relatório final pesquisa reiet

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Serviço Social da Indústria Departamento Regional da Bahia DIAGNÓSTICO DE OFERTA E DEMANDA EM EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA REGIÃO DO PÓLO INDUSTRIAL DE CAMAÇARI Salvador - Bahia 2011

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Relatório final pesquisa REIET SESI DR Bahia

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Page 1: Relatório final pesquisa REIET

Serviço Social da Indústria

Departamento Regional da Bahia

DIAGNÓSTICO DE OFERTA E DEMANDA EM

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA REGIÃO DO PÓLO

INDUSTRIAL DE CAMAÇARI

Salvador - Bahia

2011

Page 2: Relatório final pesquisa REIET

DIAGNÓSTICO DE OFERTA E DEMANDA EM

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA REGIÃO DO PÓLO

INDUSTRIAL DE CAMAÇARI

Page 3: Relatório final pesquisa REIET

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA

Presidente

José de Freitas Mascarenhas

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA – SESI

DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Diretor Regional

José de Freitas Mascarenhas

Superintendente Interino

José Wagner Sancho Fernandes

ASSESSORIA DE DESENVOLVIMENTO – ASDEN

Coordenador

Aroldo Valente Barbosa

Assessora de Educação

Cléssia Lobo de Morais

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DO TRABALHADOR DA INDÚSTRIA - NETI

Gerente

Solange Maria Novis Ribeiro

Gerente de Processo

Márcia Maria Castro do Lago

CONSULTORIA TÉCNICA

MARCO XXI – CONSULTORES ASSOCIADOS LTDA

Coordenação Geral

Marco Antonio Rocha Medeiros

Coordenadora de Educação

Solange Oliveira Leite

Equipe Responsável pelo Diagnóstico de Oferta e Demanda

Martha Maria Ramos Rocha dos Santos (coordenadora)

Elisângela Lopes da Silva (sub-coordenadora)

Page 4: Relatório final pesquisa REIET

Serviço Social da Indústria

Departamento Regional da Bahia

DIAGNÓSTICO DE OFERTA E DEMANDA EM

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA REGIÃO DO PÓLO

INDUSTRIAL DE CAMAÇARI

Salvador - Bahia

2011

Page 5: Relatório final pesquisa REIET

© 2011 SESI.Departamento Regional da Bahia

É autorizada a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.

Publicação em versão eletrônica disponível para download em:

<http://www.sesi.fieb.org.br/reiet.>.

Apoio

Serviço Social da Indústria - Departamento Nacional

Projeto Gráfico e Diagramação

Assaz Planejamento e Comunicação Integrada

Revisão

Marco Antonio Rocha Medeiros

Normalização

Regina Rezende

Ficha Catalográfica

SESI. Departamento Regional da Bahia

Rua Edístio Pondé, 342 (Stiep)

Salvador/BA CEP: 41770-395

Telefone: (71) 3343-1216

Fax: (71) 33413906

Homepage: www.sesi.fieb.org.br

Serviço Social da Indústria. Federação das Indústrias do Estado da Bahia.

Diagnóstico de oferta e demanda em educação de jovens e adultos na

Região do Pólo Industrial de Camaçari: relatório final da pesquisa /Serviço

Social da Indústria – SESI. Federação das Indústrias do Estado da Bahia-FIEB.

– Salvador: SESI, 2011.

1.Educação. 2. Educação – jovens –adultos. 3. Pólo Industrial de Camaçari.

4. Relatório de pesquisa. 5. SESI –FIEB. I.Título.

CDU: 37.04

Page 6: Relatório final pesquisa REIET

LISTA DE SIGLAS

AMBEV – Companhia de Bebidas das Américas

CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

COFIC – Comitê de Fomento Industrial de Camaçari

DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

EJA – Educação de Jovens e Adultos

IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego

PIC – Pólo Industrial de Camaçari

PNLD – Plano Nacional do Livro Didático

RAIS – Relação Anual de Informações Sociais

REIET – Rede Interorganizacional de Educação do Trabalhador

RLAM – Refinaria Landulfo Alves Mataripe

SESI – Serviço Social da Indústria

Page 7: Relatório final pesquisa REIET

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ............................................................................ 8

1.1. OBJETIVOS ..................................................................................... 10

1.2. METODOLOGIA ............................................................................. 10

2 PERFIL DA OFERTA – Escolas ...................................................... 14

3 PERFIL DA DEMANDA – Trabalhadores ....................................... 31

3.1. PERFIL PESSOAL ............................................................................ 31

3.2. PERFIL FAMILIAR/RESIDENCIAL ............................................... 35

3.3. PERFIL OCUPACIONAL ................................................................. 38

4 TRABALHO E EDUCAÇÃO: abordagem da REIET...................... 45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 48

REFERÊNCIAS................................................................................ 50

ANEXOS........................................................................................... 51

ANEXO A – Questionário aplicado às escolas ..................................... 52

ANEXO B – Questionário aplicado aos trabalhadores ......................... 54

ANEXO C - Relação das empresas participantes da Comissão

de Recursos Humanos do Cofic..........................................56

Page 8: Relatório final pesquisa REIET

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1 APRESENTAÇÃO

As comunidades do entorno do Pólo Industrial de Camaçari sempre formaram a franja

da oferta de mão de obra para aquele Pólo. Desde sua fundação, os trabalhadores mais

especializados e com melhor remuneração eram buscados em Salvador e cidades do sudeste-

sul do país, cabendo a oferta de postos subalternos a trabalhadores de Camaçari e seu

entorno. Em que pese o número de trabalhadores contratados diretamente por empresas do

Pólo de Camaçari ser a grande maioria da força de trabalho empregada ali até a década de 80,

havia também um grande número de empreiteiras subcontratadas (as terceirizadas ou

“gatas”), que somavam um número bem menor de trabalhadores no chão de fábrica.

A partir da década de 90 do século passado, com uma forte reconversão do mercado

de trabalho na indústria baiana, essa lógica se alterou, fazendo com que o número de

trabalhadores contratados diretamente diminuísse radicalmente e, em contrapartida,

aumentasse o número de terceirizados prestando serviços a empresas do Pólo Industrial de

Camaçari. Ocorre que as condições e exigências para os postos de trabalho, agora

terceirizados, continuaram sendo as mesmas; no entanto, uma parte considerável dos

terceirizados possui escolaridade formal superior à função que exerce.

Também nesse período, o governo lança uma série de iniciativas de qualificação do

trabalhador, baseadas no seu projeto neoliberal, lançando sobre este a responsabilidade pelo

sucesso/fracasso no mercado de trabalho. Caberia, então, ao trabalhador a escolha por

qualificar-se (e manter a empregabilidade) ou não (e correr os riscos de perdê-la). Esse

binômio qualificação-emprego passou a ser pensado independentemente das circunstâncias

econômicas e tecnológicas, que retiravam do mercado postos e pessoas em nome do

desenvolvimento.

De lá para cá, o número de trabalhadores terceirizados (Druck, Franco, 2007)1, vem

aumentando, e aumentando também a precarização das relações de trabalho. Segundo a

literatura especializada, essa relação pode representar algo em torno de 5/1 (cinco

trabalhadores terceirizados para um trabalhador contratado diretamente).

Do ponto de vista da escolarização desses trabalhadores, e das pessoas que

1 DRUCK, G., FRANCO, T. Perda da razão social do trabalho. São Paulo: Ed. Boitempo, 2007.

Page 9: Relatório final pesquisa REIET

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freqüentam classes de Educação de Jovens e Adultos de uma forma geral, “é cada vez mais

reduzido o número de sujeitos que não tiveram passagens anteriores pela escola”2. Essas

passagens geralmente ocorreram de forma a deixar marcas, dificultando seu retorno.

A partir de um estudo de caso3, realizado com a central de distribuição de matérias

primas do PIC, constatou-se a necessidade de uma intervenção em rede na questão da

educação do trabalhador terceirizado, que viabilize alternativas efetivas de retorno/ingresso à

escola e conseqüente aumento na escolaridade formal.

Hoje, o esforço do SESI, em parceria com outras instituições, se concentra em

qualificar essa mão de obra, como forma de melhorar não apenas o perfil dos trabalhadores

prestadores de serviços, mas principalmente elevar o padrão de escolaridade dos municípios

do entorno do PIC. Esse esforço se concentra especialmente nos seguintes setores da

indústria: celulose, automotiva, metalurgia do cobre, têxtil e de bebidas, além do setor de

serviços prestados às indústrias do PIC.

