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  • 8/12/2019 Relatrio Estgio V1

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    UNIJUI UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

    GRANDE DO SUL

    DCEEng

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS EXATAS E ENGENHARIASEGECURSO DE ENGENHARIA ELTRICA

    DIONATAN OSTER SCHERER

    RELATRIO DE ESTGIO

    MANUTENO EM LINHA VIVA

    IJU

    2014

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    DIONATAN OSTER SCHERER

    RELATRIO DE ESTGIO

    MANUTENO EM LINHA VIVA

    Relatrio de estgio curricular

    apresentado ao Curso de Engenharia Eltrica

    da Universidade Regional do Noroeste do

    Estado do Rio Grande do Sul UNIJU,

    como requisito parcial para a obteno do

    grau de Engenheiro Eletricista.

    Professor Orientador: Eliseu Kotlinski

    IJU

    2014

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    DIONATAN OSTER SCHERER

    Local do Estgio: Cooperativa Regional de Energia e Desenvolvimento Iju Ltda - CERILUZ

    DISTRIBUIO.

    rea de Atuao: Permissionria de Distribuio de EnergiaCooperativa de Eletrificao

    Rural.

    Carga Horria: 180 horas.

    Perodo: 30/09/2013 a 31/10/2013

    Relatrio de estgio curricular apresentado ao Curso de Engenharia Eltrica daUniversidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJU, como

    requisito parcial para a obteno do grau de Engenheiro Eletricista.

    Supervisor Docente:

    Professor Eliseu Kotlinski

    Supervisor de Campo:

    Engenheiro Eletricista Mateus Trevisol

    IJU2014

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    RESUMO

    A distribuio de energia a setor mais importante das concessionrias e

    permissionrias de energia eltrica, sua atividade fim. Manter o sistema sempre em operao

    a meta de todas as empresas. Alm de resultar em um alto ndice de satisfao com os

    consumidores, o fato de no ocorrer interrupes no fornecimento de energia garante um

    faturamento constante, quer pela venda como tambm pela manuteno em nveis adequados

    dos ndices de qualidade institudos em norma. Assim, a manuteno das redes de distribuio

    de vital importncia. Porm, realizar reparos em sistemas de energia eltrica requer a

    observao de uma srie de condies. Se a rede no estiver energizada, torna-se uma tarefacom grau de dificuldade muito menor. Entretanto, essa situao acarretaria a interrupo do

    fornecimento. Nesse momento, a soluo a manuteno em Linha Viva, ou seja, com a rede

    energizada. Cabe ressaltar que nesse tipo de atividade, devido aos nveis de tenso

    envolvidos, os riscos para o trabalhador so grandes. Acidentes nessas condies geralmente

    so fatais. Assim, diversas precaues devem ser tomadas, uma vez que a prpria legislao,

    principalmente atravs da NR-10, assim preconiza. Alm disso, as ferramentas e demais

    equipamentos utilizados na realizao dos servios deve obedecer a rgidos critrios tcnicose passar por vistorias peridicas.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1Transformador com ncleo sem a parte superior e com os enrolamentos de BT. 22

    Figura 2.2Bobina que compe o enrolamento de AT do transformador. ............................. 23

    Figura 2.3Bobina que compe o enrolamento de AT do transformador com as derivaes.

    .......................................................................................................................................... 23

    Figura 2.4Transformador com os enrolamentos de AT envolvendo os enrolamentos de BT.

    .......................................................................................................................................... 24

    Figura 2.5Detalhe dos encaixes das lminas da parte superior do ncleo do transformador.

    .......................................................................................................................................... 25

    Figura 2.6Transformador com as estruturas mecnicas. ...................................................... 25

    Figura 2.7Detalhe do enrolamento com recortes de papel e calos de madeira. .................. 26

    Figura 2.8Transformador com estruturas eltricas acessrias. ............................................. 27

    Figura 2.9Transformador com estruturas eltricas acessrias. ............................................. 27

    Figura 2.10Equipamentos no interior do forno para eliminao de umidade. ..................... 28

    Figura 2.11Equipamentos para testes dos transformadores reformados. ............................. 29

    Figura 2.12Painel de controle do equipamento de teste dos transformadores reformados. . 29Figura 2.13Veculo equipado para manuteno em Linha Viva. ......................................... 30

    Figura 2.14Estrutura de sustentao de rede primriaCruzeta tipo D........................... 31

    Figura 2.15Estrutura de sustentao de rede primriaCruzeta tipo T........................... 32

    Figura 2.16Tcnico usando luvas e mangas de proteo com classe de isolao 25kV. ..... 33

    Figura 2.17Sistema de aterramento do veculo para manuteno em Linha Viva. .............. 33

    Figura 2.18Dispositivo de alarme de falta de energia na rede primria. .............................. 34

    Figura 2.19Coberturas de isolao dos cabos e estruturas da rede primria. ....................... 35

    Figura 2.20Situao em que os cabos ficaram soltos ao lado do poste. ............................... 36

    Figura 2.21Corda para sustentao dos cabos da rede primria. .......................................... 36

    Figura 2.22Estrutura temporria para sustentao dos cabos da rede primria.................... 37

    Figura 2.23Instalao de poste com estruturas primrias de derivao. .............................. 38

    Figura 2.24Postes existentes com estruturas primrias a serem retidas. .............................. 39

    Figura 2.25Postes existentes com estruturas primrias a serem retidas. .............................. 39

    Figura 2.26Postes existentes com nova estrutura primria instalada. .................................. 40

    Figura 2.27Postes instalados do novo trecho da rede distribuio. ...................................... 41

    Figura 2.28Rede de distribuio finalizada. ......................................................................... 42

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    Figura 2.29Poste final da nova rede de distribuio com estrutura de estai. ........................ 42

    Figura 3.1Destalhe do Basto Garra ..................................................................................... 46

    Figura 3.2Detalhe do Basto Olhal....................................................................................... 47

    Figura 3.3Detalhe do Cabeote Universal ............................................................................ 47

    Figura 3.4Detalhe construtivo do basto de madeira partido ao meio ................................. 48

    Figura 3.5Eletricista trabalhando ao potencial, em linha energizada. .................................. 53

    Figura 3.6Distncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre

    .......................................................................................................................................... 58

    Figura 3.7Distncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre,

    com interposio de superfcie de separao fsica adequada .......................................... 59

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Tabela de raios de delimitao de zonas de risco, controlada e livre conformeAnexo I da NR-10. ........................................................................................................... 59

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    LISTA DE ABREVIAES

    ANEELAgncia Nacional de Energia Eltrica

    ATAlta Tenso

    BRDEBanco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul

    BTBaixa Tenso

    CEEECompanhia Estadual de Energia Eltrica

    CERCooperativa de Eletrificao Rural

    CODCentro de Operao da DistribuiodaNDeca Newton

    EPCEquipamento de Proteo Coletiva

    EPIEquipamento de Proteo Individual

    EUAEstados Unidos da Amrica

    MWMega Watt

    MWhMega Watt HoraMTMdia Tenso

    MTEMinistrio do Trabalho e Emprego

    NBRNorma Brasileira Revisada

    NR-10Norma Regulamentadora nmero 10

    ONSOperador Nacional do Sistema

    PCH

    Pequena Central Hidreltrica

    PEPonto da instalao Energizado

    kVQuilo Volt

    kVAQuilo Volt-Ampre

    kWhQuilo Watt Hora

    kmQuilmetro

    RcRaio de delimitao entre zona controlada e livre em metros

    RrRaio de delimitao entre zona de risco e controlada em metros

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    SESubestao

    SEPSistema Eltrico de Potncia

    SISuperfcie isolante construda com material resistente e dotada de todos dispositivos de segurana

    ZCZona controlada, restrita a trabalhadores autorizados

    ZLZona livre

    ZRZona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoo de tcnicas, instrumentos eequipamentos apropriados ao trabalho

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    SUMRIO

    INTRODUO ........................................................................................................................ 11

    1. ELETRIFICAO RURAL ............................................................................................. 13

    1.1. Breve Histrico da Eletrificao Rural no Brasil ...................................................... 13

    1.2. Local de Realizao do Estgio Supervisionado ....................................................... 15

    1.2.1. Alguns dados sobre a Ceriluz ............................................................................. 16

    1.2.2. Breve Histrico da Ceriluz ................................................................................. 18

    2. ATIVIDADES REALIZADAS......................................................................................... 21

    2.1. Oficina de transformadores ........................................................................................ 21

    2.2. Manuteno em Linha Viva ....................................................................................... 30

    2.3. Construo de Redes .................................................................................................. 37

    2.4. Levantamento de dados para elaborao de projetos ................................................. 43

    2.5. Setor de projetos ........................................................................................................ 43

    2.6. Tombamento da rede aps execuo da obra ............................................................ 43

    2.7. Setor de Medio ....................................................................................................... 44

    2.8. CODCentro de Operao da Distribuio.............................................................. 44

    3. MANUTENO EM LINHA VIVA ............................................................................... 45

    3.1. Introduo .................................................................................................................. 45

    3.2. Histrico ..................................................................................................................... 46

    3.3. Aspectos construtivos dos equipamentos de linha viva ............................................. 48

    3.3.1. Bastes isolantes ................................................................................................. 49

    3.3.2. Vara de manobra seccionvel ............................................................................. 50

    3.3.3. Bastes de manobra ............................................................................................ 50

    3.3.4. Basto de salvamento ......................................................................................... 50

    3.4. Mtodos de trabalho com linha energizada ............................................................... 51

    3.4.1. Trabalho distncia ............................................................................................ 51

    3.4.2. Trabalho ao contato ............................................................................................ 51

    3.4.3. Trabalho ao potencial (Barehand) ...................................................................... 52

    3.5. Transporte dos equipamentos isolantes ..................................................................... 53

    3.6. Ensaios e testes de isolamento eltrico ...................................................................... 54

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    3.7. Segurana do trabalho na manuteno em Linha Viva .............................................. 54

    3.7.1. Planejamento das intervenes ........................................................................... 56

    3.8. Exigncias da Norma Regulamentadora NR10 ..................................................... 56

    3.8.1. A questo do isolamento eltrico ....................................................................... 56

    3.8.2. A questo da distncia de segurana .................................................................. 57

    CONSIDERAES FINAIS ................................................................................................... 61

    Sugestes para o curso .......................................................................................................... 61

    Sugestes para a empresa...................................................................................................... 61

    Consideraes finais ............................................................................................................. 62

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................................... 65

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    INTRODUO

    O estgio um dos momentos mais importantes para a formao profissional. nesse

    momento que o futuro profissional tem oportunidade de entrar em contato direto com a

    realidade profissional no qual ser inserido, alm de concretizar pressupostos tericos

    adquiridos pela observao de determinadas prticas especficas e do dilogo com

    profissionais mais experientes.

