relatório seletividade alimentar

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RELATÓRIO AULA PRÁTICA DE ECOLOGIA ECOSSISTÊMICA SELETIVIDADE ALIMENTAR Discentes: Giovana Bergmaschi Glaucia Souza Silva Gustavo de Magalhães Engel João Carlos Letícia Ramos de Menezes Rosângela Vieira de Souza Curso: Ciências Biológicas (bacharelado) Período: Docente: Profª Dra. Maria José Santos Wisniewski Alfenas Fevereiro de 2014

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relatório eco ecossitemica

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  • RELATRIO AULA PRTICA DE ECOLOGIA ECOSSISTMICA

    SELETIVIDADE ALIMENTAR

    Discentes: Giovana Bergmaschi

    Glaucia Souza Silva

    Gustavo de Magalhes Engel

    Joo Carlos

    Letcia Ramos de Menezes

    Rosngela Vieira de Souza

    Curso: Cincias Biolgicas (bacharelado)

    Perodo: 6

    Docente: Prof Dra. Maria Jos Santos Wisniewski

    Alfenas

    Fevereiro de 2014

  • INTRODUO

    Os peixes de pequeno porte so componentes importantes na diversidade dos

    ecossistemas de gua doce. Fazendo parte de um grupo de animais marinhos,

    contribuem para aumentar a diversidade de espcies cticas, tanto nos sistemas lnticos,

    como em guas correntes, embora, em termos de biomassa, esta contribuio seja

    freqentemente menor do que a dos peixes de grande porte. Podem, no entanto

    desempenhar um papel relevante por apresentarem densas populaes, chegando a ser

    numericamente dominantes na ictiofauna, sendo tambm componentes importantes das

    cadeias alimentares, contribuindo ativamente para o fluxo de energia e para a ciclagem

    de materiais.

    A maioria dos peixes apresenta plasticidade em suas dietas, considerando-se que

    escolhem novas presas em funo do crescimento, deslocamento para outros habitats,

    disponibilidade sazonal e anual, ou por seleo ativa em funo de preferncias

    individuais. Muitas espcies de peixes possuem um amplo espectro alimentar,

    consumindo grande nmero de itens, embora a maioria mostre preferncia por

    determinados alimentos. Na maioria das vezes, esta preferncia est condicionada

    disponibilidade no ambiente.

    O balano energtico e a seletividade alimentar de espcies de peixes de

    pequeno porte visam fornecer uma base para a interpretao das caractersticas do ciclo

    de vida de pequenos peixes, incluindo aspectos como os hbitos alimentares, a

    ocupao de habitats ou o desempenho reprodutivo. Estes executam papel importante

    para a interpretao do papel ecolgico das espcies como elo de transferncia de

    energia nas cadeias alimentares e so adequadas para o controle das larvas de Aedes

    aegypti o mosquito transmissor da dengue que constitui atualmente um problema de

    sade pblica regional.

    O ciclo de vida de peixes de pequeno porte, tem perodos de vida curta, taxa de

    crescimento elevada, mortalidade natural,fecundidades elevadas,desovas mltiplas com

    pequeno investimento na prole individual. Ele atinge a maturidade sexual rapidamente,

    o que favorece as populaes de peixes de rios a se manterem ao longo do tempo nas

    condies ambientais sazonalmente flutuantes desses rios, para caracterizao da

    natureza instvel deste tipo de ambiente. Condies ambientais variveis e efmeras

    como as de rios tendem a favorecer,sendo no exclusivamente. Tem grande capacidade

    de ocupar e explorar novos ambientes ou reocupar ambientes cujas populaes de

  • peixes foram eliminadas ou reduzidas pelas flutuaes ambientais regulares ou

    aleatrias.

    A intensa industrializao e urbanizao resultam em despejos de efluentes

    contendo substncias txicas que deterioram a qualidade dos recursos hdricos afetando

    diretamente as comunidades aquticas e a sade da populao.

    Os organismos zooplanctnicos desempenham um papel ecolgico fundamental

    nas cadeias trficas dos ecossistemas aquticos e por esta razo tem um grande

    potencial biotecnolgico podendo ser utilizados em empreendimentos voltados para

    aqicultura. Dentre seus componentes principais os cladceros tem sido os mais

    utilizados por apresentarem caractersticas favorveis ao seu cultivo. Contudo, para

    serem uma dieta natural tima para os peixes devem apresentar uma composio

    nutricional balanceada, especialmente sua composio bsica, em relao s

    propores entre lipdios, protenas e carboidratos.

    Chydorus spp.

    Figura 1: Exemplar de Chydorus spp. Fonte:

    http://www.photomacrography.net/forum/viewtopic.php?p=43136&sid=3582a4ef86750c2084276c17707

    b7101

    Os gneros Chydorus e Pseudochydorus so de ampla distribuio geogrfica.

