

aplicado, enquanto no convencional a resposta foi quadrática com máxima biomassa verificada

com a aplicação de 4 t ha-1

(Figura 39). Para a média das doses de calcário, a biomassa seca total no

plantio direto foi 1313 kg ha-1

maior que a média no convencional.

O maior perfilhamento associado a maior quantidade de biomassa produzida, sinaliza uma

possível resposta em termos de produtividade de colmos no primeiro corte, favorável ao sistema

plantio direto. Com as amostras de cada avaliação serão, determinados os conteúdos de

macronutrientes, permitindo determinar as quantidades extraídas em cada sistema de manejo.

Figura 38. Acúmulo de matéria seca da parte aérea aos 165 DAP, da variedade de

cana-de-açúcar IACSP95-5000, submetida a diferentes doses de calcário no sistema

convencional e plantio direto.

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Figura 39. Acúmulo de matéria seca da parte aérea aos 195 DAP, da variedade de cana-de-açúcar IACSP95-

5000, submetida a diferentes doses de calcário no sistema convencional e plantio direto.

Observa-se na Figura 40, que houve resposta quadrática para a produção de biomassa seca da parte

aérea (colmos + folhas) em função das doses de calcário no plantio direto, porém com máxima

produtividade (46 t/ha) com a dose 4 t/ha. Clássica pesquisa conduzida na Australia indica que

mesmo após 17 anos, sucessivas aplicações de 5 t/ha de calcário conferiram aumentos de até 65 t/ha

na biomassa seca da parte aérea, em relação à testemunha (NOBLE & HURNEY, 2000). A drástica

redução da biomassa seca observada na maior dose de calcário aplicado em superfície, pode ser um

indicativo do efeito deletério de altas taxas de aplicação em superfície.

Figura 40. Biomassa seca total da parte aérea (t/ha) em função da calagem, nos sistemas convencional e plantio

direto, para cana planta da variedade IACSP95-5000, por ocasião da colheita. Ribeirão Preto, 2011.

Os resultados de produtividade de colmos e componentes da produção da cana planta estão

presentes na Tabela 24. Verifica-se que para média das doses de calcário, a produtividade de

colmos no plantio direto foi 4,7 t maior que o convencional, embora a diferença não seja estatística.

Este resultado confirma a tendência verificada nos ciclos anteriores e concorda com trabalhos

encontrados na literatura, os quais mencionam ganhos em produtividade no sistema plantio direto

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na cana queimada (MUTTON, 1983; DUARTE JR. & COELHO, 2008) e cana crua (BOLONHEZI

et al., 2010). Embora tenha sido verificado desde o início desta pesquisa, que no plantio direto o

perfilhamento foi maior no plantio direto, o levantamento de estande final foi favorável ao manejo

convencional, o qual proporcionou cerca de 4.200 colmos/ha a mais. Como o número de internódios

não foi estatisticamente diferente, a explicação para maior produtividade de colmos no plantio

direto, para a média das doses de calcário, deveu-se ao maior comprimento e massa dos colmos, os

quais compensaram o menor número. Contudo, através do estudo da regressão, nota-se que a

resposta em produtividade foi quadrática para o aumento das doses de calcário. A despeito da

ANOVA não ter acusado interação significativa, estão apresentadas as regressões para cada sistema

(Figura 41). Pode-se verificar que para o plantio direto a máxima produtividade é obtida com dose

2,0 t/ha, enquanto que para o convencional foram necessários 4,0 t/ha. A resposta da produtividade

em função da calagem é de conhecimento da literatura nacional (ROSSETO et al., 2008)

internacional (NOBLE & HURNEY, 2000). A redução da produtividade na maior dose de calcário

pode ser atribuída a um provável desequilíbrio na disponibilidade de micros em virtude dos altos

valores de pH nas camadas superficiais, que proporciona aumento da retenção no complexo coloidal

ou redução da solubilidade das suas fontes (QUAGGIO, 2000).

Tabela 24. Componentes da produção e produtividade de colmos da variedade IACS95-5000, nos

manejos convencional e plantio direto e diferentes doses de calcário. Ribeirão Preto, SP, 2011.