    Desenvolver uma formao baseada no contexto real de atuao possibilita aconstruo autnoma do conhecimento cientifico atravs da vivncia de exemplos prticos

    para discusses acadmicas. No estgio, o profissional em formao tem a oportunidade de

    investigar, analisar e intervir na realidade profissional especfica.

    Assim, alm de ser um componente obrigatrio para a obteno da graduao em

    Engenharia Eltrica, o estgio o incio da vida profissional do Engenheiro Eletricista.

    Nas diversas reas da engenharia eltrica, as empresas de distribuio de energiaeltrica possibilitam uma tima oportunidade de estgio. possvel vivenciar atividades de

    projetos, fiscalizao e execuo de obras, operao do sistema de distribuio, entre outras.

    Porm, podemos destacar a manuteno de redes como uma atividade extremamente

    interessante, principalmente quando realizada em linhas energizadas, ou Linha Viva.

    A manuteno em Linha Viva mostra-se uma importante soluo para as

    distribuidoras de energia. Permite que sejam realizados reparos nas redes de energia sem que

    cause interrupes de fornecimento. Isto possibilita um maior ndice de satisfao dosconsumidores alm de evitar a perda de faturamento da empresa quando da falta de energia

    eltrica.

    Porm, para que este tipo de reparo seja realizado, necessrio que os tcnicos

    envolvidos sejam devidamente treinados e capacitados, muitas vezes especialistas nesta rea.

    Alm disso, muito importante a observao das normas de segurana para esta atividade,

    uma vez que, devido aos nveis de tenso envolvidos, os acidentes, quando ocorrem,

    geralmente so fatais.

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    Partindo desses pressupostos, o presente documento busca relatar as atividades

    desenvolvidas pelo autor durante sua experincia pr-profissional, e em seguida trazer um

    referencial terico sobre manuteno em Linha Viva, dando maior nfase nas questes de

    segurana do trabalho.

    Ele est estruturado em cinco partes, sendo uma esta introduo, trs captulos e as

    consideraes finais.

    Inicialmente, no Capitulo 1, busca-se contextualizar o segmento em que a empresa que

    acolheu o estagirio est inserida, no caso a Celiruz, uma cooperativa de eletrificao rural.

    Alm disso, busca-se apresentar a prpria empresa para o leitor.

    Em seguida, no Captulo 2, so relatadas as atividades desenvolvidas na oficina de

    transformadores e no acompanhamento das equipes de manuteno em Linha Viva e

    construo de redes. Tambm descreve brevemente as atividades acompanhadas nos setores

    de projetos, levantamento de dados para elaborao de projetos, tombamento de redes e COD

    Centro de Operao da Distribuio.

    O Captulo 3 traz um estudo terico sobre a manuteno em Linha Viva, dando um

    enfoque maior nos aspectos referentes segurana no trabalho.

    Por fim, so feitas as consideraes finais, onde so apontadas algumas sugestes para

    o curso de Engenharia Eltrica e tambm para a empresa onde foi realizado o estgio.

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    1. ELETRIFICAO RURAL1.1.Breve Histrico da Eletrificao Rural no Brasil

    Desde o incio de sua histria, a eletrificao rural considerada pouco atrativa pelas

    empresas exploradoras do setor eltrico. Segundo Oliveira (2001, p.25), a primeira

    propriedade agrcola a ter energia eltrica foi a fazenda do senhor Joo Nogueira de Carvalho,

    quando em maio de 1923, no municpio de Batatais, So Paulo, ele solicitou a empresa

    responsvel a ligao de energia eltrica para alimentar uma mquina agrcola, tendo que

    arcar com todas as despesas. Seu exemplo foi seguido por vrios outros fazendeiros da regio.

    O conflito entre a eletrificao rural e a urbana tornou-se patente j no incio

    da eletrificao rural no Brasil. Aps a crise de 1929, a concessionria domunicpio de Batatais foi obrigada a elevar a tarifa de energia de seus clientesrurais. Em funo disso, doze consumidores rurais entraram com uma ao

    judicial contra a empresa, com base em uma lei protecionista da zona urbana,de 1909 (JUC, 1998, apud OLIVEIRA, 2001, p.26).

    Este acontecimento colocou em pauta o confronto entre a eletrificao rural ea urbana, evidenciando a baixa atratividade da eletrificao rural para asconcessionrias, devido a uma relao custo-benefcio desfavorvel. Almdisso, incitou a discusso da questo tarifria, demonstrando que aeletrificao rural pode ser inviabilizada se no for instituda nenhuma formade subsdio cruzado entre as diferentes classes de consumidores.(OLIVEIRA, 2001, p.26)

    Aps aproximadamente vinte anos da primeira propriedade rural receber ligao de

    energia eltrica, e motivadas por este cenrio de desinteresse das concessionrias, surgiram as

    primeiras cooperativas de eletrificao rural. Com a ajuda financeira dos governos estaduais e

    municipais, elas foram se disseminando por todo o Brasil.

    Esse sistema se desenvolveu de forma mais acentuada no estado do RioGrande do Sul (por influncia cultural dos imigrantes radicados na regioSul, provenientes da Alemanha e da Itlia, pases com forte tradiocooperativista), onde a grande maioria das cooperativas tinha por objetivo o

    fornecimento de eletricidade a distritos e vilarejos, recebendo energia depequenos aproveitamentos hidreltricos de construo prpria ou depequenos geradores acionados por motores de exploso.

    Em 1947, ainda no Rio Grande do Sul, foram instaladas as primeiras linhasde distribuio rural, como parte integrante do plano de eletrificao rural doestado. No caso do Rio Grande do Sul, o interesse e a sensibilidade dogoverno estadual constituram fatores que, em adio aos componentesculturais, podem explicar o sucesso das iniciativas de eletrificao do meiorural. (OLIVEIRA, 2001, p.27)

    Segundo Oliveira et al (2006) a histria das cooperativas de eletrificao possui duas

    etapas: antes e depois da criao do Estatuto da Terra, promulgado em 30 de novembro de1964, que enfatiza a difuso da eletrificao rural atravs das cooperativas. O mercado rural

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    no era atraente s concessionrias, por isso o Estatuto da Terra, elegeu o cooperativismo

    como forma prioritria para alavancar o processo de eletrificao rural.

    Formada por pioneiros, que se reuniram para viabilizar a eletrificao de suaspropriedades, o crescimento do mercado e a rpida urbanizao acabaram mudando o perfil

    de atuao da maioria dessas cooperativas, tornando-as possuidoras de caractersticas

    semelhantes s concessionrias. A recente reestruturao do setor eltrico previu a

    necessidade de regulamentao dos servios prestados pelas cooperativas visando adequ-las

    s novas orientaes regulatrias e de direito da eletricidade.

    Em 1999, iniciou-se um processo de mbito nacional de regularizao das CERs

    (Cooperativas de Eletrificao Rurais), possibilitando duas formas de enquadramento, onde opapel reservado pode ser: continuar, de certa forma, a serem consideradas como um

    consumidor de energia para uso privativo de seus associados, enquadradas na modalidade de

    Autorizadas ou, para aquelas que atendem a pblico indistinto, atuar regularmente como

    prestadoras de servio pblico de distribuio de energia, sob a forma de Permissionrias.

    A importncia do cooperativismo de eletrificao rural foi destacado pela prpria

    ANEEL quando editou a resoluo n 333/99:

    ...as cooperativas, em sua maioria denominadas de eletrificao rural,desempenharam e continuam a desempenhar papel histrico no processo deinteriorizao dos servios de energia eltrica, cujo o pioneirismo em reasrurais, e at mesmo urbanas, de vrias regies do pas, levou-as a seremcontemporneas ou at precederem algumas concessionrias de servio

    pblico de energia eltrica, assim viabilizando o acesso a esse servio a maisde 500.000 consumidores de todas as classes de consumo.

    Segundo Cardoso, Oliveira e Silva (2013, p. 121), dentre os diversos fatores que

    servem como base para a promoo do desenvolvimento, a eletrificao, principalmente em

    regies com baixo dinamismo produtivo, a fora motriz necessria para impulsionar alocalidade. A eletrificao em uma localidade condio necessria, pois as possibilidades

    para o surgimento do desenvolvimento local ocorrem se a energia eltrica estiver disponvel a

    todos os moradores da comunidade, para que estes possam estimular a produo local. Se este

    servio tornar-se exclusivo do grande empresrio, o crescimento produtivo afeta apenas um

    grupo reduzido, no criando as condies necessrias para o desenvolvimento de uma

    pequena comunidade.

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    1.2.Local de Realizao do Estgio SupervisionadoO estgio supervisionado foi realizado na Cooperativa Regional de Energia e

    Desenvolvimento Iju Ltda - CERILUZ DISTRIBUIO.

    Atualmente existem duas organizaes Jurdicas compondo o Grupo Ceriluz. A

    primeira CERILUZ DISTRIBUIO - que responsvel pelo abastecimento de energia entre

    os associados. A segunda a Cooperativa de Gerao de Energia e Desenvolvimento Social

    Ltda - CERILUZ GERAO - responsvel pela produo de energia eltrica e por atividades

    sociais junto aos associados. No contexto geral, contudo, as duas organizaes, suas direes

    e colaboradores se comportam como sendo uma s e trabalham buscando a melhor energia

    possvel ao seu quadro de associados.

    A cooperativa estabeleceu alguns elementos norteadores de suas aes, entre eles

    destacam-se:

    Negcio

    Gerar e comercializar energia dentro de sua rea de ao, atendendo s necessidades

    dos consumidores das classes Rural, Residencial, Industrial, Comercial e Pblica, focando a

    qualidade exigida para a realizao de suas atividades dirias.