    Algumas espcies de Chydorus esto entre os anompodos mais comuns e

    Pseudochydorus globosus, a nica espcie do gnero, considerada cosmopolita.

    Corpo globular ou sub-globular. Rostro relativamente curto, fortemente afilado e

    variavelmente emarginado. Labro bem desenvolvido, sem dentes, com extenso ventral

    varivel. Garras com dois espinhos basais, sendo o distal do tamanho da largura da

    base da garra e o proximal muito curto e delgado (s vezes de difcil observao);

  • flagelo subapical de tamanho varivel no lado convexo da garra. Comprimento, em

    geral, inferior a 0,5 mm.

    Distribuio: No Brasil, existem registros de ocorrncia no Amazonas,

    Maranho, Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, So Paulo e

    Rio Grande do Sul (regies hidrogrficas Amaznica, Tocantins/Araguaia, Paran.

    Ceriodaphnia silvestrii

    Figura 2: Exemplar de Ceriodaphnia silvestrii. Fonte: https://s3.amazonaws.com/cf-templates-

    e27q3tu2tarc-us-east-1/SVG/Ceriodaphnia_silvestrii.svg

    Esta espcie, quando utilizada como indicadora de qualidade de gua,

    caracteriza a regio estuarina do rio como um ambiente cujas guas variam de oligo-

    mesotrfico a eutrfico (El Moor-Loureiro, 1997; Coelho-Botelho, 2003), dependendo

    da poca do ano.

    Espcies do gnero Ceriodaphnia so morfologicamente semelhantes s do

    gnero Daphnia, s que menores e com ciclo de vida mais curto, o que permite maior

    rapidez na resposta nos testes crnicos (8 dias). Pouco utilizada at 1984, a partir de

    ento, sua utilizao se tornou freqente, principalmente em testes de toxicidade agudos

    e crnicos com efluentes industriais, produtos qumicos e guas superficiais. E

    demonstram haver uma ampla distribuio em ambientes temperados, sendo que ambos

    os gneros, so encontrados em lagos e reservatrios, desempenham um papel

    importante para a transferncia de energia de um nvel trfico a outro, alm de ser

    alimento para muitas outras espcies de peixes.

    So planctnicos e se reproduzem por partenognese e, na maior parte do ano, a

    populao natural constituda apenas por fmeas. O aparecimento de machos parece

    estar associado a condies de stress causado por fatores diversos, tais como baixas

  • temperaturas, alta densidade de organismos com acmulo subseqente de produtos de

    excreo e baixa disponibilidade de alimentos. O aparecimento desses organismos

    (machos) inviabiliza a cultura de organismos para testes (Inafuku, 2011).

    Considerando a escassez de informaes detalhadas sobre o ciclo de vida de

    cladceros neotropicais, foi realizado um estudo para obter as informaes necessrias

    para manter culturas de Ceriodaphnia silvestrii em laboratrio, visando sua utilizao

    como organismo-teste padro em testes ecotoxicolgicos. Alm disso, as informaes

    do histrico de vida podem ajudar a compreender o papel funcional das espcies em

    comunidades naturais, uma vez que tem uma ampla distribuio geogrfica e s vezes

    ocorre em altas densidades.

    Copepoda spp

    Figura 3: Exemplar de Copepoda spp. Fonte: http://www.icm.csic.es/bio/outtur_s.htm

    Os coppodos apresentam ciclo de vida com reproduo sexuada obrigatria,

    onde os ovos fertilizados eclodem em estgios larvais de vida livre, os nuplios. O

    cruzamento ocorre aps a maturao sexual, que normalmente se d primeiro nos

    machos. Os machos so comumente menores e menos numerosos do que as fmeas e

    formam espermatforos que so transferidos para os receptculos seminais das mesmas

    por meio de apndices torcicos, segurando as fmeas com o auxlio de antenas e patas

    modificadas.

    Em geral, um nmero varivel de ovos depositado no interior de um ou dois

    ovissacos que ficam presos ao segmento genital feminino, mas podem tambm, em

    alguns casos, ser eliminados diretamente na gua. Os ovos eclodem em larvas de vida

    livre, os nuplios, e, durante o seu desenvolvimento, passam por seis instares nauplianos

    e por mais cinco estgios de copepoditos at chegarem ao estgio adulto, quando

    cessam as mudas. Cada estgio facilmente reconhecido por suas caractersticas

    morfolgicas. O tempo gasto nesse processo muito varivel e depende de cada espcie

    e do ambiente em que vivem.

  • O desenvolvimento e a reproduo dos Copepodos de gua doce so

    influenciados por fatores intrnsecos, inerentes a cada espcie, e por fatores externos,

    dentre os quais se destacam a temperatura e o alimento.

