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Relatório Final de Estágio Ano-Lectivo 2015/2016 Rita Mouzinho Passos Coelho (nº 2010189, 6º ano, t7)

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Relatório Final

de Estágio

Ano-Lectivo 2015/2016

Rita Mouzinho Passos Coelho

(nº 2010189, 6º ano, t7)

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0. Índice

1. Introdução: expectativas de um estágio profissionalizante …………………... 3

2. Actividades integrantes do estágio profissionalizante ………………………... 4

2.1. Estágio de Saúde Mental ………………………………………………. 4

2.2. Estágio de Medicina Geral e Familiar …………………………………. 5

2.3. Estágio de Pediatria Médica …………………………………………… 5

2.4. Estágio de Ginecologia e Obstetrícia …………………………………. 6

2.5. Estágio de Cirurgia Geral ………………………………………………. 7

2.6. Estágio de Medicina Interna …………………………………………… 7

2.7. Estágio Clínico Opcional ……………………………………………….. 8

2.8. Preparação para a Prática Clínica …………………………………….. 8

3. Apreciação Crítica ………………………………………………………………... 9

4. Anexos ………………………………………………………………………….…. 11

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1. Introdução: expectativas de um estágio profissionalizante

Encerrando o ciclo de formação enquanto estudantes de Medicina, o 6º ano

na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) surge como intermediário entre a

actividade académica e a actividade profissional clínica. Assim proposto, tem

como principais objectivos a maior integração dos alunos nas equipas

hospitalares, o incentivo à autonomia no desempenho das diversas actividades

médicas e o contacto sistemático com as patologias mais frequentes, de modo

a promover a consolidação das competências maioritariamente teóricas

adquiridas ao longo dos cinco anos precedentes.

Visto ser integrante do ciclo de estudos básicos e gerais de Medicina, foca a

sua formação nas principais especialidades clínicas, especificamente a Medicina

e a Cirurgia, mas também na Saúde Mental, na Medicina Geral e Familiar (MGF),

na Pediatria e na Ginecologia e Obstetrícia. Para além de um maior contacto

com os doentes e as doenças, proporcionado pela organização exclusiva em

estágios clínicos práticos, o desafio que é apresentado aos alunos de 6º ano é o

de aquisição de competências genéricas nestas diferentes áreas. Isto é,

independentemente da especialização futura, o aluno do 6º ano deverá preservar

ao longo da sua actividade profissional as aptidões necessárias para o

reconhecimento, avaliação inicial e correcto encaminhamento dos principais

síndromes relativos às áreas supracitadas.

Somando às anteriores, o programa curricular do 6º ano reserva um período

de duas semanas para que o aluno, ao seu critério, curse em qualquer

especialidade médico-cirúrgica do seu agrado, de modo a proporcionar um

conhecimento mais alargado quanto às várias realidades possíveis dentro da

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Medicina, visando facilitar uma escolha futura. Por fim, e com o objectivo de

integrar uma componente teórica e de preparação para o exame de seriação que

se segue, está contemplada uma última unidade curricular, Preparação para a

Prática Clínica, cuja abordagem orientada por casos clínicos reais pretende

colmatar o propósito máximo deste estágio profissionalizante, que é o do

estímulo constante do raciocínio clínico.

Em jeito de conclusão, o 6º ano na FCM assim organizado tem como

objectivo final o encorajamento dos seus alunos, para que assumam com

responsabilidade e orgulho o seu papel na sociedade, o seu papel como

Médicos.

2. Actividades integrantes do estágio profissionalizante

2.1. Estágio de Saúde Mental (14/09/2015 a 09/10/2015)

Por vicissitudes da nova reforma curricular em curso para o 5º ano resultante

numa sobrecarga dos serviços colaborantes com a faculdade, a logística

adoptada para o presente estágio contempla um período hospitalar e de

contacto, intercalado com a participação num projecto de investigação de

interesse do departamento. Assim, enquanto a componente clínica prática se

desenrolou na Equipa Comunitária da Amadora (parte da consulta externa de

Psiquiatria do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, EPE) ao cuidado da

Dr.ª Raquel Ribeiro e do Dr. José Augusto Flores, a participação com o

departamento de Saúde Mental da FCM foi orientada pelo regente responsável,

Prof. Doutor Miguel Xavier. De destacar dentro dos objectivos específicos para

este estágio a capacidade de discernimento entre quadros fisiológicos reactivos

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e adaptativos à adversidade em comparação com patologia comprovada e com

necessidade de acompanhamento psiquiátrico, bem como o desenvolvimento de

uma maior compreensão da doença mental que preste um contributo para a

redução do estigma associado.