    Misso

    Melhorar a condio de vida do associado, gerando e fornecendo energia de

    qualidade, com eficincia e de forma sustentvel.

    Viso

    Da gerao distribuio, para alm da energia.

    Princpios

    Ao e TransparnCiatica e SEnso de justia

    IntercoopeRao e CompetnciaCidadanIa

    SoLidariedadeUnio

    Zelo

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    1.2.1. Alguns dados sobre a CeriluzA Ceriluz tem sua sede administrativa localizada no municpio de Iju e atende outros

    24 municpios da regio Noroeste do Rio Grande do Sul, conforme lista abaixo. Para garantira segurana e o respeito rea de ao de outras cooperativas e concessionrias, a rea

    perfeitamente demarcada por linhas poligonais identificadas por sistema de

    georreferenciamento. Essas poligonais foram estabelecidas no passado atravs de

    negociaes, envolvendo no s a Ceriluz e demais cooperativas, como tambm as

    concessionrias de distribuio de energia eltrica e a Agncia Nacional de Energia Eltrica

    (ANEEL), que o rgo regulador deste servio.

    DADOS GERAISCERILUZ DISTRIBUIODenominao: CERILUZCooperativa Regional de Energia e Desenvolvimento Iju

    Ltda.CNPJ: 87.656.989/0001-74Inscrio Estadual: 065/0021908Endereo: Rua do Comrcio, 921. Sala A. CEP 98700-000. Bairro Centro. Iju/RS.Fone/Fax: (0xx 55) 3331-9100

    DIRETORIAPresidente: Iloir de PauliVice-presidente: Valmir Elton SeifertSecretrio: Romeu ngelo de Jesus

    DADOS GERAISCERILUZ GERAODenominao: CERILUZ GERAO Cooperativa de Gerao de Energia e

    Desenvolvimento Social Ltda.CNPJ: 08.290.060/0001-06Inscrio Estadual: 065/0123611Endereo: Rua do Comrcio, 921. Sala B. CEP 98700-000. Bairro Centro. Iju/RS.Fone/Fax: (0xx 55) 3331-9100DIRETORIA

    Presidente: Iloir de PauliVice-presidente: Valmir Elton SeifertSecretrio: Romeu ngelo de Jesus

    Municpios atendidos:1. So Valrio do Sul (rural)2. Santo Augusto (rural)3. Inhacor (rural)4. Chiapetta (rural)5. Catupe (rural)6. Nova Ramada (rural e urbano)

    7. Ajuricaba (rural)8. Iju (rural e parte do urbano)9. Bozano (rural e urbano)

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    10. Coronel Barros (rural e urbano)11. Augusto Pestana (rural)12. Jia (rural)13. Boa Vista do Cadeado (rural)

    Municpios atendidos parcialmente:14. So Martinho15. Alegria16. Coronel Bicaco17. Independncia18. Palmeiras das Misses19. Condor20. Giru20. Giru21. Santo ngelo22. Entre Ijus

    23. Cruz Alta24. Eugnio de Castro

    Escritrios de atendimento:A Cooperativa possui quatro escritrios de atendimento:* Iju - prdio da administrao;* Catupe;* Ajuricaba;* Chiapetta.

    Quadro social e funcional:

    Quadro social: O quadro associativo da Ceriluz hoje composto por 14.393

    associados. So associados aqueles que integralizaram cota capital da Cooperativa, sendo ou

    no uma fonte consumidora ativa.

    Quadro funcional: Hoje a Ceriluz Distribuio conta com 117 pessoas em seu quadro

    funcional. Na rea de Gerao de energia trabalham 32 funcionrios.

    Usinas:

    A Ceriluz Gerao possui atualmente quatro usinas:

    * PCH Nilo Bonfanti (Chiapetta);* Usina Jos Barasuol (Iju);* Minicentral Hidreltrica (Iju, junto Jos Barasuol);* Usina RS-155 (Iju)

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    Nmero de subestaes:

    01- SE Iju (propriedade CEEE)02- SE Choro (propriedade Ceriluz)

    03- SE Usina Jos Barasuol (propriedade Ceriluz)04- SE Usina Nilo Bonfanti (propriedade Ceriluz)

    Nmeros gerais:

    Transformadores monofsicos: 3706Transformadores trifsicos:870Postes: 41.217, sendo todos eles de concreto.Comprimento de Rede de Mdia Tenso: 3.010km.

    Comprimento de Rede de Baixa Tenso: 1.232Km.Total de Km de redes MT e BT: 4.242Km.Energia Gerada / ano 2013: 119.416.441 kWhEnergia Distribuda / ano 2013: 100.125.410MWhEnergia Adquirida / ano 2013: 108.794.704 kWh.

    1.2.2. Breve Histrico da CeriluzA Cooperativa Regional de Energia e Desenvolvimento Iju Ltda - CERILUZ

    DISTRIBUIO - surgiu em 20 de agosto de 1966, na poca, com o nome de Cooperativa deEletrificao Rural Ltda., no qual, apenas mais tarde se insere a palavra Iju, em

    reconhecimento ao municpio de origem. Ela surge por iniciativa de 11 agricultores do

    Distrito de Mau, com o compromisso de gerir e executar o projeto de eletrificao de 160

    propriedades rurais das localidades de Alto da Unio, Linha 06 Leste e Mau.

    Devido s dificuldades em obter recursos oficiais junto ao governo, foi apenas no

    incio da dcada de 1970 que foram construdas as primeiras redes de distribuio,

    beneficiando outras comunidades do municpio e no s sugeridas inicialmente, uma vez que

    estas j tinham recebido a eletrificao atravs da iniciativa do Poder Pblico.

    Passadas as dificuldades iniciais, a pequena Cooperativa cresceu. Cada vez mais

    localidades e municpios passaram a solicitar os seus trabalhos e a Ceriluz estendeu suas

    razes, atingindo atualmente o meio rural de treze municpios em sua totalidade e outros onze

    parcialmente, incluindo sedes como nos municpios de Coronel Barros, Nova Ramada,

    Bozano e reas industriais, como acontece no contorno de Iju. Por algum tempo, entre as

    dcadas de 1980 e 1990, a cooperativa expandiu suas atividades implantando lojas de material

    eltrico e eletrodomsticos.

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    Foi tambm na ltima dcada do sculo XX que a cooperativa passou a investir na

    substituio de redes monofsicas por trifsicas e continuou a substituio dos postes de

    madeira por postes de concreto, que hoje compem toda sua estrutura de distribuio. Ainda

    nesse perodo a cooperativa passou a buscar a autossuficincia, objetivo concretizado em

    2005, a partir da construo da Pequena Central Hidreltrica Nilo Bonfanti (1999), no rio

    Buric, em Chiapetta, e da Jos Barasuol (2004), no rio Iju.

    Em 2006, ocorreu a fragmentao da Cooperativa de Eletrificao Rural Iju Ltda.,

    que passou seus ativos da gerao para a Cooperativa de Gerao de Energia e

    Desenvolvimento Social LtdaCERILUZ GERAO, recm criada. A cooperativa voltada

    distribuio recebe oficialmente o nome de Cooperativa Regional de Energia e

    Desenvolvimento Iju Ltda.

    Na histria desta renovada organizao destaca-se a assinatura do Contrato de

    Permissionria de Servios Pblicos junto a ANEEL, ocorrido no dia 26 de maio de 2010, que

    a torna regulada pela mesma agncia. Pelo contrato a Ceriluz passa a gerenciar a

    infraestrutura de distribuio, que passa Unio. O prazo de validade deste contrato de 30

    anos com a possibilidade de renovao por igual perodo pela Cooperativa. A regularizao

    tambm determina a rea de atuao da Ceriluz, o que no permite que concessionriasinvadam seu espao em busca de clientes e ao mesmo tempo impede a Ceriluz de sair de sua

    zona de abrangncia.

    Ceriluz Gerao

    A Cooperativa de Gerao de Energia e Desenvolvimento Social Ltda - CERILUZ

    GERAO - foi criada em 06 de junho de 2006 pelos associados da Ceriluz Distribuio. A

    usina mais antiga da Ceriluz Gerao foi construda no ano de 1999, ainda pela Cooperativa

    de Distribuio, recebendo inclusive o nome do ex-presidente Nilo Bonfanti. Esta PCH est

    situada no Rio Buric, no municpio de Chiapetta e as obras de construo desta usina

    iniciaram em julho de 1998, sendo concludas em agosto de 1999. A PCH Nilo Bonfanti teve

    um investimento aproximado de R$ 1,2 milhes, obtidos mediante financiamentos e possui

    uma capacidade de gerao de 0,68 Megawatts (MW).

    Em fevereiro de 2004 foi inaugurada a Usina Jos Barasuol, localizada no municpio

    de Iju, no leito do rio Iju. A potncia nominal desta usina de 13,5 MW, o que a configuroucomo a maior usina do cooperativismo brasileiro. Os primeiros encaminhamentos e estudos

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    para a construo desta usina comearam em 1998 e as obras em 2002. Os investimentos se

    aproximam dos R$ 25 milhes, custeados pela prpria Cooperativa e por emprstimo obtido

    junto ao Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul- BRDE. No dia 17 de outubro

    de 2007 foi inaugurada a Minicentral Hidreltrica, um novo grupo gerador anexo barragem

    da Usina Jos Barasuol. A Minicentral exigiu um investimento de R$ 2,4 milhes, custeados

    com recursos prprios da Cooperativa. A sua capacidade de gerao de 0,83MW, energia

    limpa e sustentvel uma vez que aproveita a vazo sanitria com este objetivo.

    Em dezembro de 2009 iniciaram as obras de construo da Usina RS-155 (foto). Esta

    usina ter uma capacidade instalada de 6 MW, com um excelente aproveitamento de gua se

    comparada s demais usinas j em funcionamento. O projeto prev um investimento de R$ 40

    milhes, divididos em recursos prprios e financiamentos.

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    2. ATIVIDADES REALIZADAS2.1.Oficina de transformadores

    As primeiras atividades desenvolvidas foram feitas na oficina de manuteno de

    transformadores. Foram realizadas tarefas de montagem de transformadores bifsicos e

    trifsicos.

