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Relatório final pesquisa REIET SESI DR BahiaTRANSCRIPT
Serviço Social da Indústria
Departamento Regional da Bahia
DIAGNÓSTICO DE OFERTA E DEMANDA EM
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA REGIÃO DO PÓLO
INDUSTRIAL DE CAMAÇARI
Salvador - Bahia
2011
DIAGNÓSTICO DE OFERTA E DEMANDA EM
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA REGIÃO DO PÓLO
INDUSTRIAL DE CAMAÇARI
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA
Presidente
José de Freitas Mascarenhas
SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA – SESI
DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA
Diretor Regional
José de Freitas Mascarenhas
Superintendente Interino
José Wagner Sancho Fernandes
ASSESSORIA DE DESENVOLVIMENTO – ASDEN
Coordenador
Aroldo Valente Barbosa
Assessora de Educação
Cléssia Lobo de Morais
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DO TRABALHADOR DA INDÚSTRIA - NETI
Gerente
Solange Maria Novis Ribeiro
Gerente de Processo
Márcia Maria Castro do Lago
CONSULTORIA TÉCNICA
MARCO XXI – CONSULTORES ASSOCIADOS LTDA
Coordenação Geral
Marco Antonio Rocha Medeiros
Coordenadora de Educação
Solange Oliveira Leite
Equipe Responsável pelo Diagnóstico de Oferta e Demanda
Martha Maria Ramos Rocha dos Santos (coordenadora)
Elisângela Lopes da Silva (sub-coordenadora)
Serviço Social da Indústria
Departamento Regional da Bahia
DIAGNÓSTICO DE OFERTA E DEMANDA EM
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA REGIÃO DO PÓLO
INDUSTRIAL DE CAMAÇARI
Salvador - Bahia
2011
© 2011 SESI.Departamento Regional da Bahia
É autorizada a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.
Publicação em versão eletrônica disponível para download em:
<http://www.sesi.fieb.org.br/reiet.>.
Apoio
Serviço Social da Indústria - Departamento Nacional
Projeto Gráfico e Diagramação
Assaz Planejamento e Comunicação Integrada
Revisão
Marco Antonio Rocha Medeiros
Normalização
Regina Rezende
Ficha Catalográfica
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Homepage: www.sesi.fieb.org.br
Serviço Social da Indústria. Federação das Indústrias do Estado da Bahia.
Diagnóstico de oferta e demanda em educação de jovens e adultos na
Região do Pólo Industrial de Camaçari: relatório final da pesquisa /Serviço
Social da Indústria – SESI. Federação das Indústrias do Estado da Bahia-FIEB.
– Salvador: SESI, 2011.
1.Educação. 2. Educação – jovens –adultos. 3. Pólo Industrial de Camaçari.
4. Relatório de pesquisa. 5. SESI –FIEB. I.Título.
CDU: 37.04
LISTA DE SIGLAS
AMBEV – Companhia de Bebidas das Américas
CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
COFIC – Comitê de Fomento Industrial de Camaçari
DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
EJA – Educação de Jovens e Adultos
IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego
PIC – Pólo Industrial de Camaçari
PNLD – Plano Nacional do Livro Didático
RAIS – Relação Anual de Informações Sociais
REIET – Rede Interorganizacional de Educação do Trabalhador
RLAM – Refinaria Landulfo Alves Mataripe
SESI – Serviço Social da Indústria
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ............................................................................ 8
1.1. OBJETIVOS ..................................................................................... 10
1.2. METODOLOGIA ............................................................................. 10
2 PERFIL DA OFERTA – Escolas ...................................................... 14
3 PERFIL DA DEMANDA – Trabalhadores ....................................... 31
3.1. PERFIL PESSOAL ............................................................................ 31
3.2. PERFIL FAMILIAR/RESIDENCIAL ............................................... 35
3.3. PERFIL OCUPACIONAL ................................................................. 38
4 TRABALHO E EDUCAÇÃO: abordagem da REIET...................... 45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 48
REFERÊNCIAS................................................................................ 50
ANEXOS........................................................................................... 51
ANEXO A – Questionário aplicado às escolas ..................................... 52
ANEXO B – Questionário aplicado aos trabalhadores ......................... 54
ANEXO C - Relação das empresas participantes da Comissão
de Recursos Humanos do Cofic..........................................56
8
1 APRESENTAÇÃO
As comunidades do entorno do Pólo Industrial de Camaçari sempre formaram a franja
da oferta de mão de obra para aquele Pólo. Desde sua fundação, os trabalhadores mais
especializados e com melhor remuneração eram buscados em Salvador e cidades do sudeste-
sul do país, cabendo a oferta de postos subalternos a trabalhadores de Camaçari e seu
entorno. Em que pese o número de trabalhadores contratados diretamente por empresas do
Pólo de Camaçari ser a grande maioria da força de trabalho empregada ali até a década de 80,
havia também um grande número de empreiteiras subcontratadas (as terceirizadas ou
“gatas”), que somavam um número bem menor de trabalhadores no chão de fábrica.
A partir da década de 90 do século passado, com uma forte reconversão do mercado
de trabalho na indústria baiana, essa lógica se alterou, fazendo com que o número de
trabalhadores contratados diretamente diminuísse radicalmente e, em contrapartida,
aumentasse o número de terceirizados prestando serviços a empresas do Pólo Industrial de
Camaçari. Ocorre que as condições e exigências para os postos de trabalho, agora
terceirizados, continuaram sendo as mesmas; no entanto, uma parte considerável dos
terceirizados possui escolaridade formal superior à função que exerce.
Também nesse período, o governo lança uma série de iniciativas de qualificação do
trabalhador, baseadas no seu projeto neoliberal, lançando sobre este a responsabilidade pelo
sucesso/fracasso no mercado de trabalho. Caberia, então, ao trabalhador a escolha por
qualificar-se (e manter a empregabilidade) ou não (e correr os riscos de perdê-la). Esse
binômio qualificação-emprego passou a ser pensado independentemente das circunstâncias
econômicas e tecnológicas, que retiravam do mercado postos e pessoas em nome do
desenvolvimento.
De lá para cá, o número de trabalhadores terceirizados (Druck, Franco, 2007)1, vem
aumentando, e aumentando também a precarização das relações de trabalho. Segundo a
literatura especializada, essa relação pode representar algo em torno de 5/1 (cinco
trabalhadores terceirizados para um trabalhador contratado diretamente).
Do ponto de vista da escolarização desses trabalhadores, e das pessoas que
1 DRUCK, G., FRANCO, T. Perda da razão social do trabalho. São Paulo: Ed. Boitempo, 2007.
9
freqüentam classes de Educação de Jovens e Adultos de uma forma geral, “é cada vez mais
reduzido o número de sujeitos que não tiveram passagens anteriores pela escola”2. Essas
passagens geralmente ocorreram de forma a deixar marcas, dificultando seu retorno.
A partir de um estudo de caso3, realizado com a central de distribuição de matérias
primas do PIC, constatou-se a necessidade de uma intervenção em rede na questão da
educação do trabalhador terceirizado, que viabilize alternativas efetivas de retorno/ingresso à
escola e conseqüente aumento na escolaridade formal.
Hoje, o esforço do SESI, em parceria com outras instituições, se concentra em
qualificar essa mão de obra, como forma de melhorar não apenas o perfil dos trabalhadores
prestadores de serviços, mas principalmente elevar o padrão de escolaridade dos municípios
do entorno do PIC. Esse esforço se concentra especialmente nos seguintes setores da
indústria: celulose, automotiva, metalurgia do cobre, têxtil e de bebidas, além do setor de
serviços prestados às indústrias do PIC.
Assim, o presente diagnóstico vem ao encontro da necessidade do SESI responder à
dinâmica das relações entre os diversos atores em questão, no sentido de identificar e
caracterizar a oferta em Educação de Jovens e Adultos na região de abrangência do Pólo
Industrial de Camaçari (notadamente nos municípios de Camaçari, Dias D’Ávila, Candeias e
Simões Filho) e as demandas por escolaridade entre adultos dessa região, com abordagens
mais profundas entre trabalhadores terceirizados do Pólo Industrial de Camaçari, a fim de
contribuir para a formulação de intervenção em EJA naquelas localidades.
Os resultados dessa pesquisa subsidiarão os trabalhos de criação da Rede de Educação
do Trabalhador – REIET – na região do PIC, rede essa que permitirá a formulação de um
projeto compartilhado de intervenção na educação básica de trabalhadores terceirizados do
PIC.