Assim, o presente diagnóstico vem ao encontro da necessidade do SESI responder à

dinâmica das relações entre os diversos atores em questão, no sentido de identificar e

caracterizar a oferta em Educação de Jovens e Adultos na região de abrangência do Pólo

Industrial de Camaçari (notadamente nos municípios de Camaçari, Dias D’Ávila, Candeias e

Simões Filho) e as demandas por escolaridade entre adultos dessa região, com abordagens

mais profundas entre trabalhadores terceirizados do Pólo Industrial de Camaçari, a fim de

contribuir para a formulação de intervenção em EJA naquelas localidades.

Os resultados dessa pesquisa subsidiarão os trabalhos de criação da Rede de Educação

do Trabalhador – REIET – na região do PIC, rede essa que permitirá a formulação de um

projeto compartilhado de intervenção na educação básica de trabalhadores terceirizados do

PIC.

2 Cf. BAHIA. Secretaria de Educação. Superintendência de Desenvolvimento da Educação Básica. Educação de jovens e

adultos: aprendizagem ao longo da vida. (org. p. MALTA, A. et. al.). Salvador, s/d, p.4. 3 RIBEIRO, S.M.N. A educação do trabalhador na perspectiva do desenvolvimento territorial: o caso da EJA/SESI no Pólo Petroquímico de Camaçari. Salvador: UBA/Escola de Administração, 2009. (dissertação de mestrado).

Page 10: Relatório final pesquisa REIET

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1.1. OBJETIVOS

A pesquisa realizada tem como objetivos:

a) Identificar a oferta de educação de jovens e adultos na região;

b) Identificar a demanda em educação dos trabalhadores terceirizados do PIC;

c) Trazer para o debate em torno da EJA outros atores interessados no tema – como

empresas contratantes e terceirizadas e representantes de instituições de educação e

trabalho nos níveis municipal, estadual e federal.

1.2. METODOLOGIA

Percurso metodológico

a) Escolas

Foi realizado inicialmente o levantamento secundário dos dados dos quatro

municípios sobre número de escolas, matrículas em classes regulares e classes de EJA e

nomes das escolas tanto no site do IBGE quanto do INEP. A partir desse levantamento, foram

também contactadas as secretarias municipais de educação para então dar início à pesquisa

direta. Para as escolas, a intenção foi de realizar a pesquisa em todas as unidades escolares

existentes nos municípios, com a aplicação de um questionário (Anexo 1).

b) Trabalhadores

O levantamento secundário de dados sobre os trabalhadores foi realizado a partir da

coleta de dados do Censo Demográfico de 2000, no site do IBGE e do Ministério do Trabalho

e Emprego (RAIS e CAGED), além da base de dados da PED4. Esse levantamento permitiu

fazer o cálculo da amostra, a partir do universo de trabalhadores do PIC.

4 Pesquisa de Emprego e Desemprego, executada em 5 Regiões Metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife,

Salvador e São Paulo) e no Distrito Federal pelo DIEESE e pela Fundação Seade, tendo como parceiros locais a Universidade Federal da Bahia e a SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Secretaria e Planejamento e Tecnologia do Estado da Bahia.

Page 11: Relatório final pesquisa REIET

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A fase seguinte foi a da pesquisa direta, onde foi realizado um survey5 em bairros

distintos dos municípios abrangidos pela pesquisa (Camaçari, Dias D’Ávila, Candeias e

Simões Filho) e em algumas empresas do PIC e adjacências (Braskem, Paranapanema,

Oxiteno, Deten, Monsanto, Ambev e RLAM).6 Os dados coletados por meio de questionários

(Anexo 2) foram utilizados para caracterizar a população de trabalhadores/potenciais

trabalhadores terceirizados do Pólo Industrial de Camaçari em seus diversos aspectos:

escolaridade, dinâmica de trabalho, moradia, hábitos e costumes, perspectivas profissionais,

valores, (in)disponibilidades, competências básicas requeridas para o trabalho.

Para o cálculo dessa amostra foi escolhido o intervalo de confiança de 95%, desvio padrão 2

e erro amostral de 3%.

Cabe salientar que a amostra foi calculada sobre o total da população na faixa etária

considerada de adultos (18 a 59 anos). O corte definitivo foi realizado após o levantamento

secundário, a partir dos municípios de residência dos trabalhadores terceirizados que já

prestam serviços a empresas do PIC.

Município Amostra

Camaçari 62

Candeias 61

Dias D’Ávila 60

Simões Filho 61

TOTAL 244

Durante a coleta de dados foram alcançados números mais elevados que o mínimo de

trabalhadores a serem entrevistados, perfazendo um total de 298 questionários válidos. Foram

retirados da amostra questionários preenchidos por trabalhadores que não têm residência fixa

no estado da Bahia, a maioria deles residentes em Sergipe.

5 Survey: Tipo de ferramenta utilizada em pesquisa para coletar dados por amostragem. O survey é bastante utilizado em

pesquisas cujos resultados quantitativos não são conhecidos. 6 Na RLAM foram entrevistados trabalhadores da Tenace, na Braskem trabalhadores da RIP, CNO, Monsertec e Mills. As demais empresas tinham trabalhadores de várias terceirizadas.

Page 12: Relatório final pesquisa REIET

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Estratégias

a) Escolas

Os dados referentes às escolas foram coletados a partir de listagem de todas as escolas

municipais e estaduais localizadas nos 4 municípios da pesquisa, e que segundo o INEP,

possuíam classes de EJA em 2010. Segundo o site da instituição, havia 104 escolas com EJA,

segundo o Censo Escolar 2010 (dados coletados em 16/10/2010, no site do Ministério de

Educação). Porém, no período da pesquisa, algumas escolas não estavam com as classes de

EJA funcionando – seja porque a própria escola estava fechada, seja porque as classes foram

deslocadas para outras unidades escolares próximas.

Assim, foram localizadas e efetivamente entrevistadas 67 escolas nos 4 municípios, o

que corresponde a 65,7% da listagem original de escolas com classes de EJA nos 4

municípios, coletada no site do INEP.

b) Trabalhadores

A estratégia utilizada inicialmente foi de enviar e-mail para todos os setores de RH

das empresas participantes da Comissão de Recursos Humanos do Cofic (Anexo 3)

solicitando a lista e contatos das empresas terceirizadas. Em seguida, foram feitos

telefonemas para reforçar o pedido, no sentido de que pudessem ser iniciados os contatos

com as terceirizadas e, consequentemente, a definição do público a ser entrevistado pela

pesquisa. Essa estratégia mostrou-se sem sucesso, uma vez que as empresas demoraram em

atender e quando isso ocorreu, apenas 5 das 33 empresas contactadas responderam ao e-mail

com suas listagens de terceirizadas.

O segundo passo era o contato com as terceirizadas que fossem comuns a pelo menos

duas das 5 empresas e selecionar dessas os empregados a serem entrevistados. Foram

selecionadas com esses critérios 40 empresas terceirizadas. Com o desenvolvimento da

pesquisa, percebeu-se que a aplicação dos questionários deveria ser realizada nas

dependências das contratantes, uma vez que era ali que trabalhavam efetivamente. Por conta

dos princípios de segurança vigentes nessas empresas, a autorização para a aplicação dos

questionários é algo demorado. Por outro lado, também as terceirizadas não forneceram os

endereços residenciais dos seus trabalhadores para que ali fossem realizadas as entrevistas.

Voltou-se então às contratantes no sentido de solicitar autorização para aplicar os

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questionários nas dependências dessas empresas apenas com os trabalhadores terceirizados,

de forma a cobrir a amostra. Ao lado dessa estratégia, foi realizada pesquisa direta porta-a-

porta, tomando como critério a entrevista a trabalhadores desocupados que já tinham

trabalhado e/ou tinham interesse em trabalhar no PIC.

Em complemento à coleta de dados nas empresas, a relação com instituições

religiosas com ações voltadas para a educação de jovens e adultos possibilitou o

preenchimento de questionários com moradores de bairros populares dos quatro municípios

pesquisados.