    Protozorios

    Os protistas so seres vivos unicelulares e eucariontes; portanto possuem ncleo

    individualizado, envolvido por membrana. Possuem tambm organelas membranosas

    diversas. Nesse grupo incluem-se os protozorios e as algas unicelulares.

    Protozorio uma palavra de origem grega que significa "animal primitivo". Os

    protozorios receberam esse nome porque, no passado, alguns deles, ao serem

    estudados, foram confundidos com animais.

    Os protozorios so seres hetertrofos. Podem viver isolados ou formar colnias,

    ter vida livre ou associar-se a outros organismos, e habitam os mais variados tipos de

    ambiente. Algumas espcies so parasitas de seres diversos, at mesmo do ser humano.

    Podem locomover-se atravs de rizpodes, flagelos, clios ou simplesmente sem

    estrutura de locomoo. Se reproduzem em geral assexuadamente por cissiparidade e,

    por vezes sexuadamente por conjugao.

    Figura 4: exemplares de protozorios tais como: ciliado, flagelado e rizpode.

  • Macrothrix spp.

    Figura 5: Exemplar de Macrothrix spp. Fonte:

    http://cfb.unh.edu/cfbkey/html/Organisms/CCladocera/FMacrothricidae/GMacrothrix/Macrothrix_sp/mac

    rothrix.html

    Macrothrix spp uma espcie neotropical comum, amplamente distribuda

    desde a Argentina at o Mxico, normalmente encontrada em lagos e lagoas (Kotov et

    al., 2004). Podem, igualmente, viver no fundo ou associados com a vegetao,

    possuindo apndices especializados em raspar e conduzir o alimento e espinhos bem

    desenvolvidos, que tambm atuam na manipulao desses alimentos.

  • MATRIAIS E MTODOS

    1- SELETIVIDADE ALIMENTAR

    Foram utilizados peixes de pequeno tamanho e colocados em bqueres com

    aproximadamente 500 mL de gua. Foi colocado como alimento um 30 indivduos de

    espcie zooplanctnicas: Chidorus sp, Ceriodaphnia silvestrii, Copepoda sp, C.

    macrothrix, Protozorios. Aps uma hora foram contados de organismos restantes.

    Com os resultados obtidos sero calculados os seguintes ndices de seletividade

    alimentar:

    ndice de seletividade de Paloheimo (Paloheimo, 1979).

    ri = proporo do tipo de alimento na

    dieta do consumidor; pi = proporo do tipo de alimento no ambiente; n= nmero de

    presas disponveis.

    ndice de seletividade alimentar de Ivlev

    Ei = (ri-pi) / (ri + pi)

    ri = a proporo do alimento do tipo i na dieta do peixe

    pi = a proporo do alimento no ambiente

    Ei varia de -1 a +1

    ndice de seletividade alimentar de Edmondson &Winberg, 1971

    FRi= Forage ratio Index

    FRi = ri/pi

  • ri = consumo do alimento do tipo i

    Pi = proporo do alimento do tipo i no ambiente

    Utilizando a frmula de Paloheimo e os dados da tabela abaixo calcule os ndices de

    Seletividade alimentar citados abaixo:

    Tabela 1: Alimentos consumidos e disponveis para Hyphessobrycon eques para o clculo do ndice de

    Seletividade Alimentar de Paloheimo.

    Item Total consumido 1 Total Consumido

    2

    Total

    disponvel

    Pi Ri Ri/pi Paloheimo

    Hyalella meinerti peq. 13 12 66 0,1386 0,046 0,333 0,053

    0,043 0,310 0,050

    Daphnia laevis 90 79 100 0,2100 0,323 1,538 0,245

    0,284 1,352 0,221

    Aedes aegypti 73 103 130 0,273 0,262 0,959 0,152

    0,370 1,355 0,222

    Cypricercus mucronata 12 4 80 0,168 0,043 0,255 0,040

    0,014 0,083 0,013

    Chironomus sp 10 10 10 0,021 0,035 1,666 0,265

    0,035 1,666 0,273

    Ceriodaphnia silvestrii 80 70 90 0,189 0,287 1,518 0,242

    0,251 1,328 0,217

    TOTAL 278 278 476 0,999 0,996 6,269 0,997

    0,997 6,094 0,996

  • Resultados

    Os resultados obtidos foram que o peixe em estudo teve uma preferncia

    alimentar por Ceriodaphinia e Macrothrix, pois aps a anlise no foram observados

    nenhum desses indivduos. J os Chydorus, Copepodas e os Protozorios, de uma

    amostra com 30 indivduos de cada espcie, foram consumidos 21, 15, 23,

    respectivamente, seguindo tabela 2 abaixo.