2 Cf. BAHIA. Secretaria de Educação. Superintendência de Desenvolvimento da Educação Básica. Educação de jovens e
adultos: aprendizagem ao longo da vida. (org. p. MALTA, A. et. al.). Salvador, s/d, p.4. 3 RIBEIRO, S.M.N. A educação do trabalhador na perspectiva do desenvolvimento territorial: o caso da EJA/SESI no Pólo Petroquímico de Camaçari. Salvador: UBA/Escola de Administração, 2009. (dissertação de mestrado).
10
1.1. OBJETIVOS
A pesquisa realizada tem como objetivos:
a) Identificar a oferta de educação de jovens e adultos na região;
b) Identificar a demanda em educação dos trabalhadores terceirizados do PIC;
c) Trazer para o debate em torno da EJA outros atores interessados no tema – como
empresas contratantes e terceirizadas e representantes de instituições de educação e
trabalho nos níveis municipal, estadual e federal.
1.2. METODOLOGIA
Percurso metodológico
a) Escolas
Foi realizado inicialmente o levantamento secundário dos dados dos quatro
municípios sobre número de escolas, matrículas em classes regulares e classes de EJA e
nomes das escolas tanto no site do IBGE quanto do INEP. A partir desse levantamento, foram
também contactadas as secretarias municipais de educação para então dar início à pesquisa
direta. Para as escolas, a intenção foi de realizar a pesquisa em todas as unidades escolares
existentes nos municípios, com a aplicação de um questionário (Anexo 1).
b) Trabalhadores
O levantamento secundário de dados sobre os trabalhadores foi realizado a partir da
coleta de dados do Censo Demográfico de 2000, no site do IBGE e do Ministério do Trabalho
e Emprego (RAIS e CAGED), além da base de dados da PED4. Esse levantamento permitiu
fazer o cálculo da amostra, a partir do universo de trabalhadores do PIC.
4 Pesquisa de Emprego e Desemprego, executada em 5 Regiões Metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife,
Salvador e São Paulo) e no Distrito Federal pelo DIEESE e pela Fundação Seade, tendo como parceiros locais a Universidade Federal da Bahia e a SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Secretaria e Planejamento e Tecnologia do Estado da Bahia.
11
A fase seguinte foi a da pesquisa direta, onde foi realizado um survey5 em bairros
distintos dos municípios abrangidos pela pesquisa (Camaçari, Dias D’Ávila, Candeias e
Simões Filho) e em algumas empresas do PIC e adjacências (Braskem, Paranapanema,
Oxiteno, Deten, Monsanto, Ambev e RLAM).6 Os dados coletados por meio de questionários
(Anexo 2) foram utilizados para caracterizar a população de trabalhadores/potenciais
trabalhadores terceirizados do Pólo Industrial de Camaçari em seus diversos aspectos:
escolaridade, dinâmica de trabalho, moradia, hábitos e costumes, perspectivas profissionais,
valores, (in)disponibilidades, competências básicas requeridas para o trabalho.
Para o cálculo dessa amostra foi escolhido o intervalo de confiança de 95%, desvio padrão 2
e erro amostral de 3%.
Cabe salientar que a amostra foi calculada sobre o total da população na faixa etária
considerada de adultos (18 a 59 anos). O corte definitivo foi realizado após o levantamento
secundário, a partir dos municípios de residência dos trabalhadores terceirizados que já
prestam serviços a empresas do PIC.
Município Amostra
Camaçari 62
Candeias 61
Dias D’Ávila 60
Simões Filho 61
TOTAL 244
Durante a coleta de dados foram alcançados números mais elevados que o mínimo de
trabalhadores a serem entrevistados, perfazendo um total de 298 questionários válidos. Foram
retirados da amostra questionários preenchidos por trabalhadores que não têm residência fixa
no estado da Bahia, a maioria deles residentes em Sergipe.
5 Survey: Tipo de ferramenta utilizada em pesquisa para coletar dados por amostragem. O survey é bastante utilizado em
pesquisas cujos resultados quantitativos não são conhecidos. 6 Na RLAM foram entrevistados trabalhadores da Tenace, na Braskem trabalhadores da RIP, CNO, Monsertec e Mills. As demais empresas tinham trabalhadores de várias terceirizadas.
12
Estratégias
a) Escolas
Os dados referentes às escolas foram coletados a partir de listagem de todas as escolas
municipais e estaduais localizadas nos 4 municípios da pesquisa, e que segundo o INEP,
possuíam classes de EJA em 2010. Segundo o site da instituição, havia 104 escolas com EJA,
segundo o Censo Escolar 2010 (dados coletados em 16/10/2010, no site do Ministério de
Educação). Porém, no período da pesquisa, algumas escolas não estavam com as classes de
EJA funcionando – seja porque a própria escola estava fechada, seja porque as classes foram
deslocadas para outras unidades escolares próximas.
Assim, foram localizadas e efetivamente entrevistadas 67 escolas nos 4 municípios, o
que corresponde a 65,7% da listagem original de escolas com classes de EJA nos 4
municípios, coletada no site do INEP.
b) Trabalhadores
A estratégia utilizada inicialmente foi de enviar e-mail para todos os setores de RH
das empresas participantes da Comissão de Recursos Humanos do Cofic (Anexo 3)
solicitando a lista e contatos das empresas terceirizadas. Em seguida, foram feitos
telefonemas para reforçar o pedido, no sentido de que pudessem ser iniciados os contatos
com as terceirizadas e, consequentemente, a definição do público a ser entrevistado pela
pesquisa. Essa estratégia mostrou-se sem sucesso, uma vez que as empresas demoraram em
atender e quando isso ocorreu, apenas 5 das 33 empresas contactadas responderam ao e-mail
com suas listagens de terceirizadas.
O segundo passo era o contato com as terceirizadas que fossem comuns a pelo menos
duas das 5 empresas e selecionar dessas os empregados a serem entrevistados. Foram
selecionadas com esses critérios 40 empresas terceirizadas. Com o desenvolvimento da
pesquisa, percebeu-se que a aplicação dos questionários deveria ser realizada nas
dependências das contratantes, uma vez que era ali que trabalhavam efetivamente. Por conta
dos princípios de segurança vigentes nessas empresas, a autorização para a aplicação dos
questionários é algo demorado. Por outro lado, também as terceirizadas não forneceram os
endereços residenciais dos seus trabalhadores para que ali fossem realizadas as entrevistas.
Voltou-se então às contratantes no sentido de solicitar autorização para aplicar os
13
questionários nas dependências dessas empresas apenas com os trabalhadores terceirizados,
de forma a cobrir a amostra. Ao lado dessa estratégia, foi realizada pesquisa direta porta-a-
porta, tomando como critério a entrevista a trabalhadores desocupados que já tinham
trabalhado e/ou tinham interesse em trabalhar no PIC.
Em complemento à coleta de dados nas empresas, a relação com instituições
religiosas com ações voltadas para a educação de jovens e adultos possibilitou o
preenchimento de questionários com moradores de bairros populares dos quatro municípios
pesquisados.
