o setor elétrico - proteção e seletividade
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A p o i o
O Setor Elétrico / Janeiro de 2010
Proteção
e
seletividade
Capítulo ITransformadores de corrente,potencial e bobinas de Rogowski parafins de proteção – Parte 1
A proteção de equipamentos, tanto para a segurança
de pessoas como de patrimônio, é fator fundamental
para o funcionamento satisfatório das instalações.
Neste ano, trazemos este fascículo especial em que,
a cada mês, um artigo tratará das necessidades de
proteção específicas de um equipamento, finalizando
com a importância e particularidades da seletividade
elétrica. Conheça os assuntos que serão abordados nos
próximos capítulos.• Transformadores de corrente, potencial e bobinas de
Rogowski
• Dispositivos de proteção
• Serviços auxiliares e proteção de terra
• Proteção de motores e de transformadores
• Proteção de geradores
• Proteção de cabos e de banco de capacitores
• Proteção de barramentos e de conversores a
semicondutores
• Interface com a concessionária
• Seletividade
Transformadores de corrente O transformador de corrente (TC) é um equipamento
monofásico que possui dois enrolamentos, um
denominado primário e outro denominado secundário,
sendo isolados eletricamente um do outro, porém,
acoplados magneticamente e que são usados para
reduzir a corrente a valores baixos (normalmente 1 A
ou 5 A) com o objetivo de promover a segurança do
pessoal, isolar eletricamente o circuito de potência dos
instrumentos e padronizar os valores de corrente de
Por Cláudio Mardegan*
relés e medidores.
As normas/guias utilizadas para a elaboração
deste trabalho são a ABNT NBR 6856, IEEE Standart
C57.13-1993, IEC 60044-1, IEC 60044-6, IEEE Standart
C37.110-2007.
Terminologia- “Burden” de um relé: É a carga que o relé impõe no
circuito onde é conectado.- “Burden” de TC: Potência secundária que um TC
pode entregar. O “burden” é normalmente expresso
em VA ou em Ohms.
- Característica de excitação secundária: É a curva
característica que representa a tensão secundária que o
TC entrega em função da corrente excitação. Esta curva
normalmente é apresentada em escala bilogarítmica
com a tensão secundária Vs plotada no eixo das
ordenadas e a corrente de excitação secundária, no
eixo das abscissas. A Figura 1 mostra uma característica
de excitação secundária de um TC.- Exatidão: A exatidão expressa o erro máximo que
o TC admite para uma condição especificada. Por
exemplo, a exatidão ABNT 10B100 significa que o
referido TC foi projetado para admitir um erro máximo
de 10% para 20 In e consegue entregar até 100 V. É
importante lembrar que a classe de exatidão do TC é
dada na maior relação.
- Fator de sobrecorrente nominal: É o fator que,
aplicado à corrente nominal secundária, irá dizer até
onde o TC mantém o erro (trabalha na região linear
da curva de saturação e suas proximidades) quando o
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nominal está conectado no secundário.
- Fator térmico nominal: Traduz a sobrecarga de corrente que o TC
suporta permanentemente. Os fatores térmicos nominais conforme
a ABNT NBR 6856 são 1, 1.2, 1.3, 1.5 e 2.
Figura 1 – Curva característica de excitação secundária de TC
- Fator de saturação [KS]: É a relação da tensão de saturação Vx do
TC e a tensão de excitação. Este fator expressa o quão próximo da
saturação o TC está para uma dada aplicação. Vide definição detensão de saturação Vx.
- Fluxo residual ou remanescente: É a densidade de fluxo na qual
mesmo a força magneto-motriz sendo zero, o material está em
uma condição, simetricamente e ciclicamente, magnetizado. A
remanescência ocorre quando a densidade de fluxo fica mantida
em um circuito mesmo após a remoção da força magneto-motriz.
- Saturação: Estado que atinge um TC quando sai da região de
resposta linear, seja por elevada corrente primária, elevado “burden”
secundário, elevada componente DC ou por fluxo remanescente.
- Saturação AC: A saturação é dita AC quando a tensão de
componente alternada da corrente de curto-circuito, gerada
pelo produto da corrente curto-circuito simétrica AC referida ao
secundário pela impedância total do circuito secundário, ultrapassa
a tensão máxima que o TC pode gerar.- Saturação DC: A saturação é dita DC quando provocada por uma
corrente de curto-circuito assimétrica, sendo a tensão secundária
diretamente proporcional à relação X/R do circuito. A componente
DC aumenta o fluxo na relação (1 + X/R) x o fluxo resultante da
componente senoidal.
- TC de bucha: É um TC do tipo janela que é montado na bucha de
equipamentos, tais como transformadores, disjuntores, etc.
- TC Ground Sensor (TC GS): Também é uma forma de TC janela,
porém, as três fases passam dentro da mesma janela e são utilizadas
para proteção de terra, pois em circuitos equilibrados a soma das
três correntes dentro da janela se anula. Em condições de falta àterra, a soma das correntes não se anula, uma tensão secundária é
induzida e uma corrente irá circular.
- TC janela: É um TC cujo enrolamento secundário é isolado e
montado sobre o núcleo, mas não apresenta nenhum enrolamento
primário como parte integrante do TC. O enrolamento primário
apresenta uma única espira que consiste do próprio condutor que
passa dentro da janela do núcleo.
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Figura 2 – Tensão de ponto de joelho Vk
Figura 3 – Tensão de saturação Vx
- TC RM: É um TC de relações múltiplas que podem ser obtidas pelo
uso de tapes no enrolamento secundário.
- Tensão de ponto de joelho (knee point voltage): A norma ANSI
apresenta duas definições:
• Ponto sobre a curva de excitação secundária em que uma
reta tangente a ela faz uma inclinação de 45° com o eixo das
abscissas. A curva de excitação secundária deve ser plotadaem escala bilogarítmica, cujas ordenadas e abscissas tenham
o mesmo valor de década (década quadrada). Esta definição
se aplica para TCs sem gap ou entreferro. Quando o TC possui
entreferro, a definição é a mesma, substituindo-se a inclinação
da reta tangente de 45° para 30°. Veja a Figura 2.
• Tensão senoidal de frequência nominal aplicada aos
terminais secundários de um TC com os demais enrolamentos
abertos que, incrementada em 10%, irá provocar um aumento
na corrente de excitação de 50%. Esta definição também é a
mesma da norma IEC 60044-6.
Como nem sempre se dispõe da curva de saturação para se
efetuar um cálculo aproximado da tensão de ponto de joelho
(VKP), para um relé diferencial de alta impedância pode-se utilizar
a equação abaixo indicada:
Em que:
V KP
= Tensão de ponto de joelho expressa em Volts [V]
Ri-TC
= Resistência interna secundária do TC em Ohms [ � ]
VAN-TC
= Potência nominal secundária do TC, expressa em Volt-
Ampère [VA]
IN-TC
= Corrente nominal secundária do TC em Ampères [A]
F = Fator de sobrecorrente (fator limite em que o TC mantém o erro
com “burden” nominal)
Exemplo
Dado um TC de 200-5A, 10B200, resistência interna (Ri-TC)de
0.2 Ω Ω. Calcular a tensão de ponto de joelho.
Solução:
O TC do exemplo apresenta exatidão dentro da norma ABNT
e o fator de sobrecorrente (F) por norma é 20 e consegue entregar
200V (VS), no secundário até 20 x In, com “burden” nominal
conectado no secundário. Isto significa:
VS = ZB x IN-TC x F ZB = VS / (IN-TC x F) ZB = 200 / (20 x 5) = 200/100 = 2 Ω
Assim, o TC possui um “burden” nominal de 2 Ω.
A potência de VAN-TC é dada por: VAN-TC = Z x I2 = 2 x 52 = 2 x
25 = 50 VA
A tensão de ponto de joelho é calculada da seguinte forma:
A tensão de ponto de joelho calculada é igual a 220 V.
- Tensão de saturação VX: É a tensão simétrica no enrolamento
secundário a qual o pico de indução excede a densidade de fluxo de
saturação. A localização do ponto Vx é determinada graficamente peloprolongamento das partes retas da curva, característica de excitação
secundária (plotada em papel log x log de mesma década), conforme
mostrado na Figura 3.
- Tensão secundária nominal: É a tensão nominal que aparece nos
terminais de uma carga nominal conectada no secundário imposta
por uma corrente de 20 vezes a corrente nominal secundária, sem que
o erro de relação exceda o valor especificado (normalmente 10% para
TCs de proteção). As tensões nominais padronizadas no Brasil são 10
V, 20 V, 50 V, 90 V, 100 V, 180 V, 200 V, 360 V, 400 V e 800 V.
Principais dados para especificação do TC Para a especificação de um TC geralmente deve-se estar atento
às seguintes informações:
- Corrente nominal primária (I1n);
- Relação nominal do TC (RTC);
- Tensão máxima e nível de isolamento;
- Frequência;
- Carga nominal;
- Exatidão;
- Número de núcleos para medição e proteção;
- Fator térmico nominal – Ftn;
Proteção
e
seletividade
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Figura 4 – Principais partes componentes de um TC
Figura 5 – Circuito equivalente de um TC
- Corrente suportável nominal de curta-duração (curto-circuito
térmica – Iccth) para um segundo;
- Valor de crista da corrente suportável (corrente de curto-circuito
dinâmica – Iccdyn);
- Classe de isolamento;
- Nível básico de isolamento – NBI (BIL);
- Tipo de aterramento do sistema;- Uso: interior (indoor) ou exterior (outdoor).
Forma de conectar no circuito
O TC é conectado em série com o circuito de força e, assim,
deve provocar pouca queda de tensão no sistema. Por isso, o
circuito primário é composto normalmente de poucas espiras de
fio grosso e o circuito secundário de várias espiras de fio fino.
Segundo a ABNT NBR 6856, os TCs de proteção se dividem em
TCs de baixa impedância (enrolamento secundário uniformemente
distribuído no núcleo) e TCs de alta impedância.
A corrente que circula no primário é independente das característicasdo TC e da impedância (carga) conectada ao seu secundário, ou seja,
diferentemente do transformador de força, quem define a corrente do
secundário é a corrente primária (não é nem a carga e nem a corrente
secundária). A Figura 4 mostra as principais partes componentes do TC.
Outro aspecto importante é que os transformadores de força trabalham
próximos da condição de circuito aberto, ao passo que os TCs trabalham
próximos da condição de curto-circuito.
Circuito equivalente do TC
O TC pode ser representado pelo circuito equivalente da Figura
5. Os parâmetros de índice “1” na Figura 5 representam o circuito
primário; os de índice “2”, o circuito secundário; e os de índices
“m” e “e” representam o circuito do ramo magnetizante.
R´1 X´1 R2 X2
Xm Zc
1 : n
I1I´1= I1 / n I2
Ie
Em que:
I1 = Corrente no primário do TC
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Figura 6 – Representação esquemática do TC de polaridade polaridade
subtrativa em unifilar
Figura 8 – Circuito equivalente de um TC aberto
Proteção
e
seletividade I
1’ = Corrente do primário referida ao secundário
I2 = Corrente no secundário do TC
Ie = Corrente no ramo magnetizante do TC
n = Número de espiras do TC
Z c = Impedância da carga
R2 = Resistência do enrolamento secundário
X 2 = Reatância do enrolamento secundárioX
m = Reatância do ramo magnetizante
R1’ = Resistência do enrolamento primário referida ao enrolamento
secundário
X 1’ = Reatância do enrolamento primário referida ao enrolamento
secundário
Polaridade A polaridade de um TC indica a direção instantânea relativa das
correntes primárias e secundárias. A polaridade representa a forma
de enrolar o TC. A polaridade pode ser subtrativa, que é a polaridade
“default” no Brasil, ou pode ser aditiva. Vide a representação dessaspolaridades em esquemas unifilares.
Figura 7 – Representação esquemática do TC de aditiva em unifilar
Na Figura 6 observa-se que quando a corrente primária I1 entra
na polaridade P1, a corrente secundária I2 sai pela polaridade
S1 (corrente entrando na polaridade primária – corrente saindo
pela polaridade secundária). A forma de representar o TC de
polaridade subtrativa nos esquemas unifilares é apresentada na
Figura 6.
Na Figura 7 observa-se que quando a corrente primária I1 entra
na polaridade P1, a corrente secundária I2 sai pela polaridade S2
(corrente entrando na polaridade primária – corrente entrando pela
polaridade secundária). A forma de representar o TC de polaridade
aditiva nos esquemas unifilares é apresentada na Figura 7.
Segurança Nunca se deve deixar o secundário do TC aberto. No circuito
equivalente do TC (apresentado na Figura 8) pode-se observar que,
ao abrir seu secundário, toda corrente, que normalmente vai para a
carga, só tem agora um caminho através do ramo magnetizante, o
qual se sabe que apresenta impedância muito elevada. Ao se passar
esta corrente elevada nesta impedância também elevada, surge umasobretensão que pode chegar a alguns kVs, colocando em risco a
vida das pessoas que estão “trabalhando” em seu secundário, bem
como o risco de sua explosão por este não suportar sobretensões
por tempo prolongado.
Exatidão de TCs para fins de proteção
ABNT NBR 6856
Na norma ABNT NBR 6856, a exatidão é expressa, por exemplo,
na forma 10B100. O número 10 representa o erro máximo em %,
a 20 xIn (100 A secundários, se In = 5 A), com “burden” (carga)
nominal. A letra “B” significa que o TC é de baixa impedância.
Poderia ser “A”, o que significaria que o TC seria de alta impedância.
O número 100 significa que o TC consegue entregar até 100 V para
carga, na condição de 20 xIn e “burden” nominal.
“Burden” – Impedância de carga imposta ao secundário do TC em
condições especificadas. Por exemplo, para a exatidão supracitada
o “burden” máximo que pode ser imposto ao TC será:
Norma IEEE Std C57.13-1993
Na norma IEEE Std C57.13, a exatidão é expressa, por
exemplo, na forma: C100. Embora não apareça, é implícito que
o erro máximo é de 10%. A letra “C” significa que o erro pode ser
calculado (equivale ao TC de baixa impedância da ABNT). Poderia
ser “T”, o que significaria que para o cálculo do erro o TC deve
ser testado, ou seja, necessita da curva de saturação. O número
100 significa que o TC consegue entregar até 100 V para carga,
na condição de 20 xIn e “burden” nominal. Por exemplo, para a
exatidão supracitada o “burden” máximo que pode ser imposto ao
TC será:
Norma IEC 60044-1 2003
Na norma IEC 60044-1, a exatidão é expressa, por exemplo,
na forma: 15 VA Class 10P20. O número 15 significa que o TC
consegue entregar até 15 VA na condição de 20 xIn e “burden”
nominal. Note que o 20 xIn se deve ao 20 que aparece em 10P20.
Os VAs nominais padronizados são 2,5 VA, 5 VA, 10 VA, 15 VA
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e 30 VA. Acima de 30 VA pode-se especificar o valor desejado
(conforme item 4.4 da norma).
A palavra Class aponta a classe do TC e o número 10 indica
que o erro máximo é de 10%. Este número pode ser 5% ou 10%
(conforme item 12.2.2 da norma). A letra “P” significa que o TC
é para fins de proteção e o número 20 é o ALF (Accuracy LimitFactor), que significa que o TC consegue entregar os VAs nominais
para “burden” nominal e corrente de até 20 xIn. Os valores
padronizados de ALF são: 5, 10, 20 ou 30 (item 12.1 da norma).
A norma IEC 60044-6 prevê transformadores que podem
ser construídos para gerar baixo fluxo remanescente durante
transitórios. Estes baixos valores são conseguidos por meio de
pequenos gaps (ordem de 0.12 mm) que acabam por limitar o fluxo
remanescente mesmo para correntes assimétricas primárias.
As classes previstas para estes TCs na norma IEC 60044-6 são:
P, TPS, TPX, TPY e TPZ.
P – O limite de exatidão é definido pelo erro composto com acorrente primária simétrica de regime permanente. Nenhuma
limitação para o fluxo remanescente.
TPS – Transformador de corrente com baixo fluxo de dispersão, cuja
performance é definida pela característica de excitação secundária
e os limites de erro da relação de espiras. Nenhuma limitação para
o fluxo remanescente.
TPX – O limite de exatidão é definido pelo erro instantâneo de pico
durante um ciclo transitório especificado. Nenhuma limitação para
o fluxo remanescente.
TPY – O limite de exatidão é definido pelo erro instantâneo de pico
durante um ciclo transitório especificado. O fluxo remanescentenão excede 10% do fluxo de saturação.
TPZ – O limite de exatidão é definido pelo erro da componente
AC instantânea de pico durante uma energização simples, com
máximo deslocamento DC para uma constante de tempo secundária
especificada. Nenhum requisito para limitação da componente
DC. O fluxo remanescente deve ser desprezível.
Nota: Ao especificar uma classe diferente de P (TPS, TPX,
TPY ou TPZ), é preciso fornecer ao fabricante as informações
pertinentes para a classe especificada.
Os TCs TPY e TPZ podem ser especificados para sistemas
que utilizam religamentos (função 79), em que o magnetismoremanescente pode causar operações indevidas.
Saturação Idealmente, os TCs devem reproduzir, de maneira fiel, no
secundário a corrente do circuito primário. Uma vez que o núcleo
do TC é feito de material saturável, quando ele atinge a região de
saturação a corrente secundária não terá mais a forma senoidal e
não mais reproduzirá fielmente a corrente primária. Quando isto
ocorre, podemos afirmar que o TC saturou.
Os seguintes fatores podem promover a saturação do TC:
- Elevado “burden” (carga conectada) secundário;
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Proteção
e
seletividade - Elevada corrente primária;
- Assimetria da corrente de falta;
- Fluxo remanescente no núcleo do TC.
Existem dois tipos fundamentais de TC, um para fim de medição
e outro para fim de proteção. Ambos os tipos devem reproduzir
fielmente a corrente primária de interesse, sem danificar os dispositivos
instalados no secundário, que são expressas na sua exatidão. Um TCde proteção deve reproduzir fielmente as correntes de falta eu um TC
de medição deve reproduzir fielmente as correntes de carga. Assim,
é interessante que o mesmo sature a partir de certo valor de corrente
para não danificar os medidores instalados em seu secundário.
Atualmente, como muitos relés possuem unidades de medição
também incorporadas, os TCs devem ser de proteção, pois os relés já
são projetados para suportarem as elevadas correntes de curto-circuito.
Saturação AC
A saturação é dita AC quando o valor determinado pela
equação abaixo exceder o valor da tensão máxima secundária. Vs = Zs x Is
Em que:
Vs = Tensão de saturação [V]
Zs = Z TC
+Z C +Z
R (Vide item “Particularidades das impedâncias
nas conexões em sistemas trifásicos – Tabela 2”). Caso o valor
da tensão Vs seja comparado com a tensão da curva excitação
ensaiada do TC, o valor de Zs será Zs = Z C +Z
R.
Z TC
= Impedância do TC
Z R = Impedância dos relés
Z C = Impedância dos cabos secundários
Is = Icc /RTCIcc = Corrente de curto-circuito
RTC = Relação do TC = N2 / N
1
Assim, este tipo de saturação pode ocorrer por excesso de impedância
conectada no secundário ou por elevadas correntes de falta.
Impedância do TC (ZTC)
A impedância dos TCs deve ser obtida junto aos fabricantes. Na
falta dessa informação, os seguintes valores podem ser utilizados:
ZTC = 0.00234 x RTC + 0.0262
O autor Stanley Zocholl sugere que:- Para TCs de elevada relação (tais como 3000-5A) utilizar ZTC
=0.0025 Ω/espira
- Para TCs de relações baixas (tais como 300-5A) utilizar ZTC =
0.005 Ω/espira
Impedância da fiação
ZFIAÇÃO = ZC = FATOR x ZCABO [Ω/km] x L[km]
Para valor do fator, consultar item “Particularidades das
impedâncias nas conexões em sistemas trifásicos – Tabela 2”.
Apresenta-se a seguir a tabela da fiação mais comumente utilizada
no secundário dos TCs.
T ABELA 1 – IMPEDÂNCIA DE CABOS UTILIZADOS NO SECUNDÁRIO DE TC S
Seção cabo
2.5
4
6
10
R [Ω / km]
8.87
5.52
3.69
2.19
IMPEDÂNCIA DOS CABOS APLICADOS AO SECUNDÁRIO DOS TCS (70 °C)
X [Ω / km]
0.16
0.16
0.15
0.14
Z [Ω / km]
8.87
5.52
3.69
2.19
Stanley Zocholl cita no livro “ Analyzing and applying current
transformers” que a impedância da fiação para bitolas em AWG
pode ser calculada a partir da equação seguinte:
RFIAÇÃO = e 0.232G-2.32 [Ω/1000 ft]
Em que:
G = Número da bitola AWG
Impedância dos dispositivos de proteção
Quando é dada em VA, a impedância é calculada por:
Quando existe relé de sobrecorrente de neutro em conexão
residual ou outros relés (67,32, etc), a impedância total é dada por:
ZPROT = ZRELÉ-1 + ZRELÉ-2 + .... + ZRELÉ-N
Relés de disco de indução
Normalmente os fabricantes fornecem a impedância no menor
tape (menor valor da faixa de ajuste). Para determinar a impedância
correspondente do relé em outro tape, basta utilizar a equação de
equivalência da potência aparente:
Z
NOVO TAPE . I2
NOVO TAPE = Z
TAPE MIN . I2
TAPE MIN
A impedância do relé de disco de indução varia com a corrente
que está passando nele também. Assim, devem-se consultar os
respectivos fabricantes que mostram a variação da impedância com
a corrente. Alguns fabricantes apresentam uma curva característica,
outros dão uma tabela da variação da impedância com a corrente para
alguns valores. A ordem de grandeza das impedâncias é de Ohms.
Relés estáticos, numéricos/digitais
Para estes relés, usualmente o fabricante já fornece o valor da
impedância ou é calculada a partir do consumo (VA – Volt-Ampère
e da corrente nominal do relé, normalmente 1 A ou 5 A) do relé:
Particularidades das impedâncias nas conexões em
sistemas trifásicos
Um guia do IEEE – originalmente, IEEE Guide for the application
of current transformers used for protective relaying purposes –
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T ABELA 2 – F ATORES APLICADOS ÀS IMPEDÂNCIAS EM FUNÇÃO DO TIPO DE FALTA , LOCAL DO FECHAMENTO E DA CONEXÃO DO TC EM SISTEMAS TRIFÁSICOS
Conexão do
TC
Estrela
Estrela
Delta
Delta
Local do
fechamento
TC
Painel
Painel
TC
Trifásica e/ou bifásica
Z=ZTC + ZFIAÇÃO + ZPROT
Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + ZPROT
Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + 3 ZPROT
Z=ZTC + 3 ZFIAÇÃO + 3 ZPROT
Fase-terra
Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + ZPROT
Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + ZPROT
Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + 2 ZPROT
Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + 2 ZPROT
Tipo de falta
indica a seguinte tabela para a determinação total da impedância
em sistemas trifásicos, em função do tipo de conexão secundária.
Saturação DC
A saturação é dita DC quando a componente DC da corrente
de curto-circuito do sistema faz o valor da tensão de saturação,
dada pela equação abaixo, exceder o valor da tensão máxima
secundária do TC.
Em que:
Vs = Tensão de saturação [V]
Zs = Z TC
+Z C +Z
R (vide item Particularidades das impedâncias nas
conexões em sistemas trifásicos). Caso o valor da tensão Vs seja
comparado com a tensão da curva excitação ensaiada do TC, o
valor de Zs será Zs = Z C +Z
R
Z TC
= Impedância do TC
Z R = Impedância dos relés
Z C = Impedância dos cabos secundários
Is = Icc /RTC
Icc = Corrente de curto-circuito
RTC = Relação do TC = N2 / N
1
X/R = Relação X/R do sistema no ponto de falta
Assim, este tipo de saturação pode ocorrer por excesso de
impedância conectada no secundário, por elevadas correntes de
falta, pela assimetria (X/R) ou pelo fluxo remanescente.
Se a carga conectada no secundário do TC é indutiva, a equação
anterior deve ser corrigida:
Para levar em conta possíveis pré-magnetizações (na pior
condição):
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Figura 9 – Curva de resposta de um TC de 200-5A, 10B100 e corrente
de falta de 12 kA
Figura 10 – Curva de resposta de um TC de 200-5A, 10B100 e corrente
de falta de 3 kA
Figura 11 – Curva de resposta de um TC de 200-5A, 10B100 e corrente
de falta de 12 kA e carga indutiva
Figura 12 – Efeito da saturação em relés de sobrecorrente de tempo
inverso
Proteção
e
seletividade
Exemplos de simulações de saturação de TC
Os exemplos seguintes simulam um TC de 200-5A e exatidão
10B100, num sistema com X/R=8, sem magnetismo remanente,
corrente de curto inicialmente de 12 kA. Cabo secundário do TC
2.5 mm2, 5 m e impedância de fase = terra = 8 mΩ para o relé.
Idem ao exemplo anterior diminuindo a corrente de falta para 3 kA.
Idem ao primeiro exemplo com carga indutiva.
Tempo para saturar
O TC consegue manter a corrente primária com fidelidade por
até dois ciclos, antes de iniciar a saturação. A publicação IEEE 76
CH1130-4 PWR CT Transients apresenta a equação seguinte para
calcular este tempo.
Este tempo depende do grau de assimetria da corrente de falta,
do valor da corrente de falta, do fluxo remanescente no núcleo do
TC, da impedância do circuito secundário, da tensão de saturaçãodo TC e da relação do TC.
Em que:
Ts = Tempo para saturar;
T1 = Constante de tempo do sistema primário;
Ks = Fator de saturação = Vx / Vs;
X = Reatância do sistema no ponto de falta;
R = Resistência do sistema no ponto de falta.
Efeitos da saturação do TC
Os seguintes efeitos podem ser observados quando um TC
satura:
- Forma de onda secundária não é mais senoidal;
- Os relés temporizados a tempo inverso ficam mais lentos (vide
Figura 12);
- Podem ocorrer desligamentos indevidos das proteções diferenciais;- Operação de relés de terra instantâneos;
- Os relés de sobrecorrente podem não operar.
Medidas para reduzir ou evitaros efeitos da saturação
As principais medidas para a redução ou eliminação dos efeitos
da saturação são:
- redução do “burden” imposto ao secundário;
- aumento da relação do TC;
- aumento da seção do núcleo;
- limitar o valor da corrente de curto-circuito;- aumento da tensão secundária nominal do TC;
- utilização de TCs auxiliares;
- utilização de bobinas de Rogowski;
- utilização de relés que tenham um firmware que lineariza a curva
de saturação, corrigindo a corrente vista pelo relé;
- utilização de TCs especialmente projetados para os efeitos
transitórios, tais como aqueles que diminuam o fluxo de dispersão
e os efeitos do magnetismo remanescente;
- utilizar relés digitais que possuem técnicas para identificar que o
TC saturou e atuam para melhorar o valor da corrente.
TCs auxiliares
Em algumas situações se faz necessária a utilização de TCs
auxiliares, tais como:
- fazer a isolação dos circuitos;
- para a criação de um aterramento independente;
- alterar a relação vista pelos relés de modo a compatibilizar os
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
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31
A p o i o
O Setor Elétrico / Janeiro de 2010
valores de corrente;
- produzir um deslocamento angular em um circuito trifásico;
- inverter a polaridade;
- promover a saturação durante faltas para limitar o “burden”
de falta do TC principal;
- reduzir o “burden” (impedância secundária) do TC principal
pela redução da impedância aparente vista a partir do TCauxiliar, que decresce com o quadrado da relação do TC
auxiliar;
- promover meios de confinar componentes de sequência zero.
Coordenação com os relés
Deve-se fazer a escolha correta da relação dos TCs que
suprem os relés. Via de regra, os relés digitais atuais possuem
uma característica térmica de curta duração de 100 xIn durante
1 segundo. Assim, para 5 A suportam 500 A durante um
segundo.
Para que haja coordenação entre os TCs e o relé, a seguinteequação deve ser respeitada:
TCs instalados junto a bancos de capacitores shunt
Sabe-se da análise de chaveamento de banco de capacitores
em derivação (shunt), que ocorre a circulação de correntes de
elevado valor e de elevada frequência. Isto também ocorre
quando os bancos descarregam sobre os pontos de falta durante
curtos-circuitos.
Estas correntes elevadas de alta frequência induzem
tensões de alto valor (sobretensões) no secundário dos TCs e
em todos os dispositivos a ele associados (relés, medidores,
cabos). A publicação “Equipamentos elétricos – especificação
e aplicação em subestações de alta tensão”, de Ary D'Ajuz,
em seu capítulo VI, que por sua vez se baseia na norma ANSI
C37.0731-1973 Application Guide for Capac itance Cur rent
Switching for AC High Voltage Circuit Breaker Rated on a
Symmetrical Current Basis, apresenta a seguinte fórmula para
o cálculo da tensão secundária no TC:
V SEC
= Tensão Secundária do TC [V]
ICHAVEAMENTO-BC
= Corrente de chaveamento do banco – Valor de pico [A]
f CHAVEAMENTO-BC
= Frequência de chaveamento banco [Hz]
RTC = Relação de Transformação
f N-SISTEMA = Frequência Nominal do Sistema [Hz]
Deve-se sempre consultar os fabricantes para se conhecer os
valores máximos suportáveis pelos equipamentos conectados no
secundário, bem como para os TCs. Caso não se disponha destes
valores, para os equipamentos conectados no secundário do TC
pode-se utilizar os valores normalmente suportados de 1500 VRMS
ou 2121 VPICO. Para os TCs os valores suportáveis são normalmente
2475 VRMS ou 3500 VPICO. Caso a tensão no secundário ultrapasse osvalores máximos suportáveis dos equipamentos, devem-se instalar
dispositivos de proteção de surto (no secundário do TC) para limitar
os valores àqueles suportáveis pelos equipamentos. Sempre que se
utilizar este procedimento, recomenda-se consultar o fabricante.
As características do protetor de surto devem ser escolhidas
para que a tensão secundária seja especificada para valores
adequados, não interferir nos sistemas de proteção e medição e
suportar a energia que irá ser drenada na condição transitória de
chaveamento. Como os resultados da fórmula em geral apresentava
valores conservativos, valores mais reais podem ser obtidos fazendo
a simulação do transitório no ATP.
Exemplo
Em um sistema de 69 kV existem dois bancos de 30 MVAr. Após
o primeiro estar energizado, o chaveamento do segundo promove
a circulação de uma corrente de 6.823 Â a uma freqüência 1.536
Hz. Calcule a tensão no secundário do TC de 400-5ª, sabendo que
a reatância no secundário do mesmo é de 0.7814 �.
Como geralmente os equipamentos conectados no secundário
do TC suportam 1.500 VRMS ou 2.121 VPICO, neste caso não haverá
dano aos equipamentos, nem pelos próprios TCs que normalmente
suportam 2.475 VRMS ou 3.500 VPICO.
Continua na próxima edição
Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail [email protected]
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela
Escola Federal de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei).
Trabalhou como engenheiro de estudos e desenvolveu softwares
de curto-circuito, load flow e seletividade na plataforma do
AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos,
engenharia de campo, montagem, manutenção, comissionamento
e start up. Em 1995 fundou a empresa EngePower® Engenharia e
Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica, benchmark
e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio
diretor. O material apresentado nestes fascículos colecionáveis é
uma síntese de parte de um livro que está para ser publicado pelo
autor, resultado de 30 anos de trabalho.
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24O Setor Elétrico / Fevereiro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Modelagem matemática detransformadores de corrente (TCs)em transitórios
A simulação de transitórios em TCs pode ser
feita por meio de modelos comumente utilizados em
programas de transitórios eletromagnéticos, tais como
o Alternative Transients Program (ATP), em particular,
enfocando os modelos apresentados na publicação
Experimental Evaluation of EMTP-Based Current
Transformer Models For Protective Relay Transient
Sudy, de M. Kezunovic, C.W. Fromen e F. Phillips.
Este artigo apresenta três modelos para representar
os TCs no ATP, que podem ser visualizados na
publicação citada:
• Modelo 1 – Por meio de um transformador de núcleo
saturável;
• Modelo 2 – Por meio de um transformador de núcleo
saturável, desprezando-se seu ramo magnetizante (sem
modelar saturação) pela diminuição de sua indutância
primária (com valor de 1 x 10-6 mH) e inserindo-se
um indutor não linear (modelo tipo 98 do ATP) no
secundário para representar o ramo magnetizante;
• Modelo 3 – É idêntico ao modelo 2, substituindo-se
o modelo de indutor não linear tipo 98 pelo 96, pois,
desta forma, consegue-se representar, adicionalmente,
o magnetismo remanescente (histerese).
A representação no ATP, para o modelo 2, é
apresentado na Figura 1.
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo II
Transformadores de corrente,potencial e bobinas de Rogowskipara fins de proteção – Parte II
Figura 1 – Modelagem do sistema de potência no ATP
Figura 2 – Diminuição do valor ecaz (rms) devido à
saturação do TC
O efeito da saturação do TC em relés digitaisEfeitos da saturação do TC no secundário
Como pode ser demonstrado nos itens anteriores,
quando o TC satura a forma de onda no secundário,
passa a ser não senoidal e com a tendência de diminuir
o valor ecaz da corrente (área da curva), ou seja,
quanto mais acentuada a saturação menor o valor
ecaz da onda.
A Figura 2 mostra o efeito da diminuição da
corrente no secundário do TC devido ao efeito da
saturação. A curva azul mostra o valor da corrente sem
a saturação e a curva preta mostra o valor ecaz da
corrente com o efeito da saturação. É evidente que a
área da curva preta é inferior à da curva azul.
Para que se possa falar dos efeitos da saturação
do TC nos relés digitais, é necessário entender alguns
princípios dos relés digitais.
Os relés digitais Arquitetura básica
De forma simplicada, os relés digitais podem
ser representados esquematicamente como na Figura
3. Apresenta-se a seguir um breve comentário sobre
cada bloco da gura.
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
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25O Setor Elétrico / Fevereiro de 2010
A p o i o
Figura 3 – Arquitetura básica simplicada do relé digital
Figura 4 – (a) Filtro passa baixa ideal (b) Filtro passa baixa real
Entradas analógicas – Representam as entradas advindas de sinais
analógicos, tais como TCs, TPs e bobinas de Rogowski.
Entradas digitais – Também são conhecidas como Binary Inputs
(BIs) e representam entradas que, quando recebem um sinal de
tensão, vão indicar uma condição preestabelecida (por exemplo,
ao se jogar uma tensão em uma dessas entradas binárias pode-se
ativar uma lógica interna no relé que comute o grupo de ajuste).Filtro anti-aliasing – Tem a função de garantir que um sinal de
entrada possa ser recomposto. Esta técnica faz com que duas
amostras não se superponham. Tecnicamente falando, para
que uma determinada frequência f a do sinal analógico possa
ser completamente reconstituída, a taxa de amostragem no
processo de digitalização deve ser igual ou maior a 2xf a, em que
f a = frequência de Nyquist. A frequência de amostragem em relés
digitais normalmente varia entre 240 Hz (quatro amostras por ciclo)
a 1920 Hz (32 amostras por ciclo).
Para que não ocorra o fenômeno conhecido como sobreposição
de espectro (aliasing), utilizam-se os ltros anti-aliasing.
Nos relés estes ltros são do tipo passa baixa, cuja característica
módulo versus frequência é apresentada na Figura 4.
samplE and Hold (s/H)
A função do Sample/Hold é a de manter o sinal na sua saída
em um valor representativo do sinal de entrada no instante de
amostragem durante todo o tempo em que o conversor A/D
(analógico/digital) gasta para realizar a conversão. A Figura 5
mostra seu princípio de funcionamento.
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
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26O Setor Elétrico / Fevereiro de 2010
A p o i o
Figura 5 – Princípio de funcionamento do Sample / Hold
Figura 6 – Filtragem digital
Figura 7 – Amostragem típica de sinais do sistema e do relé digital
Proteção
e
selet
ividade
Como pode ser visto pela gura, quando a chave de controle
do Sample/Hold está fechada, o sinal de saída estará seguindo o
sinal de entrada. Quando a chave de controle do Sample/Hold está
aberta, o sinal de saída está recebendo o sinal existente no instante
do chaveamento (hold), que é mantido pelo capacitor.
convErsor a/d (analógico/digital)
O conversor analógico/digital tem a função de transformar o
sinal analógico em sinal digital, ou seja, o sinal é transformadoem uma série de números binários que podem ser “entendidos”
pelo processador. Este processo passa pelos seguintes processos:
amostragem, quantização e codicação.
Os principais parâmetros de um conversor A/D são a resolução
(nº de bits), o tempo de conversão e a tensão analógica de entrada,
normalmente de 0 a 10 V ou 0 a 20 V para o conversor monopolar,
e de +5V ou +10V para o conversor bipolar.
Idealmente um conversor de “n” bits disponibiliza 2n códigos
ou valores. A tensão (V) total do sinal analógico dividido por 2n
(V/2n) representa o tamanho de cada faixa de tensão de cada
código. Este valor é conhecido como Less Signicative Bit (LSB), ouseja, como o bit menos signicativo.
Filtros digitais
Cada fabricante tem uma técnica de ltragem digital. Assim,
para saber qual a técnica, deve-se contatar o fabricante. Um tipo
de ltragem, por exemplo, retira apenas o valor de frequência
fundamental (60 Hz, no caso do Brasil). Isto signica que,
independentemente dos harmônicos, pode-se obter uma forma de
onda “puramente” senoidal de frequência fundamental. A Figura 6
ilustra o exposto.
Filtros adaptativos
Os ltros de proteção adaptativa podem ser denidos como
sendo dispositivos que possuem uma losoa em que se procura
determinar ajustes ou meios para as várias funções de proteção, e/
ou condições adversas de equipamentos com a intenção de adaptá-
las às condições existentes no sistema elétrico de potência.
Filtro adaptativo bipolar dE pico
Este ltro pode ser utilizado para aumentar o valor da corrente
que, como se viu, o valor ecaz (rms), no caso de saturação, cai no
secundário. Uma forma de aumentar o valor seria utilizar o valor
médio do módulo do valor de pico do semiciclo positivo (Imáx)
e do semiciclo negativo (Imin). Analiticamente, o valor de I =
(|Imáx|+|Imin|)/2. Para este ltro entrar em ação é necessário:
• Ter os valores das amostras dos ciclos anteriores (por exemplo,
para relés de 16 amostras por ciclo, devem-se ter as últimas 16
amostras);
• Detectar o valor máximo positivo da corrente da amostraanterior (Imáx);
• Detectar o valor mínimo negativo da corrente da amostra
anterior (Imin);
• Calcular o valor médio de I = (|Imáx|+|Imin|)/2;
• Medir o valor da componente fundamental (ltro cosseno);
• Detectar se há saturação;
• Caso não haja saturação, o valor a ser levado para comparar
com o valor ajustado no relé será o valor componente
fundamental;
• Caso haja saturação, o valor a ser levado para comparar com
o valor ajustado no relé será o valor de I, obtido da média dosvalores do semiciclo positivo e negativo.
amostragEm dE sinais
A amostragem de sinais típica de um sistema pode ser
visualizada na Figura 7.
Como pode ser observado na Figura 7, o conversor analógico
digital também tem um limite a partir do qual ele ceifa a onda.
Assim, além da saturação, tem-se mais um ponto crítico que limita
o valor da corrente. Este valor deve ser obtido com cada fabricante,
mas é da ordem de centenas de ampères. A cada valor da onda
corresponderá um código binário. Os códigos binários para um
conversor A/D de 8 bits podem ser:
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27O Setor Elétrico / Fevereiro de 2010
A p o i o
00000000
00000001
00000010
00000011
.................
.................
11111111 (Neste valor, o conversor satura e ceifa a forma de onda).
Comportamento dos relés digitais face à saturação Os relés digitais, mesmo sob saturação do TC, podem operar
de forma adequada, e isto deve ser vericado pelo engenheiro de
proteção. O fato de o TC saturar não implica, necessariamente,
que a proteção não opere adequadamente. Nem sempre é possível
garantir a operação adequada dos relés se os TCs saturarem, porém,
com as características dos relés digitais atuais, a probabilidade de
atuação adequada aumentou muito.
A publicação Analyzing and Applying Current Transformers, de
Stanley E. Zocholl, mostra que, levando em conta a saturação DC,deve-se vericar os TCs por meio da equação:
20 > [(X/R)+1] x Icc x Zb
Em que:
X/R = Valor de X/R do circuito em que o TC está instalado.
Icc = Corrente de falta em pu, na base do TC.
Zb = O valor do burden imposto ao secundário do TC a partir dos
terminais, ou seja, ação mais proteção, também em pu na base
do TC (deve-se dividir pela impedância do burden nominal do TC).
Alguns fabricantes estendem o número 20 para valores entre
250 e 12000, dependendo do valor ajuste da função no relé.
Transformadores de potencial (TPs) Para a elaboração deste item, foi utilizada a norma NBR 6855.
Denição
O TP é um equipamento monofásico que possui dois circuitos,
um denominado primário e outro denominado secundário, isolados
eletricamente um do outro, porém, acoplados magneticamente.
São usados para reduzir a tensão a valores baixos com a nalidade
de promover a segurança do pessoal, isolar eletricamente o circuito
de potência dos instrumentos e reproduzir elmente a tensão do
circuito primário no lado secundário.
Dados principais para especicação de um TP indutivo
Para a especicação de um TP indutivo, os principais dados
a serem informados são: (a) tensão nominal primária (V1n) ou
secundária (V2n); (b) relação nominal do TP (RTP); (c) tensão
máxima e classe de isolamento; (d) frequência; (e) carga nominal;
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28O Setor Elétrico / Fevereiro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade (f) classe de exatidão; (g) potência térmica nominal; (h) grupo de
ligação ou fator(es) de sobretensão(ões) nominal (is); (i) nível básico
de isolamento – NBI (BIL); (j) tipo de aterramento do sistema; (k)
para TP indutivos de dois ou mais secundários a carga máxima
simultânea; (l) uso: interior (indoor) ou exterior (outdoor).
Classe de exatidãoSegundo a norma NBR 6855, os TP indutivos normalmente se
enquadram nas classes de exatidão: 0,3%, 0,6% e 1,2%. A exatidão
normalmente é expressa por um valor percentual citado, seguida
da letra P e do valor da potência da maior carga nominal com
que se verica essa classe de exatidão. Exemplos: 0.3P75, 0.3P200,
0.6P400, etc.