Page 14: Relatório final pesquisa REIET

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2 PERFIL DA OFERTA – ESCOLAS

A partir de contatos feitos com as Secretarias Municipais de Educação, aliados aos

dados levantados no site do Ministério de Educação (notadamente os dados do Censo Escolar

e INEP), foram levantadas as informações referentes a 67 escolas. São elas:

QUADRO 2.1 - ESCOLAS PESQUISADAS POR MUNICÍPIO

ESCOLA MUNICÍPIO

CENTRO EDUCACIONAL YOLANDA PIRES CAMAÇARI

ESCOLA ALBERTO FERREIRA BRANDÃO CAMAÇARI

ESCOLA ANISIO TEXEIRA CAMAÇARI

ESCOLA CLEUSA MARIA DE CARVALHO MOREIRA CAMAÇARI

ESCOLA SÔNIA REGINA DE SOUZA CAMAÇARI

ESCOLA CONCEIÇÃO DE MARIA CAMAÇARI

ESCOLA VÍRGINIA REIS TUDE CAMAÇARI

CENTRO EDUCACIONAL TANCREDO NEVES CAMAÇARI

ESCOLA MUNICIPAL MARQUÊS DE ABRANTES CAMAÇARI

ESCOLA MUNICIPAL PROF.LUIS ROGÉRIO CAMAÇARI

ESCOLA MUNICIPAL FÉLIX JOAQUIM DE MORAES CAMAÇARI

ESCOLA MUNICIPAL ILAY GARCIA ELLERY CAMAÇARI

COLÉGIO MUNICIPAL SÃO THOMÁS DE CANTUÁRIA CAMAÇARI

ESCOLA HELENA CELESTINO DE MAGALHÃES CAMAÇARI

ESCOLA MUNICIPAL SANTO ANTONIO CAMAÇARI

ESCOLA MUNCIPAL ELIZA DIAS CAMAÇARI

ESCOLA MUN 14 DE AGOSTO CANDEIAS

ESCOLA MUN ACM CANDEIAS

ESCOLA MUN ALBERTINA DIAS COELHO CANDEIAS

ESCOLA MUN ALFREDO DA SILVA SERRA CANDEIAS

ESCOLA MUN ALZIRA FERREIRA RIBEIRO CANDEIAS

ESCOLA MUN CASTRO ALVES CANDEIAS

ESCOLA MUN COMUNITÁRIA SÃO FRANCISCO CANDEIAS

ESCOLA MUN CONS LUIZ VIANA CANDEIAS

ESCOLA MUN SOCIAL CULTURAL CRISTÃ CANDEIAS

ESCOLA MUN DISNEYLÂNDIA CANDEIAS

ESCOLA MUN DR. GUALBERTO DANTAS FONTES CANDEIAS

ESCOLA MUN EGBERTO DE CARVALHO FERREIRA CANDEIAS

ESCOLA MUN IVONICE COSTA SOTERO CANDEIAS

ESCOLA MUN JULIETA VIANA CANDEIAS

ESCOLA MUN JUNQUEIRA FREIRE CANDEIAS

Page 15: Relatório final pesquisa REIET

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ESCOLA MUN LAURENTINO NOLASCO DA CRUZ CANDEIAS

ESCOLA MUN LINDAURA GUALBERTO CANDEIAS

ESCOLA MUN MARGARIDA SOUZA CANDEIAS

ESCOLA MUN MONTEIRO LOBATO CANDEIAS

ESCOLA MUN NOVA CANDEIAS CANDEIAS

ESCOLA MUN PAULO VI CANDEIAS

ESCOLA MUN PE JOSÉ DE ANCHIETA CANDEIAS

ESCOLA MUN PE. MANOEL DA NÓBREGA CANDEIAS

ESCOLA MUN SÃO JOÃO BATISTA CANDEIAS

ESCOLA MUN TÉRCIA BORGES CANDEIAS

ESCOLA MUN YEDA BARRADAS CARNEIRO CANDEIAS

ESCOLA MUN. DE EDUCAÇÃO CRISTÃ CANDEIAS

CENTRO EDUCACIONAL NORMÉLIO MOURA DA

COSTA DIAS D'ÁVILA

ESCOLA MUN. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE DIAS D'ÁVILA

ESCOLA MUN. CLAUDIONOR SIMÕES DO CARMO DIAS D'ÁVILA

ESCOLA MUN. MARIA SANTIAGO BACELAR DE SANTANA DIAS D'ÁVILA

ESCOLA MUN. PROFª. ALTAIR DA COSTA LIMA DIAS D'ÁVILA

ESCOLA PE. LUIZ PALMEIRA SIMÕES FILHO

CENTRO COMUNITÁRIO NOSSA IRMÃ DULCE SIMÕES FILHO

COLÉGIO ESTADUAL ALBERTO SILVA SIMÕES FILHO

COLÉGIO ESTADUAL REGINA SIMÕES SIMÕES FILHO

ESCOLA DR. BERLINDO MAMEDE DE OLIVEIRA SIMÕES FILHO

ESCOLA HERMES MIRANDA SIMÕES FILHO

ESCOLA MUNICIPAL MARIA QUITÉRIA SIMÕES FILHO

ESCOLA PROFª MARIA DE SOUZA CHAVES SIMÕES FILHO

ESCOLA MUN PEDRO CERQUEIRA SANTOS SIMÕES FILHO

ESCOLA MUN. GEORGINA DE SOUZA SIMÕES SIMÕES FILHO

ESCOLA MUN. GILDO PIANA SIMÕES FILHO

ESCOLA MUN. UNIÃO DA BAHIA SIMÕES FILHO

ESCOLA MUN COMUNITÁRIA SÃO FRANCISCO SIMÕES FILHO

ESCOLA MUN. DE EDUCAÇÃO CRISTÃ SIMÕES FILHO

CENTRO COMUNICTÁRIO NOSSA ESPERANÇA SIMÕES FILHO

ESCOLA MUNICIPAL 7 DE NOVEMBRO SIMÕES FILHO

ESCOLA MUNICIPAL ANTONIA GONÇALVES DE

SOUZA SIMÕES FILHO

ESCOLA MUNICIPAL EDULIDO RIBEIRO MONTEIRO SIMÕES FILHO

ESCOLA MUNICIPAL BÁRBARA BLITES DO CARMO SIMÕES FILHO Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Percebe-se no gráfico 2.1 que, apesar de não ser o município mais populoso, Candeias

possui o maior percentual de escolas com classes de EJA entre os quatro municípios

abrangidos pela pesquisa, seguido de Simões Filho. Comparando-se o tamanho do município

Page 16: Relatório final pesquisa REIET

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com a quantidade de escolas que possui turmas de EJA percebe-se em Camaçari um percentual

baixo de escolas, fato esse que, segundo uma professora e gestora da rede Municipal da cidade,

se explica porque Camaçari foi (durante as décadas de 60,70 e 80 do século XX) área de

segurança nacional, o que fazia com que todas as ações estratégicas fossem realizadas pelo

governo federal, sem a participação do poder político local. Só mais recentemente (nos

últimos 20 anos) a ação do poder local tem sido mais efetiva, tanto em nível municipal

quanto estadual.

Dias d’Ávila não só é o município com menos escolas, como possui as escolas com o

acesso mais difícil, segundo relatam alguns gestores de escolas desse município,

entrevistados pela pesquisa. Isso provavelmente impacta na matrícula e no desempenho dos

alunos que ali se matriculam.

Entretanto, segundo relato dos próprios funcionários das escolas, o acesso ruim não é

prerrogativa de um município apenas. Em todos os municípios há bairros mais distantes,

cujas escolas são de difícil acesso, especialmente à noite, quando o percurso até a escola é

feito em geral por ruas sem calçamento ou iluminação pública e em locais com altos índices

de violência. Isso também distancia os possíveis estudantes das escolas. Os próprios

funcionários se deslocam nos ônibus escolares que servem aos estudantes nos turnos matutino

e vespertino como forma de conseguir chegar e sair mais facilmente das escolas que estão

localizadas em bairros mais distantes e com problemas de acesso. Entretanto, no turno

noturno (como se verá adiante, o turno que concentra a maior parte da oferta em EJA nas

escolas) não há transporte escolar e o percurso é feito de ônibus da frota municipal (quando

há) e/ou a pé.

Page 17: Relatório final pesquisa REIET

17

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

A maioria das escolas com EJA é municipal (95,5%).

Page 18: Relatório final pesquisa REIET

18

Fonte: Censo Escolar, INEP/MEC, 2010.

Quando observadas por município, as escolas apresentam uma distribuição quase

uniforme no que se refere a natureza administrativa; com a maior parte delas municipais.

Apenas Simões Filho apresenta uma distribuição em que as escolas estaduais são metade das

municipais. Cabe chamar atenção para o município de Camaçari que possui a única escola

privada com classes de EJA – A Escola Pestalozzi.