14
2 PERFIL DA OFERTA – ESCOLAS
A partir de contatos feitos com as Secretarias Municipais de Educação, aliados aos
dados levantados no site do Ministério de Educação (notadamente os dados do Censo Escolar
e INEP), foram levantadas as informações referentes a 67 escolas. São elas:
QUADRO 2.1 - ESCOLAS PESQUISADAS POR MUNICÍPIO
ESCOLA MUNICÍPIO
CENTRO EDUCACIONAL YOLANDA PIRES CAMAÇARI
ESCOLA ALBERTO FERREIRA BRANDÃO CAMAÇARI
ESCOLA ANISIO TEXEIRA CAMAÇARI
ESCOLA CLEUSA MARIA DE CARVALHO MOREIRA CAMAÇARI
ESCOLA SÔNIA REGINA DE SOUZA CAMAÇARI
ESCOLA CONCEIÇÃO DE MARIA CAMAÇARI
ESCOLA VÍRGINIA REIS TUDE CAMAÇARI
CENTRO EDUCACIONAL TANCREDO NEVES CAMAÇARI
ESCOLA MUNICIPAL MARQUÊS DE ABRANTES CAMAÇARI
ESCOLA MUNICIPAL PROF.LUIS ROGÉRIO CAMAÇARI
ESCOLA MUNICIPAL FÉLIX JOAQUIM DE MORAES CAMAÇARI
ESCOLA MUNICIPAL ILAY GARCIA ELLERY CAMAÇARI
COLÉGIO MUNICIPAL SÃO THOMÁS DE CANTUÁRIA CAMAÇARI
ESCOLA HELENA CELESTINO DE MAGALHÃES CAMAÇARI
ESCOLA MUNICIPAL SANTO ANTONIO CAMAÇARI
ESCOLA MUNCIPAL ELIZA DIAS CAMAÇARI
ESCOLA MUN 14 DE AGOSTO CANDEIAS
ESCOLA MUN ACM CANDEIAS
ESCOLA MUN ALBERTINA DIAS COELHO CANDEIAS
ESCOLA MUN ALFREDO DA SILVA SERRA CANDEIAS
ESCOLA MUN ALZIRA FERREIRA RIBEIRO CANDEIAS
ESCOLA MUN CASTRO ALVES CANDEIAS
ESCOLA MUN COMUNITÁRIA SÃO FRANCISCO CANDEIAS
ESCOLA MUN CONS LUIZ VIANA CANDEIAS
ESCOLA MUN SOCIAL CULTURAL CRISTÃ CANDEIAS
ESCOLA MUN DISNEYLÂNDIA CANDEIAS
ESCOLA MUN DR. GUALBERTO DANTAS FONTES CANDEIAS
ESCOLA MUN EGBERTO DE CARVALHO FERREIRA CANDEIAS
ESCOLA MUN IVONICE COSTA SOTERO CANDEIAS
ESCOLA MUN JULIETA VIANA CANDEIAS
ESCOLA MUN JUNQUEIRA FREIRE CANDEIAS
15
ESCOLA MUN LAURENTINO NOLASCO DA CRUZ CANDEIAS
ESCOLA MUN LINDAURA GUALBERTO CANDEIAS
ESCOLA MUN MARGARIDA SOUZA CANDEIAS
ESCOLA MUN MONTEIRO LOBATO CANDEIAS
ESCOLA MUN NOVA CANDEIAS CANDEIAS
ESCOLA MUN PAULO VI CANDEIAS
ESCOLA MUN PE JOSÉ DE ANCHIETA CANDEIAS
ESCOLA MUN PE. MANOEL DA NÓBREGA CANDEIAS
ESCOLA MUN SÃO JOÃO BATISTA CANDEIAS
ESCOLA MUN TÉRCIA BORGES CANDEIAS
ESCOLA MUN YEDA BARRADAS CARNEIRO CANDEIAS
ESCOLA MUN. DE EDUCAÇÃO CRISTÃ CANDEIAS
CENTRO EDUCACIONAL NORMÉLIO MOURA DA
COSTA DIAS D'ÁVILA
ESCOLA MUN. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE DIAS D'ÁVILA
ESCOLA MUN. CLAUDIONOR SIMÕES DO CARMO DIAS D'ÁVILA
ESCOLA MUN. MARIA SANTIAGO BACELAR DE SANTANA DIAS D'ÁVILA
ESCOLA MUN. PROFª. ALTAIR DA COSTA LIMA DIAS D'ÁVILA
ESCOLA PE. LUIZ PALMEIRA SIMÕES FILHO
CENTRO COMUNITÁRIO NOSSA IRMÃ DULCE SIMÕES FILHO
COLÉGIO ESTADUAL ALBERTO SILVA SIMÕES FILHO
COLÉGIO ESTADUAL REGINA SIMÕES SIMÕES FILHO
ESCOLA DR. BERLINDO MAMEDE DE OLIVEIRA SIMÕES FILHO
ESCOLA HERMES MIRANDA SIMÕES FILHO
ESCOLA MUNICIPAL MARIA QUITÉRIA SIMÕES FILHO
ESCOLA PROFª MARIA DE SOUZA CHAVES SIMÕES FILHO
ESCOLA MUN PEDRO CERQUEIRA SANTOS SIMÕES FILHO
ESCOLA MUN. GEORGINA DE SOUZA SIMÕES SIMÕES FILHO
ESCOLA MUN. GILDO PIANA SIMÕES FILHO
ESCOLA MUN. UNIÃO DA BAHIA SIMÕES FILHO
ESCOLA MUN COMUNITÁRIA SÃO FRANCISCO SIMÕES FILHO
ESCOLA MUN. DE EDUCAÇÃO CRISTÃ SIMÕES FILHO
CENTRO COMUNICTÁRIO NOSSA ESPERANÇA SIMÕES FILHO
ESCOLA MUNICIPAL 7 DE NOVEMBRO SIMÕES FILHO
ESCOLA MUNICIPAL ANTONIA GONÇALVES DE
SOUZA SIMÕES FILHO
ESCOLA MUNICIPAL EDULIDO RIBEIRO MONTEIRO SIMÕES FILHO
ESCOLA MUNICIPAL BÁRBARA BLITES DO CARMO SIMÕES FILHO Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Percebe-se no gráfico 2.1 que, apesar de não ser o município mais populoso, Candeias
possui o maior percentual de escolas com classes de EJA entre os quatro municípios
abrangidos pela pesquisa, seguido de Simões Filho. Comparando-se o tamanho do município
16
com a quantidade de escolas que possui turmas de EJA percebe-se em Camaçari um percentual
baixo de escolas, fato esse que, segundo uma professora e gestora da rede Municipal da cidade,
se explica porque Camaçari foi (durante as décadas de 60,70 e 80 do século XX) área de
segurança nacional, o que fazia com que todas as ações estratégicas fossem realizadas pelo
governo federal, sem a participação do poder político local. Só mais recentemente (nos
últimos 20 anos) a ação do poder local tem sido mais efetiva, tanto em nível municipal
quanto estadual.
Dias d’Ávila não só é o município com menos escolas, como possui as escolas com o
acesso mais difícil, segundo relatam alguns gestores de escolas desse município,
entrevistados pela pesquisa. Isso provavelmente impacta na matrícula e no desempenho dos
alunos que ali se matriculam.
Entretanto, segundo relato dos próprios funcionários das escolas, o acesso ruim não é
prerrogativa de um município apenas. Em todos os municípios há bairros mais distantes,
cujas escolas são de difícil acesso, especialmente à noite, quando o percurso até a escola é
feito em geral por ruas sem calçamento ou iluminação pública e em locais com altos índices
de violência. Isso também distancia os possíveis estudantes das escolas. Os próprios
funcionários se deslocam nos ônibus escolares que servem aos estudantes nos turnos matutino
e vespertino como forma de conseguir chegar e sair mais facilmente das escolas que estão
localizadas em bairros mais distantes e com problemas de acesso. Entretanto, no turno
noturno (como se verá adiante, o turno que concentra a maior parte da oferta em EJA nas
escolas) não há transporte escolar e o percurso é feito de ônibus da frota municipal (quando
há) e/ou a pé.
17
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
A maioria das escolas com EJA é municipal (95,5%).
18
Fonte: Censo Escolar, INEP/MEC, 2010.
Quando observadas por município, as escolas apresentam uma distribuição quase
uniforme no que se refere a natureza administrativa; com a maior parte delas municipais.
Apenas Simões Filho apresenta uma distribuição em que as escolas estaduais são metade das
municipais. Cabe chamar atenção para o município de Camaçari que possui a única escola
privada com classes de EJA – A Escola Pestalozzi.