Carga nominal (P)
As cargas nominais padronizadas são 12,5 VA, 25 VA, 35 VA,
75 VA, 200 VA e 400 VA.
Potência térmica nominal (Pterm)
A potência térmica nominal é dada em VA e deve ser igual
ao produto do quadrado do fator de sobretensão contínuo (vide
Tabela 1) pela maior carga especicada, ou carga simultânea para
TPIs, dois ou mais enrolamentos nos quais a potência térmica é
distribuída pelos secundários proporcionalmente à maior carga
nominal de cada um deles e expressa como:
Grupo de ligação
Existem três grupos de ligação:
• grupo 1 – TPIs projetados para ligações entre fases;
• grupo 2 – TPIs projetados para ligações entre fase e terra em
sistemas ecazmente aterrados;
• grupo 3 – TPIs projetados para ligação entre fase e terra de
sistemas nos quais não se garante a ecácia do aterramento.
Fatores de sobretensão (Fst)
O fator de sobretensão é utilizado para denir condições
de sobretensão durante faltas à terra em sistemas trifásicos não
aterrados. A Tabela 1 apresenta esses fatores.
T abela 1 – F aTores de sobreTensão
Grupo de ligação
1
2
3 (vide nota)
Fator de sobretensão
Contínuo
1.15
1.15
1.9
30s
1.15
1.5
1.9
Nota: Por não ser possível denir a duração das faltas nesses sistemas
não aterrados, esta condição deve ser denida como regime contínuo.
Embora esta especicação exija que os TPIs pertencentes ao grupo de
ligação 3 sejam capazes de suportar em regime contínuo tal condição,
isto não signica que eles possam ser instalados em circuitos em que a
tensão exceda a 115% da tensão nominal primária do TPI.
Apresenta-se na Figura 8 uma foto de um TP de grupo de ligação
2, utilizado em local em que não se garante que o aterramento não
é ecazmente aterrado.
Figura 8 – TP de grupo de ligação 2 utilizado em local em que não se
garante que o aterramento não é ecazmente aterrado
Figura 9 – Conexão de TPIs em “V”
Figura 10 – Conexão de TPIs em estrela-estrela
Suportabilidade ao curto-circuito
Não é incomum ocorrências de explosão de TPs sob curto-
circuito. Segundo a norma brasileira NBR 6855, os TPs indutivos
devem ser capazes de suportar os esforços térmicos e dinâmicosdecorrentes das correntes de curto-circuito nos terminais
secundários durante um segundo, mantendo tensão nominal
nos terminais primários. Este ensaio de curto-circuito pode ser
dispensado se for comprovado, por cálculos, que a densidade de
corrente nos enrolamentos do TP indutivo não exceda a 160 A/mm2
para enrolamentos de cobre, e de 100 A/mm2 para enrolamentos de
alumínio.
Formas de conectar no circuito
As formas mais comuns de se conectar um TPI podem ser estrela
– estrela; estrela – delta aberto; delta – delta e “V”. Apresenta-se aseguir o esquema trilar das ligações em “V” (Figura 9) e estrela-
estrela (Figura 10).
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29O Setor Elétrico / Fevereiro de 2010
A p o i o
Figura 11 – Curva de histerese na presença de sobretensão caindo na
região de saturação do transformador
Ferro-ressonânciaO aumento da quantidade de geradores instalados tem
levado a, também, um aumento de explosão de TPs, devido ao
desconhecimento do fenômeno da ferroressonância. Neste tópico,
será abordado, de forma suscinta, o que é este fenômeno, quais as
condições necessárias para que ele ocorra e quais as medidas para
atenuar/mitigar seus efeitos.
O que é a ferro-ressonância?
A ferro-ressonância é um fenômeno não-linear complexo,
ocasionado por um circuito capacitivo ressonante, com indutores
não lineares presentes em transformadores e que provoca
sobretensões, cuja forma de onda é irregular e possui elevado
conteúdo harmônico. Essas sobretensões provocam danos
à isolação, podendo ocasionar a queima e explosão desses
equipamentos. Tem-se observado a explosão de muitos TPs devido
a este fenômeno.
Diferentemente da ressonância paralela ou série conhecida,que ocorre para um valor especíco de capacitância (C), a ferro-
ressonância pode ocorrer para uma ampla faixa de C. A frequência
das formas de onda de tensão e corrente na ferro-ressonância
podem ser diferentes da frequência da fonte de alimentação.
A situação para a ocorrência varia muito, ou seja, muitas
situações que são normais na condição linear podem ser anormais
e perigosas para os equipamentos na condição não-linear. Segundo
a referência 12, as condições que podem deagrar a ferro-
ressonância são incontáveis.
Quais as condições para que a ferro-ressonância ocorra
Segundo a referência 12, três condições são necessárias (mas
podem não ser sucientes) para a ocorrência da ferro-ressonância:• Presença simultânea de capacitâncias e indutores não lineares;
• Existência de pelo menos um ponto em que o potencial de
terra não ca xado (neutro não aterrado, abertura de fusível,
chaveamento monofásico, etc.)
• Sistema com baixa carga (ou operando por geradores).
Sabe-se da teoria de circuitos que ao se chavear um circuito surgem
sobretensões. Transformadores na presença de sobretensões terão suas
curvas de histerese na região de saturação (indutores não lineares).
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30O Setor Elétrico / Fevereiro de 2010
A p o i o
Proteção
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ividade Quais as medidas para atenuar/mitigar os seus efeitos
Para mitigar este efeito, basta criar um ponto de aterramento
no trecho de sistema que ca sujeito a este fenômeno. Quando isto
não é possível, ou não conveniente, a solução para atenuar este
fenômeno em TPs consiste em instalar resistores de amortecimento
no secundário de TPs (lembrando que os TPs, nesse caso, devem
ter grupo de ligação 3). Este procedimento tem por objetivo reduziro valor de trabalho da indução magnética para valores entre 0.4 T
a 0.7 T. A referência [12] apresenta as seguintes equações para o
cálculo de resistência:
TPs com um enrolamento secundário devem ser conectados
conforme a Figura 12.
Em que: US = Tensão nominal secundária do TP em Volt. K =
(0.25 a 1), de modo que as condições de serviço e de erro quem
dentro do prescrito pela norma IEC 186 (k.Pt é, por exemplo, 30 W
para a potência nominal de saída de 50 VA). Pt = Potência nominal
de saída em VA. Pm = Potência necessária para medição em VA.
RAmortecimento = valor da resistência em Ohms e PR = Potência nominal
do resistor em watts.
TPs com dois enrolamentos, sendo um conectado em delta
aberto, devem ser conectados conforme a Figura 13.
Em que: US = Tensão nominal secundária do TP em Volt. Pe =Potência térmica nominal em VA do enrolamento secundário onde
o resistor está conectado.
Figura 13 – Conexão das
resistências de amorte
amortecimento em cimento em
TPs com dois enrolamentos, sendo
um conectado em delta aberto
Figura 12 – Conexão das
resistências de TPs YY com
um enrolamento
Figura 14 – Modelagem do TP no sistema de potência no ATP
Figura 15 – Bobina de Rogowski
A referência [13] apresenta a seguinte tabela para resistores
instalados em TPs conectados em estrela-estrela, aterrados dos dois
lados, com um enrolamento.
T abela 2 – V alor Ôhmico de resisTores de amorTecimenTo
Tensão do sistema
(kV)
2.4
4.16
7.213.8
Relação do TP
(Volts)
2400:120
4200:120
7200:12014400:120
Valor de
R (Ohms)
250
125
8585
Potência do resistor
em 208 V (watts)
175
350
510510
Resistor de amortecimento
Modelagem matemática de TPs em transitórios
A simulação de transitórios em TPs pode ser feita por meio
de modelos comumente utilizados em programas de transitórios
eletromagnéticos, tais como o ATP, a referência [08], apresenta a
modelagem indicada na Figura 14.
Em que:
R1 = Resistência do enrolamento primário
X1 = Reatância de dispersão do enrolamento primário
Rfe= Resistência representativa das perdas no ferro
Lm = Indutância de magnetização do núcleo
Zb = Impedância da carga secundária
Bobinas de Rogowski A bobina de Rogowski é um equipamento utilizado como
redutor de medida para corrente alternada, que possui núcleo de ar
(não possui núcleo de material ferromagnético) e transduz a corrente
primária em uma tensão secundária, que é proporcional à taxa
de variação dessa corrente no tempo. Desta forma, normalmente
apresenta menor custo e maior precisão devido a não saturação.
Fisicamente, consiste de uma bobina helicoidal de o, em que o
condutor de uma extremidade retorna pelo centro da bobina à outra
extremidade. A Figura 15 ilustra esquematicamente a explanação.
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31O Setor Elétrico / Fevereiro de 2010
A p o i o
Figura 16 – Integrando o valor da tensão na bobina de Rogowski Figura 17 – Bobina de Rogowski – princípio de operação
Assim, para se transformar em corrente secundária, esta tensão
secundária necessita ser integrada. O problema de integrar o valor da
tensão secundária é facilmente resolvido empregando-se um capacitor
no secundário. Com esta simplicidade, o seu uso tem sido muito
difundido nos últimos anos, principalmente na Europa. Veja a Figura 16.
Por não possuir núcleo magnético, sua resposta em frequência é
muito melhor que a dos transformadores. Também por este motivo,
possui baixa indutância e, assim, podem responder rapidamente
a elevadas mudanças no valor de corrente. Uma bobina de
Rogowski corretamente formada por espiras igualmente espaçadasé altamente imune a interferências eletromagnéticas.
Princípio de operação
O princípio de funcionamento da bobina de Rogowski pode
ser explicado tomando-se como referência a Figura 1.3.3. Ao
circular uma corrente i(t) no núcleo da bobina, gera-se uma
tensão u(t), a qual é expressa pelas equações:
C uriosidades históriCas
1887 – Dispositivo similar foi descrito por A. P. Chattock
(Universidade de Bristol) Chattock usou este dispositivo para
medir campos magnéticos ao invés de correntes.1912 – Descrição denitiva foi dada por Walter Rogowski e
W. Steinhaus em Die Messung der magnetischen Spannung –
Archiv fur Elektrotechni
Principais vantagens
As principais vantagens das bobinas de Rogowski são:
Linearidade (entre 1 A e 100.000 A). Vide a Figura 18;
Resposta em frequência (entre aproximadamente 40 Hz e 1000
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32O Setor Elétrico / Fevereiro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade Hz). Veja a Figura 19;
Precisão da medição alcança 0,1%;
Ampla faixa de medição;
Suportabilidade térmica ao curto-circuito ilimitada para a
construção do tipo janela;
Promove a isolação galvânica entre os condutores primários e
secundários; Pode ser encapsulada e colocada próxima a buchas e cabos,
evitando a necessidade de isolações elevadas;
O tamanho pode ser customizado para as aplicações;
Pode ser construída com núcleo bipartido para instalação em
sistemas existentes;
Permite a abertura do circuito secundário sem riscos;
Reduz risco às pessoas e à instalação;
Livre de ferro-ressonância;
Sem risco de explosão;
Não necessita de fusíveis;
Menor tempo de montagem e facilidade de instalação. Vide aFigura 20;
Flexibilidade de ajuste em IEDs com o fator de calibração.
Figura 18 – Linearidade da bobina de Rogowski
Figura 19 – Resposta em frequência, segundo a referência [79]
Exatidão e fator de calibração
Os IEDs mais modernos são preparados para proporcionar
melhor exatidão nas leituras, permitindo que, na etapa de
comissionamento, a medição real no secundário – quando possuir
eventuais erros – possa ser corrigida para car dentro dos erros
prescritos pela norma. É importante dizer que a correção do fator
de calibração (FC) é feita apenas para erros de amplitude e não de
fase. O fator de calibração é dado pela equação a seguir.
A Figura 20 mostra como o fator de calibração atua
Figura 20 – Comparação dos tipos de solução (instalação) convencional
com TC e relé versus bobina de Rogwski e IED.
Em que x é o erro que se deseja corrigir.
A Figura 22 mostra um IED moderno que permite a calibração
do sensor (bobina de Rogowski
Figura 21 – Modo como opera o fator de calibração
Figura 22 – Como é alterado o fator de calibração nos IEDs mais
modernos
Exemplo
Um sistema no qual se deseja corrigir 2% de erro. Calcule o
fator de correção.
Correntes
80 A, 300 A e 800 A
Classe de precisão
0,1% a 1%
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33O Setor Elétrico / Fevereiro de 2010
A p o i o
Figura 28 – Bobina de Rogowski planar
Figura 29 – Alicate exível (Bobina de Rogowski)
Figura 27– Disposição interna típica de uma bobina de Rogowski
Bibliograa[01] NBR 6856 – Transformador de Corrente – Especicação – Set. 1981.
[02] ANSI C57.13-1993 – Requirements for Instrument Transformer.
[03] IEC 60044-1 – “Instrument Transformer – Part 1”.
[04] IEC 60044-6 1992 “Requirements for protective current transformers for transient performance”.
[05] IEEE Std C37.110-1996 “IEEE Guide for the Application of Current Transformers Used forProtective Relaying Purposes”.
[06] Publicação IEEE 76 CH1130-4 PWR CT Transients.
[07] Analyzing and Applying Current Transformers – Zocholl, Stanley E. – Schweitizer Engineering
Laboratories, Inc – 1st. Edition – Aug. 2004.
[08] Equipamentos Elétricos – Especicação e Aplicação em Subestações de Alta Tensão. Ary D'Ajuz –
Furnas – Universidade Federal Fluminense.
[09] Experimental Evaluation of EMTP-Based Current Transformer Models For Protective Relay Transient
Sudy – M. Kezunovic, C.W. Fromen, F. Phillips – IEEE Transactions on Power Delivery, v. 9, n.
1 – Jan. 1994 – p. 405-413.
[10] NBR 6855 – Transformador de Potencial – Especicação – Set. 1981.
[11] Apresentação ABB – MV Nov 2006 mostrando as vantagens dos Sensores.
[12] Cahier Techniques n. 190 – Ferroresonance – Philippe Ferraci Merlin Gerin – March 1998.
[13] Protective Relaying – Principles and Applications – Third Edition – ©2007 CRC Press, J. Lewis
Blackburn; Thomas J. Domin – Capítulo 7.
[14] Guide for Application of Rogowski Coils used for Protective Relaying Purposes – Ljubomir Kojovic
– Jan. 2004 – Report Subcommittee – PSRC ITTF2 Apresentation.
Divisor Resistivo
Figura 23 – Aplicação da Bobina de Rogowski como divisor resistivo
Figura 25 – Formas de apresentação da bobina de Rogowski
Divisor capacitivo
Figura 24 – Aplicação da bobina de Rogowski como divisor capacitivo
Sensores de corrente e de tensão
Figura 26 – Outras formas de apresentação da bobina de Rogowski
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola
Federal de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como
engenheiro de estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito,
load ow e seletividade na plataforma do AutoCad®. Além disso, tem
experiência na área de projetos, engenharia de campo, montagem,
manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia
elétrica, benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente
é sócio diretor. O material apresentado nestes fascículos colecionáveis é
uma síntese de parte de um livro que está para ser publicado pelo autor,
resultado de 30 anos de trabalho.CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.brDúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail [email protected]
Aplicações
Errata
Na edição anterior (nº 48 – janeiro) não foram publicadas duasequações integrantes do fascículo “Proteção e s eletividade”, de autoriado engenheiro eletricista Cláudio Mardegan. A primeira deveria estarlocalizada na página 26, logo após o subtítulo “ABNT NBR 6856”:
A segunda também deveria estar na página 26, após o subtítulo“IEEE Std C57.13-1993”:
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28O Setor Elétrico / Março de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Terminologia
Alguns termos são utilizados no dia a dia dosprossionais de proteção. Apresenta-se a seguir alguns
dos mais usados:
Autocheck – Característica de um relé digital em que
verica se todas as suas funções estão operativas
e corretas. Este fato dá ao relé digital extrema
conabilidade, visto que os relés devem estar sempre
prontos para operar.
BreAker FAilure – É uma característica que alguns
relés digitais dispõem, cujo objetivo é, após o tempo
denido nesta função, enviar um sinal a uma saídapara que possa ser enviada ao disjuntor à montante
(porque supõe-se que após o tempo denido no relé o
disjuntor que deveria interromper a falta falhou).
C araCterístiCa de um relé – Curva característica tempo
versus corrente de um relé.
C araCterístiCa Ni ( NormAl iNverse ) ou si ( stANdArd
iNverse ) ou sit ( stANdArd iNverse time ) – É a característica
normal inversa de um relé.
C araCterístiCa mi (m uito i Nversa ), vi ( very iNverse ) ou
vit ( very iNverse time ) – É a característica muito inversa
de um relé.C araCterístiCa ei (e xtremameNte i Nversa ), ei ( extremelly
iNverse ) ou eit ( extremelly iNverse time ) – É a
característica extremamente inversa de um relé.
C araCterístiCa td (t empo defiNido ) ou dt ( deFiNite
time ) – É a característica de tempo denido
C oNtato de selo – Contato destinado a garantir que o
sinal enviado será mantido (selado).
C oordeNograma ou folha de seletividade – Gráco em
escala bilogarítmica com o tempo em ordenada e a
corrente em abscissa (t x I) em que é feita a folha de
seletividade.
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo III
Dispositivos de proteção – Parte 1
drop-out – Valor de grandeza (tensão, corrente, etc.)
para o qual o dispositivo volta ao estado de repouso(inicial).
tApe – Valor de ajuste de um relé (normalmente para a
unidade temporizada).
dt/td/tms/ k – Dial de tempo / Time Dial / Time
multiplier setting (ajuste multiplicador de tempo)/k. São
ajustes utilizados para temporizar um relé.
di – dispositivo i NstaNtâNeo – É o valor do ajuste da
unidade instantânea.
idmt – iNverse deFiNite miNimum time (dispositivo a
tempo inverso).
ied – iNtelligeNt electroNic device – São disposi-tivos eletrônicos inteligentes que, por serem
microprocessados e com elevada velocidade de
processamento (> 600 MHz), englobam uma série
de funções, tais como medição, comando/controle,
monitoramento, religamento, comunicação e proteção,
permitem elevada quantidade de entrada analógica
(sinais de tensão e corrente) e elevada quantidade
de entradas/saídas (I/O) digitais. Normalmente estes
dispositivos são voltados para a automação e já foram
projetados dentro dos padrões da norma IEC 61850.
irig – iNter rANge iNstrumeNtAtioN group time codes
– iniciou a padronização dos códigos de tempo em
1956 e os originais da norma foram aceitos em 1960.
Os formatos originais foram descritos no documento
104-60. O documento foi revisado em agosto de 1970
como 104-70 e revisado novamente no mesmo ano
para 200-70. A última revisão da norma é a 200-04.
Para diferenciar os códigos, a norma utiliza as letras A,
B, D, E, G e H. Esses códigos digitais são tipicamente
de amplitude modulada sobre um carrier em uma onda
senoidal de áudio ou sinais TTL (fast rise time). A maior
diferença entre os códigos é a taxa, que varia de um
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29O Setor Elétrico / Março de 2010
A p o i o
pulso por minuto até 10.000 pulsos por segundo.
IRIG-A = 1000 PPS; IRIG-B = 100 PPS; IRIG-D = 1 PPM; IRIG-E =
10 PPS; IRIG-G = 10000 PPS; IRIG-H = 1 PPS.
irig B – É um formato de código de tempo serial. Possui um taxa
de sinal de temporização de 100 pulsos por segundo. O IRIG-Benvia dados do dia, do ano, hora, minuto, segundo e fração em um
carrier de 1 kHz, com uma taxa de atualização de um segundo.
O IRIG-B DCLS (deslocamento de nível DC) é o IRIG-B sem o
carrier de 1 kHz. Normalmente, o GPS é utilizado com IRIG-B
para sincronizar os dispositivos de proteção a uma mesma base
de tempo.
gfp– grouNd FAult protectioN – Proteção de falta a terra.
grouNd seNsor (gs) – Sensor de terra. São TCs sensores de terra
que abraçam todas as fases simultaneamente.
mta – mAximum torque ANgle – Ângulo de máximo torque de um
relé direcional.Ntp – Porta Ethernet NTP (Network Time Protocol ).
overtrAvel/overshoot – É o tempo permitido ao relé de disco de
indução para continuar a girar por inércia após a falta ter sido
eliminada (por um relé a montante ou por uma falta intermitente),
antes de fechar os seus contatos.
pick-up – Valor de grandeza (tensão, corrente, etc.) para o qual o
relé inicia a atuação.
reduNdâNCia – Este termo é utilizado para designar uma proteção
que “enxerga” e atua concomitantemente com a proteção
principal. É importante notar que este conceito sempre se refere a
equipamentos distintos (em caixas diferentes).
reset – Voltar ao estado anterior ao da falta.
retaguarda – Este termo é utilizado para designar uma proteção
que atua no caso da proteção principal falhar. É também conhecidacomo proteção de backup. É importante notar que este conceito
sempre se refere a equipamentos distintos (em caixas diferentes).
t empo de reset – Tempo necessário ao relé para voltar ao estado
anterior à falta.
trip – Sinal de desligamento enviado por um relé.
WAtchdog – dispositivo que dispara um reset ao sistema se ocorrer
alguma condição de erro no programa principal.
Tipos de dispositivos de proteção mais comuns Os tipos de dispositivos de proteção mais comumente
utilizados, relés, fusíveis, elos, disjuntores de baixa tensão e IEDsserão descritos neste capítulo.
RelésDenição
São dispositivos destinados a operar quando uma grandeza de
atuação atinge um determinado valor. Existem várias classicações
que se pode dar aos relés, quanto à grandeza de atuação (corrente,
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30O Setor Elétrico / Março de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade tensão, frequência, etc.), forma de conectar ao circuito (primário/
secundário), forma construtiva (eletromecânicos, mecânicos,
estáticos, etc.), temporização (temporizados e instantâneos), quanto
à função (sobrecorrente, direcional, diferencial, etc.), característica
de atuação (normal inverso, muito inverso, etc.).
Principais requisitos de um relé Antigamente os principais requisitos de um relé eram
principalmente conabilidade, seletividade, suportabilidade
térmica, suportabilidade dinâmica, sensibilidade, velocidade,
baixo consumo e baixo custo.
Atualmente, somado aos requisitos é desejável que eles
possuam ainda, breaker failure, autocheck, seletividade lógica,
oscilograa, quantidade de entradas e saídas digitais (E/S digitais)
adequada, quantidade de entradas analógicas de corrente
adequada, quantidade de entradas analógicas de tensão adequada,
quantidade de saídas à relé adequada, IRIGB, possibilidade de se
conectar em rede, possibilidade de realizar funções de automação,comando, controle, medição, supervisão, etc.
Equação universal do conjugado dos relés
A origem dos relés ocorreu com os modelos eletromecânicos e,
assim, o advento dos relés digitais teve de incorporar as principais
características dos eletromecânicos para viabilizar a migração
destes para os digitais. Dessa maneira, é importante entender
o princípio de funcionamento dos relés eletromecânicos. Este
entendimento será iniciado com o relé de disco de indução.
O relé de disco de indução Apresenta-se, na Figura 1, um relé de disco de indução
mostrando seus componentes. Na Figura 2, mostram-se as partes
de interesse para a análise do princípio de funcionamento.
Figura 1 – Relé de disco de indução com suas principais partes componentes
Figura 3 – Lei de Faraday-Lenz – regra da mão direita
Figura 2 – Relé de disco de indução para análise do
princípio de funcionamento
A bobina auxiliar (conhecida também com espira de sombra)
indicada na Figura 2 tem por objetivo gerar um uxo φ2 defasado o
uxo principal φ1. O sistema funciona de forma parecida com ummotor de indução monofásico, em que não se consegue parti-lo se
não houver um capacitor, que provoca o defasamento angular entre
os uxos para gerar o torque. Os uxos Φ1 = φ1 x sen (ωt) e Φ2 =
φ2 x sen (ωt+θ) são senoidais e defasados entre si.
A Lei de Faraday-Lenz diz que a tensão (corrente) induzida irá
contrariar a causa (uxo) que a produziu. A regra da mão direita é
utilizada para determinar o sentido da corrente, conforme Figura 3,
e é expressa pela equação a seguir.
Figura 4 – Regra da mão esquerda
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31
A p o i o
Figura 5 – Mecanismo de formação das forças
motoras do disco de indução
Figura 6 – Correntes I1 e I
2 em um relé de disco de indução e respectivos ângulos
Visto que o disco possui uma resistência R nele irá circular uma
corrente dada por:
As correntes I1 e I2 irão propiciar o aparecimento das forças
dadas, conforme Figura 5 pela regra da mão esquerda (vide Figura 4).
Do eletromagnetismo sabe-se que F ≈ φ x I. A força resultante
será F = F2 – F1. Do que foi demonstrado:
Logo, a força resultante pode ser calculada como:
A força será máxima para sen θ = 1, ou seja, θ = 90°. Isso
signica que, para haver conjugado máximo, deve haver quadratura
dos uxos φ1 (I1) e φ2 (I2). Na prática, isso é difícil de obter, tanto
pela disposição física da espira de sombra como pelo fato de que
a bobina possui um valor de resistência. É desejável que o relé
opere com conjugado máximo independente do valor do ângulo θ,
que construtivamente varia de 20º a 33°. Assim, a melhor opção setorna considerar as correntes I1i e I2. Veja a Figura 6.
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32O Setor Elétrico / Março de 2010
A p o i o
Figura 7 – Evolução dos relés de sobrecorrente
Figura 8 – Representação dos relés de sobrecorrente nos esquemas unilares
Proteção
e
selet
ividade O ângulo φ é o de projeto do relé e o ângulo τ dene o
conjugado máximo. Como o ângulo τ + φ = 90°, a linha de I1i passa
ser a referência. A equação do conjugado pode ser reescrita como
segue:
C = I 1i x I
2 x sen ( θ + φ )
O conjugado máximo CMÁX ocorre para sen (θ + φ) =1. Como φ
= 90 - τ, a equação do conjugado ca:
C = I 1i x I 2 x sen ( θ + 90 - τ ) = I 1i x I 2 x sen ( θ - τ + 90)
C = I 1i x I
2 x cos ( θ - τ )
Relés de sobrecorrente (tipo charneira)
Para relés do tipo charneira a equação do conjugado, pode ser
escrita como segue: C = K1 x I2
Relés de tensão
Aplicando-se uma tensão em um resistor de valor 1/K, gera-se
uma corrente dada por I=U/(1/K), ou seja, I = KU. Dessa forma, a
equação de conjugado para um relé de tensão pode ser escrita da
forma seguinte: C = K2 x U2
Relés que manipulam tensão em corrente
(direcional/impedância)
Substituindo-se a corrente I1i por U na equação do relé de disco
de indução a equação do conjugado ca escrita como segue: C =
K3 x U x I x cos (θ - τ) A partir das denições apresentadas pelas equações de
conjugado e lembrando que os relés possuem também uma
constante de mola K4, pode-se denir a equação universal do relé
pela equação abaixo:
Para os relés de corrente existe apenas as parcelas 1 e 4 da
equação acima.
Para os relés de tensão existe apenas as parcelas 2 e 4 da
equação acima.
Para os relés que necessitam de medição de ângulo ou direção(relés direcionais, distância, etc.), existe apenas as parcelas 3 e 4 da
equação acima.
As grandezas de atuação apresentam parcela positiva e as de
restrição parcela negativa.
Relés de sobrecorrente São relés que operam quando o valor da corrente do circuito
ultrapassa um valor pré-xado ou ajustado. Os relés de sobrecorrente
podem ser instantâneos (função ANSI 50) ou temporizados (função
ANSI 51).
Função ANSI
50, 51, 50/51, 50 N, 51 N, 50/51 N, 50 GS, 51 GS, 50/51 GS, 51G
Direcionalidade
Operam em qualquer direção.
Evolução Os primeiros relés instantâneos eram do tipo charneira. Entre os
primeiros relés temporizados pode-se citar o de disco de indução.
A evolução dos relés passou pelas etapas de relé eletromecânico,
relé estático, relé numérico digital e IED e pode ser visualizada na
Figura 7.
Temporização dos relés de sobrecorrente
Os relés de sobrecorrente podem ser temporizados ou
instantâneos. Os relés eletromecânicos temporizados são
normalmente os de disco de indução e podem ser visualizadosnas Figuras 1 e 2.
Conexão
Vide esquemas unilares e trilares seguintes.
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33O Setor Elétrico / Março de 2010
A p o i o
Figura 9 – Representação da conexão residual de relés de
sobrecorrente nos esquemas trilares
Figura 10 - Esquema unilar
Exemplo
Dado o esquema unilar apresentado na Figura 10. Sabendo
que a corrente de linha é de 100 A e a relação do TC é de 200-5 A,
determine a corrente que o relé está “enxergando”.
Solução
A corrente no relé é determinada como:
Características dos relés de sobrecorrente
A característica dos relés de sobrecorrente é representada pelassuas curvas tempo versus corrente. Estas curvas variam em função
do tipo do relé (disco de indução, estático, digital). Antigamente,
na época dos relés de disco de indução, a escolha da característica
do equipamento era feita no momento da compra e, assim, não
era possível alterá-la. Atualmente fabricam-se praticamente
somente os relés digitais e a maior parte deles permite escolher a
característica tempo corrente apenas alterando-se os parâmetros
no próprio relé.
Os termos característica inversa, normal inversa, muito inversa
e extremamente inversa existe desde a época dos relés de disco
de indução. Dessa forma, até hoje se mantém essa terminologia,sendo que as características mais utilizadas são:
Normal Inverso (NI), Muito Inverso (MI ou VI = Very Inverse),
Extremamente Inverso (EI), Tempo Longo Inverso (TLI ou LT I= Long
Time Inverse) e Tempo Denido (TD ou DT = Denite Time).
Nos relés digitais as características tempo versus corrente são
representados por equações, e essas equações mudam de acordo
com a norma. Apresenta-se a seguir as mais usuais.
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A p o i o
Proteção
e
selet
ividade IEC/BS
As características mais utilizadas da norma IEC são apresentadas
por meio das seguintes equações para os relés de sobrecorrente:
Normal inversa Muito inversa Extremamente inversa
As Figuras 11, 12 e 13 apresentam, respectivamente, as
características normal inversa, muito inversa e extremamente
inversa.
Figura 11 – Curva IEC normal inversa
Figura13 - Curva IEC extremamente inverva
Figura 14 – Comparação das características das curvas IEC normal inversa,
muito inversa e extremamente inversa
Figura 12 – Curva IEC muito inversa
Como pode ser observada na Figura 14, a curva extremamente
inversa é muito rápida para altas correntes e lenta para baixas correntes.
A característica normal inversa é muito lenta para correntes elevadas e
rápida para baixas correntes ou de sobrecarga, e a característica muito
inversa é adequada tanto para baixas como para altas correntes.
Exemplo
Um relé de sobrecorrente digital instalado no primário de um
transformador de 1500 kVA, com tensões de 13,8 kV (primária)
e 0,48 kV (secundária), com impedância interna de 5, deve
coordenar com outro situado a jusante (no secundário), também
digital, cujo tempo de atuação é de 0,3 segundos (vide Figura 15).
A corrente de curto-circuito secundária, referida ao primário, é de
1255 A. Sabendo-se que o ajuste de pick-up deste relé é de 90 A
no primário, e que a curva que deve ser utilizada é IEC-MI (Muito
Inversa), calcular o dial de tempo.
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35O Setor Elétrico / Março de 2010
A p o i o
Figura 15 - Exemplo de relé de sobrecorrente digital em primário de um
transformador
Solução
Cálculo do múltiplo da corrente de ajuste:
O intervalo de coordenação entre relés digitais deve ser de 0,25
segundos, o que signica que o relé deve ser ajustado para operar
em 0,55 segundos (0.30s + 0.25s). Conforme pode ser observadona Figura 15.
ANSI (C37.90)
Os relés construídos segundo a Norma ANSI C37.90 [82]
obedecem a seguinte equação:
Em que:
t =Tempo de atuação do relé (segundos)
DT = Ajuste do multiplicador dos tempos
I = Corrente circulante/Corrente Pick-up
A, B, C, D, E = Constantes
ANSI (C37.112-1996) (Erro=+15%)
Os relés construídos conforme a norma ANSI C37.112
obedecem às seguintes equações:
Extremamente Inversa
Muito Inversa
Moderadamente Inversa
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36O Setor Elétrico / Março de 2010
A p o i o
Figura 16 – Conexões usuais dos relés direcionais de sobrecorrente
Figura 17 – Representação típica do relé direcional de sobrecorrente no
esquema unilar
Figura 19 – Operação indevida de relé direcional em sistema
com capacitor fixoFigura 18 – Diagrama fasorial dos relés direcionais de sobrecorrente
Proteção
e
selet
ividade Relé direcional de sobrecorrente
São relés que operam quando o valor da corrente do circuito
ultrapassa um valor pré-xado ou ajustado e na direção pré-estabelecida.
Função ANSI
A função ANSI deste relé é a 67.
Direcionalidade Operam em apenas uma direção.
Polarização
Por tensão e corrente.
Conexão
As conexões utilizadas para os relés direcionais de sobrecorrente
são: 30°, 60°, 90°. A conexão mais usual é a 90°. Vide Figura 16.
Unilar
O relé 67 pode ser representado em um esquema unilar
conforme indicado na Figura 17.
Diagrama fasorial do relé 67
Apresenta-se na Figura 18 um diagrama fasorial típico de um relé
direcional de conexão 90º e ângulo de máximo torque igual a 45º. É
importante entender que o ângulo de máximo torque é sempre tomado
em relação à tensão de polarização (referência) e que a linha de conjugado
nulo ca a 90º desta linha. Recomenda-se sempre ler atentamente o
catálogo do relé para ver como as tensões devem entrar no equipamento.
Ao utilizar relés direcionais deve-se atentar para o seguinte:
• A presença de banco de capacitores no lado em que o relé não
“enxerga”. Este fato faz com que o relé opere quando o sistema estiver
com baixa carga, o que ocorre normalmente em ns de semana;
• A existência de circuitos paralelos, onde possa haver a circulação de
corrente em sentido reverso, como, por exemplo, quando um motor
está partindo;• Contribuição de motores para as faltas, passando pelo relé direcional.
Aplicações particularesAo utilizar relés direcionais deve-se atentar para o seguinte:
• A presença de banco de capacitores no lado em que o relé não
“enxerga”. Este fato faz com que o relé opere quando o sistema estiver
com baixa carga, o que ocorre normalmente em ns de semana;
• A existência de circuitos paralelos, onde possa haver a circulação de
corrente em sentido reverso, como, por exemplo, quando um motor
está partindo;• Contribuição de motores para faltas, passando pelo relé direcional.
Aplicação particular 1
A presença de banco de capacitores xo no lado em que o relé
não “enxerga”. Este fato faz com que o relé opere quando o sistema
estiver com baixa carga ou mesmo sem carga (o que pode ocorrer
normalmente em ns de semana ou em situações de manutenção).
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38O Setor Elétrico / Março de 2010
A p o i o
Figura 20 – Aplicação de relés 67 conjugados com motores
partindo
Na Figura 19, na condição normal de operação, o
gerador não está em operação. Toda potência ativa da carga
é fornecida por ela. A potência reativa da carga é suprida
em parte pelo capacitor e o restante pela concessionária. O
sentido de corrente no relé 67 é contrário ao de sua operação.
Logo ele não opera.
Na Figura 19, na condição de carga desligada, ogerador não está em operação. A concessionária não
entrega potência ativa. A potência reativa da carga é nula
e, assim, a potência reativa suprida pelo capacitor não é
consumida pelas cargas da planta e é entregue ao sistema
da concessionária. O sentido de corrente no relé 67 passa
coincidir com o sentido de operação (trip). Assim, se o
valor de corrente for superior ao valor de pick-up do relé
direcional, ele irá operar.
Como soluções para este caso, sugerem-se duas
possibilidades: aumento do valor de pick-up do relé 67
ou fazer dois grupos de ajustes, sendo que o relé 67 ficadesativado quando o gerador estiver fora de serviço no grupo
ativo (sem gerador).
Apl icação particular 2
A existência de circuitos paralelos, em que possa haver
a circulação de corrente em sentido reverso, como, por
exemplo, quando um motor está partindo.
Para o caso da Figura 20, deveria ser prevista esta condição departida, quando o gerador opera em paralelo com a concessionária.
Como solução para esta condição está o aumento do pick-up do
relé 67 acima de Ip1.
Aplicação particular 3
Contribuição em sentido reverso para as faltas, passando pelo
relé direcional.
Proteção
e
selet
ividade
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39O Setor Elétrico / Março de 2010
A p o i o
Figura 22 – Coordenação do relé 67 com o(s) relé(s) 50/51
Figura 21 – Coordenação dos relés 67 com os relés de
sobrecorrente
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃOConra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail [email protected]
Para o circuito da Figura 21, é necessário ajustar o relé 67coordenado com o relé 50/51 do circuito sob curto-circuito.
Aplicação part icular 4
Contribuição de motores para as faltas, passando pelo relé
direcional. Como solução para a condição apresentada na Figura
22 está a coordenação do relé 67 com o(s) relé(s) 50/51 dos
alimentadores.
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26O Setor Elétrico / Abril de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Relé direcional de potência Em concepção, os relés direcionais de potência são
relés que operam quando o valor da potência ativa do
circuito ultrapassa um valor prexado ou ajustado e nadireção preestabelecida. Atualmente, com o advento
dos relés digitais, já existem relés 32P, 32Q, 32S.
Função ANSI
O número para a função ANSI para o relé direcional
de potência é 32.
Direcionalidade
Os relés 32 operam em apenas uma direção.
Polarização A polarização do relé 32 é por tensão e corrente.
Conexão
As principais conexões para o relé 32 são: 30°, 60°
e 90°. A conexão mais usual é a 30°.
Unilar
O relé 32 pode ser representado em um esquema
unilar conforme indicado na Figura 1.
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo IV
Dispositivos de proteção – Parte II
A potência nominal vista pelo relé é dada pela
equação abaixo.
Quando instalado na interconexão com
concessionária, o ajuste deste relé é normalmente
dado em função de um percentual sobre o total da
geração o qual é calculado como abaixo:
Relé diferencial São relés que operam quando a diferença da
corrente de entrada em relação à corrente de saída
ultrapassa um valor preestabelecido ou ajustado.
Função ANSI
O número que expressa a função ANSI do relé
diferencial é o 87. Pode receber uma letra adicional
como 87T (diferencial de transformador), 87B
(diferencial de barra), 87G (diferencial de gerador),
87M (diferencial de motor), etc.
Direcionalidade
Operam dentro de sua zona de proteção (entre os
TCs de entrada e saída) em qualquer direção.
Polarização
A polarização do relé diferencial ocorre por corrente.
Conexão/esquemas
Para a representação em esquemas unilares, vide
Figura 2. Para a representação em esquemas trilares,
vide Figura 3.
Figura 1 – Representação em unilar do relé 32 (direcional
de potência).
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27O Setor Elétrico / Abril de 2010
A p o i o
Figura 2 – Representação em unilar do relé 87 (diferencial).
Figura 3 – Esquema trilar do relé 87
Existem dois tipos básicos de relés diferenciais: o relé
diferencial amperimétrico, que se constitui apenas de um relé
de sobrecorrente instantâneo conectado, operando de forma
diferencial; o relé diferencial percentual constituído, além da
bobina de operação uma bobina de restrição dividida em duas
metades.
Relé diferencial percentual Como descrito no parágrafo anterior, existem duas metades de
bobina (N2) percorridas pela corrente média (I1+I2)/2 que exercem
a restrição e a diferença de corrente (I1 – I2) e exerce a operação
sobre a bobina (N1). O esquema trilar da Figura 3 mostra esquema
de ligação e funcionamento.
Em que:
Io = Corrente de operação
Ir = Corrente de restrição
Io = I1 – I2
Ir = (I1 + I2) / 2
A equação universal dos relés
ca:
C = K1 (I1 – I2)2 –
K2[(I1+I2)/2]2 – K3
Fazendo-se inicialmente K3
= 0 e para C=0, tem-se a
declividade da reta:
Levando-se em conta K3, tem-se:
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28O Setor Elétrico / Abril de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade Quando Ir = (I1 + I2) / 2 tende a zero, atinge-se o valor de
pick-up.
Figura 4 – Característica de operação do relé diferencial.
Figura 5 – Esquema unilar do relé de subtensão.
Figura 7 – Esquema unilar do relé 59N.
Figura 8 – Sistema não aterrado (a) antes e (b) após uma falta a terra.
Figura 9 – Esquema trilar para conectar o relé 59N.
(a) Sistema não aterrado
antes CC Fase TerraFigura 6 – Esquema unilar do relé de sobretensão.
A Figura 4 mostra a característica do relé diferencial.
Relé de subtensão
São relés que operam quando a tensão do sistema cai abaixo deum valor preestabelecido ou ajustado.
Função ANSI
O número que expressa a função ANSI do relé de subtensão é o 27.
Polarização
A polarização do relé de subtensão é por tensão.
Conexão
A conexão do relé de subtensão é apresentada no esquema
unilar da Figura 5.
27
59
Relé de sobretensão São relés que operam quando a tensão do sistema ultrapassa
um valor preestabelecido ou ajustado.
Função ANSI
O número que expressa a função ANSI do relé de sobretensão
é o 59.
Polarização
A polarização do relé de sobretensão é por tensão.
Conexão
A conexão do relé de sobretensão é apresentada no esquema
unilar da Figura 6.
Relé de sobretensão de sequência zero São relés que operam quando a tensão do sistema ultrapassa
um valor preestabelecido ou ajustado na ocorrência de uma faltaa terra. Na prática, este relé é utilizado no secundário de TPs
conectados em estrela aterrada-delta aberto, ou utilizando-se
de recursos de rmware, em que a tensão de sequência zero é
calculada a partir das tensões de fase.
A sua aplicação é mais frequente em sistemas não aterrados,
para a detecção e eliminação de faltas a terra. Deve-se, preferen-
cialmente, desligar as fontes.
Função ANSI
O número que expressa a função ANSI do relé de sobretensão
de sequência zero é o 59N.
Polarização
A polarização do relé 59N é por tensão de sequência zero.
Conexão
A conexão do relé de 59N é apresentada no esquema unilar
da Figura 7.
Demonstra-se a seguir o valor que aparece no relé 59N em um
sistema não aterrado quando submetido a uma falta a terra.
59N
(b) Sistema não aterrado depois
CC Fase Terra na fase “a”
A forma trilar de conectar o relé 59N é apresentada na Figura 9.
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30O Setor Elétrico / Abril de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade Assim, pode-se provar que a tensão que aparece entre os
terminais X e Y é igual a três vezes a tensão fase-neutro do sistema.
Veja a demonstração a seguir.