Os cursos de Educação de Jovens e Adultos oferecidos pelas Secretarias Estadual e

Municipais de Educação são hoje distribuídos nas seguintes categorias:

Tempos Formativos:

Os Tempos Formativos I, II e III são cursos de matrícula anual, nos quais as aulas são presenciais e exigem frequência diária. O currículo é organizado em eixos

temáticos, temas geradores e áreas de conhecimento. O centro do processo de

formação são as experiências de vida e estratégias de sobrevivência dos sujeitos

jovens, adultos e idosos. O curso total é composto de três (03) segmentos

distribuídos ao longo de sete (07) anos:

* O 1º Tempo Formativo (equivale ao 1º segmento da educação fundamental) -

03 anos

* O 2º Tempo Formativo (equivale ao 2º segmento da educação fundamental) -

02 anos

* O 3º Tempo Formativo (equivale ao ensino médio) - 02 anos

Tempo de Aprender:

É um curso de matrícula e estrutura didática semestral. As aulas são

semipresenciais, pois colocam-se como oferta própria àqueles educandos que

trabalham em turnos ou dias alternados e não podem frequentar a escola

regularmente. Os alunos poderão frequentar a escola três vezes por semana e têm

garantido o direito de aproveitamento de estudos já realizados nos diferentes

Page 19: Relatório final pesquisa REIET

19

componentes curriculares. O curso total é composto de dois (02) segmentos

distribuídos ao longo de quatro (04) anos:

* Tempo de Aprender I (equivale ao 2º segmento da educação fundamental) – 2

anos

* Tempo de Aprender II (equivale ao ensino médio) – 02 anos e meio.7

Entretanto, é comum o uso da nomenclatura mais antiga, inclusive pelos gestores das

escolas, segundo a qual o EJA I corresponderia aos primeiros anos do primeiro segmento do

ensino fundamental (1º, 2º e 3º anos); o EJA II seria relacionado aos últimos anos do

primeiro segmento do ensino fundamental (4º e 5º anos); o EJA III seria correspondente aos 2

primeiros anos do segundo segmento do ensino fundamental (6º e 7º anos); o EJA IV

corresponderia aos últimos anos do ensino fundamental (8º e 9º anos) e o EJA V

corresponderia ao ensino médio.

QUADRO 2.2 - COMPARAÇÃO ENTRE EJA, TEMPO FORMATIVO E TEMPO DE

APRENDER, EM RELAÇÃO À EDUCAÇÃO REGULAR

Educação Regular EJA

Tempo

Formativo

Tempo de

aprender Fundamental Médio

1º ao 3º ano I 1

4º e 5º ano II 1

6º e 7º ano III 2 1

8º e 9º ano IV 2 1

1º ao 3º ano V 3 2 Fonte: SEC/Bahia, 2010.

Embora a nomenclatura tenha sido alterada, optou-se aqui por manter a antiga

nomenclatura (EJA I a V), em virtude das respostas dadas pelos gestores quando da aplicação

dos questionários citarem essa e não a mais recente. Para melhor compreensão, apresenta-se

um quadro comparativo:

Percebe-se então que a maioria dos cursos oferecidos pelas escolas refere-se ao EJA II

e III.

7 Cf. BAHIA. Secretaria de Educação. Educação de jovens e adultos. In: http://www.educacao.escolas.ba.gov.br/node/11#sub2. Publicado em 05.01.2010. Acesso em 16.10.2010.

Page 20: Relatório final pesquisa REIET

20

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Em Camaçari, Candeias e Simões Filho estão presentes todas as modalidades de EJA,

com ênfase para as classes iniciais.

Em Dias D’Ávila, as 5 escolas pesquisadas possuem apenas EJA I e II. Ocorre que

existe uma modalidade de ensino chamada Aceleração, que não entra no cômputo das

matrículas em EJA, mas é para jovens e adultos e que oferece cursos de Aceleração I (que

corresponde ao Fundamental I) e Aceleração II (Fundamental II). Existe no município um

projeto denominado “Acelera Dias”, que tem esse objetivo, e cuja oferta ocorre também para

Page 21: Relatório final pesquisa REIET

21

os turnos diurnos. Para essa pesquisa esses dados não foram computados, pois oficialmente

não são considerados como matrícula de EJA.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

A distribuição de vagas nas escolas pesquisadas demonstra que em 2010 mais de 60%

das vagas disponíveis foram oferecidas em escolas com capacidade para mais de 150 vagas,

como pode ser observado no gráfico acima.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

O gráfico acima demonstra a quantidade de escolas e a oferta de vagas segundo o

município. Mais uma vez se vê que em Candeias está a maior parte das escolas e de vagas

disponíveis para EJA. Ali se observa que 6 escolas oferecem entre 101 e 200 vagas e 7

Page 22: Relatório final pesquisa REIET

22

oferecem entre 201 e 300 vagas.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Entretanto, o total de matrículas relatado pelas escolas nos 4 municípios foi de 9920

em 2010, com uma média de 148 matriculados por escola. Esse total está subdimensionado,

haja vista quase metade das escolas (46,3%) não ter informado durante a pesquisa a

quantidade de alunos matriculados em classes de EJA.

Segundo o INEP (Censo Escolar 2010), o total de matrículas nos quatro municípios

foi 19207, distribuídas da seguinte forma:

Fonte: INEP, Censo Escolar, 2010.

Page 23: Relatório final pesquisa REIET

23

Observa-se pelos dados da pesquisa que entre os 4 municípios existem 20.272 vagas

para EJA nas 67 escolas pesquisadas (65,7% do universo): uma média de 302 vagas por

escola. Convém chamar a atenção para o fato de que o número de vagas diz respeito apenas

às escolas pesquisadas. Como Candeias teve o maior número de escolas pesquisadas em

relação aos demais municípios, parece que esse dado é o mais próximo da realidade das

escolas que oferecem classes de EJA.

Outro dado importante diz respeito ao fato de que 8 gestores entrevistados não

forneceram o número de vagas disponíveis em suas escolas.

Por certo, esse parece ser o caso de Camaçari, Dias d’Ávila e Simões Filho, que

apresentam o número de matrículas (segundo o Censo Escolar) maior que o número de vagas

(segundo a pesquisa). Segundo gestores dos 4 municípios a realização de matrículas em

número bem superior até à capacidade das escolas ocorre porque, ao longo do ano letivo, há

um percentual alto de evasão.

Outro fator que merece atenção é a matrícula realizada para escolas estaduais e que,

com o decorrer do ano letivo, os alunos são transferidos para escolas municipais. Isso

também pode mascarar os dados de vagas x matrículas. Entretanto, o maior problema

decorrente dessa troca é que as escolas municipais, em muitos casos, não são adaptadas para

adultos, o que faz com que os alunos tenham aulas em salas pensadas para crianças, com

móveis e decoração infantil. Isso pode servir para desmotivá-los a continuar os estudos em

espaços inadequados.

QUADRO 2.3 – RELAÇÃO ENTRE VAGAS E MATRÍCULAS SEGUNDO MUNICÍPIO

Município

Nº de Vagas

(Pesquisa)

Nº de Matrículas

(INEP)

Camaçari 5373 7851

Candeias 9449 3406

Dias d'Ávila 1900 2862

Simões Filho 3550 5088

Total 20272 19207 Fonte: SESI, Pesquisa Direta, 2011; INEP/MEC, 16/10/2010.

Para se proceder à matrícula em classes de EJA na rede pública de ensino, segundo a

LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei no 9394/96), é necessário ser maior de 15

anos para o ensino fundamental e 18 anos para o ensino médio, e apresentar distorção idade-

Page 24: Relatório final pesquisa REIET

24

série, ou seja, ter uma idade incompatível com a última série cursada e aprovada. Essa

defasagem deverá ser de pelo menos 2 anos.8

A questão da idade para as classes de EJA é questionada pelos professores, no sentido

de que “adolescentes problemáticos” atrapalham os adultos trabalhadores.

Estamos falando do trabalhador adulto que está no EJA, mas os

outros jovens acabam atrapalhando aqueles que querem estudar.

Mas a maioria que vem de outros turnos acaba atrapalhando os

professores e também atrapalham os adultos que vêm à escola para

recuperar o tempo perdido. (Professora de Escola de Camaçari)

Além da idade, é necessário também apresentar RG, histórico escolar, comprovante de

residência e 2 fotos.

Para a matrícula na rede pública, a pessoa pode realizar o aprendizado em escolas que

desenvolvem o conteúdo programático das classes de EJA e se inscrever nas escolas

definidas pelo MEC para os exames.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Durante o ano de 2010 foram contratados 832 professores. A maior parte das escolas

(47,76%) possui até 10 professores. Observa-se, contudo, que 7,46% possuem mais de 30

8 Segundo o parecer 23/2008 do Conselho Nacional de Educação, havia a proposta de estabelecer 18 anos como idade

mínima para todos os cursos de EJA, e recomendava-se que até 2013 fosse alterada a legislação, para com isso evitar uma incompatibilidade entre a LDB e o Estatuto da Criança e do Adolescente, gerada pela questão da idade. Segundo o ECA, adulta é a pessoa que tem a partir de 18 anos. Entretanto essa proposta não foi acatada pelo Ministério de Educação.

Page 25: Relatório final pesquisa REIET

25

professores, pois são escolas maiores, com mais estrutura e com um número maior de alunos.