Os cursos de Educação de Jovens e Adultos oferecidos pelas Secretarias Estadual e
Municipais de Educação são hoje distribuídos nas seguintes categorias:
Tempos Formativos:
Os Tempos Formativos I, II e III são cursos de matrícula anual, nos quais as aulas são presenciais e exigem frequência diária. O currículo é organizado em eixos
temáticos, temas geradores e áreas de conhecimento. O centro do processo de
formação são as experiências de vida e estratégias de sobrevivência dos sujeitos
jovens, adultos e idosos. O curso total é composto de três (03) segmentos
distribuídos ao longo de sete (07) anos:
* O 1º Tempo Formativo (equivale ao 1º segmento da educação fundamental) -
03 anos
* O 2º Tempo Formativo (equivale ao 2º segmento da educação fundamental) -
02 anos
* O 3º Tempo Formativo (equivale ao ensino médio) - 02 anos
Tempo de Aprender:
É um curso de matrícula e estrutura didática semestral. As aulas são
semipresenciais, pois colocam-se como oferta própria àqueles educandos que
trabalham em turnos ou dias alternados e não podem frequentar a escola
regularmente. Os alunos poderão frequentar a escola três vezes por semana e têm
garantido o direito de aproveitamento de estudos já realizados nos diferentes
19
componentes curriculares. O curso total é composto de dois (02) segmentos
distribuídos ao longo de quatro (04) anos:
* Tempo de Aprender I (equivale ao 2º segmento da educação fundamental) – 2
anos
* Tempo de Aprender II (equivale ao ensino médio) – 02 anos e meio.7
Entretanto, é comum o uso da nomenclatura mais antiga, inclusive pelos gestores das
escolas, segundo a qual o EJA I corresponderia aos primeiros anos do primeiro segmento do
ensino fundamental (1º, 2º e 3º anos); o EJA II seria relacionado aos últimos anos do
primeiro segmento do ensino fundamental (4º e 5º anos); o EJA III seria correspondente aos 2
primeiros anos do segundo segmento do ensino fundamental (6º e 7º anos); o EJA IV
corresponderia aos últimos anos do ensino fundamental (8º e 9º anos) e o EJA V
corresponderia ao ensino médio.
QUADRO 2.2 - COMPARAÇÃO ENTRE EJA, TEMPO FORMATIVO E TEMPO DE
APRENDER, EM RELAÇÃO À EDUCAÇÃO REGULAR
Educação Regular EJA
Tempo
Formativo
Tempo de
aprender Fundamental Médio
1º ao 3º ano I 1
4º e 5º ano II 1
6º e 7º ano III 2 1
8º e 9º ano IV 2 1
1º ao 3º ano V 3 2 Fonte: SEC/Bahia, 2010.
Embora a nomenclatura tenha sido alterada, optou-se aqui por manter a antiga
nomenclatura (EJA I a V), em virtude das respostas dadas pelos gestores quando da aplicação
dos questionários citarem essa e não a mais recente. Para melhor compreensão, apresenta-se
um quadro comparativo:
Percebe-se então que a maioria dos cursos oferecidos pelas escolas refere-se ao EJA II
e III.
7 Cf. BAHIA. Secretaria de Educação. Educação de jovens e adultos. In: http://www.educacao.escolas.ba.gov.br/node/11#sub2. Publicado em 05.01.2010. Acesso em 16.10.2010.
20
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Em Camaçari, Candeias e Simões Filho estão presentes todas as modalidades de EJA,
com ênfase para as classes iniciais.
Em Dias D’Ávila, as 5 escolas pesquisadas possuem apenas EJA I e II. Ocorre que
existe uma modalidade de ensino chamada Aceleração, que não entra no cômputo das
matrículas em EJA, mas é para jovens e adultos e que oferece cursos de Aceleração I (que
corresponde ao Fundamental I) e Aceleração II (Fundamental II). Existe no município um
projeto denominado “Acelera Dias”, que tem esse objetivo, e cuja oferta ocorre também para
21
os turnos diurnos. Para essa pesquisa esses dados não foram computados, pois oficialmente
não são considerados como matrícula de EJA.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
A distribuição de vagas nas escolas pesquisadas demonstra que em 2010 mais de 60%
das vagas disponíveis foram oferecidas em escolas com capacidade para mais de 150 vagas,
como pode ser observado no gráfico acima.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
O gráfico acima demonstra a quantidade de escolas e a oferta de vagas segundo o
município. Mais uma vez se vê que em Candeias está a maior parte das escolas e de vagas
disponíveis para EJA. Ali se observa que 6 escolas oferecem entre 101 e 200 vagas e 7
22
oferecem entre 201 e 300 vagas.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Entretanto, o total de matrículas relatado pelas escolas nos 4 municípios foi de 9920
em 2010, com uma média de 148 matriculados por escola. Esse total está subdimensionado,
haja vista quase metade das escolas (46,3%) não ter informado durante a pesquisa a
quantidade de alunos matriculados em classes de EJA.
Segundo o INEP (Censo Escolar 2010), o total de matrículas nos quatro municípios
foi 19207, distribuídas da seguinte forma:
Fonte: INEP, Censo Escolar, 2010.
23
Observa-se pelos dados da pesquisa que entre os 4 municípios existem 20.272 vagas
para EJA nas 67 escolas pesquisadas (65,7% do universo): uma média de 302 vagas por
escola. Convém chamar a atenção para o fato de que o número de vagas diz respeito apenas
às escolas pesquisadas. Como Candeias teve o maior número de escolas pesquisadas em
relação aos demais municípios, parece que esse dado é o mais próximo da realidade das
escolas que oferecem classes de EJA.
Outro dado importante diz respeito ao fato de que 8 gestores entrevistados não
forneceram o número de vagas disponíveis em suas escolas.
Por certo, esse parece ser o caso de Camaçari, Dias d’Ávila e Simões Filho, que
apresentam o número de matrículas (segundo o Censo Escolar) maior que o número de vagas
(segundo a pesquisa). Segundo gestores dos 4 municípios a realização de matrículas em
número bem superior até à capacidade das escolas ocorre porque, ao longo do ano letivo, há
um percentual alto de evasão.
Outro fator que merece atenção é a matrícula realizada para escolas estaduais e que,
com o decorrer do ano letivo, os alunos são transferidos para escolas municipais. Isso
também pode mascarar os dados de vagas x matrículas. Entretanto, o maior problema
decorrente dessa troca é que as escolas municipais, em muitos casos, não são adaptadas para
adultos, o que faz com que os alunos tenham aulas em salas pensadas para crianças, com
móveis e decoração infantil. Isso pode servir para desmotivá-los a continuar os estudos em
espaços inadequados.
QUADRO 2.3 – RELAÇÃO ENTRE VAGAS E MATRÍCULAS SEGUNDO MUNICÍPIO
Município
Nº de Vagas
(Pesquisa)
Nº de Matrículas
(INEP)
Camaçari 5373 7851
Candeias 9449 3406
Dias d'Ávila 1900 2862
Simões Filho 3550 5088
Total 20272 19207 Fonte: SESI, Pesquisa Direta, 2011; INEP/MEC, 16/10/2010.
Para se proceder à matrícula em classes de EJA na rede pública de ensino, segundo a
LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei no 9394/96), é necessário ser maior de 15
anos para o ensino fundamental e 18 anos para o ensino médio, e apresentar distorção idade-
24
série, ou seja, ter uma idade incompatível com a última série cursada e aprovada. Essa
defasagem deverá ser de pelo menos 2 anos.8
A questão da idade para as classes de EJA é questionada pelos professores, no sentido
de que “adolescentes problemáticos” atrapalham os adultos trabalhadores.
Estamos falando do trabalhador adulto que está no EJA, mas os
outros jovens acabam atrapalhando aqueles que querem estudar.
Mas a maioria que vem de outros turnos acaba atrapalhando os
professores e também atrapalham os adultos que vêm à escola para
recuperar o tempo perdido. (Professora de Escola de Camaçari)
Além da idade, é necessário também apresentar RG, histórico escolar, comprovante de
residência e 2 fotos.
Para a matrícula na rede pública, a pessoa pode realizar o aprendizado em escolas que
desenvolvem o conteúdo programático das classes de EJA e se inscrever nas escolas
definidas pelo MEC para os exames.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Durante o ano de 2010 foram contratados 832 professores. A maior parte das escolas
(47,76%) possui até 10 professores. Observa-se, contudo, que 7,46% possuem mais de 30
8 Segundo o parecer 23/2008 do Conselho Nacional de Educação, havia a proposta de estabelecer 18 anos como idade
mínima para todos os cursos de EJA, e recomendava-se que até 2013 fosse alterada a legislação, para com isso evitar uma incompatibilidade entre a LDB e o Estatuto da Criança e do Adolescente, gerada pela questão da idade. Segundo o ECA, adulta é a pessoa que tem a partir de 18 anos. Entretanto essa proposta não foi acatada pelo Ministério de Educação.
25
professores, pois são escolas maiores, com mais estrutura e com um número maior de alunos.
Quando analisadas por município e à luz do número de vagas relatadas pelas escolas,
vê-se que as escolas de Dias d’Ávila e Camaçari são as que possuem um maior número de
professores por vagas (35 e 31, respectivamente). Cabe ressaltar que em Candeias, ainda que
o número de vagas seja maior que o dos outros municípios, a relação entre as vagas e o
número de professores é satisfatória (24 vagas por professor). Simões Filho apresenta uma
relação que denota certa sub-utilização dos profissionais, com apenas 17 vagas por professor.