    Na montagem de um transformador bifsico, pode-se observar sua estrutura

    construtiva. O lado de Alta Tenso (AT) composto por um conjunto de bobinas conectadas

    em srie. Cada bobina tem um nmero exato de espiras de um fio com bitola conforme a

    potncia do transformador. Em uma dessas bobinas so inseridas derivaes no fio que a

    forma. Essas derivaes tm a finalidade de reduzir ou aumentar o nmero de espiras que

    compe o enrolamento primrio, permitindo assim o controle de forma discreta da relao de

    transformao do transformador, ou seja, os chamados TAPs. Quando em operao, o

    enrolamento primrio conectado em uma fase da Mdia Tenso (MT) da rede e o

    aterramento.

    No lado de Baixa Tenso (BT) observou-se que ela constituda por uma bobina

    construda com um fio com bitola tambm definida em funo da potncia do transformador.Nessa bobina inserida uma derivao central que, quando em operao, conectada ao

    aterramento do sistema e ento considerado o neutro do lado de BT. Nas duas extremidades

    desta bobina teremos ento a tenso secundria do transformador bifsico. Como a derivao

    central divide o enrolamento secundrio em duas partes iguais e ela considerada o ponto de

    referncia para a tenso, tem-se nas extremidades do enrolamento o mesmo mdulo de tenso,

    porm defasadas em 180. O que o define como um transformador bifsico 220/440V.

    Outra atividade desenvolvida na oficina de transformadores foi a montagem da parte

    de AT de um transformador trifsico.

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    Figura 2.1Transformador com ncleo sem a parte superior e com os enrolamentos de BT.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    NaFigura 2.1pode-se observar o transformador sem a parte superior do seu ncleo e

    com os enrolamentos de BT em seus respectivos lugares. Nota-se tambm que um dos

    enrolamentos foi reconstrudo, sendo que j se encontrava nesta situao quando foi iniciada

    pelo estagirio a montagem do transformador.

    De forma anloga ao transformador bifsico, cada fase do lado de AT do sistema

    trifsico composto por quatro bobinas conectadas em srie, todas construdas com um

    nmero pr-determinado de espiras. Na Figura 2.2 pode-se observar uma das bobinas que

    compem o lado de AT do transformador.

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    Figura 2.2Bobina que compe o enrolamento de AT do transformador.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Figura 2.3Bobina que compe o enrolamento de AT do transformador com as derivaes.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Conforme pode-se observar na Figura 2.3, em duas bobinas por fase so inseridas

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    derivaes no fio que as compem. Essas derivaes tm a finalidade de reduzir ou aumentar

    o nmero de espiras que compe cada enrolamento primrio, permitindo assim o controle de

    forma discreta da relao de transformao do transformador, ou seja, os chamados TAPs.

    As bobinas so ento colocas na estrutura do transformador de forma a envolver os

    enrolamentos primrios e o ncleo, conforme pode-se observar naFigura 2.4.

    Figura 2.4Transformador com os enrolamentos de AT envolvendo os enrolamentos de BT.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Aps as bobinas dos enrolamentos de AT serem devidamente posicionadas, a parte

    superior do ncleo montada. Essa estrutura composta por lminas de ferro de diversostamanhos que, de forma semelhante a um quebra-cabea, se encaixam sobre as outras partes

    do ncleo e formam o circuito magntico do transformador. NaFigura 2.5pode-se observar

    alguns detalhes dos encaixes das lminas do ncleo.

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    Figura 2.5Detalhe dos encaixes das lminas da parte superior do ncleo do transformador.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Findada a montagem da parte superior do ncleo, so instaladas as estruturas

    mecnicas do transformador, conforme pode-se observar naFigura 2.6.Estas estruturas tem a

    finalidade de manter a forma do transformador estvel.

    Figura 2.6Transformador com as estruturas mecnicas.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

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    Para minimizar o problema da vibrao no transformador e permitir a perfeita isolao

    do sistema, so inseridas entre as bobinas recortes de papel e pequenos pedaos de madeira.

    Quando o transformador imerso em leo isolante, os recortes de papel ficam

    encharcados e aumentam consideravelmente o ndice de isolao entre as bobinas.

    Para mitigar o problema da vibrao, os pedaos de madeira funcionam como calos

    que, quando a parte superior da estrutura mecnica do transformador fixada, pressionam as

    bobinas uma contra as outras. Isto pode ser observado naFigura 2.7.

    Figura 2.7Detalhe do enrolamento com recortes de papel e calos de madeira.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Aps a estrutura mecnica estar devidamente montada, so instaladas as estruturas

    eltricas acessrias. Essas estruturas compreendem:

    - a interligao dos enrolamentos, sendo os do lado de AT no esquema delta e os do

    lado de BT no esquema tringulo;

    - os cabos e terminais dos enrolamentos de AT e BT para conexo com a rede;

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    - os componentes para comutao dos TAPs do transformador.

    Pode-se observar na Figura 2.8 e na Figura 2.9 o transformador montado com suas

    estruturas eltricas acessrias instaladas.

    Figura 2.8Transformador com estruturas eltricas acessrias.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Figura 2.9Transformador com estruturas eltricas acessrias.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

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    Aps a montagem completa do transformador, ele colocado no interior de uma

    grande estufa, conforme pode-se observar naFigura 2.10.

    Figura 2.10Equipamentos no interior da estufa para eliminao de umidade.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Ele permanece nesse local por aproximadamente 24 horas. Este procedimento

    necessrio para que toda a umidade que por ventura fique no interior dos enrolamentos e

    materiais absorventes seja retirada.

    Depois de sair da estufa, o transformador colocado novamente dentro de seu tanque

    e dentro deste inserido leo isolante, ficando o transformador imerso nesse leo.

    Em seguida so colocados os conectores externos ao tanque do transformador e so

    realizados testes operacionais. Estes testes so realizados em uma cabine onde h trs

    transformadores monofsicos que elevam a tenso e permitem a operao do transformador

    reformado, conforme observa-se naFigura 2.11.

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    Figura 2.11Equipamentos para testes dos transformadores reformados.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Como carga, so usadas resistncias em diversas configuraes, permitindo testar o

    transformador em diversos nveis de capacidade operacional. Esse processo controlado e

    observado seus resultados em um painel, que pode ser visto naFigura 2.12.

    Figura 2.12Painel de controle do equipamento de teste dos transformadores reformados.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

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    Durante a realizao do estgio, foi possvel acompanhar diversas situaes em que

    foram realizadas atividades na rede primria, com as mais variadas finalidades, estando a rede

    energizada.

    Uma delas consistiu na substituio de cruzetas de sustentao da rede primria tipo

    D (verFigura 2.14)pelas de tipo T (verFigura 2.15).

    Figura 2.14Estrutura de sustentao de rede primriaCruzeta tipo D.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

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    Figura 2.15Estrutura de sustentao de rede primriaCruzeta tipo T.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Essa substituio tem a finalidade de evitar curto-circuito fase-fase. Essa falta ocorredevido ao grande nmero de aves que se assentam sobre os cabos da rede primria. Como o

    vo entre dois postes consecutivos muito grande e na estrutura de cruzeta tipo D dois

    cabos ficam posicionados um sobre o outro, ao pousarem sobre o cabo superior, as aves

    projetam este cabo sobre o inferior, ocasionando o curto-circuito fase-fase.

    Todo o processo de manuteno deve ser metodicamente realizado para evitar

    acidentes. Antes de chegar ao local, necessrio bloquear o religador que protege o

    alimentador da rede a ser reparada. Esse bloqueio consiste em no permitir o religamento da

    rede se por ventura ocorrer um defeito. Chegando ao local, inicialmente o tcnico que ir

    realizar a operao deve vestir os Equipamentos de Proteo Individual (EPI) com classe de

    isolao compatvel ao nvel de tenso da rede a ser reparada. Na Figura 2.16 pode-se

    observar o tcnico com as mangas de proteo e as luvas, ambas com classe de isolao para

    25 kV.

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    Figura 2.16Tcnico usando luvas e mangas de proteo com classe de isolao 25kV.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Ainda nos procedimentos iniciais, o veculo deve ser devidamente aterrado conforme

    observa-se naFigura 2.17.

    Figura 2.17Sistema de aterramento do veculo para manuteno em Linha Viva.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

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    Aps realizados os procedimentos iniciais, o tcnico manobra o cesto at alcanar a

    rede primria a ser reparada. O primeiro passo que deve ser realizado a instalao de um

    dispositivo de alarme que emite um sinal sonoro caso a rede no esteja energizada (verFigura

    2.18).

    Figura 2.18Dispositivo de alarme de falta de energia na rede primria.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Em seguida so instaladas coberturas isolantes sobre os cabos e estruturas que contm

    partes energizadas, conforme pode-se verificar naFigura 2.19.

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    Figura 2.19Coberturas de isolao dos cabos e estruturas da rede primria.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Aps instaladas todas as coberturas isolantes, os cabos so liberados da estrutura desustentao. Conforme as condies do local, os cabos ao serem retirados podem ficar

    simplesmente soltos ao lado do poste (Figura 2.20), sustentados por uma corda ao lado do

    poste (Figura 2.21)ou, em casos mais complexos, pode ser montada uma estrutura provisria

    acima da estrutura permanente (Figura 2.22).

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    Figura 2.20Situao em que os cabos ficaram soltos ao lado do poste.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Figura 2.21Corda para sustentao dos cabos da rede primria.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

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    Figura 2.22Estrutura temporria para sustentao dos cabos da rede primria.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Alm da substituio de cruzetas, a equipe de manuteno em Linha Viva tambm

    auxiliou a equipe de construo de redes. Essa atividade constituiu-se no prolongamento de

    uma rede primria trifsica no municpio de Bozano, onde estava sendo construda uma rede

    de distribuio em uma rua nova da cidade.

    2.3.Construo de RedesNas atividades da equipe de construo de redes, houve a oportunidade de acompanhar

    a implantao de um trecho de rede de distribuio de aproximadamente 415 metros em uma

    nova rua no municpio de Bozano RS.

    Nessa obra foram instalados onze postes, com suas respectivas estruturas de

    sustentao da rede de distribuio, e substitudas oito estruturas de sustentao da rede

    primria j existentes.

    A primeira etapa da obra foi instalar um novo poste tipo cnico de 1000 daN e 12

    metros, conforme observado naFigura 2.23.