2.2. Estágio de Medicina Geral e Familiar (12/10/2015 a 06/11/2015)

Durante a frequência na Unidade de Saúde Familiar da Venda Nova cumpri

um horário completo de consulta, que se revelou um manifesto acréscimo aos

restantes estágios hospitalares que privilegiam em grande parte o tempo de

enfermaria. Proporcionado por um incentivo constante a uma participação

interventiva, mais do que meramente observacional, e pela carga elevada de

utentes, concluídas as quatro semanas alcancei as seguintes metas:

compreensão dos momentos de vigilância apropriados ao seguimento de

doenças crónicas, sistematização da metodologia de abordagem num contexto

agudo (consulta aberta) e adaptação da postura e do exame objectivo de acordo

com a faixa etária (consultas de vigilância de Saúde Infantil, Planeamento

Familiar, Saúde Materno-Fetal e Saúde do Adulto). Mais que tudo isto, o estágio

em MGF deverá ser encarado como um reforço àquele conceito básico da

Medicina que é o da relação médico-doente, sendo que a este respeito tive a

oportunidade de conviver com dois exemplos distintos ao integrar tanto a

consulta da Dr.ª Maria João Queiroz como da Dr.ª Leonor Andrade.

2.3. Estágio de Pediatria Médica (09/11/2015 a 04/12/2015)

Decorridas no serviço de Infeccciologia do Hospital Dona Estefânia (HDE)

sob tutoria da Dr.ª Catarina Gouveia, estas quatro semanas constituíram um

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desafio adicional ao já proposto aos alunos finalistas de Medicina, relativamente

ao desenvolvimento de uma postura adequada ao contexto hospitalar, crítica e

participativa quanto ao plano terapêutico, pela necessidade de ajuste à

população pediátrica. Esta adaptação exige um conhecimento prévio das fases

de desenvolvimento da criança e uma maior sensibilidade no que se refere ao

tipo de relacionamento, à apreciação de sintomatologia não expressa e à

avaliação oportunista ao longo dos vários momentos de consulta. De reter que a

“criança não é um adulto pequeno” e que por isso toda a metodologia deverá ser

enquadrada num contexto epidemiológico e fisiopatológico distinto do adulto.

Como complemento formativo, participei no Congresso de Pediatria (HDE)

com um caso observado em contexto de consulta externa de Síndrome de

Kikuchi-Fujimoto.

2.4. Estágio de Ginecologia e Obstetrícia (07/12/2015 a 15/01/2016)

Depois de colocada no Hospital Lusíadas de Lisboa foi-me determinada

como orientadora de estágio a Dr.ª Ana Paula Maia, cuja área à qual se dedica

preferencialmente é a da Procriação Medicamente Assistida. Assim, para além

da participação nas consultas de Ginecologia e Obstetrícia, marquei presença

frequente no departamento de infertilidade e pude ainda acompanhar a médica

assistente no seu período de bloco operatório e, sempre que possível, assistir

aos partos decorridos durante o meu tempo de estágio. Mais ainda, de modo a

transmitir um conhecimento mais global das várias áreas de intervenção

possíveis dentro da Ginecologia e Obstetrícia, foi estabelecido o contacto com

outros colegas do serviço, que me possibilitou a frequência nos seguintes

momentos: consulta de patologia do colo, consulta de oncoginecologia,

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avaliação por histeroscopia, ecografia obstétrica, amniocentese e Serviço de

Urgência.

Com intuito de revisão teórica, fui solicitada a expor uma breve apresentação

sobre Dismenorreia.

2.5. Estágio de Cirurgia Geral (25/01/2016 a 18/03/2016)

Consoante o serviço que integrasse, o planeamento das oito semanas de

estágio diferia ligeiramente, pelo que preferi o serviço de Cirurgia Geral do

Hospital Beatriz Ângelo (HBA) de modo a incluir um período de formação numa

área complementar, no meu caso a Anestesiologia. Assim, após uma semana

introdutória orientada por seminários, acompanhei o Dr. Pedro Amado durante

quatro semanas nas suas actividades de bloco operatório, consulta externa e

enfermaria, ao que se seguiu um período de duas semanas durante as quais a

Dr.ª Verónica Schuler se empenhou em dar a conhecer o dia-a-dia do

anestesista, findas as quais cumpri uma semana na equipa fixa do Serviço de

Urgência do hospital. Terminado o estágio prático, realizou-se um congresso de

Cirurgia Geral (HBA) em que foram apresentados casos mais marcantes para as

várias equipas, sendo que o meu grupo optou por uma revisão de úlcera péptica,

expondo um caso de Ruptura de Úlcera do Antro.