Sistema de Manejo (SM)

TCH Colmos

Colhidos

No de

Internódios

Altura

Média

Massa 1

Colmo

Biomassa

Total

Seca

t ha-1

No ha

-1 Média

colmo metro kg t ha

-1

Preparo Convencional 127,9 78.408 23,4 3,0 1,55 B 39,0

Plantio Direto 132,8 74.172 24,0 3,1 1,70 A 39,7

Teste F 0,53 ns 3,73 ns 0,27 ns 0,1 ns 25,1 * 0,04 ns

Calcário, t/ha (C)

0,0 114,4 B 72.898 23,3 2,9 B 1,59 33,7 B

2,0 136,7 A 75.516 23,8 3,0 AB 1,69 41,7 AB

4,0 140,2 A 76.858 24,5 3,2 A 1,70 43,7 A

6,0 130,1 AB 79.889 23,3 3,0 AB 1,53 38,6 AB

Regressão RQ ** L* (PD) ns ns ns RQ*(PD)

Interação SM x C

Teste F

C.V.(%) parcela

C.V.(%) subparcela

0,50 ns

12,5

7,5

1,2 ns

8,13

8,93

2,04 ns

10,9

4,9

0,16 ns

10,2

5,72

1,13 ns

4,7

10,9

0,66 ns

15,8

13,8

L: regressão linear; * e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

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Figura 41. Produtividade de colmos (t/ha) em função das doses de calcário nos sistemas de manejo de solo convencional e

plantio direto, para cana planta da variedade IACSP95-5000. Ribeirão Preto

Com relação às características tecnológicas, pode-se observar na Tabela 25, que não houve

diferença entre manejos de solo para as principais análises realizadas. Para a média dos sistemas de

manejo, verifica-se que ocorreu aumento significativo na pureza do caldo com o aumento das doses

de calcário, em virtude da menor concentração de açúcares redutores, com maiores valores na dose

4,0 t/ha. Quanto maior a pureza, maior a qualidade da matéria-prima para recuperar açúcar. Não

foram encontrados na literatura, até o momento, estudos que versam sobre efeito da aplicação

superficial de calcário sobre as características tecnológicas da cana-de-açúcar. CALDEIRA &

CASADEI (2010), encontraram respostas favoráveis da calagem para três variedades de cana-de-

açúcar sobre as principais características tecnológicas, porém com aplicação em sistema

convencional. O estudo da regressão (Figura 42) demonstrou resposta quadrática significativa para o

aumento da ATR (açúcar total recuperado) somente no sistema plantio direto, com aumentos

variando entre 15 e 20 kg de ATR por t de cana em relação à testemunha sem calcário e máxima de

166 kg ATR por t de cana.

Figura 42. Variação da ATR em função das doses de calcário no sistema convencional e plantio direto, para cana planta

variedade IACSP95-5000. Ribeirão Preto, 2011.

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Com relação à colheita efetuada na primeira soqueira (agosto/2012), os resultados das

características agronômicas estão apresentados na Tabela 25. Em relação ao ciclo da cana-planta

(BOLONHEZI et al., 2011) a produtividade diminuiu, todavia o plantio direto produziu para média

das doses de calcário 7,0 t/ha de colmos a mais que o convencional. A resposta em função das doses

de calcário para cada sistema está apresentada no gráfico da Figura 43. A mesma tendência

quadrática, observada na fase de cana-planta foi verificada no segundo corte, porém com diferenças

mais expressivas entre os sistemas de manejo nas doses de calcário testadas. Em média as plantas

apresentaram redução de 70 cm na altura, comparando-se com resultados obtidos no primeiro corte.

Outros componentes da produção avaliados não apresentaram diferenças estatísticas. Observa-se

resposta linear em função da dose de calcário, para média dos sistemas de manejo,

Tabela 25. Componentes da produção e produtividade de colmos da primeira soca da variedade IACS95-

5000, nos manejos convencional e plantio direto e diferentes doses de calcário. Ribeirão Preto, SP, 2012.

Sistema de Manejo (SM)

TCH Colmos

Colhidos

No de

Internódios

Altura

Média

Massa 1

Colmo

Perfilhos

45 dias

t ha-1

1000 ha

-1 Média

colmo metro kg

No/2

metros

Preparo Convencional 121 123.0 16.4 2.3 1.37 22.1

Plantio Direto 128 122.6 16.9 2.2 1.49 24.1

Teste F 0.52 ns 0.01 ns 1.07 ns 0.73 ns 1.23 ns 3.59 ns

Calcário, t/ha (C)

0,0 117 118.5 16.6 2.2 1.42 22.8

2,0 129 121.2 16.9 2.3 1.41 22.0

4,0 126 123.0 16.1 2.3 1.36 23.7

6,0 125 128.7 16.9 2.2 1.53 24.0

Regressão RQ RL ns ns ns ns

Interação SM x C

Teste F

C.V.(%) parcela

C.V.(%) subparcela

0.07 ns 0.04 ns 0.44 ns 0.86 ns 0.66 ns 1.85 ns

17,0 9,4 8,0 11,6 20,9 12,2

13,3 14,5 9,7 8,6 18,7 15,2

L: regressão linear; * e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

Para os dois sistemas de manejo a maior produtividade foi obtida na dose 2 t/ha de calcário

(média de 129 t/ha). Considerando-se a média de produtividade dos dois cortes, as diferenças em

produtividade de colmos favorável ao plantio direto fica mais evidente (Figura 44).