Tese: VXY = 3 VFN
VXY = 3 Vao = 3 x (1/3) [Va + Vb + Vc]
VXY = Va + Vb + VcVa = 0.0 |0.0° ; Vb = VFF |–60.0° ; Vc = VFF |–120.0°
VXY = Va + Vb + Vc = 0.0 |0.0° + VFF |–60.0° + VFF |–120.0°
VXY = VFF (1 |–60.0° + 1 |–120.0°)
VXY = VFN x √3 x √3
VXY = 3 x VFN
Relé de bloqueio São relés que recebem sinais de desligamento de outros relés
e atuam sobre o disjuntor. Sua função é bloquear o religamento
do disjuntor no caso de falta, pois o disjuntor somente pode serreligado após este relé ser resetado e, assim, somente será religado
por pessoa especializada e autorizada. Normalmente, apenas os
relés de sobrecorrente são direcionados para este relé (50, 51,
50/51, 50/51N, 67, 87).
Função ANSI
O número ANSI para esta função é o 86.
Polarização
Não possui.
Conexão
A representação do relé de bloqueio em esquemas unilares
pode ser visualizada na Figura 10.
Figura 10 – Representação do relé de bloqueio em esquemas unilares.
Figura 11 – Foto de um relé de bloqueio
Relé de distânciaUm relé de distância pode ter esta função desempenhada por
um relé de impedância (ou ohm), admitância (ou mho – o contrário
de ohm), reatância ou relés poligonais.
Este relé utiliza este nome visto que, quando há uma falta em
uma linha, a impedância da linha vista pelo relé muda e depende
da distância onde foi a falta.
Função ANSI
O número da função ANSI que representa o relé de distância é o 21.
Polarização
A polarização é por corrente e tensão.
Conexão
Conforme esquema unilar apresentado na Figura 12.
A Figura 11 mostra um relé de bloqueio típico. Os relés
de bloqueio possuem uma boa quantidade de contatos NA
(normalmente abertos) e NF (normalmente fechados) para poderem
realizar as lógicas de contato. Nos relés digitais e nos IEDs, a
função de bloqueio pode ser feita pelo próprio relé.
Figura 12 – Esquema unilar do relé 21.
Figura 13 – Esquemático do princípio de funcionamento do relé 21.
Relé de distância do tipo impedância ou OHM
Este tipo de dispositivo de proteção é um relé de sobrecorrente
com restrição de tensão, conforme pode ser observado na Figura
13, que mostra esquematicamente o princípio de funcionamento do
relé de distância do tipo impedância, cuja equação de conjugado é
dada por:
Os termos negativos K2 I2 e K3 representam as restrições de
tensão e de mola.
No limiar de operação, ou seja, C = 0 a equação acima ca:
Desprezando-se o efeito de mola, tem-se K3 = 0
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31O Setor Elétrico / Abril de 2010
A p o i o
Figura 14 – Relé de distância tipo impedância.
Figura 15 – Temporizações das zonas de proteção.
Figura 16 – Valor de pick up e slope (declividade) do relé de distância.
Em um plano cartesiano complexo Z = R + j X = Constante
signica módulo constante. Assim, o lugar geométrico cujo módulo
é constante é um círculo. Veja Figura 14.
comprimentos l1, l2, l3, dentro de cada zona de proteção e os respectivos
tempos de atuação de t1, t2 e t3. A Figura 15 mostra estas temporizações.
É importante notar que a região de conjugado positivo (atuação)
ca dentro dos círculos de cada zona de proteção. Assim, o relé
operará sempre que a impedância for menor que o valor ajustado e
pela foto t1 < t2 < t3.
Levando-se em conta agora o efeito da mola, no início da faltaà tensão tende para zero e a corrente aumenta, logo a impedância
(V/I = Z) tende a zero.
A linha de transmissão mostrada na Figura 14 mostra um relé
de distância do tipo impedância, que possui três zonas de proteção,
correspondendo às respectivas impedâncias Z1, Z2 e Z3 os respectivos
A Figura 16 mostra o valor do pick up do relé de impedância e
a sua respectiva declividade.
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32O Setor Elétrico / Abril de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade Vale a pena lembrar que um relé de distância normalmente
apresenta três partes principais (a) unidade de partida; (b) três
unidades de impedância ajustáveis (Z e temporização) indepen-
dentes (Zona 1, 2 e 3); e (c) unidades auxiliares (sinalização,
bloqueio de contatos, etc.).
Relé de distância do tipo reatânciaEste tipo de dispositivo de proteção é um relé de sobrecorrente
com restrição direcional, dessa forma, a equação do conjugado é
expressa por:
C = K1 I2 – K
2 V I cos (θ - τ) – K
3
Utilizando-se τ = 90°, a equação acima resulta em:
C = K1 I2 – K
2 V I sen (θ) – K
3
No limiar de operação C = 0 e desprezando-se inicialmente oefeito de mola (K3 = 0), tem-se:
K1 I2 = K
2 V I sen (θ)
A curva característica deste relé, no plano R-X, é representada
por uma reta paralela ao eixo R, conforme indicado na Figura 17.
A aplicação deste relé apresenta algumas restrições pelofato dele apresentar uma característica aberta, sendo sensível às
oscilações do sistema. Entretanto, devido à sua característica, este
relé torna-se independente da resistência de arco. Vide Figura 18.
Figura 17 – Característica do relé de reatância.
Figura 19 – Relé de distância com característica inclinada.
Figura 18 – Relé de reatância com falta por arco.
Existem relés que apresentam característica angular. Derivam
da mesma equação abaixo:
C = K1 I2 – K
2 V I cos(θ – τ) – K
3
Fazendo-se C = 0 e K3 = 0
K1 I2 = K
2 V I cos(θ – τ)
Esta equação é uma reta na forma de 2a = r cos(θ – τ).
Dependendo do valor da relação K1 /K
2, tem-se uma família de retas
inclinadas no plano R-X.
Pode-se mostrar que uma dada carga de potência S = P + jQ,
pode ser representada no plano R-X na forma:
Assim, é importante avaliar o comportamento da carga, pois se
ocorre uma perturbação a variação da impedância da carga poderá
penetrar na zona de atuação do relé de distância do tipo ohm,
podendo causar um desligamento indevido. Os relés de distância
com características angulares podem ser mais convenientes nessas
condições, porém, operarem em condições de curto-circuito.
Existem relés que combinam características para poder tirar as
vantagens de cada tipo de curva.
Relé de distância do tipo admitância
Este tipo de dispositivo de proteção é um relé direcional com
restrição por tensão. A equação de conjugado é dada por:
C = K1 V I cos(θ – τ) – K
2 V2 – K
3
No limiar de operação (C = 0) e desprezando-se o efeito de
mola (K3 = 0), tem-se:
K1 V I cos(θ - τ) = K
2 V2
Dividindo-se ambos os membros por K2VI, tem-se:
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33O Setor Elétrico / Abril de 2010
A p o i o
Figura 20 – Característica do relé de admitância ou tipo mho.
Figura 21 – Relé de distância tipo mho com falta e por arco.
Em um plano R-X, a equação acima representa um círculo de
diâmetro K1 /K2 que passa pela origem, como mostrado na Figura
20. O ângulo t é, por construção do relé, o ângulo de máximo
torque do relé e, obviamente, a característica de conjugado nulo
ca a 90° da linha de máximo torque.
Devido à sua característica, o relé de admitância é mais propício
que o relé de impedância para faltas por arco. Veja Figura 21.
Pode-se demonstrar que o diâmetro do círculo é proporcional
ao valor obtido de (K1 /K2).V2. Isso signica que para faltas próximas
do relé (começo da linha) o valor de V é pequeno e pode ocorrer
mau funcionamento ou falha do relé devido a uma “zona morta”.
Assim, signica que há necessidade de um comprimento mínimode linha. Este fato faz ser interessante ajustar-se a relação K1 /K2 ou
haver uma tensão mínima para operação do relé. Mesmo no caso
de um curto-circuito franco (metálico), em que V = 0, na prática
terá um valor de resistência de arco, que corresponde a valores
da ordem de 4% da tensão nominal, o que normalmente será
suciente para operar o relé.
Lista-se a seguir algumas características do relé mho:
Constitui-se um relé inerentemente direcional;
Ocupa uma menor área no plano R-X, o que o torna adequado
para linhas longas de alta tensão, sujeitas a severas oscilações depotência;
Acomoda adequadamente faltas por arco.
Principais pontos a serem considerados na aplicação de
relés de distância
Apresenta-se a seguir alguns dos principais pontos a serem
observados quando da aplicação de relés de distância:
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34O Setor Elétrico / Abril de 2010
A p o i o
Figura 24 – Característica tempo x corrente do 51 V em função do valor
da tensão.
Proteção
e
selet
ividade
Faltas muito próximas do relé (tensão muito baixa);
Elevada impedância de curto-circuito; Falta de transposição ou transposição inadequada;
Oscilação de potência;
Efeito da saturação de TCs;
Impedância mútua;
Resistência de arco;
Derivações de linhas;
Efeito infeed/outfeed;
Variações de temperatura ambiente e condições de resfriamento
dos condutores (direção e velocidade do vento).
Proteção de distância típica Apresenta-se a seguir, na Figura 22, uma proteção de distância
típica para proteção de 100% de uma linha de transmissão,
utilizando-se dois relés igualmente ajustados, “olhando” um para o
outro. Existem outros critérios.
Relé de sobrecorrente com restrição (ou supervisão)de tensão
Anteriormente foi mostrado que quando ocorre um curto-circuito
em um gerador, a corrente de falta amortece rapidamente, podendo
mesmo acontecer que a corrente de curto-circuito permanente que
abaixo da corrente nominal do gerador. Como então proteger esteequipamento, tendo que permitir a circulação de corrente nominal
e ao mesmo tempo conseguir proteger na condição de curto-
circuito? Foi desta forma que surgiu a proteção de sobrecorrente com
supervisão ou restrição de tensão. Na prática, o que esta proteção faz
é deslocar a característica do relé de sobrecorrente para a esquerda
horizontalmente (no plano cartesiano t x I, em função do valor da
tensão. A Figura 24 ilustra o exposto.
Função ANSI
O número da função ANSI que representa o relé de
sobrecorrente com restrição de tensão é o 51 V.
Figura 22 – Proteção de distância típica.
Polarização
A polarização é por corrente e tensão.
Conexão
Conforme esquema unilar apresentado na Figura 23.
Figura 23 – Representação em esquema unilar do relé 51 V.
Em relés numéricos digitais e IEDs, a restrição normalmente éfeita por meio da aplicação de um fator sobre o valor do pick-up,
como segue:
IPICK-UP RESTRIÇÃO
= IPICK-UP 51
x Fator
A Figura 25 ilustra um relé que apresenta esta curva típica. Para
o exemplo, vê-se que o valor do fator é 0,25 para valores de tensão
de 0% a 25% da tensão nominal. Entre 25% e 100% da tensão
nominal obedece a curva da Figura 25 (ou seja, o valor pµ da tensão
corresponde ao fator). Acima de 100% da tensão o fator é sempre 1.
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35O Setor Elétrico / Abril de 2010
A p o i o
Figura 25 – Fator aplicado em função do valor da tensão para relés
digitais e IEDs.
Figura 26 – Esquema unilar do relé de frequência.
Relé de frequência São relés que operam quando a frequência do sistema cai (relé
de subfrequência) abaixo ou ultrapassa (relé de sobrefrequência)
um valor preestabelecido ou ajustado.
Função ANSI O número que expressa a função ANSI do relé de frequência é o 81.
Polarização
A polarização do relé de frequência é por tensão.
Conexão
A conexão do relé de frequência é apresentada no esquema
unilar da Figura 26.
Aplicação
A aplicação deste relé é feita em sistemas em que existe a possibilidade
de haver a perda parcial de geração e ainda que estas perdas não possam
ser toleradas por certo tempo. Outra aplicação desta proteção é feita em
sistemas em que há a necessidade de rejeição de cargas (load shadding), com
o objetivo de descartar cargas de forma a recuperar a frequência do sistema.
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Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,
montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
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benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
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26O Setor Elétrico / Maio de 2010
A p o i o
Proteção
e
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ividade
Relé df/dt Muitas vezes, esperar alguns ciclos para operar um
relé de frequência pode não ser uma solução real de
proteção de um sistema elétrico, pois esta espera pode
pôr em risco a operação e/ou equipamentos do sistema.
Nestes casos, lança-se mão dos relés df/dt, que operam
quando a taxa de variação da frequência no tempo
do sistema cai abaixo de um valor preestabelecido ou
ajustado. A forma de se fazer esta proteção consiste em
monitorar a tangente (derivada) da tensão no tempo,
cuja inclinação nos permitirá avaliar a variação da
frequência no tempo. A Figura 1 ilustra o exposto.Antes do distúrbio a inclinação da tensão é maior
(Ponto A). Quando ocorre o distúrbio, a frequência cai
e também a inclinação (derivada – Ponto B). Assim,
antes mesmo de atingir o primeiro meio ciclo já se sabe
que a frequência irá cair.
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo V
Dispositivos de proteção – Parte III
Figura 1 – Monitoração da frequência pela derivada
(inclinação) da forma de onda de tensão.
Figura 2 – Esquema unilar do relé de frequência + df/dt.
Função ANSI
Como normalmente esta função é utilizada em
conjunto com o relé de frequência, o número utilizado
para a função ANSI é 81 + df/dt.
Polarização
A polarização do relé df/dt é por tensão.
Conexão A conexão do relé de frequência+df/dt é apresen-
tada no esquema unilar da Figura 2.
Aplicação
A aplicação deste relé é feita em sistemas em que
existe a possibilidade de haver a perda parcial de geração
e ainda que estas perdas não possam ser toleradas por
certo tempo, pois acabam impondo uma sobrecarga
extrema à geração, que pode danicar a máquina, sendo
assim muito usado no ponto comum de acoplamento
entre dois sistemas de geração. Outra aplicação desta
proteção é feita em sistemas em que há a necessidade
de rejeição de cargas (load shadding) de alta velocidade,
com o objetivo de descartar cargas de forma a recuperar
a frequência do sistema. É óbvio que os relés auxiliares
de multiplicação dos contatos também deverão ser muito
rápidos para não degradar o tempo de descarte.
Fusível Denição
É um dispositivo utilizado para a proteção de
sobrecorrente em circuitos, fundamentalmente contra
curto-circuito, e é constituído de um elemento condutor
que se funde e interrompe o circuito quando a corrente
atinge valores acima da sua capacidade nominal.
Podem ser retardados, rápidos, ultrarrápidos,
limitadores de corrente, etc.
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
http://slidepdf.com/reader/full/o-setor-eletrico-protecao-e-seletividade 42/142
27O Setor Elétrico / Maio de 2010
A p o i o
Figura 3 – Curvas características do fusível.
Figura 4 – Efeito limitador do fusível – ¼ de ciclo para eliminar a falta.
Curvas características
Os fusíveis apresentam quatro curvas características tempo
versus corrente. A saber: (a) tempo mínimo de fusão; (b) tempo
máximo de fusão; (c) tempo total para extinção de arco; e (d)
característica de curta duração. Veja as curvas características na
Figura 3.
Curvas características do fusível
Fusível limitador de corrente
O fusível limitador de corrente é um dispositivo que pode
interromper a corrente de curto-circuito em tempos da ordem de
¼ de ciclo, não deixando a corrente de curto-circuito atingir o seu
valor de pico máximo. A Figura 5 ilustra o exposto.
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
http://slidepdf.com/reader/full/o-setor-eletrico-protecao-e-seletividade 43/142
28O Setor Elétrico / Maio de 2010
A p o i o
Pro
teção
e
selet
ividade
Figura 5 – Efeito limitador. Corrente de crista (pico) ca limitada.
Figura 6 – Seletividade entre fusíveis.
Seletividade entre fusíveis
Para que possa haver seletividade entre dois fusíveis (1 e 2), é
necessário que o I2t para tempo total de eliminação do fusível 1
esteja abaixo do I2t para tempo mínimo de fusão do fusível 2.
A Figura 6 ilustra o exposto
Tabelas de relação de calibre para seletividade Deve-se sempre consultar as tabelas fornecidas pelos fabricantes.
Na falta destas, ou em etapas de projeto em que ainda não se dispõe
do fabricante, o IEEE Std 242 mostra também algumas relações.
Elos Constituem uma forma barata de proteção e consistem basica-
mente de um elemento fusível colocado em um invólucro. Não
apresentam elevada capacidade de interrupção e são utilizados em
redes de distribuição, principalmente aéreas.
A norma brasileira NBR-5359 (EB 123) da ABNT prescreve três
tipos de elos fusíveis de distribuição: elo tipo K, H e T. Os elos tipo K
são do tipo “rápido”. São utilizados para a proteção de alimentadores
e ramais. Os elos tipo T são do tipo “lento”. Os elos do tipo H são do
tipo “alto surto”. São utilizados na proteção de transformadores.
Os elos tipo K e T suportam continuamente aproximadamente 150%
do valor de seus respectivos elos. Os elos tipo H suportam continuamente
aproximadamente 100%. Os elos tipo K e T começam a operar a partir de
2.0 x In. Os elos tipo H começam a operar a partir de 1.5 x In. Deve-se
sempre consultar a curva tempo x corrente fornecida pelo fabricante.
Apresenta-se a seguir as tabelas de coordenação entre elos
fusíveis de distribuição.
Elo a montante
Elo a jusante
6 K 8 K
10 K
12 K
15 K
20 K
25 K
30 K
40 K
50K
65 K
80 K
100 K
140 K
10 K
190
50 K
17001700
1700
1700
1700
1700
1350
850
20 K
650650
540
320
80 K
28002800
2800
2800
2800
2800
2800
2800
2200
1450
30 K
10601060
1060
1050
870
500
140 K
58005800
5800
5800
5800
5800
5800
5800
5800
5800
5800
4500
2000
12 K
350210
40 K
13401340
1340
1340
1340
1100
660
200 K
92009200
9200
9200
9200
9200
9200
9200
9200
9200
9200
9200
9100
4000
15 K
510440
300
65 K
22002200
2200
2200
2200
2200
2200
1700
1100
25 K
840840
840
710
430
100 K
39003900
3900
3900
3900
3900
3900
3900
3900
3900
2400
MáxiMa corrente de falta - aMpère
T abela 1 – C oordenação enTre elos fusíveis do Tipo K.
Na gura acima (conhecida também como “ peak let-through current
chart ) mostra-se que sem limitação o valor da corrente de curto-
circuito pode atingir valores de 42 kA de pico (Ponto A)
Utilizando-se um fusível limitador com calibre de 160A, o valordo corrente de pico irá car limitada a 12 kA de pico (Ponto B)
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
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30O Setor Elétrico / Maio de 2010
A p o i o
Figura 7 – Curva tempo x corrente para elos fusíveis tipo H.
Proteção
e
selet
ividade
Elo a montante
Elo a jusante
6 T
8 T
10 T
12 T
15 T 20 T
25 T
30 T
40 T
50T
65 T
80 T
100 T
140 T
10 T
350
50 T
3200
3200
3200
3200
32003200
2600
1500
20 T
1200
1200
1100
680
80 T
5000
5000
5000
5000
50005000
5000
5000
3800
1750
30 T
2000
2000
2000
2000
1700990
140 T
9700
9700
9700
9700
97009700
9700
9700
9700
9700
9700
7200
4000
12 T
680
375
40 T
2540
2540
2540
2540
25002100
1400
200 T
15200
15200
15200
15200
1520015200
15200
15200
15200
15200
15200
15200
15200
7500
15 T
920
800
530
65 T
4100
4100
4100
4100
41004100
4100
3100
1700
25 T
1500
1500
1500
1280
730
100 T
6100
6100
6100
6100
61006100
6100
6100
6100
4400
2200
MáxiMa corrente de falta - aMpère
T abela 2 – C oordenação enTre elos fusíveis do T ipo T.
Elo a montante
Elo a jusante
1 H
2 H
3 H
5 H
8 H
T abela 3 – C oordenação enTre elos fusíveis do T ipo K e H
8 K
125
10 K
230
45
45
45
45
20 K
650
650
650
650
650
80 K
2800
2800
2800
2800
2800
140 K
5800
5800
5800
5800
5800
12 K
380
220
220
220
220
200 K
9200
9200
9200
9200
9200
15 K
510
450
450
450
450
65 K
2200
2200
2200
2200
2200
25 K
840
840
840
840
840
100 K
3900
3900
3900
3900
3900
MáxiMa corrente de falta - aMpère
50 K
1700
1700
1700
1700
1700
30 K
1060
1060
1060
1060
1060
40 K
1340
1340
1340
1340
1340
Elo a montante
Elo a jusante
1 H
2 H
3 H 5 H
8 H
T abela 4 – C oordenação enTre elos fusíveis do T ipo T e H
8 T
400
240
240240
240
10 T
520
500
500500
500
20 T
1200
1200
12001200
1200
80 T
5000
5000
50005000
5000
140 T
9700
9700
97009700
9700
12 T
710
710
710710
710
15 T
920
920
920920
920
65 T
4100
4100
41004100
4100
25 T
1500
1500
15001500
1500
100 T
6100
6100
61006100
6100
MáxiMa corrente de falta - aMpère
50 T
3200
3200
32003200
3200
30 T
2000
2000
20002000
2000
40 T
2540
2540
25402540
2540
Potência (kVA)
5
10
15
25
Potência (kVA)
10
15
30
45
75
112.5
150
200
225
500
750
1000
T abela 5 – elos fusíveis do T ipo H para Transformadores monofásiCos em 13.2 K v
T abela 6 – elos fusíveis do T ipo H e K para Transformadores TrifásiCos em 13.2 K v
Conectados
Elo
-
-
1 H
2 H
5 H
6 K
6 K
10 K
12 K
20 K
30 K
40 K
fase-neutro
-
1 H
2 H
5 H
fase-fase
-
-
1 H
2 H
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
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32O Setor Elétrico / Maio de 2010
A p o i o
Figura 8 – Curvas tempo x corrente para elos fusíveis tipo K.
Figura 9 – Principais funções de fase de um disjuntor de baixa tensão:
LTD, STD com I2t OFF e instantâneo.
Figura 10 – Principais funções de fase de um disjuntor de baixatensão: LTD, STD com I2t ON e instantâneo.
Proteção
e
selet
ividade
Disjuntores de baixa tensãoTipos básicos dos disjuntores de baixa tensão
Existem vários tipos de disjuntores de baixa tensão. A
classicação mais comumente encontrada divide estes disjuntores
em duas grandes classes: os disjuntores abertos (Power Breakers ouLVPCB – Low Voltage Power Circuit Breakers) e disjuntores de caixa
moldada (MCCB – Molded Case Circuit Breakers).
Os disjuntores de caixa moldada, como o próprio nome indica,
são compostos por uma caixa isolante como uma se fosse uma
unidade integral que aloja internamente todos os componentes
do disjuntor. Sua desvantagem é que qualquer problema interno
no disjuntor é praticamente impossível de reparar, ou seja, tem
de substituí-lo por outro. Já os Power Breakers, como são abertos,
permitem o acesso às suas partes internas, sendo possível a
manutenção interna de seus componentes.
Antigamente praticamente todos os disjuntores em caixa moldadaeram termomagnéticos. Os elementos térmicos eram constituídos de
bimetálicos e as unidades magnéticas possuíam um eletroímã.
Com o avanço da tecnologia, passou-se a utilizar disparadores
(relés) eletrônicos, os quais permitiram uma melhor adequação da
sua curva de disparo. Esses disjuntores passaram a vir incorporados
com as seguintes funções:
• LTD – Long Time Delay (corrente e tempo)
• STD – Short Time Delay (corrente e tempo)
• Instantâneo – unidade instantânea
• Ground – unidade de terra
Na Figura 9, podem ser observadas as três regiões dessas funções.
A função LTD possui dois ajustes, um de corrente e outro de
temporização. A função STD possui também dois ajustes: um de
corrente e outro de temporização. Alguns disjuntores possuem um
recurso de ligar o I2t para o STD ou deixar desligada (a curva ca reta
ou “at”), como mostrado na Figura 10. O objetivo do I2t, neste caso, é
melhor acomodar/coordenar a curva disjuntor com dispositivos situadosa jusante, tais como fusíveis e/ou correntes de partida de motores.
A função “instantânea” possui somente ajuste de corrente. Alguns
disjuntores apresentam também uma quinta função que consiste do
instantaneous override, ou seja, uma função que opera instantaneamente,
para um valor predeterminado de fábrica, independente de ajustes
externos, cuja função é proteger o próprio disjuntor.
É importante observar que o tempo mostrado no gráco tempo
x corrente para os disjuntores retratam não só o tempo de operação
disjuntor (como no caso dos relés), mas também o tempo de
abertura e extinção de arco.
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
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33O Setor Elétrico / Maio de 2010
A p o i o
Dados para especicação dos disjuntores de baixa tensão
Os principais dados necessários para a especicação dos
disjuntores de baixa tensão são:
• Tensão – É a máxima tensão na qual o disjuntor pode operar;
• Frequência nominal – Frequência para a qual foi projetado para operar;
• Corrente nominal – Os disjuntores de caixa moldada sãoprojetados para operarem para 100% de sua corrente nominal para
uma temperatura especicada. O National Electrical Code (NEC)
prescreve que não se deve permitir circular mais do que 80% de
sua capacidade, ou seja, deve-se calcular a corrente prevista e
dividir por 0.8. É importante notar que os Power Breakers podem
operar com 100% de sua capacidade nominal e também alguns
disjuntores de caixa moldada são projetados para isso;
• Capacidade de interrupção – É o maior valor de corrente (rms –
ecaz) que o disjuntor pode interromper;
• Corrente de curta duração (short time current) – É o valor de
corrente máxima para a qual o disjuntor é capaz de suportar osefeitos da corrente de
curto-circuito para um tempo especicado, normalmente 0.5 s ou
menos. Para os Power Breakers, o valor da corrente de short time é
igual à da capacidade de interrupção do disjuntor;
• Número de polos – Se o disjuntor é unipolar, bipolar ou tripolar;
• Tensão de comando/controle – Valor de tensão AC ou DC para as
bobinas de abertura e fechamento do disjuntor.
IEDsOs IEDs, como mencionado na terminologia, são os Intelligent
Electronic Devices, ou seja, são dispositivos eletrônicos inteligentes
que, por serem microprocessados e com elevada velocidade de
processamento (> 600 MHz), englobam uma série de funções, tais
como medição, comando/controle, monitoramento, religamento,
comunicação e proteção, permitem elevada quantidade de entradasanalógicas (sinais de tensão e corrente) e elevada quantidade de
entradas/saídas (I/O) digitais. Normalmente, estes dispositivos
são voltados para a automação e já foram projetados dentro dos
padrões da norma IEC 61850.
IEC
PTOC
PTOC
PTOC
PTOV
PTOV
PDIS
PDIF
PTR
T abela 7 – algumas funções de proTeção Conforme ieC 61850.
ANSI
51
51N
67
59
59N
21
87
49
Na Figura 11, apresenta-se um esquema unilar com uma
solução convencional para uma subestação de alta tensão a relés.
Neste unilar, existem 14 relés.
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
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34O Setor Elétrico / Maio de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade Nesta situação:
• Existem 12 relés desempenhando as funções 50/51 e 50/51N;
• Existem dois relés desempenhando a função 87T;
• A implantação de seletividade lógica dependerá do tipo dos relés
instalados;
• Caso seja possível, há a necessidade de se passar ação entrerelés para que se possa implantar esta seletividade lógica;
• O custo de implantação devido à quantidade de relés é
relativamente elevado.
Na Figura 12, apresentam-se um esquema unilar com uma
solução para uma subestação de alta tensão, os IEDs. Neste unilar,
existem quatro relés.
As vantagens dos IEDs nesta situação:
• Existem dois relés desempenhando as funções 50/51, 50/51N,
87T;• Existem dois relés desempenhando as funções 50/51, 50/51N,
87T fazendo a redundância;
• A implantação de seletividade lógica é fácil, boa parte pode ser
feita dentro do próprio relé;
• Pouca ação entre relés para que se possa implantar esta
seletividade lógica;
• O custo de implantação, devido à quantidade de relés,
normalmente é menor que a solução convencional;
• Ganha-se quatro diferenciais de barra.
Figura 11 – Esquema unilar com uma solução convencional.
Figura 12 – Esquema unilar com uma solução de IEDs.
As principais desvantagens da utilização de IEDs são:
• A concentração de ação nos cubículos onde estão instalados
os IEDs;
• Maior grau de diculdade para a programação de um mesmo
dispositivo;
• A detenção da programação do software por alguns fabricantes.
Descrição das funções ANSI
1 – Elemento principal
2 – Relé de partida ou fechamento temporizado
3 – Relé de vericação ou interbloqueio
4 – Contator
5 – Dispositivo de parada
6 – Disjuntor de partida
7 – Disjuntor de anodo
8 – Dispositivo de desconexão da energia de controle
9 – Dispositivo de reversão
10 – Chave de sequência
11 – Reservada para futura aplicação
12 – Dispositivo de sobrevelocidade
13 – Dispositivo de rotação síncrona
14 – Dispositivo de subvelocidade
15 – Dispositivo de ajuste ou comparação de
velocidade ou frequência
16 – Reservada para futura aplicação
17 – Chave de derivação ou de descarga
18 – Dispositivo de aceleração ou desaceleração
19 – Contator de transição partida-marcha
20 – Válvula operada eletricamente
21 – Relé de distância
22 – Disjuntor equalizador
23 – Dispositivo de controle de temperatura
24 – Reservado para futura aplicação
25 – Dispositivo de check de sincronismo
26 – Dispositivo térmico do equipamento
27 – Relé de subtensão
28 – Reservado para futura aplicação
29 – Contator de isolamento
30 – Relé anunciador de alarme
31 – Dispositivo de excitação em separado
32 – Relé direcional de potência
33 – Chave de posição
34 – Chave de sequência, operada por motor
35 – Dispositivo para operação das escovas ou para
curto-circuitar os anéis coletores
36 – Dispositivo de polaridade
37 – Relé de subcorrente ou subpotência
38 – Dispositivo de proteção mancal
39 – Reservado para futura aplicação
40 – Relé de perda de campo
41 – Disjuntor ou chave de campo
42 – Disjuntor ou chave de operação normal
43 – Dispositivo ou seletor de transferência manual
44 – Relé de sequência de partida das unidades
45 – Reservado para futura aplicação
46 – Relé de falta de fase ou desequilíbrio de corrente
47 – Relé de sequência de fase de tensão
48 – Relé de sequência incompleta
49 – Relé térmico para máquina ou transformador
50 – Relé de sobrecorrente instantâneo
51 – Relé de sobrecorrente temporizado
52 – Disjuntor de corrente alternada
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36O Setor Elétrico / Maio de 2010
A p o i o
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃOConra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail [email protected]
Proteção
e
selet
ividade 53 – Relé de excitatriz ou gerador CC
54 – Disjuntor corrente contínua de alta velocidade
55 – Relé de fator de potência
56 – Relé de aplicação de campo
57 – Dispositivo para aterramento ou curto-circuito
58 – Relé de falha de reticação
59 – Relé de sobretensão
60 – Relé de balanço de tensão61 – Relé de balanço de corrente
62 – Relé de interrupção ou abertura temporizada
63 – Relé de pressão ou nível de uxo líquido ou gás
64 – Relé de proteção de terra
65 – Regulador (governor) de velocidade
66 – Relé de intercalação ou escapamento de operação
67 – Relé direcional de sobrecorrente
68 – Relé de bloqueio
69 – Dispositivo de controle permissivo
70 – Reostato eletricamente operado
71 – reservado para futura aplicação
72 – Disjuntor de corrente contínua
73 – Contator de resistência de carga
74 – Relé de alarme
75 – Mecanismo de mudança de posição
76 – Relé de sobrecorrente DC
77 – Transmissor de impulsos
78 – Relé de medição de ângulo de fase ou de proteção
de falta de sincronismo
79 – Relé de religamento AC
80 – Reservado para futura aplicação
81 – Relé de frequência
82 – Relé de religamento DC
83 – Relé de seleção de controle ou de transferência automática
84 – Mecanismo de operação
85 – Relé receptor de onda portadora ou o piloto
86 – Relé de bloqueio
87 – Relé de proteção diferencial
88 – Motor auxiliar ou motor gerador
89 – Chave separadora (line switch)
90 – Dispositivo de regulação91 – Relé direcional de tensão
92 – Relé direcional de tensão e potência
93 – Contator de variação de campo
94 – Relé de desligamento ou de disparo livre
95 – Reservado para futura aplicação
96 – Reservado para futura aplicação
97 – Reservado para futura aplicação
98 – Reservado para futura aplicação
99 – Reservado para futura aplicação
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36
O Setor Elétrico / Junho de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
O objetivo deste capítulo é demonstrar a
importância de utilizar um sistema de alimentação
auxiliar conável, bem como descrever os mais
utilizados. Também será mostrado um diagrama
funcional típico de uma proteção atuando sobre um
disjuntor.
Características das grandezas elétricasdurante um curto
Quando ocorre um curto-circuito, observam-se
variações signicativas em duas grandezas elétricas:
• Corrente: cujo valor tem um aumento abrupto;
• Tensão: cujo valor apresenta uma queda acentuada
(próximo de 0 V no ponto de curto).
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo VI
Serviços auxiliares
Alimentação das cargas essenciais (relés,disjuntores, sinalizações, sinóticos, etc.)
O circuito de comando dos disjuntores deve ser
capaz de fazer o disjuntor mudar de estado de ligado
para desligado quando houver atuação de um relé
de proteção. Assim, se for utilizado um circuito em
corrente alternada derivado diretamente do barramento
por meio de um TP, na ocorrência de um curto-circuito
a tensão primária do TP cai e, consequentemente,
também a secundária, não havendo, desta forma,
tensão de comando suciente para fazer atuar a bobina
de abertura do disjuntor.
Desse modo, é prática efetuar a alimentação do
circuito de comando de disjuntores por um nobreak
DC ou AC. Vide diagrama funcional típico na Figura 1.
Figura 1 – Diagrama funcional típico de um disjuntor.
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O Setor Elétrico / Junho de 2010
A p o i o
Nobreak DC (Carregador de baterias)
O carregador de baterias é composto de dois conjuntos
fundamentais:
• Reticador;
• Bateria de acumuladores.
Veja o esquema unilar do carregador de baterias na Figura 2.
Figura 2 – Esquema unilar de um reticador (carregador de bateria).
A entrada do reticador vem normalmente de um transformador
auxiliar ou de comando em corrente alternada. O reticador
transforma a tensão de entrada AC em tensão de saída DC (ou seja,
retica a onda de entrada).
O reticador é projetado para manter uma tensão maior que
a de descarga das baterias, conhecida como tensão de utuação,
de forma que, em condições normais, a bateria não descarrega,
apenas mantém sua carga.
Na ocorrência de um curto-circuito na linha, a tensão no
sistema cai próximo de zero e, consequentemente, cai a tensão ACde entrada. A tensão na saída do reticador também cai e a tensão
da bateria passa a ser maior que na saída do reticador, passando a
assumir a carga desse sistema auxiliar e permitindo manter a tensão
para:
• Comando de disjuntores/chaves e telecomandos;
• Alimentação de sistemas de sinalização;
• Alimentação auxiliar de relés/sistemas de proteção;
• Alimentação de painéis sinóticos;
• Iluminação de emergência;
• Alimentação de sistemas de medição/telemetria.
Ao retornar a tensão AC, o reticador reconhece e pode colocar
a bateria em recarga.
A bateria de acumuladores deve permitir a alimentação das
cargas essenciais durante o período de tempo suciente para
efetuar todas as atuações e as manobras necessárias. Este intervalo
de tempo em que a bateria mantém a tensão mínima por
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O Setor Elétrico / Junho de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade elemento (normalmente 90% da tensão nominal) necessária ao bom
funcionamento do sistema é conhecido como autonomia da bateria.
Os principais tipos de bateria utilizados atualmente são:
• Chumbo-ácido;
• Alcalinas (níquel/cádmio).
A capacidade das baterias chumbo-ácidas é, geralmente, de 10
horas, ao passo que as alcalinas podem ser de 3, 5 ou 10 horas.
Principais características elétricas das bateriasTensão nominal (Vn)
As tensões DC normalmente utilizadas são 12 Vdc, 24 Vdc, 48
Vdc, 60 Vdc, 110 Vdc, 125 Vdc, 220 Vdc e 250 Vdc.
Tensão máxima do equipamento (Vmáx)
Este valor de tensão depende dos equipamentos que serão
ligados na saída da bateria e, normalmente, é de 10% acima datensão nominal (110% Vn). Entretanto, também são encontrados
valores de 5% (105% Vn) e 20% (120% Vn).
Tensão mínima do equipamento (Vmin)
Este valor de tensão depende dos equipamentos que serão
ligados na saída da bateria e é de 10% abaixo da tensão nominal
(90% Vn), porém, também são encontrados valores de 5% (95%
Vn) e 20% (80% Vn).
Tensão de utuação por elemento
A bateria trabalha na maior parte do tempo em utuação,entrando em descarga apenas quando cessa a tensão na entrada do
reticador. Assim, a tensão na saída do reticador deve car acima
deste valor.
Para baterias chumbo-ácidas, este valor ca na faixa de 2.15 V
a 2.2 V, mas o valor mais comum é de 2.2 V/elemento. Para baterias
alcalinas, este valor ca na faixa de 1.38 V a 1.42 V, sendo comum
o valor de 1.4 V/elemento.
Tensão nal de descarga do elemento (Vfd)
Uma bateria de acumuladores após sair da utuação vai
descarregando lentamente (e linearmente) e quando a tensãoatinge um ponto de inexão denominado tensão nal que, após
ultrapassado, a tensão cai abruptamente e não consegue mais
suprir a carga com energia necessária.
Os valores de tensão nal por elemento para baterias chumbo-
ácidas variam de 1.6 V a 1.85 V/elemento (valores usuais 1.6
V/1.65 V/1.75 V/1.8 V/1.85V), sendo de 1.8V/elemento, um valor
tipicamente adotado para os cálculos.
Já as baterias alcalinas possuem um valor de tensão nal dentro
da faixa de 0.95 a 1.15 V/elemento (valores usuais 1 V/1.05 V/1.10
V/1.14 V), sendo o valor de 1.05 V/elemento, um valor tipicamente
adotado para os cálculos.
Tensão de equalização (Veq)
A carga de equalização é aplicada nas baterias de forma
a restabelecer a capacidade máxima da bateria. A tensão de
equalização por elemento de baterias chumbo-ácidas é da
ordem de 2.2 V a 2.5 V/elemento, sendo o valor mais comum
2.33 V/elemento.
A tensão de equalização por elemento de baterias alcalinas éda ordem de 1.4 V a 1.7 V/elemento, sendo o valor mais comum de
1.55 V/elemento.
Assim, a tensão total de equalização é o produto do
número de acumuladores (n) vezes o valor da tensão de
equalização (Veq).
Faixas de tensão utilizadas para bateria de acumuladores
Constam na Tabela 1, as faixas de tensão comumente utilizadas no
dimensionamento de bateria de acumuladores/carregadores.
Determinação do número de elementos de uma bateria
Na determinação do número de acumuladores ou elementos
que compõem uma bateria, utilizam-se como critério as
variações máximas de tensão permitidas pelos equipamentos.
Dispõe-se de três critérios.
1º critério
Visto que a tensão máxima deve ser n x Veq, temos:
n ≥ Vmáx / Veq
2º critério
Visto que a tensão mínima deve ser n x Vfd, temos:
n ≤ Vmin / Vfd
3º critério
Visto que a tensão nominal deve ser n x V, temos:
n = Vn / V
Idealmente, o valor de n deveria ser o mesmo nos três
critérios. Como isso praticamente não ocorre, faz-se necessário
vericar qual
T abela 1 – F aixas de Tensão para baTeria de acumuladores
Tipo
de bateria
-
-
-
Chumbo-ácido
Alcalina
Chumbo
-ácidoAlcalina
Chumbo-ácido
Alcalina
Nomenclatura
Vn
Vmáx
Vmin
V
V
Vfd
Vfd
Veq
Veq
Faixa
aceita
12 V – 24 V – 48 V –60 V – 110 V –
125 V – 220 V – 250 VVn + (5% ou10% ou 20%)Vn – (5% ou
10% ou 20%)2.15 V a 2.20 V
1.38 V a 1.42 V
1.6 V a 1.85 V
0.95 V a 1.15 V
2.20 V a 2.50 V
1.40 V a 1.70 V
Valor
mais comum
125 V
Vn + 10%
Vn – 10%
2.2 V
1.40 V
1.80 V
1.05 V
2.33 V
1.55 V
Descrição
Tensão nominaldo
equipamentoTensão máxima do
equipamentoTensão mínima do
equipamentoTensão de
utuação/elementoTensão de
utuação/elementoTensão nal de
descargaTensão nal dedescargaTensão de
equalizaçãoTensão de
equalização
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O Setor Elétrico / Junho de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade o melhor valor de n que atenda aos três critérios, ou seja, situações
de utuação, carga e descarga.
É importante lembrar que o número de elementos que leve a
uma menor tensão nal conduz ao cálculo de uma bateria de
menor capacidade devido ao melhor aproveitamento (solução
mais econômica). O número de elementos que ultrapasse o valor
da tensão máxima durante a carga impõe soluções mais onerosas emenos conáveis, tais como chaves de transferência, Unidades de
Diodos de Queda (UDQ), etc.
Exemplo
Um sistema de 125 Vdc deve trabalhar com uma bateria chumbo-
ácida. Sabendo que a tensão máxima do sistema não deve ultrapassar
140 V e a mínima não deve ser inferior a 105 V, determinar o número
de elementos desta bateria para uma tensão de utuação (V) de
2.16 V/elemento, tensão nal de descarga (Vfd) de 1.75 V/elemento
e para uma tensão de equalização de 2.33 V/elemento.
Solução
1º critério n = Vmáx / Veq n = 140 / 2.33 n = 60 elementos
2º critério n = Vmin / Vfd n = 105 / 1.75 n = 60 elementos
3º critério n = Vn / V n = 125 / 2.16 n = 58 elementos
Vericação
Adotando n = 60
Tensão máxima Vmáx = 60 x 2.33 = 139.8 V
Tensão mínima Vmin = 60 x 1.75 = 105.0 V
Tensão utuação Vutação = 60 x 2.16 = 129.6 V
Cálculo da capacidade de uma bateriaA capacidade de um acumulador é a quantidade de eletricidade em
ampère-hora, corrigida para a temperatura de referência fornecida
pelo acumulador em determinado regime de descarga até atingir a
tensão nal de descarga. A capacidade de uma bateria é a soma
das capacidades individuais de cada acumulador e é normalmente
expressa em Ah (Ampère-hora).