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    Figura 2.23Instalao de poste com estruturas primrias de derivao.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Neste poste foram instaladas estruturas de derivao da rede primria dos tipos N3-N3e U3. A estrutura de derivao N3-N3 destinada a alimentar a rede de distribuio que foi

    construda. J a U3 destinada a fornecer energia para uma rede primria monofsica j

    existente poca da construo. No foram instaladas estruturas do tipo estai ncora. Para

    garantir a segurana da estrutura, a base do poste foi concretada.

    Em uma segunda etapa, a equipe de manuteno em Linha Viva procedia a

    substituio das estruturas de sustentao da rede primria existente. Foram substitudas as

    estruturas B1 e U1 existentes por estruturas M1, como pode-se observar na Figura 2.24,na

    Figura 2.25 e naFigura 2.26.

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    Figura 2.24Postes existentes com estruturas primrias a serem retidas.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Figura 2.25Postes existentes com estruturas primrias a serem retidas.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

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    Figura 2.26Postes existentes com nova estrutura primria instalada.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Ao mesmo tempo em que a equipe de manuteno em Linha Viva substitua asestruturas primrias existentes, a equipe de construo de redes instalava os novos postes e

    demais estruturas da rede de distribuio.

    A rede primria foi instalada at o quinto poste aps a derivao.

    O primeiro aps a derivao um poste tipo cnico de 400 daN e 11 metros, sendo

    nele instalada a estrutura primria tipo M1. Os trs postes seguintes so do tipo duplo T de

    300 daN e 11 metros, tambm com estruturas primrias tipo M1. NaFigura 2.27 tm-se umaviso geral desses primeiros elementos.

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    Figura 2.27Postes instalados do novo trecho da rede distribuio.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    O quinto poste do tipo cnico de 600 daN e 12 metros. Nele foi instalada estruturaprimria tipo N3. Foram instalados tambm um transformador de 45 kVA e todas as demais

    estruturas necessrias, como chaves fusvel tipo 2H, para-raios e sistema de aterramento.

    Os quatro postes seguintes so do tipo duplo T de 200 daN e 9 metros, conforme

    observa-se naFigura 2.28.

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    Figura 2.28Rede de distribuio finalizada.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    O ltimo poste da rede um do tipo cnico de 400 daN e 9 metros. Neste foi instalada

    estrutura tipo estai, visando a estabilidade do mesmo, conforme observa-se naFigura 2.29.

    Figura 2.29Poste final da nova rede de distribuio com estrutura de estai.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

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    Em todos os postes, aps a derivao da rede primria, foi instalada a rede secundria

    compacta trifsica. Esta composta por cabo multiplex do tipo 3#50(50)XLPE, o que

    significa dizer que o mesmo formado por trs cabos de alumnio seo 50 mm, com

    isolao em XLPE, com as fases identificadas por cores distintas, e um cabo de alumnio

    seo 50 mm sem isolao, para o condutor neutro. Tambm foram instaladas estruturas de

    sustentao secundria do tipo AS 11.

    2.4.Levantamento de dados para elaborao de projetosO levantamento de dados para elaborao de projetos a primeira etapa aps alguma

    demanda de consumidor ou outro tipo de servio a ser executado. Consiste na visita ao local

    onde solicitado o servio e busca de informaes acerca das necessidades para suaexecuo. So coletados dados de georreferenciamento atravs de sistema GPS, levantamento

    da estrutura j existente e, quando necessrio, anlise do local para sugesto de formas para

    execuo da obra.

    2.5.Setor de projetosNo setor de projetos feito o tratamento dos dados levantados anteriormente em vista

    da melhor forma de execuo dos servios solicitados. ento elaborado um projetoexecutivo, discriminando os servios a serem realizados e os materiais a serem empregados.

    Aps feito um oramento onde so informados os valores de responsabilidade da Ceriluz e,

    se for o caso, do consumidor.

    Quando a obra for de interesse do consumir, gerada uma correspondncia para este,

    informando os valores de responsabilidade de cada envolvido na obra. Se ele mantiver o

    interesse na obra, deve informar a cooperativa e, se for o caso, pagar sua cota de

    responsabilidade, para ento comear a contar o prazo para execuo.

    Caso a obra seja de interesse da prpria Ceriluz, ela deve ser aprovada pelo setor

    administrativo competente.

    2.6.Tombamento da rede aps execuo da obraUma vez finalizada a obra que promoveu uma alterao significativa na rede de

    distribuio, como, por exemplo, a substituio ou deslocamento de um poste, um tcnico

    encarregado de fazer a conferncia do servio realizado. Ele verifica se o procedimento foi

    realizado de acordo com o projeto e se os materiais inicialmente orados foram empregados.

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    So feitos os apontamentos de quaisquer alteraes em relao ao projeto inicial. Tambm so

    coletados dados do sistema GPS dos postes e equipamentos instalados ou alterados.

    2.7.Setor de Medio

    O setor de medio o responsvel pela execuo de todos os servios que envolvem

    a conexo final com o consumidor. Neste expediente esto includos:

    - fiscalizao das entradas de energia dos consumidores;

    - instalao dos ramais de ligao e medidores no ponto de entrega, conforme a classe

    de consumo;

    - instalao dos equipamentos acessrios de medio nos sistema de medio indireta;

    - anlise e parecer sobre as novas entradas de energia solicitadas;

    - fiscalizao das unidades consumidoras sobre possveis fraudes;

    - entre outras.

    2.8.CODCentro de Operao da DistribuioNeste setor so tomadas as decises mais imediatas sobre a operao do sistema de

    distribuio. Tambm ali ocorre a comunicao entre a central de operaes da Ceriluz e as

    equipes que esto em atividade fora da sede da cooperativa. essa equipe que coordena a

    execuo das atividades das equipes de manuteno.

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    3. MANUTENO EM LINHA VIVA3.1.Introduo

    O Sistema Eltrico de Potncia sob responsabilidade das empresas transmissoras e

    distribuidoras de energia eltrica tem na sua atividade de manuteno um fator crtico de

    sucesso para seu bom desempenho.

    A adoo da regulamentao por parte da ANEEL Agncia Nacional de Energia

    Eltrica da parcela varivel, onde as empresas tero seu faturamento afetado diretamente pela

    continuidade dos servios de eletricidade tambm impactar na sobrevivncia das empresas.

    O velho paradigma: se no houver falta de energia, no haver multa, preconizado pelas

    empresas do setor eltrico, deixa de existir, pois as empresas sero penalizadas pela

    indisponibilidade de seus ativos (equipamentos), mesmo que o consumidor no seja afetado,

    isto , mesmo que no haja falta de energia, as empresas devero disponibilizar totalmente

    seus equipamentos e sistemas, conforme acordado em contrato com a ANEEL, e segundo

    Normas e Protocolos de Operao do ONS Operador Nacional do Sistema Eltrico

    Brasileiro.

    No novo modelo do setor eltrico brasileiro, nota-se, pela ao dos rgosreguladores e fiscalizadores, uma grande preocupao na elaborao deinstrumentos e/ou procedimentos que busquem garantir qualidade aosservios prestados pelos vrios segmentos do setor, tendo como resultado a

    plena satisfao dos clientes finais e ainda, que esta viso se realimentedentro de um processo de contnua otimizao. evidente que se trata deuma viso e um direcionamento, dos quais as empresas inseridas e

    participantes do processo compartilham, esto comprometidas e so partesatuantes nesse processo. Entretanto, nota-se que cresce dentro dessas mesmasempresas, ainda que incipiente, mas com caractersticas fortes e ligadas pelassemelhanas, uma incerteza quanto correta valorao dos parmetros quedeterminaro os contornos da relao entre empresas/rgosreguladores/rgos fiscalizadores. Este parmetro vem trazendo apreenso,

    ainda que no plenamente definidos, considerando-se que medida queevoluem os estudos e so feitas simulaes, tomando-se por base realidadedas empresas, mostra-se um caminho correto nos objetivos, mas evidenciamtambm a necessidade de um maior detalhamento quanto forma de atuaoe de procedimentos entre diferentes instalaes, em especial, os cabos e aslinhas de transmisso. (PASTORELLO JUNIOR, 2001)

    O planejamento eficaz da manuteno deve representar a globalidade deaes que permitam manter ou restabelecer um bem ao estado original ouainda intermedirio, de forma a garantir a continuidade do processo

    produtivo. Devemos sempre ter em mente que a manuteno tem comofuno principal evitar ou minimizar as restries operativas dosequipamentos, aumentando assim a disponibilidade e a confiabilidade.

    Define-se como confiabilidade, a capacidade de um item ou uma mquinadesempenhar uma funo requerida sob condies especificas, durante umdeterminado perodo de tempo ou de ainda estar em condies de trabalho

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    aps um determinado perodo de funcionamento. (SERMARINI, 2001).

    3.2.Histrico

    O trabalho em Linha Viva teve sua origem com a utilizao de varas de manobra paraligar e desligar chaves fusveis. Apesar de este sistema ter sido o primeiro passo, muitos anos

    se passaram para se desenvolver a ideia de usar bastes isolantes para fazer outras operaes

    alm de abertura e fechamento de crculos energizados. Antes, essas operaes eram feitas

    usando-se basto de madeira.

    Maciel, 2008, pondera que apesar de se considerar a manuteno e construo em

    Linha Viva, como tcnica moderna, a verdade que as primeiras ferramentas para este tipo de

    trabalho datam de 1913, tendo sido fabricadas em Wapakoneta, Ohio - U. S.A.

    O prprio Maciel, 2008, faz um pequeno relato cronolgico da evoluo da

    manuteno em linha viva:

    Em 1916, um dispositivo conhecido atualmente como Grampo de Linha

    Viva foi desenvolvido em Atlanta, Gergia USA. A instalao destedispositivo exigira o uso de um basto isolado, denominado basto paraGrampo de Linha Viva, hoje comumente conhecido como Basto Manobraou basto pega-tudo.

    A fabricao em escala industrial do Grampo de Linha Viva iniciou-se em1918, em Taylorville, Illinois/E.U.A., pela empresa Tips Tool Company, econsequentemente a produo de Basto Isolado para sua instalao. Com osucesso deste trabalho, foram desenvolvidos outros tipos de basto, que

    possibilitaram a execuo de inmeros outros servios.

