relatório sul pnud

Upload: pedro-amaral-costa

Post on 07-Mar-2016

17 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvovimento sobre questões humanitárias no eixo sul do globo.

TRANSCRIPT

  • EN

    SW

    Relatrio do Desenvolvimento Humano 2013A Asceno do Sul:Progresso Humano num Mundo Diversificado

    Relat

    rio d

    o D

    esenvo

    lvimen

    to H

    um

    ano

    2013

    | A A

    sceno do Sul: Progresso Hum

    ano num M

    undo Diversificado

    E

    N

    SW

    Resumo

    Relatrio do Desenvolvimento Humano 2013A Ascenso do Sul:Progresso Humano num Mundo Diversificado

    Programa das Naes Unidas para o DesenvolvimentoOne United Nations PlazaNew York, NY 10017

    www.undp.org

    O sculo XXI tem sido palco de uma profunda mudana na dinmica mundial, impulsionada pelas novas potncias em rpido crescimento dos pases em desenvolvimento. A China ultrapassou o Japo como segunda maior economia do mundo, retirando da pobreza centenas de milhes de pessoas. A ndia reformula hoje o seu futuro graas a uma nova criatividade empresarial e inovao da sua poltica social. O Brasil eleva os seus padres de vida atravs da expanso das suas relaes internacionais e de programas de combate pobreza, copiados em todo o mundo.

    Contudo, a Ascenso do Sul um fenmeno muito mais amplo. A Indonsia, o Mxico, a frica do Sul, a Tailndia, a Turquia e outros pases em desenvolvimento passam a assumir um papel de protagonistas no cenrio mundial. O Relatrio do Desenvolvimento Humano de 2013 identifica mais de 40 pases em desenvolvimento que, nas ltimas dcadas, apresentaram resultados mais positivos do que o esperado em matria de desenvolvimento humano, tendo acelerado de forma notria o seu progresso ao longo dos ltimos dez anos.

    Cada um destes pases possui a sua histria nica e escolheu o seu caminho prprio e distinto para o desenvolvimento.

    No entanto, partilham caractersticas importantes e enfrentam um bom nmero de desafios comuns. Esto tambm progressivamente mais interligados e interdependentes. As populaes de todo o mundo em desenvolvimento exigem, cada vez mais, ser ouvidas, partilhando ideias atravs dos novos canais de comunicao e procurando uma maior responsabilizao dos governos e das instituies internacionais.

    O Relatrio do Desenvolvimento Humano de 2013 analisa as causas e consequncias da contnua Ascenso do Sul e identifica polticas enraizadas nesta nova realidade, que possam promover um maior progresso em todo o mundo nas prximas dcadas. O relatrio exorta a uma representao muito mais significativa do Sul nos sistemas de governana global e indica possveis novas fontes de financiamento para os bens pblicos essenciais no seio do Sul. Apresentando novas perspetivas de anlise e propostas claras para reformas polticas, o Relatrio aponta um caminho que permitir aos indivduos de todas as regies enfrentarem, em conjunto e de forma justa e eficaz, os desafios comuns suscitados pelo desenvolvimento humano.

    O Relatrio renova a nossa compreenso do atual estado do desenvolvimento mundial e revela bem a riqueza dos ensinamentos transmitidos pelas experincias do rpido progresso verificado em matria de desenvolvimento em numerosos pases do Sul. Helen Clark, Administradora do PNUD, do Prefcio

    A abordagem do desenvolvimento humano representa um progresso considervel no difcil exerccio de compreenso dos xitos e privaes das vidas humanas e de reconhecimento da importncia da reflexo e do dilogo, promovendo, dessa forma, a equidade e a justia no mundo. Amartya Sen, Galardoado com o Prmio Nobel, do captulo 1

    Ningum detm o monoplio das boas ideias, Nova Iorque continuar a aprender com as boas prticas de outras cidades e outros pases. Michael Bloomberg, Presidente da Cmara de Nova Iorque, do captulo 3

    Um olhar mais atento sobre os diversos percursos trilhados pelos pases em desenvolvimento que registaram xitos enriquece o menu de opes polticas disponvel para qualquer nao e regio.

    Khalid Malik, autor principal do Relatrio, da Introduo

  • Copyright 2013 do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento 1 UN Plaza, New York, NY 10017, USA

    Todos os direitos reservados. Nenhum excerto desta publicao poder ser reproduzido, armazenado num sistema de recuperao ou transmitido sob qualquer forma ou por qualquer meio, nomeadamente, eletrnico, mecnico, de fotocpia, de gravao ou outro, sem prvia permisso.

    Impresso no Canad por Lowe-Martin Group com papel livre de cloro elementar certificado pelo Forest Stewardship Council. Impresso utilizando tintas base de leos vegetais e produzidas com recurso a tecnologias amigas do ambiente

    [FSC LOGO WILL BE INSERTED HERE]

    Edio e produo: Communications Development Incorporated, Washington DC Design: Melanie Doherty Design, So Francisco, CA

    Para uma lista de erros e omisses detetados aps a impresso visite o nosso stio Web em http://hdr.undp.org

    Equipa do Relatrio do Desenvolvimento Humano 2013

    Diretor e autor principalKhalid Malik

    Investigao e estatsticaMaurice Kugler (Chefe de Investigao), Milorad Kovacevic (Chefe de Estatstica), Subhra Bhattacharjee, Astra Bonini, Cecilia Caldern, Alan Fuchs, Amie Gaye, Iana Konova, Arthur Minsat, Shivani Nayyar, Jos Pineda e Swarnim Wagl

    Comunicaes e produoWilliam Orme (Chefe de Comunicaes), Botagoz Abdreyeva, Carlotta Aiello, Eleonore Fournier-Tombs, Jean-Yves Hamel, Scott Lewis e Samantha Wauchope

    Apoio aos Relatrios de Desenvolvimento Humano NacionaisEva Jespersen (Diretora Adjunta), Christina Hackmann, Jonathan Hall, Mary Ann Mwangi e Paola Pagliani

    reas operacional e administrativaSarantuya Mend (Diretora Operacional), Ekaterina Berman, Diane Bouopda, Mamaye Gebretsadik e Fe Juarez-Shanahan

    Relatrios do Desenvolvimento Humano Globais: O Relatrio do Desenvolvimento Humano de 2013 o mais recente de uma srie de Relatrios do Desenvolvimento Humano Globais publicados pelo PNUD desde 1990 como uma anlise intelectualmente independente e empiricamente fundamentada das principais questes, tendncias e polticas do desenvolvimento.Encontram-se disponveis em linha recursos suplementares relacionados com o Relatrio do Desenvolvimento Humano de 2013 em http//hdr.undp.org, incluindo textos completos e resumos do Relatrio em mais de 20 lnguas, uma srie de documentos de investigao do desenvolvimento humano encomendados com vista ao Relatrio de 2013, bases de dados e mapas interativos conten-do os indicadores nacionais de desenvolvimento humano, explicaes integrais das fontes e metodologias subjacentes aos ndices de desenvolvimento humano empregues no Relatrio, fichas informativas dos pases e outro material de base. Os anteriores Relatrios do Desenvolvimento Humano Globais, Regionais e Nacionais tambm se encontram disponveis em http//hdr.undp.org.

    Relatrios do Desenvolvimento Humano Regionais: Nas ltimas duas dcadas, foram produzidos RDH de mbito regional sobre as principais regies do mundo em desenvolvimento, com o apoio dos gabinetes regionais do PNUD. Com anlises provoca-doras e recomendaes polticas claras, estes RDH regionais analisaram questes to cruciais como a capacitao poltica nos pases rabes, a segurana alimentar em frica, as alteraes climticas na sia, o tratamento das minorias tnicas na Europa Central e os desafios suscitados pela desigualdade e a segurana dos cidados na Amrica Latina e nas Carabas.

    Relatrios do Desenvolvimento Humano Nacionais: Desde o lanamento do primeiro Relatrio do Desenvolvimento Humano Nacional em 1992, foram produzidos RDH Nacionais em 140 pases por equipas editoriais locais com o apoio do PNUD. Estes relatrios cerca de 700 at data trazem uma perspetiva de desenvolvimento humano s preocupaes das polticas nacionais atravs de consultas e investigao geridas localmente. Os RDH nacionais tm abordado muitas das questes fundamentais rela-cionadas com o desenvolvimento, desde as alteraes climticas ao emprego dos jovens, passando pelas desigualdades alimentadas por questes de gnero ou de etnia.

    Relatrios do Desenvolvimento Humano 19902013 1990 Conceito e Medio do Desenvolvimento Humano 1991 Financiamento do Desenvolvimento Humano 1992 Dimenses Globais do Desenvolvimento Humano 1993 Participao das Pessoas 1994 Novas Dimenses da Segurana Humana 1995 Gnero e Desenvolvimento Humano 1996 Crescimento Econmico e Desenvolvimento Humano 1997 Desenvolvimento Humano para Erradicar a Pobreza 1998 Padres de Consumo para o Desenvolvimento Humano 1999 Globalizao com Uma Face Humana 2000 Direitos Humanos e Desenvolvimento Humano 2001 Fazer as Novas Tecnologias Trabalhar para o Desenvolvimento Humano 2002 Aprofundar a Democracia num Mundo Fragmentado 2003 Objetivos de Desenvolvimento do Milnio: Um Pacto Entre Naes para Eliminar a Pobreza Humana 2004 Liberdade Cultural num Mundo Diversificado 2005 Cooperao Internacional numa Encruzilhada: Ajuda, Comrcio e Segurana num Mundo Desigual 2006 A gua para l da Escassez: Poder, Pobreza e a Crise Mundial da gua2007/2008 Combater as Alteraes Climticas: Solidariedade Humana num Mundo Dividido 2009 Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e Desenvolvimento Humanos 2010 A Verdadeira Riqueza das Naes: Vias para o Desenvolvimento Humano 2011 Sustentabilidade e Equidade: Um Futuro Melhor para Todos 2013 A Ascenso do Sul: o Progresso Humano num Mundo Diversificado

  • Resumo

    Relatrio do Desenvolvimento Humano 2013

    A Ascenso do Sul:Progresso Humano num Mundo Diversificado

    Publicado peloPrograma dasNaes Unidaspara o Desenvolvimento(PNUD)

  • PrefcioO Relatrio do Desenvolvimento Humano

    A Ascenso do Sul: Progresso Humano num Mundo Diversificado de 2013 debrua-se sobre a evoluo da geopoltica dos nossos tempos, analisando as questes e tendncias emergen-tes, bem como os novos atores que moldam o panorama do desenvolvimento.

    O Relatrio defende que a notvel trans-formao de um elevado nmero de pases em desenvolvimento em grandes economias dinmicas com crescente influncia poltica produz um impacto significativo no progresso do desenvolvimento humano.

    O Relatrio observa que, durante a ltima dcada, todos os pases aceleraram o seu pro-gresso nos domnios da educao, da sade e do rendimento, tal como aferidos pelo ndice de Desenvolvimento Humano (IDH), visto que nenhum dos pases relativamente aos quais existem dados disponveis registou, em 2012, um valor do IDH inferior ao de 2000. Durante este perodo, medida que se acelerava o ritmo de progresso nos pases com IDH mais baixo, verificava-se uma convergncia notvel nos va-lores de IDH a nvel mundial, ainda que esse progresso tenha sido desigual dentro e entre as vrias regies.

    Analisando, especificamente, os pases que, entre 1990 e 2012, conseguiram um aumento substancial do respetivo valor do IDH nas dimenses do desenvolvimento humano, quer nas relacionadas com o rendimento, quer nas que no o so, o relatrio examina as estratgias subjacentes a esse desempenho positivo. A este respeito, o Relatrio de 2013 constitui um contributo significativo para a reflexo sobre o desenvolvimento, descrevendo os fatores impulsionadores especficos da transformao do desenvolvimento e sugerindo prioridades polticas futuras, que podero ajudar a sustentar esta dinmica.