Assim, para o correto dimensionamento da bateria, se faz
necessário atender a cada etapa a seguir:
• Denir a tensão nominal do sistema auxiliar;• Determinar o tipo de bateria a ser utilizado (chumbo-ácido/
alcalina, tipo, fabricante, etc.);
• Determinar a tensão nal por elemento;
• Determinar o número de elementos;
• Denir as cargas a serem supridas pelo serviço auxiliar;
• Determinar a característica de descarga (ciclo de descarga);
• Obter do fabricante a curva do fator K (K=C/I), em função do tempo
para as tensões nais por elemento (Vfe) previstas para o tipo de
bateria escolhido. A Figura 3 mostra uma curva típica;
• A partir da Vfe e dos respectivos tempos, obter a constante da
bateria para a curva de descarga dos elementos;
• Calcular a capacidade da bateria.
Em que N é o número de trechos da curva. No caso da Figura 3,
N = 12.
Correção do valor da capacidadeO valor calculado deve ser corrigido considerando os fatores a seguir:
Temperatura Fator = 1.050
Envelhecimento (idade) Fator = 1.100
Fator de carga Fator = 1.060
Fator de projeto Fator = 1.050
Fator de correção total Fator = 1.286
Exemplo
Dimensionar um sistema de corrente contínua em 125 VCC de forma
a atender o perl de mínima tensão de 90% (112.5 VCC) e máximatensão de 110% (137.5 VCC). As baterias devem ser alcalinas, com
uma tensão nal por elemento de 1.14V e a autonomia do sistema
deve ser dimensionada e atender a um ciclo de descarga para cinco
horas. As cargas a serem alimentadas por esse sistema são:
Disjuntores de MT
Consumo bobina de abertura: 250 W – 1 s
Consumo motor de carregamento de mola: 140 W
Ciclo de operação: CO – 15 s – CO
Quantidade: 18
Disjuntores de BT
Consumo bobina de abertura: 180 W – 1.6 A (Vmin = 112.5V)
Consumo bobina de fechamento: 180 W – 1.6 A (Vmin = 112.5V)
Consumo motor de carregamento de mola: 400 W – 3.5 A (V min =
112.5V)
Ciclo de operação: CO – 15s – CO
Quantidades:
- Disjuntor completo (motor, bobinas abertura e fechamento): 13
(50% dos motores de carregamento de mola operam simultaneamente
e 30% das bobinas de abertura)
- Disjuntor somente com bobina de abertura: 23(30% das bobinas de abertura operam simultaneamente)
Carga de sinalização
Consumo das lâmpadas: 6 W
Carga constante: 83 lâmpadas
Quantidade de lâmpadas: 157
Iluminação de emergência
Locais: SE principal, casa de controle e sala do gerador de emergência
Potência das lâmpadas: 100 W
Quantidade de lâmpadas: 50
C TOTAL
= K 1 x I
1 + K
2 x (I
2 – I
1 ) + K
3 x (I
3 – I
2 ) + ...... + K
N x (I
N – I
N–1 )
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O Setor Elétrico / Junho de 2010
A p o i o
Prot
eção
e
seletividade
A partir da característica de descarga apresentada na Figura 3
e da curva do fator K do fabricante apresentada na Figura 4 (que éuma curva típica; o correto é consultar sempre a curva do fabricante),
podemos construir a Tabela 2, que divide a curva acima em 12 trechos,
lembrando que a capacidade da bateria é calculada como segue:
Figura 4 – Fator K para a determinação da capacidade de baterias alcalinas.
Ao dimensionar a bateria, é preciso levar em conta uma
correção por idade (~10%) e também uma reserva para expansões
futuras (~15%).
Assim, o valor calculado deve ser corrigido para:
C5h = 281.0 x 1.10 x 1.15 = 355.5 Ah
A bateria adotada será de 400 Ah / cinco horas.
Dimensionamento da capacidade do reticador
A capacidade nominal de um carregador, em ampères, é
calculada, segundo a norma Nema, pela seguinte equação:
Em que:
IC = Capacidade do reticador
ICP= Corrente máxima de consumo permanente
IRB= Corrente de recarga máxima da bateria (0.25xC para chumbo-
ácido e 0.4xC para alcalinas).
Segundo a norma IEC, a capacidade nominal de um carregador
de bateria (reticador), em ampères, é calculada, pela equação:
Em que:
A = Corrente nominal de saída do reticador.
L = Consumo de carga permanentemente conectada aos terminais
da bateria.
T abela 2 – dimensionamenTo da capacidade da baTeria
1
05:00:0084.35.2
438.4
6
00:01:0087.90.5
18.8
4
04:59:2984.35.18-18.6
9
04:59:2984.35.18-18.6
2
04:59:4550.35.18
-176.1
7
00:00:5984.30.5
- 1.8
5
04:59:1450.35.18
-176.1
10
00:00:2884.30.46-1.7
11
00:00:1350.30.46-15.6
12
00:00:0187.90.4617.3
3
04:59:3087.95.18194.8
8
00:00:4450.30.5
-17.0
Trecho
Autonomia restanteCorrente (A)K da bateria
Capacidade por trechoCapacidade da bateria (AH)
Nota: O valor do K da bateria deve ser retirado da curva do fabricante.
281.0
Figura 3 – Característica de descarga da bateria de acumuladores.
Relés
Potência máxima de cada relé: 8 W
Quantidade de relés: 20
Determinação do consumo das cargas
- Disjuntores de MT
Quantidade de motores a serem ligados simultaneamente: 9Consumo dos motores:
Consumo das bobinas de abertura:
- Disjuntores de BT
Consumo dos motores:
Consumo das bobinas de abertura:
Carga de sinalização:
Iluminação de emergência:
Relés:
A curva de descarga adotada é a apresentada na Figura 3.
C TOTAL
= K 1 x I
1 + K
2 x (I
2 – I
1 ) + K
3 x (I
3 – I
2 ) + ...... + K
N x (I
N – I
N–1 )
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O Setor Elétrico / Junho de 2010
A p o i o
Unidade de Diodo de Queda (UDQ)
Em sistemas em que os valores de tensão mínima não são
atingidos, normalmente é necessário acrescentar um ou mais
elementos. Nessa nova situação o(s) valor(es) de tensão(ões)
máxima permissível(eis) nos equipamentos pode ser ultrapassada.
Para contornar esta situação, é usual instalar unidades de diodo
de queda em série com o reticador, de forma que a tensão quedentro dos limites permissíveis pelo equipamento.
Vale a pena lembrar que os diodos tem baixa suportabilidade
térmica quanto ao curto-circuito e, dessa maneira, especial
atenção deve ser dada se a capacidade das baterias (ou dos
conjuntos de baterias, caso hajam reticadores em paralelo)
é elevada. Como estimativa de primeira aproximação para
ordem de grandeza da corrente de curto-circuito de um sistema
de baterias, o valor da corrente de curto-circuito é de 10 x C.
Assim, temos um conjunto de baterias de 2.000 Ah e a corrente
de curto-circuito da bateria será de 20.000 A. É preciso sempre
efetuar o cálculo correto da corrente de curto-circuito. O valor de queda de tensão em cada UDQ é de 0.8 V por
diodo. É importante lembrar também que, como o diodo de
queda não possui boa suportabilidade quanto ao
curto-circuito, deve sempre ter junto dele um fusível ultra-
rápido.
A Figura 5 mostra uma aplicação de um sistema de 24 Vcc
que utiliza UDQs.
C = Capacidade total da bateria em Ah (Ampères-hora).
H = Tempo para recarregar a bateria.
K = Constante que para baterias alcalinas vale 1.4 e para baterias
chumbo-ácidos vale 1.25.
As capacidades nominais padronizadas (correntes de saída
do reticador) normalmente encontradas para os carregadoressão: 5 A, 10 A, 15 A, 25 A, 35 A, 50 A, 75 A, 100 A, 150 A, 200 A,
400 A, 600 A, 800 A, 1000 A e 1200 A.
Ventilação da sala de baterias
Quando a bateria não é selada se faz necessária a exaustão da
sala de baterias, visto que há liberação de hidrogênio no processo
de eletrólise.
A vazão do sistema de exaustão é calculada como segue:
Em que:
Q = Vazão do sistema de exaustão (em litros / hora = l/h)
N = Número de elementos da bateria de acumuladores
I = Corrente de recarga da bateria (os valores normalmente
considerados são I = 0.4 x C – para baterias alcalinas e I = 0.25 x C
para baterias chumbo-ácido)
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A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,
montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃOConra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail [email protected]
A diferença, em relação ao carregador de bateria, é que a
saída é transformada em corrente alternada para ser utilizada pelos
equipamentos essenciais.
É apresentado nas Figuras 7, 8, 9 e 10 algumas congurações
dessas UPS (nobreaks AC).
Figura 7 – UPS singelo.
Figura 10 – UPS Paralelo Redundante.
Figura 8 – UPS singelo com dois reticadores.
Figura 9 – UPS Dual Redundante.
Conabilidade entre o nobreak DC e o nobreak AC
O nobreak AC, por ter o inversor de saída, apresenta por si
só um componente a mais em série, e mesmo que tivesse um
MTTF igual ao do reticador, apresentaria menor disponibilidade.
Entretanto, o MTTF do nobreak AC é muito menor que o MTTF do
nobreak DC (reticador) e, assim, a disponibilidade diminui ainda
mais. Consequentemente, a conabilidade do nobreak AC é menor,
vindo daí a preferência pelos especialistas de proteção a utilização
do nobreak DC ou carregador de bateria.
Figura 5 – Sistema de corrente contínua com aplicação de UDQ.
Figura 6 – Esquema unilar de um nobreak AC.
TENSAO DE ENTRADA
AC
TENSAO DE SADA
AC
RETIFICADOR
BATERIA DE ACUMULADORES
NO-BREAK AC - DIAGRAMA UNIFILAR
Nobreak AC
O nobreak AC é semelhante ao carregador da bateria, porém possui
mais um conjunto e, dessa forma, é possível dividi-lo em três módulos:
• Reticador;
• Bateria de acumuladores;• Inversor.
Veja o esquema unilar do nobreak AC na Figura 6.
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O Setor Elétrico / Julho de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Para a proteção de falta à terra, normalmente, são
consideradas as seguintes normas:
- NEC® (National Electric Code - NFPA 70-1999 – Seção
230-95, alimentadores – Seção 215-10 e estruturas
remotas – Seção 240-13)
- NEMA PB 2.2.1999
Origem das faltas à terra As faltas à terra são originadas por:
(a) Redução da isolação devido a:
• Temperatura (mau contato, sobrecarga);
• Umidade;
• Contaminação (pó, sal, etc.);
• Animais;
• Objetos estranhos;
•Deterioração da isolação por idade ou ataque químico.
(b) Danos físicos à isolação (devido a esforços, falhas
mecânicas, perfurações da isolação)
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo VII
Proteção de falta à terra
Figura 1 – Sistemas de terra denidos pelas conexões delta dos transformadores.
• Esforços decorrentes de sobretensões de regime ou
transitórias sobre a isolação;
• Erros humanos (durante manutenções, comissiona-
mentos ou instalações).
Características das faltas à terra As faltas à terra possuem determinadas características
que valem a pena ser ressaltadas e são apresentadas a
seguir:
• A maior parte das faltas envolve a terra;
• A corrente de ajuste da proteção de falta à terra é
relativamente independente da corrente normal de
carga e os valores dos ajustes da proteção de falta à terra
podem ser menores que os de fase;
• Devido ao fato de que as correntes de falta à terra não
podem ser transferidas por transformadores
delta-estrela ou delta-delta (ou seja, toda vez que houver
um delta no sistema), a proteção de falta à terra para
cada nível de tensão é independente da proteção em
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O Setor Elétrico / Julho de 2010
A p o i o
Figura 2 – Proteção de falta à terra de baixa tensão conforme NEC
Seção 230-95.
outros níveis. Isso permite um ajuste de temporização pequeno e,
consequentemente, uma atuação mais rápida da proteção de falta
à terra. A Figura 1 ilustra esta particularidade, indicando cinco
diferentes sistemas de terra;
• Faltas por arco à terra, que não são prontamente detectadas e
eliminadas, podem ser extremamente destrutivas.
Valor das correntes à terra Conforme demonstrado no capítulo anterior, o valor da corrente
de falta à terra é calculado por:
Lembramos que as faltas por arco podem chegar a 20% do
valor da falta franca.
No capítulo que abordamos o curto-circuito, foi mostrado que,
em sistemas solidamente aterrados, as correntes de curto-circuitofase-terra são da mesma ordem de grandeza das correntes de curto-
circuito trifásico (principalmente no secundário do transformador).
Pode-se constituir um erro gravíssimo deixar a proteção de falta
à terra por conta da proteção de fase, tomando-se como base esta
consideração, visto que, na prática, a maior parte das faltas ocorre
por arco (e o valor da corrente de falta irá variar de 20% a 100% da
falta franca).
NEC – Seção 230-95
O NEC, em sua seção 230-95, prescreve que todo sistema
elétrico com mais de 150 V fase-terra e com correntes maiores que
1000 A deve possuir proteção especíca de terra.
Esta proteção deve ser ajustada de forma que o pickup não seja
superior a 1200 A e a temporização proteja o ponto 3000 A – 1 segundo.
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O Setor Elétrico / Julho de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade Comparação da energia (I 2t) dissipada durante uma
falta à terra para vários tipos de aterramento Neste tópico serão comparados três tipos de sistemas de
aterramento após a aplicação de uma falta à terra. Para tanto,
considere um sistema de 480 V, alimentado por um transformador
de 2000 kVA e Z% = 6.
(a) Sistema Solidamente Aterrado (SSA)
Como já demonstrado anteriormente, a ordem de grandeza da
corrente de curto-circuito fase-terra é da mesma ordem da trifásica.
ICC1φMÁX = 1/0.06 x Ins = 16.67 x 2405.6
ICC1φMÁX = 40093 A ~ 40000 A
Para t = 1 s, o valor do I2t será:
I2t = (40000)2 . 1 = 1 600 000 000 A2.s.
(b) Sistema aterrado por resistor de 400 A (RBV) (Aterramento por resistência de baixo valor)
Em um sistema aterrado por resistência de aterramento
limitando o valor da corrente a 400 A, teremos uma corrente de
falta à terra dada por:
ICC1φMÁX = 400 A
Para t = 1 s, o valor do I2t será:
I2t = (400)2 . 1 = 160 000 A2.s.
(c) Sistema aterrado por resistor de 5 A (RAV) (Aterramento por resistência de alto valor)
Em um sistema aterrado por resistência de aterramento
limitando o valor da corrente a 5 A, terá uma corrente de falta à
terra dada por:
ICC1φMÁX = 5 A
Para t = 1 s, o valor do I2t será:
I2t = (5)2 . 1 = 25 A2.s.
(d) Comparação entre os três sistemas
Comparando-se a energia dissipada na falta durante umsegundo nos três sistemas, tem-se:
• O sistema solidamente aterrado libera 10.000 vezes mais energia
que o sistema aterrado por resistência de baixo valor (400 A).
• O sistema solidamente aterrado libera 64.000.000 (64 milhões)
de vezes mais energia que um sistema aterrado por resistência de
baixo valor (5 A).
Proteções especícas para arco(a) Generalidades
Existem situações em que os dispositivos de sobrecorrente
convencionais não se constituem um meio eciente de proteção
contra arco, como:
• Centelhamento na mesma fase (muito comum em disjuntores/
contatores/gavetas extraíveis);
Locais em que a energia incidente, durante um arco, é elevada e
não se consegue uma proteção adequada às pessoas etc.
Para atender a estas situações, foi desenvolvido por alguns
fabricantes um relé fotossensível, ou seja, sensível à luz. Com esta
losoa, o relé passa a monitorar o primeiro efeito do arco, a luz.
Este conceito foi aperfeiçoado e pode-se atualmente integrar a
monitoração da luz e da sobrecorrente (simultaneamente ou não).
Assim, a utilização de relés de proteção de arco proporciona:
aumento na segurança das pessoas, na melhoria na proteção de
equipamentos, diminuição do tempo de interrupção da falta,
menor “stress” térmico e dinâmico devido às correntes de falta e
aumento da disponibilidade (menor MTTR).
(b) Medidas para minimizar os problemas e danos por
arcos
• Treinamento
Visto que a estatística mostra que 65% dos acidentes com
arco ocorrem durante as manutenções, as primeiras e as mais
importantes atitudes a serem tomadas são:
• Elaboração de APR para as atividades a serem desenvolvidas na
manutenção;
• Realização de DDS (Diálogo Diário de Segurança) focando ospontos de maior risco;
• Seguir os procedimentos de desenergização;
• Elaboração de procedimentos detalhados, passo a passo;
• Utilização de pessoal qualicado/habilitado para as atividades/
empresas especializadas;
• Acompanhamento dos serviços com técnico de segurança;
• Utilizar equipamentos de categoria/classe/isolação apropriadas;
• Executar todas as atividades com supervisão local.
• Operações remotas
Durante os comissionamentos, assim como em reenergizações,deve-se utilizar comando remoto, ou seja, a operação de ligar
deve car afastada, de forma a garantir a segurança do operador
(botoeira ou sistema supervisório/sala de controle).
• Intertravamentos
Para as instalações novas, durante as fases de projeto, devem-se
prever os intertravamentos necessários para garantir a segurança
dos operadores e apenas permitir a abertura de uma seccionadora
se, e somente se, o disjuntor estiver aberto.
Para instalações existentes, implementar intertravamentos. Veja
Figura 3.
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Proteção
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ividade
Figura 3 – Intertravamentos.
Figura 4 – Painel à prova de arco interno.
• Painéis à prova de arco interno
É necessária a utilização de painéis à prova de arco interno,
pois em painéis convencionais, em caso de arco interno, uma
pessoa pode morrer mesmo estando a alguns metros de distância
do painel. Veja Figura 4.
• Proteção física das partes vivas
• Utilização de trincos/fechos que pessoas leigas não consigam
abrir;
• Utilizar chapas de policarbonato para a proteção de barramentos
de quadros;
• Utilizar barreiras;
• Encapsulamento de barramentos.
• Inspeções termográcas
As inspeções termográcas periódicas (bimensais, trimestrais,
quadrimestrais, semestrais ou anuais) identicam pontos de
aquecimento que podem culminar em arcos elétricos e, logo, é um
instrumento de manutenção preditiva. Veja Figuras 7 e 8.
• Controle de acesso
Criar uma forma de controle de acesso às subestações/salas
elétricas (chaves, cartões magnéticos, controle digital, etc.).
•Vestimentas “ame retardantes” e EPIs adequados
Utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e
vestimentas adequadas, determinadas por um estudo minucioso
de “Arc ash evaluation”, constitui-se uma forma eciente e
Figura 6 – Camisa risco 2.
Figura 5 – Etiqueta gerada no estudo de “Arc ash evaluation”.
responsável de proteção, inclusive prescrita pela norma NR 10. A
Figura 5 ilustra uma etiqueta típica que um estudo de “Arc ash”
gera. A Figura 6 indica uma vestimenta típica, categoria 2.
Figura 7 – Imagem real e térmica (termograma) gerada durante uma
inspeção termográca.
Figura 8 – Câmera infra-red para inspeção termográca.
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O Setor Elétrico / Julho de 2010
A p o i o
• Inspeções por ultrassom
O ultrassom pode e deve ser utilizado de forma a identicar
falhas (descargas parciais) ainda em sua fase embrionária, evitando,
assim, a formação futura de arcos. Veja Figura 9.
Figura 9 – Equipamento para inspeção termográca.
• Relés sensíveis à luz/Relés de proteção de arco
Conforme mostrado no capítulo anterior, as faltas por
arco geram elevadas temperaturas, as quais retiram material
das extremidades e os transforma em vapor metálico, que se
espalha no compartimento em que ocorre a falta e também
em outros, que, além de aumentar os danos, pode transformar
a falta por arco em faltas múltiplas (bifásica, trifásica, etc).
Por suas características, além do alto poder de destruição
dos equipamentos, as faltas são também extremamente danosas
às pessoas que se encontram em suas circunvizinhanças. O
risco de vida, muitas vezes, existe mesmo a vários metros do
ponto onde ocorreu o arco. Visando a reduzir tanto os danos aos equipamentos como
às pessoas, as pesquisas mostraram que a redução do tempo
de eliminação de falta é de vital importância. Foi então a
partir daí que surgiram os relés sensíveis à luz.
As principais característ icas dos relés de proteção de arco
são apresentadas a seguir:
• Podem utilizar fibras óticas sensíveis para a detecção de
luz;
• Podem utilizar sensores pontuais;
• O tempo de atuação do relé muito baixo (ordem de 2.5 mspara saída de estado sólido e 15 ms para saída a relé);
• O “trip” (desligamento) pode ser programado para atuar
somente por luz;
• O “trip” (desligamento) pode ser programado para atuar por
luz + sobrecorrente;
• Monitoramento do estado físico das fibras sensoras;
• Permitir seletividade lógica;
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Prot
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• Proteção de “break failure”;
• A extensão máxima da fibra sensora ( loop) é da ordem de
60 m;
• Monitoramento de falha interna do relé.
• Danos devido a faltas por arco
As faltas por arco geram elevadas temperaturas as quaisretiram material das extremidades e transforma-os em vapor
metálico, que se espalha no compartimento onde ocorre a
falta e também em outros, que além de aumentar os danos
pode transformar a falta por arco em faltas múltiplas (bifásica,
trifásica, etc.).
A importância do tempo na eliminação do arco
Um baixo tempo de eliminação do arco é um elemento
primordial na preservação de vidas e equipamentos/
sistemas elétricos e na recolocação do sistema em operação
rapidamente. Quando o arco é eliminado em até 35 ms, os danos às
pessoas/equipamentos são irrelevantes. Se a eliminação
ocorre em até 100 ms os danos às pessoas não são sérios
(no que tange à queimaduras) e ocorrem pequenos reparos
no sistema e equipamentos. Até 500 ms, os ferimentos às
pessoas quase sempre são sérios e os danos aos equipamentos
e sistema são graves, sendo o tempo de retomada/recolocação
em serviço e retomada de produção elevados.
Apresentam-se nas páginas seguintes fotos típicas de faltas
por arco reais ocorridas em uma planta industrial, em que
um curto-circuito ocorreu em uma gaveta de 480 V (Figura10). Houve a perda de toda a coluna (Figura 11) e também de
outras colunas (Figuras 12 e 13). Como passava um leito de
cabos (cabos de SDCD, cabos de instrumentação, cabos de
comando, cabos de sinais) sobre o painel, os cabos acabaram
também por queimar (Figura 14), paralisando a planta por
trinta dias e promovendo um prejuizo de mais de 50 milhões
de dólares.
Figura 10 – Curto à terra por arco em uma gaveta de 480 V.
Figura 11 – Queima de uma coluna devido a curto à terra por arco.
Figura 12 – Queima de várias colunas devido a falta à terra por arco.
Figura 13 – Queima de várias colunas devido a falta à terra por arco e
queima de cabos no leito sobre o painel.
Figura 14 – Situação dos cabos do leito sobre o painel que sofreu curto à
terra por arco.
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A p o i o
Proteção
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ividade
Figura 15 – Como passar a blindagem dentro de TCs toroidais.
Figura 16 – Proteção de falta à terra pela utilização de relé de
sequência de fase.
• Casos de curto-circuito à terra mínimos em sistemas concessionários
É comum as concessionárias utilizarem uma impedância de ZG =
40 Ohms no neutro para simular um
curto-circuito mínimo à terra com o intuito de avaliar a eciência/
sensibilidade da proteção de falta à terra para estes baixos valores.
Lembramos que este valor deve ser multiplicado por três quando
inserido na equação apresentada no item “valor das correntes à terra”.
• Otimização de ajustes de unidades de sobrecorrente de falta à terra
em sistemas aterrados por resistência
Nesses sistemas é fundamental que a proteção seja realizada sempre
por TCs “Ground Sensors” ao invés de três TCs ligados na conexão
residual. A técnica consiste em se “tirar” o sinal de trip e diminuir o valor
do ajuste do relé de terra. Deixa-se este ajuste por certo tempo, durante
o qual se faz energizações de equipamentos (transformadores e partida
de motores) e se verica se a proteção não atua nestas condições. Caso
não atue, deve-se diminuir um pouco mais o ajuste do relé de terra e
continuar o processo.
Esta técnica para determinar o menor ajuste conável para os relés
de terra é bem eciente e prática na determinação do ajuste de terra. É
possível chegar a valores da ordem de 2.5 A, ou mesmo menores, o que
é um valor extremamente sensível.
Para que o sistema não que desprotegido (sem o sinal de trip),
recomenda-se a instalação de outro relé em série, com o relé de terra
com um ajuste mais elevado (ajuste imediatamente anterior, já testado)para garantir que, durante o processo de teste, caso ocorra uma falta
real, não coloque em risco o sistema elétrico.
• Faltas à terra de alta impedância em ramais/alimentadores de
distribuição
Quando ocorre uma falta à terra em um sistema de distribuição, seja
pelo rompimento do condutor, seja por falha de isolação, muitas vezes
estas faltas são difíceis de serem detectadas por relés de sobrecorrente
convencionais, principalmente devido à sazonalidade do valor da
impedância de falta. Este fato é extremamente grave, visto que, se a falta
não é eliminada, as pessoas estão expostas ao risco de choque elétrico
e queimaduras. Pode-se utilizar uma das técnicas ou todas, conforme ograu de proteção desejado.
A seguir, algumas técnicas possíveis:
a. Em sistemas solidamente aterrados;
b. Em sistemas aterrados por impedância por meio de relé de sobretensão
(função 59);
c. Em sistemas aterrados por impedância por meio de relé de sobretensão
de terra (função 59N).
a. Faltas à terra em linhas radiais com fonte apenas
de um lado em sistemas solidamente aterrados Existem situações em que a linha aérea atravessa trechos em
que pode haver a presença de pessoas que não conhecem os riscos
da eletricidade e, adicionalmente, essas linhas podem ter seus cabos
rompidos em locais de impedância muito elevada de forma que
a proteção de sobrecorrente terra dicilmente detecte esta falta. É
apresentada na Figura 16 uma forma de se obter a proteção de falta à
terra independentemente do valor da impedância no ponto de falta que
consiste em se instalar um relé de sequência de fase na barra da carga.
Esta técnica também pode ser utilizada em sistemas aterrados
por impedância.
b. Em sistemas aterrados por impedância via relé de
sobretensão (59)
Esta técnica consiste em utilizar um relé de sobretensão no
Alguns casos práticosProcurou-se colocar, neste item, alguns casos da não atuação
da proteção de falta à terra.
• Arcos na mesma fase
Arco nas garras (tulipa) de uma mesma fase de disjuntores
extraíveis constituem-se casos em que já ocorreram em sistemaselétricos. Neste tipo de ocorrência, os relés de sobrecorrente
normais não os identicam como falta. Assim, a forma mais eciente
de se obter proteção consiste na utilização de relés protetores de
arco e também atuar preditivamente com termovisão e ultrassom.
Quando os relés de sobrecorrente identicam a falta, os danos
quase sempre já são sérios e os tempos para recolocação do painel
em serviço são elevados.
• Fechamento errado da malha das blindagens de cabos de
média tensão com a utilização de TCs “Ground Sensors”
Quando se tem TCs toroidais aplicados em cabos com
blindagem, após o fechamento das blindagens das três fases,deve-se voltar com a blindagem por dentro do toroide. A Figura 15
ilustra as ligações corretas e incorretas. Deve-se observar a posição
da fonte (source) em relação à carga (load).
O fechamento errado das malhas de aterramento pode fazer o relé de
terra não operar. Veja as formas errada e correta de se fazer o fechamento.
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O Setor Elétrico / Julho de 2010
A p o i o
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,
montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresaEngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃOConra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail [email protected]
Figura 17 – Proteção de falta à terra por meio da utilização de relé de
sequência de sobretensão.
Figura 18 – Proteção de falta à terra por meio da utilização de relé de
sequência de sobretensão de sequência zero.
Nota: O objetivo de temporizar esta função é o de coordenar com os
relés de sobrecorrente de falta à terra.
c. Sistemas aterrados por impedância usando relé de
sobretensão de terra (59N)
Esta técnica consiste em empregar um relé de sobretensão no
secundário de 3 TPs (de grupo de ligação 3) conectados em estrela
aterrada no primário e no secundário, podendo-se utilizar a função
59N calculada pelo relé ou o secundário ligado em delta aberto
utilizando a função 59N pela entrada física no relé. Sem falta à terra,
a somatória das tensões de fase no delta aberto é zero. Quando uma
fase vai à terra, a tensão nos terminais aumenta normalmente entre
duas a três vezes a tensão do secundário do TP. Deve-se calcular
o valor desta sobretensão para ajustar o relé. Temporiza-se esta
unidade para coordenar com os relés de sobrecorrente de falta à
terra. A Figura 18 ilustra o exposto.
secundário de 3 TPs (de grupo de ligação 3) conectados em estrela
aterrada no primário e no secundário. Quando uma fase vai à terra,
a tensão nas outras duas sobe, o relé de sobretensão identica e
envia o sinal de trip via bra, como indicado na Figura 17. Deve-se
calcular o valor desta sobretensão para ajustar o relé.
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O Setor Elétrico / Agosto de 2010
A p o i o
Proteção
e
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ividade
Na elaboração deste capítulo sobre proteção dosmotores, foram consultadas as seguintes normas/guias:
• ANSI C37.96-2000
• NEMA MG-1
• NFPA 20 – Standard for the Installation of Centrifugal
Fire Pumps
• NEC
Proteções utilizadas Os estudos do Institute of Electrical and
Electronic Engineers (IEEE) e Electric PowerResearch Institute (EPRI) indicam que, em média,
33% das falhas em motores são elétricas, 31%
são mecânicas e 35% são devidas ao ambiente,
manutenção e outras razões. Assim, a adequada
seleção e ajuste do motor são fundamentais para a
boa perfomance do sistema.
Apresenta-se na Figura 1 as proteções mais
comumente utilizadas para a proteção de motores
de média tensão.
Em que:
49 – Sobrecarga
48 – Sequência incompleta
46 – Desequilíbrio de corrente
37 – Marcha a vazio
50 – Unidade instantânea
51LR – Rotor bloqueado após a partida
66 – Número de partidas por hora
50 GS – Unidade instantânea “Ground Sensor”
51 GS – Unidade temporizada “Ground Sensor”
87 – Diferencial38 – RTD (Proteção de Mancal)
49S – Sobrecarga térmica do estator
Pontos a serem observados(a) Corrente (IP) e tempo (TP) de partida
É necessário conhecer a corrente e o tempo
de partida do motor. O ideal é ter a oscilograa,
principalmente dos motores de média tensão.
Duração
Depende da máquina acionada.
Quando não se dispõe de dados típicos para o
tempo de partida, o ideal é fazer a simulação do
tempo de partida. Se não se dispuser de um software
para a realização da simulação dinâmica da partida
do motor, os seguintes valores podem ser utilizados
como referência:
• Bomba: 5 s
• Compressor: 10 s
• Ventilador: não dá para estimar
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo VIII
Proteção de motores
Figura 1 – Proteções típicas para motores de média tensão.
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A p o i o
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O Setor Elétrico / Agosto de 2010
A p o i o
(d) Comportamento do motor de indução
Na partida
Na partida, o motor de indução pode ser representado
como carga de impedância constante. Isso significa:
(Z= k = CTE) P = V2 / Z = k V2 (Parábola)
Figura 2 – Curva tempo versus corrente típica para proteção de motores
de média tensão.
• Moinhos: não dá para estimar
O valor da corrente de partida pode ser obtida do data sheet
do motor. Algumas vezes é encontrado na placa. Quando não se
dispõe, pode-se adotar o seguinte:
• Motor de média tensão: 6xIn• Motor de baixa tensão: 8xIn
(b) Ponto do tempo de rotor bloqueado (TRB)
Este dado deve ser obtido com o fabricante, visto ser um dado
de projeto do motor. Não consta na placa e deve ser solicitado ao
fabricante o TRB a frio (motor parado = em equilíbrio térmico com
o ambiente) e o TRB a quente (motor operando e na temperatura
ambiente de projeto).
Duração
Depende do projeto da máquina. Os valores normalmente podemvariar de 5 s a 25 s, sendo mais comum da ordem de 15 s a 17 s.
(c) Curva típica de proteção
Apresenta-se na Figura 2 a curva tempo versus corrente típica
para a proteção de motores de média tensão.
Como pode ser observado na Figura 2, a curva do dispositivo
de proteção passa abaixo do ponto de rotor bloqueado (a quente).
Porém, na prática, para garantir a proteção do motor, deve-se
passar abaixo de toda curva de capacidade térmica do motor,
protegendo-a integralmente em toda a sua extensão. A curva
do relé deve passar aproximadamente 10% abaixo da curva de
capacidade térmica nominal para a proteção do motor.
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Proteção
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ividade
Figura 3 – Curva característica P x V (Potência versus Tensão) para
motor de indução na partida.
Figura 4 – Curva característica P x V (Potência versus Tensão) para o
motor de indução:
(a) Comportamento da potência ativa e (b) Comportamento da potênciareativa.
A Figura 3 mostra a característica P x V (Potência versus Tensão).
Quando a tensão cai, a potência e a corrente também caem.
Em regime
Em regime, o motor de indução pode ser representado como
carga de potência constante (potência ativa). A potência reativa
pode ser representada como carga de corrente constante. A Figura
4 mostra as respectivas características.
Pela Figura 4(a) percebe-se que, se a tensão decresce para
manter a potência (ativa = potência no eixo) constante, a corrente
tem de aumentar (P = V x I). Já na Figura 4(b) nota-se que se a tensão
cai, a potência reativa também cai.
Ainda analisando-se a Figura 4(a), pode-se entender a razão
pela qual é prática comum utilizar-se de relés de subtensão
(função 27) em CCM’s. Quando a tensão cai, a corrente aumentae assim o relé 27 trabalha como backup para sobrecarga nos
motores de indução.
Motores de média tensão Antigamente eram necessários vários relés para desempenhar as
funções recomendadas para a proteção de um motor. Atualmente,
os relés já possuem incorporadas as funções: desequilíbrio de
corrente, sequência incompleta, marcha a vazio, etc.
As funções mais usuais são: 49, 50, 46, 48, 51 LR, 50 GS, 66 e 38.
49 – Função sobrecarga térmica50 – Função de sobrecorrente instantânea
46 – Função desequilíbrio de corrente
48 – Função sequência incompleta (proteção de rotor bloqueado
na partida)
51LR – Função rotor bloqueado (após o motor partir)
50GS – Função de sobrecorrente instantânea “ground sensor”
66 – Função do número de partidas
38 – Função de temperatura dos enrolamentos (RTD – Resistance
Temperature Detectors)
A função de proteção de rotor bloqueado é muitas vezesdesignada como mechnical jam.
Apresentam-se a seguir os ajustes típicos normalmente praticados.
Função 49
Para se proteger adequadamente um motor termicamente
deve-se ajustar a proteção de forma que a curva característica t x I
do relé passe abaixo da curva térmica de dano completa do motor,
a qual traduz a suportabilidade térmica do motor na condição de
regime, partida ou aceleração e rotor bloqueado.
O IEEE Std 620 padroniza a forma de apresentação da curva
de dano (limite térmico) dos motores para três condições: (a) rotorbloqueado, (b) partida e (c) em regime. Essas curvas devem ser
solicitadas ao fabricante.
A maior parte dos relés digitais atuais possui um algoritmo
interno que simula o limite térmico do estator, o qual é representado
pela equação:
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Proteção
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ividade Em que:
T = Tempo de operação do relé [s]
T = Constante de tempo de aquecimento do motor [s]
IP = Corrente antes do pick up (previous load) [pu]
K = Constante
IB = Corrente base de referência [pu]I = Corrente no relé em múltiplos da corrente de ajuste
A função 49 deve ser ajustada em:
I49 = 1 a 1,05 x IN-MOTOR.
Curva térmica: Deve permitir o motor partir (> TP) e ficar
abaixo da curva I2t de rotor bloqueado (definida pelo ponto IRB
e tRB
). Algumas vezes pode-se utilizar toda capacidade térmica
da máquina aplicando-se os fatores correspondentes devidos
ao fator de serviço.
Particularidade – Capacitor chaveado com o motor
Quando capacitores são chaveados com motores, ou seja,
os capacitores estão conectados entre o motor e o dispositivo
de manobra (contator ou disjuntor) e a proteção está à
montante do ponto de conexão do capacitor, parte do reativo
do que vinha da rede (sistema) para suprir a corrente nominal
(In) passa a ser entregue agora pelo capacitor (Ic) e o relé
Figura 5 – Esquema unilar de capacitores chaveados com o motor.
Figura 6 – Diagrama fasorial para o esquema unilar apresentado na
Figura 5.
“enxerga”, em condições de regime, uma corrente menor que
a nominal (Is). Dessa maneira, caso não se corrija a corrente
que o relé enxerga, na ocorrência de uma sobrecarga, o motor
não estará adequadamente protegido.
A Figura 5 apresenta o esquema unifilar mostrando a
situação sem e com o banco de capacitores e a Figura 6 mostra
o respectivo diagrama fasorial.
Fenômeno quando capacitor é chaveado com o motor
Em regime, quando o capacitor é chaveado com o
motor, o capacitor se carrega, e a força contra-eletromotriz
(f.c.e.m.) do motor é suprida pelo sistema. Nestas condições,
este fasor (f.c.e.m) gira sincronizadamente com o fasor de
tensão da rede. Quando o motor é desligado, o fasor da força
contra-eletromotriz do motor passa a se r suprido pela tensão
do capacitor (que se encontrava carregado), mantendo o
magnetismo remanente no ferro do motor. Porém, o fasor
começa a abrir o seu ângulo de fase em relação à tensão darede. Se o contator for fechado em uma s ituação tal que este
fasor esteja em “contra-fase”, a tensão no motor pode chegar
a duas vezes a tensão nominal do motor, o que implica
um torque de partida de quatro vezes o torque de partida
nominal.
Para que isso não ocorra, o tamanho do capacitor (kVAr
total do banco) a ser chaveado com o motor não deve ser maior
que o capacitor máximo admissível que consta no “data sheet”
do motor, que é fornecido pelo fabricante.
Quando não se dispõe deste valor, deve-se dimensionar os
kVAr totais do banco de capacitores de tal forma que o valorselecionado seja no máximo igual ao dado na equação a seguir.
kVAr = 0.9 x x kVN-MOTOR x Io
Io = Corrente à vazio nominal do motor [A]
Nota: A corrente a vazio do motor pode ser medida com o
motor sem carga.
Função 50 (unidade instantânea)
Se o dispositivo de manobra do motor é disjuntor, deve ser
ajustada em um valor tal que permita o motor partir.
I50 = 1.1 x 1.6 x IP-SIMÉTRICA = 1.76 x IP-SIMÉTRICA.
Se o dispositivo de manobra do motor é contator, deve-se
preferencialmente bloquear esta função, deixando-a a cargo
dos fusíveis, pois se ocorrer um curto-circuito de elevada
magnitude os contatores não terão capacidade para interromper
a corrente de curto-circuito, podendo até mesmo explodir.
Quando se utiliza fusíveis, o calibre máximo a ser utilizado
deve ser de 300% de In.
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O Setor Elétrico / Agosto de 2010
A p o i o
Figura 7 – Máxima corrente de sequência negativa no motor: perda de
fase.
Função 46 (Desequilíbrio de corrente).
I46 < 0.15 x IN-MOTOR (ou 25% de desequilíbrio)
t46 = 3.5 s
O valor máximo permitido para o ajuste da proteção de
sequência negativa deve ser de 15%.
O desequilíbrio máximo ocorre quando o motor perdeuma fase, conforme mostrado na Figura 7. Nessas condições, a
corrente de sequência negativa é dada por:
Função 48 (sequência incompleta/
rotor bloqueado na partida)
Esta função deve atuar se o motor não conseguir completar a
sequência de partida e, assim, deve ser ajustada de modo a permitir
o motor partir, porém, o ajuste de temporização deve car abaixo
do tempo de rotor bloqueado.
I48 = (1.5 a 2) . In
1.1 x TP < t48 < TRB
Função 51LR (rotor bloqueado após a partida ou
mechanical jam)
I51LR = (1.5 a 2) . In
t51LR = 2 s
Função 50GS (proteção ground sensor do motor)
I50GS = 15 a 20 A – (ou 0.2 x IN-MOTOR)
t50GS = 0 (se o dispositivo de manobra é disjuntor)
t50GS = 400 ms (se o dispositivo de manobra é contator e o neutro do
transformador de força é aterrado por resistor)
Notas:
1 - Observar que podem ocorrer desligamentos devido à má
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O Setor Elétrico / Agosto de 2010
A p o i o
Figura 8 – Limites de temperaturas para as classes de isolamento.
Proteção
e
selet
ividade distribuição dos cabos de média tensão dentro da janela do TC
toroidal, principalmente para motores de grande porte.
2 - Quando o dispositivo de manobra do motor é contator deve-se
preferencialmente bloquear esta função, se o sistema é solidamente
aterrado, deixando-a a cargo dos fusíveis, pois se ocorrer um curto-
circuito de elevada magnitude os contatores não terão capacidade
de interrupção, podendo até mesmo explodir. Outra forma é ajustaruma temporização intencional para a função 50GS de maneira a
garantir que os fusíveis operem primeiro quando a corrente de falta
for superior à capacidade de interrupção do contator (sem fusíveis).
3 – Quando o sistema é aterrado por resistência, o valor deste ajuste
normalmente não deve ultrapassar a 10% do valor da corrente do
resistor de aterramento.
Função 49S (RTD´s)
A classe de isolamento dos motores é apresentada na Figura 8.
Nesta gura, mostra-se o valor da temperatura ambiente (adotado
como sendo 40 ºC) e, em função da classe de temperatura,apresenta-se um limite de aumento de temperatura. Para cada classe
é também mostrado o limite máximo permitido de temperatura.
Como exemplo, a classe de isolamento F possui um limite de
aumento de temperatura de 100 ºC e a temperatura máxima
permissível para esta classe é de 155 ºC.
Na Tabela 1, apresentam-se valores sugeridos para alarme e trip
em função do tamanho do motor, tensão e classe de isolamento.
T ABELA 1 – V ALORES SUGERIDOS DE ALARME E TRIP PARA AJUSTE DE RTD’ S
Função 66 (partidas por hora)
Para o correto ajuste desta proteção deve-se verificar o
“data sheet” do motor, o qual apresenta o número de partidas
permitido por hora, em função do regime de funcionamento
para o qual o motor foi projetado.