Clássica pesquisa conduzida na Austrália indica que mesmo após 17 anos, sucessivas

aplicações de 5 t/ha de calcário conferiram aumentos de até 65 t/ha na biomassa seca da parte aérea,

em relação à testemunha (NOBLE & HURNEY, 2000). Em condição de sistema plantio direto

estabilizado, têm sido verificadas altas produtividade das culturas na ausência de calcário, em solos

com elevada acidez. As explicações, segundo Caires (2008), estão relacionadas com os seguintes

fatores: (i) menor toxicidade do alumínio para as plantas, (ii) concentrações suficientes de cátions

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trocáveis e (iii) maior umidade disponível no solo. O cultivo sem revolvimento do solo por longo

período mantém os canais abertos graças à decomposição das raízes e formação de galerias oriundas

da atividade da meso e macrofauna edáfica, favorecendo a ação do corretivo em sub superfície.

Dessa forma, áreas mais antigas sob SPD podem responder a correção da acidez em profundidade

de modo muito semelhante a áreas de plantio convencional, como o que foi observado por Ciotta et

al. (2004).

Figura 43. Produtividade de colmos (t ha-1

) em função das doses de calcário nos sistemas de manejo de solo

convencional e plantio direto, para 1a soca da variedade IACSP95-5000. Ribeirão Preto, 2012.

Figura 44. Produtividade de colmos (t ha-1

) em função das doses de calcário nos sistemas de manejo de solo

convencional e plantio direto, para a média da cana planta e 1a soca da variedade IACSP95-5000. Ribeirão Preto, 2012.

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52

Na Tabela 26, estão apresentados os resultados das análises tecnológicas realizadas em

amostras coletadas na colheita da primeira soqueira. Não foram identificadas diferenças estatísticas

entre os tratamentos. A análise de regressão indicou resposta quadrática no convencional e linear no

plantio direto quanto à resposta dos valores de ATR em função das doses de calcário aplicadas

(Figura 45). Não foram identificados trabalhos na literatura sobre o efeito da combinação entre

calcário e preparo do solo sobre características tecnológicas

Tabela 26. Características tecnológicas na primeira soca da variedade IACS95-5000, nos manejos

convencional e plantio direto e diferentes doses de calcário. Ribeirão Preto, SP, 2012.

Sistema de Manejo (SM)

oBrix

caldo

POL%

cana

Fibra Pureza

Caldo AR ATR

% caldo -----------------------% cana------------------------ kg t cana

Preparo Convencional 19.1 15.0 11.8 92.3 0.40 147

Plantio Direto 18.6 14.5 11.6 91.7 0.42 142

Teste F 2.64 ns 2.33 ns 1.83 ns 7.33 ns 9.31 ns 2.26 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 1.4 1.29 0.74 1.03 0.03 12

Calcário, t/ha (C)

0,0 18.7 14.6 11.8 91.7 0.43 143

2,0 18.8 14.8 11.7 92.5 0.42 145

4,0 18.9 14.8 11.6 91.6 0.44 145

6,0 18.9 14.9 11.7 92.2 0.43 146

Regressão ns ns ns ns ns ns

Interação SM x C

Teste F

C.V.(%) parcela

C.V.(%) subparcela

1.46 ns 1.17 ns 2.18 ns 0.72 ns 0.78 ns 1.20 ns

4,3 5,0 3,6 0,64 4,0 4,7

3,2 4,1 3,3 1,34 8,8 3,7

L: regressão linear; * e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

Figura 45. Variação da ATR em função das doses de calcário nos sistemas de manejo de solo convencional e plantio

direto, para 1a soca da variedade IACSP95-5000. Ribeirão Preto, 2012.

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53

Os resultados referentes à colheita efetuada na segunda soqueira (agosto/2013) estão

apresentadas nas Tabelas 27 e 28. Houve diferença significativa entre sistemas de manejo do solo,

considerando-se a média das doses de calcário, com ganho de aproximadamente 13 t ha-1

de colmos

no sistema plantio direto. Embora não tenha acusado diferença estatística, o maior número de

colmos colhidos pode ser uma das razões para a superioridade do plantio direto.

Tabela 27. Componentes da produção e produtividade de colmos da segunda soqueira da variedade

IACS95-5000, nos manejos convencional e plantio direto e diferentes doses de calcário. Ribeirão Preto,

SP, 2013.