    De acordo com projees desenvolvidas para o presente Relatrio, at 2020, o produto combinado de apenas trs dos principais pases em desenvolvimento, o Brasil, a China e a ndia, superar o produto agregado do Canad, Frana, Alemanha, Itlia, Reino Unido e Estados Unidos. Grande parte desta expanso

    impulsionada por novas parcerias comer-ciais e tecnolgicas no seio da prpria regio Sul, como o demonstra tambm o presente Relatrio.

    No entanto, a mensagem essencial trans-mitida neste e em anteriores Relatrios do Desenvolvimento Humano a de que o cresci-mento econmico no se traduz, por si s e automaticamente, em progressos no desenvolvi-mento humano. A opo por polticas em prol dos mais desfavorecidos e por investimentos significativos no reforo das capacidades dos indivduos - com nfase na alimentao, edu-cao, sade, e qualificaes para o emprego pode melhorar o acesso a um trabalho digno e proporcionar um progresso duradouro.

    O Relatrio de 2013 identifica quatro domnios especficos, com vista manuteno da dinmica de desenvolvimento: melhorar a equidade, incluindo a dimenso do gnero; proporcionar uma maior representao e par-ticipao dos cidados, incluindo a dos jovens; enfrentar as presses ambientais; e gerir as alter-aes demogrficas.

    O Relatrio defende ainda que, medida que os desafios que se colocam ao desenvolvimento a nvel mundial assumem uma natureza mais complexa e transfronteira, torna-se imperiosa uma ao coordenada relativamente queles desafios que, na nossa era, so os mais pre-mentes, sejam eles a erradicao da pobreza, as alteraes climticas, ou a paz e a segurana. Uma vez que os pases esto cada vez mais inter-ligados atravs do comrcio, da migrao e das tecnologias da informao e comunicao, no de surpreender que as decises polticas toma-das num deles tenham impactos substanciais nos demais. As crises dos ltimos anos - alimen-tar, financeira, climtica -, que tm devastado a vida de tantas populaes so reveladoras dessas circunstncias e espelham bem a importncia dos esforos destinados a reduzir a vulnerabil-idade dos indivduos aos choques e catstrofes.

    Para aproveitar a riqueza dos conhecimentos, experincias e reflexo sobre o desenvolvimento do Sul, o Relatrio insta a que sejam criadas novas instituies, que possam facilitar a in-tegrao regional e a cooperao Sul-Sul. As

    ii | RELATRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2013

  • potncias emergentes do mundo em desen-volvimento so j fontes de polticas sociais e econmicas inovadoras e importantes parceiros nos domnios do comrcio e do investimento e, cada vez mais, da cooperao para o desen-volvimento em benefcio de outros pases em desenvolvimento.

    Muitos outros pases do Sul tm sido palco de um rpido desenvolvimento, e as suas ex-perincias e a cooperao Sul-Sul constituem igualmente uma inspirao para a poltica de desenvolvimento. O PNUD est em posio de poder desempenhar um papel til como mediador de conhecimentos e catalisador de parceiros - governos, sociedade civil e empresas multinacionais - para o intercmbio de ex-perincias. Desempenhamos um papel funda-mental tambm na promoo da aprendizagem e do reforo das capacidades. Este relatrio proporciona uma viso extremamente til, com vista nossa futura participao na cooperao Sul-Sul.

    Por ltimo, o Relatrio exorta tambm a um olhar crtico sobre as instituies de governao mundial, de molde a promover um mundo mais justo e mais igual. Assinala as estruturas obsole-tas, que no refletem a nova realidade econmi-ca e geopoltica descrita, e analisa opes para uma nova era de parceria. Apela igualmente a

    uma maior transparncia e responsabilizao, pondo ainda em evidncia o papel da sociedade civil mundial na defesa dessa responsabilizao e de um maior poder de deciso por parte dos mais diretamente afetados pelos desafios mun-diais, que, frequentemente, so os mais pobres e vulnerveis no nosso mundo.

    medida que a discusso se desenrole no mbito da agenda do desenvolvimento mundial para alm de 2015, espero que sejam muitos os que dediquem algum tempo leitura do presente Relatrio e reflexo sobre as suas lies para o nosso mundo em rpida mutao. O Relatrio renova a nossa compreenso do atual estado do desenvolvimento mundial e revela bem a riqueza dos ensinamentos trans-mitidos pelas experincias do rpido progresso verificado em matria de desenvolvimento em numerosos pases do Sul.

    Helen ClarkAdministradoraPrograma das Naes Unidas para o Desenvolvimento

    RESUMO | iii

  • ndice do Relatrio do Desenvolvimento Humano 2013PrefcioAgradecimentos

    SnteseIntroduo

    CaPtulo 1

    A situao do desenvolvimento humano

    o progresso das naes

    a integrao social

    a segurana humana

    CaPtulo 2

    Um Sul mais global

    um novo equilbrio: um mundo mais global, um Sul mais global

    a dinmica do desenvolvimento humano

    a inovao e o empreendedorismo no Sul

    as novas formas de cooperao

    Progresso sustentvel em tempos de incerteza

    CaPtulo 3

    Fatores impulsionadores do desenvolvimento

    Fator impulsionador 1: um estado pr-ativo orientado para o desenvolvimento

    Fator impulsionador 2: a integrao nos mercados mundiais

    Fator impulsionador 3: uma inovao sustentada da poltica social

    CaPtulo 4

    Manter a dinmica

    as prioridades polticas para os pases em desenvolvimento

    a modelizao da demografia e da educao

    o impacto da taxa de envelhecimento da populao

    a necessidade de polticas ambiciosas

    aproveitar o momento

    CaPtulo 5

    Governao e parcerias para uma nova era

    uma nova viso global dos bens pblicos

    uma melhor representao para o Sul

    uma sociedade civil global

    Rumo a um pluralismo coerente

    uma soberania responsvel

    Novas instituies, novos mecanismos

    Concluses: parceiros numa nova era

    Notas

    Bibliografia

    aNexo eStatStiCo

    Guia do leitor

    legenda dos pases e classificaes do iDH, 2012

    tabelas estatsticas1 ndice de Desenvolvimento Humano e seus componentes

    2 Tendncias do ndice de Desenvolvimento Humano, 19802012

    3 ndice de Desenvolvimento Humano ajustado desigualdade

    4 ndice de Desigualdade de Gnero

    5 ndice de Pobreza Multidimensional

    6 Controlo dos recursos

    7 Sade

    8 Educao

    9 Integrao social

    10 Fluxos comerciais internacionais de produtos e servios

    11 Fluxos financeiros e migraes internacionais

    12 Inovao e tecnologia

    13 Ambiente

    14 Tendncias populacionais

    Regies

    Referncias estatsticas

    anexo tcnico: nota explicativa do exerccio de projeo

    iv | RELATRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2013

  • ResumoQuando, durante a crise financeira de 2008-09, o crescimento das economias desenvolvidas estagnou, mas o das economias em desenvolvimento prosseguiu, o mundo registou esse facto. A ascenso do Sul, vista no mundo em desenvolvimento como um reequilbrio mundial h muito esperado, tem alimentado desde ento um grande debate. No entanto, esse debate tem ha-bitualmente ficado circunscrito ao crescimento do PIB e do comrcio num nmero reduzido de pases de grande dimenso. Ora, esto em jogo dinmicas muito mais amplas, que abrangem um nmero muito maior de pases e tendncias mais profundas que podem ter consequncias abrangentes para a vida das populaes, a equidade social e a governao democrtica, tanto a nvel local como mundial. Como o demonstra o presente Relatrio, a ascenso do Sul , simultaneamente, o resultado dos contnuos investimentos e concretizaes no domnio do desenvolvimento humano e uma oportunidade para um progresso humano ainda mais significativo no mundo como um todo. Transformar esse progresso em realidade exigir decises polticas nacionais e mundiais informadas e esclarecidas, que tenham por base as lies polticas analisadas no presente Relatrio.

    A ascenso do Sul

    A ascenso do Sul no tem precedentes, nem em ritmo, nem em dimenso. A ascenso do Sul deve ser vista como a histria de um aumento extraordinrio das capacidades individuais e do progresso sustentado do desenvolvimento hu-mano nos pases onde reside a grande maioria da populao mundial. Quando dezenas de pases e milhares de milhes de pessoas sobem degraus na escada do desenvolvimento, como hoje acontece, essa ascenso tem um impacto direto na criao de riqueza e na disseminao do progresso humano em todos os pases e regies do mundo. Surgem novas oportunidades para a recuperao dos atrasos nos pases menos desenvolvidos e para ini-ciativas polticas criativas que possam beneficiar tambm as economias mais avanadas.

    Embora a maioria dos pases em desenvolvi-mento tenha tido um bom desempenho, um grande nmero realizou progressos particular-mente significativos o que se pode apelidar de ascenso do Sul. Registaram se rpidos avanos em alguns dos pases de maior dimenso, nomead-amente o Brasil, China, ndia, Indonsia, Mxico, frica do Sul e Turquia. Contudo, verificaram-se tambm progressos substanciais em economias mais pequenas, como o Bangladeche, Chile, Gana, Maurcia, Ruanda e Tunsia (figura 1).

    O Relatrio do Desenvolvimento Humano de 2013, embora incidindo sobre a ascenso do Sul e as suas implicaes para o desenvolvimento huma-no, versa tambm sobre este mundo em mudana, acionada em grande parte pela ascenso do Sul. Analisa os progressos realizados, os desafios que se perfilam (alguns em resultado, precisamente, do sucesso alcanado) e as novas oportunidades para

    uma governao representativa no plano global e regional.

    Pela primeira vez em 150 anos, o produto com-binado das trs principais economias do mundo em desenvolvimento o Brasil, a China e a ndia

    FiGuRa 1

    Entre 1990 e 2012, mais de 40 pases do Sul registaram ganhos mais significativos do que o previsto no IDH atendendo aos valores apresentados em 1990

    IDH 2012

    IDH 1990

    OutrosMelhorias significativas18 evidenciados

    Brasil

    Bangladeche

    China

    Chile

    Gana

    Indonsia

    ndiaLaos

    Coreia

    MalsiaMxico

    Ruanda

    TailndiaTunsia

    Turquia

    Vietname

    Uganda

    IDH 19

    90 = I

    DH 20

    12

    Maurcia

    0,1 0,3 0,5 0,7 0,90,1

    0,3

    0,5

    0,7

    0,9

    Nota: os pases acima da linha dos 45 graus apresentavam um valor de iDH mais elevado em 2012 do que em 1990.os marcadores em azul e cinzento indicam pases com aumentos mais significativos do que o previsto no respetivo valor de iDH entre 1990 e 2012, tendo em conta o seu iDH em 1990. estes pases foram identificados com base nos resduos obtidos a partir da regresso da variao do log do iDH entre 2012 e 1990 face ao log do iDH em 1990. os pases identificados representam um grupo selecionado de pases com rpidas melhorias no iDH, estudados de forma mais circunstanciada no captulo 3.Fonte: Clculos do GRDH.

    RESUMO | 1

  • o Sul emerge, hoje, ao lado do Norte, como terreno frtil para a

    inovao tecnolgica e o empreendedorismo

    criativo

    - aproximadamente igual aos produtos internos brutos (PIB) combinados das antigas potncias industriais do Norte: Canad, Frana, Alemanha, Itlia, Reino Unido e Estados Unidos. Esta situ-ao representa um reequilbrio notrio do poder econmico global: em 1950, o Brasil, a China e a ndia, em conjunto, representavam apenas 10% da economia mundial, enquanto os seis tradicionais lderes econmicos do Norte respondiam por mais de metade. At 2050, de acordo com as pro-jees do presente Relatrio, o Brasil, a China e a ndia representaro, em conjunto, 40% de todo o produto mundial (figura 2), superando de longe as previses para o produto combinado do atual Grupo dos 7.