    Poucos anos depois, lanaram-se no mercado ferramentas isoladas emmadeira, com peas metlicas, tais como: bastes garra para suporte decondutores e sela suporte para os bastes, culminando com o aparecimentodos bastes universais, em cujo cabeote podiam ser adaptadas ferramentas

    para os mais diversos fins, como mostram as figuras 3.1, 3.2 e 3.3, abaixo:

    Figura 3.1Destalhe do Basto GarraFonte: MACIEL, 2008

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    Figura 3.2Detalhe do Basto Olhal

    Fonte: MACIEL, 2008

    Figura 3.3Detalhe do Cabeote Universal

    Fonte: MACIEL, 2008

    Em 1937, a A.B. Chance company adquiriu a Tips Tool Company e instalousua fabrica em Centralia, MissouriE.U.A.

    Atravs do seu departamento de engenharia, a A.B. Chance iniciou umintenso programa de estudos e ensaios, visando o desenvolvimento dasferramentas at ento existentes, quando se deparou com dois obstculos:

    A parte isolante dos bastes era fabricada em madeira, com um

    recobrimento impermevel, o qual facilmente se danificava, permitindo apenetrao de umidade, com a consequente perda de seu isolamento.

    As peas metlicas fabricadas com metais pesados eram de difcil manuseioe causavam uma fadiga excessiva nos eletricistas, pondo em risco a qualidadedo trabalho, bem como sua segurana.

    Durante a 2. Guerra Mundial, houve uma considervel expanso na

    produo de ligas no ferrosas, intensamente utilizadas na fabricao deavies, as quais, dado a sua alta resistncia mecnica, aliada ao seu pesomnimo, provaram ser a matria prima ideal para a fabricao de Ferramentasde Linha Viva.

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    Tendo como base destes avanos tecnolgicos, a AB Chance desenvolveuuma liga especial de alumnio, a qual veio sanar por completo o problema de

    peso, entretanto, ainda persistia a deficincia de isolamento dos bastes demadeira. Registra-se mesmo assim, que algumas equipes de Linha Vivachegaram, em 1957, a executar servios em linhas de transmisso de 500kV,

    com os bastes de madeira de fabricao CHANCE.

    Em detalhe, abaixo mostrado na figura 3.4, aparece um basto isolante demadeira, partido ao meio. As reentrncias ao longo do basto de madeira tema finalidade de reduzir a corrente de fuga, atravs do aumento da distncia deescoamento.

    Figura 3.4Detalhe construtivo do basto de madeira partido ao meio

    Fonte: MACIEL, 2008

    Em 1959, aps anos de ininterruptos trabalhos de pesquisas e ensaios delaboratrio, a AB. CHANCE desenvolveu um tubo constitudo de milhares de

    fibras de vidro, impregnadas de resina epxi, dispostas em tomo de umncleo de espuma de poliuretano, denominado EPOXYGLASS, de altssimaresistncia mecnica e excelentes qualidades dieltricas. Estedesenvolvimento foi o passo decisivo para uma espantosa evoluo nasFerramentas de Linha Viva, cuja qualidade pode ser comprovada pelatotalidade de companhias de eletricidade que as utilizam atualmente, em todomundo.

    3.3.Aspectos construtivos dos equipamentos de linha vivaA grande necessidade de evitar os indesejveis desligamentos das redes eltricas, para

    a execuo dos servios de manuteno, exigiu o desenvolvimento de tcnicas prticas e

    seguras, que possibilitem o fornecimento ininterrupto de energia, sem causar prejuzos s

    empresas de gerao, transmisso e distribuio de energia, prejuzos no s financeiros, mas

    tambm da imagem destas empresas perante seus consumidores.

    As ferramentas de Linha Viva so constitudas, basicamente, de bastes de epoxiglas e

    peas metlicas em ligas de alumnio e bronze-alumnio.

    Dada natureza de sua aplicao, onde normas de segurana esto implicitamente

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    contidas nas prprias normas de trabalho, estas ferramentas so fabricadas sob rigoroso

    controle de qualidade, desde a seleo das matrias primas at aos testes finais na recepo.

    Segundo a NBR 11854, as peas isolantes devem apresentar cor e acabamentouniformes, e superfcies isentas de ranhuras, rebarbas, empenamentos e bolhas, dando especial

    ateno as junes entre o basto e as partes metlicas, bem como as condies de

    acoplamento.

    De acordo com Deming (1982) citado por Maciel (2008), a rastreabilidade

    fundamental para a garantia de qualquer processo de qualidade, da a necessidade de cada

    basto ter estampado, de forma legvel e indelvel, o nome e a marca do fabricante, ms/ano

    de fabricao e a capacidade nominal de trabalho, quando submetido a esforo de trao.

    3.3.1. Bastes isolantesOs bastes isolantes devem ser testados de acordo com as mais variadas normas

    internacionais.

    As peas em alumnio so submetidas a tratamento trmico, sob um estrito controle de

    temperatura, a fim de preservar ao mximo as propriedades fsicas do material bsico

    empregado.

    Nenhum novo tipo de ferramenta deve ser posto em uso, sem antes haver passado por

    um perodo de provas, efetuadas por pessoal especializado, para garantir as suas qualidades

    construtivas, resistncia mecnica e versatilidade.

    Todo o processo de fabricao e testes visa garantir as suas caractersticas essenciais,

    que so construdas de trs requisitos principais:

    01 - Excelentes qualidades dieltricas

    02 - Resistncia mecnica mxima

    03 - Peso mnimo

    Como a distncia de segurana e o isolamento so de fundamental importncia nas

    operaes de instalao e retirada dos conjuntos de aterramento e curto-circuitamento

    temporrios nas instalaes eltricas, os bastes e varas de manobra so fabricados com tubosde fibra de vidro impregnada com resina epxi, cujo processo de fabricao garante altssima

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    resistncia mecnica e excelente rigidez dieltrica.

    3.3.2. Vara de manobra seccionvelPara facilitar o seu manuseio, acondicionamento e transporte, as varas de manobra so

    constitudas de elementos padronizados, seccionveis e intercambiveis, acoplveis atravs de

    encaixe com travamento por pino de engate rpido.

    A vara de manobra seccionvel garante a distncia de segurana e o isolamento

    necessrios nas intervenes em instalaes eltricas, sendo, portanto uma ferramenta e um

    equipamento de segurana dos mais usados neste setor.

    fornecido normalmente com cabeote suporte universal de bronze silcio, que almde ser adequado ao uso de ferramentas para abertura de chaves corta circuito em carga,

    permite o acoplamento de cabeotes de manobra e uma srie de ferramentas universais,

    especialmente desenvolvidas para executar as mais diversas operaes, tais como:

    Manobra de chave faca;

    Manobra de chave fusvel;

    Retirada e colocao de cartucho porta fusvel;

    Operao de detector de tenso;

    Instalao e retirada de conjunto de aterramento temporrio e grampo de linha viva;

    3.3.3. Bastes de manobraOs bastes de manobra, tambm conhecidos como "pega tudo", foram originalmente

    projetados para operaes de grampos de linha viva e grampos de aterramento, porm face sua versatilidade eles possuem hoje mltiplas aplicaes, principalmente nas manutenes de

    instalaes eltricas energizadas.

    3.3.4. Basto de salvamentoIdealizado para resgates em acidentes eltricos, o basto de salvamento dotado de

    ganchos anatomicamente projetados, garante a distncia de segurana e o isolamento

    necessrio, fazendo com que intervenes de emergncia e em condies adversas, sejamexecutadas de forma prtica, rpida e segura.

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    3.4.Mtodos de trabalho com linha energizadaOs inmeros servios a serem executados nas diversas classes de tenso e sistemas,

    como linhas de transmisso, subestaes e redes de distribuio area, promovem odesenvolvimento de ferramentas, bem como mtodos diferenciados e especficos a cada

    situao, em funo do tipo e local das tarefas a serem executadas e at mesmo o critrio

    pessoal definido por cada concessionria.

    O sistema eltrico dispe hoje de trs mtodos de trabalho em Linha Viva, os quais

    podero ser aplicados em diversas classes de tenso, desde que as equipes de eletricistas

    estejam devidamente treinadas e disponham das ferramentas e dos equipamentos de proteo

    individual (EPI) e coletiva (EPC) adequados.

    3.4.1. Trabalho distnciaNeste que foi o primeiro mtodo desenvolvido, o eletricista executa as operaes com

    o auxlio de ferramentas montadas na extremidade dos bastes isolantes. Com este mtodo

    possvel trabalhar em todas as classes de tenso.

    Em tenses at 69kV; onde as distncias entre fases so menores, os condutores so

    afastados de sua posio normal por meio de bastes suportes, moites, etc.

    Todo conjunto de equipamento projetado para facilitar os movimentos dos

    eletricistas, no alto dos postes ou estruturas, com total segurana, tanto na manobra das

    articulaes para afastamento dos condutores, bem como nas manipulaes das cadeias de

    isoladores.

    Neste mtodo o eletricista deve observar rigorosamente a distncia de trabalho, ou

    seja, a sua distncia com o condutor energizado. No item 3.8.2 ser tratada a questo dadistncia de segurana conforme prev a NR-10.

    3.4.2. Trabalho ao contatoEste mtodo consiste em proteger o eletricista com luvas e mangas isolantes, sendo

    que com o auxlio de uma plataforma, andaime ou veculo equipado com cesta area, ele

    executa os servios diretamente com as mos.

    Toda zona de trabalho tambm protegida com coberturas isolantes apropriadas

    medida que decorrem as tarefas, vai-se descobrindo o espao estritamente necessrio

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    operao em causa, tais como executar uma derivao, substituir um isolador, efetuar uma

    emenda, etc. Desta forma anula-se a possibilidade do eletricista poder fechar dois pontos de

    potenciais diferentes, ou que os elementos de trabalho (fios, chaves, ferramentas), possam

    causar um curto-circuito.

    Os Lenis isolantes de borracha so equipamentos empregados como cobertura das

    partes energizadas das instalaes, sempre que as luvas ou mangas isolantes no forem

    capazes de oferecerem proteo suficiente para garantir a integridade fsica do trabalhador. Os

    lenis isolantes podem ser encontrados no mercado tanto para o emprego em alta como em

    baixa tenso.

    Devem ser observadas para os lenis isolantes as mesmas recomendaes relativas inspeo, uso, guarda e conservao adotadas para as luvas de borracha, bem como submet-

    lo periodicamente a testes de rigidez dieltrica.