Quando analisadas por município e à luz do número de vagas relatadas pelas escolas,

vê-se que as escolas de Dias d’Ávila e Camaçari são as que possuem um maior número de

professores por vagas (35 e 31, respectivamente). Cabe ressaltar que em Candeias, ainda que

o número de vagas seja maior que o dos outros municípios, a relação entre as vagas e o

número de professores é satisfatória (24 vagas por professor). Simões Filho apresenta uma

relação que denota certa sub-utilização dos profissionais, com apenas 17 vagas por professor.

QUADRO 2.4 – RELAÇÃO ENTRE VAGAS E NÚMERO DE PROFESSORES

CONTRATADOS SEGUNDO MUNICÍPIO

Município Professores Vagas Vagas/

Professor

CAMAÇARI 172 5373 31

CANDEIAS 396 9449 24

DIAS

D'ÁVILA 54 1900 35

SIMÕES

FILHO 210 3550 17

TOTAL 832 20272 24 Fonte: SESI, Pesquisa Direta, 2011.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Considerando-se o intuito da EJA de aumentar a escolaridade de pessoas com

defasagem série-idade, e, portanto, na maioria dos casos com uma vida laboral já em curso, a

Page 26: Relatório final pesquisa REIET

26

maior parte das vagas oferecidas em EJA nas escolas pesquisadas está no turno noturno

(92,54%). Entretanto, cabe salientar que essa prática não deve ser restritiva, já que legalmente

não tem amparo nenhum. Segundo a LDB, os cursos para adultos podem ser oferecidos em

qualquer turno. Cabe às escolas rever essa posição, de forma a possibilitar que pessoas que

trabalham em regime de turno consigam ingressar/retornar às classes de EJA.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Até 2010 era quase totalidade a existência de cursos de EJA apenas no turno noturno,

o que deixava de fora trabalhadores que porventura trabalhassem em turno noturno. O gráfico

mostra um pequeno porcentual de escolas com cursos nos turnos matutino e vespertino nos

municípios de Candeias e Simões Filho.

Já em Camaçari e Dias d‘Ávila, o planejamento da oferta na área de EJA é feito tendo

como horizonte a totalidade dos cursos oferecida no turno noturno.

Um dos grandes problemas da oferta de EJA exclusivamente no noturno está no fato

de que os gestores não trabalham nesse turno, as bibliotecas e salas de informática também

não funcionam nesse turno, o que dificulta o andamento de um projeto pedagógico que tenha

ferramentas de mídia e/ou a utilização de material da biblioteca como recursos de

aprendizagem.

Ainda, considerando-se que o MEC instituiu o plano nacional do livro didático

(PNLD) para EJA apenas em 2010, 2011 é o primeiro ano em que efetivamente será possível

Page 27: Relatório final pesquisa REIET

27

levar a cabo o processo de ensino-aprendizagem utilizando esse tipo de material didático.

Ainda assim, segundo alguns professores:

O livro didático fornecido pelo programa está fora da realidade exigida, temos um

programa pedagógico e o livro não acompanha. (Professora E)

Os alunos, mesmo com toda dificuldade são capazes de diagnosticar que o livro é

inútil e até ironizam sua utilização. (Professor G)

Por que não colocar um material que possa contemplar a realidade do aluno?

(Professor A)

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011 | Obs.: Informações referentes ao ano de 2007.

Quanto ao índice de desenvolvimento da educação básica (IDEB), a primeira

informação importante é que esse índice “é calculado com base no desempenho do estudante

em avaliações do Inep e em taxas de aprovação. Assim, para que o IDEB de uma escola ou

rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e freqüente a sala de aula”.9 Ou

seja, o IDEB é formado pelas médias das notas de estudantes do 5º e 9º anos do ensino

fundamental e do 3º ano do nível médio no Saeb e na Prova Brasil.10

Observa-se que a maior parte das escolas (59,2%) apresenta o índice menor que 4,

9 Cf. MEC, http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=180&Itemid=337. 10 “O Saeb e a Prova Brasil são dois exames complementares que compõem o Sistema de Avaliação da Educação Básica. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), realizado pelo Inep/MEC, abrange estudantes das redes públicas e privadas do país, localizados em área rural e urbana, matriculados na 4ª e 8ª séries (ou 5º e 9º anos) do ensino fundamental e também no 3º ano do ensino médio. São aplicadas provas de Língua Portuguesa e Matemática. A avaliação é feita por amostragem. Nesses estratos, os resultados são apresentados para cada unidade da Federação e para o Brasil como um todo. A avaliação é censitária para alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental público, nas redes estaduais, municipais e

federais, de área rural e urbana, em escolas que tenham no mínimo 20 alunos matriculados na série avaliada. Nesse estrato, a prova recebe o nome de Prova Brasil e oferece resultados por escola, município, unidade da Federação e país.” Cf. MEC, in http://portalideb.inep.gov.br/web/saeb-e-prova-brasil/saeb-e-prova-brasil.

Page 28: Relatório final pesquisa REIET

28

ainda que quase um terço delas (32,8%) não tenha respondido a essa questão. 9%

apresentaram o IDEB maior que 4. Como pode ser observado no quadro abaixo (com base

nos dados do MEC/INEP), os dados para a média das escolas desses municípios não diferem

muito dos resultados observados pela pesquisa nas escolas isoladamente, uma vez que, para a

média, o IDEB nesses municípios não alcançou 4 pontos nesses 3 anos. Considerando que o

índice tem 10 (dez) como nota máxima e uma projeção de chegar a 6 até o ano de 2020, há

ainda um longo caminho a percorrer para o Brasil se firmar como uma nação onde a educação

seja próxima à de grandes potências mundiais.

QUADRO 2.5 - IDEB – CAMAÇARI, CANDEIAS, DIAS D’ÁVILA E SIMÕES FILHO –

9º ANO (2005, 2007 E 2009)

Município Competência

Administrativa 2005 2007 2009

Camaçari

Municipal 2,2 2,6 3,3

Estadual 3,3 2,8 SI

Pública 2,3 2,6 3,3

Candeias

Municipal 2,4 2,5 2,6

Estadual 2,5 2,8 3,0

Pública 2,4 2,6 2,8

Dias d'Ávila

Municipal 2,1 2,4 2,3

Estadual SI SI SI

Pública 2,1 2,4 2,3

Simões Filho

Municipal 2,6 2,8 2,6

Estadual 2,5 2,4 2,5

Pública 2,8 3,2 3,4 Fonte: MEC/INEP, 2011. (http://sistemasideb.inep.gov.br/resultado/)

Page 29: Relatório final pesquisa REIET

29

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Com relação à estrutura física das escolas, observa-se que em 83,3% das escolas há

biblioteca; em 10% há laboratório de informática; e em 20% há sala de multimídia, itens que

podem significar maiores possibilidades de aprendizado por parte dos estudantes embora os

dois últimos em poucas escolas. Entretanto, como já foi abordado anteriormente esses locais

não permanecem abertos no turno noturno.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Com relação aos municípios, entretanto, vê-se que é em Camaçari e Dias d’Ávila que

Page 30: Relatório final pesquisa REIET

30

se observa uma distribuição mais regular dos equipamentos, excetuando-se auditório,

laboratório de informática, quadra esportiva e sala de multimídia, que apresentam um

percentual reduzido na maioria das escolas.

Page 31: Relatório final pesquisa REIET

31

3 PERFIL DA DEMANDA – TRABALHADORES

Como colocado anteriormente, a coleta de dados dos trabalhadores abrangeu aqueles

terceirizados que prestam serviços a empresas do PIC e desocupados residentes nos

municípios de Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila e Simões Filho.

a. Perfil Pessoal

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

A amostra demonstra que 77% dos trabalhadores são homens, fato considerado

normal, em se tratando de emprego industrial, especialmente em funções ligadas à

manutenção. Entre os terceirizados, a presença de mulheres é mais facilmente verificada em

atividades ligadas a serviços gerais, funções administrativas e entre os desocupados.

O gráfico abaixo demonstra esses dados, embora se encontrem pequenos percentuais

de mulheres em atividades ligadas a segurança e vigilância, manutenção elétrica e ajudantes.

Saliente-se que, como a pesquisa com os desocupados foi domiciliar, era de esperar

um percentual maior de mulheres em casa no momento, uma vez que comumente as

mulheres, quando se encontram sem emprego, permanecem mais tempo em casa cuidando

dos afazeres domésticos, o que dificulta ainda mais a obtenção de uma nova ocupação. Entre

Page 32: Relatório final pesquisa REIET

32

os homens, é mais comum a saída da casa para procurar outra ocupação ou mesmo para a

realização de “biscates”, como forma de prover a subsistência (própria e/ou familiar).

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.| Obs.: 1. Outros: Autônomo, bancário, promotor de vendas; 2. Sem informação: não preenchido pelo trabalhador; 3. Sem ocupação definida: encarregado, coordenador, conferente.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Percebe-se que mais ou menos 80% dos trabalhadores entrevistados são negros e

mestiços, o que tem relação com os percentuais encontrados em outras pesquisas – PED e

Page 33: Relatório final pesquisa REIET

33

IBGE, por exemplo. Esse alto percentual tem seus fundamentos na própria formação

histórico-social da população baiana.