    Nos pases do Sul, o rendimento, a dimenso e as expectativas da classe mdia aumentam rap-idamente (figura 3). Os extraordinrios nmeros da populao do Sul milhares de milhes de consumidores e cidados multiplicam, a nvel mundial, as consequncias para o desenvolvimen-to humano das medidas tomadas por governos, empresas e instituies internacionais nesse

    hemisfrio. O Sul emerge, hoje, ao lado do Norte, como terreno frtil para a inovao tecnolgica e o empreendedorismo criativo. No comrcio Norte-Sul, as economias recentemente industri-alizadas adquiriram capacidade para fabricar de forma eficaz produtos complexos destinados aos mercados dos pases desenvolvidos. Contudo, as interaes Sul-Sul permitiram s empresas do hemisfrio adaptar-se e inovar, criando produtos e processos mais adequados s necessidades locais.

    A situao do desenvolvimento humano

    O ndice do Desenvolvimento Humano (IDH) de 2012 revela progressos considerveis. Ao longo das ltimas dcadas, os pases tm vindo a convergir, em todo o mundo, para nveis mais el-evados de desenvolvimento humano. O ritmo de progresso do IDH foi mais rpido nos pases que se situam nas categorias baixa e mdia do desen-volvimento humano. Trata-se de uma boa notcia.

    FiGuRa 2

    At 2050, segundo as projees, o Brasil, a China e a ndia em conjunto sero responsveis por 40% do produto mundial, contra 10% em 1950

    Canad, Frana, Alemanha, Itlia, Reino Unido e Estados UnidosBrasil, China, ndia

    Quota-parte do produto global (%)

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    2050201019801940190018601820

    PROJEO

    Nota: O produto medido em paridade do poder de compra em dlares de 1990.Fonte: Interpolao de dados histricos do GRDH com base em Maddison (2010) e em projees do Centro Pardee para os Futuros Internacionais (2013).

    2 | RELATRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2013

  • Nem todos os pases em desenvolvimento participam ainda cabalmente na ascenso do Sul

    No entanto, o progresso exige mais do que uma melhoria mdia do IDH. No ser desejvel, nem sustentvel, que os progressos no IDH sejam acompanhados pelo aumento das desigualdades de rendimento, padres insustentveis de consu-mo, despesas militares elevadas e uma fraca coeso social (ver caixa 1).

    Uma componente essencial do desenvolvimento humano a equidade. Toda a pessoa tem o direito a viver uma vida plena de acordo com seus prprios valores e aspiraes. Ningum deve ser condenado a uma vida curta ou a ser miservel, por ter nascido na classe ou no pas errados, no grupo tnico ou raa errados, ou com o gnero errado. A desigualdade reduz o ritmo de desenvolvimento humano e, nalguns casos, pode inclusivamente im-pedi-lo por completo. A nvel mundial, nas ltimas duas dcadas, registou-se um declnio muito mais acentuado na desigualdade na sade e na educao do que no rendimento (figura 4). Praticamente todos os estudos referem que a desigualdade de rendimento geral elevada, embora no exista consenso quanto s tendncias recentes.

    Um Sul mais global

    Atualmente, verifica-se um reequilbrio da pro-duo global em moldes no observados desde h 150 anos atrs. O aumento da circulao trans-fronteiria de bens, servios, pessoas e ideias tem sido notvel. Em 2011, o comrcio era responsvel por cerca de 60% do produto mundial. Os pases em desenvolvimento desempenharam aqui um grande papel (caixa 2): entre 1980 e 2010, aumen-taram a sua participao no comrcio mundial de mercadorias de 25% para 47% e a sua participao no produto mundial de 33% para 45%. As regies em desenvolvimento tambm tm reforado as suas relaes: entre 1980 e 2011, o comrcio Sul-Sul aumentou de 8,1% para 26,7% (figura 5).

    Nem todos os pases em desenvolvimento par-ticipam ainda cabalmente na ascenso do Sul. O ritmo de mudana tem sido mais lento, por exem-plo, na maioria dos 49 pases menos desenvolvidos, especialmente nos pases sem litoral ou distantes dos mercados mundiais. Contudo, muitos des-ses pases comearam tambm a beneficiar do comrcio, do investimento e das transferncias tec-nolgicas e financeiras Sul-Sul. Registaram-se, por exemplo, repercusses positivas do crescimento da China nos restantes pases em desenvolvimento,

    sobretudo nos seus parceiros comerciais mais prximos. Estes benefcios compensaram, em certa medida, o abrandamento da procura dos pases desenvolvidos. O crescimento nos pases de baixo rendimento teria cado entre 0,3 e 1,1 pontos percentuais entre 2007 e 2010, caso o crescimento tivesse diminudo na China e na ndia a um ritmo semelhante ao das economias desenvolvidas.

    Muitos pases beneficiaram tambm dos efei-tos positivos nos setores que contribuem para o desenvolvimento humano, especialmente na rea da sade. Por exemplo, as empresas indianas for-necem hoje a pases africanos, a preos acessveis, medicamentos e equipamentos mdicos, bem como servios e produtos de tecnologias da in-formao e comunicao. O mesmo se passa com algumas empresas brasileiras e sul-africanas nos respetivos mercados regionais.

    No entanto, as exportaes provenientes de pases maiores podem tambm ter desvantagens. Os grandes pases geram presses concorrenciais que podem sufocar a diversificao econmica e a industrializao nas economias mais pequenas. Alm disso, registaram-se casos em que os cho-ques concorrenciais foram seguidos por uma revitalizao industrial. Um papel competitivo hoje pode facilmente transformar-se num papel

    FiGuRa 3

    As previses apontam para a continuao do crescimento da classe mdia no Sul

    Populao da classe mdia (em milhares de milhes de pessoas)

    2020 20302009

    Mundo:1.845 milhares de milhes

    Mundo:3.249 milhares de milhes

    Mundo:4.884 milhares de milhes

    sia-PaccoEuropa

    Amrica Central e do Sul

    Amrica do Norte

    frica SubsarianaMdio Oriente e Norte de frica

    0,664 0,7030,680

    3.228

    0,322

    0,3130,234

    0,107

    0,525

    1.740

    0,338 0,333

    0,181 0,2510,165

    0,0570,105

    0,032

    Nota: A classe mdia inclui as pessoas que auferem ou despendem entre 10 e 100 dlares por dia (em PPC de 2005).Fonte: Brookings Institution 2012.

    RESUMO | 3

  • complementar no futuro. Transitar da concorrn-cia para a cooperao parece depender de polticas que permitam fazer face aos novos desafios.

    Fatores impulsionadores do desenvolvimento

    Muitos foram os pases que realizaram progressos substanciais nas ltimas duas dcadas: a ascenso das potncias do hemisfrio Sul tem sido uma

    realidade bastante abrangente. No entanto, vrios pases houve com um desempenho particular-mente elevado, onde, a par de um aumento do rendimento nacional, os indicadores sociais em domnios como a sade e a educao registaram valores superiores mdia (figura 6).

    Como foi possvel a tantos pases do Sul mudar as suas perspetivas em matria de desenvolvimen-to humano? A maioria desses pases contou com trs fatores impulsionadores de desenvolvimento notveis: um Estado pr-ativo no domnio do

    Caixa 1 Amartya Sen, galardoado com o prmio Nobel da Economia

    Que significa ser humano?

    H quase meio sculo, o filsofo Thomas Nagel publicou um famoso artigo intitulado Que significa ser morcego? A pergunta que gostaria de fazer : que significa ser humano? Com efeito, esta publicao perspicaz de Tom Nagel em The Philosophical Review dizia igualmente respeito aos seres humanos, e s marginalmente aos morcegos. Entre outros aspetos, Tom Nagel manifestava um profundo ceticismo relativamente tentao dos investigadores da rea da cincia observacional de identificarem a ex-perincia de se ser morcego ou, de forma anloga, um ser humano - com os fenmenos fsicos conexos, que ocorrem no crebro e no corpo, e que so de fcil acesso mediante uma observao externa. O significado do que ser morcego ou ser humano dificilmente pode ser entendido como o resul-tado de certos impulsos identificados no crebro e no corpo. A complexidade desse significado no pode ser apreendida pela fcil rastreabilidade desses impulsos (por muito tentadora que possa ser essa abordagem).

    A vanguarda da abordagem do desenvolvimento humano assenta igualmente numa distino embora de um tipo bastante diferente da do contraste epistemolgico de base de Tom Nagel. A abordagem pionei-ra que Mahbub ul-Haq tem defendido, atravs da srie de Relatrios do Desenvolvimento Humano iniciada em 1990, situa-se entre, por um lado, o difcil problema da avaliao da riqueza das vidas humanas, incluindo as liberdades que os seres humanos muito justamente valorizam e, por outro, o exerccio, muito mais fcil, de acompanhamento da evoluo do rendimento e de outros recursos externos que os indivduos - ou as naes - possuem. O Produto Interno Bruto (PIB) muito mais fcil de observar e medir do que a qualidade de vida humana de que os indivduos usufruem. Porm, o bem-estar e a liberdade dos seres humanos e a sua relao com a equidade e a justia no mundo no podem ser reduzidos apenas ao clculo do PIB e respetiva taxa de crescimento, como muitos so tentados a fazer.

    fundamental reconhecer a complexidade intrnseca ao desenvolvim-ento humano, em parte porque no devemos ser tentados a mudar de objeto: foi precisamente esse o argumento central que conduziu a iniciativa ousada de Mahbub ul-Haq de complementar - e, at certo ponto, substituir - o PIB. Porm, surgiu, paralelamente, um outro aspeto de dificuldade acrescida, que constitui igualmente uma parte inevitvel daquela que veio a ficar conhecida por abordagem do desenvolvimento humano. Podemos, por uma questo de convenincia, recorrer a numerosos indicadores de desenvolvimento hu-mano simples, como o IDH, que tem por base apenas trs variveis, com uma regra muito simples para a sua ponderao. Contudo, o exerccio no deve ficar por aqui. No podemos desprezar atalhos viveis e teis - o IDH pode dizer-nos muito mais sobre a qualidade de vida humana do que o PIB -, nem devemos ficar totalmente satisfeitos com os ganhos imediatos que esses atalhos permitem registar num mundo em que a prtica contnua. Avaliar a qualidade de vida um exerccio muito mais complexo do que o resultado que um mero nmero nos pode proporcionar, por muito judiciosa que tenha sido a escolha de variveis a incluir e a seleo do procedimento de ponderao.

    O reconhecimento dessa complexidade tem tambm outras implicaes considerveis. O papel crucial desempenhado pela lgica pblica, que o pre-sente Relatrio do Desenvolvimento Humano evidencia de modo particular, decorre, em parte, do reconhecimento dessa complexidade. S os prprios podem dizer onde o sapato aperta, no podendo, de facto, ser feitos arranjos que evitem essa dor sem dar voz e sem proporcionar aos interessados amp-las oportunidades de discusso pblica. A importncia dos vrios elementos para a avaliao do bem-estar e da liberdade dos indivduos s pode ser devidamente aferida e avaliada mediante um dilogo persistente entre a populao, com impacto na conceo das polticas pblicas. O significado poltico de iniciativas como a chamada Primavera rabe e outros movimen-tos de massas noutras partes do mundo d bem a medida da importncia epistmica da capacidade de expresso dos indivduos em dilogo com os outros a respeito do que penaliza as suas vidas e das injustias que preten-dem eliminar. H muito para discutir - uns com os outros, bem como com os funcionrios pblicos responsveis pelas polticas.