QUADRO 2.4 – RELAÇÃO ENTRE VAGAS E NÚMERO DE PROFESSORES
CONTRATADOS SEGUNDO MUNICÍPIO
Município Professores Vagas Vagas/
Professor
CAMAÇARI 172 5373 31
CANDEIAS 396 9449 24
DIAS
D'ÁVILA 54 1900 35
SIMÕES
FILHO 210 3550 17
TOTAL 832 20272 24 Fonte: SESI, Pesquisa Direta, 2011.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Considerando-se o intuito da EJA de aumentar a escolaridade de pessoas com
defasagem série-idade, e, portanto, na maioria dos casos com uma vida laboral já em curso, a
26
maior parte das vagas oferecidas em EJA nas escolas pesquisadas está no turno noturno
(92,54%). Entretanto, cabe salientar que essa prática não deve ser restritiva, já que legalmente
não tem amparo nenhum. Segundo a LDB, os cursos para adultos podem ser oferecidos em
qualquer turno. Cabe às escolas rever essa posição, de forma a possibilitar que pessoas que
trabalham em regime de turno consigam ingressar/retornar às classes de EJA.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Até 2010 era quase totalidade a existência de cursos de EJA apenas no turno noturno,
o que deixava de fora trabalhadores que porventura trabalhassem em turno noturno. O gráfico
mostra um pequeno porcentual de escolas com cursos nos turnos matutino e vespertino nos
municípios de Candeias e Simões Filho.
Já em Camaçari e Dias d‘Ávila, o planejamento da oferta na área de EJA é feito tendo
como horizonte a totalidade dos cursos oferecida no turno noturno.
Um dos grandes problemas da oferta de EJA exclusivamente no noturno está no fato
de que os gestores não trabalham nesse turno, as bibliotecas e salas de informática também
não funcionam nesse turno, o que dificulta o andamento de um projeto pedagógico que tenha
ferramentas de mídia e/ou a utilização de material da biblioteca como recursos de
aprendizagem.
Ainda, considerando-se que o MEC instituiu o plano nacional do livro didático
(PNLD) para EJA apenas em 2010, 2011 é o primeiro ano em que efetivamente será possível
27
levar a cabo o processo de ensino-aprendizagem utilizando esse tipo de material didático.
Ainda assim, segundo alguns professores:
O livro didático fornecido pelo programa está fora da realidade exigida, temos um
programa pedagógico e o livro não acompanha. (Professora E)
Os alunos, mesmo com toda dificuldade são capazes de diagnosticar que o livro é
inútil e até ironizam sua utilização. (Professor G)
Por que não colocar um material que possa contemplar a realidade do aluno?
(Professor A)
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011 | Obs.: Informações referentes ao ano de 2007.
Quanto ao índice de desenvolvimento da educação básica (IDEB), a primeira
informação importante é que esse índice “é calculado com base no desempenho do estudante
em avaliações do Inep e em taxas de aprovação. Assim, para que o IDEB de uma escola ou
rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e freqüente a sala de aula”.9 Ou
seja, o IDEB é formado pelas médias das notas de estudantes do 5º e 9º anos do ensino
fundamental e do 3º ano do nível médio no Saeb e na Prova Brasil.10
Observa-se que a maior parte das escolas (59,2%) apresenta o índice menor que 4,
9 Cf. MEC, http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=180&Itemid=337. 10 “O Saeb e a Prova Brasil são dois exames complementares que compõem o Sistema de Avaliação da Educação Básica. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), realizado pelo Inep/MEC, abrange estudantes das redes públicas e privadas do país, localizados em área rural e urbana, matriculados na 4ª e 8ª séries (ou 5º e 9º anos) do ensino fundamental e também no 3º ano do ensino médio. São aplicadas provas de Língua Portuguesa e Matemática. A avaliação é feita por amostragem. Nesses estratos, os resultados são apresentados para cada unidade da Federação e para o Brasil como um todo. A avaliação é censitária para alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental público, nas redes estaduais, municipais e
federais, de área rural e urbana, em escolas que tenham no mínimo 20 alunos matriculados na série avaliada. Nesse estrato, a prova recebe o nome de Prova Brasil e oferece resultados por escola, município, unidade da Federação e país.” Cf. MEC, in http://portalideb.inep.gov.br/web/saeb-e-prova-brasil/saeb-e-prova-brasil.
28
ainda que quase um terço delas (32,8%) não tenha respondido a essa questão. 9%
apresentaram o IDEB maior que 4. Como pode ser observado no quadro abaixo (com base
nos dados do MEC/INEP), os dados para a média das escolas desses municípios não diferem
muito dos resultados observados pela pesquisa nas escolas isoladamente, uma vez que, para a
média, o IDEB nesses municípios não alcançou 4 pontos nesses 3 anos. Considerando que o
índice tem 10 (dez) como nota máxima e uma projeção de chegar a 6 até o ano de 2020, há
ainda um longo caminho a percorrer para o Brasil se firmar como uma nação onde a educação
seja próxima à de grandes potências mundiais.
QUADRO 2.5 - IDEB – CAMAÇARI, CANDEIAS, DIAS D’ÁVILA E SIMÕES FILHO –
9º ANO (2005, 2007 E 2009)
Município Competência
Administrativa 2005 2007 2009
Camaçari
Municipal 2,2 2,6 3,3
Estadual 3,3 2,8 SI
Pública 2,3 2,6 3,3
Candeias
Municipal 2,4 2,5 2,6
Estadual 2,5 2,8 3,0
Pública 2,4 2,6 2,8
Dias d'Ávila
Municipal 2,1 2,4 2,3
Estadual SI SI SI
Pública 2,1 2,4 2,3
Simões Filho
Municipal 2,6 2,8 2,6
Estadual 2,5 2,4 2,5
Pública 2,8 3,2 3,4 Fonte: MEC/INEP, 2011. (http://sistemasideb.inep.gov.br/resultado/)
29
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Com relação à estrutura física das escolas, observa-se que em 83,3% das escolas há
biblioteca; em 10% há laboratório de informática; e em 20% há sala de multimídia, itens que
podem significar maiores possibilidades de aprendizado por parte dos estudantes embora os
dois últimos em poucas escolas. Entretanto, como já foi abordado anteriormente esses locais
não permanecem abertos no turno noturno.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Com relação aos municípios, entretanto, vê-se que é em Camaçari e Dias d’Ávila que
30
se observa uma distribuição mais regular dos equipamentos, excetuando-se auditório,
laboratório de informática, quadra esportiva e sala de multimídia, que apresentam um
percentual reduzido na maioria das escolas.
31
3 PERFIL DA DEMANDA – TRABALHADORES
Como colocado anteriormente, a coleta de dados dos trabalhadores abrangeu aqueles
terceirizados que prestam serviços a empresas do PIC e desocupados residentes nos
municípios de Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila e Simões Filho.
a. Perfil Pessoal
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
A amostra demonstra que 77% dos trabalhadores são homens, fato considerado
normal, em se tratando de emprego industrial, especialmente em funções ligadas à
manutenção. Entre os terceirizados, a presença de mulheres é mais facilmente verificada em
atividades ligadas a serviços gerais, funções administrativas e entre os desocupados.
O gráfico abaixo demonstra esses dados, embora se encontrem pequenos percentuais
de mulheres em atividades ligadas a segurança e vigilância, manutenção elétrica e ajudantes.
Saliente-se que, como a pesquisa com os desocupados foi domiciliar, era de esperar
um percentual maior de mulheres em casa no momento, uma vez que comumente as
mulheres, quando se encontram sem emprego, permanecem mais tempo em casa cuidando
dos afazeres domésticos, o que dificulta ainda mais a obtenção de uma nova ocupação. Entre
32
os homens, é mais comum a saída da casa para procurar outra ocupação ou mesmo para a
realização de “biscates”, como forma de prover a subsistência (própria e/ou familiar).
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.| Obs.: 1. Outros: Autônomo, bancário, promotor de vendas; 2. Sem informação: não preenchido pelo trabalhador; 3. Sem ocupação definida: encarregado, coordenador, conferente.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Percebe-se que mais ou menos 80% dos trabalhadores entrevistados são negros e
mestiços, o que tem relação com os percentuais encontrados em outras pesquisas – PED e
33
IBGE, por exemplo. Esse alto percentual tem seus fundamentos na própria formação
histórico-social da população baiana.