Os dados sobre escolaridade, apresentados a seguir, mostram que mais da metade dos

trabalhadores entrevistados possuem o nível médio completo. Esse dado, recorrente em

outras pesquisas, dá a perceber que a tese de que os terceirizados estão em posição precária

no mercado de trabalho por conta da baixa escolaridade não corresponde à totalidade dos

trabalhadores. Em verdade, o trabalho terceirizado veio responder a uma reconversão

gerencial e tecnológica operada na indústria de ponta no Brasil desde os anos 90 do século

passado.

Para se ter uma idéia dessas mudanças, o Pólo de Camaçari possuía até 1985 cerca de

85.000 trabalhadores, cuja política de gestão era baseada na seleção de pessoas com elevado

grau de conhecimentos específicos (geralmente adquiridos em escolas técnicas ou na própria

experiência) e o conseqüente pagamento de salários diferenciados de outros trabalhadores de

nível médio.

A partir desse período, a política de contratação de pessoal foi sendo alterada, até

culminar com um Pólo Industrial “enxuto”, com cerca de 12.000 empregos diretos no início

dos anos 2000.

Ainda assim, 33,89% dos trabalhadores terceirizados possuem nível de escolaridade

inferior ao nível médio completo. Esse fato impacta também nas tentativas de certificação

ISO 9002 que as empresas fazem, pois alguns certificados só são emitidos para empresas que

têm nos seus quadros trabalhadores com a escolaridade mínima de nível médio completo

(sejam contratados diretamente ou terceirizados).

Page 34: Relatório final pesquisa REIET

34

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Ao serem questionados porque pararam os estudos, 44% relataram que concluíram os

estudos e 33,6% colocaram o trabalho como motivo para a interrupção dos estudos. Outros

motivos aparecem com percentuais menores.

Cabe observar que entre os que afirmam ter concluído os estudos, 83% pararam de

estudar quando concluíram o nível médio. Porém há trabalhadores que pararam de estudar

antes disso. Note-se que a conclusão dos estudos não está necessariamente relacionada ao fim

da carreira escolar, ou seja, à conclusão de todos os níveis escolares. Muitas vezes, a simples

conclusão do nível fundamental é citada pelos trabalhadores como conclusão dos estudos.

Page 35: Relatório final pesquisa REIET

35

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

b. Perfil Familiar/Residencial

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011. | Obs.: “Municípios da RMS” se refere aos demais municípios, que não são os quaro em destaque e Salvador (Mata de São João, São Sebastião do Passé, Madre de Deus e Pojuca).

“Outros municípios” se refere a municípios do Estado da Bahia que não o citados anteriormente (Santo Estevão, Santo Amaro e Alagoinhas).

Embora a pesquisa tenha sido realizada com o foco nos municípios de Camaçari,

Candeias, Dias d’Ávila e Simões Filho, a sistemática de abordagem (dentro das fábricas, no

horário de almoço) recuperou dados de trabalhadores que, mesmo prestando serviços a

Page 36: Relatório final pesquisa REIET

36

empresas do PIC e/ou localizadas nos municípios de abrangência da pesquisa, residem em

outras cidades.

Assim, vê-se um maior percentual de moradores de Camaçari (42,95%) e uma

quantidade reduzida de moradores de Candeias (6,71%), se considerados os municípios-alvo

da pesquisa. Entretanto, percebem-se pequenos percentuais de moradores de outros

municípios da RMS (5,7%) e 11% de moradores de Salvador na amostra. Isso demonstra que

a seleção de trabalhadores para os postos de trabalho em empresas terceirizadas do PIC nem

sempre está relacionada diretamente com o local de residência do trabalhador.

Em relação à moradia, 75,2% dos trabalhadores possui casa própria, o que confere

certa estabilidade à vida pessoal dessas pessoas. Essa é uma característica bastante presente

para quem reside em cidades menores. Ainda que a situação de trabalho não seja a ideal, as

pessoas geralmente possuem casa própria.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

O padrão construtivo das casas também está mais próximo a modelos mais modernos,

com a incidência maior de casas de tijolo e cimento (seja com laje, com telhado de cerâmica

ou com telhado de Eternit). Isso também demonstra o grau de estabilidade

familiar/residencial desses trabalhadores.

Page 37: Relatório final pesquisa REIET

37

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Os trabalhadores possuem também um número significativo de eletrodomésticos e

eletroportáteis em suas residências. Pode-se inferir que a renda desses trabalhadores é tal que

possibilita a compra desses aparelhos. Note-se que em mais de 90% das casas há fogão a gás,

geladeira, liquidificador, aparelho de TV, aparelho de DVD, além do telefone celular.

Outros aparelhos também são indicativos da renda desses trabalhadores. 46,6% tem

computador em casa, 38,9% possuem telefone fixo e 34,6% possuem TV a cabo.

Page 38: Relatório final pesquisa REIET

38

c. Perfil Ocupacional

Pode-se observar que entre os entrevistados, 8,39% estão desocupados. Entre os

ocupados, as funções são em sua maioria da área de manutenção, que para efeito de análise

foi dividida em “manutenção elétrica”, “manutenção mecânica” e “manutenção”. Observa-se

também um percentual menor de trabalhadores em serviços gerais e em vigilância/segurança.

Perceba-se que 11,74% dos trabalhadores declararam ser “montadores”, “montadores

industriais” ou “montadores sênior”, ocupações da área de manutenção que obtiveram o

maior percentual isoladamente.

Assim, somados todos esses percentuais, os trabalhadores de manutenção perfazem

um total de 34,56% dos trabalhadores entrevistados pela pesquisa.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011 | Obs.: 1. Sem informação: não preenchido pelo trabalhador; 2. Sem ocupação definida: encarregado, coordenador, conferente.

Page 39: Relatório final pesquisa REIET

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Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011. | Obs.: 1. Outros: Autônomo, bancário, promotor de vendas; 2. Sem informação: não preenchido pelo trabalhador; 3. Sem ocupação definida: encarregado, coordenador, conferente.

Quando cruzadas as variáveis escolaridade e ocupação parece não haver correlação

direta, exceto se forem observados os trabalhadores em construção civil e serviços gerais que,

em sua maioria, não ultrapassam o nível médio completo, embora com uma presença forte em

níveis de escolaridade inferiores e inexpressiva em níveis mais elevados. Cabe ressaltar que

para as funções em serviços gerais a prevalência do nível médio parece representar a

dificuldade que esses trabalhadores têm em alcançar postos de trabalho mais avançados, seja

por falta de experiência, seja por não possuir especialização em outras áreas, seja ainda por

conta da retração na oferta de postos de trabalho para pessoas com formação generalista no

trabalho industrial.

Nesse caso, se inferem duas possibilidades: 1. A formação de nível médio não garante

por si só o acesso e permanência em determinadas ocupações; 2. O nível da formação

adquirida pelos trabalhadores não os qualifica efetivamente para o mercado de trabalho em

funções mais elevadas. Em ambos os casos, a questão é: Por que indivíduos com o nível

médio completo não teriam a qualificação profissional para alcançarem melhores ocupações

no mercado de trabalho? É necessário analisar formação oferecida a esses sujeitos, de

maneira que seja possível ultrapassar esses limites, sejam eles individuais ou conjunturais.

Como exemplo, foram escaneados alguns questionários preenchidos pelos próprios

trabalhadores.

Page 40: Relatório final pesquisa REIET

40

Trabalhador com nível médio completo

Trabalhador com nível médio completo

Trabalhador com nível médio incompleto

Trabalhador com nível médio completo

Trabalhadora com nível médio completo

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Trabalhador com nível médio completo

Trabalhador com nível médio completo

É possível perceber não só erros de grafia de palavras relativamente simples, mas

também a caligrafia típica de quem não tem muita familiaridade/facilidade em escrever.

O gráfico abaixo mostra o tempo em que os trabalhadores desocupados estão sem

trabalho. Como se trata de uma mão-de-obra de alta rotatividade, cerca de um terço dos

trabalhadores permanece menos de um ano sem ocupação, e quase metade até 3 anos (esses

valores somados perfazem o total de 77,7% dos trabalhadores desocupados que têm maiores

chances de retorno ao mercado de trabalho, uma vez capacitados para tanto). Aqueles

trabalhadores que estão há mais de 4 anos sem retornar ao mercado encontrarão maiores

dificuldades, a não ser que alterem o nível de escolaridade e/ou de qualificação para o

trabalho industrial.

Esses trabalhadores podem vir a ser o público preferencial de ações educativas, como

as da REIET.