Função 27 (subtensão)
É antes uma proteção coletiva de motores e nãoindividual, pois é instalada na entrada de um CCM. Assim,
em instalações em que se tem motores de indução deve-se
prover um relé de subtensão, pois, conforme explicado
anteriormente, se a tensão cai, a corrente de reg ime do motor
aumenta (carga de potência constante), podendo danificar
os motores.
Assim, utiliza-se um relé 27 ajustado, conforme segue:
• Pick up: 80% Vn
• Temporização: 2 s
O número 80% na grande maioria das vezes atende
devido ao fato de que as quedas de tensão na partida
normalmente não excedem 12%. Como as concessionárias
podem ter até 7% de queda (Aneel: +5% e -7%), chega-se a
19%.
Motores de baixa tensão Normalmente são protegidos por relé térmico e fusível
retardado.
A função 49 tem o ajuste do relé térmico normalmente
feito na corrente nominal (In) do motor (ou 1,05 x In), umavez que os relés térmicos já apresentam um valor de partida
superior à corrente ajustada. Caso o motor possua um fator
de serviço (FS) superior a 1, pode-se ajustar a unidade
térmica com o valor de In x FS.
Os fusíveis são escolhidos de modo que seja permitida a
partida do motor, mas não devem ser maiores a 300% de In.
É importante observar que atualmente os relés digitais
aplicados a motores de baixa tensão já vem com praticamente
quase todas as funções de proteção dos motores de média
tensão e, assim, devem seguir as mesmas recomendações
descritas no item anterior.
Observações:
• Os dispositivos de proteção devem proteger a curva
térmica do motor (Tempo de rotor bloqueado – TRB).
• Os dispositivos de proteção devem ser ajustados de modo
a permitir circular a corrente de partida [Curva da corrente
de partida ou no mínimo checar o ponto (IP;TP)].
• Os dispositivos de proteção instantâneos não devem atuar
para as correntes assimétricas de partida.
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O Setor Elétrico / Agosto de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade Resumo dos ajustes típicos:
( B ) MOTOR DE MÉDIA TENSÃO COM DISJUNTOR – AJUSTE DE FASE
( C ) MOTOR DE MÉDIA TENSÃO COM CONTATOR – AJUSTE DE TERRA
Função 49
I49
= 1 a 1,05 x IN-MOTOR
Curva térmica: Acima de T P (> T
P ) e abaixo de T
RB.
Função 46 I
46 � 0.15 x I
N-MOTOR (ou 25% de desequilíbrio)
t46
= 3.5 sFunção 48
I48 = (1.5 a 2) x IN-MOTOR1.1 x T P < t
48 < T
RB
Função 51LR
I51LR
= (1.5 a 2) x IN-MOTOR
t51LR
= 2 sFunção 50
I50
= ∞ (Bloqueado = Contator)
t50
= MáximoFunção 38
θ ALARME
= θCL.ISOL-10 oC θ
TRIP= θ
CL.ISOL (kVN_MOTOR � 7)
θTRIP
= θCL.ISOL
-5 oC (kVN_MOTOR > 7)Função 37 (Só p/ Bomba Centrifuga)
I37
= 0.1 x IN-MOTOR
t37
= 3.5 sFunção 66
Ajuste = 2 partidas/hora
Função 49 I
49 = 1 a 1,05 x I
N-MOTOR
Curva térmica: Acima de T P (> T
P ) e abaixo de T
RB.
Função 46
I46
� 0.15 x IN-MOTOR
(ou 25% de desequilíbrio)
t46
= 3.5 sFunção 48
I48
= (1.5 a 2) x IN-MOTOR
1.1 x T P < t
48 < T
RB
Função 51LR
I51LR
= (1.5 a 2) x IN-MOTOR
t51LR
= 2 sFunção 50
I50
= 1.76 x IP-SIMÉTRICA
t50 = Mínimo Ajuste Relé (< 50 ms)Função 38
θ ALARME
= θCL.ISOL
-10 oC θ
TRIP= θ
CL.ISOL (kVN_MOTOR � 7)
θTRIP
= θCL.ISOL
-5 oC (kVN_MOTOR > 7)Função 37 (Só p/ Bomba Centrifuga)
I37
= 0.1 x IN-MOTOR
t37
= 3.5 sFunção 66
Ajuste = 2 partidas/hora
Função 51GS
I51GS
= 15 a 20 A (0.2 x IN-MOTOR
)t
51GS = 400 ms (se for aterrado por resistência)
(coordenar c/ fusível + contator se solidamenteaterrado)
Função 50GS
I50
= ∞ (Bloqueado)
t50
= Máximo
Figura 9 – Ajustes típicos de fase para motores de média tensão com contator e fusíveis.
Figura 10 – Ajustes típicos de fase para motores de média tensão com disjuntor.
Figura 11 – Ajustes típicos de terra para motores de média tensão com contator e fusíveis.
( A ) MOTOR DE MÉDIA TENSÃO COM CONTATOR – AJUSTE DE FASE
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O Setor Elétrico / Agosto de 2010
A p o i o
( D ) MOTOR DE MÉDIA TENSÃO COM DISJUNTOR – AJUSTE DE TERRA
( E ) MOTOR DE BAIXA TENSÃO COM CONTATOR – AJUSTE DE FASE
( F ) MOTOR DE BAIXA TENSÃO COM CONTATOR – AJUSTE DE TERRA
Função 49
I49
= 1 a 1,05 x IN-MOTOR
Curva térmica: Acima de T P (> T
P ) e abaixo de T
RB.
Função 46
I46
< 0.15 x IN-MOTOR
(ou 25% de desequilíbrio)
t46 = 3.5 sFunção 48
I48
= (1.5 a 2) x IN-MOTOR1.1 x T
P < t
48 < T
RB
Função 50
I50
= ∞ (Bloqueado = Contator)
t50
= Máximo
Função 51GS
I51GS
= 15 a 20 A (0.2 x IN-MOTOR
)t
51GS= 400 ms se aterrado por resistência.
(Coordenar com Fusível + Contator se solidamente aterrado)
Função 50GSI50
= ∞ (Bloqueado)
t50
= Máximo
Figura 12 – Ajustes típicos de terra para motores de média tensão com
disjuntor.
Figura 13 – Ajustes típicos de fase para motores de baixa tensão com
contator e fusíveis.
Figura 14 – Ajustes típicos de terra para motores de baixa tensão com
contator e fusíveis.
• aquecimento = 30 a 120 minutos (1.800 a 7.200 segundos)
Para o motor resfriar, na falta das informações do fabricante, a
seguinte faixa pode ser utilizada:
• Resfriamento = 3 a 5 vezes τAquecimento (3.600 a 7.500 segundos)
Bomba de incêndio com acionamento elétrico
A norma NFPA 20 “Standard for the Installation of CentrifugalFire Pumps”, no item 7-4.3.3, subitem 2, prescreve que as bombas
de incêndio elétricas devem possuir elementos de proteção de
sobrecorrente sensíveis do tipo “Não Térmico”. Na seção 7-4.4, subitem
1, para um motor do tipo gaiola, o dispositivo de proteção deve:
(a) Proteger o motor contra travamento do rotor;
(b) Ser calibrado para ter um pick up de 300% da corrente nominal do
motor.
A norma americana NEC (NFPA 70), na Seção 695.6, subitem
D, prescreve que o circuito do motor não deverá ter proteção contra
sobrecargas. Deverá ter apenas proteção contra curto-circuito.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃOConfira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,
montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
Constantes de tempo de aquecimento e resfriamento
Sempre se deve consultar o fabricante do motor. Porém, nem sempre se
tem as constantes de tempo de aquecimento e resfriamento de um motor.
Na falta dessas informações, há a indicação de uma faixa típica,
apresentada a seguir:
Função 51GS
I51GS
= ∞ (Bloqueado)
t51GS
= Máximo
Função 50GSI50
= 15 a 20 A (0.2 x IN-MOTOR
)t
50 = Mínimo (� 50 ms)
Nota: Fusível máximo admissível 300% x IN-MOTOR.
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O Setor Elétrico / Setembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Normas e guias Para o desenvolvimento deste capítulo, proteção
dos transformadores, as seguintes normas/guias foram
consideradas:
- ANSI C37.91-2000
- IEEE Std C57.109-1993
- ANSI C57.12.00-2000
- NEC 2005
- NBR-5356-1993
- NBR 10295-1988
Pontos a serem observadosa) Ponto Inrush (CET)
É a corrente de energização do transformador. A
corrente de magnetização de um transformador ocorre,
entre outras, nas seguintes situações:
• Energização do transformador;
• Ocorrência de falta externa;
• Tensão de restabelecimento após a eliminação de
uma falta externa;• Mudança no tipo de falta durante uma contingência,
como de falta fase-terra, para falta
fase-fase-terra;
• Ao paralelar um transformador já energizado
com outro.
A corrente de magnetização circula apenas no
enrolamento primário. Assim, deve-se tomar certas
precauções com as proteções diferenciais e proteção
de terra do primário, pois poderá haver desligamento
indevido na energização.
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo IX
Proteção dos transformadores –Parte I
A forma de onda, a duração e o valor da corrente
inrush dependem de vários fatores:
• Tamanho do transformador: quanto menor o
transformador, maior a corrente inrush em múltiplos
da corrente nominal. Quanto à duração, quanto
maior o transformador, mais tempo irá durar a
corrente inrush.
• Impedância do sistema atrás do transformador:
quanto maior a potência de curto-circuito do sistema
que ca atrás do transformador maior poderá ser a
corrente inrush. A duração poderá aumentar se a
potência de curto-circuito for baixa.
• Das propriedades magnéticas do material do núcleo:
quanto pior a qualidade da chapa utilizada para a
confecção do núcleo, mais severa será a corrente de
magnetização do transformador. Os transformadores
atuais são projetados com chapas de aço silício
laminado com grão orientado cujas densidades
de uxo variam entre 1.5 a 1.75 Tesla. Quando os
transformadores são projetados com estas densidades
de uxo a corrente inrush é menor.
• Do uxo remanescente no núcleo: ao desenergizar
o transformador, um uxo remanescente permanece
no núcleo. Ao reenergizar o transformador, se houver a
combinação mais desfavorável da fase da tensão com
o uxo remanescente, as densidades de uxo podem
atingir valores de 2xBMáx+Br, em que BMáx é a densidade
de uxo máxima e Br é a densidade de uxo residual.
As densidades de uxo residuais podem ser da ordem
de 1.3 a 1.7 Tesla. Como referência, a densidade
de uxo (B) remanescente no núcleo apresenta os
seguintes valores típicos:
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O Setor Elétrico / Setembro de 2010
A p o i o
Chapa de grão orientado BRemanescente = 0.9 BMáx
Chapa de grão não orientado BRemanescente = 0.7 BMáx
• Valor instantâneo da tensão quando o transformador é energizado:
na energização, o transformador é quase que “puramente indutivo”.
Num circuito “puramente” indutivo, a corrente está atrasada de
90º da tensão. Isso signica que, quando a tensão está passando
por zero, a corrente está no seu valor máximo. Assim, chavear otransformador com a tensão passando por zero é a condição mais
adversa em termos de valor da corrente inrush.
• Forma como o transformador é energizado: o valor da corrente
“inrush” depende da área de seção entre o núcleo e o enrolamento
que está sendo energizado, de forma que valores maiores são
obtidos quando o enrolamento interno (de menor diâmetro) é
energizado primeiro. Por questões de isolação, os enrolamentos
de menor tensão são normalmente projetados para serem internos
e os de maior tensão para serem externos. Com esta losoa, se
os transformadores são abaixadores, a ordem de grandeza das
correntes de magnetização é entre cinco a dez vezes a correntenominal. Se os transformadores são elevadores, a ordem de
grandeza das correntes de magnetização varia entre dez a 25 vezes
a corrente nominal.
Outras literaturas apontam para o indicado na tabela seguinte:
Cálculo da corrente inrush sem levar em conta a
resistência do enrolamento
Quando se fala em transformador, deve-se considerar que ele
é composto de material ferromagnético e, consequentemente, é
saturável e sujeito à curva de histerese B x H, ou φ x i ou v x i, como
apresentado na Figura 1.
T ABELA 1 – V ALORES DE INRUSH DE PICO NO INSTANTE T = 0
Tipo do Transformador
Abaixador
Corrente Inrush de Pico
(no instante t= 0 s)% Múltiplos
Primário conectado em Y aterrada
Primário conectado em Y aterrada
Primário conectado em Delta
Primário conectado em Delta
Elevador
100
140
19-25 x In
30-35 x In
170
250
30-45 x In
50-60 x In
Figura 1 – Curva de histerese
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O Setor Elétrico / Setembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade Do eletromagnetismo, sabe-se que:
(Equação 1) (Equação 2)
(Equação 3)
(Equação 4)
(Equação 6)
(Equação 5)
(Equação 7)
(Equação 8)
(Equação 9)
Isolando se dφ
Como a tensão é senoidal:
Levando-se a equação 3 em 2 e integrando-se obtém-se:
Toda vez que integramos, aparece uma parcela constante, que
representa a condição inicial, que no caso do transformador é o fluxo
remanescente. Sabe-se também que a integral de Sen(ωt) é –Cos(ωt) /
ω. Assim, resolvendo-se a equação 4, chega-se a nas equações 5 e 6:
Imaginando-se que é a primeira vez que o transformador é
energizado e que a chapa ainda não possui magnetismo remanescente
ou residual, ou seja, ΦR ~ 0.
Assim, quando se aplica a tensão v(t) tem-se um fluxo (t), 90°
atrasado, como indicado na Figura 2.
A partir da figura anterior, pode-se montar um ciclo dehisterese, imaginando-se que se energiza o transformador em 90°,
ou seja, em to. Os demais pontos são como mostrados na curva
da Figura 3.
Como pode ser observado na Figura 6, a corrente não tem forma
de onda senoidal e sim, pulsante, sendo que o semiciclo negativo é
ceifado. Dependendo do valor do fluxo remanescente e do instante
Levando-se em conta este novo fluxo na curva de histerese,
obtém-se a curva da Figura 6.
Nesta condição já existe um fluxo remanescente Φ = ΦR. O valor
máximo do fluxo no próximo ½ ciclo (de t3 = 360° até t5 = 540°) será:
ComoΦMáx = VRMS / (4.44 x n x f ), t3 = Φt1 = 360°, t5 = ωt2 = 540°.
Para chapas de grão orientado ΦR = 0.9 ΦMáx
Nesta condição, o fluxo irá modular sobre o valor de ΦR e não
mais no eixo Φv = 0, como indicado na Figura 5.
Imaginando-se agora que se desenergiza o transformador
em t1, ou seja, quando o fluxo é máximo (ângulo de 180°). Na
desenergização, a corrente cai para zero e, assim, H = N. i c ai
para zero e o fluxo que existi rá é o fluxo remanescente ΦR.
Ao se reenergizar o transformador, estaria se ligando um
circuito como mostrado na figura seguinte:
Figura 2 – Tensão e uxo.
Figura 3 – Curva de histerese relativa aos pontos to a t5 da curva da
Figura 2.
Figura 5 – Fluxo remanescente após a desenergização e energização.
Figura 6 – Relação entre uxo, curva de histerese e corrente inrush.
Figura 4 – Circuito relativo à energização de um transformador em
circuito puramente indutivo.
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O Setor Elétrico / Setembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade em que o transformador é energizado, esta onda pode estar do lado
positivo ou negativo. Esta forma de onda é típica de corrente inrush e
é devido a esta forma de onda que o teor de 2ª harmônico é elevado.
Durante a energização de transformadores, a corrente de
magnetização não apresenta forma senoidal.
A decomposição de meia onda senoidal ideal é dada por:
i(t)=√2 . (IRMS / p) {1–(p /2). Sen (ωt) – (2/3) Cos (2ωt) – (2/15) Cos
(4ωt) – (2/35) Cos (6ωt) - ....}
Isso demonstra um teor de 2ª harmônica de 2/3, ou seja, de 66%.
Este fato é de suma importância para o ajuste das restrições
harmônicas dos relés diferenciais. A Tabela 2 apresenta o teor
harmônico típico. Como pode ser observado, o conteúdo de 2ª
e 3ª harmônicas são preponderantes. Deve-se tomar cuidado
com as harmônicas de 3ª ordem, pois, como já demonstrado
anteriormente, estas apresentam características de sequência zero epodem causar a atuação indevida de relés de sobrecorrente de terra
(direcionais ou não).
T ABELA 2 – T EOR HARMÔNICO DA C ORRENTE INRUSH
Harmônicos em Transformadores de Força
Ordem
2o
3o
4o
5o
6o
7o
%
63,0
26,8
5,1
4,1
3,72,4
Cálculo da corrente Inrush levando em conta a resistência
O chaveamento de um transformador que possui resistência de
enrolamento pode ser representado pelo circuito da Figura 7.
As Figuras 9a, 9b, 9c e 9d representam a Figura 9 com “zoom”.
A forma de onda para este caso continua pulsante, entretanto, vai
amortecendo ao longo do tempo.
Figura 8 – Corrente inrush de um transformador real.
Figura 9 – Corrente inrush típica de um transformador. O valor das
correntes Ia (início) = 470 A e Ia (m) = 210 A; Ib (início) = 980 A e Ib
(m) = 260 A; Ic (início) = 650 A e Ic (m) = 77 A.
Figura 9a – Inrush da Figura 9 com zoom.
Figura 9b – Inrush da Figura 9 com zoom+.
Figura 9c – Inrush da Figura 9 com zoom++.
Figura 7 – Circuito relativo à energização de um transformador real.
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A p o i o
Prot
eção
e
seletividade
Figura 9d – Inrush da Figura 9 com zoom++.
Figura 10 – Esquema unilar do exemplo dado.
Como pode ser observado, a corrente inrush decresce com
o tempo e, assim, os valores a seguir podem ser utilizados
como referência, para fins de proteção de sobrecorrente.
Duração
tinrush = 100 ms = 0.1 s (Equação 10)
Valor da corrente para transformadores abaixadores
(Delta no primário)
Os valores a seguir têm sido utilizados nos estudos de
seletividade:
Transformadores a óleo < 1.0 MVA IInrush = 10xIn (Equação 11)
Transformadores a óleo > 1.0 MVA IInrush = 8xIn (Equação 12)
Transformadores a seco - Todos IInrush = 14xIn (Equação 13)
Se o transformador é abaixador e a conexão do primário éestrela aterrada, deve-se multiplicar os valores das equações 11, 12
e 13 pelo fator 1.4.
Se o transformador é elevador e a conexão do primário é delta,
multiplicar os valores das equações 11, 12 e 13 pelo fator 1.7.
Se o transformador é elevador e a conexão do primário é
estrela aterrada, multiplicar os valores das equações 11, 12 e 13
pelo fator 2.5.
Os valores apresentados na tabela anterior ou os fornecidos
pelos fabricantes de transformadores são valores de projeto
considerando-se barramento innito.
Em certas plantas em que o número de transformadores é elevadoe a potência de curto-circuito é baixa, o cálculo da corrente inrush
utilizando-se os valores supracitados, pode-se chegar a números
que não expressam a realidade, visto que a corrente máxima que
uma fonte pode fornecer é a corrente de curto-circuito.
Neste caso, na falta de um critério, pode-se utilizar o critério
seguinte, que consiste em se somar as correntes inrush (de projeto),
transformar estas correntes em uma impedância – Zin – (tanto o
transformador como o motor, na partida, podem ser representados
como uma impedância constante – Vide IEEE Std 399, Brown Book)
e soma-se com a impedância do sistema – Zs.
A nova corrente inrush será:
O exemplo a seguir ilustra o exposto.
Dado o diagrama unilar mostrado na Figura 10, calcule qual
a corrente inrush vista pelo relé de entrada (R1), sabendo-se que
a potência de curto-circuito trifásica (Pcc3φ) da concessionária no
ponto de entrega é de 80 MVA (corrente de 3347 A) e X/R = 8.
O transformador na energização se comporta praticamente como
o motor de indução (praticamente o mesmo circuito equivalente). O
“Brown Book” do IEEE nos diz que o motor de indução se comporta como
uma carga de impedância constante. Logo, o transformador também se
comporta como uma carga de impedância constante e, dessa forma, o
valor da impedância equivalente da corrente inrush é dada por:
Pelo critério do fabricante, tem-se:
Iinrush-5x2500kVA = 5 x 14In = 70 In = 70x104.5 = 7321 A
Iinrush-1x2000kVA = 1 x 8In = 8 In = 8x83.7
= 670 A
Iinrush-1x1000kVA = 1 x 8In = 8 In = 8x41.8
= 334.7 A
Iinrush-total fabric = 8325.6 A
A potência de curto-circuito da planta é de 80 MVA, o que
corresponde a uma corrente de 3347 A.
A corrente inrush não pode ser maior que a corrente de
curto-circuito, haja vista que a fonte (concessionária) irá limitar
a corrente. Então, qual o valor correto a ser considerado?
A impedância da fonte é dada por:
(Equação 14)
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O Setor Elétrico / Setembro de 2010
A p o i o
b) Suportabilidade Térmica (ST)
Define o limite térmico do transformador e depende da norma
em que é fabricado.
Norma NBR 5356/1993
Tempo
tST = 2 s (Equação 15)
Corrente
IST = 100/Z% x In. Se IST > 25xIn ==> I = 25xInv
(Equação 16)
Assim, a impedância total será:
A corrente inrush real será:
Norma ANSI C57.12.00-2000
Esta norma define quatro categorias de transformadores a saber:
Transformadores categoria I
São transformadores trifásicos de 15 kVA a 500 kVA ou de 5
kVA a 500 kVA monofásicos.
Transformadores categoria II
São transformadores trifásicos de 501 kVA a 5000 kVA ou de
501 kVA a 1667 kVA monofásicos.
Transformadores categoria III
São transformadores trifásicos de 5001 kVA a 30000 kVA ou de
1668 kVA a 10000 kVA monofásicos.
Transformadores categoria IV
São transformadores trifásicos > 30000 kVA ou > 10000 kVA
monofásicos.
Norma IEEE Std C57.109-1993 e ANSI C37.91-2000
Estas normas definem as capacidades térmicas dos
transformadores.
As Figuras 11, 12 e 13 mostram estas curvas para as quatro
categorias.
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O Setor Elétrico / Setembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Figura 11 – Curva da suportabilidade térmica de transformadores –
categoria I.
Figura 14 – Curto-circuito fase-terra no secundário de um
transformador triângulo-estrela.
Figura 12 – Curva da suportabilidade térmica de transformadores –
categoria II.
Figura 13 – Curva da suportabilidade térmica de transformadores –
categoria III e IV.
c) Suportabilidade Térmica Deslocada (STD)
Devido à conexão dos transformadores, a corrente de
falta à terra no secundário vista pelo primário, em pu, pode
ser menor. Assim, a suportabilidade térmica do transformador
deve ser deslocada para se garantir a sua proteção. A Figura 14
ilustra a descrição.
Admitindo-se um curto-circuito fase-terra no secundário de um
transformador triângulo-estrela, como sendo igual a 1 pu, impõe
correntes de sequência zero neste secundário, quando o secundário
é aterrado. Entretanto, na linha, no primário não circula corrente de
sequência zero. A corrente de 1 pu na estrela impõe 1 pu dentro do
enrolamento primário correspondente.
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O Setor Elétrico / Setembro de 2010
A p o i o
Figura 15 – Proteção de sobrecorrente de fase típica de um
transformador triângulo-estrela.
Dentro do delta a corrente é igual a . Assim, na
ocorrência de um curto-circuito fase-terra entre os terminais
secundários e a primeira proteção de terra à jusante (quando não
houver de relé de terra no neutro), a proteção primária tem de
garantir a proteção térmica do transformador.
d) Curva típica de proteção de fase Apresenta-se na Figura 15 a proteção típica de fase de um
transformador. Para um curto-circuito no secundário (Ponto B), o
dispositivo de proteção que opera primeiro é o 1, como primeiro
backup o 2 e o segundo backup o 3. A curva de suportabilidade
térmica do transformador está protegida. O ponto CET lançado na
folha de vericação gráca de seletividade (curva tempo x corrente
= TCC – time current curves) só circula no primário e, assim, apenas
a curva 1 irá enxergá-lo, porém, não opera o disposivito de proteção
3 e, dessa forma, permite a energização do transformador. Devido
à elevada impedância do transformador, consegue-se ajustar a
unidade instantânea. Assim, para um curto-circuito no secundário,este dispositivo ca seletivo com as proteções localizadas à jusante
e opera instantaneamente para curtos-circuitos no primário.
Apresenta-se a seguir a nomenclatura utilizada na folha de
vericação gráca de seletividade:A = Corrente nominal do transformadorB = I´cc Sec. referido ao primárioC = I”cc Assim. sec. referido ao primárioD = I´cc no primário
E = I”cc Assim. no primárioCET = Corrente de energização trafo (Inrush)ST = Suportabilidade térmica do transformadorSTD = Suportabilidade térmica deslocada do trafo
58.03/1 =
PROTEÇÃO SECUNDÁRIA DE FASE
(a) Pick-Up Unidade Temporizada
O ajuste típico de pick-up da unidade temporizada é de 1.2 a
1.5 x In do transformador. Entretanto, existem casos em que não se
consegue seletividade. Nestas situações, pode-se elevar os valores
tomando-se como valores máximos aqueles prescritos no NEC, e
sintetizados na tabela a seguir.
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O Setor Elétrico / Setembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade (b) Temporização (da Unidade Temporizada)
Deve coordenar com a maior saída do circuito secundário.
(c) Unidade Instantânea
Como normalmente o transformador alimenta um painel com
várias saídas, via de regra, esta unidade ca bloqueada, pois, de
outra forma, para um curto-circuito em qualquer saída irá ocorrer odesligamento de todas as outras saídas (pela atuação desta unidade
de entrada).
T ABELA 3 – PRESCRIÇÕES DO NEC
Ajustes máximos dos relés de sobrecorrente segundo o nec em múltiplos de in
Z%
Z% < 6
6 < Z% < 10
Disjuntor
6,0
4,0
Disjuntor
3,0
2,5
PRIMÁRIO
Vn > 600 V
SECUNDÁRIO
Fusível
3,0
2,0
Fusível
1,5
1,25
Vn < 600 V
Disjuntor ou
Fusível
2,5
2,5
Vn > 600 V
Extraído do NEC 2005 - National Electric Code 2005
Proteção secundária: Pick-up máximo = 2.5 x In (se Z>6) ou
• = 3 x In (Z<6)
Proteção primária: = Pick-up máximo = 2.5 x In (se não houver
proteção ajustada até 2.5
o In no secundário)
Proteção primária: = Pick-up máximo = 6 x In (Se Z%<6) ou
• = 4 x In (Se Z%>6)
o Nota: deve existir proteção ajustada até 2.5 In no secundário
É óbvio que quanto mais se aumenta o ajuste de um
dispositivo de proteção, mais se diminui o seu grau de proteção.
Deve-se procurar manter os ajustes os mais baixos possíveis, comseletividade e continuidade operacional.
PROTEÇÃO PRIMÁRIA DE FASE
(a) Pick-Up Unidade Temporizada
O ajuste típico de pick-up da unidade temporizada é de
1.2 a 1.5 x In do transformador. Entretanto, existem casos
em que não se consegue seletividade. Nestas situações,
pode-se elevar os valores tomando-se como valores
máximos aqueles prescritos no NEC [23], e sintetizados na
Tabela 6.2.
(b) Temporização (da Unidade Temporizada)
Deve coordenar com a proteção secundária (relé secundário
ou maior saída quando não houver proteção secundária) e permitir
circular sem operar o somatório das correntes de carga mais o
maior motor partindo.
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O Setor Elétrico / Setembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
(c) Pick-up da Unidade Instantânea
O pick-up da unidade instantânea do primário deve ser ajustada
para atuar 10% acima do curto-circuito subtransitório assimétrico
no secundário, referido ao primário. Deve-se vericar também se o
ajuste permite a corrente de energização do trafo (inrush).
PROTEÇÃO DE TERRA DO SECUNDÁRIO(a) Pick-up da Unidade Temporizada
Depende do tipo de aterramento e da tensão secundária.
Sistemas aterrados por resistência são ajustados para 10% da
corrente do resistor.
Sistemas solidamente aterrados de baixa tensão são ajustados
no máximo em 1200 A.
(b) Temporização
Devem coordenar com a maior saída da barra. Em sistemas
de média tensão, aterrados por resistência, deve-se proteger olimite térmico da resistência (por exemplo 10 s). Em sistemas de
baixa tensão, devem proteger o NEC (3000 A; 1 s). Deve-se manter
os tempos sempre os mais baixos possíveis, com seletividade e
proteção. Atualmente, além da proteção de sistemas, a proteção de
pessoas também entrou em foco. Estudos de Arc Flash (riscos das
faltas por arco) complementam com muita propriedade os estudos
de seletividade. É uma boa prática em sistemas de baixa tensão
ajustar I-STD abaixo do valor mínimo provável de arco (proteção
de backup de terra).
(c) Unidade Instantânea
Via de regra, deve ser bloqueada pelas mesmas razões expostas
na proteção de fase.
PROTEÇÃO DE TERRA DO PRIMÁRIO
(a) Pick-up da unidade temporizada
Depende de vários fatores, tais como tipo de aterramento
do sistema a montante, tipo do transformador e de conexão do
transformador a jusante, etc.
A faixa de ajuste utilizada ca entre 20 A e 120 A (20% a 50%
da corrente nominal do circuito).
(b) Temporização Com os relés eletromecânicos, estes dispositivos normalmente
possuíam faixa de ajuste de 0.5 A a 2 A, eram ajustados no mínimo,
ou seja em 0.5 A, eram instantâneos e nestes ajustes não operavam na
energização de transformadores. Com o advento dos relés estáticos
e posteriormente os relés numéricos digitais, a utilização inicial
destes valores de 0.5 A e temporização instantânea mostrou-se
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O Setor Elétrico / Setembro de 2010
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal deEngenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudose desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresaEngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. Omaterial apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de umlivro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃOConfira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail
ineciente, pois, em muitas vezes, atuava na energização dos
transformadores. Devido ao teor de 3ª harmônica, múltiplas na
corrente inrush (energização do trafo) e erros de TCs os relés podem
operar. A partir destes eventos, foram adotados os seguintes critérios
para o ajuste de transformadores com conexão delta no primário:
Transformadores a óleo Transformador < 1 MVA=> Pick-up> 1.0 InTR
Transformador > 1 MVA=> Pick-up> 0.8 InTR
Transformadores a seco
Pick-up > 1.4 InTR
A Figura 16 ilustra os ajustes praticados.
Para outras conexões que permitam a passagem de correntes
de sequência zero para o primário, deve-se coordenar com a
proteção secundária.
(c) Unidade instantânea
Quando o transformador está conectado em delta, no
primário, a unidade de terra poderia ser ajustada, teoricamente
no mínimo, pois um novo sistema de terra se inicia (delta é um
circuito aberto no diagrama de sequência zero), no entanto,
devido a erro dos TC´s deve-se ajustar esta unidade para 1.1
vezes os valores citados no item (b).
Para outras conexões, que permitam a passagem de
correntes de sequência zero para o primário, deve-se bloquear
esta unidade.
Figura 16 – Ajustes da unidade de terra em primário de transformadores
conectados em delta.
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O Setor Elétrico / Outubro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Resumo da proteção de sobrecorrente As Figuras 1, 2 e 3 a seguir ilustram a síntese dos
ajustes abordados no capítulo anterior.
(a) Proteção de fase
(a1) Proteção de terra em BT – Sistemas
solidamente aterrados
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo X
Proteção de transformadores –Parte II
Figura 1 – Resumo de ajustes de proteção de fase de
transformadores.
Figura 2 – Resumo de ajustes de proteção de terra de
transformadores solidamente aterrados.
No capítulo anterior, iniciamos o estudo sobre proteção dos transformadores. Na primeira parte, falamos sobre
normas, guias de consulta e outros importantes pontos a serem observados e abordamos o assunto “proteçãosecundária de fase”. Neste capítulo damos continuidade ao tema, começando com um breve resumo sobre
proteção de sobrecorrente, já discorrido na última edição. Em seguida, abordaremos a proteção diferencial, que
tem o objetivo de reduzir o valor da corrente que passa pela bobina de operação ao mínimo.
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O Setor Elétrico / Outubro de 2010
Proteção diferencial Atualmente, os relés diferenciais numéricos microprocessados
a partir de dados de placa de entrada determinam praticamente
quase todos os parâmetros necessários. Abordaremos a sequência
de ajustes como se o relé fosse eletromecânico para que se possa
ter o pleno entendimento da metodologia. O objetivo dos ajustes
da proteção diferencial é o de reduzir o valor da corrente que
passa pela bobina de operação ao mínimo (preferencialmente
zerar), tanto em módulo quanto em ângulo, em condições
normais de operação.
(b) Conceitos básicos
Antes de prosseguir na proteção diferencial é necessário
proporcionar alguns embasamentos técnicos abordados a seguir.
b1) Zona de proteção
Para os relés diferenciais, a zona de proteção ca circunscrita
entre os TCs dos enrolamentos: primário, secundário e outros
(caso houver).
(a2) Proteção de terra em MT aterrados por
resistência de baixo valor
Figura 3 – Resumo de ajustes de proteção de terra de transformadores
aterrados por resistência de baixo valor.
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O Setor Elétrico / Outubro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Figura 4 – Exemplo de determinação do deslocamento angular de
transformador.
Figura 5 – Deslocamento angular para transformadores triângulo-estrela.
Figura 6 – Deslocamento angular para transformadores estrela-triângulo.
Assim, para o exemplo anterior, o deslocamento angular é
representado da seguinte forma:
b2) Deslocamento angular
O deslocamento angular em transformadores trifásicos traduz
o ângulo entre os fasores das tensões (e, consequentemente, das
correntes) de fase do enrolamento de menor tensão em relação ao
enrolamento de maior tensão.
Assim, para que se possa determinar o defasamento angular se faz
necessário elaborar primeiro o diagrama fasorial correspondente, lembrandoque o defasamento angular é medido do enrolamento de tensão inferior (X)
para o enrolamento de tensão superior (H) no sentido anti-horário.
Exemplo:
Determinar o defasamento angular do transformador apresen-
tado no esquema trilar a seguir:
Dyn1
Em que:
- A primeira letra (maiúscula) representa o enrolamento de tensão
mais elevada, sendo utilizadas as seguintes letras D (Delta), Y
(estrela) e Z (Zig-Zag).
- A segunda letra (minúscula) representa o enrolamento de tensão
inferior, sendo utilizadas as seguintes letras d (delta), y (estrela) e z
(Zig-Zag).
- A letra n indica que o neutro é acessível.
- O número 1 indica as horas do ponteiro de um relógio, ou seja,
cada 30º representa uma hora (30o / 30o = 1 hora).
Para saber o deslocamento angular em graus a partir da
nomenclatura acima, é preciso calcular:
Deslocamento angular = número (de horas) x 30o
Assim, para um transformador Dy11, o deslocamento angular é
de 11 x 30o = 330o.
As Figuras 5, 6, 7 e 8 apresentam os deslocamentos angulares
mais comumente encontrados.
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O Setor Elétrico / Outubro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Figura 7 – Deslocamento angular para transformadores
triângulo-triângulo.
Figura 8 – Deslocamento angular para transformadores estrela-estrela.
Figura 9 – Característica de operação versus restrição de um relé diferencial.
(c) Ajuste do valor de pick-up Os principais ajustes do relé diferencial são o pick-up e o slope
(declividade). Observe a Figura 9.
Para que o relé diferencial não opere indevidamente, o valor do
ajuste de pick-up deve ficar acima dos possíveis erros que podem ocorrer.
O valor de pick-up dos relés diferenciais normalmente é ajustado
para operar entre 0.1 pu e 0.3 pu.
(d) Ajuste do slope ou declividade
Para que o relé diferencial não opere indevidamente, o valor doajuste do slope ou declividade deve ficar acima dos possíveis erros que
podem ocorrer, os quais são discriminados a seguir.
(d1) Erro devido à exatidão aos TCs ( εTC) A exatidão dos TCs para proteção diferencial são normalmente
2,5%, 5% ou 10%, o que significa que o erro pode ser de + 2,5%, + 5%
ou + 10% até o valor do de 20 x In (se o fator de sobrecorrente for
F20). Assim, se um dos TCs de uma mesma fase (primário e secundário)
for positivo e o outro negativo os erros que poderão ocorrer serão de
5%, 10% ou 20%.
Quando houver TCs auxiliares, os erros desses TCs auxiliares
devem ser computados.
(d2) Erro devido à comutação de tapes ( εC) Tendo em vista que os tapes dos transformadores podem estar em
um valor diferente do nominal, podem ocorrer diferenças por conta
dessa corrente, localizada entre o primário e o secundário, mesmo em
condição de carga.
(d3) Erro de “Mismatch” ( εM)É o erro de casamento dos TCs com a relação do transformador
de força. Como a relação de transformação do transformador de forçapode não coincidir com a relação entre as ligações dos TCs do primário
e do secundário, pode haver uma diferença de corrente. O erro de
“mismatch” é calculado como segue:
Exemplo: Seja um transformador de 7.5 MVA, 138-13.8 kV, com TCs de 100-5A
no primário e 400-5A no secundário. A relação de transformação do
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O Setor Elétrico / Outubro de 2010
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Prot
eção
e
seletividade
Figura 10 – Esquema unilar para ajuste de slope de relé diferencial.
Dados do relé
In = 5 A
Pick-up: 15% (0,75 A = 0,15 x 5 A)
Slope: 15% - 30% - 45%
transformador de força é 10 e a relação entre as relações dos TCs será
(400/5)/(100/5) = 4.
Como a corrente nominal do transformador no primário é de 31.4
A, a corrente no secundário será de 1.57 A no relé. No secundário, a
corrente nominal do transformador é de 313.8 A, a qual, no secundário
do TC, vale 3.92 A. Como pode ser observado, as correntes que chegam
no relé de 1.57 A e 3.92 A não “casam”, embora traduzam a mesmacorrente por unidade do transformador.
(d4) Erro devido a diferenças de ajuste de tape do relé ( εR ) Isso porque pode não existir valores exatos de ajuste no relé (do lado
primário e secundário) relativos às correntes calculadas que irão passar pelo relé.
(d5) Erro total ( εT ) O erro total é então resumido pela expressão:
εT = ε
TC + ε
C + ε
M + ε
R + ε
Margem Seg
Os valores típicos de T variam entre 0.2 pu e 0.3 pu (20% a 30%).
(d6) Utilização de TCs auxiliares Para minimizar os erros entre as correntes primárias e secundárias
que chegam no relé, pode-se utilizar TCs auxiliares, os quais muitas
vezes possuem múltiplos ajustes de tapes. Não se deve esquecer de
somar o erro dos TCs auxiliares no erro total.
(e) Principais fatores que afetam a proteção diferencial
Corrente inrush – Corrente normal que aparece na energização de
um transformador. Somente aparece no enrolamento primário.
Diferenças angulares devidas às conexões delta, estrela e zig-zag.
Controle de tensão por tapes.
Diferenças de tensão entre o primário e secundário, bem como as
relações dos TCs entre o primário e o secundário.
Saturação dos TCs de um dos lados.
Curtos à terra fora da zona da proteção diferencial quando não é
feita a compensação das correntes de sequência zero. Erro de polaridade.
Exemplo de ajuste do relé diferencial: Veja o esquema unifilar apresentado na Figura 10. Recomenda-se
determinar o slope do relé diferencial, sabendo-se que o relé apresenta
corrente nominal de 5 A e ajuste de pick-up em 15% (0,75 A). O relé
permite os seguintes ajustes de slope: 15%, 30% e 45%.
Cálculo dos errosErro de correntes (Mismatch)
Erro de precisão dos TCs
(Erro máximo)
Erro de comutação de tapes
Erro total
Ajuste do slope
Exemplo de ajuste de relé de sobrecorrente A partir do esquema unifilar (Figura 11), determine os ajustes dos
relés de sobrecorrente de fase, sabendo que o transformador é seco.
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O Setor Elétrico / Outubro de 2010
A p o i o
Figura 11 – Esquema unilar para ajuste do relé.
A JUSTE DO SECUNDÁRIO ( DISPOSITIVO 2)
A corrente nominal do transformador no secundário é:
I-LTD (I1)
A corrente I-LTD (I1) deve ser ajustada em 1.25 x In, cujo valor é 2460 ~ 2500 A.
T-LTD (t1)
A temporização T-LTD (t1) deve ser o tempo para 6 x 2500 A, ou seja,
15000 A. Ajusta-se t1 em 5s.
I-STD (I2)
A corrente I-STD deve ser ajustada com base em dois critérios: (a) a
somatória da carga nominal demanda mais o maior motor partindo ou
(b) abaixo do valor mínimo provável de “arcing fault”. Pelo critério (a) I
= 5255 A e pelo critério (b) 26729 A x 0.2 = 5346 A. Como em 220 V o
arco se auto-extingue, fica-se com o critério (a) x 1.1 = 5780.0 A / 2500
= 2.3. Como os ajustes são discretos, escolhe-se o 3.
T-STD (t2)
Como a curva é entre dois disjuntores deve ficar acima curva do
dispositivo a jusante, ou seja, escolhe t2 = 0.4 s
I-INS (I3)
Deve ser bloqueado, pois o dispositivo fica em entrada de painel.
A JUSTE DO PRIMÁRIO ( DISPOSITIVO 3)
A corrente nominal do transformador no primário é:
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O Setor Elétrico / Outubro de 2010
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Proteção
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selet
ividade
I>
A corrente I> deve ser ajustada em 1.5 x In, cujo valor é 49.2 ~ 50 A,
o que no relé significa 50 / RTC = 50 / 20 = 2.5 A, que em múltiplos da
corrente nominal do relé é 2.5 / 5 A = 0.5 x In.
DT (t>)
A temporização t> deve ser o tempo do dispositivo à jusante mais 0.3
s. O tempo do dispositivo à jusante é de 0.4 s somado ao intervalo de
0.3 s chega-se a 0.7 s para a corrente de curto-circuito transitória no
secundário, cujo valor é de 26729 A, que referida ao primário é 26729 /
60 = 445.5 A. Esta corrente equivale a 450 / 50 = 8.91 vezes o ajuste de
I>. Assim, para uma característica IEC muito inversa, temos:
Em termos de TMS = 0.41 ou T = TMS x 1.5 = 0.6 s.