Os dados sobre escolaridade, apresentados a seguir, mostram que mais da metade dos
trabalhadores entrevistados possuem o nível médio completo. Esse dado, recorrente em
outras pesquisas, dá a perceber que a tese de que os terceirizados estão em posição precária
no mercado de trabalho por conta da baixa escolaridade não corresponde à totalidade dos
trabalhadores. Em verdade, o trabalho terceirizado veio responder a uma reconversão
gerencial e tecnológica operada na indústria de ponta no Brasil desde os anos 90 do século
passado.
Para se ter uma idéia dessas mudanças, o Pólo de Camaçari possuía até 1985 cerca de
85.000 trabalhadores, cuja política de gestão era baseada na seleção de pessoas com elevado
grau de conhecimentos específicos (geralmente adquiridos em escolas técnicas ou na própria
experiência) e o conseqüente pagamento de salários diferenciados de outros trabalhadores de
nível médio.
A partir desse período, a política de contratação de pessoal foi sendo alterada, até
culminar com um Pólo Industrial “enxuto”, com cerca de 12.000 empregos diretos no início
dos anos 2000.
Ainda assim, 33,89% dos trabalhadores terceirizados possuem nível de escolaridade
inferior ao nível médio completo. Esse fato impacta também nas tentativas de certificação
ISO 9002 que as empresas fazem, pois alguns certificados só são emitidos para empresas que
têm nos seus quadros trabalhadores com a escolaridade mínima de nível médio completo
(sejam contratados diretamente ou terceirizados).
34
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Ao serem questionados porque pararam os estudos, 44% relataram que concluíram os
estudos e 33,6% colocaram o trabalho como motivo para a interrupção dos estudos. Outros
motivos aparecem com percentuais menores.
Cabe observar que entre os que afirmam ter concluído os estudos, 83% pararam de
estudar quando concluíram o nível médio. Porém há trabalhadores que pararam de estudar
antes disso. Note-se que a conclusão dos estudos não está necessariamente relacionada ao fim
da carreira escolar, ou seja, à conclusão de todos os níveis escolares. Muitas vezes, a simples
conclusão do nível fundamental é citada pelos trabalhadores como conclusão dos estudos.
35
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
b. Perfil Familiar/Residencial
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011. | Obs.: “Municípios da RMS” se refere aos demais municípios, que não são os quaro em destaque e Salvador (Mata de São João, São Sebastião do Passé, Madre de Deus e Pojuca).
“Outros municípios” se refere a municípios do Estado da Bahia que não o citados anteriormente (Santo Estevão, Santo Amaro e Alagoinhas).
Embora a pesquisa tenha sido realizada com o foco nos municípios de Camaçari,
Candeias, Dias d’Ávila e Simões Filho, a sistemática de abordagem (dentro das fábricas, no
horário de almoço) recuperou dados de trabalhadores que, mesmo prestando serviços a
36
empresas do PIC e/ou localizadas nos municípios de abrangência da pesquisa, residem em
outras cidades.
Assim, vê-se um maior percentual de moradores de Camaçari (42,95%) e uma
quantidade reduzida de moradores de Candeias (6,71%), se considerados os municípios-alvo
da pesquisa. Entretanto, percebem-se pequenos percentuais de moradores de outros
municípios da RMS (5,7%) e 11% de moradores de Salvador na amostra. Isso demonstra que
a seleção de trabalhadores para os postos de trabalho em empresas terceirizadas do PIC nem
sempre está relacionada diretamente com o local de residência do trabalhador.
Em relação à moradia, 75,2% dos trabalhadores possui casa própria, o que confere
certa estabilidade à vida pessoal dessas pessoas. Essa é uma característica bastante presente
para quem reside em cidades menores. Ainda que a situação de trabalho não seja a ideal, as
pessoas geralmente possuem casa própria.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
O padrão construtivo das casas também está mais próximo a modelos mais modernos,
com a incidência maior de casas de tijolo e cimento (seja com laje, com telhado de cerâmica
ou com telhado de Eternit). Isso também demonstra o grau de estabilidade
familiar/residencial desses trabalhadores.
37
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Os trabalhadores possuem também um número significativo de eletrodomésticos e
eletroportáteis em suas residências. Pode-se inferir que a renda desses trabalhadores é tal que
possibilita a compra desses aparelhos. Note-se que em mais de 90% das casas há fogão a gás,
geladeira, liquidificador, aparelho de TV, aparelho de DVD, além do telefone celular.
Outros aparelhos também são indicativos da renda desses trabalhadores. 46,6% tem
computador em casa, 38,9% possuem telefone fixo e 34,6% possuem TV a cabo.
38
c. Perfil Ocupacional
Pode-se observar que entre os entrevistados, 8,39% estão desocupados. Entre os
ocupados, as funções são em sua maioria da área de manutenção, que para efeito de análise
foi dividida em “manutenção elétrica”, “manutenção mecânica” e “manutenção”. Observa-se
também um percentual menor de trabalhadores em serviços gerais e em vigilância/segurança.
Perceba-se que 11,74% dos trabalhadores declararam ser “montadores”, “montadores
industriais” ou “montadores sênior”, ocupações da área de manutenção que obtiveram o
maior percentual isoladamente.
Assim, somados todos esses percentuais, os trabalhadores de manutenção perfazem
um total de 34,56% dos trabalhadores entrevistados pela pesquisa.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011 | Obs.: 1. Sem informação: não preenchido pelo trabalhador; 2. Sem ocupação definida: encarregado, coordenador, conferente.
39
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011. | Obs.: 1. Outros: Autônomo, bancário, promotor de vendas; 2. Sem informação: não preenchido pelo trabalhador; 3. Sem ocupação definida: encarregado, coordenador, conferente.
Quando cruzadas as variáveis escolaridade e ocupação parece não haver correlação
direta, exceto se forem observados os trabalhadores em construção civil e serviços gerais que,
em sua maioria, não ultrapassam o nível médio completo, embora com uma presença forte em
níveis de escolaridade inferiores e inexpressiva em níveis mais elevados. Cabe ressaltar que
para as funções em serviços gerais a prevalência do nível médio parece representar a
dificuldade que esses trabalhadores têm em alcançar postos de trabalho mais avançados, seja
por falta de experiência, seja por não possuir especialização em outras áreas, seja ainda por
conta da retração na oferta de postos de trabalho para pessoas com formação generalista no
trabalho industrial.
Nesse caso, se inferem duas possibilidades: 1. A formação de nível médio não garante
por si só o acesso e permanência em determinadas ocupações; 2. O nível da formação
adquirida pelos trabalhadores não os qualifica efetivamente para o mercado de trabalho em
funções mais elevadas. Em ambos os casos, a questão é: Por que indivíduos com o nível
médio completo não teriam a qualificação profissional para alcançarem melhores ocupações
no mercado de trabalho? É necessário analisar formação oferecida a esses sujeitos, de
maneira que seja possível ultrapassar esses limites, sejam eles individuais ou conjunturais.
Como exemplo, foram escaneados alguns questionários preenchidos pelos próprios
trabalhadores.
40
Trabalhador com nível médio completo
Trabalhador com nível médio completo
Trabalhador com nível médio incompleto
Trabalhador com nível médio completo
Trabalhadora com nível médio completo
41
Trabalhador com nível médio completo
Trabalhador com nível médio completo
É possível perceber não só erros de grafia de palavras relativamente simples, mas
também a caligrafia típica de quem não tem muita familiaridade/facilidade em escrever.
O gráfico abaixo mostra o tempo em que os trabalhadores desocupados estão sem
trabalho. Como se trata de uma mão-de-obra de alta rotatividade, cerca de um terço dos
trabalhadores permanece menos de um ano sem ocupação, e quase metade até 3 anos (esses
valores somados perfazem o total de 77,7% dos trabalhadores desocupados que têm maiores
chances de retorno ao mercado de trabalho, uma vez capacitados para tanto). Aqueles
trabalhadores que estão há mais de 4 anos sem retornar ao mercado encontrarão maiores
dificuldades, a não ser que alterem o nível de escolaridade e/ou de qualificação para o
trabalho industrial.
Esses trabalhadores podem vir a ser o público preferencial de ações educativas, como
as da REIET.