Page 42: Relatório final pesquisa REIET

42

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Quando perguntados o que estão fazendo para ingressarem/retornarem ao mercado de

trabalho, 11,74% dos trabalhadores afirmam que colocam currículo em empresas e 9,25%

afirmam que pedem emprego a amigos/conhecidos. Alternativas também são utilizadas em

quantidade menor, como mostra o gráfico abaixo. Cabe salientar que essa busca na maioria

dos casos é ativa, ou seja, depende de um movimento do próprio trabalhador. Apenas 1,42%

dos trabalhadores esperam chamados para trabalho.

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011. | Obs.: Foram solicitadas até 3 alternativas para cada trabalhador.

Page 43: Relatório final pesquisa REIET

43

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Pode-se perceber que a renda dos trabalhadores terceirizados gira em torno de menos

de 1 até 7 salários mínimos (vigentes no momento da pesquisa), sendo que o maior percentual

deles recebe entre 2 e 3 SM. Poucos trabalhadores declararam possuir uma segunda ocupação

e renda advinda dela (34 trabalhadores, que perfazem o percentual de 11,4%).

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Entre os trabalhadores, ¾ deles trabalham entre 21 e 44 horas semanais, que é o

regime de trabalho mais usual no PIC.

Page 44: Relatório final pesquisa REIET

44

Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.

Ao serem perguntados se gostariam de continuar estudando, 86% dos trabalhadores

afirmaram que sim. Quando questionados sobre quais as expectativas, percebe-se que

“melhorar renda e qualidade de vida” e “ter uma profissão” (18,79% cada um) são aquelas

que os trabalhadores apontam como motivos mais relevantes. Observe-se, entretanto, que

mesmo respondendo que gostariam de continuar estudando, praticamente um terço dos

trabalhadores não responderam nada sobre suas expectativas. Isso pode denotar certa

desmotivação por parte desses trabalhadores de que o aumento da escolarização possa alterar

sua posição no mercado de trabalho. É exatamente sobre esse percentual de trabalhadores que

deve se assentar uma ação por parte do SESI, no sentido de trazê-los de volta para a escola.

Page 45: Relatório final pesquisa REIET

45

4 TRABALHO E EDUCAÇÃO: ABORDAGEM DA REIET

O SESI é uma instituição que, desde sua fundação, tem oferta supletiva de educação,

especialmente voltada para o trabalhador da indústria.

A partir da década de 90, o SESI-Bahia começou a empreender ações voltadas para a

educação de jovens e adultos, inicialmente com o programa de alfabetização de trabalhadores

da construção civil nos canteiros de obra. Em seguida, foram introduzidos os cursos do nível

fundamental e médio (então 1º e 2º graus), por meio do Telecurso 2000, em parceria com a

Secretaria de Educação do Estado da Bahia para atender os demais setores da indústria, nos

próprios locais de trabalho.

Ao final dessa década, o trabalho do SESI teve um salto de qualidade com a criação

do NETI (Núcleo de Educação do Trabalhador na Indústria) que executava o Programa de

Erradicação do Analfabetismo na Indústria.

No período de 1999 à 2008, foram 46.349 matrículas novas (Fonte: NETI) em

elevação de escolaridade na Bahia, em todos os segmentos de ensino – Ensino

Fundamental I e II, e Ensino Médio, em 594 empresas (fonte:SIME). O foco sempre

esteve na Alfabetização, considerada pelo SESI como o processo relativo aos

primeiros anos de escolaridade, isto é, o Ensino Fundamental I11.

O SESI passou então a apoiar de forma eficaz o Estado no sentido de desenvolver o

aprendizado dos conteúdos de EJA e, embora não sendo uma escola, colaborou grandemente

com a diminuição do analfabetismo e da subescolarização dos trabalhadores na indústria na

Bahia através da instalação de salas de aula nas empresas.

A partir da constatação de que os trabalhadores terceirizados eram os que tinham

maiores dificuldades de manter a empregabilidade e que um dos motivos poderia ser a baixa

escolaridade o SESI passou a pensar numa maneira de contribuir para a diminuição desse

quadro de privação.

A REIET, então, surgiu como proposta a partir do trabalho realizado por Ribeiro

(2009)12

, segundo o qual se percebia que a questão do aumento da escolaridade de

trabalhadores terceirizados em empresas do PIC não poderia ser uma “via de mão única”, ou

seja, não deveria ser imputada exclusivamente aos trabalhadores, e sim compartilhada por

11 SISTEMA FIEB, SESI. Estudo sobre a elevação de escolaridade na EJA – Sesi Bahia – Análises e Propostas. Salvador,

jul. 2009, p.11. 12 RIBEIRO, S.M.N. A educação do trabalhador na perspectiva do desenvolvimento territorial: o caso da EJA/SESI no Pólo Petroquímico de Camaçari. Salvador: UBA/Escola de Administração, 2009. (dissertação de mestrado).

Page 46: Relatório final pesquisa REIET

46

todas as instituições pertencentes à rede de educação e trabalho, capazes de promover, em

conjunto, o desenvolvimento territorial.

Fonte: Ribeiro, 2009, p. 110.

Esse tipo de estrutura já é muito utilizado nos negócios como resposta às

exigências de elevada capacidade de resposta às demandas externas que as

organizações estão submetidas na contemporaneidade, induzindo atitudes

colaboracionistas em torno da competitividade e gestão da tecnologia. (Ribeiro,

2009, p.109)

Nesse sentido, a REIET tem o objetivo de promover a intervenção de forma conjunta,

a partir dos resultados do presente diagnóstico, no sentido de modificar os encaminhamentos

dados atualmente à necessidade de aumento na escolaridade dos trabalhadores terceirizados.

Entre os benefícios gerados pela REIET estão:

a) Para o Trabalhador

Identificação das diferentes metodologias de EJA apropriadas para atender as suas

necessidades específicas;

Orientação quanto à melhor estratégia para ingresso/reingresso e conclusão da

educação básica em menor tempo;

Identificação das instituições que oferecem os serviços educacionais de EJA;

Identificação de possíveis contratantes de seus serviços profissionais;

Page 47: Relatório final pesquisa REIET

47

Divulgação de seu perfil profissional junto às empresas contratantes.

b) Para os Agentes Educativos

Divulgação dos seus serviços educacionais;

Conhecimento qualificado sobre a demanda de serviços educacionais para

trabalhadores e empresas;

Identificação de dados que subsidiem a elaboração de propostas educativas que

atendam com maior eficácia às especificidades das empresas e dos trabalhadores;

Aumento do número de trabalhadores atendidos.

c) Para as Empresas

Contratação de serviços educacionais customizados que atendam às suas

necessidades específicas;

Otimização de recursos financeiros;

Identificação de trabalhadores com perfis mais adequados às suas necessidades;

Atuação de forma concertada para a elevação do nível de escolaridade do

trabalhador da indústria na região;

Divulgação de suas ações de responsabilidade social.

d) Para o Poder Público

Otimização de recursos;

Compartilhamento de informações;

Ampliação do atendimento em EJA;

Identificação de dados que melhor subsidiem as Políticas Públicas na área de EJA;

Participação em uma iniciativa conjunta que reúne trabalhadores e empresas;

Identificação de parceiros técnicos e financeiros;

Ampliação da mobilização dos jovens e adultos sem Educação Básica completa;

Divulgação dos desafios e êxitos das iniciativas em EJA.

Page 48: Relatório final pesquisa REIET

48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cenário apresentado pelo diagnóstico de oferta e demanda por Educação de Jovens

e Adultos entre trabalhadores terceirizados do Pólo Industrial de Camaçari tem como

principal característica o fato de haver uma oferta de vagas passível de ser preenchida por

trabalhadores terceirizados do PIC. Essas vagas são mais abundantes para as classes de EJA

II e III (que seriam correspondentes ao Tempo Formativo I – entre o 4º e o 7º ano do ensino

fundamental). Esses cursos abrangeriam um percentual de 11,4% dos trabalhadores, aqueles

que possuem o fundamental incompleto.

Entretanto, quando se observa o turno noturno como preferencial para a instalação

dessas classes de EJA cabe uma observação; os trabalhadores que trabalham durante todo o

dia poderiam freqüentar essas classes, mas aqueles que trabalham em regime de turno

facilmente se desmotivariam – o que inclusive foi apontado por alguns como sendo o motivo

pelo qual abandonaram os estudos.