Sistema de Manejo (S) TCH

Colmos

Colhidos

No de

Internódios

Comp.

colmo

Massa 1

Colmo

t ha-1

1000 ha

-1 1 colmo m kg

Preparo Convencional 116,8 b 69897 a 17,38 a 2,34 a 1,48 a

Plantio Direto 129,1 a 73472 a 17,28 a 2,30 a 1,40 a

Teste F 10,0 * 0,56 ns 0,17 ns 0.33 ns 4,06 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 12,0 15157 0,73 0,20 0,13

Calcário, t/ha (C)

0,0 122,33 a 78860 a 16,83 a 2,28 a 1,48 a

2,0 128,55 a 76593 a 17,38 a 2,27 a 1,44 a

4,0 119,96 a 64694 a 17,51 a 2,39 a 1,42 a

6,0 121,00 a 66590 a 17,60 a 2,33 a 1,42 a

Teste F 0,51 ns 0,85 ns 0,38 ns 1,10 ns 0,34 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 21.48 30783 2.22 2.39 0.19

Interação S x C

Teste F

C.V.(%) parcela

C.V.(%) subparcela

0,28 ns 0,52 ns 0.62 ns 1,63 ns 1.63 ns

8,95 18,79 3,75 7,79 8,15

12,35 30,37 9,09 6,86 9,57 * e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade, letras minúsculas comparam médias na coluna

Tabela 28. Diâmetros (base,meio e ponta) da variedade IACSP-95-5000, em diferentes profundidades do

solo e doses de calcário nos sistemas convencional e plantio direto. Ribeirão Preto, 2013.

Sistemas (S) Diametro (cm)

Diâmetro base Diâmetro meio Diâmetro ponta

Plantio Direto 31,51 a 26,46 a 23,86 a

Convencional 32,12 a 26,43 a 23,59 a

Teste F 0,86 0,01 ns 0,34 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 2,09 1,50 1,46

Calcário (C) – t ha-1

Testemunha 31,37 a 25,81 a 23,20 a

2,0 + 2,0 + 2,0 32,28 a 26,77 a 23,87 a

4,0 + 4,0 + 4,0 32,10 a 26,31 a 23,87 a

6,0 + 6,0 + 6,0 31,51 a 26,90 a 23,96 a

Teste F 0,38 ns 0,66ns 0,48 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 2,89 2,43 2,04

Interação S x C 0,02 ns 0,16 ns 0,13 ns

C.V. (%) parcela 5,86 5,05 5,50

C.V. (%) subparcela 6,43 6,52 6,08

* e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

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54

Considerando a média de três cortes, o sistema plantio direto produziu aproximadamente 8 t ha-1

a

mais que o convencional, sendo que houve respostas quadrática para os dois sistemas de manejo em

função das doses de calcário (Tabela 29). Em relação à testemunha sem calcário, as doses 2 e 4 t ha-

1 proporcionaram ganhos de aproximadamente 13 t ha

-1 na produtividade de colmos. Na Figura 46,

observa-se que entre a cana planta e segunda soca, a produtividade no plantio direto reduziu 4 t ha-

1, enquanto que no sistema convencional esta queda foi de 11 t ha

-1. Isto indica que provavelmente

no plantio direto será possível aumentar a longevidade do canavial.

Tabela 29. Produtividade de colmos da variedade IACSP95-5000, em diferentes profundidades e

doses de calcário nos sistemas convencional e plantio direto em três safras seguidas. Ribeirão

Preto, 2013.

Sistemas (S) Produtividade de Colmos (t ha

-1)

2011 2012 2013 Média 3 cortes

Plantio Direto 132,76 a 128,34 a 129,11 a 129,96 a

Convencional 127,86 a 121,30 a 116,81 b 121,85 a

Teste F 6,0 ns 1,02 ns 10,0* 3,52ns

d.m.s.(Tukey 5%) 6,36 22,19 12,37 13,74

Calcário (C) – t ha-1

Testemunha 114,4 b 117,21 a 122,33 a 117,25 b

2,0 + 2,0 + 2,0 136,55 a 129,41 a 128,55 a 131,90 a

4,0 + 4,0 + 4,0 140,18 a 126,96 a 119,96 a 130,16 ab

6,0 + 6,0 + 6,0 130,13 ab 126,96 a 121,00 a 124,32 ab

Teste F 4,69* 125,70 a 0,51 ns 3,53 *

d.m.s.(Tukey 5%) 21,05 17,07 14,09

Interação S x C 0,31 ns 0,19 ns 0,28 ns 0,32 ns

C.V. (%) parcela 4,34 15,81 8,95 9,71

C.V. (%) subparcela 11,42 9,67 12,35 7,92

* e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

Figura 46. Variação da produtividade de colmos (TCH) em função das doses de calcário nos sistemas de manejo de

solo convencional e plantio direto, em três cortes da variedade IACSP95-5000. Ribeirão Preto, 2013.