    As responsabilidades dialgicas, quando devidamente valorizadas no mbito da governao, devem incluir tambm a representao do interesse daqueles que, no estando presentes, no podem expressar as suas preo-cupaes pela sua prpria voz. O desenvolvimento humano no pode ficar indiferente s futuras geraes apenas porque estas - ainda - no esto presentes. No entanto, os seres humanos tm efetivamente a capacidade de pensar sobre os outros e suas vidas, e a arte da poltica responsvel e passvel de responsabilizao consiste em ampliar os dilogos, deixando de lado as pequenas preocupaes egocntricas e optando por uma mais am-pla compreenso social da importncia das necessidades e liberdades dos indivduos, quer hoje, quer no futuro. No se trata simplesmente de incluir essas preocupaes no quadro de um indicador nico, por exemplo, sobrelo-tando o j pesado IDH (que, seja como for, se refere apenas ao bem-estar e liberdade atuais), mas seguramente de garantir que as discusses sobre o desenvolvimento humano incluam de facto, tambm, outras preocupaes. Os Relatrios do Desenvolvimento Humano podem continuar a contribuir para esse alargamento de horizontes, atravs da explicao, bem como da apresentao de tabelas contendo informao relevante.

    A abordagem do desenvolvimento humano representa um progresso considervel no difcil exerccio de compreenso dos xitos e privaes das vidas humanas e de reconhecimento da importncia da reflexo e do dilo-go, promovendo, dessa forma, a equidade e a justia no mundo. O ser hu-mano pode parecer-se bastante com os morcegos por no estar facilmente acessvel ao instrumento de medio do impaciente investigador da cincia observacional, mas tambm capaz de pensar e falar sobre a natureza mul-tifacetada das suas vidas e das dos outros atuais e futuras - de formas que podem no estar rapidamente ao alcance dos morcegos. So muitas as semelhanas entre ser humano e ser morcego, mas so tambm numerosas as diferenas.

    4 | RELATRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2013

  • desenvolvimento; a explorao de mercados mun-diais e uma aposta numa poltica social inovadora. Estes fatores no assentam em concees abstratas sobre o processo de desenvolvimento na prtica. Pelo contrrio, assentam comprovadamente em experincias de desenvolvimento transformadoras de muitos pases do Sul. Na verdade, pem muitas vezes em causa abordagens preconcebidas e pres-critivas: por um lado, pem de lado uma srie de procedimentos coletivistas e geridos a nvel cen-tral e, por outro, afastam-se da liberalizao des-enfreada adotada pelo Consenso de Washington.

    Fator impulsionador 1: um estado pr-ativo orientado para o desenvolvimento

    Um Estado forte, pr-ativo e responsvel desenvolve polticas dirigidas a ambos os setores,

    pblico e privado, com base numa liderana e viso de longo prazo, normas e valores comuns, bem como regras e instituies que promovem a confiana e coeso. Uma transformao duradou-ra requer que as naes definam uma abordagem ao desenvolvimento consistente e equilibrada. As naes que conseguiram criar condies e sustentar um aumento de rendimento e do desen-volvimento humano, no adotaram, no entanto, uma frmula nica. Confrontadas com desafios diferentes, seguiram diferentes polticas relacio-nadas com a regulao do mercado, a promoo de exportaes, o desenvolvimento industrial e o progresso e adaptao tecnolgicos. H que centrar as prioridades nas pessoas e promover oportunidades, protegendo simultaneamente os cidados dos efeitos adversos. Os governos podem incentivar indstrias que, de outra forma, devido a

    FiGuRa 4

    A maioria das regies revela uma crescente desigualdade de rendimento e um decrscimo da desigualdade na sade e na educao

    60

    50

    0

    10

    20

    30

    40

    60

    50

    0

    10

    20

    30

    40

    20102005200019951990 20102005200019951990

    60

    50

    0

    10

    20

    30

    40

    20102005200019951990

    Perda devida desigualdade (%) Perda devida desigualdade (%) Perda devida desigualdade (%)

    RendimentoEducaoSade

    frica Subsarianasia do Sul PasesDesenvolvidos

    Europae sia Central

    Amrica Latinae Carabas

    Estados rabes sia Orientale Pacfico

    Fonte: Clculos do GRDH com base em dados sobre a sade das tabelas de vida do Departamento de Assuntos Econmicos e Sociais das Naes Unidas, em dados sobre a educao com base em Barro e Lee (2010) e em dados sobre a desigualdade de rendimento com base em Milanovic (2010).Nota: Com base num painel equilibrado, ponderado em funo da populao: de 182 pases no que se refere perda devida s desigualdades na sade; de 144 pases no que se refere perda devido s desigualdades na educao; e de 66 pases no que se refere perda devida s desigualdades de rendimento. Os dados relativos desigualdade de rendimento retirados de Milanovic (2010) esto disponveis at 2005.

    RESUMO | 5

  • mercados incompletos, no conseguiriam vingar. Embora significando algum risco de procura de lucro e clientelismo, isto permitiu que vrios pases do Sul transformassem indstrias ineficazes nos

    primeiros sucessos no domnio das exportaes medida que se processava uma maior abertura das suas economias.

    Caixa 2

    A integrao do Sul na economia mundial e o desenvolvimento humano

    Numa amostra de 107 pases em desenvolvimento, por um perodo entre 1990-2010, cerca de 87% podem ser considerados globalmente integrados: au-mentaram o seu rcio comrcio/produto, desfrutam de vrias parcerias comer-ciais substanciais1 e mantm um elevado rcio comrcio/produto relativamente a pases com nveis de rendimento comparveis.2 Todos estes pases em de-senvolvimento esto tambm muito mais interligados com o mundo e entre si: a utilizao da Internet tem-se expandido fortemente, registando um crescimento mdio anual no nmero de utilizadores superior a 30% entre 2000 e 2010.

    Embora nem todos os pases em desenvolvimento integrados globalmente registem rpidos progressos quantificados no ndice de Desenvolvimento Humano (IDH), o oposto uma realidade. Quase todos os pases em desenvolvi-mento que, comparativamente aos seus pares entre 1990 e 2012, registaram mais melhorias no que respeita ao IDH (pelo menos 45 na amostra em causa) conseguiram uma maior integrao na economia mundial ao longo das ltimas duas dcadas; o seu aumento em mdia no rcio comrcio/produto excede em cerca de 13 pontos percentuais o do grupo de pases em desenvolvimento que registaram uma melhoria mais modesta no IDH. Este dado coerente com con-cluses anteriores, a saber, que os pases tendem a abrir mais as suas econo-mias medida que se desenvolvem.3

    Os pases que conseguirem grandes avanos no IDH e cuja integrao cada vez mais visvel no incluem apenas os grandes pases que dominam as paragonas,

    mas tambm dezenas de pases mais pequenos e menos desenvolvidos. Por con-seguinte, constituem um grupo mais alargado e mais variado do que as economias de mercado emergentes, muitas vezes designadas por acrnimos, como o BRICS (Brasil, Federao Russa, ndia, China e frica do Sul), o IBAS (ndia, Brasil e frica do Sul), o CIVETS (Colmbia, Indonsia, Vietname, Egito, Turquia e frica do Sul), e o MIST (Mxico, Indonsia, Coreia do Sul [Repblica da Coreia] e Turquia)

    A figura infra estabelece as coordenadas entre a melhoria do IDH4 e as alteraes no rcio comrcio/produto, um indicador do nvel de participao nos mercados mundiais. Mais de quatro quintos desses pases em desenvolvimento aumentaram o seu rcio comrcio/produto entre 1990 e 2012. Entre as excees no subgrupo que tambm regista uma melhoria substancial do IDH encontram-se a Indonsia, o Paquisto e a Venezuela, trs grandes pases considerados atores globais nos mercados mundiais, exportando ou importando de pelo menos 80 economias. Dois pases mais pequenos cujo rcio comrcio/produto diminuiu (Maurcia e Panam) continuam a situar-se em nveis mais elevados do que seria de esperar no caso de pases com nveis de rendimento comparveis. Todos os pases que registaram uma melhoria substancial do IDH e aumentaram o seu r-cio comrcio/produto entre 1990 e 2012 so assinalados no quadrante superior direito da figura. Os pases constantes do quadrante inferior direito (incluindo o Qunia, as Filipinas e a frica do Sul) aumentaram o seu rcio comrcio/produto, mas apresentam uma melhoria inferior no que respeita ao IDH.

    Progresso humano e expanso comercial no Sul

    Melhoria relativa de IDH, 19902012

    Variao no rcio comrcio/produto, 19902010

    0,6 0,4 0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

    China

    ndiaTurquia

    Mxico

    Brasil

    Gana

    Bangladeche

    0,4

    0,3

    0,2

    0,1

    0

    0,1

    0,2

    0,3

    Outros

    Pases com melhorias modestas no IDH,globalmente integrados

    Pases com melhorias substanciais no IDH,globalmente integrados

    1. Comrcio bilateral superior a 2 milhes de dlares em 2010-2011. 2. Baseado nos resultados de uma regresso em todos os pases do rcio comrcio/PiB no rendimento per capita em funo da populao e da ausncia de litoral.3. Ver Rodrik (2001) 4. a melhoria relativa do iDH medida pelos residuais de uma regresso da alterao do log de iDH, entre 1990 e 2012 face ao log de iDH inicial em 1990. os cinco pases assinalados a preto no quadrante superior esquerdo registaram uma melhoria substancial do iDH, mas reduziram o seu rcio comrcio/produto entre 1990 e 2010, ainda que mantendo um elevado nmero de relaes comerciais substanciais a nvel mundial ou aumentando o comrcio mais do que o previsto no caso de pases com nveis comparveis de rendimento per capita. os pases marcados com crculos vazios nos quadrantes superior direito e inferior direito registaram uma melhoria do iDH relativamente modesta entre 1990 e 2012, mas aumentaram o seu rcio comrcio/produto ou mantiveram relaes comerciais bastante alargadas.Fonte: clculos do GRDH; rcios comrcio/produto baseados em dados do Banco Mundial (2012a).

    6 | RELATRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2013

  • Em sociedades grandes e complexas, o resultado de qualquer poltica especfica inevitavelmente incerto. Assim sendo, os Estados em desenvolvi-mento precisam de ser pragmticos e testar uma srie de abordagens diferentes. Destacam-se algu-mas caractersticas: por exemplo, os Estados em de-senvolvimento que praticam polticas mais amigas do cidado tm alargado os servios sociais de base. Investir nas capacidades das pessoas atravs da sade, educao e outros servios pblicos no um apndice do processo de crescimento, mas sim parte integrante do mesmo (figuras 7 e 8). A rpida expanso de empregos de qualidade consti-tui uma caracterstica fundamental do crescimento que promove o desenvolvimento humano.

    Fator impulsionador 2: a integrao nos mercados mundiais

    Os mercados globais tm desempenhado um papel importante na promoo do progresso. Todos os pases recm-industrializados adotaram a estratgia de importar o que o resto do mundo sabe e exportar o que o resto do mundo quer. No entanto, mais importante ainda so as condies de participao nestes mercados. Sem investimen-to nas pessoas, o retorno dos mercados mundiais tende a ser limitado. O sucesso tende a ser mais o resultado, no de uma rpida abertura, mas sim de uma integrao gradual e sequenciada na econo-mia mundial, de acordo com as circunstncias nacionais e acompanhada de um investimento nas pessoas, instituies e infraestruturas. As econo-mias mais pequenas tm apostado, com sucesso, em produtos de nicho, cuja escolha o resultado, muitas vezes, de anos de apoio estatal com base nas competncias existentes, ou na criao de outras.

    Fator impulsionador 3: uma inovao sustentada da poltica social

    Poucos pases tm conseguido manter um rit-mo de crescimento rpido sem um investimento pblico de peso no apenas em infraestruturas, mas tambm em educao e sade. O objetivo deve ser a criao de crculos virtuosos, em que as polticas sociais e de crescimento se reforcem mutuamente. Em pases onde a desigualdade de rendimento baixa, o crescimento tem, na gen-eralidade, um impacto mais positivo na reduo da pobreza do que em pases que registam uma desigualdade elevada. A promoo da igualdade,

    FiGuRa 5

    A quota-parte do comrcio Sul-Sul no comrcio mundial de mercadorias mais do que triplicou em 1980-2011, ao passo que o comrcio Norte-Norte registou um declnio

    Quota-parte do total mundial (%)

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    2011200520001995199019851980

    SulSulNorteNorte

    SulNorte

    Nota: Por Norte, em 1980, entende-se a Austrlia, Canad, Japo, Nova Zelndia, Estados Unidos e Europa Ocidental.Fonte: Clculos do GRDH com base em UNSD (2012).