2.6. Estágio de Medicina Interna (28/03/2016 a 20/05/2016)

Decorrido no serviço de Medicina 2.1 do Hospital Santo António dos

Capuchos sob orientação da Dr.ª Elisabete Margarido, o estágio de Medicina

Interna marcou o ponto final da minha formação curricular e, retrospectivamente,

nenhum outro estágio se adequaria melhor como encerramento de um ano de

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intuito profissionalizante. De facto, estas oito últimas semanas na FCM

salientam-se pela valorização única das competências dos alunos, que se

integraram inteiramente na dinâmica das equipas, sendo sempre tidos em

consideração aquando a distribuição das actividades diárias e partilhando com

o médico tutor responsabilidade pelo trabalho desenvolvido, o que determinou

um contributo incomparável para aquele que é o objectivo último deste 6º ano, o

da autonomização dos seus alunos.

2.7. Estágio Clínico Opcional (23/05/2016 a 03/06/2016)

Tal como já foi mencionado anteriormente, o estágio opcional não se

enquadra como objecto de avaliação do estágio profissionalizante, mas antes

como oportunidade para esclarecimento quanto às possibilidades existentes

dentro da Medicina para eventual exercício futuro. Neste âmbito, enderecei a

minha proposta de estágio ao serviço de Oncologia do Hospital da Luz (ao

cuidado do Prof. Doutor José Luís Passos Coelho), onde pude comparecer nas

consultas de diversos especialistas com focos de interesse e de trabalho

particulares, conferindo assim uma percepção mais globalizada do que é o

tratamento da doença oncológica.

2.8. Preparação para a Prática Clínica

Módulo teórico do 6º ano da regência do Prof. Doutor Roberto Palma dos

Reis, estruturado por casos clínicos referentes a sinais cardinais de doença,

complemento ao estágio prático de Medicina Interna e ferramenta de preparação

para a Prova Nacional de Seriação de 2016.

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3. Apreciação Crítica

Começando por considerações gerais e encarando este estágio como o

ponto final de um percurso formativo de seis anos, resumido a uma palavra esta

seria imprescindível. De facto, marcando o 6º ano a comunicação entre uma

etapa académica e outra profissional e de distinta responsabilidade, não seria

possível ingressar na segunda sem um período preparatório prévio. Não

descurando que esta preparação se inicia logo no primeiro ano curricular, e

reforçando que a Medicina é uma área de estudo contínuo e ilimitado, só é

possível uma verdadeira consolidação dos conhecimentos acumulados com o

contacto com casos reais da prática clínica, com a necessidade de tomada de

decisões das quais reconhecemos o impacto sobre a vida dos doentes. Ou seja,

uma introdução precoce dos alunos de Medicina no ambiente hospitalar poderá

não só actuar como um estímulo ao estudo individual, mas fornecer as

ferramentas necessárias para a compreensão absoluta dos conceitos teorizados

nos livros e sebentas. Ainda assim, enquanto os estágios práticos forem

tendencialmente observacionais e a oportunidade de intervenção dos alunos

limitada, o sentido de responsabilidade sobre as acções tomadas e a

autonomização ficam inevitavelmente comprometidos. Mas ingénuo seria pensar

que, por mais reformas curriculares que surjam, se possa reformular o papel dos

estudantes na dinâmica das equipas clínicas, sem que antes se assegure um

domínio básico do funcionamento do corpo humano e a consciencialização das

potenciais consequências dos nossos actos sobre o bem-estar daqueles que

somos supostos de ajudar. Neste aspecto o 6º surge como o momento crítico da

nossa formação, como o ponto de situação em que se ponderam conhecimentos

e comportamentos que nos definem como aptos ou não para receber a

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responsabilidade de ser médicos, para merecer a confiança dos que nos

procuram. E isto é inquietante.

Quanto à apreciação individualizada das várias valências integradoras do

estágio profissionalizante, para além de expressa nos respectivos relatórios

parciais, parece ser de maior interesse neste contexto se enquadrada nos

objectivos gerais propostos para o presente ano-lectivo. Assim, findo o 6º ano,

findo o curso de Medicina, posso olhar para trás e ver correspondidas todas as

minhas expectativas. O 6º ano marcou uma fase de crescimento exponencial do

conhecimento, em conformidade com o estudo a decorrer paralelamente para a

Prova Nacional de Seriação, e manifesto por uma capacidade de integração

cada vez maior nas discussões clínicas; distinguiu-se pela oportunidade de

descoberta da nossa própria atitude em relação aos doentes, e cumpriu o seu

desígnio de autonomização dos alunos e preparação de futuros médicos. E é

neste seguimento que confirmo a importância de um ano de formação

profissionalizante, que não podendo ser antecipado por inevitabilidades

impostas pela amplitude do conhecimento em Medicina, em nada substitui a

necessidade de complemento enquanto interno do ano comum.

Terminado o meu percurso na FCM, resta-me agradecer a todos aqueles

que se cruzaram no meu caminho, que me proporcionaram esta incomparável

sensação de concretização, e recordar o orgulho e emoção que é pertencer a

esta casa. Sinto-me uma privilegiada e espero encarar sempre com respeito e

humildade o exercício desta profissão.

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