42
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Quando perguntados o que estão fazendo para ingressarem/retornarem ao mercado de
trabalho, 11,74% dos trabalhadores afirmam que colocam currículo em empresas e 9,25%
afirmam que pedem emprego a amigos/conhecidos. Alternativas também são utilizadas em
quantidade menor, como mostra o gráfico abaixo. Cabe salientar que essa busca na maioria
dos casos é ativa, ou seja, depende de um movimento do próprio trabalhador. Apenas 1,42%
dos trabalhadores esperam chamados para trabalho.
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011. | Obs.: Foram solicitadas até 3 alternativas para cada trabalhador.
43
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Pode-se perceber que a renda dos trabalhadores terceirizados gira em torno de menos
de 1 até 7 salários mínimos (vigentes no momento da pesquisa), sendo que o maior percentual
deles recebe entre 2 e 3 SM. Poucos trabalhadores declararam possuir uma segunda ocupação
e renda advinda dela (34 trabalhadores, que perfazem o percentual de 11,4%).
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Entre os trabalhadores, ¾ deles trabalham entre 21 e 44 horas semanais, que é o
regime de trabalho mais usual no PIC.
44
Fonte: SESI, Pesquisa direta, 2011.
Ao serem perguntados se gostariam de continuar estudando, 86% dos trabalhadores
afirmaram que sim. Quando questionados sobre quais as expectativas, percebe-se que
“melhorar renda e qualidade de vida” e “ter uma profissão” (18,79% cada um) são aquelas
que os trabalhadores apontam como motivos mais relevantes. Observe-se, entretanto, que
mesmo respondendo que gostariam de continuar estudando, praticamente um terço dos
trabalhadores não responderam nada sobre suas expectativas. Isso pode denotar certa
desmotivação por parte desses trabalhadores de que o aumento da escolarização possa alterar
sua posição no mercado de trabalho. É exatamente sobre esse percentual de trabalhadores que
deve se assentar uma ação por parte do SESI, no sentido de trazê-los de volta para a escola.
45
4 TRABALHO E EDUCAÇÃO: ABORDAGEM DA REIET
O SESI é uma instituição que, desde sua fundação, tem oferta supletiva de educação,
especialmente voltada para o trabalhador da indústria.
A partir da década de 90, o SESI-Bahia começou a empreender ações voltadas para a
educação de jovens e adultos, inicialmente com o programa de alfabetização de trabalhadores
da construção civil nos canteiros de obra. Em seguida, foram introduzidos os cursos do nível
fundamental e médio (então 1º e 2º graus), por meio do Telecurso 2000, em parceria com a
Secretaria de Educação do Estado da Bahia para atender os demais setores da indústria, nos
próprios locais de trabalho.
Ao final dessa década, o trabalho do SESI teve um salto de qualidade com a criação
do NETI (Núcleo de Educação do Trabalhador na Indústria) que executava o Programa de
Erradicação do Analfabetismo na Indústria.
No período de 1999 à 2008, foram 46.349 matrículas novas (Fonte: NETI) em
elevação de escolaridade na Bahia, em todos os segmentos de ensino – Ensino
Fundamental I e II, e Ensino Médio, em 594 empresas (fonte:SIME). O foco sempre
esteve na Alfabetização, considerada pelo SESI como o processo relativo aos
primeiros anos de escolaridade, isto é, o Ensino Fundamental I11.
O SESI passou então a apoiar de forma eficaz o Estado no sentido de desenvolver o
aprendizado dos conteúdos de EJA e, embora não sendo uma escola, colaborou grandemente
com a diminuição do analfabetismo e da subescolarização dos trabalhadores na indústria na
Bahia através da instalação de salas de aula nas empresas.
A partir da constatação de que os trabalhadores terceirizados eram os que tinham
maiores dificuldades de manter a empregabilidade e que um dos motivos poderia ser a baixa
escolaridade o SESI passou a pensar numa maneira de contribuir para a diminuição desse
quadro de privação.
A REIET, então, surgiu como proposta a partir do trabalho realizado por Ribeiro
(2009)12
, segundo o qual se percebia que a questão do aumento da escolaridade de
trabalhadores terceirizados em empresas do PIC não poderia ser uma “via de mão única”, ou
seja, não deveria ser imputada exclusivamente aos trabalhadores, e sim compartilhada por
11 SISTEMA FIEB, SESI. Estudo sobre a elevação de escolaridade na EJA – Sesi Bahia – Análises e Propostas. Salvador,
jul. 2009, p.11. 12 RIBEIRO, S.M.N. A educação do trabalhador na perspectiva do desenvolvimento territorial: o caso da EJA/SESI no Pólo Petroquímico de Camaçari. Salvador: UBA/Escola de Administração, 2009. (dissertação de mestrado).
46
todas as instituições pertencentes à rede de educação e trabalho, capazes de promover, em
conjunto, o desenvolvimento territorial.
Fonte: Ribeiro, 2009, p. 110.
Esse tipo de estrutura já é muito utilizado nos negócios como resposta às
exigências de elevada capacidade de resposta às demandas externas que as
organizações estão submetidas na contemporaneidade, induzindo atitudes
colaboracionistas em torno da competitividade e gestão da tecnologia. (Ribeiro,
2009, p.109)
Nesse sentido, a REIET tem o objetivo de promover a intervenção de forma conjunta,
a partir dos resultados do presente diagnóstico, no sentido de modificar os encaminhamentos
dados atualmente à necessidade de aumento na escolaridade dos trabalhadores terceirizados.
Entre os benefícios gerados pela REIET estão:
a) Para o Trabalhador
Identificação das diferentes metodologias de EJA apropriadas para atender as suas
necessidades específicas;
Orientação quanto à melhor estratégia para ingresso/reingresso e conclusão da
educação básica em menor tempo;
Identificação das instituições que oferecem os serviços educacionais de EJA;
Identificação de possíveis contratantes de seus serviços profissionais;
47
Divulgação de seu perfil profissional junto às empresas contratantes.
b) Para os Agentes Educativos
Divulgação dos seus serviços educacionais;
Conhecimento qualificado sobre a demanda de serviços educacionais para
trabalhadores e empresas;
Identificação de dados que subsidiem a elaboração de propostas educativas que
atendam com maior eficácia às especificidades das empresas e dos trabalhadores;
Aumento do número de trabalhadores atendidos.
c) Para as Empresas
Contratação de serviços educacionais customizados que atendam às suas
necessidades específicas;
Otimização de recursos financeiros;
Identificação de trabalhadores com perfis mais adequados às suas necessidades;
Atuação de forma concertada para a elevação do nível de escolaridade do
trabalhador da indústria na região;
Divulgação de suas ações de responsabilidade social.
d) Para o Poder Público
Otimização de recursos;
Compartilhamento de informações;
Ampliação do atendimento em EJA;
Identificação de dados que melhor subsidiem as Políticas Públicas na área de EJA;
Participação em uma iniciativa conjunta que reúne trabalhadores e empresas;
Identificação de parceiros técnicos e financeiros;
Ampliação da mobilização dos jovens e adultos sem Educação Básica completa;
Divulgação dos desafios e êxitos das iniciativas em EJA.
48
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cenário apresentado pelo diagnóstico de oferta e demanda por Educação de Jovens
e Adultos entre trabalhadores terceirizados do Pólo Industrial de Camaçari tem como
principal característica o fato de haver uma oferta de vagas passível de ser preenchida por
trabalhadores terceirizados do PIC. Essas vagas são mais abundantes para as classes de EJA
II e III (que seriam correspondentes ao Tempo Formativo I – entre o 4º e o 7º ano do ensino
fundamental). Esses cursos abrangeriam um percentual de 11,4% dos trabalhadores, aqueles
que possuem o fundamental incompleto.
Entretanto, quando se observa o turno noturno como preferencial para a instalação
dessas classes de EJA cabe uma observação; os trabalhadores que trabalham durante todo o
dia poderiam freqüentar essas classes, mas aqueles que trabalham em regime de turno
facilmente se desmotivariam – o que inclusive foi apontado por alguns como sendo o motivo
pelo qual abandonaram os estudos.