I>>
A corrente I>> é ajustada baseada em dois critérios:
( A ) C ORRENTE INRUSH
A corrente inrush de um transformador seco é dada por:
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal deEngenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudose desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresaEngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. Omaterial apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de umlivro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
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( B ) 1.1 X ICC SUBTRANSITÓRIA ASSIMÉTRICA MÁXIMA NO
SECUNDÁRIO
A corrente subtransitória assimétrica no secundário é 34225 A que,
multiplicada por 1.1, dá 37648, a qual, referida ao primário, é 37648 / 60
= 627.5 A que, por sua vez, no relé representa 627.5 /20 = 31.37 A que
em múltiplos da corrente nominal do relé é 31.37 / 5 A = 6.3 x In. Esse
é o ajuste adotado (b) > (a).
t>>
A temporização t>> deve ser ajustada no mínimo. A Figura 12 ilustra
o exemplo.
Figura 12 – Folha de vericação gráca de seletividade de fase.
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O Setor Elétrico / Novembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Este capítulo abordará as funções 46, 51V, 40, 32,
81, 24, 59GN, 49S e 60. São as funções típicas para
a proteção de geradores. Apresentam-se a seguir as
principais normas utilizadas e, para cada função, são
dados exemplos e soluções.
Normas e guias São apresentadas a seguir as principais normas
utilizadas neste capítulo:
• ANSI C37.101-1993
• ANSI C37.102-1995
• ANSI C37.106-1987
Proteções típicas Apresenta-se na Figura 1 o esquema unilar do
esquema de proteção para a conguração gerador-
transformador. Abrangeremos neste capítulo apenas
algumas funções, a saber:
• 46
• 51V
• 40
• 32
• 81
• 24
• 59GN
• 49S
• 60
Função 46 Esta função se constitui na proteção para correntes
desequilibradas do estator/sequência negativa.
Inúmeras são as causas de desequilíbrio de corrente
em um gerador, sendo as mais comuns: as assimetrias
de sistema provocadas pela não transposição de
linhas, cargas desequilibradas, faltas desequilibradase falta de fase.
Essas correntes de sequência negativa (I2) no
estator induzem correntes de frequência dobrada
no rotor, provocando um sobreaquecimento em um
curto intervalo de tempo.
(a) Corrente de sequência negativa permissível continuamente
A corrente de sequência negativa I2 permissível
permanentemente pelo gerador é apresentada na
Tabela 1.
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo XI
Proteção de geradores
Figura 1 – Esquema unilar típico de proteção para a
conguração do gerador-transformador.
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O Setor Elétrico / Novembro de 2010
A p o i o
(b) Corrente de sequência negativa permissível decurta-duração
A Tabela 2 apresenta o I22t permissível de curta duração pelos geradores.
A Figura 2 mostra o valor de I22t (de sequência negativa) para
geradores de rotor cilíndrico com resfriamento direto.
Os valores apresentados nos itens (a) e (b) somente devem ser
utilizados quando todos os esforços em se obter a característica real
do fabricante fracassaram ou quando o sistema ainda está sendoprojetado, quando a característica real da máquina ainda não é
conhecida.
Dois tipos de relés são normalmente utilizados para realizar
esta proteção: o relé com característica extremamente inversa e o
relé digital com característica que se compatibiliza com as curvas
de I2t de sequência negativa do gerador.
O relé de característica extremamente inversa é utilizado para
Figura 2 – Valor de I2
2t (de sequência negativa) para geradores de rotor
cilíndrico com resfriamento direto.
T ABELA 1 – C ORRENTE DE SEQUÊNCIA NEGATIVA PERMISSÍVEL CONTINUAMENTE EM GERADORES
105
10865
Corrente de Sequência Negativa Permissível - Continuamente
Tipo do Gerador
Polos Salientes
Rotor Cilíndrico
Com enrolamentos amortecedores conectadosCom enrolamentos amortecedores não conectados
Resfriamento IndiretoResfriamento Direto até 960 MVA 961 até 1200 MVA 1201 até 1500 MVA
I2 Permissível (%)
T ABELA 2 – I2T DE SEQUÊNCIA NEGATIVA PERMISSÍVEL DE CURTA DURAÇÃO EM GERADORES
4030
3010
Equação da Figura 10.1
Corrente de Sequência Negativa Permissível - Continuamente
Tipo do Gerador
Polos SalientesCompensador Síncrono
Gerador de Rotor Cilíndrico
Resfriamento IndiretoResfriamento Direto até 800 MVA 801 até 1600 MVA
I22 t Permissível (%)
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O Setor Elétrico / Novembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade a proteção de faltas desequilibradas e a corrente de pick-up da
unidade de sequência negativa é ajustada para 0.6 pu da corrente
de plena carga. Assim, esta unidade pode não operar para o caso
de haver a falta de fase (abertura de uma fase) ou condições mais
severas de cargas desequilibradas.
Os relés digitais, por serem bem sensíveis, também podem ser
ajustados para condição de alarme quando a corrente de curtaduração exceder a corrente de sequência negativa permanente.
O relé de sequência negativa é normalmente projetado para
desligar o disjuntor principal do gerador.
Exemplo Dado um gerador que suporta continuamente 8% de corrente
de sequência negativa e uma corrente de curta-duração de
sequência negativa dada por I2t = 10 pu2.s. Pede-se determinar o
ajuste da proteção de sequência negativa, sabendo-se que o relé
disponibiliza a característica ANSI moderadamente inversa.
Solução Visto que o I2t = 10 pu2.s. Para I = 1 pu, o gerador suporta esta
corrente durante 10 s e para 0.1 pu, o gerador suporta esta corrente
por 1000 s.
Assim, deve-se passar a característica do relé abaixo desta
curva. O dial de tempo k = 7 protege a referida característica. A
Figura 3 ilustra como deve ser feito o ajuste.
Função 51V Quando ocorre um curto-circuito em um circuito de gerador,
como foi visto, ocorre um decremento na corrente do gerador, ou
seja, ele não mantém o valor da corrente de curto-circuito como no
caso da Concessionária. No instante do curto-circuito ocorrem dois
fenômenos simultâneos (sobrecorrente e subtensão).
Existem dois modos de proteção:
• Sobrecorrente com restrição de tensão
• Sobrecorrente com supervisão de tensão
Figura 3 – Exemplo de proteção de sequência negativa do gerador.
Pick-up (para 100% de tensão) = 1.15 In gerador. A
temporização deve coordenar com a proteção à frente do gerador
(suprida pelo gerador).
A referência indica ajuste que varia de 1.5 a 2 In do gerador com
temporização de 0.5 s.
Os relés 51V devem atuar sobre um relé de bloqueio,
desligando-se o disjuntor principal do gerador, o campo e a máquinaprimária (turbina).
Quando relés de distância são utilizados para a proteção de
linhas, os relés 51V podem ser substituídos por relés de distância
para realizar a proteção de backup, pois consegue-se melhor
coordenação.
Exemplo 2 Pede-se determinar os ajustes do relé 51V de um turbo gerador
e apresentar o coordenograma, sabendo-se que o relé 51V de um
gerador deve coordenar com outro, à jusante, cujos parâmetros são
Ipickup = 1 x In; K = 0.24; Curva = Normal Inverse; TC 1200 – 5 A eque os dados do turbo-gerador são:
In = 1004 A
τ_do = 0.0225 s
τ ´do = 4.76 s
Ra = 0.018495 Ohms
X”d = 16% = 0.16pu x Zbase = 0.16 x 7.935 = 1.2696 Ohms
X´d = 24%
Xd = 191%
Solução O pick-up nal da função é ajustado para 1.15 x I.
In = 1004 A
Pick-up = 1154.6 A
Tendo em vista a curva de decremento do gerador, foi escolhida
a característica de tempo denido para um tempo de operação de
0.3 s. Veja coordenograma seguinte.
Função 40 (Perda de campo) A perda de campo pode ocorrer por:
• Desligamento acidental disjuntor de campo;
• Abertura do circuito de campo;
• Curto-circuito do campo;
• Falha do sistema de controle;
• Perda do sistema de excitação.
(a) Turbo-geradores
• Máquina irá disparar (Se I=IFL,RPM2-5%; para baixo carregamento
RPM0.1-0.2%);
• Passa a operar como gerador de indução;
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O Setor Elétrico / Novembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade • Carga passa a receber os VArs do sistema ao qual está conectado;
• kW e escorregamento dependem do carregamento inicial (quanto
maior s menos kW).
A condição mais severa é perder o sistema de excitação com o
gerador operando a plena carga. Nestas condições:
• As correntes no estator podem exceder 2 pu (gerador perdeu o
sincronismo);
• São induzidas correntes elevadas no rotor;
• Sobreaquecimentos perigosos nos enrolamentos do estator e rotor
por um período de tempo curto;
• Sobreaquecimentos nas extremidades do núcleo do estator.
Não se pode predizer por quanto tempo o gerador pode operar
sem o campo, mas em velocidades diferentes da síncrona este tempo
é pequeno.
Os efeitos sobre o sistema:
• Aumento da potência reativa absorvida da rede causa quedas
de tensão que, por sua vez, degradam a performance de outros
geradores que eventualmente estejam conectados ao sistema;
• Podem ocorrer subtensões e/ou desligamentos de linha/ cabos que,
por sua vez, afeta a estabilidade do sistema;
• Hidrogeradores;
• Podem suportar de 20% a 25% de carga normal sem o campo, sem
perder o sincronismo;
• Se a perda de campo ocorrer com o gerador próximo ou a
plena carga, as consequências serão as mesmas descritas para osturbo-geradores e, assim, elevadas correntes circulam no estator e
serão induzidas no campo as quais podem danicar os referidos
enrolamentos e/ou os enrolamentos amortecedores, além de
absorver potência reativa do sistema.
(c) ProteçãoO método mais utilizado para detectar a perda de campo de
um gerador consiste da aplicação de relés de distância para sentir a
variação da impedância vista dos terminais do gerador.
Existem dois tipos de esquema de releamento usados para
detectar as impedâncias vistas durante a perda de campo. Umaaproximação consiste de uma ou duas unidades mho utilizadas
para proteger a máquina. A outra aproximação consiste da
combinação de uma unidade de distância (impedância), uma
unidade direcional e uma unidade de subtensão instaladas nos
terminais do gerador e ajustados para “olhar” para dentro da
máquina.
A Figura 4 mostra o esquema utilizado.
Normalmente, o diâmetro do círculo interno é da ordem de
0.7 Xd.
Alguns relés podem solicitar a impedância em Ohms secundários.
Neste caso, o valor da impedância deve ser corrigido pela equação a
seguir:
(d) O que se deve desligar:• O disjuntor principal do gerador;
• O disjuntor do campo e o disjuntor do sistema auxiliar.
Esse esquema não se aplica a:
• Caldeira “oncethroug”;• Unidade “cross-compound”;
• Unidade que não pode transferir cargas auxiliares sucientes para
manter a caldeira e o sistema combustível.
Exemplo 3 Um gerador possui uma reatância transitória de eixo direto igual
a X´d = 24% e uma reatância síncrona de eixo direto Xd = 191%.
Sabendo-se que o relé utilizado pode ser parametrizado na base
deste gerador, determinar os ajustes das proteções da função 40.
Solução Zona 1
Offset Z1
Será colocado em R = 0.0 e X = -12%.
Diâmetro da zona 1
Deve ser ajustado para 100% (1 pu).
Temporização da zona 1
A temporização da zona 1 será instantânea.
Zona 2
Offset Z2
Será o mesmo da Zona 1, colocado em R = 0.0 e X = -12%.
Figura 4 – Proteção de perda de excitação em duas zonas.
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O Setor Elétrico / Novembro de 2010
Diâmetro da Zona 2
Deve ser ajustado para 191%.
Temporização da Zona 2
A temporização da Zona 2 será de 0.6 s.
Função 32R – Anti-motorização
No gerador, esta função tem por objetivo visualizar umamotorização, ou seja, se há inversão do uxo de potência ativa, se
o gerador passa a absorver potência ativa ao invés de entregá-la,
passando então a operar como motor síncrono. Este relé deve ser
ajustado para “olhar” no sentido do gerador.
A sensibilidade e o ajuste do relé dependem do tipo de
máquina primária envolvida, visto que a potência necessária
para motorizar é função da carga e das perdas nas engrenagens
da máquina primária. A proteção contra motorização da máquina
visa a turbina e não o gerador. O fabricante da turbina deve ser
consultado para a temporização, pois, os efeitos da motorização
são, entre outros: (a) aquecimento do rotor na turbina a vapor;(b) cavitação na hidráulica; (c) incendiar o óleo não queimado
no motor diesel.
Em turbinas a gás, a sensibilidade de relé 32 não é crítica, visto que
a carga de compressão requer uma potência substancial do sistema de
até 50% da potência nominal. Assim, o pick-up desta função pode
ser de 10% a 15% se o sistema é do tipo split-shaft. Se for single-shaft
utiliza-se 50%. Algumas literaturas prescrevem de 3% a 5%.
Um sistema diesel com nenhum cilindro queimando representa
uma carga de até 25% da nominal e assim também não apresenta
problemas particulares de sensibilidade. Dessa forma, o pick-up
desta função pode ser de 5% a 25%. Em turbinas hidráulicas, quando as pás estão debaixo da lâmina
d’água, a potência ativa para motorização é elevada. Entretanto,
quando as pás estão acima da lâmina, a potência reserva para
motorizar pode ser extremamente baixa, entre 0.2% e 2% da
nominal e assim deve-se utilizar um relé direcional de potência
extremamente sensível. Normalmente os ajustes são feitos entre
0.2% e 2% se as lâminas podem car fora d’água e maior do que 2%
se carem dentro d’água.
Turbinas a vapor operando sob pleno vácuo e entrada
de vapor zero precisa de aproximadamente de 0.5% a 3%
da potência nominal para motorizar. Desta forma, requertambém um relé direcional de potência sensível. Se a turbina
fosse operada com suas válvulas parcialmente fechadas, um
pouco abaixo do valor a vazio, a potência elétrica absorvida
do sistema deveria ser essencialmente zero e o relé direcional
de potência poderia não detectar esta condição. Visto que o
sobreaquecimento da turbina ainda poderia ocorrer, alguns
meios adicionais de proteção são necessários. Os ajustes ficam
normalmente entre 1% a 3%.
Os relés direcionais de potência recebem sempre temporizações,
que dependem de cada caso.
Alguns fabricantes fornecem o ajuste em função da potência
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O Setor Elétrico / Novembro de 2010
A p o i o
Prot
eção
e
seletividade
nominal do secundário dos redutores de medida (TCs e TPs) e dapotência do gerador. Neste caso, o valor pu ajustado é dado pela
equação 1, acima.
Em que:
PAJ-SEC
= Potência ativa ajustada no secundário = PAJ / (RTC x RTP)
PAJ = Potência ativa ajustada = k.PN
k = Fator que depende do tipo de turbina (conforme explicado nos
parágrafos anteriores)
RTC = Relação do TC = I1N-TC
/ I2N-TC
RTP = Relação do TP = U1N-TP
/ U2N-TP
I1N-TC = Corrente nominal primária do TCI2N-TC
= Corrente nominal secundária do TC
U1N-TC
= Tensão nominal primária do TP
√3 U2N-TC
= Tensão nominal secundária do TP
SSEC
= x I2N-TC
x U2N-TP
√3 PN = Potência ativa nominal do gerador
SN = Potência aparente nominal do gerador = x UN x INUN = Tensão nominal do gerador
Equação 1
IN = Corrente nominal do gerador
Relés de frequência – função 81 Os geradores estão sujeitos às condições anormais de sub/
sobrefrequência, fundamentalmente nas condições:
• Rejeição de cargas/desligamento de disjuntores por faltas no lado
da carga (sobrefrequência)
• Sobrecarga/abertura de disjuntor da subestação da concessionária
com outros consumidores na linha/perda de unidades geradoras
(subfrequência)
Na primeira condição, ocorre o disparo máquina, considerando
o balanço de energia. Como o sistema entregava uma potênciaativa à carga, quando do desligamento parcial ou total dela, esta
energia não tem para quem ser entregue e é transformada em
energia cinética.
Quando se diminui a frequência, reduz a ventilação da máquina
e, consequentemente, os kVA que a máquina pode entregar. O
fabricante deve ser consultado sobre esta condição.
As pás das turbinas são projetadas de modo a operar, à
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O Setor Elétrico / Novembro de 2010
A p o i o
O fabricante da turbina deve sempre ser consultado de modo
a se obter as faixas de frequência permissíveis e não permitidas. A Figura
6 apresenta as regiões permitidas e não permitidas de uma turbina a
vapor, compondo a curva de pior caso de cinco fabricantes diferentes.
Figura 5 – Como são projetadas as pás das turbinas para evitar a
ressonância para as frequências múltipas da natural.
Figura 6 – Regiões permitidas e não permitidas (de sobre e
subfrequência) em função da duração (minutos) de uma turbina a vapor
compondo-se a curva de pior caso de cinco fabricantes diferentes.
Sobre-excitação – Função 24 (Voltz / Hertz) A equação 2 seguinte calcula a tensão induzida em uma bobina.
Em que:
N = Número de espiras da bobina
F = Frequência
[Equação 2]
frequência nominal, fora da faixa de ressonância para as frequências
harmônicas de ordem 2, 3, etc., conforme indicado na Figura 5.
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Proteção
e
selet
ividade φ = Fluxo magnético
B = Densidade de uxo
S = Seção do núcleo
Como todos os termos da equação 2 são constantes, exceto E e f,
pode-se dizer que:
A densidade de uxo é um bom indicador de aquecimento,
mesmo a vazio, visto que as perdas por histerese e Foucault são
proporcionais à Bx, em que x é uma potência de B. Assim, pode-se
medir esses aquecimentos, monitorando-se a relação V/Hz.
A norma ANSI C37.102-1996 cita que a norma ANSI C50.13-1977
e ANSI/IEEE Std 67-1972 prescreve que um gerador deve conseguir
operar satisfatoriamente na potência nominal (kVA), frequência e fator
de potência nominal para qualquer tensão entre 95% e 105% da
tensão nominal. Fora desta faixa, podem ocorrer problemas térmicos
a menos que seja especicado este detalhe na compra. A sobre-excitação é um dos desvios que devem ser monitorados e protegidos.
A sobre-excitação do núcleo magnético do gerador e/ou
transformador irá ocorrer sempre que:
• A relação Volts/Hertz aplicada nos terminais do gerador exceder
1.05 pu (na base do gerador);
• A relação Volts/Hertz aplicada nos terminais de um transformador à
plena carga exceder a 1.05 pu (na base do transformador);
• A relação Volts/Hertz aplicada nos terminais de um transformador a
vazio exceder a 1.1 pu (na base do transformador).
Os efeitos da sobre-excitação são o aumento da corrente de campo e o
sobreaquecimento do gerador/transformador e causar a falha da isolação.
Estas situações podem ocorrer no start-up/shutdown do sistema (V/
Hz da ordem de 1.05 pu) e durante rejeições de carga (pode chegar a
V/Hz até maiores que 1.25 pu).
Em sistemas com apenas um relé (ou estágio) V/Hz, o ajuste é feito
para 110% do valor normal que dá alarme e trip em 6 s.
Com dois relés (ou estágios) V/Hz, o primeiro relé (ou estágio)
é ajustado entre 118% a 120% e temporização entre 2 s e 6 s e o
segundo relé é ajustado para 110% e temporização entre 45 s e 60 s.
As Figuras 7 (a) e (b) mostram exemplos de ajustes desta proteção.
Figura 7 – Exemplos de ajustes de relé de sobre-excitação: (a) com dois
estágios e (b) com relé de tempo inverso.
Exemplo 4 Sabendo-se que um gerador possui uma característica de sobre-
excitação dada por uma curva de V/Hz, determinada pela reta denida
pelos dois pontos seguintes P1 = (105% V/Hz, 1000 s) e P2 = (140% V/
Hz, 2 s), e que o relé utilizado disponibiliza a curva do IEEE, pede-se
determinar os ajustes da função 24 (V/Hz).
Solução A característica do relé é dada pela equação seguinte:
t = 0.18 K / (M-1)2
Como a máquina suporta uma sobre-excitação de 140% durante 2
s, para protegê-la devemos passar a curva do relé abaixo deste ponto.
No caso, será utilizada uma temporização de:
T = 0.9 x 2 = 1.8 s.
M = 140% = 1.4 pu
Levando os valores e tirando-se o valor de K na equação do IEEE do
relé obtém-se:
K = t . (M-1)2 / 0.18 = 1.8 . (0.4)2 / 0.18
K = 1.6
Proteção de terra O valor da falta fase-terra é intimamente dependente do tipo
de aterramento do gerador e consequentemente os dispositivos de
proteção fase podem não ser sucientemente sensíveis para as faltas à
terra. Assim, o valor da falta fase-terra pode variar desde zero (sistema
não aterrado) até o valor do curto-circuito trifásico (ou maior – para
sistemas solidamente aterrados). Outro aspecto importante a salientar
é que, conforme o ponto de falta se move dos terminais para dentro da
máquina na direção do neutro do gerador, o valor da corrente de falta
no estator vai decaindo.
Um esquema diferencial pode detectar uma falta fase-terra,
dependendo do valor da falta e do tipo de aterramento. Quanto mais o
valor da falta à terra é limitado em relação à corrente de carga nominal
do gerador, maior o percentual desprotegido do enrolamento do estator.
Esquemas diferenciais não propiciarão proteção de terra em sistemas
aterrados por resistência de alto valor com correntes limitadas entre 3 A
a 25 A. A Figura 8 mostra a relação aproximada entre a corrente de falta
à terra no estator e a percentagem de enrolamento desprotegido.
A norma ANSI/IEEE C37.101-1993 provê alguns esquemas de
[Equação 3]
(a)
(B)
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A p o i o
Figura 8 – Porcentagem do enrolamento desprotegido em função do
valor da corrente de falta à terra.
proteção de terra sensíveis (sensitive ground).
O esquema mais comumente utilizado para sistemas aterrados
por resistência de alto valor consiste da utilização da proteção 59GN,
conforme mostrado na Figura 1. Este tipo de relé é projetado para sersensível à tensão de frequência fundamental e insensível para tensões
harmônicas de terceira ordem e outras harmônicas de sequência zero.
O ajuste típico deste relé é ajustado para um pick-up mínimo de
aproximadamente 5V. Este tipo de proteção consegue abranger cerca de
2% a 5% do enrolamento do estator. Por questões de segurança deve-se
aterrar o secundário do transformador de aterramento (lado do resistor).
Esta proteção deve desligar o disjuntor principal do gerador e a turbina.
Quando se utiliza aterramento do neutro do gerador por resistência
de baixo valor, a corrente do resistor é escolhida entre 200 A até
150% da corrente nominal do gerador. Aterramento por reatância
normalmente limita a corrente de falta entre 25% e 100% da corrente
de curto-circuito trifásico. Quando se utiliza um transformador zig-zag
de aterramento, o valor normalmente limitado é da ordem de 400 A.
Proteção de sobrecarga O guia “Guide for AC Generator Protection” ANSI C37.102-1996
cita que a norma ANSI C50.13-1977 prescreve que a capacidade
térmica de curta-duração do enrolamento da armadura é capaz de
suportar o seguinte:
T ABELA 3 – C APACIDADE TÉRMICA DE CURTA-DURAÇÃO DA ARMADURA CONFORME ANSI C50.13
226
10
154
30
130
60
116
120
Corrente de Armadura (%):
Tempo em segundos:
O valor de 100% se refere à corrente nominal da maquina à máxima
pressão de hidrogênio.
O esquema indicado para este tipo de proteção são os detectores de
temperatura (RTDs) ou relés de sobrecorrente que promovam a proteção
da curva da Tabela 3.
A proteção de sobrecorrente deve ser de torque controlado e
possuir duas unidades: uma instantânea ajustada para 115% da corrente
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A p o i o
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal deEngenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudose desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresaEngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. Omaterial apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de umlivro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃOConra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
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nominal que é utilizada para controlar o torque da unidade temporizada
e outra temporizada com característica extremamente inversa ajustada
com pick-up entre 75% e 100% da corrente nominal ajustado para 7s
na corrente de 226% da corrente nominal. Com estes ajustes, evita-se
operação abaixo de 115% de sobrecarga.
Exemplo 5 Determinar o ajuste da constante de tempo da função 49 de um relé
de proteção de gerador, sabendo que ele suporta 150% durante 30 s.
Solução:
O gerador suporta uma sobrecarga de 150% In por 30 s.
Do manual do relé sabe-se que:
t = 30 s I = 1.5 In Ip = 1/1.05 = 0.95 (aquecimento prévio)
τ = ? Ib = 1.0 In
Adota-se
τ = 6 minutos, para proteger o gerador.
Normalmente para o pick-up da função 49 ajusta-se a função para
um valor de 1.05 x In.
Proteção
e
selet
ividade
[Equação 4]
Função 60 (Supervisão de queima de fusíveis de TPs) Esta função é conectada conforme a Figura 1. Utilizam-se dois
conjuntos de TPs (conectados em Y aterrada-Y aterrada), nos quais entre os
circuitos de uma mesma fase de TPs diferentes é conectado um relé que
checa a variação da tensão. Em condições normais (sem queima de fusíveis),
a tensão no relé 60 é zero. Quando da queima do fusível, a tensão que
aparece no relé é a tensão fase-terra. É utilizado um relé 60 em cada fase. Esta função normalmente retira de operação o regulador de
tensão (AVR) e bloqueia todas as funções de proteção que utilizam
a tensão para operar de maneira a garantir a não falsa operação dos
sistemas, tal como as funções 40, 32, 27, etc.
Recomendações da ANSI C37.102 O guia “Guide for AC Generator Protection” ANSI C37.102-1996
traz prescrições e indicações para as funções aqui apresentadas e outras
que devem também ser consultadas.
[Equação 5] τ = 6.65 minutos
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O Setor Elétrico / Dezembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Falando em proteção de cabos, este capítulo abordará
alguns critérios e tipos de proteção contra sobrecargas
e contra curtos-circuitos. Veremos ainda como se
constituem as curvas de curta duração dos cabos, que são
aquelas que se encontram nos catálogos dos fabricantes.
Os cabos fabricados de acordo com as normas brasileiras
e respectivas normas IEC, apresentam como especicação
o valor da relação Uo/U, que representa o quanto o cabo
suporta de sobretensão fase-terra (Uo) e entre fases (U).
As seguintes normas foram utilizadas para a elaboração
deste capítulo:
• CEA P-32-382
• ICEA P-45-482
• NBR-6251
Os principais critérios para proteção de um cabo são:
• Corrente nominal.
• Queda de tensão.
• Proteção contra sobrecargas.
• Proteção contra curto-circuito.
Neste capítulo, serão tratados os dois últimos:
proteção contra sobrecarga e curto-circuito.
Proteção contra sobrecarga Para que o cabo não tenha um envelhecimento
precoce de sua isolação, ele não deve estar sujeito a
temperatura acima da qual é especicada para o tipo de
isolação. Assim, a corrente para pick-up do dispositivo
Em que Icc = Corrente suportada pelo cabo [A]
S = Seção de cabo em mm²
t = tempo de exposição do cabo à corrente [s]
K= Constante que depende do tipo de isolamento –
veja Tabela 1
K= 142 (EPR/XLPE)
K= 114 (PVC)
K = 134 (EPR/XLPE 105 ºC)
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo XII
Proteção de cabos
de proteção deve car, no máximo, igual ao valor de
corrente relativo ao local em que o cabo foi instalado.
Esta corrente pode ser calculada, por exemplo, pelo
software Cymcap (da Cyme do Canadá), o qual permite,
entre outras características, calcular a ampacidade do
cabo para vários tipos de instalação e congurações,
fazendo, inclusive, otimizações de posicionamento.
IPICKUP ≤ ISOBRECARGA-CABO
Proteção contra curto-circuitoNo condutor
Os cabos, segundo as normas, apresentam uma
característica de curto-circuito dada pela equação de I2t a
seguir:
CaboEPR/XLPE 90°
EPR/XLPE 105°
PVC
CondutorCobre
AlumínioCobre
AlumínioCobre
Alumínio
T2
250250250250160160
T2
160160160160160160
Conexão prensadaT1
9090
1051057070
Conexão soldada
T190901051057070
T ABELA 1 – F ATOR K DOS CABOS EM FUNÇÃO DO TIPO DE ISOLAÇÃO
T EMPERATURAS ( GRAUS )
Fator K142931348811474
Fator K
99658757
11474
Os valores de K são obtidos a partir da norma ICEA-
P32.382, como demonstrado nos exemplos a seguir.
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O Setor Elétrico / Dezembro de 2010
A p o i o
Figura 1 – Característica de corrente suportada pelos cabos de cobre
EPR 90°/XLPE.
Exemplo 1
Calcule o fator K para um cabo de cobre de isolação EPR (T2 = 250
°C e T1 = 90 °C), utilizando a equação da ICEA P-32-382.
Exemplo 2
Calcule o fator K para um cabo de alumínio de isolação EPR (T2 =
250 °C e T1 = 90 °C), utilizando a equação da ICEA P-32-382.
Curvas térmicas de curta duração do cabo (curvas dedano do cabo)
A partir das equações fornecidas no item “Proteção contra
curto-circuito”, podem-se construir as curvas de curta duração dos
cabos, que são aquelas encontradas nos catálogos dos fabricantes
dos cabos. As Figuras 1, 2, 3 e 4 apresentam as características de
corrente de curta duração para cabos de cobre e de alumínio para
isolação EPR-90°/XLPE e PVC. Nas Figuras 5 e 6, estão as curvas
de danos dos cabos de cobre e de alumínio, respectivamente.
Figura 2 – Característica de corrente suportada pelos cabos de cobre e
isolação de PVC.
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O Setor Elétrico / Dezembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Figura 3 – Característica de corrente suportada pelos cabos de alumínio
e EPR 90°/XLPE.
Figura 4 – Característica de corrente suportada pelos cabos de alumínio
e isolação de PVC.
Figura 5 – Curva tempo versus corrente para cabos de cobre com
isolação (a) EPR/XLPE 90 ºC, (b) EPR/XLPE 105 ºC e (c) PVC 70 ºC.
A
BB
C
A
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O Setor Elétrico / Dezembro de 2010
A p o i o
Figura 6 – Curva tempo versus corrente para cabos de alumínio com
isolação (a) EPR/XLPE 90 ºC, (b) PR/XLPE 105 ºC e (c) PVC 70 ºC.
C
N A BLINDAGEM
A blindagem dos cabos, segundo a norma ICEA P-45-482,
apresenta uma característica de curto-circuito dada pela fórmula:
Em que Icc = Corrente suportada pela blindagem do cabo [A]S = Seção da blindagem do cabo em mm2
t = Tempo de exposição do cabo à corrente de curto-circuito [s]
K= Constante que depende do tipo de isolamento. Veja Tabela 2.
Exemplo 3
Determinar a seção mínima de um cabo de média tensão (8.7/15 kV),
EPR 90 °C, sabendo-se que ele deve suportar uma corrente de curto-circuito de 21.000 A e o tempo de eliminação da falta é de 1 segundo.
SOLUÇÃO:
Cabo
EPR / XLPE 90°EPR / XLPE 105°
PVC
Condutor
CobreCobreCobre
T2
200200200
T185
10065
T ABELA 2
T EMPERATURAS ( GRAUS )
Fator K
124,2115
136,7
Lembramos que a blindagem não foi projetada para permitir acirculação da corrente de falta e sim distribuir homogeneamente o
campo elétrico no cabo.
E XEMPLO 4
Calcular a corrente de curto-circuito suportada pela blindagem
de um cabo de média tensão, sabendo-se que a isolação é de EPR
90° e a seção da blindagem é de 6,16 mm 2.
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O Setor Elétrico / Dezembro de 2010
A p o i o
Proteção
e
selet
ividade SOLUÇÃO
Isso signica que o cabo deste exemplo suporta uma corrente
de 765 A durante 1 s.
E XEMPLO 5
Admitindo que o cabo do exemplo 3 é instalado em um circuito
de um motor em que o relé é instantâneo (0.05 s) e o dispositivo de
manobra é um disjuntor (tinterrupção = 3 ciclos = 0.05 s), calcule
a corrente suportada pela blindagem.
SOLUÇÃO
Coordenação A Figura 7 mostra a característica de corrente de curta duração
do cabo e, para que o cabo não se danique até a proteção operar,
deve haver um intervalo de coordenação que compreenda o
tempo de operação mais o tempo de interrupção do dispositivo de
proteção. Caso queira que o cabo suporte se esta proteção falhar,
deve-se utilizar 600 ms.
até 8.7 kV e 15 kV entre fases, permanentemente.
Quando da seleção desta relação Uo /U, na especicação do
cabo, o critério difere quando aplicamos um cabo em um sistema
solidamente aterrado ou quando aplicamos a um sistema que não
é solidamente aterrado.
Em um sistema solidamente aterrado, a ocorrência de uma falta
à terra, as tensões fase-terra, nas fases sãs, não se alteram, ou seja,tanto antes como depois da falta, serão VFT = VFF /.
O caso extremamente oposto é o do sistema não aterrado
(isolado). Quando ocorre uma falta à terra, a tensão fase-terra
aumenta de nas outras duas fases sãs.
A Tabela 3 sintetiza o comportamento do sistema quando da
ocorrência de uma falta à terra em função do tipo de aterramento.
De modo geral, o valor da tensão fase-terra nas fases sãs
(quando exposto à uma falta à terra) pode ser escrita:
Como pode ser observado na equação anterior, o valor do fator
de sobretensão (FS) varia de 1 (quando o sistema é solidamente
aterrado) até (quando o sistema é isolado).
Se o cabo é construído de acordo com a norma ABNT NBR 6251,
a escolha do valor da relação Uo/U irá depender da categoria em
que o cabo se encontra, ou seja, se existe proteção que identique a
falta à terra e a elimine ou não dentro de um tempo predeterminado.
A norma ABNT NBR 6251 apresenta três categorias a seguir
indicadas.
Categoria A – Curto-circuito fase-terra eliminado em 1 minuto.
Categoria B – Curto-circuito fase-terra eliminado em 1 hora. Se
fabricado como a ABNT NBR 6251, o tempo de eliminação pode
ser de até 8 horas e não deve exceder 120 horas em 12 meses.
Categoria C– Todos os casos que não se enquadram nas categorias anteriores.
A Tabela 4 indica as diretrizes da norma ABNT NBR 6251.
Figura 7 – Coordenação entre a proteção de sobrecorrente e o cabo.
Solidamente Aterrado
Não aterrado
T ABELA 3 – C OMPORTAMENTO DA TENSÃO SOB FALTA FASE-TERRA EM FUNÇÃO DO ATERRAMENTO DO SISTEMA
Tensões Fase-Terra
Aterramento do Sistema Sem falta à terra Com falta à terra
1.23.67.2
12.017.524.030.042.0
T ABELA 4 – ESCOLHA DO VALOR DE UO EM FUNÇÃO DA TENSÃO MÁXIMA DO SISTEMA
E DA CATEGORIA.
Tensão de isolamento em kVTensão máxima operativa em kV
0.61.83.66
8.7121520
CAT A/B (kV)
0.63.66.08.712.015.020.0
-
CAT C (kV)
Ao se dimensionar cabos, deve-se levar em conta que a proteção
principal pode falhar e o cabo deve suportar até a proteção de
backup operar. Os tempos de eliminação utilizados normalmente
variam entre 0.6 e 1.5 segundo. Assim, para efeito de vericação, o intervalo de coordenação
utilizado é da ordem de 300 ms. Entretanto, para o dimensionamento
é mais conservativo utilizar 600 ms para dar tempo para que a
operação de backup opere.
Uo/U de cabos Os cabos fabricados de acordo com as normas brasileiras
(NBRs) e as respectivas normas IEC apresentam como
especicação o valor da relação Uo/U, que representa o quanto
o cabo suporta de sobretensão fase-terra (Uo) e entre fases (U).
Portanto, um cabo de 8.7/15 kV suporta uma tensão fase-terra de
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O Setor Elétrico / Dezembro de 2010
A p o i o
É importante notar que:
a) A norma estabelece o valor mínimo, o que não quer dizer que
não se pode colocar um valor superior. O correto é sempre calcular.
b) Como o parâmetro da norma é o tempo, se há um relé que
detecta esta falta à terra em um tempo inferior ao especicado pela
norma, podem-se utilizar os respectivos valores de Uo apresentados
na Tabela 4.
E XEMPLO 6
Dado um sistema de 13.8 kV, em que a corrente de curto-
circuito é de 3922 A e o transformador à montante é aterrado por
resistência de 400 A – 10s, determine o valor do fator de sobretensão
e a tensão fase-terra sob falta à terra.
SOLUÇÃO:
O valor de K é dado por:
O fator de sobretensão será:
A tensão fase-terra do cabo deve ser maior que:
ou não contar com um sistema que desligue adequadamente, poderá
haver a queima do(s) cabo(s).
Como ainda há em muitas literaturas e desenhos a notação do
circular mil (CM), apresentamos a sua denição: 1 CM (circular mil)
equivale a uma área igual à de um círculo com diâmetro de 1 milésimo
de polegada.
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela EscolaFederal de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou comoengenheiro de estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito,load flow e seletividade na plataforma do AutoCad®. Além disso, temexperiência na área de projetos, engenharia de campo, montagem,manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresaEngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenhariaelétrica, benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmenteé sócio diretor. O material apresentado nestes fascículos colecionáveis éuma síntese de parte de um livro que está para ser publicado pelo autor,resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃOConra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail [email protected]
Um caso típico de problemas com cabos é apresentado no
esquema da Figura 8.
Figura 8 – Problema com cabos em sistemas que paralelam geradores
com a concessionária.
Obtém-se que:
1 – Em condição normal, a concessionária trabalha em paralelo com
o gerador G1.
2 – O aterramento do sistema é provido pelo neutro do TR-1
(aterramento sólido).
3 – Caso a concessionária que fora pela abertura do disjuntor 52-2, o
nível de tensão da barra de paralelismo ca não aterrado.
4 – No caso de curto-circuito fase-terra no nível de tensão da barra de
paralelismo, a tensão nas duas fases sãs do sistema irá subir de .
5 – Na situação descrita no item 4, a tensão fase-terra será igual à tensão
entre fases, ou seja, se o cabo não for corretamente dimensionado
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26 A
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Proteção
e
selet
ividade
A utilização de bancos de capacitores em sistemas
elétricos industriais tem crescido ultimamente devido
ao fato de se constituir uma forma simples, prática e
econômica de corrigir o fator de potência. Entretanto, a
sua aplicação necessita de certos cuidados, pois podem
ocorrer alguns “efeitos colaterais”. Alguns cuidados e
atenção devem ser tomados, entre outros, quando se
chaveia um banco. Um disjuntor pode interromper vários
kAs de corrente indutiva, mas suportará uma corrente
capacitiva de apenas algumas centenas de ampères.
Normas e guias
Existem várias normas e guias para a proteção de
capacitores, entre as quais podem ser citadas:
• IEEE Std C37.99-2002 “Guide for protection of shunt
capacitors banks”
• IEEE Std 18-2002 “Shunt Power Capacitors”
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo XIII
Proteção de Bancos
de Capacitores Shunt
Figura 1 – Conexões mais usuais de banco de capacitores.
• IEC 831-1 1988 “Shunt Power Capacitors of the self
healing type for a.c. systems having a rated voltage up
to and including 660 V”
• ABNT NBR 5282 JUN 1998 – “Capacitores de
potência em derivação para sistemas de tensão acima
de 1000 V – Especicação”
Tipos de conexões dos bancos decapacitores Shunt
Os bancos de capacitores shunt trifásicos sãocomumente conectados em uma das seguintes formas:
• Delta
• Estrela não aterrada
• Estrela aterrada
• Dupla estrela não aterrada
• Dupla estrela aterrada
É necessário lembrar que quando os bancos de
capacitores cam com potência acima de 3.100 kVAr, é
prática utilizar as conexões em dupla estrela não aterradae com neutros interligados. Há também a possibilidade
de utilizar os bancos na conguração H.
Ultimamente, encontram-se no mercado fornecedores
de bancos em que os capacitores suportam mais do que
10% de sobretensão. Dessa forma recomenda-se sempre
consultar os respectivos fabricantes dos equipamentos.
Principais proteções de um banco decapacitores
As proteções mais usuais de um banco de
capacitores podem ser resumidas em:
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27
• De sobrecorrente para falta na barra e/ou circuito do banco;
• De sobrecorrente para faltas nas unidades do banco;
• De sobretensão permanentes nas unidades restantes devido à
falha de unidades individuais;
• De sobretensão na barra do banco de capacitores;
• De surto de tensão do sistema;
• Descarga de corrente de unidades paralelas;
• De corrente inrush devido ao chaveamento;
• De arcos sobre a estrutura do capacitor;
Corrente inrush Na energização de um banco de capacitores, ocorre um
transitório eletromagnético que se traduz pelo aumento dos valores
de corrente e de frequência. Os valores atingidos nesse transitório
e sua duração dependem do instante em que está passando a
tensão, da capacitância, da indutância do circuito, da carga inicial
do capacitor no instante da energização e dos amortecimentos
promovidos pelas resistências do circuito.
Observações importantes sobre a corrente inrush de banco de
capacitores:
• Quando o banco de capacitores está descarregado, sua
impedância é praticamente nula e assim os valores de corrente
podem atingir valores expressivos.
• Quando existe um banco único na barra, a corrente inrush
deste banco é menor que a corrente de curto-circuito no ponto de
instalação do banco de capacitores.
• Quando um capacitor é chaveado, estando um outro já
energizado na mesma barra (conhecido como chaveamento “back
to back”), as correntes de energização tendem a ser ainda maiores,
considerando que a contribuição de corrente do banco já conectado
na barra é limitada apenas pela indutância dos capacitores e dos
barramentos.
• Quando um banco é chaveado “back to back”, a corrente inrush
poderá exceder o valor da corrente de curto-circuito no ponto onde
está o banco de capacitores.
• Normalmente a corrente inrush máxima suportada por um banco
de capacitores é de 100xIn. Deve-se consultar sempre o fabricante
e também vericar qual a norma de fabricação do capacitor para
certicar este valor.
• A forma de onda não é senoidal e aparece uma onda de alta
frequência sobreposta à senóide da onda de tensão.
• A duração do transitório normalmente varia da ordem de uma
fração de ciclo a alguns ciclos da frequência do sistema.
A Figura 2 apresenta o gráco de uma simulação feita do
chaveamento de um banco de 30 MVAr em 69 kV, através de um
programa de transitórios eletromagnéticos.
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Proteção
e
selet
ividade
Figura 2 – Chaveamento de capacitor de 30 MVAr em 69 kV single na barra.
Corrente = 4074,5 Ap e frequência = 528,8 Hz.
Figura 3 – Chaveamento de capacitor de 30 MVAr em 69 kV back to back,
estando um banco de capacitores também de 30 MVAr já energizado na
barra. Corrente = 9431,8 Ap e frequência = 2341,9 Hz.