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55

As avaliações de perfilhamento e porcentagem de falhas realizadas após a colheita da

segunda soqueira (agosto/2013) estão presentes nas Tabelas 30, 31 e 32. Com relação ao número de

perfilhos contados a cada 30 dias, houve interação significativa entre sistema de manejo e doses de

calcário na avaliação e dezembro, quando foi verificado resposta quadrática (Tabela 32) em função

das doses de calcário somente no plantio direto, com máximo quantificado nas doses 4 t ha-1

de

calcário (5 perfilhos a mais que a testemunha). Com relação à porcentagem de falhas maiores que

50 cm, nota-se na Tabela 32 que esta contagem variou de 3,94 a 8,26 %, com maiores valores

sempre observados no sistema convencional de preparo do solo. Esta vantagem do plantio direto

vem sendo verificada desde o primeiro corte (BOLONHEZI et al., 2011). Todavia, na Figura 47

pode-se observar que no plantio direto ocorre redução entre 3 e 4% nas falhas, conferindo assim

mais uma vantagem, a qual está relacionada com a manutenção da maior reserva de água no solo,

estimulando a brotação e consequentemente diminuição das falhas.

Tabela 30. Números de perfilhos da variedade IACSP95-5000, em diferentes profundidades e doses de

calcário nos sistemas convencional e plantio direto, na terceira soqueira. Ribeirão Preto, 2013/2014.

Sistemas (S) Perfilhos (n.

o por m)

Novembro/2013 Dezembro/2013 Janeiro/2014

Plantio Direto 16,16 a 17,21 a 17,54 a

Convencional 15,28 a 15,33 a 16,74 a

Teste F 1,02 ns 2,58 ns 0,62 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 2,79 3,73 3,23

Calcário (C) – t ha-1

Testemunha 16,08 a 17,07 ab 18,05 a

2,0 + 2,0 + 2,0 15,87 a 14,83 b 16,07 a

4,0 + 4,0 + 4,0 15,63 a 18,95 a 16,23 a

6,0 + 6,0 + 6,0 15,30 a 14,23 b 18,21 a

Teste F 0,7 ns 6,17 ** 1,23 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 5,17 3,48 4,12

Interação S x C 1,99 ns 3,36* 0,86 ns

C.V. (%) parcela 15,80 20,41 16,76

C.V. (%) subparcela 23,26 15,12 17,01

* e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

Estes resultados são importantes para o setor sucroenergético, pois é possível concluir com

relativa confiança que a produtividade de colmos é maior no plantio direto. Existem poucos

trabalhos científicos para confrontar os resultados encontrados nesta pesquisa, contudo os

benefícios em produtividade do plantio direto de cana-de-açúcar concordam com os resultados

realizados em condição e cana queimada (MUTTON, 1983; STOLF, 1985; TORRES &

VILLEGAS, 1998) e cana crua (DUARTE & COELHO, 2008).

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56

Tabela 31. Porcentagem de falha na variedade IACSP-95-5000, em diferentes profundidades e doses de

calcário nos sistemas convencional e plantio direto, na terceira soqueira. Ribeirão Preto, 2014.

Sistemas (S) % de Falhas > 50 cm

Novembro/2013 Dezembro/2013 Janeiro/2014

Plantio Direto 4,77a 3,94 a 6,76

Convencional 8,26 a 7,41 a 4,67

Teste F 4,30 ns 6,97 ns 2,53 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 5,35 4,18 4,19

Calcário (C) – t ha-1

Testemunha 5,82a 5,42 a 5,77 a

2,0 + 2,0 + 2,0 7,80 a 6,13 a 5,98 a

4,0 + 4,0 + 4,0 5,47 a 5,31 a 5,26 a

6,0 + 6,0 + 6,0 6,98 a 5,85 a 5,86 a

Teste F 2,56 ns 0,29 ns 0,28 ns

d.m.s.(Tukey 5%) 2,67 2,83 2,41

Interação S x C 2,56 ns 0,17 ns 0,64 ns

C.V. (%) parcela 73,05 65,52 65,13

C.V. (%) subparcela 28,97 35,28 29,87

* e ** teste F significativo respectivamente a 5 e 1% de probabilidade

Tabela 32. Desdobramento da interação sistema x calagem para o números de perfilhos da variedade

IACSP95-5000, quantificado em dezembro/2013 na terceira soqueira. Ribeirão Preto, 2013/2014.

Sistemas Testemunha 2,0 t ha-1

4,0 t ha-1

6,0 t ha-1

Test F

PD 15,65 b 16,25 ab 20,82 a 16,15 ab 3,86*

PC 18,50 a 13,42 b 17,07 ab 12,32 b 5,67**

Test F 2,23 ns 2,19 ns 3,85 ns 4,01 ns

Figura 47. Porcentagem de falhas maiores que 50 cm, avaliada mensalmente nos sistemas de manejo e

doses de calcário. Ribeirão Preto, 2013.

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57

4. CONCLUSÕES

4.1. Efeitos sobre a fertilidade do solo

A aplicação superficial de calcário no plantio direto, após 12 anos de manejo, proporciona

alterações significativas nos principais atributos químicos do solo na camada de 0 a 10 cm.