    Os Mangotes isolantes de borracha so empregados como isolamento de condutores

    eltricos devendo ser observadas as mesmas recomendaes relativas aos lenis isolantes.

    Este mtodo utilizado somente para linhas de distribuio e subestao com tenso

    at 34,5 kV.

    3.4.3. Trabalho ao potencial (Barehand)Este mtodo tem por finalidade permitir maiores recursos na manuteno,

    principalmente em linhas de extra-alta tenso, acima de 345 kV, onde as distncias de

    trabalho so superiores a 3 metros, bem como subestao a partir de 69 kV.

    O trabalho ao potencial baseia-se no princpio da Gaiola de Faraday e consiste no

    contato direto do eletricista com condutor energizado, em tenses de at 800 kV.

    Para se proteger contra os efeitos do campo eltrico da instalao, o eletricista usa uma

    vestimenta condutiva, fabricada em tecido especial, que veste todo o seu corpo, deixando

    apenas parte da face descoberta.

    Quando prximo do condutor energizado, o eletricista conecta esta vestimenta ao

    condutor, quando ento estar no mesmo potencial da linha energizada. Antes da utilizao da

    escada, cadeira isolada, andaime ou cesta area, que permitem o acesso ao potencial, efetuam-se testes eltricos nas mesmas, para assegurar-se de que seu isolamento est dentro dos limites

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    de segurana.

    Estes testes so efetuados no campo, antes do eletricista ter acesso ao equipamento,

    utilizando-se a prpria linha como fonte de tenso, onde se faz um contato efetivo daextremidade superior do equipamento de acesso potencial. Um microampermetro instalado

    entre a extremidade inferior do equipamento e o ponto de terra, para a medio da corrente de

    fuga, que dever permanecer dentro dos limites estabelecidos por norma.

    NaFigura 3.5 v-se um eletricista trajando uma roupa condutiva, trabalhando em uma

    estrutura de uma linha de transmisso. Note-se que o eletricista est sendo suportado por uma

    escada isolante que lhe confere a distncia de segurana necessria para execuo de sua

    tarefa.

    Figura 3.5Eletricista trabalhando ao potencial, em linha energizada.

    Fonte: MACIEL, 2008

    3.5.Transporte dos equipamentos isolantesConforme estabelece a NBR 11854, item 4.5, o acondicionamento dos bastes deve

    ser realizado de modo a garantir o transporte seguro, protegendo-os de qualquer dano at seu

    destino.

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    3.6.Ensaios e testes de isolamento eltricoTodos os equipamentos de proteo individual, coletiva e ferramentas isoladas (luvas,

    mangas, mangotes isolantes, bastes de manobras, chaves isoladas, entre outras) devem sersubmetidos a ensaios eltricos que analisam as propriedades de isolao eltrica, visando

    proteger os profissionais que atuam no Sistema Eltrico de Potencia - SEP

    Os equipamentos e ferramentas destinados ao trabalho em redes energizadas so

    submetidos periodicamente a testes eltricos ou ensaios em laboratrios devidamente aptos,

    obedecendo s especificaes do fabricante e na ausncia dessas, anualmente.

    A periodicidade recomendada de ensaios de no mximo seis meses para luvas

    isolantes em uso e o primeiro gomo das varas de manobras convencionais e telescpicas em

    uso, podendo ser reduzida dependendo das caractersticas de trabalho, tipo de utilizao ou

    outro motivo que possa implicar em deteriorao anormal.

    As luvas isolantes novas devem ser sempre ensaiadas antes de colocada em uso e os

    valores da corrente de fuga registrados como dados iniciais importantes para futuras

    avaliaes.

    Para os demais ferramentais e equipamentos de linha viva a periodicidade de ensaios

    recomendada de no mximo um ano.

    Alm disso, os profissionais que atuam no SEP devem, antes de iniciar a sua atividade,

    verificar visualmente o estado de conservao do isolamento eltrico dos equipamentos,

    ferramentas e dispositivos e tambm se os testes esto dentro do prazo de validade.

    3.7.Segurana do trabalho na manuteno em Linha VivaDevido natureza da eletricidade e os possveis efeitos do choque eltrico,

    equipamentos de segurana apropriados devem ser usados todas as vezes que os trabalhadores

    so expostos a uma das trs possibilidades de riscos eltricos, isto : choque eltrico,

    queimaduras ou exploso.

    A imposio de limites para execuo de tarefas de riscos e a adoo de metodologias

    eficazes de planejamento e programao executiva garantem maior controle e segurana aos

    eletricistas que trabalham com linha energizada.

    O fiel cumprimento das normas e procedimentos tcnicos, tanto na preparao como

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    na execuo das tarefas, vem trazer plena eficcia do processo. A interao com outras

    disciplinas como a ergonomia e a psicologia reforam sua importncia na segurana do

    trabalho, pois em ltima anlise, todas estas normas e procedimentos sero implementadas e

    executadas atravs do homem de manutenoo eletricista.

    A questo dos acidentes de trabalho quer seja de natureza eltrica, quer seja

    relacionado com trabalhos em altura, nas torres das linhas de transmisso de alta tenso,

    tambm impacta diretamente no desempenho das empresas, afetando fortemente o moral das

    equipes de manuteno. Portanto, fundamental que a segurana do eletricista de manuteno

    seja uma permanente preocupao das empresas do Setor Eltrico. Devem, portanto, estar

    focadas na continuidade e disponibilidade do Sistema Eltrico, bem como na questo dos

    acidentes de trabalho, relacionados com a manuteno deste mesmo sistema. Observa-se

    assim, a intensificao das atividades de manuteno com tcnica de interveno energizada,

    pois, deste modo, o Sistema Eltrico no sofrer indisponibilidade.

    Por outro lado, a garantia da segurana do trabalhador no exerccio das atividades de

    manuteno com tcnica de interveno energizada, as quais ganharo maior nfase por parte

    das empresas, tem que ser preservada. Da resulta numa maior ateno aos procedimentos de

    trabalho, incluindo as fases de planejamento, programao e execuo propriamente dita.

    O controle de qualidade dos equipamentos e ferramentas isolantes, utilizados na

    manuteno de linhas de alta tenso energizadas, so fundamentais para a segurana dos

    trabalhadores envolvidos no processo produtivo. Caso este controle dos equipamentos

    isolantes no seja adequado, acidentes podem ocorrer.

    Os acidentes vm deixando de ser encarados como desgnio do destino ou

    simplesmente falta de sorte do trabalhador. A prpria sociedade organiza-se no sentido de

    cobrar mais responsabilidades tanto dos empregadores, como tambm dos empregados,

    atravs da atualizao de sua legislao, a exemplo da Norma Regulamentadora NR-10, a

    qual trata da Segurana em Instalaes e Servios em Eletricidade.

    A NR-10 veio preencher uma lacuna no que tange aos critrios, exigncias,

    recomendaes de segurana e responsabilidades para quem trabalha com servios de

    eletricidade.

    Os rgos fiscalizadores do MTE - Ministrio do Trabalho e Emprego, por sua vez,

    desempenharo importante papel para que esta norma regulamentadora seja ampla e

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    efetivamente aplicada pelos empregadores e empregados do Setor Eltrico.

    3.7.1. Planejamento das intervenesAinda comum nos dias de hoje a violao de procedimentos de segurana em nome

    da produo, que por sua vez invariavelmente se refletem em custos humanos significativos,

    quer atravs de leses, doenas e mortes.

    A violao de procedimentos de segurana deve ser considerada como uma falta

    grave. O planejamento de trabalho uma das principais atividades para a identificao e o

    controle de riscos, no se admitindo, portanto, realizao de intervenes em linhas de

    transmisso sem o uso de um planejamento executivo, por mais simples que a atividade de

    manuteno possa parecer, pois os riscos so considerveis e as consequncias irremediveis.

    Todo planejamento executivo deve se basear em pressupostos tcnico-normativos, a

    fim de que possa garantir a execuo segura das intervenes, bem como a qualidade final dos

    servios executados, e com a constante avaliao dos riscos envolvidos.

    3.8.Exigncias da Norma Regulamentadora NR 10

    3.8.1. A questo do isolamento eltricoO foco da norma NR10 SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM

    ELETRICIDADE voltado estritamente para a segurana dos trabalhadores. As atividades

    desenvolvidas devem ser executadas da forma mais segura possvel a fim de preservar a

    integridade fsica do homem. Alguns riscos, entretanto, so inerentes s prprias

    caractersticas do trabalho.

    Em seu item 10.4.3.1, a NR-10 retrata: os equipamentos, dispositivos e ferramentas

    que possuem isolamento eltrico devem estar adequados s tenses envolvidas, e serem

    inspecionados e testados de acordo com as regulamentaes existentes ou recomendaes dos

    fabricantes.

    Pode-se entender que o uso de equipamentos, dispositivos e ferramentas contendo

    materiais isolantes, funcionais ou de proteo, devem ter esse isolamento eltrico compatvel

    com a tenso eltrica e condies de operao, de forma a preservar a segurana e a sade dos

    usurios. Tal material isolante eltrico deve ser inspecionado e testado, em conformidade eatendimento s regulamentaes vigentes, quando houver, s recomendaes dos fabricantes

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    ou na ausncia, aos procedimentos das empreiteiras terceirizadas.

    Igualmente em seu item 10.7.8, a NR-10 estabelece:

    Os equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes, ou equipados commateriais isolantes, destinados ao trabalho em alta tenso, devem sersubmetidos a testes eltricos ou ensaios de laboratrio peridicos,obedecendo s especificaes do fabricante, os procedimentos da empresa ena ausncia desses, anualmente.

    Neste caso, a inteno do legislador determinar que os equipamentos, ferramentas e

    dispositivos dotados de material isolante de uso nos servios em alta tenso, tais como:

    mantas, calhas e lenis isolantes, bastes e varas isolantes de manobras, protetores de

    isoladores e chaves, cestos areos, escadas, luvas, mangas, perneiras, ferramentas manuais

    isoladas etc., devem ser submetidas a ensaios ou testes dieltricos, em conformidade e

    atendimento s regulamentaes, quando houver, ou s especificaes e recomendaes dos

    fabricantes, destinados verificao da manuteno das suas caractersticas dieltricas de

    isolamento, que deve ser compatvel com a tenso eltrica da instalao objeto do servio.