Figura 4 – Circuito equivalente de um banco de capacitores sendo
chaveado.
A Figura 3 apresenta o gráco de uma simulação feita, por meio
de um programa de transitórios eletromagnéticos, do chaveamento
de um segundo banco de capacitores de 30 MVAr em 69 kV,
estando já energizado na mesma barra um banco de 30 MVAr.
Do circuito da Figura 4 pode-se dizer que, a partir do
fechamento da chave, uma corrente i(t) irá circular e, pela Lei de
Kirchoff, das tensões pode-se tirar:
Como se pode observar, a solução no domínio do tempo acaba
cando um pouco complexa e o que se faz é passar para o domínio
da frequência através das transformadas de Laplace que transforma
as equações diferenciais em equações algébricas como segue:
Isolando-se o valor da corrente I(s) na Equação 2, tem-se:
Aplicando-se a antitransformada de Laplace, ca:
Chamando-se de:
Aplicando a Equação 5 na 4, tem-se:
Aplicando-se a Equação 5 em 6 e, manipulando, ca:
A frequência de chaveamento do banco simples é dada pela
Equação 5, a qual pode ser expressa em Hz e em µH eµF, conforme
mostrado na Equação 9.
Como pode ser observado nas simulações, o valor da corrente
inicialmente é muito alto, porém o valor cai abruptamente e em
torno de 100 ms praticamente já atingiu o valor de regime.
(a) Valor da corrente inrush
(a1) Chaveamento único (banco singelo)
A Figura 4 mostra o modelo de circuito representativo de um
capacitor singelo sendo chaveado na barra.
Equação 1
Equação 2
Equação 3
Equação 4
Equação 5
Equação 6
Equação 7
Equação 8
Equação 9
Equação 10
Equação 11
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Proteção
e
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ividade
(a2) Chaveamento de mais de um banco na barra (banco
de múltiplos estágios)
Ao chavear um banco (ou um novo estágio de um mesmo
banco), havendo outro já energizado na barra, praticamente, a
única impedância que irá limitar o chaveamento será a impedância
dada pela indutância entre os bancos (visto que esta é muito
menor que a indutância da rede). Dessa maneira, a corrente de
chaveamento que aparece atinge valores elevados. A Figura 5 traz
o circuito representativo desta situação.
A Figura 5(a) mostra o banco sendo chaveado. A Figura 5(b)
mostra a associação equivalente da indutância e a Figura 5(c) é
o equivalente final. Analisando ainda a Figura 5(c), vemos que
corresponde à Figura 4. Logo, a Equação 8 pode ser aplicada, a
qual, na condição de valor máximo, corresponde ao seno igual
a 1, cujo resultado é aplicado à Equação 13.
Os valores de corrente de chaveamento, frequência e os
respectivos tempos de duração do inrush podem ser utilizados
no programa ATP (Alternative Transient Program). As frequências
de chaveamento de banco são da ordem de kHz e a duração dotransitório de chaveamento é de alguns semiciclos da frequência
de chaveamento.
Pontos a serem protegidos Os capacitores, assim como os motores elétricos, constituem
equipamentos muitos sensíveis, como pode ser visto pelas
prescrições normativas de projeto das normas IEEE Std 18 e C37.99.
Os capacitores podem:
• Operar permanentemente com 110% de Vn (incluindo-se
sobretensões harmônicas);
A tabela a seguir apresenta a indutância típica dos bancos
e dos barramentos.
Em que:
kVFF
= Tensão entre fases do banco em kV;
Leq = Indutância equivalente entre os bancos em micro-henries
[µH];
I1, I
2 = Corrente nominal dos bancos já energizado (banco 1) e do
banco chaveado (2) em [A].
A frequência de chaveamento deste banco múltiplo é dada pela
Equação 15.
A Equação 16 expressa a frequência em Hertz e L em µH.
Ao manipular a Equação 13, chega-se então à Equação 14.
Equação 12
Equação 14
Equação 15
Equação 16
Figura 5 – Circuito equivalente do chaveamento de um banco múltiplo
na barra.
Equação 13
T ABELA 1 – INDUTÂNCIA TÍPICA DE BARRAMENTOS E BANCOS
Indutância da barra
[mH/m]
0,70210,7808
0,8399
0,8399
0,8563
0,8563
0,8793
0,935
Indutância típica dos capacitores
[mF]
55
10
10
10
10
10
10
Tensão
[kV]
< 15.538
48.3
72.5
121.0
145.0
169.0
242.0
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31 A p o i o
• Operar até 180% de In (incluindo a fundamental e as harmônicas);
• Operar no máximo a 115% kVAr nominal para a fundamental;
• Operar permanentemente com 135% dos kVAr nominais (desde
que não exceda a 110% Vn).
Nota: Deve-se sempre consultar o fabricante para vericar as
condições de suportabilidade do respectivo banco.
(a) Pick up da unidade temporizada
Deve ser escolhido em função da norma em que o capacitor
foi fabricado. Normalmente deve ser ajustado entre 1.2 e 1.35 x In.
Valor sugerido: 1.2. Embora a corrente permissível possa ser maior
(por exemplo 8 x In – ANSI), a limitação é imposta pela potência.
(b) Temporização da unidade
Não deve atuar para a corrente de energização do banco.
Assim, seu ajuste deve car acima do Ponto (Inrush [A]; 0.1 s),
embora, parte das vezes este transitório pode durar menos que 100ms para o valor da corrente inrush.
(c) Pick up da unidade instantânea
Deve ser ajustada para 110% do valor da corrente de
energização.
(d) Resumo dos critérios de proteção
Para proteção de um capacitor ou banco, deve-se prever a
limitação da:
• Sobretensão em 10%;
• Sobrecorrente de 130% a 135% (Conforme norma de fabricação).
Ajustes recomendados:Pick up sobrecorrente: 1,2 x In
Temporização da unidade temporizada: acima do ponto (0.1 s;
Inrush)
Instantâneo: > 1,1 x Inrush
Bancos em dupla estrela Bancos em média e alta tensões normalmente são conectados
em dupla estrela, pois, dessa forma, podem ser utilizados
capacitores de menor isolação, implicando menor custo. A estrela
é normalmente isolada, porém, interligada e, nessa interligação,
é instalado um relé que consegue identicar desequilíbrios decorrente que surgem em função da queima de algum fusível de
alguma “lata” (unidade) de capacitor.
Assim, deve-se promover o ajuste deste relé, montando uma tabela,
excluindo lata por lata (unidade por unidade), de modo que a
tensão que abaixo de 110%, limite máximo normalizado para a
fabricação dos capacitores.
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32 A
p o i o
Apresenta-se a seguir as principais equações para banco dupla
estrela.
Tensão remanescente nas unidades restantes do grupo e corrente de desequilíbrio no neutro debancos dupla-estrela
(a) Tensão no restante do grupo
A Equação 17 apresenta o cálculo da sobretensão das unidades
restantes de um grupo.
(b) Corrente de desequilíbrio
A Equação 18 traz o cálculo da corrente de desequilíbrio no neutro
da dupla estrela na saída (queima de fusíveis) de um grupo.
Em que:
P = Número de unidades em paralelo por grupo
S = Número de grupos série por perna
F = Número de fusíveis queimados
(c) Tensão remanescente em cada grupo série com o
grupo em falta A Equação 26 apresenta o cálculo da tensão remanescente em
cada grupo série com o grupo em falta para um banco em dupla
estrela.
(d) Corrente de falta com uma unidade curto-circuitada
Apresenta-se a seguir a Equação 34 para o cálculo corrente de
falta na fase, para um banco em dupla estrela.
Para se determinar a corrente de falta no grupo curto-circuitado,
utiliza-se a Equação 35.
Em que:
IN = Corrente nominal do capacitor.
(e) Número mínimo de unidades por grupo para umasobrentesão de 10%
Na equação seguinte, é determinado o número mínimo de unidades
por grupo para uma sobretensão de 10%.
Equação 17
Equação 18
Equação 26
Equação 25
Equação 21
Equação 20
Equação 24
Equação 23
Equação 22
Equação 19
Equação 27
Equação 28
Equação 29
Equação 30
Equação 31
Equação 32
Equação 33
Equação 34
Equação 35
Equação 39
Equação 38
Equação 37
Equação 36
Proteção
e
selet
ividade
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34 A
p o i o
Exemplo 1 Dado um banco de capacitores de 3600 kVAr, instalado em
13.8 kV, em um local em que o nível de curto-circuito é de 8519
A. A característica do banco é apresentada a seguir. Pede-se para
ajustar as proteções do banco.
Conexão: dupla estrela não aterradakVAr de 1 unidade = 200
Número de grupos série por fase (S) = 1
Número de unidades em paralelo por grupo (P) = 3
kVn 1 unidade = 7,967
TC de fase = 400-5 A
TC do neutro da dupla estrela = 15-5 A
Solução
O valor da corrente inrush é calculado como segue:
A duração é 0.1 s. Assim, a temporização do relé deve car
acima deste tempo, ou seja, 0.15 s. Escolhendo uma característica
muito inversa, ca:
A unidade instantânea tem que ser ajustada 10% acima do valor
da corrente inrush:
O cálculo a seguir mostra a sobretensão nas unidades restantes.
Do grupo, quando são retiradas unidades e a corrente de
desequilíbrio no neutro, sabe-se que a sobretensão das unidades
restantes do grupo e a corrente de desequelíbrio no neutro da dupla
estrela são dadas por:
....
....Proteção
e
selet
ividade
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35 A p o i o
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela EscolaFederal de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou comoengenheiro de estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito,load flow e seletividade na plataforma do AutoCad®. Além disso, temexperiência na área de projetos, engenharia de campo, montagem,manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresaEngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenhariaelétrica, benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmenteé sócio diretor. O material apresentado nestes fascículos colecionáveis éuma síntese de parte de um livro que está para ser publicado pelo autor,resultado de 30 anos de trabalho.
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Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para oe-mail [email protected]
Com nenhuma unidade retirada (F=0), para P=3 e S=1, ca:
Com uma unidade retirada (F=1), para P=3 e S=1, ca:
A tabela a seguir resume o exposto:
Como se sabe, o banco não deve car submetido mais do que
Ajuste da unidade de trip
Nota: O valor de 0.9 utilizado é para garantir que, mesmo com
subtensão na barra, a proteção irá operar adequadamente.
Com duas unidades retiradas (F=2), para P=3 e S=1, ca:
Nº deunidades
retiradas
0
1
2
3
Tensão nasunidades
restantes (pu)
1,000
1,059
1,125
1,200
Tensão nasunidades restantes
(kVsistema)
7,967
8,436
8,963
9,561
Tensão nasunidades restantes
(pu - kVBanco)
1,000
1,059
1,125
1,200
Corrente noneutro da dupla
estrela (A)
0,00
13,29
28,24
45,18
....
....
....
....
10% de sobretensão. Neste caso, com uma unidade retirada, dá-se
o alarme e, com duas, dá-se o trip.
Ajuste da unidade de alarme
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26 A
p o i o
Proteção
e
selet
ividade
A proteção eciente de barramentos é um objetivo
importante de ser alcançado, visto que, via de regra,
os barramentos cam na entrada de planta, na entrada
de painéis. Por isso, uma proteção ineciente pode
colocar em risco a integridade de todo o sistema e,
dependendo do tempo disponível para recolocar
o sistema em operação, as consequências quase
sempre têm alto impacto, quer na segurança, quer na
operacionalidade do sistema.
Apresenta-se a seguir uma introdução à proteção
de barramentos.
Função 50 Esta função tem por objetivo eliminar a falta
instantaneamente. Como normalmente os barramentos
estão nas entradas, esta função é raramente utilizada,
pois para falta em uma das saídas, desligam-se todos os
circuitos.
Para diferenciar faltas na barra e nos alimentadores,
lança-se mão da proteção 87B, diferencial de barra,
que opera instantaneamente, desde que a falta esteja
dentro da zona de proteção denida entre os TCs deentrada e de saída.
Relé de sobrecorrente temporizado(Função 51)
Esta função tem o objetivo de eliminar a falta de
forma temporizada. Este tipo de proteção é o mais
utilizado nas plantas industriais.
O ajuste de pick-up deve permitir a circulação da
carga demandada da planta.
A temporização deve ser ajustada de forma a car
seletiva com as proteções situadas a jusante (inclusive
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo XIV
Proteção de barramentos
Figura 1 – Esquema unilar do relé diferencial parcial.
permitir motores partir com a carga da planta em
operação). Em sistemas industriais, é muitas vezes
utilizada a proteção diferencial parcial, a qual é
descrita a seguir.
Relé diferencial parcial Em algumas plantas, em que há “ties” (disjuntores
de interligação) entre barras, pode ser usada a proteção
diferencial parcial, que nada mais é que um relé de
sobrecorrente utilizado para a função diferencial,
porém atua de forma temporizada. O esquema unilarapresentado na Figura 1 ilustra a maneira de se
interligar.
As principais vantagens de se utilizar o esquema de
proteção diferencial parcial são as seguintes:
• Utiliza-se um relé a menos, pois normalmente tem-se
um relé de sobrecorrente no “tie” e outro na entrada.
• Por utilizar um relé a menos, se ganha um intervalo
de coordenação, ou seja, em torno de 300 ms no
tempo da seletividade cronológica.
A principal desvantagem é:• Utilizam-se 3 TCs a mais.
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28 A
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Proteção
e
selet
ividade
Figura 4 – Esquema unilar do relé diferencial de barra.
pois os valores de corrente ajustados são comumente baixos.
O maior cuidado que se deve ter com esta proteção refere-se aos
erros de TCs, os quais podem operar, devido ao não balanceamento
de correntes, para faltas externas. Dessa forma, um resistor de
estabilização é muitas vezes utilizado e, portanto, sempre devem ser
consultados os respectivos manuais dos fabricantes do relé.
Relé para proteção de arco Em painéis de média e baixa tensão, nos últimos anos, houve um
progresso razoável no nível de proteção, de forma a reduzir a energia
incidente e, consequentemente, acrescer a proteção ao elemento
humano, conjugado à proteção de equipamentos e sistema.
As primeiras pesquisas foram iniciadas com Ralph Lee, na
questão da determinação da energia incidente e avaliação do tipo
de vestimenta aplicado aos trabalhadores que cavam expostos nas
salas elétricas. Entre outros, o NFPA70E e o IEEE Std 1584 atualmente
encerram os novos procedimentos para esses cálculos.
A partir dessas pesquisas, surgiram os relé sensíveis à luz, cujas
captações luminosas podem normalmente ser feitas por bra sensora
ou por sensor pontual. Tais relés também podem ser programados para
operarem somente por luz ou luz e sobrecorrente.
Estes relés se constituem excelente proteção para as pessoas,
equipamentos e sistema, diminuindo o tempo para recolocar o
sistema em marcha (MTTR), o que agrega grande valor operacional.
Dessa forma, os catálogos/manuais dos fabricantes sempre devem ser
consultados para a correta aplicação e ajustes desta proteção.
É recomendado que o sinal de trip do relé diferencial parcial atue
desligando os disjuntores de entrada e interligação e também, num
relé de bloqueio, que em paralelo deve desligar também o disjuntor
de entrada e a interligação. Algumas losoas desligam também
todos os disjuntores de saída da referida barra, principalmente
quando problemas de reaceleração de motores são iminentes.
Diferencial de barra (Função 87B) Esta função tem por objetivo eliminar a falta instantaneamente.
Para diferenciar faltas na barra e nos alimentadores, utilizam-se TCs
na(s) entrada(s) e saída(s) de modo a denir a zona de proteção.
Em síntese, esta proteção utiliza o princípio da Lei de Kirchoff das
correntes, ou seja, a somatória das correntes que entram é igual à
somatória das correntes que saem conforme mostra a Figura 4.
É importante lembrar que como esta proteção deve atuar
independentemente da seletividade, ela normalmente não faz parte
do estudo de seletividade. Os valores de ajuste são denidos apenas
na primeira vez, na implantação do sistema. O máximo que se faz é
vericar se os ajustes estão consistentes, o que normalmente acontece,
Figura 2 – Solução convencional.
Figura 3 – Solução com proteção diferencial parcial
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela EscolaFederal de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou comoengenheiro de estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito,load flow e seletividade na plataforma do AutoCad®. Além disso, temexperiência na área de projetos, engenharia de campo, montagem,manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresaEngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenhariaelétrica, benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmenteé sócio diretor. O material apresentado nestes fascículos colecionáveis éuma síntese de parte de um livro que está para ser publicado pelo autor,resultado de 30 anos de trabalho.
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Proteção
e
selet
ividade
O objetivo deste capítulo é prover informação
para que se possa efetuar ajustes para a proteção deconversores estáticos e semicondutores.
As normas empregadas para a elaboração deste
capítulo foram:
IEC 146 1973 – Semiconductor Convertors
IEEE Std 444 – 1973 “IEEE Standard Practices
and Requirementes for Thyristor Converters for
Motor Drives”
IEC Duty classes Na prática, é difícil prever o perl diário da carga
para denir o conversor e, mesmo conhecendo operl, ele não pode ser tomado como base para testes
e garantias. Assim, o que se faz é prover valores de
corrente constantes de carga para uma dada duração.
A norma IEC prevê estes ciclos padronizados de
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo XV
Proteção de conversores esemicondutores
I
II
III
IV
V
VI
Duty class
100% continuamente
100% continuamente
150% 1 minuto
100% continuamente
150% 2 minutos
200% 10 segundos
100% continuamente
125% 2 horas
200% 10 segundos
100% continuamente
150% 2 horas
200% 1 minuto
100% continuamente
150% 2 horas
300% 1 minuto
Corrente nominal para conversorese condições de teste (valores em
percentual da corrente nominal DC)
carga, apresentados na Tabela 1, obtida da norma
IEC 146 1973. Esta norma apresenta seis níveis desuportabilidade térmica.
IEEE Duty classes A norma IEEE Std 444 provê estes ciclos
padronizados de carga na Tabela 1 da citada norma,
representado aqui pela Tabela 11.2. Esta norma
apresenta 30 “duty classes”, ou seja, 30 ciclos de
suportabilidade térmica, tanto para longa como para
curta duração.
A Figura 1 mostra um exemplo das curvas tempo
versus corrente de um “duty cycle” típico do IEEE, comos pontos característicos:
A – Ponto de operação nominal
B – Ponto de suportabilidade de longa duração
C – Ponto de suportabilidade de curta duração
D – Ponto de ensaio (teste de curta duração)
Uma vez que a corrente é dada do lado DC, as
Tabelas 3 e 4 apresentam como calcular o valor do
lado AC, conforme a conguração.
CURRENT (PER UNIT)
REPETITIVE SERVICE CURRENT RATING PROFILE, DUTY CLASS S-4
10000
1000
100
10
1.01.0 2.0
A B
C T I M E ( S E C O N D S )
D
3.0
Figura 1 – Exemplo de curva tempo versus corrente,
conforme norma IEEE Std 444 – 1973.
T ABELA 1 – IEC DUTY CLASSES
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27 A p o i o
S-1
S-2S-3
S-4
S-5
S-6
S-7
S-8
S-9
S-10
S-20
S-21
S-22
S-23S-24
S-25
S-26
S-28
S-29
S-30
Duty class
1,00
1,001,00
1,00
1,00
0,25
0,25
0,25
0,50
0,25
1,00
1,00
1,00
0,710,71
0,71
0,33
1,00
1,00
1,00
Idc Nominal (Ponto A)
[pu] [pu]
1,00
1,251,25
1,25
1,00
0,25
0,25
0,25
0,25
0,50
0,25
1,00
1,00
0,820,82
0,71
0,33
1,00
1,00
1,00
[minutos]
150
120120
120
60
1
1
2
2
2
150
30
60
120120
30
30
30
150
5
Corrente especicada para
Serviços de Longa Duração(Ponto B)
[pu]
2,25
1,751,75
1,75
1,75
0,50
1,00
0,75
0,75
1,75
2,00
2,50
3,00
1,751,75
3,00
1,50
4,00
4,00
1,50
[segundos]
10
6018
30
30
5
5
30
30
18
60
10
5
185
5
5
5
5
30
Corrente especicada para
Serviços de Curta Duração(Ponto C)
[pu]
2,25
1,751,75
1,75
1,75
0,50
1,00
0,75
0,75
1,75
2,00
2,50
3,00
1,751,75
3,00
1,50
4,00
4,00
1,50
[segundos]
60
18030
60
60
10
10
60
60
30
60
20
10
3010
10
10
10
10
60
Carga Inicial
FL
FLFL
FL
FL
NL
NL
NL
NL
NL
FL
FL
NL
FLFL
FL
NL
FL
FL
FL
Corrente Típica especicada
para Testes Curta-Duração(Não Repetitiva) (Ponto D)
T ABELA 2 – IEEE DUTY CLASSES
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28 A
p o i o
Proteção
e
selet
ividade
T ABELA 3 – C ORRENTE DO LADO AC EM FUNÇÃO DA CONEXÃO DO TRANSFORMADOR ( CONFORME IEC).
T ABELA 4 – C ORRENTE DO LADO AC EM FUNÇÃO DA CONEXÃO DO TRANSFORMADOR ( CONFORME IEEE).
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30 A
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Proteção
e
selet
ividade Proteção dos conversores
Nos itens 3 e 4, foram apresentados os valores suportáveis
pelos conversores, segundo as normas IEC e IEEE, respectivamente.
A proteção deve permitir a circulação da corrente nominal do
sistema, porém, a curva característica do relé de proteção deve
car abaixo da característica de suportabilidade térmica para o
respectivo conversor, de modo a garantir a sua proteção. Para determinar os valores das correntes do lado AC a partir do
lado DC, as Tabelas 3 e 4 podem ser utilizadas.
Devido à característica necessária à proteção dos
semicondutores, a curva mais adequada para a proteção de fase é
a extremamente inversa.
Deve-se sempre consultar as recomendações dos fabricantes,
tanto para saber a real suportabilidade térmica de cada equipamento
quanto para os valores recomendados de proteção dos respectivos
equipamentos.
Proteção do conjunto Para a proteção do conversor, é preciso utilizar as suportabilidades
térmicas fornecidas pelos fabricantes. Apresenta-se a seguir uma
explanação básica para a proteção do conjunto (transformador +
cabos + inversor). A Figura 2 mostra duas congurações típicas.
Proteção Pelo menos os seguintes quesitos devem ser observados para a
proteção do conjunto:
(a) Permitir a circulação da corrente nominal do inversor;
(b) Proteger termicamente contra sobrecargas do inversor/
transformador/cabos, conforme suas características térmicas de
curta e longa duração;
(c) Permitir a corrente inrush do(s) transformador(es);
(d) Atuar instantaneamente para curto-circuito no primário;
(e) Atuar temporizadamente para curto-circuito no secundário.
A Figura 3 mostra o gráco tempo versus corrente para a
proteção de um sistema de 12 pulsos.
Proteção contra sobrecarga Deve permitir o equipamento (inversor) operar à plena carga e
também permitir as sobrecargas previstas para as suas respectivas
capacidades térmicas (duty cycle).
Proteção para faltas no secundário Deve permitir que a proteção do inversor opere primeiro. Assim, a
proteção primária deve operar de forma temporizada (< 250 ms) para
faltas no secundário.
Proteção para faltas no primário Deve proteger o conjunto para curtos-circuitos no enrolamento
primário do transformador/cabo alimentador do transformador e, assim,
entrar em operação instantaneamente, porém deve permitir a circulação
da corrente inrush, de forma a permitir a sua energização.
Particularidades:
(a) A corrente que circula quando há queima de um diodo/tiristor,
principalmente no caso de um sistema de 24 pulsos, é de difícil
determinação.
(b) Para sistemas de 24 pulsos, ca difícil proteger os quatro
enrolamentos secundários, cuja potência individual é ¼ da potência
total do enrolamento primário, dentro dos critérios do NEC (< 2.5 In).
(c) Para permitir a circulação da corrente inrush e baixar o instantâneo
do primário ao máximo possível, recomenda-se utilizar dois grupos
de ajustes: o primeiro, que deve ser utilizado na etapa da energização
(ajuste instantâneo < corrente de inrush), e o segundo grupo, utilizando
um valor menor de corrente que garanta uma melhor proteção.
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federalde Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro deestudos e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade
na plataforma do AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos,engenharia de campo, montagem, manutenção, comissionamento e startup. Em 1995 fundou a empresa EngePower® Engenharia e Comércio Ltda,especializada em engenharia elétrica, benchmark e em estudos elétricos noBrasil, na qual atualmente é sócio diretor. O material apresentado nestesfascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um livro que está para ser
publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
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Figura 2 – Topologia típica do conjunto de inversor de frequência e
transformador para (a) 12 pulsos e (b) 24 pulsos.
Figura 3 – Coordenograma típico de proteção de um conjunto
transformador + inversor.
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
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Proteção
e
selet
ividade
O objetivo desse capítulo é prover as informações
básicas para que se possa dispor de um sistema deproteção adequado na interface com a concessionária,
em função do tipo de conexão que se irá estabelecer.
No Brasil, até 145 kV, as concessionárias
estabelecem os critérios para conexão. Acima dessa
tensão, além das concessionárias, o Operador Nacional
do Sistema (ONS) é quem prescreve esses critérios.
Apresenta-se a seguir algumas das normas/guias
mais utilizadas para o desenvolvimento deste capítulo.
IEEE Std C37.95™-2002
ANSI/IEEE Std C37.106-1987 Ligação de autoprodutores em paralelo com o
sistema de distribuição da CPFL
Procedimentos de rede do ONS – Módulo 11 –
Proteção e controle
Alimentação de entrada em média tensão Para sistemas industriais supridos exclusivamente
pela concessionária (sem gerador fazendo paralelismo
com a concessionária), a proteção de entrada é
normalmente constituída por um relé com as funções
50/51 para fase e 50/51N para neutro. Algumasconcessionárias ainda exigem uma proteção de terra
sensível.
Ajustes de fase Apresenta-se a seguir uma forma prescrita por
algumas concessionárias, a qual tem um critério muito
coerente, pois, a partir da demanda, determina-se
o valor de pickup de fase, permitindo o consumidor
ultrapassar 9% acima da demanda máxima permitida
(que é igual a 110% da demanda contratada – que
perfaz o ajuste de 1.2) e com fator de potência 0.7
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo XVI
Interface com a concessionária
(que corresponde a 31.4% acima do fator de potência
limite atual que é 0.92), o que permite que a plantaopere mesmo com algum problema nos bancos de
capacitores.
O pickup da unidade temporizada (I>) é ajustado
com base na potência demandada.
No que tange à temporização, o dial de tempo deve
ser escolhido de modo a coordenar com a proteção à
jusante e também deve car abaixo e coordenar com o
relé da concessionária.
A unidade instantânea (I>>) deve ser ajustada com
base (a) na corrente de curto-circuito subtransitória
máxima assimétrica secundária referida ao primário
(maior valor da corrente de curto-circuito secundária
referida ao primário escolhida entre todos os
transformadores supridos na tensão de alimentação da
concessionária) ou (b) na corrente inrush total
Ajustes de terra(a) Neutro sensível
O valor de pickup da unidade de terra sensível
normalmente varia de 3 A a 25 A. Deve car abaixo
do valor de pickup do relé da concessionária.
Recomenda-se tanto para consumidores como para
concessionárias não utilizarem valores muito baixos
(<10 A), pois pode não se obter uma boa precisão dos
TCs nessas regiões de ajuste.
A temporização normalmente é maior que 1
1.2 x Demanda[kW] Demanda[kW] 0.9897 x= =I
>
√3 x kV N x 0.7 kV
N
I = 1.1 x I”CC-ASSIMÉTRICA MAX
ou 1.1 x I”Inrush-Max a que for maior.
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
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23 A p o i o
No que tange à temporização, o dial de tempo deve ser
escolhido de modo a coordenar com a proteção à jusante e também
deve car abaixo e coordenar com o relé da concessionária.
A unidade instantânea ( )deve ser ajustada com base (a) na
corrente de curto-circuito subtransitória máxima assimétrica
secundária referida ao primário (maior valor da corrente de
curto-circuito secundária referida ao primário escolhida entre
todos os transformadores supridos na tensão de alimentação daconcessionária) ou (b) na corrente inrush total.
Ajustes de terra O pickup da unidade temporizada (Io ) é ajustado normalmente
(1.05.a.1.10)2 x ∑KVAVENTILAÇÃOFORÇADA-TRAFOS=I>
√3 x kV N
segundo e deve car abaixo e coordenar com a proteção da
concessionária.
(b) 50/51N
O pickup da unidade temporizada (Io ) é ajustado normalmente
entre 15 A e 120 A. Deve car abaixo do valor de pickup do relé da
concessionária.
A temporização deve:
Permitir a energização do transformador;
Deve car abaixo e coordenar com a proteção da concessionária;
Coordenar com a proteção à jusante (caso a conexão seja
diferente de delta).
Alimentação de entrada em alta/extra tensão Para sistemas industriais supridos exclusivamente pela
concessionária (sem gerador fazendo paralelismo com aconcessionária), a proteção de entrada é normalmente
constituída por um relé com as funções 50/51 para fase e 50/51N
para neutro. Nos casos de linha dupla de entrada (que operem
permanentemente em paralelo, ou seja, sem transferência
automática de linha), pode haver a proteção 67/67N enxergando
a linha, de forma que uma linha não retro-alimente o curto-
circuito na outra linha.
I>> = 1.1 x I”CC-ASSIMÉTRICA MAX
ou 1.1 x I”Inrush-Max a que for maior.
Ajustes de fase O ajuste de pickup da unidade temporizada ( ) é determinado
na soma das potências de ventilação forçada dos transformadores
conectados no nível de tensão de recebimento vezes 1.05 a 1.1.
O pickup da unidade temporizada ( ) na linha é ajustado com
base na potência demandada.
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24 A
p o i o
Proteção
e
selet
ividade entre 15 A e 120 A. Deve car abaixo do valor de pickup do relé da
concessionária.
A temporização deve:
Coordenar com a proteção à jusante se a conexão do
transformador permite passagem de corrente de sequência, na
linha, no primário; Permitir a energização do transformador;
Deve car abaixo e coordenar com a proteção da concessionária.
As funções 67/67N (localizada no bay de linha), quando
utilizada, deve ser ajustada em um valor relativamente baixo. A
temporização também pode ser sensível (da ordem de 120 ms).
Valores abaixo desta temporização não são recomendados devido
às correntes inrush de transformadores e/ou banco de capacitores.
Caso a linha possa operar tanto em paralelo como
individualmente, a função 67/67N pode ser habilitada (quando
estiver em paralelo) em um grupo de ajuste e desabilitada (quandoestiver trabalhando individualmente) em outro.
Alimentação de entrada em média tensão e paralelismo de gerador
Para esta condição existem três situações:
Consumidor fazendo paralelismo momentâneo (conhecido tam-
bém como transferência em rampa);
Consumidor fazendo paralelismo permanente com a rede (PPR); Autoprodutor independente.
Consumidor fazendo paralelismo momentâneo com a rede
(transferência em rampa)
Deve-se sempre consultar as normas correspondentes a cada
concessionária.
Consumidor fazendo paralelismo permanente com a rede (PPR)
Deve-se sempre consultar as normas correspondentes a cada
concessionária.
As Figuras 1 e 2 ilustram esquemas típicos de paralelismo degerador com a concessionária.
Figura 1 – Esquema unilar típico para paralelismo com a rede em
média tensão.
Figura 2 – Esquema unilar típico para paralelismo com a rede em baixa
tensão.
32
1
27
3267
62
CARGA
25
UC
G
5051
50N51
32
1
27
3267
62
CARGAS
25
UC
G
5051
50N51
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26 A
p o i o
Proteção
e
selet
ividade
Figura 3 – Esquema unilar típico para paralelismo como autoprodutor
independente.
É recomendável a instalação de três TPs (grupo de ligação 3) na
barra de cargas prioritária conectados em estrela – aterrada/delta
aberto, quando o gerador é não aterrado ou quando o geradoré conectado na barra prioritária através de transformador com
conexão não aterrada no lado da rede e estrela no lado do gerador.
Isso porque quando se abre o disjuntor de interligação de barras, na
ocorrência de uma falta à terra, pode-se perder a referência de terra
e poderão ocorrer sobretensões que daniquem os equipamentos.
Observações gerais para paralelismo de geradores Apresenta-se a seguir algumas observações gerais, julgadas
importantes na colocação de gerador(es) em paralelo com a rede
de concessionária(s).
(a) Deve-se procurar sempre saber, junto à concessionária, o tempo
de religamento da(s) linha(s) que supre(m) a planta.
(b) É sempre interessante instalar um relé df/dt (ou habilitar a
função), fazendo desligamento no disjuntor de entrada da planta
(ponto de conexão com a concessionária), visto que em caso de
curto-circuito na linha, mesmo com o desligamento do curto-
circuito na subestação da concessionária, caso haja outros
consumidores na linha, o(s) gerador(es) irá(ao) tentar suprir toda
carga conectada na linha impondo uma sobrecarga que pode
danicar a(s) máquina(s). Outra razão que justica a instalação
da proteção df/dt é a rapidez de desligamento, obtendo, assim,
uma boa proteção em caso de religamentos de linha. O ideal,
para se determinar o ajuste da função df/dt, é fazer uma simulação
dinâmica do transitório eletromecânico.
(c) A função 32 é ajustada muitas vezes para operar com 10% do
total da potência de geração. A temporização irá depender, entre
outros fatores, do tempo de religamento da linha; o 32 deve car
abaixo desse valor, caso não se disponha de um relé df/dt, comodescrito no item (b).
(d) A função 67 deve ser ajustada em um valor relativamente baixo.
(e) A função 81 deve ser ajustada de forma que não comprometa
a máquina e abra primeiro o paralelismo com a concessionária. O
ideal, para se determinar o ajuste da função, é fazer uma simulação
dinâmica do transitório eletromecânico.
(f) A função 59N deve ser ajustada normalmente entre 25% e 33%
da tensão secundária do TP (seundário conectado em delta aberto
ou é utilizada a função que calcula a componente de sequência
zero via rmware). É importante vericar se curtos-circuitos fase-
terra distantes (em ramais de derivação, por exemplo) não irãocausar o desligamento indevido dessa proteção. Caso isso ocorra,
deve-se procurar um novo valor que atenda. Caso não se consiga, a
alternativa consiste em fazer uma coordenação cronológica dessa
proteção. Para se determinar os valores da tensão de sequência zero
no caso de faltas à terra, recomenda-se a simulação do módulo
“Unbalanced” do PTW ou outro software similar que calcule faltas
desequilibradas.
Apresenta-se a seguir os dados mais relevantes normalmente
utilizados para se fazer um estudo de transitórios eletromecânicos
para se determinar o comportamento da máquina e do sistemadiante das contingências (como perda de carga, degrau de carga,
perda de geração, desligamento de linha, partida de motor, curto-
circuito, etc.).
Dados do sistema
Esquema unilar do sistema concessionário
Circuito de sequência positiva, negativa e zero do sistema
concessionário
Dados do(s) transformador(es): potência, Z%, conexão,
aterramento, tensões)
Esquema unilar simplicado do sistema interno da planta
Dados das cargas
Montante de cargas de impedância constante
Montante de cargas de corrente constante
Variação da carga com a frequência
Dados dos geradores (data sheet)
Potência aparente (kVA)
Tensão nominal (kV)
Fator de potência
Frequência (Hz)
Autoprodutor independente Deve-se sempre consultar as normas correspondentes de cada
concessionária. Entretanto, apresenta-se a seguir um esquema de
proteção típico.
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28 A
p o i o
Rotação (RPM)
Classe de isolamento
Resistência do enrolamento de armadura – Ra
Reatância das máquinas (subtransitória de eixo direto – X"d,
transitória de eixo direto – X’d, síncrona de eixo direto – Xd,
dispersão da armadura – Xl, transitória de eixo em quadratura - X’q,
síncrona de eixo em quadratura – Xq, sequência negativa – X2,sequência zero – Xo)
Constantes de tempo das máquinas (subtransitória de eixo direto
em circuito aberto – T"do, transitória de eixo direto em circuito
aberto – T'do, subtransitória de eixo em quadratura em circuito
aberto – T"qo, transitória de eixo em quadratura em circuito aberto
– T'qo)
Constante de inércia do gerador – H
Constante de inércia da turbina – Ht
Constante de amortecimento D (pu)
Tipo e característica do aterramento do gerador
Curva de capabilidade do gerador Característica de circuito aberto do gerador
Característica de curto-circuito do gerador
Para os AVRs (reguladores automático de tensão)/excitação:
fornecer o diagrama de blocos no domínio da frequência que
seja o modelo matemático com as funções de transferência
representativas das malhas de controle do AVR, com os respectivos
ganhos, constantes de tempo e limitadores.
Para os reguladores de velocidade (governors): fornecer o
diagrama de blocos no domínio da frequência, que seja o modelo
matemático com as funções de transferência representativas das
malhas de controle do governor, com os respectivos ganhos,
constantes de tempo, limitadores e constante de inércia da turbina.
Para os PSS (Power Systems Stabilizer): fornecer o diagrama de
blocos, no domínio da frequência, que seja o modelo matemáticocom as funções de transferência representativas das malhas de
controle do PSS, com os respectivos ganhos, constantes de tempo
e limitadores.
Tipo de máquina primária (hidráulica, vapor, diesel, gás, eólica).
Rejeição de cargas e sistema ERAC
(a) Generalidades
Um sistema de Rejeição de Cargas (em inglês “Load Shedding”),
também conhecido como Descarte de Cargas, é utilizado sempre
em que há um décit de geração em relação à carga demandadae tem por objetivo restabelecer o equilíbrio eletromecânico de
energia do sistema.
Assim, normalmente são denidos níveis de prioridades para se
fazer o descarte de cargas do sistema elétrico.
A escolha das cargas a serem descartadas depende de uma
série de fatores:
Importância da carga no processo
Proteção
e
selet
ividade
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
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30 A
p o i o
Proteção
e
selet
ividade Tempo para o processo retomar marcha após o desligamento
Montante de carga
(b) Equação de balanço eletromecânico
A denição de energia cinética é:
Equação 1
Por denição, a constante de inércia é dada por:
A plicando-se a equação 5 na 6, tem-se:
E C = I.ω212
Equação 3E C = I.ω
1
2
Equação 5E C = 180M.f ⇔ E
C = Mπ.f
Equação 2M = I.ω ⇒ (quantidade de movimento)
Equação 4ω = 2.π.f = 360.f ⇒ ( graus elétricos)
Equação 7
P a = T
a.ω = I.ω.a = M.a = M
d2θ
dt2
Equação 13+ ωo = 2.π.f d δ
dt
Equação 14
Equação 15
= 2.π.d 2δ
dt 2
df
dt
T a.f
o
2H=
Equação 16
Equação 17
2H
f o
T m - T
e = T
a( T
m - T
e)⇒
df
dt
df
dt
f o
2H= x
T a
Carga a - Geração - Restante
Geração - Restante=
df
dt
T a = = T
m - T
e
H
π.f o
d2δ
dt2
Equação 6E
C
SH =
M = =S.H.
180.f
S.H.
π.f
A potência acelerante (Pa) de um gerador é escrita como
apresentada na equação 8.
Como a velocidade do gerador é dada pela equação a seguir:
Em que:
ωo = Velocidade síncrona
f = frequência instantânea
Derivando-se a equação anterior, no tempo, chega-se a:
A equação de balanço eletromecânico é dada pela equação 16.
O torque acelerante/desacelerante em pu pode ser expresso por:
Figura 4 – Taxa de variação da frequência de gerador com H = 5 e
potência desacelerante constante.
Em que:
df/dt = Taxa de variação da frequência em Hz/s
Ta = Torque acelerante em puf o = Frequência nominal do sistema em Hz
H = Constante de inércia do sistema em s
Apresenta-se nas Figuras 4 e 5 a taxa de decaimento da
frequência de geradores com H = 5 e H = 3, respectivamente,
admitindo-se a taxa de decaimento constante, ou seja, potência
acelerante constante e independente da frequência.
EQUAÇÃO DE BALANÇO
Em que:
Pa = Potência acelerante
Pm = Potência mecânica
Pe = Potência elétrica
Ta = Torque acelerante
Equação 8Pa = Pm – Pe = Ta.ω
Equação 9
Equação 10
Equação 11
Equação 12
Ta = Tm – Te
Em que:
Ta = Torque acelerante
Tm = Torque mecânico da carga
Te = Torque elétrico do gerador
θ = δ + ω.t
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31 A p o i o
H = x 10 -3E
C
kVAEquação 18
Cabe aqui apresentar algumas considerações sobre constantes
de inércia de geradores.
Considerações sobre a constante de inércia (H) A constante de inércia H é denida como sendo a relação entre
a energia cinética e a potência aparente, ou seja:
Figura 5 – Taxa de variação da frequência de gerador com H = 3 e
potência desacelerante constante.
Cabe aqui apresentar algumas considerações sobre constantes
de inércia de geradores.
Chamando o peso de W e a aceleração da gravidade de g, pode-se
dizer que m = W/g. Substituindo na equação anterior tem-se:
Comparando-se as duas últimas equações, podemos concluir que
a inércia é dada por:
Nas literaturas americanas costuma-se designar Wr2 como Wk2.
Equação 19E C = mv 2
1
2
Equação 22E C = mr 2 . ω2
1
2
Equação 23E C = . I. ω2
1
2
Equação 24I =Wr 2
g
Equação 25I =Wk 2
g
Equação 20E C = m.(ω.r)2
1
2
Equação 21E C = mr 2 .ω2
1
2
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32 A
p o i o
Proteção
e
selet
ividade Assim, os valores de inércia são referidos ao raio da massa girante.
Aplicando-se o mesmo conceito e tomando-se como referência o
diâmetro da massa girante, chamando-se o peso de P e o diâmetro de
D e aplicando-se o conceito na equação 19, tem-se:
Fazendo-se analogia pode-se dizer que a inércia é dada por:
Na linguagem prática, chama-se PD2 de GD2. Assim, a equação
anterior ca:
Comparando-se as equações 25 com a 28, pode-se chegar àseguinte conclusão:
A constante de inércia H tem como dimensão [s] (segundo), porém
na prática expressa-se em [kW . s / kVA] e pode ser calculada por uma
das equações seguintes.
Em que:
H1, H2, ...HN = Constante de inércia de cada unidade geradora.
S1, S2, ...SN = Potência nominal de cada unidade geradora.
Quando existem várias unidades geradoras, pode-se calcular a
constante de inércia equivalente pela equação 34 a seguir.