    FiGuRa 6

    Alguns pases registaram bons resultados tanto nas dimenses de rendimento como nas de no-rendimento do IDH

    0,04 0,02 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10

    0,4

    0,3

    0,2

    0,1

    0

    0,1

    0,2

    0,3

    Desvio face ao desempenho esperado no que respeita ao IDH de no-rendimento, 19902012

    Crescimento do RNB per capita, 19902012 (%)

    Brasil TurquiaIndonsia

    Malsia

    Maurcia

    Bangladeche

    ndiaVietname

    China

    Tunsia

    Chile

    Uganda

    Tailndia

    GanaCoreiaMxico

    OutrosPases com resultados elevados em termos de desenvolvimento humano

    Nota: Com base num conjunto equilibrado de 96 pases. Fonte: Clculos do GRDH.

    RESUMO | 7

  • especialmente entre os diferentes grupos religio-sos, tnicos ou raciais, contribui igualmente para minimizar o conflito social.

    A educao, os cuidados de sade, a proteo social, a habilitao jurdica e a organizao social permitem, todas elas, uma participao das pes-soas pobres no crescimento. O equilbrio entre setores dando especial ateno ao setor rural bem como a natureza e o ritmo da expanso laboral so cruciais para determinar at que ponto o crescimento permite uma distribuio do rendimento. Todavia, mesmo estes instru-mentos polticos de base podem no emancipar os grupos sociais mais desfavorecidos. As franjas pobres da sociedade esforam-se por expressar as suas preocupaes, e os governos nem sempre se certificam de que os servios chegam a toda a pop-ulao. A poltica social deve promover a incluso assegurar a no discriminao e a igualdade de tratamento fundamental para a estabilidade poltica e social e prestar servios sociais de base passveis de apoiar um crescimento econmi-co a longo prazo, favorecendo a criao de uma fora de trabalho saudvel e instruda. Nem todos esses servios tm de ser prestados pelo setor p-blico, contudo, o Estado deve garantir o acesso seguro de todos os cidados aos requisitos de base de desenvolvimento humano (ver caixa 3).

    Uma agenda destinada a transformar o modelo de desenvolvimento que promova o desenvolvi-mento humano , pois, uma agenda multifacetada. Incrementa os ativos dos cidados universalizando o acesso aos servios de base. Melhora o funcio-namento das instituies pblicas e sociais, com vista a fomentar o crescimento equitativo, atravs da generalizao dos benefcios. Reduz os entraves de ordem burocrtica e social ao econmica e mobilidade social. Responsabiliza as lideranas.

    Manter a dinmica

    Muitos pases do Sul demonstraram ser muito bem-sucedidos. Contudo, mesmo nos pases que registam os melhores resultados, o sucesso futuro no est garantido. Como podem os pases do Sul manter o ritmo de progresso no que respeita ao de-senvolvimento humano, e como pode o progresso estender-se a outros pases? O presente Relatrio prope quatro grandes reas que podem facilitar esse processo: reforar a equidade, permitir a sua representao e participao, fazer face aos desafios

    FiGuRa 7

    Existe uma correlao positiva entre os valores IDH atuais e a despesa pblica anterior . . .

    IDH de 2012

    Log da despesa pblica per capita na sade e educao, 20006 7 8 9 10 11 12 13 14

    0,2

    0,3

    0,4

    0,5

    0,6

    0,7

    0,8

    0,9

    1,0

    Fonte: Clculos do GRDH e Banco Mundial (2012a).

    FiGuRa 8

    . . . bem como entre a atual taxa de sobrevivncia infantil e a anterior despesa pblica na sade

    2 4 6 8 10 12 14

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    Log da despesa pblica na sade per capita em 2000

    Log da taxa de mortalidade infantil (menos de cinco anos) em 20102011

    Fonte: Clculos do GRDH baseados em dados do Banco Mundial (2012)

    8 | RELATRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2013

  • o presente Relatrio constitui um forte argumento a favor da ambio poltica

    ambientais e gerir as alteraes demogrficas. O Relatrio aponta para o elevado custo da inao poltica e defende maior ambio poltica.

    Reforar a equidade

    Maior equidade, incluindo entre homens e mul-heres e entre outros grupos, alm de ser essencial, tambm importante para a promoo do desen-volvimento humano. Um dos instrumentos mais poderosos que cumpre esta finalidade a educao. A educao aumenta a autoconfiana das pessoas e permite aceder a melhores empregos, participar do debate pblico e exigir do governo cuidados de sade, segurana social e outros direitos.

    A educao tambm se reflete de forma marcante na sade e mortalidade (caixa 2). A investigao com vista ao presente Relatrio mostra que o nvel de educao da me mais importante para a so-brevivncia da criana do que o rendimento famil-iar ou riqueza e que as intervenes polticas tm um maior impacto onde os resultados da educao so inicialmente mais fracos. Esta constatao tem

    implicaes polticas profundas, atendendo a que pode transpor a tnica anteriormente colocada nos esforos com vista a um rendimento familiar mais elevado para as medidas destinadas a melhorar a educao de jovens do sexo feminino.

    O presente Relatrio constitui um forte argu-mento a favor da ambio poltica. Um cenrio de progresso acelerado sugere que os pases com um IDH baixo podem convergir para os nveis de desenvolvimento humano alcanados pelos pases com IDH elevado e muito elevado. At 2050, o IDH agregado poderia aumentar em 52% na frica subsariana (de 0,402 para 0,612) e 36% na sia do Sul (de 0,527 para 0,714). As intervenes polticas desse tipo tambm tero um impacto pos-itivo na luta contra a pobreza. Em contrapartida, os custos da inao sero mais elevados, especialmente nos pases com um IDH baixo, que so mais vul-nerveis. Por exemplo, no implementar polticas universais ambiciosas no domnio da educao afetar negativamente muitos pilares essenciais do desenvolvimento humano para as geraes futuras.

    Caixa 3 Michael Bloomberg, Presidente da Cmara, Cidade de Nova Iorque

    O que levou a Cidade de Nova Iorque a olhar para o Sul em busca de aconselhamento sobre polticas de luta contra a pobreza

    Em Nova Iorque, trabalhamos com vista melhorar a vida dos nossos habitan-tes em muitos aspetos. Continuamos a melhorar a qualidade do ensino nas nos-sas escolas, melhormos a sade dos nova-iorquinos, combatendo o tabagismo e a obesidade, e valorizmos a paisagem da cidade, dotando-a de ciclovias e plantando milhares de rvores.

    Procurmos tambm reduzir a pobreza, encontrando novas e mais adequa-das de promover a autossuficincia e de preparar os nossos jovens para um futuro risonho. Para nortear este esforo, crimos o Centro de Oportunidades Econmicas, cuja misso consiste em identificar estratgias que ajudem a que-brar o ciclo da pobreza atravs de iniciativas inovadoras em matria de educa-o, sade e emprego.

    Nos ltimos seis anos, o Centro lanou mais de 50 programas-piloto em par-ceria com rgos municipais e centenas de organizaes de base comunitria. O Centro desenvolveu uma estratgia de avaliao especfica para cada um destes programas-piloto, a fim de acompanhar o seu desempenho, comparar resultados e identificar as estratgias com maior xito na reduo da pobreza e expanso de oportunidades. Os programas que produziram bons resultados so apoiados por novos fundos pblicos e privados. Os que no produzem bons resultados so suspensos, sendo os recursos reinvestidos em novas estratgias. As concluses do Centro so, posteriormente, partilhadas por todas as agncias governamen-tais, responsveis polticos, organizaes parceiras sem fins lucrativos, dadores privados e todos os colegas, no pas e em todo o mundo, que procuram igual-mente novas formas de pr fim ao ciclo da pobreza.

    Nova Iorque tem a sorte de poder contar com algumas das mentes mais bril-hantes do planeta nas suas empresas e universidades, embora reconhecendo que h muito a aprender com programas desenvolvidos noutros locais. Essa a razo por que o Centro iniciou o seu trabalho, levando a cabo um levantamento escala internacional das estratgias promissoras em matria de luta conta a pobreza.

    Em 2007, o Centro ps em marcha o programa Opportunity NYC Family Rewards, o primeiro programa de transferncia condicionada de rendimento adotado nos Estados Unidos. Baseado em programas semelhantes em curso em mais de 20 outros pases, o Family Rewards contribui para a reduo da po-breza, proporcionado s famlias incentivos na rea dos cuidados preventivos de sade, da educao e da formao profissional. Na conceo deste programa, basemo-nos na experincia do Mxico, do Brasil e de dezenas de outros pases. Findo o nosso projeto-piloto, ao cabo de trs anos, ficaram evidentes os elemen-tos positivos e negativos do programa para a Cidade de Nova Iorque, uma infor-mao que agora se revela til para o desenvolvimento de uma nova gerao de programas escala mundial.

    Antes do lanamento do Opportunity NYC: Family Rewards, desloquei-me a Toluca, no Mxico, para observar em primeira mo o Oportunidades, programa federal mexicano de transferncia condicionada de rendimentos que se tem revelado um xito. Participmos tambm num intercmbio de Aprendizagem Norte-Sul sob a gide das Naes Unidas. Trabalhmos com a Fundao Rockefeller, o Banco Mundial, a Organizao dos Estados Americanos e outras instituies e responsveis polticos internacionais, com vista ao intercmbio de experincias relacionadas com programas de transferncia condicionada de ren-dimentos na Amrica Latina, assim como na Indonsia, frica do Sul e Turquia.

    Os nossos intercmbios internacionais em matria de aprendizagem no se limitam a estas iniciativas de transferncia de rendimentos; incluem tambm abordagens inovadoras relacionadas com transportes urbanos, novas iniciativas na rea da educao e outros programas.

    Visto que ningum detm o monoplio das boas ideias, Nova Iorque contin-uar a aprender com as boas prticas de outras cidades e pases. E medida que adaptamos e avaliamos novos programas na nossa prpria cidade, continuamos empenhados em retribuir estes ensinamentos e em deixar o nosso contributo de forma duradoura em comunidades de todo o mundo.

    RESUMO | 9

  • Permitir a representao e a participao

    A menos que as pessoas possam participar sig-nificativamente nos acontecimentos e processos que moldam as suas vidas, as vias de desenvolvi-mento humano no plano nacional no sero nem desejveis nem sustentveis. As pessoas devem poder influenciar as decises polticas e os resulta-dos e os jovens em particular, devem poder ter a expectativa de maiores oportunidades econmi-cas e de participao e responsabilizao polticas.

    A insatisfao cada vez maior, tanto no Norte como no Sul, medida que as pessoas exigem mais oportunidades para expressar as suas preocu-paes e influenciar as polticas praticadas, com o propsito de assegurar uma proteo social de base e o progresso social. Entre os manifestantes mais ativos incluem-se os jovens. Em parte, uma resposta s oportunidades de emprego limitadas para jovens instrudos. A histria est repleta de

    rebelies populares contra governos que no oferecem respostas. Estes tumultos podem mi-nar o desenvolvimento humano sendo que a agitao impede o investimento e o crescimento, e os governos autocrticos desviam recursos para manter a lei e a ordem.

    difcil prever o momento em que as socie-dades atingem pontos de rutura. Os protestos em massa, especialmente vindos de pessoas instru-das, tendem a surgir quando as fracas perspetivas econmicas diminuem o custo de oportunidade de participar em tais protestos. Estas formas de participao poltica com base num esforo in-tensivo so, ento, facilmente coordenadas pelas novas formas de comunicao de massas.