    No havendo regulamentao ou recomendaes especificando a periodicidade de

    realizao de testes e ensaios dieltricos, estes devem ser anuais e os resultados, iniciais e

    peridicos, organizados e mantidos no pronturio das instalaes eltricas.

    O aspecto pertinente periodicidade no est estabelecido em nenhuma normatizao

    oficial. Fato este que corroborado pela NR-10 , quando no item 10.7.8, acima descrito, ela

    estabelece o limite mnimo de tempo para a realizao do ensaio de rigidez dieltrica:

    anualmente.

    3.8.2. A questo da distncia de seguranaA utilizao dos bastes isolantes estabelecida segundo critrios de segurana

    rgidos, dentre eles o a observncia e total respeito s distncias de segurana, de acordo com

    os diversos nveis e tenso.

    A NR-10, em seu item 10.7 TRABALHOS ENVOLVENDO ALTA TENSO (AT)

    estabelece atravs do subitem 10.7.1 que os trabalhadores que intervenham em instalaes

    energizadas com alta tenso, que exeram suas atividades dentro dos limites estabelecidos

    como zonas controladas e de risco, conforme Anexo I, devem atender ao disposto no item

    10.8 desta NR.(O item 10.8 trata da qualificao, habilitao, capacitao e autorizao dos

    trabalhadores que trabalham nas zonas controladas e de risco o qual no ser objeto desta

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    monografia).

    A definio de Zona de Risco, segundo a NR 10, passa por:

    ... entorno da parte condutora energizada, no segregada, acessvel inclusiveacidentalmente, de dimenses estabelecidas de acordo com o nvel de tenso,cuja aproximao s permitida a profissionais autorizados e com a adoode tcnicas e instrumentos apropriados de trabalho.

    Do mesmo modo, a NR-10 estabelece que a Zona Controlada : o entorno da parte

    energizada no segregada, acessvel, de dimenses estabelecidas de acordo com o nvel de

    tenso, cuja aproximao s permitida a profissionais autorizados.

    Neste contexto, a NR-10 introduziu duas novas definies: Zona de Risco e Zona

    Controlada, desprezando o termo distncia de segurana, de h muito usado pelo setor eltrico

    nacional e internacional.

    O Setor Eltrico faz uso do termo universal Distncia de Segurana. Assim, esta

    inovao torna ambguo o respeito ao distanciamento que o eletricista deve manter das partes

    energizadas, podendo causar confuso em algo ligado segurana das pessoas e j

    perfeitamente sedimentado entre os eletricistas de linhas de transmisso.

    AFigura 3.6 e aFigura 3.7,a seguir, mostram o estabelecimento da Zona Livre, ZonaControlada e Zona de Risco, conforme a NR-10.

    Figura 3.6Distncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre

    Fonte: Anexo I da NR-10.

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    Figura 3.7Distncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposio

    de superfcie de separao fsica adequadaFonte: Anexo I da NR-10.

    A tabela de distncias, por faixa de tenso, apresentada no anexo I, da NR - 10,

    (Tabela 1) poder trazer dificuldades tcnicas para as empresas que detm sistemas de

    transmisso no nvel de tenso nominal de 500 kV, considerando que o seu enquadramento se

    daria na ltima faixa (480 700 kV), que bastante larga e adota conservadoramente as

    distncias seguras para o maior nvel de tenso (700 kV).

    Tabela 1 - Tabela de raios de delimitao de zonas de risco, controlada e livre conforme Anexo I da NR-10.

    Faixa de tenso Nominal dainstalao eltrica em kV

    Rr - Raio de delimi tao entrezona de risco e contr olada em

    metros

    Rc - Raio de del imi tao entrezona contr olada e li vre em metros

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    Hoje, as distncias de segurana praticadas para o nvel de 550kV (com muitas

    ferramentas especiais e tcnicas j desenvolvidas) de 3,40m. Caso idntico ocorre para os

    sistemas nominais de 230 kV, com distncias de 1,60m.

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    CONSIDERAES FINAIS

    Sugestes para o curso

    A partir das experincias vividas durante a realizao do perodo de estgio, pode-se

    sugerir alguns tpicos para que futuros alunos encontrem-se melhor preparados.

    Inicialmente, seria interessante proporcionar aos alunos um curso de gerenciamento na

    execuo de projetos. Neste curso, alguns assuntos principais poderiam ser debatidos, como

    por exemplo:

    gesto de pessoal tcnico durante a obra; aquisio e empregabilidade de materiais; gesto de receitas e despesas durante a obra; elaborao de um cronograma de execuo.

    Tambm caberia acrescer, em uma disciplina como as de Projetos de Instalaes

    Eltricas, algum tipo de estudo sobre os materiais eltricos disponveis comercialmente. Isto

    importante no momento de elaborao de projetos, onde no se tem conhecimento suficiente

    para elaborar uma lista de materiais, por exemplo.

    Alm disso, a segurana no trabalho deveria ter uma discusso mais aprofundada, com

    enfoque especfico na rea eltrica, onde os riscos envolvidos podem causar graves

    consequncias decorrentes de um acidente, muitas vezes levando a bito os envolvidos.

    Sugestes para a empresa

    A Ceriluz, no perodo em que se realizou o estgio, apresentou-se como uma empresa

    bem organizada e dinmica. Possui uma equipe de colaboradores bem diversificada, com

    tcnicos provenientes de diversas regies do estado. Nesse contexto, caberia sugerir a

    empresa um trabalho de busca de uma melhor satisfao de seus funcionrios. Pode-se

    presenciar, neste perodo de experincia pr profissional, alguns comentrios de insatisfaode alguns colaboradores. Sabe-se que da natureza humana que alguns indivduos se sintam

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    injustiados. Mas pode-se perceber que muitas vezes os colaboradores no tinham

    conhecimento do por que algumas atividades eram realizadas de determinadas maneiras.

    Assim, seria interessante que a empresa fizesse algum tipo de reunio com os colaboradores,

    buscando esclarecer e informar melhor as atividades desenvolvidas.

    Consideraes finais

    As cooperativas de eletrificao rural desempenham um papel extremamente

    importante no desenvolvimento da atividade rural no Brasil. Foram estas empresas que

    levaram condies para que diversas atividades agropecurias pudessem ser desenvolvidas.

    Em sua histria, a eletrificao rural, por ser considerada pouco rentvel, sempre foi

    deixada de lado pelas empresas concessionrias de energia eltrica. Graas iniciativa de

    alguns empreendedores, mesmo com todas as adversidades, a atividade rural conseguiu

    prosperar com a utilizao da energia eltrica.

    Para contornar todas as adversidades, foram criadas cooperativas. Com o apoio do

    Estado, a eletrificao rural prosperou em praticamente todo o pas, sendo o Rio Grande do

    Sul destaque nessa rea.

    Com a regulamentao por parte da ANEEL, as cooperativas de eletrificao rural

    tiveram que se adequar a nova legislao. Assim, as empresas que atuam nessa rea passaram

    a ter cumprir diversos requisitos no atendimento ao cooperado. E uma das principais

    responsabilidades passou a ser a responsabilidade de manter o sistema em operao.

    Nessa linha, a possibilidade de realizar reparos com as redes energizadas permite

    permissionria manter a satisfao do cooperado. Com a denominada manuteno em Linha

    Viva, na maioria das vezes o consumidor sequer fica sabendo que houve qualquer tipo de

    reparo na rede de distribuio.

    Porm, so de fundamental importncia os procedimentos de segurana a serem

    adotados pelos tcnicos durante as operaes em Linha Viva. A prpria legislao, atravs

    principalmente da NR-10, traz uma srie de normativas que devem ser seguidas para que o

    trabalho transcorra de forma eficiente e segura.

    Ainda h outros dois pontos que podemos destacar em que a manuteno em Linha

    Viva possibilita vantagem. Um deles a continuidade do faturamento da empresa pela no

    interrupo do fornecimento de energia. O outro possibilidade de realizao de servios

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    preventivos com cronograma mais flexvel. Um exemplo que contempla essas duas situaes

    a substituio das cruzetas de sustentao da rede primria descrita no captulo 2. Pela

    estimativa da empresa, para realizar a troca de todas as cruzetas do alimentador da cidade de

    Coronel Barros aps derivao cidade Augusto Pestana, para o horrio comercial deixaria

    de se faturar aproximadamente R$ 450,00 por hora. Considerando que o referido alimentador

    possui 61 cruzetas neste trecho, para realizar o servio com desligamento da rede, seriam

    necessrios 3 desligamentos de 4 horas cada, envolvendo aproximadamente 12 tcnicos e 3

    veculos. Nessas condies, a empresa deixaria de faturar R$ 5.400,00. Considerando que o

    melhor perodo para realizao do servio aos fins de semana, os colaboradores receberiam

    pelo servio extraordinrio. Alm disso, caso surgisse qualquer imprevisto, como condies

    climticas adversas ou mesmo outro ponto da rede com necessidade de reparo urgente, todo oplanejamento inicial seria perdido. necessrio tambm considerar a satisfao do

    consumidor, que ficaria todo o perodo sem energia eltrica.

    Com a equipe de manuteno em Linha Viva, esses problemas so minimizados

    drasticamente, pois a cooperativa no deixa de faturar durante a substituio das cruzetas, a

    mobilizao de pessoal bem menor, sendo o servio realizado em horrio comercial e o

    consumidor na maioria das vezes sequer sabe que houve manuteno na rede. Cabe ressaltar

    que esta substituio de cruzetas no um servio de natureza urgente, havendo prazo flexvel

    para sua concluso.

    Ao final deste relatrio, pode-se verificar que realizao do estgio na Ceriluz

    permitiu vivenciar as mais diversas atividades desenvolvidas pela cooperativa. O estagirio

    teve oportunidade de contrapor o conhecimento adquirido em sala de aula com as atividades

    prticas desenvolvidas na empresa. Verificou-se que a cooperativa, alm de possuir um cunho

    comercial, realiza um importante papel no desenvolvimento regional.

    Nas atividades tcnicas, a Ceriluz possui estrutura que permite total manuteno em

    sua rede de distribuio, com a ressalva de alguma eventualidade em