Assim, pode-se dizer que:
E C = .ω2
PD2
4g
1
2Equação 26
I =PD2
4g Equação 27
I =GD2
4g Equação 28
=GD4
4g
Wk 2
g Equação 29
=GD2
4g Wk 2 Equação 30
=GD2
4g Wk 2 Equação 30
Equação 31GD2 (kgm2) . RPM2
kVAH = 1.37077884 .10-6[ ]kW.s
kVA
Equação 32Wk 2 (kgm2) . RPM2
kVAH = 5.4831136 .10-6[ ]kW.s
kVA
Equação 33
Wk 2 (Ib.ft 2) . RPM2
kVA
H = 0.231 .10-6[ ]kW.s
kVA
Equação 34S
1
SB
S2
SB
SN
SB
H = H1. +H
2 . +.......H
N.
Exemplo 1
Considere um sistema com três geradores, idênticos, cada um
fornecendo 1 pu de potência, a uma carga de 3pu, em regime,
conforme a Figura 6. Na ocorrência da contingência da perda de
um gerador, avalie o comportamento da frequência, admitindo que
nem o gerador, nem a carga variam seus torques com a frequência.
A contante de inércia individual de cada máquina é de H = 5 e osamortecimentos do gerador DG = 1 e da carga DL = 1.5.
Solução:
Da equação 15, tem-se:
Que pode ser reescrita, como segue:
O valor da sobrecarga será:
Como a carga é maior que a geração, o torque é desacelerante.
O valor da frequência no tempo será dado por:
Figura 6 – Esquema unilar do exemplo 1.
Figura 7 – Taxa de decaimento do exemplo 1.
df
dt =
T a.f
o
2H
∆f ∆f t ≈. .= T a.f o2H
T a.f o2H
∆f t t 3.0.t ≈ . = - = -0.5.60
2.5
T a.f
o
2H
3-2
2=T
a
Carga a - Geração - Restante
Geração - Restante=
f = 60 – 3 t
SB = S1 + S2+......+SN Equação 35
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34 A
p o i o
(c) Característica da variação de torque da carga e geração com
a frequência
Esta metodologia é relativamente simples e permite se
fazer uma avaliação preliminar de boa aproximação, dando um
sentimento físico muito bom, o que é de extrema importância para
o engenheiro de sistema.
Modelagem do torque da carga
Para considerar que a carga irá variar, em certo grau, com a
frequência, a equação 36 expressa o fato.
Em que:
PL = Potência da carga em pu
K = Constante
F = Frequência
DL = Fator de amortecimento da carga que é função de como a
carga é composta
O torque em pu é dado por:
Em que:
f’ = ∆f/f = mudança pu da frequência
DL = Fator de amortecimento da carga que é função de como a
carga é composta
TLo = Torque inicial da carga em pu
Modelagem do torque do gerador
O torque no gerador varia inversamente com a frequência. A
equação 46 expressa o fato.
Para pequenas variações na frequência, pode-se escrever:
Substituindo-se as equações 45 e 47 na 48, obtém-se:
Resolvendo a equação diferencial 52, obtemos:
Em que:
f’ = ∆f/f = mudança pu da frequência
DT
= Fator de amortecimento total
Ta = Torque acelerante em pu na base da geração restante
H = Constante de inércia do sistema
Lembrando que f’ é a taxa de variação da frequência em pu.
Para se obter o valor da frequência em Hz, devemos multiplicar pela
frequência base (no Brasil 60 Hz). Para se determinar a frequência
atual, o valor será dado por:
Fazendo-se:
PL = k.f DL Equação 36
Equação 37f DL
f T
L = k.
Equação 38T L = k.f DL-1
Equação 40∆T L = (D
L - 1).k.f DL-2 . ∆f
Equação 39= (DL - 1).k.f DL-2
dT L
df
Equação 41T L + ∆T
L= k.f DL-1 + (D
L - 1).k.f DL-2. ∆f
Equação 45T L + ∆T
L= T
Lo[1+ (D
L - 1)f']
Equação 42T L + ∆T
L= k.f DL-2 [ f + (D
L - 1). ∆f ]
Equação 44T Lo
= k.f DL-1
Equação 43T L + ∆T
L=
k.f DL-1
f [ f + (D
L - 1). ∆f ]
Utilizando-se o mesmo procedimento realizado para se obter a
variação de torque com a frequência de carga, obtém-se:
Em que:f’ = ∆f/f = mudança pu da frequência
TGo = Torque inicial do gerador em pu
Variação da frequência no tempo
Tomando-se como base a equação 16 pode-se escrever:
Equação 46TG = k.f-1
TG = TGO.(1-F') Equação 47
TA = TG - TL = 2Hdf'
df Equação 48
Equação 49df'
df 2H = TGo . (1 - f ') - TLo [ 1 + (DL - 1) . f ']
df'
df Equação 502H = TGo - TLo - [ TGo + TLo (DL - 1) ] . f '
Equação 52df'
df 2H + DT . f ' = TGo - TLo = Ta
Equação 51DT = TGo + TLo (DL - 1)
Equação 53T
a
DT
f ' = . 1- eDT
2H – t
ƒATUAL = ƒBASE + ∆ ƒ = ƒBASE + ƒ'. ƒBASE
ƒATUAL = (1+ ƒ') . ƒBASE
Equação 54
Proteção
e
selet
ividade
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35 A p o i o
A equação da frequência será dada por:
A partir da equação anterior, é possível descobrir o valor para o
qual a frequência deverá tender. Para t = ∞, obtém-se:
f = 60 – 7.5 = 52.5 Hz
Ainda a partir da equação de f = f(t), pode-se montar uma tabela
t x f e a partir desta tabela construir a curva mostrada na Figura 8.
Notas importantes
Consultar sempre o limite de frequência suportado pela turbina.
O ideal é sempre simular a rejeição de cargas com um software
de estabilidade transitória.
Atualmente, além da rejeição de cargas convencional (a relés),
existem os sistemas de rejeição de cargas inteligentes, os quaisdenem e mudam os montantes de carga a serem rejeitados e
as prioridades de rejeição em função dos parâmetros reais
medidos no sistema e as respectivas condições operacionais. É
importante lembrar que nessas situações os softwares utilizados
não devem ter um tempo muito elevado de processamento para
não degradarem a frequência do sistema.
Exemplo 2
Determine a curva característica de decaimento da
frequência com o tempo para um sistema em que o torque
inicial do gerador seja 1 pu, da carga 1.2 pu, H = 4 s, constantede amortecimento do gerador DG = 1.0, amortecimento da
carga DL = 1.5.
Solução
O torque acelerante é dado por:
Ta = TG – TL = 1.0-1.2 =
T a
DT
-0.2
1.6f ' = . 1- e = . 1- e = -0.125.e -0.2t
DT
2H – t
1.6
2.8 – t
ƒ = (1+ ƒ′) . ƒBASE = (1- 0.125.e -0.2t) . 60
ƒ= (60 - 7.5.e-0.2t )
Ta =-0.2 p u
O fator de amortecimento global é de:
DT = (TGo + (DL – 1) TLo) = (1.0 + (1.5 – 1) 1.2)
DT = 1.6
A equação que resume a taxa de decaimento com a frequência é:
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36 A
p o i o
Figura 8 – Taxa de variação da frequência com o tempo do exemplo 2.
A partir das equações apresentadas também podem ser
simulados descartes de carga (rejeição de cargas).
(d) Relé de frequência E df/dt
Como já estudado neste fascículo, os relés de frequência podem
ser utilizados em sistemas que possuem geração em paralelo com a
concessionária, entre outras, com as principais nalidades:
Comandar rejeições de carga convencionais;
Proteção do sistema de paralelismo no caso de religamentos;
Proteção de geradores contra sobrecarga.
(e) ERAC
O ERAC é a sigla que designa o Esquema Regional de Alívio
de Carga prescrito pelo Operador Nacional do Sistema (ONS).
Visto que o ONS pode alterar os valores das tabelas
apresentadas a seguir, recomenda-se consultar o site do
Operador antes de iniciar qualquer ajuste.
Os valores a serem implementados em cada região são
evidenciados a seguir. Nas tabelas 1 (a) a 1 (e) são apresentadas
as tabelas que indicam as contribuições de descarte de carga
que cada consumidor da rede básica deve dar no caso de
subfrequência no sistema.
Estágio
1º
2º
3º
4º
5º
Taxa de Freq
(Hz/s)
0,7
1
1,1
1,6
1,7
2,2
2,3
3,2
Carga
Rejeitada (%)
5,5
7,5
11
8
8
Temporização
(s)
10
12
20
-
-
Ajuste
(Hz)
58,3
58
58
-
-
Ajuste
(Hz)
56,5
56
55,8
55,5
55,2
Região NORDESTE exceto Área Oeste
Estágio
1º
2º
3º
Taxa de Freq
(Hz/s)
1.5
2.5
3.5
Carga Rejeitada
(%)
33-LC1
33-LC2
33-LC3
Freq Abs.
(Hz)
57
56.5
56
Carga Rejeitada
(%)
21
-
-
Freq Abs.
(Hz)
57.4
-
-
Região NORTE
Carga Eletronorte (ALBRÁS E ALUMAR CELPA e CEMAR
T ABEL A 1 – PERCENTUAL DAS CARGAS A SEREM REJEITADAS EM FUNÇÃO DA FREQUÊNCIA PARA AS REGIÕES ( A ) SUDESTE , ( B ) SUL , ( C ) NORTE , ( D )
NORDESTE E ( E ) NORTE.
Estágio
1º
2º
3º
4º
5º
Ajuste (Hz)
58,5
58,2
57,9
57,6
57,3
Carga Rejeitada (%)
7.5
7.5
10
15
15
Região SUL
Estágio
1º
2º
3º
4º
5º
Ajuste (Hz)
58,5
58,2
57,9
57,7
57,5
Carga Rejeitada (%)
7
7
7
7
7
Região SUDESTE / CO
Estágio
1º
2º
3º
4º
5º
Ajuste (Hz)
57,8
57,1
56,5
55,5
55,2
Carga Rejeitada (%)
5.5
7.5
11
8
8
Área OESTE da Região NORDESTE
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federalde Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro deestudos e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade
na plataforma do AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos,engenharia de campo, montagem, manutenção, comissionamento e startup. Em 1995 fundou a empresa EngePower® Engenharia e Comércio Ltda,especializada em engenharia elétrica, benchmark e em estudos elétricos noBrasil, na qual atualmente é sócio diretor. O material apresentado nestesfascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um livro que está para ser
publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃOConra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
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e-mail [email protected]
Proteção
e
selet
ividade
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30 A
p o i o
Proteção
e
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ividade
O objetivo maior de um estudo de seletividade é
determinar os ajustes dos dispositivos de proteção, de
forma que, na ocorrência de um curto-circuito, opere
apenas o dispositivo mais próximo da falta, isolando
a menor porção do sistema elétrico, no menor tempo
possível e ainda protegendo os equipamentos e o
sistema. Historicamente, a seletividade apareceu no
começo da década de 1950.
A folha de seletividade Para que se possa fazer um estudo de seletividade,
é importante primeiro conhecer a folha de vericação
gráca de seletividade (em inglês conhecida como
TCC – Time Current Curves).
A seletividade é feita em um papel em escala
bilogaritmica, em que são plotadas as curvas para a
Por Cláudio Mardegan*
Capítulo XVII
A seletividade
Figura 1 – Escala bilogarítmica utilizada em folhas de seletividade.
vericação gráca. A escala de tempo vai usualmente
de 0.1 s a 1000 s.
A escala de corrente vai normalmente de 0.5 A a
10000 A, podendo ainda ser multiplicada por 10 ou por
100. Assim, nas folhas, os espaçamentos (1 a 10, 10 a
100, 100 a 1000 e 1000 a 10000) se repetem na forma
de décadas. O espaçamento de cada década é xo,
ou seja, a distância entre 1 e 10 é a mesma daquela
entre 10 e 100, 15 e 150, 200 e 2000, etc.). A Figura1 apresenta um “pedaço” da folha de seletividade
mostrando os espaçamentos normalmente anotados.
Mesmo dispondo-se de um software para a
elaboração das folhas de seletividade, saber trabalhar
com a escala bilogarítmica é imprescindível, pois,
muitas vezes, é necessário levantar as curvas fornecidas
pelos fabricantes.
Para manipular a escala logarítmica, necessitamos
conhecer duas equações: a primeira nos informa a
distância d(mm) de um determinado ponto a partir
do início de sua década correspondente e a segundafornece o valor que corresponde àquela distância na
escala. Veja as equações:
Exemplo 1
Ao receber uma curva de um fabricante, mediu-se
log 10 10 → D (mm)
log 10 10 → d (mm)
d (mm) = D. log 10
N, ou
N = 10d
D
Equação 1
Equação 2
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31 A p o i o
Figura 2 – Escala bilogarítmica utilizada em folhas de seletividade.
a década de corrente e obteve-se 56 mm (D). Identicado um ponto
na escala de corrente que está à 10 mm (d) de distância do início da
década 100, qual é o valor da corrente?
N = 10(10/56)= 1.5086 A.
Como a medição inicia-se na década de 100, o valor real dacorrente será:
I = N x 100 = 150.86 A
Seletividade amperimétrica A seletividade amperimétrica é aquela que é utilizada quando
existe uma impedância muito grande entre os pontos em que se
está fazendo a seletividade. Neste caso, a corrente de falta vista
pelo dispositivo de proteção à montante é muito maior que aquela
vista pelo dispositivo de proteção instalado à jusante. Enquadram-se
aqui os dispositivos instantâneos instalados no primário detransformadores.
Seletividade cronológica A seletividade cronológica é aquela realizada aplicando
intervalos de tempo entre os dispositivos de proteção situados à
jusante e à montante, de forma que se garanta que eles irão operar
de forma seletiva e coordenada.
Seletividade lógica A seletividade lógica é aplicada por meio de relés digitais que
permitem que as unidades situadas mais próximas da falta possam
eliminá-la em um tempo muito pequeno, normalmente entre 50 ms
e 100 ms como mostra a Figura 2.
Em alguns casos não é possível utilizar temporizações entre
50 ms e 100 ms, uma vez que podem existir fusíveis à jusantee, assim, deve-se permitir que eles operem antes e o tempo total
para extinção do arco pode chegar até a ordem de 200 ms. Assim,
quando ocorre este fato, o ajuste da unidade de sobrecorrente do
relé deve ser de 250 ms. Neste caso, a temporização dos relés à
montante será de 100 ms.
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Proteção
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ividade A explicação da losoa da Figura 2 é a seguinte:
(a) As funções I>> são denidas para não dar trip por pick up.
(b) Para um curto-circuito no ponto A, todos os relés 1, 2 e 3
enxergam a falta.
(c) A unidade I>> é então ativada e envia o bloqueio (função ANSI
68) para a unidade t>> do dispositivo imediatamente à montante.
(d) Todos os relés 1, 2 e 3 iniciam a contagem do tempo, porém,apenas o relé 1 opera, visto que os demais estão bloqueados,
embora já estejam operados.
(e) A função t>> do relé deve operar o disjuntor correspondente,
no caso, o 52-1.
(f) Após contado o tempo ajustado em CBF (Circuit Breaker Failure
– normalmente em torno de 200 ms), se o disjuntor 52-1 não abriu,
o bloqueio de t>> do relé 1 é retirado, habilitando a função t>> a
atuar e enviar o sinal de trip sem retardo ao disjuntor 52-2, visto
que o relé já estava operado.
(g) Caso o disjuntor 52-2 falhe, a situação descrita em (f) se repete,
agora para o disjuntor 52-3.
Algumas práticas para um bom projeto deseletividade lógica
As seguintes práticas são fundamentais para um bom projeto de
seletividade lógica:
Ajustar o pick-up dos relés da seletividade lógica acima da
somatória de corrente de carga mais a corrente de partida do maior
motor da barra.
Ajustar o pick-up dos relés da seletividade lógica acima da
corrente de contribuição para o curto-circuito dos motores quecam à jusante do relé, no nível de tensão do motor e vericar
também o valor no primário do transformador.
Ajustar o pick-up dos relés da seletividade lógica acima da
corrente inrush dos transformadores.
Habilitar as funções de sobrecorrente utilizadas na seletividade
lógica com característica de tempo denido.
Utilizar o pick-up da unidade temporizada (I>>) para bloquear a
função t>> da proteção à montante.
Utilizar a temporização (t>>) para desligar o disjuntor mais
próximo da falta.
Utilizar o “breaker failure” para retirar o bloqueio do relécorrespondente.
Utilizar todos os contatos dos relés de saída vinculados à
seletividade lógica com selamento ajustado para “unlatched”.
Quando os relés não permitem a programação do desligamento
pelo pick-up e pela temporização, constitui-se um bom
procedimento para que se possa fazer seletividade lógica, utilizar
relés com três unidades de sobrecorrente de fase e três de terra, pois
assim utiliza-se uma unidade para a seletividade convencional,
uma unidade para bloqueio e outra para trip. Quando não for
possível, é interessante que o relé possua “break failure”.
Utilizar as funções I> e t> para fazer a seletividade convencional,
bem como I>>>, quando disponível.
Quando se faz seletividade entre primário e secundário de
transformador e os níveis de curto-circuito cam muito próximos,
utilizar um tempo de seletividade lógica menor (50 ms, por
exemplo), pois, neste caso, a corrente de falta ainda conterá
assimetria e, normalmente, o X/R do primário é maior que o do
secundário e, assim, as correntes que cada dispositivo enxergará noinstante de falta será diferente.
Seletividade convencional A seletividade convencional consiste da aplicação dos recursos
da seletividade cronológica e/ou da amperimétrica.
Escolha da característica do relé de sobrecorrente
A escolha da característica de um relé de sobrecorrente envolve
uma análise, na qual se deve observar, no mínimo, o seguinte:
Se a proteção é de fase; Se a proteção é de terra;
Quando envolve transformador, a sua conexão;
A característica dos dispositivos de proteção (fusíveis, relés,
disjuntores de BT) que estão à jusante;
Os equipamentos que estão sendo protegidos (I2t).
Característica de tempo denido
(a) Proteção de fase - Os relés de tempo denidos preferencialmente
não devem ser utilizados para proteção temporizada de fase em
todos os níveis, uma vez que, em um sistema elétrico, a proteção
se inicia na carga e, como envolve muitas outras proteções atéchegar à entrada (vários níveis), é preciso existir certo intervalo de
coordenação entre elas. Se houver mais de três níveis, chega-se
com tempos superiores a 1 segundo na entrada, o que não é um
bom procedimento.
(b) Proteção de terra - Para proteção de terra, em sistemas industriais,
a característica de tempo denido é excelente, considerando que:
A maior parte dos transformadores em sistemas industriais tem
conexão triângulo-estrela.
Normalmente, a cada delta de transformador, um novo sistema deproteção de terra se inicia e o problema relatado para a proteção de
fase (item (a)) não se aplica.
Tendo em vista que faltas por arco, que são extremamente
destrutivas, podem atingir valores que normalmente variam entre
20% e 100% da falta franca, com a utilização do relé de tempo
denido obtém-se um tempo xo e praticamente independente da
corrente dentro desta faixa.
Característica de tempo inverso
(a) Proteção de fase - Os relés com característica extremamente
inversa são muito rápidos para faltas elevadas e muito lentos para
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Proteção
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ividade faltas de baixo valor ou sobrecargas. Coordenam muito bem com
fusíveis e com o I2t dos equipamentos.
Os relés com característica normal inversa são muito lentos para
faltas elevadas e rápidos para faltas de baixo valor ou sobrecargas.
Não coordenam adequadamente com fusíveis/elos e com o I2t dos
equipamentos.
Os relés com característica muito inversa apresentam atuaçãoadequada para faltas elevadas e razoável para faltas de baixo valor
ou sobrecargas. Coordenam bem com fusíveis e com o I2t dos
equipamentos.
Assim, a característica muito inversa se constitui uma alternativa
atrativa para a proteção de sistemas elétricos industriais.
(b) Proteção de terra - Para a proteção de terra, entre os relés de
tempo inverso o que apresenta mais vantagens é o normal inverso,
porém o de tempo denido é ainda melhor.
Intervalos de coordenação Chama-se intervalo de coordenação o intervalo de tempo que
garante que a proteção mais próxima da falta irá operar primeiro e
que a proteção situada imediatamente à montante não irá operar, a
menos que a proteção mais próxima falhe.
Com o advento das caixas de calibração de relés, que garantiam
o tempo de operação dos relés, pode-se baixar o valor do intervalo
de coordenação, como segue:
Coordenação entre relés de sobrecorrente em série
Tempo de interrupção do disjuntor (8 ciclos) ................ 133 ms
Tolerância do fabricante/erro/overtravel........................100 msFator de segurança...........................................................67 ms
Intervalo de coordenação 300 ms
Para relés estáticos, o overtravel é substituído pelo overshoot
e este tempo é reduzido para 50 ms. Assim, pode-se obter um
intervalo de coordenação de 0.25 s.
A Tabela 1 traz os valores praticados de intervalos de
coordenação.
Importante:
Os relés de entrada de painéis devem ser ajustados no máximo
em 1 segundo, procurando não passar este valor, pois todos os
Relé Estático
Relé Eletromecânico
Disjuntor BT
Fusível
0.25 s
0.30 s
0.20 s
0.20 s
0.30 s
0.30 s
0.30 s
0.30 s
0.20 s
0.20 s
Nota 1
Nota 3
0.20 s
0.20 s
Nota 2
Nota 4
T ABELA 1 – V ALORES DE INTERVALO DE COORDENAÇÃO PRATICADOS
INTERVALOS DE COORDENAÇÃO
Dispositivo à Montante
Dispositivo à Jusante
Relé Estático Relé Eletromecânico Disjuntor BT Fusível
Notas:
1 - Basta a parte inferior da curva do disjuntor a montante car acima do à jusante.
2 - Basta a parte inferior da curva do disjuntor car acima da curva de tempo máximo de fusão.
3 - Basta a curva tempo mínimo de fusão car acima da parte superior da curva do disjuntor.
4 - É necessário que o I2t do fusível a jusante seja menor que o do situado a montante.
equipamentos são dimensionados para a corrente de curto-circuito
durante 1 segundo.
Seletividade lógica
- Entre dispositivos que se comunicam na seletividade lógica -
0.050 s
- Entre dispositivos que não se comunicam na seletividadelógica - tdj + ∆tc
Em que: tdj - Tempo do dispositivo à jusante
∆tc - Intervalo de coordenação (0.050 s)
Conceito de maior saída
Este conceito é importante para entender como coordenar um
dispositivo à montante com outro à jusante.
(a) Elementos em série
O exemplo a seguir ilustra o conceito:
Dado o sistema apresentado na Figura 3, com qual dispositivo orelé 3 tem de ser seletivo, com o 1 ou com o 2?
Solução:
Para a análise, deve-se “olhar” o gráfico tempo versus
corrente.
Falta no ponto A:
Pelo gráfico t x I, uma falta no ponto A, o relé 2 tira primeiro.
Falta no ponto B:
Pelo gráfico t x I, uma falta no ponto B, só o relé 2 “enxerga”
e tira primeiro.
Conclusão:
O relé 3 deve ser seletivo com o relé 2. Mesmo havendo
um erro de ajuste do relé 1, para falta em qualquer ponto,
o relé 2 tira primeiro. É óbvio que o erro de ajuste foi feito
propositalmente. Caso o relé 1 estivesse abaixo do 2, para uma
falta no ponto A, o relé 1 tiraria primeiro. Para uma falta no
Figura 3 – Conceito de maior saída para dispositivos de proteção em série.
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Figura 4 – Esquema unilar para um dispositivo de entrada e várias saídas.
Figura 5 – Curva tempo versus corrente (a) dos dispositivos de saída e
(b) da envoltória da maior saída.
ponto B, o relé 2 é que tiraria e, assim, o relé 3, da mesma forma
que, no caso errado, deve ser seletivo com o relé 2.
Ou seja:
Quando dois dispositivos de proteção estão em série,
deve-se fazer a seletividade com aquele imediatamente à
jusante, independentemente dos ajustes.
Dispositivo geral versus dispositivos paralelos à jusanteRegra:
O dispositivo de entrada deve fazer seletividade com a
envoltória composta pelas curvas de cada saída. As Figuras 4 e
5 ilustram a situação.
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Proteção
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ividade Onde aplicar o intervalo de coordenação?
(a) Regra
Deve-se aplicar o intervalo de coordenação no valor da
corrente de curto-circuito vista pelo dispositivo analisado, ou seja,
curto trifásico (transitório para dispositivos temporizados) para a
seletividade de fase e curto-circuito fase-terra para a seletividade
de terra. A Figura 6 ilustra esta regra.
(b) Particularidades
Circuitos operando em paralelo + saídas
Deve-se aplicar o intervalo de coordenação ao valor da corrente de
curto-circuito vista por cada dispositivo.
Curto-circuito bifásico no secundário de transformador triângulo-
estrela
Deve-se aplicar o intervalo de coordenação entre o valor de
Icc2φ (dispositivo do secundário) e o valor de Icc3φ (dispositivo do
primário).
Problemas de seletividade em função de tempos de
reset Quando se tem um relé de disco de indução à montante de um
relé digital à jusante, pode-se perder a seletividade se o tempo de
reset do relé digital for instantâneo, e a falta for intermitente e/ou
houver religamento enquanto ocorre o reset. Veja a Figura 9.
O tempo de reset do relé de disco de indução é linear (devido à
constante de mola). Como o relé digital tem reset instantâneo, se a
falta for intermitente ou houver religamento, o relé digital à jusante
reseta e inicia a contagem dos tempos ao passo que o relé de disco
de indução ainda está com o disco no meio do caminho e recomeça
a contagem de tempo a partir daquela posição intermediária, o
Figura 6 – Aplicação do intervalo de coordenação na corrente de
curto-circuito: (a) esquema unilar e (b) curva tempo versus corrente
correspondente.
Figura 7 – Aplicação do intervalo de coordenação na situação de duas
entradas e uma saída.
Figura 8 – Aplicação do intervalo de coordenação entre a proteção
primária e secundária de um transformador triângulo (primário) –
estrela (secundário) sob curto-circuito bifásico.
Figura 9 – Ilustração da perda de seletividade em função do tempo de
reset entre relés digitais e eletromecânicos.
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Proteção
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ividade que, obviamente, atuará num tempo inferior ao previsto, podendo
implicar perda de seletividade.
Onde assumir compromissos de seletividade Após fazer um estudo de seletividade, algumas vezes, acaba-se
chegando com tempos superiores a 1 segundo no secundário dos
transformadores e/ou nas entradas. Nestas situações, devem sertomadas ações no sentido de reduzir estes tempos. Uma técnica
utilizada consiste em assumir compromissos de seletividade que
podem e, neste caso, devem ser assumidos, pois a maior parte dos
equipamentos do sistema (TCs, painéis, etc.), é dimensionada para
a corrente de curto-circuito durante 1 segundo.
Os melhores locais para se assumir os compromissos são os
alimentadores e os transformadores, pois se for a proteção à jusante
ou à montante que operar primeiro desliga-se o mesmo circuito.
Entretanto, é preciso pensar também no pessoal de operação
e manutenção da planta, vericando qual o melhor local para se
adotar este compromisso (em função da distância, do tempo dereenergização, etc.
Onde utilizar outros grupos de ajustes Muito se tem falado a respeito dos relés digitais e dos IEDs,
entretanto, pouco se fala da aplicação de certos recursos que eles
possuem, tal como os grupos de ajustes.
A maior parte dos relés digitais possui mais de um grupo
de ajustes. O grupo de ajuste é um conjunto de parâmetros de
todas as funções. Ter outro ou outros grupos de ajustes implica
disponibilizar outro conjunto ou conjuntos de ajustes que sejam
réplica do primeiro, para todas as funções que o relé dispõe. Existem casos em que é interessante utilizar outros grupos
de ajustes.
(a) Paralelismo de gerador com a concessionária
Um desses casos ocorre quando se tem geradores que podem
operar em paralelo com a rede, por exemplo, em horário de ponta.
As concessionárias normalmente exigem que a função 67
esteja ativada quando houver paralelismo. Assim, para evitar
atuações indevidas da função 67 (quando se tem, por exemplo,
capacitores xos), são feitos dois grupos de ajustes (Grupo A e
Grupo B). Quando a geração está fora, trabalha-se com as funçõesdo Grupo A (que não tem a função 67 ativada). Quando entra o
gerador, ativa-se o segundo grupo de ajustes (Grupo B) que contém
os ajustes da função 67.
(b) Transformadores que suprem inversores com mais
de 24 pulsos
Muitas vezes se faz necessário dispor de mais de um grupo
de ajustes, visto que é necessário permitir a energização do
transformador e, ao mesmo tempo, proteger as correntes indicadas
pelos fabricantes dos inversores. Na energização, o ajuste da
unidade instantânea permite circular a corrente de energização do
transformador (corrente inrush) no Grupo A.
Após a energização do transformador, comuta-se a proteção
para o Grupo B, de forma que a unidade instantânea que ajustada
para um valor bem inferior ao da corrente inrush e que proteja o
inversor conforme prescrição do fabricante.
(c) Sistemas que possuem condições operacionais quemudem bastante o valor da corrente de curto-circuito e/
ou de carga
Existem situações em que o nível de curto-circuito e/ou de carga
muda substancialmente, dependendo da condição operacional.
Assim, podem-se fazer dois grupos de ajustes, um para a condição
de valor inferior de corrente de falta e/ou de carga e outro grupo
para o valor superior.
Locais de baixa corrente de regime e elevado nível
de curto
Conseguir denir TCs + relés para sistemas em que a corrente de
regime é baixa e o nível de curto-circuito é alto, muitas vezes,torna-se uma tarefa árdua. Tem-se que conciliar:
Faixa de ajuste do relé
Corrente de curta-duração do relé
Ajuste da unidade instantânea
Saturação do TC
Locais que tipicamente apresentam estas características são
os sistemas de 23 kV, como um sistema de 23 kV que supre um
transformador de 300 kVA e nível de curto-circuto de 500 MVA.
A corrente nominal do transformador é 7,5 A. A corrente de curto-circuito é de 12.551 A. A faixa inferior de ajuste dos relés de
sobrecorrente normalmente é de 0.1 In, ou seja, 0,5 A. Para car
dentro da faixa de ajuste, a relação deveria ser de 7,5/0,5 = 15
è 75-5 A. O ajuste seria de 0.12 In = 0,6 A. A de curto-circuito
no secundário seria 12.551/15 = 836, ou seja, o relé digital que
apresenta uma suportabilidade térmica de 500 A – 1 s não suporta
a corrente. Outro problema seria a saturação do relé.
As seguintes alternativas que se apresentam nessa situação são:
Utilizar IEDs com seis entradas de corrente (três para a unidade
temporizada conectada a TCs de baixa relação e três para a unidadeinstantânea conectada a TCs de alta relação).
Utilizar fusíveis.
Otimização dos estudos de seletividade para a proteção de pessoas
Nos primórdios dos sistemas elétricos em corrente
alternada, o foco foi a proteção do sistema. Na década de 1950,
iniciou-se uma nova linha filosófica que, além da proteção,
devia haver seletividade. Com o advento das faltas por arco
iniciaram-se os “papers”, o que culminou, em 1978, com a
inclusão da seção 230-95 no NEC, entretanto, hoje somente
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isso não é mais suficiente, pois o foco de proteção de sistemas
e equipamentos foi expandido e deve-se também proteger as
pessoas.
O que é mais importante na eliminação da falta: o tempo
ou a corrente?
Para a proteção das pessoas, o importante é diminuir a energiaincidente. Sabe-se da eletrotécnica que:
Energia = Potência . Tempo Potência ∝ I2 Energia ∝ I2 . t
O que é mais importante: a redução do tempo ou da
corrente?
A corrente de arco possui um valor menor do que as
faltas francas, entretanto, são mais destrutivas. E o tempo atua
proporcionalmente na energia. Veja a Figura 10.
Assim, ambos são importantes. A própria evolução do
tipo de sistema de aterramento demonstra que é importantea redução do valor da corrente de falta à terra. O sistema de
aterramento, por meio de resistor de baixo valor, surgiu para
diminuir os danos em caso de faltas à terra no estator de
máquinas girantes para preservar a chaparia das máquinas.
Como o tempo e a corrente são importantes, a integração
do estudo de curto-circuito, de seletividade e de proteção para
que se possa diminuir a energia incidente é fundamental.Figura 10 – Importância do tempo de eliminação da falta.
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Proteção
e
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ividade Técnicas para melhorar a proteção de pessoas contra arco
São apresentadas a seguir algumas técnicas para melhorar
um sistema no que tange à proteção das pessoas quanto aos
riscos do arco elétrico:
(a) Ajuste adequado do disjuntor de baixa tensão (ISTD < IArco);
(b) Utilização de disjuntor de baixa tensão com ISTD de faixa maisbaixa;
(c) Substituição de relés eletromecânicos por digitais;
(d) Utilização de relés digitais com ajustes otimizados;
(e) Utilização de seletividade lógica com relés digitais;
(f) Utilização de transformadores de força de no máximo 2000
kVA na baixa tensão;
(g) Utilização de relés de arco;
(h) Utilização de “bottoms” sensores de arco acoplado a relés de
arco para operadores durante as manobras;
(i) Utilização de um segundo grupo de ajuste mais baixo quando
a planta está “parada” para manutenção;(j) Utilização de disjuntores com menor tempo de interrupção;
(k) Utilização da característica de tempo denido para a proteção
de terra;
(l) Limitação da corrente de falta à terra.
(a) Ajuste adequado do disjuntor de baixa tensão (ISTD < IArco)
A Figura 11 ilustra a situação. Antes da utilização do ajuste da
corrente de STD (Short Time Delay) abaixo da corrente arco, o tempo
de atuação da proteção é Ta (tempo antes) e, com a implantação
do ajuste abaixo da corrente de arco, o tempo reduz a Td (tempo
depois). Como o Td < Ta, a energia incidente ca mais baixa e,consequentemente, aumenta o nível de proteção das pessoas.
(c) Substituição de relés eletromecânicos por digitais
A Figura 13 ilustra a aplicação. A utilização de relés digitais,
além de permitir um menor intervalo de coordenação entre relés,
leva a vantagem dos diais de tempo poderem ser ajustados em
“steps” da ordem de 0.01. Já nos relés eletromecânicos, os “steps”de ajustes são da ordem de 0.5.
(d) Utilização de relés digitais com ajustes otimizados
A Figura 14 mostra a aplicação. Sem a utilização desta técnica (por
exemplo, uma empresa sem especialização), para o valor da corrente
de arco, os tempos de atuação dos dispositivos de proteção seriam T3
e T3 para os relés 2 e 3, respectivamente. Com a utilização da técnica
de ajuste dos três estágios, os ajustes passam a ser T2 e T3 e o ganho é
muito grande, obviamente, diminuindo o tempo, a energia incidente e
os danos aos equipamentos e às pessoas.
(b) Utilização de disjuntor de baixa tensão com ISTD de faixa
mais baixa
A Figura 12 ilustra a situação. Os disjuntores de baixa tensão
mais antigos possuem faixa de corrente de STD da ordem de
(4 a 10) x In, (4 a 12) x In. A utilização de disjuntores com
disparadores eletrônicos/digitais abaixa a faixa inferior para
correntes da ordem de 4 x In para 1 a 2 x In.
Figura 11 – Ajuste da corrente de Short Time Delay abaixo da corrente
de arco.
Figura 12 – Utilização de disjuntor de baixa tensão com ISTD de faixa
mais baixa.
Figura 13 – Ganho no tempo com a substituição de relés eletromecânicos
por digitais.
Figura 14 – Ajustes com relés digitais utilizando-se três estágios.
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p o i o
Proteção
e
selet
ividade (e) Utilização de seletividade lógica com relés digitais
A Figura 15 ilustra a aplicação. Como pode ser observado nesta
gura, os tempos da seletividade lógica são extremamente menores
que os da seletividade convencional (cronológica).
(f) Utilização de transformadores de força de, no máximo, 2.000
kVA na baixa tensão A utilização de transformadores maiores que 2.000 kVA para
suprir cargas/painéis de baixa tensão implica elevadas correntes de
falta e, consequentemente, elevadas correntes de arco, o que se
traduz em danos em caso de falta por arco, tanto para o equipamento,
como para o sistema e para as pessoas. Adicionalmente, potências
de 2.000 kVA vão implicar disjuntores/painéis de custo bem mais
elevado devido à capacidade de interrupção/correntes térmicas e
dinâmicas dos equipamentos.
(g) Utilização de relés de arco
A utilização de relés de arco irá auxiliar na diminuição dotempo de eliminação da falta e, consequentemente, irá auxiliar
também na diminuição dos danos aos equipamentos, ao sistema
e às pessoas e ainda no “time to repair”, que signica menor
tempo para restabelecer a energia na planta e a recolocação do
sistema em marcha. Os tempos envolvidos nas saídas digitais
dos relés de arco são da ordem de 3 ms a 5 ms e as saídas a relés
são da ordem de 15 ms.
(h) Utilização de “bottoms” sensores de arco acoplado a relés de
arco para operadores durante as manobras
Com a utilização de relés de arco, é possível equipar osoperadores com “bottoms” que são colocados em seus uniformes e
ligados aos relés de arco. Quando o operador vai fazer a manobra
no painel, no caso de arco, o sensor fotoelétrico do “bottom” é
sensibilizado e comanda o desligamento do relé de arco.
(i) Utilização de um segundo grupo de ajuste mais baixo quando a
planta está “parada” para manutenção
Durante as paradas para manutenção, o risco de acidente
normalmente acaba aumentando devido à elevada quantidade de
pessoas externas à planta. A programação do relé com outro grupo
de ajustes mais baixo constitui-se uma técnica eciente, pois, em
Figura 15 – Utilização de seletividade lógica com relés digitais.
caso de curto-circuito, o tempo de eliminação será bem mais rápido
e, consequentemente, o nível de proteção de pessoas irá aumentar.
(j) Utilização de disjuntores com menor tempo de interrupção
A utilização de disjuntores com menor tempo de interrupção
diminui o tempo de eliminação e, consequentemente, a energia
incidente, o dano aos equipamentos, ao sistema e às pessoas.
(k) Utilização da característica de tempo defnido para a proteção
de terra
Como mais de 90% das faltas em sistemas industriais iniciam-se
com faltas à terra, a utilização de relés de tempo denido para a
proteção de faltas à terra é uma forma eciente de se proteger o
sistema, visto que a corrente de arco é sempre menor que a da
falta franca e, assim, a utilização de relés de tempo inverso apenas
aumentaria o tempo e a energia incidente.
(l) Limitação da corrente de falta à terra Utilização de resistores de aterramento de alto valor na baixa
tensão e de baixo valor em média tensão reduzem drasticamente
a intensidade da corrente de falta e também a energia incidente.
Assim, essas técnicas estão sendo cada vez mais aplicadas.
Adicionalmente, no caso de aterramento por resistor de alto valor,
a falta não precisa ser eliminada imediatamente, visto que o valor
da corrente de falta é muito baixo.
Conclusõesa) Apenas ter software de renome internacional de curto-circuito
e seletividade e possuir um estudo de curto-circuito e seletividadenão garante um estudo que protege os equipamentos, o sistema e
as pessoas. Assim, é importante contratar empresas especializadas
com prossionais experientes.
b) Com o emprego de relés digitais (que possuem pelo menos três
estágios de sobrecorrente) pode-se otimizar (diminuir) os ajustes
de forma que se obtenha um tempo menor de atuação para a
corrente de arco.
c) A implementação de seletividade lógica por meio da utilização
de relés digitais/IEDs apresenta resultados mais satisfatórios do que
a seletividade convencional no que tange à energia incidente.
d) É preciso buscar sempre técnicas para melhorar os ajustes/ grupos de ajustes, quando em manutenção, para diminuir a
energia incidente.
e) Embora não se consiga visualizar por intermédio dos softwares
que calculam as energias incidentes segundo o IEEE Std 1584,
medidas que atenuam as correntes de falta à terra, como a
utilização de resistores de aterramento de alto valor em sistemas
de baixa tensão e de baixo valor em sistemas de média tensão,
devem ser buscadas e incentivadas, visto que mais de 90% das
faltas iniciam-se com faltas à terra em sistemas industriais. Dessa
maneira, são reduzidos os danos aos equipamentos, ao sistema
e às pessoas. Esta técnica, associada à redução dos tempos das
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proteções e dos dispositivos de interrupção, irá atingir um grau de
proteção excelente, além de muitas vezes evitar que a falta evolua
para uma falta trifásica.
f) As normas atuais utilizam o curto-circuito trifásico tomando
como premissa que as faltas à terra evoluem rapidamente para as
trifásicas. No entanto, as normas deveriam também ser revistas
de maneira a inserir as faltas à terra, assim, seria possívelvisualizar os benefícios que se obtém do fato de se reduzir o
valor da falta à terra, bem como os respectivos tempos dos relés
de terra.
g) Tem-se observado que muitos painéis acabam não suportando
as pressões desenvolvidas dentro dos painéis. As normas atuais
devem também implementar requisitos mínimos para que as
pressões desenvolvidas internamente aos painéis quem em
limites que não causem danos aos trabalhadores.
h) Sugere-se aos fabricantes de disjuntores de baixa tensão para
que implementem mais de um grupo de ajustes nos relés dos
disparadores eletrônicos, para que em caso de manutençãopermita a alternância de forma automática e independente das
pessoas, o que evita erros e melhora a performance do sistema
como um todo.
i) As normas brasileiras deveriam ser mais enfáticas e explícitas
quanto à obrigatoriedade de utilização de placa de advertência
nos painéis, contendo o nível de energia incidente e os
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) recomendados.
j) A utilização de painéis à prova de arco está hoje muito mais
acessível e assim deve-se conscientizar os projetistas, os EPCistas
e os investidores do custo-benefício desta escolha.
k) A utilização de “bottoms” sensores de arco no uniforme dos
operadores em atividades de manobra ou inserção de disjuntores
extraíveis irá minimizar o tempo de exposição do operador em
caso de falta por arco.l) Deve haver maior conscientização das empresas,
especialmente da alta direção, de forma que as manutenções
possam ser realizadas com zero kV (desenergizadas). A vida
deve estar acima dos valores econômicos.
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federalde Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro deestudos e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade
na plataforma do AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos,engenharia de campo, montagem, manutenção, comissionamento e start
up. Em 1995 fundou a empresa EngePower® Engenharia e Comércio Ltda,especializada em engenharia elétrica, benchmark e em estudos elétricos noBrasil, na qual atualmente é sócio diretor. O material apresentado nestesfascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um livro que está para ser
publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
FIMEncerramos nesta edição o fascículo sobre “Proteção e
seletividade”. Confira todos os artigos desta série em www.osetoreletrico.com.br
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