    Fazer face aos desafios ambientais

    As ameaas ambientais, como as alteraes climticas, a desflorestao, a poluio atmosfrica

    FiGuRa 9

    IDH

    0,55

    0,60

    0,65

    0,70

    0,75

    0,80

    0,85

    0,90

    0,95

    1,00

    205020452040203520302025202020152010

    PIB per capita, (PPC em milhares de dlares de 2000)

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    205020452040203520302025202020152010

    Cenrio de caso bsico: pases com IDH muito elevado

    Cenrio de progresso acelerado: pases com IDH muito elevado

    Cenrio de progresso acelerado: pases com IDH baixo, mdio e elevado

    Cenrio de caso bsico: pases com IDH baixo, mdio e elevado

    Em termos de desenvolvimento humano, o custo da inao mais elevado nos pases com um IDH inferior. Em termos de perda de PIB per capita, o custo da inao proporcionalmente igual para os pases, independentemente do seu nvel de IDH.

    Fonte: Clculos do GRDH com base em Centro Pardee para os Futuros internacionais (2013).

    10 | RELATRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2013

  • e dos recursos hdricos e as catstrofes naturais afetam todos, mas atingem sobretudo os pases pobres e as comunidades pobres. As alteraes climticas j agravam as ameaas ambientais crnicas, e as perdas de ecossistemas restringem oportunidades de subsistncia, especialmente no caso das populaes pobres.

    Apesar de os pases com um IDH baixo con-triburem menos para as alteraes climticas glo-bais, so eles os que provavelmente tero de suportar a maior perda no que se refere precipitao anual e os mais acentuados aumentos na sua variabilidade, com implicaes graves para a produo agrcola e a subsistncia. A dimenso dessas perdas reala a urgncia de medidas de adaptao para aumentar a resilincia dos indivduos s alteraes climticas.

    O custo da inao ser provavelmente elevado. Quanto mais tempo se mantiver a inao, maior o custo. Para garantir economias e sociedades sustentveis, so necessrias novas polticas e mu-danas estruturais que alinhem os objetivos do de-senvolvimento humano e das alteraes climticas em matria de estratgias de baixas emisses e de resilincia s alteraes climticas e mecanismos inovadores de financiamento pblico-privado.

    Gerir as alteraes demogrficas

    Entre 1970 e 2011, a populao mundial au-mentou de 3 600 para 7 000 milhes. medida que a populao mundial se torna mais instruda, a sua taxa de crescimento abranda. Alm disso, as

    Caixa 4

    Razes das provveis diferenas nas perspetivas da populao da Repblica da Coreia e da ndia

    O sucesso escolar aumentou rapidamente na Repblica da Coreia. Na dca-da de 1950 uma grande percentagem de crianas em idade escolar no recebia educao formal. Hoje em dia, as jovens coreanas esto entre as mulheres com melhor nvel de instruo do mundo; mais de metade concluiu um curso superior. Por consequncia, os coreanos idosos do futuro tero um nvel de instruo su-perior ao dos coreanos idosos de hoje (consultar a figura) e, devido correlao positiva existente entre a educao e a sade, tambm provvel que sejam mais saudveis.

    Partindo do princpio de que as taxas de matrcula (que so elevadas) se mantm, a percentagem da populao com idade inferior a 14 anos descer de 16% em 2010 para 13% em 2050. Haver tambm uma acentuada modifi-cao na composio da populao em termos de escolaridade: prev se que a percentagem dos que frequentam o ensino superior subir de 26% para 47%.

    Para a ndia, o cenrio muito diferente. Antes do ano 2000, mais de metade da populao adulta no tinha recebido educao formal. Apesar do recente aumento da escolaridade bsica e do crescimento impressionante do nmero de indianos mais instrudos (indubitavelmente um fator fundamental do recente crescimento econmico da ndia), a percentagem da populao adulta sem qualquer instruo s lentamente registar um declnio. Em parte devido a este nvel mais baixo de instruo, principalmente entre as mulheres, prev se que a populao da ndia cresa rapidamente, ultrapassando a China como pas mais populoso do mundo. Mesmo com um cenrio acelerado otimista, que parta do princpio de que haver uma expanso da educao semelhante da Coreia, a distribuio da educao na ndia em 2050 continuar a ser muito desigual, havendo um nmero considervel de adultos (sobretudo idosos) sem instruo. Neste cenrio, porm, a rpida expanso do ensino superior criar uma fora de trabalho constituda por jovens adultos com um elevado nvel de instruo.

    Futuro da populao e da educao na Repblica da Coreia e na ndia em termos comparativos

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    0

    500

    1.000

    1.500

    2.000

    TERCIRIO

    SECUNDRIO

    PRIMRIO

    SEM INSTRUO

    2040 20502020 203020102000199019801970

    TERTIARY

    SECONDARY

    PRIMARY

    2040 20502020 203020102000199019801970

    TERCIRIO

    SECUNDRIO

    PRIMRIO

    IDADES 0-14 IDADES 0-14

    SEM INSTRUO

    Populao (em milhes) Populao (em milhes)

    Repblica da Coreia, taxas de matrcula constantes ndia, cenrio de progresso acelerado

    Fonte: Lutz e K.C.2013

    RESUMO | 11

  • alguns dos processos intergovernamentais ganhariam robustez

    com uma maior participao do Sul

    perspetivas de desenvolvimento so influenciadas no apenas pelo nmero total de pessoas, mas tambm pela estrutura etria da populao. Uma preocupao que cada vez mais se faz sentir pren-de-se com a taxa de dependncia de determinado pas, isto , o nmero de jovens e idosos dividido pela populao em idade ativa de um pas com idades compreendidas entre 15 e 64 anos.

    Algumas regies mais pobres poderiam bene-ficiar de um dividendo demogrfico, medida que a percentagem da populao em idade ativa aumenta, mas apenas nos casos em que se desen-volve uma ao poltica forte. A educao das raparigas um instrumento fundamental para possibilitar o dividendo demogrfico. As mul-heres com maior instruo tendem a ter menos filhos, mais saudveis e mais bem instrudos, alm de que, em muitos pases, as mulheres instrudas tambm desfrutam de salrios mais elevados do que os trabalhadores sem instruo.

    Em contrapartida, as regies mais ricas do Sul deparam-se com um problema muito diferente: medida que a sua populao envelhece, a per-centagem de populao em idade ativa diminui. A taxa de envelhecimento da populao interessa, dado que os pases em desenvolvimento tero de lutar por atender s necessidades de uma popu-lao envelhecida se ainda forem pobres. Muitos dos pases em desenvolvimento tm agora apenas uma pequena janela de oportunidade para colher os benefcios do dividendo demogrfico.

    As tendncias demogrficas no so, no entanto, uma fatalidade. Podem ser alteradas, especialmente, por meio de polticas de edu-cao. Este Relatrio apresenta dois cenrios para 2010-2050: um cenrio de caso bsico, em que persistem as atuais tendncias na educao, e um cenrio de progresso acelerado, em que os pases com os nveis iniciais mais baixos abraam metas em matria de educao ambiciosas. Para os pases com um IDH baixo, a descida da taxa de dependncia num cenrio mais ambicioso mais do dobro do que a verificada num cenrio de base. Polticas de educao ambiciosas podem permitir aos pases com um IDH mdio e elevado conter os aumentos previsveis da sua taxa de dependn-cia, facilitando assim a transio demogrfica para uma populao em envelhecimento.

    Dar resposta a estes desafios demogrficos exi-gir nveis de escolaridade mais elevados a par de um aumento de oportunidades de emprego pro-dutivo reduzindo o desemprego, promovendo

    a produtividade laboral e aumentando a partici-pao no mercado de trabalho, em particular das mulheres e trabalhadores mais velhos.

    Governao e parcerias de uma nova era

    Os novos dispositivos promovidos pelo Sul e o pluralismo da resultante pem em causa insti-tuies e processos existentes em domnios tradi-cionalmente caracterizados pelo multilateralismo, nomeadamente os das finanas, do comrcio, do investimento e da sade, umas vezes de forma di-reta e outras de forma indireta atravs de sistemas regionais e sub-regionais alternativos. A gover-nao global e regional transforma-se num mosa-ico de novos dispositivos e antigas estruturas que necessrio alimentar coletivamente de mltiplas maneiras. As reformas em instituies globais tm imperiosamente de ser acompanhadas por uma cooperao reforada com instituies regionais, s quais, em determinados casos, devero ser atribudos mandatos mais alargados. A responsa-bilizao das organizaes tem de ser estendida a um grupo mais amplo de pases, bem como a um grupo mais amplo de intervenientes.

    Muitas das atuais instituies e princpios de governao internacional foram concebidos com vista a uma ordem mundial muito diferente da atual, o que d origem a uma sub-representao do Sul. As instituies internacionais, se quiserem sobreviver, precisam de ser mais representativas, transparentes e passveis de responsabilizao. Na verdade, alguns dos processos intergovernamen-tais ganhariam robustez com uma maior partici-pao do Sul, que pode contribuir com recursos financeiros, tecnolgicos e humanos substanciais.

    Em tudo isso, os governos esto, e compreen-sivelmente, preocupados preservar a soberania nacional. Uma defesa acrrima da primazia da soberania nacional pode encorajar o pensamento de soma zero. Uma estratgia melhor seria uma soberania responsvel, por via da qual as naes estabelecem uma cooperao a nvel internacional, justa, que responda pelos seus atos e baseada em regras, reunindo esforos coletivos com vista melhoria do bem-estar mundial. A soberania res-ponsvel tambm exige que os Estados garantam o respeito pelos direitos humanos e a segurana dos seus cidados. De acordo com este ponto de

    12 | RELATRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2013

  • a acumulao sem precedentes de reservas financeiras e fundos soberanos do Norte e do Sul abre a oportunidade de realizar amplos progressos mais rapidamente

    vista, a soberania vista no apenas como um direito, mas como uma responsabilidade.

    Este mundo em mudana tem profundas impli-caes na proviso de bens pblicos. Entre as reas que suscitam preocupao internacional e mere-cem ateno urgente encontram-se as relacionadas com o comrcio, a migrao e as alteraes climti-cas. Em alguns casos, os bens pblicos podem ser disponibilizados por instituies regionais, as quais tm capacidade de evitar a polarizao que por vezes atrasa, nos fruns multilaterais e mais alargados, a consecuo de progressos. Aumentar a cooperao regional pode, no entanto, ter desvan-tagens: sobrecarregar uma tapearia de instituies complexa, multinvel e fragmentada. O desafio pois garantir o pluralismo coerente, por forma a assegurar uma ampla coordenao do trabalho das instituies, a todos os nveis.

    As instituies de governao internacionais podem ser responsabilizadas no apenas pelos Estados-Membros, mas tambm pela sociedade civil em geral. As organizaes da sociedade civil j influenciaram a transparncia global, bem como a regulamentao relativa a matrias como a ajuda, dvida, direitos humanos, sade e alteraes climticas. Atualmente, as redes da so-ciedade civil tiram partido das novas tecnologias de comunicao e dos novos media. No entanto, as organizaes da sociedade civil tambm se deparam com questes sobre a sua legitimidade e responsabilizao, podendo assumir formas indesejveis. Contudo, a legitimidade da gov-ernao internacional, no futuro, depender da capacidade das instituies para interagir com as redes e comunidades de cidados.

    Concluses: parceiros numa nova era

    Muitos pases do Sul j demonstraram o que pos-svel fazer, mas a verdade que apenas percorreram uma parte do caminho. Para os prximos anos, o presente Relatrio adianta cinco grandes concluses:

    a crescente fora econmica no Sul deve ser acompanhada por um compromisso total com o desenvolvimento humano

    O investimento no desenvolvimento humano justifica-se no s por razes morais, mas tambm pelo facto de a chave do sucesso numa economia

    mundial mais competitiva e dinmica residir na melhoria da sade, educao e bem-estar social. Em particular, estes investimentos devem visar os pobres, permitindo a sua interao com os mercados e aumentando as suas oportunidades de subsistncia. A pobreza uma injustia que pode e deve ser sanada por aes concretas.