Houve aumento linear em função das doses de calcário em todas as profundidades (0 até 60

cm) no sistema plantio direto, para os atributos químicos da fertilidade; V%, pH, CTC, Ca2+

,

Mg2+

e fósforo nas camadas 0-5 e 5-10 cm, embora abaixo de 20 cm a magnitude dos

aumentos tenham sido menores que no sistema convencional.

Houve aumento significativo nas quantidades de calcário residual (não reagido no período)

no plantio direto na camada de 0-5 cm, que representa um aumento de 14 vezes em relação

ao ano de 1999.

Considerando o perfil de 0-60 cm, verifica-se que o estoque de carbono acumulado em 12

anos é 116 Mg ha-1

no plantio direto e 110,9 Mg ha-1

no convencional, uma diferença de

5,3 t/ha a mais no manejo conservacionista.

4.2. Efeitos sobre as características físicas do solo

Houve aumento significativo na porosidade total (%) e macroporosidade (%) na dose de 6,0

t ha-1

no tratamento com preparo, somente na camada de 5-10 cm;

Para a média das doses de calcário, a microporosidade é aumentada no plantio direto

somente na camada superficial do solo (0-5 e 5-10 cm);

O conteúdo de água no solo (0-20 cm) foi 3,8 % maior no plantio direto e aumentou, para

médias dos sistemas, em função do aumento das doses de calcário;

A resistência à penetração média verificada com umidade do solo próxima da capacidade de

campo foi de 3,0 MPa nos dois sistemas de manejo;

Não foram constatadas diferenças estatísticas entre os tratamentos de manejo e calcário para

os atributos físicos avaliados após colheita mecanizada da cana-planta.

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58

4.3. Biomassa e Imagens das Raízes de Cana-de-Açúcar

O plantio direto proporcionou acréscimo médio de 1711 kg ha

-1 na biomassa seca de raízes,

em relação ao preparo convencional por ocasião do 8o

mês após o plantio, com máxima

produção de 8640 kg ha-1

no sistema convencional após estação das chuvas;

A biomassa seca de raízes na soqueira atingiu máximo de 4,7 t ha-1

no sistema convencional

na época de amostragem em fevereiro, valor inferior ao obtido na fase de cana planta;

No plantio direto verificou-se 620 kg ha-1

de aumento da biomassa seca de raiz no perfil de

0-100 cm, após colheita da 2a soca;

O volume e área das raízes da variedade IACSP95-5000 foram maiores no sistema plantio

direto. Contudo, nas camadas abaixo de 60 cm, verificou-se maior área no sistema

convencional somente na testemunha sem calcário.

No plantio direto verificou-se uma maior concentração da porcentagem (> 5%) de biomassa

seca de raiz na camada superficial (0-20 cm)

4.4. Efeitos sobre Características Agronômicas e Tecnológicas

O perfilhamento é significativamente maior no plantio direto entre 105 e 165 DAP.

Há redução no percentual de falhas no plantio direto, sendo 9% e 4% menor na fase de

cana planta e terceira soqueira, respectivamente.

O plantio direto proporcionou maior acúmulo de matéria seca na parte aérea da cana.

Houve resposta quadrática para produtividade de colmos (t/ha) e biomassa seca total da

parte aérea em função das doses de calcário, na cana planta, com máximas obtidas no plantio

direto, 143 TCH na dose 2,0 t/ha e 46 t/ha de matéria seca na dose 4,0 t/ha

A produtividade de colmos foi superior no plantio direto em 5, 7 e 13 t ha-1

, respectivamente

no 1o, 2

o e 3

o cortes. O declínio da produtividade ao longo dos cortes mecanizados foi três vezes

menor no plantio direto, indicando maior longevidade do canavial.

Com relação às características tecnológicas do caldo, houve reposta quadrática para o valor

de ATR (kg t de cana) no plantio direto com máximo de 166 kg de ATR por tonelada de

colmo, na fase de cana planta. Nas demais soqueiras, não houve diferença estatística entre

sistemas, mas somente entre doses de calcário. Em relação à testemunha a calagem

proporcionou para a média dos sistemas aumentos de até 18 kg t de cana no ATR.

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59

5. IMPACTOS DO PROJETO: FORMAÇÃO DE RECURSOS

HUMANOS, PUBLICAÇÕES, PREMIAÇÕES E DIVULGAÇÃO.

5.1. Formação de Recursos Humanos

O financiamento da Fundação AGRISUS favoreceu a aprovação de um projeto encaminhado

ao CNPQ (Processo 551441/2010-0, Edital 46/2009), o qual proporcionou 3 bolsas de iniciação

científica durante 2 anos (2011 e 2012). Estas bolsas permitiram treinamento de 16 estudantes de

graduação ao longo dos 24 meses de vigência. Além disso, a viabilização do projeto possibilitou a

geração de dados para uma Dissertação de Mestrado do Engo. Agr.

o Tadeu Nascimento Cury

(Programa de Pós Graduação em Agricultura Tropical do IAC). Neste caso, dividimos a orientação

com a pesquisadora Dra. Isabella Clerice De Maria (Centro de Solos do IAC). A Dissertação

intitulada “Biomassa radicular da cana-de-açúcar em sistema de plantio convencional e plantio

direto com e sem calcário” foi defendida em fevereiro de 2013. Convém salientar que, o

treinamento e formação de recursos humanos é uma aspecto cada vez mais exigido pelas agências

financiadoras, portanto o projeto cumpriu de forma eficiente quanto a este quesito.