Segundo professores de EJA em uma escola de Candeias:
Vários motivos levam esses adultos a recomeçar os estudos: alguns simplesmente
querem, outros são obrigados pela empresa onde trabalham, outros porque buscam
empregos e são barrados na falta de formação. No entanto, algumas empresas não
flexibilizam para que esse adulto volte a estudar, exigindo que ele dê prioridade à
sua carga horária de trabalho. O que se vê são alunos que vão direto do trabalho
para a escola, outros que não se alimentam - pois o tempo depois do trabalho é
curto para tomar banho, se alimentar e ir para a escola. Os alunos do EJA são os
mais interessados, mas não rendem, não produzem devido ao cansaço, à falta de
alimentação. (Professor A)
O programa do EJA deveria ser mais flexível para esses alunos trabalhadores, aplicando um plano pedagógico especifico. Não deveria ter tanto conteúdo, deveria
ser mais dinâmico e direto. No entanto, o programa é o mesmo aplicado aos alunos
dos turnos matutino e vespertino, com idades que variam de 13 a 16 anos. Nós não
temos condições de fazer diferente, mesmo sabendo que trabalhar com adultos é
diferente de trabalhar com jovens adolescentes, somos obrigados a ter adolescentes
indisciplinados que prejudicam o aprendizado dos adultos trabalhadores.
(Professor B)
Caberia às escolas oferecerem uma modalidade semi-presencial equivalente ao
“Tempo de Aprender”, da Secretaria de Educação do Estado da Bahia.
Existe também uma expectativa muito grande entre os trabalhadores em relação ao
retorno aos estudos, mesmo para aqueles que já concluíram o nível médio (55% da amostra).
O desejo expresso por aqueles que desejam “ter uma profissão” e “melhorar de vida”
remetem à necessidade de oferta de cursos profissionalizantes para esses trabalhadores. A
partir da oferta de cursos que se aproximem do desejo, será mais fácil convencer esses
49
trabalhadores de que o investimento de tempo e esforço no aumento de escolaridade levará à
melhoria da renda e das condições de trabalho.
Entretanto, para que a oferta seja plenamente aproveitada pelos trabalhadores que
demandam educação há uma necessidade de investimentos por parte do Estado e municípios
em infra-estrutura. Foram muito constantes durante a pesquisa reclamações de gestores e
funcionários das escolas em relação ao acesso – dificultado no turno noturno – por conta de
ruas sem iluminação ou sinalização, escolas localizadas em locais muito distantes e sem uma
infra-estrutura de transportes adequada e principalmente a estrutura física das escolas.
Em se tratando de um público diferenciado e que tem contato diário com
equipamentos de alta tecnologia, seria de todo conveniente promover também o
aparelhamento das escolas com equipamentos modernos e tecnologias multimeios para tornar
mais interessante e motivador o processo de aprendizagem desses sujeitos.
Porém, a escola sozinha não será capaz de promover todas as mudanças necessárias
para se chegar a um padrão adequado de elevação da escolaridade do trabalhador terceirizado
do PIC. É necessária a integração das ações educativas com as empresas, no sentido de
colaborar com o retorno/ingresso dos trabalhadores às escolas. As empresas precisam ser
sensibilizadas para o fato de que, ainda que haja rotatividade, o trabalhador qualificado por
ela vai ser aproveitado por outra empresa, assim como o trabalhador qualificado por outra vai
ser aproveitado por ela. Ou seja, a elevação da escolaridade e qualificação profissional do
trabalhador deve ser encarada como ação de responsabilidade social pelas empresas, gerando
uma força de trabalho mais motivada e conhecedora da importância do trabalho que realiza;
em suma, uma força de trabalho comprometida com os resultados e não apenas com o fazer
diário de suas funções.
Essas evidências apontadas pela pesquisa necessitam de um espaço para que sejam
amadurecidas e colocadas em prática estratégias para efetivar as mudanças necessárias. A
REIET é o espaço privilegiado de encontro, discussão conjunta e encaminhamentos dessas
questões e dos desafios encontrados para a elevação da escolaridade dos trabalhadores. Na
medida em que os diferentes atores (poder publico municipal, empresas e SESI) se debruçam
sobre os dados da realidade podem, conjuntamente, encontrar as melhores soluções.
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REFERÊNCIAS
BAHIA. Secretaria de Educação. Educação de jovens e adultos. Disponível em:
<http://www.educacao.escolas.ba.gov.br/node/11#sub2.> . Acesso: 16. out. 2010.
________. Secretaria de Educação. Superintendência de Desenvolvimento da Educação
Básica. Educação de jovens e adultos: aprendizagem ao longo da vida. Salvador: SEC,
[s.d]. p.4. (Org. MALTA, A. et.al).
DRUCK, G., FRANCO, T. Perda da razão social do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2007.
FEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA DO ESTADO DA BAHIA – SISTEMA FIEB. Estudo
sobre a elevação de escolaridade na EJA : análise e propostas. Salvador, 2009. p.11.
_________. Orientações para apresentação de publicações institucionais do Sistema
FIEB. Salvador, 2010.
RIBEIRO, S.M.N. A educação do trabalhador na perspectiva do desenvolvimento
territorial: o caso da EJA/SESI no Pólo Petroquímico de Camaçari. 2009. 156f. Dissertação
(Mestrado Profissional em Desenvolvimento e Gestão Social) - UFBA/Escola de
Administração, Salvador, 2009.
ANEXOS
ANEXO A – QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS ESCOLAS
ANEXO B – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS TRABALHADORES
ANEXO C – RELAÇÃO DAS EMPRESAS PARTICIPANTES DA
COMISSÃO DE RECURSOS HUMANOS DO COFIC
EMPRESA CONTATO FONE EMAIL
ABB Ana de Fátima Carmo 3649-1065/9936-7968 [email protected]
Bahia Peccell Silmara Cerqueira 3634-0406 [email protected]
Bahiagás Alexssandra Nereu 3206-6147 [email protected]
Basf Annibal Leite de S. Filho 3634-3929 [email protected]
Braskem Homero Arandas
Adriana Prado
Ana Dias
Nadja Mello
Cristiane Melo
Aline Rauen
Luiz Baqueiro
3413-.1556/ 9984-0644
3413-4264
9212-9599
3413-9196
3413-1141 / 9178-7592
3504-7205-9985-9708
Bridgestone Carlos Alberto R.Júnior 3644-9013/9216-8135 [email protected]
Caraiba Carlos Henrique L. da Cunha 2203-1590
Cetrel Rita de Cássia Mesquita 3634-6830 [email protected]
Columbia João Luiz T.Aleixo
Janete A. Passos
3616-1104
3616-1124
Continental Ana Rita Fraga 3642-8244 [email protected]
Copenor Miguel Carlos Guerreiro 3632-9227
3632-9221
Deten Marcelo Gantois 3634-3330/8895-1100 [email protected]
DHL Mariana Bagesteiro 3649-2830 [email protected]
Dow/TDI Ana Rita Barros 3649-5711/9984-4782 [email protected]
Dow-Aratu Raimundo Augusto 9971-2753/ 3649-5363 [email protected]
Dupont Fernanda de O. Abbado
Júlio Soares
Fabíola Frois
2109-6024
2109-6010
2109-6077
Elekeiroz Inez Miranda
Aline Santos
3632-7733/3632-7733 [email protected]
Ford Ana Moreno
Grupo Unigel Kricia Galvao 3602-5545 [email protected]
IPC Bárbara Fratoni 3634-2906 [email protected]
I T F Manoel Araujo 3634-2906 [email protected]
Kordsa Sérgio Porto
Mônica Santos
2104-4733
2104-4742
Milllennium Paulo Dantas
Bertrand Carneiro
3634-9127/3634-9109
9126-8747/
Monsanto Marcio Frade
Ilma Dantas
3444-7224
3444-7142
Oxiteno Maria Cristina Schoof
Alessandra Rebouças
3634-7619 [email protected]
Petrobras-Fafen Carlos Carvalho 9977-3663 [email protected]
Quattor Isabel Andrade 3797-3896 [email protected]
Tequimar/Ultracargo Irandir Brito 8187-6098/3602-6496 [email protected]
Taminco José Edson Muniz 3642-8059 [email protected]
Vale Dep. Mang. E
Ligas
Daniela Muniz
Jefferson Rosa
8737-6327 [email protected]
White Martins Genice Jesus 3390-3116 [email protected]
Ultracargo
GrafTech Brasil Ana Castro 2108-9610 / 9965-5448 [email protected]
Publicação produzida pelo SESI – Departamento Regional da Bahia
no formato 21 x 29,7cm. Impresso por Assaz Planejamento e Comunicação Integrada.