    As boas decises polticas tambm requerem um empenho no reforo das capacidades sociais e no apenas individuais. Os indivduos esto enquadrados em instituies sociais que podem limitar ou reforar o seu potencial de desenvolvi-mento. As polticas destinadas a mudar as normas sociais que limitam o potencial humano como a restrio dos casamentos precoces e da exigncia de dote oferecem ao indivduo oportunidades de explorar o seu pleno potencial.

    os pases menos desenvolvidos podem aprender e beneficiar com o sucesso das economias emergentes do Sul

    A acumulao sem precedentes de reservas financeiras e fundos soberanos do Norte e do Sul abre a oportunidade de realizar amplos progressos mais rapidamente. Mesmo uma pequena parte destes fundos afetada ao desenvolvimento hu-mano e erradicao da pobreza poderia ter um efeito considervel. Simultaneamente, o comrcio e os fluxos de investimento Sul-Sul podem alavan-car, de novas formas, os mercados estrangeiros, de modo a aumentar as oportunidades de desen-volvimento, atravs, por exemplo, da participao em cadeias de valor globais e regionais.

    Um comrcio e investimento florescentes Sul-Sul, em particular, podem criar as condies que permitem transferir a capacidade de produo para outras regies e pases menos desenvolvidos. As recentes Joint ventures chinesas e indianas e os investimentos destinados ao arranque da produo em frica podero representar um preldio de uma dinmica muito alargada. As redes de produo internacionais oferecem a oportunidade de acelerar o desenvolvimento, permitindo que os pases deem um salto para modos de produo mais sofisticados.

    a integrao regional e as relaes Sul-Sul podem ser facilitadas por novas instituies e novas parcerias

    A criao de novas instituies e parcerias pode ajudar os pases a partilhar conhecimentos,

    RESUMO | 13

  • a ascenso do Sul apresenta novas

    oportunidades para uma disponibilizao mais

    eficaz de bens pblicos mundiais, bem como

    para desbloquear o persistente impasse que

    se verifica em muitas questes globais

    experincias e tecnologia. Trata-se de instituies novas e mais slidas que permitam promover o comrcio e os investimentos e acelerar o inter-cmbio de experincias em todo o Sul. Um dos passos possveis consistiria na criao de uma nova Comisso para o Sul, portadora de uma nova viso que permita transformar a diversidade do Sul num motor da solidariedade.

    uma maior representao do Sul e da sociedade civil pode acelerar o progresso no que respeita aos grandes desafios mundiais

    A ascenso do Sul conduz a uma maior di-versidade de vozes no cenrio mundial. Este fator constitui uma oportunidade para construir instituies de governao que representem cabalmente todos os crculos da sociedade e aproveitem de forma produtiva essa diversidade na procura de solues para os problemas mundiais.

    As organizaes internacionais carecem de novos princpios orientadores que incorporem a experin-cia do Sul. O aparecimento do Grupo dos 20 (G-20) constitui um passo importante nessa direo, contudo, os pases do Sul necessitam igualmente de uma representao mais equitativa nas instituies de Bretton Woods, na Organizao das Naes Unidas e noutros organismos internacionais.

    Os meios de comunicao social so hoje utilizados por uma sociedade civil e movimentos sociais ativos, nacionais e transnacionais, para propalar as suas reivindicaes de uma governao justa e equitativa. A multiplicao de movimen-tos e de plataformas para veicular mensagens e reivindicaes essenciais impele as instituies de governao a adotar princpios mais democrticos e inclusivos. Mais genericamente, um mundo mais justo e menos desigual impe a existncia de espao para uma multiplicidade de vozes, bem como um sistema de discurso pblico.

    a ascenso do Sul apresenta novas oportunidades para gerar uma maior oferta de bens pblicos

    Um mundo sustentvel exige uma maior disponibilidade de bens pblicos mundiais. As questes que se colocam a nvel global so hoje em maior nmero e mais prementes, indo desde a mitigao das alteraes climticas e da instabi-lidade econmica e financeira internacional at

    luta contra o terrorismo e a proliferao nuclear. Estas questes exigem uma resposta mundial. No entanto, em muitas reas, a cooperao inter-nacional continua a ser lenta e, por vezes, perigo-samente hesitante. A ascenso do Sul apresenta novas oportunidades para uma disponibilizao mais eficaz de bens pblicos mundiais, bem como para desbloquear o persistente impasse que se verifica em muitas questes globais.

    O carter pblico ou privado no , na maioria dos casos, uma propriedade inata de um bem p-blico, deriva sim de uma construo social e, como tal, representa uma escolha poltica. Os governos nacionais podem intervir quando existe escassez a nvel nacional, porm, quando os desafios globais surgem, a cooperao internacional necessria, o que apenas pode acontecer por via das aes vo-luntrias de numerosos governos. Dados os muitos desafios urgentes, o progresso na definio do que pblico e do que privado exigir uma liderana firme e empenhada a nvel pessoal e institucional.

    * * *

    O Relatrio do Desenvolvimento Humano de 2013 ilustra o contexto mundial contemporneo e delineia um roteiro com vista a permitir aos de-cisores polticos e aos cidados trilhar os caminhos cada vez mais interligados do mundo e enfrentar os crescentes desafios globais. Descreve a mudana em curso nas dinmicas de poder, na representa-tividade e na riqueza no mundo e identifica as novas polticas e instituies necessrias para fazer face a estas realidades do sculo XXI e promover o desenvolvimento humano com maior equidade, sustentabilidade e integrao social. O progresso no desenvolvimento humano requer ao e insti-tuies, tanto a nvel mundial como nacional. A nvel mundial, so necessrias reformas e inovao nas instituies, com vista salvaguarda e proviso de bens pblicos mundiais. A nvel nacional, crucial o compromisso do Estado com a justia so-cial, assim como o reconhecimento de que, dada a diversidade de contextos, culturas e condies institucionais nacionais, as polticas tecnocrticas de tamanho nico no so, nem realistas, nem eficazes. No entanto, os princpios gerais, como a coeso social, o compromisso do Estado com a sade, a educao e a proteo social, e a abertura integrao comercial perfilam-se como um meio para a consecuo de um desenvolvimento huma-no sustentvel e equitativo.

    14 | RELATRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2013

  • Afeganisto 175

    frica do Sul 121 1

    Albnia 70 -1

    Alemanha 5

    Andorra 33 -1

    Angola 148

    Antiga Repblica Jugoslava da Macednia 78 -2

    Antgua e Barbuda 67 -1

    Arbia Saudita 57

    Arglia 93 -1

    Argentina 45 -1

    Armnia 87 -1

    Austrlia 2

    ustria 18

    Azerbaijo 82 -1

    Bahamas 49

    Bangladeche 146 1

    Barain 48

    Barbados 38

    Blgica 17

    Belize 96

    Benim 166

    Bielorrssia 50 1

    Bolvia, Estado Plurinacional da 108

    Bsnia-Herzegovina 81 -1

    Botsuana 119 -1

    Brasil 85

    Brunei Darussalam 30

    Bulgria 57

    Burquina Faso 183

    Burundi 178 -1

    Buto 140 1

    Cabo Verde 132 -1

    Camares 150

    Camboja 138

    Canad 11 -1

    Cazaquisto 69 -1

    Centro-Africana, Repblica 180 -1

    Chade 184

    Chile 40

    China, Repblica Popular da 101

    Chipre 31

    Colmbia 91

    Comores 169 -1

    Congo 142

    Congo, Repblica Democrtica do 186

    Coreia, Repblica da 12

    Costa do Marfim 168 1

    Costa Rica 62

    Crocia 47 -1

    Cuba 59

    Dinamarca 15

    Djibouti 164

    Domnica 72

    Egito 112

    El Salvador 107 -1

    Emiratos rabes Unidos 41 -1

    Equador 89

    Eritreia 181 1

    Eslovquia 35

    Eslovnia 21

    Espanha 23

    Estados Federados da Micronsia 117

    Estados Unidos 3 -1

    Estnia 33 1

    Etipia 173 -1

    Federao Russa 55

    Fiji, Ilhas 96 2

    Filipinas 114

    Finlndia 21

    Frana 20

    Gabo 106

    Gmbia 165

    Gana 135

    Gergia 72 3

    Granada 63 -1

    Grcia 29

    Guatemala 133

    Guiana 118 1

    Guin 178 -1

    Guin Equatorial 136

    Guin-Bissau 176

    Haiti 161 1

    Honduras 120

    Hong Kong, China (RAE) 13 1

    Hungria 37

    Imen 160 -2

    Ilhas Salomo 143

    ndia 136

    Indonsia 121 3

    Iro, Repblica Islmica do 76 -2

    Iraque 131 1

    Irlanda 7

    Islndia 13

    Israel 16

    Itlia 25

    Jamaica 85 -2

    Japo 10

    Jordnia 100

    Koweit 54 -1

    Laos, Repblica Democrtica Popular do 138

    Lesoto 158 1

    Letnia 44 1

    Lbano 72

    Libria 174

    Lbia 64 23

    Listenstaine 24

    Litunia 41 2

    Luxemburgo 26

    Madagscar 151

    Malsia 64 1

    Malaui 170 1

    Maldivas 104 -1

    Mali 182 -1

    Malta 32 1

    Marrocos 130

    Maurcia 80 -1

    Mauritnia 155

    Mxico 61

    Mianmar 149

    Moambique 185

    Moldvia, Repblica da 113

    Monglia 108 2

    Montenegro 52 -2

    Nambia 128

    Nepal 157

    Nicargua 129

    Nger 186 1

    Nigria 153 1

    Noruega 1

    Nova Zelndia 6

    Om 84 -1

    Pases Baixos 4

    Palau 52 2

    Palestina, Estado da 110 1

    Panam 59 1

    Papusia - Nova Guin 156

    Paquisto 146

    Paraguai 111 -2

    Peru 77 -1

    Polnia 39

    Portugal 43 -3

    Qatar 36

    Qunia 145

    Quirguizisto 125

    Quiribati 121

    Reino Unido 26

    Repblica Checa 28

    Repblica Dominicana 96 2

    Romnia 56 -1

    Ruanda 167

    Samoa 96

    Santa Lcia 88

    So Cristvo e Nevis 72 -1

    So Tom e Prncipe 144

    So Vicente e Granadinas 83 -2

    Seicheles 46

    Senegal 154 -2

    Serra Leoa 177 2

    Srvia 64

    Singapura 18

    Sria, Repblica rabe da 116

    Sri Lanca 92

    Suazilndia 141 -1

    Sudo 171 -1

    Sucia 7

    Sua 9

    Suriname 105

    Tailndia 103 1

    Tajiquisto 125 1

    Tanznia, Repblica Unida da 152 1

    Timor-Leste 134

    Togo 159 1

    Tonga 95

    Trinidade e Tobago 67 -1

    Tunsia 94

    Turquemenisto 102

    Turquia 90

    Ucrnia 78

    Uganda 161

    Uruguai 51

    Usbequisto 114 1

    Vanuatu 124 -2

    Venezuela, Repblica Bolivariana da 71 -1

    Vietname 127

    Zmbia 163

    Classificaes do IDH em 2012 e respetivas variaes de 2011 para 2012

    Nota: Os valores positivos ou negativos na coluna mais direita indicam o nmero de posies que o pas subiu ou desceu na classificao entre 20112012, com base em dados e metodologias consistentes; a ausncia de referncia significa que no se verificou qualquer alterao.