5.2. Publicações e Prêmios Recebidos

A seguir estão listados os resumos e trabalhos completos apresentados em reuniões

científicas nacionais e internacionais, os quais foram desenvolvidos com resultados obtidos na fase

de condução deste projeto. Em todos estes eventos, fez-se menção ao financiamento do projeto pela

Fundação Agrisus. Dentre estes, merece destaque o trabalho “Sugarcane yield in no-tillage long-

term experiment” apresentado no BBEST (Brazlian Bioenergy Science and Tecnology

Conference) ocorrido em Campos do Jordão/SP e organizado pelo programa BIOEN da FAPESP.

Este trabalho foi premiado com o primeiro lugar na categoria Pós-Doutorado (Award by Monsanto)

e recebeu prêmio de US$ 1.500 para participar em eventos científicos. Este recurso proporcionou a

participação em outro evento internacional, o IAPSIT (International Sugar Conference) ocorrido em

New Dehli/India, nos dias 21 a 25 de novembro de 2011. O trabalho intitulado “Surface

application of lime for sugarcane production under no-tillage system”, versou sobre os efeitos

da calagem nas características agronômicas, e foi selecionado para publicação na íntegra no

periódico Sugar Tech.

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60

A participação no 8th

Symposium of the International Society of Root Research foi outra

oportunidade de divulgar os resultados do projeto financiado pela Fundação Agrisus. Neste evento

ocorrido em Dundee/Scotland entre os dias 26 e 29 de junho de 2012, foi apresentado na seção oral

e pôster o trabalho intitulado “Root Dry Biomass of Sugarcane Grown under Different Lime

Rates in Conventional and No-tillage Systems”. Este trabalho resume os resultados obtidos nas

avaliações da soqueira da cana-de-açúcar e alterações nos atributos químicos do solo. O

financiamento desta participação foi oriundo do processo CNPQ no. 551441/2010-0 e algum recurso

da FUNDAG. Aproveitamos a oportunidade da viagem para visitar os experimentos de longa

duração presentes na Rothamsted Research Centre, localizado em Harpenden/London e no James

Hutton Institute localizado em Dundee/Scotland. Foi uma excelente oportunidade de divulgar os

resultados sobre estudo de raízes para um público seleto de pesquisadores, permitindo conhecer

novas técnicas/métodos e ampliar parcerias nesta importante e carente área do conhecimento.

Além destes trabalhos, foi elaborado Artigo Técnico “Plantio Direto e Calagem na

Reforma de Cana Crua”, publicado na Revista A Granja, conforme estabelecido nas exigências

da Fundação Agrisus. Este artigo resume os principais resultados obtidos neste projeto, porém em

uma linguagem mais direcionada ao agricultor.

BOLONHEZI, D. Plantio Direto e Calagem na Reforma de Cana Crua. A Granja. Janeiro, 2013, p.

75-77.

BOLONHEZI, D.; FERREIRA NETO, L.A.; CASALETTI, R.V.; BRANCO, R.B.F.; GENTILIN

Jr., O.; PEIXOTO, W.M.; NAKAZONE, M.V. Análise do crescimento da cana-de-açúcar em dois

sistemas de manejo de solo e doses de calcário. In:V CONGRESSO BRASILEIRO DE

BIOMETEOROLOGIA,USP, Piracicaba, Resumos... ESALQ, Piracicaba, abril, 2010. CD-ROM

BOLONHEZI, D.; BRANCALIÃO, S.R.; DE MARIA, I.C.; FERREIRA NETO, L.A.; PEIXOTO,

W.M.;CASALETTI, R.V.; BRAZ, G.H.R.; CASABONA, L.P. Calcário residual e atributos físicos

do solo em cana crua reformada no sistema convencional e plantio direto. In:XXXIII CONGRESSO

BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, UFU, SBCS, Uberlândia, Anais... Universidade Federal

de Uberlândia, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Julho/Agosto, 2011. CD-ROM.

BOLONHEZI, D.; FERREIRA NETO, L.A.; PEIXOTO, W.M.; CASABONA, L.P.; CASALETTI,

R.V.; BRAZ, G.H.R.; BRANCALIÃO, S.R.; DE MARIA, I.C. Biomassa de raiz e parte aérea da

cana-de-açúcar em diferentes doses de calcário no manejo de solo convencional e plantio direto. In:

XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, UFU, SBCS, Uberlândia, Anais...