Segundo professores de EJA em uma escola de Candeias:

Vários motivos levam esses adultos a recomeçar os estudos: alguns simplesmente

querem, outros são obrigados pela empresa onde trabalham, outros porque buscam

empregos e são barrados na falta de formação. No entanto, algumas empresas não

flexibilizam para que esse adulto volte a estudar, exigindo que ele dê prioridade à

sua carga horária de trabalho. O que se vê são alunos que vão direto do trabalho

para a escola, outros que não se alimentam - pois o tempo depois do trabalho é

curto para tomar banho, se alimentar e ir para a escola. Os alunos do EJA são os

mais interessados, mas não rendem, não produzem devido ao cansaço, à falta de

alimentação. (Professor A)

O programa do EJA deveria ser mais flexível para esses alunos trabalhadores, aplicando um plano pedagógico especifico. Não deveria ter tanto conteúdo, deveria

ser mais dinâmico e direto. No entanto, o programa é o mesmo aplicado aos alunos

dos turnos matutino e vespertino, com idades que variam de 13 a 16 anos. Nós não

temos condições de fazer diferente, mesmo sabendo que trabalhar com adultos é

diferente de trabalhar com jovens adolescentes, somos obrigados a ter adolescentes

indisciplinados que prejudicam o aprendizado dos adultos trabalhadores.

(Professor B)

Caberia às escolas oferecerem uma modalidade semi-presencial equivalente ao

“Tempo de Aprender”, da Secretaria de Educação do Estado da Bahia.

Existe também uma expectativa muito grande entre os trabalhadores em relação ao

retorno aos estudos, mesmo para aqueles que já concluíram o nível médio (55% da amostra).

O desejo expresso por aqueles que desejam “ter uma profissão” e “melhorar de vida”

remetem à necessidade de oferta de cursos profissionalizantes para esses trabalhadores. A

partir da oferta de cursos que se aproximem do desejo, será mais fácil convencer esses

Page 49: Relatório final pesquisa REIET

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trabalhadores de que o investimento de tempo e esforço no aumento de escolaridade levará à

melhoria da renda e das condições de trabalho.

Entretanto, para que a oferta seja plenamente aproveitada pelos trabalhadores que

demandam educação há uma necessidade de investimentos por parte do Estado e municípios

em infra-estrutura. Foram muito constantes durante a pesquisa reclamações de gestores e

funcionários das escolas em relação ao acesso – dificultado no turno noturno – por conta de

ruas sem iluminação ou sinalização, escolas localizadas em locais muito distantes e sem uma

infra-estrutura de transportes adequada e principalmente a estrutura física das escolas.

Em se tratando de um público diferenciado e que tem contato diário com

equipamentos de alta tecnologia, seria de todo conveniente promover também o

aparelhamento das escolas com equipamentos modernos e tecnologias multimeios para tornar

mais interessante e motivador o processo de aprendizagem desses sujeitos.

Porém, a escola sozinha não será capaz de promover todas as mudanças necessárias

para se chegar a um padrão adequado de elevação da escolaridade do trabalhador terceirizado

do PIC. É necessária a integração das ações educativas com as empresas, no sentido de

colaborar com o retorno/ingresso dos trabalhadores às escolas. As empresas precisam ser

sensibilizadas para o fato de que, ainda que haja rotatividade, o trabalhador qualificado por

ela vai ser aproveitado por outra empresa, assim como o trabalhador qualificado por outra vai

ser aproveitado por ela. Ou seja, a elevação da escolaridade e qualificação profissional do

trabalhador deve ser encarada como ação de responsabilidade social pelas empresas, gerando

uma força de trabalho mais motivada e conhecedora da importância do trabalho que realiza;

em suma, uma força de trabalho comprometida com os resultados e não apenas com o fazer

diário de suas funções.

Essas evidências apontadas pela pesquisa necessitam de um espaço para que sejam

amadurecidas e colocadas em prática estratégias para efetivar as mudanças necessárias. A

REIET é o espaço privilegiado de encontro, discussão conjunta e encaminhamentos dessas

questões e dos desafios encontrados para a elevação da escolaridade dos trabalhadores. Na

medida em que os diferentes atores (poder publico municipal, empresas e SESI) se debruçam

sobre os dados da realidade podem, conjuntamente, encontrar as melhores soluções.

Page 50: Relatório final pesquisa REIET

50

REFERÊNCIAS

BAHIA. Secretaria de Educação. Educação de jovens e adultos. Disponível em:

<http://www.educacao.escolas.ba.gov.br/node/11#sub2.> . Acesso: 16. out. 2010.

________. Secretaria de Educação. Superintendência de Desenvolvimento da Educação

Básica. Educação de jovens e adultos: aprendizagem ao longo da vida. Salvador: SEC,

[s.d]. p.4. (Org. MALTA, A. et.al).

DRUCK, G., FRANCO, T. Perda da razão social do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2007.

FEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA DO ESTADO DA BAHIA – SISTEMA FIEB. Estudo

sobre a elevação de escolaridade na EJA : análise e propostas. Salvador, 2009. p.11.

_________. Orientações para apresentação de publicações institucionais do Sistema

FIEB. Salvador, 2010.

RIBEIRO, S.M.N. A educação do trabalhador na perspectiva do desenvolvimento

territorial: o caso da EJA/SESI no Pólo Petroquímico de Camaçari. 2009. 156f. Dissertação

(Mestrado Profissional em Desenvolvimento e Gestão Social) - UFBA/Escola de

Administração, Salvador, 2009.

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ANEXOS

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ANEXO A – QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS ESCOLAS

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ANEXO B – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS TRABALHADORES

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ANEXO C – RELAÇÃO DAS EMPRESAS PARTICIPANTES DA

COMISSÃO DE RECURSOS HUMANOS DO COFIC

EMPRESA CONTATO FONE EMAIL

ABB Ana de Fátima Carmo 3649-1065/9936-7968 [email protected]

Bahia Peccell Silmara Cerqueira 3634-0406 [email protected]

Bahiagás Alexssandra Nereu 3206-6147 [email protected]

Basf Annibal Leite de S. Filho 3634-3929 [email protected]

Braskem Homero Arandas

Adriana Prado

Ana Dias

Nadja Mello

Cristiane Melo

Aline Rauen

Luiz Baqueiro

3413-.1556/ 9984-0644

3413-4264

9212-9599

3413-9196

3413-1141 / 9178-7592

3504-7205-9985-9708

[email protected]

[email protected]

[email protected]

[email protected]

[email protected]

[email protected]

[email protected]

Bridgestone Carlos Alberto R.Júnior 3644-9013/9216-8135 [email protected]

Caraiba Carlos Henrique L. da Cunha 2203-1590

[email protected]

Cetrel Rita de Cássia Mesquita 3634-6830 [email protected]

Columbia João Luiz T.Aleixo

Janete A. Passos

3616-1104

3616-1124

[email protected]

[email protected]

Continental Ana Rita Fraga 3642-8244 [email protected]

Copenor Miguel Carlos Guerreiro 3632-9227

3632-9221

[email protected]

Deten Marcelo Gantois 3634-3330/8895-1100 [email protected]

DHL Mariana Bagesteiro 3649-2830 [email protected]

Dow/TDI Ana Rita Barros 3649-5711/9984-4782 [email protected]

Dow-Aratu Raimundo Augusto 9971-2753/ 3649-5363 [email protected]

Dupont Fernanda de O. Abbado

Júlio Soares

Fabíola Frois

2109-6024

2109-6010

2109-6077

[email protected]

[email protected]

Fabí[email protected]

Elekeiroz Inez Miranda

Aline Santos

3632-7733/3632-7733 [email protected]

[email protected]

Ford Ana Moreno

[email protected]

Grupo Unigel Kricia Galvao 3602-5545 [email protected]

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IPC Bárbara Fratoni 3634-2906 [email protected]

I T F Manoel Araujo 3634-2906 [email protected]

Kordsa Sérgio Porto

Mônica Santos

2104-4733

2104-4742

[email protected]

[email protected]

Milllennium Paulo Dantas

Bertrand Carneiro

3634-9127/3634-9109

9126-8747/

[email protected]

[email protected]

Monsanto Marcio Frade

Ilma Dantas

3444-7224

3444-7142

[email protected]

[email protected]

Oxiteno Maria Cristina Schoof

Alessandra Rebouças

3634-7619 [email protected]

Petrobras-Fafen Carlos Carvalho 9977-3663 [email protected]

Quattor Isabel Andrade 3797-3896 [email protected]

Tequimar/Ultracargo Irandir Brito 8187-6098/3602-6496 [email protected]

Taminco José Edson Muniz 3642-8059 [email protected]

Vale Dep. Mang. E

Ligas

Daniela Muniz

Jefferson Rosa

8737-6327 [email protected]

[email protected]

White Martins Genice Jesus 3390-3116 [email protected]

Ultracargo

GrafTech Brasil Ana Castro 2108-9610 / 9965-5448 [email protected]

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Publicação produzida pelo SESI – Departamento Regional da Bahia

no formato 21 x 29,7cm. Impresso por Assaz Planejamento e Comunicação Integrada.