    RESUMO | 15

  • ndices de Desenvolvimento Humano

    Classificao do IDH

    ndice de Desenvolvimento

    Humano (IDH) IDH ajustado desigualdade ndice de Desigualdade de Gnero ndice de Pobreza Multidimensional

    Valor Valor Classificao Valor Classificao Valor Ano

    DESENvOlvIMENtO HUMANO MUItO ElEvADO1 Noruega 0,955 0,894 1 0,065 5 -2 Austrlia 0,938 0,864 2 0,115 17 -3 Estados Unidos 0,937 0,821 16 0,256 42 -4 Pases Baixos 0,921 0,857 4 0,045 1 -5 Alemanha 0,920 0,856 5 0,075 6 -6 Nova Zelndia 0,919 - - 0,164 31 -7 Irlanda 0,916 0,850 6 0,121 19 -7 Sucia 0,916 0,859 3 0,055 2 -9 Sua 0,913 0,849 7 0,057 3 -

    10 Japo 0,912 - - 0,131 21 -11 Canad 0,911 0,832 13 0,119 18 -12 Coreia, Repblica da 0,909 0,758 28 0,153 27 -13 Hong Kong, China (RAE) 0,906 - - - - -13 Islndia 0,906 0,848 8 0,089 10 -15 Dinamarca 0,901 0,845 9 0,057 3 -16 Israel 0,900 0,790 21 0,144 25 -17 Blgica 0,897 0,825 15 0,098 12 -18 ustria 0,895 0,837 12 0,102 14 -18 Singapura 0,895 - - 0,101 13 -20 Frana 0,893 0,812 18 0,083 9 -21 Finlndia 0,892 0,839 11 0,075 6 -21 Eslovnia 0,892 0,840 10 0,080 8 0,000 200323 Espanha 0,885 0,796 20 0,103 15 -24 Listenstaine 0,883 - - - - -25 Itlia 0,881 0,776 24 0,094 11 -26 Luxemburgo 0,875 0,813 17 0,149 26 -26 Reino Unido 0,875 0,802 19 0,205 34 -28 Repblica Checa 0,873 0,826 14 0,122 20 0,010 2002/200329 Grcia 0,860 0,760 27 0,136 23 -30 Brunei Darussalam 0,855 - - - - -31 Chipre 0,848 0,751 29 0,134 22 -32 Malta 0,847 0,778 23 0,236 39 -33 Andorra 0,846 - - - - -33 Estnia 0,846 0,770 25 0,158 29 0,026 200335 Eslovquia 0,840 0,788 22 0,171 32 0,000 200336 Qatar 0,834 - - 0,546 117 -37 Hungria 0,831 0,769 26 0,256 42 0,016 200338 Barbados 0,825 - - 0,343 61 -39 Polnia 0,821 0,740 30 0,140 24 -40 Chile 0,819 0,664 41 0,360 66 -41 Litunia 0,818 0,727 33 0,157 28 -41 Emiratos rabes Unidos 0,818 - - 0,241 40 0,002 200343 Portugal 0,816 0,729 32 0,114 16 -44 Letnia 0,814 0,726 35 0,216 36 0,006 200345 Argentina 0,811 0,653 43 0,380 71 0,011 200546 Seicheles 0,806 - - - - -47 Crocia 0,805 0,683 39 0,179 33 0,016 2003

    DESENvOlvIMENtO HUMANO ElEvADO48 Barain 0,796 - - 0,258 45 -49 Bahamas 0,794 - - 0,316 53 -50 Bielorrssia 0,793 0,727 33 - - 0,000 200551 Uruguai 0,792 0,662 42 0,367 69 0,006 2002/200352 Montenegro 0,791 0,733 31 - - 0,006 2005/200652 Palau 0,791 - - - - -54 Koweit 0,790 - - 0,274 47 -55 Federao Russa 0,788 - - 0,312 51 0,005 200356 Romnia 0,786 0,687 38 0,327 55 -57 Bulgria 0,782 0,704 36 0,219 38 -57 Arbia Saudita 0,782 - - 0,682 145 -59 Cuba 0,780 - - 0,356 63 -59 Panam 0,780 0,588 57 0,503 108 -

    16 | RELATRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2013

  • Classificao do IDH

    ndice de Desenvolvimento

    Humano (IDH) IDH ajustado desigualdade ndice de Desigualdade de Gnero ndice de Pobreza Multidimensional

    Valor Valor Classificao Valor Classificao Valor Ano

    61 Mxico 0,775 0,593 55 0,382 72 0,015 200662 Costa Rica 0,773 0,606 54 0,346 62 -63 Granada 0,770 - - - - -64 Lbia 0,769 - - 0,216 36 -64 Malsia 0,769 - - 0,256 42 -64 Srvia 0,769 0,696 37 - - 0,003 2005/200667 Antgua e Barbuda 0,760 - - - - -67 Trinidade e Tobago 0,760 0,644 49 0,311 50 0,020 200669 Cazaquisto 0,754 0,652 44 0,312 51 0,002 200670 Albnia 0,749 0,645 48 0,251 41 0,005 2008/200971 Venezuela, Repblica Bolivariana da 0,748 0,549 66 0,466 93 -72 Dominica 0,745 - - - - -72 Gergia 0,745 0,631 51 0,438 81 0,003 200572 Lbano 0,745 0,575 59 0,433 78 -72 So Cristvo e Nevis 0,745 - - - - -76 Iro, Repblica Islmica do 0,742 - - 0,496 107 -77 Peru 0,741 0,561 62 0,387 73 0,066 200878 Antiga Repblica Jugoslava da Macednia 0,740 0,631 51 0,162 30 0,008 200578 Ucrnia 0,740 0,672 40 0,338 57 0,008 200780 Maurcia 0,737 0,639 50 0,377 70 -81 Bsnia-Herzegovina 0,735 0,650 45 - - 0,003 200682 Azerbaijo 0,734 0,650 45 0,323 54 0,021 200683 So Vicente e Granadinas 0,733 - - - - -84 Om 0,731 - - 0,340 59 -85 Brasil 0,730 0,531 70 0,447 85 0,011 200685 Jamaica 0,730 0,591 56 0,458 87 -87 Armnia 0,729 0,649 47 0,340 59 0,001 201088 Santa Lcia 0,725 - - - - -89 Equador 0,724 0,537 69 0,442 83 0,009 200390 Turquia 0,722 0,560 63 0,366 68 0,028 200391 Colmbia 0,719 0,519 74 0,459 88 0,022 201092 Sri Lanca 0,715 0,607 53 0,402 75 0,021 200393 Arglia 0,713 - - 0,391 74 -94 Tunsia 0,712 - - 0,261 46 0,010 2003

    DESENvOlvIMENtO HUMANO MDIO95 Tonga 0,710 - - 0,462 90 -96 Belize 0,702 - - 0,435 79 0,024 200696 Repblica Dominicana 0,702 0,510 80 0,508 109 0,018 200796 Fiji, Ilhas 0,702 - - - - -96 Samoa 0,702 - - - - -

    100 Jordnia 0,700 0,568 60 0,482 99 0,008 2009101 China, Repblica Popular da 0,699 0,543 67 0,213 35 0,056 2002102 Turquemenisto 0,698 - - - - -103 Tailndia 0,690 0,543 67 0,360 66 0,006 2005/2006104 Maldivas 0,688 0,515 76 0,357 64 0,018 2009105 Suriname 0,684 0,526 72 0,467 94 0,039 2006106 Gabo 0,683 0,550 65 0,492 105 -107 El Salvador 0,680 0,499 83 0,441 82 -108 Bolvia, Estado Plurinacional da 0,675 0,444 85 0,474 97 0,089 2008108 Monglia 0,675 0,568 60 0,328 56 0,065 2005110 Palestina, Estado da 0,670 - - - - 0,005 2006/2007111 Paraguai 0,669 - - 0,472 95 0,064 2002/2003112 Egito 0,662 0,503 82 0,590 126 0,024 2008113 Moldvia, Repblica da 0,660 0,584 58 0,303 49 0,007 2005114 Filipinas 0,654 0,524 73 0,418 77 0,064 2008114 Usbequisto 0,654 0,551 64 - - 0,008 2006116 Sria, Repblica rabe da 0,648 0,515 76 0,551 118 0,021 2006117 Micronsia, Estados Federados da 0,645 - - - - -118 Guiana 0,636 0,514 78 0,490 104 0,030 2009119 Botsuana 0,634 - - 0,485 102 -120 Honduras 0,632 0,458 84 0,483 100 0,159 2005/2006121 Indonsia 0,629 0,514 78 0,494 106 0,095 2007

    RESUMO | 17

  • Classificao do IDH

    ndice de Desenvolvimento

    Humano (IDH) IDH ajustado desigualdade ndice de Desigualdade de Gnero ndice de Pobreza Multidimensional

    Valor Valor Classificao Valor Classificao Valor Ano

    121 Quiribati 0,629 - - - - -121 frica do Sul 0,629 - - 0,462 90 0,057 2008124 Vanuatu 0,626 - - - - 0,129 2007125 Quirguizisto 0,622 0,516 75 0,357 64 0,019 2005/2006125 Tajiquisto 0,622 0,507 81 0,338 57 0,068 2005127 Vietname 0,617 0,531 70 0,299 48 0,017 2010/2011128 Nambia 0,608 0,344 101 0,455 86 0,187 2006/2007129 Nicargua 0,599 0,434 86 0,461 89 0,128 2006/2007130 Marrocos 0,591 0,415 88 0,444 84 0,048 2007131 Iraque 0,590 - - 0,557 120 0,059 2006132 Cabo Verde 0,586 - - - - -133 Guatemala 0,581 0,389 92 0,539 114 0,127 2003134 Timor-Leste 0,576 0,386 93 - - 0,360 2009/2010135 Gana 0,558 0,379 94 0,565 121 0,144 2008136 Guin Equatorial 0,554 - - - - -136 ndia 0,554 0,392 91 0,610 132 0,283 2005/2006138 Camboja 0,543 0,402 90 0,473 96 0,212 2010138 Laos, Repblica Democrtica Popular do 0,543 0,409 89 0,483 100 0,267 2006140 Buto 0,538 0,430 87 0,464 92 0,119 2010141 Suazilndia 0,536 0,346 99 0,525 112 0,086 2010DESENvOlvIMENtO HUMANO BAIxO142 Congo 0,534 0,368 96 0,610 132 0,208 2009143 Ilhas Salomo 0,530 - - - - -144 So Tom e Prncipe 0,525 0,358 97 - - 0,154 2008/2009145 Qunia 0,519 0,344 101 0,608 130 0,229 2008/2009146 Bangladeche 0,515 0,374 95 0,518 111 0,292 2007146 Paquisto 0,515 0,356 98 0,567 123 0,264 2006/2007148 Angola 0,508 0,285 114 - - -149 Mianmar 0,498 - - 0,437 80 -150 Camares 0,495 0,330 104 0,628 137 0,287 2004151 Madagscar 0,483 0,335 103 - - 0,357 2008/2009152 Tanznia, Repblica Unida da 0,476 0,346 99 0,556 119 0,332 2010153 Nigria 0,471 0,276 119 - - 0,310 2008154 Senegal 0,470 0,315 105 0,540 115 0,439 2010/2011155 Mauritnia 0,467 0,306 107 0,643 139 0,352 2007156 Papusia - Nova Guin 0,466 - - 0,617 134 -157 Nepal 0,463 0,304 109 0,485 102 0,217 2011158 Lesoto 0,461 0,296 111 0,534 113 0,156 2009159 Togo 0,459 0,305 108 0,566 122 0,284 2006160 Imen 0,458 0,310 106 0,747 148 0,283 2006161 Haiti 0,456 0,273 120 0,592 127 0,299 2005/2006161 Uganda 0,456 0,303 110 0,517 110 0,367 2011163 Zmbia 0,448 0,283 117 0,623 136 0,328 2007164 Djibouti 0,445 0,285 114 - - 0,139 2006