Universidade Federal de Uberlândia, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Julho/Agosto, 2011.

CD-ROM.

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61

BOLONHEZI, D.; CANTARELLA, H.; BOLONHEZI, A.C.; GENTILIN Jr.; DE MARIA, I.C.;

FERREIRA NETO, L.A. Sugarcane yield in no-tillage long-term experiment. In: FIRST

BRAZILIAN BIOENERGY SCIENCE AND TECHNOLOGY CONFERENCE,

BBEST,FAPESP/BIOEN, Campos do Jordão, Abstract... Programa BIOEN, FAPESP, Campos do

Jordão, agosto, 2011. CD-ROM. (Premiado como melhor trabalho BBEST-Award sponsored

by Monsanto)

BOLONHEZI, D.; CANTARELLA, H.; BRANCALIAO, S.R.; DE MARIA, I.C.; BOLONHEZI,

A.C.; FERREIRA NETO, L.A.; PEIXOTO, W.M.; CASABONA, L.P. Chemical attributes after

twelve years of no-tillage and different lime rates in green harvest sugarcane system. In: WORLD

CONGRESS OF CONSERVATION AGRICULTURE, V, Brisbane, Australia, Proceedings…

Resilient food systems for a changing world, setembro, 2011. CD-ROM.

BOLONHEZI, D.; ROSSINI, D.B.; COSTA, N.; MARCONATO, M.B.; CANTARELLA, H.;

GENTILIN Jr., O.; GARCIA, J.C.; DE SANT’ANNA, S.A.; BOLONHEZI, D. Surface application

of lime for sugarcane production under no-tillage system. In: IV INTERNATIONAL SUGAR

CONFERENCE, IAPSIT, New Delhi, 2011. Proceedings…Balancing Sugar and Energy

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5.3. Divulgação e Difusão de Tecnologia

A característica de ser uma pesquisa de longa duração e com vasto histórico, sobre um

assunto atual e importante para o setor sucroalcooleiro, permitiu a exploração do experimento como

ponto de visita durante a V e VII edições do Workshop Agroenergia Matérias-Primas, ocorridas

respectivamente nos dias 29/07/2011 e 05/06/2013 no Centro de Cana-de-Açúcar do IAC em

Ribeirão Preto. Considerando as duas edições, os visitantes chegaram a 550 pessoas, entre

agricultores, técnicos e estudantes de graduação e pós-graduação (Figuras 48 e 49). Convém

salientar que, na última edição tivemos a honra de receber o Dr. Alan Garside, pesquisador

australiano que coordenou importante projeto sobre declínio da produtividade de canaviais no final

de década de 90. Neste evento, foi elaborado um folder de divulgação com um resumo dos

principais resultados, com tiragem de 1.500 exemplares. Recentemente, foi organizado o Curso

Teórico-Prático ROTACANA – Tecnologias Sustentáveis na Reforma de Canaviais, o qual

recebeu 55 participantes (8 usinas diferentes) e teve as aulas práticas realizadas no experimento.

Além dessas divulgações, os resultados gerados neste projeto são divulgados através das

palestras técnicas que realizamos, desde eventos científicos até dias de campo.

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Figura 48. Visita ao experimento no dia 29/07/2011, durante V Workshop Agroenergia e trincheira demonstrando

sistema radicular da IACSP95-5000 em parcela com 13 anos sob plantio direto. Ribeirão Preto, 2011.

Figura 49. Participantes do VII Workshop Agroenergia que visitaram o experimento dia 05/07/2013 (esquerda) e grupo

de pesquisadores, com destaque ao Dr. Alan Garside (direita). Ribeirão Preto, 2013.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa brasileira carece de experimentos de longa duração sobre manejo de solos. Os

poucos existentes estão posicionados na região sul do Brasil e focados para sistemas produtivos que

visam produção de cereais. As pesquisas sobre manejo de solo para cana-de-açúcar realizadas no

passado foram conduzidas em condição de sistema de colheita convencional, portanto não permitem

responder às dúvidas atuais da canavicultura baseada na colheita sem queima. Além disso, nenhuma

da iniciativas do passado foram mantidas, talvez porque muitas foram instaladas em áreas

comerciais de usinas, condição que dificulta a manutenção do histórico. Neste sentido, o presente

projeto contribui sobremaneira para as questões que afligem o sistema produtivo atualmente, pois;

tem um banco de dados gerados que permitem concluir com segurança as alterações nos atributos

do solo, é totalmente mecanizado permitindo assim reproduzir fielmente as condições comerciais,

porém está instalado em uma estação experimental, fato que assegura a continuidade do trabalho no

futuro. Sugere-se que seja aberta uma linha de financiamento na AGRISUS para projetos de

longa duração e que apresente outra dinâmica de submissão das propostas e fluxo de recursos.

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