    Tabela 2: Espcies utilizadas no experimento e respectivos resultados

    Espcie Indivduos disponveis Indivduos NO consumidos Indivduos consumidos

    Chidorus sp 30 9 21

    Ceriodaphnia silvestrii 30 0 30

    Copepoda sp 30 15 15

    Protozorios 30 7 23

    C. macrothrix 30 0 30

  • DISCUSSO

    A anlise numrica usualmente um bom caminho para estabelecer abundncia

    relativa por demandar menos tempo (dependendo do tamanho da presa) e aparato. No

    caso foi um mtodo prtico de se realizar por conta da amostra no ser to grande e

    tambm o peixe do experimento j estava com muitas horas sem se alimentar o que

    pode tambm ter interferido no resultado. s vezes no foi por seletividade que houve a

    preferncia alimentar e sim por falta de recursos alimentares.

    O mtodo utilizado tambm fornece informaes sobre a seletividade ou

    referncia do alimento, ao espectro alimentar, amplitude de nicho trfico podendo,

    tambm, descrever a uniformidade com que grupos de peixes selecionam seu alimento.

    Alm disso, muitos so os fatores que interferem na dieta alimentar dos peixes e

    na seletividade alimentar, entre elas esto: a disponibilidade e tamanho das presas, a

    facilidade de captura, a qualidade nutricional e at mesmo a digestabilidade do

    alimento.

    Tambm h alguns fatores podem interferir no sucesso da captura de alimento

    pelos peixes: as caractersticas ambientais, o comportamento da presa e do predador, a

    disponibilidade de presas, o tamanho do peixe e de sua boca e tambm o tamanho da

    presa. Entre as maiores presas selecionadas so destacados os Ceriodaphinia e

    Macrothrix. As outras espcies colocadas tambm serviram em grande nmero para a

    alimentao do peixe, porm ainda restaram alguns indivduos que no foram

    selecionados demonstrando ento a preferncia alimentar do peixe.

    Outro item que talvez possa ter influenciado na velocidade que as espcies

    colocadas como alimento se movimentam. Eles foram consumidos pelo peixe passado

    pouco tempo porque a movimentao do alimento vivo acaba por exercer uma funo

    atrativa ao peixe, que utiliza a poro anterior da linha lateral para a deteco do nado

    das presas, portanto, pode-se concluir que talvez a sua preferncia alimentar possa ter

    sido resultado da velocidade das suas presas.

  • CONCLUSO

    Pode-se concluir ento que a preferncia alimentar do peixe dependeu de muitos

    fatores e variveis, que assim acabaram por influenciar a sua seletividade por algumas

    espcies do que outras. Alm disso, sabe-se que ele no recusou nenhuma das espcies,

    apenas no se alimentou do total de todas, portanto, ele pode preferir algumas, mas

    tambm poderia se alimentar somente das outras espcies em alguma circunstncia

    diferente. No se deve esquecer que o peixe passou por um perodo de estresse dentro

    de uma cuba com outros peixes e sem ser alimentado, portanto a preferncia por

    Ceriodaphinia e Macrothrix como alimento vivo parece fornecer subsdios nutricionais

    que garantem maior resistncia frente ao longo perodo de jejum e estresse ambiental.

  • REFERNCIAS

    Coelho-Botelho, M. J. 2003. Dinmica da comunidade zooplanctnica e sua relao

    com o grau de trofia em reservatrios. CETESB - Companhia de Tecnologia e

    Saneamento Ambiental, Setor de Comunidades Aquticas, SP.

    El-Moor-Loureiro, L.M.A 1997. Manual para a identificao dos Cladocera lmnicos

    brasileiros. Universa, Universidade Catlica de Braslia, Braslia. 155p.

    Inafuku, M. M. "Evaluate of water quality of Corumbatai river by Ceriodaphnia

    silvestrii and determination of heavy metals in suspended matter." (2011).

    Kotov, A.A., Garfias-Espejo, T., Elas-Gutirrez, M. 2004. Separation of two

    Neotropical 13 species: Macrothrix superaculeata (Smirnov, 1982) versus M. elegans

    Sars, 1901 14 (Macrothricidae, Anomopoda, Cladoceran). Hydrobiologia 517, 6188.

    http://conferencias.utfpr.edu.br/ocs/index.php/sicite/2012/paper/viewFile/179/730

    http://www.ib.usp.br/limnologia/Perspectivas/arquivo%20pdf/Capitulo%203.pdf

    http://skaphandrus.com/pt/marine-species/info/species/Cancellus-macrothrix

    http://biblioteca.coqcyt.gob.mx/bvic/Captura/upload/MACROTHRIX-IN-MEXICO.pdf